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CANONIZAÇÕES
Publicado em 3 de junho de 2016 por Karlos Guedes
Texto a seguir faz uma comparação interessante entre o antigo processo de canonização e o
processo reformado. Não temos necessariamente a mesma opinião do autor, mas o quadro
comparativo é bastante interessante.
****************
Os céticos às canonizações modernas muitas vezes notam que os processos com o quais a
Igreja eleva santos aos seus altares foram “mudados” desde o Concílio Vaticano II. Quais
foram essas mudanças? O Papa Paulo VI começou a mudança em 1969. Seu decreto Sacra
Ritua Congregatio dividiu a Congregação dos Ritos em duas congregações: a Congregação
para o Culto Divino e a Congregação para as Causas dos Santos. Essa última foi
subdividida em três departamentos, levando a uma consequente reestruturação do processo
de canonização. Entre 1969 e 1983, essa mudança correu de forma fluida. Em 1983, João
Paulo II em sua [Constituição Apostólica] Divinis Perfectionis Magister simplificou ainda
mais o processo, como também fez a famosa abolição do cargo de Promotor
Fidei (“Advogado do Diabo”) para tornar a função [dos departamentos] menos
contraditória.
Mas em que mais diferem-se os processos pré-1969 e pós-1983? Quanto realmente mudou
nesse decurso?
Para ajudar a responder essa questão, preparamos um quadro comparativo do processo pré-
1969 (que permaneceu relativamente intacto desde 1588) com a reestruturação pós-1983. É
importante notar, uma vez que entre os anos de 1969 e 1983 foram como uma espécie de
período provisório em que o sistema estava em mudança, que ele não está incluso aqui,
embora um estudo sobre as mudanças desse período seria muito esclarecedor. Nós
apresentamos meramente o sistema antes de Paulo VI em contraste com as revisões feitas
por João Paulo II em 1983, revisões que caracterizam o atual processo seguido em
beatificações e canonizações.
Você notará, obviamente, que o sistema pré-1969 é bem mais longo. Entretanto, o mero fato
de ser mais longo não significa que seja mais minucioso ou melhor; é de conhecimento
comum que em burocracias muito papel seja necessário e muitos relatórios emitidos entre
departamentos, mas tal coisa não é garantia de que algo produtivo esteja acontecendo.
A diferença entre o velho e o novo processos não é a sua extensão, mas o seu caráter. No
sistema pré-1969, você notará o cuidado com que a integridade do processo em si é
salvaguardada. A Sagrada Congregação deve atestar a validade da metodologia usada nos
tribunais diocesanos. O Promotor Fidei deve assinar no formulário canônico de cada ato do
Postulador e da Congregação. A validade das inquirições dos milagres do candidato é
escrutinada. Há uma estrita atenção à forma e à metodologia no processo pré-1969 que
simplesmente falta no sistema pós-1983.
Ainda que o [cargo do] Promotor Fidei não tenha sido abolido em 1983, seu papel foi
grandemente reduzido. Esse foi outro exemplo de como há menos atenção ao método no
sistema pós-1983, uma vez que um dos principais papéis do Promotor Fidei era escrutinar
os procedimentos pelos quais caminhava o processo.
Essencialmente, enquanto o processo de canonização moderno mantém os detalhes do
sistema pré-1969, o aspecto de equilíbrio de poderes que caracterizava o sistema pré-1969
foi enfraquecido. A rígida fiscalização está em falta no sistema contemporâneo. Não vamos
revisar esse argumento inteiramente, mas recomendamos que o leitor consulte nosso longo
artigo “História de Advogado do Diabo” para mais em como o caráter da canonização foi
mudado.
Nada disso é para sugerir que as canonizações modernas são inválidas, naturalmente; a
validade da canonização nunca foi dependente de um processo particular adotado até a
chegada à canonização, que mudou através dos séculos. Entretanto, uma comparação
objetiva no velho e novo sistemas dá motivos para preocupação, uma vez que a integridade
do processo contemporâneo é menor – não tanto pela falta de algo encontrado no velho
sistema, mas por uma mudança de paradigma no entendimento do que deve realizar. [1]
NOTAS
Detalhes do processo de canonização e beatificaçao pós-1983 foram tirados de The Process
of Beatification and Canonization, EWTN,
<https://www.ewtn.com/johnpaul2/cause/process.asp>, Accessed 6 Sept, 2015.
O processo de canonização pré-1969 foi tirado do ensaio The Process of Beatification and
Canonization por Rev. Abbot Aloysius Smith, CRL, DD., encontrado em The English
Martyrs, ed. Rev. Dom Bede Camm, OSB (1929, Herder Book Company, Cambridge,
England), pp. 43-54.
A infalibilidade das canonizações não é ensinada pela Igreja, nem está implícita em
nenhuma das doutrinas da Fé. Aos católicos, portanto, não é requerido acreditar como
verdade de fé e podem até por sérios motivos duvidar ou questionar a veracidade de
certas canonizações. Esta conclusão é rigorosamente estabelecida e defendida por John
Lamont em seu artigo “A Autoridade das Canonizações”(Rorate Caeli, 24 de agosto de
2018), que, na minha opinião, é o melhor tratado sobre o assunto já publicado e que vale
a pena ler na íntegra, especialmente para aqueles que têm objeção de consciência sobre
esta questão [3].
Nos pontificados recentes, vimos uma mudança de paradigma tomando forma, fazendo
com que um grupo de indivíduos – ou pelo menos certos indivíduos – estão sendo
canonizados. Donald Prudlo observa:
Neste ponto, surge a questão: a idade de ouro da Igreja é a Idade Média e todavia os
únicos Papas da era medieval canonizados foram Gregório VII e Celestino V [também
precisaríamos incluir Leão IX – PK]. Nos séculos XII e XIII, houve grandes papas, mas
nenhum deles foi canonizado. Por setecentos anos, entre os séculos Quatorze e Vinte
somente São Pio V e São Pio X foram canonizados. Todos os outros eram papas
indignos e pecadores? Certamente não. Mas o heroísmo ao governar a Igreja é uma
exceção, não uma regra, e se todos os Papas fossem santos, então ninguém é santo.
Santidade é uma excessão que perde seu significado quando se torna regra.[7]
Este último parágrafo tem uma ênfase particularmente significativa: deve causar o mais
profundo espanto e ceticismo perceber que enquanto a Igreja canonizou exatamente dois
papas em um período de 700 anos [8], nos últimos anos, ela “canonizou” três papas de
um período de pouco mais de 50 anos – meio século que coincide magicamente com a
preparação, execução e rescaldo do mais mágico de todos os Concílios, o Vaticano II.
Deve ser esse efeito o “novo Pentecostes”. Se isso não for suficiente para deixar alguém
com a pulga atrás da orelha, não sei mais o que seria[9].
O processo de canonização
A fim de agilizar a fabricação de santos, João Paulo II introduziu muitas mudanças
significativas no processo de canonização que estava seguramente estabelecido pelo
Prosper Lambertini (1734-1738) e que mais tarde se tornou o Papa Bento XIV (1740-
1758). Este processo foi baseado em normas que vem desde o período do Papa Urbano
VIII (1623-1644). E não foi outro senão Paulo VI que nesta área, assim como muitas
outras, iniciou uma simplificação dos procedimentos em 1969, um processo que João
Paulo II completou em 1983.
O relaxamento do processo, junto aos caos que frequentemente parece reinar nos anos
pós-conciliares, em nada é comparável ao papel do advogado do diabo” que
desapareceu desde 1983 (e, possivelmente desde 1969, quando a instabilidade foi
introduzida pela primeira vez no processo).
Aqui devo compartilhar algumas informações perturbadoras. Uma pessoa que trabalha
no Vaticano, na Congregação para a Causas dos Santos, disse-me que as ordens foram
recebidas “do alto” para que o processo de canonização de Paulo VI fosse aviado o mais
rápido possível. E como resultado, a Congregação não examinou todos os documentos
por ou sobre Paulo VI guardados nos arquivos do Vaticano. Esta lacuna gritante é tanto
mais grave quando lembramos que Paulo VI foi acusado de ser um homossexual ativo,
uma acusação que foi levada a sério o suficiente a ponto de ser negado. [12] Também
pesa sobre ele a grave acusação de seu envolvimento em negociações secretas com os
comunistas e seu endosso da “Ostpolitik”, sob a qual muitas injustiças foram cometidas.
[13] Alguns poderiam pensar que um desejo por transparente verdade sobre cada
aspecto de Montini teria levado a um exame exaustivo dos documentos relevantes. No
entanto, isso foi intencionalmente contornado. É possível dizer que essa falta de devida
diligência por si só joga dúvidas sobre a legitimidade da canonização.
O novo sistema corta o número de milagres pela metade, o que poderíamos dizer que
corta a certeza moral também pela metade- e como muitos observaram, os milagres
apresentados parecem tão simples que deixam qualquer um com a pulga atrás da orelha:
foi realmente um milagre ou foi apenas um evento extremamente improvável? Os dois
milagres para Paulo VI (um deles pode ser lido sobre ele aqui) são, para ser franco, nada
espantosos. Quero dizer, é maravilhoso que dois bebês foram “curados” ou “protegidos”
da maneira descrita, mas dizer que estamos lidando com uma intervenção sobrenatural,
naturalmente inexplicável, pelas orações de Paulo VI, não é patentemente óbvio. Quatro
milagres robustos, como a restauração da visão dos cegos ou a ressurreição de um morto
seriam uma convicção.
A irracional dureza com a qual ele tratou os Católicos tradicionais foi simplesmente
vergonhosa, como quando ele ignorou a petição de um grande grupo de 6.000 padres
espanhóis [15] que apenas desejavam continuar celebrando o imemorial rito de São
Gregório e São Pio V, ao passo que dava essa mesma permissão a alguns padres da
Inglaterra e do País de Gales – mais uma vez demonstrando as contradições das quais os
Hamlets são feitos). Ele abusou de sua autoridade papal descartando o que deveria ser
reverenciado e tratando como proibido o que jamais poderia ser proibido.
O papa tem a solene obrigação de sustentar e defender as tradições e ritos da Igreja; ele
não tem autoridade moral para modificá-los ignorando o reconhecimento passado.
Nenhum papa na história de 2.000 anos da Igreja Católica chegou perto de modificar
tradições e ritos Católicos tão extensivamente como fez Paulo VI. Isso por si só deveria
torná-lo sempre suspeito aos olhos de qualquer fiel mais ortodoxo. Ou este papa foi o
grande libertador que libertou a Igreja de séculos, talvez mais de um milênio, da
escravidão de formas prejudiciais de culto – e nesse caso, o Espírito Santo teria dormido
no trabalho e os protestantes estavam corretos o tempo todo ao afirmar que a verdadeira
Igreja Cristo desapareceu ou foi para as catacumbas_ ou ele foi o grande destruidor que
demoliu o que a Divina Providência construiu com tanto amor, vendendo a Igreja à
escravidão do modismo intelectual que é mais humilhante do que a servidão física
sofrida pelos israelitas.
Paulo VI não assistiu impotente à “autodemolição” da Igreja (seu próprio termo para o
colapso que veio depois do Concílio); ele não se limitou a liderar o maior êxodo de
leigos, clérigos e religiosos católicos desde a revolta protestante. Ele ajudou e encorajou
essa devastação interna por suas próprias ações. Ao empurrar à toda velocidade uma
radical reforma litúrgica e institucional ele não deixou nada intocado e multiplicou por
cem as forças desestabilizadoras que atuavam nos anos 60. Qualquer um que tenha
apreço pela funcionalidade da razão, seria capaz de ver que isso era perigoso, para não
mencionar ímpio, de mudar tanto e tudo, tão rápido. Mas não: Paulo VI era um adepto
voluntário da ideologia da modernização, um alto prelado do progresso, que ousou ir
onde nenhum de seus predecessores jamais foi.
Neste ponto, alguém pode objetar: “Ok, e se Paulo VI não fosse muito bom em ser
papa? Certamente ele poderia ter sido um homem santo internamente. Ele estava
vivendo em um período de tempestade, quando todo mundo estava confuso e ele estava
fazendo o melhor que podia. Devemos admirar suas intenções e seus grandes desejos,
mesmo que possamos criticar em retrospecto certas decisões e ações. Santidade não é
um cobertor de aprovação sobre tudo que uma pessoa diz ou faz.
O problema com este tipo de objeção é que ela falha em reconhecer que como um
Católico vive sua vocação primária na vida é parte e parcela de sua santidade. Como um
bispo da Igreja – e acima de tudo um papa – exerce seu ofício eclesiástico não é
incidental, mas essencial à sua santidade (ou falta dela). Imagine-o desta forma:
poderíamos canonizar um homem que, apesar de bater na sua esposa e negligenciar seus
filhos, era obediente em ir à missa diariamente, rezar o Rosário, e dar esmolas aos
pobres? Seria absurdo, porque diríamos com razão: “um homem casado com filhos tem
que ser santo como marido e pai, e não apesar de ser marido e pai”. Portanto não seria
menos absurdo dizer: -como um papa foi negligente, irresponsável, indeciso, ríspido e
revolucionário em suas decisões papais, mas seu coração estava no lugar certo, e ele
estava sempre se esforçando para a glória de Deus e a salvação dos homens. “Um Papa
é um santo porque ele exerceu bem o papado”. Mostrou fé heróica, esperança, caridade,
prudência, justiça, fortaleza, temperança, etc. em sua própria atividade de governar a
igreja. Isso não pode ser razoavelmente dito de Paulo VI.
Para ler mais sobre as falhas de Paulo VI como papa, recomendamos o seguinte:
“50 anos atrás: Dietrich von Hildebrand confronta o papa Paulo VI”
Aqui vale a pena ressaltar que o tempo dirá, como já começamos a ver, que o bem pelo
qual Paulo VI foi responsável não foi de forma alguma o motivo de sua canonização. Na
verdade, todas as coisas listados acima como “bons momentos” são contrários às
tendências prevalecentes do partido Bergogliano. Portanto, somos testemunhas do caso
mais cínico de “ut promoveatur amoveatur” jamais visto na história da Igreja – ou seja,
promover alguém, normalmente de uma posição geralmente mais distante, a fim de
removê-los de sua atual posição mais influente. Eu argumentei este ponto aqui
Consequências práticas
Diante do exposto, quais são as consequências práticas para o clero, religiosos e leigos,
que duvidam da validade dessa canonização? Este tópico merece um tratamento mais
completo separadamente, mas brevemente, qualquer pessoa com uma dúvida tal ou
dificuldade é permitida abster-se de orar a Paulo VI e não precisa apoiar seu culto. Nós
todos somos obrigados a rezar pela salvação do Santo Padre e pela liberdade e exaltação
de nossa Santa Madre Igreja na Terra. Essa intenção implicitamente inclui a petição
pelo Papado, a Cúria Romana, a Congregação para a causa dos Santos e o próprio
processo de canonização a ser reformado na estação favorável de forma que eles possam
servir melhor às necessidades dos fiéis de Cristo e dar glória ao Deus Todo-Poderoso,
que é “maravilhoso em seus santos” (Sl 67:36).
NOTAS
[1] Por exemplo, argumentando que todos os atos disciplinares papais que afetam toda a
igreja devem ser inerrantes e certamente favorecem o bem comum_ uma posição que
qualquer um poderia defender nos primórdios da história mas que, no momento atual,
não é nada menos que grosseiramente risível.
[2] É, portanto, prejudicial quando as pessoas tentam popularizar coisas como esta: “A
beatificação requer um milagre atestado e permite que a pessoa beatificada seja
venerada por sua igreja local. A canonização exige dois milagres atestados e permite a
veneração do santo pela Igreja universal. Canonização é uma afirmação infalível da
Igreja de que o santo está no céu “(https://www.catholic.com/qa/what-is-the-difference-
between-saints-and-blesseds). Isso é fazer declarações demais, a menos que algumas
qualificações sejam adicionadas.
[3] De modo a não deixar meu artigo muito longo, eu não vou resumir seu argumento
aqui, mas meramente deixar claro que ele responde plena e amplamente às objeções
geralmente levantadas pelos proponentes da infalibilidade das canonizações. Inter alia,
Lamont refuta a afirmação de que o uso de certos termos em latim no rito de
canonização é que estabelece adequadamente sua natureza infalível. Tratamentos
adicionais valiosos do assunto incluem isto e isto.
[4] Por exemplo: “A canonização … é um decreto formal papal de que o candidato era
santo e agora está no céu com Deus; o decreto permite a lembrança pública do santo nas
liturgias em toda a igreja. Isso significa que igrejas podem ser dedicadas à pessoa sem
especial permissão do Vaticano. … ‘Além de nos tranquilizar de que o servo de Deus
vive no céu em comunhão com Deus, milagres são a divina confirmação do julgamento
expresso pelas autoridades da Igreja sobre a virtuosa vida vivida pelo candidato. Papa
Bento disse em discurso aos membros da Congregação para as Causas dos Santos em
2006 “(http://www.catholicnews.com/services/englishnews/2011/holy-confusion-
beatification-canonization-are-different.cfm, ênfase adicionada).
[5] Citado por Christopher Ferrara em “A Crise da Canonização”.
[6] https://rorate-caeli.blogspot.com/2018/02/guest-note-paul-vi-pastoral.html. Pe.
Hunwicke também observou antes do evento: o Papa Francisco pretende este mês
realizar o ato altamente divisivo de canonização. Julgando pelo que ele disse ao dar essa
informação ao clero da cidade com uma risadinha sarcástica: “e Bento e eu estamos na
lista de espera”. Uma piada muito espirituosa. Este é um projeto que pode ser usado
como um projeto político para o Papa Francisco, já que é ele mesmo o campeão e
beneficiário da obra de Paulo VI no Vaticano II e depois “.
[7] http://www.robertodemattei.it/en/2018/04/11/tu-es-petrus-true-devotion-to-the-
chair-of-saint-peter/; ênfase adicionada. De Mattei está evidentemente restringindo o
termo “Idade Média” ao período após o ano 1000. Além disso, Vitor III e Urbano II, os
dois papas depois de Gregório, são bem-aventurados.
[8] Isto certamente não é por falta de muitos indivíduos com virtudes heróicas em um
período de 700 anos – mas, como dissemos, se não houvesse culto por causa de
milagres indiscutíveis, a Igreja não iria vasculhar os arquivos para encontrar quaisquer
candidatos para honrarias ou pra empurrar suas causas.
[10] http://www.unamsanctamcatholicam.com/theology/81-theology/555-canonization-
old-vs-new.html
[11] Do artigo “Promotor Fidei” na antiga Enciclopédia Católica. Para saber mais sobre
o “advogado do diabo”, leia este artigo informativo.
[13] Veja George Weigel sobre Ostpolitik. Bergoglio está simplesmente seguindo os
passos de Montini em suas negociações com a China Comunista.
[14] Ou redefinido: veja este artigo revelador de John Thavis. O Papa Francisco
dispensou a exigência de um segundo milagre para a “canonização” de João XXIII.
Assim, incrivelmente, um papa que não se destaca pela santidade notável e que nunca
teve nenhum culto público particularmente forte ou generalizado foi elevado às honras
dos altares com base em um milagre. Podemos ver nisso um belo exemplo do abuso
grosseiro do poder pontifício que Francisco usa para sua consolidação ideológica.
[15] Ou seja, a “Hermandad Sacerdotal Espanola de San Antonio Maria Claret y San
Juan de Ávila”, que foi formada pela “Hermandad Sacerdotal Espanola”, fundada em
1969 por padres espanhóis para defender a tradição em face das mudanças na Igreja e
um outro grupo similar da Catalunha, chamado “Asociación de Sacerdotes y Religiosos
de San Antonio Maria Claret.” Eles enviaram uma carta ao Vaticano em 1969
solicitando o uso continuado do antigo missal romano – e Paulo VI recusou-os
categoricamente. Infelizmente, como o Tradicionalismo Espanhol e Italiano era
caracterizado por obediência cega a Roma, o Novus Ordo acabou sendo aceito sem
resistência e até hoje a Tradição tem dificuldade em se expandir nessas esferas culturais.