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Entrevista concedida pelo Dr.

Dan Ben Avraham, professor de Judaísmo e


Filosofia Judaica ao Dr. King em seu programa, “Debatendo a verdade”.
Taquigrafado pelo departamento de relações públicas

Dr. King:
Boa noite. Como havia prometido, finalmente encontrei um expert de Bíblia
judeu que crê em Jesus como o Messias e que assistiu ao programa prévio
de televisão onde entrevistamos ao Dr. Piodoche e ao Dr. Martín,
representantes da Igreja Católica e Protestante respectivamente. Dr.
Avraham, seja bem vindo e obrigado por estar conosco.

Dr. Avraham:
Sou eu quem agradece, Dr. King e agradeço a todo este magnífico auditório
presente.

Dr. King:
Como disse previamente, o Sr. assistiu ao programa prévio. O que achou?

Dr. Avraham:
Foi um programa muito bom, muito bem dirigido pelo Sr. e desenvolvido de
forma impecável pelas partes. Apesar de o assunto ser difícil e “quente”,
ambos se mostraram muito capazes, muito respeitosos e muito bem
informados.

Dr. King:
Em sua opinião quem ganhou o debate?

Dr. Avraham:
É um pouco difícil dizer quem ganhou o debate porque segundo a minha
perspectiva ambos estão fora da realidade da autoridade, mas em todo
caso, se me situar estritamente dentro dos limites eclesiásticos e teológicos
que apresentaram, creio que quem teve razão foi o representante da Igreja
Católica, o Dr. Piodoche.

Dr. King:
Sobre o que se baseou sua decisão?

Dr. Avraham:
As evidências apresentadas. Não houve forma que o Dr. Martín pudesse
rebater o fato de que cultural e teologicamente, a Igreja Protestante e
Evangélica está unida à Igreja Católica e que depende dela, da sua
antiguidade e autoridade.

Dr. King:
Então o Sr. concorda que a autoridade para determinar quais livros devem
fazer parte da Bíblia e especialmente do Novo Testamento, está na Igreja
Católica?

Dr. Avraham:
Absolutamente não. Por isso disse que segundo minha perspectiva, ambos
estavam fora da autoridade.

Dr. King:
O que quer dizer com “estavam fora da autoridade”?

Dr. Avraham:
Quero dizer que o assunto da autoridade em termos de recepção e
transmissão das Escrituras, nem a Igreja Protestante nem a Igreja Católica
tem a autoridade.

Dr. King:
Quem tem então?

Dr. Avraham:
A evidência que provem do próprio documento conhecido como Novo
Testamento, explica a quem foi dada tal autoridade.

Dr. King:
Obviamente quero que me fale sobre isto. Mas antes, foi dito aqui que
Israel deixou de ser o povo escolhido por ter rejeitado a Jesus e que esta
posição foi preenchida pela Igreja e que os judeus querem fazer parte dessa
posição de novo, têm que se converter ao cristianismo. O que o Sr. me diz?
Aceita ou não?

Dr. Avraham:
Não, não é necessário converter-se, não creio que Israel deixou de ser o
povo escolhido e ou muito menos que judeu tenha que se tornar cristão
para retomar sua posição de povo escolhido.

Dr. King:
Mas o Sr. crê em Jesus como Messias, não?

Dr. Abraham:
Eu não creio que este Jesus criado pela Igreja Católica seja o Messias.
Dr. King:
Como? Pode explicar?

Dr. Avraham:
Claro que sim. Em primeiro lugar não falamos de Jesus que é uma tradução
infeliz do nome hebraico do judeu que requereu ser o Messias. Seu
verdadeiro nome foi Yehoshua e a abreviação deste nome é Yeshua.
Tristemente a tradução do nome não é simplesmente um assunto
gramatical, mas também algo mais sério, um assunto de teologia.

Dr. King:
Poderia explicar, por favor?

Dr. Avraham:
Claro que sim, com muito prazer. Yeshua foi um judeu que viveu dentro da
comunidade judaica de Israel entre os primeiros 30 anos da era atual. Em
seus dias, o Templo de Jerusalém estava de pé com todos os sacerdotes e
levitas oficiando os sacrifícios diários estabelecidos pelo Eterno ao nosso
povo. Como judeu que foi, enquanto era criança, subia com seus pais todos
os anos para as três festas anuais que todo judeu está obrigado a santificar
em Jerusalém. Nas outras podia faltar, mas nestas três não. Estas festas
eram: Pésach (Páscoa) Shavuot (Pentecostes) e Sucot (Tabernáculos).
Como é evidente, o mundo de Yeshua foi o mundo judeu: a lei de Moisés,
o Templo, os sacerdotes, os levitas, os juízes de Israel, os mestres e as
diferentes escolas de pensamento hebraico de seus dias: fariseus,
saduceus, essênios, sicários, zelotes, etc.

Dr. King:
O que o Sr. está dizendo é que Jesus, ou seja, Yeshua não foi cristão.
Dr. Avraham:
O Sr. Mesmo disse. Yeshua não foi cristão, não havia cristianismo em seus
dias. Somente judaísmo. Portanto, as palavras de Yeshua, têm que ser
entendidas à luz do Judaísmo, não do Cristianismo que veio depois, uns 300
anos mais tarde.

Dr. King:
Então o Sr. afirma que o Cristianismo é um fato religioso posterior a Yeshua.

Dr. Avraham:
Correto. Não somente posterior a Yeshua historicamente falando, mas que
não representa o ensinamento real de Yeshua, nem de seus ditos nem de
sua vida.

Dr. King:
Por que não os representa?

Dr. Avraham:
Porque suas palavras foram interpretadas à luz do helenismo greco-
romano, não à luz do Judaísmo.

Dr. King:
O que o Sr. quer dizer é que a interpretação que fez o Cristianismo de Jesus,
quero dizer, Yeshua, é muito diferente da interpretação judaica?

Dr. Avraham:
Isto é o que quero dizer. A Igreja surge num contexto diferente ao de
Yeshua. Ela existe fora de Israel, em meio à comunidade gentia, imperial e
pagã. Não dentro do judaísmo. Então a missão mais importante da Igreja
foi como ganhar os pagãos para a nova fé. E com o objetivo de tornar tal
esforço mais sofrível e conhecido, agregaram os ditos e ensinamentos de
Yeshua, que eram judeus, à linguagem e cultura dos pagãos. O resultado foi
a distorção da mensagem judaica a respeito do Messias judeu.

Dr. King:
Então o que conhecemos hoje como a mensagem cristã não
necessariamente foi a mensagem original de Jesus, ou seja, de Yeshua.

Dr. Avraham:
Correto. Sus palavras foram entendidas e explicadas à luz da filosofia
helenista e do paganismo, não à luz do Judaísmo. E o resultado deste feito
foi o surgimento da Igreja Cristã, ou seja, o Cristianismo Católico tem muito
pouco de sua essência original, ainda que guarde muitas de suas formas
externas, mas fundamentadas em dois fatos chaves: transferência seletiva
e substituição absoluta.

Dr. King:
O que significa, Dr. Avraham, o que o Sr. chama transferência seletiva e
substituição absoluta?

Dr. Avraham:
Significa que a Igreja Católica, fundamentada em uma série de
ensinamentos que já vinham sendo dados por alguns líderes cristãos,
obviamente não judeus, a partir do segundo século, como por exemplo,
Inácio de Antioquia, quem afirmou que Israel havia deixado de ser o povo
escolhido e substituído pelos cristãos, desenvolve uma teologia de
substituição, ou seja, ela é agora um novo Israel, o novo povo de D-us, os
judeus foram rejeitados e substituídos pelos cristãos e fora isso, uma
teologia de transferência seletiva, ou seja, as bênçãos que inicialmente
haviam sido dadas para Israel, agora são passadas ou transferidas para a
“Igreja”, mas as maldições creditadas aos judeus rejeitados por D-us. (Ler
Efésios 2:11-22 e Romanos 11:17-20)

Dr. King:
Em outras palavras, o bom para cá e o mau para lá…

Dr. Avraham:
Exatamente. Isto sucedeu e o resultado é a criação de uma entidade
religiosa completamente separada e divorciada de sua matriz judaica e em
ocasiões, não somente separada e divorciada, mas sua pior inimiga. Creio
que ninguém duvida da grande inimizade que causou o Cristianismo
Católico a tudo o que fosse judaico, as perseguições, as cruzadas, a
inquisição e finalmente o holocausto nazista. Tristemente, tudo isso em
nome da fé cristã e em nome de Jesus.

Dr. King:
E como pôde acontecer isto? Não deveria haver um sentido de gratidão ao
povo judeu por parte da Igreja?

Dr. Avraham:
As coisas não aconteceram de um dia para outro. Foi um processo que levou
anos, séculos.
E tudo começa quando os postulados básicos do Judaísmo são ignorados
para se tornarem acessíveis aos pagãos, para evitar a censura romana, que
era o império naqueles dias e que estava em guerra contra os judeus, são
eliminadas todas as práticas e princípios judaicos que inicialmente
desfrutaram os crentes em Yeshua, o calendário é alterado para não conter
nada judaico nele, as datas bíblicas são substituídas por datas de celebração
pagã e os judeus são acusados de serem os culpados da morte de Cristo.
Isto foi criando uma separação, um ódio ao povo judeu que se transforma
em um movimento anti-semita de proporções mundiais até nossos dias.
Este processo foi o que eventualmente, com a conversão do imperador
Constantino ao cristianismo por razoes políticas, não religiosas, ou seja,
para usar o cristianismo como ferramenta política, criou as condições para
o Santo Império Romano, ou seja, o Cristianismo se transforma na religião
oficial do Estado com um objetivo: criar um governo mundial que domine o
mundo inteiro, pois assim pensaram que seria o domínio de Cristo na terra.

Dr. King:
Então o cristianismo não existiu no primeiro século… É isto que o Sr. quer
dizer?

Dr. Avraham:
O cristianismo não tem nada a ver com o movimento de crentes não judeus
do primeiro século. O cristão de Antioquia nos dias de Paulo, não tem nada
a ver com o cristão de Roma três séculos mais tarde. São duas coisas
completamente diferentes, em perspectiva, estado, doutrina e cultura.
Como do dia para noite. Tristemente o Cristianismo formado assim, ou seja,
a Igreja Católica ou universal veio a ser a antítese do movimento cristão do
primeiro século.

Dr. King:
O Sr. tem dito coisas extremamente importantes aqui que nos dão muita
luz para entender certas coisas que em minha mente, por exemplo, não
podia entender. Eu não podia entender como o cristianismo pôde ser anti-
judaico e anti-semita. Creio que agora percebo porque. Isto é revelação
para mim. Mas tenho uma pergunta: Foi para esta Igreja Católica e anti-
semita como o Sr. tem afirmado, que se revelou o Novo Testamento?
Porque se é assim, como poderemos confiar nestes documentos? São
confiáveis os documentos que a Igreja declara como seus e que tem dado
ao mundo como palavra segura e inspirada de Yeshua e seus apóstolos? Em
outras palavras, o Sr. recomenda, como judeu, o Novo Testamento editado
pela Igreja Católica? Gostaríamos de escutar sua opinião.
Dr. Avraham:
A fidelidade de D-us supera as debilidades do homem. E a maldade do
homem não anula a fidelidade de D-us, nem Sua Palavra. Isto é certo ao que
se refere às Escrituras Hebraicas, à Bíblia Hebraica e é certo ao que se refere
a qualquer outra verdade que D-us tenha desejado preservar para o
homem. Nesta amplia realidade da fidelidade de Dus, aceitamos que o
documento conhecido como Novo Testamento contem uma riqueza e uma
herança magnífica dos ensinamentos originais de Yeshua, nosso Adón
(Senhor), nosso Messias e assim como de seus discípulos originários.

Dr. King:
O Sr. diz “contem”. Significa que nem tudo está ali?

Dr. Avraham:
Exatamente, nem tudo está ali. De fato o próprio testemunho interno deste
documento conhecido como Novo Testamento, ao qual chamamos Código
Real, revela que as palavras e feitos de Yeshua superam excessivamente o
que foi escrito dele. Um de seus discípulos, por exemplo, afirmou que se
fossem escrever uma por uma, não caberiam no mundo os livros que teriam
que ser escritos. João 21:25.

Dr. King:
E onde estão estes livros?

Dr. Avraham:
Esta coleção de livros que conhecemos como Novo Testamento não se
formou de um dia para outro. Nem os próprios discípulos de Yeshua tiveram
idéia, talvez de que se editariam todos juntos e formariam um livro. Nem
entraram num acordo com outros para fazer isto. Cada qual escreveu de
acordo com a situação particular em que se encontrava e suprindo as
necessidades específicas das comunidades de crentes que haviam se
formado. Entretanto, como regra geral, os próprios apóstolos tinham
conhecimento dessas cartas e as valorizavam.
Ao menos isto é o que nos indica o Apóstolo Kefa (Pedro), por exemplo, em
uma de suas cartas, em relação aos escritos do Apóstolo Paulo. Por isso
existem cartas endereçadas à indivíduos em particular e à comunidades em
particular para resolver problemas particulares daqueles dias. Por outro
lado, é impossível crer que tendo Yeshua tantos discípulos, somente dois
ou três escreveram suas memórias e seus ditos. E é impossível crer que
sendo tantas as comunidades surgidas por onde queira, tanto judaicas
como gentílicas, outras cartas e documentos semelhantes aos que agora
temos, não fossem escritos. A arqueologia tem um grande trabalho adiante
e grandes surpresas nos esperam. Por outro lado, sabemos que muitos
documentos hebraicos antigos foram queimados pela Igreja em lugares
públicos. Muitos desses documentos em hebraico eram cópias de outros
documentos em hebraico escritos pelos apóstolos. Talvez tenham se
perdido para sempre. Além do mais, quando a Igreja selecionava este ou
aquele documento como válido, os que tinham outros rolos não aceitos ou
reconhecidos pela Igreja, ou que não foram mencionadas pela Igreja em
seus concílios, os escondiam e possivelmente apareçam em qualquer
momento. Talvez não, talvez tenhamos perdido. Seria uma grande perda,
certamente. Minha esperança é que muitos destes documentos apareçam.

Dr. King:
O Sr. mencionou algo interessante, que foi a Igreja [Romana], mediante
seus concílios quem editou o Novo Testamento como o conhecemos agora.

Dr. Avraham:
Certo. Foi a Igreja Católica quem editou o Novo Testamento como o
conhecemos hoje em dia. Não talvez porque quis, mas porque foi obrigada,
em certo sentido, a fazer isto.

Dr. King:
Como “foi obrigada a fazer isto”?
Dr. Avraham:
Quando morrem os apóstolos e a geração de seus discípulos e começa o
segundo século, existem fatores políticos que não podemos perder de vista
que influenciam em fatos que vão ocupando lugar dentro das fronteiras do
império romano e além de seus limites. Uma grande guerra havia
terminado no ano de 73, na qual Roma saiu ganhando militarmente. Muitos
judeus morrem, outros são perseguidos, expulsos de sua terra e têm que ir
ao exílio e muitos deles vivendo clandestinamente para salvar suas vidas.
Um movimento de resistência judaica surge e Roma sabe disto. De fato, a
guerra explode de novo em 132 com grandes baixas romanas e a conquista
de Jerusalém pelos judeus daquela geração. Uns anos depois, os romanos
ganham finalmente a guerra e outra vez o judeu tem que se esconder entre
as nações e dispersar-se entre os povos. Isto foi assim até recentemente
quando se cria em nossos dias o moderno Estado de Israel. A principio, os
crentes, isto é, seguidores de Yeshua não judeus, são perseguidos também
por Roma porque pensavam que tinham se tornado judeus devido à
similaridade de suas práticas e crenças judaicas.

Dr. King:
Quer dizer que no princípio não havia separação entre a sinagoga e a
“igreja”.

Dr. Avraham:
No princípio não havia, pois se fixaram as pautas da maneira como
deveriam viver os gentios que se convertiam ao D-us de Israel, que não
tinham que se tornar judeus ou viver como judeus necessariamente. Os
crentes seguidores de Yeshua não judeus foram aceitos nas comunidades
judaicas nazarenas e havia paz entre ambos os grupos. Obviamente sempre
existem problemas e queixas, onde há gente, há dificuldades, mas
doutrinalmente e socialmente não havia separação. Quando os judeus são
perseguidos por Roma, os crentes em Yeshua, não judeus, foram
perseguidos por Roma.
Dr. King:
Porque Roma pensava que tinham se tornado judeus.

Dr. Abraham:
Correto. Então, para evitar a perseguição romana, os crentes em Yeshua
não judeus, tentam demonstrar às autoridades imperiais, que eles não são
judeus nem têm ligação com o Judaísmo. Para provar isto, mudam seu
culto, seu dia de adoração passa do sétimo (Shabat) para o primeiro
(Domingo), ordenado por Roma, mudam as festas bíblicas e as substituem
pelas festas religiosas pagãs do império, mas agora cristianizadas e desta
maneira, o cristianismo distancia suas tendas de Jerusalém e as levanta
cada vez mais perto de Roma. O apoio cristão posterior ao império e a
cristianização oficial do mesmo, como expliquei antes, culminam esse
processo até a primeira metade do século quadro da era atual. Entretanto,
dentro do próprio cristianismo, havia diferentes perspectivas, diferentes
posições, divisões, rivalidades etc. Um dos lideres cristãos do século
segundo, chamado Marción [Marcião de Sínope], filósofo grego e expert em
religião do estado romano para a época, filho de um líder cristão
reconhecido, se muda para Roma e estabelece uma escola de pensamento
cristão com idéias helenistas e filosóficas, especialmente de corte gnóstico.
Marción, foi o primeiro homem que se atreveu a chamar a Bíblia hebraica
(o Tanach, que contem os 5 livros da Lei dada por D-us à seu povo, através
de Moisés, Profetas e Escritos) “o Antigo Testamento”. O chamou Antigo
Testamento porque pensava que seu conteúdo já não tinha aplicação para
os crentes em Jesus (Yeshua, o Messias), e que havia sido substituído pelo
Novo Testamento. Disse que era um livro antigo e que pertencia somente
aos judeus e que carecia de valor para os cristãos. Marción ensinou que no
Antigo Testamento (O Tanach) não havia graça e que a graça aparece pela
primeira vez no Novo Testamento (Código Real). A divisão que hoje temos
em nossas Bíblias do Tanach e Código Real, mal conhecido como Antigo e
Novo Testamento existe por causa deste homem, Marción. Segundo seus
ensinamentos, o D-us do “Antigo Testamento” era um D-us de juízo e
condenação, mas o D-us do “Novo Testamento” é um D-us de graça e amor.
Ainda que alguns líderes da Igreja Católica declarem Marción um herege, a
rejeição das Escrituras que ele difundiu criou raiz e prosperou
escabrosamente. Este homem chamado Marción, deu uma lista dos livros
que ele considerava que deveriam ser recebidos pelos cristãos como
autênticos. E essa lista dada por Marción para seu movimento, o
“Marcionismo”, criou uma revolução dentro do movimento cristão.

Dr. King:
E que livros ou documentos estavam nesta lista de Marción?

Dr. Avraham:
Ainda não existia o chamado Novo Testamento. Existiam cópias de cartas e
de evangelhos que circulavam entre as comunidades e algumas eram muito
conhecidas por todo o mundo. Mas não havia algo como “Novo
Testamento”. Quando Marción publica sua lista, inclui 10 cartas de Paulo e
o evangelho de Lucas, o companheiro e estudante de Paulo. Isto criou um
cisma no cristianismo, como era de se esperar e ele fez com que os líderes
cristãos se unissem para decidir o que fazer com Marción. Excomungaram
Marción, o declararam herege, o circularam entre as comunidades e deram
a conhecer uma lista de livros que todos os cristãos podiam ter como
confiáveis. Havia muitos documentos circulando e cópias de documentos.
Em total apareceram uns 5,000 manuscritos, em grego, destes escritos.
Como podemos imaginar, selecionar entre 5,000 manuscritos, alguns dos
quais somente contêm umas linhas, é uma tarefa muito difícil. Além do
mais, existem citações antigas de ensinamentos e expressões de Yeshua
que não aparecem sequer nos manuscritos gregos, e isso indica que houve
outra fonte antiga, possivelmente hebraica, da qual se traduziu ao grego.

Dr. King:
Em que idioma falou Yeshua?

Dr. Avraham:
Seguramente não dava seus discursos e ensinamentos em grego nem em
latin. Antes acreditávamos que o aramaico era a língua materna entre os
judeus em Israel, agora sabemos pela arqueologia e os descobrimentos dos
rolos do mar morto que era o hebraico, mesmo havendo expressões
aramaicas, incluso gregas que foram adotadas na linguagem cotidiana.
Portanto, podemos ter quase certeza que Yeshua falou em hebraico, logo
seus ensinamentos se traduziram para outras línguas, através do grego, a
linguagem internacional daqueles dias.

Dr. King:
Realmente estou me deleitando com toda esta informação e espero que
nosso auditório também. Entretanto, há um assunto crucial nisso tudo. O
Sr. é judeu e crente em Yeshua, como o Sr. disse, como o Messias prometido
a Israel. Certo?

Dr. Avraham:
Certo.

Dr. King:
Em um programa prévio tivemos aqui dois bons amigos, o Dr. Piodoche e o
Dr. Martín, católico e protestante, respectivamente. E foi debatido o
assunto de quem tem a autoridade para determinar o conteúdo da fé cristã
e, sobretudo quem tem a autoridade para estabelecer quais livros devem
ser considerados inspirados e quais livros não, ao que se refere à Bíblia, mas
especialmente o Novo Testamento. O Dr. Piodoche afirmava que somente
a Igreja Católica tem essa autoridade. Mas o Dr. Martín, afirmava que a
Bíblia em si é sua própria autoridade. Em resposta, o Dr. Piodoche
estabeleceu que se não fosse pela Igreja Católica, os protestantes e
evangélicos não teriam Novo Testamento e que, portanto, eles deviam
gratidão e sujeição à Igreja Católica, porque somente ela tem demonstrado
historicamente, ser a receptora da revelação de Jesus como o Messias e do
Novo Testamento como escritura inspirada e válida para todos os cristãos.

Vocês, os judeus crentes em Jesus como o Messias, quero dizer, Yeshua,


estão sujeitos também à autoridade da Igreja Católica ao que se refere a ela
ser a receptora da revelação do Novo Testamento e quem tem definido os
livros que devem fazer parte do mesmo? Dr. Avraham, queremos escutar
sua resposta.

Dr. Avraham:
Para responder esta pergunta, usarei dois argumentos: Primeiro, o
argumento interno do próprio Novo Testamento. Segundo, o argumento
histórico. Vamos ao primeiro, o argumento que encontramos no próprio
Novo Testamento. Primeiro: 1 Timóteo 3:16 afirma: “Toda a Escritura é
inspirada por D-us…” Quem escreve isto? Um católico ou um judeu? Um
judeu. Portanto, é um judeu quem está dando testemunho e dizendo que
“Toda a Escritura é inspirada por D-us”. Segundo: Quando diz “toda a
Escritura”, a que se referia? Ao Novo Testamento ou à Bíblia Hebraica? Não
ao Novo Testamento, não existia algo como o Novo Testamento. Portanto,
é a Bíblia Hebraica. Assim, o próprio testemunho do documento que a Igreja
Católica chamou Novo Testamento, afirma que a Escritura Inspirada é a
Bíblia Hebraica, portanto, o Novo Testamento fica de fora desta declaração
porque não existia, o único que existia era a Bíblia Hebraica: A Lei de D-us
dada por meio de Moisés, os Profetas e os Salmos (Tanach).

Dr. King:
Então o Sr. não considera o Novo Testamento como inspirado?

Dr. Avraham:
Não disse isso. Eu disse que no momento em que Paulo afirma que “toda a
Escritura é inspirada por D-us”, ele não tinha em mente algo como Novo
Testamento, porque não existia o Novo Testamento. Somente existia a
Bíblia Hebraica. Em outras palavras, quando Paulo visitava as comunidades
judaicas do primeiro século, não ia levando consigo o evangelho de Mateus,
o de Marcos, o de João u a Carta de Pedro, nem o Apocalipse. Essas
escrituras vieram depois, se formaram depois. Historicamente então,
historicamente falando, a Escritura Inspirada que Pablo falou foi a Bíblia
Hebraica (A Torá ou Lei dada por D-us através de Moisés, Os Profetas,
Salmos). E tem mais, no Novo Testamento, em Romanos 3:1,2 diz o
seguinte: “Que vantagem tem o judeu? De que se aproveita a circuncisão?
Muito, em todo sentido; primeiramente, porque lhe foi confiada a Torá de
D-us, ou seja, a Lei de D-us, as Sagradas Escrituras”. Como é evidente, o que
o próprio Novo Testamento afirma é que tudo o que seja palavra inspirada
de D-us, lhe foi confiada… à quem? À circuncisão, isto é, ao povo judeu.
Então são os judeus os receptores e guardiões e protetores da Palavra de
D-us. Qualquer que afirme que este ou aquele livro é palavra de D-us, deve
saber que são os judeus os receptores de tudo o que seja Palavra de Dus
por decreto divino. Dr. King: Bem, tento acompanhar o raciocínio. O Sr.
afirma que o próprio testemunho do Novo Testamento, é quem define
quem tem a autoridade em relação às Escrituras. Dr. Avraham: Correto. E
se alguém perguntar: Onde estava a Igreja Católica quando Rav Shaul, um
judeu, escreve um testemunho como este? Se a Igreja Católica requer
autoridade com base em sua historia, onde estava ela quando Paulo disse
isto? Mas tenho mais uma evidência.

Em Romanos 9: 4,5 está documentado: “Que são israelitas, a quem


pertence à adoção, a glória, os pactos, a promulgação da lei divina com suas
ordenanças de serviço e as promessas; de quem são os patriarcas e dos
quais, biologicamente, veio o Messias…” De novo Rav Shaul fala da
paternidade da revelação e afirma que é o povo judeu quem o Eterno
escolheu como depositário da adoção, da glória, dos pactos e da
promulgação da lei divina…”. Dr. King, diante desta evidência, a pergunta
que temos que fazer é: Foi a Igreja a quem D-us escolheu ou foi a Israel?
Quem é a receptora da revelação, dos pactos, das promessas, das
Escrituras, a Igreja Católica ou Israel? A resposta é: não é a Igreja Católica,
e sim Israel.

Dr. King:
Isto soa muito lógico. Não?

Dr. Avraham:
Mas ainda tem algo mais: Se isto que diz Paulo está certo que D-us confiou
aos judeus as Escrituras, os pactos e a promessa, então tudo o que seja
Escritura, pertence ao povo judeu. Em outras palavras, se os escritos do
Novo Testamento são palavra de D-us inspirados como a Torá e os Profetas,
então pertencem à comunidade de Israel [ramos naturais + ramos
enxertados, a verdadeira Igreja (congregação), não à Igreja [Católica],
porque já foi provado pelo próprio Novo Testamento, que Israel é o
depositário, não a Igreja [Católica]. E se pertencem à Igreja [Católica], então
não é palavra inspirada de D-us como a Torá, porque já vimos que tudo o
que é palavra inspirada de D-us, pertence a Israel, o receptor da revelação.
E se muda o receptor, se destrói a revelação. Não devemos esquecer disto.

Dr. King:
Estou tentando entender seu argumento. Poderia explicar um pouco mais?

Dr. Avraham:
Claro. Veja, em Efésios 2:20, Paulo diz: “Edificados sobre o fundamento dos
apóstolos e profetas, sendo a pedra principal angular, o mesmo Yeshua
HaMashíach”. O contexto demonstra que Rav Shaul (Paulo) está falando
para crentes de origem judaica que haviam feito sua conversão oficial ao D-
us de Israel como o único D-us verdadeiro, que haviam abandonado seus
ídolos e costumes pagãos e se esconderam debaixo das asas da Shechinah
(Presencia Divina). Onde cabem? Onde estão localizados? Num edifício que
tem um fundamento. Qual é o fundamento? Os apóstolos e profetas sendo
Yeshua como Messias, a pedra principal angular. Consequentemente o que
suporta todo o edifício é seu fundamento, ou seja, os ensinamentos dos
apóstolos e profetas que estiveram com Mashíach, todos os quais foram
judeus. Conseqüentemente, a autoridade dos escritos que formam esta
coleção conhecida inapropriadamente como “Novo Testamento”, não vem
por outra via além do seu fundamento que sustenta todo o edifício. Sem
este fundamento, não há edifício. E o fundamento é judaico, não cristão. A
autoridade então, dos escritos agrupados no Código Real, chamado Novo
Testamento vem pelo seu autor e não pelo seu destinatário.

Dr. King:
Creio que esse é um pensamento que o Sr. deveria repetir, que a autoridade
vem pelo autor e não pelo destinatário. Que quer dizer com isso?
Dr. Avraham:
Se a Igreja Católica ou Protestante debatem se este sim ou este não, é um
problema deles. Para nós, os judeus, se o autor é judeu, debaixo da
autoridade de Yeshua ou sob a autoridade direta de um discípulo íntimo de
Yeshua, seus escritos têm validade para nós, valor espiritual e legal
importante e, portanto, o recebemos e o amamos. Agora temos 27, mas
amanha podem ser 29, tudo depende do que o Eterno tenha nos reservado
para o futuro. Que coincida com a lista aceita pela Igreja não nos afeta
absolutamente em nada em termos de autoridade, como tampouco se
coincide com a lista do incorretamente chamado, Antigo Testamento.
Portanto, a grande pergunta que temos que fazer a Igreja Católica é a
seguinte: Vocês aceitam os escritos judeus que foram enviados às
comunidades judaicas e conversas do primeiro século para lhes instruir
acerca de como devem viver dentro da família de Israel? Se os aceitam, se
beneficiam. Se não os aceitam, se prejudicam. Mas a autoridade vem por
quem faz a pergunta, não por quem a responde. Este é o argumento que se
desprende diretamente do próprio Código Real.

Mas mencionamos outro argumento, o que vem da historia, o argumento


histórico que vem dado em dois aspectos do mesmo assunto.

Dr. King:
Que significa argumento histórico, que existem evidências históricas que
provam o contrário?

Dr. Avraham:
Em certo sentido. Mas quero dizer, especificamente, que vem da própria
história. Por exemplo: onde estava a Igreja Católica quando os judeus
crentes em Yeshua andavam com ele e receberam de sua boca seus ditos e
ensinamentos que foram logo, segundo foi necessário, preservados em
forma escrita? A resposta é muito simples: Em nenhum lugar, não havia
Igreja Católica nos dias de Yeshua. Havia somente uma comunidade: Israel,
o povo escolhido, receptor da revelação, responsável de velar e cuidar da
herança da eleição e redenção do mundo. Por exemplo, a Igreja Católica
afirma que quando através da cabeça, o papa, fala de assuntos de fé e
moralidade, ela, como receptora das chaves do Reino não mente nem erra,
porque é assistida pelo próprio Espírito de D-us, pelo qual as palavras ex
cátedra do bispo de Roma, são infalíveis e sem erros. Afirma-se que esta
assistência divina é o que faz com que a Igreja não erre em suas decisões,
porque todas vêm diretamente do Céu que deu a ela a autoridade para
determinar o que está permitido e o que não está permitido, que se pode
crer e o que não se pode crer.

Dr. King:
Em outras palavras, a voz ex cátedra do papa, é a voz mesma de D-us,
inspirado, sem erros, normativo e obrigatório para todos os cristãos e isto
é precisamente o que a autoriza para determinar o Índice da Bíblia e do
Novo Testamento. Certo?

Dr. Avraham:
A pergunta que temos que fazer a Roma é esta: onde estavas tu quando
Yeshua apresentava as oferendas no Templo junto a seus pais em Yom
Kipur? Onde estavas tu, quando Yeshua comia o cordeiro pascal cada 15 de
Aviv com seus pais e irmãos em Jerusalém? Onde estavas tu quando Yeshua
estava no Átrio do Templo e quando entrava na Sinagoga cada Shabat para
escutar a leitura da Torá e dos Profetas? Onde estavas tu quando Yeshua
santificava Shavuot e Chanucá em Jerusalém? Onde está tua “Lista de
Conteúdo” desta folha de serviço do nosso Adón Yeshua HaMashíach? Se
foi a Igreja a receptora da revelação, onde estava ela para receber nestes
dias?

Dr. King:
Mesmo assim, foi a Igreja Católica quem fez o Índice do chamado Novo
Testamento. Isso não mostra sua autoridade?
Dr. Avraham:
Quem colocou o índice ou lista de conteúdos bíblicos, não o fez por sua
própria autoridade, mas pela autoridade que está por trás, o testemunho
judeu fundamentado na eleição divina e os decretos do Altíssimo. Porque
somente se quem escreveu é judeu ou um discípulo direto ou sob a
supervisão de um judeu íntimo do Maestro, é válido. Em outras palavras, a
Igreja Católica não fez outra coisa além de aceitar que o testemunho judeu
vindo dos judeus é confiável. Mas o que torne esses escritos confiáveis não
é o testemunho da Igreja, e sim a credibilidade do escritor. E os escritores
são judeus, ou por nascimento ou por eleição. Yeshua disse: “A salvação
vem dos judeus” (João 4:22). O Eterno fez seu Filho nascer dentro do povo
judeu.

Dr. King:
Então o Sr. diz que a autoridade não está na Igreja [Católica].

Dr. Avraham:
A autoridade de um livro da Escritura não depende de nenhum homem ou
instituição, depende de seu próprio valor procedente da Torá, de Israel e
da autoridade de nosso Adón Yeshua e seus emissários íntimos. Se não vem
de um emissário íntimo, que por sua vez vem do Mashíach que por sua vez
vem da Escritura, sabemos que não é inspirado por D-us.

Dr. King:
E isto aplica ao restante da Bíblia também?

Dr. Avraham:
Também. Se não vem por um profeta o um discípulo íntimo de um profeta,
que por sua vez vem da Torá dada por D-us a Moisés, sabemos que não é
inspirado por D-us. Pode ser um bom livro, magnífico, válido para certas
coisas, mas não para fazer parte disso que nosso Adón, Yeshua HaMashíach
chamou: “A Torá, os Profetas e os Salmos”.
Dr. King:
O que o Sr. está dizendo então é que somente se o livro em questão segue
esta linha, é confiável?

Dr. Avraham:
Correto, e que assim o possamos aceitar e receber. E nesse processo, a
Igreja Católica ou Protestante não é depositária nem receptora, somente
beneficiária, como o restante da humanidade. A depositária da revelação é
Israel e, portanto, recai sobre os judeus a responsabilidade de ensiná-la ao
mundo. Este não é o caso de um cristão, por exemplo, porque tudo o que
um cristão conhece de sua fé vem do próprio Novo Testamento e, portanto,
não tem nenhum elemento externo para verificar se seu conteúdo é válido
ou inválido.

Dr. King:
O que o Sr. insinua é que a única opção de um cristão é confiar na
autoridade que a Igreja diz ter, para selecionar quais livros são e quais livros
não são.

Dr. Avraham:
Correto. Queria detalhar isto, se me permite: Mesmo que um livro seja
escrito sem erros, não é suficiente para determinar sua inspiração e
infalibilidade divinas. Portanto, o cristão, protestante ou evangélico não
tem outra opção além de confiar na Igreja Católica nisto, ainda que
inconsistentemente, é claro, rejeite seus ensinamentos, dogmas e
doutrinas cristãs.

Dr. King:
Isto não se aplica ao judeu também?
Dr. Avraham:
Absolutamente não, por uma simples razão: os judeus têm a Torá, têm a
palavra profética mais segura e tudo o que seja incompatível com a Torá,
não vem de D-us e não podemos receber como inspirado por D-us. E neste
sentido, somente D-us tem a autoridade e somente o Eterno conhece com
absoluta certeza quais livros são inspirados divinamente e quais não e esta
decisão ele decidiu comunicar à comunidade de Israel, não a uma pessoa
em particular. Fora de Israel, nem o bispo de Roma, nem os concílios
cristãos, nem o de Nicéia nem o de Trento nem o Vaticano Segundo, nem
os que venham, tem autoridade para determinar o que é inspirado e que
não o é.

Dr. King:
Há algum critério então pelo qual vocês determinam a legitimidade de
algum escrito religioso?

Dr. Avraham:
Temos três critérios fundamentais. Seu autor foi um judeu discípulo de
Yeshua o Messias sob sua autoridade? Se a resposta é positiva, o livro em
questão vai se tornando qualificado. É compatível com os Profetas? Se a
resposta é positiva, o livro em questão segue se qualificando. É compatível
com a Torá? Se a resposta é positiva, livro em questão pode então ser
aceito, porque somente dos Profetas e da Torá sabemos com certeza que
D-us é o autor. Se faltar um destes três princípios básicos, não qualificam.
Consequentemente, como judeus crentes em Yeshua como o Profeta
anunciado por Moisés (Deuteronômio 18:15), isto é, o Mélech HaMashíach
(O Rei Messias). Quando temos em nossas mãos estes escritos conhecidos
como Novo Testamento, não estamos recebendo seu Índice da Igreja
Católica, e sim de seu conteúdo hebraico que é o fundamento de sua
validade como a Torá oral de nosso Mestre, Yeshua HaMashíach para que
saibamos como devemos cumprir a Torá e aplica-la em nossas
comunidades, famílias e vidas pessoais, no caso do judeu.
Dr. King:
E se a pessoa não é judia?

Dr. Avraham:
Se a pessoa não é judia, estes livros tem a intenção de mostrar como deve
viver um convertido sincero (Romanos 11:17) dentro da comunidade de
Israel e retendo o testemunho de Yeshua como Mashíach. Não se eu “sinto
que o livro fala comigo”, não é se “me faz bem quando estou com
problemas” o que determina a inspiração de um livro. Porque se for assim,
o Alcorão também seria inspirado pelo que os muçulmanos falam do alivio
espiritual que sentem quando o lêem. O que determina a validade vem do
simples dito: é compatível com a Torá? Sim ou não? O Alcorão é compatível
com a Torá? Não. Portanto, não vem do D-us de Israel. Esta é a medida para
avaliar nossos livros e nossa verdade. Eu não creio em D-us porque a Igreja
Católica o disse, creio em D-us porque se revelou pessoalmente a meu povo
no Sinai e nos deu Sua Torá e nosso povo tem mantido sempre o
testemunho de esta revelação. Da mesma maneira, o Novo Testamento.
Não é assunto da Igreja, é assunto do nosso povo, de nossos profetas, do
nosso Adón Yeshua, o Messias judeu que nos foi prometido na Torá.

Se o testemunho que recebo está em harmonia com a Torá e é compatível


com a Torá, então é válido e o aceito. Mas sua validade vem de sua fonte,
de sua raiz e esta raiz é hebraica, não católica; judia, não protestante.

Dr. King:
E o Código DaVinci? Não revela de alguma maneira coisas escondidas pela
Igreja Católica que não deseja sob nenhum conceito que nossa geração
saiba, especialmente diante a possibilidade de conhecer, por exemplo, que
Jesus foi casado, que teve filhos e outras coisas jamais ditas pela Igreja? Há
algo que está escondido aqui?

Dr. Avraham:
Certamente, por muitos séculos a Igreja tem tratado de ocultar grandes
verdades. Tem ocorrido muita investigação histórica e bíblica em relação ao
Vaticano que demonstram as suspeitas de muitos, especialmente de
aqueles que não tem interesses religiosos, econômicos e políticos
relacionados com Roma. Mas o Código DaVinci é ciência de ficção… até
agora. Creio que a ordem dos Jesuítas formada por Ignácio de Loyola no
século 16, representa uma maior atração histórica que Isaac Newton e
Leonardo DaVinci.

Dr. King:
O Sr. crê nestas mensagens ocultas nesses famosos quadros e paredes em
certas catedrais antigas?

Dr. Avraham:
Não estão demonstrados, é ciência de ficção. Mas a mensagem abre uma
porta para a correta investigação histórica, juntamente com a publicação
do Evangelho segundo Judas.
Dr. King:
E qual é a melhor maneira de entender corretamente as palavras de Jesus
e do Novo Testamento em sentido geral?

Dr. Avraham:
Através do Código Real, a Versão Textual Hebraica do chamado Novo
Testamento, feita através do resultado de investigação arqueológica,
histórica, lingüística e exegética judaica, seguindo os princípios de
interpretação bíblica do Judaísmo e dando ênfase, como se deve ser, ao
hebraico da mensagem de Yeshua e de seus Emissários.

Dr. King:
O que significa Código Real? Algo como o Código DaVinci?
Dr. Avraham:
Nada a ver. O Código Real, a Versão Textual Hebraica do chamado Novo
Testamento surge sem ter nada a ver com a novela de Dan Brown. Chama-
se “Código” porque está escrito em diferentes níveis de interpretação,
típico do Judaísmo. E “Real” porque está relacionado com a realeza de
Israel, isto é, a Casa de David. Mas não tem relação alguma.

Dr. King:
Pode, de alguma maneira o Código Real, ser uma versão que freie o impacto
secular que poderia causar o filme anunciado sobre o Código DaVinci?

Dr. Avraham:
Sem dúvida, se alguém deseja conhecer a verdade, a verdade histórica e
científica dos ditos e ensinamentos de Yeshua, o melhor que pode fazer é
adquirir uma versão do Código Real e ler com a mente e coração abertos,
sem prejulgamentos teológicos. Porque aqui se apresenta uma perspectiva
correta das palavras de Yeshua e seus emissários, isto é, a perspectiva
hebraica, a única válida para estudar um documento judaico do primeiro.

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