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Eminência/Excelência Reverendíssima
1. O abandono da Igreja Católica, para que possa ser configurado validamente como um
verdadeiro actus formalis defectionis ab Ecclesia, também para os efeitos das excepções
previstas nos cânones supra mencionados, deve concretizar-se na:
2. O conteúdo do acto de vontade deve ser a ruptura daqueles vínculos de comunhão – fé,
sacramentos, governo pastoral – que permitem aos fiéis receber a vida da graça no seio da
Igreja. Isto significa que um tal acto formal de defecção não tem somente carácter jurídico-
administrativo (sair da Igreja no sentido de proceder à averbação de tal acto em cartório, com
as respectivas consequências civis), mas se configura como uma verdadeira separação dos
elementos constitutivos da vida da Igreja: supõe portanto um acto de apostasia, heresia ou
cisma.
Por outro lado a heresia formal e, menos ainda, a material, o cisma e a apostasia não
constituem sozinhos um acto formal de defecção, se não se concretizarem externamente e se
não forem manifestadas do modo devido à autoridade eclesiástica.
4. Deve tratar-se, portanto, de um acto jurídico válido posto por pessoa canonicamente hábil
e em conformidade com as normas canónicas que o regulam (cf. câns. 124-126). Tal acto
deverá ser emitido de modo pessoal, consciente e livre.
5. Requer-se, ademais, que o acto seja manifestado ao interessado de forma escrita, diante da
autoridade competente da Igreja Católica: Ordinário o pároco próprio, a quem compete
exclusivamente julgar sobre a existência ou não, no acto de vontade, do conteúdo expresso
no n. 2.
Por conseguinte, somente a coincidência dos dois elementos – o aspecto teológico do acto
interior e a sua manifestação do modo como aqui se definiu – constitui o actus formalis
defectionis ab Ecclesia catholica, com as penas canónicas correspondentes (cf. cân. 1364, §
1).
7. Em todo caso, resta patente que o liame sacramental de pertença ao Corpo de Cristo que é
a Igreja, dado pelo carácter baptismal, é um liame ontológico permanente e não cessa por
causa de nenhum acto ou facto de defecção.
dev.mo in Domino
Bruno Bertagna
Secretário
A presente comunicação foi aprovada pelo Sumo Pontífice, Bento XVI, que dispôs a sua
notificação aos Em.mos e Ex.mos Presidentes de todas as Conferências Episcopais.