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O Sacramento do Batismo, como porta que é dos demais Sacramentos e como iniciação

da vida cristã, sempre recebeu um tratamento especial na liturgia e no direito da


Igreja. Ao ser de tamanha importância para a vida da Igreja, tem-se procurado
rodeá-lo de toda solenidade em sua celebração.

Juntamente com isso, deve-se considerar sua necessidade para a entrada na vida da
graça, o que se deve levar em conta especialmente quando há perigo de morte para o
batizando. Por isso, a normativa canônica deve manter um equilíbrio na facilidade
da cerimônia para o batismo e a solenidade que este sacramento merece. Isso é
percebido de modo bastante vivo no que diz respeito ao lugar para a celebração do
batismo.

Atualmente, a norma aplicável é o cânon 857:

– “Cânon 857, §1. Exceto no caso de necessidade, o lugar próprio para o batismo é
uma igreja ou oratório.
§2. Como norma geral, o adulto deve ser batizado na sua igreja paroquial, e a
criança na igreja paroquial de seus pais, a não ser que uma causa justa aconselhe
outra coisa”.

Deixando de lado o caso de necessidade – que se refere fundamentalmente ao caso em


que se teme pela vida do batizando – são estabelecidas, portanto, duas prescrições:

a) O batismo deve ser celebrado em uma igreja ou oratório.


b) Deve-se escolher a igreja paroquial própria, ou a dos pais se o batizando for
criança.

A primeira prescrição é taxativa: atualmente, o lugar próprio para a celebração do


batismo é uma igreja ou oratório. A referência ao oratório não indica qualquer
lugar em que se reúnem pessoas para rezar: a igreja é o lugar sagrado que dedicado
ou abençoado como igreja (cfr. cânon 1217); o oratório é o lugar eregido como tal
pelo Ordinário do lugar (cfr. cânon 1223). Não é lugar próprio para a celebração do
batismo nenhum outro lugar sagrado que não esteja dedicado como igreja ou eregido
como oratório.

No tocante à igreja paroquial, será a igreja paroquial própria – ou a dos pais, no


caso do batismo de crinaças – a igreja em que se realizará o batismo. Neste caso, é
possível fazer exceções, sempre que haja justa causa. Entenda-se que a exceção se
refere a celebrar o batismo em um lugar que não seja igreja ou oratório: se ocorre
justa causa, o cânon 857, §2 autoriza a celebração do batismo em uma igreja ou
oratório que não seja a igreja paroquial própria; porém, sempre deverá ser igreja
ou oratório, a teor do cânon 857, §1. Uma exceção, por exemplo, seria a dificuldade
de reunir a família na igreja paroquial própria; neste caso, deve-se acudir à
igreja paroquial em que resida a maior parte da família.

É possível, no entanto, celebrar o batismo em um lugar decente que não seja igreja
ou oratório:

– “Cânon 859. Se, pela distância ou outras circunstâncias, aquele que há de ser
batizado não pode ir ou ser levado sem grave inconveniente à igreja paroquial ou a
aquela outra igreja ou oratório de que se trata no cân. 858, §2, pode e deve
conferir-se o batismo em outra igreja ou oratório mais próximos, ou em outro lugar
decente”.

De acordo com este cânon, por razão da distância e se há um grave inconveniente,


pode-se batizar em outra igreja ou oratório, ou em outro lugar decente. Para que se
possa administrar um batismo em um lugar decente que não seja igreja ou oratório,
deve haver algum grave inconveniente que desaconselhe levar o batizando a uma
igreja. Note-se que o inconveniente deve ser grave; e deve ser para o batizando,
não para outro membro da família; tampouco é suficiente o simples incômodo ou
dificultade.

É possível, portanto, com os requisitos explicados, celebrar o batismo em um lugar


decente. No entanto, para celebrar o batismo em uma casa particular, se estabelecem
requisitos especiais:

– “Cânon 860, §1. Exceto no caso de necessidade, não deve administrar-se o batismo
em casas particulares, a não ser que o Ordinário do lugar o tenha permitido por
causa grave.
§2. A não ser que o Bispo Diocesano estabeleça outra coisa, o batismo não deve ser
celebrado em hospitais, exceto em caso de necessidade ou quando o exija outra razão
pastoral”.

Se estabelecem duas suposições nas quais é possível o batismo em casas


particulares: em caso de necessidade, pode-se batizar em uma casa particular;
naturalmente, o caso de necessidade deve se referir ao batizando e não a outra
pessoa; e, como já se indicou, com esta expressão se costuma indicar o perigo de
morte do batizando. Se não se der o caso de necessidade, para se batizar em uma
casa particular deve haver causa grave e, ademais, deve-se contar com a permissão
do Ordinário; em termos gerais, por Ordinário do lugar se entende o Bispo Diocesano
ou o Vigário Geral da Diocese.

Para celebrar batizados em hospitais, no entanto, pode ocorrer três suposições:

a) Que haja necessidade;


b) Que o exija alguma razão pastoral;
c) Que assim estabeleça o Bispo diocesano.

Nas duas primeiras suposições, não se requer a permissão do Ordinário; mas, no


terceiro caso, pode haver uma disposição que permita de modo habitual o batismo em
algum hospital da Diocese, por razão de conveniência.

Chama a atenção a insistência do Código de Direito Canônico em celebrar o batismo


nas igrejas, preferencialmente nas paróquias. Entre outros motivos, deve-se levar
em conta que pelo batismo o fiel se incorpora à Igreja e, portanto, à comunidade
dos fiéis presidida pelo Bispo. E parece que este fato é melhor representado quando
se realiza na igreja paroquial própria, acompanhado pelos demais membros da
paróquia além da própria família.

De fato, o batismo é um dos direitos considerados “direitos paroquiais”: o cânon


1219 alude aos direitos paroquiais, entre os quais a doutrina canonista considera o
do batismo.

A PIA BATISMAL

Sobre a pia batismal, O cânon 858 estabelece:

– “Cânon 858, §1. Toda igreja paroquial deve ter pia batismal, restando a salvo o
direito cumulativo adquirido por outras igrejas.
§2. O Ordinário do lugar, tendo ouvido o pároco do lugar de quem se trate, pode
permitir ou mandar que, para comodidade dos fiéis, haja também pia batismal em
outra igreja ou oratório dentro dos limites da Paróquia”.

De acordo com este cânon, somente as paróquias têm o direito de ter pia batismal;
direito que também se constitui um dever. Outras igrejas ou oratórios podem ter pia
batismal se se tratar de um direito adquirido, ou se contar com a permissão do
Ordinário do lugar, o qual o dará em atenção à comodidade dos fiéis.

Portanto, se se deve proceder a um batismo em uma igreja ou oratório que não


disponha de pia batismal – que, como vemos, será o ordinário nas igrejas não-
paroquiais – a água deve ser recolhida em um recipiente digno. Algumas igrejas ou
capelas em que se celebram de vez em quando batizados -como as de hospitais –
costumam dispor de uma bacia metálica de material digno, como prata ou aço de boa
qualidade ou alguma cerâmica nobre.

Autor: Pedro María Reyes Vizcaíno


Fonte: http://iuscanonicum.org
Tradução Livre: Carlos Martins Nabeto

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