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SEMINÁRIO TEOLÓGICO EVANGÉLICO BETEL BRASILEIRO

CURSO: Teologia com ênfase em Missiologia

DISCIPLINA: Teologia Bíblica

PROFESSOR: Wellington Barbosa e-mail: profwellingtonbarbosa@gmail.com Cel: 21997799275 (wpp)

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA TEOLOGIA BÍBLICA

História da Teologia Bíblica

O Surgimento da Teologia Bíblica: Caminho percorrido pela Teologia Protestante; A Atual Situação de
Crise e de Renovação;

Três impulsos da Teologia Protestante que colocaram a Teologia Bíblica em estado de tensão:

A Idade Média

A Bíblia subordinada ao Dogma Eclesiástico

A Reforma

 Reação contra a sujeição das Escrituras ao Dogma da Igreja.


 A Teologia deve ser Fundamentada na Escritura ( sola scriptura).
 Reação contra a Tradição da Igreja.
 Resultado: desenvolvimento subsequente da teologia bíblica através de sua conclamação à livre
interpretação das Escrituras (sui ipsius interpres).
 O estudo das línguas originais (Fruto do Renascença)
 Interpretação Literal e não Alegórica.
 A Hermenêutica de Lutero
 O princípio do “was Christum treibet”(O Que Impulsiona a Cristo)
 Dualismo “letra-espírito” o impediram de desenvolver uma teologia bíblica.

 O. Glait e Andréas Ficher,


 Representantes da Reforma Radical, desenvolveram, nos primó rdios de 1530, um método que
prefigurava o da futura teologia bíblica.

Escolasticismo Ortodoxo

 Utilização das Escrituras numa perspectiva crítica e histórica;


 Utilização das Escrituras para apoiar à doutrina ortodoxa.
 Reação do Pietismo e sua contribuição para a T.B.
 A Era do Iluminismo. Uma concepção completamente nova do estudo da Bíblia desenvolveu-se sob
diversas influências na era do Iluminismo.

A Reação Racionalista

 Reação contra qualquer forma de sobrenaturalismo.


 A razão humana tornou-se o padrão definitivo e a fonte principal de conhecimento
 A autoridade da Bíblia como registro infalível de revelaçã o divina fora rejeitada.

Uma Nova Hermenêutica:

 O Método Histó rico Crítico


 Atualmente no liberalismo e em movimentos subsequentes.
 O Surgimento da Crítica Literá ria
 A Bíblia foi submetida a crítica literá ria radical.

Resultado

 A Bíblia é vista como um livro de Histó ria da Religiã o


 Distinçã o estabelecida por Johann Phillip Gabler

O Surgimento da Filosofia da Religião

 Filosofia Dialética de G. F. Hegel (1770 – 1831)


 Sua Influência em F. C. Bauer (1792-1860)
 Surgimento da Escola de Tübingen

A Reação Conservadora

 A Resistência nos Círculos Ortodoxos:


 Contra os que negavam a validade histórica;
 Contra os que combinavam o Método Histórico com uma fé firmemente apoiada na revelação.
 A perspectiva de J. C. HofmannDefesa da Autoridade e Inspiração da Bíblia por meios históricos;
 A Heilsgeschichte (Histó ria da Salvaçã o)

A Perspectiva Histórica Liberal Na Teologia do Novo Testamento

 Para Bultmann a verdade absoluta não pode está presente na relatividade da história.
 A personalidade é um poder que forma a história.
 O Cristianismo é uma religião puramente ético-espiritual.
 O Reino de Deus é o bem supremo. O ideal ético.
 O Centro ou coração da religião é a comunhão pessoal com Deus como pai.

A Vitória da Religião Sobre a Teologia

 Juntamente com o liberalismo desenvolveu-se a escola do estudo desenvolvimento da religião.


 O liberalismo encontrou nos ensinos éticos simples de Jesus o elemento distintivo na teologia bíblica.

Este novo método de estudo teve centros de interesse distintos:

 H. Weinel - Bibilsche Theologie das NT. Não demonstrou interesse no valor ou verdade do
Cristianismo, mas somente em sua natureza estudada comparativamente com outras religiões. Ele
estabeleceu tipos de religiões contra as quais o Cristianismo deveria ser compreendido como uma
religião ética de caráter redentor.
 J. Weiss - The Preaching of Jesus About the Kingdom of God. Interpretou a mensagem de Jesus sobre o
Reino em termos do milieu do apocalipticiscmo judaico. Esta perspectiva tornou-se famosa pela obra de
Albert Schweitzer,The Quest of the Historical Jesus (1906), que oferece um quadro minucioso das
posições sobre a interpretação da pessoa de Jesus e, depois, interpreta a Jesus em termos de uma
Escatologia Consistente como um apocalípto judaico que pertence ao Judaísmo do primeiro século e
tendo pouca relevância para o homem moderno.

Paulo foi interpretado em termos do Judaísmo helenístico ou do culto e religiões de Mistério característicos do
helenismo.

 Brückiner - Argumentou que Paulo encontrou uma doutrina pré-fabricada de um homem celestial no
Judaísmo, a qual ele aplicou à pessoa de Jesus.
 Günkel - Afirmou que havia se desenvolvido uma religião sincretista no Oriente, de caráter gnóstico,
cuja doutrina central era a fé na ressurreição. Este Gnosticismo pré-cristão havia penetrado no Judaísmo,
e, através deste, influenciou o Cristianismo, mesmo numa época anterior ao apóstolo Paulo.

 W. Bousset - O Gnosticismo, um fenômeno pré-cristão, mais Oriental que Grego, e de caráter mais
místico e religioso do que filosófico. Em sua obra Kyrios Christos, Bousset deliniou a história da fé em
Jesus na igreja primitiva, e fez uma forte e nítida diferenciação entre a consciência religiosa de Jesus, a
fé professada pelo cristianismo primitivo, que afirmava ser Jesus o Filho do Homem transcendental do
apocalipticismo judaico, e a concepção da igreja helenística e de Paulo, que afirmavam a divindade de
Jesus, tal como nas formas encontradas nos cultos da religião grega.

O Retorno Contemporâneo à Teologia Bíblica

Durante a década de 1920 um novo ponto de vista começou a fazer-se sentir. Três fatores contribuíram para que
isso acontecesse:

1) Perda de confiança no naturalismo evolucionista; 2) uma reação contra o método puramente histórico que
reivindicara uma objetividade completa e acreditara que os simples fatos eram adequados para revelar a
verdade contida na história; 3) a redescoberta da ideia da revelação.

 W. Wrede - The Messianic Secret in the Gospels (1901) - Procurou explicar historicamente de que
modo o Jesus histórico não-messiânico veio a tornar-se o Cristo messiânico dos Evangelhos.
 A Crítica da Forma - Voltou-se para o estudo do estágio oral da tradição dos evangelhos
(formgeschichte) numa tentativa de descobrir as leis controladoras da tradição que poderiam explicar a
transformação do Jesus histórico no Cristo Kerygmático.
 H. Hoskyns e Noel Davey- Na obra The Riddle of the NT (1931), mostram que toda a evidência do
Novo Testamento converge para um único ponto: que, na pessoa de Jesus, Deus revelou-se a si mesmo,
objetivando a salvação do homem.
 C. H.Dodd: Principais Obras: A Pregação Apostólica, As Parábolas do Reino e Interpretação do Quarto
Evangelho. Sua teologia fundamenta-se na Escatologia RealizadaF. V. Filson - One Lord, One
Faith (1943) defende a unidade da mensagem neotestamentária, e no livro Jesus Christ the Risen
Lord (1956) argumenta que a teologia do NT deve compreender a história do NT sob um ponto de vista
teológico, ou seja, do Deus vivo que age na história, cujo evento mais notável encontra-se na
ressurreição de Cristo. Interpreta a teologia do Novo Testamento como um todo à luz do evento da
Ressurreição.A. M. Hunter - Expõe a unidade do NT em termos de Um Senhor, Uma Igreja, Uma
Salvação (The Unity of the NT, 1944, publicado na América sob o título The Message of the NT).
 Oscar Cullmann - Segue a interpretação da Heilsgeschichte - História da salvação - Suas principais
obras: Crist and time - argumentou que o NT encontra a sua unidade em uma concepção comum do
tempo e da história, e não tanto em idéias de essência, natureza, verdade eterna ou existencial. A
teologia é o significado do elemento histórico no tempo.
 Alan Richardson - em seu livro Introdução à Teologia do NT (Aste 1967) assume a concepção
Kerygmática por aceitar a hipótese de que a brilhante interpretação do esquema de salvação do Velho
Testamento encontrada nas páginas do NT é derivada do próprio Jesus, e não foi produto da
comunidade da fé.
 G. Kümmel - Sua obra The Theology of the New Testament According to Its Major Witnesses bem
pode ser caracterizada dentro da perspectiva da escola da Heilsgeschichte.
 A Escola Bultmanniana
 Rejeição da continuidade do Cristo do Kerygma com o Jesus Histórico.

O Cenário Americano

 A erudição americana não tem se destacado por uma contribuição crítica ao campo da teologia do
NT.O texto de George Barker Stevens, The Theology of the NT (1906).Teologia Bíblica, História e
Revelação Teologia Bíblica, Revelação e História A Teologia Bíblica e a Natureza da História História
e Revelação; A Teologia Bíblica e o Cânon

A Natureza e o Método da T.B

 O que é Teologia Bíblica?

1. George Ladd apresenta a seguinte definição:

“A teologia bíblica é a disciplina que estrutura a mensagem dos livros da bíblia em seu ambiente formativo
histórico”. A teologia bíblica é primariamente uma disciplina descritiva. Ela não está inicialmente preocupada
com o significado último dos ensinos da Bíblia ou com a sua relevância para os dias atuais. Esta é a tarefa da
teologia sistemática. A tarefa da teologia bíblica é de expor a teologia encontrada na Bíblia em seu próprio
contexto histórico, com seus principais termos, categorias e formas de pensamentos. “O propósito da Bíblia é
contar uma estória sobre Deus e seus atos na história.”

2. Grant Osborne define a Teologia Bíblica como “o braço da pesquisa teológica que se preocupa em
encontrar temas através das diversas seções da Bíblia e então procurar os temas unificadores da Bíblia.”

3. Alberto Fernando Roldán “A TB se propõe a expor o conteúdo da revelação de Deus em seu


desenvolvimento histórico. Ela confere importância decisiva ao trabalho exegético, já que forma uma espécie
de elo entre a exegese e a teologia sistemática”. O esquema seria o seguinte:

Teologia Sistemática  Teologia Bíblica Exegese do Texto

4. Geerhadus Vos “A teologia Bíblica é o braço da teologia exegética que estuda o processo da
autorevelação de Deus depositada na Bíblia”.

5. Walter A. Eewell “Ramo das disciplinas que segue determinados temas através de todos os autores
do NT, e que depois funde esses quadros individuais num só conjunto abrangente. Estuda, portanto, a revelação
progressiva de Deus em termos da situação vivencial na ocasião da escrita, e depois delineia o fio subjacente
que une todos os dados. Essa disciplina enfoca o significado mais do que a aplicação, i.e., a mensagem do
mensagem do texto para seus próprios dias mais do que para as necessidades modernas...”

Métodos da Teologia Bíblica

 O Método Tópico. Emprega tópicos extraídos do Antigo Testamento para organizar uma discussão de
sua teologia. Old Testament Theology de John Mackenzie é o melhor exemplo desse método.

 O Método Diacrônico. Depende do método histórico-tradicional de interpretação desenvolvido na


década de 1930 por Von Rad e seus companheiros. Trata-se de uma narração do querigma, “os atos
salvíficos de Deus”, conforme dispostos nas confissões de israel. Ele penetra nas sucessivas camadas de
tradições recitadas e reconstitui o crescimento da fé israelita de período em período. Von Rad foi o
único autor de uma teologia diacrônica do Antigo Testamento totalmente desenvolvida.
 O Método Temático-Dialético. É representado por três proeminentes estudiosos do Antigo
Testamento: Samuel Terrien, Claus Westermann e Paul Hanson. Esses três estudiosos têm apresentado
uma dialética predominante da “ética\estética” (Terrien), “livramento\bênção” (Westermann) e
“teológica\cósmica” (Hanson). Esse método tem sido útil ao permitir que o leitor veja como ênfases
opostas podem relacionar-se para expandir o entendimento de um problema maior.

 Método Críticos Recentes de Teologia do Antigo Testamento. Essa é mais nova categoria de Hasel.
Esse método é de estudiosos como James Barr e John J. Collins, que não escreveram uma telogia do
Antigo Testamento e têm sérias dúvidas quanto ao futuro da disciplina.

O Método da Nova Teologia Bíblica.

Esse método lida com o problema da relação entre o Antigo e o Novo Testamento. Brevard Childs crê
que é possível fazer uma teologia do Antigo Testamento e uma teologia do Novo Testamento
separadamente, juntando-as depois. Ele fez uma teologia do Antigo Testamento e uma teologia bíblica
separada. Childs insiste que só a forma final do texto bíblico no cânon que temos agora é Escritura
autorizada.

Teologia Canônica Múltipla do Antigo Testamento.

É um resumo da concepção de teologia do Antigo Testamento adotada por Hasel.

Primeiro, ele entende que a teologia do Antigo Testamento deve estar ligada a forma canônica
final do Antigo Testamento. Isso exclui as abordagens da história da religião e da história das tradições.

Segundo, uma teologia do Antigo Testamento deve ser temática, em vez de lidar com um
conceito central ou chave.

Terceiro, a estrutura deve ser múltipla, o que evita as armadilhas dos métodos transversal,
genético e tópico.

Quarto, o objetivo final de uma teologia do Antigo Testamento é penetrar nas várias teologias de
cada livro e grupos de escritos chegando à unidade dinâmica que liga todas as teologias e temas.

Temas unificadores

Cinco critérios são necessários para a procura de um tema central que envolvia as ênfases individuais e
as diversas doutrinas do NT:

1) O tema básico deve expressar a natureza e o caráter de Deus;

2) deve-se descrever o povo de Deus no seu relacionamento com ele;

3) deve expressar o mundo dos homens como objeto da atividade redentora de Deus;

4) deve explicar o relacionamento dialético entre os testamentos;

 5) deve levar em conta os outros possíveis temas unificadores e deve realmente unir as ênfases
teológicos do NT. Muitos temas propostos encaixam-se a uma ou outra das partes do AT e do NT.
Abaixo colocamos alguns dos temas que têm sido propostos pelos estudiosos contemporâneos:

Alguns Temas Unificadores

 A Aliança – (Eichrodt, Ridderbos) – Tem sido usada para expressar o relacionamento obrigatório entre
Deus e seu povo. Inclui tanto o contrato jurídico como a esperança escatológica que daí resulta, tanto a
dimensão universal do Deus cósmico que cria e sustem, como a comunhão específica que dela provém.
 Deus e Cristo – (Hasel) Têm sido muito ressaltados em tempos recentes, notando-se o caráter
teocêntrico do AT e o caráter cristocêntrico do NT.

 A Realidade ou Comunhão Existencial – Os proponentes desse tema argumentam que ele liga os demais
temas e expressa a obra dinâmica de Deus entre o seu povo.

 A Esperança Escatológica (Kaiser) – É ressaltada frequentemente, tanto no sentido da promessa como


da esperança.

 A História da Salvação – (Von Rad, Cullmann, Ladd) enfatiza a atividade redentora de Deus/Cristo na
história em favor de seu povo.

Abordagem conhecida como História da Salvação

Definição: Heinrich Fries:

Para a inteligência teológica a história da salvação consiste no conjunto dos fatos históricos, tendo uma
relação positiva ou negativa com a salvação definitiva do homem.

A expressão história da salvação designa tudo o que contribui para a salvação (ou para perdição), em
toda a história da humanidade; designa a história de todas as experiências da humanidade concernentes
à salvação.

História da salvação

História da Salvação (em alemão Heilgeschichte) é um termo que se refere a uma série de
acontecimentos históricos que a fé cristã interpreta como os atos específicos de Deus com o fim de
salvar o seu povo.

Hoekema assim define a história da Salvação:

“A história é um desenvolvimento dos propósitos de Deus. Deus revela seus propósitos na história. Isto
é verdadeiramente no que é geralmente denominado ‘história sacra’ ou ‘história santa’. Com história
sacra, queremos dizer história da redenção, redenção que Deus faz de seu povo através de Jesus Cristo.
Esta redenção tem suas raízes nas promessas, tipos e cerimônias do Velho Testamento; chega a seu
cumprimento na vida, morte e ressurreição de Jesus Cristo; e alcançará sua consumação nos novos
céus e nova terra, que ainda são futuros.”

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