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Santificação e discipulado

Segunda: Jo 17.15-26
Terça: 1 Tm 2
Quarta: Jo 14.21-31
Quinta: 1 Co 1.1-9
Sexta: Mt 28.19-20
Sábado: Rm 8.12-17
Domingo: Rm 8.37-29

A palavra “santo” vem do grego hagios e significa separar, consagrar e tornar


puro e limpo. No Antigo Testamento, a palavra empregada para santidade é kadosh,
cuja raiz também aponta para separar e consagrar. Kadosh é o termo usado para
fazer referência aos sacerdotes, aos primogênitos separados, aos profetas e aos
fiéis (Dn 7.22). Kadosh também expressava idéia de “lugar santo” (Lv 6.16),
referindo-se ao Tabernáculo, ao Templo ou ao próprio Senhor (Ex 31.13 Yahweh
kadesh – o Senhor que santifica). O fato fundamental indicado pelo uso das palavras
santificação, santificar e santo é a santidade do próprio Deus, pois Ele é o Santo de
Israel e o Senhor que santifica (2 Rs 19.22; SI 71.22; Is 1.4) e que requer santidade
de todas as coisas que são dEle e para Ele (Lv 11.44,45; 19.2; 21.8; Js 24.19; SI
22.3; Is 6.3). Tudo o que era associado ao Santo Deus e separado para o serviço ao
Senhor adquiria uma relativa santidade, ex.: sétimo dia (Gn 2.3; Ne 8.11), lugar da
sarça ardente (Êx 3.5), tabernáculo (Êx 29.44), Arão e seus filhos (Êx 28.41; Lv
8.30), vestidos sacerdotais (Êx 28.2), óleo da unção (Êx 30.25), convocação (Êx
12.16), templo (2 Cr 7.16), jejum (J1 1.14; 2.15) etc (BUCKLAND, 1999, p. 398).
No N.T., Jesus refere-se a Si próprio como sendo Aquele a quem o Pai
santificou, isto é, a quem o Pai consagrou, separou para a Sua obra de redenção e
como aquele que a Si mesmo Se santificou para que os Seus discípulos fossem
santificados na verdade (Jo 17.17,19). No ensino dos apóstolos, a palavra santificar
tem o sentido não somente de pôr de parte, separar ou consagrar, mas também de
purificação e direção do homem pela obra do Espírito Santo (Rm 15.16; 2 T s2 .l3 ; 1
Pe 1.2).
Assim como não há necessidade de sacrifícios de animais para perdão dos
pecados, como havia no Antigo Testamento, também não há, no Novo Testamento,
necessidade de ritos externos para a purificação e santificação da comunidade, do
indivíduo ou de objetos. Com efeito, a circuncisão não é mais externa, mas do
coração. Por isso, a palavra hagios (santo, sagrado) deixa de fazer referência a um
templo externo e passa a referir-se ao Templo do Espírito (1 Co 6.9) que é o nosso
corpo. Além disso, tal palavra faz alusão aos membros do corpo de Cristo que são
“chamados para serem santos” (Rm 1.7).
Deste modo, o povo de Deus (isto é, os santos) é separado do que? É
consagrado para que? Os santos (filhos de Deus) são separados do pecado e do
mal e são consagrados para o serviço do Senhor. Diz-se, comumente, que os santos
são separados “do mundo”, mas não parece ser esse o caso, pois Jesus disse: “Pai,
não peço que os tire do mundo, mas que os guarde do maligno” (Jo 17.15).
Santidade, portanto, não é a atitude humana de separar-se do mundo, mas o ato de
Deus de consagrar e separar o ser humano do pecado para estar em Sua
presença e para o cumprimento de Sua vontade. A santidade, portanto, parte de
Deus e visa ao relacionamento com Deus e com o próximo. Ninguém é feito santo
para se sentir diferente ou separado de outros e do mundo. O ser humano é
santificado para poder se relacionar com Deus e cumprir a Sua vontade. E a vontade
de Deus é que “todos as pessoas sejam salvas e cheguem ao pleno conhecimento
da verdade” (1Tm 2.4). Ademais, o meio de graça pelo qual Deus quer operar a
salvação e a santificação da Igreja é o discipulado. O discipulado, portanto, é o meio
pelo qual o Povo Metodista irá cumprir sua missão de “reformar a nação,
principalmente a Igreja, e espalhar a santidade bíblica por toda a Terra”.
O Senhor Jesus, em suas últimas instruções e ordens aos seus discípulos,
disse: “Ide, portanto, fazer discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do
Pai, do Filho e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que vos
tenho ordenado. E eis que estou convosco todos os dias até a consumação do
século” (Mt 28.19-20).
Baseado no texto bíblico, em que consiste o “fazei discípulos de todas as
nações”?

1. Batizar em nome do Pai, do Filho e do Espírito. O verdadeiro


discipulado conduz ao batismo. Ele pode ocorrer antes, durante e depois
do batismo, mas ele não ocorre se o batismo não estiver implicado nele.
Qualquer relacionamento, ensino ou mensagem que não visa à
conversão e o batismo não pode ser considerado como “discipulado”. E o
fato de que o batismo é feito em nome do Pai, do Filho e do Espírito
indica que o discipulado é um processo que é operado por Deus, através
da Igreja, e para Deus. Jamais fazemos discípulos para nós mesmos, isto
é, para cumprir a nossa vontade ou para aprender somente sobre nós
mesmos. Jesus Cristo é o exemplo prático do discipulado, isto é, Aquele
a quem devemos imitar; o Espírito Santo é quem nos faz “lembrar de tudo
quanto” Jesus nos tem dito (Jo 14.26) e nos dá capacidade de discernir
as coisas espirituais que “se discernem espiritualmente” (1Co 1.2); o Pai
é quem envia o Filho e o Espírito para nos salvar e nos santificar. Em
suma, o discipulado é operado pelo Pai, pelo Filho e pelo Espírito,
através de nós.

2. Ensinar a guardar todas as coisas que Jesus ordenou. Guardar os


mandamentos de Jesus é expressão de amor, pois João disse: “Se me
amardes, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14.15). Visto que Jesus
demonstrou Seu grande amor por nós morrendo na cruz e ressuscitando,
resta-nos responder ao Seu amor guardando seus mandamentos. Mas
não devemos apenas aprender e guardar. É necessário “ensinar a
guardar”. Nossa missão excede a de alunos e aprendizes, devemos
também ensinar a guardar tudo o que Jesus nos ordenou. Em outras
palavras, se quisermos obedecer a Cristo e guardar os seus
mandamentos, devemos também ensinar outras pessoas a fazer o
mesmo. Mas, conforme dissemos no ponto anterior, somente poderemos
compreender “tudo o que Jesus ordenou” se o Espírito Santo estiver
conosco.

3. Estar na presença de Deus. “E eis que estou convosco todos os dias


até a consumação do século”. A presença constante de Cristo com os
discípulos mostra que o discipulado não ocorre sem intimidade com
Deus. O verdadeiro discipulado requer oração, intimidade e
relacionamento com Deus. Jesus não somente nos deu ordens para que
cumpríssemos, mas também nos deu promessas de que estaria conosco
todos os dias, ao longo de todo o processo do discipulado, durante toda a
nossa existência e para muito além dela: “até a consumação dos
séculos”. Jesus garantiu a continuidade do processo. Ele jamais deixou
de discipular e de se aproximar de nós. Por isso, não existe discipulado
sem a iniciativa de Deus de se aproximar de nós. Paralelamente, não há
discipulado sem a nossa iniciativa de nos aproximarmos dos outros.
Discipulado, por fim, é o relacionamento de Deus conosco que se perpetua e se
multiplica para outras pessoas. Na medida em que, em obediência à ordem de
Jesus e no poder do Espírito, nos aproximamos de outras pessoas para ensiná-las
através de nossas atitudes e palavras, estamos cumprindo a ordem de Jesus.

Referências bibliográficas

BUCKLAND, A. R. Dicionário Bíblico Universal. São Paulo: Editora Vida, 1999.

WESLEY, John. Caminho Bíblico da Salvação. Sermões de Wesley.

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