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EM JESUS CRISTO
NUMA REALIDADE RELIGIOSA
PLURALISTA
Euler R. Westphalr
INTRODUÇÃO
A preocupação com questão da exclusividade da
ção em Jesus Cristo é atual na discussão teológica e a
mo tempo não é algo completamente novo no cenário da
gia cristã. Especialmente no período posterior o raciona
questionou-se declaradamente aquilo que o regime de C
dade havia sufocado por longo período da história da
Antiga e ao longo da Idade Média. Perguntou-se pela
midade da reivindicação da exclusividade de Jesus
como único Senhor e Salvador para toda a humanidade
Lembramos da critica de G. E. Lessing quando
das três religiões positivas de revelação, postulando q
cristã seria uma religião positiva, revelada, como to
outras — portanto, igualmente verdadeira e igualmente
Segundo Lessing, a melhor religião é aquela que inc
mais elementos da religião natural. A essência da re
está contida em todas elas, a vida eterna está dentro de
elas, e o ser humano sincero descobrirá a verdade a seu
Para Lessing, o Cristianismo apresenta a religiã
madura, mas todas as religiões reveladas desaparec
medida em que a religião da razão se impuser. Este t
pensamento temos mais tarde em Schleiermacher, o
Teologia Liberal, que inspirou toda uma geração de teólo
Nas últimas décadas a questão do relativismo
lógico vem à tona com toda a força. Já no inicio do sécu
15/bid., 175-187.
16Barth, op. cit., 216-231.
17/bid., 217ss; Brunner, op. cit., 175ss.
15Brunner, op. cit., 176.
19j3arth, op. eii.,218, 219ss.
Barth suspeita que o ser humano, na concep
Brunner, tem seus olhos doentes, embora estes ain
estejam totalmente cegos. Poder-se-ia pensar que o ver
conhecimento de Deus aconteceria sem a revelação d
Considerando que houve perda total material da imago
em Brunner, Deus e a revelação seriam deuses e demô
Para Brunner, segundo Barth, o potencial h
para o conhecimento de Deus diz respeito ao verdadei
criador e justificador em Cristo e santificador p
Espírito. Barth critica a percepção de Brunner, de q
conhecimento seja tão indefinido e vago. Brunner e
repetidamente o termo alemão "irgendwie" (de uma o
maneira), o que manifestaria essa incerteza.21 De q
forma, o ser humano teria a capacidade de reconhec
sem Cristo e sem o Espírito Santo.
Barth dirige as suas críticas em forma de per
Para Brunner, segundo ele, a idolatria representaria u
estágio da adoração do Deus verdadeiro. O conhec
imperfeito de Deus poderia salvar, e este conhecimen
adquirido por meio da criação, sem Cristo e sem o E
Como ainda poder-se-ia afirmar que a imago mater
totalmente perdida e que nas questões referentes à pr
somente a Escritura é árbitro e que o ser humano nad
contribuir para a salvação?
Para Barth, Brunner encontra-se próximo da t
católica, pois apesar do pecado permanece ainda na im
potentia oboedientialis [a capacidade de obedecer
sentencia que aquilo que em Brunner é denominado
revelação, de fato, não é outra coisa que os deuses qu
mundo dos demônios e das idéias.22
Para Barth, a terceira tese da graça da conserva
Brunner seria uma abstração daquilo que se encontra
cria-ção e a salvação. Para Barth, as doutrinas da criaç
sua sus-tentação devem ser vistas à luz da redenção. A
da sustentação deve ser lida em relação à promess
cumprimento, da lei em relação ao Evangelho.23
Brunner entendia que na graça da suste
encontra-se o modo pelo qual Deus está próximo
39/bid., 227.
40/bid., 226.
41Brunner, op cit 185.
42 Barth, op. cit., 228; Brunner, op. cit., 183, n. 12a
Brunner explica que estava se referindo à capacidade dial
humano e não ao seu potencial revelatória.
43Bnumer, op. cit., 185.
a partir de um dado ainda existente. Na reparação po
dizer que algo se tornou totalmente novo. A partir
sobriedade a fé tem a ver com responsabilidade e com de
Diante das asserções de Brunner, Barth desenvol
argumentação apaixonada e, por vezes, irônica.44 Na
pretação de Barth, Brunner estaria pretendendo prov
há um conhecimento de Deus como condição prévia,
ponto de contato, para o homem em Cristo por m
Espirito Santo.
Barth diz que nos 16 versículos de 1 Co 2 n
nenhum indicio que pudesse apontar para uma con
prévia e para um ponto de contato para um
conhecimento de Deus. Nada há antes e ao lado da reve
Segundo Barth, Paulo conhece a personalidade forma
não como afirmação e sim na negação da imago forma
para "o homem natural" as "cousas do Espirito de De
são loucura, e não pode entendê-las" (1 Cor 2:14 - ARA)
confessa atônito com a maneira em que Brunner inter
transformação da situação humana por intermédio da
lação a partir de 1 Co 2:10-12 e Gl 2:20, como se se trat
reparação.
Para Barth, essa reparação como capacidade h
não está no horizonte da discussão, mas trata-se
milagre. Este milagre consiste no fato do ser humano t
feito nova criatura. Barth rejeita completamente a dis
entre a imago formal e a material.
51/bid., 241s.
52Brunner, op. cit., 191ss.
p.195.
53/bid.,
54Barth, op. cit., 241.
de não sermos capazes de reconhecê-lo se nos torn
culpa. A partir da revelação como dado objetivo se ju
ira e o juízo de Deus.55
O ser humano é capaz de reconhecer o bem e
Deus a partir de si mesmo, mas isto é concedido por D
riamente. Barth concorda que o conhecimento de De
tir de Cristo, em Calvino, inclui o verdadeiro conhecim
Deus na natureza. Barth cita Calvino para confir
tese: "Cristo é a imago na qual Deus não somente
seu coração, mas as suas mãos e os seus pés".56
A partir do momento em que o ser humano se
de Cristo ele se torna vítima de suas próprias ilusõe
rejeita a interpretação de Brunner de que pudesse h
segundo momento de conhecimento. Neste sentido,
após ter sido iluminada, seria capaz de conhecer a pa
mesma. Barth, rejeita a hipótese de que num m
posterior pudesse ser constituída uma filosofia, cristo
psicologia cristã a partir da razão autônoma.
55/bid., 241s.
56/bid., 242.
57Brunner, op. cit., 200s,
58/bid., 203s.
sua dogmática.59
Brunner afirma que também para Barth, o se
caído, por ser racional e sujeito, seria a única
legítima para Deus. Faz parte da natureza hum
antropomorficamente de Deus.69
Brunner defende a tese de que o problema fun
não seria a analogia em si, mas como e qual a an
empregada. A partir disto se constataria a diferenç
teologia católica e a teologia protestante.
V. A PRÁTICA MINISTERIAL
Na pregação, segundo Brunner, deve-se pr
palavras humanas mais adequadas para o anú
palavra de Deus.61 Ele insiste em dizer que a im
segundo o seu aspecto formal, não destruída
possibilidade objetiva para a revelação pela Palavra
A Igreja pode falar de Deus ao ser humano por
baseada no ponto de contato inerente ao ser hum
consiste no potencial da palavra e na responsabilidad
Segundo Brunner, apesar do Espírito Sant
condições favoráveis à palavra, a igreja não está
pregar de forma compreensível. Seria necessário h
correspondência entre o conteúdo e a forma deste c
ser transmitido a um doente terminal, por exemplo
da transmissão do conteúdo seria uma questão d
amor cristão.
Brunner tinha preocupações com a mi
poimênica [aconselhamento pastoral]. Em função
que no diálogo com descrentes e intelectuais de
atenção ao uso correto do ponto de contato existen
risticamente no ser humano. Deve-se procurar enco
quadro conceptual adequado para eliminar os obs
compreensão da pregação.
Karl Barth concorda com Brunner que deve ha
cupação quanto ao conteúdo e à forma da pregaç
preocupação quanto 'à forma deve ser lançada aos cu
próprio Deus.62
63/bid., 255-258.
641bid., 253-258.
65/bid., 285.
66Brunner, op. cit., 175ss.
67/bid., 184.
Deus.68 Ele protesta de maneira veemente, negando
humano possa ter a capacidade de reconhecer seus p
Por analogia, o ser humano faria aquilo que
somente a Deus, assim o homem estaria se colo
lugar de Deus como juiz. O reconhecimento do peca
dizer respeito somente à imago formal, mas d
pertence ao âmbito da imago materia1.69
Para Barth, não há lugar para a analogia ent
nem depois da graça, pois essa analogia leva fata
sinergismo." Neste sentido, a analogia não
compreendida como um dado apriorístico natural, m
realidade totalmente nova, pois a revelação de Deu
antigo e cria uma nova criatura.71
Para Barth, não existe analogia entis, mas
analogia fidei que é compreendida a partir da rev
graça de Cristo. Encontramos, assim, uma reduç
lógica aplicada à antropologia. Cristo seria então o
objeto da imago Dei, o seu brilho e o seu reflexo.72
B. A Critica
CONCLUSÃO