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CRISTOLOGIA ALTA

Entende-se por “alta cristologia” ou “cristologia alta”, ao se refere a estudo de


títulos, nomes que são dados a Jesus, ou que ele mesmo se dá, que o relacionam
Deus, nos levando assim a Trindade.

Na cristologia alta o principal nome ou título (ou mote) que Yeshuah ou Jesus


está descrito em diversos evangelhos, que é EU SOU. Isso ocorre várias vezes, como
em frases: “Eu Sou o caminho, a verdade e a vida”, “Eu Sou a ressurreição” e assim por
diante, nos levando a sarça ardente de Moisés, onde o Senhor disse “Eu Sou Aquele
que Sou”, ou seja, ao próprio Deus. 

Esse Eu Sou nada mais é que mistério do Verbo, ou do Logos/Pneuma, ou Sopro, o que
nos aproxima da presença do próprio Deus, e de Sua Palavra. Pois Deus se manifestava
em coluna de fumaça, sarça ardente, nuvem, etc, através de Sua Voz, pois não era
dado ao homem vê-lo face a face. Logo Jesus nesse seu mote, que é nome iniciático,
assim como o nome Yeshuah, nos mostra aquele que é o Homem-Deus. Levando-nos
assim a cristologia alta, onde superamos o homem carnal Jesus, sem negá-lo, e assim
adentramos na esfera do espírito que vivifica, em níveis superiores de hermenêutica.

           Também nos leva a relação com o Espírito (Santo), com pneuma. O Jesus Cristo
também nos leva a pensar na personalidade de Deus, como veem os hindus para o seu
Krishina. A cristologia alta então faz do EU SOU uma personalidade de Deus, o próprio
Deus, sem, contudo negar que há distinção entre o Pai e o Filho. Vemos mesmo que o
poder de cura e transformação é mesmo divino, e que o poder do Verbo é algo que
supera a mera carnalidade, ligando-se muito a palavras de poder, e pensamentos.

CRISTOLOGIA BAIXA
Entende-se por “baixa cristologia” ou “cristologia baixa” certa corrente
doutrinária que vê Jesus como um profeta tão humano  quanto  os  demais  do
Antigo Testamento, mas que por um favor divino especial, foi elevado (de baixo para
cima, por isso “baixa cristologia”) à condição de Filho de Deus em algum momento de
sua vida terrena (como o batismo), ou na ressurreição. Ele não seria, portanto, da
mesma essência do Pai, mas teria sido adotado, daí “adocionismo”, heresia cristológica
condenada no segundo Concílio de Niceia, em 787.
A primeira forma de baixa cristologia conhecida foi inaugurada por Teódoto
de Bizâncio, que no final do século II defendeu a seguinte doutrina.
Jesus é um homem, nascido da Virgem por desígnio do Pai; viveu como todos
os homens e mais tarde, ao ser batizado, desceu sobre Ele em forma de pomba o
Espírito Santo, pois Nele os poderes ainda não haviam sido postos em evidencia.
Alguns não querem admitir que Ele tivesse se tornado Deus mediante a descida do
Espírito; outros, ao invés, o admitem somente depois da ressurreição dos mortos.
Jesus Histórico
O termo Jesus histórico refere-se a uma série de reconstruções acadêmicas
do século I da figura de Jesus de Nazaré. Estas reconstruções são baseadas
em métodos históricos, incluindo a análise crítica dos evangelhos canônicos como a
principal fonte para sua biografia, juntamente com a consideração do contexto
histórico e cultural em que Jesus viveu.
A pesquisa sobre o Jesus histórico teve início no século XVIII e se desenvolveu,
até os nossos dias, em três ondas, preocupadas em reconstruir os fatos históricos e a
pessoa humana de Jesus, que ficavam como que escondidos atrás das afirmações
dogmáticas e de fé das Igrejas.
Tal busca teve como premissa uma mentalidade racionalística, que acredita
poder reconstruir a verdade histórica relacionada a Jesus por meio da razão, e foi
impulsionada pela descoberta da estratificação e fragmentação dos textos bíblicos e
sua consequente classificação. Um aspecto fundamental dessa busca é tentar
inserir Jesus no contexto histórico-sociocultural do judaísmo do século I na Palestina,
por meio do estudo de fontes canônicas, apócrifas e pseudoepigráficas que lançaram
novas luzes sobre a complexidade da religião e da sociedade judaica daquela época.
A busca pelo Jesus histórico se apoia na literatura bíblica e extra-bíblica do século I;
nas descobertas arqueológicas; nos estudos sociológicos e historiográficos; para
reconstruir e entender o contexto histórico, sociológico e religioso do tempo de Jesus,
tentando entender e imaginar o impacto de sua pessoa e de sua mensagem dentro
deste mesmo contexto, portanto, parte-se do pressuposto que Jesus deve ser lido
Dentro do contexto da Galiléia daquela época.
Acredita-se que o Jesus histórico:

1. Foi um homem que viveu na Galiléia na primeira metade do século I, que era
filho de um carpinteiro, que provavelmente tinha outros irmãos (Mt 13,55);
2. Provavelmente foi um dos discípulos de João Batista, que o batizou;
3. Por um período menor que um ano como rabi na região do Mar da Galiléia até
a sua crucificação, que provavelmente ocorreu na Páscoa do ano 30 por
motivos políticos (conflito com a elite local ligada ao Templo de Jerusalém);
4. Realizou pelo menos uma peregrinação a Jerusalém - então parte da província
romana da Judeia - durante o tempo da expectativa messiânica e apocalíptica
no final do Segundo Templo Judaico;
5. Foi um profeta apocalíptico e um professor de ética autônoma, que
contava parábolas, muitas delas sobre a vinda de um Reino de Deus.
Alguns estudiosos creditam as declarações apocalípticas dos Evangelhos a Jesus,
enquanto outros retratam o seu Reino de Deus como moral, e não de natureza
apocalíptica. Durante um tempo, Ele enviou seus apóstolos a fim curar as pessoas e
pregarem sobre o Reino de Deus. Mais tarde, Jesus viajou para Jerusalém, onde causou
uma perturbação no Templo. Era a época da Páscoa, quando as tensões políticas e
religiosas eram altas em Jerusalém. Os Evangelhos dizem que os guardas do
templo (acredita-se serem saduceus) prenderam-no e entregaram-no ao governador
romano Pôncio Pilatos para execução. O movimento inaugurado por Jesus sobreviveu
à sua morte, sendo liderado por seu irmão Tiago, o Justo e pelos apóstolos que
passaram a proclamar que Jesus havia ressuscitado. Pouco depois, os seguidores de
Jesus se dividiram do judaísmo rabínico, dando origem ao que conhecemos
como cristianismo primitivo.
A busca pelo Jesus histórico parte do pressuposto que o Novo Testamento não dá
necessariamente uma imagem histórica precisa da vida de Jesus. Nesse contexto, a
descrição bíblica de Jesus é conhecida como a do Cristo da Fé. Dessa forma, o Jesus
histórico é baseado em materiais históricos antigos que podem falar alguma coisa
sobre sua vida, como os fragmentos dos Evangelhos. A finalidade da pesquisa sobre o
Jesus histórico é examinar as evidências a partir de fontes diversas, tratando-as
criticamente e em conjunto para criar uma imagem composta de Jesus. Para alguns, o
uso do termo Jesus histórico implica que o Jesus reconstruído será diferente do que se
apresentou no ensino dos concílios ecumênicos (o Cristo dogmático). Outros
estudiosos afirmam que não há nenhuma contradição entre o Jesus histórico e o Cristo
retratado no Novo Testamento.
Ao longo dos últimos 150 anos, alguns historiadores e estudiosos bíblicos
como Albert Schweitzer, com seu trabalho revolucionário Von Reimarus zu Wrede (The
Quest of the Historical Jesus)  em 1906, ou os participantes do controverso Jesus
Seminar, têm feito progressos na busca do Jesus Histórico, examinando provas de
diversas fontes a fim de trazê-las em conjunto para que se possa elaborar uma
reconstrução completa de Jesus.
Cristo na casa de seus pais, por John Everett Millais, 1850. Uma série de pinturas
da Irmandade Pré-Rafaelita reflete o interesse do século XIX na realidade histórica da
vida de Jesus.

O uso do termo do Jesus Histórico implica que sua reconstrução será diferente


daquela apresentada no ensino do Cristo da Fé pelo Cristianismo. Assim, a montagem
do Jesus Histórico às vezes difere dos judeus, cristãos, muçulmanos ou crenças hindus.
Em geral esse estudiosos argumentam que o Jesus histórico foi um  judeu  da
Galileia que viveu numa época de expectativas messiânicas e apocalípticas. Ele
foi batizado por João Batista e, depois que João foi executado, começou a sua própria
pregação na Galileia. Jesus pregava a salvação, a vida eterna, a purificação dos 
pecados, a vinda do Reino de Deus, usando parábolas como imagens surpreendentes.
Além disso, ele era conhecido como um professor e um homem que realizava milagres.
Muitos estudiosos creditam as declarações apocalípticas dos Evangelhos a Jesus,
enquanto outros defendem que o seu Reino de Deus era moral, e não de natureza
apocalíptica.
A busca pelo Jesus histórico iniciou-se com o trabalho de Hermann Samuel
Reimarus no século XVIII. Dois livros, ambos chamados "A Vida de Jesus", foram
escritos por David Friedrich Strauss e publicados em alemão em 1835-1836. Ernest
Renan publicou um livro em francês no ano de 1863. O Jesus histórico é
conceptualmente diferente do Cristo da fé. Para os historiadores o primeiro é
físico, enquanto o último é metafísico. O Jesus histórico é baseado em evidências
históricas. Cada vez que um rolo de papel novo é descoberto ou fragmentos de um
novo Evangelho são encontrados, o Jesus histórico é modificado.
Acredita-se que o Jesus histórico tenha sido uma figura real que deva ser
entendida no contexto de sua própria vida, na província romana da Judeia do século I,
e não o Cristo da doutrina cristã de séculos mais tarde. A pesquisa histórica reconstrói
Jesus em relação aos seus contemporâneos do primeiro século, enquanto as
interpretações teológicas relacionam Jesus com aqueles que se reúnem em seu nome.
Assim, o historiador interpretaria o passado enquanto o teólogo interpretaria
a tradição cristã. No entanto, quando se considera o estado fragmentário das fontes e
a natureza muitas vezes indireta dos argumentos utilizados, esse Jesus histórico será
sempre um construtor científico, uma abstração teórica que não coincide, nem pode
coincidir, com o Jesus de Nazaré que supostamente viveu e trabalhou
na Palestina no século I de nossa era. Os historiadores e estudiosos da Bíblia analisam
os Evangelhos canônicos, o Talmud, o Evangelho segundo os hebreus, os Evangelhos
Gnósticos, os escritos de Flávio Josefo, os Manuscritos do Mar Morto, entre outros
documentos antigos a fim de encontrar o Jesus histórico. Uma série de métodos foram
desenvolvidos para analisar criticamente essas fontes:

 Fontes mais antigas: muitos historiadores preferem as fontes mais antigas


sobre Jesus, desconsiderando, como regra geral, as fontes que foram escritas mais
de um século após sua morte[26]

 Critério do constrangimento: enfoca atos ou palavras de Jesus que poderiam


ter constrangido ou criado dificuldades para a igreja primitiva ou para o autor do
evangelho. Por exemplo, se a crucificação foi motivo de embaraço para os
primeiros cristãos, seria bastante improvável que os evangelhos afirmassem que
Jesus havia sido crucificado, a menos que ele realmente tenha sido crucificado [27].

 Atestação Múltipla: quando duas ou mais fontes independentes contam


histórias semelhantes ou consistente. Esse critério faz bastante uso dos casos de
relatos orais anteriores às fontes escritas. A atestação múltipla não é o mesmo que
a atestação independente. Se um relato utilizou outro relato como fonte, então
essa história estará presente em todos os relatos, mas com apenas uma fonte
independente. O ponto de vista dominante é que o relato de Marcos foi usado
como fonte de Mateus e Lucas.

 Contexto histórico: a fonte é mais credível se relato fizer sentido dentro do


contexto e da cultura em que o fato possivelmente aconteceu. Por exemplo,
alguns ditos da língua copta do Evangelho de Tomé fazem sentido dentro de um
contexto gnóstico do século II, mas não no contexto do século I, uma vez que
o gnosticismo apareceu no segundo século.

 Análise linguística: há algumas conclusões que podem ser extraídas da


análise linguística dos Evangelhos. Por exemplo, se um diálogo só faz sentido
em grego, é possível que ele tenha sido redigido e que o texto seja de certa forma
diferente do original aramaico. Alguns consideram, por exemplo, o diálogo
entre Jesus e Nicodemos no capítulo 3 de João como algo que só faz sentido em
grego, mas não em aramaico. De acordo com Bart Ehrman, este critério é incluído
na análise de credibilidade contextual, porque ele acredita que Jesus e Nicodemos
estavam falando em aramaico.

 Objetivo do autor: este critério é o outro lado do critério de dissimilaridade.


Quando o material apresentado serve aos propósitos do autor ou do editor, ele é
suspeito. Várias seções nas narrativas do Evangelho, como o Massacre dos
Inocentes, por exemplo, retratam a vida de Jesus como o cumprimento de
profecias do Antigo Testamento. Na visão de alguns estudiosos, isso pode apenas
refletir o objetivos literário do autor, e não acontecimentos históricos.
As pesquisas contemporâneas do Jesus histórico geralmente levam o critério
histórico de plausibilidade como sua base, em vez de o critério de dissimilaridade. As
narrativas, portanto, que se encaixam no contexto judaico e dão sentido a ascensão do
cristianismo podem ser históricas.
Existem cinco documentos falando da pessoa de Jesus direta ou indiretamente,
como é o caso de Público Cornélio Tácito, Flávio Josefo, Plínio, o Jovem e outros.
Uma boa referência do Jesus histórico foi escrita por Tácito no Analles, conforme
ele cita abaixo:

Por conseguinte, para se livrar do relatório, Nero colocou a culpa e infligiu as mais


requintadas torturas em uma classe odiada por suas abominações, chamados
cristãos pela população. "Christus", de quem o nome teve sua origem, sofreu a
penalidade extrema durante o reinado de Tibério às mãos de um de nossos
procuradores, Pôncio Pilatus, e uma superstição mais perniciosa, portanto, marcada
para o momento, mais uma vez surgiu não só na Judeia, a primeira fonte do mal,
mas mesmo Roma, onde todas as coisas horríveis e vergonhosas de toda parte do
mundo encontram o seu centro e se tornam populares. Assim, a prisão pela
primeira vez feita de todos os que se declararam culpados, em seguida, sobre as
suas informações, uma imensa multidão foi condenada, não tanto do crime de
incendiar a cidade, mas como de ódio contra a humanidade.

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