Você está na página 1de 358

3ª edição: 2020

Todas as citações bíblicas foram extraídas da Bíblia versão Almeida


Revista e Atualizada. Outras consultas foram feitas na versão
Atualizada Corrigida Fiel e na MacArthur.

Edição de Texto: João Paulo Mendes Padilha


Revisão: João Paulo Mendes Padilha
Sumário
APRESENTAÇÃO
PREFÁCIO

AGRADECIMENTO ................................................................................................ 7
CAPÍTULO 1 ................................................................................. 10
IGREJA E ISRAEL ............................................................................... 10
O CHAMADO DE ISRAEL E O CHAMADO DA IGREJA ................................ 10
O QUE SIGNIFICA A PARÁBOLA DAS DEZ VIRGENS? ................................ 12
O QUE É A IGREJA? ............................................................................................. 14
A BÍBLIA ENSINA QUE OS CRISTÃOS DEVEM CONGREGAR NO
TEMPLO? ............................................................................................................... 28
FIM DOS TEMPLOS .............................................................................................. 34
CRISTIANISMO OU JUDAÍSMO? O Judaísmo não é o padrão para a adoração
cristã ........................................................................................................................ 35
A IGREJA NÃO É A CONTINUAÇÃO DE ISRAEL ........................................... 39
DISPENSACIONALISMO: A importância da hermenêutica bíblica .................... 46
CAPÍTULO 2 ................................................................................. 53
FIM DOS TEMPOS ............................................................................... 53
A IGREJA NÃO TEM NENHUMA RELAÇÃO COM A TRIBULAÇÃO .......... 53
ORDEM CRONOLÓGICA DOS ACONTECIMENTOS PROFÉTICOS ............. 54
OS SALVOS PARTICIPAM DO JULGAMENTO FINAL? ................................. 58
A DIFERENÇA ENTRE O ARREBATAMENTO E A SEGUNDA VINDA ....... 60
AS PROVAS BÍBLICAS DE QUE O ARREBATAMENTO OCORRE ANTES
DA TRIBULAÇÃO ................................................................................................ 61
O VERDADEIRO SIGNIFICADO DE “APOSTASIA” EM 2 Tessalonicenses 2.3
................................................................................................................................. 68
COMO SERÁ A SEGUNDA VINDA DE JESUS? ............................................... 69
QUAL O SIGNIFICADO DA BESTA E DO 666 EM APOCALIPSE? ................ 72
E QUANTO AOS “MIL ANOS” EM APOCALIPSE 20? ..................................... 74
CAPÍTULO 3 ................................................................................. 76
PREDESTINAÇÃO VS. LIVRE ARBÍTRIO ..................................... 76
O LIVRE ARBÍTRIO É UMA ILUSÃO ................................................................ 76
ELEIÇÃO INCONDICIONAL E REPROVAÇÃO INCONDICIONAL .............. 81
CRISTO DO ARMINIANISMO VS. CRISTO DA BÍBLIA – Arminianos e
Calvinistas são irmãos na fé? .................................................................................. 83
DEUS AMA TODO O MUNDO? - Desvendando o Mito ..................................... 89
O SIGNIFICADO DE “MUNDO” NA BÍBLIA .................................................... 93
PROVIDÊNCIA DE DEUS OU GRAÇA COMUM? ............................................ 96
POR QUE O ARMINIANISMO SE PROVA HERÉTICO? ................................ 100
POR QUE DEVO OBEDECER A DEUS SE JÁ ESTÁ TUDO DECRETADO? 102
CAPÍTULO 4 ............................................................................... 107
DÍZIMO, OFERTAS, CONTRIBUIÇÃO, ETC. .............................. 107
A VERDADE SOBRE O DÍZIMO ....................................................................... 107
OFERTA VOLUNTÁRIA NA IGREJA............................................................... 115
DEUS ORDENA QUE SOCORRAMOS OS MAIS NECESSITADOS DA
IGREJA ................................................................................................................. 118
JESUS MANDOU DAR O DÍZIMO? .................................................................. 123
AINDA SOBRE AS LEIS DA BÍBLIA ............................................................... 127
UM ALERTA BÍBLICO ....................................................................................... 129
CAPÍTULO 5 ............................................................................... 131
CASAMENTO, DIVÓRCIO E NOVAS NÚPCIAS ......................... 131
DIVÓRCIO E SEGUNDO CASAMENTO DE DIVORCIADOS ....................... 131
ADULTÉRIO: O PECADO DE ESTIMAÇÃO DA IGREJA MODERNA......... 147
A ANTIGA SERPENTE NOS DIAS ATUAIS .................................................... 150
RESPOSTAS A PERGUNTAS FREQUENTES .................................. 152
A IMPORTÂNCIA DO SEXO NA VIDA DO CASAL ...................................... 157
CAPÍTULO 6 ............................................................................... 160
DIAS SANTOS E FESTAS RELIGIOSAS ....................................... 160
A VERDADE SOBRE O SÁBADO E OUTROS “DIAS SANTOS” .................. 160
O CRISTÃO DEVE GUARDAR O SÁBADO? .................................................. 165
SERIA O DOMINGO UM SUBSTITUTO DO SÁBADO JUDAICO? .............. 174
O NATAL ............................................................................................................. 176
UM ÍDOLO CHAMADO "DIA DE NATAL" ..................................................... 185
UM MENINO NOS CORROMPEU – Por Elizabete andrade ............................. 187
O NATAL É IDOLATRIA – Por Elizabete Andrade ........................................... 188
A ORIGEM DA DATA DO NATAL ................................................................... 190
NATAL -- PRÁTICA ABOMINADA POR DEUS ............................................. 192
NATAL, TAMUZ E MITRA – Como tudo começou .......................................... 199
16 REGRAS IMUTÁVEIS CONTRA O JUGO DESIGUAL COM OS INFIÉIS
.............................................................................................................................. .204
ADIAPHORA -- Um alerta sobre os princípios que regulam o Culto .................. 210
CAPÍTULO 7 ............................................................................... 213
SINAIS E MILAGRES ........................................................................ 213
O DOM DE LÍNGUAS SEGUNDO A BÍBLIA .................................................. 213
OS DONS DE SINAIS CESSARAM ................................................................... 226
A FARSA DO CONTINUÍSMO .......................................................................... 236
O QUE SÃO AQUELAS “LÍNGUAS ESTRANHAS” DOS PENTECOSTAIS?
.............................................................................................................................. .237
A ORIGEM DO PENTECOSTALISMO E SEUS DANOS À IGREJA DE DEUS
............................................................................................................................... 242
PENTECOSTALISMO -- A FILHA FEITICEIRA DO ARMINIANISMO........ 245
CAPÍTULO 8 ............................................................................... 253
DISCIPLINA NA IGREJA ................................................................. 253
DEUS NOS PROÍBE DE JULGAR? .................................................................... 253
DEVEMOS EXPOR OS FALSOS MESTRES E CITAR SEUS NOMES .......... 259
O “SILÊNCIO” DOS TAGARELAS ................................................................... 260
CAPÍTULO 9 ............................................................................... 263
A DOUTRINA DA SEPARAÇÃO .................................................... 263
2 CORÍNTIOS 6.14-18 -- UM CHAMADO À SEPARAÇÃO .......................... 270
2 JOÃO 1.10-11-- APARTE-SE DOS FALSOS MESTRES .............................. 270
CAPÍTULO 10 ............................................................................. 274
SEITAS.................................................................................................. 274
O QUE ENSINA A BÍBLIA CATÓLICA? .......................................................... 274
CAPÍTULO 11 ............................................................................. 288
TRINDADE .......................................................................................... 288
TENHO QUE CRER NA TRINDADE PARA SER SALVO? ............................ 288
CAPÍTULO 12 ............................................................................. 292
OS DEZ MANDAMENTOS ............................................................... 292
A DIVISÃO CORRETA DOS DEZ MANDAMENTOS..................................... 292
CAPÍTULO 13 ............................................................................. 295
PODE OU NÃO PODE?...................................................................... 295
POSSO OUVIR MÚSICAS DO MUNDO? ......................................................... 295
FUMAR É PECADO? .......................................................................................... 299
FAZER GREVES E OUTRAS MANIFESTAÇÕES POLÍTICAS, AINDA QUE
SEJAM ATOS LEGAIS, É UMA ATITUDE CRISTÃ? ..................................... 312
PENA DE MORTE E LEGÍTIMA DEFESA SEGUNDO A BÍBLIA ................. 318
CAPÍTULO 14 ............................................................................. 322
A ESFERA DE MINISTÉRIO DAS MULHERES NA IGREJA ... 322
PASTORADO FEMININO? ................................................................................ 322
O MINISTÉRIO DAS MULHERES NA OBRA DO EVANGELHO ................. 324
UM CHAMADO DE DEUS ÀS ESPOSAS E MÃES ......................................... 329
EXORTAÇÃO ÀS MAMÃES CRISTÃS ............................................................ 331
O USO DO VÉU ................................................................................................... 334
PUDOR E MODÉSTIA CRISTÃ ......................................................................... 342
SEUS FILHOS PRECISAM SABER ................................................................... 348
CAPÍTULO 15 ............................................................................. 351
ACONSELHAMENTO BÍBLICO: ................................................... 351
AOS CRISTÃOS INTERNAUTAS: UMA CARTA DE ENCORAJAMENTO.354
AGRADECIMENTO

Àquele que é Poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos


irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória, ao único Deus sábio,
Salvador nosso, seja glória e majestade, domínio e poder, agora, e para todo o
sempre. Amém.

7
APRESENTAÇÃO

Meu nome é João Paulo Mendes Padilha, mais conhecido no âmbito virtual por
JP Padilha. Não sou pastor, nem padre, nem clérigo. Não estou ligado a nenhuma
denominação ou organização religiosa. Congrego somente ao nome do Senhor
Jesus (Mt 18.20), fora do sistema denominacional, sem templos, sem líderes, sem
sacerdotes, sem dízimos e coisas semelhantes. As ideias que exponho neste livro
não são originalmente minhas, mas são fruto do que tenho aprendido com a
Palavra de Deus fora dos sistemas denominacionais criados pelos homens.
Muitas das coisas que expresso aqui eu aprendi com irmãos que também estão
congregados ao nome do Senhor, sendo alguns deles atuais e outros que viveram
em outras épocas.
Há alguns tempos li o livro “A Ordem de Deus", de Bruce Anstey. O que me
chamou a atenção nesse livro, além do conteúdo libertador, foi a forma
inigualável com que o autor coloca em ordem os principais tópicos que todo
cristão sincero busca nas Escrituras para saber se está em conformidade com a
doutrina dos apóstolos, e, especialmente, se está congregando na Igreja de Deus
segundo a ordem estabelecida por Deus ou se apenas segue tradições de homens.
Muitas pessoas realmente desejam entender se estão de acordo com o que Deus
ordena que elas façam ou se estão apenas seguindo doutrinas inventadas pelo
denominacionalismo religioso.
Espero que o livro "O Evangelho sem Disfarces" seja de auxílio para muitos
irmãos e irmãs em Cristo, e que ele se transforme em um instrumento a mais para
glorificar a Deus.

8
PREFÁCIO

Este livro tem por objetivo exaltar o Senhor Jesus Cristo e estabelecer o fato de
que a Palavra de Deus deve ter a supremacia sobre quaisquer ideias e tradições
humanas. Acredito que estas páginas não apenas resultarão em glória e honra ao
nosso Senhor Jesus Cristo, como também serão para bênção dos filhos de Deus.
Ao longo das páginas deste livro procuro apontar, com fidelidade e creio que
também com amor, a falta de fundamento bíblico para a ordem de governo e
prática tradicionalmente aceita entre os cristãos professos. Também me dedico a
temas de extrema importância, os quais são distorcidos pelo sistema religioso
criado pelos homens durante muito tempo, trazendo o escândalo de muitas
pessoas ao saberem que muitas das doutrinas que elas aprenderam por toda a vida
nunca passaram de fábulas judaicas e pagãs.
Além de apontar alguns erros do sistema religioso tradicional, meu objetivo é
apresentar princípios bíblicos da ordem estabelecida por Deus para o
funcionamento de uma assembleia cristã. Minha intenção não é meramente
denegrir as denominações religiosas existentes na cristandade ou os cristãos
associados a elas. Sei que há homens e mulheres ainda perdidos dentro deste
“curral”, mas eu, de fato, não tenho por objetivo fazer uma mera análise crítica
das várias denominações religiosas existentes no cristianismo professo apenas
pela crítica em si mesma, mas intenciono apontar os erros do sistema como um
todo, e assim o farei, sob a base da Escritura Sagrada.
Meu grande desejo é tornar conhecida a ordem bíblica dada por Deus para os
cristãos se congregarem para adoração e ministério da Palavra, de maneira que
todos os que tiverem tal exercício possam conhecer esse padrão em sua
simplicidade, assim como ele é apresentado na Escritura.
Não reivindico para mim a originalidade da verdade que está compilada aqui.
Estas coisas têm sido escritas e ensinadas por irmãos por mais de 150 anos. O
que tenho buscado fazer nesta obra é apresentar ao leitor uma nova retórica
dessas verdades. O conteúdo é o mesmo, mas com palavras que possam alcançar
as pessoas por meio de uma linguagem mais direta, simples e objetiva.
Encomendo agora o leitor ao Senhor e à verdade que aqui será exposta. Minha
oração é que cada cristão que venha a ler este material seja honesto, espiritual e
maduro o suficiente para reconhecer as verdades que aqui são apresentadas. Que
o Deus da Palavra nos dê graça para cumprirmos a Sua vontade segundo os
moldes estabelecidos por Ele mesmo na Santa Escritura.
9
CAPÍTULO 1
IGREJA E ISRAEL

O CHAMADO DE ISRAEL E O CHAMADO DA


IGREJA

As Escrituras Sagradas nos mostram uma clara diferença entre o chamado de


Israel e o chamado da Igreja, e entender essa diferença é o ponto de partida para
um entendimento amplo a respeito de quase tudo que a Bíblia nos ensina. Uma
boa compreensão da distinção entre o chamado de Israel e o chamado da Igreja
nos faz apreciar com entendimento o que é dito em relação aos dois povos, pois
um é terreno e o outro celestial. Misturar esses dois chamados e mesclar as
passagens bíblicas concernentes a um povo ou a outro é o gatilho para uma
enorme confusão na Casa de Deus. E é o que temos visto na cristandade: Hoje,
poucos cristãos discernem a maneira de Deus tratar com o homem nas diferentes
dispensações* através dos tempos.

O CHAMADO DE ISRAEL
O chamado de Israel, cujo pai é Abraão, é terreno: "E apareceu o SENHOR a
Abrão, e disse-lhe: À tua semente darei esta terra"[Canaã] (Gênesis 12.7). O
Senhor disse a Jacó (Israel): "Eu sou o Senhor, o Deus de seu pai Abraão, o Deus
de Isaque; esta terra em que estás deitado darei a você e sua semente" (Gênesis
28.13). Abraão foi chamado por Jeová quase dois mil anos a.C (De acordo com
as genealogias em Gênesis, a data da criação de Adão foi estabelecida em 4.004
a.C).

O CHAMADO DA IGREJA
O chamado da Igreja [isto é, o conjunto de todos os pecadores salvos pela
soberana graça de Deus desde a descida do Espírito Santo, no dia de Pentecostes,
em Atos 2, até o arrebatamento da Igreja], é celestial (Hb 3.1). Nossa pátria está
no céu (Fp 3.20). Nossa esperança está guardada no céu (Cl 1.5), a qual é Cristo
em nós, a esperança da glória (Cl 1.27), e nossas bênçãos são celestiais (Ef 1.3).

10
A Igreja foi eleita [em Cristo] antes da fundação do mundo:
“Bendito o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual nos abençoou com
todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também nos
elegeu nEle antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e
irrepreensíveis diante dEle em amor; e nos predestinou para filhos de adoção
por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de Sua vontade, para
louvor da glória de sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado, em
quem temos a redenção pelo Seu sangue, a remissão das ofensas, segundo as
riquezas da Sua graça”(Efésios 1.3-7).

O QUE É UMA DISPENSAÇÃO?


Uma dispensação é a maneira como Deus trata com o homem durante um
determinado período de tempo, quando este é provado e testado
quanto à obediência a certas revelações definidas da vontade de Deus. Por
exemplo, desde os dias de Moisés até Cristo o homem foi provado sob a Lei. O
período atual é chamado de "dispensação da graça de Deus" (Ef 3.2). No Milênio
o homem será provado sob o reinado pessoal de Cristo, sem a presença de um
tentador (Satanás) – é a chamada "dispensação da plenitude dos tempos" (Ef
1.10).
Existem ao todo sete dispensações nas quais o homem tem sido provado: (1) em
inocência, (2) em consciência (da expulsão do jardim do Éden ao dilúvio), (3) em
autoridade ou governo (do dilúvio a Abraão), (4) sob a promessa (de Abraão a
Lei), (5) sob a Lei (da Lei a Cristo), (6) sob a graça (de Cristo ao arrebatamento),
(7) sob o reinado pessoal de Cristo (da vinda de Cristo ao final do Milênio).
A maioria das pessoas da cristandade moderna desconhece essas grandes
verdades dispensacionais da Bíblia. Isso se dá pela proliferação de ideias
advindas da Teologia do Pacto (ou Aliancismo, como também é conhecida), e, de
uns tempos para cá, temos visto o quão além da heresia essa vertente
denominacionalista vai com suas tradições romanas/agostinianas de
interpretação.
Todavia, com o amadurecimento bíblico vem a consciência de que não existe
"doutrina secundária", como muitos argumentam a fim de ficarem confortáveis
no jugo desigual. E quando se trata de Eclesiologia e Escatologia, a coisa
fica mais séria do que se pode imaginar à primeira vista.
Agora note a seriedade de tudo isso: Os teólogos do Pacto e seus seguidores
estão errados a respeito de Israel e também a respeito da Igreja de Deus. Visto

11
que cerca de 70% das Escrituras falam de Israel e apenas 10% ou 15% falam da
Igreja, todas essas pessoas estão erradas a respeito de Israel e da Igreja. Sendo
assim, elas estão erradas a respeito da maior parte da Bíblia!

O QUE SIGNIFICA A PARÁBOLA


DAS DEZ VIRGENS?

Para se ter uma compreensão desta parábola é necessário entender sobre os tipos
e figuras que a Bíblia nos fornece em todo o seu pano de fundo a respeito de
Israel e Igreja. A parábola das dez virgens é muitas vezes atribuída erroneamente
à Igreja. Isso se dá pela má interpretação de textos que deveriam ser analisados
com mais cuidado e sob a ótica histórico-gramatical das Escrituras. A parábola
que vemos em Mateus 25 fala do testemunho de um modo geral (pois fala de
luz), e a relação ali estabelecida parece ser muito mais com Israel (povo terrenal
de Deus) do que com a Igreja (povo celestial de Deus).
A parábola começa falando do reino dos céus, que é o caráter da profissão de fé
neste mundo, onde se mescla verdadeiros e falsos em sua profissão individual de
fé. No reino dos céus há joio e trigo, virgens tolas e prudentes. Não se pode
esquecer do fato de que as virgens não são noivas do Noivo, mas fazem o papel
que hoje chamaríamos de “damas de companhia”.
Para entender melhor sobre isso é necessário compreender os tipos e figuras que
as Escrituras nos fornecem. Em um certo sentido, o Senhor tem duas noivas ou
esposas: Israel e a Igreja. Cantares é um poema de amor do Noivo para a noiva, e
é exatamente de Israel que Cantares está falando. Israel é Sua primeira noiva. O
Salmo 45 é uma profecia desse matrimônio do Senhor com Israel, o qual ocorrerá
futuramente, após o período da tribulação que cairá sobre toda a terra.
O livro de Ester tem um profundo significado em forma de figuras, no qual
Assuero está no papel da autoridade máxima (que é Deus; porém, Deus não é
citado no livro), e a esposa gentia desse rei o despreza (uma clara figura da Igreja
antes do arrebatamento: Orgulhosa, no espírito de Laodiceia, que não quer dar
testemunho de sua glória para o mundo). Então ela sai de cena (é reprovada como
testemunho) e uma esposa judia toma o seu lugar em um período de grande
tribulação, já que a tribulação tem como objetivo refinar a nação de Israel e
manifestar o remanescente judeu fiel que fará jus a esse testemunho diante de
Deus.
12
Continuando com os tipos e figuras, Mardoqueu seria um tipo de Cristo, o
homem obediente que salva a vida e a honra do rei sem reivindicar nada em
troca. Por esta razão Mardoqueu acaba sendo instrumento na salvação do povo
judeu. Assim como Jesus na tentação do deserto, Mardoqueu se nega a prestar
adoração a Hamã, uma figura de Satanás.
J. N. Darby faz o seguinte comentário sobre a parábola das dez virgens:
"Os professos, durante a ausência do Senhor, são aqui representados como
virgens, que saem para encontrar o Noivo, e iluminarem Seu caminho até a casa.
Nesta passagem Ele NÃO é o Noivo da igreja. Ninguém irá encontrar-se com Ele
para suas núpcias com a Igreja no céu. A noiva não aparece nesta parábola. Se
ela tivesse sido apresentada aqui, então teria sido Jerusalém na terra. Neste
sentido a assembleia não é vista nestes capítulos. Aqui se trata da
responsabilidade individual durante a ausência de Cristo”.
É muito provável que o número 5 na Bíblia se refira à responsabilidade humana.
Pelo menos ele aparece muito associado a isso nas Escrituras. São cinco os livros
dados a Moisés de todas as coisas que os homens deveriam cumprir na
dispensação da Lei. São dez os mandamentos: *Cinco se referem à
responsabilidade para com Deus e cinco estão associados à responsabilidade para
com o próximo.
Nota*: Para entender melhor a respeito dessa divisão em grupos de 5 e 5 nos dez
mandamentos ao invés de 4 e 6 como muitos costumam dividi-los, leia o artigo
"A divisão correta dos dez mandamentos", no capítulo "Os Dez Mandamentos":
Considerando que 'virgem' é uma figura da Igreja, as cinco virgens prudentes nos
falam da responsabilidade do testemunho que foi deixado nas mãos dos homens,
enquanto outras cinco nos falam do testemunho que não tem o azeite, ou seja,
considerando que o azeite é uma figura de unção, do Espírito Santo, trata-se da
esfera da falsa profissão de fé dos que apenas professam ser cristãos – a falsa
noiva de Apocalipse (a meretriz).
Quando o Noivo vem, somente as virgens que são verdadeiras entram para a Sua
presença. As outras virgens recebem a sentença: “Nunca vos conheci” (Mt 7.23).
Sendo assim, é pouco provável que o número 5 seja o número das esposas do
Cordeiro, pois há uma noiva no sentido coletivo da Igreja. Os tipos e figuras nos
mostram que nas Escrituras o Senhor possui duas esposas. Da primeira Ele Se
divorciou por sua infidelidade (Ez 16; Jr 3.8). Essa é Sua esposa terrenal, Israel.
Todavia, Ele tornará a recebê-la porque prometeu que um dia voltaria Seus olhos
para ela novamente. A outra noiva é a Igreja, a qual Ele apresentará a Si mesmo
como virgem pura.

13
Além de todas essas evidências, podemos perceber que Mateus 25 não fala de
Igreja, nem do arrebatamento da mesma, em nenhum momento e em nenhum
aspecto. O texto fala claramente a respeito da vinda de Cristo para julgar as
nações após o período da tribulação.

O QUE É A IGREJA?

A palavra Igreja advém do termo grego Ecclesia. Etimologicamente, esse termo


significa “Chamados para Fora”. Esta palavra é usada para se referir a uma
congregação, assembleia, reunião ou grupo de pessoas que se reúnem para seguir,
cultuar e adorar a Deus e servir a Cristo. Curiosamente, este vocábulo também é
usado para denotar uma assembleia secular. No mundo grego, igreja designava
uma assembleia ou reunião. Podia ser um grupo político ou simplesmente um
ajuntamento de pessoas (At 19.32,41).
Sendo assim, segue-se que a Igreja é um grupo de pessoas que se reúnem para
aprender sobre Deus e adorá-Lo. Nos evangelhos de João, Marcos, Lucas e
Mateus o termo Ecclesia é um termo novo que aparece somente em dois
versículos (Mt 16.18; 18.17). O apóstolo Lucas usou bastante a
palavra Ecclesia no livro de Atos, tornando-o mais comum ao leitor. Em seguida,
Paulo escreveu sobre a Ecclesia (igreja) na maioria de suas cartas. Por fim, João
aplica o mesmo termo em Apocalipse para se referir às congregações locais dos
santos.
Não é preciso ir muito longe para constatar que igreja nada mais significa do que
Congregação. No Velho Testamento, por exemplo, Israel era simplesmente "A
Congregação". A palavra foi também usada pelos primeiros cristãos da era pós-
apostólica, se referindo a si próprios como “Igreja” ou “Congregação” de forma
individual. Este é o real significado da palavra "igreja", que se aplica tanto a
todos os fiéis no mundo como a qualquer grupo local de crentes em Jesus Cristo.
Onde estiver uma reunião de pessoas em que o nome de Deus é adorado em
espírito e em verdade, ali está a igreja. O Novo Testamento freqüentemente usa o
singular "igreja" mesmo quando muitos grupos de fiéis se reúnem em vários
lugares do mundo (At 9.31; 2 Co 1.1). Mas, e as “igrejas”? O termo "igrejas" é
raramente encontrado na Bíblia (At 15.41; 16.5), e cada um desses grupos é um
lugar onde Deus está presente (Mt 16.18; 18.17).

14
TERMINOLOGIA CONVENCIONAL VS. TERMINOLOGIA
BÍBLICA
Ao longo dos séculos, muitos termos bíblicos que expressam as verdades mais
simples das Escrituras foram distorcidos por “teólogos” e líderes religiosos.
Hoje, boa parte da confusão existente no testemunho cristão vem dessas
terminologias criadas por homens. A teologia moderna é praticamente baseada
nisso. Os chamados “doutores em teologia” pegaram muitos termos das
Escrituras exatamente para esvaziá-los de seu sentido bíblico, dando depois a
esses termos significados inventados pelos homens para fundamentarem seus
próprios sistemas teológicos. Isso acontece em maior medida no sistema
denominacional, onde a base eclesiástica já começa errada. Como consequência,
quando comparamos essas ideias com a Palavra de Deus, vemos que elas estão
muito distantes da verdade.
Um dos exemplos mais evidentes de como essas terminologias convencionais
deram um novo e distorcido sentido para um termo bíblico é a palavra "igreja". A
maioria dos cristãos usa este termo para se referir a um edifício ou templo aonde
os cristãos vão quando se congregam para adoração. Essas pessoas dizem
"Vamos à igreja" ao se referirem à sua reunião nesse edifício. Todavia, a Bíblia
nunca utiliza a palavra "igreja" desta maneira. A Bíblia fala da igreja como um
grupo de pessoas redimidas que foram "chamadas para fora" de entre judeus e
gentios por meio de sua crença no evangelho da graça. Esse grupo especial de
salvos compõe o Corpo de Cristo e um dia será arrebatado nos ares e estará para
sempre com o Senhor Jesus Cristo (1 Ts 4.17). Esse povo celestial, chamado
Igreja, reinará com o Senhor na terra como Sua noiva, por mil anos, após o
período conhecido como “Tribulação” (Ap 20.6).
A Bíblia é muito clara quanto ao significado de Igreja. A Palavra de Deus não
deixa dúvidas quanto a isso. Ela mostra claramente que a igreja NÃO é um
edifício material, pois está escrito que Cristo amou a igreja e Se entregou à morte
por ela (Ef 5.25-26). Obviamente, isso não poderia ser dito a respeito de um
edifício construído por mãos humanas. A Palavra de Deus também nos diz que a
igreja costumava ser encontrada na casa de algumas pessoas (Rm 16.5; 1 Co
16.19; Cl 4.15; Fl 2). Ela diz que a igreja tinha ouvidos para receber instrução
(At 11.22, 26); que tinha poder de discernimento para saber a vontade do Senhor
(At 15.22); que podia orar (At 12.5), ser saudada (Rm 16.5) e ser perseguida (At
8.1; 1 Co 15.9).
A partir dessas referências fica óbvio que a igreja é um grupo de pessoas salvas
pela graça de Deus, e não um edifício de pedras, tijolos e madeira. A igreja não é
um templo. A igreja é um organismo vivo, feito de pessoas salvas.

15
Depois de um tempo me dedicando a respeito da verdade sobre a igreja na Bíblia,
fui muito questionado por “crentes” e "Ministros" pertencentes a denominações
religiosas (instituições). Essas pessoas sempre me perguntam a razão de eu não
mais “ir à igreja”. Minha resposta é direta e concisa: "A única igreja que encontro
na Bíblia é aquela que se lançou ao pescoço de Paulo e o beijou!”. Quando digo
isso, me refiro a Atos 20.37. E então, sempre que posso, eu aponto para algum
desses templos chamados “igrejas” e digo: "Se aquela coisa ali se lançar ao meu
pescoço, ela certamente irá me matar!".
Muitos também usam erroneamente este termo (igreja) para descrever uma seita
na igreja. Eles falam de alguém ser membro de uma igreja quando o que querem
dizer é ser membro de uma seita denominacional (ou não-denominacional) na
igreja. Todavia, a verdade é que as Escrituras não falam de sermos membros de
qualquer outra coisa que não seja o Corpo de Cristo. Todo crente no Senhor Jesus
Cristo é um membro desse corpo (1 Co 12.12, 27).
Também ouvimos pessoas falando de pessoas "se afiliarem à igreja", quando, na
prática, estão se referindo a pessoas que se unem a uma seita na igreja. Não
obstante, a igreja não é uma associação à qual os homens podem voluntariamente
se ligarem ou dela se desligarem conforme a sua vontade, como acontece no caso
das seitas. A Bíblia não ensina que devemos "nos fazer membros" de uma igreja.
Só existe uma igreja na Bíblia: a ela o Senhor (e não nós) acrescenta pessoas
quando elas creem nEle para salvação (At 2.47; 5.14; 11.24; 1 Co 6.17). Uma vez
perguntaram a um irmão, o qual entendia muito bem esta verdade, a que igreja
ele pertencia. Ele respondeu: "Pertenço à igreja da qual ninguém é capaz de se
fazer membro!". Evidentemente a pessoa que fez a pergunta ficou bastante
surpresa e indagou: "Então como vocês conseguem os novos membros?". Ele
respondeu: "Ah, é o Senhor quem os acrescenta pelo Espírito quando são salvos,
mas as pessoas não podem acrescentar-se a si mesmas por sua própria vontade"
(1 Co 12.13). A única coisa à qual poderíamos nos "juntar" – e deveríamos
buscar fazê-lo – é à comunhão dos santos (At 9.26). Porém, não podemos fazer a
nós mesmos membros da Igreja de Deus.
Há quem às vezes pergunte: "Quem é que dirige a sua igreja?". As pessoas
pensam que vamos falar o nome de algum "Ministro". Todavia, a Cabeça da
igreja, mencionada na Bíblia, está no céu – é o próprio Cristo (Cl 1.18)!
Também costumamos ouvir pessoas dizendo: "Nossa igreja ensina tal e tal
coisa...". Todavia, não existe qualquer ideia na Palavra de Deus de que a igreja
ensine alguma coisa. Tal ideia é totalmente humana. Isso pode se encaixar bem
às várias organizações denominacionais com suas doutrinas e credos formulados
segundo o padrão de sua seita. Nesse caso, as pessoas não estão erradas se

16
disserem que aquela organização ensina. Todavia, uma organização de homens
não é a igreja! A igreja não é um corpo legislativo que estabelece regras, leis e
doutrinas. Ela não ensina, mas é ensinada pela Palavra! E isso é feito por
indivíduos com dons que são levantados pelo próprio Cristo, a Cabeça da igreja,
que está hoje ressuscitado no céu (At 11.26).
A primeira vez que a Bíblia nos apresenta o termo Igreja é quando Jesus fala
sobre o seu fundamento em Mateus 16.18. Neste versículo a palavra abriga o seu
real sentido: "Edificarei a minha igreja e as portas do inferno não prevalecerão
sobre ela". Ou seja, Jesus está claramente falando da igreja dos santos como um
único povo celestial (e não terrenal, como Israel). Já pensou se alguém
interrompesse Jesus nesta hora e dissesse: “Mas, mestre, se alguém não está
reunido conosco aqui, neste local ou num templo institucionalizado, este não
pode ser membro da igreja.”? Todo leitor sincero já deve imaginar qual seria a
reação de Jesus diante de tal bestialidade, não é mesmo?
O termo grego Ecclesia (igreja) é repetidamente usado com expressões
adicionais, apontando para o fato de que esta igreja a qual Cristo e os apóstolos
se referem é a “Igreja de Deus” (1 Co 1.2; 10.32) ou as “igrejas de Cristo” (Rm
16.16). Isso acontece porque o termo, em sua raiz etimológica comum, recebe
seu significado distinto em outras religiões e grupos. Deve-se lembrar que o
termo surgiu na Grécia e era usado para se referir a qualquer tipo de assembleia,
ajuntamento ou comunidade, seja ela secular ou cristã.
Com isto, a igreja cristã é considerada como a Assembleia dos últimos tempos.
Ela é a Congregação dos santos de Deus, “chamados para fora” do sistema
judaico (Hb 13.13). Ela é a Reunião dos eleitos predestinados a cumprir os
propósitos de Deus na terra por meio de seu testemunho diante dos pagãos. O
apóstolo Paulo se dirige aos cristãos de Corinto dizendo que eles são
aqueles "sobre quem os fins dos séculos têm chegado" (1 Co 10.11). Isto é, Deus
chamou o Seu povo com santa vocação, tanto entre os judeus quanto entre os
gentios. Ambos os povos (judeus e gentios) receberam de Deus o poder do
Espírito Santo, que é a Palavra revelada, e o próprio Espírito Santo para habitar
em seus corpos (e não em templos de tijolos). Esse único povo, composto por
judeus e gentios, agora compartilham das “Boas Novas” (Evangelho) do amor
absoluto de Deus pelo Seu povo eleito (Ef 2.11-22). Podemos constatar nos
evangelhos que Cristo escolheu doze discípulos os quais constituiu apóstolos
para serem os fundamentos do evangelho da graça (epístolas dos apóstolos).
Em se tratando da salvação, a igreja de Deus reúne os santos a fim de que não
haja distinção entre judeu e grego; nem entre escravo e liberto; nem entre homem
e mulher, “porque todos vós sois UM em Cristo Jesus" (Gl 3.28). Isto não

17
significa que esses povos (judeus e gentios) tenham perdido sua identidade como
nações, mas sim que, em se tratando da igreja de Cristo para a salvação, não há
diferença entre eles. Esta comunidade é chamada "Corpo de Cristo" (Rm 12.5;
Ef 1.22-2; 4.12; 1 Co 12.12-13). A igreja é a composição de todos os salvos
escolhidos de Deus, os quais estão espalhados pelo mundo (At 9.31; 1 Co 6.4; Ef
1.22; Cl 1.18).
Sendo assim, a realidade histórica e morfológica da palavra Igreja coloca
em xeque a falácia de “pastores” e líderes cristãos que tentam subjugar os
membros de suas denominações às suas tradições para conduzi-los ao que lhes é
de interesse pessoal, profissional, político e religioso. Além do mais, tais
doutores, sob o nome de “pastores”, reduzem a Palavra de Deus a nada e jogam
na lata do lixo as expressões intencionadas pelos escritores inspirados pelo
Espírito Santo na Bíblia. Tudo isso, pensam eles, vale a pena para “honrar a
Deus” em detrimento da verdadeira adoração e culto prescritos na Bíblia.

A ORDEM DE DEUS PARA A ADORAÇÃO E MINISTÉRIO NA


IGREJA
Percebemos que o padrão de Deus para a reunião de crentes na nova dispensação
é muito diferente daquele estabelecido para Israel. Aos judeus era ordenado que
adorassem a Deus somente no Templo de Jerusalém, pois lá era o lugar escolhido
por Deus para ser cultuado e adorado no Velho Testamento. Os israelitas deviam
buscar “o local que o Senhor, o Seu Deus, escolhesse dentre todas as tribos para
ali pôr o Seu nome para Sua habitação.” (Dt 12.5). Mas a ordem de Deus para a
igreja é diferente. Jesus deixa muito claro o Seu ensino de como a igreja deveria
se reunir: “Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí estou eu no
meio deles” (Mt 18.20). A partir disso, vemos como seria simples a forma como
os cristãos deveriam se congregar para a adoração e ministério. O nome do
Senhor Jesus é o único nome ao qual os crentes deveriam se reunir. Nenhum
nome de alguma seita ou denominação pode ser o centro dessa congregação, mas
tão somente o nome de Jesus. Na casa de Priscila e Áquila, por exemplo, se
reuniam os cristãos ao nome do Senhor Jesus somente, para culto e adoração ao
Senhor. Aqui nós vemos um novo padrão para a adoração e ministério na
dispensação da graça (Rm 16.5, 1 Co 16.19). Muitas passagens nos mostram esta
reunião de pessoas que compõem o Corpo de Cristo. Paulo, por exemplo, se
refere aos cristãos de Coríntios como sendo igrejas de modo individual: "...
quando vos reunis como igreja" (1 Coríntios 11.18). Isso significa que a igreja é
o povo de Deus composto por pessoas salvas, especialmente quando se juntam
para adoração.

18
Em textos como Mateus 18.17, Atos 5.11, 1 Coríntios 4.17 e Filipenses
4.15, Igreja se refere a todo e qualquer grupo de cristãos que moram em um lugar
qualquer. A Bíblia frequentemente usa a palavra Igreja para se referir à
localização específica de uma congregação cristã, como no caso das frases "a
igreja em Jerusalém" (Atos 8.1), "em Corinto" (1 Coríntios 1.2) e "em
Tessalônica" (1 Tessalonicenses 1.1).
A Congregação de Cristo (Igreja) não está localizada em um lugar específico
somente, mas representa tanto uma congregação local como a igreja de Cristo
num todo. Em muitas passagens, tais como em 1 Coríntios 14.19, 28, 35, o
apóstolo Paulo se refere à igreja como uma reunião de fiéis que designa uma
congregação local. Porém, esta mesma igreja corresponde a todos os fiéis
(passados, presentes e futuros) do mundo todo, os quais formam a igreja de
Cristo. A igreja é nada menos do que o Corpo de Cristo composto por santos
escolhidos antes da fundação do mundo, tanto quando ajuntados em uma
congregação local como quando ligados em espírito no mundo todo. Há muitas
congregações locais, pertencentes a este único Corpo, citadas no Novo
Testamento para as quais os apóstolos escreveram as epístolas (cartas) de
exortação, aconselhamento e instrução, revelados diretamente por Cristo para
serem obedecidos pela igreja (Rm 16.3-5, 14, 15; 1 Co 1:1; 1 Co 16.19-20; Cl
4.15-16; Fl 1.1-2).

QUAL O LUGAR DE SE ADORAR A DEUS?


Acabamos de ver como a reunião dos santos para a adoração e ministério é
simples e diferente do sistema judaico de adoração. Visto que os membros
visíveis do Corpo de Cristo, estando uma vez juntos, devem se reunir em algum
lugar, qual é o local adequado ou mais correto para se adorar a Deus? No
evangelho da graça, nem a oração, nem qualquer outro ato do culto a Deus é
restrito a um lugar predeterminado, nem se torna mais aceito por Deus por causa
do lugar em que a adoração Lhe é oferecida. Deus deve ser adorado em todo o
lugar, em espírito e em verdade – seja em secreto, seja em família ou numa
assembleia pública. O que importa para Deus é que a igreja O adore em espírito e
em verdade, como nos é ensinado em João 4.21-24: “Crê-me que a hora vem,
em que nem neste monte nem em Jerusalém (templo) adorareis o Pai... Mas a
hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é
Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade”.
Nenhuma das bases testamentárias que falam da adoração cristã limita ela a uma
reunião sectária ou as estigmatiza como instituições denominacionais. Nenhuma

19
parte das Escrituras, ao se referir à igreja de Deus, é usada para dizer que ela se
trata de uma denominação ou instituição oficial onde o crente deve permanecer
trancafiado para que possa ser membro do Corpo de Cristo e adorar a Deus.
Nenhuma! Muito pelo contrário, vemos a Bíblia nos ensinando que o crente é
livre em Cristo Jesus para adorar e orar ao Pai por meio da fé em Cristo Jesus
somente (Jo 5.21; 1 Tm 2.8; Jo 4.23-24; Mt 6.6; Hb 10.25; 13.13; At 2.42).

Esta íntima relação entre Cristo e Sua igreja é apontada por Paulo como análoga
à unidade e conexão do “corpo físico” (Rm 12.4-8, 1 Co 12.12-27). Desta forma,
todas as funções do corpo têm seu lugar exato. A divisão no Corpo de Cristo (isto
é, na igreja) revela que ela está doente. Por diversas vezes o apóstolo Paulo
exorta o "Corpo de Cristo" à unidade do Espírito. Todavia, sempre que a Bíblia
se refere ao mundo fora desse Corpo, ela inverte a ordem e exorta a igreja a se
separar do mundo e de seu sistema religioso. A Igreja é um corpo do qual Cristo
é a Cabeça. Deus comprou esta congregação com o sangue de seu Filho (At
20.28) e não com os tijolos usados para construir templos e instituições
denominacionais criadas por homens corruptos e avarentos que fazem negócio
com o evangelho, tentando unir ímpios e santos numa respectiva instituição
mercantilista para fins escusos.

CHAMADOS PARA FORA DO ARRAIAL


“Saiamos, pois, em direção a Ele, para fora do arraial” (Hebreus 13.13). Esta
passagem é uma ordem para que saiamos para fora do judaísmo ou de qualquer
sistema religioso criado pelos homens. Já vimos no início do artigo que a palavra
“Igreja” vem do termo grego Ekklesia, que significa "Chamados para Fora". Em
João 10 o curral e o rebanho representam dois princípios de reunião distintos.
Ambos mantêm as ovelhas reunidas, mas de maneiras totalmente diferentes. Um
curral ou aprisco é uma circunferência sem um centro, enquanto um rebanho é
um centro sem uma circunferência. Em um curral as ovelhas são mantidas juntas
pela cerca, o que nos fala dos princípios restritivos do sistema legalista da antiga
dispensação, a qual mantinha os israelitas juntos. Em um rebanho não há
necessidade de uma cerca, pois o Pastor no meio das ovelhas exerce atração
sobre elas, que por sua vez são atraídas por Ele. As ovelhas são mantidas juntas,
mas sobre um princípio completamente diferente do arraial (judaísmo). Este é o
princípio de reunião no Cristianismo (Mt 18.20). Os cristãos se reúnem para
adoração e ministério, não por serem forçados a isso, mas por desejarem estar
onde Cristo está no meio.

20
Bruce Anstey explica Hebreus 13.13 da seguinte forma:
"Hebreus 13.13 nos fala que o lugar escolhido pelo Senhor -- onde Ele está no
meio -- é “fora do arraial”. O “arraial” é uma palavra que o Espírito de Deus usa
para indicar o judaísmo e todos os princípios e práticas judaicas. Os cristãos
costumam perder este ponto de vista e acabam adotando em seus lugares de
adoração muitas coisas que estão conectadas à adoração judaica. Eles ignoram o
claro ensino das Escrituras que indica que o tabernáculo é uma figura do
verdadeiro santuário, ao qual agora temos acesso pelo Espírito (Hb 9:8-9, 23-24).
No entanto, acabaram usando o judaísmo como um padrão para suas
organizações eclesiásticas. Erigiram grandes templos e catedrais “feitos por mãos
de homens” (At 17:24-25), emprestando assim muitas coisas do Antigo
Testamento em seu sentido literal como um padrão para sua adoração. Eles
perderam completamente de vista o fato de que o verdadeiro terreno de reunião e
adoração cristã é uma maneira totalmente nova de se aproximar de Deus “em
espírito e em verdade” (Jo 4:23-24; Hb 10:19-20). Tal terreno encontra-se
totalmente fora dos princípios e práticas judaizantes. Qualquer pessoa que
estivesse procurando pelo lugar da escolha do Senhor teria de procurar fora de
todos esses lugares da cristandade -- da basílica de São Pedro, em Roma, à menor
capela evangélica -- pois todos esses lugares trazem, em maior ou menor escala,
os paramentos do judaísmo mesclados na estrutura de seus cultos de adoração".
Quando a igreja apostólica se iniciou em Jerusalém em Atos 2 (após a morte e
ressurreição de Cristo), os fiéis deram início às reuniões nos lares. A reunião da
igreja nos lares consiste na comunhão e adoração. Em Atos 2.42-47 constatamos
que os primeiros cristãos se reuniam nos lares para ouvir os ensinamentos de
Cristo através dos apóstolos e para celebrar a Comunhão ("o partir do pão") entre
os irmãos. Os encontros da igreja nos lares consistem em (1) compartilhar
refeições (2 Pe 2.13; Jd 1.12), (2) recitar as Escrituras (Ef 5.18-20, Cl 3.16-
17), cantar hinos e salmos a Deus e alegremente louvar ao Senhor (Ef 5.18-
20, Cl 3.16-17), (3) oração (At 12.12) e (4) leitura da Palavra de Deus e
meditação no evangelho da graça (At 15.30, Cl 4.16).

A CONGREGAÇÃO É MAIS IMPORTANTE DO QUE A


SUFICIÊNCIA DE CRISTO?
Paulo era um homem extremamente solitário. Na maior parte de sua vida ele teve
de encarar suas maiores provações sozinho. Contudo, Jesus Cristo estava com ele
e era suficiente para ele. Sempre que estabeleço exemplos como o de Paulo,
muitos me questionam: “Mas eu não sou Paulo”. E é aqui que reside o problema.

21
Enquanto você tiver esse tipo de pensamento e postura você jamais será qualquer
coisa parecida com Paulo. Você não é Paulo (e eu de fato não afirmei isso), mas
você está convicto de que confia no mesmo Cristo no qual Paulo confiou, e esse
Cristo é o mesmo ontem, hoje e sempre. Sendo assim, não existe nenhuma
diferença entre um verdadeiro cristão e Paulo. Logo, jamais devemos sacrificar a
suficiência de Cristo no intuito de preservar a importância da comunhão na
igreja. Se você é incapaz de passar o dia sem depender de outro homem para
sustentá-lo espiritualmente, não infecte aos outros com sua fraqueza,
incredulidade e idolatria.
Supostos líderes e pregadores que negam a suficiência de Cristo na vida do
indivíduo a fim de preservar a importância da comunidade cristã deveriam ser
repelidos pela igreja. A congregação local é, de fato, um plano de Deus para o
Seu povo, mas não um fator de sobrevivência espiritual. A comunhão da igreja é
um meio de auxílio, não de salvação. Somos salvos por crermos em Jesus Cristo
como único e suficiente Salvador e não porque estamos congregando. A
congregação não é uma vacina contra o pecado. Cristo é suficiente para a
sobrevivência do cristão. Ele é a única fonte de graça, conhecimento, santidade e
perseverança para cada indivíduo à parte da congregação. Isto é inegociável.
Milhares de santos, tanto no período testamentário como na história da igreja,
tiveram que se submeter à solidão e ao desprezo por estarem longe de
congregações locais, não porque eles desprezavam a comunhão dos santos, mas
porque foram condicionados por Deus a viverem desta forma. A reunião com os
irmãos é um plano de Deus para o fortalecimento e edificação de um corpo, mas
nunca se tratou de uma norma bíblica para a permanência do indivíduo na
presença de Deus e sob os cuidados dEle. Se a congregação fosse necessária para
a salvação dos santos, o próprio Cristo teria pecado por violar tal regra
institucionalista que jamais fora requerida por Deus.
Apesar das reviravoltas para se tentar justificar a idolatria no testemunho cristão,
com toda essa dependência de se construir templos denominacionais para seguir
a Cristo, a Palavra de Deus não muda. O termo grego Ecclesia – “Tirados Para
Fora” – continua tendo o seu legítimo significado: Congregação ou assembleia.
Como já vimos, esta congregação pode estar reunida em qualquer lugar, contanto
que o único nome ao qual esteja congregada seja o nome do Senhor Jesus Cristo.
Todavia, doutores e mestres sincretistas tem colocado palavras na boca de Deus e
instituído regras e elementos nunca antes estabelecidos por Deus em Sua santa
Palavra. Quanto a eles, é preciso que se diga:
"O profeta que tiver a presunção de falar alguma palavra em Meu nome, que
Eu não lhe tenha mandado falar, ou o que falar em nome de outros deuses,

22
esse profeta morrerá". (Deuteronômio 18.20). "Porque eu testifico a todo
aquele que ouvir as palavras da profecia deste Livro que, se alguém lhes
acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas
neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do Livro desta profecia, Deus
‘tirará a sua parte do livro da vida’, e da cidade santa, e das coisas que estão
escritas neste livro" (Apocalipse 22.18,19). "Tudo o que eu te ordeno,
observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem diminuirás".
(Deuteronômio 12.32).
Líderes religiosos que tentam colocar Deus dentro de uma caixinha devem ser
rejeitados pelo povo de Deus e repelidos pela igreja. Esses lobos vestidos de
cordeiro estipulam regras baseadas em seus próprios caprichos, remendando um
versículo aqui e outro ali, escolhendo uma porção de textos fora de contexto na
Bíblia para fundamentarem suas sinagogas cheias de adornos judaicos. Eles se
baseiam na era patriarcal (ou lei de Moisés) a fim de manter os crentes da nova
dispensação acorrentados dentro de quatro paredes. Faz-se necessário refutar
esses falsos mestres dizendo: Assim diz o Senhor: "O Altíssimo não habita em
templos feitos por mãos de homens, como diz o profeta: O céu é o meu trono, e
a terra o estrado dos meus pés. Que casa me edificareis? diz o Senhor, ou qual
é o lugar do meu repouso? Porventura não fez a minha mão todas estas
coisas? Homens de dura cerviz, e incircuncisos de coração e ouvido, vós
sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais". (Atos 7.48-
51).

“NÃO DEIXANDO A NOSSA CONGREGAÇÃO”


Muitos são os membros das mega-denominações religiosas que negligenciam as
passagens supracitadas com base no texto de Hebreus 10.25, que diz o
seguinte: “Não deixando a nossa congregação, como é costume de alguns,
antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais, quanto vedes que se vai
aproximando aquele dia” (Hebreus 10.25). Essa objeção mostra-se inválida pelo
simples fato de que o autor inspirado não diz nada mais do que simplesmente isto
– que a congregação dos santos não deve ser abandonada. Porém, nós, que
aprendemos a verdade sobre o modo correto de congregar como “um só corpo”,
não negamos que a congregação seja importante na vida do crente. Todavia, não
se pode ir além do que está escrito, isto é, que abandonar a congregação quando
esta lhe é disponível constitui-se um perigo para a unidade cristã, e não para a
sobrevivência espiritual e segurança da salvação. O texto de Hb 10 nos fala da
qualidade de vida que teremos durante nossa peregrinação neste mundo se
observarmos a comunhão entre irmãos. Somente isso. O apóstolo da graça

23
adverte: “E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo,
por amor de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está
escrito” (1 Coríntios 4:6).
Jamais devemos ir além do que está revelado nas Escrituras por causa de um
versículo isolado de seu contexto. Devemos sempre analisar cada texto de acordo
com o que vem antes e depois do mesmo. Quem acha que é possível entender a
Bíblia com tudo junto e misturado cai em erros assim. Pelo fato da Bíblia dizer
que a comunhão do “um só corpo” é importante e que a mesma não deve ser
abandonada, significaria que todo homem que é colocado numa condição de
solidão está fora do Corpo de Cristo. Isso é uma grande heresia. É inferir no texto
um significado que não é encontrado na mensagem e que entrará em total
desacordo com todos os versículos que foram citados neste artigo.

A SALVAÇÃO SE DÁ POR MEIO DE CRISTO OU DA IGREJA?


Muitas pessoas pensam que é a Igreja que salva e que não há salvação fora da
Igreja. Esse erro é muito conhecido na seita Católica Romana e é também
cometido pelas denominações evangélicas ou protestantes. Assim, confunde-se
Igreja com Cristo. Mas o que diz a Escritura? Como a Bíblia responde a essa
importante questão?
“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de
Deus” (João 1.12). O que a Escritura diz a respeito de nos tornarmos filhos de
Deus? Tornamo-nos filhos de Deus ao receber a Jesus Cristo como nosso
Salvador. A propósito, ninguém pode “aceitar a Jesus”, como muitos pensam,
como se Jesus necessitasse da aceitação humana para habitar em alguém. Na
verdade a Bíblia diz que Cristo habita em nós quando O recebemos, e não
quando O aceitamos. Independente de aceitarmos ou não a Ele, Ele operará a Sua
vontade nos Seus escolhidos (Fp 2.13). A Escritura não cita nada aqui sobre a
Igreja.
“Para que todo o que nEle crê tenha a vida eterna” (João 3.15). Como se obtém
a vida eterna? Pertencendo à Igreja? Não. Mas sim depositando a fé
integralmente no Senhor Jesus Cristo.
“Deus amou ao ‘mundo’ (Kosmos aqui se refere aos escolhidos, não a cada
indivíduo do mundo – vide contexto) de tal maneira que deu o Seu Filho
Unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida
eterna” (João 3.16). Novamente, nem uma palavra da Escritura sobre a Igreja.
Mais uma vez, o que temos aqui é apenas Cristo. Todo aquele que nEle crê e
confia tem a vida eterna.

24
“Quem crê no Filho tem a vida eterna; todavia, aquele que se mantém rebelde
contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus
[eternamente]” (João 3.36). Nossa salvação repousa inteiramente sobre o nosso
relacionamento com Cristo e não com a Igreja, pois é Cristo quem nos salva. A
Igreja não é mencionada quando se trata da salvação dos escolhidos.
“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por
mim” (João 14.6). Foi Jesus quem afirmou isso. Perceba que Ele não disse “a
Igreja é o caminho!” ou “ninguém vem ao Pai senão pela Igreja”. Não. Ele
apenas disse: “Eu sou o caminho”. Jesus Cristo é o único caminho que pode nos
levar até Deus.
“Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não
tem a vida” (1 João 5.12). Mais uma vez Jesus nos diz, por meio do apóstolo
João, que não é a Igreja, mas Ele mesmo, o Cristo, que salva. Ele diz: “Aquele
que tem o Filho”, não “aquele que tem a igreja”.
“Não há salvação em nenhum outro; porque debaixo do céu não existe
nenhum outro nome dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos
salvos” (Atos 4.12). Agora o testemunho e a palavra de autoridade vem por meio
do próprio Pedro – aquele que a Igreja Católica costuma dizer erroneamente que
é o fundamento da Igreja –. O que Pedro diz? Ele diz que a salvação está em
Cristo e em nenhum outro nome. “Nenhum outro nome”, diz ele, seja do
protestantismo ou do catolicismo romano; seja padre, papa, pastor, Maria ou
qualquer outro santo. “Nenhum outro... debaixo do céu”, insiste Pedro, qualquer
que seja a denominação (seita) em que alguém esteja inserido. Pedro declara que
a salvação se dá por meio de Cristo e só de Cristo. Então, por que não nos
voltarmos para Cristo, já que a própria Bíblia diz que Ele é quem salva e não a
Igreja?

UM CHAMADO À SEPARAÇÃO
De Gênesis à Apocalipse vemos que a ordem clara sempre foi "Sair do meio
herético", mesmo que isto acarrete em solidão e desprezo. Este ensino bíblico
tem sido rejeitado e violado através dos tempos para se manter a unidade terrena
e o jugo desigual. Por outro lado, quando alguém, sob o pretexto de humildade,
permanece em um ambiente poluído e comunga com a heresia e a blasfêmia em
nome da união eclesiástica, ele está sendo rebelde contra Deus em favor da
necessidade de outro homem para sustentá-lo espiritualmente (idolatria), negando
a suficiência de Cristo e lutando por interesses próprios. Este alguém pensa estar
honrando a Cristo, mas está honrando a si mesmo e aos seus próprios mestres.

25
Somos poucos, mas continuamos com o mesmo objetivo e não abrimos mão da
nossa ortodoxia e visão bíblica a respeito da igreja dos santos. Enquanto
respirarmos, nenhuma denominação humana nos acorrentará em suas sinagogas
heréticas, ecumênicas e sincretistas. Enquanto estivermos vivos, a igreja do
SENHOR estará firme sob a autoridade máxima das Escrituras e em combate
contra qualquer sistema religioso corrupto que tente nos amarrar e amordaçar
com discursos sofísticos que visam o lucro pessoal, denominacional e político.
Os religiosos do sistema denominacional nos acusam de sermos "separatistas" e
"contenciosos" por sermos contra o denominacionalismo na Igreja de Deus. Ora,
se querem nos acusar disso, por que eles vivem se separando, inclusive por
nomes que possam diferenciá-los uns dos outros, tais como "presbiterianos",
"batistas", "assembleianos", etc., como se a Bíblia tivesse ensinado que existem
vários tipos de "evangelhos", cada qual com seu próprio sistema doutrinário? Se
querem que nos reunamos com aqueles que professam doutrinas estranhas ao
evangelho dos apóstolos, por que não fazem eles isso? Por que eles não praticam
o erro que tanto nos pressionam a praticar?
Na prática, alguém que se une a uma determinada denominação em detrimento
das outras, já não tem autoridade para criticar aqueles que querem se separar das
denominações, pois foi exatamente o que fez! Ao limitar-se a uma denominação,
acabou deixando de lado todas as outras, pois ninguém pode ser Batista e
Presbiteriano ao mesmo tempo. Portanto, ao unir-se à denominação de sua
escolha, sua atitude o excluiu de todas as outras, deixando assim de guardar a
unidade do Espírito. Quem quiser argumentar sobre este ponto precisará primeiro
praticar por si mesmo a unidade que espera que os outros pratiquem.

“OUTRA SEITA”?
Talvez alguém venha a dizer: "Se fizermos tudo o que você diz, e começarmos a
nos reunir com aqueles que congregam sobre as bases bíblicas, será que não
estaríamos apenas nos filiando a outra divisão ou seita da igreja?". A resposta
simples para esta pergunta é que a obediência à Palavra de Deus nunca é uma
dissidência. É isto que os cristãos deveriam estar fazendo há muito tempo. Se os
cristãos se reunirem em obediência à Palavra de Deus, em conformidade com a
verdade do "um só corpo", eles jamais poderão ser considerados uma seita,
mesmo que existissem apenas dois ou três se colocando nesse terreno. Se eles
estiverem congregados pelo Espírito em torno do Senhor Jesus não estarão no
terreno do sectarismo: eles estarão no divino centro, pois Cristo é o centro divino
para o Seu povo (Gn 49:10; Sl 50:5; Mt 18:20; 1 Co 5:4).

26
BÍBLIA VS. PSICO-AFIRMACIONISMO
A mera negação da verdade não constitui uma refutação contra ela. Muitos
doutores e mestres das várias seitas e denominações que se contrapõem a mim
jamais me encaram à nível doutrinário. Eles estabelecem julgamentos hipócritas,
xingamentos e calúnias contra minha vida pessoal, mas nunca são capazes de
falarem segundo a Escritura. Nestas circunstâncias, o que eu faço é deixar que
tais opositores da verdade se afundem na lama do "psico-afirmacionismo" (ou
PA), onde “psico” significa maluco e “afirmacionismo” refere-se à prática de
afirmar suas visões repetidamente sem fornecer argumentos para suportá-las.
Visto que esse método, adotado pela maioria das pessoas, é o de afirmar sua
visão repetidamente, torna-se para mim [algumas vezes] tedioso responder e
refutar os mesmos comentários linha por linha.
Enquanto muitos se perdem em um círculo vicioso de queixas repetidas e
desgastadas, o que posso fazer é juntá-las em uma lista e reforçar as mesmas
respostas aos que de fato possuem “ouvidos para ouvir”.
Um exemplo de como a desonestidade e canalhice desses hereges podem atingir
um nível de iniquidade é o termo “Desigrejado”. Eles se referem aos santos
congregados ao nome do Senhor como “desigrejados” pelo fato de não fazerem
parte das várias divisões denominacionais que se encontram na cristandade. A
definição de "Desigrejado" atribuída aos santos que congregam fora do sistema
denominacional está errada. Este termo nem mesmo existe. Todavia, num ato de
histeria coletiva eles repetem como papagaios: "mas você é um desigrejado...
você é um desigrejado!", sem contudo apresentarem uma premissa plausível que
sirva de base para suas convicções e nos torne de fato aquilo de que somos
acusados.
"Não fales ao ouvido do tolo, porque desprezará a sabedoria das tuas
palavras" (Provérbios 23.9).
O termo "Desigrejado" é tendencioso, falacioso e totalmente desconexo. Ele
carrega uma conotação pejorativa e está destinado àquelas pessoas que não fazem
mais parte da confusão das denominações (empresas) religiosas porque
descobriram que essas instituições não possuem nenhum amparo das Escrituras, e
que elas são simplesmente uma ordem inventada pelo homem.
Portanto, que todo leitor esteja apto para ouvir as palavras deste artigo, as quais,
sob a base das Escrituras, mostram de forma cristalina que se você e sua família
creem em Jesus Cristo vocês fazem parte do Corpo de Cristo e não podem ser

27
retirados jamais desse Corpo. Se nos reunimos para o culto a Deus em casa,
somos a igreja de Cristo congregando entre irmãos.
Não somente as denominações evangélicas têm enganado a muitos com a ideia
insana de que seus templos são a igreja, a fim de trancafiarem os fieis dentro de
seus templos institucionalistas. Na história constatamos que esse movimento
papista surgiu há muito tempo. A igreja católica romana, por exemplo, usou dos
mesmos estratagemas para estigmatizar a pessoa de Lutero e dar continuidade à
manipulação religiosa. Lutero foi considerado pelo Papa Leão X como um
“desigrejado”. A falácia consistia na mesma premissa de hoje – a de que se você
não pertence à uma denominação considerada oficial pelos “sacerdotes”,
“doutores” e “mestres”, e de acordo com suas tradições superficiais, você
automaticamente não faz parte da igreja de Cristo. Meu desejo é que Deus,
segundo o beneplácito da Sua vontade, venha a falar aos corações de Seus
escolhidos por meio deste artigo para que pessoas voltem a observar a
simplicidade do evangelho da graça de Deus.

A BÍBLIA ENSINA QUE OS CRISTÃOS


DEVEM CONGREGAR NO TEMPLO?

Uma das justificativas mais usadas pelos religiosos (fariseus) do sistema


denominacional para fundamentarem a ideia de que os cristãos devem se reunir
em um templo para a adoração e ministério está em Atos 2.46, onde diz que
aqueles cristãos estavam “perseverando unânimes todos os dias no templo”.
Apesar da Escritura nos mostrar claramente que os primeiros cristãos
congregavam em suas casas, fazendo da adoração no lar um substituto para a
adoração no Templo, muitos dos “pastores” e líderes religiosos insistem que o
padrão para a adoração e ministério na Igreja é estar em um templo, e que
aqueles que não estão dentro do templo são “desigrejados”.
Todavia, quem pensa ser possível entender a Bíblia com tudo junto e misturado
cai em erros assim: Por encontrar os discípulos nos Evangelhos adorando a Deus
no Templo, e fazendo isso até nos primeiros dias da história da Igreja, deverá
imitá-los. Porém, fazer isso é não entender que o Templo de Jerusalém — e não
alguma construção católica ou protestante — era o único lugar de adoração
autorizado pelo Senhor para Israel.

28
Deus nunca ordenou que os cristãos fossem ao Templo para cultuá-lo. No
começo da Igreja, eles simplesmente continuaram fazendo isso durante um tempo
por inércia, de forma espontânea, porque ainda não haviam recebido a revelação
de Paulo do que realmente se tratava a Igreja e de como a adoração e ministério
funcionaria de uma forma completamente diferente daquela conhecida por eles
até então. À partir da revelação dada especialmente a Paulo, o apóstolo dos
gentios, os discípulos entenderam que o lugar de cultuar e adorar a Deus já não
era mais o Templo físico que estava em Jerusalém, mas sim o Nome do Senhor
Jesus, como Ele [Jesus] já havia profetizado (Mt 18.20). Pela doutrina revelada
aos apóstolos, em especial Paulo, logo após o período em que a Igreja ainda
estava se organizando em Atos, esses discípulos entenderam que havia agora três
classes de pessoas no mundo: Judeus, gentios e Igreja: "Portai-vos de modo que
não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos [gentios], nem à igreja de
Deus" (1 Coríntios 10.32).
No entanto, antes mesmo que essas coisas viessem à luz, Jesus já havia
vaticinado esse momento de ruptura com aquela ordem de coisas do Judaísmo,
quando disse à mulher samaritana: "Mulher, crê-me que a hora vem, em que nem
neste monte nem em Jerusalém (Templo) adorareis o Pai. Vós adorais o que não
sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação vem dos judeus. Mas a
hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em
espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem. Deus é
Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em
verdade." (João 4.21-24).
Mais à frente, essa ruptura seria cimentada pela revelação do que é, de fato, a
Igreja. Essa revelação do Espírito Santo foi dada inicialmente ao apóstolo Paulo,
e também através de epístolas como aos Gálatas e Hebreus.
Além dessas revelações sobre como a Igreja deveria se reunir numa assembleia, a
história ainda nos trouxe eventos indicando que Deus faria com que Sua vontade
a respeito de tudo isso seria feita, como no caso da permissão de Deus para que
os cristãos fossem afugentados de Jerusalém por conta da perseguição
desencadeada com a morte de Estêvão (cf. Atos 11.19). O que Deus quis com
isso? A destruição do Templo no ano 70 d.C.
Ou seja, não somente a revelação dada aos apóstolos e o aviso de Jesus Cristo de
que o Templo não seria mais um lugar de adoração, como também os próprios
desígnios de Deus foram essenciais para mostrar de forma clara ao povo cristão
que Ele não queria ser adorado em “templos de pedras”, cheias de adornos
judaicos e com “sacrifícios de tolos”.

29
O que falta a esses “pastores” e “ministros” do sistema religioso denominacional
é o entendimento que me faltaria se eu tentasse socorrer um acidentado e tentasse
reconstruir seu corpo. Por não ser médico, eu acabaria costurando os órgãos nos
lugares errados, na ordem errada e para cumprirem funções erradas. O resultado
seria um corpo bem ao estilo Frankenstein. Assim são as denominações
existentes na cristandade, e é assim que muitos de seus ministros tentam explicar
a Bíblia, sorteando os versículos que mais lhe agradam e que se encaixam em
suas doutrinas pré-estabelecidas.
Quanto a isso, o apóstolo Paulo instrui Timóteo da seguinte forma: “Procura
apresentar-te a Deus aprovado, como obreiro que não tem de que se
envergonhar, que maneja bem a palavra da verdade” (2 Timóteo 2.15).
A versão de J. N. Darby, se traduzida para o português, ficaria assim: “Esforça-te
diligentemente para apresentar-te aprovado a Deus, como obreiro que não tem
de que se envergonhar, cortando com precisão a palavra da verdade”. Nesta
versão, a imagem que temos é de um bisturi nas mãos de um hábil médico que
separa os órgãos corretamente, de acordo com seu lugar, posição e função.
A primeira edição da Bíblia em inglês, publicada em 1535 por iniciativa do Rei
Tiago da Inglaterra, ou “King James”, trazia um prefácio de Miles Coverdale que
trazia um conselho semelhante: “Será de grande auxílio para entenderes as
Escrituras se atentares, não apenas para o que é dito ou escrito, mas de quem e
para quem, com que palavras, em que época, onde, com que intenção, em quais
circunstâncias, e considerando o que vem antes e o que vem depois”.
Sendo assim, não se pode querer entender a Bíblia como um saco de versículos
que você sacode, mistura e tira dali uma passagem qualquer para embasar uma
doutrina. Como escreveu Coverdale, é preciso saber “de quem e para quem...
onde, com que intenção e em quais circunstâncias” aquela passagem aparece ali.
Quando aprendemos sobre a história do Brasil, a professora começa falando de
Cabral e do descobrimento, e não da Operação Lava-Jato, para não surja alguma
dúvida de que Cabral ela está falando. Assim acontece com a revelação de Deus.
A revelação de Deus nas Escrituras foi progressiva e dada em etapas.
Quando Jesus esteve neste mundo, ele avisou aos Seus discípulos de que não
havia explicado tudo quanto havia de explicar. Ele avisou o seguinte: “Ainda
tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quando
vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade; porque não
falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos anunciará o que há
de vir. Ele me glorificará, porque há de receber do que é meu, e vo-lo há de
anunciar” (Jo 16.12-14). A partir disso, dá para perceber a insanidade que é

30
alguém achar que pode entender a Bíblia lendo apenas o que Jesus ensinou nos
Evangelhos judaicos (aqueles que aparecem antes de Atos).
A carta aos Hebreus fala da revelação incompleta recebida pelos profetas do
Antigo Testamento: “Havendo Deus antigamente falado muitas vezes, e de
muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, a nós falou-nos nestes últimos dias
pelo Filho” (Hebreus 1.1).
Em alguns casos, o próprio entendimento dos profetas ficara incompleto diante
de algumas revelações divinas. Eles recebiam a revelação e não entendiam nada
do que Deus estava passando para eles. Foi exatamente o que ocorreu com
Daniel: “Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso eu disse: Senhor meu, qual
será o fim destas coisas? E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão
fechadas e seladas até ao tempo do fim” (Dn 12.8-9). Daniel tinha em mãos uma
mensagem criptografada que ele próprio não poderia ler e entender.
Pedro também fala de algo parecido a respeito de revelações bíblicas que nem os
profetas que receberam essas mensagens haviam entendido, pois não era o
momento de eles entenderem: “Da qual salvação inquiriram e trataram
diligentemente os profetas que profetizaram da graça que vos foi dada
indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava
neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam
de vir, e a glória que se lhes havia de seguir. Aos quais foi revelado que, não
para si mesmos, mas para nós, eles ministravam estas coisas que agora vos
foram anunciadas por aqueles que, pelo Espírito Santo enviado do céu, vos
pregaram o evangelho; para as quais coisas os anjos desejam bem atentar” (1
Pedro1.10-12).
Portanto, quando chegamos em Atos dos Apóstolos encontramos a Igreja recém
formada, mas não compreendida pelos próprios discípulos sobre os quais o
Espírito Santo desceu em línguas como que de fogo. Pedro tem ali uma revelação
de que, em parte, aquilo era semelhante à profecia feita em Joel 2.28. Todavia,
tudo indicava que ele estava se referindo apenas à semelhança, pois não vemos
que naquele momento tenham aparecido “prodígios em cima, no céu; e sinais em
baixo na terra, sangue, fogo e vapor de fumo”, e nem se converteu o sol em
trevas “e a lua em sangue” (At 2.16-20; Jl 2.28-31).
Sendo assim, naquele estágio da revelação de Deus, nos primeiros capítulos de
Atos, nem Pedro sabia muitas coisas, como ficaria comprovado no episódio com
Cornélio. Ele não fazia ideia de que as chaves que recebera do Senhor nos
Evangelhos serviriam para introduzir os gentios e samaritanos no Corpo de
Cristo, além dos judeus que acabavam de ser acrescentados à Igreja em Atos 2.

31
Enquanto isso, Deus estaria preparando um vaso escolhido para receber as
revelações que faltavam ser reveladas sobre os mistérios de Deus. “Disse-lhe,
porém, o Senhor: Vai, porque este é para mim um vaso escolhido, para levar o
meu nome diante dos gentios, e dos reis e dos filhos de Israel” (Atos 9.15). Mais
à frente, Paulo diria: “Por esta causa eu, Paulo, sou o prisioneiro de Jesus Cristo
por vós, os gentios; se é que tendes ouvido a dispensação da graça de Deus, que
para convosco me foi dada; como me foi este mistério manifestado pela
revelação, como antes um pouco vos escrevi; por isso, quando ledes, podeis
perceber a minha compreensão do mistério de Cristo, o qual noutros séculos
não foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido revelado pelo
Espírito aos seus santos apóstolos e profetas; a saber, que os gentios são co-
herdeiros, e de um mesmo corpo, e participantes da promessa em Cristo pelo
evangelho; do qual fui feito ministro, pelo dom da graça de Deus, que me foi
dado segundo a operação do seu poder. A mim, o mínimo de todos os santos, me
foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as
riquezas incompreensíveis de Cristo, e demonstrar a todos qual seja a
dispensação do mistério, que desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo
criou por meio de Jesus Cristo; para que agora, pela igreja, a multiforme
sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus.” (Ef
3.1-10).
Percebe agora, caro leitor, como é impossível entender a Bíblia apenas sacudindo
um saco de versículos e tirando aquele que bem entender? Existe uma ordem, e o
livro de Atos é exatamente isso, atos ou ações dos apóstolos e da Igreja ao longo
de seu período inicial, incluindo falhas e reajustes, como aconteceu no caso da
“distribuição de alimentos”.
No capítulo 2 de Atos, os primeiros cristãos “estavam juntos, e tinham tudo em
comum, e vendiam suas propriedades e bens, e repartiam com todos, segundo
cada um havia de mister” (At 2.44-45). Aquilo era uma iniciativa deles e não
uma ordem de Deus para o povo cristão. Em primeiro lugar, não existe ali uma
lei de Cristo dizendo que a Igreja deveria agir daquela maneira. Em segundo
lugar, aquele método de ajudar os irmãos mais necessitados não durou muito
tempo, pois logo o egoísmo se fez presente entre eles: “Ora, naqueles dias,
crescendo o número dos discípulos, houve uma murmuração dos gregos contra
os hebreus, porque as suas viúvas eram desprezadas no ministério
cotidiano” (Atos 6.1). A partir dali, os apóstolos precisaram decidir como
organizar tudo aquilo na Igreja de Deus. Tudo isso nos mostra que os cristãos
viviam um tempo de transição, de transformação e organização até que as
primeiras doutrinas para a Igreja viessem por meio da carta aos Romanos. Por
esta razão, usar um versículo isolado de Atos 2 para afirmar que cristãos devem

32
adorar em um templo é não entender que o livro de Atos não tem nada a ver com
doutrina, mas, predominantemente com uma fase de estabelecimento e
organização da Igreja de Deus.

SÓ EXISTIU UM TEMPLO INSTITUÍDO POR DEUS, E ESSE


TEMPLO NÃO FOI FEITO PARA CRISTÃOS, MAS PARA
JUDEUS
Só havia um Templo instituído por Deus, e todo judeu estava proibido de adorar
ou oferecer sacrifícios (dízimos) em outro lugar que não fosse o Templo de
Jerusalém. Muitas pessoas pensam que as sinagogas eram o mesmo que o
Templo. Isso é um erro. As sinagogas não eram templos nem lugares de
adoração; elas eram escolas de judaísmo onde os judeus liam e aprendiam as
Escrituras.
Os primeiros discípulos frequentaram o Templo de Jerusalém em Atos 2
simplesmente porque eles ainda não sabiam o que era a Igreja, pois as primeiras
revelações de como a Igreja funcionaria viriam por meio de Paulo, e isso estava
um pouco longe de acontecer. Tudo era muito difícil para eles ali, no nascedouro
da Igreja. A conversão de Paulo ainda não havia ocorrido. Quando Paulo se
converteu, ele veio a receber a revelação do "mistério" para poder explicar tudo
quanto estava oculto até ali para os crentes da antiga dispensação. Digno de nota
é que, se encontramos alguns cristãos indo às sinagogas depois disso, um leitor
atento saberá que esses cristãos iam lá para pregar o evangelho aos judeus, e não
para congregar com os judeus.
Após essa explicação, fica bem mais fácil entender o motivo pelo qual os
primeiros cristãos visitavam o Templo de Jerusalém. As faculdades de teologia
das diferentes vertentes denominacionais preparam seus ministros segundo o seu
próprio "corpo doutrinário". Para quem não sabe, a expressão “corpo doutrinário”
é usada por “pastores” e “ministros” dessas denominações para designar seu
próprio sistema de doutrina predeterminado. Ou seja, é esse "corpo doutrinário"
que irá definir como deve ser o entendimento da Bíblia naquela instituição
religiosa em particular. Quando se trata de uma instituição que prega, por
exemplo, obras da Lei, creio que o nome mais adequado para esse "corpo
doutrinário" seria "cadáver doutrinário", pois a doutrina apresentada por Paulo à
Igreja deixa muito claro que a letra da Lei só pode matar, e não dar vida; e por
isso ela é chamada de "ministério da morte". Para melhor compreensão, confira
Romanos 7.5-6 e 2 Coríntios 3.6-8.

33
Em suma, ainda que diferentes “ministros” de diferentes denominações possam
argumentar que tudo o que está em seu "corpo doutrinário" veio da Bíblia, fica
óbvio que cada uma dessas denominações sorteou as passagens que melhor se
encaixam em sua doutrina já determinada pelos fundadores ou pelo “poder
central” daquela denominação. O resultado é uma cristandade cheia de monstros
doutrinários ao estilo Frankenstein, que inegavelmente foram montados com
passagens bíblicas costuradas entre si, mas completamente fora de seu lugar e da
função que Deus determinou para elas.
Hoje entendo melhor o que um irmão da Califórnia, que já está com o Senhor,
queria dizer quando se referia a algum "Seminário Teológico" – ou "Theological
Seminary" em inglês – como "Theological Cemetery" ou "Cemitério Teológico".
O som do trocadilho funciona melhor em inglês.

FIM DOS TEMPLOS

Fazemos muitas coisas sem perguntar nada a Deus. É por essa razão que existe
tanta confusão no testemunho cristão. Geralmente não olhamos para as Escrituras
com a intenção sincera de saber o que Deus realmente quer de nós, cristãos, e não
dos judeus no Velho Testamento ou nos evangelhos judaicos. Um caso clássico
deste problema é o dos templos e santuários que cristãos constroem como se
fossem lugares físicos de adoração. Muitas vezes esses cristãos são “bem
intencionados”, mas sua boa intenção não os livra de tal pecado. Todavia, fica a
pergunta: “Será que Deus ordenou que os cristãos construíssem templos e
adotassem o modelo judaico de adoração na Sua Igreja?”.
Sabemos que Deus deu instruções detalhadas à Israel a respeito do local onde Ele
queria ser adorado. Não era permitido que os judeus imitassem os pagãos em sua
forma de adoração, pois os pagãos adoravam a seus deuses onde e como bem
entendiam. Por esta razão, Deus ordenou aos israelitas a buscarem “o local que o
Senhor, o Seu Deus, escolhesse dentre todas as tribos para ali pôr o Seu nome
para Sua habitação” (Deuteronômio 12.5). A partir dali, não haveria outro nome
e não haveria outro lugar onde Deus pudesse ser adorado. Deus ainda os
alertou: “Tenham o cuidado de não sacrificar os seus holocaustos (dízimos) em
qualquer lugar que lhes agrade. Ofereçam-nos somente no local que o Senhor
escolher” (Deuteronômio 12.13-14). Esse lugar seria o Templo construído em
Jerusalém por direção divina. Somente ali o povo de Israel podia e deveria
adorar.
34
Jesus, quando esteve na terra, profetizou a respeito de uma mudança radical que
estava para ocorrer por direção de Deus. Diante da afirmação da mulher
samaritana de que os “judeus dizem que Jerusalém é o lugar onde se deve
adorar”, ele declarou: “Está próxima a hora em que vocês não adorarão o Pai
nem neste monte, nem em Jerusalém (Templo)... mas está chegando a hora, e de
fato já chegou, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e
em verdade... Deus é espírito, e é necessário que os seus adoradores o adorem
em espírito e em verdade” (João 4.20-23). O cumprimento desta profecia veio
bem rápido, no ano 70 d.C, quando Deus permitiu a destruição total do Templo
de Jerusalém, pondo fim ao modelo judaico de adoração. A epístola aos Hebreus
é uma comprovação de tudo isso.
Hoje nós não temos um templo onde adorar, nem estamos separados da presença
de Deus por um véu, como os judeus estavam, porque “temos plena confiança
para entrar no Santo dos Santos pelo sangue de Jesus, por um novo e vivo
caminho que ele nos abriu por meio do véu, isto é, do seu corpo” (Hb 10.19-20).
Para nós, cristãos, não existe um lugar físico de adoração, como no caso de
Israel. E por mais que os líderes religiosos do nosso século insistam em negar, o
princípio de que é o nome do Senhor que valida o lugar da adoração cristã
permanece: “Porque, onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, aí
estou eu no meio deles” (Mt 18.20). A ordem dirigida a nós, Igreja, é muito clara
nesse sentido: “Saiamos, pois, a Ele [Jesus] para fora do arraial” (Hb 13.13). O
arraial aqui é o sistema judaico de adoração ou qualquer coisa semelhante a isso,
como aprendemos no capítulo 1 deste livro. Mas alguém pode perguntar: “Aonde
iremos?”. O melhor a se fazer é perguntarmos ao próprio Senhor Jesus, como os
apóstolos fizeram: “Onde queres que a preparemos?” (Lc 22.9).

CRISTIANISMO OU JUDAÍSMO?
O Judaísmo não é o padrão para a adoração cristã

Parece que as “igrejas” da cristandade em geral não entenderam que o Judaísmo


não é um padrão para a adoração cristã. As várias denominações evangélicas e
católicas espalhadas pelo mundo, incluindo até mesmo alguns grupos reunidos ao
nome do Senhor, têm ignorado o ensino claro das Escrituras que mostra que o
tabernáculo é uma figura do verdadeiro santuário ao qual agora temos acesso
pelo Espírito (Hb 9.8-9, 23-24).

35
Mesmo assim, as “igrejas” têm usado o tabernáculo como um padrão para suas
construções cheias de luxo e com adornos judaicos. As igrejas emprestaram
muitas coisas do Antigo Testamento para introduzi-las literalmente em seus
lugares de adoração e cultos religiosos, perdendo de vista o verdadeiro
significado dessas coisas que um dia voltarão para outro propósito, na
dispensação da plenitude dos tempos (no reino milenar de Cristo sobre a Terra).
A cristandade, especialmente denominacional, erigiu magníficos edifícios e
catedrais usando o padrão do templo do Antigo Testamento, pensando estar
agradando a Deus com essas coisas. Essas construções religiosas recebem o
nome de "Templo" ou "Tabernáculo" para permanecerem alinhadas ao judaísmo
do Antigo Testamento. Algumas denominações chegam ao ponto de separar uma
parte dessas construções como se fosse um lugar mais santo do que o resto da
construção, chamando-o de "Santíssimo" ou "Santuário", como acontecia no
tabernáculo do Antigo Testamento. Tudo isso mostra que há muito tempo os
cristãos perderam de vista o fato de que hoje a casa de Deus é uma "casa
espiritual" construída de pessoas redimidas (1Co 3.9; Ef 2.19-22; Hb 3.6; 1Pd
2.5), e não uma casa material no sentido literal da palavra.
Segue abaixo uma lista de algumas coisas que a igreja emprestou do judaísmo e,
por conta disso, provocou tantos danos na vida de muitas pessoas:
● O uso literal de templos e catedrais como lugares de adoração.
● Uma classe especial de homens que exercem seu ofício a serviço da
congregação.
● O uso de instrumentos musicais para ajudar na adoração.
● O uso de um coral.
● O uso de incenso para criar uma atmosfera espiritual.
● O uso de vestes religiosas pelos "Ministros" e membros do coral.
● O uso de um altar literal (sem sacrifícios).
● A prática do dízimo.
● A observância de dias santos e festas religiosas.
● Um rol de membros com os nomes dos que estão congregados.
Alguém pode choramingar pelo fato de que muitos desses elementos judaicos
foram alterados de alguma forma para se adaptarem ao contexto cristão, mas o
fato é que esses elementos continuam carregando os adornos do judaísmo. Esse
tipo de influência judaica, com seus princípios e práticas, permeou a igreja e,
como consequência, as pessoas não sabem mais responder a uma simples
pergunta: “O QUE É A IGREJA?”. Isso se aplica a qualquer tipo de pessoa: seja
ela comum, crente, descrente, religiosa, estudante da bíblia, etc. A pessoa não
responde à esta simples pergunta porque na verdade ela não faz a mínima ideia

36
do que seja a Igreja. Ela irá tentar responder conforme os parâmetros dos ensinos
de seus líderes e do corpo doutrinário de sua seita, mas não chegará nem perto do
que a Bíblia diz.
Muitas dessas coisas têm estado associadas ao cristianismo há tanto tempo, que
já foram aceitas pelas massas como se viessem de Deus. A maioria das pessoas
acha bom ter essa mistura judaico-cristã, pois facilita tudo. "Pra quê aprender
tudo de novo, se estamos felizes aqui, não?”.
Infelizmente, misturar essas duas ordens distintas de se aproximar de Deus
destruiu a distinção original que existia em cada uma delas, fazendo com que o
resultado dessa mistura não fosse nem judaísmo, nem cristianismo. O que temos
hoje na cristandade pode ser chamado de qualquer coisa, menos de cristianismo
ou de judaísmo.

IGREJAS DE PEDRAS E TIJOLOS DIFICULTAM O AVANÇO


DO EVANGELHO
As pessoas em geral ficaram tão acostumadas com a falsa ideia de que as
construções religiosas são “igrejas”, que elas acabaram acreditando que este era o
ideal de Deus na Bíblia, e isso gera muita confusão na mente dessas pessoas
porque quando elas vão comparar tal realidade com as Escrituras elas não
encontram nada disso lá. Veja bem: na opinião da maioria das pessoas essas
construções são um sinônimo de cristianismo. Todavia, o Novo Testamento nem
sequer menciona essas características entre as coisas que Deus deseja para a
Igreja.
Abaixo eu irei provar ao leitor que existem pelo menos cinco boas razões para
esses edifícios, associados ao cristianismo, mais atrapalharem do que ajudarem o
evangelho:

1) Eles não são bíblicos.


Como já fora demonstrado, simplesmente não existe qualquer fundamento
bíblico para isso no Novo Testamento.

2) Eles transmitem ao mundo uma mensagem errada.


A grande maioria das pessoas é levada a pensar que o cristianismo é uma
continuação do judaísmo, apenas com algumas novas alterações cristãs. Elas
37
erroneamente concluem que Deus habita em "templos feitos por mãos", e que
só pode ser adorado nesses templos (At 17.24-25). É exatamente a partir desse
fato que as pessoas aceitaram a falsa ideia de que alguém precisa ir a um edifício
chamado "igreja" para orar e se aproximar de Deus.

3) Eles não são econômicos.


Essa ênfase a edifícios luxuosos leva muitos “pastores” e outros tipos de líderes
denominacionais a gastarem muito dinheiro para ornamentarem suas sinagogas.
Enquanto milhões de pessoas – em especial irmãos em Cristo – padecem de fome
em todo o mundo, tanto no sentido espiritual como material, esses líderes
religiosos utilizam o dinheiro da maneira mais antibíblica que se pode imaginar.
Bruce Anstey explica esse ponto da seguinte forma:
“A maior parte dos fundos que a igreja recebe em suas coletas deveria ser usada
para permitir a pregação do evangelho e a disseminação da verdade, não para
financiar modernas construções e organizações para-eclesiásticas. O pesado ônus
desses investimentos e de seus juros faz com que os líderes eclesiásticos peçam
ofertas cada vez mais generosas a fim de pagarem pela construção e por sua
manutenção. Com isso as pessoas podem ser levadas a acreditar que Deus só está
interessado em dinheiro. Com milhões sendo coletados todas as semanas, parece
que a maior dificuldade dos cristãos não está em dar, mas em direcionar os
fundos que são arrecadados. Hudson Taylor disse: ‘O problema da igreja não é a
falta de fundos, mas a falta de consagração de fundos!’".

4) Esses edifícios são uma hipocrisia.


Enquanto esses “pastores” constroem esses imensos edifícios, eles dizem ao
mundo que amam as pessoas e se interessam profundamente por suas almas.
Porém, essa mensagem que eles estão passando não é muito convincente. Se a
igreja está tão interessada nas pessoas necessitadas deste mundo, por que não
sacrificar um pouco do esplendor de suas edificações chamadas de “igreja”? Ao
construir seus edifícios luxuosos, a igreja está demonstrando que está mais
preocupada com a própria glória e conforto do que com as pessoas necessitadas.

5) Esses edifícios intimidam.


Pessoas que tiveram pouco ou nenhum contato com o cristianismo não entrarão
nessas luxuosas construções associadas ao cristianismo. Edifícios cheios de

38
pompa tendem a espantar, e não atrair essas pessoas. Tudo lhes parece muito
opressor (As pessoas do mundo parecem ter um senso melhor que os cristãos
daquilo que convém ao cristianismo – Lucas 16.8). Existe uma forte reação
contra o formalismo, especialmente entre os jovens. As pessoas também têm
medo de serem convidadas a contribuir com dinheiro. Mesmo assim, muitas
dessas pessoas estariam prontas a ir a um estudo bíblico na forma de uma
conversa numa casa ou em um salão menos pretensioso. Elas se sentem mais à
vontade em uma atmosfera informal e não profissional, o que é exatamente
ensinado na doutrina dos apóstolos, ficando assim mais receptivas a receberem o
evangelho.
Portanto, esses grandes edifícios e templos luxuosos e confortáveis são um
empecilho ao evangelho, e tão somente mostram que não somos mais sábios do
que a Palavra de Deus. O padrão simples que Deus nos deu em Sua Palavra é
sempre o melhor caminho, pois "o caminho de Deus é perfeito" (Sl 18.30).

A IGREJA NÃO É A CONTINUAÇÃO DE


ISRAEL

Maior parte do sistema religioso crê e ensina erroneamente que a Igreja é a


continuidade de Israel. Essa crença é adotada pelo catolicismo romano e também
por grande parte do protestantismo fundamentalista. A teoria é baseada na
famigerada “Teologia do Pacto”, que contaminou maior parte da cristandade ao
longo dos tempos, principalmente após o século 4º.
Na história vemos que a ideia herética de que a Igreja seja a continuidade de
Israel produziu algumas aberrações, tais como o desejo de destruir os judeus, a
começar pelos católicos (Inquisição) e depois por protestantes (Alemanha). Um
exemplo disso é Lutero, que tinha uma aversão mórbida pelos judeus, como se
eles fossem um câncer no desenrolar da história do mundo. Apesar de Deus ter
usado Sua Palavra para resgatar a doutrina da “salvação pela graça” e
“justificação pela fé” por meio de Lutero, o mesmo não pode ser dito a respeito
da amargura que ele tinha contra os judeus devido à má compreensão sobre o
povo terrenal de Deus – Israel.
O sentimento de anti-semitismo de Martinho Lutero pode ser visto em um de
seus escritos:
"Em primeiro lugar, suas sinagogas deveriam ser queimadas... Em segundo
lugar, suas casas também deveriam ser demolidas e arrasadas... Em terceiro,

39
seus livros de oração e Talmudes deveriam ser confiscados... Em quarto, os
rabinos deveriam ser proibidos de ensinar, sob pena de morte... Em quinto lugar,
os passaportes e privilégios de viagem deveriam ser absolutamente vetados aos
judeus... Em sexto, eles deveriam ser proibidos de praticar a agiotagem... Em
sétimo lugar, os judeus e judias jovens e fortes deveriam pôr a mão no
debulhador, no machado, na enxada, na pá, na roca e no fuso para ganhar o seu
pão no suor do seu rosto... Deveríamos banir os vis preguiçosos de nossa
sociedade ... Portanto, fora com eles... Resumindo, caros príncipes e nobres que
têm judeus em seus domínios, se este meu conselho não vos serve, encontrai
solução melhor, para que vós e nós possamos nos ver livres dessa insuportável
carga infernal – os judeus". ("Concerning the Jews and their lies" - por
Martinho Lutero).
Como se pode ver, a mente de Martinho Lutero, por consequência da Teologia do
Pacto que permeou a cristandade em seu tempo e se alastrou pelo mundo até o
século 19, era completamente cega quanto ao futuro profetizado para Israel na
Bíblia. Lutero não tinha nenhuma compreensão sobre as dispensações das
Escrituras e os desdobramentos delas.

SERÁ QUE TEMOS QUE PREGAR O “EVANGELHO” AOS


QUATRO CANTOS DO MUNDO PARA QUE CRISTO POSSA
RETORNAR PARA ARREBATAR A SUA IGREJA?
Outras consequências podem ser vistas por causa desse pensamento a respeito de
Israel e Igreja. Por conta das pessoas pensarem que não existe um futuro para
Israel e que tal futuro seria a Igreja, elas automaticamente são levadas a concluir
que os comandos de se “pregar o evangelho aos quatro cantos do mundo para
Cristo poder voltar” são para os cristãos.
Essas pessoas imaginam que é necessário que todo homem, em cada lugar do
mundo, deve ser evangelizado como condição prévia para a volta de Cristo,
quando, na verdade, a ordem do "Ide" em Mateus 10.7 e 24.14 foi dada aos
apóstolos em circunstâncias claramente judaicas. Ou seja, Jesus estava falando do
"evangelho do Reino" ali. O evangelho do reino é aquele que anuncia a volta do
Rei de Israel. É muito importante entender isto: que o evangelho do reino,
descrito por Jesus nestas ocasiões, não é o evangelho da graça. O evangelho do
reino diz: “Arrependei-vos, porque é chegado o reino dos céus”, enquanto o
evangelho da graça diz: “Creia no Senhor Jesus e será salvo”.

40
Segundo os que pensam que devemos pregar o “evangelho do reino” a toda
criatura para Jesus voltar, enquanto o mundo não for totalmente evangelizado
Cristo não poderá retornar para arrebatar a Sua igreja, o que Ele prometeu com
tanta veemência. Portanto, segundo os que interpretam a Bíblia com tudo junto e
misturado, seria bobagem crer que o Senhor poderia vir a qualquer momento para
arrebatar a Sua amada Noiva (Igreja), como era a esperança de Paulo e de outros,
os quais obviamente sabiam que o evangelho da graça não seria pregado em todo
o mundo dentro do período de suas vidas.
Veja o que Paulo diz aqui: “Depois NÓS, OS QUE FICARMOS VIVOS,
seremos arrebatados...” (1 Tessalonicenses 4.17).

A FALSA TEOLOGIA DO DOMÍNIO


Outra aberração que podemos constatar na crença de que o cristianismo precisa
primeiro conquistar e dominar o mundo para que Cristo possa voltar, são as
cruzadas, antigas e modernas, em sua ânsia conquistadora de dominar a terra e
transformá-la em um “mundo cristão”. O desejo norte-americano de uma
hegemonia ocidental, que às vezes faz uso de meios militares para atingir tal fim,
faz parte do programa da “Teologia do Domínio” (ou Teologia do Pacto, para ser
mais exato). A Teologia do Domínio, professada pelo ex-presidente Bush e por
parte dos batistas fundamentalistas do sul dos Estados Unidos, vem desse desejo.

ISRAEL E IGREJA SÃO DOIS POVOS DISTINTOS


Sem mais delongas, vamos aos fatos: Israel e Igreja são dois povos diferentes, e
isso é claramente explicado em Romanos 11. Israel está no presente momento em
estado de torpor e cegueira enquanto Deus trata com a Igreja. Todavia, isso irá
mudar. No fim, um remanescente judeu fiel irá se converter a Deus, e Deus terá
os dois povos: Israel, escolhido desde a fundação do mundo (Mt 25.34), e a
Igreja, escolhida antes da fundação do mundo (Ef 1.4).
A Igreja não é Israel. Eu não sou o “Israel de Deus”. Sou um cristão. Para ser
Israel eu teria que me tornar israelita ou, no mínimo, me tornar um prosélito,
passando a ter minhas práticas e costumes pautados nas ordenanças judaicas.
Além disso, para ser um israelita, eu teria que buscar em Jerusalém o meu lugar
de adoração (o Templo de Jerusalém), como fora ordenado aos judeus no Antigo
Testamento.

41
Romanos 11 fala muito disso e nós deveríamos dar mais atenção ao que está
explícito nesta passagem.
Mario Persona explica:
“Romanos 11 usa como exemplo a oliveira, a árvore de onde provém o azeite
que é tantas vezes usado nas Escrituras como figura do Espírito Santo, pois o
azeite é o combustível da luz que ilumina. O assunto do capítulo não é a
salvação ou o testemunho individual, mas o testemunho coletivo de Deus na
terra, ora nas mãos de seu povo Israel, ora nas mãos da Igreja, em diferentes
épocas sob influência e direção do Espírito Santo.
Israel, os ramos naturais, foram quebrados, e a Igreja, os ramos de oliveira
brava, enxertados. Considerando que uns e outros são meros ramos, podemos
deduzir que a árvore continua existindo independente deles, porque a árvore é o
testemunho de Deus em sua totalidade. Os ramos são aquelas coisas que partem
do tronco e expandem seu alcance, o que vem bem de encontro à ideia de um
testemunho crescente e abrangente.
Em Gênesis 12 Deus prometeu a Abraão que ele seria o pai de uma grande
nação, e obviamente sabemos tratar-se de Israel. Abraão foi pai de Isaque e avô
de Jacó, que teve seu nome mudado para Israel. A promessa incluía que todas as
nações da terra seriam abençoadas por meio de Israel, ao qual Deus chamou de
sua "menina dos olhos".”
Agora note a seriedade de tudo isso:
“Vós adorais o que não sabeis; nós adoramos o que sabemos porque a salvação
vem dos judeus” (João 4.22).
“Para que a bênção de Abraão chegasse aos gentios por Jesus Cristo, e para
que pela fé nós recebamos a promessa do Espírito” (Gálatas 3.14).
Essas passagens não estão dizendo que os gentios (nós) se tornariam judeus ou
Israel para serem abençoados. A mensagem está dizendo que nós, gentios,
desfrutaríamos da bênção que, por intermédio de Abraão e de Israel, chegaria até
nós na Pessoa de Jesus Cristo e de seu sacrifício consumado. Portanto, hoje
somos salvos independente de nos tornarmos judeus ou parte da nação de Israel.
O fato de nós, cristãos, existirmos, independente de Israel, não significa que
Israel tenha deixado de ser a “menina dos olhos” de Deus, a nação terrenal de
Deus, e muito menos significa que esta nação tenha perdido as bênçãos das
promessas que Deus lhe deu.
Se antes Deus olhava para o mundo e enxergava apenas dois povos, Israel e
gentios, hoje Deus enxerga três: Israel, gentios e Igreja. Veja:

42
“Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos
[gentios], nem à igreja de Deus” (1 Coríntios 10.32).
Ora, se o Espírito Santo de Deus faz essa distinção nas Escrituras, quem somos
nós para dizer que Israel e Igreja são a mesma coisa? Quem nos persuadiu a crer
em uma aberração dessas? Ora, Paulo não faria tal distinção entre esses três
povos se a Igreja fosse apenas uma continuidade de Israel, e nem falaria de um
futuro ainda a ser realizado para Israel em Romanos 11 e em várias outras
passagens de suas epístolas.
“Digo, pois: Porventura rejeitou Deus o seu povo? De modo nenhum; porque
também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim”
(Romanos 11.1).
Nessa passagem Paulo está falando do povo de Israel. Basta ler o contexto. Paulo
deixa claro que Deus não rejeitou Seu povo terrenal, Israel, citando ele próprio
como exemplo inato de um israelita. O apóstolo se apresenta aqui como um
judeu de nascença e apresenta as credenciais que o identificam como um judeu,
embora ele seja membro do Corpo de Cristo (Igreja) agora.

DEUS NÃO É UM MENTIROSO


Sendo assim, embora Israel tenha falhado em seu testemunho, sua identidade
como povo e as promessas ainda não cumpridas a esta nação não deixaram de
existir. Por que? Porque Deus não é um mentiroso. Portanto, Suas promessas
para Israel são verdadeiras e certamente ainda serão cumpridas (2Co 1.20). As
pessoas que se perderam nas heresias da Teologia do Pacto necessitam reajustar
sua eclesiologia e escatologia para se conformarem com a verdade das Escrituras
e com a verdadeira natureza de Deus, o qual não mente. E dizer que Israel não
tem um futuro a ser cumprido por Deus é chamá-lo de mentiroso. Não seria isso
uma blasfêmia? Essa é a lógica de tudo isso.
É realmente difícil compreender como os ditos “teólogos” e “pregadores” da
Teologia do Pacto podem aplicar à Igreja promessas da Escritura que, em seu
sentido normal de interpretação, aplicam-se claramente ao povo de Israel e à
Palestina. E essas promessas ainda devem ser cumpridas no futuro. Os livros
proféticos estão cheios de ensinamentos que, se forem interpretados
normalmente, sem alegorizações infundadas, seriam inspiradores. O aprendizado
resultante da compreensão dessas profecias seria uma magnífica segurança de um
futuro grande e glorioso. A partir do instante em que essas profecias são
espiritualizadas em sua interpretação, elas se tornam ridículas – Quando
aplicadas à igreja, elas são uma comédia.
43
Como já fora dito, o Israel de Deus tornará a ser o centro da atenção neste mundo
e Deus tornará a tratar com ele, não importa quanto tempo demore. Se não fosse
assim, não teríamos mais que nos preocupar com Israel, e até seria um favor se
tal nação desaparecesse da face da terra para deixar o caminho livre para a Igreja.
Era assim que pensavam os católicos medievais, era assim que pensava Lutero e
outros protestantes, e é assim que muitos ainda pensam.
O apóstolo Paulo, apesar de admitir o fracasso de Israel e falar da Igreja sendo
introduzida por Deus como Seu testemunho na presente dispensação, deixa claro
que ainda há uma dispensação à frente, chamada de “dispensação da plenitude
dos tempos” (Ef 1.10), prevista para Israel no fim de toda a história humana,
confirmando assim a identidade e singularidade desse povo que ainda irá ver
cumpridas as promessas feitas por Deus no Antigo Testamento:
“Digo, pois: Porventura [os israelitas] tropeçaram, para que caíssem? De modo
nenhum, mas pela sua queda veio a salvação aos gentios, para os incitar à
emulação. E se a sua queda é a riqueza do mundo, e a sua diminuição a
riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude!” (Romanos 11.11-12).

O TESTEMUNHO DE ISRAEL E O TESTEMUNHO DA IGREJA


Abaixo veremos alguns versículos onde Paulo mostra diretamente à Igreja o
perigo de seu testemunho também ser cortado, como foi o caso de Israel por sua
incredulidade. E é exatamente o que tem ocorrido. Israel falhou em seu
testemunho e, agora, a Igreja também mostra que falhou. Todavia, deixaremos
para falar sobre a falha no testemunho cristão em outro artigo. Nas epístolas que
se seguem o apóstolo fala de dois povos distintos. Se a Igreja fosse a
continuidade natural de Israel, não haveriam essas comparações na Bíblia. O
versículo 23 de Romanos 11, por exemplo, deixa bem claro que Israel continua
apenas em "stand by" (ou em suspensão), mostrando assim a possibilidade de sua
readmissão ao testemunho de Deus na terra. E é exatamente o que ainda irá
ocorrer no chamado Milênio (os mil anos de reinado de Cristo na terra).
“E também eles, se não permanecerem na incredulidade, serão enxertados;
porque poderoso é Deus para os tornar a enxertar” (Romanos 11.23).
Finalmente, a Bíblia mostra que é apenas uma questão de tempo para que isso
aconteça: "até que a plenitude dos gentios haja entrado". Veja:
“Porque não quero, irmãos, que ignoreis este segredo (para que não presumais
de vós mesmos): que o endurecimento veio em parte sobre Israel, até que a
plenitude dos gentios haja entrado. E assim todo o Israel será salvo, como está

44
escrito: De Sião virá o Libertador, e desviará de Jacó as impiedades. E esta
será a minha aliança com eles, quando eu tirar os seus pecados” (Romanos
11.25-27).
A expressão "quando eu tirar os seus pecados" denota que a Igreja não é a
continuidade de Israel, mas uma entidade distinta, pois Deus ainda irá tratar com
Israel num futuro próximo, que é o tempo também citado no versículo 31:
“Assim também estes agora foram desobedientes, para também alcançarem [no
futuro] misericórdia pela misericórdia a vós demonstrada” (Rom 11.31).

A HISTÓRIA SOMADA ÀS PROFECIAS


É importante e muito motivador notar que a história se encaixa com todas essas
profecias que temos visto, especialmente com relação a Israel. Em 1967,
soldados judeus entraram em Jerusalém, largaram suas armas e correram para o
Muro das Lamentações, chorando profundamente. Isso mostra que atualmente
Israel tem mostrado, com mais clareza do que nunca, que seu atual estado está
em perfeita harmonia com o que Deus prometeu que faria a esta nação. É
impressionante ver teólogos do pacto negarem a significância disso no corredor
da história em conformidade com as Escrituras. Ora, no ano 70 d.C, até 1967,
cerca de 2.000 anos até aqui, Jerusalém tem estado sob o domínio e controle dos
gentios, e agora os judeus reconquistaram a cidade de Jerusalém. Jesus profetizou
sobre isso. Ele disse que Jerusalém seria pisada sob os pés dos gentios até que
a medida destes fosse completada (Romanos 11.25-27). Isso é
assombrosamente maravilhoso para quem aceita o que é dito pelas Escrituras
sagradas, mas é estarrecedor para quem ainda acredita que Israel é uma nação
esquecida por Deus e que a Igreja tomou o seu lugar de alguma forma espiritual.
Todavia, o que parece estarrecedor e confuso para os teólogos do pacto está
perfeitamente de acordo com as Escrituras. A sobrevivência dos judeus é
exatamente o que deveríamos esperar ao aplicarmos consistentemente a
hermenêutica literal à profecia bíblica e se entendermos que a eleição soberana
de Deus sobre a nação de Israel é incondicional e distinta da Igreja. Ele fez
promessas à Israel no Antigo Testamento que ainda não foram cumpridas, mas
serão no futuro. Uma futura geração de israelitas étnicos na salvação e no
restabelecimento do reino messiânico terreno está por vir, juntamente com o
cumprimento total de todas as promessas feitas à Israel.
A ideia da Igreja substituir Israel ou ser sua continuação não deve ser tratada
como uma mera questão secundária ou “opinião teológica”, como muitos têm

45
afirmado. Esse pensamento a respeito de Israel e Igreja é uma heresia e ponto
final. A propósito, eu a considero até mesmo maligna por desprezar todas as
promessas feitas por Deus especificamente a esse povo e tentar usurpá-las para a
Igreja. Até meados do século 19 Israel era visto pela cristandade em geral com
indiferença e desprezo. Agora pense comigo, caro leitor: a "menina dos olhos" de
Deus vista com desprezo pelos que se dizem seguidores de Cristo, um judeu!
Consegue imaginar como isso é visto por Deus?
Desde o século 19 temos visto como muitos entenderam as verdades
dispensacionais da Bíblia. Porém, infelizmente a atual Teologia da Prosperidade,
filha caçula da Teologia do Pacto, volta a tentar aplicar à Igreja as promessas
feitas a Israel no Antigo Testamento, causando um retrocesso dos cristãos aos
tempos do catolicismo medieval.

DISPENSACIONALISMO:
A importância da hermenêutica bíblica

A hermenêutica verdadeiramente bíblica exige três regras indispensáveis para


uma teologia honesta e sem distorções da Escritura Sagrada:

1. A HERMENÊUTICA HISTÓRICO-GRAMATICAL
CONSISTENTE ELIMINA ALEGORIZAÇÕES INFUNDADAS:
Se a maioria dos cristãos soubesse dos desdobramentos que a Eclesiologia e
Escatologia trazem para a vida prática do cristão, não estaria atribuindo o tema a
uma mera “questão secundária" ou “erro teológico” ao invés de uma clara
heresia. A prática do “pedobatismo” (batismo infantil), por exemplo, é só a ponta
do Iceberg herético da Teologia do Pacto ou Aliancista. Essa tradição romana
ficou enraizada no coração de maior parte da cristandade e causa danos
irreversíveis na ortodoxia cristã de forma direta. Há alguns anos atrás eu não diria
isso, pois ainda era imaturo demais para perceber. Mas, tendo me aprofundado
um pouquinho no tópico e vasculhado as conseqüências doutrinárias resultantes
de uma Eclesiologia surgida com as alegorias mirabolantes de Agostinho,
descobri que o assunto não se trata meramente de ênfase, mas de conteúdo. Tanto
os apóstolos como os cristãos dos dois primeiros séculos pós-apostólico jamais

46
foram conhecidos por defenderem uma visão anti-dispensacionalista. Por que?
Porque a visão dispensacional das Escrituras é o que se espera de alguém que lê a
Bíblia da forma intencionada pelo Espírito Santo.

O que é a hermenêutica?
A hermenêutica bíblica é o estudo dos princípios e métodos de interpretação do
texto bíblico. Segundo os comandos claros de 2 Timóteo 2.15, ao se envolverem
com a hermenêutica, os crentes devem "procurar se apresentar a Deus
aprovados, como obreiros que não têm de que se envergonharem, que
manejam bem a palavra da verdade” (v.15).
Deste modo, o objetivo central da hermenêutica dispensacionalista é nos guiar
dentro das passagens bíblicas com o propósito de nos levar a uma interpretação
aplicada pela própria Escritura, e jamais pela ótica limitada de métodos
humanistas, tais como o método de interpretação histórico-crítico ou alegórico.
Assim, com base no método histórico-gramatical [literal] dos textos sagrados,
atestado e aprovado pelo tempo, a intenção da hermenêutica dispensacional é
mostrar o genuíno entendimento e aplicação da Teologia Bíblica. Toda teologia
é, por definição, bíblica. Mas, quando falamos de Teologia Bíblica em termos de
método interpretativo, estamos a tratar daquilo que foi dito somente pelos autores
inspirados das Escrituras Sagradas, sem subterfúgios em opiniões de teólogos
e/ou manuscritos não-inspirados – ou até mesmo na aplicação da Teologia
Filosófica, que inclina-se a defender a fé cristã a nível apologético e se ocupa de
temas não respondidos de forma direta pela Escritura.
A regra indispensável e crucial para o método histórico-gramatical de
interpretação é que a Bíblia deve ser interpretada literalmente, a menos que
ela mesma nos forneça outra interpretação textual que aponte claramente para um
simbolismo intencionado pelo autor inspirado. Isso significa que a Bíblia deve ser
sempre interpretada com base em seu significado normal, literal ou simples, a
menos que o texto sagrado exija uma visão alegórica do texto que está sendo lido
e o autor inspirado mostre claramente sua intenção de apontar para uma
conclusão simbólica da passagem.
A hermenêutica dispensacionalista se diferencia de todas as outras hermenêuticas
por conta de sua consistência. Quando de frente para uma passagem bíblica, ela
nos mostra de forma concisa se alguma figura de linguagem está, de fato, sendo
empregada no manuscrito dos profetas ou dos apóstolos. A primeira intenção do
leitor ao abrir a Bíblia deve ser buscar o sentido normal/literal do texto. Essa
regra é imprescindível. Após fazê-lo, caso não seja possível interpretar a

47
passagem de forma literal, então o leitor pode e deve tentar encontrar outra
interpretação que não seja a literal.
Na Bíblia não existem contradições ou múltiplos sentidos. Ela diz o que deseja
realmente dizer e não pergunta ao homem se ele tem uma opinião secundária a
respeito do que está escrito. Por exemplo, quando Jesus fala de ter alimentado "os
cinco mil homens" em Marcos 8.19, o princípio da hermenêutica irrefutável
exige que entendamos os “cinco mil” como um número literal – ou seja, havia
uma multidão de cinco mil pessoas esfomeadas e que foram alimentadas com
verdadeiros pães e peixes por um Salvador dotado de poder milagroso. Qualquer
tentativa de "espiritualizar" o número descrito em Marcos 8.19, ou de negar um
milagre literal de Cristo nesse contexto, é lançar a inerrância das Escrituras na
lata do lixo, acrescentando alegorias não intencionadas pelo Espírito Santo. Isso é
ignorar as leis da linguagem exigidas pelo autor inspirado, que é comunicar um
número real, literal e conciso, sem brechas para alegorizações.
Muitos intérpretes, sobretudo aliancistas [adeptos da teologia do pacto] cometem
o erro grosseiro de tentar buscar significados esotéricos que nunca são
encontrados nas entrelinhas do texto sagrado, como se cada passagem tivesse
uma verdade espiritual oculta que, segundo eles, deveríamos tentar decifrar. A
hermenêutica bíblica do Dispensacionalismo nos protege desses estratagemas e
nos mantém fiéis ao significado intencionado pela Palavra de Deus e mui longe
de alegorizações estapafúrdias de versículos claramente literais que não nos
permitem enxergar qualquer sinal de simbolismo na passagem bíblica.
A abordagem literal na interpretação não elimina cegamente as figuras de
linguagem, nem os símbolos, nem as alegorias e os tipos da Bíblia. Todavia, se a
natureza das frases exigir que interpretemos um texto alegoricamente, ela
certamente nos levará a um segundo sentido da passagem. O método literal de
interpretação é o único freio saudável e seguro para a imaginação do homem.
Esse método é o único que se coaduna com a natureza da inspiração divina nas
Escrituras.

A INCONSISTÊNCIA DA HERMENÊUTICA ALIANCISTA


É de extrema importância saber que uma teologia não é uma hermenêutica. Tal
pensamento prejudica a interpretação correta da Bíblia. Na realidade, uma
hermenêutica (princípios de interpretação de literatura) aplicada por uma
exegese habilidosa (aplicação artística de princípios interpretativos) conduz o
leitor a uma teologia, mas não o inverso. Infelizmente, todos os que seguem o

48
inverso disso têm colocado o carro proverbial teológico na frente do boi/cavalo
hermenêutico.
Todavia, todo adepto da Teologia do Pacto segue esse processo, consciente ou
inconscientemente, em parte ou no todo, quando vai lidar com a identidade da
igreja (Eclesiologia) e o futuro de Israel (Escatologia).
Quando os “teólogos do pacto” não atingem seu fim teológico predeterminado
usando a hermenêutica normal (que os tem servido bem em todas as áreas da
teologia), eles mudam a sua hermenêutica para gerar as conclusões
predeterminadas por eles mesmos, com as quais começaram. Esse erro produz
uma abordagem preconceituosa para com a interpretação bíblica a fim de validar
uma conclusão preestabelecida pelo “corpo doutrinário” de sua escolha. Essa é
uma maneira inaceitável, inconsistente e inválida de interpretar a Bíblia. Sendo
assim, devemos rejeitar em todas as esferas esse método corrupto de
interpretação bíblica.
Somente uma hermenêutica consistente, com o uso do método histórico-
gramatical (literal) de interpretação bíblica, pode conduzir o leitor à interpretação
intencionada por Deus do texto sagrado. Para entender as dispensações da Bíblia
é necessário que tenhamos uma hermenêutica histórico-gramatical consistente
(ou seja, literal) na interpretação de toda a Escritura. Para tal, o primeiro passo é
usar de uma teologia pressuposicional, e não predeterminada e preconceituosa.

O QUE GANHAMOS COM ISSO?


O Dispensacionalismo não necessita de novas regras de interpretação quando
deparado com os textos proféticos, em especial no Antigo Testamento, onde
maior parte das profecias a respeito do futuro de Israel é encontrada. O texto
bíblico é lido em seu sentido normal, dentro de seu contexto. E isso nos leva a
respeitar a linguagem simbólica e as figuras de discursos quando elas são
empregadas pelo Espírito Santo na Palavra. Ao ter uma visão dispensacional da
Bíblia, você consegue entender a linguagem intencionada por Deus no Antigo
Testamento, como a história de Josué, ou ao altamente figurativo Cantares, ou
livros proféticos que, em sua maioria, falam de forma direta e literal. Quanto ao
Novo Testamento, o resultado é ainda mais gratificante, pois o Novo Testamento
não será usado para interpretar o Velho Testamento – um grande erro que muitos
também cometem e por isso ficam confusos. O Velho Testamento é interpretado
por ele mesmo, não pelo Novo Testamento.
Um exemplo disso é a diferença entre o arrebatamento da Igreja e a segunda
vinda de Jesus. A menos que algum mandato claro e incontestável da Escritura
49
mude o modo como a pessoa interpreta a profecia do Antigo Testamento sobre a
segunda vinda de Jesus para reinar (e não há nenhum mandato para tal), então a
Escritura deve ser interpretada consistentemente ao longo de toda a Bíblia. E
somente uma visão dispensacional proporciona ao leitor o entendimento de que o
arrebatamento da Igreja não tem nada a ver com a segunda vinda de Jesus, a qual
ocorrerá no mínimo sete anos depois do arrebatamento (o intervalo entre os dois
eventos é chamado de “Tribulação” – Essa tribulação durará sete anos).

2. O TEXTO DENTRO DO CONTEXTO


A segunda lei fundamental que rege a hermenêutica dispensacionalista, ou seja,
bíblica, é que as passagens devem ser interpretadas visando seu contexto
histórico, gramatical e contextual.

1 – O Contexto Histórico:
Ao interpretar uma passagem historicamente, o leitor deve se empenhar em
compreender a cultura, pano de fundo e situação que deu origem ao respectivo
texto, considerando o contexto do texto. Por exemplo, a fim de compreender
plenamente a fuga de Jonas em Jonas 1.1-3, faz-se necessário entender a
correlação que a história dos assírios tem com a história de Israel.

2 – O Contexto Gramatical:
Interpretar uma passagem gramaticalmente requer que sigamos as regras
gramaticais exigidas pelo texto sagrado e que reconheçamos as nuances do
hebraico e grego. Por exemplo, quando Paulo escreve sobre "nosso grande Deus
e Salvador, Jesus Cristo" em Colossenses 1, as regras gramaticais atestam
categoricamente que “Deus e Salvador” são termos paralelos e ambos conectados
a Jesus Cristo. Em outras palavras, Paulo claramente aponta Jesus como "nosso
grande Deus”.

3 – O Contexto em Si:
Ao interpretar os versículos de uma passagem de forma contextual, estamos
cientes de que isso envolve a lei imutável que rege toda a Palavra de Deus, onde
o leitor deve, por temor a Deus, considerar todo o contexto de um versículo ou
passagem antes de determinar o seu significado. Quando deparado com um texto

50
bíblico difícil de ser conciliado com passagens aparentemente opostas à sua
premissa, os versículos anteriores e posteriores devem ser imediatamente
consultados para a conclusão intencionada pelos autores inspirados por Deus.
O Espírito Santo não é débil e a Bíblia jamais contradiz a Si mesma. A Bíblia
responde por si mesma a qualquer dúvida humana, em qualquer passagem que
possa apresentar dificuldades de correlação entre um ponto e outro por falta de
uma análise aprofundada de seu amplo contexto. Tomemos como exemplo o
livro de Eclesiastes. Muitas declarações enigmáticas em Eclesiastes tornam-se
mais claras quando mantidas em seu devido contexto – o livro de Eclesiastes é
escrito a partir da perspectiva terrena "debaixo do sol" (Ec 1.3). A frase “debaixo
do sol” é repetida cerca de trinta vezes pelo rei Salomão, inspirado pelo Espírito
Santo, estabelecendo o contexto real para tudo o que é "vaidade" neste mundo.

3. A ESCRITURA INTERPRETA A ESCRITURA


A terceira regra crucial da hermenêutica dispensacionalista que se diferencia de
todas as visões teológicas, se contrapondo especialmente à Teologia Reformada
do Pacto (Aliancismo), é o fato inexorável de que a Escritura interpreta a própria
Escritura. Por esta razão, os cristãos que já possuem uma compreensão
dispensacional da Bíblia sempre comparam a Escritura com a própria Escritura
ao tentarem determinar o significado de uma passagem ao invés de construir uma
“teologia apropriada” com o intuito errôneo de aplicar uma hermenêutica
predeterminada, como fazem os teólogos do pacto. Como já fora dito, uma boa
hermenêutica produz uma boa teologia, mas nunca o inverso. Por exemplo, Isaías
condena o desejo de Judá de buscar ajuda do Egito. É importante salientar o fato
de que a sua dependência em uma cavalaria forte (Is 31.1) era motivada, em
parte, pela proibição explícita de Deus de que Seu povo não deveria ir ao Egito
em busca de cavalos (Dt 17.16).
Nos últimos tempos, o Dispensacionalismo tem sido maldosamente distorcido
por “doutores” de várias denominações religiosas no desespero de defenderem
suas convicções heréticas. A visão dispensacional da Bíblia tem sido alvo de
ataques desonestos e das mais variadas formas de perversão que se pode
imaginar, pois a visão dispensacionalista liberta os leitores de uma hermenêutica
espúria e predeterminada por uma teologia de plástico, condicionada a olhar para
a Bíblia com os olhos da incredulidade alegórica. O resultado dramático de
nossos dias é notado pelas discrepâncias desse sistema religioso denominacional
e corrompido que vemos hoje.

51
As pessoas evitam estudar com uma ótica dispensacional por caírem nos
sofismas maldosos criados pelo sistema religioso e por acreditarem cegamente
em conceitos criados pelos anti-dispensacionalistas. Doutores não-
dispensacionalistas se empenham em criar conceitos que nunca foram defendidos
pelo Dispensacionalismo. Quando isso não funciona, esses “ministros” se
dedicam a apontar erros obsoletos que os próprios dispensacionalistas corrigiram
ao longo do tempo. Ou seja, a elaboração errada de uma premissa leva a
conclusões obviamente errôneas, tendo como objetivo promover uma falsa
acusação.

CONCLUSÃO
A hermenêutica dispensacionalista aponta para a correta interpretação da Bíblia,
sem mutilar seu real propósito ao se comunicar com os santos de Deus. O
propósito da hermenêutica dispensacional é, sobretudo, nos proteger da má
aplicação da exegese escriturística e nos livrar de qualquer outra concepção
alegórica infundada que possa corromper a nossa compreensão da verdade. A
Palavra de Deus é a verdade (Jo 17.17). Queremos ver a verdade, conhecer a
verdade e viver a verdade. É por isso que a hermenêutica dispensacional, a qual
consiste num método histórico-gramatical consistente – isto é, sem abandoná-lo
ao lidar com textos proféticos e relacionados à Eclesiologia e Escatologia – é a
melhor opção para quem deseja saber o que a Bíblia de fato está nos
comunicando, e não o que a tradição dos homens quer que sigamos.

52
CAPÍTULO 2
FIM DOS TEMPOS

A IGREJA NÃO TEM NENHUMA RELAÇÃO


COM A TRIBULAÇÃO

Em nenhuma parte do evangelho da graça (epístolas dos apóstolos) o cristão é


instruído a se preparar para a vinda do Anticristo e da grande tribulação. Isso é
dito aos judeus nos evangelhos do Antigo Testamento, quando Israel é alertada
sobre coisas referentes a ela. Aqueles acontecimentos descritos em Mt 24-25 se
divergem completamente do que é dito aos cristãos no evangelho da graça. É
dito à Igreja que ela será arrebatada nos ares, e não que ela estará na terra na
grande tribulação. No arrebatamento, Cristo vem nos ares, arrebata a Igreja e
retorna ao céu (1Ts 4.17). Já no evento final da segunda vinda, após a grande
tribulação, Cristo desce à terra para habitar e reinar por mil anos (Mt 25.31-32).
Se uma pessoa não sabe diferenciar o que é dito para Israel do que é dito para a
Igreja, ela tentará encaixar 1Ts 4 com Mt 25 e fará uma verdadeira 'salada mista'
com as Escrituras, visto que à Israel é dito uma coisa e à Igreja é dito outra.
Nas poucas vezes em que a Igreja é mencionada em Apocalipse, a promessa feita
a ela é tão simples quanto consoladora: "Como guardaste a palavra da minha
paciência, também Eu te guardarei da hora da tentação que há de vir sobre todo
o mundo, para tentar os que habitam na terra" (Apocalipse 3.10).
Existe um remanescente judeu fiel que está encarregado de levar o 'evangelho do
reino' a todos os cantos do mundo durante a tribulação. Esse evangelho do reino
não é o evangelho da graça. Ele anuncia a volta do Rei de Israel no fim da grande
tribulação. É muito importante perceber essa distinção na Bíblia.
A propósito, você já percebeu que não existe Igreja antes de Atos 2? Pois é, caro
leitor. Entenda: Jesus ainda não havia inaugurado a Igreja e nem os apóstolos
sabiam como isso aconteceria, até que um dia, na festa chamada "Pentecostes", a
Igreja foi inaugurada e uma fase de transição foi iniciada. Um tempo depois
disso, as epístolas nos diriam como viver a prática cristã e não as leis do
Judaísmo, que até então era tudo que os servos de Deus conheciam.

53
ORDEM CRONOLÓGICA DOS
ACONTECIMENTOS PROFÉTICOS

Muitas pessoas têm ficado confusas acerca dos eventos finais da humanidade que
a Bíblia nos apresenta. Essas pessoas estão soltas e perdidas, como ovelhas
desgarradas que não possuem um Pastor, acreditando e criando, por si mesmas,
estórias mirabolantes sobre o “fim dos tempos”, sobre o Anticristo e
especialmente sobre o número da besta (666). Os filmes hollywoodianos, a mídia
sensacionalista e as teorias conspiratórias são o combustível para a criação de
teorias ainda mais absurdas nas mentes menos favorecidas. O YouTube está
repleto dessas teorias e, por falta de uma orientação teológica séria e responsável,
essas pessoas acreditam em tudo que veem. Vivem assustadas, amedrontadas e
acabam ficando alienadas com tanta fantasia que circunda suas cabeças.
De algumas décadas para cá, temos visto como a falta de conhecimento de Deus
e o avanço tecnológico tornam a vinda de Cristo mais próxima do que nunca.
Todavia, isso não deveria ser uma surpresa para um cristão. É óbvio que estamos
diante dos últimos tempos, pois Jesus e os apóstolos já dizem isso há mais de
dois mil anos. A questão que gera confusão, principalmente entre os "teoristas da
conspiração" e adeptos da herética Teologia do Pacto, é que as instruções dadas à
Igreja no evangelho da graça (epístolas dos apóstolos) são para os cristãos
esperarem pelo ARREBATAMENTO DA IGREJA, que ocorrerá bem antes da
manifestação do Anticristo e da “Tribulação” (conhecida como Septuagésima
Semana de Daniel), como será mostrado aqui.
Devido ao engano de Satanás e de “doutores” que deviam ter estudado a Bíblia
por mais tempo ao invés de ensiná-la, muitos têm deixado de lado o estudo
saudável dos acontecimentos proféticos. E isso é uma realidade muito triste, visto
que a Escritura está repleta de ensinos que poderiam libertar as pessoas de muitas
dúvidas cruéis.
Para facilitar o entendimento dos que de fato desejam aprender a ordem dos
acontecimentos proféticos, resolvi tecer aqui um resumo que desfará o nó da
cabeça de muitos.
Em primeiro lugar, acontecerá o arrebatamento da Igreja (1Ts 4.17). Esse evento
é iminente, ou seja, está para acontecer a qualquer momento. Entretanto, no

54
arrebatamento Jesus não desce à terra, mas “vem nos ares” e arrebata para Si
todos os “salvos desde o princípio do mundo”. Nesse dia, os que estiverem
mortos ressuscitarão antes, e os que estiverem vivos serão transformados e
subirão para o céu juntamente com os ressuscitados. Com isso, ficarão na terra
dois grupos de indivíduos: 1) Aqueles que ouviram o evangelho e não creram; 2)
Os que não ouviram o evangelho e não tiveram a oportunidade de estarem entre
os salvos.
Vale ressaltar que não haverá uma segunda chance para os que ouviram e não
creram. Esses indivíduos continuarão incrédulos porque Deus os fará crer na
mentira do Anticristo que se levantará após o arrebatamento da Igreja (1Ts
2.7-12). Já aqueles que nunca ouviram, tanto judeus como gentios, poderão ainda
se converter na Tribulação que durará sete anos na terra.
Outra coisa importante que deve ser ressaltada é que somente os salvos são
ressuscitados para o arrebatamento. Os perdidos só serão ressuscitados após o
Milênio para serem julgados. Ou seja, há um intervalo de mil anos entre a
ressurreição dos mortos salvos e a dos mortos condenados.
Em segundo lugar, ao fim da Tribulação de sete anos, os salvos arrebatados
descerão com Cristo para julgar as nações. Essa é a segunda vinda de Cristo,
descrita em Mt 24–25. Naquele momento, o Milênio terá iniciado – Será o Reino
de mil anos de Cristo sobre a terra. Digno de nota é que os santos arrebatados não
serão súditos na terra durante o Milênio, mas reinarão juntamente com Cristo
sobre a terra (2Tm 2.12). Apenas os judeus e gentios que se converteram durante
a Tribulação é que serão súditos durante o Reinado de Cristo. Eles viverão como
pessoas comuns e não terão corpos glorificados como os santos arrebatados.
Por fim, virá o juízo final, conhecido como "Grande Trono Branco". Ali sim os
mortos em seus pecados recebem seus corpos de volta e são trazidos diante do
Senhor para receberem a sentença do castigo eterno. Os salvos NÃO participam
desse ato judicial, pois foram salvos para sempre antes de tudo isso. Quem
chegar diante do "Grande Trono Branco" com um pecado sequer já estará
condenado. A passagem abaixo deixa claro que aquele que crê em Cristo não
entra em juízo ou julgamento: "Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a
minha palavra e crê naquele que me enviou tem a vida eterna, e não entra em
juízo, mas passou da morte para a vida." (Jo 5.24).
As expressões "Ouve", "crê", "tem", "não entra em juízo" e "passou da morte
para a vida", no momento em que creu, são expressões muito claras nesse
sentido. Todo aquele que creu em Cristo tem o Espírito Santo habitando em si
como garantia de sua salvação. Jesus fez uma promessa aos escolhidos, e essa
promessa é indissolúvel: O Espírito Santo nunca deixará o crente. Portanto,

55
pessoas convertidas, habitadas pelo Espírito Santo, NÃO comparecerão jamais
diante do "Grande Trono Branco" para serem julgadas (conferir Jo 14.16, Ef.
1.13).
Todavia, haverá sim uma escala de condenação, pois o Senhor Jesus nos ensinou
isso quando disse que haveria maior juízo para uma cidade do que para outra, ou
quando falou dos religiosos de sua época, alertando os discípulos: "Guardai-vos
dos escribas, que gostam de andar com vestes talares e muito apreciam as
saudações nas praças, as primeiras cadeiras nas sinagogas e os primeiros
lugares nos banquetes; os quais devoram as casas das viúvas e, para o justificar,
fazem longas orações; estes sofrerão juízo muito mais severo." (Lc 20.46-47).
Essa condenação é eterna, pois assim o Senhor a chama: "E irão estes para
o tormento eterno, mas os justos para a vida eterna." (Mt 25.46). Se
duvidarmos que a condenação é eterna teremos de duvidar também de que a
vida seja eterna. O Senhor avisou de forma clara que o fogo "nunca" se apaga.
Da mesma forma, Ele consolou os Seus escolhidos dizendo
que "nunca" pereceriam nem seriam arrebatados de Sua mão."Onde o seu
bicho não morre, e o fogo nunca se apaga." (Mc 9.44). "E dou-lhes a vida
eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão." (Jo
10.28).

COMO ENTENDER O JUÍZO FINAL? QUEM PARTICIPA


DESSE JUÍZO? EM QUE MOMENTO ISSO OCORRE?
O Juízo Final é apenas para os perdidos, pois daquele evento não sairá um salvo
sequer. O Juízo Final é para lavrar a pena de cada um de acordo com o que
praticaram em vida. Basta lembrar que bastou um pecado apenas para que Adão e
Eva fossem expulsos da presença de Deus. Quem, pois, poderia alegar hoje ter
apenas um pecado? E quem poderia dizer que nunca pecou? Segue abaixo o texto
em Apocalipse que descreve tudo isso:
"O diabo, que as enganava, foi lançado no lago de fogo que arde com enxofre,
onde já haviam sido lançados a besta e o falso profeta. Eles serão atormentados
dia e noite, para todo o sempre. Depois vi um grande trono branco e aquele que
nele estava assentado. A terra e o céu fugiram da sua presença, e não se
encontrou lugar para eles. Vi também os mortos, grandes e pequenos, de pé
diante do trono, e livros foram abertos. Outro livro foi aberto, o livro da vida. Os
mortos foram julgados de acordo com o que tinham feito, segundo o que estava
registrado nos livros. O mar entregou os mortos que nele havia, e a morte e o
Hades entregaram os mortos que neles havia; e cada um foi julgado de acordo
56
com o que tinha feito. Então a morte e o Hades foram lançados no lago de fogo.
O lago de fogo é a segunda morte. Se o nome de alguém não foi encontrado no
livro da vida, este foi lançado no lago de fogo" (Ap 20:10-15).

O QUE É O LAGO DE FOGO? ALGUÉM JÁ FOI PARA LÁ?


O lago de fogo, às vezes chamado de "inferno", está vazio. Ninguém nunca
esteve lá, como pensam muitos. Os mortos em seus pecados (sem salvação) estão
no hades, que é uma condição de morte enquanto aguardam a ressurreição de
seus corpos para serem lançados no lago de fogo. Esse é o destino deles: Serem
ressuscitados somente após o Milênio para serem julgados no Grande Trono
Branco. Os salvos não fazem parte dessa lista, pois já estão com Cristo e jamais
serão tirados de Sua presença. Como fora salientado na passagem acima, a besta
e o falso profeta (Anticristo) inaugurarão o lago de fogo no momento em que
forem lançados lá antes de Cristo estabelecer seu Reino Milenial na terra.

QUAL O PAPEL DE SATANÁS NISSO TUDO?


Durante os mil anos de reinado de Cristo e Sua Igreja sobre a terra, Satanás estará
preso. Ele não terá poder para tentar ninguém durante esse tempo. Após esses mil
anos, Satanás será solto novamente para que sejam revelados aqueles que
viverem no reino terreno de Cristo sem terem realmente se convertido (Lembre-
se de que o reino de mil anos será habitado por pessoas vivas em seus corpos
naturais. Esse grupo de pessoas não faz parte do grupo de salvos com corpos
glorificados). Esse tempo de liberdade de satanás durará pouco, como é dito em
Apocalipse, e então ele será finalmente lançado no lago de fogo onde o tormento
é "para sempre", e não temporário como ensinam algumas seitas e religiões.
Sendo assim, a esperança dos apóstolos, especialmente enfatizada por Paulo, era
de serem arrebatados ainda em vida, visto que Jesus prometeu que arrebataria
Sua amada noiva (Igreja) a qualquer momento. Esse evento é iminente e
totalmente distinto de Sua segunda vinda juntamente com os santos arrebatados
para REINAR EM ISRAEL – o que ocorrerá após a grande tribulação.
Portanto, a esperança do crente é a vinda de Cristo para arrebatá-lo nos ares, e
não a vinda do Anticristo, o qual não tem nenhuma associação com a Igreja de
Deus. A Igreja não espera pelo Anticristo, mas sim por Cristo. Simples assim.

57
OS SALVOS PARTICIPAM DO JULGAMENTO
FINAL?

Não, os salvos não participam do julgamento final. É impossível ser mais claro
do que João 5.24. Segue abaixo as diferentes versões para que o leitor possa
comparar e testificar (LITV e YLT são traduções literais do grego para o inglês):
(ACF) Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê
naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas
passou da morte para a vida.
(ARC) Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê
naquele que me enviou tem a vida eterna e não entrará em condenação, mas
passou da morte para a vida.
(Biblia) Em verdade, em verdade vos digo: quem ouve a minha palavra e crê
naquele que me enviou tem a vida eterna e não incorre na condenação, mas
passou da morte para a vida.
(Darby) Verily, verily, I say unto you, that he that hears my word, and believes
him that has sent me, has life eternal, and does not come into judgment, but is
passed out of death into life.
(KJV) Verily, verily, I say unto you, He that heareth my word, and believeth on
him that sent me, hath everlasting life, and shall not come into condemnation;
but is passed from death unto life.
(LITV) Truly, truly, I say to you, The one who hears My Word, and believes the
One who has sent Me, has everlasting life, and does not come into judgment, but
has passed out of death into life.
(NVI) "Eu lhes asseguro: Quem ouve a minha palavra e crê naquele que me
enviou, tem a vida eterna e não será condenado, mas já passou da morte para a
vida.
(PJFA) Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê
naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da
morte para a vida.
(YLT) `Verily, verily, I say to you--He who is hearing my word, and is believing
Him who sent me, hath life age-during, and to judgment he doth not come, but
hath passed out of the death to the life.

58
Atente-se para os tempos dos verbos, os quais revelam uma transformação
imutável na posição do pecador salvo: “ouve”, “crê”, “TEM”, “ENTRARÁ”,
“PASSOU”. A passagem NÃO diz que o salvo “terá” vida eterna, mas que tem a
vida eterna no momento em que crê, o que significa um direito adquirido por
graça, e tão somente pela graça.
Há diferentes tipos de juízo que você encontra na Bíblia, mas é importante
distinguir cada um deles. Na ordem dos eventos proféticos, primeiro vem o
arrebatamento da Igreja (os salvos) e dos que morreram em Cristo.
Para estes não há julgamento ou condenação, pois Cristo pagou o preço de sua
redenção. Nas palavras de Mario Persona, “Deus seria tão injusto de julgar um
crente quanto um juiz humano seria injusto de julgar alguém por um crime que
outro confessou e pagou a pena. Cristo confessou nossos pecados (levou sobre si)
e pagou a pena”.

O “GRANDE TRONO BRANCO” NÃO É O “TRIBUNAL DE


CRISTO”
Os crentes não são julgados no Grande Trono Branco, pois são salvos desde o
princípio do mundo. O que os crentes encontrarão é o Tribunal de Cristo descrito
em 2Co 5.10: "Porque todos devemos comparecer ante o tribunal de Cristo, para
que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do corpo, ou bem, ou
mal". Em 1 Coríntios Paulo fala mais desse tribunal que não tem caráter
condenatório, mas de apreciação das obras praticadas pelo crente. É algo
parecido com um concurso de pintura, onde o que está sendo julgado não é o
pintor, mas a qualidade de seu trabalho.
"E, se alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras
preciosas, madeira, feno, palha, A obra de cada um se manifestará; na verdade o
dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a
obra de cada um. Se a obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse
receberá galardão. Se a obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o
tal SERÁ SALVO, todavia como pelo fogo" (1 Coríntios 3.12-15).
Essa passagem nos ensina de forma clara que até mesmo aquele que não fez obra
alguma digna de ser aproveitada SERÁ SALVO.
Durante o reino milenar de Cristo haverá julgamentos todas as manhãs com a
aplicação da Pena de Morte imediata. Todavia, essa pena é para os indivíduos
que estiverem vivendo na Terra. A Igreja não estará necessariamente na terra no
milênio, mas estará vivendo no céu. Ao final desse milênio haverá o Grande
59
Trono Branco onde serão julgados todos os que não foram salvos, cujos nomes
não estavam no Livro da Vida.
Quando analisamos Apocalipse 20, percebemos como esse julgamento se trata de
um ato judicial que visa apenas dar a sentença. Esse julgamento não tem a
finalidade de estabelecer se a pessoa deve ou não ser salva. Todos são
condenados ali. Não há um salvo em Cristo que participa desse evento, mas
somente os predestinados à perdição (os réprobos).

A DIFERENÇA ENTRE O ARREBATAMENTO


E A SEGUNDA VINDA

A herética "Teologia do Pacto", também conhecida como "aliancismo", ensina


que o arrebatamento e a segunda vinda são um mesmo evento, com tudo junto e
misturado. Essa crença é aceita pelo catolicismo romano e também por maior
parte do denominacionalismo evangélico. O povo, em sua ignorância, costuma
trazer para a igreja de Cristo aquilo que Ele disse em Mateus 24 e 25 para judeus,
não para nós, cristãos. Repare que não há sequer um aviso no evangelho dos
apóstolos sobre a "ira de Deus sendo derramada sobre a Noiva de Cristo". Isso
não é encontrado nas epístolas porque a Tribulação não tem relação com a Igreja,
mas trata-se de um período de rigorosa disciplina de Deus sobre o povo de Israel
e sobre os pagãos. O remanescente judeu fiel, guardado por Deus, passará por
essa prova (a grande tribulação) a fim de dar testemunho do evangelho do reino,
aquele que anuncia o retorno do Rei. É importante notar que não existia Igreja
quando Jesus avisou ISRAEL sobre o sofrimento que está por vir. Quando
aquelas coisas ocorrerem, nós, a IGREJA, já teremos sido arrebatados no mínimo
alguns meses antes.
"Basta a cada dia o seu próprio mal"... e nós não precisamos ter medo da ira de
Deus sobre a terra, pois nos foi dado um presente especial -- o arrebatamento nos
ares com Cristo (1Ts 4-5), e assim seremos livrados “da hora da tentação que há
de vir sobre o mundo todo" (Ap 3.10). Foi DEUS quem fez essa promessa à
Igreja. E ELE não mente.

60
AS PROVAS BÍBLICAS DE QUE O
ARREBATAMENTO OCORRE ANTES DA
TRIBULAÇÃO

1. A PROMESSA DE JESUS DE GUARDAR A IGREJA DA


HORA DA TENTAÇÃO
Jesus promete à Igreja que ela será removida da terra antes da hora da tentação
que está por vir sobre toda a terra: “Porque guardaste a palavra da minha
perseverança, também Eu te guardarei da hora da tentação (ou “provação” em
algumas traduções) que há de vir sobre o mundo inteiro, para experimentar os
que habitam sobre a terra” (Apocalipse 3.10).
Jesus promete uma recompensa à Igreja pela sua “perseverança” durante as
tribulações da vida. Essa recompensa é ser guardada de um período único –
“hora da provação que há de vir sobre o mundo inteiro”. Essa é simplesmente a
resposta da razão do arrebatamento da Igreja. O arrebatamento é uma promessa
ou recompensa para a Igreja pela perseverança durante o sofrimento. A Igreja
que suporta as provações deste presente momento será guardada DA HORA
especial de experimentação que irá atingir os habitantes da terra.
Com isso, uma pergunta sempre surge: A frase “guardarei da” (Grego tēreō ek)
em Apocalipse 3.10 significa “um contínuo estado seguro fora de” ou um
“seguro de entre de”? A primeira opção é a resposta correta. A preposição Grega
“ek” carrega muitas vezes a ideia de “surgimento”, mas nem sempre é assim.
Dois notáveis exemplos disso encontram-se em 2 Coríntios 1.10 e 1
Tessalonicenses 1.10. Na passagem de 2 Coríntios, Paulo detalha como Deus o
salvou de potencial perigo. Agora note uma passagem ainda mais convincente:
Em 1 Tessalonicenses 1.10, quando Paulo declara que Jesus resgatará crentes da
ira por vir, a ideia não é de um “surgimento após passar por algo”, mas sim de
“proteção de entrar em algo”.
Além disso, se Apocalipse 3.10 se referisse meramente à uma divina proteção
“em meio à hora de provação” ao invés de “da hora da provação”, como está
explícito no texto, como ficariam aqueles que morreram por Jesus durante este
tempo? Deus não os protegeu? Teria Deus mentido? O disseminado martírio dos
santos durante o período da Tribulação exige que a promessa signifique
“guardar fora da” hora de experimentação, e não “guardar em meio a”.

61
2. A IGREJA NÃO É MENCIONADA EM NENHUM LUGAR DE
APOCALIPSE QUANDO O ASSUNTO NÃO SE REFERE A ELA
Do capítulo 6 ao 18 de Apocalipse, a Igreja não é mencionada. O termo comum
no Novo Testamento para “Igreja” é ekklēsia. Esse termo é usado dezenove vezes
em Apocalipse 1–3 com relação à igreja histórica do primeiro século. A palavra
“Igreja” aparece apenas mais uma vez no epílogo do livro (Apocalipse 22.16).
Em parte alguma de Apocalipse 6–18 é mencionada a “Igreja.” Isso é tão
significativo que fica difícil imaginar como alguém é capaz de não se perguntar
por que isso acontece durante esses capítulos de Apocalipse. É improvável que o
apóstolo João passasse de instruções detalhadas para a Igreja em Apocalipse 1–3
para um absoluto silêncio sobre a Igreja por treze capítulos se a Igreja estivesse
na Tribulação. Se a Igreja fosse experimentar a Tribulação, certamente teríamos
em mãos o mais detalhado estudo de eventos da tribulação com a Igreja incluída
nesse período. Mas o fato é que João não inclui a Igreja nesse contexto. A total
ausência da “Igreja” na terra durante os eventos de Apocalipse 6–18 explica
perfeitamente o porquê de um arrebatamento.

3. O ARREBATAMENTO NÃO TERIA MOTIVOS PARA


OCORRER SE NÃO FOSSE PARA LIVRAR A IGREJA DA
TRIBULAÇÃO
Se a Igreja fosse passar pela Tribulação, o arrebatamento dela seria totalmente
sem fundamento e não teria uma razão para Jesus arrebatá-la nos ares. Se, como
muitos propõem erroneamente, Deus preserva a Igreja de forma milagrosa
somente “em meio à tribulação”, qual a razão de haver um arrebatamento? Se a
intenção é evitar a ira de Deus no Armagedom, por que Deus não continuaria
protegendo os santos na terra da mesma maneira que protegeu Israel das pragas
no Egito (Ex 8.22; 9.4, 26; 10.23; 11.7)?
E quanto à separação entre as ovelhas e bodes em Mateus 25.31-46? Se o
arrebatamento e a segunda vinda fossem um evento só, a separação subsequente
entre as ovelhas e os bodes em Mateus 25.31-46 seria ridiculamente redundante.
A separação entre bodes e ovelhas simplesmente já teria ocorrido no
arrebatamento sem a necessidade de outra.
Outra coisa intrigante é: se todos os crentes da Tribulação são arrebatados e
glorificados pouco antes do reino milenar, como muitos defendem, quem
preencheria a população durante o reino milenar de Cristo na terra? Todos os

62
crentes já teriam um corpo glorificado naquele tempo, enquanto as Escrituras
indicam claramente que os descrentes vivos serão julgados no final da Tribulação
e removidos da terra para serem julgados (Mt 13.41-42; 25.41). Essas realidades
não se enquadram com o ensino bíblico de que crentes teriam filhos durante os
mil anos de reinado de Cristo e que eles serão capazes de cometer pecado e
rebelião (Is 65.20; cf. Ap 20.7-10).
Se você, caro leitor, acha que já viu incoerência demais nas crendices da
Teologia do Pacto, prepare-se para esta: O paradigma “pós-tribulacionista” da
igreja sendo arrebatada e imediatamente trazida de volta à terra não deixa tempo
para o Tribunal de Cristo (1Co 3.10-15; 2Co 5.10) ou para as bodas (Ap 19.6-
10). Lembre-se que não devemos confundir o Tribunal de Cristo com o Grande
Trono Branco (Conferir artigo anterior – “Os salvos participam do julgamento
final?”). Assim, a cronologia de um arrebatamento durante ou após a tribulação
não faz qualquer sentido. Tal pensamento não possui resquício de lógica. Essa
teoria é estapafúrdia e incongruente com o julgamento das nações, dos bodes e
ovelhas e dos dois eventos críticos do fim dos tempos. O ensino claro das
Escrituras sobre o arrebatamento acontecendo antes da Tribulação evita
todas essas dificuldades de interpretação.

4. NÃO EXISTE NENHUM ALERTA PREPARATÓRIO NAS


EPÍSTOLAS A RESPEITO DE UMA TRIBULAÇÃO IMINENTE
SOBRE A IGREJA NA TERRA
Se você for na Bíblia, perceberá que as epístolas dos apóstolos não contêm
quaisquer alertas preparatórios sobre uma tribulação iminente para os crentes da
era da Igreja. As instruções de Deus contêm uma variedade de alertas, mas os
crentes não são alertados a se prepararem para entrar na Tribulação vindoura e
suportar a ira de Deus no momento da provação sobre a terra.
O Novo Testamento nos alerta sobre vários males que aconteceriam durante a era
da Igreja: Ele nos alerta sobre heresias e falsos profetas (At 20.29-30; 2Pe 2.1;
1Jo 4.1-3; Jd 1.4); nos alerta a respeito da vida ímpia (Ef 4.25-5:7; 1Ts 4.3-8; Hb
12.1); nos alerta a perseverarmos em meio à presente tribulação (1Ts 2.13-14;
2Ts. 1:4), etc. Todavia, há um silencio total quando se trata de preparar a
Igreja para a Tribulação global e catastrófica descrita em Apocalipse 6–18,
a qual durará sete anos. As Escrituras fazem total silêncio sobre esse evento,
que seria tão traumático para a Igreja caso ela tivesse que suportar esse período
de experimentação de toda a terra habitável. Se a Igreja fosse experimentar
qualquer parte do período da Tribulação, deveríamos esperar que as Escrituras
63
ensinassem a existência, o propósito e a conduta da Igreja nele. Mas elas não
ensinam nada sobre isso. Não existe qualquer ensino a respeito desse assunto na
Bíblia e não há nenhuma instrução para a Igreja com relação à Tribulação
vindoura de sete anos.

5. O ARREBATAMENTO É A ESPERANÇA QUE CONSOLA O


CRENTE
Em 1 Tessalonicenses 4.13-18 descobrimos a razão de Paulo ter consolado os
Tessalonicenses. Os Tessalonicenses estavam entristecidos por temerem que seus
entes queridos perdessem a segunda vinda de Jesus porque haviam morrido.
Qualquer posição anti-dispensacional dessa mensagem faz com que a carta de
consolo do apóstolo Paulo aos Tessalonicenses perca todo o seu sentido, pois, se
não fosse por essa angústia dos crentes em Tessalônica, deveríamos esperar o
oposto das preocupações ali refletidas. Em primeiro lugar, os Tessalonicenses
estariam felizes e se regozijando, pois saberiam que seus entes queridos estão no
lar com o Senhor e não irão enfrentar os horrores da Tribulação. Porém, ao
olharmos atentamente para a carta, descobrimos que eles ainda não sabiam disso,
e por esta razão Paulo lhes fala a respeito do arrebatamento que aconteceria a
qualquer momento, trazendo o entendimento de que seus entes queridos ainda
haveriam de ser arrebatados nos ares para se encontrarem com o Senhor
juntamente conosco, os vivos.

6. O ARREBATAMENTO É UMA PROMESSA DE CONFORTO


E TAMBÉM DA PRESENÇA IMINENTE COM CRISTO
O que a passagem de João 14.1-3 e 1 Tessalonicenses 4.13-18 têm em comum?
Os dois textos se referem ao estado de conforto e presença com o Senhor Jesus
Cristo antes que a Tribulação venha sobre a terra. Vejamos:

● A promessa da presença com Cristo:


“Onde eu estou, estejais vós também” (João 14.3). “E, assim, estaremos para
sempre com o Senhor” (1 Tessalonicenses 4.17).
● A promessa de conforto:

64
“Não se turbe o vosso coração” (João 14.1). “Consolai-vos, pois, uns aos outros
com estas palavras” (1 Tessalonicenses 4.18).
Jesus explica claramente aos discípulos que Ele estava indo para a Casa do Pai
(o céu) preparar lugar para eles, e que retornaria para os receber, para que eles
pudessem estar onde Ele está agora (João 14:1-3). A frase “onde Eu estou”,
embora implicando presença contínua no geral, aqui significa presença no céu
em particular. Veja bem: Em João 3.34, Jesus se dirige aos fariseus dizendo:
“Para onde Eu vou, vós não podeis ir”. Perceba que Jesus, ao falar com os
fariseus a esse respeito, não estava falando de sua presente morada na terra, mas
de Sua ressurreta presença à destra do Pai. Em João 14.1-3, “Onde eu estou”
significa “no céu”.
Se o arrebatamento fosse depois da Tribulação, os santos teriam que se encontrar
com Cristo nos ares e descer imediatamente à terra, sem experimentar a promessa
feita por Jesus em João 14. Sabemos que João 14 se refere ao arrebatamento e
não faz qualquer referência a juízo. Somente o entendimento bíblico de que o
arrebatamento ocorre como Jesus prometeu – ou seja, antes da Tribulação
vindoura – nos permite ver a coerência da linguagem de João 14.1-3; e somente
esse posicionamento bíblico permite que entendamos o fato de que os santos
arrebatados habitarão com Jesus por um tempo significativo na Casa de Seu Pai
(o céu).

7. OITO DIFERENÇAS ENTRE O ARREBATAMENTO DA


IGREJA E A SEGUNDA VINDA DE JESUS PARA REINAR NA
TERRA
Uma coisa é o arrebatamento; outra coisa é a volta de Cristo para reinar. Se
compararmos o arrebatamento, descrito em 1 Tessalonicenses 4.13-18 e em 1
Coríntios 15.50-58, com a segunda vinda de Cristo em Mateus 24–25, veremos
pelo menos oito contrastes gritantes entre um evento e outro. Vejamos:
1. No arrebatamento, Cristo vem nos ares e retorna ao céu (1Ts 4.17). Todavia,
na segunda vinda, Cristo vem à terra para habitar e reinar (Mt 25.31-32).
2. No arrebatamento, Cristo reúne os Seus santos, que pertencem à Igreja (1Ts
4.17). Todavia, na segunda vinda, os anjos é que reúnem os eleitos de Deus (Mt
24.31).
3. No arrebatamento, Cristo vem para recompensar (1Ts 4.17). Já na segunda
vinda, Cristo vem para julgar, não para recompensar (Mt 25.31-46).

65
4. No arrebatamento há a ressurreição dos mortos que estão em Cristo para que
sejam arrebatados juntos com os vivos (1Ts 4.15-16). Mas, na segunda vinda,
nenhuma ressurreição acontece com a descida de Cristo. Nada é mencionado na
Bíblia a respeito de ressurreição na segunda vinda de Cristo.
5. No arrebatamento, os crentes são tirados da terra (1Ts 4.15-17). Todavia, na
segunda vinda, os descrentes é que são removidos da terra (Mt 24.37-41).
6. No arrebatamento, os descrentes permanecem na terra (1Ts 4.15-17). Porém,
na segunda vinda, os crentes é que permanecem na terra (Mt 25.34).
7. No arrebatamento não existe menção alguma sobre o reino de Cristo na terra.
Todavia, na segunda vinda, a Bíblia é clara ao dizer que o reino de Cristo na terra
será estabelecido (Mt 25.34).
8. No arrebatamento, os crentes receberão corpos glorificados (1Co 15.51-57). Já
na segunda vinda, nenhum vivo receberá um corpo glorificado.

8. AS PARÁBOLAS DE CRISTO NOS MOSTRAM AS


DIFERENÇAS ENTRE O ARREBATAMENTO E A SEGUNDA
VINDA
Em Mateus 13 constatamos que a Bíblia nos mostra diferenças gigantescas entre
o arrebatamento e a segunda vinda de Cristo à terra:
Na parábola do trigo e do joio, o joio representa os descrentes e o trigo representa
os crentes. Jesus diz que o joio (descrentes) será retirado do meio do trigo
(crentes) na Sua segunda vinda (Mt 13.30, 40). Todavia, no arrebatamento, a
passagem de 1 Tessalonicenses 4.15-17 diz que os crentes serão removidos da
terra, enquanto os descrentes ficarão aqui.
Outra parábola que fala disso é a parábola da rede. Nessa parábola os peixes
ruins (descrentes) são retirados do meio dos peixes bons (crentes) no ápice da
segunda vinda de Cristo (Mt 13.48-50), enquanto os crentes são removidos de
entre os descrentes no arrebatamento (1Ts 4.15-17).
Finalmente, a Bíblia não menciona o arrebatamento em nenhum dos textos mais
detalhados sobre a segunda vinda de Cristo, que são Mateus 24 e Apocalipse 19.
Abaixo está a tabela de passagens bíblicas sobre dois eventos distintos:
Arrebatamento da Igreja e Segunda Vinda de Jesus. Entre o Arrebatamento da
Igreja e a Segunda Vinda de Jesus há um intervalo de sete anos de Tribulação
sobre a Terra, conhecida como Septuagésima Semana de Daniel.

66
TABELA DE PASSAGENS BÍBLICAS SOBRE O
ARREBATAMENTO E SOBRE A SEGUNDA VINDA

ARREBATAMENTO SEGUNDA VINDA

João 14.1-3 Daniel 2.44-45


Romanos 8.19 Daniel 7.9-14
1 Coríntios 1.7-8 Daniel 12.1-3
1 Coríntios 15.51-53 Zacarias 12.10
1 Coríntios 16.22 Zacarias 14.1-15
Filipenses 3.20-21 Mateus 13.41
Filipenses 4.5 Mateus 24.15-31
Colossenses 3.4 Mateus 26.64
1 Tessalonicenses 1.10 Marcos 13.14-27
1 Tessalonicenses 2.19 Marcos 14.62
1 Tessalonicenses 4.13-18 Lucas 21.25-28
1 Tessalonicenses 5.9 Atos 1.9-11
1 Tessalonicenses 5.23 Atos 3.19-21
2 Tessalonicenses 2.1 1 Tessalonicenses 3.13
2 Tessalonicenses 2.3 2 Tessalonicenses 1.6-10
1 Timóteo 6.14 2 Tessalonicenses 2.8
2 Timóteo 4.1 1 Pedro 4.12-13
2 Timóteo 4.8 2 Pedro 3.1-14
Tito 2.13 Judas 1.14-15
Hebreus 9.28 Apocalipse 1.7
Tiago 5.7-9 Apocalipse 19.11–20.6
1 Pedro 1.7, 13 Apocalipse 22.7,12,20
1 Pedro 5.4
1 João 2.28-32
Judas 1.21
Apocalipse 2.25
Apocalipse 3.10

67
O VERDADEIRO SIGNIFICADO DE
“APOSTASIA” EM 2 TESSALONICENSES 2.3

Grande parte dos cristãos professos costuma pensar que antes do arrebatamento
ocorrer e os crentes se reunirem a Jesus nos ares será necessário que ocorra uma
grande rebelião de cristãos professos contra o evangelho. Tal crença é baseada
em 2 Tessalonicenses 2.3, que diz: "Ninguém de modo algum vos engane; porque
isto não sucederá sem que venha primeiro a apostasia e seja revelado o homem
do pecado, o filho da perdição".
Todavia, a palavra "apostasia" nunca foi traduzida nas bíblias antigas no sentido
de "abandono da fé". Somente com o advento da Bíblia King James é que esse
sentido passou a ser adotado por muitos crentes, sem que eles soubessem que não
há razão alguma para aplicar esse sentido ao termo “apostasia”. Infelizmente,
porém, a bíblia King James Version teve uma influência tão grande que até
mesmo os léxicos do Novo Testamento passaram a definir "apostasia" como
mero "abandono da fé".
A verdade, contudo, é que a palavra "apostasia" significa apenas "Partida". Ou
seja, somente o contexto de uma determinada passagem pode definir se o termo
“apostasia” se trata de uma partida em que uma pessoa abandona algo bom ou
algo ruim. Assim, a ideia de que a "partida" citada em 2 Tessalonicenses 2.3
signifique “abandono da fé” resulta de um trabalho de dedução e não de tradução.
Em contraste com o entendimento negativo de que o termo signifique somente
“abandono da fé”, está o fato de que a hermenêutica nos mostra que o verbo que
está na raiz da palavra "apostasia" é aphistemi, que ocorre quinze vezes no Novo
Testamento e significa simplesmente "partir" (ou “ir embora”). Temos exemplos
disso em Lucas 2.37, 4.13 e em Atos 12.10, versículos que retratam a ação de ir
embora, partir ou deixar um lugar ou alguém.
Portanto, em 2 Tessalonicenses 2.3 podemos constatar com veemência que Paulo
está lembrando os crentes de Tessalônica que a Segunda Vinda do Senhor não
ocorrerá sem que antes ocorra a "partida", isto é, o arrebatamento da igreja, o que
ocorrerá bem antes da segunda vinda de Jesus para reinar na terra. Tudo isso
confirma a posição dispensacional da Bíblia.
O artigo definido acoplado ao termo "apostasia" no texto em pauta aponta para o
fato de que a partida de que Paulo falava era algo com que os tessalonicenses já
estavam familiarizados. Do mesmo modo, a menção da "nossa reunião com Ele"

68
no verso 1 cria um contexto em que a noção de "partida" da Igreja se encaixa
melhor ao assunto tratado do que a ideia de "abandono da fé".
Portanto, o sentido de “Apostasia” em 2 Tessalonicenses 2.3 está relacionado à
nossa partida para o céu, quando o Senhor Jesus vier nos ares para nos arrebatar
antes que ocorra a tribulação sobre a terra. Mais um ponto para a visão
dispensacional das Escrituras.

COMO SERÁ A
SEGUNDA VINDA DE JESUS?

“Eis que vem com as nuvens, e todo o olho o verá, até os mesmos que o
traspassaram; e todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Sim. Amém”
(Apocalipse 1.7).
A parte do versículo que mais gera discussão é: “todo olho o verá, até os mesmos
que o traspassaram”. Isso acontece porque muitos ainda não compreendem que
“todo o olho o verá” não significa que isso acontecerá tudo de uma só vez. Isso
não acontecerá de forma simultânea, mas progressiva. A Bíblia diz que Jesus virá
com as nuvens do céu, exatamente como os discípulos o viram subir quando
estavam no Monte das Oliveiras. Todavia, esse processo será gradual e pouco a
pouco as pessoas comparecerão ao evento de Sua presença na terra – mais
precisamente no Monte das Oliveiras, que é de onde Ele subiu para o céu da
primeira vez, e isso será explicado mais à frente.
Em Mateus 25 constatamos que esse evento é chamado de Julgamento das
Nações devido ao modo como elas se comportaram em relação aos seus
“pequenos irmãos”, os judeus. O panorama completo da profecia da Segunda
Vinda nos mostra que diferentes juízos irão cair em diferentes partes do mundo
naquele momento: Primeiro Jesus irá tratar, de forma privativa, com o Seu povo
Israel – os judeus –, representados pelas duas tribos: Judá e Benjamim.
A Bíblia nos fornece uma figura disso na maneira como José, um tipo de Cristo
no Reino, se revelou a seus irmãos. “Então José não se podia conter diante de
todos os que estavam com ele; e clamou: Fazei sair daqui a todo o homem; e
ninguém ficou com ele, quando José se deu a conhecer a seus irmãos” (Gênesis
45.1). Da primeira vez, Cristo “veio para o que era seu (os judeus), e os seus não

69
o receberam” (João 1.11), e só depois disso Ele passou a tratar com as demais
nações do mundo. Da mesma maneira isso acontecerá em Sua Segunda Vinda.
Primeiro Ele tratará com o Seu povo Israel e, em segundo lugar, com os pagãos.
A dificuldade com a interpretação desse evento começa quando as pessoas
associam o versículo de Apocalipse 1.7 a uma outra passagem de Mateus 24, a
qual parece falar de uma “manifestação gloriosa”, como aquelas que os artistas
costumam pintar em quadros ou as imagens que são publicadas em revistas de
seitas como “Testemunhas de Jeová” e “Adventismo do Sétimo Dia”. Nessas
imagens mirabolantes há multidões olhando para uma imagem de Jesus descendo
das nuvens abertas e cercado de raios de luz e anjos tocando trombetas.
Obviamente, pessoas que passaram a vida sendo condicionadas a verem essas
imagens como legítimas acabam achando que, para o mundo inteiro enxergar a
Segunda Vinda de Jesus, a terra teria de ser plana e não esférica, ou com
transmissão global de TV via satélite, o que condicionaria a vinda de Cristo à
invenção da TV, satélites, repórteres etc.
À parte dessas questões inventadas pelo misticismo moderno, vamos à passagem:
“Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele
está no interior da casa; não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do
oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do
homem. Pois onde estiver o cadáver, aí se ajuntarão as águias... Então
aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se
lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder
e grande glória” (Mateus 24.28-30).
Esta passagem começa falando dos falsos anúncios da volta de Cristo que
poderão confundir o remanescente judeu fiel que irá se converter nos períodos
mais difíceis da Grande Tribulação. Neste capítulo 24 de Mateus a Igreja já terá
sido arrebatada ao céu anos antes, e, se você não entende o arrebatamento ou as
diferentes dispensações das Escrituras, terá de aprender isso, pois são coisas
fundamentais para se compreender a profecia bíblica. As palavras “relâmpago”,
“ocidente” e “oriente” significam que a vinda de Jesus será inquestionável,
porém, com foco no juízo que Ele traz consigo. O “relâmpago” nos fala de um
juízo rápido. Quando um raio cai sobre uma árvore, ela é queimada
imediatamente. Águias ou aves de rapina têm o mesmo sentido de juízo rápido
sobre os cadáveres — homens com aparência de que vivem, mas que estão
mortos espiritualmente. Em suma, a volta de Cristo para julgar as nações será
inequívoca, e seu juízo rápido como um raio do qual ninguém escapará.

70
ONDE E COMO JESUS VIRÁ EM SUA SEGUNDA VINDA?
Para saber onde e como Ele virá em Sua Segunda Vinda após a Tribulação de
sete anos, é preciso consultar a Bíblia para ver de onde e como Ele partiu ao
despedir-se dos discípulos no Jardim das Oliveiras após Sua ressurreição.
“E, quando dizia isto, vendo-o eles, foi elevado às alturas, e uma nuvem o
recebeu, ocultando-o a seus olhos. E, estando com os olhos fitos no céu,
enquanto ele subia, eis que junto deles se puseram dois homens vestidos de
branco. Os quais lhes disseram: Homens galileus, por que estais olhando para o
céu? Esse Jesus, que dentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim
como para o céu o vistes ir. Então voltaram para Jerusalém, do monte chamado
das Oliveiras, o qual está perto de Jerusalém, à distância do caminho de um
sábado” (Atos 1.9-12).
Se Atos 1.9-12 fala da subida de Jesus, Zacarias 14.4 fala da descida:
“E naquele dia estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está
defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo
meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade
do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele para o sul” (Zacarias
14.4).
Aqui será o momento do encontro com “a casa de Davi”, enquanto as outras
tribos ainda estarão para ser recolhidas pelos anjos. Jesus será visto,
primeiramente, por aqueles que o pregaram na cruz. Essas pessoas não serão as
mesmas de sua época na terra, mas serão os descendentes daqueles que há dois
mil anos disseram: “O seu sangue caia sobre nós e sobre nossos filhos” (Mateus
27.25).
Em Zacarias 12.10, onde se encontra uma das profecias da Segunda Vinda de
Jesus, vemos mais detalhes desse encontro: “Mas sobre a casa de Davi, e sobre
os habitantes de Jerusalém, derramarei o Espírito de graça e de súplicas; e
olharão para mim, a quem traspassaram; e prantea-lo-ão sobre ele, como quem
pranteia pelo filho unigênito; e chorarão amargamente por ele, como se chora
amargamente pelo primogênito” (Zacarias 12.10).
Diante dos fatos expostos, vemos como é importante conhecer as dispensações
da Bíblia, o arrebatamento da Igreja e o panorama de toda a profecia para
entender a segunda vinda de Jesus para reinar sobre a terra, o que só irá ocorrer
após a Tribulação de sete anos na terra (Septuagésima Semana de Daniel). Se não
tivermos um entendimento claro dessas dispensações, podemos ser enganados
pela visão reducionista das seitas religiosas normalmente propagada pelo
denominacionalismo católico e evangélico. Muitas dessas religiões nem mesmo
71
conseguem distinguir a diferença entre o arrebatamento da Igreja e a segunda
vinda de Jesus. A manifestação de Cristo para restabelecer o Seu reino em Sua
segunda vinda acontecerá no mínimo sete anos após o arrebatamento. Durante
esse intervalo entre o arrebatamento e a segunda vinda haverá a Tribulação e a
Grande Tribulação. Como já fora dito, a manifestação de Cristo na terra tem uma
sequência que começa com Sua aparição em particular aos judeus, levando-os a
sair pela terra para dar a boa notícia de que Cristo, o Rei de Israel, voltou.
A propósito, é disso que fala a passagem de Isaías 52.6-8, a qual temos o
costume de usar como exemplo de evangelização. No entanto, sua aplicação
primária é profética. Vejamos:
“Portanto o meu povo saberá o meu nome; pois, naquele dia, saberá que sou eu
mesmo o que falo: Eis-me aqui. Quão formosos são, sobre os montes, os pés do
que anuncia as boas novas, que faz ouvir a paz, do que anuncia o bem, que faz
ouvir a salvação, do que diz a Sião: O teu Deus reina! Eis a voz dos teus
atalaias. Eles alçam a voz, juntamente exultam; porque olho a olho verão,
quando o Senhor fizer Sião voltar” (Isaías 52.6-8).

QUAL O SIGNIFICADO DA BESTA E DO 666


EM APOCALIPSE?

A palavra "besta" é empregada na Bíblia de forma simbólica e significa a


“ignorância do homem” (Salmos 73.22). O sentido da palavra é assim usado para
mostrar o homem agindo como uma criatura irracional, isto é,, sem consciência
diante de Deus. No texto original, essa palavra é a mesma que aparece traduzida
de forma diferente em Salmos 94.8 e em Jeremias 10.8,14,21; 51.17.
Na Bíblia, esta palavra é também usada para se referir a grandes poderes
seculares. Sendo assim, ela tem diferentes características, dependendo da criatura
simbólica que é descrita. Em geral, o termo “Besta” representa a ausência de
qualquer conexão moral com Deus. Por exemplo, o termo “Besta” foi usado
desta mesma forma por Daniel ao se referir aos quatro grandes reinos (Dn
7.3-23). Outro caso em que a palavra foi usada assim é em Apocalipse, quando
João se refere ao Anticristo e ao Império Romano restabelecido como a “Besta”
(Ap 13.1; 20.10).

72
O NÚMERO 666 EM APOCALIPSE
Em geral, os números contidos em Apocalipse são literais. Dos vários números
descritos em Apocalipse, somente dois são usados de forma simbólica: “sete
espíritos” em Apocalipse 1.4 e “666” em Apocalipse 13.18. A respeito do
número 666, muitos já tentaram decifrá-lo, fazendo contas mirabolantes e
chegando a identificar os papas católicos como sendo a besta. Todavia, isso é
dizer o que a Bíblia nunca disse e, portanto, trata-se de uma forma irreverente e
perigosa de se interpretar a Bíblia. De fato, a Bíblia nos mostra que a besta tem
poder eclesiástico. Porém, em Apocalipse 17.16 vemos que não somente Roma,
como também a grande meretriz, a Babilônia, que é a cristandade professa num
todo, será desolada pelos dez chifres da besta.
Em geral, a cristandade professa inclui todo o “sistema cristão” criado por
homens, o qual estará, naquele tempo, unificado sob a influência de Roma.
Todavia, os verdadeiros crentes, até mesmo aqueles que neste momento
pertencem a tais sistemas, serão arrebatados por Cristo antes da revelação da
besta, pois mesmo na ignorância eclesiástica e debaixo de tanta confusão eles
creem no verdadeiro evangelho e não se conformam com muita coisa que
acontece no sistema religioso.
Naquele tempo – que não está longe de acontecer – ficarão aqui na terra apenas
as organizações chamadas “cristãs”, com seus membros que não tiverem sido
renascidos, os quais continuarão a celebrar seus cultos e ofícios religiosos, se
unindo cada vez mais em uma grande e fraterna irmandade ecumênica, até darem
as boas-vindas à besta.
O número 666 significa número de homem. Na Bíblia, o número 7 significa algo
espiritualmente completo e costuma estar relacionado ao bem e à perfeição. (Nm
8.2, Lv 4.6,17; 8.11; Ap 1.4). Todavia, o número 6 significa imperfeição ou algo
incompleto, pois não chega a ser sete. O número 3 é algo completo em seu
testemunho, assim como Deus é completo sendo uma Trindade – Pai, Filho e
Espírito Santo – mesmo sendo um só Deus.
Sendo assim, o número 6 repetido três vezes pode ser identificado como a
completa imperfeição. A Bíblia nos mostra que Satanás irá querer imitar a
Trindade divina por meio de sua própria atuação, da besta e do falso profeta.
Com isso, podemos concluir que 666 representa a imperfeição elevada ao seu
grau máximo. Pode até ser que o número em si tenha um significado mais
particular, identificando um determinado homem. No entanto, todas essas coisas

73
são apenas suposições e nós não devemos nos esquecer do fato de que o número
666 em Apocalipse não são três números “6”, como se significasse “seis, seis,
seis” ou “meia, meia, meia”, como muitos pensam. Na Bíblia, esse número é
inteiro: “Seiscentos e sessenta e seis”.
Todavia, para nós cristãos, todo esse trabalho em ficar tentando desvendar o
significado do “666” de Apocalipse é inútil, pois o iníquo só será revelado após o
arrebatamento da Igreja. Ou seja, é infrutífero ficar tentando associar o número
666 a algum homem.
Do mesmo modo que teria sido impossível para um israelita do Antigo
Testamento discernir a Igreja, a qual só seria revelada a Paulo em seu ministério
e, em seguida, aos outros apóstolos e profetas do NT (Ef 3.5), é impossível para
nós, a Igreja, ficar tentando desvendar algo que não diz respeito a nós. A Igreja
não foi discernida por ninguém dentre os santos de Deus antes de sua formação
no dia de Pentecostes. Portanto, tentar discernir algo que só irá interessar o
remanescente judeu fiel após o arrebatamento – durante a Tribulação de sete anos
– não é exatamente o que Deus deseja por parte daqueles que hoje fazem parte do
Corpo de Cristo – a Igreja. O remanescente judeu, o qual irá se converter durante
a Tribulação após o arrebatamento da Igreja, terá subsídios suficientes para
discernir a identidade do homem ao qual o número 666 está relacionado.

E QUANTO AOS “MIL ANOS” EM


APOCALIPSE 20?

Uma das dificuldades que poderiam ser evitadas na cristandade se o método


literal (normal) das Escrituras fosse respeitado é com relação aos números
contidos em livros proféticos e principalmente em Apocalipse. Nada precisava
ser tão difícil e o livro de Apocalipse não seria tão “temido” por causa da
ignorância acerca desse ponto. Falaremos um pouco sobre passagens que contém
números que, se fossem levados a sério, em seu sentido normal, muitos males
teriam sido evitados ao longo dos séculos na teologia cristã.
A regra básica da hermenêutica da Bíblia determina que os números devem ser
aceitos por seu valor real, comunicando uma grandeza matemática, e isso só deve
ser ignorado se houver uma evidência substancial que garanta o contrário. E
tenha certeza de que a Bíblia lhe mostrará isso, sempre que você estiver diante de
um número na Escritura Sagrada. A interpretação literal dos números bíblicos é o
74
ponto de partida para descomplicar vários textos proféticos, doutrinários,
poéticos, etc. Essa regra indispensável é encontrada em toda a Bíblia, incluindo
em Apocalipse.
Um resumo de números em Apocalipse sustenta isso. Vejamos:
Sete igrejas e sete anjos em Apocalipse 1 referem-se a sete igrejas literais e seus
mensageiros. Doze tribos e doze apóstolos referem-se ao real número histórico
(Ap 21.11-14). Dez dias (Ap 2.10), cinco meses (Ap 9.5), um terço da
humanidade (Ap 9.15), duas testemunhas (Ap 11.3), quarenta e dois meses (Ap
11.2), 1.260 dias (Ap 11.3), doze estrelas (Ap 12.1), dez chifres (Ap 13.1), mil e
seiscentos estádios (Ap 14.20), três demônios (Ap 16.13) e cinco reis caídos (Ap
17.9-10), todos usam números em seu sentido normal – literal.
Dos vários números descritos em Apocalipse, somente dois números são usados
de forma simbólica: “sete espíritos” em Apocalipse 1.4 e “666” em Apocalipse
13.18.
Portanto, "mil anos" (1.000 anos) em Apocalipse 20 significa exatamente MIL
ANOS literalmente. Os mil anos do reinado de Cristo sobre a terra durarão
respectivamente MIL ANOS. Durante esses mil anos, satanás ficará preso no
abismo.
Os números em Apocalipse, em geral, são literais e não simbólicos,
especialmente quando esses números se referem a tempo. É isso que as pessoas
precisam entender para uma compreensão sadia das profecias contidas em toda a
Escritura.
Em Apocalipse 4–20 existem cerca de vinte e cinco referências de medições de
tempo. Apenas duas dessas referências deixam de ser literais, e, mesmo assim,
não envolvem números reais:
1 – "O grande dia da ira dEle" (Ap 6.17) provavelmente excederá 24 horas.
2 – "A hora do seu juízo" (Ap 14.7) aparentemente se estende para além de
sessenta minutos.
No entanto, não há nada na frase "mil anos" (Ap 20) que sugira uma
interpretação simbólica.

75
CAPÍTULO 3
PREDESTINAÇÃO VS. LIVRE ARBÍTRIO

O LIVRE ARBÍTRIO É UMA ILUSÃO

Deus declara em Sua Palavra:


“Quem poderá falar e fazer acontecer, se o SENHOR não o tiver decretado?
Porventura não é da boca do Altíssimo que sai tanto o bem como o mal?”
(Lamentações 3.37-38).
“Vede agora que Eu, Eu o sou, e mais nenhum deus há além de mim; Eu
mato, e Eu faço viver; Eu firo, e Eu saro, e ninguém há que escape da minha
mão” (Deuteronômio 32.39).
“Eu formo a luz, e crio as trevas; Eu faço a paz, e crio o mal; Eu, o SENHOR,
faço todas estas coisas” (Isaías 45.7).
O apóstolo Paulo declara a respeito de sua natureza humana:
“Porque o que faço não o aprovo; pois o que quero isso não faço, mas o que
aborreço isso faço. E, se faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa.
De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em
mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem
algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem.
Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço”
(Romanos 7.15.19).
Acabamos de ver como a Bíblia é direta ao ponto quando se trata dos decretos de
Deus e da escravidão do homem. Deus diz que não há nada que fuja de Seus
eternos decretos, e Paulo diz que o bem que ele deseja fazer ele não consegue
fazer, mas o mal que ele não quer fazer, esse ele faz. Sendo assim, não é preciso
ir muito longe para concluir que a Escritura derruba por terra toda a tentativa
inútil de legitimar a teoria do “livre arbítrio”.
A ideia do livre arbítrio surgiu de uma doutrina criada por homens há muitos
séculos, a qual visa, entre outras coisas, atribuir algum mérito ao homem por suas
“boas ações”. Essa doutrina anti-bíblica domina maior parte da cristandade e
talvez seja a mais danosa para o entendimento correto a respeito da obra da
salvação. Se quiséssemos resumir este tema, bastaria dizer que o livre arbítrio é

76
nada mais do que “agir livre de qualquer influência”, seja ela boa ou má.
Todavia, o propósito deste livro é provar, sob a base da Escritura, que o homem
não tem livre arbítrio a partir do momento em que ele já nasce escravo do seu
próprio pecado (Sl 51.5). Isso não significa que o homem não faça suas escolhas,
mas que todas as suas escolhas partem de uma influência interna ou externa. Ou
seja, este capítulo objetiva provar, predominantemente, que o homem perdido é
incapaz de se salvar e que o homem salvo é incapaz de se perder. A segurança da
salvação, em Cristo Jesus, é confirmada na Bíblia. Como isso será provado? A
resposta é simples: por meio da Escritura Sagrada.
Quando o pecado entrou no mundo, o homem ganhou o conhecimento do bem e
do mal, mas não lhe foi dado poder para fazer o bem por conta própria ou para
evitar o mal. A Bíblia nos ensina isso através do Espírito Santo, dizendo: "Todos
se extraviaram, à uma se fizeram inúteis; não há quem faça o bem, não há nem
um sequer" (Romanos 3.12). É aqui que todo leitor interessado no assunto
deveria começar: na doutrina da Depravação Total do homem, em Romanos 3.
Pois é aqui que é provado que o homem não pode fazer o bem por si mesmo, pois
ele é corrompido em todas as suas faculdades. Qualquer boa obra que ele faça,
isso veio do alto, isto é, de Deus.
No entanto, a palavra "bem" na passagem que acabamos de ver não se refere a
um “bem” aos olhos humanos, mas ao que é bom aos olhos de Deus. No que diz
respeito às obras do homem caído, o mesmo capítulo de Romanos continua
dizendo: "A garganta deles é sepulcro aberto; com a língua urdem engano,
veneno de víbora está nos seus lábios; a boca, eles a têm cheia de rapina e
maldade; seus pés são velozes para derramar sangue; nos seus caminhos há
destruição e morte; e desconheceram o caminho da paz" (Romanos 3:13-17).
Veja o que Deus fala a respeito das nossas próprias obras de justiça:
"Mas todos nós somos como o imundo, e todas as nossas justiças como trapo da
imundícia" (Isaías 64.6). No texto original, a expressão "trapo da
imundícia" é "pano de menstruação". Ou seja, se você considerar o fato de que
Deus coloca nossas justiças no mesmo nível de um absorvente higiênico usado,
vai perceber que não existe nem reciclagem para nossas boas obras.
A respeito disso, Mario Persona comenta:
“Se ‘fazer o bem’ fosse escolher sorvete de coco, eu nunca faria o bem porque
escolho o que considero melhor para mim, não para o dono da sorveteria. Um
religioso acredita fazer o bem, mas se ele não é convertido a Cristo está apenas
fazendo de conta, porque, no final, está mesmo escolhendo fazer aquilo que acha
melhor para si mesmo. Pense nas pessoas “caridosas” que fazem boas obras
visando eliminar o próprio carma ou pecado e você irá entender o que estou
77
dizendo. Para elas o sofrimento alheio é um grande negócio se a boa ação de
amenizá-lo valer milhas na viagem para o Paraíso. Erradicar a miséria e o
sofrimento seria péssimo, porque aí o religioso só poderia se livrar do próprio
carma sofrendo horrivelmente”.
As boas obras são fruto da salvação, e não um pré-requisito para ser salvo. Essas
boas obras vêm acompanhadas de uma fé única em Jesus Cristo e especialmente
de conhecimento de Deus. Vejamos o que diz a Bíblia:
"Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de
Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie; porque somos feitura
sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para
que andássemos nelas." (Ef 2:8-10).
Ou seja, somos salvos “para” as boas obras e não “pelas” boas obras. Só o que
já fora dito aqui já prova que o livre arbítrio é uma ilusão ensinada na maioria das
ditas igrejas evangélicas e no catolicismo romano. Tudo que a doutrina do livre
arbítrio – também conhecida como Arminianismo - ensina não passa de mera
filosofia humana.
Mas alguém poderá perguntar: “E quando a Bíblia fala das boas obras como uma
das marcas do cristão? Quer dizer que o homem de Deus não faz o bem?”. Em
Atos 10 é dito que Cornélio era um homem "piedoso e temente a Deus, com toda
a sua casa, o qual fazia muitas esmolas ao povo, e de contínuo orava a
Deus" (Atos 10.2), e suas esmolas e orações eram aceitas por Deus. Como pode
ter sido assim? Parece ser uma contradição com o que é dito em Romanos 3,
onde Paulo escreve com todas as letras: "Como está escrito: Não há um justo,
nem um sequer. Não há ninguém que entenda; Não há ninguém que busque a
Deus. Todos se extraviaram, e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o
bem, não há nem um só" (Romanos 3.10-12).
À primeira vista isso pode parecer uma contradição, pois em Romanos 3 Paulo
está falando do homem natural, o qual ainda vive em sua natureza adâmica e não
se converteu a Cristo em sua consciência, como é dito em Efésios 2.2-3:
"...andando segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do
ar, do espírito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os quais todos
nós também antes andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade
da carne e dos pensamentos; e éramos POR NATUREZA filhos da ira, como os
outros também".
O texto sagrado está claramente dizendo que ou somos escravos do pecado ou
somos escravos de Cristo. Essa conclusão já seria o suficiente para concluirmos
o assunto.

78
Cornélio era um gentio convertido ao Judaísmo, isto é, um prosélito. E isso
também o mantinha muito próximo da Palavra de Deus. A palavra "água" no
capítulo 3 de João foi aplicada pelo Espírito Santo (o "vento" de João 3) a
Cornélio para que ele nascesse de novo, por meio da conversão a Jesus Cristo.
Por meio da "água" da Palavra e do "Espírito", Deus havia deixado Cornélio
pronto para ouvir o claro evangelho de que Cristo morreu, ressuscitou e voltará.
Pedro pregou a Cornélio em Atos 10.38-44, e então ele creu no evangelho da
graça e foi selado com o Espírito Santo.
Agora note algo interessante: somente quando o evangelho da graça é pregado e
recebido em sua clareza, é que o Espírito Santo sela a pessoa que crê:
"A palavra que ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus
Cristo (este é o Senhor de todos); esta palavra, vós bem sabeis, veio por toda a
Judeia, começando pela Galileia, depois do batismo que João pregou; como
Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com virtude; o qual andou
fazendo bem, e curando a todos os oprimidos do diabo, porque Deus era com
ele. E nós somos testemunhas de todas as coisas que fez, tanto na terra da Judeia
como em Jerusalém; ao qual mataram, pendurando-o num madeiro. A este
ressuscitou Deus ao terceiro dia, e fez que se manifestasse, não a todo o povo,
mas às testemunhas que Deus antes ordenara; a nós, que comemos e bebemos
juntamente com ele, depois que ressuscitou dentre os mortos. E nos mandou
pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído juiz dos
vivos e dos mortos. A este dão testemunho todos os profetas, de que todos os que
nele creem receberão o perdão dos pecados pelo seu nome. E, dizendo Pedro
ainda estas palavras, caiu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra.
E os fiéis que eram da circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro,
maravilharam-se de que o dom do Espírito Santo se derramasse também sobre
os gentios" (Atos 10.36-45).
O ser humano é uma criatura caída. Não existe no homem qualquer partícula de
sanidade e bondade que o leve a escolher fazer o bem ou a crer em Jesus Cristo.
“Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode
ver o reino de Deus” (João 3.3). O que Jesus quer dizer com isso? Certamente
Ele não está se referindo ao batismo com água, mas sim ao batismo com o
Espírito Santo, que é o que converte o homem. Quando Jesus disse "Necessário
vos é nascer de novo", ele não estava dando uma ordem do tipo "se esforce para
nascer", pois, se fosse assim, a própria expressão “nascer” já teria sido usada de
maneira errada. Afinal, quem de nós decidiu nascer ou fez qualquer esforço na
hora do parto? Você consegue imaginar o médico gritando para a futura mãe de
pernas abertas: "Vamos lá, Zezinho, força garoto! Você consegue! Coloque o

79
pezinho na parede do útero e empurre! Se quiser, jogo uma corda daí de dentro,
que você segura nela e eu puxo!". Não, não é assim que acontece o novo
nascimento ao qual Jesus se refere. Esse novo nascimento só pode ser operado
pelo Espírito de Deus para converter o homem de seus pecados e fazê-lo seguir a
Cristo pelo resto de Sua vida. Veja bem: Em nosso nascimento carnal, fomos a
parte mais passiva de todos os envolvidos. Nossos pais decidiram ter um filho,
nossa mãe passou nove meses cuidando de nossa gestação, e todo esforço, dor e
sangue derramado vieram dela, não de nós.
Assim é a salvação: uma obra exclusiva de Deus, sem nenhuma participação do
homem. Essa salvação teve início nos tempos eternos, passou pelo novo
nascimento e se consumou com o selo do Espírito Santo, sem qualquer
participação do homem.
Nenhum homem salvo pode resistir ao Espírito Santo: “As minhas ovelhas
ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem; e dou-lhes a vida eterna,
e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai, que
mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebata-las da mão de meu Pai.
Eu e o Pai somos um” (João 10.27-30). Da mesma maneira, nenhum homem
condenado pode se achegar a Deus, pois, por mais que ele às vezes tente se
arrepender de seus pecados, não há uma conversão genuína: “Porque bem sabeis
que, querendo ele [Esaú] ainda depois herdar a bênção, foi rejeitado, porque
não achou lugar de arrependimento, ainda que com lágrimas o buscou”
(Hebreus 12.17).
"O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem
para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito." (João 3.8).
Na passagem abaixo, em Efésios 1.3-14, passou-se uma eternidade até que
chegasse o momento em que uma ação vinda de nós — o crer em Cristo —
acontecesse. Mas essa ação parte primeiramente de Deus, que parte em nosso
resgate para nos ressuscitar e nos dar a vida eterna, pois estamos mortos em
nossos delitos e pecados. Deus nos elegeu, predestinou, providenciou a redenção
(sim, Ele providenciou a redenção antes de existir o homem), descobriu o
mistério da Sua vontade (não fomos nós os espertos que descobrimos por nós
mesmos), nos incluiu em sua herança, "segundo o conselho da Sua vontade", ou
seja, porque Ele quis, até chegarmos ao ponto em que ouvimos, cremos e Ele nos
selou com o Espírito Santo, garantindo assim a nossa salvação eterna e
irreversível, a qual ninguém pode nos tirar.
"Bendito O DEUS E PAI de nosso Senhor Jesus Cristo, o qual NOS ABENÇOOU
com todas as bênçãos espirituais nos lugares celestiais em Cristo; como também
NOS ELEGEU nele antes da fundação do mundo, para que fôssemos santos e

80
irrepreensíveis diante dele em amor; E NOS PREDESTINOU para filhos de
adoção por Jesus Cristo, para si mesmo, segundo o beneplácito de sua vontade,
para louvor e glória da sua graça, pela qual nos fez agradáveis a si no Amado,
em quem TEMOS A REDENÇÃO pelo seu sangue, a remissão das ofensas,
segundo as riquezas da sua graça, que ele fez abundar para conosco em toda a
sabedoria e prudência; DESCOBRINDO-NOS O MISTÉRIO DA SUA
VONTADE, segundo o seu beneplácito, que propusera em si mesmo, de tornar a
congregar em Cristo todas as coisas, na dispensação da plenitude dos tempos,
tanto as que estão nos céus como as que estão na terra; nele, digo, em quem
também FOMOS FEITOS HERANÇA, havendo sido PREDESTINADOS,
conforme o propósito daquele que faz todas as coisas, segundo O CONSELHO
DA SUA VONTADE; com o fim de sermos para louvor da sua glória, nós os que
primeiro esperamos em Cristo; em quem também vós estais, depois que
OUVISTES a palavra da verdade, o evangelho da vossa salvação; e, tendo nele
também CRIDO, FOSTES SELADOS COM O ESPÍRITO SANTO DA
PROMESSA. O qual é o penhor da nossa herança, para redenção da possessão
adquirida, para louvor da sua glória" (Efésios 1.3-14).

ELEIÇÃO INCONDICIONAL E REPROVAÇÃO


INCONDICIONAL

Existem, pelo menos, 13 pontos básicos para entender o funcionamento da obra


da salvação, que é a maneira como Deus predestinou alguns homens à salvação e
condenou o restante da humanidade à perdição eterna de acordo com a Sua
vontade:
1 - Deus não salva o homem porque o homem crê nEle. Deus não salva com base
na reação humana, mas unicamente por meio de Sua soberana vontade, isto é,
Deus salvou o homem [eleito] porque quis (Romanos 9.16-24).
2 - O amor de Deus é salvífico, e aqueles a quem Ele amou, antes os predestinou
para a vida eterna. Deus os amou na eternidade, portanto, tais homens, assim
escolhidos, não podem decair da graça e/ou perder a salvação (Romanos 8.29-
30).
3 - Deus é quem concede a Fé. Só pode crer nEle aquele a quem foi concedido a
Fé (Filipenses 1.29).

81
4 - Não somente a Fé, mas todo o processo da salvação [fé, doutrina,
santificação, boas obras, justificação] é operado exclusivamente por Deus. O
homem não tem participação nenhuma em sua salvação (Filipenses 2.13). A
graça é um dom de Deus, e todo o processo da salvação é dom exclusivo de Deus
e não do homem. Portanto, suas obras não podem salvá-lo (Efésios 2.8,9). Ainda
assim, o homem é responsabilizado pelos seus atos e não pode se queixar
(Romanos 9.13-20; Atos 4.26-28).
5 - O homem [eleito] não é salvo "por causa" das boas obras, mas salvo "para" as
boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas (Efésios 2.8-10).
6 - Toda a "boa obra" tem seus elementos bíblicos estabelecidos e não são
meramente atitudes humanistas de caridade. Estas boas obras são operadas pelo
Espírito Santo e não pelo homem (João 16.8 / João 14.16,17).
7 - As nossas próprias obras são vistas por Deus como “trapos da imundícia”.
Nossa própria justiça é como esterco perante Deus. Todos nós somos, por
natureza, como o imundo, e murchamos como a folha, e as nossas iniqüidades
como um vento nos arrebatam (Isaías 64.6).
8 - Em nós mesmos, isto é, em nossa carne, não habita bem algum. Portanto, se o
homem for deixado a mercê de sua própria escolha, ele sempre escolherá o mal
(Romanos 7.15-25).
9 - O homem não é salvo porque creu em Jesus; ao contrário, o homem crê em
Jesus porque foi salvo (Atos 13.48).
10 - Do mesmo modo, o homem não escolhe a Cristo por si mesmo, mas Cristo é
quem o escolhe seletivamente. Estes homens, assim escolhidos, darão frutos
segundo a operação do Espírito Santo, que neles habitará por meio da intercessão
única de Cristo (João 15.16).
11 - Ninguém pode caminhar em direção a Cristo se o Pai não lhe trouxer até Ele
(João 6.44). O verbo grego "trouxer", na Bíblia, significa "arrastar", "puxar à
força", "tomar posse". Isso significa que quando Deus escolhe alguém Ele não
pergunta se aquele alguém o aceita como Deus ou não; ele simplesmente será
convertido porque Deus o fará se converter de seus maus caminhos. E estes
mesmos escolhidos serão preservados por Deus até o fim; e ainda que lhes seja
permitido pecar muitas vezes, contudo, o Senhor os disciplinará e os colocará de
volta em seu caminho (João 10.27-30).
12 - Deus preordenou a perdição eterna de muitos homens e anjos, que serão
lançados no fogo eterno por causa de seus pecados (Romanos 9.13-24). Embora
Deus tenha decretado sua condenação, tais homens e anjos estão indesculpáveis
diante de Deus, porquanto todos nascemos maus e merecemos o inferno
82
(Romanos 3). E não somente isso, como Deus, em Sua soberania, enviará sobre
os ímpios o "espírito do engano", para que creiam na mentira, rejeitem a verdade
e sejam condenados (2 Tessalonicenses 2.11,12).
13 - Deus é Bom, Santo e Justo. Seus eternos decretos não interferem em Seu
caráter. O fato de Deus decretar o mal não o torna Mau. Deus a ninguém tenta,
mas conduz o homem à tentação de seu próprio coração (Tiago 1.13-15). Este
mesmo Deus também induz o homem para ser tentado por Satanás e testado por
meio disso, assim como o fez com Seu próprio Filho Jesus Cristo (Mateus 4.1).
"E os gentios, ouvindo isto, alegraram-se, e glorificavam a palavra do Senhor;
e CRERAM todos quantos estavam ORDENADOS para a vida eterna" (Atos
13.48).

CRISTO DO ARMINIANISMO
VS.
CRISTO DA BÍBLIA
–– Arminianos e Calvinistas são irmãos na fé? ––

Antes de começar, devo lembrar o leitor de que quando falo de “Calvinismo Vs.
Arminianismo” eu estou me limitando ao seu sentido original e histórico, isto é,
apenas ao que diz respeito à doutrina da salvação (soteriologia) e como ela
funciona nos desígnios de Deus. Refiro-me ao Calvinismo tendo em vista
somente os Cinco Pontos do Calvinismo, e não a tradição conhecida como
“Reforma Protestante”, a qual engloba não somente a questão soteriológica,
como também traz conceitos denominacionais que não estão de acordo com a
Bíblia. Esses termos técnicos são inevitáveis para tratar do assunto
“Predestinação Vs. Livre Arbítrio”, e, portanto, é a única forma de ensinar ao
leitor como Deus predestina Seus santos escolhidos à salvação e os perdidos à
condenação.

83
A LÓGICA NOS DIZ QUE ARMINIANOS E CALVINISTAS NÃO
SÃO IRMÃOS NA FÉ
Existe um princípio imutável chamado Lógica. Esse princípio tem me
acompanhado desde que conheci a Palavra de Deus, e tem sido meu escudo
contra o sincretismo e ecumenismo religioso até aqui. A Lógica é, por definição,
um gatilho bíblico que nos protege de proposições contraditórias e sofismas
religiosos. Em suma, a Lógica se trata do raciocínio que se pauta na dedução, e
este raciocínio é composto basicamente por duas premissas ou proposições
(maior e menor), a partir das quais se alcança uma conclusão. Por exemplo:
"Todos os homens são mortais. Frederico é homem. Logo, Frederico é mortal”.
Se eu mudar uma das duas premissas que concluem que Frederico é mortal, a
conclusão da mortalidade de Frederico estará errada. Ou seja, segundo a lógica,
para que se afirme que Frederico é mortal em conformidade com uma premissa
maior e menor, é obrigatoriamente necessário que (1) todos os homens sejam
mortais e que (2) Frederico seja homem. Conclusão: Frederico é mortal.
Uma premissa errada leva a conclusões obviamente errôneas. Não se pode
elaborar um silogismo básico e coerente quando as premissas de um determinado
conceito não coadunam com a conclusão final. E é por isso que hoje eu irei dar
uma breve explicação sobre a razão pela qual arminianos e calvinistas não são
irmãos na fé e jamais poderiam ser. Quando quero dar uma resposta rápida, eu
simplesmente digo que os arminianos servem a um deus estranho à Bíblia, e não
ao Deus das Escrituras. Simples assim! Mas, a mera afirmação da minha parte
não é o bastante para provar uma premissa e estabelecer uma conclusão. Isso é
típico de analfabetos funcionais quando querem provar alguma ideia por meio da
mera repetição de uma ideologia.
Portanto, tecerei abaixo dois princípios básicos, porém distintos, fáceis de se
entender. Minha intenção neste artigo é mostrar o quanto a Igreja necessita de
uma atenção urgente em relação ao “Jugo Desigual”, onde arminianos e
calvinistas têm andado de mãos dadas e se ajuntado numa perversão doutrinária
em massa, invalidando a Palavra de Deus e provocando danos irreversíveis à
ortodoxia cristã.

1. O CRISTO DO ARMINIANISMO
● O Cristo do Arminianismo ama a todas as pessoas do mundo e deseja que todas
elas sejam salvas.

84
● Ele pagou pelos pecados de todos os homens, sem exceção, e faz tudo que está
ao seu alcance a fim de convencer os ímpios a se converterem. Todavia, sua
oferta aos pecadores e seu poder de salvar são, na maioria das vezes, frustrados.
Por que? Porque a maioria dos ímpios dizem “Não” ao seu chamado e se negam
a vir até ele.
● Seu poder é limitado e seu sacrifício na cruz foi em vão, pois os pecadores
receberam desse "deus" um dom chamado “livre arbítrio”, com o qual o homem
decide, por si mesmo, ir ou não em direção a Cristo para se entregar a ele. O
“livre arbítrio” do homem não pode ser violado por Cristo e o homem é quem
decide se aceita ou não servir a ele.
● O Cristo do Arminianismo morreu na cruz por todo o mundo, isto é, por cada
indivíduo da humanidade, sem exceção. Com isso, ele estabeleceu a
possibilidade de salvação para todos, dando a oportunidade do homem escolher
ser salvo ou não pelo sangue derramado no madeiro. Sua morte na cruz não fora
suficiente para salvar os escolhidos de Deus. Seu sacrifício depende inteiramente
da escolha do homem em se converter de seus pecados ou não. Sendo assim,
muitos homens pelos quais Cristo morreu irão para o inferno.
● Esse Cristo débil, impotente e frustrado perde a muitos pelos quais ele morreu
e “salvou”, visto que os tais abandonam a “fé” por si mesmos. Deste modo,
quando Cristo os convence de que são verdadeiramente “salvos” e lhes implanta
a “certeza da salvação”, esta segurança não está alicerçada na vontade soberana
de Deus ou em Seu poder inesgotável, mas na escolha humana, quando o homem
aceita Jesus em seu coração (e haja apelos carismáticos para convencer um
pecador a “aceitar” esse falso cristo).

2. O CRISTO DA BÍBLIA
● Esse é o Cristo do Calvinismo (Pesquisar sobre os Cinco Pontos do
Calvinismo). Ele veementemente ama somente aos que lhe pertencem, os quais
Deus escolheu incondicionalmente para a vida eterna, antes mesmo da fundação
do mundo (Ef 1.4). Ele jamais sequer orou pelos réprobos e deixou isso muito
bem registrado (Jo 17.9), visto que o amor do Pai não recai, em nenhum nível ou
aspecto, sobre os que foram predestinados à perdição. Antes, Sua ira sobre os tais
permanece eternamente (Sl 5.5; 11.5; 73.17-20; Sl 92.5-7; Pv 3.33; Pv 24.16; Ml
1.2-4; Hc 1.13; Jo 17.9; Jo 3.36; 13.1; Rm 9.13; 1Pe 3.12; Ef 1.4,9,11; Rm 8.30;
2Tm 1.9; 1Ts 5.9; Rm 9.11-16; Ef. 1.19; 2.8-9; Jd 1).
● Deus, por meio do Espírito Santo, eficazmente chama os Seus eleitos de modo
que, por meio da vocação a eles concedida, não podem resistir por si mesmos e

85
certamente se converterão. Antes que o mundo fosse criado, Deus escolheu e
predestinou os Seus à salvação. Ele não fez qualquer uma dessas escolhas com
base em Sua onisciência ou porque previu fé em tais homens, mas os escolheu
segundo o Seu eterno e imutável propósito, conforme Seu santo conselho e
beneplácito de Sua vontade, de acordo com Sua graça única [e não múltipla].
Esse Deus, o único Deus, não se baseou em nenhuma fé prevista ou em alguma
boa obra humana para salvar os Seus escolhidos, nem por qualquer outra
característica na criatura que pudesse movê-Lo como condição para salvá-los (Ef
1.4, 9, 11; Rm 8.30; 2Tm. 1.9; 1Ts, 5.9; Rm 9.11-16; Ef 1.19: e 2.8-9).
● Ele não somente ama Seus escolhidos incondicionalmente, como também os
“leva pela orelha”, não importando se eles querem ou não ser salvos. Ele os
preserva por meio da disciplina, de modo que nenhuma de Suas ovelhas podem
decair da graça que uma vez foi dada aos santos. Nenhuma de Suas ovelhas pode
se perder ou ser arrebatada de Suas mãos (Jo 10.28). Ainda que cometam
pecados no curso de suas vidas, tais escolhidos de Cristo serão preservados pelo
poder do Espírito Santo e perseverarão na genuína fé e doutrina até o fim. Pelo
eterno e mui livre propósito da Sua vontade, Deus preordenou todos os meios
conducentes a esse fim glorioso. Ou seja, os santos eleitos, tendo nascido
escravos do pecado de Adão, são remidos por Cristo e presenteados pela
verdadeira fé, por meio do Espírito e no devido tempo determinado por Deus. Por
esta razão, os santos escolhidos de Deus são justificados, adotados, santificados e
guardados por Cristo nesta fé imutável e eterna. Não há absolutamente ninguém
além dos eleitos que seja remido, chamado de forma eficaz, justificado nos céus,
adotado, santificado e glorificado por causa da salvação conquistada por Cristo
na cruz do calvário (1Pe 1.2; Ef 1.4 e 2.10; 2Ts 2.13; 1Ts. 5.9-10; Tt 2.14; Rm
8.30; Ef 1.5; 1Pe 1.5; Jo 6.64-65; 17.9; Rm 8.28; 1Jo 2.19).
● Contrariando radicalmente o falso Cristo do Arminianismo, o Cristo da Bíblia
soberanamente regenera o pecador eleito à margem de sua aceitação ou rejeição
temporária. Visto que, sem a regeneração espiritual, o pecador está morto
espiritualmente (Rm 3), o pecador jamais pode escolher a Cristo por si mesmo
(Jo 6.65). A fé não é uma contribuição do homem para sua salvação. A fé não
provém do coração do homem, mas é um dom recebido do alto. Não há nenhuma
participação do homem nesse processo salvífico. A salvação, bem como todos os
frutos que dela procedem, é uma dádiva exclusiva de Deus, não do homem (Jo
3.3; 6.44,65; 15.16; Rm 9.16; Ef 2.1,8-10; Fp 1.29; Hb 12.2).
● O Deus da Bíblia concede misericórdia a quem Ele quer e a recusa a quem Ele
quer. Cristo morreu somente pelos eleitos, conquistando eficazmente a salvação
para todos aqueles por quem Ele morreu. Sua morte foi uma satisfação vicária,
que poderosamente quitou a dívida de Seu povo eleito. Ele escolhe ou recusa Sua

86
bondade como Lhe apraz, para a glória do Seu soberano poder sobre as suas
criaturas. Com isto, o restante dos homens foi predestinado à perdição eterna,
para louvor da gloriosa justiça de Deus, que não tem a obrigação de salvar
ninguém, mas o fez por pura graça. Sem a Sua graça, nenhum homem seria salvo
e todos caminhariam segundo sua própria inclinação para o mal (Rm 1.18-32; 3).
A justiça de Deus requer que Ele não contemple os réprobos e os lance no
inferno por causa de seus pecados (Mt 11.25-26; Rm 9.17-22; 2Tm. 2.20; Jd 1.4;
1Pe 2.8).

PREMISSA MAIOR
Um é o Cristo do Arminianismo e o outro é o Cristo da Bíblia. Um é falso e o
outro é verdadeiro. São dois cristos avaliados aqui, e ambos são completamente
opostos. Se você está assustado com isso, saiba que a Bíblia diz que existem
milhares deles (Mt 24.24; 1Co 8.5) e não somente dois ou três. Se, conforme
apresentado pelo artigo, os dois cristos são tão radicalmente distintos, um deles
tem de ser o verdadeiro: ou aquele que não possui sequer uma base bíblica sólida,
ou Aquele que testifica cada uma das passagens da Escritura Sagrada, as quais
foram aqui supracitadas.

PREMISSA MENOR
A Bíblia expressamente diz que não se pode servir e amar a dois senhores. A
Bíblia é enfática em dizer que você deve amar um e odiar o outro (Mt 6.24).
Você certamente pode ter dois amigos, dois irmãos, dois carros, dois hobbies e
até dois empregos. Mas a Escritura o proíbe categoricamente de servir a dois
cristos. Ou você ama e serve a um, ou você ama e serve a outro. A palavra
“Servo”, muitas vezes empregada de forma romantizada em nossas traduções
bíblicas, significa literalmente “Escravo”. Ou você é escravo do verdadeiro
Cristo ou é escravo do falso. A escravidão é absoluta e não permite sociedade
com outros senhores. A escravidão exige tudo aquilo que lhe pertence — todo o
seu tempo, toda a sua lealdade, todo o seu trabalho, todo o seu coração, toda a
sua alma. Os cristãos professos dos nossos dias insistem em acreditar que estão
servindo ao genuíno Cristo dando as mãos para os que servem ao falso cristo. E
não somente isto: Os que insistem em servir a dois cristos chamam os seguidores
do falso cristo de irmãos! O fato é que você pode até pensar que está sendo um
cristão agindo assim; você pode achar que ama a Jesus porque “vai à igreja”
regularmente e porque é apaixonado pelo evangelho que você criou com a sua

87
própria mente; mas a sua prostituição não será ignorada no dia do juízo, visto que
você pensa que pode andar com o Cristo da Bíblia e ter um pequeno caso com
outro cristo – o falso cristo.
A Diferença entre Calvinismo e Arminianismo é ainda mais profunda que se
pode parecer à primeira vista. Não é simplesmente questão de ênfase, mas de
conteúdo. O calvinista crê em um Deus que realmente salva; enquanto o
arminiano crê em um Deus que possibilita que o homem se salve. O calvinista
crê em um Deus Pai que elege de fato; o arminiano crê em um Deus Pai que
apenas ratifica a eleição que os homens farão sobre si mesmos. O calvinista crê
em um Redentor que objetivamente redime pecadores; o arminiano crê em um
redentor em potencial, que apenas viabiliza a redenção dos salvos. O calvinista
crê em um Espírito Santo que chama soberana e eficazmente indivíduos; o
arminiano crê em um Espírito Santo que apenas “persuade moralmente”, mas que
pode ser resistido. O lema do calvinista é: “Seja feita a Tua vontade”. O lema
central da seita arminiana é: "Levante-se e caminhe comigo, ó Criador; vou lhe
mostrar o que eu quero".

CONCLUSÃO LÓGICA
Arminianos e calvinistas não são irmãos. Jamais o poderiam ser. Eles não
possuem a mesma fé. Eles não servem ao mesmo Cristo. Não há qualquer
vínculo entre o Cristo da seita arminiana e o Cristo da Bíblia. Eu poderia falar
sobre o cristo do Catolicismo Romano, do Espiritismo e de muitos outros
milhares de cristos espalhados pelo mundo religioso. Todavia, não há, no atual
século, um falso cristo que tenha enganado tanta gente como o cristo do
arminianismo, com seu evangelho ardiloso e sagaz. Tenho plena convicção e
afirmo com propriedade que, sem explanações como essas do artigo, a maioria
das pessoas passaria a vida inteira sem notar a diferença entre um Cristo e outro.
Tudo isso é resultado do sincretismo e ecumenismo religiosos que reinam
soberanos em todo o mundo, em especial nas seitas denominacionais, onde o
intento é adquirir membros para encherem seus templos luxuosos e cheios de
adornos judaicos.

UM CHAMADO À SEPARAÇÃO
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem
a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que

88
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus
vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e Eu serei o seu
Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o
Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai,
e vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso" (2 Coríntios
6.14-18).
Essa passagem se aplica – veementemente – a membros de seitas arminianas. Um
“jugo” é tudo aquilo que une. Aqueles que pertencem a uma seita arminiana ou
pentecostal estão unidos em um compromisso oficial e em uma aliança com seus
membros “irmãos”. Muitos de seus membros/irmãos não dão nenhuma evidência
de terem nascido de novo. Eles podem acreditar em um “Deus Soberano”, mas
qual o amor que eles têm pela soberania exaustiva de Deus? Qual é a sua relação
com os eternos decretos de Deus? Eles simplesmente as negam.
“Porventura andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?” (Amós 3.3).
Pode aqueles que devem o seu tudo a Cristo, tanto para o tempo presente quanto
para a eternidade, ter comunhão com aqueles que desprezam e rejeitam ao Deus
da Palavra? Portanto, que todo e qualquer leitor cristão que esteja em jugo
desigual com arminianos saia debaixo dele sem demora.

DEUS AMA TODO O MUNDO?


Desvendando o mito

Certamente Deus ama o mundo, mas não todos os indivíduos que compõem o
mundo. Na Escritura, as palavras "Mundo", "Todos", "Toda a gente" e outras
expressões semelhantes raramente significam toda a raça humana (Jo 7.4; 12.19;
At 17.6; 1Co 11.32). No Antigo Testamento Deus amava somente a nação de
Israel (Dt 7.7), mas isso não poderia ser dito de todo e qualquer israelita, pois
“nem todos os que são de Israel são israelitas” (Rm 9.6), isto é, nem todos são
judeus convertidos ao SENHOR. No Novo Testamento vemos que Deus diz amar
indivíduos de todo o mundo, como no caso de João 3.16, onde a palavra
“mundo” se refere aos escolhidos e não a cada indivíduo da terra, e isso será
provado mais à frente neste capítulo.

89
"Aquele que crê no Filho tem a vida eterna; mas aquele que não crê no Filho
não verá a vida, mas a ira de Deus sobre ele permanece" (João 3.36).
Como poderia a ira (ódio) de Deus estar sobre alguém que Ele amou na
eternidade? De maneira que o versículo acima salienta que somente os que creem
em Seu Filho é que são amados por Ele.
São muitos os cristãos professos que negam que Deus possa odiar alguns
pecadores, os quais estão condenados à perdição. A maioria das pessoas que
compõem a cristandade atual crê que Deus não pode odiar um pecador, e acredita
cegamente que Ele ama a todos os seres humanos, sem exceção. Mas o fato é que
Deus odeia, não somente o pecado, como também o pecador não salvo. Um
exemplo disso é Esaú (Rm 9.13). Além de Esaú, Deus também “odeia a todos os
que praticam a maldade” (Sl 5.5).
Cristo morreu na cruz para salvar somente aqueles a quem Deus ama, e não para
salvar Judas, Herodes, Pilatos ou outros “cujos nomes não estão escritos no livro
da vida, desde a fundação do mundo” (Ap 17.8). A Bíblia é clara ao dizer que
Cristo veio para salvar aqueles que o Pai havia lhe dado (Jo 6.37-39; 17.2).
“Como [Cristo] havia amado os Seus, que estavam no mundo, amou-os até o
fim” (João 13.1), e isso significa que Ele não amou a todos os homens que estão
no mundo, mas tão somente “os Seus, que estavam no mundo”.
Estando uma vez em Cristo Jesus, o pecador eleito é amado por Deus (Ef 1.4-6).
Todavia, sem o espírito de Cristo, os pecadores são odiados por Deus em todo o
tempo, pois Deus “não tem prazer na iniqüidade” (Sl 5.4). Muito pelo contrário,
Deus “ama a justiça” (Sl 11.7).
Jesus Cristo morreu por Suas ovelhas, mas não morreu e nem sequer orou pelos
bodes (Jo 10.26- 27; 17.9). Visto que o amor de Deus não é falho, Ele de fato
salva a todos a quem Ele ama. Todos aqueles que são alvos de Seu amor são
salvos e não podem perder a salvação. Deus busca, por Si mesmo, aqueles a
quem Ele ama, e faz com que os Seus escolhidos O amem (1Jo 4.19).
Deus não é obrigado a amar ninguém, mas escolhe livremente a quem Ele ama, e
por isso o homem não tem o direito de se queixar (Rm 9.13- 20).
Quem ensina que Deus ama todo o mundo, isto é, a cada indivíduo do mundo,
está cometendo o pecado da mentira e da heresia. Ensinar que Deus ama todo o
mundo é dizer que Deus manda Seus filhos, adotados em Cristo Jesus, para o
inferno. Isso é roubar o filho de Deus do conforto da salvação e “encorajar os
ímpios a não se desviarem dos seus maus caminhos para salvarem a sua vida”
(Ez 13.22), o que os leva para longe de suas responsabilidades como cristãos.

90
A LINGUAGEM UNIVERSAL NA BÍBLIA
Muitos afirmam que Deus ama todo o mundo devido à linguagem universal que a
Bíblia muitas vezes usa, tais como “o Senhor não quer que nenhum pereça” (2
Pedro 3.9) ou “todo aquele que invocar o nome do SENHOR será salvo” (Rm
10.13). No entanto, essas objeções partem daqueles que desconsideram o
contexto da mensagem e mostram a total ignorância do leitor com relação à
linguagem usada na Escritura. Ora, frequentemente usamos linguagem universal
para tudo que fazemos na vida. Por exemplo, quando o professor pergunta “Todo
o mundo tem uma caneta?”, ele obviamente não está falando com o mundo
inteiro, mas somente com sua classe de alunos. Quando um pai diz “Todo o
mundo entre no carro!”, ele não está chamando o mundo todo para entrar em seu
carro, mas tão somente a sua família.
Vejamos algumas passagens que usam a linguagem universal para se referir a
indivíduos específicos:
Mateus 10.22 – “odiados de todos sereis”; João 3.26 – “e todos vão ter com
ele”;
Atos 19.19 – “trouxeram os seus livros, e os queimaram na presença de todos”;
Romanos 16.19 – “quanto à vossa obediência, é ela conhecida de todos”.
Nessas passagens, o termo “todos” não significa cada indivíduo da raça humana.
Similarmente, “todo o que” significa “todos aqueles que…”. Não significa todo
o mundo.
“Todo o que nele crê” (João 3.16) significa todos aqueles que crêem ou “todos
os crentes”, não a raça humana inteira.
Da mesma maneira, “todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo”
(Rm 10.13) não significa que todo o mundo pode ou invocará o nome do Senhor.
O fato de Deus amar somente os salvos não os torna justificáveis, mas
JUSTIFICADOS. “Por meio dEle, todo aquele que crê é justificado de todas as
coisas das quais não podiam ser justificados pela lei de Moisés” (Atos 13.39). O
sacrifício consumado de Cristo cobre os pecados do pecador eleito. Quando Deus
salva uma pessoa, Ele a regenera e veste com vestes brancas como a neve, com
vestes de justiça. Os méritos de Cristo são atribuídos a ela. Deus a ama
Cristocentricamente, ou seja, pelos méritos de Cristo, por Sua perfeita e
imaculada justiça. Nem uma gota do Seu santo sangue foi derramado em vão. No
último grande Dia não haverá um Salvador desapontado e derrotado, mas Um
que “verá o fruto do trabalho da Sua alma, e ficará satisfeito” (Is 53.11). Não são
nossas palavras, mas a infalível asserção dEle que declara: “O meu conselho
91
subsistirá, e farei toda a minha vontade” (Isaías 46.10). Sobre esta impregnável
Rocha nós descansamos.
Deus não ama o homem por aquilo que ele é, pois não há nada no pecador digno
de atrair em Deus Seu afeto e amor, mas apenas o Seu justo e merecido juízo,
além do Seu ódio. Porém, Deus ama Cristocentricamente pecadores salvos antes
da fundação do mundo (Ef 2).
“O qual se deu a si mesmo por nós (nós – a Igreja) para nos remir de toda a
iniquidade, e purificar para si um povo seu especial, zeloso de boas obras” (Tito
2.14). A Bíblia diz que Jesus se entregou por nós, não por todo o mundo. Os
pecadores pelos quais Cristo morreu são chamados de: Suas ovelhas (Jo 10.11-
15), Sua igreja (At 20.28; Ef 5.25-27), Seu povo (Mt 1.21) e Seus eleitos (Rm
8.32-35). Perceba que o povo pelo qual Cristo morreu passa a ter uma identidade
específica, se diferenciando do mundo caído, e tudo isso é uma dádiva de Deus,
não do homem.
“Eu rogo por eles. Não rogo pelo mundo, mas por aqueles que me deste, pois
são Teus” (João 17.9).
E ainda aos Seus, a Igreja, afirmou Cristo: “Se o mundo os odeia, tenham em
mente que antes odiou a mim. Se vocês pertencessem ao mundo, ele os amaria
como se fossem dele. Todavia, vocês não são do mundo, mas Eu os escolhi,
tirando-os do mundo; por isso o mundo os odeia” (João 15.18-19).
Quanto aos ímpios (vasos de ira, preparados para a perdição, conforme Romanos
9), a ira de Deus sobre eles permanece, e não o Seu amor (Jo 3.36; Sl 11.5; Pv
3.32 / 2Co 2.14-15 / 2Co 4.3).
Por mais que a maioria das pessoas afirme amar a Deus, a Bíblia ensina que os
pecadores odeiam a Deus (Rm 8.7) e JAMAIS invocarão o Seu nome. Isaías
lamenta que “ninguém há que invoque o Teu [i.e., de Deus] nome” (Is 64.7), e
Paulo acrescenta: “não há ninguém que busque a Deus” (Rm 3.11). Alguns
homens são verdadeiramente despertados a invocarem a Deus, e isso é obra do
Espírito de Deus, o qual graciosamente concede fé e arrependimento a alguns (At
11.18; Ef 2.8; Fp 1.29), mas cega e endurece a outros (Js 11.20; Mt 11.25; Jo
12.40; Rm 9.18).

92
O SIGNIFICADO DE “MUNDO” NA BÍBLIA

“Deus amou ao ‘mundo’ de tal maneira que deu o Seu Filho Unigênito para
que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”
(João 3.16).

A maioria das pessoas olha para esse versículo e acha que Deus ama todo o
mundo, ou seja, cada indivíduo do mundo, sem exceção. Isso é um terrível
engano de Satanás e uma forma de distorcer a visão correta do que Deus nos
revela em Sua santa Palavra. Na verdade, Deus não ama a todos os indivíduos do
mundo, nem tampouco poderia, visto que Ele salva a todos quantos Ele ama, e
ninguém dentre os Seus amados escolhidos pode ser arrebatado de Suas mãos (Jo
10.26-30). Se Deus amasse a todos os indivíduos do mundo, certamente todos
seriam salvos, pois Ele não é mentiroso, nem débil, nem fraco. Deus salva a
quem Ele ama e ponto final. Então, como explicar esta incógnita de João 3.16? E
as outras passagens que citam o termo “Mundo”?
A palavra “Kosmos” (Mundo) aqui, em João 3.16, se refere aos escolhidos, e
não a cada indivíduo do mundo. O próprio contexto responde à indagação que
poderia ser feita com relação a isso. Indivíduos do mundo todo são salvos, mas
não todos os indivíduos do mundo. A passagem está dizendo que Deus ama
indivíduos do mundo todo (de todas as tribos, nações, etnias, etc.). Quando a
Bíblia diz que não há acepção de pessoas, ela está se referindo ao fato de que
Deus não escolheu os salvos com base no país ou nação onde eles nasceram, ou
em sua descendência, ou em qualquer mérito pessoal. Se por um lado não há
acepção de pessoas, por outro há EXCEÇÃO de pessoas! Por exemplo, se
interpretássemos "mundo" como "cada indivíduo do mundo" em João 3.16,
teríamos que aplicar o mesmo sentido em 1 João 5.19 – “Todo o mundo está no
maligno” --, e então teríamos um grande e terrível paradoxo. Todavia, a Bíblia
não contém paradoxos. Ela não contradiz a si mesma. Quando João diz que “todo
o mundo está no maligno”, ele está claramente dizendo que todo o mundo, fora
do círculo de crentes em Jesus Cristo, está no maligno. Ele está se referindo ao
mundo dos descrentes/perdidos, não ao mundo dos crentes.
Ainda que não possamos ter todo o entendimento da língua grega, a Bíblia
contém passagens com explicações amplas que nos fornecem o significado de
“mundo” em toda a Escritura. Sem um método histórico-gramatical consistente
na interpretação da Bíblia, fica impossível entender a palavra "mundo" em toda a
Escritura, pois essa palavra pode significar VÁRIAS coisas em toda a Escritura.
93
Segue abaixo uma lista de significados de “Kosmos” (Mundo) que, mesmo para
aqueles que não são “expert” em grego, fica fácil de entender apenas pelo seu
contexto gramatical:

1 - "Kosmos" é usado para definir o Universo como um todo:


Atos 17.24 – “O Deus que fez o mundo e tudo que nele há, sendo Senhor do
céu e da terra”.

2 - "Kosmos" é usado para definir a Terra:


João 13.1 – "Ora, antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que já era chegada
a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus que
estavam no mundo, amou-os até ao fim”. Na Bíblia, a frase “Passar deste
mundo” significa “deixar esta terra”.
Efésios 1.4 – “Como também nos elegeu nEle antes da fundação do mundo”.
Essa expressão significa “antes da terra ser fundada” (cf. Jó 38.4).

3 - "Kosmos" é usado para definir o sistema mundial:


João 12.31 – “Agora, é o juízo deste mundo; agora, será expulso o príncipe
deste mundo”. Confira também Mateus 4.8 e 1 João 5.19.

4 - "Kosmos" é usado para definir toda a raça humana:


Romanos 3.19 – “Ora, nós sabemos que tudo o que a lei diz, aos que estão
debaixo da lei o diz, para que toda boca esteja fechada e todo o mundo seja
condenável diante de Deus”. Aqui sim nós vemos a palavra “mundo” sendo
usada para se referir a cada indivíduo do mundo, pois é dito na Bíblia que todos
nós nascemos debaixo da ira de Deus (cf. Romanos 3). A menos que Deus
partisse em resgate de alguns, todos os homens estariam condenados.

5 - "Kosmos" é usado para definir a humanidade com exceção dos crentes; isto é,
para se referir somente aos descrentes/perdidos:

94
João 15.18 – “Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me
odiou a mim”. Os crentes não “odeiam” a Cristo, de forma que “o mundo” aqui
significa o mundo dos descrentes em contraste com os crentes que amam a
Cristo.
Romanos 3.6 – “E, se a nossa injustiça for causa da justiça de Deus, que
diremos? Porventura será Deus injusto, trazendo ira sobre nós? (Falo como
homem.) De maneira nenhuma; de outro modo, como julgará Deus o
mundo?”. Aqui vemos outra passagem onde “o mundo” não pode significar
“você, eu e cada pessoa da humanidade”, pois os crentes não serão “julgados”
por Deus (cf. João 5.24). Sendo assim, aqui também é o “mundo dos descrentes”
que está sendo mencionado.

6 - "Kosmos" é usado para definir os gentios (nós, que não somos de Israel) em
contraste com os judeus (que são israelitas: povo terrenal de Deus):
Romanos 11.12 – “E, se a sua (de Israel) queda é a riqueza do mundo, e a sua
(de Israel) diminuição, a riqueza dos gentios, quanto mais a sua plenitude (de
Israel)!”. Note como a primeira menção ao mundo é definida pela riqueza que
ele adquiriu por meio de uma nação em especial: Israel. Aqui, novamente, “o
mundo” não pode significar toda a humanidade porque o texto faz distinção entre
a nação de Israel e o restante da humanidade, que é o mundo fora de Israel!

7 - Finalmente, "Kosmos" é usado para se referir somente aos crentes/salvos –


tanto da Igreja de Deus como do Israel de Deus (Jo 1.29; 3.16,17; 6.33; 12.47;
1Co 4.9; 2Co 5.19). Desta vez, deixarei que o leitor abra sua Bíblia e seja
abençoado com sabedoria e entendimento. Basta uma simples leitura e o
discernimento do Espírito Santo para que toda a dúvida acerca do tema seja
aniquilada.

A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO GRAMATICAL


Interpretar uma passagem gramaticalmente requer que sigamos as regras
gramaticais exigidas pelo texto sagrado e que reconheçamos as nuances do
hebraico e grego.
Por exemplo, quando Paulo escreve que Deus já havia feito Sua escolha entre
Jacó e Esaú antes mesmo de eles terem nascido, antes mesmo de terem feito bem

95
ou mal a alguém (Rm 9.11), as regras gramaticais atestam categoricamente que
Deus não escolhe as pessoas pelas suas obras, mas as escolhe
incondicionalmente para as boas obras, as quais Ele mesmo preparou para que
Seus escolhidos pratiquem (Ef 2.10), e isso está em perfeita harmonia com todo o
contexto apresentado pela Escritura a respeito da escolha de Deus em salvar
alguns e condenar outros soberanamente, antes mesmo que o mundo existisse.
Em outras palavras, o apóstolo Paulo claramente aponta para o fato de que o
homem não pode se queixar quando Deus faz Suas escolhas, e que Deus faz o
que bem entender com Suas criaturas, sem nada precisar perguntar a elas (Rm
9.13-24).
A Palavra de Deus não traz dúvidas, mas respostas. O Deus da Palavra não é um
Deus de confusão e nunca traz confusão para nossa mente (1Co 14.33).

Providência de Deus ou Graça Comum?

A teoria da “graça comum” diz que Deus derrama Sua graça sobre salvos e
réprobos (perdidos). Mas, será que isso está de acordo com as Escrituras? A ideia
de um amor dúbio de Deus por cada indivíduo da humanidade é resultado de um
falso ensino soteriológico, muito conhecido como Universalismo ou Graça
Comum, que visa unir conceitos arminianos à doutrina bíblica da eleição a fim de
promover a confortável “paz” do ecumenismo religioso. Porquanto geralmente
seus adeptos usam um argumento que, à primeira vista, é muito forte a seu favor,
alegando que o amor de Deus está, em algum sentido que eles nunca esclarecem
biblicamente, sobre todas as Suas criaturas, tanto sobre santos como sobre ímpios
(mesmo estes tendo sido condenados ao inferno). Tais proclamadores de
doutrinas estranhas ao evangelho acusam de “radicais” aqueles que tomaram a
iniciativa de condenar suas heresias que, sob o uso do sofisma, têm como
finalidade atribuir a Deus um tipo de dualidade em seus atributos divinos.
A graça comum, segundo seus defensores, responderia aos incrédulos a
indagação acerca de como Deus pode odiar pessoas as quais Ele mantém em
estado de saúde, riqueza e segurança terrenas. Tudo isso se aplicaria à uma
suposta graça à parte que, de acordo com a teoria, é distinta daquela única graça
que a Bíblia nos apresenta: a graça salvadora. Concederíamos que esse
argumento é mais do que suficiente se eles pudessem provar o seu intento – de
que Deus ama a todos os homens em geral e derrama algum tipo de graça sobre

96
os ímpios ao sustentá-los com coisas boas na terra –. Todavia, se mostrarmos
claramente que são eles que, com suas cavilações, nos pressionam a crer que
Deus ama pessoas que Ele mesmo predestinou ao inferno, sem, contudo,
apresentar qualquer argumento testamentário para sustentar essa premissa, o que
lhes restará, senão que esse pretexto que fraudulosamente alegam seja levado
pelo vento?
Através dos tempos, muitos ditos “teólogos” têm insistido em permanecer nesta
falsa doutrina. Eles afirmam categoricamente, porém, sem nenhum amparo das
Escrituras, que Deus distribui Seu amor a todos os indivíduos do mundo, sem
exceção. Para justificar tal heresia grosseira, afirmam que, embora Deus tenha
elegido apenas alguns para a salvação e condenado o restante ao inferno, Seu
eterno amor (que não possui sombra de variação) está sobre os eleitos e também
sobre os perdidos. Para provar essa falsa premissa eles argumentam dizendo que
Deus, ao sustentar e suprir as necessidades terrenas dos réprobos, significa o
mesmo que amá-los. E o nome dado para essa confusa ideia é “Graça Comum”,
um tipo de graça diferente da única que encontramos na Bíblia – a graça
salvadora de Deus. Mas, será que a Bíblia concorda com isso? Será que existem
“duas graças”, uma que salva e outra que não salva? Vejamos como a Bíblia
explica esse terrível paradoxo no qual os adeptos da graça comum se afundaram
por meio de influências arminianas.
As Escrituras claramente ensinam que Deus odeia o pecador. E não somente isso,
como também concede meios de sustento e prazeres terrenos para a sua própria
destruição (Sl 5.5; 11.5; 73.17-20; 92.5-7; Pv 3.33; Ml 1.2-4; Rm 9.13; 1Pe
3.12).
É aqui que a teoria da graça comum inicia o seu declínio. Uma das provas que
tornam a teoria da graça comum inconsistente é que a graça de Deus não está nas
coisas. Todas as coisas constituem-se meios pelos quais Deus salva os justos
(eleitos/justificados) e condena os injustos (réprobos/predestinados à perdição).
Toda e qualquer satisfação terrena que um ímpio degenerado desfruta é para a
sua própria destruição. Sendo esses homens racionais e morais, isso os torna
responsáveis por cada ato (Rm 1.19,20). Deus providencia alimento, vestes, sol,
chuva... a todos quantos estão vivos (Mt 5.45). Mas isso não tem nada a ver com
Seu eterno amor e graça sobre alguém. Portanto, o que muitos chamam de graça
comum é, na verdade, providência de Deus. Como será provado nas linhas que se
seguem, a providência de Deus nem sempre significa algo bom para alguém na
terra.
As coisas deste mundo são indiscutivelmente comuns, mas a graça nunca é
comum. A graça não tem nada de comum. Ela é salvífica. Alguns adeptos

97
protestantes da assim conhecida “Tradição Reformada” podem tentar distorcer
isso uma vida toda por meio de manuscritos humanistas e sob o apelo para a
emoção. Contudo, a Palavra de Deus continua dizendo que a graça é somente
uma, e é salvífica. Não existem duas “graças” – uma temporária e outra eterna,
como querem afirmar os ditos “protestantes reformados” e similares. Enquanto
esses fariseus atuais repetem a mesma lamúria, a Escritura os responde com uma
bofetada na face: Só existe Graça Salvadora. Se não salva, não é graça; é
maldição (Pv 24.15-16). Ponto final.
A doutrina da graça comum deve ser rejeitada em todas as suas esferas, sob a
base da Escritura. A graça comum ensina que Deus ama o réprobo, enquanto as
Escrituras proclamam que “o Senhor odeia ao avarento” (Salmos 10.4 - KJV).
Ainda nos salmos, lemos que Deus odeia “a todos os que praticam a maldade”
(Salmos 5.5). Você provavelmente já deve ter ouvido esta frase: “Deus odeia o
pecado, mas ama o pecador”! Porém, essa ideia trata-se de uma grande mentira.
Deus não ama o pecador. Antes, Ele odeia o pecado e também o pecador. Deus
lança no inferno o pecador, e não o seu pecado. Além do mais, “o SENHOR
prova o justo; porém ao ímpio e ao que ama a violência odeia a Sua [de Deus]
alma” (Salmos 11.5). Aqui está a intensidade da aversão de Deus ao réprobo:
Sua própria alma – tudo o que Ele é – detesta-o. Assim, Deus “sobre os ímpios
fará chover laços, fogo, enxofre e vento tempestuoso” (v. 6).
A teoria da ‘graça comum’ ensina que as coisas boas que os réprobos recebem
nesta vida são a prova do amor de Deus por eles. Todavia, esse foi o engano de
Asafe quando ele pensou que os ímpios eram amados por Deus porque
prosperavam no mundo (Sl 73.12); e esse continua sendo o engano de muitos.
Porém, quando Asafe entrou “no santuário de Deus” (v. 17), compreendeu que
“a prosperidade dos ímpios” (v. 3) – sua saúde (v. 4), comida (v. 7), riquezas (v.
12) – “certamente” se tratava de Deus colocando-os em “lugares
escorregadios” antes de lançá-los na “destruição” (v. 18). Assim como Asafe,
devemos compreender que Deus dá coisas boas aos ímpios em Sua providência,
mas Ele “despreza-os” (v. 20) por sua impiedade (v. 8).
Nas palavras de Salomão, o mais sábio dos homens de todos os tempos, ele diz:
“A maldição do SENHOR habita na casa do ímpio” (Pv. 3.33). Isso significa que
todas as coisas boas em sua casa – esposa, filhos, possessões, alimento, etc. – não
chegam com o amor de Deus, mas com a Sua maldição.
Algumas pessoas dizem que rejeitamos a graça comum sob a base de inferências
extraídas a partir do conselho eterno da predestinação de Deus. Porém, a verdade
revelada de Deus da predestinação não é a única doutrina que milita contra a
graça comum. Contra a unidade de Deus (Dt 6.4), a graça comum ensina que

98
Deus tem dois amores, duas misericórdias, duas benignidades, etc. Contra a
imutabilidade de Deus (Ml. 3.6), a graça comum ensina que Deus ama os
réprobos no tempo e, depois, os odeia na eternidade. Contra a justiça divina, que
é tão grande que Deus “não pode ver o mal” (Hb 1.13), a graça comum diz que
Deus ama aqueles que são completamente iníquos (Rm 3.10-18). Resumindo, a
graça comum postula um amor temporário, limitado, mutável e injusto de Deus
(fora de Jesus Cristo!) pelo réprobo. Todavia, as Escrituras nos ensinam que
Deus ama a Si mesmo e à Sua Igreja eleita (Ef 5.25) com um amor particular
(Rm 9.18), eterno (Rm 8.37-39), infinito (Ef 3.17-19) e imutável (Sl 136) em
Jesus Cristo.
Essa heresia de um “amor de Deus pelos réprobos” tem sido usada por muitos
para destruir a antítese (Gn 3.15), amenizar a depravação total, comprometer a
expiação particular (limitada aos eleitos), pregar um desejo de Deus de salvar o
réprobo, silenciar o fato de que Deus odeia a todos os quais Ele não amou na
eternidade e, então, negar a eleição e reprovação incondicional, recusando,
assim, condenar o arminianismo e seus falsos mestres, permitindo a comunhão
com os arminianos em uma grande festa ecumênica onde o jugo desigual é quem
dita as regras.

DEUS ODEIA O PECADO E TAMBÉM O PECADOR


O amor de Deus e a Sua ira andam de mãos dadas (Nm 14.18; Rm 11.22; Hb
12.5). Sempre que a Bíblia menciona a ira de Deus, ela automaticamente envolve
o Seu amor. Isso acontece pelo fato de que a ira de Deus é uma expressão inata
do Seu amor (Sl 136.14-21). Isto é, não há como falar do amor de Deus sem falar
da Sua ira. Seus atributos são eternos e se correlacionam em perfeita harmonia.
Sem a Sua ira, Seus atributos seriam falhos. Sem a Sua santa ira, Deus seria
indiferente com o pecado e nenhum pecador estaria no inferno agora. Sem a Sua
ira, Deus mostraria uma total ausência de moralidade em Seu caráter. Sem a Sua
ira, Deus estaria em comunhão com a blasfêmia e corrupção do mundo.
A pureza de Deus exige que Ele odeie o que é impuro. Deus é amor (1Jo 4.8), e
por isso Ele tem de ser ódio (Cl 3:6). A questão não é que Deus "deixa de amar"
ou “deixa de odiar”. Seus atributos são eternos – não possuem começo nem fim.
Sua ira sobre os réprobos permanece o tempo todo e não apenas num momento
isolado (Jo 3.36). A doutrina dos atributos de Deus é uma das mais omitidas e
evitadas pela igreja prostituta da América. Dificilmente acharemos, hoje, uma
congregação onde os atributos de Deus sejam ensinados da maneira que a Bíblia
nos apresenta. Não se trata de mera “questão secundária” (termo muito usado
hoje por liberalistas teológicos), mas de uma doutrina essencial da fé cristã que
99
exige, com urgência, a atenção dos santos (Jo 3.36; Sl 11.5; Pv 3.32; 6.16-19;
8.13-17; 2Co 2.14, 15; 2Co 4.3; Rm 9.13; Sl 5.5).

POR QUE O ARMINIANISMO


SE PROVA HERÉTICO?
Uma análise sobre as crenças e ensinos de Jacob Armínius

Jacob Arminius foi um líder religioso adepto da Teologia Reformada do Pacto do


século 16. Em uma determinada época ele havia feito juramentos concernentes à
sua subordinação aos primeiros documentos confessionais da “Fé Reformada”
(também conhecida como Teologia do Pacto) da denominação da Holanda. Esses
documentos eram a “Confissão Belga” e o “Catecismo de Heidelberg”. Ele
começou a ensinar a epístola de Romanos, estava indo muito bem e teve sucesso
teológico em Romanos 7 e 8. A problemática se deu quando Arminius se deparou
com Romanos 9. Para resolver o “problema do mal” e tentar “exonerar” Deus de
Seus eternos decretos, Jacob Arminius, com base em Romanos 9, começou a
ensinar que os decretos de Deus não foram ativamente operados antes da
fundação do mundo, mas sim baseados na Sua presciência divina. Tal ensino
contrariara de forma absurda a soberania de Deus descrita nas Escrituras, visto
que punha à baixo Sua onipotência e a substituía com as doutrinas da “fé
prevista” e “eleição condicionada”, isto é, doutrinas que ensinam que Deus salva
seus escolhidos com base no que Ele vê no futuro e debaixo do inviolável livre-
arbítrio do homem, o qual recebe uma salvação meritória – não pela graça –,
condicionada às suas “boas obras”. Obviamente que esta crença cria sérios
problemas para a teologia, uma vez que Deus, sabendo de todos os eventos que
haviam de ocorrer no mundo (incluindo a queda humana), não poderia deixar de
ser o Autor da história da humanidade. Uma vez que Deus sabe de tudo quanto
deve ocorrer, logicamente é Ele quem colocou tais eventos no corredor da
história, a menos que se diga que alguém ou algo, à parte do Criador, construiu
este ou aquele evento futuro.
A tensão levantada pela interpretação estapafúrdia de Arminius com relação aos
decretos de Deus não teve a ver diretamente com a existência ou não dos decretos
de Deus, mas sim se esses decretos haviam sido determinados por Deus de forma
ativa, antes da fundação do mundo, ou de forma “passiva”, deixando que os

100
homens construíssem a história e estivessem livres de Deus em seus atos, o que
automaticamente colocaria Deus em uma posição de expectativa quanto às
atitudes do homem. E foi exatamente a segunda tese que fora levantada como
legítima por Arminius.
Como conseqüência, vemos então cinco doutrinas estranhas sendo impingidas
por Arminius na cristandade (esses ensinos resultariam nas cinco doutrinas
sistematizadas pelos remonstrantes, cujo sistema de crenças viria a ser
denominado como Arminianismo):

1 - Como resultado das falcatruas de Arminius, Deus, então, não seria mais
soberano e autor sem par da história do homem, mas um expectador frustrado
com a ação humana e sempre à mercê das más escolhas de Suas criaturas.
Basicamente, o resultado do ensinamento de Arminius dentro da Igreja
Reformada Holandesa e na cristandade num todo é que os mesmos desembocam
abruptamente na crença no deus pelagiano chamado “Livre Arbítrio”, contrário
ao Deus bíblico que tudo decreta segundo o beneplácito de Sua vontade, e não
conforme qualquer mérito humano. A Predestinação de Deus é substituída
perversamente por meras permissões concedidas por um deus inconstante. A
Eleição passa a ser condicionada aos méritos dos homens e não mais reconhecida
como incondicional, imutável e eterna. Porém, quando o tema é decreto divino, a
Bíblia, em oposição ao conceito espúrio da eleição condicionada aos atos da
criatura, é bem mais positiva – os eternos decretos (Predestinação) de Deus são
determinativos, perfeitos e imutáveis.

2 - Vale salientar que Arminius não necessariamente negava os decretos de Deus


ou a “salvação pela graça”, mas construía seu próprio conceito que viria a ser
chamado tecnicamente de “graça preveniente”. Essa doutrina herética, por meio
de sofismas dogmáticos, defende que, embora os decretos de Deus estejam na
Bíblia, eles são operados somente com base na onisciência de Deus. Igualmente,
de forma ainda mais controversa, o Arminianismo afirma que a graça não é uma
obra pertencente somente ao Doador da Fé (Deus), mas uma forma de conceder
ao homem participação no processo salvífico dos escolhidos. E é aqui que o
problema aumenta.

3 - Arminius também não defendia a posição bíblica de que o homem nasce


depravado em todas as suas faculdades. Em vez disso, ele ingeria nas mentes
fracas a idéia de que o homem nasce bom, mas o pecado, vindo a ser colocado
em prática, contamina o homem. Ele negava claramente a doutrina da
“Depravação Total” (que viria a ser sistematizada mais tarde em oposição aos
remonstrantes de Armínius no Sínodo de Dort).

101
4 - Em quarto lugar, Arminius, desenfreadamente, negava em seus ensinos o que
viria a ser conhecido como “Expiação Limitada [ou] Particular”. A posição
bíblica, concernente à doutrina da salvação, é a de que o sangue de Cristo pagou
pelos pecados dos eleitos na Cruz do Calvário de uma vez por todas, não sendo
possível que um homem justificado pelo sacrifício de Cristo venha a decair da
graça, uma vez dada aos santos antes da fundação do mundo. Este é mais um
problema que resultaria [igualmente] nos cinco pontos do Calvinismo contra as
heresias dos remonstrantes (o Arminianismo). Arminius, rompendo seus laços
com as Escrituras Sagradas, assumira uma posição oposta à expiação eficaz de
Cristo na Cruz. O problema apresentado aqui é denominado como “Teoria
Governamental da Expiação”.

5 - Em última instância, quanto à Perseverança dos Santos, Arminius deixa a


tensão em aberto, embora seus ensinos heréticos tenham resultado,
consequentemente, em uma posição inversa à “perseverança dos santos”, uma
vez que o sacrifício de Cristo – segundo os seus ensinamentos – não é eficaz em
seus sermões, mas passível de falhas por conseqüência da escolha humana em
rejeitar a salvação.
Hoje vemos discípulos de Armínius surgindo cada vez mais, e, junto com eles, os
antigos ensinos que uma vez haviam sido rejeitados e combatidos por muitos
cristãos. Hoje, 80% das denominações ditas protestantes são, na verdade, seitas
arminianas sob o título de “igreja evangélica”. O Pentecostalismo, assim como
outras vertentes do arminianismo, é apenas uma das conseqüências doutrinárias
oriundas desse distúrbio soteriológico e espiritual.

POR QUE DEVO OBEDECER A DEUS SE JÁ


ESTÁ TUDO DECRETADO?

A mais satisfatória resposta para esta queixa está em Rm 9.19-24. Nesta


passagem Paulo antecipa a mesma lamúria de forma retórica (ele já 'previa' que
alguém pudesse questionar sua mensagem) e que se refere aos eternos decretos
de Deus. Veja o contexto da pergunta retórica e como Paulo lida com ela:
"Então me questionarás: "Por que Deus ainda nos responsabiliza? Pois, quem
pode resistir à Sua vontade?" Mas, quem és tu, ó homem, para discutires com

102
Deus? Porventura a coisa formada dirá ao que a formou: "Por que me fizeste
assim?" Ou não tem o oleiro poder sobre o barro, para da mesma massa fazer
um vaso para honra e outro para desonra? E que direis se Deus, querendo
mostrar a sua ira, e dar a conhecer o seu poder, suportou com muita paciência
os vasos da ira, preparados para a perdição; para que também desse a conhecer
as riquezas da sua glória nos vasos de misericórdia, que para glória já dantes
preparou, os quais somos nós, a quem também chamou, não só dentre os judeus,
mas também dentre os gentios"? (Romanos 9.19-24).
Do verso 14 ao 29 de Romanos 9 (vide o contexto) podemos encontrar uma
“diatribe”. Trata-se de um recurso de retórica em que o escritor responde aos
questionamentos de um opositor imaginário. Os questionamentos levantados pelo
opositor arminiano estão em Rm 9.14 e 9.19. A “diatribe” é um artifício muito
eficaz ao lidar com incrédulos que tentam achar respostas não concedidas de
forma exaustiva na Bíblia, mas que estão implícitas em seu determinismo em
termos de soberania divina. Porém, este recurso só funciona se o autor está
entendendo corretamente o opositor. Todos os dois questionamentos do opositor
(9.14 e 9.19) tem a ver com a “injustiça de escolher uns para a salvação e
predestinar outros para a perdição eterna”. Se o apóstolo Paulo estivesse lidando
com os preceitos de Deus ou, ainda, com a ‘eleição de nações’ ao invés de
indivíduos, ele poderia ter corrigido este equívoco e concluído da seguinte
maneira: “Não estou tratando dos decretos eternos de Deus, mas de seus
preceitos para a igreja; não estou falando de pessoas, mas de nações”. Contudo, o
apóstolo estabelece a objeção como legítima e a responde de forma direta,
concisa e sem eufemismos, enfatizando sua intenção de falar sobre os decretos de
Deus em termos de metafísica, e não de Suas ordens direcionadas a todos os
homens para que obedeçam. Ele também deixa claro que não se refere à nenhuma
‘promessa terrena à Israel’ aqui (como em outras passagens), mas à eleição de
indivíduos para a Salvação.
Sendo assim, a ordem é clara: Obedeça a Deus e se cale diante dos desígnios do
Senhor. Prostre-se diante de Deus, em temor e tremor. Ponto final.
A Bíblia é assim: Ela não se coloca na obrigação de responder a todas as nossas
perguntas. Ela não se permite dizer o "por quê" de muitas coisas, mas vai direto
ao ponto e ordena que o homem se cale diante de Deus. A Palavra de Deus é
DETERMINISTA, não fatalista.

103
2. DECRETOS E PRECEITOS
Muitos incautos apelam para passagens normativas como Ezequiel 18.32, na
tentativa de driblar Deus de Seus eternos decretos e ainda assim o manter na
posição de ‘totalmente Soberano’. Todavia, passagens como Ezequiel 18.32,
assim como milhares de outras, onde Deus ordena a todos que se arrependam de
seus pecados e escolham viver em santidade com Ele, não estão lidando com os
decretos divinos, mas sim com os preceitos de Deus – Sua ordem universal para
que todo homem se arrependa e se converta de seus maus caminhos (At 3.19). O
Deus que ordenou a Faraó que libertasse Seu povo é o mesmo Deus que, no
contexto seguinte, endureceu o coração de Faraó para que este não o
obedecesse (Ex 8.1; 10.27). É por esta razão que Paulo menciona Faraó como
exemplo clássico de como Deus lida com suas criaturas num nível metafísico, em
Romanos 9: “Porque diz a Escritura a Faraó: ‘Para isto mesmo te levantei;
para em ti mostrar o meu poder, e para que o meu nome seja anunciado em toda
a terra’. Logo, pois, Deus se compadece de quem Ele quer e endurece a quem
Ele quer”. (Romanos 9.17,18).

3. NÃO EXISTE JUSTIFICAÇÃO SEM SANTIFICAÇÃO


➜ "Que diremos pois? Permaneceremos no pecado, para que a graça abunde?
De modo nenhum. Nós, que estamos mortos para o pecado, como viveremos
ainda nele? ➜ Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus
Cristo fomos batizados na sua morte? ➜ De sorte que fomos sepultados com ele
pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos,
pela glória do Pai, assim andemos nós também em novidade de vida. Porque, se
fomos plantados juntamente com ele na semelhança da sua morte, também o
seremos na da sua ressurreição; sabendo isto, que o nosso homem velho foi com
ele crucificado, para que o corpo do pecado seja desfeito, para que não sirvamos
mais ao pecado. ➜ Porque aquele que está morto está justificado do pecado.
Ora, se já morremos com Cristo, cremos que também com ele viveremos;
sabendo que, tendo sido Cristo ressuscitado dentre os mortos, já não morre; a
morte não mais tem domínio sobre ele. Pois, quanto a ter morrido, de uma vez
morreu para o pecado; mas, quanto a viver, vive para Deus. ➜ Assim também
vós considerai-vos certamente mortos para o pecado, mas vivos para Deus em
Cristo Jesus nosso Senhor. Não reine, portanto, o pecado em vosso corpo
mortal, para lhe obedecerdes em suas concupiscências; nem tampouco
apresenteis os vossos membros ao pecado por instrumentos de iniqüidade; mas
apresentai-vos a Deus, como vivos dentre mortos, e os vossos membros a Deus,
104
como instrumentos de justiça. ➜ Porque o pecado não terá domínio sobre vós,
pois não estais debaixo da lei, mas debaixo da graça. ➜ Pois que? Pecaremos
porque não estamos debaixo da lei, mas debaixo da graça? De modo nenhum.
Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois
servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência
para a justiça? ➜ Mas graças a Deus que, tendo sido servos do pecado,
obedecestes de coração à forma de doutrina a que fostes entregues. E, libertados
do pecado, fostes feitos servos da justiça. ➜ Falo como homem, pela fraqueza
da vossa carne; pois que, assim como apresentastes os vossos membros para
servirem à imundícia, e à maldade para maldade, assim apresentai agora os
vossos membros para servirem à justiça para santificação. Porque, quando éreis
servos do pecado, estáveis livres da justiça. E que fruto tínheis então das coisas
de que agora vos envergonhais? Porque o fim delas é a morte. Mas agora,
libertados do pecado, e feitos servos de Deus, tendes o vosso fruto para
santificação, e por fim a vida eterna. ➜ Porque o salário do pecado é a morte,
mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor"
(Romanos 6:1-23).

4. O ANTINOMIANISMO
A palavra “antinomianismo” vem de duas palavras gregas: anti, que significa
"contra", e nomos, que significa "lei". Sendo assim, antinomianismo significa
“contra a lei”. Tal crença se baseia na ideia de que, se Jesus pagou pelos nossos
pecados na cruz e aboliu o Velho Testamento, os cristãos não são ordenados a
obedecer as leis morais de Deus que, por meio de Cristo, são direcionadas à
igreja. De fato, Cristo cumpriu a lei, pagou pelos pecados dos eleitos e aboliu o
Velho Testamento (2Co 3.2-18; Rm 10.4; Gl 3.23-25; Ef 2.15). Todavia, Ele
estabeleceu leis para a Igreja cumprir e muitas delas de forma intensificada. Se
antes não podia tocar em mulher alheia, agora o crente não pode sequer olhá-la
para desejá-la (Mt 5.28). O antinomianismo trata-se de uma doutrina luterana de
João Agrícola (1494-1566), que, em nome da “supremacia da fé e da graça
divina”, ensina a indiferença para com a lei, como se a igreja estivesse isenta de
sua responsabilidade para com a Doutrina dos Apóstolos e livre para pecar. A
propósito, este é o real conceito de “hiper-calvinismo” (termo muito mal
compreendido pelos próprios calvinistas hoje). De fato, Cristo encerrou, na Cruz
do Calvário, as leis cerimoniais do Antigo Testamento, as quais para nós não
passam de “fábulas judaicas” (Tt 1.14) e “ordenanças caducas” (Cl 2.11-23).
Todavia, Sua LEI para a Igreja está intacta e o mandamento que resume todo o
Novo Testamento, em termos de obediência, é: "Sede santos" (1Pe 1.15,16)...
105
“porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação” (1 Ts
4:7).

CONCLUSÃO
A soberania de Deus e a responsabilidade humana andam de mãos dadas. Não se
pode separar uma da outra. Do contrário, isto seria "Fatalismo" e não
Calvinismo. Não há espaço para a vontade do homem nos eternos decretos de
Deus. De fato, o homem é um ser dotado de vontades, mas não de livre-arbítrio.
Aquele que é chamado por Cristo recebe a liberdade da escravidão do pecado e
do jugo de Satanás e do mundo, mas jamais poderá dizer que um dia foi [ou é]
livre de Deus.
Não existe justificação sem santificação. Do contrário, isto seria antinomianismo:
uma afronta às leis de Deus direcionadas aos Seus filhos.
"Porque os que dantes conheceu também os predestinou para serem conformes à
imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogênito entre muitos irmãos. E
aos que predestinou a estes também chamou; e aos que chamou a estes também
justificou; e aos que justificou a estes também glorificou" (Romanos 8:29,30).

106
CAPÍTULO 4
DÍZIMO, OFERTAS, CONTRIBUIÇÃO,
ETC.

A VERDADE SOBRE O DÍZIMO

Este artigo se trata de uma exortação aos que inutilmente se esforçam em


“agradar a Deus” com porcentagens monetárias fixas e mensais em suas
denominações religiosas, achando que Deus requer do crente alguma quantia em
dinheiro para, assim, conceder a salvação a ele. O fato de as pessoas carregarem
essa "carga" levítica nos ombros (por mais que não admitam) torna o ato
"dizimista" penoso e perigoso para a vida espiritual. Acredite, caro leitor: você
ganhará mais espiritualmente em buscar entender que não há dízimos a serem
pagos em algum templo religioso do que em empenhar-se nesta labuta inútil
chamada "Dízimo".
Quando um fiel compreende o que é ofertar financeiramente na igreja, a fim de
ajudar a manter a obra do Senhor e suprir as necessidades dos mais pobres da
Igreja de Deus, no intuito de cooperar com a congregação dos santos, ele passa a
ser livre e apto para contribuir com a quantia proporcional à sua renda, sem
nenhuma imposição da lei. Todavia, para se ter um entendimento claro sobre o
tema, é necessário saber distinguir as “Ordenanças Judaicas” das “Leis de Cristo”
no cristianismo.

DESVENDANDO O MITO
A prática do dízimo (dar 10% da renda para uma instituição religiosa) se tornou
parte integrante dos cultos nas igrejas denominacionais. Todavia, o dízimo nunca
fez parte da doutrina dos apóstolos; a doutrina do dízimo é uma instituição
claramente judaica; trata-se nada mais do que uma ordenança adotada pela
cristandade da ordem de coisas do Judaísmo. A epístola aos Hebreus chama essa
ordem de coisas de "arraial" (Lv 27.30-34; Nm 18.21-24; Hb 13.13). O dízimo
não tem lugar no cristianismo. O cristianismo funciona sob princípios
completamente diferentes do sistema da lei mosaica. Sendo assim, impor tal

107
padrão sobre os filhos de Deus no cristianismo é não entender a graça e a
diferença que existe entre judaísmo e cristianismo; entre Israel e Igreja.
O dízimo era uma instituição exclusiva do Israel de Deus, imposta aos filhos de
Israel que estavam debaixo da lei. Por outro lado, no cristianismo, o novo homem
não precisa de uma lei. O homem verdadeiramente convertido a Cristo se deleita
em agradar a Deus e fazer a Sua vontade (Rm 8.4). Portanto, colocar o novo
homem, nascido de novo em Cristo Jesus, debaixo da lei e sob qualquer
ordenança judaica como o Dízimo é achar que existe algo nesta vida que poderia
agir fora da vontade de Deus. O fato é que não existe tal impulso legalista em um
crente na dispensação da graça que esteja andando no Espírito.
No judaísmo não importava se a pessoa queria ou não dizimar (fazer sacrifícios
de animais e plantações), pois, mesmo assim, tal pessoa era obrigada a se
desfazer de seus 10% de renda e devolvê-la à “Casa do Tesouro”, a qual não
existe mais. Essa era a lei. A contribuição na Igreja de Deus, seja ela monetária
ou em mantimentos, não se baseia sob tais princípios judaizantes. No momento
em que o cristão faz uma contribuição, ele está se colocando sob princípios muito
mais elevados do que aquele conhecido no judaísmo como Dízimo.
A Bíblia é muito clara ao nos mostrar que os crentes do Novo Testamento nunca
são ordenados a dizimar. As passagens de Mateus 22.15-22 e Romanos 13.1-7
nos revelam a única “doação” que é requerida do crente na era da igreja, que é o
pagamento de impostos para o governo. É interessante notar que nós, na
América, atualmente pagamos entre 20 e 30 por cento de nossos rendimentos
para o governo – uma figura muito similar à exigência do dízimo na teocracia de
Israel.

O DÍZIMO NO JUDAÍSMO
Para o funcionamento da lei do dízimo, é necessário haver um sacerdote. Para ter
sacerdote, é preciso ter “o Templo onde habita o Nome do Senhor” (Dt 12.11). O
único templo permitido para culto, adoração e pagamento do dízimo era o
Templo de Jerusalém. Mas esse templo não existe mais. Ele foi destruído no ano
70 d.C, como profetizado por Jesus. Além do mais, seria necessário que
estivéssemos ainda “debaixo da lei”, a lei cerimonial ordenada aos judeus. Mas
não pense que ao cumprir a lei do dízimo você ficaria isento do restante das leis
exigidas pela Torá. Como será mostrado mais à frente, a Bíblia diz que quem
vive pela lei e tropeça em um só ponto dela é culpado de transgredir toda a lei.
Quem vive por estas leis, por elas será morto. Todo aquele que vive por estas leis
deve cumprir cada vírgula dela e não somente uma parcela dela.

108
“Trazei todos os dízimos à casa do tesouro, para que haja mantimento na minha
casa” (Malaquias 3.10).
Onde estão os outros dízimos que a Lei exige? Por que os – assim intitulados –
pastores estão os omitindo? Sei que os advogados do “Dízimo” gostam de usar
este versículo como pretexto para arrecadação de dinheiro dos fieis inseridos em
suas denominações. Sinto muito em desapontá-los, mas, este versículo se trata de
uma repreensão feita por Deus ao povo judeu por sua desobediência às leis de
Moisés, e não tem nada sobre a prática da Igreja de Deus aqui. Estamos falando
da dispensação da lei, não da graça. Estamos falando do Velho Testamento. No
versículo 7 da passagem de Malaquias 3, vemos a razão de Deus ter dito isto aos
judeus:
“Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos, e não os
guardastes” (Malaquias 3.7).
Quais eram os estatutos instituídos por Deus aos judeus? Será que eram iguais
aos dos cristãos? Não. As leis cerimoniais regulavam o ministério no santuário
do Tabernáculo e, posteriormente, no Templo. Elas tratavam também da vida e
do serviço dos sacerdotes. Na Bíblia encontramos três tipos de leis: Lei Civil, Lei
Cerimonial e Lei Moral. Ainda falaremos sobre o respectivo tema. Voltemos
nosso foco para o Dízimo.

O QUE DEUS DIZIA PARA OS JUDEUS


"Desde os dias de vossos pais vos desviastes dos meus estatutos*, e não os
guardastes; tornai-vos para mim, e eu me tornarei para vós, diz o Senhor dos
Exércitos; mas vós dizeis: Em que havemos de tornar? Roubará o homem a
Deus? Todavia vós me roubais, e dizeis: Em que te roubamos? Nos dízimos e
nas ofertas. Com maldição sois amaldiçoados, porque a mim me roubais, sim,
toda esta "nação" (Israel). Trazei todos os dízimos** à casa do tesouro, para
que haja mantimento na minha casa (Templo de Jerusalém), e depois fazei prova
de mim nisto, diz o Senhor dos Exércitos, se eu não vos abrir as janelas do
céu (Chuva), e não derramar sobre vós uma bênção tal até que não haja lugar
suficiente para a recolherdes (os alimentos provenientes do plantio voltariam a
crescer)" (Malaquias 3.7-10). (Ênfase minha).
Nota*
Estatutos – Ordenanças da Lei Mosaica.

109
Nota**
Dízimos – Existiam três tipos de dízimo, os quais são:

1 - Dízimo de Abraão, que foi voluntário, antes de se tornar lei (Dt 14:22-26).
2 - Dízimo da lei de Moisés, obrigatório para as 11 tribos de Israel. Esse dízimo
era destinado aos levitas, os quais tinham o papel de cuidar das coisas do Templo
e mantê-lo sempre em ordem. É deste dízimo que Malaquias fala. Também
devemos levar em conta que o dízimo nunca foi mensal, mas sim anual.

3 - 2º e até 3º dízimo. Esses dois dízimos nem mesmo são mencionados nas ditas
igrejas porque o nome não seria dízimo. Passaria de 20% das rendas e ficaria
23,33 de dízimo por ano! Lembre-se que o dízimo era a décima parte.
Portanto, é de se admirar que as ditas igrejas evangélicas estejam tentando omitir
isso ao povo cristão, quando falam somente de um dízimo religioso, ou seja, o
que é citado em Malaquias, simplesmente porque este se encaixa melhor em seus
propósitos e heresias, ignorando os outros dois importantes dízimos religiosos da
Bíblia.

E O "DEVORADOR" DO VERSÍCULO 11?


Esta é mais uma das dúvidas mais frequentes quando o assunto é Dízimo. As
denominações religiosas, em especial as evangélicas, costumam dizer que o
“devorador” do verso 11 de Malaquias 3 é um demônio que rouba nossas
finanças quando não “pagamos o dízimo” para o “pastor” da “igreja”. Se eu fosse
citar as passagens mais usadas por estelionatários da fé, certamente essa estaria
no topo.
Para facilitar, vamos colocar novamente os significados do texto para chegarmos
à conclusão óbvia de quem seja esse “devorador” tão temido pelos dizimistas
modernos:

1 – A nação com quem Deus está se comunicando é Israel.


2 – A Casa para onde deveriam levar os dízimos (alimentos) era o Templo de
Jerusalém, o lugar que o Senhor escolheu para habitar o Seu nome na
dispensação da lei.

110
3 – Quando Deus promete que irá “abrir as janelas do céu e derramar bênçãos”
sobre o Seu povo Israel, Ele está se referindo à chuva, pois sem a chuva não há
alimento para se colher. Quando os israelitas voltassem a cumprir com a lei do
dízimo, os alimentos provenientes do plantio voltariam a crescer.

4 – Finalmente, chegamos no versículo 11, o qual eu deixei para mencionar


somente agora, pois minha intenção é mostrar ao leitor que o contexto de toda a
passagem se refere a um simples inseto, e não a um demônio querendo fazer os
fieis ficarem pobres; muito menos na era da Igreja, visto que estamos falando de
um contexto judaico, onde a Igreja nem mesmo existia.
Observemos a passagem tão temida:
“E por causa de vós repreenderei o devorador, e ele não destruirá os frutos da
vossa terra; e a vossa vide no campo não será estéril, diz o Senhor dos
Exércitos” (Malaquias 3.11).
Deus acaba de concluir Sua promessa de que a terra de Israel não seria mais
estéril, ou seja, voltaria a dar frutos para que os judeus pudessem se alimentar,
fazer holocaustos e sacrifícios de animais.
Hoje vemos que o “devorador” de Malaquias 3 possui até um nome artístico e
bem sensacionalista: “Demônio das Finanças”. Mas, de onde tiraram essa ideia?
Obviamente que da Bíblia não. A verdade é que o devorador que Malaquias cita
aqui era simplesmente um “gafanhoto” ou gafanhotos. Na Bíblia, os
gafanhotos recebem vários nomes, tais como: gafanhotos, migrador, devorador
e destruidor. Esses gafanhotos destruíam as colheitas e videiras por onde quer
que passassem, aniquilando os frutos da terra (Lv 11.22; Am 4.6-11; Jl 1.3-4).
O devorador não é um demônio; ele não é um ser maligno que vem para roubar
o seu dinheiro e fazê-lo ficar pobre se você não pagar o dízimo, como é ensinado
hoje por hereges estelionatários e facínoras que vendem um evangelho
prostituído para se enriquecerem às custas da ignorância dos membros de suas
denominações (seitas).
Preste atenção nesta passagem de Joel 1.4:
“O que o gafanhoto cortador deixou, o gafanhoto peregrino comeu; o que o
gafanhoto peregrino deixou, o gafanhoto devastador comeu; o que o gafanhoto
devastador deixou, o gafanhoto devorador comeu” (Joel 1.4).
A quem a Bíblia chama de devorador? Ao gafanhoto devorador. Quem era,
então, o devorador no Antigo Testamento? O texto sagrado acabou de nos

111
responder: Os gafanhotos. Não há uma linha sequer onde os demônios são
mencionados aqui.
Agora veja o texto de Joel 2.25:
"Restituir-vos-ei os anos que foram consumidos pelo gafanhoto migrador, pelo
destruidor e pelo cortador, o meu grande exército que enviei contra vós
outros" (Joel 2.25).
Quem é o migrador, o destruidor e o cortador nas passagens onde o tema é o
plantio e a colheita da produção de alimentos para sustento do povo de Israel? Se
observarmos a continuação do verso, a conclusão se mostra tão clara quanto o sol
do meio dia; senão vejamos:
“E comereis abundantemente e vos fartareis, e louvareis o nome do Senhor
vosso Deus, que procedeu para convosco maravilhosamente; e o meu povo
nunca mais será envergonhado” (Joel 2.26).
Como consequência de Deus tirar o “devorador” (gafanhoto) do meio do plantio
do povo exclusivo de Israel, e também as portas do céu sendo abertas para que
haja chuva, o povo de Deus daquela velha dispensação voltaria a se fartar, como
prometido por Deus caso Seu povo tornasse a obedecer os Seus estatutos.

PARA QUEM DEVERIA SER ENTREGUE OS DÍZIMOS?


Somente os levitas tinham o direito de receber em mãos o dízimo como sustento,
e não o sacerdote. Por via de regra, também se tomava certas porções do dízimo
para aliviar as necessidades dos estrangeiros, órfãos e viúvas. Ao terceiro ano, o
dízimo referente a este ano não devia ser entregue diretamente nas aldeias locais
e visto à disposição em quantidade, não somente aos Levitas, como também aos
órfãos, estrangeiros e viúvas. (Dt 12.5-7; Dt 14.22-29. Dt 26.12-14).
Agora eu pergunto ao leitor: Seu “pastor” é sacerdote? Ainda existe sacerdote?
Ainda existe o Templo de Jerusalém? Você faz sacrifícios de animais? Você é
judeu? Você dizima à maneira de Deus ou dos homens? Você viaja até Jerusalém
a fim de encontrar a “Casa do Tesouro” para dizimar? Qual animal você usa para
o sacrifício?
Muitas outras perguntas poderiam ser feitas, de modo que não caberiam neste
livro; e eu posso garantir que nenhuma delas seria respondida de acordo com a lei
do Dízimo bíblico.

112
DÍZIMO NUNCA SIGNIFICOU DINHEIRO
Na Palavra de Deus o dízimo consiste sempre em alimento. Somente alimento!
As igrejas heréticas ensinam que os dízimos bíblicos incluem todas as fontes de
renda. No entanto, não devemos usar o Dicionário Aurélio para definir o que é o
dízimo ou não. A Palavra de Deus é a única fonte de conhecimento para definir a
palavra “dízimo”. Devemos nos empenhar em conhecer as Escrituras e entrar em
uma boa concordância bíblica. Quando estudamos a respeito disso, descobrimos
que a definição usada pelos advogados do dízimo está assombrosamente errada.
Na Palavra de Deus, o vocábulo “dízimo” não aparece sozinho. Embora já
existisse dinheiro, a substância do dízimo divino jamais foi dinheiro. Ele era o
“dízimo do alimento”. Isso é muito importante. Os verdadeiros dízimos bíblicos
eram sempre e tão somente o alimento proveniente das fazendas e rebanhos,
somente dos israelitas que vivessem exclusivamente dentro da Terra Santa de
Deus, às fronteiras nacionais de Israel. A fartura provinha da mão de Deus e não
da manufatura ou habilidade do homem.
Existem 15 versos de 11 capítulos e 8 livros, de Levítico 27 a Lucas 11, que
descrevem o conteúdo do dízimo. E o conteúdo jamais incluiu dinheiro, prata,
ouro ou qualquer outra coisa além de alimento. Mesmo assim, a definição
incorreta de “dizimar” é uma das maiores mentiras ensinadas por denominações
heréticas na história da cristandade (Cf. Levítico 27.30,32; Números 18.27,28;
Deuteronômio 12.17; 14.22, 23, 26; 2 Crônicas 31.5; Neemias 10.37; 13.5;
Malaquias 3.10; Mateus 23.23 e Lucas 11.42).

O DÍZIMO NÃO É ENCONTRADO NA DOUTRINA DOS


APÓSTOLOS, NEM AS PRÁTICAS HERÉTICAS LIGADAS AO
DÍZIMO
A doutrina dos apóstolos está nas epístolas. É de suma importância lembrar-se
disso a fim de não misturar o contexto judaico com o contexto cristão. A Igreja
foi inaugurada no livro de Atos, no capítulo 2. O livro de Atos é,
predominantemente, um livro de experiências que mostra a fase de
amadurecimento da Igreja primitiva e de seu contato com o sobrenatural de Deus,

113
visto que Deus fez muitos sinais e milagres durante esta fase de transição e
crescimento espiritual.
Você não encontrará o dízimo na doutrina dos apóstolos, exceto por alguma
citação fazendo referência ao Antigo Testamento e à Lei. Além de não encontrar
o dízimo na doutrina dos apóstolos, também não encontrará igrejas denominadas
(exceto pela identificação da cidade onde estavam), templos, pastores dirigindo
congregações, mulheres falando nas reuniões da igreja, altares, música
instrumental na adoração, corais, homílias, danças, ensaios, dias santos, escolas
de teologia, um clero distinto dos leigos, roupas ou cadeiras diferentes para certas
pessoas do clero, títulos honoríficos, presidente disso, diretor daquilo... e muitas
outras coisas inventadas pelas denominações criadas pelos homens.
Na doutrina dos apóstolos os cristãos não constroem templos, nem trazem outro
nome que diferencie os crentes uns dos outros além do nome de Cristo. Na
doutrina dos apóstolos ninguém se faz membro de alguma instituição religiosa,
ninguém assina algum contrato para obter carteirinha...
Na doutrina dos apóstolos você jamais verá crentes prestando juramento a algum
sistema religioso. Na verdade, os crentes da Igreja de Deus são exortados a
reconhecerem que há um só Corpo de Cristo, o qual inclui TODOS os salvos
desde a fundação do mundo. Os cristãos são ordenados a darem testemunho
prático disso quando congregam somente ao nome do Senhor Jesus para a
comunhão e aprendizado da doutrina dos apóstolos, além de celebrar a ceia do
Senhor à mesa do Senhor e dedicarem tempo à oração.
Individualmente – e não como igreja – os cristãos são levados a pregarem o
evangelho, mas não são capacitados por alguma escola de teologia e nem
enviados por alguma junta de missões ou liderança. Toda obra é imputada apenas
pelo Espírito Santo, não por denominações (seitas) religiosas. Tais homens, com
dons específicos e sem nenhum interesse no dinheiro, saem para a obra do
Senhor e jamais pedem dinheiro aos irmãos para se dedicarem à obra, visto que a
obra é do Senhor e Ele irá sempre prover as necessidades dos que são destinados
ao ministério; se forem realmente pertencentes ao Senhor. O cristão não pede
dinheiro em troca da pregação do evangelho, nem aos seus irmãos e muito menos
aos incrédulos.
Na doutrina dos apóstolos os cristãos não promovem partidos políticos, nem
apoiam candidatos, mas simplesmente cumprem com a lei porque não são
inimigos do governo enquanto o mesmo não estabelece leis que contrariem a lei
de Deus. Os cristãos são simplesmente cidadãos celestiais que estão
momentaneamente vivendo na Terra, um planeta que não lhes pertence. Eles não

114
se iludem em transformar este lugar em um "mundo melhor", pois sabem muito
bem qual é o seu destino.

OFERTA VOLUNTÁRIA NA IGREJA

Depois que descobrimos que a lei do dízimo não é uma ordem de Deus para a
Igreja, fica a seguinte pergunta: Se não somos ordenados a dizimar como os
judeus, como funciona a contribuição cristã dentro do Corpo de Cristo?
A resposta para isso é muito simples: Em 2 Coríntios 8–9 encontramos os
princípios para o cristão ofertar. É preciso ter muita atenção a partir de agora,
pois nestes capítulos, ou em qualquer outro lugar do Novo Testamento, não há
uma palavra sequer que diga que os cristãos devem utilizar o método legal do
dízimo em seu ato de ofertar. Nos capítulos 8 e 9 de 2 Coríntios, os princípios da
contribuição cristã são especificados de maneira bem simples.
Primeiro, devemos nos dar a nós mesmos para o Senhor e nos entregarmos à
vontade de Deus, e só então doar nosso dinheiro ou nossos bens conforme a
medida proporcional à nossa renda.
“Será aceita segundo o que qualquer tem, e não segundo o que não tem" (2
Coríntios 8:5, 11-12).
Para que a oferta tenha algum valor diante de Deus, é necessário que a
contribuição cristã venha do coração daquele que dá. Se não há uma "prontidão
de vontade", algo espontâneo e realmente sincero, o ato de doar dinheiro ou bens
não passa de algo obrigatório e, portanto, não existirá qualquer valor real de
sacrifício nisso. A caridade, nesses termos, provém de Deus e da maneira que Ele
estabelece na Sua Palavra, e não da vã imaginação do homem e de seus próprios
métodos.
Um dos vários exemplos desse contexto sobre a doação para Deus e Sua obra é
encontrado em 2 Coríntios 9:6-9. Todavia, é comum nas denominações religiosas
o “pastor” ou “líder” citar a passagem somente até o versículo 7, deixando de
lado o seu contexto. Se cada leitor se atentasse para esses textos em sua
totalidade, veria que essa doação não deve ser dirigida somente a homens que se
auto-intitulam clérigos, pastores, padres e coisas semelhantes, mas sim aos
necessitados da Igreja de Cristo. O que acontece em muitas dessas sinagogas de
satanás, chamadas de igrejas, onde o dízimo é requerido dos cristãos, é que as

115
passagens de 2 Coríntios 8–9 não são mencionadas por completo. Mas quando
lemos o seu contexto, vemos que o dinheiro ali doado não é para ser direcionado
a homens que se dizem “pastores da igreja”, e sim aos pobres. Vejamos:
“E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco também ceifará; e o que semeia em
abundância, em abundância ceifará. Cada um contribua segundo propôs no seu
coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com
alegria” (2 Coríntios 9:6-7).
Acabamos de ler uma passagem que fala da contribuição cristã na igreja de Deus.
Porém, lemos apenas até o versículo 7. Agora note como fica a passagem em seu
contexto completo:
"Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por
necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. – e a passagem continua
– E Deus é poderoso para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que
tendo sempre, em tudo, toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra;
conforme está escrito: Espalhou, deu aos pobres; a sua justiça permanece para
sempre (2 Coríntios 9:7-9).
A palavra-chave, na passagem que acabamos de ler, é “deu aos pobres”, e não a
um clérigo, sacerdote, padre, pastor ou seja lá o que mais tenham inventado em
meio a cristandade professa em termos de “títulos lisonjeiros”. Nessa passagem o
apóstolo não está ordenando que os cristãos deem dinheiro para supostos
pastores, mas sim para qualquer irmão que sofra necessidades ou viva do
ministério e da obra do Senhor, sendo ele pastor, evangelista, diácono ou
qualquer crente com dons diferentes desses.

O PROPÓSITO DA CONTRIBUIÇÃO CRISTÃ


Os capítulos 8 e 9 de 2 Coríntios também revelam o propósito da contribuição
cristã. O apóstolo mostra que o ato de dar é para:
● Expressar comunhão com outros membros do corpo de Cristo (2 Co 8:4).
● Abundar em cada aspecto da experiência cristã (2 Co 8:7).
● Provar a realidade de nosso amor (2 Co 8:8,24).
● Imitar nosso Senhor Jesus (2 Co 8:9).
● Ajudar a atender as necessidades de outros (2 Co 8:13-15).
● Experimentar, na prática, a abundância com que Deus nos supre conforme Sua
total suficiência (2 Co 9:8-10).

116
● Criar condições para que outros agradeçam a Deus (2 Co 9:11-15).
● Permitir que tenhamos abundância creditada em nosso favor (Fp 4:17).

Como podemos constatar até aqui, na ordem de Deus aos cristãos não existe
dízimo. Em lugar do dízimo, existem as coletas feitas regularmente quando os
santos se reúnem no primeiro dia da semana. A Palavra de Deus diz: "Ora,
quanto à coleta que se faz para os santos, fazei vós também o mesmo que ordenei
às igrejas da Galácia. No primeiro dia da semana cada um de vós ponha de
parte o que puder ajuntar, conforme a sua prosperidade" (1 Co 16:1-2). Embora
a coleta mencionada nesta passagem fosse para as necessidades específicas dos
santos em Jerusalém, o princípio continua valendo para os cristãos hoje. Não é
uma questão de cultura, mas de um princípio normativo para toda a era da Igreja.
Ainda existem necessidades específicas na igreja e a lei que rege a coleta da
oferta continua de pé.
A coleta do dinheiro, ou de qualquer forma de doação, deve ser feita no momento
em que os santos se reúnem para partir o pão no primeiro dia da semana, isto é,
no dia do Senhor (At 20:7). Vale salientar que o primeiro dia da semana não é
um dia santo, mas apenas o dia escolhido pelos apóstolos na era apostólica para
facilitar as circunstâncias em que viviam naquele período. O dia do Senhor não é
um substituto do Sábado Judaico, mas sim um dia como qualquer outro e que
fora escolhido para culto e adoração a Deus. Mesmo que quiséssemos transferir o
Sábado Judaico para a nossa agenda, isso seria impossível, visto que o calendário
judaico é lunar, dependendo de fases concernentes à mesma. Sendo assim, tudo
isso pode ser feito em outro dia da semana, se assim for necessário. A passagem
de Hebreus 13:15-16 conecta o sacrifício da "beneficência e comunicação" com o
"sacrifício de louvor" que é oferecido no partir do pão.
No entanto, existe um erro muito comum nas ditas “igrejas” da atualidade, que é
a coleta da oferta feita por pessoas não salvas ou por incrédulos. Isso é realmente
estarrecedor e uma desonra ao Senhor. Essas denominações encorajam até
mesmo os ímpios a ofertarem nas coletas. A impressão que essa atitude dá é
óbvia: as pessoas pertencentes a este mundo pensam que podem fazer algo de
aceitável a Deus e negociar com o SENHOR em troca de dinheiro. A coleta da
oferta, direcionada ao homem ainda em seu estado não regenerado, é antibíblica e
prejudicial àqueles que não são convertidos.
Outra impressão que o mundo tem da Igreja por causa desse distúrbio nas
denominações religiosas é que o cristianismo é visto como um sistema de "toma-
lá-dá-cá". Nesse ponto a vergonha alheia é inevitável, pois eu mesmo já ouvi

117
clichês dos mundanos quanto a isso, tais como: "Seu Deus deve ser bem pobre,
pois Ele está sempre obrigando vocês cristãos a pedirem dinheiro!".
Definitivamente, não se encontra na Bíblia coletas envolvendo pessoas que não
são salvas. A Bíblia é clara ao nos mostrar que a prática de fazer coletas públicas
é proibida na Igreja de Deus. Para evitar ideias erradas que o mundo pudesse ter
dos cristãos, os servos do Senhor no início da igreja tinham o cuidado de não
tomar "nada" daqueles dentre as nações às quais eles levavam o evangelho,
pessoas que não conheciam o Senhor (3 Jo 1:7). Esta continua sendo a ordem
para a igreja hoje.

DEUS ORDENA QUE SOCORRAMOS OS


MAIS NECESSITADOS DA IGREJA

Embora não exista o dízimo na doutrina dos apóstolos, nos é comunicado sobre a
beneficência no Corpo de Cristo, isto é, o ato de socorrer os mais pobres e
enfermos. Temos o dever indissolúvel, sempre que pudermos, de prover
alimento, vestes ou quantias em dinheiro aos necessitados e àqueles que se
dedicam integralmente ao trabalho do evangelho. Não devemos, jamais, nos
envergonhar do modo simples como Jesus nos ensina a cuidar uns dos outros na
Igreja, pois no mundo as coisas ocorrem de maneira semelhante e ninguém se
envergonha. A diferença é que no mundo as pessoas se orgulham de seus
próprios atos de “caridade” e se empenham em fazê-lo em troca da salvação e
para serem vistos pelos homens, enquanto nós, cristãos, somos ordenados a fazer
com que “a nossa mão esquerda não veja o que faz a nossa direita” (Mt 6:3).
No princípio da Igreja, os primeiros cristãos até chegaram a ter tudo em comum,
dividindo até mesmo suas terras e heranças com os irmãos menos favorecidos;
mas a ruína que se instalou no testemunho cristão tornou esse ato impraticável. É
por isso que nas epístolas nós temos ordens específicas de como reorganizar tudo
isso.
No Novo Testamento, os cristãos são exortados a não se esquecerem "da
beneficência e comunicação, porque com tais sacrifícios Deus se agrada." (Hb
13:16). A caridade jamais deve ser praticada na tentativa de conquistar a
salvação, pois a salvação foi concedida ao crente de graça, pela fé em Cristo
Jesus. Temos o dever de ajudar nossos irmãos porque o que Deus nos dá não
deve ser considerado como sendo de nós mesmos. Todo cristão deve entender

118
que é apenas despenseiro (responsável pela despensa) de Deus para distribuir o
que Deus lhe dá com sabedoria e para suprir as necessidades da obra e do povo
de Deus.
Assim como o Senhor Jesus foi liberal, dando sua própria vida por nós, o
Espírito, através dos apóstolos, exorta: "Portanto, tive por coisa necessária
exortar estes irmãos, para que primeiro fossem ter convosco, e preparassem de
antemão a vossa bênção, já antes anunciada, para que esteja pronta como
bênção, e não como avareza. E digo isto: Que o que semeia pouco, pouco
também ceifará; e o que semeia em abundância, em abundância ceifará." (2
Coríntios 9:5-6).
Ao contrário da Lei, quando o israelita era obrigado a devolver uma porcentagem
fixa como forma de sacrifício, ao cristão é dito para que ele doe aos pobres da
Igreja de Deus conforme a sua prosperidade. Jesus ordena da seguinte
forma: "cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou
por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria. E Deus é poderoso
para fazer abundar em vós toda a graça, a fim de que tendo sempre, em tudo,
toda a suficiência, abundeis em toda a boa obra; conforme está escrito:
Espalhou, deu aos pobres; A sua justiça permanece para sempre."(2 Coríntios
9:7-9).
Como consequência natural dos atributos do Senhor, Deus promete a manutenção
das necessidades do crente, como abrigo e sustento. Isso não ocorre como no
Antigo Testamento, quando era prometida prosperidade e riquezas terrenas aos
israelitas. Ao contrário do que pregam os teólogos da prosperidade, Deus pode
sim prover mais que o necessário ao crente, porém jamais para o crente se
enriquecer ou receber terras, etc. Deus provê o necessário ao crente para que ele
possa ser mais liberal em sua obra para o Senhor, e não para enriquecer-se.

NÃO DEVEMOS DESEJAR RIQUEZAS TERRENAS


Ao se enlaçarem na heresia do Dízimo, muitos crentes se perdem no desejo louco
de acumular dinheiro e toda forma de riqueza terrena para si. Pregadores da
Teologia da Prosperidade estão sempre envenenando as mentes incautas,
levando-as ao desvario de suas mentes. Porém, a Palavra de Deus é enfática em
nos mostrar que o desejo de ser rico é loucura:
"Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso
contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em
muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição
e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa
119
cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas
dores." (1 Timóteo 6:8-10). "Mas Deus lhe disse: Louco! esta noite te pedirão a
tua alma; e o que tens preparado, para quem será? Assim é aquele que para si
ajunta tesouros, e não é rico para com Deus." (Lucas 12:20-21).
A partir dessas referências bíblicas, fica fácil perceber que os ditos “pregadores
da prosperidade” transformam seus seguidores em loucos para que caiam em
laço, perdição e ruína; seus seguidores se desviem da fé e se traspassam com
muitas dores.

TODA PROVISÃO DO CRENTE VEM DE DEUS


"Ora, aquele que dá a semente ao que semeia, também vos dê pão para comer, e
multiplique a vossa sementeira, e aumente os frutos da vossa justiça, para que
em tudo enriqueçais PARA TODA A BENEFICÊNCIA, a qual faz que por nós se
deem graças a Deus. Porque a administração deste serviço, não só supre as
necessidades dos santos, mas também é abundante em muitas graças, que se
dão a Deus. Visto como, na prova desta administração, glorificam a Deus pela
submissão, que confessais quanto ao evangelho de Cristo, e pela liberalidade de
vossos dons para com eles, e para com todos" (2 Coríntios 9:10-13).
Portanto, Deus nos provê e nos sustenta com o objetivo de nos fazer provedores
daqueles que têm necessidades e também daqueles que trabalham na obra do
evangelho sem pedir nada a ninguém. O fato de não pedirem não significa que
não necessitem. Muitas vezes esses homens, os quais trabalham somente em prol
do evangelho, necessitam da ajuda da Igreja e são exercitados a depender
somente do Senhor, o qual irá mover corações de indivíduos e assembleias para
que possam prover o necessário a eles, para que continuem a levar o evangelho e
o ministério da Palavra à frente. Sempre que um cristão ajuda alguém em suas
necessidades, tanto para supri-lo em sua pobreza como para que o evangelho
continue sendo pregado, está produzindo "graças a Deus... muitas graças que se
dão a Deus" (2 Co 9:10-13). Com isso aprendemos que o propósito de toda a
contribuição cristã não é o enriquecimento, mas a glória de Deus. Sempre a
glória de Deus.
O fato de congregarmos somente ao nome do Senhor, fora das denominações e
dos sistemas religiosos, isentos de heresias como a do dízimo, não torna as coisas
mais baratas para nós. Na verdade, é melhor pensarmos bem se estamos vivendo
conforme os moldes estabelecidos por Deus a respeito da beneficência para com
todos os irmãos necessitados da Igreja de Cristo ou se estamos vivendo na
avareza e egoísmo de nossos corações, deixando de lado aqueles que necessitam
120
da nossa ajuda financeira. A motivação do crente nas coisas de Deus nunca deve
ser material, nem mesmo no sentido de dar ou receber.
A propósito, não preciso nem falar sobre o que as denominações evangélicas
fazem para acumular riquezas em seus edifícios de pedras e em suas vidas
ímpias, tais como campanhas, votos, promessas e tantas outras coisas praticadas
na cristandade hoje, não é mesmo? Todo cristão genuíno sabe muito bem que tais
práticas não passam de mesquinharias, de pessoas que desejam fazer barganha
com Deus para, de algum modo, se enriquecerem.

COMO OS SERVOS DO SENHOR DEVEM SER MANTIDOS


FINANCEIRAMENTE?
Uma vez que aprendemos que os servos de Deus não devem jamais receber um
salário pelo que fazem na obra do Senhor, alguém poderá perguntar de que modo
esses servos devem ser mantidos financeiramente. Mais uma vez devemos buscar
a resposta na Palavra de Deus. O apóstolo Paulo, entre outros que serviam
juntamente com ele, é um exemplo de como os servos do Senhor devem efetuar
seu serviço para Ele (1 Tm 1:16; Fp 3:17). Esses homens eram "servos de Jesus
Cristo" e não servos de alguma seita (denominação) ou divisão na igreja (Rm 1:1;
Fp 1:1; 2 Pd 1:1; Jd 1 etc.). Eles realmente acreditavam que o Senhor os tinha
enviado para fazer o trabalho, e que se Ele verdadeiramente os enviara,
certamente também cuidaria deles. "Quem jamais milita à sua própria custa?" (1
Coríntios 9:7). Sendo assim, esses servos de Deus saíam em campo "nada
tomando dos gentios", pois confiavam em Deus e tinham a plena convicção de
que Ele supriria todas as suas necessidades (Jo 7; Fp 4:19). Todavia, para agir
desta forma é preciso que o servo do Senhor tenha fé. Nunca faltará suprimento
vindo de Deus para a obra a qual Ele nos enviou. Sempre que a obra é feita à
maneira de Deus, é certo que seremos supridos em todas as nossas necessidades.
O que deve ser mais uma vez ressaltado é que Deus jamais prometeu deixar
alguém rico na Igreja, mas sim prover tão somente o que precisamos. Lembre-se,
caro leitor, do que já fora dito pela Bíblia aqui: “o desejo pela riqueza leva o
homem à loucura”.
Nos primeiros dias da igreja, haviam duas maneiras pelas quais os servos do
Senhor eram mantidos financeiramente:

121
1) Através do seu próprio trabalho.
Os servos do Senhor se mantinham a si mesmos trabalhando com suas próprias
mãos. O apóstolo Paulo é um exemplo disso. Ele trabalhava como fabricante de
tendas enquanto servia ao Senhor (At 18:3). Paulo diz o seguinte aos anciãos de
Éfeso: "Sim, vós mesmos sabeis que para o que me era necessário a mim, e aos
que estão comigo, estas mãos me serviram. Tenho vos mostrado em tudo que,
trabalhando assim, é necessário auxiliar os enfermos, e recordar as palavras do
Senhor Jesus, que disse: Mais bem-aventurada coisa é dar do que receber" (At
20:34-35).
Aos Tessalonicenses, Paulo escreveu: "Nem de graça comemos o pão de homem
algum, mas com trabalho e fadiga, trabalhando noite e dia, para não sermos
pesados a nenhum de vós. Não porque não tivéssemos autoridade, mas para vos
dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes" (2 Ts 3:8-9).

2) Através de doações da Igreja.


A segunda maneira pela qual os servos de Deus devem ser mantidos é através de
doações dos santos que desejam expressar sua comunhão com a obra na qual os
irmãos estão empenhados. Na época de Paulo, essas doações vinham de duas
fontes: das assembleias locais, conforme Paulo disse aos Filipenses: "Fizestes
bem em tomar parte na minha aflição. E bem sabeis também, ó filipenses, que,
no princípio do evangelho, quando parti da Macedônia, nenhuma igreja
comunicou comigo com respeito a dar e a receber, senão vós somente; porque
também uma e outra vez me mandastes o necessário a Tessalônica. Não que
procure dádivas, mas procuro o fruto que cresça para a vossa conta" (Fp 4:14-
17); e de indivíduos específicos, como ele menciona aos Gálatas: "O que é
instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui" (Gl
6:6; Hb 13:16; 1 Tm 6:17-19).
Todavia, os servos do Senhor tomavam o cuidado de fazer a obra de Deus "nada
tomando dos gentios" (3 Jo 7). Os "gentios" aqui eram os incrédulos dentre
aqueles para quem eles pregavam. Eles tinham esse cuidado para se precaver de
dar ao mundo uma impressão errada de que o evangelho é algo que uma pessoa
possa comprar. E este é o padrão para a manutenção dos servos de Deus nos dias
de hoje.
Com relação ao segundo ponto, é triste observar que se trata de um dos vários
desastres da ruína no testemunho cristão. De um lado vemos homens corruptos e
hereges, já condenados por suas heresias de perdição, recebendo o dinheiro do
povo que promove suas pilantragens e cavilações disfarçadas de evangelho. De

122
outro lado, vemos homens que são genuínos servos do Senhor passando por
necessidades inefáveis, tanto na área da saúde como financeira, sem que ninguém
dentre os professos da fé cristã os ajudem. Esse distúrbio ocorre há vários séculos
por causa das sérias consequências de se criar denominações religiosas e
preceitos de homens perversos que transtornam o evangelho puro e simples do
Senhor Jesus. Os assim chamados “pastores” vivem como se fossem deuses,
enquanto os verdadeiros embaixadores de Cristo na Terra passam fome e outras
formas de necessidade.

JESUS MANDOU DAR O DÍZIMO?

Outra pergunta frequente, que surge depois que aprendemos que o dízimo não faz
parte dos princípios da Igreja de Deus, é esta: Jesus mandou dar o dízimo ou
não? Afinal, vemos Ele falando sobre isso nos evangelhos, ordenando que os
judeus paguem o dízimo.
Sim, Jesus disse em Mateus 23:23: "Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas!
pois que dizimais a hortelã, o endro e o cominho, e desprezais o mais importante
da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não
omitir aquelas". E esta mesma ordem é repetida em Lucas 11:42. No entanto,
Jesus não estava falando com cristãos, mas sim com judeus. A ordem de cumprir
com a lei do dízimo foi dada claramente aos “escribas e fariseus hipócritas”, pois
eles só obedeciam aquilo que lhes convinha. A Igreja nem mesmo existia nesse
contexto e, portanto, Jesus não poderia estar falando com ela, já que ela viria a
ser inaugurada em Atos 2.
Costumamos ver a Bíblia dividida de forma errada, onde os evangelhos fazem
parte do Novo Testamento. Mas isso foi uma tramoia arquitetada por hereges
durante a história a fim de transferir para a Igreja os comandos mais severos
dados a Israel. Na prática, o Novo Testamento começa no livro histórico de Atos,
e não nos evangelhos que obviamente nos mostram um contexto judaico somado
a algumas profecias, sinais e milagres de Jesus como uma forma de mostrar ao
povo que Ele era, de fato, o Filho Unigênito do Pai, o Deus encarnado. Não há
Novo Testamento sem a morte do Testador: “E por isso [Jesus] é Mediador de
um novo testamento, para que, intervindo a morte para remissão das
transgressões que havia debaixo do primeiro testamento, os chamados recebam
a promessa da herança eterna. Porque onde há testamento, é necessário que
intervenha a morte do testador. Porque um testamento tem força onde houve
morte; ou terá ele algum valor enquanto o testador vive?” (Hebreus 9:15-17).

123
Sendo assim, é um grande erro se basear em passagens dos evangelhos para
tentar legitimar heresias como o “dízimo cristão”, pois, nessas passagens, muitas
outras ordens foram dadas claramente aos judeus porque eles ainda viviam
debaixo da lei.
Vejamos alguns exemplos:

1) Em Mateus 8:4 Jesus curou um leproso e lhe ordenou que fosse ao templo
oferecer os sacrifícios ordenados pelos sacerdotes de Israel: "vai mostrar-te ao
sacerdote e fazer a oferta que Moisés ordenou, para servir de testemunho ao
povo”. Esses sacrifícios haviam sido determinados em Levítico 14:4-7 para todo
aquele que fosse curado de lepra, e consistia em sacrificar "duas aves vivas e
limpas, e pau de cedro, e estofo carmesim, e hissopo", uma das quais era morta
"num vaso de barro, sobre águas correntes", enquanto "a ave viva, e o pau de
cedro, e o estofo carmesim, e o hissopo" deviam ser molhados "no sangue da ave
que foi imolada sobre as águas correntes. E, sobre aquele que há de purificar-se
da lepra" o sangue deveria ser aspergido "sete vezes; então, o declarará limpo e
soltará a ave viva para o campo aberto” (Lv 14:4-7)
E agora? Será que os advogados do dízimo darão ordens aos cristãos para que
cumpram também com esta lei? Como um cristão deveria agir nessas
circunstâncias, tendo em vista que não estamos em Israel, nem existe um
sacerdote e o Templo foi destruído? E, ainda que existisse o Templo, se um
cristão se atreve a ir até lá para tentar oferecer um sacrifício na mesquita
islâmica, a qual ocupa hoje o lugar do Templo, é muito provável que algum
radical islâmico transforme esse cristão em sacrifício. Outro problema é que o
cristão também teria dificuldades de encontrar um sacerdote da linhagem de
Levi, como devia ser no mandamento dado pela Lei de Moisés.

2) Jesus também ordenou que, em casos de desavença entre os crentes da velha


dispensação, a oferta levada até o altar deveria ser deixada perante o altar
enquanto a reconciliação não fosse concluída entre os irmãos: "Se, pois, ao
trazeres ao altar a tua oferta, ali te lembrares de que teu irmão tem alguma
coisa contra ti, deixa perante o altar a tua oferta, vai primeiro reconciliar-te
com teu irmão; e, então, voltando, faze a tua oferta” (Mateus 5:23-24).
Mais uma vez eu pergunto: e agora? Como o cristão deve prosseguir se um dia
entrar em desavença com um irmão? Ora, a desavença com o irmão é um pecado,
e sabemos que no Antigo Testamento, da mesma forma que o dízimo era
obrigatório os pecados exigiam sacrifício de animais. Como faremos para
cumprir com esta lei?

124
3) No mesmo capítulo que vimos no ponto 2, Jesus diz: "Porque em verdade vos
digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei,
até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto
que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino
dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado
grande no reino dos céus” (Mateus 5:18).
E agora? Como nós, cristãos, deveríamos fazer com a lei? Escolher uma aqui e
rejeitar outra lá? Não é bem assim que funciona. O dízimo, a oferta pela cura e os
sacrifícios pelos pecados, incluindo ofensas contra seu irmão, eram ditados pela
Lei dada a Moisés. Portanto, se o cristão quiser guardar um mandamento —
como o dízimo, por exemplo — ele terá também de guardar todos os outros.
Dito isto, talvez alguém venha a dizer que os sacrifícios de animais em nada têm
a ver com a lei do dízimo e que disso nós estamos isentos, uma vez que o
Cordeiro de Deus (Jesus) foi sacrificado por nós. A resposta para tal é que não
somente os sacrifícios de animais eram exigidos pela Lei, como também a pena
de morte por causa da blasfêmia, da maldição lançada sobre o pai e a mãe, do
adultério, do sábado que devia ser guardado, da prostituição (sexo entre
solteiros), da homossexualidade, etc. Todos esses casos eram punidos com a
morte.
Vejamos alguns exemplos:
"Aquele que blasfemar o nome do Senhor, certamente morrerá; toda a
congregação certamente o apedrejará; assim o estrangeiro como o natural,
blasfemando o nome do Senhor, será morto" (Levítico 24:16).
"Quando um homem amaldiçoar a seu pai ou a sua mãe, certamente morrerá;
amaldiçoou a seu pai ou a sua mãe; o seu sangue será sobre ele" (Levítico 20:9).
"Também o homem que adulterar com a mulher de outro, havendo adulterado
com a mulher do seu próximo, certamente morrerá o adúltero e a adúltera"
(Levítico 20:10).
"Seis dias se trabalhará, mas o sétimo dia vos será santo, o sábado do repouso
ao Senhor; todo aquele que nele fizer qualquer trabalho morrerá" (Êxodo 35:2).
"Porém se isto for verdadeiro, isto é, que a virgindade não se achou na moça,
então levarão a moça à porta da casa de seu pai, e os homens da sua cidade a
apedrejarão, até que morra; pois fez loucura em Israel, prostituindo-se na casa
de seu pai; assim tirarás o mal do meio de ti" (Deuteronômio 22:20,21).

125
"Quando também um homem se deitar com outro homem, como com mulher,
ambos fizeram abominação; certamente morrerão; o seu sangue será sobre eles"
(Levítico 20:13).
Se eu fosse citar todos os mandamentos semelhantes a esses na Bíblia, daria um
livro inteiro sobre a pena de morte para tais crimes. Sim, todos esses pecados são
crimes na teocracia de Israel.
Voltemos, então, ao tema Dízimo: qual era o mandamento referente a isso?
"Também todas as dízimas do campo, da semente do campo, do fruto das
árvores, são do SENHOR; santas são ao Senhor..." (Levítico 27:30 etc.).
Jesus era judeu e, portanto, cumpriu com todos os mandamentos da dispensação
da lei. E é por isso que Ele ordenou que os escribas e fariseus dessem o dízimo.
Ele deu tal ordem porque o contexto dos evangelhos naquela ocasião é o
judaísmo e Ele está tratando com judeus, o povo escolhido por Deus para
habitar na terra. Havia o Templo, havia sacerdotes, sacrifícios, pena de morte
por apedrejamento para adúlteros, para virgens que fornicavam, para
homossexuais e até para filhos que ofendessem os pais; além dos sacrifícios de
animais (dízimos) que eram requeridos em vários outros casos, como na troca
pela cura da lepra.
Ao não entenderem o que na Bíblia é dito a Israel, sob a Lei, e o que é dito à
Igreja, sob a graça, a qual só foi formada depois do período dos evangelhos, no
capítulo 2 de Atos, as pessoas que fazem parte do sistema religioso
denominacional sempre precisam escolher o que da Lei irão ou não cumprir. É
isso que a maioria das religiões “cristãs” fazem, especialmente as que seguem a
Teologia do Pacto. Essas pessoas simplesmente não entendem as diferentes
dispensações da Bíblia.
Não obstante, ao fazerem isso — ou seja, escolher qual mandamento da Lei irá
ou não cumprir — essas pessoas estão tropeçando naquilo que Jesus disse:
"Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e
assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele,
porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos
céus." (Mateus 5:18).
Agora, preste muita atenção neste versículo:
"Porque qualquer que guardar toda a lei, e tropeçar em um só ponto, tornou-se
culpado de todos." (Tiago 2:10).
Se você olhar com atenção para esta passagem, verá que todo o dinheiro que
você deu a vida inteira para essas denominações religiosas heréticas de nada

126
valeu se você deixou de cumprir qualquer outro ponto da Lei, e será culpado de
todos os mandamentos que deixou para trás.
Para piorar as coisas, até na hora de dar o dízimo você certamente não cumpriu
tudo do jeito que estava escrito: "Trazei todos os dízimos à casa do tesouro"
(Malaquias 3:10). A "casa do tesouro" não é a tesouraria de algum edifício
chamado "igreja", abrigado em um templo de tijolos feito por homens. A "casa
do tesouro" era um aposento do Templo de Jerusalém que foi destruído há quase
dois mil anos. Esse lugar não existe mais. Portanto, pergunto aos “dizimistas”
modernos: Para onde vocês irão levar os seus dízimos?

AINDA SOBRE AS LEIS DA BÍBLIA

Paulo menciona muito o termo “lei” nos assuntos que enfoca, de maneira ora
explícita e clara, ora dificultosa ao entendimento imediato. Certo é que Paulo
estabelece a diversidade de leis, realçando uma, a Lei de Deus, também
conhecida como Lei Moral, e mostrando a caducidade de outra, a Lei de Moisés,
também conhecida como Lei Cerimonial ou Lei Mosaica, na qual era constituída
de: sacrifícios, ofertas diversas, circuncisão, dias de festas, sábados, abstinência
de determinados alimentos... etc.
A maioria dos cristãos de hoje crê que a Lei de Deus, isto é, a lei moral,
incluindo os dez mandamentos que se repetem no Novo Testamento (com
exceção do Sábado Judaico), foi abolida quando Cristo morreu na cruz. Isso é um
grave engano. Isso ocorre porque estes mesmos cristãos aplicam ao termo "Lei",
encontrado nas Escrituras, como a definição de todas as leis da Bíblia. Não
sancionam a separação delas e discordam que haja distinção entre as mesmas.
Tudo se resume, pensam eles, na Lei de Moisés.
Porém, admitir que a Bíblia só apresenta uma lei, que tudo é Lei de Moisés, não
havendo, portanto, distinção entre elas, é o mesmo que dizer ser ela um
amontoado de contradições. De fato, existem leis provindas de Deus, que foram
enunciadas, escritas e entregues por Moisés, e entre elas está a Lei Cerimonial,
constituída de rituais que os judeus deveriam praticar até que viesse o Messias
Jesus (Ex 24:7; Dt 31:24 a 26). É aqui, na Lei Cerimonial, que encontramos o
Dízimo, e não nos mandamentos de Deus para a Igreja no Novo Testamento.
Os rituais cerimoniais que Deus estabeleceu simbolizavam o evangelho para eles
(judeus) e compunham-se de ordenanças como: ofertas diversas, holocaustos,
abluções, sacrifícios, dias anuais de festas específicas e deveres sacerdotais. Tais

127
ordenanças foram registradas na Lei de Moisés [Lei Cerimonial], não na ordem
de Deus para a Igreja. (2 Cr 23:18; 2 Cr 30:15-17; Ed 3:1-5).
Todo o cerimonialismo das ordenanças judaicas representava Cristo, e este
mesmo cerimonialismo foi cessado em Cristo, na Cruz do Calvário. Todos os
estatutos e leis cerimoniais que eram realizados pelos judeus apontavam para Ele,
mas Ele as findou na Cruz. Todas as coisas realizadas representavam o sacrifício
vicário, o perdão e a salvação realizados por Cristo na cruz (Cl 2:8-19).
Pesquisando atentamente as Escrituras, podemos encontrar muitas leis civis e
cerimoniais como:
● Leis acerca dos altares - Êxodo 20:22-26;
● Leis acerca dos servos - Êxodo 21:1-11;
● Leis acerca da violência - Êxodo 21:12-36;
● Leis acerca da propriedade - Êxodo 22:1-15;
● Leis civis e religiosas - Êxodo 22:16-31;
● Lei dietética - Levítico 11;
● Repetição de diversas leis - Levítico 19...
● Leis para os sacerdotes - Levítico 21:1-24;
Nenhuma destas leis são direcionadas aos cristãos. Essas leis não representam as
Doutrinas da Graça. Somente os Dez Mandamentos são encontrados no NT para
os cristãos, e estes são explanados de forma complexa em todo o Novo
Testamento, principalmente nas epístolas. A única lei entre os dez mandamentos
que não é encontrada no NT é a Guarda do Sábado, pois se tratava de uma lei
cerimonial direcionada exclusivamente ao povo de Israel, de acordo com o
calendário lunar. A Lei Moral dos dez mandamentos (Ex 31:18) é um código
particular e distinto, escrito e entregue pelo próprio Deus a Moisés; ela é
universal e eterna, com exceção da guarda do Sábado judaico (Is 56:1-8; Mt
5:17-20; Ec 12:13,14).
Portanto, estudando com cuidado e humildade, buscando o auxílio do Senhor
para compreender essas leis, poderemos, através do Espírito Santo, ter a mente
esclarecida e encontrar na Bíblia o significado de todas elas. Estude as epístolas
dos apóstolos com fervor e em oração a Deus, porque Ele dá entendimento aos
símplices e aos mais iletrados dos homens, concedendo-lhes o espírito de
sabedoria e revelação (Ef 1:17; Sl 19:7; Pv 2:6).

128
UM ALERTA BÍBLICO

“Tende cuidado, para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e
vãs sutilezas, segundo a tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo,
e não segundo Cristo; (...) E, quando vós estáveis mortos nos pecados, e na
incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-vos
todas as ofensas, havendo riscado a cédula que era contra nós nas suas
"ordenanças", a qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio
de nós, cravando-a na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs
publicamente e deles triunfou em si mesmo. Portanto, NINGUÉM VOS
JULGUE pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua
nova, ou dos SÁBADOS*, que são SOMBRAS DAS COISAS FUTURAS, mas o
corpo é de Cristo. Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de
humildade e culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando
debalde inchado na sua carnal compreensão, e não ligado à cabeça, da qual
todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras, vai crescendo em
aumento de Deus. SE, POIS, ESTAIS MORTOS COM CRISTO QUANTO
AOS RUDIMENTOS DO MUNDO, POR QUE VOS CARREGAM AINDA DE
ORDENANÇAS, COMO SE VIVÊSSEIS NO MUNDO, TAIS COMO: NÃO
TOQUES, NÃO PROVES, NÃO MANUSEIES? As quais coisas todas perecem
pelo uso, segundo os preceitos e doutrinas dos homens; as quais têm, na
verdade, alguma APARÊNCIA DE SABEDORIA, EM DEVOÇÃO
VOLUNTÁRIA, humildade, e em disciplina do corpo, MAS NÃO SÃO DE
VALOR ALGUM SENÃO PARA A SATISFAÇÃO DA CARNE” (Colossenses 2:8-
23).
"O Altíssimo não habita em templos feitos por mãos de homens, como diz o
profeta: O céu é o meu trono,e a terra o estrado dos meus pés. Que casa me
edificareis? diz o Senhor, Ou qual é o lugar do meu repouso"? (Atos 7:48,49).
Na dispensação da lei, Deus habitava no Templo de Jerusalém, e ali era
depositado o dízimo pelos judeus:
"Então haverá um lugar que escolherá o Senhor vosso Deus para ali fazer
HABITAR O SEU NOME; ali trareis tudo o que vos ordeno; os vossos
holocaustos, e os vossos sacrifícios, e os vossos DÍZIMOS, e a oferta alçada da
vossa mão, e toda a escolha dos vossos votos que fizerdes ao
Senhor" (Deuteronômio 12:11).
Na dispensação da graça o Senhor não habita em templos de tijolos (At 7:48,49).
Portanto, não adianta você pensar que estará o agradando com "sacrifícios" e

129
"holocaustos" (dízimos), ainda que isso fosse possível hoje. Na dispensação da
lei, o Senhor habitava exatamente no Templo de Jerusalém, onde Ele mesmo
escolheu para habitar o Seu Nome (Dt 12:11). Aquele que não cumpria com a lei
do Dízimo estava sujeito à pena de morte por desobediência.
Nota*
A palavra Sábado em hebraico é Shabbath – Dia judaico dedicado ao descanso e
ao culto. Mas, para o cristão, Cristo é o verdadeiro sábado, pois Nele somos
convidados a descansar todos os dias (Mt 11:28). A "guarda do sábado" também
era um sinal ou aliança apenas para os filhos de Israel e para ninguém mais.
Todavia, havia uma profecia ou promessa de que Deus faria cessar os “sábados”
(Os 2:11). Assim acontece com o Dízimo; ele cessou juntamente com todas as
ordenanças judaicas. Jesus aboliu o Velho Testamento (2 Co 3). Para o cristão, o
Velho Testamento é um livro de tipos e figuras.
Alguém pode perguntar: Mas e os dez mandamentos? Todos os dez
mandamentos estão contidos no Novo Testamento para os cristãos obedecerem,
menos a guarda do sábado. Cristo toma para Si o Senhorio total e supremo sobre
o Sábado, tornando-se o descanso perpétuo dos crentes (Mc 2:27-28). Por falta
de espaço, deixaremos para falar sobre o Sábado judaico em outra ocasião.

130
CAPÍTULO 5
CASAMENTO, DIVÓRCIO E NOVAS
NÚPCIAS

DIVÓRCIO E SEGUNDO CASAMENTO DE


DIVORCIADOS

"Eu odeio o divórcio; Eu odeio o homem que faz uma coisa tão cruel assim.
Portanto, tenham cuidado, e que ninguém seja infiel à sua mulher"
(Malaquias 2.16).

Malaquias nos lembra aqui que a vontade de Deus, a respeito do casamento,


sempre foi a mesma. Enquanto milhares de pessoas no mundo procuram
justificativas baseadas nos abusos que eram tolerados durante a era patriarcal –
sob a Lei Mosaica – Jesus nos diz que a ordem de Deus sempre foi a
mesma: "Não tendes lido que o Criador, desde o princípio os fez homem e
mulher, e que disse: Por esta causa deixará o homem pai e mãe e se unirá a sua
mulher, tornando-se os dois uma só carne?... Portanto o que Deus ajuntou, não
o separe o homem" (Mateus 19.4-6).
Quando se tem o cuidado de não presumir certas premissas antes da interpretação
bíblica e, ao mesmo tempo, se emprega uma abordagem normal e consistente
para entender a Escritura, fica fácil chegar ao entendimento irrefutável de que o
divórcio e o segundo casamento de divorciados são ambos proibidos por Deus
em sua Palavra. As palavras que se seguem definem a abordagem bíblica que
conduz à interpretação correta do tema, começando com a análise exegética de
Mateus 19.9 – o versículo bíblico mais usado pelos hereges como suposto
fundamento para a defesa do divórcio e adultério do segundo casamento. Aqui
será mostrada a razão pela qual um cristão deve estudar a Bíblia sempre levando
em conta a mensagem do evangelho num todo, e não com base em interpretações
que mutilam a lei que rege todo um pano de fundo de determinado assunto
bíblico.
O princípio da hermenêutica irrefutável exige que qualquer passagem da
Escritura, por mais difícil que seja de se interpretar, não pode, em hipótese
131
alguma, entrar em conflito com a antítese apresentada pelos principais textos
normativos da Bíblia. Ou seja, a lei de Deus, de Gênesis à Apocalipse, quanto ao
divórcio e segundo casamento de divorciados, diz que nem um nem outro é
permitido ao homem, exceto em caso de viuvez, como será provado mais à
frente.
Mesmo Deus tendo dito no princípio que o que Ele uniu o homem não pode
separar (Gn 2.24), mesmo Ele tendo enviado profetas como Malaquias para
ratificar tal mandamento (Ml 2.16), mesmo Jesus tendo carimbado a lei do
casamento uno e indissolúvel (Mt 19.3-9) e mesmo o apóstolo Paulo tendo
enfatizado tudo isso com riqueza de detalhes (Rm 7.1-3; 1Co 7.10,11,15,39), a
igreja moderna insiste em prostituir a Palavra pura de Deus. O mundo atual está
cheio de pessoas procurando justificar a própria crueldade do divórcio, prática
que Deus condenou peremptoriamente. Alguns argumentam que o divórcio é
melhor do que sofrer as dificuldades de um casamento problemático; mas Deus
diz que odeia o divórcio. Muitos alegam que o divórcio é a melhor opção
quando o sentimento de amor diminui ou quando conflitos e diferenças
aparecem; mas Deus diz que odeia o divórcio.
Sempre que trato desse tema, o principal questionamento é sempre o
mesmo: "Padilha, você diz isso porque não passou por problemas no
casamento"! Isso é lá argumento para o pecado? Significaria que eu, por não ter
tido outra mulher ou me divorciado, não passo por provações em outras áreas da
vida? Ora, eu poderia reivindicar tal falsa compaixão quando me fosse
conveniente, não é mesmo? Todavia, o casamento não se trata de um conto de
fadas. Na verdade, o casamento é o maior teste de amor incondicional: Deus lhe
concede um cônjuge que não irá cumprir com todas as suas exigências e você
será provado nisso. Visto que amor incondicional significa amar sem considerar
os pecados e defeitos do próximo, o casamento é a melhor forma de mostrar a
verdadeira face de alguém que se diz servo de Deus.

ANÁLISE EXEGÉTICA DE MATEUS 19.3-11


"Então chegaram ao pé dele os fariseus, tentando-o, e dizendo-lhe: É lícito ao
homem repudiar sua mulher por qualquer motivo? Ele, porém, respondendo,
disse-lhes: Não tendes lido que aquele que os fez no princípio macho e fêmea os
fez, e disse: Portanto, deixará o homem pai e mãe, e se unirá a sua mulher, e
serão dois numa só carne? Assim não são mais dois, mas uma só carne.
Portanto, o que Deus ajuntou não o separe o homem. Disseram-lhe eles: Então,
por que mandou Moisés dar-lhe carta de divórcio, e repudiá-la? Disse-lhes ele:

132
Moisés, por causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas
mulheres; mas ao princípio não foi assim. Eu vos digo, porém, que qualquer que
repudiar sua mulher, não sendo por causa de fornicação, e casar com outra,
comete adultério; e o que casar com a repudiada também comete adultério.
Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do homem relativamente à
mulher, não convém casar. Ele, porém, lhes disse: Nem todos podem receber
esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido” (Mateus 19.3-11).
Com base nos versículos acima, analisaremos seis pontos cruciais da passagem
bíblica para o entendimento correto do texto sagrado.

1. A Pergunta dos fariseus e a resposta de Jesus (v. 3-6):


O texto apresenta alguns detalhes interessantes. O primeiro deles é que os
fariseus vieram até Jesus para o “tentar”, não para aprender com Ele. Esses
mestres da lei não precisavam aprender nada sobre isso, pois eram os mais
eruditos estudiosos acadêmicos da época. Sua intenção era incitar Cristo a
blasfemar contra a lei de Moisés com base numa permissão temporária
ocorrida durante o ministério de Moisés, e não com base na lei de Deus, a
qual Jesus cita como refutação prévia. Isto é, ao ser indagado acerca do tema,
Jesus Cristo aponta para o que está em Gênesis 2.24, asseverando que o que
vale é o que Deus estabeleceu e não o que Ele tolerou numa determinada
época. A resposta de Cristo foi enfática, direta e concisa: Não; não pode se
divorciar por motivo algum.

2. A Réplica tendenciosa dos fariseus (v. 7,8):


A justificativa usada para defender a legitimidade do divórcio e de um novo
casamento está em Deuteronômio 24.1. E é a esse versículo que os fariseus
supracitados e os falsos mestres da atualidade recorrem quando querem
legitimar o pecado do divórcio e adultério. Todavia, Jesus critica a falha
exegética dos fariseus em reconhecerem qualquer legislação nos livros de
Moisés para esse ato. Na verdade, não há qualquer menção de uma lei
aprovando o divórcio como norma para o povo de Deus em Deuteronômio
24.1, mas tão somente uma descrição do estado conturbado em que se
encontravam os hebreus daquele contexto.
Assim, a pergunta que todos os defensores do “re-casamento” amam fazer
foi feita também pelos fariseus que mantinham a mesma justificativa para
deixarem suas esposas: "Por que Moisés mandou"? E é aqui que encontramos
um segundo fator imprescindível para o entendimento correto do contexto.
133
Jesus responde à indagação tendenciosa com uma correção sobre a falsa
premissa que eles tinham em relação a Moisés: “Moisés... permitiu...”!
Ou seja, Moisés não mandou nada. Deus nunca deu tal ordem. Deus jamais
estabeleceu uma lei que contrariasse o Seu próprio mandamento quando ainda
nem havia uma lista com os dez mandamentos. Na verdade, a lei que proíbe
qualquer tipo de separação conjugal se baseia na criação (Gn 2.24) e não nas
ordenanças que regiam o período mosaico para fins de regulamentação do
estado espiritualmente decaído dos hebreus. E é para lá [Gn 2.24] que Jesus
aponta ao dizer o que é legítimo e imutável: “... no princípio não foi
assim” (v. 7,8).
Jesus está simplesmente dizendo aos fariseus que Moisés não mandou
ninguém se separar ou se juntar a outrem, e que a permissão por ele dada foi
um caso isolado, temporário, mutável e ilegítimo para o povo de Deus. O que
vale é o que Deus disse no início de tudo. É como se Jesus dissesse assim:
“agora sou Eu, Jesus, quem estou falando; e não Moisés”. Casamento é um
só, pois dois indivíduos passam a ser um só (Gn 2.24).

3. Cristo invalida a "permissão" de Moisés (v. 9a):


"EU VOS DIGO, PORÉM” é a peça-chave que estabelece uma ordem clara
de Cristo em oposição à permissão de repúdio em qualquer circunstância.
Após salientar que Moisés deu aquela permissão temporária no período
cerimonial por um motivo específico – a dureza de seus corações –, Jesus
invalida a permissão de Moisés, eliminando qualquer espécie de argumento
que possa ser usado como justificativa para a separação de um casal casado.
Os termos “Eu, Porém, vos digo” são freqüentes nas falas de Jesus. É uma
marca evidente em todo o período de seu ministério. Toda vez que Jesus se
depara com a elite religiosa de Israel com seus métodos de lavagem
cerimonial, requeridos pelos fariseus, Ele os confronta com um sonoro “Eu,
porém, vos digo”. Toda vez que esses termos são usados por Jesus é para
invalidar alguma premissa baseada em ordenanças que nunca passaram de
fábulas criadas pelo sistema chamado Tradição dos Antigos (cf. Mt 15.3). Tal
distintivo de Cristo resultou em um ódio muito grande no coração dos
doutores da lei. Esses doutores eram os mais eruditos estudiosos da Escritura
naquela época. Assim, fica fácil entender por que os conflitos entre Jesus e os
fariseus era constante.

4. A cláusula de exceção (v. 9b):


134
No verso 9 de Mateus 19 fica patente que há uma cláusula de exceção para
algum tipo de repúdio. Que tipo de repúdio é esse, uma vez que Jesus acabara
de estabelecer uma regra tão enfática e imutável para o povo de Deus? Se um
casal de casados não pode se separar “por motivo nenhum” (v. 4-6), a que
tipo de casal Jesus se refere ao falar de uma cláusula? Teria Jesus entrado em
contradição consigo mesmo? A Bíblia contém paradoxos? A Escritura se
contradiz? A resposta é obviamente não.
Como será provado ao longo deste capítulo, Jesus, neste verso, não está
abrindo exceção nenhuma para casados. A palavra grega usada para se referir
à cláusula de exceção é Porneia, que significa fornicação. Pessoas casadas
não praticam fornicação quando traem seus cônjuges. Elas praticam adultério,
que é o termo usado duas vezes por Jesus para se referir especificamente ao
pecado da separação ou do segundo casamento de divorciados. A palavra
grega para adultério é outra – Moicheia.
Sendo assim, a cláusula de exceção aqui é concedida somente ao casal de
noivos; pessoas que ainda não oficializaram o casamento. Se houver traição
por parte de uma das partes durante o período de noivado, o cônjuge traído
tem o direito (mas não o dever) de abandonar a relação durante esse período.
A fornicação é um ato pecaminoso praticado por solteiros, não por casados. O
Espírito Santo teria se esquecido disso na hora de se revelar na Palavra? Não,
caro leitor. Se ao invés da palavra porneia (fornicação) a cláusula
fosse moicheia (adultério), então Jesus estaria abrindo uma exceção para
casados. Mas não é isso que a Bíblia está dizendo em Mateus 19.9. Cristo é
minucioso e categórico quando se refere à porneia (fornicação) para referir-se
à exceção, e usa o termo moicheia (adultério) duas vezes adiante, em um
mesmo versículo, fazendo uma diferenciação irrefutável entre uma prática e
outra, com a finalidade de falar exclusivamente sobre o pecado do divórcio e
também do segundo casamento de divorciados – o adultério.
Em algumas raras ocasiões, o termo moicheia é generalizado, significando
tanto fornicação como adultério. Mas esse não é o caso de Mateus 19.9. Nessa
passagem, duas expressões gregas específicas são usadas para dar significado
a dois atos distintos – fornicação e adultério. O único outro lugar além de
Mateus 5.32 e 19.9 onde Mateus usa a palavra porneia é em 15.19. Nesse
verso, o termo porneia é utilizado junto com moicheia. Assim, a evidência
contextual primária para o uso das duas palavras em Mateus 19.9 é que o
autor inspirado faz uma clara distinção entre porneia e moicheia,
esclarecendo aos ouvintes que o termo porneia está ali para se diferenciar da
prática do adultério (moicheia). Em termos diretos, Mateus está usando o
termo grego porneia em seu sentido normal de fornicação. Esse sempre foi o

135
significado primário dessa palavra. Do mesmo modo, ele usa a
expressão moicheia para tratar especificamente da prática do adultério.

5. Descomplicando com um texto-chave (Mateus 1.18-20):


Não por acaso, encontramos em João 8.41 o termo porneia, onde os líderes
judeus indiretamente acusam Jesus de ter nascido de porneia
(fornicação/prostituição). Uma vez que os fariseus não aceitam que Jesus
havia sido concebido pelo Espírito Santo, eles acusam Maria de ter praticado
fornicação e afirmam que Jesus era o resultado desse ato. Dito isso, é
necessário voltarmos ao texto que fala sobre o nascimento de Cristo,
em Mateus 1.18-20, e assim eliminaremos toda e qualquer queixa acerca de
Mateus 19.9 que possa ser usada como argumento por hereges, divorcistas e
adúlteros.
Nos versos aqui analisados (Mt 1.18-20), José e Maria são apontados como
marido (Aner) e mulher (gunaika). No entanto, eles são descritos na passagem
como sendo ainda noivos um do outro, e não casados. Isso ocorre por dois
motivos: (1) As palavras para marido e esposa são simplesmente homem e
mulher, e (2) o noivado judeu não se tratava de algo banal como no atual
século e na cultura em que vivemos, mas era um compromisso sério e
significativo diante de testemunhas e autoridades. No versículo 19, José toma
a decisão de divorciar-se de Maria. A palavra usada para o divórcio aqui é a
mesma descrita em Mateus 5.32 e 19.9. Agora note um fator determinante
para a conclusão da correta interpretação de Mateus 19.9 – o apóstolo Mateus
diz aqui que José era "justo" em sua decisão de se separar de Maria. Sua
atitude era justa porque, do ponto de vista da acusação dos fariseus, Maria
praticara porneia (fornicação). Assim, enquanto Mateus constrói toda a
narrativa do seu evangelho, ele se encontra numa situação complicada ao ter
de explicar o capítulo 19 sem entrar em contradição com o capítulo 5. O
autor, inspirado pelo Espírito Santo, se vê diante de uma responsabilidade
muito grande. Diante dos seus olhos estão os comandos diretos e absolutos de
Jesus de que “se um homem se divorcia de sua esposa e casa com outra,
comete adultério”, isto é, ele comete uma grave injustiça.
Uma vez que Mateus nos ensina que o “divórcio” de José, descrito no
capítulo 1, trata-se de uma "justa" possibilidade, ele chega no capítulo 19 e
aplica uma cuidadosa diferenciação entre porneia e moicheia a fim de evitar a
inconsistência gritante entre o que ele disse sobre José e o que Jesus diz sobre
o divórcio. Consciente de que o leitor honesto entenderia não somente o
contexto como os termos gregos empregados para a distinção entre um

136
pecado e outro, Mateus insere a cláusula de exceção (porneia – fornicação)
no intuito de exonerar José e mostrar que o tipo de divórcio que alguém pode
assumir durante o noivado – por causa de fornicação – está em perfeita
harmonia com o que Jesus disse.
Essa interpretação é consistente e resultante de uma aplicação exegética
honesta, sem os malabarismos que a maioria faz para tentar legitimar um
pecado que Deus condena de Gênesis a Apocalipse. Pelo menos quatro
vantagens exegéticas ficam evidentes a respeito da exceção concedida por
Cristo em Mateus 19.9:
(1) Esta interpretação não força Mateus a contradizer o significado claro e
absoluto de Marcos e Lucas. A força e significado das expressões usadas por
Marcos e Lucas não abrem margens sequer para uma discussão; (2) ela
fornece uma explicação lógica para o emprego de porneia ao invés de
moicheia na frase de exceção de Mateus; (3) ela enquadra o uso do termo
porneia em seu significado predominante – fornicação – em Mateus 5.32 e
19.9; e (4) promove a verdade do absoluto mandamento de Jesus de que o
divórcio e a nova união entre divorciados são ambos condenados por Deus,
sem permitir que isto entre em contradição com a retidão da intenção de José
ao resolver divorciar-se de sua noiva Maria.
Portanto, não podemos fugir do fato de que a distinção entre o que era
considerado como porneia e o que era considerado como moicheia foi
minuciosamente mantido na literatura judaica pré-cristã e no Novo
Testamento.

6. A frustração dos discípulos que pensavam poder se divorciar (v.


10,11):
"Disseram-lhe seus discípulos: Se assim é a condição do homem
relativamente à mulher, não convém casar. Ele, porém, lhes disse: Nem todos
podem receber esta palavra, mas só aqueles a quem foi concedido".
Primeiro, a frustração dos discípulos diante da proibição direta de Jesus
quanto ao divórcio e novo casamento de divorciados é um ponto significativo.
Assim como os fariseus, os discípulos ali presentes também estavam
acostumados com a tradição dos antigos, também conhecida como Torá
Oral. A reação dos discípulos, descrita nos versos 10 e 11 diante da resposta
de Jesus sobre repúdio ou novas núpcias, é peremptória para o desenlace do
texto, pondo fim à discussão entre Jesus e os fariseus que o
experimentavam: "Se assim é a condição do homem relativamente à mulher,

137
não convém casar "! O que isso significa? Significa que, muito mais agora,
após aquele período complicado no ministério de Moisés com o povo hebreu,
o casamento era algo muito mais sério do que eles podiam imaginar. Agora os
discípulos tinham compreendido que o matrimônio conjugal se tratara de uma
união vitalícia, santa e irrevogável, que mais tarde seria a analogia usada
pelos apóstolos para se referir à própria noiva de Cristo – a Igreja (Ef 5.22-
33). Pergunto ao leitor: Cristo se divorcia de sua amada noiva, embora ela o
traia todos os dias?
Segundo, Cristo se direciona aos discípulos e diz exatamente o que Paulo
reforçaria nas epístolas: "Nem todos podem receber esta palavra, mas só
aqueles a quem foi concedido" (v. 11). Em 1Coríntios 7.20, Paulo se encontra
falando sobre a vocação do casamento, a qual nem todos estão destinados a
receber: “... cada um fique na vocação em que foi chamado". Assim, a fim de
acalmar o espírito de seus discípulos, Jesus os conduz ao entendimento de que
cada um recebe de Deus um dom diferente, por divino decreto, e em Sua
soberania é onde eles devem descansar. Portanto, Mateus 19.3-11 não
permite Divórcio nem Segundo Casamento.

A SAMARITANA E SEUS CINCO "MARIDOS"


Uma vez que as dúvidas acerca do polêmico versículo de Mateus 19.9 foram
desfeitas sob o uso responsável de uma exegese sadia, uma simples leitura das
normas prescritas nas epístolas será suficiente para reforçar a lei da imutabilidade
da união matrimonial feita por Deus entre um homem e uma mulher.
Antes de observarmos o que é dito em Romanos 7 e 1Coríntios 7, é importante
que o leitor preste muita atenção ao diálogo entre Jesus e uma mulher samaritana
que havia passado por cinco maridos em sua vida:
"Disse-lhe a mulher: Senhor, dá-me dessa água, para que não mais tenha sede, e
não venha aqui tirá-la. Disse-lhe Jesus: Vai, chama o teu marido, e vem cá. A
mulher respondeu, e disse: Não tenho marido. Disse-lhe Jesus: Disseste bem:
Não tenho marido; Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu
marido; isto disseste com verdade" (João 4.15-18).
A mulher com quem Jesus está falando nesta passagem era uma samaritana. Os
samaritanos surgiram de uma mistura de povos e crenças pagãs, e não eram bem
vistos pelos judeus em Jerusalém, nem mesmo considerados como humanos, mas
como animais (cf. Mc 7.25-27). O fato de Jesus não rejeitar os samaritanos
quando estes se achegavam a Ele foi motivo de escândalo para a maioria dos
judeus. Além da idolatria (adoração a outros deuses) misturada aos conceitos
138
judaicos, os samaritanos acreditavam que o local correto de se adorar a Deus era
o monte Gerizim, e não o templo de Jerusalém. A crença de que a adoração a
Deus devia ser feita no monte Gerizim é descrita na continuação deste mesmo
diálogo de Jesus com a mulher samaritana, do verso 19 ao 24. Foi ali que Jesus
declarou que a verdadeira adoração não seria mais avaliada com base no lugar
onde uma pessoa estivesse, mas que a verdadeira adoração seria reconhecida por
um espírito sincero, independente de se estar em um templo ou monte qualquer
(v. 23,24).
Fica difícil imaginar que Jesus teria em vão intimidado a mulher samaritana a
chamar seu “marido” para, só então, receber a água da vida, que traz a vida
eterna. Cristo a instiga a confessar seu real estado espiritual. Ela não necessitava
do marido por perto para receber a salvação. Isto parece insignificante para
doutores diplomados que não se interessam por cada mensagem que Jesus
transmite toda vez que abre sua boca. Mas o fato é que, sabendo que a mulher
estava em adultério, Jesus provoca a mulher a dizer que seu atual marido não era,
de fato, MARIDO. A conclusão textual é a peça-chave que coloca a samaritana
em uma posição de adultério. Jesus diz: “Disseste bem: ‘Não tenho marido’;
Porque tiveste cinco maridos, e o que agora tens não é teu marido; isto disseste
com verdade” (v. 17,18). Isso ocorre pelo fato de que seu MARIDO certamente
ainda estava vivo. De outra maneira, Cristo não teria dito que o atual “cônjuge”
não era de fato seu marido. Se ela havia ficado viúva do primeiro, ou do segundo,
ou, ainda, do terceiro, isso não é revelado na Escritura, nem mesmo necessário
para a conclusão de uma premissa. O fato é que esta mulher estava em adultério
porque se separou do legítimo marido e se “casou” outra vez. E é assim que o
diálogo sobre casamento se encerra em João 4.15-18.

DESERÇÃO E ABANDONO
"Todavia, aos casados mando, não eu, mas o Senhor, que a mulher não se aparte
do marido. Se, porém, se apartar, que fique sem casar, ou que se reconcilie com
o marido; e que o marido não deixe a mulher (...). Mas, se o descrente quiser
apartar-se, que se aparte; em tais casos (irreconciliáveis), não fica sujeito à
servidão nem o irmão (repudiado), nem a irmã (repudiada); Deus vos tem
chamado à paz" (1Coríntios 7.10,11,15).
O foco de Paulo em 1Coríntios 7 é a relação entre um homem e uma mulher.
Todo o capítulo é composto por uma série de mandamentos e conselhos
destinados a três grupos diferentes: (1) solteiros ou viúvos, (2) casados e (3)
crentes que se casaram com descrentes. O apóstolo fala acerca do celibato, do

139
casamento e dos crentes que haviam se casado com pagãos. Portanto, para que o
nosso foco seja mantido neste capítulo, falaremos sobre os deveres
predominantes dos solteiros e viúvos em outra ocasião. O que importa agora é
desfazer o engano de Satanás e dos falsos mestres a respeito do divórcio e
segundo casamento.
Paulo proíbe o divórcio e o faz sob a base de que Jesus o proibiu (Mc 10.9; Lc
16.18; Mt 19.3-9). Não se trata de uma mera opinião do apóstolo, mas da
revelação direta de Jesus Cristo a ele, já que nenhum apóstolo escreveu sob
qualquer influência que não fosse do Espírito Santo. Paulo diz: "aos casados
mando, não eu, mas o Senhor", a fim de asseverar aos crentes de Corinto que
Jesus já havia ensinado tudo isso nos evangelhos, e que, portanto, ele não estava
dizendo nada novo ali. Ao contemplar a possibilidade de um rompimento
forçado, Paulo proíbe expressamente que haja um novo casamento. Pode parecer
uma doutrina severa para “cristãos” relativistas e pagãos da nossa era, mas o fato
é que em Corinto havia uma lassidão espiritual fora do comum, característica que
marcou aquela igreja como sendo a mais resistente à disciplina cristã devido aos
costumes de suas antigas crenças em deuses pagãos. Nada pertencente a esta vida
deveria tomar a atenção dos crentes de Corinto, e Paulo não deu mole para as
ovelhas daquela congregação. Isso explica por que a linguagem de Paulo é tão
severa ao se dirigir a uma classe de recém-convertidos que, outrora, praticava
orgias em devoção a todo tipo de deuses da antiga Grécia. Portanto, era
necessário que qualquer tipo de pensamento impuro fosse evitado entre os
Coríntios, especialmente na área sexual. E Paulo não poupou a cinta. Divórcio
não! Segundo casamento, exceto em caso de viuvez, também não!

As quatro regras imutáveis para os casados da Igreja de Deus, prescritas em 1


Coríntios 7, são:

1. Não se aparte do cônjuge.


2. Se apartar (separação forçada), fique sem casar.
3. Ou, que se reconcilie com o marido.
4. Que o marido não deixe a mulher.
Se houver traição dentro do matrimônio, o perdão e a oração para que o cônjuge
seja transformado(a) em uma nova criatura em Cristo é a opção correta.
A única exceção para novas núpcias está destinada aos viúvos, no final da carta:

140
"A mulher casada está ligada pela lei todo o tempo que o seu marido vive; mas,
se falecer o seu marido, fica livre para casar com quem quiser, contanto que seja
no Senhor" (1Coríntios 7.39).
Quaisquer que sejam as justificativas dos advogados do divórcio e “re-
casamento”, nenhuma passagem da Escritura pode ensinar o contrário do que está
enfaticamente ordenado em 1Coríntios 7.39. Esta passagem é a conclusão lógica
de todo um pano de fundo que vimos até aqui. Todo o ensinamento de Cristo
sobre relação conjugal, separação ou união com terceiros é concluído aqui. Um
novo casamento só é permitido em caso de óbito (morte física; túmulo).
Em 1 Coríntios 7, Paulo tem ciência de que uma possível separação forçada é
inevitável. Quando ele escreve aos Coríntios sobre o assunto, ele está
considerando em sua mente a possibilidade de um adultério sem arrependimento
e de casos como a deserção e a violência doméstica. A fim de deixar claro ao
leitor de que o divórcio e o novo casamento de divorciados são ambos
condenados por Deus, ele se dirige aos cônjuges que sofreram o rompimento
forçado e os alerta sob a base das mesmas palavras do Jesus histórico. Esses
indivíduos abandonados no casamento devem se manter no celibato, pois Deus
os chamou para a paz e eles não estão fadados a forçarem ninguém a manter
laços com eles.
Portanto, Lucas 16.18, Marcos 10.11-12 e Mateus 19.3-11 são as normas que o
apóstolo Paulo tem em mente quando vai tratar sobre o assunto com a Igreja de
Cristo na dispensação da graça. É por essa razão que ele diz: “... aos casados
mando, não eu, mas o Senhor“, fazendo alusão ao que Jesus já havia dito nos
evangelhos, mas que precisava ser enfatizado para um povo de difícil
compreensão.

O CASAMENTO É O ESPELHO DA RELAÇÃO ENTRE CRISTO


E A IGREJA
A analogia entre a relação de Cristo e a Igreja com o Casamento não foi feita em
vão pelo apóstolo da graça. Quando a Bíblia diz que o Casamento é como Cristo
e a Igreja, tudo fica evidente nesse assunto. O que é correto ou não no casamento
deve ser decidido, sobretudo, à luz desta analogia –Marido e Esposa / Cristo e a
Igreja. Façamos a seguinte pergunta: Quantas vezes por dia a Igreja trai a Cristo?
Se eu fosse contar, perderia a conta. Mas, se eu perguntar como Cristo reage à
traição de Seu Corpo, a Igreja, a resposta é óbvia: Perdoando. O casamento é um
teste para o desenvolvimento da santidade. Ele é o crivo pelo qual se manifestam
os filhos de Deus e os filhos do diabo.
141
“Vós, mulheres, sujeitai-vos a vossos maridos, como ao Senhor; porque o
marido é a cabeça da mulher, como também Cristo é a cabeça da igreja, sendo
ele próprio o salvador do corpo. De sorte que, assim como a igreja está sujeita a
Cristo, assim também as mulheres sejam em tudo sujeitas a seus maridos. Vós,
maridos, amai vossas mulheres, como também Cristo amou a igreja, e a si
mesmo se entregou por ela, para a santificar, purificando-a com a lavagem da
água, pela palavra, para a apresentar a si mesmo igreja gloriosa, sem mácula,
nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível. Assim devem os
maridos amar as suas próprias mulheres, como a seus próprios corpos. Quem
ama a sua mulher, ama-se a si mesmo. Porque nunca ninguém odiou a sua
própria carne; antes a alimenta e sustenta, como também o Senhor à igreja;
porque somos membros do seu corpo, da sua carne, e dos seus ossos. Por isso
deixará o homem seu pai e sua mãe, e se unirá a sua mulher; e serão dois
NUMA SÓ CARNE. Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e
da igreja. Assim também vós, cada um em particular, ame a sua própria mulher
como a si mesmo, e a mulher reverencie o marido” (Efésios 5:22-33).

O SEGUNDO CASAMENTO NÃO É RECONHECIDO POR


DEUS
A psicologia moderna e os livros de autoajuda tomaram o lugar da Palavra de
Deus nos púlpitos. Hoje, quando um pastor moderno vai “pregar”, ele se
preocupa com a autoestima das ovelhas e não com suas almas. Troca-se o "Toma
a Sua Cruz" pelo "Seja Feliz". Alguns líderes religiosos tem se afrouxado diante
de homens e mulheres que já se divorciaram e casaram com outros. Quando
deparados com a situação, omitem partes da verdade com o intuito de não
ofender o pecador. Então eu pergunto: Como continuar no "segundo casamento"
se isso implica em "continuar no adultério"? A menos que esse seja um método
de aconselhamento que objetiva encaminhar adúlteros para o inferno, não se pode
afirmar outra coisa senão que se trata de heresia.
Portanto, é necessário que o leitor tenha uma atenção dobrada neste momento.
Preste muita atenção ao que é dito em Romanos 7.2-3, pois aqui será provado
que todo “segundo casamento de divorciados” é, na realidade, um contínuo
adultério.
“Porque a mulher que tem marido, está ligada pela lei ao marido dela enquanto
ele estiver vivendo; mas se o marido morrer, ela está livre da lei do marido dela.
De sorte que, enquanto estiver vivendo o marido dela, se ela se casar com outro
homem, ela será chamada de adúltera; mas, se morto o marido dela, ela livre

142
está daquela lei; de modo que ela não é adúltera, ainda que ela se case com
outro homem” (Romanos 7.2-3).

1 - Essa mulher casa novamente com outro homem, estando o seu marido ainda
vivo.

2 - Essa mulher que casa novamente com outro homem (não interessa o motivo
nem a "legitimidade" atribuída pelos homens), não se livrou do fato de que o seu
legítimo marido (o primeiro) ainda é chamado de M-A-R-I-D-O. Não existe “ex-
marido” na Bíblia. Essa ideia foi inventada por pecadores para racionalizar o
pecado do adultério. Em nenhuma parte das Escrituras você encontrará o termo
“ex-marido”. O fato de que o legítimo marido ainda é chamado de M-A-R-I-D-O,
apesar da mulher tê-lo deixado e casado com outro, derruba por terra toda a
tentativa inútil de dizer que a nova união entre divorciados é reconhecida por
Deus. Essa nova união não é reconhecida por Deus. Deus aplica a esta mulher o
título de ADÚLTERA! Este é o nome dela – ADÚLTERA. Ela tem dois
maridos!
Se o divórcio fosse válido e anulasse o casamento, a passagem de Romanos 7.1-3
estaria totalmente em desacordo com as Escrituras, entrando numa contradição
descabida com a tese do divórcio e novo casamento apresentada até aqui. Tal
pensamento secular gera um total descrédito sobre a Palavra de Deus e lança a
inerrância das Escrituras na lata do lixo!

3 - Ela será chamada (grego chrematizo = considere-se avisada por Deus) de


adúltera. Isso significa que ela está num estado de adultério contínuo, e não
apenas num ato de adultério isolado como querem afirmar os liberalistas da igreja
moderna. Jesus está dizendo que ela será chamada de adúltera! Esse é o título
dela por definição. E mais, ela continuará sendo adúltera enquanto o verdadeiro
marido estiver vivo. Sim, é uma tragédia para qualquer família, mas é o retrato
que a Palavra de Deus apresenta acerca desse pecado!

4 - A fidelidade deve ser mantida "enquanto ele estiver vivendo" e não


"enquanto ele for fiel", muito menos "até que eles se divorciem", como querem
afirmar os defensores do divórcio por causa de infidelidade.

● Infidelidade não quebra a união do casamento.


● Abandono não quebra a união do casamento.
● Divórcio não quebra a união do casamento.

143
Infidelidade, abandono e divórcio trazem maldição e profanação para o
casamento, mas não quebram a união do casamento. Os dois cônjuges continuam
sendo uma só carne até que a morte os separe.
Ao olharmos para o mundo religioso, fica evidente a fala dobre de pessoas
inconstantes (Pv 17.20; Tg 1.8). A maioria dos casais fala uma coisa, mas em
suas mentes pensam de outra maneira. Os votos feitos na cerimônia não servem
de nada. São palavras. Nada mais do que palavras. São cristãos nominais –
apenas no nome. São mentirosos e, portanto, filhos do diabo, o pai da mentira.
São pessoas ímpias. Jamais foram regeneradas. Sua língua está cheia de rapina e
hipocrisia.
João Batista apontou e condenou o pecado de Herodes, o governador da Judeia,
que estava em adultério porque se uniu a uma mulher divorciada. Essa mulher era
esposa de seu irmão Felipe (Mt 14.3-4). Preste atenção nisso. João apontou o
dedo na fuça de um governador em público. Observe a coragem, ousadia e
intrepidez de João Batista e compare esse servo de Deus com os que se dizem
“pregadores do evangelho” hoje. João Batista não tinha medo de apontar o
pecado, nem de repreender os mestres e poderosos. Com efeito, João Batista não
se enquadra na abordagem pacifista e carismática dos "profetas" do nosso século,
em nenhum nível e em nenhum aspecto.
O resultado é que, diferentemente da mulher samaritana (Jo 4.15-18) e da mulher
judia que também havia cometido adultério e se arrependido (Jo 8.11), o ódio de
Herodias contra o profeta cresceu em seu coração. Herodias não abandonou o seu
pecado. Ela escolheu outro caminho – matar um servo de Deus, pensando que
assim calaria suas palavras.
João Batista foi punido com a morte por ter uma visão bíblica do casamento.
Teve sua cabeça arrancada por não fazer parte de uma elite religiosa que visava o
lucro pessoal e político; que valorizava mais as suas tradições do que a Palavra
de Deus; que vivia de aparências. João Batista não dobrou seus joelhos diante da
diplomacia acadêmica. Ele cumpriu com fidelidade sua missão de profeta na
terra.
Com efeito, não há uma só linha no Novo Testamento que sirva de amparo para a
quebra da aliança do casamento, exceto a morte. A única forma de um cristão se
casar de novo é somente "se o marido morrer" e ponto final. Não há o que
discutir. Os divorcistas e adúlteros não têm para onde correr. Ou eles usam a
permissão de Moisés como desculpa (o que é exatamente o que os fariseus da
época de Jesus fizeram), ou terão de concordar com a antítese que aponta para a

144
proibição do divórcio e também de um novo casamento entre divorciados (Gn
2.24; Ml 2.16; Mt 19.3-11; Mc 10.2-12; Lc 16.18; 1Co 7.10,11,15,39; Rm 7.1-3).
Você diz servir ao Deus da Bíblia? Então saiba que Ele odeia o divórcio e o
adultério. E Ele não muda. Esse Deus é imutável. Você quer se divorciar? Quer
se “recasar”? Então faça-o sem distorcer as Escrituras para a sua satisfação
carnal. Há milhares de religiões que apoiam a poligamia e você não precisa
ultrapassar os limites da insensatez ao tentar legitimar tal abominação por meio
da Bíblia. Poupe a si mesmo e aos mais fracos de tamanha aberração ilógica e
busque, sem demora, por uma religião pagã que forneça a você os conceitos e
práticas que lhe convém.

UM CONSELHO AOS IRMÃOS QUE POSSUEM MEMBROS


DIVORCIADOS NA IGREJA
Embora o pastor tenha o dever de guiar as ovelhas de Cristo no caminho da Sã
Doutrina, ele não é responsável pelos atos pecaminosos de ninguém. A Bíblia
não manda que um pastor examine alguém. Ao contrário, a Bíblia ordena que o
homem deve examinar a si mesmo (1Co 11.28). Ou seja, o casal que se encontra
no adultério do “segundo-casamento” deve examinar a si mesmo à luz das
Escrituras para saber se está em conformidade com a Palavra, e não jogar a
responsabilidade nas costas dos demais crentes ou, como de costume, no pastor
ou em algum tipo de líder de uma igreja local. Como em qualquer pecado, quem
criou essa confusão foi o casal separado e mais ninguém além dele. “De maneira
que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Romanos 14.12).

UM CHAMADO AO ARREPENDIMENTO
A Bíblia diz que os adúlteros não herdarão o reino dos céus (1Co 6.10). O
versículo de João 8.11 fala exatamente sobre uma mulher que adulterou. O que
Jesus disse a ela? "Vá e não peques mais". Em momento algum Ele diz
"permaneça no adultério", mas sim "Vá e não peques mais". Jesus não estava
interessado se aquela moça (deveras casada, pois praticou moicheia - adultério) já
havia construído outra vida e com outra pessoa. Jesus não perguntou a ela o que
lhe faria sentir bem consigo mesma, ou, ainda, se as circunstâncias da sua vida
possuíam barreiras demais para se acertar com Deus. E são exatamente estas
coisas que os pastores do século presente fazem: "Ah... você já formou outra
família? Bom, nesse caso concedemos uma exceção para você"! Quem inventou
tal bestialidade? Quem deu o direito ou autoridade de revirarmos os 66 livros da
145
Escritura de cabeça para baixo com a finalidade de "abrir uma exceçãozinha"
para o irmão que está em pecado? Nem todos suportam ouvir essa verdade, mas é
isso que a Bíblia ensina. Quem recasa destruiu, irremediavelmente, a figura
indissolúvel do relacionamento entre Cristo e a igreja, comparados com o marido
e com a esposa respectivamente (Ef 5.24-25 ).
O verdadeiro arrependimento produz mudança de pensamento, e o pensamento
produz mudança de atitude. A própria lógica nos diz isso. Ou sai do adultério ou
fica nele. As duas coisas ao mesmo tempo não existe. Os que aceitam que
divórcio e “re-casamento” são de fato condenados pela Bíblia e, ao mesmo
tempo, negam que aqueles que se mantém no erro do “segundo-casamento” estão
em constante ADULTÉRIO, estão a cometer um paradoxo sem precedentes. Isso
é afrontar a inteligência humana.
Quando uma pessoa ouve a verdade, ela toma uma atitude ou outra: Ou ela vai
para o lado certo ou ela vai para o lado errado. Uma pessoa arrependida do
divórcio e do "novo casamento" irá criar uma ruptura no adultério, por mais que
ela tente impedir. Eu vi isso acontecer. Certa vez uma mulher adúltera entendeu
meu artigo a respeito do tema e ficou ARREPENDIDA. Automaticamente a
relação dela com o adúltero entrou em crise. O que ela fez para cessar a crise?
Escolheu o caminho errado e voltou atrás! Ela encontrou uma brecha na lei de
Moisés e justificou seu ato por meio desta brecha. Depois disso ela rompeu todos
os contatos comigo para não ouvir mais nada sobre o assunto.
Diante do exposto, uma pergunta popular sempre surge: “O adultério anula o
Sacrifício Expiatório de Cristo?” Esse tipo de pergunta jamais deveria ser feita
por um cristão. Isso prova o quão longe ele se encontra de Deus. Pois nada e nem
ninguém anula o sacrifício de Cristo. O fato é que, como qualquer outro pecado,
o divórcio e o adultério do segundo casamento, quando não retratados
(abandonados), são simplesmente o resultado da não-regeneração do pecador. É o
fruto resultante de um não-eleito. Não existe justificação sem santificação. Do
contrário, isso seria antinomianismo (cf. Rm 6.1-23). A obediência é o resultado
da salvação e não um pré-requisito para ser salvo. "Porque somos feitura Sua [de
Deus], criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para
que andássemos nelas" (Efésios 2.10). Ou seja, o fato de sermos salvos pela
graça e não pelas obras não significa permissão para pecar. Pelo contrário, a
graça é concedida justamente para tornar possível a santificação do eleito. "Não
sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois
servos daquele a quem obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência
para a justiça?"(Romanos 6.16). A ovelha pode cair na lama, mas só um porco
consegue permanecer nela.

146
ADULTÉRIO: O PECADO DE ESTIMAÇÃO DA
IGREJA MODERNA

Os falsos mestres da igreja contemporânea impingiu na mente dos incautos que o


adultério cometido no segundo casamento é tolerado por Deus em vista da
impossibilidade de ser abandonado. A segunda justificativa, igualmente contrária
às Escrituras, é de que Deus considera os tempos da ignorância em que os
cônjuges deram início a tal iniquidade. Os adeptos do divórcio e segundo
casamento de divorciados tratam essa prática como um "pecado de estimação",
condenando os demais pecados e elevando-os a um nível de iniquidade superior
ao do divórcio e segundo casamento de divorciados. Todos os pecados que
devem ser abandonados no novo nascimento em Cristo são, em sua maioria,
condenados pelas várias denominações religiosas ao redor do mundo. Todavia,
quando o pecado do adultério vem à tona, joga-se a inerrância das Escrituras na
lata do lixo e adota-se uma premissa sensacionalista que apela para a emoção em
detrimento da lei de Cristo.
Isto é, o ladrão deve se arrepender e parar de roubar... o mentiroso deve se
arrepender e parar de mentir... etc., mas o adúltero, segundo a premissa da maior
parte dos cristãos professos da atualidade, embora seja igualmente chamado ao
arrependimento, não necessita parar de adulterar com o “segundo marido” (ou
segunda esposa). Ora, onde está a lógica e o temor a Deus nisso? É impossível
um pecador remido por Cristo dar continuidade a um pecado, senão que sua vida
é feita de arrependimento diário. De fato, santidade não é sinônimo de perfeição
neste mundo; porém, a santidade é mais do que isso: é o contínuo
arrependimento e abandono do pecado e de tudo que é impuro (Rm 6). Quando
contrariam esse princípio bíblico, é como se os advogados do divórcio e do
segundo casamento de divorciados estivessem dizendo que o Espírito Santo é
débil e limitado em seu poder de conceder arrependimento ao casal adúltero,
conforme a graça que opera eficazmente em todos os santos. Tais amantes de si
mesmos estabelecem, por conta própria, uma “cláusula” inexistente na Palavra de
Deus a fim de legitimar algo que Deus odeia! – “Eu odeio o divórcio; Eu odeio
o homem que faz uma coisa tão cruel assim. Portanto, tenham cuidado, e que
ninguém seja infiel à sua mulher" (Malaquias 2.16).
O divórcio e o segundo casamento de divorciados são dois [dentre muitos]
“Bezerros de Ouro” da igreja do século XXI. Se um – assim chamado – pastor
sobe no púlpito e condena a mentira, todos batem palmas e não medem esforços
para repreender irmãos que permanecem na mentira. Os que ainda se mantém no
pecado do homicídio, da idolatria ou da prostituição (sexo entre solteiros) são

147
vistos como monstros; afinal, ninguém está vendo você mentir em casa, no
trabalho ou nas ruas. Ninguém está vendo você matar o próximo ao nutrir ódio
por alguém que lhe fez mal; e ninguém está vendo você dizer que seus filhos são
a coisa mais importante da sua vida (idolatria). Porém, se um servo de Deus é
levantado para pregar a sã doutrina na Igreja, condenando o divórcio e o segundo
casamento de divorciados, quantas pessoas, no dia de hoje, poderão se esconder
debaixo da terra e manter a aparência de santidade?
Com isto em mente, temos constatado que, na maioria dos casos, o que ocorre
não é a ignorância acerca do pecado do divórcio e segundo casamento entre
divorciados, mas sim a vergonha da exposição à igreja e ao público. Embora a
máscara do “bom testemunho” seja facilmente mantida por um tempo,
certamente, um dia, a Palavra de Deus saltará aos brados contra os que
adulteram, na frente de toda a congregação.
Esconder o pecado da mentira é fácil. O difícil é esconder o "ex-marido" (não
existe esse termo na Bíblia) debaixo da cama e fingir que é fiel à Bíblia. Quem
pode dizer e provar que a mentira é mais fácil de ser abandonada do que o
adultério? Ou, quem pode afirmar, sem falso temor, que a “avareza” (que
também é idolatria) é mais fácil de ser abandonada do que o adultério? Examine-
se a si mesmo e se pergunte: “Seria eu capaz de lançar minha TV a Cabo pela
janela hoje?”.
Homens e mulheres que se divorciaram e se uniram a terceiros costumam se
colocar em um status elevado diante de Deus por meio de um gnosticismo
presunçoso e sem nenhum consenso com a Bíblia. Quando as justificativas
baseadas na lei mosaica falham – e certamente irão falhar – essas pessoas se
refugiam em subterfúgios sensacionalistas, tais como a auto-justificação, uma
vez que não possuem o amparo das Escrituras Sagradas para seus atos. Eles
dizem: “Você não sabe o que eu sinto... você não conhece o meu coração... você
não sabe o que é dor...”, como se os demais crentes da Igreja de Deus não
tivessem sua própria cruz para carregar, e, assim, lançam pedras sobre os que de
bom grado tentam alertá-los. É como se o pecado do divórcio e “re-casamento”
fosse uma espécie de “iniquidade tolerável à parte”, com exceções variadas e
atalhos para o reino dos céus. Todavia, é necessário que se diga: Não existe
justificação sem santificação. A crença de que um homem pode caminhar para
o Céu sem ser santificado [dia após dia] provém do Antinomianismo (vide meu
artigo sobre o termo – “Por Que Devo Me Arrepender Se Já Está Tudo
Decretado?”).

148
PERMISSÃO ILIMITADA
Se o segundo casamento entre divorciados é correto, qual o problema com o
vigésimo? Toda vez que faço essa pergunta a um defensor do Divórcio e do
segundo casamento de divorciados, o silêncio toma conta do ambiente e ninguém
é capaz de tentar mais uma “cambalhota teológica” para justificar essas heresias.
Os hereges, adúlteros e divorcistas simplesmente teriam que alegar uma
“permissão ilimitada”, entrando em um total desacordo com as Escrituras.
Alguns alegam que Deus tolera o adultério por parte daqueles que se casaram
várias vezes porque ainda não haviam se convertido. Mas a lei do casamento não
consiste numa união que pode ser dissolvida enquanto se é um ímpio. Ao
contrário disso, quando Deus diz aos Seus filhos que não considera os “tempos
da ignorância”, Ele está dizendo que o chamado ao arrependimento é universal,
independente do que os homens tenham feito no passado. Mas, se alguém insiste
em me contradizer, o que lhe restará senão uma total ausência de sensatez quando
eu fizer a seguinte indagação: Se a regra é considerar os tempos da ignorância,
por que os defensores do divórcio e da permanência no adultério do segundo
casamento não aplicam a mesma regra e da mesma maneira aos outros pecados
ao invés de ensinar as ovelhas a abandonarem "a velha natureza”?
Em termos diretos, por que tais facínoras, que se autoproclamam pastores,
ensinam aos quatro ventos que a vida de pecado deve ser abandonada pelo crente
ao se tornar “nova criatura” (2 Co 5.17), mas, paradoxalmente, tomam para si a
autoridade de abrir uma “exceçãozinha” para os que permanecem no adultério?

RESSALVAS E CONSIDERAÇÕES
Um ponto importante a ser considerado é que nós somos acostumados a desejar e
amar para depois casar. No entanto, a Bíblia ensina o contrário: o amor é
construído no casamento, e não o inverso. Você decide amar ou não uma pessoa.
De outra forma, o amor não poderia ser um mandamento. Por isso há tanto
sofrimento quando descobrimos a verdade nas Escrituras. Fazemos nossas más
escolhas e praticamos nossas perversidades antes da conversão e depois não
queremos acertar nossas vidas com Deus. Culpamos a Deus pelos nossos
distúrbios, quando, na verdade, toda a nossa ignorância é consequência dos
nossos próprios pecados. Nós nascemos odiando a Deus (Rm 3). É preciso
entender que a partir do momento em que começamos a andar com Jesus,
sofreremos as dores consequentes dos nossos atos, e viveremos uma vida de
arrependimento e mudança de caráter. A situação é complicada, mas é a realidade
que a Bíblia nos apresenta a respeito do “novo nascimento”. Quando nos
149
convertemos, temos muito o que acertar com Deus; e isso exige que passemos
por uma metamorfose. A metamorfose não é nada confortável; ela é dolorosa até
que termine seu processo. Sem isso, o evangelho perde todo o seu sentido.
Minha pergunta final aos atuais “pastores” e “líderes religiosos” é: Por que a
passagem de Romanos 7.2-3 não é lida publicamente em suas sinagogas? Ou, no
mínimo, por que essa passagem bíblica é tão evitada e censurada em seus ditos
cultos?
“A mulher que tem marido está ligada pela lei ao marido dela enquanto ele
estiver vivendo; mas se o marido morrer, ela está livre da lei do marido dela.
De sorte que, enquanto estiver vivendo o marido dela, se ela se casar com outro
homem, ela será chamada de adúltera; mas, se morto o marido dela, ela livre
está daquela lei; de modo que ela não é adúltera, ainda que ela se case com
outro homem” (Romanos 7:2-3).

A ANTIGA SERPENTE NOS DIAS ATUAIS

Deus ordenou a Adão que “não comesse da árvore do conhecimento do bem e do


mal”, e reforçou: “Porque, no dia que dela comeres, certamente morrerás”
(Genesis 2:17). Mas Satanás disse: “É certo que não morrereis” (Genesis 3:4).
Deus estabeleceu uma ordem clara ao homem, mas o homem a desobedeceu, e
nós já conhecemos as consequências. Deus não se fez de desentendido, não
deixou de cumprir Sua Palavra e não teve Adão por inocente. Deus não torna
atrás em Sua Palavra (Isaías 45:23).
Apliquemos, agora, esta mensagem ao tema “Divórcio e Segundo Casamento de
Divorciados”:

Deus disse:
● "Eu odeio o divórcio; Eu odeio o homem que faz uma coisa tão cruel assim”
(Ml 2:16);
● “O que Deus uniu, não o separe o homem” (Mt 19:6);
● “Marido e esposa estão ligados pela lei até que a morte os separe” (Rm 7:2-3);

150
● “A união matrimonial é indissolúvel, e uma nova união só é permitida em caso
de viuvez” (1Co 7:39);
● “Não é permitida a separação. Se, porém, ocorrer uma separação forçada (caso
de abandono, por exemplo), fique sem se casar ou se reconcilie com o seu
cônjuge” (1Co 7:10-11);
● “Quem se casa de novo, estando o marido (ou esposa) vivo, está em contínuo
adultério” (Mt 19:3-6; 5:27-28; Rm 7:2-3);
● “Os adúlteros não herdarão o reino dos céus” (Rm 1:31-32; 1Co 6:10; Gl 5:19-
21; Ef 5:3-5; Cl 3:5-6; 1Ts 4:3-8; Hb 13:4; 2Pe 2:14-17; Ap 22:14-15).

A Palavra de Deus é clara, imutável, direta, irrefutável e consistente! Nela não há


sombra de variação ou espaço para a auto-justificação. Deus disse: “É proibido se
divorciar; é proibido o segundo casamento de divorciados!”. Ponto.

Satanás diz:
● “Ah, Deus não me quer sofrendo”;
● “Ah, Deus me fez para ser feliz”;
● “Ah, Deus não leva em conta o tempo da ignorância”;
● “Ah, Deus me perdoa sem que eu me converta; Ele não vai querer minha
tristeza”;
● “Ah, larga ele(a) e case-se de novo; Deus quer o seu bem”;
● “Ah, estou feliz no meu atual [segundo] casamento! Deus não é carrasco”!

Essas e outras infinidades de justificativas são usadas a fim de ignorar, distorcer


e blasfemar as ordens claras e diretas de Deus. Assim como Adão e Eva, os
adúlteros continuam [igualmente] buscando a quem culpar por seu pecado de
estimação: “A culpa é do meu marido”... “a culpa é da minha esposa”... “a culpa
é do diabo” (Gênesis 3:12-13).
Mas, você se atentou para o que Deus fez com Adão e Eva? Por que tantos
adúlteros, se dizendo cristãos, acham que Ele não cumprirá Sua Palavra para
conosco? Porventura Deus torna atrás em Sua Palavra?
A Palavra do Deus vivo é absolutamente clara:

151
"Eu odeio o divórcio; Eu odeio o homem que faz uma coisa tão cruel assim.
Portanto, tenham cuidado, e que ninguém seja infiel à sua mulher"(Malaquias
2.16).
“Não erreis: Deus não se deixa escarnecer; porque tudo o que o homem
semear, isso também ceifará. Porque o que semeia na sua carne, da carne
ceifará a corrupção; mas o que semeia no Espírito, do Espírito ceifará a vida
eterna” (Gálatas 6:7,8).
Deus não terá o culpado por inocente (Ex 34:7; Nm 14:18; Na 1:3). Ele irá
despejar sua ira sobre os filhos da desobediência (Cl 3:6; Ef 5:6). Não sou eu
quem estou dizendo isso; é a Palavra de Deus; é o próprio DEUS!
“Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos
pecados, e venham assim os tempos do refrigério pela presença do Senhor”
(Atos 3:19).

RESPOSTAS A PERGUNTAS
FREQUENTES

PERGUNTA: Qual a sua opinião sobre casamento forçado? Ex: Uma jovem
menor é forçada a se casar com alguém que a violentou. Essa jovem poderia se
casar novamente com alguém de sua escolha?
RESPOSTA: Não existe tal exceção para novas núpcias. A Bíblia diz que
somente a viuvez permite ao cônjuge um novo casamento. Também não existe
"casamento forçado". No caso da jovem, ela pode escolher ser fiel a Deus e
sofrer as consequências de se dizer "não" ao casamento que lhe foi imputado.
Todos nós temos responsabilidade sobre nossas ações. Um bom exemplo disso é
o caso de Sadraque, Mesaque e Abednego, que tinham duas opções: Ou eles
obedeciam ao decreto do rei Nabucodonosor, o qual consistia em adorar a
estátua que ele havia feito para todos os povos adorarem, ou eles seriam
queimados na fornalha. Se aqueles três judeus optassem por adorar a estátua,
seriam punidos por Deus; e se optassem pela desobediência ao rei, seriam
queimados vivos. A decisão desses três servos de Deus foi dizer “não” ao rei
Nabucodonosor. Será que ser queimado vivo numa fornalha é menos doloroso
do que um estupro? Para melhor entendimento da história, recomendo ao leitor
que leia toda a trama em Daniel 3.
152
PERGUNTA: Mas, sendo menor de idade (cerca de 15 anos) não dá pra dizer
“não” e sofrer as consequências. Isso é impossível.
RESPOSTA: Depende de como a pessoa foi educada. Depende se o indivíduo
foi disciplinado segundo os moldes bíblicos ou segundo os padrões mundanos.
Meus filhos, hoje, têm 3 e 5 anos e sabem muito bem dizer "não" para muitas
coisas. Mas, digamos que um deles fosse forçado a se casar com uma mulher que
não desejasse. Ainda assim o casamento é VITALÍCIO. É irrevogável. Nada é
por acaso. Deus continua em Seu trono e é Ele quem determina cada
acontecimento em nossas vidas. Ele diz: “Vede agora que Eu, Eu o sou, e mais
nenhum deus há além de mim; Eu mato, e Eu faço viver; Eu firo, e Eu saro, e
ninguém há que escape da minha mão” (Deuteronômio 32.39).
Um segundo ponto a ser considerado é que nós somos acostumados a desejar e
amar para depois casar. No entanto, a Bíblia ensina o contrário: o amor é
construído no casamento, e não o inverso. Você decide amar ou não uma pessoa.
De outra forma, o amor não poderia ser um mandamento. Maria, por exemplo,
tinha cerca de 15 anos quando foi PROMETIDA a José. A Bíblia diz que
José “não conheceu Maria” enquanto ela não deu à luz a Jesus, que foi
concebido pelo Espírito Santo (Mt 1.25). Quando a Bíblia diz que José “não a
conheceu”, isto se refere ao fato de que José não teve ato sexual, nem qualquer
intimidade com Maria até o nascimento de Jesus e a oficialização do matrimônio.
O amor entre os dois foi sendo moldado conforme os anos de seu casamento,
muito tempo depois, e não o inverso, como somos acostumados na nossa geração
e cultura perversas. No mundo e na época em que vivemos, as pessoas têm
relações sexuais e constroem o “amor” para depois se casarem. Isso se
chama Prostituição na Bíblia. É um ato totalmente antibíblico e abominável a
Deus.

PERGUNTA: Mas, e se o homem com quem fui forçada a me casar for mau? Se
fosse um casamento minuciosamente arranjado, concordaria com você. Mas
casar uma mulher com um homem que a estuprou é algo impossível de se
suportar. Não se pode respeitar um homem assim, nem ser submissa a ele.
RESPOSTA: Deus não ordena que a mulher respeite o marido por causa do
marido, mas sim para honrar a Deus. Não tem a ver com obediência ao homem,
mas com submissão primária a Deus. Poderíamos falar de várias outras situações
além do casamento forçado aqui, como por exemplo os cristãos primitivos que
eram jogados na arena com os leões. Eles podiam dizer "não" e serem mortos
antes da arena, mas, em sua maioria, preferiam correr o risco com os leões.
153
Certamente vale a pena tentar pensar em algo mais doloroso do que um estupro.
Mais uma vez eu apelo para a soberania de Deus; ela não falha; ela não possui
sombra de variação. O "casamento forçado" é algo triste, em especial quando o
homem estuprou sua futura esposa. Mas, será que é a coisa mais triste que existe
na vida cristã? Será que tudo é tão ruim que não possa ser piorado? Meditemos,
pois, nas ordens de Deus e não em nossa vã maneira de pensar.

PERGUNTA: E se o sofrimento em um casamento for maior do que nossa


capacidade de suportar? E se for da vontade de Deus que eu não consiga dar
conta disso?
RESPOSTA: Se fosse além do que o cônjuge pudesse suportar, Deus seria um
mentiroso ao dizer que nos concede somente aflições que podemos suportar, e
você certamente não estaria aqui para contar sua história. Deus não somente nos
capacita a suportar as aflições a nós concedida, como também nos promete um
escape: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não
vos deixará tentar acima do que podeis, antes com a tentação dará também o
escape, para que a possais suportar” (1 Coríntios 10.13). Se Deus faz tal
promessa a todos os santos da Igreja, por que, então, essa promessa não se
cumpriria na vida de um casal que sofre com um casamento cercado de
confusão?
Porventura é fácil perdoar aos que nos maltratam? Não. Assim como não é fácil
ficar um dia sequer sem pecar, porque aquele que diz que não tem pecado é
mentiroso. Todavia, Deus perdoa àqueles que se arrependem de seus pecados, e é
Ele, Deus, quem opera nos Seus santos o querer e o efetuar, segundo a Sua boa
vontade:
“Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a
sua boa vontade. Fazei todas as coisas sem murmurações nem contendas; para
que sejais irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis, no meio de uma
geração corrompida e perversa, entre a qual resplandeceis como astros no
mundo” (Filipenses 2.13-15).
“Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há
verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos
perdoar os pecados, e nos purificar de toda a injustiça.
Se dissermos que não pecamos, fazemo-lo mentiroso, e a sua palavra não está
em nós” (1 João 1.8-10).
Deus não irá se adaptar aos nossos caprichos, nem concordar com nossos
pecados ou ficar alheio à nossa rebeldia. O SENHOR não tem o culpado por

154
inocente. Existe a paz de Cristo e a paz do mundo. Pense bem em qual paz você
está buscando. A Soberania de Deus e a responsabilidade humana andam de
mãos dadas.

PERGUNTA: E se o homem com quem me casei for violento? Devo sofrer


agressões e até ser morta por obediência a Deus?
RESPOSTA: Assim como no caso de qualquer vítima de assalto, assassinato ou
sequestro, seja ela solteira ou casada, a Palavra de Deus não diz que alguém deve
sofrer violência doméstica ou qualquer tipo de crime dessa magnitude. Para tal,
Deus nos ensina que as autoridades por Ele constituídas estão a nosso serviço,
atendendo exatamente a esses casos (Rm 13.1-6). O apóstolo Paulo explica que
as autoridades são ministros de Deus para o nosso bem, estando elas sujeitas aos
nossos pedidos de socorro. Elas estão postas por Deus para castigar o homem que
faz o mal, como no caso do marido que agride sua esposa. O apóstolo prossegue
dizendo que é por esse motivo que nós pagamos tributos (impostos) ao Estado ou
governo.
Ou seja, o cristão ou cristã que está sendo vítima de maus tratos tem o direito e
até mesmo o dever de recorrer às autoridades humanas, acionando a Polícia e
outros meios de socorro. O indivíduo agressor pode vir a ser preso ou sofrer
outros tipos de penalidades pelos seus atos criminosos. Isso pode até mesmo
fazer uma mulher ou homem se livrar forçadamente do compromisso
matrimonial. Todavia, vale ressaltar que o casamento entre ambos não foi
findado. Ainda que o cônjuge agressor esteja numa prisão perpétua, enquanto ele
estiver vivendo o cônjuge agredido deve permanecer no celibato, pois o
casamento é indissolúvel. Essa aliança permanece enquanto os dois viverem,
mesmo que à distância, como é o caso em questão.

PERGUNTA: E quem começou a andar com Jesus depois que já tinha se


divorciado?
RESPOSTA: Quem matava, não mata mais... quem roubava, não rouba mais...
e, da mesma forma, quem adulterava, não adultera mais, pois os adúlteros não
herdarão o reino dos céus (1 Co 6.10). Muitos chegam a dizer: “Então, se um
assassino mata alguém, como ele tornará atrás em seu ato, visto que a vítima já
está morta?”. Ora, a resposta para tal é que pessoas mortas não voltam à vida (Hb
9.27), mas o casamento ainda não está morto, e o matrimônio é VITALÍCIO. Isto
é, enquanto o cônjuge estiver vivendo, o casamento sempre estará de pé (Rm 7.1-
3; Ef 4.27-28). Somente a morte separa o marido de sua esposa e ponto final.

155
Também sabemos que no nosso caso quem oficializa o casamento é o Estado, ou
seja, a autoridade instituída por Deus para tais meios. Não vivemos na teocracia
de Israel, quando as coisas funcionam de forma diferente na oficialização do
casamento. O que causa muita confusão é que muita gente pensa que tem que
estar convertido para se casar e ser considerado casado. Nada disso. A lei que
rege o matrimônio se baseia na criação. O casamento vem antes da Lei (Gn 2.24).

CONCLUSÃO:
Jesus disse para os fariseus que Deus estabeleceu a ordem da imutabilidade do
casamento antes mesmo da Lei (Gn 2.24; Mt 19.4-9). Os fariseus ficaram
desesperados com isso. Até os discípulos ficaram com medo de se casar (Mt
19.10). O apóstolo Paulo tinha muito medo do casamento e até chegou a dar
conselhos próprios aos homens, dizendo: "Se você está bem sem mulher, não
procure mulher" (1 Coríntios 7.27). Isso é muito sério. Como toda a ordem de
Deus, o assunto “Casamento” exige total sujeição da nossa parte para com Deus.
Nada disso deveria ser causa de escândalo ao cristão. Nada disso deveria impedi-
lo de ser fiel a Deus. Nada nesta vida deveria tomar o lugar de Deus em nossos
corações: “Nenhum de nós vive para si, e nenhum morre para si. Porque, se
vivemos, para o Senhor vivemos; se morremos, para o Senhor morremos. De
sorte que, ou vivamos ou morramos, somos do Senhor (Romanos 14.7,8).
Não estamos sozinhos no "vale da sombra e da morte". Cada membro do Corpo
de Cristo sofre as mesmas aflições pelo mundo afora: “Sede sóbrios; vigiai;
porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão,
buscando a quem possa tragar; ao qual resisti firmes na fé, sabendo que as
mesmas aflições se cumprem entre os vossos irmãos no mundo” (1 Pedro 5.8,9).
Quem ama a Deus, guarda os Seus mandamentos: “E nisto sabemos que o
conhecemos: se guardarmos os seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-
o, e não guarda os seus mandamentos, é mentiroso, e nele não está a
verdade” (1 João 2.3,4).

156
A IMPORTÂNCIA DO SEXO NA VIDA DO
CASAL

"Não vos priveis um ao outro, senão por consentimento mútuo por algum
tempo, para vos aplicardes ao jejum e à oração; e depois ajuntai-vos outra
vez, para que Satanás não vos tente pela vossa incontinência"
(1 Coríntios 7.5).

1. Não deixem de fazer SEXO regularmente.


2. Só podem cessar o SEXO sob 4 condições:
● Se os dois estiverem de acordo.
● Apenas por um brevíssimo tempo.
● Para se dedicarem à oração e jejum.
● Após tudo feito, voltem ao ato sexual regular.

3. Se o casal não preservar o ato SEXUAL constante, Satanás tentará uma das
partes (ou as duas) através da lascívia.

Isso não é uma proposta passível de opção. A Bíblia não faz sugestões. Ela
determina o que é correto ou não para a vida cristã. Todo casal que não se atenta
aos princípios estabelecidos por Cristo ao casamento não suporta as pressões com
que o mundo, o diabo e a carne lhe acometem. Verifique e faça uma pesquisa
sobre o testemunho de casais não-convertidos e testifique por si mesmo o que
digo. Não é necessário a teologia para provar tal realidade perversa; basta
entender um pouco de estatística. Nenhum casamento é duradouro sem a
obediência aos preceitos imputados aos casados.
Geralmente chamam de "aliança" o que na verdade não passa de um simples anel
de ouro. Todavia, a palavra "Aliança" deriva do hebraico "Berith", que significa
Pacto ou Selo. Por acaso você já viu um judeu ou um cristão na Bíblia usando
"anel de aliança"? Pois bem, e nem nunca verá. O Deus da Palavra é o Deus de
alianças. Em todo o período testamentário Ele institui seus conceitos por meio de
uma aliança. A aliança feita com os homens para a salvação tem como símbolo

157
terreno o casamento entre UM HOMEM E UMA MULHER (Gênesis 2). Tanto
uma como a outra não tem fim. A única distinção entre a primeira e a segunda é
que o casamento se finda com a morte física, enquanto a aliança de Deus nas
dispensações bíblicas são eternas e irrevogáveis – a aliança feita com Israel para
o reinado de Cristo por mil anos na terra e a aliança feita com a Igreja num todo
para a salvação.
Mulher, seu corpo não pertence mais a ti mesma; seu corpo pertence ao seu
marido. Homem, seu corpo não pertence mais a ti mesmo; seu corpo agora
pertence à sua mulher. Vocês não têm o direito de negar sexo um ao outro,
exceto nos casos supracitados em 1Coríntios 7.5, quando os mesmos se
encontram em perfeita harmonia.
"O marido pague à mulher a devida benevolência, e da mesma sorte a mulher ao
marido. A mulher não tem poder sobre o seu próprio corpo, mas tem-no o
marido; e também da mesma maneira o marido não tem poder sobre o seu
próprio corpo, mas tem-no a mulher. Não vos priveis um ao outro, senão por
consentimento mútuo por algum tempo, para vos aplicardes ao jejum e à
oração; e depois ajuntai-vos outra vez, para que Satanás não vos tente pela
vossa incontinência" (1 Coríntios 7.3-5).
Quando casados, seus corpos não mais pertencem a si mesmos, mas estão em
sujeição mútua. Ao contrário da prostituição (sexo entre solteiros), o sexo não é
meramente um momento de satisfação carnal, mas um gatilho indispensável e
poderoso concedido por Deus para a batalha contra as hostes espirituais da
maldade. O sexo não foi criado por satanás. Satanás não cria nada; ele distorce,
deturpa, prostitui, adultera e modifica sofisticamente com o intuito de promover
o pecado. O sexo é projeto de Deus e possui regras imutáveis. Assim como o
Culto e a Ceia possuem elementos irrevogáveis prescritos pela Bíblia para a
aceitação de Deus na vida eclesiástica, o sexo possui normas e não pode ser
praticado de modo condenável pela Bíblia. Se os crentes contemporâneos
tivessem ciência do que significa o sexo biblicamente, estariam tomando
providências radicais para mantê-lo em seu estado santo e agradável diante de
Deus.
Se os pregadores do presente século tomassem nota das consequências de se
omitir o respectivo tema nos púlpitos, a maioria dos casamentos cristãos hoje não
estaria destruída. Se você é um "pregador do evangelho" e negligencia um dos
principais conceitos da vida cristã (o sexo) na Igreja de Cristo, você prestará
contas disso um dia [Naquele Dia]. Deus não terá por inocente aquele que se
nega a falar de sexo aos membros da Igreja, porquanto a Palavra de Deus procede
falando sobre isso como fator de santificação.

158
Se alguém despreza as palavras que digo, que despreze. Quem tem ouvidos para
ouvir, ouça.

159
CAPÍTULO 6
DIAS SANTOS E FESTAS RELIGIOSAS

A VERDADE SOBRE O SÁBADO E OUTROS


“DIAS SANTOS”

A primeira coisa que um cristão deve saber a respeito do Sábado Judaico é que
esta lei se trata de uma ordem de Deus dada ao povo de Israel e não à Igreja. A
segunda coisa é que o sábado não foi abolido, nem mesmo um i ou um til da lei,
como Jesus mesmo disse, e nós constataremos isso mais à frente. A terceira coisa
importante é que devemos sempre saber diferenciar as ordens dadas por Deus a
Israel das ordens dadas por Ele à Igreja. As ordens dadas a Israel são diferentes
das que Ele estabeleceu para Sua Igreja. Dito isto, vamos tentar falar mais a
respeito deste mandamento e entender por que a Igreja está isenta do mesmo.
A palavra “Sábado” vem do hebraico Shabat, que significa “Descanso” – o dia
judaico dedicado ao descanso e ao culto. Todavia, para o cristão, mediante o
evangelho da graça e conforme os versículos que aqui serão apresentados de
forma sistemática, o próprio Cristo é o nosso sábado, pois é Ele quem diz ser o
nosso Sábado, e é Nele que somos convidados a descansar todos os dias, em
espírito e em verdade (Mt 11.28; Mc 7.27,28; Jo 4.23).
Muitos grupos e seitas religiosas, tais como Adventismo do Sétimo Dia, Igreja
Presbiteriana do Brasil e Igreja Católica Romana, ensinam que deveríamos
guardar um dia para o Senhor. No Adventismo do Sétimo Dia este dia é o sétimo,
enquanto que na Igreja Presbiteriana e Católica é o primeiro. Isso ocorre porque,
de acordo com a crença presbiteriana e católica, o Shabat foi transferido para o
dia do Senhor, que é o primeiro dia da semana escolhido pelos apóstolos e
primeiros cristãos para culto, adoração e ministério, quando partiam o pão entre
si (At 20.7; 1 Co 16.2). Porém, o dia do Senhor não tem nenhuma relação com o
Sábado judaico. Essas pobres almas dedicam um “culto especial” em favor de um
“dia santo” nunca antes estabelecido pelo evangelho de Cristo! Isso se chama
idolatria. Trata-se do ato de considerar um dia como sendo “santo” ou mais
importante do que os outros. Isso ocorre pela falta de conhecimento, de um
estudo responsável das Escrituras e pela ausência de uma compreensão saudável
acerca das dispensações da Bíblia. De fato, como já fora dito em outro capítulo, o

160
Sábado Judaico não é encontrado no Novo Testamento porque se trata de uma
instituição puramente judaica, provida de um calendário lunar e impossível de ser
praticada pela Igreja cristã, ainda que existisse tal lei na dispensação da graça,
isto é, no Novo Testamento.

O SÁBADO JUDAICO
O Sábado está entre os Dez Mandamentos do Antigo Testamento da Bíblia. A
ordem de Deus para o povo de Israel na dispensação da lei era esta:
“Lembra-te do dia do sábado, para o santificar. Seis dias trabalharás, e farás
toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor teu Deus; não farás
nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem o teu servo, nem a tua
serva, nem o teu animal, nem o teu estrangeiro, que está dentro das tuas portas.
Porque em seis dias fez o Senhor os céus e a terra, o mar e tudo que neles há, e
ao sétimo dia descansou; portanto abençoou o Senhor o dia do sábado, e o
santificou” (Êxodo 20.8-11).
Em Deuteronômio vemos mais uma razão para Deus ter ordenado ao povo de
Israel que guardasse o dia do Sábado. Os israelitas deviam guardar o Sábado para
que se lembrassem da libertação da escravidão do Egito:
“Guarda o dia de sábado, para o santificar, como te ordenou o Senhor teu Deus.
Seis dias trabalharás, e farás todo o teu trabalho. Mas o sétimo dia é o sábado
do Senhor teu Deus; não farás nenhum trabalho nele, nem tu, nem teu filho, nem
tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu boi, nem o teu jumento,
nem animal algum teu, nem o estrangeiro que está dentro de tuas portas; para
que o teu servo e a tua serva descansem como tu; porque te lembrarás que foste
servo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e
braço estendido; por isso o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia
de sábado” (Deuteronômio 5.12-15).
A pena de morte era imputada àqueles que não cumpriam com a guarda do
sábado. Ninguém, dentre os judeus, podia fazer qualquer obra ou trabalho, por
mais pequeno que fosse o ato. Essa é uma aliança perpétua para com o Seu povo
terreno, Israel. Assim, Deus disse a Israel:
"Falou mais o Senhor a Moisés, dizendo: Tu, pois, fala aos filhos de Israel,
dizendo: Certamente guardareis meus sábados; porquanto isso é um sinal entre
mim e vós nas vossas gerações; para que saibais que eu sou o Senhor, que vos
santifica. Portanto guardareis o sábado, porque santo é para vós; aquele que o
profanar certamente morrerá; porque qualquer que nele fizer alguma obra,

161
aquela alma será eliminada do meio do seu povo. Seis dias se trabalhará,
porém o sétimo dia é o sábado do descanso, santo ao Senhor; qualquer que no
dia do sábado fizer algum trabalho, certamente morrerá. Guardarão, pois, o
sábado os filhos de Israel, celebrando-o nas suas gerações por aliança perpétua.
Entre mim e os filhos de Israel será um sinal para sempre; porque em seis dias
fez o Senhor os céus e a terra, e ao sétimo dia descansou, e restaurou-se" (Êxodo
31.12-17).
O texto é claro: A guarda do sábado é um sinal ou aliança apenas para os filhos
de Israel e a ninguém mais. Mas há uma profecia para a chegada de uma Nova
Aliança ou Novo Pacto para com Israel. Falaremos sobre a cessação do Sábado
mais à frente.

Em suma, o Tanach e o Sidur (livro judaico de rezas) descrevem o Shabat como


tendo três propósitos:
1 – Uma comemoração da redenção da escravidão dos israelitas do antigo Egito;
2 – Uma comemoração das criações do universo de Deus;
3 – Uma pequena experiência do mundo na Era Messiânica.

O primeiro mandamento relacionado ao Shabat é o quarto dos Dez


Mandamentos (Ex 20.8-10 e Dt 5.12-14). O status especial do Shabat como dia
sagrado aparece no Tanach: “E havendo Deus acabado no dia sétimo a obra que
fizera, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou
Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra que
Deus criara e fizera” (Gênesis 2.3).
Em Levítico 23 vemos que o Sábado tinha um lugar peculiar nas ordenanças de
Israel: “Seis dias trabalho se fará, mas o sétimo dia será o sábado do descanso,
santa convocação; nenhum trabalho fareis; sábado do Senhor é em todas as
vossas habitações” (Levítico 23.3). Para um melhor entendimento dos comandos
de Levítico 23, sugiro que o leitor atente-se para o capítulo completo.
Nas festas de Jeová, nas santas convocações, o Sábado de Jeová é mencionado
primeiramente como a prova da grandiosa intenção de Deus em libertar Israel da
escravidão do Egito. Essa é a razão pela qual o Senhor ordenou os judeus a
guardarem o sábado (Dt 5.15). O Sábado era o sinal da aliança de Deus para com
eles. Era um prenúncio do descanso no qual o povo de Deus deveria entrar.
Todavia, por causa da desobediência e total desprezo por parte daqueles que se
dirigiam à terra prometida, Deus jurou em Sua ira que não entrariam no Seu
162
“descanso” (Salmo 95.11). Deus tem o propósito de introduzir o Seu povo
(Israel) no Seu descanso, para o qual permanece ainda a guarda do Sábado
(Hebreus 4.9).
Nosso Senhor Jesus ofendeu os judeus várias vezes por não guardar o Sábado à
maneira dos judeus segundo a Torá. Isso aconteceu devido aos atos de
misericórdia que Ele praticava durante o dia em que se guardava o Sábado. No
entanto, esses atos de Jesus prenunciavam a aproximação da dissolução da
aliança da lei (Ex 31.13,17; Ez 20.12,20).
Aprofundando-nos um pouco mais na questão etimológica, vemos que a palavra
hebraica ‫שבת‬, shabāt, tem relação com o verbo ‫שבת‬, shavāt, que significa
"cessar", "parar". Ou seja, apesar do Shabat ter uma relação predominante com
"descanso" ou "período de descanso", temos uma tradução mais literal, que seria
"Cessação", com a nítida implicação em "parar o trabalho". Portanto, Shabat é o
dia de cessação do trabalho. O descanso, nesse caso, é implícito na tradição
judaica, não sendo uma denotação da palavra em si. Por exemplo, a palavra em
hebraico para "greve" é shevita, que vem da mesma raiz hebraica que Shabat e
tem a mesma implicação. Nesse caso, sempre que uma greve acontece vemos
trabalhadores praticando o Shabat de alguma forma, porém, não de maneira
ativa, consciente ou sequer normativa, visto que estes não estão pensando em
honrar a Deus, mas em se rebelar contra o Estado ou governo instituído a uma
nação gentia... etc.

AS SEITAS QUE GUARDAM O “SÁBADO”


Vale aqui um alerta sobre uma denominação religiosa muito conhecida por
guardar o “sábado”: O Adventismo do Sétimo Dia. É bom alertar o leitor de que
as crenças e ensinos de seitas como o Adventismo são instituídas em total
desobediência à Palavra de Deus. São ensinamentos puramente heréticos e sem
fundamento algum nas Escrituras Sagradas. De fato, o Adventismo do Sétimo
Dia, assim como religiões semelhantes a ele, desenvolvem suas bases
doutrinárias no movimento criado por William Miller, que tinha o péssimo hábito
de marcar a data da volta de Cristo. Mais tarde, o movimento adotou para si uma
profetisa chamada Ellen White, a qual alegava ter visões e receber revelações
diretas de Deus. O Adventismo do Sétimo Dia é quase todo baseado nos ensinos
e “visões” de Ellen White, e a Palavra de Deus nos dá razões suficientes para não
darmos crédito a esses ensinos. Muito pelo contrário, a Palavra de Deus nos
exorta a abominar tais doutrinas, chamando-as de doutrinas de demônios e
preceitos de homens (1 Tm 4.1; Mt 15.9).

163
À propósito, o fato das seitas, tais como o Adventismo do Sétimo Dia,
permitirem que mulheres estejam em funções que são direcionadas somente aos
homens já as coloca na lista das piores seitas pentecostais e carismáticas da
cristandade moderna:
"Como em todas as igrejas dos santos, as mulheres estejam caladas nas igrejas;
porque lhes não é permitido falar; mas estejam submissas como também ordena
a lei. E, se querem aprender alguma coisa, perguntem em casa a seus próprios
maridos; porque é indecoroso para a mulher o falar na igreja. Porventura foi de
vós que partiu a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? Se alguém se
considera profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são
mandamentos do Senhor" (1 Coríntios 14).
Se Ellen White se considerasse realmente espiritual, ela teria reconhecido esse
mandamento do Senhor: que as mulheres não devem ensinar e devem
permanecer caladas nas reuniões da igreja. Não se trata de considerar a mulher
inferior ao homem ou de um capricho cultural da época neo-testamentária, mas
trata-se de uma questão de ordem que o próprio Deus estabeleceu: "Reconheça
que as coisas que vos escrevo são MANDAMENTOS DO SENHOR".
A razão pela qual esse mandamento é dado à Igreja é esta:
"A mulher aprenda em silêncio com toda a submissão. Pois não permito que a
mulher ensine, nem tenha domínio sobre o homem, mas que esteja em silêncio.
Porque primeiro foi formado Adão, depois Eva. E Adão não foi enganado, mas
a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão" (1 Timóteo 2:11-14).
Ou seja, a razão pela qual a mulher não deve “abrir a boca” na congregação
durante o culto ou no ministério é que Adão não foi enganado, mas simplesmente
decidiu seguir sua mulher na decisão que ela já tinha tomado. Eva seguiu as
palavras da Serpente e foi enganada. Por esta razão Deus não permite que a
mulher ensine ou fale nas reuniões da igreja: a mulher é mais suscetível ao
engano e à heresia nas coisas referentes à doutrina. Não sou eu quem digo isso,
mas a doutrina dos apóstolos. A mulher possui sua esfera de atuação na Igreja,
mas essa esfera não inclui o ato de ensinar doutrinas aos homens. É assim que
funciona porque Deus assim ordenou à Igreja.
Portanto, na maioria das vezes, é infrutífero ensinar qualquer coisa aos membros
da seita Adventista porque eles continuarão tirando suas conclusões com base em
doutrinas ensinadas por uma mulher, algo claramente desautorizado por Deus. De
nada adiantaria eu tentar curar o ferimento no pé de alguém que pretende
continuar usando sapato com prego. A propósito, se Deus nos proíbe de ouvir
“doutrinas e preceitos de homens”, quanto mais somos proibidos de dar ouvidos
a doutrinas e preceitos inventados por mulheres?
164
Sendo assim, quando o alicerce da doutrina está fora do fundamento original,
todas as doutrinas relacionadas a este alicerce estão corrompidas. Em outras
palavras, quando o alicerce de uma casa está fora do projeto original de sua
estrutura, todas as suas paredes, por mais belas e firmes que sejam, estarão
igualmente fora do projeto original. É uma questão de fundamento. Você segue
as doutrinas ensinadas por seitas judaizantes que guardam o “sábado”? Então
você precisa se empenhar em resolver isso antes de querer entender outras coisas
da Palavra de Deus. É necessário que o crente saia imediatamente do sistema no
qual ele se acostumou com o erro para que ele possa aprender a verdade.

O CRISTÃO DEVE GUARDAR O SÁBADO?

A resposta é “não”. O Sábado nunca foi ordenado às nações pagãs, nem à Igreja
de Deus, mas tão somente à nação de Israel. Dentre os pecados citados no Novo
Testamento, a guarda do Sábado nunca é mencionada. A transgressão do Sábado
simplesmente não existe na dispensação da graça, porque o povo celestial (Igreja)
de Deus não possui essa lei.
O maior problema dos cristãos professos da atualidade não é a falta de estudo da
Palavra, mas a falta de compreensão da diferença entre o que é dito para Israel e
o que é dito para a Igreja. Não sancionam a distinção que há entre a nação
terrenal de Deus e o Seu povo celestial. Quando exortamos essas pessoas a
respeito do tema, agem como animais irracionais; nos acusam de sermos
"estudiosos e detalhistas demais". Por conta disso, fica a critério de cada um o
que irão ou não cumprir na Bíblia. Cada denominação religiosa segue uma
cosmovisão mais bizarra do que a outra por causa desse distúrbio. Na visão
dessas pessoas, a Bíblia é um conjunto de leis direcionadas somente à Igreja,
quando, na verdade, a Igreja só veio a existir em Atos 2.
Vale salientar que a Lei não foi abolida. A Lei continua tendo o seu papel, pois
foi o próprio Senhor Jesus Cristo que afirmou que não veio para abolir a lei, mas
sim para cumpri-la (Mt 5.17). Aliás, Ele foi o único capaz de cumpri-la. Nenhum
outro homem pode cumprir a Lei.
No entanto, é preciso que entendamos que, na Bíblia, existem duas coisas
completamente distintas: o que funcionava antes da Igreja e o que é direcionado
para a Igreja. Enquanto a morte e ressurreição de Cristo não ocorre na Bíblia,
Deus está tratando com Seu povo terreno, Israel. Após a morte e ressurreição de

165
Jesus, Deus coloca Israel de lado e começa a tratar com o Seu povo celestial, a
Igreja, escolhida antes mesmo dos judeus nos desígnios de Deus, antes mesmo da
fundação do mundo. Finalmente, após o período experimental de Atos, chegamos
na doutrina dos apóstolos (epístolas), onde os preceitos para a Igreja estão
compilados. Ali sim, Deus está falando especificamente com os santos da Igreja.
Todavia, por não entender o que vem antes da Igreja e o que vem depois dela, a
maioria das pessoas da cristandade encontra muita dificuldade para compreender
o princípio do Sábado ou o Shabat dos judeus. Muita gente acredita que o cristão
deve guardar o Sábado da mesma maneira que faziam os israelitas.

O SÁBADO NÃO É ENCONTRADO NO NOVO TESTAMENTO


Não só nos preceitos de Atos 15.19-20, 29, como também em todo o Novo
Testamento, ou seja, na doutrina dos apóstolos, não há recomendação ou
mandamento para se guardar o Sábado, apesar de encontrarmos todos os outros
mandamentos do Decálogo:

1º Mandamento no Antigo Testamento: "Não terás outros deuses diante de mim"


(Êxodo 20.3).
1º Mandamento no Novo Testamento: "Assim que, quanto ao comer das coisas
sacrificadas aos ídolos, sabemos que o ídolo nada é no mundo, e que não há
outro Deus, senão um só" (I Coríntios 8.4).

2º Mandamento no Antigo Testamento: "Não farás para ti imagem de escultura,


nem alguma semelhança do que há em cima nos céus, nem em baixo na terra,
nem nas águas debaixo da terra" (Êxodo 20.4).
2º Mandamento no Novo Testamento: "Filhinhos, guardai-vos dos ídolos.
Amém" (1 João 5.21).

3º Mandamento no Antigo Testamento: "Não tomarás o nome do Senhor teu


Deus em vão; porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em
vão" (Êxodo 20.7)
3º Mandamento no Novo Testamento: "Para que o nome de Deus e a doutrina
não sejam blasfemados". (I Timóteo 6.1b).

166
4º Mandamento no Antigo Testamento: "Lembra-te do dia do sábado, para o
santificar. Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o
sábado do Senhor teu Deus; não farás nenhuma obra, nem tu, nem teu filho, nem
tua filha, nem o teu servo, nem a tua serva, nem o teu animal, nem o teu
estrangeiro, que está dentro das tuas portas" (Êxodo 20.8-10).
4º Mandamento no Novo Testamento: NÃO EXISTE!

5° Mandamento no Antigo Testamento: "Honra a teu pai e a tua mãe, para que
se prolonguem os teus dias na terra que o Senhor teu Deus te dá" (Êxodo 20.12).
5º Mandamento no Novo Testamento: "Honra a teu pai e a tua mãe, que é o
primeiro mandamento com promessa" (Efésios 6.2).

6º Mandamento no Antigo Testamento: "Não assassinarás" (Êxodo 20.13).


6° Mandamento no Novo Testamento: "Com efeito:...não matarás..." (Romanos
13.9).

7º Mandamento no Antigo Testamento: "Não adulterarás" (Êxodo 20.14).


7º Mandamento no Novo Testamento: "Não erreis:... nem os adúlteros
herdarão o reino de Deus" (1 Coríntios 6.10).

8º Mandamento no Antigo Testamento: "Não furtarás" (Êxodo 20.15).


8º Mandamento no Novo Testamento: "Aquele que furtava, não furte mais;
antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que
repartir com o que tiver necessidade" (Efésios 4.28).

9º Mandamento no Antigo Testamento: "Não dirás falso testemunho contra o teu


próximo" (Êxodo 20.16).
9º Mandamento no Novo Testamento: "Com efeito:... não darás falso
testemunho, ..." (Romanos 13.9).

167
10º Mandamento no Antigo Testamento: "Não cobiçarás a casa do teu próximo,
não cobiçarás a mulher do teu próximo, nem o seu servo, nem a sua serva, nem o
seu boi, nem o seu jumento, nem coisa alguma do teu próximo" (Êxodo 20.17).
10º Mandamento no Novo Testamento: "Com efeito:... não cobiçarás"
(Romanos 13.9).

POR QUE O QUARTO MANDAMENTO DO DECÁLOGO NÃO


APARECE NO NOVO TESTAMENTO?
"Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da
lei" (Hebreus 7.12).
“Porque não temos um Sumo Sacerdote que não possa compadecer-se das
nossas fraquezas; porém, um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem
pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos
alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo
oportuno” (Hebreus 4.15,16).
“Chamado por Deus Sumo Sacerdote (Jesus), segundo a ordem de
Melquisedeque” (Hebreus 5.10).
“... Jesus, nosso precursor, entrou por nós, feito eternamente Sumo Sacerdote,
segundo a ordem de Melquisedeque” (Hebreus 6.20).
“Temos um Sumo Sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono
da majestade, Ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o
Senhor fundou, e não o homem. Porque todo o sumo sacerdote é constituído para
oferecer dons e sacrifícios; por isso era necessário que este também tivesse
alguma coisa que oferecer. Ora, se ele estivesse na terra, nem tão pouco
sacerdote seria, havendo ainda sacerdotes que oferecem dons segundo a lei, Os
quais servem de exemplo e sombra das coisas celestiais” (Hebreus 8.1-5).
“Mas, vindo Cristo, o Sumo Sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais
perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação,
Nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma
vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção” (Hebreus 9.11,12).
Porque em Deuteronômio Deus diz a Israel: "Porque te lembrarás que foste
servo na terra do Egito, e que o Senhor teu Deus te tirou dali com mão forte e
braço estendido; por isso o Senhor teu Deus te ordenou que guardasses o dia de
sábado" (Deuteronômio 5.15).

168
O texto sagrado nos mostra que Deus ordenou a guarda do Sábado em lembrança
da libertação de Israel da escravidão do Egito, e, por isso, a ordenança do Sábado
é exclusiva para Israel. Ela em nada tem a ver com a Igreja.
Agora, note bem uma coisa: É muito importante perceber que o apóstolo Paulo
disse que tudo de útil ensinou, e que não deixou de ensinar todo o conselho de
Deus à Igreja. Ora, se Paulo não deixou passar nada do que Deus estabelecera ao
Seu povo celestial, onde está o “Sábado Cristão”? A resposta para tal é que o
apóstolo nada ensinou para nós cristãos a respeito do Sábado:
"Como nada, que útil seja, deixei de vos anunciar, e ensinar publicamente e
pelas casas, testificando, tanto aos judeus como aos gregos, a conversão a Deus,
e a fé em nosso Senhor Jesus Cristo. Portanto, no dia de hoje, vos protesto que
estou limpo do sangue de todos. Porque nunca deixei de vos anunciar todo o
conselho de Deus" (Atos 20.20,21,26,27).
Sendo assim, pergunto aos defensores do Sábado: Paulo ensinou ou não todo o
conselho de Deus? Teria Paulo esquecido de ensinar que temos que guardar o
Sábado? Precisamos separar as coisas e abrir mão de doutrinas de homens, dos
nossos vãos costumes e tradições religiosas a fim de compreender a simplicidade
do que é dito para nós, cristãos. Nós, a Igreja de Deus, somos salvos quando
cremos no Senhor Jesus, quando cremos no evangelho da graça e recebemos o
Espírito Santo, e não por guardar o Sábado ou outro “dia santo” que tenham
inventado por aí:
"Em quem também vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o
evangelho da vossa salvação; e, tendo nele também crido, fostes selados com o
Espírito Santo da promessa" (Efésios 1.3).
"Não deem ouvidos às fábulas judaicas, nem aos mandamentos de homens que se
desviam da verdade" (Tito 1.14).
Todos os dias para os cristãos devem ser santos, visto que a qualquer momento
Jesus arrebatará a Igreja nos ares, e assim estaremos para sempre com o Senhor
(1 Ts 4.17).

AS PROMESSAS DE QUE A GUARDA DO SÁBADO CESSARIA


"Eis que dias vêm, diz o Senhor, em que farei uma aliança nova com a casa de
Israel e com a casa de Judá. Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no
dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito; porque eles
invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor.
Mas esta é a aliança que farei com a casa de Israel depois daqueles dias, diz o
169
Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu
serei o seu Deus e eles serão o meu povo" (Jeremias 31.31-33).
NOTA: Essa promessa é feita à Israel, não à Igreja. Essa nova aliança é
prometida à nação de Israel. Israel está agora em estado de total cegueira
enquanto Deus trata com a Igreja. Por isso que essa promessa se cumpre em todo
homem que se converte a Jesus Cristo, como no caso dos cristãos judeus, que
antes estavam debaixo da Lei de Moisés. No entanto, quanto à Israel, essa
promessa ainda não foi cumprida, mas será futuramente.
Essa Nova Aliança trará o fim do Sábado:
"E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas, e os seus
sábados, e todas as suas festividades" (Oséias 2:11).
Essa promessa se cumpriu na pessoa de Cristo para todos aqueles que se
convertem ao Seu nome:
"Havendo (Cristo) riscado a cédula que era contra nós nas suas ordenanças, a
qual de alguma maneira nos era contrária, e a tirou do meio de nós, cravando-a
na cruz. E, despojando os principados e potestades, os expôs publicamente e
deles triunfou em si mesmo. Portanto, ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo
beber, ou por causa dos dias de festa, ou da lua nova, ou dos sábados"
(Colossenses 2.14-16).
Por essa razão, nos preceitos ensinados pelos apóstolos aos gentios que se
convertem ao Evangelho de Cristo, a guarda do Sábado não aparece. Há sim
muitas coisas as quais devemos guardar no Novo Testamento, mas nada é dito a
respeito de guardar o Sábado:
"Por isso julgo que não se deve perturbar os gentios que se convertem a Deus.
Mas escrever-lhes que se guardem das contaminações dos ídolos, da
prostituição, do que é sufocado e do sangue. Que vos guardem das coisas
sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição, das
quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá" (Atos 15.19-20; 29).
Isso é o que a Bíblia diz. Isso é o princípio da hermenêutica irrefutável, quando
os contextos acerca de um determinado assunto são unidos através de uma
exegese histórico-gramatical consistente e concluem uma premissa sensata, sem
eufemismos filosóficos.

170
QUAIS SÃO AS ORDENS PARA A IGREJA?
Enquanto os opositores do evangelho da graça pensam em uma resposta ridícula
e esdrúxula para a minha explanação sobre o tema, tecerei aqui os princípios da
Igreja de Deus que colocam em xeque toda essa prática judaizante infundada.
Todo “sabatista” ou “dominguista” defende a ideia de que a Igreja deve guardar
um dia especial para santificação, culto, adoração, oração e demais ordens de
Deus. Porém, quando olhamos para os ensinamentos de Jesus Cristo a respeito da
conduta cristã, não é bem assim que funciona.
O Senhor Jesus Cristo ensinou que:
1 – Devemos desenvolver nossa santidade em todo o tempo, sem cessar (1 Pe
1:7; 1:15-20; 1 Tm 2:1-2; 2:8; At 6:4; 2 Tm 1:3; 1 Ts 1:3; Ef 4:20-32).
2 – Devemos orar e dar graças em todo o tempo, sem cessar (1 Ts 1:3; 2:13;
5:17; Lc 18:1; 1 Tm 2:8).
3 – Devemos cultuar a Deus todos os dias. Ainda que por tradição tenhamos o
“dia do Senhor”, que é o primeiro dia da semana para culto, adoração e
ministério públicos, esse culto também se estende à vida cotidiana e ao lar, sem
cessar (Rm 12:1-2; Jo 4:19-24).
4 – Na nova dispensação, na Igreja de Deus, não há um templo onde devamos
adorar a Deus, nem lugar especial algum que tenha sido estabelecido por Ele para
culto, adoração e ministério. No evangelho da graça, nem a oração, nem qualquer
outro ato do culto a Deus está restrito a um determinado lugar, nem se torna mais
aceito por causa do lugar em que se ofereça ou para o qual se dirija. Deus deve
ser adorado em todo o lugar, em espírito e verdade (Jo 4.19-24; 5.21; Ml 1.11; 1
Tm 2.8; Jr 10.25; Jó 1.5; 2 Sm 6.18-20; Dt 6:6-7; Mt 6:11; 6:6; Is 56:7; Hb
10:25; Pv 5:34; At 2:42).
O apóstolo Paulo nivela a prática cerimonial de observância de dias festivos e
sagrados, de judeus e gentios, quando diz:
“Digo, pois, que todo o tempo que o herdeiro é menino em nada difere do servo,
ainda que seja senhor de tudo; mas está debaixo de tutores e curadores até ao
tempo determinado pelo pai. Assim também nós, quando éramos meninos,
estávamos reduzidos à servidão debaixo dos primeiros rudimentos do mundo.
Mas, vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher,
nascido sob a lei, Para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos
a adoção de filhos. E, porque sois filhos, Deus enviou aos vossos corações o
Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai. Assim que já não és mais servo, mas
filho; e, se és filho, és também herdeiro de Deus por Cristo. Mas, quando não

171
conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses. Mas agora,
conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra
vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?
Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio de vós, que não haja
trabalhado em vão para convosco” (Gálatas 4.1-11).
Inspirado pelo Espírito Santo, o apóstolo da graça denomina a prática da “guarda
de dias” como sendo rudimentos fracos e pobres, pois, vindo a plenitude dos
tempos, Deus enviou o Seu Filho para remir os que estavam “debaixo da lei” –
presos à lei mosaica e às ordenanças caducas da era patriarcal. Paulo chama tais
rudimentos de: Fracos, pobres, e que exigem subserviência. O apóstolo
estabelece uma conexão de equiparação e isso acaba sendo estarrecedor, uma vez
que, para Paulo, a prática vivenciada antes da fé cristã no paganismo e o assédio
dos judaizantes na luta pela observância da Lei Mosaica são a mesma coisa! Para
o apóstolo, tais práticas à parte da pessoa de Jesus Cristo possuem a mesma
essência e tornam sem efeito a fé cristã. Sendo assim, ou você é um religioso
partidário ou é uma nova criatura em Cristo (GL 5.6; 6.15; 2Co 5.17).
Jesus Cristo, nosso Sábado, nos chama para descansar nEle todos os dias da
nossa vida terrena: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu
vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e
humilde de coração; e encontrareis descanso para as vossas almas" (Mateus
11.28,29).
"E disse-lhes: O sábado foi feito por causa do homem, e não o homem por causa
do sábado. Assim o Filho do homem até do sábado é Senhor" (Marcos 2.27-28).

A PRÁTICA MODERNA DA GUARDA DO SÁBADO


Examine a cena comigo: As crianças despertam com um cheiro agradável que
toma conta de todos os recintos da casa. É o cheiro doce que brota do forno, de
onde uma fornada de uma deliciosa challah está a ponto de sair. É o um odor
marcante que aviva em sua mente a lembrança de que se aproxima um “dia
especial”, o dia de Deus, pensam elas. Elas sabem que aquele pão especial
somente pode ser preparado na véspera do Shabat, comemorando a provisão
dupla de maná que o Eterno Jeová dava a Seu Povo no Deserto. Assim, elas se
levantam bendizendo ao Eterno! É assim que começa o dia da preparação em
uma família judia: com um marcante cheiro que não é sentido em nenhum
momento durante a semana. É um dia “santo”, com propósitos santos em
circunstâncias santas, pensam elas. Este momento é esperado com alegria pela

172
família, pois todos se reunirão para receber as bênçãos do “Sábado” e agradecer a
Deus por este “templo no tempo”, no qual nos encontramos com Ele.
Cada membro da família se prepara com esmero e emoção por esse dia
maravilhoso e especial. Eles esperaram passar toda uma semana da agenda pagã
para viverem esse momento. Com anseio e antecipação pelo “Sábado” que irão
receber, a alegria se estampa no rosto de cada membro da família judaizante que
certamente não irá cumprir o Sábado Judaico como ele de fato deveria ser
cumprido, conforme o Antigo Testamento e o calendário de Israel.
Mas existe um problema: A palavra “Sábado” possui um outro sentido além de
“Descanso”. O Sábado Judaico é também conhecido como "cessar de
trabalhar". O que muitos não sabem é que o dia do Shabbat não é somente um
dia de descanso – é um dia de “santidade”, quando as pessoas podem, por um
curto período de tempo, deixar de lado suas perversidades, preocupações e
objetivos da vida terrena e devotar-se à renovação espiritual e atividade religiosa
no Templo. Porém, onde está o Templo? Sabemos ser o Templo de Jerusalém o
único lugar escolhido pelo Senhor nas Escrituras para culto, adoração e guarda
do Sábado. Como, então, os supostos guardadores do Sábado, do Domingo ou de
qualquer outro “dia santo” irão fazer? Certo é que toda essa tentativa de cumprir
com qualquer lei judaica faz com que o resultado seja nem Cristianismo nem
Judaísmo, senão que uma mistura estapafúrdia de religiosidade seja praticada por
cada um à sua maneira.
Quando as pessoas engrandecem somente um dia com o propósito de adorar a
Deus, elas simplesmente o transformam em um ídolo. Na verdade, essas pessoas,
presas ao sistema religioso denominacional, insistem que têm feito assim para a
honra de Deus. Contudo, estão honrando ao diabo.
Nenhum dia é superior ao outro. Quando insistimos em criar uma prática baseada
em nossas vãs filosofias e caprichos, blasfemamos contra Deus e criamos um
ídolo, embora tenhamos feito tudo isso em nome de Deus. Quando tentamos
adorar a Deus com ociosidade espiritual num “dia santo”, praticamos um pecado
grave demais para ser suportado, pois tal obra carnal atrai outros pecados até
atingirmos a medida da iniquidade.

173
SERIA O DOMINGO UM SUBSTITUTO DO
SÁBADO JUDAICO?

Não. O Domingo do calendário ocidental não substitui o Sábado dos judeus. As


regulamentações que regem a observância da guarda do dia do Sábado estão no
Antigo Testamento. Tais regulamentações são aspectos da lei cerimonial (lei de
Moisés) e não moral. Ou seja, o Sábado judaico não tem lugar no Novo
Testamento. Essas regulamentações mosaicas não estão mais em vigor, pois
foram juntamente findadas com o sistema de sacrifícios, o sacerdócio levítico e
todos os outros aspectos da lei de Moisés que prefiguravam Cristo.
Em Colossenses 2.16-17, Paulo refere-se explicitamente à guarda do dia do
Sábado como uma “sombra de Cristo”, a qual não é mais obrigatória desde que a
substância (Cristo) veio. Os versos nos mostram que o Sábado semanal está em
vista quando lemos a frase "nos sábados, nas luas novas e nas festas fixas". Essa
frase faz referência aos dias santos judaicos do ano, dos meses e das semanas do
calendário judaico, os quais fazem parte da aliança perpétua com Israel (cf. 1 Cr
23.31, 2 Cr 2.4; 31.3, Ez 45.17; Os 2.11).
Se o apóstolo da graça estivesse falando de datas cerimoniais especiais de
descanso na passagem de Colossenses 2.16-17, por que ele usaria a palavra
"Sábado” (Shaba)? Sendo assim, fica patente que Paulo trata esses “dias e festas
cerimoniais” como algo ultrapassado e ilegítimo para a Igreja de Deus.
Como já fora tratado neste capítulo, o Sábado era um sinal para Israel na aliança
mosaica (Ex 31.16-17, Ez 20.12; Nm 9.14). Todavia, a Igreja não é o
cumprimento da nova aliança prometida a Israel. Esta nova aliança ainda será
cumprida no futuro (Hb 8). Todavia, a Igreja de Cristo não está obrigada a
observar o sinal da aliança mosaica, nem o sinal da nova aliança que será feita
com Israel.
Também observamos que o Novo Testamento não ordena que os cristãos
guardem o dia do Sábado, e as razões aqui mostradas são mais do que
suficientes. Os apóstolos estabeleceram o "primeiro dia da semana" (At 20.7;
1Co 16.2) para culto, adoração e ministério. Deus não ordenou que o
cultuássemos no primeiro dia da semana. Isso foi uma decisão humana apenas.
Portanto, o culto público pode ser feito em qualquer dia da semana, se assim for
possível ou necessário. Não há sequer uma ordem de Deus no Novo Testamento
de que devemos "guardar o domingo" como um "dia especial" para Ele.
Vale ressaltar que não somente na era da Igreja o Sábado jamais fora ordenado às
nações gentílicas, como também em nenhum período do Antigo Testamento
174
Deus ordenou que os gentios guardassem o dia do Sábado, senão que Ele o fez
somente a Israel, Seu povo terreno, a Sua “menina dos olhos”. Na Bíblia, os
gentios nunca são condenados por não guardarem o dia do Sábado. Ora, se a
observância deste dia sagrado dos judeus fosse um princípio moral e universal,
certamente teríamos ordens detalhadas nas epístolas dos apóstolos acerca deste
mandamento. Mas o fato é que não vemos nada disso no evangelho da graça.
Também não existem quaisquer comandos na Bíblia para se guardar o dia de
Sábado antes da promulgação da lei no monte Sinai. Ou seja, antes de Moisés,
ninguém foi ordenado a seguir esta lei.
No dia em que os apóstolos se reuniram no Concílio de Jerusalém (At 15), eles
não estabeleceram a guarda do dia do Sábado para os cristãos gentios,
simplesmente porque não faria qualquer sentido. Jesus nunca deu tal ordem aos
apóstolos, nem enquanto estava fisicamente com eles nem nas revelações à Igreja
primitiva.
Qualquer israelita que descumprisse a guarda do Sábado estava sujeito à pena de
morte (Ex 31.12-17). O apóstolo Paulo advertiu os gentios sobre diferentes
pecados em suas epístolas, mas nunca falou nada sobre ter que guardar o Sábado.
Absolutamente nada. A propósito, não somente Paulo, como nenhum apóstolo
jamais deu tal ordem aos gentios.
Em Gálatas 4.10-11, Paulo repreende os gálatas por pensarem que Deus esperava
que eles guardassem “dias santos e especiais”, incluindo o Sábado:
“Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes, sendo conhecidos por Deus, como
tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis
servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos. Receio que eu haja
trabalhado em vão para convosco” (Gálatas 4.9-11).
Em um determinado período da Igreja primitiva, os cristãos judaicos (judeus
recém convertidos) ainda guardavam o dia do Sábado e condenavam os cristãos
gentios por não fazerem o mesmo. Isso ocorria porque os cristãos judaicos ainda
não compreendiam que estavam em uma nova dispensação. Os cristãos gentios
estavam sendo mal tratados pelos cristãos judaicos por não guardarem o dia do
Sábado. Assim, Paulo repreendeu severamente os cristãos judaicos por imporem
tal lei aos gentios:
“Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé
ou cai. Mas estará firme, porque poderoso é Deus para o firmar. Um faz
diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja
inteiramente seguro em sua própria mente. Aquele que faz caso do dia, para o
Senhor o faz e o que não faz caso do dia para o Senhor o não faz” (Romanos
14.4-6).
175
Portanto, definitivamente, o Domingo do calendário ocidental não substituiu o
Sábado para ser dia de Shabat. Em contrapartida, temos o primeiro dia da semana
como referência dos apóstolos, momento em que os crentes se reúnem para a
celebração de Sua ressurreição, a qual ocorre no primeiro dia da semana. Para
nós, cristãos, cada dia, cada hora, cada minuto e cada momento é um momento
santo como o Sábado, mas não por cessarmos de trabalhar ou de fazer quaisquer
tarefas, e sim porque fazemos um trabalho espiritual em nós mesmos e
descansamos sob o nome do Senhor Jesus Cristo e na Sua salvação em nós (Hb
4.9-11).
“Portanto, resta ainda um repouso para o povo de Deus. Porque aquele que
entrou no seu repouso, ele próprio repousou de suas obras, como Deus das suas.
Procuremos, pois, entrar naquele repouso, para que ninguém caia no mesmo
exemplo de desobediência. Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais
penetrante do que espada alguma de dois gumes, e penetra até à divisão da alma
e do espírito, e das juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e
intenções do coração. E não há criatura alguma encoberta diante dele; antes
todas as coisas estão nuas e patentes aos olhos daquele com quem temos de
tratar. Visto que temos um grande sumo sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que
penetrou nos céus, retenhamos firmemente a nossa confissão. Porque não temos
um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; porém,
um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com
confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar
graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno” (Hebreus 4.9-16).

O NATAL

“Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja
maldito”
(Gálatas 1.9).

O Natal está chegando! Todos estão bastante ansiosos para mais um ‘aniversário
de Jesus’! Um dia para se comemorar, para se reunir em família, sorrir,
reencontrar antigos amigos, etc. Talvez seja o dia mais pacifista do ano, não é
mesmo? Mas, o que é “Natal”? O vocábulo Natal origina-se na palavra “Christ-
mass” – Christ (Cristo) e Mass (Missa), a “missa de Cristo”. Sendo assim, é de
origem Romana, que por sua vez pegou emprestada do Paganismo. Todavia,

176
alguém será rápido em cantarolar em tom de rebeldia: “Natal é o dia em que
comemoramos o nascimento do Salvador... do Senhor Jesus Cristo”! E então eu
pergunto: Será? QUEM autorizou tal comemoração? Certamente não foi Deus.
Quando consultamos a Bíblia, vemos que Cristo ordenou a Seus discípulos que
se “lembrassem” de Sua morte (um memorial), porém, nenhum registro sequer é
encontrado nas Escrituras, de Gênesis à Apocalipse, de que nosso SENHOR
tenha nos ordenado ou instituído a celebração de Seu nascimento. A propósito,
quem foi que estabeleceu o dia e o mês em que Ele nasceu? A Bíblia se cala a
respeito disso. Nós, como cristãos, não deveríamos nos calar mutuamente?
“Tudo o que Eu te ordeno, observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem
diminuirás” (Deuteronômio 12.32).
Seria obra do acaso que as únicas comemorações de “aniversário” mencionadas
na Palavra de Deus sejam as de Faraó (Gn 40.20) e de Herodes (Mt 14.6)? Essas
coisas não estariam registradas “para nossa instrução” (2 Tm 3.16)? E se estão ali
para nossa instrução, podemos afirmar, sem falso temor, que não temos aplicado
tudo isso ao nosso coração em santidade diante de Deus? A Bíblia não contém
palavras vãs, ensinos nulos ou normas sem efeitos. Em toda a Escritura vemos
que nem os cristãos, nem os judeus jamais praticaram a tradição do ‘aniversário’,
senão que os pagãos o fizeram. Por que? Porque o aniversário é um culto ao
homem. É uma forma de reivindicar um dia especial para si. E se Jesus Cristo
não o fez, por que temos a presunção em achar que podemos fazê-lo para nós ou
para Ele?
“Assim diz o SENHOR: Não aprendais o caminho dos gentios (…), porque os
costumes dos povos são vaidade” (Jeremias 10.2-3).
Quem são as pessoas que celebram o “Natal”? Isso não é difícil de responder.
Todo o “mundo civilizado” comemora o Natal. Milhões de pessoas que nunca
ouviram falar do evangelho da graça, que não fazem qualquer profissão genuína
de fé, desprezam e rejeitam o nosso Salvador, e outras milhões de pessoas que,
embora aleguem ser seus seguidores, com suas obras O negam. Elas se juntam
em bebedices no Dia chamado Natal sob o pretexto de que estão honrando ao
Senhor Jesus ou, no mínimo, ao Seu ‘aniversário’. Na melhor das hipóteses,
pergunto: É biblicamente correto que cristãos professos se juntem aos Seus
inimigos de Deus em uma rodada mundana de gratificação carnal, onde a
bebedice e a glutonaria reinam soberanas na farra natalina? Uma alma
genuinamente regenerada pensaria que Ele, a quem o mundo rejeitou, é
glorificado nesse ritual macabro ou tem prazer em tal participação de alegrias
mundanas? Na verdade, os costumes dos povos são VAIDADE, e está escrito:
“Não seguirás a multidão para fazeres o mal” (Êxodo 23.2).

177
O PAPAI NOEL, AS CRIANÇAS E OS PRESENTES
“Educa a criança no caminho em que deve andar, para que, quando envelhecer,
ela não se desvie dele” (Provérbios 22.6).
A Escritura ordena que eduquemos nossas crianças “na doutrina e admoestação
do Senhor” (Efésios 6.4). Todavia, onde, na Palavra de Deus, Ele nos ordena a
dar-lhes alguma “diversão”? E se queremos diverti-las, será que realmente damos
às crianças alguma coisa boa quando nos envolvemos com aquilo que não pode
ser aprovado por Deus? Se não podemos pedir a benção do SENHOR para
alguma coisa, como o faremos?
Alguns argumentam pela “observância do Natal” com base em “dar presentes às
crianças por meio do caridoso Papai Noel”. Mas, quem é Papai Noel? Seria
apenas um personagem de estórias em quadrinhos para incentivar pessoas a
serem caridosas nesse dia tão especial? A resposta é “Não”. Podemos resumir o
Papai Noel como um personagem místico inventado por homens, e, não por
acaso, inspirado em São Nicolau, um dos intercessores da seita Católica Romana.
Seu público alvo são as crianças. Seu objetivo predominante é ensinar os infantes
a negociarem sua obediência aos pais. Esse personagem místico objetiva, de
forma subliminar, formar cidadãos avarentos, interesseiros e desobedientes aos
pais. E eu não preciso citar versículos para provar esse ponto. Basta olharmos à
nossa volta para testificarmos uma geração de débeis espirituais.
O Papai Noel é uma sátira ao Deus da Bíblia. Um escárnio do Altíssimo. Ele se
apresenta às crianças como um ser que possui dois dos atributos de Deus, os
quais são:
1 - Onisciente, pois sabe o que todas elas estão pensando e fazendo;
2 - Onipresente, pois está sempre em todos os lugares ao mesmo tempo.
E se você acha que isso não gera conseqüências drásticas na vida espiritual dos
pequenos, preste atenção nas próximas linhas que virão.
O Papai Noel escuta o pedido das orações feitas pelos pequenos quando estes lhe
fazem petições em troca de uma vida honesta e obediente diante de Deus. No
final, todas aquelas crianças que foram frustradas por não receberem o que fora
prometido se rebelam dia após dia contra Deus, e não contra o Papai Noel. Por
que? Porque o compromisso feito com o “velhinho barbudo” não foi cumprido. O
bom velhinho quebrou o pacto, embora essas crianças tenham tudo ao seu

178
alcance para serem “boas” e “obedientes” a Deus. Seus presentes em troca de
uma vida reta não foram entregues como combinado.
Essa figura e o costume de ligá-lo ao Evangelho não tem nenhuma base bíblica.
Trata-se de um personagem decididamente pagão, transplantado para o
Cristianismo através do Catolicismo Romano. Por meio desse conto de fadas
vemos massas alienadas pelo papismo romano há séculos e que nunca
experimentaram uma conversão genuína a Jesus Cristo. Tais indivíduos
simplesmente tornaram-se “cristãos" por conveniência, injunções políticas e
interesses econômicos. Além da vasta multidão de católicos romanos, outros
ramos religiosos também abrigam esses cristãos nominais. Por conta da total
ausência de conhecimento bíblico, misturam filosofias e práticas pagãs com um
falso evangelho já prostituído. Para piorar tudo isso, líderes e ditos pastores
fomentam ainda mais tais costumes estranhos ao Cristianismo, pois, se não o
fizerem, em algum nível ou aspecto, suas ditas “igrejas” praticamente ficarão
vazias.
Sendo assim, os pais cometem dois erros: Primeiro, porque mentir é pecado. Eles
estão mentindo para seus filhos. Segundo, porque o dano psicológico e o trauma
sofrido por essas crianças ao descobrirem que tudo não passava de uma fantasia
folclórica são fatos numéricos. Isso é estatística. Não é preciso usar a Bíblia para
argumentar sobre este ponto.

COMO SURGIU O PAPAI NOEL?


A origem do Papai Noel, embora embutida na igreja católica romana, remonta
épocas e tradições distintas. Essa idéia desenvolveu-se de uma antiga lenda
norueguesa. Os noruegueses criam que a deusa Hertha aparecia na lareira e trazia
boa sorte para o lar. Esse costume chegou no Brasil e não são poucas as crianças
que acreditam piamente que os presentes que receberam foram trazidos por Papai
Noel. Mais tarde, ao crescerem, descobrem que isso não passava de mentira, o
que as leva a relacionar a história do nascimento de Jesus como uma das maiores
mentiras que lhes foram impingidas na infância.
Subliminarmente, isso as inibe de acreditarem em Jesus, pois, se um fato central
do Natal como a figura de Papai Noel provou-se ser pura lenda, por que não seria
lenda o resto dos fatos relacionados ao Natal? Outro fator que entristece os
cristãos que desejam ver a Igreja de Cristo em toda a sua pureza e temor a Deus,
é o fato de homens sérios, cristãos devotos, que jamais teriam a coragem de
vestir uma fantasia de carnaval, não hesitarem em fantasiar-se de Papai Noel e
"fingir" que distribuem às crianças os presentes que seus próprios pais já haviam

179
comprado de antemão. Quanta enganação e mau exemplo aos pequeninos! O
velho mitológico chamado Papai Noel tem tomado o lugar de Cristo nos corações
de nossos filhos há séculos e ninguém vê a gravidade disso. Mentir é um ato
proveniente do Diabo! Quem mente não é filho de Deus, mas sim do Diabo (Jo
8.44).
“Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi
homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade
nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é
mentiroso, e pai da mentira” (João 8.44).
Há tantas questões que poderiam ser abordadas aqui, que não caberiam neste
livro. Portanto, a partir deste capítulo, comece a buscar intrinsecamente por
informações concretas sobre a abominação do festival de Natal. Abra a Bíblia em
oração e submissão à Palavra inspirada de Deus. Não pense que o assunto se
limita ao Papai Noel. Não. Este artigo é um breve comentário sobre alguns
pontos que devem ser considerados com urgência pela Igreja, que somos nós, a
respeito da prática macabra do dia chamado Natal.

O ENTRETENIMENTO É O GATILHO PARA O


AFASTAMENTO DA PALAVRA DE DEUS
Muitos argumentam que as crianças ficam “desiludidas” quando falamos a
verdade a elas sobre a idolatria do Natal, e que devemos a elas algum
“entretenimento” por serem crianças. Mas eu pergunto: É necessário fazê-lo sob
a máscara de honrar o nascimento do Salvador? Qual a necessidade de arrastar
Seu santo nome para a conexão com uma temporada de festividade carnal e
materialista? Será que isso é levar os filhos para fora do Egito (Ex 10.9-10), o
qual representa o mundo, ou seria simplesmente uma mistura profana com os
egípcios do século presente a fim de, “por um pouco de tempo, ter o gozo do
pecado” (Hb 11.25)?

COMO ABANDONAR UMA TRADIÇÃO DE FAMÍLIA?


“Não penseis que vim trazer a paz à terra; não vim trazer paz, mas espada;
porque eu vim pôr em dissensão o homem contra seu pai, e a filha contra sua
mãe, e a nora contra sua sogra; e assim os inimigos do homem serão os seus
familiares. Quem ama o pai ou a mãe mais do que a mim não é digno de mim; e
quem ama o filho ou a filha mais do que a mim não é digno de mim. E quem não
toma a sua cruz, e não segue após mim, não é digno de mim. Quem achar a sua

180
vida perdê-la-á; e quem perder a sua vida, por amor de mim, achá-la-á”
(Mateus 10.34-39).
“Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se
vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do
mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.
Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu senhor.
Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se guardaram a
minha palavra, também guardarão a vossa. Mas tudo isto vos farão por causa do
meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou” (João 15.18-21).
A pergunta que não se cala é esta: “O que devemos fazer então? Se deixarmos de
comemorar o Natal, nossos amigos, familiares e irmãos pensarão mal de nós e
provavelmente nos verão como fanáticos, radicais, legalistas, extremistas,
arrogantes, soberbos, religiosos, loucos etc”. Todavia, será que a intenção do
evangelho é agradar o homem? Jesus disse: “Bem-aventurados sois vós, quando
vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por
minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus;
porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós” (Mateus
5.11,12). Será que abandonar tal festividade perversa não seria exatamente o que
promoveria a obediência a Deus? Não seria isso o que o nosso Mestre vaticinou
sobre nós em Sua Palavra?
A iniciativa honesta de quem está há muito tempo nessa tradição seria notificar a
todos os amigos e parentes – via internet se estiver distante – que a partir de
agora você não se propõe mais a enviar “presentes de Natal” como outrora. E,
provavelmente, eles perguntarão por quê. Dê seus motivos. Não se envergonhe
do evangelho. Diga simplesmente que você foi levado pela Escritura à conclusão
de que a “comemoração do Natal” é uma coisa puramente mundana, desprovida
da aprovação das Escrituras; diga a eles que tudo isso se trata de uma instituição
pagã e romanista, e que, agora que você enxerga isso, não pode mais compactuar
com suas abominações (Ef 5.11). Diga a todos que você é um “homem livre” no
Senhor agora (1 Co 7.22), e que, portanto, se recusa a servir ao deus que eles
criaram com a sua própria mente (Mt 6.24).
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem
a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus
vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu
Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o
Senhor; e não toqueis nada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai,

181
e vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso” (2 Coríntios
6.14-18).
Obviamente que muitos me perguntarão a respeito dos “cartões de Natal” com
um “textinho” da Escritura contido neles. Ora, isso também é uma abominação
aos olhos de Deus. Por que? Porque Sua Palavra proíbe expressamente misturas
profanas. Muitos cristãos já entendem o real significado da idolatria dos dias
festivos pagãos e da insustentabilidade do Natal. O que falta para esse grupo de
pessoas é compreender o significado de "jugo desigual", “pacto com as más
obras" e suas implicações para a vida espiritual. Eles frequentemente usufruem
de um pretexto nada convincente de que estão a reunir-se com suas famílias e
amigos no intuito de apresentar-lhes o verdadeiro Deus. Mas eles não conhecem
a Deus. Criam para si métodos humanistas jamais estabelecidos por Deus, mas
antes condenados na Escritura Sagrada.
O que é uma “mistura profana”? No contexto com que estamos lidando, trata-se
da tentativa frustrada de tentar misturar a pura Palavra de Deus com a “Missa”
romanista de “Cristo” (Christ-Mass). Portanto, se você tem tanta necessidade de
enviar mensagens com versículos para seus amigos, parentes e irmãos, por que
não fazê-lo em outra época do ano, tanto aos ímpios como aos cristãos, mas não
com “Natal” neles? Ora, o que você pensaria a respeito de um convite para um
filme de comédia no cinema com a passagem de Isaías 53.5 no rodapé? Isso faz
algum sentido?
Tudo está tão confuso e bagunçado que não se pode contemplar. Não há sentido
em nada disso. Mas – eu garanto – aos olhos de Deus, o circo e o cinema são
muito menos desagradáveis que a “Celebração do Natal” das ditas “igrejas”
romanistas e protestantes. Por que? Porque esta é feita sob o disfarce do santo
nome de Cristo, e aqueles não.
“Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais
até ser dia perfeito” (Provérbios 4.18).
Deus concede conhecimento segundo a Sua boa vontade a todo aquele que possui
um coração que almeja genuinamente agradá-lO. Ele graciosamente concede
sabedoria a todos os que O invocam de verdade e não da boca para a fora. Se
Deus deseja usar Sua Palavra por meio deste artigo para abrir os olhos de alguns
de Seus filhos eleitos, para que reconheçam o mal que tem crescido em nosso
meio, bem como para mostrá-los que eles têm desonrado a Cristo ao ligar o nome
do Homem de Dores com um “Feliz Natal”, então junte-se a mim na confissão
desse terrível pecado a Deus, buscando Sua graça para que nos seja dada a
libertação completa de toda essa lama ecumenista e sincretista, e louve-O pela
luz que Ele lhe concedeu aqui e agora.

182
OS IDÓLATRAS NÃO HERDARÃO O REINO DOS CÉUS
“O Senhor cedo vem para arrebatar sua amada noiva nos ares” (1 Ts 4.16,17; Ap
22.12). Será que realmente cremos nisso? “Porque andamos por fé, e não por
vista” (2 Co 5.7). Se é assim, quais têm sido os efeitos dessa fé na nossa
peregrinação? Será que possuímos a verdadeira fé? Talvez você participe de mais
um Natal na terra. Durante sua farra natalina, pode ser que o Senhor desça dos
céus “com alarido, e com voz de arcanjo, e com a trombeta de Deus”, para levar
os Seus escolhidos consigo (1 Ts 4.16-18), e certamente você não estará entre
eles. Não, não estará. Você gostaria de ser tirado de uma “festinha de Natal” para
encontrá-Lo nos ares? O chamado por enquanto é “Saiam do meio deles” (2 Co
6.17). Isto é, saiam de uma Cristandade sem Deus, saiam de uma horrível
máscara de “religião” que agora se encobre sob Seu nome, saiam de um sistema
judaizante e corrupto que não se cansa de provocar a ira do Senhor. “Saiamos,
pois, a Ele fora do arraial, levando o Seu vitupério” (Hb 13.13). Saiam do
denominacionalismo e do sectarismo religioso.
Jesus declarou que “de toda a palavra ociosa que os homens disserem hão de
dar conta no dia do juízo” (Mt 12.36). Se cada “palavra ociosa” será registrada,
certamente o serão cada energia gasta para entreter as pessoas com festas carnais,
cada centavo desperdiçado com troca de presentes inúteis e que visam diminuir o
irmão menos favorecido, cada hora desperdiçada com pensamentos dúbios sobre
Cristo e Sua vontade para a Igreja! Se ainda estivermos na terra quando os dias
finais deste ano chegarem, que possamos sinceramente, pela operação de Deus,
orar em submissão a Deus, para que sua graça nos alcance e nós possamos viver
e agir como cristãos, não como o mundo. Uma voz dirá ao seu ouvido: “bem
está, servo bom e fiel” (Mt 25.23), e isso será uma compensação ampla à
zombaria e aos insultos que recebemos neste exato momento daquelas almas sem
Cristo (mas que pensam estar com Ele porque possuem uma religião ou
denominação religiosa).
Será que algum cristão imagina, em sã consciência, por um momento sequer, que
quando ele ou ela estiver perante o santo Senhor, se arrependerá de ter vivido de
forma “muito rígida” na terra? Haveria o mínimo risco da reprovação de Deus a
qualquer um dos Seus eleitos porque foram “muito radicais” ao se absterem “das
concupiscências carnais que combatem contra a alma” (1 Pe 2.11)? Você pode
até ganhar a simpatia e retribuição dos religiosos mundanos e sem o Espírito,
hoje, ao ceder em “pequenos” pontos quando de fronte às suas ameaças e
intimidações perversas. Mas será que receberemos o sorriso e aprovação de Deus
183
“nAquele dia”? Sejamos, pois, mais preocupados com o que Deus pensa sobre
nós do que com o que os mortos pensam a nosso respeito.
“Não seguirás a multidão para fazeres o mal” (Êxodo 23.2).
É muito fácil ficar à mercê do crivo da opinião popular. Por outro lado, é
necessário que um homem possua realmente a graça de Deus para que possa
nadar contra a correnteza. E é exatamente isso que um eleito de Deus, salvo pela
graça, herdeiro do Céu, deve fazer: não ser conformado “com este mundo” (Rm
12.2), negar-se a si mesmo, tomar a sua cruz e seguir a um Cristo rejeitado,
vituperado, difamado e caluniado.
Será que um dia poderemos dizer em alta voz: “Desviei os meus pés de todo
caminho mau, para guardar a Tua palavra” (Salmos 119.101)?.

HERESIAS NOVAS EM SEITAS VELHAS


Um dito “pastor”, conhecido como Marcos Granconato, é dono de uma dessas
instituições denominacionais que vemos por aí, popularmente chamadas de
“igrejas”. Este homem costuma ensinar aos membros de sua seita que a prova de
que o Natal é bíblico se encontra no fato de que os anjos são vistos "festejando" o
nascimento de Jesus (Lc 2.13,14). Ora, a partir deste prisma, podemos dizer que
o adultério é "bíblico" porque vemos Davi adulterando na Bíblia (2 Sm 11.2-4).
Pegar um versículo isolado e jogar dentro de uma caixinha doutrinária própria é
muito fácil. E é o que esses – assim chamados – “pastores” fazem o tempo todo
para embasarem suas próprias doutrinas. Você só precisa pegar as passagens da
Bíblia e jogar tudo ali na caixinha e depois sortear a que mais se encaixa em seus
padrões denominacionais. Ora, quem é que falou que é errado festejar o
nascimento de alguém quando este nasce? Se esse fosse o caso, nem daríamos
início à discussão. O fato é que Jesus condena a observância de "dias santos" e
"datas especiais" na Igreja de Deus. Simples assim.
“Ah, mas a gente celebra o “natal correto”. Como assim? Natal correto? Que
tipos de superstições têm tomado conta do entendimento dos cristãos? Não existe
“Natal correto”. Natal é Natal, Mamon é Mamon, diabo é diabo e Deus é DEUS.
Devemos dizer “não” a toda doutrina de demônios e conceitos criados por
homens.
“Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o
vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam
fraudulosamente. Antes, seguindo a VERDADE em amor, cresçamos em tudo
naquele que é a cabeça, Cristo” (Efésios 4.14-15).

184
“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2).
Qual é a dificuldade em entender o que se fala em Romanos 12.2? Essas
dificuldades podem ser explicadas a partir dos textos bíblicos que tratam dos
eternos decretos de Deus: “Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por
isso vós não as escutais, porque não sois de Deus” (João 8.47).

UM CONSELHO FINAL AOS ANCIÃOS, PASTORES,


CONSELHEIROS, EVANGELISTAS, ETC.
A Palavra de Deus dirigida a vocês é: “sê O EXEMPLO dos fiéis, na palavra, no
trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza” (1 Timóteo 4.12).
Será que eu estaria sendo desonesto em dizer que cada uma das intituladas
“igrejas” corruptas que você conhece, que já cuspiram na Escritura ao negarem
todos os aspectos fundamentais da fé e da doutrina, terão suas “celebrações de
Natal” neste 25 de dezembro? Depois de tudo dito, eu lhe pergunto: Você as
imitará? Honestamente, eu oro para que você e outros, que possuem dons
específicos na obra do ensino, tais como o “dom pastoral” (e não o título de
pastor) seja consistente em protestar contra os métodos antibíblicos de se
“levantar dinheiro” e sancionar “cultos de Natal”. Eu rogo ao SENHOR para que
você, que recebeu a responsabilidade de pastorear “NA” Igreja de Cristo (e não
“a” Igreja de Cristo), busque sem demora pela força e sabedoria necessárias para
explicar com firmeza à congregação dos santos, porém com amor, a verdade de
Deus sobre esse tema. Eu oro, sobretudo, para que você faça o que muitos nunca
fazem e nunca farão: Anunciar que você não pode mais ter parte ou ser conivente
com os próximos feriados pagãos, romanistas e mundanos.

UM ÍDOLO CHAMADO "DIA DE NATAL"

Estamos chegando ao fim do ano. Ao final de dezembro, costuma-se lotar as


reuniões de culto. Por que isso acontece? Porque é “dia de Natal”. Quem
inventou tal estupidez? Pobres bestas! Trata-se nada mais, nada menos, do que
um eufemismo apropriado para todos que comparecem à reunião no dia 25 de

185
dezembro para honrar e cultuar o seu ídolo Natal. Essas pessoas realmente
pensam que honram a Deus. Em suas mentes estão celebrando um “dia santo”
para Deus, ou, no mínimo, transformando-o em um. Na verdade, elas são
frequentemente admoestadas em suas ditas “igrejas” de que seja expressamente
normativo separar um dia do ano para festejar o “aniversário de Jesus”, no qual
todos se lembrarão, com extrema prostração, de todo o bem ocorrido por causa
do seu nascimento no mundo. Todos ali presentes ouvirão, com demasiado
misticismo, a história do nascimento de Jesus sendo recontada. É assim que
acontece nas instituições religiosas que se autoproclamam cristãs, em maior parte
da cristandade moderna.
Ainda que o “Aniversário” tivesse lugar nos princípios de Deus (e não tem),
pessoas que pensam que Jesus Cristo nasceu no dia 25 de dezembro são tão
ineptas quanto animais irracionais. Quando elas engrandecem somente um dia
com propósito estúpido de adorar a Deus em um dia especial, consciente ou
inconscientemente, estão simplesmente transformando este dia em um ÍDOLO.
Assim como Israel criou para si ídolos para serem destruídos, também a Igreja do
nosso século construiu ídolos que serão igualmente aniquilados, incluindo o seu
precioso Natal: “... fizeram ídolos para si, para serem destruídos” (Oséias 8.4).
Os ditos “crentes” insistem que têm feito tudo isso para honrar a Deus. No
entanto, honram ao diabo.
Consideremos o que Deus tem a nos dizer sobre o assunto. Em 1 Samuel 15
vemos que Saul intencionava agradar a Deus poupando Aguage, o rei dos
amalequitas, juntamente com os melhores despojos e gado. Saul disse tanto
quanto os celebradores do Natal: "Eu quero adorar a Deus". A língua de Saul
estava cheia de devoção e boa intenção. No entanto, qual foi a resposta que ele
recebeu de Deus? "Você é adivinho! Você é herege! Você é apóstata"! Ou
seja, as pessoas afirmam estar honrando a Deus ao celebrarem o maldito Natal,
mas Deus os rejeita e rejeita tudo o que eles fazem.
Consequentemente, o mesmo pode-se dizer de qualquer outro “dia santo” que
criamos para Deus. Nenhum dia é superior a outro. Não importa se lembramos do
nascimento do Senhor Jesus Cristo em qualquer mês do ano, seja numa quarta-
feira, quinta-feira ou em qualquer outro dia. Porém, quando insistimos em criar
uma prática baseada em nossos caprichos, fazendo dela um “dia sagrado”,
blasfemamos contra Deus e criamos para nós um ídolo. Quando você adora a
Deus com ociosidade espiritual em um “dia santo”, praticamos um grave pecado
de se suportar, pois isso atrai outros pecados até atingirmos a medida da
iniquidade.

186
Finalmente, prestemos atenção ao que Deus nos ensina em Miquéias 5.7-14.
Nesta passagem aprendemos que Deus não apenas despojará coisas que são más
em si mesmas, como também eliminará do nosso meio qualquer coisa que
promova superstição, tal como o Natal dos ímpios.

UM MENINO NOS CORROMPEU


(Por Elizabete Andrade)

O natal nunca foi comemorado pelos primeiros cristãos. Se essa farra religiosa
fosse realmente aprovada por Deus, ou instituída pelo Altíssimo, certamente
haveria registros dela nos evangelhos ou nas epístolas dos apóstolos. Pergunto
aos que entendem ser o natal uma festa cristã: Em que se baseiam para a grande
farra natalina? – Esqueçamos aqui que a farra venha do catolicismo – Apenas por
qual entendimento da Palavra podemos admitir que isto seja um genuíno culto ao
Senhor? Por nenhum entendimento, obviamente. Então devemos admitir que os
crentes não sabem o que fazem.
Gostaria que guardássemos esta frase: "O Espírito Santo não guia ninguém pelo
caminho errado". A origem do natal é pagã, de muitos matizes (misturas). Temos
a árvore de Aserá, cujo culto eram relações sexuais de sacerdotisas com muitos
homens diante da árvore (Poste ídolo representativo da deusa da fertilidade dos
cananeus); o nascimento do Sol, deus do Egito, nascimento de Saturno, deus
romano, etc.
A igreja romana paganizou o cristianismo ou cristianizou o paganismo? Se você
pingar uma gota de esgoto em um jarro de água limpa, você limpa a água suja ou
suja a água limpa? Exato! O catolicismo sujou – tornou imundo – o cristianismo.
O mundo despreza Cristo! Seria impossível que o cultuasse agora: “Era
desprezado e o mais indigno entre os homens, homem de dores, experimentado
nos trabalhos e, como um de quem os homens escondiam o rosto, era
desprezado, e não fizemos dele caso algum” (Isaías 53.3).
A Escritura proíbe claramente de cantar parabéns para Jesus, uma data de
aniversário. Não há data alguma que se deva guardar, pois a guarda desses dias
representa absoluta ignorância: “Mas agora, conhecendo a Deus, ou, antes,
sendo conhecidos de Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e
pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e

187
anos. Receio de vós que haja eu trabalhado em vão para convosco” (Gálatas 4.9-
11). Eu receio de vós que tenha trabalhado em vão, inutilmente, para convosco.
Não devemos nem discutir sobre a provável data de nascimento de Jesus, pois
está escrito acerca de Melquisedeque, que prefigura Cristo: “sem pai, sem mãe,
sem genealogia, não tendo princípio de dias nem fim de vida, mas, sendo feito
semelhante ao Filho de Deus, permanece Sacerdote para sempre” (Hebreus 7.3).
Discutir sobre a data de nascimento de Jesus seria o mesmo que discutir se era
mais moreno ou louro, de olhos claros ou negros, se os bonecos colados em
cruzes do catolicismo são fiéis ao verdadeiro. É inútil discutir, questionar sobre o
período, estação do ano ou a data provável do nascimento do Senhor. Há uma
causa maligna nessas discussões: Tornar Jesus um homem comum; apenas um
menino.

O NATAL É IDOLATRIA
(Por Elizabete Andrade)

O natal é idolatria. Muitos bebem e comem em reverência ao deus Saturno. Mas


onde está o Deus verdadeiro? O Altíssimo está assentado sobre o Seu alto e
sublime trono: “No ano em que morreu o rei Uzias, eu vi ao Senhor assentado
sobre um alto e sublime trono; e o Seu séquito enchia o templo” (Isaías 6.1).
Às vezes chamamos alguém de “sem noção”. Mas quantos de nós, crentes
selados por Deus, duvidamos da soberania absoluta do Altíssimo para cultuar
Baal, Saturno e outros deuses que não conhecemos da mesma forma que fizeram
nossos antepassados? Imaginemos um “sábio” arminiano dizendo que crentes
idólatras perdem a salvação por esse pecado. Mas, quanto a isso, a Escritura
contraria os seguidores de Arminius, dizendo: “Palavra fiel é esta: que, se
morrermos com ele, também com ele viveremos; se sofrermos, também com ele
reinaremos; se o negarmos, também ele nos negará; se formos infiéis, ele
permanece fiel; não pode negar-se a si mesmo” (2 Timóteo 2.11-13). Portanto,
ninguém dentre os salvos morrerá sem antes descobrir que a farra do Natal é um
pecado. Deus o convencerá desse pecado antes de levá-lo para Casa.
Não duvidemos, porém, que ELE não se importe com o Seu povo quando este cai
na idolatria mundana da farra natalina. Está escrito: “Mas, se estais sem
disciplina, da qual todos são feitos participantes, sois, então, bastardos e não
filhos” (Hebreus 12.8). Sabemos o que é a disciplina do nosso Deus pelos ossos
188
quebrados, ligamentos arrebentados e o que mais não sabemos ainda. Pela
Palavra, somos muito advertidos: “Portanto, meus amados, fugi da idolatria” (1
Coríntios 10.14). A Escritura é clara quanto ao culto de hoje: “Antes, digo que as
coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos demônios e não a Deus. E
não quero que sejais participantes com os demônios. Não podeis beber o cálice
do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa do
Senhor e da mesa dos demônios” (1 Coríntios 10.20-21). As comidas e bebidas
não serão santificadas por uma oração em um culto indevido. Do contrário, os
que adoram a “Rainha do Céu” teriam suas rezas validadas pela sinceridade com
que as fazem nos seus festejos. O nosso Salvador não pode ser cultuado da
mesma forma que os demônios são cultuados pelo mundo (ler Deuteronômio cap
12 dos verso 29 ao 32). Cristo não é aniversariante de natal algum, pois não
existe um natal verdadeiro. Somente a Escritura: “Escondi a tua palavra no meu
coração, para eu não pecar contra ti.” (Salmos 119: 11).
A farra do natal, porém, deve ser refutada pelo princípio estabelecido pela
Palavra de Deus. A Lei é clara quando proíbe que o nosso Deus seja cultuado da
mesma forma que outros deuses também são cultuados:
“Quando o Senhor, teu Deus, desarraigar de diante de ti as nações, aonde vais a
possuí-las, e as possuíres e habitares na sua terra, guarda-te que te não enlaces
após elas, depois que forem destruídas diante de ti; e que não perguntes acerca
dos seus deuses, dizendo: Assim como serviram estas nações os seus deuses, do
mesmo modo também farei eu. Assim não farás ao Senhor, teu Deus, porque tudo
o que é abominável ao Senhor e que ele aborrece fizeram eles a seus deuses, pois
até seus filhos e suas filhas queimaram com fogo aos seus deuses. Tudo o que eu
te ordeno observarás; nada lhe acrescentarás nem diminuirás” (Deuteronômio
12.29- 32).
A Lei de Deus exclui a possibilidade de alguém dizer honestamente: “O natal que
eu comemoro é o nascimento do verdadeiro Cristo”. Debater sobre a época certa
do nascimento do Senhor também acaba sendo um motivo para justificar a farra
em qualquer data. Quando Deus quis revelar uma data, isso ficava registrado na
Escritura: “Depois disso, sucedeu que, no ano trinta e sete do cativeiro de
Joaquim, rei de Judá, no mês duodécimo, aos vinte e sete do mês, Evil-
Merodaque, rei de Babilônia, libertou, no ano em que reinou, a Joaquim, rei de
Judá, da casa da prisão” (2 Reis 25: 27). A farra do natal é pecado de
desobediência.

189
A ORIGEM DA DATA DO NATAL

A escolha da data não tem nada a ver com o nascimento de Jesus Cristo. Durante
os primeiros três séculos da nossa era, os cristãos não celebraram o Natal. Esta
festa só começou a ser introduzida após o início da formação daquele sistema que
hoje é conhecido como Igreja Romana (isto é, no século 4º). Ou seja, os católicos
romanos aproveitaram uma importante festa pagã realizada por volta do dia 25 de
dezembro e tentaram “cristianizar” a data, comemorando o nascimento de Jesus
pela primeira vez no ano 354. A tal festa pagã, chamada Natalis Solis Invicti
("nascimento do sol invencível"), era uma homenagem ao deus persa Mitra,
popular em Roma. As comemorações aconteciam durante o solstício de inverno,
o dia mais curto do ano. No hemisfério norte, o solstício não tem data fixa - ele
costuma ser próximo do dia 22 de dezembro, podendo cair até no dia 25. Essa é a
origem da data.
Mas, será que Jesus realmente nasceu no período de fim de ano? Absolutamente
não. Sob a análise do Novo Testamento e dos primeiros séculos d.C no
cristianismo, é consenso entre os verdadeiros cristãos que Ele NÃO nasceu em
25 de dezembro. A probabilidade de Jesus ter nascido entre março e novembro é
resultado de uma análise mais responsável da Bíblia, embora não seja importante
descobrir o tempo em que Ele nasceu. Uma vez que Deus não tenha nos dado
uma revelação da data do nascimento de Cristo, a investigação da mesma torna-
se insignificante e até mesmo uma grande perda de tempo, senão até mesmo uma
ideia maligna.
O evangelista Lucas afirma que Jesus nasceu na época de um grande
recenseamento, o qual obrigava as pessoas a saírem do campo e irem às cidades
se alistar. No entanto, em dezembro, os invernos na região de Israel são
rigorosos, impedindo qualquer deslocamento amplo de pessoas. O frio é quase
insuportável nessa época e não dá para imaginar um menino nascendo numa
estrebaria. Mesmo lá dentro, o frio seria insuportável no mês de dezembro. A
interpretação histórico-gramatical aplicada nos textos sagrados provam que o
nascimento de Jesus ocorreu entre março e novembro, quando o clima no Oriente
Médio é mais ameno.
Quando Jesus nasceu havia naquela mesma comarca pastores que estavam no
campo. Esses pastores guardavam o rebanho durante as vigílias da noite (Lucas
2.8). Esse ato jamais poderia ocorrer na Judéia durante o mês de dezembro. Por
que? Porque os pastores tiravam seus rebanhos dos campos em meados de
outubro e, durante a noite, os abrigavam rapidamente para protegê-los do
rigoroso inverno que se aproximava. Era um tempo frio e de muitas chuvas.

190
A Bíblia nos mostra com muita clareza, em Esdras 10.9,13, que o inverno em
Israel era época de chuvas e de muito frio, o que tornava impossível a
permanência dos pastores com seus rebanhos durante as frígidas noites no
campo:
“Então todos os homens de Judá e Benjamim em três dias se ajuntaram em
Jerusalém; era o nono mês, aos vinte dias do mês; e todo o povo se assentou na
praça da casa de Deus, tremendo por este negócio e por causa das grandes
chuvas” (Esdras 10.9).
“Porém o povo é muito, e também é tempo de grandes chuvas, e não se pode
estar aqui fora; nem é obra de um dia nem de dois, porque somos muitos os que
transgredimos neste negócio” (Esdras 10.13).
Na história do cristianismo também vemos alguns escritores falando sobre o
assunto:
–– Enciclopédia Católica (edição de 1911): "A festa do Natal não estava incluída
entre as primeiras festividades da Igreja... os primeiros indícios dela são
provenientes do Egito... os costumes pagãos relacionados com o princípio do ano
se concentravam na festa do Natal".
–– Orígenes, um dos chamados “pais da Igreja” (ver mesma enciclopédia acima)
também disse: "... não vemos nas Escrituras ninguém que haja celebrado o
aniversário de Jesus ou celebrado um grande banquete no dia do seu natalício.
Somente os pecadores (como Faraó e Herodes) celebravam com grande regozijo,
anualmente, o dia em que nasceram neste mundo".

CONCLUSÃO
Se fosse da vontade de Deus que guardássemos e celebrássemos o aniversário do
nascimento de Jesus Cristo, Ele não haveria ocultado sua data exata, nem nos
deixaria sem nenhuma menção a esta comemoração em toda a Bíblia. Ao invés
de envolvermo-nos numa festa de origem não encontrada na Bíblia, mas somente
no paganismo, somos ordenados a adorar a Deus, a relembrar biblicamente a
morte do nosso Salvador e a pregar a respeito desta morte e seu significado, bem
como ensinar à Igreja sobre a vitoriosa ressurreição de Jesus, o arrebatamento
nos ares quando Ele vier para buscar Sua Igreja, Sua segunda vinda para reinar
por mil anos na terra, sua mensagem de salvação para os que crêem e falar da
perdição dos que não creem de fato.

191
NATAL
PRÁTICA ABOMINADA POR DEUS

O Natal consiste em elementos diversos, personagens advindos do paganismo,


como por exemplo a figura do Papai Noel (São Nicolau) e muitos rituais
sincretistas. A farra do Natal nada mais é do que uma festa na qual homens e
demônios são reverenciados em meio ao consumismo, prostituição e avareza. No
âmbito religioso denominacional, tanto para evangélicos como para católicos
romanos, a sincrética celebração do Natal consiste em temáticas relacionadas ao
nascimento de Jesus Cristo, embora eles mesmos coloquem as figuras
antibíblicas para funcionamento do festejo em si. O fato é que festejar o Natal de
qualquer maneira é uma prática pagã abominada (odiada) por Deus. Trata-se de
um ritual demoníaco e extremamente danoso para a vida espiritual. Façamos,
portanto, algumas análises das razões pelas quais um cristão não deve praticar a
celebração do Natal em nenhum aspecto e em nenhum grau. Falaremos, agora, de
como a Bíblia estabelece os meios pelos quais devemos cultuar e adorar a Deus,
e, sobretudo, por que Ele rejeita o rito de Natal e todas as demais festas e cultos
semelhantes ao mesmo.
Na história podemos constatar que milhares de deuses pagãos nasceram
precisamente no dia 25 de dezembro, segundo o calendário ocidental.
Ironicamente (pasme), Jesus Cristo NÃO nasceu neste dia, como fora mostrado
em um artigo anterior. Uma simples pesquisa na história e na Bíblia, com relação
ao dia em que Jesus nasceu, nos mostra a probabilidade gigantesca de que Jesus
nasceu em uma época totalmente distinta da farra natalina. Por ora, deixaremos
para falar sobre as origens do Natal em outro artigo.

192
AS VÁRIAS FESTAS PAGÃS DURANTE O ANO
Elizabete Andrade, uma irmã zelosa para com a Sagrada Escritura, assevera da
seguinte forma:
“Observamos que há uma quase infinita quantidade de cultos disponíveis durante
um ano. Além das já conhecidas figuras (demônios) religiosas dos seguidores dos
papas, temos o próprio culto aos homens. Iniciamos o ano com a fraternidade
universal (ecumenismo) e a festa para o deus Jano, deus do início e das
mudanças, em 1º de janeiro. Quando desejamos “feliz ano novo” (isso nunca foi
ensinado aos cristãos), prestamos esse culto sem a noção do que fazemos. Não
sejamos ingênuos nessas coisas. Muitos cristãos seguem o jejum da igreja
“caótica” romana, na blasfêmia da paixão de Cristo (falso cristo).
Semelhantemente aos papistas, fazemos marcha para Jesus, rito reprovado por
Deus em sua Palavra, pois assim diz o SENHOR: “Congregai-vos e vinde;
chegai-vos juntos, vós que escapastes das nações; nada sabem os que conduzem
em procissão as suas imagens de escultura, feitas de madeira, e rogam a um
deus que não pode salvar” (Isaías 45.20).
Dia da mulher, dia da Bíblia, dia das mães, dia dos pais, dia das crianças, culto de
aniversário da “igreja”, do “pastor”, etc., todos disfarçados com o nome de “ação
de graças”, até chegar ao Culto ao Sol – O Natal – Esta é a pior idolatria que os
cristãos nominais praticam; sem contar, é claro, os que enganam seus filhos com
o místico Papai Noel.
Prosseguiremos como ponto fora da curva. Nunca fomos a uma “marcha para
Jesus”. Nessa marcha vemos figuras de fogo e pombas nas vestes; misturam-se
incrédulos com terços e rosários, sem que um desses seja corrigido. Isso não é
evangelho. Isso pode ser qualquer coisa, menos evangelho. Devemos perceber
que há idolatrias disponíveis, nas quais muitos têm encontrado “conforto
espiritual”. Esperamos minimamente que julguem essas palavras segundo a reta
justiça, segundo a Palavra de Deus, e não segundo o que se pensa ser correto fora
das Escrituras”.

POR QUE O NATAL É ANTIBÍBLICO?


Os princípios bíblicos que regulam o ato de culto determinam que somente as
Escrituras representam o padrão de toda e qualquer posição cristã, seja no lar, na
congregação ou no trabalho. Nada se acrescenta e nada se retira da Palavra. O
princípio regulador do culto a Deus define uma congregação saudável da não
saudável. Ele estabelece a pureza da Igreja.

193
“Porventura não errais vós em razão de não saberdes as Escrituras nem o poder
de Deus”? (Marcos 12.24).
A pergunta de Cristo não poderia ser mais irônica nem tão indicadora! Em
grande parte de seu majestoso e divino ministério, Sua vontade preceptiva é
apresentada em forma de “pergunta retórica”. Ele perguntava em forma de
resposta, e, com um único ponto de interrogação aparentemente vazio, a Lei de
Deus é exposta de modo perfeito. Em Marcos 12.24, nosso Senhor nos ensina
respectivamente qual o maior erro que um homem pode cometer em sua vida:
“ser ignorante acerca das Escrituras e do poder de Deus” – o desconhecimento do
que deve ser nossa “regra” [cânon] de fé e conduta limitada. Difícil coisa é
imaginar como um ensinamento do nosso Mestre poderia ser tão profundo e
indicativo em um único versículo, bem como condenatória. De alguma forma
Jesus está reforçando o que está em Oséias 4.6: “O meu povo foi destruído,
porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também
eu te rejeitarei”. Todavia, Marcos 12.24 diz respeito à implicação espiritual e
eterna dos que não conhecem a Deus, pois, Deus e Sua Palavra são uma mesma
Pessoa, juntamente com o Espírito Santo (1 João 5.7), e a maioria dos homens
que se autoproclamam “cristãos” não faz ideia do que isso significa.
As bases bíblicas relacionadas às normas de culto a Deus são muitas e são
enfáticas demais para serem ignoradas. Deuteronômio 12.32 e Gálatas 1.9 seriam
suficientes para admoestar um cristão amadurecido, que está pronto para ouvir a
verdade. Mas as circunstâncias em que vivemos e a cultura perversa em que
estamos inseridos nos leva à concepção de que vale a pena se empenhar em
mostrar a verdade da forma mais ampla possível. Ninguém mais presta atenção
ao que Deus está dizendo ao Seu povo quanto ao fato de que não devemos imitar
as nações ímpias em Seu culto sagrado, e que Ele, somente Ele, determina como
será adorado pelos santos.
A antítese que rege o que pode ser feito ou não no culto a Deus está em
Deuteronômio 12.29-32:
"Quando o SENHOR teu Deus desarraigar de diante de ti as nações... guarda-te,
que não te enlaces seguindo-as, depois que forem destruídas diante de ti; e que
não perguntes acerca dos seus deuses, dizendo: "Assim como serviram estas
nações os seus deuses, do mesmo modo também farei eu". Assim NÃO farás ao
SENHOR teu Deus; porque tudo o que é abominável ao SENHOR, e que Ele
odeia, fizeram eles a seus deuses;... Tudo o que Eu te ordeno, observarás para
fazer; NADA lhe acrescentarás nem diminuirás” (Deuteronômio 12.29-32).

194
QUANDO INSTITUÍMOS O QUE NÃO FOI INSTITUÍDO
No Antigo Testamento vemos claramente diversas festas e cerimônias instituídas
pelo próprio Deus: a Páscoa, a festa dos pães asmos, a festa do Pentecostes e a
festa dos Tabernáculos. É importante destacar que estas festas faziam parte da lei
cerimonial judaica e foram cumpridas em Cristo, sendo, portanto, abolidas na
nova dispensação. A festa do Pentecostes aconteceu uma vez e não acontecerá de
novo porque teve seu propósito cumprido (ainda falaremos mais sobre o
Pentecostes - Atos 2). No Novo Testamento não há nenhum tipo de festa ou
cerimônia estabelecida por Deus para Sua igreja, com exceção da Ceia do
Senhor, que celebra a ressurreição de Cristo, e o batismo, que é o anúncio
público da conversão daqueles que passam a crer em Deus e seguir a Cristo.
No entanto, não há fundamento algum para qualquer comemoração do
aniversário de Jesus. Não existe aniversário para cristão. A Bíblia registra
homens pagãos que faziam celebrações anuais em comemoração de seu
nascimento, mas não de cristãos praticando o mesmo ato antropocêntrico, onde o
homem é louvado anualmente pelo dia de seu nascimento e aplaudido por sua
vinda com os seus devidos méritos.
Os únicos a celebrarem os seus aniversários na Bíblia foram Faraó (Gn 40.20) e
Herodes (Mt 14.6; Mc 6.21). Nem os judeus, nem os cristãos celebram os seus
aniversários na Bíblia, e menos ainda o de Cristo, que implica na profanação do
culto a Deus e viola os claros comandos de que Ele deve ser adorado somente da
forma como Ele mesmo estabeleceu na Palavra (Dt 12.32).
Outrossim, visto que o Apóstolo da graça enfatiza que as festividades
cerimoniais da era patriarcal não mais fazem parte do Culto de Deus, fica ainda
mais estupenda a ordem de não se praticar um ritual que sequer foi instituído pela
Bíblia um dia. Se por um lado a Páscoa não é elemento de culto na Igreja de
Deus por ser uma celebração judaica, por outro lado o Natal é apontado por Deus
como “doutrina de demônios”:
“E não quero que sejais participantes com os demônios. Não podeis beber o
cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não podeis ser participantes da mesa
do Senhor e da mesa dos demônios. Ou irritaremos o Senhor? Somos nós mais
fortes do que ele?” (1 Coríntios 10.20-22).
A pergunta que não se cala é: Por que a Igreja tem se entregado a esta
bestialidade chamada Natal? Que superstições macabras tem envenenado o
entendimento dos cristãos? Alguns são rápidos em dizer: “Ah, mas a gente
celebra o “natal correto”. Qual Natal correto? De onde tiraram essa ideia?

195
“Porventura não errais vós em razão de não conhecerdes as Escrituras nem o
poder de Deus?” (Marcos 12.24).
A Igreja moderna absorveu praticamente todas as tradições natalinas. São poucas
as ditas “igrejas” que não decoram e iluminam seus templos luxuosos com
motivos natalinos, armam árvores de Natal, trocam presentes, fazem “ceia de
Natal” e assim por diante. O culto de Natal adicionou ainda uma série de
elementos estranhos ao culto cristão, tais como cantatas, jograis e representações
teatrais.

“MAS JESUS NASCEU, NÃO NASCEU?”


Uma das objeções mais levantadas para defender o ritual do Natal é que o
nascimento de Jesus Cristo foi registrado na Bíblia. De fato, o Senhor se fez
carne e foi concebido pelo Espírito Santo na virgem Maria: “Ora, o nascimento
de Jesus Cristo foi assim: Estando Maria, sua mãe, desposada com José, antes
de se ajuntarem, achou-se ter concebido do Espírito Santo” (Mateus 1.18). –
Ora, não há nisso motivo para a idolatria e blasfêmia promovidas pelo
Catolicismo Romano. O sofisma romano trata de que Maria seja “mãe de Deus”
e as pessoas não fazem idéia do quanto isso é grave, visto que Deus não foi
gerado por ninguém, mas é Eterno – Ele foi, é e sempre será.
O fato é que a passagem usada como argumento para a festa de Natal não é
normativa e sim narrativa. Não há ordens apostólicas a serem seguidas nessa
passagem, mas tão somente a revelação do evangelho de Mateus registrado para
os que crêem no Príncipe da Paz. É de se admirar que os ditos “pastores” (é
assim que são chamados) estejam omitindo isso à Igreja, isto é, que uma
passagem como essa não deve ser tratada como norma para a Igreja, mas como
testemunho da vinda de nosso Redentor. Os evangelhos de Mateus, Marcos,
Lucas e João são judaicos, não cristãos. São cartas históricas com predominância
no judaísmo e nos sinais e milagres de Jesus em Sua primeira vinda. Esses
registros históricos não fazem parte do Novo Testamento, como já fora provado
em outro capítulo sobre o assunto.

MANDAMENTOS CONCERNENTES AO PRINCÍPIO


REGULADOR DO CULTO, ADORAÇÃO E MINISTÉRIO
Porventura o Natal está incluído no evangelho de Cristo? Os petulantes que
respondem “sim” necessitam, indubitavelmente, da compreensão acerca da lógica
e da sanidade. Um cristão que responde “sim” a esta pergunta, ou precisa de

196
tratamento psiquiátrico ou nunca leu as Escrituras. Vejamos algumas passagens
que são mandamentos referentes ao que pode ou não ser feito no culto a Deus.
Essas passagens nos mostram que os falsos mestres não obedecem a essas
ordens, pois ensinam coisas que não foram ordenadas à Igreja de Deus:
“Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que já recebestes, seja
MALDITO” (Gálatas 1.9).
“E eu, irmãos, apliquei estas coisas por amor de vós; para que em nós aprendais
a não ir além do que está escrito” (1 Coríntios 4.6).
“Segundo a graça de Deus que me foi dada, pus eu, como sábio arquiteto, o
fundamento, e outro edifica sobre ele; mas veja cada um como edifica sobre ele.
Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é
Jesus Cristo” (1 Coríntios 3.10,11).
“Arraigados e sobreedificados nele, e confirmados na fé, assim como fostes
ensinados, nela abundando em ação de graças. Tende cuidado, para que
ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a
tradição dos homens, segundo os rudimentos do mundo, e não segundo Cristo”
(Colossenses 2.7,8).
"Sois vós tão insensatos que, tendo começado pelo Espírito, acabeis agora pela
carne? Será em vão que tenhais padecido tanto? Se é que isso também foi em
vão" (Gálatas 3.3,4).
Já fui pagão e “misticista” um dia; nasci inimigo de Deus, cresci em um lar
católico-romano, fiz parte da instituição reformada, conhecida como “Igreja
Presbiteriana” ou “Igreja Reformada”, bebi das heresias da Teologia do Pacto e
passei dois anos dentro do movimento pentecostal. Enquanto eu buscava por
Deus nessas denominações religiosas inventadas por homens, a Bíblia me guiava
para fora de todo aquele sistema. Cristo estava comigo e estava sempre me
fazendo avançar... a “sair do meio deles” (Is 52.11; 2 Co 6.17). Cristo não me
chamou para ser “morno” (Ap 3.16) e hoje estou aqui para mostrar ao leitor
deste livro que a Palavra de Deus tem poder para convencer o homem. Todavia,
somente ouve a Deus “quem tem ouvidos para ouvir” (Mt 11.15; Ap 13.9) e
ninguém mais. Quem não é de Deus não pode ouvir a Sua voz, pois é filho do
diabo, não de Deus. Quem é filho de Deus ouve a Sua voz.
“Quem é de Deus escuta as palavras de Deus; por isso vós não as escutais,
porque não sois de Deus” (João 8.47).
“Mas vós não credes porque não sois das minhas ovelhas, como já vo-lo tenho
dito. As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem”
(João 10.26,27).
197
Romper com os berços de Roma requer muita coragem e ousadia. A convicção e
força necessárias para esse rompimento com o sistema religioso herético são
concedidos pelo Espírito Santo, para que não nos mostremos frouxos diante dos
pequenos papas que reinam 'soberanos' nas denominações evangélicas, católicas
e demais instituições religiosas do século XXI! O paganismo é patriarca do
consumismo e da avareza.

CONCLUSÃO
A comemoração do Natal é uma doutrina de homens e isto não agrada a Deus.
Pelo contrário, causa a Sua ira, cujo Seu juízo não tardará sobre os filhos da
desobediência. Nenhuma dessas festividades de origem pagã e idólatra são
agradáveis a Deus, quanto menos no culto ao Senhor. Como demonstrado nos
versículos que abordam o tema de forma direta, o Senhor abomina (odeia) a
todos aqueles que o cultuam como os pagãos cultuam os seus deuses. Por esta
razão, Ele estabelece regras para o Seu culto, as quais não podem ser alteradas,
perturbadas ou deturpadas fraudulosamente.
A pergunta que fica é esta: Como nos separar de toda essa confusão religiosa? A
resposta para tal é: “nos separando”. Ora, a Bíblia fala para nos apartarmos de
tudo que é profano. Não existe concórdia entre Deus e o diabo. Ou você é filho
de Deus ou você é filho do diabo.
Muitos cristãos já entendem o real significado da idolatria dos dias festivos
pagãos e da insustentabilidade do Natal. O que falta para essa grande massa é
compreender o significado de “jugo desigual” e “pacto com as más obras” (Sl
141.4; 2 Jo 1.10,11; 2 Co 6.14-18; Ef 5.11), bem como as suas implicações para a
vida espiritual. Líderes religiosos, das mais variadas seitas cristãs,
frequentemente usufruem de um pretexto nada convincente de que estão a reunir-
se com suas famílias e amigos no intuito de apresentar a eles o verdadeiro Deus.
Criam para si métodos humanistas jamais autorizados pelas Escrituras, mas antes
condenados pela Palavra de Deus. Criaram para si um “deus pessoal”; um deus
que deixa seus filhos à mercê de suas regrinhas insanas e medíocres, muitas
vezes com finalidades evangelísticas, mas que servem de tropeço e não de
evangelização.
A ordem é clara:
“E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-
as” (Efésios 5.11).

198
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem
a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus
vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e Eu serei o seu
Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o
Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai,
e vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso" (2 Coríntios
6.14-18).
Deixaremos para nos aprofundar nessa passagem em um momento mais
oportuno, no capítulo: “A Doutrina da Separação”.

NATAL, TAMUZ E MITRA


COMO TUDO COMEÇOU

Para entender a relação entre o Natal, sinal da cruz, o famoso "santíssimo


sacrário" em forma de sol e sua relação com Tamuz e Mitra, é de suma
importância que façamos uma viagem no tempo e na história das religiões e
costumes que deram início a essas práticas. Esses costumes são seguidos
fielmente por ditos cristãos em todo o sistema religioso denominacional e
também fora das denominações. Se na Bíblia não encontramos tais práticas como
sendo ensinamentos de Cristo, de onde, então, elas surgiram?
O Natal possui uma variedade de origens. Porém, antes mesmo que a “Igreja de
Roma” viesse a introduzir esta festa pagã na cristandade, a Bíblia já nos mostrava
o precursor de toda essa mitologia, e seu nome era Ninrode. Muito antes do
sistema romano criar o Natal, este personagem bíblico já havia dado início ao que
hoje é celebrado como “nascimento do menino Jesus”. Na Bíblia vemos uma
breve descrição relativa a Ninrode e ao significado do seu nome: “Rebelde”.
Ninrode foi um rei reprovado por Deus por causa de sua maldade, rebeldia e
soberba. Tratava-se de um rei “caçador e matador”, em contraste com a idéia de
um “rei-pastor”. Um caçador se deleita em satisfazer sua própria vontade às
custas de suas vítimas. Mas um pastor preocupa-se em proteger seus animais e
cuidar deles. A declaração de que Ninrode foi “poderoso caçador diante do
Senhor” (Gn 10.9) tem um sentido pejorativo. Para Deus, coisa alguma era e
continua sendo a glorificação da “força bruta” por parte dos homens; e nada é

199
mais comum, por parte da humanidade, do que dar pouca importância ao
sofrimento humano. Ninrode acreditava ser mais poderoso do que Deus, e, no dia
em que ele disse ser o dono do Sol, a paciência de Deus para com Ninrode se
esgotou – O SENHOR ordenou a sua morte.
Ninrode não tinha escrúpulos, e uma das provas disso é que ele tomou sua mãe
como mulher (esposa). Após sua morte, sua mãe Semíramis*, que acreditava ser
mãe de um deus, se impôs como deusa. Semíramis (ou Samiramez) se deitou
com vários homens (se prostituiu) até se engravidar de seu segundo filho, Tamuz.
É aqui que o “Menino Jesus” nasce na história.
Nota*:
Segundo a mitologia, Semíramis foi uma rainha que, de acordo com as lendas
gregas e persas, reinou sobre Pérsia, Assíria, Armênia, Arábia, Egito e sobre toda
a Ásia por mais de 42 anos. Ela foi a fundadora da Babilônia e de seus jardins
suspensos. Finalmente, subiu ao céu transformada em pomba após entregar a
coroa ao seu filho Tamuz.
Mas, será que temos algum registro bíblico sobre Tamuz, o filho de Semíramis?
Sim, nós temos. No livro de Ezequiel, Deus abomina Tamuz e Mitra, e todos os
que os adoram:
"Então me disse: Viste, filho do homem, o que os anciãos da casa de Israel fazem
nas trevas, cada um nas suas câmaras pintadas de imagens? Pois dizem: O
Senhor não nos vê; o Senhor abandonou a terra. E disse-me: Ainda tornarás a
ver maiores abominações, que estes fazem. E levou-me à entrada da porta da
casa do Senhor, que está do lado norte, e eis que estavam ali mulheres
assentadas chorando a Tamuz. E disse-me: Vês isto, filho do homem? Ainda
tornarás a ver abominações maiores do que estas. E levou-me para o átrio
interior da casa do Senhor, e eis que estavam à entrada do templo do Senhor,
entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco homens, de costas para o templo
do Senhor, e com os rostos para o oriente; e eles, virados para o oriente
adoravam o sol. Então me disse: Vês isto, filho do homem? Há porventura coisa
mais leviana para a casa de Judá, do que tais abominações, que fazem aqui?
Havendo enchido a terra de violência, tornam a irritar-me; e ei-los a chegar o
ramo ao seu nariz. Por isso também eu os tratarei com furor; o meu olho não
poupará, nem terei piedade; ainda que me gritem aos ouvidos com grande voz,
contudo não os ouvirei” (Ezequiel 8.12-18).

1. Quem é Tamuz?
2. Quem é o Sol adorado pelos judeus no texto?

200
3. Por que Deus se irou contra os que adoravam esses deuses?

Para compreender esta passagem da Bíblia, é necessário que verifiquemos a


história da mitologia grega e romana a fim de entender melhor a origem desses
deuses e como eles influenciam a cristandade até hoje, usando o nome de Deus e
da Igreja Cristã para enganar e fraudar o Evangelho de Cristo com evocações a
tais deuses.

A DEVOÇÃO AO "MENINO JESUS" (TAMUZ)


O bíblico Tamuz era um deus dos sumérios conhecido como Dumuzi e pelos
egípcios como Osíris. Tamuz tinha como “companheira” Asterote, a “rainha do
céu” (isso te lembra algo?) – Ishtar para os acádios, Ísis para os egípcios e
“Inanna” para os sumérios. O relacionamento entre Osíris e Ísis correspondem
notavelmente ao relacionamento e às características dos “babilônios” Tamuz e
Ishtar. Assim, é consenso entre os peritos que eles são os mesmos. O eterno
apaixonado da deusa “Inanna”, ou seja, Tamuz, trata-se de um humano que
acabou por se tornar um deus assim que morreu, estando associado à vegetação e
à agricultura, "porquanto é um deus que morreu jovem, e ressuscitou no ano
seguinte (e assim se sucede também à vegetação, que todos os anos renasce)".
Neste contexto podemos compreender a origem do aclamado "MENINO
JESUS", feito de gesso, com os braços estendidos e as mãos posicionadas de
forma a fazer o sinal da cruz. Este é Tamuz, adorado e venerado pelos católicos
romanos desde que Constantino entrou no comando de Roma. Esse deus foi
muito cultuado, mais tarde, em “Babilônia”, sob o mesmo nome, Tamuz, como
se vê em Ezequiel 8.14. É quase certeza que sua lenda esteja por de trás de outros
cultos antigos, como o de “Baal” nas terras de Canaã e o de Adónis na Grécia
Clássica.

O SINAL DA CRUZ
O sinal da cruz é um movimento ritualístico executado com as mãos pela maioria
das pessoas inseridas nos mais variados ramos do “Cristianismo”. Este sinal é
realizado desenhando-se no ar uma cruz sobre si mesmo, sobre outras pessoas ou
sobre “objetos”. Todavia, a sua origem se dá numa épica e complexa conspiração
religiosa para contaminar a Igreja Cristã.
O deus Tamuz era representado pela primeira letra de seu nome, que é o antigo
Tau, uma cruz. Ou seja, o "sinal da cruz" era o símbolo religioso de Tamuz. O

201
Expository Dictionary of New Testament Words (Dicionário Expositivo de
Palavras do Novo Testamento) é específico, afirmando que a cruz “teve sua
origem na antiga Caldéia, e era usada como o símbolo do deus Tamuz (tendo o
formato da mística Tau, a letra inicial do nome dele)”.
Você certamente já deve ter visto muitos católicos romanos com este "T"
pendurado no pescoço. Os clérigos e padres da dita “Igreja Católica” usam muito
esse “T” preso a uma corrente ou corda em seus pescoços.
É significativo o seguinte comentário no livro "The Cross in Ritual, Architecture,
and Art" (A Cruz no Ritual, na Arquitetura e na Arte): “É estranho, porém,
inquestionavelmente um fato, que em eras muito anteriores ao nascimento de
Cristo, e desde então em terras não tocadas pelo ensino da Igreja, a Cruz tenha
sido usada como símbolo sagrado. O grego Baco, o tírio Tamuz, o caldeu Bel e o
nórdico Odin, para seus devotos eram simbolizados por uma figura cruciforme”.

O NATAL É UMA CELEBRAÇÃO AO DEUS SOL MITRA


Mitra é o deus pagão do Sol na mitologia persa. No início deste artigo nós
falamos sobre ele a partir de Ezequiel 8, quando Deus falou a respeito da
abominação da adoração a Tamuz e ao Sol. Essa divindade é adorada pelos
pagãos desde a fundação do Catolicismo Romano pelo imperador Constantino
(306 d.C).
O símbolo solar se encontra nos quatro cantos do vaticano, especialmente onde
se guarda a chamada "Hóstia". Vemos ali o sol feito com materiais dourados,
dando alusão à Mitra. Ao longo dos séculos, foi incorporada a vasta e sincretista
Mitologia hindu; e posteriormente a Mitologia romana. Na Índia e Pérsia
representava a luz; significando literalmente em persa Divindade solar.
As várias misturas ritualistas resultantes dessa divindade são assombrosas. Após
a vitória de Alexandre, o Grande, sobre os persas, o culto a Mitra se propagou
por todo o Mundo Helenístico. Nos séculos III e IV da era cristã, as religiões
romanas, identificando-se com o caráter viril e luminoso do deus Mitra,
transformaram o culto a Mitra no Mitraísmo. Segundo Heródoto, Mitra era a
deusa Afrodite Urânia, trazida pelos assírios com o nome Mylitta e pelos árabes
com o nome Alitta.
Finalmente, o culto de Mitra chegou à Europa através desses povos, ganhando na
Grécia antiga uma efêmera analogia à deusa Hemera; pouco antes do nascimento
de Alexandre Magno. Com a adoção da religião grega pelos romanos em 146

202
a.C, Mitra foi literalmente adotado como equivalente à Hemera, onde se manteve
até o século III.
Em Roma, foi culto de alguns imperadores, ao lado do "Sol Invictus"; ambos
eram os Protetores do Império (como o é até hoje, porém, com nomes alterados
intencionalmente, fazendo uma analogia ao verdadeiro Deus, o Deus de Israel e
dos cristãos). Algumas peculiaridades do Mitraísmo foram agregadas a outras
religiões, principalmente ao Cristianismo.
Desde a antiguidade, o nascimento de Mitra era celebrado em 25 DE
DEZEMBRO. Os cristãos nominais acreditam estar festejando o aniversário de
Cristo, quando, na prática, estão celebrando o nascimento de Mitra. Todavia, o
Mitraísmo entrou em decadência a partir da adoção do Cristianismo como
“religião oficial” do Império Romano. Segundo a tradição romana, o Mitraísmo
entrou em decadência frente ao Cristianismo por não ser tão inclusivo quanto a
religião cristã. Mas tudo isso não passava de interesses políticos e não de uma
atração devota ao evangelho de Cristo. Na prática, o culto a Mitra continuou
como antes, usando, porém, os nomes relacionados a Deus.
O culto a Mitra era permitido apenas aos homens, e, ainda assim, aos homens
iniciados em um ritual que acontecia somente em algumas épocas do ano. O
ritual de iniciação na religião mitraica consistia em levar o neófito (iniciante no
Cristianismo) até o altar de Mitra, amarrado e vendado, onde o sacerdote oferecia
a ele a “Coroa do Mundo”, colocando-a sobre sua cabeça. A pessoa que estava
sendo introduzida no falso Cristianismo deveria recusar a coroa e responder:
"Mitra é minha única coroa".
Como se pode notar, o culto a Mitra passou por diversas transformações,
difundindo-se gradualmente até alcançar um lugar proeminente na Pérsia e
representar o principal oponente do Cristianismo no mundo Romano, nas
primeiras etapas de sua expansão. Entretanto, com a adoção do Cristianismo
como “religião oficial” do Império Romano, o Mitraísmo foi embutido no
Cristianismo de forma subliminar. Por de trás dessa farsa, os cristãos recebiam
riquezas e terras em troca da aceitação por parte do sagaz imperador romano,
sendo Mitra o “Messias Romano”, uma alusão a Jesus Cristo.

203
CONCLUSÃO
Se você não sabia do que se tratava os nomes Tamuz e Sol (Mitra) em Ezequiel
8.12-18, agora você sabe. Sempre que o dia 25 de dezembro chegar, você se
lembrará desses fatos e da Palavra do Senhor ao amaldiçoar a todos os que
adoram a esses deuses, consciente ou inconscientemente.
"O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu
rejeitaste o conhecimento, também EU te rejeitarei, para que não sejas sacerdote
diante de mim; e, visto que te esqueceste da lei do teu Deus, também eu me
esquecerei de teus filhos" (Oséias 4.6).

16 REGRAS IMUTÁVEIS CONTRA O JUGO


DESIGUAL COM OS INFIÉIS

Será que Deus aceita que nos misturemos aos infiéis em um culto estranho ao
evangelho? Será que Ele aceita em Seu culto qualquer forma de adoração? Seria
correto adorá-lo da forma que os pagãos fazem aos seus deuses, com pretexto de
que não importa a origem da prática? Será que a união entre crentes e incrédulos
em uma grande festa ecumênica seria aceito por Deus? A Bíblia responde:

1. Deus ordena em Sua Palavra que não prossigamos em cultuá-lo segundo


qualquer costume ou tradição que não proceda tão somente da forma como Ele
mesmo instituiu que devêssemos adorá-lo e cultuá-lo. Estas normas, assim
determinadas pela Bíblia e imutáveis em seus decretos, não estão passíveis de
opções, intenções do coração humano, imaginações, fábulas, costumes ou
quaisquer pretextos de piedade e amor a Ele. Não podemos crer, ensinar/pregar e
fazer o que se opõe ao único e insubstituível evangelho. A Palavra de Deus não
tolera nenhum acrescentamento às regras impostas por Ele mesmo ao Seu povo.
“Quando o SENHOR teu Deus desarraigar de diante de ti as nações, aonde
vais a possuí-las, e as possuíres e habitares na sua terra, guarda-te, que não te
enlaces seguindo-as, depois que forem destruídas diante de ti; e que não
perguntes acerca dos seus deuses, dizendo: -- Assim como serviram estas
nações os seus deuses, do mesmo modo também farei eu -- . Assim NÃO farás
ao SENHOR teu Deus; porque tudo o que é abominável ao SENHOR, e que

204
Ele odeia, fizeram eles a seus deuses; pois até seus filhos e suas filhas
queimaram no fogo aos seus deuses. Tudo o que Eu te ordeno, observarás para
fazer; nada lhe acrescentarás nem diminuirás.” (Deuteronômio 12.29-32).

2. Deus disse-nos claramente que não aceitará este tipo de culto, festividade ou
adoração não prescrita por Ele mesmo na Santa Escritura. Ainda que alguém
tenha a intenção de honrá-Lo com tais rituais à parte da Escritura Sagrada, as
mesmas são de origem pagã, e, como tal, é abominável e honra não a Ele, mas
sim aos demônios.

"Assim diz o SENHOR: 'Não aprendais o caminho dos gentios, ... Porque os
costumes dos povos são vaidade; ...'" (Jeremias 10.2-3).

3. Deus não quer que O honremos como nos orienta a nossa própria consciência.

"Deus é Espírito; e importa que os que O adoram O adorem em espírito e em


verdade" (João 4.24).

4. O que é a verdade? Jesus disse que a Sua palavra, a Bíblia, é a verdade (João
17.17). A Bíblia diz que Deus não aceitará culto de pessoas que, querendo honrar
a Cristo, adotem um costume pagão.
"Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos de homens"
(Mateus 15.9).

5. Toda prática religiosa ou que possua qualquer aspecto de doutrinas estranhas


ao evangelho, o que foi explícita e indiscutivelmente proibido ou exemplificado
com clara desaprovação de Deus em Sua Palavra deve ser rejeitado e considerado
maldito.

“Maravilho-me de que tão depressa passásseis daquele que vos chamou à


graça de Cristo para outro evangelho; o qual não é outro, mas há alguns que
vos inquietam e querem transtornar o evangelho de Cristo. Mas, ainda que nós
mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos
tenho anunciado, seja REPROVADO. Assim, como já vo-lo dissemos, agora de
novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro evangelho além do que
já recebestes, seja MALDITO. Porque, persuado eu agora a homens ou a
Deus? ou procuro agradar a homens? Se estivesse ainda agradando aos
homens, não seria servo de Cristo. Mas faço-vos saber, irmãos, que o
evangelho que por mim foi anunciado não é segundo os homens. Porque não o

205
recebi, nem aprendi de homem algum, mas pela revelação de Jesus Cristo”
(Gálatas 1.6-12).

6. Não se pode servir, adorar e cultuar a Deus e, ao mesmo tempo, servir, adorar
e cultuar aos demônios. Não se pode ser escravo de dois deuses. Ou se ama um e
odeia o outro, ou vice-versa.
“Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o
outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e a
Mamom” (Mateus 6.24).

7. O verdadeiro cristão, nascido de novo, em Cristo Jesus, não pode sequer ter
participação em tais festividades, nem se assentar à mesa dos demônios.
“Antes digo que as coisas que os gentios sacrificam, as sacrificam aos
demônios, e não a Deus. E não quero que sejais participantes com os
demônios. Não podeis beber o cálice do Senhor e o cálice dos demônios; não
podeis ser participantes da mesa do Senhor e da mesa dos demônios. Ou
irritaremos o Senhor? Somos nós mais fortes do que ele?” (1 Coríntios 10.20-
22).

8. Esta decisão não está relacionada ao mero ato de comer ou beber aquilo que é
consagrado ou procedente dos gentios, mas sim à conduta exemplar do cristão
diante de um mundo corrompido pela astúcia de Satanás. Tal posicionamento
tem o intuito de não pôr em tropeço as mentes mais fracas. Não é uma questão de
comer ou beber, mas de portar-se de modo a não escandalizar aqueles que nos
observam, sejam os pagãos, seja a Igreja de Deus.
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as
coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam. Ninguém busque o
proveito próprio; antes cada um o que é de outrem. Comei de tudo quanto se
vende no açougue, sem perguntar nada, por causa da consciência. Porque a
terra é do Senhor e toda a sua plenitude. E, se algum dos infiéis vos convidar, e
quiserdes ir, comei de tudo o que se puser diante de vós, sem nada perguntar,
por causa da consciência. Mas, se alguém vos disser: "Isto foi sacrificado aos
ídolos”, não comais, por causa daquele que vos advertiu e por causa da
consciência; porque a terra é do Senhor, e toda a sua plenitude. Digo, porém, a
consciência, não a tua, mas a do outro. Pois por que há de a minha liberdade
ser julgada pela consciência de outrem? E, se eu com graça participo, por que
sou blasfemado naquilo por que dou graças? Portanto, quer comais quer
bebais, ou façais outra qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. Portai-
vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à

206
igreja de Deus. Como também eu em tudo agrado a todos, não buscando o meu
próprio proveito, mas o de muitos, para que assim se possam salvar” (1
Coríntios 10.23-33).

9. A correlação entre buscar o proveito do próximo e dar testemunho diante dos


pagãos é explícita e ordenada na Bíblia, e é justamente esta realidade que faz
diferenciação entre o justo e o injusto; entre o que serve a Deus e o que não serve
a Deus.
“Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho em Sião a pedra
principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não será confundido.
E assim para vós, os que credes, é preciosa, mas, para os rebeldes, a pedra que
os edificadores reprovaram, essa foi a principal da esquina, E uma pedra de
tropeço e rocha de escândalo, para aqueles que tropeçam na palavra, sendo
desobedientes; para o que também foram destinados. Mas vós sois a geração
eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis
as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz;
Vós, que em outro tempo não éreis povo, mas agora sois povo de Deus; que não
tínheis alcançado misericórdia, mas agora alcançastes misericórdia. Amados,
peço-vos, como a peregrinos e forasteiros, que vos abstenhais das
concupiscências carnais, que combatem contra a alma; Tendo o vosso viver
honesto entre os gentios; para que, naquilo em que falam mal de vós, como de
malfeitores, glorifiquem a Deus no dia da visitação, pelas boas obras que em
vós observem” (1 Pedro 2.6-12).

10. É evidente que falarão mal de nós e irão ranger seus dentes contra nossa
conduta, pela nossa firmeza e pelo nosso posicionamento diante de Deus e dos
homens. Mas, se o mundo, ou as nações do mundo, ou os pagãos (ambos com o
mesmo sentido na Bíblia) não vos odeia, acredite: Seu cristianismo é duvidoso e
certamente não dá frutos.
“Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós, me odiou a mim. Se
vós fôsseis do mundo, o mundo amaria o que era seu, mas porque não sois do
mundo, antes eu vos escolhi do mundo, por isso é que o mundo vos odeia.
Lembrai-vos da palavra que vos disse: Não é o servo maior do que o seu
senhor. Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão a vós; se
guardaram a minha palavra, também guardarão a vossa. Mas tudo isto vos
farão por causa do meu nome, porque não conhecem aquele que me enviou”
(João 15.18-21).

207
11. Não se deve buscar agradar à família e aos parentes que, por tradição,
seguem a Satanás. O objetivo central do cristão é agradar a Deus e não aos
homens. Caso contrário, você não é servo de Cristo.
“Porque, persuado eu agora a homens ou a Deus? ou procuro agradar a
homens? Se estivesse ainda agradando aos homens, não seria servo de Cristo”
(Gálatas 1.10).

12. Seja Sal e Luz do mundo. As boas obras para as quais fomos chamados
possuem um crivo que confirma se estamos de fato nas boas obras, haja vista que
tais boas obras, operadas pelo Espírito Santo, são concedidas juntamente com a
perseguição dos que observam a maneira que lidamos com o estilo de vida do
mundo e de como a renunciamos em temor a Deus, absorvendo os danos e
sofrendo os distúrbios causados pela posição firmada e testificada na “Rocha”.
Preste atenção nisso: Muitos fazem “boas obras” e, contudo, não dão frutos
dignos de arrependimento, nem são servos do Altíssimo, nem se acham em graça
e conhecimento de Jesus Cristo, como por exemplo os espíritas. Esta é a prova
inexorável de que esses indivíduos "caridosos" não são SAL e LUZ do mundo. O
que você deve saber acerca do contexto de Mateus 5.10 é que a credencial de sua
fidelidade a Deus não vem meramente por meio das boas obras, mas pela
maneira com que você as manuseia e pelas aflições que são concedidas
juntamente com elas. E isso significa que você deve ser separado do mundo. As
boas obras descritas na Bíblia estão de mãos dadas com as perseguições e
aflições que sofreremos por nosso posicionamento radical com Cristo. Observe o
contexto:
“Bem-aventurados os que sofrem perseguição por causa da justiça, porque
deles é o reino dos céus; Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e
perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa.
Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque
assim perseguiram os profetas que foram antes de vós. Vós sois o SAL da terra;
e se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão
para se lançar fora, e ser pisado pelos homens. Vós sois a LUZ do mundo; não
se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; Nem se acende a
candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas no velador, e dá luz a todos que
estão na casa. --> Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que
vejam as vossas boas obras e glorifiquem a vosso Pai, que está nos céus <-- ”
(Mateus 5.10-16).

208
13. Não comungue de tais festividades não ordenadas por Deus, mas antes
condene tais obras infrutíferas com coragem e confiança no Deus que lhe separou
do mundo.
“E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes condenai-
as” (Efésios 5.11).

14. Não seja participante de nada que seja abominável ao Senhor da Palavra.
Não se junte à sua família nas práticas mundanas e carnais, nem com parentes,
nem com amigos, nem ainda com aqueles que se dizem irmãos e não o são. Não
tenha parte com eles em nada que entre em conflito com o evangelho que você
recebeu do alto.
“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade
tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do
Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei
o seu Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos,
diz o Senhor;E não toqueis nada imundo,E eu vos receberei; E eu serei para
vós Pai,E vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso” (2
Coríntios 6.14-18).

15. Não se adapte a nenhuma prática ritualística de cunho festivo ou religioso, a


qual não fora ordenada pela Bíblia ou permitida pela mesma. O crente é chamado
para se separar do mundo e não para andar com ele. Não se conforme nem aceite
isso dentro de sua casa, porquanto a renovação da sua mente, em Cristo Jesus,
será testificada através da abnegação de tudo que não provém de Deus, incluindo
os costumes mais sutis do mundo.
“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2).

16. Toda fábula judaica ou misticismo pagão, quer seja atribuída a Deus ou não,
deve ser rejeitada, porquanto muitos falsos mestres adentram a Igreja de Deus
com discursos à base de sofisma, enganando a muitos com pretextos de piedade e
pregações ecumênicas, visando o interesse político de suas instituições e não o
zelo pela sã doutrina estabelecida na Santa Escritura. Tais opositores da verdade,
com semblantes de anjos, são bons em introduzir ensinamentos e práticas que
corroborem com seus próprios desejos carnais e doutrinas de demônios. Todavia,
eles jamais admitirão o erro de impingir na cabeça dos incautos práticas que não

209
se conformam com o evangelho. Antes continuarão insistindo na mentira de que
pregam o verdadeiro evangelho.
“Porque virá tempo em que não suportarão a sã doutrina; mas, tendo
comichão nos ouvidos, amontoarão para si doutores conforme as suas próprias
concupiscências; E desviarão os ouvidos da verdade, voltando às fábulas. Mas
tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o
teu ministério” (2 Timóteo 4.3-5).

ADIAPHORA
Um alerta sobre os princípios que regulam o Culto

Adiaphora (do grego ἀδιάφορα - adiaforon) é a palavra usada para se referir a


algo que não é obrigatório nem proibido. Em outros contextos, possui também o
sentido de "insignificante". Esta é a palavra adotada pelas denominações
religiosas, tanto tradicionais como carismáticas. Elas aderiram a posição luterana
da interpretação livre. Isto é, quando a Escritura não estabelece uma ordem direta
de permissibilidade, assim entendem estar livres para determinar e instituir o que
não foi instituído para o culto e adoração na Igreja.
Lamentavelmente, a maioria dos cultos realizados por ditos cristãos, hoje, não
observa as normas estabelecidas pelo próprio Deus em relação ao Seu Culto.
Porém, a Escritura determina, de forma cristalina, que só se pode ser aceito no
Culto aquilo que está expressamente ordenado na Palavra como padrão de
adoração.
Não existem cultos específicos em que Deus se sinta mais amado ou menos
afrontado. Não existem “dias santos” ou “especiais” que Deus tenha estabelecido
à Igreja para que o culto a Ele seja mais agradável. Porventura é nos dado
autoridade para saquear a limitação dos elementos de culto estabelecidos
detalhadamente pelo Deus da Palavra, seja no Velho ou no Novo Testamento?
Não, em nenhum lugar da Bíblia. Isto se aplica a todas as formas de
entretenimento que Deus jamais permitiu ou ordenou que Seu povo praticasse em
Seu culto.

210
O que vemos na Bíblia é a ordem clara de se adorar a Deus através dos meios que
Ele mesmo estabeleceu, e não com base na imaginação humana. A Escritura nos
ensina claramente que o modo aceitável de adorar o verdadeiro Deus é instituído
por Ele mesmo e expressamente limitado pela Sua vontade revelada. Assim,
Deus não deve ser adorado segundo as imaginações e invenções dos homens,
nem sob as sugestões de Satanás nem sob qualquer representação visível ou de
qualquer outro modo não prescrito nas Santas Escrituras (Dt 12.32; Pv 30.6; Mt
I5.9; Jo 4.24; 1 Co 3.10,11; 4.6; Gl 1.6-10; Cl 2.7,8).
Um exemplo de como o povo tem se perdido por conta da não-observância
desses princípios são os instrumentos musicais como forma de entretenimento
dentro do culto a Deus. Ora, se acrescentamos esses instrumentos como forma de
adoração a Deus, sendo que Ele não nos ordenou tal prática judaica, como
poderemos saber que outras coisas piores não serão acrescentadas no culto?
Como podemos observar na atual cristandade, o resultado da desobediência nesse
ponto é que agora as pessoas usam de todo o tipo de diversão como norma para o
culto, tal como representações teatrais, danças, cantores “gospel” e até o maldito
“Natal”, uma profanação ao nosso Deus e um insulto ao Homem de Dores
(conferir artigos anteriores, neste mesmo capítulo, sobre o Natal).
Os que alegam ser irrelevante o que se deve ou não fazer dentro do culto dizem:
“Mas isso são apenas circunstâncias do culto; sabemos não ser elementos do
culto”. Ora, se partirmos dessa premissa, como saberemos que daqui a alguns
dias não teremos mulheres seminuas dançando em torno de um poste ídolo para
divertir os ditos “crentes” em uma assembleia? Se as "meras circunstâncias" são
permitidas no culto a Deus em detrimento do princípio regulador do culto, como
no caso dos instrumentos musicais, uma mulher de biquíni no culto também é
uma circunstância aceitável, pois não faz parte dos elementos de culto, mas é
uma “circunstância”, como alegam os defensores de que não devemos dar
importância para aquilo que não é nitidamente proibido pela Palavra de Deus.
Sendo assim, aonde isso vai parar? Segundo tal premissa, podemos fazer o que
quisermos no culto a Deus. Por isso precisamos observar e obedecer os princípios
que regulam o culto e nos restringir a eles.
Culto não é lugar de ouvir músicas, nem de celebrar cultos que não foram
expressamente prescritos pela Palavra de Deus na dispensação da graça. O
"Natal", a “Páscoa”, o “Teatro”, a “Dança” e tantas outras formas de
entretenimentos pagãos e mundanos são puramente direcionadas a deuses pagãos.
Nenhuma dessas práticas possuem resquício de amparo da Escritura.
Algumas pessoas reclamam dizendo que sentem falta de instrumentos musicais
para adorarem a Deus, e que esses instrumentos são “circunstâncias comuns” no

211
culto, tais como orar de joelhos ou de olhos fechados. Todavia, orar de joelhos ou
de olhos fechados não interfere nos princípios que regulam o culto. O fato é que a
Bíblia diz que o único instrumento para se adorar a Deus no Novo Testamento é
um coração puro e os lábios dos que adoram ao SENHOR. Ponto final.
O problema de muitos é não entender a diferença entre o sistema de coisas do
judaísmo e o novo modo de culto e ministério do cristianismo. As pessoas
querem imitar o que os israelitas faziam, mas não percebem que aquele era o
modo ordenado por Deus na antiga dispensação para adoração. Os instrumentos
musicais não fazem parte do culto na Igreja de Deus (de Atos a Apocalipse). Não
somos o Israel de Deus. Somos a Igreja de Deus.
A palavra Cânone, em hebraico “qenéh” e no grego “kanóni”, tem o significado
de "régua" ou "cana [de medir]", no sentido de um catálogo. Isto significa que
não somos nós quem determinamos as regras de Culto e adoração a Deus. A
Bíblia nos ensina, em toda a sua base e essência escriturística, que não temos o
direito de revirar as Escrituras de cabeça para baixo, sacudi-la e, após não
encontrar qualquer brecha para nossas vãs tradições, simplesmente estabelecê-las
como normas de culto a Deus, ao bel prazer e sem nenhuma autoridade divina
revelada.
Onde a Bíblia se cala, nós, cristãos, nos calamos simultaneamente. No Antigo
Testamento vemos Deus ordenando Seu povo Israel que o adore segundo os
padrões estabelecidos por Ele, e jamais segundo os moldes mundanos. Da mesma
forma, no Novo Testamento, Deus ordena a Igreja que faça o mesmo que Ele
ordenara a Israel neste sentido. Nada se deve acrescentar e nada se deve subtrair
da Escritura Sagrada.
“Tudo o que Eu te ordeno, observarás para fazer; nada lhe acrescentarás nem
diminuirás” (Deuteronômio 12.32).
“Mas em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos dos homens”
(Mateus 15.9).
"E eu, irmãos, apliquei estas coisas, por semelhança, a mim e a Apolo, por amor
de vós; para que em nós aprendais a não ir além do que está escrito" (1
Coríntios 4.6).
“Porque eu testifico a todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro
que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas
que estão escritas neste livro; e, se alguém tirar quaisquer palavras do livro
desta profecia, Deus tirará a sua parte do livro da vida, e da cidade santa, e das
coisas que estão escritas neste livro” (Apocalipse 22.18,19).

212
CAPÍTULO 7
SINAIS E MILAGRES

O DOM DE LÍNGUAS SEGUNDO A BÍBLIA

Deus prometeu que usaria nações do mundo todo para transmitir Sua Palavra ao
Seu povo escolhido. Por meio de outras línguas, Seu povo receberia as “boas
novas” e, ainda assim, muitos não ouviriam os Seus preceitos.
"Está escrito na Lei: Por gente doutras línguas, e por outros lábios, falarei a
este povo; e ainda assim me não ouvirão, diz o Senhor. De sorte que as línguas
são um sinal, não para os fiéis, mas para os infiéis; e a profecia não é sinal para
os infiéis, mas para os fiéis" (1 Co 14.21,22).
Essa promessa se cumpriu em Atos 2, com a descida do Espírito Santo. Ali a
Igreja estava sendo inaugurada, como Jesus havia prometido de antemão que
faria (Jo 15.26; Jo 16.13; Jo 16.7,8). Um novo povo, um povo celestial e
separado para a dispensação da graça, estava nascendo naquele exato momento.
Vejamos a passagem onde foi registrado o cumprimento desta promessa:
"E todos foram cheios do Espírito Santo, e começaram a falar noutras línguas,
conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem... E todos pasmavam e se
maravilhavam, dizendo uns aos outros: Pois que! não são galileus todos esses
homens que estão falando?... os temos ouvido em nossas próprias línguas falar
das grandezas de Deus" (At 2.4-11).
Quando o assunto é o “dom de línguas”, temos que nos ater a duas perguntas
importantes:

1. Qual era o propósito do dom de línguas?


2. Essas línguas eram idiomas normalmente falados no mundo, ou eram
meramente um balbuciar de palavras sem significação e em estado de êxtase?

Os versículos citados no início respondem com muita clareza a estas perguntas:


(1) Essas línguas foram dadas como um sinal para incrédulos e não para os

213
crentes; (2) e eram línguas entendidas por todas as pessoas que vieram de
países onde aqueles idiomas eram falados. Ou seja, eram idiomas comuns,
porém, de vários países diferentes.
Se considerarmos esses dois fatores, todas as passagens que tratam do assunto se
tornarão claras de uma só vez. Quanto ao fato de elas existirem ou não nos dias
de hoje, não, elas não existem. Se existissem, deveríamos esperar que essas
línguas fossem as mesmas mencionadas pelas Escrituras. Deus concedeu sinais
ao Seu povo para confirmar a Sua Palavra para os incrédulos antes que o Novo
Testamento viesse a ser escrito (Mc 16.20; Hb 2.3,4).
O que atualmente é chamado de “dom de línguas” apresenta três problemas: (1)
Essas línguas não são utilizadas para proclamar as grandezas de Deus aos
incrédulos em suas próprias línguas; (2) essas chamadas “línguas” estão sempre
associadas a algum erro sério acerca da Pessoa e obra de Jesus Cristo; (3) elas
estão conectadas a várias outras práticas heréticas advindas das mais perversas
seitas.
Tudo isso deve nos servir de alerta para que não tenhamos qualquer relação com
tais movimentos. A Palavra de Deus diz que devemos "examinar tudo e reter
somente o bem" (1 Ts 5.21). Ou seja, devemos examinar essas práticas sob o
manuseio responsável das Escrituras e em total submissão a elas, pois muitos são
os ramos da cristandade, num todo, que praticam esse tipo de heresia.
Em Atos dos apóstolos encontramos três passagens que falam a respeito do dom
de línguas:

1 – Em Atos 2, no dia em que se comemorava a festa de Pentecostes, o Espírito


Santo desceu sobre o povo conforme a promessa feita em Atos 1.4,5. Essa
promessa também é encontrada em João 7.39; 16.7. Até aquele momento Deus
estava tratando somente com a nação de Israel. Enquanto na terra, Jesus declarou
de forma enfática: "Eu não fui enviado senão às ovelhas perdidas da casa de
Israel" (Mateus 15.24). Ele também disse aos Seus discípulos: "Não ireis pelo
caminho das gentes (gentios), nem entrareis em cidade de samaritanos; mas ide
antes às ovelhas perdidas da casa de Israel" (Mateus 10.5,6). Todavia, naquele
dia de Pentecostes, uma promessa feita por Jesus nos evangelhos judaicos estava
para ser cumprida, pois antes Ele havia dito aos Seus discípulos: "... edificarei a
minha Igreja" (Mateus 16.18). Ou seja, quando Jesus fez esta promessa, a Igreja
ainda não existia. Ela só viria a existir em Atos 2. Essa Igreja seria composta de
judeus e gentios que se convertessem a Ele (1 Co 12.13). A parede de separação
entre judeus e gentios, no que diz respeito à salvação, estava para ser derrubada
(Ef 2.14). Com isto em mente, qual sinal poderia ser mais apropriado para
transmitir aos povos as boas novas, senão o dom de línguas? Com isso, a
214
mensagem das grandezas de Deus foi assim proclamada em muitas línguas
diferentes, sem qualquer aprendizado prévio por parte dos que as falavam. Deus
mostrou ao Seu povo judeu que Ele estava indo além das fronteiras de Israel
agora. Agora, não somente Israel, como também os gentios estavam incluídos na
promessa de salvação eterna. E foi por meio do dom de línguas que os apóstolos
e associados a eles transmitiram a mensagem do evangelho a vários povos
distintos, pois assim era necessário para que essas nações pudessem entender o
que os servos de Deus estavam proclamando.

2 – Atos 10.46 é a nossa próxima referência ao dom de línguas. Havia na casa de


Cornélio um grupo de gentios. Deus está ali para apresentar a Cornélio o Seu
povo celestial, a Igreja, que agora foi formado com a introdução dos gentios.
Sabemos ser Israel o povo terrenal de Deus, e não celestial. Cornélio apenas
conhecia o povo terrenal de Deus, o qual agora está posto de lado no presente
momento. Pedro é encarregado de pregar o evangelho da graça a ele. Quando
Pedro terminou, o Espírito Santo veio sobre eles e eles falaram em línguas e
foram introduzidos imediatamente à Igreja de Deus, Seu povo celestial que agora
está sendo tratado na dispensação da graça. Em Atos 11.4-18 Pedro se recorda
daquele acontecimento extraordinário e diz: "caiu sobre eles o Espírito Santo,
como também sobre nós ao princípio". Ora, isso deixa bem claro que eles
também falaram em outras línguas igualmente inteligíveis (idiomas falados neste
mundo) e não com palavras sem sentido, pois foi assim que o dom de línguas
havia sido dado "ao princípio". Mais uma vez vemos que isso estava em perfeita
harmonia com os desígnios de Deus em demonstrar que Ele estava alcançando
pessoas do mundo todo além de Israel. Agora, não somente Israel comporia um
grupo de salvos, como também as nações gentílicas seriam incluídas no ato de
Deus em salvar indivíduos por meio do evangelho. Aqueles que se encontravam
na assembléia em Jerusalém foram levados a admitir tudo isso, pois
disseram: "Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida"
(At 11.18).

3 – Nossa próxima consulta a respeito do dom de línguas é em Atos 19.6,


quando Paulo vai a Éfeso. Havia ali um grupo de discípulos que nunca havia
ouvido o evangelho da graça de Deus. Esses homens já haviam aceitado a
mensagem de João Batista, o qual proclamava a vinda do Messias. João Batista já
os havia batizado nas águas e eles já haviam se arrependido de seus pecados.
Porém, esses indivíduos ainda não tinham qualquer conhecimento sobre o
evangelho da graça. Tudo o que eles conheciam era a mensagem do chamado ao
215
arrependimento proclamada por João Batista. Quando Paulo chega até eles, ele
prega acerca do Senhor Jesus que morreu e ressuscitou, e que o Espírito Santo foi
enviado ao Seu povo. João já havia prenunciado que o Senhor Jesus viria para
batizar Seus escolhidos com o Espírito Santo e não com água (Mt 3.11), e isso já
havia acontecido no dia de Pentecostes (At 2), exatamente como Jesus havia
profetizado que aconteceria em Atos 1.5. Agora já não era mais necessário
esperar pelo batismo do Espírito Santo, pois Ele já havia vindo, e, assim, quando
Paulo impôs suas mãos sobre aqueles homens em Éfeso, estes receberam o
Espírito Santo imediatamente. Eles também deram testemunho do ocorrido ao
falar em outras línguas, dizendo que o cristianismo não era igual à mensagem de
João à nação de Israel, pois a mensagem do evangelho no cristianismo ia além do
povo de Israel e alcançava até os gentios. É muito importante notar que a epístola
de Paulo aos Efésios não menciona o dom de línguas, mas revela claramente
como a parede de separação entre judeus e gentios, com relação à salvação, foi
derrubada, formando um só corpo em Cristo (Ef 2.14-16; 3.6).

O DOM DE LÍNGUAS NA DOUTRINA DOS APÓSTOLOS


Após o livro de Atos, dá-se início às epístolas: a doutrina dos apóstolos. A única
epístola que fala do dom de línguas é a de 1 Coríntios. É interessante notar que a
Escritura nos revela que aos Coríntios não faltava nenhum dom, e, ainda assim,
eram cristãos carnais (1 Co 1.7; 3.1). A Palavra de Deus diz que "os dons e a
vocação de Deus são sem arrependimento" (Rm 11.29). Isto é, Deus não retira
um dom que tenha sido dado a uma pessoa, mesmo que ela não o esteja
utilizando em conformidade com a Sua vontade revelada em Sua Palavra. É
possível usar um dom dado por Deus de maneira errada ou fazê-lo apenas para
exibição e exaltação própria. Ou seja, ter dons espirituais na Igreja primitiva não
provava que alguém era realmente convertido e salvo. Além disso, é muito
importante notar que nem todos os crentes em Corinto possuíam o dom de
línguas (1 Co 12.30). Alguns dentre os que haviam recebido esse dom não
estavam praticando o dom da maneira correta, pois não o usavam em amor, nem
para proveito da Igreja de Deus, mas tão somente para a própria satisfação, além
de estarem enganando a si mesmos com algo que não era necessariamente a
prática do dom de línguas; eles tinham o dom, mas a forma como a usavam tirava
de cena o que o dom de línguas realmente deveria promover dentro do corpo de
Cristo. Por esse motivo, o apóstolo Paulo os exorta a não agirem como meninos
que gostam de se exibir (1 Co 13.11; 14.20).
Agora note algo muito importante: Em 1 Coríntios 13.8-10 diz que as línguas
não serão necessárias quando “vier o que é perfeito” e, portanto, cessarão na

216
glória vindoura. Preste muita atenção – aqui não é dito nada sobre o dom de
línguas, mas sobre as línguas em si. Elas é que cessarão quando vier o que é
perfeito. Assim como as línguas, também não será necessária a profecia, e o
conhecimento não será mais em parte. Isso ocorrerá porque todos serão de um
mesmo parecer e falarão uma mesma língua (ou idioma). Quanto ao dom de
línguas, ele cessou (juntamente com a era apostólica) porque cumpriu seu
propósito de anunciar o evangelho da graça aos gentios.
A criação e proliferação das diferentes línguas começaram com a torre de Babel,
quando o homem, em seu orgulho, procurou erguer uma torre de tijolos cujo topo
alcançaria os céus (Gn 11). Ou seja, antes do ocorrido com a torre de Babel,
todos os povos falavam uma mesma língua. A partir do momento em que o
Espírito Santo desceu no dia de Pentecostes em Atos 2, Deus começou a
construir uma casa espiritual (a Igreja), da qual todos os crentes fazem parte
como pedras vivas, não importando que língua falem ou a que nacionalidade
pertençam. Mais uma vez vemos a sabedoria de Deus em apresentar esse algo
novo – a Igreja – por meio do dom de línguas na era apostólica. Portanto, o uso
leviano desse dom, sem amor e para pura exibição, era expressamente reprovado
por Deus, como pudemos destacar.
Em 1 Coríntios 14 o apóstolo Paulo trata mais uma vez deste assunto e estabelece
as regras para o seu uso em assembléia. Nas ocasiões anteriormente registradas
em Atos, elas não eram usadas na assembleia quando os irmãos se reuniam, mas
apenas como um sinal para cumprir o propósito para o qual Deus lhes havia
dado. Esse dom dado por Deus só era proibido na Igreja primitiva quando não
houvesse um intérprete. Com exceção disso, ele podia ser praticado sempre que
fosse para a edificação da Igreja. Se o dom fosse usado adequadamente, ele
serviria para lembrar os cristãos acerca da graça de Deus em operar Sua salvação
entre as nações do mundo todo, reunindo-os em um só corpo em Cristo.
Naturalmente, hoje, quando um estrangeiro nos visita na Igreja, é obviamente
necessário que haja um intérprete. Assim também era a regra na Igreja primitiva,
porém, com o uso do dom de línguas sobrenatural. Hoje não temos a
necessidade do dom de línguas, uma vez que podemos aprender com facilidade
as várias línguas de outros países, sem a necessidade de uma emergência, como
aconteceu em Atos 2.
No entanto, mesmo em nossos dias podemos ser propensos a esquecer que, em
uma assembléia onde todos falam a mesma língua, Deus está salvando almas de
toda tribo, língua, povo e nação, dando a elas o Espírito Santo e introduzindo
essas almas ao corpo de Cristo. É uma triste realidade com que temos de lidar
com o mal testemunho da Igreja.

217
A MÁ COMPREENSÃO DOS CORÍNTIOS SOBRE O DOM DE
LÍNGUAS
Existia um grande problema na igreja de Coríntios: Os coríntios estavam usando
o dom de línguas para a própria exibição, para mostrar que eram mais
“espirituais” que os demais crentes da congregação, e, por esta razão, Paulo
precisou repreendê-los e impedi-los de falar em outra língua desconhecida dos
presentes. Paulo continuou sua repreensão ao dizer que, a partir daquele
momento, eles só poderiam usar esse dom quando houvesse um intérprete, para
que toda a assembleia entendesse a revelação do evangelho. Mas o apóstolo lhes
abriu uma exceção; ele disse aos coríntios que eles poderiam falar em outras
línguas somente "consigo mesmos e com Deus", visto que Deus entende todas as
línguas, e, assim, toda aquela ânsia por falar em outras línguas seria praticada
sem pecado e sem perturbar a Igreja.
Se eu estou em uma reunião onde ninguém compreende o inglês, certamente irei
falar comigo mesmo e com Deus somente. Mas a passagem de 1 Coríntios
14.21,22 deixa claro que o dom de línguas não se trata de um estado de êxtase
onde uma pessoa começa a pronunciar sílabas sem sentido. Mais uma vez é
necessário que se diga que as línguas que Paulo menciona ali eram diferentes
idiomas para servir de sinal para os incrédulos que não conheciam a Deus, o
poder de Deus e como a mensagem da salvação chegava agora a todas as nações
do mundo. Se nenhum dos presentes na assembléia pudesse entender a língua, e
se não houvesse nenhum intérprete, ela não serviria de nada; não teria proveito
algum para a igreja; ela não cumpriria o propósito de Deus ao conceder esse dom
em Atos 2.
A Bíblia enfatiza que toda essa bagunça em Coríntios pareceria loucura para os
estranhos que chegassem à igreja de Coríntios e não pudessem compreender o
que estava sendo falado. Seria uma confusão total, tal como é hoje nas mais
pérfidas seitas da cristandade. Assim como vemos nessas assim chamadas
“igrejas” de hoje, Deus não seria glorificado e ninguém seria edificado (1 Co
14.21-25).
Mas a pergunta que normalmente se faz é se ainda temos o dom de línguas em
nossos dias. Perguntar isso já é dar a resposta, pois não existe uma pessoa ou
grupo que possa admitir ser capaz de fazer o que aconteceu em Atos 2, reunindo
um grupo de pessoas de "todas as nações que estão debaixo do céu" (At 2.5), e
então falar-lhes, em suas próprias línguas, das grandezas de Deus. Esse tema
ainda será tratado mais à frente neste capítulo.

218
O QUE SIGNIFICA A EXPRESSÃO “FALA MISTÉRIOS”?
Em 1 Coríntios 14.2 Paulo diz que “o que fala em língua desconhecida não fala
aos homens, senão a Deus; porque ninguém o entende, e em espírito fala
mistérios”. Muita gente pensa que o termo “mistério” ali está relacionado a algo
sobrenatural ou até mesmo uma língua angelical sendo direcionada a Deus
enquanto se praticava o dom, mas isso não tem nada a ver com o texto, como
será explicado mais à frente. A expressão “mistério” nessa passagem se refere ao
evangelho da graça que esteve oculto a todos os homens antes da revelação do
Novo Testamento. Todavia, agora, as boas novas não são mais mistérios porque
os apóstolos cumpriram seu papel em receber diretamente de Deus as revelações
daquilo que, até então, era um “mistério” para nós. Para provar este ponto, basta
observarmos as várias vezes em que a expressão “mistério” é mencionada com
este sentido nas epístolas:
“O mistério que esteve oculto desde todos os séculos, e em todas as gerações, e
que agora foi manifesto aos seus santos” (Colossenses 1.26).
“E demonstrar a todos qual seja a comunhão do mistério, que desde os séculos
esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo” (Efésios 3.9).
“Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar segundo o meu evangelho e a
pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério que desde tempos
eternos esteve oculto” (Romanos 16.25).
“Guardando o mistério da fé numa consciência pura” (1 Timóteo 3.9).
“Por isso, quando ledes, podeis perceber a minha compreensão do mistério de
Cristo” (Efésios 3.4).
“Como me foi este mistério manifestado pela revelação, como antes um pouco
vos escrevi” (Efésios 3.3).
“Descobrindo-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito, que
propusera em si mesmo” (Efésios 1.9).
Como podemos observar, o “mistério” mencionado em 1 Coríntios 14.2 é o
evangelho da graça sendo agora comunicado a todos e comungado entre os
irmãos em Cristo Jesus. Uma tradução melhor desta passagem seria: “quem fala
em língua [como dom], deve falar apenas dos mistérios de Deus ao entendimento
dos homens e isto pelo Espírito”.
O termo “mistério” aparece cinco vezes em 1 Coríntios, nos versos 2.7; 4.1; 13.2;
14.2; 15.51, e outras dez vezes em Colossenses e Efésios. Já a palavra
“mistérios”, no plural, aparece somente três vezes, que é em 1 Coríntios 4.1;

219
13.2; 14.2). Para o autor inspirado, o sentido de “mistério” é sempre algo uma
vez oculto e que agora foi revelado por Deus.
A ordem de Paulo no capítulo e no verso é que os ouvintes deveriam receber os
benefícios do dom de línguas. Assim, aqueles com tal dom deveriam proclamar
os “mistérios” uma vez ocultos, mas agora revelados, pelo Espírito Santo. O
texto jamais sugere a ideia de que falar em línguas é falar em espírito somente a
Deus, como se esse fosse o propósito do dom. Quando o apóstolo restringe os
coríntios a fazê-lo é para que haja ordem na igreja e eles possam usar o dom de
forma não leviana. Se não fosse assim, não haveria a necessidade da tradução ou
interpretação por parte dos intérpretes. Ora, qual a necessidade de ser algo
audível em todo o tempo, se posso orar em minha própria mente?
O verso diz também que “ninguém entende” o que o falante está pronunciando. É
importante saber que o fato dos ouvintes não entenderem não significa que a fala
é estática; existem outras razões para isso, tais como: problemas de audição, não
ser nativo da língua, muitos estarem falando ao mesmo tempo, falar muito baixo,
etc. Paulo diz: “vós, se, com a língua, não disserdes palavra [logos]
compreensível [eusemos: claramente reconhecível], como se entenderá o que
dizeis?” (v. 9 – ênfase minha). Aliás, se uma “língua” não pode ser inteligível,
ela deixa de ser língua, pois isto pressupõe entendimento. Paulo resolve o
problema da falta de compreensão entre os crentes exigindo a presença constante
de um intérprete ou tradutor que torne a fala compreensível (vs. 13,27).
A expressão “entende”, no original é akouo, que significa “ouvir uma fala ou
linguagem”. Assim, o problema não está no ouvido da pessoa, mas na capacidade
de compreender o que está sendo dito ou a língua que está sendo pronunciada. A
LXX (versão bíblica septuaginta) usa a mesma expressão para definir o problema
da confusão de línguas em Babel (Gênesis 11.1-9).
É importante saber que na expressão “visto que ninguém o entende”, o “o”,
pronome pessoal do caso oblíquo, não se encontra no texto original do Novo
Testamento. Ou seja, no versículo em sua forma original ficaria “visto que
ninguém entende”.

220
“MAS, E AS LÍNGUAS DOS ANJOS?”
Em 1 Coríntios 13.1 está escrito: “Ainda que eu falasse as línguas dos homens e
dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que
tine”.
Quando Paulo fala das “línguas dos homens e dos anjos”, ele está dizendo aos
coríntios que o que eles estão fazendo é como se os anjos estivessem pregando
outro evangelho, e não o evangelho de Cristo. Ora, em toda a Bíblia vemos que
os anjos são capazes de pronunciar qualquer língua deste mundo, e que os anjos
eleitos são espíritos ministrados que cuidam de todos os filhos de Deus,
independentemente de sua nacionalidade (Hb 1.13,14).
Sendo assim, não encontramos nas epístolas nenhum pensamento acerca de uma
suposta "língua celestial", como é ensinado hereticamente por várias seitas na
cristandade hoje. Devemos ter em mente que uma língua desconhecida pelo
mundo (ou “língua estranha” ao mundo) não poderia dar nenhum testemunho aos
incrédulos. Como já fora dito, as línguas foram dadas como um “sinal para os
incrédulos”. Uma língua sem significação não pode edificar a ninguém, pois
nenhuma pessoa a entende.
Todavia, baseando-se nesse versículo, pentecostais e carismáticos acreditam falar
a “língua dos anjos” ao balbuciarem aquelas palavras sem significação, com
sílabas aleatórias que não formam linguagem real alguma, tais como: “Decanta
labaxúrias”, “Xalamanáias”, “Suricanta lanapraia”, “Derecanta Cantararamás”,
“Xurébias”... etc. Eles crêem veementemente que falar desta forma é pronunciar
as “línguas dos anjos”.
Mas será que é isso que Paulo ensinou em sua epístola quando fez referência ao
termo “línguas dos anjos” em 1 Coríntios 13.1? Claro que a resposta é “não”.
Como já fora mencionado, na Bíblia, nem os próprios anjos jamais falaram
assim. Toda vez que um anjo trouxe a mensagem a alguém na Bíblia, este usou a
língua comum da pessoa que recebeu a mensagem de Deus.

O QUE PAULO QUER DIZER COM A EXPRESSÃO “LÍNGUAS


DOS ANJOS”?
Uma simples leitura do texto sagrado mostra que em 1 Coríntios 13 Paulo
emprega com freqüência uma figura de linguagem chamada “hipérbole”. A
hipérbole consiste no ato de transmitir uma mensagem por meio do exagero. Às
vezes o exagero usado pela hipérbole é tão elevado que chega ao absurdo. Ao
usar esta figura de linguagem (hipérbole), podemos dizer coisas que na verdade

221
não existem e nem nunca existirão, apenas com o intuito de passar uma
mensagem enfática aos ouvintes.
Em 1 Coríntios 4.15, por exemplo, observamos: “Ainda que vocês possam
ter dez mil tutores em Cristo, vocês não tem muitos pais, pois em Cristo Jesus eu
mesmo os gerei por meio do evangelho”. Isso é uma hipérbole. Trata-se de um
exagero tão extremo que chega ao ponto do impossível, visto que ninguém
poderia ter dez mil tutores de uma só vez. E é exatamente essa a figura de
linguagem usada em 1 Coríntios 13.
Uma prova disso é que no mesmo texto (1 Co 13) Paulo usa outras hipérboles
para concluir sua mensagem a respeito da importância do amor. O apóstolo fala
de “conhecer todos os mistérios” e de “saber toda a ciência”. Tudo isso é um
óbvio exagero! Não há ninguém no mundo que conheça todos os mistérios, nem
qualquer homem que detenha em sua mente toda a ciência. Esse exagero usado
na linguagem de Paulo nesse versículo tem o intuito de mostrar aos crentes a
magnitude do amor, que é o centro da mensagem ali. O uso de hipérboles nessa
passagem é notório para qualquer iniciante em interpretação de texto. Não é
preciso ser nenhum “mestre na teologia” para compreender o que está em 1
Coríntios 13. Basta ser letrado e sensato para tirar as conclusões óbvias nessa
passagem.
Portanto, ninguém fala línguas de anjos. O fato é que essas línguas nem existem.
O apóstolo da graça expressa daquela forma para ensinar que nada é mais
importante que o amor (vide todo o contexto – 13.1-8).
O maior erro do mundo é pensar que se está falando línguas de anjos ao
pronunciar sílabas desconexas e sem significado algum. Ops... acabei de usar
uma hipérbole. É claro que esse não é o maior erro do mundo, e qualquer leitor
comum sabe muito bem disso!

TODAS AS PASSAGENS SOBRE O DOM DE LÍNGUAS


REFEREM-SE À IDIOMAS HUMANOS
Em nenhuma parte das Escrituras é ensinado que o dom de línguas fosse
qualquer outra coisa senão idiomas humanos. Tampouco há qualquer sugestão de
que as línguas descritas em 1 Coríntios 12–14 eram diferentes das línguas
miraculosas descritas em Atos 2, no Dia de Pentecostes. O vocábulo grego usado
para descrever tal dom, em ambas as passagens, é “glossa”. A Bíblia mostra em
Atos que os discípulos falavam em línguas conhecidas no mundo inteiro. Os
judeus incrédulos que presenciaram aquele milagre em Jerusalém ficaram cheios
de "perplexidade, porquanto cada um os ouvia falar na sua própria
222
língua" (At 2.6). Lucas nos apresenta uma lista de quinze países e áreas
diferentes cujas línguas eram faladas naquele momento (vv. 8-11).
Ratificando ainda mais tal realidade, a palavra grega “dialektos”, de onde
procede o vocábulo português "dialeto", também é usada com referências às
línguas em Atos 2.6,8. Os incrédulos presentes no Dia de Pentecostes ouviram a
mensagem divina anunciada nos dialetos locais. Essa descrição na Bíblia não
poderia jamais ser aplicada ao discurso extático da “glossolalia” – prática
herética de muitas seitas carismáticas. Portanto, a passagem de 1 Coríntios não
pode ser usada como argumento de que Paulo defendia a prática de “falar em
línguas estranhas em estado de êxtase”, com palavras sem sentido e muito menos
qualquer tipo de “língua celestial ou angélica”.
Além do mais, a Bíblia ensina que o dom de línguas era inferior aos outros dons
extraordinários. Esse dom foi concedido primordialmente como um sinal (1 Co
14.22) e não podia edificar a igreja sem o acompanhamento da revelação de
Cristo. O dom também era usado pelos coríntios de forma errônea, pois faziam
uso do dom para fins de edificação pessoal (14.4). A igreja se reúne para
edificação de todo um corpo, não para satisfação própria ou para ficar em busca
de experiências pessoais. Portanto, o dom de línguas tinha uma utilidade limitada
na Igreja. Era um dom que havia de cessar ainda na era apostólica.

O BATISMO DO ESPÍRITO SANTO


1. Em primeiro lugar, a Bíblia ensina que o batismo do Espírito Santo é
concedido a todos os crentes no momento da conversão (Ef 1.13), independente
se foram ou não batizados nas águas, uma vez que o batismo nas águas é um rito
cerimonial e não uma transformação espiritual. João Batista, por exemplo, já era
cheio do Espírito Santo quando ainda estava no ventre de sua mãe (Lc 1.15).
2. Em segunda instância, o batismo do Espírito Santo não é alcançado pelo
esforço do ser-humano em obtê-lo (1 Co 12.13; Gl 3.2).
3. Além do fato do Espírito Santo passar a habitar o homem no momento exato
da sua conversão, não há nenhuma necessidade do batismo do Espírito Santo ser
evidenciado pelo dom de línguas, já que na Igreja Primitiva esse dom era dado
somente a alguns (1 Co 12.30).
Todavia, pentecostais, carismáticos e continuístas crêem, em sua vasta ignorância
bíblica, que o batismo do Espírito Santo é uma espécie de “segunda bênção”
concedida após a “conversão” do crente. Ou seja, na mente deles, a primeira
benção que Deus concede é a conversão e a segunda é o “batismo NO Espírito

223
Santo” (como costumam chamar). Não satisfeitos com tamanha heresia, os
pentecostais e carismáticos afirmam que o batismo do Espírito Santo é uma
dádiva concedida por Deus somente aos cristãos mais “ungidos” e que eles
devem buscá-lo com orações, jejuns, clamores, lágrimas e vigílias nos “montes”.
Estas pobres almas passam dias e noites gritando, chorando, gemendo, uivando,
pulando, girando e se contorcendo no chão enquanto clamam [aos berros] pela tal
"bênção".
E a coisa não pára por aí. Nas reuniões pentecostais e carismáticas, aqueles que
são supostamente "batizados" pelo Espírito Santo começam a balbuciar o que
eles crêem ser “línguas estranhas”, e, num estado de êxtase, caem no chão (o que
é chamado por eles de “cair no espírito”) onde ficam rolando ou se sacudindo
como se estivessem tendo uma convulsão. Numa manifestação frenética de
loucura total, agem como animais irracionais, chegando a manifestar
comportamentos animalescos denominados como “unções especiais”, tais como
“unção do leão”, “unção do urso”, “unção da lagartixa”... etc. Quanto a isto, há
vários tipos de “unção” que os pentecostais afirmam receber de Deus como prova
do batismo do Espírito Santo. Quem nunca ouviu falar ou até mesmo presenciou
a “unção do riso”? Uma pesquisa no google é suficiente para deixar qualquer
pessoa instruída assustada. É uma insanidade após outra nesse pragmatismo
religioso. Muitos chegam a desmaiar e ficam deitados por horas a fio, inertes,
como se estivessem mortos... e por aí vai.
Toda essa loucura que eles chamam de evangelho vale a pena para eles, uma vez
que tais abutres acreditam que o batismo do Espírito Santo eleva o crente a um
patamar espiritual diferenciado dos demais crentes, tornando-o participante de
uma elite de homens “espirituais” que se situam acima dos crentes comuns, bem
como de uma vida repleta de experiências “poderosas” com Deus.
Todavia, em contraste com toda essa loucura que vemos no movimento
pentecostal e carismático, vemos outra realidade na Bíblia e na história do
Cristianismo. No berçário da igreja cristã, o Espírito Santo desceu sobre os que
creram (At 2), e estes falaram em “outras línguas", as quais não haviam
aprendido porque não possuíam estudo nem preparo para fazê-lo por si mesmos.
Eles anunciavam as grandezas de Deus nas línguas de outras nações segundo o
Espírito Santo lhes concedia que falassem. Não obstante, a Bíblia mostra que o
dom de línguas era dado a poucos membros da Igreja após o episódio isolado de
Pentecostes. A maioria das igrejas primitivas não possuía o dom de línguas.
Contudo, os salvos dessas igrejas foram batizados pelo Espírito Santo ao se
converterem a Jesus Cristo, mesmo sem o dom de línguas.

224
Com relação aos pentecostais, carismáticos e continuístas, vemos a presunção de
tais caviladores e insensatos em querer dar continuidade ao batismo do Espírito
Santo com a imposição de mãos e carimbá-lo com a manifestação do dom de
línguas. E eu pergunto a esses hereges lunáticos: Se para as pessoas receberem o
Espírito Santo elas devem provar isso sob a manifestação do dom de línguas, o
que vocês farão com os mudos? Se o testemunho da presença do Espírito Santo
são os dons extraordinários, o que faremos com os santos que deram frutos
dignos de arrependimento sem nunca terem manifestado dom extraordinário
algum? Se vocês esperam que o Espírito Santo habite em alguém mediante esses
“sinais e milagres”, de que maneira, então, ele foi dado a Jesus? Porventura
vemos Jesus manifestando o dom de línguas em seu batismo? Tendo Ele a
plenitude do Espírito, não seria sensato que a Bíblia nos comunicasse a respeito
de tamanha demonstração de “XARAMANÁIAS” num nível astronômico e de
proporções escalafobéticas?

O FIM DOS DONS DE SINAIS


Não apenas o dom de línguas, como também todos os dons de sinais cessaram
ainda na era apostólica, como será provado no decorrer deste capítulo. As
Escrituras não prometem que os dons de línguas, curas e milagres, que incluíam
até o ressuscitar mortos, conforme eram exercidos na Igreja primitiva por pessoas
especialmente dotadas desses dons, iriam continuar. Sabemos que eles existiram
nos primeiros dias da Igreja, como está claramente registrado em Atos e
Coríntios como sinais para confirmarem a Palavra que ainda não tinha sido
escrita.

A CONTINUIDADE DOS DONS DE MINISTÉRIO


Embora os dons de sinais tenham cessado, encontramos na Escritura a promessa
da continuidade dos dons de ministério para edificação da Igreja (Ef 4.7-16).
Temos, agora, na Palavra escrita, o “fundamento” do Cristianismo lançado pelos
apóstolos e profetas (Rm 16.26; 1 Co 3.10; Ef 2.20-22), e a continuação dos dons
de ministério, "para edificação do corpo de Cristo; até que todos cheguemos à
unidade da fé, e ao conhecimento do Filho de Deus, a varão perfeito, à medida
da estatura completa de Cristo. Para que não sejamos mais meninos
inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina" (Ef 4.12-14).

225
OS DONS DE SINAIS CESSARAM

A Escritura toda nos ensina que os “dons espirituais” (ou sinais) mencionados no
Novo Testamento tinham como propósito legitimar a vinda do Messias e revelar
os ensinos que Cristo comunicaria aos apóstolos por meio da revelação divina.
Um exemplo desses sinais é o dom de línguas. Uma vez que os apóstolos eram
simples trabalhadores que não teriam condições humanas para anunciar as
grandes revelações do evangelho da graça aos povos do mundo inteiro, somente
um dom especial, dado pelo Espírito Santo, seria capaz de capacitá-los a
transmitir a mensagem da cruz aos pagãos em suas próprias línguas maternas,
sem jamais terem estudado e aprendido línguas estrangeiras, até porque esse
processo levaria anos. Esse dom concedido aos apóstolos na festa de Pentecostes,
onde sempre se reuniam nações de todos os cantos do mundo, deixou de existir
no fim da era apostólica. Não somente o dom de línguas, como também todos os
dons extraordinários cessaram juntamente com ele. Tais dons abrangiam o falar
em outras línguas, profecias inéditas, curas e milagres. É necessário ressaltar que
o termo “línguas estranhas”, encontrado em algumas versões bíblicas, entra em
desacordo total com o idioma em que o Novo Testamento foi traduzido – o
grego koiné. O termo “línguas estranhas”, na língua original do Novo
Testamento, não existe. Ao invés disso, encontramos o termo “outras línguas”,
ou “línguas diferentes”, ou “línguas estrangeiras”, etc. Esse é o sentido original
do termo usado no Novo Testamento quando o assunto é o “falar em outras
línguas”.
Todavia, cabe aqui uma ressalva imprescindível: Ao contrário do que nos
acusam, nós, cristãos que entendemos sobre o assunto, não negamos que Deus
realiza obras milagrosas, seja no campo da comunicação ou da saúde, como e
quando quer, interferindo na ordem natural das coisas. Muito pelo contrário. Nós
cremos e ensinamos tão somente aquilo que a Escritura revela, isto é, que os dons
extraordinários cessaram porque tinham um propósito específico, temporário e
destinado para fins que a Bíblia menciona do início ao fim. Como cristãos
genuínos, acreditamos piamente que os milagres de Deus não mais decorrem do
exercício de “dons especiais” dados a este ou aquele indivíduo em particular, mas
sim da oração da fé (Tg 5.14-15).
A Bíblia também ensina que até mesmo os milagres que Deus faz em nossos
tempos são bastante raros, o que se difere completamente dos tempos em que os
dons espirituais apostólicos estavam em vigência. Na época em que esses dons
eram manifestados, os milagres eram extremamente numerosos (At 5.12-16; 8.4-
8; 28.7-10) e não há nenhum registro bíblico de que um servo de Deus, dotado de

226
tais poderes, tenha falhado ao ministrar a cura de um enfermo. Como pode-se
notar, essa realidade na Escritura se mostra bem diferente das tramoias e
maluquices que vemos hoje em dia, quando supostos detentores desses “dons”
constantemente “determinam” curas que nunca acontecem. Todo mundo já deve
ter visto, ao menos uma vez, um episódio deste na TV ou em outras seitas
evangélicas pentecostais, no movimento carismático da seita católica romana,
etc.
Mas, a nível introdutório, qual a minha base para dizer que esses dons de sinais
cessaram, uma vez que minha única regra de fé e prática é a Escritura Sagrada?
De que maneira eu posso provar, como bom soldado de Cristo, que o que estou
dizendo é de autoridade escriturística?
Podemos resumir a resposta em dois pontos:

1. A Escritura
A Palavra de Deus mostra que os tempos dos milagres foram propositalmente
poucos ao longo da história testamentária, abrangendo apenas os tempos de
Moisés e Josué, os dias de Elias e Eliseu e as eras de Jesus e dos apóstolos. Essas
são as três fases em que os sinais de Deus foram manifestos de forma
sobrenatural ao Seu povo, e ambas as três tiveram uma duração limitada e restrita
a esses servos. Tais sinais e grandes prodígios foram designados por Deus com
propósitos específicos que, quando finalmente atingidos, puseram fim ao tempo
das constantes intervenções divinas sobrenaturais. Na epístola aos Hebreus
constatamos que o autor inspirado ensina que o propósito daqueles sinais foi
autenticar a mensagem do evangelho ao tempo do seu surgimento, provando a
todos que ela era verdadeira (Hb 2.3-4). Uma vez consumada essa autenticação, o
propósito central dos milagres foi alcançado e sua frequência começou a
desmoronar de forma clara. De modo determinista e normativo, o Novo
Testamento revela que já nos primeiros anos da década de 60 da era apostólica,
os milagres eram raros e que o dom de cura já não mais existia (Fp 2.26-27; 1Tm
5.23; 2Tm 4.20).

2. Os Fatos
Não somente a Escritura, como a simples observação inteligente dos fatos nos
traz esta plena convicção bíblica. Deus mostra aos Seus filhos aquilo que Ele
revelou na Palavra. Com efeito, basta o cristão olhar à sua volta para perceber
que ninguém mais tem hoje os dons de línguas, profecias ou curas milagrosas.
Tudo o que se vê na atualidade são arremedos grosseiros desses dons – teatros

227
cuja artificialidade pode ser percebida por qualquer criança. Essas encenações
blasfemas e heréticas só servem para prejudicar a Igreja de Cristo, lançando-a em
total descrédito diante da população pagã.
Como já foi mencionado, há aqueles que professam possuir o dom de línguas e
outros dons de sinais em nossos dias. À medida que colocamos à prova suas
afirmativas, pela Palavra de Deus e pelos próprios fatos, constatamos que não
somente seus discursos, como também suas práticas não são iguais àquilo que
nos é apresentado no livro de Atos e em 1 Coríntios. Eles não usam o suposto
dom de línguas como um sinal para os incrédulos e nem podem fazer com que
um grupo de doentes se aproxime e sejam todos curados (At 5.12-16). Mesmo
com respeito às curas registradas em Atos, não existe a certeza de que aqueles
que foram curados fossem crentes, mas tudo indica justamente o contrário, pois
se tratava de um sinal para confirmar a Palavra aos incrédulos. Aliás, os
verdadeiros crentes não necessitam que a Palavra lhes seja confirmada, pois eles
a receberam como sendo a Palavra de Deus (1Ts 2.13). É também importante
notar que a cura tem relação com o tempo ou século futuro (Hb 6.5; Is 33.24; Sl
103.3). Ou seja, a cura milagrosa tratava-se de um sinal dirigido especialmente
àqueles que haviam rejeitado o seu Messias, mostrando que é Ele quem irá, no
futuro, trazer as bênçãos do reino sobre a terra; e que Ele Se encontra agora
ressuscitado à destra do Pai, e que essas obras de poder eram feitas em nome
dEle (At 4.9,10).
No reino de mil anos de Cristo sobre a terra, chamada de “dispensação da
plenitude dos tempos”, haverá duas esferas distintas de bênção das quais o
Senhor será o centro (Ef 1.10). Haverá a esfera celestial à qual pertence à Igreja
(2Co 5.1; Cl 1.5; 1Pd 1.3,4) e haverá a esfera terrenal a qual pertence à
Jerusalém, cuja nação será o centro na terra (Is 4.3-5; 65.18). Nós, a Igreja,
somos o povo celestial de Deus e aguardamos o momento da Sua vinda para nos
arrebatar nos ares, quando seremos transformados e teremos nossos corpos
glorificados, isto é, à imagem do corpo glorioso de Cristo (Fp 3.20,21). Enquanto
isso, neste “tabernáculo”, ou seja, nesta morada que é o nosso corpo físico,
"gememos, desejando ser revestidos da nossa habitação, que é do céu" (2Co
5.2).
Dito isto, sejamos responsáveis e muito cuidadosos ao consultarmos a Bíblia a
respeito das doenças mencionadas entre os crentes nas epístolas, ou seja, as
doenças que acometeram o povo celestial de Deus nesses registros apostólicos.
Em Romanos 8.23 lemos o seguinte: "nós mesmos, que temos as primícias do
Espírito, também gememos em nós mesmos, esperando a adoção, a saber, a
redenção do nosso corpo". Note que não há aqui nenhuma referência à cura, mas
sim ao ato de esperar pela redenção de nosso corpo. O Espírito, enquanto

228
isso, "ajuda as nossas fraquezas" ("enfermidades" - cf. versão inglesa). Essa
passagem não diz que o Espírito de Deus remove nossas doenças, mas que Ele
nos ajuda em nossas enfermidades.

O ESPINHO NA CARNE DE PAULO


Em 2 Coríntios 12.7-10 a Bíblia nos mostra que Paulo tinha um “espinho na
carne”. A Bíblia não diz com clareza o que era esse espinho. Porém, ao nos
atentarmos ao contexto histórico e textual de 2 Coríntios percebemos que o
espinho na carne de Paulo provavelmente era algum homem que atuava entre os
coríntios – uma figura religiosa influente dentro da igreja de Corinto –, o qual se
opunha ao ministério de Paulo, perturbando sua vida, desrespeitando-o,
caluniando-o, estimulando a perseguição contra ele, desencorajando a igreja a
ajudá-lo em suas necessidades e deixando-o muito abatido. Essa interpretação
nos parece mais sensata porque explicaria o fato de que no verso 10 Paulo
associa o espinho na carne a injúrias, necessidades, perseguições e angústias.
Portanto, uma enfermidade na alma, como por exemplo a depressão, ou qualquer
coisa que esteja mais associada aos males da alma, parece se encaixar melhor ao
espinho na carne de Paulo. Não dá para ter certeza, mas é certo afirmar que o
contexto da passagem nos dá essa pista.

PAULO, TIMÓTEO E TRÓFIMO FICARAM DOENTES


Já em Gálatas 4.13, Paulo está, de fato, falando de uma “enfermidade física” que
lhe acometeu (versão Almeida Revista e Atualizada), e, ainda assim, Deus não o
curou, mas o ensinou a depender dEle naquela dificuldade.
Timóteo tinha "freqüentes enfermidades", mas Paulo não o curou, nem lhe
indicou alguém que o curasse, mas o aconselhou que utilizasse um remédio para
sua enfermidade (1Tm 5.23).
Em 2 Timóteo 4.20, Paulo deixou Trófimo doente em Mileto, embora tivesse
curado tantas pessoas durante seu ministério apostólico (Atos 19.11,12; 28.8,9).

A ORAÇÃO DA FÉ SUBSTITUIU O DOM DE CURA


Como já fora demonstrado na Bíblia, à medida com que a era apostólica se
findava, o dom de cura entrava em decadência. Em Tiago 5.14-18 encontramos o
caso de um que, estando doente, chama pelos anciãos para orarem por ele. Não se
trata da fé do doente que lhe restaura a saúde – sua fé nem mesmo é mencionada
229
– mas trata-se de um exercício de fé da parte daqueles que orarem por ele. A
passagem também não menciona o dom de cura, mas sim a oração do homem
sendo respondida diante de uma enfermidade. Ali aprendemos que aquele que
está doente deve ser honesto e reconhecer seus pecados para que possa confessá-
los. Aqueles que oram discernem a vontade de Deus em relação à enfermidade, e,
orando de acordo com a vontade de Deus, Ele responde à oração. Não há menção
aqui de uma cura súbita e miraculosa, mas do Senhor levantando o enfermo
novamente.
Além do mais, naqueles dias havia anciãos (ou presbíteros) designados pelos
apóstolos. Em contrapartida, hoje não há apóstolos ou quem tenha recebido
autoridade delegada diretamente por eles para estabelecer anciãos, como era o
caso de Tito (Tt 1.5). A Bíblia nos mostra que, mesmo na era apostólica, a
assembléia local nunca nomeava os seus próprios anciãos, embora não exista
dúvida de que mesmo nestes nossos dias de ruína e fracasso Deus permaneça fiel
à Sua Igreja, e assim como Paulo previu que viriam dias em que lobos vorazes
entrariam (e estão entrando) no rebanho, ele se referiu também àqueles anciãos
de Éfeso não como tendo sido nomeados por ele, mas pelo Espírito Santo (At
20.28.30).
Hoje não existem anciãos (bispos ou presbíteros) oficiais na Igreja. O que temos
na Igreja de Deus são homens levantados por Ele para tomar conta do Seu povo,
em um espírito de humildade e amor pelo rebanho de Deus. É por essa razão que
Tiago menciona o caso de Elias na passagem em questão, um profeta nos dias de
ruína e divisão de Israel, e demonstra como ele era conhecedor da vontade de
Deus em suas orações. Primeiro Elias reconheceu a necessidade de disciplina
para o povo de Deus para, só então, orar para que a chuva fosse suspendida. Em
seguida, ele novamente ora para que haja chuva, e Deus responde porque a
oração de Elias se encontra em perfeita harmonia com Sua vontade após
disciplinar o Seu povo. Hoje, nós, cristãos, vemos com frequência como Deus
responde a orações que são feitas de acordo com Sua vontade e não conforme
nossos próprios caprichos e vaidades. Vemos isso acontecer em situações de
grande dificuldade ou quando Deus restaura a saúde de alguém após uma oração.
Todavia, é necessário que compreendamos as épocas e circunstâncias em que
vivemos hoje, bem como buscar pelo discernimento da vontade de Deus a
respeito da oração feita de forma bíblica (Ef 5.17). Se oramos segundo a vontade
de Deus, Ele certamente nos ouve.

230
QUANDO DEUS USA AS NOSSAS ENFERMIDADES PARA
CUMPRIR SEUS PROPÓSITOS
1 Coríntios 11.30 nos dá uma demonstração inata de como Deus usa uma
enfermidade humana em Seus desígnios governamentais, sem nada perguntar a
ninguém. Deus permitiu que os coríntios ficassem “fracos e doentes” por não
terem julgado a si mesmos por seu proceder negligente e irresponsável. Isso
aconteceu em Coríntios por causa do pecado não julgado entre eles.
Deus pode e usa nossas doenças para fins que Ele estabeleceu de antemão, para
nosso bem, não para nosso mal. Embora o cristão esteja eternamente seguro no
que diz respeito à salvação de sua alma, ele se encontra sob os desígnios
governamentais de Deus, e Deus às vezes utiliza a doença para tratar com os que
são Seus. Se nos recusamos a escutar, poderemos perder o privilégio de vivermos
aqui como um testemunho para Cristo, embora o sangue de Cristo já nos tenha
tornado prontos para o céu. Isso não significa que toda doença seja uma punição,
pois ela pode ser apenas parte da nossa natureza caída, uma vez que nosso corpo
geme após a queda de Adão, como também pode ser um modo de Deus estar
disciplinando alguém por meio desta ou daquela enfermidade, como quando se
poda uma videira para que produza mais fruto – o que era exatamente o caso de
Paulo em 2 Coríntios 12.7-10.

OS FALSOS MILAGRES DA ERA PÓS-APOSTÓLICA


Jamais devemos ir além da Palavra de Deus (Gl 1.6-10; 1 Co 4.6; Sl 62.5; Nm
23.19). Aqueles que buscam por dons de sinais nos dias de hoje estão indo além
da Palavra de Deus e praticando heresias. Por conta dessa busca frenética por
“poderes milagrosos”, muitos se encontram vulneráveis a "todo vento de
doutrina" e ao poder de Satanás (Sl 17.4,5; 2Tm 2.24-26). Falsos profetas farão
sinais e maravilhas no futuro (Mt 24.24), mas serão sinais feitos pelo poder de
Satanás, e a única maneira de termos certeza se algo é de Deus é observando se
aquilo está em harmonia com a Palavra de Deus.
Todas as passagens das Escrituras que tratam dos últimos dias da história nunca
falam de sinais e milagres, mas sim da fraqueza dos crentes e do abandono de
Deus em suas vidas. Veja, por si mesmo, o que Paulo diz a respeito da Igreja em
seus últimos dias em 2 Timóteo 3. Veja, por si mesmo, o que João diz sobre os
últimos dias da Igreja em Laodicéia (Ap 3.14-20). Veja, por si mesmo, o que
Pedro diz em 2 Pedro 3.3,4 a respeito dos últimos dias da Igreja.

231
O Espírito Santo foi dado no dia do Pentecostes, e agora, como uma Pessoa
divina, Ele habita nos corpos dos crentes (1Co 6.19) e Se encontra também na
casa professa da cristandade (Ef 2.22). O Senhor Jesus falou disso (Jo 14.16,17),
dizendo aos discípulos, antes do dia de Pentecostes, que esperassem por Sua
vinda em cujo tempo eles seriam "do alto revestidos de poder" (Lc 24.49). Em
Corinto, não foi dito aos crentes que esperassem que viesse "poder" sobre eles,
mas que deveriam usar os dons do Espírito, os quais Deus lhes havia dado,
inteligentemente, dirigidos por Sua Palavra e em uma santa liberdade, conforme
fossem guiados pelo Espírito (1Co 12.4-11). O Espírito e a Palavra não podem
ser separados sem que se caia no misticismo e na perdição. Por outro lado, o
mesmo acontece no racionalismo quando separamos o Espírito da Palavra.
Além de inútil, é perigoso aguardar por um segundo derramamento adicional do
Espírito Santo em nós, além daquele que temos. Somos habitados pelo Espírito
de Deus e a Palavra diz que isso nos basta.
O movimento carismático leva as pessoas a buscarem por demonstrações de
poder que não estão em conformidade com a Palavra de Deus, e, portanto, não
são pelo Espírito de Deus. Mesmo nos dias de hoje a demonstração desse poder e
as ditas "línguas" estão com freqüência associadas à má doutrina acerca da
Pessoa e obra do Senhor Jesus Cristo, como também ligadas a outras práticas
macabras e heréticas, pois Satanás se transfigura em "anjo de luz" (2Co 11.13-
15); ele é como um "leão que brama ao nosso derredor, buscando a quem possa
devorar" (1Pe 5.8,9). Seu grande alvo sempre foi atacar a gloriosa Pessoa e a
obra consumada de nosso bendito Senhor e Salvador Jesus Cristo, e o movimento
carismático é uma de suas maiores armas hoje.

O VERDADEIRO PODER DE DEUS EM NÓS


Nós não devemos buscar por "poder", nem tampouco precisamos, pois, se somos
verdadeiros crentes, nascidos em Cristo Jesus para uma nova vida, nós
simplesmente somos habitados pelo Espírito de Deus, que é o verdadeiro poder,
o qual nos capacita a andar como filhos de Deus, adotados em Cristo Jesus. Neste
momento o Espírito Santo habita os corpos de todos que creram no evangelho (Ef
1.13). Note com muita atenção que não há qualquer registro nas Escrituras de
alguém que tenha recebido ordens de esperar pelo batismo do Espírito Santo após
o dia de Pentecostes. O que existe é a exortação que diz: "Enchei-vos do
Espírito" (Ef 5.18), que significa que devemos permitir que Ele nos guie em tudo
o que fazemos. Ela é dada em contraste com o embriagar-se com vinho, uma vez
que alguém assim estaria fora de controle, enquanto que aquele que está cheio

232
com o Espírito encontra-se sob controle, pois dois aspectos do fruto do Espírito
são temperança e equilíbrio próprio (Gl 5.22,23 – Almeida Versão Atualizada).
Onde o Espírito de Deus está verdadeiramente guiando, aí há liberdade e serviço
racional, inteligente e bíblico.
Deus quer que todos os que são Seus "venham ao conhecimento da verdade"
(1Tm 2.4). O caminho de obediência à Sua Palavra é o único caminho seguro e
verdadeiramente feliz, e neste caminho não existem desapontamentos e nem
esperanças perdidas. Os caminhos da sabedoria "são caminhos de delícias, e
todas as suas veredas, paz" (Pv 3.17).
A Palavra de Deus não nos ordena a buscar por um segundo Pentecostes, jamais.
O que a Bíblia nos ordena a fazer é observar como devemos agir e como
devemos nos reunir ao Nome do Senhor Jesus Cristo em obediência (Mt 18.20),
numa época em que a cristandade se tornou uma grande casa, com "vasos para
honra, outros, porém, para desonra" (2Tm 2.16-26).

TRÊS PONTOS CRUCIAIS SOBRE O FIM DO DOM DE


LÍNGUAS BÍBLICO
Quais as evidências de que o dom de línguas cessou?

1. O dom de línguas era um dom miraculoso de revelação inédita, e, como já


observamos repetidas vezes, a era dos milagres e da revelação chegou ao fim
com os apóstolos. Os últimos milagres registrados no Novo Testamento
ocorreram por volta do ano 58 d.C., nas curas realizadas na ilha de Malta (Atos
28.7-10). Do ano 58 ao 96, momento em que João escreveu o livro de
Apocalipse, nenhum milagre foi registrado. Os sinais milagrosos como o de
línguas e curas são mencionados em 1 Coríntios, uma das primeiras epístolas a
serem escritas. Embora duas epístolas posteriores tratem cabalmente sobre os
dons do Espírito, as mesmas não fazem qualquer referência aos sinais milagrosos
do dom de línguas e curas instantâneas. Muito pelo contrário, as cartas de Efésios
e Romanos descrevem os dons miraculosos como sinais obsoletos e
desnecessários para a edificação da Igreja. Em ambas as epístolas os dons
extraordinários de línguas e curas já eram considerados sinais pertencentes ao
passado (Hb 2.3,4). Com isto, a autoridade e a mensagem dos apóstolos não
necessitavam mais de confirmação por meio de sinais. Antes do fim do século I,
todo o Novo Testamento já havia sido escrito e circulava pelas igrejas de Cristo.
Sendo assim, os dons de revelação acompanhados de sinais milagrosos haviam
cumprido seu propósito e cessaram. Ao fim da era apostólica, com a morte de

233
João, os sinais que identificavam os apóstolos como mensageiros da revelação
divina já haviam se tornado questionáveis (2Co 12.12).

2. Como já fora testificado aqui, o dom de línguas tinha como objetivo ser um
sinal para o Israel incrédulo. Também significava que Deus havia começado uma
nova obra que incluiria os gentios (nações fora de Israel). O Senhor se
comunicaria agora com todas as nações em suas próprias línguas por meio do
evangelho de Cristo. O dom de línguas simbolizava tanto a maldição divina sobre
a nação desobediente como também a benção de Deus sobre indivíduos do
mundo todo. Com o estabelecimento da Igreja, Deus começou a se revelar aos
povos espalhados pelo mundo e em todas as línguas. Contudo, uma vez que a
Sua revelação fosse comunicada por completo, tal sinal milagroso já não era mais
necessário. O povo de Deus, a partir do fim da era apostólica, viveria da fé na
Palavra revelada e nunca confiaria em nada fora dela.

3. As próprias epístolas registram que o dom de línguas cessou. Outra vez é


significativo perceber que as manifestações das “línguas” são mencionadas
apenas nas primeiras cartas do Novo Testamento. Depois de 1 Coríntios, Paulo
escreveu pelo menos doze epístolas em que não mais menciona as “línguas”.
Pedro, Tiago, João e Judas jamais as mencionaram. O dom de línguas durou por
um breve período de tempo (mencionado em Atos e 1 Coríntios) e desapareceu
na medida com que a mensagem do evangelho foi disseminada.
Com efeito, logo que a Igreja de Deus foi estabelecida, o dom de línguas
desapareceu. As epístolas posteriores não o mencionam. Tampouco se vê a Igreja
pós-apostólica falando sobre isso. Os assim conhecidos “pais da Igreja” jamais
mencionaram nada a respeito de “línguas”.

CONCLUSÃO
A Palavra de Deus nos ensina que hoje não há necessidade de um sinal para
comprovar que Deus está em constante tratamento com Seu povo à partir de uma
única nação – ISRAEL – a fim de lidar com nações do mundo inteiro. Israel é a
nação escolhida por Deus como um canal de Sua eterna misericórdia para com o
povo escolhido, o qual é composto por indivíduos do mundo todo. Não há
absolutamente nenhuma ordem normativa para a prática do dom de línguas. Em
contrapartida, ao perceber a fixação dos cristãos pelo dom, o apóstolo Paulo
rapidamente os repreendeu sob a base de que o dom de línguas não era a
credencial do verdadeiro cristão, mas sim os frutos do mesmo.

234
A partir de três pontos sabemos identificar o verdadeiro cristão hoje:

1. Qual é a credencial de um genuíno cristão? Jesus disse


que “pelos frutos sereis conhecidos” (Mt 7.20) e não que “pelos dons sereis
conhecidos”.

2. Os cristãos devem buscar por sinais? A Bíblia diz que “os judeus pedem sinais
e os gregos buscam sabedoria, mas que nós, cristãos, pregamos a Cristo
crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos” (1Co
1.22,23).

3. O que é o poder de Deus para a salvação? Jesus diz que “o evangelho é o


poder de Deus” (Rm 1.16), e não que os dons, sinais, curas e línguas o são.
Cristo também diz que “a verdade vos libertará” (Jo 8.32), e não que
“os dons/sinais vos libertarão”.
Em uma certa ocasião, Jesus disse a Pedro: "Para trás de mim, Satanás" (Mt
16.23), mostrando que até mesmo um genuíno crente, útil e verdadeiro na obra
do Senhor, pode ser seduzido e usado por Satanás. O cristão verdadeiro não vive
de sinais, mas vive da fé (Rm 1.17). A fé não pede sinais. Quem pede sinais é a
dúvida. O homem que nasceu de novo, que recebeu o Espírito Santo, não busca
por sinais, mas pelo conhecimento da Palavra revelada porque esse é o poder de
Deus: Seu conhecimento.

235
A FARSA DO CONTINUÍSMO

Em meio a essa confusão provocada pelo movimento pentecostal desde seu


surgimento em 1906, surgiu uma vertente sofística no próprio seio das
denominações ditas “tradicionais”, a qual viria, igualmente, a se contrapor à
Bíblia: o “Continuísmo”. Os adeptos desse movimento carismático não são muito
diferentes dos pentecostais, mas possuem algumas peculiaridades que tem como
finalidade convencer os outros de que, ao mesmo tempo em que acreditam que
todos os dons/sinais da era apostólica se findaram, por outro lado – dizem eles –
esses dons ainda estão em vigor, porém, de formas diferentes. Assim, os
continuístas se colocam em um status acima dos pentecostais, afirmando que seu
grupo não é herético como o movimento pentecostal pelo fato de que eles creem
nesses sinais na forma como funcionavam nos dias dos apóstolos, e não na
famigerada glossolalia do Pentecostalismo, onde se ouve “labaxúrias derecanta
xalamáias xalabás”. Ou seja, os continuístas creem e ensinam que os dons de
sinais da era apostólica ainda estão em funcionamento e que os crentes podem
exercer o dom de línguas se cumprirem a regra de falarem em idiomas humanos,
o que aconteceu em Atos e em 1 Coríntios. Porém, se você pedir para um
continuísta lhe mostrar alguém que seja dotado desse dom, ou mesmo uma
denominação religiosa em que esses dons estejam em pleno funcionamento, você
ouvirá respostas incrivelmente absurdas, desconexas e sem fundamento bíblico, e
ainda será acusado de incrédulo por tentar mostrar a essa pessoa que tudo isso
não passa de um eufemismo apropriado para dar continuidade ao que o
Pentecostalismo começou há algumas décadas.
Nas redes sociais costumo fazer perguntas a fim de extrair dessas pobres almas
alguma resposta que contenha algum sentido para tal crendice. As respostas são
sempre baseadas na experiência – no pragmatismo religioso – ou no que se ouviu
falar de outros crentes. Em alguns casos, toda essa situação chega a ser
engraçada. Dentre as respostas que aparecem nos comentários estão: - “O dom de
línguas existe, mas só o dom de ‘línguas angélicas’ (???), pois as ‘línguas
humanas’ cessaram”; - “Os dons de sinais só aparecem em períodos de
‘avivamento’”; - “Deus é invisível e, mesmo assim, cremos nele; e com os dons
de sinais ocorre a mesma coisa”; “Você pediu o endereço de algum pastor
curandeiro que opere os sinais e cure pessoas... toma aqui... mas saiba que eu
nunca curei ninguém!” (?????). Confesso que não há outra saída para mim senão
rir desses meninos supersticiosos e teimosos.
Qualquer cristão instruído também se surpreenderá se começar a procurar alguém
que tenha sido curado milagrosamente por um continuísta, ou por um assim

236
chamado “pastor” ou por algum crente que alegue ter o “dom de cura”. Em um
país infectado por seitas pentecostais espalhadas em cada esquina, todas elas
continuístas e cheias de crenças pagãs com práticas estranhas ao evangelho, você
ficará perplexo ao ver que não há um cego sequer que tenha sido curado nelas,
mesmo naquelas que estão funcionando há décadas. O continuísmo é, na prática,
uma piada de mau gosto que desemboca na mesma heresia pentecostal – uma
crendice ingênua e, em muitos casos, uma prática de heresia para fins lucrativos,
sem qualquer relação com as Escrituras e com os fatos.
O Pentecostalismo e seu filho caçulo, o continuísmo, têm causado um grande
impacto negativo sobre a Igreja dos santos. Todavia, a verdadeira doutrina e
espiritualidade da Igreja de Deus deve ser o foco do nosso trabalho em Cristo
Jesus, mesmo debaixo de ataques, calúnias e rancores por parte da maioria.
Devemos estar dispostos a desmascarar tais fábulas insanas e proclamar a todos o
evangelho puro e sem mácula, centrado na salvação e na santificação do pecador,
longe de sonhos, visões e curas imaginárias.

O QUE SÃO AQUELAS “LÍNGUAS


ESTRANHAS” DOS PENTECOSTAIS?

Chama-se Glossolalia, um fenômeno geralmente acompanhado de "expressões


de êxtase". Glossolalia é a prática de proferir sons ininteligíveis que se parecem
com uma linguagem real enquanto o praticante fica em estado de êxtase. A
glossolalia é muitas vezes confundida com a xenoglossia, a qual se refere ao ato
de pronunciar idiomas reais, que é o caso do verdadeiro dom de línguas bíblico.
Ou seja, enquanto a glossolalia consiste no ato de falar em um idioma
inexistente, nunca antes proferido por qualquer ser humano em sã consciência, a
xenoglossia é a capacidade de falar fluentemente uma ou mais línguas
estrangeiras sem nunca ter tido um contato prévio com as mesmas.
A xenoglossia não é uma habilidade inata ou natural, mas um dom sobrenatural.
Em contraste com a xenoglossia, uma vasta lista de estudos nos mostra que a
glossolalia (praticada pelos pentecostais e carismáticos) é um comportamento
aprendido, seja por imposição de falsos profetas ou através do sentimentalismo.
Outro fator que coopera para a prática da glossolalia é a técnica de persuasão e
até mesmo da hipnose que os ditos “profetas” do Pentecostalismo provocam nas
pessoas.

237
Os pentecostais e outros movimentos carismáticos oriundos acreditam que existe
uma explicação “sobrenatural” para a glossolalia, associando essa prática ao dom
de línguas descrito no Novo Testamento. Eles acreditam que o falar em línguas é
a manifestação sobrenatural necessária para legitimar o batismo que receberam
do Espírito Santo, que passou a habitar neles por meio dessa manifestação, como
no dia de Pentecostes (At 2) e na igreja de Corinto (1Co). Porém, muito longe
das línguas idiomáticas expressadas no Novo Testamento, a glossolalia é um
grande instrumento nas mãos de Satanás para um engano em massa. Trata-se de
uma ferramenta muito útil nas mãos do diabo, o qual facilmente provoca um
contágio colossal de histeria nas denominações religiosas pentecostais. E isso
acontece numa escala cada vez maior.
Tudo o que se ouve nessas falas mirabolantes durante os cultos carismáticos é
uma profusão de engano, confusão e barulho. Por uma questão de lógica, nenhum
cristão verdadeiro – que nasceu de novo – pode declarar que estamos de fato
“ouvindo as revelações de Deus por meio do dom de línguas, cada um na nossa
própria língua em que somos nascidos" (At 2.8), como ocorrido na festa de
Pentecostes em Jerusalém, onde a Igreja de Cristo foi inaugurada, e em outras
situações isoladas durante o período de Atos, bem como nas manifestações
sobrenaturais que encontramos em 1 Coríntios.
Simplificando, a prática da glossolalia não é o dom de línguas bíblico. Paulo
ensinou claramente que o principal objetivo do dom de falar em línguas era servir
de sinal para os incrédulos [judeus] que não criam no evangelho da graça, bem
como espalhar a boa notícia, o evangelho de Cristo (1Co 14.19,22). Conforme
nos testifica Atos 2, tal dom espiritual consistia na capacidade concedida pelo
Espírito Santo de realizar a pronúncia de línguas estrangeiras sem nunca tê-las
estudado. Isso ocorreu para que os apóstolos pudessem evangelizar as nações do
mundo numa velocidade incrivelmente inesperada, fazendo com que a
mensagem do evangelho da graça se espalhasse por toda a terra em questão de
décadas.

COMO SE PRATICA A GLOSSOLALIA?


Uma pesquisa realizada pelo Centro Médico Luterano demonstra que a
glossolalia é facilmente aprendida com instruções simples. Do mesmo modo, foi-
se observado nessa pesquisa que os alunos puderam exibir o "falar em línguas"
sem ficarem inconscientes ou sob comportamentos de transe. Outro teste
realizado com sessenta alunos mostrou que depois de escutar uma amostra de um
minuto de glossolalia, 20% dos alunos foram capazes de imitar os sons com
precisão. Após algum treino, 70% conseguiu.

238
A glossolalia pode ser observada em praticamente toda parte do mundo.
Religiões pagãs por todo o globo são obcecadas por línguas. Algumas delas são
os Xamãs no Sudão, o culto Xangô da Costa Oeste da África, o culto Zor da
Etiópia, o culto Vodu no Haiti e os aborígines da América do Sul e Austrália.
Murmurar ou falar sons ininteligíveis que soam como uma compreensão mística
profunda por homens religiosos é uma prática antiga.
Existem basicamente dois aspectos para a glossolalia: O primeiro é falar ou
murmurar em sons que se parecem com linguagem. Quase todo mundo é capaz
de fazer isso, até mesmo crianças antes de aprenderem a falar podem imitar a
linguagem real, embora de forma ininteligível e desconexa. Não há
absolutamente nada de extraordinário nisso. O outro aspecto da glossolalia é o
êxtase ou a demonstração de euforia em transe. Também não há nada de
incomum nisso, embora seja mais difícil fazê-lo intencionalmente do que
meramente proferir sons que se parecem com linguagem.

O CÉREBRO DE QUEM PENSA ESTAR FALANDO EM


LÍNGUAS
Ao pesquisar mais sobre a aberração da glossolalia praticada por seitas
carismáticas, encontrei o seguinte comentário de um artigo muito esclarecedor:
“O fato de que as línguas pronunciadas pelos movimentos carismáticos são
falsas, além de estar de acordo com a exegese bíblica, também passou a receber o
apoio de provas científicas. Em 2006, uma equipe de cientistas da Universidade
da Pensilvânia realizou experimentos em um grupo de membros de seitas
pentecostais enquanto eles praticavam a glossolalia – as famosas “línguas
estranhas”. Sob o manuseio de técnicas específicas de medicina nuclear, os
cientistas avaliaram o fluxo sanguíneo em determinadas porções do cérebro
daqueles indivíduos e descobriram que as regiões associadas à linguagem não
eram ativadas durante o exercício do suposto "dom". Ou seja, isso mostrou, de
forma clara, que aquelas pessoas não estavam falando língua alguma.
Por outro lado, a análise revelou que porções do cérebro fortemente associadas
ao aprendizado inconsciente e à memorização implícita (regiões ricas em
"neurônios espelho") ficavam mais ativas durante o "falar em línguas" dos
pentecostais, deixando claro que aquelas pessoas estavam apenas reproduzindo
ou imitando sons que ouviram em suas instituições religiosas ou em outras
reuniões de cunho pentecostal e carismático.
Feito isso, a equipe de cientistas ainda verificou que, durante a experiência
daquelas ditas "línguas estranhas", a parte do cérebro que coordena e integra
239
atividades conscientes e inconscientes (o tálamo) entra em atividade mais
intensa. Em meio a isso tudo, a pessoa "sente" que o "dom" está "fluindo
naturalmente"; ela tem uma sensação agradável e experimenta certo alívio do
estresse.
Todas essas conclusões tiraram o debate sobre línguas do campo da opinião
pessoal, revelando, de forma objetiva, que as chamadas “línguas estranhas” que
os pentecostais alegam praticar não tem nada de sobrenatural, entrando em total
desacordo com a experiência registrada no livro de Atos e na epístola de 1
Coríntios”.

MISTÉRIO REVELADO PELA CIÊNCIA


Doutores em Linguística que estudaram a glossolalia moderna passaram anos
pesquisando pessoalmente a manifestação da glossolalia, visitando grupos
pentecostais e carismáticos em vários países do mundo. Entre eles está o
professor de linguística William Samarin, da Universidade de Toronto. William
Samarin explica o seguinte:
"Não há mistério sobre a glossolalia. Amostras gravadas são fáceis de se obter e
analisar. Elas sempre acabam por ser a mesma coisa: "Sequências de sílabas,
compostas de sons retirados de todos aqueles que o orador conhece, reunidos
mais ou menos ao acaso, mas que, no entanto, surgem como unidades
semelhantes a palavras e frases por causa do realismo, do ritmo e da melodia
semelhante à linguagem. Glossolalia é, de fato, como uma linguagem em alguns
aspectos; mas isso é só porque o orador (inconscientemente) quer que seja uma
linguagem. No entanto, apesar das semelhanças superficiais, a glossolalia não é
fundamentalmente uma linguagem. Todos os tipos de glossolalia que já foram
estudados não produziram recursos que cheguem a sugerir que eles refletem
algum tipo de sistema de comunicação (...). Glossolalia não é um fenômeno
sobrenatural. Na verdade, qualquer um pode produzir glossolalia se for
desinibido e descobrir qual é o truque.
Quando o completo aparato das ciências linguísticas faz pressão sobre a
glossolalia, ela acaba revelando ter apenas aparência de linguagem." (Dr.
William Samarin).

240
O PERIGO DA PRÁTICA ENGANOSA DA GLOSSOLALIA
Em seu livro “Fogo Estranho”, John MacArthur esclarece:
“Na realidade, as expressões modernas de glossolalia são enganosas e perigosas,
oferecendo apenas uma pretensão de espiritualidade genuína. Pentecostais podem
dizer que é Deus falando através deles, mas não há absolutamente nenhuma
evidência que confirme a noção de que a glossolalia moderna vem do Espírito
Santo ou o auxilia em seu trabalho de produzir santidade. Por outro lado, há
muitas boas razões para evitar tal prática. Ela é, de fato, comum em várias seitas
e falsas religiões e entre seus seguidores – desde os curandeiros do Vodu
Africano e monges místicos do budismo até os fundadores do Mormonismo.
Historicamente, o discurso irracional e extático tem sido associado apenas a
grupos marginais heréticos, dos montanistas aos jansenistas e irvingitas. A
mesma experiência espiritualmente vazia é essencialmente idêntica à prática
carismática moderna. Os evangélicos hoje, em grande parte, desconhecem a
história da prática (...); pensam na glossolalia como algo praticado na época
apostólica da Igreja. Isso é um terrível engano.
Na longa história da Igreja, depois dos dias dos Apóstolos, onde quer que o
fenômeno da glossolalia surgisse, era encarado como uma heresia. A glossolalia
foi, sobretudo, confinada aos séculos XIX e XX. Mas, independentemente de
onde e como surgiu, ela nunca foi aceita pelas igrejas históricas da Cristandade.
Foi universalmente repudiada pelas igrejas cristãs como uma aberração
doutrinária e emocional’” (John MacArthur / Livro: Fogo Estranho).
Em suma, essa prática herética dos pentecostais é uma falsificação que, sob
qualquer aspecto, fica aquém do dom de línguas descrito no Novo Testamento.
Os praticantes dessa aberração afirmam ter recebido o dom bíblico de falar em
línguas, mas, no final, não possuem outra saída senão reconhecer que as falas
confusas deles não possuem nenhuma das características de uma língua real.
Podemos resumir o falso dom de línguas dos pentecostais por meio de duas
características:
1. As assim chamadas "línguas estranhas" manifestadas nas reuniões da seita
evangélica pentecostal são um comportamento aprendido que consiste em sílabas
incompreensíveis, repetitivas, gaguejadas e sem significação.
2. Em contraste com isso, o dom de línguas no Novo Testamento consistia na
habilidade sobrenatural de falar precisamente em uma língua estrangeira que o
falante jamais havia aprendido ou sequer estudado.

241
Conclusão: Embora os pentecostais possam apoderar-se da terminologia bíblica –
dom de línguas – para descrever a prática dessas expressões malucas e sem
nexo, tal comportamento fabricado não tem nenhuma relação com o genuíno dom
de línguas da Bíblia.

A ORIGEM DO PENTECOSTALISMO E SEUS


DANOS À IGREJA DE DEUS

Embora muitas das crenças e práticas macabras do Pentecostalismo já tivessem


sido introduzidas na cristandade por John Wesley no século 18, o movimento
pentecostal só foi oficializado em 1906, por um homem chamado William Joseph
Seymour, um afro-americano intitulado “pregador” por sua seita e fundador do
Pentecostalismo nos Estados Unidos da América. As manifestações demoníacas
nas denominações carismáticas vieram, predominantemente, deste homem.
Naquele tempo, Seymour iniciou reuniões num barracão na Rua Azuza, número
312, em Los Angeles, EUA. Nessas reuniões, a ênfase era a busca do batismo
com o Espírito Santo, o que Seymour cria ser uma experiência mística pós-
conversão e acompanhada pelo “falar em línguas”. Testemunhas oculares
relataram que, na Rua Azuza, as pessoas passavam dias e noites gritando,
chorando, gemendo, uivando, pulando, girando e se contorcendo, enquanto
clamavam pela "bênção especial” do batismo do Espírito Santo com
acompanhamento do “falar em línguas”. Aqueles que achavam ter conseguido
alcançar o tal “batismo”, balbuciavam o que criam ser “línguas estranhas”, com
palavras sem nenhuma significação. Os membros da seita ficavam em êxtase,
caíam no chão e ficavam rolando ou se sacudindo, numa manifestação frenética
de loucura total. Outros, ainda, desmaiavam e ficavam deitados por horas a fio,
inertes, como se estivessem mortos.
Não é preciso dizer qual foi o resultado disso. Neste capítulo há informações
suficientes para saber o que originou toda essa confusão e blasfêmia a respeito da
obra do Espírito Santo. Embora não seja a única seita carismática a levar pessoas
para o abismo, o Pentecostalismo demonstrou ser um dos maiores inimigos da
Igreja de Deus.
Se no romanismo temos a figura de um papa apenas, no movimento pentecostal
ocorre a diabólica proliferação de um exército de pequenos papas locais, todos
reivindicando autoridade divina e infalibilidade absoluta sob os títulos de pastor,
bispo, reverendo, apóstolo, profeta, patriarca, mestre disso, doutor daquilo, etc.

242
Com incrível ousadia, todas essas figuras alegam receber revelações inéditas por
parte de Deus, isto é, além do que está escrito na Bíblia. Eles afirmam com
veemência que Deus lhes fala diretamente, sem que para isso eles precisem
consultar as Escrituras para saberem o que de fato é ou não correto em suas ditas
igrejas. À semelhança dos pontífices medievais, esses indivíduos das mais
variadas instituições religiosas evangélicas não aceitam que suas opiniões e
condutas sejam questionadas por ninguém e em nenhum grau. Outrossim, à
semelhança dos papas renascentistas, tais facínoras exploram a boa-fé dos crentes
que os seguem fielmente, amontoando tesouros para si, vendendo objetos inúteis
os quais eles dizem ser santos e dotados de poder. Tudo isso acontece numa
escala tão grande hoje, que fica fácil concluir que os papas medievais, em termos
de engano e estelionato, teriam muito o que aprender com os pequenos papas que
reinam soberanos nas assim chamadas igrejas da cristandade.

“CUIDADO... A LETRA MATA!”


Se você já fez parte de alguma seita pentecostal, certamente já ouviu muito esse
clichê em tom de ameaça. Os falsos mestres do Pentecostalismo costumam
intimidar as massas justamente por meio deste clichê: “Cuidado... não estudem
demais a Bíblia, pois está escrito que a Letra mata”. Para tal, eles se baseiam em
2 Coríntios 3.6. Com isso, as pessoas que seguem esses impostores ficam com
medo de estudar as Escrituras e nunca são estimuladas a se dedicarem à Teologia,
além de doar todo o seu dinheiro às suas instituições, como parte da dívida que
eles chamam de “dízimo” (confira o capítulo 4 – sobre o Dízimo).
Todavia, a frase “a Letra mata” em 2 Coríntios 3.6 não tem nada a ver com
alguma proibição de Deus para que os crentes não se aprofundem no
conhecimento de Seus preceitos. Aliás, tudo isso entra em contraste com o que
Deus nos ordena, que é a busca incessante pelo Seu conhecimento, para que não
fiquemos na ignorância (Mc 12.24). O fato é que o contexto da citação de 2
Coríntios 3.6 é suficiente para mostrar que Paulo fala ali da Lei Mosaica (a letra)
e seu impacto mortal sobre aqueles que tentam ser justificados por meio da sua
observância.
A “letra”, no contexto, se refere à “lei”, porque a lei veio para matar, não para dar
vida, enquanto o “espírito” se refere à graça, onde encontramos a justificação
pela fé no Novo Testamento: “O qual nos fez também capazes de ser ministros
de um novo testamento, não da letra (lei), mas do espírito (graça); porque a
letra (lei) mata e o espírito (graça) vivifica” (2 Coríntios 3.6 – ênfase minha).
Tanto isso é verdade que basta olharmos para a continuação da passagem, nos
versos 7 e 8, onde se fala sobre dois ministérios, que são o da lei (letra), que

243
mata, e do espírito (graça), que vivifica: “E, se o ministério da morte, gravado
com letras em pedras, veio em glória, de maneira que os filhos de Israel não
podiam fitar os olhos na face de Moisés, por causa da glória do seu rosto, a qual
era transitória, como não será de maior glória o ministério do Espírito? (2
Coríntios 3.7,8). Esse é o contexto. Aqui o apóstolo está dizendo que o ministério
do espírito (Novo Testamento – evangelho da graça) é superior ao ministério da
morte (lei), pois a lei veio para matar, mas o Espírito veio para vivificar.
Porém, para os ineptos pentecostais, nesse texto, Paulo, justamente o apóstolo
mais estudioso do Novo Testamento (At 26.24), reprovava o dedicado estudo da
Palavra de Deus! Quanta estupidez! Quanta barbárie!
Tudo isso resulta em uma óbvia preguiça intelectual e dá ensejo para que homens
sem nenhum preparo teológico sejam ordenados pelas suas assim chamadas
igrejas. Por conta da ausência do estudo responsável das Escrituras, esses homens
seguem as imaginações de seu próprio coração e chamam tudo o que lhes vêm à
mente de “revelação”. Consequentemente, eles ensinam aos seus seguidores
absurdos que vão desde as tolices mais ingênuas até as heresias mais deploráveis
e maléficas. Na verdade, esses fatos se mostram tão evidentes hoje, que qualquer
cristão com conhecimento básico das Escrituras sabe que é mais fácil encontrar
um dente na boca de um torcedor corintiano do que uma frase de alto valor
doutrinário na boca de um “pastor” pentecostal.
Poucas vezes na história houve uma fábrica de heresias tão produtiva como o
Pentecostalismo. Nem Márcion, o arqui-herege do século 2, nem os montanistas,
nem os defensores da cristologia heterodoxa que ameaçou a Igreja nos séculos 4
e 5, nem os cátaros, nem o catolicismo medieval, nem os radicais da época da
Reforma, nem as seitas pseudocristãs mais depravadas da atualidade superaram o
Pentecostalismo na criação de doutrinas blasfemas e preceitos antibíblicos. Sem
dúvida, um genuíno cristão, nascido em Cristo Jesus, se sentiria mais à vontade
numa missa dirigida pelo Papa Inocêncio III do que em um “culto de libertação”
realizado por pentecostais. Mas, claro, sabemos ser um erro fazer qualquer uma
das duas coisas.

244
PENTECOSTALISMO
A FILHA FEITICEIRA DO ARMINIANISMO

"E estava ali um certo homem, chamado Simão, que anteriormente exercera
naquela cidade a arte mágica, e tinha iludido o povo de Samaria, dizendo que
era uma grande personagem; ao qual todos atendiam, desde o menor até ao
maior, dizendo: Este é a grande virtude de Deus. E atendiam-no, porque já
desde muito tempo os havia iludido com artes mágicas (...), E Simão, vendo que
pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu
dinheiro, dizendo: Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre
quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo. Mas disse-lhe Pedro: O teu
dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança
por dinheiro" (Atos 8.9-20).
De todas as seitas arminianas que envergonharam o testemunho da Igreja até
hoje, o Pentecostalismo é o mais danoso e também o mais bem elaborado. Ele
agrega elementos que podem ser encontrados em todas as religiões contrárias aos
princípios da Bíblia. Fica fácil concluir esta premissa quando o histórico do
movimento, bem como suas crenças e práticas, oriundas dos mais obscuros
rituais espiritistas e umbandistas, são analisadas sob a autoridade da Santa
Escritura. Em matéria de superstição, heresia, engano e estelionato, os papas
renascentistas teriam muito o que aprender com os mestres da “igreja”
pentecostal.
Na passagem citada no início, observamos a expressão inata dos falsos apóstolos
de hoje. Simão era um homem que fazia "milagres e prodígios" semelhantes aos
que vemos hoje, tais como profecias, curas e “línguas estranhas” (o termo
“estranhas” não consta na tradução original – grego koiné). A narrativa nos
mostra também que este homem, ao contrário dos verdadeiros apóstolos, adquiria
grande lucro financeiro com o povo de Samaria através de suas magias [v.18].
Sua proeminência e autoridade por meio da persuasão são notórias no texto
bíblico, e o povo de Samaria o apontava como sendo um homem com virtude de
Deus [v. 9,10].

245
NÃO EXISTEM MAIS APÓSTOLOS
Simão, o mago, pensava poder adquirir os dons apostólicos por conta própria,
sem ter sido vocacionado por Deus entre os doze. A ilusão e devaneio dos falsos
mestres pentecostais consistem no fato de que eles não apresentam as credenciais
necessárias para o apostolado, ainda que isso fosse possível após a consumação
da revelação escriturística (que era a finalidade crucial do apostolado e dos sinais
da era apostólica).
Vejamos quais são os requisitos para se ser um apóstolo e operar milagres:

1. Não ser colocado na função apostólica por homem algum (Gl 1.1,11-12).
2. Não ser nomeado apóstolo por si mesmo (Rm 1.5; 2Co 11.13; Ap 2.2).
3. Ser colocado por Deus numa posição de desprezo, miséria e sofrimento (1Co
4.9-13).

4. Ser testemunha ocular da ressurreição de Cristo, com exceção de Paulo, o


apóstolo fora do tempo, que viu a Cristo ressuscitado um tempo depois (At 9.15;
Rm 1.1; 1Co 9.1; 15.8; 15.9,10).

5. Ser canal de revelação doutrinária inédita (1Co 15.3; Ef 3.4-6).


6. Ser instrumento de realização de milagres (2Co 12.12).
7. Ser missionário pioneiro (Rm 15.20; 2Co 10.13-16).

Se algum dentre os requisitos mencionados faltar, qualquer pessoa que se


apresente como apóstolo é falso. É necessário entender que o ministério de Jesus
consistia em sinais e prodígios a fim de mostrar aos incrédulos que Ele era o
DEUS Vivo encarnado. Sempre que Ele operava um milagre, Sua intenção
predominante consistia em autenticar Sua divindade sem os malabarismos dos
magos, cartomantes, curandeiros e espiritistas da época (Lc 5.18-26). E assim, os
apóstolos, tendo recebido poder do Espírito para operarem os mesmos milagres
(Mc 16.18), completaram suas carreiras até o fechamento do Cânon Bíblico. O
apóstolo Paulo também autentificou seu apostolado ao envergonhar falsos
curandeiros e adivinhadores em público (At 16.16-18). Por isso o apóstolo Tiago
estabelece claramente as normas a serem seguidas quando alguém está enfermo
na igreja (Tg 5.14-15), já que os dons de sinais haviam de cessar, o que
aconteceu com o dom de cura (1Co 13.8).
A finalidade desses dons extraordinários era tão somente validar a Escritura,
provar que o Messias veio e que, adiante, Sua Igreja havia sido inaugurada com a

246
era dos apóstolos (Atos 2). Ora, se existe algum neo-apóstolo (homem dotado do
dom de cura) em uma congregação, presumo que, por dever de ofício, ele deva
provar que é dotado de tais poderes milagrosos por meio das seguintes
credenciais de Marcos 16.18, direcionadas somente aos doze: (1) Pegar em
serpentes sem sofrer nenhum dano; (2) ser imune a bebidas venenosas; (3) e
curar qualquer enfermidade instantaneamente, por meio da imposição de mãos,
sem nenhum método de apelo ou intervenção medicinal.

ERA PRECISO TER FÉ PARA SER CURADO


MILAGROSAMENTE NA ERA DOS SINAIS E MILAGRES?
O dom de cura não exigia que o enfermo tivesse fé, já que Cristo e os apóstolos
curaram e expulsaram demônios de pessoas que eram completamente incrédulas
(At 3.1-10). Tanto no ministério de Jesus quanto na era apostólica ninguém
precisava ter a fé para ser curado ou liberto! Quando Jesus os estimulava a ter fé,
era com a finalidade última de que cressem que Ele era o Messias e que Deus
havia cumprido Sua promessa de enviar o Cordeiro que havia de ser imolado
para o perdão dos eleitos. Cristo e os apóstolos curaram multidões de pessoas
que, em sua maioria, eram incrédulas. Todo o processo neo-testamentário [em
termos de milagres] consistiu em sinais e prodígios para os incrédulos
respectivamente. Isso também ocorreu na era de Moisés e de Elias, no Velho
Testamento. A maioria das pessoas que compunham o povo de Deus no período
bíblico era cética e, embora tenha experimentado grandes sinais milagrosos em
sua vida, se perdera.

AINDA EXISTEM MILAGRES?


Milagres de Deus existem, mas não homens dotados do "dom de cura" ou algo
parecido. Um milagre de Deus é alcançado por meio da oração da fé e pode
ocorrer de forma direta ou com acompanhamento da medicina (Tg 5.14-15).
Todavia, isso não significa que Deus irá dizer "sim" para todas as nossas
petições. Muitas vezes Ele diz "não" (2Co 12.7-10). No caso de Paulo, Deus
respondeu "não" à sua súplica. No nosso caso, a resposta vem por meio do
discernimento espiritual e compreensão da Palavra de Deus, a qual se comunica
conosco (1Jo 5.7).
Fazer sinais e prodígios, atrair multidões com uma eloquência arrebatadora e
adquirir bens terrenos não nos diz que um dito "profeta" é de Deus. Além do
mais, todas essas características milagrosas, somadas à riqueza material, são

247
distintivos próprios de Satanás (2 Coríntios 11.13-15). Não foi Deus quem
prometeu riquezas e bens para ser adorado; foi Satanás quem fez tal promessa
(Mt 4.8-9). Satanás detém [por ora] todos os reinos deste mundo e a glória deste
mundo. Tais falsos profetas do movimento pentecostal e carismático, com suas
cavilações e magias concedidas por demônios, levam milhões de pessoas
incautas, mortas espiritualmente, a acreditarem que por meio do "dízimo e
oferta" alcançam bençãos do "Espírito Santo" e até mesmo compram sua
salvação.

QUAL O PAPEL DO ESPÍRITO SANTO NA IGREJA?


"Mas, quando vier aquele Espírito de verdade, ele vos guiará em toda a verdade;
porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido, e vos
anunciará o que há de vir" (João 16.13).
O simples fato do movimento pentecostal enaltecer o Espírito Santo em seus
discursos e tê-lo como o centro de suas mensagens vazias é a prova cabal de que
Deus não tem parte nenhuma com essa instituição recheada de gritarias, pulos e
mensagens emotivas. Ora, porventura é tão difícil entender o que Cristo nos diz
sobre o papel do Espírito Santo na Igreja? "Quando o Espírito da VERDADE
vier, nos guiará em toda a verdade"; Por que? "Porque NÃO falará de si mesmo,
mas dirá aquilo que Eu (Jesus) vos ensino através da Palavra”. Quando o
Espírito Santo está presente em uma congregação cristã, o nome de Cristo é
exaltado, o Espírito Santo leva as pessoas a glorificarem a Cristo, a louvarem a
Cristo, a enaltecerem o nome de Cristo, a falarem do evangelho de Cristo e a
viverem como Cristo. Cristo [e não o Espírito Santo] é o centro da mensagem da
genuína Igreja onde o Espírito Santo repousa e opera.
O papel do Espírito Santo na Igreja dos santos jamais foi enaltecer a si mesmo ou
falar de si mesmo, mas o de enaltecer a Cristo, falar da pessoa de Cristo e
esclarecer tudo quanto Ele ensinou. É por esta razão que, sob uma simples
análise, constatamos que os que se chamam “profetas” [pentecostais] nunca
alimentam suas ovelhas com o evangelho. Em seus discursos estapafúrdios,
falam de prosperidade, cura, dons espirituais e poder para governar; porém
jamais falam sobre o pecado, suas implicações na vida espiritual e o
arrependimento para a salvação. Repare também que o centro da mensagem
pentecostal é o Espírito Santo. O Espírito Santo é enfatizado demasiadamente
nessas sinagogas. E muitos de vocês ficarão assustados com o que eu irei lhes
dizer: O fato de o Espírito Santo ser exaltado em demasia no culto a Deus é a
prova viva de que o verdadeiro Espírito Santo NÃO está lá.

248
"E, quando ele [o Espírito Santo] vier, convencerá o mundo do pecado, e da
justiça e do juízo" (João 16.8).
A verdadeira fé vem acompanhada de doutrina e não de dons espirituais, pois o
Espírito não fala de si mesmo, mas daquilo que está revelado e selado na Bíblia
(Jo 16.13). Cristo, ao prometer o Espírito, declarou que o Espírito não falaria de
si mesmo, mas lembraria e instilaria nas mentes o que Ele havia transmitido
através da Palavra. Portanto, o Espírito, prometido a nós, não tem a tarefa de
inventar novas e inauditas revelações, ou de forjar um novo tipo de doutrina para
nos afastar da doutrina recebida do evangelho, mas de selar nossas mentes com
essa mesma doutrina que é revelada pelo evangelho.
Arrependimento significa uma mudança de mente. Visto que Deus é aquele que
concede arrependimento, isso significa que não é a pessoa quem muda a sua
própria mente, mas é Deus quem muda a mente de uma pessoa. Ao que Ele muda
a sua mente? Paulo diz que o arrependimento leva a “um conhecimento da
verdade”. Novamente, isso se resume a uma questão de doutrina. Esta é a forma
como devemos reconhecer o verdadeiro arrependimento. Não existe nenhum
arrependimento a menos que a pessoa passe a afirmar as doutrinas verdadeiras.
Se ela não afirma as doutrinas verdadeiras, então ela não se arrependeu e ainda
permanece em seus pecados. Só tem o Espírito Santo aquele a quem foi dado
antes o conhecimento da Sã Doutrina dos apóstolos e de sua própria depravação
total.
Leiamos novamente: "E, quando ele (o Espírito Santo) vier, convencerá o mundo
do pecado, e da justiça e do juízo" (João 16.8).
Por que Jesus disse "conhecereis a Verdade, e a Verdade vos libertará" (João
8.32), ao invés de "conhecereis o amor, e o amor vos libertará"? A resposta para
tal é que Cristo está dizendo nesse verso que sem a doutrina é impossível amar
como Ele amou. Em termos mais amplos, você pode fazer mil tipos de obras
caridosas e distribuir milhares de "abraços grátis" pelo mundo afora, e, mesmo
assim, estará caminhando para o inferno se não tiver ciência e convicção do
pecado, da justiça e do juízo.

A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
Voltemos à pergunta: qual o papel do Espírito Santo na Igreja dos santos?
Convencer o mundo do pecado, e da justiça e do juízo. Esse é o papel do Espírito
Santo. Agora olhe para as sinagogas pentecostais e veja as pregações que são
feitas e os frutos delas. Você não vê pessoas chorando por causa do pecado. Você
vê pessoas chorando [emotivas] porque foram convencidas de que seu "dízimo"

249
lhes dará a casa própria. Você não vê pessoas convencidas do pecado, pois, de
outra maneira, não estariam buscando pela casa própria (esse papel cabe a Deus,
se assim o desejar), mas sim pelo Reino de Deus e Sua Justiça.
O que mais se busca numa seita pentecostal? Prosperidade. Mas a Bíblia ordena:
"Não pergunteis, pois, que haveis de comer, ou que haveis de beber, e não andeis
inquietos. Porque as nações do mundo buscam todas essas coisas; mas vosso Pai
sabe que precisais delas. Buscai antes o reino de Deus, e todas estas coisas vos
serão acrescentadas" (Lucas 12.29-31).
A genuína Igreja de Deus não busca por comida, nem por bebida, nem por
roupas, nem por casas, nem por carros. A autêntica Igreja de Deus busca pelo
Seu Reino. O papel de prover o sustento é do Senhor; o papel do escravo é fazer
a vontade de Seu Senhor.
Observe, por exemplo, algumas das "profecias" de um homem chamado Silas
Malafaia em suas pregações na seita pentecostal: "Quanto mais você ofertar [dar
dinheiro], mais será abençoado e cheio de Deus na sua vida"... "faça uma
proposta com Deus: Tire tal porcentagem de seu salário durante um ano, e Deus
lhe concederá a sua casa própria"... "Quem não dá oferta não sairá daqui
abençoado"... "Eu não vou deixar de usufruir do que é meu porque eu sei o preço
que paguei... etc”.
Agora note o que diz a Escritura e faça a comparação:
● O preço foi pago por Cristo com Seu sangue: "O qual se deu a si mesmo em
preço de redenção por todos, para servir de testemunho a seu tempo" (1 Timóteo
2.6).
● Os eleitos não foram comprados por dinheiro. O preço da redenção é
caríssimo; ninguém pode pagar. Não fomos comprados por “dízimos” e ofertas:
"Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a Deus no vosso
corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus" (1 Coríntios 6.20)...
"Sabendo que não foi com coisas corruptíveis, como prata ou ouro, que fostes
resgatados da vossa vã maneira de viver que por tradição recebestes dos vossos
pais, mas com o precioso sangue de Cristo, como de um cordeiro imaculado e
incontaminado" (1 Pedro 1.18,19).
● Quem busca por prosperidade não é filho de Deus, mas de Mamon, e o seu
coração está fixado no dinheiro e na solução de seus problemas terrenos: "Não
ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os
ladrões minam e roubam; mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a
ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam. Porque onde
estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração" (Mateus 6.19-21).
250
● Ironicamente, a carta de Paulo à Timóteo é endereçada especialmente àqueles
que foram vocacionados a cuidarem das ovelhas de Cristo. E ela nos diz respeito
sobre muitas coisas relacionadas ao perigo da busca pelo enriquecimento, que é
consequência de uma falsa doutrina de homens que desviaram-se da fé. Vejamos:
"Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs
palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a
piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de
palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas,
perversas contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da
verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. Mas é
grande lucro a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este
mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e
com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser
ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e
nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao
dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram
da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores. Mas tu, ó homem de
Deus, foge destas coisas, e segue a justiça, a piedade, a fé, o amor, a paciência,
a mansidão. Milita a boa milícia da fé, toma posse da vida eterna, para a qual
também foste chamado, tendo já feito boa confissão diante de muitas
testemunhas" (1 Timóteo 6.3-12).
Como se pode notar na epístola de 1 Timóteo, os “pastores” da Teologia da
Prosperidade deviam se atentar melhor a essas normas [leis] imutáveis antes de
saírem por aí ensinando doutrinas de demônios enquanto somente eles prosperam
e o rebanho de Cristo continua pobre e ignorante, bem como os seguidores da
Teologia do Pacto continuam na avareza, na blasfêmia e a passos largos em
direção ao inferno.
Ainda a respeito da Teologia da Prosperidade, voltemos a refletir sobre Simão, o
mago. Como vimos no início deste artigo, ele era um adivinhador, uma espécie
de cartomante ou espiritista da época. Mas Simão não pára por aí. Ele também foi
um dos precursores da Teologia da Prosperidade. Esse facínora acreditava que,
por meio do dinheiro [oferta], ele podia adquirir poder de batizar as pessoas com
o Espírito Santo através da imposição de mãos, dom este que fora dado somente
aos apóstolos e a ninguém mais [como já fora provado neste artigo].
E desde então muitos Simões têm surgido no meio do povo cristão, já preparados
para a perdição, e que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens
ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus (Jd 1.4-19; Mt 24.11,24;
2Pe 2.1; 1Co 5.11-13; 2 Co 6.14-18; 2 Jo 1.10-11; 1Tm 6.3-5; Tt 3.10-11; Gl 1.7-
10; Ef 5.11; Sl 1; Am 3.3; Ap 3.15,16).

251
Cuidado! Não brinque de ser crente. Acautele-se dos "falsos profetas... que
introduzirão encobertamente heresias de perdição em vosso meio" (2Pe 2.1). Se
você pertence a uma seita pentecostal, saia o quanto antes de lá e procure uma
igreja onde os irmãos já aprenderam sobre a ordem de Deus de como se deve
congregar e se reunir somente ao nome de Jesus (conferir cap. 1 – artigo: “O que
é a Igreja?”) Faça cultos domésticos, estude e examine as Escrituras tendo como
guia o Espírito Santo, em comunhão com outros irmãos que possuem o dom do
ensino. Mensageiros fiéis devem alertar as ovelhas perdidas que se encontram em
meio aos hereges e os identificar pelo nome. Todavia, há de se dizer que isso não
é suficiente para tornar sua identidade amplamente conhecida, pois a maioria
dessas jovens ovelhas, desgarrada e sem instrução bíblica, não entende tal perigo
e muitas vezes não quer entender, pois não lhes foi dado ouvidos para ouvir –
elas simplesmente não podem crer nessas grandes verdades porque não são
ovelhas de Cristo (Jo 10.26). Essas ovelhas não têm medo da mentira, mas sim da
verdade. É isso que tem causado tanta destruição de rebanhos conduzidos pelos
lobos do Pentecostalismo.

252
CAPÍTULO 8
DISCIPLINA NA IGREJA

DEUS NOS PROÍBE DE JULGAR?

“Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser
julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não
sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes
a esta vida?” (1 Coríntios 6.2,3).

Julgar é uma ordem e não um pecado. A Escritura determina que um dos deveres
primordiais dos santos neste mundo é JULGAR. Mas, como, quando e a quem
julgar? Vejamos o que a Bíblia responde:

● Julgar segundo a reta justiça:


"Não julgueis segundo a aparência, mas JULGAI segundo a reta justiça" (João
7.24).
● Julgar todas as coisas:
"Mas o que é espiritual JULGA todas as coisas, mas ele mesmo não é julgado
por ninguém" (1 Coríntios 2.15).
● Julgar o pecado na Igreja:
"Pois, por que eu deveria julgar também os que estão de fora da igreja? Não
JULGAIS vós os que estão dentro? Tirai pois do meio de vós esse iníquo" (1
Coríntios 5.12-13).
● Julgar disputas entre irmãos:
"Para vos envergonhar o digo. Não há, pois, entre vós sábios, nem mesmo um,
que possa JULGAR entre seus irmãos?" (1 Coríntios 6.5).
● Julgar as pregações:
"E falem dois ou três profetas, e os outros JULGUEM" (1 Coríntios 14.29).
● Julgar aqueles que pregam um falso evangelho:
"Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho

253
além do que já vos tenho anunciado, seja MALDITO. Assim, como já vo-lo
dissemos, agora de novo também vo-lo digo. Se alguém vos anunciar outro
evangelho além do que já recebestes, seja AMALDIÇOADO” (Gálatas 1.8,9).
● Julgar [e condenar] as obras das trevas:
"E não comuniqueis com as obras infrutuosas das trevas, mas antes
CONDENAI-AS publicamente" (Efésios 5.11).
● Julgar os pregadores:
"Amados, não creiais a todo o espírito, mas provai se os ‘espíritos’ (homens) são
de Deus, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo" (1 João
4.1).

Além dos textos supracitados, há uma vasta lista de passagens bíblicas, tanto no
Velho Testamento como no Novo Testamento, que nos estabelece uma das
ordens mais enfáticas de Deus ao Seu povo: JULGUE! Sendo assim, eu poderia
facilmente escrever um livro que tratasse somente desse tema.

A SÍNDROME DE “NÃO JULGUEIS”


"Não julgueis" (Mateus 7.1a). Esta é a frase sacramental de todo ignorante que
julga hipocritamente. Por que? Porque geralmente esse clichê antibíblico é usado
para estabelecer julgamentos condenatórios contra aqueles que julgam retamente.
Ou seja, não é raro vermos pessoas que se dizem contra o ato de julgar apontando
o dedo para nós. Se os profetas, Jesus Cristo e os apóstolos nos ensinam a julgar,
como poderíamos lidar com tamanha contradição se o versículo acima fosse
interpretado de forma isolada?
O fato é que o versículo 1 de Mateus 7 está ligado ao seu contexto que deve ser
analisado em sua inteireza. Antes que analfabetos funcionais ou falsos mestres
possam isolar fraudulosamente a metade do versículo e sair falando aos quatro
ventos que “não podemos julgar para que não sejamos julgados”, devemos estar
preparados e armados com a “Espada do Espírito, que é a Palavra” (Ef 6.17), a
fim de tapar a boca de tais insensatos, combater os ardis do diabo e desarmar o
inimigo com o conhecimento de Deus. Sendo assim, analisemos sem demora o
contexto de Mateus 7, onde se encontra o verso:

Mateus 7.1-5: "Não julgueis, para que não sejais julgados. Porque com o juízo
com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos

254
hão de medir a vós. E por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu
irmão, e não vês a trave que está no teu olho? Ou como dirás a teu irmão:
Deixa-me tirar o argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira
primeiro a trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu
irmão” (Mateus 7.1-5).

Esse é o contexto! Jesus está aqui nos ensinando que não devemos julgar um
pecador se nós nos encontramos na mesma prática pecaminosa que ele. Do
contrário, seremos os “hipócritas” do verso 5! Note que Jesus começa dizendo:
"... por que reparas tu no argueiro que está no olho do teu irmão, e não vês a
trave que está no teu olho? ". Jesus está chamando este – que deseja tirar o cisco
do olho do outro – de hipócrita, pois seu julgamento não é reto nem sensato, visto
que o sujeito que está julgando permanece na mesma prática pecaminosa do que
está sendo julgado, seja em um nível menor ou maior. Sendo assim, o ato
condenado por Cristo aqui está direcionado ao indivíduo que, no afã de julgar
alguém, não vê que no seu próprio olho tem uma trave gigantesca! O
ensinamento é este: que não julguemos alguém se estivermos na mesma prática
que este alguém comete, e não que não devemos julgar as pessoas. Muito pelo
contrário: É nosso dever julgar todas as coisas.
Note que o que Jesus ensinou em Mateus 7.1-5 é o mesmo que Paulo resume em
Romanos 2.3: “E tu, ó homem, que julgas os que fazem tais coisas, cuidas que,
fazendo-as tu, escaparás ao juízo de Deus?” (Romanos 2.3). Ou seja, só
podemos julgar alguém ou várias pessoas se estivermos numa posição digna de
julgá-los. Esse é o ensino.

OS CÃES E PORCOS DO VERSO 6


A continuação da passagem tem muito a nos fornecer como prova cabal de que
Jesus não está nos proibindo de julgar as pessoas, mas, pelo contrário Ele está, na
verdade, nos orientando a JULGAR a tudo e a todos com coerência e sabedoria.
Vejamos o verso 6, que é onde se conclui a norma:
“Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas,
não aconteça que as pisem com os pés e, voltando-se, vos despedacem” (Mateus
7.6).
Como definiríamos os “cães e porcos” após a sua detecção, se não pudéssemos
antes julgá-los com a Palavra e avaliá-los segundo as características apresentadas
por Cristo no verso 6? É justamente quando damos pérolas a um cão que

255
saberemos que ele é um cachorro devido a sua reação de pisar as pérolas, visto
que um cachorro não distingue pérolas de pedras. Isto é, ao ouvir as verdades do
evangelho, o pecador intitulado como “cachorro” por Cristo interpreta seus
ensinamentos como pedradas, ou seja, como uma ofensa. Igualmente, é assim
que se sucede a um porco: Ambos, cão e porco, ao receberem as “coisas santas”,
reagem como se estivessem sendo agredidos, pisoteiam as “pérolas” e nos atacam
com a finalidade de nos espedaçar. As pessoas que rejeitam o evangelho que
pregamos ficam com raiva das coisas que estamos dizendo, pois o que estamos
dizendo vem da Palavra de Deus e elas odeiam os preceitos de Deus, por mais
que não admitam. Elas podem não admitir, mas a irritação delas diante das
grandes verdades do evangelho mostra quem elas são: cães e porcos.

DEVEMOS JULGAR E DAR NOME AOS BODES


● João Batista chama os saduceus de "raça de víboras" (Mt 3.7).
● Jesus chamou os fariseus de "raça de víboras" (Mt 23.33).
● Também os chamou de "filhos do diabo" (Jo 8.44).
● Judas chama os falsos profetas de "animais irracionais" (Jd 1.10).
● João chama a todos os que vivem na prática do pecado de "filhos do diabo"
(1Jo 3.8-10).

● Jesus chama os Mestres da Lei e os fariseus de:


- "hipócritas" (Mt 23.13,14,15,23,25,27,29);
- "guias cegos" (Mt 23.16,24);
- "cegos insensatos" (Mt 23.17);
- "sepulcros caiados" (Mt 23.27);
- "serpentes" (Mt 23.33)...

● O apóstolo Pedro chama os falsos Mestres de:


- "insolentes" (2Pe 2.10);
- "arrogantes" (2Pe 2.10);
- "difamadores" (2Pe 2.12);

256
- "criaturas irracionais" (2Pe 2.12);
- "injustos" (2Pe 2.13);
- "devassos" (2Pe 2.13);
- "malditos" (2Pe 2.14)...

JESUS NUNCA FOI SIMPÁTICO OU TOLERANTE COM


HEREGES E “DOUTORES” DA LEI
A interação de Jesus com as autoridades religiosas de sua época não era nada
cordial; pelo contrário: era hostil. Ao consultarmos a Bíblia, vemos o primeiro
momento da relação de Cristo com os “doutores da lei” em Lucas 5.17. Daquele
momento até chegarmos em Lucas 24.20, onde é mencionado um grupo de
"chefes dos sacerdotes e autoridades", toda vez que a elite religiosa de Israel
aparece diante de Jesus há conflito entre eles (entre Jesus e os fariseus). Nessa
rivalidade, muitas vezes é o próprio Jesus quem, de caso pensado, provoca as
hostilidades. Quando Ele fala com os líderes religiosos ou sobre eles – seja em
público ou em particular –, normalmente é para julgá-los e condená-los como
tolos e hipócritas (Lc 11.40; 12.1; 13.15; 18.10-14). Quando Jesus percebe que
eles estão o observando a fim de acusá-lo de violar suas restrições artificiais
acerca do sábado ou dos sistemas de lavagem cerimonial criados por eles
mesmos, Ele desafia de propósito suas regras (Lc 6.7-11; 11.37-44; 14.1-6). Em
Lucas 11.45-54 observamos que Jesus fora informado de que Seu julgamento
contra os fariseus ofendia os peritos na lei. Esses peritos na lei eram os principais
estudiosos e acadêmicos do Antigo Testamento daquela época. Quando Jesus
ficou sabendo que eles estavam ofendidos por causa de Seu apontamento contra
eles, imediatamente Ele se dirigiu aos peritos da lei e rasgou o verbo contra eles
também (Lc 11.45-54).
Jesus nunca usou a abordagem pacifista com hereges, nem mesmo lhes estendeu
a mão para cumprimentá-los. Jesus não tolerava religiosos hipócritas que
insistiam em permanecer na ignorância. Ele jamais se reuniu com eles em uma
fraternidade ecumênica e muito menos fez o tipo de apelo particular gentil que os
ditos “cristãos” da nossa era normalmente costumam fazer antes de advertir os
outros sobre os perigos de se relacionar com falsos mestres. Mesmo quando
lidava com as figuras religiosas mais respeitadas de sua época, Ele enfrentava os
enganos delas de um modo ousado e direto. Às vezes, o enfrentamento de Jesus

257
contra as crenças e práticas dos doutores da lei era tão intrépido que Ele os
colocava em uma situação de vergonha, expondo-os ao ridículo.
Jesus não era “simpático” com os doutores e mestres conforme algum padrão
pós-moderno que conhecemos, nem lhes estendia a falsa cortesia acadêmica. Ele
não convidava esses ditos “doutores” para uma conversa particular sobre seus
diferentes “pontos de vista”, pois, para Jesus, não era uma questão de ponto de
vista, mas da Verdade contra a mentira. Cristo não exprimia suas falas com
eufemismos a fim de não ofender aqueles que o estavam ouvindo; não tentava
suavizar sua repreensão contra os hereges. Ele não se importava em transformar
seus ensinamentos em discursos totalmente impessoais para evitar que os
sentimentos dos ouvintes fossem feridos; Ele não se importava em fazer nada
para diminuir a rigidez de suas críticas, nem se preocupava em amenizar o caráter
repreensivo de suas severas palavras contra o erro, e muito menos tentava
minimizar o constrangimento público dos fariseus quando estes eram
repreendidos por Ele. Cristo deixava o mais claro possível que desaprovava a
religião desses assim chamados “doutores” e “mestres”. Toda vez que Ele
mencionava esses lobos em pele de cordeiro, parecia totalmente insensível à
vergonha e frustração deles diante de Sua sinceridade. Sabendo que estavam
buscando razões para serem insultados, Jesus muitas vezes fazia e dizia as
mesmas coisas que sabia que os deixariam ainda mais ofendidos.
Sem dúvida, é significativo que a abordagem que Jesus usava para lidar com o
engano religioso é nitidamente diferente dos métodos usados pelas ditas igrejas
do nosso século.
Será que essa personalidade excêntrica e polêmica de Jesus ganharia a admiração
dos acadêmicos e doutores em teologia hoje? Consideremos, pois, o modo como
Jesus tratava seus adversários. Admitamos que seu proceder na terra é, na
verdade, uma repreensão séria à Igreja da nossa geração. É necessário que nos
atentemos cuidadosamente ao modo como o nosso Mestre Jesus Cristo lidava
com falsos mestres, ao que Ele pensava a respeito do engano religioso, ao modo
como Ele defendia a verdade, a quem Ele reconhecia como sendo de Deus e a
quem Ele julgava como herege e condenado – e a como Ele, na verdade, não se
encaixava no estereótipo meigo que hoje tão frequentemente os crentes lhe
impõem.

258
DEVEMOS EXPOR OS FALSOS MESTRES E
CITAR SEUS NOMES

Não tenha medo de expor os falsos mestres que nos rodeiam, porquanto isso não
somente nos é lícito, como nos é expressamente ordenado a fazer, como bons
soldados de Cristo. A Bíblia nos admoesta a expor os erros dos que se dizem
mestres, profetas, apóstolos, etc., mas que são protótipos do Anticristo que há de
vir. Você não somente deve denunciá-los, como também deve citar seus nomes.
A Bíblia diz que para os falsos mestres há maior condenação (Ez 13.3). Nunca
foi correto tolerar falsos mestres. Eles devem ser julgados pela Palavra de Deus e
expostos à Igreja. É claro que aqueles que querem desobedecer a Palavra de Deus
irão buscar todos os meios para evitar esse ensino (1Jo 4.1; Is 8.20).
No mais, segue abaixo um compêndio de atitudes que devem ser tomadas para
com os falsos mestres e hereges:

1. Devemos prová-los (1Jo 4.1);


2. Devemos evitá-los (Rm 16.17);
3. Devemos repreendê-los (Tt 1.9,13);
4. Não devemos ter comunhão com eles (Ef 5.11);
5. Não devemos trabalhar com eles (2Ts 3.6,14-15; 1Tm 6.3-5);
6. Devemos nos afastar deles (2Tm 3.5,7; 2Tm 4.2);
7. Não devemos recebê-los em nossa casa (2Jo 10.11);
8. Devemos rejeitá-los como heréticos (Tt 3.10-11);
9. Devemos estar alertas com relação àqueles que pregam outro evangelho, isto
é, o falso evangelho (2Co 11.4; Gl 1.6-10);

10. Devemos nos separar deles (2Co 6.17).

Portanto, devemos denunciar tais apóstolos de Satanás, inclusive citando seus


nomes. Se até os apóstolos citaram nomes de seus próprios irmãos quando eles
259
praticaram algum erro, o que se dirá da nossa responsabilidade como cristãos em
citar o nome de cada falso mestre em nossos dias:
a) Paulo citou Pedro publicamente (Gl 2.11-14);
b) Paulo citou Demas (2Tm 4.10);
c) Paulo citou Himeneu e Alexandre (1Tm 1.18-20);
d) Paulo citou Himeneu e Fileto (2Tm 2.15-18);
e) Paulo citou Alexandre, o latoeiro (2Tm 1.14-15);
f) João citou Diótrefes (3 Jo 9-11);
g) Moisés, Pedro, Judas e João citaram o nome de Balaão (Nm 22.25; 2Pe 2.15;
Jd 1.11; Ap 2.14.

Portanto, é correto e normativo expor as heresias em nosso meio e citar o nome


daqueles que compõem as suas várias seitas, trazendo consigo não somente as
antigas heresias macabras dos tempos antigos, como também criando conceitos
sórdidos e blasfemos acerca de Deus e até mesmo do Espírito Santo, como é o
caso do Pentecostalismo e de outras seitas carismáticas, etc.
É correto "batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos" (Judas 1.3). E como
foi uma vez entregue, nunca mais foi necessária uma revisão.

O “SILÊNCIO” DOS TAGARELAS

A Escritura determina que um dos deveres primordiais dos santos neste mundo é
JULGAR: “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o
mundo deve ser julgado por vós, sois porventura indignos de julgar as coisas
mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as
coisas pertencentes a esta vida?” (1Coríntios 6.2,3).
Há uma vasta lista de passagens bíblicas, tanto no Velho Testamento como no
Novo, que nos estabelece uma das ordens mais enfáticas de Deus ao Seu
povo: 'JULGUE e CONDENE o erro, a tempo e fora de tempo'. Sendo assim, eu
poderia facilmente escrever um livro que tratasse somente desse tema.
260
No entanto, um movimento pseudo-piedoso cresce em oposição ao evangelho.
Eu costumo chamá-lo de "Seita dos Não-Julgueis". O que os membros dessa
falsa religião fazem? Eles julgam você pelo seu ato de julgar, e geralmente o
fazem com uma agressividade pobre de argumentos e sob a base de uma lista de
xingamentos que não caberiam neste comentário. Os tagarelas defensores do
"silêncio" são as pessoas mais hostis que podemos imaginar no campo
ideológico, religioso e político. Além de não possuírem fundamentos para suas
premissas claramente paradoxais, ainda te condenam por você tentar ensiná-los
sobre qualquer assunto em que se deva estabelecer um julgamento justo. São
analfabetos funcionais que passam a vida apontando os cinco dedos para os
santos de Deus, embora, contraditoriamente, eles sejam contra o ato de julgar em
qualquer sentido. Criam todo um estereótipo sensacionalista sob o nome de "paz
e amor", mas não dormem enquanto não conseguem estigmatizar aqueles que, de
bom grado, só tentaram alertá-los de seus erros.
Essa incoerência colossal em massa se estende na medida com que os defensores
do "Silêncio" são os primeiros a se pronunciar contra o protesto. Eles nunca
dizem nada contra o erro porque, dizem eles, isso deve ser discutido de "boca
fechada". Agora veja onde a coisa vai parar: a heresia, segundo esses falsos
piedosos, deve ser debatida às escuras (tente imaginar Jesus pensando dessa
forma de frente para os fariseus de sua época); mas, paradoxalmente, encontram
razões para nos atacar publicamente por causa do nosso prognóstico, e
geralmente o fazem por meio do "ad hominem", isto é, por meio de ataques
contra a nossa vida pessoal, e não contra a ideia discutida.
Ora, se esses mansos e amorosos "cristãos”, inimigos do protesto contra a
heresia, se opõem ao ato de julgar publicamente, por que abrem a boca para
estabelecer julgamentos hipócritas contra os que combatem o erro?
Guarde bem isto: Todo "cristão de vitrine", ou seja, falso cristão, que repudia o
ato de julgar e que se emudece diante da profanação, com discursos de amor e
piedade, pode ser facilmente detectado por falar frívola e inconsequentemente
sem nada trazer de edificação. O falso piedoso é detectado por falar muito sem
nada dizer de importante. Ele jamais irá estragar a festinha dos falsos mestres; ao
contrário, ele irá censurar os que julgam retamente.
"E levantaram-se alguns que eram da sinagoga chamada dos libertinos, e dos
cireneus e dos alexandrinos, e dos que eram da Cilícia e da Asia, e
DISPUTAVAM com Estêvão. Mas o Espírito de Deus dava tanta sabedoria a
Estêvão, que ele ganhava todas as DISCUSSÕES" (Atos 6.9,10).

261
“Abre a tua boca a favor do mudo, pela causa de todos que são designados à
destruição. Abre a tua boca; julga retamente; e faze justiça aos pobres e aos
necessitados” (Provérbios 31.8,9).

262
CAPÍTULO 9
A DOUTRINA DA SEPARAÇÃO

2 Coríntios 6.14-18
UM CHAMADO À SEPARAÇÃO

“Não vos prendais a um jugo desigual com os infiéis; porque, que sociedade tem
a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a luz com as trevas? E que
concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem o fiel com o infiel? E que
consenso tem o templo de Deus com os ídolos? Porque vós sois o templo do Deus
vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e Eu serei o seu
Deus e eles serão o meu povo. Por isso saí do meio deles, e apartai-vos, diz o
Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu vos receberei; e Eu serei para vós Pai,
e vós sereis para mim filhos e filhas, Diz o Senhor Todo-Poderoso"
(2 Coríntios 6.14-18).

Talvez esta seja a doutrina mais importante da Escritura Sagrada: a Doutrina da


Separação. Por que? Porque toda a história testamentária se trata de Deus
chamando o Seu povo para se separar do mundo e de suas concupiscências. Seja
com o Seu povo terrenal, Israel, seja com o Seu povo celestial, a Igreja, a ordem
é sempre a mesma: “Saiam do meio deles” (v. 17).
A passagem de 2 Coríntios 6.14-18 resume toda a exortação divina para que o
Seu povo não se misture ou tenha vínculos com o mundo. Trata-se de um
chamado para os que pertencem a Cristo a se manterem longe de todo o tipo de
associação íntima com os ímpios. Ele expressamente os proíbe de entrar em
alianças com os não-convertidos. Deus definitivamente proíbe Seus filhos de
andarem de mãos dadas com os mundanos. É uma advertência aplicável a todas
as fases e áreas das nossas vidas – religiosa, doméstica, social, comercial, etc., e
jamais houve um momento em que mais necessitamos pressionar os cristãos a
cumprirem com este mandamento do que agora. Os dias em que vivemos são
marcados pelo "espírito de compromisso" (ecumenismo). A maioria esmagante
dos cristãos professos acredita piamente que pode andar com Deus e com o

263
mundo ao mesmo tempo. Mesmo com tantas exortações bíblicas, a impressão é
que esses ditos cristãos nunca leram sequer uma linha das Escrituras ou, no
mínimo, não enxergaram o que está ali. Por todos os lados vemos misturas
profanas, alianças ímpias e jugos desiguais. Muitos cristãos professos parecem
estar tentando descobrir quão perto do mundo podem andar e ainda ir para o céu.

EM CADA DISPENSAÇÃO, A ORDEM SEMPRE FOI: SEPARE-SE


Em cada dispensação da Bíblia essa ordem divina foi dada.
Para Abraão, a Palavra peremptória de Deus foi: “Sai-te da tua terra, da tua
parentela e da casa de teu pai, para a terra que eu te mostrarei” (Gênesis 12.1).
Para Israel, Ele disse: “Não fareis segundo as obras da terra do Egito, em que
habitastes, nem fareis segundo as obras da terra de Canaã, para a qual vos levo,
nem andareis nos seus estatutos” (Levítico 18.3). E disse também: “Não andeis
nos costumes das nações que eu expulso de diante de vós” (Levítico 20.23).
Todavia, o descaso de Israel com relação à ordem de se separar do mundo
resultou nos severos castigos que caíram sobre essa nação.
Nos evangelhos, vemos João Batista, o precursor de Cristo, do lado de fora do
judaísmo organizado dos seus dias. João Batista estava ali para exortar os
homens a fugirem da ira vindoura. “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir
da ira futura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento;... E também
agora está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não
produz bom fruto, é cortada e lançada no fogo” (Mateus 3.7,8,10).
Cristo disse sobre Si mesmo: “o Porteiro abre (a porta) e chama às Suas ovelhas
pelo nome, e as traz para fora” (João 10.3).
Em Atos 2 vemos que, no dia de Pentecostes, a palavra de Deus à Igreja foi:
“Salvai-vos desta geração perversa” (Atos 2.40).
Em Hebreus, vemos Paulo exortando os crentes a saírem para fora do sistema
religioso judaico e de toda relação com o mundo: “Saiamos, pois, a Ele (Jesus),
para fora do arraial” (Hb 13.13). Arraial é o nome dado à forma como o povo
judeu era guiado por Deus na antiga dispensação. O arraial se difere amplamente
do “rebanho” de Cristo, que é a Igreja na nova dispensação (Conferir cap. 1 –
Artigo: “O que é a Igreja?”).
O chamado de Deus para o Seu povo na Babilônia da nossa geração é: “Sai dela,
povo meu, para que não sejas participante dos seus pecados, e para que não
incorras nas suas pragas” (Apocalipse 18.4).

264
Em Romanos 16.17 é dito para nos desviarmos daqueles mundanos que se
infiltram entre nós: “E rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões
e escândalos contra a doutrina que aprendestes; desviai-vos deles”.
Em 2 Timóteo 2.20-21 nos é comunicado: “Ora, numa grande casa não somente
há vasos de ouro e de prata, mas também de pau e de barro; uns para honra,
outros, porém, para desonra. De sorte que, se alguém se purificar destas coisas,
será vaso para honra, santificado e idôneo para uso do Senhor, e preparado
para toda a boa obra” (2 Timóteo 2.20,21). O termo “grande casa” significa a
cristandade professa num todo, onde devemos estar preparados para nos purificar
do que é sujo e nos separar daqueles que são “vasos para desonra”.
Em 2 Timóteo 3.2-5 temos a ordem clara de nos separarmos dos “homens
amantes de si mesmos, avarentos, presunçosos, soberbos, blasfemos,
desobedientes a pais e mães, ingratos, profanos, sem afeto natural,
irreconciliáveis, caluniadores, incontinentes, cruéis, sem amor para com os
bons, traidores, obstinados, orgulhosos, mais amigos dos deleites do que amigos
de Deus, os quais, tendo aparência de piedade, negam a eficácia dela”. E a
passagem termina com um sonoro “Destes afasta-te” (v. 5).
O comando para a Igreja em 2 Tessalonicenses 3.14 é: “se alguém não obedecer
à nossa palavra por esta carta, notai o tal, e não vos mistureis com ele”.
Certamente que a ordem de Deus em 1 Coríntios 5.11 é uma das mais radicais na
Escritura: “Mas agora vos escrevi que não vos associeis com aquele que,
dizendo-se irmão, for devasso, ou avarento, ou idólatra, ou maldizente, ou
beberrão, ou roubador; com o tal nem ainda comais”. Isto é, a ordem de Deus é
para que, quando detectarmos um falso irmão entre nós, alguém que nos chama
de irmão, mas não o é, devemos nos separar dele.
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Essa sempre foi e continua sendo a
palavra de Deus para o Seu povo hoje: Não permanecer sozinho, mas em um só
corpo como Igreja, longe da intimidade com o mundo e seu sistema.

UM MANDAMENTO ESQUECIDO
“Não vos prendais a um jugo desigual” (v. 14).
Uma das maiores inquietações que tenho sofrido em meu espírito é com o total
descaso para com este mandamento, pois se trata de um mandamento, mas tem
sido tratado como uma mera “sugestão” ou “questão secundária”, largamente
responsável pelo baixo nível espiritual que agora prevalece entre os cristãos
professos. Não me admira, pois, que o pulso espiritual de muitos crentes bata tão
265
debilmente. Não me admira que as suas reuniões de culto, adoração e ministério
estejam tão mal frequentadas. Não me admira que as suas reuniões de oração
estejam ainda mais contaminadas por falsos crentes. Os cristãos que estão em
jugo desigual não têm coração para a oração, pois a desobediência nesse ponto
traz desdobramentos para a devoção real do coração a Cristo. Ninguém pode ser
um seguidor desacorrentado do Senhor Jesus Cristo e, ao mesmo tempo e de
alguma forma, preso aos Seus inimigos.
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Essa é a ordem dada aos verdadeiros
cristãos piedosos; aqueles que realmente amam a Deus e estão dispostos a
deixarem família e até a própria vida para segui-lO.
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Essa é uma ordem que se aplica
primeiramente às nossas relações no âmbito da Igreja. Quantos cristãos são
membros das chamadas “igrejas” (quando na verdade são membros de seitas
denominacionais), onde muita coisa está acontecendo de errado e que eles sabem
que está acontecendo em desacordo direto com a Palavra de Deus? O falso
ensino nos púlpitos, as atrações mundanas usadas para atrair os ímpios e os
métodos mundanos utilizados para financiá-las; ou o recebimento constante em
sua membresia por parte daqueles que não dão nenhuma evidência de ter nascido
de novo. Os crentes em Cristo que permanecem em tais “igrejas” estão
desonrando o Seu Senhor, começando pelo fato de se afiliarem ao
denominacionalismo religioso, entrando em total contraste com a ordem simples
de Jesus de que deveríamos nos reunir somente ao Seu nome (Mt 18.20). Essas
pessoas respondem: “Mas todas as “igrejas” são iguais, e se as renunciarmos, o
que poderíamos fazer? Temos de ir a algum lugar aos domingos...!”. Pobres
bestas! Essa linguagem mostra claramente que eles estão colocando seus próprios
interesses acima da glória de Cristo. Os cristãos precisam aprender com urgência
que a Bíblia nos ordena a nos apartar de toda a confusão criada pelas várias
denominações de homens, e que melhor é ficar em casa e aprender a Palavra de
Deus ali do que ter comunhão com aquilo que Sua Palavra condena. A propósito,
foi assim que a Igreja deu início às reuniões para culto ao Senhor – reunindo-se
em suas próprias casas – e assim continuou desde então, substituindo aquele
velho sistema de reunião dos judeus no Templo (1Co 16.5, 19; Cl 4.15; Fm 1.2).
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Indubitavelmente que essa ordem se
aplica à separação de membros de Ordens Secretas, como no caso da Maçonaria.
Eu nem preciso dizer a magnitude perversa que a seita maçônica alcançou na
cristandade professa, em especial nas ditas “igrejas evangélicas”, tanto
tradicionais como modernas. E isso certamente se aplica a nós, que temos
insistido em imitar essa relação ecumênica, mesmo fora das denominações. Um
“jugo” é tudo aquilo que une. Aqueles que pertencem a uma “loja maçônica”

266
estão unidos em juramento solene e em uma aliança com os seus membros
“irmãos”. Os companheiros-membros dessa seita não dão nenhuma evidência de
terem nascido de novo, mas continuam em nosso meio. Eles podem acreditar em
um “Ser Supremo”, mas qual o amor que eles têm pela Palavra de Deus (Bíblia)?
Qual é a sua relação com o Filho de Deus? “Porventura andarão dois juntos, se
não estiverem de acordo?” (Amós 3.3). Pode aqueles que devem o seu tudo a
Cristo, tanto para o tempo presente quanto para a eternidade, ter comunhão com
aqueles que “desprezam e rejeitam” a Ele? Portanto, que todo e qualquer leitor
cristão que esteja em jugo desigual saia debaixo dele sem demora.
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Isso se aplica à escolha de um cônjuge
para o casamento. Cuidado com a sua escolha, pois, uma vez casado com uma
mulher mundana, não poderá se separar jamais, até que a morte os separe. Há
apenas duas famílias neste mundo: os filhos de Deus e os filhos do diabo (1 João
3.10). O sofrimento por parte do cristão em um casamento misto é inevitável
nessa relação, visto que é a única relação da qual ele não pode se livrar até que a
morte lhe sobrevenha (Rm 7.2-3). Embora a graça de Deus lhe sustente durante o
casamento indissolúvel, o fardo de uma esposa ímpia no relacionamento é quase
impossível de se suportar. Trata-se do amargo colher da semeadura. Em todo
caso, é o pobre cristão que sofre. Atente-se para as histórias inspiradas de Sansão,
Salomão e Acabe, e veja por si mesmo as consequências de suas alianças
profanas com mulheres ímpias. Assim como o peso de um chumbo nas costas de
um homem que espera chegar a um lugar distante, semelhantemente é um cristão
no seu progredir espiritualmente ao lado de uma esposa mundana. A vigilância
em oração é crucial antes da escolha de um cônjuge, pois, desta aliança só se
pode livrar de duas maneiras: no arrebatamento do Senhor Jesus ou na morte de
um dos dois.
“Não vos prendais a um jugo desigual” – Isso se refere também a parcerias de
negócios. A desobediência do mandamento neste sentido tem destruído o
testemunho cristão de muitos e traspassando-os com muitas dores. Não estamos
falando aqui de viver isolado dentro de uma caverna, mas de um afastamento
radical daqueles profissionais ou sócios em negócios que se mostram claramente
ímpios e que não irão se converter. O que quer que possa ser obtido deste mundo
na busca incessante por riqueza e prestígio social, apenas compensará a miserável
perda de comunhão com Deus. E isso pode ser comprovado em Provérbios 1.10-
14. Cristo chamou os Seus para não somente entrar por uma porta estreita, como
também trilhar um caminho apertado, e se um cristão deixa esse caminho
apertado para se aventurar em uma estrada mais larga, isso significará castigos
severos, perdas de partir o coração, e, talvez, o resultado inevitável de um não
eleito. O cristão é chamado a “guardar-se da corrupção do mundo” (Tg 1.27).

267
Nessa passagem é dito que essa é a “religião pura e imaculada para com Deus e
Pai” (v. 27ª).
E quanto à 2 Coríntios 7.1?: “Ora, amados, pois que temos tais promessas,
purifiquemo-nos de toda a imundícia da carne e do espírito, aperfeiçoando a
santificação no temor de Deus”. Se qualquer ocupação ou associação com os
mundanos nos tira a atenção para com a Palavra de Deus, dificulta nossa
comunhão com Ele e tira o nosso prazer para com as coisas espirituais, então ela
deve ser abandonada. Cuidado com a “lepra” nas vestes (Levítico 13.47).
“Porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça? E que comunhão tem a
luz com as trevas? E que concórdia há entre Cristo e Belial? Ou que parte tem
o fiel com o infiel? E que consenso tem o templo de Deus com os ídolos? (vv
14-16).
As palavras ditas nessa passagem são explícitas e enfáticas demais para serem
ignoradas ou distorcidas por hereges e falsos mestres que desejam continuar em
sua comunhão com as trevas, em especial aqueles que possuem grandes “igrejas”
(empresas nas quais o lucro pessoal ou de uma membresia denominacional é o
que importa). Não há argumentos sensatos que possam negar a ordem direta de
separação nessas linhas do texto sagrado. Quão minuciosos são os termos desta
exortação e a razão pela qual ela está ali: “Sociedade, comunhão, concórdia,
parte e consenso” são termos tão simples que não necessitam de intérprete,
embora sempre apareçam os assim chamados “doutores em teologia” para dizer:
ó, não, isso é algo referente àquela cultura ou época; tudo bem andarmos todos
juntos numa grande e fraterna irmandade!”.
Todo tipo de união, aliança, parceria e envolvimento íntimo com os incrédulos
está expressamente proibido ao cristão. Essa é a ordem de Deus. É impossível
encontrar, dentro de toda a Escritura Sagrada, uma linguagem mais simples sobre
qualquer assunto do que nós temos aqui: Justiça e injustiça; luz e escuridão;
Cristo e Belial – o que eles têm em comum? Que ligação há entre eles? Os
contrastes apresentados são muito pontuados e meticulosos. “Justiça” é certo
fazer, “injustiça” é errado fazer. O infalível e único padrão de ação correta é “a
palavra da justiça” (Hebreus 5.13). Unicamente por isso são reguladas a vida e o
caminhar do cristão com Deus. Mas o mundano O despreza e O desafia. Então,
que “comunhão” pode haver entre aquele que está em sujeição à Palavra de Deus
com quem não está? “Luz” e “trevas”. “Deus é luz” (1Jo 1.5) e Seus santos são
“os filhos da luz” (Lucas 16.8). Mas os filhos do diabo são “trevas” (Ef 5.8).
Que comunhão, pois, poderia haver entre membros de famílias tão antagônicas?
“Cristo” e “Belial” – que concórdia pode haver entre aquele para quem Cristo é
tudo e aquele que O despreza e O rejeita?

268
A ORDEM, A RAZÃO DA ORDEM E A RECOMPENSA
“Porque vós sois o templo do Deus vivente, como Deus disse: Neles habitarei, e
entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo [Por isso saí
do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueis nada imundo, e Eu
vos receberei; e Eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz
o Senhor Todo-Poderoso” (vv 16-18).
Esse é o final do texto de 2 Coríntios 6.14-18. Que benção inefável encontramos
no fim da passagem! Em primeiro lugar, temos a ordem direta: “Não vos
prendais a um jugo desigual”. Em segundo lugar, Deus nos dá a razão pela qual
devemos obedecê-lO: “porque, que sociedade tem a justiça com a injustiça?”.
Em terceiro lugar Ele nos dá o incentivo. Trata-se da promessa para todos os que
O obedecem e se separam do mundo. E essa promessa, na verdade, são sete
promessas compiladas em uma só:
1) “Neles habitarei”;
2) “entre eles andarei”;
3) “E Eu serei o seu Deus”;
4) “e eles serão o meu povo”,
5) “e Eu vos receberei”;
6) “e serei para vós Pai”;
7) “e vós sereis para mim filhos e filhas”.

“Neles habitarei” é comunhão; “e entre eles andarei” é companheirismo; “e Eu


serei o seu Deus” é relacionamento. Primeiro neles, e, então, para eles. E “se
Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31). Entende como essa
passagem não é vista como deveria nos nossos dias? Percebe o abismo em que a
atual Igreja está caindo?
“E eles serão o meu povo” é propriedade – reconhecidos como Seus. “E Eu vos
receberei” significa que estamos sendo trazidos para Ele de modo que
experimentemos esse relacionamento entre Pai e filho, além de estarmos
conscientes da proximidade como nosso Pai celestial. “E serei para vós Pai”
significa que não somos mais filhos da ira, mas filhos do Altíssimo para sempre,
e isso é irrevogável. “E vós sereis para mim filhos e filhas” significa que tal

269
separação do mundo irá fornecer a demonstração dos frutos de que realmente
somos Seus “filhos e filhas”.
Sem dúvida, se obedecermos à ordem de separação que nos foi dada em 2
Coríntios 6.14-18, encontraremos um caminho cercado de dificuldades e
certamente despertaremos a hostilidade de todos. Assim, se nossos olhos não
estiverem fixos no nosso Deus Todo-Poderoso, é certo que não suportaremos o
peso com que o diabo, o mundo e a nossa própria carne nos acometem. Não
poderemos suportar tamanha pressão e certamente desfaleceremos se não
obedecermos à esta ordem do nosso Deus, o qual tem nos “chamado para fora”
(esse é o significado da palavra “Igreja” – vide artigo “O que é a Igreja?” – cap.
1).
Ao obedecermos a este grande mandamento de nos separarmos do mundo,
devemos estar com nossos olhos fixos em Deus e na eternidade que nos espera.
Todavia, note que o coração que se apodera do incentivo abençoado descrito no
final da exortação torna nossa conduta mais fácil e agradável; afinal, não é em
vão que Cristo nos prometeu: “Todas as coisas me foram entregues por meu Pai,
e ninguém conhece o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece o Pai, senão o
Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. Vinde a mim, todos os que estais
cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei
de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para as
vossas almas. Porque o meu jugo é suave e o meu fardo é leve” (Mateus 11.27-
30).
A obediência à ordem de se separar do mundo se tornará leve como uma pena no
momento em que você crer que Cristo cumpre com Sua promessa de carregar
todo o peso por nós.

2 JOÃO 1.10-11
APARTE-SE DOS FALSOS MESTRES

A passagem de 2 João 1.10-11 é extremamente vigorosa a respeito do combate ao


erro da heresia, e João deixou isso muito bem registrado por meio da revelação
de nosso Senhor Jesus Cristo. Aqui ele adverte a um grupo de cristãos a não
receber em suas casas qualquer um que não traz a sã doutrina, muito menos dar-
lhes as boas-vindas, “porquanto aquele que lhe dá boas-vindas faz-se cúmplice
das suas obras más” (2Jo 1.10,11). E a história não deixa por menos. Um
homem chamado Irineu, em sua conhecida obra “Contra as Heresias”, no livro
270
III, escreve sobre um episódio interessante envolvendo o apóstolo João e um
homem chamado Cerinto. Esse fato histórico é contado por Policarpo, conhecido
como bispo de Esmirna e discípulo de João: “E há quem o tenham ouvido dizer
que João, o discípulo do Senhor, indo banhar-se em Éfeso e tendo visto Cerinto
nos banhos, saltou para fora das termas sem ter-se banhado e disse: ‘Fujamos,
não ocorra que também as termas venham abaixo por estar dentro Cerinto, o
inimigo da verdade’".
Assim, podemos constatar o zelo que João nutria pela verdade, o qual legou para
os cristãos subsequentes a munição necessária para que os falsos ensinos
religiosos fossem combatidos.
Não há muito o que se dizer sobre a ordem estabelecida em 2 João 1.10,11, pois a
linguagem de João é objetiva e direta, deixando claro que aqueles que exercem o
papel de ensino e pregam um falso evangelho devem ser radicalmente rejeitados
como hereges. Em segundo lugar, o apóstolo aqui define uma aplicação prática
de como defender a verdade com ousadia e intrepidez: “Se alguém chega até
vocês e não traz o verdadeiro ensino do evangelho, não o recebam em casa
nem o saúdem”. Essa seria uma tradução mais direta ao ponto.
A proibição nesta passagem não se trata de se afastar dos ignorantes acerca do
evangelho. O ensino desses dois versículos não se aplica aos incrédulos que
possam querer visitá-lo em seu lar, nem mesmo àqueles que pertencem a uma
seita ou religião falsa, mas que são pessoas comuns e que ainda estão te
conhecendo ou estão em período de aprendizagem. O ensino da passagem em
questão é que você não deve acolher em sua casa os falsos mestres que alegam
pregar o evangelho de Jesus Cristo; porém, eles pregam um outro evangelho, e
não o verdadeiro (cf. Gálatas 1.6-10). Geralmente esses falsos mestres possuem
títulos religiosos, tais como “Pastor Fulano”, “Reverendo Cicrano”, “Doutor
Disso” ou “Mestre Daquilo“, mas o genuíno cristão saberá identificar esses falsos
mestres de qualquer forma, pois, de um modo ou de outro, esses homens se
apresentarão como “ensinadores” ou “professores” que se dizem “teólogos”.
Provavelmente você deve ter se lembrado da seita “Testemunhas de Jeová”,
muito conhecida por rondar as casas de homens e mulheres que desconhecem a
Bíblia a fim de induzi-los a seguir seus padrões doutrinários encharcados de
heresia e doutrinas de demônios. Aqueles livretos são muito comuns para
facilitar o engano sobre os mais incautos, pois neles contém um compêndio de
regras preestabelecidas que afastam as pessoas do que a Bíblia realmente diz.
Sendo assim, a ordem é que não prestemos nenhum tipo de assistência a esses
falsos mestres que desejam entrar em nossa casa com a finalidade de nos ensinar
uma doutrina falsa e emprestar a sua credibilidade.

271
Certamente que a mulher para quem João escreveu estava, por qualquer motivo e
em nome da “comunhão cristã”, recebendo falsos mestres em sua casa. Naquele
caso os falsos mestres procuravam justamente pessoas compassivas e bem-
intencionadas como essa mulher, descrita na carta. Em 2 Timóteo 3.6 lemos
sobre o assunto: “Porque deste número são os que se introduzem pelas casas, e
levam cativas mulheres néscias carregadas de pecados, levadas de várias
concupiscências”.
Sem anciãos ou outros homens cuidadores na Igreja para estarem atentos a esses
perigos, as mulheres eram mais suscetíveis ao engano naquela época. Tendo se
estabelecido em casas, os falsos mestres esperavam, eventualmente, "rastejar"
para dentro da Igreja. O mesmo acontece hoje. O falso ensino insidiosamente
invade casas cristãs através da televisão, rádio, internet e literatura. E isso sem
mencionar que a mulher continua sendo mais suscetível ao engano (1Tm 2.11-
14).
Os emissários de Satanás são ameaçadores e não perdem tempo em seu serviço.
A ordem de Cristo por meio de João consiste até mesmo em não saudá-los, pois
aquele que os saúda tem participação em suas obras más. Mais uma vez o
historiador Irineu nos apresenta outro caso em seu livro “Contra as Heresias”,
que é sobre um servo de Deus que se negou a cumprimentar um herege muito
conhecido em sua época. Irineu registrou que Policarpo, chamado “pai da igreja”
no século II, quando de frente para o notório herege Márcio, reagiu da forma que
todo cristão deveria, em algum nível, reagir. Policarpo, ao ser perguntado pelo
notório herético Márcio: "Você me conhece?", respondeu: "Eu conheço você – o
primogênito de Satanás" (“Contra as Heresias”, 3.3.4).
Portanto, a passagem de 2 João 1.10-11 não está limitada somente aos hereges
viajantes daquela época, como querem afirmar os ecumenistas dos nossos dias.
Essa passagem não está limitada ao tempo em que a mensagem fora escrita, nem
reduzida a admoestar os crentes a rejeitarem somente gnósticos ou pessoas que
negam a humanidade e divindade de Cristo, mas aponta para um princípio
normativo para a Igreja em toda a sua era. Assim, a Igreja não deve se submeter
ao proselitismo com falsos mestres que deturpam o evangelho da graça em algum
nível ou aspecto.
Relativistas teológicos têm argumentado que a fala de João em 2 João 1.10-11
está restrita somente ao grupo gnóstico ao qual ele se refere naquela ocasião, o
que entraria em total desacordo com a Doutrina da Separação bíblica expressa de
forma ainda mais severa em outros textos da Escritura, tais como 2 Coríntios
6.14-18 e Gálatas 1.6-10. O princípio da hermenêutica irrefutável exige que a
passagem de 2 João 1.10-11 seja, de fato, uma ordem de separação bíblica à

272
Igreja de Deus, que implica não somente aos hereges gnósticos daqueles tempos,
como também a qualquer grupo ou líder que tente persuadir a Igreja com
qualquer doutrina que se oponha ao verdadeiro evangelho, o qual não é outro.
Qualquer ponto do evangelho que é distorcido, minimizado ou acrescentado faz
da sã doutrina “outro evangelho”, não tendo nenhuma relação com o verdadeiro e
único evangelho (cf. Gl 1.6-10).

273
CAPÍTULO 10
SEITAS

O QUE ENSINA A BÍBLIA CATÓLICA?

Este artigo é um resumo introdutório que objetiva esclarecer as principais


dúvidas dos católicos romanos que buscam um relacionamento pessoal e correto
com Jesus Cristo. Ao longo dos tempos, muitos desses católicos têm tentado
romper os laços com Roma e seus dogmas, os quais não fazem mais sentido para
os que realmente querem entender a verdade de Deus. Esses indivíduos, aos
quais me dirijo nas próximas linhas, são diferentes daqueles preguiçosos que se
rendem às tradições humanas sem raciocinar, sem questionar ou se opor àquilo
que lhes parece contraditório à Bíblia. Diferentemente daqueles que foram
criados e educados debaixo de uma autoridade papal desde pequenos, essas
pessoas têm consciência de que seus folhetos de missa semanais têm pouco (ou
nenhum) amparo das Escrituras. Eles finalmente perceberam que suas tradições
religiosas se diferem amplamente de Cristo e de Sua Palavra (a Bíblia).
Com relação aos católicos militantes e irrepreensíveis, os quais desprezam o
verdadeiro conhecimento da Palavra de Deus em prol de suas tradições papistas,
saliento que não precisam participar do que será exposto aqui. Vocês não são
obrigados a lerem este artigo, nem a me suportarem em seus espaços virtuais.
Sendo assim, sugiro que cliquem no botão "Excluir" ou "Bloquear" e continuem
felizes na lama da ignorância religiosa medieval.

O QUE ENSINA A BÍBLIA CATÓLICA?


O livro que tenho em mãos é uma Bíblia católica. Você alguma vez chegou a lê-
la? Se ainda não, deveria. O papa Benedito XV disse o seguinte sobre ela:
"A responsabilidade do nosso ofício apostólico nos impele a promover o estudo
da Sagrada Escritura, segundo os ensinos de nossos predecessores Leão XII e Pio
X. Não devemos jamais desistir de estimular os fieis a lerem diariamente os
evangelhos, os Atos e as epístolas, de forma a obter deles o alimento para a alma.
Ignorância bíblica produz ignorância a respeito de Cristo".

274
Concordo com as palavras ditas acima. E é por essa razão que, diante de algumas
perguntas importantíssimas, iremos inclinar nossa atenção para a Bíblia católica
em busca de respostas.

1. JESUS DISSE SER PEDRO O FUNDAMENTO DA IGREJA?


Jesus disse, conforme cita a Bíblia católica: "...tu és Pedro, e sobre esta Rocha
edificarei a minha igreja" (Mateus 16.18).
É muito importante saber que Jesus não disse que construiria Sua Igreja tendo a
pessoa de Pedro como fundamento. Existem duas palavras-chaves nesse
versículo que são diferentes uma da outra: A primeira delas é “Pedra” (grego –
Petros); e a segunda é “Rocha” (grego – Petra). O que Jesus diz é "Edificarei a
minha Igreja sobre esta Rocha", e não sobre esta “pedra”. Ele mesmo é a
Rocha. Jesus jamais disse que edificaria a Sua Igreja sobre Pedro, uma "pedra".
O que acontece é que na maioria das traduções bíblicas o manuscrito nos foi
apresentado de forma simplória, sem alguns detalhes do grego que precisaríamos
em algumas passagens para uma melhor compreensão delas. E é o caso de
Mateus 16.18 – na tradução original (grego Koiné) a palavra “pedra” não aparece
duas vezes, mas somente na primeira vez, quando Jesus se refere a Pedro. Na
segunda vez, Jesus fala sobre si mesmo, a Rocha.
A identificação de Jesus como a Rocha já existia. Porém, os judeus não sabiam
disso. Foi Jesus a Rocha que acompanhou os israelitas na peregrinação no
deserto: "E beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da
pedra espiritual que os seguia; e a pedra (Petra) era Cristo” (1Co 10.4). Numa
tradução mais fiel seria a palavra “Rocha”.
A dificuldade dos leitores surge porque algumas traduções em português usam
"pedra" tanto para PETROS como para PETRA. Em 1 Pedro 2.5-8 podemos
constatar esse sentido, onde o próprio Pedro chama os cristãos de "pedras" e
Jesus de "Rocha": “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa
espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a
Deus por Jesus Cristo. Por isso também na Escritura se contém: Eis que ponho
em Sião a Pedra principal da esquina, eleita e preciosa; e quem nela crer não
será confundido” (1 Pedro 2.5,6).
A Igreja, portanto, não é edificada sobre Pedro nem sobre seus sucessores, mas
sobre o próprio Cristo, a Rocha. Para confirmar isso, basta consultarmos vários
outros textos nas epístolas, como por exemplo no caso de 1 Coríntios
3.11: "Ninguém pode lançar outro fundamento além do que foi posto, o qual é
Jesus Cristo" (1 Coríntios 3.11).
275
Como vemos, o apóstolo Paulo também nos ensina que Cristo é o Fundamento, a
Rocha. Sobre esta Rocha é que a Igreja está edificada (Confira também 1Co
10.4).

2. O SACRIFÍCIO DIÁRIO DA MISSA AINDA É NECESSÁRIO?


Vejamos o que diz a Bíblia católica, em Hebreus 10.11-12,14 e 18: “Todo
sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer o serviço sagrado e a oferecer
muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover
pecados”. Assim, de acordo com a Bíblia católica, de nada vale oferecer
sacrifícios diários, já que o próprio Deus diz que eles “nunca jamais podem
remover pecados”.
“Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos
pecados, assentou-se à destra de Deus (v. 12)...Porque, com uma única oferta,
aperfeiçoou para sempre os que estão sendo santificados... Ora, onde há
remissão destes, já não há oferta pelo pecado” (v. 18).
Quão maravilhosa e estupenda é a obra de Jesus! Ele ofereceu “um único
sacrifício”. Que “único sacrifício pelos pecados” foi esse? O próprio Jesus! Sim,
Ele Se entregou na cruz do Calvário como oferta pelos pecados dos eleitos. Tal
sacrifício não pode ser repetido, pois Deus diz que ele vale “para sempre”. Esse
“único sacrifício” é suficiente para a “remissão” dos pecados. E acrescenta: “já
não há oferta pelo pecado”. Graças a Deus não há mais necessidade de
sacrifício. “Está consumado”, clamou Jesus quando foi suspenso na cruz para a
nossa (dos eleitos) redenção. A obra foi acabada, a redenção obtida, a dívida
quitada. Sim, Jesus mesmo a pagou completamente.
O sacrifício da missa não é mais necessário. Segundo a Bíblia católica (que não
foi alterada, exceto pelo acrescentamento dos livros apócrifos – históricos), Jesus
realizou o único sacrifício que necessitava ser oferecido. O que se pode
acrescentar a um trabalho concluído? Deus mesmo diz que “já não há [mais]
oferta pelo pecado”.
Na ceia do Senhor, o pão e o vinho relembram o Seu sacrifício único e suficiente.
Trata-se de um memorial ordenado por Jesus aos Seus escolhidos. Não
oferecemos Jesus em sacrifício novamente.

276
3. PODEM MARIA, UM “SACERDOTE” OU OS SANTOS
SEREM NOSSOS MEDIADORES DIANTE DE DEUS?
Quando abrimos a Bíblia católica, lemos: "Há um só Deus e um só Mediador
entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem" (1 Timóteo 2.5). Portanto, se há
apenas um Mediador – pois é isso que Deus diz – não pode haver dois. A Bíblia
católica afirma que há apenas um Mediador e este é Jesus Cristo.
Em 1 João 2.1-2 lemos: "Se, todavia, alguém pecar, temos um Advogado junto
ao Pai, Jesus Cristo, o Justo; e Ele é a propiciação pelos nossos pecados".
Quem é, portanto, o nosso Advogado? Maria? Não. Jesus Cristo. Quem é a nossa
propiciação? Maria? Não. Jesus Cristo. Vemos que não há nenhuma menção à
Maria como intercessora em nenhum lugar das Escrituras.
Em contrapartida, vemos Maria se colocando no mesmo papel que os demais
santos de todas as eras, isto é, o de serva do Senhor: “A minha alma engrandece
ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus meu Salvador; porque atentou
para a insignificância de sua serva; pois eis que desde agora todas as gerações
me chamarão bem-aventurada” (Lucas 1.46-48).
Alguém pode alegar que o versículo 48 indica que ela está sendo colocada num
papel de “Senhora de alguém” por ter sido chamada “bem-aventurada”. No
entanto, a Bíblia católica, assim como as demais Bíblias, nos ensina que todos
aqueles que ouvem a Palavra de Deus e fazem a Sua vontade são igualmente
bem-aventurados e até mais do que a própria Maria, como Jesus salienta em
Lucas 11.27-28:
“E aconteceu que, dizendo Ele estas coisas, uma mulher dentre a multidão,
levantando a voz, lhe disse: Bem-aventurado o ventre que te trouxe e os peitos
em que mamaste. Mas Ele disse: ANTES bem-aventurados os que ouvem a
palavra de Deus e a guardam” (Lucas 11.27,28).
Sendo assim, não se pode inferir um sentido que não existe em Lucas 1.48, pois
ali não diz que Maria seria a única bem-aventurada. E mesmo que fosse a única,
seria impossível tirar qualquer conclusão de que ela fosse um tipo de intercessora
após a morte. Interpretações como essas são aberrativas, e o argumento de que
ela seja a única santa com base nesse versículo é extremamente evasivo e
antibíblico. O sentido de santo na Bíblia é que todo aquele que é nascido de
novo, em Cristo Jesus, é santo (santificado). Na Bíblia, santo não significa
“perfeição”, mas “Justificação”.

277
Pergunto ao leitor: Não seria melhor imitarmos Maria, entregando todo o nosso
ser ao Único e Suficiente Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo? Pois
essa foi a posição de Maria enquanto esteve viva: O de “serva do Senhor”, e não
de “Senhora de alguém”.

4. O QUE É UM SANTO?
Um dos maiores enganos promovidos pela tradição católica em oposição à Bíblia
está no significado da palavra "santo". Segundo o que lhes foi ensinado fora da
Bíblia, um santo seria aquela pessoa que vive ou viveu uma vida exemplar.
Todavia, a Bíblia NUNCA usou o termo “santo” nesse sentido. A Escritura
Sagrada usa o termo “santo” para descrever todos os crentes, isto é, todos aqueles
que verdadeiramente se converteram a Cristo – até mesmo aqueles em Corinto,
que eram notórios por suas divisões e carnalidade (1Co 3.1-4). Os crentes que se
encontravam em Corinto estavam associados ao mal moral (1Co 5) e alguns
chegaram ao ponto de professar uma má doutrina que atacava os próprios
fundamentos do cristianismo (1Co 15). Não existe um grupo de cristãos na Bíblia
que estivesse em uma situação mais precária do que os coríntios. Talvez os
Gálatas possam ser comparados, mas isso não será discutido agora. Mesmo
assim, apesar de todo o fracasso dos coríntios, a Palavra de Deus os chama de
"santos" (1Co 1.2)! Sendo assim, percebemos facilmente que a Bíblia aplica à
palavra "santo" um sentido totalmente diferente do que as pessoas costumam
pensar atualmente.
As pessoas costumam pensar que ser santo é algo mais que ser cristão. Isso é um
terrível engano e vai contra o que a Bíblia nos ensina a respeito das duas
terminologias. Na verdade, um cristão é algo mais do que um santo! Aqueles que
desconhecem a Bíblia podem se escandalizar com esta doutrina porque a maioria
das pessoas, pelo menos na América, é considerada cristã, porém, pouquíssimos
em todo o mundo são considerados santos. Talvez nenhum destes seja visto
assim até chegar ao céu. Não obstante, a Bíblia ensina o contrário: Um cristão é
um santo e muito mais do que isso.
Nas palavras de Bruce Anstey, “santo é alguém "santificado". Ser santificado,
posicionalmente falando, é ter sido "colocado à parte" ou "separado" por Deus
para bênção. Isso acontece quando nascemos de novo. Aqueles que são nascidos
de Deus foram colocados à parte ou SEPARADOS da massa da humanidade que
caminha rumo à destruição. Todos os crentes desde o início dos tempos são
santos. Por isso podemos chamar de "santos" aqueles que viveram nos tempos do
Antigo Testamento (Dt 33.3; 1Sm 2.9; 2Cr 6.41 etc.). Todavia, eles não eram
cristãos. Apenas os crentes a partir de Pentecostes até o Arrebatamento estão
278
nessa posição diante de Deus. Um "cristão" é alguém que creu "no evangelho da
vossa salvação" e, por conseguinte, foi selado com o Espírito, tendo assim sido
feito parte da Igreja (Ef 1.13). Ele foi deste modo colocado em uma posição
muito mais abençoada (estando ligado a Cristo, a Cabeça da igreja) do que um
santo do Antigo Testamento. O cristão é um santo, mas é muito mais que isso –
ele é membro do corpo de Cristo (1Co 12.12-13) e filho de Deus (Rm 8.14-15;
Gl 4.5-7; Ef 1.5). Estas são coisas que os santos do Antigo Testamento não eram.
(Existe também a santificação prática, que tem a ver com o aperfeiçoamento da
santidade na vida do crente – que significa tornar nossa vida praticamente
consistente com nossa posição – Jo 17.17; 1Ts 4.3-4; 5.23; Hb12.14; 2Co 7.1)”
(Trecho de “A Ordem de Deus” – Bruce Anstey).

5. EXISTE SACERDOTE (OU CLÉRIGO)?


O significado da palavra "sacerdote" é "aquele que faz a oferta" (Hb 5.1; 8.3; 1Pe
2.5). Um sacerdote é alguém que tem o privilégio de entrar na presença de Deus
em lugar do povo. No cristianismo, todos nós somos sacerdotes, diferentemente
do judaísmo, onde tudo funcionava diferente. Como sacerdotes em Cristo Jesus,
exercemos nosso sacerdócio ao oferecer os sacrifícios de louvor a Deus e ao
apresentar as petições a Ele em oração (Hb 13.15; 1Jo 5.14-15). Por isso que na
Bíblia diz que, a partir do momento em que Jesus nos apresenta o evangelho da
graça, todos nós somos sacerdotes, tendo Ele como nosso Sumo Sacerdote para
sempre:
Quem são os sacerdotes no cristianismo? “Mas vòs sois a geração eleita, o
sacerdòcio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes
daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz” (1 Pedro 2.9).
E quem é o nosso Sumo Sacerdote? “Visto que temos um grande sumo
sacerdote, Jesus, Filho de Deus, que penetrou nos céus, retenhamos firmemente
a nossa confissão” (Hebreus 4.14). “Porque nos convinha tal Sumo Sacerdote,
santo, inocente, imaculado, separado dos pecadores, e feito mais sublime do que
os céus” (Hebreus 7.26).
Todavia, uma das causas da confusão que prevalece na cristandade professa é
que, em muitos casos, o sacerdócio é considerado como um direito limitado a
uma classe privilegiada de pessoas (os chamados “Padres”, “Pastores”,
“Ministros”, etc), sendo que algumas delas nem sequer são salvas!
Por meio de Cristo, nosso Sumo Sacerdote nos céus, todos os cristãos são
sacerdotes. O livro de Apocalipse declara que os cristãos são feitos "sacerdotes
para Deus" por meio da fé na obra consumada de Cristo na cruz (Ap 1.6; 5.10).
279
A epístola de Pedro confirma isso, dizendo que "vós também, como pedras vivas,
sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios
espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo" (1Pe 2.5, 9). Além disso, a
epístola aos Hebreus exorta todos os cristãos a se aproximarem de Deus além do
véu, entrando no santuário ou "santo dos santos" (Hb 10.19-22; 13.15-16).
O fato de dizer que o Senhor é o "Grande Sacerdote" ou "Sumo Sacerdote"
implica que existe um grupo de sacerdotes que está abaixo dEle. Ele não
presidiria como "grande" ou "sumo" sacerdote se não existissem sacerdotes sob
Ele. Pela mesma razão, uma pessoa não seria chamada de líder de algum grupo
de pessoas se não existissem pessoas para ele liderar. A exortação em Hebreus
10.19-22 visa encorajar os cristãos a se aproximarem de Deus e desempenharem
seus privilégios sacerdotais.
Em cada uma das passagens do Novo Testamento, onde o assunto do sacerdócio
é tratado, não há qualquer menção – nem uma sequer – de que apenas alguns
dentre os santos sejam sacerdotes. Tampouco existe em qualquer outro lugar do
Novo Testamento algo semelhante. Quando o Novo Testamento fala de
sacerdócio, ele se refere, sem exceção, a todos os crentes como constituídos com
este privilégio. Além do mais, essas passagens não apenas nos falam que todos os
cristãos são sacerdotes, como também aprendemos delas que somos sacerdotes
com privilégios que vão além daqueles que tinham os sacerdotes do Antigo
Testamento.
Um sacerdote no cristianismo pode aproximar-se da própria presença de Deus, no
santo dos santos. Esse é um lugar onde nenhum filho de Aarão podia entrar. Até
mesmo quando Aarão, o sumo sacerdote em Israel, entrava uma vez por ano além
do véu, ele não o fazia com ousadia, como podemos fazer agora. No dia da
Expiação (sacrifício de animais) ele entrava ali com medo de morrer, mas nós
podemos entrar "em inteira certeza de fé". Além disso, os sacerdotes da linhagem
de Aarão prestavam um culto do qual pouco compreendiam. Eles não sabiam por
que deviam fazer as coisas que lhes eram ordenadas. Mas nós temos um "culto
racional" (Rm 12.1). Podemos desempenhar nossas funções sacerdotais com
entendimento de tudo aquilo que fazemos na presença de Deus.
Portanto, considerando que as Escrituras ensinam que todos os cristãos são
sacerdotes, e que todos nós temos igual privilégio de desempenhar nosso
sacerdócio na presença de Deus, fica claro que não existe a necessidade de um
clérigo para fazer isso pelos demais. Nas reuniões de culto, adoração e oração
(quando os cristãos exercitam seu sacerdócio), tudo o que precisamos é esperar
no Espírito de Deus para que Ele dirija as orações e os louvores dos santos. Se
permitirmos que Ele lidere na assembleia, no lugar que Lhe é de direito, Ele irá

280
guiar um irmão aqui e outro ali a expressar de forma audível uma adoração e
louvor, como quem fala por toda a assembleia.
Evidentemente entendemos que não somente desempenhamos nosso sacerdócio
nas ocasiões em que estamos congregados em uma assembleia. A qualquer
momento um cristão pode entrar na própria presença de Deus em oração e
adoração e desempenhar seu papel de sacerdote. Todavia, no contexto deste
ponto em específico, estamos falando de cristãos reunidos em uma assembleia
para adoração e ministério.
Quando compreendemos a proximidade do relacionamento que todos os cristãos
têm como parte do Corpo e Noiva de Cristo, podemos ver como a ideia de uma
casta ministerial mais próxima de Deus do que os demais é totalmente
incompatível com isso (Ef 2.13; 5.25-32). Se nós, como cristãos, adotarmos uma
classe de pessoas assim, estaremos negando que somos capacitados, como
sacerdotes, a oferecer sacrifícios espirituais a Deus. Na prática, isso destrói os
privilégios do cristianismo e, em certo sentido, restaura o judaísmo, ou ao menos
nos leva de volta para aquele nível.
Enquanto algumas poucas denominações chegam ao ponto de possuírem um
clérigo com o título de "Sacerdote” (dando a entender que os demais naquela
denominação não o são), a maioria das igrejas chamadas evangélicas denomina
seu clérigo como "Pastor", “Reverendo”, "Ministro", etc. Nesse caso não há
muita diferença, pois uma posição assim na igreja não está de acordo com a
verdade das Escrituras. Trata-se de uma função puramente inventada pelo
homem.

6. PODE O “SACERDOTE” PERDOAR PECADOS?


Como já vimos no ponto anterior, não existem mais sacerdotes no sentido do
Antigo Testamento, pois o evangelho da graça estabelece que todo crente em
Jesus é sacerdote, tendo como único Sumo Sacerdote Jesus. Sendo assim, a
pergunta mais correta é: Pode algum homem perdoar os pecados? A Bíblia
católica registra uma questão levantada pelos escribas diante de Jesus. A questão
era: “Por que fala ele [Jesus] deste modo? Isto é blasfêmia! Quem pode
perdoar pecados, senão um, que é Deus?” (Marcos 2.5-11). Jesus, em primeira
instância, aceitou o questionamento como legítimo, pois os escribas estavam
certos. Somente Deus pode perdoar os pecados.
Ninguém pode perdoar pecados senão Deus. Para o homem comum, o simples
reivindicar desse poder já é uma blasfêmia. Mas Jesus disse aos escribas: “O
Filho do Homem tem sobre a terra autoridade para perdoar pecados” (v. 10).
281
Assim, Jesus não era mero homem. Jesus é Deus. Nenhum homem pode perdoar
pecados, mas Jesus pode e o fez porque Ele é Deus. Nenhum “padre” ou “pastor”
(como são erroneamente chamados) pode perdoar pecados, pois são meros
homens. Temos livre acesso a Deus por meio de Jesus Cristo, nosso Mediador,
para obtermos o perdão de nossos pecados.
Rebeldes não podem perdoar rebeldes; apenas Deus pode. Pecadores não podem
perdoar pecadores; só Deus pode. O principal dos apóstolos deixou isso claro ao
falar a Cornélio, como se lê na Bíblia católica em Atos 10.43: “Dele [Jesus]
todos os profetas dão testemunho de que, por meio de Seu nome, todo aquele
que nEle crê recebe remissão de pecados”. Portanto, os apóstolos não
praticavam a confissão auricular de pecados. Isso é pura invenção religiosa e não
possui nenhum amparo das Escrituras.

7. DEVE-SE POSSUIR IMAGENS DOS SANTOS E DO


SENHOR E SE PROSTRAR DIANTE DELAS EM ADORAÇÃO?
A Bíblia católica diz “NÃO”! Veja o que diz Êxodo 20.4-5: “Não farás para ti
imagem de escultura... Não as adorarás, nem lhes darás culto” (Confira
também Deuteronômio 4.15-23 e Isaías 44.15-19).
Assim, fica claro que a Bíblia católica proíbe e condena terminantemente o uso
de imagens e a adoração a elas. Na verdade, a veneração das “relíquias dos
santos” nem sequer é mencionada na Bíblia.
Mas alguém poderá questionar: “A igreja católica diz que podemos ter imagens e
que devemos adorá-las ou consultá-las”. De fato, a Igreja Católica diz “sim” à
adoração de imagens. O Catecismo do Concílio de Trento não somente permite,
mas determina que “quem é contra a adoração de imagens e relíquias deve ser
AMALDIÇOADO pelo papa”. O Concílio de Trento é, segundo a tradição
católica, IRREVOGÁVEL.
Portanto, se você se diz católico romano e é contra a adoração dos santos, das
imagens e relíquias porque compreende que a Bíblia católica proíbe e condena tal
prática, você está se contrapondo à sua própria religião e ao “soberano” papa, o
qual é considerado vigário de Cristo pela Igreja Católica Romana. Nesse caso,
aqueles que afirmam ou se posicionam ao contrário do que a tradição católica
ensina não estão de acordo com o ensino da Igreja Católica. Não seria melhor se
posicionar com a Palavra de Deus ao invés de se submeter a uma tradição
humana?

282
8. ALGUÉM VAI PARA O “PURGATÓRIO” APÓS A MORTE?
Quando consultamos a Bíblia católica, da primeira à última palavra, não
encontramos nela um único versículo sobre a doutrina do purgatório. Não há
absolutamente nenhum ensino sobre isso nas Escrituras. Essa doutrina é,
portanto, uma invenção humana, pois Deus não a menciona na Bíblia. Por outro
lado, a Bíblia católica afirma que os filhos de Deus (os eleitos), ao partirem desta
vida, vão direto para a presença de Cristo. Vejamos:
“Tendo o desejo de partir e estar com Cristo, o que é incomparavelmente
melhor” (Filipenses 1.23).
Perceba que quando partirmos desta vida não iremos para um “purgatório”, pois
esse lugar não existe. Nós, os “salvos antes da fundação do mundo” (Ef 1.4),
vamos direto para a presença gloriosa de Jesus. Iremos para onde Ele está! Se
houvesse purgatório, partir desta vida não seria “incomparavelmente melhor” do
que ficar aqui. “Estamos em plena confiança, preferindo deixar o corpo e
habitar com o Senhor” (2 Coríntios 5.8).
No momento em que deixarmos o corpo, estaremos na presença do SENHOR.
Esse ensino é claro e inegável na Bíblia católica. Isso significa que o salvo jamais
terá de sofrer a pena dos seus pecados. Seu julgamento já é passado. Veja o que
diz a Bíblia católica em João 5.24 (que Deus ilumine a sua mente para esta
verdade!): “Quem ouve a minha palavra e crê nAquele que me enviou tem a
vida eterna, e não entra em juízo, mas passou da morte para a vida”.
Preste atenção na conjugação “passou da morte para a vida”. No momento da
conversão, o crente passa de um estado de perdição para a vida eterna, e não
entrará em condenação jamais. Sendo assim, o purgatório não existe. A
propósito, porventura aquele ladrão na cruz não foi diretamente para o paraíso
com Cristo, no momento da crucificação? A promessa de Jesus para ele foi: “Em
verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43). Jesus não disse
a ele que ele estaria em uma espécie de purgatório, mas sim no paraíso. Se o
ladrão na cruz não precisou sofrer por seus pecados após arrepender-se e voltar-
se para Cristo, por que, então, você teria de sofrer pelos pecados dos quais foi
perdoado de uma vez por todas naquela Cruz? Não, você não vai para o
purgatório, pois tal lugar não existe. Se você é um salvo, irá para a presença de
Cristo. Se você não é um salvo, está condenado e por isso não crê, nem ouve (Jo
3.36).
Se você já é salvo, seu destino é ir direto para o céu e estar com Cristo. Jesus
suportou todo o sofrimento necessário pelos escolhidos de Deus. Ele pagou o
preço do pecado por você [se você é um salvo], pois o seu sofrimento não

283
adiantaria de nada. Suas obras não podem salvá-lo da ira de Deus, a qual
permanece sobre os réprobos eternamente (Jo 3.36). É o sangue de Jesus que nos
lava dos pecados, não o nosso sofrimento ou boas obras (1 João 1.7). Não há
nada que você possa fazer para libertar os seus queridos do “purgatório”, pois tal
lugar nem sequer existe. Aqueles que morrem no SENHOR “descansam” e são
“bem-aventurados” [felizes], conforme diz Apocalipse 14.13. Como poderiam
estar assim se estivessem sofrendo em um purgatório?

9. A SALVAÇÃO SE DÁ POR MEIO DE CRISTO OU DA


IGREJA?
Muitas pessoas pensam que é a Igreja que salva e que não há salvação fora da
Igreja Católica Romana (e esse erro é também cometido pela Igreja Evangélica
ou Protestante). Assim, confunde-se Igreja com Cristo. Mas o que diz a
Escritura? Como a Bíblia católica responde a essa importante questão?
“Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de
Deus” (João 1.12). O que a Escritura diz a respeito de nos tornarmos filhos de
Deus? Tornamo-nos filhos de Deus ao receber a Jesus Cristo como nosso
Salvador. A propósito, ninguém pode “aceitar a Jesus”, como muitos pensam,
como se Jesus necessitasse da aceitação humana para habitar em alguém. Na
verdade a Bíblia católica diz que Cristo habita em nós quando O recebemos, e
não quando O aceitamos. Independente de aceitarmos ou não a Ele, Ele operará a
Sua vontade nos Seus escolhidos (Fp 2.13). A Escritura não cita nada aqui sobre
a Igreja.
“Para que todo o que nEle crê tenha a vida eterna” (João 3.15). Como se obtém
a vida eterna? Pertencendo à Igreja? Não. Mas sim depositando a fé
integralmente no Senhor Jesus Cristo.
“Deus amou ao mundo (Kosmos – Mundo – aqui se refere aos escolhidos, não
a cada indivíduo do mundo – vide contexto) de tal maneira que deu o Seu
Filho Unigênito para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a
vida eterna” (João 3.16). Novamente, nem uma palavra da Escritura sobre a
Igreja. Mais uma vez, o que temos aqui é apenas Cristo. Todo aquele que nEle
crê e confia tem a vida eterna.
“Quem crê no Filho tem a vida eterna; todavia, aquele que se mantém rebelde
contra o Filho não verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus
[eternamente]” (João 3.36). Nossa salvação repousa inteiramente sobre o nosso

284
relacionamento com Cristo e não com a Igreja, pois é Cristo quem nos salva. A
Igreja não é mencionada quando se trata da salvação dos escolhidos.
“Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida; ninguém vem ao Pai senão por
mim” (João 14.6). Foi Jesus quem afirmou isso. Perceba que Ele não disse “a
Igreja é o caminho!” ou “ninguém vem ao Pai senão pela Igreja”. Não. Ele
apenas disse: “Eu sou o caminho”. Jesus Cristo é o único caminho que pode nos
levar até Deus.
“Aquele que tem o Filho tem a vida; aquele que não tem o Filho de Deus não
tem a vida” (1 João 5.12). Mais uma vez Jesus nos diz, por meio do apóstolo
João, que não é a Igreja, mas Ele mesmo, o Cristo, que salva. Ele diz: “Aquele
que tem o Filho”, não “aquele que tem a igreja”.
“Não há salvação em nenhum outro; porque debaixo do céu não existe
nenhum outro nome dado entre os homens, pelo qual importa que sejamos
salvos” (Atos 4.12). Agora o testemunho e a palavra de autoridade vem dos
lábios do próprio Pedro. O que ele diz? Pedro diz que a salvação está no nome de
Cristo e em nenhum outro nome. “Nenhum outro nome”, diz ele, seja do
protestantismo ou do catolicismo romano; seja padre, papa, pastor, Maria ou
qualquer outro “santo”.
“Nenhum outro... debaixo do céu”, insiste Pedro, qualquer que seja a
denominação (seita) em que alguém esteja inserido por pura ignorância. Pedro
declara que a salvação se dá por meio de Cristo e só de Cristo. Então, por que
não nos voltarmos para Cristo, já que a própria Bíblia católica diz que Ele é
quem salva e não a Igreja?

10. SOMOS SALVOS PELAS OBRAS OU PELA GRAÇA?


A maioria esmagadora de crentes dentro da cristandade moderna, incluindo
católicos romanos e evangélicos, diz que é pelas obras e pelos sacramentos. A
Bíblia católica, porém, afirma que é somente pela graça, mediante a fé (Ef 2.8-
9). Qual dessas posições está correta? Se é por obras, não pode ser pela graça; e
se é pela graça, não pode ser por obras. Das duas, uma: Ou você se salva a si
mesmo pelas obras, ou Deus salva você pela graça, mediante a fé por Ele
concedida. Vejamos:
“Mas, ao que não trabalha [pela própria salvação], porém crê naquele que
justifica o ímpio, a sua fé lhe é atribuída como justiça” (Romanos 4.5).
“Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de
Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2.8-9).
285
“Não por obras de justiça praticadas por nós, mas segundo Sua misericórdia,
Ele nos salvou” (Tito 3.5).
É isso que a Bíblia católica ensina. O que você fará a respeito disso? Todos esses
versículos que acabamos de contemplar mostram, de modo claro e definitivo, que
a salvação não é por obras, mas pela graça, mediante a fé que Deus concede aos
seus eleitos.
Porém, onde entra o papel das obras? A Bíblia católica responde da seguinte
forma a essa questão: “Mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras,
te mostrarei a minha fé” (Tiago 2.18). As obras são frutos da verdadeira fé. A
verdadeira fé produz as boas obras e não o inverso. Somos salvos PARA as boas
obras e não pelas boas obras: “Porque somos feitura Sua [de Deus], criados em
Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou [de antemão] para
que andássemos nelas” (Efésios 2.10).
Se você foi salvo, sua vida irá mostrar isso por meio das suas obras. Tudo que o
verdadeiro cristão faz para Deus, ele o faz porque é salvo, não porque busca ser
salvo por meio disso. “Fé sem obras é morta” (Tg 2.26). Se não há mudança, e
se a pessoa permanece escrava dos mesmos pecados, não tendo experimentado a
libertação de suas más obras, então, não há evidência de que ela tenha sido
salva. “Assim, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas antigas já
passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Coríntios 5.17).
E agora? Você crerá na Palavra de Deus tal como ela está registrada na Bíblia
católica ou continuará crendo em doutrinas de homens? Faça uma escolha.
Lembre-se: Há apenas duas religiões no mundo – uma de Deus, outra dos
homens. A religião dos homens prega a salvação pelas obras (pelo próprio
esforço, por meio de jejuns, rezas e obediência à Igreja). Isso transforma a pessoa
em sua própria salvadora. A religião de Deus diz que a salvação é pela graça
conquistada por Jesus Cristo na cruz do Calvário, pois Ele pagou o preço de uma
vez por todas no madeiro. “O justo viverá da fé” (Romanos 1.17). Nesse caso,
Cristo é o Salvador.
O meu apelo é para que os escolhidos de Deus que estejam lendo este artigo
desistam de toda confiança em si mesmo, de todo esforço, de toda obra e
sacramento (não estamos falando da nossa responsabilidade imediata como
cristão, mas sim da Salvação). Abra o coração para Jesus Cristo, se arrependa de
seus pecados, peça perdão a Ele por ter vivido uma falsa religião até aqui, e O
invoque como Seu Salvador único e pessoal. Confie no sacrifício de Cristo e no
sangue que Ele derramou para a salvação dos que creem. Ele diz: “Vinde a mim,
todos os que estais cansados e sobrecarregados, e Eu vos aliviarei” (Mateus
11.28).

286
Ele nunca rejeitou ninguém dentre os que O buscam da maneira bíblica. “O que
vem a mim, de modo nenhum o lançarei fora” (João 6.37). Venha, então, e ore
para que Ele lhe conceda a verdadeira fé, pois “é Deus quem opera em vós tanto
o querer como o efetuar, segundo a Sua boa vontade” (Filipenses 2.13). Por
que continuar rebelde? Por que continuar tentando a Deus, uma vez que Ele se
revelou de forma tão simples?

287
CAPÍTULO 11
TRINDADE

TENHO QUE CRER NA TRINDADE PARA SER


SALVO?

Com o surgimento de seitas evangélicas e teorias conspiratórias, tais como


aquelas que dizem que a Bíblia foi alterada, que os “Illuminatis” dominam o
mundo e que o Anticristo é o fulano de tal, etc., muitas pessoas têm ficado
confusas e até mesmo céticas diante de questões simples das Escrituras Sagradas.
As pessoas estão tão envolvidas com os enganos promovidos por esses sites e
vídeos de “especialistas no mal” que acabam abandonando a fé e simplesmente
se tornam inimigas da verdade do evangelho. Embora seus “tutores”
conspiracionistas digam que agora elas possuem uma “verdade oculta” aos
crentes da Igreja de Deus, na verdade elas abandonaram a única verdade que leva
à salvação – a Palavra de Deus. Sendo assim, este artigo visa responder, sob a
base da Escritura, se uma pessoa precisa ou não crer na Trindade para ser salva.
O Trinitarianismo é o ensino contido na Bíblia de que Deus é um Ser triuno. Isto
é, Deus tem Se revelado em Sua Palavra por meio de três pessoas igualmente
eternas, e essas três Pessoas são, ao mesmo tempo, UM. Ou seja, não se trata de
“três deuses”, mas de um Deus que coexiste em três pessoas divinamente
distintas. Deus não se revela de “três modos”, como acreditam alguns, mas Ele se
revela por meio de três pessoas divinas.

“TENHO QUE CRER NA TRINDADE PARA SER SALVO?”


A resposta é Sim. A divindade de Cristo é de uma importância crucial na
Soteriologia (doutrina da salvação). Muitas pessoas hoje, se dizendo “cristãs”,
não creem que Jesus seja Deus. Isso é algo sério demais e que deve ser tratado
com severidade. Se Jesus não fosse Deus, Sua morte não poderia ter pagado a
penalidade infinita do pecado. Sua morte teria sido vã e Seu sacrifício
absolutamente nulo. No entanto, somente Deus é infinito. Ele não teve começo
nem fim. Todas as criaturas nos céus, na terra e nas águas debaixo da terra,
incluindo os anjos, são finitos – eles foram criados por Deus. Somente a morte de

288
um Ser infinito poderia quitar a dívida dos nossos pecados por toda a eternidade.
A Bíblia nos ensina que Jesus é o Salvador, o Messias, o Cordeiro de Deus que
tira o pecado do mundo (Jo 1.29). Todo e qualquer posicionamento não-bíblico
da divindade de Cristo desemboca inevitavelmente em uma heresia grave sobre a
obra da salvação.
Uma das marcas patentes das seitas “cristãs” que negam a divindade de Cristo é o
ensino herético de que o homem necessita adicionar suas “obras” ao sacrifício
vicário de Cristo para que as pessoas possam se converter e ser salvas. Porém, o
que lhes restará, senão que suas vãs filosofias que com astúcia espalham virem
fumaça ao refutarmos suas cavilações sob a base da Palavra de Deus?
Não se pode compreender a Trindade intelectualmente, nem mesmo entendê-la
de forma exaustiva, pois não nos foi dado entendimento para isso. Deus
simplesmente ordena que creiamos e confiemos em Jesus Cristo como Deus
encarnado e Salvador daqueles que Deus predestinou para a salvação.
O Trinitarianismo é uma doutrina sustentada pela Palavra de Deus de forma
determinativa. A Bíblia não faz sugestões ao homem, como se ele pudesse
descrer na Trindade e ser salvo ao mesmo tempo. A Bíblia determina que ele não
será salvo sem crer nessa estupenda verdade e ponto final. Somos salvos pela
graça, mediante a fé em Jesus Cristo, nosso Salvador (Ef 2.8-10; Jo 3.36; 1Tm
2.5-6). Se cremos em um Cristo que não é Deus, logo não estamos crendo no
verdadeiro Cristo, mas num falso Cristo. Em suma, a Bíblia ensina que Deus,
sendo somente Um, é Pai, Filho e Espírito Santo. O Pai é Deus, Jesus é Deus e o
Espírito Santo é Deus.

A PALAVRA “TRINDADE”
A palavra “Trindade” não aparece na Bíblia. Esse termo foi elaborado para dar
nome ao conceito bíblico irrefutável de que o Pai, o Filho e o Espírito Santo são
Um mesmo Deus. Sabemos que há só um Deus (Is 44.6). Não existe outro deus
além dEle. Como já fora dito anteriormente, esse Deus se manifesta por meio de
três pessoas:
O Pai –– O Deus Pai é a origem de todas as coisas. Todos os Seus eternos
decretos estão expressos na Pessoa do Pai (Mc 13.32). Sua soberania, bondade,
ira, santidade e juízo sobre todo o mundo são conceitos expressos com detalhes
descritivos em toda a Escritura.
O Filho –– O Filho é a manifestação visível de Deus: Jesus Cristo. Jesus é Deus
em forma humana, o qual conseguimos ver e compreender (Jo 1.14). Por meio de

289
Jesus Cristo, Deus trouxe a salvação aos Seus escolhidos somente (Rm 8.30).
Jesus é o único acesso ao Pai (1Tm 2.5-6) e somente Ele, por meio de Seu
sacrifício na cruz, cobre os pecados dos eleitos de Deus (Jo 15.16; 17.9).
O Espírito Santo –– O Espirito Santo é o Espírito de Deus agindo em nós. Deus
passa a fazer morada em nosso espírito por meio do Seu Espírito Santo (Mc 1.8;
Jo 3.5; 1Co 2.11-12). O Espírito Santo veio ao mundo para habitar nos santos
espalhados no mundo, a fim de glorificar a Cristo. É o Espírito Santo que nos faz
entender os ensinamentos de Cristo. É o Espírito Santo que nos leva a seguir os
caminhos de Cristo. É o Espírito Santo que nos capacita a ser como Cristo, e
somente Ele, o Espírito Santo, nos convence de toda a Verdade revelada na
Palavra, que é Cristo (Jo 16.13). Sendo assim, o papel do Espírito Santo na Igreja
jamais é o de enaltecer a si mesmo ou falar de si mesmo, mas o de enaltecer a
Cristo, falar da pessoa de Cristo e esclarecer tudo quanto Cristo nos ensinou.

COMO ORAR A UM DEUS TRINO?


A oração do santo é sempre teocêntrica. Devemos derramar nossos corações
diante do Pai suplicando somente por meio do santo nome de Cristo, que é a
única intercessão entre Deus e os homens (1Tm 2.5-6). A Bíblia diz que por nós
mesmos não sabemos orar, mas que, ao nos entregarmos à oração por meio da
intercessão de Cristo, o Espírito Santo intercede por nós com gemidos
inexprimíveis (Rm 8.26), e é nisto que descansamos com confiança. Devemos,
sobretudo, reconhecer que a verdadeira oração é um dom do Pai e não do
homem. Ele, o SENHOR, outorga a oração por meio do Filho e opera-a em nós
através do Seu Espírito Santo. O Espírito Santo, por sua vez, eleva esta mesma
oração de volta ao Filho, Jesus Cristo, o qual a santifica e a apresenta aceitável ao
Pai. A oração é uma cadeia teocêntrica — movendo-se do Pai, por meio do Filho,
mediante o Espírito Santo, que a envia de volta ao Filho para que chegue até o
Pai.

A TRINDADE EM POUCAS PALAVRAS


Jesus é Deus, assim como o Pai é Deus e o Espírito Santo é Deus. Não há como
entender isso com a nossa mente, mas apenas crer por meio da fé operada pelo
Espírito Santo (Ef 2.8-9).
"NO princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus" (João 1.1). Esse Verbo é a Palavra. A Palavra é Jesus Cristo que sempre
esteve com Deus e sempre foi Deus (1 João 5.7).
290
"E o Verbo se fez carne, e habitou entre nós, e vimos a Sua glória, como a glória
do unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade" (João 1.14).
"O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o
que temos contemplado, e as nossas mãos tocaram da Palavra da vida" (1 João
1.1).
"Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e
estes três são Um" (1 João 5.7).
"Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que antes que Abraão
existisse, EU SOU" (João 8.58).
“Por isso vos disse que morrereis em vossos pecados, porque se não crerdes que
EU SOU, morrereis em vossos pecados” (João 8.24).
Em suma, a fé cristã consiste em adorar a um único Deus em Trindade, e a
Trindade em Unidade. Não se deve confundir as Pessoas que compõem a
Trindade, nem dividir a Sua essência. A Pessoa do Pai é uma, a do Filho é outra,
e a do Espírito Santo outra. Todavia no Pai, no Filho e no Espírito Santo há uma
mesma Divindade, igual em glória e co-eterna majestade.

A IMPORTÂNCIA DO CONTEXTO GRAMATICAL


Interpretar uma passagem gramaticalmente requer que sigamos as regras
gramaticais exigidas pelo texto sagrado e que reconheçamos as nuances do
hebraico e grego. Por exemplo, quando Paulo escreve sobre "nosso grande Deus
e Salvador, Jesus Cristo", em Colossenses 1, as regras gramaticais atestam
categoricamente que “Deus” e “Salvador” são termos paralelos e ambos
conectados a Jesus Cristo. Em outras palavras, Paulo claramente aponta Jesus
como "nosso grande Deus”.
A Palavra de Deus não deixa espaço para dúvidas. O Deus da Palavra não é um
Deus de confusão e nunca traz confusão para nossa mente (1Co 14.33). Há um só
Deus que coexiste em três pessoas – Pai, Filho e Espírito Santo. É aqui que a
mente humana estaciona. Nós, a Igreja de Deus, mesmo com todos os nossos
limites, devemos crer na Trindade por temor a Deus. Tentar entender a Trindade
custará a sanidade mental de qualquer homem; negá-la custará a sua alma. Se
pudéssemos compreender a DEUS em Sua plenitude, Ele não seria Deus.

291
CAPÍTULO 12
OS DEZ MANDAMENTOS

A DIVISÃO CORRETA DOS


DEZ MANDAMENTOS

Em Êxodo 20 encontramos os dez mandamentos do Pentateuco: Os cinco


primeiros estão relacionados à responsabilidade para com Deus e os cinco
últimos para com o próximo. Todavia, muitos “estudiosos” costumam entender
apenas os quatro primeiros mandamentos como se esses se referissem à
responsabilidade do homem para com Deus, fazendo dos seis últimos um
compêndio de leis relacionado à responsabilidade para com o próximo.
A nível de introdução, vamos resumir os Dez Mandamentos de Êxodo 20 para
que tenhamos uma visão melhor:
1. Não ter outros deuses.
2. Não fazer ou adorar ídolos.
3. Não dizer o nome de Deus em vão.
4. Guardar o sétimo dia (essa lei é de cunho cerimonial e restrita aos judeus).
5. Honrar pai e mãe.
6. Não assassinar.
7. Não adulterar.
8. Não furtar.
9. Não mentir.
10. Não cobiçar*.
Nota*: No catecismo católico romano, o último mandamento foi dividido em
dois: 9 - "não cobiçar a mulher do próximo" e 10 - "não cobiçar as coisas
alheias". A intenção da seita é fazer com que a contagem dos mandamentos
continue sendo “Dez” após a extração do segundo mandamento que fala de
imagens. Essa versão foi aceita sem contestação durante os séculos em que o

292
catolicismo romano proibia a leitura da Bíblia, impedindo as pessoas de irem
conferir o que dizia o texto original das Escrituras.
A divisão correta dos dez mandamentos fica mais fácil de se entender se
considerarmos que os cinco primeiros mandamentos são de responsabilidade
vertical, enquanto os cinco últimos são de responsabilidade horizontal. Ou seja,
os cinco primeiros correspondem à responsabilidade do homem para com quem
está acima dele, o que se enquadra melhor ao verbo "honrar". Desta maneira você
inclui toda uma cadeia de comando que chega até Deus. Já os cinco últimos
mandamentos estão associados ao relacionamento com as pessoas, independente
do grau de parentesco.
O quinto mandamento não nos fala exatamente de como devemos tratar as
pessoas, mas está predominantemente ligado ao ato de reconhecer uma
autoridade (alguém acima de nós, como é requerido nos quatro primeiros). Por
esta razão que “honrar pai e mãe” não depende de quem seja o pai e a mãe ou de
como eles se comportam.
Há quem alegue que este mandamento não deve ser obedecido quando se trata de
pais que maltratam os filhos ou abusam dos mesmos. Porém, isso é um engano.
Se aplicarmos o mesmo raciocínio ao lidar com os textos que falam das outras
autoridades, a obediência e honra às potestades superiores ficará a nosso critério,
fazendo com que essas autoridades estejam submissas ao juízo que fazemos
delas. Todavia, a Bíblia é consistente quanto à subordinação às autoridades
postas por Deus no mundo. Considere o que escreveu o apóstolo Paulo:
“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há
autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele
instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade, resiste à ordenação
de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação” (Romanos 13.1-
2).
Quando nos lembramos do fato de que quem escreveu isso estava sob o domínio
de Nero, conseguimos entender que obviamente o apóstolo da graça não estava
falando que deveríamos estar sujeitos apenas às autoridades politicamente
corretas. Foi exatamente assim no caso de Daniel e seus amigos quando debaixo
da autoridade de Nabucodonosor. Foi também o caso de Davi, que mesmo
sabendo que seria o rei sucessor de Saul não ousou feri-lo. Por que? Porque Davi
o reconheceu como rei. Foi o caso do Senhor Jesus, que se sujeitou como ovelha
muda nas mãos de seus algozes. Pôncio Pilatos disse a Jesus que tinha poder para
soltá-lo se Ele dissesse qualquer coisa a seu favor. Mas, qual foi a resposta de
Jesus a ele? “Nenhuma autoridade terias sobre mim se não tivesse sido dado do
alto” (Jo 19.11). Jesus estava sendo claramente injustiçado por uma autoridade

293
que podia livrá-lo com apenas uma defesa de Jesus. Mas a atitude de Jesus foi se
submeter a essa autoridade e sofrer o dano da injustiça.
Existe apenas uma exceção que devemos ter em mente: A sujeição às autoridades
não implica fazer aquilo que contraria a vontade de Deus em Seus preceitos.
Quando qualquer lei contrária à Palavra de Deus é estabelecida pelos homens,
temos o dever de desobedecê-la em prol da sujeição à autoridade máxima, que é
Deus. Se uma autoridade tenta exigir que eu mate inocentes, como cristão eu
devo me negar a fazê-lo, pois a honra e a sujeição a Deus estão acima da sujeição
aos homens. É muito importante entender isso.
Portanto, devemos reconhecer que o quinto mandamento tem muito mais a ver
com os quatro primeiros do que com os cinco últimos que condenam o pecado do
assassinato, do adultério, do furto, da mentira e da cobiça. Esses cinco últimos
não possuem qualquer relação com a obediência, honra ou sujeição à autoridades
superiores, que é o que vemos nos primeiros cinco mandamentos. Por isso há
mais sensatez em que os dez mandamentos de Êxodo 20 sejam divididos em 5 e
5, sendo os primeiros relacionados a Deus (fonte de toda autoridade) e os últimos
relacionados ao próximo.

294
CAPÍTULO 13
PODE OU NÃO PODE?

POSSO OUVIR MÚSICAS DO MUNDO?

Sim. O cristão pode ouvir boas músicas feitas por pessoas que não são
necessariamente convertidas. Aliás, muitas das músicas seculares são mais
bíblicas do que as que se dizem “gospel”. Ao mesmo tempo que uma música
gospel pode se mostrar ímpia, profana e blasfema, uma música secular pode se
mostrar inteiramente bíblica. Não encontramos na Bíblia uma separação entre
“músicas do mundo” e músicas que seriam “sagradas”. Essa é uma separação
inventada pelos homens e até mesmo recente. É claro que existe diferença entre
as músicas que ouvimos como forma de entretenimento e o louvor, que consiste
em se direcionar somente a Deus para adorá-lo com nossos lábios (sem
instrumentos adicionais). Músicas seculares são para entretenimento; são para
relaxar, se divertir, etc. Louvor é para ser direcionado somente a Deus, não para
diversão e barulho.
É evidente que não são todas as músicas que nos convém ouvir, mas de nenhuma
forma a Bíblia nos proíbe de ouvir músicas que não se enquadrem em um padrão
criado por homens que classificaram certas músicas como sacras ou gospel e
outras como “não sagradas” e profanas.
Temos inteira liberdade para ouvir músicas que não contrariam as verdades da
Palavra de Deus. Elas certamente podem ser ouvidas sem problema. Na Bíblia é
dito que os judeus não somente louvavam ao Senhor, como também cantavam e
dançavam respeitosamente as canções oriundas da nação de Israel.
Como já fora tratado neste livro, no culto a Deus não é permitido instrumentos
musicais, nem danças, nem qualquer representação não estabelecida por Ele
mesmo para culto e ministério. Em contraste, para os judeus o corpo físico e a
demonstração externa de adoração era extremamente importante, e estava
intimamente ligado à religião. No Antigo Testamento, a dança era uma
manifestação de adoração a Deus e comumente utilizada após vitórias militares e
durante celebrações ou festividades. Partindo-se do princípio que Jesus era judeu

295
e sua pregação estava fortemente ligada aos princípios designados a Israel,
logicamente que Ele também participava de todas as cerimônias judaicas.
O que devemos saber também é que não somente as letras das músicas que
ouvimos devem ser analisadas minuciosamente, como também seus ritmos, visto
que existem ritmos que incitam naturalmente à sensualidade e devem ser evitados
e até mesmo abominados, como no caso do “funk brasileiro”, “axé”, etc. Se uma
música possui uma letra digna de aceitação por parte da Palavra de Deus, mas
seu ritmo leva pessoas em direção ao pecado, é o mesmo que ouvir músicas com
letras satânicas. Da mesma forma, se o ritmo não te leva ao pecado, mas a letra é
profana e pecaminosa, dá no mesmo. Isso é pecado e ponto.
Assim como devemos analisar tudo sob a autoridade máxima das Escrituras
Sagradas, com a música não é diferente. Todo cristão deve aprender a ser seletivo
com relação a tudo em sua vida, e não somente à música, separando o que não é
de Deus daquilo que não é de Deus.
Não se trata somente de música. A regra serve para todo tipo de arte (livros,
filmes, peças, televisão e também músicas ditas “gospel”). Existem muitas coisas
que prejudicam a nossa vida espiritual e que não nos edificam. Essas coisas
devem ser rejeitadas para nossa saúde espiritual, seja música, seja filme, seja
programa de TV ou outra qualquer coisa.
Existem músicas chamadas “músicas do mundo” que são lindas e puras e que não
se enquadram no rótulo “gospel” ou evangélica”, pois o que existe de profanação
no denominacionalismo evangélico hoje não se pode contar nos dedos. Há muitas
músicas seculares que falam da natureza, do amor, do romance entre casais
casados, dos vários sentimentos da nossa alma, da sociedade e de muitas outras
coisas boas e dignas. Não há pecado algum em ouvi-las.
A Bíblia diz: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é
honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é
de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai”
(Filipenses 4.8). Isso significa que é mais do que justo e normativo que
busquemos pensar e fazer coisas que nos façam sentir bem durante a nossa
peregrinação na terra. Ora, é a própria Bíblia quem nos diz isso.
Uma coisa que devemos notar é que vários dos poemas bíblicos não falam
diretamente sobre Deus, mas contém sabedoria e poesia inspiradoras que, no fim,
acabam apontando para a grandeza de Deus. Não há pecado em trazê-las para
dentro de nossos ouvidos.
Paulo ensina que o tipo de separação que os ignorantes fazem entre coisas puras e
impuras nem sempre é correta quando é feita fora do que a Palavra de Deus

296
ensina: “Todas as coisas são puras para os puros; todavia, para os impuros e
descrentes, nada é puro. Porque tanto a mente como a consciência deles estão
corrompidas” (Tito 1.15).

MÚSICAS “GOSPEL” QUE SÃO PIORES QUE “MÚSICAS DO


MUNDO”
As músicas ditas “evangélicas” ou até mesmo “cristãs”, incluindo aquelas que os
religiosos erroneamente chamam de “louvor”, precisam sempre passar por uma
análise criteriosa, pois muitas delas são de conteúdo profano e antibíblico, com
letras totalmente contrárias aos princípios da Palavra de Deus. Devemos tomar
muito cuidado, especialmente com essas, visto que muita música “gospel” causa
prejuízo à vida espiritual e ensinam heresias de perdição. Esse tipo de música
deve ser rejeitado em todo o seu conteúdo. Ao mesmo tempo, existem músicas de
autores não cristãos que têm ritmos e mensagens extremamente profundas a
respeito das grandezas das coisas criadas por Deus.
Sendo assim, vamos separar as coisas:
1 – Quando se trata do culto e do ministério, Deus não nos permite fazer o que
bem entendemos, como usar instrumentos musicais, cantores celebridades e
coisas parecidas. No Novo Testamento, quando se trata de culto e ministério,
esse tipo de entretenimento não é permitido na congregação. Em outro capítulo,
onde falamos sobre a Igreja e seu funcionamento, deixamos bem claro a forma
estabelecida por Deus para ser adorado nas reuniões entre os santos.
2 – Fora do culto e das reuniões de ensino e disciplina da Palavra, podemos nos
espelhar nos judeus como forma de glorificar a Deus por meio da alegria da
música pura e sem mácula. Deus criou a música para Seu louvor e também para
que O glorifiquemos nisso. Nas celebrações fora do culto, que vemos na Bíblia,
sempre tinham músicas.

À parte da reunião dos crentes para adoração e ministério, bem como dos
princípios que regulam o culto, a música pode servir para:
● Se acalmar (1 Samuel 16.23);

● Celebrar eventos importantes (Êxodo 15.20-21);

● Se ligar com o espiritual (2 Reis 3.15).

297
Finalmente, para lidarmos com essas decisões diárias sobre o que trazemos para
dentro de nós e o que rejeitamos, fica a seguinte passagem:
“Julgai todas as coisas, retende o que é bom; abstende-vos de toda forma de
mal” (1 Tessalonicenses 5.21-22).

POR QUE OS INSTRUMENTOS MUSICAIS NÃO SÃO


PERMITIDOS NO CULTO A DEUS?
Para falar sobre este ponto, gostaria de citar algumas das palavras de Bruce
Anstey em seu livro “A Ordem de Deus”. Bruce Anstey comenta que “os
sacrifícios cristãos não são literais e exteriores como no judaísmo, mas
sim "sacrifícios espirituais" (1 Pe 2:5; Hb 13:15; Jo 4:23; Fp 3:3). Já que o
cristão adora "em espírito e em verdade", ele poderia sentar-se em uma cadeira
sem se movimentar, e mesmo assim poderia ser produzido em seu espírito um
verdadeiro louvor e adoração a Deus por meio do Espírito Santo que habita nele.
Esta é a verdadeira adoração celestial. O cristão não necessita de uma orquestra
ou de um coro para extrair adoração de seu coração, como era o caso de Israel no
judaísmo.
Adorar com o auxílio de instrumentos musicais é adorar da forma judaica.
Misturar o conhecimento e a revelação inerentes ao cristianismo com a ordem
judaica de adoração (a qual é essencialmente o que a maioria das assim chamadas
"igrejas" fazem) não é cristianismo autêntico. No céu não haverá necessidade de
um auxílio mecânico e exterior à adoração a Deus, e os cristãos tampouco
precisam deles agora, pois já estão adorando a Deus do modo celestial.
Por esta razão não encontramos no livro de Atos ou nas epístolas qualquer
referência de cristãos adorando ao Senhor usando instrumentos musicais. Não
existe uma menção sequer nas epístolas do Novo Testamento de uma adoração
cristã auxiliada por instrumentos musicais. Os únicos dois instrumentos que os
cristãos têm para adorar a Deus são o "coração" (Cl 3:16; Ef 5:19) e
os "lábios" (Hb 13:15). No cristianismo tudo o que encontramos é "cantando e
salmodiando ao Senhor no vosso coração" (Ef 5:19; Cl 3:16). Somos
instruídos a oferecer "sempre por ele a Deus sacrifício de louvor, isto é, o
fruto dos lábios que confessam o Seu nome" (Hb 13:15). Mesmo assim, a
distinção entre a adoração cristã e o judaísmo tem sido ignorada nas
denominações. Bandas e até grandes orquestras passaram a fazer parte integral
dos "cultos de adoração" de nossos dias. Isso é chamado de "ministério de
música", mas o objetivo parece ser mais voltado ao entretenimento da audiência
do que ao ministério [Não existe “Ministério de Música” na Bíblia].
298
Não somente inexiste qualquer direção na Palavra de Deus para os cristãos
adorarem dessa maneira, como a própria história mostra que a música
instrumental não teve virtualmente qualquer parte no cristianismo durante os
primeiros 1.400 anos! (Há uma total ausência de música instrumental na igreja
nos primeiros 700 anos, seguidos de uma ferrenha oposição a ela durante os
próximos 700 anos). Foi somente nos últimos séculos que a música instrumental
passou a ser aceita e usada na adoração e na atividade evangelística. A questão é:
Se o chamado "ministério de música" é tão importante para a vida da assembleia,
como a igreja hoje a considera, por que o apóstolo Paulo não exortou as
assembleias às quais escreveu a adotarem um "ministério de música" em suas
reuniões? E por que não existe qualquer menção disso no Novo Testamento?
Cremos que o uso de instrumentos musicais na adoração – além de muitas outras
coisas inventadas pelo homem que acabaram sendo introduzidas – é uma
evidência do distanciamento que as Escrituras nos alertam que ocorreria com a
igreja. À medida que as coisas no testemunho cristão foram se afastando da
ordem dada por Deus, a música instrumental foi pouco a pouco conquistando um
lugar (porém não sem oposição), até acabar sendo aceita como normal para a
adoração cristã. Ela pode ter sido até introduzida com boas intenções, mas
mesmo assim não tem lugar na adoração cristã.
Não queremos com isso dizer que o cristão não possa tocar música instrumental,
mas apenas que ela não tem lugar na adoração cristã. J. N. Darby escreveu: "Se
eu puder fazer um pobre pai enfermo dormir com música, tocarei a música mais
bela que puder encontrar; mas ela irá estragar qualquer adoração ao introduzir o
prazer dos sentidos naquilo que deveria ser fruto do poder do Espírito de Deus"
(Bruce Anstey – “A Ordem de Deus – pág. 81-84).

FUMAR É PECADO?

Antes de mais nada, é necessário comunicar ao leitor de que o meu objetivo neste
capítulo é expor a sã doutrina dos apóstolos em sua pureza e condenar a heresia e
o julgamento hipócrita contra hábitos que a Bíblia jamais condenou. Meu alvo
neste trabalho é o Gnosticismo moderno disfarçado de “igreja santa”,
desfazendo-me de qualquer posição baseada no senso comum. Também é
necessário ressaltar que este artigo não é um estímulo ao fumo – um pequeno
299
exemplo que escolhi como peça-chave para falar sobre o consumo de qualquer
substância química em geral. Ou seja, cada leitor em particular deve inclinar sua
ótica ao texto com base no uso moderado ou exagerado de uma determinada
substância digerível que seja considerado relevante na discussão teológica.
Particularmente, sou abstêmio, embora não veja nenhum pecado em quem bebe
com moderação, visto que a Bíblia não o faz. Por outro lado, hoje sou um
fumante moderado de palheiro, e, da mesma forma, não me condeno naquilo que
aprovo (Rm 14.22). Antes dou graças a Deus por tudo (1Ts 5.18), e tudo que faço
com consciência limpa, o faço para a Sua glória (1Co 10.29-31).
Por razão de zelo pelos que não têm consciência, digo que, por mim, ninguém no
mundo fumaria ou beberia, nem faria qualquer outra coisa que possa escandalizar
o seu irmão (1Co 10.32), uma vez que busco sempre pelo proveito do próximo e
não o meu próprio, embora eu não possa alcançar a todos (1Co 10.33).

FUMAR É PECADO?
As Escrituras não estabelecem qualquer restrição ou proibição direta ao consumo
do cigarro, do cachimbo ou do charuto. Todavia, isto não significa que a mesma
Escritura não contenha uma resposta quanto à pergunta. Ela responde a várias
questões não tratadas de maneira direta por Deus, mas de forma a apontar
costumes e práticas que constituem a mesma natureza.
Para começar, devemos entender que a Bíblia é quem determina o que é pecado,
e não o homem. Da mesma forma, os hábitos viciosos do ser humano não são
pecaminosos pelo fato de serem viciosos. A Palavra de DEUS é quem estipula se
uma prática viciosa é ou não pecado. A Palavra de Deus também apresentará ao
leitor a diferença entre restrição e proibição, como no caso da bebida alcoólica,
frequentemente causadora de males incontáveis no período testamentário, mas
que no entanto não é proibida de forma exaustiva por Deus. A mesma Bíblia que
nos adverte sobre os perigos do vinho (Pv 20.1) também diz que o mesmo vinho
é recomendado em doses equilibradas para fins de tratamento estomacal e para
várias outras enfermidades (1Tm 5.23). E agora? Será que a Bíblia é – como
dizem alguns insensatos – contraditória? Não. Quando a Bíblia trata deste
assunto, ela aplica regras de como lidar com qualquer tipo de substância natural
que Deus, em sua infinita sabedoria, proporcionou ao homem para que ele
usufrua com equilíbrio e sabedoria (Gl 5.22). Na verdade, isso é tão fácil de
entender que basta raciocinar no fato de que os medicamentos mais simples que
ingerimos no dia a dia são mais danosos ao corpo do que o cigarro e a bebida
juntos. Para ser mais franco, uma simples análise dos componentes do adoçante

300
(produto muito bem visto pela cultura atual) fará com que os leitores humildes
admitam que condenar um homem que fuma um charuto para relaxar não faz
sentido algum, além de ser antibíblico.
Antes de darmos início ao exame das Escrituras Sagradas, vamos observar alguns
pontos interessantes da história do Cristianismo com relação ao fumo:
Em primeiro lugar, até poucas décadas atrás o cigarro nunca foi considerado um
mal pelos cristãos ortodoxos. Na verdade, o fumo começou a ser apontado como
pecado por alguns ramos do protestantismo na metade do século XX, somente
quando descobriram os malefícios da nicotina. Ainda assim, até hoje se espera de
tais religiosos um argumento plausível que faça do fumo em si um pecado diante
de Deus.
Considerado como uma prática indiferente, no passado era comum ver cristãos
piedosos, claramente fieis a Deus e à Sua Palavra, fumarem seus cachimbos e
charutos pelas ruas. Isso porque os cristãos mais instruídos estavam atentos ao
que de fato era pecaminoso, como por exemplo o uso de roupas íntimas em
público. Para quem não sabe, quando o biquíni foi inventado, as empresas
tiveram que contratar prostitutas para propagarem seus produtos, uma vez que as
mulheres da época, mesmo as não-cristãs, ficaram chocadas e se negaram, por
muitos anos, a ficarem seminuas em qualquer lugar público. Mas o mundo é
mesmo muito louco. A falta de pudor e modéstia, severamente condenada na
Bíblia sob o nome de lascívia e prostituição, é vista pelas igrejas contemporâneas
como algo normal. Enquanto isso, os fumantes que fazem uso moderado do
cigarro são vistos como monstros, mesmo Deus nunca tendo proferido qualquer
julgamento contra eles.
Não obstante, muitos argumentam dizendo que fumar é pecado por várias razões
sem nexo. Tais argumentos são tão circulares e repetitivos que chegam a clamar
por inteligência. Vejamos alguns desses argumentos e respondamos a eles com a
Palavra de Deus.

1. “Fumar é pecado porque vicia”.


Se o cigarro é pecado por ser um vício, o café, o chocolate, os refrigerantes, os
chás e o chimarrão do sul também o são, pois todos eles contêm cafeína,
uma substância química estruturalmente semelhante à nicotina contida no tabaco,
com poder de causar dependência (vício) equivalente ao desta última.
“A Cafeína é a droga psicoativa mais amplamente consumida e é um estimulante
de uso legal facilmente disponível até para crianças. A Cafeína tem sido
ocasionalmente considerada uma droga de abuso e seu potencial para causar
301
dependência tem sido debatido”. [NAOSHI OGAWA md, HIROFUMI UEKI
md (2007); Clinical importance of caffeine dependence and abuse/Psychiatry and
Clinical Neurosciences, Volume 61, Number 3, June 2007, pp. 263-268(6)].
Agora note uma coisa interessante no sistema religioso mundano - Comer em
demasia é um pecado denunciado com todas as letras na Palavra de Deus. A
glutonaria aparece ao lado de "invejas, homicídios e bebedices" em Gálatas 5.21.
Ela é também companheira das "dissoluções, concupiscências, borrachices,
bebedices e abomináveis idolatrias" em 1 Pedro 4.3 e Romanos 13.13, além de
ter sido particularmente denunciada pelo próprio Senhor Jesus em Lucas 21.34.
Ainda assim, você já deve ter presenciado muito crente obeso lançar condenações
maldosas contra um irmão fumante. Certamente que pessoas como essas ainda
não aprenderam, ou, no mínimo, se esqueceram do ensino de Jesus sobre o
julgamento hipócrita em Mateus 7.4: "Como dirás a teu irmão: Deixa-me tirar o
argueiro do teu olho, estando uma trave no teu? Hipócrita, tira primeiro a
trave do teu olho, e então cuidarás em tirar o argueiro do olho do teu irmão".

Esta passagem, muitas vezes usada para afirmar que Jesus nos proíbe de julgar o
erro, na verdade é uma denúncia contra um tipo de julgamento específico. Aqui,
o Senhor Jesus condena o julgamento hipócrita, que é quando julgamos alguém
por algo que nós mesmos praticamos. No caso em questão, qualquer pessoa que
tenha vícios (seja em televisão, em celular, em doces, em refrigerantes ou café)
está julgando sem a reta justiça requerida por Cristo na passagem e, portanto, está
em pecado.

2. “Fumar é pecado porque destrói o templo do Espírito Santo que somos


nós”.
Quantas vezes somos surpreendidos por clichês do tipo: "Você fuma? Então você
está destruindo o templo do Espírito Santo”. “Você fez tatuagem? Então você
está destruindo o templo do Espírito Santo”. Você come salsicha? Então você
está destruindo o templo do Espírito Santo...” etc. Há várias outras razões pelas
quais a ignorância acerca das Escrituras Sagradas leva cristãos nominais a esse
entendimento espúrio. Contudo, a simples leitura do contexto bíblico nos diz o
que é "Destruir o Templo do Espírito Santo", que somos nós. Quando a Palavra
de Deus diz isso, ela está se referindo a um pecado específico: A prostituição (ou,
em outras traduções – fornicação). Observemos: "Fugi da FORNICAÇÃO. Todo
o pecado que o homem comete é fora do corpo; mas O QUE FORNICA PECA
CONTRA O SEU PRÓPRIO CORPO. Ou não sabeis que o vosso corpo é o

302
templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois
de vós mesmos?" (1 Coríntios 6.18,19).
Mais uma vez, o julgamento contra o fumo em si é herético. Tal postura farisaica
não condiz com a genuína Palavra de Deus e deve ser considerada como um falso
evangelho, isto é, maldito (Gl 1.6-10). Neste caso, até que se prove o contrário,
quem está condenado ao inferno são aqueles que traçam um prognóstico
desprovido da reta justiça e contrário às leis de Cristo. Tais indivíduos devem se
arrepender de fazerem julgamentos hipócritas e se converter de seus maus
caminhos.

EQUILÍBRIO PRÓPRIO
“Não é o que entra pela boca que torna o homem impuro, mas o que sai de sua
boca, isto o torna impuro...” (Mateus 15.11).
“Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio.
Então chega o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: ‘Eis aí um glutão
e bebedor de vinho, amigo de publicanos e pecadores. Todavia, a sabedoria é
comprovada pelas obras que são seus frutos” (Mateus 11.18,19).

1. A Bíblia não proíbe o consumo de substâncias naturais, mas se restringe


em condenar o ABUSO delas.
Um dos frutos do Espírito é o equilíbrio próprio (Gl 5.22). A virtude do
equilíbrio próprio consiste em evitar toda espécie de excesso ou descontrole. Ou
seja, tanto o ABUSO da comida como o do álcool, do fumo ou de medicamentos
é condenado explicitamente pela Escritura (Gl 5.22). Porém, nada é dito contra
qualquer uma dessas coisas em si mesmas. Em contraste com o fruto do Espírito,
encontramos dezessete obras da carne nos versículos 19,20 e 21 de Gálatas 5.
Entre elas estão a glutonaria e a bebedice, ambas relacionadas ao ato de
ABUSAR da comida e da bebida, não de fazer o uso equilibrado delas. Sendo
assim, comer, beber e fumar moderadamente não é pecado.

2. A hipocrisia disfarçada de piedade.


Pessoas por todas as partes consomem uma quantidade equilibrada de cigarros de
tabaco, uma ou duas vezes por dia. Algumas delas usufruem disso uma ou duas
vezes por semana. Isso vale também para o cachimbo e o charuto. Não obstante,
não há estudo comprovado nenhum que prove que o fumo moderado cause
303
qualquer dano relevante à saúde. E isso não é, em hipótese alguma, um incentivo
para se fumar. Todavia, posso afirmar, sem falso temor e sob a base da ciência,
que o cigarro é menos nocivo ao corpo humano do que muitas porcarias que a
nossa sociedade consome tranquilamente nos Fast-food's da vida, sem que
nenhum moralista hipócrita venha nos incomodar com prognósticos insensatos
envolvendo o nosso caráter cristão. Os poucos cristãos genuínos que ainda
restam na cristandade piram com esse tipo de farisaísmo mascarado de piedade e
ortopraxia.
Sob a base da Escritura e após exaustivo exame temente e responsável da Palavra
de Deus, aprendi que não é a comida, o álcool ou o fumo que degrada o homem,
mas o homem é quem degrada tanto a comida como o álcool, o fumo e tudo que
ele encontra pela frente. É o mau uso que faz do homem um dependente mórbido
das coisas terrenas, fazendo-o criar ídolos para si (Cl 3.5). Nunca vi taças de
vinho com vida própria, se insinuando para os homens com trajes de prostituta,
olhos lascivos e línguas venenosas, colocando-se em suas bocas. Do mesmo
modo, jamais presenciei um cigarro se levantando para envenenar a mente das
pessoas com palavras torpes, ganância, inveja, mentiras, calúnias, falsas suspeitas
e heresias de perdição. A propósito, tenho certeza que jamais verei um cigarro
falante pedindo para ser fumado. Logo, concluímos que o mal está no homem e
não no que ele toca, prova ou manuseia (Cl 2.20,21).

3. TRÊS PREMISSAS E UMA CONCLUSÃO


1 - O primeiro milagre de Cristo, o qual inaugurou Seu ministério na terra, foi
transformar a água em vinho em uma festa de casamento (Jo 2.1-12).
2 - Deus não pode ser tentado pelo mal, e Ele a ninguém tenta (Tg 1.13).
3 - Ao contrário do cigarro e de outras substâncias existentes no mundo, a bebida
é claramente apontada pela Bíblia como algo extremamente perigoso para a vida
espiritual (embora não condenável em si), e que deve ser evitado. Um pequeno
exemplo dentre muitos está em Isaías 28.7. Veja o que Deus diz sobre o vinho e
sobre qualquer outra bebida forte: “Mas também estes erram por causa do vinho,
e com a bebida forte se desencaminham; até o sacerdote e o profeta erram por
causa da bebida forte; são absorvidos pelo vinho; desencaminham-se por causa
da bebida forte; andam errados na visão e tropeçam no juízo” (Isaías 28.7).

304
Conclusão:
Pergunto aos fariseus da nova era: Jesus pecou? Ou, como costumam afirmar os
liberalistas teológicos, a Bíblia entra em contradição consigo mesma? Como
alguém, sendo no mínimo alfabetizado, pode afirmar que tomar vinho ou
qualquer outro tipo de bebida com álcool, de forma moderada, santa e agradável
diante de Deus, é pecaminoso? Se a bebida alcoólica, que possui componentes
que podem alucinar um homem devido ao seu mau uso, como poderíamos
condenar um ato tão demasiadamente menos ameaçador como o fumo?
Mas, se alguém ousa repetir as velhas queixas baseadas em seus próprios
pensamentos e tradições humanistas, inúteis para a vida espiritual, o que lhes
restará senão que suas vãs filosofias virem fumaça quando o Filho do Homem
vier para julgar todos os que viveram de fato no pecado, incluindo o ato de julgar
sem a reta justiça (Jo 7.24)? Visto que a lei e o testemunho são os alicerces do
julgamento justo, como escaparão do inferno (Is 8.20)?
Mas, aos que ouvem a palavra da verdade e se vêem livres dos velhos hábitos,
digo: O fruto do equilíbrio próprio produz no homem a vontade e a aplicação de
uma vida longe de hábitos exacerbados, quer no comer, quer no beber ou no
fumar. A temperança o leva a evitar toda a espécie de excessos, inclusive de
medicamentos prescritos por médicos vocacionados por Deus para esta tarefa (o
apóstolo Lucas era um). A Escritura alerta o tempo todo sobre aqueles que, em
estado de embriaguez ou por gosto imoderado de qualquer coisa, estão pecando
contra aqueles por quem Cristo se sacrificou e pondo em risco a segurança de
todos à sua volta, tornando-se culpados por suas quedas.

BÍBLIA VS. ACHISMO


"Bom é não comer carne, nem beber vinho, nem fazer outras coisas em que teu
irmão tropece, ou se escandalize, ou se enfraqueça. Tens tu fé? Tem-na em ti
mesmo diante de Deus. Bem-aventurado aquele que não se condena a si mesmo
naquilo que aprova. Mas aquele que tem dúvidas, se come está condenado,
porque não come por fé; e tudo o que não é de fé é pecado" (Romanos 14.21-23).
Enquanto eu dava continuidade neste artigo, uma senhora, se dizendo “cristã”,
com ares de intelectual e postura soberba, fez um comentário no meu Facebook
no mínimo estarrecedor – pelo menos para alguém que se diz cristão. Assim,
percebendo o perigo de alguém passar a ter uma mente cauterizada como a dela,
e preocupado com aqueles que podem ser contaminados pelo mesmo tipo de
mentalidade, registrei suas palavras, as quais se seguem: “Entendo como pecado
qualquer vício! Mas é aí que o Espírito Santo entra: para nos convencer do
305
pecado, da justiça e do juízo. ‘Tô tranqüila!’ A morte de Jesus por mim não foi
em vão; ele morreu pelos meus pecados de ontem, hoje e do futuro. Santificação,
é esse processo que devemos viver: de tentar agradar a Deus todos os dias” (Sra.
Achismo).
Para a compreensão do leitor, editei os erros ortográficos e pontuações da Sra.
Achismo. Como se pode perceber, também adaptei seu nome para que ela não
seja exposta e reflita nas palavras de correção as quais tecerei igualmente no
parágrafo abaixo:
Pensamentos como o da Sra. Achismo podem parecer bíblicos à primeira vista,
mas não são. Na verdade, esse tipo de confusão doutrinária traz sérios
desdobramentos para a vida prática do cristão e o coloca numa situação bem
complicada. A respeito do primeiro ponto, a Bíblia diz: "Bem-aventurado
aquele que não se condena a si mesmo naquilo que aprova" (Romanos 14:22).
Isto significa que, quando você se condena por qualquer prática que não
constitui-se necessariamente pecado, você está tornando-a pecado por si mesmo e
está condenando a si mesmo porque sua consciência está suja. Em segundo lugar,
o argumento de que "não é preciso se preocupar com isso ou aquilo pelo fato de
Jesus ter pagado o preço na cruz" é uma heresia antiga, praticada principalmente
pelos antinomiano. Essa doutrina possui até o seu sistema de doutrinas próprio e
se chama “Antinomianismo” (Confira o artigo chamado “Por Que Devo
Obedecer a Deus se Já Está Tudo Decretado?” – Cap. 3). Adeptos da filosofia
antinomiana pensam que a graça de Deus anula a responsabilidade da Igreja em
se santificar em temor e obediência às leis de Cristo. Tal doutrina antibíblica é
também denominada como “Fatalismo Teológico”. Portanto, que todo leitor
esteja atento a este alerta e fuja de tais heresias.
“Todas as coisas são puras para os puros, mas nada é puro para os
contaminados e infiéis; antes o seu entendimento e consciência estão
contaminados. Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras,
sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra” (Tito
1.15,16).
A sacarose possui mais de setenta e seis (76) meios de acabar com a saúde de um
ser humano. Se os indivíduos que condenam o hábito de fumar se baseiam na
impureza dos alimentos e de qualquer substância ingerida, eles terão que dizer
adeus ao AÇÚCAR.
Segue abaixo o link de um artigo chamado “Os 76 Modos do Açúcar acabar com
a Saúde”: http://www.guiavegano.com/nutricao/nancy/76modos.htm

306
“O açúcar é oito vezes mais viciante que a cocaína e seu consumo diário é a
causa de 95% de todas as doenças existentes” (David Permulter – Phd
americano – autor do livro A Dieta da Mente).

FALSOS PROFETAS SEMPRE CONDENARÃO OU


ACEITARÃO AQUILO QUE LHES CONVÉM
Não demorará muito tempo e, assim como ocorreu ao longo da história do
Cristianismo, surgirão mais falsos mestres gnósticos para estipularem suas listas
preferidas de “pecados” para manter a mente de homens carnais e ineptos cativas
às suas fábulas e longe da Escritura Sagrada. O diabo é sagaz, e se tem uma
técnica que ele desenvolveu e aperfeiçoou com maestria durante a história da
humanidade é o sofisma. Assim, ele pode usar grandes verdades de Deus para
distorcê-las, aplicando regras com aparência de santidade a fim de que a doutrina
de Cristo seja censurada e o pecado – o verdadeiro pecado – faça um ninho nas
cabeças incautas.
Tais doutores engravatados têm disseminado e praticado os pecados mais
abominados por Deus como se fossem práticas normais. Através do método do
sofisma, eles apresentam um falso evangelho em seus púlpitos ao se declararem
abstêmios de tantas coisas para, no final, fazerem uma falsa aplicação da Palavra
de Deus. O divórcio e o segundo casamento de divorciados (Conferir cap. 5) são
pecados enfaticamente condenados por Cristo, e, no entanto, ambas as práticas
são tidas como santas nas igrejas que rotulam o fumante de “pecador”. Enquanto
esses facínoras, travestidos de “pastores”, defendem o divórcio e o segundo
casamento de divorciados como direitos invioláveis, com pretextos baseados na
era patriarcal (ordenanças caducas da lei de Moisés), a inerrância das Escrituras é
lançada no mar do esquecimento e essas duas práticas pecaminosas não são
mencionadas nas suas ditas “igrejas”.
Querem condenar o crente por fumar um charuto antes de dormir, lançar outro
crente na fogueira porque fez uma tatuagem das no braço, lançar no inferno
outros vários fieis que tomam doses equilibradas de cerveja em casa com sua
família, mas pensam estar sendo “cristãos” ao ordenarem e seguirem “pastores”
que estão divorciados e/ou no vigésimo casamento.
Porém, eu lhes digo que todos que permanecem em estado de adultério ao
deixarem seus cônjuges e se juntarem com terceiros irão para o inferno. Por que?
Porque Jesus Cristo assim o diz (Mt 19.3-11; 1Co 7.10,11; 1Co 7.39; Rm 7.1-3;
1Co 7.15).

307
A LIBERDADE CRISTÃ E SEUS ASPECTOS
As cartas de Paulo são as mais enfáticas sobre a liberdade cristã e como nós
devemos vivê-la com autoridade, não dando ouvidos ao que o próprio apóstolo
denomina como “fábulas judaicas” e “doutrinas de homens”. Também é
necessário uma busca pela maturidade espiritual a fim de que nossa liberdade não
seja confundida com “liberalismo teológico”, o que está longe de ser sinônimo de
liberdade em Cristo. O liberalismo desemboca na irresponsabilidade e falta de
consciência para com a vida do próximo, além de nos afastar das leis de Cristo.
Por outro lado, a liberdade cristã resulta em uma completa emancipação de
inibições e tabus religiosos sem ferir nenhum princípio bíblico. Ou seja, o cristão,
quando entende e desfruta dessa libertação, tem uma consciência limpa porque
sabe o que é pecado e o que não é. Isso é bem diferente de ser “liberal”.
Não sendo conivente com qualquer padrão antibíblico, o apóstolo Paulo se
adaptava facilmente a qualquer ambiente com a finalidade de apresentar Cristo
(1Co 9.22). Longe dos métodos liberalistas do ecumenismo religioso, o qual tem
a pretensão de apresentar um evangelho que se adapte ao gosto do pecador, Paulo
tinha como alvo apresentar o verdadeiro Cristo a estas pessoas de diferentes
lugares pagãos, sem, contudo, tentar retirar o fio da navalha do evangelho.
Da mesma forma, ao desfrutar da liberdade cristã com ousadia e intrepidez, o
mesmo Paulo sabia que muitos cristãos não eram completamente libertos na
consciência como ele. E essa deve ser nossa postura diante dos “fracos na fé”.
Estamos agora falando da nossa conduta diante de pessoas que [ainda] estão em
fase de crescimento espiritual. Elas simplesmente não estão preparadas para lidar
com a liberdade concedida por Cristo em termos de ambientes, circunstâncias e
culturas variadas. Nas palavras de Paulo, são bebezinhos espirituais e ainda se
alimentam de leite, não de alimento sólido, porque ainda são incapazes de ingeri-
lo.
“E eu, irmãos, não vos pude falar como a espirituais, mas como a carnais, como
a meninos em Cristo. Com leite vos criei, e não com carne, porque ainda não
podíeis, nem tampouco ainda agora podeis” (1 Coríntios 3.1,2).

OS FRACOS E OS FORTES NA IGREJA


Dois grupos da comunidade cristã em Roma são o centro da mensagem de
Romanos 14.1–15.13, identificados como “os fracos” e “os fortes”. Nesta carta, o
apóstolo dos gentios exige que os “fracos” sejam tratados com mais tato,
paciência e sabedoria pelos mais “fortes”.

308
OS FRACOS
A palavra grega para “fraco” é astheneo, que indica “fraqueza”, “indigência”,
“impotência”, “falta de força por variados motivos”. No Novo Testamento, o
termo é usado pelo menos quarenta vezes para designar doentes físicos. Desta
forma, fica fácil perceber que o autor inspirado aponta para um tipo de “fé
enferma”, ou, como eu prefiro chamar, “processo de amadurecimento na fé”.
Sendo assim, o que falta ao fraco não é a fé em si, mas a liberdade de
consciência. O fraco na fé vê pecado em tudo. Ele ainda não se libertou das
correntes do legalismo religioso. Tudo é impuro aos seus olhos porque ele se
acostumou assim... e, por mais que ele tenha dificuldades para aceitar que certas
práticas são insignificantes aos olhos de Deus, ele precisa ser ensinado e
admoestado com mais tato.
Mas, afinal, quem são os fracos mencionados nesse contexto? Examinemos as
possibilidades com base na carta em questão:

1. Ex-idólatras – Recém-convertidos do paganismo; grupo semelhante ao


mencionado por Paulo em 1 Coríntios 8. Indivíduos que, mesmo resgatados da
idolatria, por escrúpulo (hesitação da consciência), sentiam-se impedidos de
comer carne que, antes de ser vendida nos açougues, era dedicada a ídolos.
2. Ascetas – Pessoas que exercitavam a disciplina do “autocontrole do corpo”,
considerando que isso era algo necessário e imprescindível para chegar até Deus.
Havia ascetas presentes na igreja em Roma, o que explica por que se abstinham
do vinho e da carne (Rm 14.21).
3. Legalistas – Consideravam as abstenções como “boas obras” necessárias para
a salvação. Esse grupo é facilmente encontrado em qualquer esquina hoje,
especialmente entre evangélicos e católicos, e, sobretudo, no movimento
pentecostal e carismático. Eles não entendem a suficiência da fé em Cristo Jesus
para a justificação do salvo.
4. Cristãos judeus – No caso da epístola que estamos examinando, essa é a
possibilidade mais satisfatória. Eram os que ainda permaneciam com a
consciência voltada para as regras do judaísmo, especialmente referentes a dietas
(comer apenas alimentos considerados limpos – Rm 14.14,20) e aos dias festivos
do Velho Testamento, os quais foram abolidos por Cristo (guarda do sábado e
festivais judaicos – cerimônias que nunca foram ordenadas aos cristãos). A carne
de porco, por exemplo, era considerada impura no Judaísmo e a Lei exigia que

309
eles não a comecem. É por isso que os cristãos judeus tiveram tanta dificuldade
para deixar esse vão costume, uma vez que a abstinência de alimentos no
cristianismo é totalmente inútil e, às vezes, pecaminoso.

OS “FORTES”
A palavra grega para “forte” é dynatos, e significa “alma forte”, “capaz de
suportar calamidades com coragem e paciência, firmes nas virtudes cristãs”.
Embora todo homem seja fraco por natureza (Rm 3), aqui o termo indica um
cristão maduro na fé e no trato com o próximo, pois Cristo concedeu a ele essa
força, enquanto que para outros não.
Por dever de ofício, devo esclarecer ao leitor que esses “fortes” na fé não são
fortes por serem valentes em si mesmos, nem por serem mais espirituais que os
fracos aqui mencionados. Nesse sentido, devo lembrar-vos de que “quando estou
fraco é que sou forte” (2Co 12.10). Todavia, aqui nós estamos a tratar de uma
força no sentido de que o crente está amadurecido espiritualmente para lidar com
ambientes e circunstâncias que não interferem mais em seu caráter cristão,
embora ele deva vigiar em todo o tempo a fim de se manter de pé (1Co 10.12).
Com a Igreja atual não é diferente. Assim como a igreja em Roma, o cenário da
igreja de nossos dias revela sua inegável similaridade. Existem fracos e fortes na
fé. É nosso dever orar sem cessar para que os poucos cristãos que ainda prezam
pelo evangelho santo e puro saibam lidar com essas pessoas debaixo do temor a
Deus e com conhecimento.

A MATURIDADE NA FÉ (Rm 14.1-2)


A Palavra de Deus registra pelo menos quatro níveis de fé dentro do Corpo de
Cristo: (1) nenhuma fé (Mc 4.35-41), (2) pouca fé (Mt 14.22-33), (3) grande fé
(Mt 15.21-28) e (4) inigualável fé (Mt 8.5-15). Continuando nossa análise do
contexto de Romanos 14.1–15.13, percebemos que a união entre os membros da
igreja em Roma estava ameaçada. Isso aconteceu pelo fato de que os cristãos
maduros, já libertos do jugo do legalismo e das regrinhas caducas do judaísmo,
estavam em constante conflito com os cristãos imaturos, os quais ainda
permaneciam debaixo de pensamentos e filosofias hipócritas, mesmo tendo o
conhecimento de Deus. Enquanto o primeiro grupo entendia bem a amplitude da
liberdade cristã pela fé em Cristo Jesus e sob as leis direcionadas à Igreja de
Deus, o segundo grupo se mantinha com a consciência perturbada devido às
velhas crenças e práticas arraigadas em suas mentes. Eles simplesmente não

310
sabiam exatamente o que fazer e o que não fazer quando se deparavam com
questões frívolas da vida, tais como: “posso comer isto? Posso beber aquilo?
Posso usar isso? Posso tocar naquilo?”... etc.
Mais uma vez, com a Igreja atual não é diferente. O problema da falta de pureza
na consciência ainda insiste em corromper a Igreja de Cristo e a levar muitos a se
apostatarem da fé (uns por causa do legalismo, outros devido ao liberalismo). Ao
questionarem os assim chamados “pastores” e “líderes” a respeito do uso do
fumo, da bebida, da tatuagem e de outros hábitos alvos do farisaísmo secular, os
membros são alienados pelos mais variados tipos de respostas malucas que visam
prendê-los debaixo de um jugo cruel e inútil para a vida espiritual. Isso é tão
sério, que pessoas por toda a parte, pensando servir a Deus, se afastam de Sua lei
para dar ênfase a essas listas de regrinhas que lhe foram impostas pelo sistema
religioso com relação aos hábitos, usos e costumes que a Bíblia jamais condenou
em si mesmos.
De volta às passagens bíblicas, sabendo que os cristãos maduros entenderiam
melhor esse conflito, o apóstolo da graça direciona a eles duas ordens práticas em
relação aos imaturos – enfermos na fé: “Ora, quanto ao que está enfermo na fé,
recebei-o, não em contendas sobre dúvidas” (Romanos 14.1). Imaturos e
enfermos na fé são aqueles que vêem pecado em tudo: no comer, no beber, no
fumar, etc.
1. Recebam de forma genuína e de boa mente aos que são débeis na fé, porquanto
não estamos, agora, lidando com ímpios irredutíveis, mas com homens
claramente tardios em compreender o que vocês já compreendem. Eles são lentos
no entendimento, mas não estão regredindo, nem se apostatando. Antes, mesmo
devagar, estão crescendo em graça e conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo.
Portanto, recebamos esses queridos irmãos com amor não fingido.
2. Não entrem em contendas duvidosas com esses crentes; não os recebam com o
objetivo de discutir opiniões frívolas e inúteis para a salvação. Não entrem em
conflito envolvendo a consciência individual.
“Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas convêm; todas as
coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas edificam” (1 Coríntios 10.23).

311
Fazer greves e outras manifestações
políticas, ainda que sejam atos legais, é
uma atitude cristã?

Esta pergunta surgiu em minha mente enquanto eu acompanhava a greve dos


caminhoneiros no Brasil em 2018. Naquele ano, eu estava convicto de que, por
ser uma causa justa segundo a lei dos homens, era correto ao cristão fazer
campanhas políticas e participar de greves quando o governo não estivesse
cumprindo seu papel. Eu também levei em conta o fato de que um governo
comunista não deveria existir na terra, pois o comunismo é tão anticristo quanto
o próprio diabo. Para fazer parte de grupos rebeldes que lutam por um “mundo
melhor”, uma greve radical seria uma ótima ideia para todos. Era assim que eu
pensava. Todavia, como de costume, resolvi consultar a Bíblia, meu manual para
tudo que penso, falo e faço. Portanto, muitos não entenderão o que aqui será
exposto, visto que as influências politizadas da herética Teologia do Pacto, com
seu manual triunfalista e judaizante, tomou para si o monopólio do
denominacionalismo religioso. Ou seja, a maioria dos cristãos professos, hoje,
promove ações sociais e greves políticas a fim de tentar cristianizar o mundo,
algo que Jesus jamais ordenou à Sua Igreja. Para provar que o cristão nada tem a
ver com as coisas deste mundo nesse sentido, iremos consultar as Escrituras.
Entre as dificuldades que alguns cristãos terão para entender o que estou dizendo,
está o fato de que a maioria não entende a diferença entre Israel (nação terrenal
de Deus) e Igreja (nação celestial de Deus). Isso ocorre devido à má compreensão
de religiosos que ainda buscam legitimar suas ações com base em exemplos de
homens do Antigo Testamento que estavam destinados a interferirem nas coisas
do mundo, tanto na política como nos costumes alheios. Para um israelita isso
fazia todo o sentido porque sua esperança estava nas promessas que Deus fez
especificamente à nação de Israel, como a restauração da nação e o reinado de
mil anos de Cristo que ainda ocorrerá na terra, tendo como centro do mundo a
“menina dos olhos” de Deus – Israel. Portanto, o israelita do Antigo Testamento
era até mesmo ordenado a pegar em armas para reconquistar, por várias vezes,
sua terra prometida.
Mas, nada disso faz qualquer sentido para o cristão que entende as dispensações
da Bíblia. Nós não temos uma pátria aqui. Aqui não é o nosso lugar, nem Deus
nos prometeu nada concernente a bênçãos terrenas. Nossa cidade está nos céus.
Se por um lado era normal João Batista se intrometer na vida privada de Herodes
por ele cometer adultério ao se juntar com a esposa de seu irmão, por outro, um

312
cristão maduro tem ciência de que não deve desejar que o mundo viva segundo
os padrões estabelecidos por Deus. Isso jamais irá acontecer e Jesus deixou tudo
isso muito claro, especialmente nas epístolas. E é pelo mesmo motivo que vemos
ditos cristãos depredando templos católicos e de outras religiões pagãs mundo
afora. Tais cristãos nominais amam o mundo e as coisas do mundo, e por isso
querem, à força, transformá-lo em um lugar saudável para eles. E eles o fazem
sob as mais absurdas justificativas que jamais serão encontradas na Palavra de
Deus.

DEVEMOS ESTAR SUJEITOS ÀS AUTORIDADES


Sempre que o assunto é Sujeição, devemos ter duas coisas em mente: (1) Todos
nós estamos sujeitos a alguma autoridade: filhos aos pais, esposas aos maridos,
homens às autoridades civis e aos governantes. Porém, a lei da sujeição não para
aqui. Todas as classes supracitadas devem estar sujeitas primeiro a Deus, a
Suprema Autoridade. E é isso que o mundo não entende. (2) Nenhuma
autoridade, exceto a de Deus, é absoluta. Sendo assim, quando qualquer pessoa,
em posição de autoridade, exige de seus liderados qualquer coisa contrária à
Palavra de Deus, os cristãos tem o dever de desobedecê-la em prol da obediência
à Autoridade Suprema que é Deus.
É justamente por não entenderem a hierarquia da sujeição bíblica que muitos
ignorantes, se dizendo sábios, aplicam normas bíblicas de forma incorreta e se
tornam hereges por serem arrogantes. Você já deve ter presenciado muitas
pessoas dizendo que você não pode abandonar as tradições religiosas de seus pais
porque isso faria de você um transgressor do quinto mandamento. Se não, pelo
menos eu vivo ouvindo isso! E não adianta explicar a essas pobres almas que o
primeiro mandamento vem antes do quinto, pois a maioria delas jamais entenderá
e continuará a achar que o número 5 vem antes do 1.
Sem mais delongas, atentemo-nos para algumas passagens:
“Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há
autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele
instituídas. De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de
Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmos condenação. Porque os
magistrados não são para temor quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal.
Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a
autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme;
porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus,
vingador, para castigar o que pratica o mal. É necessário que lhe estejais

313
sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de
consciência. Por esse motivo também pagais tributos, porque são ministros de
Deus, atendendo constantemente a este serviço. Pagai a todos o que lhes é
devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito,
respeito; a quem honra, honra” (Romanos 13.1-7).
Então, aquelas velhas queixas aparecem, tais como: “Mas e se a autoridade for
má? E se os impostos forem abusivos?” A minha resposta a tal queixa é que eu
duvido bastante que você tenha vivido sob um governo pior do que o de Pilatos
ou Nero, e foi debaixo da autoridade desses governantes que estiveram o Senhor
Jesus, os apóstolos e também os cristãos da metade do século I. Contudo, o
Senhor Jesus Cristo, Criador do Universo, se submeteu aos cruéis desígnios de
Pilatos, reconhecendo que sua autoridade vinha, não dele mesmo, mas de Deus
(Jo 19.11). Portanto, um cristão genuíno deve sempre olhar para uma autoridade
– seja ela boa ou má – reconhecendo que Deus está acima dela e que foi Ele
mesmo quem a colocou ali, para Sua glória e para cumprir Seus eternos decretos.

A razão pela qual a Igreja permanece nesta posição pode ser colocada através de
pelo menos nove princípios irrevogáveis:
1 – Nós, cristãos, não pertencemos a este mundo. Somos cidadãos celestiais (Fp
3.20).
2 – Possuímos a Palavra de Deus como regra de fé e conduta. O que é certo e
errado é decidido à luz da Palavra de Deus e não dos homens (Gl 1.6-10).
3 – Somos habitados pelo Espírito Santo, o qual intercede por nós e não tem o
papel de falar de si mesmo, mas de transmitir tudo o que Cristo nos ensina por
meio da Palavra (Jo 16.13).
4 – Nosso exemplo de conduta vem do Senhor Jesus Cristo e não dos homens.
Assim, tudo o que decidimos na mente, bem como o que falamos e o que
fazemos, é com base no comportamento de Cristo (1Co 11.1).
5 – Nós, cristãos, somos livres em Cristo, mas não livres de Cristo. Somos
escravos dEle e, portanto, estamos sujeitos a Ele como nosso SENHOR (Ef 6.6).
6 – Ao mesmo tempo em que devemos estar sujeitos às autoridades humanas por
serem ministros de Deus para castigar o que faz o mal (Rm 13.1-7), também
sabemos que quando essas autoridades exigem que contrariemos as leis de
Cristo, expressas na Palavra, é nosso dever desobedecê-las em sujeição primária
a Deus. Se iremos tomar uma decisão envolvendo nossas autoridades

314
governamentais, o faremos sob a base do que a nossa autoridade máxima
(DEUS) diz, e não o inverso (2Co 10.4,5).
7 – Como cristãos genuínos, não carregamos conosco uma lista de regrinhas
medíocres e gnosticistas do tipo “pode ou não pode?”, como os pentecostais e
“testemunhas de jiová” (Cl 2.20-23).
8 – Nossa luta não é contra a carne e o sangue, mas, sim, contra os principados,
contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes
espirituais da maldade, nos lugares celestiais (Ef 6.12).
9 – Jesus nos ensina a como prosseguir diante de governos ímpios:
"E, observando-o, mandaram espias, que se fingissem justos, para o apanharem
nalguma palavra, e o entregarem à jurisdição e poder do presidente. E
perguntaram-lhe, dizendo: 'Mestre, nós sabemos que falas e ensinas bem e
retamente, e que não consideras a aparência da pessoa, mas ensinas com
verdade o caminho de Deus. É-nos lícito dar tributo a César ou não?' E,
entendendo ele a sua astúcia, disse-lhes: 'Por que me tentais? Mostrai-me uma
moeda. De quem tem a imagem e a inscrição?' E, respondendo eles, disseram:
'De César'. Disse-lhes então: 'Dai, pois, a César o que é de César, e a Deus o
que é de Deus'. E não puderam apanhá-lo em palavra alguma diante do povo; e,
maravilhados da sua resposta, calaram-se" (Lucas 20.20-26).
Portanto, cristãos que se preocupam e se envolvem no combate às injustiças da
política ainda não entenderam a sua cidadania celestial. Eles pensam que este
mundo deveria ser um lar cristão, quando, na verdade, Jesus deixou bem claro
que não temos um lar aqui, e que este mundo está com data de validade. Não há
esperança nenhuma para este mundo. Ele já está condenado. Então, eu pergunto:
Por que os ditos cristãos da atualidade se intrometem no que não é da sua conta?

É CORRETO AO CRISTÃO FAZER GREVES?


“Sujeitai-vos, pois, a toda a ordenação humana por amor do Senhor; quer ao
rei, como superior; quer aos governadores, como por ele enviados para castigo
dos malfeitores, e para louvor dos que fazem o bem. Porque assim é a vontade de
Deus, que, fazendo bem, tapeis a boca à ignorância dos homens insensatos;
como livres, e não tendo a liberdade por cobertura da malícia, mas como servos
de Deus. Honrai a todos. Amai a fraternidade. Temei a Deus. Honrai ao rei. Vós,
servos, sujeitai-vos com todo o temor aos senhores, não somente aos bons e
humanos, mas também aos maus. Porque é coisa agradável, que alguém, por
causa da consciência para com Deus, sofra agravos, padecendo injustamente.

315
Porque, que glória será essa, se, pecando, sois esbofeteados e sofreis? Mas se,
fazendo o bem, sois afligidos e o sofreis, isso é agradável a Deus. Porque para
isto sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o
exemplo, para que sigais as suas pisadas. O qual não cometeu pecado, nem na
sua boca se achou engano. O qual, quando o injuriavam, não injuriava, e
quando padecia não ameaçava, mas entregava-se àquele que julga
justamente” (1 Pedro 2.13-23).
Na vida profissional, se o cristão é autônomo, ele tem um vínculo moral com o
cliente, e se trabalha em qualquer tipo de empresa, ele cria esse mesmo vínculo
com seu patrão e se compromete a atender seus serviços de forma honesta e bem
feita. O cliente ou patrão são pessoas usadas por Deus para prover nosso sustento
– independente se o patrão é ou não um homem justo diante de Deus. Um
verdadeiro cristão, portanto, não deve de modo algum desapontá-lo ou deixar de
atendê-lo com reta justiça.
E então pessoas me convidam para uma greve (seja por impostos abusivos,
corrupções para todo lado e tudo que temos visto no país). E essa greve irá afetar
diretamente a vida daqueles que o próprio Deus instituiu para pagar meu salário,
o qual será para sustento da minha família. Sim, caro leitor, é DEUS quem
instituiu essas autoridades para colocar a comida em nossa mesa, independente se
você reclama de estar comendo somente arroz com feijão (e ainda se diz cristão).
Então eu pergunto: tal ato é justo diante da Palavra de Deus? Tudo isso está em
concórdia com a doutrina de Cristo? Cristo está comigo nessas paralisações
políticas em favor de um “mundo melhor”? É esse o objetivo de um cristão
bíblico? Foi isso que Jesus nos ordenou a fazer? Onde? Quando? Em qual
epístola?
Entenda: Se um grupo de pessoas decide promover uma greve contra seus
patrões e um cristão concorda em participar porque está insatisfeito com o seu
salário, esse cristão estará desobedecendo a Deus. Por que? Porque Deus nos
ordena que obedeçamos aos nossos patrões independentemente de qualquer
injustiça que os mesmos estejam cometendo contra nós. A menos que seu patrão
o mande fazer algo que entre em conflito com a lei de Deus, a ordem de obedecer
a autoridade constituída por Deus para seu sustento está na Bíblia e não irá sair
de lá. O que está escrito permanece.

316
COMO REAGIR DIANTE DE AUTORIDADES PERVERSAS E
INJUSTAS?
É muito comum vermos ditos cristãos se rebelarem contra as autoridades,
pensando, assim, que estão fazendo um bem maior. Essas pessoas parecem se
sentir como os super-heróis dos cinemas. Mas, será que é correto falar mal das
autoridades? Seria correto desobedecê-las por mera vingança pessoal? Será que
estamos sendo cristãos ao nos intrometermos nos negócios deste mundo? Será
que é biblicamente lícito que eu saia por aí “combatendo a carne e o sangue”,
como se eu fosse uma espécie de “Rambo”? É correto ao cristão escrever livros e
gravar vídeos com o propósito de levar as pessoas à desobediência e rebelião? Eu
estou sendo um homem fiel a Deus quando chego ao ponto de sonegar impostos
ao governo e influenciar os outros a fazerem o mesmo? A resposta para todas
essas perguntas é “não”.
Para provar este ponto, faço um desafio àqueles ditos “cristãos” que sempre
desejam fazer justiça com as próprias mãos: Tente repetir as passagens abaixo em
voz alta enquanto segura um cartaz em uma manifestação que tem efeito negativo
sobre seus senhores segundo a carne, e, ao mesmo tempo, se tiver coragem, diga
para si mesmo diante do espelho: ‘Eu sou um CRISTÃO’.
“A ninguém torneis mal por mal; procurai as coisas honestas, perante todos os
homens”(Romanos 12.14).
“Evitai que alguém dê a outrem mal por mal, mas segui sempre o bem, tanto uns
para com os outros, como para com todos” (1 Tessalonicenses 5.15).
“Não tornando mal por mal, ou injúria por injúria; antes, pelo contrário,
bendizendo; sabendo que para isto fostes chamados, para que por herança
alcanceis a bênção” (1 Pedro 3.9).
“Vós, servos, obedecei em tudo a vossos senhores segundo a carne, não servindo
só na aparência, como para agradar aos homens, mas em simplicidade de
coração, temendo a Deus. E tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração,
como ao Senhor, e não aos homens, sabendo que recebereis do Senhor o
galardão da herança, porque a Cristo, o Senhor, servis. Mas quem fizer agravo
receberá o agravo que fizer; pois não há acepção de pessoas” (Colossenses
3.22-25).
“É necessário que lhe estejais sujeitos [às autoridades], não somente por causa
do temor da punição, mas também por dever de consciência” (Romanos 13.5).
Se você é, de fato, um cristão, entenda de uma vez por todas que as dificuldades,
aflições e tribulações estarão sempre com você. Se você abrir a Bíblia e os livros
317
sobre a história dos pais da Igreja, verá que nada disso era estranho aos cristãos
primitivos. Por que? Porque eles entenderam o que Jesus disse aos seus: “No
mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo, Eu venci o mundo” (Jo 16.33).

PENA DE MORTE E LEGÍTIMA DEFESA


SEGUNDO A BÍBLIA

Na Teocracia de Israel, a Lei ordenava a pena de morte para vários atos:


Assassinato (Ex 21.12), sequestro (Ex 21.16), sexo com animais (Ex 22.19),
adultério (Lv 20.10), homossexualidade (Lv 20:13), ser um falso profeta (Dt
13.5), prostituição e estupro (Deuteronômio 22.4), e para diversos outros crimes.
Esse era um padrão governamental muito superior a todos os que já conhecemos
até hoje, visto que foi o próprio Deus quem o instituiu para o Seu povo. Assim,
muitas coisas abomináveis aos Seus olhos eram consideradas crime e punidas
com a morte ou por meio de outras punições estabelecidas pelo governo
teocrático de Israel. Todo cristão deveria desejar um governo teocrático, tal como
era no período mosaico (sob a lei de Moisés), pois ele não precisa temer as
autoridades, visto que não está em pecado, mas segue uma vida reta diante do
SENHOR (Rm 13.3-4).
No entanto, embora existissem severas punições para tais crimes (pecados), Deus
frequentemente demonstrava misericórdia quando a pena de morte era imputada.
Davi, por exemplo, cometeu adultério e homicídio, e mesmo assim Deus não
exigiu que sua vida fosse tirada (2 Sm 11.1-5, 14-17; 2 Sm 12.13).
Todavia, segundo a justiça divina de Deus, todo e qualquer pecado que nós
cometemos deveria resultar na pena de morte (Rm 6.23). Felizmente, Deus
demonstra o Seu amor por nós não nos condenando, mas dando-nos a vida
eterna, isto é, aos Seus escolhidos, perdoando-os todos os Seus pecados sem a
punição que era requerida na era patriarcal, sob a teocracia de Israel (Rm 5.8).

“NÃO MATARÁS” – O SEXTO MANDAMENTO


Encontramos no Antigo Testamento o sexto mandamento "não matarás".
Todavia, essa não é a tradução correta que a maioria das Bíblias nos apresenta. A
palavra hebraica usada no sexto mandamento é "Rasah", que significa

318
“assassinar”, "matar sem motivo” ou “matar fora da lei", e não “Harag”, que
significa “matar alguém”. Ou seja, uma melhor tradução do texto sagrado seria:
“Não assassinarás” (hebraico “Rasah”). Esse é o sentido original que o
hebraico nos apresenta nesse mandamento. Sendo assim, o sexto mandamento do
SENHOR em Ex 20.13 é “Não assassinarás”, que indica um crime e também
um pecado. Portanto, esta lei não significa a proibição de toda morte, como por
exemplo na sentença penal.
O próprio Senhor Jesus usou o termo “Rasah” em Mateus 5.17, 21,22, quando
disse:
”Não penseis que vim revogar a lei ou os profetas: não vim para revogar, vim
para cumprir... Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás (Rasah –
assassinarás); e: quem matar (assassinar) será réu de juízo (pena de morte
segundo a lei – Ex 20.13, Dt 5.17). Eu porém, vos digo que todo aquele que,
‘sem motivo’, se irar contra seu irmão estará sujeito a julgamento (pena de
morte)”. [ênfase minha].
“Rasah” é o tipo de crime ao qual a Lei está enfatizando em Mateus 5.21,22. De
acordo com esse versículo, podemos concluir que outra interpretação da Lei
seria: “Não matarás sem motivo!” (v. 22).
Sendo assim, a proibição do sexto mandamento é contra o assassinato ou a
vingança pessoal, e não uma proibição da execução penal de um criminoso pelo
governo instituído por Deus.
Quando os fariseus trouxeram a Jesus uma mulher que havia sido pega em
adultério e perguntaram a Ele se ela deveria ser apedrejada, Jesus respondeu:
“Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire a
pedra” (João 8.7). Esse versículo não deve ser usado para indicar que Jesus
rejeitava a pena de morte daquela adúltera, nem em qualquer outra situação.
Jesus estava simplesmente expondo a hipocrisia dos fariseus. Os fariseus queriam
fazer com que Jesus violasse a lei civil do Antigo Testamento. Eles realmente
não se importavam com o fato de a mulher ser apedrejada, pois a lei exigia que o
adúltero devia estar junto com a adúltera para serem ambos punidos pelo crime
(onde estava o homem que adulterou com ela?).

LEGÍTIMA DEFESA
“Se alguém derramar o sangue do homem (assassinato), pelo homem se
derramará o seu (legítima defesa e pena capital); porque Deus fez o homem
segundo a Sua imagem” (Gênesis 9.6).

319
"Se alguém matar à espada, esse alguém deve ser morto à espada (pena de
morte). Aqui está a paciência e a fé dos santos" (Apocalipse 13.10). [Grifo meu].
Matar em legítima defesa não é pecado; é cumprir a vontade de Deus. Homicida
ou assassino é aquele que intenciona tirar a vida de alguém para obter lucro ou
vantagem indevida sobre o inocente. Aquele que obsta tais iníquos age como
magistrado contra o mal. Alguém que, podendo defender a si, aos seus, ou
outrem contra o mal, não o fazendo, é cúmplice desse mal. Sua covardia em não
agir em defesa do bem o iguala ao criminoso. Somente alguém sem nenhuma
dignidade deixa de proteger o inocente para preservar o criminoso iníquo. É isso
que a Bíblia está nos ensinando.

QUEM INSTITUIU A PENA DE MORTE?


Foi Deus quem instituiu a pena de morte: “Se alguém derramar o sangue do
homem, pelo homem se derramará o seu; porque Deus fez o homem segundo a
Sua imagem” (Gênesis 9.6). Jesus concorda com a pena de morte em Apocalipse
13.9-10. Ele também demonstrou estar sujeito à lei e de acordo com a Pena de
Morte quando a mesma foi imputada a alguém (João 8.1-11).
O apóstolo Paulo definitivamente reconheceu o poder do governo para instituir a
pena de morte onde fosse apropriado (Rm 13.1-5).
Não devemos nos esquecer de que o Deus que disse “não assassinarás” é o
mesmo Deus que disse “Mate!” a Moisés, Saul, Josué e a outros de Seus servos
no Antigo Testamento.
Sim, Deus permite a pena de morte, porquanto Ele mesmo a instituiu. Mas, ao
mesmo tempo, Deus nem sempre exige a pena de morte quando ela é aplicável.

QUAL DEVERIA SER A VISÃO DE UM CRISTÃO ACERCA DA


PENA DE MORTE?
Primeiro, devemos nos lembrar de que Deus instituiu a pena de morte na Sua
Palavra. Portanto, seria presunçoso da nossa parte pensar que nós podemos
instituir um padrão mais alto que o Dele ou que nós podemos ser mais bondosos
do que Ele. Deus tem um padrão mais alto do que o de qualquer outro ser, visto
que Ele é Deus; Ele é Perfeito. Esse padrão se aplica não apenas a nós, mas a Ele
mesmo. Portanto, Ele ama em um grau infinito, tem misericórdia em um grau

320
infinito e tem ira em um grau infinito, e tudo isto se mantém em perfeito
equilíbrio.
Segundo, nós devemos reconhecer que Deus deu ao governo humano a
autoridade de determinar a pena de morte quando ela tiver que ser aplicada (Gn
9.6; Rm 13.1-7). Não é bíblico afirmar que Deus se opõe à pena de morte. Nós
não temos o direito de nos rebelar contra o governo quando este tiver de executar
os autores dos seus crimes, pois estaríamos lutando contra o próprio Deus que o
instituiu, além de estarmos desobedecendo uma autoridade posta por Deus para o
nosso bem, não para o nosso mal. É claro que, em contrapartida, os cristãos
jamais devem comemorar quando a pena de morte é empregada. O fato é que não
é bíblico ir contra a pena de morte.

● Textos básicos: Romanos 13.3-4 e Apocalipse 13.9-10:

"Porque os magistrados não são terror para as boas obras, mas para as más.
Queres tu, pois, não temer a potestade? Faze o bem, e terás louvor dela. Porque
ela é ministro de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz
debalde a espada; porque é ministro de Deus, e vingador para castigar o que faz
o mal". (Romanos 13.3-4).

"Se alguém tem ouvidos, ouça. Se alguém leva em cativeiro, em cativeiro irá; se
alguém matar à espada, necessário é que à espada seja morto. Aqui está a
paciência e a fé dos santos". (Apocalipse 13.9-10).

Gordon Clark resume essa questão da seguinte forma: “A pena de morte é


especificada tanto no Antigo Testamento (Gênesis 9.6 ª) como no Novo
Testamento (Romanos 13.4). Ela é implicada em Gênesis 4.14 e aprovada em
Atos 25.11. A pena capital é, portanto, uma parte integral da ética cristã. Esforços
contemporâneos para abolir a pena de morte procedem de uma visão não-cristã
do homem, uma teoria secular da lei criminal e uma baixa estima do valor da
vida” (Gordon Haddon Clark - Essays on ethics and Politics P.10,11).

321
CAPÍTULO 14
A ESFERA DE MINISTÉRIO DAS
MULHERES NA IGREJA

PASTORADO FEMININO?

Há muitos artigos bíblicos sobre a heresia do pastorado feminino. Essa doutrina


ímpia sempre foi muito comum em denominações pentecostais, mas conquistou
espaço nas igrejas (seitas) históricas nos últimos tempos. Os textos mais
explícitos sobre o tema na Bíblia são Atos 6.1-7; 1 Timóteo 2.11-15; 1 Coríntios
14.34-36 e 1 Coríntios 11. 2-16. Algumas dessas passagens foram analisadas
com mais profundidade nos esboços que tenho feito a fim de escrever artigos
mais complexos. O pequeno artigo que se segue é uma forma de mostrar que a
Escritura não usa meios termos e não contradiz a si mesma. A Bíblia é
determinista e não abre margens para conjecturas, culturas, costumes e épocas.
Além disso, a relação intrínseca entre a família e a Igreja mostra que aquele que é
a cabeça na família (Ef 5.21-33) também deve exercer a liderança na Igreja. As
credenciais para o “pastorado” na Igreja apostólica, assim como qualquer função
onde o papel é o ensino sobre os homens, estão prescritas em 1 Timóteo e Tito 1.
A vocação do ensino e da pregação é apenas um dos requisitos para o pastorado,
ou para o evangelista, ou para qualquer lugar onde o homem exerce seu papel de
ensinar e doutrinar. Há outros, como por exemplo, governar a própria casa e ser
M-A-R-I-D-O de uma só mulher, que não podem ser preenchidos por mulheres
cristãs, por mais dons que tenham.
Em 1 Coríntios 14.34-37, o apóstolo Paulo não usa meios termos:
“As vossas mulheres estejam caladas nas igrejas; porque não lhes é permitido
falar; mas estejam sujeitas, como também ordena a lei. E, se querem aprender
alguma coisa, interroguem em casa a seus próprios maridos; porque é
vergonhoso que as mulheres falem na igreja. Porventura saiu dentre vós a
palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós? Se alguém cuida ser profeta,
ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do
Senhor” (1 Coríntios 14.34-37).
Agora note o “Xeque-mate” da questão: Quando o apóstolo diz no verso 37: “se
alguém pensa ser espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são
322
mandamentos do Senhor” (1 Co 14.37), ele destrói o argumento relativista
daqueles que rejeitam as claras e normativas instruções de Paulo sob a base de
que elas são meramente culturais. O mandamento nessa passagem é normativo
para toda a Igreja e em toda a sua era.
Em 1 Timóteo 2.12 ele diz, peremptoriamente:
“Não permito, porém, que a mulher ensine, nem use de autoridade sobre o
marido, mas que esteja em silêncio”.
É inconcebível imaginar como Cristo poderia ter sido mais claro do que nessas
duas passagens. As mulheres são proibidas de “falar”, isto é, de “ensinar” na
igreja. O ministério de ensino na igreja, com exceção do ensino de mulher para
mulher ou de mulheres aos seus filhos, pertence aos homens (compare 1 Timóteo
3 e Tito 1). Isto não se trata de ser maior ou melhor. Se trata da lei de Deus onde
Ele estabelece papéis distintos ao homem e à mulher. Quando tal mandamento é
violado, o Espírito de Deus não tem participação nenhuma e o que sobra são
palavras advindas de filosofias humanas e discursos cheios de apelo.
"Os opressores do meu povo são crianças, e mulheres dominam sobre ele; ah,
povo meu! Os que te guiam te enganam, e destroem o caminho das tuas veredas”
(Isaías 3.12).

DÉBORA NÃO É EXEMPLO PARA A IGREJA; SARA SIM.


Em nenhum episódio bíblico vemos a mulher como pastora, como líder
espiritual. Débora, uma profetiza que julgou a Israel no período dos Juízes, foi
usada por Deus como juíza e profetisa e nunca como uma líder. Deus a usava
como profeta, para entregar ao povo a Sua Palavra, mas Débora não era
“pastora”. Baraque era quem liderava e estava no comando. Tanto que Deus usou
Débora para dizer a Baraque: "Levanta-te, pois esse é o dia que o Senhor tem
dado a Sísera nas tuas mãos; porventura, o Senhor não saiu diante de ti? Baraque,
pois, desceu do monte Tabor, e dez mil homens após ele". (Jz 4.14). Não é uma
questão de inteligência; é uma questão de uma simples leitura bíblica.
Na doutrina dos apóstolos, o exemplo que temos de mulher que serve a Deus é
Sara, e não Débora:
"... vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos; para que também,
se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas mulheres sejam ganhos
sem palavra; considerando a vossa vida casta, em temor. O enfeite delas não
seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de jóias de ouro, na compostura
dos vestidos; mas o homem encoberto no coração; no incorruptível traje de um
323
espírito manso e quieto, que é precioso diante de Deus. Porque assim se
adornavam também antigamente as santas mulheres que esperavam em Deus, e
estavam sujeitas aos seus próprios maridos; como Sara obedecia a Abraão,
chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, fazendo o bem, e não temendo
nenhum espanto" (1 Pedro 3:1-6).

O Ministério das Mulheres na Obra do


Evangelho
Muitos crentes professos não aceitam o lugar em que Deus colocou a mulher na
Igreja e pensam que esses papéis e dons deveriam ser como os dos homens. Essas
pessoas alegam que o que está restrito aos homens na obra do Evangelho, como
por exemplo o ministério do ensino da Palavra e da autoridade dentro da
congregação, depende da cultura e do tempo em que vivemos. Tais relativistas
dizem: “Hoje não precisamos seguir o que está na Bíblia; a mulher pode sim
exercer um ofício que não foi dado explicitamente pelas Escrituras Sagradas; ela
pode falar na congregação, mesmo Deus tendo dito na Bíblia que ela deve ficar
calada na Igreja e só fazer perguntas ao próprio marido em casa”.
Ora, quanto a isso, a Bíblia é explícita: “As vossas mulheres estejam caladas nas
igrejas; porque não lhes é permitido falar; mas estejam sujeitas, como também
ordena a lei. E, se querem aprender alguma coisa, interroguem em casa a seus
próprios maridos; porque é vergonhoso que as mulheres falem na igreja.
Porventura saiu dentre vós a palavra de Deus? Ou veio ela somente para vós?
Se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos
escrevo são mandamentos do Senhor” (1 Coríntios 14.34-37).
Como já fora provado aqui, com relação ao lugar da mulher na congregação dos
santos, “se alguém cuida ser profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que
vos escrevo são mandamentos do Senhor” (cf. 1 Coríntios 14.34-37). Ou seja, é
mandamento do SENHOR; não uma sugestão passível de épocas e tradições. A
Bíblia não segue nossos padrões de cultura, nem está aquém do pensamento
secular que circunda as mentes cauterizadas do sistema religioso criado pelos
homens. Não interessa o que nós achamos; o que interessa é o que a Palavra de
Deus diz.
Porém, o fato da mulher não poder exercer papel de homem, não significa que ela
não tenha o seu papel na Igreja de Deus. Muito pelo contrário: Ela tem muito a
fazer – talvez até mais do que o homem, como veremos à frente. Sendo assim,
voltemos nossos olhos para o ministério das mulheres na obra do evangelho sob a
ótica da Escritura, com base na doutrina dos apóstolos, pois é ali que está o nosso

324
sistema de doutrina, e não no Velho Testamento. Joguemos no lixo todo o
pensamento baseado em tradições humanas. Vamos, agora, procurar nos
versículos bíblicos do Novo Testamento a base para sabermos quais os papeis
que podem e devem ser desenvolvidos pelas irmãs na Igreja de Deus.
1 – As Mulheres serviam a Jesus e aos Seus discípulos no Seu Ministério:
"... andava de cidade em cidade, pregando e anunciando... e os doze iam com
Ele, e algumas mulheres, que haviam sido curadas de espíritos malignos e de
enfermidades; Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios, e
Joana, mulher de Cusa, procurador de Herodes e Suzana, e muitas outras que O
serviam com as Suas fazendas” (Lucas 8.1-3).
2 – Exercem o Ministério da Hospitalidade:
“E uma certa mulher, chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de
Tiatira, e que servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe abriu o coração para que
estivesse atenta ao que Paulo dizia. E, depois que foi batizada, ela e a sua casa,
nos rogou, dizendo: Se haveis julgado que eu seja fiel ao Senhor, entrai em
minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso” (Atos 16.14-15).
3 – Devem educar os filhos na Palavra:
“E vós, pais, não provoqueis à ira a vossos filhos, mas criai-os na doutrina e
admoestação do Senhor” (Efésios 6.4).
4 – Devem cooperar na expansão do Evangelho:
4.1 – Ensinando as outras mulheres a orarem e a tratarem das coisas divinas
com uma cobertura na cabeça, em sinal de reverência aos seus maridos e
para servir de exemplo aos anjos, os quais as observam:
“... toda a mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua
própria cabeça, porque é como se estivesse rapada (...). Portanto, a mulher deve
ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos anjos” (1 Coríntios 11.5,10).
4.2 – Servindo ao Senhor em geral:
A igreja em Roma tinha um bom grupo de cooperadoras. Paulo saúda OITO
delas no capítulo 16: Priscila, “cooperadora em Cristo” (v. 3), Maria, “que
trabalhou muito por nós” (v. 6), “Trifena e a Trifosa, as quais trabalhavam no
Senhor” (v.12a) e também “Pérside, a qual muito trabalhou no Senhor” (v.
12b). “Júlia, a Nereu e a sua irmã, e a Olimpas” (v. 15). As irmãs filipenses
eram zelosas cooperadoras de Paulo: “Rogo a Evódia, e rogo a Síntique, que
sintam o mesmo no Senhor. E peço-te também a ti, meu verdadeiro companheiro,
que ajudes essas mulheres que trabalharam comigo no evangelho, e com

325
Clemente, e com os meus outros cooperadores, cujos nomes estão no livro da
vida” (Filipenses 4.2,3).
5 – Ensinam doutrina às mulheres mais novas e lhes ensinam a como se
portarem:
“As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam sérias no seu viver, como
convém a santas, não caluniadoras, não dadas a muito vinho, mestras no bem;
para que ensinem as mulheres novas a serem prudentes, a amarem seus maridos,
a amarem seus filhos, a serem moderadas, castas, boas donas de casa, sujeitas a
seus maridos, a fim de que a palavra de Deus não seja blasfemada” (Tito 2.3-5).
Ao explicar que há um padrão de idade para que a mulher seja considerada viúva,
Paulo exorta a Igreja a observar os seguintes requisitos nas mulheres para que
sejam aceitas como sendo irmãs em Cristo. Esses requisitos estão descritos em 1
Timóteo 5.9-10:
• Mulher de um só marido, pois o casamento só acaba com a morte de um dos
cônjuges (conferir o capítulo 5 – Casamento, Divórcio e Novas Núpcias),
• Tendo testemunho de boas obras,
• Se criou os filhos (Educação bíblica, disciplina, etc),
• Se exercitou hospitalidade,
• Se lavou os pés aos santos,
• Se socorreu os aflitos,
• Se praticou toda a boa obra.
6 – Devem ser caridosas:
“E havia em Jope uma discípula chamada Tabita, que traduzido se diz Dorcas.
Esta estava cheia de boas obras e esmolas que fazia” (Atos 9.36).
7 – Devem ter pudor e modéstia; sua vestimenta deve ser a boa obra e não a
sensualidade; elas jamais devem ser sensuais:
“... as mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com
tranças, ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos, mas (como convém a
mulheres que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras” (1 Timóteo
2.9,10).
8 – Devem dar testemunho prático de suas boas obras:
“Tendo testemunho de boas obras: Se criou os filhos, se exercitou hospitalidade,
se lavou os pés aos santos, se socorreu os aflitos, se praticou toda a boa obra”
(1 Timóteo 5.10).
9 – Devem instruir as mulheres mais novas na sã doutrina dos apóstolos:

326
As irmãs experientes possuem a responsabilidade de serem "Mães na Fé" para
instruir as mais novas. Mulheres novas, vindas do paganismo em Éfeso, Creta e
outros lugares na época em que Paulo escreveu a Tito, precisavam da melhor
instrução possível para uma vida cristã exemplar. Essa necessidade é a mesma
hoje! O campo de ensino das mulheres para com suas irmãs compreende todos os
níveis e aspectos da vida. Com isso em mente, temos DOZE requisitos que
estipulam as regras que compõem a ortopraxia impecável da mulher cristã:
“As mulheres idosas, semelhantemente, que sejam (1) sérias no seu viver, como
convém a (2) santas, (3) não caluniadoras, (4) não dadas a muito vinho, (5)
mestras no bem; para que ensinem as mulheres novas a serem (6) prudentes, (7)
a amarem seus maridos, (8) a amarem seus filhos, a serem (9) moderadas, (10)
castas, (11) boas donas de casa, (12) sujeitas a seus maridos, a fim de que a
palavra de Deus não seja blasfemada” (Tito 2.3-5).
Perceba o que a Bíblia está dizendo: A Palavra de Deus está sendo blasfemada
quando qualquer uma dessas exigências são descumpridas pela mulher cristã.
Isso indica, inexoravelmente, que as normas aqui estabelecidas não se tratam de
cultura e época, mas de um princípio imutável para toda a era da Igreja de Deus.
Nessa passagem (Tt 2.3-5) encontramos os principais deveres da mulher no
Reino de Deus: Deveres sociais, conjugais, diários, domésticos, educadores e
pedagogos.
10 – Em 1 Pedro 3.1-6 encontramos mais um compêndio de regras para que
as mulheres cristãs sejam exemplos de conduta, servindo de testemunho
prático da vida cristã de uma mulher que serve a Deus.
“Semelhantemente, vós, mulheres, sede sujeitas aos vossos próprios maridos;
para que também, se alguns não obedecem à palavra, pelo porte de suas
mulheres sejam ganhos sem palavra; considerando a vossa vida casta, em
temor. O enfeite delas não seja o exterior, no frisado dos cabelos, no uso de
jóias de ouro, na compostura dos vestidos; mas o homem encoberto no coração;
no incorruptível traje de um espírito manso e quieto, que é precioso diante de
Deus. Porque assim se adornavam também antigamente as santas mulheres que
esperavam em Deus, e estavam sujeitas aos seus próprios maridos; como Sara
obedecia a Abraão, chamando-lhe senhor; da qual vós sois filhas, fazendo o
bem, e não temendo nenhum espanto” (1 Pedro 3.1-6).
A passagem de 1 Pedro 3.1-6 nos ensina que:
• A mulher cristã está sempre sujeita ao seu marido;
• A mulher cristã não ganha o marido com palavras. Ela ganha seu marido com o
seu modo de se comportar, SEM usar palavra alguma.
• A mulher cristã é casta (Tem pureza de alma e de corpo, é recatada, se veste
327
com pudor e modéstia).
• A mulher cristã é temente a Deus.
• A mulher cristã não se preocupa com o enfeite externo, mas sim com o interno
– “que é o seu marido encoberto no coração; no incorruptível traje de um espírito
manso”. Essa é a preocupação dela.
• A mulher cristã se espelha nas santas mulheres antigas, que assim se adornavam
no espírito.
• A mulher cristã se apoia no exemplo de Sara, a qual obedecia a seu marido
Abraão, chamando-lhe de senhor.
• A mulher cristã faz o bem e não o mal.
• A mulher cristã não teme nenhum espanto, pois confia no Seu Senhor.
11 – Servem na obra da Oração:
“... se alguma mulher tem marido descrente, e ele consente em habitar com ela,
não o deixe. Porque o marido descrente é santificado pela mulher; e a mulher
descrente é santificada pelo marido; de outra sorte os vossos filhos seriam
imundos; mas agora são santos” (1 Coríntios 7.13,14).
“Todos estes perseveravam unanimemente em oração e súplicas, com as
mulheres, e Maria mãe de Jesus, e com seus irmãos” (Atos 1.14).
“E, considerando ele nisto, foi à casa de Maria, mãe de João, que tinha por
sobrenome Marcos, onde muitos estavam reunidos e oravam” (Atos 12.12).
Embora a mulher não tenha autoridade para exercer nenhuma autoridade sobre o
homem, seja na congregação ou no lar, ela possui muitos dons dados por Deus
para serem exercidos na Igreja. Assim como os homens, toda mulher tem um
dom que precisa ser identificado e colocado em prática, para a edificação do
Corpo de Cristo. Diferentemente do negativismo e do feminismo criados por
tradições e interpretações estapafúrdias das mulheres rebeldes e perniciosas que
temos visto por aí, a mulher cristã tem muito a fazer pelo Reino de Deus.

328
UM CHAMADO DE DEUS
ÀS ESPOSAS E MÃES

Eu quero iniciar esta pequena exortação com um trecho do livro "A Mulher
Puritana", de David Lipsy. O autor descreve os puritanos do século XVII da
seguinte forma:

“Talvez alguém possa responder que algumas esposas e mães são também, ao
mesmo tempo, mulheres com profissão de tempo integral. A puritana típica
(cristã), com uma mistura de grave preocupação e suave espanto, perguntaria em
resposta: ‘Como seria possível que cristãos, de todos os povos, ousassem revirar
a ordenança da própria criação de Deus e Seus planos para as mulheres de cabeça
para baixo, pedindo-lhes que sacrifiquem um tempo precioso e energia de seus
chamados primários dados por Deus e desviá-las para fazer aquilo que Deus dá
normalmente para os homens?”.
Depois de ensinar como mulheres não casadas deviam trabalhar para seu próprio
sustento, John James comenta que “no casamento... o marido deve ganhar com o
suor de seu rosto, não apenas seu próprio pão, mas o de sua família”. Na
sociedade puritana era bem-estabelecido que um dos deveres fundamentais do
homem no casamento era prover sua esposa e família com roupas e alimento
adequados. Para ele, pedir que sua esposa faça isso, exceto em circunstâncias que
o privem de assim o fazer, era considerado paganismo. A justiça até mesmo
reconhecia este sustento como parte essencial de dívida à mulher como virtude
do casamento.
É possível, amigos, que nós realmente precisemos considerar se de fato estamos
prestando atenção suficiente, tanto em casa como nos círculos da igreja como um
todo, ao tipo e quantidade de preparação que nossas moças recebem para aquele
chamado que a maioria delas um dia ocuparão: aquele de esposa e mãe? Nossas
escolas estão fazendo isso? Elas fazem isso o bastante? Como pais, nós estamos
impingindo em nossas moças e senhoras uma alta consideração para com o
abençoado lugar que Deus designou para a maioria das mulheres: o de esposa e
mãe?” (A Mulher Puritana – David Lipsy).

O principal motivo pelo qual as mulheres casadas e mães não podem optar por
terceirizar seu ministério familiar é a Lei da Criação. A lei da criação não pode

329
ser rejeitada como limitada culturalmente. Isso seria um enorme relativismo
teológico e uma genuína blasfêmia contra Deus e Suas ordens para a Igreja.
Para provar este ponto, lembremo-nos de como o Novo Testamento faz
referências à ordem criada quando lidando com muitos outros aspectos além
deste. Por exemplo, a homossexualidade não está em harmonia com a vontade de
Deus porque é “contrária à natureza humana” (Rm 1.26); ou seja, esta prática
viola o que Deus pretendia quando fez seres humanos macho e fêmea – homem e
mulher (Gn 1.26-27). Semelhantemente, Cristo ensina que o divórcio e o
adultério do novo matrimônio com terceiros não são de procedência divina desde
que, na criação, Deus tenha feito um homem e uma mulher para que “ambos
sejam uma só carne até que a morte os separe”, significando que o divórcio e o
segundo casamento de divorciados são expressamente proibidos por Deus com
base na lei da criação (Gn 2.24; Rm 7.2,3; Mt 19.3-12 – Confira o cap. 5). Um
terceiro exemplo é que toda comida deve ser recebida com ação de graças desde
que o mesmo seja um dom da mão criadora de Deus (1Tm 4.3-5).
Tudo isso concorda com o que descobrimos sobre casamento e/ou família no
Novo Testamento. Os esposos possuem a responsabilidade inicial da liderança e
as esposas são chamadas a submeterem-se à liderança de seus esposos (Ef 5.22-
33; Cl 3.18-19; 1Pe 3.1-7). O chamado à submissão para a esposa não está
fundamentado em meras normas culturais, pois ela é chamada a submeter-se a
seu esposo assim como a Igreja é chamada a submeter-se a Cristo (Ef 5.22-24).
Paulo designa o casamento como um “mistério” (Ef 5.32), e este mistério é que
o casamento reflete o relacionamento de Cristo com a Igreja, não deixando
qualquer espaço para os que relativizam o evangelho a fim de argumentar que o
ministério da mulher seja algo cultural e transitório.
É crucial observar que um papel diferente para as mulheres não significa a
inferioridade delas. Homens e mulheres foram igualmente criados à imagem de
Deus (Gn 1.26-27). Eles têm igual acesso à salvação em Cristo (Gl 3.28) e,
juntos, são herdeiros da grandiosa salvação que é nossa em Jesus Cristo (1Pe
3.7). Os escritores bíblicos não lançam calúnias sobre a dignidade, inteligência e
personalidade das mulheres. Vemos isso ainda mais claramente quando
reconhecemos que, assim como Cristo submete-se ao Pai (1Co 15.28), as esposas
devem em tudo submeter-se aos seus esposos (Ef 5.24), educarem seus filhos
segundo a sã doutrina de Cristo (Dt 6.6,7; Pv 22.6; Ef 6.4; 2Co 12.14b) e
dedicarem tempo integral ao seu lar, a fim de que a Palavra de Deus não seja
blasfemada (Tt 2.5).
Portanto, mulher, se você foi chamada para ser Esposa e Mãe, não se rebaixe a
ponto de ser rainha em qualquer lugar do mundo. Se as mulheres do mundo

330
vituperam sua missão e debocham de sua divina carreira, lembre-se que este é o
sinal de que o Criador dos céus e da terra está com você e não com as mulheres
do mundo, porque do mundo são (1Jo 4.5); e você não é do mundo, assim como
Cristo também não é (João 17.16).

EXORTAÇÃO ÀS MAMÃES CRISTÃS

Se seu filho estivesse com câncer terminal, o que você faria? Você
provavelmente deixaria o emprego profissional, se colocaria ao lado dele em
tempo integral e não perderia sequer um segundo do tempo que lhe resta com ele;
e você mesma prepararia o REMÉDIO diário para mantê-lo são e consciente
enquanto fosse possível, e certamente daria início a ORAÇÕES ininterruptas
para que Deus o salvasse das tormentas daquela dor. Acertei?
Pois bem, o fato é que você negligencia algo infinitamente mais importante do
que a saúde física de seu filho. Está a condená-lo a um sofrimento terrivelmente
maior do que um simples câncer, e, se você recebeu filhos de Deus para cuidar e
um LAR para governar, você não tem o direito de revirar as normas da Escritura
de cabeça para baixo no intuito de satisfazer seus desejos profissionais e alcançar
interesses próprios. Você não tem o direito de jogar no lixo as leis estabelecidas
por Deus à mulher casada e mãe. Você está condenando seu filho ao inferno
quando abre mão de sua responsabilidade de dedicar-se à doutrinação bíblica
integral de sua prole. Sob pretextos mundanos e com base em suas necessidades
financeiras, você lança seu pequenino em uma creche ou nas mãos de parentes
como se a soberania de Deus estivesse debaixo das suas necessidades terrenas.
Seja lá quem mais for o indivíduo ao qual você confiou "a herança que Deus lhe
deu" (Sl 127.3), você prestará contas pela alma de seu filho um dia, o qual lhe foi
concedido para ser educado, disciplinado e encaminhado por você e por mais
ninguém.
Seu filho não nasceu com câncer. Ele nasceu MORTO (Rm 3). E para ter vida ele
necessita de alimento espiritual (Doutrina Bíblica), remédio (Cristo), oração
incessante e atenção multiplicada. E esta responsabilidade foi dada aos pais, não
às creches, escolas, parentes ou amigos. Seu filho caminha a passos largos para o
inferno enquanto você relativiza as Escrituras e diz: "As mães dos tempos
bíblicos viveram em outra cultura e em outra época". Não, as mães bíblicas
viveram na mesma cultura sórdida que você; porém, não trataram a Palavra de

331
Deus como algo mutável e ultrapassado, mas sim como princípios imutáveis,
santos, perfeitos e eternos.
Alguém poderia perguntar: “Mas como sustentaremos nossos filhos se não
trabalharmos fora de casa?”. A resposta para isso está em Salmos 127:
“Se o SENHOR não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam; se o
SENHOR não guardar a cidade, em vão vigia a sentinela. Inútil vos será
levantar de madrugada, repousar tarde, comer o pão de dores, pois é o
SENHOR quem dá o sustento aos Seus, ainda que estejam dormindo. Eis que os
filhos são herança do Senhor, e o fruto do ventre o seu galardão. Como flechas
na mão de um homem poderoso, assim são os filhos que um homem tem na sua
juventude. Bem-aventurado o homem que enche deles a sua aljava; não serão
confundidos, mas falarão com os seus inimigos à porta” (Salmos 127.1-5).
Você confia de fato nessas palavras? Você é uma cristã? Você crê no que Deus
diz acerca do sustento que Ele dá aos que Lhe pertencem? Não espere ouvir essas
palavras nas ditas “igrejas” atuais. Talvez alguém tenha a sorte de ouvi-las e
acatá-las em uma congregação pequena, onde os anciãos prezem pela pregação
pura da Palavra de Deus e conservem suas ovelhas na Sã Doutrina dos
Apóstolos. Todavia, eu não contaria com isso nos dias tenebrosos em que
vivemos, exceto ao considerar o remanescente da Igreja que já entendeu a ordem
de Deus de como congregar ao Seu nome e não em instituições religiosas que se
dizem “igrejas” (cf. cap. 1 – artigo: “O que é a Igreja?”). Raramente você ouvirá
de um “pastor” moderno que você, ao deixar os filhos aos cuidados do Estado ou
de outras pessoas para fazer aquilo que foi destinado aos pais, está em pecado. A
maioria dos ditos “pastores” e outros tipos de líderes de hoje não têm
consideração para com o abençoado lugar que Deus designou para a maioria das
mulheres: o de ESPOSA e MÃE. Mas a Palavra continua viva e mais cortante
que uma espada de dois gumes (Hb 4.12).
Isto é uma ORDEM e não uma sugestão:
"Quero, pois, que as que são moças se casem, gerem filhos, governem a casa, e
não dêem ocasião ao adversário de maldizer; porque já algumas se desviaram,
seguindo à Satanás. Se algum crente ou alguma crente tem viúvas, socorra-as, e
não se sobrecarregue a igreja, para que se possam sustentar as que deveras são
viúvas" (1 Timóteo 5.14-16).
“Assim, poderão orientar as mulheres mais jovens a amarem seus maridos e
seus filhos, a serem prudentes e puras, a estarem ocupadas em casa, e a serem
bondosas e sujeitas a seus maridos, a fim de que a Palavra de Deus não seja
blasfemada” (Tito 2.4-5).

332
As passagens acima nos ensinam que quando uma esposa, seja ela mãe ou estéril,
desobedece a tais mandamentos, ela se torna blasfema e contrária à Palavra de
Deus. Ela faz tropeçar milhares de jovens que a observam. E isso é algo que a
maioria dos cristãos professos da atualidade jamais irá entender.
Sei que palavras como essas se encontram na contramão do Sistema. Ora, se
estivesse de acordo com os pensamentos e filosofias do mundo, não seria o
Evangelho. Todavia, o futuro de nossos filhos dirá quem está com a razão. Não
tenho medo de afirmar que vale muito mais um filho equilibrado e crente diante
das dificuldades financeiras (ainda que passemos fome) do que uma vida farta
com o filho desequilibrado e longe do Senhor.
Um pregador certa vez disse: "Se por um lado essa geração tem sofrido com
homens omissos, que deixaram de ser machos em virtude da lobotomia sofrida
pelo marxismo cultural, por outro, encontramos a masculinização das mulheres,
que em nome de uma pseudo-liberdade abandonaram a doçura e a feminilidade,
tão necessárias à educação dos filhos". É exatamente essa a nossa realidade.
A mulher profissional é completamente incompatível com a mulher que faz
profissão de esposa e mãe. A mulher solteira pode (e deve) trabalhar pelo seu
sustento e buscar sua autonomia profissional e outras necessidades que, para uma
casada e mãe, são tarefas secundárias que não devem tomar sequer um segundo
de seu ministério - o de ESPOSA e MÃE.
A ESPOSA e MÃE de um Lar tem como principal papel a árdua tarefa de formar
cidadãos espirituais – verdadeiramente servos do Altíssimo – e inaugurar o Reino
de DEUS em seu lar; tarefa esta que, sob a lei da criação, tem um valor
infinitamente superior ao do profissionalismo terreno. O marido é o líder e
provedor do lar. A esposa é a governanta desse lar. O marido trabalha para prover
alimento e vestes decentes à esposa e filhos. A mulher trabalha para manter a
ordem e educação dos filhos quando o marido está fora ou à trabalho. Esta é a
ordem natural de DEUS para a Família. Os bons frutos de um lar que assim
procede são nítidos e claros como o meio-dia. O resultado desse procedimento
santo é a estupenda presença do Espírito de Deus e a formação impecável do
caráter dos filhos, levando-os a uma conduta irrepreensível diante dos pagãos.
Seu filho(a) nasceu morto(a) em delitos e pecados (Rm 3). A pergunta é: O que
você fará a respeito disso? Você serve a Deus ou a si mesma? A resposta para
esta pergunta estará na sua reação ao ler este texto.

333
O USO DO VÉU

Este é, sem dúvida, um dos mandamentos mais desobedecidos e negligenciados


na cristandade professa atual: o uso do véu para as mulheres. Seu uso vai além
do culto público. Embora a Palavra de Deus não especifique o momento exato
onde a mulher deva usar o véu em sua cabeça, não temos autoridade para afirmar
que esta ordem se aplique apenas às reuniões da assembleia. Seu uso é mais
amplo. Sua aplicação se estende a qualquer lugar onde a Palavra de Deus esteja
sendo estudada ou quando a mulher estiver em oração, seja em reuniões públicas
ou em particular.

QUAL A RAZÃO DE SE COBRIR A CABEÇA?


Não são poucas as pessoas que perguntam: "Por que Deus iria querer e ordenar
que as mulheres cristãs cobrissem a cabeça? Qual a utilidade disso?". A própria
Bíblia responde: "Por causa dos anjos" (1Co 11.10). Deus não apenas nos dá a
ordem, como também explica a razão. No verso 10 é dito que a razão é “por
causa dos anjos” que as observam. Por não trazerem sobre a cabeça o sinal de
poderio, o qual os anjos observam, as mulheres que não cobrem a cabeça quando
oram ou tratam das questões de Deus estão desonrando os homens aos quais
deveriam estar sujeitas, e fazem isso diante das potestades celestiais que
deveriam estar aprendendo por meio da Igreja (Efésios 3.10).
Se fizermos essas mesmas perguntas a um “teólogo”, ele certamente responderá
que a passagem foi escrita por causa dos costumes, do lugar, da época, das
prostitutas que tinham cabeça rapada, da “aversão de Paulo por mulheres” (essa é
até engraçada) e outras explicações espúrias que você certamente já conhece.
Mas, se perguntarmos à Palavra de Deus, veremos a resposta no próprio
versículo. "Por causa dos anjos". Anjos não seguem a moda, cultura ou
costumes; e os anjos não mudaram desde então, embora essas coisas tenham
mudado em nossa sociedade.
Deus estabeleceu uma ordem clara ao Seu povo. Homens e mulheres cristãs não
podem, de maneira alguma, negligenciar tal mandamento, pois se trata de um
mandamento – uma norma claramente estabelecida à Igreja. É muito importante
que observemos todo o contexto da passagem que trata da questão do uso do véu,
pois assim saberemos por que essa ordem se encontra ali e entenderemos a razão
de ser uma norma para toda a era da Igreja:

334
“Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de todo o homem, e o homem a
cabeça da mulher; e Deus a cabeça de Cristo. Todo o homem que ora ou
profetiza, tendo a cabeça coberta, desonra a sua própria cabeça. Mas toda a
mulher que ora ou profetiza com a cabeça descoberta, desonra a sua própria
cabeça, porque é como se estivesse rapada. Portanto, se a mulher não se cobre
com véu, tosquie-se também. Mas, se para a mulher é coisa indecente tosquiar-se
ou rapar-se, que ponha o véu. O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque
é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do homem. Porque o
homem não provém da mulher, mas a mulher do homem. Porque também o
homem não foi criado por causa da mulher, mas a mulher por causa do homem.
Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos
anjos. Todavia, nem o homem é sem a mulher, nem a mulher sem o homem, no
Senhor. Porque, como a mulher provém do homem, assim também o homem
provém da mulher, mas tudo vem de Deus. Julgai entre vós mesmos: é decente
que a mulher ore a Deus descoberta? Ou não vos ensina a mesma natureza que é
desonra para o homem ter cabelo crescido? Mas ter a mulher cabelo crescido
lhe é honroso, porque o cabelo lhe foi dado em lugar de véu” (1 Coríntios 11.3-
15).
Dentro da ordem que Deus estabeleceu, o homem que cobre a cabeça quando ora
desonra sua cabeça, que é Cristo. A mulher que não cobre sua cabeça quando ora
desonra sua cabeça que é o homem (1Co 11.3-5). O homem é a glória de Deus e
a mulher é a glória do homem.

Bruce Anstey explica da seguinte forma:


“O ato de descobrir a cabeça por parte dos irmãos e o de cobrir a cabeça por parte
das irmãs são demonstrações dos princípios envolvidos na confissão cristã. O
Apóstolo mostra no início do capítulo que no cristianismo a cabeça do homem
representa Cristo. Paulo diz: "Mas quero que saibais que Cristo é a cabeça de
todo o homem, e o homem a cabeça da mulher; e Deus a cabeça de
Cristo" (1Co 11.3). Em seguida ele mostra que, por esta razão, os irmãos devem
descobrir a cabeça quando tratam das coisas divinas. Ao fazerem assim eles
reconhecem que toda glória pertence a Cristo. Trata-se de um ato deliberado de
testemunho da parte dos irmãos, e reflete nosso desejo de conceder toda glória a
Cristo, nossa Cabeça viva no céu. Paulo diz: "O homem, pois, não deve cobrir a
cabeça, porque é a imagem e glória de Deus, mas a mulher é a glória do
homem" (1Co 11.7). Esta atitude glorifica a Cristo e deve ser feita tendo isto em
vista.

335
Por outro lado, no cristianismo a mulher representa a glória do homem. Ali
diz: "O homem, pois, não deve cobrir a cabeça, porque é a imagem e glória de
Deus, mas a mulher é a glória do homem. Porque o homem não provém da
mulher, mas a mulher do homem. Porque também o homem não foi criado por
causa da mulher, mas a mulher por causa do homem. Portanto, a mulher deve
ter sobre a cabeça sinal de poderio [autoridade], por causa dos anjos" (1Co
11.7-10). O cabelo da mulher é um sinal da glória natural do primeiro homem. O
cabelo é seu véu permanente de beleza e glória (1Co 11.15). O apóstolo ensina
que o cabelo da mulher deve ser coberto quando estiverem sendo tratadas as
coisas divinas, por causa do que o cabelo representa. Quando as irmãs usam uma
cobertura na cabeça, elas estão proclamando o fato de que não reconhecemos o
primeiro homem como tendo qualquer lugar no cristianismo. Trata-se de uma
confissão de que o homem e sua glória não têm lugar nas coisas divinas” (Bruce
Anstey – “A Ordem de Deus”).

Por meio desse ensino, a Escritura nos mostra que os cristãos são um
espetáculo divinamente preparado: Os anjos estão aprendendo a sabedoria de
Deus em Seu agir entre os cristãos na terra (1Co 4.9; Ef 3.10).
Essa é a beleza do cristianismo: Temos um "culto racional" (Rm 12.1). Quando
entendemos a razão de Deus nos dar uma ordem, nossa obrigação é obedecer a
Sua Palavra, e podemos fazer isso de forma inteligente e com um propósito. Isso
se contrapõe completamente ao culto que era oferecido pelos judeus sob a Lei; os
israelitas não entendiam muito daquilo que faziam em seu culto a Deus.

DOIS ARGUMENTOS USADOS PARA NÃO SE USAR O VÉU


1 – "Cobrir a cabeça era um costume cultural antigo que não deve ser
considerado hoje!"
A Bíblia deixa claro que as coisas que Paulo ensinou em relação ao uso do véu
pela mulher não foram reveladas exclusivamente aos Coríntios, mas sim para
serem praticadas "em todo o lugar" (1Co 1.2). A maioria dos cristãos hoje não
segue esse preceito, geralmente alegando questões culturais. O problema de
analisarmos o que nos é ordenado nas epístolas dos apóstolos tendo em vista a
cultura, época e situação de cada um acaba por levar a Igreja ao pecado em outras
questões, sendo algumas delas muito mais graves. Por exemplo, vemos que em
nossa época fica cada vez mais comum coisas como a “prostituição” (sexo fora
do casamento) e a homossexualidade. Ambas as coisas são pecados, mas entram

336
em nosso meio através do mesmo subterfúgio usado pelos relativistas que alegam
que o uso do véu é uma questão de cultura, circunstância e/ou época.
Em 1 Coríntios 11, ao falar do véu ou cobertura da cabeça da mulher quando ela
ora ou “profetiza” (fala das coisas de Deus), a Bíblia diz:
"Portanto, a mulher deve ter sobre a cabeça sinal de poderio, por causa dos
anjos” (1 Coríntios 11,10).
Fica claro que a Bíblia não diz que essa ordem seria somente para a época dos
apóstolos. Se essas coisas fossem apenas para aquela época, ficaria difícil para
um “teólogo relativista” explicar a razão pela qual a Igreja observou esse
mandamento – de cobrir a cabeça – desde o princípio até cerca de 50 anos atrás.
São 1900 anos! Será que a Igreja agiu de maneira errada todo esse tempo?

2 – “Mas o cabelo da mulher é o seu véu!"


Esse é outro argumento estúpido por parte daqueles que se rebelam contra a
ordem clara do SENHOR a fim de descartar o uso do véu pela mulher. No verso
15 da passagem é dito que “ter a mulher cabelo crescido lhe é honroso, porque o
cabelo lhe foi dado em lugar de véu". Com base nesse único versículo, eles
alegam que a mulher já estaria cumprindo com o mandamento do uso do véu se
ela possuir cabelos longos, pois, conforme a interpretação desses, os seus cabelos
já estariam funcionando como um véu em sua cabeça. Grande engano!
Não obstante, isso não tem nada a ver com o que o apóstolo está dizendo na
respectiva passagem. Nesse verso são mencionadas duas coberturas, e não
somente uma. Paulo propositalmente usa duas palavras diferentes para distinguir
as duas coisas. Infelizmente, na maioria das traduções isso não está indicado, e,
por essa razão, o leitor acaba concluindo, muitas vezes de forma sincera, que o
cabelo é uma cobertura suficiente para a mulher. Mais uma vez teremos que
recorrer ao idioma original em que o Novo Testamento foi escrito para
entendermos melhor esses detalhes.

DUAS PALAVRAS-CHAVES
No grego koiné, que é a tradução original do Novo Testamento, a palavra
"cobrir", nos versículos 4 a 6, é diferente da palavra usada no versículo 15. No
versículo 15 a palavra original é “peribolaiou” e indica o cabelo enrolado em
torno da cabeça. Na linguagem moderna seria o equivalente a um penteado ou

337
algo semelhante. Portanto, o cabelo da mulher é um véu (ou cobertura) de glória
e beleza que a natureza lhe concedeu.
Todavia, a palavra que aparece do verso 4 ao 6 não é “peribolaiou”, e sim
“katakalupo”, que indica uma cobertura artificial para o cabelo – algo como um
chapéu, lenço etc. É por essa razão que não existe fundamento para a ideia de que
a mulher não precisa usar uma cobertura sobre a cabeça quando ora ou trata das
questões de Deus, seja em público ou em particular.
Alguns argumentos são levantados por pessoas sinceras e outros são levantados
por pessoas que querem fazer a sua própria vontade; e são exatamente esses
argumentos (do segundo grupo) que acabam se mostrando ridículos a tal ponto
que nem mesmo merecem ser levados a sério. A ideia de que o próprio cabelo da
mulher satisfaz a ordem de cobri-lo é um exemplo disso. Se o cabelo é a
cobertura a qual a passagem se refere, então os homens também trariam, por
natureza, uma cobertura, pois eles têm cabelo tanto quanto as mulheres!
Para dificultar ainda mais a coisa, vale uma pergunta que deixará qualquer
“metido à teólogo” de cabelo em pé: Se o cabelo das irmãs já representa, por si
mesmo, a cobertura para a cabeça em 1 Coríntios 11, como poderiam os irmãos
orarem e profetizarem em obediência à Palavra de Deus se estiverem impedidos
de ministrar a Palavra com a cabeça coberta? (1Co 11.4). Será que Paulo
desejava que todos os irmãos que ministram a Palavra na reunião tivessem a
cabeça raspada? É óbvio que aqueles dentre os opositores do “uso do véu” que
forem sinceros dirão que isso não faz qualquer sentido. Mas aqueles que se
mostram irredutíveis diante da ordem de Deus irão ranger seus dentes e não
darão o braço a torcer, embora não possuam nada para argumentar, senão os
velhos xingamentos de sempre. Que tal mais uma pergunta para os embaraçar
ainda mais? Se os opositores do “uso do véu” acreditam que o cabelo seja um
véu, por que não raspam a cabeça? Eu nunca presenciei sequer um grupo de
cristãos que faça isso. Evidentemente, não é de cabelo natural que a passagem
está tratando ao falar do véu.

"LEVANDO O SEU VITUPÉRIO"


Ao observarmos na Bíblia o lugar e ministério das irmãs na Igreja, tendo em vista
o declínio do testemunho cristão nos últimos dias, fica bastante óbvio que a
recusa das mulheres em aceitar o lugar que Deus lhes designou é apenas mais
uma evidência do grande abandono da verdade por parte da Igreja. Jesus nunca
disse que a Igreja se tornaria uma religião oficial no mundo e que este mundo
seria um lugar genuinamente cristianizado. Como já fora tratado no capítulo 1

338
deste livro, onde falamos sobre a Igreja e a falha em seu testemunho, a história é
bem diferente de acordo com a Escritura. O testemunho da Igreja falhou, assim
como aconteceu com Israel na antiga dispensação.
O problema disso – e de muitos outros assuntos que tratamos neste livro – é que
os cristãos não querem levar o vitupério ou a vergonha que está associada à
prática do cristianismo bíblico. Como consequência, eles inventam todo tipo de
desculpas para não seguirem as simples ordens da Palavra de Deus, as quais, em
sua maioria, não precisam que um “expert” em hebraico ou grego interprete para
nós.
Aqueles que atenderem à exortação "saiamos, pois, a Ele fora do arraial" irão
levar "Seu vitupério", "vergonha", "rejeição" (Hb 13.13). Não há como
escapar disso; não há atalhos para seguir a Cristo do modo como está
expressamente ordenado na Santa Escritura. O cristianismo normal é assim.
Devemos, por temor e tremor diante de Deus, estar preparados para aceitar e nos
submetermos aos Seus mandamentos. Se por um lado podemos ser
envergonhados por causa do nome do Senhor Jesus, por outro teremos também
um senso de Sua aprovação em nossa alma. Isso porque existe um gozo na senda
de se fazer a vontade de Deus, gozo este que só é conhecido daqueles que
caminham nela: "Deleito-me em fazer a Tua vontade, ó Deus meu" (Sl 40.8; Jr
15.16).

O COSTUME ERA DE NÃO SER CONTENCIOSO OU DE NÃO


COBRIR A CABEÇA?

"Se alguém quiser ser contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de
Deus" (1 Coríntios 11.16).

Maior parte dos cristãos professos hoje lê os versos sobre a mulher cobrir a
cabeça (e o homem descobrir) quando ora ou fala da Palavra de Deus, e não
concorda, concluindo erroneamente que as igrejas de Deus da era apostólica não
tinham esse costume de as mulheres cobrirem a cabeça (e os homens
descobrirem).
Mario Persona comenta sobre essa confusão interpretativa:

339
“Essas pessoas olham para 1 Coríntios 11.16 e pensam que a palavra "costume"
se refere a cobrir (ou descobrir) a cabeça. Ali diz: "Mas, se alguém quiser ser
contencioso, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus". É fácil
perceber a que "costume" Paulo se referia se você trocar a expressão "ser
contencioso" por "cuspir no prato". Então ficaria assim: "Se alguém quiser cuspir
no prato, nós não temos tal costume, nem as igrejas de Deus". De que "costume"
então o apóstolo estaria falando? De homens não cobrirem a cabeça e mulheres
cobrirem, ou de "ser contencioso"?
O mesmo apóstolo Paulo, chamado de machista por alguns, escreveu:
"Assim, pois, amados meus, como sempre obedecestes, não só na minha
presença, porém, MUITO MAIS AGORA NA MINHA AUSÊNCIA, desenvolvei a
vossa salvação com temor e tremor; porque Deus é quem efetua em vós tanto o
querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade. Fazei tudo sem
murmurações NEM CONTENDAS, para que vos torneis irrepreensíveis e
sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e
corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, preservando a palavra
da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem
me esforcei inutilmente” (Fp 2:12-16).
Nesta passagem é possível ver seu uso da palavra "contendas" associado à não
obediência da doutrina que lhe foi dada pelo Espírito Santo. Portanto, não faria
sentido ele falar tudo aquilo sobre o homem orar com a cabeça descoberta para
chegar no final e dizer que não havia esse costume nas igrejas de Deus. Ah, me
desculpe! O assunto era a mulher cobrir a cabeça. Mas aí, se era desse "costume"
que Paulo estaria falando não ter, como ficaria o ensino sobre o homem descobrir
a cabeça quando ora ou profetiza? Seria isso também um costume que nem ele e
nem as igrejas de Deus teriam? Ou será que o "não temos tal costume" estaria
associado ao "contender"?
Basta consultar uma professora de português para ela dizer a você que a frase
"nós não temos tal costume" está diretamente relacionada ao que o apóstolo disse
imediatamente antes, "se alguém quiser ser contencioso" (1Co 11.16). Ou seja,
“como cristãos não temos o costume de sermos contenciosos” (Mario Persona –
O que Respondi – “A mulher que ora sem véu ou sem cobrir a cabeça está
salva?”).

Vamos fazer o seguinte para facilitar ainda mais essa questão da frase “não
temos tal costume” de 1 Coríntios 11.16. Abaixo eu tecerei vários trechos de
passagens bíblicas que deixam isso tão claro que fica impossível um cristão
honesto negar o que fora exposto a respeito do assunto:
340
"Andemos honestamente, como de dia, não em contendas (Rm 13.13)... Ora,
quanto ao que está enfermo na fé, recebei-o, não em contendas sobre dúvidas
(Rm 14.1)... me foi comunicado pelos da família de Cloé que há contendas entre
vós (1Co 1.11).... pois, havendo entre vós inveja, contendas e dissensões, não
sois porventura carnais, e não andais segundo os homens? (1Co 3.3)...
desviando-se alguns, se entregaram a vãs contendas (1Tm 1.6)... É soberbo, e
nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras (1Tm 6.4)...
Contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade (1Tm
6.5)... ordenando-lhes diante do Senhor que não tenham contendas de palavras,
que para nada aproveitam" (2Tm 2.14).
Sendo assim, não faria qualquer sentido a Bíblia nos ensinar tudo o que está do
versículo 1 ao 15 de 1 Coríntios 11 só para chegar à conclusão de que não temos
o costume de as mulheres cobrirem a cabeça no momento da oração e culto a
Deus. A propósito, se a frase "não temos tal costume" tivesse qualquer
associação com o que ele discorreu com tantos detalhes anteriormente, teríamos
de incluir nisso a ordem estabelecida no versículo 3, ou seja, "Cristo é a cabeça
do homem, o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo". Ora,
porventura somos ordenados a rejeitar o fato de que Cristo é a cabeça do homem,
o homem a cabeça da mulher, e Deus a cabeça de Cristo?
Outra coisa interessante é que a história, mais uma vez, condiz com as Escrituras,
pois ficaria sem sentido algum os séculos de "costume" de cristãos do gênero
masculino que tiravam o chapéu na hora de orar, expressando respeito à ordem
estabelecida por Deus em Sua Palavra. Aliás, ainda podemos ver esse “costume”
sendo praticado em muitos lugares, em especial nas ocasiões em que se põe a
comida na mesa. Muitos homens (alguns deles nem são cristãos) descobrem a
cabeça no momento da refeição, o que vai de encontro com a Ceia do Senhor –
com o partir do pão entre os irmãos em uma assembleia. Se para a mulher fosse
indiferente orar com a cabeça coberta ou descoberta, então o mesmo deveria
valer para o homem. Essa é a conclusão lógica de tudo o que temos aprendido
sobre o uso do véu para as mulheres cristãs.
Tenho certeza que a maioria dos ditos cristãos de hoje não darão a mínima
importância para o que foi falado aqui. Todavia, o texto sagrado mostra que Deus
dá tanta importância ao assunto que Ele não resumiu essas coisas da forma que
os opositores da verdade resumem, dizendo que isso é coisa de outra época... de
outros povos... para outros fins. Deus poderia simplesmente ter dito: "Todo
homem ou mulher que ora ou profetiza, faça do jeito que achar melhor, porque é
indiferente cobrir ou não a cabeça". Paulo, inspirado pelo Espírito Santo, poderia
ter escrito simplesmente isso e as árvores teriam agradecido a economia de papel
de bilhões de Bíblias com quase trezentas palavras a menos. Mas o que vemos é

341
bem diferente. Deus dá tanta importância a esta ordem que Ele fez questão de nos
revelar os detalhes de como colocá-la em prática.
Lembremo-nos de que a salvação é pela graça, mediante a fé em Cristo e no Seu
sacrifício consumado no Calvário. Mas não se engane – a verdadeira fé da qual
estamos falando resulta em obediência, não em rebeldia e arrogância.

PUDOR E MODÉSTIA CRISTÃ

Aqui está mais uma ordem de Deus para as mulheres cristãs, que é se vestir como
cristã. A desobediência nesse ponto trata-se de um dos maiores escândalos da
Igreja do século XXI: a falta de “pudor e modéstia”. Não estamos tratando da
vestimenta interna, mas da externa, pois ela é consequência da primeira. Não
adianta usar o velho jargão: “O que importa é o interior e não o exterior”, visto
que uma mulher cristã, quando convertida, sabe muito bem que o seu corpo agora
pertence a Cristo; e provavelmente Cristo não se agrada de vestimentas que
estimulam o pecado. Roupa não leva ninguém para o Céu, mas, certamente,
quem é do Céu sabe o que vestir. Lembremo-nos de que a primeira coisa que
Deus fez quando o pecado entrou no mundo foi cobrir Adão e Eva (Gn 3.21).
Será que Ele fez isso sem nenhuma razão? Deus faria algo em vão, sem nenhum
propósito?
Algumas mulheres podem alegar que Deus não faz diferenciação entre vestes
cristãs e vestes mundanas, mas a verdade é que Ele faz sim: “E eis que uma
mulher lhe saiu ao encontro com vestes de prostituta, e astúcia de coração”
(Provérbios 7.10). Perceba no verso que não somente a veste é pecaminosa, como
tudo está relacionado à má intenção de quem está por trás da veste despudorada.
Faça uma pergunta a si mesma: Você tem glorificado a Deus através do uso deste
decote ou tem dado espaço para Satanás? “Ou não sabeis que o vosso corpo é o
templo do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois
de vós mesmos? Porque fostes comprados por bom preço; glorificai, pois, a
Deus no vosso corpo, e no vosso espírito, os quais pertencem a Deus” (1
Coríntios 6.19,20).
Portanto, a nível de introdução, já sabemos que a Bíblia ensina que existem
vestes de cristãs e vestes de prostitutas, e que o nosso corpo não pertence a nós
mesmos, e que devemos glorificar a Deus em nossos corpos ao invés de incitar o
próximo a pecar.

342
É verdade que a primeira vestimenta que se manifesta no genuíno servo de Cristo
é interna e espiritual. O verdadeiro cristão já está a arrancar os panos sujos do
pecado e retirando os maus pensamentos da sua mente. O servo de Deus está em
constante mudança interna, substituindo as velhas roupas sujas do pecado por
novas roupas de santidade e entendimento da vontade de Deus (Cl 3.1-16). Ele
está procurando, a cada dia, ser mais parecido com o Senhor Jesus Cristo e se
esforça para desenvolver as atitudes piedosas que Cristo ensinou e demonstrou
(Mt 5.1-12).
Todavia, por mais que muitos afirmem estar praticando essas coisas, essas
pessoas não demonstram estar aplicando nada disso quando olhamos para suas
vestes externas. Não há pudor; não há modéstia (1Tm 2.9). Temos que ter em
mente que qualquer transformação interna sempre irá modificar o
comportamento externo. Por exemplo, no caso do ladrão ou do mentiroso, ele
não irá mais roubar nem mentir, como as pessoas do mundo (Ef 4.25-29). Todos
os aspectos da vida do cristão são colocados sob o controle de Deus. E esse Deus
a quem você alega servir é Santo (1Pe 1.13-16).
As pessoas que não se interessam em saber como devem se vestir dizem servi-lO,
quando, na verdade, estão servindo a Satanás. Mulheres que mostram seus sutiãs
ao vestirem uma “blusinha” dizem servir a Deus, mas não servem. Mulheres que
usam calças apertadas nas nádegas pensam servir a Deus, mas não estão servindo
a Deus, e sim a Satanás. Mulheres que usam decotes pensam que servem ao
Altíssimo, mas não estão servindo ao Altíssimo, e sim a Satanás. Mulheres que
mostram as pernas, as costas... e fazem de tudo para que seus corpos sejam vistos
ao invés da esplêndida presença de Cristo não servem a Cristo; elas servem ao
diabo. Essa é a verdade. Essas mulheres pecam e fazem os homens pecarem, e
depois dizem: “Servimos a Deus”.
"O caminho da mulher adúltera é assim: ela come, depois limpa a sua boca e
diz: Não fiz nada de mal"! (Provérbios 30.20).
É assim que as mulheres ditas cristãs de hoje agem. Elas não se importam com o
que está acontecendo do outro lado – aos olhos dos homens e de Deus –, mas
Deus dá tanta importância para isso que nos deixou mandamentos a serem
seguidos em Sua Palavra. De igual modo, o homem é atraído pela lascívia
quando a mulher, de forma astuciosa, coloca seu corpo à mostra.
Mas alguém poderá argumentar dizendo que isso apenas se trata de quando a
mulher é tocada por um homem. A resposta para isso está na Bíblia, pois o
adultério não se trata apenas do toque, mas do olhar provocado pela mulher
adúltera: “Eu, porém, vos digo, que qualquer que OLHAR para uma mulher para
a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério com ela. Portanto, se o teu olho

343
direito te escandalizar, arranca-o e atira-o para longe de ti; pois te é melhor que
se perca um dos teus membros do que seja todo o teu corpo lançado no inferno"
(Mt 5.27-29). Portanto, toda vez que você se apresenta em um lugar com vestes
que incitam o homem a pecar você está adulterando.
“O preço de uma prostituta é um pedaço de pão, mas a adúltera sai à caça de
vidas preciosas” (Provérbios 6.26).
Alguém ainda poderá dizer: “Mas a culpa é do homem que está me olhando, e
não minha”. Porém, a Bíblia diz o contrário: “É impossível que não venham
escândalos, mas ai daquele por quem vierem! Melhor lhe fora que lhe pusessem
ao pescoço uma mó de atafona, e fosse lançado ao mar, do que fazer tropeçar
um destes pequenos” (Lucas 17.1,2). E agora, qual desculpa você dará para se
vestir como uma prostituta?
E o que dizer dos clubes de piscina? Seria um ambiente saudável para uma cristã
ou cristão? Seria possível imaginar Jesus em um ambiente assim? Qual seria a
Sua reação ao ver uma geração de cristãos que ficam seminus em um clube
aquático? Qual a diferença entre sutiã, calcinha e biquíni? Certamente esse tipo
de ambiente sensual, promíscuo e perverso não agrada a Deus, visto que Ele é
Santo e “tão puro de olhos, que não pode contemplar o mal” (Hc 1.13). E se
Deus não pode contemplar o mal, de que modo você acha que Ele olha para
aqueles que praticam tais abominações?
“Aquele, pois, que cuida estar em pé, tome cuidado para que não caia” (1
Coríntios 10.12).
Uma das características mais marcantes de uma prostituta são as calças marcando
as nádegas. Mas a coisa não pára por aí. Vestidos ou saias curtas que impedem de
se abaixar ou de levantar os próprios braços, bem como vestidos ou saias que
marcam o corpo, levam homens a quererem saber o que vem dentro. Vestidos ou
saias que contornam as nádegas são tão pecaminosos quanto um biquíni. A
propósito, foi assim que o biquíni veio a ser fabricado. As mulheres da década de
60 se negavam a vesti-lo para fazer a propaganda, e as empresas tiveram que
contratar prostitutas profissionais para que o produto viesse a ser vendido.

Para que ninguém ouse dizer que este artigo se trata de mais um machista no
mundo, vejamos o comentário de uma mulher cristã, chamada Letícia Fernanda
da Silva:

344
“Muitas mulheres e moças atualmente perderam seu próprio valor e muitas
mulheres cristãs não têm se dado conta disso - o que acaba por as levar se
vestindo conforme o mundo tem ditado; isto é, a moda. Por que digo isso? Tenho
notado o quanto muitas mulheres e moças têm se iludido ao pensarem que é
bonito usar vestimentas que mostram todas as suas curvas, tais como: roupas
justíssimas delineando seu corpo, shorts e saias curtas e blusas decotadas. Mas,
se fosse para ser assim, Deus não teria vestido Adão e Eva como diz na Bíblia:
"E o Senhor Deus fez túnicas de peles para Adão e sua mulher, e os vestiu"
(Gênesis 3.21). Na Palavra também está escrito: "Que do mesmo modo as
mulheres se ataviem em traje honesto, com pudor e modéstia, não com tranças,
ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos preciosos. Mas (como convém a mulheres
que fazem profissão de servir a Deus) com boas obras" (1 Timóteo 2.9-10).
Noto ainda que muitas mulheres e moças usam roupas indecentes com a intenção
de chamar a atenção do público masculino. Então, questiono a vocês, mulheres,
moças: Por que se iludem em achar que para conquistar um homem é necessário
usar roupas justíssimas delineando seus corpos, shorts, saias curtas e blusas
decotadas, ou, então, se alegram e se sentem bem quando os homens as olham e
as desejam?
"A mulher graciosa guarda a honra como os violentos guardam as riquezas"
(Provérbios 11.16).
O que significa guardar a honra? É se valorizar (mas sem ser sensual), evitar que
falem mal de você (suas roupas devem refletir sua postura cristã), guardar seu
corpo para seu esposo ou futuro esposo, pois somente ele tem ou terá o direito de
te desejar e saber como é seu corpo. Mulheres e moças que fazem os homens
terem pensamentos impuros (pecar) devido ao seu modo de se vestir, um dia com
certeza serão cobradas pelo Senhor.
“Ai do mundo, por causa dos escândalos; porque é mister que venham
escândalos, mas ai daquele homem por quem o escândalo vem” (Mateus 18.7).
Creio que toda a mulher sonha em ser amada, respeitada e valorizada por um
homem. Por isso quero lhes dizer que, para isso acontecer, você deve guardar sua
honra, pois no momento que você não a guarda, acaba perdendo o que você mais
gostaria de ter por parte de um homem: amor, respeito e valor. Não é se vestindo
com trajes vulgares que irá conquistar verdadeiramente um homem; talvez você
até o conquiste, mas é por um pequeno tempo - ou seja, até o tempo de seu corpo
permanecer bonito, e isso infelizmente será por poucos anos. Se assim você agir,
não poderá reclamar se for deixada, pois você o "conquistou" apenas com seu
corpo bonito, e não com o seu caráter; afinal, no momento em que a beleza
externa deixa de existir, esse tipo de "amor" perece. Todavia, se você conquistá-

345
lo com seu caráter e ele realmente gostar de você por seres uma mulher virtuosa e
com temor ao Senhor, então ele te amará até que a morte os separe, pois o caráter
prevalece pela vida toda, mas a beleza é apenas por um determinado tempo.
"Enganosa é a beleza e vã a formosura, mas a mulher que teme ao SENHOR,
essa sim será louvada" (Provérbios 31.30).
Por acaso as mulheres de antigamente usavam roupas indecentes como as de
hoje? E seus casamentos eram duradouros. Quem antigamente usava roupas
curtas, decotadas e justas? Perdoem-me, mas nem preciso dizer quem eram essas
mulheres.
Pergunte, portanto, a um homem de Deus, qual mulher ele escolheria para ser sua
esposa: aquela que se veste com roupas justíssimas delineando seu corpo, shorts
e saias curtas e blusas decotadas ou aquela que guarda seu corpo para seu futuro
esposo. Creio que um homem verdadeiramente de Deus escolheria aquela que se
valoriza e guarda sua honra.
Algumas perguntas para nossa reflexão:
● Com que intuito tenho me vestido?

● Por que me visto com roupas curtas, decotadas e apertadas?

● O que pretendo com isso?

● Vou glorificar a Deus?

● Serei bem vista com as roupas que estou usando?

● Será que com essa roupa nenhum homem vai me olhar e pecar?

"Portanto, quer comais quer bebais, ou façais, qualquer outra coisa, fazei tudo
para glória de Deus" (1 Coríntios 10.31).” (Comentário por Letícia Fernanda Da
Silva – Blog 2Tm 3.16).

Lembremo-nos aqui que esta mensagem não se aplica somente à mulher, mas ao
homem. Um homem sem camisa ou de sunga em público é tão depravado quanto
uma mulher com decote, short curto ou costas à mostra. Sendo assim, que o leitor
esteja atento para o fato de que eu não preciso mencionar o gênero masculino
para falar de pudor e modéstia, pois isso está implícito e seria totalmente
redundante.
A lascívia no homem funciona um pouco diferente do que na mulher. O homem é
mais propenso ao que vê. Quando um homem quer cometer lascívia, a primeira

346
coisa que ele faz é apontar os olhos para o corpo da mulher. Quando uma mulher
quer cometer lascívia, a primeira coisa que ela faz é direcionar o seu corpo para
os olhos de um homem. A mulher lasciva não olha, mas deseja ser olhada. O
homem incontinente usa os olhos. A mulher incontinente usa o corpo. O homem
deseja; a mulher quer ser desejada. O homem ímpio é atraído pelo que vê. A
mulher ímpia é atraída pelo toque, e, ao desejar ser tocada, ela antes apresenta o
produto na vitrine. É claro que tudo isso pode ocorrer de modo inverso, mas a
predominância é inegável.
Uma mulher não usa decote atoa, ou, ainda, para levar pessoas a Jesus Cristo. A
menos que eu seja convencido pela Escritura de que eu estou errado, a mulher
que usa decote o faz para atrair os olhos dos homens e levá-los a desejá-la.
Igualmente, um homem não olha para o corpo de uma mulher em vão, mas sim
com um objetivo em mente: Tocá-lo.
"Porque as obras da carne são manifestas, as quais são: adultério, fornicação,
impureza, lascívia (...)" (Gálatas 5.19).
"E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e
concupiscências" (Gálatas 5.24).
"Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a fornicação, a
impureza, o afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é
idolatria; pelas quais coisas vem a ira de Deus sobre os filhos da desobediência;
nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas" (Colossenses
3.5-7).
O pecado da lascívia tem entrado na vida dos crentes de uma forma muito
natural. Isso acontece devido à velha natureza pecaminosa que insiste em
sobreviver e, sobretudo, devido à relativização teológica e liberalismo da Igreja.
A lascívia apresenta-se nas pessoas que, levadas por sentimentos diversos,
pensamentos impróprios e sem uma genuína conversão, deixam-se moldar pelos
costumes comuns aos ímpios. Essas pessoas se conformaram com o presente
século e não atentaram para a ordem de "não se conformarem com as coisas do
mundo, mas antes serem transformadas pela renovação do seu entendimento"
(Romanos 12.2). Elas ignoram o fato de que a verdadeira Religião Cristã consiste
em "APARTAR-SE DA CORRUPÇÃO DO MUNDO" (Tiago 1.27) e tornam-se
adeptas de roupas inadequadas aos servos de Deus. Tornam-se sensuais e
incontinentes, reprovadas por Deus.
“Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos
apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais vos diziam que nos últimos
tempos haveria escarnecedores que andariam segundo as suas ímpias
concupiscências (desejos carnais). Estes são os que a si mesmos se separam,
347
sensuais, que não têm o Espírito. Mas vós, amados, edificando-vos a vós
mesmos sobre a vossa santíssima fé, orando no Espírito Santo, conservai-vos a
vós mesmos no amor de Deus, esperando a misericórdia de nosso Senhor Jesus
Cristo para a vida eterna” (Judas 1.17-21).
"Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos,
nem à igreja de Deus" (1 Coríntios 10.32).
“E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela
renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa,
agradável, e perfeita vontade de Deus” (Romanos 12.2).
"Pois os que são segundo a carne inclinam-se para as coisas da carne; mas os
que são segundo o Espírito para as coisas do Espírito" (Romanos 8.5).

Não é pecado ser bela. A mulher de Deus passa desapercebida aos olhos
mundanos. Sua beleza reflete tanto Cristo, que ela desaparece. Você se veste para
atrair primeiramente os homens ou a Cristo? Todavia, "como jóia de ouro no
focinho de uma PORCA, assim é a mulher formosa que NÃO TEM
DISCRIÇÃO" (Provérbios 11.22). Como podemos ver, o pecado não está em
"ser bela", mas no querer mostrar seu corpo.

SEUS FILHOS PRECISAM SABER

"Educa a criança no caminho em que deve andar; para que, quando ela
envelhecer, não se desvie dele"
(Provérbios 22.6).

Seus filhos precisam saber quem é o Deus verdadeiro; o Deus das Escrituras; o
Deus que predestina um número limitado de homens para a salvação e o restante
deles para a perdição (Rm 9.13-24). Enquanto você apresentar um deus emotivo
e débil aos seus filhos, cujo o caráter do mesmo constitui-se um conto de fadas
onde só existe amor e todos são salvos porque fizeram “boas obras”, seus filhos
continuarão caminhando para o inferno. Um deus que ama a todos, que deseja

348
salvar a todos, que implora a aceitação dos homens e não sabe o que será do
futuro de suas criaturas por causa do inviolável “livre-arbítrio” do homem NÃO é
o Deus das Escrituras. Esse deus que você apresenta aos seus filhos não é o Deus
que criou o céu e a terra.
Deus não ama a quem Ele não salva, e Ele não tem por inocente o culpado.
Quando Deus olha para a humanidade, o que Ele vê é DEPRAVAÇÃO (Rm 3).
Muitas coisas que você põe para o seu filho assistir, Deus odeia. Ele sente
repulsa. O Deus das Escrituras é um Deus Santo, de olhos tão puros que não pode
sequer contemplar o mal (Hc 1.13), em nenhum nível e em nenhum gênero.
Um número infindável de conteúdo ateísta e entretenimento marxista é
impingido na mente das crianças, todos os dias, em todo lugar e em todo o
momento; e você prestará contas a Deus por cada segundo que você encharcou a
mente de seus filhos com "Xuxa", "Fada Madrinha", "Coelhinho da Páscoa" e
"Papai Noel".
Seus filhos precisam saber que Deus é um Deus que se ira todos os dias (Sl 7.11)
e odeia a todos que praticam a maldade (Sl 5:5).
Conte aos seus filhos que Deus ama somente aos que O amam (Pv 8.17), e que
Cristo nunca sequer rogou pelos que não pertencem ao Senhor (Jo 17.9). Conte a
eles que, ao desconhecerem a Bíblia e ficarem enojados com a Palavra aqui
exposta, eles estão desconhecendo e se enojando do próprio Deus da Palavra (Mc
12.24). Jesus é a Palavra (1Jo 5.7). Se alguém não tem interesse e não ama a
Palavra, esse alguém não se interessa nem ama a Cristo. Esse alguém criou um
deus em seu próprio coração e pensa que esse é o verdadeiro deus. E não é por
menos, pois sabemos que o coração do homem é enganoso e perverso, mais do
que todas as coisas (Jr 17.9).
A primeira coisa que uma criança precisa aprender na vida é a TEMER a Deus,
porquanto o verdadeiro conhecimento vem acompanhado de TEMOR a Deus. Se
seus filhos dizem amar a Deus, mas não se interessam por Sua Palavra e nem O
temem, eles estão no caminho da loucura e da perdição.
"O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a
sabedoria e a instrução" (Provérbios 1.7).
Se você diz para os seus filhos que o Espírito Santo está presente onde o
conhecimento das Escrituras é nulo, você está completamente enganado ou é um
mentiroso. Onde a Escritura (em sua interpretação única) não se faz presente, não
há resquício da presença do Espírito Santo (1Jo 5.7). Se eu perguntar aos pais
que estão lendo este texto quais são os atributos de Deus e suas implicações, 95%

349
deles não saberão responder, e muitos nem mesmo fazem ideia do que significa a
palavra "atributo".
"Ouvi agora isto, ó povo insensato, e sem coração, que tendes olhos e não
vedes, que tendes ouvidos e não ouvis" (Jeremias 5.21).
“Escrevi-lhe as grandezas da minha lei, porém essas são estimadas como coisa
estranha” (Oséias 8.12).
"Buscai ao Senhor enquanto se pode achar, invocai-o enquanto está
perto" (Isaías 55.6).
"Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda esse é o que me ama; e
aquele que me ama será amado de meu Pai, e eu o amarei, e me manifestarei a
ele" (João 14.21).
"Mas ao ímpio diz Deus: Que fazes tu em recitar os meus estatutos, e em tomar
a minha aliança na tua boca? Visto que odeias a correção, e lanças as minhas
palavras para detrás de ti" (Salmos 50.16,17).

350
CAPÍTULO 15
ACONSELHAMENTO

AOS CRISTÃOS INTERNAUTAS:


UMA CARTA DE ENCORAJAMENTO

No meio religioso, especialmente na tão conhecida “igreja evangélica”, é comum


ver os ditos “pastores” e todo o tipo de “ministro” desencorajando os jovens a se
dedicarem à pregação do evangelho. Vou melhorar essa frase para que ninguém
encontre brechas para distorcê-la: Os religiosos dos nossos tempos, donos das
mais variadas organizações evangélicas e afins, não necessariamente
desencorajam os jovens a evangelizarem, mas lutam para que eles não digam
aquilo que deve ser dito: a VERDADE. Sim, aquelas verdades que suas
instituições pútridas não querem que sejam ditas em público, nem em particular.
E, com a chegada da internet, os jovens cristãos começaram a desempenhar seus
dons ministeriais, sendo muitos deles ministros genuínos do evangelho, que não
estão interessados em lucrar com o evangelho, nem em ganhar os aplausos do
mundo, nem em encher suas publicações virtuais de “curtidas”, mas só querem
uma coisa: Servir a Deus por meio da pregação da Palavra de Deus em Sua total
pureza. E é isso que tem feito os “donos de empresas religiosas” (chefes de
denominações ou instituições que têm por nome “igreja evangélica” ou coisa
parecida) ficarem desesperados, pois até algumas décadas, quando a internet não
existia, esses fariseus mantinham o monopólio do “evangelismo” na América
(falo da América porque conheço apenas o estado de ruína da Igreja nesta área
geográfica; mas sei que no mundo todo isso acontece em algum nível). Todavia,
vamos colocar os pingos nos “i”s. Esta mensagem é pra você, jovem cristão, que
tem sofrido deboches, injúrias, calúnias, zombarias e até censuras por parte
desses manipuladores e “doutores da lei”.
Sabe por que seu "pastor" diz que a internet é "prejudicial"? Porque foi através da
internet que o evangelho da cruz se expandiu e expôs a verdadeira face do falso
cristianismo que reina na América. Isso prejudica as alianças políticas entre as
denominações e diminui seus erários eclesiásticos, pondo em risco cargos
pastorais remunerados e fechando instituições mercantilistas que nunca tiveram a
intenção genuína de sofrer e morrer pelo evangelho, mas tão somente de manter

351
os bancos de suas sinagogas ocupados no intuito de garantir o sucesso requerido
pela diplomacia ecumênica.
Concílios, reuniões e conferências ecumênicas de todos os lados do âmbito
denominacionalista têm sido frequentes nos últimos tempos, tanto pelo lado
carismático quanto pelo lado “ortodoxo” (a palavra Tradicional cabe melhor
aqui), a fim de elaborarem palestras sofísticas sob o pretexto de que os jovens
têm se "rebelado" contra Deus ao se oporem aos sistemas de lavagem cerebral
criados pelas grandes empresas evangélicas. Inúmeras convenções se desesperam
em estabelecer novas regras alienantes com o intento de persuadir as mentes
fracas a "voltarem seus olhos para a igreja" e "fugirem do meio virtual" porque -
dizem eles - a internet causa divisões entre pessoas ao invés de uni-las como
irmãs.
Mas, será que Cristo - o verdadeiro Cristo - sugere que Suas palavras possuem o
objetivo de unir o mundo e transformá-lo em uma grande "irmandade"? Será que
o Cristo da Bíblia convida os homens a se submeterem às aberrações teológicas
de seus líderes sincretistas para que a paz seja mantida em detrimento da
Verdade? Será que o Cristo da Escritura, em algum nível ou aspecto, recomendou
que permanecêssemos unidos em nome do "amor", mesmo que isso custe a
anulação total de Suas severas ordens de separação do pecado e da heresia? Será
que o mandamento de Cristo consiste em manter a paz e unidade terrenas em
lugar da doutrina pura e imaculada, ainda que isto resulte em uma guerra pela
Verdade? Será que o Cristo da Palavra concordaria com os sorrisos largos e
batidinhas hipócritas nas costas dos que, se dizendo irmãos, são inimigos inatos
da Verdade? Será que o Cristo do evangelho está de acordo com todas essas
definições antibíblicas de "amor" quando Suas palavras são lançadas no mar do
esquecimento em prol de uma união cujo o emblema é a "paz e harmonia acima
da obediência a Deus"?
A resposta para as perguntas acima está no capítulo 9 – A Doutrina da Separação.
Para aqueles que estão lendo este livro via internet, segue abaixo os links de dois
artigos desse capítulo:
2 Coríntios 6.14-18 – Um Chamado à Separação:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2019/11/2-corintios-614-18-um-chamado-
separacao.html
2 João 1.10-11 – Aparte-se dos falsos mestres:
https://jppadilhabiblia.blogspot.com/2019/11/2-joao-110-11-aparte-se-dos-
falsos.html
Antes da internet, as ovelhas eram alimentadas com as mensagens pútridas da
mídia católica romana e pentecostal-carismática. Há vinte anos atrás, sem o
352
Facebook, as pessoas não faziam ideia do que se trata "depravação total",
"eleição incondicional", "expiação limitada", "graça irresistível" e "perseverança
dos santos". Por décadas, o Brasil foi catequizado pelos falsos profetas do
Pentecostalismo americano. Assim como na era de Lutero, uma nuvem negra e
carregada de heresias papistas, espiritistas e gnósticas cobria os céus do Brasil.
Irmãos espalhados pelo continente africano e asiático desconheciam as
verdadeiras doutrinas da graça.
Mas o SENHOR tinha um plano: Criar um meio de comunicação independente e
de alcance global enquanto a festa sincretista ocorria nos anos 80. Tudo parecia
perdido e silencioso, mas a internet estava em processo de aperfeiçoamento e
criação de novos programas. Através de um jovem programador e empresário,
chamado Mark Elliot Zuckerberg, juntamente com alguns colegas da
"Universidade de Harvard", trouxe em 2004 o que conhecemos como Facebook.
A respectiva rede social, por meio de seu sistema alternativo de comunicação,
expandiu o verdadeiro evangelho, sem laços com denominações religiosas
criadas por homens, com uma força e velocidade nunca antes vistas pelos cristãos
dos séculos passados.
No ano de 2012, um bilhão de usuários já tinha acesso ao verdadeiro evangelho,
desconhecido pela sociedade pós-moderna. A maior rede de comunicação do
mundo, em toda a história humana, neste exato momento divide nações e tribos
por meio da Escritura Sagrada, sob o manuseio dos santos escolhidos e
vocacionados à escrita. Outros fazem vídeos... outros montam blogs... etc.
A sã doutrina dos apóstolos, que teve início no "dia do Pentecostes" em Atos 2,
quando o Espírito Santo concedeu aos apóstolos o dom sobrenatural de falar em
várias línguas para que todas as nações ouvissem o evangelho de Cristo, agora é
continuada pelos dedos que correm sobre as teclas. Ao teclar de um "Enter", a
Palavra de Deus, santa e imaculada, atinge os quatro cantos da Terra.
Portanto, cada vez que você, internauta escritor, blogueiro ou editor, for insultado
por causa do dom que recebeu de Cristo para a evangelização, alegre-se e
regozije-se nisto, pois, jamais, em toda a história da civilização, uma pequena
porção de cristãos verdadeiros foi tão privilegiada como a nossa. E tampouco o
"dom de línguas" da era apostólica (o qual cessou juntamente com o fim do
tempo dos apóstolos) supera o esplendor e eficácia dos que foram vocacionados a
usarem os teclados.

353
Charles Haddon Spurgeon, um conhecido pregador do século XIX, diz o seguinte
à respeito dos dons concedidos aos santos para a glória de Deus:

“Quando você lamentar a iniquidade do mundo, não deixe as suas emoções


terminarem em lágrimas; mero choro não fará nada sem ação. Fiquem de pé; vós
que tendes voz e conhecimento, vão e preguem o evangelho, preguem em cada
rua e canto dessa grande cidade. Vós que tendes riquezas, vão e usem-nas com os
pobres, doentes, necessitados, com os que estão à beira da morte, os analfabetos e
os ignorantes. Vós que tendes poder de oração, vão e orem. Vós que sabeis
manusear a caneta, vão e escrevam! Escrevam inclusive as iniquidades cometidas
– cada homem no seu posto, cada um com a sua arma nesse dia de batalha; agora
por Deus e por sua verdade; por Deus e pelo o que é justo. Que cada um de nós
que conhecemos o Senhor possamos lutar usando o Seu estandarte!” (Charles
Haddon Spurgeon - Livro: “Lições Do Casamento De Um Pastor: Charles e
Susannah Spurgeon" – por Dr. Gerald Bilkes).

Jovem internauta, seu nome agora é "Teólogo de Internet", como costumam te


chamar pejorativamente com a intenção de pará-los. Isso é para que você
diminua cada vez mais, e Cristo cresça em você. Para que ninguém veja outra
face senão a de Jesus Cristo, nosso Senhor.
"Ninguém despreze a tua juventude; mas sê o exemplo dos fiéis, na palavra, no
trato, no amor, no espírito, na fé, na pureza. Persiste em ler, exortar e ensinar,
até que eu vá. Não desprezes o dom que há em ti (...); Medita estas coisas;
ocupa-te nelas, para que o teu aproveitamento seja manifesto a todos. Tem
cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque, fazendo
isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem" (1 Timóteo 4.12-16).
"Mas a graça foi dada a cada um de nós segundo a medida do dom de Cristo.
Por isso diz: Subindo ao alto, levou cativo o cativeiro, e deu dons aos
homens" (Efésios 4.7,8).
"Cada um administre aos outros o dom como o recebeu, como bons despenseiros
da multiforme graça de Deus. Se alguém falar, fale segundo as palavras de
Deus; se alguém administrar, administre segundo o poder que Deus dá; para
que em tudo Deus seja glorificado por Jesus Cristo, a quem pertence a glória e
poder para todo o sempre. Amém" (1 Pedro 4.10,11).
"Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai,
e do Filho, e do Espírito Santo; ensinando-os a guardar todas as coisas que eu

354
vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação
dos séculos. Amém" (Mateus 28:19,20).
Jovem internauta, se o seu dom é com as teclas, vá e escreva nesse dia de
batalha! Se tiver que se gloriar, glorie-se no Senhor e nas afrontas suportadas!
Não é você quem deve aparecer, mas sim a Palavra.

SE ESTES SE CALAREM, AS PRÓPRIAS PEDRAS CLAMARÃO!


Os assim conhecidos “pastores” e líderes que se gabam por estar em cima de um
púlpito e menosprezam o ministério virtual estão a presumir que um templo com
200 pessoas possui mais ouvidos que 2 bilhões de famílias espalhadas na maior
rede social do mundo. Amantes de palco que desprezam os que receberam o dom
da escrita para proclamar o evangelho a todas as nações por meio da internet
estão a desfazer do próprio ministério apostólico, que foi erguido e selado através
da escrita e não com microfones e holofotes. Doutores que tentam censurar os
servos de Cristo que usam todos os recursos concedidos por Deus para que Sua
Sã Doutrina seja espalhada pelo mundo são homens duvidosos e hipócritas que
deviam se preocupar mais com o avanço do Reino de Deus do que com a
insistência de uma união profana e em desacordo com a Palavra inspirada. Suas
sinagogas aumentam em número e diminuem em conversões.
Todo homem com título de “pastor”, de “reverendo” (ou sei lá do que mais
tenham inventado como títulos lisonjeiros para intimidarem seus seguidores
ineptos), que tenta impedir que as ovelhas de Cristo tenham acesso à variedade
de materiais que suprem as dúvidas que outrora estavam debaixo do tapete, com
pretexto de que está "protegendo-as", na verdade demonstra insegurança quanto
ao que está de fato pregando, e manifesta total desespero com o fato da Sã
Doutrina estar sendo apregoada em tempo integral, sem que qualquer método
humanista possa impedir.
"Finalmente, irmãos, pedimos que orem por nós. Orem para que a mensagem do
Senhor se espalhe rapidamente e seja honrada por onde quer que vá, como
aconteceu quando chegou a vocês. Orem também para que sejamos libertos dos
perversos e maus, pois nem todos têm fé" (2Ts 3.1-2).
A primeira preocupação de Paulo era esta: Se o evangelho estava sendo
espalhado e honrado. Seu pedido de oração consistia [respectivamente] em: 1)
“Orem para que a Palavra se espalhe rapidamente e seja honrada por onde quer
que vá”. 2) “Orem para que sejamos libertos dos perversos e maus”.
Considerando a prioridade do apóstolo no contexto, isto é, que a Palavra alcance
o máximo de pessoas o mais rápido possível, poderíamos afirmar, sem falso
355
temor, que dentre os perversos e maus mencionados por Paulo estão aqueles que
tentam AMORDAÇAR os que anunciam a verdade sem nenhum interesse
próprio.
"E disseram-lhe de entre a multidão alguns dos fariseus: Mestre, repreende os
teus discípulos. E, respondendo ele, disse-lhes: Digo-vos que, se estes se
calarem, as próprias pedras clamarão. (Lucas 19.39,40).
A marca registrada de todo fariseu é e sempre foi a tentativa de censurar os
discípulos de Cristo.

356
Paz seja com os irmãos, e amor com fé da parte de Deus Pai e da do Senhor
Jesus Cristo. A graça seja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo
em sinceridade. Amém.
(Efésios 6:23,24)

357
358

Você também pode gostar