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Da obrigação do uso do piedoso véu na Santa Igreja Católica

João Victor Araújo Bezerra

Vários sacerdotes e leigos nos anos 70 e 80 sepultaram o véu. Foi considerado


ultrapassado, antiquado, retrógrado e símbolo de um contexto litúrgico que queriam
apagar da história. A ideologia feminista fez o véu ser visto de uma forma que a Santa
Igreja nunca o fez: um símbolo da opressão machista, denegrindo a dignidade da mulher.
Algumas senhoras continuavam usando o véu e muitos respiravam aliviados, pensando
que essa “mera nostalgia” se extinguiria junto com elas. Ora, mas isso nunca foi
suprimido. Diante disso, iremos ver como o uso piedoso do véu é obrigatório na Igreja
Católica de sempre.

Antes de tudo é preciso ir às fontes bíblicas, como se vê em I Coríntios 11, 2-6:

2 Ora, eu vos louvo, porque em tudo vos lembrais de mim, e guardais os


preceitos assim como vo-los entreguei. 3 Quero porém, que saibais que Cristo
é a cabeça de todo homem, o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de
Cristo. 4 Todo homem que ora ou profetiza com a cabeça coberta desonra a
sua cabeça. 5 Mas toda mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta
desonra a sua cabeça, porque é a mesma coisa como se estivesse rapada. 6
Portanto, se a mulher não se cobre com véu, tosquie-se também; se, porém,
para a mulher é vergonhoso ser tosquiada ou rapada, cubra-se com véu. 7 Pois
o homem, na verdade, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de
Deus; mas a mulher é a glória do homem. 8 Porque o homem não proveio da
mulher, mas a mulher do homem; 9 nem foi o homem criado por causa da
mulher, mas sim, a mulher por causa do homem. 10 Portanto, a mulher deve
trazer sobre a cabeça um sinal de submissão, por causa dos anjos. 11 Todavia,
no Senhor, nem a mulher é independente do homem, nem o homem é
independente da mulher. 12 pois, assim como a mulher veio do homem, assim
também o homem nasce da mulher, mas tudo vem de Deus. 13 julgai entre vós
mesmos: é conveniente que uma mulher com a cabeça descoberta ore a Deus?
14 Não vos ensina a própria natureza que se o homem tiver cabelo comprido,
é para ele uma desonra; 15 mas se a mulher tiver o cabelo comprido, é para ela
uma glória? Pois a cabeleira lhe foi dada em lugar de véu. 16 Mas, se alguém
quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem tampouco as igrejas de
Deus

Na época do apóstolo Paulo, o uso do véu (ou não usá-lo) tinha tantas implicações
sociais e religiosas, vale a pena se aprofundar nestes aspectos para ter uma clara
compreensão e apreciação desta prática bíblica. Aparentemente, esta prática social no
mundo greco romano foi uma influência Oriental. Porque em terras orientais uma mulher
com véu simbolizava a honra e a dignidade feminina. Com um véu em sua cabeça, ela era
capaz de ir a qualquer lugar em segurança e profundo respeito. Na visão Oriental a
autoridade de uma mulher e dignidade desaparece quando ela não se cobria com o véu.

❖ Padres da igreja comentando o uso do véu

Vejamos o que alguns comentadores “Padres da Igreja” diz sobre o uso do véu:

• Tertuliano (160-222 d.C)

“Mas admoestamos às mulheres que não deixem esta disciplina do véu nem por um
momento, nem sequer por uma hora.” — Tertuliano (160– 222 d.C.); Em outra passagem
escreve: "Te rogo, sejas tu mãe, ou irmã, ou filha virgem, cobre tua cabeça". Tertuliano
(160–222 d.C.)

Em toda a Grécia, e algumas das suas províncias bárbaras, a maioria das igrejas
mantém as suas virgens cobertas. Na verdade, esta prática é seguida em certos lugares
sob o céu Africano.”

“Além disso, apontarei como modelos as igrejas que foram fundadas por apóstolos ou
homens apostólicos... Os Coríntios compreenderam o que ele disse. Até ao presente os
Coríntios cobrem as suas virgens. O que os apóstolos ensinaram, os discípulos dos
apóstolos confirmaram. [Tertuliano, The Veiling of Virgins The Ante-Nicene Fathers
[O Véu das Virgens, Os Pais Pré-Niceia] vol. 4 pp 27-29,33].”

• São João Crisóstomo

“Que fará a mulher cristã se descuidasse esta ordem? Calará a oração espontânea de
agradecimento? Se enfrentará à tentação sem a arma da oração? Deixará de cumprir com
seu Senhor, privando a uma alma precisada de um depoimento? Desafiará ao Senhor e
menosprezará seu mandato, orando e testemunhando sem o véu? Desonrará a seu Senhor
ou usará o véu durante todo o dia para assim encontrar-se o tempo todo em comunhão
com seu Deus, disposta para testemunhar?” —S. João Crisóstomo (344– 407 d.C.)
«Se ela despreza a cobertura provida pela ordenança divina, que também desfaça a
cobertura provida pela natureza». (S. João Crisóstomo). Esse são excertos tirados da sua
Homilia XXVI explicando I Coríntios.

❖ São Jerônimo:

A Igreja sempre recomendou o uso do véu. São Jerônimo, escrevendo uma carta,
abordou o assunto dizendo:

“É comum nos mosteiros do Egito e da Síria que as virgens e viúvas que se entregaram a
Deus, renunciaram ao mundo e jogaram ao chão os prazeres, peçam às mães de suas
comunidades que cortem seus cabelos; não que depois elas possam ir com as cabeças
descobertas em desafio ao mandamento do Apóstolo, elas usam uma capa fechada e véu.”
(Carta 147, 5)

• Santo Agostinho

Agostinho de Hipona, na sua Carta CCXLV, escreveu que as mulheres não devem
ter as suas cabeças descobertas uma vez que “o apóstolo ordena às mulheres que cubram
as suas cabeças”.

• Santo Hipólito de Roma

Santo Hipólito, um padre da igreja em Roma, por volta do ano 200, compilou um
registo de vários costumes e práticas na igreja das gerações que o precederam. O seu livro
“Tradição Apostólica” contém a seguinte declaração:

“Em resumo, os primeiros cristãos praticavam exatamente o que I Coríntios. 11


diz: os homens oravam com as cabeças descobertas. As mulheres oravam com as cabeças
cobertas. Ninguém contestava isso, independentemente de onde vivessem - Europa,
Médio Oriente, Norte de África ou Extremo Oriente.” [Tradição Apostólica de Santo
Hipólito]

❖ O uso do véu na idade média


Santo Tomás de Aquino, doutor da Igreja, explica esta declaração a partir de I
Coríntios 11.10 simplesmente dizendo que é porque os anjos estão presentes no Santo
Sacrifício da Missa. Os homens devem mostrar reverência, assim como as mulheres. As
mulheres mostram reverência, cobrindo suas cabeças, e os homens mostram reverência
por não cobrir suas cabeças.

Na era medieval, mulheres casadas normalmente cobriam a cabeça com véus,


depois copiados pelo vestuário das freiras, indicando sua posição como "noivas de
Cristo".

Por muitos séculos, até por volta de 1175, mulheres anglo-saxãs e anglo-
normandas, excetuando as jovens solteiras, usavam véus que cobriam totalmente os
cabelos e, por vezes, o pescoço e o queixo. Apenas no período Tudor (1485), quando o
uso de capuzes se tornou popular, véus desse tipo começaram a ser menos comuns.

Durante a Idade Média, as mulheres cristãs mantiveram o uso do véu com o


propósito de modéstia e oração. Estes véus foram bastante amplos. De fato, o véu
tradicional usado pelas freiras até épocas recentes se baseia no estilo do véu usado pela
maioria de mulheres Cristãs da Europa em tempos medievais

❖ Concílio Vaticano II e o dois Códigos de Direito Canônico (1917 e 1983)

Antes do Concílio Vaticano II, era tradição da Igreja Católica Apostólica Romana
o uso do véu pelas mulheres durante a Missa, contudo, após o Concílio Vaticano II o
Código de Direito Canônico, que ditava essa obrigatoriedade, foi alterado silenciando
sobre o assunto. Aqui no Ocidente as mulheres deixaram de usar o véu na Missa e muitas
pessoas pensam que essa tradição foi abolida e até proibida. Mas o uso do véu ainda é
parte das doutrinas e tradições católicas, fundamentadas na Palavra de Deus que ordena
as mulheres a usarem véu quando oram ou profetizam.

O movimento feminista combate o uso do véu, e como de forma covarde, os


participantes do Concílio Vaticano II evitou confrontá-las, todavia, permanece em vigor
o Cânon 20 que determina o uso do véu:

Está escrito no Código de Direito Canônico de 1917: Cânon 1262, que a mulher
tem que cobrir suas cabeças-- "especialmente quando se aproximam da mesa sagrada"
(altar). "Mulieres autem, capite cooperto et modest vestitae, maxime cum ad mesnam
Domincam accedunt". Após tantos anos de repúdio e/ou indiferença ao véu por parte das
mulheres e num contexto geral, o Vaticano (como é de costume após o CVII), não
querendo confrontar e/ou decepcionar as feministas, simplesmente fingem que o
problema não existe. Quando o Código de Direito Canônico de 1983 foi produzido, a
questão do véu simplesmente não foi mencionada (não foi abolida, simplesmente não
mencionada). De qualquer forma, Cânones 20-21 do Código de Direito Canônico de
1983 deixa claro que a nova Lei Canônica só abole a Velha Lei Canônica quando eles
escreverem explicitamente isto, e que em caso de dúvidas, a Lei Antiga não deve ser
revogada, pelo contrario; Cânon 20 (Código Direito Canônico). Consequentemente, de
acordo com a Lei Canônica e o costume, a mulher continua tendo o dever de cobrir suas
cabeças. O véu cristão é um assunto muito sério, e não somente um que diz respeito à Lei
Canônica, mas também o de dois milênios de Tradição da Igreja --na qual se encontra na
Tradição do Velho Testamento e no Novo Testamento.

Um instituto dogmático católico confirma que as católicas devem usar o véu:

Para o nosso caso brasileiro, de forma mais específica, o Concílio


Plenário brasileiro de 1929 confirma esta obrigatoriedade, isso
antes de existir a CNBB. Ora: esta norma nunca foi suprimida
oficialmente. (Grupo São Tomás de Aquino)

❖ Pontificale Romanum, De Benedictione et Consecratione Virginum

Um dos costumes e disposição eclesiástica católica romana que está ficando em


desuso e sendo considerado um arcaísmo e um suposto ataque a natureza da mulher é o
uso do véu na igreja. A igreja Católica durante 2000 anos aceitou, propôs e estabeleceu
que as mulheres deveriam se cobrir com um véu nas cerimônias do culto como um
símbolo de submissão, humildade e obediência a Deus. Na primeira Carta aos Coríntios
(11.1-16), São Paulo saiu contra certos pensamentos e práticas paganizantes de algumas
mulheres da cidade grega de Corinto. Nosso santo apóstolo expressa: Sede meus
imitadores, assim como eu sou de Cristo, os louvo, irmão, porque em tudo lembrais de
mim, e retendes as instruções com as entreguei. Foi um hábito feliz e norma eclesiástica
que a mulher usasse véu na igreja, isto na última fase da Idade Antiga, como durante toda
a Idade Média e até bem pouco tempo... O Código de Direito Canônico de 1917 no cânon
1262 § 2 que as mulheres na igreja e mui especialmente quando se aproxima para
comungar “devem ter a cabeça com véu e devem vestir-se modestamente...” (Em latim é:
“Viri in ecclesia vel extra ecclesiam, dum sacris ritibus assistunt, nudo capite sint, nisi
aliud ferant probati populorum mores aut peculiaria rerum adiuncta; mulieres autem,
capite cooperto et modeste vestitae, maxime cum ad mensam Dominicam accedunt.”) O
novo missal romano promulgado por Paulo VI não explicitou a obrigatoriedade de
usar o véu na igreja e no Código de Direito Canônico de 1983 tão pouco foi
mencionado o uso do véu, deixando aos clérigos e fieis atuarem segundo seus critérios.
Se as mulheres sempre usaram véu, o que foi revelado de extraordinário que agora não se
usa mais nestes últimos quarenta anos? Há uma resposta, ainda que dura, mas real: OS
HOMENS ESTÃO QUERENDO CONVERTER A RELIGIÃO CATÓLICA EM UMA
PSEUDO RELIGIÃO de amor aos homens, independente da vontade de Deus e a
obediência a ele devida. Estes autos denominados “católicos” que se insurgem contra o
véu, dizendo que as mulheres devem seguir a moda, só que estes chamados “cristãos” se
esquecem que na Santa Madre Igreja não existem as modas, porque Jesus Cristo é o
mesmo ontem, hoje e eternamente (Hebreus 8.8). OS QUE SE OPÕEM AO VÉU
ESTÃO INDO CONTRA A SAGRADA ESCRITURA, A TRADIÇÃO E AO
DIREITO CANÔNICO. O fato das mulheres não usarem mais o véu, é resultado das
ideias do igualitarismo pernicioso infiltrado em nossa igreja por determinadas entidades
notadamente anticatólicas, as quais seduzem muitas mulheres, aproveitando-se da
rebeldia e das vontades dela, além da irresponsabilidade das pessoas que deveriam zelar
corretamente pelas almas que lhe foram confiadas. Este artigo de fé é fundamentado na
verdade histórica que a Santa Igreja Católica Romana foi fundada por nosso Senhor Jesus
Cristo, por tanto, nela e em suas tradições relacionadas a sã doutrina não deve ser mudada
para agradar aos homens, já que fomos criados para amar e servir a Deus nesta vida. Ele
estabeleceu em sua igreja para que nós possamos transmitir o melhor caminho e não fazer
dela um subproduto de nossos pecados, subjetividades e caprichos! Quanto dor está
sentindo nosso Senhor ao ver que tantas mulheres não tem grande respeito na casa de
Deus! Tenhamos presente o pecado de nossos primeiros pais Adão e Eva “Accipe vélamen
sacrum, quo cognoscáris mundum contempsísse, et te Christo Jesu veráciter
humilitérque, toto cordis annísu, sponsam perpetuáliter subdidísse, qui te ab omni malo
deféndat, et ad vitam perdúcat aetérnam”
❖ Dom Antônio de C. Mayer (1904- 1991); Bispo da Diocese de campos- O uso
do véu e modéstia no vestir

As senhoras comunguem de cabeça coberta

Ainda sobre a recepção da Sagrada Comunhão mantenha-se o costume tradicional que


manda às senhoras e moças que se apresentem com a cabeça coberta. Outro hábito
imemorial, fundado na Sagrada Escritura (cf. 1 Cor. 11, 5 e SS.), que não deve ser
modificado. São Paulo recorda a veneração e o respeito aos Anjos presentes na igreja,
que as senhoras significam com o uso do véu. Nada mais belo, mais ordenado, mais
encantador do que a mulher cristã que reconhece a hierarquia estabelecida por Deus, e
manifesta externamente sua adesão amorosa a semelhante disposição da Providência.

A imodéstia no trajar e a nossa responsabilidade

Na mesma ordem de idéias, lembramos aos nossos caríssimos Sacerdotes que devem
empenhar-se a fundo por conservar nos fiéis o amor à modéstia e ao recato, que os tornam
menos indignos de receber os Santos Sacramentos.

Não nos esqueçamos de que, se a sociedade se paganiza, se ela foge da mentalidade cristã,
como esta se define nas máximas evangélicas, não o faz sem a conivência e a cooperação
das famílias católicas e, portanto, em grande parte, por nossa culpa, de nós Sacerdotes.

Ou por comodismo, que em nós cria aversão ao exercício de nossa função de orientadores
do povo fiel, ou quiçá – PRO DOLOR! – por condescendência com a sensualidade
reinante, somos remissos em declarar, sem rebuços, que as modas de hoje destoam
gravemente da virtude cristã, e, mais ainda remissos somos, em usar da firmeza
apostólica, ainda que suavemente exercida, para afastar dos Sacramentos a atmosfera
sensual atualmente introduzida na sociedade pelas vestes femininas.

É com tristeza que sabemos de Sacerdotes na Diocese, e de outras pessoas com


responsabilidade de orientação de almas que não tomam a menor medida no sentido de
manter em torno dos Sacramentos, especialmente da Santíssima Eucaristia, o ambiente
de pureza que Jesus Cristo exige de seus fiéis servidores.
Por que todas as igrejas da Diocese não ostentam, em lugar bem visível, as disposições
eclesiásticas no sentido de que as senhoras e moças não se apresentem no templo de Deus
com vestes ajustadas, decotadas, de saias que não desçam abaixo dos joelhos, ou de calças
compridas, estas últimas mais próprias do outro sexo?

E por que não tomam todos os Sacerdotes medidas a fim de que com semelhantes trajes,
não se apresentem aos Sacramentos as senhoras e moças, ou para recebê-los ou como
madrinhas ou testemunhas? Seria o mínimo que se poderia pedir a quem está realmente
interessado por que a adaptação de que tanto se fala, não seja uma profanação do Sagrado,
com prejuízo pessoal, para o povo fiel e para a sociedade em geral.

Caríssimos Sacerdotes. O zelo pela Casa de Deus, bem como a caridade com o próximo
pedem, nos tempos atuais, maior atenção à maneira de vestir dos fiéis que o são e querem
viver cristãmente. A Sagrada Escritura lembra que “as vestes do corpo, o riso dos dentes
e o modo de andar de um homem fazem-no conhecer” (Ecli. 19, 27).

E Pio XII comenta: “A sociedade, por assim dizer, fala com a roupa que veste; com a
roupa revela suas secretas aspirações, e dela se serve, ao menos em parte, para construir
o seu próprio futuro” (“Disc. e Radiomes.” Vol. 19, p. 578). Ninguém negará o valor
objetivo desta observação do Papa Pacelli.

Fonte: Excertos da Circular sobre a Reverência aos Santos Sacramentos – Dom


Antônio de Castro Mayer – 21 de novembro de 1970

Oração ao vestir o véu

Divino Espírito Santo, hóspede da minha alma, convencida de que a minha verdadeira
vida está escondida com Cristo em Deus Pai, visto este véu na minha cabeça na
esperança não de aparecer, mas de desaparecer, não para atrair a atenção sobre a
minha pessoa mas, para esconder-me na imitação de Maria Santíssima.

Que todos olhem para Vós Deus Pai, Filho e Espírito Santo,

Amém.

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