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QUE DIFERENÇA

Aquêle que vive em Aquêle que vive em


Estado de Graça: Pecado Mortal:
- Possui a ma ior riqueza que - Vive numa s ituação mise-
ex iste sôbre a terra: o dom - rabilíssima, porque perdeu
divino, sobrenatura l e ma - o tesouro da Graça Sant i-
ravilhoso da GRAÇA SA N- ficante; tem a a lma morta,
T IFICANTE, que nos faz sem vida sobre natu ral .
part ic ipantes da mesma vi-
da de Deus.
2 -É verdadeiro filho de Deus, 2 - Renegou a Deus e a sua
e pode, por isso, chamá- lo filiação divina; u ltra jou-O
pe lo doce nome de Pai! ignom in iosame nte.
3 - É um Templo esplendoroso 3- É um templo profanado,
do Espírito Santo. tran sformado em antro de
Sat anás .
. 4 - Possui a melhor das bele- 4 - Tem a pior das feal4ades ,
zas, que é a a lma , ador- que é a da a lm a, horroro-
nada pela presença d e Deus. same nte manchada pe lo pe-
cado morta l.
5 - É amigo e irmão do própr io 5 - Crucif icou a C ri sto, para se
Cr isto. entregar ao se u p ior ini -
m igo: o demônio.
6 - É justo e santo aos olhos de 6 - É um infe li z pecador e ini-
Deus, da Sant íss ima Vir- migo de Deus, de Nosso
gem, dos An jos e Santos. Senhor e dos Santos.
7 - Possui o dom extraord iná - 7 - Está em cont ínua guerra '
do da paz ve rdadeira. com a sua consc iê nc ia, es-
traça lhada pe lo remorso.
8 - É me mbro vivo de todOs os 8 - É membro morto, ampu-
justos e do mesmo C risto, tado, sêco.
da magnífica rea li dade do
seu Corpo Místico.
9 - Aprove ita bem a vida , ad- 9 - Está perdendo o te mpo e a
quir indo inúm eros méritos ete rn idade , porqu e nada da-
para a fe liz ete rnidade. q uil o que ê le faz te m va lor
para o Céu.
10 - Tem d ire ito, como legítimo 10 - M e rece um castigo eterno,
herdeiro que é , a uma res- onde o corpo e a a lma hão
surreição g loriosa, em cor- de sofr e r para sempre.
po e a lma, na Pátria et erna
do Céu!
Luz do CéZl
Curso de Relig'Íão

4.° tômo .

A Graça
SACRAMENTOS -. ORAÇÃO ~. LITURGIA

lo.a edição

livraria Editôra Salesiana ltda.


1 965
NIHIL OBSTAT
Pe. Bartolomeu Almeida, S. D. B.
Censor
S,ão Paulo, 10 de outubro de 1953

IMPRIMATUR
t Paulo, Bispo Auxlllal'
São Paulo, 14 de dezembro de 1953,
o
lJJJ1

REl.IGI
(3 €stvc/o mat's lindo)
mals úté~ mais ílO,bl'é,
i aft/i/& pt/é /?OE f>a/a
de l)é(/~ de StlC1S
~Pt7lJclézct.s" de sua
bEIEzCl, dé Bt/a
DOOd'a ele . ..
INOICE
PÁG.

Introdução .......................................................... . . . 7

OS SACRAMENTOS E A GRAÇA

Lição 1." - A Graça de Deus ........................................ 10


Lição 2." -Como recebemos a Graça ............................... 15
Lição 3." - Os Sacramentos nos santificam .......................... 20
Lição 4." - O sêlo de Deus ......................................... 25
I.ição 5. a - Matéria-Forma-Ministro ................................. 29

BATISMO

I.ição 6." - Agua viva ................................................ 34


Lição 7." - Renascimento ............................................ , 40

CRISMA

Lição 8. a - Chuva de fogo 46


Lição 9." - Remos e velas 55

EUCARISTIA

J,ição. 10." - O maior dom ............................................ 60


J,ição 11." - Presença real ............................................ 66
Lição 12." - Transubstanciação ........................... . . . . . . . . . . . . 73
Lição 13.'" - Pão vivo ................................................ 77
Lição 14." - Como receber ,a Jesus ...................•............... 83
Lição 15." - O Santo Sacrifício da Missa ............................. 89
Lição 16." - O Sacrifício ............................................. 95

CONI!'ISSÃ O

J,lção 17." - O Sinal da misericórdia ................................. 99


Lição 18.'" - Matéria··Forma-Ministro ................................. 106
Lição 19." - Contrição e Atrição ..........................•.......... 112
Lição 20." - Dor e Propósito ..........•.............................. 116
Lição 21." - Acusação e Sinceridade ................................. 121
Lição 22." - Vai em paz! .....................................••...:0. 126
INDULG~NCIAS

Lição 23. a - O Tesouro' da Igreja ....... ........... .. .. .... ........... 113

EXTREMA-UNÇÃO

Lição 24. a - No ocaso da vida ......................... ,............. 139

ORDEM

Lição 25. a - Nôvo e eterno Sacerdócio ...........•..... ' .... ,........ 144
Lição 26. 3 - A Vocação " ................... , ....... ,................ 152
- Leitura: A Obra Missionária ........... ,................ 159

MATRIMÓNIO

Lição 27. a - O grande Sacramento .. , ..... , ....... ,.,., .... , ... ,..... 161
- Vátura: O matrimônio ..........•..........•....•.. ,... 167
Lição 28.a - A famflia cristã ...............•....................•.... 169
- Leitura: Pátria ........................... ' .......•..... , 173

A ORAÇÃO

Lição 29.a - Elevação da alma ........................••......••..... 174


Lição 30. a - O Pai-Nosso .................... "...................... 181
- Leitura: O direito e a obrigação do voto .... , .. ,,'.... 185
Lição 31." - A Ave-Maria .' ... , ......... , ......... " ...... , .... ,.,,', 187

LITURGIA

Noções de Liturgia • • • • • • • • , tO, • • • • • • • • • • • • • • • '" 0.0 • • • • . • • • . • • • o , , " ' , 0 ' 18


o Cêü. . .l~O G..;i. ~itt;;,~gii1 ............................•..................•• 32
Missa dos Fiéis .... ,." ..•.... , ... ",' .......... "., .. ,."", ... ,.. ', .. 51
O Ano Litúrgico ... "., ... , .............. , ...... , ....•... ,.... '........ . 72
Ciclo de Natal ................. ', ..... ' ................. , ... '.' ........ . 88
Ciclo de Páscoa .......... , .................... , , ... , .. ' , .......•.•... 104
Ciclo de Pentecostes .•.......... , .........•...................... , .... 125

Perguntas e Respostas ... , ....... , ... " ... "." .... , ... , ........... , .. 193
INTRODUÇÃO
o grande tesouro

Vimos qual é o fim da nossa vida: Deus. Foi o que


aprendemos estudando o Credo . .Estudamos também que
Deus havia dado aos nossos primeiros pais o dom sobrena-
tural da Graça Santificante, a fim de que o homem pudesse
alcançar o Céu, para onde Deus o predestinara. Estudamos
em seguida, o caminho que devemos percorrer para chegar
a Deus: o caminho dos Mandamentos. Para o homem che-
gar ao Céu, deve cumprir com exatidão os MarJdamentos
de Deus.
lembremos que Deus é infinito~ perfeitíssimo... Ao
passo que nós somos criaturas limitadas, imperfeitas. Mais:
o pecado viciou a natureza que nos fôra dada por Deus, de
tal maneira que sentimos muita dificuldade para cumprir
os preceitos de Deus. Seria o caso de desesperar, em vista
da impossibilidade de chegar até Deus e de possuí-lo.
Deus se interessa tão carinhosamente de nós e de nossa
eterna fel icidade, a ponto de querer sinceramente que nos
salvemos. Para isso, desde o princípio dà humanidade, mes-
mo logo depois do pecado original, fêz questão de que
soubéssemos que Ele queria mudar nossa condição de
pecadores.
Fêz-nos conhecer esta sua vontade, primeiramente
prometendo a Adão e Eva um R@dentor; depois para que
o homem não esquecesse essa promessa tão solene, suscitou

-7·-
os Patriarcas e os Profetas, e por fim, para cumpri:..la, en-
viou-nos o seu próprio Filho, Jesus Cristo.
Jesus Cristo veio ao mundo para nos redimir e dara
possibil idade de nos tornarmos, outra vez, filhos adotivos
de Deus, condição que havíamos perdido com o pecado de
nossos primeiros pais; para isso, nos conseguiu com os me-
recimentos de sua Paixão e Morte, a graça santificante e
os auxílios necessários para conservarmos essa esplêndida
situação.
Aos ensinamentos dos Patriarcas, dos Profetas e de Jesus
Cristo, dá-se o nome de Revelação divina.
Pela Revelação conhecemos nosso verdadeiro fim, que
é o de nos tornarmos membros da família de Deus; sabe-
mos ainda que Nosso Senhor nos dá a fôrça para conse-
guí-Io, fornecendo-nos abundantemente meios extraordiná-
rios e especiais.
Essa passagem do estado de pecadores ao estado de
filhos de Deus, se efetua por meio da Graça Santificante; os
auxílios para agir de conformidade com tal estado sobrena-
tural chamam-se Graças Atuais. A Graça é, um favor, um
. presente; é o grande tesouro a nós concedidos pela imensa
bondade de Deus.
A fonte dessa Graça, o manancial dos maravilhosos auxí-
lios de Deus, encontra-se em Jesus. Jesus é a maior graça
que Deus-Pai concedeu ao homem com o fim de salvá-lo .
. Tôdas as outras Graças jorram dessa primeira nascente:
Jesus.

As palavras de Jesus

Afirmou claramente o Divino Mestre: "Sem mim, nada


podeis fazer". E numa belíssima comparação fala da videira
de ramos vigorosos, declarando que Ele mesmo é para nós
essa videira çheia de vitalidade.

8
\f
"Eu sou a videira, vós os ramos. Aquêle que perma-
nece em mim, e eu nêle, êsse dá muito fruto (S. João,
XV, 5).
São Paulo compreendeu muito bem esta verdade e a
explicou claramente em suas maravilhosas Cartas dirigidas
aos primeiros Cristãos.
"Não sou eu que vivo - dizia depois de convertido e
béltizado - mas é Jesus que vive em mim!", ..
/lEu não fiz nada de bom, mas a graça de Deus, que
está comigo, é que mo faz praticar",
Com êsses pensamentos de São Paulo na mente e no
coração, vamos estudar os dons que Deus põe à nossa dis-
posição, a fim de podermos trilhar o caminho dos Manda-
mentos e chegarmos até tle que é o Princípio e o Fim de
tôda a criatura.
tsses dons, êsses auxílios postos em nossas mãos, de-
signam-se com um nome que a todos compreende e do qual·
todos dependem: Graça.
A Graça nos é comunicada pelos Sacramentos e pela
Oração. Estudaremos também êsses inefáveis caminhos da
Graça e aprenderemos a tirar proveito dos tesouros que
Deus nos dá.

Para Recordar

~'imda nossa vida: Deus


Caminhos para atiÍlgir o fim: Lei de Deus

Dificuldades --o pecado que corrompe a natureza


{ -- nossa natureza limitada
-- os Profetas
Revelação f
Auxílios
j med:ante

Dom de uma
fôrça especial
1
{
-- Jesus, filho de Deus
Jesus que vive em nós
mediante a GraQ8,
LIÇAO I

A GRAÇA DE DEUS
OS SACRAMENTOS E A GRAÇA

Que é então a Graça?


A Graça é um dom sobrenatural que Deus nos dá gra-
tuitamente, por pura bondade, para que possamos salvar
nossa alma.
t um dom que não podemos merecer nem adquirir por
nossas próprias fôrças.
t um auxílio sobrenaturalj não é da nossa natureza,
não é alguma cousa que nos seja devida ou esteja em nossa
capacidade; é uma comunicação que Deus nos faz de seu
auxílio, ou antes, de sua mesma vida. SUél fôrça substitui-se
à nossa fraqueza e sua vida acrescenta-se à nossa.
Para poder entender (na medida do possível à inteligência humana) de
que modo se comunica à alma êste dom de Deus, vejamos esta comparação.
No interior de uma lâmpada elétrica descobrimos um filamento tão deli-
cado que mal se enxerga. Mas apenas a corrente elétrica passa através dêsse
fio, produz-se uma luz brilhante... Que aconteceu?
Uma fôrça misteriosa penetrou o fio em tôda a sua substância, transfor-
mou-a e, de opaco e quase invisível que era, tornou- o incandescente e lu-
mInoso.
Assim acontece com a alma enriquecida pela graça de D~us, êsse dom
misterioso invade a alma, penetra-a, transforma-a, e, podemos mesmo dizer,
"diviniza-a" !

Devemos gravar indelevelmente esta profunda verdade:


a Grasa acrescenta em nás outra vida, uma vida II mais, li
que chamamos "vida sobrenatural",

- 10-
Para entender bem o que quer dizer vida sobrenatural
vamos lembrar quantas vidas há em nós, distintas e perfei-
tamente harmonizadas, sendo uma melhor do que a outra:
- vida vegetativa; é responsável pelo nosso desenvol-
vimento físico;
- vida sensitiva; a dos cinco sentidos;
- vida afetiva, vida familiar, rias relações que nascem
do coração;
- vida social, nas nossas relações com o próximo, com
a sociedade;
- vida inetelectual, nos nossos estudos e pesquisas.
Pois bem: Deus nos eleva ainda mais conferindo-nos
outra vida: uma vida que nos une a Ele: a vida sobre-·\>
natural.
Essa vida nasce em n6s por meio de Jesus que se fêz
um de n6s, para que todo o homem que nêle crer, possa
Tornar-se "participante da natur.eza divina".
Jesus o afirmou claramente: unindo-nos a Ele n6s en-
tramos afazer parte da família divina, isto é, filhos de
Deus, irmãos de Jesus Cristo, e herdeiros do Paraíso.
"S e alguém me ama, guardará a minha palavra, e meu
Pai o amará, e nós viremos a êle, e'" nêle habitaremos
(S. João XIV, 23).
Portanto, a própria SS. Trindade mora na alma que
vive a vida sobrenatural, isto é, que se acha em estado
de graça.
Estado de Graça

Para entender bem essa frase, devemos saber que a


Graça nos é dada de dois modos. Há a graça habitual, ou
graça santificante, e a graça atual. I

1) Somente a graça habitual nos coloca no estado de


graça, isto é, numa condição contfnuae permanente de ami~
zade com Deus. Ela nos faz santos. Deus, de sua parte,
nãQ nQs tirará nunca dessa feliz situação. Somente o pecadOr

.--. 1Z -.
que é cousa nossa, nos faz perder uma situação tão feliz é
importante, que nos dá direito a grandes venturas como a
de sermos filhos de Deus. Por exemplo: se morremos neste
estado maravilhoso, as portas da casa do nosso Pai estarão
escancaradas para receber-nos; isto é, iremos para o Céu! .
2) Mais: o estado de graça chama-se também graça
habitual. Com efeito, enquanto a alma permanece unida
a Jesus, a Graça permanece sempre nela de modo estável{
permanente, habitual.

Graça atual

No estado de graça - poderíamos comparar a um mar


encantador, a nos rodear por todos os lados - há uma espé-
cie de ondas ou correntes que nos impelem. Tais cor-
rentes e ondas são as graças atuais que nos movem a fazer
boas obras; atos de arrependimento, a vencer dificuldades
ou paixões, a resistir às tentações. Ondas e correntes que
nos fazem flutuar e caminhar com segurança no mar divino.
A graça atual é como um suplemento e um fluxo de
vida que nos alerta e incita instante a instante.
Cónforme um antigo costume militar, as sentinelas que à noite vigiavam
ao redor do acampamento ouviam de quando em quando a voz do oficial
qUe as cltamava ao cumprimento do dever. "Sentinela, alerta!".
E a sentinela, como para renovar sua fôrça e coragem respondia:
"Estou alerta!"
A graça atual é para nós como um grito que vem do céu para nos
convidar à atenção e vigilância contra o pecado. Devemos, sempre res-
ponder: "Estou alerta!".

Graça santificante ou habitual: é uma renovação que


permanece na alma; renovação pela qual, conservando em-
bora nossa natureza humana, participamos da vida divina.
Para dar um exemplo: esta renovação é como uma trans-
fusão de sangue, ou como um enxêrto que torna a planta
capaz de produzir outras flôres e outros frutos de superior
qualidade.

-- 13 ~
As graças iduais são intervenções ou atos transitórios de
Deus, com os quais nos ajuda a fazer o bem e conservar ou
adqwirir a graça santificante ou habitual:
Esses auxílios ou intervenções podem ser:
_1) externos (graças externas atuais) = ensinamentos,
conselhos, provações da vida ...
- 2) internas (graças atuais internas) que são menos per-
cebidas e consistem em iluminações da inteligência, inspira-
ções, impulsos da vontade a fazer o bem e a fugir do mal.
A Graça nos deixa livres
Devemos notar bem: a graça não nos obriga nunca a
fazer o bem automàticamente e contra nossa vontade. Com
a Graça fazemos livremen1"e o bem e permanecemos capazes
de praticar o mal.
- A revolta voluntária, clara e precisa contra a Graça ha-
bituai, nos faz perder o estado de graça; se nos revoltamos
com nossa negligência contra as inspirações divinas, esban-
jarr)Os as graças atuais.
Para Responder
Que quer dizer «graça»? - Quantas vidas se harmonizam
em nÓs? -:- O cristão possui alguma outra vida a mais que
os outros homens? - Há diferença entre estado de graça e
graça habitual? - A graça atual é -uma intervenção de Deus
permanente ou transitória?
Para Recordar
~dom sobrenatural
r
Que é?
J
-
-vida nova em nós
torna-nos filhos de Deus

Graça
l - habitação da SS. Trindade
Graça santificante ou habitual
Suas espécies (permanente)
{ Graça a~ual (transitória) _
-A .graçapoE) deixa livres; ela l1l111Ga nos tira a
liberdade.

-14-
LIÇAO II

COMO RECEBEMOS A GRAÇA


1. A oração é própria 1. Somente a Igreja Ca-
não somente dos cristãos, tólica é que possui os Sa~
mas de tÔdas as religiões; cramentós em tôda a sua in~
mesmo as religiões não ver~ tegridade.
dadeiras a conhecem e pra-
ticam. 2. Os Sa era men tos
quando recebidos com as
devidas disposições, dão-
2. A oração nos dá a
nos a certeza de havermos
esperança .de al.cançar a
alcançado a Graça.
Graça.
3 . Os Sacramentos colo.:
3. . A oração nos dispõe cam Deus em nós e nos
a receber outros auxflios de concedem maior tranqüili-
Deus. dade e paz.

Da oração trataremos mais detidamente na Lição XXIX.


Aqui falaremos dos sacramentos.

Os Sacramentos em geral

Os Sacramentos são, portanto, a oração mais excelente


e mais segura: a mais eficaz de tôdas as orações. Colo-

-15-
cam-nós em contatco diretó com Deus quê produz em nÓs
a Graça.

,Esta segurança e eficácia dos Sacramentos provém do


fato de terem sido instituídos por Jesus Cristo, Filho de
Deus, que lhes deu a virtude de conferir a graça que Ele
nos mereceu com sua Paixão e Morte.
Os Sacramentos apresentam uma garantia exterior de
sua eficácia, porque são um sinal da graça que éles pro-
duzem.

São na realidade um sinal da Graça invisível.


Sinal é uma palavra, ação, gesto ou
coisa que nos traz outra à mente. Um
gesto de carícia indica bondade e afeto.
Um punho cerrado é sinal de ira e
ódio. A palavra escrita ou falada é
s:nal do pensamento produzido na
mente e que se deseja E'xprirnir.

t O que se dá com os Sa-


cramentos: são sinais instituí-
dos por Jesus Cristo para sig-
nificar, indicar a Graça que
éles conferem à nossa alma.
São sinais eficazes por-
que realmente conferem a gra-
ça que éles significam. O si-
nai do sacramento desperta
uma imagem em nossa mente
e um sentimento em nosso co-
ração. Deus faz o resto: rea-
liza essa imagem e êsse senti-
mentoi desce à nossa alma
com a sua Graça, aí estabele-
cendo sua divina presença.

16-
Objeção. Como pode um sinal material - ~guá
COme) à
que toca o corpo, etc' i - agir sôbre a alma que é espiritual?

Resposta. Tudo o que impressiona nosso espírito, fá-lo


através dos sentidos. Escutando ou lendo, isto é, mediante o
ouvido ou a vista, aprendemos uma infinidade de coisas que
se armazenam em nosso espírito. Bem o sabemos pela triste
experiência de nossos pecados: o demônio entra na alma
através dos olhares maliciosos, leituras ou conversas imo-
rais, etc.

Nossa alma é atingida, abalada por coisas externas.

Portanto, ao dar-nos os Sacramentos, Deus, como sem-


pre, agiu com grande sabedoria e de modo muito natural,
fazendo com que a Graça que chega até nós através dos
Sacramentos, percorresse o caminho natural para mover a
alma: o caminho dos sentidos.

Para Responder

De que modo nos pomos em contatodireto com a Graça?


- Quem dá eficácia aos Sacramentos? - Por que se
chamam sinais? Como produzem a Graça na alma quando
....,-'o

êles impressionam os sentidos?

Para Recordar

que são - . um pedido de Graça com a


certeza de alcançá-la.
Sacramentos
que consiste em
f =~ii~f~:i:~te:~~~r~eis
- que realmente conferem
l a Graça à alma.

17 -
L li: I TU RA

NOÇOES DE LITURGIA (I)

Liturgia Eterna

Disse Jesus: «Ond'e estiverem duas ou mais pessoas reu-


nidas em meu nome, eu estarei no meio delas».
O homem não deve honrar a Deus, soménte ''10m o culto
particular, pessoal, enquanto pessoa particular, mas, também
enquanto unido a todos os outros na sociedade, com culto pú-
blico, coletivo social.
O culto público chama-se também Liturgia.

A Liturgia

A Liturgia é o culto público que a Igreja Católica presta


a Deus por meio dos seus legítimos ministros.
Para que um ato seja litúrgico, requer-se:
a) que seja exterior e social:
b) que seja regulado pela autoridade competente (Papa,
Bispos), e realizado por meio de ministros legítimos.
A Liturgia é, pois, a oração com que a Igreja atinge duas
grandes finalidades:
a) prestar culto público a Deus, Criador e Senhor uni-
versal;
b) santificar e instruir os fiéis por meio dos atos li-
túrgicos.
Nossa liturgia não termina na terra, mas continuará no
céu, na esplendorosa visão de Deus.

Os atos Litúrgicos
A liturgia educa as almas para a vida sobrenatural me-
diante três atos:

- 18-
i. o Sacrificio da Missa, que ê o coração da titurgià. .
2. Os Sacramentos que distribuem o.S fruto.s do Sacrifí-
cio de Jesus, isto é, a Graça.
3. A Oração. (ou Divino Ofício) feita em nome de Jesus
e valorizada pelos seus méritos.
São êstes os atos da liturgia, instituídos substancialmente
por Jesus Cristo e confiados à Igreja que os regulo.u e regula.
A êles podem-se acrescentar os Sacramentais de institui-
ção. eclesiástica, como as consagrações, as bênção.s, as procis-
sões. Embora não tenham o valor dos primeiros, são, todavia,
de real eficácia, se acompanhados pela fé.
A liturgia com seus atas exteriores seria um rito frio e
inútil se a alma do.s fiéis não se unisse inteiramente ao louvor
perene de Cristo Mediado.r e eterno Sacerdote.

-19 -
LIÇAQ III

OS SACRAMENTOS NOS
SANTIFICAM
1. A vida divina em nós pode comparar-se a uma fonte
sempre borbulhante. Nesse sentido dizemos que os Sacra a

mentos são os canais por onde desce a vida divina até nós j

e nos conferem a primeira Graça santificante que cancela


o pecado.
2. Compara-se ainda a Graça à vida que cresce e se
mantém por meio do alimento. Neste caso diz-se que os
Sacramentos são o alimento dessa vida isto é aumentam a
Graça que já possuímos.
Assim os Sacramentos são os meios com que Deus nos
comunica a vida divina.
Os Sacramentos são sete.
Os sete Sacramentos correspondem a tôdas as exigências
essenciais da vida do homem considerada no seu aspecto
j

sobrenatu ra I.
Cinco dêles dizem respeito às necessidades de cada um
de nós.
Dois, às nossas necessidades com relação à vida social.
Assim é que em qualquer situação que nos encontremos po-j

demos pedir a Deus um auxílio especial e apropriado. Ele


nos, garante uma Graça que se ajusta bem às diversas ne-
cessidades.

-·20 -
Todos os Sacramentos, além de conferir e aumentar a
Graça santificante, conferem ainda uma graça especial
(=graça sacramental) que nos faz atingir a finalidade para
a qual foi instituído êste ou aquêle sacramento.

Graça especial
-As -nações organizam seus soldados para a defesa dos cidadãos. À. finali-
dade próllrÍa dessa instituição civil.é a defesa. Ora, quando um cidadão é .
çhamaçlo às armas tem o direito de receber as armas necessárias a essa defesa.

-. 21-
A Graça especial que nos confere cada Sacramento é o'
direito de receber graças especiais necessárias para atingir
o fim pelo qual foi institufdo êsse Sacramento.

Graça sacramental
Essa Graça especial é diferente para cada Sacramento,
embora sejam todos éles canais da vida divina.
A água que jorra das fontes é necessária à nossa vida. É por isso trazida
até à cidade. çhegaii\:lo através de uma' rêde de C8nos até nossa casa. Há
entretanto, algumas águas que possuem um grau mais elevado de eficiência
para nossa saúde, contêm sais especiais, e são assim mais úteis em certas
condições de saúde que em outras.
É o que acontece também com a água da Graça divina, que chega até nós
pelos canos dos Sacramentos; tem aplicações diversas conforme as diversas
necessidades dÇ! vida.

Por exemplo: o auxflio de que tem necessidade para


reerguer-se uma alma que tombou sob o pêso esmagador
do pecado, é diverso do auxflio implorado por uma alma
que luta com valentia para não deixar~se vencer nos com-
bates cotidianos.
t diferente a graça que se requer para ser sacet:dote,
da que se requer para ser um bom pai. A graça necessária
a uma freira, certamente não é idêntica à que se faz preciso
a uma mãe de família!
Deve-se notar, entretanto, que a eficácia dessa graça
especial (graça sacramental) está ligada à nossa boa von-
tade. Devemos corresponder à graça que nos é conferida
pelos Sacramentos.
Deve cada um colaborar com sua pr6pria ação, fugindo
o mal e praticando o bem, secundando dessa forma a graça
trazida pelos Sacramentos.
Escopo de cada Sacramento
O Batismo nos faz nascer para a vida divina;
A Crisma nos fortifica nessa vida divina e nos' faz éres-
cer nela, como .valentes e coraiosos filhos de. Deus;

- 22-
· A Confissão repara as perdas dessa vida divina em nós;
A Eucaristia a alimenta;
A Extrema-Unção, no fim desta vida terrena, dá-nos a
fôrça para o derradeiro combate e a paz necessária para a
hora da viagem, rumo à eternidade;
Os outros dois Sacramentos dizem respeito à vida social
do Cristão;
A Ordem estabelece os chefes e intermediários entre
Deus· e o homem, na grande sociedade que é a Igreja;
O Matrimônio santifica a família tornando-a um ninho
para novos filhos de Deus, e dá aos pais os auxílios neces-
sários para cumprirem bem os próprios deveres.

Necessidade

Nem todos os SaCramentos, porém, são igualmente ne-·


cessá rios para nossa salvação eterna. .
O Batismo e a Penitência conferem-nos a Graça pri-
meira. Dão-nos a vida divina quando ainda não a pos-
suímos ou quando a perdemos, chamando-se por isso Sa-
cramentos de mortos, isto é daqueles que estão mortos espi-
ritualmente, porque antes do Batismo estávamos mortos
por causa do pecado original; e quando temos necessidade
da Contissão, estamos mortos por causa do pecado pessoal
atual grave.
São os Sacramentos mais necessários, pois sem êles
não nos podemos salvar.
Todos os outros Sacramentos supõem que estejamos já
vivos para a vida da Graça (Sacramentos de vivos, isto é
dos que estão espiritualmente vivos), e o que fazem é
aumentar a Graça que já possuímos.
Se, porém, recebermos êsses Sacramentos dos vivos sa-
bendo que estamos em pecado mc..rtê.;, manchamo-nos de
um sacrilégio; isto é, cometemos uma gravíssima profana-

-23-
ção ... Pois recebemos indignamente uma coisa sagrada: o
Sacramento, que é portador da vida divina.

Para Responder

. Que meíos escolheu Deus para comunicar-nos sua graça?


- Todos os Sacramentos ns conferem a Graça Santificante?
- Quais os Sacramentos que conferem a primeira Graça? -
Quais a aumentam? - A que nos dão direito os Sacramentos?
- Tem cada Sacramento um escopo especial?

Para Recordar

Como nos santificam


- aumentam a graça que já pos-
suÍmos: alimento da vida divina.
os Sacramentos fl
- conferem a graça santificante:
canais da vida divina
é. o direito de receber uma graça especial
necessária:
Graça especial
dos chama-se graça sacramental.
~acramentos { conserva-se colaborando com ela por meiÇ>
de nossas boas obras.
absolutamente necessários: os que nos con-
ferem a graça primeira (Sacramentos
Necessidade
{ de mortos).
nccessários para viver bem: os que aumen-
tam a graça (Sacramentos de vivos).
LIÇAQ IV '

o SELO DE DEUS
Dizendo que os Sacramentos correspondem a finalidades
diversas, poder-se-ia pensar que não fôssem todos igualmente
importantes. Não é verdade. .
Um dia, Dom Bosc.o viu um de seus garotos correr-lhe ao encontro e di-
zer, fitando-o com tristeza:
- Dom Bosco, o Sr. não me quer bem. O Sr. gosta mais daquêle outro.
menino,. .. e apontava para um colega.
O Santo sorriu diante dessa queixa ingênua.
- Diga·-me - respondeu - quantos dedos tem esta mão?
O menino arregalou os olhos vivos e brilhantes e fitou aquela mão que se
erguia somente para abençoar e fazer o bem.
- Cinco!
- Pois bem; julga você que eu poderia querer mais a um que aos outros?
Gosto de todos igualmente porque to.dos são importantes e úteis. e são meus
todos êles. E é assim que eu amo a vocês, meus filhos: a todos indistintamente.

Diversidade dos Sacramentos

A respeito dos Sacramentos devemos afirmar o mesmo:


todos são úteis, todos são importantes, porque todos repro-
duzem e aumentam em nós, de diversos modos, a vida di-
vina: a Graça.
Mas assim como se pode estabelecer unia graduação
para os dedos da mão e para Jôdas as coisas que não são
idênticas, assim também tratando dos Sacramentos pode-se
fafar de maior ou menor excelência/maior ou menor ne-.
ces$idad~1
.'

Quando falamos em "excelência" de um Sacramento


queremos aludir à sua dignidade.
O maior de todos os Sacramentos por dignidade é o Sa-
cramento da Eucaristia, pois contém o próprio Jesus Cristo,
autor da Graça e dos Sacramentos.
Se, porém, consid,eramos a dignidade de quem' admi-
nistra o Sacramento, vemos que os dois maiores Sacramentos
neste sentido são a Crisma e u Ordem porque são adminis-
trados pelo Bispo.
Quanto ao c.'mbolismo, o maior é o Matrimônio porque
s,ignifica a. união de Jesus com a natureza humana e a união
de Cristo com a Igreja.
Quanto à necessidade, o mais importante é o Batismo,
porqué semêle ninguém entra no Céu, e porque nos dá o
poder de receber os demais sacramentos; acrescentemos aqui
o Sacramento da Confissão, de capital necessidade para os
que cometeram pecado mortal depois do Batismo.

o caráter

Alguns Sacramentos apresentam ainda uma particulari-


dade especial: só podem ser recebidos uma única vez.
Por que? Porque imprimem na alma de quem os recebe
umsina'l espiritual, indelével, que se chama caráter. Este
sinal maravilhoso e invisível permanecerá para sempre im-
presso na alma, até na eternidade.

Antes de sé arregimentar nas legiões romanas, os soldados recebiam o


sinal do imperador, e, depois de proferir o juramento de fidelidade, eram
ainda assinalados na fronte com duas linhas cruzadas em forma de X.
, - cOs que recebem a' incumbência' de alguma missão importante, trazem
às vêzes um sinal distintivo,
:' No'Sacl:amento' do Batísmo o cristão é iniciado 110S grandes destinos
dá:-vidâ 'da 'graça; na Saêraménto dã Confirmação é incorporado no exéréifo
g9S soIdad,OS de Cristo, e na Ordem Sagrada tor,na-se ministro e embaixad0l'
dêste Sumo Rei. É justo que haja um sêlo espiritual indelével: é o que
precisamente se chama caráter, . '.

26 -
o Batismo, a Crisma: e a

~\/~
Ordem são os Sacramentos
que imprimem caráter. , Colo-
cam-nos num estado definitivo
aos olhos' de Deus: cristãos
soldados .-:.. sacerdotes.
Essa éa razão por que só
se recebem uma vez.
Há apenas um modo de
tentar destruir em nós o cará·
ter impresso na alma pelo Ba-
tismo,' Crisma e Ordem; tem
um nome horrível e é ó maior
dos crimes contra nosso divino
Salvador Jesus: aapostasia.

o imperador ,Juliano <t 363), apóstata da religião cristã, sentia-se ator-


mentado pelo pensamÉmto do Batismo que havia recebido, persuadido como
estava de trazer impresso na alma o indelével caráter sacramental. Tentou
então 'com cedmônias sacrílegas e ridículas cancelar êsse caráter que tanto
aborrecia. Empregou águas lustrais, sangue de vítimas imoladas aos deuses, e
outras tantas tolices. Baldados esforços! Aquêle sinal era incancelável'e Ju-
liano carregou-o para a outra vida; e o trará para sempre consigo.

Não adiantam rasuras, banhos, nem sortilégios. O ca-


ráter permanecerá sempre: f'Jo Céu para glória eternai no
inferno para perpétuo tormento. O caráter sacramental é
como uma bandeira: deve ser defendida para não se tornar
um trapo.
t o sê!o divino: você é de Deus!
Para Responder
Há algum Sacramento mais importante e outros menos
importantes? - Qual o Sacramento ma:s excelente? - Qual
o mais necessário? - Que Sacramentos têm um poder espe-
cial? - Pode-se de algum modo cal2.celar o «caráter»? - Como
se chama a tentativa de cancelar o caráter?

- 27-'
Para Recordar

. o Batismo é necessário para


todos
r
Neoossldad\l a Confissão é necessária
{ para quem perdeu a Gr~a
depois do Batismo
-Confissão
várias - Eucaristia
Quantas vêzes { - Extrema-
Os Sacramentos vêzes se Unção
que imprimem podem - Matrimônio
caráter receber uma só
vez
J1 -
- Batismo
Crisma
L- Ordem
O Batismo, a Crisma e a Ordem imprimem
caráter
- é um sinal distintivo
Caráter espiritual
{ - suas propriedades: jamais
L se cancela.

- 28 ~
UçAO V

MATÉRIA FORMA MINISTRO


Os Sacramentos são um sinal.
Um sinal é sempre uma coisa material que se vê ou se
sente, e que significa alguma coisa.
O sinal exprime silenciosamente uma idéia.
A fumaça com sua linguagem muda nos diz que há fogo; a bandeira com
suas côres nos fala da Pátria.

O sinal é, enfim, a união de uma coisa com uma idéia,


ou palavra, silenciosamente trazida à lembrança.
Nos Sacramentos dá-se de fato esta união de coisa e
palavra. Há uma coisa - quase sempre material - como
por exemplo a água para o Batismo, e há uma palavra ou·
expressão, que dá o sentido e explicação da coisa.
A coisa material chama-se matéria (mesmo no caso de
não ser propriamente matéria, como veremos na Confissão,
no Matrimônio e na Ordem); e as palavras chamam-se forma.
A forma é constituída pelas palavras sagradas que dão'
sentido e significado ao sinal matérial e sensível (= a ma-
téria).
Mas para que haja um Sacramento requer-se ainda outro
elemento: o ministro.
O ministro é a pessoa que realiza ou administra o Sa-
cramento, em nome e por autoridade de Jesus Cristo.

- 29--
E o ministro ,não é somente o sacerdote ou o Bispó, mas
no caso do Bati.smo pode ser também um simples cristão; e
até, para o caso dêste Sacramento tão necessário, o ministro
pode ser também herege e mesmo um infiel.
~ necessário, porém, - para ser ministro de um Sacra-
mento ....... fazere dizer o que se deve, com à intenção de
fazer e diiere que quer a Igreja.
"Assim como a água que irriga os campos e os torna
fecundos nada perde de sua virtude ao passar por canais de
pedra rude, assim também a água mística dos sacramentos
l1ada,perd,e de suaéicácia passando pelas mãos de minis-
tros menos dignos" (Santo Agostinho).
Seja quen1 fôr o ministro que confere o sacramento,
quem age verdadeiramente por poder próprio é Jesus, que
é. o pril1cipal agente dos sacramentos.,
Por isso, mesmo que seja indigno o ministrei que cOnfere
um Sacramento, isto nada desmerece do Sacramento. O mi-
nlsho não nos dá alguma coisa de seu; não é àle que valoriza
o que faz, mas é Jesus que opera é derrama sôbre nós a sua
Graça.

Para Responder
Diga com suas palavras o. que é um sinal - Os Sacramen-
tos são sinais de que? - O ministro de um Sacramento deve
ser sempre um Sacerdote? - Quem na realidade produz em
nós a G~aça por meio dos Sacramentos?

Para Recordar

Matéria - é a ação ou coisa que impres-


siona os sentidos
Que se requer
para' que haja Forma -=-as palavras que explicam a
um coisa ou o uso da ação
Sacram.ento, ? , Ministro '. -'---, a. pessoa que confere o Sa-
cramento.

- 30-
LEITURA

NOÇOES DE LITURGIA (II)

o Centro da Liturgia

A missa é o centro da liturgia: é, portanto, o maior ato


de culto de que participam todos os fiéis.
Afirma-se, algumas vêzes, que a Missa é um drama. E
o é de fato, mas um drama sem espectadores, porque todos
somos atores da grande glória que Cristo com sua imolação dá
ao Pai. O fiel unindo-se ao Sacerdote, com êle oferece, reza,
comunga.
Sentindo-nos atores, a Missa será mais nossa, e mais viva
se tornará a participação ao augusto sacrifício.
A Missa divide-se nitidamente em três partes:
1. A primeira parte compõe-se de orações e leituras.
2. A segunda parte é a celebração do Sacrifício com seus
três atos essenciais: Oferta, Consagração, Comunhão.
3. A terceira é o agradecimento.

PRIMEIRA PARTE

MISSA DOS CATECOMENOS

Chama-se dos Catecúmenos, porque, outrora, nela podiam


tomar parte os Catecúmenos.
Ê muito movimentada e seu fim é instruir. A instrução é
completada com a oração.
A origem desta primeira parte provém do costume judáico
de ler as ~crituras nas Sinagogas. Os cristãos acrescentaram
a leitura do Evangelho e das Epístolas.
Esta primeira parte da Missa varia conforme as festas.

- 31 -
· A Missa se abre com algumas oraçÕes de· introdução, aó
pé do Altar. Estas orações chamam-se Confissão, porque os
sentimentos mais insistentes são' de louvor (<<confessio»? em
latim quer dizer também louvor) e acusação dos pecados.
A alma do Sacerdote e do fiel reergue-se do pensamento
de seus pecados com um ato de confiança e amor:
«Apresentar-me-ei ao altar de Deus
ao Deus que alegra minba juventude».
O ajudante e o povo reiàm o «Confiteor» e, depois dêste
ato de humildade e esperança,· o sacerdote sobe ao altar.
Começa a Missa propriamente dita, que se compõe de :
1. Intróito. Antigamente,a Missa começava neste ponto.
A Confissão foi um acréscimo posterior. O Íntróito era can-
tado enquanto o Bispo entrava na Igreja. Compõe-se de um
salmo e de uma antífona (versículo de louvor) que dáo tom
da festa.
2. Kyrie. 1Ii o comêço de longa ladainha, que hoje desa-
pareceu, e, antigamente, era rezada pelo clero e pelo povo. O
Kyrie é rezado em grego e significa: Senhor, tem piedade;
Cristo, tem piedade!
3. Glória. 1Ii um canto festivo. As palavras iniciais re-
cordam as harmonias angélicas de Belém, na noite de Natal, ao
passo que as outras são de origem humana, mas antiquíssimas ..
Nela invoca-se a Trindade,
celebra-se o mistério da Encarnação,
invoca-se a paz para os homens.
4. Orações. Antigamente, o Celebrante convidava neste
ponto os fiéis a rezar: Oremus! Rezemos juntamente! Então,
o Diácono ordenava à assembléia que se ajoelhasse, em oração.
Transcorridos alguns instantes, em devoto silêncio, o «Subdiá-
cono dava ordem de levantar: Levantai-vos! A seguir o Cele-
brante resumia numa oração em voz alta as invocações de todos.
Na Missa atual, permanece somente o convite e a oração, em
voz alta, do celebrante.
5. Leituras e Salmos. As leituras são duas: Epístola
(trecho dos livros apostólicos do Nôvo ou do Antigo Testa-
mento) e Evangelho. A princípio, intercalavam-se Salmos que
posteriormente, abreviaram-se na forma atual do «Gradua!»,
cantado nas missas solenes. .

32 -
Os fiéis ouvem o Evangelho, de pá e saúdam o comêço e
o fim com as palavras: «Glória a ti, Senhor» e «Louvor a Ti,
Ó Cristo». Atitude de fortaleza Cristã!
Ao Evangelho segue-se, geralmente; a pregação: não é
palavra dos homens, mas, palavra de Deus. Depois do IQvan-
gelho há, muitas vêzes, o Credo, profissão de fé sôbre quanto
se ouviu no Santo Evangelho.
Neste ponto, despediam-se os Catecúmenos porque estava
por começar a parte do verdadeiro sacrifício. Depois de uma
oração, em segrêdo, e outra, em voz alta, e a bênção do Bispo,
o Diácono os despedia.

-- 33 -
LIÇAO VI

AGUA VIVA
BATISMO

São João Batista, o precursor de Jesus, começou sua


pregação convidando o povo a uma cerimÓnia de penitência.
João lhes falava de Alguém, extraordinário e poderoso, de
um Grande que haveria de vir e estava próximo. Para pre-
parar-se, a fim de receber o Esperado misterioso, era neces-
sário fazer penitência, mudar de vida .
. Para demonstrar que tinham de fato intenção de mudar
de vida, João mandava o povo submeter-se a um rito exte-
rior: IIDescei à água do Jordão, onde o profeta Eliseu fêz
um dia banhar-se Naamã, generat do rei da Síria, purifi-
cando-o da lepra, símbolo dos pecados. . . Descei a essa água
e mostrai que quereis ser lavados de vossos pecadosll l •
Imergir na água, em grego é "bapto" e imersão é "bap-
titma". Assim o rito de João chamou-se batismo.
Este sinal de João era sômente um símbolo e não o
verdadeiro batismo que foi depois instituído por Jesus. Jesus
deu a êste sinal umà f6rça divina transformando-o num Sa-
cramento.

Promessa

Jesus mostrou que queria tornar eficaz o sugestivo sinal


empregado por João Batista, no dia em que tle mesmo se
fêz batizar.

- 34 --
Um dia Jesus foi
ao Jordão, o n d e
João batizava. Mas
João queria esqui-
var-se dizendo: IIEu
é que devo ser bati.
zado por v6s ... e v6s
vindes a mim!?".
Mas Jesus lhe res-
pondeu: Deixe es-
sas considerações de
lado: N e s t e mo-
mentO convém que
façamos tudo o que
é conveniente que
se faça. A estas pa-
lavras João acedeu~
E então os céus se
abriram e João viu
descer sôbre Jesus
uma forma de pom-
ba que manifestava
a presença do Espí-
rito Santo. Uma
voz que vinha do
céu dizia: Este é meu filho muito querido; Ele merece todo
o meu amorl".

Tooa a SS. Trindade apareceu neste momento sôbre o


Jordão. t o que deveria acontecer tôda a vez que um nôvo
cristão renascesse pelo Batismo. A água, unida às palavras
determinadas por Jesus, teria a fôrça da presença divina e
aSSo Trindade tomaria posse dessa alma.

- 3!)-
Instituição

Antes de subir ao céu, Jesus ordenou aos Apóstolos que


se espalhassem pelo mundo, para anunciar a sua Redenção.
Dissewlhes: /I... ide por todo o mundo, pregai o Evan-
gelro a fôda a criatura" (S. Marcos XVI, 15), batizando-os
em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo (S. Mateus,
XXVIII, 19).

Com estas palavras Jesus instituiu o primeiro grande sa-


cramento da Igreja.

Necessidade

o Batismo é o primeiro dos sacramentos. Sem êle


não podemos receber nenhum outro. Por isso é chamado
lia porta" dos sacramentos. O Batísmo nos faz cristãos, isto
é, seguidores de Jesus Cristo, filhos de Deus e membros da
Igreja.

Matéria

A matéria do Batismo é a água natural. A água é sinal


de limpeza, e o homem deve lavar-se do pecado antes de
fazer-se cristão: deve antes de tudo renunciar ao pecado.
I
Forma

A forma do Batismo são as palavras que Jesus estabe-


leceu ao instituí-lo: /lEu te batizo em nome do Pai, e do
Filho e do Espírito Santfl'.

Estas palavras são tôdas necessárias e santas. São elas


que vivificam a água no momento do Batismo, dando ao
Sacramento o poder divino de cancelar o pecado.

- 36-
Ministro

Todavia não é sempre um Sacerdote que batiza, nem


sempre se fazem tôdas as cerimônias que acompanham a
parte mais importante e necessária do Batismo: a de der-
ramar a água pronunciando as palavras.
,Em caso de urgência ou de morte, o Batismo resume-se
em derramar a água pronunciando as palavras, determi..l
nadas por Jesus, para dar sentido a êse sinal, isto é: as pala-
vras da forma.
E isso é suficiente. Mais: como o Batismo é absoluta-
mente necessário para a salvação, qualquer pessoa, homem
ou mulher, batizado ou não, pode vàlidamente batizar, con-
tanto que não o faça por brincadeira ou sem saber o que
faz; deve querer dar o sentido que a Igreja atribui a esta
sublime ação.
Tamanha é a preocupação da Igreja de que ninguém
morra sem o Batismo, que obriga os pais ou tutores da
criança, a fazê-Ia batizar o mais depressa possível: 8 ou 10
dias depois do nascimento, o mais tardar.

o Batismo da sangue

o distintivo, ou ficha - digamos assim - que per-


mite a entrada no céu é a amizade de Deus. O meio ordi-
nário e oficial para alcançá-lo é o Batismo de água: mas não
é o único.
A Igreja fala ainda de outros dois Batismos. Não são
um lavacro, não imprimem caráter, mas produzem a graça
na alma, e lhe conferem o distintivo.
Temos assim o Batismo de sangue: isto é, o martírio
sofrido por amor de Jesus Cristo. ou para defender alguma
virtude cristã.
E a prova máxima de fé e amor para com Deus. O
próprio Jesus disse: "Não há maior prova de amor do que
a de quem dá a vida pelos seus amigos",

o Batismo de desejo

Há também o Batismo de desejo.


Valentim II, assassinado nas Gálias, foi grandemente pranteado pelos
suditos pela perda de tão valoroso prfncipe, mas sobretudo pela preocupação
de 'sua sorte eterna, porque embora fÔsse eatecúmeno (isto é desejasse (, Batls-
mo e para êle se preparasse) não era ainda cristão.
Para consolar o pranto de suas irmãs, ergueu-se a voz eloquente do gran-
de Bispo sto. Ambrósio, que exclamou: "Ouvi dizer que estais tristes por que
êle não recebeu o sacramento dei Batismo... Não terá então a Graça que
tanto desejol'? Teve-a sem divida, porque a desejou".

Essa doutrina tão dara de Sto. Ambrósio, é a mesma


de São Cipriano, de Tertuliano e do próprio Jesus Cristo
que diz: 'Quem me ama será amado pelo meu Pai, e eu o
amarei e me manifestarei a êle"
Desejar o Batismo, e, para quem não o conhece, viver de
acôrdo com a lei de Deus, significa querer ser amigo de Deus

Obleção! E os meninos que morrem sem Batismo?

Resposta: Os meninos que morrem sem o Batismo, e


não cometem nenhum pecado mortal, vão para o Limbo.
Semorreram neste estado por culpa dos pais, serão êstes
os responsáveis de tão desastrosa negligência.

Para Responder

Qual era o rito empregado por João Batista? - Que sig-


nificava entre os antigos a palavra Batismo? - Como e quan-
do Jesus instituiu solenemente o Batismo? - Descubra nas
palavras de Jesus a obrigação do Batismo, a matéria e a forma.
- O Batismo de sangue é mais excelente que Batismo de °
desejo? - Os meninos mortos sem batísmo se salvam?
Para Recordar

Illstitui~ão - Antes de subir ao céu


Promessa - No Batismo de J esua
Figura do Batismo - o rito de João Batista
cristãos - seguido~
faz-nos j res de Jesus Cristo
filhos de Deus
., membros da Igreja
matéria - água na-
tural
o Batíamo forma - palavras de
Efeitos Jesus
elementos
ministro - quem ti-
ver a intenção de
fazer o que faz a
Igreja.

{
imprime o caráter

l
v, . ,.
de água (verdadelrO
sacramento)
arlas espemcs de sangue
de desejo

- 39~·
LIÇÃO VII

RENASCIMENTO
Em algumas cidades européias vêem-se ainda os Batis~
tét'iO$ separados das Catedrais. Eles lembram as antigas
cerimônias que se realizavam durante a administração do
Batismo, no Sábado Santo.

o Rito antigo

Os Carecúmenos (candidatos ao Batismo), guiados pelo


Bispo, dirigiam-se processionalmente, de madrugada, da Ca-
tedral ao Batistério. Havia aí uma piscina de mármore à
qual desciam os catecúmenos por meio de uma pequena esca-
da para imergir-se nas águas, enquanto o Bispo pronunciava
as palavras da fórmula.
tsse rito místico é o símbolo do que acontece na alma.
Ela desce para o banho do Batismo como um "homem
velho", coberto pelas feridas do pecado, e sai renovada: um
homem nôvo, lIuma nova criatura ll •
O Batismo de imersão é usado hoje apenas em alguns
ritos particulares; costuma-se agora derramar água sôbre a
cabeça do Batizando, o que se chama IIbatismo por infusão".

A nova criatura

A grandeza e necessidade do Batismo, consiste nisso:


não é uma simples anistia (perdão) dos pecados ou um
verniz superficial que cobre os pecados; é um novQ e Ver-

.",. ,. 40-"
dadeiro nascimento. Depois do Batismo, aparece no mundo
um nôvo ser: o cristão, nascido dessa misteriosa imersão no
banho da água divinizadora.
As fôlhas tombam no outono e renascem na primavera. Mas a nova folhi-
nha que apontou no mesmo ramo não é a antiga fôlha que caiu. Assim no
Batismo morre em nós o pecador e nasCe um outro individuo: o filho de Deus
c membro da Igreja, assinalado pelo carãter de Cristo, sequaz de Jesus Cristo.

Achava-se Jesus uma noite, em Jerusalém, na casa de


um velho e douto senhor. A certa altura começou a falar
de um nascimento misterioso, necessário para todo aquêle
que quisesse entrar no
nôvo reino trazido por
Ele à terra.
- Em verdade, em
verdade te d i 9 o que
quem não renascer de
nôvo, não pode ver o rei·
no de Deus.
- Oh! - exclama
atôn ito N icodemos - co-
mo poderei renascer, eu
que estou tão velho?
- Em verdade, em
verdade te d i 9 o que
quem não renascer na
água e no Espírito Santo,
não poderá entrar no rei·
no de Deus.
No comêço d e s s a
nova vida, dá-se à criança
um nome conveniente, o
nome de um santo, para
lhe servil' de exemplo e
protetor em sua vida
cristã.

41
A nova vida

Ser batizado significa, pois, nascer enriquecido de uma


nova vida: a vida de Deus, a vida da Graça.
E isso não é uma simples suposição, mas sim uma
autêntica realidade. Diz S. João em seu Evangelho: IIAos
que creem em seu nome, deu Jesus o poder de se tornarem
Filhos de Deus".
Com a sua obediência ao divino Pai, Jesus Cristo nos
alcançou aquilo que no comêço dos tempos foi para Adão e
Eva desastrada ambição: ser como Deusl
Enxertando em nós a vida divina, a Graça opera pro-
digiosos efeitos espirituais:
a) Primeiramente ela entra na alma como uma rainha
esplendorosa com o cortêio de suas servas: as virtudes teo-
Ioga is, Fé, Esperança e Caridade, que se depositam na alma
como sementes de uma vida nova e maravilhosa. Na criança
parecem inativas. Mas ao desabrochar da vida, também
essas sementes aiudadas pela nossa colaboração se desen-
volverão, da mesma forma como a inteligência e a vontade
despertam do torpor da infância.
b) A graça se opõe ao pecado, como a luz às trevas, a
vida à morte.
Por isso, a graça batismal apaga o pecado original e os
atuais se os houver ,e tôda a pena devida a êsses pecados.

Renúncias e promessas

Nas águas do Batismo sepulta-se o "homem velho" que


pecou em Adão, e renasce o "homem nôvo" revestido das
Virtudes de Jesus Cristo ou, como diz precisamente São
Paulo: "revestido de Jesus Cristo",
Essa altíssima dignidade permanece em nós com a con-
dição de nos mantermos fiéis às promessas e renúncias do
Batismo. No Batismo renunciamos às obras, às vaidades do
mundo e ao mundo cheio de pecados que é dominado pelo
demônio. t isso uma conseqüência do renascimento espi-
ritual. '
Suponhamos que um jovem é elevado à dignidade de príncipe, e vestido
de acôrdo com sua posição. Como seria lamentável que êsse jovem perma-
necesse ainda afeiçoado a seus farrapos e às molecagens de outrora! No dizer
dos franceses, noblesse oblige: o cargo, a posição e a dignidade têm suas
exigências!

Nem por isso o Batismo se transforma num jugo, por-


que nos impõe tão somente aquilo que Deus impõe a todos,
como preço de nossa salvação eterna.
Com efeito, todos, cristãos e não cristãos, acham-se
obrigados a observar os dez mandamentos, e todos para se
salvarem estão obrigados a entrar na Igreja de Jesus Cristo e
obedecer-lhe, uma vez que dela tenham conhecimentó, por-
que "fora da igreja não há salvação".
Afirmar que não estamos presos a essas obrigações, porque no momento
do Batismo não entendíamos nada, é querer comparar-nos àquele indivíduo
que recusava uma rica herança recebida no tempo de criança, por causa dos
aborrecimentos administrativos e financeiros inevitáveis em semelhantes tran-
sações.

Deveres do batizado

Os últimos ritos que se realizam na função do Batismo


solene, descreve maravilhosamente os deveres cristãos.
A veste cândida de que antigamente se revestia o néo-
batizado, é hoje substituída por um pano branco que o
sacerdote põe sôbre a cabeça do nôvo cristão, indicando que
a sua deverá ser uma vida de pureza.
O sacerdote entrega ainda à criança (ao padrinho por
ela) uma vela acesa. A vela recorda as palavras de Jesus:
"Vós sois a luz do mundo". O esplendor de uma vida cristã,
feita de boas ações ilumina o mundo e é um lembrete para
muitos: nossa vida de renascidos em Jesus Cristo deve ser
uma vida de apostolado, vida cristã, luz que ilumina e
aquece.
Mas o sinal mais significativo e mais repetido durante
a administração do Batismo, o sinal que explica melhor tudo
o que o Batismo representa para n6s é o Sinal ela Cruz.
E o sinal completo do Cristão. PGr si só constitui um
ato que basta para exprimir nossa fé, nossa esperança e
nossa caridade.
Devemos acostumar-nos a fazê-lo como uma oração, e
a servir-nos dêle como de um escudo: é êle que traça o
rumo de nossa vida, o rumo de tôda a civilização, pois que
tão só à sombra da Cruz é que ela tem sentido e valor.

Os padrinhos

Assim começa a vida do cristão. Mas não estamos sozi-


nhos na caminhada!
O batizando é acompanhado à fonte batismal pelos pa-
drinhos, que, ao derramar-se a água, tocam o afilhado, como
a significar que o tomam sob seus cuidados. Por isso a
missão dos padrinhos não termina com o Batismo; ao con-
trário, então é que ela começa, porque como pais espirituais
devem pelo exemplo e pelo ensino acompanhar o afilhado
durante tôda a sua vida.
Com razão prescreve a Igreja que o padrinho tenha no
mínimo 14 anos, para poder conhecer ao menos sumària-
mente os seus deveres; e é com tôda a razão que ela reco-
menda que sejam bons cristãos.
Numa palavra, devem os padrinhos juntamente com os
pais repetir mais com a prática de uma vida cristã, do que
com ma lavras, sobretudo nos momentos de desorientação, o
aviso de um grande Papa: IILemJ,ra, 6 cristão, a tua digni-
dade!1I (S. Leão Magno).
o delfim de França, pai de Luiz XV mandou buscar um dia o livro paro-
quial em que se achava registrado o Batismo de seus dois filhos, que podiam
ter então sete ou oito anos. Mandou-os chamar e abrindo o livro, fêz-lhes
notar como o menino, que estava registrado antes dêles era filho de um pobre;

- 44-.
e em seguida teceu esta consideração: "eis o livro dos filhos de Deus: diante
dêle todos Oli homens são Iguais; não há entre êleil outra distinção, senão a
que lhes dá a fé e a virtude. Um dia sereis aos olhoS do mundo mais Impor-
tantes que êsse menino, mas êle será mais importante aos olhos de Deus, se
rôr mais virtuoso que vós.

Para Responder
Onde ficavam antigamente os batístérios? -- Como se
realizava o Batíamo? -- Qual o significado dêsse rito? -- O
Batíamo é uma anistia dos pecados ou um renascimento? -
Que disse Jesus a Nicodemos? - Quais os efeitos dêsse re-
nascimento?

Para Recordar

renascimento verdadeiro.
confere a graça santificante
f comere as virtudes sobrena~
turais
Efeitos apaga o pecado original e os
atuais
imprime o caráter de Cristão
Efeitos e - torna-nos capazes de receber
Obrigações os outros sacramentos
do professar a fé
Batismo observar a Lei
Obrigaç.ões (
do ao demônio
Batizado Renunciar às suas obras
{ às suas pompas
I
l Quem assume estas { os padrinhos
obrigações por nós

_. 45-
LlçAO VIU

CHUVA DE FOGO
CRISMA

Jesus subira ao Céu. De acôrdo com sua promessa, os


Apóstolos esperavam o Espírito Santo: Espírito de Verdade
'e Fortaleza, Espírito Consolador.
No 50. 0 dia depois da Páscoa - em grego /lpentecostesl l
- quinquagésimo, - os Apóstolos e um grupo de discípulos
estavam reunidos em companhia de Nossa Senhora no Ce-
náculo de Jerusalém. Eram 120 ao todo.
uE veio de repente do Céu um estrondo como de um
vento que soprava com ímpeto e encheu tôda a casa onde
estavam reunidos. E apareceram umas línguas de fogo, se-
paradas umas das outras, que foram pousar sôbre cada um
dêles. Ficaram todos cheios do Espírito Santo e começaram
,a falar em várias línguas, conforme o Espírito Santo lhes
concedia que falassem l l• (Atos 2, 1-4).
Cumpria-se assim a promessa de Jesus, poucos dias de-
pois de sua Ascensão ao Céu. O Espírito de Verdade, o
Fortificador o consolador, ensinaria de aí em diante aos Após-
tolos muitas coise's ditas por Jesus, que êles não haviam
entendido perfeitamente.
O Espírito Santo os tornaria fortes e corajosos para
defender a doutrina de Jesus até a morte, e permaneceria
com êles, para lhes prestar assistência até o fim dos século~.

-46 -
A necessidade da Crisma

o cristão qúe recebe o sacramento da Crisma recebe


também sua misteriosa chuva de fogo, o seu Pentecostes.
Pois a Crisma é o Sacramento que confere a abundância
do Espírito Santo e, tal romo aconteceu aos Apóstolos, con-
solida e fortifica a vida divina em nós.
Por isso se chama também confirmação.
Mas o cristão - poder-se-ia perguntar não recebeu
o Espírito Santo no Bati~mo? Não diz São Paulo que com

- 47-
o Batismo nos tornamos templos do Espírito Santo? A esta
pergunta já havia respondido o Papa S. Melqufades (+ 314)
ao explicar a diferença entre os dois sacramentos: /lNo mo~
mento do Batismo o homem é recrutado; na Crisma recebe
as armas da luta;. .. pelo Batismo renascemos para a vida,
com a Crisma estamos preparados para o combateU,

Explica muito bem, além disso, São Pedro Damião que


no Batismo o Espírito Santo nos é dado para destruir os
pecados passados; na Crisma recebêmo-Io como defesa con-
tra futuros pecados: primeiramente (no Batismo) nos faz
puros e sem· manchas; depois (na crisma) nos dá novas
fé)rças e novos auxíl ios.

Instituição

Foi Jesus Cristo quem instituiu os sacramentos: insti~


tuiu também a Crísma.

1. Prometeu antes de tudo que enviaria o Espírito


Santo aos Apóstolos. Num longo e afetuoso discurso que
lhes dirigiu durante a última Ceia, Jesus repetiu várias vêzes
a promessa de lhes enviar lIum Consolador que ficasse sem-
pre com êles para os assistirl l , Ele lhes ensinaria muitas
verdades que por enquanto não podiam iainda compreender.
(S. João 14, 16 e 16, 12).

2. Jesus realizou esta promessa, - como já notamos


- cinqüenta dias depois da Páscoa, no dia de Pentecostes,
dez dias depois de sua Ascensão ao Céu.

3. Os Apóstolos conferiram muitas vêzesêsse sacra=


mento desde os primeiros tempos. Impunham as mãos sô=
bre os fiéis para que o Espírito Santo se assenhoreasse de
suas almas, fortificando-as.

- 48-
Aigum tempo depois da descida cio E. Santo, às Apostolas qué estavam
em Jerusalém souberam que os habitantes de Samaria haviam ac.olhida favo-
ràvelmente a palavra de Deus. Por isso enviaram até lá Pedro e João. Lá
chegado, ãsses dois Apóstolos recomendaram que recebessem o Espírito Santo
que ainda não havia descido sôbre nenhum dêles. Os Samaritanos com efeito,
tinham sido somente batlzados em nome do Senhor Jesus. Assim Pedro e João
impuseram as mãos sôbre os Samaritanos batizados e êles receberam o E. San-
to (Atos 8, 14-17).

o rito

A Crisma é administrada pelo Bispo, como sucessor dos


Ap6stolos. Ordinàriamente é assimi por isso o Bispo é o
ministro ordinário da Crismai Ministro extraordinário é o
sacerdote munido de faculdades especiais.

o rito se desenvolve com muita solenidade.


o Bispo é rodeado de sacerdotesi o crismando é acom-
panhado pelo padrinho. A porta da Igreja é fechada aos
não interessados, para lembrar a espectativa da primeira
vinda do Espírito Santo, no Cenáculo, onde se achavam
fechados.
As cerimônias dêste sacramento têm um estilo marcial, .
digno da sagrada milícia cristã, à qual a Crisma nos agrega.
Com efeito, o ministro é o Bispo, chefe da Diocese, a qual é
como um destacamento do exército cristão, cujo Coman-
dante Superior é Cristo, Senhor Nosso.
A matéria é o crisma, isto é, uma mistura de 61eo com
bálsamo; consagrado pelo Bispo na guintaufeira santa, por-
que, como acontecia com os antigos atletas, o lutador deve
ser ungido de óleo, símbolo de fôrça e desenvoltura espiritual.
A forma lembra as palavras com que criavam os an-
tigos cavaleiros medievais após a vigília noturna diante do
altar:

- 49-
IJEute assinalo com o sinal da Cruz e te confirmo cOm
o Crisma da salvação, em nome do Pai, e do Filho e do Es=
pírito Santol l •

As disposições do crismando
A Crisma é, numa palavra, o Sacramento da virilidade
cristã: por isso a Igreia exige do candidato não sàmente o
estado de graça - como para qualquer sacramento dos que
estão espiritualmente vivos - mas também o conhecimento
dos mistérios principais da nossa Fé, e que receba o sacra-
mento com devoção, profundamente compenetrado do sig-
nificado do rito.
Para que haia mais disposições, costuma-se adminis.trar
~ Crisma a quem tenha atingido pelo menos os 7 anos,
idade em que a inteligência do menino pode refletir com
relativa facilidade sôbre a importância do sacramento, e os
primeiros assaltos das tentações requerem generosidade no
sacrifício e na luta.
Os apóstolos prepararam-se durante 10 dias de oração
para a vinda do Espírito Santo. Convém, portanto, que nos
aproximemos dêsse grande sacramento convenientemente
preparados.
Se êle fôr bem recebido, a graça sacramental há de am-
parar e guiar com. os dons do Espírito Santo os passos do
jovem cristão.

Para Responder
Conte a descida do Espírito Santo sôbre os Apóstolos -
Por que se chama Pentecostes? - Por que é que a Crisma se
chama também confirmação? - Não é suficiente o sacramento
do Batismo? - Havia Jesus prometido a descida do Espírito
Santo sôbre todos os fiéis? - Que se pode deduzir dessa pro-
messa? - Existe no Nôvo Testamento algum episódio que
lembre o sacramentada Crisma?

- 50-
Para Recordar

é uma confirmação e fortificação na Fé

no Batismo somos recrutados


na Crisma recebemos as
Diferença entre armas
Batismo e
Crisma no Batísmo destruição dos pe-
cados passados
na Crisma defesa dos futuros
promessa de Jesus Cristo
reaUização da promessa (Pen-
Instituição tecostes)
Crisma { os Apóstolos administraram ês-
te Sacramento
matéria - mistura de óleo.
com bálsamo
Rito forma - eu te assinalo etc.
{ ministro - Bispo (ou sacerdo-
te com faculdade do Papa)
estar vivos para a vida da gra-
ça (estado de graça) .
Disposições conhecimento dos mistérios
{ principais da Fé
refletir sôbre sua importância

- 51-
LEl'rUltA

NOÇOES DE LITURGIA (UI)

o centro da Liturgia - 2.° parte: Missa dos fiéis -


Consta de três partes: Ofertório - Cânon Comunhão
1. Ofert6rio
Despedidos oscatecúmenos, os fiéis achavam se como em
4

familia,e o sacerdote saúda-os com o «Dominus vobiscum», o


Senhor esteja convosco! Em seguida, convida os a uma oração
4

coletiva, hoje desaparecida: «Oremus!» A esta altura da Missa


é que os fiéis costumavam apresentar suas ofertas: ato belís-
simo êsse, que servia para significar como todos participavam
da santa Missa.· Durante essa oferenda, cantava-se um salmo,
o atual Ofertório. Quando o Papa, ou o Bispo celebram, per-
manecem no trono até 'êsse momento. É então que se dirigem
ao altar. Ao findar o rito da oferenda, tornava-se necessário
o Lavabo; hoje é apenas um símbolo de purificação.
Depois do Lavabo, o sacerdote faz um convite à oração:
«Orate, frates!»: Rezai, irmãos! ln recolhe as preces de todos,
em orações rezadas em segrêdo, por isso mesmo chamadas
«secretas».
O «Prefácio» é a oração eucarística por excelência. É o
hino da gratidão, que se eleva a Deus ao recordar-se a ingra-
tidão mais revoltante dos homens: o Deicídio. O «8anctus» e
o «Benedictus» são um canto de glória, que saúda a chegada
de Jesus ao altar do sacrifício. ?

2. O Cânon e a Consagração
Depois do Sanctus o sacerdote recolhe-se, em íntima ora-
ção, chamada Cânon (em grego = regra fixa) porque é idên-
tica em tôdas as Missas.
A parte mais antiga (a parte que precede imediatamente
e segue a Consagração) é a imitação e desenvolvimento do
agradecimento e louvor de Jesus, na última Ceia, que os Evan-
gelhos resumem em duas palavras: «e agradeceu e louvou a
Deus».

- 52-
Em tôrno dêste núcleo central que culmina nas veneráveis
palavras da Consagração, acrescentaram-se, desde a mais re-
mota antiguidade, outras orações.
Dirige-se a primeira ao Pai celeste, a fim de invocar gra-
ças para o Papa, os Bispos e todos os fiéis: a Igreja militante.
Unimo-nos, depois, à Igreja triunfante.
As orações seguintes vão cada vez mais cüncentrando o
pensamento em Jesus, que finalmente desce ao altar.
Após a Consagração, recorda-se que o sacrifício se realiza
em nome de Jesus Cristo, e em memória dos mistérios de sua
Vida. Reza-se para que Deus o aceite como aceitou o de .A,bel,
Abraão e Melquisedeque. Segue-se o Memento (lembrança)
dos monos;. e assim, completa-se ao redor do altar a família
da Igreja militante, triunfante e padecente.
Antes de encerrar o Cânon com uma das mais belas ora-
ções de louvor, antigamente, neste ponto, benziam-se os ali-
mentos: leite, mel, água; rito· conservado na função de quinta-
feira santa para a bênção dos óleos santos.

3. A Comunhão

A Comunhão é o complemento da Missa e a mais bela


participação do sacrifício.
. O Pater noster é a melhor introduçãü a esta terceira parte
do sacrifício: pede-se, nêle, o «pão» e fala-se de perdão:· a
comunhão é precisamente alimento e amor.
Segue-se a «fractio panis», a fração do pão, rito realizado
por Jesus. Tão importante pareceu aos antigos que a Comu-·
nhão chamava-se «fractio panis». Esta cerimônia tornou-se
necessária porque todos comungavam com um único pão con-
sagrado. Enquanto se fazia a «fractio» cantavam-se as três
invocações do Agnus Dei.
Quando tudo terminava, dava-se .o ósculo de paz, hoje, re-
servado ao clero, nas Missas solenes.
As orações que, atualmente, se encontram antes da Comu-
nhão são mais recentes que as outras. São repassadas também
de profunda· devoção e piedade.
Tempo houve em que a Comunhão se fazia sob as duas
espécies e todos - como na última Ceia - bebiam do mesmo
cálice. O que simbolizava a caridade e a unidade. Mas, pos,-
teriormente, abandonou-se êsse costume quer pelo perigo de

- 53-·
derramar o precioso Sangue, quer pela repugnância de bebE);.
rem todos, no mesmo cálice. e ainda pelas dificuldades de con-:-
sumir ou conservar as sagradas espécies.

Ação de Graças
Durante a Comunhão cantava-se um Salmo, abreviado no
atual Communio, que se diz após a Comunhão.
Terminava a Missa com uma última oração e uma última
saudação: Dominus vobiscu.m, o Senhor esteja convosco.
. Ao sair, o Bispo ou o Papa dava a bênção aos vários gru-
pos de fiéis. Hoje, tudo é feito globalmente pelo, Sacerdote.
Com a Bênção terminá prõpriamente a Missa.
O Sacerdote lê ainda um trecho de Evangelho e, no fim, o
ajudante responde, em nome de todos: «Deo gratias»: Graças
a Deus!
A. vida cristã deveria ser um incessante «Deo gratias»,
pelos benefícios recebidos, sendo o primeiro de todos o poder
assistir à incruenta imolação de Jesus.
As orações, ao pé do altar, foram introduzidas pelo Papa
Leão XIII para impetrar a bênção ce]~ste sôbre tôda a Igreja.
Mais tarde, o Papa Pio XI determinou que essas preces
finais (3 Ave-Marias, 1 Salve-Rainha e as duas outras orações)
fôssem recitadas pela conversão da Rússia.

- 54-
LIÇAO IX

REMOS E VELAS
Antigas embarcnções singravam o mar movidas a remos. O esfôrço dos
remadores era hercúléo quand'l se tornava necessário navegar contra. a. eor-
rente; mas quando se desfraldavam as velas e um vento favorável as enfunava
com seu poderoso sôpro, então era um prazer singrar velozmente as ondas.

Por meio do Sacramento da Confirmação penetra na


alma cristã - barquinho frágil que singra o mar encapelado
- lia abundância do Espõrito Santo, isto é, da Graça e dos
seus DC:)!1SIl.
A Crisma, além de aumentar a Graça santificante, con-
fere à alma:
a) a graça sacramental - isto é, a fôrça e a coragem
espiritual de professar a própria fé em tôdas as circuns-
tâncias.
b) os dons ~ isto é, os auxflios divinos que nos tornam
dóceis às inspirações do Espírito Santo.
As orações do Bispo, a imposição das mãos, a unção
com o crisma têm êste significado: invocar a Graça, invocar
os dons do Espírito Santo.

a) A graça sacramental

A unção do crisma significa o efeito da Crisma: a for-


taleza.
O Crismado, fortalecido pela graça sacramental, não
deveria ser mais um menino inconstante que muda ao
s8p!'o de qualquer tentação, mi'!l1\ firme <:omo uma fôrre,
cujo cimo desafia a fúria dos ventos.

- 55-
Com efeito, a graça da Crisma:
a) nos faz perfeitos cristãos. Não mais lIc:riancinhas
há pouco regeneradas", como acontecia no Batismo, mas adul~
tos em Cristo. A Crisma aumenta a graça santificante e
faz com que se desenvolvam as virtudes teologias e morais.
b) nos faz soldados de Jesus Cristo. Não medrosos e
tímidos como as crianças, mas dispostos a conservar e de-
fender sempre a própria fé. "Depois de receberdes o Espí~
munhas até aos ebremos confins do ml.,mdol l • Essa é a pala-
munhas até aos extremos confins do mUi,do'. Essa é a pala-
vra de ordem para um soldado de Cristo.
c) imprime um carMer. tste sinete divino não se deve
comparar à armadura dos antigos cavaleiros que se vestiam
e depunham à vontade, mas é sêlo espiritual, permanente e
i,ndelével do Espírito Santo que dá coragem e audácia ao
cristão.
O leve tapa dado pelo. Bispo na face do Crismado quer
significar a coragem cheia de dignidade de quem conserva
elevada a sua fronte, sem se envergonhar da Cruz e sem
temer os inimigos da fé.

b) Os dons do Espírito Santo

Diante dos padrinhos, se se trata de meninos, e das ma-


drinhas, se se trata de meninas, o Bispo estende as mãos
sôbre os crismados e invoca os dons do Espírito Santo com
estas palavras: "Deus onipotente e eterno, fazei descer
sôbre êles do céu, vosso santo Espírito P.mldifo (Assistente,
defensor)" .
Os sacerdotes, o padrinho e os pais respondem:
- Amém - Assim seja
Espírito de Sabedoria e Inteligência!
Assim seja!
Espírito de Ciência e de Piedi:'lde!

- 56-
- Assim seja!
- Enchei-os do Espírito de vosso Temor e assinalai-os
com o sinal da Cruz de Cristo, tornandcN)spropícios para
a vida eterna.
A alma que segue dàcilmente os impulsos dêstes 7 Dons,
é levada pelo Espírito Santo pelos caminhos da perfeição
cristã.
Com efeito:
A sabedol'ia inclina a alma a ~aborear as coisaS ce-
lestes,

- O entendimento é
a luz que estimula a pro-
curar a seguir a vontade de
Deus:
- O conselho é a sá-.
bia escolha dos meios para
rEMon til! (){W9 fugir do mal e fazer o bem;
PIIWAOII - A fortaleza é a in-
C/ENClA. trépida coragem cristã;
FORTALEZA - A ciência é o desejo
CONSELHO crescente de conhecer· a
ENTENOIMENTO Deus;
SABEDORIA - A piedade é a preo-
cupação íntima de agradar
e amar a Deus com a per-
feita fidelidade aos deveres
rei ig iosos;
- O temor é o cuida-
do filial de não desagradar
ao nosso Pai· que é Deus.

Os santos chegaram às alturas da santidade, seguindo


dàcilmente estas inspirações emoções divinas sem jamais
voltar para trás;

_. 57-
As duas pazes

o Bispo acompanha a pequena tapa dada ao crismado


com um augúrio que não parece estar bem de acôrdo com o
gesto: liA paz: esteja contigo".
Na realidade, porém, não há desacôrdo.
A tapa do Bispo simboliza a luta contra a soberba, a
avareza, a luxúria, a ira, a' gula, a inveja, a preguiça: Os
sete vícios capitais, contrários aos sete dons do Espírito
Santo.
Por sua parte o augúrio de paz indica a serenidade com
que o cristão deve combater.
, Porque há duas pazes: uma falsa e outra verdadeira.
A paz de quem cede sempre diante do inimigo: esta paz
covarde é escravidão; e a paz que é fruto da vitória, pre-
cedida pelo combate: esta á a paz que o Bispo nos deseja,
recordando-a com a pequena tapa.
O cristão corajoso sem timidez Q respeito humano, não
1>e dobra diante das tentações, nem se corrompe em con-
tacto com os mais; pelo contrário, espalha a seu redor a
fragrância da virtude.
Então, o nôvo soldado de Cristo pode marchar con-
fiante para o combate contra o mal que lhe arma ciladas
dentro e fora de si, porque, como diz o salmo, o Espírito
de Deus te protegerá com suas asas. .. e sua fortaleza te
defenderá como um escudo.

Para Responder

Que nos confere a Crisma? - Quais são os dons do Espí~


rito Santo? - Que signifIcam? -- Que' efeitos espirituais a
CrismfL confere à aJma? -- Não há contradição entre a pe-
quena tapa e as palavras do Bispo? - Que significam?

- 58-
Para Recordar

- Aperfeiçoa o estado de
Graça
- confere uma graça es-
Efeitos da
Crisma pecial própria dêste
sacramento
- confere os dons do Es-
pírito Santo
Remos e Velas - imprime o Caráter

- perfeitos cristãos
- soldados de Jesus
Graça Cristo
sacramental: - não nos envergonhar-
ao fortaleza mos da Cruz
cristã - não temer os inimigos
da Fé,

- 59-
LIÇÃO X

o MAIOR DOM
EUCARISTIA
Nós não quereríamos que os Grandes, os Gênios, os Heróis, os Benfeitores
da humanidade desaparecessem sem deixar sinais de sua passagem entre os
qUe lhe admiraram o pensamento, a arte, a política. E êles deixaram em suas
obras uma lembrança perene.
Platão, Sto. Tomás legaram-nos obras gigantescas: Miguel Angelo, Mar-
conie Santos Dumont deixaram-nos seus gênios e suas maravilhosas inven-
ções; Cesar e Napoleão, a fama de seus feitos; Beethoven e Mozart, o enlêvo
, de suas composições.

Jesus, antes de partir para a viagem de sua palxao e


morte, nos deixou um memorial perene de seu amor. tle
é o verdadeiro Grande que deixou à humanidade o dom mais
genial, o dom que testemunha sua divina misericórdia e bon-
dade: a Eucaristia.
tste sacramento é o sinal do amor de Jesus. Nêle Jesus
entrega-se a si mesmo, sob forma de alimento, para unir-se
o mais intimamente possível ao homem que êle tanto ama.
O Catecismo define assim a Eucaristia: /IA Eucaristia é
o sacramento que contém o verdadeiro corpo e o verdadeiro
sangue de Jesus Cristo, real e substancialmente presente,
debaixo das espécies ou aparências de pão e do vinho, para
nosso alimento espiritual".
A palavra grega - "eucaristia" - quer dizer "exce-
lente dom"; e é de fato um nome bem escolhido: A Euca-
ristia é a mais excelente das graças, porque contém Jesus,
verdadeira graça e fonte de tôdas as graças.

- 60-
Mas i'tucárlstia il quer dizer tambémiiagradedmentoil;
e também neste sentido é muito apropriado o· seu nome,
pois é ela o nosso melhor agradecimento a Deus no Sacri-
frcio da Missa.

PrOmeS5éa

Jesus multiplicara os pães para uma multidão faminta,


que o seguira no deserto que se estendia pelo outro lado do
lago de Betsaida. Após tão extraordinário acontecimento,
o povo andava à sua procura para proclamá-lo Rei. Jesus
se esquivai mas o povo insiste ainda ,mesmo quando Ele se
encontrava na Sinagoga de Cafarnaum lendo e comentando
l

a Sagrada ,Escritura.
Vendo a insistência da multidão, Jesus falou aberta~
mente; e aludindo ao fato do dia anterior, anunciou um
pão muito mais misterioso e prodigioso.
Jesus falou assim: 11- Vós me buscais porque comestes
dos pães e ficastes fartos! Eu todavia vos digo: Não pro-
cureis tão àvidamente o alimento que perece, mas sim o
que perdura até a vida eterna. Eu vos asseguro que o Filho
do Homem, como ontem vos deu aquêle pão, dar-vos-á êsse
pão prodigioso de vida perene. Eu sou êste pão de vida:
Eu sou o pão vivo descido do Céu. Quem comer viverá para
sempre. E o pão que eu vos hei de dar é a minha carne:
pão para a vida do mundo!
Eram palavras misteriosas. Mas de modo particular as
últimas desconcertaram os ouvintes. Furiosos, começaram
a dizer queêsse não era modo de falar, e que êles não de-
viam ser julgados antropófagos.
Mas Jesus com firmeza e clareza acentuou:
- Em verdade, em verdade eu vos digo: Se não co-
merdes a carne do Filho do Homem, e se não beberdes o
seu Sangue, não tereis a vida em v6s.

- 61-
Quem come a minha carnee. bebe o meu sangue~ terá
a vida eterna e eu o ressuscitarei da morte no último dia.
Porque ii minha carne é verdadeiramente comida e o meu
sangue verdadeiramente bebida. Quem come a minha carne
e bebe o meu sangue tem a v~da eterna ll • (5. João 6, 54-58).

Instituição

Decorreram muittos dias e meses (precisamente 18) e multa coisa acon-


teceu na vida de Jesus. Faltava cumprir-se a promessa. Foi na noite em que
começou a sua Paixão, ao realizar a última Ceia com os discípulos, que :!l:le
a cumpriu instituindo o Sacramento do seu Corpo e do seu Sangue.
Deve-se notar a circunstância da ceia. Era uma cerimônia comemorativa,
um rito e não uma ceia qualquer. Com efeito, todos os anos os Judeus recoI'-
davam naquela noite o que acontecera aos seus antepassados, no momento de
deixar a escravidão do Egito e fugir com Moisés através do mar Vermelho.
Era a festa de Páscoa, ocasião em que se comia o cordeiro que lembrava aquê-
le com cujo sangue os judeus fugitivos haviam pintado suas portas, para que
o anjo exterminador passasse sem entrar.
Devemos lembrar ainda que no banquete pascal tudo recordava a ceia
realizada pelOS hebreus muitos séculos antes; até o pão.
Na iminência de fugir, em condições precárias, os hebreus tomaram um
pouco de farinha apenas molhada com água, sem fermento e sem sal, e a
cozinharam ràpidamente. Produziu-se assim pão sêco, mais ou menos como o
biscoito. Na ceia pascal celebrada por Jesus, o pão estava cozido precisa-
mente dessa forma.

Jesus tomou·êsse pão sêco fàcilmente quebrável, e se-


gurando-o entre as mãos rezou erguendo os olhos para o
Céu, numa atitude misteriosa; em seguida o partiu e, dando-o
aos discípulos, disse:
- Tomai e comei, isto é o meu corpo.
Aquêle pão feito pedaços mostrava o que seria feito do
corpo de Jesus dentro de poucas horas!
Tomou depois o vinho numa taça de que todos se ser-
viam, e depois de rezar sôbre ela, como fizera com o pão,
deu-a aos apóstolos para que bebessem e a passassem pela
mesa e disse: - Bebei todos, porque êsfe é o meu sangue:
sangue que será derramado por vós e por todos, em remi~são
dos pecados.
Cumpria-se assim a promessa de Cafarnaúm.

- 62-
/

Dêsse modo Jesus ins-


tituiu na última ceia um
sacramento para alimentar
a vida das almas. tste sa-
cramento e r a constituído
pelo seu corpo e sangue,
sob a aparência de pão e de
vinho. A matéria, p o is,
dêste sacramento, é o pão
de trigo e o vinho de uva,
:: ] isto é, a mesma matéria em~
pregada por Jesus. A for~
ma, isto é, as palavras que
dão significado à matéria,
são as mesmas palavras pro-
nunciadas por Jesus nessa
ocasião.
Mas quem será o miM
I nistro? Ta m b é m nisso
I pensou Jesus. Logo apó~
haver distribuído o pão e
feito circular o cálice entre
os apóstolos, Jesus disse: IIFazei isto em memória de mim".
Queria dizer: Vós meus doze Apóstolos, sereis os mi-
nistros dêste sacramento.

Sacramento e Sacrifício

tste sacramento é, pois, sublime!


1) O Corpo e o Sangue de Jesus, debaixo das espécies
eucarísticas, é o Sacramento que alimenta a vida de nossa
alma (Comunhão);

- 63-
2) <t o Sacrifício do sangue de Jesus derramado por
nós em remissão dos pecados (Santa Missa).
Neste sacramento Jesus deixou sua presença perene no
mundo. De uma maneira misteriosa mas real está sempre
conosco, no sacramento da Eucaristia, para renovar e con-
tinuar a sua Paixão e Morte.

IIMysterium Fidei"

Quando o sacerdote consagra na Missa o vinho que se


acha no cálice, reproduzindo os gestos e as palavras de Jesus,
a certo ponto, ao proferir as palavras da forma, quebra o
período inserindo duas palavras que não foram pronuncia-
das por Jesus naquela noite memorável, mas que a Igréja
quer que se repitam por todos os séculos: Hic est enim
calix sanguinis mei navi et aeterni festamenti - IIMysterium
fidei" - qui pro vobis et pro multis effundetur in remis-
sionem peccatorum.
Estas palavras nos lembram a atitude firme com que
nos devemos manter diante da SS. Eucaristia. Mysterium
fidei: mistério que nos é ensinado pela Fé. A Fé consiste
em crer em Deus, que sabe muito bem o que faz ... e pode
fazer muitíssimas coisas que nos parecem impossíveis.
Ora, Jesus Cristo, nosso Salvador, Deus, fêz êsse mila-
gre e disse aos Apóstolos que por Seu poder continuassem
a operá-lo. E nós cremos.
A Igreja assistida pelo Espírito Santo, ensina que real-
mente é assimi e nós cremos nela, também. Mas não deixa
de ser um mistério .. , um profundo e inefável mistério!
Há porém, um jeito de entender alguma coisa, e sobre-
, tudo podemos dar-nos conta de que a Eucaristia absoluta-
mente ,não é um absurdo como pretendem os protestantes

- 64-
(que existem aos milhões. .. quê se encontram por tÔda a
parte!).
,Encontraremos nas lições seguintes algumas belas e
convincentes expl icaçôes.

Para Responder

Que nos deixou Jesus como lembrança? - Reconstrua a


cena da última Ceia - Como se reconhecem nas palavras de
Jesus os três elementos necessários para cada sacramento? -
Que efeito produzem as palavras de Jesus, sôbre o pão e sôbre
o vinho?

Para Recordar

Que é? -'- Sacramento do Corpo e do Sangue


de Jesus Cristo
Instituição,: na última Ceia
SacrüíciQ permanente
Finalidades Alimento espiritual na Comunhão
{ Lembrança da Paixão e Morte de
Eucaristia l Jesus Cristo
matéria: pão de trigo, vinho de uva.
forma: as . pal::l.VraSprOnunciadas por
Elementos Jesus na última Ceia
ministro: o sacerdote na Missa quan-
1 do repete as palavras de Jesus

- 65-
LIÇAO XI

PRESENÇA REAL
o milagre

Deus em sua misericordiosa bondade dispôs que acon-


tecessem milagres e fêz com que muitos se realizassem atra-
vés dos séculos para corresponder e, de certo modo, ceder
à, pretensão humana de "ver para crer".
Encontramos assim na história do povo hebreu no An-
tigo Testamento prodígios admiráveis, como a divisão das
águas do mar Vermelho para que pudesse ser atravessado
a pé enxuto; o maná chovido do céu; os muros de Jericó,
que desmoronaram para que os hebreus pudessem tomar a
. cidade; o sol parado no céu por Josué; e muitos outros.
Assim aquêles antigos vendo coisas tão maravilhosas e
extraordinárias, criam que Quem as operava era um Deus
pod~roso, o Deus verdadeiro, superior a todos os ídolos
inúteis adorados pelos outros povos.
Por êsse motivo, também Jesus operou milagres. E
chegou até a repreender os seus contemporâneos pelo desejo
excessivo de milagres que manifestavam: "VÓs sois assim!
- dizia Jesus em tom de reprovação. - IISe não vêde$ pro-
dígios, não acreditaisl".
A Ressurreição, a Ascensão, a descida do Espírito Santo
sôbre os Ap6stolos são milagres espetaculares, realizados
para despertar a fé nos homens.

- 66-
Depois de Jesus, também os Apóstolos operaram mui~
tíssimps milagres, a fim de que os homens acreditassem que
Jesus que os enviava era Deus, e a doutrina, que em nome
dêle pregavam, era verdadeira.
À medida que a Fé ia crescendo e aumentando o nú-
mero de fiéis, Deus achou que diminuía a necessidade de
milagres tão extraordinários .

.-·67
A Igreja, porém, nunca perdeu a faculdade! que tle lhe
concedeu de lidar sinais e realizar prodígios em seu nome".
Lourdes, Fátima, Loreto, Aparecida e outros Santuários,
falam claramente que ainda existem milagres. Nos países
de missão, em que a Fé precisa ser difundida ou reforçada,
há maior abundância de milagres, como atestam os mis-
sionários.

o Milagre Eucarfstico

Ora, êsses milagres todos são feitos por Deus par.a falar
aos sentidos dos homens, pois os incrédulos somente aceitam
o testemunho daquilo que vêem e ouvem.
Na Eucaristia êles não vêem nada de nôvoj tudo apa-
rece como anteSj por isso dizem que não se realizou milagre
nenhum. Realmente, o pão conserva ainda tôdas as aparên-
cias de pão, e o vinhó as aparências de vinho. Nós, porém,
sabemos que no momento da Consagração, realiza-se lite-
ralmente a promessa que Jesus fêz de voltar continuamente
ao nosso meio no Sacramento do seu Amor.
A promessa de Nosso Senhor nos dá absoluta certeza
de que tôdas as vêzes que o sacerdote pronuncia palavras
da Consagração sôbre o pão e o vinho para renovar a ordem
de Jesus, êles se tornam, de maneira invisível mas real, o
verdadeiro Corpo e Sangue de Jesus.
Os Apóstolos, com São Paulo e com tôda a Tradição da
Igreia, tiveram sempre uma fé inabalável na SS. Eucaristia.
Por inacreditável que lhes pudese parecer tamanho milagre,
nenhum dêles duvidou, porque Jesus o havia afirmado. E
. .Jesus é Onipotente!

Fé através dos séculos

Eis porque Santo Tomás de Aquino, nos belos hinos


sôbre a SS. Eucaristia que ainda hoje cantamos em nossas

- 68 ..-;.
Igrejas, como o Pange Língua, O Salutaris Hóstia, Lauda
Sion, acentua sempre o ponto da fé, que neste sacramento
deve dominar inteiramente, sem que nos deixemos enganar.

UPraestet fides supplementum { "Venha a fé suprir a defi-


Sensuum defectui". ciência dos sentidos"! ...
No Adoro te devote, o mesmo Sto. Tomás acentua:
"a vista, o tacto, o pa-
Ifvisus, tactus, gustus in Te ladar aqui se enganam;
[fallitur cremos, entretanto, firme-
Sed auditu solo tufo creditur" mente porque Tu o dis-
seste!"

Negação dos hereges

Mesmo com tôda a boa vontade não poderíamos calcular


as acrobacias e preocupaçeõs dos hereges para demonstrar
que Jesus, ao dizer: "isto é meu corpo, êste é o meu sangue"
queria afirmar: isto representa, isto contém, isto é figura do
meu sangue; mais ou menos como o Crucifixo que representa
Jesus, mas não é o próprio Jesus; vivo e verdadeiro!
Assim ensinava Calvino; assim afirmou Lutero. A fé,
porém, nos ensina e assegura que na SS. Eucaristia não há
mais pão e vinho, mas há somente o corpo e o sangue de
Jesus, embora aquilo que vemos ou sentimos ou percebemos
continue como antes e tenha o aspecto de pão e de vinho e
não de carne e sangue.
Todos os esforços dos hereges, e o encarniçamento com
que ainda hoje tantos procuram argumentos extravagantes
para não admitir que Jesus está conosco vivo e presente em
tôdas as igrejas, nasce do fato de querer satisfazer mais à

~. 69-
vista do que à razão, e ainda do fato de que o pensamento
de um Deus presente lhes causa pavor e remorso. Ao con-
trário, a lembrança de que nosso Deus está sempre conosco
- mesmo que pareça um pedaço de pão - é fonte de enco-
rajamento e extraordinária alegria.
"Não há no mundo religião alguma que tenha o seu
Deus tão pertinho de nósl".

Prova dos milagres

Jesus quebrou algumas vêzes o silêncio do mistério pro-


fundo em que se oculta, e para provar que está realmente
presente na SS. Eucaristia deu a palavra aos milagres.

Deixando de lado os mais antigos e por isso cientificamente menos con-


troláveis, basta recordar poucos exemplos, verificados por magistrados e mul-
tidões; o milagre de Bolsena (1264) em que uma hóstia partida jorra sangue
tão abunda'1temente a ponto de embeber o corporal e a toalha do altar.
O milagre de Turim (1453) em que um Ostensório sacrílegamente rou-
bado levanta-se e paira no ar. No alto a Hóstia liberta-se do Ostensório
e põe-se a brilhar fulgurantemente, até descer às mãos do Bispo pelas
orações do povo estupefacto.
E em nOssos dias, quantos milagres controlados por médicos especia-
listas não acontecem em Lourdes, Fátima e Loreto com a bênção do
SS. Sacramento!

Todos têm necessidade da vida divina; não há nada


neste mundo mais comum e mais assimilável do que o pão
e o vinho, alimento universal. Por isso Jesus os escolheu.

Para Responder

Qual a palavra eficaz que nos faz crer na Eucaristia?


Como entenderam os Apóstolos as palavras de Jesus? - E
Calvino, e· Lutero? - Como se responde a êsses erros?
Conte algum milagre realizado por Jesus Eucarístico.

-70 -
Para Recordar

antes da Consagração é pão


r A hóstia depois da Consagração é o ver-
.dadeiro corpo de Nosso Se-
nhor Jesus Cristo sob as
1 aparências de pão
antes da Consagração há vinho

Presença real
No cálice j
\
depois há o verdadeiro sangue
de Nosso Senhor Jesus Cristo
sob as aparências de vinho
Portanto o mesmo Jesus que está no Céu
na
Eucaristia
está
{ e que na terra nasceu de Maria
Virgem
Creio porque Jesus o disse e
;nesse
mistério { porque a Igreja - infalível - .
o ensina

-71-
LEITURA

NOÇOES DE LITURGIA (JV)

o Ano Litúrgico

Com suas festas, a Igreja renova, no transcorrer do ano,


diante de nossos olhos os principais mistérios da vida de Jesus.
Os altares tornam-se uma nova Palestina.
. O ano litúrgico é o conjunto das festas de Nosso Senhor,
de Nossa Senhora e dos Santos.
As festas não são uma simples lembrança histórica refe-
rente à pessoa de Jesus, mas, pode tornar-se para os fiéis uma
intima realidade e um aumento de graças, quando bem cele-
bradas.

Divisões do ano eclesiástico

O ponto central do ano litúrgico é a Páscoa, «Solenidade


das solenidades». :m em tôrno desta festa que se dispõem as
demais solenidades e os diversos períodos do ano litúrgico. O
ano litúrgico divide-se assim:
A) CICLO DE NATAL (Encarnação)
1. Preparação: Tempo do advento (A expectativa);
2. Celebração: Tempo de Natal (Encarnação);
3. Continuação: Tempo de Esp:fânia (A Manifestaçã,o).
B) CICLO PASCAL (Redenção)
remota: Tempo da Setuagésima

1. Preparação
I
'j
(Jejum e Vida pública de
Jesus) .
próxima: Tempo da Quaresma.
Imediata: Tempo da Paixão (Paixão
de Jesus).
~. Celebração: Tempo Pas~al (Ressurreição e Ascensão
de Jesus).
C) CICLO DE PENTECOSTES (Jesus envia o Esprrito Santo
para santificar os fiéis).
LIÇÃO XII

TRANSUBSTANCIAÇÃO
Palavra verdadeiramente difícil. Difícil de se pronun-
ciar por ser tão comprida; difícil de se escrever por ser tão
complicada, que vale pelo menos três palavras: trans-sub.
-stare. Mas sobretudo difícil de se entender.
t, entretanto, uma palavra belíssima, muito acertada
para exprimir a coisa mais sublime do mundo: o milagre
pelo qual se realiza a mudança do pão no Corpo de Jesus e·
do Vinho: no seu Sangue.
Transubstantiatio (aSSim se diz em latim) é uma pa-
lavra formada pelos Teó!ogos para exprimir a maravilhosa
mudança que se dá na Consagração: transubstanciação quer
dizer mudança de substância.
E foi precisamente êste o estonteante prodígio que Jesus
realizou: Ele tomou uma substância, a do pão - e disse:
"Pão, transforma-te em MimO. Jesus podia fazê~lo; queria
fazê-Io; e de fato o fêz.
A substância tem uma qualidade importantíssima: não
pode mudar. Ninguém poderia tomar a substância de ho-
mem e convertê~lo em pedra. [\Jem a pedra poderia trocar
a sua substância pela substância manteiga.
Isto acontece tôdas as vêzes que há os requisitos estabe-
lecidos por Jesus para efetuar êste milagre. São éles:
1) a renovação do seu Sacrifício, na Santa Missa.
2) por meio de um sacerdote consagrado para exercer
~sse divino poder. Nessas circunstâncias, o pão fica apenas

.
~ 7~-.
com as aparências de pão, mas na realidade já não é tal.O
que aí está é a substância do Corpo de Jesus. A substância
pão desapareceu. O mesmo se diga do vinho. Permanecem
somente a quantidade e a qualidade do pão e do vinho; isto
é, aquilo que aparece aos nossos sentidos: a côr, a figura,
o sabor do pão e do vinho. São um véu de coisas comuns
ocultando uma coisa ~vtraordinária; uma aparêllcia de ali-
mento e bebida, que encerra uma bebida e um alimento
divinizador: o próprio Deus que se dá aos homensl
Sem dúvida, essa troca de substância, essa conversão do
pão e do vinho no Corpo e no Sangue de Jesus, é entre todos
os milagres a mais estupenda das maravilhas.
Há. todavia. na natureza alguns fatos que lembram êsse milagre: o suco
absorvido da terra transforma-se em planta; o alimento assimilado por nós
torna-se nossa, carne e sangue. Mas estas transformações são bem diversas
da transformação instantânea e total do pão que se muda no Corpo de
Jesus e do vinho que se muda em seu Sangue.

As conseqüências

Podemos do que acima ficou exposto tirar algumas con-


seqüências:
a) Visto que tôda a substância do pão e do vinho se
encontra tanto num pequeno fragmento como no todo, de-
veremos concluir que após a Consagração, Jesus Eucarístico
se encontra todo inteiro, tanto no fragmento, como em tôda
a hóstia.
b) Quando se divide a Hóstia em várias partes não se
divide o Corpo de Jesus; mas somente as espécies do pã!1); e
o Corpo de Nosso Senhor permanece inteiro em cada uma
dessas partes. Encontra-se sempre inteiro onde antes se en-
contrava tôda a substância do pão.
Na natureza acontece também assim: a substância do
ar está inteira tanto num espaço grande como num pequeno
e a substância da água é a mesma tanto numa gota como
num lago.

-74 -
EUROPIl

-A/17ERICA

OCEANIA AFRICA

c) Como antes da Consagração há uma substância do


pão em tôdas as hóstias do mundo, assim Jesus se encontra
igualmente onde antes estava a substância do pão, isto é, em
tôdas as Hóstias consagradas do mundo.
Façamos uma comparação:
o rádio oferece a possibilidade de se ouvir ao mesmo tempo a mesma
voz, e o mesmo canto a muitos ouvintes, embora distantes uns dos outros;
não obstante os aparelhos receptores serem milhares, a voz do locutor
permanece sempre únlca c a mesma.

Ato de fé

Indagar mais é impossível: rodeia-nos com suas águas


o mar do mistério! Apoiado na palavra de Jesus e da Igreja,
continuamos a repetir sem sombra de dúvida o hino da fé
milenária:
Eu vos adoro, todo o momento,
do Céu ó vivo Pão, grã Sacramentol

-75 -
Mediante a transubstanciação, Jesus Eucarístico perma-
nece entre nós como aniquilado no silêncio dos tabernáculos.
Permanece assim para que os homens dirigindo-Ihes
suas preces nas visitas, recebendo-o nas Santas Comunhões,
ponham nêle t6da a confiança; é para que a Igreja sinta
sua divina proteção e nêle descance: "Eis - disse Jesus
aos Apóstolos - Eu estarei convosco até à consumação dos
séculos!"

Para Responder

Que vem a ser substância? e espécies? - Que quer dizer


transubstanciação? ~ Quem sustenta as espécies depois da
Consagração? - Repugna à razão o fato de Jesus estar em
tôdas as hóstias consagradas no mundo? - Pode-se esclarecer _
êste mistério com alguma comparação?

Para Recordar

- dá-se na Cnsagração
- não há mais nem pão nem
vinho
o milagre - há sõmente o Corpo e o San-
eucarist'co gue de Jesus Cristo
-- permanecem as espécies ou
aparências d-c pão e vinho.
Jesus está inteiro na Hóstia tôda, e em qual.
quer fragmento
Transubs- Jesus está em tôdas as Hóstias consagradas do
mundo
- para que a adore-o
mos
- para que a receba-
Por que se conserva mos na Santa Co-
I nas igrejas a Santís- munhão

l
sima Eucaristia? - para que perceba-
mos a perene pre-
sença e assistência
tanciação de Jesus.

-76 ~
PAO VIVO
Quando Jesus prometeu a SS. Eucaristia, havia, pou.cas
horas antes, multiplicado os pães no deserto. Dirigindo-se
aos judeus, desejosos de outros prodígios materiais, Jesus
falou lide um pão que não se estraga", dizendo que a êsse é
que deviam procurar e não o outro que haviam comido.
Senhor, dai-nos dêsse pão! - exclamou então o povo
fascinado pelas palavras de Jesus.
Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim não terá mais
fome e quem crê em mim não terá mais sêde. . . o pão que
eu hei de dar é a minha carne: se não comerdes a carne
do Filho do homem e não beberdes o seu sangue não tereis
a vida em v6s ... ". .
Já notamos o horror com que foram ouvidas essas pa-
lavras por parte dos Judeus, e vimos também como Jesus'
não quis mudar de expressão, mas cumpriu na Oltima Ceia
esta sua promessa, fazendo com que seus Apóstolos co-
messem verdadeiramente a sua Carne e bebessem o seu .
j Sangue, mas sem nenhuma repugnância, pois Ele encontrou
um modo muito delicado de se entregar a nós.
Assim quando nos aproximamos da sagrada Comunhão
ouvimos ainda a voz de Jesus a repetir através dos séculos:
"Este é o pão vivo descido do céu, para que quem dê!e come
não morra eternamente". (São João 6, 48-60).
Ao dar-nos a Santa Comunhão o sacerdote lembra pre-
cisamente isso dizendo: o corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo
tome conta de tua alma para fazê-Ia viver eternamente.

-77 -
Escopo

Comunhâo é pois recebera Jesus no sacramento por Ele


instituído para êsse fim. Comungar é um grande ato de fé
prática na divindade de Nosso Senhor; é buscar a sua pre-
sença íntima; é pedir o seu auxílio; é numa palavra, sentir
Jesus presente como quando em vida percorria a Palestina.
Então, os doentes, os pecadores recorriam a Ele; agora so-
mos nós que com a mesma fé e confiança não nos queremos
separar dêle.

Efeitos

Na Consagração dá-se uma troca desubstânciai cessa a


substância inferior, o pão e o vinho, e aparece a substância
nova, a do Corpo e do Sangue de Jesus.
Quando recebemos a Sagrada Comunhão, dá-se uma
mudança semelhante, e misteriosa. Nossa pobre e débil na-
tureza é invadida e transformada pela natureza mais forte
que é Jesus. Mediante os maravilhosos efeitos da sagrada
comunhão podemos dizer verdadeiramente com São Paulo:
"Não sou eu maisC!ue vivo; mas é Jesus Cristo C!ue vive
em mim",
E assim como o alimento que assimilamos em nosso
corpo aumenta nossa vitalidade, fortifica o vigor de nossas
energias, a até reaviva nossos pensamentos e a delicadeza
de nossos sentimentos, do mesmo modo o alimento divino
da Hóstia, nos faz pensar, querer, e agir de acôrdo com o
pensamento de Deus.
Eis como o Catecismo resume os maravilhosos efeitos
da sagrada comunhão. Os principais efeitos, que a Euca-
ristia produz em nós são:
1.° - Conservar e aumentar a vida da alma, que é a
Graça, como o alimento material conserva e aumenta a
vida do corpo.

- 78-
2. 0 - Apagar 0$ peca-
dos veniais e preservar dos
mortais.
3.° - Unir-nos a Je-
sus Cristo e fazer~nos viver
de sua vida. Sto. Tomás de
Aquino exprimiu de outra
forma os efeitos da SS. Eu-
caristia, numa bela antífo-
na. /lO sacrum convivium ll :
110 banquete sagrado, em
que recebemos a Jesus e
lembramos a sua paixão!
Em ti a alma se enche de graça e nos é dado um penhor da
gl6ria futura ll•

Uma comunhão verdadeiramente frutuosa

Não podemos e nem devemos aproximar-nos dêsse


"banquete divino", de qualquer maneira. Devemos preparar
dignamente a alma e o coração. Deus nunca nos encontrará
suficientemente dignos dêle! t necessário portanto: .
1•o - Não ter nenhum pecado mortal na., alma. Estar'
em graça de Deus, isto é, em estado de graça. Para unir-nos
a Deus, evidentemente não devemos ser seus inimigos.
Por isso, o fiel consciente de pecado mortal precisa,
antes de comungar, adquirir o estado de graça por meio da
Confissão Sacramental, embora se julgue contrito.
Assim, o pecador deve primeiro arrepender-se e depois
alimentar-se do sagrado Corpo de Jesus. A fim de que não
tenhamos a ousadia de nos aproximar indignamente da Sa-
grada Comunhão, São Paulo nos alerta com uma frase
terrível, mas verdadeira: IIQuem comunga indignamente
torna-se culpado (de sacrilégio) c~mtra o Corpo e o Sangue
de Jesus!/I.

-79 -
2.°- Estar em jejum. t o que veremos na liçãô
seguinte.
3.° - Saber o que ~e vai receber; .isto é, ter uma in-
tenção reta, e bem esclarecida. Não terá boa intenção quem
se aproxima da sagrada comunhão com pensamentos mun-
danos, para se mostrar, por vaidade, para agradar a quem
quer que seja, ou por hábito; devemos, ao invés, unir-nos
a Jesus, nosso Salavdor, crendo nêle com fé viva, querendo
recebê-lo com ardente desejo, acolhendo-o em nós com pro-
funda humildade e modéstia. A Igreja antes de nos dar o
corpo de Nosso Senhor põe na bôca do sacerdoté, ao nos
mostrar do altar a sagrada Partícula, as belas palavras do
centurião romano que estava em serviço na Palestina nos
tempos de Jesus. Ao pedir a Jesus um milagre sabendo
bem quem era êle, desfêz-se de seu orgulho de romano
conquistador, e diante do Mestre Onipotente assim falou:
Senhor, não sou digno de que entreis em minha casai mas
dizei apenas uma palavra e " meu servo (a minha almá)
será curado.
O Catecismo nos ensina ainda a rezar algumas orações
(os atos para antes e depois da Comunhão), onde há muitas
frases sôbre as quais deveríamos pensar e refletir bem, e
não simplesmente repeti-las como papagaios .. '; deverfamos
até, como faziam os santos, pensar em Jesus desde o dia
precedente e lembrar-nos dêle durante o dia em que o re-
cebemos, a fi mde lhe prestar homenagens de adoração e
agradecimento.
Como é doloroso ver meninos e até gente grande que,
aos domingos, recebida a sagrada Hóstia vão para os bancos,
e, depois de dois minutos já os vemos deixar a Igreja, como
se já tivessem dito tudo o que deveriam dizer a Nosso Senhor!
São Felipe Nery, em Roma quis ds.!' severa lição a uma pessoa que
costumava deixar a Igreja logo depois de comungar. Doendo-lhe aquela
irreverência, o Santo chamou dois coroinhas e mand ')u-os acompanhar
aquela senhora com duas velas acesas. Os coroinhas obedeceram. Ao ver

- 80
êsse acorIlpanhamento e.stranho a senhora perguntou a causa dessa ceri-
mônia tão esquisita que nunca havia assistido em sua vida! Mas S. Felipe
que seguira os coroinhas aproximou-se e disse; Não se admire, as veHú.
acesas e os cOil'oinha.s não são para a seI).hora, mas sim para o SS. Sacramento
que a senhora acaba de receber!

Se hoje em dia houvesse um $ão Felipe, quem sabe


quantos acompanhamentos de velas teríamos pelas ruas, tÔ·
das as manhãs!!! .
Comunhão Espiritual

Compõe-se de três atos: a) ato de fé sôbre a presença


de Jesus Cristo na Santíssima Eucaristia, feito por aquêle
que quer comungar espiritualmente; b) ato de desejo, pelo
qual êle apetece veementemente receber a Jesus Cristo no
sacramento e unir-se comêle; c) ato de súplica, pelo qual
êle roga ao Senhor que se digne conceder-lhe a abundância
de graças que dispensa aos que o recebem.
1. A Comunhão espiritual deve ser muitorecomen-
dada aos fiéis por ser utilíssima às almas.
2. Pode ser feita tanto na igreja como fora dela; tanto
em casa como noutra parte; muitas vêzes ao dia: tanto antes
como depois da comida; tanto de dia como de noite. Mas,
segundo o Concílio de Trento, o tempo mais oportuno é o da
missa, quando o sacerdote comunga, porque temos então
diante dos olhos o sacramento, e portanto mais ardentemente
serão inflamados os corações no amor divino.
3. Aquêle que estiver em pecado mortal pode fazer a
comunhão espiirtual, mas para que ela seja frutuosa, deve
procurar conceber em seu coração a contrição".

Para Responder
Com que palavras Jesus prometeu a Eucaristia? - Onde?
- Como é que a Eucaristia nos diviniza? - Com que dispo-
sição de alma o cristão se deve aproximar da S. Comunhão -
Por que é necessário o estado de graça? - Que é comunhão
espiritual?

........ 81-
.. ..
- Corpo, Sailgu~, Abna e Divindade
Que é? de J eElus
{- Vida da nossa alma
l'eceber Jesus
Escopo buscar sua presença íntima
J pedir seu auxílio e proteção
l sentir sua presença no meio de nós
preserva dos pecados mortais
apaga os pecadcs veniais
A Sagrada conserva e aumenta a graça
Comunhão Efeitos
aumenta a Caridade
dá conforto da vida eterna
espiritual { na Igreja
aumenta a esperança
não t~r pecados mortais
Condições para
recebê-la { saber o que se vai receber

l
estar em jejum
ato de fé
Comunhão
espiritual { ato de desejo
ato de súplica

- 82-
UÇAO. XIV

COMO RIECEBER A JESUS


Compostura exterior

A Santíssima Eucaristia deve ser recebida com o maior


respeito e devoção; e por isso, os fiéis aproximam-se da
sagrada mesa com uma grande compostura no andar, no
olhar, etc., mostrando estar inteiramente compenetrados da
grandeza do ato que vão realizar.
O que se aproxima da sagrada mesa deve ir convenien-
temente vestido, sendo, porém, certo que vestir pobremente
não é vergonha, nem impedimento para a recepção de Jesus
Eucarístico.
As meninas e senhoras que se apresentarem desones-
tamente vestidas, com decotes excessivos, deve ser negada
a Comunhão.
As meninas e senhoras não devem apresentar-se com
a cabeça descoberta.
Após a Comunhão, alguém poderia fazer a si mesmo
esta pergunta: por quanto tempo permanece em mim o Corpo
de Nosso Senhor?
A resposta é a seg u inte: Após a Sagrada Comunhão,
Jesus Cristo permanece em nós enquanto duram as espécies
euca rísticas.
Ora, enquanto permanecem em nós êsses elementos que
percebemos com o gôsto eo tacto e a vista, Jesus perma-
nece. Quando êsses elementos são atacados pelo sucos de
nosso organismo e se transformam, cessa a presença de Jesus.

- 83-
Mas em quanto tempo acontece tudo isso? Em dez minutos
ou no máximo num quarto de hora. Por isso deveríamos
ficar em adoração a Jesus durante êsse tempo que parece tão
longo à nossa pressa e leviandade, mas é bem pouco se pen-
sarmos seriamente no que significa fazer companhia a Jesus.

Jeium

Além dessas disposições, requerem-se ainda outras con a

dições corporais. Uma delas é, por exemplo, o jejum.


A Igreja dispôs que recebêssemos Jesus em jejum, para
manifestar o nosso respeito, demonstrar a importância dêsse
divino alimento e evitar abusos.
. Os Santos Padres Pio XII e Paulo VI estabeleceram novas
normas para a observância do jejum eucarístico com o fito
principal de mais afervorar a devoção ao Santíssimo Sacra-
mento da Eucaristia e estimular os fiéis a se alimentarem do
verdadeiro Pão da Vida sobrenatural.

,Ei-Ias:

1. Água natural (sem mistura alguma) não quebra o


jejum eucarístico.
2. Quem desejar comungar, ou pela manhã, ou à tar-
de, ou à noite, deve abster-se de alimentos sólidos ou líqui-
dos, durante uma hora, antes da santa Comunhão.
3. Os doentes, quer estejam de cama, ou não, podem
tomar bebidas ou remédios prescritos, quer líquidos, quer
sólidos, antes da Comunhão, sem limite algum de tempo.
Observação. Entretanto, ao mesmo tempo que faz es-
sas concessões, o Papa Pio XII tem estas palavras:
"Nós, contudo, energicamente exortamos os fiéis, que
possam fazê-lo, a que observem a antiga e venerada forma

- 84-
do jejum eucarístico, antes da santa Comunhão. Pede-se aos
que se beneficiem com estas concessões, que compensem o
be:"lefício recebido, com exemplos deslumbrantes de vida
cristã, e especialrnente corn obras de penit~ncia e cariçlaçle",

Obrigação

Quem, por não querer alimentar-s8, viesse a morrer,


seria um suicida. Quem não. recebe nunca a sagrada Co-
munhão é um infeliz e sumamente ingrato. t verdade qLJe
'1uern rnorre sem receber a Sagrada Comunhão l inculpàvel-

-,=,85 -.
mente, se estiver arrependido de seus pecados e em graça
de Deus, estará salvo. Entretanto, os adultos que podendo
receber éste sacramento, não o fazem, cometem pecado
mortal
As palavras de Jesus encerram utllla ordem explícita e
uma severa ameaça: "Se não comerdes de minha Carne e
não beberdes de meu Sangue, não tereis a vida em vós!"
(Jo. 6, !:)1,.).
A Igreja interpretou essa ordem de Jesus determinando
o tempo e as circunstâricias em que devemos comungar:
"Todo o fiel de um e outro sexo, depois que chegou aos
anos da discrição, isto é, ao uso da razão, é obrigado a co-
mungar uma vez ao ano, ao menos pela Páscoa, a não ser
que,a- conselho do próprio sacerdote; lhe pareça, por alguma
causa racional, que deve abster-se temporàriamente da Co-
m'unhão". (Can. 859, § 1).
A idade da discrição é aquela em que a criança começa
a raciocinar, a distinguir o bem do mal: ordinàriamente aos
7 anos,
Além disso, "em perigo de morte", qualquer que seia a
causa de que éle provenha, os fiéis são obrigados a recebera
sagrada Comunhão" (Can. 864 § 1). Há, portanto, o preceito
de receber o sagrado viático, não só em artigo de morte, mas
até em perigo de morte, quer éste perigo proceda duma
causa intrínseca (p. ex. doença) quer duma causa extrínseca
(p. ex. guerra); e são obrigados a cumpri~lo tanto os adultos
como as crianças com o uso da razão, embora não tenham
ainda feito a primeira comunhão.
Esta última Comunhão, chama-se "Viático, que signi-
fica alimento para a viagem" rumo à eternidade.

Comunhão freqüente

Parã viver, comemos muitas vézes; para ficarmos fortes,


alimentamo-nos freqüentemente. O mesmo deve dizer-seda

- 86-
alma que deve viver e deve ser forte. Quanto mais fortes
quisermos ser contra o pecado, tanto mais devemos alimen-
tar-nos de Jesus. Foi o que ensinou e quis São Pio X.
Não só isso, mas abriu o Tabernáculo mesmo para as crian-
cinhas. Quis que fizessem a primeira Comunhão aos 6 ou 7
anos, para que se unissem logo a Jesus. E afirmou: "Haverá
assim santos também entre os meninos".
São João Bosco estabeleceu a Comunhão freqüente
como base da vida c..ristã de seus alunos: "A Confissão e Co-
munhão freqüentes, a Missa cotidiana, são as colunas que
devem sustentar um edifício educativo".
Em tôdas as idades pode haver santos; basta que nos
alimentemos de Jesus. A Comunhão é a injeção de santidade!

Para Responder

Como deve ser o jejum eucarístico? - Há exceções? 7""


Quem está obrigado a receber a Sagrada Comunhão? - Quan-
tas vêzes na vida estamos obrigados a receber a Sagrada Co-
munhão? - Quem propagou a· comunhão freqüente?

Para Recordar

Compostura exterior (ao menos


. Disposições enquanto duram as espécies
como do EucarÍst:cas)
e corpo Jejum: natural (total)
quando Exceºões ao jejum .
receber
Obriga~o { todos o.s anos na Pás-
a de . coa e· em perigo de
Jesus Leis comungar morte.· . ...
{
. Oonselho: c'()ITlungar freqüep.tementé

- 87-
i.EITURA

NOÇOES DE LITURGIA (V)


Ciclo de Natal
1. Preparação: Advento
O escopo do advento é preparar o cristão para receber a
Jesus em seu duplo advent~ (vinda) : o advento de misericórdia,
no qual apareceu na terra como homem-Deus; e o advento de
justiça, quando virá, no fim do mundo, como Juiz e Remune-
rador.
:Êsse período consta de quatro domingos.
Os paramentos sacerdotais são de côr roxa, para indicar
um período de penitência.
2. Celebração; Natal
O Natal celebra o nascimento de Jesus Cristo como
Homem, e nos prepara para sua futura vinda como Juiz. Nes-
ta festa tão repassada de carinho, a Igreja lembra três nas-
cimentos de Jesus:
a) O Nascimento Eterno do Verbo, na eternidade.
b) O Nascimento temporal de Jesus, em Belém.
c) O Nascimento Espiritual de Jesus, em nossas almas.
O Natal celebra o nascimento de Jesus segundo a carne;
a ~pifania por sua vez, homenageia solenemente a divindade
do Menino de Belém. Por isso, no dia da Epifau:a, lembram-se
três revelações da divindade de Jesus: 1) aOS Magos; 2) na!?
bôdas de Caná; 3) no Batísmo de Jesus no Jordão.

3. Continuação: Tempo depois da Epifania


:Êste tempo prolonga-se ainda por seis domingos após a
Epifania. A Divindade de Jesus continua a manifestar~se. Não
são mais os Anjos que cantaram o «Glória in excelsis», nem
a estrêla dos Magos, nem sequer a voz de Deus Pai, e o apa-
recimento do Espírito Santo como no Batísmo de Jesus, mas,
é o próprio Jesus que nos Evangelhos dessas missas age e fala
como Deus. Palavras e atosque manifestam sua divindade.
A ÇQ~ dOS ~aramentos é verde, síml:?çlq d,e es:peran~a.,
LIÇÃO XV

o SANTO SACRIFíCIO
DA MISSA
Morrendo na Cruz, Jesus ofereceu a Deus o supremo
sacrifício.
Desde a antigüidade, os homens ofereciam sacrifícios a
Deus. Mas os sacrifícios antigos eram apenas sfmbolo e
figura do verdadeiro sacrifício feito por Jesus.
O própriQ Jesus, pouco antes de morrer, dirigindo-se ao
seu Pai e a nós também, dise: "Consummatum est: Tudo
está terminado. Nada mais resta a fazer Jl • E erg verdade.
O sacrifício da Cruz continha em si, no modo mais perfeito,
tôda a significação e finalidade dos sacrifícios antigos.
O Sacrifício da Cruz era:
1. 0 o ato mais perfeito de adoração a Deus, porque
Jesus o realizava com devoção infinita, sendo Deus (home- ~
nagem de adoração = sacrifício latrêutico);
2.° era o mais sublime agradecimento a Deus por todos
os benefícios recebidos pela humanidade (homenagem de
ação de graças = sacrifício eucarístico);
3.° era o mais eficaz pedido de perdão. Deus Pai se
inclinaria sôbre nós misericordiàsamente, contemplando o
corpo dilacerado e o sangue do seu amadíssimo Filho, que
se apresentava a tle como vítima em nosso lugar (ofereci~
mento para pedir perdão = sacrifício propiciatório);
4. o o sacrifício de Jesus era o mais onipotente pedido
d~ gra~a~ D~V$ Pai não negaria mais nada aos homens,
uma vez que Jesus que se havia tornado um dêles, pedia
para êles graças e a felicidade eterna (oferecimento para
pedir graças = sacrifício impetratório).
O Sacrifício da Cruz realizado por Jesus aperfeiçoava
os sacrifícios dos homens e os anulava, tornando-se o único
sacrifício válido e eficaz.

Com êle, Jesus:

1.° reparou süperabundantemente a Inlurla feita a


Deus. por todos os nossos pecados, presentes e futuros;

- 90-
2.° reconciliou-nos com o seu Pai, a preço de seu
sangue, conquistando-nos a vida eterna 6 as graças necessá-
rias para merecê-Ia.
Além dis~o, como para selar os pactos antigos, imola-
va-se uma vítima, assim o sangue derramado por Jesus na
Cruz serviu para selar o nôvo pacto de aliança com Deus:
pacto eterno que nunca seria denunciado.

A Santa Missa

Mas reconhecendo que precisamos oferecer a Deus sa-


crifícios e orações pelas nossas contínuas necessidades espi-
rituais, e que o homem não pode ficar sem atos de culto,
embora tivesse oferecido um sacrifício perfeito e completo
uma vez para sempre, Jesus permitiu que êle fôsse renovado
até o fim do mundo. Com efeito, deixou à sua Igreja um
Sacrifício visível, verdadeira renovação do Sacrifício da
Cruz, sacrifício que nós chamamos de Santa Missa.
A Santa Missa foi instituída por Jesus, pouco antes de
se entregar às torturas da morte de cruzi como Ele mesmo
afirmou, seria a lembrança contínua de seu sacrifício cruento:
"Fazei isto em memória de mim".
Palavras que São Paulo explica muito bem dizendo:
''Tôdas as vêzes C!ue ,renovardes o Sacrifício, anunciareis a
morte do Senhoril.

Diferença

Entre o Sacrifício da Cruz e o Sacrifício da Missa não


há na verdade diferença essencial.
" , O Sacrifício da Missa renova e faz continuar sôbre' a
terra o Sacrifício da Cruz". pórque tanto no altar como na
c'ruz,a vítima Éia'mesmai Jesus, realmente prElsente, que
sofre, ~ma, expiação elos' nossos pecados.

-91-
A única diferença está no modo como se realiza o sa·
crifício.

Na Cruz, Jesus morreu real Na Missa, Jesus morre de


e visivelmente; modo místico e invisível;

Na Missa, a representação
Na Cruz, essa morte rea I, da morte se verifica vêzes
visível, aconteceu uma só sem conta, em todos os
vez, num só lugar, e de pontos da terra, e de
modo cruentoi modo incruento;

Na Missa, tle nos aplica


Na Cruz, Jesus ganhou mé- essas Graças e êsses mé-
ritos e Graças para nós. ritos infinitos.

Atitude e obrigação

Eis porque a Missa - que por vêzes você é tentado


a pôr de parte, e durante a qual, talvez, sinta enfado -
é a ação mais sublime dêste mundo!
Por isso a Igreja obriga os fiéis a assistir a ela todos
os domingos e festas importantes.
Nesses dias, (e mesmo em todos os outros!), devería-
mos recordar o maior sinal de amor que recebemos de Jesus.
"Se nós pensássemos o que representa a Santa Missa,
não quereríamos perdê-Ia por todo o ouro do mundo. Ainda
que a Igreja aceite desculpas verdadeiramente sérias, guar-
demo-nos de nos aproevitarmos daqueles impedimentos re-
lativos e elásticos que muitas vêzes se apresentam.
Aquêles que os apresentam fariam bem em tomar o
exemplo docélebre escritor, Alexandre Manzoni. Em manhã
fria e úmida dum domingo de inverno, os seus quiseram
impedí-Io de ir à Missa, considerandQ a sua avançada idade.
o poeta, profundamente cristão, longe de estar de acôrdo
com tal maneira de pensar, disse~lhesi "se algum de vós
tivesse perdido 100.000 liras, não esperaria certamente por
saber que tal estava o tempo, para sair a procurá-Ias, Pois
êsse tesouro não vale uma Missa!". (Leis esquecidas: Ti~
hamer Toth).
Jesus (sabêmo-Io com certeza) morreu pela nossa liber-
tação e felicidade eterna; e tlJdo isto continua a querer e
a aplicar-nos na Santa Missa, para que possamos gozar de
uma vida abundante em virtude de seus merecimentos.
Portanto, o modo mais conveniente de ouvir a Santa
Missa é o de unir-nos às orações que o Sacerdote reza em
nosso nome, procurando alimentar em nosso coração os sen-
timentos que teríamos, se tivéssemos estado presentes iun-
to à Cruz da nossa Redenção.
t bom sobretudo comungar. t dêsse modo que nos
unimos mais Intimamente a Jesus, que se fêz vítima por
nós; e a união real à vítima imolada é sem dúvida a maior
participação em seu sacrifício.
Objeção
A Santa Missa é também oferecida aos Santos?
Não! É uma tola acusação dos ignorantes ou dos'
hereges.
Quando dizemos: "Hoje é a missa de São Pedro, ou das
Almas do Purgatório, ou de São Benedito ... " queremos di-
zer que oferecemos a Deus a Santa Missa, isto é o Sacrifício
de seu Filho, recomendando-nos a S. Benedito, a S: Pedro e
às boas almas do Purgatório ou a qualquer outro santo do
Céu, para que interceda por nós, êle que é bom amigo de
Deus, e lhe apresente, através de suas santas mãos, o nosso
sacrifício e as nossas pobres orações.
Os Oremos, ou seia as belas orações da Santa Missa,
têm todos êles sentido de confiança na aiuda dos Santos, e
de agradecimento a Deus que os premiou. Por isso o Sa-

- 93-
cerdote não diz: ,tu ofereço o sacrifício a ti, ó Pedro, 6
Paulo, mas ao mesmo tempo que agradece a Deus o seu triun~
fo, pede seu auxflio, para qúe os que recordamos na terra, se
dignem rezar por nós no Céu.

Para Responder

Por que a Missa é um tesouro? - De que maneira afir-


mamos que a Missa é idêntica ao Sacrifício da Cruz - Em
que se diferencia? - Como Jesus intercede por nós na San,ta
Missa? - A MÍJ3sa é também oferecida aos Santos?

Para Recordar
adoração
agradecimento
pedido de perdão
pedido de graças
o ato mais perfeito de adoração
(sacrifício latrêutico)
o Sacrifício o mais sublime agradecimento
da Missa (sacrifício eucarístico)
o mais eficaz pedido de perdão
(sacrifício propiciatório)
o mais onipotente pedido de
o graças (sacrifício imp'etra-
Sacrifício tório)
da reparou a injúria feita a Deus
Cruz 1 com todos os pecados
Com êle Jesus) reconciliou-nos com Deus resti-
tuindo-nos a graça (sacrifí-
cio-impetratório)
por meio da Santa Missa
li: recordado
e renovado iI
"I obrigatória nos dias festivos
à qual devemos assistir com de-
corosa atitude

- Diferença entre o Sacrifício da Cruz e ó Sa-


crifício da Missa (ver as colunas do texto)
- Objeção.

94 -
LIÇAO XVl

o SACRifíCIO
A Eucaristia -não é somente um Sacramento; é também
o Sacrifície permanente do Nôvo Testamento, e como tal se
chama Santa Missa.
A Santa Missa é o Sacrifício do corpo e do sangue de
Jesus Cristo:
- Oferecido pele sacerdote sôbre o altar, sob as apa w

rências do pão e do vinho;


para renovar e perpetuar o Sacrifício da Cruz.

Antiga e nova aliança


Logo após ter recebido, no Sinai, as leis da antiga' aliança entre Deus
€" o povo de Israel, Moisés desceu do monte e transmitiu ao povo as leis
do Senhor; depois escreveu tudo o que Deus tinha dito e levantando-se, pela
manhã construiu um altar à raiz do monte e doze pilastras de pedra para
as doze tribos de Israel. Mandou depois jovens escolhidos entre os filhos
tie Israel oferecer holocaustos e imolar viteloscomo vítimas pacíficas a
Nosso Senhor. Moisés "tomou em seguida metade daquele sangue e o
colocou em bacias: e derramou a outra metade sôbre o altar. Tomando
depois o livro (volume) da aliança leu-o ao uovo".

Da mesma maneira que Moisés selou com um sacrifício


e com o sangue das vftimas a Antiga Aliança entre Deus e
Israel, Jesus selou com o sacrifício e seu sangue a Nova
Aliança de Deus com o povo cristão.
Com eefeito, na última ceia, depois de haver repartido o Pão aos seus
discípulos, tomando um cálice abençoou~o e lhes disse: "Bebei todàs, porque
êste é o meu sangue da Nova Aliança, que será dE'rramado por todos em
remissão dos pecados".

- 95-
Os sacrifícios da antiga aliança

Antes de Jesus t vigorava a Antiga Aliança entre Deus e


o povo que tle havia escolhido entre os idólatras e condu-
zido por meio de Moisés à Terra Prometida. E êste povo
continuou por longos séculos a oferecer a Deus sacrifícios
de cordeiros, cabritos, bois e outros animais.
Essas vítimas eram oferecidas a Deus e queimadas sô-
bre o altar reconhecendq ser tle o Senhor absoluto de tôdas
as coisas.

Nunca h'}uve, nem pode haver religião, mesmo falsa, sem algum sacri-
fíclo exterior e sensível. Eis porque desde o princípio do mundo, ofereciam-
8e sacrifícios a Deus. São conhecidos os de Caim e Abel: o primeiro, agricultor
que era, oferecia a Deus os frutos da terra, e o outro, sendo pastor, oferecia
os primogênitos de seu rebanho. Certamente a luz natural da razão lhes havia
sugerido êsse ato para. manifestar o seu culto a Deus. Assim também Noé,
após o tremendo dilúvio, erigiu um altar e sôbre êle ofereceu a Deus um
s1'crifício de aves e quadrúpedes. Os Patriarcas do povo Hebreu, Melquise-
deque, Abraão, Iszque, Jacó - ofereceram a Deus numerosos sacrâícios,
conforme nos diz a Sagrada Escritura. E quando Deus deu a Lei a seu
povo por meio de Moisés, regulou a oferta' dos sacrifícios com cerimônias
muito sugestivas e simbólicas e estabeleceu uma tribo especial para ser-
virem de sacerdotes; desde aqu'êle momento os sacrifícios adquiriram um
significado de permuta amigável entre Deus e seu povo.

o sacrifício da nova aliança

Jesus que viera ao mundo para salvara humanidade, e


também para aperfeiçoar a religião em suas manifestações
de adoração a Deus, ofereceu a Deus um sacrifício nôvo,
único, perfeitíssimo.
Depois do sacrifício de Jesus, não haveria mais neces-
sidade de nenhum outro; somente o seu devia ser a verda-
deira troca de amizade entre Deus e o Povo Cristão.
Jesus ofereceu seu supremo sacrifício no alto do Cal-
vário, sôbre a Cruz.

- 96-
Todos os demais sacrifícios, desde êsse instante, estavam
abolidos: bastava o de Jesus, para tudo pagar com supera~
bundância.

Fins do sacrifício

No oferecer sacrifícios a Deus, os homens manifestavam


quatro sentimentos:
adoração
agradecimento
pedido de perdão dos pecados
pedido de graça.
Ora, é claro que sendo Deus onipotente, infinito e santo,
e por sua vez o homem que oferecia o sacrifício, sendo um
miserável pecador, não era
possível antigamente ofere-
cer-se a Deus nenhum sacri-
fício perfeito e verdadeira-
mente digno dEle. Era pre-
ciso um sacrifício de valor
infinito e um Sacerdote
santíssimo.
Jesus providenciou a
isto também: Ele se fêz Sa-
cerdote e Vítima, ao mesmo
tempol
No sacrifício há dois
grandes atas: oferecimento
e doação. Mas quando se
trata do sacrifício de si mes M

mo, êsses dois atas se tor-


nam muito maiores: oferecer~se e dar-se. Há nêles a gene-
rosidade de alguém que é livre, mas nada conse_rva de seu:
dá volutàriamente e não retomará seu dom. Mesmo que
êsse seja o maior, o extremo dom: a vida.
- 97 _00
,Para Responder

o sacrifício é universal? - Que indica? - ' Os sacrifícios


antigos eram suficientes para aplacar a Deus? -'- Que sacri-
fício ofereceu Jesus?
Duas Alianças.

'Para Recordar

Aliança de Deus e Israel: o sacrifício de


Du.. AUa,nças [
Moisés a selou.
Aliança de Deus e o Povo Cristão:
Selou-a o sacrifício de J esua.
A Eucaristia fica sendo o único e definitivo Sacrifício
adoração
agradecimento
antigo
Fim do { pedido de perdão
Sacrifício ped:do de graças.
nôvo, as mesmas finalidades com valor in Q

finito, pois Jesus é: Homem-Deus-Vítima.

- 98-
tIOAO XVlI

o SINAL
DA MISERICÓRDIA
CONFISSAO
o diabólico tentador arrastara ao pecado nossos primeiros pais dizendo..
lhes: "Se comerdes do fruto da árvore que está no meio do paraiso, não
morrereis! ".
O sonho e a aswração de todo~ os homens desde a criação até hoje
é o de viver, e. não moner, Os antigos alquimistas tinham até sonhado
como descobrir o .. eli,xir da vida". um licor especial que não nos deixaria
morreI'! Sonho! Pura ilusão!

Tudo O que vive na terra está sujeito à morte. Mdrre a


flôr e a fôlhai morre o fruto deixando a semente sepJltada
na terrai a própria semente se não morre não dará vida à
plantinha; morre o animal e morre o homem. Tudo o que
vive tem aqui um fim: a 1\1orte.
Também a vida da Graça, enquanto estivermos na terra,
pode ficar sujeita às garras da morte. E a morte desta vida
em nós, é o pecado.
Sabendo disso, para que esta morte não nos privasse
para sempre da vida divina que Ele viera trazer-nos, Jesus
deixou-nos um outro sacramento - a confissão - que
perdoa os pecados cometidos depois do Batismo, anulando
o efeito mortffero do pecado.
Um halo de mistério envolve certos remédios' contidos em pequenos
frascos, que custaram anos de intenso trabalho, somas fantásticas, sofri-
montas e agonias ele pobres criaturas e talvez a mesma morte do médico
e:x;perimentador
Mas são um prodigio: encerram em si a vitória sôbre a doença, a
garantia de uma saúde recuperada!

99-
À Confissão é o remédio dos remédios, que Jesus nos
deixou contra o pecado. A Confissão é o remédio que Jesus
nos deixou, dando a própria vida por nós: ela nos salva dos
pecados e nos conserva a vida eterna.

A mais bela qualidade de Jesus

No Eanvgelho, a figura de Jesus nos aparece como a de


um homem muito bom, cheio de doçura e misericórdia para
com todos.
E Ele que não era somente homem, mas também vera
dadeiro Deus, em sua vida terrena nos dá magnffico exemplo
da infinita bondade de Deus.
Mas aquilo que em Jesus mais comovei além de sua bon-
dade em realizar curas e milagres detôda espécie, e até
ressurreições. . . é o perdão que Ele concede aos pecadores.
Jesus dizia muitas vêzes: /lEu vim para os que se tres&
malharam como ovelhas perdidas. .. - Vim para chamar
os pecadores à penitência.
Não os sãos, mas os doentes
é que têm necessidades do
médico", E concedida com
tamanha generosidade o
perdão, que parecia nada
exigir em troca.

o Poder de perdoar os
pecados na terra

Há no evangelho um fato
muito bonito: o do Pa-
ralftico. Jesus estava em
Cafarnaumi eis senão quan-
do lhe apresentam um pa-
ralítico. Causava dó aquêle

100 -
pobre homem, todo entrevado sem se poder mexer. Jesus,
o fixou com indizível bondade e lhe disse: "coragem, filho,
teus pecados te são perdoados"~
Mas ao redor de Jesus estavam os seus inimigos. Ho~
mens conhecedores das Sagradas Escrituras, que se enchiam
de rancor e se preocupavam com tôdas as palavras pronun~
ciadas por Jesus. Ao ouvirem então essas frases tão miste~
riosas, pensavam com seus botões: Mas êste homem está
blasfemando! Como pode dizer ao paralítico "os teus pe~
cados te são perdoados"? Não é sàmente Deus que perdoa
os pecados? Assim pensavam os Escribas. E Jesus que lia
em seus corações como um livro aberto, disse 10gb: "Por
que pensais tão mal em vosso coração? Dizei-me: é mais
fácil dizer os teus pecados te são perdoados, ou dizer le-
vanta-te e anda? Pois bem! Para que vos convençais de
que o Filho do Homem tem sôbre a terra o poder de perdoar
os pecados, eu te ordeno - disse ao paralítico - levanta-te,
toma o teu leito e vai para tua casa".
E o paralítico, pondo sôbre os ombros a maca em que o
haviam trazido, foi-se feliz, para casa. (S. Mateus 9, 1-9).
Esse episódio impressionante devia dizer claramente
àqueles inimigos de Jesus, que Ele, assim como tinha o poder
de fazer milagres tinha também como Deus o poder de per-
doar os pecados.
Uma outra página do evangelho é ainda mais maravi-
lhosamente bela. Jesus narra a história de um filho que
fôra pródigo de suas riquezas, a ponto de esbaniá-Ias total-
mente, sendo obrigado até a se empregar como guarda de
porcos. Quando de volta para casa, o abraço de perdão que
lhe dá o velho pai a exultar de satisfação, nos faz com~
preender que eram precisamente êsses os sentimentos de
Jesus para com os pecadores.
Mas a inexaurível riqueza do coração de Jesus, cheio de
misericórdia, manifesta-se em muitos episódios, a cada pá-
gina do Evangelho. A Samaritana, Maria Madalena, Zaqueu,

-101 -
o bom ladrão .. , são outras tantas figuras de pecadores a
quem Jesus amou e perdoou decoração.
Alguns doentes insistiam para serem curados, e Jesus:
(~ai em pazl Os teus pecados te são perdoados". "Sê curado!
e não peques maisl l l•
Depois de sua vida, Jesus não nos quis deixar privados
desta sua grande misericórdia, mas quis que o seu perdão
continuasse também para todos os bótizados. Para isso ins-
tituiu a Confissão .. De todos os poderes deixados por Jesus
aos Apóstolos, é êste o mais consolador.
~Ies se tornam assim médicos das almas.
Foi precisamente no dia glorioso da Ressurreição. Prin~
cipiava o anoitecer. Os Apóstolos estavam trancados no Ce-
náculo, tomados de temor e esperança.
Temor de que alguém tivesse de fato tirado o corpo de
Jesus e de que a aparição vista pela mulher e por alguns
dêles não passasse de uma alucinação.
Esperança, por outro lado, de que tudo fôsse verdade e
que Jesus tivesse realmente revivido glorioso e triunfante.
Estavam dominados por êsses pensamentos, quando
uma voz os sacode. ~ a voz de Jesusl Erguem os olhos e O
vêem. t o Mestrel Mas como? Mas como? se as portas
estavam fechadas!. .. Jesus fala:
- A paz este!a çonvosco. Como o pai me enviou, assim
eu vos envio a v6s.
E depois, enquanto êles se reaviam do estupor que os
tinha invadido, acrescentou soprando sôbre êles:
- Recebei o Esprrito Santo. Aquêles a quem perdoar-
des os pecados serão perdoados, e a ,!uem os retiverdes serão
retidosl
Agradeçamos a Nosso Senhor que deu tão grande po-
der aos homens. Desde êsse instante os Apóstolos torna-
rÇ1m-$~ dispensadores do perdão de Deus.

~ 102-
Para Responder

Pode morrer em nós a vida da Graça? - Quais os remé-


dios contra essa morte?
Qual a mais bela qualidade de Jesus? - Reconstrua a
cena da institu:ção do sacramento da confissão.

Para Recordar

Contra a morte da vida divina em nós (pecado)


Jesus nos deixou a confissão.
Êle perdoa os pecados cometidos depois do
batismo.
o Jesus {trouxe à terra o perdão dos pecados
poder de deixou êste poder aos seus Apóstolos
perdoar No Cenáculo depois da ressur-
pecados reição
Instituição Jesus conferiu o poder aos
Apóstolos
e, na pessoa dêle aos seus Su-
cessores

."....o, lO~-"
LEITURA

NoçOes DE LITURGIA (VI)

Cido de Páscoa

1. Preparação remota: Tempo da Setuagésima


1!: a preparação remota para a Pá~oa; consta das três
semanas: Setuagésima, Sexagésima e Quinquagésima.
A côr dos paramentos é roxa, porque com a Setuagésima
começa o tempo da penitência.

2. Preparação próxima: Tempo da Quaresma


Consta de quatro domingos e começa na quarta feira de
Cinzas. 1!: o tempo de despertar, como diz São Paulo, da indo-
lência esp:ritual, e para isso, a Igreja nos exorta a recorrer às
armas da penitência, da mortificação, das boas obras e da ora-
ção constante.
l!:sse tempo que a Igreja chama de sagrado, torna-se como
um grande retiro em preparação à Páscoa, retiro que se encerra
com a confissão e a comunhão. Iniciava-se, antigamente, a
instrução dos catecúmenos que seriam batizados, no Sábado
Santo. Permanece ainda o costume do catecismo quaresmal
às crianças.

3. Preparação imediata: Tempo da Paixão

N osso olhar se concentra no drama tremendo do castigo


infligido por Deus contra o pecado na pessoa de seu Filho: a
Paixão. Os derradeiros momentos da vida de Jesus são o tema
dêsses dias. As últimas lutas contra seus inimigos, a entrada
triunfal em Jerusalém, a última Ceia, a Paixão e a Morte.
~sse período vai do Domingo da Paixão, em que as ima-
gens, Cruzes e quadros aparecem cobertos por panos roxos,

-, 104-,
até a Sexta-feira Santa, em que, com uma função muito su-
gestiva, se descobrem as Cruzes.
Deve ser êste o periodo do ano eclesiástico em que mais
intensa deverá ser a piedade e o amor. :m a preparação para a
grande nova pascal, que nos faz exultar com o brado: Jesus
ressuscitou!

4. Celebração: Tempo pascal


A Páscoa é a celebração da Ressurreição de Jesus. E a ale-
gria do grande acontecimento invade tôdas as manifestações
do culto.
Aleluia! canta a Igreja. É êste o dia do Senhor, repetem
os fiéis.
Antigamente, administrava-se o Batísmo aos catecúmenos,
os quals ressuscitavam, simbàlicamente, com Cristo, da morte
do pecado. Assim é que três ensinamentos se entrelaçam na
«Solenidade das Solenidades» e no período seguinte:
a) a ressurreição, fundamento da nossa fé.
b) a lembrança do nosso batismo convidando-nos a uma
vida pura.
c) a exortação insistente a que vivamos em santidade
como convém a quem ressuscitou com Cristo.
O tempo pascal consta de cinco domingos, e nos conduz à
festa da Ascensão.
A côr dos paramentos é branca, de conformidade com' a
alegria pascal.

-, 10~-,
MATÉRIA -fORMA - MINISTRO
Estava instituído o Sacramento da Confissão. Os sacer~
dotes seriam os ministros.
Contudo, a última frase de Jesus lIe serão retidos (os
pecados) a quem os retiverdes" pode fazer supor que os
Sacerdotes tenham limites no dispensar o perdão e a mise-
ricórdia. Não é exato: com essas palavras Jesus lhes sugere
regras indispensáveis.
A primeira de tôdas é a de conhecer os pecados, isto é
fazer com que os pecadores contem seus pecados antes de
receber o perdão. Nesse caso, haveriam de perdoar os peca-
, dos aos que julgassem dignos, isto é, aos arrependidos, e não
os haveriam de perdoar aos que, por exemplo, se apresen-
tassem cheios de orgulho, sem nenhum arrependimento, nem
vontade de receber o perdão.

E (!uem blasfema contra o Espfrito Santo?

t nesse sentido também que se deve entender a frase de


Jesus: IIPara quem blasfema contra o Espírito Santo não ha-
verá jamais perdão!" (S. Marcos 3, 28-29).
Parece que Nosso Senhor com essa frase subtrai do poder
conferido aos Apóstolos os pecados contra o Espírito Santo.
Não quer dizer que os Apóstolos e seus sucessores' tenham
limites no conceder o perdão dos pecados. E que o pecador
gue se atira a êsse enorme pecado, de tal modo se obstina nQ

..
~ 109-
mal, que fecha o coração à vida divina e se torna descarado
e inconsciente até diante do sacramento da misericórdia, pe-
cando, dêsse modo, contra o próprio perdão de Deus.
t claro que não pode haver perdão para quem não quer
saber de perdão. t claro, outrossim, que quem cometeu um
pecado contra o Espírito Santo, mas se arrepende, é certa-
mente perdoado.
Os Apóstolos e em suas pesoas, os Bispos e os Sacer-
dotes, - têm precisamente os mesmos poderes que Jesus
havia recebido de Deus onipotente. Jesus nas palavras da
instituição queria dizer: "Eu fui enviado pelo Pai para recon-
ciliar os homens com J:le; do mesmo modo eu vos envio a.o
mundo para libertá-lo dos pecadosl/,

Em que consiste

A Confissão consiste em alguns atos por parte do pe..:


cador, e em outro ato por parte do ministro (- confessor).
Lembremos que há sempre três coisas num Sacramento,
como diz o Catecismo: a matéria, a forma e o ministro.
Comecemos pelo ministro. Na Confissão o ministro é o
Sacerdote, que concede o perdão em nome de Jesus. Mas
para ser confessor não basta ser sacerdote, é necessário ainda
que seja aprovado pelo bispo para exercer êsse encargo.
Assim como não basta que um advogado seja laureado para tornar-se
juiz, mas deve ser reconhecido pelo poder do Estado, assim também o sacer-
dote para ser confessor, não basta que seja consagrado sacerdote mas deve
ser reconhecido pela competente autoridade eclesiástica, isto é, pelo seu Bispo.

As palavras da forma com as quais o confessor concede


o perdão de Deus ao pecador, são: /lEu te absolvo de teus
pecados, em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo.
Mas o ministro aplica esta forma, s6 quando o pecador ti-
ver manifestado os seus pecados e tiver feito os atos que
são necessário!>.
~ 107 ~
Quais pecados?

Jesus instituiu a Confissão para os pecados mortais.


Quem não tem pecados mortais, não tem necessidade de
Confissão. Quem, entretanto, só tivesse pecados veniais,
pode confessá-los, e é bom qu~ o faça, não só para receber o
perdão dêles, como ainda para ter um aumento de Graça san-
tificante.

1.°) O pecador que quer receber o 4.° Sacramento,


deve ter bem presentes os seus pecados mortais. Para tê-los
presentes, deve lembrá-los. Para lembrá-los, deve fazer o
exame de consciência.
2.°) Depois de ter examinado cuidadosamente os seus
pecados, o pecador deve arrepender-se, isto é, deve sentir
desgôstoi há de também fazer o propósito de não mais pecar.
3.°) Isto feito, uma vez que o pecador está decidido a
confessar-se, êle vai ter com quem pode administrar êste
Sacramento (O Confessor), e lhe manifesta os seus pecados;
é a acusação.
4.°) Recebida a absolvição, êle deverá cumprir a satis.-
fação ou penitência.
t no conjunto dêsses atos que consiste ii matéria do
Sacramento da Confissão.
Vamos examiná-los um por um.

Exame

Dissemos que antes de conceber a dor dos nossos pe-


cados é preciso que haja pecados e que sejam conhecidos.

-. 108-
Para ter pecados, infelizmente não é necessário muito
trabalho. Disso se encarregam as nossas palxoes, os nossos
vícios, o demónio, as atrações e seduções do mundo.
Os antigos sábios da Grécia davam um conselho: "Conhece-te a ti
mesmo". Conhecer-se a fundo é uma das maiores aventuras do homem.
Conhecemos o rádio, o cinema, a matemática, a história e muitíssimas
vêzes não sabemos nada de nós mesmos, não sabemos como andam as nossas
coisas, como se portam os nossos pensamentos e afetos, qual há de ser o
nosso destino imortal ...

o exame que fazemos para conhecer os nossos pecados


é um bom exercicio para nos tornarmos sábios e além disso
menos pecadores.
- Mas é difícil fazer o exame de consciência!
- Não é diffcil, nem há necessidade de aprender métcr
dos complicados.
Por exemplo: Quando acontece que um menino cai de uma goiabeira,
onde subira para roubar algumas frutas, logo' que se vê no chão ... procura
levantar-se; e imediatamente percebe onde se machucou. Basta-lhe um ins-
tante para compreender que seu cotovelo recebeu um golpe tremendo e que
seu joelho está em semelhantes condições.
Eis aí um menino que faz... um exame de &eu estado sem empregar
nenhum sistema complicado, sem muito trabalho mas até com muita dor!
Infelizmente, porém, acontece que na maioria de tais casos o rapaz se preo-
cupa muito mais com o rasgão das calças do que em fazer um verdadeiro ...
exame de consciência!

- 109-
Seria supérfluo insistir na conveniência de invocar a
ajuda de Deus por meio da oração, a fim de que as luzes
do Céu'aclarem anossa alma.
A busca dos pecados não é difícil. Uma consciência reta
e que se confessa com freqüência sente logo (após o golpe)
onde lhe dói: se se feriu na inocência, se sufocou a caridade,
se está com dor de inveja ... e assim por diante.
Quem, porém, .,ia se confessa há certo tempo deve
então recorrer à aluda da memória; e para ajudar a me~
móris, aqui está um guia para o exame de consciência, fácil
e sem complicação.
Por exemplo: Pode-se percorrer um após outro os
Mandamentos de Deus e da Igreja, indagando se as ações,
pensamento e palavras estiveram de acârdo com essas obri-
gações. Ou então indagar como se cumpriram os deveres
para com Deus, para com o pr6ximo e para consigo mesmo.
Outros tomam por base as Virtudes, e assim vão pas-
sando os vários capitulos de seus pecados contra a Fé, con-
tra a Esperança, contra a Caridade, contra a Fortaleza, con-
tra a Justiça, contra a virtude da Religião, da Pureza ...
Há tantos métodos, todos bem fáceis para quem quer de
fato desvencilhar-se do pecado que lhe inquieta a alma; basta
chegar a um conhecimento claro e exato, o mais que nos
seja possível, sem esconder voluntàriamente nenhum pecado
ou circunstância.
Diante da Catedral de Quito, no Equador, 1\ 6 de agosto de 1875, cáiU
abatido por arma homicida, um homem, que de manhã rezava naquela
Igreja. Em seu caderninho estava eGcrito: .. Farei todos os dias o exame
de conooiência ... "
Era êle o presidente da Repúblicá, Garcia Moreno, Mártir da Liberdade
e do Estado Cristão.
O Exam.e de consciência, feito todos os dias, dera-lhe a heróica fôrça
de moner pela fé, lançando aquêle brado cujo eco ainda hoje perdura:
Deus niio morre!

-.110 -
Para Responder

Quais são os três elementos do sacramento? - A peni~


tência é um tribunal? - Conhece uma fórmula própria para
o exame de consciência? - Ê necessária a oração para um
bom exame de consciência? - Por quê? - Os Confessores
têm limites no conceder o perdão?

Para Recordar

O conjunto de atos que o peni~


Matéria { tente deVt:~ fazer
Em que
consiste a li'orma: «Eu te absolvo ... »
confissão
1 Ministro: o sacerdote aprovado pelo bispo
1. o exame de consciência
Quantas e quais coisas se 2. dor
requerem para fazer 3. propósito
uma boa confissão 4. acusação
5. satisfação
necessário para quem não lembra os peca-

I
dos - não é difícil fazê--Io -
O exame de
Mandamentos
consciência
modos de fazê~lo Preceitos
{ Virtudes

111 .
LIQAO XIX

CONTRiÇÃO' E ATRiÇÃO
A matéria do sacramento está tôda nas mãos do peni-
tente, ou melhor, no seu coração e nos seus lábios. Trata-se
(além dos pecados) da dor, propósito, acusação e satisfação.
Todavia êsses atos não têm todos a mesma importância;
por exemplo, a acusação e a satisfação podem, alguma vez,
ser impossíveis.

Em caso de guerra quando alguém está para morrer ou durante uma


epidemia, não é possível às vêzes encontrar um sacerdote a quem fazer a
acusação dos pecados, como também é impossível impor a satisfação quando
a morte está iminente.

Ao invés, não se pode nunca deixar os dois atos mais


importantes e indispensáveis para a confissão: a dor unida
ao propósito.

A dor

Sem dúvida, quem compreende que com o pecado per-


deu a vida da Graça e a quer readquirir, deve sentir desgôsto
do que fêz.
A dor ou arrependimento é a detestação dos pecados
cometidos, que nos leva a fazer o propósito de nunca mais
tornar a pecar.
a filho pródigo, - cuja história é contada por Jesus
numa comovente parábola (S. Lucas 15, 11-32) - tinha es-
banjado no pecado tôda a riqueza, que ao partir recebera

-112-
do pai. Estava reduzido a
um esfarrapado vigia de
porcos, e andava tão esfai-
mado/ a ponto de cobiçar
as bolotas de que se ali-
mentavam êsses animais.
Foi enlão que lhe ocorreu à .
m e n t e um pensamento:
voltar para a casa paterna,
mesmo que fôsse para ser o
último dos criados.
E quando corajosamen-
te se apresentou diante do
velho pai/ apesar de todo
o temor e vergonha/ con-
fessou assim seu pecado:
"Meu pai, pequei contra o
Céu e contra ti".

Dor sincera

Nestas duas atitudes


do filho pródigo há dois as-
pectos de dor:

1) quando êle se arrepende de haver abandonado a


sua casa porque estava a morrer de fome e
2) quando reconhece haver pecado contra o seu
bom pai.
A primeira espécie de dor se chama atrição. É uma dor
imperfeita; não nasce de um sentimento de amor/ mas antes
de um grande mêdo do castigo ou da repugnância pela feal-
dade do pecado. Mas como nessa dor não há nenhum pensa-
mento digno de um coração de filho, mas antes uma dor

-113 -
cheia de temor mais próprio de um servo que olha para
o chicote do patrão, tem por isso o nome de "dor servil",
Mas quando o filho pródigo, lançando-se de joelhos
diante do pai, sente tristeza de o ter ofendido e de lhe ter
causado aquêle grande desgôsto, e por isso mesmo se reco-
nhece indigno de voltar para junto de seu coração, na con-
dição de filho, contentando-se de ser tolerado em casa como
um simples criado, então o seu arrependimento é muito mais
nobre e perfeito. E o que se chama contri~ão.
Nessa história contada por Jesus, coloquemos a Deus no
lugar do pai, e a nós mesmos em lugar do filho pródigo, e
logo haveremos de escolher qual dessas duas dores devemos
ter no coração depois de havermos cometido o pecado.

Quanto vale a dor

A contrição - isto é, a dor de um filho que chora O seu


pecado porque é uma ofensa ao amor infinito do Pai - é
tão eficaz e poderosa que basta sozinha para nos alcançar o
perdão dos pecados.
Quem estando de fato arrependido tivesse no coração
esta dor viva e amorosa, embora não pudesse confessar-se
por se achar impedido, em vista de estar em perigo de vida,
ou em ponto de morte, e não haver sacerdote, estará com-
pletamente perdoado.
Mas se em vez de morrer, êle recobrar a saúde ou voltar
às condições normais da vida, então êle deverá confessar-se.
Por quê? Não estaria já na graça de Deus, depois do
ato de arrependimento feito? '
Sim, mas resta ainda a obrigação de confessar-se. Pois
quem ama de fato a Deus faz tudo o que Deus dêle quer. E
como Deus quer que êle confesse seus pecados no caso de
não lhe faltar inteiramente o tempo, deve confessar-se, pois
de outro modo comete um pecado grave.

-114-
A Igreja nos impõe essa obrigação, cheia de materna
bondade para nos dar maior certeza e garantia do perdão
divino. Quem pode ter a certeza de ter feito um ato de
arrependimento perfeito?
Eis porqui7, afastado o perigo de morte, ou a circuns-
tância excepcional, é necessário voltar à regra comum da
confissão. .

Para RêSponder

Que quer dizer confissão? - Quais as suas qualidades? -


Quando convém fazer atos de contrição? - Por que a atrição
é uma dor imperfeita? - Por que não nos alcança sôzinha o
perdão dos pecados? - Por que no fim da confissão se reza o
ato de arrependimento?

Para Recordar

- detentação dos pecados


Que é?
{ cometidos que nos leva a
fazer o propósito de nunca
mais pecar
contrição
suas espécies { atrição

é dor imperfeita
Dor sem a confiSS.ão não
atrição nos alcança o per-
{
dão
Importância é dor perfeita.
r
alcança-nos o perdão
contrição J
, dos pecados

I l
(fica a obrigaçã'l de
confessá-los)

-115-··
LIçAo xx

DOR E PROPÓSITO
Qualidade da verdadeira dor

A dor deve ter quatro qualidades.


Deve ser: interna, sobrenatural, suma e universal.
1.°) Interna. Deve ser uma dor da alma, uma dor que
esteja na vontade e que não consiste somente em palavras.
2.°) Sobrenatural. O motivo que excita em nós esta
dor deve ser um motivo de fé. Não deve nascer de motivos
humanos, como seria a perda da fama, o prejuízo da saúde
ou de nossos interêsses. Mas deve ter um motivo espiritual:
a bondade de Deus ofendido com o pecado, os sofrimentos
e a morte de Jesus, que foram causados pelos nossos peca-
dos, a perda do Céu. ~,pois, uma dor inspirada e excitada
em nós pelo próprio Deus. Por isso devemos pedir-lha, como
uma graça, por meio da oração ..
3.°) Suma. Quer dizer que a dor dos pecados deve
ser superior a qualquer outra dor ou tristeza, isto é, deve-
mo-nos desgotar de haver ofendido a Deus, mais. do que
qualquer outra desgraça que nos acontecesse. O pecado mor-
tal é o maior de todos os males.
4.°) Universal. Deve estender-se a todos os pecados
mortais, sem excetuar nenhum dêlesi pois Deus é ofendido
tanto por um, quanto por outro qualquer de tais pecados.
Se alguém tivesse três pecados e se arrependesse só de 2, na

-116-
- 117-
realidade não se arrependeria de nenhum dêles, porque mes-
mo um s6 pecado que êle conservasse no coração, o tornaria
inimigo de Deus.
"As lágrimas do arrependimento vêm a ser, de algum
modo, como o Batismo. E porque o sacramento do Batis-
mo não pode repetir-se, temos de nos batizar novamente,
uma e mais vêzes, com lágrimas de arrependimento". (S.
Bernardino).

Prop6sito

o propósito é a firme resolução de não mais pecar no


futuro.
I: necessário ter essa resolução, porque sem ela não
teríamos um verdadeiro desgôsto dos nossos pecados.
O prop6sito.é a dor que torna tenaz a vontade na firme
resolução de não cometer mais pecados e de evitar as oca-
siões.
A caracterfstica de um sério propósito é o abandono de-
finitivo das ocasiões de pecado.
Jesus nos falou disso clara e decididamente: Se o teu
alho é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o fora,
contanto que salves tua alma. Queria afirmar que devemos
estar decididos a romper com as cadeias do mal, mesmo que
nos custasse o sacrifício daquilo que nos é mais caro.
Hoje, porém, muitos jovens fazem esta pergunta: -
/lComo é possível ter uma firme resolução quando se sabe
que é tão fácil recair no pecado?". E acrescentam: "se não
é possível alcançar o perdão sem um propósito firme, é
inútil confessar-nos, visto que esté<mos certos de que tal pro-
pósito é impossível.
Estas duas objeções são enganos do demônio, que es-
palha idéias falsas e prejudiciais, para enganar as almas.
Infelizment<;l são muitos os que assim pensam <;l falam!

-118-
Grande multidão de cristãos deixa-se vencer por êsses
erros, afastando-se da prática das virtudes e da luta, jul-
gando que não é possível -Fazer um propósito firme.
Deus o que exige de nós é o reconhecimento sincero e
humilde da própria culpa, e o esfôrço constante pará dela
nos afastarmos.
Ele nos pede uma resolução da vontade, a qual se ma-
nifesta na procura e no emprêgo de todos os meios práticos
para evitar a recaída.

Napoleão Bonaparte fôra vencido em Marengo. Desde a madrugada tra-


vava-se furiosa a batalha e o dia ia avançado.
De repente, à testa de novas tropas aparece o general Desaix. Era tempo!
Mas Napoleão abatido pelo cansaço de duro combate grita para o general:
"A batalha está perdida!"
- Perdida? - responde o general D€'saix, olhando o relógio, - são
apenas duas horas; temos tempo para ganhar outra!
O exército francês retorna à ofensiva, e a batalha que estava perdida
às duas foi vencida às nove. .
Foi essa a vitória que marcou o início do grande Império de Napoleão.

Na luta espiritual também, nós perdemos mais de uma


batalha. Não nos devemos abater nem desesperar. A alma
deve manter intactas suas energias para retomar as posi-
ções perdidas. É preciso rezar, fortalecer a natureza com 'o
contínuo exercício da prática do bem e sobretudo invocar o
auxílio da Graça.
Deus é a luz que nos guia a uma meta segura: é a fôrça
qU'3 nos sustenta na luta, é a coroa que consagrará as nossas
vitórias.

Para Responder

É a dor o requisito mais importante para uma boa con-


fissão? - por quê? - Como deve ser a dor para ser verda-
deira? - Que é o propósito - Qual é o sinal de um verdadeiro
propósito?

- 119 . -
Para Recordar

interna
sobrenatural
qualidades d. verdadeira' dor { suma
Dor e universal
Propósito
é a resolução firme de não mais pecar
Propósito característica do ver.dadeiro propósito:
{ romper com aI:! ocasiões de pecar,

- 120 ~
LIÇÃO XXl

ACUSAÇÃO E SINCERIDADE
No dia de seu onomástico, um rei foi até a pnsao com o fim de dar
liberdade aos prisioneiros que se mostrassem sinceros. Passando de cela
rm cela, interrogava aquêles pobres homens, perguntando-lhes o que haviam
feito, e quanto tempo tinham ainda a descontar. As respostas eram quase
sempre as mesmas. Um se dizia inocente, outro acusado falsamente; um
terceiro contava que ali estava po~' culpa de quem o arrastara ao mal.
Um verdadeiro rosário de lamúrias! Encontrou finalmente um que
disse com muita. sinceridade ter sido um verdadeiro delinqüente, um mal-
feitor, e que sua pena tinha sido justa e bem merecida.
Dirigindo-se então ao superintendente do cárcere, disse o monarca:
"Ponha em liberdade êste bandido pois que não é bom que êle fique no
meio de tantos inocentes!".

Nosso Senhor nos pede sinceridade, quando vamos con-


fessar os nossos pecados.
A acusação tem que corresponder exatamente à ver~
dade. Deve ser íntegra. Por isso o penitente deve dizer
todos os pecados mortais não ainda confessados ou confessa-
dos mal, a começar da última confissão bem feitaj isto é:
deve expôr ao Confessor todos os pecados mortais certos,
indicando a espécie, o número, e as circunstâncias dos
mesmos.
Todos os pecados mortais. Dom Bosco, que passou a
vida confessando milhares e milhares de jovens, recomen-
dava-lhes com insistência que não ocultassem nada. Dizia:
"A sinceridade para com o Confessor é a chave do Céu",
Não devemos calar nenhum pecado mortal.

- 121 -
Neste caso realiza-se uma curiosa matemática, que se poderia exprimir
assim: 3 ~ 1 :::: 4. Se um jovem tem três pecados mortais e cala um
dêles, sai da confissão com quatro pecados na consciência. Com efeito, aos
3 que tinha quando começou a confessar-se acrescentou também o pecado
de sacrilégio, por ter faltado à sinceridade.

t necessário manifestar também as circunstâncias, por-


que, como dizia um missionário a seus fiéis: "é inútil que
venham confessar que roubaram uma corda se não dizem
que na corda estava amarrado um cavalo!
Calar propositadamente uma circunstância que muda a
espécie e não revelar sua gravidade, é não ser sincero para
com Deus, é profanar o Sacramento, é incorrer em pecado
de sacrilégio!

A vergonha

Quem cala um pecado mortal por esquecimento não


culpável, deverá dizê-lo na primeira vez que se confessar.
Se ao fazer c exame de consciência procedeu com diligência
e atenção, pode ficar sossegado: o esquecimento não seria
. culpável.
O esquecimento em geral, não é um pecado: é uma
fraqueza da memória.
Pode dar-se o caso de alguém calar um pecado grave
por ignorância, isto é, porque não sabe que tal coisa é pe-
cado. Se houver boa vontade de estudar e aprender o Cate-
cismo, e apesar disso a ignorância não foi debelada, também
então não haverá pecado.
Mas há uma ignorância culpável, quando alguém não
sabe uma coisa que é obrigada a saber, e que bem poderia
conhecer como todos a conhecem. Neste caso, a ignorância
não nos desculpa, e há obrigação de nos· acusarmos disso.
Mas o caso mais freqüente é o da vergonha.

- '122-
A vergonha na confissão
é uma armadilha do demô-
nio, que fica muito satisfeito
quando, fazendo-nos calar al-
gum pecado, embaralha cada
vez mais nossa consciência,
mantendo-nos amarrados ao
seu terrível jugo.
Sente vergonha quem es-
quece que hão se está confes-
sando a um homem, mas a
Jesus Cristo na pessoa do Con-
fessor. O Confessor não pode
revelar nada do que ouviu
em Confissão, mesmo a custo

QQ da própria vida. Para todos os


sacerdotes êste dever é mais
forte que a morte. Quantos
mártires e heróis não conta a
Igreja nos sacerdotes. que le-
varam para a tumba o segrêdo
que um homem, através de
seus ouvidos, contara a Deusi
Numa fatídica noite de 1854, perpetrou-se horrível delito numapovo::>ção
polonesa, perto de Kiev. Na manhã seguinte o homicida, domin2cl> por um
pensamento sacrflego, foi confessar-Se ao pároco, e deixou na casa paroquial
a roupa ensanguentada da vítima. A polícia quis saber a proveniência
naquelas vestes, mas o sacerdote recusOU-Se a fazer qualquer declnação.
j' Foi por isso condenado como responsável pelo crime.
Em 1869 o homicida que se achava em ponto de morte, sentiu-se agitado
por t.rriveis remorsos e confessou publicamente seu crime, pedindo a re8-
bilitação do inocente pároco que havia quinze anos sofria na Sibéria, mártir
e testemunha heróica de sigilo sacramental.

Para Responder
Como se desconta a pena temporal? - Quais são as obras
de piedade e penitência? - Ê fácil alcançar o perdão dos pe-
cados? - Por que muitos se confessam? - Que é satisfação?

-'123 -
Para Recordar
._-- í'

que é? - a manifestação dos pecados feita


ao padre confessor
íntegra - acusar todos os pecados
Sllas sincera - sem calar nada daquilo
qualidades { que é necessário dizer sôbre os
(Confissão) pecados e suas circunstâncias
-Acusação
O esquecimento culpável
à ignorância culpável
a elas a vergonha - é o perigo mais
se opõe {
grave contra a acusação sincQ..
ra ~ tQtfJ,l do vecaqQ,

---- 124-·
LEITURÀ

NOÇÕES DE LITURGIA (VII)

Para completar a Redenção, cinqüenta dias depois da Pás-


coa, no dia de Penteoostes, Jesus envia o Espírito Santo aos
Apóstolos.
O esperado Paráclito desce sôbre as pessoas reunidas no
Cenáculo, aperfeiçoa a obra de Cristo - a Igreja - que pelos
prodígios e pela pregação de São Pedro se manifesta aos povos.
Assim, o Espírito divino põe-se à testa da Igreja e a conduz
pelo caminho da eternidade.
Os domingos dêste período são de vinte quatro a vinte e
oito. Os evangelhos dêste tempo litúrgico têm por escopo reca~
pitular os ensinamentos de Jesus Cristo e explicar sua doutrina.
A côr dos paramentos é verde, a esperança cristã de quem
se acha em caminho para a eternidade.
lilste ciclo litúrgico festeja, imediatamente depois de Pen-
tecostes, a Santíssima Trindade, cuja misericórdia se revelou
na Redenção; o Corpus Christi, ato de homenagem a Jesus
Eucarístico; o Sagrado Coração de Jesus, emblema do Amor
infinito que se manifestou no Cenáculo e no Calvário.
Encerra-se com a festa de Cristo Rei e a lembrança da
Igreja Triunfante e Padecente, no dia dos Santos e dos Modos.
Nesta ampla e solene visão, o ano litúrgico marcha para
o termo, tornando a refletir, no último domingo depois de
Pentecostes, sôbre o evangelho, do fim de Jerusalém, símbolo
do cristão que o tempo vai levando para a morte e para o
triunfo de Deus.
Com as festas de Nosso Senhor entrelaçam-se as de Nossa
Senhora: para celebrar os privilégios de sua vida (Imaculada
Conceição, Anunciação, Assunção) e os nomes mais belos com
que é invocada pelo povo cristão (Nome de Maria, Nossa Se-
nhora do Carmo, Nossa Senhora Aparecida, Nossa Senhora
Auxilirulora, etc.).
Honram-se ainda, durante o ano eclesiástico, os Santos de
tôdas as idades e condição social (Apóstolos, Mártires, Con-
fessores, Virgens), para que, admirando~s e invocando-os, sin-
tamo-nos estimulados à imitação de suas virtudes.

- 125-
LIÇÃO XXII

VAI EM PAZ!
Maria Madalena chora seus pecados aos pés de Jesus.
Fôra vaidosa, dissoluta, uma grande pecadora!
Comovido por seus prantos de sincero arrependimento,
Jesus esquece e perdoa: 'IITeus pecados te são perdoados;
vai em paz!lI.

A absolvição

Milhares de vêzes por dia repete-se esta cena, na sombra


silenciosa do confessionário, quando o sacerdote perdoa os
pecados do penitente dizendo: úEu te absolvo de teus pe-
cados em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo",
A Confissão é um tribunal em que o processo - dife-
rentemente dos tribunais humanos - se encerra sempre, se
o penitente quiser, com uma sentença de absolvição.
Mas então, se o perdão é tão fácil, quem é que vai para o inferno?
pE'rguntou um indivíduo ao missionário que explicava êste ponto do Cate-
cismo. - Quem vai para o !nferno?
Para responder satisfatoriamente, o missionário teve de dizer: Os insen-
satos, que não querem apl'Oveital' um l'emédi(' tão fácil e eficaz.

Por que é que alguns não se confessam?

As causas do .afastamento da Confissão são as seguintes:


a ignorância, a soberba, a corrupção do coração.

- 126-
1.°) A ignorancia é o mal mais comum de nossos dias.
Sobretudo em assunto de religião, os ignorantes são legiões.
Basta sair de casa, ler um jornal ou entabolar uma conversa
no bonde, no trem, nas ruas ... para ouvir os maiores absur-
dos em questões da maior importância.
/ Os homens de hoje ligam o rádio e ouvem mil notícias;
lêem os jornais, vão ao cinema, ao futebol, conhecem o fun-
cionamento dos mais perfeitos motores, das armas mais mor·
tíferas; sabem os empregos mais complicados da energia
elétrica e até atômica ... Mas se lhes perguntarmos, supo-.
nhamos, por que se emprega o incenso e a água bentai
por que a Missa de tal dia tem Credo e a outra não, por que
se entrega uma vela à criança recém-batizada, por que é
proibido o suicídio, ou por que certas leituras se devem
proibir. .. nada saberão
responder. A b s o I u t a
ignorância religiosa!
E é entre essa gente
que se ouvem frases co-
mo esta: liA religião é
uma invenção dos padres,
é o ópio do povo, uma
coisa boa para mulheres
e crianças. Eles - homens
superiores! - não vão
nunca à Missa, mesmo
porque não compreende-
riam nada e ficariam en-
joadosl Por outra parte
a Confissão é uma coisa
da Idade Média, IIquan-
do ainda existiam os pea
cad os ... !!!/I. Estas frases
e tantas outras idiotices ouvem-se não ràramente em nossos
dias, que são tidos como de progresso e cultura!

- 127-
~.O) o orgulho - irmão de sangue da ignorância -
afasta muita gente, da Confissão. Os orgulhosos, soberbos,
pretensos sábios, desprezam a Confissão porque lêem em
livros tão inúteis quão famosos que: IiDeus não existe; que
Jesus era um sábio e nada mais; ,!ue o Cristianismo é o
precursor da revolução comunistal l , e outras rematadas toli~
ceS, por êles pomposamente denominadas de alta filosofia.
Alguns dêles, são até pagos para ensinar nas Universidades
tais monstruosas aberrações da verdade. Todos êles chegam
à conel usão de que a Confissão é uma coisa do povinho igno~
rante. Eles - os doutos, os filósofos, os livres pensadores
- varreram já do depósito de seus cérebros êsses ferros
velhos ...

Deve-se acrescentar à astronôm ica cifra dos acima ci~


tados, também os hereges ou heretizantes (protestantes e
simpatizantes). Sapientíssimos também êles, dirão em com~
panhia de Lutero, Henrique VII e Calvino que a Confissão
foi inventada pelos "papistas", e os "papistas" (isto é, nós
católicos, fiéis ao (Papa) são os cristãos mais abomináveis e
detestáveis, na opinião dêles, porque não querem abandonar
esta odiosa invenção de não sei que Papa, só para aborrecer
os homens.

Em boa hora reconheceu o historiador protestante Gib-


bon depois de longos estudos, que nenhum Papa havia inven-
tado a Confissão. "A evidência histórica - diz êste sábio -
estabelece inconfuntàvelmente que a Confissão foi um dos
pontos principais da doutrina papista em todo o período
dos primeiros quatro séculosl l • Conseguira êle descobrir que
a Confissão era já praticada pelos Apóstolos, que a haviam
recebido de Jesus. Mas isto já é afirmado pelo Evangelho!

3.°) A corrupção do cora~ão. Certa vez Jesus proferiu


estas palavras: IIS e o teuôlho fôr daro, todo o teu corpo

- 128-
ser~ iluminado; mas Sé o teu alho é turvo todo o teu córpó
estará nas trevas. Se portanto, são trevas à 11.1% que há em
ti, quão grandes não serão as mesmas trevasl l l (S. Mat. 6,
22-23).
Quem tem o coração oprimido pelo pecado procura to-
dos os meios para apagar em sua inteligência a chama da fé.
Um grande pensador francês, - Pascal, - dizia aos que
não queriam crer: "Abandonai vossas paixões, e havereis
de crer!".

Apresentou-se a Dêlm Basco um senhor que era incrédulo, um livre-pen-


sador, um homem que não se misturava com o povo.
Apresentando"se ao Santo que estava confessando, disse-lhe: "É inútil,
reverendo, eu não creio". E Dom Basco: "Ajoelhe-se".
-- Mas. .. eu não creio!
- Ajoelhe-se, disse Dom Basco com firmeza.
- Já disse que não creio!
- ConfE.sse-se e, depois haverá de crer' ...
Aquêle homem, depois de algum tempo levantou-se do confessionário
com os olhos rasos d'água e o coração a galopar de r:ontentamento!
Uma vida cheia de pecado tira o gõsto das coisas de Deus. Quem vive
assim acaba por se embrutecer a ponto de não ter mais a luz do intele<:to.

tsses três defeitos são muito graves. São, não obstante,


muito comuns. Devemos evitá-los como a peste e combatê-
-los como o demónio.
- Confessai-vos bem - dizia Dom Bosco, conhecedor
profundo dos meninos. E sereis sempre felizes I

Satisfação

Perdoados os pecados pelé! absolvição, é remitida a


pena eterna merecida pelo pecado mortal; mas a menos que

-129 -
se tenha uma contrição realmente perfeita, resta Ordinària-
. mente uma pena temporal para descontar, nesta vida ou na
outra.
A satisfação ou penitência sacramental é a boa obra im-
posta pelo confessor como castigo e correção do pecador, e
em desconto da pena temporal devida ao pecado.
Quando alguém se confessa e diz "roubei, caluniei ...
"hão deve julgar que tudo está terminado ... ; não há dúvida
de que se estiver moribundo ou nada mais puder fazer senão
arrepender-se de coração, é mais do que suficiente; mas em
tempo normal: "Pecado confessado, está meio perdoado".
Para alcançar o inteiro perdão é preciso reparar.
Quem roubou deve restituir, quem caluniou deve re-
parar.
Tôda injúria exige reparação ou satisfação.
Poder-se-ia dizer que isto é evidente se se trata de pe-
cados que são injúria, mas alguém poderia dizer que nem
todos são injúria. Nada mais errado.
1.°) Todo o pecado é desprêzo à lei de Deus e por-
tanto injúria ao próprio Deus.
2.°) Além disso, todo o pecado é um prazer proibido,
uma satisfação ilícita que se procura desfrutar quando não
se pode ou não se deve. Nesse caso, poderíamos arrepen-
der-nos de haver cometido o pecado e ao mesmo tempo ficar
satísfeitos por ter gozado um prazer?
Bem ao contrário, impõe-se-nos uma reparação do mal
feito.

Desccontar a pena

Quando, por exemplo, um menino foi guloso e entrou


na marmelada, a mãe I.he diz: "Perdôo-Ihe, mas amanhã você
vai ficar sem sobremesa!", Não fôsse assim, seria muito

130 -
mais fácil desgostar-se dos pecados: porém, é necessário tam-
bém um freio para nossa inclinação física: é preciso uma
expiação.
A êste fim destina-se a penit2lnda dada pelo Confessor.
Ela nos faz cumprir a última parte do IV Sacramento: a
satisfação. Devemos ainda de nossa parte acrescentar algu-
ma coisa voluntàriamente.
Depois que um indivíduo cometeu muitos pecados con-
tra Deus, deixando de rezar, distraindo-se na igreja, não indo
3 Missa nos dias santificados, faltando de caridade em casa,
na aula, com os colegas, fazendo mesmo certos atos não
muitos bonitos ... o Confessor lhe diz: "Diga por penitência
um Pai-Nosso, uma Ave-Maria e um GI6ria~ao-Pai",
Verdadeira sorte grande, não acha?
Livrar-me de tantos males com tão pouca coisa!
Mas o Confessor não quer com isso dizer que tudo acaha
com um Pai-Nosso, uma Av&-Maria e um Glória; êle espe-
ra que você seja capaz de fazer alguma coisa espontâned-
mente para reparar a ofensa feita a Deus.
Com efeito, concluindo a fórmula da Absolvição, êle
nos convida com estas belíssimas palavras a amealharmos
as contrariedades e sofrimentos da vida para descontar nos-
sos pecados:
"Todo o bem que você fizer de ora em diante, e todo o
mal que tiver de suportar, receba-o em remissão dos pe-
cados, como aumento de Graça que terá por prêmio a vida
eterna",

Para Responder

Que pecado se comete calando um pecado grave na con-


fissão? - Estão os sacerdotes dispensados em algum caso do
segrêdo da confissão?

-131 -
Para Recordar

é a sentença com que o .sacerdote


perdoa os pecados
- remite a pena
Absolvição eterna
que produz - resta ainda des-
em nós contar a pena
temporal
Vai
em paz r { para descontar a pe-
nos é dada na temporal
para nossa correção
e castigo
Penitência não basta, porém, para nos livrar de
tôda a pena temporal
deve-se completar com outras obras
L e indulgências

- 132-
UÇAO XXIII

oTESOURO DA IGREJA
AS INDULGENCIAS

Tribunal humano

Todos os dclit0s contra as leis de Estado são jUlgados por um tribunal.


Quando o juiz emana urna sentença de condenação, dá a conhecer tam-
bém a pena proporcionada à gravidade do delito.
Um indivíduo, por exemplo, cometeu um assassinato; apresentam-se te3-
tem unhas e provas contra êle; torna-se evidente sua culpabilidade e por
isso a sentença d'} Juiz, no fim do processo, será uma condenação, à qual
se acrescenta uma pena: vários anos de reclusão, trabalhos forçados, e em
certos países a morte.
Assim acontece nos tribunais humanos: ao delitl' 'legue-se a pena
merecida.

, A Confissão, ao contrário, é a sentença de um juiz cheio


de bondade, porque revestido da mesma bondade e mise-
ricórdia de Jesus. Diferentemente dos processos dos tribu-
nais, que se encerram quase sempre com uma condenação.,
a confissão termina normalmente com uma absolvição. O
sacerdote nos absolve dos pecados; mas como todo pecado
merece, além da pena eterna, também uma pena temporal,
por isso nos é imposta uma penitência, que em geral não
basta para satisfazer esta pena. Daí a necessidade de algu-
ma coisa mais, que venha ajudar-nos a saldar êsse débito
para com Deus Nosso Senhor.

Indulgência

Acontece, por vêzes, nos tribunais humanos, que após algum tempo de
castigo sofrido pelo réu, o Juiz reconhecendo muito embora ser êle culpado
e merecedor do castigo todo, entretanto em vista do bom procedimento
tido e das disposições manifestadas, resolve perdoar o restante da pen'l.

-, 1~~ -.,
Na Igreja também existe o perdão da pena temporal; é
o que se chama indulgência.
As indul~ências são como uma anistia; são a remissão
das penas temporais devidas aos pecados; é a bondade da
Igreja que quer suprir a insuficiência das nossas reparações.
Em geral, a Igreja faz depender esta indulgência de de~
terminados atos: esmolas, orações, visitas e peregrinações a
lugares sagrados. .. Preenchidas essas condições em esta-
do de graça, a Igreja nos garante que a nossa reparação ou
satisfação da pena devida ao pecado, foi conseguida no todo
ou em parte.
Quando a pena é totalmente suprimida, a indulgência
chama-se plenária, isto é, total, completa; se a pena é per-
doada somente em parte, a indulgência chama-se parcial.
O valor das indulgências parciais deve ser computado
de acôrdo com as regras das penitências que a princípio a
Igreja impunha publicamente a certos pecados.
Uma pessoa que antigamente t.ivesse cometido talou
tais pecados, era absolvida, sim, mas devia antes cumprir
certas penitências, como p. ex',: andar trajado de saco por
semanas ou meseSi jejuar durante 40 dias, ou seja, uma
quarentenai por 100 dias ficar à porta da Igreja, sem poder
entrari ou estar na Igreja de bruços durante as funções reli-
giosas, etc ...
Por isso, quando ganhamos uma indulgência de 40, 300
ou mais dias ou anos, quer isso dizer que descontamos das
penas devidas aos nossos pecados o quanto teríamos descon-
tado se tivéssemos feito as antigas penitências da Igreja num
igual número de dias, meses ou anos.
Ganhar as indulgências que a Igreja põe à nossa dis-
posição, é completar a obra do sacramento da confissão, é
ter uma garantia a mais para a nossa entrada no Céu. Com

-. 134~.
efeito, quem morre depois de haver lucrado a indulgência
plenária (é claro que antes deve ter confessado os pecados,
porque a indulgência é somente para pecadores confessados
e perdoados), nada mais terá a descontar no Purga1ório,
porque lhe foi perdoada, remitida, anistiada, tôda a pena
rlevida a tais pecados.

Poder de conceder as indulgências

Tem a Igreja o poder de perdoar as penas? Que ela te-


nha o poder de perdoar os pecados, não há dúvida; nós o
professamos no Credo: IICredo in remissionem peccatorum",
pois foi para isso que Jesus deu à sua Igreja o sacramento
do Batismo e da Confissão. Tendo a Igreja o poder de per-
doar os pecados, não nos deve admirar que ela tenha também
o de remitir a pena devida a êsses pecados.

- 135-
t de fé que a Igreja tem o poder de conceder indul-
gências. Esse direito tem seu fundamento:
1. na razão: Se a Igreja tem o poder (como foi ante·
riormente demonstrado) de perdoar os pecados e a pena
eterna do inferno por êles merecida, com maior motivo terá
o poder de cancelar as penalidades que deveriam ser sofridas
ou nesta vida ou no Purgatório;
2. nas palavras de Jesus: Nosso Senhor Jesus Cristo
falando a São Pedro assim se expressou explkitamente: "Eu
te darei as chaves do Reino dos Céus; tudo o que ligares na
terra será ligado também nos Céus; tudo o que desligares na
tera, será também desligado nos Céus". (S. Mat. XVI, 19).
Dessas palavras se deduz que Nosso Senhor não pôs restri-
ções à sua Igreja.
3. na Tradição: Já nos tempos de São Paulo consta-
tamos o uso que a Igreja fazia dêsse poder de conceder in-
dulgências. (II Cor. II, 10). lendo a História da Igreja sabe-
mos que nos tempos das primeiras perseguições os Sumos
Pontífices e os Bispos, à instância dos mártires, concediam o
cancelamento total ou parcial das penas infligidas aos peca-
dores penitentes .
. 4. no Concílio de Trento: o qual lança a anátema
contra quem ousasse afirmar que as indulgências não têm
valor, ou que a Igreja não possui o direito de as conceder.
(Sessão XV).

Tesouro superabundante

A Igreja desconta as penas dos pecados, concedendo in-


dulgências, mediante a aplicação das penitências e das obras
meritórias que ela tem em grande abundância à sua dispo-
sição. A fim de nos livrarmos da pena devida aos nossos
pecados, fazemos penitência, boas obras, atos de virtude,
com que adquirir merecimentos. Os Santos adquiriram-nos
mais do que nós .. Mais do que os Santos, Nossa Senhora; e
muito maiores do que' os méritos de Nossa Senhora e de to-
dos os santos juntos, são os de Nosso Senhor Jesus Cristo,
pois que são méritos de valor infinito.
t êsse conjunto todo de merecimentos que recebe o
nome do tesourO' espiritual da Igreja; dêle é que a Igreja se
serve para distribuir as indulgências.
O Papa é o supremo administrador dêsse Banco Espi-
ritual para fôda a Igrela. Os Bispos podem também con-
ceder algumas indulgências menores em suas respectivas
Dioceses, e de acôrdo com as faculdades que lhes foram
dadas pelo Papa.
Não deve causar admiração que os bons cristãos sejam
ávidos de indulgências para si e para seus parentes falecidos.
Deveríamos até ser bastante ladinos neste comércio, e seguir
ll
com atenção as ações bancárias e os "títulos do patrimônio
espiritual que serve para a vida futura.

Condições
As grandes vantagens, por norma geral, se adquirem
após certas condições.
Nada mais natural e justo que também para o ganho
das indulgências haja condições. Ei-Ias:
1) O estado de graça (ao menos na execução da última
das obras prescritas); tratando-se de indulgências plenárias,
além do estado de graça é necessário que se deteste todo e
qualquer pecado venial:
2) O cumprimento ou execução das obras prescritas
por quem concede a indulgência;
3) A intenção de ganhá-Ias, que basta ter sido feita
pela manhã de cada dia, e não tenha sido retirada.

Riquezas em nossas mãos


Com as indulgências podemos também ajudar as almas
do Pur~atório. ,Existem certamente almas de parentes( ami-

~,137 -
gos e pessoas queridas nossas que morreram com penas a
descontar. E estão no Purgatório, a sofrer,a fim de purifi~
car~se para o encontro definitivo e eterno com Deus. A
Igreja ensina que podemos aplicar-lhes as indulgências e pe-
dimos a Deus que se digne aplicá~las às benditas almas, do
Purgatório.
Tôdas as indulgências concedidas pelo Papa são apli-
cáveis aos defuntos, se não houver indicação em contrário
(Can. 930).

Para Responder
Que diferença existe entre os tribunais humanos e a sen-
tença da Confissão? - Como se completa a obra da confissão?
- Qual é a fonte do tesouro da Igreja? - Podemos beneficiar
alguém com as indulgências? ~ Quais condições se exigem
para lucrar indulgência?

Para Recordar

Remissão da pena temporal anexa ao pecado


Quem a concede: a Igreja
r plenária - remissão de
Espécies de tôda a pena temporal
Indulgências
j parcial - remissão de
uma parte da pena tem-
poral
- intenção de adquiri-
Indulgências las
Condições para - estar em estado de
a aquisição graça
- executar as o b r a s
prescritas
desconta-se o tanto de
Modo de pena correspondente às

l calcular as
indulgências j antigas penitências de
igual número de dias,
meses e anos

- 138
LIÇAO XXIV

NO OCASO DA VIDA

Jesus domina a vida tôda do cristão. Tomou posse da


alma do menino desde o nascimento, mediante o Batismo;
fortificou-se na vida divina, com a Crisma: curou-lhe as fe-
ridas, com a Confissãoi alimentou todos os dias com a Co-
munhão.
E ao encerrar-se a vida terrestre dessa criatura, Jesus
ainda lá está. A Extrema-Unção é o Sacramento da hora
mais difícil aqui na terra, quando estamos para dar o de-
cisivo e inadiável passo, rumo à'eternidade: a morte.

Nomes

o Sacramento da Confissão apaga, sim, os pecados,


mas deixa aos nossos cuidados a incumbência de fazer pe-
nitência, a fim de nos libertarmos da pena temporal, que
êsses pecados deixam atrás de si. .
A Extrema-Unção, ao invés, cancela as relíquias, os re-
síduos dos pecados. Daí o chamar-se "complemento da
Confissão".
Chama-se ExtremaBUnção, não porque seja feita nas
extremidades do corpo ... , ou porque seja administrada no
momento extremo, mas sim porque é a última unção que o

139 -
cristão recebe da Igreja, pouco antes de deixar o exército
militante, para ingressar no triunfante.
Chama-se também "santos óle0511 e "Sacramento dos
enfermos",

Instituição

A Extrema-Unção, também chamada "Santos Oleos" ou


ainda "Sacramento dos enfermos", foi instituída por Nosso
Senhor Jesus Cristo. Quando tle enviou seus Apóstolos~ a
pregar, o Evangelista nos diz que êles "pregavam a peni~
tência r expulsavam muitos demônios r ungiam com óleo
muitosdoenfes e os curavam" (S. Marcos 5,13). Mas a ex-
plicação mais clara desta unção encontra-se na carta escrita
pelo Apóstolo São Tiago. Diz êsse Apóstolo, primo de Jesus:
"Alguém está doente entre vós? Chame 05 padres da Igreja
para que rezem sôbre êle, o uniam com' o óleo em nome do
Senhor. E a oração da fé salvará o doente, o Senhor o ali-
viará e se cometeu pecados, ser-Ihe-ão perdoados" (5, 14-15).
A matéria dêste Sacramento é pois o 6leo; a forma são
as orações prescritas para a unção. O ministro é o Sacer-
dote, mas ordinàriamente é o Pároco.

Efeitos

Durante as doenaçs, nada é mais necessano que o con-


fôrto e o alívio. A isto tendem os remédios e os cuidados
médicos. A Extrema-Unção alivia os doentes nas penas do
.Corpo, suaviza-lhes os sofrimentos; muitas vêzes até resti-
tui-lhes a saúde corporal, se Deus o julga útil para a sal-
vação de suas almas,
A Extrema-Unção, porém, não se dá nas doenças comuns
~ leves( mas nas graves, quando se pressente a morte. Nesses

14Q
últimos instantes, no fim da vida, bem pouco podemos fazer
pela própria alma; então a ExtremaQUnção nos presta grande
auxílio e nos tira uma grande preocupação: o temor de não
ter bastante graça de Deus. Com efeito:
1. A Extrema-Unção aumenta a graça santificante, li-
vrando-nos dos resíduos e das conseqüências funestas dei-
xadas em nós pelo pecado.
Esta libertação dos re-
síduos deixados em nós
pelo pecado, é significada
na Extrema-Unção p e I a s
unções sôbre os membros e
os sentidos que contribuí-
ram para cometê-los. Eis as
palavras que o Sacerdote
pronuncia a cada unção:
oPor esta santa unção e sua
piedosíssima miseric6rdia,
perdoe-te Nosso Senhor
todo o pecado cometido
com a vista, com o ouvi-
do, etc." .
E como cada sacramen-

/
+ to é sinal eficaz da graça
que êle significa, assim tam-
bém esta santa unção, além
de aumentar a graça santifi-
cante, (porque é um sacra-
mento de vivos, - isto é,
dos que recebem em esta-
do de graça), cancela os pe- .
cados veniais.
2. Se, porém, o doente antes de receber a Extrema-
Unção não se pudesse confessar e tivesse na alma pecados
mortais ou se tivesse ainda algum pecado mortal que não

- 141 --
lembra, êstes serão perdoados. E não se requer a dor per~
. feita, a contrição; basta que tenha atrição.
Estas graças que nos dá o quinto Sacramento são de
grande auxílio para a alma suportar as dificuldades da ago-
nia, quando o demônio tenta os derradeiros esforços para
roubar uma alma que já se acha às portas do Céu.
3. A Extrema-Unção é útil ainda para a saúde do cor-
po, ajudando as fôrças da natureza a restabelecê-Ia.

Quando se administra a Extrema~Unção

Fazem mal, portanto, os que esperam para chamar o sa-


cerdote quando o doente já não tem mais o uso dos sentidos,
ou mesmo já faleceu. "Poderia - dizem - assustar-se com
a. presença do padre". Ao comparecer diante do divino Tri-
bunal sem os merecimentos e o confôrto do último Sacra-
mento, o pobrezinho deverá ter-se impressionádo ainda
mais; e quão tremenda há de ser sua impressão, se julgado
por Deus fôr condenado ao inferno! ...
Sendo perigosa e grave a doença, deve-se pensar em
chamar logo o sacerdote para administrar êste importante
sacramento.

Vendo chegar ofegante o sacerdote (avisado por uma piedosa pessoa) ao


le.ito deseú·espõso ~gonlzante,e sabendo a que vinha, uma senhora atalhou:
"1!J inútil. Reverendo, meu marido há vários dias que não pode sequer
engulir uma gota de água, imagine se vai engulir o Óleo Santo!" A igno-
rância mata a Religião.

Para Responder

Quem instituiu a Extrema-Unção? - Com que palavras


São Tiago a proclama? - Deduza delas os três elementos do
sacramento. - Quais seus diversos nomes? - Por que se cha-
ma «complemento da Confissão»? - Confere também a saúde
física? - :É um sacramento de vivos? - Por que êste sacra-
mento se chama Extrema-Unção?

- 142-
Complemento da Oonfissão
Vários nomes ~xtrema-Unção
. nleo Santo
r f
I. Sa.cramento dos enfermos

Ê um sacramento instituído { espiritual


para os cristãos gravemente e
enfermos para alívio corporal
Matéria - óleo consàgrado pe-
lo Bispo
Extrema-unção Forma - «Por esta santa un-
Efeitos ção ... »
Ministro - o pároco ou um sa-
cerdote que tenha a
faculdade
Aumenta a graça santificante
Perdoa os pecados veniais

l
Elementos Dá oonfôrto espiritual (graça .
jsacramental)
Saúde do corpo

- 143
LIÇAO xxV

NÔVO E ETERNO
SAC'ERDÓCIO
ORDEM

Os Sacramentos, que até agora estudamos, referem-se


à. vida individual de cada alma. Veremos agora os dois últi-
mos Sacramentos, o 6.° e o 7.°, que dizem respeito à orga-
nização da vida cristã, e se referem ao seu aspecto coletivo,
socia I.
Se os Sacramentos até agora estudados referiam-se a
cada um de nós somente, êstes dois últimos são dados ao
. homem, não somente p6lra si, mas também para os outros,
para os membros do Corpo Místico. Com efeito, os padres
são padres para dar aos outros a vida divina; os que se casam,
casam-se para constituir uma família.

A ordem

Com êste Sacramento, a Igreja, reconhecendo-os aptos,


consagra os homens que Jesus escolheu e chamou para rea"
lizar as ações sagradas que se referem à Eucaristia e a Sal·
vação das almas.
tste Sacramento chama-se Ordem por dois motivos:
1. Porque compreende uma série de ordens (ordens
menores, ordens maiores) que são como degraus pelos quais
o escolhido sobe ao Sacerdócio, tornando-se Ministro de [Jeus.

- 144-
2. Porque os que recebem são lIordenadosl l (= dest'i-
nados) a celebrar o Sacrifício t a administrar os Sacramentos.

Instituição

o ministério sacerdo-
tal comporta diversos ofí-
cios: o sacerdote deve ofe-
recer o Sacrifício a Deus,
administrar os Sacramentos,
governar os ~iéis em nome
de Deus.
Ora, Jesus ao deixar-
nos um Sacramento que ti-
nha aspectos tão diversos e
importantes, realizou esta
instituição em ocasiões di-
versas, elevando os Apósto-
los, como por degraus, aos
diversos ofícios.
1. Primeiramente es-
colheu e constituiu-os che-
fes dos outros fiéis e discí-
pulos; Esta é uma coisa
muito importante. Os Sa-
cerdotes são uma categoria
distinta dos outros fiéis, por
vontade mesma de Deus; não é possível que um outro fiel
qualquer faça o que o padre faz. O Evangelho nos diz:
"Chamou os que ~Ie quis. .. e escolheu doze para que fi-
cassem com êle e para enviá· los a pregarl l (Marcos 3, 13-14).
2 . Fê-los ministros do nôvo e eterno Sacerdócio por
t!e fundado. Isto aconteceu na Oltima Ceia, quando, haven-
do instituído o 55. Sacramento da Eucaristia - que era ao
mesmo tempo o perene sacrifício da Nova Lei e a presença

..,.... 145-
cootínua de Jesus no mundo -:"' deu~lhes o poder de c:onti=
n~ar êste: milagre; Os Apóstolos' receberam. o poder de con~
sagrar o Corpo e o Sangue de Jesus, quando Ele lhes disse:
IIFazei isto em minha mem6ria{' (Lucas 22, 19).
3. Instituiu-os dispensadores do seu perdão e da sua
misericórdia. Na noite do dia de sua Ressurreição, apare-
cendo no Cenáculo onde alguns dias antes havia instituído a
SS. Eucaristia, deu aos Apóstolos o poder também de per-
doar os pecados. Jesus disse': "Serão perdoados os pecados
a quem os perdoardes e retidos a quem os retiverdesl l (S.
João 20, 23).
4. No dia de sua Ascensão ao Céu, Jesus deu aos
seus Apóstolos o poder de pregar e batizar.
Portanto, como deduzimos do Santo Evangelho,que
narra a instituição dêste sacramento feita por Jesus em. oca-
siõés diversas, o Sacerdote é um batizado:
- escolhido e separado dos outros fiéis;
- que pode consagrar e distribuir o Corpo e o Sangue
de Cristo; .
que pode perdoar os pecados;
- que pode batizar e pregar, e que
- se tiver a plenitude do sacerdócio - pode consagrar
outros sacerdotes.
Quem tem a plenitude do sacerdócio chama-se bispo,
que é o Ministro da Ordem.

Um outro Jesus

o sacerdote tem essencialmente uma missão pública de


magistério, de misericórdia, de piedade. É a maior dignidade
da terra porque tem poder sôbre o próprio corpo de Jesus. É
chamado Outro Cristo, e, como Jesus, dá-se todo inteiro a

- 146-
quem o invoca. Está a serviço de todos contribuindo para
t

realizar através dos séculos a missão sagrada confiada por


Jesus aos Apóstolos. O sacerdote deve ir oOael omnes gentes"°,
a todos os povos e dar-se a cada um dêles. Como São Paulo,
repete: IInão busco minha vantagem, mas a dos outros[ para
que se salvem juntamente comigo!lI.
Estando portanto a serviço de todos, o sacerdote cató-
lico não está prêso a nenhum vínculo de família.
/: êste o seu sacrifício e a sua fôrça: deve estar livre de
todo o liame para ser o "grande intercessor, o que reza pelo
mundo",

Quando no ano 325 o imperador Constantino reuniu em Nicéia o pri-


meiro concílio uhiversal, ao penetrar naquela nobre assembléia onde havia
bem 318 bispos, quis ocupar o último lugar tão compenetrado se achava
da dignidade do sacerdócio.
Costumava dizer: O sacerdé,te embora revestido de uma dignidade divina, .
é todavia um homem, e como tal sujeito ao êrro. Mas nenhuma queda deve
diminuir o respeito que êle merece. Se eu visse - dizia o imperador-
um sacerdote prevaricar, bem longe de falar disso, eu o cobriria com meu
manto para subtrai-lo aos olhos do mundo".

As ordens e a Jerarquia

Nos vários encargos e ofícios dos sacerdotes há também


uma gradação. Embora o sacerdócio seja um só, consta to-
davia de vários graus ou ordens. O conjunto dêsses graus ou
ordens que se referem ao sacerdócio, chama-se sagrada Je-
rarquia.
Que quer dizer Jerarquia?
t
uma palavra usada com muita freqüência, mas nem
sempre sabem dizer com exatidão o que significa.
A Jerarquia sagrada, existente na Igreja Católica, é o
conjunto' de pessoas consagradas que de Jesus receberam a
Missão e o Poder de dirigir a sociedade cristã a seu fim
sobrenatural.

- 147-
A Jerarquia é como o estado-maior de um exército i é
como o conselho dos ministros da Nação. Tem a missão de
dirigir e governar os fiéis de tôda a Igreja fundada por Jesus.
O pr6prio Jesus, instituiu os graus fundamentais e prin~
cipais da jerarquia da Ordem.
E a Igreja recebeu de Jesus o encargo de completá-Ia.
Existem, pois, na jerarquia, graus de instituição divina
e graus de instituição eclesiástica.
E encargo da jerarquia não sômente mandar e dirigir
os fiéis, mas também celebrar e consagrar os divinos mistéa
rios, de modo que cada membro da jerarquia tem o poder
de celebrar e consagrar, (poder de ordem) e o de mandar e
dirigir (poder de Jurisdição).
Eis um esquema que mostra claramente a distinção de
poderes nos graus jerárquicos.

Bispos
Jerarquia de ordem r Sacerdotes
Jerarquia de
institui~ão
(ordens maiores) (1) 1Subdiáconos
Diáconos
(2)

divina
Jerarquia de ~ Papa
jllrisdi~ I Bispos

A êstes dois graus fundamentais e principais a Igreja


acrescentou outros intermédios, conforme o poder recebido
de Jesus.

(1) a) Bispo: tem todos os poderes sacerdotais e somente a êle compete


ordenar outros sacerdotes, por isso - salvo raras exceções com
relação às ordens menores ou especiais licenças do Sumo Pontífice
- êle é o ministro da Ordem.
a) Sacerdote: com o poder divino sôbre o Corpo real e místico de Jesus.
c) Diácono: C·élm o poder de ler o evangelho, pregar, distribuir a
Eucaristia e ajudar o sacerdote na celebração da Missa.
d) Subdiácono: com o poder de prep5.rar os vasos sagrados, de apre-
sentar o cálice ao altar, de st:rvir ao diácono, de cantar a Epístola
na Missa.
(2) Esta ordem maior é de instituição eclesiástica.

- 148-
Esses graus são:

Acólito
na Jerarquia de Ordem . Exorcista
(ordens menores) (3) { Leitor
Ostiário
Cardiais
Entre o Papa Patriarcas
e os Bispos Metropolitas
Diocesanos ou Arcebispos
há os poderes (Bispos provin-
Jerarquia ctos ciais)
de Na
WJstituição Os Vigários ou
jel'arquiR
~cl~~iástic~ Prefeitos Apos-
de b) Ao lado dos tólicos
Jllrisdição Bispos Os Administra~
dores Aposto~
lólicos
Os Coadjutores
Abaixo dos Os Auxiliares
Bispos { Os abades
Miltrádos

o Govêrno geral da Igreja

A Igreja é governada pelo Papa auxiliado pelos Car-


dia is, principalmente pelos que fazem parte da Cúria
Romana.
O Papa, atualmente, é eleito pelos Cardiais, reunidos
em Conclave, e são necessários os dois ter~os dos votos.

(3) a) Acolitado, dá o encargo de servir aos membros das Ordens Maiores.


b) Exorcistado, dá o poder de expulsar os demónios dos possessos.
c) Leitoradlo, instituído psra a leitura da Bíblia nas longal! funções
antigas.
d) Ostiariado, instituído para vigilância. da porta do templo e do bom
procedimento na igreja.
Para entrar na§ Ordens sagradas, todos recebem a tonsura que os
incorpora ao cle"'l.

149
Para governar a Igreja, o Papa tem quatro grandes
poderes:
1. Poder doutrinal. .Ensina e é mestre de tôda a Igre-
ja. Com relação às questões de fé e moral, quando faz
uma afirmação solene e definitiva, goza do privilégio da
infalibilidade.
2. Poder legislativo. Pode fazer leis para tôda a Igre-
ja ou abrogá-Ias quando oportuno.
3. Poder jud:dário. Pode julgar pessoalmente, ou por
meio de delegados, tôdas as causas que lhe são apresentadas.
4. Poder administrativo. Dêle depende a organização
e adminisiração de tôda a Igreja.
Por êsl"es seus grandes poderes de ordem e jurisdição,
o Papa é o centro de todos os poderes da Igrela. tle nomeia
os Bispos e lhes dá o poder de jurisdição.

Para Responder

A quem deu Jesus o poder da Ordem? - Em que circuns-


tâncias Jesus conferiu os poderes sacerdotais aos Apóstolos?
- Por que êste sacramento se chama Ordem? - Como se di-
vide a jerarquia? - Que signif:cação têm os diversos graus?
- Por que o sacerdote deve ser sempre respeitado?

150 -'
Para Recordar

Que é? -Sacramento que consagra os mi~


{ nÍstros da vida divina no mundo
- porque compreende vários graus
(ordens)
- celebrar o
Por que Sacrifício
se chama - porque quem Administrar
f)rdem o recebe é or- os Sacra-
denado (des- mentos
tinado) a - dispensar a
vida divina
aos fiéis
Sacramento
da
- Jesus selecionou um grupo den-
Ordem r- tre os demais homens (escolha)
Jesus os fêz sacerdotes na últi-
ma Ceia (poder sôbre o Corpo
real)

Instituição - Jesus o fêz dispen-


sadores de (pode-
{(ab~~!.Zr)
graça
res sôbre o Corpo (batizar)
místico) verdade
(pregar)
-
Jesus lhes deu o poder de con-
sagrar outros sacerdotes (poder
, de prolongar-se nos séculos)
Graus ~ (ver o esquema da lição)

- 15-i
UÇAO XXVJ

A VOCAÇÃO
Eu vos escolhi

Disse um dia Jesus aos sevs Apóstolos: IINão fostes


vós que me escolhestes, mas eu é que vos escolhif !, e o
Evangelista antes de apresentai' a lista dos nomes dos 12
Apóstolos, nota que haviam sido escolhidos por Jesus de
livre vontade.
Todo Sacerdote é um homem que foi escolhido dentre
o povo. Deus o escolheu para fazê-lo intérprete e interme-
diário entre Deus e o povo.tsse homem escolhido por Deus
deverá ouvir os pedidos que os homens fazem a Deus e
apresentá-los a Deus em nome dos homens; deverá pedir
perdão a Deus pelos pecados dos homens, oferecendo o
Santo Sacrifício e deverá tornar conhecida aos homens a von-
tade de Deus.
Para ser sacerdote requerem-se, portanto, duas coisas:
a aptidão para cumprir êstes deveres, e o chamado que em
latim se diz IIvocatioll, ~ em português: vocação. .
As aptidões necessárias são:
saúde física
- saúde intelectual
- saúde moral.
t evidente que um indiv(duo sempre doente ou curto
de inteligência ov moral não pode ser sacerdote. Quem

-.·152 -
julga se um indivíduo tem ou não estas qualidades, é o.
Bispo, o qual descobrindo por si ou por seus auxiliares nos
candidatos ao sacerdócio as qualidades requeridas, dirige-lhes
um chamado solene e autorizado. Depois dêste convite de-
finitivo e solene do Sumo Sacerdote, o futuro padre está
certo de ter vocação. Quem recebesse as Ordens sem vo-
cação faria muito mal, pc>rque çlif1cilmente poçleria 0bservar
seus altíssimos deveres, ~ se expGria a perigo eviçlente.
Nós, porérn, charnafllos vacação tamb,é rn a0 çlesejo ge
um jovem gUe ~e sente illclinagg a fçl?;E;lr-§e ~acerçlQt~.

VO'Z. Interior

Há meninos bons e piedosos, obedientes e puros que


um dia sentem desejo de se tornar sacerdotes e começam a .
pensar na sua vocação. Devemos dizer logo que êsse desejo
é muito nobre e santo; mas só êle não basta para declarar
que êsse menino é um candidato às ordens sagradas; seria,
porém, imprudente e perigoso repelir esta voz. interior, sem
antes confiá-Ia a um sábio e prudente diretor espiritual.
Os pais e as mães deveriam ser os primeiros a ser con-
sultados, e, se são verdadeiros cristãos dar-se-iam por bem
felizes ao poder endereçar o próprio filho pelo caminho que
o levará à verdadeira e segura vocação.

Entre seus muitos alunos tinha D. Bosco um que lhe ora muito querido;
cha!llava-se Vicini. Vicini queria fazer-se padre, mas seu pai que de ne-
nhuma maneira quis permitir, chamou-o para casa.
Chegando à casa o menino adoeceu. O médico estava consternado.
Que doença estranha! Nenhum sintoma, nenhum incômodo, tudo muito
em ordem!
Entretanto, o menino ia de.finhando a olhos vistos e cam;nhava para
a morte. Uma doença da alma talvez? Conversando. com seu filho, o pai
çlcscobriu qu~ o qUe o afligia era o· não poder seguir a própria vocação,

153 -
- 'Está bem, antes que ver-te neste estado, dou-te licença para voltar
outra vez ao Oratório,
E o menino sàrou. Mas quando tornou a propô r a seu pai Bua vontade
inabalável de ser padre, ouviu com dolorosa surprêsa outra negativa.
Vicini adoeceu de nôvo. Quando o pai, depois de muito tempo, se
decidiu a lhe dizer: Podes ir!, o jovem respondeu:
- Papal, agol'a é' multo tarde!
E morreu.

Ajudar as vocações

Grave é a responsabilidade dos pais com respeito à vo-


cação dos filhos. Todos os fiéis têm o dever de rezar pelas
vocações e de ajudá-Ias com todos os meios,

o célebre e douto cardeal Pie, arcebispo de Poitiers (França), falava


um dia a um grupo de senhoras, convidando-as a ajudar as vocações
eclesiásticas.

"Senhora, - dizia o Príncipe da Igreja - conheci, e muito bem, um


menino nascido numa aldeia perto de Chartres, e tinha ardente desejo de
ser padre. Mas era órfão e paupérrimo, de modo que não podia tentar
os estudos.

No dia da Epifania o menino entrou na Catedral de Poitiers e sentiu-se


dilatar o coração ante a magnificência e beleza do culto da Igreja. Um
desejo ardente, uma ânsia indefinível lhe apertava o coração, ao mesmo
tempo que um nó lhe subia à garganta. Saiu depressa daquela igreja com
os olhos inchados de pranto. Na praça foi avistado por uma velhinha qUI:)
há muitos anos vendia flôres' aos que entravam na igreja.

- Por qUe choras, meu pequeno? - perguntou a velhinha.

- Eu queria ser padre... mas não posso.

- Eu vou te ajudar.

E começou uma vida heróica de soffimentos e de martírios, que se


prolongaram por muitos anos. Não dormia, passava várias horas da noite
cosendo, a boa v€lhinha, para manter no seminário o seu "padrezinho" I

Senhoras conclui a com lágrimas nos olhos o cardeal, a pobre mulher,


Sra:: Mal'ieta: morreu. Aquêle menino tOrnou-se padre, bispo, cardeal ...
~O\l eu, o V(lSSQ çardeft,l".

154
Há uma outra espécie de vocação

Estava um dia Nosso Senhor falando às turbas, quando


se lhe apresenta Um jovem cheio de generosidade e lhe per~
gunta: - Bom mestre, que devo fazer para ganhar a vida
eterna?
E Jesus dirigindo-lhe um olhar repassado de afeto (pois
percebera ser êle realmente virtuoso) lhe disse:
- Se queres ser perfeito, vai, vende o que tens, e dá-o
aos pobres; depois vem e segue-me!
Esta vocação é diferente da que estudamos há pouco.
Antes, tratava-se da vocação sacerdotal. Agora trata-se da
vocação religiosa, que exige uma vida de imitação de Jesus
Cristo, segundo os votos de pobreza, castidade e obediência.
Alguns iovens há que deseiam viver uma vida mais per-
feita, mais bela; mais digna de Jesus.
A cada um dêles Nosso Senhor repete ainda o convite:
"Vem, segue-me!I/, Deverão consagrar a própria vida ao
serviço de Deus; sua primeira e única virtude será seguir
sempre e somente Jesus.
Quem escolhe esta vida chama-se "Religiosol l •
Para isto existem casas especiais: colégios - conventos
- mosteiros, em que êles levam uma vida em comum esfor-
çando-se dia a dia por seguir a Jesus e não as coisas do
mundo, como seriam os negócios, as notícias dos jornais,
as lutas travadas pelos homens em busca dos interêsses
próprios.
. t a melhor e a mais verdadeira vida que um homem
II ou uma mulr.er possa deseiar, porque nós estamos neste
i mundo somente para conhecer, amar e servir a Deus.
I!
- 155.-
I
I
I
Vida Religiosa

A vida religiosa, assim como a sacerdotal, exige um


chamado especial de Deus.
parg se saber se tal charnadoexiste realmente, há um
ternp\'l especial, gue tem Cl nome çle NQv!cÍ(uIQ, e é um pe~
ríoçlo çle pn:~va,
Corno os félliigoSQS s~d chamados por Deus a uma vida
mais perf~it9! êles f~zefll ~ V<3.t@S; pob.r~2% ~H,st!çlaçl~ ~. ~qe"
diêrH:iª~
$~oas três principais virtuçles cem as quais imitam mai§
proximamente a vida de Jesus. Com efeito, Jesus amou a
pobreza; infinitamente santo rodeouAse sempre de pureza;
e a todos afirmou categoricamente que sua principal ocupa A

ção era a de obedecer sempre a seu Pai.


Alguns há que se dedicam à contemplação, e por isso
se fecham em "clausura", isto é, se apartam completamente
do mundo.
Todos se empenham em observar a própria regra para
atingir o escopo da Ordem ou Congregação a que pertencem,
e por isso procuram viver uma vida de recolhimento, fugindo
das distrações mundanas e dos lugares onde nada de bom há
para aprender, e sim muito para perder.
Quais são as ordens religiosas da Igreja?
A Igreja é como uma florest,a magnífica entretecida de
árvores pujantes e frondosas. Algumas são antigas, secula~
res, majestosas, ricas de glória e de passado; outras são mais
recentes; outras, enfim, são novas como tenras plantinhas;
tôdas, porém, são cultivaçlas pelas mãos de Deus que as
faz crescer para glória e magnificên,çia de SlJa Igreja, parq
çQorir de santidade él.face da terra, . . .
Eis como se apresentam:

1. Ordens monásticas - as mais antigas: são 44 (p. ex.


os Beneditinos, Cirtercienses, etc ... ).

2. Ordens mendicantes - apareceram no século XIII:


são 17 (p. ex. os Dominicanos, Franciscanos, Capuchinhos,
Carmelitas, etc.).

3. Clérigos regulares - surgiram no século XIV: são


8 grandes famílias (p. ex. os Jesuítas, Barnabitas, etc.).

4. Congregações eclesiásticas - são aproximadamente


86 (p. ex. os Lazaristas, Redentoristas, Padres do Verbo Di~
vino, Salesianos, etc.).

5. Institutos Religiosos (irmãos Leigos) - são apro-


ximadamente 1.140 (p. ex. as Carmelitas, Dominicanas, Fran-
ciscanas, Filhas de Maria Auxiliadora, etc.). Além destas,
que são de direito pontifício, há muitas outras, de direito
diocesano.

Todo êsse numeroso exército consagra sua vida à glória


de Deus e à salvação das almas, no sagrado ministério, no
apostolado do bem, quer nas nações cristãs, quer entre os
povos infiéis e pagãos.

Para Responder

Em que idade Deus escolhe mais freqüentemente as VOe


cações sacerdotais? - Onde são recolhidas? - Quem é que
chama ao Sacerdócio? - Por que fim deve alguém fazer-se
Sacerdote? - Há uma outra espécie de vocação? - Quais os
deveres dos pais para com os filhos que têm vocação religiosa
ou sacerdotal? - Quais os nossos deveres para com os sa-
cerdotes?

- 157-
r chamado de Deus isto é: voz e
desejo interior .
rsaúde física
aptidão i saúde intelectual
Lsaúde moral
confirmação da Autoridade
Diz-se vocação - Não despre-
Vocação zá-Ia
Eclesiástica também a incU- - Aconselhar-se
nação que uma
pessoa sente em com um pru-
si. E necessário dente diretor
espiritual
Os pais não devem
pôr obstáculos
Deveres Os outros fiéis de-
Vocações dos fiéis vem ajudar com
divinas orações e esmo-
las

consiste em
{Imitar a Jeau,
. na sua vida
e nas suas virtudes

os S votos rObreza
obrigações: castidade
obediência
Vocação IMonges
Religiosa Ordens
Jlyffi?if:!~f~~~5'!"'-- "..~ -"
medicantes
Categorias de Clérigos
I religiosos regulares
Congregações

l religiosas
Leigos
religiosos .

- 158-
LEITURA

A OBRA MISSIONARIA

A atividade missionário, que é uma das maiores fôrças da


Igreja Católica, foi em todos os tempos florescente e fecunda.
Nunca, porém, atingiu a expansão e o entusiasmo dêstes últi-
mos anos. Há, hoje no mundo, dois bilhões de homens. Os
pagãos são aInda mais de um bilhão (1.011.940.000). O outro
bilhão divide-se assim:
Católicos ................. . 420 milliões
Cismáticos ................ . 176 milhões
Protestantes .............. . 230 milhões
Maometanos .............. . 380 milhões
Judeus ................... . 11 milhões
Um bilhão de pagãos, que campo imenso para a Igreja!
O coração do Vigário de Cristo pulsa angustiado a êste
pensamento e procura ganhar tempo e multiplicar energias
para que haja, em breve, um só rebanho e um só pastor! São
necessárias, energias jovens, apóstolos ardentes e numerosos:
Infelizmente, o exército de Cristo é ainda diminuto: cinqüenta
mil entre sacerdotes, irmãs e catequistas. Exército minúsculo
se o compararmos ao número incontável de pagãos.
O que mais angustia os missionários e o Papa não é tanto
o número imenso de pagãos que ainda restam para serem con-
quistados para Jesus, nem a escassez de meios com que a
Igreja conta; o que mais preocupa é a apatia e indiferenºa dos
católicos; é, ainda, a nossa ignorância. Como se conhecem
mal as necessidades e dificuldades por que atravessa o apos-
tolado missionário católico!
Em 1925, Pio XI iniciou, em Roma, o museu missionário
e etnológico de Latrão. Outras exposições missionárias orga-
nizaram-se em diversas nações. No ano santo de 1950, uma
maravilhosa exposição da arte dos países de missão causou
enorme admiração aos que as puderam visitar.

- 159-
Tudo isto os Papas promoveram para que conhecêssemos
a importância do problema missionário e sacudíssemos a in-
diferença, correndo em socorro das m:ssões.
Celebramos, todos os anos, no penúltimo domingo de ou-
tubro, o dia das missões. Nesse dia as orações, esmolas, o pen-
samento e a admiração voltam-se para os missionários.
Somos os apóstolos da retaguarda: Os que lutam sabe-
rão vencer se soubermos fornecer, em tempo, armas, alimento
e o que fôr necessário. S-e a retaguarda cede ou se retarda
o envio de quanto necessitam, se não se perder a batalha, pro-
longar-se-á dificultosamente sempre mais o dia da vitória de
Cr:sto.
Além de pedir auxílios aos fiéis da Europa e da América,
a Igreja constituiu, para atender às missões, o clero indígena;
istó é, procura padres e bispos, nas tribos da África, na China
e na índia, nas povoações em que se encontram os missio-
nários.
. .Alguns nomes se assinalaram nas páginas da história mis-
sionária: Cardeal Massaia, Cardeal Cagli:ero, Cardeal L avigerie ,
o Pe. de Focauld, o Pe. Damião, o p.e. únia, o Pe. Nóbrega,
o Pe. Anchieta. São os gigantes do exército cristão, heróis
da Igreja e heróis da Pátria.

- 160-
tIÇAO XXVU

o GRANDE SACRAMENTO

Assim como a Ordem, o Matrimônio é um sacramento


que santifica um estado de vida: a família.
A família é o núcleo fundamental da sOéiedade humana.
O que assegura solidez e fecundidade a esta importante cé-
lula social é o matrimônio, que não é uma simples bênção,
e sim um verdadeiro sacramento. São Paulo até o chama de
1/ 0 grande sacramentol/,
Se o Batismo é o primeiro sacramento, se a Eucaristia
é o santíssimo sacramento, êste é o grande sacramento, que
conserva a família e propaga a vida no mundo.

In~titlJição do Matrimônio.

O matrimônio, ainda antes de ser sacramento era uma


união sagrada, estabelecida diretament'e por Deus no comêço
da humanidade.

Após haver criado Adão, Deus disse: "Não é conveniente que o homem
fique só. Façamos-lhe uma companheira, um auxílio semelhante a êle".
Ao acordar do sono que Deus lhe enviara para formar de seu corpo a
nova criatura, ficou estupefacto. Até aquêle momento, êle havia inutil-
mente procurado, entre os animais existentes, algum que tivesse um vis-
lumbre de sua inteligência, e um reflexo de sua beleza. Quando agora lhe
2pareceu Eva, vendo-a tão semelhante a si, disse contente: "Esta criatura
é verdadeiramente uma parte de mim mesmo, ossos de meus ossos e carne
ele minha carne". E inspirado por Deus acrescentou: " ... o homem deixará
os próprios pais e viverá com sua mulher, e os dois serão como uma pess')a
só". E Deus abençoou a ambos com estas palavras: "Crescei e multipli-
cai-vos, e enchei a terra com vossa descendência!".

-161 -
Mas o sentido divino do Matrimônio, na sua grandeza,
unidade e indissolubidade, foi decaindo através dos séculos;
houve e ainda hoje há, longe das luzes de Jesus, erros e pe~
cados que o aviltam e profanam.
Jesus por isso o santificou de modo todo particular, ele-
vando-o à dignidade de sacramento, isto é, ligando a êsse
sinal, de instituição divina, uma graça eficaz para o exato
cumprimento dos deveres que traz consigo o Matrimônio.
Para tal fim, Jesus:
1) participou das bôdas de Caná, consagrando êsse ca-
samento por meio de seu primeiro milagre, logo no início
de sua vida pública;
2) falou no matrimônio às turbas, declarando-o irrevo-
gàvelmente indissolúvel;
3) depois de sua ressurreição, ficando na terra pelo es-
paço de quarenta dias para ensinar, esclarecer e orientar
seus Apóstolos, instruiu-os profundamente acêrca dêste sa-
cramento, expondo sua doutrina a tal respeito; doutrina essa
promulgada por São Paulo na Epístola aos habitantes de
tfeso (V, 25-25), e que a Igreja desde então sempre con-
servou, defendeu e' ensinou.

Elementos dêste Sacramento

o Matrimônio é, pois, um verdadeiro sacramento. E


como tal, deverá possuir os três elementos constitutivos dos
sacramentos: matéria, forma e ministro. A matéria do Ma-
trimônio não é, porém, COI no nos outros sacramentos, um
elemento físico; é o sim, o quero, que os espôsos trocam entre
si: é o consentimento com que exprimem a vontade de per-
manecerem unidos. A forma é a aceitação dêste consenti-
mento. Numa palavra, êste importantíssimo atO de con~
sentimento, isto é, o estar de acôrdo, o aceitar o Matrimônio
com seus deveres, o querer o Matrimônio, é matéria e forma,

- 162-
€lá mesmo tempoi é m"t6ria qunado os esposos apresentam
mutuamente êsse consentimento; é forma no momento em
que o aceitam.
E como isso acontece no instante em que êles dizem o
sim, o quero, diante das testemunhas e do sacerdote, con-
sidere-se como se reveste de suma importância êsse mo-
mento! Por isso, os esposos deveriam saber tudo isso, estar
cem convictos e preparados para um ato de tão grande
responsabilidade, como êsse com que realizam o sacramen-
to, pois que os esposos são também os ministros do Ma-
trimônio.
Neste sacramento, os esposos são tudo: matéria, forma
e ministro.
Há quem pense errô-
neamente que o ministro
seja o Vigário, o Pároco, ou
o sacerdote por êle desig-
nado. O sacerdote, neste
caso, é apenas a testemu-
nha necessária. O sacerdote
abençoa o sacramento que
os esposos realizam.

Propriedades
Os esposos, ao pedir a
Nosso Senhor que lhes dê
com sua bênção, o amor
santo que os mantenha sem-
pre unidos pela graça do
sacramento, estão realizan-
do a primeira propriedade
do matrimônio cristão, que
é a unidade, isto'é: a união
de um só homem com uma
só mulher. E como Deus

- 163
ordenara no prindpio a Adão é Eva: I1êstes dois Serão de
ora em diante uma só criatura"; assim o espôso e a espôsa
hão de ser uma coisa 56.
Sem a unidade não há família, da mesma forma como
não poderá existir verdadeiro amor sem a fidelidade a esta
unidade•. Daí a indissolubilidade, que vem a ser a segunda
propriedade básica do matrimônio.

Os inimigos

Inimigos solapadores do matrimônio são todos aquêles


princípios ou teorias que visam destruir suas propriedades
fundamentais.
A unidade opõe-se a poligamia, que consiste em um
homem ter, ao mesmo tempo, várias espôsas. Foi permitida
por Deus, em caráter provisório, aos patriarcas do Antigo
Testamento, nos inícios da humanidade, com o fim de faci-
. Iitar e apressar a povoação da terra. No Nôvo Testamento,
porém, "Jesus Cristo, vindo para completar e aperfeiçoar a
Lei, condenou a poligamia simultânea, restituindo ao casa-
mento a pureza das origens, e desde então, também a Igreja
sempre a proibiu e condenou severamente como nociva à
sociedade e ao bem mútuo dos mesmos cônjuges". (Bou-
langer).
A indissolubilidade opõe-se o divórcio, que consiste no
rompimento .não natural (- pela morte) do vínculo do ma-
trimônio. Lemos no Evangelho: "Não separe o homem aqui-
lo que Deus uniu" (S. Mat. XIX, 6). E São Paulo deixou
escrito: /Ia homem não repudie a sua espôsal/l (I Cor. VII,
11)i e em outro lugar: "A mulher fica sujeita à lei, até que
viva o seu espôso" (Rom. VII, 2). Daí se deduz quão con-

- 164-
denável e condenado é o proceder dos que aprovam e ado- .
tam o divórcio.
Divórcio é uma palavra que significa separação, disso-
lução do matrimônio: um dos esposos se aborrece, aban-
dona o outro e recomeça uma nova família.
Se uma Nação admite o divórcio, favorece com essa lei.
a formação dessa nova família, exposta aos caprichos, às
fraquezas, às paixões, aos egoísmos, e por isso mesmo vo-
tada desde o início à destruição. .
A Igreja, zelando pela família e pela sociedade, e que-
rendo observar o que Deus Nosso Senhor determinou, proíbe
absolutamente I) divórcio, afirmando que o matrimônio não
pode ser desfeito à vontade, a capricho, pois que êle é indis.. ·
solúvel. Guardemos bem gravadas na memória estas pa-
lavras do Papa Leão VIII: "Permitir a ruptura do vínculo
matrimonial é estabelecer como lei a inconstância para afe-
tos que deveriam durar tanto como a vida; é transformar
a paciência recíproca, em raivas perpétuas; é estimular as
quebras da fidelidade conjugal; é tornar quase impossível
a educação dos filhos". .Existirá mairo mal para a família
e, conseqüentemente, para a sociedade?

Para salvar a indissolubilidade de um só matrimónio, o de Henrique VIII


com Catarina de Aragã;o (1531), a Igreja preferiu o cisma de tôda li In-
glaterra!

Para Responder

Qual é a base da família e da sociedade? - Com que dotes


Deus quis se adornasse o matrimônio? - Que quer dizer uni-
dade? - E indissolubilidade? - Jesus Cristo confirma êsses
dois dotes? - Quais os elementos necessários dêste sacramen,..
to,? - Que quer dizer divórciQ?
Para Recordar

'li: o sacramento que une indissoluvelmente os


esposos
Santifica peja graça a união dos
finalidade ji
esposos, e lhes dá auxílios para
educar cristãmelite os filhos
Fá-los conviver santamente
1) o matrimô-
nio era coisa
sagrada (or-
No Antigo dem de Deus
Testamento a Adão)
2) era uno e in-
dissolúvel
- Nas bôdas
de Caná con-
instituição sagra o Ma-
trimônio
- Na sua pre-
Matrimônio No Nôvo gação defen-
Testamento de seus prin-
Jesus cípios
-Deu aos
Apóstolos

1 outros ensi-
namentos
( Matéria: dar o conhecimento re-
j ciproco
elementos 1Forma: aceitar o consentimento
l Ministro: os esposos que contraem
o matrimônio
Testemunha necessária: o sacerdote que aben-
çoa os' esposos
.' {Unidade
proprIedad~s indissolubilidade
inimigos do {poligamia
matrimônio divórcio

-199 ~
LEITURA

o MATRIMONIO

Matrimônio indissolúvel, monogâmico, fidelidade mútua e


sacrifícios pelos filhos, são ideais sublimes, Mas não vê a
Igreja quão numerosos são os que não os seguem? Respondo:
Porventura será lícito rebaixar o ideal às exigências dos dé-
beis, dos que andam afastados? Seria lícito cobrir de fuli-
gem o sol resplandecente, pelo simples fato de que há olhos
doentes que não podem suportar o brilho e a pureza de seus
raios?
Cotejemos os dois critérios e estabelçamos um balanço:
«Quais os resu~tados da indisso'qfllidade do matrimônio
e quais as conseqüências de êle se poder desfazer?»
O matrimônio indissolúvel é a verdadeira sublimação da
mulher: respeita a sua dignidade, concede igualdade de direi-
tos; o :ru.atrimônio que se pode dissolver é a humilhação da
mulher, submetGudo-a aos caprichos do homem.
O matrimônio indissolúvel significa amor aos filhos e à
sua educ~ão; o outro significa mêdo dos filhos, ou se os há,
a bancarrota e a dolorosa tragédia da euucação.
O matrimônio indissolúvel tem radicado o sentimento de
'seguranc;,la: venha o que vier, estamos unidos para sempre! O
matrimônio solúvel significa um temor, uma preocupação e
uma suspeita contínua: não me abandonará agora que me pros-
tra a doença, agora que vou envelhecendo e declinando dia
para dia? I
O matrimônioindissolúvel significa auto-disciplina: temos
que estar juntos; amoldemo-nos, pois; façamos por entender-
nos, sejamos magnânimos e estejamos sempre prontos para
o perdão mútuo.
O matrimônio que pode desatar-se exacerba ainda mais
os contrastes, porque sempre está cravando o aguilhão: «Para
que nos esforçamos? Se não conseguimos entender-nos, sepa-
remo-nos!» li ' i ~I
O matrimônio indissolúvel significa fidelidade conjugal:
. «Jurei que serei fiel até o sepulcro». Pelo contrário, a
possibilidade do divórcio alimenta a tentação da infelicidade:
«Para que lutar,se a solução é perfeitamente legal?»

- 167-
·... ~

Numa palavra, o matrimônio indissolúvel significa o Só-


lido fundamento da Igreja, do Estado, da sociedade.e da vicia
cultural;. a dissolução possível do m·atrimônio mina os. fun-
damentos da humanidade, e leva os povos à degradação mo-
ral e à ruína completa.

*
E por que não frisar aqui a importância capital que têm
o namôro e o noivado no conceito cristão? Devem êles ser
uma preparação para o casamento. Entretanto, a leviandade
dos rapazes e môças o tem transformado em lamentável de-
turpação dêste Sacramento! Mas não é impunemente que se
invertem os valores básicos de tão sublime instituição: Os
resultados aí os temos aos milhares ...
Quantos lares hoje desfeitos poderiam ser autênticos ni-
nhos de bem-estar, virtude e felicidade, se o namôro e o noi-
vado tivessem sido aproveitados pelos esposos para um conhe-
cimento recíproco, quer quanto ao caráter e intenções, quer
quanto às condições de família e possibilidades.
Agindo de semelhante forma, iriam ambos para o matri-
.mônio não às cegas, às tontas, e sim cientes de suas respon-
sabilidades, resolvidos a marchar lado a lado, tanto nas ho-
ras de riso, como ainda nos momentos de dor, indefectivel-
mente, indissoluvelmente ...

- 168-
LIÇAO XXVIII

A FAMíLIA CRISTÃ
Jesus operou seu primeiro milagre em Caná para pou-
par aos dois esposos a confusão e a vergonha de uma pobreza
mal disfarçada.
Nossa Senhora que havia sido convidada para o festim
juntamente com Jesus disse-lhe baixinho:
- Eles não têm mais vinhol
E Jesus respondeu:
- Minha hora ainda não chegou.
Mas Nossa Senhora que é a "onipotência suplicante"
conseguiu o milagre.
- Fazei o que êle vos disser, disse aos servos.
E Jesus lhes disse: IIEnchei de água as ânforas. Agorâ
podeis servir-vosl l •
E as ânforas estavam cheias de vinho!

A graça matrimonial

o vinho milagroso de Caná simboliza a graça sacra-


mentai que Nosso Senhor concede aos esposos que com pu-·
reza de intenção se unem ao pé do altar, sob os olhares de
Jesus e de Maria Santfssima.
A graça do matrimônio é necessária a tôdas as famílias,
porque se êste sacramento tece com o correr dos anos sôbre
a fronte dos bons pais uma coroa de alegrias honestas ede
santas satisfações, impõe por outro lado deveres que por
vêzes deixam transparecer agudíssimos espinhos. .

- 169-
A graça do matrimônio consagra entre os esposos um
amor santo, mais forte que a morte, superior à dor, - a
ponto de fazer amar o próprio sofrimento e ~s trabalhos em
prol dos entes queridos.
Os pais, amparados pela graça, reproduzem na concórdia
e no afeto, diante dos olhos dos filhos, o exemplo de São
José e de Nossa Senhora.
Os filhos são acolhidos pelos pais como o mai~ ambicio-
nado presente de Deus, é educados na religião e na prática
da virtude, para serem homens retos e justos e mais tarde
cidadãos do Céu.
Com uma linguagem rica de imaginação adaptada à
mentalidade fantasiosa dos orientais, Deus assim desejava
a família para o homem honesto: IIS eja a tua espôsa como
uma videira rica de belos cachos. E teus filhos como rebentos
de oliveira ao redor de tua mesa ll .

Efeitos civis

O matrimônio interessa tanto à igreja como ao Estado.


A Igreja vê nêle um sacramento. O Estado se interessa
pelas condições em que se acharão os dois cidadãos e pelas
conseqüências que derivam do casamento (convivência dos
esposos, filhos, heranças, etc.) .
. A nova condição dos casados e suas conseqüências se
chamamllefeitos civis~' por dizerem respeito à sociedade civil.

Matrimônio civil

Coisa bem diferente do Sacramento do Matrimônio é o


ínatrimônio civil, contraído perante o oficial civil.
"O casamento civil para os cristãos não é sacramentoi é
um simples ajuste de união entre homem e mulher, cele-
brado perante o oficial civil, tendo simplesmente, para o
, católico, o valor de mero registro".

-. 170-
Os católicos que realizarem o casamento civil com exclu-
são do religioso, estarão cometendo uma afronta à vontade
de Deus. Uma afronta e um ultraje, pois com êsse ato êles
omitem a celebração do Matrimônio-Sacramento, suprindo-o
com um rito civil frio e inexpressivo. A Igreia tem a êsses ca-
tólicos na conta de filhos degenerados e pecadores públicos.
Infelizes! acendem uma nova lareira onde não brilha a única
e verdadeira chama: a de Jesus!
Tais casamentos aviltamos que os contraem. Com quan-
to acêrto o iovem Tobias afirmava à sua futura espôsa: "Nós.
somos filhos de santos e não é lícito unir-nos em casamento
~ moçja dos pagãos que desconhecem a Deus".

-. 171-
Para Responder

Que efeitos produz a graça matrimonial nos esposos? -


Que são efeitos civis? - O matrimçmio civil é lícito para os
esposos católicos?

Para Recordar

Santifica o amor dos esposos


dá-lhes a harmonia, para que vivam
Graça sacramental { à semelhança da S. Família
do Matrimônio faz com que os filhos sejam crlsm=
mente aceitos e educados
constituição de uma nova família re-
Efeitos civis { conhecida e amparada pela lei
- contrato perante oficial civil
- para os cristãos não é casamento
- se fôr realizado
Casamento civil com exclusão do injurioso a Deus e
religioso é proibi- avilta os que o
do aos católicos,
pois é 1 realizam

- 172-.
I.EITURA

pATRiA
«A pátria é uma família amplificada.
E a família, divinamente const;tuída, tem por elementos
orgânicos a honra, a disciplina, a fidelidade, a benquerença, o
sacrifício. Ê uma harmonia instintiva de vontades, uma de-
sestudada permuta de abnegações, um tecido vi~ente de almas
entrelaçadas. Multiplicai a célula, e tendes o organ!smo. Mu-
tiplicai a família e tereis a pátria. Sempre o mesmo plasma,
a mesma substância nervosa, a mesma circulação sanguínea.
Os homens não inventaram, antes adulteraram a frater~
nidade, de que o Cristo lhes dera a fórmula sublime, ensinan-
do-os a se amarem uns aos outros: Diliges próximum tuum
sicut te ipsum.
Dilatai a fraternidade cristã, e chegareis das afeições in-
dividuais às solidariedades coletivas, da família à nação, da
nação à humanidade. .
Objetar-me-e:s com a guerra? Eu vos respondo com o
arbitramento. O porvir é assás vasto para comportar esta
grande esperança. Ainda entre as nações, independentes, so-
beranas, o dever dos deveres está em respeitar nas outras os
direitos da nossa. Aplicai-o agora dentro das raias desta; ê
o mesmo resultado: benqueiramo-nos uns aos outros, como nos
queremos a nós mesmos. Se o casal do nosso vizinho cresce,
enrica e pompeia, não nos amofine a ventura de que não com~
part:mos. Bendigamos, antes, na rapidez da sua mudança, no
lustre da sua opulência, o avultar da riqueza nacional, que se
não pode compor da miséria de todos.
A pátria não é de ninguém: são todos; e cada qual tem
no seio dela o mesmo direito à idéia, à palavra, à associação.
A pátria não é ninguém: são todos; e cada qual tem
nopólio, nem uma forma de govêrno: é o céu, o solo, o povo,
a tradição, a consciência, o lar, o bêrço dos filhos e o túmulo
dos antepassados, a comunhão da lei, da língua e da liberdade
Os que a servem são os que não invejam, os que não se aco-
vardam, mas· resistem, mas ensinam a justiça, a admiração,
o entusiasmo. Porque todos os sentimentos grandes são be-
nignos e residem originàriamente no amor.
(Rui Barbosa)

- 173-
LIÇAO XXIX

ELEVAÇÃO DA ALMA
II A ORAÇAo

Falando dos Sacramentos em geral vimos em que se di·


ferenciam da simples oração. Tanto a oração como os Sacra-
mentos nos podem conseguir a Graça: mediante a oração
implora-se, pede-se a Graça; os Sacramentos, ao contrário,
no-Ia dão eficazmente.
Tôdas as religiões cohhecem a oração. Entretanto, só a
religião verdadeira é que conhece os Sacramentos e nos faz
participantes de sua eficácia. As outras religiões esperam
alcançar a proteção de Deus pela oração e confiam nesse
único meio.
A oração é, portanto, um fato universal. O homem mais
selvagem confia a essa necessidade universal, instintiva, de
clamar a Deus os profundos anseios de sua alma.
Os homens todos rezam, às vêzes a seu modo: na dor;
diante de um perigo, quando nossos afetos, necessidades,
interêsses, e nossa mesma vida se encontram ameaçados.
Devem-se, por isso, respeitar as orações de qualquer re·
ligião quando sinceras: Deus não pode ficar indiferente a
êsses clamores.

Ensinamentos de Jesus

Jesus nos ensinou as verdadeiras condições da oração.


Antes de tudo, a oração é um ato pessoal, individual: ao
contrário dos Sacramentos que são sempre um ato realizado

- 174-
(e é disso que tiram sua eficácia)- em união G em colabo-
ração com a Igreja.
A oração pode ser pública ou particular, interior ou ex-
terior. Mas, mesmo quando se manifesta exteriormente,
mesmo quando pública, é sempre o grito de uma alma s6
que se volta para Deus, a fim de axpor suas necessidades e
pedir suas graças.
O Catecismo define a oração: "Uma elevação da alma a
Deus, para adorá-lo, agradecer e pedir-lhe as graças de que
necessitamos".
Elevação da alma a Deus

Elevação significa an-


tes de tudo destacar-se da
j

terra.
Um avião, antes de
voar, destaca-se da pista,
"decola". Elevar a alma, na
oração, é o esfôrço e a ten-
tativa que fazemos para fu-
gir, para libertar-nos de
tudo que nos prende a esta
nossa triste condição huma-
na de luta e sofrimento.
Mas, não é uma eleva-
ção qualquer, é elevação a
Deus. Procuramos um pon-
to acima e além da condi-
ção humana que nos opri-
me: procuramos a Deus.
Na oração, há um anseio
p e I o Infinito. Rezando,
buscamos a verdadeira li-
berdade, um refúgiQ e uma
fôrça nAquêle que é Tudo.

175 -
Como devemos Orar

Para rezar bem, para que a oração seja digna dêstes


grandes e profundos desejos humanos, deve estar animada
de dois sentimentos: humildade e confiança.
Jesus disse-o, claramente; depois de afirmar que não se
devia orar por ostentação - IIquando orais fazei-o em se-
grêdol l, - e que não havia necessidade de multiplicar as pa-
lavras para ser ouvido pelos homens, contou uma parábola.

"Dois homens, subiram ao templo para rezar; um era fariseu e o outro


publicano. O fariseu, de pé, assim rezava no seu interior: "Dou- vos graças,
ó Deus, porque não sou como os outros homens, ladrões, injustos, adúlteros,
e nem sequer como aquêle publicano. Jejuo, duas vêzes na semana, pago
os dízimos de tudo o que possuo". O pUblicano, ao contrário, permanecia
lcnge e nem sequer ousava levantar os olhos aos céus, mas batia n') peito
dizendo: "6 Deus, tende piedade de mim que sou pecador!". Eu vos digo
que êste voltou para casa justificado e não o outro, p:Jrque quem se exalta
será humilhado e quem se humilha será exaltado". (8. Lucas, 18, 9-14),

Nesta parábola, Jesus nos ensina que a verdadeira ora~


ção é humilde e confiante. O pecador, à porta do templo,
era humilde IIporque não ousava levantar os olhoSIl, tinha
confiança IIporque esperava na misericórdia de Dausl l ,
A humildade n05 faz reconhecer nossas necessidades; a
confiança alenta nossa esperança.
Há ainda outras condições mais íntimas: a atenção, sem
a qual nos deixamos prender pelas distrações e preocupações
terrenas; o recolhimento, pelo qual concentramos tôdas as
fôrças interiores para pensar unicamente no objeto de nossa
oração, e a perseverança. Sem perseverança, demonstra-
ríamos grave desprêzo para com Deus, se nos dirigíssemos a
tle sàmente raras vêzes, quando oprimidos por desejos fu-
gàzes, para ver satisfeitos nossos pequenos caprichos.
t ainda característica da verdadeira oração: rezarmos a
Deus presente e onipotente. É um defeito da oração das
outras religiões, que não são a religião católica, o conhecer

- 176-
muito pouco e imprecisamente o deus a quem se dirigem.
Há gente que reza, mas tem uma idéia vaga e nebulosa de
Deus e, muitas vêzes, o confundem grosseira e ofensivamente
com os santos.
Com Jesus

Os católicos sabem rezar. Não pode haver dificulda-


des para um cristão. Seu reconhecimento para com Jesus
nasce precisamente dêste fato: Êle nos ensinou claramente
quem é o Pai celeste; Jesus mesmo tornou-se para nós o "ca_
nal natural de nossas orações", porque é Deus. Rezamos
com tle, ntle e mediante tle.
Jesus é que dá valor e eficácia às nossas orações, por-
que é o nosso mediador! fiEm verdade, em verdade vos digo:
se pedirdes alguma coisa ao Pai em meu nome, Ele vo-la
dará. Até agol'a nada pedistes em meu nome; pedi e rece-
bereis para que vossa alegria seja completa".
Como Mediador entre nós e Deus, Jesus apresenta ao
Pai nossas preces e as valoriza com sua oração de divino
Redentor. .
Por isso, a Igreja conclui tôdas as suas orações com a
frase: "Per Christum Dominum Nostrum": por Cristo Se~
nhor nosso.
L,,,t:
Espécies de oração

A oração consiste em conhecer a Deus, adorá-lo, agra-


decer e pedir-lhe graças.
Nesse sentido, rezar é aproximar-se o mais possível de
Deus; é aperfeiçoar em nós sua divina imagem e semelhança.
A oração é de duas espécies: mental e vocal. Rezar no
íntimo do coração, sem empregar palavras, é correr para
Deus por um caminho mais reto e veloz. A "meditação" é
uma oração mental, e é uma consideração de Deus e das
verdades eternas feitas com o fim de rezar.

- 177-
A oração vocal é o louvor e a expressão dos sentimentos
intérnos mediante palavras, poesias e cantos.
Há quem pense que esta oração tenha muito pouco va~
lor, crendo que consista, apenas, em palavras, isto é, em sons
produzidos pelos lábios e pela voz. Não é verdade! Não há
oração vocal sem um pensamento que a acompanhe. Pode
haver pessoas que somente movimentem os lábios e produ-
zam sons sem refletir, mas, tais pessoas não agem de maneira
digna de sêres racionais.
Quem reza e fala a Deus, pensa, certamente, nE:le, e a
I:le dirige, com grande afeto, suas palavras.
A Igreja, mestra sapientíssima e inspirada por Deus,
emprega esta forma de oração na sua Liturgia~ A oração
vocal é a mais comum, a mais fácil e a mais bela das orações.
O mesmo Jesus incumbiu-se de compor belíssima oração
vocal só para no-Ia ensinar. Um verdadeiro cristão deve ter
em grande conta a oração vocal para ser digno de Jesus e
seguir o espírito da Igreja.
Pessoas há que rezam somente para alcançar graças e
favores; fora disso nunca se lembram de Deus. Negociam
. com Deus os favores e graças que pedem. Parecem dizer ao
Criador Onipotente: "Dou-vos essa oração, essa oferta para
que me concedais tal graça". E acabam zangando-se se
Deus não lhes concede as graças pedidas, e dizem: "Não
rezo mais!"
t um modo muito malcriado de proceder.
Podemos pedir a Deus graças materiais sujeitando-nos,
porém, à sua santíssima vontade, certos de que Deus é um
bom Pai mesmo quando nos prova e, certamente, para nosso
bem, deixa-nos nas aflições, sem atender-nos.

Um dia, apresentou-se a um grande Bispo de Alexandria, chamado João


Esmoler, um rico senhor. que tinha o filho gravemente doente. Ofereceu
ao santo Bispo elevada quantia pedindo que a distribuísse aos pobres pan
que êsses rezassem pela cura de seu filho.
Apenas recebida a oferta, os pobres rezaram com grande fervor, mas
o filho daquele abastado senhor morreu.

- 178-
o Santo Bispo lamentou-se COm Deus dizendo-lhe na oração: Senhor,
dêste modo os fiéis não farão mais ofertas aos pobres e acabarão por
perder a fé na oração.
E Deus, infinitamente bondoso, respondeu: ao contrário, foi precisa-
mente a esmola daquele pai e as fervorosas orações dos pobres que alcan-
çaram para aquêle menino a valiosissima graça d& morrer logo! Se aquêle
menino tivesse sarado, os dois !le haveriam de condenar: o pai porque se
tornaria muito avarento só para deixar suas riquezas ao filho, e o filho
porque esbanjaria tudo em divertimentos e vicioso
Confiemos em Deus que nunca erra!
Eficácia

Jesus repete, muitas vêzes, no Evangelho, que a oração


é eficaz.

Jesus compara quem reza a um homem que, à noite, bate à porta do


vizinho e lhe pede alguns pães emprestados. O homem que dormia tran-
qUilamente com seus filhos fica aborrecido ao ouvir as insistências do vizi-
nho, más, por fim dá-lhe quanto pede somente para livrar-se daquele
amolante.
Contou ainda Jesus que urna viúva foi ter, várias vêzes, com um Juiz
para alcançar justiça, mas, o juiz não a atendia. Cansado por fim por suas
insistências deu-lhe razão.

Orai, dizia Jesus, sem interrupção; a quem bate será·


aberto; quem pede ~Icança. Queria assim garantir-nos que
a oração será eficaz somente quando fôr insistente, persis-
tente, perseverante, quase obstinada.
Por isso, é necessário rezar freqüentemente.
Há pessoas que nunca rezam. Não pensar nunca em
Deus, não agradecer, não louvar, nem pedir misericórdia e
auxílio é um grave pecado contra o primeiro mandamento;
é uma falta permanente contra o importantíssimo e pred-
puo dever da adoração.
Pensamos tão pouco neste dever fundamental, que nos
acusamos mais fàcilmente de pecados grosseiros e mate-
riais, que de não sentirmos a obrigação de adorar a Deus.
Isto é grave, porque nosso primeiro dever na terra é de
adorar a Deus depois de o haver conhecido.
No Evangelho, Jesus insiste muito sôbre êste dever.
Somos obrigados á rezar.

179 -
Santo Afonso condena esta verdade numa frase lapidar
e forte: "Quem reza, certamente se salva; quem não reza,
certamente se condena 6l•

Para Responder

Podemos deixar de rezar?- Por que não? - Como se


divide a oração? - Qual é .0 elemento necessário? - E sem-
pre eficaz? - Em que condições? - Por que se reza em nome
de Jesus Cristo? - Que quer dizer mediador?

Para Recordar

Tôdas as regiões, todos os homens conhecem a


oração. Ê uma elevação da alma a Deus
para conhecê-lo
[ adorá-lo ..
Escopo { agradecer-lhe
pedir-lhe o de que necessitamos
Inunildade
confiança
recolhimento
Oração Como se deve rezar: com
aten~ão
perseverança
em união com Jesus
, . _ {OraçãO mental: meditação

l
EspeCles de oraçao oração vacal: orações comuns
ordem de Jesus
Elficácia da oração obrigação nossa
{ conselho dos Santos

- 180-
UÇAO "XX

Lembrando-se que João Batista ensinara belíssimas ora-


ções a seus discípulos, os Apóstolos animaram-se, um dia, a
pedir a Jesus que lhes ensinasse também alguma oração.
Disseram-lhe: "Senhor, ensinai-nos a rezar".
Tinham a certeza de que o divino Mestre lhes ensinaria
como rezar bem, quais expresões deviam usar para falar a
Deus, como iniciar nossa conversa, que coisas pedir, em que
ordem, etc., etc.

A oração de Jesus

E Jesus ensinou-lhes um belíssimo modêlo de oração.


Nêle 1'udo está exposto com clareza. A ordem, as frases que
se devem empregar, o que se deve pedir, o modo de pedir',
E uma oração maravilhosa. Não foi por nada que brotou dos
lábios, do coração do Filho de Deus! Os primeiros cristãos
chamavam-lhe oração do Senhor rOratio dominica", isto é,
do Senhor), e com êsse título queriam designar a melhor e a
mais perfeita de tôdas as orações, justamente por ser a oração
de Jesus. Disse, pois, Jesus aos Apóstolos: IIQuando orardes
dizei:
Pai nosso, que estais nos céus,
santificado seja o vosso nome,
venha a nós o vosso reino,
seja feita a vossa vontade,
~ssim na terra como nos céus.

-. . 181 -...,
o pão nosso de cada dia nos dai hoje:
perdoai-nos as nossas dividas,
assim como nós perJoamos aos nossos devedores,
e não nos deixeis cair em tentação, ,
mas livrai-nos do mal. Amém.

Como rezar

Essa belísima oração divide-se em duas partes. Na pri-


meira parte dirigimo-nos a Deus para louvá-lo e preocupar-
mo-nos com seus supremos direitos e sua maior glória. Na
segunda parte pedimos bens espirituais e mqteriais que in-
teressam à nossa vida.
Esta é a ordem que deveríamos conservar na nossa
oração: em primeiro lugar, o louvor a Deus e o respeito aos
seus interêsses, e depois, os pedidos, de acôrdo, com nossas
necessidades. Nas orações da Liturgia (os Oremus) a Igreja
observa fielmente esta ordem.
Devemos notar na oração que Jesus nos ensinou a be-
líssima invocação com que começa: Pai nosso, que estais
nos céus. Pensamos em Deus, num bom pai que do céu nos
contempla evela por nós. Eêste o mais belo nome que pos-
samos dar a Deus. Sentimo-nos seus filhos, e dizemos: Pai
nosso, e não meu Pai, reconh'9cemos que somos todos irmâos
e nossa oração abraça com grande amor· a todos os homens.
De fato, nas quatro petições da segunda parte pedimos a
Deus pão para o corpo e o pão para a alma, o perdão de
nossos pecados, fôrças contra as tentações, e a libertação de
tôda a espécie de mal; e isto pedimos para todos.
O Pai.nosso é assim uma oração social, coletiva, como
tôdas as orações que a Igreja nos ensina em sua Liturgia .

.~ 182-
Pela manhã e à noite

Esta oração se tornará


mais amável e querida se a re-
citarmos, devotamente, pela
manhã e à noite. Pela manhã,
é a consagração de todo o nos-
so dia para passá-lo sob os
olhos bondosos do Pai que
está no céu; à noite, é a última
saudação, o beqo do filho
agradeicdo ao Pai que do alto
vela por nós com sua proteção
e misericórdia.
Não esqueçamos nunca
as orações que· abrem e fe-
cham o dia.
Nas horas tristes como
nas felizes, a oração será nosso
sustentáculo durante a vida; a preguiça e as ocupações não
consigam jamais fazer com que a deixemQs.

Lanfranco, um dos maiores talentos da Idade-Média, quando jovem ca-


minhava uma noite pelas cercanias de Ruão. Ao atravessar uma floresta
foi as&altado e roubado por ladrões que O amarraram de mãos e pés a uma
árvore, e pux3ndo-Ihe o capuz sôbre os olhos o abandonaram.
Tremendo de mêdo, imóvel, sentindo sôbre os membros enregelados o
orvalho da noite, com os olhos vendados pelo negro capuz, viu .. se exposto
à morte certa. AQ longe, ouvia-se o rugido das feras... Perdida tôda a
esperança humana, lembrou-se de Deus, lembrou-se que era noite e que
convinha rezar: começou as orações que, quando menino, tantas vêzes rezara
com as mãozinhas juntas, ao pé da cama; mas depois das primeiras palavras
não soube prosseguir porque não as lembrava mais.
Envergonhado e confuso dirigiu--se a Deus, scluçan:iu, Lom estas pala-
-oras: "Senhor, estudo há tantos anos nas univerbidades e não sei de cor,
nem sequer o modo de vos invocar e de rezar?! ... " Fêz, então, voto ie se
consagrar a Deus se pudesse escapar dêste perigo. Na madrugada seguinte,
alguns viajantes o libertaram.
Fêz-se monje, foi mais tarde bispo de Cantuária, e, na hora do ocaso,
quando os sinos convidavam à prece, Lanfranco, sempre levado pela gra-.
tidão, ajoelhava-se e rezava. -

- 183-
Para Responder

Onde ea quem Jesus ensinou o Pai-Nosso? - Por que


se chama oração dominical? - Por que é modêlo de tôdas
as orações? - Que pedimos no Pai-Nosso como filhos de Deus?
- E como irmãos?

Para Recordar

Ê a oração ensinada e recomendada por Jesus


o que devemos pedir a Deus
Ensina-no& {
e como devemos pedí-Ias
f
I dirigimo-nos a Deus
com três petições
primeira parte que se referem à
G«Pai {
nosso»
J Em sua glória
I quantas
partes se pensamos em nossas
) divide necessidades
segunda parte pedindo a Deus bens

l
espirituais e mate-
riais
Rezar pela manhã e à noite.
I"J):J'fURA

o DIREITO! A OBRIGAÇÃO DO VOTO

São eleitores os brasileiros maiores de 18 anos que se alis-


tarem, na forma da lei.
Não podem alistar-se eleitores: a) os analfabetos; b) os
que não saibam exprimir-se na língua nacional; c) os que es-
tejam privados, temporária ou definitivamente, dos direitos
políticos.
Também não podem alistar-se eleitores, as praças de pré,
salvo os aspirantes a oficial, os suboficiais, os subtenentes, os
sargentos e os alunos das escolas mmtares de ensino superior.
O alistamento e o voto são obrigatórios para os brasileiros
de um e outro sexo, salvo:
I - quanto ao alistamento: a) os inválidos; b) os maio-
res de setenta anos; c) os que se encontrem fora do país; d)
as mulheres que não exerçam função luCrativa.
II - quanto ao voto: a) os enfêrmos; b) os que se en-·
contrem fora de seu domicílio; c) os funcionários civis e os
militares em serviço no dia da eleição.
O eleitor que deixar de votal', somente se exime da pena
(Código Eleitoral-1950, artigo 175, n." 2) se pl'ovar justo im-
pedimento.
Os cidadãos, para inscrever-se como eleitores, deverão di-
rigir-se ao juiz eleitoral de seu dom:cílio mediante requerimen-
to de próprio punho, no qual declararão nome, idade, estado
civil, profissão, lugar de nascimento e residência, sempre que
possível.
Êsse requerimento (que dispensa reconhecimento de fir-
ma) será instruído com qualquer dos seguintes documentos:
a) certidão de idade extraída: do Registro civil; b) documentos
do qual Se infira, por direito, ter o requerente idade superior
a dezoito anos; c) certidão de batismo, quando se tratar de
pessoa nascida anteriorm,ente a 1.'! de janeiro de 1889; d) car-
teira de identidade expedida pelo serviço competente de iden-
tificação no Distrito Federal, ou por órgão congênere nos Es-
tados e nos Territórios; e) certificado de reservista de qual-
quer categoria, do Exército, da Armada ou da Aeronáutica;
f) documento do qual se infira a nacionalidade brasileira, ori-
ginária ou adquirida, do requerente. .
~185 -.
São vedadas justificações para suprir qualquer dêsses do~
cumentos. Para efeito da inscrição é domicílio eleitoral o lu~
gar dê residência OU moradia do requerente; e, verificado ter
o alistado mais de uma, considerar-se-á domicílio qualquer de-
las. As certidões de nascimento, quando destinadas ao alis-
tamento eleitoral, serão fornecidas gratuitamente, segundo a
ordem dos pedidos apresentados em cartório pelos delegados
de partido.
No caso de perda ou extravio de seu título, requererá o
eleitor ao juiz de seu domicílio eleitoral, até 10 dias antes da
eleição, que lhe expeça segunda-via.
Em caso de mudança de domicílio, cabe ao eleitor reque-
rer ao juiz do nôvo domicílio sua transferência, juntando, com
a .declaração desta, abonada por duas testemunhas, o título
anterior. Não é permitida a transferência senão depois de um
ano, pelo menos, de inscrito o eleitor ou de anotada a mu-
dança anterior. Os funcionários públicos e os militares, quan-
do removidos, poderão requerer transferência de domicílio, sem
as r~strições acima indicadas. O eleitor transferido não po-
derão votar no nôvo domicílio eleitoral em eleição suplemen-
tar à que tiver realizada antes de sua transferência.
O sufrágio é universal e direto; o voto, obrigatório e se-
; ..".p
cl"e t o. . I IJ, 'i,:;'; ~~·n!th
(do Código Eleitoral: . 24-7-1950) '" .

- 186-
LlÇAO XXXI

A AVEaMARIA
Depois da oração· mais bela e sublime, devemos com
muita confiança rezar a Ave-Maria, que é uma saudação e
invocação à Mãe de Deus e mãe nossa do céu.
A Ave-Maria divide-se em duas partes. A primeira com-
põe-se de duas frases do Evangelho; a segunda de uma invo-
cação da Igreja. As duas frases do Evangelho são muito bem
escolhidas. Proclamam-se nelas as grandes prerrogativas de
Nossa Senhora. Com efeito, dizendo "Ave-Maria, cheia de
graça, o Senhor é convosco", repetimos as palavras do Anjo,
quando lhe anunciou que seria Mãe de Deus.
Lembramos com essas expressões que Nossa Senhora é
cheia de graça e que Nosso Senhor de tal modo nela se com-
prazeu, que a escolheu por Mãe, preservando-a de tôda som-
bra de pecado, desde o primeiro instante de sua existência,
enriquecendo-a ainda de infinitas graças.
As palavras que seguem são de Santa Isabel. Como
lemos no Evange!ho, Santa Isabel, inspirada pelo Espírito
Santo, reconheceu em Maria, que a fôra visitar, a Mãe do
Salvador e a proclamou bendita eí1tre tôdas 8S mulheres
porque o seu Filho Jesus, era o Senhor tão ansiosamente espe-
rado durante séculos, pois era o Messias.

Oração divina

As duas saudações e elogios a Maria Santíssima acham-


-se muito unidas, e agem maios protestantes ao desprezar
a "Ave-Maria".

- 187-

'.
Com efeito, as duas frases que atestam a grandeza da
Mãe de Devs, são tornadas literalmente do Evangelho. As
primeiras palavras ovtra cGisa não são que a saudação com
qve o própriQ Deus, por meio de seu Anjo, saudou a Maria.
As outras, como dissemos, foram inspiradas pelo Espírito
Santo.
Não devemos desprezar o que da Santíssima Virgem
disse Deus Nosso Senhor. Nós Católicos somos muito mais
afortunados, porque não só acreditamos nessas palavras e
nas maravilhosas verdades que elas contêm a respeito de
Maria, mas repetimo-Ia muitas vêzes, cheios de confiança em
sua maternal proteção.
Concluindo estas duas primeiras invocações a Igreja
exclama, na segunda parte: "Santa Maria, mãe de Deus, rogai
por nós ... ".
, t como dizer: uma vez que pelo testemunho de Deus,
que nos é dado pelo Evangelho, cremos que Vós ~ois a ver~
dadeira Mãe de Deus, rogai por nós pecadores! Rogai para
que Deus nos auxilie mediante vossa proteção de Mãe, agora
e na hora de nossa morte. Amém. Assim seja!
Sem dúvida é esta uma devota e belíssima oração.
Abre-nos o coração à confiança em "nossa advogada", que
no Céu tudo pode sôbre o coração de seu filho.

Orações aos Santos

Além do Paianosso e da Ave-Maria há outras orações que


se dirigem ao Anjo-damGuarda e aos Santos.
Os Santos são nossos intercessores junto a Deus, por-
que são seus amigos e servos fiéis. Suas súplicas são muito
agradáveis a Deus e são mais valiosas que nossas preces para
alcançar as graças de que necessitamos.
'Devemos, porém,evitar um defeito bastante comum.
O de recorrer a alguns Santos dá nossa devoção, esquecen~
do-nos de recorrer a Deus. Pessoas há que recorrem aos

188 -
Santos, como se fôssem os
verdadeiros donos e dispen~
sadores das graças. Não de-
vemos ser tão incorretos e
mal educador p a r a com
II Deus.
Quando entramos em
II alguma igreja, com o fim
de "fazer nossas devoções"
- mesmo que seja para

•fi com Nossa Senhora - de-


vemos primeiramente cum-
primentar a Nosso Senhor,
ao menos com uma genu-
flexão diante do Taberná-

~.
culo, e só depois invocar os
Santos de nossa devoção:
Nossa Senhora, São José,
Santo Antônio, Santa Tere-
sinha, etc ...

Rezar sempre

Rezar sempre, sem interrupção!


r: uma ordem de Jesus.
Nossa vida deve ser um esfôrço contínuo para obedece1
ao preceito divino. Com o auxílio da Graça podemos pra-
ticar êste preceito, vivendo o quro: se.. costuma chamar vida
de oração, vida de piedade.
Quem vive a vida de piedade, procura empregar todos
os instantes de sua vida em conhecer, amar e servir a Deus.
Conhecer, descobrindo sua santa vontade em todos os
acontecimentos.

- 189-
Amar com pureza de coração, mesmo à custa de gran$
des sacrifícios.
Servir com generosidáde de filhos.
A isto chama..se também piedade. Por êsse caminho
chega-se a um grande ideal cristão apontado por São Paulo:
"Quer comais, quer bebais, quer façais qualquer outra coisa,
fazei tudo para glória de Deus".

Para Recordar

:Ê : Oração a Nossa Senhora

Ave-Maria
j Consta detPalavras do
duas
partes
Evangelho
{ArCanjO Gabriel
Santa Isabel
palavras da Igreja

Nela pedimos {proteção na vida e


na morte.

- 190-
CONCLUSÃO
Disse, um dia, Jesus aos Apóstolos, que voltaria "para
a casa de seu Pai celeste", a fim de preparar-lhes um lugar.
Interrompeu-o, porém, São Tomé e perguntou:
- Senhor, não sabemos aonde tu vais, nem conhece-
mos o caminho.
Jesus então respondeu:
Eu sou o Caminho, a Verdade, e a Vida.

'* '* '*


Jovem cristão, Jesus lhe falou ao coração e à alma por
meio dêste livro: Você agora está instruído.
Se você fôr fiel, não se perderá nos caminhos do êrro.
Se quiser de fato, você poderá resistir ao mal.
Viva na Graça, em Jesus Cristo - e que a vida lhe seja
feliz!

EM NOME DO PAI

DO FILHO

DO ESpIRITO SANTO

AM~M.

-191 -
PERGUNTAS E RESPOSTAS

do

Segundo Catecismo da Doutrina Cristã


aqui distribuídas de acôrdo com as respectivas lições do texto

Lição I

1. Que é a graça
A graça é um dom interno, sobrenatural e gratuito,
que Deus nos dá em relação à vida eterna.
2. Como se divide a graça?
A graça se divide em graça santificante ou habitual
e graça atual.

3. ,Que é a graça santificante?


A graça santificante é um dom sobrenatural inerente
à nossa alma, que nos faz santos, filhos adotivos de Deus
e herd·eiros do céu.

4. Como se perde a graça santificante?


A graça santificante se perde pelo pecado mortal.

5. Como se pode recuperar a graça santificante?


A graça santificante se recupera pelo sacramento da
Confissão ou por um ato de contrição perfeita, unido ao
desejo de se confessar.

- 192
(; . Que é a graça aiual t
A graça atual é um dom sobrenatural transitório, que
ilumina nosso entendimento, move e conforta nossa VOD.a
tade para praticar o bem e evitar mal.°
7. ])aus nos dá sempre a graça atual?
S:m; Deus nos dá a graça atuaI sempre que dela pre-
cisamos, ou lha pedimos com as devidas disposições.

8. Pedemos resisiir à graça de Deus?


Sim; podemos resistir à graça de Deus, porque êle
não nos tira a liberdade; não o devemos fazer, porém.

Lição II
1. Por que meio Deus nos oomunica a sua grai]a?
Deus n08 cmumca a sua graça principalmente nos
sacramentos.

2. Que 00 entende por sacramento?


Por sacramento se entende um slnal sensível e efi-
caz da graça, instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo
para santificar nossas almas.

3. Qual é o principal efeito dos sacramentos?


O principal efeito dos sacramentos é a graça.

lição III
1. Como nos santificam os sacramentos?
Os sacramentos nos santificam, dando-nos ou au-
mentando em nós a gT'aça, que nos torna santos e agra-
dáveis a Deus.

2. Os sacramentos dã.o sempre a graça a quem os recebe?


Sim; os sacramentos dão sempre a graça, contanto
que se recebam com as necessárias disposições.

- 193-
S. Quem deu esta virtude aos sacramentos?
Foi Jesus Cristo que deu esta virtude aos sacramen~
tos pela sua paixão e morte.
4: . Quais são os sacramentos mais necessários para a sal-
va~ão?
Os sacramentos mais necessários para a salvação são
dois: o Batísmo e a Penitência; o Batismo para todos;
a Pemtência para' os que cometeram peeado mortal de~
pois do Batismo.
S. Como se dividem· os sacramentos?
Os sacramentos se dividem em sacramentos de mor-
tos e sacramentos de vivos.
6. Quantos são os sacramentos de mortos?
Os sacramentos de mortos são dois: o Batismo e a
Penitência.
7. Por que se chamam sacramentl'>§ de mortos?
O Batismo e a Penitência chamam-se sacramentos de
mortos, porque conferem a vida da graça aos que estão
mortos pelo pecado.
8. Quantos são os sacramentos de vivos?
Os sacramentos de vivos são cinco: a Crisma, a Eu-
caristia, a &trema Unção, a Ordem e o Matrimônio.
9. Por que se ehamam sacramentos de vivos?
Chamam-se sacramentos de vivos, porqué devem ser
recebidos em estado de graça.
10. Que graça comerem os sacramentos de vivos?
Os sacramentos de vivos conferem um aumento da
graça santificante, que já deve existir na alma de quem
os recebe e a graça sacramental, própria de cada sacra-
mento. '
11. Que pecado cometeria quem recebesse um dos sacramen-
tos de vivos sabendo que não está em graça de Deus?
Quem recebesse um sacramento de vivos, sabendo
que não está' em graça de Deus, cometeria um grave sa-
crilégio.

- J94-
Lição IV

1. Quantos são os sacramentos?


Os Sacramentos são sete:
l.? Batismo;
2. 9 Confirmação ou Crisma;
3. 9 Eucaristia;
4. 9 Penitência ou Confissão;
5.? Extrema-Unção ;,
6.? Ordem;
7. 9 Matrimônio.
2, Qual é o maior de todos os sacramentos?
O maior de todos os sacramentos é a Eucaristia, por-
que não só contém a graça, mas ainda o mesmo Jesus
Cristo, autor da graça e dos Sacramentos,
3" Quais são os sacramentos que ge recebem uma só vez?
Os sacramentos que se recebem uma só vez são três:
o Batismo, a Crisma e a Ordem.
4, Porque êstes três sacramentos, o Batismo, Cl'isma e Or~
dem só se recebem uma vez?
:mstes três sacramentos, Batísmo, Crisma e Ordem,
só se recebem urna vez, porque cada um dêles imprime
caráter.
5, Que é o. cal'áte:a' que imprime cada um dêstes três sacra-
mentos, Batislllo, Crisma e Ordem?
O caráter que imprime cada um dêstes três sacra-
mentos, Batismo, Crisma e Ordem, é um sinal espiritual
impresso na alma para sempre.
6, Para que serve o cal'átel' que êstes três sacramentos lm~
primem na alma?
O caráter que êstes três sacramentos, Batismo, Cris-
ma e Ordem, imprimem na alma serve para marcar-nos:
no Batismo, como membros de Jesus Cristo; na Crisma,
como seus soldados; na Ordem, como seus ministros.

- 195-
Lição V
1. Que se requer para que haja mn sacramento?
Para que haja um sacramento três coisas se reque-
rem, a saber: matéria, forma e ministro, que tenha in-
tenção de fazer o que faz a Igreja, quando ministra os
sacramentos.
2. Que é a matéria dos sacramentos?
A matéria dos sacramentos é a coÍsa sensível de que
se usa, para m!nístrá-Ios, como por exemplo, a água na-
tural no Batísmo; o óleo e bálsamo na Crisma.
S. Que é a forma dos sacl'am'ent.os?
A forma dos sacramentos são as palavras que se pro-
ferem na administração dêles.
4. Que é o ministro dos sacramentos?
O ministro dos sacramentos é a pesf30a que confere
o sacramento.
5. Por que se chamam os sacI'amento9 sinais sensíveis e efi-
cazes da graça?
Chamam-se os sacramentos sinais sensíveis e efica-
zes da graça, porque todos os sacramentos significam,
por meio de coisas sensiveis, a graça que êlea produzem
na alma.
S. Explica isto com um exemplo.
Por exemplo, no Batiamo, o derramar da água na
cabeçada criança e as palavras eu te batizo, isto é, te
lavo, te purifico, são um sinal sensivel da graça que dá
o Batismo: porque, assim como a água lava o corpo e o
purifica, assim a graça conferida pelo Batismo purifica
a alma do pecado.

Lição VI
1. Que é o Batismo?
O Batíamo é um sacramento que Nosso Senhor Jesus
Cristo instituiu para nos regenerar pela graça, fazer-nos
cristãos, filhos de Deus e da Igreja.

- 196-
2. Qual é a matéria do Batismo?
A matéria do Batismo é a água natural, como a dos
rios, das fontes, do mar, etc.
3. Qual a forma do Batismo?
A forma do Bat;smo são as palavras: Eu te batizo
em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.
4:. Quem é o minifltl'o ordinário do Batisillo?
O ministro ordinário do Batismo é o sacerdote, e
principalmente o pároco.
5. Em caso de necessidade, qualquer pessoa pode Batizar?
Em caso de necessidade, qualquer pessoa, ainda he~
rege ou infiel, pode batizar.
6.· Que inten~ão deve ter quem arunIDistra o Batismo?
Quem administra o Batiamo deve ter a intenção de
fazer o que a Igreja faz quando administra êste sacra-
mento.
7. Como se administra o Batismo?
Administra-se o Batísmo, derramando água natural
na cabeça da pessoa que se batiza, e pronunciando ao
mesmo tempo as palavras: Eu te batizo em nome do Pai
e do Filho e do Espírito Santo.
8. Será váHdo o Batismo, quando um pronuncia as palavras
e outro derrama a água?
Não; o Batísmo não será válido, se um pronunciar
as palavras e outro puser a água.
9. Não podendo derramar-se água na cab'e~a, deixa-se a pes-
soa sem Bati§mo?
Não podendo derramar-se água na cabeça, derrama-
se em outra parte principal do corpo, pronunciando as
mesmas palavras: mu te batizo em nome do Pai e do
Filho e do Espírito Santo.
10. Quando se devem batizar as crianças?
As cr;anças devem ser batizadas o mais breve pos-
sível.

-·197 -
11. Por que tanta pressa em batizar as crianças?
Deve-se ter tanta pressa· em batizar as crianças, por
que pela sua tenra idade estão expostas a muitos perigos
e acidentes, e, se morrerem sem Batismo, não se podem
salvar.
12. Pecam, então, gravemente os pais que S'e demoram em
levar ao Batismo seus filhos?
Sim; pecam gravemente os pais que se demoram em
levar ao Batismo seus filhos, porque os expõem a morrer
sem êste sacramento e a ficar privados da felicidade
eterna.
13. O Batismo é necessário para. nos salvarmos?
Sim; o Batismo é absolutamente necessário para nos
salvarmos, segundo a palavra do Senhor: Quem não re-
nascer pela água e pelo Espírito Santo, não poderá en-
trar no reino dos céus.

Lição VII
1. Quais são os efeitos do lBatismo?
O Bat!smo:
1. 9 apaga o pecado original e também o atual, se houver;
2. 9 perdoa tôda a pena devida a êsses pecados;
3. 9 imprime-nos na alma o caráter de cristãos;
4. 9 faz-nos filhos de Deus e da Igreja e herdeiros do céu;
5. 9 torna-nos aptos para receber os outros sacramentos.
2. A que fica obrigado quem se batiza?
Quem se batiza fica obrigado a professar sempre a fé
e a observar a lei de Jesus Cristo e de sua Igreja.
S. A que mais se obriga quem recebe o Batismo?
Quem recebe o Bat;smo se obriga a renunciar para
sempre a Satanás, às suas obras e às suas pompas.
4. Que se entende !l01' obras e pompas de Satanás?
Por obras e pompas de Satanás se entendem os peca-
dos, as vaidades e as máximas do mundo, contrárias às
máximas do Evangelho.
5. Quem faz essas promessas e renúncias em nome das
crianças? .
São os padrinhos que fazem essas promessas e re-
núncias em nome das crianças.
6. Somos obrigados a cumprir essas promessas e renúncias
que. por nós fizeram o.s nossos padrinhos?
Sim; somos obrigados a cumprir essas promessas e
renúncias que por nós fizeram nossos padrinhos.

Lição Viii
1. Que é sacramento da crisma?
A Crisma é um sacramento que nos dá o Espírito
Santo, imprime na alma o caráter de soldado de Jesus
Cristo e faz-nos perfeitos cristãos.
Z. Não recebemos o Espírito Santo no Batísmo?
Sim; no Batísmo recebemos o Espírito Santo; não,
porém, com a mesma abundância de graças como na
Crisma.
3. De que modo a Crisma nos faz perfeitos cristãos?
A Crisma nos faz perfeitos cristãos, confirmando-no~
na fé e aperfeiçoando as outras virtudes e dons que re-
cebemos no Batismo.
4. Devem todos procurar receber o sacramento da Crisma?
Sim; todos devem procurar receber o sacramento da
Crisma e fazer que o recebam os seus subordinados.
5. A Crisma é necessária para a salvação?
Não;. mas privam-se de muitas graças e pecam os
que a deixam de receber por negligência .
. 6. Cometeria pecado quem recebesse a Crisma duas vêzes?
Sim; que recebesse a Crisma duas vêzes cometeria
um grave sacrilégio, porque a Crisma é sacramento que
imprime caráter e só se recebe uma vez .

.~ 199 -.·
7. Que disposições se exigem para receber dignamente a
Crisma?
Para receber dignamente a Crisma.há mister achar-se
a pessoa em estado de graça, conhecer os mistérios pr:n-
. cipais de nossa fé, apresentar-se ao Bispo com respeito
e devoção.
8. Quem é o ministro do sMramento da Crisma 'r
O ministro do Sacramento da Crisma é o Bispo.
9. Com que cerimônia o Bispo administra o sacramento da
Crisma?
,Para admin;strar o sacramento da Crisma, primeira-
mente o Bispo, de pé, estende a mão sôbre os que se vão
crismar, invocando sôbre êles o Espirito Santo; depois,
com o santo Crisma, faz uma cruz na testa de cada um, di-
zendo as palavras da f.orma do sacramento da Crisma: Eu
te assinalo com o sinal da cruz e te confirmo com o Crisma
da salvação, em nome do Pai e do Filho e do Espirito
Santo. Em seguida bate na face do crismado, dizendo: A
paz seja contigo. Por údt!mo, de pé, dá a bênção a todos
os crismados.
10. Por que ~ faz a cruz na testa com o santo Crisma?
Faz-se a cruz na testa, para significar que o crismado
não deve nunca envergonhar-se do sinal do cristão, nem
de professar a doutrina de Cristo.
11. Por que se bate na face do crismado?
Bate-oo na face do crismado, para lhe significar que
deve estar preparado para sofrer qualquer afronta e tra-
balho pela fé cristã.
12. Que é o santo Crisma?
O santo Crisma é uma mistura de óleo de oliveira e
de bálsamo oriental, que o Bispo consagra todos os anos
na Quinta~feira Santa.
IS. Que significa o óleo e o bálsamo no sacramento da Crisma?
O óleo, pela virtude que tem de se espalhar e fortifi-
car os corpos, significa a graça que abundantemente se dl=

-. 200-
funde na alma do cristão, para fortificá-la e confirmá-la na
fé; o bálsamo pela sua fragrância e virtude de preservar
da corrupção, significa que o cristão, fortalecido por essa
graça, se torna capaz de dar bons exemplos de virtudes
cristãs e preservar-se do contágio dos vícios.
11. Que deve fazer o cristão para conSfwvar a graça do sa,..
m'amento da Crisma?
Para conservar a graça do sacramento da Crisma, o
cristão deve orar freqUentemente, fazer boas obras e viver
segundo a lei de Jesus Cristo, sem respeito humano.

tição IX
1. Quantos e qmtns são os dons do Esphito Santo que rece-
bemos na Crisma?
Os dons do Espírito Santo que recebemos na Crisma
são sete:
1. 9 Sabedoria;
2. 9 Entendimento;
3. 9 Conselho;
4. 9 Fortaleza;
5. Q Ciência;
6. Q Piedade;.
7. 9 Temor de DeUS.

Lição X

1. Que é o sacramento da Eucaristia?


A Eucaristia é o sacramento que contém o verdadei-
ro corpo e o verdadeiro sangue de Jesus Cristo, real e
subs·tancialmente pres'ente, debaixo das espécies ou apa-
rências de pãoo e de vinho, para nosso alimento espiritual.
2. Qual é 1), matél"hl'J do sacra.mento da EUc9Jristia?
A matéria do sacramento da Eucaristia é o pão de
trigo e vinho de uva, que foi a matéria empregada por
Nosso Senhor Jesus Cristo.

- 201
Lição XI
1. Está na Eucaristia o mesmo Jesus Cristo que nasceu de
Maria Virgem?
Sim; na Eucaristia está o mesmo Jesus Cristo que
nasceu de Maria Virgem e que está no Céu.
2. Por que crês tu que nesse sacramento está Jesus Cristo? "

Creio que no sacramento da Eucaristia está Jesus


Cristo, porque &le mesmo o disse e a Santa Madre Igreja
o ensina.
3. Que é a hóstia antes da consagração?
A hóstia, antes da consagração, é pão.
4. Que é a hóstia depois da consagi'ação?
A hóstia, depois da consagração, é o verdadeiro cor-
po de Nosso Senhor Jesus Cristo, debaixo das espécies
ou aparências de pão.
5. Que há no cálice antes da consagração?
No cálice, antes da consagração, há vinho.
S. Que há no cálice depois da consagração?
N o cálice, depois da consagração, há o verdadeiro
sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, debaixo das espé-
cies ou aparências de vinho.

Lição XII
1. Como se explica a presença real de Nosso Senhor Jesus
Cristo na Eucaristia, debaixo das espécies ou aparências
d~ pão e de vinho?
A presença real de Nosso Senhor Jesus Cristo na
Eucaristia, debaixo das espécies ou aparências de pão e
de vinho, explica-se pela maravilhosa conversão de tôda
a substância do pão no corpo e de tôda a substância do
vinho no sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo.
2. Como se chama essa maravilhosa convel'são?
Essa maravilhosa conversão chama-se transubstan~
<liação.
3. QQando se faz a conversão do pão e do vinho no verdadei.
1'0corpo. e no verdadeiro sangue de Nosso Senhor Jes,us
Cristo?
Essa conversão se faz no momento em que o sacer-
dote pronuncia as palavras da consagração, na Missa.
4. Quem deu tanto poder a essas palavras?
Quem deu tanto poder a essas palavras foi Jesus
Cristo, quando as pronunciou na última ceia.
5. Então depois da consagração da hóstia e do vinho nada
fica de pão e de vinho?
Depois da consagração da hóstia e do vinho, nada
fica de pão e de vinho, a não ser as espécies ou aparências.
6. Que co.isas são as espécies do pão e do vinho?
As espécies do pão e do vinho sã os acidentes, isto
é, a quantidade e as qualidades sensíveis do pão e do.
vinho, como a côr, o cheiro, o sabor, etc.
7. Debaixo das espécies do pão. só há o corpo de Jesus Cristo,
e debaixo das espécies do vinho só há o seu sangue?
,
Tl:J,nto debaixo das espécies do pão como debaixo das
espécies do vinho, está Jesus Cristo todo inteiro, corpo,
sangue, alma e divindade. .
8. Jesus Cristo está vivo em rodas as hóstias consagradas
no mundo?
Sim; Jesus Cristo está vivo em tôdas as hóstias con-
sagradas no mundo.
9. Quando se parte a hóstia, parte-se também o corpo. de
Jesus Cristo?
Não; quando se parte a hóstia, não se parte o corpo
de Jesus Cristo; partem-se somente as espécies do pão.
10. Em que parte da hóstia está o corpo de Jesus Cristo?
O corpo de Jesus Cristo está todo inteiro em Cada,
uma das partes em que se divide a hóstia"

203 -.
11. Por que motivo· se conserva a Eucaristia ou o Santíssimo
Sácramento nas Igrejas?
O Santíssimo Sacramento se cons'erva nas igrejas
para ser visitado e adorado pelos fiéis, e para ser levado
aos enfermos em caso de necessidade como viático.

Liçiio Xiii
1. Por que instituiu Jesus Cristo a santíssima Eucaristia?
Jesus Cristo instituiu a santíss:ma Eucaristia por
muitas razões:
1. 9 Para ser o sacrifício permanente da nova lei;
2.Q Para alimento espiritual de nossas almas;
3. 9 Para perpétua comemoração de sua paixão e
morte, e penhor preciosíssimo de seu amor aos
homens e da vida eterna.
2. Que efeitos produz em nós a Eucaristia?
Os principa:s efeitos, que a Eucaristia produz em nós,
são:
1. Q Conservar e aumentar a vida da alma, que é a
graça, como o alimento mat8rial conserva e au-
menta a vida do corpo;
2.Q Apagar os pecados veniais e preservar dos mor-
taIs;
3. ç Unir-nos a Jesus Cristo e fazer-nos viver de sua
vida.

1. Quais são as disposições necessárias para bem comungar?


Para bem comungar três coisas são necessárias:
1. Q O estado de graça;.
2. 9 EStar em jejum;
3. 9 Saber o que se vai receber e apresentar-se à
comunhão com fé e devoção.

- 204-·
2. Que quer (lizer estado de graça?
Estado de graça quer dizer ter a consciência pura e
livre de todo pecado mortal.
3. Que pecado comete quem comlmga em pecado mortal?
Quem comunga em pecado mortal, se tem consciên-
cia de seu estado, comete horrível sacrilégio.
4. Que jejum se exige para comlmgar?
Para comungar se exige estar em JeJum, durante
três horas antes, quanto a alimentos sólidos, e uma hora
antes, quanto a alimentos líquidos. Agua não quebra o
jejum.
5. Em que consistem a fé e a devoção com que devemos
comungaI'?
A fé consiste em crer que J esua Cristo está realmente
presente neste sacramento, e a devoção consiste em rece~
bê~lo com todo o respeito, modéstia e recolh:mento.

6. Há obrigação de comungar?
Há obrigação de comungar em perigo de morte e, ao
menos, uma vez cada ano, pela Páscoa da Ressurreição.
7. I~m que idade começa a obrigar o preceito da oomll1Ú1ão
pascal?
o preceito da comunhão pascal começa a obrigar des-
de a idade em que o menino é capaz de recebê-la com as
devidas disposições.

Lição XV
1. A Eucaristia deve-se considerar somente como sa.cra,..
monto?
Não; a Eucar:stia é também o. sacrifício permanente
da nova lei que Jesus Cristo deixou à sua Igreja, para ser
oferecido a Deus por meio dos sacerdotes.
2. Como se chama êste sacrifício da nova lei?
Êlste sacrifício da nova lei chama-se .o sacrifi.cio da
Missa.

- 205-
.3 . Que. é a Missa?
A Missa é o sacrifício incruento do corpo e do san~
gue de Jesus Cristo, oferecido sôbre os nossos altares,
debaixo das espécies de pão e de vinho, em memória do
sacrifício da cruz.
4. Quem instituiu o sacrifício da Missa?
O sacrifício da Missa foi instituído pelo próprio Jesus
Cristo quando instituiu o sacramento da Eucaristia na
noite antes de sua paixão.
5. A quem se oferece o. sacrifício da Missa?
O sacrifício da Missa se oferece a Deus sõmente.

Lição XVI

1. Para qu~fins se oferece a Deus o sacrifício da Missa?


O sacrifício da Missa se oferece a Deus para quatro
fins:
1. 9 Para honrar a Deus;
2. 9 Para dar~lhe graças pelos benefícios recebidos;
3. 9 Para aplacá-lo e dar~lhe satisfação pelos nossos
pecados;
4. 9 Para obter tôdas as g-raças que nos são neces-
sárias.
2. Por quem se oferece o. sacrifício da lVlissa?
O sacrifício da Missa se oferece por todos os homens,
principalmente pelos fiéis e pelas almas que se acham no
purgatório.
S. O sacl'ifício da Missa apl'oveita às almas do. purgatório?
Sim; o sacrifício da Missa aproveita às almas do
purgatório, aliviando e abreviando OS seus sofrimentos.
4. ~ coisa útil ouvir a Missa todos os dias?
Sim; é coisa utilíssima, se bem que não seja isso
obrigató~io.

5. Como se deve ouvir a Missa?


Deve-se ouvir a Missa inteira, com devoção, pensan-
do em Deus e na paixão de Jesus Cristo, ou rezando de-
votas orações.

- 206-
Lição XVII

1. Que é o sacramento da Penitência?


A Penitência, chamada também Confissão, é um sa-
cramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, para
perdoar os pecados cometidos depois do Batismo.
2. O sacramento da Penitência é neC'essário para nos salvar-
mos?
Sim; o sacramento da Penitência é necesário para
nos salvarmos, se tivermos algum pecado depois do Ba-
tíamo.

Liçiío XViii

1. Quantas são as partes do sacramento da Penitência?


As partes do sacramento da Penitência são quatro: .
contrição, confissão, absolvição e satisfação. .
2. Que coisas se exigem para fazer uma boa confissão?
Para fazer uma boa confissão se exigem cinco coisas:
1. Q exame; 2. 9 arrependimento; 3. Q propósito;
4. Q confissão; 5. 9 satisfação.
S. l\'Ias, antes de tudo, que é necessário para fazer uma boa
confissão?
Para fazer uma boa confissão é necessário, antes de
tudo, pedir luzes a Deus para conhecermos todos os nossos
pecados e fôrça para detestá-los.
4. Como devemos fazer o exame de consciência?
Para fazer o exame de consciência, nós nos devemos
pôr na presença de Deus e examinar com diligência sôbre
os pecados cometidos por pensamentos, palavras, obras e
omissões contra os mandamentos da lei de Deus e da
Igreja e contra as obrigações do próprio estado.
5. Devemos também indagar o número dos pecados?
Sim; se os pecados são mortais, devemos também
indagar o núme\ro dêles.

- 207
G. Além do número dos pecados mortais, devemos também
notar as circunstâncias?
Sim; além do número dos pecados mortais, devemos
examinar as circunstâncias que mudam a espécie do pe-
cado ou mudam o pecado venial em mortal.
7. Será conveniente acusar também outras circunstâncias?
Sim; é conveniente acusar também as circunstâncias
que aumentam de muito a malícia do pecado.
S. Podes dar algum exemplo de cil'CUllstâncÍ::ls que mu~m
a espécie do pecado?
Por exemplo, quenl furtou na igreja, ou quem bateu
em um sacerdote, deve notar esta circunstância do lugar
sagrado ou da pessoa sagrada, para declará-la na confis-
são, porque em tal caso o pecado de furto ou de espanca-
mento vem a ser, além disso, um sacrilégio.
9. Sabes algum exemplo. das cirClllistâncias que 31U11entam
muito a malícia do pecado?
Quem furta uma grande soma de dinheiro, por eXem-
plo, mil cruzeiros, comete um pecado mais grave do que
se roubasse somente deij cruzeiros.
10. Ê nece8§ário fazer o exame de tôda a vida paooada em
cada confissão?
Não; basta fazer o exame a partir da última confissão
bem feita.

Lição XIX

1. Que é o anependimento dos pooados?


O arrependimento dos pecados é uma verdadeira dor
e sincera detestaçã.o dos pecados cometidos, com firme
propósito de nunca mais pecar.
2. Para que seja bem feita a confissão, é necessário o al're~
pendimento?
O arrependimento é absolutamente necessário para
que seja bem feita a confissão, tanto assim é que, não
havendo arrependimento, os pecados não ficam perdoados.

- 208-
3. Por que motivo nós nos devemos arrepender?
Nós nos devemos arrepenÇler, porque, pecando, ofen-
demos a Deus, infinitamente bom e digno de ser amado
sôbre tôdas as coisas, e porque merecemos os castigos do
pecado.
4. Que devemos fazer para conseguirmos o arrependimento?
Para conseguir o arrependimento, havemos de pedi·
lo a Deus, excitá-lo em nós pela consideração do grande
mal que fizemos pecando.
5. Quantas espécies há de arrependimento?
Há duas espécies de arrependimento: perfeito ou
contrição, e imperfe:to ou atrição.
6. Que é o arrependimento perfeito ou contrição?
O arrependimento perfeito ou contrição é a dor e
detestação dos pecados, por ter ofendido a Deus, infini·
tamente bom e digno de ser amado sôbre tôdas as coisas.
7. Por que se chama êste arrependimento perfeito?
li:ste arrependimento chama-se perfeito:
V, porque se refere diretamente à bondad.e de Deus;
2. porque nos obtém logo o perdão dos pecados.
Q

8. Que é o arrependimento imperfeito ou atri~o?


O arrependimento imperfeito ou atrição é a dor e
detestação dos pecados, por temos dos castigos mere-
cidos nesta vida ou na outra.
9. A atri~o é bastante para conseguir o perdão dos pecados?
A atrição é bastante para conseguir o perdão dos
pecados, quando unida à absolvição sacramentaL

Lição XX
1. Que mal IlZemos com o pecado mortal?
o mal que fizemos com o pecado mortal consiste:
1. em têrmos ofendido a Deus, nosso Senhor e nosso
Q

Pai, digno de ser amado sôbre tôdas as coisas;


2. 9 em têrmos perdido a graça de Deus e o céu;
3. 9 em têrmos merecido as penas do inferno.

- 209-
.2. O arrependimento deve se .estender a todos os pecados?
Sim; o arrependime:n.to. deve estendercse' a todos os
pecados mortais cometidos. .
3 : .Quem se confessa somente dos pecados veniais, precisa
ter arrependimento de todos?
Não; para a validade da c-onfissão basta ter arrepen-
dimento de um ou outro pecado venial, mas para alcançar
o perdão de todos, é necessário arrepender-se de t-odos.
4. Em que co.nsiste o propósito?
O propósit-o consiste na vontade firme e decidida de
nunca mais pecar, e de empregar todos os meios necessá-
rios para evitar o pecado.
5. Quais são os principais meios para evitar o pecado?
Os principais meios para ev~tarmos o pecado, são: a
oração freqüente, pedindo a Deus fôrça para não o ofen-
dermos; a freqüência da Comunhão e confissão, e a fuga
das ocasiões próximas.
6. Que se entende por ocasião próxima de pecado?
Por ocasião próxima de pecado se entende aquela cir-
cunstância em que o homem ordinàriamente cai em pe-
cado.
7. Há obriga~ão de evitar a ocasião próxima de pecado?
Sim ;. há tão grave obrigação de evitar a ocasião pró-
xima do pecado, que nunca pode ser perdoado quem não
a quiser deixar, podendo.

Lição XXI
1. Em que consiste a confissão?
A confissão c-onsiste na acusação clara e distinta dos
pecados, feita ao confessor; para recebermos a absolvição
e a penitência.
2. Que pecados somos obrigados a confessar?
Somos obl'lgad-os a confessar os pecados mortais; mas
é bom também confessar os pecados veniais.
\
- 210-
3. Como devemos acusar os pecados?
Devemos acusar os pecados, declarando o número
dêles, a espécie, e as circunstâncias, que mudam a espé-
cie, ou mudam o pecado venial em mortal.
4. Quem se não recorda do número exato dos pecados mor-
tais como há de fazer?
Quem se não recorda do número meato dos pecados
mortais que cometeu, deve dizer o número que mais se
aproxima da realidade.
5. Que pecado cometerá quem, por vergonha ou mêdo, se
tiver confessado mal, ocultando algum pecado?
Quem, por vergonha ou mêdo, houvesse ocultado pe-
cado grave, ou mentido em matéria grave, na confissão,
não alcançaria perdão de nenhum pecado e cometeria um
sacrilég'lo. '
6. Que deve fazer quem se confessou mal?
Quem se confessou mal deve repetir a confissão mal
feita e tôdas as outras que lhe seguiram.
7. Quando é que a confissão, é mal feita?
A confissão é mal feita quando nela se oculta pecado
mortal ou não se tem arrependimento dos pecados.
8. Quem por esquecimento, deixou de acusa]!' um pecado mor-
talou uma circunstância, que devia declarar, fêz boa
confissão?
Sim; quem, por esquecimento, deixou de acusar um
pecado mortal ou uma circunstâno:a que devia declarar,
fêz boa confissão.
9. Que deve fazer quem na confissão esqueceu pecados
mortais?
Quem na confissão egqueceu pecados mortais deve
acusá-los na primeira confissão que fizer.
10. Que farás, apresentando-te ao confessor?
Apresentando-me ao confessor, ajoelhar-me-ei a seus
pés e direi: Padre, dai-me a vossa bênção, que pequei;
farei o sinal da cruz e direi: «Eu pecador me confesso a
Deus e a vós, padre»; em seguida fare': a acusação dos
meus pecados, começando por dizer quanto tempo se
passou desde a última confissão.

-' 211-
11. :fi: coisa útil acusar algwn pecadQ grave da vida passada?
Sim; quando a confissão constar só de pecados ve-
niais, é útil ~usar algum pecado grave da vida passada,
para mais fàcilmente excitar o arrependimento e. assegu-
rar a absolvição.
12 . Que farás depois da acusação dos pecados?
Depois da acusação dos pecados,ouvirei com atenção
os conselhos do confessor; aceitarei a penitência que der
e, -quando me absolver, rezarei o ato de contrição.
13 . Que farás d-epois da absolvição?
Depois de receber a absolvição, retirar-me-ei modes-
tamente e irei dar graças a Deus; cumprirei quanto antes
a penitência e porei em prática os avisos e conselhoo do
confessor.

Lição XXII

1. Que é a absolvição?
A absolvição é uma sentença que o sacerdote pro-
nuncia em nome de Jesus Cristo, para apagar e perdoar os
pecados.
2. Que é a satisfação?
A satisfação é a execução da penitência imposta pelo
confessor .
.3 . Quando se deve cumprir a penitência?
Se o confessor marcar o tempo, o penitente deverá
cumprir a penitência no tempo marcado; se não marcar,
convém que a cumpra quanto antes.
4. Que fim tem a penitência imposta pelo confessor?
A penitência imposta pelo confessor tem por fim a
reparação da injúria feita a Deus pelos pecados cometidos.
5. Somos obrigados a satisfazer a Deus ainda depois da
absolviiÇão dos nossos p'ecados?
Sim; somos obrigados a satisfazer a Deus ainda de-
pois da absolvição dos nossos pecados, porque a absolvição
perdoa os pecados e as penas eternas que lhe são devidas;
não nos perdoa, porém, as penas temporais, que devemos
sofrer nesta vida ou na outra.

- 212-
6. Em que consiste a reparação da injúria feita a Deus pelos
nossos pecados?
A reparação da injúria feita a Deus pelos nossos pe·
cados consiste na execução da penitência que nos foi im~
posta pelo confessor e na prática de outras obras satisfa-
tórias.
7. Conheces algumas obras satisfatórias 'I'
São obras satisfatórias: oração, jejum, mortificação,
esmolas e outras semelhantes.
8. :É bom confessar-nos freqUentemente?
Sim; é bom confessar-nos freqüentemente, cada oito
ou qu~nze dias;. o mais tardar cada mês.

Lição XXIII

1. Que outro meio no!; oferece a Igreja para satisfazermos a


Deus pelas penas temporais devidas aos nossos pecados?·
A Igreja nos oferece as indulgências.
2. Que é indulgência?
A indulgência que a Igreja concede é a remissão da
pena temporal devida aos pecados já perdoados.
3. De quem recebeu a Igreja a faculdade de conceder indul-
gências?
A Igreja recebeu de Jesus Cristo a faculdade de con·
ceder indulgências.
4. Como remite a Igreja a pena temporal por meio das in m

diligências?
A Igreja remite a pena temporal aplicando-nos o fru-
to dos merecimentos de Jesus Cristo, de Maria Santíssima
e dos Santos.
5. As indulgências dispensam-nos porventura da obrigação de
fazer yenitência?
Não; as indulgências não nos d~spensam da obrigação
de fazer penitência., mas auxiliam a nossa boa vontade e
suprem a fraqueza de nossas fôrças.

- 213-
6. Que é necessário fazer para ganhar as indulgências?
Para ganhar as indulgências é necessário executar
exatamente as obras prescritas e fazer ao menos a última
em estado de graça.
7. As indulgências poderão 'também aproveitar às almas do
purgatório?
Sim; as indulgênc~as aproveitam também às almas do
purgatório, se o Papa conceder que sejam aplicadas em
sufrágio delas.
8. Quantas espéci'es llá de indulgências?
Há duas espécies: indulgências plenárias e indulgên-
cias parciais.
9. Que são as indulgências plenárias?
As indulgências plenárias são as que remitem tôda a
pena temporal devida aos pecados.
10. Que são indnlgêlllcias parciais?
As indulgências parciais são as que remitem somente
uma parte da pena temporal devida aos nossos pecados.
11. Que se entende por indulgência de 40 ou 100 dias, 7 anos?
Por indulgência de 40 ou 100 dias e 7 anos, se en-
tende uma indulgência que perdoa a pena temporal que
na antJ:ga disciplina da Igreja era perdoada com 40, 100
dias e 7 anos de penitência.
12. Quem tmn o poder de conceder indulgências?
Só o Papa tem o poder de conceder indulgências em
tôda a Igreja, e os Bispos em suas dioceses, por concessão
do Papa.
13. Que é Juhileu?
O jubileu, que ordinàriamente se concede cada vinte
e cinco anos, é uma indulgência plenária, a que estão ane-
xos muitos privilégios e concessões especiais, como: a
absolvição de certos pecados reservados e certas censuras
e a comutação de certos votos.

- 214-
· lição XXIV
1. Que é sacramento da Extrema Un~o?
A Extrema Unção é o sacramento instituído por Nos-
so Senhor Jesus Cristo para alívio espiritual e temporal
dos enfermos.
2. Que efeitos !)l'oduz o sacramento da Extrema Unção?
O sacramento da Extrema Unção, produz os efeitos
seguintes:
1.? Aumenta a graça santificante;
2. ç Apaga os pecados veniais e também os mortais
quando o enfermo contrito não fôr mais capaz
de confessá-los;
3.9 Livra a alma de todos OS resíduos de pecado, a
saber: de certo torpor e frieza para o bem, que
ficam na alma, ainda depois de perdoados os
pecados;
4. Q Restitui a saúde do corpo, se assim convier à .
salvação da alma, ou à glória de Deus;
5. Q Dá confôrto e paciência ao enfermo para supor-
tar os Íncômodos e trabalhos da doença, e fôrça
para resistir às tentações e morrer santamente
8. Quando se deve receber a Extrema-Unção?
Deve-se receber a Extrema Unção quando a enfer-
midade fôr grave, e logo depois da confissão e do sagrado
Viático.
4. Se o enfermo não puder confessar-se poderá reC'eber a Ex-
trems, Unção? .
Sim; mesmo quando não puder confessar-se, por ter
perdido a fala ou por outro motivo, deverá receber a Ex-
trema Unção.

Lição XXV

1. Que é (} sacramento da Ordem?


A Ordem é um sacramento instituído por Nosso Se-
nhor Jesus Cristo, para conferir o poder e a graça de exer-
cer as funções e ministérios eclesiásticos, que se referem
ao culto de Deus e à salvação das almas. .

- 215-·
2. Qual deve ser o fim de quem abr~ o estado. eclesiástico?
O fim de quem abraça o estado eclesiástico deve ser a
glória de Deus e a salvação das almas.
3. Pode alguém por si mesmo escolher êste estado?
Não; ninguém por si mesmo há de escolher o estado
eclesiástico, mas deve esperar o chamado ou a vocação de
Deus.

Lição XXVI

1. Faria mal quem abraçasse o estado eclesiástico sem a vo-


mtÇão divin-a?
Sim; quem abraçasse o estado eclesiástico sem a vo-
cação divina, faria um grande mal e poria em perigo a pró-
pria salvação.
2. Quais são os deveres dos fiéis em re~o aos que são cha-
. mados às ordens sacras?
Os fiéis devem:
1. Q Deixar aos seus filhos plena liberdade de obe-
decer à vocação de Deus;
2. Q Pedir a Deus que se digne de conceder à sua
Igreja bons pastores e zelosos ministros;
3. 9 Guardar grande respeito a todos que, por meio
das ordens, se consagram ao sel'Vliço de Deus.
3 '. Quer a Igreja que os fiéis peçam a Deus bons pastores {-
zelosos ministros?
Sim; a Igreja quer que os fiéis peçam a Deus bons
pastores e zelosos ministros; porque para êase fim ela ins-
tituiu o jejum e a abstinência das têmporas; pois, regular-
mente, nas têmporas é que a Igreja confere ordens.

Lição XXVII

.1. Que é o Matrimônio?


O Matrimónio é um sacramento que Nosso Senhor
J esua Cristo instituiu para estabelecer uma santa e indis-
solúvel união entre o homem e a mulher e dar-lhes a gra-
ça de se amarem mutuamente e educarem cristãmente
seus filhos.

- 216
2. O sacramento do Matrimônio tem alguma significação
e9pecial?
O sacramento do Matrimônio s:gnifica a união de
.Jesus Cristo com a Santa Igreja, sua espôsa e nossa mãe.
S. Por que é indissolúvel o vinculo matrimonial?
O vínculo matrimonial é indissolúvel porque assim o
determinou Deus, desde o princípio, e .Jesus Cristo o con-
firmou.
4. Que quer dizer VÍl~culQ matrimonial indissolúvel?
Vinculo matrimonial indissolúvel quer dizer que a
União entre os casados não se rompe senão pela morte de
Um dêle~.

5. Que se exige para que o casamento seja válido?


Para que o casamento seja válido, exige-se que não·
haja impedimento que o anule, e seja celebrado na pre-
sença do pároco, em sua paróquia, e de duas testemunhas ..
6. Com que disposições devem casar-se os nubentes?
Os nubentes devem confessar-se e ter o propósito de
cumprir as obr:gações de seu nôvo estado.
7. Pode o casamento cristão ser dissolvido. pelo magistrado
civil?
Nunca; o casamento cristão s6 é dissolvido pela mOf-
te de um dos cônjuges.
8. Que pensar então do divórcio?
O divórcio é contrário à lei de Deus, à felicidade das
famílias e aos interêsses da sociedade.

Lição XXVIII

1. O chamado casa,mento civil é verdadeiro para os cristãos?


Não; porque o casamento civil não é sacramento.
2. Que é o ca8amento civil?
O casamento civil é um simples ajuste de união entre
homem e mulher, 'celebrado perante o oficial civil, tendo
simplesmente, para o católico, o valor de mero registro.

- 217-
3' .. Nos paises em quefôl' lei o casamento civil, que convém
fazer?
Nos países em que fôr lei o casamento civ:l, convém
que os cônjuges cristã,os, celebrado perante a Igreja seu
casamento, se apresentem ao oficial civil, a fim de con-
seguirem os efeitos civis.

Lição XXIX

DA ORAÇÃO EM GERAL

1. Que é oração?
Oração é uma elevação da alma a Deus, para adorá-
lo, agradecer e pedir-lhe as graças de que necessitamos.
~. De quantos modos :vode ser a oração?
A oração pode ser de dois modos: a oração mental e
a oração vocal.
3. Como se faz a oração. mental?
A Dração mental se faz no Íntimo do coração e da
alma, falando com Deus; chama-se também meditação.
4. Como se faz a ol'a.f?ão vocal?
A oração vocal se faz exprimindo com plllavras o
sentimento da alma e do coração.
5. É necessário fazer oração?
Sim; é necessário fazer oração freqüentemente, por-
que Jesus Cristo o ordena, e o nosso bem temporal e
eterno o exige.
6. Quando devemos especialmente orar?
Devemos especialmente orar no momento das tenta-
ções, dos perigos e na hora da morte.
7. O bom cristão contenta-se com orar somente nestas
ocasiões?
Não; o bom cristão deve orar todDs os dias, pela ma-
nhã, ao levantar-se; à noite, ao deitar-se; e antes de co-
meçar qualquer ação importante.

~ 218-
8. Haverá um meio de vivermos sernDre em oração?
Sim; o meio de vivermos com o espírito sempre em
oração consiste em fazermos intenção de agradar a Deus
em tôdas as nossas ações.
9. Podemos nós esperar obter as graA:as que pedimos?
Sim; podemos e devemos esperar obter as graças que
pedimos, contanto que não se oponham à nossa salvação.
10. Por que devemos esperar que Deus atenda às nossas ora-
ções?
Devemos esperar que Deus atenda as nossas orações,
porque êle mesmo o prometeu.
11. Em nome de quem devemos pedir as graA:as de que ne-
cessitamos?
Devemos pedir a Deus as graças de que necessitamos,
em nome de J esns Cristo em vista de seus merecimentos.
12. Que coisa principalmente devemos pedir aDeus?
Devemos pedir a Deus sua glólI:a, a nossa salvação e
os meios de consegui-la.
18. Podemos também pedir a Deus a saúde oe outros bens tem-
porais? .
Sim; podemos pedir a Deus a saúde e outros bens
temporais, sujeitando-nos, porém, à sua santíssima von~
tade.
14. Promet"cu Je:,lUs Cristo su~, :uisistência especial a alguma
oração?
Sim; Jesus Cristo prometeu sua assistência especial à
oração em comum, isto é, à ora.ção que duas ou mà:is pes-
soas fazem juntamente.
15 . Que devem então fazer as famílias cristãs, para terem a
assistência es,edal de Jesus Cristo?
As famílias cristã,s, para terem a assistência especial
de Jesus Crist.o, devem fazer suas orações em cOp:lum, ao
menos à noite.
"
IS. Como dove ser feita a ol'a~ão?
A oração eleve ser feita com espírito de fê; humilda-
de, confiança e perseverança.

- 219-
Lição XXX

1. . Qual é a melhor de tôdas as orações vocais?


A melhor de tôdas as orações voca,jsé a Pai-Nosso.
2. Por que é o Pai~N osso a melhor de tôdas as orll.{lÕ'es vo-
ca,is 'f
O Pai-Nosso é a melhor de tôdas as orações vocais
porque foi composto e nos foi ensinado pelo próprio Jesus
Cristo.
S, O Pai-Nosso é também a oração mais eficaz?
Sim; o Pai-Nosso é também a oração mais eficaz, por-
que é a mais agradável a Deus.
4. Por que é o Pai-Nosso a oração mais agradável a Deus?
O Pai-Nosso é a oração ma:s agradãvil a Deus, por-
que, rezando o Pai-Nosso, nos dirigimos a Deus com as
mesmas palavras que nos ensinou seu divino Filho.
5. Que contém o Pai-Nosso?
O Pai-Nosso contém tudo quanto devemos esperar de
Deus e lhe devemos pedir.
e. DÍ1'~ o Pai-Nosso?
Pai-Nosso, que ef!!tais nos céus, santificado seja o
vosso nome, venha a nós o vosso reino, seja feita a vossa
vontade, assim na terra como no céu. O pão nosso de cada
dfanos-éiáT'hoje;i:; pÚ'cÍoa-Í-nos as nóssasdfvldas,-a:ssim
como nós perdoamos aos nossos devedores; e não nos dei-
xeis cair em tentação, mas livrai"nos do mal. Amém.
7, Chamamos~, Deus «Pai-Nosso»?
Sim; chamamos a Deus «Pai~Nosso», porque Deus é
nosso pai.
8. Por ~ue
é Deus nosso Pai l'
Deus é nosso Pai, porque nos criou, e, pelo Batismo,
nos adotou por filhos.

220 -
9. Por que dizemos a Deus: que estais nos céus; não 'está
Deus em todo lugar?
Dizemos : «Pai nosso que estais nos céus», para le-
vantar nossos corações para o céu, onde Deus manifesta
especialmente sua glória.
10. Quantas peti~es fazemos a Deus, no Pai-Nosso?
No Pai-Nosso fazemos a Deus sete petições.
11. Quais são as sete peti~ões no Pai-Nosso?
As sete petições no Pai-Nosso são:
1.~ Santif:cado seja o vosso nome;
2.~ . Venha a nós o vosso reino;
3.~ Seja feita.a vossa vontade, assim na terra como
no céu;
4.~ O pão nosso de cada dia nos dai hoje;
5. ~ Perdoai-nos as nossas dividas, assim como nós
perdoamos aos nossos devedores;
6. ~ Não nos deixeis cair em tentação;
7.~ Mas livrai-nos do mal. Amém.

12. Que pedimos a Deus nas sete peti~ões do. Pai-Nosso?


Nas quatro primeiras petições pedimos a Deus o
bem; nas três últimas, pedimos a Deus que nos livre
do mal.
13. Que pedimos na primeira petição: Santificado seja o
vosso nome?
N a primeira petição pedim{)s a Deus que seu nome
seja santificado isto é, seja conhecido, louvado e honrado
por todo o mundo.
14 . Que pedimos na segunda petição: Venha a nós o vosso
reino?
N a segunda petição, pedimos a Deus que venha o seu
reino, isto é, que se propague e se dilate a sua Igreja.
15. Que pedimo.s na terceira petição: Seja feita a vossa von-
tade, assim na terra como no céu?
Na tel'ceira petição, pedimos a Deus que seja feita a
sua lei e respeitados os seus mandamentos.

_. 221-
16. Que pedimos na quarta petit;ão: O pão no§§o de cada dia
nos dai hoje?
Na quarta petição, pedimos o alimento para a alma
e para o corpo, isto é, para a vida espiritual e para a tem-
poral.
17 . Que pedimos na quinta petição: Perdoai-nos as nossas
dívidas assim como nós perdoamos aos nossos devedores?
Na quinta petição pedimos a Deus que nos perdoe os
pecados e nós nos comprometemos a perdoar aos que nos
ofenderam.
18, Que pedimos na sexta petição: Não nos deixeis cair em
tentação?
Na sexta petição pedimos a Deus que nlio nos deixe
sucumbir às tentações.
19 . Que pedimos na sétima p'ctição: Mas livrai-nos do mal?
Na sétima petição pedimos a Deus que nos livre dos
males espirituais e temporais.

Lição XXXI
1. Que outra oração costumamos dizer depois do Pai-Nosso?
Depois do Pai-Nosso, costumamos dizer a Ave-Ma-
ria, para pedir a proteção da Santíssima Virgem.
2. Dize a Ave-Maria.
Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco,
bendita sois vós entre as mulheres e bendito é o fruto do
vosso ventre, Jesus. Santa Mar:a, Mãe de Deus, rogai
por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte.
Amém.
3. Por que depois do Pai-Nosso dizemos a Ave-Maria?
Depois do Pai-Nosso dizemos de preferência a Ave-
Maria, porque Maria Santíssima é a mais poderosa advo-
gada que podemos ter junto do seu divino Filho.

- 222-
4:. Por que devemos ter confian~a na proteção de Maria San-
tíssima?
Devemos ter confiança na proteção de Maria Santís=
s:ma, porque ela é a Mãe de Jesus e é também nossa Mãe.
5. Por que é Maria Santíssima também nossa Mãe?
Maria Santíssima é também nossa mãe, porque Jesus
Cristo na Cruz, nô-la deu por Mãe.
S. Como bavemos <le mfi,teC~l' a pl'oteção de Maria San~
tíssima?
Havemos de merecer a proteção de Maria Santíssima,
amando~a, invocando-a e imitando-lhe as virtudes.
'7. Qual é a devoção mais agradável a l\'Ial'ia Santíssima?
A devoção mais agradável a Maria Santíssima é o
Rosário.
8. Como se reza o Rosá.do?
Reza-se o Rosário, meditando em cada mistério e di-
zendo em memória de cada um dêles um Pai-Nosso, dez
Ave-Marias e um GlÓria-ao-Pai.
S. É coisa útil recorrer à intercessão. dos santos?
Sim; é coisa utilíssima recorrer à intercessão dos
santos, porque as súplicas dos santos são muito agradá-
ve5s a Deus.
10. A que santos, de preferência, nos devemos encomendar?
Devemos encomendar-nos a S. José, patrono da Igreja
universal; ao santo do nosso nome;. aos santos protetores
da diocese e da paróquia a que pertencemos; e ao santo
anjo da guarda.
11. Com que oração havemos de perur a proter;ão do anjo da
guarda?
Podemos pedir a proteção do anjo da guarda com a
seguinte oração: Anjo de Deus, que por divina piedade

- 223-
sois minha guarda e proteção, inspirai-me, defendei-me,
dirigi-me e governai-me. Amém.
A antiga versão portuguêsa é:
Santo anjo do Senhor,
Meu zeloso guardador,
Se a ti me confiou
A piedade divina.
Sempre me rege e guarda,
Governa e ilumina ..
12 . Quando é que devemos de um modo particular pedir a
proteção do anjo da guarda?
Devemos pedir a proteção do anjo da guarda, ao le-
vantar-nos pela manhã, e ao deitar-nos, à noite; ao sair
de casa, ao empreender uma viagem, nos perigos, etc.

-·224 -
Guerra ao Pecado e à
Impureza!
Defender a verdadeira Re- 1 - Refutar o êrro, a falsidade
gião, mediante uma verda- e a mentira, em matéria de
deira vida cristã, baseada Religião e Moral.
em sólida instrução e pie-
dade convicta.
Enaltecer a beleza da alma 2 - Pôr em relêvo a fealdade
em estado de Graça, e aper- da alma em pecado mortal,
feiçoá-Ia pela prática das e sua aviltante miséria.
virtudes, e, em particular,
da Pureza.
Promover conversas hones- 3 - Combater as conversas imo-
tas, edificantes. rais, obscenas e provocantes.
Divulgar gravações, revistas, 4 - Destruir, quanto possível,
periódicos, folhetos católi- gravações, jornais, folhetos
cos, coletando assinaturas, e cartazes inconvenientes,
vendendo-as, emprestando- e impedir que sejam com-
os e dando-os. prados, lidos e divulgados.
Fazer propaganda dos pro- 5 - Boicotar os programas de
gramas bons de Rádio e Te- Rádio e Televisão, opostos
levisão. à Fé e aos bons costumes.
Colaborar com os espetá- 6 - Impedir, por todos os meios,
culos morais (cinema, tea- a assistência a espetáculos
tro, etc.), participando, as- imorais, e se possível, a sua
sistindo, propagando e es- real ização.
palhando seus programas.
- Favorecer os esportes de- 7 - Opor-se a todo esporte in-
centes, apropriados à idade decente, a bailes modernos
e ao sexo. imorais, e à música sensual,
meios diabólicos de perver-
são.
Trabalhar pela dignificação 8 - Formar um ambiente hóstil
dos trajes da mulher, ba- às modas impudicas e aos
luarte defensivo de sua hon- trajes indecorosos ("nunca
ra, cristianizando as modas. pode ser lindo um vestido
desonesto" ).
Formar um ambiente propí- 9 - Lutar contra o afrouxamen-
CIO às Normas de Morali- to dos costumes e as teorias
dade da Igreja Católica, mundanas, opostas à moral
colaborando com as Cam- cristã.
panhas de Moralidade.
Fazer o possível para que 10 - Pedir a Deus, por meio de
parentes, amigos e conhe- sua Mãe, a Virgem Ima-
idos vivam na Graça de culada, que reprima o do-
e CRISTO REINE mínio da serpente infer ai.

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