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Salvo indicação em contrário, as citações bíblicas usadas nesta tradução são da versão
Almeida Corrigida Fiel | ACF • Copyright © 1994, 1995, 2007, 2011 Sociedade Bíblica
Trinitariana do Brasil.
Você está autorizado e incentivado a reproduzir e/ou distribuir este material em qualquer
formato, desde que informe o autor, as fontes originais e o(s) tradutor(es), e que tam-
bém não altere o seu conteúdo nem o utilize para quaisquer fins comerciais.
O Dia do Senhor
(O texto deste eBook é o cap. 9 do livro, Teologia Bíblia Batista Reformada).
6 Não matarás.
7 Não adulterarás.
8 Não furtarás.
9 Não dirás falso testemunho contra o teu próximo.
10 Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher
do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o seu boi,
nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo.
Entendemos que Cristo não veio revogar a lei e que o cristão não está de-
baixo da lei como um pacto de obras, ele não se encontra mais debaixo da con-
denação ou maldição da lei. Portanto, Cristo não aboliu a lei moral, antes a
cumpriu e a confirmou. Mas não somente isso, Ele também corrigiu a interpre-
tação errônea dos fariseus acerca dela, sua hipocrisia e seu legalismo, e mostrou
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1
SPURGEON, C.H. A Perpetuidade da Lei de Deus.
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2
VOS, Teologia Bíblica: Antigo e Novo Testamentos, p. 176.
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do mundo até a ressurreição de Cristo, esse foi o último dia da semana, mas, a
partir da ressurreição de Cristo, o dia foi mudado para o primeiro dia da semana.
Assim, os cristãos entenderam que, a partir do estabelecimento da Nova Aliança,
o mandamento moral continua, embora trazendo uma mudança no dia. C.H.
Spurgeon afirmou, sobre isso:
Congregamo-nos no primeiro dia da semana em lugar do sétimo dia, por-
que a redenção é até mesmo uma obra maior que a criação, e mais digna
de comemoração, e porque o descanso que seguiu à criação é superado pelo
repouso que segue à consumação da redenção. Reunimo-nos no primeiro
dia da semana, como os apóstolos, esperando que Jesus esteja em nosso
meio, e diga: ― Paz seja convosco! (Lucas 24:36). Nosso Senhor arrebatou
o dia de descanso de suas velhas e enferrujadas dobradiças em que fora
anteriormente colocado pela lei, desde os tempos antigos, e o colocou sobre
as novas dobradiças de ouro que seu amor tinha arquitetado. Ele colocou
nosso dia de descanso, não ao fim de uma semana de trabalho, mas sim no
começo do repouso que resta para o povo de Deus. Em cada primeiro dia
da semana devemos meditar sobre a ressurreição de nosso Senhor, e deve-
mos buscar entrar em comunhão com Ele em Sua vida ressurreta. 3
Spurgeon relata que a partir da ressurreição de Cristo houve uma mudança
do dia de descanso para adorar a Deus, do sétimo dia para o primeiro dia da
semana, o dia em que Jesus Cristo, o Senhor do sábado, ressuscitou dentre os
mortos (Marcos 2:23-28). Geerhardus Vos complementa:
3
SPURGEON, C.H. Seguindo ao Cristo Ressurreto. Escola Charles Spurgeon. Dis-
ponível em: <http://www.escolacharlesspurgeon.com.br/files/pdf/ Se-
guindo_Ao_Cristo_Ressurreto-Sermao_de_Spurgeon.pdf>. Acesso em: 05 de nov. de
2019.
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4
VOS, G. Teologia Bíblica: Antigo e Novo Testamentos, p. 176-177.
5
TURRETINI, Compêndio de Teologia Apologética. Vol. 2, p. 124.
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6
DIXHOORN, Guia de Estudos da Confissão de Fé de Westminster, p. 301.
7
Ibidem, p. 301.
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1.1. O Senhor Jesus Cristo afirmou que era Senhor sobre o Sábado
Em Marcos 2:27-28, o Senhor Jesus afirmou que o sábado foi estabelecido
por causa do homem, e não o homem por causa do sábado; de sorte que o Filho
do Homem é senhor também do sábado (Marcos 2:27-28). Augustus Nicode-
mus, em sua exposição dessa passagem, afirmou:
Aqui você tem uma das justificativas que foram usadas pelos primeiros
cristãos para não guardarem mais o sábado (sétimo dia). Já no primeiro século
os cristãos passaram a considerar o primeiro dia da semana, o domingo, como
sendo cumprimento do Quarto Mandamento. Por quê? Primeiro, porque Jesus
disse que Ele é maior do que o sábado e que Ele está acima do sábado, e segundo
porque Ele ressuscitou no primeiro dia. Ora, qual é o dia do Senhor? É o dia da
Sua ressurreição. Logo, o domingo substitui o sábado na nova dispensação, por-
que Cristo é Senhor do sábado e o dia de Cristo é o dia da Sua ressurreição. Já
no primeiro século, os cristãos observavam o dia de domingo como sendo a
observância correta do sábado [sabbath]. Nós não entendemos que estamos que-
brando o Quarto Mandamento quando descansamos e observamos o domingo,
entendemos que estamos dando o real cumprimento do sábado. O sábado apon-
tava para a ressurreição de Jesus. É no descanso do Senhor Jesus que nós encon-
tramos descanso eterno também. 8
Sendo assim, Nicodemus destaca que Cristo é maior que o sábado e que o
sábado apontava para a ressurreição de Cristo. Portanto, após o cumprimento
8
NICODEMUS, Augustus. O Senhor do Sábado, 2017. Vídeo (37 min). Publicado
pelo canal: Primeira Igreja Presbiteriana de Goiânia. Disponível em:
<https://www.youtube.com/watch?v=HVho123arr0&fbclid=IwAR0JJJ xiCr-
dRW8vpJ4BKLtY2v2DFWxbUAO_n_SvgwjZGwLDbfdip7-piPC0>. Acesso em:
06 de nov. de 2019.
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9
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – Mateus, p. 585.
10
Ibidem.
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11
HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento – João. 2ª ed. São
Paulo: Editora Cultura Cristã, 2014. p. 788.
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12
Ibidem, p. 796.
13
BUNYAN, John. The Works of John Bunyan, 2 ed. Edinburg: Banner of Truth,
1991. p. 374. Apud MCNAUGHTON, Ian. Shabbath: O Dia do Senhor Disponível
em: <http://www.monergismo.com/textos/dez_mandamentos/shabbath-dia-Se-
nhor_McNaughton.pdf> Acesso em 29 de fev. de 2020.
14
PORTELA, Solano. A Lei de Deus hoje. Recife: Os Puritanos, 2004. p. 88.
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“No primeiro dia da semana” (ou seja, no domingo; essa é a primeira refe-
rência ao culto de domingo no Novo Testamento), os cristãos se reuniram
para celebração da Santa Ceia, que foi seguida pela refeição comunitária,
“festa do amor” ou “ágape”. Em Atos, a expressão partir o pão significa
celebrar a comunhão (2:42; e veja 2:46). O culto começou com a pregação
da Palavra e Lucas relata que Paulo pregou até à meia-noite. 15
Na mesma linha de raciocínio Wern de Boor afirma:
Ele é realizado “no primeiro dia da semana”, ou seja, no domingo. Ao lado
da observação de 1 Coríntios 16:2 encontramos aqui, pela primeira vez,
um indício de que, nas igrejas gentias cristãs, o primeiro dia da semana era
celebrado de modo especial, por ser o dia da ressurreição do Senhor Jesus.16
François Turretini conclui:
Por que nos é dito que os apóstolos se reuniam para a proclamação da
Palavra e a administração da eucaristia, nesse dia mais que nos outros (ou
no conhecido sábado dos judeus), a menos que naquele tempo o costume
de manter reuniões restituídas já prevalecera, desvanecendo-se gradativa-
mente a cerimônia do sábado judaico? Tampouco se deve dizer que mian
sabbaton aqui não designa o primeiro dia dos sete, mas apenas um (i.e.,
algum dos sete), porque a expressão não é usada em nenhum outro sentido
(Lucas 24:1; Marcos 16:2). O que se deduz de Lucas 5:17 (cf. 8:22) não
se aplica aqui, porque uma coisa é dizer en mia ton hēmerōn que denota
15
KISTEMAKER, S.J. Comentário do Novo Testamento – Atos. 2ª ed. São Paulo:
Editora Cultura Cristã, 2016. p. 285.
16
BOOR, Werner de. Comentário Esperança. Atos dos Apóstolos. Curitiba: Editora
Evangélica Esperança, 2002. p. 291.
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1.7. Paulo Pede para que a Coleta Seja Feita no “Primeiro Dia da Se-
mana”
Em 1 Coríntios 16:2, Paulo conclama: “No primeiro dia da semana, cada
um de vós ponha de parte, em casa, conforme a sua prosperidade, e vá juntando,
para que se não façam coletas quando eu for”. François Turretini expõe o con-
texto do versículo demonstrando que os cristãos passaram a fazer no primeiro
dia da semana suas assembleias públicas e contribuições, os quais, os judeus ti-
nham costume de fazer no sábado:
O apóstolo deseja que as coletas sejam feitas pelos crentes em cada primeiro
dia da semana (ou seja, no dia em que deviam ter suas assembleias públi-
cas), o que ele extrai do costume dos judeus que, segundo Filo (cf. The
Special Laws I. 14.76–78 [Loeb, 7:145]) e Josefo (AJ 18.312 [Loeb, 9:180-
181]), em cada sábado em que costumavam reunir-se tinham o hábito de
fazer coletas nas sinagogas, dos dízimos e de outras ofertas voluntárias, e
em seguida os enviavam a Jerusalém para uso do templo e dos levitas. Em
virtude da perseguição dos judeus, o advento de muitos estrangeiros e seu
zelo contínuo em propagar o Evangelho, a igreja de Jerusalém se viu gran-
demente premida por carência, e o apóstolo deseja que os crentes promo-
vam coletas em benefício deles. Como, pois, ele ordena coletas em cada
primeiro dia da semana, assim também se considera, por paridade de razão,
ter ordenado assembleias nas quais se costumava fazer tais coletas (ou as
haver aprovado por seu voto como já ordenado). 18
17
TURRETINI, Compêndio de Teologia Apologética. Vol. 2, p. 125.
18
TURRETINI, Compêndio de Teologia Apologética. Vol. 2, p. 126.
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19
GILL, John. Exposição da Bíblia. Disponível em: <https://www.biblestudyto-
ols.com/commentaries/gills-exposition-of-the-bible/1-corinthians-16-2.html>.
Acesso em 30 de jan. de 2020.
20
KISTEMAKER, S.J. Comentário do Novo Testamento – Atos, p. 729.
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que, neste texto, “dia do Senhor” diz respeito ao primeiro dia da semana, o dia
em que Cristo ressuscitou. Por exemplo, Simon Kistemaker afirma que:
João escreve que estava no Espírito no dia do Senhor. Essa é a única pas-
sagem no Novo Testamento em que esse dia é descrito dessa maneira, pois
em outros lugares ele é chamado de primeiro dia da semana. É o dia da
ressurreição do Senhor, e no fim do século I os cristãos haviam começado
a se referir a ele não como primeiro dia da semana, mas como dia do Se-
nhor (compare com a expressão a ceia do Senhor, em 1 Coríntios 11:20).
É o dia dedicado ao Senhor. A passagem não se refere à futura vinda do
Senhor e ao dia do juízo, mas ao fato de Jesus ter aparecido a João no
primeiro dia da semana — um dia consagrado a Cristo.21
Este é o comentário que John Gill faz a respeito da expressão “dia do Se-
nhor”, que aparece no texto de Apocalipse 1.10:
[A expressão “dia do Senhor”], aqui, não se refere ao sábado judaico, pois
que estava agora abolido; além disso, ele nunca foi chamado o dia do Se-
nhor, e se João quisesse dizer isso, ele teria dito no dia do sábado… [mas]
o primeiro dia da semana é que é designado… e é chamado [pelo nome do
Senhor], assim como a ordenança da ceia é chamada de ceia do Senhor,
sendo instituída pelo Senhor e pela mesa do Senhor (1 Coríntios 10:21,
11:20); e isso porque foi o dia em que nosso Senhor ressuscitou dos mortos
(Marcos 16:9) e no qual Ele apareceu em momentos diferentes para Seus
discípulos (João 20:19, 26).22
Turretini, também corrobora:
[...] por certo não no sábado judaico, porque indubitavelmente o teria
mencionado; não em algum outro dia dentre os sete, porque nesse caso o
21
KISTEMAKER, S.J. Comentário do Novo Testamento – Apocalipse, p. 128.
22
GILL, John. Exposição da Bíblia.
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título seria ambíguo, prestando-se mais para confundir do que para escla-
recer; mas naquele dia em que Cristo havia ressuscitado, no qual os após-
tolos costumavam reunir-se para a realização do culto sacro e em que Paulo
tinha ordenado se fizessem coletas, como era costume na igreja primitiva.
Uma vez que ele fala daquele dia como conhecido e observado na igreja,
não há dúvida de que ele foi distinguido por esse nome com base no uso
aceito na igreja. De outro modo, quem entre os cristãos teria entendido o
que João tinha em mente com esta designação, se porventura pretendesse
designar algum outro dia?23
John MacArthur compreende da mesma maneira:
Essa expressão aparece em muitos escritos cristãos primitivos e se refere ao
domingo, o dia da ressurreição do Senhor. Alguns têm sugerido que essa
expressão se refere ao “Dia do SENHOR”, mas o contexto não apoia essa
interpretação, e a forma gramatical da expressão “dia do Senhor” é adjetiva,
portanto “o dia do Senhor”. 24
George Eldon Ladd interpreta da mesma forma:
É muito mais provável que tenhamos aqui a maneira com que os cristãos
começaram a distinguir o dia do Senhor como dia separado para o culto e
a devoção. De outras referências, sabemos que o primeiro dia da semana
era muito importante para os cristãos. Eles se reuniam para partir o pão no
primeiro dia da semana (Atos 20:7) e preparavam dádivas de amor no pri-
meiro dia (1 Coríntios 16:2). Essas são as primeiras evidências de que esse
dia era tido como especialmente consagrado ao Senhor, porque era o dia
da Sua ressurreição. A preferência pela observância do domingo em lugar
23
TURRETINI, Compêndio de Teologia Apologética. Vol. 2, p. 126.
24
BÍBLIA, Bíblia de Estudo Macarthur, Almeida Revista e Atualizada. Barueri: SBB,
2010. p. 1780.
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25
LADD, George. Apocalipse. Série Cultura Bíblica. São Paulo: Vida Nova, 2006. p.
26.
26
BARCELLOS, Richard C. The Translation of the Phrase “the Lord’s Day”. RBAP,
2016. Disponível em: <https://www.rbap.net/the-translation-of-the-phrase-the-
lords-day/>. Acesso em: 05 de nov. de 2019. (Tradução própria.)
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27
EDWARDS, Jonathan. A Mudança a Perpetuidade do Sabbath. O Estandarte de
Cristo, 2015. Disponível em: <https://oestandartedecristo.com /https:/oestandartede-
cristo/loja/a-mudanca-a-perpetuidade-do-sabath-por-jonathan-edwards/>. Acesso
em: 14 de nov. de 2019.
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28
TURRETINI, Compêndio de Teologia Apologética. Vol. 2., p. 128.
29
GALLASIUS. In Exodum Commentaria [1560]. p. 195 sobre Êxodo 31). Apud
TURRETINI, Compêndio de Teologia Apologética. Vol. 2., p. 127.
30
KISTEMAKER, Comentário do Novo Testamento – Atos, p. 288.
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31
NIEDERWIMMER, K; ATTRIDGE, H.W. (ed.). The Didache. A Commentary.
Minneapolis: Fortress Press, 1998. p. 195.
32
PORTELA, A Lei de Deus Hoje, p. 88.
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33
KASCHEL, W.; ZIMMER, R. In: Dicionário da Bíblia de Almeida. 2 ed. Barueri:
Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
34
VOS, Teologia Bíblica: Antigo e Novo Testamentos, p. 177.
35
TURRETINI, Compêndio de Teologia Apologética. Vol. 2., p. 127.
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36
OLYOTT, Stuart. O Uso Correto do Dia do Senhor. Ministério Fiel, 2006. Dis-
ponível em: <https://ministeriofiel.com.br/artigos/o-uso-correto-do-dia-do-senhor/>.
Acesso em: 05 de nov. de 2019.
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se podia caminhar no dia de descanso. Por trás de todas as regras dos fari-
seus, havia uma mentalidade que não tem qualquer lugar na vida de um
crente do Novo Testamento.
Na mesma linha, Charles Spurgeon complementa:
A respeito de uma particularidade sobre a qual havia um pouco de cerimo-
nialismo envolvido — em outras palavras, guardar o sabbath — nosso Se-
nhor a ampliou e mostrou que o pensamento judeu não era verdadeiro. Os
fariseus proibiam até mesmo as obras de necessidade e misericórdia, co-mo
debulhar espigas de milho para matar a fome e curar os enfermos. Nosso
Senhor Jesus mostrou que proibir essas atitudes não estava, de modo al-
gum, em conformidade com a mente de Deus. Ao distorcer a Palavra e
levar uma observância externa ao extremo, perderam o sentido da lei sabá-
tica, a qual sugeria obras de misericórdia como o verdadeiro santificar do
dia. Mostrou que o descanso sabático não era mera inatividade: “Meu Pai
trabalha até agora, e eu trabalho também”. 37
Portanto, é importante notarmos que existem obras de necessidade que
precisam ser realizadas nesse dia, existem certos ofícios que vão precisar ocorrer,
necessariamente, e isso não é uma quebra ao mandamento — pelo contrário.
Por exemplo, no Antigo Testamento, os sacerdotes “quebravam o sábado” e fi-
cavam sem culpa pois trabalhavam no serviço de adoração. É necessário bom
senso para evitarmos o legalismo quanto à nossa observância do dia do Senhor
e para não cairmos no mesmo erro dos fariseus, sendo meticulosos por demasia
e criando regras minuciosas e impondo-as aos outros. Mais do que “não faça
isso”, o importante é o que se deve fazer: dedicar-se a atividades de adoração,
37
SPURGEON, C.H. A Perpetuidade da Lei de Deus.
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38
TURRETINI, Compêndio de Teologia Apologética. Vol. 2., p. 129.
39
ROACH, David; ROBINSON, Jeff. The Lord’s Day must be devoted to worship,
Mohler says in Ten Commandments series. Disponível em:
<https://news.sbts.edu/2006/10/05/the-lords-day-must-be-devoted-to-worship-
mohler-says-in-ten-commandments-series/>. Acesso em 07 de fev. de 2020. (Tradu-
ção própria.)
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mos muito ativo, curando, ensinando Seus discípulos realizando atos de miseri-
córdia e adoração a Deus, ao passo que, quem ficava meticulosamente proibindo
diversas coisas eram os fariseus e as leis rabínicas.
Sendo assim, trata-se mais do que deve ser feito nesse dia do que criar uma
lista de proibições. A adoração religiosa no dia do Senhor deve ser para o cristão
um deleite, e não um peso, uma antessala do descanso eterno que se dará na
consumação de todas as coisas (Hebreus 4:9). A Confissão de Fé Batista de 1689
nos mostra como aproveitar esse dia:
O sabbath é, assim, santificado ao Senhor quando os homens, tendo devi-
damente preparado os seus corações e ordenado os seus assuntos comuns
de antemão, não apenas observam um santo descanso durante todo o dia,
a partir de suas próprias obras, palavras e pensamentos sobre suas ocupa-
ções e recreações mundanas, mas também dedicam todo o tempo em exer-
cícios públicos e privados de Seu culto e nos deveres de necessidade e mi-
sericórdia. 40
Os puritanos entendiam que, no dia do Senhor, deveríamos nos dedicar
em atividades de:
• Adoração: Devoção e culto a Deus,
• Necessidade: Atividades que são indispensáveis de serem realizadas.
• Misericórdia: Ações deliberadas de piedade para com o próximo e so-
corro aos necessitados.
A.W. Pink resume as três classes de trabalho que se encaixam no “santo
sabbath”:
40
A CONFISSÃO DE FÉ BATISTA DE 1689 & Um Catecismo Puritano Compi-
lado por C.H. Spurgeon, p. 86-87.
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Trabalhos de necessidade, que são aqueles que não poderiam ter sido feitos
no dia anterior e que não podem ser relegados para o dia seguinte — como
cuidar do gado. Trabalhos de misericórdia, que são aqueles que a compai-
xão requer que desempenhemos para com outras criaturas — como minis-
trar aos doentes. Trabalhos de piedade, que são o culto a Deus em público
e em privado.41
Trata-se um dia inteiro de adoração a Deus de uma maneira singular, a
qual não temos como realizar da mesma maneira nos outros dias em que estamos
trabalhando. 42
A Confissão nos conclama a preparar nossos corações para a adoração a
Deus nesse dia, organizando outros assuntos e tomando cuidado para que as-
suntos comuns não venham a minar a utilidade espiritual desse dia. O dia do
Senhor é um santo descanso que deve ser aproveitado para fazermos o bem,
seguindo o exemplo do nosso Senhor, tanto nas atividades públicas quanto pri-
vadas de culto, deveres de necessidade e misericórdia.
John Owen dá conselhos muito úteis para nos ajudar a prepararmos os
nossos corações para aproveitarmos bem esse dia:
Medite na majestade, santidade e grandeza de Deus. Lembre-se dEle como
o Autor do nosso descanso sabático. Lembre-se de Sua obra que nos leva a
celebrar as Suas ordenanças, especialmente a redenção por meio do nosso
Senhor Jesus Cristo. Pondere a importância, razões e propósitos do dia do
Senhor que está chegando. Reflita sobre seus santos privilégios, benefícios
e deveres. Uma compreensão completa dessas coisas nos ajuda a valorizá-
las mais do que aqueles que simplesmente sabem que o domingo é um
41
PINK, A.W. Os Dez Mandamentos.
42
Embora o trabalho também deva ser realizado de maneira que glorifique a Deus (1
Coríntios 10:31).
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tempo sagrado. Uma meditação voluntária sobre Deus e Seu amor, como
essa, nos liberta para adorarmos em nosso melhor e sem distração. 43
Sobre esportes e recreações, John Owen corretamente apela ao bom senso:
Tenha cuidado com esportes e recreações: O bom senso sobre isso no do-
mingo é encontrado na legislação antiga dos imperadores e nações. Pode-
mos resumir os melhores sentimentos ao lembrá-lo de que o dia do Senhor
deve ser cheio de alegria nEle para que Ele possa ser louvado e glorificado.44
Van Dixhoorn conclui:
“Se nos lembrarmos do dia do Senhor, adorando a Ele e buscando fazer o
bem, se esse é o anseio de nossos corações, com a ajuda de Deus, não po-
demos estar muito errados. Mas, se ainda errarmos, podemos nos voltar
para o Senhor do sábado, que ressuscitou na manhã de um domingo para
que os pecadores achassem vida e olhassem em direção a um descanso
eterno com Ele e com todo o Seu povo”. 45
43
OWEN, John. Como Observar o Dia do Senhor. O Estandarte de Cristo, 2016.
Disponível em: <https://oestandartedecristo.com/https:/oestandartede-
cristo/loja/como-observar-o-dia-do-senhor-por-john-owen/>. Acesso em: 05 de nov.
de 2019.
44
Ibidem.
45
DIXHOORN, Guia de Estudos da Confissão de Fé de Westminster, p. 304.
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46
RENIHAN, James M. Resolving Problems in Colossians 2:16-17. IBRS Theologi-
cal Seminary, Disponível em: https://irbsseminary.org/resolving-problems-colossians-
216-17-2/. Acesso em: 19 dez. 2020. (Tradução própria.)
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Assim, quando esses termos exatos são encontrados nesse lugar, devemos enten-
der que Paulo os emprega exatamente da mesma maneira que são usados em
qualquer outro lugar nas Escrituras inspiradas. Como esses termos aparecem
juntos em todos esses lugares, todas as regras de exegese apoiam a visão de que
eles também formam um conjunto aqui. Sendo assim, James M. Renihan con-
clui:
E assim podemos dizer com Paulo, nos termos mais fortes: “Todo dia as-
sociado à Antiga Aliança se foi. Não devemos celebrar festivais, luas novas
ou sábados — o sétimo dia, a páscoa, os tabernáculos etc. Eles se foram. A
substância corporal é Cristo. Ele veio e entramos na plenitude de Sua
vinda. Quando olhamos para Colossenses 2:16-17 à luz da analogia das
Escrituras, e vemos que a linguagem técnica exata é usada em outro lugar
para descrever um conjunto dos dias do Antigo Testamento, nosso pro-
blema está resolvido. O apóstolo não está falando sobre o fim absoluto de
guardar qualquer dia; ao contrário, ele fala da revogação de todos os dias
judaicos. Os gentios e até cristãos judeus não tinham absolutamente ne-
nhuma obrigação de observar esses dias da Antiga Aliança. 47
Joseph Pipa resume: “Em outras palavras, Paulo anula a observância do
sétimo dia, mas não o princípio envolvido na lei do sábado”. 48 Portanto, o que
Paulo objeta aqui não é o descanso semanal de um dia por semana; o que ele
procura resolver é o problema da imposição de rituais e cultos judaicos sobre
outros crentes, especialmente os gentios. De maneira semelhante deve ser inter-
pretado o texto de Romanos 14:5-6, que afirma:
47
Ibidem.
48
PIPA, Joseph A. O Dia Mudado; A Obrigação Não Mudada (Colossenses 2:16,17).
Monergismo, Disponível em: http://www.monergismo.com/tex-tos/dez_mandamen-
tos/dia_mudado.htm. Acesso em: 05 nov. 2019.
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Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada
um esteja inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso
do dia, para o Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não
faz. O que come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e o que
não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus.
John Murray elucida que nesse contexto Paulo refere-se aos regulamentos
cerimoniais judaicos uma vez que ainda havia escrúpulo de alguns convertidos
dentre os judeus em relação a certos costumes:
Os dias de festas cerimoniais se enquadram na categoria a respeito da qual
o apóstolo disse: “Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos
os dias”. Muitos judeus ainda não haviam compreendido todas as implica-
ções do Evangelho e ainda possuíam escrúpulos no tocante a essas orde-
nanças mosaicas. Sabemos que Paulo se mostrou completamente tolerante
para com tais escrúpulos; e esses se adaptam aos termos exatos do texto em
questão. 49
Sobre esses assuntos, Vos clarifica:
Não se deve esquecer de que o Sabbath era, sob o Antigo Testamento, uma
parte integral de um ciclo de festas que não mais estão em vigor. O tipo
expresso nele era aprofundado pelo Ano Sabático e o Ano do Jubileu. No
Sabbath, homem e animal descansam; no Ano Sabático, o próprio solo
descansa; no Ano do Jubileu, a ideia de descanso é exibida na sua signifi-
cação positiva plena por meio da restauração de tudo que estava contur-
bado e perdido por meio do pecado. Fomos liberados de tudo isso por
meio da obra de Cristo, mas não fomos liberados do Sabbath como insti-
tuído na criação. É sob essa luz que devemos interpretar certas declarações
49
MURRAY, J. Romanos: Comentário Bíblico. São José dos Campos, SP: 1ª ed. Edi-
tora Fiel, 2016. p. 749-752.
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CONCLUSÃO
Estudamos sobre o Quarto Mandamento da lei e sua relação com o “dia
do Senhor” mencionado em Apocalipse 1:10. Alguns pontos merecem ser des-
tacados:
50
VOS, Teologia Bíblica: Antigo e Novo Testamentos, p. 177-178.
51
BARCELLOS, Richard C. Response to Schreiner on the Sabbath: #3. Covenant
Baptist Theological Seminary, Disponível em: https://cbtseminary.org/response-to-
schreiner-on-the-sabbath-3/. Acesso em: 19 dez. 2020. (Tradução própria)
52
RENIHAN, James M. Resolving Problems in Colossians 2:16-17. (Tradução pró-
pria)
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O Estandarte de Cristo
2 Coríntios 4
1
Por isso, tendo este ministério, segundo a misericórdia que nos foi feita, não desfalecemos;
2
Antes, rejeitamos as coisas que por vergonha se ocultam, não andando com astúcia nem
falsificando a palavra de Deus; e assim nos recomendamos à consciência de todo o homem,
3
na presença de Deus, pela manifestação da verdade. Mas, se ainda o nosso evangelho
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está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século
cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho
5
da glória de Cristo, que é a imagem de Deus. Porque não nos pregamos a nós mesmos,
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mas a Cristo Jesus, o Senhor; e nós mesmos somos vossos servos por amor de Jesus.
Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz, é quem resplandeceu em nos-
sos corações, para iluminação do conhecimento da glória de Deus, na face de Jesus Cristo.
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Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de
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Deus, e não de nós. Em tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não
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desanimados. Perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos; Tra-
zendo sempre por toda a parte a mortificação do Senhor Jesus no nosso corpo, para que a
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vida de Jesus se manifeste também nos nossos corpos; E assim nós, que vivemos, esta-
mos sempre entregues à morte por amor de Jesus, para que a vida de Jesus se manifeste
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também na nossa carne mortal. De maneira que em nós opera a morte, mas em vós a
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vida. E temos portanto o mesmo espírito de fé, como está escrito: Cri, por isso falei; nós
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cremos também, por isso também falamos. Sabendo que o que ressuscitou o Senhor
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Jesus nos ressuscitará também por Jesus, e nos apresentará convosco. Porque tudo isto
é por amor de vós, para que a graça, multiplicada por meio de muitos, faça abundar a ação
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de graças para glória de Deus. Por isso não desfalecemos; mas, ainda que o nosso homem
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exterior se corrompa, o interior, contudo, se renova de dia em dia. Porque a nossa leve e
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momentânea tribulação produz para nós um peso eterno de glória mui excelente; Não
atentando nós nas coisas que se veem, mas nas que se não veem; porque as que se veem
são temporais, e as que se não veem são eternas.