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Carter Griffin
Diz-se que Einstein afirmou sobre o sério e o frívolo: “Se existisse uma hora
para salvar o planeta, analisaria o problema por 59 minutos e em 1 minuto o
resolveria”
Além disso, a Igreja repetiu insistentemente sobre o fato que os homens com
inclinação homossexual persistente não deveriam ser admitidos no seminário
(último documento oficial que endossou essa posição, por inciso, foi aprovado
pelo Papa Francisco em 2016). No entanto, tais homens são admitidos ao
seminário em grande número. A maior parte dos sacerdotes com atração por
pessoas do mesmo sexo obviamente não são culpáveis de abusos sexuais e
vivem o seu celibato fielmente. É incontestável, também, que a grande maioria
dos casos de abusos dos padres envolvem o abuso homossexual de meninos
e de rapazes jovens. Ainda que controverso, a sabedoria da decisão da Igreja
tornou-se claríssima se olhada retrospectivamente. Ignorá-la teve
consequências interruptivas sobre a vida de milhares de jovens nos últimos
decênios.
Uma vez ingressados no seminário, a situação não melhorava muito. A
formação para um celibato casto era inadequada para não dizer outra coisa! A
vida interior e as práticas ascéticas necessárias para sustentar uma castidade
saudável não eram, de fato, propostas. Muitos homens foram ordenados com a
falsa impressão, reforçada pelos formadores do seminário, que a exigência do
celibato seria revogada em pouco tempo. Em alguns seminários, o hábito
depravado de licença sexual entre os seminaristas e, mesmo entre os
membros da formação, corromperam jovens vulneráveis ou distanciaram
decepcionados aqueles que buscavam a virtude.
Por fim, uma vez ordenados, alguns sacerdotes crescidos nesse clima de
laxismo e inveja eram, obviamente, infiéis às próprias promessas. E raramente
eram censurados pelos seus superiores, ao menos, de uma forma significativa.
Alguns foram repetidamente transferidos para novos encargos; quase nenhum
foi demitido do sacerdócio. A vastidão da corrupção do clero era um doloroso
embaraço para os bispos e, por consequência, surgiu uma cultura de profundo
acobertamento que agora está vindo à luz.
Talvez tudo isso tenha sobrecarregado de alguma forma muitos bispos bons;
não sei! No entanto, o que sabemos hoje, sem dúvidas, é que os padres não
respondiam adequadamente por seus atos e frequentemente eram autorizados
abusar do próprio rebanho no plano doutrinal, litúrgico e também sexual. A
oportunidade, diversas vezes, prevaleceu sobre a integridade.
Sementes de renovamento: castidade
Depois chegou o amplo pontificado de São João Paulo II. Entre as suas
numerosas reformas, talvez a mais importante, ainda que raramente notada
como tal, está o seu documento de referencia de 1992, Pastoris dabo vobis, no
qual propôs um corajoso e positivo retrato do sacerdócio e da formação no
seminário.
Aqueles que creem que o celibato seja a causa dos abusos sexuais do clero
estão simplesmente buscando, como todos nós, impedir que esses terríveis
abusos se repitam. Einstein, porém tinha razão. Devemos concentrar muito
tempo para identificar o problema, o verdadeiro problema não está no fato de
os padres rebeldes não eram casados; o problema é que eram infiéis. O estilo
de vida sacerdotal decadente que os levou a infidelidade é a exata oposição da
amável e generosa paternidade espiritual a qual o celibato é ordenado.