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O PENSAMENTO TEOLÓGICO-EDUCACIONAL DE PHILIP MELANCHTHON

Wellington Barbosa1

RESUMO

Analisando a prática educacional ao longo da idade média fica evidenciada a


importância das ações reformistas do século XVI na democratização do
ensino, revisão curricular e pedagógica. Não obstante as deficiências no
modelo educacional vigente na Idade Média identifica-se no período o
surgimento de escolas e universidades. Os ideais protestantes estavam
intimamente ligados à educação. Em decorrência dos princípios da Reforma,
surgiu uma ênfase na necessidade da leitura, compreensão e interpretação
da Bíblia, sendo fundamental, portanto, oferecer instrução às pessoas. Diante
dessa realidade, houve necessidade de oferecer uma educação geral e mais
abrangente, já que todos deveriam ler as sagradas Escrituras, sem distinção
e discriminação, para conhecerem a vontade de Deus e aceitarem os
mandamentos nelas registrados. A Bíblia tornou-se o livro mais lido da
Europa no século XVII. O movimento reformista deixou marcas indeléveis na
sociedade, não somente à sua época, mas os ideais defendidos pelos
reformadores alcançam incontáveis gerações. Os protestantes que aderiam
ao movimento liderado por Lutero não ficaram estagnados quanto à questão
educativa e foram fundamentais para a formação da pedagogia que
encontramos até hoje.

Palavras-chave: Reforma Protestante. Educação. Calvino. Lutero. Melanchthon.

1
Graduado em Teologia pelo Seminário Teológico Betel Brasileiro.
2
ABSTRACT

Analyzing the educational practice throughout the middle ages shows the importance
of the reformist actions of the sixteenth century in the democratization of teaching,
curricular and pedagogical revision. Despite the deficiencies in the educational model
in force in the Middle Ages, the emergence of schools and universities is identified in
the period. The Protestant ideals were closely linked to education. As a result of the
principles of the Reformation, there was an emphasis on the need for reading,
understanding and interpretation of the Bible, and therefore, it is fundamental to offer
instruction to people. Faced with this reality, there was a need to offer a general and
more comprehensive education, since all should read the holy Scriptures, without
distinction and discrimination, to know the will of God and accept the commandments
recorded therein. The Bible became the most widely read book in Europe in the
seventeenth century. The reform movement left indelible markings on society, not
only its age, but the ideals defended by the reformers reach countless generations.
The Protestants who adhered to the movement led by Luther did not remain stagnant
on the educational question and were fundamental to the formation of the pedagogy
that we find until today.

Keywords: Reformation Protestant. Education. Calvin. Luther. Melachthon.

3
INTRODUÇÃO

O presente artigo tem como objetivo mostrar como o pensamento teológico


educacional dos reformadores influenciou a mudança do modelo educacional
herdado da idade média.
Apesar do crescente aumento do interesse de conhecer o movimento
conhecido como a Reforma Protestante, muitas abordagens têm revelado algumas
deficiências na análise dos fatos. Muitas vezes estas abordagens são um tanto
reducionistas, quando não distorcem tanto motivações, quanto resultados. O
movimento reformista é tratado por muitos, como um evento estritamente religioso,
com alguns desdobramentos de menor importância, impressão essa que mediante
uma investigação mais criteriosa, facilmente será desfeita.
Este artigo se propõe a apresentar os principais pontos do pensamento
teológico-educacional de Filipe Melanchthon, destacando a sua defesa da escola
para todos, pública e obrigatória; o dever do Estado em manter as instituições
escolares; aspectos da construção do currículo escolar; a importância do oficio do
educador; e as posições sobre a educação da mulher, dentre outros pontos de sua
visão educacional.

Nos dias atuais, ao se falar sobre o direito à educação, logo surgem à mente
algumas características intrínsecas a esse debate, como o fato de que ela deve ser
para todos e oferecida gratuitamente, sendo obrigatória sua frequência em
determinado nível de ensino, e ainda, de que cabe ao Estado, se responsabilizar
pela sua oferta e manutenção. Nesse sentido, é ampla a produção científica sobre o
direito à educação mediante a vertente de análise da educação como um direito
social, que teria surgido como fruto da Revolução Francesa2, no século XVIII.
Entretanto, apesar dos princípios de universalidade, gratuidade, laicidade e
obrigatoriedade que compõem este direito como o que se concebe hoje serem
muitas vezes apresentados como conquista da Revolução Francesa (Lopes, 1981),
esses podem ser identificado em um período anterior, em especial no final da Idade

2
Revolução Francesa: Foi um processo social e político que decorreu entre 1789 e 1799 em França e
que, com o tempo, se estendeu noutros países. Disponível em: < https://conceito.de/revolucao-
francesa>. Acesso em 26 Fev. 2018.
4
Média – início da Moderna, fruto do pensamento educacional de alguns dos
principais reformadores, como será mostrado nesta parte.
Sobre a força da atuação da Reforma e seus reformadores, também nas
questões educativas, Manacorda (1989, p. 199) diz que:

Testemunho da força também educativa da Reforma no plano político é o


fato de que a própria autoridade imperial teve de assumir esta nova
concepção de uma escola pública para a formação dos cidadãos ou, pelo
menos, dos governantes. [...] é, porém, de grande importância histórica a
tomada de consciência do valor laico, estatal da instrução, concebida não
mais como algo reservado aos clérigos, mas como fundamento do próprio
Estado.

Neste artigo será apresentado o pensamento teológico-educacional do


reformador Filipe Melanchthon e suas contribuições no campo da educação,
evidenciando que estas ações decorreram de suas atividades reformistas. Visto que
esta pesquisa não abrange a história do cristianismo como um todo, não
pretendemos analisar a Reforma nos seus pormenores, senão nos aspectos que
podem ajudar a conhecer um pouco da sua contribuição para a educação. Desta
forma, será exposto o pensamento teológico-educacional de um dos principais
personagens da Reforma Protestante – Filipe Melanchthon, no que se refere a forma
de pensar e agir com relação a educação, a contribuição do seu ministério para a
educação.

1. A REFORMA E A EDUCAÇÃO

Devido a suas ênfases e valores fundamentais, a Reforma Protestante deu


grande prioridade à educação em todos os níveis. Matos (1996, p. 16) escreve:

A necessidade do estudo da Escritura, o princípio do sacerdócio de todos os


fiéis e a convicção de que Deus deve ser honrado mediante o cultivo
intelectual levaram os reformadores a incentivar a criação de escolas. Além
disso, deve-se lembrar que o novo movimento surgiu em círculos
acadêmicos.

Lutero era professor universitário em Wittenberg e assim permaneceu por


toda a vida. Melanchthon, Zwínglio e Calvino foram humanistas cultos, formados em

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algumas das melhores instituições de ensino da época. Em consequência disso, os
protestantes deram grandes contribuições à área educacional, como a criação de
importantes universidades que até hoje oferecem valiosos serviços às suas
coletividades.
É verdade que as universidades não foram uma invenção protestante. Sobre
isso Matos (1996) escreve: ―No início do século 16, ou seja, no alvorecer da
Reforma, havia mais de cinquenta universidades na Europa, [...] todas com forte
identidade católica romana‖. (MATOS, 1996) As mais antigas e famosas eram as de
Bolonha (1190), Paris (1208) e Oxford (1208).
No entanto, algumas dessas instituições passaram a receber nítida
influência protestante; mais tarde, os partidários da Reforma criaram suas próprias
universidades. Estas e aquelas passaram a refletir em seus currículos a nova
cosmovisão protestante. A partir do século 18, essa cosmovisão sofreria grandes
abalos com o surgimento do Iluminismo, mas este assunto não é objeto desta
pesquisa.
A Reforma, com seu princípio de sola Scriptura e a ênfase paralela no direito
do livre exame das Escrituras, produziu um renovado interesse pela educação. A
Bíblia era um livro que devia ser lido, estudado e corretamente interpretado, o que
exigia que as pessoas soubessem ler e tivessem um bom preparo intelectual. Lutero
insistiu na educação do homem comum e incentivou os pais a cumprirem o dever de
proporcionar educação aos seus filhos. Ele também resgatou a prioridade do lar no
processo educacional.
O estudo do pensamento educacional de Melanchthon também é de grande
relevância para melhor se compreender as matrizes do ensino humanístico, que
fincaram profundas raízes nos conteúdos e métodos dos colégios secundários,
liceus3 e cursos superiores do Ocidente, dos séculos XV às primeiras décadas do
século XX. Essas raízes se manifestam no grande prestígio dado aos ensinos das
línguas clássicas, análise dos clássicos e da gramática. Além disto, ao estudar esse
importante reformador, serão revelados aspectos da visão melanchthoniana

3
Liceus: Eram é o tipo de estabelecimento de ensino onde são ministrados os três últimos anos do
ensino secundário, aos adolescentes com idades compreendidas entre os 15 e os 18 anos.
Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Liceu>. Acesso em 06 Mar. 2018.

6
presentes no desencadeamento da Reforma Protestante, que tiveram repercussões
na relação entre escola, religião, governo e povo, elementos fundamentais para a
constituição do que se passou a nomear de escola moderna.
A cerca da relação entre a Reforma Protestante e o Humanismo vigente no
final da Idade Média, Luzuriaga (1975) também afirma: ―A reforma religiosa, a
Reforma por antonomásia4, é parte do grande movimento humanista da
Renascença: é sua aplicação à vida religiosa.‖ (LUZURIAGA, 1975 apud. SILVA,
2010, p. 17). É importante registrar outro relato importante do autor ( apud. SILVA, 2010,
p. 17) diz que:

Humanismo e Reforma coincidem, assim, em muitos pontos, posto divirjam


noutros. Primeiramente, coincidem na acentuação da personalidade
autônoma, da individualidade livre ante qualquer coação exterior, seja
intelectual, seja religiosa. Depois, ambos os movimentos têm sentido crítico
quanto a toda autoridade dogmática. Finalmente, ambos buscam inspiração
na vida espiritual no íntimo do homem, e não na letra ou nas doutrinas
impostas. Mas há também diferenças importantes entre Humanismo e
Reforma. O Humanismo tem caráter antes intelectual e estético, enquanto
na Reforma predomina o aspecto ético e religioso. Aquele é de gênero
principalmente aristocrático, de minoria, ao passo que a Reforma é
sobretudo social e popular. O primeiro busca inspiração nos clássicos
gregos e latinos, quando a última o faz sobretudo na Bíblia. Finalmente, se
do primeiro não se houve ensino geral organizado, a segunda deu origem à
educação pública.

Calvino foi ainda mais enfático nessas questões. Em sua obra magna, as
Institutas, ele caracterizou a Igreja como ―mãe e mestra‖ dos fiéis, aquela que os
leva ao conhecimento de Cristo e depois os nutre e orienta durante toda a sua vida
cristã. Nas Ordenanças eclesiásticas (1542), ele insistiu que a Igreja devia ter uma
classe de oficiais voltados exclusivamente para o ensino, os mestres ou doutores.
Em 1559, Calvino fundou a Academia de Genebra, embrião da atual
universidade de mesmo nome. Os três reformadores – Lutero, Melanchthon e
Calvino, escreveram, dentre muitas coisas, catecismos que se tornaram um dos
mais valiosos recursos para a educação cristã ao longo dos séculos. Outro

4
Antonomásia: Trata-se da substituição de um nome próprio (de uma pessoa, povo, cidade ou país,
ser real ou ficcional) por um nome comum e vice-versa, de modo que ambos os nomes utilizados
tenham uma relação lógica e inconfundível entre si. Na linguagem coloquial, geralmente o uso de
apelidos representa o emprego da antonomásia. Disponível em:
<https://www.infoenem.com.br/figuras-de-linguagem-antonomasia-e-perifrase/> Acesso em 25 Fev.
2018.

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importante meio de instrução religiosa era o culto e seu ponto central, a pregação. A
ênfase no ―sacerdócio de todos os crentes‖ e o entendimento de que as verdades
cristãs devem permear todas as áreas da existência tiveram um impacto salutar na
educação cristã e geral. Em consequência de suas ações, não só as Igrejas tinham
um sólido programa educacional, mas surgiu um sistema de escolas mantidas pelo
Estado visando tornar a educação disponível a todos.

2. O Pensamento Teológico-educacional de Melanchthon

Conta-se que em abril de 1518, o Príncipe Eleitor Frederick, fundador da


Universidade de Wittenberg, indagou a Reuchlin a respeito de mestres adequados,
que pudessem preencher vagas para professores. Assim, para a presidência do
ensino da Língua Grega, o humanista Reuchlin propôs o seu próprio sobrinho, o
Mestre Philip Schwartzerd (―Filipe Melanchthon‖), ainda com 21 anos, por afirmar
que não conhecia um, entre os alemães que pudesse ultrapassá-lo, exceto Erasmo
de Roterdã. Sobre isso Scheible (2013) registra a seguinte fala: ―[...] na Alemanha
não havia outro melhor, exceto talvez pelo latim: Erasmo de Roterdã, que era
holandês.‖ (SCHEIBLE, 2013, p. 30).
Como parte da reforma humanista, Frederico, o Sábio, criou a cátedra de
grego e Felipe Melanchthon foi recomendado por seu tio avô Johannes Reuchlin,
para assumir a mesma. É interessante observar que num primeiro momento, muitos
não estavam de acordo com a eleição de Felipe para a cátedra de grego, inclusive
Lutero, pois o consideravam muito jovem e sem experiência. Segundo Scheible
(2013), o professor Melanchthon além de assumir a cátedra de grego, assumiu
também a cátedra de hebraico. Rhein (2010) apud Ulrich; Klug (2016) aponta que
Melanchthon em sua aula inaugural na universidade de Wittenberg, realizada no dia
28 de agosto de 1518, voltou ao tema da educação. A sua aula versou sobre: De
corrigendis adulescentia e studiss (―Melhoria da educação para os jovens‖).
A questão mais importante para ele era um retorno às fontes e acreditava
que o estudo das línguas clássicas constituía o melhor método para alcançar este
objetivo. Melanchthon como bom humanista, defendeu energicamente o estudo das
línguas clássicas (hebraico e grego) como um meio de derrubar o latim medieval

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degenerado que se falava naquela época. Felipe sinalizou para a importância do
estudo da história, das ciências naturais e das matemáticas Rupp (1996 apud Ulrich
e Klug 2016). De acordo com Scheible (2013, p. 31-32):

O programa reformador de Melanchthon não procura eliminar as disciplinas


tradicionais; o que ele quer é conduzir os estudantes através do nevoeiro de
informações secundárias para aquilo que interessa, tal como é apresentado
nas fontes; assim se transmite as bases para a teologia e o direito. (…) A
totalidade das ciências naturais é transmitida por autores gregos. Para as
ciências humanas, as melhores obras são as éticas de Aristóteles, os
Nómoi de Platão e os poetas latinos Virgílio e Horácio. Imprescindível
também é a história. Ela apresenta os exemplos para a conduta humana
nas vidas privada e pública, para a jurisprudência e a política.

O humanista e companheiro de Lutero – Filipe Melanchthon – conhecido


como Praeceptor Germaniae (Mestre ou preceptor da Alemanha) é considerado o
criador do Sistema Educacional da Igreja Protestante da Alemanha e responsável
por reorganizar o ensino de seu país. As autoridades municipais solicitavam, ao
reformador, orientações sobre criação e condução de escolas. De acordo com
Richard (1898) apud Silva (2010), quase todas as escolas protestantes Latinas e
ginásios, do século XVI, foram fundados, de acordo com as instruções dadas por
Melanchthon. Ele escreveu normas escolares, organizou os cursos de estudo e
nomeou a maioria dos instrutores daquelas primeiras escolas.
Segundo Cambi (1999 apud Lopes, 2006, p. 75) Melanchthon afirmava que:

[...] a ignorância é a maior adversária da fé, por isso deve ser combatida
(não só no nível da infância) mediante uma radical reforma das escolas e
uma recuperação da autoridade cultural e moral dos educadores.

Acerca disso Cambi (1999 apud Lopes,2006, p. 75) também escreve:

Ao que parece, seu objetivo era fornecer uma formação para exclusivo
benefício dos reformados. Prova disso está em seu discurso inaugural da
escola fundada em 1526 em Nuremberg (In laudum novae scolae), no qual
apregoa que a finalidade da escola é promover a ―piedade evangélica‖.

Segundo Lopes (2006), no seu texto Artigos de Visitação (1527), percebe-se


a forma curricular e o conteúdo do seu conceito educacional:

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O curso dos estudos está dividido em: a) Primeiro – Destina-se aos
principiantes, mormente, à aprendizagem dos primeiros rudimentos do latim,
através dos estudo de alguns simples fragmentos de Catão e de Donato; b)
O segundo – É endereçado predominantemente ao estudo da gramática,
através de Terêncio e Virgílio; c) O Terceiro – É orientado para a dialética e
a retórica, através de Salústio, Lívio, Horácio, Ovídio e Cícero. Neste
terceiro nível, os melhores alunos são iniciados no conhecimento do grego e
do hebraico, da matemática e das artes. Além de elencar de maneira muito
detalhada as matérias de estudo e até as suas horas de ensino, o plano
fornece indicações úteis sobre o método de aprendizagem que dá muito
espaço à leitura e à conversação, mais que à gramática e a sintaxe, cuja
utilidade não é, todavia, posta em dúvida para o melhor aprendizado e uso
da língua. Ainda no nível universitário renova o curso dos estudos com a
introdução de novas matérias, entre as quais a matemática, até então
ensinada para fins meramente prático-comerciais, e de uma mentalidade
humanista geral (filosófica e literária), em vista da realização de uma religião
culta e eloquente (CAMBI, 1999, apud LOPES, 2006, p. 75-76).

2.1. CONTRIBUIÇÃO PARA EDUCAÇÃO

Melanchthon buscou concretizar a sua busca por mudanças no processo


educativo em sua própria casa. Como pai, sofreu com erros e acertos na educação
com seus próprios filhos. Neste processo de ser e fazer, destacamos algumas
contribuições deste reformador para a educação e para a pedagogia, especialmente
no ensino universitário e na criação de uma escola secundária. Segundo Scheible
(2013, p. 37):
O humanismo renascentista é instrumento da Reforma. (…) A renovação
linguística pelo humanismo teria sido intencionada por Deus como
preparação para a Reforma. (…) portanto quem realmente se importa com a
espiritualidade precisa aprender a falar direito. Este discurso programático
foi acompanhado de uma medida reformadora, da qual a Saxônia Eleitora
se orgulhava muito: a complementação do tradicional sistema de debates
(Disputationen) por meio de exercícios retóricos. (…) Melanchthon percebeu
que era necessário aperfeiçoar a capacidade de expressão dos estudantes.
Com gramática latina e vocabulário suficiente, eles já vinham equipados das
escolas de latim. Mas a capacidade de pensar com clareza e exprimir ideias
eles ainda precisavam aprender.

De acordo com Rupp (2011 apud Ulrich; Klug 2016), para o professor Felipe
Melanchthon, devido a sua formação e base humanística, todo trabalho de educação
precisa estar baseado numa clara concepção antropológica. Sem esta clara noção
da origem, causa e finalidade do ser humano não é possível desenvolver uma ação
pedagógica proveitosa. Melanchthon estava apegado a um certo otimismo
antropológico, enraizado na crença de que o ser humano, se é educado e formado
adequadamente nos valores humanos, é por si só capaz de melhorar a situação do
mundo. Segundo Rupp (1996, p. 665), em confronto com o movimento dos
entusiastas, pois estes rechaçavam todo o saber e também o batismo de crianças.

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Melanchthon defendia o batismo de crianças, pois a partir de sua concepção
antropológica, ele entendia que também elas iriam se desenvolver na fé. Na língua
alemã aparece muitas vezes o termo schwärmer, que lembra um enxame de
abelhas que voa confusamente em torno da colmeia (comunidade), desejando
somente colher o mel. ―Para os grupos entusiastas a educação não era importante.
Tudo era fruto da inspiração do Espírito‖ (BIRNSTEIN, 2010, apud Ulrich; Klug,
2016, p. 159). Melanchthon valorizou, também, o conhecimento científico, mesmo
que ele cresse que o saber nunca deveria se converter num fim em si mesmo, mas
que teria que permanecer sempre à serviço da teologia e do conhecimento de Deus.

Segundo Rieth (1997), para Melanchthon a educação abrange:

(...) em primeiro lugar, todas as medidas tomadas para moldar o


comportamento exterior das crianças, adolescentes e jovens. Trata-se da
disciplina externa. Essas medidas são: orientação, elogio, premiação,
punição, treinamento, etc. (…) Em segundo lugar, a educação abrange a
instrução, o ensino (doctrina). A compreensão das coisas traz conteúdos
valiosos para a formação e valores e posturas. A intervenção de quem é
pedagogicamente responsável sobre crianças, jovens e adolescentes se dá
mediante o ensino. Especialmente as letras (litterae) têm importância para
transmitir conteúdos formativos. (RIETH,1997, apud. Ulrich e Klug 2016 p.
159-160).

2.2. A REFORMA UNIVERSITÁRIA

No período que Melanchthon exerceu o cargo de reitor na Universidade de


Wittenberg, que segundo Scheible (2013), foi no inverno de 1523 a 1524, ele
aproveitou a sua gestão para ancorar a Universidade num novo regulamento de
estudos, o qual estava voltado para as duas preocupações centrais de sua
pedagogia:

1.O desenvolvimento das habilidades linguísticas por meio de declamações


e a implementação de um currículo estruturado de modo a ajustar-se às
necessidades individuais dos alunos mediante controle por instrutores.
Segundo esse regulamento, cada estudante precisa comparecer
pessoalmente perante o reitor, o qual então o encaminha a um dos dois
―pedagogos‖ do colégio, que elabora seu plano de estudos pessoal. No
regulamento de Melanchthon consta que nada é pior do que aprender sem
planejamento. O pedagogo decide quais preleções serão assistidas e como

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o estudante deve treinar seu estilo e sua linguagem. 2. Na segunda parte, o
regulamente universitário de Melanchthon trata da conduta geral dos
estudantes. Quem for piedoso e correto não precisa de leis. A
espiritualidade (pietas) aprende-se na Bíblia, já a humanitas e a civilitas
(civilidade), com os antigos oradores e poetas (…). Portanto os estudantes
devem andar decentes, vestir-se com dignidade e cumprimentar seus
superiores. As proibições são: forçar portas, devastar jardins, prostituição,
bebedeira, panfletos difamatórios, berreiros e tumultos na rua. Tudo isso
está proibido no direito imperial (romano). Mas como a universidade é um
organismo com jurisdição própria, a ameaça de punição parte diretamente
do reitor. Além disso, o príncipe- eleitor proíbe todo e qualquer porte de
armas (SCHEIBLE, 2013, p. 38-39).

2.3. A REFORMA ESCOLAR

Outro aspecto importante da influência de Melanchthon se dá na área da


política educativa e escolar, especialmente, no que diz respeito ao estudo
secundário das escolas de latim. Também nestas escolas ele empenhou-se por uma
boa didática.
Podemos dizer que Melanchthon foi o ―inventor‖ da escola secundária,
visando uma maior preparação para o estudo universitário. No texto Instrução para
os visitadores (1528) com prefácio de Martim Lutero (LUTERO, 2000, apud Ulrich e
Klug, 2016, p. 164-165), ele menciona o princípio da estruturação que introduziu nas
escolas de latim, convertendo-as assim num modelo para várias gerações. Ele
formatou o estudo nas escolas de latim em três classes:

a) Primeira classe: ―Inicialmente as crianças deviam aprender a ler (escrito pelo


próprio Melanchthon Enchiridion elementorum puerilium (Manual elementar para
crianças escrito pelo próprio Melanchthon em 1523)‖ (BIRNSTEIN, 2010, apud
Ulrich; Klug, 2016), no qual constam o alfabeto, o Pai Nosso, o Credo e outras
orações. Depois de dominarem este Manual Elementar, devia-se ensinar-lhe
Donato5, para ser lido e Catão6 para ser analisado.

5
Donato: Bispo cismático de Cartago (313-47), também chamado Donato de Magno. É precursor do
movimento conhecido como donatismo que surgiu no século V. (ELWEL, A. Walter. Enciclopédia
histórico-teológica da Igreja Cristã. São Paulo-SP: 2009)
6
Catão: Marco Pórcio Catão (em latim: Marcus Porcius Cato; c. 73 a.C.–42 a.C. (31 anos)) foi um
político da gente Pórcia da República Romana. A princípio, assinava-se também com seu terceiro
nome, Prisco, mas depois, provando seu grande senso e sua suficiência, foi denominado Catão,
porque os romanos chamam ao homem sábio, de grande clarividência, Catão. Disponível em:<
12
As crianças deviam se exercitar até que soubessem ler fluentemente,
conhecendo o maior número possível de palavras latinas, adquirindo um
vocabulário para se expressarem. Além da leitura, era de fundamental
importância que aprendessem a ler e que mostrassem a lição diariamente
ao professor. Para enriquecerem seu vocabulário latino, deviam memorizar
vocábulos. Os alunos da primeira classe também devem aprender música e
canto (SCHEIBLE, 2013, apud Ulrich; Klug, 2016, p. 164).

b) Segunda classe: Os alunos que sabiam ler passavam para a segunda classe
e precisavam, na sequência, aprender a gramática. No entanto, diariamente, na
primeira hora da tarde, todos os alunos, pequenos e grandes deviam exercitar-se na
música. As crianças tinham contato com as fábulas de Esopo7, pedagogia de
Mosellano8, trechos de colóquios de Erasmo9, os quais deveriam ser proveitosos e
edificantes para os alunos. Na segunda classe recebiam frases que deviam recitar
no dia seguinte. Após terem adquirido o domínio da gramática os alunos deviam,
então, construir frases. O foco da segunda classe era o estudo e o conhecimento em
profundidade da gramática grega. As regras gramaticais deviam ser recitadas de
memória pelos alunos. Além disso, o professor também deveria explicar o Pai nosso,
o Credo e os Dez Mandamentos, incutindo nos alunos as partes necessárias para
uma vida decente, como temor a Deus, fé e boas obras. Memorizar alguns Salmos
que contenham um resumo da vida cristã também fazia parte do currículo. Para
Melanchthon era importante que as crianças conhecessem poucos autores, mas

http://www.consciencia.org/roma-antiga-biografia-de-catao-o-censor-plutarco-vidas-paralelas>.
Acesso em: 06 Mar. 2018.
7
Fábulas de Esopo: São uma coleção de fábulas creditadas a Esopo (620—560 a.C.), um escravo e
contador de histórias que viveu na Grécia Antiga. As fábulas de Esopo tornaram-se um termo
branco para coleções de fábulas brandas, usualmente envolvendo animais personificados.
Disponível em: https://pt.wikipedia.org/wiki/Fábulas_de_Esopo. Acesso em 06 Mar. 2018.
8
Pedagogia de Mosellano: É o método de ensino desenvolvido por Petrus Mosellanus
Protegensis (1493-1524), humanista, teólogo católico e filólogo alemão. Foi professor de grego
da Universidade de Leipzig. Disponível em:< https://pt.wikipedia.org/wiki/Petrus_Mosellanus>.
Acesso em 06 Mar. 2018.
9
Colóquios de Erasmo: Familiarium colloquiorum formulae (1514) –
geralmente chamado de Colóquios – era um estimulante guia para vida e religião, nele,
Erasmo ridiculariza os clérigos gananciosos, os falsos milagres, os rituais desprovidos de
significado, etc. Disponível em:< http://ordemlivre.org/posts/biografia-erasmo-de-roterda>. Acesso
em: 06 Mar. 2018.

13
com profundidade, não sendo recomendado para a juventude, uma sobrecarga de
livros de difícil compreensão (BIRNSTEIN, 2010, apud Ulrich; Klug, 2016).

c) Terceira classe: Birnstein (2010 apud Ulrich; Klug 2016) diz que ―Depois de
bem exercitados, os alunos que demonstrassem domínio da gramática, eram
separados e com estes, forma-se a terceira classe.‖ Também com este grupo devia-
se exercitar a música, juntamente com os demais. Nesta fase, eram estudados
Virgílio10 e Ovídio11. Para exercitar a gramática exigia-se a construção de frases,
declinações e a análise das figuras retóricas especiais. Após o domínio da
etimologia e da sintaxe, estudava-se com os alunos a métrica, para que
aprendessem a compor versos. Birnstein (2010 apud Ulrich; Klug 2016, p. 165) diz
que:

Melanchthon valorizava este exercício, pois entendia que o mesmo era


profícuo para entender outros textos, enriquecendo o vocabulário das
crianças. Quando estas estivessem bem exercitadas na gramática, devia-
se, então, partir para a dialética e a retórica. Da segunda e terceira classe,
seria exigido todas as semanas um exercício escrito, uma carta ou um
poema. Dos rapazes, que falassem latim e os próprios professores, na
medida do possível, deviam falar somente latim com os meninos,
estimulando-os nesta prática. Também a música é destacada pelo
humanista.

De acordo com Scheible (2013, p.69):

Essa divisão em classes não era nenhuma exclusividade, nem mesmo


novidade naquela época. As propostas de Melanchthon foram escritas como
parte da visitação eclesiástica encomendada pelo soberano territorial,
acompanhadas de um prefácio de Lutero; portanto tinham força de lei
imperial para a Saxônia Eleitora, sendo por isso muito divulgada. Na
pesquisa, não raro são chamadas de ―Regulamento Escolar da Saxônia
Eleitora‖, embora integrem um regulamento eclesiástico maior, chamado de
―Instrução para os Visitadores.

10
Virgílio: foi um importante poeta romano. Nasceu na cidade italiana de Andes (atual Pietole) em 70
a.C. e morreu na comuna italiana de Brindisi em 19 a.C. Foi grande admirador da cultura grega e
sua obra teve grande influência do poeta grego Teócrito. Em suas obras, Virgílio deu grande
destaque para as tradições da cultura latina, valorizando a expansão de Roma. Buscou a perfeição
estilística e retratou, nos poemas, seus sofrimentos, angústias e ilusões. Disponível em:<
https://www.suapesquisa.com/biografias/virgilio.htm>. Acesso em: 06 Mar. 2018.
11
Ovídio: Públio Ovídio Naso (43 a.C. - 18 d.C.) foi um célebre poeta latino. Entre suas obras,
Metamorfoses, se destaca como a mais conhecida. Foi condenado ao exílio pelo imperador
Augusto, onde permaneceu até sua morte. Disponível em:<
https://www.pensador.com/autor/ovidio/biografia/>. Acesso em: 06 Mar. 2018.
14
A preocupação de Melanchthon não se limitou a uma simples divisão de
classes e temas, ele se dedicou também com a estruturação da rotina diária de
estudos, como escreve Birnstein (2010 apud Ulrich; Klug, 2016, p.165):

Ao invés de iniciar de manhã com um novo tema, Melanchthon entendia que


era melhor iniciar com um novo tema a tarde. Sugere que pela manhã os
alunos deviam repetir e aprofundar o que aprenderam no dia anterior, visto
que no descanso noturno, as crianças conseguiriam assimilar melhor na
memória o conteúdo da aprendizagem do dia anterior.

―Importante apontar que na Universidade de Wittenberg, Melanchthon


implementou suas ideias reformadoras por iniciativa própria‖ (SCHEIBLE, 2013, p.
44), já a sua grande influência sobre o sistema escolar vigente, surgiu indiretamente
por meio de seus compêndios e de sua ―Instrução para os visitadores‖. Sobre a
forma de proceder de Melanchthon, o autor (2013) diz que ele ―só tomava iniciativa
quando era incumbido de visitação ou ao ser solicitado.‖ E ainda segundo o autor
(2013) afirma, ―Este também foi o caso quando redigiu sua ―Carta a uma honorável
cidade visando à criação das escolas de latim‖, impressa em 1543, em Bonn,
quando lá esteve para dar orientações ao arcebispo de Colônia‖. (SCHEIBLE, 2013,
p. 44).

2.4. MELANCHTHON E SUAS OBRAS

Acerca deste grande reformador educacional, vale repercutir o que os


autores Ulrich; Klug (2016, p. 167) declaram sobre ele.

Felipe Melanchthon foi ativo na reforma educacional e universitária por mais


de 40 anos norteando o desenvolvimento do sistema educacional na
Alemanha. Redigiu estatutos, constituições de muitas escolas e
universidades, adaptando-as as novas ideias, oriundas da reforma religiosa
e do humanismo. Aconselhou governantes por toda a Europa, e escreveu
muitos livros, gramáticas e manuais de ensino. Como professor da
Faculdade de Letras da Universidade de Wittenberg, sempre enfatizou o
retorno às fontes, antigos escritos e o estudo das línguas (latim, hebraico e
grego). As influências no processo educacional incentivadas por
Melanchthon, estão baseadas na Reforma e no Humanismo.

Não podemos deixar de ressaltar a impressionante versatilidade do


reformador em diferentes disciplinas e o caráter multifacetado de sua obra. Heinz
Scheible propõe a seguinte divisão temática de sua produção intelectual:

15
Gramáticas e livros didáticos; manuais de lógica e retórica; Loci theologici;
comentários bíblicos e edições de textos bíblicos; comentários e edições de
autores latinos; edições, traduções e comentários de autores gregos;
manuais de ética, política e direito; manuais de antropologia e física;
manuais de história e geografia; obras de polêmica e história
contemporânea; obras de doutrina e praxe eclesiástica; discursos
acadêmicos (declamationes, orationes); poesias; correspondência
(SCHEIBLE, 1997 apud RIETH, 1997, p. 224)

Sua produção intelectual é de fato impressionante! Há grande dificuldade de


se relacionar tudo, ou ao menos a maior parte de sua produção, para se ter uma
dimensão de sua produção, Rieth (1997, p. 224) faz uma descrição resumida destes:

Para se ter uma ideia do volume representado por essa obra, a principal
edição dos escritos de Melanchthon (Philippi Melanthonis Opera quae
supersunt, ed. por C. G. Bretschneider e H. E. Bindseil, Corpus
Reformatorvm, Halle, 1834-1860 [reimpressão: New York-Frankfurt, 1963])
tem 28 volumes, cada um com uma média de 950 colunas, ou 475 páginas.
Os escritos não incluídos aqui foram reunidos em outra edição
(Supplementa Melanchthoniana, Leipzig, 1910-1928 [reimpressão:
Frankfurt, 1968]) com 5 volumes de igual tamanho. As cerca de 10 mil
cartas do reformador estão sendo compiladas em uma nova edição
(Melanchthons Briefwechsel: kritische und kommentieite Gesamtausgabe,
ed. por Heinz Scheible, Stuttgart-Bad Cannstatt, 1977-), que num registro
inicial limitado a informar data, local, destinatário e síntese de conteúdo de
cada carta encheu seis volumes de 470 páginas em média cada.

As muitas contribuições e legado de Filipe Melanchthon, não é possível


descortinar neste trabalho, também esse não é o objetivo. Mas ainda cabe relatar o
que é dito por Cambi (1999) apud Lopes (2006):

É digno de nota que assim como Lutero, Melanchthon acreditava que as


autoridades civis deveriam financiar as escolas e nomear professores
dotados de boa cultura, a saber, a cultura clássica, cujo fator principal seria
a possível descoberta da verdade do texto bíblico (CAMBI, 1999, apud
LOPES, 2006, p. 76)

De acordo com Ferreira apud Bessa(2010), o reconhecimento dos serviços


prestado à nação Alemã ficou registrado de forma simbólica em 1997, quando este
―foi declarado o ano de Melanchthon, por causa das celebrações do aniversário de
nascimento do grande reformador e humanista Filipe Melanchthon.‖ (FERREIRA
apud BESSA, 2010). As comemorações iniciaram em 31 de outubro de 1996, com a
celebração de uma cerimônia na Igreja do Castelo, em Wittenberg. (FERREIRA
apud BESSA, 2010).

16
CONCLUSÃO

O presente artigo se propôs a identificar a influência do pensamento


teológico-educacional de Felipe Melanchthon influenciou o modelo educacional
herdado da idade média. Com este objetivo foi investigado através de revisões
bibliográficas a atuação do referido reformador, especialmente na educação.
A pesquisa demonstrou o impacto dos ideais reformadores em todos os
segmentos da sociedade. A mudança na prática educacional foi fundamental para
que os ideais da Reforma alcançassem as dimensões evidenciadas na história.
Pode ser constatado que o legado da ação destes reformadores seguiu além
de seu tempo, através de muitos que os sucederam e levaram a cabo muitos ideais
que não foram efetivamente estabelecidos no período mais efervescente da
Reforma. João Amós Comenius (1592-1670), o chamado ―Pai‖ da pedagogia
moderna, exemplifica bem isso, sua obra que condensou muitos ideais reformados,
atravessou a barreira do tempo, fazendo com que a prática educacional ainda no
século 21, mostre como paradigma educacional e pedagógico, esses ideais
reformados. Notadamente os ideais de educação que são tão apregoados hoje,
foram temas de embates calorosos na época da Reforma. Ideais como a
universalização do ensino, a divisão por faixa etária, organização do currículo, estão
presentes hoje, e, em muitos casos, ainda são motivos de batalhas inacabadas.
No que tange as lições, fica evidente que a missão da Igreja vai além das
demandas espirituais. Há urgência no cuidado com homem como um todo. Os ideais
de justiça dos reformadores, ainda hoje devem ecoar e, mais do que isso, nos
motivar a sermos personagens que pelo poder do Espírito muda cenários de
fracasso.
O avivamento chamado Reforma, mostra um ideal de vida onde tudo é para a
glória de Deus. Não há dicotomia entre o sagrado e o profano, educação cristã e as
ciências, os ofícios magistrais e o trabalho doméstico.

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REFERÊNCIAS

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