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Cursos

CURSOS DA TARDE

Disponibilizaremos três cursos que devem ser discernidos juntos com o RL e CAp da
missão quais devem ser aplicados levando em consideração o público e a quantidade de
participantes.

Orientações:
· ​Tenha-se atenção na escolha dos pregadores de cada curso, que este tenha

o perfil adequado ao curso


· Outro ponto é manter o teor querigmático próprio do Renascer/Reviver
mesmo dentro do curso.
·​ ​Que os espaços dos cursos sejam adequados ao número de participantes
· ​Que cada curso tenha os recursos adequados: ministério de música, caixa de
som, caso tenha apresentação de vídeo, Datashow.
· ​O material de cada curso deve ser disponibilizado para o coordenador do

curso e para cada pregador com antecedência para que este tenha tempo
hábil de preparar uma boa formação.
· ​As orientações gerais destinadas aos pregadores também devem ser

entregues.
CURSO DE
ESPIRITUALIDA
DE

Leve a sério sua


vida Espiritual
​ .​ ​CURSO ESPIRITUALIDADE – Leve a sério sua vida Espiritual
1
Objetivo​:
Em um desejo de corresponder ao convite de Deus de renovar na comunidade a
vida de oração aos moldes de santa Teresa e também a dimensão da vida interior em à
qual nossa experiência de Deus não se aprofunda, nossa vida humana não tende a
maturidade e nem a nossa evangelização será eficaz, ofereceremos um curso de oração
baseado no livro “Leve a sério sua vida Espiritual”. O curso, assim como o livro, terá um teor
de partilha e direcionamento prático e assim a​limentar a vida interior através da vida de
oração autêntica e profunda que conduz as obras, isto é, uma vida santa que transborda na
vida fraterna e na evangelização.
A cada dia teremos uma pregação sobre a vida de oração e no segundo momento
viveremos uma Lectio Divina comunitária, salvo o primeiro dia que terão duas pregações.
No primeiro dia apresentaremos quem é Santa Teresa e sua importância na vocação
Shalom, e falaremos da Oração baseado no primeiro capítulo do livro, este primeiro
momento não se deve falar de forma exaustiva e detalhada sobre a vida de Santa Teresa,
mas apresenta-la como um modelo feliz de quem reza e por isso deve ser imitado, no
segundo momento utilizaremos uma Homilia do Papa Francisco que de forma simples
apresenta a oração como um caminho de amizade.
No segundo dia seremos auxiliados pelo Frei Patrício, homem de oração e amigo de
Santa Teresa, que nos indicará o caminho da oração e faremos nossa Lectio Jesus que a
pedido dos seus discípulos ensina-os a orar.
Por fim, último dia do curso indicaremos, mais uma vez juntos com o frei Patrício, os
passos para a oração e responderemos algumas dúvidas sobre vida de oração, e nossa
Lectio será com os personagens bíblicos de Marta e Maria.
Ainda sobre a Lectio divina comunitária, esta segue os mesmos passos que fazemos
em nosso estudo bíblico, inicia-se com o ​clamor ao Espírito Santo​, que pode ser com um
canto ou com palavras, da forma que Deus inspirar, segue com a ​Leitura​, faça com que os
participantes leiam ora em silêncio ora em alta voz a passagem repetidas vezes. Após a
leitura faça um momento de ​Meditação​, peça que partilhei ou entre si ou para todos (a
depender da quantidade de participantes) o que mais chama a atenção nesta passagem,
quais personagens a pessoa se identifica, o que ela fala ao coração, você pode neste
momento levantar questionamentos, levar o participante a confrontar a Palavra de Deus
com a própria vida.
No momento do passo da ​Oração ​faça uma oração carismática, com o uso dos
carismas, conduza a uma experiência com a Palavra que se torna Verbo, isto é, com o
Deus que dialoga com o homem, com a Palavra que é vida e é capaz de transformar as
nossas vidas.
Por fim, na ​Contemplação ​peça que se escreva o fruto da oração fazendo
propósitos a partir deste e depois abra para a partilha e testemunho.
Metodologia:
Pregação ao vivo
Lectio Divina Comunitária
Material: ​Livro Leve a sério sua vida espiritual
Anexos
Dia 1º tempo 2º tempo

07/02 Anexo: Apresentando Santa Teresa Anexo: Um amigo para orar


Anexo: Santa Teresa e a vocação Shalom
Capitulo 1 – Afinal o que é a Oração aos
moldes de Santa Teresa

08/02 Anexo: Percorrendo o caminho da Oração Lectio comunitária Lc 11, 1-13


(Mestre ensina-nos a orar)

09/02 Anexo: 7 passos para oração Lectio comunitária Lc 10, 38-42


Anexo: ​O​ração e missão (Maria escolheu a melhor parte)

Anexo: Apresentando Santa Teresa

Tudo que se tem a dizer sobre Teresa Sanchez Cepeda D'Ávila y Ahumada é
extraordinário. Ela viveu e ensinou a oração pessoal como sendo a busca de uma
intimidade maior com Deus. Escreveu como um poeta, cantando as glórias do Senhor do
Céu e da Terra, depois de ter convivido misticamente com Ele. Reformou e aperfeiçoou o
estilo de vida religiosa. Foi doutora em matéria de religião e de religiosidade. Ultrapassando
os limites de si mesma, ela foi mais além: foi Santa. E uma grande Santa.

O legado de Teresa

Teresa D'Ávila, Teresa de Jesus ou Teresa, a Grande, nasceu na região de Castela


(Espanha), em Ávila, uma cidade medieval cercada por muralhas de pedras grandes e
claras que se tornam douradas quando o sol está se pondo. Ela era a terceira filha do casal
Alonso Sanchez Cepeda com Beatriz D'Ávila y Ahumada e tinha vários irmãos, porque Dom
Alonso teve três filhos em um primeiro casamento e outros nove de seu casamento com
Dona Beatriz. Era da pequena nobreza. Nasceu em 28 de março de 1515.

A reforma do Carmelo e sua experiência metódica da oração pessoal na busca de


uma intimidade com Deus formam seu maior legado deixado para os fiéis da Santa Igreja.

Com seu irmão, uma fuga frustrada

Desde menina Teresa gostava de ler história da vida de santos. Acompanhava-lhe


neste gosto de seu irmão Rodrigo que tinha idade próxima da dela. Os dois admiravam em
conjunto a coragem e heroísmo dos santos na luta pela conquista da gloria eterna. E porque
os admirava, os dois tinham seus pensamentos sempre colocados na eternidade onde os
bem-aventurados já viviam.

Ao conhecer a vida dos mártires, julgaram que eles tinham conseguido ir para o céu
com muita facilidade. Estavam tão certos disso que decidiram partir para o país dos mouros:
ali, com certeza, seriam martirizados, morreriam defendendo a fé e estariam logo no céu,
mais facilmente que de qualquer outro modo...

Então os dois decidiram fugir de casa. Pediram a Deus que lhes concedesse a graça
de dar a vida por Cristo e partiram a procura de quem os martirizasse. A aventura das duas
crianças durou pouco. Estavam ainda próximo de Ávila, em Adaja, quando foram vistos por
um de seus tios que as conduziu novamente para junto da aflita mãe.

A culpa de tudo recaiu sobre Teresa. Quando foram repreendidos pela mãe, Rodrigo
acusou a irmã de ter sido a idealizadora do plano frustrado. Ao ser questionada por que ela
tinha fugido a pequena responde: “porque quero ver Deus”, esta simples resposta conduz
toda a vida espiritual da santa. Mas os dois não se separaram e nem esqueceram seu ideal:
eles resolveram viver como eremitas. Sem nunca conseguir, pensavam construir suas celas
nos jardins da casa e lá viver na solidão.

Outra fuga, após a morte da mãe

Dona Beatriz morreu quando Teresa tinha quatorze anos: "quando me dei conta da
perda que sofrera, comecei a entristecer-me. Então me dirigi a uma imagem de Nossa
Senhora e supliquei com muitas lágrimas que me tomasse como sua filha", disse ela. Aos
quinze anos Dom Alonso levou Tereza para estudar no Convento das Agostinianas de Ávila.

Um ano depois, seu pai foi buscá-la. Uma doença a impedia de continuar vivendo
ali. Por essa ocasião foi que a jovem viu nascer em seu coração uma forte atração para a
vida religiosa passando a pensar seriamente nisso. Mas ela tinha dúvidas quanto a decisão
a tomar. A vida religiosa a atraia e assustava, ao mesmo tempo.

Foi a leitura das "Cartas", de São Jerônimo que lhe ajudou na decisão. Ela
comunicou seu desejo ao pai e ele recomendou que a filha aguardasse a morte dele para
depois procurar um convento. Mas não foi bem isso o que aconteceu. Numa madrugada,
tendo já 20 anos, a futura santa fugiu para o Convento de La Encarnación, em Ávila, com a
intenção de não voltar mais para casa.

Início da Vida Religiosa

E Teresa ficou no Convento da Encarnação. Dom Alonso viu que sua vocação era
séria e não mais colocou objeção à entrada dela na vida religiosa. Um ano depois de sua
entrada no Carmelo, ela emitiu seus votos, tornando-se Carmelita.

Uma grave enfermidade fez com que seu pai a levasse de volta para casa afim de
que pudesse ser tratada. Mas os médicos não conseguiram debelar a doença que logo se
agravou. Teresa suportou aquele sofrimento, graças a um livrinho que lhe fora dado de
presente por seu tio Pedro: "O terceiro alfabeto espiritual", de autoria de um Padre chamado
Francisco de Osuna. Ela seguiu as instruções do pequeno livro que a introduziu na pratica
da oração mental.

Depois de passar três anos em casa, ela recuperou a saúde e retornou ao Carmelo.
Levou consigo as ideias contidas no livreto.
Como eram os mosteiros...

Costumes inconvenientes e nada edificantes espalharam-se pelos conventos


espanhóis da época de Teresa. Um desses costumes era de que as religiosas podiam
receber todos os visitantes que desejassem, a qualquer hora.

Teresa também foi vítima desse costume: passava grande parte de seu tempo
conversando no locutório do mosteiro. Isto a levou ao descuido com as orações, sobretudo
descuidava-se da oração mental. Muitas vezes ela encontrava desculpas para esse
relaxamento em suas enfermidades. Suas doenças justificariam suas falhas nesse ponto
ou... a impediam de meditar. E isso ela praticava sem susto nenhum.

Foi o confessor de Teresa que lhe mostrou o perigo em que se encontrava sua alma
e aconselhou-a a voltar à prática intensiva das orações. Embora ainda não tivesse decidido
a entregar-se totalmente a Deus, levando uma vida de contemplativa, e não tivesse
renunciado totalmente as horas que passava no locutório, conversando e trocando
presentes com seus visitantes, ela acatou o conselho de seu confessor e deu mais atenção
à vida de oração, voltando a meditar.

Teresa lutava entre uma vida mais radical e uma vida relaxada.

“Passei nesse mar tempestuoso quase vinte anos, ora caindo ora levantando. Mas
levantava-me mal, pois tornava a cair. Tinha tão pouca perfeição que, por assim dizer,
nenhuma conta fazia de pecados veniais. Se temia os mortais não era a ponto de me
afastar dos perigos. Sei dizer que é uma das vidas mais penosas que se possa imaginar.
Nem me alegrava em Deus, nem achava felicidade no mundo. Em meio aos
contentamentos mundanos, a lembrança do que devia a Deus me atormentava. Quando
estava com Deus, perturbavam-me as afeições do mundo” (Santa Teresa de Jesus, Vida,
8,2).

Deus, querendo unir Teresa mais a Si como sua esposa, purificou-a durante 18 anos com
toda a espécie de provas: doenças, securas, dúvidas de fé… Um dia, quando decorria o
ano de 1554, com 39 anos, diante de uma imagem de Cristo muito chagado e atado à
coluna, o coração grande e terno de Teresa perturbou-se e, desfeita em lágrimas,
entregou-se verdadeira e incondicionalmente à vontade de Deus. Comprometeu-se a fazer
sempre o mais perfeito, rompendo com todos os laços que a prendiam às criaturas. A partir
deste momento, como que morre Teresa de Cepeda e nasce Teresa de Jesus; é «outra
vida» a que agora inicia. Ao ler, por esta altura, as ​Confissões ​de Santo Agostinho sente-se
confirmada na mudança de rumo (​Vida 9,8 ​ -9​).​ Como fruto de uma intensa evolução
espiritual, Teresa, com um punhado de amigas íntimas, decide-se a abraçar uma vida
​ 2,9-10), voltando à observância da Regra Primitiva da Ordem.
carmelita mais perfeita (​Vida3
Oração vocal, meditação, recolhimento

Santa Teresa aprendeu a prática da oração vocal com as irmãs agostinianas durante
seu convívio com elas e utilizou bastante esse modo perfeitamente legítimo de rezar.
Porém, ela se sentia satisfeitas em seus desejos por Deus.

Em seu entendimento, ao rezar, deveria pensar-se com mais afinco no que se diz e
não apenas recitar muitas fórmulas, quase maquinalmente, apenas mexendo com os lábios,
sem meditação, como tinha tornado costume fazer-se já em sua época. Segundo o que
ensinou Teresa, a melhor forma de oração, o mais eficaz modo de rezar seria uma oração
de recolhimento. Nesse modo de rezar o espírito deve esvaziar-se de si mesmo, a
imaginação e o entendimento calar-se, e então, aprende-se a amar a Deus.

Em seu modo de rezar, ela se fixa no pensamento meditativo dos mistérios da


humanidade de Cristo, no seu sofrimento redentor e amoroso e, pouco a pouco, abandona
seu próprio ser e seu espírito, desinteressando-se de si mesmo. A alma vive e vê tudo isso.
É uma forma de oração ativa, laboriosa, voluntária e perseverante. Numa palavra,
contemplativa.

"Não sabeis o que é oração mental, nem como se faz a vocal, nem o que é
contemplação..."

Falando para suas irmãs do Carmelo, Teresa ensinava-lhes a rezar e dava-lhes


recomendações. De certa feita, ela ensinou a suas irmãs como rezar, como elevar suas
almas a Deus:

"Comecemos por nos perguntar a quem vamos falar, e quem somos. Não podemos
dirigir a um príncipe de modo tão informal quanto a um trabalhador ou a pobres criaturas
como nós, a que se pode falar de qualquer jeito, e sempre está muito bem!"

"Dirige a Deus cada um dos teus atos, oferece-os e pede-lhe que seja com grande
fervor e desejo de Deus. Em todas as coisas, observa a providência de Deus e sua
sabedoria. Em tudo, envia-lhe o teu louvor.

“Em tempo de tristeza e de inquietação, não abandones nem as boas obras de


oração, nem a penitencia a que estás habituada. Antes as intensifica. E verás com que
"prontidão o Senhor te sustenta."

"Que teu desejo seja ver Deus. Teu temor, perdê-lo. Tua dor, não te comprazeres na
sua presença. Tua satisfação, o que pode conduzir-te a ele. E viverás numa grande paz."

"Quem verdadeiramente ama a Deus, ama tudo o que é bom, quer tudo o que é
bom, favorece tudo o que é bom; louva todo o bem, com os bons se junta sempre, para
apoiá-los e defendê-los. Em uma palavra, só ama a verdade e o que é digno de ser amado."
"Quando recito o Pai-nosso, será um sinal de amor lembrar quem é esse Pai e
também quem é o Mestre que nos ensinou essa oração. "Ò meu Senhor, como vos mostrais
Pai de tal Filho, e como vosso Filho revela que veio de tal Pai. Bendito seja para sempre.

"Deixemos a terra, minhas filhas; não é justo que apreciemos tão mal um favor como
esse, e que, depois de ter compreendido sua grandeza, continuemos sobre a terra."
(Orações e recomendações de Santa Teresa, extraídas do livro: "Orar com Santa Teresa de
Ávila - Edições Loyola - 1987.)

Uma mística recolhida e ativa

A grande mística Teresa não descuidava das coisas práticas. Sabia utilizar as
práticas materiais para o serviço de Deus. Tinha uma vida interior que era o motor de suas
atividades. Era dela a "equação": vontade de Deus, mais dois ducados (dinheiro), mais
Teresa, igual a sucesso.

Certo dia encontrou-se em Medina del Campo com dois frades carmelitas que
estavam dispostos a abraçar a Reforma: Frei Antonio de Jesús de Heredia, superior, e Frei
Juan de Yepes, que seria o futuro São João da Cruz. Com eles começou a estender a
Reforma também para o ramo masculino da Ordem do Carmo.

Os mosteiros fundados por Teresa sempre foram uma "escola de amor de Deus"
que se espalhava não só pelos outros mosteiros, mas que influenciavam almas fora deles.
O viver a vida religiosa reformada influenciou a vida para além dos muros dos mosteiros.
Um novo estado de espírito difundiu-se pela sociedade toda.

Nos mosteiros a ação de Teresa teve uma outra consequência também muito
importante: fez nascer uma espécie desejo de reparação pelos males e destroços causados
nos mosteiros pelo pela revolução protestante em todos os lugares, porém, mais
especialmente na Inglaterra e Alemanha.

Recolhida e ativa até o fim

Em sua vida, o recolhimento, a atividade e as dificuldades eram inseparáveis. Na


última de suas fundações, o mosteiro de Burgos, as dificuldades não diminuíram. Quando o
convento já ia com suas obras adiantadas, em julho de 1582, Santa Teresa tinha intenção
de retornar a Ávila. Porém foi forçada a mudar seus planos e dirigindo-se para Alba de
Tormes. Pretendia visitar a duquesa Maria Henríquez. A viagem não estava bem
programada e a Santa estava tão fraca que desmaiou no caminho. Chegando a Alba,
Teresa piorou.

Três dias depois ela disse à Beata Ana de São Bartolomeu, sua acompanhante na
viagem: "Finalmente, minha filha, chegou a hora de minha morte".

O Pe. Antônio de Heredia foi quem ministrou-lhe os últimos sacramentos. Quando


ele lhe levou o viático, a Santa conseguiu erguer-se do leito e todos ouviram quando ela
exclamou: "Oh, Senhor, por fim chegou a hora de nos vermos face a face!" Pouco depois,
os que estavam em torna de seu leito puderam ouvir sua última frase: "Morro como filha da
Igreja".

Eram 9 horas da noite do dia 4 de outubro de 1582. Como exatamente no dia


seguinte efetuou-se a mudança para o calendário gregoriano, sendo suprimidos dez dias na
contagem dos anos, a comemoração de sua morte foi fixada para o dia 15 de outubro. Ela
foi sepultada em Alba de Tormes, onde repousam suas relíquias.

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Em 1614 foi beatificada pelo Papa Paulo V. Em 1622 foi canonizada por Gregório
XV. O Papa Paulo VI, em 27 de setembro de 1970 proclamou Santa Tereza como Doutora
da Igreja.

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Santa Teresa de Ávila é uma das maiores personalidades da mística católica de


todos os tempos, sendo considerada como um dos maiores gênios que a humanidade já
produziu. Ateus e livres-pensadores se veem obrigados a enaltecer sua viva e penetrante
inteligência; reconhecem a força persuasiva de seus argumentos, bem como seu estilo vivo
e atraente, além de seu profundo bom senso.

Fontes:
http://castelointerior.wordpress.com/2008/08/15/santa-teresa-de-avila-castelo-interior-as-sete-moradas-do-ser/
http://castelointerior.wordpress.com/2008/08/15/santa-teresa-de-avila-castelo-interior-as-sete-moradas-do-ser/
http://www.carmelosantateresa.com/santos/santateresa.htm
http://www.catequisar.com.br/texto/colunas/eurico/198.htm
http://portalcot.com/br/poesias/priscila-alves/a-cruz/
CIDADE DO VATICANO, quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011 (ZENIT.org)

Anexo: Santa Teresa e a Vocação Shalom

Sobre a influência de Santa Teresa apresentamos uma partilha de nossa


co-fundadora Emmir Nogueira sobre este tema.
Emmir, gostaríamos que você comentasse a influência de Santa Teresa na vocação
Shalom!
Eu vou começar com um pouquinho de história e depois coloco a influência de uma
forma mais didática. Santa Teresa entrou na vocação Shalom através de Dom Aloísio. Dom
Aloísio Lorscheider era franciscano, mas era doutor em espiritualidade. Sendo doutor em
espiritualidade, claro que conhecia muito bem Santa Teresa. Lembro-me bem de um dia em
que o Moysés e alguns rapazes do Cearense foram falar com ele. Lembro-me que corri
para o telefone, e naquela época era o telefone fixo, e pedi a ele que conversasse com Dom
Aloísio sobre a espiritualidade. A Comunidade Shalom não existia naquela época, mas
Moysés queria fazer um caminho muito sério de oração com esses rapazes do Cearense.
Eu, por outro lado, queria pedir ao Bispo que nos desse uma luz sobre a espiritualidade de
uma Comunidade que eu estava vendo que ia nascer de uma maneira ou de outra. Nessa
época eu estava lendo Caminho de Perfeição, de Santa Teresa, e estava achando
dificílimo, muito exigente, muito profundo. Lembro-me que li até o capítulo 4, voltei
novamente, e aí de novo até o capítulo 4, não passava daí porque tratava sobre a
humildade e eu não conseguia viver, então parava e começava na esperança de conseguir
algum dia viver aquilo.

Eu sei que quando o Moysés perguntou a ele, ele disse: “Leiam Santa Teresa de
Jesus”. Quando o Moysés voltou com essa notícia que era para eles lerem Santa Teresa de
Jesus, eu disse: “Esse Bispo está louco, é muito difícil, muito profundo, exigente. Como é
que vai ser? ”. Mas aí eu passei do capítulo 4, acabei de ler o livro e lembro-me de que
nessa época dei ao Moysés de presente uma raridade em Fortaleza, que eram as Obras
Completas de Santa Teresa. Historicamente foi assim que começou a influência de Santa
Teresa.

Como nós começamos a ler os livros de Santa Teresa, foi esse o caminho de oração
que nós conhecemos, desde o início. Por outro lado, como Deus faz bem todas as coisas, o
meu diretor espiritual era jesuíta, mas eu dizia a ele que ele era um carmelita disfarçado,
porque quando ele ensinava as pessoas a orar, ele sempre pegava Santa Teresa. Deus
providenciou um caminho bem didático, que era o caminho que o Padre Felipe propunha
com Santa Teresa, que fazia com que Santa Teresa ficasse bem acessível. E por outro lado
um caminho enviado pelo Bispo no sentido de que lêssemos as obras de Santa Teresa.

Quando começamos a Comunidade, claro que não tinha discipulado, noviciado, não
tinha coisíssima nenhuma. Não tinha nem vocacional nem nada, ninguém nem sabia o que
era uma comunidade. O que se lia e o que se falava sobre a oração era especialmente
Santa Teresa.

Depois da obra fundada, já quando Dom Adélio nos chamou para Quixadá, aí o
Moysés foi fortemente influenciado pelas Fundações, mas a primeira grande influência na
nossa vida foi realmente Santa Teresa e o caminho de oração que ela dá no Livro da Vida e
o caminho ascético que ela dá no Caminho de Perfeição. Depois, na medida em que
caminhávamos em oração, fomos descobrindo Castelo Interior e fomos o entendendo,
porque nós mesmos já tínhamos passado por aquelas primeiras experiências e tal. Então a
influência fundamental de Santa Tereza é a oração como resultado do Amor Esponsal, e a
oração como alimentadora do Amor Esponsal. É o que o Moysés diz até hoje: A oração
gera o Amor Esponsal e a oração alimenta o Amor Esponsal, e é o que Santa Teresa diz, a
linguagem das almas esposas, é o caminho das almas esposas, é o relacionamento das
almas esposas com Deus.

A conversa entre as almas e Deus que é o melhor amigo é sempre a oração, não há
outra forma de se relacionar com Deus a não ser na oração que cria essa amizade, que te
remete para o teu irmão, e esse é o ciclo do Amor Esponsal exatamente. Deus me fere o
coração, eu desenvolvo pela oração uma grande amizade com Deus. Nessa amizade Deus
alimenta o meu Amor Esponsal e se relaciona comigo como Esposo, e me remete
imediatamente ao meu irmão para que eu, vivendo esse Amor Esponsal, testemunhando
esse Amor esponsal, possa levar meu irmão a Ele.

A oração e a evangelização em Santa Teresa são uma consequência da outra, e


isso também veio influenciar o nosso Contemplação, Unidade e Evangelização. Eu acho
que até hoje o Moysés não tem consciência disso, mas o caminho de Santa Teresa no
Castelo Interior especialmente, ele vai muito nisso: conversão, vida de amizade com Deus,
Amor Esponsal e apostolado. As sete Moradas do Castelo têm essa sequência: encontro
com Deus e conversão, e aí você tenta, tenta, tenta, depois estabelece a amizade,
estabelece os esponsais com Deus.

Em seguida o apostolado e o ímpeto missionário, que é a parresia, a


missionariedade, que santa Teresa viveu de acordo com sua época, fundando mais casas
do que até o próprio Santo Inácio na época, para que o mundo fosse evangelizado, a igreja
fosse assistida.

Nós sabemos que Teresa também tem uma grande influência na nossa formação, mas
queríamos que você partilhasse um pouco sobre a influência de Santa Teresa na
formação Shalom:

Para entendermos bem isso temos de nos lembrarmos de como era o mundo me
1981 e 1982. A formação na realidade não começou em 82, isso é uma coisa que
esquecemos. A formação começou ainda talvez em 80, 81, não sei direito, devido ao fato de
o Moysés já aplicar o que hoje chamaríamos de formação ou caminho da paz, no grupo de
oração do Cearense. Existe todo um caminho de formação, e também na época em que
trabalhávamos com os jovens fora do Cearense, depois do grupo de oração tinha um
caminho de formação, que foi o que veio dar no caminho da paz tantos anos depois.

Vamos entender como é que era a igreja em 82! O trabalho com os jovens era
restrito a uma pastoral da juventude pouco interessante, vamos dizer assim, que as
palestras eram aquelas: “quem é Jesus, vida em família, relacionamentos”, palestras que
seguiam um roteiro num papel, palestras nas quais os palestrantes nem sempre eram
pessoas de oração profunda.
Nós buscávamos algo que fosse profundo para os jovens e na época, dentro da Paróquia
existiam essas pastorais com esses encontros, que eram bons, inclusive muitos de nós
viemos de lá, mas eles não engajavam a pessoa na vida de oração e na vida de apostolado,
de parresia, de anúncio.

Por outro lado, na Renovação, não se admitia que os jovens fossem chamados à
oração profunda e nem aos dons do Espírito Santo. Para se fazer um Seminário de Vida era
necessário em algumas paróquias passar por um ano de catequese para depois ter o
seminário. Claro que com um ano de catequese, dos 100 que começavam, terminavam
trinta. Nesse contexto, Santa Teresa veio para nós como uma resposta de ousadia, e aí tem
São Francisco misturado.

Santa Teresa quando começou a rezar era jovem. Era mais ou menos assim: “Ouse
que os jovens vão entender. Jovem pode rezar e sabe rezar sim. Quem ensina a rezar é o
Espírito Santo, não é a minha mente nem minha capacidade intelectual nem meu
conhecimento catequético”. Isso foi uma coisa importantíssima, porque era contrário ao que
as pessoas pensavam na época. As pessoas tinham de ser realmente “bem formadas
intelectualmente” para poderem corresponder pastoralmente. Nós pensávamos o contrário.
E Santa Teresa veio fazer exatamente isso. Ela, com a própria vida no Carmelo, embora ela
procurasse confessores doutos, a própria vida no Carmelo era uma vida, sobretudo, de
oração, e quem ensinava a catequese era Deus! Quem ensinava a vida fraterna era Deus, a
oração era a fonte de tudo.

Na nossa formação, mesmo antes do Shalom, a oração era a base de tudo. Quando
o Moysés fez os Escritos, escreveu o Escrito Amor Esponsal, e disse que o cerne da nossa
vocação era o Amor Esponsal, então toda aquela bagagem que vinha desde os jovens que
rezavam bem e bem melhor do que alguns adultos formados intelectualmente, toda aquela
bagagem encontrou um espaço. Faz parte da identidade da vocação, você reconhece que
alguém tem a vocação se aquela pessoa vive ou busca viver, porque o Amor Esponsal é
para viver, vive ou busca viver o Amor Esponsal com Nosso Senhor Jesus Cristo através da
oração. O cerne da vocação sendo o Amor Esponsal, lógico que a identidade da vocação
tem como base e tem como cerne também o Amor Esponsal, também quem busca o Amor
Esponsal e quem busca a oração, esse tem a vocação. Não sei se consegui me fazer
entender. A base de tudo não é a intelectualidade, mas é a amizade com Jesus.

O Moysés fala muito de ser contemplativos na ação, e à medida que você ia falando
eu ia lembrando-me do Livro das Fundações de Santa Teresa D´Ávila, e não sei se
poderíamos também, que talvez não foi pensado no início, mas vemos claramente
quando Santa Teresa fala das Fundações, em que ia, passava muitos dias em vista de
fundar um novo mosteiro. Ouvir o Moysés falar de ser contemplativos na ação me faz
muito identificar essa vida de Santa Teresa D´Ávila, que nas ultimas moradas ia
evangelizando, e que o Moysés fala na vocação também.

Sem dúvida nenhuma. É exatamente isso que você disse. Embora o Moysés só
tenha lido o Livro das Fundações e nós todos um pouco depois, é aquilo que eu acabei de
dizer, a oração te ensina tudo e contém tudo. O Amor Esponsal que impulsionou Santa
Teresa às fundações foi o mesmo Amor Esponsal que nos impulsionou a isso.

A contemplação na ação, naquela época de teologia da Libertação braba,


brabíssima em Fortaleza, era um binômio no qual um excluía o outro. Então as pessoas não
entendiam que para agir em nome de Jesus ou para agir com o poder da graça você
precisava rezar antes.

Esse pensar de Teresa, essas afirmações da sexta e sétima moradas, e o fato dela
fazer a expansão da obra dela de uma maneira fantástica, com certeza tiveram influência
também, mas tudo veio pela oração. Ninguém disse assim: “Vamos fazer agora como Santa
Teresa D´Ávila fez”, entendeu? Mas contemplação e ação era a resposta de Deus, através
da nossa vocação, para a igreja que naquele tempo não valorizava tanto a oração como um
impulsionador da vida apostólica e da vida missionária.

Nós somos respostas de Deus na contemplação e ação porque na nossa vocação


contemplação de fato é contemplação. A ação nasce da contemplação. Não há uma
dicotomia, como as pessoas achavam que tinham naquela época histórica.
Anexo: Um Amigo para orar

PAPA FRANCISCO
Rezar é como falar com um amigo: por que "a oração deve ser livre, corajoso e insistente",
mesmo à custa de chegar a "luta" para o Senhor. Com a consciência de que o Espírito
Santo está sempre nos ensinando como proceder. É o estilo de oração de Moisés que o
Papa Francisco novamente proposto na Missa na quinta-feira, 3 de abril de na parte da
manhã, na capela da Casa Santa Marta.
Este "manual" pequena oração sugestões de leitura passagem do Livro do Êxodo (32:
7-14), que diz "a oração de Moisés, por seu povo, que tinham caído em grave pecado de
idolatria." O Senhor explicou o Papa "apenas repreende Moisés" e diz: "que perverteu o teu
povo, que tiraste do Egito descem da montanha".
É como se Deus quisesse distanciar desse diálogo, dizendo a Moisés: "Não tenho nada a
ver com este povo; é seu, ele não é mais meu. " Moisés, porém, respondeu: "Por que,
Senhor, vai incendiar a sua raiva contra o povo, que tiraste do Egito com grande poder e
mão forte?".
Aqui, então, que Moisés começa a sua oração ", uma verdadeira luta com Deus". É "a luta
do chefe da aldeia para salvar seu povo, que é o povo de Deus". Moisés "fala livremente ao
Senhor." E agindo como "ensina-nos a orar, sem medo, livremente, mesmo
insistentemente." Moisés insiste que ele é corajoso: a oração deve ser como ".
Diga palavras e nada não significa orar. Eles também devem saber "" negociar "com Deus."
Precisamente ", como fez Moisés, lembrando Deus, com argumentos, o relacionamento
com as pessoas." Assim, "é" convencer "Deus" que se desencadeou a sua ira contra as
pessoas fazem "um papel ruim para todos os egípcios."
Em suma, Moisés tentando "convencer" a Deus para mudar sua atitude com muitos
argumentos. E esses argumentos estão olhando para a memória ". Assim, "Deus diz: Você
fez isso, isso e isso para o seu povo, mas agora você deixar morrer no deserto, o que
nossos inimigos dizem ‘? Eles dizem que ele continua, "que você é ruim, você não é fiel."
Assim Moisés tentando "convencer" o Senhor ", empreendendo uma" luta "em que coloca
no centro de dois elementos:". O seu povo e meu povo "
A oração é bem-sucedido porque "Moisés consegue" convencer "o Senhor". O Papa
sublinhou que "ela é linda a forma como esta passagem termina": "O Senhor da ameaça
que ele tinha falado contra o seu povo se arrependeu." É verdade, disse ele, "o Senhor
estava um pouco cansado deste povo incrédulo." Mas "quando você ler a última palavra da
passagem, o Senhor se arrependeu" e "mudança de atitude" deve perguntar: Quem
realmente mudou aqui? Você mudou o Senhor? "Eu não acho", foi a resposta do Bispo de
Roma foi Moisés que mudaram. Ele afirmou que ele acreditava que o Senhor teria destruído
o povo. E "busca sua memória como o Senhor tinha sido bom para o seu povo, como ele
tinha tirado de escravidão no Egito para realizar com uma promessa."
Ele está "com estes argumentos tentando" convencer "a Deus. Neste processo é a memória
do seu povo e da misericórdia de Deus. " Na verdade, o Papa continuou: "Moisés estava
com medo que Deus fez esta coisa" terrível. Mas "a baixa final da montanha" com grande
certeza no coração, "nosso Deus é misericordioso, perdoando, voltar para suas decisões, é
um pai."
Eles são todas as coisas que Moisés e "sabia, mas eu sabia mais ou menos obscuramente.
É na oração, onde encontrou novamente. " E ele também é "fazer esta oração nos
transforma em nosso coração, nos faz entender melhor como nosso Deus. “Mas para isso,
o Pontífice acrescentou, "é importante para falar com o Senhor, não com palavras vãs,
como os pagãos." É necessário, no entanto, "fala a verdade; mas, olha, Senhor, eu tenho
esse problema na família, com meu filho, com esta ou a outra ... O que você pode fazer?
Mas olhe que você não pode me deixar assim. "
Necessidades de oração e demorado. De fato, "a oração é também" negociar "com Deus
pelo que peço ao Senhor", mas acima de tudo para conhecê-lo melhor. Ela flui a prayer
'como um amigo para outro amigo. " Além disso, "a Bíblia diz que Moisés falou com o
Senhor face a face, como um amigo." E "deve ser a frase: livre, insistente, com
argumentos." Mesmo "" censurando "um pouco para o Senhor, mas você me prometeu isso
e você não ter feito."
Papa Francisco também lembrou que depois face a face com Deus ", Moisés desceu do
Monte radiante. Ele havia encontrado o Senhor ainda mais. E com a força que tinha dado a
ele retoma o seu trabalho para levar o povo à terra prometida ".
O Papa concluiu pedindo ao Senhor que "nos dá toda a graça, porque a oração é uma
graça." E ele convidou sempre lembrar que "quando oramos a Deus, não é um diálogo entre
dois", porque "sempre em cada oração é o Espírito Santo." Portanto, "você não pode orar
sem o Espírito Santo é Aquele que reza em nós, é Ele quem muda nossos corações, é ele
quem nos ensina a dizer a Deus:" Pai '". É o Espírito Santo, disse o Papa, a quem pedimos
que nos ensine a rezar "como Moisés orou a" negociar "com Deus, com liberdade de
espírito, coragem".
Anexo: Percorrendo o caminho da oração

Frei Patrício, OCD


​Mantido o tom coloquial
Que a mestra Teresa D’Ávila nos tome esta tarde pela mão e nos conduza pelos
caminhos que nos levam à oração e nos fazem descobrir a alegria da oração, e como nós
devemos rezar.
Preste bem atenção à pessoa perto de você. Se ela dorme você a acorda, e se você
dorme, ela te acorda, porque se dormimos vamos fazer a oração que Teresa chamaria de
quietude. Essa é uma oração que não podemos ter. Vamos esta tarde perguntar à Teresa
D’Ávila, que é considerada na igreja a mestra de oração por excelência, que nos ensine a
rezar, como um dia os discípulos olhando Jesus que estava em oração, quando Ele
terminou de rezar, disseram-lhe: “Mestre, ensina-nos a rezar”, e Jesus não deu uma
definição de oração nem ensinou como rezar, mas simplesmente Jesus disse: “Quando
vocês rezarem dizei Pai Nosso que estais no céu”, e Ele ensinou a rezar rezando. Assim
Teresa D’Ávila não é uma pessoa que procura dar definições de oração, mas ela procura
contar para cada um de nós como ela reza, a sua experiência de oração, a sua maneira de
falar com Deus, de sentir Deus perto dela, de dialogar com o Senhor.
Mas antes de entrarmos nisso, eu gostaria de fazer um esquema daquilo que vou
dizer. Vou dizer 5 coisas. Primeiro: Teresa D’Ávila aprendeu a rezar, como cada um de nós.
Não é que ela nasceu já tendo visões ou fazendo contemplação. Ela aprendeu a rezar como
cada um de nós aprende a ler e a escrever. Aprendeu a rezar o terço, porque ela não sabia
rezar. Aprendeu a ler a palavra de Deus, aprendeu a rezar. Uma vez que aprendeu a rezar,
rezou, se esforçou para rezar, mas tem um período da sua vida que ela deixou de rezar,
não gostava mais de rezar, deixou, como às vezes nós fazemos. Deixamos de rezar por um
tempo porque a oração não nos diz aquilo que esperamos que ela nos diga. E então tem
um período na vida de Teresa D’Ávila que vive de aridez, de secura, de dificuldade de falar
com Deus, mas ela recomeçou a rezar, e mesmo nas dificuldades tentou de ser fiel a uma
oração sem gosto. Teresa, aliás, fala de uma oração sem apetite. O motivo quando não
temos apetites, onde as comidas são gostosas para os outros, mas se não temos apetite
nos dá nojo, não encontramos gosto. Recomeçou a rezar e não só recomeçou a rezar, mas
ensinou aos outros como se deve rezar. É aí que está Teresa D’Ávila mestra de oração, ao
ponto que Teresa não reza, mas ela é oração, porque toda a sua vida transpira Deus, fala
de Deus, porque Deus entrou profundamente na vida de Teresa, e Teresa é transformada
por essa graça, por esse mistério, por este amor do Senhor.
Estes 5 pontos: aprendeu a rezar, rezou, deixou de rezar, recomeçou a rezar e
ensinou a rezar. É isto que queremos esta tarde perguntar a Teresa D’Ávila ou Teresa de
Jesus, porque vocês sabem que ela tem 3 nomes: Teresa de Ahumada e Cepeda, que é o
nome de família; Teresa D’Ávila porque nasceu e viveu em Ávila, é como quando alguém
fala Moysés de Fortaleza, é a mesma coisa, ou Frei Patrício do Egito. Mas um dia, quando
Teresa começa este novo caminho, ela muda de nome, não quer mais ser chamada dona
Teresa de Ahumada, mas quer ser chamada Teresa de Jesus.
Conta a história que um dia Teresa estava no mosteiro da Encarnação, e descendo
a escadaria do mosteiro encontrou um menininho que perguntou quem ela era, e Teresa
respondeu: “Eu sou a Teresa de Jesus, e você quem é? ”, “eu sou Jesus de Teresa”. É uma
imagem que faz referência a este fato da vida de Santa Teresa.
Teresa aprendeu a rezar, como cada um de nós deve aprender a rezar, mas porque
aprendeu a rezar? Aprendeu a rezar porque na sua vida sentiu a necessidade da oração.
Somente quando sentimos a necessidade ou descobrimos a necessidade de uma coisa nos
esforçamos para aprender. A oração anterior de Teresa D’Ávila, ou antes que ela
descobrisse a oração, era uma oração monótona, repetitiva, fazia orações, mas fazer
oração nem sempre é rezar, e ela começou a sentir o desejo de descobrir o valor da oração
não como uma repetição de atos, mas como alguma coisa de muito mais profundo. Por isso
que em Teresa D’Ávila tem somente três pessoas importantes: Deus, Teresa e os outros.
É muito importante compreender quem é Deus para você. Quando você fala a
palavra deus, o que vem na sua cabeça? O que você imagina? Porque se Deus para nós é
uma ideia, por bela que possa ser, se Deus para nós é um pensamento, mas é um
pensamento distante da nossa vida, é uma ideia filosófica, teológica, pronunciamos muitas
vezes a palavra Deus, mas não sabemos quem é verdadeiramente Deus, então é
impossível que entre nós e Deus nasça um diálogo, nasça um amor. O amor nasce na
medida em que as pessoas se conhecem reciprocamente.
Esta manhã eu dizia que o grande pensamento de Teresa era “quero ver a Deus”. O
querer ver a Deus é entrar dentro do coração de Deus. O evangelista São João nos recorda
na primeira carta, aquele que estava no seio do Pai, nós o vimos, nós o ouvimos, nossas
mãos apalparam, tocaram o Verbo da vida, e nós damos testemunho. O Deus de Teresa é
uma pessoa, é uma pessoa com a qual Teresa entra nesta comunhão. Ela aprende
lentamente. Por isso que Teresa se apaixona quando, como disse está manhã, ela está na
casa do seu tio Pedro, e ela estando doente, não sabendo o que fazer, seu tio lhe dá um
pequeno livrinho de um franciscano, Francisco de Osuna. Este pequeno livrinho, que é uma
espécie de catecismo que fala da oração, despertou no coração de Teresa o desejo de
rezar, o desejo de estar com Deus, o desejo de encontrar este Deus que ela amava, queria
ver, que ela buscava, desejava. E este desejo coloca em movimento nela toda uma
pedagogia, toda uma maneira para estar com Ele. Teresa aprende a rezar.
A oração não nasce dentro de nós de uma vez para sempre. Por isso quando no
livro da vida, no capitulo 8, parágrafo 5, Teresa tenta dar uma definição ou de fazer
compreender o que ela entende por oração, Teresa tenta explicar através de palavras
humanas aquilo que ela entende por oração. A oração, dirá Teresa, é um intimo diálogo de
amor, estando muitas vezes a sós com aquele que sabemos que nos ama. Você está
compreendendo isso? Vamos compreender não somente com a cabeça, mas vamos
compreender principalmente com o coração.
Eu lhe confesso que são 40 anos que eu leio Santa Teresa D’Ávila e ainda não a
conheço, porque todos os dias encontro coisas novas. É como a amizade. A amizade é uma
surpresa cotidiana, porque se a amizade perde a alegria de se ver, não é mais amizade. A
amizade é bonita quando você sempre que vê o amigo exulta de alegria porque encontra
alguém. A família é bonita quando você chega em casa e alguém te cumprimenta, te
acolhe, te recebe. Você imagina chegar em casa e ninguém te dizer boa tarde, ninguém te
acolher. Você se sente estranho naquela casa, você não se sente de casa. Assim é a
amizade, assim é Deus. Deus é um amigo, e Teresa diz isso. Então o que é a oração? É um
intimo diálogo. Nós sufocamos Deus com tantas palavras. Se é um diálogo, significa que
todo diálogo deve ter no mínimo dois tempos, dois momentos. Um momento em que você
fala e o outro te escuta. Percebemos quando alguém nos escuta, e percebemos quando
alguém não nos escuta, não nos presta atenção. Se eu começasse agora a olhar para
vocês, vejo que tem alguém que não me escuta. Se vejo alguém que enquanto eu falo está
mexendo com o telefone, está procurando a internet, eu fico triste, “ah, puxa vida! Eu vim do
Egito e olha como que sou recebido, nem está aí para mim”. A gente fica mal. Percebemos
quando alguém nos escuta porque não é só o ouvido que escuta. Os olhos escutam, o
corpo escuta, todo o nosso ser se coloca numa posição de escuta.
Santa Teresa tem uma frase, e não esqueça, escreva aí! Você tem o caderno para
quê? Para escrever! E Teresa diz o seguinte: “Sempre Deus escuta quando o coração reza!
”, sempre, sempre Deus escuta! Quando o coração reza sempre deus escuta, porque
quando você fala com o coração, quando você mete o teu coração perto do coração de
Deus, se realiza este amor. Sempre Deus escuta quando o coração reza.
Mas veja bem! Visto que estamos falando de coisa séria, Teresa diz: “Muitas vezes
as pessoas me pedem orações porque querem dinheiro, porque querem coisas. Não
devemos pedir estas coisas a Deus. Temos coisas mais importantes para pedir ao Senhor.
Ele sabe daquilo que nós necessitamos, do que precisamos. Precisamos pedir antes de
tudo a Deus o Seu amor, o Seu amor! A Sua misericórdia, o Seu perdão”. Sempre Deus
escuta quando o coração reza. Então para Teresa a oração não é problema de palavras,
mas é problema de amor. Para Teresa a oração, dirá ainda Teresa, não consiste em muito
pensar, mas em muito amar. Quando pensamos muito, o pensar muito nos tira a
espontaneidade do diálogo, a espontaneidade daquilo que você sente. É o intimo diálogo.
Então se Deus me escuta, eu também devo escutar a Deus. É na oração que Deus nos fala,
que Deus toca o nosso coração, entra dentro de nós.
A oração é o momento mais precioso da nossa vida, é o momento mais precioso da
nossa existência, e Teresa D’Ávila diz: “A maior vitória do diabo é convencer os pecadores
a deixar a oração”. O que faz o pecador? “Ah, a minha oração não vale nada. Deus não me
escuta”. E Teresa diz: “Mais pecadores somos e mais devemos rezar”. Mas você é
pecador? Eu não sei se rezo muito, sei que sou pecador, mas você é fraco? Reze. E Teresa
D’Ávila diz: “É a mesma coisa, se alguém está com frio e para se esquentar se afasta do
fogo”. Vai morrer de frio. Alguém está com frio e para se esquentar se coloca no freezer. Vai
morrer congelado. Mas nós somos pecadores e mais devemos rezar. Por nenhum motivo
devemos deixar este encontro com o Senhor.
Por isso que a linguagem de Teresa D’Ávila da oração é uma linguagem relacional.
O que quer dizer relacional? Não é uma linguagem de pagar a taxa com Deus, “eu rezo
porque senão Deus me castiga. Rezo porque senão Deus me pune. Devo rezar porque
senão vai acontecer alguma coisa ruim na minha vida”. Há uma oração de conveniência que
não manifesta o amor. Sabe como quando alguém diz: “Devo ir a esta missa de 7° dia. Vou
de má vontade, mas sou obrigado a ir porque se não me verem na igreja, o que vão
pensar? Então eu vou, mas vou de má vontade”. Às vezes nós rezamos por obrigação, e
para Teresa muda toda esta maneira de rezar. Rezar por amor não é rezar por obrigação.
Rezar por amor, falar com alguém por amor ou visitar alguém por amor é porque você de
verdade ama esta pessoa.
A linguagem de Teresa é uma linguagem relacional, é um trato, um diálogo, um
encontro, é amizade, é intimidade. Essas palavras, quando você tiver a oportunidade de ler
o caminho de perfeição, você encontra tudo isso em Teresa D’Ávila, esta linguagem, a
linguagem de amizade. E quando ela fala de Deus, fala de Deus com carinho, com amor.
Quando fala de Jesus, fala de amigo, o melhor amigo que temos é Deus! É o melhor amigo
que temos. Um amigo que sempre nos compreende, que sempre nos perdoa. Ele é o
esposo. Ele é o Senhor. Ele é o companheiro. Ele é o amigo. Se você não sente Deus como
amigo, e eu gastei muito tempo para descobrir que Deus era meu amigo, muito tempo, e
ainda não descobri plenamente não.
Hoje quero me confessar com vocês. Como faz Teresa D’Ávila que se confessa nos
seus escritos, porque os escritos de Teresa são a sua autobiografia. Eu gastei muito tempo
para sentir que Deus era meu amigo, e quem me ajudou foi Teresa D’Ávila. Teresa D’Ávila
me ajudou a descobrir que Deus, que Jesus é meu amigo. Presta atenção! Pensai que Ele,
Jesus, está sempre ao vosso lado, com quem você pode falar. Pensais que Ele está sempre
aí sentado com você. Parecia-me, diz Teresa, sentir a Sua presença, e esta presença, sem
vê-lo, eu percebia que Ele estava aqui. Sentir Deus, sentir Jesus como amigo, que nunca
nos deixa sozinhos, com quem nós podemos continuamente falar com Ele. Quantas vezes
nos momentos difíceis invocamos a mãe, que não está perto de nós, mas a invocamos, a
minha mãe. Ou quantas vezes falamos e pensamos nos amigos distantes que nos fizeram
bem. Por isso que essa ideia de Deus de Teresa, principalmente ela encontra essa ideia
que se revela, se manifesta em quem? Na pessoa de Jesus de Nazaré.
Teresa é uma apaixonada de Jesus, ama Jesus, sente Jesus na sua vida, e é por
isso que ela descobre toda essa misericórdia de Deus na pessoa de Jesus. E descobrindo
na pessoa de Jesus toda a misericórdia de Deus, ela diz: “Quando você reza, se você está
alegre, pense em Jesus, mas se você está triste pense em Jesus na Paixão, pense em
Jesus no Horto das Oliveiras”. Teresa diz: “Devemos imaginar Jesus perto de nós”.
A oração de Teresa: intimo diálogo de amor. Quando se fala intimo diálogo de amor,
aos amigos não precisa pedir, porque quando os amigos são verdadeiramente amigos, e eu
tenho muitos amigos. Graças a Deus aprendi com Teresa D’Ávila. Aprendi que aos amigos
não se pede, porque com o amigo há uma intuição, sabe aquilo que você precisa. O
verdadeiro amigo lê nos teus olhos aquilo que você necessita. O verdadeiro amigo é aquele
que se apresenta na hora certa ao teu lado, está lá! No mundo em que nós vivemos, diz
Teresa, pouco são os amigos de Jesus. Ser amigo de Jesus é participar de toda trajetória,
toda a vida de Jesus. É participar da Paixão de Jesus, ao sofrimento de Jesus, participar de
tudo aquilo que Jesus fez, mas essa intimidade, esse intimo diálogo de amor com aquele
que sabemos que nos ama, presta atenção! Aqui está a chave para rezar! Se eu não sinto o
amor de Deus, eu não falo com Ele. Eu quando não me sinto amado, eu me sinto mal.
Posso até visitar uma pessoa que não me quer bem, posso até visitar, porque às vezes
somos obrigados, mas você vai ficar com ela o mínimo tempo possível. Quando você se
sente amado e ama, o relógio foge, e fala “vixe! Já é tarde! Mas como é bom estar junto! ”.
Mas quando você não se sente amado, para que passe um minuto é dureza. Você olha e
diz: “Ainda falta é tempo, mas esse relógio não está andando! ”, mas quando você ama, é
outra coisa!
Teve um tempo que a oração para Teresa foi terrível. Fiquei 18 anos, 18! Sabe o que
é 18? 10 + 8! Na aridez! Fiquei 18 anos sem poder formular um pensamento, e tinha
vontade de virar o relógio para que o tempo passasse mais rapidamente. Naquele tempo
tinha um relógio chamado ampulheta, que era um relógio com areia ou água, caindo gota a
gota até dar uma hora. E Teresa diz: “E tantas vezes tive vontade de revirar a ampulheta
para que o tempo passasse mais rápido, mas nunca eu o fiz. Nunca eu o fiz! ”, porque o
amor é fiel! A fidelidade é cruz. A fidelidade é sofrimento. A fidelidade é a coisa mais bela.
Se tem uma coisa bela, se chama fidelidade. É tão verdade que a fidelidade é bela que o
apostolo Paulo diz: “Se você é infiel, Deus permanecerá fiel, porque não pode trair a si
mesmo”. Deus é suma fidelidade. Por isto que o amor de Deus nada ou ninguém o poderá
romper.
A aliança que Deus faz conosco, nada nem ninguém poderá romper esta aliança,
porque é fidelidade. Se Deus faz aliança com você, como faz comigo, como faz com
Moysés, com o Papa, com todos, o pecado não rompe a aliança de Deus, porque Deus é
fiel. E se você diz a Deus “eu não te amo”, Deus te responde: “Sinto muito, mas eu te amo,
e continuo a te amar, porque te amo! ”. O amor de Deus não pode ser um amor passageiro.
Se você saúda aquele que te saúda, todo mundo faz. Se você reza quando se sente bem,
se você reza porque encontra gosto, para Teresa a oração é, sobretudo, fidelidade. Aqui eu
gostaria de colocar uma pergunta: você é fiel à sua oração? Você leva a oração a sério?
Para Teresa a oração é uma realidade a qual não se pode renunciar. No caminho de
perfeição Teresa diz: “Nem sempre se pode meditar ou rezar com o intelecto”, nem sempre
se pode pensar. Sabemos que quando temos dor de cabeça não podemos estudar. Tem
dor de estômago não pode refletir. Assim também quando temos dor de cabeça não dá para
meditar a palavra de Deus, mas ela diz: “Sempre, porém, se pode rezar, sempre se pode
amar! ”. Sempre, em todos os momentos. Nada nos impede de oferecer a nossa vida ao
Senhor. Para Teresa a oração é esse coração, este centro, é a certeza de que aquele
tempo é um tempo de Deus, consagrado a Ele, para Ele, para sempre, e que ela sente essa
necessidade de dialogar continuamente com o Senhor para que Deus seja essa parte
central da vida, um intimo diálogo de amor, estando a sós com aquele que sabemos que
nos ama. Se nós não sentimos o amor de Deus na nossa vida, não é possível rezar. Sentir
o amor de Deus, saber que Deus te ama! Se você sabe que Deus te ama, a alegria maior é
estar com Ele. Por isso que Santa Teresa a oração não fora dela, mas dentro dela, porque
Deus não está fora de nós, Deus está dentro de nós.
A imagem mais bela de Santa Teresa é uma imagem que de verdade é genial.
Estando uma vez em oração, viu uma pérola preciosa que tinha a forma de um castelo.
Nesse castelo havia muitas moradas, mas havia uma morada central nesse castelo aonde
habita o rei, sua majestade, que é Deus, e esse castelo é a alma humana. Freud, a
psicologia, não conhece este castelo. Deus habita no mais profundo do nosso ser. João da
Cruz leu todos os escritos de Santa Teresa. Santa Teresa não leu todos os escritos de João
da Cruz, mas João da Cruz leu. Na chama viva de Amor João da Cruz diz: “Deus habita no
íntimo do ser humano, no mais profundo de nós mesmos”.
Por isso que para Teresa o caminho para conhecer a si mesmo, e hoje todos nós
temos a mania de querer se conhecer. É uma mania inútil, porque nós somos mistério, e
acaba o encanto quando se conhece o mistério. O dia em que o homem se conhecer
totalmente a si mesmo acaba o mistério do homem. É belo saber que não nos conhecemos
e até fico feliz, fico feliz por não me conhecer, e também não tenho muita vontade de me
conhecer, porque se me conheço provavelmente vou ter medo de mim mesmo. Santa
Teresa diz no livro da vida: “Deus endoura os nossos pecados para que os outros, não
conhecendo os nossos pecados, nós possamos fazer um pouquinho de bem”. Se vocês
conhecessem os meus pecados, vocês fugiriam todos daqui e diriam: “Vamos embora,
vamos deixar de escutar este homem”. Deus endoura os nossos pecados para que
possamos fazer um pouco de bem. Deus tem uma pedagogia única. É difícil entender Deus
se nós não entendemos o amor, a misericórdia de Deus.
E Teresa diz: “O caminho para conhecer a si mesmo é a oração e a meditação”,
porque através da oração Deus te ilumina e te faz a tua radiografia, te faz a tua fotografia,
onde você se conhece e não tem medo de estar diante de Deus, porque você é imagem de
Deus, nós somos imagem de Deus. Através da oração conhecemos a nós mesmos. Para
Teresa D’Ávila o caminho da oração é o caminho da verdadeira felicidade, é o caminho da
verdadeira alegria. Por isso que as pessoas que rezam são sempre felizes.
Quando Teresa morreu, em 1582, encontraram no breviário dela uma poesia
pequenina: “Nada te perturbe, nada te espante”. Essa pequena poesia, tem pessoas que
dizem que não é dela, que ela encontrou e copiou. Para mim tano fez, tanto faz. Se é dela é
dela, se não é dela é a mesma coisa. Mas ela tinha essa pequena oração dentro do seu
breviário. Ela rezava com isto. Essa pequena oração é o ápice, o ponto mais alto de toda a
experiência mística teresiana. Nada te perturbe, nada te espante, a paciência tudo alcança.
Aquele que a Deus tem, nada lhe falta, só Deus basta! A oração é chegar a essa
consciência de que só Deus preenche plenamente o teu coração. Vamos cantar esse canto
de Teresa. Pense um pouco naquela definição de Teresa: “Para mim a oração é um intimo
diálogo de amor, estando muitas vezes a sós com aquele que sabemos que nos ama!”.

Eleva o pensamento, ao céu sobe por


Nada te angusties, nada te perturbe,
A Jesus Cristo segue com coração grande
e venha o que vier, nada te espante.

Vês a glória do mundo? É a glória vã


Nada tem de estável, tudo passa!
Nada te perturbe, nada te espante, tudo passa!

Aspira às coisas celestes, que sempre duram.


Fiel e rico em promessas, Deus não muda.
Ama-o como merece, bondade imensa
Mas não há verdadeiro amor sem paciência.
A confiança e fé viva mantém a alma,
Quem crê e espera tudo alcança.
Deus não muda! A paciência tudo alcança.

Do inferno acoçado embora se veja


Enganará seus furores quem a Deus tem
Que lhe venham desamparos, cruzes e desgraças
Sendo Deus o seu tesouro, nada lhe falta.

Ide, pois, bens do teu mundo, pois tudo é nada


Ainda que tudo percas, só Deus basta!
Quem a Deus tem, nada lhe falta, só Deus basta!

Veja como Deus é bom! Pedimos um canto pequeno e nos deram um canto grande.
As coisas são sempre melhores do que esperamos!
Amanhã quero falar sobre a pedagogia da oração. Hoje temos falado sobre o que é
a oração no pensamento de Teresa, como ela vive esse pensamento. Se não nos
convencemos, nunca vamos aprender a rezar, e quem reza, ainda diz a oração, não é se
romper a cabeça por pensamentos, mas é deixar que o nosso coração reze. Para Teresa a
mais bela definição de oração, embora que ela não use essa frase que vou dizer agora,
mas é dela todo o seu conceito, a oração é deixar-se amar por Deus. Não é tanto amar a
Deus, mas é deixar que Ele nos ame. É permitir que Deus nos olhe com seus olhos de
amor, com a Sua ternura, com a Sua bondade, para que o Espirito Santo possa rezar em
nós. A oração não é obra do ser humano só, é a cooperação entre o homem e Deus, entre
nós e o Espírito Santo.
Teresa volta a insistir no livro da vida sobre uma tentação que é muito comum entre
os cristãos, e também como homem, principalmente quando se trata de oração ou quando
se trata quem sabe de sacramento da confissão. “O que adianta eu me confessar se depois
volto a pecar de novo? O que adianta eu rezar se depois continuo a ser mal? ”. Se rezando
somos maus, já pensou o que seríamos se não rezássemos? Seríamos muito piores. Então
devemos nos conscientizar que a oração é a força que equilibra a nossa espiritualidade,
equilibra à nossa maneira de ser, que não permite que nós sejamos todos os dias piores,
mas que a oração nos ajude todos os dias a dar um passo à frente.
Por isso que Teresa diz: “Aquele que decidir de tomar o caminho da oração,
aconteça o que acontecer, critique quem quiser criticar, murmure quem quiser murmurar,
morra no caminho, mas não volta atrás, porque chegará à fonte da vida”. Morra no caminho,
mas não volte atrás na oração! É aquela fidelidade que às vezes é martirial, é de
sofrimento. Aquela fidelidade que entra e nos faz sangrar o coração muitas vezes, mas a
qual devemos ser fiéis, porque é uma fidelidade de amizade, uma fidelidade de amor, e
Teresa sentia isso na sua vida. Ela não é mestra de oração porque escreveu coisas bonitas
sobre a oração. É mestra da oração porque ela rezou, porque a sua vida foi uma vida de
oração. Deus, escreve ela, se doa totalmente a quem totalmente a Ele se doa. É um
relacionamento de reciprocidade. Se você se doa totalmente, Deus se doa totalmente a
você, e não devemos ser como aquelas pessoas que dão com uma mão e depois retomam
com a outra mão. Devemos ser decididos. Por isso que se repete aquela famosa frase dela,
mas não só em respeito à oração, uma determinada determinação! Que quer dizer essa
frase? Se você toma a decisão, seja fiel àquela decisão que você toma. Aquele espaço que
você doa a Deus, aquele momento do Senhor, não importa o que você sente. Para Teresa a
oração não é sentimento, mas a oração é fé, é amor. O sentimento é passageiro. As nossas
convicções de fé são convicções que permanecem para sempre.
“Agora acho que a Providência Divina quis que eu não encontrasse quem me
ensinasse à oração. Eu não teria conseguido perseverar na oração nos meus 18 anos em
que me aconteceram tamanho sofrimento e aridez, visto não poder fazer oração sem a
ajuda de um bom livro. Não teria resistido a 18 anos de aridez se não me tivesse ajudado
com um bom livro”. A ajuda de um bom livro, principalmente a ajuda da palavra de Deus.
Santo Agostinho diz: “Quando você escuta alguém que lê a palavra de Deus, Deus fala a
você, Deus fala ao teu coração. E quando você lê a palavra de Deus, você empresta a Deus
a sua boca, empresta ao Senhor”. Para Teresa a oração é esta fidelidade do nosso
caminho, da nossa vida.
Mas devemos nos colocar uma pergunta: como Teresa ensina a rezar? Qual é o
caminho que ela nos apresenta? Ou poderíamos dizer: qual é o método teresiano para
rezar? É muito importante que possamos aprender isso. Saber o que é a oração não é
saber rezar. A teoria ainda não é tudo para a nossa vida de oração. Teresa quando fala de
oração tem uma imagem muito bonita, e com essa imagem de Teresa eu termino, mas
amanhã de manhã retomamos essa pedagogia de oração. Gostaria de terminar esse
congresso de espiritualidade, que nós pudéssemos voltar para casa e poder dizer: “Sei o
que é a oração, agora sei como devo rezar, e vou começar a rezar de verdade”, porque às
vezes sou meio louquinho. Quando eu não tinha nada o que fazer, eu gostava muito de ler
livros de receita de cozinha. Passava tempo, mas um dia aprendi uma coisa, que receita de
cozinha nunca mata a fome de ninguém. Sei como são as receitas, sei fazer tudo, mas não
mata a fome! Então conhecer o que é a oração e não rezar não satisfaz o teu coração. É
como ler receita de cozinha e ter a mesa vazia. É necessário colocar a mão na massa. É
necessário começar a rezar, e se aprende a rezar rezando.
A imagem mais bela que Teresa faz da oração é a seguinte! Ela imagina a nossa
alma como um jardim, um jardim que é cheio de flores, que são as virtudes. Mas para que
as flores possam crescer num jardim, o que é necessário? A água. Se não damos água a
estas flores, elas morrem todas. Para Teresa a oração é a agua com a qual devemos regar
o nosso jardim, e aí ela nos dá e nos ensina o caminho da oração.
Então que nós possamos aprender este caminho com Teresa D’Ávila. A oração não
consiste em muito pensar, mas em muito amar. Não devemos quebrar a nossa mente para
procurar palavras bonitas. Teresa nos recorda que a oração é um intimo diálogo de amor,
estando muitas vezes a sós com aquele que sabemos que nos ama. Quando o coração
reza sempre Deus nos escuta. Mais pecadores somos e mais nós devemos rezar. Por
nenhum motivo devemos deixar a oração. Deus é um bom amigo, é um companheiro fiel.
Devemos imaginar Deus ao nosso lado, com quem nós podemos falar com Ele, conversar
com Ele. Deus habita no nosso coração. Devemos imaginar nos momentos da nossa vida
momentos de alegria do evangelho, momentos tristes do evangelho, para sentir que este
Deus vai invadindo totalmente a nossa vida.
Teresa, como boa pedagoga, boa mestra que é, amanhã nos faz dizer: “Quer rezar?
”, então vai nos ensinar 7 passos para poder aprender a oração. Se colocarmos em pratica
estes 7 passos, nós chegaremos à oração, e sabe quem foi o maior mestre de oração de
Santa Teresa? São José! Ela escreve: “Se alguém quiser aprender a rezar e não tem
ninguém que lhe ensine a rezar, tome como mestre o Glorioso São José e em pouco tempo
chegará a rezar”, e é interessante que São José nunca falou nada. No evangelho não tem
nada dele, nunca falou nada, nunca disse nada, mas então por quê? Porque São José
rezou com a vida, e quem reza com a vida não precisa de muitas palavras.
Antes de terminar, vamos fazer um momento de silêncio, pensando nas palavras de
Teresa. É o intimo diálogo de amor. Atentamos à resposta: eu sou fiel todos os dias à minha
vida de oração? Rezo porque amor e para amar, ou rezo para pedir a Deus? Vamos pensar
um pouquinho.
Anexo: 7 passos da oração
Frei Patrício, OCD
​Mantido o tom coloquial
Que a paz, a alegria e a luz do Espírito Santo ilumine os nossos corações, a nossa
mente, para que nós possamos ter hoje um dia feliz, um dia cheio não tanto de
ensinamentos quanto de experiência de Deus. É um dia em que nós nos colocamos na
escuta de uma pessoa que por sua vez se colocou na escuta. Teresa D’Ávila, queremos
escutá-la!
Mas devemos compreender que aquilo que Teresa D’Ávila nos vai dizer é porque ela
escutou, e escutou de quem? De Jesus. Jesus é o grande mestre da oração, da missão, da
vida. O Pai no Seu amor enviou o Seu Filho único, Jesus Cristo, não para fazer um turismo,
para ver como é que estava o mundo, mas para se envolver na humanidade. E Jesus se
envolveu tanto na humanidade que no seio da Virgem Maria, nossa Mãe, assumiu a nossa
carne, e assumindo a nossa carne, como diz o apóstolo Paulo, viveu a nossa vida exceto o
pecado. Ele passou fome, cansou, sentiu a necessidade da amizade, do diálogo, de
encontrar os outros, de fazer o bem. Aliás, os atos dos apóstolos com uma pequena frase
sintetizam toda a vida de Jesus: e passou fazendo o bem a todos.
Mas quando olhamos a Jesus encontramos em Jesus algo de especial. Jesus rezou.
O evangelista da oração, principalmente o evangelista Lucas, nos apresenta Jesus em
vários momentos rezando. Aliás, Jesus se levantava de madrugada, quando ainda tudo
estava escuro, e se retirava em silêncio para rezar, para dialogar com o Pai. Ou às vezes
Jesus dizia aos apóstolos: você está um pouco cansado, fique aí descansando que eu vou
rezar. O evangelista nos diz que Jesus subiu ao monte, passou a noite toda em oração, e
desceu, e escolheu os discípulos.
Ontem escutamos na missa uma das parábolas de Lucas mais escandalosa da
oração. Uma viúva importuna aquele juiz que não tinha nem medo nenhum de Deus ou dos
homens, que lhe faça justiça. Temos também a parábola que se bater à porta se abrirá,
buscais e encontrareis. Nós encontramos Jesus que antes de enviar os seus apóstolos para
a missão os fortalece através da oração. O Papa Francisco tem dito que devemos
importunar a Deus com a nossa oração. Devemos importuná-lo. Orante é cabeça dura. Até
quem não recebe pede. Até quem não cansa Deus de tantos pedidos pede, e Deus se
comove diante dos nossos pedidos e nos dá, nem sempre aquilo que nós pedimos, porque,
Santo Agostinho recorda, porque Deus não dá o que nós pedimos? Ele nos diz duas
causas: ou você pede besteira, e então Deus que é Pai e misericordioso não te pode dar
aquilo que você pediu, porque pediu alguma coisa que te faz mal, que prejudica o teu futuro,
a tua vida. Então Deus não pode, porque Deus é Pai e é misericordioso. Ou você pede mal,
e então você não merece receber pela sua agressividade. Tem gente que quando pede a
Deus é agressivo, e aí querem comprar Deus, como Santa Teresa queria comprar Deus.
Um dia Santa Teresa se queixou com Jesus, “mas Senhor, eu faço tantas coisas
para Ti. Rezo, faço fundações, sou uma boa mulher. E tu me tratas dessa maneira com
tantos sofrimentos, com tantas coisas? O que é isto meu Deus do céu! ”. E Jesus
respondeu para Teresa: “Mas é assim que eu tarro os meus amigos! ”, e aí Teresa, que não
tinha papos na língua respondeu para Jesus: “É por este motivo que você tem poucos
amigos, porque os trata mal”. Mas o tratar mal de Deus é tratar bem, porque Teresa diz: “A
maior graça que temos é sermos iguais ao amigo”. Qual é a maior alegria? Estar em
sintonia com o teu amigo, é a maior graça! Se nós amamos a Deus, Jesus quer nos
identificar com Ele, e essa identificação com Ele nos torna mais amigos de Jesus. A
verdadeira amizade é ser uma coisa só com o amigo. Por isso que Jesus jamais poderá
amar uma pessoa e não lhe enviar a Sua cruz. E essa cruz de Jesus nos identifica com Ele.
Jesus no evangelho rezava. Ensinou a rezar, e Jesus intercede por nós.
Hoje chegamos ao coração do nosso congresso, porque esta manhã vamos fazer os
7 passos sobre a oração e à tarde vamos refletir sobre a missão, isto é, porque rezamos.
Porque rezamos, para não ter problemas? Não! Rezamos para levantar e para ir, para
anunciar, para comunicar. Não esqueça essa frase de Teresa! Vou dizê-la porque senão
posso esquecê-la. No livro amis belo dela, chamado castelo interior, nas sétimas moradas
que são as mais altas, Teresa escuta uma voz do Senhor que lhe diz: “Obras quer o
Senhor! Obras quer o Senhor! ”.
Às vezes tenho a impressão que nós na igreja somos árvores decorativas, somos
flores. Estas flores na frente de Nossa Senhora são bonitas, mas se hoje no almoço
colocamos somente flores na mesa, aí serve muito pouco, porque ninguém come flores.
Jesus jamais no evangelho disse eu sou a flor, vós sois flores, não! Ele diz: “Olhai as flores
do campo! ”, mas não diz que você é flor. Ele diz: “Eu sou a videira e vós sois os ramos, e
os ramos que não produzem frutos se corta e se joga fora”. E nós devemos produzir frutos,
e frutos abundantes! Mas se é meio dia e vamos almoçar, e em cima da mesa tem uva e
não tem outra coisa, começamos a comer as uvas e ficamos satisfeitos. Assim a oração não
é flor somente. É também fruto, e o fruto da oração é o nosso apostolado. Vamos fazer o
nosso caminho.
O primeiro passo em Teresa D’Ávila para rezar. Qual é a condição primeira para
rezar? Presta atenção! Querer rezar. Se você não quer rezar, não adianta o curso de
espiritualidade. Se você esta manhã não se decidir comigo, com Teresa D’Ávila, com Jesus
em dizer: “De agora em diante eu quero rezar! Quero reservar um tempo exclusivamente
para Deus! ”. É a determinada determinação de que fala Teresa D’Ávila. Vimos ontem que
Teresa D’Ávila aprendeu a rezar, rezava, deixou de rezar, recomeçou a rezar e ensinou a
rezar. Porque ela experimentou que sem esse diálogo que falamos ontem, este diálogo de
amizade com a pessoa que nos ama e que nós amamos, Deus é um estranho na nossa
vida. Eu penso que quando encontramos Deus às vezes dizemos: “Quem é você? Não
conheço”. Conhecer alguém é entrar nesta intimidade com ele. A amizade deve ser
cultivada. A amizade tem a necessidade de entrar em contato, de entrar em comunhão com
os outros.
Muitas pessoas, eu por primeiro, muitas vezes dizemos: “Não tenho tempo para
rezar”, e Teresa diz: “Como que você não tem tempo para estar com o amigo que está em
você? Como que você não tem tempo para pensar em quem você ama? ”. Quando você
ama, João da Cruz dirá, quer que você vá ao mercado, vá fazer outra coisa, tudo o que faz,
faz para agradar ao outro. O faz porque ama. O faz porque o outro faz parte da sua vida.
Aconteça o que acontecer, morra no caminho, mas não volte atrás, porque voltar atrás no
caminho da oração é resfriar este nosso relacionamento com Ele. O primeiro passo da
oração é querer rezar. Tomar essa decisão pessoal. Tomar essa decisão, ou melhor! Que
decisão seria fazer esta manhã com Deus uma aliança, um casamento. Esta aliança e dizer:
“Senhor, nós dois nos comprometemos em ser amigos”, e que bom amigo é o Senhor!
O segundo passo da oração é viver na presença de Deus. Viver na presença de
Deus significa simplesmente encontrar Deus, saber ler, ver a Sua presença em todas as
coisas. Isto é muito importante, porque todas as coisas foram criadas por Deus. Deus é
criador. Dirá Teresa: “Eu gosto de ver Deus em todas as coisas”. Por isso que Santa Teresa
gostava muito de água, de flores, de jardim, de coisas bonitas, porque todas as coisas
bonitas te lembram do artista que as fez, te lembra daquele que criou essas flores que estão
na frente de Nossa Senhora. Por isso que Santa Teresa gostava muito da natureza. Diz o
catecismo da igreja católica, e Teresa não o conhecia, mas diz que o primeiro livro da
oração é a natureza, é o universo. O salmo 8, quando olho o céu estrelado, quando olho a
luz, obra de vossas mãos, eu me pergunto: quem é que fez tudo isto? Em toda a natureza
nós encontramos esta presença viva de Deus, esta presença Dele, mas é verdade que se
Deus foi tão caprichado em criar uma flor, a flor das flores da natureza é o ser humano.
Na capitulo 26 do caminho de perfeição, no parágrafo 9, Santa Teresa diz o
seguinte: “o que está em vossas mãos é tentar trazer uma imagem ou retrato deste Senhor,
que atenda ao vosso gosto. Não para guarda-lo consigo e nunca olhar, mas para falar com
Ele muitas vezes, pois Ele mesmo vos ensinará o que vos deveis dizer”. Vou explicar!
Presta atenção! Penso que muitos de vocês têm na carteira fotografias dos filhos, do
marido, dos amigos. Eu tenho na minha carteira o santinho de Santa Teresa. Porque você
coloca a fotografia das pessoas que você ama na sua carteira? Para lembrar-se delas! Você
me quer bem? Coloque a minha fotografia na sua carteira! Não é grande coisa, pode ficar
espantado, mas quando você ver essa barba branca, você pensa: será que ele já morreu?
Descanse em paz! Será que está no Egito, o que está fazendo? Reze! É muito importante
trazer uma imagem do Senhor.
Olhem esta imagem de Nossa Senhora. Quando você olha esta imagem de Nossa
Senhora sente nascer no seu coração algo de afetivo. Quando olho a minha cruz, que tenho
sempre comigo, me lembro de Jesus. Quando vejo um crucifixo, me lembro Dele. Uma
coisa que Santa Teresa fazia era pintar nos claustros do Carmelo, e mandava as irmãs
pintarem, porque ela não pintava! Ela bordava! Mandava pintar as imagens da Paixão do
Senhor Jesus, porque ela tinha uma grande devoção à Paixão do Senhor, e estas imagens
lhe lembravam do sofrimento de Cristo, mas principalmente o amor de Jesus, que nos amou
até dar a vida por nós. Porque, penso eu, a maioria de nós carrega o terço? Porque se
lembra de Deus. Tem ícones pequenos para levar conosco nas viagens.
O Papa Francisco falou: “Todos vocês levem na bolsa o evangelho”, porque se você
levar na bolsa o evangelho, ao abrir a bolsa você o lê, e pode ler um versículo. Teresa fala
que para rezar devemos trazer conosco uma imagem que fala ao nosso coração, e quando
olhamos essas imagens fazemos menos besteira. Por exemplo, quando olhamos a imagem
do crucifixo não temos mais vontade de ofender a ninguém, porque ele lhe fala desta
misericórdia e deste amor.
Mas vou pedir para Moysés ler este pensamento de Santa Teresa, porque ele lê
direitinho, eu leio um pouco confuso: “O que está em vossas mãos é tentar trazer uma
imagem ou retrato desse Senhor”. Trazer a imagem, o retrato desse Senhor, mas
principalmente trazê-lo impresso dentro do coração, porque a melhor máquina fotográfica
que Deus nos deu é o amor. Todos nós temos duas maquinas fotográficas, é um disco da
memória rígida: os olhos e o cérebro. O que você vê se grava no teu coração. Trazer esta
imagem impressa em nós para poder rezar.
“Uma imagem ou retrato desse Senhor que atenda ao vosso gosto”. Que atenda ao
vosso gosto! Tem imagem de Jesus Cristo que nunca eu usarei diante dele, porque são tão
feias que é difícil rezar. Tem imagem de Nossa Senhora que dá medo. Uma vez fui num
museu e vi um negócio que disseram ser Jesus Crucificado, e era tão feio que falei: não vou
rezar diante dele. Então a imagem deve favorecer esse coração. Amar é arte, mas a arte
que é feia não é arte.
“Não para guardá-la consigo e nunca olhá-la”. É como aquela pessoa: “Você tem
bíblia? ”, “tenho”, “onde está? ”, “numa estante”. Eu nunca vi estante ler, nunca. “Tenho”,
“onde está? ”, “está embrulhada para não gastar”, não! Coloca bem em evidência na tua
casa. Coloca bem em evidência no teu quarto. Lá no Egito, na porta da minha cela, quando
entro, coloquei uma imagem de um santo monge, que se conta a história que um dia um
mendigo passou por aí, queria comer, e o monge deu comida, lavou os pés, e quando
terminou esse mendigo falou: “Eu sou Jesus”, e sempre que entro na minha cela olho e
digo: “Hoje vi tanto Jesus e não o reconheci”. Passamos todos os dias ao lado de milhares
de Jesus, e fechamos os olhos para não ver. Abra os olhos! Olha! A primeira é decidir, a
segunda é viver na presença de Deus.
“Mas para falar com Ele muitas vezes”. Bonito! Teresa D’Ávila merece uma salva de
palmas! Ela merece! Para falar com Ele muitas vezes! Tem uma frase de Santa Teresa que
podem anotar: “Também nas panelas da cozinha está o Senhor! ”. Não é que Jesus era
bom cozinheiro, não sei, parece que não, mas também Ele está onde você está. Faço um
exemplo um pouco meio bobo, que tenho cara de bobo. Somos como a tartaruga. A
tartaruga, aonde vai carrega a sua casinha. Nós, aonde vamos, carregamos Deus dentro de
nós. Aonde você vai carrega Deus dentro de você. Às vezes carrega o diabo com você,
depende daquilo que você coloca na casa. Por isso que Teresa descobriu este segredo da
oração: olhá-lo muitas vezes e falar com Ele!
“Pois ele mesmo vos ensinará o que dizer”. Aí tem a referência bíblica de Paulo aos
Romanos, quando você rezar e não saber o que dizer e como deveis dizer, o Espírito Santo,
com gemidos inexprimíveis falará em vós. Claro, quando você prepara uma oração
comunitária, uma oração dos fiéis, deve prepara-la, mas quando você fala com Deus,
coração a coração, olhos nos olhos, você não prepara. Quando você vai falar com os seus
amigos não prepara o discurso que vai fazer com eles, pelo menos eu não preparo. Quando
você fala com os amigos, você fala aquilo que Ele coloca em você, aquilo que Ele lhe diz.
Ele que vai dizer. A oração teresiana é sempre simplicíssima! Não precisa romper a cabeça.
Você acha que Deus está preocupado quando você reza com a sintaxe gramatical, se é
plural ou singular? Deus está preocupado se você escolheu a palavra bonita ou não? Não!
Quando você reza Deus está preocupado que você seja sincero naquilo que você diz.
Devemos nos preocupar da nossa sinceridade com Ele, dos nossos afetos com Ele, porque
aí nós sentimos a alegria da oração.
Uma determinada determinação, viver a presença de Deus. Terceiro passo: sempre
foi amiga dos bons livros, e o melhor livro para Teresa foi a palavra de Deus. Hoje temos
uma grande sorte. Quem de vocês tem a bíblia? No tempo de Teresa, quem tinha uma
bíblia tinha um tesouro, porque era proibido ter a bíblia, e a bíblia em latim. A inquisição da
Espanha proibiu de ler a bíblia em espanhol, e Teresa sentiu muito, sofreu, e foi se queixar
com Jesus, falou: “Meu Senhor, gostava tanto de ler a bíblia e agora vou fazer o quê? ”, e
Jesus diz para Teresa: “Fique tranquila Teresa! Eu te darei um livro novo, e ninguém poderá
tirar-te este livro novo. Este livro novo sou eu”. A melhor bíblia se chama Jesus. Sempre
temos a possibilidade de pensar em Jesus, mas nós que temos a alegria de ter a bíblia,
devemos nos apaixonar da palavra de Deus.
O Papa Bento XVI, no documento ​Verbum Domini,​ sobre o sínodo da palavra de
Deus, diz: “A melhor exegese bíblica são os santos”. Os santos são uma bíblia viva. São
Francisco é uma bíblia viva. Teresa do Menino Jesus, Teresa D’Ávila. Aliás, tem uma frase
de São Francisco que diz o seguinte: “Sempre devemos anunciar o evangelho. Algumas
vezes com a palavra”. Nós devemos conhecer a palavra de Deus.
Santa Teresa tinha muito amor ao evangelho, e sabe qual era um dos que ela mais
gostava? A samaritana, em João 4, porque esta imagem da samaritana que ia buscar água
no poço, para Teresa era uma imagem que lhe falava da oração. Teresa gostava da
parábola de Zaqueu, do publicano, do filho prodigo. Teresa quando ia rezar sempre levava
com ela a bíblia ou um bom livro para poder encontrar uma palavra que lhe ajudasse
especialmente nos momentos da sua aridez, da sua incapacidade de refletir, de pensar. Por
isso que devemos sempre encontrar na palavra de Deus o alimento para a nossa vida de
oração. Quando você vai rezar, você sabe que deve ter essa imagem de Jesus, deve ter a
palavra de Deus.
O quarto passo para Teresa é meditar sobre aquilo que lemos, pensar no que
queremos descobrir. O que é a meditação? Para Teresa a meditação é o trabalho da nossa
inteligência. O que Deus quer de nós? Que mandai fazer de mim! Temos escutado agora
antes da pregação, que mandai fazer de mim? Teresa sempre tem uma pergunta dentro
dela: o que Deus quer de mim? O que Deus espera de mim? E Deus sempre falava a
Teresa durante a sua oração, a sua meditação. Devemos aprender esta manhã com Teresa
a saber refletir ou meditar a palavra do Senhor para que esta palavra de Deus seja
assimilada na nossa vida, para que esta palavra de Deus seja compreendida. Uma vez que
nós a compreendemos, possamos viver esta palavra de Deus.
A oração para Teresa D’Ávila é uma forte, intensa, vida sacramental. O que significa
isto? Tem gente que acha que quando vai se confessar não está rezando. A confissão é
oração. Quando você vai se confessar, vai rezar. A confissão é um sacramento, é um
encontro com Deus, é onde Deus nos purifica dos nossos pecados. Seria a mesma coisa
quando uma pessoa come doce achando que não está comendo. Não! É doce, não é
comida, e depois fica aquele elefante, não é? Quando você come doce está comendo.
Quando você vai se confessar, você está rezando! Não tem oração melhor do que sentir-se
perdoado dos nossos pecados. Não tem um encontro melhor do que sentir que Deus nos
abraça, nos beija, nos perdoa dos nossos pecados. Coloque na sua oração de 15 em 15
dias a confissão. Você vai ver como a sua vida vai mudar. Teresa diz: “Quem reza ou muda
de vida ou deixa de rezar”, um dos dois, porque falar com Deus e continuar mal é muito
difícil. Falar com Ele e continuar numa vida que não é de Deus é muito difícil. Quando você
se confessa, você está rezando. É uma oração melhor do que o terço. É uma oração melhor
do que rezar o salmo, porque aí se encontra com Deus Pai misericordioso que perdoa os
seus pecados.
Outro momento forte de oração teresiana é a Eucaristia. A oração é intimidade com
Deus. Existe uma intimidade mais intimidade com Jesus do que receber o Corpo e o
Sangue de Jesus no nosso coração? Não! De todas as experiências de Deus você pode
duvidar. Se você agora começa a ver a imagem de Jesus, pode duvidar que seus olhos não
estão bons. Se você começa a se levantar e dar cabeçada no telhado, você pode duvidar.
Se suas mãos tem os estigmas você pode duvidar porque o diabo sabe fazer essas coisas
e muito bem. Mas quando você comunga, você não pode duvidar que recebeu o Corpo e o
sangue de Jesus. Se você duvidar que recebeu o Corpo e o Sangue de Jesus você é sem
fé, é ateu, você não crê. Se você vai comungar, você O recebe, e aí tem a bela expressão
de Teresa, que ontem fiquei feliz quando o Moysés recordou Santa Teresa depois da
comunhão. Você me roubou ontem o pensamento, mas vou repetir!
Ontem o Moysés depois da comunhão dizia: “Santa Teresa disse: depois de receber
a comunhão, fecha os olhos do corpo, abre os olhos da alma, contempla o Cristo que está
em você e fala com Ele”. E Teresa continua: “E não seja como aquelas pessoas que
recebendo uma visita importante na sua casa dizem para a visita: você fica aqui sentadinho
que vou ao outro quarto olhar o teu quadro”, já pensou que estupidez? Quando você
comunga, você recebe Cristo vivo, Corpo, Sangue, Alma e Divindade, e Teresa tinha esse
grande amor a Jesus! Aliás, Santa Teresa gostava de comungar com hóstia grande, não
gostava muito de hóstia pequenina, e São João da Cruz descobriu, e aí quando ela foi
comungar ele lhe deu um pedacinho de hóstia consagrada. Ela ficou um pouco triste, mas
disse: “mas também no menor fragmento está presente Cristo”. Não é que Cristo está mais
presente quando a hóstia é grande, mas tem gente que vai só à missa dos padres que
gosta, isso não acontece no Brasil, lógico. Tem gente que telefona perguntando quem é que
celebra a missa, e dependendo do padre decide se vai ou não, porque gosta de tal padre.
Ah, porque você pensa que o Cristo que vem quando o Papa celebra a missa é maior do
que o Cristo que vem quando eu celebro missa? É o mesmo Jesus. O padre pode ser o pior
pecador do mundo, mas Cristo vem ao altar.
Teresa D’Ávila conheceu um padre pecador, que tinha um relacionamento com uma
mulher. Teresa D’Ávila tanto fez que converteu o padre, e ela escreve no capítulo 7 do livro
da vida: “Eu me afeiçoei muito a ele”, e ela se confessava com ele, ela participava da missa
dele. Cristo não vem pela simpatia do padre. Cristo vem nos visitar porque Ele é Cristo, Ele
vem porque é Cristo! Ele vem habitar em nós. Não serve a nada a oração se não temos
este amor à presença de Jesus. Por isso que devemos preparar-nos bem para recebermos
o Cristo.
Mas Teresa foi uma daquelas que inventou com Santo Afonso de Ligório a
comunhão espiritual. Sabe o que é comunhão espiritual? Naquele tempo era proibido
comungar todos os dias. Teresa podia comungar uma vez de 15 em 15 dias, e quando o
padre deixava! Então Teresa diz: “Se você não pode comungar por muitos motivos, faça a
sua comunhão espiritual. Chame Jesus que venha no teu coração”. Isso diz o Papa São
João Paulo II na Encíclica da Eucaristia, onde cita Teresa D’Ávila.
O primeiro passo é uma determinada determinação, viver na presença de Deus, a
palavra de Deus, meditar. O quinto passo: diálogo, colóquio. O que quer dizer isso? Deixar
falar o coração. Quando você fala com um amigo, você quer que o tempo não passe.
Teresa diz que quando estamos com Jesus o tempo voa, que gostaríamos que não
passasse esse tempo, tanta é a alegria de estar com Ele. Por isso que Santa Teresa tinha
fenômenos místicos.
A palavra místico quer dizer o seguinte: silêncio, mistério, vem da palavra grega
muein, que significa silenciar. É o silêncio diante das coisas grandes. Fenômeno místico é
que deus entra em você e toma posse de você quando menos espera. Por isso que Santa
Teresa às vezes estava falando com as pessoas e ficava meio abobada em êxtase. Era
totalmente embebida de Deus. Vou dar um exemplo. Aquela pessoa que está na frente da
televisão vidrada. Entra alguém em casa, vai na geladeira, come, e a pessoa nem olha para
o outro, está em êxtase, mas não diante de Deus, mas diante da televisão. Ou a pessoa
que está estudando, que mergulha tanto no estudo que começa a dormir. Está em êxtase.
Então êxtase, a oração de quietude, a contemplação, são maneiras de rezar que não são
frutos da sua imaginação, mas são dons de Deus, que Ele dá quando quer, como quer e a
quem quer. São dons que Ele dá. Se Ele dá, ótimo, se não dá, ótimo. E Teresa diz: “Não
pense que todas as monjas desse Carmelo, porque são de vida contemplativa, sejam
contemplativas”, não! Porque a contemplação é um dom de Deus.
Santa Teresa diz que todos nós podemos rezar o básico. Qual é o básico para
Teresa? É a oração vocal, porque sempre podemos rezar o Pai nosso, a Ave Maria, é o
básico. Sempre vamos pensar em Deus. Recordo-me de uma pessoa que dizia: “Frei, eu
gostaria que o senhor me ensinasse a contemplação”, e eu disse: “faz 50 anos que também
estou procurando alguém que me ensine e não encontrei”. Não existe escola de
contemplação, mas devemos ser capazes de estarmos abertos a esta graça de Deus. Mas
sempre podemos falar com Ele, oferecer a nossa vida ao Senhor, para que esse Deus entre
em verdade dentro de nós.
O quinto passo é esse diálogo, mas escute bem! Mas com Deus se fala de quê? De
tudo o que você tem no seu coração. Tem uma criança que a mãe dizia: “Você deve rezar
para dar seus brinquedos para outra criança que não tem”, e a criança rezou a Jesus e
falou assim: “Senhor Jesus, minha mãe mandou dar os meus brinquedos para a criança que
não tem. Eu vou dar se o Senhor me mandar outros novos! ”. Logico, criança reza segundo
a capacidade de criança. São Tomás More, que é um santo inglês, dizia: “Senhor, por favor,
dai-me um bom apetite, mas dai-me também alguma coisa para comer”. A nossa oração
nasce da vida. Os teus problemas são oração. As tuas magoas são oração. A sua dor é
oração. Os seus fracassos são oração. Também as suas antipatias são oração. A oração é
aquilo que você é., mas você deve pedir ao Senhor para mudar este vale de lagrimas, como
diz o salmista, num vale fecundo. Você deve rezar com aquilo que você sente. Não adianta
rezar de paletó, gravata e sapatos engraxados. Você deve aprender a rezar desnudo, com
aquilo que você sente, com aquilo que você é.
É muito difícil para um pai que tem um filho que não tem dinheiro para comprar o
necessário para ele e dizer: “Senhor, eu te agradeço porque não me falta nada”. É muito
difícil. Como é muito difícil uma pessoa que mora debaixo do viaduto que agradece pela
casa que tem. Isso faz só os santos, os místicos, como São José Labre, que é um santo
mendigo, que procurava comida no lixeiro de paris e dizia: “Senhor, te agradeço pelos
piolhos que eu tenho”.
Santa Teresa tem um canto chamado o Cristo dos piolhos, que se pode ver no
mosteiro ainda de Ávila. A história é a seguinte. As monjas tinham um tecido de hábito
grosso, que estava cheio de piolhos. Em todas as monjas era uma coceira danada e não
podiam rezar com os piolhos. Queixaram-se com santa Teresa, e ela fez uma procissão
com Cristo na frente e as monjas atrás, fazendo um canto que dizia: “Senhor Jesus
livrai-nos destas má gente”, que eram os piolhos, e interessante que os piolhos todos foram
embora. Como São Martinho de Porres, o prior queria matar os ratos. Ele rezou, chamou
todos os ratos e foram para a horta, mas só um santo que tem essas coisas. O Cristo dos
piolhos pode ser encontrado nas poesias, é muito interessante.
Sexto passo. Quando falamos com uma pessoa, que é Deus, devemos nos
comprometer. Então nunca termine a sua oração sem um compromisso concreto. Isso é
muito importante. A oração é como fazer a revisão do seu planejamento. A oração é como
você ver o que falta na sua casa e dizer: “Eu vou fazer isso”. Meditei sobre a caridade, falei
com Deus sobre o amor, sobre a caridade, então qual é a minha preocupação? De viver a
caridade. E Teresa diz isto quando no caminho da perfeição ela diz que nós devemos
colocar em pratica todas as inspirações que Deus nos dá.
Na oração às vezes Deus nos dá inspirações para visitar um doente, não é verdade?
Deixando a oração vá visitar aquele doente! Ou Deus te dá inspiração para fazer uma obra
de caridade, faça a obra de caridade! A oração não pode ser somente um pensar, mas
também um agir. Este nosso agir, que é muito importante para a nossa vida de oração,
porque na oração nós agradecemos, vemos as próprias falhas e depois tentamos remediar
estas falhas. Você vê como hoje esse nosso ensino é muito importante para sair daqui e
dizer: “Obrigado Teresa D’Ávila, porque me ensinaste como tu rezavas, porque tu decidiste
rezar, fizestes isso, desta maneira”, a oração dá alegria, porque não é uma coisa desligada
da vida, mas é algo que nasce da vida e transforma a nossa vida.
O sétimo passo: agradecer. Todas as orações teresianas terminam num
agradecimento. Dois amigos que estão juntos, ao irem embora um diz para o outro: “Muito
obrigado! ”, e o outro responde: “muito obrigado”, e assim é com Deus. Quando você
termina de rezar, diga: “Obrigado Senhor porque estivemos juntos”, e Deus te vai dizer:
“Obrigado Patrício porque você esteve comigo! ”. Como é bonito se agradecer
reciprocamente. A alegria de se agradecer uns aos outros é a própria alegria do magnificat,
onde Deus agradece a Maria porque falou o seu sim, e Maria agradece a Deus porque Ele a
escolheu. Veja como é bonito rezar! Fazer da oração este caminho! A oração para Teresa
deve ter sempre o agradecimento, porque nós somos oração, nós somos louvor a Deus,
nós somos ação de graças do Senhor! Nós somos suplicas, somos intercessão. Não são as
palavras que fazem a intercessão, é o ser humano que faz a intercessão. Não são as
palavras que fazem a ação de graças, mas é o ser humano que faz a ação de graças!
Por isso que desconfio muito da oração em CD, porque é a oração do outro! Ela
pode estimular, pode ajudar, mas você não grava o diálogo com o teu amigo, só se estiver
longe. A nossa oração é a tua vida, a tua vida, esta vida que você tem, transforme ela em
oração! Transforme-a! O seu sofrimento é fermento bom. A sua dor, suas lagrimas, sua
revolta. Jesus não rezou sempre: “Pai, te agradeço porque escondestes essas coisas”, não!
“Meu Deus, meu Deus, porque me abandonastes? ”. São orações diferentes. Jesus nem
sempre agradeceu aos seus amigos, “vocês não tiveram nem a capacidade de velar de
vigiar uma hora comigo, me deixaram sozinho! ”. A solidão humana pode ser transformada
em oração.
Gostaria de dizer a você, qual é para Teresa a melhor oração? É a oferta da sua
vida. Esta é a melhor oração. É você poder dizer: “Senhor, te ofereço a minha vida, e a
minha vida é oração, porque quero fazer tido por amor e não por interesse, quero fazer tudo
por ti, porque te amo e te agradeço porque tu Senhor fizeste tudo por mim”. Como é bonito
quando alguém diz para alguém: “Você fez tudo para mim”, e o outro responde: “Mas
também você faz tudo para mim”. Como que Deus pode não nos escutar quando nós
criamos essa intimidade com Ele? E a oração cura todas as feridas. As orações curam todo
nosso mal humor. A oração te dá esperança. Tem no pequeno ícone que Cândido fez: “A
oração nem sempre impede de você cair, mas a oração sempre te dá forças para você se
levantar de novo”. Eu lhe confesso que amo muito a oração, muito, mas rezo de manhã
quando levanto: “Vamos ver meu Senhor se hoje fazemos alguma coisa boa”, porque é
Deus e você! Sempre juntos!
À tarde vamos ver outras coisas, mas pensa: onde que está Deus? Dentro de você.
Ninguém te pode roubar deus, ninguém, porque Deus habita dentro de nós, e nós somos o
castelo mais belo, o castelo encantado de Deus. É isso o que Teresa diz. Desculpem se
cansei vocês, mas rezem por mim!
(Frei Patrício pede para Emmir ler a poesia dos piolhos). É muito bonita essa poesia que
Teresa escreveu para fazer essa procissão para libertar os hábitos das monjas dos piolhos:

“Pois nos dais vestido novo,


Rei celestial,
Livrai da praga importuna
Este saial.

Filhas, pois tomais a Cruz,


Tende valor,
E a Jesus que é vossa luz
Pedi favor.

Será vosso defensor


Em transe tal.

Todas: Livrai da praga importuna este saial.

A Santa: Inquieta este mal, durante nossa oração,


Ao ânimo vacilante, na devoção.
Mas em Deus o coração, mantende igual.

Todas: Livrai da praga importuna este saial.

A Santa: Pois por Deus morrer viestes,


Não desmaieis;
E tal praga em vossas vestes
Não temereis.
Remédio em Deus achareis a tanto mal.

Todas: Pois nos dais vestido novo


Rei celestial,
Livrai da praga importuna este saial.

Era muito difícil rezar com os piolhos, dava uma coceira danada. Veja, é importante!
Como Teresa transformou esta praga dos piolhos em oração! A vida! Tudo, até os piolhos
podem ser motivo para rezarmos.
Moysés:
Podemos não ter piolhos nas vestes, mas na alma temos um bocado. Vamos pedir a
nosso Senhor que nos livre da praga inoportuna neste “almal”. Vamos pedir a Deus a graça
do dom da oração. Vamos pedir a Deus a graça de renovar em nós o dom da oração.
Clame o dom da piedade! Peçamos esta graça de querer rezar, e a determinada
determinação de permanecer na presença de Deus. Abra os seus lábios e renove o seu
compromisso, renove a sua decisão, renove, peça a Deus o dom do Espírito, da renovação
da nossa vida, de contemplação, de comunhão, de unidade com Deus.

Oh, Espírito Santo, fonte de todo amor


Vem me dar teu vigor e a tua paz
Oh, Espírito Santo, Deus de todo poder
Vem, inunda meu ser e me refaz

Não quero mais viver assim


Não me deixa trilhar na minha dor
Nos planos que são meus
Vem, me faz sair de mim e me leva a voar em teu amor
E alçar o livre voo dos filhos de Deus

É possível contemplar o novo em mim


E guiado por tua voz recomeçar
É possível contemplar o novo em mim
E guiado por tua voz recomeçar
Sopra em mim Senhor, o sopro da vida. Cantemos suplicando esta graça.
Sopra em mim Senhor o sopro da vida
Em mim realiza teu plano de amor.
Sopra em mim Senhor o sopro da vida
Pois tu prometeste e há de fazer não quero perecer.

Vem Espírito Santo dos quatro cantos do céu


Sopra sobre o que em mim está morto / pois quero reviver.
Retira minh'alma da morte conduz-me pelos caminhos da paz
E faz-me obedecer às tuas leis de amor.

Anexo: O​ração e missão em Santa Teresa D’Ávila

Mesa redonda

Frei Patrício, OCD / Moysés Azevedo /


Emmir Nogueira
Mantido o tom coloquial
Moysés:
Nós vimos algumas perguntas Frei e eu e Emmir vamos fazer para o senhor. Não
são nossas, algumas talvez até serão, improvisadas, mas foram coletadas dos irmãos que
participaram aqui e escolhemos umas 4 ou 5 perguntas.
Pergunta 01: ​Frei, quando nós estamos vivendo momentos de tribulação, sofrimento,
angústia, coisas dentro e fora de nós, como transformar tudo isso em oração?
Antes de tudo, muito obrigado à pessoa que fez esta pergunta, mas eu respondi esta
manhã e Santa Teresa já respondeu. As tribulações, as dificuldades, sejam dentro ou fora
de nós, fazem parte de quê? Da nossa caminhada e da nossa vida.
Deus nos deu 3 faculdades: a inteligência, a memória e a vontade. A inteligência
para conhecer as situações concretas. A memória para lembrar. Lembramo-nos de tudo o
que acontece na nossa vida, de bem e de mal que pode acontecer. A vontade é a
capacidade para transformar tudo isso em oração. Quando você transforma tudo isso em
oração significa que você coloca nas mãos de Deus todas as situações de sua vida.
A palavra de Deus é uma palavra que dá conforto, coragem, e sabemos como, por
exemplo, o salmo 22, “o Senhor é meu pastor, mesmo que passe através de um vale
escuro, nada temerei, porque Ele é meu sustento”. Quando nós lemos o livro de Jó, o
encontramos mergulhado em tantas dificuldades, em tantas situações difíceis, mas ele
nunca perdeu a esperança. O salmo 26, “o Senhor é minha luz e minha esperança, de
quem terei medo? ”. Essa certeza encontramos na vida de Teresa D’Ávila, a encontramos
na vida dos santos. As suas tribulações, as suas dificuldades, suas cruzes e angustias, são
momentos para não serem vividos sozinhos. Se vivemos sozinhos somos esmagados
debaixo do peso das nossas dificuldades. Se nós vivemos com Deus, as dificuldades são
meios para nos aproximarmos Dele, oferecer e fazer desta oferta a nossa oração.
Por isso que no Pai Nosso, e a primeira mulher que comenta o Pai Nosso na história
é Teresa D’Ávila, e o comenta dos caps. 20 ao 29 do Caminho de Perfeição, e é aí que
Teresa também nos diz que devemos sempre em tudo fazer a vontade do Senhor, e a
vontade de Deus é sempre agradável quando se faz por amor.

Pergunta 02: Frei, alguém nos ajudou perguntando assim: é possível conciliar uma
intensa vida de oração com uma intensa vida social, familiar, profissional e
apostólica?
Lógico que é possível! Se não fosse possível Deus não nos pediria a união com Ele
e o trabalho apostólico, mas em tudo que nós fazemos devemos ter a nossa postura cristã,
a nossa maneira de ser. Por isso que Santa Teresa D’Ávila era capaz de entrar em
profunda comunhão mesmo quando estava na roda social do seu tempo. Ela estava na roda
social, mas estava mergulhada em Deus. Assim no nosso trabalho, devemos trabalhar com
profissionalidade, com competência, mas o nosso coração, a nossa mente está sempre
unida a Deus. Paulo tinha uma intensa vida apostólica, mas ele diz: “Tudo o que você fizer,
seja comer, beber ou o que for fazer tudo em nome do Senhor”.
Papa João Paulo II tinha às vezes uma intensa vida apostólica, mas sempre estava
unido a Deus. Teresa D’Ávila nas suas viagens, nas suas dificuldades, nunca separava
Deus da sua história. Nós não podemos separar Deus da nossa história e nem Deus pode
se separar da nossa história, porque estamos unidos. Então é possível.
A atividade apostólica quando é intensa e feita por amor a Deus e em Deus e com
Deus é oração, e a oração não é ócio, não fazer nada. Vejo a oração como trabalho. É o
principal trabalho do cristão. Se você decide de dar 15 minutos a Deus da sua vida, é um
trabalho. Precisamos fazer agenda com Deus. Como temos uma agenda onde colocamos
tempo do almoço, de reunião, de escrever, de dormir, devemos também ter um tempo de
oração, é o meu compromisso com Deus, e devo ser fiel nesse compromisso, porque Deus
é fiel comigo. Apostolado e oração tem a mesma fonte, a mesma nascente, que é Deus.
Penso que nem o Papa Francisco, que ninguém de nós pode dizer de amar as almas
e a Deus mais do que Jesus de Nazaré, e Jesus, em toda a sua atividade, encontrava
tempo. Encontrava tempo para almoçar na casa de Zaqueu, para conversar com a
samaritana, fazer milagres, para discutir com os fariseus, para estar com Pedro, com Marta,
com Maria, mas encontrava tempo também de estar a sós com Deus. Qual era o tempo que
ele tinha? À noite, a madrugada. Quando normalmente os outros dormiam, ele rezava.
Então também nós devemos fazer assim. É durante a noite, se não temos tempo durante o
dia, desligar a TV, a internet, desligar as outras coisas e dizer: “Este tempo é reservado
para Deus”. Desligar o telefone para que ninguém nos perturbe. Ao final não somos tão
importantes que em todos os momentos devemos atender alguém que nos chama. Depois
vemos e voltamos a atender aos outros. Deus e o trabalho humano não são contraditórios,
mas são complementares.
Pergunta 03: Frei, tem gente que diz assim: mas eu tenho um temperamento muito
ativo, sou uma pessoa muito agitada, às vezes ansiosas. Para mim é difícil parar,
sentar, rezar. Ao mesmo tempo ao ver Santa Teresa D’Ávila vejo também que ela era
muito agitada, muito ativa, e conseguia rezar! Existe temperamento que é
inconciliável com a oração?
Se existisse um temperamento inconciliável com a oração, existiam pessoas que
não são chamadas à santidade. Então Deus teria errado na forma, então não pode existir,
porque todos nós temos Deus dentro de nós e podemos sempre entrar em comunhão com
Ele. Não é necessário amarrar a perna à mesa ou ao altar para rezar. É necessário ter esta
consciência que devemos dialogar com Ele. Eu vejo hoje as pessoas curiosas, andando na
rua conversando ao telefone. Será que entendem aquilo que os dizem? Parece que sim, e
porque não falar com Deus andando na rua? Porque não falar com Deus andando no
ônibus? Ou falar com Deus em outros momentos? Então depende do amor que temos para
uma pessoa. Devemos ter o nosso GPS de Deus. Coloca lá, GPS de Deus. Rezar, rua da
oração, o lugar, o coração do homem. Rua, você. Aí sempre você terá possibilidades de
estar com Ele.
Não existe uma pessoa que é incapaz de pensar. Mesmo dormindo o meu coração
vela, diz o salmista. Então tudo é oração quando é feito com este amor e mesmo na
agitação há momentos em que paramos. Há santos que não queriam parar, como Santo
Inácio de Loyola. Deus lhe mandou uma doença, o obrigou a dormir, a ficar deitado na
cama, e lhe levaram um livro de que não gostava, era a vida de Jesus. Leu e a sua vida se
transformou. Francisco não queria parar, e foi para a cadeia de Perúgia, e aí encontrou com
o Senhor. Teresa também parece que se encontrou com Deus mais na doença do que na
saúde. Deus se serve de tudo. Quando você não quer parar tranquilo é Deus quem vai te
parar, ou pela idade ou pela doença, e falar ao teu coração.
Pergunta 04: Frei, uma pergunta muito interessante, que já me fizeram várias vezes e
agora passo para o senhor. Toda pessoa é chamada ao matrimônio espiritual?
Claro! Toda pessoa é chamada à união mais intima possível com Deus. Se nós não
chegamos lá, não depende de Deus, não é culpa de Deus, é que nós colocamos resistência
e não abrimos as portas para Deus. Deus se doa totalmente a quem totalmente a Ele se
doa. A amizade cresce no exercício da amizade. A intimidade com Deus cresce no exercício
da intimidade com Deus.
Todos nós somos chamados a esta intima e profunda união com Ele. Agora, nem
todos os santos chegam a isto, embora sejam santos, porque às vezes é uma graça grande
de Deus, e essa grade graça de Deus, Deus às vezes a faz gratuitamente para algumas
pessoas, por quê? Por que Ele tem simpatia, tem amor, e o amor não se discute. Dizia São
Paulo da Cruz, fundador dos Passionistas, às flores: “Flores, parem de falar de Deus,
porque isto me faz mal”. Faz tanto mal que isto gera uma ferida. E João da Cruz no cântico
espiritual, chama viva de amor, fala disso.
Santa Teresa falando disso diz: “Devemos ter grandes ideais e não pequenos ideais.
Não devemos ser como galinhas com asas cortadas que não podem voar. Devemos voar
para o alto”. Então no nosso coração o ideal deve ser sempre de chegar a mais profunda
intimidade com Deus, não nos contentarmos com as coisas pequenas, mas buscar sempre
coisas grandes. Jesus nunca no evangelho diz aos que o seguem: “Você deve ser a
segunda pessoa, a terceira pessoa”, mas Ele apresenta como modelo o Pai, Mateus 5,
“Sejais perfeitos como é perfeito vosso Pai que está no céu”, e o mesmo Jesus, em Mateus
19, “se você quiser ser o maior, seja o servo de todos”. Nós servimos aos outros não para
ser segundo, mas para serem os primeiros. O cristão deseja sempre ser o primeiro. Não no
domínio, não no poder, mas no serviço e no amor, como Jesus fez no lava pés, mas a
nossa vocação é um matrimônio espiritual.
Pergunta 05: Frei, o senhor falou da oração como amizade com Deus, a oração do
coração, e alguém pergunta aqui: qual a importância das orações devocionais? Até
que ponto é importante ter isso na vida espiritual?
Santa Teresa respondeu no capítulo 26 do Caminho de perfeição, no parágrafo 9,
que esta manhã Moysés leu. Santa Teresa diz que cada um de nós deve escolher a
imagem que mais fala ao seu coração. Tem santo que entramos mais em sintonia. Os olha
e desperta em você uma simpatia, uma vontade de falar, como também na amizade
humana tem pessoas que dizem: “esse é um grande amigo”, e você pensa: “mas para mim
não diz nada. Para você é um amigo e para mim é um desconhecido”.
Tem santo, por exemplo, São Paulo Miki, que é do Japão, que eu nunca rezo. Rezo
somente no dia 6 de fevereiro, porque é a festa dele, porque a igreja me obriga a rezar, e
não tenho simpatia. Os santos são nossos amigos, amigos de Deus, aqueles que O
conhecem. O nordestino que não é amigo de São Francisco de Canindé não é nordestino. É
necessário que a gente se identifique com aquele santo, pela maneira de ser, pela maneira
de sentir. Vemos o rosto de Santa Teresinha e não tem como não ter devoção para com
ela, porque ela te olha e te conquista! A devoção é uma sedução, é um gesto de amor que
você tem.
Você deve escolher o seu santo. Quando se escolhe um santo não se despreza os
outros. Significa que aquele santo é mais meu amigo. Quando eu leio São João da Cruz, eu
digo: “Olha, eu sempre pensei como ele, só que sou incapaz de dizer as palavras que ele
diz”. Tem gente que é devoto de Nossa Senhora de Fátima, outro de Nossa Senhora do
Carmo, são aspectos, facetas, são sensibilidades particulares. Perguntaram ao Papa
Francisco se ele escolheu este nome por causa de Francisco Xavier ou de Francisco de
Assis, e o Papa respondeu: “Eu gosto de Francisco Xavier, mas me identifico neste trabalho
com Francisco de Assis”. Tem pessoa que se identifica com São Bento, com São João
Batista. É importante.
Santa Teresa tinha uma lista de santos no seu breviário. Era devota de São Pedro,
de São Francisco, de Santa Clara. Ela tinha uma lista de santos com os quis entrava mais
em comunhão. Isso é bom. Faça você também isso hoje e escolha os seus santos de
devoção particular. Não vou dizer os meus, pois vocês já o conhecem. Santa Teresinha é
minha secretária particular, então tudo o que eu peço para ela, ela me dá.

Emmir: Frei, só para lhe consolar, a minha primeira consagração foi no dia do santo para o
qual o senhor nunca reza, São Paulo Miki. Consagrei-me pela primeira vez no dia de São
Paulo Miki, e sou devota dele, rezo muito para ele me ajudar.

Frei: antigamente, para saber o aniversário das pessoas era fácil. João, 24 de junho, era
quase certo! Antônio, 13 de junho, era quase certo! Porque as pessoas para colocar o nome
da criança no batismo viam o santo no calendário. Hoje tem cada santo, cada nome, que
até Deus encontra dificuldade de saber como se chama! Eu lembro lá em São Roque uma
vez, quando uma pessoa queria batizar sua filha. Quando perguntei o nome, um homem me
falou: “Sei lá”, como sei lá? Você não sabe o nome da sua filha? O que é sei lá? Pedi o
registro para ver, era Sheila! Então às vezes colocamos nas crianças cada nome que a
pessoa não sabe nem ler. O nome na bíblia é projeto de vida. O nome cristão é projeto de
vida.
É muito importante sermos devotos dos santos em que fazemos a profissão. Fiz a
profissão no dia de São Francisco, dia 4 de outubro, e sou muito devoto dele. E recebi o
hábito carmelitano no dia de santa Teresinha do Menino Jesus, e sou muito devoto dela. Os
santos são sempre um motivo da nossa alegria.
Pergunta 06: Frei, qual é o remédio para sair da preguiça espiritual?

O remédio para sair da preguiça espiritual é trabalhar. Primeiro, é tomar consciência


que você é preguiçoso. Lembro que uma vez encontrei uma placa num lugar aqui no Brasil
que dizia assim: “Quando tenho vontade de trabalhar, fico descansando até que a vontade
de trabalhar passe”, não! Aí é demais da conta!
É a determinada determinação. Quando nós nos comprometemos com Deus, não
nos comprometemos com as pessoas, mas com A pessoa, que é Deus. A determinada
determinação é a fidelidade àquilo que me comprometo. Se me comprometo das 5 às 6
rezar, devo ser fiel custe o que custar, mesmo que eu durma, mas digo ao Senhor: “Senhor,
este horário é teu. Então eu sou fiel a este horário que te dedico”. Encontrar uma maneira
para sair da preguiça, porque somos preguiçosos quando não encontramos alegria no
trabalho que fazemos. Se encontro alegria, a preguiça vai embora. Acho que a pergunta é
muito importante: como sair da preguiça? Trabalhando, porque se não temos vontade de
fazer uma coisa e deixamos que esta má vontade entre em nós, vamos piorando a própria
situação. Isto é um pouquinho a mediocridade que às vezes temos na oração.

Mensagem final: E para as pessoas que participaram deste encontro, eu diria que a
escola de Teresa se aprende todos os dias nesta fidelidade a dialogar com Deus que nos
ama. A oração é um intimo diálogo de amor, estando muitas vezes a sós com aquele que
sabemos que nos ama. Então se Deus nos ama, todos os dias devemos encontrá-lo na
nossa vida de oração. Muito obrigado a cada um de vocês e rezem para mim, para que com
70 anos possa continuar com entusiasmo e como Teresa anunciar o evangelho. Teresa
quando chegou aos 66 anos dizia: “Já é tempo de ver-nos Senhor, porque já sou velha”, e
às vezes digo sempre também: “Já é tempo de ver-nos Senhor”, porque já com 70 anos
devemos nos preparar ao encontro definitivo com Ele. Muito obrigada!

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