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A S R E FO R M A S N A E U RO PA

Instituto Bíblico Pistis


ANTECEDENTES DA REFORMA
Lei e Graça. Lucas Cranach, o Velho
A PRESENÇA DA MORTE E O
S E N T I M E N T O D E C U L PA B I L I D A D E
▪ Se tantas pessoas na Europa optaram pela
Reforma, foi por essa ter sido
primeiramente “uma resposta religiosa a
uma grande angústia coletiva.”
(Delumeau)
A PRESENÇA DA MORTE E O
S E N T I M E N T O D E C U L PA B I L I D A D E
▪ As desgraças da época (Guerra dos Cem anos, a
Peste Negra) foram atribuídas ao pecado, provocando
um sentimento generalizado de culpa. Desgraças
maiores eram esperadas: o fim do mundo, a vinda do
anticristo e o juízo final (medo escatológico). Os
artistas se deleitavam em retratar os suplícios
infernais.
A PRESENÇA DA MORTE E O
S E N T I M E N T O D E C U L PA B I L I D A D E
▪ A morte foi o grande tema da iconografia do fim da
Idade Média, a exemplo das Danças macabras que
evocam tanto o aspecto repentino da morte como a
igualdade diante da mesma. A preocupação com a
salvação pessoal tornou-se avassaladora.
Ars Moriendi
Ars Moriendi
DEFESAS CONTRA A MORTE
ETERNA
▪ Buscou-se refúgio junto à mãe do Salvador. Difundiu-se a devoção à virgem, o
rosário. A devoção à Maria desencadeou a devoção à sua mãe, Santa Ana;
▪ O culto aos Santos, bem como de suas relíquias e imagens, experimentou uma
grande difusão no final do século XV e início do século XVI, as indulgências
alcançaram enorme sucesso.
▪ Os fiéis sentiam-se abandonados pela igreja. Havia superabundância de padres, mas
faltavam pastores.
▪ A doutrina luterana da justificação pela fé foi uma resposta ao desespero
diante de Deus, como juiz, ele não é um juiz severo, mas um pai
compadecido.
EM DIREÇÃO AO SACERDÓCIO UNIVERSAL:
ASCENSÃO DO INDIVIDUALISMO E DO ESPÍRITO
LAICO

▪ Rivalidade entre nações, grande comerciantes, capelas e seus


santos padroeiros, nobres e burgueses abastados com seus
santuários privados;
▪ Expresso também na piedade pessoal que, por vezes se
tornava misticismo, o qual dispensava canais hierárquicos
e litúrgicos, buscando contato direto com Deus.
EM DIREÇÃO AO SACERDÓCIO UNIVERSAL:
DEPRECIAÇÃO DO SACERDÓCIO

▪ No final da idade média, prevaleceu uma espécie de anarquismo


cristão; Os fiéis não distinguiam mais tão nitidamente o sacro e o
profano, o padre e o leigo. Na vida cotidiana, o sagrado era
tratado com familiaridade e domínio da fé era invadido por
elementos profanos.
▪ O estilo da vida dos clérigos – incluindo papas bispos e padres –
era muitas vezes mundanos. A figura do padre perdia força e caia
em descrédito.
EM DIREÇÃO AO SACERDÓCIO UNIVERSAL: OS
LEIGOS SOCORREM A IGREJA

▪ A civilização da época era religiosa demais para que a Igreja e Estado consentissem
em agir em campos separados. Ou a Igreja tendia a submeter o poder secular à sua lei
ou soberanos procuravam impor seu próprio poder à Igreja.

▪ Enquanto o prestígio do poder papal diminuía, a função do imperador é exaltada. Ao


fim da idade média tornava-se mais evidente a ingerência do Estado na igreja.

▪ Os cristãos adquiriram o hábito de ver seus chefes laicos como guias espirituais.
As autoridades laicas ganhavam cada vez mais consciência de suas responsabilidades
religiosas. Os reis que impuseram a reforma, seu surdo e tu serão movidos muito mais
por um sincero sentimento cristão do que por ambições políticas ou financeiras.
A REFORMA LUTERANA
A FORMAÇÃO DE LUTERO
▪ 1483 – Nascimento em Eisleben (a família mudaria para Mansfeld no
ano seguinte)
▪ 1501 – Início dos estudos na Universidade de Erfurt (graduação em
1502 e mestre em 1505)
▪ 1505 – Início dos estudos na faculdade de Direito, mas decide tornar-se
monge para cumprir uma promessa a Santa Ana, ingressando na ordem
Agostiniana: “Santa Ana, se me auxiliares, tornar-me-ei monge.”
A FORMAÇÃO DE
LUTERO

▪ A princípio, o que interessa a Lutero


não é a reforma da Igreja. É Lutero.
A alma de Lutero, a salvação de
Lutero.
▪ Como monge, submeteu-se à vida
disciplinada e vigorosa:
▪“De tal maneira me esgotei em orações e jejuns
que não teria vivido muito mais tempo se lá
tivesse permanecido”
A FORMAÇÃO DE LUTERO
▪ 1508 – Enviado para a Universidade de Wittenberg. Ali teve como
conselheiro Johann von Staupitz.
▪ 1512 – Graduou-se doutor em Teologia, tornando-se professor de Bíblia
em Wittenberg. A partir daí dedicou-se ao estudo de Salmos (1513-15);
Romanos (1515-16); Gálatas (1516-17). É nesse período que Lutero
descobre a justificação pela fé. Sua descoberta da misericórdia
ocorreu ao estudar a carta aos Romanos.
A FORMAÇÃO DE LUTERO
▪ 1517 – Inicia-se uma campanha de venda de
indulgências em Juterborg para saldar uma dívida do
arcebispo com banqueiros, liderada por Johaness
Tetzel. Em 31 de outubro (dia de Todos os Santos)
Lutero publicou suas famosas 95 teses.
Papa Leão X Imperador Carlos V
A RUPTURA COM ROMA
▪ 1518 – Lutero expôs duas ideias no Debate de
Heildeberg. As teses apresentadas reproduzem sua
teologia da cruz:
“Cristo salva o pecador condenado, não o justo. Deus não
pode ser encontrado no ser humano, mas apenas na cruz de
seu filho.”
A RUPTURA COM ROMA
▪ 1518 – Chega a Wittenberg Filipe Melanchton, que se tornaria o
principal discípulo de Lutero e teólogo da Reforma Luterana.
▪ Ainda no mesmo ano, é realizada a Dieta de Agsburgo, na qual Lutero
se recusou a retratar-se perante o cardeal Cajeato, representante do
papa.
▪ 1519 – Realização do debate de Leipzig entre Lutero e John Eck,
professor de teologia.
A RUPTURA COM ROMA

“E embora eu lhe citasse Agostinho,


Jerônimo, Gregório, Cipriano,
Crisóstomo, Leão e Bernardo, com
Teófilo, contradisse a todos sem
pestanejar, e disse que ficaria sozinho
contra mim, embora não fosse apoiado
por ninguém, porque somente Cristo é o
fundamento da Igreja, pois nenhum
homem pode pôr outro fundamento.”
John Eck
A RUPTURA COM ROMA
▪ 1520 – Algumas obras importantes: Apelo à Nobreza Germânica (contra a
autoridade de Roma); O cativeiro babilônico da Igreja (contra o sistema
sacramental) e Da Liberdade Cristã (afirmação do sacerdócio universal);
▪ O papa Leão X publicou a bula Exsurge Domini, classificando como
heréticas 41 das afirmações de Lutero e intimando-o a renunciar seus
ensinamentos num prazo de 60 dias. A bula foi queimada em público
por Lutero, e no início do ano seguinte, ele foi excomungado. “O cisma
não foi consumado por Lutero, mas por Roma” (Dreher)
C ONFLITOS C OM O IMPÉRIO E
CRISES INTERNAS
▪ 1521 – Convocação da Dieta de Worms, pelo então imperador do
Sacro Império Romano Germânico, Carlos V. Lutero comparece sob
proteção de Frederico, da Saxônia.
▪ Publicação do Edito de Worms ordenando que Lutero e seus adeptos
fossem presos, proibindo a leitura dos seus escritos. Como Carlos V
precisava de financiamento dos príncipes luteranos para suas guerras
contra os turcos e Francisco I (França), nada foi feito.
L U T E RO N A D I E TA D E WO R M S

“A não ser que eu esteja convencido pelo testemunho das Escrituras ou por uma
clara razão (pois não confio no papa, nem apenas em concílios, visto que é bem
sabido que eles têm errado frequentemente e se contradizem), estou preso às
Escrituras que tenho citado e minha consciência é cativa à Palavra de Deus. Não
posso negar, e não negarei nada, pois não é seguro nem direito ir contra a
consciência. Não posso fazer de outro modo. Que Deus me ajude! Amém.”
C ONFLITOS C OM O IMPÉRIO E
CRISES INTERNAS
▪ 1522 – Conclusão de sua tradução alemão do Novo
Testamento, ainda em Wartburgo. A tradução do Antigo
Testamento foi concçupida apenas em 1534.
▪ Ainda nesse ano, enfrenta os Profetas de Zwickau, que
provocaram distúrbios em Wittenberg com um dircurso
apocalíptico e iconoclasta.
C ONFLITOS C OM O IMPÉRIO E
CRISES INTERNAS
▪ 1525 – Oposição à Revolta dos camponeses liderados por Thomas
Muntzer. Depois de uma tentativa mal sucedida de apaziguar os
camponeses, Lutero apoiou a repressão como escrito Contra as hordas
de roubadores e Assassinos dos camponeses. Nos dizeres dele: “Ó, Senhor
Deus, se tal é o espírito que reina entre os camponeses, está mais do que na
hora de degolá-los feito cães raivosos.” Como resultado, 100000
camponeses são mortos. Lutero perde consideravelmente o apoio
popular.
C ONFLITOS C OM O IMPÉRIO E
CRISES INTERNAS
▪ 1525 – Casamento com Catarina Von Bora

▪ Sobre o “luteranismo”: “A primeira coisa que eu peço é que as pessoas


não façam uso do meu nome e não se chama luteranas, mas cristãs.
Que é Lutero? O ensino não é meu. Nem foi crucificado por ninguém
[...] Como eu, miserável saco fétido de larvas que sou, cheguei ao ponto
em que as pessoas chamam os filhos de Cristo por meu perverso
nome?”
C ONFLITOS C OM O IMPÉRIO E
CRISES INTERNAS
▪ 1526 – Primeira Dieta de Speier. Os príncipes luteranos firmaram um
acordo segundo o qual, até que houvesse um concílio geral, cada
governante escolheria a religião que pretendia estabelecer em seu
território.
▪ 1529 – Segunda Dieta de Speier – Realizada após a vitória de Carlos V
contra os turcos e Francisco I, prometendo uma contrarreforma na
Alemanha. Foi exigida a recatolicização dos territórios que haviam
aderido ao luteranismo. Em resposta, os príncipes Luteranos
protestaram.
C ONFLITOS C OM O IMPÉRIO E
CRISES INTERNAS
▪ 1529 – Colóquio de Marburgo entre Lutero e Zwínglio: Dentre os 15
pontos debatidos. Os reformadores dos cortem somente na questão da
presença de Cristo na ceia.
▪ 1530 – Dieta de Augsburgo. Elaboração do primeiro crédito
protestante de confissão de Augsburgo, escrita por Filipe Melanchton.
A confissão foi rejeitada por Carlos V, e uma guerra religiosa tornou-se
iminente.
CONFISSÃO DE AUGSBURG
IV. DA JUSTIFICAÇÃO. Ensinam que os homens não podem ser
justificados aos olhos de Deus por sua própria virtude, mérito ou obras,
mas que são justificados livremente por conta de Cristo pela fé, quando
creem que são recebidos em graça e que seus pecados são perdoados por
conto de Cristo, que prestou satisfação pelos pecados em nosso favor
mediante sua morte. Deus reputa esta fé como justiça a seus próprios
olhos.”
AS GUERRAS RELIGIOSAS GERMÂNICAS

▪ 1531 – Os príncipes protestantes formam a Liga Shmalkádica para lutar contra


Carlos V. Um novo avanço dos turcos impediu mais uma vez o imperador de
intervir na Alemanha, permitindo ao Luteransimo fazer novos progressos.

▪ 1546 – Morte de Lutero, em Eisleben, aos 62 anos.

▪ 1555 – Paz de Agsburgo. A Alemanha ficou dividida em territórios Católicos e


protestantes. Caberia os príncipes determinar a religião em sem território e os
dissidentes teriam o direito de emigrar. (Cuius regio, eius religio – “quem
governa a região decide sua religião”)
JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ

1. Imputação: A justiça de Cristo é atribuída ao pecador, que é declarado


(não tornado) justo diante de Deus
2. Fé: Nos apropriamos da graça de Deus e somos declarados justos pela fé
somente, entendida como crença pessoal, dependência, apego a Cristo
3. Simultaneidade: o cristão é completamente justo e completamente
pecador. As obras são o fruto característico da fé.
AUTORIDADE DAS ESC RITURAS

▪ A autoridade das Escrituras está acima dos credos, dos


escritos dos pais da igreja e dos concílio, embora não
tenha negado o valor da tradição.
▪ Recusou a interpretação alegórica a favor do sentido
histórico gramatical, destacando que as Escrituras eram
Cristocêntricas.
SAC RAMENTOS

▪ Afirmou a autenticidade de apenas dois sacramentos: o batismo e


a santa ceia. Para ele, a eficácia dos mesmos não residia em quem
os administrava, mas em Cristo. O batismo foi considerado
análogo à circuncisão no AT e uma representação litúrgica da
justificação pela fé, uma vez que nele a fé é imputada à criança.
▪ Afirmou ainda a presença real de Cristo no pão e no vinho
servidos na Ceia (consubstanciação).
AS REFORMAS RADICAIS
R.R. CONSIDERAÇÕES GERAIS

▪ A Reforma Radical representou uma vertente das reformas religiosas do século XVI
que se desenvolveu em paralelo às reformas de Lutero, Zwinglio e Calvino;

▪ A Reforma Radical se contrapõe à Reforma Magisterial, uma vez que não


pretendia que as reformas fossem promovidas em aliança com o poder civil,
rompendo com o ideal de cristandade;

▪ Embora algumas de suas lideranças fossem provenientes de uma classe média bem
instruída, com formação humanista. Sua base social era composta principalmente
por camponeses e artesãos.
R.R. CONSIDERAÇÕES GERAIS
▪ Marcada por heterogeneidade;

▪ Cada grupo procurou o que considerava ser a verdadeira raiz (daí o termo ‘radical)
da fé e da ordem.
▪ Os radicais foram hostilizados tanto por católicos como por protestantes. Os
opositores dos anabatistas concordavam num ponto: todos percebiam os grupos
anabatistas como uma ameaça à sociedade do século XVI.
▪ As reformas radicais deram origem a grupos religiosos com o perfil
caracteristicamente voluntário e exclusivista. A expressão ritual disso era o
batismo de adultos. “O batismo do crente caracterizava uma igreja exclusiva em
contraste com a igreja inclusiva simbolizada pelo batista de crianças” (Lindberg)
R.R. CONSIDERAÇÕES GERAIS
▪ “Para eles, a única Igreja verdadeira consistia apenas em cristãos verdadeiros, avaliados por
testes de conduta e crença: aqueles que não correspondiam aos padrões de filiação deviam
ser excluídos da comunhão e banidos.” (Lindberg)
▪ “Para seu desgosto, reformadores começaram a descobrir que a mesma determinação e
dependência leiga que encorajavam contra a Igreja romana podia se voltar também contra
eles.”
▪ “Obviamente, Lutero e Zuínglio insistiam em chamar de “fanáticos” os que discordavam de
sua posição; por isso, Zuínglio enxergava a leitura bíblica alternativa que os anabatistas
faziam como uma expressão de ignorância, malícia e controvérsia. Por outro lado, tal
dissonância era, da perspectiva católico romana, a caixa de Pandora que os próprios
reformadores abriram”
R.R. CONSIDERAÇÕES GERAIS

1. Sectarismo;
2. Exclusivismo;
3. Simplicidade litúrgica;
4. Biblicismo literalista.
O EPISÓDIO SUÍÇ O – O MOVIMENTO DA
IGREJA LIVRE

▪ Enquanto Zwinglio defendia que as reformas deveriam ser feitas


gradualmente (‘uma pressa vagarosa’), por meio da pregação da
Palavra e da implementação de leis pelos magistrados. Seus
seguidores mais radicais esperavam que as mesmas ocorressem
imediatamente.
▪ Conrad Grebel (1498 – 1526) é considerado o fundador do
anabatismo suíço;
O EPISÓDIO SUÍÇ O – O MOVIMENTO DA
IGREJA LIVRE

▪ 1524: Os radicais suíços escreveram a


Carta a Thomas Müntzer, documento que
expressou as principais posições que
caracterizariam o movimento anabatista;
O EPISÓDIO SUÍÇ O – O MOVIMENTO DA
IGREJA LIVRE
a. O que não é ordenado na Bíblia deve ser proibido na Igreja
b. Ceia do Senhor “não é nem missa, nem sacramento”, mas um símbolo da aliança
com Deus; o batismo é um sinal de fé e não deve ser administrado às crianças
c. Igreja é uma comunidade congregada, identificada pelo viver justo de seus
membros; aqueles que não aprimoram sua vida, conformando-a ao evangelho,
devem ser banidos
d. o evangelho e aqueles que o professam não devem ser protegidos pela espada; a
Igreja verdadeira é a Igreja perseguida; cristãos verdadeiros também não portam a
espada
O EPISÓDIO SUÍÇ O – O MOVIMENTO DA
IGREJA LIVRE

• “É preciso observar que, em termos de lei imperial, a recusa ao batismo de


crianças era um ato herético e rebelde, tratado como ofensa capital desde os
dias da legislação romana sob os imperadores Teodósio e Justiniano.”
(Lindberg)
• Em 1526 Conrad Grebel falece. Os demais líderes são presos. Enquanto Felix
Mantz foi executado por afogamento no mesmo dia de sua condenação (5 de
janeiro de 1527), tornando-se, assim, o primeiro mártir “protestante” nas
mãos de protestantes.
M I G U E L S AT T L E R E A C O N F E R Ê N C I A D E
SCHLEITHEIM DE 1527
1. Arrependimento e mudança de vida como pré-requisitos ao batismo
2. Excomunhão aos irmãos que não guardassem os mandamentos
3. Participação na comunhão apenas para pessoas batizadas, ceia como
memorial do corpo e do sangue de Cristo
4. Separação dos que não vivem em obediência aos mandamentos de Deus
5. Os pastores como responsáveis pelo ensino e pela disciplina, eleitos e
sustentados pela igreja
6. Não uso da violência e recusa ao exercício de cargos públicos
7. Veto à prestação de juramentos.
Conrad Grebel Miguel Sattler
BA LT H A S A R H U B M A I E R

▪ Estabeleceu-se na Suíça,
refugiou-se na região da
Morávia;
▪ Defendia a separação entre
Igreja e Estado; Autoridade da
Bíblia e o Batismo de crentes.
O EPISÓDIO ALEMÃO DE
MÜNSTER (1533 – 1535)

Melchior Hoffman, radicou-se em Estrasburgo, onde


anunciou a proximidade da segunda vinda de
Cristo e a necessidade das cidades alemães se
prepararem para guerrear contra o imperador, o papa
e os hereges. Depois de fugir para a Holanda,
retornou a Estrasburgo em 1533. Acreditando ser o
profeta Elias, apresentou-se à prisão, onde pretendia
aguardar a segunda vinda de Cristo. Permaneceu na
cadeia até a morte, dez anos depois.
O EPISÓDIO ALEMÃO DE MÜNSTER (1533
– 1535)

• Sucessores de Melchior: Jan Mathijs e Jan van Leyden


Para eles, a cidade de Munster seria a Nova Jerusalém;
A cidade é atacada em 1534, morre Mathijs;
Leyden declara-se rei e estabelece a poligamia (à semelhança dos patriarcas)
A cidade cai em definitivo em 1535 (Leyden é torturado até a morte)
Ali, os anabatistas procuraram implantar a visão segundo a qual a Igreja, o
Estado e a comunidade deveriam ser um único e mesmo corpo regenerado.
Procuraram antecipar os novos céus e nova terra.
O EPISÓDIO HOLANDÊS:
AFIRMAÇÃO DO PACIFISMO

• Menno Simons escreve O Fundamento


da Doutrina Cristã (1540)
• Era a voz do anabatistas pacifistas,
clamando por tolerância às
autoridades e condenando a violência
dos anabatistas de Münster.
• A presença menonita foi
particularmente expressiva na
Holanda
Jan Mathjis Jan Layden
J OÃO CA LV I N O
A R E F O R M A C A LV I N I S TA E M G E N E B R A

• 1509 – Nascimento na cidade francesa de Noyon

• Ao longo de sua formação acadêmica (Paris) e através de seus


professores, Calvino teve contato com ideias luteranas;
• Entre 1532 e 1533 adere à Reforma: “Quando ocorreu essa
‘conversão’ é impossível precisar com segurança [...] mas a partir
do final de 1533, começa a fazer-se notar como protestante”
(Delumeau)
A R E F O R M A C A LV I N I S TA E M G E N E B R A

• Em 1534, por causa de suas ideias reformistas, foi forçado a abandonar a


França e se refugiou em Basileia, foi ali onde publicou a primeira edição de
As Institutas da Religião Cristã, cuja versão final sairia em 1559. Esta se
tornaria ‘o principal documento da teologia protestante do século XVI.”
• De viagem para Estrasburgo, é convencido pelo reformador Guilherme Farel
a permanecer na cidade de Genebra, assumindo ali o cargo de Leitor da
Sagrada Escritura.
A R E F O R M A C A LV I N I S TA E M G E N E B R A

• Calvino e Farel se dedicaram à elaboração de uma confissão de fé


e de artigos sobre a ordem eclesiástica que não foram aceitos pelo
conselho de Genebra. Os dois foram expulsos da cidade, e em
1538 se encaminha para Estrasburgo;
• É ali que Calvino passa a pastorear uma comunidade francesa

• 1540 – casa-se com Idelette de Bure


A R E F O R M A C A LV I N I S TA E M G E N E B R A

• 1541 – retorna à Genera e estabelece ali suas Ordenanças Eclesiásticas.


Cada Igreja deveria ser governada por pastores, mestres, presbíteros e
diáconos
A disciplina da comunidade estaria a cargo de um consistório formado por
pastores e presbíteros
Penas severas eram aplicadas aos desobedientes, incluindo o exílio e a
execução, a mais conhecida foi a do Médico Miguem Serveto
Para Delumeau, “A Igreja de Genebra não era mais uma comunidade livre, mas uma
organização obrigatória na qual deveriam se integrar todos os habitantes da cidade.”
A T E O L O G I A D E C A LV I N O

a. De acordo com Delumeau, Calvino enfatizava a transcendência e a


incompreensibilidade de Deus, negando todas as representações sensíveis do
mesmo. Ele só pode ser conhecido por meio de Sua própria revelação nas
Escrituras. Estas, por sua vez, são compreendidas somente por meio da iluminação
divina.

b. O pecado original perverteu tanto a vontade como o intelecto do homem, de modo


que este não pode conhecer a Deus por meio da Criação. O homem caído é
escravo do pecado e alienado da justiça de Deus. A queda de Adão foi voluntária e
permitida por Deus, e afetou toda a humanidade. O homem é livre e responsável
A TEOLOGIA DE CALVINO

c. Por uma decisão livre de Deus, alguns


homens foram predestinados à vida
eterna, enquanto outros foram para a
condenação eterna (dupla
predestinação). Os decretos de Deus
não podem ser contrariados pelo
homem. O eleito, que não pode resistir
à graça divina, perseverará nela. A
aceitação do Evangelho e as boas obras
constituem sinais da eleição.
A REFORMA NA
I N G L AT E R R A
A RUPTURA COM ROMA SOB HENRIQUE
VIII (1509 – 1547)

• O rompimento da Igreja da Inglaterra com Roma teve como motivação mais


imediata o desejo de Henrique VIII de divorciar-se da sua esposa, Catarina
de Aragão.
• Uma vez que o papa Clemente VII se recusou a anular seu casamento
(Catarina era tia de Carlos V, que controlava o papa). Henrique decidiu
conseguir o divórcio assumindo o controle do clero. Através Ato de Submissão
de 1531, ele foi reconhecido como Chefe Supremo da Igreja e do Clero da
Inglaterra.
A RUPTURA COM ROMA SOB HENRIQUE
VIII (1509 – 1547)

• Em 1533, Thomas Cranmer (1498 – 1556) foi nomeado arcebispo da Cantuária por
Henrique e declarou nulo seu casamento em 1533. Neste mesmo ano, o rei casou-se
com Ana Bolena. Em 1534, tanto Henrique, quanto Cranmer foram excomungados
pelo papa.

• Henrique responde com o Ato de supremacia de 1534, por meio do qual foi declarado
pelo parlamento o “único chefe suprema na terra da Igreja da Inglaterra.”

• No mesmo ano, através do Ato de Sucessão, faz com que os filhos de Henrique com
Ana Bolena sejam reconhecidos como os legítimos herdeiros do trono.
A RUPTURA COM ROMA SOB HENRIQUE
VIII (1509 – 1547)

• Opositores das decisões do rei e do Parlamento foram processados e mortos, a


exemplo do pensador e estadista Thomas More em 1535.

• Em 1539, foram aprovados Os seis artigos que afirmavam a transubstanciação, na


comunhão, sob uma espécie, o celibato e a confissão auricular. Por outro lado, alguns
decretos reais favoreceram o protestantismo, como a obrigatoriedade da presença
de cópias da bíblia em inglês nas igrejas.

• Após a morte de Henrique em 1547, e pelo fato de Ana Bolena não ter lhe dado um
herdeiro homem, quem o sucede é Eduardo VI, filho de Jane Seymour.
Henrique VIII Thomas Cranmer
R E F O R M A P R O T E S TA N T E S O B E D U A R D O
VI (1547 – 1553)
• Eduardo procura modelar a igreja conforme o protestantismo continental.

• Dá ao bispo Thomas Cranmer a tarefa de trazer teólogos do continente, como


Martin Bucer.
• Calvino viu nele um novo Josias;

• Em 1547, Os Seis Artigos de Henrique VIII foram abolidos pelo Parlamento, que
também revogou as leis que impediam a circulação das Escrituras. Foi também
decretada a remoção das imagens das igrejas, promovendo a iconoclastia;
• Thomas Cranmer também conduziu a elaboração dos Quarenta e dois artigos, de
cunho calvinista e a frequência compulsiva aos cultos nos domingos e feriados.
A R E AÇÃO CATÓ L I CA S O B M A R I A I ( 1 5 5 3 – 1 5 5 8 )

• Um tipo de contrarreforma inglesa. Ela procura restaurar o catolicismo na


Inglaterra, abolindo as reformas introduzidas por seu antecessor.
• Ela desencadeia uma campanha de perseguição contra os protestantes.
Muitos deixam a Inglaterra, indo refugiar-se em Genebra (como John Knox),
cerca de 300 pessoas foram martirizadas, o que rendeu à rainha o apelido de
“Maria, a sanguinária”. Entre as lideranças protestantes que foram
executadas, estavam Thomas Cranmer.
O P E R Í O D O E L I Z A B E TA N O ( 1 5 5 8 – 1 6 0 3 )

• Com ela, a Igreja da Inglaterra seria reformada em sua teologia, mas


permaneceria católica em suas instituições, em especial em seu episcopado.
• “Elizabeth adotou uma religião que inclui todas as crenças e práticas
fundamentais do protestantismo. Incluindo a rejeição da autoridade papal. A
insistência em que toda pregação e adoração pública devem ser feitas no
vernáculo. A insistência na comunhão sob 2 espécies para lá cidade. A
Afirmação do direito do clérigo de casar E um conjunto de confissão oficiais
que afirmavam as crenças protestantes centrais (Como a suficiência da
escritura, a justificação pela fé e a rejeição do purgatório)” (MacGrath)
O P E R Í O D O E L I Z A B E TA N O ( 1 5 5 8 – 1 6 0 3 )

• “Do ponto de vista religioso, Elizabeth I adotou uma postura moderada, chamada de
Estabelecimento Elizabetano. Ela fundou verdadeiramente a Igreja Anglicana, a
solução intermediária entre o Catolicismo e o Calvinismo.

• É em seu reinado que surgem os Puritanos: “O termo indica de forma acurada um


tema central do grupo de protestantes que designa – a saber, a busca apaixonada, às
vezes obsessiva, por mais reforma.” (MacGrath)

• Os puritanos rejeitavam os resquícios ‘papistas’ da Igreja da Inglaterra, como a


guarda de dias santos, o sinal da Cruz, o ato de ajoelhar-se durante a Ceia do
Senhor, as vestimentas do clero e todos os rituais litúrgicos.
O P E R Í O D O E L I Z A B E TA N O ( 1 5 5 8 – 1 6 0 3 )

• Havia também puritanos separatistas (ou independentes), que


advogavam o rompimento com a igreja estatal e o
estabelecimento de igrejas congregacionais autônomas,
constituídas por membros convertidos e voluntários. ‘Eram
separatistas no sentido em que se retiravam da Igreja da
Inglaterra e independentes no sentido em que criam na plena
autonomia de cada igreja local.”
JAIME I (1603 – 1625)

• Foi com ele que foi autorizada a elaboração de uma nova tradução
inglesa da Bíblia, a King James Version, concluída em 1611;
• Jaime era reticente com formas mais abruptas de reforma;

• Minorias separatistas perseguidas pela coroa procuravam


refúgio no continente, especialmente na Holanda (foi nesse
contexto que surgiu a primeira Igreja Batista inglesa em
solo holandês em 1609).
VERSÕES SOBRE A ORIGEM DOS
BAT I STA S
I N F L U Ê N C I A S B AT I S TA S

▪ Puritansimo;

▪ Fundamentalismo;

▪ Landmarquismo.
A TEORIA JJJ

▪ Jerusalém – Jordão – João;

▪ Essa visão pretende demonstrar a existência de um parentesco


dos batistas com a igreja primitiva;
▪ A Igreja Batista existe desde o dia de Pentecostes.

▪ Obra representativa: O Rasto de Sangue (1931) de J.M. Carrol


A TEORIA JJJ

▪ Tese: Cristo deu o nome de Batista a João.

▪ Tese 2: Tanto Jesus quanto seus seguidores foram batizados por


um batista;
▪ Perpetuidade da igreja batista desde os tempos bíblicos (rejeição
da associação com o catolicismo e com a ala tradicional da
Reforma Protestante;
T E O R I A D O PA R E N T E S C O E S P I R I T U A L
C O M O S A N A B AT I S TA S

▪ “De uma forma geral pode-se dizer que o movimento batista surgiu
historicamente de um inconformismo com a situação religiosa”
▪“É um movimento caracterizado por espírito não conformista.
Procurando sempre livrar-se do domínio eclesiástico. Mantendo as
sagradas escrituras como única regra de fé e prática.” (TORBERT,
apud ...)

▪ Essa teoria apoia-se na relação pura e simplesmente espiritual com os


anabatistas;
T E O R I A D O PA R E N T E S C O E S P I R I T U A L
C O M O S A N A B AT I S TA S

▪ Pontos de contato
▪Batismo somente por missão, ministrado apenas para adultos
que tiveram uma experiência de fé, rebatismos, separação entre
igreja e estado;

▪ Essa teoria permite uma relação com Menno Simons e seus


seguidores, os menonitas.
A T E O R I A D A O R I G E M N O S E PA R AT I S M O
INGLÊS.

▪ Separatistas: grupo que discordava fundamentalmente da igreja


Anglicana por desejar igrejas descentralizadas e independentes do
estado. Embora não tenha se tornado uma igreja, este movimento
influenciou fortemente os batistas.
A T E O R I A D A O R I G E M N O S E PA R AT I S M O
INGLÊS.

▪ Segundo essa teoria, os batistas surgem dos separatistas ingleses.

▪ Para esta teoria, a origem dos batistas se dá com a fundação de


igrejas no início do século XVII, na Holanda (1609) e na Inglaterra
(1611), como resultado de um movimento popular autônomo.”
▪ “O que se pode afirmar ao certo é que os batistas têm sua origem
na Inglaterra, em decorrência de movimentos separatistas, no
século XVII”
A T E O R I A D A O R I G E M N O S E PA R AT I S M O
INGLÊS.

▪ Em 1609 Smyth tornou-se Anabatista. Depois batizou-se a si


mesmo por afusão. Ao seu batismo seguiu-se o de Helwys e de 40
outros membros da sua Congregação. Influenciado pelo contato
com menonitas chegou a duvidar do seu batismo, com o que
Helwys não concordou, separando-se com alguns outros e
regressando à Inglaterra em 1611 ou 1612.
▪ Nessa retorno, Helwys fundaria a 1 Igreja Batista Inglesa.
B AT I S TA S PA R T I C U L A R E S

▪ Princípios como: desenvolver e utilizar a partir de 1650 a


associação, desenvolvimento do cântico de hinos, inauguração do
movimento moderno de missões, sob a direção de William Carey,
e ênfase sobre a liberdade religiosa.
B AT I S TA S PA R T I C U L A R E S

▪ Princípios como: desenvolver e utilizar a partir de 1650 a


associação, desenvolvimento do cântico de hinos, inauguração do
movimento moderno de missões, sob a direção de William Carey,
e ênfase sobre a liberdade religiosa.
B AT I S TA S N A A M É R I C A

▪ Roger Williams (1639)

▪ “As perseguições estiveram também presentes na história da


formação do povo batista na América. Quando os batistas e outros
resistiam à lei por motivos de consciência, eram multados e
jogados na prisão ou banidos. Também lhes era negado

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