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Curso de Gálatas Aplicado

Volume 13

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Curso de Gálatas Aplicado

Capítulo 13

GÁLATAS (4.1): O Espírito de Adoção


Continuaremos nossa jornada em Gálatas, no capítulo quatro. Não despreze
nenhum conhecimento, estamos quase finalizando este livro, e aguarde para
concluir seus pensamentos.

“O herdeiro e o servo.” (4: 1)

No primeiro versículo, Paulo começa fazendo um contraste de ideias, isso é


muito comum em seus ensinos. Qual a semelhança entre estas duas palavras? No
tempo bíblico existem semelhanças significativas, pois, nem o servo e nem o
herdeiro, tinham autonomia, os dois estavam sujeitos à disciplina.

“Até o tempo determinado pelo pai.” (4: 2)

Até que chegue o tempo determinado pelo pai, não conseguimos distinguir
a vida do servo e do herdeiro. A ideia de plenitude dos tempos era considerada na
antiguidade como uma espécie de maturidade (A criança romana dependia dos
tutores até os 14 anos, e de administradores até os 25. Só depois tinha autonomia
financeira). Na cultura romana, onde Israel estava inserido, a pessoa esperava até
os 25 anos para poder realmente ter liberdade para gerenciar sua vida. Paulo diz
que existe um tempo adequado determinado, e que precisamos esperar para poder
caminhar com as próprias pernas. Enquanto não houver maturidade precisamos
ser guiados por alguém, a ideia de plenitude do tempo é sobre a espera até a
maturidade.

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“Os primeiros rudimentos do mundo.” (4: 3)

Novamente, a primeira ideia é de servos e herdeiros para explicar que todos


estão debaixo desta disciplina. A segunda ideia é de rudimentos do mundo, que
significa algo primitivo, algo que ficou esquecido no tempo. Quando Paulo fala de
infância aqui é sobre ficar perdido no tempo e estar debaixo de uma servidão. Na
igreja gálatas há dois públicos, um eram os judeus, que se converteram ao
cristianismo, e o outro são os pagãos, que estavam adorando outros deuses. Estes
dois perfis chegam e são contrastados com esta ideia de servidão. Isso pode ser
observado em alguns momentos bíblicos:

1. Na época de Moisés - Com a ideia de que as pessoas não experimentavam a


intimidade e liberdade prometidas, pois os meios e a certeza do perdão eram vagos
(Hb 10: 1-4). Hoje o sacrifício Jesus precisa ministrar em nosso coração a certeza
de intimidade com Deus. Antes da cruz, toda relação com Deus gerava muita
incerteza, porque tudo dependia da qualidade da oferta que era colocada diante
de Deus.

2. Antes de Cristo – Quando todos se encontravam debaixo da lei (servidão).


“Rudimentos” transmitem a ideia de servidão e de relacionamento com Deus
através dos nossos méritos.

“Nascidos de mulher, nascidos sob a lei.” (4: 4)

Paulo está fazendo um somatório de ideias para que a igreja entenda aonde
ele quer chegar. Ele fala que Cristo foi nascido de mulher e sob a lei. Essa plenitude
de tempo, a maturidade que mencionamos anteriormente, é associada à primeira
vinda de Jesus. O tempo foi completo, Jesus chegou no momento certo.

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Ele é o modelo de pessoa perfeita, de obediência perfeita, nasceu em estado de


obrigação à lei de Deus, e foi o único que cumpriu a lei. Aqui dois símbolos estão
sendo retratados: a perfeição e a limitação. Jesus era totalmente perfeito, mas
limitado em sua humanidade.

“Remir os que estavam debaixo da lei.” (4: 5)

É importante que você faça esta relação: Remir = Redimir = Resgatar, ou


seja, libertar. Por que as pessoas que estão debaixo da lei precisam ser remidas?
Porque estão presas. As pessoas que tentam cumprir a lei a todo custo são as mais
prisioneiras, porque não conseguem cumprir o que deveriam. A escravidão é o
estado natural do ser humano, seja pelo pecado ou pela lei, então, de uma maneira
ou de outra, estaremos debaixo da servidão.

“A fim de recebermos a adoção de filhos.” (4: 5)

Paulo cria um paralelo entre o mercado de escravos e a condição de filho


herdeiro. Só é possível entender a paternidade de Deus ao olhar e entender de onde
viemos: escravidão. Aqui, a salvação traz dois conceitos:

• A remoção (transferência) dos nossos pecados. Cristo tira o pecado de dentro


de nós e deixamos de ser escravos;
• A transferência dos direitos e privilégios de Jesus para nós (recebemos as
bênçãos que Ele merecia).

Do corredor da morte à honra ao mérito, Paulo nos apresenta um quadro


completo: Nossa herança é um presente, e não um prêmio a ser conquistado, do
contrário, seríamos herdeiros porque estaríamos “pagando uma prestação.”

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O relacionamento com Deus não se baseia em nossos esforços para ganhar


prêmios, mas sim, em, simplesmente, sermos herdeiros em Cristo Jesus. Será que
já enxergamos todo privilégio e herança que existe em Cristo Jesus, e que está
sobre a nossa vida? Ou estamos tentando comprar um prêmio?

“Espírito de seu Filho, que clama.” (4: 6)

O próprio Filho clama diante do Pai pela nossa vida. Clamar, do grego
“Krazdon”, é um grito muito alto cheio de paixão e sentimentos profundos. O grito
(clamor) do Filho constrói para nós uma vida de oração, com liberdade, paixão e
um forte senso de presença. Por conta disso, entendemos a Doxologia (um suspiro
de enaltecimento e alívio): “Oh, Bendito Salvador, o Senhor permitiste que um mero
escravo, como eu, sentasse a mesa, se tornasse herdeiro e te chamasse de pai.”
Igualmente, a expressão que o Espírito usa para clamar é “Aba”, que significa
“paizinho” ou “papai”, e traz a certeza de acolhimento e confiança no amor do Pai -
e nos ensinar isso é uma das funções do Espírito Santo.

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Capítulo 02

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