Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CAPÍTULO 1
CONHECENDO UM POUCO SOBRE MODA E UM POUCO SOBRE SERES HUMANOS...............................8
CAPÍTULO 2
SOBRE TENDÊNCIAS E DIFERENÇAS ENTRE PASSARELAS E VIDA REAL.................................................13
AFINAL, O QUE SIGNIFICA “TENDÊNCIA”? ...................................................................................................................14
CAPÍTULO 3
APRESENTANDO A MODA AO CLIENTE........................................................................................................................18
PARA COMEÇAR: FÓRMULAS BOAS PARA COLOCAR EM PRÁTICA..............................................................20
CAPÍTULO 4
O TRABALHO DE UM PERSONAL STYLIST E SUAS VERTENTES....................................................................25
PLANEJAMENTO FINANCEIRO.........................................................................................................................................27
UM POUCO DE PSICOLOGIA ...............................................................................................................................................28
A DIFERENÇA ENTRE ‘STYLIST’ E ‘PERSONAL STYLIST’ ...................................................................................29
CAPÍTULO 5
ALIANDO CONSUMO E AUTO-ESTIMA............................................................................................................................31
DEFEITOS FÍSICOS – ELES EXISTEM, MAS VOCÊ PODE CONVIVER COM ELES......................................32
VALORIZANDO AS QUALIDADES FÍSICAS...................................................................................................................34
DESCOBRINDO SEU BIÓTIPO E COMO FAVORECÊ-LO..........................................................................................34
A REAL FUNÇÃO DO SALTO ALTO....................................................................................................................................39
COMO IDENTIFICAR O ‘PESO VISUAL’............................................................................................................................40
CAPÍTULO 6
EXERCÍCIO DE STYLING: COMBINANDO CORES.......................................................................................................44
2
TABELA DE CORES...................................................................................................................................................................45
CAPÍTULO 7
ELEMENTOS DE ESTILO........................................................................................................................................................59
LOOKS PARA ACADEMIA......................................................................................................................................................65
LOOKS PARA O TRABALHO..................................................................................................................................................67
LOOKS PARA A BALADA.......................................................................................................................................................68
LOOKS PARA A PRAIA/PISCINA.......................................................................................................................................70
LENÇOS: COMO INCREMENTAR O LOOK COM ELES.................................................................................................71
CAPÍTULO 8
ORGANIZANDO O GUARDA-ROUPA DE MANEIRA FUNCIONAL.......................................................................76
A LEI DA SUBSTITUIÇÃO.......................................................................................................................................................76
O MOMENTO DA ORGANIZAÇÃO.......................................................................................................................................77
UM GUARDA-ROUPA COM A NOSSA CARA................................................................................................................79
FÓRMULAS PARA COMPOR LOOKS................................................................................................................................80
ROUPA BOA PODE – E DEVE – SER REPETIDA.......................................................................................................82
ROSTO: PARTE DO CORPO PRINCIPAL..............................................................................................................................84
TECIDOS NATURAIS x TECIDOS SINTÉTICOS.............................................................................................................84
ESCOLHENDO UMA MALHA MAIS REFINADA...........................................................................................................87
IDENTIFICANDO TIPOS DE FIBRAS.................................................................................................................................87
SAIBA CONSERVAR AS PEÇAS..........................................................................................................................................89
CAPÍTULO 9
A IMPORTÂNCIA DA MANUTENÇÃO DAS ROUPAS..................................................................................................91
DECIFRANDO A ETIQUETA..................................................................................................................................................93
A IMPORTÂNCIA DO FORRO (E DO ACETATO)............................................................................................................94
3
CAPÍTULO 10
APRENDENDO A COMPRAR MENOS E MELHOR....................................................................................................100
COMPRANDO ONLINE...........................................................................................................................................................105
O ERRO DE COMPRAR HOJE PARA SER MAGRA AMANHÃ................................................................................110
TAMANHO É DOCUMENTO....................................................................................................................................................111
CAPÍTULO 11
BOAS ATITUDES – PARA REFLETIR E ADQUIRIR.....................................................................................................115
COMPORTAMENTO EM FILAS E PLATÉIAS.................................................................................................................118
ALGUNS CÓDIGOS DE ETIQUETA DE MODA E COMO LIDAR COM ELES .....................................................119
CAPÍTULO 12
COMO ORGANIZAR A MALA DE VIAGEM......................................................................................................................124
BAGAGEM DE MÃO.................................................................................................................................................................129
MALAS PARA DIVERSOS TIPOS DE VIAGEM..............................................................................................................131
CAPÍTULO 13
ESTILO PARA TODA HORA..................................................................................................................................................135
INVESTIGANDO ESTILOS PARA UMA IDENTIDADE VISUA................................................................................136
MENOS IGUALDADE E MAIS PERSONALIDADE.......................................................................................................137
QUAL O OBJETIVO DE ESTAR SEMPRE APRESENTÁVEL?...............................................................................138
A EXPECTATIVA CERTA........................................................................................................................................................140
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
4
A expressão, originariamente inglesa, pode ser traduzida e adaptada para o português como
“profissional que visa cuidar de seu estilo pessoal”. Assim como existe o personal trainer, que
cuida, durante um período de tempo, de seus treinos físicos com um determinado objetivo
(emagrecer, ganhar definição muscular e etc.), o personal stylist dedica seu tempo a montar um
guarda-roupa com um estilo que tenha a ver com a sua personalidade.
Para entender melhor, vamos esmiuçar cada passo relacionado à profissão, desde o auto-
conhecimento, onde há um estudo de personalidade que é feito com cada cliente para descobrir
seus gostos nos mínimos detalhes e, então, definir seu estilo, até os conhecimentos básicos sobre
moda e styling – no que diz respeito a vestuário, proporções, biótipos, coordenações de cores,
5
Lidar com pessoas pode parecer uma tarefa simples, mas não é. E toda essa complexidade
está relacionada ao fato de sermos seres completamente distintos uns dos outros, com
gostos diferentes, opiniões diferentes, formações e criações diferentes. Tudo isso implica em
personalidades que precisam ser estudadas e entendidas para poder se chegar a um objetivo
que, para o personal stylist, é adequar a moda ao gosto e, principalmente, à vida de seu cliente –
e, fazê-lo, por consequência, ficar satisfeito com esta adequação (ser feliz com ela).
Você já entendeu conhecer o cliente é um dos pré-requisitos principais e tudo começa com uma
boa e longa conversa. Uma boa maneira de dar início a esse conhecimento e a identificar seus
gostos, além do bate-papo, é elaborando um mini-questionário.
Comece com perguntas básicas e vá até as mais pessoais, gradativamente. Por exemplo:
»» Idade (apesar de ser considerado uma indiscrição, saber a idade neste contexto é
fundamental);
»» Profissão;
»» Casado(a)?
»» Tem filhos?
»» Peso
»» Altura
8
»» Pratica esporte?
»» Cor(es) favorita(s)
»» Filme(s) favorito(s)
Autêntica;
»» “Tecidos: História, Tramas, Tipos e Usos”, por Dinah Bueno Pezzolo – editora Senac São
10
Paulo.
e vida real
As semanas de moda costumam apresentar novas ideias - ou renovar ideias antigas em formato
de releitura – para nos direcionar ao que chamamos de “tendências”. Acontece que, para que um
estilista escolha uma proposta para exibir em sua passarela, é necessário que ele pesquise. Você
já percebeu que o primeiro passo para atuar na área de moda é pesquisar, e muito.
Todos os acontecimentos na sociedade ao longo do tempo, de certa forma, definem o que será
tendência. Na Segunda Guerra Mundial, por exemplo, o luxo dos tecidos mais nobres foi deixado
de lado para dar lugar a tecidos mais baratos e looks mais sucintos e sisudos, por consequência;
o glamour das saias rodadas saiu de cena para que as saias de corte reto passassem a ser “a
modelagem da moda”. Isto porque a economia estava em queda e as fábricas não disponibilizavam
de recursos para criar roupas tão elaboradas – e nem a população disponibilizava de grande
poder aquisitivo para consumi-las.
Este ciclo infinito de “acontecimentos na sociedade = tendências de moda” é eterno e, por isso,
todo designer precisa olhar para o mundo e pensar o que é viável para a sociedade consumir
naquele momento específico; em tempos de crise econômica, por exemplo, não é prudente
colocar na passarela algo que despenda de muito investimento. Se pegarmos um exemplo atual
de “moda econômica”, temos as infindáveis parcerias entre marcas conceituadas e lojas de fast-
fashion (as famosas redes de departamento). Desde que começaram, fizeram tanto sucesso
que cada vez mais grifes no Brasil e ao redor do mundo apostam nesse estilo de trabalho. As
empresas, com o intuito de gerar mais renda, encontraram uma maneira de disponibilizar para
a grande massa de consumidores peças de roupa com melhor qualidade por um valor mais
acessível; o resultado é um volume muito maior de vendas,
onde todos saem ganhando.
13
Mas é claro que nem tudo o que se vê nas passarelas e nos editoriais é passível de
vender, existe uma coisa que se chama ‘conceito’; para os estilistas, moda conceitual
é algo cada vez menos presente – mas, ainda assim, existe. Este conceito gira em
torno de diversos objetivos, que podem ser um protesto, uma homenagem a algum
conceito não é feita necessariamente para ser vendida (ao menos para “pessoas
Uma palavra que se tornou tão “arroz com feijão” no dia a dia de quem lida com moda merece
ser explicada – até porque, muita gente que a usa não tem a mínima ideia de seu real significado:
de forma bem resumida, uma ‘tendência’ é chamada assim porque saiu das passarelas e
rapidamente conquistou as ruas; virou ‘febre’. Para citar bons exemplos atuais de tendências,
temos as peças assimétricas, os sneakers, os moletons usados com peças mais sofisticadas (de
14
alfaiataria, por exemplo), as t-shirts com caras de bichos, as saias plissadas, os jeans rasgados,
entre tantas outras. O chamado mood sporty, que pega referências emprestadas do guarda-
relacionamentos em geral, e a roupa irá apenas complementar esse sonho – e nos tornar bem-
Em alguns casos, a pessoa com quem você vai trabalhar pode não ter o costume de acompanhar
revistas de moda e outros meios de comunicação que abordem o tema (embora hoje em dia isto
seja pouco comum, pode acontecer). Ela, então, o contratou para ajuda-la com seu vestuário, mas
não tem muito (ou nenhum) conhecimento sobre tendências. Seu papel, neste caso, é introduzir
o tema aos poucos para o cliente, para que ele conheça e escolha, junto com você, aquilo com
o que mais se identifica – trata-se, de certa forma, de uma educação de styling. O profissional e
o cliente, juntos, vão estudar tudo ao redor e identificar as possibilidades dentro daquilo que já
existe e que pode existir.
À medida em que o cliente eleger suas preferências, você irá contrabalancear suas escolhas com
aquilo que é mais apropriado. Pense em alguns pré-requisitos:
»» Idade
»» Proporção
»» Ocasião
»» Clima
»» Fatores Econômicos
Partimos, então, do princípio de que um guarda-roupa de uma jovem de 20 anos não pode ser
o mesmo que o de uma mulher de 50 (ao menos, dentro do conceito do ‘bom senso’). Quando
uma cliente diz gostar de certo vestido - por exemplo -, de comprimento super curto, você deve
procurar uma alternativa que se encaixe ao seu perfil – no caso de uma mulher de 50 anos,
um modelo de comprimento midi (vulgo “altura dos joelhos”). Se a cliente em questão tiver
18
preferência por peças que mostrem o corpo, dê-lhe alternativas inteligentes para satisfazer essa
sua necessidade: roupas com recortes, que podem ser assimétricos, podem ter decotes, porém
Quer um exemplo? Uma camisa branca de chiffon pode ser composta por uma calça
blazer e a calça por um short de renda ou de alfaiataria com sandálias flat e surge uma
combinação para o lazer. Para eventos profissionais que pedem mais sofisticação,
escolha a primeira opção de look acrescentando a ele scarpins e uma make mais
elaborada – ou, ainda, troque a calça jeans por outra de alfaiataria. Pronto: uma camisa
Recife, uma capital que fica localizada em uma região extremamente quente do país. No guarda-
roupa deste cliente deverá conter peças de tecidos leves e, neste caso, você deve pensar em
Embora cada pessoa tenha um biótipo e uma preferência de cor e estilo, existem fórmulas que o
personal pode fornecer ao cliente como ferramentas que o ajudarão a direcionar suas escolhas
Uma dose de feminilidade (para elas): não precisa sair fantasiada de “mulherzinha”;
a feminilidade de um look pode ser transmitida através de um tecido macio de se tocar, de um
caimento leve, de um decote bonito nas costas, de um comprimento um pouquinho mais curto
ou de uma coordenação suave de cores, para citar só alguns exemplos.
Já deu para perceber que todo o trabalho de um personal stylist é, resumidamente, uma delicada
jornada de conhecimento e a adaptação de quem esta pessoa é ao que ela precisa (em questão
de guarda-roupa). Principalmente pessoas que nunca se interessaram muito por moda tendem
a ser mais incompreensíveis quando o assunto é ‘vestir-se com bom senso’; o personal está ali
para oferecê-lo auxílio, portanto, alguém que contrata seus serviços deve estar ciente de que
precisa ouvir suas sugestões. Além do mais, nenhum profissional vai querer seu nome vinculado
a uma pessoa que faz péssimas escolhas na hora de se apresentar à sociedade – e é por isso que
tem que acontecer muita conversa e muita análise antes de chegar à prática do trabalho. E este
é o primeiro ponto porque você precisa se empenhar.
O termo “ser amigo do cliente” deve ser levado a sério, primeiro, porque mostra a honestidade
do seu trabalho; em segundo lugar, porque com toda calma você irá explica-lo por que, por
exemplo, usar um blazer preto é melhor para ele ou ela disfarçar a barriguinha que uma túnica
branca com transparência. A lei da proporção só é totalmente compreendida quando mostrada
na prática, por isso, um bom profissional faz questão de fazer experimentações, de acompanhar
seu cliente às lojas para ajuda-lo com as escolhas e de orientá-lo melhor quando ele fizer
compras. Principalmente a parte de ‘experimentações’ é muito importante: fazer sugestões do
que ele pode experimentar para visualizar em si mesmo a diferença entre as peças de roupa é
essencial para provar o que fica bem e o que não (para tirar a ideia da cabeça).
E então vem a parte da “consultoria financeira”: indique a ele lugares em que seja possível
encontrar o que se precisa sem gastar os turbos – quando se tratar de “modinhas”. Eduque-o
25
a pesquisar, a rodar bastantes lugares e principalmente a pensar antes de levar uma peça,
mesmo que tenha gostado dela de cara. As peças chamadas de atemporais podem e devem
ter qualidade alta e, portanto, são naturalmente mais caras – é o caso da camisa de seda ou de
- Fazer uso de roupas vintage é muito mais atual do que se pensa e transmite mais
personalidade ao look.
Pense: é mais legal ter a “imitação” de uma bata indiana de época ou ter a própria bata, que era
daquela época?
Quando alguém contrata um personal stylist é porque deseja repaginar seu estilo, dar uma nova
26
cara à sua imagem. Alguém que espera por isso, naturalmente espera ter um guarda-roupa
mais atual, com peças que estão na moda. Seu cliente quer estar na moda. Por isso, é importante
PLANEJAMENTO FINANCEIRO
Tendo muito ou pouco dinheiro, todo mundo precisa planejar mensalmente o quanto pode
gastar. Quando já se sabe do que precisa, dá para destinar um valor dentro do orçamento para
27
as compras e dá para definir parte deste valor que possa ser gasto em cada peça ou acessório.
Para pensar de maneira mais lógica a moda do dia a dia, é preciso olhar primeiro para o seu
UM POUCO DE PSICOLOGIA
O trabalho do personal é minucioso e detalhista, porque alia vertentes muito complexas que estão
direta ou indiretamente relacionadas. São elas: relacionamento interpressoal, moda – uma vez
que você precisa entender o estilo da pessoa e adapta-lo à moda atual, ajudando-a a enxergar
isso de maneira que a favoreça –, finanças – já que, de algum modo, será necessário balancear
o que o cliente pode e não pode gastar – e psicologia - que é aprender, ao longo da convivência
pessoal e profissional, do quê exatamente seu cliente precisa. A psicologia está justamente aí, em
entender a vontade do cliente e realiza-la ao máximo,
com responsabilidade e honestidade.
Esse trabalho começa lá no questionário, onde o cliente é obrigado a olhar para si mesmo para
poder responder às perguntas, que irão moldar sua personalidade; com estas e outras muitas
perguntas, aliadas a conversas e a uma boa análise de seu guarda-roupa, fica mais fácil entender
como ele pensa, como ele enxerga a vida, do que ele realmente gosta e do que ele precisa.
Aos poucos, constroe-se para o cliente uma nova visão do que é ele mesmo. Cada passo do
trabalho do profissional consultor vai transformando, na prática, a personalidade do indivíduo
em versões muito interessantes de quem ele é (e que ele nem sabia que era possível conseguir!).
É um trabalho de reforço da auto-estima, acima de qualquer outro.
28
Muito provavelmente você já ouviu a recorrente frase: “fiz umas comprinhas para melhorar
minha auto-estima”. Seguindo a linha de raciocínio exposta anteriormente, o ser humano
sente naturalmente uma grande necessidade de ser aceito. Muitas vezes essa necessidade de
aceitação é a grande causadora da “moda em massa”, que nada mais é que aquela moda que
todo mundo usa, mas ninguém realmente entende por que (e chega até a sentir vergonha de
si próprio, futuramente, ao se ver em uma foto antiga usando certa tendência). Por que isso
acontece? Primeiro, porque essa ‘aceitação’ tem que partir primeiro de você mesmo: aceite-se
e ame-se para que todo o redor o faça. Em segundo lugar, porque aquela tendência que você
e outros tantos saíram por aí usando a doidado claramente não condizia com a personalidade
de quem as estava vestindo. O que todos fizeram foi reproduzir em si mesmos(as) o que viram
nas passarelas, nas revistas ou pela rua, sem parar pra pensar se aquilo realmente tinha a ver
consigo; sem filtrá-las.
Para evitar vergonhas alheias de si próprio futuras, o personal stylist auxiliará e fará o cliente
analisar, sozinho, o que realmente traduz da forma visual quem ele é. Desta forma, torna-se
possível usar tudo aquilo de que se gosta sem medo de parecer ridículo daqui a alguns anos.
Pense em ‘consultoria de moda/estilo’ como uma jornada de auto-conhecimento; no início, o
consultor (ou personal) será um guia, mas, aos poucos, ele vai dando espaço para que o cliente
caminhe sozinho, à medida em que for aprendendo – e se gostando!
Muitas vezes, o consumo desenfreado do cotidiano, vendido por marketings a todo o tempo ao
nosso redor, nos criam uma expectativa quase que certeiramente frustrante. Porque, obviamente,
não podemos comprar tudo aquilo que vemos e de que gostamos. Essa falsa expectativa é
que nos faz sair por aí à procura de algo que não precisamos e que, muito provavelmente, não
31
iremos usar. No final da história, acabamos por ter peças perdidas no guarda-roupa, que lá ficam
encostadas por um bocado de tempo, com as quais às vezes nos deparamos e pensamos: “pra
DEFEITOS FÍSICOS – ELES EXISTEM, MAS VOCÊ PODE CONVIVER COM ELES
Quadris largos: modelagens evasé, saias e vestidos amplos, calças de boca mais larga
(também chamadas de ‘flare’);
altura do quadril.
33
Todo esse exercício de “disfarçar as imperfeições” precisa ser feito aos poucos e em conjunto.
Isto significa que, o profissional, ao lado do cliente, vai estudar seu guarda-roupa (novamente!)
com o intuito de identificar e mostrar a ele o que vai funcionar para esse objetivo e o que não.
A fase de identificar defeitinhos fisicos e treinar como escondê-los (por meio do vestuário) vem
à tona agora, neste momento: chegou a hora de auxiliar o cliente a valorizar suas qualidades. O
ser humano é, por si só (na maioria das vezes) muito autocrítico, o que torna essa tarefa bem
difícil; neste caso, o papel do personal é ainda mais necessário, porque com olhos profissionais e
de bom senso, ele vai dizer ao cliente o que ele tem de melhor e que poderá ser valorizado. Isto
pode ir desde lábios bem-desenhados, que podem ser ressaltados por meio de um batom cuja
cor está em alta, até altura, busto, pernas, enfim: qualquer característica física que o consultor
julgue boa para ser colocada em evidência.
Vamos a um exemplo prático: sua cliente tem quadris muito largos, que não ficam bem com
qualquer tipo de roupa, mas é alta. Se apropriar de sua altura com looks de efeito alongador
(como conjuntinhos ou um vestido longo de saia ampla, por exemplo) são uma ótima saída para
dois bons resultados: o disfarce de um defeito e o realce de uma qualidade.
Outro exemplo: uma cliente é baixinha, mas tem um corpo muito bom, sem gordurinhas. O
profissional vai ajudá-la criar uma altura legal visualmente – por meio de saltos e looks alongadores
de silhueta (macacão, calça flare com camisa de cores próximas, estampas alongadoras, etc) –
e, já que se trata de um corpo bonito, lançar mão de combinações que o valorize de maneira
elegante – com vestidos justos numa boa proporção, conjuntos com peças cropped, entre outros.
Para ampliar um pouco mais a ideia de disfarçar defeitos e valorizar qualidades, vamos abordar
34
um pouco sobre os tipos de corpo femininos (também chamados de ‘biótipos’) e analisar algumas
maneiras boas de lidar com cada um deles no que diz respeito a vestuário. Vale lembrar que estes
Roupas para corpo tipo ampulheta: as formas deste biótipo são conhecidas como ideais,
porque ombros e quadris estão na mesma linha. Os seios são, normalmente, médios e
as curvas são suaves e proporcionais. O ponto forte deste tipo de corpo é a cintura mais
fina; neste caso, donas deste biótipo precisam valorizar suas formas, que são bonitas e
Invista em:
• Cintos ou faixas (para deixar a cintura em evidência em vários tipos de looks);
• Tecidos fluídos;
• Produções monocromáticas (que alongam a silhueta);
• Calças e saias de tecidos leves;
35
• Vestidos cache-coeur;
• Modelagens de cintura alta ou marcada.
»» Peças estruturadas;
»» Abotoamento duplo;
→ Roupas para corpo tipo pêra: este é o famoso “corpo violão”, com ombros menores que os
quadris, cintura e braços finos e bem desenhados e seios de tamanhos que podem ir do pequeno
ao médio. O truque mais importante para esta silhueta é equilibrar o tamanho dos ombros com
os quadris e atrair os olhares para a parte de cima do corpo. É fundamental também marcar a
cintura, mesmo que de maneira sutil, pois isto tornará seu visual aparentemente mais magro;
outra preocupação para se ter é alongar o corpo, especialmente para quem está acima do peso
ideal.
Invista em:
»» Sobreposições;
Evite:
»» Bolsas à tira-colo;
→ Roupas para corpo tipo retângulo: ombros, quadris e cintura estão na mesma linha e as formas
deste biótipo costumam ser magras e com poucas curvas. As pernas normalmente são finas e,
se ganhar uns quilinhos, eles se distribuem de maneira equilibrada. Para este tipo de corpo, o
ponto de ação deve ser focado na falta das curvas; é possível tanto apostar em artifícios para
criar uma ilusão de formas e uma imagem mais curvilinea, quanto usar as roupas para desviar
os olhares de áreas como, por exemplo, a cintura. Além disso, por causa das formas retas, é
importante deixar aparência mais feminina.
Invista em:
- Saias rodadas;
- Modelagens de cintura levemente baixa;
- Vestidos-casaco;
- Calças com pregas ou bolsos;
- Pantalonas;
- Blusas feitas de tecidos fluídos.
Evite:
- Golas altas;
- Roupas muito largas (de modelagem ampla);
- Estampas exageradas;
- Blusas muito justas ou muito curtas;
- Calças de cós largo ou cintura alta;
- Cintos que contrastam com a roupa.
37
→ Roupas para corpo tipo triângulo invertido: o volume maior da silhueta neste formato está
concentrado na parte de cima do corpo. Os ombros são sempre mais largos que os quadris, a
Invista em:
- Blusas com babados na barra (ou de modelagem ‘peplum’);
- Decotes em “V”;
- Detalhes verticais, como lenços;
- Mangas de punho amplo;
- Calças volumosas;
- Saias estampadas.
Evite:
- Camisas e casacos estampados;
- Blusas com bolsos aparentes;
- Mangas elaboradas e com ombreiras;
- Casacos com abotoamento duplo;
- Leggins, calças skinny e saias feitas de material colante;
- Decote canoa e detalhes horizontais.
→ Roupas para corpo tipo oval: geralmente, a mulher de silhueta oval está acima do peso ideal
para sua altura. As linhas do corpo são curvas e o pescoço é largo; já a cintura pode ser maior ou
alinhada com a mesma largura dos ombros e dos quadris. Donas deste biótipo precisam afinar
a silhueta, esconder a barriguinha e chamar a atenção para as áreas mais finas do corpo, como
pulsos, colo e tornozelos – além de criar uma falsa cintura. Outra proposta interessante é chamar
a atenção para o rosto e também valorizar as pernas.
38
Invista em:
- Looks monocromáticos;
Colares compridos, golas coloridas e maquiagem bem-feita são elementos que podem ser
Vimos cinco biótipos diferentes que podem ser classificados mediante as medidas do corpo e
Para entender de forma prática o trabalho do personal stylist, podemos dizer que este nada mais
é que unir ideias de moda em um look real, para o dia a dia. Um stylist que trabalha com desfiles,
por exemplo, tem a função de pegar as criações do estilista para a coleção da temporada em
questão e montar, com elas, looks de passarela, que encham os olhos daqueles que assistem ao
desfile (sejam estes consumidores, sejam críticos de moda) e não têm, necessariamente, uma
preocupação em adaptar esses looks para a vida real. E este trabalho, quando trazido para fora
da passarela – que é o trabalho de personal stylist em si -, faz com que os looks que “enchem
os olhos” sejam os nossos (ou do cliente). Pinçar informações que caibam para nós, como cores,
modelagens, acabamentos e texturas, é importante para identificar aquilo que vai servir para
o nosso cotidiano. É um trabalho de styling com o nosso próprio guarda-roupa (e não com a
coleção do estilista).
Entendendo essa essência mais forte do trabalho do consultor, então, é possível mirar na prática
mais mecânica da coisa, que gira em torno de combinações. A começar pelas cores, uma análise
do guarda-roupa do cliente pode ser feita através delas: quais destas cores presentes neste
guarda-roupa vão funcionar bem com os mínimos detalhes de seu “dono”. Estes detalhes vão
desde a personalidade até os tons de pele e cabelo.
É importante estudar minuciosamente qual tom valoriza a cor de pele e de cabelo do cliente e
qual(is) tom(ns) desvaloriza(m) – para sugerir dispensá-lo(s) –, qual(is) textura(s) combinam
melhor para certos tipos de cores e estampas, e por aí vai. A lista é bem extensa e, na verdade, o
profissional só consegue realmente desenvolvê-la depois de estudar muito bem o guarda-roupa
em questão e, depois, experimentar na prática o resultado – só assim ele poderá concluir o que
44
ali serve e o que não. Para exemplificar esta etapa de uma maneira mais objetiva, podemos
começar com algumas noções básicas:
TABELA DE CORES
Tom de pele/ Cores claras Cores escuras Cores em Cores para NÃO
cabelo ‘stand by’ usar
* Branco * Azul * Azul Marinho * Bege * Amarelo
(caucasiano) * Laranja * Azul Petróleo * Branco
* Cabelos loiros * Lilás * Marrom * Creme
* Rosa * Preto * Nude
* Verde * Vinho
45
É importante que o cliente dê bastante atenção às cores que não são indicadas a ele usar, isto
porque seu tom, por algum motivo, desvaloriza o visual. No caso das loiras de pele branquinha,
Se, por outro lado, seu cliente tinha uma ideia ruim sobre combinações com cores fluo, por não
gostar de tons muito fortes, será possível mostrar a ele na prática que duas cores alegres podem
cair muito bem quando usadas juntas – não se esquecendo de eleger tons que combinem com
Apesar das premissas mostradas em tabela e baseadas em tons de pele no tópico anterior,
existem tonalidades que cabem para todos os tons de pele – e combinações boas para cada uma
destas tonalidades. Quem está aprendendo pode começar a se orientar por elas.
→ Mostarda: cor polêmia e, até pouco tempo, esquecida no limbo fashion, essa ramificação de
amarelo nunca foi dos tons mais fáceis de combinar. Apesar de alguns ‘contras’ – como deixar
a aparência amarelada –, é um tom que aos poucos foi conquistando seu espaço no pantone e,
hoje, é considerado até mesmo um neutro. Apesar de um bom resultado só ser comprovado
mediante a experiência (ou seja, o cliente tem que fazer experimentação!), existem alguns
caminhos para começar. Com a cor mostarda, dá para tentar as seguintes coordenações:
*Mostarda+neutros elegantes
Além dos chamados ‘neutros universais’ – que são o preto e o branco –, dá para tentar usar a cor
com outros tons equivalentes. O que ficaria bom com branco, por sua vez pode funcionar com
nude, gelo, creme, salmão e pérola; e o que funciona super bem com preto também tem grandes
chances de dar certo combinado ao azul-marinho, ao vinho, ao cinza-chumbo, ao marrom e ao
petróleo, que são neutros equivalentes. O resultado é um look super descolado, já que o próprio
mostarda não é um tom padrão e está sendo coordenado a esses neutros mais originais.
*Mostarda+ acessórios metalizados
Já tem um tempo que as cores metálicas entraram para o leque de apostas – principalmente
de inverno. Com acessórios a coisa não é diferente e, nada mais certeiro para levantar uma cor
(e um visual monocromático), que investir em acessórios de peso em tons como o dourado, o
prateado e o bronze. Com a cor mostarda não é diferente e, de quebra, este pode ser um jeito
ótimo de montar um look para a balada.
47
Preto
O integrante dos neutros universais é fácil de combinar com toda a cartela do pantone e, também,
com todos os tons de pele. Sua fama de neutro, no entanto, pode ser contestada por meio de
elementos interessantes que transformam o look no ato. Vamos ver algumas ideias:
Preto+outros neutros
Apesar de a maioria das pessoas pensarem logo em jogar uma cor super forte para equilibrar
a seriedade do preto em um primeiro momento, a boa funcionalidade desta cor (ou “não-
cor”) é muito maior com outros neutros claros – branco, gelo, creme, bege. Isto porque, o que
primeiramente era apagado, se acende e se torna muito mais elegante e mais fácil de ser
visualizado. Esta é, também, uma forma de montar um look automaticamente mais elegante – o
que vai definir o teor da ocasião é o recorte das peças.
Branco:
É o outro neutro universal que também pode ser totalmente transformado se as táticas usadas
forem as corretas. Principalmente no verão, as calças brancas são bastante procuradas para, por
exemplo, fazer parte de looks de trabalho. E dá para quebrar a monotonia e manter a elegância
48
Branco+cores acesas
Mais apropriado para lugares e ocasiões informais, a combinação do branco com tons mais vivos
deixa uma produção bastante moderna. Pessoas de pele mais escura ainda têm a vantagem de
ter o branco de cara como uma cor de contraste e podem abusar dessa tática para se divertir
ainda mais experimentando muitos tons. O único cuidado a se ter é com a quebra da silhueta
(assunto mencionado no tópico anterior); se o branco aliado a tons neutros alonga, o oposto pode
acontecer quando se está coordenado-o a cores impactantes. Para evitar um visual achatado,
por exemplo, é bacana investir em peças de corte reto e alturas equivalentes – um macacão
branco com um blazer amarelo; um conjuntinho todo branco com cardigan em outra cor (pink,
por exemplo!) cuja altura seja equivalente à barra da peça de baixo; um minivestido com blazer
ou jaqueta azul-royal – e assim sucessivamente.
Petróleo
Localizado no pantone bem entre o verde-escuro e o azul-escuro, seu tom permite um bocado
de combinações interessantes com diversas cores. Alguns o consideram neutro, outros dizem
49
que é um escuro ousado, já que, quando combinado a tons vibrantes, passa uma mensagem
cheia de personalidade e modernidade. Para inspirar, aqui vão algumas sugestões:
Petróleo+metalizados
Aqui, ao contrário da cor mostarda, que se restringe mais à coordenação de metálicos nos
acessórios, dá para abusar e levar esse contraste para as próprias peças de roupa (uma saia de
paetês prateada, por exemplo). A proposta é bem mais sofisticada – e se sofistica ainda mais
dependendo dos complementos com os quais for coordenar –, mas ainda assim é harmônica.
Se pensarmos em acessórios, dá para ir pelo mesmo caminho: dourado-escuro e prata (os mais
discretos) e rosado, acobreado e dourad-claro para proporcionar destaque.
Vinho:
Neutro, mas nem tanto, assim como o petróleo, o vinho traz as mesmas mensagens de elegância
e adequação quanto outros tons escuros – e permite ainda mais possibilidades:
Por ser um “clássico, mas nem tanto”, o vinho passeia muito bem por duas vertentes de
coordenação de cores: em se tratando de neutros, fica bem mais sóbrio se usado com escuros
Vinho+cores vibrantes
E como vinho é uma cor escura e fechada com uma leve tendência a colorir o visual, também
fica bom quando coordenado a alguns tons mais fortes, como os avermelhados (mais puxados
para o tomate, para quem quer se sobressair), alaranjados, arroxeados e rosados. Uma tendência
que apareceu há alguns anos nas passarelas de inverno e que se firmou, posteriormente, nos
looks de rua, foi a combinação com tons de verde. Para quem quer ousar, vale a tentativa, apesar
de ser um pouco mais arriscada.
Vinho +metálicos
Assim como o petróleo está para o prateado, o vinho está para o dourado e o acobreado. O legal
aqui é dar preferência para os chamados “tons velhos”, que pendem mais para o tom da cor
em questão (e não fatiam a silhueta!). Rosas metálicos também estão super incluídos à lista e
causam uma boa harmonia visual.
Rosa:
É, disparada, a cor mais feminina de todo o arco-íris, o que torna, também, uma das cores
mais difíceis de ser usada por adultos, por medo de parecer que a roupa é emprestada da
filha adolescente. Por incrível que pareça, é possível montar produções que passem longe do
visual caricato de “Barbie” e coordenar o tom a outros que parecem improváveis – mas não são.
Exemplos:
Rosa+surtons
51
Esta é a combinação mais óbvia – e talvez a mais evitada. Apesar de parecer infantil, dá para
abusar das ramificações do rosa – nude, rosé, salmão – de forma mais adulta: basta apostar em
Rosa+cores vibrantes
Aqui o cuidado deve ser maior, uma vez que a própria cor usada como ponto de partida já tende
a ser mais infantil; logo, dependendo da segunda cor escolhida, o visual pode ficar infantil ao
quadrado. Alguns tons que podem ser combinados sem medo são o laranja-terroso, o vermelho
(‘pink & red’ foi tendência algumas estações atrás) e o lilás. E quando falamos em combinações
com estas cores, não precisa ser, necessariamente, com peças de roupa (por exemplo, calça +
blusa); é mais bacana até, dependendo do tom, investir nos famosos pontos de cor – por meio
de acessórios – ou, até mesmo, em uma estampa.
→ Bege: este neutro claro que também já ganhou a denominação “cor-da-pele” pode ser mais
versátil do que se imagina no que diz respeito a ‘visuais para o dia a dia’. São três as formas de
coordená-lo de modo a levantar a personalidade do look e, ao mesmo tempo, tirar o arzinho de
careta que a cor pode proporcionar. Veja:
Bege+laranja
Embora o laranja seja, de cara, uma cor muito chamativa, vale lembrar que neste tópico todos os
tons são válidos – inclusive os mais claros. Por estarem na cartela de cores quentes, o bege e o
laranja se complementam muito bem – e a cor mais viva pode ser a salvação para aquele casaco
que, supostamente, parecia apagado demais.
Bege+verde oliva
52
Pegando o gancho da atmosfera militar que dominou as apostas de algumas temporadas atrás,
o bege e o verde-oliva (ou verde-militar, para quem preferir), é outra saída de combinação para
Bege+amarelo
Das ramificações do tom, o amarelo-claro é o mais bem-vindo. Mais uma vez, é uma cor que
também fica localizada na catela de tons quentes e, por isso, é outro convidado bem-vindo na
combinação com o bege, que pode fazer as vezes de um surton. Vale, inclusive, para ser usado
em acessórios.
Laranja:
é uma das cores mais polêmicas do pantone mas, ainda assim, fácil de combinar – se pensarmos
que é um tom “irmão” do vermelho e do amarelo, cores com as quais muita gente tem facilidade
para coordenar. É um tom muito apropriado e bonito para o verão, porque não chega a ser tão
intenso quanto o vermelho, mas também não é tão eletrizante quanto o amarelo. Aqui vão
algumas ideias:
Laranja+neutros
Já que é uma cor super “acesa”, ela funciona muito bem com neutros, porque equilibra-os; desta
seleção podem fazer parte tanto os claros, quanto os escuros – marinho, marrom, terracota,
cinzas claros e escuros, creme, nude, rosê, caramelo ou cáqui.
*Laranja+coloridos escuros
É uma cor que também funciona bem com roxo-escuro, com verde-pinho e com vinho-fechado
– tons mais escuros e fechados, ainda que coloridos, funcionam melhor poque dialogam em um
contraste harmonioso entre o tom luminoso e o tom opaco, sem ficar over.
Laranja+coloridos claros
Apesar de serem coordenações mais ousadas, quem gosta de arriscar e chamar a atenção pode
apostar na combinação do laranja com rosa-pink, com vermelho, com verde-esmeralda, com
53
Laranja+estampas
Para a combinação com este tom, as padronagens mais indicadas e mais difíceis de errar são
oncinha e leopardo – porque possuem tons de bege e de marrom que são neutralizados pelo
laranja, valendo como tom-sobre-tom. Vale a tentativa!
Laranja+metálicos
Os metálicos funcionam melhor nos complementos, que podem ser em em dourado e bronze,
para agregar um valor sexy, descolado e elegante, respectivamente; já o turquesa e o lápis-lazuli
(em se tratando de acessórios como jóias), coordenados da maneira correta e sem poluir o visual,
também podem formar uma combinação bem interessante.
Verde:
Pouco explorado, o verde é uma cor que também combina com todos os tons de pele e pode
render combinações muito interessantes, que vão além do preto e do branco.
Verde+neutros
Os neutros aqui combinados ao verde podem ser subclassificados em “elegantes”, como marinho,
cinza e nude, “impactantes”, como o vinho e o roxo-escuro e “básicos” se a coordenação for com
branco, com caramelo e com areia.
Verde+coloridos
O verde-bandeira tem passe livre também para ser coordenado a tons alegres, entre eles o
laranja, o vermelho, o salmão – para cores quentes – e o turquesa, o azul bic e outros tons de
verdes para formar visuais surtons – para cores frias.
Verde+metálicos
Principalmente para acessórios, os metálicos são ótimos aliados do verde-bandeira: em dourado
deixa o look super glamuroso, em prateado fica chique e sóbrio; pérolas, pedras translúcidas,
54
turquesa e coral também podem formar combinações e contrastes bem-vindos (para acessórios).
– e também as estampas – falam muito mais que uma peça “lisa”, de apenas uma cor. Por isso,
costumamos dizer que para cada peça estampada é preciso de, ao menos, uma peça neutra. À
Um bom hábito para adquirir (e para o profissional educar seu cliente) é trabalhar grupos coesos
de cores nos armários. O primeiro passo, já mencionado no começo deste capítulo, é trabalhar
aquele grande grupo de cores que favorecem o tom de pele+cabelo da cliente, que a torna
visivelmente mais bonita; depois, pensa-se em quais cores secundárias podem combinar (e
formar um look harmônico) com estas primeiras. Seguindo essa tática, de escolher novas peças
a cada compra baseadas nas cores primárias e secundárias já selecionadas, dá para construir um
guarda-roupa coerente.
Um exercício bom para organizar cores e planejar futuras compras – que dá para ensinar aos
clientes e colocar em prática até no próprio armário –, é fazer uma lista de partes de baixo e de
partes de cima que estão lá (que são os mais usados). Paralelamente a essa lista, faz-se outra
56
anotando as cores destas peças (tanto de partes de baixo, quanto de partes de cima). Ao final
das duas listas, de partes de cima e de baixo, separa-se, na prática, tudo em cores neutras e em
Além das cores, das texturas e das estampas, para formar um bom visual é necessário todo
um processo de harmonização entre os elementos que compõem um look. Para isso, o ponto
de partida é a combinação entre peças de roupa; depois, passa-se pela escolha do sapato, dos
acessórios e, finalmente, da make e do cabelo. Mesmo que o cliente tenha uma preferência
por algum estilo específico, é normal do ser humano gostar de variar – até porque, as ocasiões
do cotidiano tornam necessárias essas mudanças. Ou seja, uma hora queremos parecer mais
formais, outra hora mais despojados, tem momentos que preferimos aparentar mais elegância
e outros – para mulheres – mais feminilidade.
Todas essas possiblidades complexas determinam o trabalho do personal em formar um guarda-
roupa versátil, não só pela combinação de peças existentes entre si, mas para tornar possível a
proposta que o cliente possa vir querer. Neste capítulo, vamos exemplificar alguns estilos mais
comuns (e mais pedidos) e dividi-los em etapas, para esboçar melhor qual caminho seguir na
hora de optar por cada um deles.
*Parecendo mais feminina
No caso das mulheres, querer parecer feminina parece algo óbvio, mas não é. Isto porque existem
mulheres que não são tão femininas por natureza e estão acostumadas a um estilo de vida que,
de repente, exige um vestuário do dia a dia mais sóbrio e sisudo. A cliente que pede ao profissional
por looks que a tornem mais feminina quer, literalmente, parecer “mais mulherzinha”. A busca
do personal para este objetivo é por peças com cores claras, “adocicadas”, com estampas florais
e tudo que possa remeter a um visual mais romântico, mas sem parecer “menininha” demais.
Então, faz-se uma listinha dos princípios básicos nos quais investir para alcançar o objetivo:
59
→ Roupas em tons pastéis: rosa, liás, azul, amarelo, verde, salmão... Eles podem ser combinados
em uma produção monocromática ou podem funcionar em uma combinação color blocking.
→ Estampas florais: outro elemento básico para uma produção feminina; as flores rementem
a visual – embora uma esteja automaticamente ligada à outra. Neste contexto, o “elegante” seria
um look mais sóbrio, mais sério, mais... comportado. Para isso, é bom investir em alguns truques
de styling:
próximo; que não faz nada para chamar a atenção, nem para ‘forçar a barra’ – ela chama atenção
naturalmente, pelo que ela é e pelas coisas boas que transmite. E agindo assim, o look torna-se
apenas um (bom) complemento.
sim, o brilho de um verniz e de um metal – tons metálicos têm tudo a ver com futurismo! E uma
vez que a veia futurista está diretamente ligada à modernidade, é certo que peças que tragam
essas características farão parte do look de uma pessoa dona de estilo moderno – mas tudo com
Normalmente, coordenar looks de academia pode ser mais difícil do que se pensa. Principalmente
para quem treina pela manhã, antes do trabalho, pensar em looks coordenáveis “só” para se
seu estilo – e o mesmo se aplica para quem gosta de cores mais fechadas e neutras.
→ a lei do ‘monocromático’ para alongar silhueta também funciona na hora da academia; se sua
intenção é disfarçar gordurinhas, pode lançar mão deste truque de styling para treinar, usando
E se para a academia estar apresentável (na medida em que a situação permite) é importante,
para o trabalho a premissa é a mesma. Quem trabalha de uniforme e, por consequência, não pode
mudar o look, pode fazer uso de elementos de estilo por meio de acessórios, de maquiagem e de
cabelo – dentro do possível. Quem trabalha em banco, em mercado financeiro ou com o poder
judiário, por exemplo, não tem necessariamente um uniforme, mas tem uns pré-requisitos para
vestir que não podem ser quebrados – e, normalmente, a opção que prevalece são conjuntinhos.
Nestes casos, também vale a pena incrementar o look com acessórios e complementos, para
injetar um pouco da sua personalidade.
Dependendo da formalidade do meio profissional, alguns truques de styling podem fazer parte
67
dos looks do dia a dia. Primeiro, é importante valorizar as formas do corpo (vide capítulo 5) e,
então, eleger peças-chave que vão compôr uma produção apropriada para a ocasião. Alguns
rodados de comprimento moderado (mínimo dois dedos acima do joelho) e calças skinny.
LOOKS PARA A BALADA
Neste momento de lazer e de diversão, é imprescindível que tanto homens, quanto mulheres
ocasião em questão; nestes casos, o salto é um ótimo complemento. Aquelas que não gostam ou
Esta é uma ocasião perigosa, porque a maioria das pessoas encara o lazer como “momento de
desleixo” e acha que só porque estão com menos roupas e em locais arejados, há espaço para se
vestir de qualquer jeito. Não!
A praia, assim como as outras ocasiões, também precisa de uma produção coerente com a
situação, onde o look que você usa vai falar sobre você. Principalmente nos tempos de hoje,
look de praia/piscina não é mais feito de forma tão simplória; marcas nacioinais investem cada
vez mais na matéria-prima para confeccionar uma peça de banho, seja maiô, seja biquíni, que
servião não só para estes locais de destino em si, como para esticar até um restaurante, ou um
passeio na orla. Portanto, é bom atentar para alguns detalhes importantes:
→ Verifique o estado das roupas de banho: maiôs, sungas e biquínis com cores desbotadas,
rasgados, laceados ou com bolinhas estão bons para ir para o lixo.
→ Para entrar e sair do local, as mulheres podem investir em saídas de praia, vestidos (longos ou
curtos) de tecido levemente transparente, macaquinhos ou minishorts/minissaias e blusas ou
70
Seja para o verão, seja para o inverno, os lenços, que podem ser feitos de diversos materiais e
estampas, são os acessórios mais versáteis na hora de compôr um look. Eles podem tanto fazer
parte da roupa, substituindo um colar, ou fazendo as vezes de um colete, por exemplo, quanto
incrementar um acessório. Quem quer repaginar o guarda-roupa e torná-lo mais versátil deve
pensar em investir em, pelo menos, dois lenços de estampas e cores diferentes.
* Amarrando lenço sem deixar tanto volume
O jeito mais tradicional de se amarrar lenços é aquele em que ele é dobrado na diagonal, em
forma de triângulo, e fica sobre o colo de quem o está usando. As pontas são passadas para trás
do pescoço e depois para frente de novo para, então, dar um nó logo abaixo do pescoço. O único
71
“porém” deste tipo de amarração é que rende muito volume perto dos ombros e dos seios – e
para quem é grande da cintura para cima não é favorável, pois pesa ainda mais a região.
por cima e a outra pelo outro lado, deixando-as presas. Para dar um acabamento mais legal,
deve-se abrir um pouco o espaço entre os “enrolados” do lenço. A aparência do resultado final é
semelhante a de um colar e com material fino fica algo leve para usar no calorão – em ambientes
Já mencionamos aqui que, antes de mais nada, o trabalho do personal stylist junto de seu cliente
é “reciclar” todo seu guarda-roupa, fazendo uma seleção daquilo que de jeito nenhum serve
para ele, daquilo que pode ser reaproveitado e daquilo que é muito bom e vai permanecer por
muito tempo ali. Muitos pensam que o fato de contratar um consultor de moda é sinônimo de
jogar todo o guarda-roupa fora e não é bem assim: renovar o guarda-roupa é justamente torná-
lo mais funcional e com a cara de seu dono, para que seu dia a dia seja mais prático e feliz –
afinal, nada mais bacana que poder abrir o armário e dar de cara com um monte de coisas que
combinam entre si e ficam bem na pessoa, certo?
A LEI DA SUBSTITUIÇÃO
Para se ter o “guarda-roupa dos sonhos” é preciso fazer uma limpa em tudo aquilo que já não
serve, ou seja, peças que não são mais do nosso tamanho, roupas manchadas, furadas, mal
conservadas ou, ainda, aquela famosa roupa do “põe-e-tira” toda vez que vamos sair (o que mostra
claramente que não nos damos bem com ela). Só com esta reciclagem, as peças que estavam
ocupando podem dar lugar às peças boas que sobraram e que, por sua vez, proporcionarão
maior visibilidade, que fará com que enxerguemos o que temos de bom ali. É aí que o número de
coordenações aumenta e as possibilidades se multiplicam: aquela velha frase do “nunca tenho
roupa” passará a não existir mais.
Após essa reciclagem, vem a chamada ‘lei da substituição’: ao comprar uma nova peça, uma
velha deve ir embora; se comprar duas novas peças, duas velhas devem sair e assim por diante.
Acostumando-se a pensar desta forma, evitamos comprar por impulso e passamos a ter um
76
O MOMENTO DA ORGANIZAÇÃO
Uma fase que fatalmente entrará nesta jornada de auto-conhecimento e estilo (próprio e de
moda) é a organização do guarda-roupa. Ou seja, tudo aquilo que está sendo adquirido e/
ou reciclado precisa estar visível para quando precisarmos fazer a nossa seleção diária (lê-se
“escolher o look que vestiremos para enfrentar a ocasião do dia”). É certo que, no dia a dia da
77
Ter um guarda-roupa coerente com a nossa personalidade não significa, necessariamente, andar
de ‘uniforme’ todos os dias; também não significa ter as roupas mais fantásticas do mundo que
Feita a limpeza e a organização de peças – em quais lugares elas devem ser guardadas -, sobra
80
espaço e ideias para montar bons looks para diversas ocasiões e diversos jeitos com o que sobra
dentro do guarda-roupa. A ideia é conseguir montar o maior número de looks no menor espaço
→ looks de frio;
→ looks de calor;
→ looks lisos;
81
Uma vez com o guarda-roupa renovado, sobra espaço para aquelas peças chamadas de ‘poucas
e boas’. E em um tempo em que a moda voa mais rápido do que nossa capacidade mental (e
82
física) consegue acompanhar, vale muito mais a pena investir em qualidade – como já dito
anteriormente – que em peças sazonais. Até porque, nem tudo que é sazonal (lê-se “está na
Por mais que a peça de baixo seja maravilhosa, tudo aquilo que usamos perto do rosto é o que
fica gravado na memória das pessoas e o que é mais rapidamente notado: um colar diferente,
um brincão, um batom de cor super vibrante, uma blusa estampada, etc. Por isso, é legal
atentar para tudo o que é usado da cintura para cima – e, sempre que puder, dar preferência
para o destaque do look nesta região. Este é um truque que facilita muito a repetição de
roupas – principalmente se esta roupa for uma peça de baixo: imagina a mesma calça preta de
sarja, mencionada anteriormente como exemplo, sendo usada por cinco dias na semana em
combinações completamente diferentes de blusas, casacos, estampas e acessórios mil. Muito
dificilmente alguém notará que a calça é a mesma: a impressão que se passará é de que se usou
um look diferente por dia. E a ideia é justamente essa!
Se, por outro lado, a peça escolhida para se repetir for uma camisa, por mais que combinemos
peças super diferentes e estilosas embaixo dela, a impressão é de que usamos o mesmo look
a semana inteira. Pensando nesta percepção, surge a ‘matemática de styling’ – que o personal
vai aplicar ao guarda-roupa da cliente: para cada parte de baixo, a pessoa precisamos ter de três
a cinco peças de cima (entre elas, casacos, blusas, tops, cardigans, etc) para cada peça única
de baixo. O resultado desta conta é um guarda-roupa ainda mais versátil, montado com mais
variedade (e mais peças de cima em mais quantidade que as de baixo – já que estas não chamam
tanta atenção) e, assim, o treino de repetição de roupa fica mais agradável e divertido. Para
vestidos, a matemática é mais restrita: dê menos espaço a vestidos no seu guarda-roupa, porque
são peças que não permitem tanta (ou quase nenhuma) variedade. Isto influencia, inclusive, na
hora de comprar: ao nos depararmos com uma liquidação, precisamos olhar para nosso armário
e pensar: “do que mais preciso? Roupas de baixo ou de cima?” e, então, fazer a compra inteligente.
Valorizar o próprio guarda-roupa significa, também, dar valor ao que existe de melhor qualidade,
como já falamos – e, em se tratando de ‘moda’ e ‘roupa’, os tecidos estão diretamente ligados.
Para começar, é super válido se aprofundar um pouco mais no assunto, uma vez que lidamos
um preço muito alto por uma peça de roupa de tecido 100% sintético, uma vez que seu material
não permite que ela seja tão durável.
*Peças com material natural transmitem mais elegância e são mais duráveis
podem ir para qualquer lugar e, dependendo da ocasião, podem ser facilmente coordenadas às
outras mais informais. São, acima de tudo, muito versáteis.
Mas ao contrário do que possa parecer, a malha não é vilã; existem inúmeras situações em que
Poucos sabem, mas existem maneiras de deixar a malha mais refinada. A peça em questão pode
ter uma modelagem mais interessante, pode ter uma textura mais fina ou uma leve transparência
e pode, ainda, ter cores mais neutras (ou mais vibrantes!). Existem muitas marcas atuais que têm
fabricado camisetas em malhas finas, por exemplo, com cortes e estampas que fazem com que
não se trate apenas de uma simples camiseta. E estas, normalmente, são as peças mais em
conta da coleção.
As peças em tecido plano também podem aparecer de maneira mais moderna, com modelagens
menos clássicas, em cores mais vivas, com estampas ou texturas diferentes ou até mesmo
mais opacas. Acabam por custar mais caro, mas lembre-se de que são, automaticamente, mais
duráveis.
Já disse, certa vez, um influente profissional do mundo da moda, que “vale mais investir no
melhor sintético que comprar o tecido natural mais barato”. Isto significa que, apesar de (vias
de regra) o tecido natural ser considerado o de mais qualidade, isto pode variar na vida real -
87
dependendo do quanto o cliente está disposto a investir e dependendo do tipo de fibra, que varia
muito.
No Brasil é muito raro uma roupa ser fabricada com 100% da mesma fibra. Com exceção do
algodão, a tendência da indústria nacional é misturar diferentes materiais, o que torna a mistura
do tecido sintético com o natural uma opção bacana para quem não quer investir tão pesado.
Já deu para entender que, independente do preço de uma roupa, é sua boa conservação que
vai dizer se ela parece boa ou ruim. Apesar de algumas dicas de conservação dadas no capítulo
anterior, vale aprofundar um pouco mais o tema para auxiliar a manter a qualidade daquilo que
já é bom – pois de nada adianta um guarda-roupa super atualizado, com peças lindas e ótima
organização, se a essência das peças está ruim (lê-se ‘mal-conservadas’).
Além da forma de guardar a peça, o processo de lavagem e secagem são determinantes para
a manutenção das roupas. Para facilitar a vida, existem alguns truques simples, considerados
meros detalhes, mas que o profissional pode passar para o cliente, já que são dicas que fazem
bastante diferença na questão da durabilidade.
→ Lavagem na água fria: em todos os tecidos, o mais indicado é usar água fria para a lavagem;
a água quente não é indicada pelo risco existente em soltar tinta (principalmente em tecidos de
algodão), encolher ou deformar (no caso dos tecidos sintéticos) ou mesmo ceder, no caso de
tramas de tricôs e malhas. Além disso, é importante dar uma geral na peça antes de colocá-la
para lavar: checar bolsos (e esvazia-los), fechar zíperes, desdobrar mangas e barras. Separar
as peças em grupos também é importante e super indicado – roupas claras, roupas escuras e
roupas coloridas são três grupos que não deviam se misturar jamais, nem na máquina, nem no
molho.
→ Módulos da máquina de lavar: os módulos mais simples e rápidos de centrifugação são
também os mais garantidos para a maioria dos casos. Atrito demais pode desgastar os tecidos,
desbotar cores, deformar costuras e promover o aparecimento de bolinhas; para lavar as peças
à mão, é recomendado retirar o excesso de água do enxágue apenas pressionando as peças –
jamais torcendo ou fazendo muita força.
91
→ Cuidado ao pendurar para secar: quanto mais esticadas as peças ficarem, menos desgaste
elas sofrerão. No lugar de usar pregadores, experimente aderir aos cabides – e pendurá-los no
amassado ao chegar em casa e deixar passar uma noite. O jornal suga a umidade em excesso e
ainda mantém a forma das peças.
Depois de compreender a diferença entre tecidos naturais e tecidos sintéticos, está na hora de
entender um pouco sobre etiquetas – seus símbolos e o que cada um deles significam. Como
cada fibra vem de um lugar diferente e são manipuladas e trabalhadas de formas diferentes,
existem nomes criados para defini-las e diferencia-las como produto final. E são estes nomes
que aparecem nas etiquetas internas das roupas (localizadas, geralmente, na costura lateral)
que nos permitem conhecer a composição de tudo o que confecciona a peça. Para conhecer
uma roupa de forma certeira, então, é ideal saber o que cada nome significa. Alguns exemplos:
→ Tecidos feitos com fibras naturais
Algodão, linho,cânhamo, rami, lã, caxemira, angorá, mohair, alpaca e seda. Também contam
como fibras naturais o que não é tecido, mas também é possível confeccionar e transformar em
peças/detalhes/acessórios: peles, couro, camurça, nobuck, sisal e palha.
→ Tecidos feitos com fibras sintéticas
Poliamida (também denominada ‘nylon’), lycra, acrílico, poliéster, spandex (ou elastano),
microfibras e tactel.
Entre estes dois grupos existem ainda as fibras artificiais, que são intermediárias entre as
sintéticas e as naturais, porque levam um pouco de cada uma – tanto na maneira de extrair e
produzir, quando nas propriedades em si e na forma de serem usadas. Estas fibras são retiradas
das árvores, feitas de celulose, e são manipuladas com substâncias químicas para render tecidos
também:
o tecido certo para cada temperatura, ocasião, combinação e estilo – e, no final, resultar na soma
certa da mensagem que se quer passar.
Outra vantagem é entender melhor a relação custo-benefício de cada peça e entender por quê
Quase todas as roupas de inverno que demandam certo tipo de aquecimento levam forro:
paletós, jaquetas, casacos em geral e até algumas saias e bermudas. Para quem não sabe, os
forros têm a função de ajudar a estruturar a modelagem da roupa e de proteger tecidos ou
pele – dependendo do que está sendo forrado. Geralmente, os forros têm superfícies lisas e
escorregadias, para dar uma boa sensação quando em contato com a pele e para não desgastar
os tecidos quando usados em sobreposições (como o caso do paletó). E tecidos de forro são
quase sempre sintéticos, porque são bem mais baratos e também porque têm função térmica
(uma vez que sintéticos esquentam bem mais).
Os materiais mais comuns usados como forro são o poliéster e o acetato – este, em especial, foi
criado para imitar a seda e a viscose e, por isso, tem um toque melhor. Além disso, a chamada
entretela – nome dado à parte do forro que deixa golas e lapelas com toque mais duro – pode
deformar ou enrugar com o tempo quando em contato com o poliéster, mas com o acetato isto
não acontece; daí a escolha do material. O acetato ainda tem mais uma vantagem: aceita mais
lavagens e mais passadas, sem perder a qualidade.
Toda essa informação é de grande relevância para a compra; além de olhar a etiqueta para
verificar a porcentagem do material com o qual a roupa foi feita, é importante também atentar
para a composição do forro – e, assim, descobrir qual a melhor forma de lavagem do mesmo.
Este tópico traz uma revelação muito importante mesmo para aquelas que não são donas de
casa, mas que se preocupam com a boa conservação das suas peças de roupa: a dupla mais
indicada para tirar manchas é a água fria e o gelo. Segundo Arlene Rocha Leão, primeiro, é
94
essencial saber que manchas devem ser eliminadas antes da lavagem: o gelo deve ser esfregado
Alguma vez na vida todo mundo já se deparou com aquela peça favorita no guarda-roupa, usada
pela milionésima vez que, de repente, está cheia de bolinhas. Também chamadas de “peeling”,
este contratempo se dá devido a alguns fatores, que podem ser:
- acabamento da peça;
- construção ou composição do tecido;
- tipo de fio utilizado em sua confecção;
- uso do produto durante a lavagem também pode influenciar no aparecimento destas vilãs.
É claro que uma roupa, por mais bela que seja, acaba com o visual e destrói a elegância quando
possui estas famosas bolinhas. Normalmente, são mais recorrentes em tecidos que levam muito
poliéster na composição – por isso é sempre mais aconselhável investir em tecidos naturais que,
além de mais elegantes, duram mais e melhor.
Já no algodão, por exemplo, a chance do aparecimento dos peelings é muito menor, principalmente
se o seu fio for bem longo; isto porque fibras longas proporcionam maior durabilidade e conforto,
além de terem um toque mais macio. A quantidade de fios por polegada também conta: quanto
maior essa quantidade, mais nobre e refinado o produto será quando estiver acabado, além de
ter uma vida longa. Mas independente de todos estes fatores acima citados, o grande causador
do peeling é o atrito: ao aplicar produtos de lavagem ou durante seu uso, a fricção e o atrito
constante provocam bolinhas na superfície da peça em questão. Esfregar demais com as mãos
ao lavar ou mesmo fazer muito uso da máquina também contribuem para o desgaste.
A solução é o chamado “papa-bolinha”. Tenha um em casa: o custo não é alto e funciona muito
95
bem em tricôs e malhas. Outra alternativa para elimina-las é usar a gilete bem de leve sobre a
peça, embora o risco de conseguir esburacar a roupa seja maior que o de eliminar o problema.
Tecidos diferentes demandam lavagens diferentes – assim como acontece com o preço. Antes de
mais nada, é muito importante reforçar a ideia de que consultoria de moda não é apenas saber
se vestir bem: o processo é muito mais complexo do que se imagina e é dever do profissional,
ao dar estas dicas, explicitar que uma roupa bem-cuidada pode acrescentar mais informação ao
visual do que só o próprio look em si. De nada adianta uma bela blusa se está cheia de bolinhas;
ou retorcida; ou amassada. Ter uma roupa cara/bonita com detalhes feios que demonstram
descuido é como estar bem maquiada sem tomar banho. Até mesmo para quem não é tão
detalhista, esta é uma percepção inconsciente. Sendo assim:
→ Algodão: é um tecido natural e, portanto, precisa de água mais fria – uma vez que a alta
temperatura o faz encolher. Se a peça é colorida, é prudente lavar sozinha pelo menos da primeira
vez. Ao passar, a preocupação não deve ser tanta, já que o algodão é uma fibra que resiste muito
bem ao ferro quente.
→ Linho: também é natural, mas necessita impreterivelmente ser lavado somente à mão. Não
pode ser centrifugado, nem esfregado. Se acontecer de manchar, o mais indicado é levar à
lavanderia, para que profissionais cuidem da peça. Para passar, é preciso deixar o ferro em uma
temperatura baixa e sem vapor.
→ Acetato, rayom e viscose: por serem tecidos artificiais (nem 100% naturais, nem 100%
sintéticos), não podem ser centrifugados também – nem demasiadamente esfregados no
tanque.
→ Poliéster, nylon e lycra: são tecidos sintéticos e, por isso, muito sensíveis ao calor – podem até
derreter. Por isso, use no máximo água morna para lava-los e, para passar, o ferro deve estar em
temperatura bem baixa e também sem vapor.
96
São muitos detalhes e muita informação para gravar e acertar de primeira mas a boa notícia é
que, na dúvida, a melhor opção é sempre a água fria e, ao lavar, separar peça por peça. Para lavar
Lavar e passar roupa nunca são trabalhos divertidos – se comparados a fazer compras e montar
looks legais em um guarda-roupa novinho em folha – mas, como já falado anteriormente, tudo
faz parte para se ter um conjunto bom e de qualidade na hora de se apresentar. A forma como a
roupa é guardada no armário contribui para a sua necessidade em ser passada: se o guarda-roupa
estiver abarrotado e as peças penduradas estiverem esmagadas umas nas outras, fatalmente
será necessário passa-las ao tirar para uso. O mesmo acontece com as roupas dobradas: se
estiverem mal colocadas e mal empilhadas, o ferro precisará entrar em ação.
Para quem usa máquina de lavar e máquina de secar, existem algumas dicas que ajudam a
desamassar o tecido previamente antes de ir para o ferro de passar. São elas:
→ Vinagre: acrescentar um pouco de vinagre à água de enxágue pode ajudar a remover alguns
pequenos amassados, o que facilita na hora de secar.
→ Diminua o excesso: colocar menos roupa a cada lavagem na máquina (a questão do “abarrotado”
mencionada anteriormente) evita que as peças se comprimam demais e, por consequência,
ficarão menos amassadas. Então, no lugar de lavar roupas a cada 15 dias, deixando acumular,
vale diminuir a frequência para duas vezes por semana.
→ Bolas de tênis: colocar bolas de tênis junto com a roupa na máquina pode ajudar a fazê-la secar
mais rápido e com menos rugas, porque o movimento das bolas em meio às peças proporciona
uma melhor ventilação.
97
→ Evite pilhas bagunçadas: dobrar ou pendurar as roupas assim que elas acabam de sair da
máquina de secar é outra forma de evitar o excesso de amassado; amontoar tudo em pilhas
Voltando ao capítulo quatro, em que foi feita a brincadeira de que consultor de moda é também
um pouco consultor financeiro, aqui esmiuçaremos um pouco melhor o que é exatamente a
compra inteligente e econômica.
Existem alguns truques e comportamentos que, quando adquiridos, nos influenciam a investir
dinheiro de forma mais sábia no vestuário. Isto porque de nada vale ter um guarda-roupa lotado
de coisas que não se usa: é mais válido ter peças em menos quantidade e mais utilidade (e com
mais qualidade!), para que se possa fazer combinações diversas e interessantes. Portanto:
→ Informação é o primeiro passo: o personal stylist apresentará a moda a seu cliente e fará
com ele se familiarize com as tendências (como falamos no capítulo 3); mas mesmo quando
sozinho, é importante criar o hábito de pesquisar informações. Vale olhar revistas de moda, sites
de marcas favoritas – para conhecer as novas coleções -, blogs e todos os veículos que abordem
o tema. Também é bacana visitar sites de streetstyle internacionais, para ter uma ideia do que
está sendo levado para as ruas e o que é mais legal da moda para ser aplicada no dia a dia.
→ Estudar o guarda-roupa: antes de sair às compras é importante dar uma geral no que já se
tem, para evitar repetições e saber o que realmente se usa e o que fica lá parado.
→ Focar no que se precisa: um dos pontos mais importantes é sair de casa com foco. Enquanto,
para a maioria dos homens, comprar é uma questão de necessidade (e por isso seu guarda-roupa
é quase sempre bem mais funcional), as mulheres lidam com o shopping como uma desculpa
para encontros e passeios com as amigas; é quase que uma terapia. É preciso ter em mente as
peças favoritas do armário, aquelas que são campeãs de uso e o grupo de cores que se tem em
casa – para, assim, escolher peças que irão render muitas boas combinações com o que já se
100
tem.
→ Vale a pena?
→ Já quitei todas as minhas contas deste mês?
→ Já quitei as dívidas do meu cartão de crédito (ou a maioria delas)?
vai custar, mas terá maior durabilidade e conforto. É ter este cuidado consigo mesmo é muito
importante.
Adequar a peça para quem somos nada mais é que investir em algo que traduza nossa
em grupos de peças – ou programar mais de um grupo como este por estação. Para o inverno,
por exemplo, vale comprar seis peças para o trabalho e seis para a balada. E como um guarda-
roupa precisa ser atualizado não só com roupas, mas também com acessórios, estes também
COMPRANDO ONLINE
Se resurmirmos todos os passos que definem uma boa compra, podemos medir que, o método
ideal, consiste em: estudar o próprio armário, conscientizar necessidades, montar uam lista de
possíveis peças a serem incluídas no guarda-roupa e só então ir em busca de várias lojas, avaliar,
experimentar tudo de que gostou, escolher mentalmente e voltar no dia seguinte para comprar
só aquilo que se manteve persistente em nossa cabeça durante o dia todo. Desta forma, dá para
praticamente garantir que a compra será bem aproveitada e que não será feita por impulso.
Fatores como liquidação, namorado ou marido apressado, evento imperdível marcado de última
hora, vendedora convincente e lojas virtuais são, com certeza, pontos passivos para atrapalhar
esta metodologia científica de compra. Este último fator em especial – as lojas virtuais -, são os
piores porque descartam completamente a possibilidade de experimentar peças e, de quebra,
oferecem preços imbatíveis e a facilidade de poder comprar em lojas que não existem em nossa
cidade. Isto não quer dizer que comprar online é um ‘pecado mortal’; dá para aproveitar desta
tecnologia sem cair em prejuízos seguindo algumas dicas:
→ Ao optar por compras online, é bom lembrar que o segmento de acessórios é bem mais fácil
de se comprar virtualmente que roupas ou sapatos.
→ É importante ler sobre a política de troca da loja. Alguns sites só fazem trocas em caso de
avaria e outros não trocam produtos em promoção. Ou seja, isto impossibilita uma reclamação
no caso do tamanho vir errado ou porque simplesmente não se deu bem com o caimento da
peça.
105
→ Dar preferência a lojas que expõem o produto no manequim ou no corpo de uma modelo é
outra forma de evitar ‘ilusões de ótica’; desta forma, é possível visualizar o comprimento de uma
saia, por exemplo, ou o tamanho do colar e o caimento do vestido. Se o site mostra apenas fotos
elemento que pode melhorar ou destruir o caimento de um vestido. Apesar de seu conteúdo ser
dedicado a um público com menos poder aquisitivo, o autor de designer frisa em seu livro que,
quando se trata de sutiã, não dá para pensar em economizar demais.
→ Seios grandes precisam de sustentação: opte por modelos com alças largas, costas e laterais
reforçadas, que são mais indicados.
→ Ao comprar um sutiã, é indicado que se compre, também, ao menos três calcinhas que
combinem com ele. Assim, dá para andar de conjuntinho sem precisar ter um sutiã para cada
calcinha.
→ A parte do sutiã responsável pela sustentação não é a alça, como todos pensam e, sim, a faixa
do tórax. Esta parte deve ser bem ajustada ao corpo: não pode ficar subindo nas costas ou na
108
peças de roupa largas, sob as quais correm o risco de aparecer. Porque mostrar alça bege pode
aparentar desleixo e alça de silicone aparenta vulgaridade. E não queremos isso, certo?
É importante respeitar o direito que cada um tem de comprar roupas legais no pós-gravidez (ou
pós-regime), assim que se consegue atingir um peso que considera bom – e o ideal é esperar
TAMANHO É DOCUMENTO
Quando queremos aparentar menos peso (mais magros ou com tudo no lugar), a dica mais
certeira e valiosa de todas é comprar peças no tamanho certo. O que compramos em lojas não
são feitos especialmente para o nosso corpo e com as nossas medidas: tudo é feito em medidas-
padrão, o que significa que, normalmente, é preciso personalizar (quase) tudo que compramos
fazendo ajustes. Não tem jeito.
Há chances de determinada peça de roupa cair perfeitamente, mas não é o mais comum; e
quando se tem tempo, se sái com paciência e com disposição para achar o que o mercado oferece
de melhor – e aí, presta-se atenção em repuxados, preguinhas, ajustes que possam ser feitos e
muito mais. Mas, mesmo quem atenta para estes detalhes, se pega em dias ou em momentos
de pressa e de ansiedade, em que um monte destas “coisinhas” podem passar batidas dentro do
provador; para evitar que isso aconteça, existe uma lista com detalhes para lembrar na hora da
compra e não errar no tamanho – ou, saber como fazer o ajuste certo para a peça certa:
* A peça está muito grande quando:
→ os punhos ultrapassam demais a linha dos pulsos;
→ a costura dos ombros fica caída, para frente ou para trás;
→ fica muito tecido sobrando na parte da frente, na altura da virilha (principalmente para calças);
sobrar um pouco não tem problema, mas demais é ruim;
→ a costura lateral da peça, na altura do quadril, fica arredondada e muito longe do corpo;
→ faixas ou cintos fazem sobrar muito pano na altura da cintura;
→ a alça do sutiã fica à mostra no decote (à menos que a peça tenha sido feita para deixar os
111
ombros à mostra);
→ o decote mostra mais do que deveria ou se abre, para a frente, quando você se senta;
Já falamos em auto-estima, styling e elementos de estilo, três valiosos tópicos que podem
auxiliar na junção de boas ideias em um mesmo look, resultando em ótimas composições. Mas é
claro que quando falamos em ‘look’, não se trata apenas da roupa e dos acessórios que vestem
a pessoa e, sim, da pessoa que está vestindo tudo isso. No capítulo sete mesmo falamos sobre
algumas dicas de comportamento que servem para lembrar que de nada vale um visual bem
montado se a pessoa que está dentro dele não se porta de maneira ideal. Ser um consultor de
moda (ou um personal stylist) implica também em dar sutis aulas de etiqueta ao seu cliente,
caso ache necessário. Porque tudo o que somos é revelado naquilo que mostramos, seja por
meio de visual, seja por meio de atitudes. Certo?
Elegância, por exemplo, que é uma das características mais almejadas, principalmente por
mulheres, é muito difícil de definir. Normalmente utilizamos pessoas, personagens e situações
para exemplificar o que significa, na prática, esta palavra. Costanza Pascolato foi alguém que
já soube definir melhor seu significado através de palavras: “elegância é apuro do porte e das
maneiras. Tem muito mais a ver com aprimoramento pessoal do que com aparência. Por isso
depende de aprendizado contínuo, a vida inteira. Na prática, elegância consiste, sobretudo,
em fazer evoluir sua cota pessoal de engenho e inventividade. É uma forma de colocar-se em
harmonia com o universo, se superar, evoluir, viver alegrias e prazeres relacionados à criação.
Ser elegante em última análise é uma questão existencial, de como você pensa sua vida, como
se coloca no mundo”.
Se esmiuçarmos a definição escrita por Costanza, dá para aproveitar alguns ótimos pontos
positivos para nos motivar a, primeiro, aprender: elegância é algo que se aprende a vida toda e
115
vai se aprimorando; é a evolução de nossas atitudes de forma a superar nossos bons modos; de
viver os prazeres da vida sem perder o porte e as boas maneiras. Ou seja, elegância não está única
e exclusivamente ligada ao vestuário de forma isolada e também não é definida apenas pela
Um outro termo que pode ser considerado equivalente ao ‘elegante’ e que é de mais fácil
compreensão é o ‘chic’, estereotipado por Gloria Kalil e usado com frequência em toda linguagem
que diz respeito a moda e a etiqueta nos tempos atuais. Ela mesma foi outra profissional da área
que já definiu bem a atitude de um ‘chic’ sem baseá-la apenas no vestuário: “(...) É modernérrimo
ser chic. Sempre foi e sempre será. Dá para prestar atenção na vida, ver como se comportam as
pessoas que a gente acha o máximo da elegância e do bom gosto; dá para ir atrás de informações
para se tornar mais culto ou um profissional melhor; dá para aprender a usar a moda a seu favor;
e sempre dá para ser uma pessoa mais sábia, mais charmosa, mais refinada (…)”.
Estas duas citações são ótimos pontos de partida para entender e exercitar o porte e a elegância,
que são essenciais para compôr um look, muito além das peças de roupa e dos acessórios;
isto implica também em conhecer alguns códigos de etiqueta e saber usá-los dentro de cada
situação. É claro que ninguém vai se especializar em etiqueta comportamental e se tornar um
perito no assunto; apenas se esforçar para praticar algumas gentilezas e bons modos no quesito
‘comportamento’ já é um grande passo para um bom look de modo geral. Alguns exemplos:
→ Acostume-se com a ideia de ouvir o outro; pessoas são diferentes e precisam ser respeitadas
e tratadas com igualdade, por mais que haja divergência de opiniões. Tenha educação e tato na
hora de mudar ou cortar o assunto. Sair andando ou atropelar a fala de alguém é de extrema
falta de educação e grosseria.
→ Disfarce seu narcisismo. É repugnante assistir a uma pessoa se adorar em frente ao espelho
constantemente, retocando a maquiagem ou arrumando o cabelo a todo o momento. Passa
116
– ou, do oposto: esbanjamento; perguntar se alguém fez ou não plástica, se colocou ou não botox
ou se fez lipo – é tão invasivo ou grosseiro quanto perguntar a idade.
→ Entrar em um lugar fumando ou fumar no carro dos outros (sem pedir permissão) é um
foram tomar um caféziho, mais chato ainda é ter que se desvencilhar de uma encrenca causada
pela folga deles. Uma forma de tentar evitar a briga é avisar logo a quem chegou atrás que você
Vale calça jeans com camiseta de gola careca e blazer, para os homens, e vale vestido fino com
jaqueta de couro, para as mulheres. Tudo aquilo que fique em um meio termo.
→ Traje fashion: existem convites com esta nomenclatura, que se refere ao público ‘moderninho’
especificada – é permitido, desde que a pessoa que o esteja fazendo tenha consciência disto, de
que o fez para se posicionar. Logo, esta pessoa não vai se importar com os olhares dos outros e
nem com eventuais comentários. Já não usar o traje adqueado por falta de informação, o que
Arrumar uma mala para viagem parece algo atormentador quando não se tem um ponto de
partida por onde começar. Mas, com calma, dá para começar se guiando pelo tempo de duração
da viagem, em primeiro lugar – e com a ajuda do personal stylist (sim, esta também é uma
função incubida pela profissão!). Arrumar a mala para uma viagem de três dias, por exemplo,
pede uma coisa. Para uma viagem de uma semana ou dez dias, a fórmula é outra. Para viagem
de um mês é outra e assim por diante. Outro ponto de partida importante para pensar no que se
pode/deve levar é o clima e o tom do lugar – se é uma viagem a negócios, a lazer, se vai ter festa
mais sofisticada, se é um lugar de praia, entre outros.
Algumas referências de organização de guarda-roupa (vistas no capítulo oito) servem também na
hora de organizar malas: procurar peças em cores coerentes, num conjunto de aproximadamente
quatro cores por mala. Pessoas mais clássicas podem escolher três peças neutras e uma colorida;
as mais moderninhas e informais podem querer uma peça neutra e três coloridas. O importante
é que sejam coordenáveis entre si como, por exemplo: marinho, creme, vermelho e lilás; essa
tática é muito importante para versatilizar uma pequena quantidade de peças e fazer o pouco
render muito.
Pesquisar a temperatura do local de destino também é prudente – na dúvida do que levar no
quesito ‘roupas’ (e na ausência de um profissional para orientar), também é legal pesquisar em
blogs, sites e até mesmo no Instagram, o que as pessoas que costumam ir para o lugar em
questão usam -, para ter em mente o que dá e o que não dá para levar. Este também é um bom
motivo para exercitar a objetividade: não dá para levar para a viagem tudo que se tem no guarda-
roupa, então, se a temperatura for quente, por exemplo, a pessoa será obrigada a dispensar da
mala aquela jaqueta favorita.
124
Dividindo os tipos de viagem em tópicos por duração de tempo, dá para pensar em uma maneira
prática de organizar a bagagem para cada um deles, assim:
Nas malas maiores – para viagens mais longas – é possível considerar uma real e iminente
possibilidade de usar a lavanderia do hotel, para que seja possível repetir essa peça de roupa em
e sujas.
→ Casaco, biquíni e vestido/conjunto mais arrumado são três itens que precisam estar na mala,
independente do lugar para onde se vá, pois a temperatura sempre pode variar e uma ocasião
BAGAGEM DE MÃO
Como já foi dito anteriormente, viagens longas, principalmente de avião, podem nos pegar de
supresa com alguns imprevistos – como extravio de bagagem, desvio de rota por condições
climáticas, por aeroporto lotado ou interditado, entre outros.
Principalmente de uns anos para cá, aumenta a cada dia o rigor na segurança em relação ao
que é transportado dentro das aeronaves em viagens internacionais (ou seja, nas bagagens de
mão). É proibido viajar com qualquer objeto cortante (incluindo pinça e agulha) e com frascos
contendo mais do que 100ml de qualquer produto de higiene ou cosmético (gel, pasta de dentes,
perfumes, etc). Ainda que se providencie miniaturas, os conteúdos precisam estar visíveis e
guardados em nécessaire transparente com medidas de 20 cm x 20 cm e a soma de todos os
líquidos transportados não podem exceder 1 litro.
Além de todos estes contratempos, é sempre bom se prevenir para não ter nenhum item de
beleza ou higiene confiscado e para garantir seu bem-estar por ao menos um dia em um hotel
inesperado (no caso de extravio de bagagem, ou dos outros exemplos anteriormente citados).
Por isso, aqui vai uma check-list com itens de bagagem de mão:
* Inverno:
→ 1 camisa branca;
→ 1 camiseta de mangas longas;
129
* Verão:
→ 1 vestido de jérsei e alcinhas ou 1 blusa de tecido leve;
→ 1 par de sandálias (flat, de preferência);
→ lingerie;
→ óculos escuros.
* Check-list pessoal dos itens indispensáveis que viajam junto com você
→ documento de identidade e passaporte;
→ passagens;
→ reservas dos hotéis;
→ carteira de motorista;
→ dinheiro, cheques de viagem, cartões de crédito;
→ um guia da cidade de destino;
→ um livro de bordo ou revista;
→ máquina de fotografar, celular, eletrônicos em geral e seus devidos acessórios (carregadores,
etc);
→ filtro solar em miniatura;
→ hidratante em miniatura;
→ desodorante em miniatura;
→ lenços umedecidos;
→ escova de dente e creme dental em miniaturas;
→ óculos (de grau e escuros ou kit lentes de contato);
→ medicamentos com receita médica (e alguns mais comuns por precaução);
130
A melhor forma de fazer uma mala é encará-la como parte da viagem. Quando começamos
a separar as peças e os acessórios para levar, já estamos pensando no clima do destino, nos
programas de que vão rolar, na quantidade de caminhadas, festas, jantares, enfim, tudo o que será
vivenciado na programação. Mais acima mostramos fórmulas rápidas para viagens diferenciadas
por tempo de duração; agora, é a vez de conferir algumas fórmulas para viagens diferenciadas
por clima:
* Mala para aproximadamente 15 dias em um destino de calor
→ calças: 1 clara, 1 escura e 1 jeans;
→ 1 jaqueta leve para ocasiões mais formais;
→ 1 jaqueta “corta-vento” (para prevenir mudanças eventuais de temperatura);
→ 1 cardigan;
→ 2 blusas de tecido plano para o dia a dia;
→ 1 blusa mais sofisticada e versátil (que sirva tanto para o dia, quanto para a noite);
→ 2 bermudas ou shorts;
→ 1 saia versátil, que funcione tanto para o dia quanto para baladinhas;
→ 1 vestido bem confortável para o dia a dia;
→ 1 vestido mais sofisticado;
→ 2 blusas bem confortáveis, de modelagem mais solta;
→ 2 camisetas de algodão de manga curta;
→ 2 camisetas de algodão de manga ¾;
→ 2 regatas confortáveis de algodão;
→ 2 pares de sapatilhas confortáveis para andar por aí;
→ 1 sandália flat (vulgo “rasteirinha”);
→ 1 sandália com salto moderado a baixo;
131
Retomando uma parte do que foi mencionado no capítulo anterior – sobre estar bem-arrumado
até mesmo para se exercitar na academia -, vale reforçar esta ideia para todas as outras
ocasiões do dia a dia. O trabalho do personal é, também, fazer o cliente enxergar que estar bem
apresentável em todos os setores e em todas as ocasiões permite que sua imagem perante
os outros e perante si mesmo seja construída com mais coerência e consistência, ao longo do
tempo.
Todo este processo é feito por meio de repetição de imagem: se todos os dias e em todo lugar
você estiver sempre bonita, bem-arrumada e com visual cuidado, esta ideia de coerência passa a
acompanhar você – e todos irão passar a reconhecê-la em um estilo único para identificar quem
você é. Por isso é importante pensar e colocar em prática a ideia de que não existe lugar, nem
ocasião para se andar mal arrumada. Não vale usar roupa detonada na praia, nem guardar itens
super antigos e feios para usar em casa, nem usar camisetas de propaganda na hora da ginástica.
Estilo pessoal precisa ser entendido como uma soma de preferências, do estilo de vida e da
personalidade de cada um de nós; por isso, o estilo pessoal também pode ser chamado de
identidade visual. Não se trata de algo estático; é algo que vamos aperfeiçoando à medida que
amadurecemos, ou que nos adaptamos diantes das variadas circunstâncias da vida. Assim como
nós, o estilo tem uma essência e evolui – em forma de aparência.
É possível visualizar elementos de estilo em referências do passado: a maneira como cada
pessoa foi criada, o jeito de vestir das mães, das tias e de colegas de infância e adolescência; o
que nos foi ensinado a enxergar valor; que tipo de vida levávamos e levamos hoje; quais meios
de transportes usamos, quais são nossos horários, nossa rotina e quais pessoas estão sempre à
135
nossa volta e em quais ambientes. E, especialmente, o que nos inspira e o que faz nossos olhos
brilharem.
Desta forma, todo mundo tem estilo. Talvez essa identidade visual ainda não tenha sido descoberta
Sendo assim, a chave para investigar, identificar e construir um esitlo pessoal é procurar sentido
e importância nos ínfimos detalhes destes elementos. Na prática, o profissional ao lado do cliente
faz tudo muito bem pensado e programado para ter eficácia e uso real: o que se prefere agora,
mas também o que já foi preferido (e às vezes gostamos de variar, certo?); de que forma os
compromissos do dia a dia acontecem hoje e de que maneira eles evoluem; o que tem menos
importância e o que é prioridade; como somos, o que sentimentos, como nos sentimos, o que
queremos sentir e de que maneira queremos viver.
Outra coisa boa de gravar na mente para colocar em prática é que ninguém é imutável; nenhum
de nós somos algo completamente definido e inerte e, sim, estamos sendo, nos transformando.
Evoluímos, mudamos de opinião, consideramos pontos diferentes e, por consequência, nos
adaptamos a estilos diferentes. Não deixa de ser um exercício de vida, então, descobrir, identificar,
conscientizar e colocar para fora tudo o que nós somos por dentro. Assim como no rock n’ roll, em
que a premissa do estilo define uma revolta contra alguns costumes da sociedade, nós também
nos posicionamos quando aderimos a um estilo, quando usamos uma mera t-shirt com alguma
frase ou imagem de efeito. Nós somos a ideia, o conteúdo, e a roupa é que nos embala e nos
enfeita da forma como preferimos, tornando-se um “rótulo” autêntico, objetivo (ou subjetivo) e
eficaz.
136
pára e pensa: “não vou sair de casa assim, igual a todo mundo”.
Quando descobrimos e identificamos um estilo próprio, assim como foi falado anteriormente,
apropriada – apropriada para cada lugar, para cada ocasião, cada horário e assim por diante.
Afinal, o primeiro e principal objetivo porque nos cuidamos de um modo geral é (ou deveria
ser) para agradar a nós mesmos; para nos sentirmos bem, nos sentirmos realizados. E só então,
A ansiedade efêmera (que é gerada por essa expectativa nos outros) e única de querer estar
o tempo todo impecável é que traz a denotação de futilidade e parece ser coisa de quem não
tem outras atividades e preocupações para preencher sua existência: tanto tempo perdido se
A EXPECTATIVA CERTA
Então, se criamos uma expectativa baseada em aparências, não temos a essência da coisa e
nos tornamos vazios. Isto também se aplica à idade: pessoas novas têm mais preocupação em
alcançar a famosa ‘beleza perfeita’, em questão não só de roupa, como de corpo, cabelo e rosto.
Passa-se tanto tempo da vida pensando em ter a “estampa” perfeita e muitas vezes esquece-se
do essencial, que é o conteúdo. Passados alguns anos, começamos a perceber que não dá para
ter tudo o que se imagina, mesmo em questão de aparência (pois os defeitos existem e nós
precisamos aprender a conviver com eles – lembram-se deste tópico, abordado no capítulo 5?) e,
então, nos resta olhar para dentro e ver o que de bom trazemos dentro de nós, para compartilhar
com o mundo. Se só aparência não basta – e se ter conteúdo também é importante –, passamos
a não criar uma expectativa em cima disso e, sim, nos preocuparmos com nossa essência.
Muito provavelmente você já ouviu esta frase de uma mulher mais velha: “eu queria ter vinte
anos com a cabeça que eu tenho agora”. A pergunta é: por quê querer ter outra aparência se o
que importa é quem você é no momento? Se você só conseguiu amadurecer aos trinta anos,
tudo bem; se só aos quarenta, tudo bem também. O importante é mudar e evoluir, independente
da idade ou da aparência que se tem (do tão adorado ‘frescor da juventude’). Se existe uma
expectativa certa para criar com relação a nós mesmos, que esta seja ser uma pessoa melhor no
interior e não ter uma aparência melhor; porque o que somos é o que realmente importa e todo
o resto que configura nossa imagem perante o mundo é uma consequência.
140
»» ESTILO, Oficina de: Substitua Consumo por Autoestima. Disponível em: < http:// `
»» MENEZES, Maria João Saraiva de. O Pequeno livro da Etiqueta e Bom Senso: 501
»» MODA, Oficina da: Dicas para arrumar malas sem cometer exageros. Disponível em: <
24 de mar. 2014.
»» MULHER, M de: Descubra seu tipo de corpo e as peças que valorizam sua silhueta.
faca-e-use/descubra-seu-tipo-corpo-pecas-valorizam-sua-silhueta-749971.shtml >.