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(3.1-9)
Contexto histórico
Acompanhamos Paulo ensinando a raiz de sua pregação, o poder que Deus dá, a
fim de que a fé dos coríntios não se apoie em conhecimento humano, desejando que os
crentes dessa igreja nutram um relacionamento íntimo e espiritual com Deus, e não uma
mera religião como a dos fariseus e saduceus. Essa distinção entre a sabedoria de Deus e
o que está preparado é a real importância do Espírito Santo nessa relação. É Ele que os
ajuda em suas falhas, Ele é o amigo fiel, o paracleto, que os resgata do pecado, os
convence do erro, os faz sentir que algo está fora de alinhamento com o Pai, os
impulsiona a uma atitude de mudança e traz consolo aos tristes e força aos abatidos.
(v.2.): “Leite vos dei a beber, não vos dei alimento sólido; porque ainda não
podíeis suportá-lo. Nem ainda agora podeis, porque ainda sois carnais”.
Porque o mesmo Cristo é leite para os nenês e alimento sólido para os adultos.
Bem Hebreus 5.13-14. O autor de Hebreus diz que quem se alimenta de leite porque
ainda é criança, “inexperiente”. O termo usado aqui é a;peiroj (apeiros) lit. “denota a
falta de conhecimento ou a incapacidade de fazer alguma coisa - não qualificado, não
familiarizado”. Num sentido mais restrito da palavra desconhecedor na palavra da
justiça – os cristãos hebreus não tinham progredido. Outro grupo de pessoas que o autor
de Hebreus fala é sobre os “adultos”, são os que praticam a “palavra d justiça”, tem as
suas “faculdades exercitadas” para discernir o bem e o mal.
A mesma verdade do evangelho é dirigida a ambos, mas de forma adequada à
capacidade de cada um. Portanto, um mestre sábio tem a responsabilidade de acomodar-
se à capacidade de compreensão daqueles a quem ele administra o ensino, de modo a
iniciar com os primeiros princípios ou rudimentos quando instrui os fracos e ignorantes,
não lhes dando algo que seja mais forte do que podem ingerir - Mc 4.33.
Em suma, ele deve instilar seu ensino pouco a pouco, pois comunicar uma
porção demasiadamente forte resultaria apenas em perda. Pois, estes rudimentos devem
conter tudo quanto é necessário para o conhecimento, não menos do que a instrução
mais completa administrada aos mais fortes.
(v.3): “Porquanto, havendo entre vós ciúmes e contendas, não é assim que sois
carnais e andais segundo o homem?”
Aqui Paulo mostra o resultado da falta de conhecimento: “ciúmes e contendas”.
Que são característica da infantilidade, falta de amadurecimento. Não é assim que sois
carnais.
Divisão entre Paulo e Apolo (v.4): “Porque enquanto um diz: Eu sou de Paulo;
e outro: Eu sou de Apolo; não sois carnais?”
Em uma segunda analogia, desta vez tirada da escravidão, Paulo observou que
os crentes de Corinto estavam agindo como os homens (lit. “andando em conformidade
com o homem”), seguindo mestres humanos de maneira partidária, assim como os
escravos seguem os seus donos.
Esta deve ser uma das acusações mais pungentes que um cristão poderia ouvir.
O termo “homem” no grego é a;nqrwpoj (anthrōpos) lit. “homem natural”, mas, indica
alguém que “anda de acordo com os padrões humanos”. Mas, esta expressão “em
conformidade com o homem” geralmente era usada para alguém que “vivia como
escravo”, este termo anthrōpos era amplamente utilizada como uma palavra pejorativa
para “escravo”. Este sentido tem o apoio das alegações servis que Paulo atribuiu aos
cristãos de Corinto, Eu sou de Paulo e Eu sou de Apolo.
(v.5): “Quem é Apolo? E quem é Paulo? Servos por meio de quem crestes, e isto
conforme o Senhor concedeu a cada um.”
Paulo conscientizou os cristãos coríntios de que ele e Apolo, os evangelistas
fundadores da igreja de Corinto, eram ministros – o termo grego é dia,konoj (diakonos)
enviados, por meio de quem os coríntios vieram a crer na mensagem do evangelho. A
maioria dos estudiosos entende que plantado é uma referência ao fato de Paulo ter
fundado a igreja e regado, se refere ao ministério de Apolo depois que Paulo partiu de
Corinto.
(v.6): “Eu plantei, Apolo regou; mas o crescimento veio de Deus.”
Ele desnuda ainda mais claramente a natureza desse ministério através de uma
similitude, na qual a natureza da palavra e o uso da pregação são mui apropriadamente
ilustrados. A fim de que a terra produza fruto, são necessários todos os processos da
agricultura, como a aradura, a semeadura etc. Mas quando tudo isso tiver se processado,
o trabalho do agricultor seria vão se o Senhor não der “o crescimento” vindo do céu
mediante a influência do sol e, ainda mais, por seu próprio, maravilhoso e secreto poder.
Portanto, mesmo que o cuidado do agricultor não fosse eficiente, e a semente que ele
semeia não fosse produtiva, contudo, é tão-só pela bênção de Deus que ela se torna
produtiva. Porque, o que é mais espantoso do que a semente apodrecendo para então
germinar? Semelhantemente, a Palavra do Senhor é semente frutífera por sua própria
natureza. Os ministros são, por assim dizer, agricultores que preparam a terra e
semeiam.
Tudo é Deus (v.7): “De modo que nem o que planta é alguma coisa, nem o que
rega, mas Deus, que dá o crescimento.”
O Senhor deveria receber todo o crédito pelo crescimento; logo, os servos não
eram nada. A reputação do senhor que dá o crescimento era tudo. Nenhum servo
precisava firmar sua própria reputação em detrimento de Deus, que dá o crescimento. O
termo para “crescimento” é auvxa,nw (auksanō) lit. “fazer crescer ou aumentar”. Aqui
está relacionado com o efeito de transmitir a mensagem do evangelho e o crescimento
de estado em relação às coisas espirituais.
(v.8): “Ora, o que planta e o que rega são um; e cada um receberá o seu
galardão, segundo o seu próprio trabalho.”
Ao considerar outro fator, Paulo demonstra que os coríntios estão erroneamente
tirando vantagem dos nomes de seus mestres, no interesse de seus partidos e facções.
Estão equivocados porque tais mestres unificam seus esforços em prol de uma e a
mesma coisa, e de modo algum podem estar separados ou divididos sem ao mesmo
tempo abandonarem os deveres de seu ofício. “Eles são um”, diz Paulo. Em outros
termos, se acham tão conectados, que sua união não permite separação, porque todos
devem ter um objetivo em vista, e todos servem ao único Senhor e estão engajados na
mesma obra.
Paulo e Apolo eram servos iguais na obra do evangelho e, quando o Senhor
voltasse, cada um receberia a recompensa por seu trabalho.
(v.9): “Porque de Deus somos cooperadores; lavoura de Deus, edifício de Deus
sois vós.”
Aqui temos o melhor argumento. Estamos engajados nas lides do Senhor, e é a
ele que consagramos nossos labores. Portanto, visto ser fiel e justo, ele não nos
decepcionará no tocante a nossa remuneração. Por essa razão, a pessoa que olha para o
ser humano e espera dele sua remuneração está cometendo um grave erro. Aqui temos
um admirável enaltecimento do ministério, ou, seja, que quando Deus realiza a obra
inteiramente movido por si mesmo através de nós: somos seus coadjuvantes e nos usa
como instrumentos.
(a) somos cooperadores de Deus; (b) somos lavoura de Deus; (c) somos edifício
de Deus. As expressões “b e c” podem ser explicadas de duas maneiras.
Podem ser tomadas ativamente, neste sentido: “Vós fostes plantados no campo
do Senhor mediante o esforço de outras pessoas, de maneira que o Pai celestial mesmo é
o legítimo Agricultor e o Autor desta plantação. Além disso, “fostes edificados” por
pessoas, de maneira que o Senhor mesmo é o legítimo Mestre de obra.
Ou poderiam ser tomadas passivamente, assim: “nós trabalhamos em cultivá-lo,
em semear a Palavra de Deus em vós e em regar. Todavia, não fizemos tal coisa por
nossa própria causa, ou para que o fruto venha a ser nosso; senão que devotamos nosso
serviço ao Senhor. Em nosso anseio de ver-vos edificados, não fomos impelidos a levar
em conta nossas vantagens pessoais, mas pela preocupação de ver em vós uma lavoura e
um edifício de Deus.