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4 Benefícios de se ter Somente a Bíblia

como Regra de Fé e Prática


Fortalecendo o “Sola Scriptura” em nossos corações

“A suficiência das Escrituras significa que não precisamos de mais nenhuma revelação
especial. Não precisamos de mais palavras inspiradas, infalíveis. Deus no-las deu
na Bíblia, temos o perfeito padrão para ajuizar sobre todos os outros tipos de
conhecimento. Todos os outros conhecimentos estão sob o julgamento
da Bíblia, mesmo quando eles lhe prestam serviço.
— John Piper

Este artigo tem como finalidade reforçar que a Escritura é suficiente para todo
cristão – ela penetra o mais profundo do nosso ser (Hb 4.12), sondando todo nosso
ser e sendo suficiente para nos ensinar o caminho em que devemos andar neste
mundo. Ela é a resposta para as nossas inquietações, ansiedades e é o meio pelo qual
Deus trabalha em nossos corações, curando e transformando quem somos em quem
Ele quer que sejamos: a imagem do Seu Filho (conforme Rm 8.29-30).

Em um país onde 44% da população não lê e 30% nunca comprou um livro (dados
publicados pelo portal “BrasilDeFato” em 24 de Abril de 2022), é de se esperar que a
ignorância predomine em todas as esferas da sociedade, inclusive na igreja brasileira.
O meio “cristão-evangélico” se incluí nisso, principalmente porque possuem um Livro
que é considerado Palavra de Deus – ironicamente, esse mesmo livro é desconsiderado
face a conduta dos indivíduos que dizem segui-lo.
Isso é tão verdade que até mesmo os ímpios se escandalizam com algumas supostas
igrejas e supostos pastores ensinando sobre um suposto “deus”, mas ainda assim,
alguns “cristãos” pensam que está tudo bem. Igrejas crescendo de forma exorbitante,
colocando festas “gospel” (com raves, baladas, shows, etc) mas que aos olhos dos
mesmos que foram citados anteriormente, é um “avivamento”. Entretanto, o real
problema reside na falta de apego ao Livro, como mencionado acima, chamado por
esses mesmos “crentes” de Palavra de Deus: Onde está na Bíblia a base para tais
atitudes? Em que lugar encontramos ordens de Deus para que seja feito certas
coisas como hoje é?
Tendo isso como pano de fundo, listaremos aqui 4 benefícios de se ter a Bíblia (E
SOMENTE A BÍBLIA) como regra de fé e prática:

1º Benefício: VOCÊ NÃO É ENGANADO POR FALSOS PROFETAS:

Desde que Deus deu início ao seu plano de redenção aqui na terra, Ele vem usando
homens e mulheres (e em alguns casos, até uma jumenta) para ensinar o seu povo. Ele
não só estava preocupado em ensinar seus filhos, mas em ensiná-los sobre o que é
certo e o que é errado – o Senhor nunca ensinou sobre duas ou mais verdades, mas
sobre uma única verdade (que é absoluta). Os profetas bíblicos, chamados pelo próprio
Deus para esse ministério, eram responsáveis por ensinar sobre o Criador ao seu povo.
Oséias foi um dos que viu de perto o que a falta de conhecimento sobre Deus causa:
MORTE.

“O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o
conhecimento, também eu te rejeitarei, para que não sejas sacerdote diante de mim;
e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me esquecerei de teus filhos.”
[ Oséias 4:6 ACF ]

A falta de conhecimento sobre Deus não só causa destruição, como também rejeição
do próprio Deus. Note que é dito que “porque tu rejeitaste o conhecimento, também
eu te rejeitarei”. Desprezar o conhecimento apresentado nas Sagradas Escrituras não
fará só com que pereçamos, mas acarretará também na rejeição vinda do próprio Deus.

Pessoas que rejeitam o conhecimento bíblico não são simplesmente destruídas, mas
também enganadas. Elas acabam confundindo a voz do bom pastor, que é Cristo, com
a voz de mercenários e falsos mestres (cf. João 10). Jesus mesmo adverte seus
discípulos, dizendo: “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós
vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os
conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos?”
[Mateus 7.15-16 ACF]. Se você não conhece a Bíblia, como saberá que alguém é
falso profeta? De onde vai tirar conhecimento para separar o que é comida de bode e o
que é alimento de ovelha? A ordem de Jesus é clara: “cuidado com os falsos
profetas”, mas o mesmo Jesus também afirma: “Errais, não conhecendo as
Escrituras, nem o poder de Deus.” [Mateus 22.29 ACF]. Não conhecer as Escrituras
é se tornar presa fácil para qualquer um que chegar até você, dizendo: “Eis que te
digo…”. Conhecendo as Escrituras, podemos obedecê-la quando diz: “Amados, não
creiais a todo espírito, mas provai se os espíritos vêm de Deus; porque muitos falsos
profetas têm saído pelo mundo” [1 João 4.1].

Devemos conhecer muito de Bíblia porque o próprio Satanás a conhece, e assim como
ele usou as Escrituras (mesmo que de forma distorcida) para tentar Jesus, sua atitude
será a mesma para conosco. Precisamos, portanto, nos aprofundar no que está escrito,
porque foi assim que Jesus venceu Satanás: usando o conhecimento da Palavra de
Deus (cf. Lucas 4.1-12).

2º Benefício: VOCÊ NÃO CANTA, NEM OUVE MÚSICAS


HERÉTICAS:

Um outro meio pelo qual as pessoas são enganadas é exatamente a música. Por existir
uma grande influência emocional por trás de uma linda melodia, cantores “gospel”
tem composto cada vez mais músicas onde une o “útil ao agradável”: uma melodia
que mexe com o emocional somado à uma letra que coloca o homem no centro.
Músicas como “sabor de mel”, “raridade”, “ninguém explica Deus”, “restitui”, entre
tantas outras, são músicas que refletem exatamente esse cenário.

Deus, usando a boca do profeta Isaías declara: “Eu sou o Senhor; este é o meu nome;
a minha glória, pois, a outrem não darei, nem o meu louvor às imagens de escultura”
[Isaías 42.8 ACF]. Como conceber a ideia de que Deus não divide a sua glória com
ninguém, enquanto os supostos “louvores” centralizam o homem e só cantam aquilo
que o homem é? Louvores onde é cantado “você é precioso” resulta nisso. Os
“louvores” contemporâneos não colocam Deus no centro do homem, mas o homem no
centro de Deus, como se o Rei da glória necessitasse do homem para existir.

A Bíblia ensina com clareza qual é o verdadeiro louvor a Deus: “Portanto,


ofereçamos sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o fruto dos lábios que
confessam o seu nome” [Hebreus 13.15 ACF]. O louvor que agrada a Deus tem a ver
com Jesus Cristo sendo confessado e não com o homem sendo exaltado. Portanto, se a
Bíblia (E SOMENTE A BÍBLIA) é nossa única regra de fé e prática, é inaceitável
que cantemos músicas que colocam o homem como deus e Deus como um homem
carente e fraco.

Concluo esse tópico dizendo que o nosso louvor a Deus deve ser feito com
inteligência. Diz o salmista: “Pois Deus é o Rei de toda a terra, cantai louvores com
inteligência” [Salmos 47.7 ACF]. Se a Bíblia, que é nossa única regra de fé e conduta
nos orienta a cantarmos louvores com inteligência, é inaceitável que cantemos
“louvores” onde o próprio Deus não é exaltado ou onde a carência de Bíblia é notória.

3º Benefício: VOCÊ APRENDE A DISCERNIR O QUE É O QUE


NÃO É DE DEUS:

É muito fácil alguém chegar até você e dizer: “Deus mandou te falar que você vai ser
curado” ou “Deus mandou te dizer que esse ano você vai se casar”. Essa moda de
“Deus mandou te falar” ou “Eis que te digo” é realidade em muitas igrejas. Além
disso, temos também pessoas que se arrepiam durante o culto e dizem: “senti a
presença de Deus”. Um dos benefícios de se ter a Bíblia (E SOMENTE A BÍBLIA)
como única regra de fé e prática é que você aprende a discernir o que vem de Deus e o
que vem de uma mente conturbada e descontrolada emocionalmente ou até mesmo o
que vem do seu próprio coração pecaminoso. Por exemplo, Jeremias lidou com casos
semelhantes a esses. Muitos “profetas” de sua época estavam “profetizando” sobre
paz, mas Deus em momento algum havia ordenado que fosse anunciado qualquer tipo
de paz. O Senhor afirma por Jeremias que tais profetas “falam da visão do seu
coração, não da boca do Senhor” [Jeremias 23.16 ACF].

Do mesmo modo, hoje em dia temos muitos “profetas” falando um monte de coisa
que Deus nunca falou, e a prova disso é a falta de base bíblica para tais afirmações. Na
maioria das vezes, os supostos “profetas” jogam profecias genéricas do tipo “você
que está com problema no casamento… creia, Deus te dará a vitória” ou “Você que
está enfrentando uma crise financeira, creia que o milagre vai acontecer”. No
público, mais de 200 pessoas e dentre elas muitas que provavelmente são casadas.
Quem não tem problemas no casamento? Ou quem não passa por dificuldades
financeiras? Passam-se dois dias e o suposto casal que recebe a profecia se entendem e
resolvem o problema que tinha, e dizem: “a profecia do pregador deu certo, nossa
vitória chegou” ou ainda aquele homem que se encontra numa crise financeira
consegue se reorganizar e começar a pagar suas dívidas, declara: “bem que o pregador
Fulano disse que minha vitória chegaria”. Não, caro leitor… não teve profecia
alguma. A resolução dos problemas veio, primeiramente, pela reconciliação que é
dever do casal cristão. Ninguém precisa profetizar isso. A recomendação, porém, é
que todo cristão genuíno fique longe de tais “profetas”. Nós não precisamos de novas
revelações ou novas profecias dizendo o que é ou não para ser feito. Deus nos deu 66
livros, escritos por Ele mesmo, inspirado pelo Espírito Santo [2 Timóteo 3.16-17; 2
Pedro 1.20-21] para que não precisássemos acreditar em qualquer ladainha dita por aí.

Quando alguém disser que está “sentindo” alguma coisa ou que “sonhou” algo no
sentido revelacional, não hesite; busque nas Escrituras o amparo para tais
pensamentos. É ideal procurar saber em que isso agrega na fé. Por exemplo, revelar
que a irmã vai encontrar um marido edifica a igreja em quê? Isso fortalece a fé dos
cristãos? Aponta para a cruz de Cristo? Exalta a soberania de Deus? E o mais
importante: tem algum tipo de amparo bíblico? Se a resposta para tais perguntas for
“não”, então é seu dever rejeitar tais visões, sonhos ou revelações. O principal
benefício de se ter a Bíblia (E SOMENTE A BÍBLIA) como única regra de fé e vida
é possuir um alicerce forte, consistente e inabalável. João nos adverte: “Amados, não
creiais a todo o espírito, mas provai se os espíritos são de Deus, porque já muitos
falsos profetas se têm levantado no mundo” [1 João 4.1 ACF]. Peça base bíblica.
Sempre!

4º Benefício: VOCÊ APRENDE A MANEIRA CORRETA DE ORAR:

No contexto cultural brasileiro, a oração é vista pela maioria das pessoas como algo
repetitivo. É trazida a ideia da Igreja Católica Apostólica Romana de que se deve
“rezar” não sei quantos “Pai nosso” para que seja perdoado (ou absolvido) de um
pecado. Este, porém, é um entendimento que não possui amparo nas Sagradas
Escrituras.

Um dos benefícios de ser ter a Bíblia (E SOMENTE A BÍBLIA) como única regra de
fé e prática é que você não só aprende como orar, mas a quem orar. Muitos “crentes”
têm feito orações a um “deus” que é garçom; outros, para um “deus” que está nas
mãos do homem. Mas se temos a Bíblia como Palavra de Deus, bem sabemos que
oração é relacionamento. Jesus nos deu o maior exemplo de que oração é
relacionamento quando se retirava para orar. Um dos princípios ensinados na oração
do Pai nosso é: “seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” [Mateus 6.10
ACF]. Conhecendo a Bíblia, saberemos que nossa postura diante de Deus não é a de
merecedor, mas de indigno. Não temos o direito de exigir da parte de Deus coisa
alguma. Muitos oram a um “deus” que não é o Deus da Bíblia, e só fazem isso porque
não conhecem as Escrituras.

Quando a Bíblia guia nossa oração, nós oramos a fim de nos relacionarmos com Deus,
entendendo que as coisas só vão acontecer se Ele, que é o Deus Soberano, quiser.
Cremos como João: “E esta é a confiança que temos nele, que, se pedirmos alguma
coisa, segundo a sua vontade, ele nos ouve” [1 João 5.14 ACF]. Sem a Bíblia para
guiar nossas vidas, caminhamos em uma estrada que chamada “inferno”. Pensemos
nisso.

É certo que os benefícios não se resumem somente a quatro. Deixei aqui, porém, um
pouco de como deve ser a postura do cristão diante das Sagradas Escrituras. Em um
mundo onde o relativismo tem se tornado cada vez mais comum, a Bíblia é o único
refúgio para aqueles que verdadeiramente nasceram de novo. Como verdadeiros
cristãos, devemos nos apegar ao que a Bíblia diz e SOMENTE NISSO. Não é a Bíblia
acima de outros livros…é SOMENTE a Bíblia, e o que não está nela ou não se ampara
por ela, deve ser imediatamente descartado.

Catecismo Puritano Batista, compilado por Charles Haddon Spurgeon:

Pergunta 2: Que regra Deus nos deu para nos ensinar como podemos glorificá-Lo?
Resposta: A Palavra de Deus, contida nas Escrituras do Velho e do Novo Testamento
(Efésios 2:20; II Timóteo 3:16) é a única regra que nos ensina como glorificar a Deus
e ter comunhão com Ele (I João 1:3).

Sola Scriptura – Soli Deo Glória!


Clinton Ramachotte, escrito em 2018 mas reeditado em 2023.

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