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Esse Eu Sou nada mais é que mistério do Verbo, ou do Logos/Pneuma, ou Sopro, o que
nos aproxima da presença do próprio Deus, e de Sua Palavra. Pois Deus se manifestava
em coluna de fumaça, sarça ardente, nuvem, etc, através de Sua Voz, pois não era
dado ao homem vê-lo face a face. Logo Jesus nesse seu mote, que é nome iniciático,
assim como o nome Yeshuah, nos mostra aquele que é o Homem-Deus. Levando-nos
assim a cristologia alta, onde superamos o homem carnal Jesus, sem negá-lo, e assim
adentramos na esfera do espírito que vivifica, em níveis superiores de hermenêutica.
Também nos leva a relação com o Espírito (Santo), com pneuma. O Jesus Cristo
também nos leva a pensar na personalidade de Deus, como veem os hindus para o seu
Krishina. A cristologia alta então faz do EU SOU uma personalidade de Deus, o próprio
Deus, sem, contudo negar que há distinção entre o Pai e o Filho. Vemos mesmo que o
poder de cura e transformação é mesmo divino, e que o poder do Verbo é algo que
supera a mera carnalidade, ligando-se muito a palavras de poder, e pensamentos.
CRISTOLOGIA BAIXA
Entende-se por “baixa cristologia” ou “cristologia baixa” certa corrente
doutrinária que vê Jesus como um profeta tão humano quanto os demais do
Antigo Testamento, mas que por um favor divino especial, foi elevado (de baixo para
cima, por isso “baixa cristologia”) à condição de Filho de Deus em algum momento de
sua vida terrena (como o batismo), ou na ressurreição. Ele não seria, portanto, da
mesma essência do Pai, mas teria sido adotado, daí “adocionismo”, heresia cristológica
condenada no segundo Concílio de Niceia, em 787.
A primeira forma de baixa cristologia conhecida foi inaugurada por Teódoto
de Bizâncio, que no final do século II defendeu a seguinte doutrina.
Jesus é um homem, nascido da Virgem por desígnio do Pai; viveu como todos
os homens e mais tarde, ao ser batizado, desceu sobre Ele em forma de pomba o
Espírito Santo, pois Nele os poderes ainda não haviam sido postos em evidencia.
Alguns não querem admitir que Ele tivesse se tornado Deus mediante a descida do
Espírito; outros, ao invés, o admitem somente depois da ressurreição dos mortos.
Jesus Histórico
O termo Jesus histórico refere-se a uma série de reconstruções acadêmicas
do século I da figura de Jesus de Nazaré. Estas reconstruções são baseadas
em métodos históricos, incluindo a análise crítica dos evangelhos canônicos como a
principal fonte para sua biografia, juntamente com a consideração do contexto
histórico e cultural em que Jesus viveu.
A pesquisa sobre o Jesus histórico teve início no século XVIII e se desenvolveu,
até os nossos dias, em três ondas, preocupadas em reconstruir os fatos históricos e a
pessoa humana de Jesus, que ficavam como que escondidos atrás das afirmações
dogmáticas e de fé das Igrejas.
Tal busca teve como premissa uma mentalidade racionalística, que acredita
poder reconstruir a verdade histórica relacionada a Jesus por meio da razão, e foi
impulsionada pela descoberta da estratificação e fragmentação dos textos bíblicos e
sua consequente classificação. Um aspecto fundamental dessa busca é tentar
inserir Jesus no contexto histórico-sociocultural do judaísmo do século I na Palestina,
por meio do estudo de fontes canônicas, apócrifas e pseudoepigráficas que lançaram
novas luzes sobre a complexidade da religião e da sociedade judaica daquela época.
A busca pelo Jesus histórico se apoia na literatura bíblica e extra-bíblica do século I;
nas descobertas arqueológicas; nos estudos sociológicos e historiográficos; para
reconstruir e entender o contexto histórico, sociológico e religioso do tempo de Jesus,
tentando entender e imaginar o impacto de sua pessoa e de sua mensagem dentro
deste mesmo contexto, portanto, parte-se do pressuposto que Jesus deve ser lido
Dentro do contexto da Galiléia daquela época.
Acredita-se que o Jesus histórico:
1. Foi um homem que viveu na Galiléia na primeira metade do século I, que era
filho de um carpinteiro, que provavelmente tinha outros irmãos (Mt 13,55);
2. Provavelmente foi um dos discípulos de João Batista, que o batizou;
3. Por um período menor que um ano como rabi na região do Mar da Galiléia até
a sua crucificação, que provavelmente ocorreu na Páscoa do ano 30 por
motivos políticos (conflito com a elite local ligada ao Templo de Jerusalém);
4. Realizou pelo menos uma peregrinação a Jerusalém - então parte da província
romana da Judeia - durante o tempo da expectativa messiânica e apocalíptica
no final do Segundo Templo Judaico;
5. Foi um profeta apocalíptico e um professor de ética autônoma, que
contava parábolas, muitas delas sobre a vinda de um Reino de Deus.
Alguns estudiosos creditam as declarações apocalípticas dos Evangelhos a Jesus,
enquanto outros retratam o seu Reino de Deus como moral, e não de natureza
apocalíptica. Durante um tempo, Ele enviou seus apóstolos a fim curar as pessoas e
pregarem sobre o Reino de Deus. Mais tarde, Jesus viajou para Jerusalém, onde causou
uma perturbação no Templo. Era a época da Páscoa, quando as tensões políticas e
religiosas eram altas em Jerusalém. Os Evangelhos dizem que os guardas do
templo (acredita-se serem saduceus) prenderam-no e entregaram-no ao governador
romano Pôncio Pilatos para execução. O movimento inaugurado por Jesus sobreviveu
à sua morte, sendo liderado por seu irmão Tiago, o Justo e pelos apóstolos que
passaram a proclamar que Jesus havia ressuscitado. Pouco depois, os seguidores de
Jesus se dividiram do judaísmo rabínico, dando origem ao que conhecemos
como cristianismo primitivo.
A busca pelo Jesus histórico parte do pressuposto que o Novo Testamento não dá
necessariamente uma imagem histórica precisa da vida de Jesus. Nesse contexto, a
descrição bíblica de Jesus é conhecida como a do Cristo da Fé. Dessa forma, o Jesus
histórico é baseado em materiais históricos antigos que podem falar alguma coisa
sobre sua vida, como os fragmentos dos Evangelhos. A finalidade da pesquisa sobre o
Jesus histórico é examinar as evidências a partir de fontes diversas, tratando-as
criticamente e em conjunto para criar uma imagem composta de Jesus. Para alguns, o
uso do termo Jesus histórico implica que o Jesus reconstruído será diferente do que se
apresentou no ensino dos concílios ecumênicos (o Cristo dogmático). Outros
estudiosos afirmam que não há nenhuma contradição entre o Jesus histórico e o Cristo
retratado no Novo Testamento.
Ao longo dos últimos 150 anos, alguns historiadores e estudiosos bíblicos
como Albert Schweitzer, com seu trabalho revolucionário Von Reimarus zu Wrede (The
Quest of the Historical Jesus) em 1906, ou os participantes do controverso Jesus
Seminar, têm feito progressos na busca do Jesus Histórico, examinando provas de
diversas fontes a fim de trazê-las em conjunto para que se possa elaborar uma
reconstrução completa de Jesus.
Cristo na casa de seus pais, por John Everett Millais, 1850. Uma série de pinturas
da Irmandade Pré-Rafaelita reflete o interesse do século XIX na realidade histórica da
vida de Jesus.