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Presbiterianos Calvinistas

Somos presbiterianos, calvinistas e bíblicos. Fazemos coro com aqueles que olham com
reserva para as novidades surgidas entre os neopentecostais que têm deturpado os
ensinamentos bíblicos reformados.

quarta-feira, 27 de abril de 2016

III – A EFICÁCIA DO BATISMO

III – A EFICÁCIA DO BATISMO.


Pr. João Ricardo Ferreira de França.
Compete-nos tratar também deste tema que se relaciona com o Batismo Cristão que é o
assunto da eficácia deste sacramento. Isto é importante porque na tradição romanista o
sacramento do Batismo possui conotações regeneradoras, ou seja, para o catolicismo romano o
batismo opera a salvação.
Outra preocupação que nos faz ocupar deste assunto é fato de que na tradição evangélica-
protestante há uma tendência ao rebatismo como padrão doutrinário ou mesmo como uma
distinção entre os que seguem a doutrina ortodoxa e os que são heterodoxos ou até mesmo os que
são tidos como heréticos.
3.1 – A Eficácia dos Sacramentos e a Confissão de Fé de Westminster:
Qual é a validade dos sacramentos na vida cristã? Qualquer pessoa que ministrar os
sacramentos deve ser aceito como válido? Geralmente a resposta que nós oferecemos a estas duas
questões é que a validade do batismo e a sua eficácia depende de quem realizou o sacramento;
entretanto a Confissão de Fé de Westmister apresenta uma resposta interessante:
III. A graça significada nos sacramentos ou por meio deles, quando
devidamente usados, não é conferida por qualquer, poder neles existentes;
nem a eficácia deles depende da piedade ou intenção de quem os
administra, mas da obra do Espírito e da palavra da instituição, a qual,
juntamente com o preceito que autoriza o uso deles, contém uma
promessa de benefício aos que dignamente o recebem.[1]
A declaração da Confissão de fé neste particular assegura que a validade dos sacramentos
não é dependente da piedade (santidade) ou da intenção (pressuposto teológico) daquele que o
administra. Isto se aplica aos dois sacramentos ordenados e estabelecidos pelo Senhor.

3.2 – A Validade e Eficácia do Batismo:

A doutrina da comunhão dos santos é expressa no credo apostólico “Creio na Comunhão


dos Santos” – geralmente se entende aqui uma comunhão mística e também a santa ceia como
sendo a forma visível desta comunhão, pois, ela expressa a unidade da Igreja.
Mas, quando estudamos a Carta de Paulo aos Efésios encontramos Paulo dizendo: “Há
uma só fé, um só batismo” (Efésios 4.8). Será que a doutrina do sacramento do Batismo expressa
exatamente a unidade? A unidade da fé expressa pelo Batismo tem deixado de ser analisado; e
tem-se colocado para a Igreja uma postura de sermos negligente a este particular.
Quando lemos esta expressão Paulina nos vem a mente a prática do rebatismo dentro da
tradição evangélica-protestante. Está correto a prática do rebatismo? Quando presbiterianos,
congregacionais, luteranos, anglicanos e reformados são recebidos em outras comunidades
evangélicas são automaticamente constrangidos a rebatizar-se. Será que isso é válido?
A Confissão de fé de Westminster quando toca nesta temática nos traz a lume uma
resposta importante: “VII. O sacramento do batismo deve ser administrado uma só vez a uma
mesma pessoa[2]”
A Confissão de Fé assegura-nos que o sacramento do Batismo deve ser administrado uma
só vez sobre a mesma pessoa. Esta posição adotada é uma forma de combater os anabatistas que
não aceitavam o pedobatismo[3]; bem como aqueles que julgavam o modo de batizar por
aspersão errado e procuravam rebatizar por imersão. A Confissão de fé usa o texto de Tito 3.5
como fundamento para a sua posição.
Mas, a grande questão é: Quanto aos que são oriundos do Catolicismo Romano, eles
devem ser rebatizados? O tema em si mesmo é melindroso, polêmico e incômodo, pois, o
presbiterianismo brasileiro é um dos poucos no mundo a rebatizar católicos quando estes se
convertem ao protestantismo.

3.3 – Os Reformadores e a Validade do Batismo na tradição cristã:


Devemos considerar a posição dos principais reformadores quanto a questão da validade
do Batismo, como eles de fato encaravam o sacramento para entendermos a problemática a
respeito deste polêmico assunto.
Qual era a concepção dos primeiros reformadores a respeito da validade eficácia do
Batismo como sacramento estabelecido por Cristo Jesus na Igreja? A sabedoria da igreja (ou
ignorância como alguns poderão alegar) deve ser sempre ouvida quanto a este assunto, a
catolicidade da Igreja reclama ser ouvida neste particular, inclusive na tradição Reformada.
3.3.1 – Martinho Lutero:

Há muitos que asseguram que a validade do batismo está vinculado a quem administra:
por exemplo, se for o batismo efetivado pelo pastor (evangélico ou protestante) este batismo deve
ser aceito como válido, mas se for realizado por um sacerdote católico romano deve ser rejeitado.
Curioso é que este pensamento nunca esteve presente na mente dos primeiros
reformadores, incluindo Matinho Lutero que afirma que o ser humano batiza e não batiza, então
ele explica: “batiza, porque efetua a obra ao submergir o batizando. Não batiza, já que nesta obra
não age por sua própria autoridade, mas representa Deus[...]” e ainda informa que “o batismo que
recebemos por mãos de um ser humano, não é do ser humano, mas de Cristo e de Deus”.[4]
A validade e eficácia do sacramento batismal não se vincula a intenção ou a pessoa quem
o administra. Uma vez que este sacramento é outorgado por Deus à igreja por meio de um
mandato divino, e o que o torna válido é invocação do Deus trino para isso, então, não demérito
no sacramente por causa de quem o administra.
3.3.2 – Ulrich Zwínglio:
Um dos reformadores pouco conhecido no Brasil chama-se Zwínglio ou Zuínglio foi
reformador na cidade de Zurique na Suiça, ele sustentara que o batismo e a santa ceia não eram
meios de graça, para ele estes sacramentos nada carregavam de redentivo.[5]. Para este
reformador o sacramento do Batismo era símbolo da unidade, por isso, admite um só batismo.
[6]
3.3.3 – João Calvino:
O reformador francês que residiu em Genebra e naquela cidade desenvolveu o ministério
da Palavra. Elaborou uma teologia dos sacramentos que se faz presente em todas as confissões de
fé reformadas incluindo os Padrões de Westminster (padrões doutrinários na Igreja Presbiteriana).
Calvino segue a definição agostiniana para os sacramentos “uma forma visível de uma
graça invisível”[7]O reformador de Genebra chama o sacramento do Batismo de uma “marca de
nosso cristianismo” e do “sinal no qual somos recebidos na Igreja, para que enxertados em Cristo
sejamos contados entre os filhos de Deus”.[8]
Quanto ao tema da validade e eficácia do Batismo Calvino revela que tanto um quanto o
outro não depende de quem celebra o sacramento, porque devemos receber o batismo como “se o
recebêssemos das mãos do próprio Deus[...] pode-se deduzir daqui de que nem se tira, nem se
acrescenta nada ao Sacramento a causa da dignidade de quem o administra [...] quando se envia
uma carta não se importe quem seja o portador”.[9]

A tradição cristã Reformada nos deixa o legado de que o batismo tem a sua validade
eficácia não por causa da intenção de quem administra. Isto também é assegurado na Confissão
de Fé de Westmisnter quando trata dos sacramentos: “[...]; nem a eficácia deles depende da
piedade ou intenção de quem os administra, mas da obra do Espírito e da palavra da instituição,
a qual, juntamente com o preceito que autoriza o uso deles, contém uma promessa de benefício
aos que dignamente o recebem. Ref. Rom. 2:28-29; I Ped. 3:21; Mat. 3:11; I Cor. 12:13; Luc.
22:19-20; I Cor. 11:26.”

O que nós aprendemos aqui sobre a validade e a eficácia do sacramento do Batismo? Que
para “a validade do sacramento é essencial que seja ministrado ‘em nome do Pai e do Filho e do
Espírito Santo’”.[10] Ou seja, quando lemos Mateus 28.19 temos alí o designativo de Deus que
dá sentido e validade ao Bastismo.

[1] Confissão de Fé Capítulo XVII seção IIII.


[2] Confissão de Fé Capítulo XVIII seção 7
[3] Pedobatismo = ao batismo dos filhos dos crentes recém-nascidos.
[4] LUTERO, Matinho.  Do Cativeiro Babilônico da Igreja In: Obras Selecionadas, Volume
II, p. 379.
[5] TILLICH, Paul. História do Pensamento Cristão, 1998, p.237.
[6] Apud, KLEIN, Carlos Jeremias. Batismo e Rebatismo  nas mais Diversas Tradições
Cristãs. São Paulo: fonte Editorial, 2010, p.43-44.
[7] CALVINO, Juan. Institución de la Religón Cristiana. Barcelona: Felire, 1999, p.
1007-1008
[8] Ibid, p. 1028.
[9] Ibid, p. 1037.                                   
[10] HODGE, A.A. Esboços de Teológia. Tradução: F.J.C.S - Lisboa. São Paulo:
Publicações Evangélicas Selecionadas (PES), 2001, p.846

Rev.João Ricardo Ferreira de França às 13:56


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2 comentários:

Venha Teu Reino 27 de setembro de 2016 14:37


Muito bom irmão, gostei bastante!
Responder

Kauã Pacheco 27 de dezembro de 2017 10:28


Maravilhoso.
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Colaboradores

• Anderson Teixeira
• Djalma Oliveira
• Jailson Serafim
• Jhonatan Alves
• Rev.João Ricardo Ferreira de França

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