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© 2008 Editora Concórdia. Todos os direitos reservados.

Paulo Flor

ASSIM COMO EU VOS AMEI

Manual de evangelização

1978 – 1ª edição

2008 – 2ª edição (formato eletrônico)

© 2008 Concórdia Editora Ltda.

CONCÓRDIA EDITORA LTDA.


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ÍNDICE

INTRODUÇÃO ............................................................................................................... 8

CAPÍTULO I: CONCEITO DE EVANGELIZAÇÃO ....................................................... 10


1. Conceito negativo ................................................................................................... 10
2. Conceito positivo .................................................................................................... 11

CAPÍTULO II: MOTIVOS PARA EVANGELIZAR......................................................... 12


1. A ordem de Cristo................................................................................................... 12
2. O exemplo dos apóstolos e de milhares de outros cristãos consagrados.............. 12
3. O amor de Cristo e a nossa gratidão...................................................................... 12
4. Somos devedores................................................................................................... 13
5. A perdição eterna do pecador ................................................................................ 13
6. Cristo é o único caminho da salvação .................................................................... 14
7. Deus estabeleceu a salvação dos homens pela pregação do Evangelho através dos
próprios homens ............................................................................................................. 14
8. A promessa de Deus de que o Evangelho é poderoso e eficaz, acompanhado do
testemunho do Espírito Santo ........................................................................................ 15
9. Os sucessos da evangelização .............................................................................. 16
10. A explosão populacional do mundo de hoje ......................................................... 18
11. As bênçãos individuais do próprio evangelista..................................................... 20
11.1. Deus cada vez conferirá mais capacidade àquele que se dedica à arte de
pescar almas .................................................................................................................. 20
11.2 Crescimento na fé......................................................................................... 20
11.3. Alegria profunda........................................................................................... 20
11.4. A recompensa de graça............................................................................... 21

CAPÍTULO III: OBSTÁCULOS NA EVANGELIZAÇÃO............................................... 22


1. Obstáculos externos .............................................................................................. 22
1.1. Materialismo................................................................................................... 22
1.2. Cientificismo................................................................................................... 22
1.3. Filosofia otimista a respeito do homem ......................................................... 23
1.4. Agnosticismo.................................................................................................. 23
1.5. Sincretismo .................................................................................................... 24
1.6. Comunismo.................................................................................................... 24
2. Obstáculos internos ................................................................................................ 25
2.1. Indiferença, frieza, falta de amor e zelo......................................................... 25
2.2. Mundanismo .................................................................................................. 26
2.3. Preconceitos sociais ou raciais...................................................................... 26
2.4. Uma falsa dignidade ...................................................................................... 27
2.5. Divisões internas............................................................................................ 27
2.6. Insistência em coisas secundárias ................................................................ 28
2.7. Esnobismo teológico...................................................................................... 29
2.8. Trabalho missionário muito vagaroso das igrejas.......................................... 30
2.9. Apresentação negativa da mensagem do Cristianismo................................. 32
2.10. Instrução superficial e aceitação precipitada de pessoas ainda não
convertidas............................................................................................................. 33
2.11. Falta de amparo e interesse pelos novos convertidos que acabaram de ser
recebidos na congregação ............................................................................................. 34

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2.12. Falta de consagração .................................................................................. 34

CAPÍTULO IV: QUEM DEVE EVANGELIZAR? ........................................................... 35


1. Todos os cristãos, sem exceção ............................................................................ 35
2. Vantagens dos leigos na evangelização ................................................................ 36
2.1. Estão muito mais em contato com o povo do que os pastores ..................... 36
2.2. Há muito mais leigos que pastores................................................................ 36
2.3. Pode-se compará-los com os compradores satisfeitos ................................. 36
3. Exemplo de leigos que Deus usou como seus instrumentos ................................. 36
4. Em todos os tempos, o testemunho dos leigos era o método mais eficiente na
evangelização................................................................................................................. 37
5. A falta de fé na capacidade dos leigos é um dos entraves principais na
evangelização................................................................................................................. 38
6. Ninguém falha nesta obra a não ser aquele que não a tenha tentado ................... 39

CAPÍTULO V: QUALIDADES FUNDAMENTAIS DE UM EVANGELISTA .................. 41


1. Ser cristão............................................................................................................... 41
2. Agir como cristão .................................................................................................... 42
3. Falar como cristão .................................................................................................. 44

CAPÍTULO VI: QUALIDADES COMPLEMENTARES DE UM EVANGELISTA .......... 48


1. Consagração .......................................................................................................... 48
1.1. Anseio de pureza ........................................................................................... 48
1.2. Intenso amor ao Salvador Jesus ................................................................... 49
1.3. Zelo na obra do Senhor ................................................................................. 50
2. Plenitude do Espírito............................................................................................... 51
3. Espírito de oração................................................................................................... 53
3.1. Principais razões por que nossas orações muitas vezes permanecem
desatendidas .................................................................................................................. 54
3.1.1. Não permanecemos em oração............................................................ 54
3.1.2. Não temos fé suficiente ........................................................................ 54
3.1.3. Colocamos nossa fé num falso alvo .................................................... 54
3.1.4. Atribuímos uma certa magia à oração .................................................. 54
3.1.5. Nossos motivos para a oração não são corretos.................................. 54
3.1.6. Mantemos rancor em nossos corações ................................................ 55
3.1.7. Cultivamos outros pecados em nosso coração .................................... 55
3.1.8. Muitas vezes, a nossa oração é vazia e mecânica............................... 56
3.1.9. Somos impacientes............................................................................... 56
3.1.10. Esperamos toda a ação de Deus, mantendo-nos passivos................ 56
3.2. Estrutura de uma oração ............................................................................... 58
3.2.1. O endereçamento ................................................................................. 58
3.2.2. Louvor e agradecimento ....................................................................... 59
3.2.3. O pedido ............................................................................................... 59
3.2.4. A conclusão .......................................................................................... 59
3.3. Algumas sugestões para tornar mais fáceis as nossas orações ................... 59
3.3.1. Escreva e memorize certas partes de suas orações ............................ 59
3.3.2. Ore em casa com a família ................................................................... 60
3.3.3. Ore suas orações particulares em voz alta........................................... 60
3.3.4. Reexamine a sua atitude em relação a Deus e à sua prática da oração 60
3.4. Algumas observações de grandes homens de Deus a respeito da oração... 61
4. Conhecimento prático da Bíblia.............................................................................. 62

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4.1. Aplicar o seu conteúdo ao bem próprio e ao do semelhante ........................ 62


4.1.1. Encontrando nela a salvação e a vida eterna ....................................... 62
4.1.2. Distinguindo bem entre Lei e Evangelho .............................................. 63
4.1.3. Deve servir ao crente de higiene espiritual, de luz pare o seu caminho, de
pão espiritual e de água da vida..................................................................................... 63
4.1.4. Cautela contra um conhecimento apenas intelectual ........................... 65
4.2. Depoimentos recentes de três autoridades máximas no campo da ciência
moderna.......................................................................................................................... 66
4.2.1. Wernher von Braun, ex-diretor de pesquisa da Nasa........................... 66
4.2.2. Dr. Victor F. Hess, prêmio Nobel pela descoberta dos raios cósmicos 66
4.2.3. Dr. Don L. Lind, astronauta e físico nuclear da Nasa ........................... 66
4.3. Testemunhos de leitores abençoados pela leitura da Bíblia ......................... 66
4.4. Como fazer as leituras: algumas sugestões práticas .................................... 67
4.4.1. Sublinhar e decorar passagens ............................................................ 67
4.4.2. Escrever comentários sobre versículos ou capítulos............................ 68
4.4.3. Reler repetidamente uma passagem difícil e, em caso de falta de
esclarecimento, consultar uma pessoa capacitada ........................................................ 68
4.4.4. Toda vez pedir humildemente a bênção divina ao abrir suas páginas . 68
4.4.5. Começar a leitura pelo Novo Testamento ............................................ 68
5. Preocupação e compaixão pelas almas perdidas .................................................. 68
5.1. Seis conselhos para manter a flama da evangelização................................. 77
5.1.1. Cultive-a................................................................................................ 77
5.1.2. Permaneça ativo na evangelização ...................................................... 77
5.1.3. Estude a Bíblia e as técnicas da evangelização................................... 77
5.1.4. Faça um combate, sem tréguas, ao pecado em sua vida .................... 77
5.1.5. Uma vida sadia de oração é vital.......................................................... 77
5.1.6. Fé e confiança em Deus e no sucesso da obra.................................... 77
6. Persuasão............................................................................................................... 79
7. Paciência ................................................................................................................ 80
8. Perseverança.......................................................................................................... 80
9. Humildade............................................................................................................... 82
10. Espírito de sacrifício ............................................................................................. 83
11. Anseio por uma vida vitoriosa............................................................................... 83

CAPÍTULO VII: A EVANGELIZAÇÃO PESSOAL – O MAIS ANTIGO E O MAIS


EFICIENTE MÉTODO EVANGELÍSTICO...................................................................... 86
1. Três tipos fundamentais de evangelização ............................................................ 86
2. A evangelização pessoal é o método mais antigo.................................................. 86
3. A evangelização pessoal é necessária................................................................... 89
4. A evangelização pessoal e o método mais eficiente .............................................. 90
4.1. Só ela nos faz atingir realmente toda a população........................................ 90
4.2. Concentra-se num só alvo ............................................................................. 91
4.3. Contribui para o crescimento de nossa vida espiritual ................................. 92
4.4. Produz avivamento e mantém-no interminavelmente.................................... 93
5. Causas por que a evangelização pessoal é praticada por tão poucos .................. 94
5.1. Comodismo.................................................................................................... 94
5.2. Tradicionalismo.............................................................................................. 94
5.3. Falso sentimento de incapacidade ................................................................ 94
5.4. Transferência de atividade............................................................................. 96
5.5. Adiamento...................................................................................................... 97
5.6. Falta de persistência...................................................................................... 98

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5.7. Falsa imagem da evangelização pessoal ...................................................... 98

CAPÍTULO VIII: ALGUMAS REGRAS BÁSICAS PARA A VISITAÇÃO


EVANGELÍSTICA........................................................................................................... 100
1. Seja natural e gentil ................................................................................................ 100
2. Seja simpático e compreensivo .............................................................................. 100
3. Atinja o seu propósito o mais depressa possível.................................................... 100
4. Dirija o seu apelo a apenas uma pessoa de cada vez ........................................... 100
5. Seja lento em condenar e pronto para pedir mais explicações .............................. 100
6. Deixe a pessoa falar. Escute ................................................................................. 101
7. Não discuta religião, mas dialogue, dando testemunho de sua fé ......................... 102
8. Não troque assuntos menos importantes por mais importantes ............................ 102
9. Fale a respeito das bênçãos que a Igreja proporciona........................................... 103
10. Escolha a hora mais apropriada para a visita do prospecto................................. 103
11. Não perca a coragem ........................................................................................... 103
12. Visite, visite e visite sempre de novo.................................................................... 104

CAPÍTULO IX: COMO FAZER UMA VISITA EVANGELÍSTICA.................................. 105


1. Preparando-se para a visita.................................................................................... 105
1.1. Tome tempo para orar ................................................................................... 105
1.2. Ordene as suas fichas ................................................................................... 105
1.3. Não esqueça os folhetos e outro material missionário .................................. 105
1.4. Estabeleça a meta que você quer atingir em cada visita .............................. 105
1.5. Cuide de sua aparência exterior .................................................................... 105
2. Fazendo a entrada ................................................................................................. 106
2.1. Bata com firmeza ........................................................................................... 106
2.2. Cumprimente o prospecto pelo nome, se possível........................................ 106
2.3. Peça licença para entrar ................................................................................ 106
2.4. Aceite uma recusa esportivamente................................................................ 106
3. Estabeleça um ambiente de audiência favorável ................................................... 106
3.1. Observe certas regras de etiqueta................................................................. 106
3.2. Estabeleça boas relações.............................................................................. 106
3.2.1. Faça uns elogios com sinceridade........................................................ 106
3.2.2. Procure um assunto que interesse ao prospecto ................................. 107
3.2.3. Descubra assuntos de interesse mútuo................................................ 107
3.2.4. Demonstre um amor sincero e um interesse real pelas pessoas que
visita................................................................................................................. 107
4. Atinja o seu propósito ............................................................................................. 107
5. Entregue a mensagem ........................................................................................... 108
5.1. Exponha a mensagem em cinco passos fundamentais................................. 108
5.1.1. Existe uma vida eterna e esta é gratuita............................................... 109
5.1.2. O homem é pecador e separado de Deus ............................................ 109
5.1.3. Por si mesmo está eternamente perdido .............................................. 109
5.1.4. Deus nos oferece perdão e vida eterna através do sacrifício de Cristo 109
5.1.5. A salvação torna-se nossa pela fé no sacrifício substitutivo de Cristo . 109
5.2. Dê seu testemunho pessoal .......................................................................... 110
5.2.1. O que Jesus significa para mim no meu lar............................................. 110
5.2.2. O que Jesus significa para mim no meu ofício ........................................ 110
5.2.3. O que Jesus significa para mim em minha vida particular....................... 110
5.3. Conte a experiência de outros crentes ou apresente uma ilustração
adequada ............................................................................................................... 111

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5.4. Descubra os problemas do prospecto e aplique-lhes a palavra de Deus...... 111


5.5. Procure levar o prospecto a alguma resposta positiva .................................. 111
5.6. Procure sempre deixar uma porta aberta ...................................................... 112
5.7. Uma vez conseguida uma resposta positiva, agradeça a Deus pela
oportunidade................................................................................................................... 112
6. Despedida............................................................................................................... 113

CAPÍTULO X: ALGUMAS ESCUSAS E COMO RESPONDER A ELAS..................... 114


1. Não sou tão mau pecador ...................................................................................... 114
2. Eu vivo uma vida tão boa como os membros da Igreja.......................................... 114
3. Na Igreja, há muitos hipócritas ............................................................................... 114
4. Vou esperar até que me sinta melhor para receber Cristo ..................................... 115
5. Já sou membro da Igreja ........................................................................................ 115
6. Tenho medo de não poder viver de acordo............................................................ 115
7. Tenho medo de que não irei até o fim .................................................................... 115
8. Não posso me desprender de tantas coisas .......................................................... 115
9. Estou com medo de não poder me livrar dos meus pecados................................. 115
10. A vida cristã é muito dura ..................................................................................... 116
11. Ainda não estou pronto para ser salvo agora ...................................................... 116
12. Aceitarei Cristo mais tarde.................................................................................... 116
13. Sou por demais pecador....................................................................................... 116
14. Tenho medo de que meus amigos me desprezem, se aceitar Cristo .................. 116
15. A aceitação de Cristo prejudica meus negócios................................................... 117
16. Não posso crer que Deus vai condenar os descrentes ao castigo eterno ........... 117
17. A Bíblia está cheia de contradições...................................................................... 117
18. Não acredito na existência de Deus ..................................................................... 117
19. Quero ter idéias próprias a respeito ..................................................................... 117
20. Não posso perdoar ............................................................................................... 117
21. Quero permanecer neutro .................................................................................... 117

CAPÍTULO XI: COMO RECUPERAR OS INATIVOS.................................................... 118


1. Cultivar o espírito do amor, da humildade e da preocupação pela alma alheia ..... 118
2. Fazer uma lista cuidadosa de todos os membros inativos da congregação .......... 120
3. Estudar as causas da inatividade ........................................................................... 121
4. Visitá-los num espírito de preocupação fraternal e humildade ............................... 122
5. Objetivos das visitas ............................................................................................... 124
5.1. Fazer com que o membro inativo saiba que a sua ausência é sentida e
convencê-lo de que está perdendo a melhor parte de sua vida..................................... 124
5.2. Ajudá-lo a colocar Cristo no centro de sua vida ............................................ 124
5.3. Convencê-lo de que Deus também deu a ele uma missão a cumprir ........... 124
5.4. Ajudá-lo a vencer as tentações do mundo, caso nelas esteja envolvido....... 125
5.5. Mostrar-lhe as tristes conseqüências da negligencia espiritual..................... 125
5.6. Incutir-lhe a sua responsabilidade de pai, quando tem filhos ........................ 125
5.7. Colocar sempre ênfase nos aspectos positivos da vida cristã ...................... 125
5.8. Proporcionar-lhe algum material para suas devoções domésticas ............... 125
5.9. Descobrir as causas de sua inatividade ........................................................ 125
5.10. Tentar fazer o possível para remover essas causas ................................... 125
5.11. Procurar reintegrá-lo nas atividades da congregação ................................. 125
5.12. Descobrir pontos de contato e de interesse ................................................ 125
6. Organizar cruzadas de freqüência aos cultos ........................................................ 125
7. Dividir a congregação em áreas para uma visitação regular de cada membro...... 126

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8. Fazer reuniões regulares de estudo bíblico ou de amizade nessas áreas............. 127


9. Descobrir e usar os seus talentos .......................................................................... 128
10. Desenvolver um programa de alimentação espiritual abundante......................... 129
11. Promover a edificação espiritual por outros meios auxiliares............................... 130
12. Nunca esquecer de inclui-los em nossas orações ............................................... 131

CAPÍTULO XII: CONSERVAÇÃO DOS NOVOS CONVERTIDOS .............................. 133


1. É preciso dar-lhes uma boa base doutrinária antes de sua recepção.................... 134
2. É recomendável proporcionar-lhes uma recepção calorosa e memorável............. 135
3. É absolutamente necessário que se lhes dispensem atenções especiais ainda
durante bastante tempo após a recepção ...................................................................... 135
3.1. As visitas devem continuar ............................................................................ 135
3.2. Cada novo membro deveria ter um padrinho ................................................ 136
3.3. Envio de cartões de aniversário e de cartas individuais ................................ 136
3.4. Um jantar anual dos novos membros seria outro meio de melhor integração 136
3.5. Um culto anual de reconsagração deve ser conscienciosamente observado 136
4. E indispensável proporcionar-lhes um clima espiritual favorável na congregação para
o desenvolvimento de sua personalidade cristã............................................................. 137
4.1. Compreensão ................................................................................................ 137
4.2. Companheirismo altruísta .............................................................................. 138
4.3. Assistência na sua educação cristã .............................................................. 140
4.3.1. Cultivo de ideais cristãos ...................................................................... 141
4.3.2. Criação de hábitos cristãos................................................................... 143
4.3.3. Desenvolvimento de habilidades ou dons para o trabalho cristão........ 147

APÊNDICE ..................................................................................................................... 151


1. Proposta para uma comissão evangelística ........................................................... 151
2. Outro modelo .......................................................................................................... 152
3. Modelo de cartão para prospectos ......................................................................... 153

BIBLIOGRAFIA CITADA ............................................................................................... 154

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INTRODUÇÃO

Houve um incêndio. Os bombeiros vieram apressados, ligaram as mangueiras,


abriram as torneiras, mas... em vez de água, saía apenas poeira e vapor. Isto simboliza a
Igreja que perdeu o Evangelho puro da graça, pela fé em Jesus Cristo, e substituiu as
doutrinas fundamentais do pecado e do perdão por conceitos humanos, adaptados ao
espírito da época.
Houve outro incêndio. Havia água em profusão e os bombeiros gritavam
excitados: “Vamos apagar o fogo!” Mas não tinham mangueiras nem o restante do
aparelhamento necessário. Isto representa a Igreja que, embora ainda possua a verdade
pura do Evangelho, não tem um programa nem estratégia para aplicá-los aos que ainda
ardem nas chamas do pecado e da incredulidade.
Houve mais um incêndio. Os bombeiros vieram perfeitamente equipados e havia
grande quantidade de água. Mas, em lugar de apagar o fogo, sentaram-se
tranqüilamente ao lado do edifício em chamas e consumiram o seu lanche. É uma
imagem daquela Igreja que possui o Evangelho inalterado, que estabeleceu um bom
programa e estratégia, mas que não tem amor nem compaixão por aqueles que se
encontram no caminho da perdição eterna.
Para uma eficiente ação evangelística são, pois, necessários três fatores
fundamentais: o Evangelho puro de nosso Salvador Jesus Cristo, uma estratégia e
programa adequados e amor ou preocupação pelas almas não-convertidas.
Com qual das três imagens acima se parece a nossa Igreja ou congregação?
Ainda temos o Evangelho puro e inalterado de nosso Salvador Jesus? Temos esta água
para apagar os incêndios do pecado? Usamo-la também sempre eficientemente com o
melhor aparelhamento possível? Temos amor e preocupação pelas almas imortais que
ainda trilham o caminho da perdição?
A primeira condição é ter a água em abundância, isto é, possuir o Evangelho da
salvação em toda a sua pureza original, tal qual transmitido por Cristo e pelos apóstolos
na Igreja Primitiva. Depois é preciso propagá-lo com o mais atualizado aparelhamento,
por meio de programas e estratégias bem-ajustados ao ambiente. Mas não é só isso. Os
melhores programas e estratégias nada resolvem se não há muito amor e preocupação
pelas almas imortais ainda não regeneradas pela fé no Salvador Jesus.
Creio eu que todos nós temos alguma semelhança com os bombeiros da terceira
imagem. Por isso, temos que confessar humildemente que muito ainda nos falta em amor
e compaixão pelas almas perdidas. Ainda estamos longe da atitude heróica do apóstolo
Paulo, que estava pronto a sacrificar a sua própria salvação, se isso pudesse salvar seus
patrícios incrédulos. (Rm 9.3) Mais longe ainda estamos da atitude de Cristo, que
sacrificou a sua vida em benefício de seus semelhantes.
No entanto, podemos crescer nesse amor e compaixão com o auxílio de Deus
Espírito Santo. O nosso crescimento nas atividades evangelísticas está em proporção
direta com o nosso crescimento espiritual. Cresçamos diariamente na fé e no Espírito e
automaticamente crescerá a nossa atividade evangelística. “Porque a boca fala do que o
coração está cheio.” (Lc 6.45)
Uma das recomendações mais sublimes que o Salvador Jesus nos transmitiu
antes de seu sacrifício na cruz achamos registrada no Evangelho de São João (13.34):
“Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos
amei.” E notemos bem; Cristo não apenas amou o seu próximo como a si mesmo, porém
mais do que a si mesmo. O seu amor foi um amor sacrifical. Deu a sua própria vida em
favor de seus semelhantes. E agora nos recomenda o seu novo mandamento: que nos

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amemos uns aos outros assim como ele nos amou. Estamos dispostos a pagar o
preço? Amar os nossos semelhantes até mais do que a nós mesmos?
Só o amor de Cristo nos pode capacitar para uma tarefa tão excepcional. Quanto
mais seu amor tomar conta do nosso coração, tanto mais iremos experimentar a verdade
das palavras do próprio Senhor Jesus, mencionadas pelo apóstolo Paulo em Atos 20.35:
“Mais bem-aventurado é dar que receber.”
Deus permita que todos nós experimentemos cada vez mais essa bem-
aventurança que consiste num dar desinteressado, num alegre repartir das gloriosas
bênçãos que já recebemos pela fé em nosso Salvador Jesus. E essa bem-aventurança
poderemos experimentar mesmo nas horas de depressão. Muitas vezes, a nossa vida de
cristãos se apresenta tão insípida e tão descolorida. Nessas horas, não permitamos que
nos venha o desânimo, mas que, confiantes na ajuda divina, lancemo-nos numa aventura
evangelística, levando a mensagem da salvação a uma pessoa necessitada. E os efeitos
da mensagem em um coração alheio vão se refletir em nosso próprio coração,
reconfortando-o com a promessa de que a Palavra de Deus nunca volta vazia (Is. 55.11)
e reafirmando-o com a convicção expressa em Tiago 4.20: “Sabei que aquele que
converte o pecador do seu caminho errado, salvará da morte a alma dele, e cobrirá
multidão de pecados.”
...assim como eu vos amei. Que o título deste manual de evangelização sempre
nos lembre do amor sacrifical do nosso Salvador e que seu conteúdo, que procura
abranger toda a tarefa da evangelização do começo ao fim, desde os motivos até a
conservação dos resultados, nos inspire a seguir os passos de Jesus, amando-nos uns
aos outros assim como ele nos amou.

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CAPÍTULO I

CONCEITO DE EVANGELIZAÇÃO

1. CONCEITO NEGATIVO.

Evangelização não é apenas convidar ou trazer gente aos cultos. Nem levar
outros a aceitar o mesmo sistema de vida religiosa que se leva. Também não é apenas
dar o exemplo de uma vida piedosa. Tudo isso, naturalmente, também é necessário, mas
se chama pré-evangelização.
Evangelização também não se resume em mera ação social. É o que entendem
hoje em dia muitos do assim chamado evangelismo social, achando que evangelizar é
reformar as estruturas da sociedade. O secretário de evangelização de uma das grandes
Igrejas americanas disse: “A redenção do mundo não depende das almas que ganhamos
para Cristo. Não pode haver salvação individual. Salvação tem mais que ver com toda a
sociedade que com almas individuais. Não devemos estar satisfeitos em conquistar as
almas uma por uma. A evangelização contemporânea está abandonando o método de
conquistar almas individuais em favor de evangelizar as estruturas da sociedade.”(1)
Se a evangelização abandonou o alvo de salvar as almas individuais, então
perdeu seu objetivo e pode ser tudo, menos evangelização. Isto não quer dizer que a
obra evangelística não deva se preocupar também com o bem-estar material e social do
homem e da sociedade. Essa preocupação também é necessária; só que essa ação já
não é evangelização mas pré ou pós-evangelização. E onde há uma evangelização
verdadeira, ali também haverá pré e pós-evangelização. Cristo evangelizava por meio da
pregação do Evangelho e de entrevistas individuais e nunca deixava também de socorrer
materialmente onde necessário. O apóstolo Paulo concentrava-se na pregação do
Evangelho do Cristo crucificado, mas também empenhava-se em levantar coletas a favor
de irmãos flagelados. A sua pregação cristocêntrica produzia uma alteração profunda nas
estruturas da sociedade de seu tempo. Esta, no entanto, era uma conseqüência de sua
evangelização, portanto, pós-evangelização. Somente indivíduos regenerados pelo
Evangelho podem alterar os quadros da sociedade para melhor. O que muitas Igrejas
hoje em dia realmente fazem é colocar o carro na frente dos bois. Querem primeiro
reformar a sociedade e depois evangelizar. Evangelizemos primeiro e muitos problemas
sociais se resolverão em conseqüência disso.
Conta-se que uma sociedade filantrópica reuniu-se num grande hotel de Chicago,
EUA. Acharam um homem bêbado na sarjeta, esfarrapado, descalço, cabeludo e
barbudo. Levaram-no ao barbeiro e à loja de calçados e roupas. Depois de melhorada a
sua aparência, foram ao fotógrafo. Trataram com o dono do hotel para que fosse aceito
como empregado no seu estabelecimento. Publicaram a fotografia do homem com um
breve comentário. Disseram que para transformar um homem, bastam boa vontade e
alguns recursos monetários. A semana do congresso ainda não tinha acabado, quando o
homem “reformado” foi achado na mesma sarjeta, sendo também demitido do seu novo
emprego.(2)
A mera ação social não possui poderes de realizar uma transformação interna.
Apenas pode realizar transformações externas com resultados passageiros. Para que o
homem se reforme integralmente, é preciso haver uma transformação interna. E esta só
pode ser conseguida pelo Evangelho que deve ser o instrumento da evangelização.
O que é, então, evangelização?

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2. CONCEITO POSITIVO.

A palavra evangelização vem de Evangelho que quer dizer boas-novas. É a


tarefa de levar as boas-novas da salvação de Jesus aos semelhantes. A palavra grega
que quer dizer evangelizar é usada 52 vezes no Novo Testamento e a palavra Evangelho,
74.
Algumas definições de evangelização:
A evangelização deve assim apresentar a Jesus Cristo no poder do Santo Espírito
que os homens venham a confiar em Deus por intermédio dele para aceitar o Filho como
seu Salvador e servir-lhe como a seu Senhor na comunhão de sua Igreja.
Evangelização quer dizer dar testemunho com a alma inflamada, com o objetivo de
ganhar homens para um crescimento salvífico de seu Senhor Jesus Cristo.
Evangelização é a tarefa de dar o testemunho de Cristo aos perdidos. (Jo 1.36)
Evangelização é a tarefa de levar pessoas à salvação. (Jo 1.46)
Evangelização é a tarefa de alistar vidas no serviço de Cristo. (At 11.25)
Evangelização é fazer Cristo conhecido ao mundo de tal maneira que cada um se
defronte com uma decisão pessoal: sim ou não.
Evangelização significa viver, agir e falar de Cristo.
Evangelização é a conquista de pessoas para o conhecimento de Cristo como o
seu Salvador e Rei para que possam se dedicar a seu serviço na comunhão de sua
Igreja.
Evangelização significa a conversão de pessoas do mundanismo para uma vida
piedosa e cristã.
Evangelização é um mendigo falando a outro mendigo onde encontrar
alimentação.

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CAPÍTULO II

MOTIVOS PARA EVANGELIZAR

1. A ORDEM DE CRISTO.

Três dos Evangelhos do Novo Testamento terminam com uma ordem de


evangelizar o mundo. (Mt 28.19,20; Mc 16.15; Lc 24.47-49) E a mesma ordem é
registrada também em At 1.8. Os confins da terra representam toda e qualquer região,
incluindo todos os povos, raças, línguas e países. Pregar o Evangelho a toda criatura
quer dizer levá-lo de indivíduo a indivíduo, sem exceção. E Cristo não apenas deu a
ordem, mas também nos deu o exemplo e quer que os seus seguidores façam o mesmo.

2. O EXEMPLO DOS APÓSTOLOS E DE MILHARES DE OUTROS CRISTÃOS CONSAGRADOS.

André levou Simão, seu irmão, a Jesus. Felipe fez o mesmo com Natanael.
Pedro, com seu vibrante sermão em Pentecostes, juntamente com os demais discípulos,
contribuiu para a salvação de três mil. Paulo converteu milhares em suas viagens
missionárias. João, até avançada idade, pregava o amor a Jesus e ao próximo. E
através dos séculos até os nossos dias, houve milhares de cristãos consagrados que
passaram a sua vida evangelizando sob as mais difíceis condições, muitos deles sofrendo
a morte de mártir. Devíamos estudar muito mais as biografias destes homens de Deus e
nos deixar contagiar por seu exemplo. Muitos deles começaram a sua carreira
evangelística, inspirados com a biografia de um antecedente. Substituamos os nossos
ídolos esportivos, políticos e sociais por heróis da fé, e as conseqüências positivas logo
se revelarão em nossa vida cristã.

3. O AMOR DE CRISTO E A NOSSA GRATIDÃO.

O amor de Cristo nos constrange, disse o apóstolo Paulo em 2 Co 5.14. “A boca


fala do que o coração está cheio.” (Mt 12.34) E Pedro exclamou perante o Sinédrio,
quando este lhe proibiu falar de Cristo: “Não podemos deixar de falar das coisas que
vimos e ouvimos.” (At 4.20) Quem realmente reconhece o grande amor de Cristo e o
ama, sente-se impulsionado a repartir este amor também com os outros.
O Dr. James Tewart de Edimburgo, Escócia, disse certa vez: “O problema real do
Cristianismo não é o ateísmo ou o ceticismo, mas o cristão que não testemunha, tentando
contrabandear sua alma para o céu.”(1)
Diz um provérbio que as alegrias da vida terrena têm apenas a metade da doçura,
se não as repartimos com os outros. Se não repartimos as nossas alegrias espirituais
com os que não as possuem, diminuímos em muito as nossas próprias ou talvez nem as
possuamos, sendo a nossa fé em Cristo apenas uma ilusão.
Uma senhora milionária havia dado grandes quantias em dinheiro para missões de
sua Igreja em todo o mundo. Certo dia, resolveu viajar para ver como suas doações
haviam sido aplicadas. Num hospital, em um dos países menos desenvolvidos do mundo,
viu uma enfermeira fazer um curativo na ferida de um leproso. Voltou-se com
repugnância e exclamou: “Eu não poderia fazer um serviço desses nem por um milhão de

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dólares.” Tranqüilamente, a enfermeira lhe respondeu: “Nem eu o faria por todo o


dinheiro deste mundo, mas o amor de Cristo me constrange.”
Felizmente, este espírito de gratidão ainda está vivo até hoje em meio aos crentes
mais humildes. Há o exemplo daquela menina que ofertava o seu dinheirinho do lanche
para a construção de um seminário. Há o exemplo de uma senhora cega que deu o
dízimo de sua magra aposentadoria para o sustento da Igreja. Há o exemplo da
estudante que comia carne de cavalo, que era mais barata, para poder mandar mais de
cem pacotes de mantimentos e roupas aos necessitados da Finlândia, após a última
grande guerra. Há o exemplo de um missionário no Japão que recusou um posto
executivo de uma companhia de petróleo que teria quadruplicado o seu salário com as
palavras: “Minha mulher e eu viemos para este país com um propósito maior e sentimos
que este nosso propósito é mais importante que o vosso dinheiro.” (2)
Existe um dito antigo que diz: “Há somente duas coisas que podes fazer com a fé
cristã: reparti-la ou perdê-la. O que guardas para ti mesmo, tu perdes, o que distribuis
com os outros, guardas para sempre.”
Repartir a fé por causa de gratidão a Jesus, eis um dos motivos fundamentais e
mais frutíferos da obra de evangelização.

4. SOMOS DEVEDORES.

O apóstolo Paulo escreve em Rm 1.14-15: “Pois sou devedor tanto a gregos


como a bárbaros, tanto a sábios como a ignorantes; por isso, estou pronto a anunciar o
Evangelho também a vós outros em Roma.” E em At 20.26-27, o mesmo apóstolo disse,
quando se despedia dos presbíteros da Igreja de Éfeso: “Portanto, eu vos protesto, no
dia de hoje, que estou limpo do sangue de todos; porque jamais deixei de vos anunciar
todo o desígnio de Deus.” E aos Coríntios escreveu: “Se anuncio o Evangelho, não
tenho de que me gloriar, pois sobre mim pesa essa obrigação; porque ai de mim se não
pregar o Evangelho.” (1 Co 9.16) Em Mt 25.26-30, o servo mau que não negociara com o
seu talento que recebera é condenado. Em Ez 3.18, Deus ameaça requerer o perverso
da mão daquele que não o advertiu da sua perdição.
Vemos assim que não temos apenas o privilégio, mas também o dever de
evangelizar porque devemos ao nosso bondoso Deus a salvação que ele nos concedeu.

5. A PERDIÇÃO ETERNA DO PECADOR.

É preciso nós estarmos bem convencidos desta verdade, pois há tantos hoje,
também dentro das igrejas, que a negam. Os homens não-convertidos de fato estão
perdidos eternamente? A grande força do pensamento dos teólogos liberais se opõe a
esta verdade. O líder católico Alceu Amoroso Lima (Tristão de Ataíde) declarou, numa
entrevista à revista Manchete em 1966, que acredita num perdão universal no dia do
Juízo Final. Mas Cristo diz em Mt 7.23 àqueles que não fizeram a vontade de seu Pai:
“Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” e em Mt 25.41: “Apartai-vos de mim,
malditos, para o fogo eterno.” Aqui temos julgamento final.
O evangelista Billy Graham, argumentando com essas passagens, disse: “A
linguagem não pode ser mais clara do que aqui. Para mim, a doutrina de um futuro
julgamento, onde o homem deverá prestar conta a Deus, está claramente ensinada nas
Escrituras.”(4)
E o que dizer de tantas outras passagens claras a respeito, como: “Quem crer,
será salvo, quem não crer, será condenado.” (Mc 16.16) “Quem se mantém rebelde

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contra o Filho de Deus, não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus.” (Jo
3.36) “Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos assassinos, aos impuros, aos
feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que
arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.” (Ap 21.8)
Que tragédia, quando no dia derradeiro milhões e milhões terão de se afastar do
trono de Deus para o castigo eterno, lamentando: “Ninguém se importou com a minha
alma.”
Ishaya Audu, um médico educador no Norte da Nigéria, na África, declarou numa
palestra no Congresso de Evangelização em Berlim, em novembro de 1966: “A urgência
de evangelizar é realçada pelo fato de que a mensagem do Evangelho é
desesperadamente necessária para cada criatura, porque o pecado é, ao mesmo tempo,
universal e arruinador. Eu sou um dos muitos milhares de africanos que estariam
perdidos, sem esperança, no pecado, se o Evangelho não tivesse sido levado à África,
nos primeiros tempos do Cristianismo, pelo eunuco da Etiópia e, em nossos dias, por
Livingstone, Miller, Bingham e muitos outros fiéis servos de Deus, cujos nomes estão
escritos no livro da vida do Cordeiro de Deus.” (5)
Pensando em nós mesmos, deveríamos perguntar-nos: “Que seria de nós, se
cristãos abnegados não tivessem chegado ao Brasil, de outra terra, e nos evangelizado?”

6. CRISTO É O ÚNICO CAMINHO PARA A SALVAÇÃO.

Uma das grandes causas do fracasso das missões no começo do nosso século,
missões que haviam florescido tanto no século passado, foi o ensinamento, inclusive de
famosos teólogos, de que fora de Cristo também há salvação. Assim maometanos,
budistas, bramanistas e os demais pagãos também se salvariam se tomassem a sério a
sua religião. Esse pensamento generalizou-se e paralisou o espírito missionário. Para
que, então, gastar dinheiro e esforços se, de qualquer maneira, os pagãos também se
salvam sem o conhecimento do Evangelho do Salvador Jesus?
É um pensamento perigoso que ainda hoje está causando graves prejuízos ao
espírito missionário, pensamento para o qual não temos fundamento na Bíblia. Ao
contrário, a Bíblia diz: “Não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não
existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos
salvos.” (At 4.12) E Jesus disse: “Eu sou o (e não um) caminho, a (e não uma) verdade e
a (e não uma) vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.” (Jo 14.6) E em Mt 7.14, Jesus
diz: “Estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os
que acertam com ela.”
São tantos os versículos claros da Escritura que ensinam a exclusividade do
Evangelho de Cristo para a salvação. É necessário que também aqui subjuguemos a
nossa razão e deixemos somente a Escritura falar.

7. DEUS ESTABELECEU A SALVAÇÃO DOS HOMENS PELA PREGAÇÃO DO EVANGELHO


ATRAVÉS DOS PRÓPRIOS HOMENS.

O apóstolo Paulo escreve na carta aos Romanos, 10.14: “Como crerão naquele
de quem nada ouviram? E como ouvirão, se não há quem pregue? E como pregarão se
não forem enviados?” E em 2 Co 5.19-20, o mesmo apóstolo escreve: “...e nos confiou a
palavra da reconciliação. De sorte que somos embaixadores em nome de Cristo, como
se Deus exortasse por nosso intermédio”. Se nós não anunciamos o Evangelho,
deixamos de cooperar com o plano de Deus. Deus, na verdade, salvará os seus eleitos

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por intermédio de outros, mas nós então estaremos pecando por omissão e nos
privaremos do maior privilégio com que possamos ser distinguidos aqui na terra.

8. A PROMESSA DE DEUS DE QUE O EVANGELHO É PODEROSO E EFICAZ, ACOMPANHADO


DO TESTEMUNHO DO ESPÍRITO SANTO.

Quando Deus criou o mundo, pôs num pequeno átomo um tremendo poder,
descoberto pelos cientistas há apenas poucos anos. Uma pequena bomba atômica,
contendo esse poder, destruiu uma cidade toda no Japão, Hiroshima e depois Nagasaki.
Depois disso, os cientistas descobriram a bomba de hidrogênio cujo poder destruidor é
imensamente superior ao da bomba atômica. Durante milênios, esse poder existia, mas
era desconhecido, inutilizado.
Assim também existe um tremendo poder ao alcance de cada cristão,
infinitamente superior ao poder da bomba de hidrogênio. É o poder do Espírito Santo que
acompanha o testemunho do crente. É um poder real que existe e produz os seus
grandes efeitos, mas não é usado por tantos cristãos. Em At 1.8, Jesus disse aos
discípulos: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo...” E
conhecemos da história de Pentecostes como esse poder foi responsável pela conversão
de três mil e por todos os resultados conseguidos pelos cristãos através dos tempos. A
palavra grega, usada para expressar poder, é dynamis, força, donde procede a nossa
palavra dinamite. O Espírito Santo é a dinamite de Deus. Dynamis era a maior força
conhecida pelos judeus, quando Jesus proferiu essas palavras. Se Jesus usasse hoje a
mesma idéia, talvez iria expressá-la em termos de bomba de hidrogênio, a maior força
conhecida em nosso tempo.
O poder do espírito Santo é prometido a cada cristão que o recebe pela fé. Mas
assim como aconteceu durante séculos com a forma atômica, esse poder ainda não foi
descoberto por muitos. Muitos sabem que esse poder realizou grandes coisas no
primeiro Pentecostes e no início da Igreja Cristã, mas não crêem que ainda hoje realiza os
mesmos efeitos. Essa descrença ou falta de confiança é a causa do fracasso de muitos
cristãos e, por isso, faz-se tão pouco na Igreja de Deus. Muitos estão tratando o Espírito
Santo assim como os judeus trataram Jesus: “Ele veio para os seus, mas os seus não o
receberam.”
Is 55.11; At 6.3,8; Lc 24,49; At 5.32; Jo 16.8; At 4.29,31 são passagens que
atestam o poder do Espírito Santo. Confiemos nesse poder e também nós seremos
capazes de realizar grandes coisas no reino de Deus. O nosso melhor preparo, as
nossas técnicas mais aperfeiçoadas de nada valerão, se não contarmos com esse poder.
Um carro pode ter a melhor estrutura, possuir um motor possante de oito cilindros, mas
que vale tudo isso se não há força na bateria? Que valor tem a instalação elétrica mais
moderna, se falta energia?
Walter Knight conta o episódio de um menino recém-convertido, que perguntou ao
pai:
– Papai, como posso acreditar no Espírito Santo, se nunca o vi?
– Vou mostrá-lo a você – respondeu o pai, que era eletricista.
Os dois foram à usina de energia elétrica, onde o pai mostrou os geradores ao
filho, explicando:
– É daqui que sai a energia que vai aquecer e iluminar nossa casa. Não podemos
ver essa energia, mas está naquela máquina e nos cabos de força.
– Eu acredito na eletricidade – disse o menino.
– Está claro que sim – acrescentou o pai – mas você não acredita nela porque a
pode ver. Você acredita porque vê o que ela faz. Da mesma forma, pode acreditar no

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Espírito Santo, porque você vê o que ele faz nas vidas daquelas pessoas que estão
entregues a Cristo e possuem o seu poder.(6)
No museu do rei Tut, no Cairo, Egito, existe um grão de trigo com cinco mil anos
de idade, encontrado nos túmulos dos faraós egípcios. Se esse grão fosse plantado,
germinaria e cresceria. Embora a Palavra de Deus já tenha a idade de milênios, como
aquela semente, conserva intacta a sua força germinadora. Se cair em terreno fértil,
germina, cresce e produz muitos frutos. É o que aconteceu há milênios e ainda hoje
acontece. Os sucessos da evangelização são constantes e reais. Temos aqui mais um
motivo para evangelizar.

9. OS SUCESSOS DA EVANGELIZAÇÃO.

A transformação do indivíduo pelo Evangelho é um milagre que presenciamos


sempre de novo. Quantas pessoas ainda hoje, submersas em pecados e vícios, se
convertem do seu mau caminho e começam uma nova vida regenerada. Todas as suas
atitudes e comportamento mudam quando Cristo toma conta de seus corações.
Poderíamos citar inúmeros exemplos desde o primeiro Pentecostes. Mas talvez seja mais
interessante conhecer alguns exemplos de nossa época. Um pajé duma tribo da
Amazônia, antes de sua conversão, incendiou a sua aldeia, revoltado pela morte
repentina de seu filho. Depois da conversão, suportou a morte de outro filho, com
resignação cristã. Uma senhora holandesa, que esteve presa num campo de
concentração, ao voltar depois da guerra para lá, encontrou seu antigo carrasco na
mesma cela de prisão em que estivera, completamente transformado pelo poder do
Evangelho. Conta-se que um chefe de índios no litoral de São Paulo deixou de matar um
missionário, ao qual ameaçara com morte certa, porque se convertera com um sermão
radiofônico, ouvido no seu transistor que adquirira depois daquela ameaça. Um preso
muito perigoso, Paulistinha Naval, o ex-demônio da meia-noite, foi convertido quando uma
velhinha de 84 anos o visitou e o presenteou com uma Bíblia. Tornou-se mais tarde um
colportor, isto é, vendedor de Bíblias, e foi anunciar as boas-novas do Evangelho aos
índios tupi-guaranis no litoral sul de são Paulo.
Um dos presidentes da nossa Igreja no Japão, quando esteve em nosso meio por
ocasião da Conferência de Presidentes da Igreja Luterana, em novembro de 1975, nos
contou que se convertera com as palavras de um pregador, quando citou as palavras de
Jesus: “Aquele que dentre vós estiver sem pecado, seja o primeiro que lhe atire pedra.”
(Jo 8.7) Até então, ele, como a maioria dos japoneses, culpava os outros porque tinham
perdido a guerra, mas aquele versículo abriu os seus olhos e o fez reconhecer também a
sua culpa e buscar o perdão no sangue de Jesus.
Na história da Igreja, podemos citar milhares de exemplos de conversões. Um dos
grandes pais da Igreja dos primeiros séculos, Agostinho, era um jovem perdido, mas foi
convertido e tornou-se um dos maiores homens de Deus de todos os tempos, graças ao
poder do Espírito Santo que atendeu às incessantes orações de sua mãe a favor do filho
perdido.
Em Londres, um alcoólatra foi entregue aos cuidados de um psiquiatra, que logo
desistiu do tratamento, visto que o doente não melhorava. Certa noite, começou a
freqüentar um trabalho evangelístico e ali foi convertido, recebendo novas energias para a
sua vida. Na noite da conversão, antes de deitar-se, estendeu o braço, como costumava
fazer, procurando a garrafa de bebida na cabeceira da cama, mas alguma coisa, ou
melhor, alguém lhe dominou a mão. Então saiu da cama e esvaziou a garrafa na pia. Na
manhã seguinte, o hábito novamente lhe impeliu a mão em direção à garrafa, mas já não

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encontrando nela o líquido, nem se perturbou. Mais tarde, foi visitar o seu psiquiatra e
disse:
– O doutor perdeu um cliente. Cristo salvou-me da bebida e agora sou um novo
homem.
– Parece ótimo – respondeu o médico – Talvez eu encontre auxílio onde você o
encontrou. Não sou alcoólatra, mas também tenho os meus problemas.
O psiquiatra também começou a freqüentar as reuniões evangelísticas e
igualmente aceitou Cristo como o seu Salvador. Um ano mais tarde, no saguão de um
elegante hotel londrino, tanto este psiquiatra como o ex-alcoólatra deram testemunho do
poder salvador de Jesus Cristo.(7)
Joan Winmill, jovem atriz dos palcos londrinos, tinha tudo e nada tinha. Era como
milhares de profissionais de nossos dias que possuem talento, dinheiro e êxito – e
também uma vida vazia. Chegara a ponto de pensar no suicídio quando, movida pela
curiosidade, foi assistir a uma cruzada evangelística na Harringay Arena. Lá, recebeu
Cristo como seu Salvador sem saber direito como isso podia acontecer. Transformou-se,
ficou inteiramente diferente e hoje em dia é uma das pessoas cristãs mais felizes, pois
tem um propósito e um sentido na vida.(8)
A conversão e a regeneração do individuo levam também à regeneração da
sociedade. O apóstolo Paulo jamais procurou fazer reformas na sociedade em seu
tempo, mas conseguiu a sua reforma com o tempo através da pregação do Evangelho,
que primeiro tem de reformar os indivíduos, componentes da sociedade. A pregação do
Evangelho fez ruir velhas estruturas sociais dos pagãos e produziu novas sobre as bases
do ensinamento cristão. E, assim, no decorrer dos séculos, grandes reformas sociais se
originaram por causa da conversão de indivíduos. A conversão de Wilberforce, na
Inglaterra, conduziu a libertação dos escravos cuja causa encabeçou. Aqui, no Brasil, um
dos maiores abolicionistas da escravatura foi Rui Barbosa, um cristão convicto. Reformas
de prisão, a proibição do comércio de escravos, a cruzada pela dignidade humana, a
campanha contra a exploração, a criação da Cruz Vermelha Internacional, as
organizações de auxílio aos flagelados da guerra e famintos do mundo inteiro, são
resultados de grandes reavivamentos e da conversão de indivíduos. Até hoje os cristãos
se empenham em melhorar também as condições sociais do ambiente em que vivem.
Um secretário de missão de nossa Igreja escreveu, ao voltar de uma viagem através da
Ásia: “Na nossa viagem não vimos hospitais budistas, nem orfanatos xintoístas, nem
asilos para velhos dos maometanos. Não vimos nenhuma agência de leite em pó para os
necessitados, fornecido pelos hindus, nem agrônomos enviados por animistas para ajudar
os povos subdesenvolvidos. Nós vimos, sim, escolas, hospitais, orfanatos, agências de
leite em pó e muitas outras atividades de assistência social, fundados por luteranos ou
outros cristãos.”
Lares cristãos são muito mais resistentes à corrosão do divórcio que lares não-
cristãos. Um estudo social de Burgess e Cotrell na obra Predicting Success or Failure in
Marriage revelou que um quinto de todos os matrimônios nos Estados Unidos terminam
em divórcio, mas apenas 1/50 de todos os casais ativos na Igreja são vítimas do mesmo
mal.(9)
David Brainerd, no seu diário da vida entre índios norte-americanos, escreveu:
“Quando meu povo foi conquistado por esta grande doutrina de Cristo e sua crucificação,
não tive necessidade em dar-lhes instruções a respeito da moral. Experimentei que uma
seguia a outra como o seu fruto.”(10)
Quantos casos semelhantes poderíamos mencionar aqui de tribos de índios que
se regeneraram, especialmente hoje em dia, com o trabalho eficiente dos tradutores de
Wiclef, que estão trabalhando na tradução da Bíblia e no doutrinamento cristão de
centenas de tribos no mundo, e de mais de 40 em nosso país. Muitas regiões no interior

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de nossa pátria também melhoraram economicamente depois que lhes apareceu um


missionário e ensinou-lhes nova vida.
O Evangelho é o único meio que pode, através da conversão individual, reformar a
sociedade para melhor. Todos os outros meios empregados pelos homens falharam e,
ainda hoje, estão falhando. Os economistas acham que podem sanar os desníveis
sociais de nossos dias pela redistribuição das riquezas. Mas isso não resolve o problema.
Os maiores problemas que surgem não afetam os pobres, mas os ricos que não sabem
dominar suas ambições. Os diplomatas acham que podem melhorar o mundo pela
política, pela aproximação amigável de todas as nações – a Organização das Nações
Unidas e, antes, a Liga das Nações já tentaram e ainda estão tentando, mas com poucos
resultados. As guerras continuam. Os educadores acham que a educação é tudo e
resolveria todos os problemas. Entretanto, para muitos, a educação é apenas um meio
de aperfeiçoar seus instintos maus. Quantos advogados andam por aí empregando a sua
vasta cultura para inocentar criminosos e ganhar causas injustas, quantos empresários
empregam os seus métodos aperfeiçoados pela educação para uma exploração
calculada, quantos governantes se servem de sua educação para satisfazer sua sede de
poder. A educação sem Cristo não melhora ninguém. A crise não está na falta de
educação. Conheci, no interior do Espírito Santo, analfabetos de nossas congregações,
mas pessoas íntegras e de um admirável bom senso.
Burnham afirma que pessoas e povos altamente educados possuem impulsos
íntimos, cobiças, obsessões, paixões e uma sede de poder que não se eliminam com
nenhum processo educacional conhecido.(11)
Billy Graham escreve em seu livro Mundo em Chamas: “Quanto mais viajei pelo
mundo, tanto mais me convenci de que a revelação bíblica quanto ao homem, sua
origem, suas dificuldades atuais e seu destino é verdadeira.”(12)
A Suécia, um dos países materialmente mais desenvolvidos, registra a maior
porcentagem de suicídios. Os sociólogos acham que o ambiente deficiente das moradias
(favelas, pardieiros, cortiços) é a causa de todos os males sociais, cuja remoção tudo
mudaria. Mas também estão enganados. Como já vimos, nos palácios dos ricos, os
problemas morais em geral são muito maiores que nos casebres dos pobres.
Todos os melhoramentos sociais numa sociedade de indivíduos não-regenerados
não resolvem os problemas mais profundos das necessidades humanas. O que todos
estes reformadores pretendem é colocar o carro na frente dos bois. Querem primeiro
melhorar as estruturas sociais e pensam que sua natural conseqüência é a melhoria da
pessoa. Certa vez, tivemos a oportunidade de palestrar com o rev. Benjamim Morais, ex-
secretário do governo da Guanabara, e que era então presidente do Banco Nacional de
Habitação no Rio de Janeiro. Mostrou-nos os belos prédios que o governo da Guanabara
estava construindo para os favelados. A sua maior dificuldade, porém, era harmonizar e
educar os inquilinos desses prédios para cujo fim o governo estava empenhado em
encontrar orientadores cristãos que morassem no meio daquele povo e o adaptassem à
nova situação e lhe ensinassem os princípios cristãos da convivência pacífica.
É, portanto, necessário primeiro reformar os indivíduos e depois as reformas
sociais serão uma conseqüência natural. O único meio para reformar o ser humano é o
Evangelho regenerador de nosso Salvador Jesus Cristo.

10. A EXPLOSÃO POPULACIONAL DO MUNDO DE HOJE.

Há hoje uma verdadeira explosão populacional no mundo, isto é, o número de


habitantes do mundo está crescendo tão rapidamente, que se parece com uma explosão.
Isso se deve principalmente à diminuição da mortalidade infantil graças à moderna

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assistência médica que também favorece a longevidade, pois as pessoas alcançam hoje
muito mais idade em média que antigamente.
A população do mundo está sendo calculada hoje entre três a quatro bilhões de
pessoas. Há um acréscimo de 76 milhões ao ano e este acréscimo tende a aumentar
cada vez mais. Calcula-se que no ano o mundo terá 7 bilhões e, se o crescimento
continuar na mesma proporção, então haverá, em menos de 130 anos, 70 bilhões de
seres humanos sobre a face da terra. *
Há muitos que se preocupam com esse aumento vertiginoso, mas o que deve
preocupar mais a nós, cristãos, é o fato que o aumento do número de cristãos não avança
na mesma velocidade. Temos atualmente cerca de um bilhão e cem milhões de cristãos
(660 milhões de católicos romanos, 130 milhões de católicos ortodoxos e 320 milhões de
protestantes e anglicanos).(13) Cerca de 28%, ou menos, da população total. Se não
houver uma reação mais eficiente da parte das Igrejas a favor de uma evangelização mais
intensa, então a porcentagem de cristãos terá baixado para 17% ou menos no ano.
Certa estatística demonstra que, em 1850, eram necessários cinco cristãos para
levar uma alma a Jesus no espaço de um ano. Em 1900, já eram necessários 14, em
1919, 21 e hoje são necessários 33 cristãos para levar uma alma a Cristo no período de
um ano. Segundo uma revista canadense, contra cada convertido ao Cristianismo, há 15
para o Maometanismo.(14)
E o que nos preocupa ainda mais é que os países mais prolíferos são pagãos em
que a Igreja de Cristo está representada fracamente ou já nem mais existe. Cerca da
metade da humanidade vive na Ásia e neste populoso continente só há dois a três por
cento de cristãos. 800 milhões de chineses caíram sob o domínio comunista que está
expurgando a Igreja do país. Toda a África do Norte está sob a influência maometana,
com uma pequena porcentagem de cristãos. A África, ao Sul do Saara, felizmente tem
feito um grande progresso nos últimos anos na evangelização, mas um de seus maiores
obstáculos atuais é o avanço rápido do comunismo em alguns daqueles países.
Felizmente, a Igreja cresce hoje em dia muito mais do que antigamente, embora
não acompanhe o crescimento populacional do mundo. Dos três mil iniciais do primeiro
Pentecostes, a Igreja em nossos dias atingiu a cifra de um milhão e cem milhões. No ano
1000, a Igreja contava com 50 milhões. Dobrou seu número em 1500. Em 1800, tinha
dobrado mais uma vez e, desde então, o número se dobrou a cada 80 anos. O maior
acontecimento dos nossos dias não é os novos remédios contra doenças antes
incuráveis, nem a conquista do espaço, mas o fato de que diariamente ainda são salvos
20 mil pecadores.(15)
Por que desde 1800 o número de cristãos cresceu em ritmo mais acelerado?
Porque naquela época as Igrejas acordaram para o trabalho missionário e houve grandes
movimentos de reavivamento e de envios de missionários para os países pagãos. Esses
movimentos, no entanto, esmoreceram um tanto no começo do século passado por
diversas razões, mas reanimaram-se novamente depois da última grande guerra. Nos
Estados Unidos, por exemplo, onde as Igrejas começaram a trabalhar intensivamente, o
número de cristãos cresceu surpreendentemente. Em 1900, apenas 46% da população
total daquele país eram membros de alguma Igreja. Em 1940, já eram 49%, em 1953,
59% e, em 1956, 60%. Sem dúvida, a última grande guerra foi também um dos fatores
que lembrou a muita gente a instabilidade de nossa vida presente e a busca da cidade
futura. Lamentavelmente, nos últimos anos, parece haver novamente um declínio no
número de cristãos norte-americanos. Em 1957, o Instituto de pesquisa Gallup dos

*
Nota da Editora: Os dados aqui citados são relativos ao ano da primeira edição deste livro (1978) e, portanto,
estão desatualizados. Entretanto, mantivemos o texto inalterado a fim de não prejudicar a argumentação do
autor.

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Estados Unidos submeteu o país a uma enquete com a seguinte pergunta: “Em nosso
tempo, a religião está aumentando a sua influência na vida americana ou a está
perdendo? 69% responderam afirmativamente e 14, negativamente. A mesma pergunta
foi repetida dez anos mais tarde, em 1967. O resultado foi inverso. Apenas 23%
responderam afirmativamente e 57, negativamente. É uma advertência para todos nós de
que deve haver um trabalho de evangelização permanente, que cada geração deve
evangelizar a sua geração.(16)
Também nas Américas Central e do Sul, a evangelização fez avanços inéditos
ultimamente. O número de protestantes tem crescido na América Latina, de menos de 2
milhões em 1945, para 19 milhões em 1970. No Brasil, em apenas um ano foram
formadas cerca de três mil novas congregações. O crescimento maior foi, naturalmente,
das Igrejas pentecostais. O segredo de seu crescimento é atribuído a um engajamento
imediato do novo convertido na atividade evangelística.(17)
Até que ponto nós estamos participando dessa colheita sem precedentes na
grande seara branquejante em nosso país? A resposta cabe a cada um individualmente
no lugar em que se encontra. Está cada um realmente consciente desta oportunidade
ímpar que se abre para ser cooperador de Deus na seara eterna de almas imortais?

11. AS BÊNÇÃOS INDIVIDUAIS DO PRÓPRIO EVANGELISTA.

11.1. Deus cada vez conferirá maior capacidade àquele que se exercita na arte de
pescar almas. Exercendo seus talentos no reino de Deus, estes lhe serão multiplicados
como aconteceu com os servos na parábola dos talentos. “Porque a todo o que tem se
lhe dará, e terá em abundância; mas ao que não tem, até o que tem lhe será tirado.” (Mt
25.29)

11.2. Crescimento na fé. Sabemos que a nossa fé cresce através do uso da


Palavra de Deus e dos sacramentos. Quem está ativo na salvação de almas, está muito
mais em contato com a Palavra de Deus e esta fortalecerá cada vez mais a sua fé, ainda
mais quando vê como ela é poderosa na conversão daqueles a quem ele a aplica. Por
isso, cada novo convertido deve logo entrar em atividade e auxiliar na obra da
evangelização para ter mais oportunidade de crescimento. Não se deve confiar a obra da
evangelização apenas a cristãos já mais experientes. Ajudando os outros a se tornar
cristãos, os cristãos se aperfeiçoam. André ainda sabia muito pouco de Jesus, quando
trouxe seu irmão Simão a ele. Da mesma forma Filipe, quando falou de Jesus a
Natanael. Muitos acham que precisam estudar primeiro a fundo a Palavra de Deus antes
de começar a evangelizar, estudam e estudam, mas nunca começam a agir. Ora,
evangelizar é dar o testemunho de Jesus, falar aos outros o que Jesus significa para mim
e isso pode fazer qualquer cristão convertido que, de fato, ama o seu Salvador e também
o seu próximo. Essa ação é o maior estímulo para aprofundar-se cada vez mais na
doutrina cristã e aperfeiçoar não apenas os seus conhecimentos, mas também toda a
personalidade cristã.

11.3. Não há alegria maior e mais profunda do que aquela experimentada pelo
crente que colaborou para salvar uma alma da perdição. É uma alegria que começa
neste mundo, mas dura por toda a eternidade. A convicção de que os resultados obtidos
são eternos é que faz a obra de pescadores de almas a mais importante desta vida. Os
seres humanos estão construindo automóveis cada vez mais aperfeiçoados, casas
luxuosas e confortáveis, campos enormes de futebol, edifícios monumentais, aviões
sempre mais velozes, astronaves interplanetárias, mas o cristão sabe que tudo isso um

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dia acabará. No entanto, a sua obra permanece. Não invejemos, portanto, políticos
festejados, atletas coroados, atores consagrados, oradores aplaudidos. Quem ganha
almas é sábio, diz a Palavra de Deus (Pv 11.30), e naquele grande dia receberá do justo
juiz a coroa incorruptível.

11.4. E eis aqui mais uma razão de estímulo: a recompensa eterna no céu.
Quando Pedro perguntou a Jesus: “Eis que nós tudo deixamos e te seguimos – que será,
pois, de nós?” Jesus lhe respondeu: “Em verdade vos digo que vós, os que me seguistes,
quando, na regeneração, o Filho do Homem se assentar no trono da sua glória, também
vos assentareis em doze tronos para julgar as doze tribos de Israel. E todo aquele que
tiver deixado casas, ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou campos, por causa
do meu nome, receberá muitas vezes mais e herdará a vida eterna.” (Mt 19.27-29) E
lemos em Dn 12.3: “Os que forem sábios, pois, resplandecerão como o fulgor do
firmamento; e os que a muitos conduzirem a justiça, como as estrelas, sempre e
eternamente.”
Estes apertadores de campainhas, estes andarilhos que tiverem gasto muitas
solas de sapatos no encalço de pecadores, brilharão como as estrelas do céu.
Sabemos, é claro, que não será uma recompensa de mérito, mas de graça. Como
um pai que dá a um filho uma recompensa por um serviço que normalmente não se paga,
assim Cristo nos quer recompensar o trabalho no reino de Deus, não porque o
merecêssemos e ele tivesse de pagar uma dívida, mas porque ele o quer e nos ama.
O presidente Wilson, dos Estados Unidos, durante a primeira guerra mundial,
quando obteve com seus aliados a vitória sobre a Alemanha em 1918, alcançara o
pináculo da fama ao chegar a Paris para ditar uma paz mundial. Idealista, autor,
estadista, orador, esteve naquele momento na admiração de todo o mundo. No entanto,
poucos meses depois, morreu, desiludido, derrotado por seus oponentes, esquecido por
amigos antigos, a saúde perdida. As delícias da fama transformaram-se em amargo
desespero. Não será assim a obra de um evangelista fiel cujos frutos de suas obras
serão eternos.(18)

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CAPÍTULO III

OBSTÁCULOS NA EVANGELIZAÇÃO

1. OBSTÁCULOS EXTERNOS.

Chamamos de obstáculos externos os que encontramos fora da Igreja, em meio


ao mundo que nos rodeia. Podemos citar como principais obstáculos externos da Igreja
de hoje: o materialismo cada vez mais compacto, o cientificismo, uma filosofia otimista a
respeito da pessoa, o agnosticismo, o sincretismo e o comunismo. Caracterizemos em
rápidas pinceladas cada um destes movimentos.

1.1. Materialismo.
É a negação de todos os valores espirituais. Só existe a matéria. Com a morte,
tudo está acabado. O ideal do materialista é aproveitar a vida ao máximo e gozar
intensamente os bens materiais. Os bens materiais não podem satisfazer as
necessidades profundas da alma e não há nenhum materialista plenamente feliz. Um
evangelista bem treinado nas verdades fundamentais do Evangelho pode, com toda a
facilidade, atingir a extrema vulnerabilidade de um materialista e torná-lo consciente de
suas necessidades espirituais. Jesus disse: “A vida do homem não consiste na
abundância dos bens que possui.” (Lc 12.15)
O dono de um luxuoso hotel balneário, na praia de Miami, confidenciou a um
famoso evangelista certo dia:
– Tenho tudo quanto um homem pode ter materialmente. Pensei que havia
conseguido realizar-me de todo, mas ultimamente me vejo farto de tudo isso. Sempre
desejei ter essas coisas, mas agora que as possuo, parecem-me menos do que pensei
que fossem. Acredito que a vida seja mais do que isso.(1)
Um jovem, durante seus estudos superiores, jurou tornar-se milionário antes de
chegar aos 25 anos. Atingiu seu objetivo com pouco esforço. Tornou-se um vitorioso
homem de negócios, alcançou sua meta, casou-se com uma bela mulher e podia dizer:
“Tens em depósito muitos bens para muitos anos: descansa, come, bebe e regala-te.” (Lc
12.19) No entanto, ele e sua esposa sentiram-se mal em meio a sua opulência. Levados
pela curiosidade, assistiram a uma reunião evangelística e responderam ao apelo de
aceitar Jesus Cristo. Tornaram-se crentes e hoje são um casal muito feliz.(2)
Evangelista, leve ao materialista a mensagem do Evangelho, sem receio. Ele
necessita dela tanto quanto as outras pessoas e muitas vezes a aceita com
surpreendente rapidez.

1.2. Cientificismo.
É uma falsa fé no poder da ciência. Como a ciência progrediu fenomenalmente
em nossa época, dando certas vitórias nunca sonhadas aos seres humanos, muitos
pensam que, por meio dela, conseguirão tudo. Não se lembram que, em relação com as
obras criadas por Deus, todas as conquistas da ciência ainda são insignificantes e
limitadas. O falso cientista nega, presunçoso, a existência de Deus, mas o verdadeiro,
em geral, o aceita. Einstein, o inventor da teoria da relatividade e pai da bomba atômica,
admitia a existência de Deus. Werner von Braun, o ex-dirigente do Departamento
Científico da conquista de espaço, nos Estados Unidos, era cristão convicto e, durante
muitos anos, era professor de uma escola dominical de uma congregação cristã. O deus

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ciência da humanidade de hoje é um deus muito pequeno e jamais poderá substituir o


Deus Onipotente, criador e conservador dos céus e da terra.

1.3. Filosofia otimista a respeito da pessoa.


É a crença no progresso ilimitado do indivíduo. Assim como em nossa época o
mundo progride materialmente, o ser humano também progrediria moralmente, e todos os
seus males e seu comportamento poderiam ser controlados por produtos químicos.
Um professor da Universidade de Harvard, B. F. Skinner, declarou: “Estamos
ingressando na era do controle químico do comportamento humano. As condições
motivadoras e emocionais da vida diária e normal provavelmente serão mantidas em
qualquer estado desejado, pelo emprego de drogas.”(3)
Também a Psicologia pretende explicar e curar todos os males humanos. Para
ela, pecado é um termo antiquado. Tudo se resume em doenças. O bêbado é um
doente, o adúltero possui um superego defeituoso, o assassino sofre de impulsos
incontroláveis no seu subconsciente. Em lugar de converter o indivíduo e aliviá-lo pelo
perdão dos pecados, pretendem curá-lo pela terapia psíquica, procurando convencê-lo de
que seus males são simples produtos de sua imaginação. Conseguem trazer algum alívio
a seus pacientes, mas apenas superficial e nada permanente. Aplicam apenas aspirina
como paliativo, mas não conseguem afastar as causas profundas do mal que consiste no
pecado. Estas só podem ser curadas por meio da certeza do perdão dos pecados pelo
sangue de Jesus. O psiquiatra Ernest White diz que a conversão cristã apresenta
resultados permanentes nas profundezas da personalidade e põe um ser humano à frente
na trilha da santificação. O tratamento psicológico pode obter uma nova disposição da
configuração mental e emocional, mas não introduz uma nova força na vida.(4)
Tanto Darwin, com a sua teoria da evolução que está na base do progresso
humano ilimitado, do homem, como Freud com a sua crença na cura infalível da
psicanálise, têm afastado milhões de pessoas da doutrina bíblica a respeito da pessoa e,
o que é mais lamentável, também tem envenenado certas correntes teológicas, de
maneira que há, em nossos dias, famosos teólogos que negam a realidade do pecado.
Um dos líderes do Conselho Nacional das Igrejas de Cristo, nos Estados Unidos, contou
em uma palestra:
– Recebi meu próprio filho na comunhão do povo de Deus recentemente. Não tive
ânimo de dizer-lhe que ele é um pecador e necessita de arrepender-se para obter a
salvação. Ele não é e nunca foi um pecador.(5)
Apesar de todo o otimismo da psicologia moderna, Carl Jung, um dos grandes
psicanalistas, sucessor de Freud, escreveu: “Todas os antigos pecadores primitivos não
estão varridos, mas acocorados nos cantos escuros de nossos corações modernos...
ainda ali, e ainda tão medonhos quanto sempre foram.”(6)
Disse o poeta alemão Goethe: “A humanidade está sempre avançando e o
homem continua sempre o mesmo.”(7) A pessoa só melhora espiritualmente convertendo-
se do seu pecado e vivendo uma nova vida em Jesus Cristo. Todas as outras teorias a
respeito do progresso moral do ser humano são ficções, produtos da imaginação humana
pecaminosa.

1.4. Agnosticismo.
O agnosticismo é tão velho quanto a humanidade, mas hoje mais pronunciado do
que nunca. Simplesmente declara que a mente humana nada pode saber de Deus e das
realidades espirituais; põe tudo em dúvida e nem se preocupa com estes problemas.
Tenta basear todos os seus conhecimentos sobre fatos positivos e só aceita o que a
ciência comprova.

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Charles Reynolds Brown nos relata uma conversa travada entre Augusto Comte,
filósofo francês, fundador do Positivismo, e Thomas Carlyle, ensaísta escocês. Comte
declarou-lhe sua intenção de dar início a uma nova religião que suplantasse inteiramente
a religião de Cristo. Não deveria ter mistérios, mas deveria ser tão clara como a tabuada
e seu nome deveria ser Positivismo.
Carlyle replicou: “Muito bem! Muito bem!, Sr. Comte, tudo de quanto vai precisar
será falar como jamais um homem falou, viver como nenhum outro homem viveu e ser
crucificado, ressuscitar ao terceiro dia e fazer o mundo crer que ainda está vivo. Neste, a
sua religião terá possibilidade de manter-se.”(8)
Hoje o Positivismo de Augusto Comte marca apenas um ponto morto na história
da filosofia, enquanto a religião de Jesus Cristo continua convertendo milhares por dia
com a mesma vitalidade de 2000 anos atrás. Por isso, não desanimemos ante um
agnóstico. O Evangelho tem o poder de converter também a ele.

1.5. Sincretismo.
O sincretismo faz uma mistura de diversas religiões. Aceita tudo que apetece à
sua mente. Um sincretista acredita ao mesmo tempo em princípios cristãos, espíritas, de
umbanda, macumba, etc. É uma mentalidade religiosa totalmente confusa. Temos
inúmeras delas em nosso país. É preciso muita paciência e completa confiança na ação
do Espírito Santo para fazer do sincrético um cristão.

1.6. Comunismo.
Enfim, o Comunismo, terrível inimigo do Cristianismo, nos é por demais conhecido.
Não devemos ter ilusões a respeito de uma convivência pacífica entre Comunismo e
Cristianismo. O Comunismo não é apenas uma teoria econômica e social, mas uma
filosofia totalizante que exige da pessoa uma entrega total de corpo e alma. O
Comunismo foi assinalado como um dos maiores inimigos da evangelização, no
Congresso Mundial de Evangelismo de Berlim, em 1966, onde uma líder religiosa chinesa
e anteriormente uma delegada da Coréia do Sul às Nações Unidas, Dra. Helen Kim,
declarou que, segundo informações, hoje não existe mais nenhuma Igreja sobrevivente na
Coréia do Norte. Disse que, nos anos de 1959 e 1960, o partido comunista da Coréia do
Norte liquidou aproximadamente 3 milhões de pessoas, incluindo-se nesse número todos
os cristãos do país. No mesmo Congresso, o Sr. Andres Ben Loo Taipei informou que
pelo menos 5 milhões de pessoas foram eliminadas na China, inclusive muitos cristãos.
“O Comunismo vê no Cristianismo seu maior inimigo”, declarou Loo. Os verdadeiros
crentes na China Continental praticamente desapareceram.
O mundo ocidental, materialista, já sem princípios e convicções espirituais, tornar-
se-a fácil presa dos comunistas, se não contar mais com o genuíno sal do Cristianismo.
Os cristãos autênticos são o obstáculo mais sério ao Comunismo. Os cristãos têm uma
firmeza interior que os comunistas não compreendem e resistem muito bem a seus
ataques. Isso comprova a Alemanha Oriental, onde ainda existe uma profunda
consciência religiosa, apesar de mais de 30 anos de ocupação. Também na África, o
Comunismo não progrediu onde houve missões zelosas. Muitos habitantes de aldeias
africanas estão ressentidos com a religião pagã de seus antepassados, culpada de todo o
atraso em que ainda vivem. Aqueles que não têm conhecimento do Cristianismo passam
avidamente para o Comunismo que lhes promete o paraíso na terra. Mas lá onde as
missões têm trabalhado com zelo, ajustando-se às necessidades do povo, o Comunismo
tem avançado vagarosamente. Muitos africanos convertidos afirmaram com franqueza
que, se tivessem só as duas alternativas de escolher entre a religião de seus pais e o
Comunismo, escolheriam este último. Mas como chegaram a conhecer Cristo nas
missões cristãs, estão agora a seu lado contra o Comunismo.

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Uma africana influente de Sarawak disse: “Cheguei a conhecer o Cristianismo e o


Comunismo ao mesmo tempo. Primeiro gostava mais do Comunismo, porque pensei que
seria mais fácil passar sem religião do que com ela. Mas então ouvi que os comunistas
matavam todos que estavam em seu caminho e eu estava convencida de que não
necessitávamos mais de assassinatos. Já tivemos demais deles. Assim preferi o
Cristianismo e, por isso, sou muito grata.”
Também na Índia o Comunismo não terá chance por causa das missões cristãs.
Quando o Comunismo tomou conta da China, muitos missionários escaparam para a
Índia. Pensavam que o Comunismo iria também tomar conta daquele país dentro de
poucos meses ou semanas, mas não sabiam ainda como as missões cristãs haviam
influenciado favoravelmente seu pensamento religioso, ideais sociais e prática política.
Apenas 12 milhões de cristãos espalhados através de toda a Índia e que fizeram
fermentar todo o país com o Evangelho, ofereceram uma barreira intransponível ao
avanço do Comunismo.
Um jovem siquista, professor, foi convertido e agora também sente que a melhor
proteção contra o ateísmo e o Comunismo é a pregação e a prática do Evangelho de
Jesus Cristo. Afirma que a Igreja Cristã tem a resposta ao Comunismo porque tem a
resposta para o pecado e a necessidade humana. (10)
A filha do ex-ditador da Rússia, Joseph Stalin, ora residente nos Estados Unidos,
escreveu no seu livro de memórias: “Minha mãe suicidou-se. Meus tios foram fuzilados.
Minhas tias desterradas. Meus avós se afastaram do Kremlin, onde eu morava. De
minha família sobraram poucos. E por mais que tenha me educado no materialismo, eu
hoje me sinto feliz por acreditar em Deus”.
Vemos, pois, que tremenda importância tem a obra da evangelização. É a única
obra que poderá salvar também a nós do Comunismo. Aqueles que não têm princípios
espirituais em jogo, já se entregaram tacitamente ao Comunismo. Disse o famoso filósofo
materialista inglês, Russel: “Better red than dead” – “Melhor vermelho, isto é, comunista,
que morto.” É lamentável o fato de que essa também é a opinião de muitos bons cristãos
não suficientemente esclarecidos sobre os perigos do Comunismo. Quando jovem pastor,
um bom membro de uma de nossas congregações cristãs costumava discutir conosco
sobre as vantagens do Comunismo. Nós procuramos alertá-lo sobre os perigos,
principalmente sobre sua hostilidade contra a Igreja. Ele procurava contra-argumentar
alegando que na própria Rússia e em outros países comunistas as Igrejas continuam
trabalhando. É verdade, o trabalho das Igrejas continua, mas muito controlado e limitado.
Na Rússia, todas as Igrejas evangélicas tinham que se unir com a batista, que era a mais
forte. Em Moçambique, todas as Igrejas evangélicas eram pressionadas a se unir numa
única Igreja de Cristo. Mal Samora Machell, o primeiro presidente de Moçambique
independente, assumiu o poder, proibiu o Batismo infantil, prendeu missionários e fechou
ou controlou livrarias evangélicas. Não nos iludamos com o trabalho aparente das Igrejas
nos países comunistas. Pouco sabemos como trabalham e muito menos ainda até
quando.
Para nós, cristãos, importa exatamente o contrário do dito de Russel: “Better
dead, than red” – “Melhor morto que vermelho.”•

2. OBSTÁCULOS INTERNOS.

Denominamos obstáculos internos os empecilhos que se opõem à ação


evangelística dentro da Igreja. Vamos alinhar os principais:

2.1. Indiferença, frieza, falta de amor e zelo.

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A antiqüíssima resposta de Caim: “Sou eu guardador de meu irmão” é tão comum


ainda hoje dentro de nossas congregações. “Não me incomodem!” “Eu cá não me
importo se meu vizinho não vai à igreja. Isso é problema dele.” Quantas observações
semelhantes se ouvem com freqüência da boca de inúmeros cristãos.
Isso nos lembra a história do paralítico de Betesta em São João, cap. 5. Quando
Jesus lhe perguntou: “Queres ser curado?” respondeu: “Senhor, não tenho ninguém que
me ponha no tanque, quando a água é agitada.” Quantos casos semelhantes ainda
acontecem hoje em nossas congregações cristãs. É melhor uma Igreja pequena com
cristãos fervorosos que uma Igreja grande com tantos cristãos indiferentes. Gideão, com
300 soldados resolutos, obteve uma espetacular vitória sobre os amalequitas que não
teria conseguido com os primitivos 30 mil dos quais 29.700 eram medrosos e indiferentes.
Josué não conseguiu tomar a cidade de Ai porque houve um ladrão em seu meio.
Cristãos indiferentes prejudicam a ação coletiva da Igreja e a tornam sem forma.

2.2. Mundanismo.
“Por que eu deveria entrar na Igreja de meu marido?”, perguntou uma senhora.
“Ele divorciou-se tantas vezes como eu, dança onde eu danço, bebe até mais do que eu e
não pragueja nem mente menos que eu.” Muitas vezes, ao invés de a Igreja penetrar no
mundo para transformá-lo, o mundo penetra na Igreja e a transforma. O sal dos cristãos,
muitas vezes, deixa de ser eficiente, e a sua luz se apaga. No afã de ganhar novos
membros, algumas congregações cristãs baixaram de tal forma os requisitos de filiação
que ficaram abaixo de alguns clubes que os mantêm mais elevados. O Dr. Sweazy,
antigo secretário executivo das Missões Presbiterianas nos Estados Unidos, perguntou
certa vez numa conferência a estudantes ministeriais: “Por que cada um deve negar-se a
si mesmo para permanecer firme com vocês, se vocês não têm nada em que se
firmar?”(11)

2.3. Preconceitos sociais ou raciais.


Há Igrejas que nada fazem para conquistar gente pobre ou pessoas de cor,
porque há tantos membros nela que não querem baixar de nível. Ora, conquistar esta
gente não é baixar de nível, mas elevá-los ao nível em que nós estamos. O apóstolo
Paulo fundava congregações em que estavam congregados cristãos judeus e cristãos
gentios de muitas raças e dos mais diversos níveis sociais. Estas congregações foram as
mais ativas e evangelistas. O mesmo ainda se dá hoje. Somente a congregação que
consegue vencer essas barreiras poderá se tornar essencialmente evangelística. Quanto
precisamos lutar, em nosso país, contra esses preconceitos em que a classe pobre é
muito mais numerosa que as classes média e rica, e onde existem tantas pessoas de cor.
Se não evangelizarmos este povo com todo o carinho e amor, serão presas fáceis do
Comunismo. Conta Pearl Buck, em seu livro Minha Vida, que um dos maiores erros
cometidos pelos missionários da China foi quererem conquistar apenas as classes médias
e intelectuais e terem negligenciado a evangelização das classes pobres. Seu próprio
pai, que era missionário, cometia esse erro e esforçava-se inutilmente na conquista de
intelectuais, esquecendo-se das pessoas simples das lavouras. Quando o Comunismo
entrou na China e fez a esse povo as suas mirabolantes promessas, essa gente que só
conhecia as misérias da vida, o recebeu de braços abertos. Devemos guardar-nos de
não repetir o mesmo erro em nosso país.(12)
O preconceito racial é outro enorme obstáculo que tem prejudicado muito as
congregações em nosso país. Há muitos que, em teoria, proclamam não alimentar
preconceitos raciais, mas que, na prática, muitas vezes inconscientemente, os alimentam.
Somos ainda por demais vítimas das falsas teorias racistas do século passado que
proclamavam a superioridade da raça branca. Não existe raça superior e inferior. Há

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indivíduos superiores e inferiores em qualquer raça. E, se certas raças ainda possuem


um nível inferior de vida que outras privilegiadas, isso se deve a outros fatores – sociais,
econômicos e educacionais. Proporcionemos a essas pessoas um nível melhor de vida
com Jesus Cristo em seu coração e, a partir dos resultados positivos, vamos formar outra
opinião a respeito delas.
Citemos apenas um caso real que nos mostra como o preconceito racial na Igreja
pode gerar graves conseqüências. Mahatma Gandhi, um dos maiores primeiros-ministros
da Índia em nosso século, falava freqüente e abertamente que estava perto de fazer
confissão pública da fé cristã e requisição do Batismo, quando ainda praticava a
advocacia na África do Sul. Foi a uma igreja onde um renomado ministro estava
pregando. Chegando atrasado, depois de os recepcionistas já terem deixado a porta,
entrou calmamente e sentou-se. Logo veio um recepcionista e lhe falou polidamente:
– Peço perdão, mas homens de cor não estão convidados a participar do culto
aqui.
Gandhi respondeu:
– Bem, isso não importa. Vim sem convite. Não perturbemos o culto.
O recepcionista, no entanto, insistiu:
– Mas o senhor não compreende? Eu tenho de pedir-lhe que abandone o recinto.
– Isso não seria conveniente. Não posso sair, enquanto o culto está em função –
disse Gandhi.
O recepcionista cedeu, mas logo voltou com o chefe dos recepcionistas, que
disse:
– O senhor compreende, homens de cor não são convidados para estes cultos.
– Compreendo perfeitamente – respondeu Gandhi.
– Mas o senhor não está abandonando o recinto – continuou o recepcionista.
– Não, não posso fazê-lo agora. Mas quando o culto estiver acabado, irei e
prometo nunca mais voltar.•
Gandhi mais tarde tornou-se o primeiro-ministro da Índia e um de seus maiores
líderes de todos os tempos. Embora não tenha se tornado cristão, toda a sua
administração e legislação ficaram marcadas profundamente pela influência de princípios
cristãos. Mas que grandes coisas não poderia ter feito pela evangelização da Índia como
cristão professo! Aquela congregação racista da África do Sul prejudicou, assim, não
apenas um homem, mas indiretamente milhões de hindus por causa de seus preconceitos
raciais.

2.4. Uma falsa dignidade.


Há muitos cristãos que se envergonham de falar de Cristo aos semelhantes
porque isso afetaria a sua dignidade. Têm medo de ofender também a dignidade do
próximo. Ora, é recomendável que cada um tenha e mantenha a sua dignidade, mas se
essa dignidade é um obstáculo para salvar almas, então já não se chama mais dignidade,
mas, sim, orgulho. Quem será mais digno que Jesus ou o apóstolo Paulo que
consumiram as suas vidas na evangelização?

2.5. Divisões internas.


A história da Igreja está repleta de divisões internas nas igrejas e congregações.
Em muitas igrejas, o espírito de trabalho não está baseado na cooperação, mas na
competição. Um se julga mais importante que o outro e deseja realizar uma obra melhor
e “pôr no chinelo” o seu competidor. Esse espírito gera a desconfiança, a inveja e a
desunião. É na Igreja que o diabo fomenta com muito mais insistência as discórdias,
porque quer vê-la destruída. O espírito de trabalho de qualquer Igreja deve ser de

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cooperação. Cada um, ciente de suas falhas, deve oferecer com humildade os seus dons
e, com eles, contribuir para um trabalho conjunto de equipe, eficiente e harmonioso.

2.6. Insistência em coisas secundárias.


Há igrejas que insistem demais na prática de rituais secundários em detrimento
dos primários. Um grande peso de tradições impostas à Igreja pode asfixiar o verdadeiro
espírito evangelístico. Muitas congregações insistem em que só certos tipos de hinos
poderão ser cantados, que em todos os cultos se deve seguir estritamente determinada
liturgia, que deve haver apenas um determinado sistema de contribuições, que nenhum
leigo pode pronunciar uma oração livre ou auxiliar o pastor no doutrinamento, etc. Insistir
nesses pormenores e convertê-los em assuntos de primeira importância é confundir o
conteúdo com a forma. O conteúdo, que é a Palavra de Deus, pode ser apresentado em
formas as mais diversas e estas sempre devem corresponder ao nível intelectual e social
do povo. Já entre os primeiros cristãos, houve aqueles que queriam judaizar os gentios,
isto é, impor-lhes todos os costumes e tradições dos judeus. No concílio de Jerusalém,
relatado em At 15, os apóstolos decidiram não proceder assim, bastava pregar o
Evangelho aos gentios e estes se converterem. Também os reformadores insistiram em
que os adiáforos (elementos secundários na Igreja que Deus não ordenou nem proibiu)
deviam ser livres e não impostos a ninguém. A Apologia da Confissão de Augsburgo diz
o seguinte a respeito:
“Para a verdadeira unidade da Igreja, basta a unidade no ensino do Evangelho e
na administração dos sacramentos. Não é necessário que tradições humanas ou ritos e
cerimônias sejam uniformes em toda a parte.”(13)
A Fórmula de Concórdia diz assim:
“Nós cremos, ensinamos e confessamos unânimes que as cerimônias em uso nas
igrejas, não ordenadas nem proibidas pela palavra de Deus... são em si e por si mesmas
não culto divino nem mesmo a parte dele... que a comunidade de Deus em toda a
localidade e qualquer época tem autoridade de alterar tais cerimônias de acordo com as
circunstâncias de modo que seja mais proveitoso e edificante à congregação de Deus...
que nenhuma igreja condene alguma outra por ter menos cerimônias externas não
ordenadas por Deus. Basta haver mútua concordância na doutrina e em todos os seus
artigos, bem como no uso correto dos santos sacramentos.”(14)
Faz alguns anos, o Lutheran Witness, órgão oficial da Lutheran Church – Missouri
Synod (Igreja Luterana – Sínodo de Missouri) nos Estados Unidos, fez uma pesquisa
entre seus membros naquele país sobre os hinos mais apreciados. “Castelo Forte é o
nosso Deus” foi o único coral europeu entre os primeiros dez classificados.(15) Insistir,
portanto, só no uso de corais em nossas congregações, principalmente nas de cunho
latino-americano e não procurar conhecer suas preferências, é substituir o conteúdo pela
forma que pode e deve ser alterada para o bem geral. É claro que o outro extremo
também seria prejudicial, o preconceito contra os corais e o cultivo exclusivo de músicas
mais “leves”. Deve haver uma dosagem, feita pelo bom senso, sempre partindo das
necessidades do ambiente, que deve ser educado musicalmente. Muitas vezes, os corais
não são apreciados porque são mal-cantados e o nosso povo não é conscientizado sobre
o imperecível valor que eles representam. Eu, pessoalmente, senti certa vez o grande
efeito dessa conscientização quando assisti a uma palestra de um professor da
Universidade de São Paulo, presbiteriano, sobre a herança musical da Igreja Luterana.
Quando, depois da conferência, lhe perguntamos se o brasileiro de cunho latino apreciaria
um tal tipo de música, ele respondeu: “Sem dúvida, é tudo apenas uma questão de
educação.” Notemos bem, é uma questão de educação; por isso, calma e cuidado com
os extremos. Cultivemos os dois tipos. Apreciemos a música mais leve de sua

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preferência e eles começarão também a apreciar a mais compacta e a integração da


congregação no terreno musical estará sendo feita.
Muitas congregações já se prejudicaram e perderam membros por causa de uma
inflexível insistência sobre outros tipos de adiáforo como o uso de padrinhos, exigências
de taxas fixas, um determinado sistema de levantar coletas e outros mitos e usos não-
ordenados por Deus.

2.7. Esnobismo teológico.


Esnobismo é um estado de espírito ou uma atitude afetada de admirar alguma
coisa que está em voga, de aplaudir exageradamente personalidades que estão na crista
da fama, julgando os méritos pelas aparências, e de desprezar tudo que é antigo e fora de
moda. Desde o século dezenove, formou-se na Teologia uma corrente chamada a alta
crítica que atacou violentamente a autenticidade e integridade da maioria dos livros da
Bíblia e que procurou minar toda a teologia tradicional. No século vinte, então, com o
advento da Teologia Moderna, a situação ainda piorou. Procurou-se adaptar a teologia ao
espírito da época, negaram-se a verdade e a moral absolutas. Derrubaram-se os antigos
dogmas tradicionais, os quais se substituíram por situações existencialistas. Fala-se da
nova moral que é relativa e depende de cada configuração social. Um grande teólogo
não é mais considerado aquele que está firmemente baseado sobre a Escritura, a qual
interpreta pelo poder do Espírito Santo, mas aquele que é bem-versado na ciência
teológica de nosso tempo. Quem não conhece a fundo certos teólogos modernos do
século vinte, para eles não é teólogo. Preocupam-se mais com a aquisição de títulos que
com o crescimento no poder do Espírito Santo. Assim acontece que infelizmente esses
grandes senhores, com uma tremenda bagagem teológica, não têm capacidade de salvar
uma alma da perdição. Porque esta arte é um milagre do Espírito Santo e só consegue
aquele que confia humildemente neste poder. Alguns teólogos chegaram ao extremo de
declarar a morte de Deus. Sim, para eles, Deus de fato está morto porque jamais
experimentaram o seu poder nem o presenciaram na vida do próximo. São fósseis
acadêmicos, vergados ao peso inútil de ciência morta. São pessoas que, conforme as
palavras do apóstolo Paulo, aprendem sempre e jamais podem chegar ao conhecimento
da verdade. (2 Tm 3.7)
A este esnobismo teológico alia-se um falso espírito ecumênico. Como para eles
já não existe mais verdade absoluta, e cada um pode interpretar a Escritura como bem
entende, não vêem mais barreiras a favor de uma união de todas as igrejas. Como se a
força dependesse do grande número. Mas é justamente neste ponto que eles estão
enganados. Jamais a força da Igreja consistiu no grande número, mas na pregação do
Evangelho inalterado de Jesus Cristo. Somente uma união sobre esta base poderá
favorecer a Igreja. União sem união na doutrina é uma ilusão e conduz ao fracasso. Não
há duvida que na Igreja há certas coisas que devem ser mudadas e adaptadas ao tempo
moderno. Mas são acidentes, adiáforo, como métodos de trabalho, ritos, cerimônias, mas
o essencial, a Palavra de Deus, deve permanecer inalterável. Na Igreja de hoje, devemos
ter a coragem de mudar o que pode ser mudado; devemos ter a firmeza inabalável de
conservar o que deve ser conservado e devemos pedir de Deus a necessária sabedoria
de distinguir entre as duas coisas. É necessário que tenhamos pessoas muito bem
preparadas em Teologia, que também conheçam a fundo a Teologia Moderna. Para
salvar almas, porém, basta o conhecimento da Escritura e o apoio do Espírito Santo.
Todo teólogo autêntico é, ao mesmo tempo, um pescador de almas.
Com algum desdém e desprezo, uma senhora disse a um pastor, a quem estivera
ouvindo:
– O senhor não está dentro do espírito da época.
O pastor respondeu:

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– Tem toda a razão, não estou dentro do espírito da época. Mas tenho dentro de
mim o Espírito Santo desta época.(16)
Seja o nosso anseio supremo possuir dentro de nós o Espírito Santo de todas as
épocas, e ele nos guiará a toda a verdade também neste nosso tão confuso e conturbado
século.

2.8. Trabalho missionário muito vagaroso das igrejas.


Alguém, para ilustrar ao vivo a lentidão do trabalho missionário das igrejas, contou
a seguinte estória:
Passeando pelas matas do Tennessee, um homem ouviu o grito de uma criança.
Quando chegou perto, descobriu que ela havia caído num poço seco profundo.
Condoendo-se com a situação, mas não tendo dinheiro nem uma corda, pôs-se a coletar
dinheiro a fim de comprar a corda. Foi de casa em casa para expor a situação, sempre
terminando com a súplica: “Quanto você quer contribuir para salvar a criança do poço?”
Um casal idoso respondeu: “Mas isso é terrível. Nós tivemos que trabalhar duro
durante toda a nossa vida. Devido à inflação, nada pudemos economizar.” Enfim, deram-
lhe uma moeda e o deixaram ir.
Um casal de meia-idade replicou: “Mas que horror! Estamos, porém, justamente
na idade em que a vida exige os maiores gastos de nós. As crianças na escola custam
dinheiro. Ademais, se quisermos fazer alguma economia em nossa vida, temos de
comprar agora.” Despediram-no de mãos vazias.
Um casal jovem retrucou: “Que tragédia! Mas construímos uma casa nova,
compramos um automóvel, um rádio, uma televisão. Além disso, temos que pagar as
prestações da geladeira, das cortinas, dos tapetes.” Enfim, deram-lhe uma moeda e o
despacharam.
Um jovem respondeu: “Sinto muito, mas gastei todo o meu dinheiro num passeio.”
Com o tempo, o homem coletara o dinheiro suficiente para comprar a corda. Mas,
chegando ao poço, encontrou a criança morta.(17)
É uma ilustração que demonstra tão bem o que acontece freqüentemente na
Igreja. A obra da missão é prejudicada pela falta da ação e contribuição dos membros.
Quando finalmente os meios estão coletados, muitas almas a serem salvas já partiram
deste mundo.
Há duzentos anos, os protestantes estavam completamente indiferentes e
desobedientes em relação à ordem missionária de Jesus. Mesmo há cem anos, a maioria
das igrejas protestantes não fazia nada pela missão fora de seus países. Embora
proclamando sua fé na divindade de Cristo e nas Escrituras, ignoravam suas obrigações
missionárias tão completamente como hoje muitos cristãos ignoram as implicações raciais
do Evangelho. Quando os cristãos da Inglaterra se preocuparam pela primeira vez com
suas obrigações missionárias, tiveram a maior dificuldade de encontrar jovens
qualificados em seu país, na Escócia, Irlanda e Gales, que estivessem decididos a aceitar
chamados missionários para terras distantes. Tinham de recorrer, então, a jovens da
Alemanha. Quando um jovem inglês pediu o envio de missionários à Ásia, um pastor
mais idoso o reprovou com as clássicas palavras: “Senta-te, jovem. Quando Deus
desejar salvar os gentios, ele o fará sem a tua e a minha ajuda.”(18)
Infelizmente, ainda hoje, a falta de espírito evangelístico de pastores e leigos
responsáveis pela Igreja é uma das causas da lentidão do trabalho missionário.
Outra causa consiste no fato de que muitos dirigentes de igrejas e pastores de
congregações não se servem dos leigos para ajudá-los na missão, mas querem fazer
tudo sozinhos. Do outro lado, muitos leigos têm uma falsa noção do trabalho do pastor.
Acham que o pastor quer fazer a sua vida mais fácil, quando pede a sua ajuda. Eles o

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estão pagando para fazer o trabalho por eles. E a conseqüência é que se perdem muitos
prospectos missionários, porque o pastor não pode fazer tudo sozinho.
Numa região da Índia, onde se iniciara uma missão cristã, diversas centenas de
pessoas de uma casta desprivilegiada confessaram sua fé em Cristo, foram instruídos e
batizados. Então milhares da mesma classe social pediram instrução cristã para serem
batizados e aceitos na Igreja. Mas não se encontravam pregadores formados que
estivessem em condições de atendê-los e que conhecessem a sua língua.
Alguns pastores foram importados de outra área distante. Não tinham prática de
trabalhar com gente pobre e da zona rural. Reclamaram cautela e advertiram contra a
ação rápida. O missionário procurou aconselhar-se, mas não encontrou ninguém que já
tivesse trabalhado em situação semelhante. Trabalhava, por isso, devagar e procurava
consolidar a posição. Mas contrariamente às suas expectativas, verificou que milhares de
pessoas, tendo pedido em vão instrução religiosa e orientação espiritual, muito cedo
perderam o interesse e julgaram-se enganados pela Igreja. Alguns se tornaram hostis e
começaram a fazer oposição à missão. Não apenas isso, mas as poucas centenas, às
quais os missionários dedicaram a sua atenção, perderam muito do seu fervor. Anos
mais tarde, o missionário declarou: “Se pudesse ter nova oportunidade, não hesitaria
como naquela vez. Confiaria em Deus e, fervoroso, procuraria milhares. Nós teríamos
agora uma Igreja de dezenas de milhares, se eu não tivesse tido medo. Estou certo de
que seriam melhores cristãos do que as centenas às quais restringimos o Evangelho por
causa de nossa timidez e falta de fé.”(19)
Se aquele missionário não tivesse tido medo do crescimento rápido e tivesse se
servido dos já convertidos e instruídos como seus auxiliares, que novo pentecostes
poderia ter realizado em pleno século vinte. Quantos pastores ainda hoje existem que
não têm confiança no trabalho dos leigos, nem acreditam que ainda hoje possa haver
conversões em massa como no primeiro Pentecostes. Dizem que Igreja hoje só é capaz
de fazer uma respiga, porque todas as colheitas já foram feitas. Mas a Palavra de Deus
os desmente, porque Deus não restringiu as suas promessas de bênçãos evangelísticas a
épocas determinadas. Também os fatos os desmentem. Numa campanha evangelística
feita anos atrás em Nova Iorque, 50 mil se converteram. Diversas dezenas de milhares
foram os prospectos evangelísticos colhidos em duas campanhas missionários no Rio de
Janeiro. Numa cidade como Londrina, foram conquistadas mais de 400 pessoas numa
campanha evangelística. Na Coréia do Sul, uma campanha evangelística reuniu mais de
um milhão de participantes. O que falta, em resumo, para uma ação mais rápida da
evangelização na Igreja é uma fé firme e inabalável nas promessas de Deus, confiança na
ação do Espírito Santo, ausência de medo de um crescimento mais rápido, promoção dos
leigos no trabalho, organização eficiente com uma estratégia correspondente. Sobre este
último ponto ainda resta dizer algumas palavras. Por que, por exemplo, Billy Graham
consegue resultados surpreendentes em suas campanhas evangelísticas? Há maiores
pregadores do que ele. Pode haver outros com mais rica medida do Espírito Santo. Mas
um dos fatores positivos de suas campanhas é a organização planejada nos seus
mínimos detalhes. Todos os prospectos são cuidadosamente fichados e, depois das
campanhas, visitados e revisitados por evangelistas treinados, até que sejam instruídos e
entrem numa Igreja evangélica. Suas campanhas não consistem, portanto, num simples
reavivamento em que o fogo é soprado pelo vento do entusiasmo e depois logo se apaga,
mas consistem naquilo que os americanos chamam de follow up, uma continuidade até o
fim até que os prospectos das campanhas sejam devidamente instruídos e aceitos numa
congregação cristã. Como já dissemos na introdução, é preciso haver em cada
congregação uma organização evangelística e a aplicação dos métodos adequados para
a conquista dos inconversos da localidade. A falta dessas condições é uma das causas
do progresso vagaroso da obra evangelística da Igreja.

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Certo hindu disse: “Sou um chamar (curtidor). Há milhões de nossa espécie.


Fomos muito maltratados no Hinduísmo, mortos, desprezados. Somos ignorantes, cruéis
e sujos. Vivemos em cabanas. Mas devemos mudar. Nossos filhos devem ter outra
maneira de viver. Vocês, cristãos, tem o que precisamos, a verdadeira religião. Agora já
está dando certo para alguns de nosso povo. Aqueles que aceitaram o Cristianismo têm
provado que chamares podem ser tão bons e gentis como outra gente, mas vocês são
muito vagarosos. Não podemos esperar. De acordo com o programa de vocês, levará
gerações até que todo o nosso povo seja socorrido. Deveremos encontrar um caminho
mais rápido.”(20)
A mesma situação aplica-se também a nós. Temos milhões em nosso país,
especialmente dos menos afortunados, ansiando por uma vida melhor. E nós temos tudo
para levar-lhes uma vida nova. Só que somos muito vagarosos. Temos de encontrar um
caminho mais rápido.

2.9. Apresentação negativa da mensagem do Cristianismo.


Waskem Picbett conta em seu livro The Dynamics of Church Growth de uma
tentativa fracassada de evangelização, quando pregou a um grupo de hindus
interessados a mensagem do Cristianismo apenas em termos negativos. Um grupo de
hindus oprimidos pediu-lhe que visitasse a sua aldeia e lhes pregasse sobre Cristo. Foi e
falou-lhes por mais de uma hora em termos inteiramente negativos. Disse que os
discípulos de Jesus não devem servir aos ídolos, não devem tomar bebidas alcoólicas,
não devem jogar, não devem comer carne de animais que morreram de velhice ou
doença. A pregação se referiu a práticas nocivas de seus ouvintes. Deu bons conselhos,
mas não pregou o Evangelho.
Terminado o sermão, um religioso profissional hindu se levantou, pediu permissão
para falar e disse: “Se esse missionário falou corretamente, a religião cristã é melhor que
pensei. Ele disse: ‘não tome bebida alcoólica’. Em Calcutá, vi muitos europeus que a
tomavam todos os dias. Assim pensei que todos os cristãos bebiam regularmente. Ele
disse: ‘não jogue’. Em Calcutá, os cristãos têm uma pista de corridas e jogam em cada
corrida. Ele disse: ‘não coma carne de animais mortos por velhice ou doença’. Qual
dessas coisas eu lhes ensinei a fazer? Eu sei que servem a ídolos. Nunca proibi a
idolatria, mas nunca lhes mandei praticá-la. Eu alguma vez lhes ordenei tomar bebidas
alcoólicas ou jogar ou comer carne desses animais? Não, eu fui mais longe do que ele.
Se vocês devem comer carne, é melhor fazê-lo sem ter que matar. Será que ele prefere
que vocês matem as criaturas de Deus para conseguir alimento? Eu lhes disse para não
comer carne nenhuma. Eu lhes disse que não comam tomates nem beterrabas porque
são vermelhos como sangue. Eu lhes disse que não comam berinjelas porque se
parecem com ovos.”(21)
O autor cometera um disparate. Falhou completamente por não apresentar Cristo
e seu Evangelho àquele povo necessitado. Como devem ter ficado desapontados. Que
tristeza no céu por uma oportunidade perdida. Dois anos e dois meses mais tarde, depois
de muitas visitas e muito trabalho por outros evangelistas, ele teve o privilégio de batizar
quase todo esse grupo e recebê-lo na Igreja. Aprendera que os cristãos não devem
reduzir a sua mensagem a um grupo de negativas. A Igreja de Cristo não pode competir
com o Hinduismo, ou Budismo ou outra religião pagã com negações e proibições, mas
nenhuma religião feita pelo ser humano pode competir com o Evangelho de Cristo na
riqueza, poder e glória de suas afirmações a respeito da graça de Deus, do ser humano e
da vida.
Infelizmente, esse espírito nomístico ou legalista ainda está por demais em voga
também em nosso meio. Nos sermões em que sempre devia predominar o Evangelho,
muitas vezes predomina a Lei. Nas visitas evangelísticas, a conversa deriva com demais

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facilidade para um aspecto negativo e nos envolvemos em discussões no propósito de


derrotar o próximo em vez de apresentar-lhe Jesus e dizer-lhe a verdade em todo o amor.
Como somos tentados a esmagar impiedosamente as fraquezas do próximo nas
admoestações fraternais. Nesse espírito, ofendemos tantas vezes sem que disso nos
apercebamos. Esperamos ver uma pessoa visitada no próximo domingo no culto, mas
ela não aparece. E qual foi a causa? Uma ação por demais negativa em nossa visita.

2.10. Instrução superficial e aceitação precipitada de pessoas ainda não-


convertidas.
Francisco Xavier, no século quinze, famoso membro da Sociedade de Jesus
(jesuítas), viajou e visitou mais países para evangelizar que todos antes dele. Foi até o
Japão. Costumava pregar às multidões e depois as aspergia com água benta. Pensava
ter conquistado, assim, todos para a Igreja. Mas depois de ir adiante, sua evangelização
esfumava. Muito pouco fruto espiritual permaneceu.
Quando Hudson Taylor foi à China, as multidões foram ouvi-lo, mas no fim do ano
houve poucos ganhos em comparação com os poderosos sermões que proferia.
Estabeleceu então uma pequena igreja numa cabana e começou a instruir uns poucos
convertidos para que, através de elementos chineses e cristãos bem instruídos, pudesse
alcançar as massas. Teve, então, resultados maiores e mais permanentes. Aprendera a
técnica de Jesus.(22)
Quantas pessoas ainda hoje são recebidas nas igrejas sem lhes terem
administrado a instrução conveniente, muitas delas sem terem sido convertidas. Muitos
pastores estão mais preocupados com a quantidade do que com a qualidade. Querem
impressionar com as estatísticas. Também as instruções de confirmandos são dadas
muitas vezes com tanta superficialidade ou insuficiência, que nem se verifica se todos os
confirmandos realmente aceitaram Jesus como seu Salvador. O essencial em toda a
instrução religiosa e a condição sine qua non como membro é a conversão. Todos os
não-convertidos que se tornam membros da Igreja são um peso morto, contaminam os
outros e tornam-se um dos mais sérios obstáculos para a evangelização.
Certo missionário na África ensinava a um grupo de jovens na classe bíblica,
preparando-os para o Batismo. Concluído o curso, o missionário chegou à conclusão de
que um dos rapazes ainda não estava em condições de ser recebido. Não estava
convertido. Como o rapaz insistisse, o missionário mandou-o trazer uma garrafa.
Quando lhe trouxe a garrafa, ordenou-lhe:
– Encha-a de lodo da valeta, na frente da casa.
Não demorou, o rapaz voltou com a garrafa cheia de lama. Para o seu espanto, o
missionário deu-lhe nova ordem:
– Beba.
– Que horror! Nunca poderei...
Então o missionário entregou ao rapaz tinta branca e um pincel, mandando-lhe
que pintasse a garrafa toda de branco. O rapaz trouxe-lhe a garrafa toda branquinha de
modo que a lama preta não mais transparecia.
Agora o missionário o surpreendeu com nova ordem:
– Beba agora da garrafa branca.
– Mas, seu missionário, o conteúdo continua o mesmo...
– Caro João – assim se chamava o rapaz – assim acontece com você. Pela
influência cristã, a sua vida tomou outra forma por fora, tudo parece bem, aprendeu o que
deveria saber. Mas, no seu íntimo, nada se modificou. É necessária a transformação de
seu coração, é preciso que você se torne uma nova criatura como Jesus ensinou a
Nicodemos em Jo 3.3: “Se alguém não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.”(23)

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Muitas vezes, é dificílimo constatar a conversão de alguém. Podemos ser


enganados. Então, em caso de dúvida, é melhor ir pelo lado evangélico do que pelo da
Lei. Mas é preciso desenvolver cada vez mais a nossa capacidade de discernimento.
Por meio da Lei e da oração, cada vez chegaremos a conhecer melhor as pessoas e
também o seu íntimo. Se esse espírito reger a nossa conduta, jamais vamos administrar
uma instrução superficial e dificilmente vamos receber na Igreja pessoas ainda não-
convertidas.

2.11. Falta de amparo e interesse pelos novos convertidos que acabaram de ser
recebidos na congregação.
Um pastor ficou alegre quando conseguiu para sua Igreja o empreiteiro que estava
reformando a sua casa. No começo, assistia regularmente aos cultos, e o pastor pensou
que havia conseguido uma grande vitória. Mas enganou-se. O homem desapareceu.
Certo dia, reapareceu e contou a seguinte história:
“Quando saí da marinha, bebia tanto que arruinava minha casa e meu emprego.
Logo que o senhor me falou a respeito da Igreja, pensei que era do que precisava. Mas
não me fez nenhum bem. O senhor teria se surpreendido se tivesse me visto umas horas
antes de ter vindo à igreja. Abandonei a Igreja e ingressei num clube chamado Alcoólicos
Anônimos. Na primeira noite em que estive lá, um dos homens me perguntou: ‘Onde o
senhor vai almoçar amanhã? Podemos almoçar juntos?’ E uma das mulheres disse:
‘Por que o senhor e sua esposa não vêm jantar conosco numa dessas noites?’ Eles
realmente se interessaram por mim e não tomei um trago durante meses.”(24)
Este clube foi bem-sucedido onde a Igreja falhou. Pôs seus braços em torno deste
homem e não o deixou sair. A Igreja também deve proceder assim. Deve demonstrar um
interesse permanente e real por cada novo membro que entra na Igreja. Num dos
capítulos deste manual, daremos algumas sugestões a respeito. Por enquanto, tomemos
nota deste conselho de alguém: “Mantenham sempre aberta a porta da frente de sua
igreja, mas fechem a porta dos fundos. Convidem todos a entrar, mas não os deixem sair
novamente.”

2.12. Falta de consagração.


Podíamos resumir todos os obstáculos ao evangelismo neste breve tópico: falta
de consagração. Consagração quer dizer entrega total de corpo e alma a Jesus. E
como é difícil esta arte e como nos faltam cristãos consagrados. Se todos os cristãos na
Igreja fossem consagrados, não haveria obstáculo interno nenhum, não haveria falta de
amor e zelo, não haveria preconceitos, não haveria esnobismo, não haveria espírito
legalista, etc. O amor a Cristo teria espírito inventivo e criaria as melhores condições e
aplicaria os mais eficientes métodos de trabalho. Em lugar de nos sentarmos e falarmos
mal do próximo, iríamos consumir-nos num trabalho evangelístico construtivo. Voltaremos
a falar da consagração mais adiante.

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CAPÍTULO IV

QUEM DEVE EVANGELIZAR?

1. TODOS OS CRISTÃOS, SEM EXCEÇÃO.

Infelizmente, em muitas igrejas, foi esquecido este dever primário de todo cristão e
deixa-se a tarefa somente ao pastor e nem este muitas vezes faz a obra de um fiel
evangelista de acordo com a exortação do apóstolo Paulo em 2 Tm 4.5: “Faze o trabalho
de evangelista”, e toda a Igreja passa indiferente à beira do precipício da alma alheia.
Foi a Reforma que restabeleceu o sacerdócio real de todos os crentes, conforme
as palavras em 1 Pe 2.9: “...vós sois o sacerdócio real...” Sendo cada leigo um sacerdote
de Deus, não só tem o privilegio de entrar em contato direto com ele, mas também o
dever de colocar aqueles que ainda estão separados de Deus em contato com ele. Disse
alguém que os efeitos da Reforma não eram destruir o sacerdócio e deixar uma Igreja de
leigos, mas de destruir o laicismo e deixar uma Igreja de sacerdotes. Os muros dos
conventos e mosteiros foram arrasados não para deixar sair aqueles que estiveram sob
suas ordens sagradas, mas para deixar entrar todos os crentes.(1)
No tempo da Reforma, os leigos funcionavam realmente como evangelistas
eficientes. Jamais ela se teria propagado com tamanha rapidez e tomado conta de toda a
Europa, se não fosse a propagação dos leigos que, pela leitura da Bíblia e por sua correta
interpretação, conquistavam até clérigos e doutores para a sua causa.
E o que fez crescer com tanta rapidez a primeira congregação de Jerusalém a não
ser o testemunho dos leigos, depois da graça de Deus? A propagação da Igreja durante
os primeiros séculos se fez quase toda por leigos. Quem continuava o trabalho nas
congregações que Paulo fundava depois de sua saída? Não eram pastores, mas leigos
convertidos e instruídos nas partes principais da doutrina cristã.
É preciso que acordemos. É preciso que mobilizemos este tremendo potencial
humano de nossa Igreja. Só podemos de fato esperar maior crescimento de nossa Igreja,
se todos os leigos resolverem marchar sob a bandeira da evangelização pessoal.
Um dos motivos que impedem muitos leigos de trabalhar como evangelistas é o
sentimento de inferioridade. Julgam-se muito fracos no conhecimento da doutrina,
consideram-se incapazes de levar uma alma a Cristo. Julgam que só os pastores e
alguns leigos mais instruídos o conseguem.
Observação: Emprestamos à palavra evangelista neste manual sempre o seu
sentido popular: aquele que evangeliza. (Nota do Autor)
Mas eles se esquecem de que a conversão é obra do Espírito Santo, que não é
preciso possuir grandes conhecimentos para converter alguém. Basta expor-lhe com toda
a simplicidade a obra de Cristo e aplicá-la a sua vida. Se dão um tal testemunho,
confiantes no apoio do Espírito Santo são capazes de conseguir mais do que muitos
pastores bem-instruídos.
Conta-se que dois irmãos, provenientes de família cristã, abraçaram profissões
diferentes: um tornou-se médico e o outro, pastor. O médico, em meio a um ambiente
anticristão, perdeu a sua fé. Após alguns anos, anunciou uma visita a seu irmão pastor
para um fim de semana. Este alegrou-se muito, preparou com todo o cuidado o seu
sermão para o domingo, visando à reconquista do irmão transviado. O irmão veio,
assistiu ao culto, ouviu o sermão e se despediu sem dar amostras de alguma mudança de
atitude. Entretanto, depois de algum tempo, escreveu a seu irmão que, pela graça de
Deus, aquele domingo lhe servira de grande bênção, porque nele reencontrou a sua

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antiga fé. O irmão pastor, convencido de que o seu sermão causara o efeito, escreveu-
lhe de volta, expressando a sua imensa satisfação e, no fim da carta, perguntou: “Qual foi
a parte de meu sermão que causou a sua transformação?” O médico respondeu: “Não
foi o seu sermão, mas após aquele culto, falei com o sacristão da igreja que, com uma
alegria contagiante, me contou o que Jesus significava para ele. Foi o testemunho dele
que me reconduziu a Cristo.”

2. VANTAGENS DOS LEIGOS NA EVANGELIZAÇÃO.

Vemos, assim, como o testemunho de um simples leigo pode sobrepujar o sermão


mais bem-preparado de um pastor. Não há razão, portanto, para sentimentos de
inferioridade. Embora os pastores levem certas vantagens sobre os leigos devido à sua
formação mais especializada, os leigos, na obra da evangelização, levam outras
vantagens, que são:

2.1. Os leigos estão muito mais em contato com o povo que os pastores. Estão
com ele na fábrica e na oficina, na rua, nos bares, nos jogos, nas escolas, etc. Os não-
convertidos são seus conhecidos, amigos e até parentes. Em geral, conhecem suas
idéias e problemas como nenhum outro.

2.2. Há muito mais leigos que pastores. Um pastor levará cem horas para dizer o
que cem leigos poderão dizer em uma hora. Já imaginaram se cada leigo trouxesse cada
ano, no mínimo, uma alma a Cristo? Então uma Igreja de cem mil membros poderia, num
espaço de 10 a 11 anos, levar toda a população do Brasil a Cristo.

2.3. Pode-se comparar os leigos com os compradores satisfeitos. Muitos, fora


das igrejas, comparam os pastores com os vendedores que têm por profissão vender e
fazer promoção de suas mercadorias. Para eles, os pastores estão fazendo tudo aquilo
para ganhar o seu ordenado. Mas quando um leigo abre a sua boca e dá um testemunho
alegre de Cristo, isso é diferente. Pode-se compará-lo com um freguês satisfeito que
comprou certa mercadoria e agora deseja que outros também sejam beneficiados com
ela.

3. EXEMPLOS DE LEIGOS HUMILDES QUE DEUS USOU COMO SEUS INSTRUMENTOS.

O Dr. Howard W. Pope, em uma de suas palestras evangelísticas, na Califórnia,


afirmou que cada cristão tem tanto a habilidade como a oportunidade de levar Cristo aos
perdidos. Após o término da reunião, uma senhora veio a ele dizendo que era uma pobre
viúva com muitos filhos e que ela não teria tempo nem oportunidade de realizar uma tal
obra.
O Dr. Pope perguntou-lhe:
– Seus vizinhos nunca a visitam?
– Raramente – respondeu a senhora.
– O rapaz do armazém não faz entregas em sua casa?
– Sim.
– O leiteiro não entrega o leite?
– Sim, cada dia.
– Ele é um cristão?
– Não sei se é e acho que não é do meu dever sabê-lo.

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Mas a viúva voltou para casa angustiada. Não podia conciliar o sono naquela
noite e finalmente decidiu que faria do seu dever indagar se estes eram cristãos ou não.
Na manhã seguinte, o leiteiro subiu os degraus da escadaria, entregou-lhe o leite e
virou-se para ir adiante. Então a viúva gaguejou:
– Seu moço.
Ele voltou-se novamente e perguntou:
– Mais um litro?
– Oh, não – balbuciou a dona de casa, – mas eu só desejava perguntar-lhe se o
senhor é um cristão.
O leiteiro a fuzilou com um olhar que ela jamais esqueceu.
– Não faço caso nenhum de ser um. A senhora se lembra de suas reuniões na
igreja no inverno passado? Até estive interessado em assistir a elas, se alguém me
tivesse convidado. Algumas vezes pensei que a senhora me convidaria, mas não o fez e
nenhuma outra pessoa até hoje se interessou se sou cristão ou não e agora lhe digo que
não estou mais interessado. – Disse “tchau” e virou-se para descer correndo a escadaria.
A pobre senhora viu-se de repente prostrada no chão e, na agonia de seu espírito,
prometeu a seu Senhor que, se ele perdoasse sua negligência no passado, não desejava
perder mais nenhuma outra oportunidade de falar uma palavra a favor dele.
Quando o Dr. Pope voltou dois anos mais tarde para aquele lugar, a viúva relatou
as suas experiências e acrescentou: “Seis das sete pessoas que regularmente fazem
entregas à minha porta são cristãs. Todas foram convertidas nesses últimos dois anos –
todas, menos o leiteiro.”(2)
Faz alguns anos, a TV de São Paulo apresentou uma entrevista com um casal de
industriais evangélicos da alta sociedade que foram levados a Cristo por sua empregada.
Primeiro, a patroa relatou a sua conversão. Disse que, em criança, tinha tudo o que
desejava, mas ficou triste quando seus avós morreram e descobriu que com o dinheiro
não se podia comprar tudo, nenhum minuto de vida a mais. Desde então, preocupou-se
muito com a idéia da morte, tornando-se cada vez mais religiosa. Mas a religião que
praticava era sem Cristo e não calmava suas inquietações. Até que a empregada entrou
em sua casa e, em sucessivos diálogos, a convenceu de que Cristo é o Caminho, a
Verdade e a Vida. Ela alcançou a paz que tanto procurava. Depois, o patrão relatou a sua
conversão. Disse que, em sua juventude, só se preocupava em ganhar dinheiro e gozar a
vida. No entanto, a idéia da morte vinha sempre de novo perturbá-lo, principalmente nos
momentos de maior prazer. Quando sua patroa lhe relatava toda noite seu diálogo com a
empregada e como não encontrava resposta aos versículos bíblicos citados, o marido
também se convenceu de que neles estava a Verdade e a resposta ao seu problema. E a
vida eterna que ele encontrou nas promessas de Jesus acabou de vez com a sua
preocupação pela morte. No fim, apareceu no vídeo a empregada toda feliz e sorridente,
refletindo o seu íntimo em que Jesus residia na realidade.

4. EM TODOS OS TEMPOS, O TESTEMUNHO DOS LEIGOS FOI O MÉTODO MAIS EFICIENTE NA


EVANGELIZAÇÃO.

Tanto hoje como em todos os tempos da Igreja Cristã, o testemunho dos leigos
era o método mais eficiente da evangelização. Escreve Adolfo Harnack, autor de uma
das mais célebres histórias da Igreja: “Os mais numerosos e bem-sucedidos missionários
da religião cristã não eram os ensinadores regulares, mas os próprios cristãos, pela força
de sua fieldade e coragem.” (3)
Um filósofo pagão, nos primeiros séculos, passeando pela praia, começou a
conversar com um homem velho de fisionomia gentil e conduta grave. Por causa dessa

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conversação, o filósofo pagão tornou-se Justino, o Mártir, um dos mais convincentes


defensores da fé cristã a favor da qual morreu. E tudo isso porque um simples leigo lhe
falara de Jesus. Isso era evangelização na Igreja Primitiva, em que simples leigos
convertiam até doutores de Filosofia.
Certa seita aumentou seu número de membros de 44 mil para 425 mil dentro de
seis anos por meio de visitas de casa em casa. Um evangelista católico romano
escreveu: “Pode ser sempre tomado como axioma que todo o recrutamento deve ser feito
por meio de contato pessoal. Todos os outros métodos não são muito produtivos.
Apóstolos e leigos devem ser usados.”(4)
Na Igreja Evangélica Luterana do Brasil, por exemplo, há, em média, um pastor
para cada mil almas. É evidente que um pastor não pode fazer aquilo que Deus quer que
mil façam. O poder dos leigos foi chamado a maior força não-aproveitada da Igreja
Cristã. O pior desemprego dum país é o desemprego espiritual. É pena que muitas
igrejas não encontrem melhor uso para as habilidades espirituais de seus membros a não
ser de pedir-lhes que distribuam folhetos, convidem para os cultos e recebam fichas no
bazar.
Conta-se que um pastor pregou tão tocantemente sobre o trabalho do cristão, que
depois um membro da congregação veio para ele e disse:
– O senhor me envergonhou. O que eu posso fazer para o reino de Deus?
– Sinto muito, não sei – respondeu o pastor embaraçado, – já temos 60
recepcionistas.(5)

5. A FALTA DE FÉ NA CAPACIDADE DOS LEIGOS DE SEREM INSTRUMENTOS DE CONVERSÃO


DE ALMAS IMORTAIS É UM DOS OBSTÁCULOS FUNDAMENTAIS NA EVANGELIZAÇÃO.

Muitos pastores não acreditam que os leigos sejam capazes para tanto. Nem eles
mesmos acreditam. Os leigos estão geralmente nervosos quando fazem visitas na
primeira e segunda vezes. Mas quando verificam quão surpreendente é a resposta, são
excitados pela impaciência de chegar à próxima porta. Um leigo, cujo grupo foi instruído
para sempre orar antes de chegar à porta de qualquer residência, disse que, quando
estiveram perante a primeira porta, orou pedindo que ninguém estivesse em casa.
Venceu depois o medo quando descobriu que Deus o fizera capaz de ganhar diversas
pessoas cada vez que fazia visitas. Kernahan sugere que não se pergunte aos leigos se
podem ou querem fazer visitas, mas que se diga a eles que foram escolhidos para tal.
Muitos que sentem não ter capacidade para visitar e têm medo de tentar, tornam-se os
visitadores mais eficientes depois de ter começado. É prudente colocar os mais tímidos
com visitadores experimentados para convencê-los de que a obra pode ser feita, que é
uma alegria fazê-la e que pode ser realizada por eles.
Um vendedor de seguros que protestava contra as visitas na sua igreja e disse
francamente ao pastor que não iria participar delas, foi persuadido a olhar este trabalho
por dentro antes de condená-lo totalmente. Fizeram-no acompanhar por um visitador
experimentado. Quando seu grupo entrou na primeira casa, conseguiram ganhar toda a
família. Ganharam três na segunda casa, dois na terceira e quando depois iam andando
fora, na rua, o vendedor bateu com as mãos e disse: “É isto mesmo. Este é o caminho
de realizá-lo. É este o plano de Deus para a evangelização.” Um argumento não o
conseguira convencer, mas uma experiência mudou a sua mente. Quando um
evangelista experiente testemunhou o seu trabalho, quando sentiu o espírito do
testemunho e ficou movido pelas respostas do povo, convenceu-se. Este mesmo homem,
em outro grupo, foi usado por Deus para ganhar 52 pessoas, durante sete dias, com
apenas 13 horas de visitas. Sendo comerciante, conhecia os fundamentos do comércio.

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Tudo de que necessitava era crer que o comércio espiritual pode ser tão compensador
quanto o material.”(6)
Um outro comerciante conseguiu levar a Cristo 5.086 durante uma campanha
evangelística realizada por J. E. Conant, na Filadélfia, Estados Unidos.(7)
Numa de suas reuniões evangelísticas na Inglaterra, o Dr. Torrey insistiu nas suas
palestras que o único caminho de aprender a evangelização pessoal é praticá-la. Depois
de uma reunião, um cristão sério confidenciou: “É exatamente aqui que cometi os meus
erros. Há anos, tenho o intenso desejo de me encontrar pessoalmente com pessoas para
conduzi-las a Cristo. Mas em cada oportunidade que se apresentava, recuei, pensando
que estivesse desqualificado para a obra e abrindo caminho para aqueles que pareciam
possuir um dom especial para esta tarefa. Agora eu percebo que estes começaram
justamente lá onde eu devo começar – sem alguma experiência prática. Agora vou
aproveitar a primeira chance que se-me-apresenta e falar com um investigador e vou me
fiar na orientação e sabedoria de Deus.”(8)

6. DISSE ALGUÉM: “NINGUÉM FALHA NESTA OBRA A NÃO SER AQUELE QUE NÃO A TENHA
(9)
TENTADO.”

Você, prezado(a) irmão(a) leigo(a), pode realizar esta obra. E você vai querer
realizá-la se o amor de Deus toma conta de você e o impele. Certa senhora pobre, mas
que não perdia oportunidade de falar de Cristo aos outros, disse certa vez: “Alguns dizem
que me viram falar a um manequim de madeira ao entrar numa loja. Pode ser. Não sei,
minha vista é fraca. Mas isso não é tão mau assim. É muito pior ser um cristão de
madeira que nunca fala a ninguém de Jesus.”(10)
É pena que muitas vezes pastores e membros da diretoria da Igreja não apenas
não acreditam na capacidade de leigos, mas ainda os impedem de trabalhar, como
aconteceu, por exemplo, em certa região da Índia.
Um grupo, na Índia do Sul, decidiu que seu bem-estar e o de seus filhos
dependesse da condição de eles se tornarem cristãos. Aperfeiçoaram seus
conhecimentos cristãos, fazendo cultos sem um ministro ordenado ou mesmo por um
leigo indicado pela Igreja. Encontravam-se todos os dias para o canto, a oração e a
leitura da Bíblia. Então vieram os pastores e impediram o exercício da pregação ou
ensino por qualquer um não-aprovado pelas autoridades diocesanas. A espécie de
controle acusou apenas crescimento lento e não foi compensado por uma melhor
qualidade de liderança.(11)
É evidente que se devem evitar os extremos. Não se pode permitir que qualquer
leigo ainda não suficientemente instruído pregue em nome da Igreja, nem impedir que um
leigo com um mínimo de instrução necessária trabalhe a favor de seu Salvador,
especialmente onde a missão está explodindo e ainda há falta de pessoas
suficientemente qualificadas.
É preciso que os pastores depositem plena confiança em seus leigos depois de os
ter instruído nas verdades fundamentais da fé cristã e os orientem e animem para o
trabalho evangelístico, naturalmente, sempre indo à frente com o seu bom exemplo.
Disse alguém que o pastor deve ser técnico e jogador, mas não o time inteiro.(12)
Disse William Temple, arcebispo da Inglaterra: “Devemos nos aproximar cada vez
mais de um estado e atividades em que o ministro responde pelas coisas de Deus
perante a congregação, e a congregação responde pelas coisas de Deus perante o
mundo de fora.”(13)
No dia em que todos os nossos leigos estiverem engajados num trabalho
evangelístico produtivo, então sim, a nossa Igreja se tornará grande e forte, porque a

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força de uma Igreja não consiste em seu tamanho, nem em seu orçamento, mas no
número médio de horas por semana que seus membros oferecem para o trabalho
espiritual.

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CAPÍTULO V

QUALIDADES FUNDAMENTAIS DE UM EVANGELISTA

O cristão deve ser uma testemunha de Cristo. “Sereis minhas testemunhas tanto
em Jerusalém, como em toda a Judéia e Samaria, e até aos confins da terra” (At 1.8) é o
versículo clássico na Bíblia em que Jesus chama os seus discípulos de testemunhas e
confere-lhes a tarefa de testemunhar tanto no lugar em que vivem como em toda a terra.
Encontramos o verbo testemunhar e o substantivo testemunho 59 vezes no Antigo e 169
vezes no Novo Testamento.
Em que consiste a tarefa duma testemunha de Cristo? Alguns dizem que basta
ser cristão. Outros, fazer boas obras. Ainda outros, falar de Cristo. Ora, as três
afirmações são verdadeiras, mas não completas. São necessárias as três e uma
complementa a outra. Alguém comparou a testemunha cristã com um tripé que precisa
de três pernas para funcionar. Assim uma testemunha cristã precisa de três
características principais para poder funcionar: ser cristão, agir como cristão e falar como
cristão. Outro a comparou com um avião. O avião é composto do bojo e de duas asas.
Se uma dessas três partes faltar ao avião, ele não poderá voar. Seja como for, a
testemunha cristã precisa possuir essas três características. Se lhe faltar uma delas, será
como um tripé capenga ou como um avião que não serve para voar. Vejamos as três
características fundamentais da testemunha de Jesus:

1. SER CRISTÃO.

Que significa ser cristão? Significa em primeiro lugar estar convertido ou


regenerado. Um cristão fiel reconheceu de fato a sua perdição eterna por causa do seu
pecado, é uma pessoa arrependida que confia no perdão que Cristo adquiriu para ele com
o derramamento de seu sangue sobre a cruz. Crê que se salva somente pela graça de
Deus em Cristo Jesus, sem merecimento de sua parte.
É claro que não há cristão que seja santo e perfeito. Ainda sempre, enquanto
viver neste mundo, o pecado irá cancelar-lhe muitos bons propósitos. Mas o cristão é um
guerreiro, alguém de luta contra o diabo, o mundo e a sua própria carne. Essa atitude de
combatente é uma das suas principais características. Aquele que já se conformou com
este mundo e não luta mais examine-se a si mesmo, como diz Lutero, e veja se ainda tem
carne e sangue.
Além disso, cada cristão verdadeiro tem o desejo de aperfeiçoar-se. Não está
contente consigo mesmo, procura, como o apóstolo Paulo, alcançar aquilo para o que
também foi conquistado por Cristo Jesus. (Fl 3.12) Ele não tem ilusões quanto a se tornar
perfeito, permanece realista quanto a suas imperfeições, mas, quando olha para trás,
pode constatar progressos em sua vida piedosa, comparando a sua vida atual com a
anterior. Ele pode dizer com J. C. Robertson: “Pela graça de Deus sou o que sou. Eu sei
que não sou o que deveria ser. Não sou o que desejaria ser. Também não sou o que
espero ser quando acordar na bem-aventurança, semelhante a meu Salvador. Mas,
glória a seu nome, já não sou o que era.”(1)
Disse Sweazy em seu livro Effective Evangelism: “O melhor argumento para o
Cristianismo é um cristão. Embora não seja verdade que uma boa vida é todo o
testemunho necessário (a verdade evangélica não se propaga por radiação), é um fato
que, se o povo gosta de nós, tomará a sério o que dizemos. Muito testemunho tem sido

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cancelado por uma testemunha não-generosa. Definição de Housman: “Um santo é


alguém que faz o bem atraente.”(2) A Igreja não é um museu onde santos são exibidos, é
uma escola em que pecadores estão aprendendo a se aperfeiçoar.
Uma menininha, ao visitar uma catedral, perguntou ao guia:
– Quem são aquelas pessoas nos vitrais?
O guia respondeu:
– São figuras dos santos.
Virando-se então para a mãe, a menina disse:
– Mamãe, agora eu sei quem são os santos; são pessoas que permitem a luz
brilhar através delas.(3)
É isso que acontece com a testemunha verdadeira: reflete de qualquer maneira a
luz do Evangelho que lhe ilumina a alma, em suas atitudes, em sua fisionomia, em seu
comportamento. Mas para isso é necessário que tenha experiências reais com Cristo em
seu íntimo. Cristo deve ser para ela um agente purificador de seu coração como era para
aquela lavadeira a qual disse que se sentia, cada vez ao sair do culto, como a sua roupa
no varal, branquinha. Mesmo não se lembrando mais de tudo o que o pastor falou, sentia
o efeito purificador da Palavra de Deus em seu íntimo, assim como a sua roupa que
também não apresentava mais os elementos purificadores, sabão e anil, mas apenas o
efeito. Uma testemunha deve atestar fatos e fatos acontecidos com ela. Deve
testemunhar aquilo que Jesus realmente significa para ela e, para isso, deve ter tido
experiências reais e vivências cristãs. Deve ser cristão concreto e não abstrato.
Certa jovem quis conquistar uma amiga para Cristo. Falou-lhe várias vezes de
Jesus e convidou-a aos cultos. Mas a amiga descrente era esperta e inteligente. Fez
uma lista das atitudes e dos modos de proceder de ambas. A lista era idêntica. Não
havia diferença. Então a incrédula disse à crente: “Enquanto não puder ver em sua vida
nenhuma diferença senão o simples fato de você ir a uma igreja e eu não, não vejo por
que me deva tornar crente.”
Qual é a atitude que nos deve distinguir dos descrentes? A primeira diferença
deve verificar-se em nosso ser, em nossa personalidade. Devemos ser crentes realmente
convertidos que refletem a transformação íntima em seus gestos e atitudes. Mas não e
só. Devemos também distinguir-nos por ações verdadeiramente cristãs.

2. AGIR COMO CRISTÃO.

Um jovem cristão africano disse: “Quando estivemos com fome, após os elefantes
terem destruído nossa plantação, e os leões comido nossas vacas, os cristãos nos
ajudaram. Quando estivemos doentes e não sabíamos curar-nos, os cristãos abriram um
hospital para nós. Quando estivemos iletrados, os mesmos abriram uma escola em
nossa aldeia. Quando alguns de nosso povo se tornaram cristãos, eu vi que tomaram
mais interesse pelos vizinhos. Assim aprendi que a religião cristã é boa e a aceitei.”(4)
Um aymara, na Bolívia, comentou: “Meu povo tinha sido maltratado durante muito
tempo. Pensava que não tivéssemos amigos. Mas os evangélicos vieram ensinando que
Deus nos ama assim como ama todos na terra, e que eles nos amavam. Eu os observei
e fiquei reconhecendo que eles amavam os pobres e os doentes e eu cri na sua religião.
Hoje eu sou evangélico e conheço o amor de Deus. A minha família sabe que o amor
entrou em meu coração e eu mudei. Agora meus familiares também se tornaram cristãos
evangélicos.”(5)
Um outro africano disse: “Eu nunca cria na veracidade do Evangelho e nunca
pude vencer minha antipatia contra os brancos até que vi um missionário inglês importar-
se com pessoas leprosas. Eu sei que os brancos não amam naturalmente os pretos e

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que ninguém, branco ou preto, gosta de olhar para um leproso. Assim, reconheci que
Deus estava com aquele branco. Agora eu amo a Deus, e o ódio que tive em meu
coração contra os brancos desapareceu completamente.”(6)
Um médico da Índia, funcionário para supervisionar hospitais do governo numa
área extensa e populosa, observou que os cristãos eram apenas um por cento da
população do seu distrito, mas providenciavam 30 por cento do pessoal de trabalho
naqueles hospitais e três por cento dos pacientes. Sua conclusão era que os cristãos
faziam o povo consciente de sua saúde. Disse ainda que muitos pacientes hindus e
islamitas foram persuadidos por amigos cristãos a vir ao hospital para tratamento.(7)
Opinião favorável de um brâmane sobre o Cristianismo: “Tenho pavor dos males
praticados pelo Hinduismo contra os intocáveis (os párias, a casta mais baixa e
desprezada, quem toca um deles torna-se impuro). Igualmente detesto os males do
Islamismo durante seu longo desregramento na Índia. Mas não posso aceitar a denúncia
comunista de que todas as religiões são más, porque as missões cristãs fizeram e estão
fazendo tantas coisas boas na Índia e em todo o mundo.” (8)
Um outro brâmane disse: “Quando se efetuou a partição da Índia, eu estava numa
área do Punjab que então tornou-se parte do Paquistão Ocidental. Antes que pudesse
partir para casa, através das fronteiras, os islamitas começaram a matar hindus. Amigos
cristãos esconderam-me em sua casa durante o dia e à noite atravessei a fronteira onde
outros cristãos me esconderam. Durante a quarta noite de viagem, sempre em perigo,
alcancei a Índia. Durante todo o tempo da minha fuga, pensei que o Islamismo é uma
religião má. O Hinduísmo seria melhor. Meu povo não mataria os islamitas assim como
eles matavam os hindus. Mas quando tinha atravessado a fronteira, verifiquei que o
Hinduísmo era tão mau quanto o Islamismo. Os hindus estavam matando islamitas na
Índia exatamente assim como os islamitas estavam matando hindus no Paquistão.
Comecei a odiar a religião. Mas então, felizmente lembrei-me de como os cristãos tinham
arriscado a sua vida para salvar-me dos islamitas. Depois outros cristãos fizeram o
mesmo com islamitas na Índia. O comunismo nos estava ensinando a matar os
capitalistas. Em vez de condenar todas as religiões, decidi adotar a religião que ensina
que Deus é amor e que todos os homens devem amar-se mutuamente. Agora estou feliz
e desejo que todas as pessoas amem a Deus assim como nós, cristãos, aprendemos.”(9)
Um missionário na África nos disse que lá a vida e a doutrina se identificam.
Ensinar é demonstrar. O africano só compreende o Evangelho quando é demonstrado na
prática. O Evangelho consiste na vida integral desde a construção de cabanas até a
assistência aos doentes. Quando consultamos o ministro de Cultura do governo
provisório de Moçambique sobre as possibilidades de uma missão luterana naquele país,
ele nos respondeu: “Depende do tipo de trabalho. Se vierem para trabalhar no estilo
tradicional como fizeram muitos missionários, no passado, em que o missionário vem todo
satisfeito no seu Jipe, reza a sua missa e depois volta, deixando atrás de si uma
população faminta, então não haverá oportunidade para a sua missão. Mas se vierem
resolvidos a prestar uma assistência integral ao cidadão moçambicano, então haverá
chances.” Notamos que a Igreja Luterana gozava de um bom conceito tanto em
Moçambique como em Angola por causa do auxílio aos refugiados de guerra que a
Federação Luterana Mundial já havia proporcionado.
Vemos como o agir do cristão produz tão grandes efeitos em países pagãos em
que a ação, muitas vezes, precede a proclamação do Evangelho e é freqüentemente o
único canal de acesso ao coração alheio. Mas também em nosso ambiente, o agir do
cristão é tão necessário como lá e atinge o coração dos não-convertidos antes que sejam
tocados pela mensagem do Evangelho.
“O senhor quer saber por que entrei na sua Igreja?”, um recém-convertido
perguntou a seu pastor. “Foi por causa da família vizinha. Eram membros de sua Igreja.

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Tinham dois filhos adolescentes assim como nós. Aquela família não ganhava mais do
que nós, mas parecia possuir algo que nos faltava – paz de espírito, laços de união,
senso de lealdade, amor contagiante – não sei como descrevê-lo. Seja o que fosse, nós
desejávamos possuí-lo também e esperávamos encontrá-lo em sua Igreja.”(10)
Quando uma senhora cristã, apenas de nome, perguntou a outra senhora como
tinha sido capaz de suportar um duro golpe relativo a um desastre de seu filho, com tanta
resignação, ela tomou a sua Bíblia e começou a ler para a sua interlocutora acerca de
Jesus e como ele nos provou o seu amor, vindo a este mundo e morrendo por nossos
pecados. A vizinha, que havia sido por muito tempo membro de uma Igreja moderna
sempre havia visto em Jesus um grande idealista, mas homem nada prático. Naquele
dia, ela o via numa nova luz. Começou então a compreender por que sua amiga havia
suportado tudo isso com tanta paciência e, após algumas instruções, confessou a sua fé e
entrou na mesma Igreja.(11)
Certa vez uma viúva, já bem idosa, fez uma visita evangelística a uma casa de
extrema pobreza. Ao longo da conversa, o dono da casa informou que pertencera a uma
Igreja, mas a Igreja sempre vivia pedindo dinheiro e eles não o tinham. Disse que, de
momento, precisava de um corte de cabelo e não tinha dinheiro para pagá-lo. A visitante
pediu licença, correu para casa e buscou a sua máquina de cortar cabelo, fazendo as
vezes de cabeleireiro. À noite, aquele casal acompanhou-a à Igreja. Ambos aceitaram a
instrução e mais tarde se filiaram. No dia em que os dois fizeram profissão de fé, a viúva,
como presente, tornou-se a sua amiga permanente.(12)
É verdade, muitas vezes atos, falam mais alto do que palavras. Mas não nos
iludamos. Não é suficiente ser cristão e agir como cristão para ser uma autêntica
testemunha. Já dissemos, o Evangelho não se propaga por radiação. Para completar o
tripé do testemunho cristão é preciso também, sem falta, falar como cristão.

3. FALAR COMO CRISTÃO.

Falar como cristão é abrir a sua boca e contar aos outros o que Cristo fez por nós.
É também compartilhar as nossas experiências e vivências cristãs com os semelhantes.
“Nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos”, disse Pedro
às autoridades dos judeus, quando estas lhes quiseram impor o silêncio. E o apóstolo
Paulo diz em Rm 10.9: “Se com a tua boca confessares Jesus como Senhor, e em teu
coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.” João escreve na
sua primeira epístola, cap. 4, v.15: “Aquele que confessar que Jesus é o Filho de Deus,
Deus permanece nele, e ele, em Deus.” Jesus declara em Lc 12. 8,9: “Todo aquele que
me confessar diante dos homens, também o Filho do Homem o confessará diante dos
anjos de Deus; mas o que me negar diante dos homens, será negado diante dos anjos de
Deus.” Em Ez 3.18, Deus ameaça até de requerer o sangue do perverso da mão do
profeta, se este não o avisar de seu mau caminho.
Há tantos cristãos que não acordaram ainda para a necessidade do testemunho,
também com a boca. Pensam que basta ser cristão e agir como cristão. São apenas um
tripé capenga ou um avião ao qual falta uma asa para voar. Quantos há que pensam que
com as suas contribuições cumpriram o seu dever. Acham que eles entram com o
dinheiro; e os pastores, com o trabalho. As contribuições ajudam para enviar missionários
aonde todos não possam ir, mas elas não eximem ninguém de dar testemunho oral aos
concidadãos que diariamente convivem com eles no lugar em que moram. Por falta de
testemunho oral, muitos se perdem eternamente ou são convertidos por crentes de outras
Igrejas que, muitas vezes, não possuem os conhecimentos e a pureza da doutrina. Deste

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modo, abdica-se do maior privilégio que Deus concedeu ao crente: ser cooperador no seu
reino na salvação de almas imortais.
Conta-se que certo jovem crente trabalhou por muitos anos numa empresa, mas
nunca se lembrou de falar de Cristo a seus colegas de trabalho. Certo dia, um desses
colegas converteu-se e veio com muita pressa e alegria falar ao nosso jovem do amor de
Deus, procurando evangelizá-lo.(13)
Podemos imaginar muito bem a vergonha que deve ter sentido. Quantos colegas
de trabalho poderíamos ganhar se lhes déssemos o testemunho oral. É lamentável
sempre verificar de novo como crentes convivem diariamente com pessoas não-
convertidas no mesmo local de trabalho sem lhes falar uma só vez de Cristo.
Houve certa congregação cristã que, por mais de um ano, não recebeu o
acréscimo de nenhuma alma convertida. O pastor convocou uma reunião da diretoria e
propôs a sua demissão.
A diretoria se opôs vivamente às intenções do pastor, alegando que estavam
sendo edificados espiritualmente e que não havia nenhum motivo para a demissão do
pastor.
– Vocês foram edificados para quê?, perguntou o pastor.
No diálogo que se seguiu, o pastor finalmente voltou-se ao presidente e lhe
perguntou:
– Acredita que através do senhor já foi salva uma alma?
– Não – respondeu o presidente. E todos os demais membros da diretoria tiveram
que confessar o mesmo.
Então o pastor voltou à carga:
– A não ser que o Senhor acrescente à nossa congregação novos convertidos
num futuro próximo, conclamo os senhores a também renunciar como membros da
diretoria.
– Mas estamos indo muito bem – replicaram.
– Não estamos indo nada bem – respondeu o pastor.
Então ele os fez cair de joelhos e em oração pediu a Deus que todos se
dedicassem à evangelização pessoal.
A reunião aconteceu num sábado à noite. Na segunda-feira seguinte de manhã, o
presidente dirigiu-se a seu caixa de confiança e disse:
– Quanto tempo você está empregado em minha firma?•
– 15 anos – foi a resposta.
Então o presidente replicou:
– Sou o presidente da Igreja em que você já assistiu a um ou outro culto. Mas
você não é um cristão. Eu sei disso desde muitos anos. Mas nunca falei uma palavra a
respeito com você. Mas agora minha alma está em chamas e eu gostaria de falar-lhe do
amor de Jesus.
Assim, o presidente procedeu também com outros empregados naquele dia. Os
outros colegas da diretoria fizeram o mesmo em seus lugares de trabalho, e o resultado
foi que no domingo seguinte mais de 30 prospectos apareceram no culto com vontade de
se tornar membros daquela congregação.(14)
Infelizmente, a falta de testemunho oral pode ocorrer até em seminários. O Dr.
Trumbell conta de um homem que foi fazer a visita a um seminarista. Enquanto esperava
pelo jovem, procurou uma oportunidade para evangelizar. Dirigiu-se ao zelador do
Seminário que nunca havia visto antes. Cumprimentou-o e falou com ele a respeito do
Salvador. Antes da chegada do seminarista, já havia conduzido o zelador aos pés de
Cristo. Então este lhe confidenciou que, embora estivesse trabalhando naquele seminário
há muitos anos e em contato diário com dezenas de homens que se preparavam para o
ministério, ninguém jamais lhe falara da necessidade de sua salvação.(15)

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“Por que nós não testemunhamos mais freqüentemente?”, um pastor perguntou à


sua classe de treinamento evangelístico. É porque não sentimos preocupação bastante
pela alma alheia ou porque não o sabemos. Primeiro todo o grupo afirmava que sentiam
preocupação, mas que não sabiam como evangelizar. Gradualmente, foram modificando
a sua opinião, admitindo que realmente não sentiam preocupação suficiente.(16)
Não é esse também o nosso caso? Por que se trabalha tão pouco na obra da
evangelização em nossa Igreja? Não é porque também nós não sentimos preocupação
suficiente pela alma do próximo? Ah! se nós a sentíssemos, não iríamos nos desculpar
com tamanha facilidade, que não temos tempo, que não sabemos, que estamos
cansados, que moramos muito longe, etc. Iríamos vencer todos os obstáculos e trabalhar
com zelo e amor. Peçamos a Deus que nos conceda essa preocupação em rica medida.
“E faço esta oração, que o vosso amor aumente mais e mais”, foi a oração fervorosa do
apóstolo Paulo em favor dos filipenses. (Fl 1.9)
Na cidade de Filadélfia, uma senhora tornou-se preocupada pela salvação das
balconistas de uma loja. Resolveu ganhá-las para Cristo. Não lhes apresentou
diretamente um apelo para aceitar Cristo, mas começou falando-lhes amavelmente no
balcão. Decorou os seus nomes e travava com elas conversa de vez em quando. Certo
domingo, convidou-as a almoçar com ela e levou-as à igreja. Em breve tempo, doze
dessas moças entregaram-se a Cristo e fizeram profissão de fé.(17)
O amor é inventivo. Fez a esta mulher estabelecer um plano original para a
conquista de almas. E como foi bem-sucedida. Se há preocupação suficiente em nós,
acharemos também o melhor caminho de ganhar almas.
O Dr. J. W. Mahood conta que havia em sua congregação uma senhora humilde
que mantinha uma pensão. Tinha um bom número de pensionistas jovens e, muitas
vezes, dizia a eles no fim duma refeição: “Antes de vocês voltarem ao trabalho,
ajoelhemos e peçamos a bênção de Deus.” E ela ajoelhava com eles e orava por cada
um, citando-o pelo nome.
Certo dia, veio parar em sua pensão uma vendedora de livros que não era cristã.
A dona da pensão decidiu conquistá-la para Cristo. No fim de certa refeição, ela disse:
“Agora antes que vão para seus quartos, oremos”. E ela orou em favor de cada um,
chegando enfim ao nome da vendedora, implorando a Deus que a tornasse cristã.
Quando se ergueram da oração, a vendedora estava banhada em lágrimas. Então
a dona colocou as suas mãos em torno dela e disse: “Esta é a alma que desejo
conquistar para Cristo.” Levou-a então a um outro quarto e lhe falou de Jesus. E a
vendedora o aceitou como seu Salvador.
Assim costumava proceder. Dizia a seu pastor que mantinha uma pensão para o
gasto, mas que seu oficio era conquistar almas para Jesus. Estava sendo impelida por
aquele amor que compele os perdidos a entrar.(18)
Mas também a falta de orientação e de prática muitas vezes prejudica o nosso
testemunho oral como nos mostra o exemplo de certo presidente de uma congregação
cristã.
Determinado pastor preparou seus membros para um programa dirigido de
evangelização. Depois de haver apresentado os planos de trabalho, o presidente da
congregação, de 65 anos, membro da Igreja desde criança e da diretoria durante 35 anos,
disse: “Pastor, por que temos de participar deste trabalho desnecessário? Temos a
nossa igreja, temos as nossas placas de anúncio, temos setas que indicam o caminho.
Além disso, anunciamos nossos cultos nos jornais e no rádio. O povo sabe onde
encontrar a nossa igreja. Por que vamos correr atrás dele?”
O pastor explicou pacientemente que o grande mandamento da missão exige mais
que construir igrejas, colocar tabuletas de anúncio e servir-se dos meios de comunicação

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em massa. Finalmente, o presidente respondeu: “Se os outros também têm a sua


opinião, não posso mudá-la, mas não contem comigo.”
A congregação decidiu participar, mas agora veio o grande choque para o
presidente. O pastor o advertiu de que ele deveria dar o bom exemplo e participar das
visitas. Enfim consentiu. Pela primeira vez, sairia para dar testemunho de sua fé e de
falar de Cristo aos outros.
Deviam ter visto a sua volta da primeira visita. Lágrimas de alegria rolaram por
sua face quando veio contar ao pastor o que acontecera. “Pastor, nunca havia pensado o
quanto Jesus significava para mim.” Havia dado testemunho a um homem sem Igreja,
muito receptivo, que havia prometido freqüentar o culto da noite e possivelmente
inscrever-se na classe de instrução de adultos do pastor.”(19)
Com certeza, aquele presidente, dali em diante, tornou-se um eficiente
conquistador de almas. Havia caído na água e aprendera a nadar. A alegria do sucesso
foi-lhe o melhor estimulante. Quem não pratica a visitação evangelística acha que é a
pior coisa deste mundo e tem-lhe verdadeiro horror, mas quem se decide por ela e
começa a praticá-la muda rapidamente de opinião e encontra nela o maior prazer.
Não há alegria mais profunda do que a de ter sido instrumento de Deus na
salvação de uma alma da perdição. Billy Graham, um dos maiores evangelistas de todos
os tempos, diz: “Ganha almas! A experiência mais empolgante que o ser humano
conhece é ganhar outros para Jesus Cristo. Tem sido meu privilégio ganhar milhares
para o conhecimento salvador de Cristo. Vibro sempre quando um homem levanta a mão
e diz: ‘ACEITO o seu Cristo’. Isto vale mais do que todo o dinheiro no mundo. Não há
felicidade, experiência ou aventura romântica comparável ao momento vibrante em que
se ganha outra pessoa para Cristo. Ganha a!mas! Sê uma testemunha.” (20)
Uma boa orientação e a prática ensinaram àquele presidente da congregação que
não é suficiente colocar anúncios em toda parte para atrair as pessoas à igreja, mas o
contrário deve acontecer: a Igreja deve procurar os perdidos com tanto empenho e amor
como Cristo, o bom Pastor, esteve no encalço da ovelha perdida.
Quantos cristãos e também quantos pastores pensam o mesmo e julgam que eles
devem ser procurados em lugar de procurar os pecadores e fazer todo o empenho de
conduzi-los a Cristo.
Ser uma testemunha de Jesus – eis a qualidade fundamental de cada cristão. E
ser testemunha significa simultaneamente ser cristão, agir como cristão e falar como
cristão.

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CAPÍTULO VI

QUALIDADES COMPLEMENTARES DE UM EVANGELISTA

Não seria necessário dizer mais nada a respeito das qualidades dum evangelista.
Pois quem é uma autêntica testemunha de Cristo tem implicitamente todas as qualidades
que ainda vamos alinhar. Mas como a nossa linguagem é analítica e resta ainda muito a
dizer, citemos, dentre outras, as principais:

1. CONSAGRAÇÃO.

A consagração consiste numa entrega total a Deus de corpo e alma, conforme Rm


12. É uma decorrência da nossa fé e, quanto mais forte se tornar a nossa fé, tanto mais
também consagraremos a nossa vida ao Senhor. Devemos, portanto, pedir diariamente
que o Senhor aumente a nossa fé e que, por meio dela, nos conceda uma consagração
total. O consagrado revela-se principalmente por três atitudes: 1) anseio por uma pureza
de coração; 2) intenso amor ao Salvador Jesus e, conseqüentemente, também ao
próximo; 3) zelo na obra do Senhor.

1.1. Anseio de pureza.


Certa vez, uma menina enfiou a mão no fundo de um vaso e depois não pôde
mais tirá-la. Era um vaso caríssimo. Os pais insistiram com a menina por muito tempo e,
não conseguindo nada, chamaram o médico. Este também não obteve resultados. O
único jeito seria quebrar o vaso. Enfim o pai disse:
– Querida, você não quer abrir a mão para ver se papai pode tirá-la?
A menina respondeu:
– Mas papai, se eu abrir a mão, vou perder a moeda que estou segurando.
Somente quando o pai lhe prometeu outras moedas em troca daquela, foi que
abriu a mão e esta saiu com facilidade.(1)
É assim que muitos fazem. Não conseguem entregar-se totalmente a Deus
porque continuam segurando algum pecado que não gostariam de largar. Mas Deus
promete milhares de moedas muito melhores em troca dos tristes centavos de pecado
que não queremos soltar, se nos dedicarmos totalmente a ele.
Às vezes, é um pecado pequeno, oculto, num recanto do coração, do qual não nos
queremos desfazer e o qual nos impede de termos plena comunhão com Deus. Um
jovem queria alugar a sua casa. Quando apareceu o interessado, disse-lhe:
– Eu lhe alugarei a minha casa, menos um quarto, que desejo reservar para mim.
Perguntado sobre o que intencionava fazer com aquele quarto, respondeu:
– Desejo guardar nele um tigre de estimação.
Muitas vezes, persistimos em guardar um pecado secreto que nos impede de dar
todo o coração ao Senhor. É sinal que nossa consagração ainda está incompleta, pois
ela se caracteriza por um anseio de pureza. Davi, quando consagrou-se a Deus, orou:
“Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um espírito inabalável.”
(Sl 51.10) No Salmo 139.23, 24 o mesmo salmista apresenta-se a Deus para um exame
sem reservas: “Sonda-me, ó Deus, e conhece o meu coração; prova-me e conhece os
meus pensamentos; vê se há em mim algum caminho mau e guia-me pelo caminho
eterno.”

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O apóstolo Paulo escreve em 2 Timóteo, cap. 2. 21: “Assim, pois, se alguém a si


mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu
possuidor, estando preparado para toda boa obra.” Em conexão com esta idéia de
pureza, alguém disse acertadamente que Deus não precisa de um vaso poderoso, mas
de um vaso limpo para seu trabalho.(2) Qualquer impureza, qualquer pecado que
alimentamos secretamente no coração, pode ser a causa de que Deus não abençoe o
nosso trabalho de evangelização. Deus adverte o seu povo em Is 59.2: “Mas as vossas
iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os vossas pecados encobrem o
seu rosto de vós, para que vos não ouça.”
Sabemos que durante a nossa vida não alcançaremos a perfeição e que jamais
alcançaremos um estado de pureza completo. Sempre de novo pecados que cometemos
em pensamentos, palavras, ações e omissões vão manchar a nossa vida. Mas Deus a
purificará sempre de novo toda vez que nos arrependermos verdadeiramente. O nosso
arrependimento, portanto, deve ser diário, constante. Lutero afirmou tão bem esta
necessidade na primeira das 95 teses em que escreveu: “Dizendo nosso Senhor e
Mestre Jesus Cristo: Arrependei-vos... certamente quer que toda a vida de seus crentes
seja contínuo e ininterrupto arrependimento.” E, devido à vivência dessa verdade, a
Reforma conseguiu tão grandes e duradouros resultados. O nosso coração é como uma
casa que a dona deve limpar constantemente. A poeira do pecado sempre se espalha de
novo por todos os cantos, mas a vassoura do arrependimento contínuo pode conservá-lo
num estado de limpeza satisfatório.
Um evangelista conta que, em menino, vendia muitas coisas para ganhar dinheiro.
Certa vez, vendia um produto que tinha fama de proporcionar vitalidade, força e saúde.
Embora ele fosse um menino pálido e subnutrido, fazia com todo o empenho a
propaganda imposta pela companhia. Um dia, subiu num caminhão onde um verdadeiro
gigante estava carregando melancias e lhe expôs o que seu remédio poderia fazer por
ele. Terminada a apresentação do produto, o carregador olhou-o com um olhar irônico e
perguntou: “Filho, você está tomando este remédio? “Naturalmente”, foi a resposta.
Então aquele gigante, medindo com olhos zombeteiros a figura franzina do pequeno
vendedor, replicou sarcasticamente: “Então não o quero, se você mesmo o toma.”(3)
Assim também acontecerá conosco. Se falarmos aos outros dos efeitos salutares
do Evangelho, mas estes não se refletirem em nosso aspecto, colocaremos pedras no
caminho da evangelização, e nossa personalidade arranhará o lustre de nossa
mensagem.
Certo menino ficou apavorado quando a professora lhe falou da ação deletéria dos
micróbios. Mas ficou reanimado de novo quando ouviu que os raios do sol são um
antídoto contra eles e podem eliminá-los completamente. Assim nós também devemos
ficar apavorados ao conscientizar-nos de que os micróbios do pecado podem causar
terríveis devastações em nosso coração. Mas podemos reanimar-nos com a verdade de
que o sol do Evangelho pode neutralizá-los. Exponhamos, por isso, constantemente o
nosso coração aos raios benéficos do Evangelho para que ele possa purificá-lo sempre
de novo dos micróbios do pecado.

1.2. Intenso amor ao Salvador Jesus.


Há poucos anos, os técnicos de uma empresa cinematográfica, ao preparar uma
película que representava a vida de David Livingstone, sentiram-se embaraçados com
certo problema psicológico. A tarefa dramática e maravilhosa daquele missionário
pioneiro na África não lhes parecia lógica. Não puderam compreender como um homem
culto como aquele pudesse deixar a sua terra, os encargos do lar, as posições honrosas
que lhe ofereceram na sua prática a fim de dedicar-se a um serviço duro e aparentemente
infrutífero entre selvagens das regiões mais incultas do continente negro. Os motivos que

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em geral impelem as pessoas às grandes obras, como, por exemplo, o amor à aventura, a
ambição da glória, o interesse financeiro ou o devotamento à pátria não podiam explicar a
atitude de Livingstone. Com estas perplexidades no espírito, procuraram uma associação
missionária em Nova Iorque para obter esclarecimentos sobre este pormenor biográfico
que lhes parecia tão enigmático. A resposta foi simples e dada nestes termos: “O que o
inspirou, mantendo-o sempre fiel na sua missão, foi o amor a Cristo.”(4)
Assim como Livingstone, milhares de outros crentes consagraram a sua vida a
Jesus num amor supremo e num espírito de renúncia a toda prova. Mas o maior dos
servos consagrados dos quais todos os outros eram aprendizes é, sem dúvida, o apóstolo
Paulo que o comprovou com a sua vida e com suas palavras, quando escreveu: “Mas o
que, para mim, era lucro, isto considerei perda por causa de Cristo. Sim, deveras
considero tudo como perda, por causa da sublimidade do conhecimento de Cristo Jesus,
meu Senhor; por amor do qual perdi todas as coisas e as considero como refugo, para
conseguir Cristo.” (Fp 3.7,8)

1.3. Zelo na obra do Senhor.


Um dia, João Hyde, um dos maiores evangelistas do século passado, quando num
trem, começou a falar com seu companheiro de banco sobre Jesus, passou além da
estação onde deveria descer a fim de conquistá-lo definitivamente para Jesus, faltando,
assim, a uma sessão administrativa de sua missão.(5)
John Bunyan, outro grande evangelista, foi jogado na prisão em Belford, na
Inglaterra, porque recusou-se a cessar de pregar. Mas não parou de pregar na prisão.
As multidões reuniam-se perante as janelas do cárcere para ouvi-lo. As autoridades
então construíram altos muros em torno da prisão para frustrar seu intento. Ele levantou
a sua voz e pregou por cima dos altos muros. Isso é o que se chama zelo.(6)
Durante mais de 40 anos em Londres, C. H. Spurgeon empregou seu tempo de
ganhar, no mínimo, uma alma por dia para Cristo, fora de seu trabalho no púlpito.
David Hume escutou uma vez John Brown pregar em Haddington e disse: “Gosto
daquele homem, porque ele prega como se Cristo estivesse no púlpito com ele.”
D. L. Moody, o grande evangelista de outra geração, era um dos homens mais
ocupados de seus dias como evangelista, professor e educador, mas ele tomava-se o
tempo e ganhou durante a sua vida cerca de 750 mil almas.(7)
Margaret, uma tecelã de Lowel, Massachussets, há alguns anos passados,
ganhava um salário muito baixo. Durante 30 anos, ela sustentava quatro pregadores
indianos que naquele tempo lhe custavam quase todo o salário. Ela vivia no sótão
pequeno e quente, em extrema pobreza, mas do ponto de vista de Cristo, era uma
milionária da eternidade.(8)
Há tantos cristãos que têm medo do zelo para não serem chamados de fanáticos,
mas a consagração a Cristo não é fanatismo, nem beatice ou carolice. Enquanto o
fanatismo é motivado por razões falsas como o egoísmo, o ciúme, a inveja, a justiça
própria, a consagração é motivada pelo amor e gratidão a Jesus.
Uma vez no Rio de Janeiro, na praça Saenz Peña, eu tive a oportunidade de
presenciar uma cena viva em que a consagração e o fanatismo agiram lado a lado. Havia
lá um grupo de evangélicos, realizando um culto em praça pública. Era tocante a
simplicidade e a simpatia com que o faziam. Seus cantos eram contagiantes. O
pregador, em palavras candentes, anunciava o amor de Cristo. Havia realmente uma
atmosfera de consagração, e o povo escutava em silêncio. De repente, surgiu um grupo
de fanáticos religiosos, carregando uma imagem de santa e berrando umas rezas em
altas vozes. Postaram-se bem perto dos evangélicos e perturbaram o seu culto com as
suas manifestações ruidosas. Eram pessoas de fisionomia sinistra e de olhares

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assustadores que praticavam uma religião falsa por falsos motivos. Felizmente, o grupo
de evangélicos não se perturbou, continuando tranqüilamente o seu culto até o fim.
Uma coisa é dar testemunho de sua salvação com todo o zelo. Outra coisa bem
diferente é ser fanático e lutar por uma causa perdida. Temos que admirar, mas ao
mesmo tempo ter pena dos comunistas. Temos que admirar o seu zelo, mas ter pena
que a causa por que lutam é falsa e traz apenas desgraça à humanidade, embora eles
digam o contrário. Em 1903, seu iniciador Lenine, com 17 seguidores, começou seu
ataque ao mundo. Em 1918, já havia aumentado para 40 mil até que ele dominou os 160
milhões de russos. O movimento continua até hoje e mais de um terço da humanidade já
caiu sob seu controle. †
É exatamente o zelo com que cada comunista luta a causa de seu sucesso. Isso
se reflete tão bem numa carta que um universitário, comunista norte-americano, escreveu
a sua ex-noiva, explicando o rompimento de seu noivado: “Nós, comunistas, temos uma
medida bem elevada de infortúnios. Somos nós em que atiram, a quem enforcam e
cobrem de alcatrão quente e penas, escarnecem e difamam, zombam e destituem do
emprego e incomodam de todas as maneiras possíveis. Certa porcentagem de nós morre
assim ou está encarcerada. Vivemos em pobreza virtual. Entregamos ao partido cada
cruzeiro que ganhamos, além do que nos é extremamente indispensável para nos manter
vivos.
Nós, comunistas, não temos tempo nem dinheiro para ir muito a cinemas ou
concertos, para filé mignon, casas decentes ou carros novos. Descrevem-nos como
fanáticos. Somos fanáticos. Nossas vidas então dominadas por uma grande e ofuscante
causa: a luta pelo Comunismo mundial.
Nós, comunistas, possuímos uma filosofia de vida que não se pode comparar com
nenhuma quantia de dinheiro. Temos uma causa pela qual lutar, um propósito definido na
vida. Subordinamos o nosso ser mesquinho e egoísta a um grande movimento de
humanidade e, se nossas vidas parecem difíceis ou nosso ego parece sofrer por causa da
subordinação ao partido, então estamos suficientemente compensados que cada um de
nós, está contribuindo com uma pequena parcela para alguma coisa nova, verdadeira e
melhor para a humanidade. Há uma coisa à qual me dediquei completamente: a causa
comunista. É minha vida, minha profissão, minha religião, meu passatempo predileto,
minha querida, minha esposa e senhora, meu pão e carne. Para ela trabalho durante o
dia e com ela sonho de noite. Seu apego a mim não diminui; cresce, porém, com o
tempo. Portanto, não posso fazer amizades, namorar, nem conversar sem me referir a
esta força que impele e guia a minha vida. Eu avalio pessoas, idéias e ações de acordo
com a sua atitude para com ela. Já tenho estado na prisão por causa das minhas idéias
e, se necessário, estou pronto a enfrentar uma linha de fogo.”(9)
Quanto fanatismo, quanta luta exaustiva por uma causa perdida. Mas estão
conquistando o mundo. Acordemos, nós, os cristãos. Sintamos vergonha de nossa
indolência e de nosso temor de sermos chamados de fanáticos. Consagremo-nos à
causa de Cristo, que é a única causa de alcance eterno neste mundo. O fanatismo
desgraça e torna infelizes os seus adeptos. A consagração, ao contrário, os torna
perenemente felizes. Vale, pois, a pena consagrarmo-nos a Cristo, entregando-lhe toda a
nossa pessoa, amando-o intensamente e renunciando a tudo que venha contrariar o
nosso zelo por sua causa.

2. PLENITUDE DO ESPÍRITO.

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“E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do


Espírito.” (Ef 5.18) Por que o apóstolo opõe as duas coisas: embriagado com vinho –
cheio do Espírito? Quando um homem está embriagado com vinho, todas as suas
faculdades são influenciadas por um poder estranho que toma conta dele e o controla de
tal modo que não age autonomamente. Assim é a pessoa cheia do Espírito. Deixa
controlar-se totalmente pelo Espírito Santo de modo que faz o que o Espírito deseja.
Como disse alguém: “Estar cheio do Espírito Santo não quer dizer possuir o Santo
Espírito, mas antes ser possuído por ele. Não quer dizer que nele o Espírito Santo está
apenas presente, mas é o presidente de sua vida.” Embora cada cristão possua o
Espírito Santo, o Espírito Santo não possui necessariamente cada cristão. Você pode
possuí-lo, mas ele não poderá necessariamente possuir você. Ele poderá estar presente
em seu íntimo, mas não ser o presidente de sua vida. Estar cheio do Espírito não quer
dizer que você tenha mais conteúdo do Espírito Santo como se Deus tivesse
desarrolhado a sua alma e despejado nela mais quantidade, mas quer dizer mais controle
pelo Espírito Santo. Quanto mais o Espírito Santo possui você, tanto mais controle ele
exerce em sua vida. O Espírito Santo toma conta das rédeas e domina todo o seu ser,
assim que você se encontra sob a sua presidência e superintendência.”(10)
Um missionário, comparando a plenitude do Espírito Santo com a embriaguez,
contou o seguinte fato ocorrido em sua vida: “Quando viajava certa vez de trem,
embarcou um camponês. Tirou um casaco fora de moda e não soube onde colocá-lo.
Levantei-me e o coloquei num banco para ele. Ele sentou-se e foi-me observando. Após
alguns momentos, veio e sentou-se a meu lado, dizendo:
– Você é um homem tão simpático. Foi tão bom para mim. Aceita um trago?
– Não, não bebo. – respondi.
Observei que a bebida estragava o homem.
– Se você continuar bebendo, ela acabará com você.
Ele respondeu:
– Não vai acabar. Já acabou.
Na manhã seguinte, pelas 4 ou 5 horas, veio de novo, sentou-se a meu lado e
disse:
– Você foi tão bom para mim, venha comigo e tome um gole.
Falei-lhe então que era pastor e gostaria de conduzi-lo a Cristo.
Mais tarde, pelas 8 horas, passeava com sua garrafa pelo vagão, oferecendo a
todos os passageiros. Em Georgia, antes de descer, ficou parado à saída do vagão,
acenando um adeus aos passageiros, dizendo:
– Amigos, estamos perto da colheita de melancias aqui em Georgia. Convido
todos vocês a chegar à minha casa e comer melancias à vontade.•
Eu então fui dizendo para mim: ‘Senhor, passe a garrafa para algum dos meus
membros mornos da Igreja.’ Não estava pensando na garrafa de bebida alcóolica, mas
naquela do Espírito Santo. Porque, quando o Espírito Santo toma conta de alguém, ele é
igual a um homem cheio de vinho. O Espírito muda os introvertidos em extrovertidos.
Dá-lhes uma atitude generosa para com o próximo e, especialmente, para com a Palavra
de Deus. O Espírito fez os primeiros cristãos de Jerusalém generosos, de maneira que
até vendiam suas propriedades, oferecendo o dinheiro aos pobres.”(11)
Jesus disse em Jo 7.38: “Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior
fluirão rios de água viva.” Quando o Espírito Santo vem sobre o crente em sua plenitude,
do seu interior também fluem rios de água viva. O crente então será igual a um poço
artesiano com bênçãos borbulhantes.
Há duas espécies de poços: artesianos e aqueles com bomba comum. Nos
artesianos, é preciso apenas abrir a torneira e a água sai borbulhando sem que haja
necessidade de ser bombeada. As bombas de poço comum primeiro devem ser

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preparadas. Deve-se derramar alguma água nelas. Depois, começa-se a bombear.


Após algum tempo, finalmente a água sai. E no momento em que se pára de bombear, a
água volta novamente. Se se quer bombear de novo, deve-se recomeçar o processo de
preparação.
Quantos membros de Igreja são iguais a essas bombas. Se você quer alguma
coisa deles, primeiro tem que prepará-los. Você tem que pedir e insistir: “Por favor, cante
no coro, dê aula de escola dominical, aceite um cargo da diretoria, coopere na campanha
de evangelização, apareça nos cultos, contribua para a obra do Senhor.” Depois de
bastante preparo e insistência, eles começarão a dar alguma coisa de si. Mas quando
você pára um pouco de insistir, novamente voltam para trás.
E nós? Somos poços de bomba comum ou poços artesianos?
Sejamos poços artesianos. Tais poços geralmente têm centenas de metros de
profundidade. A força da pressão da torrente depende do tamanho do furo da perfuração.
Atingido o lençol, a água vem jorrando espontaneamente e o único trabalho que se tem é
abrir a torneira. É necessário estancar a corrente a fim de que pare de jorrar. Oh, se
todos nós, cristãos, fôssemos assim, fontes vivas de poços artesianos!
O missionário John Hyde estava a caminho de um posto missionário na Índia. A
bordo do vapor, recebeu este telegrama: “Você está cheio do Espírito?” Ele era
conhecido como um grande pregador e sua primeira reação, enquanto amarrotava o
telegrama e o metia no bolso, foi esta: “Que ousadia, enviar-me um telegrama,
perguntando-me se estou cheio do Espírito. Naturalmente que estou, pois eu sou um
missionário.” Voltou apressado para o seu camarote, mas de algum modo o Espírito de
Deus lhe falou. Tirou do bolso o telegrama e leu-o outra vez. Em seguida, caiu de
joelhos e se entregou inteiramente ao Senhor. Entregou tudo e clamou com fé pelo poder
do Espírito Santo em sua vida. John Hyde foi para a Índia e um grande reavivamento ali
se realizou. Foi da Índia à Coréia onde houve outro grande reavivamento. Jonathan
Goforth, missionário na Manchúria, ouviu falar desse acontecimento. Foi à Coréia, olhou
e voltou novamente a Manchúria onde se realizou um dos maiores reavivamentos de
todos os tempos. Três grandes reavivamentos, porque um homem ficou cheio do
Espírito.(12)
A plenitude do Espírito Santo não significa uma remoção total do pecado.
Também não quer dizer que o crente, uma vez alcançada a plenitude, permaneça nela
constantemente. Como cada crente permanece pecador, está sujeito a esvaziar-se de
novo, mas também pode alcançar a graça de repetir-se a dose inúmeras vezes,
pontilhando-se a sua vida espiritual com altos e baixos. Muitos acham que a plenitude do
Espírito dá o poder de dominar víboras venenosas ou de falar línguas estranhas. É o
diabo que se acha relacionado com muitos cultos de fanatismo a respeito do assim
chamado “Batismo do Espírito Santo”. Foram o hiperemocionalismo e o fanatismo que
causaram a ignorância de muitos cristãos conservativos a respeito dos ensinamentos da
plenitude do Espírito Santo.
Em meio a tantas controvérsias sobre a plenitude do Espírito Santo, podemos ter
duas certezas: 1) Ela existe. A Bíblia nos fala diversas vezes em homens cheios do
Espírito. 2) Temos a ordem de buscá-la conforme as palavras do apóstolo em Ef 5.18:
“Mas enchei-vos do Espírito.” E a podemos atingir pelo crescimento na fé e pela entrega
total de nossa vida a Deus.
Que seria de nossa Igreja, se todos os seus membros fossem cheios do Espírito?

3. ESPÍRITO DE ORAÇÃO.

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Quando perguntaram a um evangelista experiente o segredo de seu testemunho eficiente,


ele respondeu: “Tenho uma arma secreta – a oração.” Essa arma poderá pertencer a
todo crente em Cristo Jesus, porque Jesus prometeu a cada um de seus discípulos:
“Tudo o que pedirdes a meu Pai em meu nome, ele vo-lo há de dar.” (Jo 16.23)
A Bíblia dá a máxima importância à oração. Jesus mesmo orava freqüentemente. Os
apóstolos oravam. Todos os crentes oram. A oração tem conseguido os mais
surpreendentes resultados. A oração dos crentes da primeira congregação de Jerusalém
conseguiu a libertação de Pedro da prisão. A oração de Moisés conseguiu salvar seu
povo. A oração da mãe de Agostinho contribuiu para que ele se transformasse num dos
maiores homens de Deus. A obra da Reforma foi conduzida sobre as asas da oração. A
rainha da Inglaterra temia mais as orações de John Knox que um exército de 10 mil
soldados.
No entanto, como é a oração tão pouco explorada. Muitas vezes, parece não trazer
resposta, e os que oram desanimam.

3.1. Principais razões por que as nossas orações muitas vezes permanecem
desatendidas.

3.1.1. Não permanecemos em oração.


Deus exige persistência na oração como vemos na sua atitude para com a mulher
cananéia. Falta de persistência revela falta de fé.

3.1.2: Não temos fé suficiente.


É preciso ter fé firme de que Deus vai atender as nossas orações. A esse
respeito, certo missionário observou: “Vejam a falta de fé quando se cumpriu a oração
daqueles que, em Jerusalém, oravam pela libertação de Pedro. Quando o apóstolo de
repente se lhes mostrou, não quiseram acreditar e chamaram de louca a empregada que
lhes transmitia a notícia.” (At 12.13-17)
O mesmo missionário contou também que, já diversas vezes, pessoas se dirigiram
a ele nestes termos: “Irmão Daniel, orei por tal e tal, e creia ou não, Deus respondeu à
minha oração.” Seu tom de voz expressava surpresa. E surpresa traduz certa falta de fé
que, muitas vezes, é a razão pela qual orações nossas permanecem irrespondidas.
Somos, tantas vezes, iguais àquela mulher proverbial que orou pela remoção da
montanha entre a sua casa e a cidade. Na manhã seguinte, disse: “Ainda esta lá... bem
assim como esperava.”(13)

3.1.3. Colocamos nossa fé num falso alvo.


Pedimos coisas nocivas a Deus assim como uma criança pede uma faca afiada à
sua mãe. É por isso que devemos pedir todas as coisas materiais condicionalmente,
acrescentando: “Se for da tua vontade.”

3.1.4. Atribuímos certa magia à oração.


Muitas pessoas pensam que a oração possui em si uma certa mágica para
fornecer o que se pede. Outras dizem: “Tenho muita fé na oração.” Acham que, pelo
simples fato de orarem, serão atendidos. A oração é apenas um canal pelo qual nos
dirigimos a Deus e este faz fluírem as suas bênçãos.

3.1.5. Nossos motivos para a oração não são corretos.


Certa mulher dirigiu-se a um missionário após o culto e disse: “O senhor hoje, em
seu sermão, falou por que Deus não converteu ainda o meu marido. Meu marido é um
beberrão, e eu orei muitas vezes a Deus que ele o salvasse da bebedeira. Mas agora

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compreendo, não orei desinteressadamente. Eu queria que meu marido deixasse de


beber para usar o dinheiro desperdiçado em uísque a fim de comprar roupas. Eu
desejava a respeitabilidade dum marido digno. Desejava um marido que se sentasse
comigo nos bancos da igreja como fazem os outros maridos. Mas não estava pensando
na glória de Deus. Agora compreendi por que Deus não atendeu a minha oração. Foi
porque eu pedia por motivos egoístas. Por favor, ore, seu missionário, para que eu possa
orar desinteressadamente.”(14)

3.1.6. Mantemos rancor em nossos corações.


Diversas pessoas são como aquela menina à qual sua mãe ensinara a orar por
diversas pessoas de sua família. Um dia, sua tia teve que bater nela. Na mesma noite,
orou assim: “Senhor, abençoa o avô e a avó, a mãe e a tia. Então, lembrando-se de seu
rancor à tia, gritou: “Não, não a abençoe.”
Outra menina estava com raiva de sua mãe. Quando terminou suas orações
naquela noite, levantou-se e, com ar de arrogância, disse à sua mãe: “Espero que você
tenha notado que a deixei fora.”(15)
“E perdoa-nos as nossas dívidas, assim como nós temos perdoado aos nossos
devedores... Porque se perdoardes aos homens as suas ofensas, também vosso Pai
celeste vos perdoará; se, porém, não perdoardes aos homens as suas ofensas, tão pouco
vosso Pai vos perdoará as vossas ofensas.” (Mt 6.12,14,15) No versículo 12, que é a
quinta petição do Pai-Nosso, prometemos a Deus que perdoamos ao nosso próximo. Nos
versículos 14 e 15, Deus faz do nosso perdão ao próximo a condição para seu perdão
para conosco.

3.1.7. Cultivamos outros pecados em nosso coração.


“Mas as vossas iniqüidades fazem separação entre vós e o vosso Deus; e os
vossos pecados encobrem o seu rosto de vós para que não vos ouça.” (Is 59.2)
Há anos, uma família que morava no nordeste dos Estados Unidos, ficou presa em
sua casa durante dias por causa de uma tempestade de neve. Acabados os alimentos, o
pai foi ao telefone arcaico para encomendar mantimentos do armazém. Mas não
conseguiu estabelecer ligação com a central telefônica. Com raiva, pendurou o telefone
no gancho, dizendo: “Vou agora verificar o que está ocorrendo. Certamente a telefonista
não estava quando chamei. Deve ter ido divertir-se, enquanto aqui cansei de chamar.”
Foi à companhia telefônica, exigindo que removessem seu telefone. Os
funcionários disseram que não haviam recebido sinal de seu chamado.
Desconfiados de que houvesse algum empecilho na linha da central até a casa do
camponês, foram examiná-la. Descobriram, então, que uma coruja morta havia
interceptado a linha. O homem não havia estabelecido contato com a central, mas com
uma ave em decomposição.
Muitas pessoas se ajoelham para orar. Mas não conseguem estabelecer contato
com Deus por causa das corujas mortas de seus pecados que cultivam em seus
corações. As corujas mortas da avareza, da concupiscência, do ódio, da inveja, do
mundanismo, da desobediência. Esses pecados interceptam a linha telefônica entre eles
e seu Deus.(16)
A primeira coisa a fazer é pedir que Deus nos ajude a remover tais obstáculos e
nos purifique o coração com o seu gracioso perdão para que nenhum pecado nos separe
de seu bondoso auxílio.
O evangelista John Hyde costumava dizer: “Se permanecermos perto de Jesus,
então ele mesmo atrai as nossas almas para junto dele mesmo. Mas ele deve ser
glorificado em nosso íntimo. Nosso eu, de qualquer maneira, se interpõe entre nós e ele.
Por isso, temos de afastá-lo. Nosso eu deve ser com Cristo crucificado, morto e

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sepultado. Se não for também sepultado, então o mau cheiro do velho homem vai afastar
as almas de nós. Mas quando estas três providências afastarem o velho homem, o novo
homem torna-se vivo, acorda e senta-se no trono.”
Ele achava fundamental esta crucificação do eu para o trabalho de conquista de
almas. Se ele não ganhava as almas pedidas na oração, abatia-se tal peso sobre seu
coração que passava por grande agonia. Perguntava a seu Senhor qual tinha sido o
obstáculo. Sem exceção, descobria que era a falta de louvor e agradecimento em sua
vida. Então costumava confessar este pecado e pedir o perdão, implorando pelo espírito
de louvor e agradecimento como qualquer outro dom. Quando louvava e agradecia a seu
Deus, ia sendo procurado por almas desejosas de salvação e acalmavam-se, assim, seus
anseios.(17)
O pecado de Acã impediu aos israelitas de conquistar a pequenina cidade de Ai,
no primeiro assalto. Só depois de removido, foi possível prosseguir na conquista de
Canaã. A covardia e o desinteresse reduziu o exército de Gideão a 300 homens
corajosos e dedicados, que, sozinhos, conseguiram o que não teriam conseguido os
primitivos 30 mil em pecado. O anseio por pureza de coração sempre foi o apanágio dos
grandes homens de Deus aos quais Deus concedia seus graciosos dons muito além
daquilo que podiam imaginar.

3.1.8. Muitas vezes, a nossa oração é vazia e mecânica.


Oramos sem pôr sentido no que dizemos. Muitos usam até contas para a oração,
como os gentios. Jesus disse: “Orando, não useis de vãs repetições como os gentios;
porque presumem que, pelo muito falar, serão ouvidos.” (Mt 6.7) Esse mecanismo de
orar ou leva a pronunciar intermináveis orações vazias de sentido e espírito ou degenera
na lei do mínimo esforço, fazendo a pessoa, cada vez mais, resumir a sua prece, até
dispensá-la por completo.
Certa pessoa orava a mesma oração todas as noites. Como sempre eram as
mesmas palavras, decidiu escrevê-la num papel e 1ê-la cada noite de joelhos. Enfim se
perguntou: “Por que estou ajoelhado? Podia também 1ê-la na cama.” Então a colocou
aos pés da cama e a lia antes de adormecer. Com o decorrer do tempo, limitava-se a
indicar com o dedo o papel escrito e dizer: “Senhor, estes são os meus sentimentos. Tu
sabes o que desejo. Concede-mo.”
Onde falta compenetração e espírito na oração, lá só pode sobrevir o esfriamento
total e um afastamento cada vez maior da ajuda divina.

3.1.9. Somos impacientes.


Prescrevemos a Deus a maneira e o tempo em que nos deve ajudar. Deus,
porém, tem o seu modo de atender as nossas orações e o faz a seu tempo.
Diz o Catecismo Menor de Lutero que Deus atende a toda e qualquer oração
verdadeira, mas o faz a seu modo e a seu tempo.(18)

3.1.10. Esperamos toda a ação de Deus, mantendo-nos passivos, quando, em


certas circunstâncias, deveríamos agir para que o pedido se concretize. Alguém disse
que, muitas vezes, é necessário colocar pés debaixo das orações. Muitas vezes,
precisamos cooperar e andar para alcançar o alvo almejado.
Um grupo de senhoras cristãs estava realizando sua costumeira reunião de
oração. Estavam à espera de um evangelista que era o convidado para pregar numa
campanha missionária próxima.
Veio o evangelista e escutou algumas delas falar a respeito de uma mulher imoral
que vivia por ali perto.
O evangelista perguntou:

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– O que vocês estão fazendo para conseguir a regeneração desta mulher?


A dirigente respondeu:
– Estamos orando fielmente por sua salvação cada vez que nos reunimos.
– Ótimo – disse o evangelista – Mas ela irá para o inferno enquanto vocês oram.
Ainda não foram visitá-la? Ainda não falaram com ela sobre a sua alma? Alguém já
levou o Evangelho para sua casa?(19)
Nenhuma o tinha feito. Esperavam que Deus o fizesse quando pretendia, por seu
intermédio. Não haviam colocado pés sob suas orações. Não podemos ficar meramente
passivos. É preciso organizar-nos e trabalhar sob a invocação divina. Devemos orar
como se a Deus coubesse fazer tudo, mas agir como se tudo dependesse de nós.
“Muito pode, por sua eficácia, a súplica do justo”, diz Deus em Tiago 5.16. No
terreno espiritual, devemos fazer a Deus pedidos régios e deixar toda modéstia de lado.
Deus quer que lhe peçamos muito, porque ele é poderoso para fazer infinitamente mais
do que tudo quanto pedimos ou pensamos, conforme o seu poder que opera em nós.” (Ef
3.20) Muitas vezes não temos nada, porque nada pedimos. “Nada tendes, porque não
pedis.” (Tg 4.2)
Certo rei prometeu atender a todos os pedidos feitos por seus servos. Alguns
pediram pequenos favores, mas um pediu uma grande soma em dinheiro. Seus
companheiros criticaram o pedido exagerado. Mas o rei defendeu-o, dizendo: “Este
servo pediu mais. Todos vocês pediram como se eu fosse um pobre. Este homem
honra-me com a sua requisição. Ele me pediu como a um rei.”(20)
Quantas vezes insultamos Deus pela pequenez de nossos pedidos no terreno
espiritual. Não peçamos a ele como se fosse um pobre. Peçamos-lhe grandes coisas e
façamos grandes coisas por ele.
Principalmente no terreno da evangelização, essa verdade sempre se comprova
de novo. Quanto mais se ora, tanto mais Deus ajuda. Os seguintes fatos comprovam-no:
Dois visitadores evangelísticos contaram que, na sua primeira noite de visitas,
quase nada conseguiram, enquanto os outros pareciam ter tido sucesso em seu trabalho.
Na segunda noite, eles eram o único grupo que não tinha conseguido nenhum prospecto.
Na terceira noite, antes de saírem, passaram em revista todos os seus atos para verificar
o que haviam feito de errado. Descobriram que não haviam preenchido apenas uma
recomendação: haviam deixado de orar. Então, antes da partida, foram à igreja e oraram.
Esta noite tudo parecia diferente. Tiveram um sentimento mais caloroso em relação aos
visitados. O povo correspondia-lhes melhor. Conseguiram alguns prospectos. Mesmo se
não os houvessem conseguido, fizeram a experiência de que tudo era diferente.(11)
Três estudantes relataram que tinham saído cada semana uma vez, durante um
mês, para a visitação evangelística. No primeiro mês, não ganharam ninguém. Então se
lembraram de que haviam se esquecido de orar. Decidiram orar durante 30 minutos,
antes de cada visitação noturna. Na primeira semana, depois desta prática, ganharam
duas almas para Cristo. Na segunda semana, nove, na terceira, onze e, na quarta,
dezesseis. Entre os conquistados havia prospectos difíceis como judeus e outros que
nunca haviam assistido a um culto.
O Dr. Sweazy disse: “Eles oram melhor quando estão amedrontados diante da
importância de sua obra.” Quando visitadores se tornam seguros, oram menos e perdem
este sentimento de temor e magnitude de seu trabalho, decaem em eficiência.(22)
Outro visitador leigo disse: “Orei no carro antes de nossa visita. A visita não
parecia prometer muito. O homem era morno e indiferente. Quando voltamos ao carro,
era a vez de meu companheiro orar.
Ele estava um tanto desanimado, mas finalmente explodiu: ‘Senhor Deus,
abençoa a nossa visita (longa pausa) e faça este senhor vir ao culto esta noite.’ Parecia-
me como se ele tivesse enchido demais a sua boca. Mas vejam só. À noite, quase caí do

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banco quando, vinte minutos após o início do culto, aquele homem entrou na igreja. Eu
não podia crer no que via. Estou convencido de que foi mais o poder da oração que
nosso testemunho a causa do resultado.”(23)
Uma jovem senhora, antes de sua primeira visita, estava com muito medo. Ela
contou que orava fervorosamente, enquanto subia a escada da primeira casa a ser
visitada. Não tinha coragem de bater à porta. Apenas orava para que ninguém estivesse
em casa.
Mas, repentinamente, ela se via apertando a campainha e sendo convidada a
entrar. O pessoal era receptivo e por alguns momentos conversava com respeito à igreja.
Ela deu então o seu testemunho, dizendo o que significavam Cristo e a Igreja para ela.
Ainda estendeu-lhes um convite para o próximo culto e se despediu.
Após sua volta à igreja para o relatório da visita, estava desvanecida. Deus havia
respondido à sua oração – mais do que respondido. Em lugar de conceder-lhe o que
pedira, ele a capacitara de testificar e demover a família visitada a aceitar o seu
testemunho. Ela aprendera alguma coisa da oração naquele dia. “Antes que clamarem,
eu responderei”, diz o Senhor. Deus é poderoso para fazer infinitamente mais do que
tudo quanto pedimos ou pensamos.(24)
Um cidadão, John Moulton, foi visitado três vezes sem resultados aparentes. John
nem se predispunha a travar um diálogo. Respondia às perguntas com monossílabos.
Finalmente, depois de feita uma oração, ele se abriu, dizendo: “Pastor, perdoe-me por ter
sido tão grosseiro. Eu sei que nunca poderia tornar-me membro de sua Igreja por causa
de meu passado. Mas, se o senhor quiser ouvir-me, contarei a minha história.”
Derramou, então, o seu coração, confessando uma vida de total avareza e egoísmo.
Seus atos envolviam falsificações, desencaminhamento duma casa de suas irmãs e
mágoas causadas a seu pai que o levaram cedo à sepultura. Como o pastor acreditava
firmemente no sacrifício expiador de Cristo, estava apto a socorrer John e, mais tarde,
toda a sua família. (25)
O que palavras não conseguiram foi resolvido por uma oração, feita em hora
oportuna, capaz de derreter o coração mais glacial e de malhar o caráter mais
endurecido.
Como orar? Muitos não têm coragem de pronunciar uma oração livre, por menor
que seja. Em nossos cursos de evangelização, sempre de novo deparamos com a
dificuldade de pronunciar orações livres da parte dos alunos. Grande parte se limitava às
orações decoradas desde a infância, herança que de nenhuma maneira devemos
desprezar nem deixar de praticar. Mas é necessário que aprendamos, ao lado das
orações decoradas, também fazer orações livres cada vez mais desenvolvidas,
especialmente no trabalho da evangelização onde os problemas são específicos e
sempre se apresentam sob novas formas. Para facilitar a tarefa, indicamos aqui umas
normas gerais, elaboradas pelo pastor A. Graf em seu livro The Church in lhe Community.

3.2. Estrutura de uma oração.


Seguir um modelo ou esquema geral na oração não somente cria confiança, mas
também permite à mente descontrair-se para pensar durante a oração. É conveniente
incluir as seguintes partes em quase todas as orações:

3.2.1. O endereçamento.
Como crianças se dirigem a seu pai para fazer um pedido, assim nós nos dirigimos
ao nosso Pai celestial. Para nos lembrar e ao nosso prospecto que espécie de pai temos,
começamos mais ou menos assim: “Amado Pai celestial, que és o doador de toda boa
dádiva e de todo dom perfeito e que, em teu amor, nos enviaste Jesus como nosso
Salvador do pecado, da morte e da condenação...”

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3.2.2. Louvor e agradecimento.


O endereçamento é seguido por louvor e agradecimento. Divida-o em duas
partes. Primeiro, agradeça pela dádiva de seu Filho e as bênçãos relacionadas. Em
seguida, agradeça por casos particulares que dizem respeito ao prospecto em questão.
Exemplo:
Nós te agradecemos por teu amor, pelo sacrifício de teu Filho na cruz do Calvário,
pelo teu oferecimento de perdão a todas as pessoas indistintamente de sua origem ou
condição.
Especialmente te agradecemos (aqui mencione casos particulares pelos quais o
prospecto deve estar agradecido) pelas tuas bênçãos sobre esta casa, pelos seus filhos
sadios. Agradecemos-te porque conduziste o senhor (nome do prospecto) a conhecer e
confessar seu Salvador, a prometer que levará seus filhos à escola dominical e que estará
disposto a te servir com outros crentes em nossa congregação.

3.2.3. O pedido.
O agradecimento é seguido pelo pedido. Novamente o divida em duas partes.
Primeiro, peça bênçãos gerais. Em seguida, pleiteie bênçãos particulares no interesse do
prospecto. Exemplo:
Pedimos que sempre nos queiras conservar reconhecidos por teu amor, queiras
constantemente fortalecer nossa confiança em ti e fazer que permaneçamos agradecidos
a ti.
Especialmente pedimos-te (aqui seguirão pedidos específicos de acordo com a
ocasião) que queiras abençoar esta família, o Sr. (prospecto), sua esposa e seus filhos
(mencionar nomes, se possível). Em seu amor, eles prometeram levar seus filhos à
escola dominical. Não permitas que o diabo nenhuma outra força deste mundo os
desviem deste propósito. Ajuda os pais a serem não apenas pais, mas pais cristãos e que
conduzam seus filhos para uma vida que seja eterna por tudo que lhes dizem e fazem.
Dá-lhes a sabedoria e a coragem para que se tornem, pouco a pouco, aquilo que
gostariam de ser por tua causa. Ajuda-me a ser um bom pastor (ou amigo) para eles e
seus filhos...

3.2.4. A conclusão.
Muitos têm dificuldades em começar. Encontram a mesma ao terminar. Orações
dessas não devem ser muito longas. Já que a oração cristã sempre deve conter o
Evangelho (Note como o Evangelho se fez presente nas notas acima.), o primeiro
propósito é fazer o prospecto falar com Deus, juntamente com você. A conclusão deve
expressar confiança porque tudo foi pedido em nome de Jesus. Exemplo: Sabemos que
somos pecadores e não merecemos bem algum de ti. Mas como prometeste atender a
todos que vêm a ti em nome de Jesus, nós te pedimos que nos queiras ouvir e abençoar
em seu nome. Amém.

3.3. Algumas sugestões para tornar as suas orações mais fáceis:


Cada cristão pode e deve orar. Mas ensinar outros a orar é uma tarefa que
pertence somente àqueles que se ocupam da tarefa e se preparam para ela. Bons
sermões e boas orações não acontecem ao acaso. Em todo o caso, o Espírito não
dispensa o preparo. As seguintes sugestões podem ser úteis:

3.3 1. Escreva e memorize certas partes de suas orações.


Nas recomendações acima, a parte 1, a primeira divisão de 2 e 3 e toda a
conclusão podem ser memorizadas e usadas repetidamente com todos os tipos de

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prospectos. Isso não apenas lhe dá confiança, mas também lhe proporciona uma sólida
estrutura à qual você pode acrescentar detalhes específicos sem pular para cá e para lá a
ponto de deixar o prospecto e Deus em confusão.

3.3.2. Ore em casa com a sua família.


Como cristão, você certamente ora pela e com a família. Embora devocionários
incluam orações escritas, você encontrará uma bênção real em formular suas próprias
orações e acrescentar pedidos específicos às orações escritas. Com isso, você se
exercitará a orar também melhor e mais espontaneamente com seus prospectos.

3 3.3. Ore suas orações particulares em voz alta.


Um leigo que procedia assim observou: “Ajudou-me a sentir as palavras na minha
língua e a escutar-me com meus próprios ouvidos. Então, quando orava depois com
meus prospectos, minhas orações soavam naturais e espontâneas em vez de artificiais e
forçadas.”

3.3.4. Reexamine a sua atitude em relação a Deus e à sua pratica da oração.


Nada é mais básico para a oração que uma fé cristã sincera. Não estou pondo em
dúvida o seu cristianismo. Você dificilmente leria este livro se não fosse cristão. Mas eu
agora estou argüindo as profundezas de sua fé em Deus. Essas profundezas variam em
cada cristão e mesmo de semana a semana no mesmo cristão.
Até onde Deus é real para você? É ele simplesmente o Criador de céus e terra
numa esfera vaga, distante, ou é ele aquele no qual você vive e se move e encontra a sua
vida todos os dias? Tem ele uma influência direta e imediata sobre sua saúde, estado
mental, família, emprego e ganho? Deu ele o seu Filho num passado distante que não o
comove, ou faz você vibrar e se emocionar diariamente quando você aceita sempre de
novo o perdão misericordioso em Cristo? Que convicção você tem a respeito das
palavras que todas as coisas conjuntamente cooperam para o bem daqueles que amam a
Deus? Até onde o céu, o inferno, os anjos e os demônios, o pecado e o perdão são reais
para você? A realidade consciente dessas verdades era a base da vida do apóstolo
Paulo, conforme se expressou em Cl 1.3: “Damos sempre graças a Deus, Pai de nosso
Senhor Jesus Cristo, quando oramos por vós.”
Medite sobre essas realidades espirituais e eternas até que se tornem tão reais
para você como seus pés ou o nascer-do-sol. Então, suas orações por você mesmo e
pelos seus prospectos brotarão de um coração cheio de convicção, fazendo seus lábios
implorarem a ajuda de Deus, pois você conhece muito bem a impotência do ser humano e
a onipotência e o amor de Deus. Conhece, também, a existência efêmera das coisas e o
valor eterno dessas bênçãos adquiridas para a pessoa pelo sacrifício substitutivo de
Cristo e por sua glória e ressurreição.(26)
Notemos bem. A eficiência da oração depende desta convicção profunda nas
realidades espirituais. Se mesmo então, não encontrarmos sempre as palavras
adequadas e frases bem-formuladas, a ajuda divina poderá deixar um profundo impacto,
pois sempre estará acompanhada do poder do Espírito Santo.
Certo evangelista contou que a maior oração que ouviu não foi plenamente
expressa. Ele estava realizando um culto evangelístico numa igreja colonial. As reuniões
eram frias. Ninguém queria fazer nada. Depois de dias de pregação, não houve
resposta. A indiferença era geral.
Um dia, um lavrador veio a ele e disse: “Pastor, se há alguma coisa que eu possa
fazer para que esta Igreja tenha um reavivamento, chame-me e eu o farei.”
Naquela noite, o evangelista chamou o lavrador para fazer a oração. Ele nunca
havia orado publicamente, mas ajoelhou-se e tentou orar. Começou mais ou menos

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assim: “Oh! Deus...” e não pôde continuar. Então pigarreou durante alguns momentos e
clamou de novo: “Oh! Deus...” Ficou nisso e não conseguia falar uma sentença
completa. Mas o evangelista disse que se podia sentir o poder excepcional de Deus
subindo daquele coração carregado.
Após algum tempo, todos os presentes começaram a sentir o peso. Podiam-se
perceber as orações que se desprendiam deles. Podiam-se ouvir pigarros em todos os
bancos. Finalmente, o lavrador exclamou: “Oh! Deus, tu conheces o peso do meu
coração. Amém.”
O evangelista disse que o poder de Deus caiu sobre as pessoas naquela reunião.
Nunca tinha ouvido uma oração tão poderosa. Nunca sentira a ação do Espírito como
naquele dia. Naquela reunião, muitos se arrependeram e, antes de terminar, um
poderoso reavivamento moveu a Igreja. Não são as palavras expressas na oração que
contam, mas o espírito delas.(27)
Graças a Deus, apesar da incredulidade nos nossos dias, apesar da ilimitada
confiança que muitos milhões depositam hoje nas conquistas da ciência, apesar de a
metade do mundo encontrar-se dominada por forças políticas atéias, ainda há milhões e
milhões de cristãos cujas vidas dependem de suas orações fervorosas. Um presidente
dos Estados Unidos declarou: “Somos sustentados e inspirados pelas orações de
milhões de pessoas.” Declarou, ainda, que nesta época, em que a religião parece estar
fora de moda, mais da metade das cartas que recebe traz a informação: “Estamos
orando pelo senhor, presidente.”(28)

3.4. Algumas observações de grandes homens de Deus a respeito da oração.


Terminemos as nossas considerações sobre a oração com algumas observações
de grandes homens de Deus a esse respeito:
Lutero: “O que é o pulso para a vida física, é a oração para a vida espiritual.
Cessar de orar é cessar de ser cristão.”
Não termine a oração antes de dizer ou pensar: “Esta oração foi ouvida por Deus.
Tenho certeza disso. Amém.”
C.F.W. Walther: “Ser verdadeiro cristão e orar são duas coisas tão unidas que
não se pode pensar numa e não na outra. Como o grito é o primeiro sinal na vida de uma
criança recém-nascida, assim a oração é o primeiro sinal na vida de um regenerado. Tão
logo Saulo se convertera, ouvimos dele: “Eis, ele ora.”
“O que é a amêndoa numa noz, a alma num corpo, é a fé na oração.”
“Uma oração com fé é uma chave com a qual o cristão abre o céu, sim, o coração
paternal de Deus.”
Prezado evangelista. Cultive, sem descanso, a prática da oração verdadeira. Ela
será o fruto de sua fé e o termômetro desta. Por meio dela poderá avaliar o grau de sua
vida cristã e obter infinitamente mais do que tudo quanto peça e imagine conforme o
poder de Cristo que opera em você. (Ef 3.20)
O Dr. William Sihler, um dos pioneiros da Igreja Luterana nos Estados Unidos,
possuía joelhos calejados porque passava sobre eles grande parte de seu tempo, orando
por seu rebanho e por aquelas pessoas que desejava conduzir até ele sob a bênção
divina.
Spurgeon, outro grande evangelista, foi uma vez perguntado por um estudante
qual o segredo de seu poder. Rápido, Spurgeon respondeu: “Trabalho de joelhos, meu
jovem.” Nenhum cristão pode equipar-se adequadamente para conquistar almas para
Cristo, se não conhece esse trabalho sobre joelhos, se não cultiva conscienciosamente a
vida de oração.”(29)
Belíssima e modelar é a oração de um mexicano convertido:
“Não passo de uma fagulha; faze-me um fogo.

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Não passo de uma corda; faze-me uma lira.


Não passo de uma gota; faze-me uma fonte.
Não passo de um montículo; faze-me uma montanha.
Não passo de uma pena; faze-me uma asa.
Não passo de um jornaleiro; faze-me um rei.
Não passo de um elo; faze-me uma corrente.
Não passo de um chuvisco; faze-me uma chuva.”(30)
Faz mais de meio século, Jorge Mueller, o príncipe dos intercessores junto a
Deus, começou a orar por um grupo de cinco amigos. Ao cabo de cinco anos, um deles
se rendeu a Cristo. Dez anos depois, outro. O terceiro e o quarto foram ganhos antes da
morte de Mueller, depois de ter orado 25 anos por eles. Prosseguiu na oração a favor do
quinto que também se converteu, mas já após a morte de Mueller. Havia orado por ele 50
anos.(31)
É um exemplo que nos ensina, além da eficiência, o valor da persistência na
oração.

4. CONHECIMENTO PRÁTICO DA BÍBLIA.

4.1. Aplicar o seu conteúdo ao bem próprio e ao do semelhante.


Um cientista disse: “Não devemos ler a Bíblia como o advogado lê um
testamento, mas como o herdeiro o lê. O advogado só examina o testamento para ver se
seu conteúdo tem força de direito. Quem lê assim a Bíblia, permanece vazio. Mas aquele
que lê a Bíblia como a sua herança, dirá: “O que está aqui é para mim, é o que meu Pai
celestial me proporcionou.”(32)
“Buscar-me-eis e me achareis, quando me buscardes de todo o coração”, diz Deus
em Jr 29.13; e, em Jo 5.39, diz Jesus: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas
a vida eterna e são elas que de mim testificam.” O apóstolo Paulo relata que os cristãos
de Beréia eram mais nobres que os de Tessalônica, pois receberam a Palavra com toda a
avidez, examinando as Escrituras todos os dias para ver se as coisas eram de fato assim.
(At 17.11)
É com esse interesse que o evangelista autêntico deve examinar a sua Bíblia.
Deve encontrar nela o seu Deus e Salvador pessoal, a vida eterna e examinar se as
doutrinas de sua Igreja estão de acordo com ela. Conhecimento prático da Bíblia quer
dizer aplicá-lo em primeiro lugar para o bem próprio e, em seguida, para o proveito dos
semelhantes.

4.1.1. Encontrando nela a salvação e a vida eterna.


Há milhões de livros neste mundo, muitos dos quais ensinam coisas úteis, mas
todos apenas preparam o cidadão para esta vida. A Bíblia é o único livro que prepara o
homem para a outra vida, que o converte e regenera. Suas palavras são, portanto, o
único instrumento eficiente nas mãos do evangelista para conquistar uma alma. Quanto
melhor souber manejá-la tanto mais almas converterá. “Uma palavra da Escritura torna-
me o mundo muito pequeno”, dizia Lutero. Às vezes, uma palavra ou um versículo
bastam para obter a regeneração. Vejamos algumas ilustrações.
O tabernáculo do grande evangelista Spurgeon estava sendo remodelado e
decorado. Um pintor estava terminando a sua tarefa no alto da torre. Spurgeon veio ao
templo sem saber que alguém estava ali e, desejando provar a acústica, subiu a
plataforma e com aquela voz impressionante que o caracterizava, repetiu Jo 3.16. As
palavras chegaram aos ouvidos do pintor sobre o andaime e foram direto a seu coração.
Ele tentou continuar o seu trabalho, mas aquelas palavras da Escritura continuaram a

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ressonar no mais profundo de sua alma. Trouxeram-lhe a convicção, e ele, deixando o


pincel, foi para casa e contou à sua esposa, uma crente fiel, o que ouvira no tabernáculo.
“Foi a Palavra de Deus”, disse ele, “à minha alma e eu quero que você ore comigo a fim
de que Deus perdoe os meus pecados.”(33)
Certo pastor voltou um dia à casa de seus pais para dirigir uma série de
conferências na igreja local. Uma jovem que se tinha tornado indiferente, conforme ela
mesma revelou mais tarde, quis ouvir, por simples curiosidade, o que o pregador iria
dizer, visto que o conhecera quando menino. Pouco depois de ela ter chegado ao templo,
o pregador anunciou o texto Amós 4.12: “Prepara-te para te encontrares com o teu
Deus.” Logo que se iniciou a explicação do texto, a jovem começou a sentir-se
preocupada. Quando saiu do templo, seus passos no calçamento da rua pareciam ecoar,
dizendo: “Prepara-te para te encontrares com o teu Deus.” Impossibilitada para dormir,
levantou-se, procurou sua Bíblia e em profunda contrição buscou o Salvador a quem ela
havia negado e até insultado.(34)
Na segunda Guerra Mundial, um jovem pára-quedista belga, que fora destinado
para trabalhar no movimento subterrâneo contra os alemães em seu país, foi aprisionado
pela Gestapo e posto em prisão incomunicável. Na cela vizinha à sua, achava-se um
pastor belga, acusado de espionagem. Esses dois homens descobriram que podiam se
comunicar mediante pancadinhas, segundo o código Morse, na parede que os separava.
Em certa ocasião, o pára-quedista enviou por esse modo a mensagem: “É um inferno
estar a sós consigo mesmo.” Ao que o pastor respondeu: “É um céu estar a sós com
Deus.” Sentindo a necessidade espiritual do pára-quedista, o pastor arranjou com
membros de sua congregação, no exterior, uma Bíblia e pediu que a levassem àquele
jovem. Mas não apenas uma Bíblia foi ter à cela do prisioneiro. Jesus Cristo entrou em
sua vida e o transformou ali na solidão daquela prisão. E isto a tal ponto que, ao sair para
a sua execução, ele declarou ao pastor (mais tarde posto em liberdade): “Vou sair para a
vida e não para a morte.”(35)
A Palavra de Deus é realmente viva, eficaz e mais cortante do que qualquer
espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e
medulas, e apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração. (Hb 4.12)

4.1.2. Distinguindo bem entre Lei e Evangelho.


A Palavra de Deus divide-se em duas doutrinas fundamentais: a Lei e o
Evangelho. A Lei nos ensina o que devemos fazer ou deixar de fazer; o Evangelho o que
Deus fez e ainda faz para a nossa salvação. Ao apresentar a palavra de Deus ao
prospecto, o evangelista deve saber distinguir entre estas duas doutrinas e aplicá-las
convenientemente, conforme o caso. A Lei deve ser apresentada aos pecadores
impenitentes; o Evangelho, aos penitentes. Em muitos casos, devem-se apresentar os
dois, até obter a regeneração. Mais detalhes ainda veremos em outro capítulo.

4.1.3. Deve servir de higiene espiritual ao crente, de luz para o seu caminho, de
pão espiritual e de água da vida.
No entanto, a Palavra de Deus não é só útil para a conversão. Ela deve
acompanhar o crente através de toda a sua vida. Deve ser seu alimento diário, para
fortalecer a sua fé e para fazê-lo progredir na sua vida piedosa. O evangelista, portanto,
deve aplicá-la diariamente primeiro à sua própria vida e, em seguida, aos convertidos e
aos que ainda não são membros de sua congregação.
Um vendedor de Bíblias entrou numa fábrica de sabão e ofereceu uma Bíblia ao
dono. Como esse era ateu, começou a zombar, dizendo:
– Vocês dizem que a Bíblia melhora o mundo, mas o mundo anda cada vez pior,
apesar de suas Bíblias.

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Naquele momento, entrou na fábrica um moleque todo esfarrapado e imundo, cujo


aspecto inspirou ao vendedor a feliz resposta:
– O senhor diz que o sabão que fabrica é muito bom, mas como vejo, ainda anda
muita sujeira por aí, apesar do seu sabão. .
– É claro – respondeu o fabricante – o nosso produto só faz efeito em quem o usa.
O vendedor de Bíblias retrucou prontamente:
– Da mesma forma também a Bíblia só faz efeito naquele que a usa.”(36)
Assim a Bíblia deve servir como o sabão ao evangelista para que a use para
higiene espiritual diária de sua vida e das vidas a ele confiadas.
Um menino, em noite escura, acompanhava seu pai à casa do vizinho. Os dois
palmilhavam um caminho estreito através duma roça com uma pequena lanterna na mão
do pai. O menino estava tremendo de medo por causa da escuridão que o rodeava e
olhava para a lanterna de seu pai, que apenas iluminava um pequeno trecho do caminho
em frente. “Não tenha receio, meu filho, tranqüilizou o pai. A luz da lanterna é suficiente
para nos ajudar a colocar um passo na frente do outro. Se a seguirmos, chegaremos sem
perigo à casa do vizinho.”(37)
Podemos comparar a Bíblia com uma luz no nosso caminho espiritual através das
trevas espirituais deste mundo rumo à casa do nosso Pai celestial. Sua luz não é igual à
de um holofote ou à de faróis de automóvel que clareiam toda a escuridão em torno. Ela
não resolve todos os problemas espirituais que nos rodeiam, mas ela nos fornece a luz
suficiente para podermos colocar um passo após outro na nossa vereda espiritual para a
eternidade. “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e luz para o meu caminho.” diz o
salmista. (Sl 119.117)
Durante uma guerra, um pai foi visitar seu filho ferido no hospital. Ele disse: “Meu
filho, eu trouxe alguma coisa para você, um presente de sua mãe.” O rapaz ficou curioso
e não pôde esperar o momento de abrir o presente. O pai abriu um grande pano
vermelho. Dentro apareceu um pão feito em casa. Disse-lhe, então, o pai: “Meu filho, a
mãe manda muitas lembranças e tem o desejo que cada dia você coma um pedaço deste
pão para sarar logo.” O filho comeu cada dia um pedaço daquele pão que o fortaleceu na
recuperação da saúde.(38)
Também nós devemos comer cada dia do pão espiritual da Bíblia a fim de manter
uma vigorosa saúde espiritual e distribuir suas fatias também aos semelhantes.
Ainda podemos comparar a Bíblia com a água. A água é o elemento
indispensável para matar a sede. Precisamos diariamente abeberar-nos da fonte da água
da vida e distribuí-la também aos semelhantes. Jesus disse: “Quem beber desta água (a
água do poço de Jacó em Samaria), tornará a ter sede; aquele, porém, que beber da
água que eu lhe der, nunca mais terá sede para sempre; pelo contrário, a água que eu lhe
der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna.” (Jo 4, 13, 14)
É isso que chamamos conhecimento prático da Bíblia. Aplicar os tesouros da
Escritura a si e aos outros, crescendo por meio de seus sábios ensinamentos para
gigantes espirituais e encontrando nela a vida eterna.
A vida eterna não começa apenas no além. É o dom de Deus para o crente que
lhe é conferido com a conversão. É a nova vida que proporciona o Espírito Santo através
da fé em Jesus Cristo, que disse: “Quem crê no Filho, tem a vida eterna.” (Jo 3.36)
Quem não recebe a vida eterna cada dia, não terá parte na glória do além. O conteúdo e
a essência da vida eterna é conhecer Deus. “A vida eterna é esta que te conheçam a ti, o
único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo a quem enviaste.” (Jo 17.3) O conhecimento
implica uma vivência bem-aventurada e consiste na comunhão com o Senhor. Viver em
comunhão com Deus é possuir a vida eterna.
Bem-aventurado aquele cujo conhecimento da Escritura acusa tais resultados.

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4.1.4. Cautela contra um conhecimento apenas intelectual.


Há muitas pessoas que conhecem a Escritura muito bem, mas permanecem
vazias. Em vez de se abastecer com tesouros espirituais, carregam consigo uma
bagagem de conhecimentos inúteis da Bíblia. Para eles a letra permanece morta. É
porque estudam a Escritura com outras intenções que não a de encontrar nela Jesus e a
vida eterna. Alguns a lêem só para completar a sua cultura. Machado de Assis, por
exemplo, conhecia-a muito bem. É o escritor brasileiro que mais cita passagens bíblicas
em suas obras de maneira que um professor de Literatura Brasileira da Universidade de
São Paulo declarou que uma tese muito interessante neste setor a escrever, mas ainda
não-escrita, seria: “A Bíblia na obra de Machado de Assis.” Entretanto, para o escritor
brasileiro, o conhecimento da Bíblia era apenas mais um dado cultural em meio aos
muitos outros que possuía. Não o levou à conversão e à vida eterna, pois morreu
descrente. Os fariseus e os escribas no tempo de Jesus conheciam muito bem as
Escrituras do Antigo Testamento, mas não gozaram de suas bênçãos e foram
condenados por Jesus como hipócritas. Há algumas seitas andando por aí, citando
versículos bíblicos em suas visitas missionárias, mas o fazem para engrandecer a sua
seita e não a Jesus, a quem até negam como Filho de Deus. Há outros que estudam a
Bíblia para poder criticá-la melhor. São inimigos de Deus e querem conhecer bem o
terreno do inimigo para poderem combatê-lo melhor. E, então, sempre de novo acontece
uma de duas coisas: ou tais combatentes não conseguem, apesar de toda a sua
inteligência e cultura, sacudir os seus eternos fundamentos por um milímetro ou eles se
convertem com a leitura da Bíblia e se tornam seus defensores. O primeiro caso
aconteceu com Voltaire, famoso filósofo francês do Iluminismo (Chamavam assim um
movimento filosófico do século 18 que pretendia esclarecer tudo pelas luzes da ciência e
da razão.) que profetizava que dentro de 100 anos ninguém mais iria ler a Bíblia, mas
apenas os seus livros e os de sua escola que arrasavam. Aconteceu, porém, que Voltaire
morreu, já faz vários séculos. Seus livros e os de sua escola ainda existem, mas são
lidos apenas por alguns especialistas que o fazem por dever de ofício. A Bíblia e sua
leitura no entanto, permaneceram e, em nosso século, ela é o livro mais vendido no
mundo. A profecia de Voltaire se cumpriu às avessas. Por ironia do destino, a casa em
que ele nascera tornou-se, após a sua morte, um depósito da Sociedade Bíblica e
milhares de Bíblias saíram de lá para iluminar o mundo que seus livros não conseguiram,
apesar de tentar divulgar um pretensioso Iluminismo. O segundo caso ocorreu com Lew
Wallace, que leu a Bíblia como inimigo de Deus para poder melhor combatê-la.
Entretanto, durante a leitura se converteu, tornou-se um amigo de Deus e, em vez de
escrever um livro contra a Bíblia, escreveu Ben-Hur, o famoso romance, já algumas vezes
transposto em filme com recordes de bilheteria, romance que demonstra a evidente
superioridade do Cristianismo sobre o Paganismo e que glorifica os ensinamentos de
Jesus e seus milagres.
A Bíblia, portanto, não é um livro antiquado, fora de moda, incompatível com a
ciência em nossa era espacial como tantos superficiais proclamam por aí. Nunca a viram
por dentro e, se a viram, então a viram mal. São como aquelas duas colegiais que
criticaram severamente um vitral de uma velha catedral que, do lado de fora, estava sujo
e desbotado; mas, quando entraram e o viram por dentro, ficaram deslumbradas com a
harmonia de suas cores e com o seu alto padrão artístico. Assim também acontece com
a Bíblia. Só podemos julgá-la depois que nos encontramos bem dentro dela e ficamos
deslumbrados com a força de seus ensinamentos e seu alto padrão espiritual.
E contra os pseudocientistas ou cientificistas que afirmam que a Bíblia é contra a
ciência, vejamos:

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4.2. Depoimentos recentes de três autoridades máximas no campo da ciência


moderna:

4.2.1. Wernher von Braun, ex-diretor de pesquisa da Nasa, responsável pelo


desenvolvimento do foguete e que pôs em órbita o primeiro satélite espacial norte-
americano e é o autor da primeira alunissagem de homens.: “No mundo moderno, muitas
pessoas parecem acreditar que o avanço rápido no campo da ciência torna certos fatos,
como a crença religiosa, desenquadrados com a época ou fora de moda. Ficam
perplexas observando que nos mostramos satisfeitos com o crer em alguma coisa,
quando a ciência nos diz que sabemos muitas coisas mais. A simples resposta a esta
queixa revela que estamos frente a frente com número muito maior de mistérios da
natureza de hoje do que daquele tempo quando começou a era das luzes, acesa pela
ciência. A par de cada resposta desdobrada a nossos olhos, a ciência descobre pelo
menos três novas perguntas. As respostas indicam que tudo, tão bem-coordenado e
perfeitamente criado, como a Terra e o universo, deve ter um arquiteto, um mestre, um
delineador. Coisas assim harmonizadas, perfeitas, precisamente equilibradas,
majestosas, como a criação, só podem ser o fruto de uma idéia divina.”(39)

4.2.2. Dr. Victor F. Hess, que recebeu o prêmio Nobel por sua descoberta dos
raios cósmicos: “Preciso confessar que, nos longos anos de minhas pesquisas no campo
da física e da geofísica, não tenho encontrado um só exemplo de descoberta científica
que esteja em conflito com a fé religiosa. Diz-se, às vezes, que a necessidade das leis da
natureza é incompatível com a livre vontade do homem e com os milagres. Isso não é
verdade. Quando os cientistas formulam as famosas leis da física, eles estão
perfeitamente certos, por exemplo, de que não podem predizer melhor a história da vida
real de um átomo de rádio do que predizer a conduta moral desta ou daquela pessoa.
Deve um cientista duvidar da realidade dos milagres? Como cientista, respondo
enfaticamente: Não! Não vejo motivo algum por que o Deus todo-poderoso que nos criou
e criou tudo à volta de nós, não possa suspender ou modificar – se achar prudente fazer
assim – o curso natural dos fatos.(40)

4.2.3. Dr. Don L. Lind, astronauta e físico nuclear da Nasa: “Quanto mais a
ciência descobre alguma coisa sobre a própria vida, tanto mais confiança podemos ter no
que a Bíblia diz acerca do que deve ser a vida que nós vivemos.”(41)
A Bíblia é mais poderosa que a ciência. Esta conseguiu grandes resultados, mas
ainda não conseguiu o que a Bíblia já conseguiu milhões de vezes e ainda está
conseguindo: transformar uma vida, regenerar o coração mais pecaminoso, transformar
povos inteiros, até canibais, mudar o curso da história, reerguer os abatidos, acalmar os
angustiados, confortar os tristes, dar novas esperanças aos desesperançados. Por isso,
aquele que cultiva o seu estudo diariamente torna-se uma personalidade cada vez mais
rica em tesouros espirituais e torna-se uma bênção para si mesmo e para muitos outros.
Podemos comparar a Bíblia com uma inesgotável mina de metais preciosos que
aumentam na proporção em que se cava em profundidade. Podemos lê-la e relê-la e
depois reprisar sua leitura indefinidamente. A cada nova leitura, encontramos novos
tesouros espirituais.

4.3. Testemunhos de leitores abençoados pela leitura da Bíblia.


O imperador D. Pedro II lia a Bíblia diariamente. Disse ele: “Eu amo a Bíblia.
Leio-a todos os dias e quanto mais a leio tanto mais a amo. Há alguns que não gostam
da Bíblia. Eu não os entendo, não compreendo tais pessoas; mas, eu a amo; amo a sua

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simplicidade e amo as suas repetições e reiterações da verdade. Como disse, eu leio-a


cotidianamente e gosto dela cada vez mais.”(42)
Certo procurador e sua esposa, no dia de seu casamento, resolveram ler a Bíblia
inteira uma vez por ano. Este procurador se tornou chanceler-mor da Inglaterra. Antes
de sua morte, escreveu: “Hoje eu e minha esposa acabamos de ler a Bíblia toda pela
quadragésima vez, e a última achamos mais doce e mais preciosa do que qualquer outra
vez.”
O estadista Daniel Webster disse: “Tenho lido a Bíblia inteira muitas vezes e
agora tenho o alvo de a ler uma vez por ano. É o Livro dos Livros tanto para advogados
como para pregadores e tenho pena do homem que não achar nela o suficiente para
enriquecer seus pensamentos e governar sua vida.”
O missionário Sydenstriker contou o seguinte fato: Certo lavrador leu a Bíblia
todos os anos, durante 50 anos. Tinha sete filhos. Cinco tornaram-se ministros do
Evangelho, e dois foram diáconos de Igreja. Faz mais de 40 anos que um dos filhos de
um dos cinco ministros é missionário na China, e eu sou este filho.”
No princípio de seu ministério, R. A. Torrey resolveu adquirir mais fé e alcançar
maiores bênçãos para o reino de Deus. Experimentou produzir esta fé dentro de si, mas
falhou. Então, descobriu que “a fé vem pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus.”
Começou, então, a encher a sua alma com a Palavra de Deus, e a sua fé alcançou
grandes proporções.(43)
O evangelista Moody escreveu: “Eu orei, pedindo fé e pensei que um dia a fé
descesse e me ferisse como um raio. Mas a fé não parecia chegar. Um dia li: ‘A fé vem
pelo ouvir, e o ouvir vem pela Palavra de Deus’. Abri a minha Bíblia, e a minha fé tem
crescido desde então.”(44)
Ainda hoje sente-se a influência de Jorge Mueller em todo o mundo. Não pedia
auxílio ao próximo, mas o pedia sempre a Deus. Diz-se que Jorge Mueller mais de 25 mil
vezes se deitou à noite, sem nada ter em casa para si e para os órfãos comerem no dia
seguinte. Quando lhe perguntaram se conseguia dormir, respondia: “Todas as vezes.” E
o número de órfãos que mantinha sob seus cuidados chegava, às vezes, a dois mil.
Quando um amigo seu quis saber o segredo desta fé, Jorge Mueller levantou sua
Bíblia, já gasta, e disse: “Tenho lido este livro cem vezes. Conheço o Livro e conheço o
Deus do Livro. (45)
Temos, a propósito, alinhado um tão grande número de ilustrações em favor da
leitura incansável da Bíblia a fim de que nos estimulem a fazer o mesmo e que nos
inspirem a amar cada vez mais a Palavra de nosso Deus. E, uma vez motivados para
uma leitura constante, vejamos ainda:

4.4. Como fazer as leituras: algumas sugestões práticas.


Lutero dizia que estudava a sua Bíblia como comia maçãs. Primeiro sacudia toda
a árvore, e as maçãs bem maduras caíam. Depois subia à arvore e sacudia cada galho;
depois cada ramo, finalmente cada folha. Desse modo, colhia todos os frutos em
condições de serem colhidos.(46) Uma boa maneira de se proceder. Leiam a Bíblia como
um todo, sacudindo toda a árvore. Leiam-na tão depressa como leriam qualquer outro
livro. Depois, sacudam cada galho, estudando livro após livro. Em seguida, sacudam
cada ramo, dando atenção a cada capítulo. Finalmente, sacudam cada folha com um
estudo cuidadoso de cada versículo e serão fartamente recompensados com um estudo
assim aprofundado. Vejamos algumas sugestões práticas:

4.4.1. Sublinhem as passagens que mais impressionam e decorem-nas,


localizadas na página da própria Bíblia, gravando também o respectivo livro e versículo.
Em outro lugar, mostraremos os versículos mais apropriados para a evangelização.

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4.4.2. Procurem escrever um comentário sobre tais versículos ou capítulos.


Primeiro, reproduzam a passagem com suas próprias palavras para provar que captaram
também o seu sentido. Em seguida, procurem passagens paralelas que falam sobre o
mesmo assunto. Em cada Bíblia, encontram-se passagens paralelas no rodapé; e, para
completá-las, adquiram uma chave bíblica. Em terceiro lugar, procurem extrair os
principais ensinamentos da passagem em questão. Quarto, apliquem-nos à própria vida e
ao ambiente e, se houver qualquer falha a corrigir em sua vida, corrija-a imediatamente.
Se lhe faltar certa qualidade, procure adquiri-la com o auxílio de Deus e peça-lhe que o
ensinamento adquirido sirva para o seu enriquecimento espiritual e o firme cada vez mais
no caminho da salvação.

4.4.3. Se não compreendeu um livro ou um capítulo ou versículo, releia-os


diversas vezes e depois anote a sua dificuldade por escrito, formulando a pergunta o mais
claro possível. Vá então a uma pessoa mais versada nas Sagradas Escrituras e não
descanse antes de obter o esclarecimento almejado. Caso ninguém em sua localidade
saiba esclarecê-lo, envie uma carta a autoridades especializadas de sua Igreja em
interpretação da Escritura.

4.4.4. Não se esqueça de pedir humildemente a bênção divina toda vez que abrir
as páginas de sua querida Bíblia; o próprio Espírito Santo iluminará o seu entendimento.
Lembre-se de que você quer adquirir um conhecimento prático de sua Bíblia que possa
torná-lo sábio para a salvação pela fé em Cristo Jesus. (2 Tm 3.15) E este só pode ser
adquirido com humildade e muita oração.

4.4.5. Comece a ler o Novo Testamento, primeiro os quatro evangelhos, depois os


outros livros e só então o Velho Testamento. Procure ler toda a Bíblia, ao menos uma vez
ao ano.
Se você proceder assim, será outra pessoa dentro de um ano e terá colhido mais
experiências fascinantes que os astronautas em sua exploração da Lua.

5. PREOCUPAÇÃO E COMPAIXÃO PELAS ALMAS PERDIDAS.

Certo pastor contou que nunca soube o que quer dizer perdido, até que uma
menina se perdeu no lugar em que trabalhava, no Texas (EUA). Essa menina e seu
irmão menor foram ao campo para olhar as vacas, mas não as encontraram. Veio a noite,
e os dois começaram a se desentender sobre o caminho que conduziria para casa.
Ninguém cedeu. Cada um foi pelo caminho que julgava certo.
Quando o menino chegou em casa, noite fechada, a mãe perguntou,
sobressaltada:
– Filho, onde está tua irmã?
– Ela disse que eu estava no caminho errado e não quis voltar comigo. Foi pelo
outro caminho.
Sabiam que as feras iriam devorar a pequena. A notícia correu, e os vizinhos se
juntaram para procurar a criança. As mulheres ficaram orando com a mãe, enquanto os
homens se espalharam pela floresta.
Foi combinado que o disparo de um tiro seria o sinal do encontro da menina. Após
o amanhecer, na manhã seguinte, escutou-se a detonação de um tiro ecoar pelas matas.
Cada um apressou-se a voltar, sabendo que a perdida havia sido achada.

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O pastor contou que homens rudes abraçavam-se e choravam de alegria.


Ninguém foi ao trabalho naquele dia. Os arados descansaram. As lojas permaneceram
fechadas. O povo se reuniu na igreja da vila, o sino soou, cantaram louvores e se
alegraram porque a criança que estivera perdida, foi achada novamente.
Continua o pastor a relatar que ele também sentou-se ali e se alegrou com eles.
Mas então começou a pensar: “Passamos toda a noite procurando aquela criança e
agora nos alegramos porque foi encontrada. Contudo, há centenas de almas perdidas em
nosso redor e não passamos noites em claro nem as procuramos. Queira Deus nos
perdoar porque não estamos tão profundamente preocupados por almas imortais,
perdidas e algemadas ao inferno como estamos por corpos perdidos.(47)
Não é verdade que todos nós nos preocupamos muito mais com as necessidades
físicas de nossos semelhantes do que com suas necessidades espirituais? A razão por
que não sentimos tanta preocupação com as almas perdidas é que não sentimos
inteiramente a profundeza e o desespero de sua depravação. Estamos preocupados
pelos males físicos das pessoas, porque podemos ver e sentir sua condição. Oh, se
pudéssemos ver e sentir suficientemente quanto mais trágica é a situação espiritual de
nossos amigos do que a física. Todos nós somos suscetíveis e contribuímos para fundos
de cardíacos, cancerosos e similares. É bom que o façamos. Não queremos dissuadir
ninguém de cooperar no combate às moléstias físicas. Mas quão trágico é que não
vemos e sentimos o mesmo pesar pelas necessidades espirituais dos que nos cercam.
Essa situação é tanto mais trágica quando acontece com pastores e evangelistas
ou congregações inteiras. Um pastor disse: “Eu não sou um conquistador de almas; eu
nunca pude lidar com pecadores. A minha vocação é de pastor para pastorear o
rebanho.”(48) Outro pastor ainda não havia classificado três mil fichas depois de terem
sido feitas visitas de casa em casa, na sua congregação, há um ano atrás.(49) Quais são
as razões por que não só estes, mas muitos outros pastores e evangelistas fazem pouco
ou nada na conquista de almas? Uma, sem dúvida, é falta de preocupação e compaixão
pelas almas perdidas. Outra é uma falsa orientação. Dizem ser pastores e seu primeiro
dever é pastorear o rebanho. Jesus também foi pastor, mas, ao mesmo tempo,
conquistador de almas. A mesma Palavra de Deus que manda pastorear o rebanho
também manda evangelizar: “Prega a Palavra, insta, quer seja oportuno, quer não,
corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina... sê sóbrio em todas as
coisas, suporta as aflições, faze o trabalho de um evangelista, cumpre cabalmente o teu
ministério.” (2 Tm 4.2,5) Para que haja um cumprimento cabal, isto é, completo, é preciso
evangelizar. Aos que dizem que uns têm dom para pastorear, outros para evangelizar,
nós temos de responder que tanto o pastorear, como o evangelizar, o pregar, o visitar
doentes, o visitar membros, o administrar a congregação, o dar instrução de confirmandos
e de adultos são práticas que pertencem ao mesmo ministério e todas devem ser
exercidas para que haja um cumprimento cabal do mesmo. É verdade, uns têm mais
dons para evangelizar, outros menos. Mas também é verdade que uns têm mais dons de
pregar, de visitar doentes, etc., outros menos. Mas o que tem menos dom de pregar, por
isso não vai deixar de pregar. Assim também o que tem menos dom de evangelizar não
deve deixar de praticar essa atividade do seu ministério. Evangelize bem ou mal, mas
evangelize, cumprindo a ordem de Cristo. Especialmente para a obra da evangelização,
o pastor pode e deve servir-se dos membros leigos. Entre eles sempre haverá alguns
com mais dons para tal e, assim, o grupo suprirá os dons que porventura faltem
individualmente. Todas as tarefas do ministério são importantes e nenhuma tem
preferência sobre a outra. Como cada pastor precisa medir continuamente a capacidade
de Deus para exercer as atividades de pregar, de visitar doentes e membros, ele também
precisa medir esta capacidade para a tarefa de evangelizar e, se a pedir com fé, não lhe
será negada. É uma sabedoria que Deus não lhe vai negar, conforme Tg 1.5: “Se,

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porém, alguém de vós necessita de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá


liberalmente, e nada lhes impropera; e ser-lhe-á concedida.” Aqui, novamente, vamos
chegar à mesma conclusão a que aquele pastor fez a sua classe chegar, que
evangelizamos tão pouco, não porque não o sabemos, mas porque não estamos
preocupados. Se estivéssemos mais preocupados, iríamos fazer um esforço supremo
para suprir todas as deficiências.
Que fazes com os moradores de nossa localidade que se dizem pertencer a uma
Igreja? Muitos acham que não tem nenhuma responsabilidade em relação a eles.
Entretanto, temos o dever de falar também a eles sobre Cristo. Se já o conhecem, então
podemos compartilhar com eles os tesouros da salvação. Se ainda não o conhecem,
então temos uma grande chance de salvar mais uma alma da perdição. É claro que
então nosso proceder não deve ser puxá-los para a nossa Igreja, mas admoestá-los a
que, de agora em diante, sejam uma vela acesa na Igreja deles. Temos o dever de dar o
nosso testemunho a todos os moradores de nossa comunidade social. Quantos pastores
e membros conscienciosos de nossas congregações já contribuíram para que o fogo do
Evangelho também inflamasse outras congregações fora de nossa denominação.
O Dr. Truett, famoso pregador de Dallas, Texas, estava pregando uma série de
sermões evangelísticos em Birmingham, Alabama. Após um desses cultos, num domingo
à noite, uma senhora distinta comentava em termos elogiosos o seu sermão e começou a
explicar: “Muitas vezes, não encontro mesmo tempo para a evangelização pessoal.
Segunda à noite, temos sessão de nossa comissão, terça à noite, vou ao clube...” O Dr.
Truett a interrompeu num tom bondoso, mas firme: “Senhora, se não tomar tempo para
levar o testemunho de Cristo, seu Salvador, às outras pessoas, a senhora está
desperdiçando inteiramente a sua vida.”(50)
Recentemente, quando um pastor tentava explicar as baixas contribuições de seus
membros comungantes, disse: “Você vê, temos um monte de lenha seca na
congregação.” Outro comentou: “Fico terrivelmente desencorajado às vezes. Perdemos,
de novo, quase a metade dos membros que ganhamos.”(51)
Uma tal situação calamitosa nas congregações é o resultado de quando pastores,
professores e membros leigos não mostram preocupação pelas almas perdidas, quando
não fazem do testemunho evangelístico uma parte integrante de suas atividades. O autor
de The Church it the community, A. E. Graf, diz que essa tragédia também se reflete na
Igreja Luterana – Sínodo de Missouri, onde 25% das congregações nem mesmo
acrescentam um convertido por ano ao seu rol de membros.
Mesmo nas congregações que tiverem a sorte de possuir um pastor evangelístico
e em que os leigos também são ativos nesta obra, a porcentagem dos que realmente
evangelizam é, geralmente, bastante reduzida. Foi feita a estimativa de que esta obra é
feita, em média, por um terço dos membros. Os outros dois terços se utilizam da Igreja
para seus próprios fins e propósitos. Eles assistem aos cultos não para se inflamar e se
fortalecer para a sua gloriosa tarefa no trabalho do reino de Deus, mas para encontrar
alívio de seus temores e tensões. Parecem determinados modificar a passagem da
Escritura: “Se alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga-
me.” (Mc 8.34) para “Se alguém quer vir após mim, deixem-no repousar...” O reino de
Deus não foi estabelecido nem deve ser construído por aqueles que descansam, mas
pelos que sacrificam o seu próprio bem-estar terreno pelo bem-estar eterno dos seus
semelhantes.(52)
Alguém fez a estimativa de que a maioria das congregações gasta acima de 90%
do tempo com elas mesmas. Tornam-se tão ocupadas com seus próprios problemas que
se esquecem dos perdidos que moram nas suas imediações. Muitas congregações
jovens, usualmente, no começo, demonstram um zelo incomum de trabalhar e conquistar
novos membros. Mas, na maioria das vezes, este zelo diminui com o aumento do

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número. Depois de haver construído sua igreja, de possuir um número suficiente para
fazer face a todas as despesas, fecham-se sobre si mesmas com uma auto-satisfação
egoísta.
É preciso reagir contra tal derrota espiritual; é preciso cultivar intensamente uma
profunda preocupação e compaixão pelas almas perdidas, a começar pelos pastores até
os membros mais humildes. É preciso transformar todas as nossas congregações de
egocêntricas em alterocêntricas, e o melhor meio para fazer isso é, como alguém muito
apropriadamente disse: “colocar a Igreja doente em dieta missionária. Esse é o seu
melhor remédio.” Só a evangelização, a preocupação pelas almas alheias, pode tornar
uma Igreja realmente viva e florescente. Alexandre Duff disse: “A Igreja que deixa de ser
evangelística, em breve, deixa de ser evangélica.”(53)
Fora do trabalho organizado da congregação, longe do local dos nossos cultos,
em encontros ocasionais com estranhos no local de nosso trabalho ou em viagens, no
período de férias em lugares de repouso, mostramos realmente, em todos esses
momentos e locais, preocupação pela alma de nosso próximo, de nosso colega de
recreação, de nosso companheiro de viagem? Em nossa conversa, incluímos o tema da
salvação eterna? Quantos o fazem realmente?
Havia dois meninos que se criaram juntos. Um tornou-se advogado infiel; o outro;
um pregador. Certa vez, o advogado convidou o pregador para passar com ele uma
semana de férias nas montanhas. Temendo ofender seu amigo, caso lhe falasse de
religião, o pregador falhou quanto a falar-lhe a respeito de Cristo.
Quando chegou o momento de o pregador partir, o advogado levou-o ao trem e
teve com ele o seguinte diálogo:
– Bill, eu sei que você é um ministro do Evangelho. Você crê como outros
pregadores?
– Sim, sou um ministro ortodoxo, creio na Bíblia – Bill respondeu.
– Você crê no que a Bíblia diz a respeito de Cristo, que ele é o Filho de Deus e
morreu pelos pecados dos homens, também pelos meus?
– Claro que creio.
– Você crê que existe um lugar chamado inferno aonde irão os pecadores como
eu, sofrer para sempre, se não nos arrependermos de nossos pecados e confiarmos em
vosso Cristo para salvar-nos?
– Sim, eu creio porque a Bíblia ensina que há um inferno eterno aguardando os
não-arrependidos.
O advogado respondeu quase gritando:
– É mentira. Você não crê em nada disso. Se eu cresse que você estaria perdido
e no caminho para arder para sempre, eu não visitaria a sua casa durante uma semana
sem mencionar a salvação para você. Eu me prostraria sobre minhas mãos de joelhos e
lhe pediria que aceitasse a salvação. Não temeria qualquer preço a pagar para salvá-lo
do inferno no que você diz acreditar.(54)
Aqui está, talvez, a razão fundamental do nosso problema de falta de preocupação
e compaixão. Não acreditamos tão profundamente na realidade do castigo eterno do
pecador ou, talvez, achamos que ele assim mesmo se salvará sem crer em Cristo ou que
Deus, enfim, dê “um jeitinho” e declare um perdão universal ou, quem sabe, acreditamos
no aniquilamento dos ímpios. De qualquer forma, a realidade da condenação eterna
ainda não nos agarrou como devia. Mas é uma realidade que não podemos abrandar
com as nossas idéias, pois a Escritura afirma tanto a exclusividade da salvação por Cristo
como a condenação eterna do pecador.
Essa era convicção profunda a respeito da condenação eterna que fez de tio John
Vassar um dos maiores conquistadores de almas do século XVIII. Ele exercia uma
atividade incansável neste setor. Conta-se que, uma vez, foi ajudar um pastor em uma

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reunião. Passando pela estrada que vinha da estação, o pastor apontou uma moradia do
outro lado da estrada que pertencia a um ferreiro e disse:
– O velho ferreiro não é cristão. Acho conveniente você visitá-lo, enquanto estiver
aqui.
O Sr. Vassar respondeu:
– Eu irei e falarei com ele agora.
Em menos de dez minutos, o ferreiro largou a pata do cavalo que estava ferrando,
pôs-se de joelhos e orou a Deus, pedindo clemência por sua alma.
Em outra ocasião, o Sr. Vassar foi subindo e descendo certa rua, distribuindo
folhetos, falando e orando com indivíduos por suas almas. Uma senhora ouvira falar
daquele estranho homem e disse: “Se ele vier a minha porta, vou-lhe bater a porta na
cara.” Sem conhecer a mentalidade da senhora, o Sr. Vassar apertou a sua campainha
no outro dia. Ela abriu e, quando percebeu que era aquele estranho que lhe haviam
descrito, bateu-lhe a porta no rosto. O Sr. Vassar, imperturbável, sentou-se na escada
em frente à porta e cantou um verso que expressava este pensamento: “Gotas de
aborrecimento nunca podem pagar a dívida do amor que devo. Aqui, Senhor, dou-me a
mim mesmo, é tudo que eu posso fazer.”
Mais uma ilustração do mesmo evangelista nos mostra como esta sua
preocupação se estampava no seu rosto e foi vivamente sentida pelas pessoas com
quem falava. Um dia, John Vassar estava sentado num hotel. Como de costume, estava
preocupado em falar às pessoas sobre o problema de suas almas. Começou a falar com
uma senhora que parecia culta. Ela começou a verter lágrimas. Neste momento,
apareceu seu marido, que a tomou pelo braço e a levou embora.
– O que o homem estava conversando e qual o motivo de tuas lágrimas? –
perguntou.
Ela respondeu:
– Era tio John Vassar e ele me perguntou se estava salva. Ele me falava a
respeito de minha alma.
– Por que não lhe disseste que és membro de uma Igreja? – o marido replicou.
– Mas ele não me perguntou se era membro de uma Igreja. Ele me perguntou se
eu estava salva, se havia nascido de novo. E eu estou com medo de que ainda não
esteja.
– Então, por que tu não lhe disseste que ele se importasse com o seu trabalho?
Com um pigarro na voz, ela respondeu:
- Se tu tivesses ouvido a maneira como me falou, terias concordado que ele
estava atendendo a seu trabalho.(55)
Como sempre, Jesus nos deu o melhor exemplo neste sentido. Chorou sobre a
cidade de Jerusalém porque esteve preocupado com a perdição eterna de seus
habitantes. Em Mt 9.36, lemos: “Vendo Jesus as multidões, compadeceu-se delas,
porque estavam aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor.” E que grande
compaixão Jesus demonstrou também com pecadores individuais, como a mulher
adúltera no templo, Jo 8.1-11, Zaqueu, Lc 19.1-10 e tantos outros que não curava apenas
de suas enfermidades físicas, mas também espirituais. Que compaixão traduziu a sua
oração na cruz pela ignorância dos seus carrascos: “Pai, perdoa-lhes porque não sabem
o que fazem.” Enfim, o seu sacrifício sobre a cruz. Qual a sua motivação fundamental?
Compaixão pela humanidade perdida no pecado. Se esta não fosse um fato, jamais teria
assumido um tal sacrifício.
E o apóstolo Paulo? Que lição sublime de preocupação e de compaixão nos deu
em todas as suas atividades? A sua compaixão pelo próximo nos toca profundamente
quando lemos o capítulo 9 aos Romanos, em que diz que, se fosse possível, estaria
pronto a se perder, se sua perdição pudesse salvar seus irmãos na carne, os judeus.

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Essa preocupação pela alma do próximo, se ainda não caracteriza as nossas


vidas, deve ser cultivada e desenvolvida por todos nós. É preciso que acordemos para
esta realidade, que deixemos de ser egocêntricos e comecemos a nos interessar mais por
nosso semelhante. As pessoas, hoje em dia, querem receber cada vez mais, reclamam
do governo e de todo o mundo, quando seus pedidos exorbitantes não são atendidos.
Com o auxílio de Deus Espírito Santo, os cristãos devem combater essa mentalidade do
velho homem. Devem lembrar-se de que mais bem-aventurado é dar do que receber. (At
20.35) Feliz aquele que descobriu o segredo da verdadeira felicidade que consiste em
dar-se e não em receber. É uma realidade que só experimenta aquele que realmente
procura fazê-la sua.
Uma senhora, que era membro fiel de uma Igreja, caiu em profundo pecado com
um homem casado. O pecado foi descoberto, e ela ficou envergonhada. Ela deixou a
Igreja e não pretendia jamais voltar.
O grupo cristão de senhoras se reuniu e orou por ela. Mas ainda fez mais.
Encarregou uma irmã do grupo para ir achar a sua irmã caída. Este era o espírito do
bom Pastor, operando dentro daquelas senhoras cristãs. (Mt 18.11,12) O dia inteiro, a
irmã procurou a mulher caída, mas não pôde encontrá-la. No dia seguinte, bem cedo, ela
saiu novamente e achou a mulher ao meio-dia, envergonhada e sozinha.
– Eu jamais voltarei – respondeu a mulher caída.
– Mas nós queremos que você volte – a irmã lhe assegurou.
– As outras também me querem? – ela perguntou.
– Sim, elas me mandaram procurá-la. Volte. Nós queremos você.
A mulher caída voltou, começou a orar fervorosamente e recebeu o perdão
maravilhoso de Cristo.
Isso aconteceu porque algumas senhoras cristãs fizeram o que Cristo queria que
fosse feito. Elas permitiram que Cristo procurasse a perdida que tinha se afastado do
rebanho. Ele fez isso através delas.(56)
Isso é Cristianismo!
Um pastor foi chamado para uma Igreja no centro de uma grande cidade. A
vizinhança deixava muito a desejar. Apenas a um quarteirão de distância da igreja, havia
uma boate. Logo depois de o pastor ter estabelecido contato com seus membros, fez
uma visita àquela casa e informou à diretoria e todos os seus empregados que,
reconhecessem ou não, eles formavam parte de sua zona paroquial e se encontravam,
portanto, sob o seu cuidado espiritual. Esta Igreja agora faz devoções cada manhã para
todos que queiram comparecer e uma boa porcentagem dos que as freqüentam vêm
deste local vizinho, composto de pessoas que os fariseus chamariam de publicamos e
pecadores. Lá estava um pastor com uma atitude correta. Evidentemente, ele sentia que
Deus o chamou para servir àquela comunidade social e que, por conseguinte, cada
morador dessa comunidade pertencia às suas preocupações espirituais.(57)
Bill era um joalheiro em St. Louis, Estados Unidos, que costumava jogar basebol
nas horas de lazer. Enquanto estava treinando num campo em Arkansas, numa
temporada de primavera, a bola saiu do campo. Um pretinho, seu fã, lha devolveu.
Bill agradeceu-lhe, aproximou-se dele e lhe jogou a bola. O menino a pegou
entusiasmado e assim continuaram por alguns instantes, passando a bola um para o
outro. Então Bill aproximou-se ainda mais dele e perguntou:
– Qual é o teu nome?
– Meu nome é Satchmo – o menino respondeu.
– Satchmo, conheces o Senhor Jesus? – Bill perguntou.
– Não senhor; quem é? – perguntou o menino.

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Bill então explicou-lhe que era o Filho de Deus que descera do céu e dera a sua
vida como pagamento por todas as malvadezas que cometemos. Após uma breve
apresentação do Evangelho, ele continuou:
– Queres freqüentar uma escola dominical, onde ainda podes aprender mais sobre
Jesus?
Satchmo concordou que gostaria. Bill prometeu buscá-lo em sua casa no próximo
domingo de manhã e levá-lo à escola dominical. Cumpriu sua promessa. Satchmo
matriculou-se numa escola dominical cristã.
Pouco depois, Bill voltou a sua cidade sem encontrar de novo seu pequeno amigo.
Passaram-se aproximadamente 10 anos. Quando Bill voltou à cidade de Satchmo, em
missão comercial, decidiu informar-se que fim levara o menino. Foi àquela escola
dominical a qual levara o amiguinho, há uma década, e vejam que surpresa: ali estava
Satchmo, um belo rapaz de uns 16 anos, lecionando para uma turma da escola dominical.
Você pode imaginar alguma coisa que tivesse proporcionado maior alegria a Bill?
Suponha que você fosse Bill jogando bola naquele dia. Você teria tomado o seu
tempo falando de Jesus a uma criança ? Você realmente se preocupa pela alma alheia e
aproveita todas as oportunidades que Deus lhe dá para repartir com ela o Evangelho?(58)
Uma jovem artista francesa, atéia, estava planejando produzir um balé, no qual
ridicularizaria a Igreja. A encenação do lado direito do palco mostrava o sol nascendo no
horizonte. No lado esquerdo, um pouco nos fundos, estava um grande painel de uma
igreja. Os dançarinos ficavam vivamente entusiasmados enquanto dançavam na frente,
em face do sol. Isto devia simbolizar a vida natural e todos os prazeres que ela
proporciona. Quando os dançarinos passavam para o lado esquerdo, em frente da igreja,
o ritmo da dança diminuía até que o movimento cessava quase por completo.
Gradualmente, caíam ao chão como se tivessem morrido. Isso era para simbolizar que a
religião tira toda a alegria da vida e a torna monótona e desinteressante.
O balé nunca se realizou. Antes de sua estréia, a artista encontrou um soldado
americano na França. Casaram-se e mudaram-se para os Estados Unidos. A jovem
esposa estava entusiasmada. Encontrava-se numa terra de oportunidades áureas, onde
a vida era rica em diversões mundanas. Mas Deus resolvera algo melhor para ela. Ainda
não residia muito tempo ali, quando descobriram que sofria de tuberculose. Foi levada a
um hospital. Os mais recentes e melhores antibióticos foram administrados. Mas ela
ficava cada vez mais impertinente e não respondia ao tratamento. Parecia sem
esperança, enterrava a cabeça num travesseiro e não queria falar com ninguém. Os
médicos tentaram fazê-la crer que ela recobraria a saúde, se assumisse uma atitude mais
otimista. No entanto, ela não lhes deu atenção.
Um dia, a servente entrou para lavar o chão. Aproximou-se da cama e disse:
– Você é francesa, não é?
– Sim – respondeu a paciente sem interesse.
– Possuo uma pequena Bíblia francesa que não me serve de nada, pois não
entendo a língua. Gostaria de dá-la para você.
A ex-artista não sabia se era para rir ou gritar. Uma Bíblia usava-se nas igrejas e
para ela a igreja representava o fim de tudo que era alegre na vida. Mas resolveu
permanecer polida. Assim concordou em aceitar a Bíblia. Colocou-a sob uma pilha de
revistas do seu criado-mudo.
Aquela noite, não conseguia dormir. “Parecia-me”, disse mais tarde, “que aquela
pequena Bíblia verde me fitava através de todas as revistas.” Finalmente, agarrou-a e
começou a ler. Muitas coisas não entendia, mas algumas afirmações compreendia e
pareciam espantar seus maus espíritos. Estava lendo-a no dia seguinte quando a
bibliotecária entrou.
– O que você esta lendo? – perguntou a bibliotecária.

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– É uma Bíblia em francês – respondeu a paciente.


– Bem, isso é interessante – replicou a bibliotecária. Tenho uma Bíblia inglesa no
meu carrinho aqui. Talvez você gostasse de comparar as duas. Ajudará você a
compreender mais passagens e, ao mesmo tempo, você com isso aprenderá mais inglês.
A paciente concordou e começou uma leitura comparativa dos dois livros.
Quando a bibliotecária voltou alguns dias depois, perguntou:
– Como está se acertando com a leitura da Bíblia? Entende o que está lendo?
A ex-artista respondeu que compreendia algumas coisas, mas que outras lhe
ficavam obscuras.
– Tenho uma amiga, a senhora Perkins, que é uma boa estudiosa da Bíblia –
disse a bibliotecária. Ela ficaria contente de vir ao hospital uma ou duas vezes por
semana para ler a Bíblia com você e explicar-lhe o que não entende.
Pensando que seria uma boa maneira de passar o tempo, a doente concordou, e a
senhora Perkins começou com as suas visitas semanais. Sob a orientação de uma
pessoa capaz e sob a influência do Espírito Santo, a paciente começou cedo a ver a luz.
Não demorou e ela aceitou Jesus como seu Salvador pessoal.
Então aconteceu um fato marcante. Começou a reagir aos medicamentos e,
dentro de poucos meses, recebeu alta, completamente curada. Toda a sua atitude em
relação à vida tinha mudado agora. Era muito grata a Deus por tê-la trazido à América,
por suas aflições e por seu encontro com o Salvador.
Três mulheres diferentes se envolveram para trazer essa descrente à fé. O
Espírito Santo evidentemente foi aquele que produziu nela a convicção. Mas ele agiu
através de pessoas, mulheres que estavam aguardando as oportunidades para distribuir o
Evangelho.
Cada uma usou os talentos que Deus lhe dera e comunicaram o Evangelho de
acordo com as suas habilidades. A servente ofereceu uma Bíblia francesa. A
bibliotecária emprestou a inglesa. Talvez não se sentissem capazes de falar-lhe de
Jesus, mas seu objetivo era levar essa pessoa a Cristo. A senhora Perkins, com um
melhor conhecimento da Escritura, tinha a capacidade de explicá-la e discuti-la até que a
paciente recebesse a fé.
Quantos de nós teriam aproveitado essa oportunidade? Todos os cristãos estão
cercados de oportunidades diariamente para comunicar o Evangelho. Mas quantos as
aproveitam? Sempre nos perguntamos, ao encontrar um estranho: “Será que ele é
cristão? Como vou descobri-lo? Que posso fazer para transmitir-lhe o Evangelho? Isso
deveria ser o primeiro desejo e preocupação de cada cristão.(59)
Três mulheres, três capacidades, mas uma mesma qualidade fundamental cristã:
preocupação e compaixão pela alma do próximo.
O Dr. J. Wilbur Chapman contou a história de que, não muito longe de sua
residência em Indiana, EUA, na divisa de Ohio, vivia uma mulher velha que era o terror de
todos. Finalmente, foi presa e levada à penitenciária de Columbus.
Ela feria todos os regulamentos da instituição. Cansava os seus administradores
na aplicação de castigos. Muitas vezes, era lançada no calabouço, onde passava
semanas com pão e água.
Finalmente, uma senhora pediu permissão para visitá-la. A prisioneira foi trazida a
sua presença com pés e mãos acorrentados. Com um olhar baixo, sentou-se diante de
sua visitadora missionária.
Esta, com toda a simplicidade, apenas lhe disse:
– Minha irmã.•
A prisioneira praguejou, ao que a visitadora calmamente retrucou:
– Eu amo você.
Com uma nova imprecação, a presa disse:

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– Ninguém me ama.
Então a mulher cristã aproximou-se dela e, tomando a sua face estigmatizada pelo
pecado em suas mãos, levantou-a e disse:
– Eu a amo e Cristo a ama.•
Então a beijou primeiro numa face, depois na outra, e isso derreteu o coração da
pecadora. Suas lágrimas começaram a jorrar como chuva. Ela levantou-se, tiraram-lhe
as cadeias e, até a hora de sua morte, nunca mais as colocaram. Transformou-se de tal
maneira que daquele tempo em diante descia e subia os corredores, qual anjo de
misericórdia, atendendo às necessidades dos outros presos. Que troféu do amor de
Cristo que compele os outros a entrar!(60)
Quando o Dr. Charles Goodwell foi para a Igreja Metodista do Calvário, em Nova
Iorque, ele disse: “Ou nós teremos um reavivamento na Igreja do Calvário ou um enterro
na casa pastoral.” Obtiveram um reavivamento – mil profissões de fé de adultos em dois
anos. Mais tarde, o mesmo pastor escreveu: “Eu percorria as ruas de Nova Iorque todas
as horas da tarde até que me parecia que, se todos os degraus que subi fossem
colocados um em cima do outro, teria dado um bom pedaço de caminho para alcançar a
Lua. Se nada acontece em e através de sua Igreja, seria oportuno perguntar se pastor e
membros não estão gastando os fundilhos de suas calças ao invés das solas de seus
sapatos. Jesus não disse: “Sentai-vos”, mas “Ide!”(61)
Quando perguntaram a Lymann Beecher, então pastor da Igreja de Park Street,
Boston, qual era o segredo de seu sucesso, respondeu: “Eu prego no domingo, mas
tenho 450 membros que, na segunda-feira, levam a minha mensagem e a anunciam em
toda parte.(62)
Preocupação e compaixão pelas almas – esse é o segredo que faz pessoas
aproveitarem todas as oportunidades que encontram para dar testemunho de seu
Salvador. É este o segredo que faz uma congregação, com o pastor à frente, sair de seu
reduto e alvejar as residências de sua comunidade social com o fim de salvar todo o
habitante inconverso. É o segredo que faz muitos pastores prepararem-se
meticulosamente para estas visitas como o fazem com seus sermões e que os fazem
manter sessões de treinamento com seus leigos para o mesmo fim. Nada mais
contagiante do que ver uma congregação toda, sim, uma igreja inteira preocupada com a
sorte eterna de seus semelhantes e sempre reavaliar de novo seus programas e métodos
para atingi-los na sua totalidade.
Desenvolvamos, com a ajuda de Deus, também em nós esta qualidade tão
necessária a todo cristão ativo. Imitemos o exemplo daqueles que arderam de paixão por
seu Salvador e seus semelhantes. Não há outra alternativa para aqueles que
experimentaram profundamente o amor de Cristo em suas vidas. O apóstolo Paulo
declarou: “Para mim o viver é Cristo.” Zinzendorf exclamou: “Tenho uma paixão – é ele
e ele somente.” David Brainerd escreveu em seu diário: “Meu desejo era a conversão
dos gentios e toda a minha esperança estava em Deus.” Hudson Taylor declarou: “Sinto
que não poderei mais viver se alguma coisa não for feita a favor da China. Henry Martin,
quando chegou à Índia, bradou: “Agora quero consumir-me para Deus.” John Kox
exclamou: “Dá-me a Escócia ou eu morro.”(63)
Ao concluir este tópico da preocupação e compaixão que muitas vezes se torna
paixão muito forte, vamos considerar uma objeção que muitos levantam contra uma tal
atitude. Há muitos que têm medo de um emocionalismo que acham prejudicial à obra da
evangelização e, por isso, advogam um permanente controle dos sentimentos.
Geralmente, a conseqüência de um tal controle leva à indiferença e à letargia.
Na evangelização, é preferível excesso de paixão a letargia.
Jesus emocionou-se até chorar sobre Jerusalém. Paulo e outros que acabamos
de mencionar trabalharam na obra do Senhor apaixonadamente.

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Vejamos a análise que o autor de um livro sobre evangelização fez das emoções:
“Jesus viu os homens quais ovelhas sem pastor e ficou movido de compaixão. (Mt 9.36)
Não foi tocado meramente, ele moveu-se de compaixão. Se ele não tivesse se
emocionado, jamais teria emocionado a eles. Esta paixão não é mero emocionalismo. É
esta a diferença entre a corrente profunda e a espuma da superfície na onda. O
observador aperfeiçoado pode distinguir entre as poderosas correntes da paixão pelas
almas e as emoções espumantes. Quando vêm as emoções, sempre haverá alguma
espuma. Não temamos a espuma, é natural. Alguma emoção é esperada. Devemos
salvaguardar-nos sabiamente contra os excessos. Mas não esqueçamos que letargia
espiritual e indiferença moral devem ser muito mais temidas que emoção. Nosso perigo
de hoje não está na direção do emocionalismo incontrolado, mas na tendência de uma
cristandade fria e sem paixão. O Dr. Charles Goodell chama esta paixão inflamante de
tocha inflamatória. O Dr. L. R. Elliot advertiu recentemente contra aqueles que tentaram
roubar o evangelismo de sua tocha inflamatória. Haverá vozes e influências em nossos
dias que tentarão o mesmo.(64)

5.1. Seis conselhos para manter a flama da evangelização:

5.1.1. Cultive-a.
O primeiro impulso de um novo-convertido é contar aos outros a sua experiência
maravilhosa para com Deus. Se isto é suprimido ou negligenciado, seu entusiasmo
morrerá. Há, originariamente, nele a compaixão pelas almas, mas não permanece se não
for cultivada.

5.1.2. Permaneça ativo na evangelização. A preguiça é morte.

5.1.3. Estude a Bíblia e as técnicas da evangelização.


Muitas vezes, falta de conhecimento é a causa fundamental da perda da chama
inflamatória.

5.1.4. Faça um combate, sem tréguas, ao pecado em sua vida.


O pecado abafará a flama inflamatória do impulso evangelístico.

5.1.5. Uma vida sadia de oração é vital.

5.1.6. Fé e confiança em Deus e no sucesso da obra.


É fundamental que o conquistador de almas possua em primeiro lugar a fé
salvadora que consiste na aceitação do sacrifício substitutivo de Cristo. É a fé no sentido
restrito. É o núcleo ou base para uma fé mais ampla, ou no sentido lato, que aceite toda a
Bíblia como palavra inspirada de Deus e que acredite firmemente na ação de Deus em
sua vida, na natureza, na história da humanidade e especialmente na edificação da Igreja.
Um conquistador de almas, portanto, também aceita os milagres que a Bíblia relata como
fatos acontecidos e considera milagre de Deus toda a conversão. Para ele, não existe
nada de impossível que Deus não possa realizar no terreno espiritual.
Os nossos melhores métodos e técnicas nada resolverão, se não tivermos a fé e a
confiança no sucesso da evangelização como obra milagrosa de Deus Espírito Santo.
Spurgeon, o grande evangelista, conta: “Quando eu era jovem, era vendedor. Aprendi
logo que, quando eu ia a um comprador sem confiança para vender-lhe a mercadoria, eu
o ajudava a não comprá-la. Minha atitude era mais ou menos esta: ‘O senhor não deseja
comprar nada hoje, não é?’ Geralmente ele concordava, embora eu fizesse o meu dever
e fizesse promoção da mercadoria.”

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Uma vez, veio um jovem que ajudava a fazer visitas evangelística, dizendo:
– Dr. Spurgeon, estou fortemente desencorajado. Outros vão, pregam, testificam
e almas são conquistadas. Mas quando eu falo, testifico ou prego, nada acontece. Por
que ninguém é salvo, quando eu dou meu testemunho?
Spurgeon perguntou-lhe:
– Filho, você espera que alguém seja salvo todas as vezes em que testifica?
– Não, não sempre, irmão Spurgeon, mas desejo que alguém seja salvo uma ou
outra vez.
Spurgeon respondeu:
– Jovem, é esta justamente a razão por que não obtém resultados; você nunca
espera acontecer alguma coisa. Tenha fé.(65)
Há três razões para uma fé inabalável no trabalho para o nosso Deus: o poder de
Deus, suas promessas e a posterior performance de Deus.
Se nossa fé ainda for fraca no começo do trabalho, comecemos. Teremos força
suficiente para começar e Deus providenciará o resto.
Um menino estava na plataforma duma estação ferroviária, perguntando ao
maquinista, que estava olhando para fora da janela de sua locomotiva: “Quanta força
você conseguiu?” O maquinista informou-lhe que o mostrador do painel indicava 28
libras. O rapaz perguntou: – É força suficiente para chegar a Chatanoga?
– Não, mas é o suficiente para partir – respondeu o maquinista.
Desde que uma pessoa se tenha encontrado com o seu Salvador, ela tem força
suficiente para começar a testemunhar. Assim como a locomotiva gerava mais força
durante a marcha, assim também o cristão conseguirá mais força sobre a força gerada
pelo poder do Espírito Santo, enquanto vai andando e testemunhando Cristo. O medo e o
temor normalmente desaparecem onde um cristão resolveu dar a partida para suas
atividades evangelísticas.(66)
Certo pastor contou que ouviu um pastor negro pregar sobre Hb 13.8, tendo como
tema: “Faça-o de novo, Senhor.” O pregador estabeleceu primeiro o fato de que Deus
nunca muda, que ele é o mesmo, ontem, hoje e sempre. Então deu um relance pelas
páginas da Bíblia, contando como Deus operava milagres para e através de seu povo.
Mostrou como, ainda hoje, temos necessidades semelhantes de que Deus intervenha
com seus milagres em nossa vida. No final de cada relato, o pregador exclamava: “Faça-
o de novo, Senhor.” O pastor contou que, por fim, ele mesmo também quase começava a
gritar, em uníssono, com o pregador: “Faça-o de novo, Senhor”, enquanto pensava no
fato de que Deus era realmente capaz de fazê-lo.(67)
Esta confiança de que Deus ainda hoje é o mesmo Deus e pode fazer milagres
semelhantes aos daquele tempo, deve encorajar-nos tremendamente. O Deus que tomou
um menino pastor e algumas pedrinhas e matou Golias, é capaz de matar também os
gigantes de nossos dias, mesmo com instrumentos insignificantes. O Deus que tomou a
queixada de um jumento e abateu milhões de filisteus através de Sansão é capaz também
de tomar as queixadas de nossos dons e ganhar vitórias para o seu reino. O Deus que
tomou um pescador como Pedro, ungiu-o com o Espírito Santo e com ele salvou
aproximadamente três mil almas num só dia, é também capaz de tomar qualquer um de
nós e provocar um poderoso reavivamento em quaisquer circunstâncias. O Deus que
tomou um homem como Moody, que nem sabia falar corretamente a sua língua materna,
e sacudiu dois continentes com os seus sermões é também capaz de usar qualquer um
de nós que seja dedicado, purificado e consagrado, para os seus divinos propósitos.
Tenhamos fé e confiança em Deus. Vamos agir e esperemos então grandes
coisas de Deus. Empreendamos grandes coisas para Deus. Se nós fizermos o que há
de melhor, em seu nome, creiamos firmemente que ele quer e nos pode usar para
conquistar almas, causar reavivamentos e glorificar o seu nome de uma maneira

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poderosa. Confessemos a nossa incredulidade e clamemos: “Senhor, eu creio, ajuda-me


na minha falta de fé.” Nossa falta de fé nos priva da força de Cristo e faz com que,
geralmente, tenhamos tão pouco poder e tão insignificantes sucessos na obra da
evangelização.(68)

6. PERSUASÃO.

Persuasão é a qualidade de convencer o próximo a aceitar alguma coisa para o


seu proveito próprio. Em nosso caso, o evangelista deve persuadir o semelhante a
aceitar Cristo, porque isso serve para o seu maior bem, o eterno. Nos Atos dos
Apóstolos, lemos seguidamente que o apóstolo Paulo e outros persuadiam a respeito de
Jesus. (At 28.23; 13.43; 2 Co 5.11) Sabemos que o Espírito Santo persuade, mas o faz
por nosso intermédio. Para que possamos persuadir, é necessário que estejamos
pessoalmente convencidos do bem que oferecemos, e quanto mais fortes forem a nossa
fé e confiança no poder de Deus, tanto mais saberemos persuadir.
Os vendedores no comércio são especializados nessa arte para que seus
produtos sejam aceitos. E como sabem persuadir! Todos nos já passamos por
semelhantes experiências. Eles criam no cliente o que chamam a demanda, a procura,
convencendo-o de que a mercadoria lhe é indispensável e que serve para aperfeiçoar o
seu conforto material. E milhões compram, mesmo em prestações, sob tremendos
sacrifícios. Mas compram, não porque são obrigados ou para agradar ao vendedor, mas
porque se convenceram de que realmente têm necessidade dos respectivos objetos,
convicção que o vendedor soube habilmente incutir neles.
Um evangelista conta uma experiência com um vendedor, quando era pastor em
Minneapolis, Estados Unidos.
Tocou a campainha e apresentou-se-lhe um vendedor de pianos, perguntando se
já possuía este instrumento.
– Não senhor, respondeu o evangelista, mas possuímos um harmônio que é o
suficiente para suprir nossas necessidades atuais.
– O senhor deseja comprar algum dia um piano? – ele perguntou.
– Sim – respondi – vamos adquirir um algum dia, mas agora não estamos
interessados. Passe bem.
Mas ele gentilmente ignorou minha despedida e disse:
– O senhor tem filhos?
– Sim – eu disse – tenho dois.
– O senhor tem a intenção de administrar-lhes aulas de música?
– Sim, mais tarde, quando estiverem com mais idade, pois ainda são muito novos.
– O senhor terá necessidade de um piano então, quando eles começarem com
suas aulas e o senhor terá uma grande vantagem em adquiri-lo agora, enquanto a nossa
firma está oferecendo descontos especiais.•
– Pode ser – eu disse – mas o meu salário atual não o permite e, como estou
muito ocupado esta manhã, desejo-lhe um bom dia.
Mas ele mais uma vez, habilmente, não deu pelo meu bom dia e disse com a mais
envolvente persuasão:
– Temos bons pianos usados que poderão ser comprados em prestações
inferiores a três dólares ao mês, e com sua permissão colocaremos um, sem
compromisso, em sua casa, com o prazo de um mês, que o senhor poderá escolher em
nossa loja, usado ou novo.
Foi o golpe que me venceu, mas não permiti que ele notasse. Eu disse:

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– É uma oferta generosa, mas não posso considerá-la agora. E finalmente ele se
despediu com o sentimento de não ter obtido êxito.
Entretanto, depois de dois dias, fui àquela loja de pianos, escolhendo um para
minha casa.
Como aquele vendedor conseguiu persuadir-me?
Vindo à minha casa e fazendo uma espécie de trabalho pessoal que criou em mim
uma tal necessidade por aquilo que a sua loja tinha a oferecer que eu não pude mais
resistir. Havia no fundo de minha mente, em meu subconsciente, uma vaga intenção de
possuir um piano algum dia, mas era um desejo latente que aquele comerciante soube
despertar e, por meio de sua persuasão pessoal, o fez transformar em tal atividade que
me obrigou a ir à loja a fim de satisfazê-lo. Aquele vendedor “obrigou-me a entrar”.(69)
É essa a maneira de trazer alguém a Cristo. Jesus mesmo nos deu o exemplo,
quando despertou na mulher samaritana, junto ao poço de Jacó, a demanda da vida
eterna, falando-lhe daquela água que mata a sede para sempre. Devemos fazer tudo o
que está ao nosso alcance para criar num prospecto uma tal demanda pelas
necessidades espirituais que Jesus tem a oferecer-lhe dentro da Igreja, que ele seja
“obrigado a entrar”. (Lc 14.23)

7. PACIÊNCIA.

Paciência é a qualidade de sempre manter-se calmo em todas as situações e não


perder o controle em situações difíceis e agressivas. A uma observação rude deve seguir
uma resposta branda, dentro do espírito do amor evangélico. Diz o apóstolo em 1 Co
13.4: “O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, nem se
ensoberbece”, e no v.7: “O amor tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.”
Uma mulher afirmou a um evangelista que estivera pregando na igreja que ela
freqüentava: “A impressão mais forte que recebi durante essa série de reuniões não foi da
prédica, mas da maneira bondosa como o senhor tratou um homem que o insultou
publicamente.”(70)
Especialmente com as crianças nas escolas dominicais, corremos, muitas vezes, o
risco de perder a paciência e em vez de chamá-las com palavras brandas à ordem,
somos tentados a ralhar com elas, atitude que jamais leva a um resultado positivo.
Um coordenador de escola dominical estava na plataforma de sua escola em
Londres e viu seus professores praticamente impotentes a dominar a indisciplina de
algumas classes que ameaçava degenerar para um pandemônio. Esteve a ponto de
tocar violentamente o sinal e dizer: “A escola está encerrada e não voltem antes que
aprenderam a comportar-se.” Mas antes que ele atendesse a esse impulso,
repentinamente desabafou seu coração sem saber como e clamou: “A tua paciência, ó
Senhor, eu necessito dela depressa.” Imediatamente uma maravilhosa calma lhe
sobreveio e lhe deu uma perfeita paciência e equilíbrio para pôr fim à desordem. Daquele
momento em diante, nada do que aconteceu causou-lhe o menor sentimento de
impaciência. Sua própria paciência ruíra sob a pressão das circunstâncias, mas a do
Senhor nunca desmorona.(71)

8. PERSEVERANÇA.

Perseverança é a qualidade de esperar persistentemente até obter um resultado


positivo. O semeador lança a sua semente num dia e sabe que não pode colhê-la no
outro dia, mas a seu tempo, depois de meses de espera. Assim o evangelista também

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deve lançar a sua semente e não querer colher imediatamente. Muitas vezes ele, nem
colhe, mas outros depois dele. Há conversões que são instantâneas, mas há outras que
precisam de um longo preparo. O evangelista deve estar pronto para as duas, mas
especialmente deve persistir naquelas que demoram.
Aquele que atravessa certa região de Indiana e alguns outros estados da América
do Norte fica impressionado com a grande quantidade de macieiras. É porque há mais de
uma geração, um jovem cidadão chamado Johnny Applesed teve o hábito de semear
sementes de maçã aonde chegava. Algumas cresceram e até hoje dão frutos.
Sejamos como Johnny Applesed. Semeemos o Evangelho a mãos-cheias,
mesmo se os frutos apenas se manifestem em outra geração.
O evangelista Dr. Torrey disse: “São poucos os que não têm uma porta aberta
para o coração e podemos descobri-la se quisermos. Se não podemos achar entrada
pela porta, podemos, talvez, destelhar a cobertura e entrar. O que quer ganhar uma alma
de 15 em 15 minutos deve procurar outro emprego. Tome tempo. Nunca desanime, e
faça tudo. Eu aguardei e esperei durante 15 longos anos a oportunidade de ganhar um
certo homem. Não se passava um dia daqueles 15 anos em que eu não falasse com
Deus acerca daquele homem. Por fim, chegou a oportunidade e tive o privilégio de levá-
lo a Cristo. Tornou-se um pregador do Evangelho e atualmente está no céu. Estive com
ele no dia anterior ao seu falecimento e nunca pude esquecer-me daquele dia. Quando
você se encarregar de levar um ser humano a Cristo, nunca o abandone.(72)
Dr. Marting, um médico cristão do exército norte-americano, durante a segunda
Guerra Mundial, tinha a preocupação de testificar de Cristo a cada novo recruta que ia a
seu consultório. Ele, muitas vezes, se informava a respeito das relações com Jesus de
cada novo cliente e o persuadia a ler a Bíblia.
Um jovem soldado impressionou-o particularmente. Parecia como aquele jovem
que veio a Jesus e do qual diz o Evangelho que, quando o viu Jesus, amou-o. O Dr.
Marting convidava este soldado para fazer refeições com ele nas horas de folga, jogava
golfe com ele e aproveitava cada oportunidade a fim de explanar-lhe o caminho da
salvação. Mas nada parecia acontecer. O jovem permanecia sem interesse.
Uma madrugada, às duas horas, alguém bateu à porta do médico.
“Sinto incomodá-lo a estas horas”, disse o jovem recruta, “mas eu preciso falar-lhe.
Não consegui dormir esta noite. Caminhei para lá e para cá na minha barraca. Todos
esses meses em que o senhor falava comigo sobre Jesus, eu lhe dei a impressão de que
não estivesse interessado e de que não escutasse as suas palavras. Mas escutei cada
palavra que o senhor falou. Não pude descansar esta noite, antes que me tivesse
ajoelhado à beira do meu leito e tivesse aceito Jesus como meu Salvador e lhe oferecido
a minha vida. Senti a necessidade de vir comunicar-lhe, porque amanhã, às seis horas,
devo partir de navio e talvez nunca mais o reencontre neste mundo.”(73)
Um pastor visitou certo prospecto durante cinco anos. Este enviou seus filhos à
escola dominical, e a mulher filiou-se à Igreja. Mas ele permanecia irredutível. Dois anos
após a mudança deste pastor para outra congregação, ouviu que aquele homem havia se
filiado à Igreja e até pertencia à diretoria daquela congregação.
Após uma confirmação de adultos, um leigo expressou a sua satisfação ao pastor
porque um dos confirmandos ele já havia visitado havia 14 anos.(74)
O evangelista Dr. Chalmers tentou visitar um descrente moribundo 21 vezes e
cada vez o agonizante recusou a sua visita. Mas na 22ª vez, permitiu que ele entrasse
porque desejava ver aquele homem que tinha coragem de persistir na tentativa após 21
recusas. E então o Dr. Chalmers aproveitou a chance de contar ao homem que estava
morrendo quem podia salvá-lo. E isso porque se manteve perseverante, não desistindo
diante de 21 obstáculos de recusa.(75)

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Imploremos também nós esta perseverança do Senhor para que jamais


desanimemos ante mil e um obstáculos que também se antepõem a nós na obra da
evangelização pessoal.

9. HUMILDADE.

É outra qualidade importantíssima que o conquistador de almas deve cultivar.


“Ninguém pense de si mesmo além do que convém, antes pense com moderação,
segundo a medida da fé que Deus repartiu a cada um.” (Rm 12.3) O principal fator de
desentendimento na Igreja sempre foi o orgulho e é muito triste quando isto acontece com
um conquistador de almas. No mesmo capítulo 12 aos Romanos, o apóstolo Paulo
lembra que todos nós somos membros do corpo de Cristo e, como os membros dum
corpo, devemos cumprir as nossas funções para as quais fomos destinados para o bom
funcionamento do conjunto. Assim, devemos trabalhar com os dons que Deus nos deu.
Se nos deu mais do que a outro, não devemos exaltar-nos; se nos deu menos, não
devemos ter inveja daquele que recebeu mais. Pois a inveja também é um produto do
orgulho. E quantos deixam de cumprir as suas funções por tal motivo.
Também devemos permanecer humildes em relação aos elogios e às críticas que
recebemos. Em face dos elogios, se forem justos, alegremo-nos, mas agradeçamos por
eles a Deus, atribuindo tudo a ele. Em face das críticas, mantenhamos serenidade.
Jamais percamos a paciência, mesmo se forem as mais injustas. Mas tenhamos ouvido
para todos. Se forem justas, agradeçamos por elas e corrijamo-nos. Se injustas,
defendamo-nos com o espírito de amor e brandura ou então ignoremo-las, se forem
levianas. Lembremo-nos sempre de que todas as críticas e elogios são muito relativos e
inconstantes. Por isso, não nos preocupemos demasiadamente com aquilo que os
homens pensem de nós, mas procuremos ser achados fiéis em face de Deus. É sua
santa vontade que importa e o seu critério vai julgar-nos.
Diz a Palavra de Deus que “Cristo, quando ultrajado, não revidava com ultraje,
quando maltratado, não fazia ameaças, mas entregava-se àquele que julga retamente”. (1
Pe 2.23) E o mesmo apóstolo exorta: “Cingi-vos todos de humildade, porque Deus
resiste aos soberbos, contudo aos humildes concede a sua graça. Humilhai-vos,
portanto, sob a poderosa mão de Deus, para que ele, em tempo oportuno, vos exalte.” (1
Pe 5. 5,6) E o apóstolo Paulo disse: “Fiz-me fraco para com os fracos, com o fim de
ganhar os fracos. Fiz-me tudo para com todos, com o fim de, por todos os modos, salvar
alguns.” (1 Co 9.22) Ele que fez muito mais do que todos os outros apóstolos e se tornou
o grande apóstolo dos gentios, desbravando dois continentes e levando o Evangelho até
os confins do mundo conhecido de então, disse, falando de si mesmo: “Pela graça de
Deus sou o que sou.” (1 Co 15.10)
O Dr. Walther, fundador da Igreja do Sínodo de Missouri, Ohio e outros estados,
sob cuja presidência a Igreja se desenvolveu extraordinariamente, humilde afirmou: “Não
fomos nós que fizemos crescer a Igreja, mas a graça de Deus, que engrandeceu toda a
Igreja, fez crescer a nós.” A melhor maneira na salvação de almas é assumir a atitude de
João Batista que, disse: “Convém que ele cresça e que eu diminua.” Jo 3.30. A nossa
ação deve ser exaltar e engrandecer Jesus, enquanto o nosso eu deve desaparecer atrás
da mensagem, pois não conquistamos as almas para nós, mas para o Senhor. Alguém
disse: “Muito poucos prestaram atenção ao jumentinho sobre o qual Cristo entrava
montado em Jerusalém, mas ele serviu para elevar o Salvador ante a multidão.”(76)
Seja também esta a nossa função, igual à do jumentinho: elevar Jesus ante
aqueles a quem testemunhamos, enquanto nós, humildes, consideremo-nos apenas
instrumentos do Espírito Santo.

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10. ESPÍRITO DE SACRIFÍCIO.

Já nos perguntaram se, em nossos cursos de evangelização, proporcionávamos


oportunidade de trabalho aos alunos na Igreja. Respondemos que sua finalidade não é
proporcionar empregos nem ganhos. A sua finalidade é o contrário: fazer com que seus
alunos sacrifiquem mais de seu tempo e dinheiro a favor do trabalho de Cristo. O que os
nossos cursos visam realmente é preparar todo membro da Igreja para o trabalho da
evangelização. Proporcionar-lhe os instrumentos necessários para pescar almas. E, para
isso, é fundamentalmente necessário um espírito de sacrifício. Além do tempo
empregado para ganhar o seu pão diário, o verdadeiro evangelista procura dedicar
algumas horas por semana ao serviço de seu Salvador. Já cansado da labuta diária,
assim mesmo ele ainda está disposto a freqüentar reuniões noturnas na Igreja e a fazer
visitas de casa em casa. E, nas suas horas de folga, aos sábados e aos domingos, está
disposto a ajudar nas escolas dominicais e em outras atividades da Igreja. Este é o
objetivo dos cursos: formar pessoas com um tal espírito de sacrifício.
Uma pergunta que sempre surge de novo é esta: “Quem vai, depois, sustentar os
evangelistas formados?” Respondemos: “Eles mesmos.” Pois eles não estão se
preparando para obter um emprego, mas apenas para poder testemunhar melhor de
Cristo nas horas de lazer. Se depois, talvez, um ou outro chega a dedicar-se de tempo
integral ao trabalho de Jesus, muito bem. Seria o ideal. Mas então também Deus
providenciará o necessário para o seu sustento.
Não esqueçamos, porém: ser evangelista quer dizer trabalhar mais, sofrer mais,
mas também colher mais, alegrar-se mais e mais profundamente. Uma vida amarga de
sacrifícios produz, em compensação, frutos doces de bem-aventurança.
Certo pregador pregou à sua congregação num domingo de manhã: “As cruzes
devem descer das torres das Igrejas, de nossos colares, de nossas correntes de relógios
e entrar em nossas vidas. Nós temos de chegar ao fim de nossa má vontade egoísta,
dedicar-nos pessoalmente à conquista de almas e temos que aceitar os estigmas da cruz
em nossas vidas e carregá-los conosco para onde quer que iremos. Nós temos que
aceitar a condição de pregar diariamente o Salvador crucificado mediante uma vida
sacrificada. Então a fragrância de nossa vida levará os perdidos a escutar o nosso
testemunho a respeito dele, que é o maior entre dezenas de milhares e o único
inteiramente perfeito.”(77)

11. ANSEIO POR UMA VIDA VITORIOSA.

O apóstolo Paulo certa vez exclamou: “Porque sei que em mim, isto é, na minha
carne, não habita bem nenhum: pois o querer o bem está em mim; não, porém, o efetuá-
lo. Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. [...] Porque,
no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros
outra lei, que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do
pecado, que está nos meus membros. Desventurado homem que sou. Quem me livrará
do corpo desta morte? Graças a Deus, por Jesus Cristo nosso Senhor. De maneira que
eu, de mim mesmo, com a mente sou escravo da lei de Deus, mas, segundo a carne, da
lei do pecado.” (Rm 7.18,19, 22-25)
Esse trecho expressa tão nitidamente a dualidade da carne e do espírito em que
vive o crente, e da luta que tem de travar. Esta luta é a característica de cada crente.
Quem não passa por ela não é crente, pode aposentar a sua fé que não é verdadeira.

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Cada crente forte tem o anseio que o espírito vença a carne, lamenta como o apóstolo
que isso não é sempre possível, mas luta para que aconteça a maioria das vezes. E
todos nós conhecemos a vida do apóstolo Paulo e sabemos que está pontilhada por muito
mais vitórias que derrotas.
Anseio por uma vida vitoriosa no espírito. Essa característica deve distinguir
também cada evangelista fiel. Quem não receber forças para vencer a si mesmo e
sempre de novo é derrotado pela sua carne, como poderá auxiliar a vencer a carne
alheia? É triste quando isto acontece, quando não se tem ânimo nem coragem de dar
testemunho num momento cruciante como aconteceu com o jovem do seguinte episódio:
Certa vez, um jovem, numa grande fundição, queimou parte do corpo até os
ossos. Seus companheiros chamaram o médico com urgência. Mas o rapaz disse: “Não
é medico que quero; não há alguém aqui que possa mostrar-me o caminho da salvação?
Tenho descuidado de minha alma e estou morrendo sem Deus. Quem pode me acudir?”
Apesar de estar cercado por trezentos homens, ninguém podia explicar-lhe o caminho da
salvação e, depois de vinte minutos de grande agonia, morreu sem esperança.
Um dos que presenciaram o acidente, disse: “Depois deste acontecimento,
parece que estou ouvindo continuamente os gritos do jovem. Quanto desejava baixar-me
e mostrar-lhe o Salvador, mas fiquei completamente mudo, por causa de minha vida.” (78)
Que derrota. O homem reconheceu que a sua vida errada era a causa da falta de
capacidade de falar ao moribundo sobre Jesus. E quantas vezes não se dá isto também
conosco. Não conseguimos falar nem temos vontade de falar de Jesus porque o pecado
se aninha em nosso coração e embota a nossa vida espiritual.
Prezado evangelista. Permite que a sua vida se mantenha povoada de pecados
da impureza, ou da inveja, ou do ódio, ou do descontentamento, ou da malícia, ou do
desânimo ou até do desespero, ou da ansiedade ou da preocupação pelos bens
materiais, ou do orgulho, ou da maledicência, etc.? Não sente o anseio de se libertar de
um jugo tão incômodo e santificar a Cristo no coração?
Quando estamos libertados de tais fraquezas? Alguns pensam que basta
controlar-nos exteriormente e disfarçá-los. Mas disfarce ou finjimento ainda não é vitória,
muito menos libertação.
Charles G. Turnbull conta a história de uma senhora que, ao ser ofendida
gravemente, sorria, aparentemente com alegria. Uma jovem que estava com ela,
olhando-a, exclamou: “Não posso compreender como a senhora consegue manter-se
calma. Mas ela respondeu: “Você não sabe como eu estava fervendo por dentro.”(79)
É claro que esta senhora não estava liberta do pecado da ira. Enquanto ainda
fervia no coração, sua raiva estava lá. Vitória sobre o pecado é conseguir controlá-lo não
aparentemente por fora, mas dentro do próprio coração, como aconteceu com o pugilista
no episódio contado pelo Dr. R. A. Torrey.
Um pugilista convertido estava dando testemunho de Cristo a um homem ímpio e
mundano. De súbito, este homem cuspiu no rosto dele. O pugilista poderia ter
nocauteado o rude e insolente homem e, durante um momento, ele foi tentado a fazer
isso mesmo. Em vez disso, entretanto, tirou simplesmente o lenço do bolso, limpou o
rosto e disse: “O sangue de Jesus Cristo poderia limpar seus pecados assim como eu
estou limpando o cuspe do meu rosto.” Esse indício de humildade sincera e testemunho
oportuno provou ser o ato conquistador, e o pecador foi trazido a Cristo.(80)
Mas como conseguir tal controle? Alguém certa vez perguntou a mesma coisa a
um evangelista e este respondeu: “Pela habitação.”(81) Queria dizer ser preciso que Deus
habite em nós. O Deus triúno, especialmente Cristo com a sua graça e o Espírito Santo
com o seu poder. Só assim podemos ter forças de controlar o pecado que sempre de
novo brota em nosso íntimo por causa de nosso coração corrompido.

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Uma menina recém-convertida disse que Jesus estava no seu coração. Quando
lhe perguntaram o que faria se Satanás batesse à porta, respondeu: “Bem, eu mandaria
Jesus à porta.”(82)
Que resposta maravilhosa de uma criança. Se todas as vezes deixássemos as
rédeas a Jesus para dirigir-nos no momento em que o pecado nos assalta, obteríamos
muito mais vitórias e viveríamos de fato uma vida vitoriosa e cheia de influência salutar
como hospedeira daquela senhora que, ao despedir-se dela depois de haver vivido em
sua casa por algumas semanas, disse: “Eu não sei bem o que é isto. Não posso defini-
lo, mas há alguma coisa na senhora que me faz desejar ser melhor. Antes de completar
uma semana de minha hospedagem aqui, eu já sentia um impulso estranho para procurar
coisas elevadas. Sozinha em meu quarto, depois de todos se terem recolhido, procurei a
minha Bíblia há tanto negligenciada e entreguei-me de novo a Deus. Não posso lhe dizer
o que seja isso, mas há alguma coisa na senhora que me levou de volta a Deus.”(83)
Aquilo que a senhora não sabia definir era aquela suave influência que procede
duma vida elevada e vitoriosa.
Deixemos a Deus o lema de nossas vidas em todas as situações e especialmente
no aperto, quando o pecado quer sufocar-nos, recorramos à sua ajuda e ele nos auxiliará
a manter um espírito otimista e uma vida vitoriosa.

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CAPÍTULO VII

A EVANGELIZAÇÃO PESSOAL – O MAIS ANTIGO E


O MAIS EFICIENTE MÉTODO EVANGELÍSTICO

1. TRÊS TIPOS FUNDAMENTAIS DE EVANGELIZAÇÃO.

Gene Edwards, em sua obra Assim uma Igreja conquista almas, fala de três tipos
de evangelização fundamentais: 1.1) a evangelização em massa; 1.2) a evangelização
por alistamento e 1.3) a evangelização pessoal.
Faz, então, um exame de cada tipo e conclui pela indiscutível superioridade da
evangelização pessoal.
A evangelização em massa é aquele tipo de evangelização em que só um fala e
diversos, em pequeno ou grande número, escutam. Vai desde o sermão nos cultos até as
grandes concentrações em massa que vêm escutar as palavras de um evangelista
convidado. Essas concentrações começaram no século 18 com os movimentos dos
grandes reavivamentos, sendo seu pioneiro Charles Wesley, o fundador da Igreja
Metodista. Continuam no século 20, tendo como um dos principais líderes o
mundialmente famoso Billy Graham que realizou três concentrações no Brasil, duas no
Maracanã, no Rio de Janeiro, e uma no Pacaembu, em São Paulo.
Mas também fazem-se concentrações menores em que várias igrejas ou
congregações, ou mesmo uma só congregação, se unem para o mesmo fim. Fazem uma
concentração num determinado local com reuniões cada noite durante uma semana ou
mais. Também já se têm feito semelhantes movimentos, sob a denominação de semanas
de evangelização. Geralmente, os cultos em praça pública que algumas congregações
realizam, mesmo os cultos pelo rádio e TV, são desse tipo de evangelização em massa.
Não resta dúvida de que uma concentração bem-organizada pode resultar num
grande impulso missionário. Serve de reavivamento a muitos membros tradicionais,
incita-os a dar o seu testemunho, ao menos durante aqueles dias. Leva à Igreja novos
convertidos e torna a Igreja mais conhecida no local. Tem, porém, a desvantagem de não
atingir toda a população do local, porque nem de longe todos os moradores vão à
concentração e, assim, o Evangelho só atinge os que estão presentes.
Gene Edwards conta que, em 1950, quando o ministério de Billy Graham ganhava
ímpeto na América, serviu como conselheiro numa dessas campanhas. Todas as noites,
o grande coliseu, que comporta 12 mil pessoas, ficava repleto. Parecia até que toda a
população comparecia ali para ouvi-lo. Mas, certa noite, junto com um grupo de crentes,
a caminho da concentração, apercebeu-se de repente de que havia nas casas da cidade
meio milhão de moradores que preferiam não ouvir a mensagem de Billy Graham.
Edwards fez a estimativa de que, no máximo, 10% da população compareceram às
reuniões. A evangelização em massa, portanto, não atinge os restantes 90%. E quantos
daqueles 10% que compareceram realmente aceitaram Jesus como seu Salvador?(1)
O evangelismo em massa tem outra desvantagem por ser impessoal. O
evangelista não pode atingir diretamente os problemas de cada um por falta do diálogo,
tão essencial na evangelização pessoal, onde, de face a face, o evangelista pode
esclarecer dúvidas, corrigir erros, proporcionar conforto e transmitir alegria de uma
maneira direta.
Também os resultados de uma evangelização em massa geralmente não duram
muito e se extinguem logo, se não há um tratamento pessoal posterior. Ela só alcançará
os resultados almejados se já foi antecipada e depois está sendo completada pela

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evangelização pessoal. Os prospectos, nestas reuniões, devem ser fichados e visitados


posteriormente em seus lares para completar a ação evangelística.
Outra desvantagem da evangelização em massa é que a maioria dos assistentes
permanece passiva durante a concentração. A mensagem geralmente é anunciada por
um evangelista e alguns auxiliares e os outros apenas ouvem. Não existe participação
direta na conquista de almas, mas apenas a indireta que consiste em buscar ou levar os
visitantes, em orar e em ajudar na organização.
A evangelização por alistamento consiste em alistar crianças e adultos em escolas
dominicais e classes bíblicas. Geralmente, faz-se uma visita aos moradores da região,
não com a finalidade de evangelizá-los, mas de convencê-los a freqüentar uma dessas
escolas. O número que atende ao convite é reduzido e, de acordo com a estimativa de
Edwards, representa uns 10% da população. Com os dois tipos de evangelização, o de
massa e o de alistamento, atinge-se então, no máximo, apenas 20%, e os restantes 80%
da população permanecem inatingidos.
Como então atingir os 100%? Convidando-os para os cultos? Poucos aceitam os
convites. Como vamos esperar que um não-regenerado freqüente um culto estranho, se
os regenerados, muitas vezes, o freqüentam tão pouco. A única maneira de atingir toda a
população é por meio da evangelização pessoal. E a sua melhor forma é a visitação de
casa em casa de um setor ou de toda a cidade por um serviço evangelístico bem-
organizado.
Não devemos confundir esta modalidade de evangelização de casa em casa com
convites aos cultos ou à escola dominical ou com distribuição de folhetos. Deve ser uma
visita evangelística em profundidade, que vise à conversão dos inquilinos da casa que se
visita. Por isso, deve ser feita por equipes bem-preparadas. Esse é o alvo fundamental
dos nossos cursos de evangelização. Não podemos puxar uma pessoa não-convertida
para dentro de nossa Igreja para que ela seja convertida ali pelo sermão do pastor, mas
precisamos primeiro, com o auxílio do Espírito Santo, convencê-la em sua casa para que
depois ela vá, voluntariamente, à casa de Deus.

2. A EVANGELIZAÇÃO PESSOAL É O MÉTODO MAIS ANTIGO.

É este o mais antigo método, já empregado por Jesus e seus discípulos. Jesus
mesmo fazia visitas evangelísticas. Lembremo-nos de Zaqueu, em cuja casa entrou para
que nela houvesse salvação. Ele comia com os publicanos e pecadores, visitava a casa
de Lázaro, Maria e Marta, teve muitas entrevistas pessoais com pecadores. Jesus
também já fez funcionar a visitação de casa em casa, relatada por Mateus no cap. 10,
quando enviou os 12 para uma visitação evangelística e em Lucas 10 nos é relatado que
enviou outros 70 para a mesma finalidade.
Em Atos 5.42, lemos: “E todos os dias, no templo e de casa em casa, não
cessavam de ensinar e de pregar Jesus, o Cristo.” Quando o apóstolo Paulo se despediu
dos efésios, disse: “...jamais deixando de vos anunciar coisa alguma proveitosa, e de vo-
la ensinar publicamente e também de casa em casa.
Vemos como a evangelização pessoal por meio da visitação de casa em casa já
funcionava plenamente no tempo de Cristo e dos apóstolos. Mas também qualquer outra
modalidade deste tipo de evangelização foi praticada como encontros casuais em
viagens, testemunhos no lugar de trabalho ou de diversões. Jesus aproveitou para
evangelizar a mulher samaritana durante um descanso no poço de Samaria. Quando os
cristãos foram dispersos de Jerusalém, iam por toda parte, pregando a Palavra. (At 8.44)
Entre eles, é mencionado, especialmente, Filipe que, descendo à cidade de Samaria,
anunciava-lhes Cristo. (At 8.5) O mesmo Filipe, um pouco mais tarde, evangelizou o

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eunuco da rainha de Candace em sua carruagem e depois, voltando, “evangelizava todas


as cidades até chegar a Cesaréia.” (At 8.40)
Uma única evangelização em massa aparece nos Atos dos Apóstolos por ocasião
do derramamento do Espírito Santo, mas, depois, quase toda evangelização se
processava de pessoa a pessoa, e o Evangelho se propagava rapidamente, sem os
nossos meios modernos de comunicação como o rádio e a TV.
Gene Edwards, em sua obra supracitada, improvisa um diálogo entre um cristão
do século 20 e Áqüila, ajudante de Paulo em Éfeso, no primeiro século. O cristão do
nosso século chega a Éfeso e inicia o seguinte diálogo:
– Boa tarde, Áqüila. Sabemos que você á membro desta Igreja. Podemos entrar
e conversar?.
– Seja bem-vindo. Entre.
– Se não for demais, gostaria que nos contasse como as igrejas da Ásia Menor
efetuam seu programa de evangelização. Li que antes você era membro da Igreja em
Corinto, depois em Roma e agora em Éfeso. Portanto, você deve saber informar-me com
exatidão e clareza acerca da evangelização do Novo Testamento. Também desejava ver
a igreja antes de regressar.
– Sente-se. Já estamos na igreja. Ela se reúne em nossa casa.
– Vocês não têm templo?
– Que quer dizer templo? Não, acho que não temos.
– Diga-me, Áqüila, o que a Igreja está fazendo para atingir a cidade com o
Evangelho?
– Ora, já evangelizamos a cidade de Éfeso. Todos os habitantes desta cidade já
ouviram falar do Evangelho.
– Quê?
– É verdade, acha isso extraordinário?
– E como foi que a Igreja conseguiu fazer isso? Por certo, vocês não possuem
rádio nem televisão. Realizaram então muitas cruzadas de evangelização?
– Não, como você provavelmente ouviu dizer, experimentamos evangelização em
massa nesta região, mas quase sempre terminávamos na cadeia.
E então? Como fizeram tudo?”
– Ah, então não sabe? Somente visitamos todas as casas da cidade. Foi assim
que a Igreja evangelizou a princípio a cidade de Jerusalém. Os discípulos evangelizaram
aquela cidade inteira em pouco tempo. Todas as Igrejas da Ásia Menor seguiram este
exemplo.
– E este método tem dado bons resultados em todos os lugares?
– Sim. Tem havido tantas conversões que os líderes das religiões pagãs temem
que suas religiões sejam extintas. Quando o irmão Paulo saiu de Éfeso pela última vez,
lembrou-nos que devíamos continuar evangelizando com o mesmo método. (At 20.20)
– Áqüila, isso é maravilhoso. Nesse passo, quantas pessoas ouvirão o Evangelho
e o aceitarão?
– Não ouviu ainda dizer? Já levamos o Evangelho a todas as pessoas da Ásia
Menor; tanto a gregos como a judeus. (At 19.10)
– Ora, isso é impossível. Você não está realmente dizendo que cada pessoa já foi
abordada pelo Evangelho, não é mesmo?
– É verdade. Cada pessoa.
– Mas isso incluiria Damasco, Éfeso e dezenas de cidades grandes, aldeias e
povoações, e também as tribos nômades do deserto. Quanto tempo foi necessário para
as igrejas alcançarem todo esse povo?
– Não muito tempo: exatamente 24 meses. (At 19.10) O mesmo está acontecendo
na África do Norte e no Sul da Europa. O Evangelho também já chegou à Espanha.

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Ouvimos falar de um país que se chama Inglaterra e muitos cristãos já chegaram até lá.
Esperamos completar a grande comissão de Jesus antes do fim deste século.
– Áqüila, o que você está me contando é incrível. Vocês têm feito mais em uma
geração do que nós em mil anos.
– Não compreendo a razão disso. Para nós foi algo simples. Pode ser que vocês
tenham usado métodos errados de evangelização.(2)
É realmente maravilhoso como aqueles cristãos primitivos evangelizaram tão
rapidamente o mundo de sua geração e isso através da evangelização pessoal, sem os
recursos modernos de nossos dias. Diz Charles Mueller em The Strategy of Evangelism
que os motivos para uma tal evangelização eficiente foram:

2.1. Eles podiam ver a cruz com claridade e sabiam o que significava ter vivido
em trevas espirituais. Alegraram-se com a luz, quando se lembraram com calafrios de
sua escuridão anterior.

2.2. Ainda não tinham herdado o terrível peso da tradição, a preocupação por
edifícios e a incômoda estrutura organizacional que se acumulou na Igreja através dos
anos.

2.3. Não havia nenhuma das vantagens modernas de ser cristão. Aceitavam o
Cristianismo por amor a Cristo e estavam prontos a aceitar o preço desse seu passo.(3)
Também depois dos tempos dos apóstolos, os cristãos ainda continuaram, durante
muito tempo, no mesmo ritmo. Quem atesta este fato é o historiador da Igreja, Philip
Schaff, que escreveu: “É fato notável que, depois dos tempos dos apóstolos, nenhum
grande missionário é mencionado até o começo da Idade Média. Não há sociedades
missionárias, nenhum esforço organizado na época antenicênica. Mas, menos de 300
anos depois da morte do discípulo João, toda a população do Império Romano, a qual
representava, então, o mundo civilizado estava nominalmente cristianizada.”(4)
Infelizmente, este método da evangelização pessoal pela visitação de casa em
casa, que dá resultados quando tudo mais falha, foi abandonado. E a Igreja mergulhou
nas trevas da Idade Média. Com a Reforma, houve bastante evangelização pessoal, no
sentido de que os crentes, convencidos das verdades evangélicas, que novamente
descobriram pela leitura da Bíblia, traduzida por Lutero, davam seu testemunho pessoal a
outros, mas não houve organização para a realização de visitas de casa em casa. No
século 18, surgiram as grandes evangelizações em massa pelo reavivamento, mas a
evangelização pessoal de casa em casa até hoje ainda não foi plenamente restabelecida.
Foi praticada em algumas congregações conscienciosas e está sendo, hoje em dia,
praticada esporadicamente em algumas Igrejas, mas não se tornou, até agora, o método
por excelência que poderia recristianizar a nossa geração, se todos os cristãos
acordassem e se convencessem de sua necessidade e eficiência.

3. A EVANGELIZAÇÃO PESSOAL É NECESSÁRIA.

Ela é necessária. É necessária porque, de fato, faz o cristão cumprir a grande


ordem de Cristo em Mc 16.15: Ide! Cada cristão tem o dever sagrado de ir e evangelizar.
Se não puder ir longe, a países estrangeiros, ao menos pode pôr os pés fora de casa e
evangelizar a sua vizinhança e cidade. É necessária porque faz o cristão cumprir a
Palavra: “Sede praticantes da palavra e não apenas ouvintes.” E ser praticante inclui,
fundamentalmente, a evangelização pessoal. É necessária porque preserva o cristão da
morte espiritual que pode sobrevir pela falta de exercício. O Instituto Bíblico Moody

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calculou que 95% dos crentes nos Estados Unidos da América nunca levaram uma alma
a Cristo. E Gene Edwards conclui que muito menos que 1% de crentes evangélicos são
conquistadores de almas constantes.(5) Por essa razão, temos em nossos dias uma
cristandade sem força, que já não tem mais condições de se opor às avalanches do
Ateísmo que a assediam. A evangelização pessoal ainda é necessária porque faz o
crente cumprir a responsabilidade de salvar as almas perdidas de sua região. É uma
responsabilidade que os crentes, em grande parte, esqueceram hoje em dia, não estando
conscientes de que são responsáveis pelos incrédulos de sua localidade e que Deus um
dia poderá exigir o sangue deles de suas mãos, caso não os avisem de sua perdição. (Ez
3.18)
Um pastor de certa igreja pregou um belo sermão sobre todas as bênçãos que
Jesus obteve para os seus, acrescentando que todos os que nele crêem terão a vida
eterna. Durante o culto, uma jovem visitante escreveu no verso de uma folha do hinário:
“Moro a apenas dois quarteirões desta igreja. Minha mãe morreu descrente. Meu
pai é um beberrão. Ninguém até hoje nos convidou para esta igreja. Vocês são nada
mais que um montão de hipócritas.”(6)
Um jovem casal veio ao gabinete de um pastor e pediu que enterrasse seu pai.
Quando o pastor negou porque o morto nunca havia professado a fé cristã, o filho
perguntou com a voz embargada: “O senhor crê que ele foi para o inferno, não é? Por
que então o senhor não veio e o preveniu antes que ele morresse?”
Não sejamos co-responsáveis com destinos semelhantes. É necessário que
evangelizemos, visitando todas as casas da região em que moramos. Jesus nos
ordenou: “Ide, fazei deles meus discípulos. Pregai o Evangelho a toda criatura.”
Uma senhora que mora ao lado de um pré-seminário evangélico em São Paulo, foi
visitada depois que já funcionavam os cultos naquele estabelecimento há vários anos.
Ela aceitou o convite, filiou-se à congregação e disse: “Há anos esperava por esse
convite e sempre me perguntava: ‘Será que aquela Igreja não faz visitas?’” Ela não as
tinha feito até então, mas hoje está tentando recuperar o tempo perdido.
Após um pastor haver terminado de lecionar a uma classe de prospectos,
perguntou à senhora Jones:
– Agora que conhece os ensinamentos de nossa Igreja, a senhora deseja tornar-
se membro?
– Desejava que alguém me tivesse perguntado antes – ela respondeu.– Há anos
desejava entrar em sua Igreja, mas não sabia se me desejavam.(7)
Um homem prometera ao pastor que freqüentaria a sua classe de prospectos.
Como não apareceu, o pastor voltou a visitar a sua casa e a senhora esclareceu. “Ele foi
para a igreja a noite passada, ficou sentado no carro uns 15 minutos e então voltou para
casa porque não teve coragem de entrar na sua igreja.” (8)
Tais exemplos nos mostram como é necessário fazer a visitação de casa em casa
porque só assim podemos alcançar tantos que, por si mesmos, não têm coragem nem
iniciativa de entrar na igreja.

4. A EVANGELIZAÇÃO PESSOAL É O MÉTODO MAIS EFICIENTE.

Além de este método de visitação de casa em casa ser o mais antigo, além de ser
necessário, ele também é o mais eficiente pelas seguintes razões:

4.1. Só ele nos faz atingir realmente toda a população. Se todas as Igrejas o
pusessem em prática, mais uma vez veríamos o fenômeno da cristianização de toda uma
geração como no primeiro século. Quantas pessoas que estão esperando por um convite

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entrarão na igreja. Quantos descrentes, que erravam por ignorância, crerão se alguém
dos nossos os visitar e lhes apresentar a mensagem da salvação.
Uma Igreja em Dakota do Norte, Estados Unidos, com 207 famílias, fez um
levantamento de sua comunidade social, visitando todas as casas de uma população de
sete mil. Verificaram que 188 famílias tinham vontade de pertencer à sua Igreja. A Igreja
organizou um programa de visitações evangelísticas e, dentro de dois meses, o pastor
recebeu 182 novos membros. Eles moravam lá muito antes, mas os métodos usados
pela Igreja não eram suficientes. A visitação evangelística foi a resposta.(9)
Uma grande Igreja no Estado da Louisiana, Estados Unidos, numa cidade de
pouco mais de 12 mil habitantes, ganhou um quinto de toda a população durante seis
anos. O pastor pensara que o campo havia sido suficientemente evangelizado até que
ele mesmo começou a fazer um levantamento. Decidiu visitar pessoalmente cada casa
entre seis ou cinco quarteirões, em cada direção de sua igreja. A primeira visitação já foi
uma revelação. Num quarteirão, ao sul da igreja, achou mais de 50 prospectos. Dentro
de uma área de um tiro de pedra da igreja havia centenas de possibilidades. As grandes
possibilidades dos não-alcançados, sem Igreja, nos desafiam para a visitação
evangelística.(10)
Mesmo num ambiente rural, onde todos parecem possuir sua Igreja, pode haver
surpresas agradáveis numa visitação evangelística de casa em casa. Houve um pastor
rural que era positivo no seu pensamento de não haver mais membros em sua área que
não pertencessem a alguma Igreja. Quando a sua Igreja encareceu a necessidade de
cada congregação fazer um recenseamento religioso e de todos se unirem num esforço
conjunto de visitação durante uma semana, ele concordou, mas sem fé nos resultados.
Para sua surpresa, encontrou 68 prospectos, vivendo na sua área, que preferiram ser
membros de sua Igreja. O recenseamento foi seguido por um esforço de visitas e 38 se
filiaram à Igreja, 21 deles por profissão de fé. (11)
Visitemos e revisitemos e maiores surpresas ainda poderão nos aguardar.
Certo senhor ouviu um outro homem reclamar: “Ninguém deve se acomodar
enquanto uma só pessoa não-convertida permanecer na comunidade social.” Esse
pensamento alarmou-o e ele pensou: “Tenho estado acomodado por muito tempo. Fui
convertido há anos, mas nunca tentei ganhar uma alma para Cristo.”
Ele era homem de negócios, muito ocupado, mas começou a tomar tempo cada
dia para dar testemunho de Cristo. Dois anos mais tarde, ele entrou no escritório de seu
pastor e pôs uma lista de nomes em cima da mesa, dizendo: “Estas são as pessoas que
ganhei para o Senhor Jesus nos últimos dois anos.” Mais de 120 nomes estavam na lista.
Precisamos deixar, como fez este homem, o culto do comodismo e sair procurando
pecadores.(12)

4.2. A evangelização pessoal tem a vantagem de se poder concentrar num alvo


só e, assim, atingir melhor a sua finalidade. Faz um real esforço de trazer uma pessoa
perdida para uma atitude definitiva em relação a Cristo. Dá ao conquistador de almas a
oportunidade de sentar-se calmamente ao lado do pecador e tentar com toda a seriedade
despertar nele a convicção do pecado, de convencê-lo de que a única solução se
encontra no sangue redentor de Jesus e de animá-lo para uma vida nova e bem-
aventurada no reino de Deus.
O Dr. Trumbull expressou esta mesma idéia, servindo-se da seguinte figura: “Um
grama de pólvora, explodindo no ar livre, dissipa-se num bafo de fumaça. Confinado num
cano de espingarda, manda a bala ao centro do tronco de uma árvore.” Da mesma forma,
uma mensagem que parece de pouco efeito, perante uma grande congregação, pode
resultar em frutos eternos, quando apresentada de pessoa para pessoa, concentrando-se
num só alvo.(13)

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O evangelista Spurgeon usou outra figura muito sugestiva: “Se você tivesse um
cento de garrafas vazias diante de si e atirasse sobre elas a água de um balde, pouca
água penetraria, e só em algumas garrafas. A água cairia ao lado delas. O melhor
processo é tomar cada garrafa e encher uma por uma.”(14) Assim também a
evangelização pessoal leva a vantagem de beneficiar os pecadores, um por um, com a
mensagem da salvação.
Os melhores sermões passam muitas vezes por cima das cabeças dos pecadores
que não entendem a sua mensagem e numa oportunidade dessas não podem fazer
perguntas, nem o pregador pode indagar as suas dúvidas. Na evangelização pessoal, há
esta maravilha do encontro de face a face em que pode ocorrer um verdadeiro
entendimento.
O evangelista Moody compreendeu isso muito bem. Assim, após seus cultos,
convidava os ouvintes a uma entrevista pessoal e lá então os evangelizava devidamente.
Ele era um dos homens mais ocupados dos seus dias, professor, educador e evangelista,
mas ele se tomava o tempo de conquistar almas para Cristo e conseguiu, durante a sua
vida, nada menos de 750 mil, através da evangelização pessoal. Conta-se que quase
não podia esperar o fim de seu sermão, para depois entrar na sala das entrevistas a fim
de falar com as pessoas individualmente.(15)
Durante mais de 40 anos, em Londres, o evangelista Spurgeon empregou o seu
tempo de ganhar, no mínimo, uma pessoa por dia, fora de seu trabalho no púlpito.(16)
Certo pastor, da costa do Pacífico, relatou o encontro com um jovem no saguão de
seu templo imediatamente após um culto da manhã. Depois de conversar um pouco com
o rapaz, descobriu que ele freqüentava fielmente os cultos por muitos anos. Por alguma
razão, o pastor não o conhecia. Ao indagar se ele era crente, o jovem respondeu
negativamente, explicando que gostaria de ser, mas não sabia como. O pastor admirou-
se de que, apesar de o jovem vir assistindo aos cultos durante tantos anos, não conhecia
o caminho da salvação. Mas era a triste verdade. Sentando-se então ao lado do rapaz, o
pastor explicou-lhe algumas passagens da Escritura, e o jovem, sem tardar, aceitou Cristo
em sua vida.(17)
Henry Clay Trumbull, mestre conquistador de almas, como também poderoso no
púlpito, escreveu antes de sua morte: “Avaliando o meu trabalho em todos estes anos,
posso ver mais resultados diretos pelo esforço individual com pessoas do que por meio
das minhas palavras faladas para milhares e milhares de pessoas em assembléias
religiosas, ou por meio de todas as minhas palavras escritas nas páginas de periódicos e
livros. Alcançar uma pessoa de cada vez é a melhor maneira de alcançar o mundo.(18)
O Dr. Samuel Swemer declarou: “A evangelização pessoal é um choque de
almas. É um embate de personalidades. Faz-nos lembrar o profeta Natã dirigindo-se a
Davi e dizendo-lhe: ‘Tu és o homem.’ (2 Sm 12.7) É Cristo falando a Nicodemos, com
toda a franqueza – 1 Jo 3 – ou revelando o mistério do Evangelho a uma pobre pecadora
junto ao poço de Samaria.” (Jo 4)(19)
Sem sombra de dúvidas, a evangelização pessoal é o caminho mais direto e mais
curto ao coração do semelhante.

4.3. A evangelização pessoal contribui para o crescimento de nossa vida


espiritual. A melhor forma de desenvolver qualquer habilidade nossa é a atividade. Na
educação, combate-se a passividade do aluno e recomenda-se que o ensino seja ativo,
isto é, que obrigue o aluno a trabalhar e não apenas a escutar as exposições do
professor. Escola ativa – um slogan novo que surgiu no terreno educacional. Igreja ativa
– deveria ser o slogan no terreno eclesiástico. Quantas igrejas ainda existem que se
contentam com a vinda dos membros aos cultos, nos quais escutam a Palavra de Deus,
depois voltam para casa e pagam as suas contribuições. Em muitas congregações, nem

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mesmo se exige a freqüência aos cultos. Basta pagar as anuidades, muitas vezes
reduzidas a uma taxa insignificante, e essa é toda a atividade que seus membros
desenvolvem. Pode ali haver progresso na vida cristã?
Ponhamos os membros da Igreja a trabalhar ativamente na evangelização
pessoal, treinemo-los e confiemos-lhes tarefas. Eles irão trabalhar, cada vez com maior
alegria e progredir na sua vida espiritual. Assim, teremos realmente uma Igreja ativa em
que haja praticantes da Palavra e não apenas ouvintes.
Dois membros leigos que praticavam a evangelização pessoal voltaram muito
alegres de suas visitas um domingo à noite, porque um casal prometera aceitar Cristo
como seu Salvador e assistir à classe de prospectos. Alegraram-se novamente quando
os dois se filiaram à Igreja e mais uma vez quando o marido se tornou presidente de um
importante departamento da congregação. Havia alegria misturada com tristeza quando
este morreu repentinamente e recebeu um enterro cristão na esperança da ressurreição.
Alegrar-se-ão mais uma vez quando o reencontrarem no céu.(20)

4.4. A evangelização pessoal produz avivamento e o mantém infinitamente. Tudo


isso – a atividade dos cristãos e a sua alegria com os frutos do trabalho – produz
avivamento de sua própria fé e também da fé das outras pessoas.
Numa tal congregação, não será necessário programar de vez em quando cultos
de reavivamento, porque o avivamento será uma constante. Um cristão, preocupado com
a salvação de almas, cultivará o estudo da Palavra de Deus, a oração, estudará com
afinco as doutrinas de sua Igreja, manterá devoções diárias, enfim, viverá uma vida ativa
e dedicada a seu Salvador. Não necessitará de um reavivamento espiritual. Seu
exemplo inspirará as outras pessoas. Esse avivamento vai se manter constante porque
se tornou um hábito, uma rotina. Um reavivamento especialmente programado sopra em
geral o fogo com intensidade, durante um curto período de tempo, mas seus efeitos são
efêmeros, voltando tudo à rotina da inatividade, se não houver continuidade. Mas quando
a própria rotina for de atividade, então não haverá perigo de rápida extinção. O seu fogo
vai se manter interminavelmente aceso.
Um motorista de táxi foi motivado pela ação de uma passageira para investigar a
religião cristã. Durante uma semana missionária, uma senhora relutava para fazer visitas.
Ela não teve companheiro nem condução. Mas, sentindo que ela teria de tentá-lo,
chamou um táxi numa segunda à noite e fez diversas visitas, enquanto o motorista a
aguardava. Os resultados das visitas também não eram muito encorajadores.
Terça à noite, ela saiu mais uma vez, por acaso, no mesmo táxi. De novo, não
havia resultados imediatos. Na quarta à noite, foi assistir ao culto um tanto desencorajada
por causa de seu insucesso. Mas sua depressão espiritual de repente desanuviou-se,
quando seus olhos perceberam aquele motorista de táxi num dos últimos bancos. Ela lhe
havia dito, entre as visitas, o que estava fazendo. O motorista ficara impressionado que
ela estava alugando um táxi para fazer visitas evangelísticas. Disse, mais tarde, que foi à
Igreja justamente por este motivo, a fim de ver o que podia motivar alguém a sair de sua
casa e procurar outros às suas próprias custas.
Durante uma campanha evangelística em Spokane, Washington, EUA, o pastor
local fez um apelo à sua congregação a favor de mais conduções para que seus jovens
pudessem fazer as visitas programadas. Após o culto, um homem aproximou-se do
pastor. Não era membro da congregação nem de outra Igreja. Ofereceu-se para
transportar um grupo de jovens em suas visitas naquela noite. Os jovens esperavam ser
levados por qualquer charanga. Imaginem a sua surpresa quando se depararam com um
luxuoso cadillac branco. Ainda maior surpresa experimentaram, quando no fim da visita,
o homem e sua esposa aceitaram o convite para assistir à classe de prospectos do pastor

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e filiar-se à Igreja. O que os induziu a esse passo foi principalmente a atitude consagrada
daqueles jovens em sua prática de evangelização pessoal.
É uma questão pacífica que a evangelização pessoal produz avivamento e é o
melhor meio para mantê-lo. Todos os que o puseram em prática já passaram por esta
experiência bem-aventurada.

5. CAUSAS POR QUE A EVANGELIZAÇÃO PESSOAL É PRATICADA POR TÃO POUCAS


PESSOAS.

Mas por que então a evangelização pessoal é privilégio de apenas alguns crentes
consagrados ou de umas poucas congregações que quase se podem contar pelos
dedos? Por que não é praticada em larga escala por todos os crentes em todas as
Igrejas do mundo? Vamos alinhar as principais razões:

5.1. Comodismo.
Já falamos sobre este obstáculo sob outro tópico. É mais cômodo continuar assim
como até agora era o costume. “O nosso Cristianismo está bem assim.” “Para que
mudar?” Já se cristalizaram os hábitos de ir aos cultos, ajudar com contribuições e fazer,
quando muito, uma devoção doméstica. E é só. É a rotina diária; e o quanto é difícil
modificar uma rotina todos nós sabemos muito bem.

5.2. Tradicionalismo.
A rotina é muito mais difícil de modificar quando é transmitida por tradição.
“Antigamente, em nossa Igreja, não se fazia assim.” “Para que mudar agora?”
“Queremos ser melhores que nossos pais?” “Nossos pais então não trabalharam?” Não
queremos julgar nossos pais e respeitamos o seu trabalho. Sabemos que se esforçaram
muito. Mas, naquele tempo, eram outras as condições e os problemas. Eles tiveram que
lutar muito a favor da doutrinação e conservação. Eram poucos, e a ignorância era muito
grande. A maioria dos pastores teve de dar escola paroquial. Consumiram seu tempo em
longas viagens penosas, a cavalo, para atender aos cristãos dispersos geograficamente.
Hoje, tudo mudou. As condições são outras e principalmente as oportunidades
evangelísticas são mais favoráveis do que nunca. Nós temos que mudar. É o desafio de
nossa época. Nós somos os responsáveis, e não eles, por nossa geração. Se não
empregarmos os métodos mais adequados, deixaremos de cumprir o nosso dever.
Temos, hoje, muito mais portas abertas que antigamente. Se até hoje ainda não
aprendemos a praticar a evangelização pessoal, se procedemos de um ambiente não-
evangelístico, temos que acordar para a realidade, arregaçar as mangas e trabalhar num
ritmo e estilo diferentes de antigamente. E nossos pais, se pudessem ver dos céus este
novo tipo de trabalho, enviariam de lá as suas bênçãos.

5.3. Falso sentimento de incapacidade.


Como a maioria de nós não foi educada num ambiente evangelístico e nunca fez
um tal trabalho, acham que são incapazes. Mas nunca o tentaram. Falta de prática não é
incapacidade. Devemos nos reeducar, modificar o nosso comportamento e ajustá-lo a
esse novo tipo de trabalho. Então logo iremos ver que temos alguma capacidade, uns
mais, outros menos. É só tentar e começar. A evangelização pessoal é uma prática
como nadar ou guiar automóvel. Cada um pode aprender e praticar.
Há alguns que, baseados em Ef 4.11: “E ele mesmo concedeu uns para
apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas, e outros para pastores e
mestres”, argumentam que um evangelista é uma pessoa que possui um certo dom

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específico e que, portanto, a prática da evangelização é tarefa dessas pessoas


especialmente dotadas. Mas, neste versículo, o sentido de evangelista abrange muito
mais que dar um simples testemunho de Jesus. Evangelistas, no Novo Testamento, eram
pessoas especialmente incumbidas de fazer evangelização, indo de lugar em lugar,
pregando a todos que ainda ignoravam a salvação de Cristo. Era mais um cargo, um
ofício, como teve Filipe e outros. Mas o sentido de evangelista que atribuímos neste
manual é o de ser testemunha de Jesus, anunciar as boas-novas do Evangelho no lugar
em que a gente se encontra, e isso cada crente pode e deve fazer. É verdade, uns terão
mais prática, outros menos, mas cada um pode tornar-se um evangelista regular, assim
como também nem todos se tornam ótimos nadadores ou motoristas, mas cada um pode
chegar a desenvolver razoavelmente uma dessas práticas.
Como é difícil, muitas vezes, começar e o começo até pode representar um
fracasso, mas como é preciso persistir e transformar seu fracasso em vitória, nos conta o
evangelista Norman Lewis em seu livro O Ide é com Você:
“A memorização e a leitura da Bíblia têm sido os hábitos mais abençoados de
minha vida cristã. Você está entesourando versículos bíblicos em seu coração? O
Senhor nos ordena isto. E prometeu abençoar os que lhe fossem obedientes.
Não foi sem grande luta e provação que, por fim, aprendi a lição. Fui convertido
quando era calouro na universidade de Nebraska. No verão seguinte, ingressei no
Instituto Bíblico Moody, em Chicago, para estudar a Bíblia. Quando o encarregado da
matrícula me perguntou que tipo de trabalho prático eu queria fazer, perdi o interesse.
Fiquei confuso e desejei que alguém me orientasse. Mas as autoridades do Instituto
ficaram firmes. Cada estudante tinha de fazer algum trabalho prático. Deram-me a
oportunidade de escolher: evangelismo nas cadeias, nos hospitais ou ao ar livre? Após
breve ponderação, desprezei os dois primeiros e me decidi pelo trabalho de pregação ao
ar livre. Finalmente ar e liberdade.

Fracasso
Veio minha primeira indicação. Apinhamo-nos numa camioneta e, na direção do
Sul, fomos ao bulevar Michigan. Paramos num bairro pobre. Numa esquina da rua,
armamos pequena plataforma com um órgão portátil. Nosso líder deu as orientações
necessárias. Os componentes de certo grupo deveriam dar testemunho. Nós
entoaríamos hinos e ele mesmo pregaria. Quando o líder iniciasse a pregação, nossa
incumbência seria falar de Cristo a alguma pessoa. Que ordens. Se o líder tivesse me
dito que dentro de cinco minutos iria levar um tiro, creio que não teria me sentido tão
angustiado. Como o tempo voou! Foi a reunião mais curta a que já compareci. Parecia
que, naquele momento, o líder já estava no tablado, dirigindo a mensagem. Os membros
mais experientes do grupo começaram a falar com os circunstantes. Mas eu estava
grudado ao chão. O medo me imobilizou. Sabia que tinha de fazer alguma coisa. Vi um
homem sentado na soleira de uma porta. Ele era grande e corpulento. Pelo menos
estava sentado e imaginei que isso era uma vantagem. Vagarosamente, caminhei na
direção dele. Chegando perto, disse-lhe:
– Boa-tarde.
– Boa-tarde – respondeu com uma voz que lembrava o troar de um canhão.
Perguntei-lhe:
– O senhor é crente?
– Não – retrucou com o seu vozeirão.
E continuei:
– O senhor gostaria de ser crente?
– Sim – disse ele.

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Aquela foi uma das maiores surpresas que tive na vida. Senti-me como uma
pessoa que começasse a empurrar uma porta com toda a força e esta, abruptamente, se
abrisse. Perdi o equilíbrio. Eu esperava um não como resposta. Tinha dois ou três
argumentos fraquinhos contra uma negativa. Estou certo de que não convenceriam nem
um mosquito. Mas eu iria experimentá-los se alguém me dissesse “Não”. Ao invés disso,
respondeu “Sim”.

Esmagado
Eu não sabia o que fazer. Pensei na Bíblia. Abri-a. O homem estava ali, sentado,
olhando-me atentamente. Comecei a folhear a Bíblia, muito afobado. Percebi que eu
mesmo não estava familiarizado com aquelas páginas. Passei de corrida pelo Antigo
Testamento, fiz o mesmo com o Novo Testamento, até que cheguei ao fim da Bíblia.
Decidi, então, fazer como os chineses, que lêem de trás para diante. Assim fui do
Apocalipse ao Gênesis. Nada! Sentia-me com a língua presa, vencido. Por fim, disse ao
homem com voz sumida: “Deus o abençoe.” Dei-lhe as costas e desapareci.
Alguém poderá rir. Mas era justamente o que eu não podia fazer naquela hora.
Entrei na camioneta mudo e humilhado, e lá fiquei como alguém que levou uma grande
surra. Chegando ao Instituto, subi três lances de escadas do velho ‘edifício 153’, entrei no
meu quarto, tranquei a porta e lancei-me na cama, chorando como uma criança. E disse:
“Oh, meu Deus, pela primeira vez em minha vida me deparei com um homem que queria
ser crente e eu não tinha sequer um versículo da Bíblia para mostrar-lhe o caminho.” E
prometi ao Senhor, naquela noite, que nunca sairia para testemunhar sem ter aprendido
versículos escolhidos. Um ou dois dias depois, um colega me estimulou a decorar
versículos bíblicos escritos em cartões. Até então eu não sabia que Deus nos ordena
decorar a sua Palavra. Ele manda que gravemos a sua Palavra nas tábuas do coração.
Portanto, siga um método de entesourar a Palavra de Deus em sua memória. Deus o
abençoará na conquista e na edificação de pessoas.”(21)
Como este homem começou com um fracasso, mas depois tornou-se grande
conquistador de almas, assim também cada um de nós, que se sente incapaz, pode
tornar-se um grande conquistador pela persistência e com a graça de Deus.

5.4. Transferência de atividade.


Há pessoas que pensam que podem transferir sua atividade de dar testemunho
para qualquer outra atividade no reino de Deus. Elas dizem: “Eu sou um homem de
gabinete”, ou “Trabalho no setor da Educação”, ou “Emprego meu tempo para cuidar dos
que já tenho”, e muitas outras expressões equivalentes. Acham que, fazendo bem uma
coisa no reino de Deus, estão dispensados da conquista de almas. Mas Cristo disse a
todos, sem exceção: “Ide”, “Sereis minhas testemunhas.” Devemos fazer bem aquilo
para o que fomos chamados sem descurar, no entanto, da nossa tarefa comum de
conquistar almas. Há pastores que são ótimos pregadores, cuidam bem de seus
membros, mas não fazem o trabalho de um evangelista, visitam poucos ou ninguém.
Alguém disse: “Não adianta apertar as mãos no domingo sem ter apertado o pé durante a
semana.(22) A estes, Theodore L. Cuyler deu o seguinte conselho: “Jovens irmãos.
Procurem desde o princípio ser pastores esforçados e empenhados. Durante a semana,
vão ter com aqueles que vocês esperam que venham no domingo ter com vocês. Cada
dia, pela manhã, estudem os livros; à tarde, estudem as placas das casas – e a natureza
humana. O povo lhes fornecerá o material para seus melhores sermões práticos. Após
um domingo de trabalho eficiente, dêem uma volta pelo rebanho como Napoleão fazia
pelo campo depois da batalha, para ver onde os tiros acertaram e quem ficou entre os
feridos. Nas visitas pastorais, vão aonde houver mais necessitados de vocês. Se tiverem
de deixar alguém de lado, que sejam os fortes, os cultos, os piedosos. Vão aos

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descrentes; vão aos que sofrem; vão às casas que o mundo menos procura. Adquiram
conhecimento com todo o mundo e não se esqueçam de reconhecer a todos na rua.
Tenham sempre uns folhetos no bolso e uma palavra bondosa nos lábios. Tenham
certeza disto: que todas as pessoas, ricas ou pobres, apreciam as atenções pessoais.”(23)
Roberto L. Summer, autor do livro A Igreja em Chamas, diz: “Alguns pastores têm
conceito errôneo da intenção dos apóstolos quando declaram em Atos 6.4: “Quanto a
nós, nos consagraremos à oração e ao ministério da palavra.” Alguns têm imaginado, à
base dessa escritura, que os diáconos e outros leigos devem fazer todo o trabalho de
visitas e que os ministros nada mais devem fazer senão orar e preparar sermões. Mas o
“ministério da Palavra” não se realiza só do púlpito: tanto é ministério da Palavra a
evangelização de casa em casa quanto é o sermão “no tempo”. O pastor precisa tomar
a frente no programa de visitas. O pastor que ficar em casa terá um rebanho que ficará
em casa”.(24)
Ninguém, nem pastor, professor, diácono ou qualquer outro membro leigo está
dispensado da evangelização pessoal. É uma atividade intransferível. E só quando ela
for realizada em conjunto por toda uma congregação, por toda uma Igreja, pode haver de
fato resultados satisfatórios.

5.5. Adiamento.
Há muitos que têm as melhores intenções, querem de fato realizar um trabalho
completo de evangelização pessoal. Mas só permanecem nas intenções, sempre adiam
o começo de dia a dia, de ano para ano e se aposentam ou morrem sem ter concretizado
o seu intento. Já dizia Agostinho: “Os caminhos do inferno estão calçados de boas
intenções.” É um mal tremendo que fazemos a nós mesmos e a milhares de almas
imortais com esse hábito de deixar para amanhã o que deveríamos fazer hoje.
Um membro de uma de nossas congregações contou: “Faz seis semanas que
uma nova família mudou para o nosso apartamento vizinho. Tinham um bom número de
filhos. Notei que não iam à escola dominical, no domingo de manhã. Tive a intenção de
convidá-los para a nossa escola e os pais para o nosso culto. Mas hesitava em abordar o
assunto, temendo que poderia ofendê-los. Na semana passada, um membro de uma
outra Igreja os visitou e lhes estendeu um convite para assistirem aos trabalhos de sua
Igreja. Os pais ficaram alegres e aceitaram imediatamente. Fiquei envergonhado porque
aquele visitador morava umas quadras distantes de nosso prédio. Tive muito pouca
confiança em mim e em meu Senhor e adiei o convite longo tempo demais. Tenho a
confiança de que estes novos vizinhos encontrem o seu Salvador em sua nova Igreja,
mas, a minha oportunidade de testemunhar para eles, perdi-a e não a recuperarei jamais.”
Nesse caso, o adiamento não teve tão graves conseqüências como neste outro:
Durante uma campanha de evangelização em Iowa, Estados Unidos, um casal
saiu à noite para fazer visitas e foi recebido de braços abertos numa casa. O dono disse:
“Esperávamos por vocês. Recebemos a carta do pastor. Minha mulher e eu discutimos o
assunto, especialmente seu convite. Negligenciamos a Igreja e estamos decididos a
reparar a falha. Mas poderiam voltar amanha à noite? Minha senhora saiu para compras.
Gostaria que também ela escutasse a exposição de vocês.”
Concordaram em voltar na noite seguinte. Mas era tarde demais. Os jornais do
próximo dia anunciaram a morte dessa pessoa proeminente. Pouco após a visita do
casal, ele teve um ataque cardíaco.
Os visitadores ficaram muito tristes que não confrontaram com Cristo naquela
noite e lhe tinham indicado o caminho que conduz à gloria, mesmo se voltassem na noite
seguinte e repetissem a exposição a sua mulher. Uma oportunidade perdida, para
sempre perdida.

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Mãos à obra. Não adiemos um trabalho tão importante. “Eis agora o tempo
sobremodo oportuno, eis agora o dia da salvação.” (2 Co 6.2)

5.6. Falta de persistência.


Há pastores e congregações que, entusiasmados, começam um trabalho de
evangelização pessoal. O pastor reúne uma turma e treina-a para as visitas. Eles
começam as visitas e dupla após dupla desanima ante as dificuldades. É que primeiro
vão visitar os membros indiferentes de sua congregação para depois se lançar à visita
dos estranhos. No entanto, visitar os indiferentes da congregação é uma atividade mais
difícil que visitar casas de estranhos. Por isso, aconselha-se que se comece a visitar os
estranhos e só depois se visitem os inativos. A visita aos estranhos acusa resultados
surpreendentes, anima os visitadores, aviva-lhes a fé, cria uma nova atmosfera espiritual
na Igreja, e muitos indiferentes acordarão e se reintegrarão nas atividades com o
entusiasmo dos novos convertidos. Na obra da evangelização é preciso ter persistência,
mesmo quando não há frutos à vista. Um dia, quando menos esperamos, eles se
apresentarão.
Não se deve desanimar ante o caso mais impossível. Diz o provérbio: “Água
mole em pedra dura, tanto dá até que fura.”

5.7. Falsa imagem da evangelização pessoal.


Muitos cristãos estão contra a evangelização pessoal, especialmente contra a sua
modalidade de visita de casa em casa, porque têm falsa imagem deste trabalho que vem
sendo mal-feito por alguns que forçam a situação e são indelicados. Podemos fazer as
visitas em estilo totalmente diferente e, por isso, precisamos de treinamento. Quantas
vezes já aconteceu que alunos dos nossos cursos, ao se despedirem duma casa que
visitaram, receberam o elogio: “Mas vocês são diferentes.” Devemos ser diferentes,
porque o nosso objetivo é trazer paz e tranqüilidade à família em lugar de perturbá-la com
uma enxurrada de conceitos negativos. Mas uma coisa devemos admitir. Esses tais
trabalham e praticam, embora mal, o que nós deveríamos praticar. Uma seita, que nem
podemos chamar mais de cristã, conseguiu, só em 1969, 120 mil novos adeptos no Brasil.
Também certas Igrejas bem-sucedidas devem o seu rápido progresso, em grande parte, a
seu trabalho de evangelização pessoal.
Vamos deixar de praticar o que é certo só porque alguns abusam? O abuso não
abole o uso. E se eles conseguiram tão grandes resultados, apesar de sua mensagem
negativa, quanto mais nós conseguiremos com o Evangelho não-adulterado de nosso
Salvador Jesus que leva paz, conforto e tranqüilidade ao coração atribulado. Tomara que
também a nós se possa aplicar aquele versículo: “Que formosos são sobre os montes os
pés do que anuncia as boas-novas, que faz ouvir a paz, que anuncia coisas boas, que faz
ouvir a salvação, que diz a Sião: ‘O teu Deus reina!’” (Is 52.7)
Mãos à obra. Façamos de nossa Igreja uma Igreja evangelística. Para isso,
precisamos da cooperação de todos os membros sem distinção. Se possuímos o
Evangelho inalterado de nosso Salvador, transmitamos também ao nosso semelhante
pelo método mais antigo, mais necessário e eficiente que é a evangelização pessoal sob
todas as modalidades, especialmente pela visita de casa em casa. Imaginemos uma
Igreja de 100 mil membros adultos. Que aconteceria se cada membro desta Igreja
trouxesse, ao menos, uma alma a Jesus, cada ano, e a acrescentasse à sua Igreja! Se
todos os seus cem mil começassem um tal trabalho em 1978, essa Igreja acusaria o
seguinte crescimento dentro de 10 anos:

1978 100000
1979 200000

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1980 400000
1981 800000
1982 1600000
1983 3200000
1984 6400000
1985 12800000
1986 25600000
1987 51200000
1988 102400000

Dentro de 10 anos, teria evangelizado quase toda a população brasileira.


Impossível? Para Deus não há impossíveis em suas promessas, se nós não as tornamos
impossíveis com a nossa pequena fé e principalmente com a falta de nossa ação
evangelística.

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CAPÍTULO VIII

ALGUMAS REGRAS BÁSICAS PARA


A VISITAÇÃO EVANGELÍSTICA

1. SEJA NATURAL E GENTIL.

Não seja egoísta. Você não tem nada para esconder, mas tem o desejo de ajudar.
Você quer ser um amigo do povo assim como Jesus foi um amigo dos pecadores. Seja
natural, diga o que está em seu coração e deixe o resto para Deus.

2. SEJA SIMPÁTICO E COMPREENSIVO.

O evangelista que é orgulhoso e toma ares de atitude superior não está apto a ser
evangelista. Pelo exemplo do apóstolo Paulo, deve reconhecer que é o que é pela graça
de Deus. Cultive uma atitude de humildade e gratidão, compreensiva para com os
problemas alheios, e faça que ela se reflita nas suas conversas com os semelhantes.

3. ATINJA O SEU PROPÓSITO O MAIS DEPRESSA POSSÍVEL.

Se fizer a visita a um novo prospecto, gaste certo tempo para acomodar-se, faça
elogios, se possível, e procure um objeto comum de interesse para a conversa. No
interior, você pode estender esta conversa por mais tempo do que com pessoas de
negócio da cidade. Mas não deve haver dúvidas na mente do prospecto a respeito do
objetivo de sua visita. Quando um missionário jovem visitou um homem de negócios e
demorou-se na conversa preliminar, foi repentinamente interrogado pelo visitado: “Jovem,
o que posso fazer por você? O que deseja?” O jovem não soube o que responder
porque não estava seguro no seu propósito. Esteja seguro de sua missão e não hesite
em apresentá-la.

4. DIRIJA O SEU APELO A APENAS UMA PESSOA DE CADA VEZ.

Os evangelhos nos relatam de 19 encontros individuais que Jesus teve com


pessoas. Prospectos sempre serão mais abertos e francos quando você os encontra sós.
Também terão a certeza de que o apelo está sendo dirigido a eles e não a outros.
Quando duas ou mais pessoas se encontrarem na sala e você atingir o ponto em que sua
conversa atinge o apelo para uma decisão (enviar as crianças à escola dominical,
freqüentar os cultos, confessar Cristo ou qualquer outro propósito), dirija as suas palavras,
em primeiro lugar, à pessoa que parecer mais receptiva. Então, depois que você obtiver
uma ou duas promessas, dirija-se à próxima.

5. SEJA LENTO EM CONDENAR E PRONTO PARA PEDIR MAIS EXPLICAÇÕES.

Algumas pessoas talvez tenham deixado de ir à igreja por causa da fraqueza de


sua carne. Outras abandonaram a igreja por motivos dos mais diversos. Ainda outras o

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fizeram porque pregadores deixaram de pregar Cristo e seu Evangelho. Outras porque
cometeram algum pecado e duvidam da possibilidade do perdão. Seja lento em julgar e
condenar. Faça perguntas. Deixe o interlocutor se explicar. Faça perguntas do tipo:
“Por que você deixou de ir à igreja?”, “Você sabe quanto Jesus o ama?”, “Você acredita
na vida eterna?”
Vejamos como um pastor lento em condenar travou o seguinte diálogo:
Prospecto (uma senhora): Sinto dizer isto, já não vamos mais à igreja há três
anos.
Pastor: A senhora diz que sente que não vai mais à igreja há três anos. Por que
deixou de ir?
Prospecto: Porque não gostávamos do pastor, penso eu.
Pastor: A senhora não está bem certa porque deixou de ir, mas sente que o
pastor teve alguma culpa?
Prospecto: Sim, ele teve. Quanto mais freqüentávamos a igreja, tanto mais nós
nos convencíamos de que estávamos perdendo a nossa fé.
Pastor: Em que sentido a senhora acha?
Prospecto: Bem, ele nunca nos deu algum conforto. Era sempre isso: não faça
isto, não faça aquilo. Também freqüentávamos a classe bíblica, cada domingo. Foi aqui
que meu marido se zangou e não quis mais ir.
Pastor: Não poderia me dizer por que seu marido se zangou?
Prospecto: Oh, eu acho que meu marido perdeu a calma, porque nós sempre
acreditávamos na Bíblia. Quando o pastor disse que a Bíblia continha fábulas, meu
marido protestou e quando o pastor continuou afirmando que Jesus nunca ressuscitou
dos mortos, meu marido decidiu não voltar mais.
Pastor: Compreendo por que os senhores ficaram preocupados. Sentiram que o
fundamento de sua fé estava sendo atacado. Posso perguntar se já pensaram em filiar-
se a uma outra Igreja?
Prospecto: Mas o senhor compreende como foi. Primeiro, pensávamos que o
pastor iria embora, mas...
Note como o pastor não apenas ganhou a confiança do prospecto, mas ainda
descobriu a razão real por que tinham abandonado a Igreja. O desfecho teria sido bem
diferente, se o pastor tivesse respondido às primeiras palavras do prospecto: “O senhor
não sabe que cada um precisa ir à igreja?”, ou as segundas: “O senhor certamente sabe
que os cristãos não vão à igreja por causa do pastor. Eles vão à igreja para ouvir a
Palavra de Deus, não importa quem a pregue.” Mas como o pastor teve o cuidado de não
fazer prejulgamentos e não se apressou em condenar respostas que poderiam estar
erradas, mas não eram, conseguiu descobrir a causa real do problema e pôde tomar
medidas imediatas para a sua solução.

6. DEIXE A PESSOA FALAR. ESCUTE.

É certo que você empregará algum tempo para falar ao prospecto. Nervosismo,
porém, leva, muitas vezes, evangelistas inexperientes a falar durante o tempo todo.
Aprenda a fazer pausas e a guardar silêncio. A pessoa precisa tempo para pensar.
Experiências dolorosas precisam de tempo para serem apresentadas pelo prospecto.
Depois que um pastor visitou a mãe de duas crianças um bom número de vezes,
ela confessou Cristo como seu Salvador e prometeu trazer as duas crianças à escola
dominical no próximo domingo. Como não as trouxe, o pastor a visitou três vezes sem
conseguir nada de positivo. Durante a quarta visita, enquanto o pastor pensou um pouco
sobre o que dizer, fazendo uma pausa, a mãe respondeu: “Pastor, eu sei que o senhor

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não crê que eu amo Jesus. Mas eu o amo. Entretanto, não sei o que fazer. Meu marido
ameaçou-me com o divórcio se levar meus filhos à igreja.”
Se o pastor tivesse aprendido a fazer pausas e a escutar mais que falar, teria
sabido a razão já na segunda visita. Depois de ter conseguido a confiança do prospecto,
poderá fazer também perguntas sobre questões mais delicadas, como neste exemplo:
Um pastor visitou uma senhora três vezes. Ela sempre parecia receptiva, mas não
comunicativa. Tinha uns 35 anos de idade. Possuía uma filha com 18. Seu marido era
comerciante. Durante a quarta visita, o pastor fez uma pausa e perguntou:
Pastor: Há alguma coisa que a preocupa particularmente?
Prospecto (depois de uma longa pausa): Bem, pastor, há alguma maneira pela
qual eu possa voltar à igreja?
Pastor: Por quê? Eu penso que sim. Em que sentido a senhora pergunta?
Prospecto: O senhor não sabe nada a meu respeito. A maioria desta cidade
também não. O senhor é o primeiro pastor que me visita em mais de 20 anos. Pode ser
que me compreenda.
Pastor: Muitas vezes faz bem repartir nossas tristezas com outra pessoa.
Prospecto: O senhor não imagina quão infeliz tenho sido. Aos 16 anos, passei
por uma infelicidade amorosa. O rapaz me abandonou. Fui excluída da Igreja. Pequei.
Mas estou certa de que Jesus me perdoou. Será que nunca mais posso voltar à Igreja?
Se o pastor tivesse sabido fazer pausas, poderia ter obtido a confidência já em
visitas anteriores. Aprenda a fazer pausas para que as pessoas tenham o tempo
necessário de refletir e contar-lhe o que lhes passa no coração.

7. NÃO DISCUTA RELIGIÃO, MAS DIALOGUE, DANDO TESTEMUNHO DE SUA FÉ.

Um pastor experiente observou: “Quando era mais jovem, eu ganhei todos os


argumentos, mas perdi a maioria de meus prospectos.”
Jesus deu a sua Palavra não para que se travem em seu torno violentas
discussões, mas para que seja apresentada. Conserve-se tranqüilo quando os
descrentes atacam a Igreja, a Bíblia ou mesmo Jesus.
A Igreja aqui na terra não pode ser defendida com sucesso. É composta de
pecadores e sujeita a falhas. Admita isso. Não discuta. Algumas pessoas, fora da Igreja,
vivem uma vida melhor que membros da Igreja. A grande diferença entre membros e
não-membros é esta: aqueles reconhecem o seu pecado e pedem perdão a Cristo; estes
não.
Quando você não pode concordar com uma afirmação, o melhor é ignorá-la e
tocar em tópicos que são vitais. Em caso de ter que fazer um comentário, use o sistema:
“Sim, mas... Há alguma coisa de verdade no que você está dizendo, mas você já pensou
em...”

8. NÃO TROQUE ASSUNTOS MENOS IMPORTANTES POR MAIS IMPORTANTES.

O maior assunto deve ser Cristo, o Salvador dos pecadores, porque fora dele não
há salvação. (At 4.12) O diabo não deseja que você fale de Cristo e os não-convertidos
usualmente nada desejam ouvir dele, mas levantarão problemas em torno da
predestinação, Batismo infantil (mesmo que não possuam crianças) e sobre outras
questões que os afastam do diálogo sobre Cristo. “Que pensais do Cristo?” (Mt 22.42) é
a pergunta que Jesus usou quando os fariseus procuraram envolvê-lo em discussão
sobre assuntos de menor importância. Também a mulher samaritana, junto ao poço de

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Jacó (Jo 4.20), tentou desviar a conversa com Jesus, após ele ter-lhe revelado o seu
pecado, sobre o lugar em que se deve adorar, mas Jesus reconduziu habilmente o
diálogo sobre o que é mais importante, até que se revelasse a ela como o Messias. Não
responda a questões menores, ou só brevemente, e retorne à conversa sobre Jesus.
Quando o prospecto tocar em uma questão menor, de importância não-vital para a sua
conversão, você pode dizer com franqueza: “Perdoe-me, por favor, é melhor que não
discutamos esse problema agora. O que você diz pode ser importante e verdadeiro para
você, mas estou aqui neste momento para falar-lhe de Jesus e de fazer-lhe a mais
importante pergunta: O que você pensa dele?”
Outro exemplo. O prospecto diz: “Não há diferenças entre as Igrejas.” Não
comece a discutir as diferenças. Isso não ajuda a converter ninguém e pode ser discutido
num tempo apropriado. Você poderá responder: “Você tem razão, não deveria haver. O
ensinamento básico de cada Igreja deveria ser que nós todos somos pecadores e que
Jesus é nosso Salvador. O que você pensa de Jesus?”
Mais um exemplo. O prospecto diz: “Ouvi dizer que o senhor é contra os
maçons.” Você corre o risco de entrar numa discussão prolongada sobre a maçonaria.
Isso seria de pouco proveito, antes que o prospecto tenha aceito Cristo. Vá para uma
questão maior, respondendo: “Sinto muito, mas se alguém o informou que somos contra
os maçons, ele estava mal-informado. Não somos contra os maçons. Jesus ama todas
as pessoas e nós também. A dificuldade consiste na organização. A Bíblia e a
maçonaria não concordam numa questão básica: como e de que maneira o homem se
salva. A Bíblia ensina que o único caminho para o céu e através da fé em Jesus. É nisto
que você crê?”

9. FALE A RESPEITO DAS BÊNÇÃOS QUE A IGREJA PROPORCIONA.

As bênçãos distintivas da Igreja são a Palavra e os sacramentos, o perdão dos


pecados, a paz de consciência, a certeza do poder de Deus para uma vida melhor, um lar
mais feliz, uma guia, um cuidado com amor e uma vida eterna no céu através de Jesus.
A Igreja possui aquilo que é necessário para satisfazer as necessidades básicas e eternas
do ser humano. Convença-se primeiro dos tesouros de sua Igreja e então os proclame do
telhado de sua casa. Siga o exemplo de um vendedor que faz propaganda de seus
produtos.

10. ESCOLHA A HORA MAIS APROPRIADA PARA A VISITA AO PROSPECTO.

As horas apropriadas variam de lugar para lugar. Domingos à tarde ou à noite


geralmente são as melhores horas. Cada pastor deveria reservar uma ou duas noites por
semana para as visitas. Mesmo nas noites em que tem alguma reunião, poderia
aproveitar o horário antes da sessão. Mesmo dispondo apenas de uma hora, poderia
fazer nela duas visitas. A questão é cronometrar bem o seu tempo e aproveitar os
minutos. Um minuto pode ser o suficiente para levar uma alma a Cristo.

11. NÃO PERCA A CORAGEM.

Um espírito otimista é uma bênção de Deus. Um bom número de visitados jamais


corresponderão. “O que há comigo?”, lamentou um leigo. “Visitei o Sr. Fulano quatro
vezes e ainda não está vindo à Igreja.” Não houve, talvez, nada de errado com o

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visitador. A dificuldade está no coração do descrente. Ele não quer crer. Jesus não
conquistou o jovem rico nem converteu os fariseus. Após três anos de trabalho e oração
fiel, a sua congregação constava apenas de um pequeno número.
Você não colhe maçãs no mesmo ano em que as plantou. Já vimos, em capítulo
anterior, que, nos Estados Unidos, em alguns estados, certo senhor jogou sementes por
onde andava, o que fez que muitas macieiras nascessem, cujos frutos, ainda hoje,
milhares de pessoas então colhendo. Assim é a Palavra de Deus. Não volta vazia. (Is
55.11) Jesus conversou com Nicodemos durante o primeiro ano de seu ministério. Só
três anos mais tarde fez confissão aberta de seu Salvador, quando cooperou no enterro
de Jesus e defendeu Jesus perante o Sinédrio. Para a salvação da mesma alma, muitas
vezes cooperam diversas pessoas, conforme 1 Co 3,6: “Eu plantei, Apolo regou, mas o
crescimento veio de Deus.”
Certo domingo de manhã, uma classe de adultos foi confirmada. Na tarde do
mesmo dia, um leigo com seu pastor foram visitar prospectos. Enquanto andavam no
carro, o leigo observou: “A confirmação de hoje de manhã constituiu alegria especial para
mim. Faz 14 anos que visitei um dos confirmandos recebidos esta manhã.” Catorze
anos. Tempo longo. Mas será que aquele confirmando naquele domingo teria sido
recebido se não tivesse sido visitado 14 anos antes?

12. VISITE, VISITE E VISITE SEMPRE DE NOVO.

O púlpito sempre foi um meio para ganhar almas, um meio, porém, que muitos
superestimaram. Há pastores que julgam suficiente evangelizar do púlpito e conservar o
que têm. Mas os púlpitos não atingem os milhares que vivem fora das igrejas.
Estatísticas mostram que, em nosso tempo, a maioria das conversões não é feita por
meio do púlpito, mas por indivíduos falando a indivíduos.
Muitas igrejas precisam conscientizar-se do fato de que o povo que desejam
conquistar está fora da assistência aos cultos. Temos que encontrar métodos que atinjam
os de fora e que mais precisam de Deus. Se eles não vêm assistir aos cultos, temos de
levar a mensagem do Evangelho a eles.
Em João 1, vemos como indivíduos foram ganhos pela conversão de indivíduos.
Jesus começou seu ministério, convidando André e João para sua casa, e nunca se
cansou em lidar com indivíduos. O apóstolo Paulo disse aos Efésios que falou a Palavra
de Deus, não apenas publicamente, mas também de casa em casa. (At 20.20)
Um vendedor sabe que, quanto mais visitas faz, mais vende. O mesmo acontece
com o evangelista. Vinte visitas por semana salvarão mais almas do que dez visitas.
Você pode estar muito mais confiante do que o vendedor, porque a Palavra de Deus é o
poder de Deus para a salvação de todo aquele que crê (Rm 1.16) e que produz muitos
frutos. (Is 55.11)
Assim, lembrando o preço que Cristo pagou pela salvação das pessoas,
lembrando a confiança que ele depositou em você quando o escolheu para este ofício e,
sentindo a alegria por todos os resultados obtidos, continue a trabalhar firme. Mesmo que
você se canse de vez em quando e os resultados não sejam promissores, visite, visite e
visite sempre de novo.

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CAPITULO IX

COMO FAZER UMA VISITA EVANGELÍSTICA

1. PREPARANDO-SE PARA A VISITA.

1.1. Tome tempo para orar.


A salvação das almas está no programa de Deus. Ele as escolheu antes da
fundação do mundo. Você foi escolhido como seu embaixador. Por isso, você não pode
querer fazê-lo sozinho e à sua maneira. Fale a Deus sobre seus prospectos antes de
visitá-los. Peça a Deus que o ajude a selecioná-los para aquele dia.
Além do mais, não esqueça que cada conversão é um milagre divino. (1 Co 2.14;
Ef 2.1; Rm 8.7) Por isso, o apóstolo Paulo diz: “Ninguém pode chamar a Jesus de
Senhor, senão pelo Espírito Santo.” (1 Co 12.3) Não queira fazer o que somente Deus
pode fazer. Você precisa de Deus para o milagre da conversão. Ele irá com você. Ore.

1.2. Ordene suas fichas.


Leve o dobro das fichas para as visitas que pretende fazer, sabendo que muitos
você não encontrará em casa. Marque os endereços no mapa, assim não perderá tempo,
procurando-o nas ruas. Ordene as fichas de acordo com as visitas que pretende fazer: ou
numa ordem preferencial de acordo com os prospectos mais urgentes, ou com a ordem
dos números das casas.

1.3. Não esqueça os folhetos e outro material missionário.


Procure escolher folhetos apropriados para cada prospecto. Leia-os antes todos
em casa. Você fará alguns comentários sobre o folheto na entrega. A hora dos cultos e o
endereço de sua Igreja devem constar em cada folheto. Assim, cada folheto serve a um
propósito duplo. Deixe um folheto na casa onde não encontrar ninguém. Isso faz o
prospecto compreender a preocupação que você tem por ele. A Palavra de Deus no
folheto é o poder de Deus para a salvação e poderá, sem a sua presença, atingir o
propósito pelo qual você ora.

1.4. Estabeleça a meta que você quer atingir em cada visita.


Algumas metas possíveis: a) obter uma promessa de o prospecto visitar os cultos
ou enviar seus filhos à escola dominical; b) inscrever o prospecto na classe de instrução
do pastor; c) levar o prospecto a uma confissão de fé, aceitando Jesus como seu
Salvador.
Conquiste-lhe a amizade, semeie a semente da Palavra de Deus por meio de seu
testemunho pessoal e, depois, deixe-lhe um folheto apropriado. A meta dependerá do
prospecto e do número de suas visitas. Uma meta estabelecida fixa uma direção à sua
visita. O caçador que não mira algo não acertará.

1.5. Cuide de sua aparência exterior.


Vista-se convenientemente. Esteja asseado. O que você pensa a respeito do
fumo? Consulte Rm 14.21; 1 Co 10.31-33. Convém não fumar nessas visitas, para não
dar oportunidade de escândalo a ninguém. Mantenha-se sorridente. Não seja um arauto
do misantropismo. Reflita o amor de Deus.

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2. FAZENDO A ENTRADA.

2.1. Bata com firmeza.


Recue três passos e dirija-se um pouco para a direita. Se não atenderem logo,
espere um pouco e bata novamente. Seu desvio para a direita fará o prospecto abrir a
porta mais um pouco.

2.2. Cumprimente o prospecto pelo nome, se possível.


Cumprimente pelo nome, se não for a primeira visita. Se não estiver certo de seu
nome, faça a saudação em forma de pergunta: “Como vai, Sr...?”

2.3. Peça licença para entrar.


Depois que ele houver respondido à saudação, continue: “Eu sou membro da
Igreja...” ou “Gostaria de transmitir-lhe uma importante mensagem”, “O senhor permite-me
ocupar alguns minutos de seu tempo?” Fale com firmeza quando se identifica e,
enquanto fala, avance na direção da entrada, fazendo menção de querer entrar. Por isso,
aconselhamos antes recuar uns três passos. Não é recomendável evangelizar em frente
da porta.

2.4. Aceite uma recusa esportivamente.


Muitos o receberão sem hesitação. Alguns terão razão de não convidá-lo a entrar
naquela hora. Talvez o bebê esteja dormindo. Mantenha a melhor fisionomia possível
em caso de recusa e fale desta maneira: “Sinto muito perturbá-lo numa hora tão
imprópria. Posso voltar outra hora.”
Em alguns casos, você nem deve entrar ou ficar parado muito tempo à frente da
porta. É quando, por exemplo, o prospecto não está vestido convenientemente (em
pijama ou trajes de banho), ou quando ele tem muitas visitas. Geralmente, nenhum
prospecto falará francamente com você de assuntos espirituais na presença de visitas. É
melhor dizer então: “Sinto encontrar o senhor numa hora em que está ocupado. Voltarei
mais tarde.” Ou: “Voltarei dentro de uma hora”. Faça uma visita a outro prospecto e
depois volte.

3. ESTABELEÇA UM AMBIENTE DE AUDIÊNCIA FAVORÁVEL.

3.1. Observe certas regras de etiqueta.


A ação fala mais alto que palavras. Não estrague o ambiente com certas atitudes
grosseiras. Galochas molhadas deixe fora de casa. Agradeça se o prospecto lhe oferece
uma cadeira. Sente-se direito. Não tire seu casaco, se não for convidado para tal. Se a
televisão estiver perturbando, fale polidamente: “Espero não privá-lo de seu programa
favorito.” Alguns compreenderão e a desligarão.

3.2. Estabeleça boas relações.


Para consegui-lo, proceda da seguinte maneira:

3.2.1. Faça uns elogios como: “O senhor tem um jardim maravilhoso, lar,
crianças, cachorros etc.” É preciso que o elogio seja sincero, e sempre haverá alguma
coisa que agrade e que mereça ser elogiada.

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3.2.2. Fale sobre um assunto que interesse ao prospecto, sobre seu negócio, seu
ofício, sua procedência, etc.

3.2.3. Descubra assuntos de interesse mútuo. Talvez o prospecto seja natural da


mesma região que você. Talvez conheça algumas pessoas que você conhece, tenha o
mesmo ofício, goste dos mesmos passatempos etc.

3.2.4. Não há nada que substitua um amor sincero e um interesse real pelas
pessoas com quem se está falando. Ore para adquirir essa qualidade e cultive-a
diariamente. Um reconvertido de uma Igreja disse a respeito de seu pastor: “Quando
meu pastor me visitava antes da minha conversão, considerei estúpida uma porção de
coisas que ele disse, mas nunca duvidei de sua sinceridade e do seu amor. Por isso,
permiti que ele voltasse e me reconduzisse ao rebanho do bom Pastor.”

4. ATINJA O SEU PROPÓSITO.

Há dois métodos principais pelos quais podemos alcançar o objetivo de nossa


visita. O método relâmpago, pelo qual se faz uma pergunta direta, ou o método indireto,
pelo qual se faz uma transição da conversa material para a espiritual. Dum lar terreno
podemos fazer a transição para o lar celestial. A profissão material do prospecto pode-se
comparar, às vezes, com o ofício espiritual do pastor ou evangelista como veremos mais
adiante. Se tiver uma borracha comigo, posso estabelecer uma semelhança entre ela e o
sangue de Cristo que apaga todo o pecado. Cristo, neste sentido, também nos deu o
exemplo, quando fez a transição da água do poço para a água da vida, no seu diálogo
com a mulher samaritana. (Jo 4) O bom senso e a oportunidade devem indicar o método
mais acertado.
Exemplo de pergunta direta: “Sou membro da Igreja... O propósito de minha
Igreja é ajudar as pessoas a alcançar a salvação pela fé em Cristo Jesus e viver uma vida
melhor e mais feliz aqui na terra. Sei que o senhor não está filiado à nenhuma Igreja.
Pode a minha Igreja fazer alguma coisa pelo senhor?”
Ou então: “Qual é, em sua opinião, a grande diferença entre cristãos e não-
cristãos?”
“A Bíblia ensina que somos pecadores, que Cristo morreu em pagamento pelos
nossos pecados e que todo aquele que confiar em Cristo como seu Salvador será salvo.
O senhor se classifica entre os salvos ou, em outras palavras, como um cristão?”
“Jesus prometeu tornar-se o Salvador de todos os seres humanos e que seu
sofrimento e morte nos purificam de todo pecado. O que o senhor acha dessa
promessa?”
“Alguns dizem que são salvos por boas obras, outros, pela fé em Jesus, ainda
outros, por obras e pela fé. O que o senhor pensa a respeito?”
“O senhor diz que é cristão e que ama Jesus. O senhor não acha que, entrando
na Igreja, consegue servir-lhe melhor do que agora?”
“Alguns sentem que não têm necessidade de Cristo e da Igreja porque acreditam
que são bons que chega para entrar no céu assim como estão. Outros acham que não
são suficientemente bons para ir à igreja. Poderia saber a razão por que o senhor não
freqüenta a igreja?”
Não convém fazer perguntas deste tipo: “O senhor é cristão?”, “O senhor ama
Cristo?” Todos, ou quase todos responderão afirmativamente, embora sejam apenas
cristãos nominais e pensem amar Cristo. Por uma tal resposta jamais chegaremos ao
fundo do coração da pessoa e não descobriremos o que realmente pensam a respeito.

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No entanto, fazendo uma das perguntas alinhadas acima, nós os forçaremos a emitir uma
opinião e esta nos indicará a sua situação espiritual.
Exemplos do método indireto que faz a transição dum assunto material para o
espiritual. “O senhor tem um lar tão belo e confortável. Não gostaria de possuir um lar
assim também na outra vida?” “A senhora está cultivando tão bem o seu jardim.
Certamente está demonstrando o mesmo cuidado com o cultivo de seu jardim espiritual?”
“O senhor diz que é eletricista. É uma profissão tão importante porque fornece luz para
os seus semelhantes. Meu ofício é parecido com o seu. Só que procuro oferecer a meus
semelhantes a luz espiritual do Salvador Jesus. O senhor já a possui?” “O senhor é
militar. É uma profissão tão importante, mas também perigosa, pois está sujeito a ser
mobilizado a qualquer momento para um combate em que poderá perder a vida. O
senhor não tem medo da morte?”
Se visitarmos um pai que tem uma criança na escola dominical, após uma
conversa preliminar, fale a respeito da criança. Diga-lhe quão feliz se sente em ter a
criança na escola dominical. Então acrescente: “Nós sempre ficamos felizes quando
podemos falar aos pequenos a respeito do céu e que Jesus lhes preparou um lugar,
assim como também para os adultos, que ele morreu por seus pecados como também
pelos nossos. Eu vim justamente perguntar-lhe qual é a sua atitude para com Cristo.”
Faça uma pausa para esperar a resposta.
Se visitar um prospecto recomendado por um neoconvertido, fale assim: “O
senhor já sabe que o Sr. Fulano recentemente confessou Cristo como seu Salvador e
filiou-se à Igreja.”
Prospecto: Sim, eu ouvi dizer.
Visitador: Ele está realmente feliz agora. Ele diz sentir pena que esperou tanto
tempo para dar esse passo. Pelo estudo da Bíblia, ele compreendeu que Jesus morreu
pelos pecados dele e lhe deu pleno perdão. Ele me pediu que o visitasse. O senhor
poderia dizer-me qual é a sua situação? Qual é a sua atitude para com Cristo? (Faça
uma pausa e espere a resposta.)
Se visitar um prospecto que pertenceu a uma Igreja, mas não a freqüenta mais,
depois dos cumprimentos preliminares, diga: “Eu sei que o senhor era membro ativo da
Igreja, mas que agora não a freqüenta mais. Poderia dizer-me o que aconteceu?” Note
que esta pergunta não se dirige diretamente às suas relações com Cristo, mas são
necessárias, muitas vezes, etapas intermediárias. Ele provavelmente lhe falará de sua
Igreja. Dê-lhe o tempo suficiente. Também permita que ele diga por que deixou de ir.
Não contra-argumente dizendo que ele não tinha razão de deixar a Igreja. Antes dirija a
conversa sobre Cristo, mais ou menos assim: “Parece que o senhor realmente gostou da
Igreja e de Cristo, e devem ter sido dias felizes para o senhor. O que o senhor sente em
relação a Cristo agora? Qual a sua atitude para com ele?”

5. ENTREGUE A MENSAGEM.

5.1. Exponha a mensagem.


Quando Jesus evangelizou a mulher samaritana, junto à fonte de Jacó, em
Samaria (Jo 4), deu-nos uma amostra magistral de como apresentar a mensagem
evangelística. Em primeiro lugar, conquistou a simpatia daquela mulher, descendo a seu
nível, pedindo-lhe água. Depois, soube fazer a hábil transição da água material para a
espiritual. Despertou, então, na mulher, um desejo profundo que está latente em todos
nós, de uma vida melhor, que poderia tomar a água que mata a sede para sempre e que
faria jorrar nela uma fonte para a vida eterna. Mas houve um obstáculo na vida daquela
mulher que a impedia de conseguir esta água. Era o seu pecado. Jesus levou-a à

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convicção de seu pecado. Quando, então, a mulher quis desviar o assunto e falar de
diferenças entre os samaritanos e os judeus, Jesus retornou ao problema principal,
falando-lhe da necessidade de união espiritual com Deus e revelando-se como o Messias,
aquele que veio reestabelecer esta união.
Ao expor a mensagem evangelística, podemos resumi-la em cinco passos
fundamentais:

5.1.1. Existe uma vida eterna e esta é gratuita.


Para introduzir o assunto da vida eterna, o evangelista Kennedy aconselha fazer
as seguintes perguntas ao prospecto: “Se o senhor morresse esta noite, sabe com
certeza o que lhe aconteceria?” A maioria responderá, com certeza, que não sabe. É
então que temos uma oportunidade maravilhosa de falar da vida eterna e despertar assim
no prospecto aquele desejo latente de uma vida melhor, ou, em outros termos, criar nele a
demanda, a procura de que já falamos sob o tópico Persuasão (no cap. VI). O Dr.
Kennedy verificou que 80 a 90 por cento das pessoas que visitou estiveram muito
interessadas na vida eterna. Depois que o prospecto tiver respondido a esta primeira
pergunta, seja que tem certeza de ir ao céu ou seja que não sabe e, tendo nós enfatizado
a existência da vida eterna no céu, podemos fazer-lhe a seguinte pergunta: “Se o senhor
vier a falecer esta noite e Deus lhe perguntar por que ele deveria levá-lo ao céu, o que
diria?” A resposta a essa pergunta vai nos revelar definitivamente a atitude espiritual
mesmo daqueles que têm certeza. Ou responderão que é por causa de suas boas obras
ou então pela fé em Cristo. Saberemos, então, se temos diante de nós um não-cristão,
um falso cristão ou um cristão autêntico. E, de acordo com o tipo de prospecto, podemos
continuar a nossa exposição. Se for um cristão autêntico, então podemos expressar a
nossa alegria de ter encontrado um irmão na fé. Se for um falso cristão ou um não-
cristão, então teremos de apresentar-lhe os passos que seguem. Nunca devemos nos
esquecer de apresentar uma ou diversas passagens, correspondentes ao passo que
estamos expondo. Algumas passagens que afirmam a existência da vida eterna gratuita:
Rm 6.23b; Ef 2.8,9; 1 Co 15,57; Jo 3.16; Jo 5.24; Jo 10.28; Ap 21.6; Ap 22.17.

5.1.2. O homem é pecador e separado de Deus.


Rm 3.23; Sl 14.3; Ec 7.20; Jo 3.15; Mt 5.28; Mt 5.48; Lv 19.2; Rm 3.10-12; Is 55.6;
Tg 2.10.

5.1.3. Por si mesmo está eternamente perdido.


Rm 6.23a; Ez 18.20; 2 Ts 1.7-9; Hb 10.26-31; Rm 3.20.

5.1.4. Deus nos oferece perdão e vida eterna através do sacrifício de Cristo.
Jo 3.16; Jo 3.36; Tm 1.15; Is 53.4,5; Lc 19.10; 1 Pe 2.24; 1 Jo 1.7; Jo 1.29; 2 Co
5.19; Jo 10.10; 2 Co 5.17; Jo 11.25,26; Jo 14.9; Jo 20.31; 1 Jo 5.13.

5.1.5. A salvação torna-se nossa pela fé no sacrifício substitutivo de Cristo.


At 16.31; Ef 2.8,9; Rm 3.28; Rm 4.3; Rm 4.24; Rm 4.5; 2 Tm 1.12; Rm 8.38,39; Lc
13.3; At 4.12.
Ainda algumas passagens que frisam a urgência da salvação: Ap 3.20; Is 55.6; 2
Co 6.2; Ls 24.15; Sl 95.7-9; Pv 2.1; Mt 6.33; Hb 3.13; Tg 4.13,14; Lc 12.16-21; At
24.24,25.
É bom saber de cor um grande número de passagens de todos os passos. Na
apresentação da mensagem, não devemos sobrecarregar o prospecto, mas é melhor citar
o mínimo possível e enfatizá-las, repetindo-as várias vezes a fim de que se gravem na
memória do prospecto. Também é aconselhável fazer com que ele veja na Bíblia a

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respectiva passagem e até pedir que ele a leia. Com as passagens Rm 3.23; Rm 6.23 e
Jo 3.16 já podemos apresentar todos os cinco passos. Vejamos: a) Rm 6.23b: Mas o
dom gratuito de Deus é a vida eterna; b) Rm 3.23: Todos pecaram e carecem da glória
de Deus; c) Rm 6.23a: Porque o salário do pecado é a morte; d) Jo 3.16: Porque Deus
amou ao mundo de tal maneira que deu o seu Filho Unigênito; e) Jo 3.16: para que todo
o que nele crê não pereça... Também não é sempre possível apresentar esses passos na
ordem indicada. A apresentação varia de prospecto para prospecto. Há aqueles que já
têm a convicção do pecado, aos quais importa então apresentar a solução da fé e do
perdão. Haverá aqueles que não admitem a sua perdição por causa de seus pecados. A
estes, então, devemos frisar a sua condição de pecadores e o seu estado de perdição.
Haverá também aqueles que admitem tudo, mas estão querendo adiar a sua conversão.
Para estes, então, temos que enfatizar as passagens sobre a urgência da aceitação.
Podemos mostrar que, no momento em que estamos apresentando a mensagem, Jesus
está à sua porta e bate (Ap 3.20), fazê-lo ver a felicidade daquele em cujo coração Jesus
faz morada e as tristes conseqüências dos que não o recebem como seu hóspede.

5.2. Dê seu testemunho pessoal.


Em meio à exposição da mensagem, dê o seu testemunho pessoal, dizendo o que
Cristo significa para você. Mostre como Cristo resolveu e está resolvendo seus
problemas pessoais. Mostre como certos versículos da Bíblia fizeram efeito em sua vida.
Havia, por exemplo, um senhor que fora trazido com sua senhora a Cristo por uma dupla
evangelística. Após um ano, o marido faleceu repentinamente. Na sua maneira simples,
a viúva contou a outros o que significava para ela saber que seu marido estava no céu,
porque ele crera em Cristo como seu Salvador e que conforto ela tinha ao saber que
Jesus não iria desampará-la nem seu filho, porque ele prometeu que todas as coisas
contribuem para o bem daqueles que amam Deus. (Rm 8.28)
Falando de suas experiências pessoais, siga as seguintes sugestões:

5.2.1. O que Jesus significa para mim no meu lar?


Minha esposa e eu aprendemos a nos perdoar mais facilmente com o auxílio de
Jesus. Eu sei que tenho a ajuda de Jesus na educação de meus filhos. As crianças se
dão bem, conhecendo Jesus. As crianças maiores têm respeito maior pelos pais. É
verdade, não tenho um lar perfeito, mas toda vez que surge um problema, podemos nos
dirigir a Jesus em oração.

5.2.2. O que Jesus significa para mim no meu ofício?


Sei que o meu trabalho não é inútil. Com ele sirvo a Cristo. Não me preocupo
muito em perder o meu emprego. Sei que Jesus tem cuidado de mim. Dou-me melhor
com os companheiros de trabalho. Penso que Jesus me tornou um pouco mais
compreensivo e pronto para perdoar. Se outros levam vantagem sobre mim, isso não me
preocupa tanto como seria se não conhecesse Cristo. Jesus conhece a minha situação.

5.2.3. O que Jesus significa para mim em minha vida particular?


Tenho a oportunidade de repartir minhas tristezas e alegrias com outros crentes
em Jesus (vida na congregação). Para mim Jesus significa segurança. Rumores de
guerra, inflação e outros perigos não me preocupam tanto. Porque eu sei que Deus, o Pai
de meu Salvador, que deu a vida por mim, controla os céus e a terra. Jesus dá-me
tranqüilidade de espírito. Visto que sou um ser pecador, a minha consciência me acusa.
Mas eu sei que Deus perdoa os meus pecados por amor de Jesus. Tenho segurança
absoluta da vida eterna. Já vi muita gente morrer para saber que um dia também vou
morrer. Mas, como cristão, sei que viverei de novo no céu.

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5.3. Conte as experiências de outros crentes ou apresente uma ilustração


adequada.
Eis um belo exemplo. Há muito tempo, um soldado foi convocado para a guerra.
No exército, encontrou outro rapaz conhecido de sua cidade. Os dois se tornaram
companheiros inseparáveis. O nosso jovem falou muitas vezes de Cristo a seu
companheiro, mas sem resultado. Seu companheiro permaneceu incrédulo. Finalmente,
os dois juntos foram destacados para a frente de batalha. Ao assaltarem um edifício, o
inimigo lançou uma granada sobre eles. Antes de sua explosão, o cristão se jogou sobre
seu companheiro incrédulo, protegendo-o. O crente ficou gravemente ferido, enquanto o
outro apenas levemente. Depois, no hospital, quando o incrédulo perguntou a seu
companheiro por que o protegera, ele respondeu com toda a naturalidade: “Porque eu
estava pronto para morrer, e você não.•
Após a ilustração, faça um comentário assim: “O senhor acha que há alguém que
ame mais o seu companheiro do que este soldado? Ele estava pronto a morrer por seu
amigo. Jesus morreu por nós, embora fôssemos seus inimigos. Nisto consiste o amor,
não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou o seu
Filho como paga pelos nossos pecados”. (1 Jo 4.10) (Aqui você pode ampliar a conversa
sobre a crucificação de Cristo e o propósito de sua morte, conforme a necessidade.)

5.4. Descubra os problemas do prospecto e aplique-lhes a Palavra de Deus.

5.4.1. Se uma pessoa não conhece o caminho da salvação, use a história de


Jesus e Nicodemos (Jo 3.1 em diante) ou a história do fariseu e do publicano no templo.
(Lc 18.9 ss)

5.4.2. Se uma pessoa duvidar da prontidão de Jesus para perdoar-lhe, use a


história da mulher apanhada em adultério flagrante (Jo 8) ou do malfeitor na cruz (Lc
23.43) ou do filho pródigo. (Lc 15.17 ss.)

5.4.3. Quando uma pessoa pecou e se descontrolou, use a história da negação


de Pedro e seu arrependimento. (Mt 26.58 ss)

5.4.4. Se as possessões terrenas ocuparem todo o seu tempo, use a história do


lavrador que colhera em grande abundância. (Lc 12.16-20)

5.4.5. Se uma pessoa permanecer indecisa, use o apelo de Josué. (Js 24.15)

5.4.6. Se adiar sempre de novo a sua entrega a Cristo, use a parábola das dez
virgens. (Mt 25)

5.4.7. Se esqueceu a eternidade, use a história do Juízo Final. (Mt 25.31 ss)

5.4.8. Se quiser salvar-se pelas obras, sirva-se da parábola do fariseu e do


publicano (Lc 18.9 ss), ou da serpente no deserto (Nm 21.6 ss) comparada com Jo
3.15,15.

5.5. Procure levar o prospecto a alguma resposta.


Há muitos que são radicalmente contra qualquer tentativa de levar alguém a uma
resposta. Acham que só o Espírito Santo pode fazê-lo. Mas ele pode fazê-lo por nosso
intermédio. Quando Jesus deu a ordem a Lázaro: “Lázaro, vem para fora.” (Jo 11.43),

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ele colocou, ao mesmo tempo, um poder nesta ordem que deu as forças para que o morto
saísse da sepultura. Uma tal ordem chamamos de imperativo evangélico. Da mesma
forma, se Deus diz por nosso intermédio: “Crê no Senhor Jesus”, ele coloca neste apelo
a capacidade de crer. Assim quando apelamos para alguém ou requeremos dele alguma
resposta, sempre continuamos confiando no poder de Deus de conceder a capacidade e
não no poder do prospecto. Em geral, a sua resposta é apenas uma confirmação pública
daquilo que já foi decidido em seu coração.
Na parábola da grande ceia, o dono deu a seguinte ordem a seu servo: “Sai pelos
caminhos e atalhos e obriga a todos a entrar, para que fique cheia a minha casa.” (Lc
14.23) Quantas vezes insistimos em que pessoas assistam a uma festa nossa. Não
deveríamos insistir muito mais para que assistam conosco à festa eterna no céu? Ou
imaginemos uma pessoa dentro de uma casa que pegou fogo. Ela sabe que a porta de
trás está aberta e que precisa deixar a casa. Mas ela se demora lá dentro. Sem dúvida,
vamos lhe dirigir repetidos apelos até que deixe a casa em chamas. Se Deus, o céu e o
inferno são tão reais para nós quanto uma casa em chamas, então nenhum esforço
sincero de nossa parte será demais para apelar àqueles que ainda se encontram no
edifício das chamas do pecado, que o abandonem o quanto antes a fim de que não
pereçam, mas vivam eternamente.
A questão não é se devemos levar alguém a uma resposta, mas quando devemos
fazê-lo. Levar uma pessoa a uma resposta antes que ouviu falar de Cristo ou quando
ainda não tem um conhecimento do caminho da salvação, leva ao emocionalismo. Não
pedir uma resposta, quando o prospecto conhece esses fatos, é covardia e falta de amor,
diz o evangelista Graf em The Church in the Community.
A maior resposta a que podemos levar uma pessoa é, sem dúvida, confessar
Cristo. Mas não devemos pressionar se o prospecto ainda não está em condições de
aceitá-lo. Neste caso, podemos levá-lo a respostas menores. Por exemplo, fazem-se-lhe
algumas perguntas como segue:

5.5.1. Podemos buscar seus filhos para a escola dominical no próximo domingo?

5.5.2. Podemos contar com a sua presença no culto no próximo domingo?

5.5.3. Podemos enviar alguém para buscá-lo para a classe de prospectos na


próxima terça à noite?

5.5.4. Posso escrever ao pastor de sua congregação anterior, pedindo uma carta
de transferência?

5.5.5. Posso colocar o nome de seu filho na lista para ser batizado?

5.5.6. O senhor está pronto para aceitar Cristo como seu Salvador?

5.6. Procure sempre deixar uma porta aberta.


Mesmo se não conseguir nenhuma resposta positiva, deixe sempre uma porta
aberta. Pergunte se aceitaria nova visita ou se talvez desejaria a visita do pastor.
Procure conquistar-lhe a simpatia para que seja favorável a novas visitas.

5.7. Uma vez conseguida uma resposta positiva, agradeça a Deus pela
oportunidade.
Faça então uma oração com o prospecto e deixe-lhe folhetos e informações sobre
sua Igreja, programa de cultos e instruções, etc.

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6. DESPEDIDA

Agradeça pela ótima recepção, despeça-se cordialmente e deixe seus votos de


bênçãos divinas e felicidades.

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CAPÍTULO X

ALGUMAS ESCUSAS E COMO RESPONDER A ELAS

Em nossas atividades da evangelização pessoal, vamos nos defrontar com


diferentes tipos de pessoas, como incrédulos, indiferentes, ansiosos, iludidos, gozadores
da vida, os que a si mesmos se consideram justos, etc., que vão apresentar as suas
respectivas escusas à nossa ação evangelística. Há livros especializados sobre o
assunto que convém estudar minuciosamente. Vamos aqui, apenas de relance,
mencionar as escusas mais freqüentes e tentar responder a elas ligeiramente.

1. NÃO SOU TÃO MAU PECADOR.

Pago minhas dívidas, trato bem os meus semelhantes e procuro cumprir a lei
áurea do amor.
Pergunte se crêem que a Bíblia é a Palavra de Deus. Em caso afirmativo, mostre-
lhes passagens como 1 Jo 1.8; Rm 3.10. Pergunte a uma pessoa dessas se acha que
comete ao menos um pecado por dia, de ação ou de omissão. Em caso afirmativo,
pergunte por sua idade e a multiplique pelo número de dias. Se ela tiver vinte anos,
cometeu então 7.300 pecados. Adão e Eva foram punidos por um só pecado, e o salário
do pecado, mesmo de um só, é a morte. (Rm 6.23) Cite-lhe também Tg 2.10.

2. EU VIVO UMA VIDA TÃO BOA COMO OS MEMBROS DA IGREJA.

Não somos salvos por viver uma vida boa. Se alguém pensa assim, mesmo os
membros da Igreja, então irá para o inferno. Nem somos salvos por seguir o exemplo de
Jesus. Ef 2.8-10 é a resposta. Também Rm 3.28.

3. NA IGREJA, HÁ MUITOS HIPÓCRITAS.

Concorde com a pessoa e diga que você o deplora. Mas mostre que Jesus, num
grupo de apenas doze, também teve um hipócrita, mas isso não o impediu de fazer a
vontade de seu Pai. Mesmo os discípulos, sabendo-o, continuaram servindo a Jesus.
Nós não podemos esconder-nos atrás de hipócritas, nem atrás de um só. Responda com
Rm 14.2, que diz que cada um deve prestar contas individualmente a Deus. É melhor
estar na Igreja com hipócritas por algum tempo do que no inferno para sempre com eles.
Também Jesus disse: “Não julgueis e não sereis julgados.” (Mt 7.1) Podemos, às
vezes, enganar-nos. O hipócrita pode faltar por fraqueza, mas ser crente verdadeiro.
Além disso, diga ao prospecto que, se ele se julgar melhor que muitos na Igreja,
então é necessário que ele entre para melhorar o ambiente. É melhor acender uma vela
do que praguejar no escuro.
Também é bom mostrar que ali onde há falsificações, há algo verdadeiro para ser
falsificado. As pessoas falsificam o dinheiro porque o dinheiro é verdadeiro. O fato de
que o diabo tenta falsificar a Igreja com hipócritas é o melhor argumento a favor de um
Cristianismo autêntico.
Há médicos hipócritas e, não obstante, procuramos um médico em caso de
doença. Há hipócritas no casamento e, apesar disso, a maioria não deixa de casar. Há

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hipócritas vendendo mantimentos, mas não passamos fome por causa deles. Por que
fugir dos hipócritas da Igreja se somos perturbados por eles em toda a parte?

4. VOU ESPERAR ATÉ QUE ME SINTA MELHOR PARA RECEBER CRISTO.

A estes mostre Jo 3.16 e coloque a palavra sinto em lugar de crer. Mostre a


inconsistência de sentido com a troca dos termos. Mostre à pessoa quão incoerente seria
um doente que esperasse sentir-se melhor para poder tomar o remédio. Mostre-lhe que
os sentimentos são uma conseqüência da fé, e a Bíblia não diz que o homem deve sentir
assim e assim para ser salvo.

5. JÁ SOU MEMBRO DA IGREJA.

Jesus não diz: “Tu deves ser membro da Igreja, mas deves nascer de novo!”
Nicodemos era um membro da Igreja, mas necessitava nascer de novo. Devemos
enfatizar que a filiação a uma Igreja em si não salva ninguém. Mas, do outro lado,
devemos também tomar cuidado de não menosprezar a Igreja como hoje tantos fazem,
mas colocá-la no seu devido lugar, como a assembléia dos salvos, que devem
permanecer unidos para poder servir melhor a seu Salvador.

6. TENHO MEDO DE NÃO PODER VIVER DE ACORDO.

Tal pessoa pensa que a salvação se dá por meio de obras. Mostre-lhe que nos
salvamos pela misericórdia de Deus. (Tt 3.6) Desde que não somos salvos pelas obras, a
salvação não depende de nosso viver, mas da salvação de Cristo. Sublinhe o fato de que
um cristão deve levar uma vida correta, mas que a vida correta é um resultado da
salvação e não pode ser praticada para obter a salvação. É Deus quem nos capacita
para uma vida de acordo, depois que cremos.

7. TENHO MEDO DE QUE NÃO IREI ATÉ O FIM.

Jo 10.27-30; Jd 24; 1 Pe 1.5.

8. NÃO POSSO ME DESPRENDER DE TANTAS COISAS.

Cada pessoa deve pagar por cada pecado que cometer e, mesmo se não for
salva, deverá, quando chegar a sua hora da morte, desprender-se de tudo.
Diga a essa pessoa: “Suponha que eu tenha um milhão de cruzeiros e você tem
apenas um centavo. Dou-lhe o milhão em troca do centavo. Você seria um tolo se
alegasse que seria demais para você se desprender do centavo para receber o milhão. É
verdade, devemos desprender-nos de muita coisa, quando aceitamos a salvação, mas
também é verdade que, em troca, recebemos infinitamente mais.

9. ESTOU COM MEDO DE NÃO PODER ME LIVRAR DOS MEUS PECADOS.

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Nós não podemos salvar-nos a nós mesmos dos pecados, mas é Jesus quem nos
salva. Muitos têm a idéia de que são eles mesmos que têm de se salvar de seus pecados
e então ir a Jesus. Mostre o erro da idéia com a seguinte ilustração: Se alguém tivesse
uma doença e dissesse ao médico: “Não posso tomar seus remédios porque tenho medo
de não poder me libertar da doença”, diria um disparate. O propósito do médico e da
medicina é acabar com a doença. A razão por que nós todos precisamos do Salvador é
porque nós mesmos não podemos nos livrar dos nossos pecados.

10. A VIDA CRISTÃ É MUITO DURA.

Mostre à pessoa que o diabo a está enganando, dando-lhe a ilusão de que há


mais alegria nos pecados que no servir a Deus. Mostre que a Bíblia diz: “O caminho dos
pérfidos é intransitável” (Pv 13.15) e “o salário do pecado é a morte”. (Rm 6.23) Mas
Jesus diz: “Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve.” (Mt 11.30) O povo mais
feliz na terra deve ser o povo de Deus. Estamos felizes porque nossos pecados são
perdoados e somos ligados ao céu. Aqueles que não parecem felizes, depois de crer em
Jesus, não estão representando com fidelidade o que Jesus fez por eles.

11. AINDA NÃO ESTOU PRONTO PARA SER SALVO AGORA.

Há multidões que pensam assim – que precisam de certo preparo para serem
salvos. Mais uma vez, cite o exemplo do doente que quer se preparar primeiro para
receber o remédio. Cristo nos convida para que nos encontremos com ele assim como
estamos. Na parábola da grande ceia o dono da festa disse: “Vinde que já tudo está
preparado.” (Lc 14.17)

12. ACEITAREI CRISTO MAIS TARDE.

Hoje é o dia da salvação. (Lc 12.16-21; At 24.24,25) Félix perdeu a salvação


porque a adiou. Ilustração do conciliábulo no inferno, em que o diabo rejeitou todas as
propostas que os anjos maus lhe apresentaram para seduzir os homens até que um veio
com a proposta de insinuar aos homens que a Palavra de Deus é a verdade, mas que
ainda há muito tempo para aceitar a salvação. O adiamento da salvação é uma das
principais causas pelas quais muitos nunca se convertem. (Is 55.6; 2 Co 6.2)

13. SOU POR DEMAIS PECADOR.

1 Tm 1.15; Mt 9.12,13; Rm 5.6-8; Is 1.18.

14. TENHO MEDO QUE MEUS AMIGOS ME DESPREZEM SE EU ACEITAR CRISTO.

Pv 29.25; Pv 13.20; Lc 12.4,5; Jr 1.8,17; Mc 8.38.

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15. A ACEITAÇÃO DE CRISTO PREJUDICA MEUS NEGÓCIOS.

Lc 12.15; Mc 10.20,30; Mc 8.36; Lc 12.16-21.

16. NÃO POSSO CRER QUE DEUS VAI CONDENAR OS DESCRENTES AO CASTIGO ETERNO.

Mostre primeiro que Deus é amor. Jo 3.16; 1 Tm 2.3,4; Ez 33.11; 2 Pe 3.9.


Mostre, então, que o culpado é o homem que não quer. Mt 23.37; Lc 16.25; Hb 10.27-29;
Mt 25.41; Ap 20.10.

17. A BÍBLIA ESTÁ CHEIA DE CONTRADIÇÕES.

Diga para apontar-lhe uma e geralmente não consegue. 2 Pe 2.12,18; Pv 30.5; Sl


12.6.

18. NÃO ACREDITO NA EXISTÊNCIA DE DEUS.

Rm 1.19,20; Sl 8.1-3; Sl 33.6.

19. QUERO TER IDÉIAS PRÓPRIAS A RESPEITO.

Pv 14.12; Pv 12.15; Pv 30.12; Mt 7.13,14; 1 Pe 4.17,18.

20. NÃO POSSO PERDOAR.

Fl 4.13; Ez 36.26. Parábola do servo incompassivo. Mt 18.23-35.

21. QUERO PERMANECER NEUTRO.

Não aceito nem rejeito. Mt 12.30.

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CAPÍTULO XI

COMO RECUPERAR OS INATIVOS

Conta um pastor que, no campo de seu pastorado, descobriu na sua congregação


uma estranha apatia contra a evangelização. Verificou que a razão era devida a um
número muito grande de membros inativos no rol da congregação. “Por que ir à procura
de novos membros, se nas campanhas passadas conseguimos uma porção de gente que
nunca aparece nos cultos e não ajuda nas contribuições?” Era essa a observação que
sempre escutava de novo. A diretoria da Igreja não fazia nada para recuperar estes
membros. Pelo contrário, estavam se servindo de seu exemplo para desculpar sua
própria indolência na evangelização. O novo pastor respondeu: “Vamos esquecê-los por
enquanto. Vamos em busca de novos membros para preencher seu lugar.”(1)
No entanto, o próprio pastor confessou, mais tarde, que estava agindo
erradamente. A Igreja tem uma responsabilidade por todos os que se filiaram a ela e, de
modo algum, pode deixá-los de lado levianamente. A maior razão de sua inatividade,
muitas vezes, não está neles, mas na própria congregação, cujo ambiente espiritual está
debaixo de toda crítica.
Por isso, não devemos qualificar de antemão, sem exame de causa, cada membro
inativo de relapso. Relapso é um termo de julgamento e só pode ser aplicado àqueles
que realmente se afastaram da Igreja por razões pecaminosas. Mas há muitos que são
inativos pela própria culpa dos membros da congregação. Quantas vezes não se ouve
um membro da diretoria dizer: “Por que não riscar seus nomes? Por que vamos
conservar esta lenha seca? Nunca vêm aos cultos. Não contribuem com um centavo.
Eles não têm interesse em nossa Igreja. Vamos limpar a casa.” Está certo, infelizmente
existe um certo número de membros relapsos a favor dos quais todo o esforço será inútil.
Mas generalizar o caso e simplesmente fazer tábula rasa de todos eles é geralmente um
reflexo não de nossa compreensão, mas de nossa preguiça espiritual e de nossa falta de
preocupação.
É possível recuperar os inativos? Não só é possível como é necessário e da
vontade de Deus. Se observarmos fielmente os seguintes itens, veremos com surpresa
que a maioria dos inativos voltará e se integrará no trabalho da congregação. Para tal é
preciso:

1. CULTIVAR O ESPÍRITO DO AMOR, DA HUMILDADE E DA PREOCUPAÇÃO PELA ALMA


ALHEIA.

Sabemos que as plantas dependem, em grande parte, do clima do ambiente. Se o


clima for salutar, as plantas vingarão; do contrário, perecerão. Assim também acontece
na congregação. Se o clima espiritual for sadio, se houver amor, compreensão e uma
atitude de humildade de uns para com os outros, o crescimento espiritual de cada
membro será extraordinário, e aqueles que, assim mesmo, não crescerem, receberão um
tratamento todo especial até a sua recuperação ou final extirpação. Queira Deus que
todas as congregações cristãs tenham o nível elevado da congregação de Tessalônica
aos quais o apóstolo Paulo pôde escrever: “No tocante ao amor fraternal, não há
necessidade de que vos escreva, porquanto vós mesmos estais por Deus instruídos que
deveis amar-vos uns aos outros.” (1 Ts 4.9) Certamente, a maioria de nossas
congregações recebeu uma instrução idêntica, e todos os seus membros conhecem os

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principais versículos da Bíblia que falam sobre o amor fraternal, mas todos nós sabemos,
até pela própria experiência, que distância muitas vezes existe entre seu conhecimento e
seu cumprimento. É, por isso, que, sempre de novo, devemos ser lembrados a meditar
sobre esses versículos para que, cada vez mais, nos tornemos praticantes da Palavra e
não apenas ouvintes. Abramos a nossa Bíblia e meditemos sobre os versículos que
seguem: Rm 13.10; Rm 9.3; 1 Co 16.14; Gl 5.6; Jo 4.7,8; 1 Pe 4.8; 1 Jo 3.16-18.
O amor fraternal é um fruto da nossa fé em Cristo. É, portanto, uma das provas
concretas de que fomos regenerados e de que somos filhos de Deus, “por que o amor
procede de Deus; e todo aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus. Aquele
que não ama, não conhece a Deus, pois Deus é Amor”. (1 Jo 4.7,8) Aqueles, portanto,
que não amam os seus semelhantes com esse espírito cristão, examinem-se e verifiquem
se a sua fé, que pretendam ter, não é apenas uma fé histórica.
O amor fraternal deve ir ao ponto de sentir preocupação pela alma do próximo,
principalmente quando esta estiver em perigo. Essa preocupação é tão bem-ilustrada no
capítulo 15 de São Lucas, nas três parábolas: a da ovelha perdida, da moeda perdida e
do filho pródigo. O rev. O. A. Waech fez o seguinte comentário a respeito:
“A parábola da ovelha perdida tipifica aqueles que se desgarraram do rebanho.
Perdidos no deserto do pecado, separados do grande Pastor e de seu rebanho, devem
ser procurados e trazidos de volta. Você percebe que o Pastor esteve muito preocupado
por um por cento de perda. Como auxiliares do Pastor, membros do rebanho, nossa
preocupação não deve ser menor. Não pensemos que ainda resta um número suficiente
no rebanho a fim de levantar o orçamento da Igreja, nem nos iludamos de que os
perdidos voltarão sozinhos. Há almas em perigo. Uma alma é importante. Se você não
pensar assim, então imagine que seja a sua própria alma.
A parábola da moeda perdida tipifica aqueles que ainda se encontram na Igreja,
mas estão fora de circulação. Use a vassoura. Varra – não para fora, mas encontre-o
para torna-lo útil ao Senhor e seu reino.
A parábola do filho pródigo tipifica aqueles que deixaram voluntariamente a casa
paterna. Devem ser lembrados de que estão devastando a sua substância e que o pai
ansioso está esperando a sua volta.
Façamos um exame de consciência. Como você e eu responderemos a Deus
pela maneira como temos sido guardadores de nossos irmãos? Podemos encontrar um
meio melhor para guardar os membros de nossa congregação de modo que nenhum se
perca? Nós somos os instrumentos de Deus.”(2)
Outra característica do autêntico amor fraternal é a humildade. Um cristão
autêntico conhece as suas próprias fraquezas e, por isso, não julga as do próximo com
uma atitude farisaica, de superior a inferior, de mais perfeito a menos perfeito. Escreve o
apóstolo Paulo em Gl 6.1: “Irmãos, se alguém for surpreendido nalguma falta, vós, que
sois espirituais, corrigi-o com o espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas
também tentado.” O cristão autêntico sempre deve estar lembrado de que ele também é
pecador e corre o perigo de cair na mesma falta em que o irmão caiu. Por isso,
permanece humilde e procura corrigir com brandura e compreensão as faltas do irmão. O
fariseu julga-se perfeito e superior e corrige com severidade, mas o cristão autêntico
julga-se igual e corrige com brandura. O fariseu alegra-se com a falta alheia, mas o
cristão se entristece. O fariseu manda, o cristão serve. E esse espírito de servir é mais
uma característica do amor fraternal. “Sede antes servos uns dos outros pelo amor.” (Gl
5,13) “Nada façais por partidarismo, ou vanglória, mas por humildade, cada um
considerando os outros superiores a si mesmo.” (Fl 2.3) “Servi uns aos outros, cada um
conforme o dom que recebeu, como bons despenseiros da multiforme graça de Deus.” (1
Pe 4.10)

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Esse exemplo o próprio Salvador nos proporcionou. Em João 13, vemo-lo lavar os
pés de seus discípulos. Em Mt 20.26-28, Jesus diz: “Quem quiser tornar-se grande entre
vós, será vosso servo; tal como o Filho do homem, que não veio para ser servido, mas
para servir.”
Um tal espírito manifesta-se também pela paciência e longanimidade. Nada mais
contrário a esse espírito do que uma atitude impaciente, querer cortar logo, sem primeiro
tentar adubar e tratar a árvore, se atacada por alguma praga. Na parábola da figueira
estéril, em Lucas 13, o dono da vinha mandou cortar uma figueira que não produzia fruto.
Entretanto, o seu empregado lhe pediu paciência, mais um ano de espera. Durante este
tempo, iria adubá-la e ver se produziria fruto para o ano seguinte. Assim também os que
trabalham na vinha espiritual das congregações devem ter paciência. Adubar primeiro,
cultivar com cuidado os membros inativos a fim de que produzam para o próximo ano.
Nada de cortar logo sem ter feito uma tentativa paciente de recuperação da planta doente.
No entanto, se todos os esforços longânimos forem inúteis, é preciso cortar. Se
de um lado a Escritura diz que o amor cobre multidão de pecados, isto é, perdoa e
esquece os pecados quando perdoados por um verdadeiro arrependimento, do outro lado,
o amor não pode tolerar o pecado, não pode fechar um olho ou até os dois e deixar o
membro faltoso continuar no seu estado inativo. Se todo o tratamento carinhoso nada
valer, a árvore deve ser cortada. O apóstolo Paulo, que tanto insistiu no amor fraternal,
em termos drásticos mandou excluir um membro faltoso da congregação de Corinto. (1
Co 5) Infelizmente, temos muitas congregações hoje em dia que já não praticam mais a
disciplina eclesiástica, que toleram em seu meio todo pecador, desde que pague a sua
anuidade. Assim, cometem o pecado contra o qual o apóstolo Paulo advertiu em 1 Co
5.11: “Mas agora vos escrevo que não vos associeis com alguém que, dizendo-se irmão,
for impuro ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou beberrão, ou roubador; com esse tal
nem ainda comais.” O apóstolo Paulo compara tal gente com o fermento. Como um
pouco de fermento pode levedar uma massa toda, assim também um pequeno número de
membros relapsos e incorrigíveis pode contaminar a vida espiritual de toda uma
congregação, e Deus poderá privá-la de todo o vigor espiritual. No Antigo Testamento, o
povo de Israel, após a estrondosa vitória sobre Jericó, sofreu uma contundente derrota
em Ai, porque havia um ladrão em seu meio, Acã; e só depois de ele ter sido extirpado,
Deus deu novas vitórias a Israel. (Js 7) Quantas vitórias não estarão perdendo as
congregações que não limparem as suas fileiras dos impenitentes. Após todos as
tentativas de uma fraternal, mas frustrada recuperação, permanece em pé a ordem final
do apóstolo: “Expulsai, pois, de entre vós o malfeitor.” (1 Co 5.13) Mesmo a exclusão
ainda é uma medida de amor. Pelo choque, o pecador poderá acordar e se arrepender e,
assim, voltar à congregação, como aconteceu com o mesmo pecador da congregação de
Corinto que se arrependeu e que o apóstolo mandou reintegrar à congregação com o
seguinte conselho: “De modo que deveis, pelo contrário, perdoar-lhe e confortá-lo, para
que não seja o mesmo consumido por excessiva tristeza; pelo que vos rogo que
confirmeis para com ele o vosso amor.” (2 Co 2.7,8)
Um clima de amor fraternal que se caracteriza pela preocupação da alma alheia,
pela humildade, pela paciência, mas também pela determinação de disciplinar, se
necessário, é o clima ideal que proporcionará o ambiente para os membros crescerem
como plantas viçosas e para a redução do número dos membros inativos, que se
reintegrarão mais facilmente no trabalho da congregação com o tratamento acima
prescrito.

2. FAZER UMA LISTA CUIDADOSA DE TODOS OS MEMBROS INATIVOS DA CONGREGAÇÃO.

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Há diversos graus de membros inativos. Há aqueles que não participam


regularmente dos meios da graça, não freqüentam assiduamente os cultos nem tomam
parte regular da Santa Ceia. Há os que não lêem a Palavra de Deus regularmente em
casa, nem fazem devoções domésticas. Há os que não dão testemunho de sua fé. Há os
que, ao contrário, vivem uma vida mundana e acompanham o mundo nos seus prazeres
pecaminosos. Há os que não aceitam todos os ensinamentos da Bíblia. Há os que são
tão materialistas, que só se preocupam com seus negócios, de modo que não têm tempo
para os trabalhos da evangelização, mordomia e educação cristã que a Igreja desenvolve.
Enfim, há os do último grau, que deixaram completamente de freqüentar a igreja e de dar
as suas contribuições. É, pois, preciso, tomar nota de todos esses tipos e classificá-los
cuidadosamente.
Para poder fazer um tal serviço de classificação, é necessário que cada
congregação possua um fichário de registro da freqüência aos cultos, à Santa Ceia e a
outras atividades. Uma vez diagnosticado o mal do paciente, temos que estudar
cuidadosamente as causas de seu mal, a fim de aplicar-lhe o remédio acertado.

3. ESTUDAR AS CAUSAS DA INATIVIDADE.

Por que fulano deixou de freqüentar o culto? As causas podem ser diversas.
Naturalmente, a mais grave será a perda da fé, o esfriamento de seu amor, o que fez
voltar ao mundo. Mas pode acontecer que esse não seja o caso. Talvez ele continue na
sua fé. Talvez tenha se retirado por causa de alguma ofensa. Talvez fosse o próprio
ambiente frio da congregação. Ninguém ou poucos se interessavam por ele quando ia
aos cultos. Talvez o interesse por ele tenha diminuído depois de ter sido recebido na
igreja.
Um missionário da Índia conta de um membro de sua Igreja que se tornou inativo.
Ele o visitou e perguntou o que aconteceu. A resposta desconcertante foi: “Quando eu
iniciei a visitar sua igreja, cada um conversava comigo. Membros da congregação me
visitavam. Pareciam ansiosos de repartir o Evangelho comigo e demonstravam
preocupação por minha alma. Mas logo que entrei na Igreja e fui batizado, este interesse
desapareceu. Ninguém mais orava comigo. Ninguém mais falava comigo de Jesus.
Ninguém mais parecia repartir comigo a alegria da fé cristã. Tive a impressão de que
tudo o que realmente desejavam era arrolar meu nome como membro da congregação.”(3)
Quantos casos semelhantes acontecem em que nós, os próprios membros da
congregação, somos a causa, mas atribuímos ao inativo uma causa bem diferente e o
tachamos logo de membro relapso. Portanto, é necessário que estudemos
cuidadosamente as causas de cada caso individualmente.
Por que um membro deixou de freqüentar a Santa Ceia? Pode ser por falta de fé.
Mas também pode ser por insuficiência de doutrinação a respeito de sua importância.
Pode ser, também, por algum desentendimento com outra pessoa para cuja superação
ele precisa de nossa ajuda. Um caso assim aconteceu uma vez comigo. Já estive
bastante tempo trabalhando numa congregação em que houve um membro que nunca
freqüentava a Santa Ceia. Um dia, o visitei e, com todo o tato possível, perguntei pela
razão. Revelou-me, então, que vivia inimizado desde longos anos com outro membro da
mesma congregação. Ele tinha muita vontade de reconciliar-se, mas não sabia como.
Visitei imediatamente o outro membro, o qual também se mostrou disposto para a
reconciliação, e convoquei os dois para um encontro na igreja. Aconteceu que, já no
caminho para este encontro, os dois se reconciliaram e depois me comunicaram
alegremente o fato. O membro recuperou-se e, desde então, mostrou muito interesse no
trabalho da congregação. Mas o que mais me comoveu foi quando, mais tarde, deu um

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testemunho público perante a congregação, no qual expressou a sua satisfação, porque


seu caso tinha sido tratado com delicadeza e amor.
Por que um membro não aceita todos os ensinamentos da Bíblia? Pode ser falta
de instrução. Mas, quem sabe, pode ser também que esteja sendo visitado por um
sectário que o esteja confundindo e, como nós nunca o visitamos, nem temos um estudo
bíblico sistemático, não lhe oferecemos o contrapeso para o seu equilíbrio espiritual.
Por que um membro deixou de contribuir? Quantas razões poderão existir que só
uma visita com muito tato poderá descobrir.
Por que um membro deixou de freqüentar os cultos? Há tantas causas. Pode ser
doença na família que ignoramos. Conta um pastor que, durante seis meses, esteve
indignado com um membro que não freqüentava mais a igreja. Julgava-o relapso. Então
se lembrou de que poderia julgá-lo injustamente e foi visitá-lo. Descobriu que sua mulher
estava doente e que esta fora a causa de seu não-comparecimento. Sua filha, que
cuidava da mãe durante a semana, trabalhava aos domingos. Por isso, ficava apenas
para cuidar de sua mulher. Por ter a doença sido de natureza mental, ele tentara
escondê-lo. O bom homem havia sido censurado em vez de ter recebido simpatia e
compreensão dos membros de sua congregação.(4)
A causa também pode ser coincidência da hora do emprego com a do culto. O
mesmo pastor contou um outro caso em que haviam passado quase dois anos desde que
um membro se ausentou. Seu nome foi seriamente comentado numa reunião de
diretoria. Alguém propôs: “Melhor riscar o seu nome. Ele perdeu o interesse na Igreja.”
Então o pastor foi visitar esse suposto relapso. Era um domingo à tarde. Não estava em
casa. Sua mulher, que pertencia a outra Igreja, informou que já durante muito tempo seu
emprego o obrigava a trabalhar aos domingos. Ninguém da congregação conhecia o
caso, mas o haviam julgado injustamente. Resolveram então introduzir um culto quartas
à noite, especialmente aos que trabalhavam nos domingos e então ele, com outros na
mesma situação, vinha contente participar regularmente.(5)
Ainda contou mais um caso de dois irmãos, com 13 e 15 anos, respectivamente,
que haviam sido batizados no mesmo dia. Durante dois meses, após a sua filiação,
atenderam regularmente à escola bíblica e ao culto. Então não compareciam mais. No
fim do ano, o dirigente da escola bíblica e os diáconos disseram: “Foi um erro batizar
esses rapazes. Perderam todo o interesse. Já riscamos seus nomes da lista da escola
bíblica.” Assim foram tachados de relapsos. Certa noite, o pastor foi visitá-los.
Encontrou-os em casa estudando. Informaram que fazia nove meses que sua mãe havia
perdido o emprego por motivos de saúde e que o maior peso do sustento familiar caíra
sobre os ombros deles. Um havia se empregado num hotel para serviços em sábado e
domingo. O outro empregava-se como assistente de um porteiro e guarda de uma grande
fábrica, emprego que ocupava o seu fim de semana completo. Como haviam feito
injustiça a esses rapazes com seu julgamento precipitado. Quando o departamento da
juventude daquela congregação começou a dar um culto de meia hora cada segunda à
noite, eles atenderam ao convite e começaram a comparecer regularmente.(6)

4. VISITÁ-LOS NUM ESPÍRITO DE PREOCUPAÇÃO FRATERNAL E HUMILDADE.

Como vimos, muitas vezes, só podemos descobrir a causa real da inatividade


numa visita. Esta visita deve ser feita naquele espírito já citado de amor fraternal e de
preocupação pelo bem-estar alheio. Deve ser feita num espírito de humildade e jamais
numa atitude superior de fariseu auto-suficiente.
Na visita, podemos usar uma técnica idêntica à da visita a estranhos. O nosso
propósito fundamental é colocar Cristo no centro de suas vidas. Fazê-los sentir como

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Cristo pode contribuir para a felicidade de sua vida e como ela é vazia sem Jesus. Por
isso, devemos fazê-los sentir que temos interesse por eles como pessoas redimidas pelo
sangue de Cristo e não apenas como membros da congregação a fim de nos ajudar a
levantar o orçamento. Devemos fazê-los sentir que a Igreja tem todas as condições de
oferecer-lhes os maiores tesouros e que eles precisam da Igreja em vez de dar a
impressão contrária de que a Igreja precisa deles. Devemos mostrar-lhes como
relacionar com Cristo a sua vida diária no lar, no trabalho e na sociedade. Enfim,
devemos encorajá-los a usar mais fielmente os meios da graça e viver uma vida cristã.
Com toda a sinceridade, vamos fazer que percebam que sentimos a sua ausência, pois
ela os priva das maiores bênçãos de sua vida.
Walter Werning, em sua obra Winning them Back, já traduzida com o título Como
Recuperá-los, dá as seguintes indicações para tais visitas: “Os visitadores, em suas
visitas, devem cuidar de não pedir aos inativos que venham aos cultos, dando a
impressão de que, com isso, estão fazendo um favor a Deus. Do contrário, devem ajudar
o membro inativo a compreender quanto ele está perdendo por não manter uma firme
comunhão com Cristo. Os visitadores devem dar seu testemunho a favor do amor
imutável de Deus para com o ser humano, em contraste com o amor vacilante da pessoa
para com Deus. Devem mostrar sua preocupação cristã para com os problemas dos que
visitam e assegurar-lhes o permanente interesse da Igreja por todos os seus membros.
Membros fracos devem ser lembrados do que Deus fez por eles. Deus Pai os
criou e continua a favorecê-los com a sua providência. Deus Filho veio morrer e
ressuscitar por eles para que tenham vida e esta em abundância. Deus Espírito Santo
levou-os à fé em Cristo e agora lhes assegura crescimento na graça e em conhecimentos
espirituais. Como membros da Igreja de Cristo, eles têm o privilégio de receber as
bênçãos da Bíblia, do Batismo e da Santa Ceia.
É uma boa regra, durante a visita, deixar o outro falar. Se ele tem alguma queixa,
escute pacientemente, deixe que ele desabafe e depois insista em que ele ou ela
apresente o caso ao pastor. Ressalte a necessidade da compreensão e do perdão. (Cl
3.13). Mantenha a discussão positiva e num nível espiritual. Seja um ajudador e não um
juiz. Procure ser imparcial, mas simpático. Trate as escusas com cautela, procurando
sempre descobrir a razão verdadeira atrás da escusa. Muitas vezes, existe uma razão
real atrás de uma escusa expressa. Ore ao Espírito Santo para que aja através de você,
providenciando-lhe luz da Escritura ao responder a perguntas e ao tratar de problemas.
“Se o membro visitado não tiver admitido a sua inatividade, fale de cultos futuros e
expresse a sua esperança de vê-lo então presente. Encoraje-o para a leitura da Bíblia em
casa e para começar com devoções domésticas. Ofereça para isso algum material.
Procure alistar um ou mais membros da família na classe bíblica. Ou candidate-os para
qualquer outra atividade cristã. Procure engajá-los definitivamente. Se alguém disser que
tentará melhorar, mostre-lhe gentilmente que necessitamos do poder de Deus para
ajudar-nos a melhorar. Quando há sinais de concordância, agradeça a Deus. Sempre
deixe a porta aberta para futuras visitas. Se, acaso, não houve aparentemente resposta
favorável, evite mostrar desapontamento ou insatisfação. A abordagem do assunto pelo
visitador varia conforme as pessoas e as situações. Planeje uma visita com cuidado de
antemão. Esteja preparado com algumas perguntas e sugestões. Alguns folhetos
apropriados e cartas especialmente preparadas podem oferecer sugestões que sejam
aproveitadas durante a visita.
Centralize a conversa sobre os conteúdos mais importantes do Cristianismo. Se
alguém mostrar que está dependendo muito de sua vida correta, de seus pais cristãos ou
de outros fatores exteriores para a sua salvação, dê-lhe uma resposta nestes termos:
‘Você pode ter tido pais cristãos, porém, eles não podem ajudá-lo a transpor as portas do
céu, sem Cristo. Você pode viver uma vida correta e limpa, o que é justo, mas isso não

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lhe valerá nada, se seus pecados não forem perdoados. Você pode privar-se dos
prazeres mundanos, estar em dia com todas as suas obrigações financeiras e contribuir
para a Igreja. Tudo isso, entretanto, não lhe servirá de passaporte para o céu, se não
tiver aceito a graça de Deus para a sua vida. Você pode ser honesto e camarada com o
seu próximo, mas isso em si não o fará um filho de Deus. Você pode ir à igreja de vez em
quando, mas isso não lhe compensará a falta do Espírito de Cristo em sua vida.’
Para cada visita, prepare uma série de perguntas principais. À medida que uma
pessoa procura responder a tais perguntas, ela pode chegar a descobrir a falácia de sua
maneira de pensar. Com suas perguntas, procure conduzi-la a algumas soluções. Tente
conseguir algum material de respostas honestas. Escute com atenção tudo que for dito.
Se alguém estiver convencido no seu íntimo de que está errado, deixe-o externar os seus
pensamentos e ajude-o a renovar o seu pensamento. O objetivo do visitador não é tanto
fazer o outro concordar, na superfície, com o seu ponto de vista, mas ajudá-lo a fazer uma
decisão acertada e convertê-la em ação. O objetivo de toda visita deve ser ajudar uma
pessoa em vez de condená-la.”

5. OBJETIVOS DAS VISITAS.

Cada visita deve ter um objetivo, um alvo ao qual queremos chegar. O alvo final,
sem dúvida, é reintegrar o membro no trabalho da congregação. Mas, para chegar a este
ponto, temos que fixar uma porção de objetivos mais próximos. Para tal temos de
estudar, já antes da visita, o tipo do membro que vamos visitar. Com essas informações,
podemos traçar um plano pelo dual iremos reconquistá-lo. É claro que este plano não
deve ser demasiadamente inflexível, a fim de fazer os necessários reajustes durante o
desenrolar da visita. Vamos enumerar, a seguir, uma série de objetivos dos quais iremos
selecionar alguns em cada caso, de acordo com a natureza da visita. De maneira alguma
pretendemos alinhar aqui todos os objetivos possíveis, mas apenas alguns dos mais
freqüentes:

5.1. Fazer com que o membro inativo saiba que a sua ausência é sentida e
convencê-lo de que está perdendo a melhor parte de sua vida.

5.2. Ajudá-lo a colocar Cristo no centro de sua vida por meio do estudo da Palavra
de Deus, do serviço ativo na igreja e das contribuições. Podemos fazer-lhe perguntas
assim: “O que você e sua família desejam mais na vida? Qual é o seu maior propósito na
vida? Haverá valor na vida sem Cristo? Que lugar você tem dado a Cristo em sua vida?
Você tem dado alguma atenção a devoções domésticas? Você acha que uma assistência
mais assídua aos cultos e devoções domésticas vai ajudá-lo a encarar a vida numa
melhor perspectiva?”

5.3. Convencê-lo de que Deus também deu a ele, como a todos, uma missão a
cumprir.
Se você é cristão, então é pela graça de Deus, por um amor maior que o seu.
Como cristão, Deus o fez sua propriedade e agora você faz parte de seus planos. A
Bíblia diz que somos edifício de Deus (1 Co 3.9), templo do Espírito Santo (1 Co 3.16) e
que somos de Cristo (1 Co 3.23). Procure descobrir de que tarefa Deus incumbiu você.
Saiba que ele é Senhor de sua vida e suplique pela sua assistência. Ele não tolera rivais
quanto ao primeiro lugar em sua vida. Você permitiu que rivais o tentassem? Não quer
procurar agora crescer na graça de Deus?

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5.4. Ajudá-lo a vencer as tentações do mundo, caso esteja nelas envolvido.


Mostrar-lhe que o poder maior da libertação é a cruz de Cristo. A cruz liberta do pecado e
também ajuda a vencer o pecado. É preciso se apegar a ela e colocar a salvação de
Cristo no centro de sua vida.

5.5. Mostrar-lhe as tristes conseqüências da negligência espiritual. Ela separa de


Deus e arruína a vida. Pode levar a cometer o pecado contra o Espírito Santo. Longe de
Deus, o homem se esquece de orar, pode não sentir mais o peso dos seus pecados,
endurecer-se e entrar em estado de impenitência permanente. E sua vida torna-se
espiritualmente morta.

5.6. Incutir-lhe a responsabilidade de pai, quando tem filhos. Mostrar que é seu
dever levar as crianças à escola dominical e às classes de confirmação. Deus colocou os
pais como responsáveis pela vida espiritual de seus filhos. Se nós procurarmos
incumbir-nos desta responsabilidade, estabeleceremos um clima espiritual sadio em
nossos lares.

5.7. Colocar sempre a ênfase nos aspectos positivas da vida cristã. A paz
espiritual e a segurança, que tantos procuram em vão, só Cristo nos pode proporcionar, e
são frutos da nossa fé. A vida com Cristo nos traz perdão de pecados, vida espiritual
abundante e a eterna salvação. Muitas tensões e ansiedades poderão ser banidas de
nossa vida com a assistência de Cristo. Seguros em sua graça, não precisaremos mais
temer a morte nem os piores cataclismos da vida presente. Mesmo abandonados por
todos os amigos, ele permanece o nosso melhor e mais fiel amigo.

5.8. Proporcionar-lhe algum material para suas devoções domésticas, indicar-lhe


um roteiro para a leitura bíblica, algumas passagens para a leitura diária.

5.9. Descobrir as causas de sua inatividade.

5.10. Tentar fazer o possível para remover essas causas.

5.11. Descobrir caminhos de atividades na congregação pelos quais poderá ser


reintegrado no trabalho.

5.12. Descobrir pontos de contato e de interesse.

6. ORGANIZAR CRUZADAS DE FREQÜÊNCIA AOS CULTOS.


Há muitas igrejas que planejam uma temporada de visitas um pouco antes da
Quaresma e, durante este tempo, visitam todos os lares de sua congregação, convidando
para os cultos regulares e especiais durante aquele período. É um tempo muito propício
para recuperar os inativos mediante a mensagem focalizada sobre a paixão e morte de
nosso Senhor Jesus Cristo. Outros realizam a cruzada depois da Páscoa, numa
temporada em que a freqüência aos cultos geralmente tende a diminuir. A mensagem da
Páscoa do Salvador ressuscitado também tem um efeito poderoso sobre os inativos.
Uma cruzada assim inclui as seguintes atividades:

6.1. Umas duas semanas antes da Páscoa, todos os membros da congregação


são informados a respeito da cruzada.

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6.2. Cartas cuidadosamente preparadas com ilustrações fascinantes são enviadas


semanalmente a todos os membros e prospectos durante a cruzada. Cada carta relata a
assistência do domingo anterior e providencia algum incentivo para que todos estejam no
culto no próximo domingo.

6.3. Cartões de freqüência são enviados com cada carta semanal. Essas cartas,
assinadas devidamente, são entregues na entrada do culto aos recepcionistas. Estes
terão em mãos cartões em branco para aqueles que esqueceram os seus em casa e para
os visitantes.

6.4. A congregação registra a freqüência individual de cada membro, toda


semana.

6.5. Um grande quadro com um gráfico de freqüência pode ser colocado no fundo
da igreja, onde cada um possa verificar os recordes de freqüência.

6.6. O pastor fará os anúncios e comentários adequados cada domingo.

6.7. A cruzada deve ser publicada no boletim da Igreja e nos jornais. Devem ser
providenciadas gravuras adequadas para as publicações. Também algumas histórias de
interesse humano.

6.8. Os membros são encorajados a trazer amigos e vizinhos que não tenham
filiação a Igreja.

6.9. Logo após a Páscoa, deve haver uma semana de confraternização, durante a
qual é programada uma visita paroquial para encorajar o interesse na igreja
especialmente entre aqueles que dele necessitam. As famílias mais ativas podem formar
equipes com as menos ativas. O tempo, local e espécie das visitas os membros decidirão
entre si, mas o principal tópico de discussão será a Igreja e os cultos.(8)

7. DIVIDIR A CONGREGAÇÃO EM ÁREAS PARA UMA VISITAÇÃO REGULAR A CADA MEMBRO.

Um plano eficiente adotado por diversas congregações evangelísticas é a divisão


da paróquia em áreas de visitação. As áreas são organizadas, geralmente, de acordo
com o critério geográfico, e cada uma é presidida por um visitador-chefe, assessorado por
dois ou três assistentes. Todas as famílias da congregação são visitadas assim, no
mínimo, três vezes ao ano e, dessa maneira, se acaba com a crítica, muitas vezes justa:
“A Igreja só está interessada em mim quando se trata de dinheiro.”
A divisão pode proceder-se na seguinte modalidade: Se uma congregação contar
com 150 famílias, pode-se dividi-la em cinco zonas de 30, como segue:

Visitador-chefe auxiliares 30 famílias

Zona 1
Zona 2
Zona 3
Zona 4
Zona 5

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O objetivo fundamental da visita é manter a situação espiritual da congregação em


alto nível e instruir os membros principalmente sobre o programa de evangelização,
educação e mordomia da Igreja. Em cada visita, se abordará um destes temas principais,
e as visitas anuais podem ser planejadas dentro do seguinte esquema:
Fevereiro – Ênfase sobre a evangelização.
Maio – Ênfase sobre a educação.
Novembro – Ênfase sobre a mordomia.
Para tais visitas, é necessário que os membros levem o material adequado para
os fins específicos, como folhetos, mapas, boletins, gráficos, etc. Antes das visitas, é
necessário que os visitadores se reúnam, a fim de tomar as respectivas instruções,
elaboradas pela diretoria da congregação e as assembléias. O visitador-chefe é o
responsável, a fim de que todas as famílias de sua zona sejam visitadas. Se um dos seus
auxiliares falhar, ele deverá compensar esta falha.
Muitas congregações acham que não necessitam de tal programa. Podem passar
também sem ele. Entretanto, devem se lembrar de que, se passam bem sem um tal
plano, passarão muito melhor com ele. Se empregarmos mais tempo nas visitas de cada
membro, aprofundaremos nele, de maneira especial, as verdades espirituais e, em lugar
de muitos inativos, teremos cada vez mais crescente o número daqueles que saberão
expressar a sua fé num testemunho mais relevante.

8. FAZER REUNIÕES REGULARES DE ESTUDO BÍBLICO OU DE AMIZADE NESSAS ÁREAS.

Outra modalidade de fazer o nível espiritual da congregação crescer é realizar


estudos bíblicos e reuniões de amizade em cada área assim delimitada. Acontece que
muitos membros, especialmente os inativos, não vão à igreja para assistir a um estudo
bíblico ou a outra reunião social ou de confraternização. Mas se tal reunião é feita na
casa do vizinho, mais facilmente irão ate lá, especialmente quando convidados com
insistência. Recomenda-se, portanto, o procedimento de algumas congregações, também
já aqui em nossa Igreja no Brasil, que realizam estudos bíblicos e outras reuniões de área
em área. Cada área tem o seu líder. O pastor reúne esses líderes uma vez por semana
e com eles passa o programa de estudo bíblico ou de uma outra reunião a ser executada.
Os líderes dirigem este programa. O pastor não precisa estar presente. Pode assistir
cada vez às sessões de uma área diferente e assim fazer o rodízio. Nestas reuniões,
podem também ser discutidos os diversos problemas que afetam a congregação e a vida
cristã, naturalmente sempre sob o planejamento preventivo do pastor e dos líderes.
Outras reuniões podem ser puramente sociais, em que se dá apenas uma devoção e
depois segue uma troca informal de idéias e opiniões. Tais reuniões em grupo já tinham
sido usadas com muito sucesso pela Igreja Primitiva e devemos saber que, muitas
grandes organizações bem-sucedidas usam-nas para o seu progresso. Inclusive os
comunistas se aproveitam delas para as suas tradicionais células comunistas.
Certo pastor conta como conseguiu recuperar umas famílias inativas de sua
congregação através de um tal programa. “Descobri que em três ruas vizinhas moravam
seis famílias que pareciam desligadas de nossa congregação. Todo apelo para
retornarem aos cultos e às demais atividades falhou. Mostraram-se completamente
indiferentes e dois até amargurados. Mas na mesma zona tínhamos também 10 famílias
de sérios e ativos cristãos. Pedi que uma dessas famílias abrisse as portas de seu lar e
convidasse as outras nove famílias ativas para uma reunião de amizade.
Chegada a noite, congratulei-me com as respectivas famílias pelo encontro feliz da
amizade e disse-lhes o quanto tais encontros podem significar para a Igreja e que força
podem representar para alcançar os não-membros. Então lhes contei que, na sua

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vizinhança, moravam seis famílias que, embora arroladas no livro de membros, tinham
perdido todo o interesse pela Igreja. Algumas delas encontraram amizade em sociedades
ou clubes. Outras levantaram barreiras imaginárias entre elas e a nossa Igreja. Mas nós
temos responsabilidade perante Deus para com elas. Então lhes falei dos fatores que
conservam os membros na Igreja, dando particularmente ênfase ao espírito de amizade.
‘É evidente’, eu disse, ‘que essas famílias não encontraram este espírito cordial em nossa
Igreja. Do contrário, não nos teriam abandonado’.
Então apelei para o grupo que envolvesse essas seis famílias com um cordial
interesse de amizade e de boa vontade. Pedi-lhes que organizassem uma noite de
amizade cada mês. Não deveriam aproximar-se daquelas seis famílias como membros
da Igreja, nem deveriam pedir o seu retorno à Igreja. Em primeiro lugar, deveriam
estabelecer um simples contato com elas e convidá-las para estas noites de amizade.
Uma família jamais conseguimos recuperar. Tornara-se cínica com respeito à vida em
geral. Mas, dentro de um ano, cinco famílias estavam freqüentando aquela reunião de
amizade e também estavam de volta aos cultos na igreja. Quando foram visitadas pela
comissão de finanças, novamente assinaram a lista das promessas. Três daquelas
senhoras freqüentaram a sociedade de senhoras e dois daqueles pais de família
tornaram-se ativos na diretoria. Treze crianças voltaram à escola dominical. Estou certo
de que, através de tal plano de amizade por zona, 90% de nossos membros inativos
poderão ser reconquistados para o trabalho ativo na Igreja.”(9)
Os lares cristãos oferecem as maiores vantagens no sentido de conservar e
reconquistar membros. Infelizmente, essa vantagem é tão pouco explorada. Devemos
fazer de nossos lares uma cidadela em que o amor fraternal e a amizade sejam cultivados
de tal modo que em muito excedam as associações deste mundo. Mas isto significa
esforço incansável, hospitalidade autêntica, cuidadoso planejamento de reuniões de
amizade e promoção corajosa. Uma Igreja que está disposta a pagar esse preço
conserva e reconquista a maioria de seus membros inativos.
Não tenhamos ilusões de que os inativos vão se deixar recuperar apenas por
convites insistentes de freqüência aos cultos e por sermões sobre seus deveres. A
pessoa contribui apenas quando reconhece valores naquilo em que investe. Se o seu
coração está frio em relação à Igreja, ela está cega em relação a seus valores. Para que
ela perceba os valores, é preciso que nós a despertemos com este espírito de amizade
cordial e que a façamos participar destes valores, cultivando-os pessoal, alegre e
entusiasticamente.

9. DESCOBRIR E USAR OS SEUS TALENTOS.

Muitas vezes, dentro da Igreja, não damos valor nem usamos os talentos da
maioria dos membros. Outros, fora da Igreja, os observam e os exploram. Assim, ou
perdemos tais membros ou eles permanecem inativos dentro da Igreja. Vamos
apresentar duas experiências de um pastor que soube explorar os talentos de alguns
membros inativos, reconquistando-os para o serviço ativo da Igreja. Eis o que ele nos
conta: “Dois jovens de talento excepcional em música se filiaram à nossa congregação.
Mas, aparentemente, não tínhamos lugar onde ocupá-los. Não tínhamos orquestra nem
coro juvenil. Não demorou, os rapazes começaram a ausentar-se das classes bíblicas.
Passaram-se três meses. Ao colher informações, fui notificado de que haviam integrado
uma orquestra de dança e que, aos domingos de manhã, ensaiavam. Apelamos para
eles que voltassem à classe bíblica e aos cultos. Mas não voltaram. Fiquei
profundamente preocupado. Então um leigo dedicado, com o qual discutia o assunto,
deu a sugestão: “Por que não podemos criar uma orquestra em nossa Igreja? Vou

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financiá-la até o montante de 200 dólares. Decidimos abordar estes dois jovens. Aquele
leigo convidou-os para um lanche e, assim, nós quatro nos reunimos e conversamos.
Estendemos-lhes o convite de voltar à Igreja e lá fundar uma orquestra. Dentro de uma
semana, aceitaram. Que trabalho magnífico realizaram! Os dois estavam de volta à
Igreja. Ambos, com o passar dos anos, tornaram-se esplêndidos líderes cristãos.
Na grande depressão financeira dos Estados Unidos, nossa Igreja passou por uma
crise financeira. Sob uma dívida pesada, nossas entradas eram insuficientes para
desenvolver o programa. A liderança financeira na congregação decaiu lastimavelmente.
Os membros da diretoria pareciam incapazes de fazer face à situação. Onde achar um
homem que pudesse salvá-la? Então, um dia, um leigo me chamou a atenção ao fato de
que o cidadão que estava liderando muitas empresas de caridade em nossa cidade era
membro de nossa congregação, mas já fazia anos que não comparecia aos cultos. Era
um homem calmo que não gostava de aparecer. Tornara-se membro de nossa igreja e,
como ela nada lhe ofereceu para desenvolver seus talentos, afastou-se de nossas
atividades, ao ser contratado pelas organizações de caridade em nossa cidade. Um dos
membros observou: ‘Se conseguíssemos aquele senhor para manobrar as nossas
finanças, em breve estaríamos fora de dificuldades.’ ‘Por que não?’, eu disse, ‘vocês já
tentaram engajá-lo?’ Não o haviam tentado. Assim, resolvemos encontrar-nos com ele.
Expusemos-lhe com toda a franqueza a situação e pleiteamos o investimento de seus
talentos a favor de nossa Igreja. Três dias mais tarde, aceitou. Então começou uma
experiência maravilhosa para a nossa Igreja e para aquele homem. Dentro de seis
meses, a Igreja conseguiu uma recuperação marcante. Mas era igualmente importante o
fato de que aquele homem quieto, sério, altamente dotado, estava todos os domingos no
culto, servindo a seu Senhor. Ambos, ele e sua família, haviam sido reconquistados para
a sua Igreja.”(10)

10. DESENVOLVER UM PROGRAMA DE ALIMENTAÇÃO ESPIRITUAL ABUNDANTE.

Acontece, na maioria de nossas congregações, que a única alimentação espiritual


que os membros recebem é o culto público. Não existe nenhuma outra programação
subsidiária. Ora, tal situação precária só pode gerar o subdesenvolvimento espiritual e a
conseqüente inatividade de muitos. Além dos cultos públicos, cada congregação deve
manter um programa permanente de estudo bíblico. Este pode ser desenvolvido em
áreas conforme já proposto em tópico anterior, presidido por um líder que, juntamente
com outros líderes, de outras áreas, recebe as instruções do pastor. Esses estudos
bíblicos por área têm a vantagem de atingir praticamente a totalidade da congregação,
enquanto um estudo, realizado apenas na igreja, geralmente só atinge uma minoria. O
estudo por área ainda tem a vantagem de tornar os leigos mais participantes. Contribuem
para uma formação espiritual cada vez mais eficiente dos líderes e, sendo o grupo menor,
dá mais chances a todos para que possam expressar suas opiniões por meio de
perguntas e respostas. Nessas reuniões, cada um tem a oportunidade de clarear as suas
dúvidas e, se nenhum presente está em condições de resolver um eventual problema,
levam-no ao pastor para solução final. Aos domingos, antes ou depois dos cultos,
enquanto as crianças estão na escola dominical, todos os grupos das diferentes áreas da
congregação podem se reunir e discutir, na presença do pastor, os problemas que ficaram
pendentes, ou o pastor dá um estudo sobre o mesmo tema com maior profundidade.
Devemos saber explorar muito melhor os domingos. Não nos contentar apenas com uma
horinha de culto, mas acrescentar ao culto uma hora de estudo bíblico ou qualquer outro
programa de edificação espiritual. Enfim, o domingo não foi feito para estudar a Palavra
de Deus? Por que então só fazer o mínimo? Esta nossa tendência de só assistir aos

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cultos e, vejam lá, cultos cada vez mais curtos, é um sintoma de subnutrição espiritual.
Esses estudos bíblicos fomentariam também as devoções domésticas e as particulares de
cada um. Que crescimento espiritual não iria resultar de um tal programa de nutrição
espiritual abundante.

11. PROMOVER A EDIFICAÇÃO ESPIRITUAL POR OUTROS MEIOS AUXILIARES.

Meios auxiliares são boletins, cartões e cartas, dos quais cada congregação deve
lançar mão para manter o interesse ativo de todos os membros. Numa congregação em
que há cultos todos os domingos, seria ideal publicar cada vez um boletim com pequenos
artigos construtivos e informações. Um destes artigos pode ser um pequeno resumo do
sermão do pastor. Assim, os que faltaram ao culto ao menos receberam do culto um
comprimido espiritual e os que a ele assistiram têm um lembrete de fixá-lo na memória e
aplicá-lo à vida. Há congregações que possuem um carinho especial para os membros
ausentes com os dizeres: “Sentimos a sua ausência no domingo passado.”
Por que não enviar um cartão de aniversário com algum versículo bíblico sugestivo
para cada membro? Talvez também cartões de Natal e de Páscoa. Todos nós sabemos
o efeito que um simples cartão pode trazer, especialmente a uma pessoa que se sente
esquecida e que, de repente, se vê lembrada por meio de uma atenção especial.
Outro meio auxiliar eficiente é cartas especiais, dirigidas de vez em quando aos
membros. Especialmente os membros inativos, ao receberem uma carta bem pensada,
poderão acordar por meio dela e voltar ao trabalho da Igreja sem que seja necessário
outro empenho. Eis o modelo de uma carta a um membro inativo:

Prezado membro da Congregação...


Se o senhor perguntar a alguém qual é a duração de uma vida normal, ele
certamente lhe responderá: “65 anos.” Não importa se Deus nos der 65, 45 ou 70 anos
de vida. O que importa é que a nossa preocupação fundamental seja vivê-la com Deus e
para Deus.
O que estamos fazendo com a nossa vida? Alguém descreveu a nossa presente
civilização como um país maravilhoso de riqueza material em que Deus já não encontra
mais lugar. Entretanto, a Bíblia nos diz: “Pois que aproveitará o homem se ganhar o
mundo inteiro e perder a sua alma?” (Mt 16.26) Pode acontecer que nós estejamos tão
ocupados dia a dia em nossa vida que realmente não sabemos aonde estamos indo.
Necessitamos de um alvo para cada dia e para toda a vida. E este alvo estará
completamente errado, se não encerrar Deus como seu centro. Não há caminho possível
de encontrar satisfação para a nossa vida à parte de Deus, porque o ser humano vem de
Deus e não está apenas relacionado com ele, mas depende inteiramente dele. Por isso,
torna-se ridículo ignorar Deus e não servir-lhe nem adorá-lo.
Quanto tempo de vida ainda teremos? Talvez pensemos que ainda temos muitos
anos, mas é melhor não confiar em tais cálculos. É melhor, sim, fazer nossos cálculos
com Deus.
Nosso Pai celestial, que nos disse: “Agora é o dia da salvação”, solicita de nós
que alimentemos a nossa alma com o Pão da Vida, porque é um nutrimento necessário.
O Espírito Santo desenvolve a fé em nossos corações através dos meios da graça
indicados, sua Palavra e seus sacramentos. Por isso, é tão importante que toda criatura
deve servir a Deus e alegrar-se em Cristo. Por isso, é tão terrível para as criaturas de
Deus, que ele redimiu com o sangue de seu próprio Filho, ignorá-lo nas suas relações
diárias. Portanto, cada cristão deve compenetrar-se seriamente em usar a Palavra de

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Deus e seus sacramentos para que não seja apanhado como um dos que rejeitam a
pérola de elevado preço.
Somos filhos de Deus em Cristo Jesus. Certifiquemo-nos para que também
sejamos ativos como seus filhos.

Seu irmão em Cristo.

Carta modelo nº 2

Prezado membro da Congregação...


O que o senhor responderia se alguém lhe perguntasse: “Qual é a base de sua
vida familiar? Que lhe significa o culto na casa de Deus?”
Certa família respondeu assim: “Deus é a nossa posse mais preciosa e,
colocando-o em primeiro lugar, acima das coisas materiais, temos sido capazes de
desenvolver uma sólida segurança na vida – uma vida livre de tormentos e egoísmo, uma
vida de paciência e de compreensão. Por meio de nossas orações diárias e devoções na
família, e através de nossa constante fé e confiança em Deus, somos capazes de
enfrentar com sucesso os problemas cotidianos e suas conseqüentes decisões. Estamos
realmente agradecidos a ele por nos ter abençoado tão ricamente em Cristo Jesus, pelo
poder e conforto, pela alegria e paz que somente Deus pode conceder.”
Outra família respondeu: “A Igreja apresenta para nós uma oportunidade de nos
evadir por alguns momentos da rotina da vida diária a fim de nos aprofundar na meditação
e no culto ao nosso Deus. A Igreja nos oferece uma oportunidade de entrar em
companheirismo com outros cristãos e, em conseqüência, fortalece a nossa própria fé.
Ajuda-nos a nos tornar cidadãos melhores. Toda vez que procuramos mais força para
carregar os fardos da vida, sempre a encontramos em nossa Igreja. Consideramos a
Igreja um depósito do qual recebemos alimento espiritual para nossa alma faminta. A
Igreja é para nós fonte de esperança, inspiração e segurança. Através da sua mensagem
da graça e misericórdia de Deus, ela nos inspira coragem quando as coisas que nos
cercam se apresentam sombrias e nos ajuda a prosseguir em nome do Senhor.”
Os seus laços familiares têm se fortalecido pela assistência regular aos cultos?
Vocês estão seguros nos braços de Jesus na vida e na morte? A sua vida espiritual é tão
forte como seu Criador e Redentor desejava que fosse?
Essas são perguntas que cada cristão deve fazer honestamente e responder para
si mesmo. Qual é a avaliação de sua vida espiritual e da família? Há melhoramentos que
possam ser feitos em sua freqüência regular aos cultos e devoções domésticas?
Os hábitos de uma pessoa com respeito a seu servir a Deus são uma indicação
fiel de sua condição espiritual. Nossa atitude para com o culto divino é também a nossa
atitude para com Cristo. A Igreja é o caminho de Deus para fixar Cristo na vida de seus
filhos. A freqüência aos cultos não é tudo para fazer de alguém um cristão, mas é uma
parte importante da fé cristã.
Preste regularmente seu culto a Deus!

Em nome de Jesus
............................................, pastor.(11)

12. NUNCA SE ESQUECER DE INCLUÍ-LOS EM NOSSAS ORAÇÕES.

Marcante é o exemplo de Moisés. Quando Deus, indignado, quis destruir o povo


de Israel, Moisés implorou por ele, propondo que o Senhor riscasse o seu próprio nome

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do livro, caso, com este gesto, pudesse salvar os seus irmãos. Qual é a nossa atitude em
relação aos inativos? Apresentamos os seus nomes em oração ao nosso Deus e
procuramos sentir pessoalmente o fardo de suas almas? Se ainda não procedemos
assim, nenhuma autoridade temos para recomendar que sejam riscados da lista de
membros. Oremos por eles e ajamos com eles de acordo com as recomendações deste
capítulo e Deus vai iluminar a nossa mente para que não procedamos de forma insensata,
mas prudentemente.
Certo pastor foi chamado para uma congregação rural. Veio já com o propósito
preconcebido de proceder a uma limpeza na congregação. Insignificantes irregularidades
se tornavam motivo para expulsão. Em pouco tempo, reduziu aquela pequena
congregação de 45 famílias a 15. “É melhor ter seis cristãos verdadeiros”, dizia ele, “do
que uma igreja cheia de meios cristãos”.(12)
Todos concordarão que este pastor agiu insensatamente. Pensava que a Igreja
deveria ser um museu de santos ao invés de ser uma escola para pecadores se
aperfeiçoarem. Agiu de acordo com a antiga lenda grega de Procusto, que era um rei
muito severo e quis que todos os seus súditos coubessem numa certa cama. Aos que
tinham estatura inferior ao comprimento da cama, mandava esticar as pernas e aos que
tinham estatura superior, mandava cortá-las.
Amor, paciência e bom senso devem presidir as nossas ações no trato dos
membros inativos. “O rebanho deve ser guiado e não tocado”, alguém disse. Assim
também o pastor e os demais membros ativos de uma congregação devem proceder.
Devem ser guias e conselheiros dos fracos e ter, com a ovelha desgarrada, a
preocupação e a atitude do bom Pastor.

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CAPÍTULO XII

CONSERVAÇÃO DOS NOVOS CONVERTIDOS

Uma estatística das maiores denominações dos Estados Unidos revelou que cerca
de 40% de todas os novos convertidos novamente se perdem nos primeiros sete anos
após sua recepção. Tais igrejas podem se comparar com um pescador que apanha seus
peixes numa rede furada. Alguém, usando outra imagem, disse que, na maioria de
nossas igrejas, a porta está sendo aberta todos os domingos para a recepção de novos
membros – é a porta da frente. Mas o incrível acontece que, enquanto abrem a porta da
frente uma vez por semana, aos domingos, para a entrada, durante os seis dias restantes
da semana, deixam a porta dos fundos aberta para a saída. Durante um dia da semana,
os novos convertidos entram; durante seis novamente saem. Não se poderia dar melhor
conselho a todas essas igrejas do que este: “Fechem a porta dos fundos.”(1)
Mas como fazê-lo? O problema é complexo. Vamos tentar umas sugestões
valiosas neste capítulo.
A evangelização não consiste apenas no trabalho da conquista de novos
membros. É apenas o primeiro passo de uma longa etapa que precisa ser levada a um
fim feliz. E esse se dá quando o novo membro, depois de uma vida cristã abençoada e
enriquecida, parte desta vida para a salvação eterna.
Precisamos salvar não apenas de alguma coisa, mas também para alguma coisa.
Os novos membros precisam ser treinados, fortalecidos, firmados. Certo oficial do
exército afirmou que 15% dos soldados alistados tornam-se bons soldados sem muito
exercício, por seus dotes naturais. Outros 15% jamais se tornam bons soldados apesar
de todo o treinamento. Mas os restantes 70% só se tornam bons mediante instrução
correta e treinamento bem-executado. O mesmo também podemos aplicar à Igreja. A
maioria de seus membros só se torna bons cristãos mediante um programa de instrução e
treinamento espiritual bem-planejado e executado.(2)
Certo pastor chegou a uma nova congregação, onde logo teve que enfrentar um
programa de novas construções. Era necessário mais de meio milhão de dólares.
Admirou-se de que dispunha de uma congregação de contribuintes alegres, segundo 2 Co
9.7. Nenhum sacrifício lhes era demasiado. O dinheiro entrou rapidamente, e a tarefa
pôde ser concluída depressa. Quando o pastor se meteu a examinar a causa de tal
espírito voluntarioso, descobriu que o pastor anterior dessa congregação era um
admirável educador. Ensinara a todo novo convertido como também aos membros mais
antigos o sentido, os métodos e os benefícios da mordomia cristã. Os membros tinham
aceito seus ensinamentos e agora, como cristãos maduros, tinham um coração liberal e
um espírito de entusiasmo pela obra do Senhor. Esse pastor conservara os novos
convertidos mediante uma educação conscienciosa nos princípios cristãos.(3)
Um ministério ideal não apenas conquista novos membros. Ele igualmente
desenvolve neles um caráter cristão e os engaja nas atividades da Igreja. As palavras
que Deus pôs na boca do profeta Ezequiel devem servir-nos de advertência “Assim diz o
Senhor Deus: Ai dos pastores de Israel que se apascentam a si mesmos! Não
apascentarão os pastores as ovelhas? Comeis a gordura, vesti-vos da lã e degolais o
cevado; mas não apascentais as ovelhas. A fraca não fortalecestes, a doente não
curastes, a quebrada não ligastes, a desgarrada não tornastes a trazer e a perdida não
buscastes; mas dominais sobre elas com rigor e dureza. Assim se espalharam, por não
haver pastor, e se tornaram pasto para todas as feras do campo.” (Ez 34.2-5) Somos
mais do que anunciadores de boas-novas. Deus também nos constituiu para a educação,

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supervisão e treinamento cristãos. A questão não é apenas: “Ganhaste uma alma?”


Igualmente importante é a pergunta: “Conservaste essa alma?”
Para que o trabalho da conservação das almas convertidas seja levado a bom
termo, alinharemos aqui umas sugestões valiosas que, se fielmente postas em prática,
poderão mudar completamente o panorama de nossas congregações e de toda a nossa
Igreja:

1. É PRECISO DAR-LHES UMA BOA BASE DOUTRINÁRIA ANTES DE SUA RECEPÇÃO.

1.1. Nunca se deve apressar demais a instrução, mas, por outra, também não
prolongá-la demais. É obvio que, em primeiro lugar, devemos verificar se a pessoa já
está convertida e, se não, concentrar a nossa atenção em torno desse problema. Que
adianta ensinar a uma pessoa as partes principais da doutrina cristã, se ainda não aceitou
Cristo como seu Salvador? Uma pessoa só vai aceitar os Dez Mandamentos como
norma de sua vida, só vai orar, só vai se interessar pela doutrina do Batismo, do Ofício
das Chaves e da Santa Ceia, se crê em Cristo. Se não crê nele, então está perdida toda
a instrução complementar na doutrina cristã. Por isso, as primeiras aulas da instrução
devem girar em torno da necessidade da conversão, colocando-se a ênfase sobre as
doutrinas do pecado e da graça. Uma vez convertido o prospecto, deve-se assisti-lo na
sua nova fé, auxiliá-lo para que ponha a sua confiança em Cristo e não nas obras, que
obtenha, assim, certeza de sua salvação, confiando plenamente nas promessas de Deus.
Após essas aulas preliminares, pode-se proceder a um ensino sistemático das partes
principais da doutrina cristã, conforme expostas em nossos manuais de instrução para
adultos.

1.2. Além dessa instrução nas verdades fundamentais da doutrina cristã, é bom
recomendar a leitura de bons livros de edificação cristã, principalmente biografias de
grandes heróis da fé ou obras que tratem de problemas específicos da vida cristã.

1.3. Igualmente, deve-se insistir em que o novo convertido adquira o hábito da


leitura diária da Bíblia, por meio de uma programação de acordo com as suas
necessidades. Podem ser dadas tarefas neste sentido e depois fazer a verificação se a
leitura também foi bem-entendida e está sendo aplicada na sua vida. Roberto L. Summer,
em A Igreja em Chamas, dá a seguinte recomendação: “Devemos explicar-lhes que seu
estudo diário da Bíblia há de ser sistemático e não uma leitura avulsa, sem método. Eu
costumo sugerir que, de início, leiam várias vezes o Evangelho de São João, depois
comecem com o Novo Testamento, lendo-o pelo menos duas ou três vezes, antes de
começar com o Antigo Testamento. Devem, também, ser animados a estudar a Bíblia por
tópicos: o pecado, o sangue, a graça, a oração, o arrependimento, o Espírito Santo e
outros grandes temas. Isso pode ser feito com o auxílio de uma chave bíblica ou de um
pequeno manual de tópicos. Também devem ser estimulados a aprender de cor
passagens bíblicas com as referências. James H. MacConkey sugere a memorização de
um versículo por dia durante seis dias e, no sétimo, a revisão. Esse processo possibilita
ao novo convertido aprender de memória mais de trezentos versículos dentro de um
ano.”(4)

1.4. Também o hábito da oração diária deve ser desenvolvido. Devemos mostrar
a necessidade e as vantagens da oração e estimular a sua prática constante.

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1.5. Devoções domésticas, freqüência assídua aos cultos e aos estudos bíblicos
são hábitos que devemos estimular neles com grande habilidade e paciência.

1.6. Devemos mostrar-lhes, também, a importância de eles se tornarem membros


ativos da igreja e o privilégio de se tornarem parte de um todo universal cuja extensão
gloriosa apenas nos será revelada plenamente na eternidade.

1.7. Também devemos desestimular neles hábitos antigos, pecaminosos. Se, por
exemplo, houver problemas de inimizade, devemos ajudá-los a restabelecer a paz. Se
houve desvios de bens ilícitos, devemos insistir na sua restituição.
Jamais devemos esquecer-nos de que estamos educando cristamente e não
apenas ensinando no sentido de transmitir conhecimentos. A verdadeira educação não
implica apenas conhecimento, mas também a criação e o desenvolvimento de hábitos,
habilidades e atitudes correspondentes.

2. É RECOMENDÁVEL PROPORCIONAR-LHES UMA RECEPÇÃO CALOROSA E MEMORÁVEL.

a. Arthur E. Graf, em The Church in the Community, aconselha uma reunião de


pré-recepção uma noite antes do dia da recepção. Após as instruções prévias sobre o
próprio ato da recepção, pode-se discorrer sobre a importância e os privilégios de ser
membro de uma Igreja, sobre as vantagens que a Igreja lhes oferece e sobre seus
deveres para com ela. Pode-se convidá-los a fazer parte dos respectivos departamentos
da congregação. O pastor ou um membro da diretoria lhes pode explicar todo o programa
de ação da Igreja e oferecer-lhes um cartão de promessa com envelopes de
contribuição.(5)

b. O dia da recepção deve ser um dia de alegria.


Como na primeira congregação de Jerusalém, a alegria era geral, porque o
Senhor acrescentava-lhes dia a dia os que iam sendo salvos, assim também deve reinar
alegria numa congregação onde este ato feliz acontece. (At 2.47) A recepção dos novos
membros deve formar o ponto culminante do culto. O sermão, os hinos, as orações, tudo
deve girar em torno desse evento. Música especial e cantos corais poderão enfatizar
ainda mais o momento solene. Algumas congregações têm o costume de oferecer a cada
novo membro uma flor na lapela ou uma rosa a fim de expressar o seu interesse. Uma
fotografia tirada do grupo contribuirá para manter os membros unidos e familiarizá-los
com a congregação e poderá ser exposta com os nomes no quadro de anúncios da
congregação. Após o culto, seria bom se todos os membros lhes apertassem as mãos e
os chamassem bem-vindos com votos das bênçãos divinas.

c. Seria bom se todos recebessem também alguma lembrança deste dia. Poderia
ser um livro de edificação cristã com dedicatória, uma Bíblia, um Novo Testamento, etc.
Também todos deveriam ser supridos com farto material informativo sobre a congregação
e sua Igreja.

3. É ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIO QUE SE-LHES DISPENSEM ATENÇÕES ESPECIAIS


AINDA DURANTE BASTANTE TEMPO APÓS A RECEPÇÃO.

3.1. As visitas devem continuar. “O que eu fiz para que o senhor não me visitasse
mais?”, um novo membro recebido havia seis meses perguntou a seu pastor. Antes de

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ter sido recebido, foi visitado regularmente. Durante os primeiros dois meses após sua
recepção, o novo membro será mais estreitamente ligado a sua Igreja com três visitas, no
mínimo: uma pelo pastor, a outra por um representante de um dos departamentos ao qual
o membro deveria estar filiado. A filiação se torna mais fácil se alguém se oferece para
buscá-lo de sua residência e depois novamente levá-lo. A terceira visita cabe ao padrinho
ou a um amigo.

3.2. Cada novo membro deve ter um padrinho que seja do mesmo nível social e
possua idênticos interesses. Este deve travar relações de amizade com ele, promover
visitas mútuas e, especialmente, auxiliá-lo na assistência espiritual. De vez em quando, o
pastor deve convocar uma reunião de todos os padrinhos para animá-los, discutir as suas
responsabilidades e conscientizá-los da obra abençoada que estão praticando. Se um ou
outro tiver uma dificuldade, deverá receber auxílio imediato do pastor ou da diretoria. A
tarefa do padrinho deve durar, no mínimo, seis meses, até a consolidação definitiva do
novo membro, que então pode servir de padrinho a futuros novos membros.

3.3. Enviar cartões de aniversário aos novos membros e escrever-lhes cartas


individuais de encorajamento é outra maneira delicada de integrá-los na congregação.

3.4. Um jantar anual seria outro meio de melhor integração. Todos os novos
membros, recebidos durante o ano, serão convidados com seus familiares e possíveis
prospectos amigos. A diretoria da congregação e os dirigentes de todos os
departamentos com suas esposas, também deverão estar presentes. O presidente da
congregação poderá supervisionar o programa. Deve ser uma reunião informal, alegre,
com um programa variado, para descontrair os espíritos. Os membros convidados da
diretoria deverão sentar-se misturados com os novos membros. Estes poderão tomar
parte no planejamento e na execução do programa. As despesas do jantar poderão ser
cobertas, em parte, por uma coleta livre levantada na ocasião.

3.5. Um culto anual de reconsagração deve ser conscienciosamente observado.


O domingo de Ramos e o de Pentecostes seriam datas ideais. Em comunidades muito
grandes, não é possível reconsagrar todos cada ano. Pode-se dividir, então, os membros
em grupos de períodos de cinco anos, colocando cada um no ano em que se tornou
membro comungante. Os grupos podem ser classificados nos seguintes períodos,
contando-se regressivamente a partir do ano em que estamos. A partir deste ano, os
cinco grupos seriam: 2003 – 1999, 1998 – 1994, 1993 – 1989, 1988 – 1984, etc., até o
ano dos membros mais antigos. Com um grupo, participando cada ano, todo membro
terá a sua vez cada cinco anos.
Um tal culto necessita de preparação meticulosa. O grupo a ser reconsagrado
deve receber uma carta especial de convite. Depois todos os membros do grupo devem
ser visitados com três meses de antecedência, no mínimo. Se houver caso de membros
inativos, estes ainda poderão ser revisitados pelo pastor ou por membros da diretoria,
observando-se as normas prescritas em Mt 18.15 ou Gl 6.1. Cada um dos visitados deve
receber um cartão em que se compromete a comparecer ao culto. Também um ou dois
sermões sobre Mt 18.15 ou Gl 6.1 devem ser incluídos nos preparativos, assim também
como esclarecimentos e instruções nos boletins informativos.
O culto deve ser realizado com o máximo de solenidade. Deve haver música
especial. O próprio grupo pode formar um coro e cantar seu hino de confirmação em
uníssono ou em diversas vozes. O sermão deve enfatizar o amor de Deus em Cristo
Jesus e a reconsagração a ele. No ato da reconsagração, todos os componentes do

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grupo podem repetir seu voto de confirmação. O chefe de cada ano ou classe faz um
relatório nestes termos:
O relatório do ano de .......... apresenta os seguintes dados:
1 – ................... foram aceitos como membros comungantes.
2 – ................... ainda são membros de nossa congregação.
3 – ................... filiaram-se a congregações irmãs.
4 – ................... adormeceram em Cristo.
5 – ................... estão hoje aqui presentes.
6 – ................... abandonaram a Igreja.
7 – ................... tomaram destino ignorado.

Segue-se, então, o relatório do presidente da congregação sobre o grupo todo. As


orações especiais devem expressar a gratidão a Deus por todos os membros que
permaneceram firmes e implorar as suas misericórdias sobre todos os que se desviaram.
Pode-se solenizar ainda mais o culto por alguma encenação visual como, por exemplo,
acender uma vela para cada membro que permaneceu fiel. Sem dúvida, a vela acesa
deixará em cada membro reconsagrado um estímulo para o prosseguimento de sua luta
espiritual e uma imagem mais viva na lembrança daquele dia.

4. É INDISPENSÁVEL PROPORCIONAR-LHES UM CLIMA ESPIRITUAL FAVORÁVEL NA


CONGREGAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE SUA PERSONALIDADE CRISTÃ.

Alguém uma vez perguntou a um empregado que estava arando com bois por que
estes animais iam sempre tão devagar. “Não sei, patrão”, respondeu o humilde
empregado, “acho porque eles sempre estão juntos com os velhos. Os velhos andam
devagar e eles ensinam aos novos também andar devagar.” Assim também acontece
numa congregação. Se os membros antigos estão vagarosos no trabalho do reino de
Deus, os novos procederão da mesma maneira. Como já vimos, algumas vezes a causa
de membros relapsos está mais na Congregação do que nos novos membros que se
tornaram relapsos.
Em certa conferência pastoral, um pastor declarou que ele não acreditava em
empreendimentos evangelísticos. Apontou como uma das razões o fato de haver
recebido 105 novos membros pelo trabalho de um evangelista, sendo que apenas 20
ainda permaneciam filiados à Igreja, depois de dois anos. “Acho isso estranho”, um outro
pastor respondeu, “pois eu recebi do mesmo evangelista 120 novos membros e,
verificando ultimamente a lista dos membros, tive o imenso prazer de constatar que todos,
menos seis, permanecem membros ativos de minha congregação.” (6)
Onde está a diferença? Uma Igreja desenvolveu e treinou os novos membros,
conservando-os quase todos, outra parou no ponto da evangelização e não demonstrou
nenhuma responsabilidade pelo nutrimento espiritual dos novos convertidos.
É preciso, pois, que cada congregação ofereça um clima espiritual favorável para
o desenvolvimento da personalidade cristã dos novos membros. Vamos alinhar alguns
requisitos que geram este clima:

4.1 Compreensão.
Muitas vezes, fica-se chocado com a atitude de membros mais antigos em relação
aos novos. Numa sessão de diretoria, um novo membro era o centro da conversa.
Faziam uma verdadeira dissecação de suas falhas. “Eu nunca esperava dele alguma
coisa.” “Ele procede exatamente assim como eu esperava.” “Seu mal é hereditário. Toda
a família dele é assim.” Nesse espírito choviam os comentários impiedosos. Não ocorria

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a tais críticos que a falha fundamental estava com eles, na sua falta de amor e
compreensão para com um bebê em Cristo que apenas começava a dar os seus
primeiros passos.
Compreensão é preciso, em primeiro lugar, com cada novo convertido. Devemos
saber que ele é um bebê espiritual. Necessita dos mesmos cuidados que um bebê
natural. Ninguém espera de um bebê comportamento de adulto. Todo o cuidado é pouco
para cuidar dele e protegê-lo contra todos os perigos. Na educação moderna, é
condenada a atitude de falsos pedagogos que não consideram as crianças como tais,
mas querem educá-las como pequenos adultos. Na educação espiritual da Igreja, se dá o
mesmo. Uma criança espiritual deve ser considerada como tal. Ela precisa do nutrimento
correspondente à sua natureza e especialmente de uma ilimitada compreensão dos
membros espiritualmente adultos. Um dos princípios fundamentais de nossa atitude em
relação aos novos é crer na sua sinceridade. Se entraram na Igreja, é porque querem
tornar-se cristãos cada vez melhores.
Em lugar de criticá-los, cada membro mais experimentado da congregação deve,
como disse alguém, “pôr mãos carinhosas sobre os seus ombros”.
Nenhum livro ilustra melhor a luta e as necessidades de um novo convertido do
que o famoso livro escrito já faz centenas de anos e sempre ainda atual e traduzido em
inúmeras línguas, O Peregrino, de John Bunyan. Nesse livro, o personagem principal,
que se chama Cristão, começa a sua peregrinação aqui na terra rumo ao céu. Cristão
larga o seu fardo de pecador ao pé da cruz, bem no início da história. Depois, passa por
muitas e variadas experiências, conservando-se, porém, sempre no caminho da Cidade
Celestial. Enfrenta dificuldades muito sérias, como a luta com Apolião, no Vale da
Sombra da Morte e na Feira da Vaidade. Essas dificuldades surgiram logo depois de sua
conversão. Enquanto palmilhava o caminho da consagração, surgiram outras dificuldades
como as Montanhas Deleitáveis e a Terra de Beula. Mas um dos aspectos mais
comoventes de todo o livro é que, diversas vezes, surge em cena para ajudá-lo um cristão
mais experimentado, chamado Evangelista, que, já bem no começo, lhe apontou o
caminho da Cruz, depois foi a seu encalço várias vezes, confortando-o na tristeza,
corrigindo-o no erro, aconselhando-o, quando colocado em face de uma escolha e
encorajando-o para a consagração. Assim deve ser cada membro mais antigo de uma
congregação, como aquele evangelista, ajudando e encorajando o novo. Então poucos
abandonarão a congregação, e o próximo requisito já estará plenamente preenchido.

4.2. Companheirismo altruísta.


Altruísta é uma pessoa que se dedica ao próximo desinteressadamente, com
abnegação, olhando apenas o seu bem-estar, sacrificando para isso seus próprios
interesses, se necessário. Certa vez, uma pessoa discutiu comigo sobre o mandamento
do amor: “Ama o teu próximo como a ti mesmo.” O meu interlocutor, partindo de um
ponto de vista egocêntrico, defendeu a tese de que é necessário amar o seu próximo
como a si mesmo, mas nunca mais do que a si mesmo. Começou a atacar aqueles que
sacrificavam seus próprios interesses, sua família e bens em favor do próximo. Achava
isso fanatismo e exagero no cumprimento da lei do amor. Achava que ninguém devia se
prejudicar em favor do próximo, tomando prejuízo pessoal. Ainda poderia se
compreender uma tal interpretação na era do Antigo Testamento, quando já fora dado o
mandamento Lv 19.18, mas na era do Novo ela, é completamente inadmissível por causa
das Palavras de Jesus: “Novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros;
assim como eu vos amei, que também vos ameis uns aos outros. Nisto conhecerão todos
que sois meus discípulos: se tiverdes amor uns aos outros.” (Jo 13.34,35) Jesus não
disse: que vos ameis uns aos outros como a vós mesmos, mas como eu vos amei. E
como ele nos amou? Abandonando o seu conforto celestial, sofrendo aqui na terra e

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entregando a sua vida em nosso favor. Um amor, portanto, sacrifical, muito maior do que
o amor a si mesmo. Este é o sentido do amor no Novo Testamento: amar o próximo mais
do que a si mesmo, se necessário. Esse espírito demonstraram os discípulos que não
pouparam esforços para divulgar o Evangelho nas regiões mais inóspitas da terra e
encerrando a sua vida com a morte de mártir, menos um. Esse espírito demonstraram
muitos cristãos da primeira congregação de Jerusalém que vendiam suas propriedades e
bens, distribuindo o produto entre todos, à medida que alguém tinha necessidade. Esse
espírito demonstraram inúmeros cristãos através dos séculos que se destacaram a ponto
de ficar célebre uma frase de um pagão que exclamou maravilhado: “Vejam como os
cristãos se amam uns aos outros”, hábito bem estranho no ambiente social não-cristão.
Esse espírito, ainda hoje, demonstram muitos cristãos que estão prontos ao maior
sacrifício em favor de seu próximo: missionários que vão a terras incultas e se submetem
a toda espécie de privações e milhares de outros cristãos anônimos que silenciosamente
dentro de suas congregações se interessam pelo bem alheio e por ele se sacrificam muito
além de suas possibilidades.
Companheirismo altruísta é um dos requisitos fundamentais de um clima espiritual
favorável aos novos membros numa congregação. Que os membros mais
experimentados se tornem companheiros dos mais novos, não apenas daqueles que têm
afinidades com eles, mas também dos outros que nada lhes possam dar em troca, um
companheirismo desinteressado, motivado unicamente pelo amor que Jesus recomendou.
Como este espírito faz falta em tantas congregações! E como faz bem onde reina! Um
novo membro em comunidade é como uma tenra planta que cresce e viceja, porque
encontrou terreno e clima favoráveis. Qualquer congregação evangelística cultiva tal
espírito porque compreende muito bem que ninguém pode viver só. Um cristão não se
aperfeiçoa no isolamento, mas no esforço comum com seus irmãos. Um novo convertido
deve, pois, ser integrado numa atmosfera quente de companheirismo altruísta, em que
todos os grupos sociais, por mais diferentes que sejam, se nivelem numa mesma base de
camaradagem cristã e interação fraternal.
O Dr. Roy Burkhardt nos dá um exemplo adequado de como o caráter cristão e os
ideais de jovens se desenvolvem quando encontram o verdadeiro ambiente de
camaradagem cristã. Houve um grupo de jovens numa certa igreja proeminente. Alguns
eram oriundos da zona rica e outros, da zona pobre da cidade. Durante muito tempo, os
endinheirados tomavam as decisões e ocupavam os lugares mais importantes.
Foi então que entrou naquela congregação um jovem que decidiu fazer algo pelos
jovens. Trabalhou durante três anos e mudou completamente o clima espiritual daquele
grupo. Conseguiu que todos os jovens assistissem ao culto unidos, que orassem unidos,
que trabalhassem e vivessem unidos sem consciência das diferenças de nível econômico.
O grupo começou a avaliar a vida em sociedade à luz dos ensinamentos de Jesus.
O Dr. Burkhardt conta da sua visita a essa congregação durante a hora do culto.
O dirigente do culto era o filho de um milionário e a organista uma bela jovem da zona
pobre. Após o culto, um membro daquele grupo lhe disse: “As coisas mudaram aqui.
Temos um grupo de jovens admiráveis. O rapaz que dirigiu o culto e a organista são
noivos. O dinheiro está em plano secundário para o grupo. Em plano primário estão os
ideais de Jesus.”(7)
Vemos, nesse exemplo, o que um clima de verdadeiro companheirismo cristão
pode realizar. Um ou outro sozinho jamais teria atingido, mas juntos conseguiram. John
Dewey disse certa vez: “O melhor caminho para salvar um jovem é salvar o seu grupo.”
O espírito de companheirismo não deve se limitar apenas à esfera das atividades
sérias, mas também às recreativas. Alguém disse: “Aqueles que se divertem juntos,
podem trabalhar melhor em conjunto e aqueles que lutam num mesmo time esportivo
podem lutar melhor juntos na obra comum da Igreja.”(8)

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Em certo lugar nos Estados Unidos, houve uma paróquia rural com três
congregações. Durante muito tempo, o trabalho estava regredindo. Nos sábados à noite,
a juventude daquela paróquia se dirigia à cidade vizinha e retornava de madrugada
intoxicada e corrompida. Então, um jovem pastor, sem equipamento extraordinário, mas
de espírito jovial e sadio, aceitou o chamado. Depois de examinar a situação, disse a
seus membros da diretoria: “Não teremos futuro em nosso trabalho, se não mudarmos as
tendências mundanas de nossos jovens. Começaremos no ponto de partida de seus
interesses e não dos nossos.” A diretoria prometeu-lhe apoio. O pastor alugou um
imenso paiol e também o terreiro atrás dele. Transformou o paiol num pavilhão esportivo
de primeira classe. Preparou um campo de basebol e de futebol. Organizou, então, os
jovens das fazendas vizinhas em times. Todos os sábados à tarde e à noite, aquele
pavilhão e o seu terreiro estavam ocupados com partidas esportivas entre aqueles jovens.
O pastor conseguiu transformar por completo os hábitos juvenis daquela região. Então
começou a ligar suas atividades esportivas com a Igreja. Organizou grupos de jovens
para estudos bíblicos. Elaborou inúmeros projetos de melhoramentos de sua paróquia.
Dentro de três anos, ele havia mudado por completo a vida e o futuro daquelas três
congregações de sua paróquia.(9)
Uma noite dedicada à recreação pode ser concluída facilmente com um espírito
devocional pelo que o novo convertido compreenderá que as suas experiências espirituais
estão na base de todo esse companheirismo. Uma pequena história de fundo cristão,
canções em grupo ou em quarteto, uma breve oração, tudo serve para uma
camaradagem mais rica e deliciosa que produzirá crescimento genuíno e ligará o novo
membro mais firme à sua Igreja.
No caso de grandes paróquias, poderá ser feito um planejamento por zonas. Um
pastor com uma paróquia de 2.400 membros dividiu a sua paróquia em 24 zonas. Um
homem ou uma senhora capaz é nomeado chefe de cada zona. Cada chefe tem dois
assistentes. Cada membro de uma zona recebe uma lista completa dos componentes de
sua zona. Uma vez por mês, todos os membros de uma mesma zona se reúnem, na
igreja ou em uma casa particular. Dá-se um tempo para assuntos sociais. Assuntos da
congregação e da comunidade social são discutidos. Problemas da escola, problemas de
doenças nas vizinhanças são comentados. O programa da Igreja é apresentado. O
pastor ou um de seus assistentes usualmente está presente. Um tempo é dedicado para
o canto e, então, uma comissão serve um lanche rápido. Este pastor diz que 80% de
seus membros freqüentam tais reuniões e que agora está perdendo muito poucos
membros por falta de companheirismo. Novos moradores são imediatamente fichados na
sua zona residencial e convidados às respectivas reuniões.(10)
Devemos fazer os novos convertidos sentirem que, ao entrar na Igreja Cristã,
começam a fazer parte da maior associação que se estende muito além desta terra e
engloba todas as épocas de todos os séculos. Críticos da Igreja sempre tivemos e ainda
os temos em quantidade. Mas podemos sustentar contra eles que não existe outra
sociedade aqui na terra em que se encontre tanta prontidão para o sacrifício, tanta
fidelidade paciente para com o dever, tanta devoção autêntica e um tão sublime espírito
de companheirismo do que na Igreja de Cristo. Para manter apenas um idealismo moral,
os membros de nossas igrejas poderiam encontrá-lo em outras associações. Mas na
Igreja eles encontram uma sociedade composta de todas as raças, de todas as idades e
de todas as línguas, de todas as ocupações e de todas as classes. Nela encontram a
maior e a melhor sociedade aqui na terra. Ser membro da Igreja universal de Deus, que
privilégio! Que alegria! Que fonte de poder!

4.3. Assistência na sua educação cristã.

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Já frisamos que a evangelização não é tudo, mas apenas o começo de um


processo que se encerra apenas com a morte do convertido. O complemento da
evangelização é a educação cristã, e para ela deve haver um clima favorável na
congregação. Para que haja realmente uma educação integral, é preciso que a educação
vise no educando a três objetivos fundamentais: cultivar ideais cristãos, formar hábitos
cristãos e desenvolver as habilidades ou os dons para o serviço cristão.

4.3.1. Cultivo de ideais cristãos.


Uma pessoa convertida tornou-se nova criatura em Cristo. Houve nela uma
transformação. Muitos ideais antigos que cultivavam as preferências da carne foram
substituídos por ideais novos que favorecem o espírito. Mas nunca a velha natureza do
pecado é plenamente erradicada na personalidade do cristão. Permanece em luta com
ela, e o cristão fará tudo para que os ideais do espírito triunfem. Esses precisam ser
cultivados e fortalecidos. Vejamos alguns desses ideais.
4.3.1.1. O ideal do crescimento espiritual. Ouvimos de Jesus em Lc 2.52 que
crescia em sabedoria, estatura e graça, diante de Deus e dos homens. Em Fl 3.12, Paulo
admite que ainda não alcançou a perfeição, mas prosseguia em sua conquista. Assim,
também deve-se estimular no novo convertido o ideal de aperfeiçoamento na fé. Se
olharmos as condições de muitas de nossas congregações, constatamos que, em muitos
membros, este ideal não é cultivado. Muitos acham que, com a confirmação, estão
formados em educação cristã, que a certidão que lá recebem é um diploma de adulto e
lhes faculta a participação nos prazeres mundanos. Não participam das reuniões de sua
juventude e só aparecem nos cultos uma ou outra vez. Em casa, jamais abrem a sua
Bíblia para uma devoção particular. Como estão longe daquele homem idoso de 80 anos
que foi convertido e, depois de aceito na congregação, pediu que o colocassem no
Departamento da Escola Dominical dos principiantes, para aprender ainda muito mais do
caminho cristão de viver. Todos nós, também os cristãos antigos, devemos cultivar o
ideal do crescimento cristão até a morte, até que todos cheguemos à unidade da fé e ao
pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da
plenitude de Cristo, para que não sejamos mais como meninos, agitados de um lado para
outro e levados por todo vento de doutrina, pela artimanha dos homens, pela astúcia com
que induzem ao erro. Mas, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele
que é a cabeça, Cristo. (Ef 13.15) E a nossa preocupação primária neste crescimento
deve ser o fortalecimento do nosso homem interior, para nós sermos cada vez melhores
cristãos, e tudo que aprendemos da Palavra de Deus deve contribuir para este
fortalecimento e o que fazemos deve ser um fruto daquilo que somos. Apenas assimilar
conhecimentos cristãos, decorar versículos bíblicos sem que contribuam para o
crescimento de nosso ser cristão não vai nos conduzir a resultado algum. E se envolver
em muitas atividades cristãs sem que estas sejam um resultado de nossa atitude interior,
reduz-se a um mero ativismo infrutífero. Perguntaram a um pastor, que estava esperando
2 mil crianças para a escola dominical do próximo domingo, o que ele faria com tanta
criançada. Respondeu: “Oh, vamos enchê-los com qualquer coisa.” Mas não é assim
que se educa cristãmente. É preciso selecionar, com todo o cuidado, o material de
instrução para que se atinjam os objetivos fundamentais da educação cristã.
4.3.1.2. O ideal de cooperadores na tarefa redentora de Deus.
Existe uma antiga ilustração que conta de um homem que encontrou um grupo de
operários quebrando pedras. Perguntou ao primeiro o que estava fazendo. Respondeu
com mau humor que estava quebrando pedras. O segundo respondeu também com
fisionomia carregada que estava trabalhando para sustentar-se. O terceiro, enfim, com
um brilho no olhar, respondeu alegre: “Não vê? Estou ajudando a construir uma
catedral.” A ilustração pretende ensinar que é preciso estar consciente da finalidade

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construtiva de nosso trabalho para que nos entusiasmemos com ele. Assim também os
cristãos de nossas congregações só vão fazer com entusiasmo o trabalho, se forem
conscientizados de sua finalidade sublime, de que estão cooperando na construção do
reino eterno de seu Deus. Quantos membros de nossas congregações estão realizando o
seu parco trabalho como aquele primeiro quebrador de pedras, com mau humor, pagando
de má vontade o mínimo necessário, considerando a sua Igreja apenas um mal
necessário porque, enfim, precisam de alguém que os batize, case e enterre. Muitas
vezes, nós, os membros responsáveis, não fazemos nada para conscientizar esta gente
da tarefa sublime na Igreja. Nós, muitas vezes, também não nos empolgamos, mas
contribuímos para esta atmosfera medíocre. Disse Elton Trueblood: “Antigamente a Igreja
era uma sociedade brava e revolucionária, que mudou o curso da História, introduzindo
idéias discordantes. Hoje, é um lugar ao qual as pessoas vão e se sentam sobre bancos
confortáveis, esperando pacientemente o tempo de voltar para seu almoço domingueiro.”
O mesmo autor ainda afirmou: “O defeito básico das Igrejas Protestantes não está no fato
de suas divisões, mas na sua insipidez.”(11) Essa insipidez consiste justamente numa fé
sem aventura, numa falta de convicção de que se tem o privilégio de ser cooperador de
Deus numa sociedade redentora, em que há a única garantia de uma vida feliz que se
prolonga na eternidade. Só vamos conservar os novos convertidos, se eles estiverem
realmente convencidos de que estão engajados numa tarefa empolgante.
Uma criança, agora adulta, nunca pode esquecer o dia em que um missionário,
que muito sofrera pela causa de Cristo, estava em sua frente, e as crianças foram
convidadas a chegar à frente e apertar-lhe a mão. Esse aperto de mão selou para
sempre o ideal daquela criança de viver a mesma vida pela qual o missionário se
empenhou. É tão importante para os novos convertidos o contato com tais homens e
mulheres que fazem da vida cristã uma vida de sublime aventura e digna de ser vivida.
Os novos convertidos precisam ser bafejados com aquela atmosfera que perpassa todo o
salmo 84: “A minha alma suspira e desfalece pelos átrios do Senhor; (v. 2) Bem-
aventurados os que habitam em tua casa: louvam-te perpetuamente. (v. 4) Bem-
aventurado o homem cuja força está em ti, em cujo coração se encontram os caminhos
aplanados; (v. 5) o qual, passando pelo vale árido, faz dele um manancial; de bênçãos o
cobre a primeira chuva. (v. 6) Pois um dia nos teus átrios vale mais que mil; prefiro estar
à porta da casa do meu Deus a permanecer nas tendas da perversidade. (v. 10.) Ó
Senhor dos Exércitos, feliz o homem que em ti confia.” (v. 12)
4.3.1.3. O ideal da cooperação mútua.
É conhecida a fábula do homem cego e do coxo de Esopo. O cego pediu ao coxo
que o levasse através de um córrego, montado em suas costas. Mas o coxo respondeu:
“Não, minhas pernas estão fracas, não poderia atravessá-lo, mas as suas estão fortes.
Você não tem vista, mas eu tenho. Deixe-me subir em suas costas e eu lhe mostrarei por
onde passar.” Desse modo, os dois conseguiram atravessar o passo de água. Assim
também devem ser os cristãos numa congregação. Um cooperando com o outro para
que o trabalho seja realizado. Cada um contribuindo com os talentos que recebeu de
Deus. Onde tal ideal de cooperação é cultivado em cada pessoa, ali a obra do Senhor
está sendo feita coletivamente de modo admirável.
4.3.1.4. O ideal de cooperação com a comunidade social.
É preciso que os cristãos também cooperem com a sua comunidade social. Esta,
muitas vezes, não é o que deveria ser por causa da omissão de muitos cristãos. Os
cristãos devem ser o sal da terra e a luz do mundo lá onde moram. Podem contribuir em
muito para elevar o nível moral de seu ambiente, influenciando-o pelo Evangelho. Podem
contribuir com o seu voto na eleição de bons administradores e representantes. Podem
ajuda a combater o vício e o crime. Podem cooperar em obras sociais, auxiliando os

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necessitados, cooperando na criação de asilos e orfanatos. Podem visitar os presos nas


cadeias e os doentes nos hospitais, compartilhando com todos o amor de Cristo.
Um pastor conta que, certo dia, veio a ele Henrique, um novo convertido
recentemente aceito na congregação, e disse: “Pastor, vim pedir-lhe que risque o meu
nome da lista de membros porque perdi todo o interesse na Igreja.” O pastor havia feito,
dois dias antes, uma visita ao asilo de velhos da comunidade social e lá encontrado um
velho cego. Subitamente lhe veio a idéia de que aqui estava uma oportunidade de levar
um conforto ao velho e de, ao mesmo tempo, recuperar Henrique. Portanto, respondeu-
lhe: “Antes de atender a seu pedido, você quer me fazer um favor pessoal? Você quer ir
ao asilo de velhos e visitar o tio Frederico?” Olhou-me surpreso, mas finalmente
respondeu que iria. Mais tarde, Henrique mesmo contou-lhe o que acontecera. O velho
lhe pediu que lesse a Bíblia. Depois de o ter feito, pôs a sua mão enrugada sobre o
joelho de Henrique e disse: “E agora, Henrique, você quer fazer uma pequena oração por
mim?” Henrique quis negar, mas então pensou: “Por que não? Não é para mim. Pelo
menos posso fazer isso por ele.” Gaguejou algumas frases e se despediu. Logo depois
voltou ao pastor. Sua fisionomia era diferente e sua voz vibrava quando disse: “Pastor,
não se preocupe mais em riscar o meu nome. Eu estava enganado.”(12) Por meio de um
pequeno trabalho, feito à comunidade social, o pastor conseguiu conservar aquele
membro. Precisamos imprimir as palavras de Jesus nas almas dos novos convertidos:
“Eu vos escolhi e vos designei para que vades e deis frutos.” (Jo 15.16) Precisamos
estimulá-los para que cultivem estes e outros ideais cristãos, a fim de que possam
produzir abundantes frutos e assim desenvolver uma forte personalidade cristã.

4.3.2. Criação de hábitos cristãos.


Muitos psicólogos modernos crêem que capacidades hereditárias contribuem
menos para a formação da personalidade do que influências externas e hábitos fixos. A
personalidade é mais uma realização do que um acidente de hereditariedade. É, em
grande parte, um resultado de certos hábitos criados por experiências vitais.
Independentemente de seus caracteres hereditários, o cristão que estimula e desenvolve
hábitos sadios forma uma personalidade melhor que aquele que não o faz. É verdade
que a personalidade cristã é muito mais que um feixe de hábitos, mas esses hábitos
favorecem as profundezas de seu ser e contribuem sobremaneira para o seu crescimento
espiritual. É por isso que devemos auxiliar os novos convertidos para que criem e
desenvolvam hábitos cristãos, como seguem:
4.3.2.1. O hábito de assistir aos cultos.
Quando perguntaram a certo pastor qual era o segredo do crescimento da sua
congregação e da firmeza de seus membros, ele respondeu: “Eles assistem aos cultos e
permanecem firmes.”(13). Um evangelista que procurou reavivar uma congregação inativa
fez uso deste lema: “Cada cristão ao menos uma vez na igreja cada domingo, exceto se
impedido por doença ou emprego.”
O culto é o centro de toda a educação cristã duma congregação. O pastor
geralmente segue, na exposição de seus sermões, um sistema de apresentar toda a
doutrina cristã durante um ano. Os que faltam muito aos cultos ficam assim prejudicados
no conhecimento sistemático da doutrina cristã. Alguém comparou o nosso conhecimento
cristão com um edifício, para o qual cada culto contribui com um tijolo. Os que não vão
regularmente aos cultos apresentarão no edifício de seu conhecimento cristão uma
porção de lacunas de tijolos falhados, fácil de ruir ao primeiro embate dos ventos da
tentação. Há muitas congregações cujas igrejas estão vazias e que nada fazem para
reagir. Há outras, porém, que trabalham muito neste sentido e, quando alguém começa a
faltar, logo lhe mandam um cartão com os dizeres: “Sentimos a sua ausência no domingo
passado.”

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Não podemos sublinhar suficientemente a importância do hábito de assistir


regularmente aos cultos. Esse hábito deve ser desenvolvido já na criança. Há
congregações que não deixam as crianças assistir aos cultos. Durante o culto, realizam
uma escola dominical para elas. Há até manuais que condenam a assistência de
crianças ao culto. Não concordamos com esse ponto de vista. É claro, se o culto for
insípido e a linguagem do pastor for muito abstrata, então o culto não prejudicará apenas
as crianças, mas também os adultos. Mas se o pastor usar uma linguagem simples,
inteligível a todos, então não haverá criança que não possa seguir o seu sermão. Não
devemos privar nenhuma criança de seu direito de assistir juntamente com seus pais ao
culto. Posso falar de experiências pessoais em que crianças de cinco anos me contaram
algumas passagens do sermão do pastor. O nosso erro é que não temos escola
dominical para os jovens e os adultos. Seria tão simples organizar o programa aos
domingos de modo que todos em conjunto assistissem ao culto e depois, ou antes do
culto, todos tenham a sua escola dominical de acordo com a faixa etária. Numa das
nossas conferências, quando discutimos este problema, um pastor missionário de uma
das grandes cidades de nosso país se levantou e disse: “Eu não tenho problemas nesse
sentido. Convenci meus membros de que temos o domingo para ouvir a Palavra de Deus
e para o descanso e as distrações. Vamos usar ao menos duas horas cada domingo de
manhã para a Palavra de Deus e ainda temos todo o resto do dia para o descanso.”
Assim, cada domingo de manhã, realiza-se naquela congregação, um culto e uma escola
dominical para todos. Muitas outras igrejas seguem o mesmo sistema e, com isso,
mantêm os seus membros firmes. Talvez alguém faça a objeção de que isso não seria
possível na sua congregação, que lá os membros mal agüentam uma hora de culto. É
justamente aqui que entra a força do hábito. Devemos então, nessas congregações,
ajudar os membros a criar novos hábitos, hábitos que favoreçam mais o desenvolvimento
de sua personalidade cristã.
Certo pastor, consciente da importância do culto para as crianças, fundou uma
organização a que chamou: a Liga das Crianças Freqüentadoras dos Cultos. A
coordenadora da liga era uma senhora consagrada que trabalhou em íntimo contato com
os professores de escola dominical. Cada criança, com menos de 14 anos, era convidada
a filiar-se à liga. Todas as crianças faziam o compromisso de assistir aos cultos todos os
domingos, exceto se doentes ou ausentes de sua cidade. Assinaram duas cópias deste
compromisso, uma guardaram para si, outra deixavam com a coordenadora.
Cada membro da liga recebeu um talão, contendo um cupom para cada domingo
do ano. Entregavam um desses cupons todo domingo ao entrar no culto. Todas as
presenças eram registradas num livro. Se uma criança faltava, havia interesse imediato
de saber a causa. Quem faltava três vezes consecutivas, sem causa justificada, era
desligado da liga.
Era dado um domingo de manhã por ano à liga para um culto especial. Os que
não tinham uma falta durante o ano recebiam um certificado. Os que não tinham uma
falta durante cinco anos recebiam um Novo Testamento. O autor que contou esse
episódio disse que ele teve o privilégio de entregar pessoalmente, num desses cultos,
duas Bíblias com a concordância a dois jovens que não tinham tido uma só falta durante
15 anos. Diz o mesmo autor que, quanto sabia, nenhum membro desta liga se afastou da
Igreja. Eles assistiam regularmente aos cultos e permaneciam firmes.
Mais tarde, esse mesmo autor tornou-se pastor daquela congregação. Logo o
presidente da congregação explicou-lhe a importância da liga e disse: “Nós sempre
pedimos que nosso pastor anterior preparasse uma subdivisão de seu sermão
especialmente para as crianças. Não exigimos que ele introduza uma nova linha de
pensamento, mas que continue com o mesmo sermão, apenas ajustando uma parte para

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a compreensão das crianças. Queremos fazer as crianças sentirem que o “grande”


sermão é tanto deles como de seus pais.
O novo pastor concordou e, quando chegava a esta altura do sermão, dizia: “E
agora, crianças, o que vocês estão pensando do que digo?” Então, continuando na
mesma linha do pensamento, numa linguagem simples e com ilustrações adequadas,
apresentava a elas o mesmo tema que estava apresentando a seus pais. Empregou este
método durante sete anos com uma satisfação crescente, e muitos adultos aguardavam
este momento com a mesma ansiedade que as crianças.(14)
Ajudemos a cultivar em adultos e crianças o hábito de freqüência regular aos
cultos e teremos congregações que assistem em massa aos cultos e permanecem fiéis à
Igreja.
4.3.2.2. O hábito de orar e de fazer devoções particulares.
É preciso que cada novo convertido esteja em contato permanente com seu Deus,
não apenas aos domingos, mas também durante os restantes seis dias da semana. Isto
só é possível pela prática da oração e de devoções particulares. Por isso, devemos
auxiliá-lo também na criação deste hábito. Para nós, é mais difícil saber se o novo
convertido está praticando este hábito. Mas é preciso assisti-lo também nas devoções
particulares. Um pastor conta como conseguiu fazer isto por meio de entrevistas. Ele
aconselha uma entrevista a cada dois meses durante o primeiro ano após a recepção do
novo membro. Essas entrevistas podem ser transformadas em uma hora maravilhosa de
experiência cristã. Dificuldades são exploradas, problemas são solucionados. O novo
convertido é solicitado a falar francamente sobre o seu progresso na oração e na leitura
da Bíblia, na sua assistência aos cultos e nas suas atividades nos departamentos da
igreja. Nenhuma palavra de crítica ou de condenação é pronunciada. Mas ajuda é
oferecida. É feita uma oração em conjunto, e um panfleto ou outra literatura é
apresentada. Após uma palavra encorajadora, a entrevista é encerrada, já com as vistas
voltadas para a próxima. Há algumas congregações que presenteiam o novo convertido
com um livro de devoções para o primeiro ano de sua filiação na Igreja. Muitas vezes, a
nossa literatura cristã não é suficientemente usada porque não ensinamos às pessoas
como usá-la. Por isso, é preciso que todos criem o hábito da oração e de devoções
particulares para que permaneçam firmes.
4.3.2.3. O hábito da contribuição proporcional.
Se olharmos a situação de algumas de nossas congregações e virmos como
quase todos os seus membros estão apegados a uma taxa de contribuição, muito
reduzida em relação aos bens da maioria, nós nos perguntamos: “Qual é o problema?
Onde está a causa?. Muitas vezes, a causa é a força do hábito. É preciso então ter
coragem e mudar o hábito. Deus quer que a nossa contribuição seja proporcional aos
bens que possuímos. No Antigo Testamento, exigia 10%. No Novo, não fixou taxas a
respeito, mas há cristãos que contribuem com até mais de 10%, enquanto a maioria que
contribui com uma taxa fixa nem chega a um por cento. É preciso abrir os olhos e orientar
bem os novos convertidos para uma contribuição proporcional e é óbvio que, para isso, os
antigos cristãos têm que dar o bom exemplo, mas, muitas vezes, seu mau exemplo é a
causa por que novos convertidos não fazem mais, de acordo com o seu primeiro amor ao
Salvador. Há muitos cristãos que empregam mais dinheiro para o sustento de empresas
de cinemas, de fábricas de cigarros e de bebidas do que para o sustento de sua Igreja.
Nas coletas, aos domingos, por força do hábito, pingam a mesma moedinha no prato que
já pingavam há 10 ou mais anos, apesar da desvalorização. É preciso acordar, o amor de
Cristo nos deve constranger a mudar também esses hábitos rotineiros em hábitos
autênticos que sejam uma expressão viva de nosso sacrifício a Deus, cuja causa
queremos ajudar a promover também financeiramente e que só pode ser promovida pelo
hábito da contribuição proporcional.

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4.3.2.4. O hábito do testemunho pessoal.


Arthur C. Archibald em seu livro Establishing the Converts relata de um pastor nos
Estados Unidos cujo caráter deixou nele uma profunda impressão. Não se tornou um
grande pregador. Passou toda a sua vida numa pequena cidade, onde teve uma
congregação cujo número nunca chegou a exceder a cifra de 250. Embora a
congregação fosse pequena, seu ministério teve sucesso. Soube multiplicar-se através
de seus membros. Parecia que cada novo convertido concentrava em si mesmo as
nobres qualidades de seu pastor.
Em menos de 50 anos, saíram 20 pastores daquela congregação. Além deles,
mais 13 missionários foram a missões domésticas e estrangeiras.
Outros 12 se tornaram professores em instituições cristãs. Numerosos
profissionais e homens de negócio de caráter cristão admirável também saíram da
mesma congregação.
Qual era o segredo daquele ministério tão bem-sucedido? Archibald cita diversos
fatores. Era o seu interesse pessoal em cada convertido, era o fato de o pastor se tornar
seu melhor confidente; era aquele ao qual todos vinham com seus problemas; eram as
classes de instrução que reunia em torno de si; era o caminho pelo qual ensinava a cada
um a ler a sua Bíblia nas devoções particulares; era a sua ênfase e vigilância no que diz
respeito à assistência aos cultos e à Santa Ceia. Mas o ponto culminante de sua obra foi
a sua classe de falar em público. Regularmente juntava todos os seus membros abaixo
de 25 anos nesta classe e lhes ensinava como se expressar facilmente e sem medo. O
material que usava era completamente bíblico. Mandava a classe decorar salmos inteiros
e eloqüentes passagens dos profetas, também o sermão da montanha e capítulos inteiros
das epístolas.
Dois cultos ao ano eram colocados à disposição desta classe cujos integrantes
declamavam estas passagens bíblicas. Também conduzia debates sobre temas
religiosos. “Desta maneira”, dizia ele, “eles se tornam tão familiares com a Escritura e
com a linguagem da religião, que aprendem a expressar-se fácil e naturalmente. Eles
podem orar, porque ambos, as idéias e o vocabulário da oração, estão em suas mentes e
em seus ouvidos. Eles podem falar dos feitos de Cristo aos outros sem constrangimento”,
e então acrescentou estas palavras significativas: “Você sabe, nós subestimamos o
poder da língua como fator para edificar nossas convicções cristãs e estabelecer nosso
caráter.” Com esse equipamento, enviou seus membros ao mundo onde não escondiam
seus dons e não se envergonhavam de sua confissão. Agiam com segurança e com
domínio próprio, tornando-se assim líderes cristãos. Ele os equipou para o testemunho
pessoal.(15)
Cada novo convertido deve ser ensinado como usar seu poder da palavra, no
serviço de Cristo. Muitos tímidos devem ser encorajados. Muitos se assustam com o
som de sua própria voz e devem aprender o autodomínio. Poucas coisas trazem mais
segurança para a nossa fé do que o testemunho público. Este é um dos meios apontados
por Deus para o nosso crescimento espiritual. É a vontade de Cristo que todos os seus
seguidores se tornem suas testemunhas. Em muitos casos, é a culpa do pastor e da
congregação, se estes novos convertidos jamais aprendem a falar e a orar em público.
Houve uma professora de uma escola dominical que realizava a tarefa importante
de ensinar a seus alunos a prática do testemunho pessoal. Ao menos uma vez por mês,
ela convidava os membros da congregação para que assistissem aos testemunhos de
sua classe. Ela então costumava dizer: “Filhinhos, hoje é o domingo do testemunho.
Vamos dar cinco minutos a todos que amam seu Salvador e gostariam de falar do amor
dele.” Um outro domingo, dizia: “Domingo que vem é o domingo do testemunho.
Desejamos que todos vocês, que amam o Senhor tragam algum versículo da Bíblia que
decoraram ou uma estrofe de vosso hinário que expresse aquilo que gostariam de dizer.”

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Outras vezes, dizia: “No próximo domingo, desejamos que todos vocês que amam o
Senhor nos digam a quantos rapazes e moças vocês falaram durante a semana a
respeito de Deus e de sua Igreja.”(16)
A professora prosseguiu com este encorajamento para o testemunho por muitos
anos. De sua classe saíram muitos que mais tarde se tornaram líderes na Igreja. A
questão importante é estabelecer, já na criança, a convicção de que está apta para o
testemunho já. Uma vela debaixo dum caixote rapidamente apaga. Esconder a sua fé
significa perdê-la.
É um princípio da psicologia que não conhecemos realmente uma coisa até que
possamos expressá-la. A expressão continuada aprofunda e fixa o conhecimento. As
palavras são os instrumentos com que pensamos. Os pensamentos exigem palavras. É
igualmente verdadeiro que palavras sugerem pensamentos. Palavras fazem mais do que
apenas expressar-nos. Elas freqüentemente nos governam, nos inflamam, nos desviam
ou nos encorajam. É, portanto, necessário saber manejá-las bem, principalmente quando
se trata de expressar o que consideramos o mais importante neste mundo: o testemunho
a favor de nosso Salvador. Por isso é tão importante criar o hábito do testemunho
mediante um continuado treinamento.
Um grande líder leigo da Igreja dos nossos dias contou que passou certa feita por
uma grave crise na sua vida. Estava a ponto de abandonar a Igreja. Então foi a pedido
de um amigo a uma reunião de oração. Durante o desenrolar da reunião, escutando as
orações, os cantos e a exposição da Escritura, uma sensação de paz e tranqüilidade
encheu seu coração. Depois, um homem mais idoso levantou para orar. Era conhecido
por todos como um dos que, nos últimos tempos, passara pelas mais contundentes
experiências. Sua mulher falecera sob as condições mais aflitivas. Um filho estava na
prisão, uma filha tinha se desviado moralmente. Duas vezes tinha falido nos seus
negócios. Mas sua fé era inabalável, e seu espírito sem amargura.
Quando este homem abriu a boca e confessou mais uma vez a sua fé, aquele
leigo vacilante ficou envergonhado. Mais tarde, ele confessou: “Eu percebi que os meus
problemas não eram nada em relação aos dele. Repentinamente, como aconteceu com
Pedro, a vergonha da negação de meu Senhor, por minhas dúvidas, me sobreveio. Eu
tinha de confessar minha culpa e pedir perdão.” Quando o homem idoso terminou sua
oração, ele se levantou e disse: “Irmãos, vim aqui esta noite com a alma carregada.
Tinha cortado minhas âncoras e estava resolvido a deixar a Igreja. Mas o espírito desta
reunião e especialmente o testemunho falado de nosso amigo que acabou de sentar, me
envergonhou e me sacudiu. Eu lhes peço perdão e peço perdão a meu Senhor pela
desobediência de meu espírito e agora prometo a ele e a vocês uma contínua devoção
leal.” Ele contou que saiu daquela igreja como um homem renascido, porque, enquanto
falara, sobreveio-lhe um estranho calor ao coração e uma força para o seu espírito.(17)
“Pois nós não podemos deixar de falar das coisas que vimos e ouvimos.” (At 4.20)
Pedro estava firme depois de Pentecostes porque estava corajoso no falar. Ele tinha sido
um covarde e um apóstata na negação de Jesus, porque guardou silêncio quando deveria
ter confessado a sua fé. Para conservar, portanto, os novos convertidos, as igrejas
devem reintroduzir em seus programas alguma coisa que corresponda ao testemunho dos
tempos antigos.

4.3.3. Desenvolvimento das habilidades ou dons para o trabalho cristão.


O terceiro objetivo na educação cristã é desenvolver nos novos convertidos suas
habilidades ou dons para que haja um trabalho em conjunto harmonioso e a congregação
funcione como um corpo, em que cada membro desempenhe cabalmente as suas
funções para a saúde do corpo. Infelizmente, a maioria de nossos membros não é
estimulada para nenhuma função que desenvolva seus talentos, e estes nem são

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descobertos. Há muitas vezes na congregação um clima contrário aos novos convertidos.


Quantas vezes ouve-se dizer quando se trata de eleições: “Oh, não o use. Ele é um
membro novo. Espere até que tenha mais experiência.” Mas a experiência apenas se
consegue fazendo. Recusar os préstimos de um membro novo é privá-lo do
desenvolvimento de seus dons e dar-lhe condições para um esfriamento na fé.
Muitos pastores também fazem pouco ou nada para descobrir os talentos dos
novos convertidos e engajá-los num trabalho útil da congregação. Cada pastor deve ser
conscientizado de que a eficiência de seu trabalho não consiste apenas naquilo que ele
possa realizar pessoalmente, mas também na capacidade de saber usar o maior número
possível de membros nas atividades da Igreja. Quanto mais ele sabe se multiplicar
através de seus membros, tanto mais eficiente será o seu trabalho. Alguém disse: “O
pastor que treina outros, quando se despede de uma congregação, deixa atrás de si uma
Igreja forte e eficiente; mas o pastor que fez tudo sozinho deixa para o seu sucessor um
grupo de inválidos espirituais.”(18)
Para avaliar deste ponto de vista a eficiência de nossa congregação, façamos as
seguintes duas perguntas: 1) Quantos de nossos membros alistamos em alguma forma
de atividade cristã? 2) Até que ponto lhes ensinamos que o espírito de sua nova vida é
repartir tudo que são e possuem com uma humanidade necessitada? É este o teste real
pelo qual pastores tombam ou permanecem de pé. Com este teste, o ministério de
muitos que parece insignificante, tem alta cotação, e o ministério de outros que ganha os
aplausos do mundo, tem baixa cotação aos olhos de Deus.
Na verdade, é extremamente difícil engajar todos os membros em alguma
atividade da Igreja. Os pastores jamais o conseguirão sozinhos. Para isto, é preciso um
planejamento cuidadoso e um esforço persistente. O evangelista Archibald propõe a
criação de um departamento especial que seria uma espécie de agência de empregos
espirituais. Deve ser composto por alguns dos homens e mulheres mais inteligentes da
congregação. Manteriam um fichário completo em que se acham registrados os principais
talentos e preferências de cada membro. Providenciariam também as mais diversas
formas de ocupações e atividades em que estes talentos possam ser empregados. Para
conhecer as habilidades e preferências particulares de cada novo convertido, propõe que
se mande preencher pelo novo convertido a seguinte ficha que apresentamos aqui com
algumas adaptações:
4.3.3.1. Ficha de habilidades do novo convertido
Tornando-me membro desta congregação, meu propósito não é apenas receber
ajuda, mas também proporcionar ajuda, levando o reino de Cristo às pessoas. Marquei
com uma cruzinha os campos de atividades em que penso poder contribuir para a vida e
o trabalho da Igreja:

ATIVIDADES ESPIRITUAIS
( ) Orar por outros
( ) Dirigir um grupo de oração
( ) Dirigir um culto de leitura
( ) Dirigir um estudo bíblico
( ) Dirigir devoções
( ) Distribuir literatura religiosa
EVANGELIZAÇÃO
( ) Apoiar todos os esforços na salvação de almas
( ) Ser um membro dum grupo evangelístico
( ) Fazer parte da classe de evangelização
( ) Fazer visitas de evangelização pessoal
ATIVIDADES EDUCACIONAIS

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( ) Servir como supervisor de uma escola dominical


( ) Ser professor de escola dominical
Qual o grupo por idade que prefere ................................................................................
( ) Ser um auxiliar do professor da escola dominical
( ) Dirigir uma classe de evangelização
( ) Ser um dirigente para grupos de excursão ou retiros
( ) Liderar programas recreativos
( ) Ser um visitador aos lares de membros da congregação
( ) Participar de um curso de treinamento
ATIVIDADES FINANCEIRAS
( ) Fazer uma promessa para o orçamento da congregação
( ) Fazer uma promessa para missões
( ) Cooperar nas campanhas de mordomia
( ) Participar da Comissão de Finanças
( ) Participar das visitas de membro a membro
( ) Praticar a mordomia bíblica
( ) Assistir a cursos de mordomia
MÚSICA
( ) Servir de organista
( ) Tocar violão
( ) Tocar violino
( ) Tocar piano
( ) Tocar numa orquestra
( ) Dirigir a orquestra
( ) Ajudar com música na escola dominical
( ) Cantar no coro da congregação
( ) Cantar no coro dos jovens
( ) Dirigir o canto da congregação
( ) Cantar solo
ARTES DRAMÁTICAS
( ) Dirigir programas dramáticos da Igreja
( ) Participar de apresentações dramáticas
( ) Planejar programas para dias especiais
( ) Ensaiar crianças para programas especiais
SERVIÇOS MANUAIS
( ) Dobrar boletins informativos
( ) Servir às mesas
( ) Ajudar na cozinha
( ) Pintar letreiros e cartazes
( ) Auxiliar no gabinete da igreja
( ) Auxiliar na conservação da propriedade
( ) Servir como recepcionista
( ) Operar o mimeógrafo
( ) Servir de datilografo
Outras formas de serviço .....................................................................................
ATIVIDADES COMUNITÁRIAS
( ) Ajudar em campanhas a favor de melhoramentos sociais
( ) Cooperar na assistência social
( ) Ajudar no sustento de hospitais, orfanatos, etc.
( ) Votar como um cristão

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O departamento ou a comissão que cuida deste setor, terá outra ficha que registra
as oportunidades de serviço. Esta ficha pode ter a seguinte forma:

4.3.3.2. Ficha para oportunidades de trabalho

Natureza da atividade ______________________________________________


Relacionado com que organização ___________________________________
Quais são as habilidades necessárias:
1) Primárias _____________________________________________________
2) Secundárias ___________________________________________________
3) Idade _________________________ ( ) Homem ou ( ) Mulher
4) Quando o obreiro é necessitado? __________________________________
5 ) Algumas exigências especiais? ____________________________________
Nome ou novo membro habilitado para esta tarefa _______________________
(19)
Data da designação: _______________________________________________

Noventa por cento dos talentos latentes dos novos membros jamais são
descobertos. Não são descobertos porque nenhum esforço é feito para tal. Se, porém, a
congregação souber se organizar e tiver uma comissão especial para este trabalho tão
importante, então haverá uma congregação cada vez mais ativa. Mas como já dissemos,
em tópico anterior, a simples atividade não conduzirá a nada se não houver
conscientização dos ideais sublimes de cooperar no trabalho mais importante desta terra
em que todos são cooperadores na construção do reino eterno de seu Deus. E,
lembremo-nos sempre de novo, toda esta organização de nada adiantará, se não for
conduzida por Deus e levada em frente pelo poder do Espírito Santo.
Divinas correntes do poder do Espírito Santo devem perpassar incessantemente a
Igreja. Só então a Igreja pode conquistar novos membros e nutri-los. Essas correntes
não são emocionais, mas espirituais. Um engenheiro estava ocupado em abrir fossos e
colocar tubos para conduzir gás natural de um lugar para outro. Encontrou, em certos
lugares, partículas químicas no solo que rapidamente desintegravam os tubos de aço.
Isso foi remediado, carregando os tubos de corrente elétrica. Não apenas a corrente
preservou os tubos da corrosão, mas ainda transformou as partículas de ferrugem em
aço, reintegrando-as no tubo. Assim acontece exatamente numa Igreja sadia, quando
novos membros nela são integrados pela corrente divina do Espírito Santo. Se não existe
esta corrente divina atravessando toda a congregação, todos os esforços de conservação
são inúteis.(20)

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APÊNDICE

1. Proposta para uma comissão evangelística:

Congregação
|
Pastor e Diretoria
|
Presidente da Comissão
Evangelística
|
Comissão Evangelística
|
1. Dirigente da 2. Dirigente da 3. Dirigente da 4. Dirigente da
secção de vida secção de secção de fichários secção de visitas
espiritual conservação
a) clima a) assimilação de a) censo de todas as a) visitas planejadas
evangelístico novos membros famílias da região a membros inativos,
b) cada membro uma b) identificação e b) identificação de a novos membros e
testemunha restauração de novos moradores e a todos os membros
c) evangelização membros inativos visitantes periodicamente
local e de áreas c) serviços de cura c) lista de prospectos b) alistamento e
d) material e d’almas de todas as fontes treinamento de
estímulo para d) transferências e visitadores
devoções acolhimento de c) material
domésticas membros de igrejas correspondente:
e) grupos de estudo irmãs em trânsito folhetos, fichas, etc.
bíblico e de orações d) relatórios
|
Vida Congregacional
(Cultos, escola dominical, escola paroquial,
serviço social e outras atividades)
|
CADA MEMBRO UMA
TESTEMUNHA

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2. Outro modelo

PASTOR
|
Secretário da Comissão
Evangelística
|
Comissão Evangelística
|
Comissão Evangelística
|
1. Seção do 2. Seção da 3. Seção das 4. Seção da 5. Seção dos
fichário hospitalidade visitas conservação padrinhos

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Nesse último diagrama, as atribuições da seção do fichário consistem na


organização de todos os tipos de fichários. A seção da hospitalidade cuida em chamar
bem-vindos todos os visitantes, registrando-os e encaminhando os prospectos, anotando
também os ausentes, enviando-lhes cartas, boletins, etc. A seção das visitas deve cuidar
de todas as visitas, encarregando para tal também outros membros não pertencentes à
seção. A seção de conservação pode ser a própria diretoria, eleita pela congregação, e
encarregada principalmente da cura de almas. A seção dos padrinhos tem a incumbência
de arranjar padrinhos para os novos membros e de fazer tudo para integrá-los na vida
congregacional.

3. Modelo de cartão para prospectos

(Frente)
Nome: ..............................................................................................................................
Endereço ..........................................................................................................................
Bairro: ...................................................... Ref. ................................................................
Filhos:............................................................................ Id.: ............................................
............................................................................................ Id.: ......................................
…………………………………………………………….……. Id.: ......................................
Profissão: .............................................................. Horário disp.: ...................................
Observações: ...................................................................................................................
(Horário disponível quer dizer qual o horário que o prospecto dispõe para as visitas)

(Verso)
Visitador: ................................................................................ Data: ...............................
Obs.: ................................................................................................................................
Visitador: ................................................................................ Data: ...............................
Obs.: ................................................................................................................................
Visitador: ................................................................................ Data: ...............................
Obs.: .................................................................................................................................
Visitador: ............................................................................... Data: ...............................
Obs.: ................................................................................................................................

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BIBLIOGRAFIA CITADA

1 Christianity Today. Novembro 11, 1966, p.4.


2 Lukass, João. Evangelismo Eficiente. São Paulo, 1967, p.11.

II

1 Christianity Today. Novembro 11, 1966, p.5.


2 Graf, Arthur E. The Church in the Community. Michigan, William B. Eerdmans
Publishing Company Grand Rapids, 1965, p.14.
3 Sweazy, George E. Effective Evangelism. Harper & Brothers Publishers, p.38.
4 Christianity Today. Novembro 11, 1966, p.5.
5 Ibid. p.10.
6 Graham, Billy. Mundo em Chamas. Rio de Janeiro, Distribuidora Record, 1966, p.192.
7 Id. ibid. pp.196-197.
8 Id. ibid. p.172.
9 Sweazy, op. cit. p.30.
10 Christianity Today. Novembro, 1966, p.7.
11 Graham, op. cit. p.14.
12 Id. ibid. p.15.
13 Boletim do Congresso Internacional de Evangelismo em Lousanne, julho de 1971.
14 Graham, op. cit. p.9.
15 Graf, op. cit. p.24.
16 Feucht, Oscar E. Everyone a Minister. Saint Louis, Concordia Publishing House,
1974, p.11.
17 Id. ibid. p.18.
18 Lange, Philip. The Approach to the Unchurched. Saint Louis, Concordia Publishing
House, 1943, p.14.

III

1 Graham, op. cit. p.74.


2 Id. ibid. p.78.
3 Id. ibid. p.166 4 Id. ibid. p.194.
5 Graf, op. cit. p.30.
6 Graham, op. cit. p.14.
7 Id. ibid. p.83.
8 Id. ibid. pp.137-138.
9 Mundo Cristão. Vol. II, N. 1, 1967, p.14.
10 Pickett, Waskom. The Dynamics of Church Growth. New York, Abingdon Press,
1963, pp.76-78.
11 Graf, op. cit. p. 21.
12 Buck, Pearl, Minha Vida. Trad. de Herbert Caso, Porto Alegre, Editora Globo, 1960,
p.110.
13 Apology, Art. VII, Book of Concord. Philadelphia, Muhlenberg Press, 1959. In: Graf,
op. cit. p.49.
14 Formula of Concord, Art. X, ibid. In: Graf, op. cit. p.50.

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15 Graf, op. cit. p.51.


16 Graham, op. cit. p.191.
17 Graf, op. cit. p.35.
18 Pickett, op. cit. pp.97-98
19 Id. ibid. p.25.
20 Id. ibid. p.19
21 Id. ibid. pp.82-83.
22 Autrey, C. E. Basic Evangelism. Michigan, Zondervan Publishing Hause, 1961. p.19.
23 Calendário Luz e Vida, 1963. Editora Luz e Vida, Curitiba, Paraná.
24 Sweazy, op. cit. p.231.

IV

1 Sweazy, op. cit. p.96.


2 Conant, DD, J. E. Every Member Evangelism. New York, Harper & Brothers
Publishers, 1953, pp.6-7.
3 Sweazy, op. cit. p.90.
4 Id. ibid. p.95.
5 Sweazy, op. cit. p.102.
6 Autrey, op. cit. p.80.
7 Conant, op. cit. p.191.
8 Id. ibid. p.191.
9 Autrey, op. cit. p.89.
10 Conant, op. cit. pp.191-193.
11 Pickett, op. cit. p.20.
12 Sweazy, op. cit. p.97.
13 Id. ibid. p.97.

1 Vincent, Arthur M. The Christian Wittness. New York, American Lutheran Publicity
Bureau, 1957. p.17.
2 Sweazy, op. cit. p.151.
3 Leavell, R. Q. Ajudando Outrem a ser Cristão. 2a edição, Rio de Janeiro, União Geral
de Senhoras Auxiliares a Convenção Batista Braleira, p.46.
4 Pickett, op. cit. p.104.
5 Id. ibid. pp.104-105.
6 Id. ibid. p.90.
7 Id. ibid. p.104.
8 Id. ibid. p.65.
9 Id. ibid. pp.65-66.
10 Kettner, Elmer A. Adventures in Evangelism. Saint Louis, Concordia Publishing
House, 1964, p.102.
11 Id. ibid. p.103.
12 Id. ibid. p.105.
13 Peticov, Glaucia Curvacho. Evangelismo no Coração. Rio, Casa Publicadora Batista,
1959, p.46.
14 Conant, op. cit. pp.109-110.

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15 Hallenbeck, Edwin Forrest. Paixão pelas Almas. Rio, Casa Publicadora Batista, 1948,
p.35.
16 Kettner, op. cit. pp.121-122.
17 Hallenbeck, op. cit. pp.43-44.
18 Conant, op. cit. pp.180-181.
19 Kettner, op. cit. pp.109-110.
20 Graham, Billy. Paz com Deus. 2ª edição, Rio de Janeiro, Casa Publicadora Batista,
1962, p.200.

VI

1 Graham, Billy. A Plenitude do Espírito e como obtê-1a. São Paulo, Renovação


Espiritual, 1961.
2 Daniels D.D, E. J. Techiques of Torchbearing. Michigan, Zondervan Publishing
House, 1957, p.16.
3 Id. ibid., pp.17-18.
4 Almeida, Nataniel de Barros. Tesouro de Ilustrações. São Paulo, Edições Vida Nova,
nº 11.
5 Unter dem Kreuz. John Hyde, der Beter. Agosto 8, 1962.
6 Autrey, op. cit. p.33.
7 Id. ibid. p.67.
8 Almeida, op. cit. p.98.
9 Macdonald, Wiliam. Discípulos Verdadeiros. Santos, Associação para Orientação
Bíblica, abril de 1966, pp.32-33.
10 Daniels, op. cit. p.79.
11 Id. ibid. p.67.
12 Graham, Billy. A Plenitude do Espírito, op. cit. pp.23-24.
13 Daniels, op. cit. p.47.
14 Id. ibid. op. cit. p.47.
15 Daniels, op. cit. 47.
16 Id. ibid. p.47.
17 Unter dem Kreuz, op. cit.
18 Catecismo Menor. 11ª ed. Porto Alegre, Casa Publicadora Concordia S.A., 1967,
p.279, p.137.
19 Osborn, T. L. Conquistando Almas. Pindamonhangaba, O. S. Boyer, p.7.
20 Daniels, op. cit. p.57.
21 Sweaty, op. cit. p.113.
22 Autrey, op. cit. p.87.
23 Kettner, op. cit. p.102.
24 Id. ibid. pp.101-102.
25 Graf, op. cit. p.107.
26 Id. ibid. pp.109-112.
27 Daniels, op. cit. p.50.
28 Mundo Cristão. Nov./Dez., 1969, p.8.
29 Lange, op. cit. pp.18-19.
30 Summer, Roberto L. A Igreja em Chamas. São Paulo, Imprensa Batista Regular,
1965, pp.14-15.
31 Almeida, op. cit. p.226.
32 Unter dem Kreuz, op. cit.
33 Burroughs, P.E. Como Ganhar Vidas para Cristo, pp.87-88.

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34 Id. ibidem, p.89.


35 Almeida, op. cit. p.104.
36 Revista da Bíblia.
37 Gockel, Harman W. My Hand in His. Saint Louis, Concordia Publishing House.
38 Unter dem Kreuz, op. cit.
39 Revista de Jovens e Adultos. Por que os cientistas crêem em Deus. Rio, Casa
Publicadora Batista, out. nov. e dez. de 1969, pp.55-56.
40 Idem, ibid.
41 Id. ibid.
42 Almeida, op. cit. p.31.
43 Id. ibid. pp.29-30.
44 Barroco, Arthur. Ilustrações para Sermões e Palestras. Rio de Janeiro, Casa
Publicadora Batista, p.70.
45 Almeida, op. cit. p.30.
46 Barroco, op. cit. p.47.
47 Daniels, op. cit. pp.25-26.
48 Osborn, op. cit. p.36.
49 Mueller, Charles S. The Strategy of Evangelism. Saint Louis, Concordia Publishing
House, p.88.
50 Graf, op. cit. p.54.
51 Id. ibid. p.113.
52 Id. ibid. pp.51-52.
53 Smith, Lit. D. Oswald J. Evangelizemos o Mundo. Rio, Emprevan, 1969, p.82.
54 Daniels, op. cit. p.32.
55 Id. ibid. p.73.
56 Osborn, op. cit. p.16.
57 Graf, op. cit. p.46.
58 Kettner, op. cit. pp.16-17.
59 Kettner, op. cit. pp.13-16.
60 Conant, op. cit. pp. 181-182.
61 Graf, op. cit. pp.27-28.
62 Summer, op. cit. p.59.
63 Graf, op. cit. p.15.
64 Autrey, op. cit. p.33.
65 Daniels, op. cit. p.13.
66 Id. ibid. p.15.
67 Id. ibid. p.88.
68 Id. ibid.
69 Conant, op. cit. pp.92-94.
70 Summer, op. cit. p.24.
71 Conant, op. cit. 164.
72 Boyer, Orlando. Esforça-te para ganhar Almas. Rio de Janeiro, 5ª ed. Livros
Evangélicos, 1959.
73 Kettner, op. cit. pp.117-118.
74 Graf, op. cit. p.127.
75 Conant, op. cit. P.175.
76 Conant, op. cit. p.117.
77 Id. ibid. pp.116-117.
78 Boyer, op. cit. pp.30-31.
79 Smith, Oswald J. O Homem que Deus Usa. São Paulo, Livraria dos Evangélicos,
p.40.

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80 Procurando os Perdidos. Jovens e Adultos, vol. IX, nº 4. São Paulo, Imprensa Batista
Regular, p.37.
81 Smith, Oswald. O Homem que Deus Usa, op. cit. p.41.
82 Id. ibid. p.41.
83 Burroughs, P.E. Como ganhar Vidas para Cristo, p.56.

VII

1 Edwards, Gene. Assim uma Igreja conquista Almas. Rio de Janeiro, Emprevan, p.38.
2 Id. ibid. pp.11-13.
3 Mueller, op. cit. p.19.
4 Procurando os Perdidos, op. cit. p.88.
5 Edwards, op. cit. p.53.
6 Graf, op. cit. pp.125-126.
7 Id. ibid. p.129.
8 Id. ibid. pp.128-129.
9 Autrey, op. cit. p.78.
10 Id. ibid. p.78.
11 Autrey, op. cit. p.77.
12 Procurando os Perdidos, op. cit. p.14.
13 Id. ibid. p.11.
14 Stewart, James. Evangelismo Individual. Lisboa, Gráfica Monumental Ltda., p.37.
15 Autrey, op. cit. p.67.
16 Id. ibid. p.67.
17 Edwards, op. cit. p.23.
18 Procurando os Perdidos, op. cit. p.11.
19 Stewart, op. cit. p.35.
20 Graf, op. cit. p.54.
21 Lewis, Norman. O Ide... é com Você. São Paulo, Editora Leitor Cristão, 1967, pp.88-
90.
22 Sumner, op. cit. p.68.
23 Id. ibid. p.68.
24 Id. ibid. pp.67-68.

VIII
Bibliografia fundamental:
Graf, op. cit.

IX
Bibliografia fundamental:
Graf, op. cit.
Ulbrich, Armand. Manual de Evangelização, trad. de Paulo Gueths, 1973.

X
Bibliografia fundamental:
Daniels, op. cit.
Torrey, R. A. Pescadores de Almas. 4ª ed. Rio de Janeiro, Casa Publicadora Batista,
1965.

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Evans, William. Modos de Ganhar Almas para Cristo. Rio de Janeiro, Casa Publicadora
Batista, 7ª ed., 1961.
Zimmermann, Max E. Guia do Ganhador de Almas. 3ª ed., Rio de Janeiro, Casa Editora
Batista, 1964.

XI
Bibliografia fundamental:
Werning, Waldo J. Winning Them Back. Saint Louis, Concordia Publishing House.

1 Archibald, Arthur C. Establishing the Converts. Philadelphia, The Judson Press, 1953,
p.13.
2 Leavell, op. cit. p.112.
3 Archibald, op. cit. p.18.
4 Sumner, op. cit. pp.154-155.
5 Graf, op. cit. p.174.
6 Archibald, op. cit. p.26.
7 Id. ibid. p.63.
8 Id. ibid. p.69.
9 Id. ibid. p.69.
10 Id. ibid. p.71.
11 Id. ibid. p.32.
12 Id. ibid. pp.79-80.
13 Id. ibid. p.41.
14 Id. ibid. cap.5.
15 Id. ibid. p.82.
16 Id. ibid. p.90.
17 Id. ibid. p.86.
18 Id. ibid. p.73.
19 Id. ibid. pp.76-77.
20 Autrey, op. cit. p.145.

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