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A VISÃO
cada um em seu lugar
INTRODUÇÃO
Ao lermos o texto escrito pelo apóstolo Paulo, somos expostos a um raciocínio
tão lógico quanto inevitável, a saber: não há plena espiritualidade sem real
maturidade. Note como Paulo lamenta tristemente a postura infantil da igreja que
possuía pluralidade de dons espirituais ao passo que insistia em uma vivência
profundamente carnal. Perceba que até aqui a carnalidade denunciada não se
manifestava por meio de atos explicitamente pecaminosos, antes, se escondia por
detrás de posturas aparentemente inofensivas como a “preferência” por Paulo ou
Apolo.
A imaturidade oriunda da Igreja é finalmente evidenciada quando não
reconhece o devido lugar de cada um no Corpo de Cristo. Isto ficará muito mais claro
no discurso dos capítulos 12-14, onde aprendemos que cada função é vital para o
bom andamento da Igreja.
Uma vez mais devemos frisar: plena espiritualidade se percebe onde há
maturidade, que por sua vez manifesta-se na compreensão da especificidade da
função.
UM DIVINO PADRÃO
Ao contemplarmos a história da redenção conhecemos uma mulher virtuosa
aos olhos do Senhor. Maria, mãe de Jesus, é bem-aventurada por ser contemplada
com a honra de carregar em seu ventre o Filho de Deus. Note que tal honra não a
concede um papel vitalício na história. Uma vez que foi fundamental e crucial para um
glorioso serviço. Ela, diferente do que professam, não foi assunta aos céus, tão pouco
intercede por nós. Foi o meio, o instrumento escolhido por Deus para trazer ao mundo
o Salvador. Ponto final.
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A fim de esclarecer ainda mais tal questão, podemos nos voltar para o texto de
Êxodo 17.8-16. A descrição da batalha contra os amalequitas é incrível e formidável
para nossa compreensão acerca do reconhecimento da especificidade da função.
Quando a batalha se inicia Moisés se posiciona longe do fronte, mais
precisamente no alto de um monte e de lá, ao lado de Arão e Hur, começa a interceder
pelo povo. Enquanto permanece com as mãos erguidas, Josué e o exército
prevalecem, mas quando seus braços se cansaram, Israel sucumbe.
Ao notarem que o povo estava perecendo Arão e Hur fazem a leitura correta
de toda a situação. Poderiam facilmente se deixar enganar por um sentimento de
justiça e se colocarem nas primeiras fileiras do exército onde a guerra
“verdadeiramente” acontece. No entanto, permanecem atuando exatamente da forma
para a qual foram levantados. Permanecendo ao lado de Moisés providenciaram uma
pedra para que o que intercedia pudesse descansar enquanto sustentavam os braços
de Moisés até que os que portavam as espadas pudessem triunfar.
Moisés não tinha que estar com a espada na mão. Hur e Arão não podiam se
assentar na pedra de Moisés. Josué não poderia estar no alto do monte. Cada um
esteve em seu lugar e executando sua função e assim, Deus atuou de modo
soberano, formidável e poderoso.
HIERARQUIA FUNCIONAL
A distinção entre uma e outra função em nada tem a ver com importância ou
capacidade. Ou seja, Moisés não era mais ou menos importante, assim como Pedro
não desdenhou da necessidade das viúvas quando voltou-se para a leitura e a oração.
Cada membro possuiu uma função.
A hierarquia existente no Corpo de Cristo é estritamente funcional. Deve,
portanto, ser assimilada e reproduzida para que a Igreja prossiga em paz diante do
querer do Senhor.
Ao pastor da igreja foi dada uma visão, por meio da qual, o Senhor irá abençoar
aqueles a quem Deus lhe confiou para pastorear. Cabe ao pastor transmitir fielmente
o que de Deus recebeu. Note como Josué se posiciona ante o povo de Israel e lhes
transmite exatamente o que o Senhor lhe confiou: Santificai-vos hoje! Josué ouviu a
voz de Deus. Josué transmitiu tudo e tão somente o que Deus lhe falou. Por fim, Josué
viveu de modo exemplar a ordem de Deus.
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A igreja, por sua vez, é responsável por zelar da saúde de seu pastor ao
comparar o que ele prega/vive com a Palavra de Deus. E, sendo aprovado neste
requisito fundamental, os membros da igreja desenvolverão, cada qual a sua função
para o bom andamento do Corpo de Cristo.
Moisés viu e ouviu o que ninguém mais enxergou ou escutou. A sarça que não
se consumia não se tornou um ponto turístico aberto para a visitação. Foi um ato
misericordioso de Deus, uma santa convocação.
Nos anos seguintes e até o final de sua vida, Moisés tinha como
responsabilidade exclusiva, guardar em seu coração as palavras do Senhor. Em meio
ao deserto, durante a escassez, seria ele o responsável por explicar sobre a fidelidade
de Deus. Era a responsabilidade exclusiva do homem que esteve diante da sarça que
não se consumia, apontar para a coluna de fogo e a nuvem que os acompanhava
noite e dia. Pois o mesmo Deus que havia os tirado do Egito, ao lado do seu povo
permanecia.
UM FIM INDESEJÁVEL
No entanto, houve um dia que a Palavra de Deus se tornou uma, dentre outras
opções, e Moisés escolheu ferir a rocha e falar ao povo. O homem mais manso da
terra, ironicamente ficaria pelo caminho por causa de um rompante de ira. Note, que
o que nos habilita nunca será nossa própria capacidade, jamais será por nossa própria
vontade. Antes, o que nos conduz firmemente ao propósito para o qual fomos criados
é a irrestrita obediência a Deus.
Uma vez mais Moisés viu, mas desta vez, somente viu. Do alto de um monte
contemplou, de longe, a promessa do Senhor.
Somente uma vez Deus o chamou, foi o suficiente.
Três vezes Moisés clamou, não foi o bastante.
Um fim indesejável, triste e lamentável.
Como igreja, família e Corpo, é razoável e necessário, clamarmos a Deus por
nossa liderança, a fim de que em momento algum, a visão que foi compartilhada e a
voz que uma vez ouvida se tornem sussurros e memórias esquecidas.
Como irmãos sustentamos, uma pedra para o descanso colocamos, a fim de
que aqueles que estão com as espadas nas mãos possam, juntamente com os que
oram e abençoam, vencer e prosseguir.