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VENCER 0 MUNDO
E RECHACAR AS FORCAS DO MAL
QUE ATUAM EM TODA PARTE,
Essa é a convocação de Deus para todo seguidor
de Jesus Crista
ÉTEMPO DE GUERRA!
GUERRA ESPIRITUAL!
Com certeza, ou você é um guerreiro, ou uma
vítima nessa batalha que está-se travando nos céus
e na terra. Mas não se ganha essa peleja “no grito”,
como pensam alguns, ou “no peito e na raça”.
Só vencem as pessoas equipadas com as armas
de Deus e revestidas com a armadura de Deus.
Nessa luta sem tréguas, estão em jogo a alma,
a mente, o corpo, a família, a igreja, as cidades
e as nações.
Este livro nos ensina como vencê-la.
“Dean Sherman é um grande comunicador e trata
de um assunto explosivo e relevante para nossa época.
Este é um livro que você não pode perder!”
Loren Cmningham o- -
PRESJDENTE DAJOCUM INTERNACIONAL
Ècbtora Beíânia
Leitura para uma vida bem-sucedida
Caixa Postal 5010 ^ 31611-970 Venda Nova, MG
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Para Todo Cristão
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Prefácio...........................................................................................11
1. Uma Luta de Vida ou Morte....................................................... 13
2. A Grande Aventura.......................................................................21
3. Conheçamos Nosso Inimigo........................................................35
4. Os TVês Campos de Batalha.....................................................45
5. Um Bom Condicionamento Espiritual........................................59
6. O Mundo Invisível........................................................................73
7. A Hierarquia Satânica e Seus Planos de Guerra......................89
8. Como Exercitar a Autoridade que Deus nos D á .....................111
9. Se Deus é Amor, por que Permite Tántos Males?...................129
10. “Mas Livra-nos do Mal” .............................................................145
11. Será que a Oração Opera Mudanças?..................................... 155
12. Como se TVava Essa Guerra.................................................... 171
PREFÁCIO
em minha mente. A resposta que ele me deu foi algo inusitado, inteira
mente novo. Mas foi uma mensagem clara e nítida, como sempre acon
tece quando ouço a voz divina.
Só 0 louvor poderá derrotar as forças do m al que controlam esta ci
dade desde o inicio dos tempos. Ninguém nunca opôs resistência a elas.
Senti-me perplexo. Nunca havia pensado que as forças espirituais pu
dessem ter controle sobre lugares. Em 1970, ainda não se ouvira falar
que os poderes das trevas dominavam localidades. Até então eu nunca
recebera nenhum ensinamento acerca da guerra espiritual. Sabia apenas
que algumas pessoas possuíam um ministério “especial” de expulsar de
mônios. Continuei deitado, meditando sobre o que Deus acabara de revelar-
me, e foi nesse instante que me ocorreu um pensamento.
A igreja da Nova Guiné fora firmemente estabelecida, e se desenvol
vera até certo ponto. Fazia muitos anos que havia missionários trabalhando
entre aquele povo, edificando a igreja de Jesus Cristo. E sua pregação
era ortodoxa; eles criam na Palavra de Deus. Mas, apesar de tudo. Deus
dissera que as forças do mal que pairavam sobre Papua-Nova Guiné nunca
tinham sofrido oposição. Concluí, então, que a igreja pode experimentar
certa medida de sucesso, mesmo quando não opõe resistência aos po
deres das trevas. Fiquei estonteado só de pensar nas imensas possibili
dades que entrevia nessa revelação.
Pedi a Deus que confirmasse a experiência, revelando-me se fora re
almente ele quem me falara ou se aquilo fora produto de minha imagi
nação. Relatei o fato a Tbm Hallas e Kaiafi Moala, os outros dois líderes
da missão na cidade, e eles também creram que a mensagem viera de
Deus. Mas era uma idéia tão inusitada que pedi ao Senhor outras con
firmações.
Dias depois, um carro parou em frente de nossa casa e dele saiu um
americano alto e magro, todo agitado e encalorado.
— Glória a Deus, irmãos! disse ele dando-nos um vigoroso aperto de
mão. Eu estava procurando crentes nesta cidade. E sempre que descrevia
0 tipo de gente que queria encontrar, todos me indicavam esta casa. Gló
ria a Deus!
Engoli em seco e olhei de soslaio para Tbm e Kalafi. Então o povo
da cidade identificou aquele exuberante evangelista conosco, hein? Mas
nós 0 acolhemos e convidamos para pregar algumas noites em nossa casa.
Um pequeno número de pessoas subiu o morro para assistir ao culto
e ouvi-lo pregar. Ele acompanhava o cântico dos hinos com um pandeiro.
E, ao orar, fazia-o em altos brados, suplicando a Deus que salvasse aquele
povo, que os curasse, e os enchesse do Espírito Santo.
Uma Luta de Vida ou Morte 15
Mas, apesar de ele ser um tanto diferente de nós, houve um fato que
nos convenceu de que indubitavelmente era um homem de Deus. Na se
gunda noite, ele mencionou algo que foi a prova final. O evangelista se
achava à frente da pequena congregação, os olhos fechados, e a certa
altura disse em tom profético:
— É, 0 Senhor quer dizer-nos que o louvor é o fator decisivo que
irá derrotar as forças do mal que se acham sobre esta cidade!
Puxa! pensei. A mesma coisa que Deus me dissera quando estava
jejuando e orando.
Algumas semanas depois, passou por nossa missão um evangelista ho
landês. Thmbém ele nos transmitiu uma mensagem direta de Deus:
“O segredo para se derrotar as forças das trevas é o louvor!”
Mais tarde recebemos a visita de um homem da Nova Zelândia, e ainda
de outro da Austrália — todos dizendo a mesma coisa. Quatro pessoas,
de quatro procedências diversas, tinham nos visitado com intervalos de
poucas semanas uma da outra, todas dizendo o mesmo que Deus havia
me falado quando estava deitado no chão orando. Não é preciso ter in
teligência brilhante para perceber que era Deus quem estava-nos falando.
Então resolvemos colocar aquilo em prática; tomamo-nos quase fanáticos
no louvor. Houve dias em que louvamos a Deus em nossa pequena casa
a manhã toda. Marchávamos pelos cômodos, cantando em voz alta, gri-
távamos frases de louvor e caíamos de joelhos ou nos prostrávamos com
0 rosto em terra, louvando a Deus. E logo começaram a ocorrer mudan
ças. Obtivemos muitas vitórias. Vimos pessoas sendo salvas, libertas, e
recebendo a plenitude do Espírito.
A mudança fez-se sentir também na evangelização de rua. Em vez
de encontrar corações duros, crentes nominais vivendo em pecado, vimos
pessoas chorarem em público, rompendo com a prática da feitiçaria. O
número dos convertidos aumentava de forma constante, e houve dias em
que tivemos uma congregação de até cinco mil pessoas. Todos os do
mingos realizávamos no mar batismos de novos convertidos. Esse estado
de coisas durou três anos. Paralíticos levantavam e andavam; cegos re
cobravam a visão. Num período de seis meses, foram criados em Porto
Moresby nove grupos de comunhão constituídos de crentes cheios do Es
pírito. Estávamos no “sétimo céu”.
Entretanto pouco depois inamos conhecer toda a crueza mortal da
guerra espiritual. Satanás desferiu contra nós um ataque súbito e violento.
Em nosso grupo havia um jovem neozelandês de vinte e poucos anos
chamado David Wallis. No auge desse nosso avivamento espiritual, ele
e outros rapazes foram fazer um trabalho de evangelismo num povoado
próximo. O feiticeiro da localidade fez forte oposição a eles. Mas os jovens
16 Batalha Espiritual
Ela mantinha a mesma opinião; ele não estava melhor. E nunca mais
voltaria ao normal. Era uma lástima o que acontecera ao rapaz, e tudo
por nossa culpa.
Voltei ao quarto e o pai dele saiu, deixando-me a sós com David. Ca
minhei até ao pé da cama e percebi que os olhos dele, apesar da expres
são vazia, acompanharam minha movimentação. Então disse:
— David, estamos orando por você, e Jesus tem a vitória!
Foi então que aconteceu algo de extraordinário. Se eu próprio não
tivesse visto e ouvido, não teria acreditado. Sem mover os lábios e sem
modificar a expressão vazia no olhar, David pronunciou a palavra “Ale
luia!”, que ressoou como que na sua garganta. Saí dali e fui contar o fato
aos colegas da missão. Não havia dúvida de que Deus ouvira nossas petições.
Quando regressei no dia seguinte, David saíra da UTI. Embora esti
vesse muito fraco, já estava conversando e caminhava com pequena ajuda.
Tive de conter-me para não dar pulos de alegria, gritando “Glória a Deus!”
para o hospital inteiro ouvir. Que pensassem que éramos fanáticos! Deus
nos dera a vitória.
Esse fato^ocorreu há vinte anos. Depois disso, David Wallis foi ser mis
sionário na índia. Mas para mim aquela experiência não consistiu apenas
na cura de um jovem doente; houve mais que isso. Pela intensidade com
que oramos e jejuamos. Deus permitiu que participássemos nas mudan
ças que^se operaram em Porto Moresby, uma cidade com 75.000 habi
tantes. É claro que não éramos os únicos. Tfenho certeza de que havia
muitos outros intercessores lá. Mas com nossas orações colaboramos para
afastar as forças das trevas que impediam a evangelização daquela gente.
E numa localidade onde antes havia apenas cinco pessoas que podiam
afirmar que eram cheias do Espírito, hoje há cinco grandes igrejas caris
máticas, bem como movimentos de renovação espiritual nas igrejas cató
lica, anglicana e outras.
Quase sofrêramos uma “baixa”, mas Jesus nos havia dado a vitória.
E foi com essa experiência que nasceu meu interesse pela guerra espi
ritual. Foi então que comecei a pesquisar o assunto. Passei a orar e a
examinar as Escrituras com relação à questão. Como estivesse realizando
um ministério itinerante, tive oportunidade de conversar bastante com
diversos missionários e líderes de igrejas. Além disso, notei grandes con
trastes em vários dos lugares aonde ia. Em uma região, via um povo duro;
frio; em outra, às vezes até próxima da primeira, percebia grande cres
cimento espiritual. Na fronteira entre o Quênia e a Somália, por exemplo,
é possível colocar a ponta do pé num país e o calcanhar no outro, mas
a diferença é gritante. No Quênia há dezesseis milhões de crentes, que
constituem a maioria da população. Ao passo que na Somália eles não
Uma Luta de Vida ou Morte 19
petição esportiva. Por que será que há em nós tamanho interesse por
essas formas de entretenimento? A resposta é: nós apreciamos conflitos,
aventuras e situações de tensão porque fomos criados para participar do
maior de todos os conflitos — a luta entre o bem e o mal. Por natureza,
nós sempre tomamos partido de um lado ou de outro; nunca ficamos
neutros. O plano de Deus é que participemos desse conflito lutando pela
justiça. Sua intenção é que lutemos ativamente para destruir tudo que
corrompe o reino de Deus ou impede seu avanço; que nos empenhemos
em expulsar as forças das trevas.
Tfemos, assim, a possibilidade de participar de um grande combate,
da maior das aventuras. Podemos presenciar o bem triunfando sobre o
mal; podemos ver prisioneiros sendo libertos. E não se trata da trama
de um livro, nem do desenrolar de um filme, mas, sim, do plano de Deus
para a igreja. E tudo isso pode tornar-se realidade se aprendermos a en
trar nessa guerra espiritual.
Infelizmente, porém, a maioria das pessoas que participa nessa luta
nem sabe que está nela. Todos os que nascem neste mundo acham-se
no meio desse conflito. E uma vez nele, ninguém pode ficar neutro
nem se isentar. Temos duas opções: ou somos derrotados pelas forças
do mal ou então engajamo-nos nessa guerra espiritual e saímos vito
riosos: ganhamos almas para Deus, transformamos a sociedade, influen
ciamos a História e colaboramos para o estabelecimento do reino de
Deus.
Muitas pessoas me dizem:
“Já que você prega tanto sobre a guerra espiritual, o diabo deve estar
furioso com você, hein!"
Mas, se eu pensar que me acho numa posição especial, arrisco-me
a tomar-me alvo dos ataques do inimigo ou a cultivar oigulho espiritual.
Não creio que Satanás esteja mais preocupado comigo do que com outros
crentes. Tbdos nós possuímos o mesmo potencial para ganhar ou perder
essa luta. Qualquer crente que assumir a vitória de Cristo e procurar sem
pre pôr em prática os princípios da guerra espiritual, pode constituir uma
ameaça para o diabo, pode derrotá-lo.
Muitos me perguntam por que dou estudos sobre a guerra espiri
tual. Na verdade, não creio que haja recebido nenhuma revelação ou
autoridade especial para isso, não. Deus não me delegou uma missão
específica para pregar essa mensagem. Támpouco falo do assunto por
me julgar um grande entendido nele ou por haver feito longos estudos
a respeito. De forma alguma. Não possuo nenhum dom nem chamado
especial nesse particular. Aliás, prego sobre vários outros tópicos com
0 mesmo entusiasmo que sinto ao falar sobre a guerra espiritual. E
A Grande Aventura 23
anos atrás, quando ainda estava na Nova Guiné. Certo dia quando impus
as mãos sobre um homem para orar em seu favor, ele caiu ao chão
contorcendo-se e soltando espuma pela boca. Foi um momento de grande
comoção. Ordenei ao demônio que saísse dele, e ele saiu. Olhei para mi
nhas mãos grandemente admirado. Que poder! Devia ter atingido um alto
nível de espiritualidade. Estava fazendo e acontecendo!
E 0 que aconteceu foi que fiquei mais empolgado com o processo
de libertação do que com a libertação em si, embora na ocasião não es
tivesse consciente disso. E Satanás não se importou nem um pouco de
cooperar comigo. Nos meses que se seguiram, em todo lugar aonde eu
ia ocorriam manifestações demoníacas. Depois de algum tempo comecei
a perceber que aqueles por quem orava voltavam a tomar-se opressos.
E alguns nem experimentavam uma transformação de vida.
Ele me envolvera completamente. Certo dia, de repente, me dei conta
de que, se alguém fosse liberto instantaneamente, sem espalhafato algum
e sem a minha participação, eu me sentiria muito fmstrado. Isso não es
tava certo. Precisamos estar atentos a esse tipo de atitude. Se estivermos
muito desejosos de ver uma manifestação sobrenatural, o diabo terá o
maior prazer em montar um “espetáculo” para nós. Mas Deus não tem
0 mínimo interesse em realizar sua obra apenas para satisfazer nossos
caprichos pessoais.
Eu creio firmemente que temos, sim, de libertar os opressos do de
mônio. Mas nunca devemos ver a guerra espiritual como um fim em si
mesma. Ela é apenas um meio para atingirmos um objetivo. Tfenhamos
sempre em mente as prioridades de Deus, como fez Jesus quando estava
na terra. Deus tem dois interesses máximos: reconciliar os homens con
sigo (evangelização mundial), e conduzir a igreja, o seu corpo, à unidade,
maturidade e perfeição.
E evidente que, no processo de atingir essas duas metas, encontra
remos pessoas que se acham opressas pelo inimigo e que precisam ser
libertas. Então, obviamente, devemos libertá-las em amor. Mas depois va
mos seguir era frente, mantendo os olhos nas metas de Deus. Em Marcos
16.15, Jesus ordena que preguemos o evangelho a toda criatura, e, nos
versos 17 e 18, acrescenta, quase como que fazendo um P.S., que temos
de expulsar demônios e curar enfermos. Portanto o objeto do interesse
de Jesus eram as pessoas necessitadas da bênção, não o shou) pirotécnico
do sobrenatural.
“Se Evitarmos Fálar do Diabo a Tbda Hora, Tãlvez Ele Vá Embora!”
Mas, por outro lado, ignorar os princípios da guerra espiritual é tão
errado quanto dar-lhes ênfase excessiva. Em todo lugar onde há crentes
26 Batalha Espiritual
igreja. Certa vez, fui a um lugar onde já pregara várias vezes, e um pastor
me disse:
— Dean, estou preocupado com esse negócio de você falar demais
sobre a guerra espiritual. O povo não sabe com que está lidando.
E depois contou-me que sua igreja resolvera trabalhar com feiticeiros
e bruxos. De repente um dos diáconos começou a ter problemas no ca
samento e acabou-se separando. Outro sofreu um ataque cardíaco, e ou
tro quase teve um esgotamento nervoso. E concluiu:
— Você está incentivando os crentes a entrarem numa área muito pe
rigosa.
Como respeito muito esse pastor, acatei suas palavras e comecei a orar
novamente e a examinar as Escrituras. Mas não achei na Bíblia base para
esse temor. Não encontrei na Palavra de Deus nenhum texto que nos oriente
a ter medo da guerra espiritual, ou que ensine que se fizermos oposição
ao diabo, ficaremos à mercê das forças malignas. Pelo contrário. A Bíblia
diz “Não temas!” mais de trezentas vezes. O Salmo 23.4 diz: “Não te
merei mal nenhum, porque tu estás comigo”. (Ver também Hebreus 2.14,15.)
Satanás gosta de incutir medo nas pessoas. E esse medo ganha mais
força justamente porque não temos conhecimento de Deus. Se quisermos
ser vitoriosos nessa guerra espiritual, se quisermos ser equilibrados e ficar
livres do temor, precisamos estar cientes do inimigo, sim, mas sobretudo
maravilhados com Deus. A situação nunca deve ser o inverso. Nunca de
vemos ficar maravilhados com o inimigo, e apenas cientes da existência
de Deus. Se não tomarmos cuidado, incorreremos no erro de estar sem
pre falando sobre o grande poder das trevas e sobre o que o diabo está
frizendo.
Certa vez uma jovem veio dizer-me, toda entusiasmada, que na cida-
dezinha onde mora tinham descoberto trinta antros de feitiçaria. E minha
resposta foi:
— Que bom que não foram trinta e um!
Mas embora não devamos nunca ficar maravilhados com as atividades
do inimigo, precisamos aprender a enxergar suas tentativas de atuar em
nossa vida. Tbmos de saber identificar seus atos e dizer:
“feo é um ataque do inimigo.”
“É 0 diabo que está por trás disso!”
Aprendendo a reconhecer seus esforços para prejudicar-nos e àqueles
que nos cercam, saberemos como, quando e onde agir para neutralizá-lo.
Como podemos descobrir se um problema decorre da atuação do diabo,
e não simplesmente das circunstâncias? Como evitar a posição extrema
de ver demônios em toda e qualquer dificuldade? Simplesmente pergun
tando a Deus. Não devemos ir logo dizendo que todo problema é causado
A Grande Aventura 29
pelo diabo, mas também não podemos descartar essa possibilidade. Pe
çamos a Deus que nos revele o que está acontecendo. Ele prometeu guiar-
nos. O dom de discernimento de espíritos, mencionado em 1 Coríntios
12.10, é um dos recursos pelos quais Deus nos revela o que está-se pas
sando na esfera espiritual, em determinado momento. (Hb 5.14.)
Por outro lado, precisamos estar maravilhados com Deus. Nosso maior
interesse deve ser procurar conhecer mais e mais ao Pai celeste. Se ti
vermos muito conhecimento sobre o diabo, e pouco a respeito de Deus,
seremos derrotados, não apenas na guerra espiritual, mas também em
outros aspectos de nossa vida. Antes de estudarmos tudo que diz respeito
ao inimigo, vamos primeiro conhecer a Deus. Se estivermos cientes de
que Deus é soberano, infinitamente grande e poderoso, e ao mesmo tempo
bondoso e manso, com um amor e interesse imutáveis por nós, não te
remos medo do diabo.
Outra verdade de que precisamos apropriar-nos é a da nossa posição
em Cristo. Satanás ataca aqueles que não têm consciência clara da situação
de que gozam em Cristo e de sua relação com Deus. Não basta afirmar
mos que somos crentes. Tfemos de crer no que Deus diz a respeito de
nossa posição. Precisamos estar a par do que a Bíblia diz sobre nós, e
crer nisso firmemente para vivermos essa realidade na prática e termos
autoridade.
Têndo plena consciência de nossa verdadeira condição de filhos do
Deus vivo, tomamo-nos confiantes, e o inimigo é forçado a bater em re
tirada. Milhares de crentes estão sendo diariamente manipulados pelo diabo,
derrotados que são pelas circunstâncias, por outras pessoas ou por con
ceitos errados. Eles deviam era atuar com base na posição que têm em
Cristo, e, com humildade, porém, confiantemente, declarar ao diabo:
“Eu sei qual a minha posição em Cristo, e portanto. Satanás, você
não pode fazer nada contra mim.”
Compreendi isso quando estava estudando essa questão da guerra espi
ritual na Palavra de Deus. Uma passagem do livro de Efésios ficou bem clara
para mim. Consideremos, por alguns instantes, os versos que se seguem.
“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu poder.
Revesti-vos de toda a armadura de Deus, para poderdes ficar firmes con
tra as ciladas do diabo; porque a nossa luta não é con ta o sangue e a
carne, e, sim, con ta os principados e potestades, con ta os dominadores
deste mundo tenebroso, conta as forças espirituais do mal, nas regiões
celestes. Portanto, tom ai toda a armadura de Deus, para que possais re
sista no dia mau, e, depois de terdes vencido tudo, permanecer inabalá
veis. Estai, pois, firmes, cingindo-vos com a verdade, e vestindo-vos da
couraça da justiça. Calçai os pés com a preparação do evangelho da paz;
30 Batalha Espiritual
embraçando sempre o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos
os dardos inflamados do maligno. Tbmai também o capacete da salvação
e a espada do Espírito, que é a palavra de Deus; com toda oração e sú
plica, orando em todo tempo no Espírito, e para isto vigiando com toda
perseverança e súplica por todos os santos, e também por mim; para que
m e seja dada, no abrir da minha boca, a palavra, para com intrepidez
fazer conhecido o mistério do evangelho, pelo qual sou embaixador em
cadeias, para que em Cristo eu seja ousado para falar, como m e cumpre
fazê-lo!’ (Ef 6.10-20.)
O verso 10 diz o seguinte: “Quanto ao mais, sede fortalecidos no Se
nhor”. A expressão “quanto ao mais” indica que ser fortalecido no Senhor
vem depois de uma série de importantes princípios relativos à guerra es
piritual. E 0 que está antes da expressão é todo o texto anterior de Efé-
sios, uma mensagem de vital importância. Paulo está-nos ensinando que
enquanto não nos apropriarmos de tudo que vem nesse texto anterior,
não podemos ser fortalecidos no Senhor. Então, se quisermos compre
ender a expressão “quanto ao mais” e o que significa “ser fortalecido”,
precisamos conhecer os princípios apresentados nessa carta.
Watchman Nee escreveu um comentário sobre o livro de Efésios in
titulado Sil, Walk, Stand (Assentar, andar, ficar firme). Vou tomar empres
tado os termos desse título para ilustrar três importantes mensagens da
epístola. Nela Paulo estabelece os fundamentos básicos da vida cristã, em
três etapas: assentar, andar e ficar firme.
Assentar
Nos capítulos 1 a 3, 0 apóstolo focaliza nossa posição em Cristo e
a relação que passamos a ter com Deus. Fala da obra que Deus realizou
para nos perdoar e nos reconciliar consigo. Nesses capítulos há diversas
afirmações sobre a condição que passamos a ter como resultado do que
Deus fez. Deus abençoou-nos “com toda sorte de bênção espiritual”. Ele
“nos escolheu nele antes da fundação do mundo”, e “nos predestinou
para ele, para a adoção de filhos, por meio de Jesus Cristo”. Ele “derra
mou abundantemente” a sua graça sobre nós. Nele “temos a redenção,
pelo seu sangue, a remissão dos pecados”. Ele desvendou-nos “o mistério
da sua vontade”. Nele “fomos também feitos herança”. E fomos “selados”
nele. Nós estávamos mortos, mas ele “nos deu vida juntamente com Cristo”.
Ele nos purificou e nos perdoou. Fomos salvos “pela graça... e isto não
vem de vós... não de obras, para que ninguém se ^orie”. Antes estávamos
separados e distantes de Deus, mas fomos “aproximados pelo sangue de
Cristo”. E Jesus é a “nossa paz”, e por meio dele “temos acesso ao Pai
A Grande Aventura 31
Andar
A segunda parte da carta é Efésios 4.1-9. Nela Paulo explica a res
ponsabilidade que 0 crente tem de viver de acordo com a Palavra e a
vontade de Deus. Assentar-nos é apenas uma faceta da vida cristã. Depois
32 Batalha Espiritual
Ficar Firme
Agora então chegamos a Efésios 6.10-20, que corresponde à terceira
etapa, “ficar firme”. E aí que recebemos a orientação de que necessitamos
para tomar posição contra o inimigo. Entretanto, se não estivermos se
guros de nossa salvação, nunca conseguiremos resistir confiante e reso
lutamente às potestades das trevas. Se não estivermos assentados e des
cansados perante o Senhor, cientes de nossa posição em Cristo, confiados
na maravilhosa graça de Deus, que é poderoso para nos guardar de tro
peços, se não estivermos andando com consciência pura, não consegui
remos ficar firmes contra as forças espirituais do mal.
Infelizmente nós agimos da forma inversa: ficamos firmes e brigamos
quando se trata de preservar nossa salvação, e nos sentamos e ficamos
descansados quando é hora de combater os poderes das trevas. Se al
guém tem dúvidas com relação a sua salvação, medite bem nas passagens
da Bíblia que revelam o que Deus fez, como Efésios, capítulos 1 a 3. Só
depois que essa verdade divina tiver penetrado bem em nossa alma e se
fixado nela, é que estaremos aptos a sentar e descansar em nossa salvação.
Por outro lado, quem nunca pensa em viver a vida diária de forma
responsável, precisa ler e meditar sobre Efésios capítulos 3 e 4, bem como
outros textos das Escrituras que falam sobre nosso dever de tomar de
cisões corretas, em harmonia com a vontade de Deus.
Deus ordena que nos despojemos “do velho homem” e nos revistamos
“do novo homem”. Poderemos entender isso mais facilmente se o virmos
como 0 processo de tirar uma roupa e vestir outra. É um ato consciente.
Na vida secular, todos estamos acostumados a tomar as decisões adequa
das e a fazer o que é certo. Escovamos os dentes após as refeições; tro
camos 0 óleo do carro sempre que necessário; etc. Revestir-nos do novo
homem é mais uma dessas responsabilidades, é mais uma decisão certa.
E isso não é praticar obras; é a maneira correta de viver, depois de tudo
que Deus fez por nós.
Não podemos fazer nada para ganhar a salvação. Ela é um dom gra
tuito de Deus. Mas assim que nos apropriamos desse dom precisamos
manter uma consciência pura diante de Deus. Em 1 João 3.21,22, lemos
0 seguinte: “Amados, se o coração não nos acusar, temos confiança diante
de Deus; e aquilo que pedimos, dele recebemos, porque guardamos os
34 Batalha Espiritual
“Minha vida está insuportável; vou amenizar as coisas com isto aqui.”
Tál prática é uma forma de caminhar para o suicídio. O princípio, o
espírito da fuga é o mesmo do suicídio. O meio utilizado é diferente, e
em alguns casos pode até parecer inofensivo; pode ser o vício de comer,
de fazer sexo, de assistir a televisão ou até de fazer compras. Qualquer
prática que tiver por objetivo fugir da realidade é uma forma de suicídio;
é morte.
Além disso Satanás quer destruir-nos também através do pecado. Ele
nos tenta com atraentes promessas de felicidade. Se alguém é infeliz no
casamento, por exemplo, ele o leva a crer que poderá ser feliz com outra
mulher ou marido. Na verdade ele nunca teve a intenção de promover
nossa felicidade. Sempre que buscamos o sentimento de realização fora
dos limites do que é reto e justo, entramos no território dos poderes das
trevas. Quando cometemos um pecado, estamos dando ao inimigo per
missão e oportunidade de operar em nossa vida. Ao pecar, favorecemos
0 propósito satânico de destruir nossa vida.
Satanás existe de fato. E sua natureza é maligna, sim; e tem mesmo
as piores intenções para conosco, e procura realmente interferir em nossa
existência. Quando entramos em seu território, estamos lidando com um
ladrão impiedoso, com um destruidor diabólico, e um monstruoso assassino.
A intenção dele é destruir nossa mente, nosso corpo, nosso caráter,
nossa reputação e nossos relacionamentos. Deseja ardentemente exter
minar tudo que é bom e justo. Mas apesar disso há muitas pessoas que
acham que podem brincar com o pecado, que podem enredar-se com
os poderes das trevas. E pensam:
“Ah, Deus entende. Ele vai me perdoad’
Mas a questão não é se Deus entende e perdoa. O problema é que
ninguém pode “brincar” com a criatura mais perversa, mais horrenda,
mais destrutiva que existe no universo e sair ileso. No que diz respeito
ao pecado, sempre fazemos uma opção: ou nos posicionamos contra o
inimigo ou estamos ao lado dele.
Brincadeira Inocente ou Perigo Mortal?
Wõo se achará entre ti quem faça passar pelo fogo o seu filho ou
a sua filha, nem adivinhador, nem prognosticador, nem agoureiro, nem
feiticeiro; nem encantador, nem necromante, nem mágico, nem quem con
sulte os mortos; pois todo aquele que faz tal cousa é abominação ao Se
nhor...” (Dt 18.10-12.)
No intento de nos destruir, Satanás lança-nos uma isca atraente e en
ganosa. Seus planos, muito bem arquitetados, ele os aplica a todos os
Conheçamos Nosso Inimigo 41
A Bíblia diz: “Porque como imagina em sua alma, assim ele é” (P\
23.10). Uma das táticas que o diabo emprega é neutralizar o sucesso de
crentes genuínos. Sabendo que não pode impedir que eles vão para o
céu quando morrerem, Satanás se contenta em enfraquecer a vida deles
na terra. Ele os imobiliza, roubando-lhes os dias, meses e anos, levando-
os a pensar negativamente E infelizmente usando esse recurso, ele tem
conseguido derrotar milhares de crentes que poderíam ser vitoriosos.
Segunda Área Estratégica — o Coração
‘Sobre tudo o que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele
procedem as fontes da vida.” (Pv 4.23.)
A palavra “coração” na Bíblia tem diversos sentidos. Em relação à guerra
espiritual, vamos focalizar dois desses sentidos — atitudes e emoções.
A Palavra de Deus ensina que temos de proteger as partes mais im
portantes do nosso corpo com a armadura de Deus. E tanto no sentido
físico como no espiritual, as partes mais vitais e mais vulneráveis são a
cabeça e o coração. Um soldado pode até perder um braço ou perna numa
batalha e continuar vivo. Mas se for ferido na cabeça ou no coração quase
sempre morre. No plano espiritual, nossa cabeça e coração são igual
mente vulneráveis e necessitam de proteção redobrada.
Nós, os crentes, sempre nos posicionamos firmemente contra os atos
pecaminosos, mas não nos protegemos das atitudes pecaminosas com igual
empenho. Se ficássemos sabendo que um pregador que muito admiramos
é adúltero, homossexual ou ladrão, ficaríamos fortemente indignados. E
logo procuraríamos tomar alguma providência. Não iríamos mais ouvir
suas pregações, e faríamos tudo para que fosse afastado de seu cargo.
Entretanto, se ficássemos sabendo que um pastor é de gênio rebelde, brigão,
insubmisso, orgulhoso, arrogante e irritadiço, provavelmente nem toma
ríamos conhecimento. Era possível até que disséssemos:
“E bom saber que ele também é humano, como nós.”
Entretanto o padrão proposto pela Bíblia não usa de tal complacên
cia. Em Efésios 4.26,27, lemos o seguinte: “Irai-vos, e não pequeis; não
se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao diabo”. É claro que
a ira não é nossa única atitude errada. Mas por esse verso e pelos que
se seguem podemos ver que, sempre que permitirmos que uma atitude
errada crie raízes em nós, estamos dando lugar ao diabo. E lembremos
que Paulo escreveu isso para os efésios, uma das igrejas mais equilibradas
do Novo Téstamento. Eles não eram problemáticos como os gálatas e co-
ríntios. Pelo contrário; seus membros eram crentes relativamente madu
ros, consagrados e cheios do Espírito. E apesar disso o apóstolo achou
50 Batalha Espiritual
para comunicar verdade, justiça e vida. Mas também podem ser ferra
mentas nas mãos do diabo para produzir mentira, acusação e morte. Como
a música, as palavras são apenas um meio. Em si mesmo, um meio não
é bom nem mau, é amoral.
E 0 fato de que as palavras têm poder não é novidade para a igreja.
Cremos que um grupo de pessoas pode fazer um pacto de oração entre
si e interceder por um enfermo que se acha no outro extremo do país,
a mais de mil quilômetros de distância, e isso pode alterar o estado do
doente. Nós cremos no poder da oração. Se alguém acha que as palavras
não têm poder, e que Deus vai fazer o que quer independente de nós,
então é melhor parar de orar. Mas a verdade é que quando oramos de
acordo com a vontade de Deus e segundo suas promessas, nossas pala
vras têm poder diante dele.
De Onde Provêm Nossas Palavras?
Se com nossas orações podemos criar condições para que o poder
sobrenatural opere a cura de um enfermo que se acha distante, que tipo
de poder atraímos a nós quando nos reunimos para reclamar da vida ou
criticar os outros? Muitas vezes proferimos palavras inspiradas por uma
atitude de egoísmo e crítica, convencidos de que não estamos causando
mal a ninguém. Mas o fato é que elas têm poder, e nossos lábios comu
nicam ou vida ou morte. “A morte e a vida estão no poder da língua;
0 que bem a utiliza come do seu fruto” (Pv 18.21). Davi fez a seguinte
oração: “Põe guarda. Senhor, à minha boca; vigia a porta dos meus lá
bios” (SI 141.3). Precisamos fazer nossa essa oração de Davi.
Uma boa ilustração da importância de guardarmos os lábios é a his
tória de Jó. Quando falamos em guardar os lábios não queremos dizer
que temos de ficar calados e engolir nossa raiva e sofrimento. Jó não ficou
em silêncio quando a tragédia se abateu sobre ele. Mas diz a Bíblia que
ele não pecou nem atribuiu a Deus falta alguma (Jó 1.22; 2.10). Essa afir
mação é extraordinária pois ele não ficou calado, não. Ele dirigiu muitas
perguntas a Deus. Era como se estivesse clamando:
“Não estou entendendo nada! Se Deus é justo, por que está aconte
cendo tudo isso comigo?”
Ele chegou a dizer o seguinte:
“Deus, 0 Senhor vai ficar desmoralizado por causa disso!”
Contudo, apesar de toda a sua franqueza, ele nunca transpôs os de
vidos limites. Como diz meu amigo Tom Hallas, “Jó nunca desmereceu
0 caráter de Deus”. Satanás não teve lugar em sua vida, porque ele não
pecou com os lábios.
Será que Deus poderia dizer o mesmo a nosso respeito, isto é, que
58 Batalha Espiritual
CiO
'UAL
“Diga 0 fraco: Eu sou forte.” (Jl 3.10.)
Já vimos que uma semelhança entre a guerra espiritual e o esporte
da luta romana é que em ambas temos de estar em constante estado de
alerta. Mas existem ainda outras semelhanças. Esse esporte exige do atleta
um bom condicionamento físico, mental e emocional. Aliás exige melhor
preparo físico do que a maioria dos outros esportes. O mesmo ocorre
com a guerra espiritual; o crente precisa estar no auge da sua forma es
piritual.
“Quanto ao mais, sede fortalecidos no Senhor e na força do seu podetf
(Ef 6.10.)
Quando a Bíblia fala sobre a guerra espiritual, ordena que sejamos
fortes. E nela não há nenhum ensino no sentido de que só podemos
ser fortes após alguns anos de convertidos. Thmpouco diz que somos
60 Batalha Espiritual
uns “fracotes”, que nunca chegarão a ser fortes. Muitas vezes nós pró
prios nos limitamos, ao menosprezar nossa posição em Cristo e o que
Deus realizou em nosso favor. Vamos desenvolvendo este tipo de men
talidade pela influência de certos hinos, como o que diz: “Eu sou fraco,
mas tu és forte”. E no entanto o que a Palavra de Deus diz é “Diga
0 fraco: Eu sou forte” e “Sede fortalecidos”. Então se nós, que somos
fortes em Deus, insistirmos em dizer que somos fracos, estaremos ne
gando essa verdade.
Não faz muito tempo, um membro do alto escalão do governo dos
Estados Unidos afirmou em público que as ordenanças de Jesus são ma
ravilhosas, mas obviamente ninguém é capaz de vivê-las na prática. Muitas
pessoas julgam ser impossível viver o ensino bíblico, crendo que as metas
propostas pela Palavra de Deus são inatingíveis.
Mas essa idéia não condiz com a verdade. Acha-se em oposição
frontal à Palavra de Deus que afirma que somos novas criaturas em
Jesus Cristo. Entretanto quantos crentes afirmam que são fortes, hu
mildes e santos.?
Deus Estaria Sendo Cruel Conosco?
Será que Deus nos dá ordenanças impossíveis? Será que ele nos daria
três pés de sapato ordenando-nos que os calçássemos, os três? Fico abis
mado ao ver quantos crentes enxergam a vida cristã por essa perspectiva.
Seria o mesmo que ir movendo uma espiga de milho diante do focinho
de um jumento para obrigá-lo a correr. Ele nunca a alcança, pois ela está
sempre um passo à frente dele, mas mesmo assim continua correndo para
tentar pegá-la. Será que Deus teria uma atitude tão cruel conosco? Ou
será que de fato podemos viver como ele deseja que vivamos, e fazer o
que ele ordena?
O cristianismo não se restringe a uma crença ou a uma confissão de
fé; é uma experiência de vida. Todos os princípios bíblicos são praticáveis.
E podemos perfeitamente obedecer a todos os mandamentos divinos. Po
demos alcançar todas as promessas de Deus. Se a Bíblia diz “Sede fortes”,
é porque podemos ser fortes; se ela diz “Humilhai-vos”, podemos humilhar-
nos. Se ela diz “Sede santos”, é porque podemos ser santos.
Obviaraente não obtemos nada disso por nós mesmos. Afirmar: “Sou
forte em mim mesmo”, é ostentar uma atitude de orgulho. E quem assim
pensa logo logo vai descobrir, através de sofrimento, que precisa de Deus
para ser forte. Deus é a nossa força. Se somos alguma coisa, se temos
alguma coisa, se somos capazes de fazer alguma coisa, é só por causa dele.
Achamo-nos envolvidos numa guerra espiritual, e se não reconhecer
mos que podemos ser fortes, seremos constantemente derrotados. O crente
Um Bom Condicionamento Espiritual 61
que acha impossível ser como Deus ordena, nunca o será. Que tragédia!
Mas a verdade é que somos fortes. E não estou-nos gabando, não. Não
0 digo por orgulho, não. Reconhecer isso é ser humilde — estou con
cordando com uma afirmação de Deus. Em Cristo, somos fortes.
O Condicionamento Espiritual
Para manter o condicionamento físico, o atleta tem de fazer ginástica,
corrida e levantamento de peso. Não basta ele ser forte; precisa exercitar-
se para manter a força. Do mesmo modo, na guerra espiritual também
precisamos conservar o condicionamento espiritual.
Existem muitos exercícios espirituais que o crente pode praticar para
manter a “forma”. O primeiro é conversar com Deus e ouvir sua voz. É
claro que uma oração rotineira, feita de forma ritualística, nunca irá
fortalecer-nos. A oração pode ou não nos tomar fortes; mas a comunhão
com Deus, sim. Nossas orações têm perdido o caráter de uma conversa
franca e sincera com Deus; às vezes não passam de mero palavreado. Mas
uma conversa íntima com o Deus vivo nos revitaliza e fortalece. Precisa
mos entrar realmente na presença de Deus e conversar com ele, confian
tes de que ele está interessado em nós e nos ouve. Além disso, temos
de nos dispor a ouvi-lo também. E é quando estamos em sua presença
que somos fortalecidos.
Em segundo lugar, devemos meditar na Palavra de Deus. Mas, como
no caso da oração, seria errado fazer disso um ritual religioso. Uma mera
leitura bíblica pode ou não fortalecer-nos; mas a meditação na Palavra
sempre nos fortalece. Thmbém comigo já aconteceu algo que ocorre com
muitos crentes: ler vários capítulos da Bíblia e no fim me dar conta de
não haver prestado a menor atenção ao que lera. E não tirei nenhum
proveito daquela leitura. E muito comum terminarmos nosso momento
de leitura da Bíblia apenas com o sentimento de havermos cumprido o
dever. Mas que proveito teremos se não meditarmos no texto, não o com
preendermos; se não crermos nele e não aceitarmos sua mensageirf Aquela
leitura não passará de um ritual religioso.
Muitos de nós Já ouvimos milhares de sermões e lemos inúmeros tex
tos da Bíblia. Mas a Pãlavra só opera mudanças em nós quando paramos
para meditar nela e examinar suas implicações para nossa existência.
Quando nos limitamos a lê-la, ela não tem significado nenhum para nós.
Ténho utilizado uma estratégia que tem-me ajudado muito a meditar
na Palavra de Deus. Todas as vezes que ouço uma mensagem ou leio um
texto bíblico, faço de conta que alguém está-me perguntando:
“Agora diga-me o que aprendeu nesse texto.”
62 Batalha Espiritual
ísta nem é motivada por orgulho. Ele se ira por razões justas e a aplica
da maneira correta. Nós, porém, nos encolerizamos quando nosso orgu
lho é ferido ou quando se frustram nossos intentos egoístas.
Se pudermos redirecionar nossa agressividade, dirigindo-a contra os
poderes das trevas; se pudermos conter as energias e emoções que es-
perdiçamos brigando uns com os outros e as utilizar para lutar contra
0 verdadeiro inimigo, muita coisa poderá mudar. Para começar, o império
satânico, que já deixamos ir longe demais, entraria em colapso. Se cada
um de nós tomasse a decisão de nunca mais contender com outro ser
humano pelo resto da vida. Satanás iria estremecer. Aí passaríamos a guer
rear contra ele, em vez de brigar com os irmãos como vimos fazendo
há séculos. Compreenderíamos, enfim, que a nossa luta não é contra carne
nem sangue.
CAPITULO SEIS
seu favor? Poucos o fazem. Que pecado terrível cometemos quando re
clamamos, lamuriamos ou somos ingratos a Deus! Imagine só o quanto
Deus nos dá. Como podemos ser ingratos e ainda nos queixar da vida,
sabendo que ele destacou anjos para estar constantemente a vigiar-nos?
Muitas vezes avaliamos a provisão e o amor de Deus por nós com base
nas coisas materiais que vemos e temos, esquecendo-nos de sua imensa
bondade e generosidade no plano espiritual.
“Porque aos seus anjos dará ordens a teu respeito, para que te guar
dem em todos os teus caminhos. Eles te sustentarão nas suas mãos, para
não tropeçares nalguma pedra.” (SI 91.11,12.)
Muitas vezes imagino se, quando chegarmos ao céu. Deus não irá
mostrar-nos um videoteipe de nossa vida na terra. Seria muito interessante
ver como vivemos, não apenas no que diz respeito ao mundo visível, mas
também ao invisível. Acredito que veríamos que estivemos sempre cerca
dos de anjos, que nos protegeram de muitos perigos e de ataques ini
migos, e nos auxiliaram em nosso serviço cristão. Além disso, veríamos
que contamos ainda com a presença do Espírito Santo, ajudando-nos e
nos inspirando. Estou convencido de que nesse teipe veríamos que fomos
salvos de acidentes milhares de vezes. Mas será que ele mostraria que
fomos gratos a Deus, que estávamos satisfeitos com nossa vida? Ou nos
mostraria constantemente reclamando, enquanto o Espírito Santo e os
anjos faziam tudo que podiam para auxiliar-nos?
Os anjos fazem parte de nossa vida. Devíamos estar sempre conscien
tes de sua presença, e ser gratos a Deus por eles. As Escrituras contêm
evidências até da existência de anjos da guarda. “Vede, não desprezeis
a qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos
nos céus vêem incessantemente a face de meu Pai celeste” (Mt 18.10).
O termo “pequeninos” não designa apenas crianças, não, mas todos os
filhos de Deus, aqueles que confiam nele. O pronome “seus” indica que
cada anjo está incumbido de uma pessoa. Parece que todos nós temos
anjos que foram designados por Deus especificamente para cuidar de nós.
E eles se acham incessantemente contemplando a face de Deus, como
que aguardando a orientação divina.
Uma História Esclarecedora
“Quando ele (Pedro) bateu ao postigo do portão, veio uma criada, cha
m ada Rode, ver quem era; reconhecendo a voz de Pedro, tão alegre ficou,
que nem o fez entrar, m as voltou correndo para anunciar que Pedro estava
junto do portão. Eles lhe disseram: Estás louca. Ela, porém, persistia em
afirmar que assim era. Então disseram: É o seu anjo.” (At 12.13-15.)
78 Batalha Espiritual
Em minha opinião, essa história é um dos textos bíblicos que forne
cem revelações mais claras sobre anjos. Pedro foi preso por estar pregando
0 evangelho. E a igreja se pôs a orar por ele. O que se passou depois
é de tremenda importância: um anjo foi à sua cela.
Lembremos que isso não é ficção, não é história em quadrinhos, nem
é irreal. Aconteceu de fato com um ser humano, aqui mesmo, nesta terra.
Como foi que o anjo entrou na cela? Como foi que ele removeu as
correntes das mãos de Pedro? E como conseguiu sair daquela prisão jun
tamente com 0 apóstolo? Não sabemos. Mas sabemos que nesse episódio
um ser do mundo invisível atuou no mundo visível. É igualmente impor
tante observar também que as orações da igreja interferiram no mundo
invisível ocasionando a libertação de Pedro. Bastaria esse simples relato
bíblico para convencer-nos de que temos de orar em todas as situações.
Outro fato interessante nessa história é algo que tem que ver com o
reino invisível. Observemos que os irmãos, querendo explicar um acon
tecimento em que não estavam acreditando, disseram uns aos outros: “E
0 seu anjo”.
Isso revela duas coisas. Primeira, os membros da igreja primitiva es
tavam plenamente conscientes da existência do mundo invisível. Ao sa
berem da chegada de Pedro, logo pensaram: “E o seu anjo”. Em segundo
lugar, sabiam que havia um anjo designado para cada pessoa. E aqueles
primeiros cristãos, que se achavam sob a liderança dos apóstolos, não
eram uns místicos, nem estavam envolvidos em práticas suspeitas, super-
espirituais. Pelo contrário; eram pessoas equilibradas, com os pés no chão,
para quem a presença de anjos era coisa normal da vida.
O Velho Tbstamento é um Livro de Ficção?
O Velho Tbstamento contém muitos relatos e evidências acerca do
mundo invisível. Mas muitas vezes nós evitamos examinar esses aconte
cimentos históricos. A verdade é que nós, os crentes, vemos alguns deles
como ficção, embora não o confessemos abertamente. Os relatos sobre
milagres não têm muito que ver com nossa realidade diária, e os heróis
bíblicos nos lembram mais as personagens das histórias em quadrinhos.
Até mesmo o Deus do Velho Tbstamento assume proporções exageradas
em relação ao Deus em que cremos. Parece mais poderoso, mais atuante
na vida das pessoas. Vendo nosso mundo atual como uma realidade mais
palpável, achamos o mundo do Velho Tbstamento meio fantasioso.
E no entanto os eventos bíblicos são reais. Se nós não vivenciamos
tais fatos é porque nos distanciamos da verdade e da realidade.
Há um episódio da vida de Eliseu que apresenta mais ensinamentos
sobre os anjos.
0 Mundo Invisível 79
OS crentes vêem anjos. É possível que nosso Deus, em sua sabedoria, es
teja ciente de que, devido ao orgulho, talvez procurássemos nos relacionar
mais com eles do que com o próprio Deus invisível. Mas não podemos
negar que ele permite que muitos vejam anjos. Acredito que isso se dá
para que tais pessoas tenham uma prova inegável da existência deles e
do mundo invisível.
A Bíblia nos adverte a que não busquemos relacionamento com anjos
e — mais importante ainda — que não os adoremos (G1 1.8; Cl 2.18).
Se Deus quiser que vejamos anjos ou que conversemos com eles, isso
é com 0 Pai. O essencial para nós é que nos mantenhamos sempre cons
cientes de que nos achamos rodeados de anjos. Jesus afirmou o seguinte:
“Bem-aventurados os que não viram, e creram” (Jo 20.29). E verdade que
ele se referia aos que creram nele, mas o princípio se aplica também nessa
questão. Tbmos de crer na existência do mundo invisível com base no
que Deus fala dele em sua Palavra, e não na possibilidade de vê-lo. Não
permitamos que o fato de não o vermos nos deixe em dúvida ou impeça
que creiamos nele.
3. Anjos que Adoram a Deus
A terceira atividade que os anjos exercem é adorar a Deus. Há anjos
que não fazem outra coisa senão cultuá-lo. A Bíblia fala de hostes an
gelicais adorando ao Senhor. Em Apocalipse há uma cena em que milhões
e milhões de anjos, referindo-se a Jesus, proclamam: “Digno é o Cordeiro”
(Ap 5.11,12). Outra ocasião em que vemos anjos adoradores louvando a
Deus é a do nascimento de Cristo.
O que fizera ele de tão errado? Algumas pessoas nutrem certa pena do
diabo, e se se dispuserem a falar a verdade não poderão negar esse fato.
Dizem alguns que Deus se sentiu ameaçado pela perspectiva de ele destroná-
lo, e como era mais poderoso e mais forte, egoisticamente expulsou de
lá 0 “coitado” do Lúcifer.
Será que Satanás Pode Ser Salvo?
Essa idéia de que Satanás constituía uma ameaça para Deus é aceita
por muita gente. Mas a verdade é que ele nunca foi uma ameaça para
Deus. E, na realidade, foram os outros anjos que o expulsaram de lá (Ap
12). Satanás não merece nossa compaixão. Ele rejeitou a luz e o conhe
cimento de Deus. Portanto repeliu exatamente o que podería levá-lo ao
arrependimento. Nunca poderá ser redimido.
Lúcifer foi expulso do céu por causa de suas próprias atitudes. E se
nós conhecemos o caráter de Deus podemos ter certeza de que ele se
entristeceu muito com as atitudes de Satanás.
Lúcifer afirmou: “Eu subirei ao céu; acima das estrelas (anjos) de Deus
exaltarei o meu trono, e no monte da congregação me assentarei, nas
extremidades do Norte; subirei acima das mais altas nuvens, e serei se
melhante ao Altíssimo” (Is 14.13,14). Ele estava dizendo, em outras pa
lavras, que seria outro deus, assim como o verdadeiro Deus. E até hoje
ainda não desistiu disso.
Admira-me muito ver quantas pessoas — inclusive crentes — pensam
que Lúcifer é outro deus. Acham que Deus é o Deus do bem e que Sa
tanás é 0 deus do mal. Acreditam que ele se acha em pé de igualdade
com Deus, apenas em posição oposta. Satanás tem convencido muita gente
dessa mentira.
Simplesmente Não Existe Termo de Comparação
Essa idéia de que Deus e Satanás são iguais e se acham em campos
opostos, à semelhança do yin-yang das crenças orientais, é de origem
pagã. Na verdade, eles não se equivalem. Somente Deus é Deus. E o grande
Criador não-críado. É eterno e infinito. É onisciente (sabe todas as coi
sas), onipotente (tem todo o poder), onipresente (está em todas as partes
ao mesmo tempo), e soberano (possui autoridade suprema). Lúcifer não
passa de um arcanjo que caiu, um ser criado, finito, cujo conhecimento,
capacidade e espaço são bastante limitados. Ele não sabe tudo, não tem
poder total. E só pode estar em um lugar de cada vez.
O que 0 cristianismo ensina sobre o universo é que existe apenas um
Ser supremo, incomparável. A idéia de que existiríam dois seres iguais,
cada um governando um reino, e que esses dois seriam opostos entre
84 Batalha Espiritual
nosso confronto com o inimigo. Ele não disse que iria ele próprio enfrentá-
los por nós. Disse, isso sim, que em seu nome nós expeliriamos demônios.
Isso basta para que passemos a conquistar vitórias diárias sobre Sa
tanás e suas hostes. Mas temos de aprender ainda outros fatos. Precisa
mos reconhecer e combater algumas das estratégias que o diabo utiliza
no presente.
CAPITULO SETE
Primeiro Recurso
Uma Hierarquia Satânica
0 primeiro recurso para a atuação satânica é mediante grupos orga
nizados, cuja missão é supervisionar e controlar os eventos mundiais. Sendo
90 Batalha Espiritual
Dominadores
A Bíblia fala de “tronos”, “domínios” e “dominadores”. Esses termos
designam “cargos” que os seres espirituais ocupam. Dominar implica em
impor uma opinião ou vontade a alguém. Precisamos entender como o
inimigo obtém acesso à terra para impor sua opinião aos homens.
Em Mateus 16, Jesus fala em “portas do inferno”. Nos tempos bíblicos,
as autoridades de uma cidade se sentavam à porta dela para tomar as
deliberações de interesse do povo. O equivalente moderno dessa situação
não seria a periferia da cidade, mas a prefeitura, a câmara, o congresso
nacional, ou qualquer outro ponto onde se tomam as decisões importan
tes para o povo. E Satanás se infiltra nessas estruturas governamentais
para dominar os cidadãos por intermédio delas. E como é que ele faz
isso? Do mesmo modo como sempre o fez. Desde os tempos do jardim
do Éden, ele obtém acesso ao mundo através das decisões erradas e ego-
ísticas dos seres humanos.
Quando pensamos em governo ou em autoridades governamentais te
mos a tendência de pensar apenas nos altos escalões. Mas a estrutura
governamental é bem mais extensa; abrange diversos níveis. Assim afeta
todos os aspectos de nossa vida. Tlido que nos diz respeito está sob o
cuidado de alguém do governo, desde o supremo tribunal federal até ao
funcionário da secretaria de segurança que emite carteiras de identidade.
Além das autoridades federais, estaduais e municipais, existem estruturas
de autoridades nas escolas, firmas, igrejas, sindicatos, clubes esportivos,
clubes sociais e na família. Até mesmo as tribos mais atrasadas, que ainda
vivem na idade da pedra, possuem estruturas governamentais — os chefes
e pagés da aldeia.
Rombos nas Muralhas
Se 0 termo “portas” tem que ver com as decisões feitas por autori
dades, as “muralhas”, na Bíblia, simbolizam a proteção que a autoridade
confere à sociedade. E Satanás reconhece as estruturas legítimas que go
vernam a sociedade Sabe que se elas estiverem atuando corretamente,
ele não poderá governar. As muralhas de proteção impedem sua entrada.
A Hierarquia Satânica e Seus Planos de Guerra 91
4 que 0 apóstolo Pedro foi levado perante os sacerdotes por haver pre
gado 0 evangelho. Mas a ordem que eles lhe deram contrariava frontal
mente 0 mandamento divino. Então o apóstolo recusou-se a obedecer-
lhes. Preferiu obedecer a Deus a atender aos homens. Entretanto em ne
nhum momento atacou a autoridade sacerdotal, nem assumiu uma atitude
de rebeldia. Existe uma grande diferença entre rebelião e desobediência civil.
Estar sujeito à autoridade não si^ifica também que temos de tomar-
nos pessoas sem opinião própria. Podemos perfeitamente posicionar-nos
contra a injustiça e o engano. Podemos discordar de outros, confrontá-los
e repreendê-los no Espírito de Cristo sempre que necessário. O que não
podemos é derrubar as estmturas ou fazer antagonismo a líderes simples
mente por se acharem eles em posição de autoridade.
Satanás está atacando a família, os sindicatos e as nações enquanto
instituições. Quando damos lugar à rebelião e tentamos derrubar uma
autoridade, aliamo-nos a ele.
Entretanto identificar a intenção satânica de dermbar as muralhas é
apenas um lado do problema. Que providências vamos tomar em relação
a isso? Em Ezequiel 22.30, lemos o seguinte; “Busquei entre eles um
homem que tapasse o muro e se colocasse na brecha...” Deus está pro
curando pessoas que se disponham a tapar o muro pela oração interces-
sória. Já sabemos o que é o muro e o que são as brechas. O muro está
ao nosso redor, e as estruturas da sociedade estão-se desmoronando. Tb-
mos de tapar essas brechas intercedendo diante de Deus em favor de ci
dades, famílias, escolas e indivíduos, e dessa forma estaremos impedindo
a entrada do inimigo.
Em Ezequiel 13.4,5 encontramos um desafio ainda mais sério no sen
tido de que assumamos nossa responsabilidade de profetas e intercesso-
res. “Os teus profetas, ó Israel, são como raposas entre as ruínas. Não
subistes às brechas, nem fizestes muros para a casa de Israel, para que
ela permaneça firme na peleja no dia do Senhor”
As raposas gostam de fazer covis em muros velhos, em ruínas. Os cren
tes estão fazendo o mesmo, enquanto a sociedade ao seu redor vai-se
desintegrando. Deus nos convoca a nos erguer e consertar os estragos
na muralha da sociedade, utilizando os recursos da guerra espiritual, da
oração e do envolvimento pessoal.
Principados
A segunda categoria de demônios dentro da hierarquia satânica é a
dos “principados”, por vezes chamados também de “espíritos territoriais”.
Os principados não são nem maiores, nem mais fortes, nem mais malig-
A Hierarquia Satânica e Seus Planos de Guerra 95
nos que os outros espíritos que compõem o reino das trevas. Eles não
possuem cinco cabeças e dez olhos, não. Os principados são simples
mente seres que possuem uma ampla área de influência no reino satânico.
Para entendermos o sentido desse termo, vamos analisar as partes que
0 compõem. Um “príncipe” é um governante, um líder. O sufixo “ado”
designa conceitos geográficos e demográficos. A geografia é o estudo das
terras e a demografia o estudo dos povos e sua distribuição na sociedade.
O termo “principado” designa uma das mais importantes formas pelas
quais Satanás atua em nosso planeta. Ele distribui suas hostes pelo mundo
de acordo com planos bem traçados. O diabo não espalha suas tropas
ao acaso, não. Não pensemos que eles correm de um lado para outro
desordenadamente, colidindo uns com os outros.
A engrenagem do reino das trevas é tão bem cuidada e lubrificada
como 0 melhor maquinário bélico das principais nações. Satanás prepara
planos de batalha para cada área geográfica em particular e para cada
grupo humano. Suas estratégias para a índia, por exemplo, são diferentes
das que ele tem para Nova Iorque. Seu planejamento para os menores
abandonados da Colômbia são bem distintos do que faz para as prosti
tutas de Amsterdã. Existem demônios específicos designados para áreas
e povos específicos.
Como qualquer general inteligente. Satanás começa a traçar seus
planos consultando um bom mapa. E ele enxerga os vários segmentos
do mundo. Vê nações, impérios, regiões, cidades e bairros. Leva em
conta a densidade da população rural e urbana. Conhece muito bem
as raças, nacionalidades, tribos, clãs e até famílias. Além disso, ele es
tuda grupos lingüísticos, dialetos, heranças culturais e étnicas. Está
a par de todas as associações, organizações e clubes. Satanás conhece
bem seu adversário, conhece o campo de batalha, e se acha muito
bem preparado para a guerra.
Pegue um Mapa
E por isso que podemos colocar ura pé nura país quase totalmente
cristão e o outro numa nação onde há pouco testemunho de Cristo.
Muitos dos pastores ou missionários itinerantes percebem essa diferença
entre um lugar e outro. Numa cidade, nota-se claramente o avanço
do reino de Deus, podendo-se até sentir que a atmosfera ali é tran-
qüila, positiva. Em outra, temos uma nítida consciência de conflito,
de opressão e de domínio dos poderes das trevas. Sei de pessoas que
ao atravessar uma ponte de um lado de uma cidade para outro da mesma
cidade, tiveram percepção de mudanças na condição espiritual. Em
Los Angeles, certa vez, indo de um bairro para outro, senti que havia
96 Batalha Espiritual
Potestades
0 terceiro tipo de função exercida pelos seres satânicos é o das “po
testades”, ou “fortalezas”. Elas têm que ver com os tipos de males que
existem no mundo e com os demônios designados para trabalharem com
esses pecados. Isso indica a existência de um esforço concentrado para
a intensificação de certos males.
Como é que um diabo já derrotado pode exercer tamanho controle
A Hierarquia Satânica e Seus Planos de Guerra 101
sobre a terra? Lembro-me de que, quando era garoto, ouvi certo pastor
que veio pregar em minha igreja dizer que o diabo já estava derrotado.
Disse ele:
“Jesus derrotou o diabo. Nós já somos vitoriosos. Ele está fora de com
bate Acha-se desempregado.”
Quando terminou o culto e saí, ia pensando:
“Se Jesus derrotou o diabo há dois mil anos, por que será que ele
ainda está aqui na nossa cidade?”
Até eu, que era menino, via claramente que aquele diabo derrotado
estava agindo livremente.
É verdade que Satanás foi cabalmente derrotado, vencido, e para sem
pre. E, se quisermos, até podemos comemorar tal vitória. Mas é verdade
também que esse diabo derrotado está atuando na terra hoje Como se
explica isso? Ele age em nossa sociedade na medida em que as pessoas
pecam e vivem egoisticamente A autoridade que ele tem lhe é dada pelo
homem que vive em oposição a Deus. Além disso existe ainda o acúmulo
dos pecados cometidos por todos os que pecaram antes, através dos sé
culos. Somos nós, que pecamos e vivemos egoisticamente, que lhe damos
liberdade de ação em nosso meio.
A atividade satânica também é determinada pela natureza do pecado
que cometemos. De acordo com os pecados que praticamos, Satanás pode
coagir-nos ou influenciar-nos a pecar ainda mais. Para isso ele utiliza po-
testades com tarefas específicas. São forças demoníacas com a incumbên
cia de agir de acordo com o tipo de mal praticado. Então existem as po-
testades da cobiça, do homossexualismo, da depressão, do medo, da
feitiçaria, e assim por diante. Essas potestades são tão numerosas quanto
os pecados cometidos pelos homens.
Não é que o demônio tenha um estoque de pecados, não. Ele não
tira a lascívia, por exemplo, das suas prateleiras e a joga sobre uma
cidade, forçando os seus moradores a se entregarem a esse pecado.
Não; não é desse modo que ele opera. Contudo é possível que os ha
bitantes de uma cidade ou mesmo de um país coletivamente se entre
guem à lascívia ou a outros pecados. Com a concentração de milhares
de indivíduos inclinados para determinado pecado, estabelece-se ali
uma potestade relacionada com esse pecado. E por isso que uma ci
dade pode ficar conhecida como a “capital da pornografia”, enquanto
outra se torna famosa pelo ocultismo que ali floresce, e ainda outra
é um centro de jogatina.
Essas potestades podem ser designadas também para uma família, se
ela se inclinar para determinado tipo de pecado. Até mesmo as igrejas,
embora sejam representantes de Cristo, podem estar sob a influência de
102 Batalha Espiritual
uma delas. Uma igreja sempre cheia de conflitos e divisões pode se achar
sob a ação de uma potestade de conflito e divisão. Então tais demônios
podem ser incumbidos de influenciar países, cidades, povos, grupos, e
até indivíduos. Há casos em que uma situação problemática de um lugar
ou povo tem raízes num determinado tipo de prática pecaminosa que a
população adotava centenas de anos antes.
Quando entramos na guerra espiritual. Deus pode revelar-nos a na
tureza da potestade envolvida em toda e qualquer situação. Ele pode dar-
nos — e nos dará — a identidade das potestades que se acham entrin
cheiradas numa casa, cidade, ou nação. Mas o objetivo aí não é simples
mente nos informar, e pronto. Não; assim que tivermos conhecimento de
las temos de entrar em ação. Deus não o revela meramente para satisfazer
nossa curiosidade.
Segundo Recurso
As Forças das Trevas
Outro meio pelo qual Satanás ataca a humanidade são as forças das
trevas. A Bíblia fala em “dominadores deste mundo tenebroso” (Ef 6.12),
ao mencionar a atuação do reino de Satanás. Essas forças das trevas têm
duas atividades principais: mentem e obstruem o avanço da verdade.
Espíritos Enganadores
Precisamos entender que o diabo enviou um batalhão de espíritos de
moníacos a este planeta expressamente para cegar o entendimento dos
homens. Esses seres nos enganam a respeito de tudo, disseminando men
tiras, desde pequenas inverdades até grandes e elaboradas religiões falsas
como 0 hinduísmo, o islamismo e o budismo. Um espírito enganador, por
exemplo, é o anjo Moroni. Esse demônio, que se acha aquartelado na
cidade do Lago Salgado, nos Estados Unidos, está cegando o entendi
mento de milhões de pessoas no mundo inteiro. Sabemos o nome desse
anjo porque ele apareceu a Joseph Smith. Mas acredito que haja muitos
outros demônios, cujo nome não sabemos, que estão incumbidos de atuar
nas principais religiões e seitas da terra. “... o deus deste século cegou
os entendimentos dos incrédulos, para que não lhes resplandeça a luz
do evangelho da glória de Cristo, o qual é a imagem de Deus” (2 Co 4.4).
Muitos de nós acreditávamos em coisas em que não acreditamos mais.
Até certo ponto estávamos em trevas. Nossa vida é um processo em que
vamos obtendo mais e mais conhecimento da realidade, vamos reconhe
cendo que certas coisas são mentira, e apropriando-nos das verdades da
Palavra de Deus. A intenção do inimigo é dificultar continuamente esse
processo, ocultando de nós a luz da verdade e cegando-nos com falsi
dades. Ele está constantemente atirando à nossa mente uma rajada de
mentiras. Esses espíritos nos apresentam inverdades a respeito de Deus
— dizem que ele não existe, ou então que ele não nos ama, ou que não
é misericordioso. Além disso transmitem-nos conceitos errados acerca de
A Hierarquia Satânica e Seus Planos de Guerra 105
Terceiro Recurso
Ataques a Indivíduos
A terceira forma pela qual o reino das trevas atua é através de maus
espíritos. Tãis espíritos não têm em mira regiões geográficas, nem ideo
logias como 0 comunismo, mas indivíduos. Eles procuram influenciar a
conduta de pessoas. No capítulo quatro, analisamos amplamente o modo
como tais forças atacam os homens — pela mente, pelo coração e pelos
lábios. Esses espíritos tentam os indivíduos para que pequem, e, se o con
seguem, escravizam-nos.
O alvo desses demônios não são grupos, mas indivíduos. Já mencio
namos os anjos de guarda. E possível também que haia demônios desig
nados para cada um de nós. Mas não precisamos atemorizar-nos, pois
quem é crente acha-se protegido pelo poder de Deus. Não há dúvida,
porém, de que Satanás tem interesse em atacar indivíduos.
Os maus espíritos tentam influenciar nossa conduta. Ele está constan
temente tentando pressionar-nos através do pensamento, de atitudes, dos
nossos desejos e vontade. Mas lembremos uma coisa: eles podem apenas
tentar influenciar-nos. Não nos obrigam a fazer nada. Na década de ses
senta, havia na televisão americana um programa muito popular intitulado
The Devil Made me Do it (Foi o diabo que me fez agir assim). Pode até
ter sido um programa engraçado, mas não condizia com a realidade. Al
gumas pessoas afirmam que o diabo as obriga a fazer isso ou aquilo, mas
na verdade tal não se dá. Até um cleptomaníaco, por exemplo, consegue
controlar-se. Se alguém estiver olhando para ele, não rouba nada.
A Caminhada Para a Escravização
Existe entretanto uma progressão. Todo erro começa com uma infíu-
ência. Somos tentados a fazer algo e sentimos vontade de fazê-lo. Nesse
ponto ou podemos orar a Deus pedindo o auxílio de sua graça, ou então
podemos ceder à tentação. Se cedermos a essa influência, nossa vontade
A Hierarquia Satânica e Seus Planos de Guerra 109
passa a inclinar-se na direção dela. A próxima vez que formos tentados
será mais fácil cair em pecado. E a cada vez que o praticarmos, toma-se
mais e mais fácil cometer o erro, pois nossa consciência vai-se cauteri-
zando. Podemos chegar, inclusive, ao ponto de achar que certo pecado
não é pecado. É por isso que um matador profissional é capaz de balear
alguém e depois ir jantar num belo restaurante. O assassinato tomou-se
para ele um ato banal.
Se cometermos continuadamente determinado pecado, criamos “há
bitos pecaminosos”. E o hábito pode exercer um forte controle sobre nós.
A essa altura, podemos cometer dois erros. Primeiro, procuramos atribuir
aquele hábito à natureza humana, e acreditamos que não há nada que
possamos fazer para sanar o problema. Segundo, achamos que estamos
possessos. Mas isso não é verdade — não estamos possessos; ainda não.
TVata-se apenas de um hábito pecaminoso, profundamente arraigado como
outros atos que praticamos sem pensar.
Na Nova Zelândia, a mão de direção é no lado esquerdo da ma. Assim
que me sento ao volante do carro naquele país, logo percebo que estou
no assento da direita, e não no da esquerda. Quando arranco, afastando
0 carro do meio-fio, dirijo-me para a direita, mas tenho de estar constan
temente lembrando que preciso permanecer no lado esquerdo da estrada.
Se eu cismar de rodar do lado direito, e um guarda me parar, não posso
dizer-lhe:
“Não está em mim, seu guarda! E um problema de criação. Há anos
que a minha família vem dirigindo do lado direito. E até aqui sempre vivi
em lugares onde se dirigia do lado direito. Afinal de contas, sou humano
também; tenho minhas fraquezas. Não dá para me modificar assim de
uma hora para outra. Será que não posso dirigir no meio da rua por uns
tempos até me acostumar?”
Não; não dá para fazer isso. Na primeira vez em que tive de dirigir
do lado esquerdo, consegui fazê-lo logo, e certinho. Ninguém teve de ex
pulsar de mim o “demônio do dirigir do lado direito”. Era simplesmente
um hábito que eu formara havia muitos anos e que tive de superar. Os
hábitos pecaminosos podem estar profundamente arraigados em nós, mas
com a graça de Deus e com uma decisão de nossa parte, podemos superá-
los.
Entretanto, se não vencermos um hábito pecaminoso, podemos ficar
escravizados a ele. Nesse caso já existe um elemento sobrenatural. O ini
migo está no controle de um aspecto de nossa personalidade. TVadicio-
nalmente, os evangélicos designam esse processo em termos de uma pro
gressão: primeiro há uma obsessão, depois a opressão e finalmente a
possessão. Mas eu pessoalmente parei de empregar essa terminologia, pois
110 Batalha Espiritual
A Bíblia diz que Jesus foi batizado nas águas do rio Jordão, por João
Batista, seu primo. Assim que foi batizado, o Espírito Santo desceu sobre
ele em forma de pomba, e ouviu-se uma voz do céu que dizia: “Este é
0 meu Filho amado, em quem me comprazo”. Finalmente, após anos e
anos de batalha. Deus proclamava ao mundo que ali se achava o seu Fi
lho, a semente da mulher.
As Violentas Tentativas de Satanás
Do rio Jordão, Jesus foi para o deserto para ser tentado. Era a pri
meira vez que, na forma humana e como a semente prometida, ele se
encontrava frente a frente com Lúcifer, o arcanjo caído, e, provavelmente,
com outros seres demoníacos. O que se seguiu não foi um mero ritual,
mas uma luta encarniçada e ferrenha. Satanás exercitou toda a influência
que possuía para tentar corromper a semente que iria ferir-lhe a cabeça.
Jesus sujeitou-se a ser tentado. Depois de jejuar por quarenta dias,
0 diabo lhe sugeriu que transformasse pedras em pães. Tfentava-o a que
usasse seu poder espiritual para alimentar-se. Infelizmente há muitas pes
soas que fazem uso do poder divino para operar milagres com objetivos
egoístas. Mas Jesus recusou-se a agir assim.
A segunda tentação foi que ele saltasse de um lugar alto, certo de
que Deus o ampararia e o protegeria. Seria um golpe publicitário, com
0 qual ele conquistaria a atenção do mundo. Assim sua importância fi
caria evidenciada pelo fato de Deus sair em seu socorro. Multidões veriam
aquilo e, naquele mesmo dia, ele teria todos os discípulos que quisesse.
Essa tentação foi dirigida ao seu orgulho.
Alguns de nós muitas vezes agimos de forma a chamar a atenção dos
outros para nossa pessoa. Nós nos autopromovemos, exibimos talentos
e dons, e provocamos muita agitação. E tudo com o objetivo de conquis
tar seguidores. Nós nos exaltamos demasiadamente, contrariando os pro
pósitos de Deus para nós, na tentativa de mostrar ao mundo o quanto
somos importantes. Mas Jesus resistiu a essa tentação também. Ele iria
servir a humanidade dando a vida por ela, e não usando de artifícios para
conquistar sua atenção.
A terceira tentação foi a de obter autoridade. Satanás disse a Jesus
que lhe daria a autoridade que havia usurpado do homem, se o Senhor
0 adorasse Alguns argumentam que o diabo estava mentindo. Mas, na
realidade ele falava a verdade Se o oferecimento não fosse legítimo, a
tentação não teria sido real. E o fato é que, enquanto o homem estiver
vivendo no pecado e no egoísmo. Satanás terá essa autoridade
O diabo estava oferecendo ao Senhor o domínio, o controle, uma po
sição de proeminência e de autoridade sem passar pela vergonha da cruz.
Como Exercitar a Autoridade que Deus nos Dá 119
E mais uma vez Jesus recusou. Iria derrotar o inimigo, não pelo poderio
humano, mas pela humildade Pela sede de poder, ninguém realiza os
propósitos de Deus. A igreja não precisa de um poder destituído de hu
mildade Ela só deve buscar o poder de Deus através da humildade de Cristo.
Durante os três anos do ministério de Cristo, diz a Bíblia, ele foi alvo
de vários atentados. Mas conseguiu escapar de todos até encerrar seu
ministério. Quando chegou a hora certa, ele se entregou voluntariamente
aos pecadores, para que fizessem com ele tudo que suas mentes diabó
licas pudessem maquinar. Em João 10.18, Jesus diz o seguinte, referindo-
se à sua vida: “Ninguém a tira de mim; pelo contário, eu espontanea
mente a dou”.
Por que Jesus Téve de Sofrer Tãmbém?
Jesus deve ter sofrido todas as agressões que a mente humana, in
suflada pelo inferno, poderia inventar, os crimes mais hediondos, mais
depravados, obscenos e torturantes. Nós não podemos nem imaginar
a dor e a humilhação a que ele foi submetido. Quando a Bíblia fala
do sofrimento e morte dele usa termos generalizados: desprezado, re
jeitado, injustamente acusado e maltratado, foi chicoteado e escarne
ceram dele. Por que Deus permitiu que Jesus passasse por sofrimentos
tão horríveis antes de ser morto? Será que além de morrer pelos nos
sos pecados, sofreu tudo aquilo para que, como diz Isaías ao descrever
sua obra expiatória, “o castigo que nos traz a paz estava sobre ele”
(Is 53.5)? Jesus foi alvo de todo aquele ódio e rejeição e sofreu ta
manha injustiça para que nós tivéssemos paz quando passássemos pela
mesma situação. Então, da mesma forma como recebemos o perdão
dos pecados e a purificação pela fé, assim também precisamos crer
que Deus nos dará paz nos momentos em que passarmos por humi
lhações, injustiças e dor.
Tildo isso Jesus suportou por nós. Afinal, foi pregado a uma cruz e
sofreu uma morte lenta e dolorosa — por nossos pecados.
Diz a Bíblia que assim que ele morreu, desceu ao Hades. Existem
diversas opiniões acerca do Hades, mas parece claro que lá existem dois
lados. Um dos lados, o Paraíso, é o que Jesus mencionou quando disse
ao ladrão, na cruz: “Hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.43). E nesse
lugar que o espírito dos justos aguarda a ressurreição. O outro setor é
para onde vai o espírito dos ímpios. Jesus esteve nos dois lados do Hades.
No Paraíso, ele pregou aos espíritos em prisão. Eles se encontravam pre
sos porque Satanás detinha as chaves do pecado e da morte. Mas não
se achavam em tormento. Lemos em Efésios 4.8 que “quando ele subiu
às alturas, levou cativo o cativeiro”.
120 Batalha Espiritual
Se Deus é amor, por que existem tantos males na terra? Tbdos nós,
não importa quem somos nem o que somos, mais cedo ou mais tarde
fazemos essa pergunta. É uma das indagações básicas do ser humano.
Para o crente, ela é crucial. Se não encontrarmos uma resposta satisfa
tória, podemos abrigar dúvidas no coração e até chegar a ter raiva ou
ressentimento contra Deus. Sabemos de crentes que ficaram arrasados
ao pensar que um Deus bom permite que pessoas sejam destruídas pelo
mal. O sentimento de confusão e frustração é tão intenso, que muitos
simplesmente deixam de seguir ao Senhor.
Os males do mundo constituem uma grande interrogação também para os
incrédulos, e os impede de crer em Deus. Certa vez. Charles Baudelaire, um
filósofo francês, afirmou:
“Se Deus existe, ele deve ser um diabo.”
Sempre que alguém se vê diante de uma tragédia, a “culpa” é de Deus.
As catástrofes inexplicadas são consideradas "atos de Deus”. Sempre que
há uma fome ou epidemia, a culpa é dele.
130 Batalha Espiritual
é exatamente o que nos toma seres humanos — estaria sendo mais cruel.
Nosso livre-arbítrio é muito mais valioso do que a eliminação daquela
montanha de males, mesmo sendo eles tão hediondos.
Acredito que todo crente que prega o evangelho já encontrou pela
frente a pergunta que encabeça este capítulo. Isso pode ter acontecido
numa esquina de ma ou numa sala de aula de universidade, e em outros
lugares. Seja onde for, é sempre difícil respondê-la. A indagação é:
“Se Deus é amor, se ele é tão poderoso, por que permite que haja
males no mundo? Por que permite que criancinhas inocentes morram?
Por que ele não pode deter o mal, ou proteger-nos das desgraças que
ocorrem no mundo?”
São perguntas válidas que merecem uma resposta inteligente, Na ver
dade trata-se de uma proposição filosófica. O argumento levantado aí é
0 seguinte: ou Deus é amor mas não é poderoso, ou então ele é poderoso,
mas não é amor. Ou por outra, levando em conta o mal que existe no
mundo. Deus não pode nos amar e ser onipotente ao mesmo tempo. Ou
é um ou é outro.
Seria Deus Negligente?
Embora seja difícil encontrar uma explicação adequada, temos de re
conhecer que 0 argumento tem certa razão de ser.
Suponhamos, por exemplo, que eu visse uma criança atravessar a rua
no momento em que ia passando um ônibus, e não fizesse nada para
evitar o acidente. Eu seria culpado de homicídio por negligência. Se eu
tivesse 0 conhecimento e a capacidade necessários para evitar a morte
do menino, e não fizesse nada, estaria cometendo um grave erro. Agora
vamos multiplicar esse acidente por milhões. Deus vê todas as coisas ter
ríveis que estão para ocorrer no mundo, pois tem conhecimento de tudo.
Existem muitos aspectos do sofrimento humano que desconhecemos.
E é verdade também que desconhecemos muita coisa a respeito de Deus
e de sua infinita sabedoria, já que ele tudo sabe, e nós temos uma mente
finita. Não me julgo capaz de dar explicações plenas para o que C. S.
Lewis chamou de “o problema do sofrimento”. E creio que em certas si
tuações não podemos fazer nada a não ser confiar no caráter de Deus.
Entretanto há questões para as quais nem mesmo o conhecimento do
caráter dele nos fornece respostas. Embora seja poderoso, ele deixa de
fazer uso de sua onipotência devido a fatores outros que são igualmente
importantes. Um desses fatores já foi mencionado aqui — é o livre-arbítrio
por ele concedido ao homem. E existem ainda outros, como o seu com
promisso com a justiça.
Deus é justo, e não faz a menor concessão à injustiça. Ele é absolu-
134 Batalha Espiritual
Ias como mera “ilusão”. Existem até mesmo crentes que afirmam que nunca
devemos fazer “confissões negativas”, para que não nos sobrevenham ma
les. Mas os males acontecem, sim, e alguns não desaparecem por si, não.
E se orarmos pedindo para ser libertos deles e ainda assim eles conti
nuarem, podemos tomar a decisão de deixar que sirvam de instrumento
para o nosso aperfeiçoamento espiritual. E claro que não temos de apreciá-
los, mas também não devemos permitir que roubem nossa vitória. Nem
sempre somos poupados dos males, mas sempre podemos obter a vitória
em meio a eles. A vitória já está em nosso coração. Tbr a vitória é ser
vencedor em toda e qualquer situação.
Se tivermos uma visão realista da vida, cientes de que passaremos por
aflições, provações e tentações, não nos sentiremos derrotados nem ar
rasados quando elas nos sobrevierem. Quando enírentarmos um problema,
não devemos abanar a cabeça como quem diz:
“Por que isso foi acontecer comigo?”
Ao contrário, devemos tomar a decisão de aproveitar essas situações
difíceis para crescer e nos aperfeiçoar. Isso é ser vencedor.
Conheço inúmeros casos de “baixas” que não precisavam ter ocorrido.
São igrejas que se dividiram; crises financeiras que destruíram ministé
rios; pastores que abandonaram a esposa por uma mulher mais jovem.
E as pessoas ficam abaladas e desiludidas. Começam a duvidar de Deus
e a culpá-lo pelos males que ocorrem. Algumas chegam a renegar a fé,
e param de servir a Deus. E isso não acontece apenas com os mais fracos;
abate, inclusive, pessoas que já presenciaram milagres, que já participa
ram de ministérios poderosos, e receberam gloriosas evidências de que
Deus é fiel.
Tbr Vitória Não é Viver Numa Redoma à Prova de Bala
O grande problema dessas pessoas é que nunca aceitaram o fato de
que vivemos em um mundo pecaminoso. Elas acham que ser vitorioso
é não passar provações, aflições e tentações. Parece que criaram um uni
verso irreal onde ser salvo significa estar livre de tudo que é ruim. E quando
dão de frente com a realidade acham-se totalmente despreparadas para ela.
Só podemos ter vitória à medida que aceitamos a realidade de que
vivemos num mundo corrupto, e que tomamos a decisão de utilizar as
circunstâncias negativas para nos aprimorar espiritualmente.
“A mados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós,
destinado a provar-vos, como se alguma cousa extraordinária vos esti
vesse acontecendo; pelo contrário, alegrai-vos na medida em que sois co-
participantes dos sofrimentos de Cristo, para que também na revelação
de sua glória vos alegreis exultando." (1 Pe 4.12,13.)
Se Deus é Amor, Por que Permite Tantos Males? 137
Os crentes a quem o apóstolo Pedro dirigiu suas cartas viviam cons
tantemente sob a ameaça de perseguição e morte. E é provável que mui
tos deles tenham lido essas cartas na prisão, aguardando o momento de
ser destroçados por leões no Coliseu romano, ou de ser queimados vivos
para servir de iluminação nas festas do imperador. O apóstolo ensina que
os sofrimentos por que nós, os crentes, passamos não alteram em nada
nosso relacionamento com Deus. E orientou-os a que se alegrassem em
meio àquelas circunstâncias.
Ou Somos Loucos ou Temos Conhecimento de Fatos TVanscendentes
Vivemos em um mundo corrompido. Deus permite que nos sobreve
nham males. Mas não devemos estranhá-los. E se uma pessoa se alegra
em meio às tribulações, das duas, uma: ou é louca ou então conhece bem
a Deus e sua Palavra, e mais, está a par da condição do homem e do planeta.
Num dos versículos anteriores, Pedro diz que temos de glorificar a
Deus em tudo que fizermos e dissermos. Agindo corretamente, e tendo
a reação certa a todo instante, diante de cada situação, revelamos aos
que nos cercam a glória de Deus — o seu caráter. Se conhecermos bem
0 caráter divino, nós nos alegraremos em todas as circunstâncias, pois
sabemos que nenhum problema poderá desviar-nos do curso certo. Co
nhecendo a Deus, sabemos que seu amor por nós é imutável. Suas in
tenções e propósitos para conosco não se modificaram. Então podemos
regozijar-nos mesmo diante de desilusões, pois o Deus que está em nós
é vitorioso. E enfrentando as provações desse modo, damos aos outros
uma visão do caráter dele.
“Meus irmãos, tende por motivo de toda a alegria o passardes por vá
rias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada,
produz perseverança. Ora, a perseverança deve ter ação completa, para
que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes!’ (Tg 1.24)
Passar por “várias provações” e pela “prova de nossa fé” não é motivo
de alegria. Mas temos de encarar essas coisas assim. Mesmo quando pas
samos por situações penosas, com sofrimentos físicos, mentais e emocio
nais quase insuportáveis, podemos dizer:
“Isso é motivo de alegria para mim.”
Sabe por quê? Porque o fogo ardente que enfrentamos está produ
zindo em nós algo de valor incalculável: perseverança.
Aqui no Ocidente, não entendemos muito de paciência, de tolerância
ao sofrimento. Nossa sociedade exige conforto e bem-estar. Quando
algo nos desagrada, logo damos um jeito de corrigir o problema. En
tretanto, a maioria dos povos da terra não tem como modificar as cir-
138 Batalha Espiritual
simples conforto que tinham antes, quando eram escravos. O deserto não
era um lugar agradável, onde pudessem descansar ou refazer as forças;
de forma alguma. Era um lugar onde eles viam suas eneirgias se esvaírem
sob um sol escaldante e ventos inclementes; um lugar onde a água e o
alimento eram escassos.
Nascido e Criado no Deserto
Além disso, o deserto foi também um lugar de morte, pois toda uma
geração ali envelheceu e morreu. E com ela morreram também a fraqueza,
0 temor, a amargura e as murmurações. Por outro lado, o deserto foi um
lugar de vida, onde nasceu e se forjou toda uma nova geração. E essa
nova geração veio a constituir o exército de Israel. Eles eram fortes e co-
rcjosos; seu caráter ganhou têmpera naquele lugar árido. Como aqueles
homens conheciam apenas a escassez e o desconforto do deserto, tiveram
grande desejo pelo cumprimento das promessas de Deus.
Deus sabia muito bem o que estava fazendo quando os coiiduziu ao
deserto. E hoje ele ainda age da mesma forma com seu povo. E verdade
que nosso deserto não é uma região de areias e oásis, não. Mas nem por
isso é menos real. Nossas experiências de deserto são parte da vida que
levamos neste mundo corrupto. E todos nós, sem exceção, passamos por
elas.
Durante nossa existência terrena, atravessamos muitos desertos. E, se
não entendermos por que Deus permite que passemos por eles, ficaremos
com sentimentos de frustração e poderemos até abrigar amargura contra
Deus. Isso acontece principalmente àqueles que acham que, se tiverem
bastante fé não precisarão sofrer. Uma vez que fatalmente todos passa
remos por esses “desertos”, quem raciocina desse modo irá concluir que
não tem fé, e abrigará sentimentos de condenação. Ou então acusará Deus
de não cumprir suas promessas. Jesus estava no deserto, portanto em cir
cunstâncias adversas, quando venceu as tentações do inimigo. E nós tam
bém temos de passar por nossos “desertos”, superá-los e assim revelar
ao mundo a vitória da fé em Cristo no viver diário.
Por que Deus nos conduz ao deserto? Primeiro, para nos humilhar.
É nesses momentos que nos lembramos do que somos e de quem Deus
é. Nada nos quebranta mais do que passar por um “deserto”. Tbma-nps
mais dependentes de Deus. Além disso, tomamo-nos alvo da atenção ge
ral — todos ficam a par de nossa situação. E humilhante admitir para
os outros que estamos passando por momentos difíceis.
Tàlvez achemos a humilhação profundamente desagradável; o mundo
nos ensina a evitar tudo que nos humilhe. Mas Deus sabe que o melhor
para nós é vivermos em constante estado de quebrantamento. Por isso
Se Deus é Amor, Por que Permite Tantos Males? 141
Vejamos o que Paulo diz aqui. “E, para que não me ensoberbecesse
com a grandeza das revelações, foi-me posto um espinho na carne, men
sageiro de Satanás, para me esbofetear, a fim de que não me exalte” (2
Co 12.7). Aí está o apóstolo Paulo, um crente cheio do Espírito, sendo
esbofeteado por um mensageiro de Satanás. Tbdo crente sofre e sempre
sofrerá ataques do inimigo. Na maioria das vezes em que Deus permite
que isso ocorra, seu objetivo é ensinar-nos a resistir à tentação.
Precisamos aprender a assumir uma posição firme, e resistir aos ata
ques de Satanás. Em muitos casos, tais ataques ocorrem somente por
um certo período de tempo, como aconteceu a Jó. Mas há situações mais
raras, como a do apóstolo Paulo, em que Deus permite que ele seja de
caráter mais permanente, já que a graça divina nos basta, a nós todos.
Entretanto Deus não quer que aceitemos passivamente tudo que o diabo
nos atira. Se não aprendermos a resistir a Satanás, ele irá tomando con
trole sobre nossa vida, e podemos viver assim muitos anos, até que lhe
façamos resistência.
gênitas. Eu, por exemplo, uso óculos, mas isso não significa que tenha
demônio. O corpo humano é finito e portanto sujeito a desgastes. Desde
a queda do homem, a fraqueza física vem sendo transmitida de uma
geração a outra.
As enfermidades também podem ser resultado da negligência de cer
tos cuidados com o corpo, como, por exemplo, alimentação inadequada,
falta de exercícios físicos e repouso.
Entretanto, vez por outra, uma doença pode ter uma causa sobrena
tural; pode vir de Deus. Até algum tempo atrás, eu costumava afirmar
que a enfermidade que aflige o crente nunca provém de Deus. Mas, lendo
mais a Bíblia, descobri que em algumas ocasiões isso acontece Vez por
outra, 0 Senhor lança mão de enfermidades para castigar fisicamente al
guém. Entretanto, sempre que o faz, tal moléstia é um ato de misericór
dia, com 0 objetivo de provocar o arrependimento e a restauração da
quele filho. Nesse caso, se o crente se arrepende, quase sempre ocorre
uma cura imediata.
Certa ocasião, quando eu ainda era missionário na Nova Guiné, um
rapaz crente teve uma febre misteriosa que durou mais de um mês. Ora
mos por ele insistentemente, dando-lhe tratamento médico ao mesmo tempo.
Mas nem nossas orações nem os medicamentos estavam surtindo o me
nor efeito, apesar de na mesma época termos visto outros enfermos sendo
curados. Certo dia ele confessou que estava abrigando no coração uma
forte mágoa contra determinadas pessoas. E assim que o confessou foi
instantaneamente curado, sem que houvesse necessidade de orarmos por
ele.
E as enfermidades podem provir também do diabo. Precisamos resistir
aos ataques dele, dizendo:
“Satanás, eu me recuso a aceitar esse ataque. Ordeno-lhe, em nome
de Jesus, que vá embora.”
Quandò não temos certeza se se trata ou não de um ataque satânico,
podemos perguntá-lo a Deus. Ele é fiel e nos revelará a origem do pro
blema. Seja qual for a causa da enfermidade, devemos sempre buscar a
Deus para conhecer os detalhes da situação e obter a cura.
2. Injúrias
Outra forma pela qual Satanás nos ataca são as injúrias, tentativas
satânicas de denegrir nossa imagem. O mundo está constantemente obser
vando a igreja de Jesus Cristo. E sempre que o povo de Deus oferece
motivo para condenação, ele lhe aplica a injúria. Infelizmente, muitos cren
tes, com seus pecados ou com suas constantes suspeitas e difamações
de outros irmãos, ajudam o diabo a afrontar a igreja.
152 Batalha Espiritual
Defesa e Ataque
Nessa guerra, temos de assumir posições de defesa e de ataque. Tbdo
time de futebol tem um grupo encarregado da defesa. Esses jogadores
se esforçam o tempo todo para impedir que o time adversário entre em
seu campo. Uma boa defesa é aquela que sempre consegue impedir que
os adversários passem por eles. O mesmo ocorre na batalha espiritual.
Em Efésios 6.10,11, lemos o seguinte: “Quanto ao mais, sede fortale
cidos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadura
de Deus, para poderdes ficar firmes contra as ciladas do diabo”. Ficar
firmes é defender a justiça e a verdade. Quem tem um compromisso com
a verdade e a justiça, tem de defendê-las tanto em sua vida particular como
no contexto mais amplo da sociedade em que vive.
Mas além da posição defensiva existe o ataque E aqui também as coi
sas se passam como num jogo de futebol. Ao mesmo tempo que defen
demos nosso território, avançamos para entrar no campo adversário. Nosso
objetivo é penetrar em sua defesa. Infelizmente, na luta espiritual, muitos
crentes só ficam na defesa. O grande anseio deles é “jogar para o empate”.
Não se acham dispostos a conquistar mais terreno para Deus. Sua única
preocupação é não permitir que o diabo marque muitos gols.
As Portas do Inferno Estão Prevalecendo
Em nossos cultos, ouvimos constantemente dizer que Deus está edi-
ficando sua igreja, que a igreja é poderosa, e que “as portas do inferno
não prevalecerão contra ela”. E todos dizemos:
“Amém! Que coisa maravilhosa!”
Mas, infelizmente, a verdade é que as portas do inferno estão preva
lecendo. São incontáveis as pessoas, cidades, universidades, colégios, clu
bes e famílias presas dentro das portas do inferno.
A Bíblia não diz que as portas do inferno vão cair automaticamente.
Os portões de uma cidade constituem fator de defesa, Não havendo ata
que, eles continuam firmes, de pé. Precisamos conscientizar-nos de que
as portas do inferno não vão cair sozinhas. Será preciso que o corpo de
158 Batalha Espiritual
chegado ao lugar errado. Será que Deus não conseguira cumprir a pro
messa feita? Havia ou não havia terminado para eles o período de lutas?
E 0 descanso anunciado? Quem seriam aqueles povos estranhos, e por
que Deus permitira que eles permanecessem na terra prometida?
Não; Deus não fracassara. Era assim mesmo que a terra prometida
deveria ser. Em Juizes 3.1,2 Deus revela que deixou nações hostis na terra
propositalmente, para que Israel aprendesse a guerrear. Isso não quer di
zer, porém, que o objetivo ali era que tais nações fossem para eles uma
espécie de saco de pancada, não. Deus tencionava também castigar aque
las tribos, mas não iria fazê-lo de forma sobrenatural, como castigara an
tes Sodoma e Gomorra. Preferiu puni-las através dos filhos de Israel. É
que seu povo tinha de aprender a lutar.
Nós Temos de Lutar
E nós, os crentes, temos exatamente a mesma experiência. Pela sal
vação, entramos na terra prometida. Mas, uma vez nela, precisamos apren
der a ser guerreiros espirituais. Tfemos de enfrentar nossas “tribos hostis”.
A Bíblia ensina que se nós não expulsarmos essas “tribos”, elas não vão
sair por si mesmas. E se não confiarmos plenamente em Deus, não conse
guiremos expulsá-las. O próprio fato de as tribos adversárias estarem presen
tes na terra obrigava os israelitas a manter os olhos sempre voltados para
0 Senhor. E Deus constantemente dizia a seu povo que se eles lhe obede
cessem de forma irrestrita, nunca perderiam uma só batalha, nem o descanso
que gozavam nele. É o que ele está dizendo a nós também.
Assim como ocorreu com os filhos de Israel, nossa terra prometida
acha-se diante de nós, pronta para a ocupação. Deus já fez ao diabo tudo
que tinha de fazer na terra. O resto é conosco. Cabe-nos expulsar os po
deres das trevas. Mas não podemos fazê-lo sem Deus. Ele também não
0 fará sem nós. É assim que as coisas se passam neste planeta. Precisa
mos aprender a ser soldados. Tfemos de aprender a confiar totalmente
em Deus. Se vivermos com ele em obediência constante, não teremos
de perder nenhuma batalha. Mas somos nós que lutamos.
Se um dia, ao chegar em casa, eu vir que meus filhos deixaram o quar
to deles em desordem, não posso absolutamente arrumá-lo; isso não seria
bom para eles. Tfenho é de obrigá-los a arrumar tudo para que aprendam
a ter responsabilidade. Nós também, com nosso pecado, aprontamos uma
enorme desordem nesta terra. E nosso Pai celeste, em sua sabedoria, já
avisou que nós mesmos temos de arrumar as coisas, embora ele possa
ajudar-nos.
O que Deus está tentando ensinar-nos é que temos responsabilidades.
Ele pode realizar a obra por nosso intermédio, mas não em nosso lugar.
160 Batalha Espiritual
“Por que será que Deus não dá um jeito nisso tudo? Onde é que ele
está*”
E a Bíblia diz que também ele está fazendo perguntas. Deus olha to
dos os males e fica admirado de não haver ninguém intercedendo.
“Onde é que estão os crentes?” diz ele. “Como é que eles podem ficar
parados, sem fazer nada?”
Por que Deus está procurando um homem? Por que ele se admira
de não haver intercessores? Porque ele conhece a importância da inter-
cessão e da função que o homem deve exercer na terra.
Deus estabeleceu no universo certos princípios básicos irrevogáveis.
Ele só pode interferir nos problemas da humanidade se nós orarmos e
na medida em que o fizermos. E por isso que ele está procurando alguém
que interceda. E é por isso também que se espanta de não encontrar
intercessores. Ele é todo-poderoso. Ele nos ama e quer transformar o
mundo. Mas fica espantado e até chocado de nós não orarmos. Ele está
clamando a seu povo;
“Quero operar no mundo. Quero abençoar o homem. Quero salvar
almas. Quero proteger, prover as necessidades do homem e deter as in
justiças. Por que vocês não intercedem?”
Precisamos nos convencer de que a oração altera o curso dos acon
tecimentos. Ela pode modificar totalmente as circunstâncias. Nenhuma
outra atividade humana tem efeito semelhante. E a oração opera mudan
ças porque Deus atende às nossas petições. Quando oramos. Deus opera.
Ele está bem ciente do que deseja realizar na terra e na vida daqueles
que nos cercam. É por esse motivo que nos revela sua vontade dando-nos
detalhes específicos. Ele quer que oremos segundo a sua vontade. Ele
chega a revelar-nos o que deseja que peçamos. Primeiro temos de esperar
em Deus. Em seguida, ele nos revela sua vontade e nós oramos de acordo
com ela. Por fim, ele atua.
Deus não se acha limitado, incapacitado de agir sem a oração do crente.
Ele pode fazer o que quiser, já que é soberano. Não se acha cerceado
pelo homem. Entretanto, ao que parece, ele decidiu incluir-nos na gestão
das questões do planeta. Decidiu que só atuará nos problemas humanos
na medida que orarmos. E não pretende eliminar esse intermediário. Exis
tem certas áreas da vida humana em que ele só interfere se orarmos. Por
isso se espanta de não intercedermos, e com toda razão.
Por que oramos pouco? Acredito que é porque não estamos plena
mente convencidos de que nossa intercessão vá mesmo alterar alguma
coisa. E as poucas vezes que oramos, quase sempre repetimos aquilo que
ouvimos outros dizerem. Áo orar, precisamos fazê-lo com a firme convicção
de que obteremos a resposta de nossa petição.
Será que a Oração Opera Mudanças? 165
de Davi, tem compaixão de mim!” Alguns que se achavam por perto ten
taram fazer com que ele se calasse. Estava perturbando uma ocasião tão
solene. Mas Bartimeu “cada vez gritava mais”. Então, além de não se calar,
ele passou a gritar mais alto: “Filho de Davi, tem misericórdia de mim!”
Afinal Jesus foi até onde ele se encontrava e perguntou-lhe: “Que queres
que eu te faça’”
Jesus gosta quando insistimos e não o largamos de mão, mesmo não
recebendo uma resposta imediata. Quer que insistamos e continuemos
orando. E quer também que façamos orações específicas. E hoje ele ainda
nos diz:
“O que você quer que eu lhe faça’”
E nós temos de dirigir-lhe petições específicas, detalhadas, e não orações
vagas, cheias de religiosidade, sem dizer a Deus exatamente o que que
remos. Precisamos especificar o que pedimos, para que Deus nos dê res
postas específicas. Reconheço que nem sempre sabemos definir com pre
cisão todos os detalhes de nossa petição, mas procuremos especificá-la
ao máximo.
Tbdo crente deve orar com destemor, certo de que Deus responderá
todas as suas orações. Precisamos insistir, e não dar descanso a Deus
até que atenda nosso pedido. Vamos abandonar as tradições religiosas
e nos livrar de convenções para assim buscarmos a Deus em oração, com
inabalável determinação. Se nos convencermos de que Deus tem interesse
em operar nas questões humanas, oraremos assim. E se orarmos veremos
a mão de Deus operar. Veremos transformações acontecerem. E a oração
passará a ser um dos aspectos mais interessantes de nosso viver. Come
çaremos a abalar o mundo. A sociedade sentirá o impacto de nossa fé.
As pessoas que nos cercam experimentarão mudanças. E nós nos tor
naremos valorosos guerreiros da oração.
CAPITULO DOZE
0 reino de Deus e resistir aos poderes das trevas. Deus podería tirar-nos
da terra assim que fôssemos salvos. Mas ele prefere deixar-nos aqui para
que nos tomemos guerreiros espirituais. Tfemos de adotar posturas po
sitivas diante do sofrimento. Precisamos exercitar autocontrole e suportar
as tríbulações com a atitude certa, para anularmos os ataques do inimigo.
Libertar os Cativos
Outra forma de guerra espiritual é o confronto direto com indivíduos
endemoninhados, o que ocorre algumas vezes. Quando Jesus nos deu
a ordem de ir pregar o evangelho, ordenou também que expelíssemos
demônios em seu nome
E próprio do ser humano deixar-se escravizar, e portanto muitos pre
cisam ser libertos. Nós temos autoridade para libertar cativos, e precisa
mos usar dela sempre que necessário. Entretanto não podemos supor
previamente que todo e qualquer problema seja causado por demônios.
Em cada situação, devemos perguntar a Deus se há atuação demoníaca.
Em alguns casos, pode haver uma conjunção de fatores — o natural
e 0 sobrenatural. E possível que a pessoa a quem ministramos esteja abri
gando no coração mágoas profundas que propiciaram a entrada de de
mônios. Se assim for, além de expulsar os maus espíritos, será preciso
sanar essas mágoas em nome de Jesus. Mas é possível ainda que a di
ficuldade básica seja a vontade do indivíduo. Será que ele realmente quer
ser liberto? Estará disposto a arrepender-se, a perdoar outros, a dar as
costas ao pecado e assumir um compromisso com a verdade?
Lado a lado com a libertação é preciso que haja arrependimento e
cura emocional. Os demônios são como mosquitos — ajuntam-se em fe
ridas ou em matéria em decomposição. Então, de duas uma: ou ficamos
constantemente espantando as moscas ou tratamos de curar a ferida e
levar o indivíduo ao arrependimento para sanar o estado de deterioração.
E, depois de liberto, ele precisa ser edifiçado através da Palavra de Deus
para que assim possa permanecer livre. E assim que receberá forças para
resistir a outros ataques do diabo e viver uma vida vitoriosa.
Algumas pessoas têm a idéia de que a guerra espiritual consiste ape
nas em libertar os opressos. Outros já dão mais ênfase à destruição de
fortalezas nos lugares celestiais. Outros ainda afirmam que travar guerra
espiritual é realizar as obras de Jesus — pregar, ensinar e praticar as ver
dades bíblicas. E ainda outros ensinam que tudo isso é mera teoria. Acham
que devemos concentrar-nos mais em socorrer os necessitados, alimentar
os famintos, e protestar contra as injustiças sociais. Eu acredito que temos
de fazer todas essas coisas.
A destruição de fortalezas só tem valor se tiver por objetivo levar pes-
Como se Trava Essa Guerra 179
12. Em João 7, Jesus falou do Espírito como um poder que iria fluir de
nosso interior, à semelhança de um rio. E ele não afirmou que esse tipo
de poder seria raro, concedido apenas a alguns heróis espirituais esparsos
aqui e ali, não. Isso seria parte do armamento do crente para a sua par
ticipação na guerra espiritual. Por essa razão é que o texto de Efésios
6.18 nos instrui a orar no Espírito, pois tal prática afeta as forças das
trevas. Tbda oração é uma forma de guerra espiritual, visto que por ela
0 Espírito Santo opera por nosso intermédio, afastando os poderes das
trevas.
Lembro-me de uma experiência que tivemos em Sydney na Austrália,
alguns anos atrás, quando pregávamos nas praias da cidade. Ali encon
tramos oposição na pessoa de uma menina de doze anos. Apesar de tão
jovem, era endurecida, calejada pela vida das ruas, sendo a líder de um
bando de meninos de rua que a seguia. Todos os dias quando chegáva-
mos à praia Maroubra para pregar, ela vinha atrás de nós, gritando obs
cenidades. E quando conversávamos com alguém, ela nos interrompia,
dizendo;
— Não escute o que eles estão dizendo, não. Esses caras aí são cheios
de...... !
Depois de alguns dias, resolvemos orar por ela de forma específica.
E na outra vez que fomos à praia, encontramo-la encostada a uma cerca,
fumando. Saímos do furgão e paramos perto do veículo para orar. Ela
veio em nossa direção, agredindo-nos com sua zombaria demoníaca. Mas
dessa vez, lain MacRobert a interrompeu, dizendo;
— Sabe qual é seu problema? Quando tinha três anos aconteceu isso
e isso com você...
E foi citando pormenores de acontecimentos da vida dela quando es
tava com três anos, com seis, e daí por diante. Mencionou fatos especí
ficos, inclusive problemas familiares e abuso sexual. Ela ficou boquiaberta,
e daí a pouco começou a chorar.
— Como é que você sabe dessas coisas? indagou.
Naquele mesmo dia ela e várias outras pessoas receberam o Senhor.
A força demoníaca foi desbaratada pelo exercício de um dom do Espírito
Santo, a palavra do conhecimento.
Não devemos hesitar em buscar as maravilhosas e poderosas manifes
tações do Espírito Santo, que nos auxiliam nessa guerra e afastam os po
deres das trevas.
Servir é Uma Forma de Guerra Espiritual
Servir os outros em amor é outro meio pelo qual travamos guerra es
piritual, embora raramente encaremos essa prática como tal. Faz parte da
Como se Trava Essa Guerra 183
natureza do diabo roubar, matar e destruir (Jo 10.10). Portanto, sempre que
socorremos aqueles que perderam bens, riquezas ou até a moradia devido
a guerras, desastres naturais ou outros tipos de tragédias, estamos desfazendo
as obras do inimigo. Prestar socorro material a alguém não é apenas praticar
0 evangelho social. E obedecer a um mandamento de Deus e entrar na guerra
espiritual. O socorro prestado em amor tem o poder de afastar os destrui
dores que tentam semear entre os homens o desespero e a morte.
O inimigo dispõe de diversas estratégias para causar destruição, e dia
riamente consegue destruir milhares de indivíduos. A igreja, como repre
sentante de Deus na terra, pode restringir bastante a atuação dele, aten
dendo às necessidades básicas da humanidade, lémos de dar pão aos
famintos, abrigar os desabrigados, visitar os refugiados e dar assistência
às vítimas de desastres naturais. Assim estaremos guerreando contra o
inimigo, que sempre procura tirar partido das adversidades.
Atos de Fé Praticados com Base na Palavra Rhema
Outra forma de guerra espiritual são os passos de fé. A fé não é uma
espécie de força emocional que vamos buscar lá no fundo de nosso ser,
na esperança de que Deus nos conceda a realização de nossos desejos,
não. Ter fé é crer na Pessoa de Deus e no que ele diz. Baseia-se na rhema
(passagens da Palavra que, mediante atuação de Deus, ganham vida para
nós), e no caráter dele revelado no logos (a Palavra escrita).
Lemos em Hebreus 12.2 que Jesus é o Autor e Consumador da fé.
Tbdo que Deus inicia, conclui. Quando ele diz que certo fato vai acon
tecer, acontece mesmo. Entretanto, apesar disso, há situações em que,
para afastar os poderes das trevas, precisamos dar determinados passos
de fé — isto é, praticar atos em obediência a orientações que ele nos dá.
Moro em Kona, Havaí, próximo ao campus da Universidade das Nações,
pertencente à JOCUM. IVata-se de uma belíssima propriedade, situada
num terreno elevado, com vista para as águas azuis do oceano Pacífico.
A compra dessa propriedade é um exemplo de batalha espiritual, que exi
giu vários passos de fé, alguns dos quais não fariam o menor sentido se
vistos apenas no plano natural.
• Deus ordenou aos membros da JOCUM, na ocasião, que dessem uns
aos outros objetos de valor pessoal. O objetivo disso era anular o espírito
de cobiça que caracterizava os concorrentes interessados na aquisição da
propriedade
• Durante algumas noites, os obreiros da missão teriam de dormir ao
relento com seus familiares, revezando-se uns com os outros. E ainda ou
tros realizariam uma vigília de louvor. O objetivo era relembrarem-se de
que era sempre Deus quem lhes dava o teto que os abrigava.
184 Batalha Espiritual
“Senhor, por que não estás-me atendendo? Por que minha oração não
está resolvendo?"
Na mesma hora Deus lhe respondeu:
“Amarre o diabo, Darlene.”
Ela obedeceu e, assim que repreendeu Satanás, foi atirada contra a
parede do outro lado do aposento.
Darlene não morreu, mas durante vários dias seu coração bateu fora
do ritmo normal. Além disso, ela ficou com uma queimadura na palma
da mão, uma ferida de quase três centímetros, que mais tarde cicatrizou
sem deixar marcas. Contudo Darlene nunca se esqueceu da lição que pren
dera naquele dia, na área de serviço.
A Última Arma
Somos uma geração de gente sem persistência. Hoje em dia, muitos
líderes estão desistindo do exercício da liderança; muitos casais terminando
0 casamento; crentes abandonando a igreja. Se nos magoamos em algum
trabalho, logo desanimamos e o largamos. Quando é que vamos entender
que isso é parte da guerra espiritual? “Com efeito, tendes necessidade
de perseverança, para que havendo feito a vontade de Deus, alcanceis
a promessa.” (Hb 10.36.) Satanás está sempre na esperança de que o povo
de Deus desista da luta, que não suporte os problemas da vida, ou as
tarefas de que Deus os incumbe, ou os transtornos do dia-a-dia.
O vencedor é aquele que nunca desiste da luta. Se nós persistirmos
até 0 fim, 0 diabo desistirá. Se ele souber que não desistiremos, acabará
desanimando. Muitas vezes a última arma que o crente emprega, e a única
que lhe garante a vitória, é afirmar;
"Prefiro morrer a desistir dessa luta!”
Ou então temos de citar o texto bíblico: “Eles, pois, o venceram por
causa do sangue do Cordeiro... e, mesmo em face da morte, não amaram
a própria vida” (Ap 12.11).
Essa arma, a persistência, é a que melhor convence o diabo de que
ele pode desistir. Mas, infelizmente, a maioria dos crentes entrega os pon
tos a poucos passos da vitória final.
Se analisarmos as diversas formas pelas quais travamos a guerra es
piritual, veremos que elas abrangem toda a mensagem bíblica e toda a
vida cristã. Seria maravilhoso se nossa existência pudesse resumir-se em
Deus, nós e um universo perfeito. Bastaria que permanecéssemos na pre
sença dele, corrigindo nossas imperfeições e sendo transformados para
nos tomarmos semelhantes a Cristo. Não seria ótimo se nunca tivéssemos
de nos haver com o pecado, com o diabo, com os males do mundo e
com os problemas pessoais? E não estamos muito longe disso. E a pro-
188 Batalha Espiritual
messa futura de Deus a todos os crentes. Nossa vida será assim quando
formos para o céu. Mas ainda não é. E se alguém disser que a vida cristã
é assim no presente, neste planeta, está fugindo à realidade, o que é muito
perigoso. Vivemos em um mundo corrupto, e temos um inimigo terrivel
mente mau e traiçoeiro. Sofremos provações, tribulações, tentações, e en
frentamos todo tipo de adversidades. O mundo que nos cerca está per
dido, acha-se espiritualmente faminto, e perece sob a tirania satânica. Não
podemos negar essa realidade^ nem fugir dela.
Contudo é uma situação temporária. A vida terrena não passa de um
pequeno lampejo, de uma ínfima fração de tempo em relação à eterni
dade. E, no entanto, essa pequenina fração de tempo é o ponto focal
de Deus e de toda a criação. Embora a batalha que está sendo travada
no plano humano seja curta, é de importância crucial para o futuro. E
0 que está em vista aí não é a vitória, mas quem participará nela.
E nós somos os principais combatentes, com a responsabilidade de
decidir o futuro. Não quero dizer que Deus não tenha participação nessas
coisas, não. Ele é nosso Criador, nosso Senhor e o Salvador vitorioso.
E nossa força e nossa esperança. E é ele que nos garante a vitória sobre
as forças das trevas. Entretanto resolveu incluir-nos nessa luta. Delegou-
nos responsabilidades. Designou-nos para ser colaboradores dele no es
tabelecimento de seu reino na terra e na destruição do império das trevas.
Ele está aguardando que seu povo se levante e se aproprie da vitória que
Cristo adquiriu na cruz. Ele quer que recorramos à cruz, isto é, que ore
mos em nome de Jesus e apliquemos a vitória por ele conquistada no
Calvário a todas as situações, no tempo e no espaço.
A própria vida que vivemos acha-se inserida dentro da guerra espiri
tual. Tlravar essa guerra é abraçar a verdade e viver diariamente compro
metido com Deus e consciente do inimigo. É saber que Deus nos delegou
essa responsabilidade. Se nós não expulsarmos as forças das trevas, nin
guém as expulsará. Se não repreendermos o inimigo, ninguém o fará. Se
não procurarmos diminuir os males do mundo, eles continuarão a expandir-
se.
A guerra espiritual não é apenas um aspecto da vida cristã; é toda
ela. Abrange tudo que fazemos. Ser crente é ser um soldado dessa guerra.
E ser um soldado da guerra espiritual é ter uma vida vitoriosa, coerente
com a mensagem cristã; é ter Cristo ao nosso lado.
0 AUTOR DESTE UVRO
E SEU MINISTÉRIO