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MITIS IUDEX DOMINUS

IESUS
CARTA APOSTÓLICA DADA EM FORMA DE MOTU
PROPRIO DO SUMO PONTÍFICE FRANCISCO

Pe. Evandro Stefanello


• Na realização do sínodo extraordinário sobre «os desafios
pastorais da família no contexto da nova evangelização»
muito foi falado sobre as situações de irregularidades
canônicas, sendo apresentados alguns desafios para a
Igreja.
• Tendo em consideração «os desafios pastorais da família
no contexto da nova evangelização» que foram
apresentados no sínodo extraordinário de 2014, o Papa
Francisco tomou a decisão de empreender a reforma dos
processos de nulidade matrimonial, nomeando uma
comissão que preparasse o esboço do projeto.
•A preocupação do Papa é impulsionada pelo grande número de
fiéis que, muitas vezes, foram afastados das estruturas jurídicas
da Igreja por causa das grandes distâncias físicas e morais em que
se encontram e, para isso, a Igreja precisa estar mais próxima dos
seus filhos, garantir-lhes a justiça e a misericórdia sobre a
validade ou não do vínculo.
• Atendendo ao pedido dos Bispos o Papa Francisco, antes mesmo
do término do sínodo, emanou disposições que favorecessem a
celeridade dos processos através de uma simplificação justa, por
via judicial, descartando a via administrativa por causa da
exigência, sempre urgente, de se tutelar e defender o sagrado
vínculo do matrimônio e pela razão que o matrimônio goza do
favor do direito (cfr. cân. 1060).
Chama a atenção
• Que foi Cristo que deu a Pedro e aos
seus sucessores o poder das chaves,
de ligar e de desligar, de perdoar e
de não perdoar. Tal poder é dado
para que a justiça e a verdade sejam
cumpridas na Igreja (LG 27).
• Ligar e desligar significa também
julgar (o poder judiciário).
intenção
• Não é o de mexer no valor da indissolubilidade e da
unidade.
• Não tem a pretensão de minimizar a indissolubilidade e
sim o de agilizar o processo judicial, para que os
julgamentos se tornem mais rápidos e acessíveis.
• não tem a intenção de favorecer a nulidade, mas sim a
celeridade dos processos, oferecer um serviço mais
pastoral aos fies que se encontro em situação irregular.
O objetivo
•Dar uma resposta justa, mas
certa, misericordiosa, mas certa,
rápida, mas na verdade a favor
ou contra o vínculo matrimonial
O Papa Francisco

•para proteger o máximo a


verdade do sagrado vínculo,
mantém a prática da Igreja de
que as causas de declaração de
nulidade matrimonial sejam
tratadas por processo judicial e
não por um processo
administrativo.
Guia do documento
•A salvação das almas (cân.
1752), pois a Igreja é
instrumento de salvação, é o
projeto divino da Trindade para
levar a todos à salvação. Por
esse motivo, todas as
instituições devem atender à
comunicação da graça e ao bem
dos fiéis.
A finalidade da reforma
•éa salvação das almas (da pessoa
toda) que é a finalidade suprema das
instituições, das leis e do direito. Foi
para isso que o Papa quis oferecer
aos bispos esse documento de
reforma, visto que estes participam
na missão da Igreja de conservar a
unidade na fé e na disciplina.
CRITÉRIOS
FUNDAMENTAIS DO
MOTU PROPRIO
I. Somente uma sentença executiva em
favor da nulidade.

•O Papa retirou a •Segundo o Papa,


necessidade da segunda basta a certeza
sentença conforme que moral adquirida pelo
era necessária para a primeiro juiz.
declaração de nulidade
matrimonial.
II. Juiz único
• Na norma canônica em vigor até
08 de dezembro, já existe a
possibilidade de um juiz único
julgar as causas de nulidade
matrimonial conforme o cân.
1424 e 1425§4, porém, era
necessária a permissão da
conferência episcopal.
O juiz único que julga sob a •
responsabilidade do bispo é um clérigo,
Com o motu próprio, o próprio
com o título de doutorado ou mestrado, Papa já está dando essa
ou que tenha a dispensa do título da permissão, não sendo mais
parte da Assinatura Apostólica (cân. necessária a permissão.
1421, § 3 e DC 43, § 3).
III. O próprio Bispo como juiz (cân. 1419)
•O Papa quis resgatar a •O próprio Bispo pode
doutrina do Concilio Vaticano desenvolver todo o
II que diz que o bispo é juiz processo caso queira. Ou
entre os fiéis a ele confiados. pode realizar através de
Que o Bispo não delegue por outros. O bispo também
inteiro os encargos judiciários pode fazer todo o processo
em questões matrimoniais, sozinho, mas tem que ser
principalmente ao processo um processo judicial e não
mais breve. administrativo
IV. Processo mais breve
• Além do processo contencioso • Nesse processo o juiz é o bispo
ordinário e do processo que pode nomear dois
documental, o Papa instituiu assessores para o ajudar no
um novo tipo de processo recolhimento das provas.
chamado “mais breve” ou Lembrando que não foi abolida
simplesmente “breve”. a participação do defensor do
• Esse processo será aplicado nos vínculo (clérigo ou leigo) com
casos em que a acusação de doutorado ou mestrado.
nulidade do matrimônio tiver a • E no caso do defensor do
seu favor o apoio de vínculo não se dá a dispensa do
argumentos especialmente título (cân. 1435).
evidentes.
V. Apelação à Sé Metropolitana
• Essa apelação é para o • Província eclesiástica: cânn. 431-434
caso dos tribunais • Metropolita: cânn 435-438
diocesanos. No caso dos
tribunais interdiocesanos
a apelação continua
sendo o tribunal de apelo
designado pela
Conferência Episcopal
conforme o cân. 1439.
VI. O dever das conferências episcopais
• Devem conservar o • Assegurar, na medida do
direito dos Bispos de possível, resguardando a
organizar o exercício do justa retribuição do pessoal
do tribunal, a gratuidade do
poder judicial nas suas processo
Igrejas Particulares. Deve
ajudar e estimular os
bispos para que levem à
prática a reforma do
processo matrimonial.
•Art.7 § 2. Mediante a cooperação
entre tribunais, pois, em
conformidade com o cân. 1418,
cuide-se que todos, parte ou
testemunha, possam participar no
processo com o mínimo de
despesa.
VI. Apelação à Sé Apostólica

Conservar a
apelação ao
Tribunal ordinário
da Sé Apostólica
(cân. 1417).
VII. Normas para as igrejas orientais

Também foi dada um motu


próprio para as Igrejas
Orientais:
MITIS ET MISERICORS IESUS
ART. 1 – DO FORO COMPETENTE E
DOS TRIBUNAIS
Em sentido jurídico «o foro» quer dizer o juiz ou o
tribunal dotado de jurisdição e competência, o lugar
onde se desenvolve o julgamento ou a jurisdição que
a lei confere ao juiz ao tratar uma determinada causa
de sua competência.
• Aborda-se, no presente título, a competência dos
tribunais de primeira instância nas causas não reservadas
à Sé Apostólica.
• Em se tratando de causas reservadas à Sé Apostólica os
tribunais de primeira instância (territoriais), que julgam
as causas matrimoniais, são incompetentes, de
incompetência absoluta e, em tal caso, a sentença não
pode ser sanada, pois os atos são tidos como não
realizados (cfr. cân. 1406 CIC 1983), inválidos e,
portanto, nulos.
CÂN. 1671
Can. 1671, § 1. As causas • Cân. 1671 - As causas
matrimoniais dos batizados matrimoniais dos batizados
competem, por direito próprio, competem por direito próprio ao
ao juiz eclesiástico juiz eclesiástico.

§ 2. As causas relativas aos • Cân. 1672 - As causas relativas


efeitos meramente civis do aos efeitos meramente civis do
matrimônio competem ao matrimônio competem ao
magistrado civil, a não ser que o magistrado civil, a não ser que o
direito particular estabeleça que
direito particular estabeleça que elas, quando tratadas incidente e
elas, quando tratadas incidente e acessoriamente, podem ser
acessoriamente, podem ser conhecidas e decididas pelo juiz
conhecidas e decididas pelo juiz eclesiástico.
eclesiástico.
CÂN.1672
• Cân. 1672. Nas causas de nulidade do • Cân. 1673 Nas causas de nulidade do
matrimônio não reservadas à Sé matrimônio não reservadas à Sé Apostólica,
Apostólica, são competentes: são competentes:
• 1o o tribunal do lugar onde foi • 1.º o tribunal do lugar onde foi celebrado o
celebrado o matrimônio; matrimônio;
• 2o o tribunal do lugar onde uma ou a
• 2.º o tribunal do lugar onde a parte
outra parte têm domicílio ou quase demandada tem domicílio ou quase-domicílio;
domicílio; • 3.º o tribunal do lugar onde a parte
demandante tem domicílio, contanto que
ambas as partes morem no território da
mesma Conferência dos Bispos, e o vigário
judicial do domicílio da parte demandada o
consinta, depois de ouvi-la;
• 4.º o tribunal do lugar, em que de fato deve
ser recolhida a maior parte das provas,
• 3o o tribunal do lugar em que, de fato, contanto que haja o consentimento do Vigário
deve ser recolhida a maior parte das judicial do domicílio da parte demandada, o
provas. qual antes lhe perguntará a ela se por acaso
tem algo a opor.
• A primeira mudança
perceptível na leitura dos
cânn. 1671-1673, sobre o
processo de nulidade • Ostrês títulos que agora
matrimonial, é sobre o orientam a escolha do
foro competente que, para foro competente são
garantir o princípio de considerados equivalentes
proximidade, foi entre si e alargaram a sua
facilitado. abrangência, facilitando
ao máximo o princípio de
proximidade (cfr. RP-
MIDI art. 7 §1).
Três títulos de competência:
• Primeiro título: Para • O segundo título de competência é o
tribunal onde uma ou as duas partes têm
tratar as causas de domicílio e quase domicílio (cfr. cân.
nulidade do matrimônio 1672 2o MIDI). Foi reformado o segundo
que não são reservadas à título de competência em relação ao
Sé Apostólica podem antigo cân. 1673 2o do CIC 1983,
acrescentando, também, o tribunal de
tratar o tribunal do lugar domicílio ou quase domicílio da parte
em que o matrimonio foi demandante e não somente da parte
celebrado (cfr. cân. 1672 demandada, sem ter a necessidade se se
1o MIDI). ouvir primeiramente o vigário judicial
do domicílio da parte demandada.
•O terceiro título de competência é o tribunal do
local em que deverão ser recolhidas a maior parte
das provas (cfr. cân. 1672 3o MIDI).
• Em relação a esse foro foi retirada a exigência do
consentimento do vigário judicial do domicílio da
parte demandada e a obrigação de ouvi-la (cfr. cân.
1673 4o CIC 1983). Na atual legislação, basta que o
tribunal cite a parte demandada.
• Diferentemente do CIC 1983 e das demais normativas,
o cân. 1672 MIDI prioriza a proximidade do tribunal e a
facilidade para o acesso ao tribunal eclesiástico, de
acordo com o artigo 7 § 1 ao tratar das causas de
nulidade matrimonial presentes no mesmo motu
próprio.
• Não existe mais a grande valorização do domicílio ou
do quase domicílio da parte demandada como era
exigido anteriormente, agora, tanto o domicílio de uma
parte como de outra parte, são, por direito, competentes.
•O atual cân. 1672 MIDI apresenta uma mudança em relação à
normativa anterior sobre a competência relativa e amplia os foros
previstos, incluindo de forma mais alargada o domicílio ou quase
domicílio, tanto da parte demandante quanto da parte demandada,
sem a necessidade de se requerer o consentimento do vigário
judicial do domicílio da parte demandada e da necessidade de
residirem na mesma Conferência Episcopal como era requerido
no anterior cân. 1673 2o CIC 1983.
• Agora são foros equivalentes, tanto da parte demandante quanto
da parte demandada (cfr. cân. 1672 2o MIDI), observando sempre
o grau de proximidade que agora é o critério para se determinar
em qual tribunal o processo deverá ser iniciado (cfr. RP-MIDI art.
7 §1).
• Os títulos de competência não são apresentados em ordem de
importância ou como uma hierarquia dos títulos de competência,
mas são apresentados para facilitar o acesso à justiça da Igreja
através do princípio de proximidade (cfr. RP-MIDI art. 7 §1).
• Observa-se que o segundo título de competência foi alargado (cfr.
cân. 1672 2o): o lugar onde a parte demandada tem o seu
domicílio, o lugar onde a parte demandada tem o seu quase-
domicílio, o lugar onde a parte demandante tem o seu domicílio e
o lugar onde a parte demandante tem o seu quase-domicílio.
• Não se requer mais que seja no território da mesma Conferência
Episcopal (cfr. cân. 1672 MIDI).
• As condições que existiam anteriormente para se requerer a competência
quando a parte demandada abitava em outro domicílio ou onde deveriam ser
recolhidas a maior parte das provas, muitas vezes eram difíceis de serem
realizadas e requeriam muito tempo, fato que atrasavam demasiadamente o
processo.
• Foipensando na maior agilidade do processo de declaração de nulidade
matrimonial que tais condições foram abolidas das normas especiais para a
declaração de nulidade do matrimônio a pedido dos Bispos reunidos em
Sínodo.
• Não significa que não se dá à parte demandada o direito ao contraditório,
mas que o processo possa caminhar de forma mais pacífica, simples e sem
atrasos desnecessários.
• Diantedestes três títulos de competência se pode iniciar o processo sem que
seja necessário requerer qualquer licença ou condição.
É possível que o processo possa ser iniciado diante de um
tribunal em que a parte demandante tenha domicílio ou
quase domicílio em uma conferência episcopal diferente
daquela em que reside a parte demandada, sem que seja
necessário requerer qualquer tipo de licença ou permissão,
pois o novo cân. 1673, 2o MIDI não requer mais a antiga
exigência da residência no território da mesma conferência
episcopal (cfr. cân. 1673, 2o CIC 1983).
•O terceiro título de competência (cfr. cân. 1672, 3o MIDI), sobre a maior
parte das provas, também não requer mais a antiga exigência de se
requerer o consentimento do Vigário Judicial do domicílio da parte
demandada (cfr. cân. 1673, 3o CIC 1983).
• Mesmo que, durante o processo, se descubra que não se trata do tribunal
da maior parte das provas – seja da parte demandante que da parte
demandada –, isso não comporta uma nulidade insanável, pois a falta de
competência territorial se trata apenas de uma incompetência relativa e
não absoluta (cfr. cân. 1407 §2) e que, portanto, a sentença pode ser
sanada (cfr. cân. 1622, 5o CIC1983) ou ser apresentada uma querela de
nulidade (cfr. cân 1623 CIC 1983).
• Senão for apresentada a querela de nulidade dentro do prazo de três
meses, a sentença se sana automaticamente (cfr. cân. 1626 §2 CIC 1983).
• Foilevado em consideração, na reforma promovida pelo Papa Francisco, a
boa-fé das partes no momento de indicar o seu domicílio ou quase
domicílio e na indicação de onde se devem recolher a maior parte das
provas, pois se trata de um direito do fiel requerer a nulidade do seu
matrimônio.
• Cabe, portanto, à parte autora não usar de formas fraudulentas para se
dirigir ao tribunal competente, mas proceder de boa-fé ao dirigir-se ao
tribunal competente para julgar a sua causa, pois o objetivo do processo é
averiguar a verdade sobre a situação do matrimonial, se o mesmo é nulo ou
não.
• Não é objetivo do processo de declaração de nulidade matrimonial declarar
a nulidade a todo custo, pois isso não configura a procura da verdade, nem
em fazer com que um argumento tenha força da verdade, o que
descaracterizaria a justiça.
• Em relação aos tribunais, o que Pediu o Papa, não foi uma ab-rogação
do serviço judicial, tanto que o próprio Papa se refere na MIDI que o
processo judicial é o caminho mais seguro para se chegar à certeza
moral da validade ou da nulidade do matrimônio, tendo em vista
sempre a salvação das almas (cfr. introdução MIDI).
•O Papa não teve a pretensão de excluir a exigência de um processo
judicial para se chegar à verdade, mas pretendeu que os tribunais se
tornassem mais pastorais, mais próximos aos fiéis.
• Para se garantir essa proximidade, o Papa pede um maior
envolvimento do próprio Bispo diocesano e uma melhor organização
da pastoral judicial ou pré-processual e que os fiéis e os párocos
sejam os protagonistas desta pastoral (cfr. RP-MIDI art. 1-5).
Juiz competente
• No processo de declaração de nulidade matrimonial falamos em diversos
tipos de juízes competentes.
• No processo ordinário falamos no colégio judicante competente, no juiz
único, caso não seja possível o colégio judicante, no Bispo Diocesano ou
equiparado que é o juiz único do novo modelo de processo chamado breve.
• Além do vigário judicial no processo documental, falamos também no Bispo
diocesano como juiz do processo documental segundo o cân. 1688 MIDI.
• Falando
em competência, o que estes possuem em comum, são os títulos de
competência definidos pelo novo cân. 1672 da MIDI.
• O direito determina que o Bispo, em sua diocese, é o juiz de primeira instância, que pode
exercitar por si mesmo ou por meio do seu vigário judicial e vigário judicial adjunto (cfr. cân.
1673 da MIDI e cân. 1419 §1 do CIC 1983) que possuem o poder ordinário de julgar (cfr.
cân. 1420).
• Tanto o Bispo diocesano, quanto os que julgam com poder ordinário, estão ligados
diretamente ao foro competente e às questões jurisdicionais.
• Os três títulos de competência do tribunal, entendem como competentes o próprio tribunal –
ou turno – judicante, quanto o Bispo como juiz em sua diocese e juiz único do processo breve
e o juiz único nomeado quando não é possível formar o tribunal colegial.
• Da mesma forma que o foro de competência é relativo nas causas não reservadas à Santa Sé,
os juízes também possuem competência relativa, onde a sentença emitida por um tribunal ou
por um juiz não competente pode ser sanada.
• Dessa forma se declara que o juiz competente é o mesmo do tribunal competente e o tribunal
competente é o mesmo do juiz competente, exceto nos casos previstos pelo direito em que o
juiz deve abster-se de julgar (cfr. cân. 1448).
• Entende-se que, a mudança que sofreram os títulos de competência se estende naturalmente
para os juízes competentes.
• Entendendo a mudança do foro competente, entende-se que o
juiz competente é o juiz do lugar onde o matrimônio foi
celebrado – tribunal colegial ou juiz único –, o juiz do
domicílio ou quase domicílio seja tanto da parte demandante
quanto da parte demandada e o juiz de onde se devem colher a
maior parte das provas. Como determinar então qual será o
juiz competente nessa normativa alargada?
• AsRP-MIDI no art. 7 §1 determinam que a regra de definição
da competência do tribunal e do juiz, seja a proximidade que
as partes têm com tanto com o tribunal como com o juiz.
• Podemos definir essa proximidade como aquele tribunal
eclesiástico em que as partes têm mais facilidade de acesso.
• Em um tribunal diocesano, o juiz mais próximo é aquele em que os fiéis
podem ter acesso com mais facilidade e da mesma forma se entende em
relação ao Bispo diocesano no processo breve.
• Em se tratando de um tribunal interdiocesano, o juiz mais próximo é
aquele em que os fiéis possuem mais proximidade e da mesma forma se
entende sobre qual Bispo diocesano, pertencente ao coetus, as partes têm
mais proximidade.
• Em si, em relação ao tribunal interdiocesano, o Bispo diocesano mais
próximo é o Bispo diocesano do lugar onde o matrimônio foi celebrado,
de onde uma ou a outra parte tem domicílio ou quase domicílio ou onde
devem ser recolhidas a maior parte das provas (cfr. cân. 1672 MIDI).
• Casovários Bispos diocesanos sejam igualmente competentes, se dirime a
questão pelo princípio de maior proximidade (cfr. RP-MIDI art. 7 §1).
•Em relação à atividade judicial do Bispo, o Papa chama a atenção para a eclesiologia
do Concilio Vaticano II em que o Bispo tem a faculdade de exercer em sua Diocese a
função judicial que é própria do seu ministério episcopal (cfr. LG 27) e que, na medida
do possível, a exerça pessoalmente, não delegando totalmente aos oficiais do tribunal,
principalmente em relação ao processo mais breve e no que diz respeito à emanação da
sentença, não necessariamente na instrução da causa que poderá ser realizada por outro
(cfr. CF-MIDI III).
• Contrário à instrução DC que no seu artigo 22 §2 propunha que o Bispo não exercitasse
pessoalmente o ofício de juiz, na reforma do processo de declaração de nulidade
matrimonial o Papa ab-roga o parágrafo segundo do artigo 22 e devolve ao Bispo o
direito de exercitar pessoalmente a função judicial, principalmente através do processo
breve onde é o juiz único e competente (cfr. CF-MIDI III), competência essa que não
pode delegar a outros.
• Não significa que o Bispo deve ser o juiz na maioria das causas, mas que não deixe
completamente de exercitá-lo.
•O Bispo é o juiz competente para o processo breve e
outro não poderá julgar uma causa tratada mediante o
processo breve (cfr. cân. 1683 MIDI).
• Nãosignifica que o Bispo vai desenvolver toda a causa,
mas que a sentença deverá ser dada por ele (cfr. cân.
1687 §1 MIDI) naquelas causas que são de sua
competência.
• Asdeposições das partes e das testemunhas, bem como o
recolhimento de outras provas, ficará sob a
responsabilidade do instrutor e do assessor (cfr. cân. 1685
MIDI).
• Também no processo de declaração de nulidade
matrimonial, mesmo sendo juiz competente, não
pode aceitar julgar a causa em razão de
consanguinidade ou afinidade em qualquer grau da
linha reta e até o quarto grau da linha colateral
inclusive e também em razão de tutela ou curatela,
de convivência ou de grave inimizade. Não deve
julgar a causa em razão de ganhos pessoais ou
quando seja necessário evitar danos (cfr. cân. 1448
§1 CIC 1983).
•Art. 7 § 1. Os títulos de competência,
mencionados no cân. 1672, são equivalentes,
salvaguardado, tanto quanto possível, o
princípio de proximidade entre o juiz e as
partes.
CÂN. 1673
• Cân. 1673, § 1. Em cada diocese, o juiz de • Cân. 1419 - §. 1 - Em cada diocese e para
primeira instância para as causas de nulidade todas as causas não expressamente
matrimonial que não forem expressamente excetuadas pelo direito, o juiz de primeira
excetuadas pelo direito é o Bispo diocesano, instância é o Bispo diocesano, que pode
que pode exercer o poder judicial por sim exercer o poder judiciário pessoalmente ou
mesmo ou por outros, de acordo com o que por outros, segundo os cânones seguintes.
for determinado pelo direito.

• § 2. O Bispo constitua, para sua diocese, um


tribunal diocesano, para as causas de
nulidade matrimonial, salva a faculdade do
mesmo Bispo de agregar-se a um outro
tribunal diocesano ou interdiocesano mais
próximo.
•O novo cân. 1673 MIDI,
parcialmente reformulado, realça • Podeconstituir para si
que o Bispo diocesano é, em sua
diocese, o juiz de primeira um tribunal diocesano
instância para as causas de ou agregar-se a outro
nulidade matrimonial que não tribunal diocesano
forem reservadas e que seja ele a
realizar o processo breve e dar a para a instrutória do
sentença, contrariando o artigo 22 processo ou
§ 2 da DC. O Bispo diocesano, de
acordo com o que é determinado
interdiocesano mais
pelo direito, pode exercer por si próximo (cfr. cân.
mesmo ou confiar tal poder a 1673 §2 MIDI).
outros (cfr. cân. 1673 §1 MIDI)
•O cân. 1673 §2 MIDI, • Neste sentido o tribunal
em si, não se refere à de outro Bispo ou o
criação de um tribunal interdiocesano
interdiocesano, mas não trabalharia como o
tribunal diocesano
o ignora, tendo em vista próprio daquele Bispo
que o Bispo possa se que pediu auxílio e não
valer do serviço de um como um tribunal
outro tribunal para interdiocesano que
desenvolver a sua causa, segue as normas da
como tribunal diocesano. Assinatura Apostólica
• § 3.As causas de • Cân. 1421 - §. 1 - O Bispo constitua na
diocese juízes que sejam clérigos.
nulidade matrimonial
estão reservadas a um • §. 2 - A Conferência dos Bispos pode
permitir que também leigos sejam
colégio de três juízes. constituídos juízes, um dos quais pode
Deve ser presidido por ser assumido para formar o colégio, se
um juiz clérigo; os outros a necessidade o aconselhar.
dois juízes também • Cân. 1425 §. 4 - No juízo de primeiro
grau, não sendo eventualmente
podem ser leigos. possível constituir um colégio, a
Conferência dos Bispos, enquanto
perdurar tal impossibilidade, pode
permitir ao Bispo confiar a causa a um
único juiz clérigo que escolha para si,
onde for possível, um assessor e um
auditor.
• Mantendo a antiga •Oatual cân. 1673 §3 MIDI,
tradição jurídica da Igreja, mantém a necessidade do
é reservado a um colégio colégio de três juízes
de três juízes o disposta no cân. 1425 §1,
julgamento das causas de 1o CIC 1983, quando
nulidade matrimonial. Tal possível, porém inova na
colégio deve ser presidido formação do colégio,
por um juiz clérigo e os mudando o que era
restantes podem ser leigos determinado no cân. 1421
(cfr. cân. 1673 §3 MIDI). §2 CIC 1983, onde apenas
um juiz leigo poderia fazer
parte do colégio.
Nas questões matrimoniais, com o novo
aligeiramento ou snellimento em italiano, podem
fazer parte do tribunal colegial dois juízes leigos
e não mais um juiz leigo, com a presidência sob
a responsabilidade do juiz clérigo.
Anteriormente era necessário a autorização da
Conferência Episcopal, fato que não é mais
necessário.
• § 4. O Bispo moderador, se não • Cân. 1423 - §. 1 - Vários Bispos diocesanos, com
a aprovação da Sé Apostólica, em lugar dos
puder constituir um tribunal colegial tribunais diocesanos mencionados nos cânn.
na própria diocese ou numa outra 1419-1421, podem constituir em suas dioceses,
mais vizinha escolhida de acordo de comum acordo, um único tribunal de
com a norma do § 2, confie as causas primeira instância; neste caso, competem à
reunião desses Bispos ou ao Bispo por eles
a um único juiz clérigo que, onde for designados todos os poderes que o Bispo
possível, associará a si dois diocesano tem a respeito do próprio tribunal.
assessores de vida comprovada, • Cân. 1421 - §. 1 - O Bispo constitua na diocese
peritos nas ciências jurídicas ou juízes que sejam clérigos. §. 2 - A Conferência
humanas, aprovados para esse dos Bispos pode permitir que também leigos
encargo pelo Bispo; a esse único juiz sejam constituídos juízes, um dos quais pode
ser assumido para formar o colégio, se a
clérigo, se não constar o contrário, necessidade o aconselhar. §. 3 - Os juízes sejam
serão atribuídas todas as de boa reputação e doutores ou ao menos
competências que correspondem ao licenciados em direito canônico.
colegiado, ao presidente e ao • Cân. 1424 - O juiz único em qualquer juízo pode
Ponente. escolher, como consultores, dois assessores de
vida ilibada, clérigos ou leigos.
• Caso não seja possível, ao Bispo • Sendo possível, pode associar ao
moderador, constituir o tribunal juiz único dois assessores que
colegial, conforme o cân. 1673 §2 sejam aprovados pelo Bispo
MIDI, poderá confiar as causas a diocesano. Existindo um juiz
um juiz único que seja clérigo. Esse único, cabe a ele as funções de
poder de nomeação pertence ao presidente e de ponente (cfr. cân.
Bispo. 1673 §4 MIDI).
• A nomeação fica a critério do Bispo
diocesano ou do moderador do
tribunal, de acordo com a
necessidade. Tal permissão está
sendo dada pelo próprio direito. É
importante ressaltar que sempre que
possível, as causas matrimoniais
sejam tratadas por um colégio.
• § 5. O tribunal de segunda • Cân. 1441 - O tribunal de segunda instância deve ser
constituído do mesmo modo que o tribunal de primeira
instância, para a validade, deve instância. Contudo, se no primeiro grau de juízo, de acordo
com o cân. 1425, § 4, um único juiz proferiu a sentença, o
ser sempre colegial, de acordo tribunal de segunda instância proceda colegialmente.

com o que está prescrito no • Cân. 1438 - Salva a prescrição do cân. 1444,§ 1, n.1: 1.º do
tribunal do Bispo sufragâneo apela-se para o tribunal do
anterior § 3. Metropolitana, salva a prescrição do cân. 1439; 2.º nas causas
tratadas diante do Metropolitana em primeira instância,
apela-se para o tribunal que ele tiver designado
estavelmente, com a aprovação da Sé Apostólica; 3.º para as
causas tratadas diante do Superior provincial, o tribunal de
segunda instância é junto ao Moderador supremo; para as
causas tratadas diante do Abade local, junto ao Abade
superior da congregação monástica.
• Cân. 1439 - §. 1 - Se tiver sido constituído um único tribunal
de primeira instância para várias dioceses, de acordo com o
cân. 1423, a Conferência dos Bispos deve constituir o tribunal
de segunda instância, com a aprovação da Sé Apostólica,
salvo se essas dioceses forem todas sufragâneas da mesma
arquidiocese. §. 2 - A Conferência dos Bispos pode constituir
um ou vários tribunais de segunda instância, mesmo fora dos
casos mencionados no § 1. §. 3 - Quanto aos tribunais de
segunda instância, mencionados nos cân §§ 1-2, a Conferência
dos Bispos ou o Bispo por ela designado têm todos os poderes
que competem ao Bispo diocesano a respeito do seu tribunal.
• § 6. Do tribunal de
• Cân. 1438 - Salva a prescrição do cân. 1444,§ 1, n.1: 1.º do tribunal do
Bispo sufragâneo apela-se para o tribunal do Metropolitana, salva a
prescrição do cân. 1439; 2.º nas causas tratadas diante do
Metropolitana em primeira instância, apela-se para o tribunal que ele

primeira instância, tiver designado estavelmente, com a aprovação da Sé Apostólica; 3.º


para as causas tratadas diante do Superior provincial, o tribunal de
segunda instância é junto ao Moderador supremo; para as causas

apela-se para o
tratadas diante do Abade local, junto ao Abade superior da
congregação monástica.
• Cân. 1439 - §. 1 - Se tiver sido constituído um único tribunal de

tribunal
primeira instância para várias dioceses, de acordo com o cân. 1423, a
Conferência dos Bispos deve constituir o tribunal de segunda
instância, com a aprovação da Sé Apostólica, salvo se essas dioceses
forem todas sufragâneas da mesma arquidiocese. §. 2 - A Conferência

metropolitano de dos Bispos pode constituir um ou vários tribunais de segunda


instância, mesmo fora dos casos mencionados no § 1. §. 3 - Quanto
aos tribunais de segunda instância, mencionados nos cân §§ 1-2, a

segunda instância,
Conferência dos Bispos ou o Bispo por ela designado têm todos os
poderes que competem ao Bispo diocesano a respeito do seu tribunal.
• Cân. 1444 - §. 1 - A Rota Romana julga: 1.º em segunda instância, as

salvo o prescrito
causas que tenham sido julgadas pelos tribunais ordinários de
primeira instância e que sejam levadas à Santa Sé mediante apelação
legítima; 2.º em terceira ou ulterior instância, as causas já julgadas
pela própria Rota Romana e por quaisquer outros tribunais, a não ser

nos câns. 1438-1439 que a coisa tenha passado em julgado.§. 2 - Esse tribunal julga
também em primeira instância as causas mencionadas no cân. 1405 §
3, e outras que o Romano Pontífice, de sua iniciativa ou a

e 1444
requerimento das partes, tenha avocado ao seu tribunal e confiado à
Rota Romana; essas causas, a própria Rota julga também em segunda
e em ulterior instância, salvo determinação contrária no rescrito de
atribuição do encargo.
•O apelo, que se encontra • O tribunal regional ou interdiocesano
dentro do art. 1 sobre o foro continua a mesma forma anterior de
competente e os tribunais, o apelo, sem alterações, mantendo
tribunal de primeira instância, sempre, para um e outro, a
diocesano, apela para o possibilidade de se apelar à Rota
tribunal do metropolita de Romana. Uma vez apelando à Rota
segunda instância, isso Romana não se poderá mais apelar e
quando ambos não participam nem se pode interpor apelo à Rota
do mesmo tribunal Romana depois que uma das partes já
interdiocesano, mantendo o contraiu matrimônio canônico, somente
que já está determinado nos em caso de provar a existência de
cânn. 1438-1439 e 1444 CIC injustiça. O tribunal de segunda
instância, para analisar a causa, deve ser
1983 (cfr. cân. 1673 §6
colegial ad validitatem (cfr. cân. 1673
MIDI).
§5 MIDI). Cfr. FRANCISCUS PP.,
Rescriptum L’entrata in vigore, II n. 3.
Art. 8 § 1. Nas dioceses que não têm um
tribunal próprio, o Bispo cuide em formar
quanto antes, mesmo mediante cursos de
formação permanente e contínua,
promovidos pelas dioceses ou pelos seus
agrupamentos e pela Sé Apostólica em
comunhão de intentos, pessoas que possam
prestar o seu serviço ao tribunal a constituir-
se para as causas matrimoniais.
ART. 2 – DO DIREITO A IMPUGNAR O
MATRIMÔNIO
CÂN. 1674
• Cân. 1674, § 1, São hábeis para • Cân. 1674 - São hábeis para impugnar o
impugnar o matrimônio: 1.º os cônjuges; matrimônio: 1.º os cônjuges; 2.º o
2.º o promotor de justiça, quando a promotor de justiça, quando a nulidade
nulidade já foi divulgada, e não for já foi divulgada, e não for possível ou
possível ou conveniente convalidar-se o conveniente convalidar-se o matrimônio.
matrimônio. • Cân. 1675 - § 1. O matrimônio que não
• § 2. O matrimônio que não tiver sido tiver sido acusado de nulidade, estando
acusado de nulidade, estando vivos vivos ambos os cônjuges, não pode ser
ambos os cônjuges, não pode ser acusado de nulidade depois da morte de
acusado de nulidade depois da morte de um ou de ambos os cônjuges, a não ser
um ou de ambos os cônjuges, a não ser que questão de validade seja uma
que questão de validade seja uma prejudicial para a solução de outra
prejudicial para a solução de outra controvérsia, no foro canônico ou no foro
controvérsia, no foro canônico ou no civil.
foro civil. • § 2. Mas, se o cônjuge morrer durante a
• § 2. Mas, se o cônjuge morrer durante a pendência da causa, observe-se o cân.
pendência da causa, observe-se o cân. 1518.
1518.
Art 9. Se o cônjuge morrer durante o
processo, antes da causa estar concluída,
a instância é suspensa até que o outro
cônjuge ou outra pessoa interessada
requeira a sua prossecução; neste caso,
deve-se provar o legítimo interesse.
ART. 3. DA INTRODUÇÃO E
INSTRUÇÃO DA CAUSA
• Art. 1. O Bispo, em virtude do • Art. 2. A investigação preliminar ou
cân. 383 § 1, é obrigado a pastoral, dirigida ao acolhimento
seguir com ânimo apostólico nas estruturas paroquiais ou
os esposos separados ou diocesanas dos fiéis separados ou
divorciados que duvidam da
divorciados que, pela sua validade do seu matrimônio ou
condição de vida, tenham estão convencidos da nulidade do
eventualmente abandonado a mesmo, visa conhecer a sua
prática religiosa. Ele partilha, condição e recolher elementos úteis
portanto, com os párocos (cf. para a eventual celebração do
cân. 529 § 1) a solicitude processo judicial, ordinário ou mais
pastoral para com esses fiéis breve. Tal investigação desenrolar-
em dificuldade. se-á no âmbito da pastoral
matrimonial diocesana de conjunto.
• Art. 3. A mesma investigação será confiada Art. 4. A investigação pastoral
a pessoas consideradas idóneas pelo recolhe os elementos úteis para
Ordinário do lugar, dotadas de
competências mesmo se não
a eventual introdução da causa
exclusivamente jurídico-canônicas. Entre por parte dos cônjuges ou do seu
elas, conta-se em primeiro lugar o pároco advogado diante do tribunal
próprio ou aquele que preparou os cônjuges competente. Indague-se se as
para a celebração das núpcias. Esta função
de consulta pode ser confiada também a partes estão de acordo em pedir
outros clérigos, consagrados ou leigos a nulidade.
aprovados pelo Ordinário do lugar.
• A diocese, ou várias dioceses em conjunto,
segundo os agrupamentos atuais, podem Art. 5. Recolhidos todos os
constituir uma estrutura estável através da elementos, a investigação encerra-
qual fornecer este serviço e redigir, se for se com o libelo, que deve ser
caso disso, um Vademecum onde se
exponham os elementos essenciais para um apresentado, se for o caso, ao
desenvolvimento mais adequado da tribunal competente.
investigação.
CÂN. 1675
• Can. 1675. O juiz antes • Cân. 1676 - Antes de
de aceitar a causa, aceitar a causa e sempre
deve estar certo de que percebe esperança
de sucesso, o juiz use
que o matrimônio
meios pastorais a fim de
fracassou que os cônjuges sejam
irreparavelmente, de levados a convalidar
tal forma que seja eventualmente o
impossível restaurar a matrimônio e
convivência de vida restabelecer a
conjuga. convivência conjugal.
• O juiz, antes de aceitar a causa, deve • Basta agora ter a certeza de que não se
estar certo que o matrimônio não pode pode mais convalidar o matrimônio ou
ser mais reparado e que a convivência restabelecer a convivência. A razão
não é mais possível ser restabelecida. O desta mudança é que, a maioria dos que
novo cân. 1675 apresenta uma mudança procuram a justiça da Igreja, já estão em
expressiva em relação às normativas uma nova união e que, em muitos casos,
anteriores. Era obrigatório que o juiz, já é antiga ou já têm filhos, além do que
antes de aceitar a causa, tenha que usar a estrutura pastoral que antecede ao
os meios pastorais úteis para que os processo, contribui com a verificação
cônjuges convalidem o seu matrimônio das possibilidades de reconciliação antes
ou restabeleçam a sua convivência (cfr. de chegar ao tribunal.
cân. 1676 CIC 1983). • Com a ajuda da pastoral pré-processual,
o libelo poderá ser melhor completado,
dando ao vigário judicial elementos para
se chegar à conclusão que, de fato, o
matrimônio não poderá mais ser
convalidado ou a convivência
reestabelecida.
CÂN. 1676
• Can. 1676, § 1. Recebido o libelo, o Vigário • Cân. 1677 - § 1. Aceito o libelo, o presidente
judicial, se achar que tem algum ou o ponente proceda à notificação do
fundamento, admita-o e, mediante decreto, decreto de citação, de acordo com o cân.
transcrito ao pé do próprio libelo, ordene que 1508.
se entregue uma cópia ao defensor do
vínculo e, se o libelo não foi assinado pelas
duas partes, também à parte demandada,
dando-lhe o prazo de quinze dias, para
manifestar sua opinião sobre a petição. ]
• § 2. Transcorrido o prazo citado, após ter
admoestado a outra parte a manifestar sua
opinião, se e, na medida em que julgar
• § 2. Decorrido o prazo de quinze dias após a
oportuno, o Vigário Judicial, ouvido o notificação, salvo se uma das partes tiver
defensor do vínculo, determine mediante requerido a sessão para a litiscontestação, o
decreto a fórmula das dúvidas e decida se a presidente ou o ponente, por decreto,
causa deve ser tratada pelo processo estabeleça ex offício a fórmula da dúvida ou
ordinário ou pelo processo mais breve, de dúvidas, e a notifique às partes.
acordo com os câns. 1683-1687. Esse decreto • Citação: cân. 1507-1512
deve ser notificado às partes e ao defensor
do vínculo. • Cf. cân. 15013
Novas prescrições do cân. 1676:
• § 3. Se a causa deva ser tratada pelo processo ordinário, o
Vigário Judicial, no mesmo decreto, disponha a constituição
do colégio judicante ou do juiz único, com dois assessores, de
acordo com o cân. 1673, § 2.
• § 4. Se, porém, for determinado o processo mais breve, o
Vigário judicial proceda de acordo como a norma do cân.
1685.
• § 5. A fórmula das dúvidas deve determinar qual é o capitulo
ou os capítulos pelos quais é impugnada a validade das
núpcias.
• Art. 11 § 1. O libelo seja • Art. 15. Se for apresentado o libelo
apresentado ao tribunal para introduzir um processo
diocesano ou ao tribunal ordinário, mas o vigário judicial
interdiocesano escolhido, nos considerar que a causa pode ser
tratada com o processo mais breve,
termos do cân. 1673 § 2. ele, ao notificar o libelo nos termos
do cân. 1676 § 1, convide a parte
demandada que não o tenha
assinado a comunicar ao tribunal se
pretende associar-se à petição
apresentada e participar no processo.
O vigário judicial, sempre que
necessário, convide a parte ou as
partes que assinaram o libelo a
completá-lo o mais rapidamente
possível, de acordo com o cân. 1684.
• O libelo poderá ser apresentado tanto • Aqui temos duas novidades que
ao tribunal diocesano como ao não eram previstas anteriormente:
tribunal interdiocesano escolhido dá maior importância ao vigário
(RP-MIDI art. 11 §1). Uma vez judicial na faze instrutória, sendo
recebido o libelo e que tenha
fundamento, o vigário judicial, e não
ele a admitir o libelo e somente
mais o presidente como era nesse momento é que será
anteriormente determinado na constituído o tribunal colegial, ou
instrução DC art. 118 §1, o aceita e o juiz único ou o assessor e
no mesmo decreto determina que uma instrutor da causa no caso do
cópia seja enviada para o defensor do processo breve.
vínculo. Se ambas as partes não
assinam juntas o libelo, uma cópia
deverá ser enviada à parte demandada
que terá 15 dias para responder sobre
o pedido (cfr. cân. 1676 §1 MIDI).
• Transcorrido o prazo para a parte • É no momento da fixação da dúvida que o
vigário judicial vai decidir, de acordo com
demandada manifestar a sua as provas apresentadas, com qual tipo de
opinião, ouvindo o defensor do processo a causa será desenvolvida (cfr.
vínculo, o vigário judicial, deverá cân. 1676 §2 MIDI). Se for o processo
decretar a fixação da fórmula da ordinário, o vigário judicial (que encerra
aqui a sua função) deverá nomear, no
dúvida ou das dúvidas e deverá mesmo decreto da fixação da dúvida, o
estabelecer, mediante decreto, turno judicante ou o juiz único com os dois
com qual processo a causa será assessores (cfr. cân. 1676 §3 MIDI). Caso
trabalhada: se é com o processo decida pelo processo breve, o vigário
judicial deverá proceder conforme o can.
ordinário, processo breve ou 1685. A maior novidade que temos no
processo documental. A decisão Motu Proprio MIDI é a possibilidade de
deverá ser comunicada às partes e escolha entre processo ordinário e processo
mais breve e uma maior participação do
ao defensor do vínculo (cfr. cân. Bispo diocesano.
1676 §2 MIDI).
CÂN. 1677
• Cân. 1677, § 1. (antigo cân. 1678) É • Cân. 1678 - § 1. É direito do defensor
direito do defensor do vínculo, dos do vínculo, dos patronos das partes e,
Patronos das partes e, se intervir no se intervir no processo, também do
processo, também o Promotor de promotor de justiça: 1.º assistir ao
justiça: 1o assistir ao interrogatório das interrogatório das partes, das
partes, das testemunhas e dos peritos, testemunhas e dos peritos, salva a
salva a prescrição do cân. 1559; 2o prescrição do cân. 1559; 2.º compulsar
compulsar (estudar, analisar) os autos os autos judiciais, mesmo ainda não
judiciais, mesmo ainda não publicados, publicados, e examinar os
e examinar os documentos documentos apresentados pelas
apresentados pelas partes (ver art. 18 partes.
das Regras de procedimento ao tratar
das causas de nulidade matrimonial,
publicação dos autos câns. 1598-1600).
• § 2. As partes não podem assistir ao • § 2. As partes não podem assistir ao
interrogatório mencionado no § 1, n. 1. interrogatório mencionado no § 1, n. 1.
• Art. 18. § 1. As partes e • § 2. As respostas das
os seus advogados partes e das
podem assistir à testemunhas devem
excussão das outras ser redigidas por
partes e das escrito pelo notário,
testemunhas, a não ser mas sumariamente e
que o instrutor considere, somente naquilo que
por circunstâncias se refere à substância
concomitantes de coisas do matrimónio
e de pessoas, que se deva controverso.
proceder diversamente.
CÂN. 1678
• Can. 1678, § 1. Nas causas de nulidade • Cân. 1679 - A não ser que se obtenham
do matrimônio, a confissão judicial e as provas plenas de outra fonte, o juiz
declarações das partes, apoiadas por empregue, se possível, testemunhas
eventuais testemunhos de credibilidade, sobre a credibilidade das partes, além
podem ter valor de prova plena, a ser de outros indícios e subsídios, para
avaliado pelo juiz, levando em conta avaliar os depoimentos das partes, de
todos os indícios e acréscimos, a não ser acordo com o cân. 1536.
que existam outros elementos que as
contradigam.

• § 2. Nas mesmas causas, o depoimento • Cân. 1573 - O depoimento de uma


de uma só testemunha poderá fazer fé, única testemunha não pode fazer fé
se se tratar de testemunha qualificada, plena, a não ser que se trate de
que testemunhe sobre coisas praticadas testemunha qualificada que deponha a
de ofício ou se assim for sugerido pelas respeito de coisas feitas ex offício ou
circunstâncias de coisas e pessoas. que circunstâncias reais e pessoais
sugiram o contrário.
• § 3. Nas causas de impotência ou de falta • Cân. 1680 - Nas causas de impotência ou
de consentimento por motivo de doença de falta de consentimento por motivo de
mental, o juiz empregue o auxílio de um doença mental, o juiz empregue o auxílio
ou mais peritos, a não ser que, pelas de um ou mais peritos, a não ser que,
circunstâncias, isso pareça evidentemente pelas circunstâncias, isso pareça
inútil; nas outras causas, observe-se a evidentemente inútil; nas outras causas,
prescrição do cân. 1574. observe-se a prescrição do cân. 1574.
• § 4. Na instrução da causa, todas as vezes • Cân. 1681 - Na instrução da causa, todas
que emergir dúvida muito provável de não as vezes que emergir dúvida muito
consumação do matrimônio, pode o provável de não-consumação do
tribunal suspender, com o consentimento matrimônio, pode o tribunal,
das partes, a causa de nulidade, suspendendo-se, com o consentimento
completar a instrução para a dispensa das partes, a causa de nulidade,
super rato e, finalmente, enviar os autos à completar a instrução para a dispensa
Sé Apostólica, juntamente com o pedido super rato, e, finalmente, enviar os autos
de dispensa de um ou de ambos os à Sé Apostólica, juntamente com o
cônjuges, e com o voto do tribunal e do pedido de dispensa de um ou de ambos
Bispo os cônjuges, e com o voto do tribunal e do
Bispo.
•O novo cân. 1678 §1 MIDI, oferece
uma novidade em relação à
confissão judicial e à declaração das Fazendo referência ao que é
partes e não somente a deposição determinado no cân. 1573 CIC
das partes como era no antigo cân. 1983, o cân. 1678 §2 MIDI,
1679 CIC 1983. Se essas forem determina que uma testemunha
sustentadas por testemunha de poderá ter valor de fé plena se se
credibilidade poderão ter valor de tratar de uma testemunha
prova plena e deverão ser qualificada, que deponha sobre
consideradas pelo juiz, juntamente coisas realizadas de ofício ou se as
com todos os demais indícios e circunstâncias de fatos e de pessoas
acréscimos, se a elas não se opõe sugerirem.
algo em contrário. O contrário
afirma o cân. 1536 §2 CIC 1983
que não se podem dar valor de
prova plena.
• O juiz, se não for inútil, deverá se valer do trabalho dos peritos nas causas de impotência
ou nas causas de defeito do consentimento causado por doença mental ou por anomalias
no campo psíquico como é o caso dos cânn. 1084 e 1095 CIC 1983 (cfr. cân. 1678 §2
MIDI).

Aparecendo uma dúvida provável sobre a não consumação do matrimônio, ouvindo as


partes, o tribunal pode suspender a causa de nulidade e realizar a instrutória para a
dispensa super rato. Realizada a instrutória, enviará os autos, juntamente com o pedido
da dispensa, com o voto do tribunal e do Bispo, à Santa Sé (cfr. cân. 1678 §4 MIDI).
Em um tribunal interdiocesano, que desenvolve o processo ordinário, o Bispo
responsável pelo voto, no caso da não consumação, é o moderador do tribunal escolhido
pelo coetus que deverá, antes, consultar o Bispo da parte oradora (cfr. DC 154) e, mesmo
com a mudança do Motu Proprio MIDI, tal normativa, em relação ao tribunal
interdiocesano, segundo resposta do Pontificium Consilium de Legum Textibus de 13 de
junho de 2017, permanece a mesma.
Interrogatório: tempo e lugar
• O interrogatório das partes e das suas testemunhas faz parte da fase instrutória do
processo de declaração de nulidade matrimonial, tanto do processo ordinário quanto do
processo breve.
• Esse momento do processo canônico é o mais importante, pois a resposta que o colégio
judicante, ou o juiz único ou o Bispo diocesano é chamado a dar ao pedido, depende das
provas que são recolhidas nessa fase do processo.
• É com as provas recolhidas na fase instrutória que permitirá aos juízes chegarem à
certeza moral em relação à dúvida apresentada, tanto afirmativamente quanto
negativamente.
• É, em si, o momento da deposição das partes, das testemunhas e do recolhimento das
provas documentais públicas ou privadas e das perícias necessárias.
• Em relação à via ordinária, a reforma do processo de
declaração de nulidade matrimonial não determina um tempo
específico para a fase instrutória, porém devemos utilizar
sempre o princípio de celeridade querido pelo Papa Francisco
e as determinações do cân. 1453 CIC 1983, onde se pede que o
processo seja resolvido o mais rápido possível, não
ultrapassando um ano no tribunal de primeira instância.
• No que toca ao processo breve é fixado o tempo em uma única
sessão se possível, pois muitas provas já foram recolhidas
anteriormente e servirão, também elas, para que o juiz chegue
à certeza moral dos fatos ex actis et probatis (cfr. cân. 1686
MIDI).
• A deposição das partes e das testemunhas, no processo breve, tem
a finalidade apenas de completar as provas já recolhidas pela
pastoral pré-processual.
• Observa-se que no processo breve não consta a abertura da fase
instrutória como é para o processo ordinário, apenas que o vigário
judicial deve nomear o instrutor e o assessor e já cite todos os que
deverão ser ouvidos dentro do prazo de trinta dias.
• Não é o assessor ou o instrutor que cita os que deverão ser
ouvidos, mas o vigário judicial (cfr. cân. 1685 MIDI).
• É de se notar que o tempo, entre a admissão do libelo e o início da fase instrutória, é
praticamente o mesmo tanto para o processo ordinário, quanto para o processo breve,
exceto no processo documental onde se omite as formalidades do processo ordinário (cfr.
cân. 1688 MIDI) e no processo breve quando a parte demandada assina junto o libelo.
• Pode ser reduzido este tempo também no processo ordinário quando as partes assinam
juntas o libelo, porém não consta a clareza da nulidade, sendo necessária uma
investigação mais aprofundada da causa.
• O tempo transcorrido entre a admissão do libelo e o interrogatório pode variar também
dependendo da velocidade em que a parte demandada responde à citação quando não
assina junto o libelo com a parte demandante.
• Para aceitar o libelo, o vigário judicial – não mais o presidente do turno ou juiz único – ,
no caso do processo breve, deve admitir o libelo o mais rápido possível (cfr. cân. 1505 §1
CIC 1983), não ultrapassando o período de um mês, o qual a parte pode exigir que o
vigário judicial aceite ou rejeite o libelo e se, mesmo assim, não o fizer, depois de 10 dias
da interpelação da instância, se considera o libelo aceito (cfr. cân. 1506 CIC 1983).
• Em relação ao lugar das deposições das partes e das
testemunhas, o CIC determina que seja na própria sede do
tribunal (cfr. cân. 1558 §1 CIC 1983), deixando à discrição do
juiz decidir outro lugar para a deposição em se tratando de
dificuldades de distância, doença ou outro impedimento (cfr. cân.
1558 §3 CIC 1983).
• Neste caso, a prudência pastoral pede que as deposições não
sejam realizadas em casas particulares, escritórios advocatícios,
ou outros ambientes fora do ambiente eclesiástico.
•É prudente que as deposições, quando são realizadas fora da sede
do tribunal, sejam realizadas na secretaria da paróquia e em um
ambiente reservado.
Valor da prova da confissão judicial e da declaração
das partes
• As provas no processo canônico são necessárias para se
chegar à verdade, não tem sentido uma prova que não seja
para se chegar ao acertamento da verdade que é o ponto de
encontro entre o direito e a pastoral, entre a justiça e a
caridade.
• Não existe justiça e nem caridade que não sejam pautadas pela
verdade. A apresentação das provas sempre foi o momento
crucial de todos os processos e que permitem ao juiz chegar à
certeza moral e suprir as dúvidas que surgiram ao início.
• A confissão(judicial) das partes trata-se da afirmação de um fato perante o
juiz sendo por via escrita ou por via oral. Esta confissão é sempre contra si
mesma e em relação à matéria que está sendo julgada (cfr. cân. 1750 CIC
1917; cân. 1535 CIC 1983; DC art. 179 §1). A confissão pode ser
realizada de forma espontânea ou no momento da deposição da parte que
confessa algo sobre si mesmo e sobre a matéria em juízo (cfr. cân. 1535).
• No que diz respeito às confissões extrajudiciais, que são apresentadas ao
processo, mas que foram realizadas fora do processo, fica a critério do juiz
ponderar qual valor serão dadas a elas (cfr. cân. 1753 CIC 1917 e cân.
1537 CIC 1983), desde que não tenham sidas adquiridas mediante
violência ou medo grave. Mesmo as confissões judiciais e quaisquer
outras declarações não terão valor se forem adquiridas mediante violência
ou medo grave (cfr. cân. 1538 CIC 1983).
• Anteriormente à reforma promovida pelo Papa
Francisco, o CIC não permitia a utilização da
declaração das partes como prova plena e o juiz não
poderia utilizá-las plenamente e sem que houvesse
testemunho sobre a credibilidade das partes e
acompanhadas de outros indícios.
• Era claro que as declarações e confissões das partes
só poderiam ser utilizadas quando não se tinha, de
outra parte, plena certeza da prova (cfr. cân. 1678
CIC 1983).
• A reforma proposta pelo Papa Francisco, confirma o valor probatório atribuído à
declaração das partes já contido no Código de Direito Canônico nos cânn. 1530 e 1538
CIC 1983 e mantém o testemunho de credibilidade, acrescentando, como novidade, que
a declaração das partes e a confissão judicial podem ter valor de prova plena levando-se
em conta todos os demais indícios e acréscimos, tanto durante a preparação do libelo,
como dentro da fase processual.
• Esses indícios da parte pré-processual – provas recolhidas anteriormente ao processo –,
não são considerados indícios ou provas processuais recolhidas durante o processo,
porém se somam às provas processuais para se chegar à certeza moral da nulidade do
matrimônio (cfr. cân. 1678 §1 MIDI).
• Anteriormente à reforma promovida pelo Papa Francisco, somente quando não existia
prova plena de outra fonte, se podia validar as disposições das partes com testemunho
sobre a credibilidade das partes, juntamente com outros indícios e acréscimos (cfr. cân.
1679 CIC 1983).
•A declaração das partes e a confissão judicial, que agora passam a ter
valor de prova plena e fé plena, não sofreram mudanças em relação à
disciplina e à sua regulamentação, mas apenas em relação à sua
consideração.
• Anteriormente eram consideradas provas simples e, a partir da
reforma do Papa Francisco, são consideradas com valor de prova plena
e de fé plena, acompanhadas de testemunhos de credibilidade e
analisadas juntamente e com outros indícios e acréscimos.
• Assim, considera-se que a declaração das partes e a confissão judicial
devem ser consideradas unitariamente e mesmo que uma prova seja
considerada suficiente, deve-se considerar todo o conjunto das provas,
mesmo que o testemunho de credibilidade seja apenas uma forma
indireta para dar peso à deposição das partes.
•A declaração das partes, acompanhadas de testemunhos de
credibilidade, agora podem ter força de prova plena, se o juiz
as julgar suficientes e se são coerentes com os demais indícios
e acréscimos.
• Não se trata apenas em admitir uma declaração como prova e
que seja integrada juntamente com as demais provas, mas se
trata em admiti-la como prova definitiva, como prova plena se
não for contrariada por outros elementos.
• Sendo de acordo com as demais provas, a declaração das
partes e a confissão judicial podem ter força de prova plena
acompanhadas dos testemunhos de credibilidade.
•A declaração das partes é o primeiro meio de prova a ser
considerada dentro do processo de declaração de nulidade
matrimonial.
•Àdeclaração das partes se junta também a confissão judicial, onde
uma parte se acusa a si mesma em razão do objeto do julgamento.
•Aconfissão judicial em si depende necessariamente do objeto da
causa, ou seja, que a confissão seja em relação à dúvida formulada
para que seja respondida ao final do processo.
•A força dada à declaração das partes e à confissão judicial não
significa um relaxamento no rigor processual, pois o sistema
canônico leva em consideração a boa fé e a honestidade das partes.
• Observa-se que as declarações das partes e as confissões
judiciais devem ser consideradas juntamente com as
demais provas e não como prova única.
• Pode, de fato, acontecer que o juiz se depare apenas com
as declarações das partes e as confissões judiciais, porém
essa não deve ser uma norma e sim uma exceção, sendo
que deve dispor de todos os meios possíveis para se
recolher provas que levem à certeza moral, validando
todas as provas recolhidas ou pedidas ex officio.
• As declarações das partes e as confissões judiciais,
podem ter valor de prova plena se foram consideradas
dentro de um conjunto de provas, com outros indícios e
acréscimos demonstráveis no foro externo.
• Na ausência de outras provas, a declaração das partes e a
confissão judicial pode ter valor de prova plena desde que
sejam validadas dentro de um conjunto com outros
indícios e acompanhadas de testemunho de credibilidade.
Testemunha qualificada
• uma testemunha qualificada, quando depõe ex officio ou quando diz respeito às
circunstâncias de coisas e de pessoas, poderão fazer fé plena, não garantem o mérito da
causa, mas garantem a veracidade de quem está declarando. Essa normativa não difere
do cân. 1573 CIC 1983, onde o Papa reafirma o valor das provas testemunhais ex officio
(cfr. cân. 1678 §2).
• Em uma primeira leitura desatenta, pode parecer que, ao dar valor de prova plena, não
seja necessário instruir o processo e recolher outras provas, como se fosse apenas um
processo administrativo, porém não é isso que está sendo proposto pelo Papa Francisco
que admite a declaração e a confissão das partes dentro do desenvolvimento de uma
instrutória processual, pois devem ser validadas juntamente com outros indícios e
acréscimos. Além do mais podem ser requeridos testemunhos de credibilidade que não
garantem o que se diz sobre a causa, mas a veracidade de quem está dizendo.
• Também pode ter força de prova plena as
declarações extrajudiciais que são consideradas da
mesma confiança que as declarações judiciais e são
apreciadas aquelas realizadas próximas à
celebração do matrimônio ou que ainda não existia
a intenção de instaurar o processo de declaração de
nulidade matrimonial.
• Essas declarações extrajudiciais só podem ser
aceitas se puderem ser demonstradas através de
provas testemunhais ou documentais.
ART. 4 – DA SENTENÇA, DA SUA
IMPUGNAÇÃO E DA SUA EXECUÇÃO
CÂN. 1679
• Cân. 1630 - § 1. A apelação deve ser interposta
• Cân. 1679. A sentença que perante o juiz, pelo qual foi proferida a sentença,
dentro do prazo peremptório de quinze dias úteis
primeiro tiver declarado após a notícia da publicação da sentença. § 2. Se
for feita oralmente, o notário a redija por escrito
nulo o matrimônio, diante do próprio apelante.
transcorridos os prazos • Cân. 1631 - Se surgir alguma questão sobre o
direito de apelar, julgue-a, com a máxima rapidez,
estabelecidos nos câns. o tribunal de apelação, conforme as normas do
processo contencioso oral.
1630-1633, torna-se • Cân. 1632 - § 1. Na apelação, se não for indicado a
executiva. que o tribunal é dirigida, presume-se feita ao
tribunal mencionado nos cânn.1438 e 1439. § 2.
Se a outra parte tiver apelado a outro tribunal de
apelação, julga da causa o tribunal que for de grau
superior, salvo o cân.1415.
• Cân. 1633 - A apelação deve prosseguir perante o
juiz a quem se dirige, dentro de um mês de sua
interposição, a não ser que o juiz a quo tenha
determinado à parte um tempo mais longo para
seu prosseguimento.
• A primeira sentença que determina a nulidade do matrimônio, se ninguém
recorrer, se torna executiva (cfr. cân. 1679 MIDI). Muito diferente do antigo cân.
1682 §1 CIC 1983, que determinava a obrigatoriedade, de officio, de se mandar
para o tribunal de segunda instância para obter a segunda sentença conforme.
• Se ninguém recorrer ao tribunal a quo dentro do prazo de 15 dias, como prevê o
cân. 1633 do CIC 1983, e não mais 20 dias como previa o cân. 1682 §1 do CIC
1983, a sentença vai para a sua execução mediante decreto.
• Retira do direito processual matrimonial a necessidade da segunda sentença
conforme em resposta ao que foi pedido ao Papa no Sínodo dos Bispos sobre a
maior agilidade e celeridade dos processos.
• O MP MIDI, não retirou o direito da parte que se sentir prejudicada, do promotor
de justiça quando participa e do defensor do vínculo de interpor querela de
nulidade da sentença ou de interpor apelo como está previsto nos cânn. 1619 a
1649 CIC 1983 (cfr. cân. 1680 §1 MIDI). Porém, tal direito, não constitui mais
uma obrigação, pois não se requer a segunda sentença conforme.
• Outra novidade que proporcionou um maior aligeiramento do processo foi a abolição da
dupla sentença conforme. Essa abolição trouxe também uma maior celeridade ao próprio
processo ordinário.
• Anteriormente era determinado que o tribunal deveria, obrigatoriamente, ex officio,
enviar a sentença e o apelo, se existisse, e todos os autos do processo ao tribunal de
apelo (cfr. cân. 1682 §1 CIC 1983).
• Anteriormente ao CIC 1983, era o defensor do vínculo que tinha a obrigação de interpor
apelo (cfr. cân. 1986 CIC 1917).
• Com a entrada em vigor do CIC 1983 o defensor do vínculo deixou de ter a obrigação de
interpor apelo e passou a ser ex officio do tribunal (cfr. cân. 1682 CIC 1983).
• Com a reforma promovida pelo Papa Francisco retirou-se a obrigatoriedade do tribunal
enviar, ex officio, todos os autos para o tribunal de apelo, pois se viu que esse
procedimento não tinha necessidade, porém sem retirar o direito ao apelo como veremos
a seguir. Basta agora a certeza moral que chegou o primeiro juiz, declarou o Papa nos
CF-MIDI II.
• Levando-se em conta que a necessidade da dupla sentença conforme não é mais
necessária, basta que a primeira sentença declare nulo o matrimônio e,
obedecendo os prazos estabelecidos pelo direito (cfr. cân. 1630-1633 CIC 1983)
torne-se executiva (cfr. cân. 1679 MIDI). Observa-se que a reforma não aboliu a
necessidade da sentença, reforçando, mais uma vez a importância do processo
judicial, sem que se torne um mero ato administrativo.
•O Próprio Papa destacou a importância do processo judicial como parte
integrante da tradição da Igreja para se resolver as causas de nulidade
matrimonial, pois o processo judicial é o meio mais eficaz para se chegar à
certeza moral da nulidade ou da validade do vínculo matrimonial. Em relação à
sua substância, a sentença não sofreu variações, permanecendo idêntica à
anterior (cfr. cân. 1607-1618 CIC 1983). A reforma não altera os aspectos
importantes da sentença, apenas determina que a primeira sentença que,
percorrido os prazos para o apelo, se torna executiva. Sendo assim, a única
mudança apresentada na reforma em relação à primeira sentença é o seu efeito
executório.
• Como o próprio Papa declarou na introdução do MP-MIDI MIDI, não
foram propostas mudanças na doutrina da Igreja sobre o processo de
declaração de nulidade matrimonial, permanecendo o que já estava sendo
determinado quanto à necessidade da sentença e dos seus elementos
externos para se chegar ao conhecimento da verdade e se ter a certeza
moral.
• Paraque a primeira sentença se torne executiva, antes de contraírem novas
núpcias, devem observar o tempo prescrito nos cânn. 1630-1633 CIC
1983 para o apelo. Se dentro do tempo peremptório de quinze dias uteis da
recepção da notícia da publicação da sentença, ninguém interpor recurso,
ela passa a ser executiva. A primeira sentença só não será executiva ao
terminar esse tempo peremptório se tiver sido interposto apelo.
• A observância desse tempo peremptório é obrigatória segundo o novo cân.
1679 MIDI.
CÂN. 1680
• Cân. 1680, § 1. É direito firme da parte que • Cân. 1682 - § 1. A sentença, que primeiro
se sentir prejudicada, assim como do tiver declarado a nulidade do matrimônio,
promotor de justiça e do defensor do vínculo, juntamente com as apelações, se houver, e
interpor querela de nulidade da sentença, com os outros autos do juízo, seja
assim como apelar contra a mesma, de transmitida ex offício ao tribunal de
acordo com os cân. 1619-1640. apelação, no prazo de vinte dias após a
publicação da sentença.
• § 2. Transcorridos os prazos estabelecidos • § 2. Se tiver sido proferida sentença em
pelo direito para a apelação e o seu favor da nulidade de matrimônio, no
andamento, e uma vez recebidos pelo primeiro grau de juízo, o tribunal de
tribunal de instancia superior os autos apelação, ponderadas as observações
judiciais, seja constituído o colégio judicante, do defensor do vínculo e, se houver,
designe o defensor do vínculo e as partes também das partes, com seu decreto,
sejam admoestadas a apresentarem as ou confirme a decisão, sem demora, ou
observações dentro do prazo estabelecido; admita a causa para exame ordinário do
transcorrido esse prazo, se a apelação for novo grau.
manifestamente dilatória, o tribunal colegial
confirme com decreto próprio a sentença da
primeira instância.
• § 3. Se a apelação foi
admitida, deve-se
proceder como na primeira
instância, com as devidas
adaptações.
• § 4. No grau de apelação, • Cân. 1683 - No grau de
se for apresentado novo apelação, se for
capítulo de nulidade do apresentado novo
matrimônio, o tribunal fundamento de nulidade do
poderá aceita-lo e julgá-lo matrimônio, o tribunal
como na primeira instância pode aceitá-lo e julgá-lo
como na primeira instância.
Art. 13. Se uma parte declarou
expressamente recusar receber qualquer
informação relativa à causa, considera-se
que tenha renunciado a obter a cópia da
sentença. Em tal caso, pode ser-lhe
notificado o dispositivo da sentença.
•O novo cân. 1680 §1 MIDI aboliu a obrigatoriedade de se
interpor apelo ex officio da parte do tribunal, porém não aboliu o
direito das partes, do promotor de justiça e do defensor do
vínculo de interporem querela de nulidade e de apelarem contra a
primeira sentença ou de apresentarem novos capítulos de
nulidade (cfr. cân. 1680 §4 MIDI). Tal direito permanece íntegro,
pois se trata de garantir a liberdade das partes, do promotor de
justiça e do defensor do vínculo.
• Também à sentença executiva do tribunal de apelo poder-se-á
recorrer ao tribunal de terceira instância para a proposição de
uma nova causa, desde que sejam apresentados novos
argumentos de peso (cfr. cân. 1681 MIDI).
• A inovação portada a cabo pela reforma promovida pelo
Papa Francisco foi a abolição da obrigatoriedade ex officio
do tribunal de interpor apelo, tendo em vista que se aboliu
a obrigatoriedade da segunda sentença conforme.
• Ressalta-se que a reforma do processo de declaração de
nulidade matrimonial não aboliu o direito das partes, do
defensor do vínculo e do promotor de justiça de
interporem querela de nulidade ou apelo, mesmo no
processo breve.
• Seo apelo for interposto dentro dos prazos previstos, o tribunal de segunda instância
ou de apelo deverá constituir o tribunal colegial e não juiz único, como é
determinado pelo direito (cfr. cân. 1680 §2 MIDI).
•O defensor do vínculo e as partes deverão ser admoestadas para apresentarem os seus
arrazoados dentro do prazo estabelecido de quinze dias úteis (cfr. cân. 1630 CIC
1983).
• Caso o apelo for meramente dilatório o tribunal colegial confirmará, mediante
sentença executiva, a sentença emanada em primeira instância (cfr. cân. 1680 §2
MIDI). A apelação, uma vez admitida, se procede como na primeira instância,
observando-se as adaptações necessárias (cfr. cân. 1680 §3 MIDI) e se for
apresentado um novo capítulo de nulidade, o tribunal colegial de apelo poderá aceitá-
lo e julgá-lo como na primeira instância (cfr. cân. 1680 §4 MIDI).
• Caso o tribunal de apelo não confirme a sentença da primeira instância e sendo
prejudicial a uma das partes em causa, o direito de apelo continua integro e poderá
apelar à terceira instância.
• No que diz respeito ao processo ordinário o direito não determina em
qual tribunal se deva interpor apelo. Pode-se concluir que o Papa, como
quer que as Dioceses possuam o tribunal diocesano para as causas
matrimoniais, entenda que o apelo da sentença emanada mediante o
processo ordinário tenha o mesmo tribunal de apelo que o processo
breve.
• Apenas os tribunais interdiocesanos mantêm o tribunal de apelo já
aprovados pela Santa Sé, como já foi abordado.
• Em relação ao processo ordinário, o cân. 1680 §1 MIDI apenas
determina que seja realizado de acordo com os cânn 1619 a 1640 CIC
1983 que tratam da querela de nulidade e do apelo, porém não
determinam em qual tribunal se devem apelar.
CÂN. 1681
• Cân. 1681. Se tiver sido dada • Cân. 1683 - No grau de
sentença executiva, poder-se- apelação, se for apresentado
á recorrer (cf. cân. 1628), em novo fundamento de nulidade
qualquer momento, ao do matrimônio, o tribunal
tribunal de terceira instância, pode aceitá-lo e julgá-lo como
para uma nova proposição da na primeira instância.
causa, de acordo com as
normas do cân. 1644,
apresentando novas provas e
argumentos de peso, dentro
do prazo peremptório de
trinta dias a contar da
apresentação da impugnação
CÂN. 1682
• Cân. 1682, § 1. Depois que • Cân. 1684 - § 1. Depois que a
a sentença, que declarou a sentença, que declarou a nulidade
nulidade do matrimônio do matrimônio em primeira
em primeira instância, se instância, foi confirmada em grau
de apelação por decreto ou com
tornou executiva, aqueles segunda sentença, aqueles, cujo
cujo matrimônio foi matrimônio foi declarado nulo,
declarado nulo podem podem contrair novas núpcias
contrair novas núpcias, a logo que lhes tiver sido notificado
não ser que isso seja o decreto ou a segunda sentença,
vedado a eles por proibição a não ser que isso seja vedado a
aposta à própria sentença, eles por proibição aposta à
ou determinado pelo própria sentença ou decreto, ou
Ordinário Local. determinada pelo Ordinário local.
• § 2. Logo que a sentença se • Cân. 1685 - Logo que a
tiver tornado executiva, o sentença se tiver tornado
Vigário judicial deverá notifica- executiva, o Vigário judicial
la ao Ordinário do lugar em que deve notificá-la ao Ordinário do
o matrimônio foi celebrado. lugar em que o matrimônio foi
Este, porém, deverá cuidar que celebrado. Este, porém, deve
quanto antes, nos livros de cuidar que quanto antes, nos
casamentos e de batizados, se livros de casamentos e de
faça menção da declaração de batizados, se faça menção da
nulidade de matrimônio e das declaração de nulidade de
proibições por acaso matrimônio e das proibições
estabelecidas. por acaso estabelecidas.
• Depois que o tribunal de apelo recebeu os atos processuais, deverá constituir o
colégio judicante, designar o defensor do vínculo e advertir as partes para que
apresentem as suas considerações dentro de um prazo estabelecido de officio.
• Depois do tempo estabelecido o tribunal confirma a sentença de primeira
instância com um decreto (cfr. cân. 1680 §2 MIDI). Observa-se que, neste
parágrafo, não faz mais referência a admitir a causa ao processo ordinário
como se determinava no cân. 1682 § 2 CIC 1983, apenas que o cân. 1680 §3
MIDI determina que se o apelo for admitido, se deve proceder como na
primeira instância, com as devidas adaptações (cfr. cân. 1680 §3 MIDI).
• Ao tribunal de terceiro grau pode ser interposto recurso em qualquer momento
depois de emanada a primeira sentença executiva e desde que existam novas e
graves provas (cfr. cân. 1681 MIDI). O presente cân. fale de uma primeira
sentença conforme e não mais de duas sentenças conformes como está
determinado no cân. 1644 CIC 1983, porém mantém a necessidade de se
apresentarem novas e graves formas.
Confirmação da primeira sentença

• A confirmação da sentença ou a nova sentença em grau


de apelo só será necessária se a parte demandante ou a
parte demandada, o promotor de justiça – quando
participa – ou o defensor do vínculo interpuseram
recurso.
• Caso contrário, a sentença de primeira instância,
transcorrido os prazos determinados, se torna executiva.
ART. 5 – DO PROCESSO MATRIMONIAL
MAIS BREVE, PERANTE O BISPO
•O art. 5 do MP MIDI aborda sobre o processo matrimonial mais
breve realizado pelo Bispo diocesano – ou equiparado (cfr. cân.
368 CIC 1983) – sendo um novo tipo de processo que até então
não existia na normativa canônica da Igreja, instaurando uma
nova realidade jurídica-processual. Este art. 5 é composto de por
cinco cânn.: 1683-1687.
•Oprocesso brevior elimina uma boa parte das fases do processo
ordinário desde que existam circunstâncias para o mesmo e que as
partes estejam pelo menos de acordo. Não pode ser admitido a bel
gosto do vigário judicial ou das partes e seus advogados.
•A proposta de um processo mais rápido diante do Bispo diocesano ou
equiparado foi apresentada no Sínodo Extraordinário dos Bispos para as
Famílias em 2014, tanto que na realização do Sínodo Ordinário sobre o mesmo
tema realizado em 2015, os dois documentos, com os quais se reformulava o
processo ordinário de declaração de nulidade matrimonial e se apresentava
uma nova forma de processo, já estavam promulgados, porém ainda não
haviam entrado em vigor, o que aconteceu somente depois do término do
Sínodo Ordinário, para que o documentos constassem como um fruto do
sínodo extraordinário e ordinário sobre as famílias realizados em 2014 e em
2015.
• Trata-se da maior ou da novidade central apresentada pela MIDI e MMI. Não
se trata de um processo administrativo ou de um processo documental, mas de
um verdadeiro processo judicial, pois a nulidade do matrimônio só poderá ser
declarada mediante uma sentença e o juiz só poderá alcançar a certeza moral
através dos atos do processo e das provas que foram recolhidas.
•A nova forma de processo de declaração de nulidade
matrimonial diante do Bispo foi uma novidade
apresentada pelos dois documentos (MIDI e MMI), tanto
que esta forma de processo não existia anteriormente e é
totalmente nova, porém sem alterar a substância do
julgamento, permanecendo propriamente um processo que
culmina em uma sentença.
• Observa-se que o procedimento processual breve, não é
realmente uma novidade, pois o direito já determinava
uma forma breve no grau de apelo como já foi abordado
anteriormente.
•A intenção do Papa Francisco ao reformar o processo de declaração
de nulidade matrimonial foi exatamente para garantir uma maior
proximidade entre a função judicial e a função pastoral,
principalmente do Bispo diocesano ao optar pelo processo mais
breve.
• Neste sentido, quando se fala em juiz competente do processo breve
se entende o Bispo diocesano e não outro juiz.
• No caso do processo breve, outro juiz que não seja o Bispo
diocesano, não é competente para dar a sentença do processo breve,
podendo apenas auxiliar na instrução da causa como instrutor ou
assessor.
• Se outro juiz, que não seja o Bispo diocesano, emitir a sentença do
processo breve, a mesma é nula, de nulidade insanável.
• Por ocasião do curso promovido pela Rota Romana aos clérigos e
leigos sobre o novo processo de nulidade matrimonial, o Papa
ofereceu alguns esclarecimentos sobre o mesmo e destacou a
importância da presença pessoal do Bispo diocesano como
princípio constitutivo do processo breve que faz parte do seu
ministério episcopal. Para a validade do processo breve se requer
a presença do Bispo diocesano como pastor e guia da comunidade
cristã.
• São duas condições imprescindíveis para a validade do processo
breve: o Bispo e o posse canônica de uma comunidade de fiéis.
Este é o Bispo que pode realizar o processo breve e é competência
exclusiva dele pois tem a plenitude do poder judiciário através da
missio canônica.
•O Papa ressaltava que o processo breve não é uma escolha que o
Bispo pode pôr ou dispor, mas uma obrigação sua. É seu dever fazer
uso desse procedimento que nasce da sua ordenação episcopal e da
recepção da missio.
•O Bispo é competente para as três fases do processo breve: a
petição, que deve ser endereçada a ele, o debate instrutório, que o
Papa pede que seja guiada pelo Bispo, ajudado pelo Vigário Judicial
ou por um instrutor e assessor, clérigo ou leigo, e com a
participação indispensável do defensor do vínculo, e a decisão final,
que é somente o Bispo diocesano que pronuncia a sentença.
• Paraque o processo seja, de fato, um sinal de misericórdia, exige
que o Bispo o realize o quanto antes e, somente se não chegar à
certeza moral da nulidade o enviará para o processo ordinário.
• A aceitação do libelo é realizada pelo vigário judicial, sem mencionar o Bispo diocesano.
É o vigário judicial que irá aceitar o libelo e citar a parte demandada caso a mesma não
tenha assinado junto o libelo (cfr. cân. 1676 §1 MIDI). Somente depois o vigário judicial
vai determinar a fixação da fórmula da dúvida ou das dúvidas e determinar qual é o tipo
de processo a ser desenvolvido na causa introduzida junto ao tribunal diocesano ou
interdiocesano (cfr. cân. 1676 §2 MIDI).
• Se a causa deve ser tratada com o processo ordinário, deverá nomear o colégio judicante
ou o juiz único com os dois assessores conforme está determinado no cân. 1673 §4 (cfr.
cân. 1676 §§3 e 4 MIDI). Se o libelo for introduzido para o processo ordinário e o vigário
judicial perceber que a causa pode ser tratada com o processo ordinário, ao notificar o
libelo à parte demandada convida se a mesma tem a intenção de participar do processo
associando-se a ele (cfr. RP-MIDI art. 14).
• Se a causa for tratada com o processo breve, o vigário judicial deverá proceder de acordo
com o cân. 1685 MIDI (cfr. também cân. 1676 §4 MIDI). O vigário judicial não precisa
nomear o Bispo diocesano como juiz, pois o mesmo já é o juiz, ipso iuri, de primeira
instancia da sua diocese para o processo breve (cf. cân. 1419 §1 CIC 1983)
• Quando se trata de um tribunal interdiocesano, na prática, o
Bispo diocesano que deverá tratar a causa não será o
moderador do tribunal interdiocesano, mas o Bispo que
tenha um dos títulos de competência mencionados no cân.
1672 MIDI.
• Pode acontecer que vários Bispos diocesanos ou
equiparados sejam competentes para julgar a causa, nesse
caso se requer a distinção através do princípio de
proximidade entre o Bispo diocesano e as partes em causa
(cfr. RP-MIDI art. 7 §1 e art. 19). Uma vez constatada as
duas condições, escolher o processo breve não é uma
faculdade, mas uma obrigação.
• Quando o tribunal interdiocesano recebe a causa, e é
possível que seja tratada pelo processo breve, o vigário
judicial do tribunal interdiocesano enviará para o tribunal
diocesano que decretará a escolha do processo breve e
nomeará o instrutor e o assessor.
• Caso o Bispo diocesano não tenha o tribunal diocesano, o
processo será desenvolvido pelo próprio tribunal
interdiocesano, tomando cuidado para que o assessor
corresponda aos títulos de competência, garantindo assim o
princípio de proximidade. Também nesse caso o vigário
judicial poderá se nomear como instrutor (cfr. RP-MIDI art.
16).
•Art. 2. A investigação preliminar ou pastoral,
dirigida ao acolhimento nas estruturas paroquiais
ou diocesanas dos fiéis separados ou divorciados
que duvidam da validade do seu matrimônio ou
estão convencidos da nulidade do mesmo, visa
conhecer a sua condição e recolher elementos úteis
para a eventual celebração do processo judicial,
ordinário ou mais breve. Tal investigação
desenrolar-se-á no âmbito da pastoral matrimonial
diocesana de conjunto.
• Art. 3. A mesma investigação será confiada a pessoas
consideradas idóneas pelo Ordinário do lugar, dotadas de
competências mesmo se não exclusivamente jurídico-canônicas.
Entre elas, conta-se em primeiro lugar o pároco próprio ou
aquele que preparou os cônjuges para a celebração das núpcias.
Esta função de consulta pode ser confiada também a outros
clérigos, consagrados ou leigos aprovados pelo Ordinário do
lugar.
• A diocese, ou várias dioceses em conjunto, segundo os
agrupamentos atuais, podem constituir uma estrutura estável
através da qual fornecer este serviço e redigir, se for caso disso,
um Vademecum onde se exponham os elementos essenciais para
um desenvolvimento mais adequado da investigação.
• Art. 14 § 1. Entre as circunstâncias que podem permitir o tratamento da
causa de nulidade do matrimônio através do processo mais breve, segundo
os câns. 1683-1687, contam-se, por exemplo: aquela falta de fé que pode
gerar a simulação do consentimento ou o erro que determina a vontade, a
brevidade da convivência conjugal, o aborto procurado para impedir a
procriação, a permanência obstinada numa relação extraconjugal no
momento do matrimónio ou imediatamente depois, a ocultação dolosa da
esterilidade ou de uma grave doença contagiosa ou de filhos nascidos de
uma relação anterior ou de um encarceramento, a causa do matrimónio
que seja completamente alheia à vida conjugal ou uma gravidez imprevista
da mulher, a violência física infligida para extorquir o consentimento, a falta
de uso da razão comprovada através de documentos médicos, etc.
• § 2. Entre os documentos que sustentam a petição, estão todos os
atestados médicos que, com evidência, podem tornar inúteis a aquisição de
uma perícia ex officio.
CÂN. 1683
•Cân. 1683. Compete ao próprio Bispo diocesano
julgar as causas de nulidade do matrimônio,
mediante o processo mais breve, sempre que:
•1o. a petição seja proposta por ambos os cônjuges
ou por um deles, com o consentimento do outro.
•2o.concorram circunstâncias de coisas ou de
pessoas, apoiadas em testemunhos ou documentos
que não precise de uma ponderação ou investigação
mais acurada e que tornem evidente a nulidade.
• Compete ao Bispo diocesano (cfr. LG 27, 32-33; cfr. cân. 1683
MIDI) julgar as causas matrimoniais com o processo breve
sempre que o pedido for proposto pelas duas partes, ou por uma
delas com o consentimento da outra e que existam circunstâncias
de fatos e que, sustentadas por testemunhas ou por documentos, a
nulidade do matrimônio é tão clara que não necessita de uma
investigação mais aprofundada.
• A razãodesta normativa é o envolvimento de ambas as partes para
a melhor celeridade do processo e apresentação dos documentos e
argumentos que demonstram a clareza da nulidade. Tendo o
acordo das duas partes, e a clareza da nulidade, não será
necessário recorrer da sentença, a não ser que a sentença traga
grande prejuízo a uma das partes ou ao bem público.
•O Papa pede que seja o Bispo diocesano a realizar esse processo,
diferentemente do que era determinado no art. 22 §2 da DC.
• Nãoé o Bispo que vai instruir toda a causa, mas ele deve intervir nos casos
em que a nulidade seja evidente.
•O Bispo terá a ajuda do vigário judicial, do instrutor, que pode ser leigo, e
do assessor, e sempre participando o defensor do vínculo.
•O próprio vigário judicial poderá designar-se a si mesmo como instrutor,
porém, o assessor nomeado, na medida do possível, no caso do tribunal
interdiocesano desenvolver o processo em nome do Bispo diocesano,
deverá pertencer à Diocese da qual provém a causa (RP-MIDI art. 16).
• Mesmo que o Bispo tenha se utilizado dos serviços de um outro tribunal
diocesano, o assessor é bom que seja da Diocese da parte demandante em
vistas da proximidade.
• Paraque se possa enviar para o processo breve, devem concorrer
duas condições formais específicas: o acordo entre as partes e os
indícios de clara nulidade do matrimônio decorrentes de fatos e
de pessoas e que sejam sustentados por testemunhos e por
documentos que não requeiram uma investigação mais
aprofundada (cfr. cân. 1683 MIDI).
• Observa-se que no acordo entre as partes pode-se dar de duas
formas: ou que a parte demandada assine junto o libelo e que
portando ambas as partes proponham a ação de nulidade ou que
manifeste o acordo com os fatos narrados no libelo
sucessivamente, requisitado pelo vigário judicial na citação como
determina as RP-MIDI art. 15.
•O acordo entre as partes, originariamente ou
sucessivamente, devem referir-se ao que está sendo
pedido, ao capítulo de nulidade e à aplicação do processo
breve.
• É necessário que exista um verdadeiro consenso entre as
partes, inclusive sobre aquele que pode ter simulado ou
enganado dolosamente a outra parte etc. O consentimento
entre as partes impede que um ou outro cônjuge impugne
a decisão do juiz de mandar a causa para o processo
breve.
•É notório que no processo breve o acordo entre as partes,
originário ou sucessivo, é essencial, sem o qual não se poderá
mandar para o processo breve. É condição sine qua non da
qual rende improcedente a escolha pelo processo breve.
•Oacordo entre as partes deve ser explicito, diferentemente do
processo ordinário que não requer o acordo explicito como
determina o artigo RP-MIDI 11 §2. A Pontifícia Comissão para
os Textos Legislativos, respondeu que a presunção posta no
mencionado artigo serve apenas para o processo ordinário e
não pode ser utilizada para o processo breve. Cfr. BIANCHI,
La scelta della forma, 106-107.
•O acordo entre as partes, não quer dizer que serão eles
os protagonistas do processo e nem mesmos juízes da
causa própria, mas se trata de uma maior compreensão
das partes em relação ao contraditório e que permitem
promover conjuntamente as demandas e evitando que
uma das partes não participe do processo.
• Convém lembrar que o acordo entre as partes não é
garantia da nulidade do matrimônio, porém é
importante dentro do processo e corroboradas com
outras provas.
•Para o processo breve, além das circunstâncias
de coisas e pessoas apoiadas por documentos e
testemunhos, bastam essas duas condições, para
que a causa seja trabalhada, não requerendo,
segundo o cân. 1683 da MIDI, o consentimento
do defensor do vínculo na escolha da forma
processual, apenas que o defensor do vínculo
seja ouvido no momento de se determinar a
fixação da dúvida e a escolha do processo (cfr.
cân. 1676 §2 MIDI).
• Mesmo que, doutrinariamente, não se exige o
consentimento do defensor do vínculo para se mandar
para o processo breve, o mesmo, por prerrogativa sua,
pode se opor a tratar a causa com o processo breve.
• Ouvir o defensor do vínculo é condição obrigatória, pois
se trata de uma parte pública no processo e tem o dever de
defender o vínculo (cfr. cân. 1432 CIC 1983) até que ele
não seja provado o contrário e mesmo que as partes
estejam de acordo com os fatos apresentados, não se pode
dizer que falta totalmente o contraditório, pois esse é
colocado pelo defensor do vínculo.
CÂN. 1684
•Cân. 1684. O libelo com o qual se introduz o
processo mais breve, além das coisas enumeradas
no cân. 1504, deve:
•1o expor, de modo breve e íntegro e claro, os fatos
em que se fundamenta a petição;
•2o indicar as provas que podem ser coletadas
imediatamente pelo juiz;
•3o mostrar, em anexo, os documentos em que se
apoia a petição.
Libelo do processo mais breve
• O libelo introdutivo ao processo breve, além das determinações do cân.
1504 (CIC 1983), deve expor brevemente os fatos com os quais se
fundamenta o pedido e devem ser colocados de forma clara e integral.
• Deve indicar as provas que possam ser facilmente recolhidas pelo juiz
ou pelo assessor e exibir os documentos sobre os quais se fundamenta
o pedido (cfr. cân.1684 MIDI).
• Esses documentos, não se referem àqueles que devem ser produzidos
ao longo do processo ou que o juiz possa pedir uma avaliação
psicológica no momento da entrega do pedido, mas são aqueles que já
estão em poder da parte ou das partes que introduzem a causa.
CÂN. 1685
•Cân. 1685. O vigário judicial, no
mesmo decreto em que determina a
fórmula das dúvidas, nomeie o
instrutor e o assessor e cite, para uma
sessão a ser celebrada não além de
trinta dias, todos aqueles que, de
acordo com a norma do cân. 1686,
devem estar presentes nela
Art. 15. Se for apresentado o libelo para introduzir um
processo ordinário, mas o vigário judicial considerar
que a causa pode ser tratada com o processo mais
breve, ele, ao notificar o libelo nos termos do cân. 1676
§ 1, convide a parte demandada que não o tenha
assinado a comunicar ao tribunal se pretende associar-
se à petição apresentada e participar no processo. O
vigário judicial, sempre que necessário, convide a parte
ou as partes que assinaram o libelo a completá-lo o
mais rapidamente possível, de acordo com o cân.
1684.
Art. 17. Na citação que se deve expedir nos
termos do cân. 1685, informe-se as partes de
que podem exibir, pelo menos até três dias
antes da sessão instrutória, os pontos dos
argumentos sobre os quais se pede o
interrogatório das partes ou das testemunhas,
a não ser que tenham sido anexados ao libelo.
• No mesmo decreto em que o vigário judicial determina a
fórmula ou as fórmulas da dúvida, deve nomear o
instrutor e o assessor e citar as partes ou seus advogados,
as testemunhas, o defensor do vínculo ou o promotor de
justiça quando participa, para a sessão (cân. 1685 MIDI),
que, deve ser uma só.
• Recolhidas as provas, depois da sessão, o instrutor deve
estabelecer um prazo 15 dias para apresentar as
observações a favor do vínculo ou da defesa das partes
(cfr. cân. 1686 MIDI).
CÂN. 1086
•Cân. 1686. O instrutor, na medida
em que isso for possível, reúna as
provas numa única sessão e
determine o prazo de quinze dias
para a apresentação das observações
em favor do vínculo e das defesas
das partes, se as houver
Art. 16. O vigário judicial pode designar-
se a si próprio como instrutor; porém, na
medida do possível, nomeie um instrutor
pertencente à diocese de origem da
causa.
•O Motu Proprio fixa em apenas uma sessão para se
recolher as provas.
•O Papa Francisco, falando aos participantes do curso
promovido pela Rota Romana, pede que o processo seja
realizado em uma única sessão.
CÂN. 1087
• Cân. 1687, § 1. Recebidos os autos, o Bispo diocesano, após ter consultado o
instrutor e o assessor, e tendo ponderado as observações do defensor do vínculo e
as defesas das partes, se houver, se chegar à certeza moral da nulidade do
matrimônio, emita a sentença (ver artigo 19-20). Caso contrário, envie a causa à
via ordinária.
• § 2. Seja notificado, quanto antes, às partes o texto integral da sentença, junto
com seus motivos.
• § 3. Contra a sentença do bispo, apela-se ao Metropolita, ou à Rota Romana; se a
sentença tiver sido dada pelo próprio Metropolita, apela-se ao sufragâneo mais
antigo; e, contra a sentença dada por um outro bispo que não esteja submetido a
uma autoridade superior que não seja o Romano Pontífice, apela-se ao Bispo
designado estavelmente para tal finalidade.
• § 4. Se a apelação parecer evidentemente dilatória, o Metropolita ou o Bispo de
que se fala no § 3, ou o Decano da Rota Romana, rejeite-a liminarmente, mediante
decreto; se, porém, foi admitida, envie a causa ao exame ordinário da segunda
instância.
• Art. 19. Se a causa for • Art. 20 § 1. O Bispo diocesano
instruída junto de um estabeleça, segundo a sua
tribunal interdiocesano, o prudência, o modo de
Bispo que deve pronunciar a pronunciar a sentença.
sentença é o do lugar que • § 2. A sentença, naturalmente
serve de base para assinada pelo Bispo
estabelecer a competência juntamente com o notário,
de acordo com o cân. 1672. exponha de forma breve e
Se, pois, forem mais do que acuradamente os motivos da
um, observe-se, tanto decisão e, de modo ordinário,
quanto possível, o princípio seja notificada às partes no
da proximidade entre as prazo de um mês a partir do
partes e o juiz. dia da decisão.
• Depois que todas as provas foram recolhidas, os autos são
transmitidos ao Bispo diocesano, que antes de dar a sentença,
consultará o instrutor e o assessor.
• Validando todas as provas e as considerações do defensor do
vínculo e da defesa das partes, e adquirindo a certeza moral da
nulidade do matrimônio, emana a sentença positiva.
• Caso não chegue à certeza moral deverá enviar a causa para o
processo ordinário (cfr. cân. 1687 §1 MIDI).
•O texto da sentença, sem demora, deverá ser notificado na integra
às partes (cfr. cân. 1687 §2 MIDI).
• No caso do tribunal interdiocesano, o Bispo que dará
a sentença para o processo Breve, é aquele que serve
de base para se estabelecer o grau de competência. Se
forem competentes dois Bispos diocesanos, deverá se
observar a proximidade das partes com o juiz (cfr.
RP-MIDI art. 19).
•O artigo 22 §2 da DC, revogado pela MIDI, determinava que
não era conveniente que o Bispo exercitasse pessoalmente a
função judiciária e que delegasse a outros tal incumbência,
pois o Bispo diocesano tinha o poder judiciário somente a
título formal e não efetivamente.
• Com a reforma do processo, e fazendo uso da antiga tradição
consuetudinária da Igreja, onde o Bispo diocesano estava à
frente da atividade judiciária, o Bispo é obrigado a, pelo
menos, emanar a sentença em se tratando do processo breve.
Mesmo que possa exercitar tal faculdade através do instrutor e
do assessor (cfr. cân. 1419 §1), o único juiz do processo breve,
como já foi abordado, é o Bispo Diocesano pessoalmente.
•O instrutor e o assessor não têm a faculdade para
emitir a sentença e se trata de uma incompetência
absoluta onde a sentença não poderá ser sanada, pois
o juiz único é o Bispo diocesano ou a ele equiparado
(cfr. cânn. 1683 e 1687 §1 MIDI) em força do seu
ministério episcopal e de pastor do rebanho a ele
confiado, a não ser que se tenha uma concessão
especial requerida junto à Santa Sé e para casos
particulares em que seja necessário por causa da
grande extensão ou da grande quantidade de fiéis.
•O Papa pede que o Bispo não deixe totalmente essa
conversão das estruturas pastorais nas mãos da
Cúria, mas exerça ele mesmo esse serviço
principalmente no processo breve (cfr. CF-MIDI
III).
• Julgar o processo breve, mesmo que não tenha a
obrigatoriedade de instruir a causa, cabe ao Bispo
diocesano e que não poderá ser delegada a outros,
nem a um tribunal diocesano e nem a um tribunal
interdiocesano (cfr. cânn. 1683 e 135 §§2-3).
•A razão dessa reforma e exigência de que o Bispo
diocesano seja o juiz do processo breve é para se evitar a
demora exagerada na solução das causas que apresentam
indícios claros de nulidade e para que o processo seja
realizado de modo seguro, mas rápido e eficaz.
• Essesindícios devem demonstrar facilmente a nulidade
do matrimônio.
• Para
que o processo breve, fosse, de fato, mais rápido, o
Papa o confiou ao juízo do Bispo diocesano (cfr. CF-
MIDI III).
• Pode acontecer que no processo breve o próprio Bispo
diocesano seja recusado como juiz único da causa. No
caso do processo breve considera-se a superação desta
problemática, pois se as partes assinam juntas o libelo ou
se ao menos a outra parte está de acordo, ambos já
conhecem a identidade do Bispo diocesano e se existir a
possibilidade de uma recusa do Bispo diocesano, as partes
podem apelar para outros títulos de competência (cfr. cân.
1672 MIDI) equivalentes entre si (cfr. RP-MIDI art. 7 §1)
ou de recorrerem ao processo ordinário quando todos os
títulos de competência recaem sobre um único Bispo e,
neste último caso, dificilmente se observa na prática.
• No caso de um tribunal diocesano, o Bispo competente é aquele em que
se enquadre em um dos três títulos de competência mencionados no cân.
1672 MIDI. Em se tratando de um tribunal interdiocesano o Bispo
competente é também aquele que se enquadra em um dos três capítulos
de nulidade do cân. 1672 MIDI.
• Pode acontecer que mais de um Bispo diocesano seja competente e, esse
caso, se deve observar o princípio de proximidade entre as partes e o
juiz, quase como um quarto título de competência ou como um princípio
dirimente da dúvida quanto à competência (cfr. RP-MIDI art. 19).
• Observa-se que o papa não ab-rogou o cân. 1423 CIC 1983 como já foi
estudado, mantendo em funcionamento os tribunais interdiocesanos
onde não é possível que o Bispo diocesano tenha o seu próprio tribunal
eclesiástico.
Apelo
•À sentença dada pelo Bispo diocesano, pode ser interposto apelo pela parte
que se sentir lesada. Em se tratando de um tribunal diocesano, esse apela ao
tribunal do metropolita ou à Rota Romana e se a sentença foi emanada pelo
metropolita, esse apela ao sufragâneo mais ancião, não fazendo referência ao
mais ancião em ordenação episcopal (cfr. cân. 1687 §3 MIDI).
• Seo apelo é interposto apenas com o intuito de atrasar o processo – dilatório
–, o Metropolita ou o Bispo diocesano, no qual apela o Metropolita, ou o
Decano da Rota Romana quando for interposto recurso, deve rejeitá-lo com
um decreto desde o início – ad limine –. Se o apelo é admitido, a causa deve
ser remetida para o exame ordinário, costumeiro em segundo grau (cfr. cân.
1687 §4 MIDI).
• Em se tratando do processo breve, ele não diminuiu
em nada o direito à querela de nulidade e ao apelo,
pelo contrário, o manteve e o colocou dentro de
uma perspectiva de proximidade e de cuidado com
a pessoa ferida.
• A abreviação do processo trouxe à luz a redução do
instituto do apelo, mas não anulou o direito ao
apelo e nem mesmo anulou a possibilidade de uma
sentença portar em si um vício capaz de torná-la
nula.
• No novo processo de declaração de nulidade
matrimonial, principalmente no processo breve, o
direito já determina em qual tribunal de apelo as
partes em causa poderão apelar (cfr. cân. 1687 §3
MIDI), tendo em vista que a vontade do Romano
Pontífice é que cada Diocese tenha o seu tribunal
para as causas matrimoniais (cfr. CF III).
• Quando se fala em sufragâneo mais antigo, surgiu uma dúvida se esse
sufragâneo era o mais antigo em idade ou se se tratava do Bispo mais
antigo em relação à ordenação episcopal. O MP MIDI deixa uma lacuna
sobre esta dúvida, e diferentemente do que já vem mencionado nos cânn.
421 §2, 425 §3 e 501 §3, não faz menção ao Bispo mais antigo na
promoção episcopal.
•O Pontifício Conselho para os Textos legislativos, respondendo a uma
dúvida apresentada, declarou que, em se tratando de apelo e da sua
segurança, a sede metropolitana não pode ficar sujeita a constantes
mudanças no tribunal de apelo. Nesse sentido, e para garantir a segurança
do apelo, o Pontifício Conselho apresentou como solução uma nova
categoria, a da sede mais antiga sufragânea do metropolita. Com essa
solução se evita que o Metropolita fique mudando de tribunal de apelo
constantemente, conforme a mudança do Bispo diocesano sufragâneo mais
antigo em idade ou em nomeação.
•O processo breve também admite um juiz monocrático no
apelo. Quem recebe o apelo do processo breve é o
Metropolita ou o Bispo sufragâneo da sede mais antiga
ou o Decano da Rota Romana e toma a decisão.
• Se o apelo é meramente dilatório, com intenção de
prolongar o tempo do processo, o juiz único, deve rejeitá-
lo mediante decreto e se perceber fundamento no apelo
deverá enviar para o exame ordinário da causa em
segunda instância (cfr. cân. 1687 §4 CIC 1983).
ART. 6 – DO PROCESSO DOCUMENTAL
CÂN. 1688
• Cân 1688. Recebida a petição • Cân. 1686 - Recebida a petição
proposta de acordo com o cân. 1676, o proposta de acordo com o cân. 1677,
Bispo diocesano ou o vigário judicial o Vigário judicial ou o juiz por ele
ou o juiz por ele designado, omitindo designado, omitindo as formalidades
as formalidades do processo ordinário, do processo ordinário, mas citando
mas citando as partes e com a as partes e com a participação do
participação do defensor do vínculo, defensor do vínculo, pode declarar
pode declarar por sentença a nulidade por sentença a nulidade do
do matrimônio se, por documento não matrimônio se, por documento não
suscetível de nenhuma contradição ou suscetível de nenhuma contradição
exceção, constar com certeza a ou exceção, constar com certeza a
existência de um impedimento existência de um impedimento
dirimente ou a falta da forma legítima, dirimente ou a falta da forma
contanto que com a mesma certeza se legítima, contanto que com a mesma
evidencie que não foi dada a dispensa, certeza se evidencie que não foi dada
ou então que faltava mandato válido a dispensa, ou então que faltava
ao procurador. mandato válido ao procurador.
• Uma vez recebido o pedido, constatando a presença de um documento que
não deixa contradição ou exceção sobre a presença de um impedimento
dirimente, ou do defeito da forma canônica e que seja claro que a dispensa
não tenha sido dada, ou que o ministro assistente não tivesse a devida
faculdade, o Bispo diocesano ou o vigário judicial ou o juiz designado, sem
utilizar as formalidades do processo ordinário, citará as partes e, tendo a
intervenção do defensor do vínculo, declara, mediante sentença, a nulidade
do matrimônio (cfr. cân. 1688 MIDI).
•A única diferença que encontramos no atual cân. é que acrescenta o Bispo
diocesano como juiz e não somente o vigário judicial ou outro juiz
designado como era no cân. 1683 do CIC 1983. Assim temos dois
processos que podem ser realizados pelo Bispo diocesano: o processo
breve e o processo documental.
CÂN. 1689
• Cân. 1689, § 1. Contra essa • Cân. 1687 - § 1. Contra essa
declaração, o defensor do vínculo, declaração, o defensor do vínculo,
se prudentemente julgar que os se prudentemente julgar que os
vícios mencionados no cân. 1688 ou vícios mencionados no cân. 1686 ou
a falta de dispensa não são certos, a falta de dispensa não são certos,
deve apelar ao juiz de segunda deve apelar ao juiz de segunda
instância, ao qual se devem instância, ao qual se devem
transmitir os autos e avisar por transmitir os autos e avisar por
escrito que se trata de processo escrito que se trata de processo
documental. documental.
• § 2. Permanece intacto o direito de • § 2. Permanece intacto o direito de
apelação da parte que se julgar apelação da parte que se julga
prejudicada. prejudicada.
CÂN. 1690
• Cân. 1690. Com a • Cân. 1688 - Com a
participação do defensor do participação do defensor do
vínculo e ouvidas as partes, o vínculo e ouvidas as partes, o
juiz de segunda instância juiz de segunda instância
decida, do mesmo modo decida, do mesmo modo
mencionado no cân. 1688, se mencionado no cân. 1686, se
a sentença deve ser a sentença deve ser
confirmada, ou se ao invés se confirmada, ou se ao invés se
deve proceder na causa deve proceder na causa
segundo a tramitação segundo a tramitação
ordinária do direito; remeta-a, ordinária do direito, remete-a,
nesse caso, ao tribunal de nesse caso, ao tribunal de
primeira instância. primeira instância.
Apelo
• Desta forma temos que o defensor do vínculo poderá recorrer contra a declaração de
nulidade se considerar que não foram satisfeitas às exigências do direito em relação
aos vícios ou à falta de dispensa, enviando os autos ao tribunal de apelo avisando que
se trata de um processo documental (cfr. cân. 1698 § 1 MIDI).
• A parte que se sentir prejudicada pela sentença poderá interpor apelo, pois o seu
direito não foi ab-rogado mesmo no caso do processo documental (cfr. cân. 1698 § 2
MIDI).
• O juiz de segunda instância deverá decidir se a sentença será confirmada ou se deverá
proceder com o modo ordinário.
• Caso decida remeter ao processo ordinário, a causa deverá retornar para o tribunal de
primeira instância (cfr. cân. 1690 MIDI).
ART. 7 – NORMAS GERAIS
CÂN. 1691
• Cân. 1691, § 1. Na sentença, as partes • Cân. 1689 - Na sentença, as partes sejam
sejam advertidas sobre as obrigações morais advertidas sobre as obrigações morais ou
ao menos civis, às quais talvez estejam mesmo civis, às quais talvez estejam
obrigadas uma para com a outra e para com obrigadas uma para com a outra e para
a prole, no que se refere ao sustento e à com a prole, no que se refere ao sustento e
educação. à educação.
• § 2. As causas para a declaração da nulidade • Cân. 1690 - As causas para a declaração da
do matrimônio não podem ser tratadas nulidade do matrimônio não podem ser
mediante o processo contencioso oral que tratadas mediante processo contencioso
se fala nos câns. 1656-1670. oral.
• § 3. Nas outras coisas que se referem ao • Cân. 1691 - Nas outras coisas que se
modo de proceder, devem ser aplicados, a referem ao modo de proceder, devem ser
não ser que a natureza da coisa o impeça, os aplicados, a não ser que a natureza da coisa
cânones sobre os juízos em geral e sobre o o impeça, os cânones sobre os juízos em
juízo contencioso ordinário, observando as geral e sobre o juízo contencioso ordinário,
normas especiais sobre as causas quanto ao observando as normas especiais sobre as
estado das pessoas e sobre as causas causas quanto ao estado das pessoas e as
referentes ao bem público. causas referentes ao bem público.
•Art. 6. Uma vez que o Código de Direito
Canônico deve ser aplicado sob todos os
aspectos, salvas as normas especiais, mesmo
aos processos matrimoniais, segundo a
mente do cân. 1691 § 3, as presentes regras
não entendem expor minuciosamente o
conjunto de todo o processo, mas sobretudo
esclarecer as principais inovações legislativas
e, onde for necessário, completá-las.
• O disposto no cân. 1679 aplicar-se-á às sentenças de declaração de nulidade
publicadas a partir do dia em que este Motu Próprio entrar em vigor.
• Anexas a este documento encontram-se regras de procedimento que nos
parecem necessárias, para uma aplicação correta e exata da lei reformada e
que devem ser observadas com muito cuidado para fomentar o bem dos fiéis.
• Mandamos, portanto, que todas as coisas que foram estabelecidas por esta
nossa Carta Apostólica sejam tidas como ratificadas e aprovadas, sem que
obste qualquer coisa em contrário, mesmo digna de especialíssima menção.
• Entregamos confiadamente à intercessão da sempre Virgem Maria, Mãe da
misericórdia e dos bem-aventurados Pedro e Paulo, a aplicação frutuosa do
novo processo matrimonial.
• Dado em Roma, junto a São Pedro, no dia 15 do mês de agosto, na Assunção
da Bem-aventurada Virgem Maria, do ano de 2015, terceiro do nosso
pontificado.
INDÍCIOS OU
CIRCUNSTÂNCIAS PARA
O PROCESSO BREVE
•O MP MIDI apresenta algumas circunstâncias em que se pode
admitir o processo mais breve. Se trata de um elenco meramente a
título de exemplo e não se trata de novos capítulos de nulidade.
• Paraque seja decretado a forma mais breve do processo, requer-se
circunstâncias de fatos e de pessoas que possam confirmar a
nulidade do matrimônio.
• Essas circunstâncias de fatos ou de pessoas, são aquelas já elencadas
na jurisprudência da Rota Romana e que necessitam ser validadas de
acordo com o seu valor de indício e da sua idoneidade.
• Tais indícios, podem ser facilmente comprovados mediante
testemunhos e documentos e manifestam o fundamento da nulidade.
•Éoportuno que o vigário judicial, antes de aceitar o libelo,
examine cada uma das provas apresentadas ou dos indícios
apresentados, mesmo que essa validação não seja totalmente
possível.
•É necessário verificar a autenticidade, a liceidade e a
integridade das provas apresentadas, pois todas as vezes que o
vigário judicial se depara com um fato concreto deverá
realizar uma tarefa de análise interpretativa e colocando junto
os fatos e a norma, para que não sejam praticadas injustiças,
pois estamos falando de atos judiciários determinados pelo
legislador e endereçados à solução de uma lite.
• Essas circunstâncias foram evidenciadas pelo documento pois
apresentam mais claramente a nulidade de um matrimônio e
apresentam presunções de fatos que ajudam a estabelecer a prova
da nulidade do matrimônio.
• Esses indícios são os pressupostos materiais (cfr. cân. 1683
2oMIDI) da nulidade e que a mesma apareça de forma clara como
determina o número IV dos critérios fundamentais onde o processo
breve requer que à acusação da declaração de nulidade sejam
sustentadas por argumentos evidentes que, em boa parte das
causas, já aparecem com clareza.
• Desta forma se tem a clareza que o processo breve não poderá ser
utilizado apenas com a declaração das partes, mas através de
indícios de fatos e de pessoas evidentes (cfr. cân. 1684 2o MIDI).
• Para garantir a clareza destes indícios, requer-se
que a pastoral pré-processual realize com
propriedade o trabalho de investigação prévia,
para oferecer ao vigário judicial ou ao Bispo
diocesano, elementos que possam lhes dar
segurança no momento de definir a forma do
processo a ser escolhida.
• A pastoral tem a incumbência de evidenciar esses
indícios, principalmente em vistas do processo
breve.
• Esses indícios não se tratam de uma certeza moral que
deverá ser conseguida através do desenvolvimento do
processo, mas são apenas situações que permitem uma
decisão quanto à escolha do processo de declaração de
nulidade matrimonial e que permitem ao vigário judicial
evidenciar que, aquele referido matrimônio, é nulo pelas
evidências que foram apresentadas, juntamente com
outras provas, testemunhais ou documentais, adquiridas
através do processo especial breve, que evidenciam a
clareza dos fatos e para que se dirima qualquer dúvida
necessária para a certeza moral (cfr. RP-MIDI art. 12).
•É notório que o recurso ao processo breve será excepcional e
não uma prática constante, principalmente no que diz respeito
ao vício do consentimento que requer uma validação mais
complexa em relação ao tempo em que aconteceu e, portanto,
nesses casos, o processo ordinário continua sendo o mais
viável e que melhor poderá investigar a verdade em relação
aos vícios do consentimento.
• No artigo 14 §1 das regras processuais, o Papa Francisco
elenca algumas circunstâncias de coisas e de pessoas,
baseadas na jurisprudência da Rota Romana, que poderão se
revocadas para o tramite do processo breve.
A falta de fé:
•A falta de fé apresentada na MIDI não se trata simplesmente da
falta de fé como tal, mas daquela que é capaz de gerar uma
simulação do consentimento, onde a parte que está contraindo
matrimônio, o faz apenas por fazer, mas que por um ato positivo
da sua vontade não estaria disposta pois não acredita no que está
celebrando.
•A falta de fé também pode determinar a vontade da pessoa que,
por não acreditar no que irá celebrar, excluirá o próprio
matrimônio ou um seu elemento ou propriedade essencial.
• Infelizmente, a crescente descristianização tem
provocado uma grave falta de compreensão do que é
o matrimônio a ponto de determinar a vontade do
contraente, tanto que o mesmo poderá contrair
matrimônio com a intenção de se divorciar diante da
primeira dificuldade, ou que procura uma satisfação
individualista ou uma mera gratificação afetiva
desconsiderando o consórcio de toda a vida (cfr. cân.
1055 CIC 1983) e que os impele a uma simulação do
consentimento.
•É necessário averiguar caso por caso e investigar a influência da cultura
contemporânea sobre uma ou outra parte, de tal forma que essa influência
seja contrária a fé e como influencia na vontade de uma ou de outra parte e,
desta forma, não inclui na sua vida e na sua vontade os valores da
indissolubilidade, da unidade, da fidelidade, do bem dos cônjuges e do bem
da prole.
• Assim o seu consentimento estaria viciado em sua intenção por uma grave
falta de compreensão do próprio matrimônio.
• Parase provar essa falta de fé, o juiz deverá avaliar a formação humana e
cultura das partes, principalmente se a família vem do materialismo e do
ateísmo, os valores de fé que traz ou a completa ausência da fé, o
fechamento em si mesmo e em sua própria razão e a percepção de que o
matrimônio seja apenas uma forma de gratificação pessoal, afetiva e
passageira capaz de fazer com que os contraentes simulem o consentimento.
• A falta
de fé em si mesma não é causa da nulidade do matrimônio e
não é um motivo suficiente para se enviar para o processo breve. Só
pode ser utilizada quando a falta de fé se caracteriza como uma
simulação do sacramento do matrimônio ou como um erro que
determina a vontade dos contraentes (cfr. cân. 1099 CIC 1983) e
que a causa do matrimônio seja completamente estranha à natureza
do sacramento do matrimônio.
•É notório, por exemplo, que muitas pessoas que não têm uma
vivência da fé adequada e se utilizando de uma liberdade
exagerada, reservam para si o direito de se divorciar quando achar
por bem e a contrair novo matrimônio. Em si estamos vivendo uma
época em que a boa parte dos fiéis estão reservando para si esse
direito em detrimento da indissolubilidade do matrimônio.
Uma convivência breve:
•É bem verdade que a simples brevidade na
convivência dos cônjuges não é um motivo de
nulidade do matrimônio, porém pode ser um
indício de um vício do consentimento. A breve
convivência pode ser um indício de simulação,
reação a uma condição colocada para o casamento,
anomalias psíquicas e também por erro ou por
dolo.
Aborto procurado para impedir a
procriação:
• Quando se procura o aborto para impedir a procriação, se tem um indício
claro da negação do bem da prole e da grande distância que o contraente
possui da moral católica, mesmo que o aborto em si não seja um capítulo de
nulidade. Se trata de um ato positivo da vontade do contraente em recusar a
prole ficando evidente no aborto procurado e quando a prole não foi bem-
vinda.
• Essa negação positiva da prole precisa ser evidenciada nos autos do
processo e que tenha sido procurado o abordo, de fato, como um ato
positivo da vontade. Nesse caso serve a confissão judicial ou extrajudicial,
os métodos contraceptivos utilizados e as observações médicas.
Permanência obstinada em um relacionamento
extraconjugal no momento das núpcias ou
imediatamente após o matrimônio

• Também constitui um indício evidente da negação da fidelidade


do matrimônio, em si não se trata de um capítulo de nulidade, mas
de indícios de uma vontade simulatória. Neste caso serve também
a confissão judicial ou a declaração da parte, sob juramento, que
simulou, acompanhada do testemunho de credibilidade do pároco
(cfr. cân. 1678 §1 MIDI).
• Tambémservem como provas as investigações privadas, cartas,
mensagens telefônicas e das redes sociais.
•Para que se possa mandar para o processo
breve, não basta que a parte que simulou
concorde com o que está sendo dito no libelo,
é necessário que participe do mesmo ou que
pelo menos faça uma confissão judicial ou
extrajudicial.
A ocultação dolosa da esterilidade, de uma enfermidade
contagiosa grave ou de filhos nascidos de um relacionamento
anterior ou de encarceramento:
• Essasocultações dolosas podem, de fato, perturbar gravemente a
convivência conjugal e levar a um erro sobre a qualidade da
pessoa e, portanto, são indícios claros da nulidade do matrimônio.
No caso do erro, é necessário que se prove que surgiu de uma
ocultação dolosa para se obter o consentimento da outra parte (cfr.
cân. 1098 CIC 1983).
• Como esse indício não é taxativo, mas meramente
exemplificativo, também pode existir uma ocultação dolosa em
relação a dívidas contraídas anteriormente.
•A esterilidade em si não é um capítulo de
nulidade, mas só pode ser invocada quando a
esterilidade de uma parte for escondida
dolosamente com a finalidade de obter o
consentimento da outra parte. Nesse caso
poderá ser demonstrada através de
documentação médica (esterilidade) ou
sentenças civis.
Motivos que levaram ao matrimônio e que são completamente
estranhos à vida conjugal ou que se deu por causa da gravidez da
mulher:
• Se no momento de prestar o consentimento o motivo de uma ou das
duas partes em contrair matrimônio seja algo completamente diferente
da natureza do matrimônio, estão contraindo invalidamente.
• Não que seja um capítulo de nulidade, mas se trata de uma simulação
para alcançar outros objetivos que não sejam aqueles inerentes ao
próprio matrimônio.
• Tais objetivos podem ser a obtenção de uma cidadania, legitimação da
prole ou obtenção de benefícios econômicos. A brevidade da
convivência conjugal pode provar a objetiva exclusão do matrimônio
por esse indício.
• Podeser, também, que uma das partes se vê
obrigada ao matrimônio por causa da gravidez da
mulher e que, na sua vontade, exclui a outra parte
como esposa ou como esposo e que o seu
consentimento é bem distinto da sua vontade e da
natureza própria do matrimônio, tanto que, após o
matrimônio, não assume a vida conjugal, pois não
era essa a sua vontade.
Consentimento adquirido mediante
violência física:
• O medo causado por uma causa externa (violência física ou medo moral) que leva
uma ou as duas partes a contrair matrimônio é um indício forte de nulidade do
matrimônio (cfr. cân. 125 CIC 1983) e requer a ausência de liberdade pessoal das
partes ou de uma das partes ou que a liberdade tenha sido muito limitada. Essa
violência deve ser demonstrada que aconteceu para que se contraíssem o matrimônio.
• Neste caso a violência deve ser documentada através de relatórios médicos e
documentação das autoridades policiais. Também deve ser investigada a liberdade
externa dos cônjuges em relação às coerções que sofreram e se na base do
consentimento existe um verdadeiro ato livre da vontade humana ou não. A violência
física ou o medo tornam nulo o matrimônio se tiver sido contraído mediante
simulação, apenas com o intuito de fugir da violência física ou do medo da violência
física.
Falta de uso de razão comprovado por
atestado médico
• Quando se trata de uma causa psíquica, a causa só poderá ser tratada pelo processo
ordinário, pois necessita de uma investigação mais aprofundada e da participação de
peritos. Porém, pode acontecer que exista uma patologia grave e que tenha sido
documentada através de documentos clínicos e perícias psiquiátricas realizadas no
campo civil e que permitam chegar à certeza positiva da nulidade do matrimônio.
• Este indício refere-se a questões muito graves como a falta de uso de razão (cfr. cân.
1095 1o CIC 1983) e não engloba a grave falta de discrição de juízo (cfr. cân. 1095
2o CIC 1983) e nem a incapacidade para assumir as obrigações essenciais do
matrimônio (cfr. cân. 1095, 3o CIC 1983) onde a prova, para essas duas
incapacidades, é mais complicada e não podem ser recolhidas em uma única
audiência.

Processo de declaração de nulidade
matrimonial:

Processo ordinário

Processo breve

Processo documental
PROCESSO ORDINÁRIO E SUAS
FASES
• FASE INICIAL:
• PROTOCOLIZAÇÃO DO LIBELO (TRIBUNAL COMPETENTE?)
• ADMISSÃO DO LIBELO
• NOTIFICAÇÃO AO DEFENSOR DO VÍNCULO
• CIÊNCIA À PARTE DEMANDANTE
• CITAÇÃO E CONTESTAÇÃO À PARTE DEMANDADA (15 DIAS)
• OU CIÊNCIA QUANDO ASSINA JUNTO O LIBELO
• RESPOSTA DA PARTE DEMANDADA SE VAI PARTICIPAR OU NÃO DO PROCESSO
• FIXAÇÃO DA FÓRMULA DA DÚVIDA E DECISÃO QUANTO AO TIPO DO PROCESSO, O
TURNO JUDICANTE, O DEFENSOR DO VÍNCULO E O/OS NOTÁRIOS:
• CIÊNCIA ÀS PARTES
• QUANTO AOS CAPÍTULOS DE NULIDADE,
• O PROCESSO A SER DESENVOLVIDO,
• O TURNO JUDICANTE,
• O DEFENSOR DO VÍNCULO E O NOTÁRIO
• NOTIFICAÇÃO AO DEFENSOR DO VÍNCULO
• ATÉ AQUI, TUDO É REALIZADO PELO VIGÁRIO JUDICIAL
 FASE INSTRUTÓRIA
 DESTA FASE EM DIANTE CONTINUA O PRESIDENTE DO COLÉGIO JUDICANTE
 DECRETO DE ABERTURA DA FASE INSTRUTÓRIA
 ELABORAÇÃO DAS PERGUNTAS (QUESITOS) A SEREM FEITAS
 PARTE DEMANDANTE
 PARTE DEMANDADA (QUANDO PARTICIPA DO PROCESSO)
 TESTEMUNHAS
 A PARTE DEMANDANTE E A PARTE DEMANDADA PODEM APRESENTAR PERGUNTAS
 NOTIFICAÇÃO À PARTE DEMANDANTE OU ÀS PARTES DA ABERTURA DA FASE INSTRUTÓRIA
 NOTIFICAÇÃO AO DEFENSOR DO VÍNCULO
 CITAÇÃO DAS PARTES
 CITAÇÃO DAS TESTEMUNHAS
 DEPOSIÇÃO DAS PARTES (ATA DO DEPOIMENTO)
 DEPOSIÇÃO DAS TESTEMUNHAS (ATA DO DEPOIMENTO)
 SE FOR NECESSÁRIO:
 TROCAR OU APRESENTAR NOVAS TESTEMUNHAS
 SE PODE APRESENTAR PROVAS NO MOMENTO DA DEPOSIÇÃO
 PERÍCIA (CASO SEJA NECESSÁRIO)
 COMUNICADO ÀS PARTES

• PUBLICAÇÃO DOS AUTOS (CONCLUSÃO DA FASE
INSTRUTÓRIA)
• DESPACHO AO DEFENSOR DO VÍNCULO
• VISTA DO DEFENSOR DO VÍNCULO
• ANTES DO DECRETO
• DECRETO DE PUBLICAÇÃO DOS AUTOS
• NOTIFICAÇÃO AO DEFENSOR DO VÍNCULO DO DECRETO
• NOTIFICAÇÃO ÀS PARTES OU AOS SEUS ADVOGADOS DO
DECRETO
• COMPULSAR OS AUTOS PELAS PARTES (OU SEUS ADVOGADOS)
• APRESENTAR CONTESTAÇÃO (SE ASSIM DESEJAR)
• APRESENTAR NOVAS PROVAS:
• NESTE CASO, DEPOIS DE APRESENTADA AS NOVAS PROVAS, SE DEVERÁ
PROCEDER A UMA NOVA PUBLICAÇÃO DOS AUTOS
• SE NINGUÉM TEM MAIS NADA A DIZER OU A APRESENTAR SE
PROCEDE À CONCLUSÃO DA CAUSA
• CONCLUSÃO DA CAUSA E FASE DISCUSSÓRIA

• DECRETO DE CONCLUSÃO DA CAUSA


• NOTIFICAÇÃO ÀS PARTES OU AOS SEUS ADVOGADOS
• NOTIFICAÇÃO AO DEFENSOR DO VÍNCULO
• RELAÇÃO DO DEFENSOR DO VÍNCULO
• DEFESA DAS PARTES SE FOR NECESSÁRIA PELO
ADVOGADO
• FASE DECISÓRIA
• CITAÇÃO E CONVOCAÇÃO DA SESSÃO AOS JUÍZES
• SESSÃO DE JULGAMENTO:
• SESSÃO ÚLTIMA
• VOTO DO JUÍZ RELATOR/PRESIDENTE
• VOTO DOS JUÍZES ADJUNTOS
• ELABORAÇÃO DA SENTENÇA
• DECRETO DE PUBLICAÇÃO DA SENTENÇA
• NOTIFICAÇÃO DA SENTENÇA AO DEFENSOR DO VÍNCULO
• NOTIFICAÇÃO DA SENTENÇA ÀS PARTES OU AOS SEUS ADVOGADOS
• SE NENHUMA DAS PARTES OU O DEFENSOR DO VÍNCULO INTERPOR
RECURSO DENTRO DE 15 DIAS:
• A SENTENÇA SE TORNA EXECUTIVA
• PODEM CONTRAIR NOVAS NÚPCIAS
PROCESSO MAIS BREVE DIANTE DO
BISPO
• PROTOCOLIZAÇÃO DO LIBELO (BISPO COMPETENTE?)
• QUE A PETIÇÃO SEJA PROPOSTA POR AMBAS AS PARTES (ASSINAM JUNTAS O LIBELO)
• OU POR UMA DAS PARTES COM O CONSENTIMENTO DA OUTRA PARTE
• ESTE CONSENTIMENTO PODE SER POR MEIO DE UMA DECLARAÇÃO ANTES DA ACEITAÇÃO DO LIBELO OU DEPOIS
NA CITAÇÃO
• ADMISSÃO DO LIBELO
• NOTIFICAÇÃO AO DEFENSOR DO VÍNCULO
• CIÊNCIA À PARTE DEMANDANTE
• CITAÇÃO À PARTE DEMANDADA (15 DIAS)
• OU CIÊNCIA QUANDO ASSINA JUNTO O LIBELO
• RESPOSTA DA PARTE DEMANDADA SE VAI PARTICIPAR OU NÃO DO PROCESSO
• REQUER, PARA ESTE PROCESSO:
• OU ASSINE JUNTO O LIBELO
• OU DECLARA, NA CITAÇÃO, ESTAR DE ACORDO (NÃO PODE EXISTIR CONTRADITÓRIO)
• ALÉM DA CONCORDÂNCIA ENTRE AS PARTES DEVEM EXISTIR CIRCUNSTÂNCIAS DE COISAS E DE
PESSOAS
• TESTEMUNHOS (PAROCO, PSICOLOGO, MÉDICO)
• DOCUMENTOS (LAUDO MÉDICO, DOCUMENTO CIVIL)
• QUE NÃO REQUEIRAM INVESTIGAÇÃO
• DECRETO DE
• FIXAÇÃO DA FÓRMULA DA DÚVIDA
• DECISÃO QUANTO AO PROCESSO MAIS BREVE
• DESIGNIAÇÃO DO BISPO COMO JUÍZ ÚNICO
• NOMEAÇÃO DO INSTRUTOR E DO ASSESSOR, DO DEFENSOR DO VÍNCULO E DO/DOS
NOTÁRIOS E
• CITE TODOS OS QUE DEVEM SER CONVOCADOS (NÃO EXISTE ABERTURA DE FASE
INSTRUTÓRIA
• CIÊNCIA ÀS PARTES E CITAÇÃO PARA A SESSÃO ÚNICA
• QUANTO AOS CAPÍTULOS DE NULIDADE,
• O PROCESSO A SER DESENVOLVIDO
• O INSTRUTOR E O ASSESSOR
• O DEFENSOR DO VÍNCULO E O NOTÁRIO
• A DATA DA SESSÃO
• NO DIA DA SESSÃO O INSTRUTOR E O ASSESSOR REÚNAM AS PROVAS
• DEPOIS DE REUNIDA AS PROVAS O DEFENSOR DO VÍNCULO E AS PARTES TERÃO 15 DIAS PARA
APRESENTAR AS SUAS OBSERVAÇÕES E DEFESA
• COM TUDO RECOLHIDO O INSTRUTOR ENVIA TODOS OS AUTOS AO BISPO DIOCESANO
• O BISPO DIOCESANO:
• CONSULTA O INSTRUTOR E O ASSESSOR
• PODERE AS OBSERVAÇÕES DO DEFENSOR DO VÍNCULO E A DEFESA DAS PARTES
• SE NÃO TIVER A CERTEZA MO9RAL COM UM DECRETO MANDE PARA O EXAME
ORDINÁRIO
• SE TIVER A CERTEZA MORAL DA NULIDADE EMITA A SENTENÇA
• QUE AS PARTES SEJAM NOTIFICADAS DO TEOR DA SENTENÇA E OS MOTIVOS DA
NULIDADE
• SE NÃO HOUVER APELO NO PRAZO DE 15 DIAS A SENTENÇA SE TORNA
EXECUTIVA
• CONTRAIR NOVAS NÚPCIAS
• APELO:
• CONTRA A SETENÇA DO BISPO APELA-SE AO METROPOLITA
• NO CASO DO TRIBUNAL INTERDIOCESANO, AO TRIBUNAL DE APELO
• O METROPOLITA APELA AO SUFRAGÂNEO MAIS ANTIGO
• EM TERCEIRO GRAU SE APELA À ROTA ROMANA
PROCESSO DOCUMENTAL
• PROTOCOLIZAÇÃO DO LIBELO (TRIBUNAL COMPETENTE?)
• DECRETO DE NOMEAÇÃO DO JUÍZ ÚNICO E ADMISSÃO DO LIBELO
• CIÊNCIA AO DEFENSOR DO VÍNCULO
• CIÊNCIA À PARTE DEMANDANTE
• CITAÇÃO E CONTESTAÇÃO À PARTE DEMANDADA (15 DIAS)
• OU CIÊNCIA QUANDO ASSINA JUNTO O LIBELO
• RESPOSTA DA PARTE DEMANDADA SE VAI PARTICIPAR OU NÃO DO PROCESSO
• FIXAÇÃO DA DÚVIDA E PUBLICAÇÃO DA CAUSA:
• CARTA AO BISPO DIOCESANO DO LUGAR DO MATRIMÔNIO:
• PEDINDO INFORMAÇÕES SBRE EXISTÊNCIA OU NÃO DE DISPENÇA DE ALGUM IMPEDIMENTO
• SENTEÇA DE NULIDADE DO MATRIMÔNIO
• SE EXISTIR DOCUMENTO INCONTESTÁVEL
• QUE PROVE O DEFEITO DA FORMA CANÔNICA
• EXISTÊNCIA DE UM IMPEDIMENTO DIRIMENTE
• OBSERVA-SE QUE NÃO EXISTE PROCESSO DOCUMENTAL PARA INCAPACIDADE, VÍCIOS DO
COSNENTIMENTO, SIMULAÇÃO OU CONDIÇÃO DE FUTURO OU DE PRESENTE E PASSADO
• APELO
PROPOSTA PASTORAL
• 1. Antecedentes pastorais • Quinto passo: O parecer do
• 2. agente de pastoral;
Passos a serem dados no
• Sexto passo: A explicação do
momento do aconselhamento e
acompanhamento: processo judiciário;
• Primeiro passo: Acolhida do • Sétimo passo: A confecção do
agente da pastoral pré- libelo;
processual; • Oitavo passo:
• Segundo passo: O confronto Acompanhamento durante o
com os capítulos de nulidade; processo.
• Terceiro passo: A necessidade • 3. Acompanhamento posterior
de outros documentos;
• Quarto passo: A investigação
de questões psicológicas;
Antecedentes pastorais
•A pastoral pré-processual não deve trabalhar inicialmente pela declaração
de nulidade do matrimônio, mas deve trabalhar para ajudar os casais que
estão em crise, pois a primeira ação da Igreja se centra na importância do
matrimônio, tanto em sentido bíblico-teológico como em sentido canônico.
•A exortação apostólica AL e o DPF trazem uma metodologia de formação
permanente para a preparação remota (cfr. AL 205-208; DPF 264-266),
próxima (cfr. AL 208-211; DPF 267-268) e imediata do matrimônio (cfr.
AL 213-212; DPF 269-273).
• Apresenta,
também, indicações de como deve ser organizada a celebração
do matrimônio.
• Tanto os sacerdotes quanto a pastoral familiar e pré-
processual, a partir do acompanhamento das diversas
situações, devem orientar aos interessados para que
trilhem o caminho do discernimento e da gradualidade da
consciência (cfr. AL 295) a partir da doutrina da Igreja
sobre o matrimônio (cfr. AL 300).
• No entendimento do Papa Francisco, a chave de todo o
trabalho pastoral de acompanhamento é a integração das
fragilidades na vida da Igreja (cfr. AL 299), pois este é o
caminho da Igreja, de não condenar ninguém eternamente
(cfr. AL 296).
• Tanto a pastoral familiar como a pastoral pré-processual, devem
saber, antes de mais nada identificar as situações irregulares, pois
cada uma delas vai necessitar de um acompanhamento específico.
• Dentreas situações irregulares, daqueles que vivem em partes o
ideal do matrimônio, encontra-se os que apenas contraíram
matrimônio civil, os que são divorciados e que não contraíram
nova união, os divorciados e que contraíram nova união civil e
aqueles que apenas convivem sem nenhum compromisso (cfr. AL
297).
• Podemos falar hoje daqueles casais que não assumiram um
compromisso no âmbito civil, porém fizeram uma declaração de
união estável sem um consentimento civil.
• Além destas realidades, a pastoral deve se ocupar
daqueles casais que atravessam momentos de crise
ajudando-os a superar o momento e a restabelecer a paz e
se for o caso a convivência conjugal sem incentivá-los a
uma separação, a não ser em casos em que a convivência
não é mais possível por questões de violência doméstica.
• No caso de violência física, em um primeiro momento,
pode-se encaminhar para a separação dos cônjuges com a
permanência do vínculo (cfr. cânn. 1151-1155) e, em
seguida, se for oportuno, endereçar a situação de
separação para um possível processo de declaração de
nulidade matrimonial.
• Existem também aqueles casos em que já se encontram divorciados a
muito tempo e contraíram nova união civil e que já contam com filhos
frutos desta nova união ou que dependem desta nova união para o cuidado
dos filhos da união precedente.
• Nestescasos a pastoral precisa discernir entre as diversas situações:
existem aqueles que se esforçaram para manter o matrimônio, mas que
foram abandonados injustamente; os que contraíram nova união em vista
do cuidado dos filhos; os que se separam recentemente e que vivem os
problemas da separação; e aquele que faltou com os seus compromissos
matrimoniais (cfr. AL 298).
• Dentre estas diversas situações, a pastoral deverá propor um caminho
diferente de compreensão da sua situação e da gradualidade da
consciência.
• Nãose fala em permissão para receber os sacramentos, mas
em um caminho de discernimento, a partir do anúncio
fundamental de Jesus Cristo. Este caminho não termina
necessariamente nos sacramentos, mas também, em outras
formas de integração (cfr. AL 299).
• Quando estes casais, percorrem um caminho de fé, se pode
propor a vivência da a continência, mesmo que existem
muitas dificuldades em relação a esta opção (cfr. AL 329), ou
que procurem o tribunal eclesiástico para propor a
impugnação do matrimônio (cfr. cân. 1674 MIDI).
Passos a serem dados no momento do
aconselhamento e acompanhamento
•O trabalho de aconselhamento e acompanhamento por
parte do agente da pastoral pré-processual, exige um
certo conhecimento e uma preparação metodológica, para
não se perder no momento do diálogo com a pessoa que o
procura e ficar sem saber qual a via mais justa a ser
indicada para cada caso apresentado na AL 298.
• Alémdestes passos requer-se que o agente tenha um
mínimo de conhecimento para orientar o diálogo.
• Os passos que serão apresentados, já foram colocados em
prática e funcionam metodologicamente bem na
orientação das partes, quando realizados por pessoas
capazes e que tenham formação adequada.
•A intenção da proposta que será apresentada é levar este
trabalho pastoral para as paróquias, para que o tribunal
eclesiástico esteja mais próximo daqueles que dependem
dos serviços judiciários da Igreja e que, na maioria dos
casos, se encontram distantes pela ausência de uma
«estrutura pastoral diocesana ou paroquial» capaz de
acolhê-los.
Primeiro passo: A acolhida do agente da pastoral pré-processual

• Todo o trabalho pastoral deve iniciar a partir da cordialidade e


caridade do pastor que recebe a pessoa ferida e da sinceridade da
pessoa que procura, pois, este trabalho pastoral deve ser realizado
a partir da verdade, como princípio de equilíbrio entre a pastoral e
o direito.
• Tantoos Bispos, quanto os párocos, em virtude do seu ofício
estão obrigados «a seguir com ânimo apostólico os esposos
separados ou divorciados que, pela sua condição de vida, tenham
eventualmente abandonado a prática religiosa» (RP-MIDI art. 1).
•O trabalho de aconselhamento não é uma simples troca
de informações ou confidências e nem mesmo uma
oitiva, mas um escutar alegre, confiante e compreensível
(cfr. AL 250).
• Não é um momento de confissão ou direção espiritual,
mas um momento de acolhida de quem está ferido por
um matrimônio que não deu certo e contraiu outro
somente civil e, que no momento, precisa simplesmente
ser ouvido.
•A pastoral vai ouvir a história das partes (cfr. AL 137) e
verificar a possibilidade de se iniciar o recolhimento de
elementos juridicamente relevantes que possam ajudar o
tribunal eclesiástico a aceitar o libelo.
• Antes mesmo de propor o processo de declaração de
nulidade matrimonial é imperioso que o agente da
pastoral pré-processual, ou até mesmo o pároco, ouvir
atentamente a história que está sendo contada.
• Setrata de um ouvir atencioso e interessado na história
de vida da pessoa e que ela se sinta acolhida nas suas
dores e tristezas.
• Com prudência e respeito o agente da pastoral pré-
processual poderá propor, a quem o procura, a
oportunidade de aprofundar certos aspectos e fatos da
vida ou revelar alguns fatos antigos que ajudam a
entender o que o levou ao matrimônio e ao falimento
dele.
• Não se trata de um momento para julgar a pessoa, de
declarar se está certa ou errada, mas um momento de
propor-lhe uma solução, evitando entrar em âmbitos que
não sejam importantes para a investigação prévia e para a
análise canônica
Segundo passo: O confronto com os capítulos de nulidade

• A importância deste passo se centra no fato que a maioria dos fiéis


não tem conhecimento sobre as condições de validade do
matrimônio e o que pode torná-lo nulo na sua raiz (impedimentos
dirimentes não dispensados, vícios do consentimento, defeito de
forma canônica), pois muitos pensam que, por terem estado diante
do ministro qualificado e de todos os convidados, não tem mais
como ser declarado nulo o seu matrimônio, pois desconhecem o
que, de fato, é necessário para a sua validade e muitas vezes não
fazem nem ideia que o matrimônio tenha sido inválido.
•O diálogo deverá passar pelas diversas etapas da vida das
partes: momento do conhecimento, início do namoro, tempo
do namoro, tempo do noivado, preparação próxima para o
matrimônio, dias que antecederam o matrimônio, o momento
do matrimônio e a vida conjugal até a separação e divórcio.
•Éoportuno indagar como as partes se encontram atualmente,
pois muitas vezes a própria parte culpada do divórcio tenha
passado por um processo de amadurecimento, conversão e
de caminhada na vida da Igreja, ou que uma das partes, de
fato, nunca tenha dado importância para o matrimônio,
principalmente quando já está na terceira ou na quarta união.
• Após ouvir, deverá confrontar o que ouviu com os possíveis capítulos
de nulidade, não de forma muito técnica, mas de forma mais pastoral
a tal ponto que a pessoa orientada entenda.
• Como a maioria dos tribunais eclesiásticos oferecem um questionário
para ser respondido com os fatos mais relevantes da vida das partes, e
que sejam úteis para uma eventual introdução do processo de
declaração de nulidade matrimonial, o agente poderá conduzir o
diálogo (depois da escuta atenta e acolhedora) a partir deste
questionário já respondido e, caso não tenha sido respondido, o
próprio agente poderá conduzir o diálogo recolhendo os fatos mais
importantes, sem emitir um juízo sobre a culpabilidade ou não de
cada parte, pois não é este o objetivo do processo de declaração de
nulidade matrimonial.
• Neste momento do diálogo, é importante indagar à
parte ou às partes que testemunhas possuem mais
conhecimento dos fatos que foram narrados e que
poderão testemunhar para a causa de nulidade. Estas
testemunhas podem ser qualquer pessoa que teve
convivência com ambas as partes dentro dos períodos
já destacados, tanto familiares como amigos mais
próximos.
• Deve frisar bem que testemunhas que não estejam a par
destes acontecimentos não contribuirão para se chegar
à certeza moral da validade ou não do matrimônio.
•Oagente da pastoral pré-processual, percebendo, através do
diálogo, que existem indícios claros da nulidade do
matrimônio, fumus boni iuris, e que existe a possibilidade
do processo mais breve deverá deixar claro à parte que
procura o aconselhamento, que a outra parte deverá assinar
junto o libelo ou que pelo menos esteja de acordo com a
causa e com os fatos apresentados (cfr. cân. 1683, MIDI).
•O comum acordo é importante para que se eliminem as
contradições que, na verdade, não deixará de existir
totalmente, pois o defensor do vínculo é o que apresentará o
contraditório para cada caso.
• Convém ressaltar que, ao tomar conhecimento da
história, cada parte vai relatar o seu ponto de vista,
podendo ser, até mesmo, histórias quase que distintas
uma da outra e neste caso pode ser que não existirá
acordo entre as partes, pois existe o contraditório.
• Neste caso, o agente de pastoral pré-processual, não deve
emitir algum juízo de valor sobre uma ou outra história,
devendo apenas orientar quanto ao que está sendo pedido
e como deverão proceder. As contradições entre uma
história e a outra vão sendo sanadas ao longo do
processo.
•É importante que o agente de pastoral, observe se existe a
possibilidade de que reatem a convivência, somente depois
poderão encaminhar o que é necessário para o processo de
declaração de nulidade matrimonial. Esta observação contribui em
muito para que o tribunal, antes da introdução da causa, possa
estar certo de que o matrimônio não poderá mais ser reparado e
que a convivência não poderá mais ser restaurada (cfr. cân. 1675
MIDI).
•Écerto que a agente da pastoral pré-processual não verificará se
existe possibilidade de reatarem a convivência para casos em que
as partes já estão a muitos anos em um novo relacionamento e
que, inclusive, já possuem filhos dessa nova união (se trata de
bom senso).
Terceiro passo: A necessidade de outros documentos

• Tendo conhecido a história de vida das partes e fazendo o


confronto com os capítulos de nulidade, o agente da
pastoral pré-processual deverá elencar quais documentos
serão necessários para a introdução da causa, como o
batistério recente das partes, a certidão do casamento
religioso e civil, habilitação matrimonial, uma possível
dispensa dada ao matrimônio e os documentos pessoais
de identificação.
• Além dos documentos corriqueiros, o agente da pastoral poderá indagar a
parte ou as partes, se comparecerem juntas, se existem outros documentos
(públicos ou privados) que possam ajudar na definição do tipo de processo
a ser desenvolvido.
• Estesdocumentos podem ser declarações, boletins de ocorrência, receita
médica, gravações, filmagens e outros documentos úteis e que estejam aos
cuidados da parte que está recebendo o aconselhamento.
• Seexistir documentos em poder da parte demandada, o agente da pastoral
pré-processual deverá indagá-la se colocaria tais documentos à disposição
para a introdução do processo de declaração de nulidade matrimonial.
• Estes documentos não poderão ser obtidos de forma ilícita pois devem
respeitar a lei da privacidade, além do mais, moralmente não se pode usar
meios ilícitos para se chegar a um fim lícito.
Quarto passo: A investigação de questões psicológicas

•Épossível que a parte ou as partes tenham relatado algumas


questões de ordem psicológica. Deverá o agente da pastoral
pré-processual, indagar sobre as reais questões psicológicas
de ambas as partes, o que se requer do agente da pastoral um
mínimo de conhecimento dos transtornos psicológicos, da
grave falta de discrição de juízo e da falta do uso de razão.
•Éimportante indagar se foram realizados alguns tratamentos
psicológicos ou psiquiátricos e se existem alguns
documentos em poder da parte que está sendo orientada.
• Nesta fase é importante que o agente de pastoral
saiba identificar a maturidade psicológica da pessoa
que o procura. Através do atendimento é possível
verificar se a parte é madura, se tem conhecimento
do matrimônio cristão, se apresenta identidade
equilibrada, se consegue olhar nos olhos do agente,
se inventa subterfúgios ou se apresenta várias
versões da história de vida, além das contradições
que apresenta. Com estes dados é possível perceber
se a parte está ou não está preparada para o caminho
de discernimento (Cfr. AL 143, 211).
Quinto passo: O parecer do agente da pastoral pré-processual

•A procura da verdade é o ponto de encontro entre o


direito e a pastoral. Os agentes da pastoral pré-processual
não podem nunca deixar de procurar a verdade sobre o
vínculo do matrimônio, pois somente na verdade é que se
poderá dar uma resposta pastoral. Ao dar o seu parecer, o
agente da pastoral não pode se pautar por sentimentos
particulares ou por opiniões, mas pela verdade contida na
doutrina da Igreja.
• Tendorecolhido os elementos da história de vida das partes, o
agente da pastoral pré-processual, devidamente preparado,
poderá emitir um parecer prévio em relação ao que foi ouvido.
• Este parecer poderá ser positivo, negativo ou duvidoso em
relação ao fumus boni iuris: “A investigação pastoral recolhe os
elementos úteis para a eventual introdução da causa por parte
dos cônjuges ou do seu advogado diante do tribunal
competente” (RP-MIDI art. 4).
• Porém, a decisão, se entra com a impugnação do matrimônio ou
não, diz respeito à parte ou às partes, bem como ao promotor de
justiça quando for necessário (cfr. cân. 1674 §1 MIDI).
Sexto passo: A explicação do processo judiciário

•É conveniente que a parte ou as partes tomem


conhecimento de tudo o que é necessário para
protocolizar o libelo no tribunal eclesiástico competente.
Para poder indicar o tribunal competente, o agente da
pastoral pré-processual tem que ter um conhecimento
mínimo sobre a competência dos tribunais e os títulos de
competência para determinar qual é o tribunal competente
e mais próximo da parte ou das partes (cfr. AL 244).
• Nesta fase, o agente deverá explicar para a parte interessada como se
desenvolve o processo desde a protocolização do libelo até a execução da
sentença de primeira instância ou no grau de apelo.
• Além disso, deverá explicar os custos do processo quando não é possível ser
realizado gratuitamente e explicar as dificuldades que impedem a gratuidade.
• Caso a parte não tenha condições de arcar com as custas do processo, fazer o
pedido de público patrocínio ou redução das custas processuais ao tribunal
eclesiástico competente. Na maioria das vezes o tribunal permitirá uma
redução dos custos processuais.
• Convém ressaltar, que a própria paróquia poderá ajudar financeiramente às
pessoas carentes a arcarem com as custas do processo, não sendo
necessariamente apenas uma obrigatoriedade do tribunal eclesiástico quando
não possui outra forma de se manter e garantir o justo sustento dos seus
oficiais.
•Nesta fase, convém que o agente da pastoral
pré-processual deixe bem claro que estão
apenas realizando um trabalho de
recolhimento de provas que serão enviados ao
tribunal eclesiástico e que não se trata de um
processo propriamente dito e sim, apenas, de
uma investigação prévia.
Sétimo passo: A confecção do libelo

•É conveniente que a pastoral pré-processual, antes mesmo


de confeccionar o libelo para o tribunal eclesiástico,
procure a parte demandada, quando não participa desde o
início, e coloque-a a par do aconselhamento que está sendo
dado, principalmente para a garantia dos direitos
subjetivos, e da orientação adequada para a situação
irregular de ambas as partes. «Indague-se se as partes estão
de acordo em pedir a nulidade» (RP-MIDI art. 4).
• Ao procurar a parte demandada, o agente da
pastoral pré-processual deverá explicar bem o que
se pretende com o processo de declaração de
nulidade matrimonial e que não se trata de um
processo civil onde poderá sofrer uma sanção penal.
• O processo de declaração de nulidade matrimonial
não pretende encontrar culpados e sim analisar a
existência ou não do vínculo matrimonial e que se
trata de um direito da parte pedir da Igreja que
analise a sua situação.
•O seguinte passo do acompanhamento em vistas do processo de declaração de
nulidade matrimonial é a confecção do libelo para a protocolização no tribunal
eclesiástico. O agente da pastoral pré-processual poderá redigir o libelo de
acordo com as especificações do cân. 1505 e, no caso do processo breve, de
acordo com o cân. 1684 MIDI (cfr. RP-MIDI art. 11 §1).
• Caso o agente da pastoral pré-processual esteja em dúvidas quanto ao tipo de
libelo que deve confeccionar (mais breve, ordinário e documental), para não
acontecer que o tribunal rejeite o libelo, melhor confeccioná-lo como se fosse
para o processo ordinário, pois o vigário judicial, percebendo que tem
elementos para o processo mais breve, poderá enviá-lo, mesmo que o libelo
tenha sido confeccionado para o processo ordinário.
• Importante, nesta fase, observar a competência do tribunal para que sejam
evitados certos dissabores na condução do processo e de uma possível querela
de nulidade, o que tornaria o processo muito mais longo e dispendioso.
Oitavo passo: O acompanhamento durante o processo

•O trabalho do agente da pastoral pré-processual, não termina com a


protocolização do libelo, mas deverá continuar durante todo o processo e com
a participação, agora, dos demais agentes da pastoral familiar. Durante o
desenvolvimento do processo de declaração de nulidade matrimonial, deverão
ajudar a parte ou as partes a entenderem a grande importância do sacramento
do matrimônio utilizando os capítulos I ao IV da Amoris Laetitia.
•Éimportante encaminhar a pessoa para que participe da pastoral familiar e
que tenha contato com o seu pároco, ou oferecer informações uteis relativas a
grupos, caminhos ou iniciativas pastorais para pessoas separadas, divorciadas
ou recasadas – Pastoral Familiar e outros grupos (cfr. AL 204, 208, 211, 217,
222, 223, 234, 243, 299, 300).
• O processo de declaração de nulidade matrimonial é apenas uma instância de
acolhida às pessoas feridas, sendo que muitas outras estruturas precisam ser
organizadas e colocadas mais próximas dos fiéis. Não se resolve toda a vida
espiritual dos fiéis apenas com o processo de declaração de nulidade matrimonial,
mas também através das atividades de oração, retiros, ação pastoral e vivência
comunitária (cfr. AL 299).
• Não se pode achar que resolvida a situação do matrimônio anterior, toda a situação
espiritual e eclesial estará resolvida. Para que a pastoral pré processual, desempenhe
com satisfação o seu papel, requer-se que ela auxilie os casais em segunda união a
não se sentirem excomungados e a orientar a comunidade cristã para que não os
tratem como se assim estivessem (cfr. AL 299).
• Os casais em segunda união se sentirão bem acolhidos se houver uma estrutura
pastoral que os acompanhe com respeito evitando aquela linguagem de afastamento,
condenação e discriminação, como se fossem cristãos de segunda categoria. Desta
mesma forma, além da estrutura pastoral de acolhida, é preciso a conversão de toda
a comunidade para que acolham estes casais e o integrem na vida da comunidade.
Acompanhamento posterior
•A partir da sentença, especialmente se negativa, será maior a exigência da
pastoral em acompanhar e integrar na vida da comunidade o casal que agora
não poderá contrair um novo matrimônio – pois todos os recursos foram
interpostos –, ajudando-os a ter uma caminhada de vida e de fé condizente
com o evangelho e com a doutrina da Igreja e que, com consciência,
possam realizar, dentro dos seus limites, o próprio discernimento diante das
situações que estão fora do esquema.
•A pastoral pré-processual deverá ajudar a formar as consciências dos fiéis,
tornando-as mais ampliadas e não em as substituir (cfr. AL 37, 149).
• Em circunstâncias mais complexas em que não se pode
obter a declaração de nulidade matrimonial a opção de
continência não será viável. Nestas circunstâncias se
deve, juntamente com o pároco, no foro interno, e com o
auxílio da pastoral familiar, percorrer um caminho de
discernimento, pois muitas vezes, por muitas limitações,
quem se encontra nesta situação não é responsável ou
culpado pelo divórcio (cfr. AL 301-302).
• Neste caso a AL abre possibilidade de acesso aos
sacramentos da Eucaristia e da Reconciliação depois de
um caminho pessoal de discernimento (cfr. AL 336 e
351).
• Estapossibilidade da AL não deve ser entendida como
um acesso irrestrito aos sacramentos, onde qualquer um
pode ser admitido à sua recepção. A apresentação desta
possibilidade só acontecerá a partir de um discernimento
e amadurecimento da fé (cfr. AL 300) pois não é mais
possível a declaração de nulidade matrimonial.

• Paraque este processo de discernimento e crescimento


seja melhor vivido, requer-se a participação e
entendimento de toda a comunidade e que seja, ao
mesmo tempo, lugar e instrumento de misericórdia.
• Alguns elementos são necessários para que casais em
segunda união possam ser admitidos à comunhão
eucarística e à penitência:
• que depois de instaurado o processo de declaração de
nulidade matrimonial tenha recebido resposta negativa;
• que tenham percorrido um caminho de discernimento e
crescimento na vida de fé;
• e que não tenham sido os culpados pelo divórcio.

• Cfr. ADDITUM AD EPISTULAM – REGIÓN PASTORAL BUENOS AIRES – Criterios básicos


para la aplicación del capitulo VIII de Amoris laetitia. FRANCISCUS, PP. Additum Recibimos
con alegría, Ad epistolam Región Pastoral Buenos Aires, Criterios básicos para la aplicación del
capítulo VIII de Amoris laetitia, 05 septembris 2016, in AAS 108 (2016)1072-1074.
• Estaproposta parte do Catecismo da Igreja Católica (cfr. 1735) e do Código de
Direito Canônico (cfr. cânn. 1323 e 1324 CIC 1983) sobre a imputabilidade de
um ato, que pode ser anulada ou diminuída mediante violência física, ameaça,
medo, ignorância, inadvertência, afeições desordenadas ou problemas psíquicos.
•O Papa pede, que nestes casos, a Igreja acompanhe com misericórdia as etapas
de crescimento de cada um e lembra aos sacerdotes que o confessionário não
pode ser uma câmara de tortura, mas um lugar da misericórdia (cfr. EG 44).
• Estalembrança do Papa pode servir também para os agentes da pastoral familiar
e pré-processual e à própria comunidade, que devem fazer do acompanhamento
e acolhimento um exercício da misericórdia e não de condenação ou acusação.
•O Papa quer que a Igreja proporcione um itinerário de discernimento individual
a partir da doutrina da Igreja e de um sério exame de consciência (cfr. AL 300).
CONCLUSÃO
•A partir das reflexões em torno da família, que já foram
realizadas até o presente momento, pode-se compreender o
caminho realizado pelo Papa Francisco na reforma do processo
de declaração de nulidade matrimonial, pois a intenção do Papa,
conforme já se podia esperar a partir da EG, foi levar as
estruturas judiciais e pastorais para mais perto daqueles que estão
feridos e precisam ser acompanhados, integrados e orientados
segundo o capítulo VIII da Amoris Laetitia, mesmo que o
objetivo da AL seja infundir nos jovens e nas novas famílias a
opção pelo matrimônio e pela família e não pelo processo de
declaração de nulidade matrimonial que é uma consequência da
acolhida e do acompanhamento pastoral (cfr. DPF 391).
•A proposta apresentada deseja contribuir para uma pastoral integrada e
encarnada na vida das pessoas sendo capaz de estar próxima e de levar
a todos o rosto misericordioso do Pai e o serviço judicial da Igreja que,
até o momento, encontra-se mais escondido do que difundido.
• Quer-se uma pastoral que não tenha medo da verdade e, conhecendo a
doutrina canônica e teológica da Igreja, consiga se aproximar daqueles
que estão afastados por se sentirem rejeitados por causa da situação
irregular em que se encontram (cfr. DPF 392).
• Pormuito tempo a evangelização equivocada e fechada em esquemas
prontos, tratou os irregulares como pecadores e afastados da vida da
Igreja (cfr. DPF 393), e isto muitos ouviram e estão ouvindo dos
próprios clérigos que se preocupam mais com a estética litúrgica dos
sacramentos do que com a acolhida dos feridos.
• Trata-sede uma pastoral renovada, com um novo método e um
novo ardor na ação missionaria e evangelizadora, uma pastoral que
tenha a coragem de sair das suas secretarias, de renovar as suas
estruturas com coragem e levá-las ao encontro dos que sofrem. É a
pastoral em saída querida pelo Papa Francisco na Evangelii
Gaudium (cfr. EG 17, 20-24, 25-33, 46, 97, 179).
• Trata-sede uma pastoral em saída de si mesma e que vá em
direção dos feridos e abandonados. Essa é a regra geral que deve
guiar toda a ação da pastoral pré-processual (cfr. EG 179), sendo
capazes de superar as previsões e quebrar os esquemas prontos,
pois a Palavra é dinâmica e não pode ser controlada (Cfr. EG 22.
Cfr. DPF 396).
• Para que esta proposta pastoral, de fato, possa vir ao encontro das
necessidades reais, é necessário partir da pessoa, das suas ansiedades,
dúvidas, medos, tristezas e alegrias, e ir para o Evangelho, para analisar
o que Cristo faria nesta situação.
• Depois de iluminado pelo evangelho é que se parte para a teologia, para
a doutrina. Iluminado por esta realidade, volta-se para a pessoa, para
dialogar com ela e não para lhe impor. Esta é a chave para a aplicação
desta proposta pastoral. Somente entendendo este caminho é que poderá
ser aplicada de fato, caso contrário serão apenas letras sem sentido.
• Por fim, esta é também a chave de leitura para se entender o Papa
Francisco que parte da pessoa e vai primeiro ao Evangelho, somente
depois vai para a teologia e a doutrina. Sem entender este processo,
nunca se entenderá as reformas que o Papa está empreendendo na
Igreja. É preciso, hoje mais do que nunca, falar ao coração.

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