Você está na página 1de 42

Bíblia e Apologética: O uso da Bíblia

na defesa do Evangelho
O Cristianismo nasce tendo que se
defender
 É visível nos Evangelhos as muitas passagens onde Jesus precisa se defender a
respeito da sua postura diante do Reino de Deus.
 Colocar versículos aqui: Mc 10,1-12; 12,18-27; Mt 21, 18-22; 21, 33-46.

 As parábolas são o instrumento de Jesus para se defender das criticas e


investidas dos Fariseus, escribas e saduceus.
 Exemplo: Lc 15 (Parábola da ovelha, dracma e dois filhos perdidos) e Lc 18
(Fariseu e Publicano).
O Cristianismo nasce tendo que se
defender
 Em Atos dos Apóstolos vemos constantemente os Apóstolos se defendendo
diante do Sinédrio, núcleo maior de regulamentação doutrinaria do Judaísmo.
 Colocar versículos aqui: At 4; 5,17-42.

 O Próprio Paulo, que outrora era Saulo, ao converter-se defende sua pregação
diante dos Judeus da diáspora, bem como em Jerusalém quando retorna para
sua pátria.
 Colocar versículo aqui: At 22 e 23.
O Cristianismo nasce tendo que se
defender
 Falando em Paulo, vemos como toda a sua Teologia é estruturada em oposição
ao Judaísmo e aos judaizantes que estavam adentrando às igrejas da Ásia.
Vejamos os exemplos:
Paulo, O Apóstolo

 Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim,


hebreu de hebreus; quanto à lei, fariseu, quanto ao zelo, perseguidor da
igreja; quanto à justiça que há na lei, irrepreensível (Fl 3,5-6);

 Natural de Tarso, uma cidade Cilícia, um centro comercial importante na rota


entre a Síria e Anatólia, e reconhecida por seu nível cultural elevado (At
21,39)
 Bem instruído nas Leis judaicas, pois, cresceu em Jerusalém (At 22,3).
Paulo, O Apóstolo
 O grande Zelo de Paulo pela Lei o transformou num
perseguidor dos primeiros cristãos (Gl 1,13.23; I Co
15,9; Fl 3,6).

“Porque ouvistes qual foi o meu proceder outrora no


judaísmo, como sobremaneira perseguia eu a igreja de
Deus e a devastava.”

• Paulo não entendeu sua experiência próximo a Damasco


como uma conversão, mas como uma vocação. Ele se
compreendia sua vocação como uma indicação divina
como apóstolo para os gentios através da aparição do
Cristo Ressuscitado.
Paulo, O Apóstolo
 Não sou eu, porventura, livre? Não sou apóstolo? Não vi
Jesus, nosso Senhor? Acaso, não sois fruto do meu
trabalho no Senhor? Se não sou apóstolo para outrem,
certamente, o sou para vós outros; porque vós sois o
selo do meu apostolado no Senhor. (I Co 9,1)

 Esse evento condiciona toda a teologia paulina. Tendo


em vista esse evento escatológico, ele foi vocacionado
para evangelizar os gentios, e também determinou sua
relação concernente à lei. De agora em diante se
esforçar para cumprir uma lei era inútil, pois mediante
a morte e ressureição de Jesus Deus havia declarado os
pecadores justificados, fossem eles judeus ou gentios.
Paulo
 Paulo antes de iniciar seu ministério na Ásia Menor,
viveu entre 14 e 17 anos na Arábia, ou seja Damasco,
possivelmente exercendo atividades missionárias. (Gl
1,17-2,1)
 Logo em seguida dirige-se para a Síria e para Cilícia,
onde provavelmente atuou em Antioquia e que seu
esforço missionário fosse dirigido para os gentios. (Gl
1,21).

 Nesse longo período Paulo vai a Jerusalém encontrar-se


com os apóstolos, para o famoso e conhecido Concílio
de Jerusalém (Gl 2,1-10; At 15).
Paulo
 A questão principal do Concílio era a postura que seria assumida
frente a expansão do cristianismo entre os gentios e a fundação das
mais novas comunidades cristão no mediterrâneo. Existiam dois
centros agora: Jerusalém e Antioquia
 A Igreja de Jerusalém ficou constituída pelos apóstolos e pelos
adeptos da lei de língua aramaica, e não se envolveu nas atividades
missionárias junto aos gentios.
 A Igreja de Antioquia, por outro lado, contava com muitos membros
judeus, mas boa parte de seus adeptos eram gentios incircuncisos e
não considerava a lei como obrigatória para todos os membros. O
grego era a língua dessa igreja e de suas ações missionárias.

 Ao voltar para Antioquia, Paulo entra em conflito com Pedro e


Barnabé, que
Paulo
 Os “falsos irmãos” em Gl 2,4, ou seja crentes
judaizantes que achavam que os gentios deviam
praticar os costumes judaicos em Antioquia, foram
criticados por Paulo, e possivelmente a causa da
procura dos líderes de Jerusalém para discutir acerca
da validade da Lei para as comunidades do
mediterrâneo.

 Tiago, Pedro e João, juntamente com Paulo, Barnabé e


Tito que era um gentio incircunciso convertido,
entraram num consenso como atesta a epístola de
Gálatas 2,7-10:
Paulo e a Lei

É na epístola de Paulo aos Gálatas que pela primeira vez encontramos em Paulo
a afirmação “não é pelas obras da Lei”.
O tema de Gálatas não é se os homens, considerados
abstratos, podem ou não conseguir através das boas obras
mérito suficiente para serem declarados justos no
julgamento; trata-se da condição para os gentios
entrarem ao povo de Deus.
O grande problema de Paulo são os certos missionários que
estavam tentando convencer os gentios convertidos por
Paulo de que, para serem herdeiros das promessas
bíblicas, tinham de aceitar a lei bíblica (circuncisão e Lei)
Paulo e a Lei

Se quisessem ser filhos de Abraão e/ou herdeiros da promessa deveriam


fazer como fizera Abraão e circuncidar-se (Gn 17,9-14.26s)
Muitos judeus, e judeus-cristãos acreditavam que na era messiânica os
gentios fossem incorporados ao povo de Deus. Mas, não havia nenhum
documento ou ensino que regulamentava as condições para sua
admissão.
Assim, a condição que ficou estabelecida foi a de tornar-se prosélito.
O argumento de Paulo não é em favor da fé nem contra as obras
propriamente. É muito mais particular: é contrário a que se exija dos
gentios a observação da Lei mosaica para poderem ser verdadeiros
filhos de Abraão”.
Paulo e a Lei

Pois nem a circuncisão é coisa alguma, nem a incircuncisão, mas o


ser nova criatura. (Gl 6,15)

Todos quantos, pois, são das obras da lei estão debaixo de


maldição; porque está escrito: Maldito todo aquele que não
permanece em todas as coisas escritas no Livro da lei, para
praticá-las. (Dt 27,26)
11 E é evidente que, pela lei, ninguém é justificado diante de
Deus, porque o justo viverá pela fé.
12 Ora, a lei não procede de fé, mas: Aquele que observar os seus
preceitos por eles viverá. (Gl 3,10-12)
Paulo e a Lei

Ainda que a Lei pudesse ser toda cumprida, a justificação


vem pela fé!
Fl 3,6; I Ts 3,13; 5,23; I Co 1,8; Rm 4.

I Co 1,23 – Os Judeus não podem acreditar num messias


condenado pela Lei.

A morte vicária de Cristo como elemento central.


I João
Introdução à Epístola

• Esta carta é anônima, ou seja, não apresenta o nome de seu autor no corpo do texto.
Embora tenha essa característica, ela lembra, tanto na forma quanto no conteúdo,
numerosas passagens do Evangelho de João, como por exemplo, a passagem da
despedida de Jo 14-17. O autor não revela seu nome, mas é, sem dúvida, o mesmo
que o autor do Evangelho de João (como já afirmara Dionísio de Alexandria). A
carta foi escrita para defender o Evangelho proposto pela tradição joanina e refutar a
má interpretação desse mesmo evangelho proposto por cristãos gnósticos que haviam
se infiltrado na comunidade, e que queriam sustentar suas ideias a partir do próprio
Evangelho de João, mas negavam a vinda de Jesus na carne (4,2) e a identidade do
Cristo Celeste e do Jesus terreno (2,22).
Introdução à Epístola
Erro dos Oponentes

• A epístola se estrutura em seis partes:


• Erro dos oponentes
• Resposta de João às Heresias
• A vida eterna
• O Anticristo
• Pecado
• Vida Cristã
Introdução à Epístola
Erro dos oponentes

• Há uma identificação direta dos problemas que originam a carta. Ela é endereçada a
uma igreja que se manifestaram falsos profetas (4,1), que causaram um cisma na
mesma (2,19)
• “Amados, não deis crédito a qualquer espírito; antes, provai os espíritos se procedem
de Deus, porque muitos falsos profetas (çyeudoprofh/tai)têm saído pelo mundo
fora.” (4,1)
• “Eles saíram de nosso meio; entretanto, não eram dos nossos; porque, se tivessem
sido dos nossos, teriam permanecido conosco; todavia, eles se foram para que ficasse
manifesto que nenhum deles é dos nossos.” (2,19)
Introdução à Epístola
Erro dos oponentes

• A reivindicação de tais “falsos profetas” era uma iluminação especial. Por intermédio
desse conhecimento especial tais hereges declaravam ter alcançado estado superior
em relação aos demais cristãos, alegando não possuírem mais pecado, pois haviam
alcançado a perfeição moral:
• “Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a
verdade não está em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para
nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não temos
cometido pecado, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está em nós.” (1,8-10)
Introdução à Epístola
Erro dos oponentes

• O principal erro ético desses hereges são o orgulho espiritual e arrogância, levando-
os a desprezar os cristãos comuns.
• Seu erro também é cristológico, pois negam o Cristo:
• “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o
anticristo, o que nega o Pai e o Filho.” (2,22)
Introdução à Epístola
Erro dos oponentes

• Tomamos conhecimento pela literatura patrística, que uma forma antiga do


gnosticismo era o docetismo. Os docéticos gnósticos se atinham ao típico contraste
grego entre o espirito e a matéria, e pensavam que, visto que a matéria era ipso facto
má, Deus não poderia ter entrado em contato direto com o mundo material ou
fenomenal em Cristo. Logo, ou negavam a encarnação em termos gerais ou
ensinavam que o corpo de Cristo era apenas uma aparência (dokeo), e não era real.

• “Nisto reconheceis o Espírito de Deus: todo espírito que confessa que Jesus Cristo
veio em carne é de Deus; e todo espírito que não confessa a Jesus não procede de
Deus; pelo contrário, este é o espírito do anticristo, a respeito do qual tendes ouvido
que vem e, presentemente, já está no mundo. (4,2-3)”
Introdução à Epístola
Erro dos oponentes

• A negação de que Cristo veio em carne e também uma negação de que Jesus e o
Filho de Deus (4:15; 5:5). A razão para essa negação, novamente, e que Deus
pertence ao reino da luz, e não poderia, por definição, habitar entre os seres
humanos. Logo, Cristo não seria o Filho de Deus no sentido do entendimento
cristão desse termo.
• “Aquele que confessar que Jesus é o Filho de Deus, Deus permanece nele, e ele, em
Deus. (4,15)”
• “Quem é o que vence o mundo, senão aquele que crê ser Jesus o Filho de Deus?
(5,5)”
• “Quem e o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus e o Cristo?” (2,22)
Introdução à Epístola
A resposta de João às heresias

• Os gnósticos acreditavam que Deus era luz, mas o mundo material visível era o reino
das trevas. O caminho da salvação consistia em obter gnosis, o que não era
simplesmente apreensão intelectual, mas envolvia uma experiência mística direta, por
meio da qual a alma do homem poderia escapar da servidão as trevas e, ao morrer,
voar para o mundo da luz.
• João refuta o erro gnóstico sando a própria linguagem gnóstica. Os gnósticos
acreditavam que Deus era luz, mas o mundo material visível era o reino das trevas:
• ora, a mensagem que, da parte dele, temos ouvido e vos anunciamos é esta: que Deus
é luz, e não há nele treva nenhuma. (1,5)
Introdução à Epístola
A resposta de João às heresias

• Em vez de escapar das trevas os homens devem receber a luz:, que já brilhou nas trevas deste
mundo:
• “Todavia, vos escrevo novo mandamento, aquilo que é verdadeiro nele e em vós, porque as
trevas se vão dissipando, e a verdadeira luz já brilha.” (2,8)
• O mundo, em 1 Joao, como no Evangelho, não é criação, mas o mundo dos seres
humanos visto em sua rebelião e hostilidade para com Deus. Os crentes ainda estão
no mundo (4:17), mas “todo o mundo esta no maligno” (5:19). João, por várias
vezes, refere-se ao mundo como a humanidade. Cristo “é a propiciação pelos nossos
pecados e não somente pelos nossos, mas também pelos de todo o mundo” (2:2).
Novamente, “já muitos falsos profetas se tem levantado no mundo” (4:1). “O Pai
enviou seu Filho para Salvador do mundo” (4:14; veja 4:9).
Introdução à Epístola
A resposta de João às heresias

• Porém, o uso que prevalece e o mundo da sociedade paga daquela época, viciado na
busca desmedida da satisfação dos prazeres sensuais (que Joao caracteriza como a
“concupiscência da carne”), e que tem uma visão materialista da vida e dos valores
(“a concupiscência dos olhos”), ansioso pela autoglorificação (“a soberba da vida”,
2:16). Joao demonstra um contraste absoluto entre este mundo maligno e a nova
ordem inaugurada por Cristo.
• Em resposta, o cristão não deve amar o mundo. Deve posicionar suas afeições em um
conjunto de valores completamente diferente do prazer sensual, do materialismo e da
autoglorificação (2:16). E obvio que a negação do amor ao mundo não pode
significar uma negação do amor pelas pessoas que formam o mundo, pois Cristo
veio para ser o Salvador de todos os homens, ate mesmo do mundo (4:14); assim o
amor é a essência da conduta crista.
Introdução à Epístola
A vida Eterna

• Essa vida foi manifestada para dar vida à humanidade:


• Nós sabemos que já passamos da morte para a vida, porque amamos os irmãos;
aquele que não ama permanece na morte. (3,14)
• Em Cristo temos vida eterna, Ele nos concedeu a vida eterna:
• E o testemunho é este: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está no seu
Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não tem a
vida. (5,11-12)
Introdução à Epístola
A vida Eterna

• Essa experiência da vida eterna tem consequências para o futuro:


• Ora, o mundo passa, bem como a sua concupiscência; aquele, porém, que faz a
vontade de Deus permanece eternamente. (2,17)
• Joao anseia pela realização de tudo o que Cristo significa em sua parousia
escatológica (2:28). Embora tenhamos recebido a vida e embora tenhamos nascido
de novo (2:29), ainda não somos como Cristo. Esperamos por sua parousia, quando
experimentaremos uma mudança inimaginável. “Ainda não e manifesto o que
havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a
ele; porque assim como e o veremos” (3:2). Esta e uma esperança purificadora. “E
qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também ele e
puro” (3:3). Fica claro que Joao vive na expectativa de uma parousia iminente, pois
“á já a ultima hora” (2:18).
Introdução à Epístola
O Anticristo

• Um dos fenômenos que caracterizam a ultima hora e a aparição de anticristos. No


Novo Testamento, a palavra antichristos só ocorre nas epístolas joaninas (2:18, 22;
4:3; 2 Jo. 7), mas a ideia também se encontra em outras passagens. O Anticristo e o
adversário do Messias, tanto ao opor-se a Ele como ao tentar substituí-lo. Expressão
semelhante e encontrada no Sermão do Monte. “Porque surgirão falsos cristos e
falsos profetas... que, se possível fora, enganariam ate os escolhidos” (Mt. 24:24). O
pensamento de Joao acerca dos anticristos e o mesmo; são falsos profetas, que negam
que Jesus e o Messias (2:22), e que se separam da igreja (2:19) e, presumivelmente,
tentam enganar e desviar a todos os que os ouvem.
Introdução à Epístola
O Anticristo

• Uma outra interpretação do anticristo (embora a palavra não seja usada) aparece em
2 Tessalonicenses 2 e em Apocalipse 13: um único anticristo, que flagrantemente se
opõe a adoração a Cristo e se coloca como um objeto de adoração. Podemos
concluir que o espirito do anticristo se manifesta em todos os lugares, em mestres
heréticos, cismáticos, mas que será por fim, nos últimos dias, incorporado em uma
única pessoa má.
Introdução à Epístola
O pecado

• João fala muito do pecado devido a doutrina gnóstica (do iluminado) que afirma
isentar-se da tentação e do pecado:
• Se dissermos que não temos pecado nenhum, a nós mesmos nos enganamos, e a
verdade não está em nós. (1,8)
• Só seremos semelhantes a Ele na parousia:
• Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de
ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque
haveremos de vê-lo como ele é. (3,2)
Introdução à Epístola
O pecado

• Deus tomou providencias contra os pecados que o cristão comete. “Se confessarmos
os nossos pecados, ele e fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de
toda injustiça” (1:9). “Se andarmos na luz... o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos
purifica de todo pecado” (1:7).
• Portanto, se apressa a dizer: “Estas coisas vos escrevo para que não pequeis” (2:1).
• O ideal cristão é a completa vitória sobre o pecado. Contudo, acrescenta: “Se alguém
pecar; temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo. E ele e a
propiciação pelos nossos pecados” (2:1-2).
Introdução à Epístola
O pecado

• Mais adiante, Joao parece contradizer categoricamente o que já havia escrito sobre o
pecado na vida crista. “Quem comete pecado e do Diabo” (3:8). “Qualquer que e
nascido de Deus não comete pecado; porque a sua semente permanece nele; e não
pode pecar, porque e nascido de Deus” (3:9). “Sabemos que todo aquele que e
nascido de Deus não peca; mas o que de Deus e gerado conserva-se a si mesmo, e o
maligno não lhe toca” (5:18).
• Quando seguimos a Cristo, temos necessariamente que romper com esse passado
pagão. Essa ideia e expressa em outras passagens do Novo Testamento.
• “Porque aquele que esta morto [com Cristo] esta justificado do pecado” (Rm. 6:7).
“Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo mortal” (Rm. 6:12).
Introdução à Epístola
A vida Cristã

• A epístola, como o evangelho (Jo. 3:3), fala da entrada na vida cristã como
um novo nascimento, o ser gerado por Deus, o ter a semente de Deus
implantada em seu interior (2:29; 3:9; 4:7; 5:1, 4, 18). Pelo novo nascimento
entramos em um novo relacionamento; tornamo-nos filhos de Deus (3:1, 2,
10; 5:2). Paulo considera os crentes como filhos de Deus pela adoção, e não
pelo novo nascimento (Rm. 8:15). Contudo, por novo nascimento e implante
da semente divina, Joao quer claramente dizer algo mais do que um novo
relacionamento. Isto significa uma nova dinâmica, um novo poder que entrou
na personalidade humana, que se reflete em uma mudança de conduta. Nos
tempos modernos, provavelmente, pensaríamos em uma mudança de
orientação da vontade humana.
Introdução à Epístola
A vida Cristã

• Para descrever a vida cristã, Joao usa uma linguagem que parece mística, uma de suas
palavras características é “estar” ou permanecer. Deus está [permanece] nos crentes
(1 Jo. 4:16); Cristo está neles (3:24); a palavra de Deus está neles (2:14); a vida está
neles (3:15); o amor está neles (3:17); a verdade esta neles (2 Jo. 2); a unção (do
Espirito) está neles (2:27). Os crentes, por sua vez, estão ou permanecem em Deus
(2:24); em Cristo (2:5, 6, 24, 27); estão na luz (2:10); na sã doutrina (2 Jo. 9). Em
contraste, os incrédulos permanecem na morte (3:14).
Introdução à Epístola
A vida Cristã

• O significado das palavras de Joao não pertence a experiência, mas a conduta cristã,
particularmente para a manifestação do amor. “Aquele que diz que esta nele também
deve andar como ele andou” (2:6). “Aquele que ama a seu irmão esta na luz” (2:10).
“Qualquer que permanece nele não peca” (3:6). “Quem não ama a seu irmão
permanece na morte” (3:14). “Aquele que guarda os seus mandamentos nele esta, e
ele nele” (3:24). Estar em Cristo significa estar vivendo uma vida de amor, em
comunhão ininterrupta com os irmãos cristãos. Estar ou permanecer, portanto,
significa obediência a lei do amor.
Introdução à Epístola
A vida Cristã

• Estar ou permanecer em Cristo significa também estar ou permanecer na verdadeira


tradição cristã - o que os gnósticos não fizeram. “Portanto, o que desde o principio
ouvistes permaneça em vos. Se em vos permanecer o que desde o principio ouvistes,
também permanecereis no Filho e no Pai” (2:24). As falsas doutrinas, que trazem a
ruptura da comunhão do povo de Deus, significam uma ruptura com Deus e com
Cristo.
Introdução à Epístola
A vida Cristã

• A ética de João é uma repetição do que se encontra no evangelho; e o novo


mandamento do amor (Jo. 13:34). O verbo “amar” (agapao) ocorre pelo menos
vinte e oito vezes. A totalidade da vida cristã se resume em não amar ao mundo
(2:15), em amar a Deus (4:21) e em expressar este amor a Deus amando os irmãos
cristãos (4:20). Esta e a mensagem ouvida desde o principio: que devemos amar uns
aos outros (3:11). Este é tanto o velho como o novo mandamento (2:7-8). Este
novo amor significa seguir o exemplo do amor de Cristo, a ponto de estar disposto a
“dar a vida pelos irmãos” (3:16). O amor é a prova de que passamos da morte à vida
(3:14), que somos nascidos de Deus (4:7), que conhecemos a Deus (4:7) e que Deus
esta em nós (4:12).
Introdução à Epístola
A vida Cristã

• Esse amor não é uma mera realização humana; é a resposta humana ao amor de
Deus. “Nisto esta a caridade: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que
ele nos amou e enviou seu Filho para propiciação pelos nossos pecados. Amados, se
Deus assim nos amou, também nós devemos amar uns aos outros” (4:10-11). “Nós
o amamos, porque ele nos amou primeiro” (4:19). “E dele temos este mandamento:
que quem ama a Deus, ame também seu irmão” (4:21).
Heresias no Cristianismo Primitivo: Marcião

• Marcião era o filho do bispo de Sinope, na região do Ponto. Ali havia conhecido a fé
cristã. Mas ao mesmo tempo, Marcião parece ter sentido duas forte antipatias:
contra este mundo matéria e contra o judaísmo. Portanto, sua doutrina combina
estes dois elementos.
• No ano 144 d.C, Marcião foi a Roma, onde conseguiu vários seguidores, e até
alguns pensaram em fazê-lo bispo. Mas com o tempo, o resto dos cristãos decidiu
que seus ensinos contradiziam a fé, e Marcião crio sua própria Igreja, que perdurou
por vários séculos.
Heresias no Cristianismo Primitivo: Marcião

• Como já dissemos, Marcião pensava que este mundo era mau, e que seu criador
devia ser um deus, se não mau, pelo menos ignorante. Em lugar de inventar toda uma
série de seres espirituais, ao estilo dos gnósticos, o que Marcião propôs era muito
mais simples. Segundo ele, o Deus do Novo Testamento e Pai de Jesus não é o
mesmo que o Deus do Antigo Testamento. Há um Deus Supremo, que é o Pai de
Jesus Cristo e um deus inferior, que é Jeová, deus do Antigo Testamento. Foi Jeová
que criou esse mundo. O desejo do Pai não era que houvesse um mundo como este,
com sua imperfeiçoes, mas que houvesse apenas um mundo puramente espiritual.
Mas Jeová, seja por ignorância ou por maldade, fez este mundo, e nele colocou a
humanidade.
Heresias no Cristianismo Primitivo: Marcião

• O Pai é tão bom, diferente do deus Jeová, que enviou seu filho para nos salvar e nos
convida a amá-lo. Assim, Jesus não nasceu de Maria, mas apareceu já maduro no
tempo de Tibério, assim como no final não haverá julgamento nenhum, pois esse
Deus é super amoroso. Marcião, assim, se desfaz do Antigo Testamento e estabelece
seu próprio Canon de textos.
• Da mesma forma que o Gnosticismo, Marcião e suas doutrinas representaram uma
serie de ameaças ao cristianismo primitivo. Negava a criação, a encarnação de Jesus, e
a ressurreição, tanto de Cristo como a Final.
Heresias no Cristianismo Primitivo: Marcião

• A resposta da Igreja veio por meio da organização do Canon Bíblico, e por


intermédio do Credo Apostólico.

• Creio em um só Deus, Pai todo-poderoso, Criador do céu e da terra,


de todas as coisas visíveis e invisíveis; Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho
Unigênito de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
consubstancial ao Pai. Por Ele todas as coisas foram feitas. E, por nós, homens, e
para a nossa salvação, desceu dos céus: e encarnou pelo Espírito Santo, no seio da
Virgem Maria, e se fez homem. Também por nós foi crucificado sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado. Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as escrituras; E subiu aos céus, onde está sentado à direita do Pai. E de
novo há de vir, em sua glória, para julgar os vivos e os mortos; e o seu reino não terá
fim.

Você também pode gostar