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João Marcos Maciel Luiz

Matrícula: 21.2.3974
Por que estudar o Grio?
Apresentar o Griot. Definição do termo/Histórico/Função do Griot na África
Ocidental/Importância do Griot hoje para o ser humano e para a história da África.

O fato de estudar griot não significa apenas compreender um fato histórico de


Áfricas. Estudar griot significa compreender a África e o africano em sua essência e
trazer compreensão para a humanidade sobre a importância da ancestralidade. O griot
parece ser peça fundamental para o indivíduo humano compreender de forma
harmoniosa a si mesmo, o outro e a natureza. Griot parece ser sinônimo de integração.
Para melhor compreendê-lo, será preciso saber sua origem, seu contexto histórico, sua
função social e atuação nos dias de hoje. 

Quem é ele?

Em entrevista para o programa Ciência e Letras, do Canal Saúde – parceiro da


Editora Fiocruz –, Isaac Bernat diz que o termo griot é uma corruptela da língua
portuguesa, cuja palavra quer se referir a “criado”. Mas, segundo o próprio Bernat, a
palavra original que melhor define essa grande pessoa é djeli, por se referir a “sangue”,
isto é, aquele que corre, no caso, na sociedade. O griot pode ser tanto homem quanto
mulher que se coloca sempre a serviço das pessoas, sendo conciliador, mestre da
palavra, celebrante de cerimônias, artista, embaixador e viajante do mundo em busca de
troca de informações e conhecimento. Isso permite que haja vários tipos de griots. 
Sotigui Kouyaté, um dos mais relevantes griots da atualidade, tem por
ancestralidade e antepassados a família do malinca Soundjata Keita, do império
mandengue, o mais antigo dos griots: isto remete ao século XIII. Esse reinado se fez
presente na África Ocidental, mais especificamente, em Mali, Guiné e Burkina Faso.
Desde criança, o griot mantém, por via da oralidade, a tradição da comunidade à qual
pertence e que ao longo do tempo se aprimora como griot. 

Qual é a prática dele?


O imaginário da mente colonial e de outros povos fora da África talvez não
alcancem o que de fato seja um griot, como nos mostra Bernat em seu livro "Encontros
com o Griot Sotigui Kouyaté”, pois os árabes viam esses sujeitos, desde o século XV,
como poetas e, para os europeus, eram simplesmente músicos. Foram depois
considerados como contadores de histórias, mas vai além disso. O griot é um indivíduo
que prioriza, acima de tudo, os encontros. Por esta razão, ele é visto na sociedade
africana como apaziguador de conflitos, um renomado artista, líder cerimonial que
utiliza da contação de histórias em vários processos dentro dos encontros que se propõe
a fazer. As pessoas o procuram em busca de uma palavra.
Segundo Bernat, na entrevista citada acima, o griot também vai de encontro às
pessoas porque ele prioriza a palavra e a conversa é uma forma de as pessoas se olharem
e se conhecerem, pois conhecer o outro é conhecer a si mesmo através desse outro. O
africano, como um todo, considera o estrangeiro como algo sagrado, por isso, o recebe
abertamente em sua casa, mas desde que o estrangeiro conte o que viu no caminho. Isto
é uma forma de o griot ampliar sua visão de mundo e de a pessoa com a qual ele se
encontra se abrir para o conhecimento. Percebe-se, então, que a tradição oral é o
fundamento da sociedade africana a partir do griot.
Onde ele se desenvolve?
Os mais velhos são muito reverenciados na sociedade africana, de maneira que o
africano se atenta em ouvir suas histórias, ou melhor, suas palavras. Bernat diz que o
africano considera que a vida do ser humano é dividida em diversos ciclos de sete anos,
de modo que, somente a partir dos 42 anos que o indivíduo tem direito a palavra e antes
disso aprende a ouvir muito.
Segundo Sotigui, existe griot de diversas formas no mundo, são pessoas de
sabedoria especial. Na entrevista citada acima, Bernat diz que a maneira de se
concentrar do africano é diferente da ocidental – especificamente a brasileira – porque
ele consegue estar em contato com muitas coisas ao mesmo tempo, sendo essa a sua
forma de aquisição do conhecimento. O africano sabe escutar muito antes de falar. 
O desenvolvimento do griot é através da sensibilidade do encontro realizado de
maneira horizontal, pois para ele não há ninguém melhor que o outro. Trata-se de uma
troca. Bernat deixa claro, em seu livro Encontros com o Griot, que Sotigui acha o
autoconhecimento a coisa mais difícil de se conseguir realizar, mas que é possível que o
indivíduo se veja através do outro. Portanto, não há motivo para ter medo da outra
pessoa porque o medo é uma forma de se esconder de si mesmo, isto é, não aceitando
quem se é.

Qual a importância do Griot?


No entanto, sendo a palavra algo muito importante para o griot, isso o torna
conectado à ancestralidade. O contato com essa ancestralidade é forma de manter a
tradição africana por séculos e séculos de existência. Diga-se de passagem, é ela o
cerne, o esteio, o pilar de sustentação daquilo que caracteriza a essência de boa parte da
África. A transmissão dessa ancestralidade é feita através dos contos transmitidos
oralmente. 
Outra questão muito importante sobre essa transmissão ancestral é a de que o
griot sabe usar os diversos recursos à sua volta. Todo elemento natural, inclusive o
próprio indivíduo africano, é utilizado para a construção de narrativas a fim de formar
um imaginário que se conecte com sua ancestralidade. Para o africano o passado é
conectado com o futuro e na oralidade há um depositário de confiança onde está o
conhecer, ou a construção do conhecer. No entanto, tudo é conhecimento na África e a
história é a história de tudo.
Sob essa condição acima, percebe-se que existe uma partilha de saberes à qual
não se pode ter espaço para a mentira, uma vez que, caso haja ela, todos sofrerão. A
mentira é a perda de algo valioso, é um esvaziamento. Contudo, a memória é algo que
deve ser mantida viva. Por isso, tanto a ancestralidade quanto os antepassados são
importantes para o africano. Os antepassados são as pessoas que existiram antes do
indivíduo e que ainda influenciam este indivíduo em particular.
Dentro da relação espaço-tempo, onde o Griot se encaixa na comunidade africana?
Hantu é a única palavra para definir tempo e espaço no sistema banto, e muntu é
a condição de um ser humano amplo. O historiador em África tem por função fazer
justiça, tornando seu olhar social comunitarista, nunca individual. O papel do griot, no
entanto, é tocar a todo instante esse muntu. É por isso que as pessoas o procuram. 
Conforme Sotigui disse sobre a existência de griots de diversas formas no
mundo, os quais são detentores de sabedoria especial e que fazem a transmissão da
ancestralidade através dos contos transmitidos oralmente, sob tais considerações se pode
dizer que é o ponto que liga a África a todo resto do mundo. Pode-se dizer que o griot é
aquilo de mais exclusivo que existe e dá características à África.
Todavia, o contar história como forma de transmissão ancestral é uma condição
que se encontra presente em diversos povos antigos, inclusive, os antigos habitantes da
Europa, anteriores à Filosofia grega: vide os poemas de Homero e as narrativas
mitológicas transmitidos oralmente. As pitonisas, mulheres sábias, eram  transmissoras
de oráculos, isto é, daquilo que remete à ancestralidade do indivíduo. 
Se percebe também no primeiro livro de João, do Novo Testamento, o dizer de
que Jesus é o Verbo que se fez carne e habitou no meio das pessoas. Fato é que Jesus
não escreveu palavra alguma, mas andou entre as pessoas, tal como faz o griot, e através
da oralidade comunica às pessoas uma ancestralidade – muito provavelmente diferente
desta que se faz presente. Algo parecido se verá no oriente com Sidharta Gautama, que
também não escreveu nada, mas transmitiu oralmente algo de mais profundo para o ser
humano – o equivalente ao muntu africano. Os pajés americanos assumem condição
igual de transmissores de uma ancestralidade via oral.
Diante disso se pode ver que a condição do griot será aquilo que liga a África,
na sua essência, a diversos povos do mundo. Não quer dizer que os griots surgiram fora
da África, mas um sábio como griot sabe reconhecer outro sábio ao se deparar com
algum. Trata-se do reconhecimento do muntu no outro do qual se alcança através da
sensibilidade, não da racionalidade. Por isso que o africano prioriza o encontro porque
nele se pode sentir-se e sentir o outro.
Resta ainda uma curiosidade: saber se a característica própria e ampla do griot
acompanhou os descendentes africanos que habitam o Brasil no presente. É interessante
perceber que o escritor Machado de Assis, descendente de africanos escravizados, se
tornou o maior escritor de contos da literatura brasileira partindo de uma trajetória
autodidata. Vale lembrar que o conto é algo muito importante para a oralidade africana.
É certo que precisa de aprofundamento nessa questão. 
E o que dizer da condição do griot parecer emergir em alguns grandes cantores
afro-brasileiros? Dizer isso é mais como uma forma de chamar a atenção e valorizar o
resgate da ancestralidade africana que, devido os documentos queimados que poderiam
dizer de que parte da África negros brasileiros partiram, pode-se-ia, talvez, dizer com
pouco mais de convicção sobre se esse indivíduo negro seja um griot. 
Quanto à educação, de maneira geral, essa condição do griot como transmissor
de conhecimento nos deixa um grande exemplo da importância de contar histórias para
os alunos. Vale lembrar que o contar histórias é algo muito antigo na humanidade, mas
que veio sendo substituida por um mecanismos esquisito de aprendizado, um
aprendizado mecânico e totalmente distante da ancestralidade. Assim nos mostra o filme
A Herança do Griot. O contar história, como diz a contadora de histórias Agnês Silva, é
algo que parte da alma do indivíduo: é algo transmitido de coração para coração. A
razão fica em outro contexto para dar margem ao imaginário.

Portanto, o griot é uma peça chave fundamental para se compreender algo do


que é exclusivo da África, não obstante, reconhecer sua devida importância e conexão
com diversos aspectos semelhantes em outras culturas. O griot é esse ser magistral que
mantém acesa a chama da ancestralidade, que traduz os mistérios da vida, que apazigua
as mazelas de seu povo. O griot demonstra ser um agente integrador de pessoas, de sua
comunidade, do mundo. 

Referência
BERNAT, Isaac. Encontros com o griot Sotigui Kouyaté. Rio de Janeiro: Pallas,
2021. 256 p.
FARIAS, Renato. Encontro com o Griot Sotigui Kouyaté. Produção de Canal Saúde.
2015. (1608 seg.), YouTube. Entrevista com Isaac Bernat. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=rCxm074aypQ. Acesso em: 30 set. 2022.
KOUYATÉ, Dani. Keita: A Herança do Griot. Interpretação de Sotigui Kouyaté.
Burkina Faso, 1996. (96 min.), VHS, P&B. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=yzqbaFH14CQ. Acesso em: 30 set. 2022.

Parte do Marcos

Nome: João Marcos Maciel Luiz


            Marcos Gustavo da Cunha Francisco

Matrícula: xxxxx-xxx
                 17.2.6324

“Em África, quando morre um ancião arde uma biblioteca, desaparece uma biblioteca
inteira sem que as chamas acabem com o papel…”

O contato com a disciplina História das  Áfricas nos trouxe elementos da cultura
africana  para quem é  do ocidente pode causar  algum estranhamento, o que podemos
chamar de  reflexo do colonialismo. Esse colonialismo trouxe  mazelas para os povos
africanos, invisibilizando sua história, fazendo-nos esquecer ou até mesmo impedir  que
tenhamos contato com a ancestralidade africana.  Desta  maneira decidimos pensar em
um artigo que trabalhe com o símbolo da herança deixada pelos contadores de história
da qual chamamos de Griot, então iremos imergir neste espaço e entender qual a sua
função, definição do termo e como ele é lido fora dos países Africanos. Como referência
usaremos o livro de Isaac Bernat "Encontros com o griot Sotigui Kouyaté”.

Ao pensar na palavra griot, com poucas referências  e com uma mente colonial, nossa
imaginação percorre somente um campo: aquele em que ele fosse destinado somente a
contações de histórias, e percebemos que vai além disto. O griot é  símbolo para
apaziguar conflitos, multiartista, líder cerimonial e sim: um contador de história que
passa por vários processos da qual destina ser um sujeito de referência para a sociedade
em que ele vive.
O termo Griot vem de origem   francesa e  foi incorporado pelo colonizador. Segundo a
jornalista e especialista em história da cultura afrodescendente Natalia Luz, o termo em
portugues significa Criado. Os griot estão inseridos entre os povos Fula, Hausa,
Songhai, Wolof, Mossi, Dgomba e Mandinka que pertencem às regiões da
Nigéria, Mali e Burkina Faso, Gâmbia e Senegal.
Os Griots podem ser tanto homens como mulheres. Os homens eram
reconhecidos como guiriot,  e as mulheres guiriotte mas ambos possui a
mesma função.
De acordo com o livro de  Isaac Bernat "Encontros com o griot Sotigui Kouyaté”. os
árabes já tem contatos com estes sujeitos desde o século XV e eles eram considerados
como poetas e para os europeus simplesmente músicos. mas o que podemos
compreender que eles são muito mais do que isto. Como base no livro ele utilizou as
referências de Sotigui Kouyaté ele é um griot do povo Malinca e seus ancestrais estão
presentes desde o império Mandiga unificado pelo imperador Soundjata Keita.
A tradição é passada de pai para filho, algo que a colonização trouxe e que eles usaram
a seu favor foi a questão da língua francesa, pois foi uma maneira de transmitir seus
conhecimentos para outros espaços.
A oralidade se torna uma ferramenta sagrada pois é o meio em que eles concretizam
seus atos, se fosse possível assimilar o griot a algo do ocidente podemos pensar em uma
espécie de Bardo, de político, digital influencer ou coach que tem um carisma tão alto
que consegue influenciar para tomadas de decisões mas precisamos entender que ele
está vinculado a sua cultura então compará-lo com com qualquer tipo de figura do
ocidente seria algo muito equivocado pois eles passam por uma série de iniciação     e
profundos estudos com os seus antepassados.

francesa dada pelo

Objetivo do Artigo: Por que estudar o Griot


Imaginário da disciplina
A importância desta disciplina no currículo

Desenvolvimento: 
 Definição do Termo Griot
 Função 
 O entendimento do que é Griot em outras culturas fora de África
 um longo histórico sobre o Griot como se porta na Atualidade
 Generalização do termo e generalização de África

Considerações Finais:
Aprendizados
Colonialismo x Como entender Africa ( Algo tipo bonus) 

Referencia Bibliografica

https://www.pordentrodaafrica.com/cultura/somos-mediadores-da-sociedade-e-
utilizamos-a-palavra-como-o-principal-instrumento-diz-griot

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