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ACHEGUE-SE

JEOVÁ
A respeito de Jeová Deus, Isaías 40:11 diz:
“Como um pastor ele cuidará do seu rebanho.
Com o seu braço reunirá os cordeiros e os
carregará no colo.” Ao observar o cordeiro
no colo do pastor, você não anseia um
aconchego similar com seu Pai celestial?
Mas como poderá achegar-se a Jeová?

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ACHEGUE-SE
A

JEOVÁ
Créditos das fotos: ˇ Pggina 49: cortesia do Anglo-Australian Observatory,
foto de David Malin ˇ Pggina 174: U.S. Fish & Wildlife Service, Washing-
ton, DC/Wyman Meinzer ˇ Página 243: ˘ J. Heidecker/VIREO

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são da Tradução do Novo Mundo da Bíblia Sagrada.
Achegue-se a Jeová
Draw Close to Jehovah
Edição de novembro de 2022
Portuguese (Brazil) (cl-T)
˘ 2002, 2014, 2022
WATCH TOWER BIBLE AND TRACT SOCIETY OF PENNSYLVANIA
Editoras
Watchtower Bible and Tract Society of New York, Inc.
Wallkill, New York, U.S.A.
˜ ´
Associaçao Torre de Vigia de Bıblias e Tratados
´ ˜
Cesario Lange, Sao Paulo, Brasil
Made in Brazil
Prezado leitor:

Sente-se achegado a Deus? Muitos acham isso


simplesmente impossível. Alguns receiam que Deus
seja alguém distante demais; outros se consideram
irremediavelmente indignos. Contudo, a Bíblia amo-
rosamente nos exorta: “Acheguem-se a Deus, e ele se
achegará a vocês.” (Tiago 4:8) Deus até mesmo ga-
rante a seus adoradores: “Eu, Jeová, seu Deus, seguro
a sua mão direita; sou aquele que lhe diz: ‘Não tenha
medo. Eu o ajudarei.’ ” — Isaías 41:13.
Como podemos desenvolver uma relação tão
achegada com Deus? Em qualquer amizade que de-
senvolvemos, o vínculo se baseia em conhecer a
pessoa, em admirar e valorizar suas características
distintas. Assim, as qualidades e os tratos de Deus,
revelados na Bíblia, são um campo vital para estudo.
Ponderar sobre como Jeová manifesta cada uma de
suas qualidades, ver como Jesus Cristo as refletiu com
perfeição e entender como nós as podemos cultivar
nos achegará a Deus. Veremos que Jeová é o legítimo
e ideal Soberano do Universo. Além disso, ele é o Pai
de que todos nós precisamos. Poderoso, justo, sábio
e amoroso, jamais abandona seus filhos fiéis.
Que este livro o ajude a achegar-se ainda mais a
Jeová Deus, a criar um vínculo com ele que jamais
será rompido, de modo que você possa viver para
louvá-lo eternamente.

Os Editores
Sumário
Capítulo

1 “Vejam! Este é o nosso Deus!” 7


2 É mesmo possível ‘achegar-se a Deus’? 16
3 “Santo, santo, santo é Jeová” 26

SEÇÃO 1 “Atemorizante poder”

4 “Jeová é . . . grande em poder” 37


5 Poder criativo — “Aquele que fez
o céu e a terra” 47
6 Poder de destruição — “Jeová é
um poderoso guerreiro” 57
7 Poder protetor — “Deus é nosso refúgio” 67
8 Poder de restauração — Jeová ‘está
fazendo novas todas as coisas’ 77
9 “Cristo é o poder de Deus” 87
10 “Tornem-se imitadores de Deus”
no uso do poder 97

SEÇÃO 2 “Jeová ama a justiça”

11 “Todos os seus caminhos são justos” 108


12 “Há injustiça da parte de Deus?” 118
13 “A lei de Jeová é perfeita” 128
14 Jeová providenciou um “resgate
em troca de muitos” 138
15 Jesus ‘estabelece a justiça na Terra’ 148
Capítulo

16 “Pratique a justiça” ao andar com Deus 158

SEÇÃO 3 “Tem coração sábio”

17 ‘Como é profunda a sabedoria de Deus!’ 169


18 Sabedoria encontrada na ‘Palavra de Deus’ 179
19 “Sabedoria de Deus expressa em
segredo sagrado” 189
20 “Tem coração sábio”, mas é humilde 199
21 Jesus revela a “sabedoria da parte de Deus” 209
22 Está pondo em prática
“a sabedoria de cima”? 219

SEÇÃO 4 “Deus é amor”

23 “Ele nos amou primeiro” 231


24 Nada pode “nos separar
do amor de Deus” 240
25 A “terna compaixão do nosso Deus” 250
26 Um Deus “sempre pronto a perdoar” 260
27 “Como é grande a bondade dele!” 270
28 “Só tu és leal” 280
29 “Conhecer o amor do Cristo” 290
30 “Continuem andando em amor” 300

31 “Acheguem-se a Deus, e ele


se achegará a vocês” 310
C A P Í T U L O 1

“Vejam! Este é o nosso Deus!”


CONSEGUE se imaginar conversando com Deus? A própria
ideia disso assusta — um diálogo com o Soberano do Uni-
verso? De início, você hesita, mas daí consegue falar. Deus
escuta, responde e até lhe permite fazer qualquer pergunta.
Que pergunta você faria?
2 Muito tempo atrás, um homem se encontrava justamen-

te nessa situação. Seu nome era Moisés. A pergunta que ele


fez a Deus, porém, talvez o surpreenda. Ele não perguntou
a respeito de si mesmo, de seu futuro, ou mesmo da afli-
ção da humanidade. Em vez disso, perguntou o nome de
Deus. Que coisa estranha! Moisés já sabia o nome de Deus.
Portanto, a pergunta deve ter tido um sentido mais pro-
fundo. De fato, foi a pergunta mais significativa que Moi-
sés podia ter feito. A resposta afeta a todos nós. Pode ajudar
você a tomar medidas importantes a fim de achegar-se a
Deus. Como assim? Vamos dar uma olhada nesse notável
diálogo.
3 Moisés estava com 80 anos de idade. Ele havia passa-

do quatro décadas exilado de seu povo, os israelitas, que


eram escravos no Egito. Certo dia, enquanto cuidava dos
rebanhos de seu sogro, ele viu um fenômeno estranho.
Um espinheiro estava em chamas, mas não se consumia.
Simplesmente continuava queimando, reluzindo como
um farol na encosta do monte. Moisés se aproximou para
olhar. Como deve ter ficado espantado ao ouvir uma voz
do meio do fogo! Daí, por meio de um porta-voz angéli-
co, Deus e Moisés dialogaram longamente. E, como talvez
1, 2. (a) Que perguntas você gostaria de fazer a Deus? (b) O que Moi-
sés perguntou a Deus?
3, 4. Que incidentes levaram a um diálogo entre Moisés e Deus, e
qual foi a essência dessa conversa?
8 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

saiba, naquela ocasião, Jeová incumbiu o hesitante Moisés


de deixar a sua vida tranquila e voltar ao Egito para libertar
os israelitas da escravidão. — Êxodo 3:1-12.
4 Naquele momento, Moisés podia ter feito qualquer per-

gunta a Deus. Mas note a que ele escolheu: “Suponhamos


que eu vá aos israelitas e lhes diga: ‘O Deus dos seus ante-
passados me enviou a vocês’, e eles me perguntem: ‘Qual é
o nome dele?’ O que devo dizer a eles?” — Êxodo 3:13.
5 Essa pergunta nos ensina, acima de tudo, que Deus tem

nome. Não devemos encarar levianamente essa verdade


simples. Muitos, porém, o fazem. O nome de Deus foi re-
movido de inúmeras traduções da Bíblia e substituído por
títulos, como “Senhor” e “Deus”. Essa é uma das coisas
mais tristes e repreensíveis feitas em nome da religião. Afi-
nal, qual é a primeira coisa que você faz ao conhecer al-
guém? Não é perguntar o nome? É similar quando se trata
de conhecer a Deus. Ele não é um ser sem nome e distan-
te, impossível de se conhecer ou entender. Embora seja in-
visível, é uma Pessoa e tem nome — Jeová.
6 Além disso, quando Deus revela seu nome, há algo mais

envolvido, algo grandioso e emocionante. Ao fazer isso, ele


na verdade nos convida a conhecê-lo. Deseja que façamos
a melhor escolha na vida — achegar-nos a ele. Mas Jeová
faz mais do que apenas nos dizer o seu nome. Ele também
nos ensina sobre a Pessoa que esse nome representa.
O significado do nome de Deus
O próprio Jeová escolheu seu nome, que é rico em signi-
7

ficado. Entende-se que “Jeová” significa “Ele faz com que


5, 6. (a) Que verdade simples e vital nos ensina a pergunta de Moi-
sés? (b) Que coisa repreensível tem sido feita com o nome de Deus?
(c) Por que é tão significativo que Deus tenha revelado seu nome à
humanidade?
7. (a) Entende-se que o nome de Deus significa o quê? (b) O que Moi-
sés realmente queria saber ao perguntar a Deus o seu nome?
“VEJAM! ESTE É O NOSSO DEUS!” 9

venha a ser”. Não existe ninguém igual a ele em todo o


Universo, pois ele trouxe à existência todas as coisas. Ele
também faz com que todos os seus propósitos se tornem
realidade e pode até fazer seus servos humanos imperfei-
tos se tornarem o que ele escolher. Essas ideias inspiram re-
verência. Mas será que existe outro aspecto relacionado ao
significado do nome de Deus? Moisés, evidentemente, de-
sejava aprender mais. Ele já sabia que Jeová é o Criador e
conhecia o nome de Deus. O nome divino não era novo.
Fazia séculos que as pessoas o usavam. Realmente, ao per-
guntar o nome de Deus, Moisés indagava a respeito da Pes-
soa representada pelo nome. Era como se ele dissesse: ‘O que
posso dizer a teu respeito ao teu povo, Israel, algo que edi-
fique a fé que eles têm em ti, que os convença de que real-
mente os libertarás?’
8 Em resposta, Jeová revelou um aspecto emocionante de

sua personalidade, algo relacionado com o significado de


seu nome. Ele disse a Moisés: “Eu Me Tornarei O Que Eu
Decidir Me Tornar.” (Êxodo 3:14) Muitas traduções da Bí-
blia dizem aqui: “Eu sou o que sou.” Mas traduções cui-
dadosas mostram que Deus não estava meramente confir-
mando sua própria existência. Em vez disso, Jeová estava
ensinando a Moisés — e por extensão a todos nós — que
Ele ‘escolheria se tornar’ o que quer que fosse preciso para
cumprir as Suas promessas. Outra tradução verte apropria-
damente esse versículo: “Tornar-me-ei o que for da minha
vontade.” (Rotherham) Certo versado em hebraico bíblico
explica assim essa expressão: “Qualquer que seja a situação
ou a necessidade . . . , Deus ‘se torna’ a solução para essa
necessidade.”
8, 9. (a) Como Jeová respondeu à pergunta de Moisés, e o que há
de errado na maneira em que sua resposta muitas vezes é traduzida?
(b) O que significa a declaração “Eu Me Tornarei O Que Eu Decidir
Me Tornar”?
10 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

9 O que isso significava para os israelitas? Não importa


que obstáculos enfrentassem, ou quanto fosse difícil a si-
tuação deles, Jeová se tornaria o que quer que fosse ne-
cessário para libertá-los da escravidão e levá-los à Terra
Prometida. Certamente, esse nome inspirava confiança em
Deus. Pode fazer o mesmo por nós hoje. (Salmo 9:10) Por
quê?
10 Para ilustrar: os pais sabem como é preciso ser versá-

til e adaptável na criação dos filhos. Num só dia, o pai


(ou a mãe) talvez tenha de ser enfermeiro, cozinheiro,
professor, disciplinador, juiz e muito mais. Muitos se sen-
tem sobrecarregados pelos muitos papéis diferentes que se
espera que desempenhem. Sabem que os filhos têm to-
tal confiança neles, jamais duvidando que papai ou ma-
mãe possam aliviar a dor, resolver disputas, consertar
qualquer brinquedo quebrado e responder a qualquer per-
gunta que surja nas suas mentes sempre tão cheias de in-
dagações. Alguns pais se sentem humilhados e, às vezes,
frustrados por causa de suas próprias limitações. Sentem-
se terrivelmente despreparados para cumprir muitos desses
papéis.
11 Jeová também é um Pai amoroso. No entanto, no âmbi-

to de seus padrões perfeitos, não há nada que ele não pos-


sa se tornar para cuidar de seus filhos terrestres do melhor
modo possível. Portanto, o seu nome, Jeová, nos faz pen-
sar nele como o melhor Pai imaginável. (Tiago 1:17) Moi-
sés e todos os outros israelitas fiéis logo perceberam que
Jeová faz jus ao seu nome. Observaram assombrados como
Jeová se tornou um Comandante Militar imbatível, o Se-
nhor de todos os elementos naturais, um inigualável Legis-
lador, Juiz, Arquiteto, Provisor de alimentos e de água, Pre-
servador de roupas e calçados — e mais.
10, 11. Por que o nome de Jeová nos faz pensar nele como o mais
versátil e o melhor Pai imaginável? Ilustre.
“VEJAM! ESTE É O NOSSO DEUS!” 11

12 Desse modo, Deus tornou conhecido seu nome, reve-


lou coisas emocionantes sobre a Pessoa representada por
esse nome e até mesmo demonstrou que o que ele diz so-
bre si mesmo é verdade. Sem dúvida, Jeová quer que o co-
nheçamos. Como reagimos? Moisés desejava conhecer a
Deus. Esse desejo intenso moldou sua vida e fez com que se
achegasse bem ao seu Pai celestial. (Números 12:6-8; He-
breus 11:27) Infelizmente, poucos dos contemporâneos de
Moisés tinham o mesmo desejo. Quando ele mencionou o
nome de Jeová a Faraó, esse altivo monarca egípcio retru-
cou: “Quem é Jeová?” (Êxodo 5:2) Faraó não queria se in-
formar mais a respeito de Jeová. Em vez disso, cinicamen-
te descartou o Deus de Israel como sendo sem importância
ou irrelevante. Essa atitude ainda é muito comum hoje. Ela
cega a pessoa a uma das verdades mais importantes que
existe: Jeová é o Soberano Senhor.
O Soberano Senhor Jeová
13 Jeová é tão versátil, tão adaptável, que tem merecida-
mente uma grande variedade de títulos nas Escrituras. Eles
não rivalizam com o seu nome; em vez disso, nos ensi-
nam mais sobre o que o nome representa. Por exemplo, ele
é chamado de “Soberano Senhor Jeová”. (2 Samuel 7:22)
Esse título sublime, que ocorre cerca de 300 vezes na Bíblia,
fala-nos da posição de Deus. Só ele tem o direito de ser o
Governante de todo o Universo. Veja por quê.
14 Jeová é único como Criador. Apocalipse 4:11 diz: “Dig-

no és, Jeová, nosso Deus, de receber a glória, a honra e


o poder, porque criaste todas as coisas, e por tua vonta-
de elas vieram à existência e foram criadas.” Essas palavras
12. Como a atitude de Faraó para com Jeová foi diferente da de Moi-
sés?
13, 14. (a) Por que a Bíblia dá muitos títulos a Jeová e quais são al-
guns deles? (Veja o quadro na página 14.) (b) Por que somente Jeová
merece ser chamado de “Soberano Senhor”?
12 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

sublimes não são aplicáveis a nenhum outro ser. Tudo no


Universo deve sua existência a Jeová! Sem dúvida, ele é
digno da honra, do poder e da glória que vêm com o fato
de ele ser o Soberano Senhor e Criador de todas as coisas.
15 Outro título aplicado exclusivamente a Jeová é “Rei da

eternidade”. (1 Timóteo 1:17; Apocalipse 15:3) O que isso


significa? É difícil para a nossa mente limitada entender,
mas Jeová é eterno em ambas as direções — passado e fu-
turo. O Salmo 90:2 diz: “De eternidade a eternidade, tu
és Deus.” Portanto, Jeová nunca teve princípio; ele sem-
pre existiu. É corretamente chamado de “Antigo de Dias”
— existia por uma eternidade antes de alguém ou alguma
coisa no Universo ter vindo à existência! (Daniel 7:9, 13,
22) Quem pode questionar validamente seu direito de ser
o Soberano Senhor?
16 No entanto, alguns realmente questionam esse direito,

como fez Faraó. Parte do problema é que os homens imper-


feitos confiam demais no que podem ver com os olhos li-
terais. Não podemos ver o Soberano Senhor. Ele é um ser
espiritual, invisível aos olhos humanos. ( João 4:24) Além
disso, se um ser humano, de carne e sangue, viesse a estar
na presença literal de Jeová, isso lhe seria fatal. O próprio
Jeová disse a Moisés: “Você não pode ver a minha face, pois
nenhum homem pode me ver e continuar vivo.” — Êxodo
33:20; João 1:18.
17 Isso não nos deve surpreender. Moisés chegou a ver

apenas uma parte da glória de Jeová, evidentemente por


meio de um representante angélico. Com que efeito?
O rosto de Moisés “brilhava intensamente” por um bom
tempo depois. Os israelitas temiam até mesmo olhar dire-
tamente para o rosto dele. (Êxodo 33:21-23; 34:5-7, 29, 30)
15. Por que Jeová é chamado de “Rei da eternidade”?
16, 17. (a) Por que não podemos ver a Jeová, e por que isso não nos
deve surpreender? (b) Em que sentido Jeová é mais real do que qual-
quer coisa que possamos ver ou tocar?
“VEJAM! ESTE É O NOSSO DEUS!” 13

Certamente, pois, nenhum mero ser humano poderia ver


o próprio Soberano Senhor em toda a sua glória! Isso sig-
nifica, então, que ele é menos real do que aquilo que po-
demos ver e tocar? Não, nós aceitamos prontamente como
reais muitas coisas que não podemos ver — o vento, as
ondas de rádio e os pensamentos, por exemplo. Além do
mais, Jeová é permanente, não é afetado pela passagem do
tempo, nem mesmo por incontáveis bilhões de anos! Nes-
se sentido, ele é muito mais real do que qualquer coisa que
possamos tocar ou ver, pois o ambiente físico está sujeito
ao envelhecimento e à decadência. (Mateus 6:19) Devemos
imaginá-lo, então, como simples força abstrata, impessoal,
ou como vaga Causa Primária? Vejamos.
Um Deus de personalidade
18 Embora não possamos ver a Deus, há emocionantes tre-
chos na Bíblia que nos dão vislumbres do próprio céu. Um
exemplo é o primeiro capítulo de Ezequiel. Esse profeta
teve uma visão da parte celestial da organização universal
de Jeová, na forma de um enorme carro celestial. Especial-
mente impressionante é a descrição das poderosas criatu-
ras espirituais em volta de Deus. (Ezequiel 1:4-10) Essas
“criaturas viventes” se associam intimamente com Jeová,
e sua aparência nos revela algo importante sobre o Deus
a quem servem. Cada qual tem quatro faces: de touro, de
leão, de águia e de homem. Essas evidentemente represen-
tam quatro qualidades que formam a base da impressio-
nante personalidade de Jeová. — Apocalipse 4:6-8, 10.
19 Na Bíblia, o touro muitas vezes representa força, ou po-

der, e merecidamente, pois é um animal muito forte.


O leão, por sua vez, representa a justiça, pois a verdadeira
18. Que visão Ezequiel teve e o que simbolizam as quatro faces das
“criaturas viventes” próximas a Jeová?
19. Que qualidade representa (a) a face de touro? (b) a face de leão?
(c) a face de águia? (d) a face de homem?
14 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Alguns títulos de Jeová


Grandioso Instrutor. Ele é o todo-sábio Mestre, a quem devemos
recorrer em busca de instrução e orientação. — Isaías 30:20; 48:17.
Pai. A Fonte de toda a vida, incluindo a vida eterna; tem amor
paternal pelos seus servos. — Provérbios 27:11; João 5:21
Pastor. Ele guia e protege seus servos comparáveis a ovelhas, pro-
videnciando seu sustento espiritual. — Salmo 23:1.
A Rocha. Imutável, ele é um refúgio seguro. — Deuteronômio 32:4.
Todo-Poderoso. Seu poder é ilimitado, insuperável. — Apocalipse
15:3.

justiça exige coragem, uma qualidade destacada dos leões.


As águias são bem conhecidas por sua visão aguçada, po-
dendo enxergar até mesmo pequenos objetos a quilômetros
de distância. Assim, a face de águia representaria bem a pre-
vidente sabedoria de Deus. E a face de homem? Bem, o ho-
mem, feito à imagem de Deus, é único na capacidade de re-
fletir a principal qualidade divina: o amor. (Gênesis 1:26)
Essas facetas da personalidade de Jeová — poder, justiça, sa-
bedoria e amor — são tantas vezes destacadas nas Escrituras
que podem ser chamadas de atributos principais de Deus.
20 Devemos temer que Deus possa ter mudado nos milha-

res de anos desde que foi descrito na Bíblia? Não, a perso-


nalidade de Deus não muda. Ele nos diz: “Eu sou Jeová; eu
não mudo.” (Malaquias 3:6) Em vez de mudar arbitraria-
mente, Jeová mostra ser um Pai ideal no modo de reagir a
cada situação. Ele manifesta os aspectos de sua personali-
dade que sejam mais apropriados. De todas as qualidades
de Deus, a predominante é o amor, que permeia tudo o
que Deus faz. Ele exerce o poder, a justiça e a sabedoria de
20. Temos motivos para temer que a personalidade de Jeová tenha
mudado? Por que responde assim?
“VEJAM! ESTE É O NOSSO DEUS!” 15

maneira amorosa. De fato, a Bíblia declara algo extraordi-


nário a respeito de Deus e dessa qualidade. Diz: “Deus é
amor.” (1 João 4:8) Note que não diz que Deus tem amor
ou que Deus é amoroso, e sim que Deus é amor. O amor, a
sua própria essência, motiva-o em tudo o que ele faz.
“Vejam! Este é o nosso Deus!”
21 Já viu alguma vez uma criancinha apontar o pai para
seus amiguinhos e dizer, toda contente e orgulhosa: “Esse é
o meu pai!”? Os adoradores de Jeová têm todos os motivos
para sentirem o mesmo a respeito dele. A Bíblia predisse
um tempo em que as pessoas fiéis exclamariam: “Vejam!
Este é o nosso Deus!” (Isaías 25:8, 9) Quanto mais você en-
tender as qualidades de Jeová, tanto mais verá que tem o
melhor Pai imaginável.
22 Esse Pai não é frio, arredio ou distante — apesar do

que têm ensinado alguns religiosos e filósofos rígidos. Di-


ficilmente nos sentiríamos atraídos a um Deus frio, e não
é assim que a Bíblia retrata nosso Pai celestial. Ao contrá-
rio, ela o chama de “Deus feliz”. (1 Timóteo 1:11) Ele tem
sentimentos tanto fortes como ternos. Falando de um tem-
po em que suas criaturas inteligentes violaram as diretrizes
que ele forneceu para o bem-estar delas, a Bíblia diz: “Seu
coração se entristeceu.” (Gênesis 6:6; Salmo 78:41) Mas,
quando agimos sabiamente segundo a sua Palavra, ‘alegra-
mos seu coração’. — Provérbios 27:11.
23 Nosso Pai deseja que nos acheguemos a ele. A sua Pala-

vra nos incentiva a ‘tatearmos à procura dele e realmente o


acharmos, embora, na verdade, ele não esteja longe de cada
um de nós’. (Atos 17:27) Mas como é possível que meros hu-
manos se acheguem ao Soberano Senhor do Universo?
21. A que conclusão chegaremos à medida que conhecermos melhor
as qualidades de Jeová?
22, 23. Como a Bíblia retrata o nosso Pai celestial e como sabemos
que ele quer que nos acheguemos a ele?
C A P Í T U L O 2

É mesmo possível
‘achegar-se a Deus’?
COMO se sentiria se o Criador do céu e da Terra dissesse
a seu respeito: “Este é meu amigo”? Muitos talvez achem
isso fantasioso. Afinal, como poderia um mero ser huma-
no ter amizade com Jeová? Mas a Bíblia garante que po-
demos realmente nos achegar a Deus.
2 Abraão, da antiguidade, foi um dos que desfrutaram

tal achego. Jeová referiu-se a esse patriarca como “meu


amigo”. (Isaías 41:8) Sim, Deus o considerava como ami-
go pessoal. Abraão foi recompensado com esse relacio-
namento porque “depositou fé em Jeová”. (Tiago 2:23)
Também hoje, Jeová busca oportunidades de ter amiza-
de achegada com os que o servem e de ‘demonstrar seu
amor’ por eles. (Deuteronômio 10:15) A sua Palavra exor-
ta: “Acheguem-se a Deus, e ele se achegará a vocês.” (Tia-
go 4:8) Essas palavras, na verdade, são tanto um convite
como uma promessa.
3 Jeová nos convida a nos achegarmos a ele. Ele se dis-

põe a nos aceitar como amigos. E promete que, se dermos


os passos nesse sentido, ele fará o mesmo: se achegará a
nós. Assim, podemos ter algo realmente precioso: “ami-
zade íntima com Jeová”. (Salmo 25:14) “Amizade íntima”
dá a ideia de conversa confidencial com um amigo espe-
cial.
1, 2. (a) O que muitos talvez achem fantasioso, mas que garantia a
Bíblia nos dá? (b) Abraão foi recompensado com que relacionamen-
to e por quê?
3. Que convite Jeová nos faz e que promessa se relaciona com esse
convite?
É MESMO POSSÍVEL ‘ACHEGAR-SE A DEUS’? 17

4 Você tem um amigo bem achegado em quem pode


confiar? Um amigo assim se importa com a sua pessoa.
É alguém em quem você confia, pois mostrou-se leal. Par-
tilhar suas alegrias com ele deixa você ainda mais feliz.
Quando você está triste e precisa desabafar, ele o ouve
com empatia. Mesmo quando ninguém mais parece en-
tender você, ele entende. Da mesma forma, quando nos
achegamos a Deus, ganhamos um Amigo especial que
realmente nos valoriza, que se importa profundamente
conosco e nos entende plenamente. (Salmo 103:14; 1 Pe-
dro 5:7) Podemos ter a mais profunda confiança nele, sa-
bendo que Deus é leal aos que lhe são leais. (Salmo 18:25)
No entanto, essa privilegiada amizade com Deus só está
ao nosso alcance porque ele a tornou possível.
Jeová abriu o caminho
5 Como pecadores, jamais poderíamos nos achegar a
Deus sem ajuda. (Salmo 5:4) “Mas Deus recomenda a
nós o seu próprio amor, por Cristo ter morrido por nós
enquanto ainda éramos pecadores”, escreveu o apóstolo
Paulo. (Romanos 5:8) Sim, Jeová providenciou que Jesus
‘desse a sua vida como resgate em troca de muitos’. (Ma-
teus 20:28) Nossa fé nesse sacrifício de resgate possibilita
nos achegarmos a Deus. Visto que ele “nos amou primei-
ro”, lançou a base para entrarmos numa relação de ami-
zade com ele. — 1 João 4:19.
6 Jeová tomou outra medida: revelou-se a nós. Numa

amizade, só pode haver achego se realmente conhecer-


mos a pessoa, valorizando suas qualidades e seu modo de
4. Como descreveria um amigo bem achegado? De que modo Jeová
mostra ser um amigo desse tipo para os que se achegam a ele?
5. O que Jeová fez para possibilitar que nos achegássemos a ele?
6, 7. (a) Como sabemos que Jeová não é um Deus oculto e indeci-
frável? (b) De que maneiras Jeová se revelou a nós?
18 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

ser. Assim, se Jeová fosse um Deus oculto e indecifrável,


jamais poderíamos nos achegar a ele. No entanto, longe
de se ocultar, Deus quer que o conheçamos. (Isaías 45:19)
Além do mais, o que ele revela sobre si mesmo está dispo-
nível a todos, mesmo aos que são considerados humildes
segundo os padrões do mundo. — Mateus 11:25.
7 Como Jeová se revela a nós? As suas obras criativas

dão a conhecer certos aspectos de sua personalidade: seu


vasto poder, sua profunda sabedoria, seu incomparável
amor. (Romanos 1:20) Mas Jeová não se revela apenas
por meio das coisas que criou. Como Grandioso Comu-
nicador, ele forneceu uma revelação escrita a respeito de
si mesmo na sua Palavra, a Bíblia.
Como Jeová se revela na sua Palavra
8 A própria Bíblia é evidência do amor de Jeová por
nós. Em sua Palavra, ele revela a si mesmo em termos
que podemos compreender — uma prova de que ele não
apenas nos ama, mas deseja que o conheçamos e ame-
mos. O que lemos nesse livro precioso nos possibilita nos
achegar a ele. (Salmo 1:1-3) Vejamos algumas das anima-
doras maneiras pelas quais Jeová se revela na sua Palavra.
9 As Escrituras contêm muitas declarações diretas que

identificam as qualidades de Deus. Note alguns exem-


plos. “Jeová ama a justiça.” (Salmo 37:28) Deus é “grande
em poder”. ( Jó 37:23) “ ‘Eu sou leal’, diz Jeová.” ( Jeremias
3:12) “Ele tem coração sábio.” ( Jó 9:4) Ele é “Deus miseri-
cordioso e compassivo, paciente e cheio de amor leal e de
verdade”. (Êxodo 34:6) “Tu, ó Jeová, és bom e estás sem-
pre pronto a perdoar.” (Salmo 86:5) E, como menciona-
8. Por que se pode dizer que a própria Bíblia é evidência do amor de
Jeová por nós?
9. Cite alguns exemplos de declarações bíblicas diretas que identifi-
cam as qualidades de Deus.
A Bíblia nos ajuda a
nos achegar a Jeová

do no capítulo anterior,
uma qualidade é predo-
minante: “Deus é amor.”
(1 João 4:8) Ao refletir so-
bre essas qualidades agra-
dáveis, não se sente atraído
a esse Deus incompará-
vel?
10 Além de nos revelar as suas qualidades, Jeová amo-

rosamente incluiu na sua Palavra exemplos reais dessas


qualidades em ação. Esses relatos vívidos nos ajudam a vi-
sualizar e entender melhor as várias facetas de sua perso-
nalidade, contribuindo para que nos acheguemos mais a
ele. Veja um exemplo.
11 Uma coisa é ler que Deus tem “atemorizante poder”.

(Isaías 40:26) Outra bem diferente é ler sobre como ele


libertou Israel no mar Vermelho e, daí, sustentou a na-
ção no deserto por 40 anos. Imagine as águas agitadas
se abrindo. Tente visualizar a nação — talvez 3 milhões
de pessoas — caminhando no leito seco do mar, com as
águas estáticas, como enormes paredes, em ambos os la-
dos. (Êxodo 14:21; 15:8) Pense em como Deus cuidou de-
les no deserto: providenciou que jorrasse água de uma
rocha e fez surgir sobre o solo um alimento que parecia
sementes brancas. (Êxodo 16:31; Números 20:11) Jeová
revelou ali que não somente tem poder, mas que o
usa em favor de seu povo. Não é reconfortante saber que
as nossas orações ascendem a um Deus poderoso que
10, 11. (a) Para nos ajudar a entender melhor a sua personalidade,
o que Jeová incluiu na sua Palavra? (b) Que exemplo bíblico nos aju-
da a visualizar o poder de Deus em ação?
20 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

“é nosso refúgio e nossa força, uma ajuda encontrada


prontamente em tempos de aflição”? — Salmo 46:1.
12 Jeová, que é Espírito, fez ainda mais para nos ajudar a

conhecê-lo. Como humanos, nossa visão se limita às rea-


lidades visíveis, de modo que não podemos ver o domí-
nio espiritual. Se Deus descrevesse a si mesmo para nós
usando termos espirituais, seria como tentar explicar de-
talhes de nossa aparência, como a cor dos olhos ou a exis-
tência de sardas, a um cego de nascença. Em vez disso,
Jeová bondosamente nos ajuda a “vê-lo” em termos que
podemos entender. Às vezes, emprega metáforas e ana-
logias, comparando-se a coisas que conhecemos. Ele até
mesmo descreve a si mesmo como tendo certas caracte-
rísticas humanas.1
13 Note a descrição de Jeová, em Isaías 40:11: “Como um

pastor ele cuidará do seu rebanho. Com o seu braço reuni-


rá os cordeiros e os carregará no colo.” Jeová é comparado
aqui a um pastor que apanha os cordeiros com o “braço”.
Isso denota que Deus pode proteger e apoiar o seu povo,
mesmo os mais vulneráveis. Podemos nos sentir seguros
nos seus fortes braços, pois, se formos leais, ele jamais nos
abandonará. (Romanos 8:38, 39) O Grandioso Pastor car-
rega os cordeiros “no colo” — uma expressão que se refe-
re a folgadas dobras na parte superior da roupa, onde o
pastor às vezes carregava um cordeiro recém-nascido. Isso
1 Por exemplo, a Bíblia fala da face, olhos, ouvidos, narinas, boca,
braços e pés de Deus. (Salmo 18:15; 27:8; 44:3; Isaías 60:13; Mateus
4:4; 1 Pedro 3:12) Tais expressões, assim como as referências a Jeová
como “Rocha” ou “escudo”, não devem ser entendidas literalmente.
— Deuteronômio 32:4; Salmo 84:11.

12. Como Jeová nos ajuda a “vê-lo” em termos que podemos enten-
der?
13. O que vem à nossa mente quando lemos Isaías 40:11 e como isso
afeta você?
É MESMO POSSÍVEL ‘ACHEGAR-SE A DEUS’? 21

nos assegura de que Jeová nos preza e cuida ternamente


de nós. É somente natural querer achegar-se a ele.
‘O Filho quer revelá-lo’
14 Na sua Palavra, Jeová fornece a mais clara revelação
de si mesmo por meio de seu Filho amado, Jesus. Nin-
guém poderia refletir melhor o modo de pensar e os sen-
timentos de Deus, ou explicá-lo mais vividamente, do
que Jesus. Afinal, esse Filho
primogênito existia jun-
to a seu Pai antes de ou-
tras criaturas espirituais
e o Universo físico se-
rem criados. (Colossen-
ses 1:15) Jesus conhe-
cia muito bem a Jeová.
É por isso que podia dizer:
“Ninguém sabe quem o Fi-
lho é, exceto o Pai; e nin-
guém sabe quem o Pai é, ex-
ceto o Filho e aquele a quem
o Filho quiser revelá-lo.” (Lu-
cas 10:22) Quando esteve na
Terra como homem, Jesus re-
velou seu Pai de duas maneiras
importantes.
14. Por que se pode dizer que Jeová
fornece a mais clara revelação de
si mesmo por meio de Jesus?

Jeová revela a si mesmo


por meio de suas obras
criativas e de sua
Palavra escrita
22 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

15 Primeiro, os ensinos de Jesus nos ajudam a conhecer o


seu Pai. Jesus descreveu Jeová em termos que tocam o nos-
so coração. Por exemplo, para explicar que Deus é miseri-
cordioso e acolhe de volta pecadores arrependidos, Jesus
assemelhou Jeová a um pai perdoador que, de tão comovi-
do que fica ao ver seu filho pródigo voltar, sai correndo e
o abraça e o beija ternamente. (Lucas 15:11-24) Jesus tam-
bém retratou Jeová como Deus que ‘atrai’ pessoas retas
porque as ama como indivíduos. ( João 6:44) Ele sabe até
mesmo quando um pequenino pardal cai ao chão. “Não
tenham medo”, Jesus explicou, “vocês valem mais do que
muitos pardais”. (Mateus 10:29, 31) Não podemos deixar
de nos sentir atraídos a um Deus tão afetuoso.
16 Segundo, o exemplo de Jesus nos mostra como

Jeová é. Jesus refletiu seu Pai com tanta perfeição, que po-
dia dizer: “Quem me vê, vê também o Pai.” ( João 14:9)
Assim, quando lemos sobre ele nos Evangelhos — os sen-
timentos que demonstrou e como tratou os outros —, es-
tamos de certa forma vendo um retrato vivo de seu Pai.
Jeová não poderia nos ter dado uma revelação mais clara
de suas qualidades do que essa. Por quê?
17 Para ilustrar: imagine tentar explicar o que é bondade.

Você poderia defini-la em palavras. Mas, se pudesse apon-


tar alguém realizando um ato bondoso e dizer: “Isso é um
exemplo de bondade”, a palavra assumiria maior signifi-
cado e ficaria mais fácil de entender. Jeová fez algo simi-
lar para nos ajudar a entender como ele é. Além de des-
crever a si mesmo em palavras, forneceu-nos o exemplo
vivo de seu Filho. Em Jesus, as qualidades de Deus são vis-
tas em ação. Por meio dos relatos evangélicos a respeito
de Jesus, Jeová está, na realidade, dizendo: “É assim que
15, 16. De que duas maneiras Jesus revelou seu Pai?
17. Ilustre o que Jeová fez para nos ajudar a entender como ele é.
É MESMO POSSÍVEL ‘ACHEGAR-SE A DEUS’? 23

eu sou.” Como o registro inspirado descreve Jesus quan-


do esteve na Terra?
18 Jesus expressou muito bem as quatro qualidades prin-

cipais de Deus. Ele tinha poder sobre as doenças, a fome e


até mesmo a morte. No entanto, ao contrário de homens
egoístas que abusam do poder, Jesus jamais usou o poder
milagroso em benefício próprio, ou para prejudicar ou-
tros. (Mateus 4:2-4) Ele amava a justiça. Seu coração en-
cheu-se de indignação justa ao ver vendedores inescrupu-
losos explorando o povo. (Mateus 21:12, 13) Ele tratou os
pobres e os oprimidos com imparcialidade, ajudando-os
a ‘achar revigoramento’ para si mesmos. (Mateus 11:4, 5,
28-30) Havia inigualável sabedoria nos ensinos de Jesus,
que era “maior do que Salomão”. (Mateus 12:42) Mas Je-
sus jamais fez uso exibicionista de sua sabedoria. Suas pa-
lavras tocavam o coração das pessoas comuns, pois seus
ensinos eram claros, simples e práticos.
19 Jesus foi um exemplo notável de amor. Durante todo o

seu ministério, ele demonstrou amor em suas muitas face-


tas, incluindo a empatia e a compaixão. Ele não deixava
de sentir pena ao ver o sofrimento alheio. Vez após vez,
essa sensibilidade induziu-o à ação. (Mateus 14:14) Embo-
ra curasse doentes e alimentasse famintos, Jesus mostrou
compaixão de um modo muito mais vital. Ele ajudou ou-
tros a conhecer, a aceitar e a amar a verdade a respeito do
Reino de Deus, que trará bênçãos eternas à humanidade.
(Marcos 6:34; Lucas 4:43) Acima de tudo, Jesus mostrou
amor abnegado por entregar voluntariamente a sua vida
em favor de outros. — João 15:13.
18. Como Jesus expressou as qualidades de poder, justiça e sabedo-
ria?
19, 20. (a) De que maneira Jesus foi um exemplo notável de amor?
(b) Ao lermos e refletirmos a respeito do exemplo de Jesus, o que te-
mos de ter em mente?
24 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Perguntas para Meditação


Salmo 15:1-5 O que Jeová espera dos que querem ser seus
amigos?
Salmo 34:1-18 Jeová está perto de quem e que confiança po-
dem estes ter nele?
Salmo 145:18-21 Que atividade de nossa parte nos achegará
a Jeová?
2 Coríntios 6:14–7:1 Que conduta é essencial para mantermos
um relacionamento achegado com Jeová?

20 É de admirar que pessoas de todas as idades e forma-


ções se sentissem atraídas a esse homem tão caloroso e de
sentimentos tão profundos? (Marcos 10:13-16) Ao lermos
e refletirmos a respeito do exemplo vivo de Jesus, porém,
tenhamos sempre em mente que nesse Filho vemos um
reflexo claro de seu Pai. — Hebreus 1:3.
Um compêndio que nos ajuda
21 Por revelar a si mesmo tão claramente na sua Palavra,
Jeová não deixa dúvidas de que deseja que nos achegue-
mos a ele. Ao mesmo tempo, ele não nos obriga a procu-
rar uma relação aprovada com ele. Cabe a nós buscarmos
a Jeová “enquanto ele pode ser achado”. (Isaías 55:6) Isso
envolve vir a conhecer as suas qualidades e o seu modo
de agir, revelados na Bíblia. O livro que você está lendo
foi produzido para ajudá-lo nesse sentido.
22 Verá que este livro é dividido em seções correspon-

dentes às quatro qualidades principais de Jeová: poder,


justiça, sabedoria e amor. Cada seção começa com um re-
sumo da respectiva qualidade. Os capítulos seguintes da
21, 22. O que está envolvido em buscar a Jeová, e o que este livro
contém para nos ajudar nesse esforço?
É MESMO POSSÍVEL ‘ACHEGAR-SE A DEUS’? 25

seção abordam como Jeová manifesta essa qualidade, em


seus vários aspectos. Cada seção contém também um ca-
pítulo que mostra como Jesus exemplificou a qualidade
e outro que examina como podemos refleti-la na nossa
vida.
23 Começando neste capítulo, há uma parte especial

chamada “Perguntas para Meditação”. Como exemplo,


veja o quadro na página 24. Os textos e as perguntas não
foram preparados para servir como recapitulação do capí-
tulo. Antes, seu objetivo é ajudar você a refletir sobre ou-
tros aspectos importantes do assunto. Como poderá usar
bem essa parte? Procure todos os textos citados e leia-os
atentamente. Daí, tente responder à pergunta que acom-
panha cada citação. Medite nas respostas. Talvez possa fa-
zer pesquisas. Faça a si mesmo perguntas adicionais: ‘O
que essa informação me diz a respeito de Jeová? Como
afeta a minha vida? Como posso usar isso para ajudar ou-
tros?’
24 Essa meditação nos ajudará a nos achegarmos ainda

mais a Jeová. Por quê? A Bíblia associa a meditação com


o coração. (Salmo 19:14) Quando refletimos com apreço
sobre o que aprendemos a respeito de Deus, as informa-
ções se infiltram no nosso coração simbólico, onde afe-
tam o nosso modo de pensar, estimulam os sentimentos
e, por fim, nos movem à ação. O nosso amor a Deus se
aprofunda e esse amor, por sua vez, nos move a desejar
agradá-lo como nosso Amigo mais querido. (1 João 5:3)
Para chegar a essa relação, temos de conhecer as qualida-
des e o modo de Jeová agir. Primeiro, no entanto, vamos
considerar um aspecto da natureza de Deus que nos im-
pele a nos achegar a ele — a santidade.
23, 24. (a) Explique a parte especial “Perguntas para Meditação”.
(b) Como a meditação nos ajudará a nos achegar ainda mais a Deus?
C A P Í T U L O 3

“Santo, santo, santo é Jeová”


ISAÍAS ficou pasmado com o que presenciou numa visão
da parte de Deus. Parecia tão real! Mais tarde, ele escreveu
que realmente ‘viu Jeová’ em Seu trono enaltecido e Suas
longas ‘vestes’ que enchiam o enorme templo de Jerusalém.
— Isaías 6:1, 2.
2 Isaías também ficou pasmado com o que ouviu: um can-

to tão forte que estremecia os alicerces do templo. Os can-


tores eram serafins, criaturas espirituais de altíssimo posto.
A poderosa melodia deles soava palavras de pura grandeza:
“Santo, santo, santo é Jeová dos exércitos. A terra inteira está
cheia da sua glória.” (Isaías 6:3, 4) Entoar a palavra “santo”
três vezes conferiu-lhe ênfase especial e isso é bem apropria-
do, pois Jeová é santo em grau superlativo. (Apocalipse 4:8)
A santidade de Jeová é enfatizada na Bíblia inteira. Cente-
nas de versículos associam o Seu nome às palavras “santo”
e “santidade”.
3 Obviamente, pois, uma das primeiras coisas que Jeová

deseja que entendamos a seu respeito é que ele é santo. Essa


ideia, no entanto, afasta a muitos hoje que erroneamente
associam santidade com farisaísmo, ou falsa piedade. Para
pessoas que lutam contra sentimentos negativos a respeito
de si mesmas, a santidade de Deus pode parecer mais inti-
midadora do que atraente. Talvez temam jamais ser dignas
de se achegarem a esse Deus santo. Assim, muitos se afas-
tam dele por causa de sua santidade. Isso é lamentável,
pois a santidade de Deus, na verdade, deveria impelir-nos a
nos achegarmos a ele. Como assim? Antes de respondermos
a essa pergunta, vejamos o que é a verdadeira santidade.
1, 2. Que visão teve o profeta Isaías e o que ela nos ensina sobre Jeová?
3. Por que certos conceitos errados sobre a santidade de Jeová afas-
tam muitos de Deus, em vez de achegá-los a ele?
“SANTO, SANTO, SANTO É JEOVÁ” 27

O que é santidade?
4 Ser santo não significa que Deus seja presunçoso, alti-
vo ou arrogante. Ao contrário, ele odeia essas característi-
cas. (Provérbios 16:5; Tiago 4:6) Assim, o que realmente sig-
nifica a palavra “santo”? No hebraico bíblico, ela deriva de
um termo que significa “separado”. Na adoração, “santo” se
aplica ao que é separado do uso comum, ou tido como sa-
grado. A santidade tem também forte conotação de limpe-
za e pureza. Em que sentido essa palavra se aplica a Jeová?
Significa que ele está “separado” de humanos imperfeitos,
bem longe de nós?
5 De modo algum. Como “Santo de Israel”, Jeová garantiu

ao seu povo que morava no “meio” deles, embora eles fos-


sem pecaminosos. (Isaías 12:6; Oseias 11:9) Assim, a santi-
dade de Jeová não o torna distante. Em que sentido, então,
ele está “separado”? De duas maneiras importantes. Primei-
ro, ele está separado, ou distinto, de toda a criação no senti-
do de que somente ele é o Altíssimo. A sua pureza é absoluta
e infinita. (Salmo 40:5; 83:18) Segundo, Jeová está inteira-
mente separado de toda pecaminosidade, uma ideia conso-
ladora. Por quê?
6 Vivemos num mundo em que a verdadeira santidade é

uma raridade. Tudo a respeito da sociedade humana aliena-


da de Deus é poluído de alguma maneira, manchado com
pecado e imperfeição. Todos nós temos de lutar contra o
pecado dentro de nós. E todos corremos o risco de ser-
mos vencidos pelo pecado, se baixarmos a guarda. (Roma-
nos 7:15-25; 1 Coríntios 10:12) Jeová não corre esse risco.
Totalmente afastado da pecaminosidade, jamais será man-
chado pelo mais leve traço do pecado. Isso reforça nosso
4, 5. (a) O que significa “santidade” e o que não significa? (b) Em
que dois sentidos importantes Jeová está “separado”?
6. Por que o fato de Jeová estar absolutamente separado da pecami-
nosidade é consolador?
28 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

conceito de Jeová como Pai ideal, pois significa que ele é


inteiramente confiável. Ao contrário de muitos pais huma-
nos pecadores, Jeová jamais se tornará corrupto, dissoluto
ou abusivo. A sua santidade impede tais coisas. Algumas ve-
zes, Jeová até mesmo jurou em nome de sua própria santi-
dade, pois nada poderia ser mais digno de confiança. (Amós
4:2) Não acha isso animador?
7 A santidade faz parte da própria natureza de Jeová. O que

isso significa? Para ilustrar: considere as palavras “homem”


e “imperfeito”. Não podemos falar da primeira sem lembrar
da segunda. Somos marcados pela imperfeição e ela deixa
vestígios em tudo o que fazemos. Considere agora duas pa-
lavras bem diferentes: “Jeová” e “santo”. A santidade é pró-
pria de Jeová. Tudo a seu respeito é limpo, puro e correto.
Não podemos conhecer a Jeová como ele realmente é sem
entender essa palavra profunda — “santo”.
“A santidade pertence a Jeová”
8 Visto que Jeová personifica a qualidade da santidade,
pode-se dizer corretamente que ele é a fonte de toda a santi-
dade. Ele não retém egoistamente essa qualidade preciosa;
divide-a com outros, de forma generosa. Ora, quando Deus
falou a Moisés, por meio de um anjo no espinheiro arden-
te, até mesmo o solo em volta tornou-se santo devido à sua
ligação com Jeová! — Êxodo 3:5.
9 Podem humanos imperfeitos se tornar santos com a aju-

da de Jeová? Sim, em sentido relativo. Deus ofereceu ao seu


povo Israel a perspectiva de se tornarem “uma nação san-
ta”. (Êxodo 19:6) Ele abençoou essa nação com um sistema
de adoração santo, limpo e puro. De modo que a santida-
de é um tema recorrente na Lei mosaica. De fato, o sumo
7. Por que se pode dizer que a santidade faz parte da própria nature-
za de Jeová?
8, 9. O que mostra que Jeová ajuda humanos imperfeitos a se tor-
narem santos em sentido relativo?
“SANTO, SANTO, SANTO É JEOVÁ” 29

sacerdote usava uma lâmina de ouro na frente do turban-


te, onde todos podiam vê-la reluzindo. Gravadas nela havia
as palavras: “A santidade pertence a Jeová.” (Êxodo 28:36)
Portanto, a adoração dos israelitas e, sem dúvida, seu modo
de vida, se distinguiriam por um alto padrão de limpeza e
pureza. Jeová disse-lhes: “Vocês devem ser santos, porque
eu, Jeová, seu Deus, sou santo.” (Levítico 19:2) Enquanto vi-
viam à altura dos conselhos de Deus, dentro dos limites da
imperfeição humana, os israelitas eram santos em sentido
relativo.
10 Essa ênfase na santidade estava em nítido contraste com

a adoração praticada pelas nações vizinhas de Israel. Essas


nações pagãs adoravam deuses cuja própria existência era
uma mentira e uma farsa, deuses estes representados como
violentos, gananciosos e promíscuos. Eram pervertidos em
todos os sentidos. A adoração de tais deuses pervertia as pes-
soas. Por isso, Jeová alertou seus servos a se manterem sepa-
rados dos adoradores pagãos e de suas contaminadas práti-
cas religiosas. — Levítico 18:24-28; 1 Reis 11:1, 2.
11 Quando muito, a nação escolhida de Jeová, o Israel

antigo, podia fornecer apenas um leve reflexo da santida-


de da parte celestial da organização de Deus. Os milhões de
criaturas espirituais que servem lealmente a Deus são cha-
mados de “santas miríades”. (Deuteronômio 33:2; Judas 14)
Eles refletem com perfeição o brilho e a pura beleza da san-
tidade de Deus. E lembre-se dos serafins que Isaías obser-
vou na visão. O conteúdo do cântico deles sugere que es-
sas poderosas criaturas espirituais desempenham um papel
importante na divulgação da santidade de Jeová em todo
o Universo. Mas há uma criatura espiritual que está acima
de todos eles — o Filho unigênito de Deus. Jesus é o mais
10. Na questão da santidade, que contraste havia entre o Israel anti-
go e as nações vizinhas?
11. Como a santidade da organização celestial de Jeová é evidente
(a) nos anjos? (b) nos serafins? (c) em Jesus?
30 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

sublime reflexo da santidade de Jeová. Corretamente, ele é


conhecido como “o Santo de Deus”. — João 6:68, 69.
Nome santo, espírito santo
12 Que dizer do nome do próprio Deus? Como vimos no
Capítulo 1, esse nome não é mero título ou rótulo. Repre-
senta a Jeová Deus, englobando todas as suas qualidades.
Assim, a Bíblia nos diz que seu “nome é santo”. (Isaías
57:15) A Lei mosaica previa a pena de morte para quem
profanasse o nome de Deus. (Levítico 24:16) E note o que
Jesus colocou como prioridade na oração: “Pai nosso, que
estás nos céus, santificado seja o teu nome.” (Mateus 6:9)
Santificar algo significa colocá-lo à parte como sagrado e ve-
nerá-lo, defendê-lo como santo. Mas por que algo puro por
natureza, como o nome do próprio Deus, necessitaria ser
santificado?
13 O santo nome de Deus tem sido desonrado e mancha-

do com mentiras e calúnias. No Éden, Satanás mentiu a res-


peito de Jeová e deu a entender que Ele é um Soberano in-
justo. (Gênesis 3:1-5) Desde então, Satanás — o governante
deste mundo ímpio — tem cuidado de que as mentiras a res-
peito de Deus se multiplicassem. ( João 8:44; 12:31; Apoca-
lipse 12:9) As religiões têm representado a Deus como arbi-
trário, distante ou cruel. Têm afirmado ter o apoio dele em
suas guerras sangrentas. O crédito pelas maravilhosas cria-
ções de Deus muitas vezes é dado ao acaso cego, ou evolu-
ção. Sim, o nome de Deus tem sido maldosamente difama-
do. Precisa ser santificado; a sua merecida glória tem de ser
restabelecida. Ansiamos pelo dia em que Jeová limpará seu
nome para sempre de toda acusação. Ele fará isso por meio
do Reino governado por seu Filho. Alegra-nos ter certa par-
ticipação nesse grandioso objetivo.
12, 13. (a) Por que o nome de Deus é apropriadamente chamado
de santo? (b) Por que é preciso limpar o nome de Deus de toda acu-
sação?
“SANTO, SANTO, SANTO É JEOVÁ” 31

14 Há algo mais, estreitamente ligado a Jeová, que qua-


se sempre é chamado de santo: seu espírito, ou força ativa.
(Gênesis 1:2) Jeová usa essa força poderosa para realizar seus
propósitos. Deus realiza tudo de maneira santa, pura e lim-
pa, de modo que sua força ativa é apropriadamente chama-
da de espírito santo, ou espírito de santidade. (Lucas 11:13;
Romanos 1:4) Blasfemar esse espírito santo, que implica
agir deliberadamente contra os propósitos de Jeová, é um
pecado imperdoável. — Marcos 3:29.
Por que a santidade de Jeová
nos atrai a ele?
15 Não é difícil ver, portanto, por que a Bíblia faz uma li-

gação entre a santidade de Deus e o temor da parte do ho-


mem. Por exemplo, o Salmo 99:3 reza: “Que eles louvem o
teu grande nome, pois inspira temor e é santo.” Esse temor
é um senso profundo de reverência, respeito na sua forma
mais enobrecedora. É apropriado sentir-se assim, visto que
a santidade de Deus está tão acima de nós. Ela é fulguran-
temente limpa, gloriosa. Ainda assim, não nos deve repelir.
Ao contrário, o conceito correto sobre a santidade de Deus
nos achegará ainda mais a ele. Por quê?
16 Por um lado, a Bíblia associa a santidade à beleza.

Em Isaías 63:15, o céu é descrito como “elevada morada,


santa e gloriosa [ou, “bela”, nota]”. A glória e a beleza nos
atraem. Por exemplo, veja a foto na página 33. Acha esse ce-
nário atraente? Por quê? Note como a água parece pura. Até
mesmo o ar deve ser limpo, pois o céu é azul e a luz parece
14. Por que o espírito de Deus é chamado de santo, e por que é tão
sério blasfemar o espírito santo?
15. Por que ter temor é uma reação apropriada à santidade de Jeová?
O que envolve esse temor?
16. (a) Como a santidade é associada à glória, ou beleza? Dê um
exemplo. (b) Como as descrições visionárias de Jeová acentuam a lim-
peza, a pureza e a luz?
32 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

cintilar. Mas se o cenário fosse alterado — o riacho entulha-


do de lixo, as árvores e as pedras cobertas de pichações, o ar
poluído — não nos atrairia mais; nos repeliria. Normalmen-
te, associamos a beleza à limpeza, à pureza e à luz. Essas mes-
mas palavras podem ser usadas para descrever a santidade
de Jeová. Não é de admirar que as descrições visionárias de
Jeová nos encantem! Reluzente, deslumbrante como pedras
preciosas, fulgurante como fogo, ou como os mais puros e
brilhantes metais preciosos — assim é a glória, ou beleza, de
nosso Deus santo. — Ezequiel 1:25-28; Apocalipse 4:2, 3.
17 Mas será que a santidade de Deus deveria nos fazer sen-

tir inferiores, em comparação? A resposta, naturalmente, é


sim. Afinal, somos mesmo muitíssimo inferiores a Jeová,
para dizer o mínimo. Seria esse um motivo para nos afastar-
mos dele? Considere a reação de Isaías ao ouvir os serafins
proclamarem a santidade de Jeová. “Eu disse: ‘Ai de mim!
A bem dizer já estou morto, pois sou um homem de lábios
impuros e moro no meio de um povo de lábios impuros;
pois os meus olhos viram o próprio Rei, Jeová dos exérci-
tos!’ ” (Isaías 6:5) Sim, a infinita santidade de Jeová lembrou
Isaías de como ele era pecaminoso e imperfeito. Inicialmen-
te, esse homem fiel ficou arrasado. Mas Jeová não o deixou
nesse estado.
18 Um serafim prontamente consolou o profeta. Como?

Esse poderoso espírito voou até o altar, apanhou uma brasa


ali e, com ela, tocou nos lábios de Isaías. Isso talvez pareça
mais uma tortura do que um consolo. Mas lembre-se de que
era uma visão, rica em simbolismos. Isaías, um judeu fiel,
bem sabia que diariamente eram oferecidos sacrifícios no
altar do templo, para expiação de pecados. E o serafim amo-
rosamente lembrou o profeta de que, embora fosse mesmo
17, 18. (a) Qual foi a reação inicial de Isaías diante da visão que
teve? (b) Como Jeová usou um serafim para consolar Isaías, e que
significado teve o gesto do serafim?
Assim como a beleza, a santidade deve nos atrair
34 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Perguntas para Meditação


Levítico 19:1-18 Para que a nossa conduta seja santa, quais são
alguns princípios que temos de aplicar?
Deuteronômio 23:9-14 Como a limpeza pessoal se relaciona
com a santidade? Como isso deve influir no nosso modo de
nos vestir e arrumar, e no nosso lar?
Romanos 6:12-23; 12:1-3 Ao nos esforçarmos para ser santos,
como devemos encarar o pecado e as influências do mundo?
Hebreus 12:12-17 Como podemos buscar a santificação, ou
santidade?

imperfeito, “de lábios impuros”, ainda assim podia ter uma


posição limpa perante Deus.1 Jeová se dispunha a conside-
rar santo um homem imperfeito e pecaminoso — pelo me-
nos em sentido relativo. — Isaías 6:6, 7.
19 O mesmo se aplica hoje. Todos aqueles sacrifícios ofere-

cidos no altar em Jerusalém eram apenas sombras de algo


maior — o perfeito sacrifício único, oferecido por Jesus Cris-
to em 33 EC. (Hebreus 9:11-14) Se realmente nos arrepen-
dermos de nossos pecados, corrigirmos nosso modo errado
de agir e exercermos fé nesse sacrifício, seremos perdoados.
(1 João 2:2) Também podemos ter uma posição limpa pe-
rante Deus. Assim, o apóstolo Pedro nos lembra: “Está es-
crito: ‘Sejam santos, porque eu sou santo.’ ” (1 Pedro 1:16)
Note que Jeová não disse que temos de ser tão santos quan-
to ele. Ele jamais espera o impossível de nós. (Salmo 103:13,
1 A expressão “de lábios impuros” é apropriada, pois a Bíblia mui-
tas vezes usa os lábios como símbolo da fala, ou linguagem. Em to-
dos os humanos imperfeitos, uma grande proporção de pecados pode
ser atribuída ao modo de usar a faculdade da fala. — Provérbios 10:19;
Tiago 3:2, 6.

19. Como podemos ser santos em sentido relativo, mesmo sendo im-
perfeitos?
“SANTO, SANTO, SANTO É JEOVÁ” 35

14) Em vez disso, Jeová diz para sermos santos porque ele é
santo. “Como filhos amados”, tentamos imitá-lo da melhor
maneira, dentro do que é possível para humanos imperfei-
tos. (Efésios 5:1) Portanto, alcançar a santidade é um pro-
cesso contínuo. À medida que crescemos espiritualmente,
procuramos ‘aperfeiçoar a santidade’ todos os dias. — 2 Co-
ríntios 7:1.
20 Jeová ama o que é direito e puro. Ele odeia o pecado. (Ha-

bacuque 1:13) Mas ele não nos odeia. Enquanto encararmos


o pecado como ele o encara — odiarmos o que é mau e amar-
mos o que é bom — e nos esforçarmos em seguir as pisa-
das perfeitas de Cristo Jesus, Jeová perdoará nossos pecados.
(Amós 5:15; 1 Pedro 2:21) Quando entendemos que pode-
mos ser puros aos olhos de nosso Deus santo, os efeitos são
profundos. Lembre-se de que a santidade de Jeová, de início,
fez Isaías lembrar-se de sua própria impureza. Ele bradou: “Ai
de mim!” Mas, uma vez que entendeu que seus pecados ha-
viam sido expiados, sua disposição mudou. Quando Jeová
pediu um voluntário para cumprir certa designação, Isaías
respondeu prontamente, sem nem saber do que se tratava.
Ele exclamou: “Aqui estou! Envia-me!” — Isaías 6:5-8.
21 Fomos feitos à imagem do Deus santo, dotados de qua-

lidades morais e da capacidade de exercer espiritualidade.


(Gênesis 1:26) Existe um potencial de santidade dentro de
cada um de nós. À medida que continuarmos a cultivá-la,
Jeová terá prazer em ajudar. Nesse processo, nos achegare-
mos cada vez mais ao nosso Deus santo. Além disso, ao con-
siderarmos as qualidades de Jeová nos próximos capítulos,
veremos que existem muitos motivos fortes para nos ache-
garmos a ele.
20. (a) Por que é importante entender que podemos ser puros aos
olhos de nosso Deus santo? (b) Como Isaías reagiu quando soube que
seus pecados haviam sido expiados?
21. Que base temos para confiar que podemos cultivar a qualidade
da santidade?
S E Ç Ã O 1

“ATEMORIZANTE PODER”
Nesta seção examinaremos relatos bíblicos
que atestam o poder de Jeová de criar, destruir,
proteger e restaurar. Entender como Jeová Deus,
que tem “atemorizante poder”, usa a sua
“imensa energia dinâmica” encherá o
nosso coração de coragem e esperança.
— Isaías 40:26.
C A P Í T U L O 4

“Jeová é . . . grande em poder”


ELIAS já havia visto coisas espantosas: corvos lhe trouxe-
ram comida duas vezes por dia, enquanto vivia num escon-
derijo; dois recipientes supriram farinha e azeite sem nun-
ca esvaziar durante uma fome prolongada; até mesmo fogo
caiu do céu em resposta à sua oração. (1 Reis, capítulos
17, 18) Mas Elias nunca havia visto nada como o que se se-
gue.
2 Abrigado à entrada de uma caverna no monte Horebe,

ele presenciou uma série de eventos espetaculares. Primei-


ro, um vento. Deve ter causado um ruído ensurdecedor,
pois, de tão forte, “partia montes e despedaçava rochedos”.
Depois houve um terremoto, que liberou forças tremendas
confinadas na crosta terrestre. Em seguida, fogo. Enquanto
esse ardia, Elias deve ter sentido o sopro de seu calor escal-
dante. — 1 Reis 19:8-12.
3 Todos esses eventos de naturezas diversas, presenciados

por Elias, tiveram algo em comum — eram demonstrações


do grande poder de Jeová. Naturalmente, não é preciso ver
um milagre para discernir que Deus tem essa qualidade.
Ela é óbvia. A Bíblia diz que a criação é prova do “poder
eterno e Divindade” de Jeová. (Romanos 1:20) Pense nos
clarões e estrondos de uma tempestade, na majestosa pre-
cipitação das águas de uma cachoeira, na estonteante vas-
tidão de um céu estrelado! Não vê nessas manifestações o
poder de Deus? No entanto, poucos no mundo atual real-
mente reconhecem o poder divino. Menos ainda encaram
1, 2. Que coisas espantosas Elias já havia visto, mas que eventos es-
petaculares presenciou à entrada de uma caverna no monte Horebe?
3. Elias presenciou evidências de que qualidade divina e onde pode-
mos ver evidências dessa mesma qualidade?
38 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

de maneira apropriada esse poder. Entender essa qualida-


de divina, porém, nos dá muitos motivos para nos achegar
a Jeová. Nesta seção, vamos realizar um estudo detalhado
do poder inigualável de Jeová.
Qualidade essencial de Jeová
4 Jeová é incomparável em poder. Jeremias 10:6 diz: “Nin-
guém é como tu, ó Jeová. Tu és grande, e o teu nome é
grande e poderoso.” Note que o nome de Jeová é descrito
como grande e poderoso. Lembre-se de que esse nome evi-
dentemente significa “Ele faz com que venha a ser”. O que
habilita Jeová a criar qualquer coisa que ele queira e se
tornar o que quer que ele deseje se tornar? O poder. Sim,
Jeová tem capacidade ilimitada para agir, para cumprir a
sua vontade. Esse poder é uma de suas qualidades essen-
ciais.
5 Visto que jamais poderíamos entender a plenitude de

seu poder, Jeová usa ilustrações para nos ajudar. Como já


vimos, ele usa o touro como símbolo de poder. (Ezequiel
1:4-10) É uma escolha apropriada, pois mesmo o touro do-
mesticado é uma criatura grande e poderosa. O povo da
Palestina nos tempos bíblicos raramente, se é que alguma
vez, se confrontava com algum animal mais forte. Mas eles
conheciam, sim, um tipo de touro ainda mais temível — o
touro selvagem, ou auroque, hoje extinto. ( Jó 39:9-12) Jú-
lio César, um governante romano, disse certa vez que os
touros selvagens eram quase do tamanho de elefantes. “É
grande a força deles”, escreveu, “e é grande a sua velocida-
de”. Imagine como você se sentiria pequeno e fraco perto
de uma criatura dessas!
4, 5. (a) O que a Bíblia diz sobre o nome de Jeová? (b) Por que é
apropriado que Jeová tenha escolhido o touro como símbolo de seu
poder?

“Jeová estava passando”


40 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

6 Similarmente, o homem é bem pequeno e fraco em


comparação com o Deus de poder, Jeová. Para este, até
mesmo nações poderosas são como mera camada fina de
pó numa balança. (Isaías 40:15) Diferentemente de qual-
quer criatura, o poder de Jeová é ilimitado, pois só ele é
chamado de “o Todo-Poderoso”.1 (Apocalipse 15:3) Jeová
tem “atemorizante poder” e “imensa energia dinâmica”.
(Isaías 40:26) Ele é a Fonte perene, inesgotável, de força e
de poder. Ele não depende de uma fonte externa de ener-
gia, pois “a força pertence a Deus”. (Salmo 62:11) De que
maneiras, porém, Jeová usa seu poder?
Como Jeová usa seu poder
7 Espírito santo emana de Jeová em quantidade ilimitada.
É o poder de Deus em ação. De fato, em Gênesis 1:2 a Bíblia
refere-se ao espírito santo como “força ativa” de Deus. As
palavras hebraica e grega originais vertidas “espírito” po-
dem, em outros contextos, ser traduzidas por “vento”, “fô-
lego” e “sopro”. Segundo os lexicógrafos, as palavras dos
idiomas originais transmitem a ideia de uma força invisí-
vel em ação. Assim como o vento, o espírito de Deus é in-
visível para nós, mas seus efeitos são reais e discerníveis.
8 O espírito santo de Deus é infinitamente versátil. Jeová

pode usá-lo para realizar qualquer propósito que tenha


em mente. É apropriado, pois, que na Bíblia o espírito san-
to seja simbolicamente chamado de “dedo”, “mão podero-
sa” ou “braço estendido” de Deus. (Lucas 11:20; Deutero-
1 A palavra grega traduzida por “Todo-Poderoso” literalmente sig-
nifica “Governante de todos; Aquele que tem todo o poder”.

6. Por que somente Jeová é chamado de “o Todo-Poderoso”?


7. O que é o espírito santo de Jeová, e que ideia transmitem as pala-
vras dos idiomas originais usadas na Bíblia?
8. Que expressões simbólicas a Bíblia usa para referir-se ao espírito
santo, e por que são apropriadas?
“JEOVÁ É . . . GRANDE EM PODER” 41

nômio 5:15; Salmo 8:3) Assim como o homem pode usar


as mãos para realizar uma grande variedade de tarefas que
exigem diferentes graus de força ou de destreza, Deus po-
dia, e ainda pode, usar seu espírito para realizar qualquer
coisa — como criar o infinitésimo átomo, partir o mar Ver-
melho ou capacitar os cristãos do primeiro século a falar
em línguas.
9 Jeová também usa o poder no exercício de sua autorida-

de como Soberano Universal. Consegue imaginar ter sob


seu comando milhões e milhões de súditos inteligentes
e capazes, ansiosos de cumprir as suas ordens? Jeová tem
tal poder de comando. Ele tem servos humanos, que as
Escrituras muitas vezes comparam a um exército. (Salmo
68:11; 110:3) No entanto, o ser humano é uma criatura fra-
ca, em comparação com um anjo. Ora, quando os solda-
dos assírios atacaram o povo de Deus, um único anjo ma-
tou 185 mil deles numa só noite! (2 Reis 19:35) Os anjos de
Deus são “fortes e poderosos”. — Salmo 103:19, 20.
10 Quantos anjos existem? O profeta Daniel, numa vi-

são que teve do céu, observou bem mais de 100 milhões


de criaturas espirituais perante o trono de Jeová. Mas nada
indica que ele tenha visto a totalidade dos anjos. (Daniel
7:10) Portanto, talvez existam centenas de milhões de an-
jos. De modo que Deus é chamado de Jeová dos exércitos.
Esse título indica sua posição poderosa de Comandante de
uma vasta e organizada formação de anjos poderosos. Aci-
ma de todas essas criaturas espirituais ele colocou alguém
como responsável, seu Filho amado, “o primogênito de
toda a criação”. (Colossenses 1:15) Como arcanjo — supe-
rior a todos os anjos, serafins e querubins —, Jesus é a cria-
tura mais poderosa de Jeová.
9. Até que ponto vai o poder de comando de Jeová?
10. (a) Por que o Todo-Poderoso é chamado de Jeová dos exércitos?
(b) Quem é a criatura mais poderosa de Jeová?
42 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

11 Mas Jeová usa o poder ainda de outras maneiras. Hebreus


4:12 diz: “A palavra de Deus é viva e exerce poder.” Já ob-
servou o poder fenomenal da palavra de Deus, a mensagem
inspirada pelo espírito, preservada na Bíblia? Ela pode nos
fortalecer, edificar a nossa fé e nos ajudar a fazer grandes mu-
danças pessoais. O apóstolo Paulo alertou concrentes con-
tra indivíduos que levavam uma vida crassamente imoral.
Daí acrescentou: “No entanto, isso é o que alguns de vocês
foram.” (1 Coríntios 6:9-11) Sim, “a palavra de Deus” havia
exercido seu poder sobre eles e os ajudado a fazer mudanças.
12 O poder de Jeová é tão imenso, e seus meios de usá-

lo são tão eficazes, que nada pode impedi-lo. Jesus disse:


“Para Deus todas as coisas são possíveis.” (Mateus 19:26)
Com que objetivos Jeová usa seu poder?
Poder guiado por um propósito
13 O espírito de Jeová é muito superior a qualquer força fí-
sica; e Jeová não é uma força impessoal, uma mera fonte de
energia. É um Deus pessoal, no pleno controle de seu pró-
prio poder. O que, então, o induz a usá-lo?
14 Como veremos, Deus usa seu poder para criar, destruir,

proteger e restaurar — em suma, para fazer tudo o que se en-


quadra nos seus propósitos perfeitos. (Isaías 46:10) Em cer-
tos casos, Jeová usa o poder para revelar aspectos importantes
de sua personalidade e de seus padrões. Acima de tudo, ele o
usa para cumprir Sua vontade — santificar seu santo nome
por meio do Reino messiânico, mostrando que Seu modo de
governar é o melhor. Nada pode frustrar esse propósito.
15 Jeová também usa seu poder para nos beneficiar pes-

11, 12. (a) De que maneiras a palavra de Deus exerce poder?


(b) Como Jesus atestou a grandeza do poder de Jeová?
13, 14. (a) Por que se pode dizer que Jeová não é uma fonte impes-
soal de energia ou poder? (b) De que maneiras Jeová usa seu poder?
15. Com que propósito relacionado com os seus servos Jeová usa o
seu poder, e como se viu isso no caso de Elias?
“JEOVÁ É . . . GRANDE EM PODER” 43

soalmente. Note o que diz 2 Crônicas 16:9: “Os olhos de


Jeová percorrem toda a terra, para mostrar a sua força a
favor daqueles que têm o coração pleno para com ele.”
O que aconteceu com Elias, conforme mencionado no iní-
cio, ilustra isso. Por que Jeová lhe fez aquelas demonstra-
ções assombrosas de poder divino? Bem, a perversa Rainha
Jezabel havia jurado matar Elias. O profeta estava fugin-
do para salvar a vida. Ele se sentia sozinho, assustado e
desanimado — como se todo o seu trabalho árduo tivesse
sido em vão. Para consolar esse homem aflito, Jeová lem-
brou-o vividamente da grandeza do poder divino. O ven-
to, o terremoto e o fogo indicavam que o Ser mais po-
deroso do Universo apoiava Elias. Por que deveria ter
medo de Jezabel, tendo o apoio do Deus Todo-Poderoso?
— 1 Reis 19:1-12.1
16 Embora atualmente não seja sua época de fazer mila-

gres, Jeová não mudou desde os dias de Elias. (1 Coríntios


13:8) Ele está tão desejoso como sempre esteve de usar seu
poder em favor dos que o amam. É verdade que ele resi-
de num elevado domínio espiritual, mas não está longe de
nós. Seu poder é ilimitado, de modo que a distância não
é nenhum obstáculo. Na verdade, “Jeová está perto de to-
dos os que o invocam”. (Salmo 145:18) Certa vez, quan-
do o profeta Daniel orou a Jeová pedindo ajuda, um anjo
lhe apareceu antes mesmo de ele terminar de orar! (Da-
niel 9:20-23) Nada pode impedir Jeová de ajudar e fortale-
cer aqueles a quem ele ama. — Salmo 118:6.
1 A Bíblia diz que ‘Jeová não estava no vento, no terremoto ou no
fogo’. Ao contrário dos adoradores de míticos deuses da natureza, os
servos de Jeová não o procuram dentro das forças da natureza. Ele é
grandioso demais para ficar confinado em algo que ele mesmo criou.
— 1 Reis 8:27.

16. Quando meditamos no grande poder de Jeová, por que isso nos
consola?
44 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

O grande poder de Deus o torna inacessível?


17 Será que deveríamos temer a Deus por causa do seu
poder? A única resposta possível é sim e não. Sim, no sen-
tido de que tal qualidade nos dá amplos motivos para ter-
mos temor reverente, aquele profundo respeito que consi-
deramos brevemente no capítulo anterior. Esse temor, diz
a Bíblia, é “o princípio da sabedoria”. (Salmo 111:10) Mas
também respondemos não, no sentido de que o poder de
Deus não nos dá motivo para ter pavor dele ou evitar nos
dirigir a ele.
18 “O poder tende a corromper; o poder absoluto corrom-

pe absolutamente.” Assim escreveu o historiador inglês


Lorde Acton, em 1887. Essa declaração já foi citada mui-
tas vezes, talvez porque tantas pessoas veem nela uma ver-
dade inegável. Humanos imperfeitos costumam abusar do
poder, como a História confirma vez após vez. (Eclesias-
tes 4:1; 8:9) Por isso, muitos não confiam nos poderosos e
se afastam deles. Tendo em vista que o poder de Jeová é
absoluto, será que isso o corrompeu de alguma maneira?
Certamente que não! Como já vimos, ele é santo, absoluta-
mente incorruptível. Jeová é diferente dos imperfeitos ho-
mens e mulheres de poder neste mundo corrupto. Ele nun-
ca abusou de seu poder, e jamais o fará!
19 Lembre-se de que o poder não é a única qualidade de

Jeová. Ainda estudaremos sua justiça, sua sabedoria e seu


amor. Mas não pense que as qualidades de Jeová se ma-
nifestam de modo rígido ou mecânico, como se ele exer-
cesse apenas uma delas por vez. Ao contrário, veremos nos
17. Em que sentido o poder de Jeová nos inspira temor, mas que tipo
de temor não inspira?
18. (a) Por que muitos não confiam em pessoas poderosas? (b) Que
certeza temos de que o poder de Jeová não pode corrompê-lo?
19, 20. (a) Jeová sempre usa seu poder em harmonia com que ou-
tras qualidades, e por que isso é reanimador? (b) Como você ilustra-
ria o autocontrole de Jeová, e por que isso o atrai?
“JEOVÁ É . . . GRANDE EM PODER” 45

Perguntas para Meditação


2 Crônicas 16:7-13 De que modo o exemplo do Rei Asa mostra
a seriedade de não confiar no poder de Jeová?
Salmo 89:6-18 O poder de Jeová tem que efeito sobre seus
adoradores?
Isaías 40:10-31 Como se descreve aqui o poder de Jeová?
Como é descrita a grandeza desse poder e como ele pode bene-
ficiar-nos pessoalmente?
Apocalipse 11:16-18 O que Jeová promete fazer mediante o seu
poder no futuro? Por que isso anima os cristãos verdadeiros?

próximos capítulos que Jeová sempre usa seu poder em har-


monia com a justiça, a sabedoria e o amor. Considere ain-
da outra qualidade de Deus, rara entre os governantes do
mundo — o autocontrole.
20 Imagine encontrar um homem tão alto e tão forte que

você se sinta intimidado por ele. Com o tempo, porém,


você percebe que ele parece ser gentil. Está sempre dispos-
to e ansioso para usar seu poder para ajudar e proteger as
pessoas, em especial os indefesos e vulneráveis. Ele jamais
abusa de sua força. Você o vê ser caluniado sem justa causa
e ainda assim o comportamento dele é firme, porém cal-
mo, digno, até mesmo bondoso. Talvez fique imaginando
se seria capaz de mostrar a mesma mansidão e autocontro-
le, em especial se fosse tão forte quanto ele! À medida que
fosse conhecendo melhor esse homem, não teria vontade
de se achegar mais a ele? Temos muitos outros motivos
para nos achegar ao todo-poderoso Jeová. Note a sentença
inteira em que se baseia o título deste capítulo: “Jeová é pa-
ciente e grande em poder.” (Naum 1:3) Jeová não se apres-
sa em usar seu poder contra as pessoas, nem mesmo contra
os perversos. Ele é brando e bondoso. Mostrou ser “pacien-
te” diante de muitas provocações. — Salmo 78:37-41.
46 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

21 Considere o autocontrole de Jeová de outro ângulo. Se


você tivesse poder ilimitado, acha que se sentiria, às vezes,
tentado a obrigar as pessoas a fazer as coisas do seu jeito?
Jeová, com todo o seu poder, não compele as pessoas a ser-
vi-lo. Embora servir a Deus seja o único caminho para a
vida eterna, ele não nos obriga a prestar-lhe tal serviço. Em
vez disso, bondosamente dignifica cada pessoa com a liber-
dade de escolha. Ele alerta contra as consequências das es-
colhas erradas e fala das recompensas das escolhas certas.
Mas nós é que temos de escolher. (Deuteronômio 30:19,
20) Jeová simplesmente não tem interesse em que seus ser-
vos o obedeçam por obrigação, ou por temor mórbido de
seu assombroso poder. Ele procura os que se oferecem vo-
luntariamente para servi-lo, por amor. — 2 Coríntios 9:7.
22 Vejamos mais um motivo pelo qual não precisamos ter

pavor do Deus Todo-Poderoso. Humanos poderosos, em


geral, temem partilhar o poder. Jeová, no entanto, se agra-
da em dar poder a seus adoradores leais. Ele delega grande
autoridade a outros, como a seu Filho, por exemplo. (Ma-
teus 28:18) Jeová também dá poder a seus servos de outra
maneira. A Bíblia explica: “Teus, ó Jeová, são a grandeza, o
poder, a glória, o esplendor e a majestade; pois tudo o que
há nos céus e na terra pertence a ti. . . . Nas tuas mãos há
força e poder, e nas tuas mãos há a capacidade para engran-
decer e para fortalecer a todos.” — 1 Crônicas 29:11, 12.
23 Sim, Jeová terá prazer em lhe dar força. Ele até mesmo

confere “poder além do normal” aos que desejam servi-lo.


(2 Coríntios 4:7) Não se sente atraído a esse Deus dinâmi-
co, que usa seu poder de modo tão bondoso e correto? No
próximo capítulo, focalizaremos como Jeová usa seu poder
para criar.
21. Por que Jeová não obriga as pessoas a fazer a Sua vontade, e o que
isso nos ensina a respeito dele?
22, 23. (a) Que indicações há de que Jeová se agrada em dar poder
a outros? (b) O que consideraremos no próximo capítulo?
C A P Í T U L O 5

Poder criativo — “Aquele que


fez o céu e a terra”
JÁ FICOU alguma vez perto do fogo numa noite fria? Tal-
vez tenha mantido as mãos na distância certa das chamas,
para sentir seu calor agradável. Se você momentaneamen-
te chegou perto demais, o calor ficou insuportável. E, caso
tenha se afastado demais, o ar gelado da noite o fez sentir
frio.
2 Existe um “fogo” que esquenta o nosso corpo durante

o dia. Está a uma distância de uns 150 milhões de quilô-


metros.1 Para que sintamos o calor do Sol de uma distân-
cia tão grande, que tremenda energia ele precisa ter! Mas a
Terra orbita essa assombrosa fornalha termonuclear na dis-
tância exata. Perto demais, as águas da Terra evaporariam;
longe demais, congelariam. Ambos os extremos elimina-
riam a vida no nosso planeta. Essencial para a vida na Ter-
ra, a luz solar é também limpa e eficiente, além de agradá-
vel. — Eclesiastes 11:7.
3 No entanto, a maioria das pessoas encara o Sol como

algo corriqueiro, embora dependam dele para viver. Com


isso, deixam de aprender uma lição importante. A Bíblia
diz a respeito de Jeová: “Fizeste a luz e o sol.” (Salmo
74:16) Sim, o Sol honra a Jeová, “Aquele que fez o céu e
a terra”. (Salmo 19:1; 146:6) Ele é apenas um dos incon-
táveis corpos celestes que nos conscientizam do tremendo
poder criativo de Jeová. Vamos examinar alguns desses e
1 Para ter uma ideia da enormidade desse número, imagine: cobrir
essa distância de carro — a 160 quilômetros por hora, 24 horas por
dia — levaria mais de cem anos!

1, 2. De que modo o Sol demonstra o poder criativo de Jeová?


3. O Sol confirma que verdade importante?
48 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

‘Jeová fez a luz


e o sol’

depois voltaremos nossa atenção para a Terra e sua grande


variedade de vida.
“Ergam os olhos para o céu e vejam”
4 Como sem dúvida sabe, o Sol é uma estrela. Ele parece
ser maior do que as estrelas noturnas, pois está bem mais
perto de nós. Qual é a sua capacidade? No núcleo, sua tem-
peratura é de uns 15 milhões de graus Celsius. Se você pu-
desse apanhar do núcleo do Sol um pedacinho do tama-
nho de uma cabeça de alfinete e trazê-lo aqui para a Terra,
ninguém estaria seguro a menos de 140 quilômetros dis-
tante dessa minúscula fonte de calor! A cada segundo, o
Sol emite energia equivalente à explosão de muitas cente-
nas de milhões de bombas nucleares.
5 O Sol é tão grande que, dentro dele, caberiam mais de

1 milhão e 300 mil Terras. Mas será que ele é uma estrela
excepcionalmente grande? Não, os astrônomos chamam-
4, 5. Qual é a capacidade e o tamanho do Sol, mas como se compa-
ra isso com outras estrelas?
PODER CRIATIVO — “AQUELE QUE FEZ O CÉU E A TERRA” 49

na de anã amarela. O apóstolo Paulo escreveu que “uma es-


trela difere de outra estrela em glória”. (1 Coríntios 15:41)
Ele nem tinha noção de como essas palavras inspiradas
eram verdadeiras. Existe uma estrela tão grande que, se fos-
se colocada no lugar do Sol, a Terra ficaria dentro dela. Se
fosse feita a mesma coisa com outra estrela gigante, essa
ocuparia todo o espaço até Saturno — embora esse planeta
esteja tão distante da Terra que uma espaçonave, viajando
40 vezes mais rápido do que uma bala de fuzil, levou qua-
tro anos para chegar lá!
6 Ainda mais assombroso do que o tamanho das estrelas

é a sua quantidade. De fato, a Bíblia sugere que as estrelas


6. Como a Bíblia mostra que o número de estrelas é vasto do ponto
de vista humano?

“Ele chama a todas elas


por nome”
50 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

são praticamente inumeráveis, tão difíceis de contar como


a “areia do mar”. ( Jeremias 33:22) Isso subentende que há
muito mais estrelas do que se pode ver a olho nu. Afinal,
se um escritor bíblico, como Jeremias, erguesse os olhos
e tentasse contar as estrelas à noite, teria contado ape-
nas umas três mil — o total que se pode detectar a olho
nu numa noite estrelada. Isso é comparável ao número de
grãos num mero punhado de areia. Na realidade, porém,
o número de estrelas é inimaginável, como o de grãos de
areia do mar.1 Quem seria capaz de contá-lo?
7 Isaías 40:26 responde: “Ergam os olhos para o céu e ve-

jam. Quem criou estas coisas? Foi Aquele que as faz sair
como um exército, por número; ele chama a todas elas por
nome.” O Salmo 147:4 diz: “Ele conta o número das estre-
las.” Qual é “o número das estrelas”? Não é uma pergun-
ta fácil de ser respondida. Os astrônomos calculam que há
mais de 100 bilhões delas só na nossa galáxia, a Via Láctea.2
Alguns dizem que há muito mais. Mas a nossa galáxia é ape-
nas uma dentre muitas outras, muitas das quais fervilham
com mais estrelas ainda. Quantas galáxias existem? Astrô-
nomos dizem centenas de bilhões, até mesmo trilhões. Pa-
rece que o homem ainda não consegue determinar nem
mesmo o número de galáxias e muito menos o total exa-
to dos bilhões de estrelas que elas contêm. Mas Jeová sabe
quantas são. Além disso, ele dá um nome a cada estrela!
1 Alguns acham que os antigos, nos tempos bíblicos, devem ter usa-
do algum tipo de telescópio primitivo. Senão, ponderam, como as
pessoas daquele tempo poderiam saber que o número de estrelas é tão
vasto e incontável do ponto de vista humano? Essa especulação in-
fundada não leva em conta Jeová, o Autor da Bíblia. — 2 Timóteo 3:16.
2 Sabe quanto tempo você levaria apenas para contar 100 bilhões
de estrelas? Se pudesse contar uma por segundo — 24 horas por dia —,
levaria 3.171 anos!

7. O que se pode dizer sobre o número de estrelas na nossa galáxia


ou sobre o número de galáxias no Universo?
PODER CRIATIVO — “AQUELE QUE FEZ O CÉU E A TERRA” 51

8 A nossa reverência só pode aumentar quando pensamos


no tamanho das galáxias. Calcula-se que a extensão da Via
Láctea seja de uns 100 mil anos-luz. Imagine um raio de
luz viajando à tremenda velocidade de 300 mil quilôme-
tros por segundo. Esse raio levaria 100 mil anos para cruzar
a nossa galáxia! E há galáxias muito maiores do que a nos-
sa. A Bíblia diz que Jeová estende “os céus” como se fos-
sem um simples tecido. (Salmo 104:2) Ele também contro-
la os movimentos dessas criações. Desde a menor partícula
de poeira interestelar até a mais poderosa galáxia, tudo se
move segundo leis físicas formuladas e aplicadas por Deus.
( Jó 38:31-33) Assim, alguns cientistas comparam os movi-
mentos precisos dos corpos celestes à coreografia de um
complexo balé. Pense, então, Naquele que criou essas coi-
sas. Não sente profunda reverência pelo Deus de tamanho
poder criativo?
“Aquele que fez a terra com o seu poder”
9 O poder criativo de Jeová é evidente em nosso lar, a Ter-
ra. Ele a situou com muita precisão dentro do vasto Univer-
so. Alguns cientistas acreditam que muitas galáxias sejam
inóspitas para um planeta em que há vida, como o nosso.
A maior parte da Via Láctea evidentemente não foi projeta-
da para sustentar vida. O centro galáctico está coalhado de
estrelas. A radiação é alta e quase colisões entre estrelas são
comuns. Nas extremidades da galáxia não existem muitos
dos elementos essenciais à vida. O nosso sistema solar se
localiza no ponto ideal, entre esses extremos.
10 A Terra se beneficia de um remoto, porém gigante, pro-

tetor — o planeta Júpiter. Mais de mil vezes maior do que


8. (a) Como se pode ter uma ideia do tamanho da galáxia Via Lác-
tea? (b) Por que meios Jeová controla os movimentos dos corpos
celestes?
9, 10. De que maneiras é evidente o poder de Jeová no posiciona-
mento do sistema solar, de Júpiter, da Terra e da Lua?
52 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

a Terra, Júpiter exerce uma tremenda influência gravita-


cional. O resultado? Ele absorve ou desvia objetos que cru-
zam o espaço. Os cientistas calculam que, se não fosse Júpi-
ter, a chuva de projéteis maciços que atingem a Terra seria
10 mil vezes maior do que é no presente. Mais perto, a Ter-
ra é abençoada com um satélite incomum — a Lua. Mais do
que um ornamento e fonte de “luz noturna”, a Lua man-
tém a Terra numa inclinação constante e firme. Essa incli-
nação produz aqui estações previsíveis e estáveis — outro
fator importante que favorece a vida.
11 O poder criativo de Jeová é evidente em todas as face-

tas do projeto da Terra. Veja a atmosfera, que serve como


um grande escudo. O Sol emite tanto raios benéficos como
mortíferos. Ao atingirem a parte superior da atmosfera,
os raios letais transformam o oxigênio comum em ozô-
nio. A resultante camada de ozônio, por sua vez, absorve a
maioria desses raios. Assim, nosso planeta tem seu próprio
“guarda-chuva” protetor.
12 Esse é apenas um dos aspectos da atmosfera, uma com-

plexa mistura de gases, ideal para sustentar a vida das cria-


turas na superfície da Terra ou perto dela. Outra maravilha
da atmosfera é o ciclo da água. Todo ano, o sol faz mais de
400 mil quilômetros cúbicos de água evaporar dos oceanos
e mares da Terra. Essas águas formam nuvens, que os ven-
tos atmosféricos espalham por toda a parte. Depois, filtra-
das e purificadas, elas caem como chuva, neve ou gelo, rea-
bastecendo os suprimentos de água. É exatamente como
diz Eclesiastes 1:7: “Todos os rios correm para o mar; mes-
mo assim, o mar não fica cheio. Os rios voltam para o lu-
gar de onde saíram, a fim de correr novamente.” Somente
Jeová poderia ter acionado tal ciclo.
11. Como a atmosfera da Terra foi projetada para servir de escudo
protetor?
12. Como o ciclo de água atmosférico ilustra o poder criativo de
Jeová?
PODER CRIATIVO — “AQUELE QUE FEZ O CÉU E A TERRA” 53

13 Onde existe vida, há evidência do poder do Criador.


Desde as majestosas sequoias-sempre-verdes (mais altas do
que um prédio de 30 andares) até as plantas microscópicas
que pululam nos oceanos e suprem grande parte do oxigê-
nio que respiramos, o poder criativo de Jeová é evidente.
O próprio solo fervilha de coisas vivas — minhocas, fun-
gos e micróbios, todos interagindo de maneiras complexas
que ajudam no crescimento das plantas. Apropriadamente,
a Bíblia fala do solo como tendo “poder”. — Gênesis 4:12,
nota.
14 Sem dúvida, é Jeová “Aquele que fez a terra com o seu

poder”. ( Jeremias 10:12) O poder de Deus é evidente até


mesmo nas menores criações. Por exemplo, um milhão de
átomos colocados lado a lado não atingiriam a espessura
de um fio de cabelo humano. E, mesmo se um átomo fos-
se aumentado até a altura de um prédio de 14 andares, seu
núcleo seria do tamanho de um mero grão de sal no séti-
mo andar. No entanto, esse infinitésimo núcleo é a fonte
da espantosa energia liberada numa explosão nuclear!
“Tudo que respira”
15Outra prova vívida do poder criativo de Jeová é a abun-
dância de vida animal na Terra. Entre as muitas coisas que
louvam a Jeová, alistadas no Salmo 148, o versículo 10 in-
clui “animais selvagens e todos os animais domésticos”.
Para mostrar por que o homem deve ter reverência pelo
Criador, Jeová falou certa vez a Jó a respeito de animais
como o leão, a zebra, o touro selvagem, o Beemote (ou hi-
popótamo) e o Leviatã (pelo visto, o crocodilo). Qual era o
ponto em questão? Se o homem se admira dessas criaturas
13. Que evidências do poder do Criador vemos na vegetação e no
solo da Terra?
14. Que poder latente existe até mesmo no minúsculo átomo?
15. Ao referir-se a vários animais selvagens, que lição Jeová ensinou
a Jó?
54 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

fortes, temíveis e indomáveis, como deveria se sentir com


relação ao Criador delas? — Jó, capítulos 38-41.
16 O Salmo 148:10 menciona também “pássaros”. Pense

na enorme variedade! Jeová falou a Jó da avestruz, que “ri


do cavalo e do cavaleiro”. De fato, essa ave de 2,5 metros de
altura talvez não saiba voar, mas pode correr a 65 quilôme-
tros por hora, com passadas de até uns 4 metros! ( Jó 39:13,
18) O albatroz, por sua vez, é um planador nato que passa
a maior parte da vida no ar, sobre os oceanos. Essa ave tem
uns 3 metros de envergadura e pode planar por horas a fio
sem bater as asas. Em contraste, o beija-flor-abelha, de ape-
nas uns 5 centímetros de comprimento, é a menor ave do
mundo. Ele pode bater as asas 80 vezes por segundo! Beija-
flores, reluzentes como pequeninas gemas aladas, podem
pairar no ar como helicópteros e até voar de marcha a ré.
17 O Salmo 148:7 diz que até mesmo os “grandes criatu-

ras marinhas” louvam a Jeová. Considere o que em geral é


considerado o maior animal que já viveu neste planeta, a
baleia-azul. Essa criatura que nada em “águas profundas”
pode chegar a mais de 30 metros de comprimento. Pode
igualar-se ao peso de uma manada de 30 elefantes adultos.
Só a sua língua tem o peso de um elefante. O coração é
do tamanho de um carro popular. Esse enorme órgão bate
apenas 9 vezes por minuto — em contraste com o cora-
ção do beija-flor, que pode bater umas 1.200 vezes por mi-
nuto. Pelo menos um dos vasos sanguíneos da baleia-azul
é tão grande que uma criança poderia se arrastar por den-
tro dele. Com certeza, nosso coração nos induz a repetir a
exortação final do livro dos Salmos: “Tudo que respira, lou-
ve a Jah.” — Salmo 150:6.
16. O que o impressiona a respeito de algumas aves criadas por
Jeová?
17. Qual é o tamanho da baleia-azul? A que conclusão natural deve-
mos chegar ao meditar nos animais que Jeová criou?
PODER CRIATIVO — “AQUELE QUE FEZ O CÉU E A TERRA” 55

Perguntas para Meditação


Salmo 8:3-9 Como as criações de Jeová podem ensinar-nos a ser
humildes?
Salmo 19:1-6 O que o poder criativo de Jeová pode incitar-nos a
fazer? Por quê?
Mateus 6:25-34 Como meditar no poder criativo de Jeová pode aju-
dar-nos a combater a ansiedade e a estabelecer prioridades corretas
na vida?
Atos 17:22-31 De que modo o uso do poder criativo de Jeová nos
ensina que a idolatria é errada e que Deus não está longe de nós?

Aprendamos do poder criativo de Jeová


18 O que nos ensina o uso do poder criativo de Jeová?
A diversidade da criação nos assombra. Certo salmista ex-
clamou: “Quantas são as tuas obras, ó Jeová! . . . A terra
está cheia dos teus trabalhos.” (Salmo 104:24) É verdade!
Os biólogos já identificaram bem mais de um milhão de
espécies de coisas vivas na Terra; mas as opiniões variam
em relação a quantos milhões mais de espécies podem
existir. Um artista humano pode achar que às vezes esgo-
ta a sua criatividade. Em contraste, a criatividade de Jeová
— seu poder de inventar e criar coisas diversificadas — é ob-
viamente inesgotável.
19 O uso que Jeová faz de seu poder criativo nos ensina

algo a respeito de Sua soberania. A própria palavra “Cria-


dor” distingue Jeová de qualquer outra coisa no Universo,
onde tudo o que existe é “criação”. Até mesmo o Filho uni-
gênito de Jeová, que serviu como “trabalhador perito” du-
rante a criação, jamais é chamado de Criador, ou de Co-
criador, na Bíblia. (Provérbios 8:30; Mateus 19:4) Em vez
disso, ele é “o primogênito de toda a criação”. (Colossenses
18, 19. Até que ponto chega a diversidade das coisas vivas feitas por
Jeová na Terra, e o que a criação nos ensina a respeito de Sua sobe-
rania?
56 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

1:15) A posição de Jeová como Criador dá a ele o direito


inerente de exercer exclusivo poder soberano sobre todo o
Universo. — Romanos 1:20; Apocalipse 4:11.
20 Será que Jeová parou de usar seu poder criativo? Bem, a

Bíblia diz que Jeová “passou a descansar, no sétimo dia, de


toda a obra que fez” nos anteriores seis dias criativos. (Gê-
nesis 2:2) O apóstolo Paulo indicou que a duração desse sé-
timo “dia” é de milhares de anos, pois ainda estava em cur-
so nos seus dias. (Hebreus 4:3-6) Mas será que “descansar”
significa que Jeová parou totalmente de trabalhar? Não,
Jeová nunca para de trabalhar. (Salmo 92:4; João 5:17) Por-
tanto, seu descanso deve simplesmente significar que ele
encerrou suas obras criativas materiais com relação à Ter-
ra. As obras para cumprir os seus propósitos, porém, têm
continuado sem interrupção. Essas obras incluem a inspi-
ração das Escrituras Sagradas e até mesmo “uma nova cria-
ção”, assunto que será abordado no Capítulo 19. — 2 Co-
ríntios 5:17.
21 Quando o dia de descanso de Jeová chegar ao fim,

ele poderá classificar de “muito bom” tudo o que fez


com relação à Terra, assim como fez no fim de cada um
dos seis dias criativos. (Gênesis 1:31) Como ele vai deci-
dir usar o seu ilimitado poder criativo depois disso, resta
ver. Seja como for, podemos ter certeza de que o uso
do poder criativo de Deus continuará a nos fascinar. Por
toda a eternidade, aprenderemos mais coisas a respeito de
Jeová por meio de suas criações. (Eclesiastes 3:11) Quanto
mais aprendermos sobre ele, mais profunda será a nossa
reverência — e mais nos achegaremos ao nosso Grandioso
Criador.
20. Em que sentido Jeová descansou depois de terminar sua criação
terrestre?
21. Como o poder criativo de Jeová afetará os humanos fiéis por toda
a eternidade?
C A P Í T U L O 6

Poder de destruição — “Jeová


é um poderoso guerreiro”
OS ISRAELITAS estavam encurralados — espremidos entre
rochedos íngremes de um lado e um mar intransponível
de outro. O exército egípcio, uma cruel máquina de ma-
tança, os perseguia a todo o vapor, decidido a aniquilá-los.1
Apesar disso, Moisés exortou o povo de Deus a não perder
a esperança. “O próprio Jeová lutará por vocês”, garantiu-
lhes. — Êxodo 14:14.
2 Mesmo assim, Moisés pelo visto invocou a Jeová, que

lhe respondeu: ‘Por que você persiste em clamar a mim?


Erga o seu bastão, estenda a mão sobre o mar e divida-o.’
(Êxodo 14:15, 16) Imagine o desenrolar dos eventos. Jeová
imediatamente deu ordens ao seu anjo e, assim, a coluna
de nuvem passou para a retaguarda de Israel, talvez se es-
tendendo como uma parede e bloqueando a linha de ata-
que egípcia. (Êxodo 14:19, 20; Salmo 105:39) Moisés esten-
deu a mão. Impelido por um vento forte, o mar se abriu. As
águas de alguma maneira ficaram estáticas e se ergueram
como muralhas, abrindo uma passagem suficientemente
larga para a nação inteira! — Êxodo 14:21; 15:8.
3 Diante dessa prova de poder, Faraó deveria ter ordena-

do o recuo de suas tropas. Mas ele era orgulhoso demais


para isso e mandou atacar. (Êxodo 14:23) Os egípcios lan-
çaram-se ao leito do mar atrás dos israelitas, mas a caçada
1 Segundo o historiador judeu Josefo, os hebreus foram persegui-
dos por “seiscentos carros de guerra, cinquenta mil cavaleiros e du-
zentos mil homens de infantaria bem armados”. — Antiguidades Ju-
daicas, Volume 1, p. 244.

1-3. (a) Que ameaça dos egípcios os israelitas enfrentaram?


(b) Como Jeová lutou pelo seu povo?
PODER DE DESTRUIÇÃO — “JEOVÁ É UM PODEROSO GUERREIRO” 59

logo virou um caos, porque as rodas dos carros de guerra


começaram a se desprender. Quando os israelitas estavam
seguros na outra margem, Jeová ordenou a Moisés: “Esten-
da a mão sobre o mar, para que as águas voltem sobre os
egípcios, sobre seus carros de guerra e seus cavaleiros.” As
muralhas de água desabaram, afogando Faraó e suas forças.
— Êxodo 14:24-28; Salmo 136:15.
4 A salvação do povo de Israel no mar Vermelho foi um

evento momentoso na história dos tratos de Deus com a


humanidade. Naquela ocasião, Jeová mostrou ser “um po-
deroso guerreiro”. (Êxodo 15:3) Mas como reage ao saber
que Jeová às vezes é descrito dessa maneira? Na verdade, as
guerras têm causado muitas dores e sofrimento para a hu-
manidade. Acha, então, que o poder de destruição de Deus
parece mais um obstáculo do que um incentivo para se
achegar a ele?
Guerras divinas versus conflitos humanos
5 Umas duzentas e sessenta vezes nas Escrituras Hebraicas,
e duas vezes nas Escrituras Gregas Cristãs, Deus é chama-
do de “Jeová dos exércitos”. (1 Samuel 1:11) Como Gover-
nante Soberano, Jeová comanda um vasto exército de forças
angélicas. (Josué 5:13-15; 1 Reis 22:19) O potencial de des-
truição desse exército é assombroso. (Isaías 37:36) A ideia de
destruir seres humanos não é agradável. Mas cabe lembrar
que as guerras divinas são diferentes dos mesquinhos con-
flitos humanos. Líderes militares e políticos talvez tentem
4. (a) O que Jeová mostrou ser no mar Vermelho? (b) Como alguns
talvez reajam ao saber que Jeová é descrito dessa maneira?
5, 6. (a) Por que Deus é chamado apropriadamente de “Jeová dos
exércitos”? (b) Em que diferem as guerras divinas das guerras huma-
nas?

No mar Vermelho, Jeová mostrou ser


“um poderoso guerreiro”
60 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

atribuir motivos nobres à sua agressão. Mas as guerras hu-


manas são sempre marcadas pela ganância e pelo egoísmo.
6 Em contraste com isso, Jeová não se guia pela emoção

cega. Deuteronômio 32:4 diz: “A Rocha — perfeito é tudo o


que ele faz, pois todos os seus caminhos são justos. Deus de
fidelidade, que nunca é injusto; justo e reto é ele.” A Pala-
vra de Deus condena a fúria, a crueldade e a violência de-
senfreadas. (Gênesis 49:7; Salmo 11:5) Portanto, Jeová ja-
mais age sem motivos. Seu poder de destruição é usado
com moderação e como último recurso. É como ele decla-
rou por meio de seu profeta Ezequiel: “ ‘Por acaso eu tenho
algum prazer na morte de uma pessoa má?’ diz o Soberano
Senhor Jeová. ‘Não prefiro que ele abandone os seus cami-
nhos e continue vivo?’ ” — Ezequiel 18:23.
7 Por que, então, Jeová usa o poder de destruição? An-

tes de responder, convém lembrar-nos de Jó, um homem


justo. Satanás duvidava de que Jó — na realidade de que
qualquer ser humano — se manteria íntegro sob prova-
ção. Jeová aceitou o desafio, permitindo que Satanás testas-
se a integridade de Jó. Em resultado disso, Jó sofreu doen-
ças, perda dos bens e dos filhos. ( Jó 1:1–2:8) Sem saber das
questões envolvidas, Jó concluiu erroneamente que seu so-
frimento era uma punição injusta da parte de Deus. Ele
perguntou a Deus por que fizera dele um “alvo”, um “ini-
migo”. — Jó 7:20; 13:24.
8 Um jovem chamado Eliú expôs a falha do raciocínio de

Jó, dizendo: “Será que você está tão convicto de que está
certo a ponto de dizer: ‘Sou mais justo do que Deus’?” ( Jó
35:2) Sim, é insensato pensar que sabemos mais do que
Deus, ou supor que ele tenha agido com injustiça. “O ver-
dadeiro Deus jamais faria o que é mau, o Todo-Poderoso
7, 8. (a) O que Jó concluiu erroneamente a respeito de seus sofri-
mentos? (b) Como Eliú corrigiu o raciocínio de Jó nesse respeito?
(c) Que lição podemos aprender daquilo que Jó passou?
PODER DE DESTRUIÇÃO — “JEOVÁ É UM PODEROSO GUERREIRO” 61

nunca faria o que é errado!”, disse Eliú. Mais adiante, acres-


centou: “Entender o Todo-Poderoso está além do nosso al-
cance; ele é grande em poder e nunca viola sua justiça e
sua abundante retidão.” ( Jó 34:10; 36:22, 23; 37:23) Pode-
mos ter certeza de que Deus, quando luta, tem bons moti-
vos para fazê-lo. Com isso em mente, analisemos algumas
das razões de o Deus de paz às vezes vestir o manto de guer-
reiro. — 1 Coríntios 14:33.
Por que o Deus de paz é impelido a lutar
9 Depois de louvar a Deus como “um poderoso guerrei-
ro”, Moisés declarou: “Quem entre os deuses é semelhan-
te a ti, ó Jeová? Quem se mostra supremo em santidade
como tu?” (Êxodo 15:11) O profeta Habacuque também es-
creveu: “Teus olhos são puros demais para ver o que é mau;
não podes tolerar a maldade.” (Habacuque 1:13) Embora
Jeová seja um Deus de amor, ele é também um Deus de
santidade, de retidão e de justiça. Às vezes, tais qualidades
o impelem a usar o seu poder de destruição. (Isaías 59:15-
19; Lucas 18:7) Portanto, Deus não macula a sua santidade
quando luta. Na verdade, ele luta porque é santo. — Êxodo
39:30.
10 Considere a situação que surgiu depois que o primei-

ro casal humano, Adão e Eva, se rebelou contra Deus. (Gê-


nesis 3:1-6) Se tivesse tolerado a iniquidade deles, Jeová te-
ria minado sua posição como Soberano Universal. Como
Deus justo, foi obrigado a condená-los à morte. (Roma-
nos 6:23) Na primeira profecia bíblica, ele predisse ini-
mizade entre seus servos e os seguidores da “serpente”,
Satanás. (Apocalipse 12:9; Gênesis 3:15) Essa inimizade só
poderia ser definitivamente resolvida pelo esmagamento
de Satanás. (Romanos 16:20) Mas executar esse julgamento
9. Por que o Deus de santidade às vezes precisa lutar?
10. De que única maneira poderia ser resolvida a inimizade predita
em Gênesis 3:15 e com que benefícios para os humanos justos?
62 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

resultaria em grandes bênçãos para os humanos justos, li-


vrando a Terra da influência de Satanás e abrindo o cami-
nho para um paraíso global. (Mateus 19:28) Até chegar esse
dia, os partidários de Satanás constituiriam uma ameaça
constante ao bem-estar físico e espiritual do povo de Deus.
Vez por outra, Jeová teria de intervir.
Deus age para eliminar a perversidade
11 O Dilúvio dos dias de Noé é um exemplo dessa inter-
venção. Gênesis 6:11, 12 diz: “A terra tinha ficado arrui-
nada à vista do verdadeiro Deus, e a terra estava cheia de
violência. Sim, Deus olhou para a terra e viu que estava
arruinada; toda a humanidade havia arruinado seu cami-
nho na terra.” Será que Deus permitiria que os perversos
apagassem o último vestígio de boa moral na Terra? Não.
Jeová viu-se obrigado a provocar um dilúvio global para li-
vrar a Terra das pessoas fortemente propensas à violência e
à imoralidade.
12 A situação era similar no caso da condenação divina

dos cananeus. Jeová havia revelado que Abraão teria um


“descendente”, por meio do qual todas as famílias da Terra
abençoariam a si mesmas. Em harmonia com esse propó-
sito, Deus decretou que a descendência de Abraão recebe-
ria a terra de Canaã, que era habitada por um povo chama-
do de amorreus. Que justificativa Deus teria para expulsar
essas pessoas de sua terra? Jeová predisse que a expulsão só
ocorreria depois de uns 400 anos — só depois de ‘o erro dos
amorreus atingir a plena medida’.1 (Gênesis 12:1-3; 13:14,
15; 15:13, 16; 22:18) Nesse período, aquele povo se afun-
1 Ao que tudo indica, o termo “amorreus” aqui inclui todos os po-
vos de Canaã. — Deuteronômio 1:6-8, 19-21, 27; Josué 24:15, 18.

11. Por que Deus se viu na obrigação de provocar um dilúvio global?


12. (a) O que Jeová predissera a respeito do “descendente” de Abra-
ão? (b) Por que os amorreus tinham de ser exterminados?
PODER DE DESTRUIÇÃO — “JEOVÁ É UM PODEROSO GUERREIRO” 63

dou cada vez mais na corrupção moral. Canaã tornou-se


uma terra de idolatria, derramamento de sangue e práti-
cas sexuais degradantes. (Êxodo 23:24; 34:12, 13; Números
33:52) Os habitantes do país até mesmo matavam crian-
ças em fogos sacrificiais. Poderia um Deus santo expor seu
povo a tais perversidades? Não! Ele declarou: “A terra é im-
pura, e eu trarei sobre ela punição pelo seu erro, e a terra
vomitará os seus habitantes.” (Levítico 18:21-25) Mas Jeová
não executou as pessoas indiscriminadamente. Cananeus
de índole justa, como Raabe e os gibeonitas, foram poupa-
dos. — Josué 6:25; 9:3-27.
Deus luta em favor de Seu nome
13 Visto que Jeová é santo, seu nome também é san-
to. (Levítico 22:32) Jesus ensinou seus discípulos a orar:
“Santificado seja o teu nome.” (Mateus 6:9) A rebelião no
Éden profanou o nome de Deus, lançando dúvidas sobre
Sua reputação e maneira de governar. Jeová jamais poderia
tolerar essa calúnia e rebelião. Ele viu-se na obrigação de
limpar seu nome de toda a desonra. — Isaías 48:11.
14 Considere, mais uma vez, o caso dos israelitas. Enquan-

to eram escravos no Egito, a promessa de Deus a Abraão


— de que por meio de sua descendência todas as famílias
da Terra abençoariam a si mesmas — parecia sem sentido.
Mas, ao libertá-los e fazer deles uma nação, Jeová limpou
seu nome. Assim, o profeta Daniel se dirigiu ao seu Deus
em oração com as seguintes palavras: “Ó Jeová, nosso
Deus, que tiraste teu povo da terra do Egito com mão pode-
rosa e fizeste para ti um nome.” — Daniel 9:15.
15 Curiosamente, Daniel fez essa oração numa época em

que os judeus precisavam que Jeová agisse de novo pela


13, 14. (a) Por que Jeová se viu na obrigação de santificar o seu
nome? (b) Como Jeová limpou seu nome?
15. Por que Jeová libertou os judeus do cativeiro em Babilônia?
64 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

causa de Seu nome. Os judeus desobedientes estavam


no cativeiro, dessa vez em Babilônia. A capital deles, Je-
rusalém, estava em ruínas. Daniel sabia que a volta dos ju-
deus para sua terra natal magnificaria o nome de Jeová. De
modo que orou: “Ó Jeová, perdoa. Ó Jeová, presta atenção
e age! Não demores, por tua própria causa, ó meu Deus,
pois a tua cidade e o teu povo levam o teu nome.” — Daniel
9:18, 19.
Deus luta pelo seu povo
16 Será que o interesse de Jeová em defender o seu nome
indica que ele é frio e egocêntrico? Não, porque agindo de
acordo com a sua santidade e seu amor à justiça, Deus pro-
tege o seu povo. Analise Gênesis, capítulo 14. Lemos ali que
quatro reis invasores raptaram o sobrinho de Abraão, Ló,
junto com a família deste. Com a ajuda de Deus, Abraão
impôs uma derrota colossal a forças imensamente superio-
res! O relato dessa vitória provavelmente foi o primeiro re-
gistro no “Livro das Guerras de Jeová”, que pelo visto era
um livro que documentava também alguns embates mili-
tares não registrados na Bíblia. (Números 21:14) Muitas ou-
tras vitórias se seguiriam.
17 Pouco antes de os israelitas entrarem na terra de Canaã,

Moisés garantiu-lhes: “Jeová, seu Deus, irá na sua frente e


lutará por vocês, assim como fez no Egito.” (Deuteronô-
mio 1:30; 20:1) Começando com o sucessor de Moisés, Jo-
sué, e continuando por todo o período dos juízes e dos rei-
nados de reis fiéis de Judá, Jeová realmente lutou pelo seu
povo, dando-lhe muitas vitórias espetaculares sobre seus
inimigos. — Josué 10:1-14; Juízes 4:12-17; 2 Samuel 5:17-21.
16. Explique por que o interesse de Jeová em defender o seu nome
não significa que ele seja frio e egocêntrico.
17. Que indicação há de que Jeová lutou pelos israelitas depois de te-
rem entrado na terra de Canaã? Dê exemplos.
PODER DE DESTRUIÇÃO — “JEOVÁ É UM PODEROSO GUERREIRO” 65

Perguntas para Meditação


2 Reis 6:8-17 Como o papel de Deus como “Jeová dos exérci-
tos” pode nos encorajar em tempos de aflição?
Ezequiel 33:10-20 Antes de usar seu poder de destruição, que
oportunidade Jeová estende misericordiosamente aos que vio-
lam suas leis?
2 Tessalonicenses 1:6-10 Que alívio a vindoura destruição dos
perversos trará para os servos fiéis de Deus?
2 Pedro 2:4-13 O que leva Jeová a exercer seu poder de destrui-
ção e isso dá que lição para toda a humanidade?

18 Jeová não mudou; tampouco mudou o seu propósito

de fazer deste planeta um pacífico paraíso. (Gênesis 1:27,


28) Deus ainda odeia a perversidade. Ao mesmo tempo, ele
ama ternamente o seu povo e agirá em breve em favor dele.
(Salmo 11:7) De fato, a inimizade mencionada em Gênesis
3:15 deve chegar a um ponto dramático e violento no futu-
ro próximo. Para santificar seu nome e proteger seu povo,
Jeová de novo se tornará “um poderoso guerreiro”! — Zaca-
rias 14:3; Apocalipse 16:14, 16.
19 Veja uma ilustração: suponha que uma mãe e seus filhos

estivessem sendo atacados por um animal feroz e que o pai


entrasse na luta e matasse o violento animal. Acha que esse
ato afastaria dele a esposa e os filhos? Ao contrário, seria de
se esperar que eles se comovessem com o amor abnegado
do pai. De modo similar, não devemos nos afastar de Deus
por ele usar seu poder de destruição. Sua disposição de lutar
18. (a) Por que podemos ser gratos de que Jeová não mudou? (b) O
que acontecerá quando a inimizade mencionada em Gênesis 3:15
chegar ao clímax?
19. (a) Ilustre por que o uso do poder de destruição de Deus pode
nos achegar a ele. (b) Que efeito deve ter sobre nós a disposição de
Deus de lutar?
66 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

para nos proteger deve aumentar nosso amor a ele. E deve


aprofundar nosso respeito pelo seu poder ilimitado. Assim,
podemos “prestar a Deus serviço sagrado de modo aceitá-
vel, com temor e reverência”. — Hebreus 12:28.
Achegue-se ao “poderoso guerreiro”
20 Naturalmente, a Bíblia não explica em cada caso to-

dos os detalhes das decisões de Jeová a respeito de guer-


ras divinas. Mas de uma coisa podemos estar certos:
Jeová jamais usa o poder de destruição de modo injus-
to, leviano ou cruel. Muitas vezes, considerar o contexto
de um relato bíblico, ou certas informações de fundo, nos
ajuda a colocar as coisas na perspectiva correta. (Provér-
bios 18:13) Mesmo se não tivermos todos os detalhes,
simplesmente aprender mais sobre Jeová e meditar nas
suas preciosas qualidades pode nos ajudar a dirimir qual-
quer dúvida que surja. Se fizermos isso, veremos que te-
mos amplos motivos para confiar em nosso Deus, Jeová.
— Jó 34:12.
21 Embora Jeová seja “um poderoso guerreiro” quando a si-

tuação exige, isso não significa que ele tenha um coração


de guerreiro. Na visão que Ezequiel teve do carro celestial,
Jeová é retratado como estando pronto para lutar contra
seus inimigos. No entanto, Ezequiel viu Deus rodeado de
um arco-íris — um símbolo da paz. (Gênesis 9:13; Ezequiel
1:28; Apocalipse 4:3) Obviamente, Jeová é sereno e pacífico.
“Deus é amor”, escreveu o apóstolo João. (1 João 4:8) Todas
as qualidades de Jeová existem em perfeito equilíbrio. Por-
tanto, como é grande o nosso privilégio de podermos nos
achegar a um Deus de tamanho poder, porém amoroso!
20. Ao ler relatos bíblicos de guerras divinas que talvez não enten-
damos plenamente, como devemos reagir? Por quê?
21. Embora às vezes seja “um poderoso guerreiro”, o que Jeová é no
coração?
C A P Í T U L O 7

Poder protetor — “Deus é


nosso refúgio”
OS ISRAELITAS corriam perigo ao entrar na região do Si-
nai, no início de 1513 AEC. Tinham à frente uma jorna-
da assustadora, por um “enorme e perigoso deserto, cheio
de cobras venenosas e escorpiões”. (Deuteronômio 8:15,
Bíblia na Linguagem de Hoje) Havia também a ameaça de
ataque de nações hostis. Jeová havia levado seu povo a essa
situação. Como Deus deles, poderia protegê-los?
2 As palavras de Jeová eram muito animadoras: “Vocês vi-

ram com os seus próprios olhos o que fiz ao Egito, e como


carreguei vocês sobre asas de águias e os trouxe a mim.”
(Êxodo 19:4) Jeová lembrou ao seu povo que ele os havia li-
bertado dos egípcios, usando águias, por assim dizer, para
levá-los à segurança. Mas há outros motivos pelos quais
“asas de águias” ilustram bem a proteção divina.
3 A águia não usa suas asas largas e fortes apenas para pla-

nar nas alturas. No calor do dia, a mãe águia arqueia as asas


— que podem se estender até dois metros — formando uma
sombra que protege os filhotinhos do sol escaldante. Ou-
tras vezes, ela encobre os filhotes com as asas para protegê-
los do vento frio. Assim como a águia os protege, Jeová ha-
via defendido e protegido a jovem nação de Israel. Então
no deserto, seu povo continuaria a se refugiar à sombra de
Suas asas poderosas, desde que permanecesse fiel. (Deute-
ronômio 32:9-11; Salmo 36:7) Mas, e nós hoje, podemos
contar com a proteção de Deus?
1, 2. Que perigo os israelitas corriam ao entrar na região do Sinai
em 1513 AEC, e que encorajamento Jeová lhes deu?
3. Por que “asas de águias” ilustram bem a proteção divina?
68 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

A promessa de proteção divina


4 Jeová certamente é capaz de proteger seus servos. Ele é
o “Deus Todo-Poderoso” — um título que indica que seu
poder é insuperável. (Gênesis 17:1) Como uma indomá-
vel onda do mar, é impossível impedir o poder aplicado de
Jeová. Visto que Ele pode fazer tudo o que dita a sua vonta-
de, nos perguntamos: ‘É da vontade de Jeová usar seu po-
der para proteger seu povo?’
5 A resposta é bem simples: sim! Jeová nos garante que

protegerá seu povo. “Deus é nosso refúgio e nossa força,


uma ajuda encontrada prontamente em tempos de afli-
ção”, diz o Salmo 46:1. Visto que Deus “não pode mentir”,
podemos ter confiança absoluta na sua promessa de prote-
ção. (Tito 1:2) Vejamos alguns vívidos exemplos da lingua-
gem figurada que Jeová usa para descrever seus cuidados
protetores.
6 Jeová é nosso Pastor, e nós “somos o seu povo e as ove-

lhas do seu pasto”. (Salmo 23:1; 100:3) Poucos animais


são tão indefesos como a ovelha doméstica. O pastor dos
tempos bíblicos tinha de ser corajoso para proteger as ove-
lhas contra leões, lobos e ursos, bem como contra ladrões.
(1 Samuel 17:34, 35; João 10:12, 13) Mas havia momentos
em que proteger as ovelhas exigia ternura. Se uma delas
desse à luz longe do curral, o prestimoso pastor acudiria o
animal nesses momentos difíceis, apanharia o filhote inde-
feso e o levaria até o curral.
7 Comparando-se a um pastor, Jeová nos garante seu

4, 5. Por que podemos ter confiança absoluta na promessa de pro-


teção divina?
6, 7. (a) Que proteção o pastor nos tempos bíblicos dava às ovelhas?
(b) Como a Bíblia ilustra o desejo sincero de Jeová de proteger suas
ovelhas e zelar por elas?

‘Ele os carregará no colo’


70 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

desejo sincero de nos proteger. (Ezequiel 34:11-16) Lembre-


se do que se diz sobre Jeová em Isaías 40:11, considerado
no Capítulo 2 deste livro: “Como um pastor ele cuidará do
seu rebanho. Com o seu braço reunirá os cordeiros e os car-
regará no colo.” Como é que um cordeirinho viria a estar
no “colo” do pastor — nas dobras na parte superior de sua
roupa? Ele talvez se aproximasse do pastor, até mesmo to-
cando de leve nas suas pernas. Mas é o pastor que preci-
saria se abaixar, pegar o cordeirinho e delicadamente aco-
modá-lo na segurança do colo. Que terna representação da
disposição de nosso Grandioso Pastor de nos defender e
proteger!
8 A promessa de proteção divina é condicional — só a rece-

be quem se achega a Jeová. Provérbios 18:10 diz: “O nome


de Jeová é uma torre forte. O justo corre para dentro dela
e recebe proteção.” Nos tempos bíblicos, às vezes se cons-
truíam torres nos lugares desabitados como locais de refú-
gio. Mas cabia a quem estivesse em perigo fugir até a tor-
re em busca de segurança. É similar no caso de encontrar
refúgio no nome de Deus. Isso envolve mais do que ape-
nas repeti-lo; o nome divino em si não é um talismã. Em
vez disso, temos de conhecer o Portador desse nome, con-
fiar Nele e viver de acordo com os seus padrões justos.
Quanta bondade da parte de Jeová em nos garantir que, se
o buscarmos com fé, ele se tornará uma torre de proteção
para nós!
‘Nosso Deus pode nos salvar’
9Jeová tem feito mais do que apenas prometer proteção.
Nos tempos bíblicos, ele mostrou de maneiras milagrosas
8. (a) A quem se estende a promessa divina de proteção, e como Pro-
vérbios 18:10 indica isso? (b) O que está envolvido em encontrar re-
fúgio no nome de Deus?
9. De que modo Jeová tem feito mais do que apenas prometer pro-
teção?
PODER PROTETOR — “DEUS É NOSSO REFÚGIO” 71

que pode proteger seu povo. Durante a história de Israel, a


“mão” de Jeová muitas vezes reprimiu inimigos poderosos.
(Êxodo 7:4) Mas Jeová também usou seu poder protetor em
favor de indivíduos.
10 Quando três jovens hebreus — conhecidos como Sadra-

que, Mesaque e Abednego — se recusaram a curvar-se pe-


rante a imagem de ouro do Rei Nabucodonosor, o rei
furioso ameaçou lançá-los numa fornalha superaquecida.
“Quem é o deus que pode salvá-los das minhas mãos?”,
zombou Nabucodonosor, o monarca mais poderoso da Ter-
ra. (Daniel 3:15) Os três rapazes tinham confiança absolu-
ta no poder de seu Deus para os proteger, mas não pressu-
punham que ele faria isso. Assim, responderam: “Se tiver
de ser assim, nosso Deus, a quem servimos, pode nos sal-
var.” (Daniel 3:17) Ora, aquela fornalha, mesmo que aque-
cida sete vezes mais do que o normal, não representava
nenhum desafio para o Deus todo-poderoso. Ele realmen-
te protegeu os três hebreus, e o rei foi obrigado a reconhe-
cer: “Não há outro deus que possa salvar como esse.” — Da-
niel 3:29.
11 Jeová fez também uma demonstração realmente notá-

vel de seu poder protetor ao transferir a vida de seu Filho


unigênito para o ventre da virgem judia Maria. Um anjo
disse a Maria que ela ‘ficaria grávida e daria à luz um fi-
lho’. O anjo explicou: “Espírito santo virá sobre você e po-
der do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra.” (Lucas 1:31,
35) Pelo visto, o Filho de Deus nunca havia estado tão vul-
nerável. Será que o pecado e a imperfeição da mãe hu-
mana maculariam o embrião? Satanás seria capaz de fe-
rir ou matar esse Filho antes que nascesse? Impossível! Na
verdade, a partir do momento da concepção, Jeová como
que cercou Maria de uma muralha protetora, de modo que
10, 11. Que exemplos bíblicos mostram como Jeová usou seu poder
protetor em favor de indivíduos?
72 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

nada — imperfeição, força prejudicial, assassino humano


ou algum demônio — poderia prejudicar o desenvolvimen-
to do embrião. Jeová continuou a proteger Jesus durante
sua juventude. (Mateus 2:1-15) Até que chegasse o tempo
marcado por Deus, seu amado Filho seria inatacável.
12 Por que Jeová protegeu algumas pessoas de tais manei-

ras milagrosas? Em muitos casos, ele fez isso a fim de pro-


teger algo muito mais importante: a realização de Seu pro-
pósito. Por exemplo, a sobrevivência do menino Jesus era
essencial para o cumprimento do propósito de Deus, que,
por fim, beneficiaria toda a humanidade. O registro das
muitas demonstrações de poder protetor faz parte das Es-
crituras inspiradas, “escritas para a nossa instrução, a fim
de que, por meio da nossa perseverança e por meio do
consolo das Escrituras, [tenhamos] esperança”. (Romanos
15:4) Sem dúvida, esses exemplos fortalecem nossa fé no
Deus todo-poderoso. Mas que proteção podemos esperar
de Deus hoje?
Que tipo de proteção divina
não se pode esperar
13 A promessa de proteção divina não significa que Jeová
seja obrigado a fazer milagres em nosso favor. Não, nosso
Deus não nos garante uma vida sem problemas neste velho
sistema. Muitos servos fiéis de Jeová sofrem severas adver-
sidades, incluindo pobreza, guerras, doenças e morte. Jesus
disse claramente a seus discípulos que, como indivíduos,
poderiam ser mortos por causa de sua fé. É por isso que Je-
sus frisou a necessidade de perseverar até o fim. (Mateus
24:9, 13) Se Jeová usasse seu poder de efetuar libertações
milagrosas em todos os casos, Satanás sem dúvida zomba-
12. Por que Jeová protegeu milagrosamente algumas pessoas nos
tempos bíblicos?
13. Jeová é obrigado a realizar milagres em nosso favor? Explique.
PODER PROTETOR — “DEUS É NOSSO REFÚGIO” 73

ria dele e questionaria a genuinidade de nossa devoção a


Deus. — Jó 1:9, 10.
14 Mesmo nos tempos bíblicos, Jeová não usou seu po-

der protetor para poupar da morte prematura cada um de


seus servos. Por exemplo, o apóstolo Tiago foi executado
por Herodes, por volta de 44 EC; no entanto, pouco tem-
po depois, Pedro foi livrado “das mãos de Herodes”. (Atos
12:1-11) E João, irmão de Tiago, viveu mais do que Pedro e
Tiago. Obviamente, não podemos esperar que Deus prote-
ja todos os seus servos de maneiras idênticas. Além disso,
“o tempo e o imprevisto” sobrevêm a todos nós. (Eclesias-
tes 9:11) Como, então, Jeová nos protege hoje em dia?
Jeová dá proteção física
15 Considere, primeiro, o aspecto da proteção física. Nós,
adoradores de Jeová, podemos ter certeza de que ele nos
protegerá como grupo. Do contrário, seríamos presa fácil
de Satanás. Pense nisso: Satanás, “o governante deste mun-
do”, teria o maior prazer em eliminar a adoração verdadei-
ra. ( João 12:31; Apocalipse 12:17) Alguns dos mais podero-
sos governantes da Terra proibiram nossa obra de pregação
e tentaram nos exterminar. No entanto, o povo de Jeová
permanece firme e continua a pregar sem cessar! Por que
nações poderosas não conseguiram parar a atividade desse
grupo de cristãos relativamente pequeno e aparentemen-
te indefeso? Porque Jeová, de modo simbólico, nos protege
com suas poderosas asas! — Salmo 17:7, 8.
16 Podemos esperar ter proteção física durante a vindou-

ra “grande tribulação”? Não precisamos temer a execu-


ção dos julgamentos de Deus. Afinal, “Jeová sabe livrar da
14. Que exemplos mostram que Jeová nem sempre protege todos os
seus servos de maneiras idênticas?
15, 16. (a) Qual é a evidência de que Jeová dá proteção física para
seus adoradores como grupo? (b) Por que podemos confiar que Jeová
protegerá seus servos agora e durante a “grande tribulação”?
74 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

provação os que têm devoção a ele, mas reservar os injustos


para serem destruídos no dia do julgamento”. (Apocalip-
se 7:14; 2 Pedro 2:9) Nesse meio-tempo, podemos sempre
estar certos de duas coisas. Primeiro, Jeová jamais permiti-
rá que seus servos leais sejam varridos da Terra. Segundo,
ele recompensará os íntegros com vida eterna no seu novo
mundo justo — se necessário, por meio da ressurreição.
Para os que morrem, não existe lugar mais seguro do que
estar na memória de Deus. — João 5:28, 29.
17 Mesmo agora, Jeová nos protege por meio de sua “pa-

lavra” viva, cuja força motiva as pessoas, curando seu co-


ração e ajudando-as a mudar de vida. (Hebreus 4:12) Pela
aplicação de seus princípios podemos, em certos sentidos,
ser protegidos contra danos físicos. ‘Eu, Jeová, ensino o
que é melhor para você’, diz Isaías 48:17. Sem dúvida, viver
em harmonia com a Palavra de Deus pode melhorar nos-
sa saúde e prolongar a vida. Por exemplo, se aplicarmos o
conselho bíblico de evitar a imoralidade sexual e nos ‘pu-
rificar de toda a imundície’, evitaremos práticas impuras
e hábitos nocivos que causam estragos na vida de muitos
que não temem a Deus. (Atos 15:29; 2 Coríntios 7:1) Como
somos gratos pela proteção da Palavra de Deus!
Jeová nos protege espiritualmente
18 O mais importante é que Jeová nos dá proteção es-
piritual. Nosso Deus amoroso nos protege contra o dano
espiritual, fornecendo-nos o que precisamos para su-
portar provações e preservar nossa relação com ele. Des-
se modo, Jeová age para preservar nossa vida, não apenas
por alguns anos, mas pela eternidade. Considere algumas
das provisões de Deus que podem proteger-nos espiritual-
mente.
17. Como Jeová nos protege por meio de sua Palavra?
18. Que proteção espiritual Jeová nos dá?
PODER PROTETOR — “DEUS É NOSSO REFÚGIO” 75

Perguntas para Meditação


Salmo 23:1-6 Como Grandioso Pastor, de que maneira Jeová
protege e cuida de seu povo comparável a ovelhas?
Salmo 91:1-16 Como Jeová nos protege contra a calamidade es-
piritual, e o que temos de fazer para recebermos a sua proteção?
Daniel 6:16-22, 25-27 Que demonstração de seu poder protetor
Jeová fez a um rei do passado? O que podemos aprender desse
exemplo?
Mateus 10:16-22, 28-31 Que oposição podemos esperar, mas
por que não devemos temer os opositores?

19 Jeová é o “Ouvinte de oração”. (Salmo 65:2) Quando as

pressões da vida parecerem esmagadoras, abrir nosso co-


ração a ele pode nos dar muito alívio. (Filipenses 4:6, 7)
Jeová talvez não acabe milagrosamente com as provações,
mas, em resposta a nossas orações sinceras, ele pode nos
dar a sabedoria para lidar com elas. (Tiago 1:5, 6) Mais do
que isso, Jeová dá espírito santo aos que lhe pedem. (Lucas
11:13) Esse poderoso espírito nos ajuda a enfrentar qual-
quer provação ou problema que tenhamos. Pode dar-nos
“poder além do normal” para suportarmos todos os pro-
blemas dolorosos até que Jeová os remova no novo mundo
tão próximo. — 2 Coríntios 4:7.
20 Às vezes, o poder protetor de Jeová é expresso por meio

de nossos irmãos cristãos. Jeová reuniu seu povo numa


“fraternidade” mundial. (1 Pedro 2:17; João 6:44) O amor
que caracteriza essa fraternidade é um testemunho vivo
do poder do espírito santo de Deus de influenciar pes-
soas para o bem. Esse espírito produz frutos em nós
19. Como o espírito de Jeová pode nos ajudar a enfrentar qualquer
provação?
20. Como o poder protetor de Jeová é expresso por meio de nossos
irmãos cristãos?
76 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

— belas e preciosas qualidades, como o amor, a bondade e


a benignidade. (Gálatas 5:22, 23) Assim, quando estamos
angustiados e um concrente se sente movido a nos dar
conselhos úteis, ou a expressar palavras de encorajamen-
to muito necessárias, podemos agradecer a Jeová por tais
expressões de Seu cuidado protetor.
21 Jeová nos dá algo mais para nos proteger: alimento

espiritual oportuno. Para nos ajudar a derivar força de sua


Palavra, Jeová encarregou o “escravo fiel e prudente” de
distribuir alimento espiritual. Esse escravo fiel usa publica-
ções, como as revistas A Sentinela e Despertai!, bem como
nosso site jw.org, reuniões, assembleias e congressos, para
nos fornecer “alimento no tempo apropriado” — o que ne-
cessitamos e quando o necessitamos. (Mateus 24:45) Já ou-
viu alguma vez numa reunião cristã — num comentário,
num discurso, ou mesmo numa oração — algo que lhe deu
exatamente a força e o encorajamento de que precisava?
Já lhe aconteceu de um artigo específico de nossas revistas
lhe tocar profundamente? Lembre-se, Jeová faz todas essas
provisões para nos proteger espiritualmente.
22 Jeová é certamente um escudo “para todos os que se re-

fugiam nele”. (Salmo 18:30) Entendemos que ele não usa


seu poder protetor para nos defender de toda calamida-
de agora. Mas ele sempre o usa para garantir a realização
de seu propósito. A longo prazo, isso resulta nos melhores
interesses de seu povo. Se nos achegarmos a ele e perma-
necermos no seu amor, Jeová nos dará uma eternidade de
vida perfeita. Com essa perspectiva em mente, podemos de
fato encarar qualquer sofrimento neste sistema como “mo-
mentâneo e leve”. — 2 Coríntios 4:17.
21. (a) Que alimento espiritual oportuno Jeová fornece por meio do
“escravo fiel e prudente”? (b) Que benefícios você já derivou das pro-
visões de Jeová para nossa proteção espiritual?
22. De que maneiras Jeová sempre usa seu poder? Por que isso é nos
nossos melhores interesses?
C A P Í T U L O 8

Poder de restauração
— Jeová ‘está fazendo novas
todas as coisas’
JÁ VIU uma criança chorar de tristeza por ter perdido ou que-
brado seu brinquedo preferido? É de partir o coração! Mas
quando o pai ou a mãe encontra o brinquedo ou o conserta,
o rosto da criança se ilumina com um sorriso! Para os pais,
talvez tenha sido uma tarefa simples. Mas a criança fica mui-
to contente e admirada. O que parecia perdido para sempre
foi recuperado!
2 Jeová, o Pai supremo, tem o poder de recuperar, ou res-

taurar, o que seus filhos terrestres talvez encarem como per-


da irremediável. Naturalmente, não estamos falando de
meros brinquedos. Nestes “tempos críticos, difíceis de su-
portar”, enfrentamos perdas muito mais sérias. (2 Timóteo
3:1-5) Muitas das coisas que as pessoas têm em alta estima
parecem estar sempre em perigo — a casa, os bens, o em-
prego, até mesmo a saúde. Também nos entristece ver a des-
truição do meio ambiente e a extinção de muitas espécies
de coisas vivas. No entanto, nada nos atinge mais duramen-
te do que a morte de uma pessoa amada. Os sentimentos de
perda e de impotência podem ser esmagadores. — 2 Samuel
18:33.
3 Portanto, como é consolador aprender a respeito do po-

der de restauração de Jeová! Conforme veremos, o número


de coisas que Deus pode e vai restaurar para seus filhos ter-
restres é espantosamente grande. De fato, a Bíblia mostra que
1, 2. Que perdas afligem a família humana hoje, e como nos afe-
tam?
3. Que perspectiva consoladora apresenta Atos 3:21, e que meios
Jeová usará para isso?
78 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Jeová deseja o “restabelecimento de todas as coisas”. (Atos


3:21) Para isso, ele usará o Reino messiânico, governado por
seu Filho, Jesus Cristo. As evidências mostram que esse Reino
começou a governar em 1914.1 (Mateus 24:3-14) O que será
restabelecido, ou restaurado? Vejamos alguns dos grandiosos
atos de restauração de Jeová. Um desses já podemos ver e sen-
tir. Outros ocorrerão em larga escala no futuro.

A restauração da adoração pura


4 Uma das coisas já restauradas por Jeová é a adoração pura.
Para entendermos o que isso significa, examinemos breve-
mente a História do reino de Judá. Isso nos dará uma emo-
cionante visão do poder de restauração de Jeová em ação.
— Romanos 15:4.
5 Tente imaginar como os judeus fiéis se sentiram em

607 AEC, quando Jerusalém foi destruída. A amada cidade


deles foi arruinada, suas muralhas foram derrubadas. Pior
ainda, o glorioso templo construído por Salomão, que era o
único centro da adoração pura de Jeová na Terra, ficou em
ruínas. (Salmo 79:1) Os sobreviventes foram exilados para
Babilônia, e a terra natal deles virou um desolado refúgio
de animais selvagens. ( Jeremias 9:11) Do ponto de vista hu-
mano, tudo parecia perdido. (Salmo 137:1) Mas Jeová, que
muito antes havia predito essa destruição, apresentou a espe-
rança de um futuro período de restauração.
1 “O tempo do restabelecimento de todas as coisas” começou quan-
do o Reino messiânico foi estabelecido, tendo no trono um herdeiro
do fiel Rei Davi. Jeová havia prometido a Davi que um herdeiro seu
seria rei para sempre. (Salmo 89:35-37) Mas, depois que Babilônia
destruiu Jerusalém, em 607 AEC, nenhum descendente humano de
Davi ocupou o trono de Deus. Após algum tempo, Jesus nasceu na
Terra como herdeiro de Davi. Quando foi entronizado no céu, Jesus
tornou-se aquele Rei há muito prometido.

4, 5. O que aconteceu com o povo de Deus em 607 AEC, e que es-


perança Jeová lhes deu?
PODER DE RESTAURAÇÃO — JEOVÁ ‘ESTÁ FAZENDO NOVAS TODAS AS COISAS’ 79

6 Realmente, a restauração era um tema recorrente nos es-


critos dos profetas hebreus.1 Por meio deles, Jeová prome-
tera uma terra restaurada e repovoada, fértil, protegida con-
tra animais selvagens e ataques de inimigos. Sua descrição da
terra restaurada era de um autêntico paraíso! (Isaías 65:25;
Ezequiel 34:25; 36:35) Acima de tudo, a adoração pura se-
ria restabelecida e o templo, reconstruído. (Miqueias 4:1-5)
Essas profecias deram esperança para os judeus exilados, aju-
dando-os a suportar o cativeiro de 70 anos em Babilônia.
7 Finalmente, chegara o tempo de restauração. Libertados

de Babilônia, os judeus retornaram para Jerusalém e recons-


truíram o templo de Jeová ali. (Esdras 1:1, 2) Enquanto prati-
cavam a adoração pura, Jeová os abençoava e fazia com que
a terra deles fosse fértil e próspera. Ele os protegia contra ini-
migos e os animais selvagens que, por décadas, haviam ocu-
pado a terra. Quanta alegria deve ter-lhes dado o poder de
restauração de Jeová! Mas esses acontecimentos eram apenas
um cumprimento inicial e limitado das profecias de restaura-
ção. Viria um cumprimento maior “na parte final dos dias”,
nos nossos tempos, quando o Herdeiro do Rei Davi, há mui-
to prometido, estaria entronizado. — Isaías 2:2-4; 9:6, 7.
8 Pouco depois de ter sido entronizado no Reino celestial

em 1914, Jesus passou a suprir as necessidades espirituais


do povo fiel de Deus na Terra. Assim como o conquista-
dor persa Ciro libertou um restante de judeus de Babilônia
em 537 AEC, Jesus libertou um restante de judeus espirituais
— seguidores de suas pisadas — da influência de “Babilônia,
a Grande”, o império mundial da religião falsa. (Apocalipse
18:1-5; Romanos 2:29) De 1919 em diante, a adoração pura
1 Por exemplo, Moisés, Isaías, Jeremias, Ezequiel, Oseias, Joel,
Amós, Obadias, Miqueias e Sofonias abordaram esse tema.

6-8. (a) Que tema recorrente se encontra nos escritos dos profetas
hebreus, e que cumprimento inicial tiveram essas profecias? (b) Nos
tempos modernos, como se cumpriram no povo de Deus muitas pro-
fecias de restauração?
80 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

voltou a ocupar o lugar correto na vida dos cristãos genuínos.


(Malaquias 3:1-5) Desde então, o povo de Jeová o adora no
Seu templo espiritual purificado — Seu sistema de adoração
pura. Por que isso é importante para nós hoje?

Restauração espiritual
— Por que é importante?
9 Analise a História. Os cristãos no primeiro século tiveram

muitas bênçãos espirituais. Mas Jesus e os apóstolos predisse-


ram que a adoração verdadeira seria corrompida e desapare-
ceria. (Mateus 13:24-30; Atos 20:29, 30) Depois da era apostó-
lica, surgiu a cristandade. Seu clero adotou ensinos e práticas
pagãs. Além disso, tornou praticamente impossível achegar-
se a Deus, retratando-o como uma incompreensível Trinda-
de, ensinando o povo a confessar pecados a sacerdotes e a
orar a Maria e a vários “santos”, em vez de a Jeová. Essa falsi-
dade persistiu por muitos séculos, mas o que Jeová fez então?
No meio do mundo atual — abarrotado de mentiras religio-
sas e poluído por práticas pecaminosas —, ele interveio e res-
taurou a adoração pura! Pode-se dizer, sem exagero, que essa
restauração é um dos acontecimentos mais importantes dos
tempos modernos.
10 Por isso, os cristãos verdadeiros na atualidade desfrutam

um paraíso espiritual que está sempre melhorando, sem-


pre se desenvolvendo. O que esse paraíso abrange? Primaria-
mente, dois aspectos. O primeiro é a adoração pura do Deus
verdadeiro, Jeová. Ele nos abençoou com uma forma de ado-
ração sem mentiras e distorções. E também nos abençoou
com alimento espiritual. Assim, podemos aprender a respei-
to de nosso Pai celestial, agradá-lo e nos achegar a ele. ( João
9. Depois da era apostólica, como as religiões da cristandade detur-
param a adoração divina, mas o que Jeová fez em nossos dias?
10, 11. (a) O paraíso espiritual abrange que dois aspectos e como
isso o afeta? (b) Que tipo de pessoas Jeová tem trazido ao paraíso es-
piritual, e o que elas terão o privilégio de presenciar?
PODER DE RESTAURAÇÃO — JEOVÁ ‘ESTÁ FAZENDO NOVAS TODAS AS COISAS’ 81

4:24) O segundo aspecto do paraíso espiritual envolve pes-


soas. Conforme Isaías predisse, “na parte final dos dias”
Jeová ensina seus adoradores a serem pacíficos. Ele abo-
liu a guerra entre nós. Apesar de nossas imperfeições, ele nos
ajuda a desenvolver a “nova personalidade”. Abençoa nos-
sos esforços dando-nos seu espírito santo, que produz exce-
lentes qualidades em nós. (Efésios 4:22-24; Gálatas 5:22, 23)
Se você age em harmonia com o espírito de Deus, realmente
faz parte do paraíso espiritual.
11 Jeová tem trazido a esse paraíso espiritual o tipo de pes-

soas que ele ama — pessoas que o amam, que amam a paz
e têm “consciência de sua necessidade espiritual”. (Mateus
5:3) Elas terão o privilégio de presenciar uma restauração
ainda mais espetacular — da humanidade e da Terra inteira.
“Veja! Estou fazendo novas todas as coisas”
12 Muitas das profecias de restauração se referem a mais do
que apenas uma restauração espiritual. Isaías, por exemplo,
escreveu a respeito de um tempo em que doentes, deficien-
tes físicos, cegos e surdos seriam curados e até mesmo a mor-
te seria eliminada para sempre. (Isaías 25:8; 35:1-7) Tais pro-
messas não se cumpriram literalmente no Israel antigo. E,
embora elas se cumpram em nossos dias em sentido espiri-
tual, há todos os motivos para crer que, no futuro, haverá um
cumprimento literal em plena escala. Como sabemos disso?
13 Lá no Éden, Jeová deixou claro qual era seu propósito

para a Terra: ser habitada por uma família humana feliz, sa-
dia e unida. O homem e a mulher cuidariam deste planeta e
de todas as suas criaturas, transformando todo ele num pa-
raíso. (Gênesis 1:28) Isso é bem diferente de como as coisas
são hoje em dia. Mas você pode estar certo disto: os propó-
sitos de Jeová nunca falham. (Isaías 55:10, 11) Jesus, como
12, 13. (a) Por que as profecias de restauração ainda terão de ter
outro cumprimento? (b) Qual é o propósito de Jeová para a Terra,
conforme declarado no Éden, e por que isso nos dá esperança?
82 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Rei messiânico designado por Jeová, tornará realidade esse


Paraíso global. — Lucas 23:43.
14 Imagine ver a Terra inteira ser transformada num Paraíso!

Jeová diz a respeito daquele tempo: “Veja! Estou fazendo


novas todas as coisas.” (Apocalipse 21:5) Pense no que isso
significará. Depois de Jeová ter usado seu poder de destrui-
ção contra este perverso velho sistema, existirão “novos céus
e uma nova terra”. Isso significa que um novo governo re-
gerá do céu uma nova sociedade terrestre composta de pes-
soas que amam a Jeová e fazem a Sua vontade. (2 Pedro 3:13)
Satanás e seus demônios estarão fora de ação. (Apocalipse
20:3) Pela primeira vez em milhares de anos, a humanidade
ficará livre dessa influência corrompedora, odiosa e prejudi-
cial. Que sensação de alívio!
15 Finalmente, poderemos cuidar deste belo planeta como

deveria ter sido desde o princípio. A Terra tem capacidades


naturais de recuperação. Lagos e rios poluídos limparão a si
mesmos se a fonte da poluição for eliminada; paisagens dani-
ficadas pela guerra podem se recuperar, se os conflitos ces-
sarem. Que prazer será trabalhar em harmonia com as leis
naturais da Terra, ajudando a transformá-la num parque ajar-
dinado, um Éden global de infinita variedade! Em vez de
levianamente exterminar espécies animais e vegetais, o ho-
mem estará em paz com toda a criação na Terra. Nem mes-
mo as crianças terão qualquer temor dos animais selvagens.
— Isaías 9:6, 7; 11:1-9.
16 Teremos uma restauração também em nível pessoal. Após

o Armagedom, os sobreviventes presenciarão curas milagro-


sas em escala global. Como fez quando esteve na Terra, Jesus
usará o poder divino para restaurar a visão aos cegos, a audi-
ção aos surdos e corpos sadios e normais aos deficientes físi-
cos e aos doentes. (Mateus 15:30) Os idosos ficarão felizes ao
14, 15. (a) Como Jeová fará “novas todas as coisas”? (b) Como será
a vida no Paraíso, e que aspecto mais o atrai?
16. No Paraíso, que restauração afetará todas as pessoas fiéis?
PODER DE RESTAURAÇÃO — JEOVÁ ‘ESTÁ FAZENDO NOVAS TODAS AS COISAS’ 83

recuperar a força, a saúde e o vigor da juventude. ( Jó 33:25)


As rugas desaparecerão, os membros se regenerarão e os mús-
culos recuperarão o vigor. Todos os humanos obedientes
sentirão os efeitos do pecado e da imperfeição diminuir gra-
dativamente, até desaparecer. Quanta gratidão sentiremos a
Jeová Deus por seu maravilhoso poder de restauração! Fo-
calizemos agora um aspecto especialmente animador desse
emocionante tempo de restauração.
Mortos voltarão a viver
17 No primeiro século EC, alguns líderes religiosos, chama-
dos saduceus, não criam na ressurreição. Jesus os repreen-
deu com as palavras: “Vocês estão enganados, porque não co-
nhecem nem as Escrituras, nem o poder de Deus.” (Mateus
22:29) Sim, as Escrituras revelam que Jeová tem esse poder
de restauração. Como assim?
18 Visualize o que aconteceu nos dias de Elias. Uma viúva se-

gurava nos braços o corpo inerte de seu filho único. O me-


nino estava morto. O profeta Elias, que havia sido hóspede
dela por algum tempo, com certeza estava chocado. Anterior-
mente, ele havia ajudado a salvar essa criança da inanição. É
provável que Elias tivesse se apegado ao garoto. A mãe estava
arrasada. O menino era a única lembrança viva de seu faleci-
do esposo. Ela talvez esperasse que esse filho cuidasse dela na
velhice. Desolada, a viúva temia estar sendo punida por al-
gum erro do passado. Elias não suportou ver essa tragédia.
Com cuidado, apanhou o cadáver do colo da mãe, subiu ao
seu quarto e pediu a Jeová que restaurasse a vida da criança.
— 1 Reis 17:8-21.
19 Elias não foi a primeira pessoa a crer na ressurreição.

Séculos antes, Abraão já acreditava que Jeová tem tal poder


17, 18. (a) Por que Jesus repreendeu os saduceus? (b) Que circuns-
tâncias levaram Elias a pedir a Jeová que realizasse uma ressurreição?
19, 20. (a) Como Abraão mostrou que tinha fé no poder de restau-
ração de Jeová, e qual era a base dessa fé? (b) Como Jeová recompen-
sou a Elias por sua fé?
84 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

de restauração — e com bons motivos. Quando Abraão ti-


nha 100 anos de idade e Sara tinha 90, Jeová restaurou as
faculdades reprodutivas do casal, tornando possível que Sara
milagrosamente tivesse um filho. (Gênesis 17:17; 21:2, 3)
Mais tarde, quando o filho já era adulto, Jeová pediu a
Abraão que o sacrificasse. Abraão mostrou fé, reconhecendo
que Jeová poderia restaurar a vida de seu amado Isaque. (He-
breus 11:17-19) Essa forte fé talvez explique por que Abraão,
antes de subir ao monte para oferecer seu filho, garantiu aos
seus servos que ele e Isaque voltariam juntos. — Gênesis 22:5.
20 Jeová poupou Isaque, de modo que não foi preciso uma

ressurreição naquela ocasião. No caso de Elias, porém, o fi-


lho da viúva já estava morto — mas não por muito tem-
po. Jeová recompensou a fé do profeta ressuscitando a crian-
ça. Em seguida, Elias entregou o menino à mãe, com estas
palavras inesquecíveis: “Veja! Seu filho está vivo!” — 1 Reis
17:22-24.
21 Essa é a primeira vez, no registro bíblico, em que vemos

Jeová usar seu poder para restaurar uma vida humana. Mais
tarde, Jeová também capacitou Eliseu, Jesus, Paulo e Pedro
para ressuscitar mortos. Naturalmente, os que foram ressus-
citados por fim morreram de novo. Mas esses relatos bíblicos
indicam maravilhosas perspectivas para o futuro.
22 No Paraíso, Jesus cumprirá seu papel de ser “a ressurreição

e a vida”. ( João 11:25) Ele ressuscitará incontáveis milhões de


pessoas, dando-lhes a oportunidade de viverem para sempre
no Paraíso na Terra. ( João 5:28, 29) Imagine o reencontro de
amigos e parentes, há muito separados pela morte, ao se abra-
çarem — quase fora de si de tanta alegria! Toda a humanida-
de louvará a Jeová por esse poder de restauração.
21, 22. (a) Qual foi o objetivo das ressurreições registradas nas Es-
crituras? (b) Qual será a extensão da ressurreição no Paraíso e quem
a realizará?

“Veja! Seu filho está vivo!”


86 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Perguntas para Meditação


2 Reis 5:1-15 Por ter cultivado a humildade, como certo homem
nos tempos bíblicos se beneficiou do poder de restauração de
Jeová?
Jó 14:12-15 Que confiança Jó tinha? Como esses versículos podem
influir na nossa própria esperança?
Salmo 126:1-6 Que sentimentos os cristãos hoje podem ter a res-
peito da restauração da adoração pura e de sua participação nisso?
Romanos 4:16-25 Por que é importante ter fé no poder de restaura-
ção de Jeová?

23 Jeová forneceu uma garantia sólida como uma rocha de


que tais esperanças são seguras. Na maior de todas as de-
monstrações de poder, ele ressuscitou seu Filho, Jesus, como
poderosa criatura espiritual, colocando-o numa posição in-
ferior apenas à Sua própria. O ressuscitado Jesus apareceu a
centenas de testemunhas oculares. (1 Coríntios 15:5, 6) Até
mesmo para os cépticos, essa evidência deve ser conclusiva.
Jeová tem o poder de restaurar a vida.
24 Jeová não apenas tem o poder de ressuscitar os mortos,

mas também o desejo de fazer isso. Pelo que o fiel Jó foi ins-
pirado a dizer podemos deduzir que Jeová realmente anseia
ressuscitar os mortos. ( Jó 14:15, nota) Não se sente atraído ao
nosso Deus, que está ansioso de usar seu poder de restaura-
ção de maneira tão amorosa? Lembre-se, porém, de que a res-
surreição é apenas um dos aspectos da futura grande obra de
restauração de Jeová. Ao se achegar cada vez mais a ele, preze
sempre a preciosa esperança de poder estar presente para ver
Jeová “fazendo novas todas as coisas”. — Apocalipse 21:5.
23. Qual foi a maior de todas as demonstrações do poder de Jeová?
Que garantia isso nos dá para o futuro?
24. Por que podemos ter certeza de que Jeová ressuscitará os mor-
tos? Que esperança cada um de nós pode prezar?
C A P Í T U L O 9

“Cristo é o poder de Deus”


OS DISCÍPULOS estavam apavorados. Quando atravessavam
o mar da Galileia, também conhecido como lago de Ge-
nesaré, uma tempestade começou de repente. Sem dúvi-
da, eles já haviam enfrentado tempestades naquele lago, afi-
nal alguns deles eram pescadores experientes.1 (Mateus 4:18,
19) Mas essa era “uma violenta tempestade” que rapidamen-
te agitou as águas, deixando o mar em fúria. Os homens
faziam de tudo para controlar a embarcação, mas a tempes-
tade era forte demais. Ondas altas “se lançavam sobre o bar-
co”, inundando-o. Apesar de toda essa agitação, Jesus dormia
profundamente na popa, exausto depois de um dia ensinan-
do as multidões. Temendo por suas vidas, os discípulos acor-
daram-no e imploraram: “Senhor, salve-nos, pois estamos
prestes a morrer!” — Marcos 4:35-38; Mateus 8:23-25.
2 Jesus não demonstrou nenhum medo. Com total confian-

ça, censurou o vento e disse ao mar: “Silêncio! Cale-se!” Am-


bos obedeceram imediatamente — a tempestade cessou, as
ondas desapareceram e “houve uma grande calmaria”. Os
discípulos ficaram muito assustados. “Quem é realmente
este homem?”, cochicharam entre si. De fato, que homem
era esse que censurava o vento e o mar como se repreendes-
se uma criança levada? — Marcos 4:39-41; Mateus 8:26, 27.
3 Jesus não era um homem qualquer. Jeová demonstrou

1 Tempestades súbitas são comuns no mar da Galileia, que fica


numa depressão (uns 200 metros abaixo do nível do mar). O ar ali é
muito mais quente do que nas regiões ao redor, o que gera perturba-
ções atmosféricas. Ventos fortes descem o vale do Jordão vindos do
monte Hermom, que fica ao norte. Num momento, tudo está calmo;
no outro, pode começar uma tempestade violenta.

1-3. (a) Que situação assustadora os discípulos enfrentaram no mar


da Galileia, e o que Jesus fez? (b) Por que foi apropriado o apóstolo
Paulo dizer que “Cristo é o poder de Deus”?
88 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

poder a favor dele e por meio dele de maneiras extraordi-


nárias. O apóstolo Paulo disse apropriadamente, sob inspira-
ção: “Cristo é o poder de Deus.” (1 Coríntios 1:24) De que
maneiras o poder de Deus se manifestou em Jesus? E como
o modo de Jesus usar o poder deve influenciar nossa vida?
O poder do Filho unigênito de Deus
4 Pense no poder que Jesus tinha durante sua existência pré-
humana. Jeová exerceu seu “poder eterno” quando criou seu
Filho unigênito, que veio a ser conhecido como Jesus Cris-
to. (Romanos 1:20; Colossenses 1:15) Depois, Jeová delegou
grande poder e autoridade ao Filho para, por meio dele, criar
tudo o que existe. A respeito do Filho, a Bíblia diz: “Todas as
coisas vieram a existir por meio dele, e sem ele nem mesmo
uma só coisa veio a existir.” — João 1:3.
5 Nós nem fazemos ideia da grandiosidade dessa incum-

bência. Imagine o poder necessário para criar milhões de an-


jos poderosos, o Universo físico com seus bilhões de galáxias
e a Terra com sua enorme variedade de formas de vida! Para
realizar essas tarefas, o Filho unigênito tinha à disposição a
força mais poderosa do Universo: o espírito santo de Deus.
O Filho teve muito prazer em ser o trabalhador perito usa-
do por Jeová para criar todas as outras coisas. — Provérbios
8:22-31.
6 Será que o Filho unigênito receberia ainda mais poder e

autoridade? Depois de sua morte e ressurreição, Jesus disse:


“Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra.” (Mateus
28:18) Portanto, foram concedidos a Jesus tanto a capacidade
como o direito de exercer poder em todo o Universo. Como
“Rei dos reis e Senhor dos senhores”, ele recebeu autorização
de reduzir “a nada todo governo, toda autoridade e poder”
4, 5. (a) Que poder e autoridade Jeová delegou para seu Filho uni-
gênito? (b) Como o Filho conseguiu executar as tarefas criativas de
que o Pai lhe incumbiu?
6. Após sua morte e ressurreição, que poder e autoridade Jesus rece-
beu?
“CRISTO É O PODER DE DEUS” 89

— visível ou invisível — que se oponha ao seu Pai. (Apocalip-


se 19:16; 1 Coríntios 15:24-26) Deus “não deixou nada que
não ficasse sujeito” a Jesus, exceto, é claro, ele próprio, Jeová.
— Hebreus 2:8; 1 Coríntios 15:27.
7 Será que precisamos ficar preocupados que Jesus use mal

seu poder? De modo algum! Jesus ama de verdade o seu Pai


e nunca faria nada para desagradá-lo. ( João 8:29; 14:31) Ele
sabe que Jeová nunca usa mal seu poder ilimitado. Obser-
vou de primeira mão como o Criador procura oportunidades
de “mostrar a sua força a favor daqueles que têm o coração
pleno para com ele”. (2 Crônicas 16:9) De fato, Jesus, assim
como seu Pai, ama muito a humanidade, de modo que pode-
mos ter confiança de que ele sempre usará seu poder para o
bem. ( João 13:1) As ações de Jesus no passado confirmam
isso. Ele jamais usou mal o poder. Vamos analisar o poder
que ele tinha quando estava na Terra e como se sentiu moti-
vado a usá-lo.

“Poderoso em . . . palavras”
8 Evidentemente, Jesus não realizou milagres quando era
menino e crescia em Nazaré. Mas isso mudou depois que ele
foi batizado em 29 EC, com cerca de 30 anos de idade. (Lucas
3:21-23) A Bíblia nos diz: “Deus o ungiu com espírito santo e
poder; e ele andou por toda a região fazendo o bem e curan-
do todos os oprimidos pelo Diabo.” (Atos 10:38) “Fazendo
o bem” — isso indica que Jesus usou corretamente o poder,
não acha? Depois de ser ungido, ele “foi um profeta podero-
so em ações e palavras”. — Lucas 24:19.
9 Em que sentido Jesus era poderoso em palavras? Ele

7. Por que podemos ter certeza de que Jesus nunca usará mal o po-
der que Jeová lhe concedeu?
8. Depois de ser ungido, que poder Jesus recebeu e como o usou?
9-11. (a) Onde Jesus realizou a maior parte da sua obra de ensinar
e por que isso era um desafio? (b) Por que as multidões ficaram ma-
ravilhadas com o modo de Jesus ensinar?
90 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

muitas vezes ensinava ao ar livre: à beira de lagos, nas co-


linas, nas ruas e nas praças. (Marcos 6:53-56; Lucas 5:1-3;
13:26) Ou seja, seus ouvintes poderiam simplesmente ir em-
bora se suas palavras não prendessem a atenção. Naquela
época, em que não havia livros impressos, os ouvintes apre-
ciativos tinham de guardar as palavras dele na mente e no
coração. De modo que o ensino de Jesus tinha de pren-
der a atenção, ser fácil de entender e de lembrar. Mas isso
não era problema para ele. Veja um exemplo: o Sermão do
Monte.
10 Certa manhã, no início do ano 31 EC, uma multidão se

reuniu numa colina perto do mar da Galileia. Alguns haviam


vindo da Judeia e de Jerusalém, que ficavam à distância de
100 a 110 quilômetros dali. Outros haviam vindo da região
costeira de Tiro e Sídon, ao norte. Muitos doentes se apro-
ximaram de Jesus para tocá-lo e ele curou a todos. Quando
já não havia nenhuma pessoa gravemente doente entre eles,
ele começou a ensinar. (Lucas 6:17-19) Quando terminou
de falar algum tempo depois, as pessoas estavam fascinadas
com o que tinham ouvido. Por quê?
11 Anos depois, alguém que havia ouvido aquele sermão es-

creveu: “As multidões ficaram maravilhadas com seu modo


de ensinar, pois ele as ensinava como quem tinha autorida-
de.” (Mateus 7:28, 29) As pessoas sentiam o poder de Jesus
quando ele falava como representante divino, baseando seu
ensino na autoridade da Palavra de Deus. ( João 7:16) As de-
clarações de Jesus eram claras, suas exortações, persuasivas;
e seus argumentos, irrefutáveis. Suas palavras chegavam ao
âmago das questões e tocavam o coração dos ouvintes. Ele os
ensinou a encontrar felicidade, a orar, a buscar o Reino de
Deus e a ter um futuro seguro. (Mateus 5:3–7:27) Suas pala-
vras estimulavam o coração dos que tinham fome da verda-
de e da justiça. Esses se dispunham a ‘negar’ a si mesmos e

“Viram Jesus andando sobre o mar”


92 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

a abandonar tudo para segui-lo. (Mateus 16:24; Lucas 5:10,


11) Que demonstração do poder das palavras de Jesus!
“Poderoso em ações”
12 Jesus também era “poderoso em ações”. (Lucas 24:19) Os
Evangelhos relatam mais de 30 milagres específicos que ele
realizou — todos pelo “poder de Jeová”.1 (Lucas 5:17) Os mi-
lagres de Jesus beneficiaram milhares de pessoas. Em ape-
nas dois desses milagres — quando ele alimentou primeiro
5 mil homens e mais tarde 4 mil homens. Com mulheres e
crianças, as multidões provavelmente incluíram muitos ou-
tros milhares de pessoas. — Mateus 14:13-21; 15:32-38.
13 Os milagres de Jesus eram bem variados. Ele tinha au-

toridade sobre demônios, expulsando-os facilmente. (Lucas


9:37-43) Tinha poder sobre elementos físicos, transforman-
do água em vinho. ( João 2:1-11) Imagine a surpresa dos dis-
cípulos quando eles “viram Jesus andando sobre o mar”.
( João 6:18, 19) Tinha o poder de curar todo tipo de defeitos
físicos, de doenças crônicas, ou potencialmente fatais. (Mar-
cos 3:1-5; João 4:46-54) As maneiras de ele curar também va-
riavam. Alguns foram curados à distância; outros foram
tocados diretamente por Jesus. (Mateus 8:2, 3, 5-13) Alguns
foram curados na hora; outros, aos poucos. — Marcos 8:22-
25; Lucas 8:43, 44.
14 Além disso, Jesus tinha uma habilidade notável: o poder

de anular a morte. Há registros de três ocasiões em que ele


ressuscitou mortos: devolveu uma menina de 12 anos aos
pais; um filho único à mãe, que era viúva; e um irmão mui-
1 Além disso, os Evangelhos às vezes agrupam muitos milagres sob
uma única descrição geral. Por exemplo, em certa ocasião uma “cida-
de toda” foi vê-lo e ele curou “muitos” doentes. — Marcos 1:32-34.

12, 13. Por que se diz que Jesus era “poderoso em ações”, e em que
sentidos seus milagres eram variados?
14. Em que circunstâncias Jesus demonstrou que tinha o poder de
anular a morte?
“CRISTO É O PODER DE DEUS” 93

to querido às suas irmãs. (Lucas 7:11-15; 8:49-56; João 11:38-


44) Para ele, nenhuma circunstância era tão difícil que o im-
pedisse de realizar uma ressurreição. A menina de 12 anos,
por exemplo, foi trazida de volta à vida pouco depois de
ter morrido. Já o filho da viúva foi ressuscitado quando era
transportado no seu esquife, sem dúvida no mesmo dia em
que morreu. E a ressurreição de Lázaro se deu quatro dias de-
pois de ele ter morrido.
Poder usado de forma altruísta,
responsável e compassiva
15 Consegue imaginar o que aconteceria se o poder de Je-

sus caísse nas mãos de um governante imperfeito? Possivel-


mente, haveria abuso de poder. Mas Jesus não tinha pecado.
(1 Pedro 2:22) Ele se recusou a ser manchado pelo egoísmo,
pela ambição e pela ganância que levam os humanos imper-
feitos a usar o poder para prejudicar outros.
16 Jesus usava o poder de forma altruísta, nunca para ob-

ter vantagens pessoais. Quando estava faminto, recusou-se


a transformar pedras em pão, em proveito próprio. (Mateus
4:1-4) Ele tinha poucos bens, o que demonstra claramen-
te que não usava o poder para obter lucros materiais. (Ma-
teus 8:20) Há outro fato que prova que suas obras poderosas
não tinham motivação egoísta. Realizar milagres lhe custa-
va algo. Quando curava doentes, saía poder dele. Ele sentia
isso até quando curava uma única pessoa. (Marcos 5:25-34)
Mesmo assim, deixava que multidões o tocassem, e elas eram
curadas. (Lucas 6:19) Que abnegação!
17 Jesus usava o poder de modo responsável. Ele nunca fez

obras poderosas só para se mostrar ou por exibicionismo,


sem um propósito. (Mateus 4:5-7) Ele se recusou a realizar
sinais só para satisfazer a curiosidade de Herodes, que ti-
nha motivações erradas. (Lucas 23:8, 9) Em vez de propagar
15, 16. O que demonstra que Jesus usava o poder de forma altruísta?
17. Como Jesus mostrou que usava o poder de modo responsável?
94 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

os seus feitos aos quatro ventos, Jesus muitas vezes dizia


aos curados que não contassem nada a ninguém. (Marcos
5:43; 7:36) Não queria que as pessoas tirassem conclusões a
seu respeito com base em relatos sensacionalistas. — Mateus
12:15-19.
18 Jesus era um homem poderoso, mas era bem diferente de

certos governantes que exercem o poder de forma insensível,


sem levar em conta as necessidades e o sofrimento dos ou-
tros. Jesus se preocupava com as pessoas. Só de ver os afli-
tos, ele sentia tanta compaixão que simplesmente tinha de
aliviar seu sofrimento. (Mateus 14:14) Ele levava em consi-
deração seus sentimentos e necessidades, e essa preocupação
amorosa influenciava seu modo de usar o poder. Em Marcos
7:31-37 encontra-se um exemplo comovente disso.
19 Naquela ocasião, grandes multidões encontraram Jesus e

trouxeram-lhe muitos doentes, e ele curou a todos. (Mateus


15:29, 30) Mas Jesus mostrou consideração especial por um
homem surdo que mal conseguia falar. Talvez ele tenha per-
cebido que o homem estava muito nervoso ou embaraça-
do. Bondosamente, levou o homem para longe da multidão.
Daí, em particular, usou sinais para explicar ao homem o que
faria. Então, “pôs os dedos nos ouvidos do homem e, depois
de cuspir, tocou na língua dele”.1 (Marcos 7:33) Depois, Jesus
olhou para o céu e suspirou. Com essas ações, ele queria di-
zer ao homem: “O que vou fazer por você se deve ao poder
de Deus.” Por fim, Jesus disse: “Abra-se.” (Marcos 7:34) Com
isso, a audição do homem foi restaurada e ele começou a fa-
lar normalmente.
1 Cuspir era um método ou sinal de cura conhecido tanto por ju-
deus como por gentios, e o uso de saliva em curas está registrado em
escritos rabínicos. Possivelmente, Jesus cuspiu apenas para mostrar
ao homem que ele ia ser curado. Seja como for, Jesus não usou a sa-
liva como substância curativa natural.

18-20. (a) O que influenciava o modo de Jesus usar o poder? (b) O


que você acha do modo de Jesus curar um surdo?
“CRISTO É O PODER DE DEUS” 95

20 Como é emocionante pensar que, mesmo quando usa-


va o poder dado por Deus para curar os aflitos, Jesus mos-
trava empatia e consideração pelos sentimentos deles! Não
ficamos mais tranquilos de saber que Jeová colocou o Rei-
no messiânico nas mãos de um Governante tão bondoso e
compassivo?

Prenúncio do futuro
21 As obras poderosas que Jesus realizou na Terra dão ape-
nas uma ideia das bênçãos muito maiores que haverá sob
seu reinado. No novo mundo de Deus, Jesus novamente
fará milagres, mas em escala mundial. Veja quais são algu-
mas das perspectivas emocionantes para o futuro.
22 Jesus restaurará o equilíbrio ecológico da Terra. Lembre-

se de que ele acalmou um vendaval, o que demonstra que


ele tem controle sobre as forças da natureza. Sem dúvida,
então, sob o seu domínio no Reino, a humanidade não pre-
cisará ter medo de tufões, terremotos, erupções vulcânicas
ou outras calamidades naturais. Visto que foi o trabalhador
perito usado por Jeová para criar a Terra e todas as formas
de vida nela, Jesus entende plenamente a constituição do
planeta. Sabe como usar seus recursos de forma apropriada.
Sob seu domínio, a Terra inteira será transformada num Pa-
raíso. — Lucas 23:43.
23 E as necessidades da humanidade? Usando poucas pro-

visões, Jesus forneceu alimento mais do que suficiente a


milhares de pessoas. Isso nos assegura que, sob seu domí-
nio, a fome desaparecerá. De fato, haverá muito alimento,
que será distribuído de forma justa, eliminando a fome para
sempre. (Salmo 72:16) Como ele é capaz de curar doenças,
21, 22. (a) O que os milagres de Jesus indicavam para o futuro?
(b) Visto que Jesus tem controle sobre as forças da natureza, o que
podemos esperar sob seu domínio no Reino?
23. Como Rei, de que formas Jesus satisfará as necessidades da hu-
manidade?
96 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Perguntas para Meditação


Isaías 11:1-5 Como Jesus manifesta “o espírito de . . . poder” e,
por causa disso, que confiança podemos ter a respeito do domí-
nio dele?
Marcos 2:1-12 As curas milagrosas de Jesus demonstram que
ele recebeu que autoridade?
João 6:25-27 Embora Jesus satisfizesse de forma milagrosa as
necessidades físicas das pessoas, qual era o objetivo principal
do seu ministério?
João 12:37-43 Por que algumas testemunhas oculares dos mila-
gres de Jesus não depositaram fé nele, e o que podemos apren-
der disso?

podemos ter certeza de que os enfermos, cegos, surdos, mu-


tilados e deficientes físicos serão curados de forma comple-
ta e permanente. (Isaías 33:24; 35:5, 6) E ele também tem a
habilidade de trazer os mortos de volta à vida! Portanto, po-
demos ter certeza de que, como poderoso Rei celestial, ele
ressuscitará os incontáveis milhões que seu Pai guarda na
memória. — João 5:28, 29.
24 Ao refletirmos no poder de Jesus, é bom termos em

mente que ele imita seu Pai de forma perfeita. ( João 14:9)
Assim, o modo como o Filho usa o poder mostra-nos cla-
ramente como Jeová também o usa. Por exemplo, pense
em como Jesus mostrou consideração ao curar um le-
proso. Cheio de compaixão, Jesus tocou no homem e
disse: “Eu quero!” (Marcos 1:40-42) Em relatos como esse,
é como se Jeová nos dissesse: “É assim que eu uso o po-
der!” Não sente vontade de louvar nosso Deus todo-pode-
roso e agradecer-lhe por usar seu poder de modo tão amo-
roso?
24. Ao refletirmos no poder de Jesus, o que é bom termos em men-
te, e por quê?
C A P Í T U L O 1 0

“Tornem-se imitadores de
Deus” no uso do poder
“NÃO há poder sem sutil laço.” Essas palavras de uma poe-
tisa do século 19 revelam um perigo insidioso: o mau uso
do poder. Infelizmente, com muita frequência os humanos,
que são imperfeitos, caem nesse laço. De fato, ao longo de
toda a História, “homem domina homem para o seu prejuí-
zo”. (Eclesiastes 8:9) O poder exercido sem amor tem resul-
tado em indescritível sofrimento para a humanidade.
2 Não acha notável, então, que Jeová Deus nunca use mal

seu poder ilimitado? Como notamos nos capítulos anterio-


res, ele sempre usa seu poder — criativo, de destruição, pro-
tetor ou de restauração — em harmonia com seus propó-
sitos amorosos. Se analisarmos seu modo de usar o poder,
sentiremos o desejo de nos achegar a ele. Isso, por sua vez,
nos motivará a nos tornarmos “imitadores de Deus” ao usar
nosso poder. (Efésios 5:1) Mas que poder nós, humanos frá-
geis, possuímos?
3 Lembre-se de que os humanos foram criados “à imagem

de Deus” e à Sua semelhança. (Gênesis 1:26, 27) De modo


que também temos certa medida de poder: o poder de fa-
zer coisas, de trabalhar; o controle ou a autoridade sobre ou-
tros; a habilidade de influenciar outros, em especial os que
nos amam; a força física (vigor); ou os recursos materiais. O
salmista disse o seguinte a respeito de Jeová: “Contigo está
a fonte da vida.” (Salmo 36:9) Portanto, direta ou indireta-
mente, Deus é a fonte de todo poder legítimo que possamos
1. Com frequência, os humanos, que são imperfeitos, caem em que
laço sutil?
2, 3. (a) O que é notável quanto ao modo de Jeová usar o poder?
(b) O que está incluído no nosso poder e como devemos usá-lo?
98 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

ter. Assim, devemos usá-lo de forma a agradar a Ele. Como


fazer isso?
O segredo é o amor
4 O segredo para usarmos corretamente o poder é o amor.
O exemplo do próprio Deus demonstra isso. Lembre-se dos
quatro atributos principais de Deus, analisados no Capítu-
lo 1: poder, justiça, sabedoria e amor. Qual é a mais desta-
cada dessas quatro qualidades? O amor. “Deus é amor”, diz
1 João 4:8. Na verdade, o amor é a própria essência do que
Jeová é e influencia tudo o que ele faz. Assim, quando usa
seu poder, o Criador sempre é motivado pelo amor e tem
por objetivo final o bem dos que o amam.
5 O amor também nos ajudará a usar corretamente o po-

der. Afinal, a Bíblia diz que o amor é “bondoso” e “não


procura os seus próprios interesses”. (1 Coríntios 13:4, 5)
Assim, ele não nos deixará agir de modo duro ou cruel para
com os que estão debaixo de nossa autoridade. Pelo contrá-
rio, trataremos os outros com dignidade e colocaremos suas
necessidades e sentimentos à frente dos nossos. — Filipenses
2:3, 4.
6 O amor está relacionado a outra qualidade que nos aju-

da a usar bem o poder: o temor de Deus. Por que essa qua-


lidade é importante? “Por temer a Jeová a pessoa se afas-
ta do mal”, diz Provérbios 16:6. O uso incorreto do poder
sem dúvida está incluído entre as coisas más das quais de-
vemos nos afastar. O temor de Deus impedirá que tratemos
mal aqueles que estão sob nossa autoridade. Por quê? Um
dos motivos é que sabemos que teremos de prestar contas
4, 5. (a) Qual é o segredo para usar corretamente o poder, e como
o exemplo do próprio Deus demonstra isso? (b) Como o amor nos
ajudará a usar corretamente nosso poder?
6, 7. (a) O que é o temor de Deus e por que essa qualidade nos aju-
dará a evitar usar mal o poder? (b) Ilustre a ligação que existe entre
o temor de desagradar a Deus e o amor a Ele.
“TORNEM-SE IMITADORES DE DEUS” NO USO DO PODER 99

a Deus pelo modo como os tratamos. (Neemias 5:1-7, 15)


Mas o temor de Deus envolve mais do que isso. Os termos
para “temor” nas línguas originais muitas vezes se referem
à profunda reverência a Deus e à admiração por ele. Assim,
a Bíblia associa o temor com o amor a Deus. (Deuteronô-
mio 10:12, 13) Essa admiração reverente inclui o temor sau-
dável de desagradar a Deus, não apenas porque temos medo
das consequências, mas porque realmente o amamos.
7 Para ilustrar: pense no bom relacionamento entre um ga-

rotinho e seu pai. O menino sente o interesse carinhoso e


amoroso do pai por ele. Mas também sabe o que o pai exi-
ge dele e que vai discipliná-lo se ele se comportar mal. O
menino não vive com um medo mórbido do pai. Pelo con-
trário, ele o ama muito. Procura agir de um modo que ve-
nha a ter a aprovação do pai. O mesmo se dá com o temor
de Deus. Visto que amamos a Jeová, nosso Pai celestial, te-
memos fazer algo que ‘entristeça seu coração’. (Gênesis 6:6)
Temos muita vontade de alegrar o coração Dele. (Provérbios
27:11) É por isso que nos esforçamos para usar corretamen-
te nosso poder. Vamos analisar em mais detalhes como po-
demos fazer isso.
Na família
8 Analisemos primeiro o círculo familiar. “O marido é ca-
beça da esposa”, diz Efésios 5:23. Como o marido deve exer-
cer a autoridade que recebeu de Deus? A Bíblia diz que os
maridos devem morar com a esposa “segundo o conheci-
mento”. E devem ‘dar-lhe honra como a um vaso mais frá-
gil’. (1 Pedro 3:7) O substantivo grego traduzido “honra”
significa “preço, valor, . . . respeito”. Algumas formas dessa
palavra são traduzidas como “presentes” e “precioso”. (Atos
8. (a) Que autoridade o marido tem na família, e como se espera
que ele a exerça? (b) Como o marido pode mostrar que honra a es-
posa?
100 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

28:10; 1 Pedro 2:7) O marido que honra a esposa nun-


ca a ataca fisicamente, nem a humilha ou rebaixa, fazendo
com que se sinta inútil. Ao contrário, ele reconhece o valor
dela e a trata com respeito. Mostra por suas palavras e ações
— em público e em particular — que ela é preciosa para ele.
(Provérbios 31:28) O marido que age assim não só obtém o
amor e o respeito da esposa, mas também, o que é mais im-
portante, a aprovação de Deus.
9 A esposa também tem certo poder na família. A Bíblia

menciona mulheres tementes a Deus que, sem desrespei-


tar a chefia, tomaram a iniciativa, influenciando o marido
de modo positivo ou ajudando-o a não cometer erros de
critério. (Gênesis 21:9-12; 27:46–28:2) A esposa talvez tenha
um raciocínio mais rápido do que o do marido, ou outras
habilidades que ele não possui. Mesmo assim, ela deve ter
“profundo respeito” por ele e ‘estar sujeita’ a ele “como ao
Senhor”. (Efésios 5:22, 33) O desejo de agradar a Deus a aju-
dará a usar suas habilidades para apoiar o marido, em vez de
rebaixá-lo ou tentar dominá-lo. Essa “mulher realmente sá-
bia” coopera com o marido para edificar a família. Assim,
ela mantém a paz com Deus. — Provérbios 14:1.
10 Os pais também têm autoridade dada por Deus. A Bí-

blia incentiva: “Pais, não irritem os seus filhos, mas conti-


nuem a criá-los na disciplina e na instrução de Jeová.”
(Efésios 6:4) Na Bíblia, a palavra “disciplina” pode signifi-
car “criação, treinamento, instrução”. As crianças precisam
de disciplina; elas crescem felizes quando têm orientações,
restrições e limites claros. A Bíblia associa essa disciplina,
ou instrução, com o amor. (Provérbios 13:24) Portanto, “a
9. (a) Que poder a esposa tem na família? (b) O que ajudará a espo-
sa a usar suas habilidades para apoiar o marido, e com que resultado?
10. (a) Que autoridade Deus concedeu aos pais? (b) Qual é o senti-
do da palavra “disciplina” e como deve ser administrada? (Veja tam-
bém a nota.)
“TORNEM-SE IMITADORES DE DEUS” NO USO DO PODER 101

vara da disciplina” nunca deve ser usada de forma abusiva,


quer em sentido emocional quer físico.1 (Provérbios 22:15;
29:15) Pais que disciplinam de forma rígida, cruel ou de-
samorosa estão abusando da autoridade e podem esmagar
o espírito da criança. (Colossenses 3:21) Por outro lado, a
disciplina equilibrada e administrada de forma correta de-
monstra para a criança que os pais a amam e se preocupam
com o tipo de pessoa que ela está se tornando.
11 E os filhos? Como podem usar corretamente o seu po-

der? “A glória dos jovens é a sua força”, diz Provérbios


20:29. Sem dúvida, o melhor modo de os jovens usarem
sua força e seu vigor é servindo ao nosso “Grandioso Cria-
dor”. (Eclesiastes 12:1) É bom que os jovens se lembrem de
que suas ações podem afetar os sentimentos dos pais. (Pro-
vérbios 23:24, 25) Quando os filhos obedecem aos pais te-
mentes a Deus e seguem o caminho correto, alegram o co-
ração dos pais. (Efésios 6:1) Agir assim é algo “agradável ao
Senhor”. — Colossenses 3:20.
Na congregação
12Jeová providenciou que superintendentes tomassem a
dianteira na congregação cristã verdadeira. (Hebreus 13:17)
Esses homens qualificados devem usar a autoridade con-
cedida por Deus para dar a ajuda necessária e contri-
buir para o bem-estar do rebanho. Será que, devido à sua
posição, os anciãos têm o direito de dominar sobre os
1 Nos tempos bíblicos, a palavra hebraica para “vara” significava
um bastão ou cajado, como o que o pastor usava para guiar as ove-
lhas. (Salmo 23:4) De modo similar, “a vara” de autoridade dos pais
sugere orientação amorosa, não punição cruel ou brutal.

11. Como os filhos podem usar corretamente o seu poder?


12, 13. (a) Como os anciãos devem encarar sua autoridade na con-
gregação? (b) Ilustre por que os anciãos devem tratar o rebanho com
bondade.
102 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

concrentes? De modo algum! Esses homens devem ter um


conceito equilibrado e humilde sobre o seu papel na con-
gregação. (1 Pedro 5:2, 3) A Bíblia diz aos superintenden-
tes: “[Pastoreiem] a congregação de Deus, que ele comprou
com o sangue do seu próprio Filho.” (Atos 20:28) Esta últi-
ma expressão revela uma razão muito importante para tra-
tar cada membro do rebanho com bondade.
13 Para ilustrar isso, digamos que um grande amigo lhe pe-

disse para cuidar de um bem precioso. Você sabe que o seu


amigo pagou um preço muito alto por ele. Não o trataria
com delicadeza, com extremo cuidado? De modo similar,
Deus encarregou os anciãos da responsabilidade de cuidar
de um bem muito valioso: a congregação, cujos membros
são comparados a ovelhas. (João 21:16, 17) Jeová conside-
ra suas ovelhas tão preciosas que as comprou com o san-
gue valioso do seu Filho unigênito, Jesus Cristo — o preço
mais alto que Ele poderia ter pago por elas. Anciãos humil-
des não se esquecem disso e tratam as ovelhas de Jeová con-
cordemente.
O “poder da língua”
14 “Morte e vida estão no poder da língua”, diz a Bí-
blia. (Provérbios 18:21) De fato, a língua pode causar gran-
des estragos. Quem de nós nunca se sentiu magoado por
um comentário impensado ou depreciativo? Mas a língua
também tem o poder de curar. “A língua dos sábios é uma
cura”, diz Provérbios 12:18. De fato, palavras positivas e be-
néficas são comparáveis a uma pomada suavizante e curati-
va para o coração. Veja alguns exemplos.
15 “Consolem os que estão deprimidos”, incentiva 1 Tessa-

lonicenses 5:14. Até servos fiéis de Jeová vez por outra


talvez tenham de lutar contra a depressão. Como podemos
14. Que poder tem a língua?
15, 16. De que maneiras podemos usar a língua para animar outros?
ajudá-los? Dê elogios
sinceros a respeito de
pontos específicos que
os ajudem a ver como
são preciosos aos olhos de
Jeová. Leia com eles tre-
chos das Escrituras que
revelam como Jeová
ama e se importa
com os “que têm co-
ração quebrantado”
e “espírito esmaga-
do”. (Salmo 34:18)
Quando usamos o
poder da língua
para consolar ou-
tros, imitamos
nosso Deus com-
passivo, “que con-
sola os desanima-
dos”. — 2 Coríntios 7:6. Maridos e esposas
16 Também podemos usar o po-
usam corretamente
der da língua para dar a ou- seu poder tratando
tros o incentivo de que precisam. um ao outro com
Conhece um concrente que per- amor e respeito
deu uma pessoa querida? Pala-
vras compassivas que expressem nossa preocupação ajuda-
rão a consolar o coração do enlutado. Um irmão idoso está
se sentindo inútil? Palavras compreensivas podem reanimar
os idosos, assegurando-lhes que são valiosos e apreciados.
Sabe de alguém que está lutando contra uma doença crôni-
ca? Palavras bondosas em um bilhete, ditas pelo telefone ou
pessoalmente podem contribuir muito para melhorar a dis-
posição de ânimo do adoentado. Como nosso Criador deve
104 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

ficar contente quando usamos o poder da fala para proferir


“o que for bom para a edificação”! — Efésios 4:29.
17 Mas a maneira mais importante de usarmos o poder da

língua é transmitindo as boas novas do Reino de Deus a


outros. “Não deixe de fazer o bem a quem você deve fazê-
lo, se estiver ao seu alcance ajudar”, diz Provérbios 3:27. É
nossa obrigação transmitir a outros as boas novas de salva-
ção. Não seria correto guardar para nós mesmos a mensa-
gem urgente que Jeová nos transmitiu de forma tão gene-
rosa. (1 Coríntios 9:16, 22) Mas até que ponto Jeová espera
que participemos dessa obra?
17. De que maneira importante podemos usar a língua para o bene-
fício de outros e por que devemos fazer isso?

Transmitir as boas novas


— um modo excelente de usar nosso poder
“TORNEM-SE IMITADORES DE DEUS” NO USO DO PODER 105

Sirvamos a Jeová com ‘toda a nossa força’


18 O amor por Jeová nos leva a participar plenamente no
ministério cristão. O que ele espera de nós nesse respeito?
Algo que todos nós, não importa a situação na vida, pode-
mos dar: “O que for que fizerem, trabalhem nisso de toda
a alma, como para Jeová, e não para homens.” (Colossen-
ses 3:23) Segundo Jesus, o maior mandamento de todos é:
“Ame a Jeová, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua
alma, de toda a sua mente e de toda a sua força.” (Marcos
12:30) De modo que aquilo que Jeová espera de cada um de
nós é que o amemos e o sirvamos de toda a alma.
19 O que significa servir a Deus de toda a alma? A alma se

refere à pessoa como um todo, com todas as suas habilida-


des físicas e mentais. Visto que a alma abrange o coração,
a mente e a força, por que se mencionam essas outras fa-
culdades em Marcos 12:30? A seguinte ilustração nos ajuda-
rá a entender: nos tempos bíblicos, a pessoa podia vender a
si mesma (a sua alma) como escrava. Mas o escravo talvez
não servisse ao dono de todo o coração; é possível que não
usasse toda sua energia ou todas as suas habilidades mentais
em benefício do dono. (Colossenses 3:22) Assim, provavel-
mente Jesus mencionou essas outras faculdades para enfati-
zar que não devemos reter nada de Deus no nosso serviço
a Ele. Servi-lo de toda a alma significa dar de nós mesmos,
usando nossa força e energias ao máximo possível no seu
serviço.
20 Será que o serviço de toda a alma significa que todos te-

mos de gastar a mesma quantidade de tempo e energia no


ministério? Isso seria impossível, porque as circunstâncias
e habilidades diferem de pessoa para pessoa. Por exemplo,
18. O que Jeová espera de nós?
19, 20. (a) Visto que a alma abrange o coração, a mente e a força,
por que se mencionam essas outras faculdades em Marcos 12:30?
(b) O que significa servir a Jeová de toda a alma?
106 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Perguntas para Meditação


Provérbios 3:9, 10 Que “coisas valiosas” possuímos e como po-
demos usá-las para honrar a Jeová?
Eclesiastes 9:5-10 Por que deveria usar agora sua força de um
modo que Deus aprove?
Atos 8:9-24 Que abuso de poder é descrito nesse texto, e como
podemos evitar cair no mesmo erro?
Atos 20:29-38 O que o exemplo de Paulo ensina aos que têm
posições de responsabilidade na congregação?

um jovem com boa saúde e vigor físico talvez possa gas-


tar mais tempo na pregação do que aqueles cuja força di-
minuiu devido à idade avançada. Uma pessoa solteira, livre
de obrigações familiares, possivelmente conseguirá realizar
mais do que aqueles que têm uma família para cuidar. Se
nossa força e circunstâncias nos permitem fazer muito no
ministério, devemos ser gratos por isso. Naturalmente, não
devemos nos tornar críticos, comparando-nos com outros
nessas questões. (Romanos 14:10-12) Em vez disso, quere-
mos usar nosso poder para incentivar outros.
21 Jeová deu o exemplo perfeito em usar o poder corre-

tamente. Nós, humanos imperfeitos, devemos nos esforçar


para imitá-lo da melhor maneira possível. Podemos usar
bem o poder tratando com dignidade os que estão sob nos-
sa autoridade. Além disso, queremos realizar de toda a alma
a obra salvadora de que Jeová nos incumbiu: a pregação.
(Romanos 10:13, 14) Jeová fica muito contente quando vê
que você — sua alma — está dando o seu melhor. Não se
sente motivado de coração a fazer tudo o que pode no ser-
viço desse Deus amoroso e compreensivo? Não existe ma-
neira melhor ou mais importante de usar nosso poder.
21. Qual é a melhor e mais importante maneira de usar nosso poder?
S E Ç Ã O 2

“JEOVÁ AMA A JUSTIÇA”


Hoje se vê injustiça em toda a parte, e muitos
equivocadamente culpam a Deus por isso. Mas
a Bíblia ensina uma verdade maravilhosa:
“Jeová ama a justiça.” (Salmo 37:28) Nesta
seção, aprenderemos como ele demonstrou que
essas palavras são verdadeiras. Isso é motivo de
esperança para toda a humanidade.
C A P Í T U L O 1 1

“Todos os seus caminhos


são justos”
QUE injustiça! Ele era um homem bonito e não havia co-
metido nenhum crime. Mesmo assim foi jogado num ca-
labouço, sob a acusação falsa de tentativa de estupro. Mas
não era a primeira vez que esse jovem, José, se deparava
com injustiças. Anos antes, quando tinha 17 anos, ele ha-
via sido traído pelos próprios irmãos, que quase o assassi-
naram. Acabou sendo vendido como escravo em um país
estrangeiro. Ali resistiu às propostas imorais da esposa do
seu dono que, sentindo-se rejeitada, forjou a acusação fal-
sa que levou José à prisão. Lamentavelmente, parecia que
ninguém ia intervir a favor dele.
2 Mas o Deus que “ama a retidão e a justiça” observava

tudo. (Salmo 33:5) Jeová manobrou os eventos e fez com


que se corrigisse a injustiça, de modo que José — que havia
sido lançado numa prisão — por fim foi libertado. E não
foi só isso! Ele acabou sendo designado para um cargo de
grande responsabilidade e extraordinária honra. (Gênesis
40:15; 41:41-43; Salmo 105:17, 18) Com o tempo a inocên-
cia de José ficou provada, e ele usou sua posição de desta-
que a favor dos propósitos de Deus. — Gênesis 45:5-8.
3 Não acha esse relato emocionante? Quem nunca teste-

munhou ou foi vítima de uma injustiça? De fato, todos nós


desejamos ser tratados de modo justo e imparcial. Era de se
esperar que nos sentíssemos assim, porque Jeová colocou
em nós qualidades que refletem sua personalidade, e a jus-
1, 2. (a) Que tremendas injustiças José sofreu? (b) Como Jeová as
corrigiu?
3. Por que não é de admirar que todos tenhamos o desejo de ser tra-
tados de modo justo?
“TODOS OS SEUS CAMINHOS SÃO JUSTOS” 109

tiça é um de Seus atributos principais. (Gênesis 1:27) Para


conhecer bem a Jeová, precisamos entender seu senso de
justiça. Assim, apreciaremos ainda mais seus modos mara-
vilhosos e nos sentiremos motivados a nos achegar a ele.
O que é justiça?
4 Do ponto de vista humano, considera-se como justiça
a mera aplicação imparcial das leis. Certo livro diz que “a
justiça está relacionada com leis, obrigações, direitos e de-
veres, e confere suas decisões segundo a igualdade ou o
mérito”. (Right and Reason—Ethics in Theory and Practice
[Direito e Razão — a Ética na Teoria e na Prática]) Mas a jus-
tiça de Jeová não envolve apenas impor regulamentos de
forma insensível, devido a um senso de dever ou obriga-
ção.
5 Podemos entender melhor o pleno alcance da justiça

de Jeová analisando as palavras que descrevem essa quali-


dade nas línguas originais em que a Bíblia foi escrita. Nas
Escrituras Hebraicas, usam-se três palavras principais para
expressar essa ideia. Uma delas, que muitas vezes é tradu-
zida por “justiça”, também pode ser vertida como “o que é
justo”, ou correto. (Gênesis 18:25) As outras duas em geral
são traduzidas por “justiça” e algumas vezes por “retidão”.
Nas Escrituras Gregas Cristãs, a palavra traduzida “justiça”
é definida como “qualidade de ser direito ou justo”. Basi-
camente, justiça e retidão estão intimamente relacionadas.
— Amós 5:24.
6 Assim, quando a Bíblia diz que Deus é justo, quer dizer

que ele sempre faz o que é correto e direito, de modo im-


parcial. (Romanos 2:11) Na verdade, é impensável que ele
4. Do ponto de vista humano, o que é considerado justiça?
5, 6. (a) Qual é o sentido das palavras originais que expressam a
ideia de justiça? (b) Quando se afirma que Deus é justo, o que se quer
dizer?
110 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

possa agir de outra maneira. O fiel Eliú declarou: “O ver-


dadeiro Deus jamais faria o que é mau, o Todo-Poderoso
nunca faria o que é errado!” ( Jó 34:10) Para Jeová, é im-
possível ‘fazer o que é errado’. Por quê? Por duas razões im-
portantes.
7 Primeiramente, porque ele é santo. Como notamos no

Capítulo 3, Jeová é infinitamente puro e direito. Portanto,


ele é incapaz de agir de modo injusto. Pense no que isso
significa. Visto que nosso Pai celestial é santo, temos boas
razões para confiar que ele nunca tratará mal os seus filhos.
Jesus tinha essa confiança. Na última noite da sua vida ter-
restre, ele orou: “Santo Pai, vigia sobre eles [os discípulos]
por causa do teu nome.” ( João 17:11) “Santo Pai” — nas
Escrituras esse título é aplicado única e exclusivamente a
Jeová. Isso é apropriado porque nenhum pai humano se
compara a Ele em santidade. Jesus tinha total confiança
que seus discípulos ficariam a salvo sob os cuidados do Pai,
que é absolutamente puro, limpo e separado de todo peca-
do. — Mateus 23:9.
8 Em segundo lugar, porque o amor altruísta é parte es-

sencial da própria personalidade de Deus. Esse amor o


leva a ser justo nos seus tratos com outros. A injustiça em
suas muitas formas — incluindo racismo, discriminação e
parcialidade — muitas vezes surge devido à ganância e ao
egoísmo, que são opostos ao amor. Falando sobre o Deus
de amor, a Bíblia nos assegura: “Jeová é justo; ele ama atos
justos.” (Salmo 11:7) Jeová diz o seguinte a seu próprio
respeito: “Eu, Jeová, amo a justiça.” (Isaías 61:8) Não fica-
mos mais tranquilos sabendo que nosso Deus sente prazer
em fazer o que é certo, ou justo? — Jeremias 9:24.
7, 8. (a) Por que Jeová é incapaz de agir injustamente? (b) O que
leva Jeová a ser justo nos seus tratos?

José sofreu injustamente na prisão


112 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

A misericórdia e a justiça perfeita de Jeová


9 A justiça de Jeová, como todas as outras facetas de sua per-
sonalidade incomparável, é perfeita, impecável. Moisés lou-
vou a Jeová, dizendo: “A Rocha — perfeito é tudo o que ele
faz, pois todos os seus caminhos são justos. Deus de fidelida-
de, que nunca é injusto; justo e reto é ele.” (Deuteronômio
32:3, 4) Quando expressa sua justiça, Jeová sempre o faz com
perfeição — nunca é tolerante demais, nem severo demais.
10 A justiça e a misericórdia de Jeová estão intimamen-

te ligadas. O Salmo 116:5 diz: “Jeová é compassivo e jus-


to; nosso Deus é misericordioso.” De fato, Jeová é justo e
misericordioso. Essas duas qualidades não são conflitantes.
A misericórdia divina não abranda ou suaviza sua justiça,
como se esta fosse severa demais. Em vez disso, Deus mui-
tas vezes demonstra as duas qualidades ao mesmo tempo,
às vezes até no mesmo ato. Veja um exemplo.
11 Todos os humanos herdaram o pecado e, portanto, me-

recem a penalidade correspondente: a morte. (Romanos


5:12) Mas Jeová não se agrada da morte de pecadores. Ele é
“um Deus sempre pronto a perdoar, compassivo e miseri-
cordioso”. (Neemias 9:17) Mas como é santo, ele não pode
tolerar a injustiça. Como seria possível, então, mostrar mi-
sericórdia para com humanos inerentemente pecadores? A
resposta encontra-se em uma das verdades mais preciosas
da Palavra de Deus: o resgate que Jeová providenciou para
a salvação da humanidade. No Capítulo 14, aprenderemos
mais sobre essa dádiva amorosa, que é, ao mesmo tempo,
extremamente justa e maravilhosamente misericordiosa.
Por meio dela, Jeová pode expressar terna misericórdia
para com pecadores arrependidos e, ainda assim, defender
Suas normas perfeitas de justiça. — Romanos 3:21-26.
9-11. (a) Que ligação existe entre a justiça e a misericórdia de Jeová?
(b) Como a justiça e a misericórdia de Deus ficam evidentes no modo
como ele lida com humanos imperfeitos?
“TODOS OS SEUS CAMINHOS SÃO JUSTOS” 113

A justiça de Jeová acalenta nosso coração


12 A justiça de Jeová não é uma qualidade fria, que nos
afasta; é atraente e nos faz querer achegar-nos a ele. A Bí-
blia descreve claramente como a justiça de Jeová é com-
passiva. Analisemos algumas das maneiras animadoras em
que Jeová exerce sua justiça.
13 A justiça perfeita de Jeová o leva a agir com fidelidade

e lealdade para com seus servos. O salmista Davi vivenciou


essa faceta da justiça de Jeová. Com base na experiência pes-
soal e no estudo do modo de Deus agir, a que conclusão
Davi chegou? Ele declarou: “Jeová ama a justiça e não aban-
donará aqueles que lhe são leais. Eles serão sempre prote-
gidos.” (Salmo 37:28) Que promessa tranquilizadora! Nem
por um momento sequer nosso Deus abandonará os que
lhe são leais. Assim, podemos ter certeza de que ele sem-
pre estará perto de nós, demonstrando seu cuidado amoro-
so para conosco. Sua justiça garante isso! — Provérbios 2:7, 8.
14 A justiça divina leva em conta as necessidades dos

aflitos. A preocupação de Jeová para com os menos favo-


recidos é evidente na Lei que ele deu a Israel. Por exemplo,
a Lei tinha regulamentos especiais que asseguravam que
órfãos e viúvas fossem bem cuidados. (Deuteronômio
24:17-21) Sabendo que a vida dessas pessoas podia ser muito
difícil, o próprio Jeová assumiu o papel de seu Juiz e Prote-
tor paterno, aquele que “faz justiça ao órfão e à viúva”.1
1 A expressão “órfão” mostra que Jeová se preocupa muito com as
crianças sem pai, tanto meninos quanto meninas. Jeová incluiu na
Lei um relato sobre uma decisão judicial que assegurou a herança das
filhas de Zelofeade. Aquela decisão estabeleceu um precedente que
defendia os direitos das órfãs. — Números 27:1-8.

12, 13. (a) Por que a justiça de Jeová nos atrai a ele? (b) No que se
refere à justiça de Jeová, a que conclusão Davi chegou, e como isso
nos tranquiliza?
14. Como a preocupação de Jeová para com os menos favorecidos
fica evidente na Lei que ele deu a Israel?
114 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

(Deuteronômio 10:18; Salmo 68:5) Jeová avisou aos israeli-


tas que, se eles se aproveitassem de mulheres e crianças in-
defesas, ele sem dúvida ouviria o clamor delas. Ele declarou:
“Minha ira se acenderá.” (Êxodo 22:22-24) Embora a ira não
seja uma das qualidades dominantes de Jeová, atos delibe-
rados de injustiça, em especial contra os humildes e inde-
fesos, o deixam indignado — e com toda a razão. — Salmo
103:6.
15 Jeová também nos assegura que ele “não trata a nin-

guém com parcialidade nem aceita suborno”. (Deuteronô-


mio 10:17) Diferentemente de muitos humanos que têm
poder ou prestígio, Jeová não é influenciado por rique-
zas ou aparência. Ele não tem absolutamente nenhum
preconceito, nem demonstra favoritismo. Veja um exem-
plo notável da imparcialidade de Jeová. A oportunidade
de adorar a ele em verdade, com a perspectiva de vida in-
findável, não se restringe a uma pequena elite. Muito pelo
contrário, “em toda nação, ele aceita aquele que o teme e
que faz o que é direito”. (Atos 10:34, 35) Essa perspectiva
maravilhosa está aberta a todos, não importa qual seja sua
posição social, a cor da pele ou o país onde vive. Não con-
corda que isso é justiça expressa com perfeição?
16 Há outro aspecto da justiça perfeita de Jeová que me-

rece nossa consideração e respeito: o modo como ele lida


com os que violam suas normas justas.
Não deixa de punir
17 Alguns se perguntam: ‘Visto que Jeová não aprova a in-
justiça, como se explica o sofrimento injusto e as práti-
cas corruptas tão comuns no mundo hoje?’ Essas injustiças
15, 16. Qual é um exemplo realmente notável da imparcialidade de
Jeová?
17. Explique por que as injustiças do mundo não refutam a justiça
de Jeová.
“TODOS OS SEUS CAMINHOS SÃO JUSTOS” 115

de modo algum refutam a justiça de Jeová. As muitas in-


justiças que vemos neste mundo perverso são consequên-
cias do pecado que os humanos imperfeitos herdaram de
Adão. Visto que eles escolheram seguir seus próprios mo-
dos pecaminosos, a injustiça se espalhou por toda a par-
te — mas não continuaria por muito tempo. — Deuteronô-
mio 32:5.
18 Embora demonstre grande misericórdia para com os

que se achegam a ele sinceramente, Jeová não tolerará para


sempre uma situação que envergonha seu santo nome.
(Salmo 74:10, 22, 23) Não se pode zombar do Deus de justi-
ça; ele não impedirá que pecadores deliberados recebam o
julgamento merecido. Jeová é um “Deus misericordioso e
compassivo, paciente e cheio de amor leal e de verdade . . .
Mas de modo algum deixará impune o culpado”. (Êxodo
34:6, 7) Em harmonia com essas palavras, Jeová às vezes
acha necessário executar julgamento nos que deliberada-
mente violam suas leis justas.
19 Pense, por exemplo, nos tratos dele com o Israel an-

tigo. Mesmo depois de estabelecidos na Terra Prometida,


os israelitas repetidas vezes se tornaram infiéis. Embora
seus modos corrompidos fizessem Jeová “sentir-se magoa-
do”, ele não os rejeitou imediatamente. (Salmo 78:38-41)
Demonstrando misericórdia, deu-lhes oportunidades de
mudar de proceder. Ele disse: “Não tenho prazer na morte
de quem é mau, mas sim em que a pessoa má mude seu ca-
minho e continue viva. Recuem, recuem dos seus maus ca-
minhos. Afinal, por que vocês deveriam morrer, ó casa de
Israel?” (Ezequiel 33:11) Jeová encara a vida como precio-
sa e, por isso, enviou os seus profetas vez após vez para in-
centivar os israelitas a abandonar a conduta errada. Mas,
18, 19. O que mostra que Jeová não tolerará para sempre os que vio-
lam deliberadamente suas leis justas?
116 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Perguntas para Meditação


Jeremias 18:1-11 Como Jeová ensinou a Jeremias que Ele não
se precipita em expressar julgamentos desfavoráveis?
Habacuque 1:1-4, 13; 2:2-4 Como Jeová assegurou a Habacu-
que que não ia tolerar a injustiça para sempre?
Zacarias 7:8-14 Como Jeová se sente em relação aos que usur-
pam os direitos de outros?
Romanos 2:3-11 À base de que Jeová julga pessoas e nações?

de modo geral, teimosamente o povo recusou-se a escutar e


a se arrepender. Finalmente, por causa do seu santo nome
e de tudo o que esse significa, Jeová os entregou nas mãos
de seus inimigos. — Neemias 9:26-30.
20 A maneira como Jeová lidou com Israel nos ensina

muito a respeito Dele. Aprendemos que seus olhos obser-


vam tudo, incluindo a injustiça, e que aquilo que ele
vê o aflige profundamente. (Provérbios 15:3) É também
tranquilizador saber que ele procura mostrar misericórdia
quando há base para isso. Além disso, aprendemos que ele
nunca exerce a justiça de forma precipitada. Visto que ele
mostra paciência, muitas pessoas concluem erroneamen-
te que Jeová nunca executará um julgamento contra os
perversos. Mas isso não é verdade, porque os tratos Dele
com Israel também nos mostram que a paciência divina
tem limites. Jeová é inabalável ao defender a justiça. Di-
ferentemente dos humanos, que muitas vezes se refreiam
de exercê-la, ele sempre defende corajosamente o que é
direito. De forma bem apropriada, o leão, que é símbolo
de justiça corajosa, está associado à presença e ao trono de
20. (a) O modo de Jeová lidar com Israel nos ensina o que a respei-
to Dele? (b) Por que é apropriado que o leão esteja associado à pre-
sença e ao trono de Deus?
“TODOS OS SEUS CAMINHOS SÃO JUSTOS” 117

Deus.1 (Ezequiel 1:10; Apocalipse 4:7) Assim, podemos ter


certeza de que ele cumprirá sua promessa de acabar com
a injustiça na Terra. Seu modo de julgar pode ser resumi-
do da seguinte maneira: firmeza quando necessário, mise-
ricórdia sempre que possível. — 2 Pedro 3:9.
Como se achegar ao Deus de justiça
21 Quando meditamos na maneira de Jeová exercer a jus-
tiça, não devemos encará-lo como um juiz frio e severo,
preocupado apenas em sentenciar os transgressores. Em
vez disso, devemos pensar nele como um Pai amoroso,
mas firme, que sempre lida com os filhos da melhor ma-
neira possível. Como Pai justo, Jeová concilia a firmeza a
favor do que é certo com a terna compaixão para com seus
filhos terrestres, que precisam de sua ajuda e do seu perdão.
— Salmo 103:10, 13.
22 Como somos gratos de que a justiça divina envol-

ve muito mais do que sentenciar transgressores! Guiado


por essa qualidade, Jeová tornou possível que tivéssemos
uma perspectiva emocionante: vida perfeita e infindável
num mundo onde “morará a justiça”. (2 Pedro 3:13) Nos-
so Deus lida conosco dessa forma porque sua justiça tem
por objetivo salvar em vez de condenar. De fato, entender
melhor o pleno alcance da justiça de Jeová nos achega a
ele. Nos próximos capítulos, analisaremos com mais aten-
ção as maneiras em que Ele expressa essa qualidade admi-
rável.
1 O interessante é que Jeová comparou a si mesmo com um leão ao
executar julgamento contra o Israel infiel. — Jeremias 25:38; Oseias
5:14.

21. Quando meditamos na maneira de Jeová exercer a justiça, como


devemos pensar nele e por quê?
22. Guiado por sua justiça, Jeová tornou possível que tivéssemos que
perspectiva, e por que ele lida conosco dessa forma?
C A P Í T U L O 1 2

“Há injustiça da parte


de Deus?”
VIÚVA idosa é vítima de fraude e perde as economias de
uma vida inteira. Bebê indefeso é abandonado pela mãe in-
sensível. Homem é preso por um crime que não cometeu.
Como reage a isso? Provavelmente, fica perturbado, o que é
bem compreensível. Nós, humanos, temos um forte senso
do que é certo e do que é errado. Quando vemos uma injus-
tiça, ficamos indignados. Queremos que a vítima seja com-
pensada e o causador da injustiça, punido. Quando isso não
acontece, alguns se perguntam: ‘Será que Deus não vê o que
acontece? Por que ele não faz nada?’
2 Ao longo da História, servos fiéis de Jeová fizeram per-

guntas similares. Por exemplo, o profeta Habacuque orou a


Deus: “Por que me fazes ver tanta maldade? Por que toleras
a injustiça? Estou cercado de destruição e violência; há bri-
gas e lutas por toda parte.” (Habacuque 1:3, Bíblia na Lin-
guagem de Hoje) Jeová não censurou Habacuque por ter fei-
to essas perguntas francas. Afinal de contas, foi Ele mesmo
quem nos abençoou com uma pequena medida do seu pro-
fundo senso de justiça.
Jeová odeia a injustiça
3 Jeová não é indiferente à injustiça. Ele vê o que está acon-
tecendo. A Bíblia nos diz o seguinte sobre os dias de Noé:
“Jeová viu que a maldade do homem era grande na terra
e viu que toda inclinação dos pensamentos do seu coração
1. Que reação costumamos ter diante de injustiças?
2. Como Habacuque reagiu à injustiça, e por que Jeová não o cen-
surou?
3. Por que se pode dizer que Jeová está muito mais ciente da injus-
tiça do que nós?
“HÁ INJUSTIÇA DA PARTE DE DEUS?” 119

era só má, todo o tempo.” (Gênesis 6:5) Pense no que isso


significa. Muitas vezes, nosso conceito de injustiça baseia-se
em alguns poucos incidentes sobre os quais ouvimos falar
ou que presenciamos. Em contraste, Jeová vê todas as injus-
tiças, em escala global! Mais do que isso, ele discerne as in-
clinações do coração, os raciocínios depravados por trás dos
atos injustos. — Jeremias 17:10.
4 Mas Jeová faz mais do que simplesmente observar a in-

justiça. Ele também se preocupa com os que foram vítimas


dela. Quando seu povo era tratado cruelmente por nações
inimigas, Jeová ficava perturbado com os “seus gemidos,
causados pelos que os oprimiam e pelos que os tratavam de
modo cruel”. ( Juízes 2:18) Talvez já tenha percebido o que
acontece com algumas pessoas: quanto mais são expostas à
violência, mais se tornam insensíveis a ela. Isso não aconte-
ce com Jeová! Ele viu todo tipo de injustiça imaginável ao
longo de uns 6 mil anos, mas seu ódio por ela não dimi-
nuiu nem um pouco. Pelo contrário, a Bíblia assegura que
coisas como “língua mentirosa”, “mãos que derramam san-
gue inocente” e “a testemunha falsa que só fala mentiras”
são detestáveis para ele. — Provérbios 6:16-19.
5 Note também como Jeová censurou fortemente os líde-

res injustos de Israel. Ele inspirou um profeta a perguntar-


lhes: “Vocês não deviam saber o que é justo?” Depois de
descrever em termos vívidos o abuso de poder desses ho-
mens corruptos, Jeová predisse o resultado para eles: “Cla-
marão a Jeová por ajuda, mas ele não lhes responderá. Na-
quele tempo ele esconderá deles a sua face, por causa
das suas maldades.” (Miqueias 3:1-4) Como Jeová abomi-
na a injustiça! Ora, ele mesmo tem sofrido por causa
dela! Há milhares de anos, Satanás o desafia injustamente.
4, 5. (a) Como a Bíblia mostra que Jeová se importa com os que fo-
ram tratados injustamente? (b) Como o próprio Jeová sofreu injusti-
ças?
120 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

(Provérbios 27:11) Além disso, Jeová foi profundamente afe-


tado pelo mais horrível ato de injustiça: seu Filho, que “não
cometeu pecado”, foi executado como criminoso. (1 Pe-
dro 2:22; Isaías 53:9) É óbvio que Jeová não ignora o so-
frimento das vítimas de injustiças, nem é indiferente a
ele.
6 Mesmo assim, quando vemos uma injustiça — ou quando

nós mesmos nos tornamos vítimas dela —, é natural ficar-


mos indignados. Afinal, fomos criados à imagem de Deus, e
a injustiça é exatamente o contrário de tudo o que Jeová re-
presenta. (Gênesis 1:27) Por que, então, Deus permite a in-
justiça?
A questão importante
7 A resposta a essa pergunta tem que ver com uma ques-
tão importante. Como vimos, o Criador tem o direito de
dominar sobre a Terra e todos os que moram nela. (Salmo
24:1; Apocalipse 4:11) Mas logo no início da história huma-
na o bom nome de Jeová foi caluniado e seu modo de gover-
nar foi desafiado. Como isso aconteceu? Jeová ordenou que
o primeiro homem, Adão, não comesse de certa árvore que
crescia no jardim, seu lar paradisíaco. E se ele desobedeces-
se? Deus avisou: “Você certamente morrerá.” (Gênesis 2:17)
Não seria difícil para Adão nem para sua esposa, Eva, cum-
prir a ordem de Deus. Contudo, Satanás convenceu Eva de
que Deus estava sendo indevidamente restritivo. Segundo
ele, o que aconteceria se Eva comesse da árvore? Satanás afir-
mou: “Vocês certamente não morrerão. Pois Deus sabe que,
no mesmo dia em que comerem dele, seus olhos se abrirão
e vocês serão como Deus, sabendo o que é bom e o que é
mau.” — Gênesis 3:1-5.
6. Como muitas vezes reagimos quando nos confrontamos com in-
justiças, e por quê?
7. Descreva como o nome e o modo de governar de Jeová foram de-
safiados.
“HÁ INJUSTIÇA DA PARTE DE DEUS?” 121

8 Ao dizer isso, Satanás estava na verdade afirmando que


Jeová não só havia omitido informações vitais, mas também
que havia mentido para Eva. O Tentador fez Eva questionar
o tipo de Pessoa por trás do nome Jeová. Desse modo, Sa-
tanás manchou o nome de Deus. Ele também atacou a so-
berania de Jeová, ou seja, seu modo de governar. Ele tomou
o cuidado de não questionar o fato de que Deus era sobe-
rano. Antes, seu desafio foi: Será que Deus exerce a sobe-
rania de modo legítimo, merecido e justo? Em outras pala-
vras, ele afirmou que Jeová não exercia seu governo de
modo justo e não visava os melhores interesses dos Seus sú-
ditos.
9 Depois disso, tanto Adão como Eva desobedeceram a

Jeová e comeram da árvore proibida. Devido à sua desobe-


diência, com o tempo receberiam a punição (a morte), exa-
tamente como Deus havia decretado. Mas a mentira de Sata-
nás levantou algumas perguntas muito importantes: Jeová
tem mesmo o direito de reinar sobre a humanidade ou
será que o homem pode se governar sozinho? Deus exerce
sua soberania da melhor maneira possível? O Criador pode-
ria ter usado seu poder ilimitado para destruir os rebeldes na
hora. Mas o que se questionou não foi o poder de Deus, mas
seu nome, o que envolve seu modo de governar. Assim, eli-
minar Adão, Eva e Satanás não teria comprovado que o do-
mínio de Deus é justo. Pelo contrário, poderia ter levantado
ainda mais dúvidas a esse respeito. A única maneira de deter-
minar se os humanos conseguiriam ser bem-sucedidos em
governar a si mesmos de maneira independente de Deus,
era dar tempo ao tempo.
8. (a) Quando falou com Eva, o que na verdade Satanás afirmou?
(b) No que se refere ao nome e à soberania de Deus, qual foi o desa-
fio de Satanás?
9. (a) Para Adão e Eva, qual foi a consequência da desobediência, e
que questões importantes foram levantadas? (b) Por que Jeová sim-
plesmente não destruiu os rebeldes?
“HÁ INJUSTIÇA DA PARTE DE DEUS?” 123

10 Com o passar do tempo, o que ficou comprovado? Ao lon-


go dos milênios, as pessoas experimentaram muitas formas
de governo: autocracia, democracia, socialismo, comunismo,
etc. Qual foi o resultado? A seguinte declaração sucinta e ho-
nesta da Bíblia responde muito bem: “Homem domina ho-
mem para o seu prejuízo.” (Eclesiastes 8:9) O profeta Jeremias
tinha boas razões para afirmar: “Bem sei, ó Jeová, que o ca-
minho do homem não pertence a ele. Não cabe ao homem
nem mesmo dirigir os seus passos.” — Jeremias 10:23.
11 Jeová sabia desde o início que o governo humano inde-

pendente dele resultaria em muito sofrimento. Foi injusto


da parte dele, então, permitir que o inevitável acontecesse?
De modo algum! Para ilustrar: suponhamos que seu filho
precise de uma cirurgia por causa de uma doença que po-
deria matá-lo. Você sabe que a operação causará certo sofri-
mento ao seu filho e isso o deixa muito triste. Ao mesmo
tempo, sabe que ela permitirá que seu filho tenha saúde me-
lhor. De modo similar, Deus sabia — e até predisse — que, ao
permitir que os humanos se governassem sozinhos, o resul-
tado seria dor e sofrimento. (Gênesis 3:16-19) Mas sabia tam-
bém que o alívio duradouro e significativo só seria possível
se ele permitisse que toda a humanidade visse os maus resul-
tados da rebelião. Dessa forma, a questão seria resolvida de
uma vez para sempre.
A questão da integridade do homem
Há algo mais a se levar em conta. Satanás contestou o
12

domínio divino — se era legítimo e justo — e, ao fazer isso,


10. No que se refere ao domínio humano, o que a História demons-
tra?
11. Por que Jeová permitiu que a raça humana sofresse?
12. Como ilustrado no caso de Jó, que acusação Satanás lançou con-
tra os humanos?

Jeová nunca ‘eliminará os justos


junto com os maus’
124 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

difamou a soberania e o nome de Jeová. Mas não parou por


aí. Com esse desafio, ele também caluniou os servos de Deus
a respeito da sua integridade. Note, por exemplo, o que Sata-
nás disse a Jeová a respeito de Jó, um homem justo: “Não pu-
seste uma cerca de proteção em volta dele, da sua casa e de
tudo o que ele tem? Tu abençoaste o trabalho das suas mãos,
e os rebanhos dele se espalham pela terra. Mas agora, levan-
ta a mão e atinge tudo o que ele tem, e com certeza ele te
amaldiçoará na tua própria face.” — Jó 1:10, 11.
13 Satanás afirmou que Jeová usava Seu poder protetor para

comprar a devoção de Jó. Isso, por sua vez, dava a entender


que a integridade de Jó era só da boca para fora, que ele ado-
rava a Deus apenas por interesse. Satanás disse que, se fosse
privado da bênção de Deus, até mesmo Jó amaldiçoaria ao
Criador. O Diabo sabia que Jó se destacava como ‘homem
íntegro e justo, que temia a Deus e rejeitava o que é mau’.1
Se conseguisse destruir a integridade de Jó, o que se poderia
esperar do restante da humanidade? Assim, o Diabo na ver-
dade estava questionando a lealdade de todos os que querem
servir a Deus. De fato, levando a questão mais adiante, Sata-
nás disse a Jeová: “O homem dará tudo o que tem pela sua
vida.” — Jó 1:8; 2:4.
14 A História demonstra que muitos, como Jó, permane-

ceram leais a Jeová em face de provações — exatamente o


contrário do que Satanás afirmou. Pela sua fidelidade, ale-
graram o coração de Jeová e permitiram que Ele desmen-
tisse o desafio arrogante do Diabo de que os humanos
1 A respeito de Jó, Jeová disse: “Não há ninguém igual a ele na ter-
ra.” ( Jó 1:8) É provável, então, que ele tenha vivido depois da morte
de José e antes de Moisés se tornar o líder designado de Israel. Assim,
podia-se dizer que, naquela época, ninguém era tão leal quanto Jó.

13. O que Satanás deu a entender com suas acusações contra Jó, e
como isso envolve a todos os humanos?
14. O que a História tem mostrado quanto à acusação de Satanás con-
tra os humanos?
“HÁ INJUSTIÇA DA PARTE DE DEUS?” 125

não serviriam a Deus se passassem por dificuldades. (He-


breus 11:4-38) Muitas pessoas sinceras se recusaram a dar as
costas a Deus. Quando confrontadas com as situações mais
perturbadoras, elas confiaram totalmente que Jeová lhes da-
ria forças para perseverar. — 2 Coríntios 4:7-10.
15 Mas a justiça de Jeová não tem que ver apenas com as

questões da soberania e da integridade do homem. A Bíblia


apresenta um registro dos julgamentos de Jeová contra pes-
soas e até nações inteiras. Também contém profecias sobre
julgamentos que ele fará no futuro. Será que Jeová sempre
foi justo nos seus julgamentos? Por que podemos ter con-
fiança que Ele sempre julgará com justiça?
Por que a justiça divina é superior
16 Sobre Jeová, pode-se dizer corretamente: “Todos os seus
caminhos são justos.” (Deuteronômio 32:4) Nenhum de nós
pode afirmar isso a seu próprio respeito, porque muitas ve-
zes nossa limitada compreensão das coisas impede que en-
tendamos plenamente o que é certo. Veja um exemplo dis-
so. Quando Jeová estava para destruir Sodoma, por causa da
maldade excessiva daquela cidade, Abraão perguntou-lhe:
“Eliminarás realmente os justos junto com os maus?” (Gêne-
sis 18:23-33) É claro que a resposta era não. Só depois que o
justo Ló e suas filhas estavam a salvo na cidade de Zoar é que
Jeová “fez chover fogo e enxofre sobre Sodoma”. (Gênesis
19:22-24) Em contraste, quando Deus estendeu misericórdia
ao povo de Nínive, Jonas “ficou muito irado”. Visto que já
havia anunciado a destruição da cidade, ele queria vê-la ani-
quilada — apesar do arrependimento de coração dos seus ha-
bitantes. — Jonas 3:10–4:1.
17 Jeová assegurou a Abraão que sua justiça incluía não só

15. Que perguntas talvez surjam acerca dos julgamentos passados e


futuros de Deus?
16, 17. Que exemplos demonstram que os humanos não entendem
bem o que é a verdadeira justiça?
126 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

destruir os perversos, mas também salvar os justos. Por outro


lado, Jonas teve de aprender que Jeová é misericordioso. Se
pessoas perversas mudam de atitude, ele está “sempre pron-
to a perdoar”. (Salmo 86:5) Ao contrário de alguns huma-
nos inseguros, Jeová não executa julgamentos desfavoráveis
só para reafirmar seu poder, nem deixa de mostrar compai-
xão por medo de ser encarado como fraco. Seu modo de agir
é mostrar misericórdia sempre que há base para ela. — Isaías
55:7; Ezequiel 18:23.
18 Mas Jeová não se deixa cegar por sentimentalismo.

Quando seu povo se atolou na idolatria, Jeová declarou à na-


ção, com firmeza: “Vou julgá-la conforme os seus caminhos
e vou ajustar contas com você por todas as suas ações detes-
táveis. Meu olho não terá dó de você, nem terei compaixão,
pois trarei sobre você os efeitos dos seus próprios caminhos.”
(Ezequiel 7:3, 4) De modo que, quando humanos ficam obs-
tinados no seu modo de agir, Jeová julga-os de acordo com
isso. Mas seu julgamento baseia-se em provas conclusivas.
Assim, quando um alto clamor chegou aos seus ouvidos por
causa de Sodoma e Gomorra, Jeová declarou: “Descerei para
ver se de fato eles estão agindo de acordo com o clamor que
chegou a mim.” (Gênesis 18:20, 21) Como somos gratos de
que Jeová não é como muitos humanos que tiram conclu-
sões precipitadas antes de ouvir todos os fatos! Na verdade,
Jeová é, como a Bíblia o descreve muito bem, “Deus de fide-
lidade, que nunca é injusto”. — Deuteronômio 32:4.
Tenha confiança na justiça de Jeová
19 A Bíblia não esclarece cada dúvida a respeito das ações de
Jeová no passado, nem fornece todos os detalhes de como
ele julgará pessoas e grupos no futuro. Quando ficamos in-
trigados com relatos ou profecias bíblicas que não dão esses
18. Use a Bíblia para mostrar que Jeová não age por sentimentalismo.
19. O que devemos fazer se ficarmos intrigados ao estudar as de-
monstrações da justiça de Jeová?
“HÁ INJUSTIÇA DA PARTE DE DEUS?” 127

Perguntas para Meditação


Deuteronômio 10:17-19 Por que podemos ter confiança de que
Jeová é imparcial no seu modo de tratar a outros?
Jó 34:1-12 Quando confrontado com uma injustiça, como as pa-
lavras de Eliú podem fortalecer sua confiança na justiça de Deus?
Salmo 1:1-6 Por que é tranquilizador saber que Jeová avalia cui-
dadosamente os atos tanto dos justos como dos perversos?
Malaquias 2:13-16 Como Jeová se sentiu em relação à injustiça
praticada contra mulheres cujo marido se divorciava delas sem
motivo válido?

detalhes, devemos demonstrar a mesma lealdade que o pro-


feta Miqueias, que escreveu: “Esperarei pacientemente pelo
Deus da minha salvação.” — Miqueias 7:7.
20 Podemos estar certos de que, em todas as situações, Jeová

sempre fará o que é certo. Embora às vezes os humanos apa-


rentemente ignorem as injustiças, Jeová promete: “A vingan-
ça é minha; eu retribuirei.” (Romanos 12:19) Nossa atitude
de espera revelará que temos a mesma convicção que o após-
tolo Paulo: “Há injustiça da parte de Deus? Certamente que
não!” — Romanos 9:14.
21 Enquanto isso, vivemos em “tempos críticos, difíceis de

suportar”. (2 Timóteo 3:1) Por causa da injustiça e dos “atos


de opressão”, presenciamos muitos abusos cruéis. (Eclesias-
tes 4:1) Mas Jeová não mudou. Ele ainda odeia a injusti-
ça e se preocupa muito com as vítimas dela. Se permane-
cermos leais a Jeová e à sua soberania, ele nos dará forças
para perseverarmos até o tempo designado, sob o domínio
do seu Reino, quando ele corrigirá todas as injustiças. — 1 Pe-
dro 5:6, 7.
20, 21. Por que podemos ter certeza de que Jeová sempre fará o que
é certo?
C A P Í T U L O 1 3

“A lei de Jeová é perfeita”


“A LEI é um buraco sem fundo, . . . engole tudo.” Essa de-
claração aparece num livro publicado em 1712. O autor ex-
pressava sua desaprovação a um sistema jurídico em que os
processos muitas vezes se arrastavam por anos nos tribunais,
resultando em ruína financeira para os que buscavam justi-
ça. Em muitos países, o sistema judicial e legal é tão comple-
xo, tão cheio de injustiças, preconceitos e incoerências que o
desprezo pela lei se tornou comum.
2 Em contraste, veja estas palavras escritas há uns

2.700 anos: “Como eu amo a tua lei!” (Salmo 119:97) Por


que o salmista tinha sentimentos tão intensos? Porque a lei
que ele amava não havia sido criada por governos seculares,
mas por Jeová Deus. À medida que estudar as leis de Jeová,
provavelmente você também se sentirá cada vez mais como
o salmista. Esse estudo o ajudará a entender um pouco me-
lhor o maior Legislador do Universo.
O Legislador supremo
3 “Há somente um que é Legislador e Juiz”, diz a Bíblia.
(Tiago 4:12) De fato, Jeová é o Legislador por excelência.
Até os movimentos dos corpos celestes são governados pelas
“leis dos céus”, que ele criou. ( Jó 38:33; A Bíblia de Jerusa-
lém) Os milhares e milhares de santos anjos de Jeová estão
organizados em categorias definidas e servem sob a ordem
direta de Deus, como Seus ministros. Portanto, também são
governados pela lei divina. — Salmo 104:4; Hebreus 1:7, 14.
4 Jeová também deu leis à humanidade. Cada um de nós

tem uma consciência, que reflete o senso de justiça de Jeová.


1, 2. Por que muitas pessoas desprezam a lei, mas como talvez ve-
nhamos a nos sentir em relação às leis de Deus?
3, 4. De que modos Jeová mostrou ser Legislador?
“A LEI DE JEOVÁ É PERFEITA” 129

Ela é uma espécie de lei interior que nos ajuda a distinguir


o certo do errado. (Romanos 2:14) Nossos primeiros pais fo-
ram abençoados com uma consciência perfeita, de modo
que precisavam de poucas leis. (Gênesis 2:15-17) Huma-
nos imperfeitos, porém, precisam de mais leis para orientá-
los a fim de fazer a vontade de Deus. Patriarcas, como Noé,
Abraão e Jacó, receberam leis de Jeová Deus e as transmi-
tiram às suas famílias. (Gênesis 6:22; 9:3-6; 18:19; 26:4, 5)
Jeová se tornou Legislador de uma forma sem precedentes
quando deu à nação de Israel o código da Lei por meio de
Moisés. Esse código jurídico nos ajuda a entender melhor o
senso de justiça de Jeová.
Lei mosaica — um apanhado geral
5 Muitos acham que a Lei mosaica era um conjunto de
leis volumoso e complexo. Mas estão redondamente enga-
nados! O código inteiro incluía mais de 600 leis. Isso talvez
pareça bastante, mas pense: no fim do século 20, as leis fede-
rais dos Estados Unidos enchiam 150 mil páginas de livros
jurídicos. A cada dois anos, acrescentavam-se mais umas
600 leis! Assim, em termos apenas de volume, a Lei mosai-
ca parece minúscula em comparação com essa montanha de
leis humanas. Mas a lei de Deus orientava os israelitas em
áreas da vida que as leis modernas nem de longe abrangem.
Vamos ver um apanhado geral dela.
6 A Lei exaltava a soberania de Jeová. Por isso, nenhum ou-

tro código jurídico se compara a ela. A maior de suas leis era:


“Escute, ó Israel: Jeová, nosso Deus, é um só Jeová. Ame a
Jeová, seu Deus, de todo o seu coração, de toda a sua alma e
de toda a sua força.” Como o povo de Deus poderia expressar
5. Pode-se dizer que a Lei mosaica era um conjunto de leis volumo-
so e complexo? Por que responde assim?
6, 7. (a) O que torna a Lei mosaica diferente de qualquer outro códi-
go jurídico, e qual era o maior mandamento expresso nela? (b) Como
os israelitas mostravam que aceitavam a soberania de Jeová?
130 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

amor por Ele? Deveriam servi-lo e se sujeitar à Sua sobera-


nia. — Deuteronômio 6:4, 5; 11:13.
7 Como os israelitas mostravam que aceitavam a soberania

de Jeová? Sujeitando-se àqueles que representavam a autori-


dade divina, como pais, maiorais, juízes, sacerdotes e, mais
tarde, reis. Jeová encarava qualquer rebelião contra essas au-
toridades como rebelião contra ele próprio. Por outro lado,
autoridades que lidassem de forma injusta ou arrogante com
o povo de Jeová se arriscavam a incorrer na ira dele. (Êxo-
do 20:12; 22:28; Deuteronômio 1:16, 17; 17:8-20; 19:16, 17)
Assim, ambas as partes deveriam defender a soberania de
Deus.
8 A Lei defendia a norma divina de santidade. As palavras

“santo” e “santidade” aparecem mais de 280 vezes na Lei


mosaica. A Lei ajudava o povo de Deus a distinguir entre o
que era puro e o que era impuro, citando cerca de 70 coisas
que tornavam um israelita cerimonialmente impuro. Essas
leis traziam benefícios notáveis para a saúde, porque trata-
vam de higiene física, dieta e até manejo de lixo e resíduos.1
Mas elas tinham um objetivo mais nobre: manter o povo
no favor de Jeová, separado das práticas pecaminosas das na-
ções degeneradas que os rodeavam. Vejamos um exemplo.
9 Estatutos do pacto da Lei declaravam que o parto e as re-

lações sexuais — mesmo entre casados — resultavam num


período de impureza. (Levítico 12:2-4; 15:16-18) Isso não de-
preciava essas dádivas puras de Deus. (Gênesis 1:28; 2:18-
25) Ao contrário, essas leis defendiam a santidade de Jeová,
1 Por exemplo, leis que exigiam que o excremento humano fosse
enterrado, que doentes fossem postos de quarentena e que aqueles
que tocassem num cadáver se lavassem estavam séculos à frente do
seu tempo. — Levítico 13:4-8; Números 19:11-13, 17-19; Deuteronô-
mio 23:13, 14.

8. Como a Lei defendia a norma divina de santidade?


9, 10. O pacto da Lei incluía que estatutos sobre relações sexuais e
parto, e que benefícios essas leis traziam?
“A LEI DE JEOVÁ É PERFEITA” 131

ajudando Seus adoradores a evitar depravações. Como? As


nações ao redor de Israel costumavam misturar sexo e ritos
de fertilidade na sua adoração. A religião cananeia incluía
prostituição masculina e feminina. O resultado disso era de-
pravação da pior espécie, que se espalhava facilmente. Em
contraste com isso, a Lei separava totalmente a adoração de
Jeová de assuntos sexuais.1 Também havia outros benefícios.
10 Essas leis serviam para ensinar uma verdade fundamen-

tal.2 Afinal de contas, como é que o pecado adâmico é trans-


mitido de geração para geração? Não é por meio das relações
sexuais e do parto? (Romanos 5:12) De modo que a Lei de
Deus lembrava ao Seu povo que o pecado era uma realidade
da vida. De fato, todos nascemos com ele. (Salmo 51:5) Preci-
samos de perdão e redenção para poder nos achegar ao nos-
so Deus santo.
11 A Lei defendia a justiça perfeita de Jeová. Ela sustenta-

va o princípio da equivalência, ou equilíbrio, em questões


judiciais. Por isso, declarava: “Será vida por vida, olho por
olho, dente por dente, mão por mão, pé por pé.” (Deutero-
nômio 19:21) Portanto, a punição pelos crimes tinha de ser
proporcional à gravidade deles. Esse aspecto da justiça divi-
na permeava a Lei e até hoje é essencial para entendermos o
sacrifício de resgate de Cristo Jesus, conforme mostrará o Ca-
pítulo 14. — 1 Timóteo 2:5, 6.
1 Nos templos cananeus havia salas reservadas para atividades se-
xuais, mas a Lei mosaica declarava que alguém impuro não podia
nem mesmo entrar no templo. Assim, visto que as relações sexuais re-
sultavam num período de impureza, ninguém poderia legalmente in-
cluir o sexo como parte da adoração na casa de Jeová.
2 O objetivo principal da Lei era ensinar. Na verdade, a obra Conhe-
cimento Judaico menciona que a palavra hebraica para “lei”, tohráh,
significa “instrução”.

11, 12. (a) A Lei sustentava que princípio fundamental de justiça?


(b) Ela incluía que regulamentos para evitar que a justiça fosse detur-
pada?
“A LEI DE JEOVÁ É PERFEITA” 133

12 A Lei também incluía regulamentos para evitar que a jus-


tiça fosse deturpada. Por exemplo, era preciso pelo menos
duas testemunhas para confirmar uma acusação. A penali-
dade por perjúrio era severa. (Deuteronômio 19:15, 18, 19)
Também se proibia categoricamente a corrupção e o subor-
no. (Êxodo 23:8; Deuteronômio 27:25) Até mesmo nas prá-
ticas comerciais o povo de Deus devia defender as elevadas
normas divinas de justiça. (Levítico 19:35, 36; Deuteronô-
mio 23:19, 20) A Lei mosaica era um código jurídico sublime
e justo. Foi uma grande bênção para Israel.
Leis que ressaltavam a misericórdia
e a imparcialidade
13 A Lei mosaica era um conjunto de regras rígidas e impie-

dosas? Nada disso! O Rei Davi foi inspirado a escrever: “A lei


de Jeová é perfeita.” (Salmo 19:7) Ele sabia muito bem que a
Lei promovia a misericórdia e a imparcialidade. Como?
14 Em alguns países hoje, parece que as leis mostram mais

compaixão e consideração pelos criminosos do que pelas ví-


timas. Por exemplo, os ladrões são mandados para a prisão,
mas, nesse meio-tempo, as vítimas ficam privadas dos bens
roubados e ainda têm de pagar os impostos que servem para
abrigar e alimentar os criminosos. No Israel antigo, não ha-
via prisões como as que existem hoje, e leis específicas deter-
minavam a severidade das punições. (Deuteronômio 25:1-3)
O ladrão tinha de indenizar a vítima por aquilo que havia
roubado e ainda pagar uma multa adicional. De quanto?
Isso variava. Em Levítico 6:1-7 estipula-se uma multa bem
menor do que a mencionada em Êxodo 22:7. Pelo visto, isso
se dava porque os juízes tinham autonomia para avaliar di-
versos fatores, como o arrependimento do transgressor, an-
tes de estipular o valor da multa.
13, 14. Como a Lei promovia o tratamento imparcial e justo para
com ladrões e vítimas?
134 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

15 Numa demonstração de misericórdia, a Lei reconhecia


que nem todos os pecados são deliberados. Por exemplo, se
alguém matasse outra pessoa por acidente, não precisava pa-
gar vida por vida se tomasse a ação correta: fugir para uma
das cidades de refúgio espalhadas pelo território de Israel.
Juízes capacitados examinavam o caso e o fugitivo tinha de
morar na cidade de refúgio até a morte do sumo sacerdote.
Daí, estaria livre para morar onde quisesse. Assim, ele se be-
neficiava da misericórdia divina, mas ao mesmo tempo essa
lei lembrava o grande valor da vida humana. — Números
15:30, 31; 35:12-25.
16 A Lei defendia os direitos individuais. Veja como ela pro-

tegia os endividados. Era proibido que alguém entrasse na


casa de outra pessoa para pegar um bem como garantia de
uma dívida. O credor tinha de esperar, na porta, que o deve-
dor trouxesse o bem até ele. Ou seja, o lar de um homem
era considerado inviolável. Se o credor pegasse a roupa ex-
terior de alguém como garantia, deveria devolvê-la à noite,
visto que o devedor provavelmente precisaria dela para se
aquecer. — Deuteronômio 24:10-14.
17 A Lei tinha regulamentos até mesmo em relação à guer-

ra. O povo de Deus ia à guerra, não para satisfazer uma ân-


sia por poder ou conquistas, mas para servir como represen-
tantes de Deus nas “Guerras de Jeová”. (Números 21:14) Em
muitos casos, os israelitas eram obrigados a oferecer a rendi-
ção primeiro. Somente se a cidade rejeitasse a oferta é que
Israel podia sitiá-la, mas ainda assim era preciso seguir as
orientações de Deus. Diferentemente de muitos soldados ao
longo da História, os homens do exército de Israel não po-
diam estuprar as mulheres nem promover massacres injusti-
15. Como a Lei refletia tanto misericórdia como justiça no caso da-
queles que matavam alguém por acidente?
16. Como a Lei defendia certos direitos individuais?
17, 18. No que se refere à guerra, em que sentidos os israelitas eram
diferentes das outras nações, e por quê?
“A LEI DE JEOVÁ É PERFEITA” 135

ficáveis. Deviam até mesmo respeitar o meio ambiente: não


podiam derrubar as árvores frutíferas nas terras do inimigo.1
Outros exércitos não tinham essas restrições. — Deuteronô-
mio 20:10-15, 19, 20; 21:10-13.
18 Fica horrorizado quando ouve falar que, em alguns paí-

ses, crianças são treinadas como soldados? No Israel antigo,


nenhum homem com menos de 20 anos podia ser recru-
tado para o exército. (Números 1:2, 3) Até homens adultos
eram eximidos se tivessem muito medo. Um recém-casado
era eximido por um ano inteiro para que, antes de partir
para esse serviço perigoso, pudesse ver o nascimento de um
herdeiro. Dessa forma, explicava a Lei, o jovem marido po-
deria “permanecer em casa e alegrar sua esposa”. — Deutero-
nômio 20:5, 6, 8; 24:5.
19 A Lei também protegia e fazia provisões para mulheres,

crianças e famílias. Ela ordenava que os pais dessem cons-


tante atenção e instrução espiritual aos filhos. (Deuteronô-
mio 6:6, 7) Proibia toda forma de incesto, sob pena de mor-
te. (Levítico, capítulo 18) Proibia também o adultério, que
muitas vezes destrói famílias e acaba com sua segurança e
dignidade. A Lei estipulava provisões para viúvas e órfãos e
proibia, nos termos mais fortes possíveis, que fossem maltra-
tados. — Êxodo 20:14; 22:22-24.
20 Nesse respeito, porém, alguns se perguntam: ‘Por que

a Lei permitia a poligamia?’ (Deuteronômio 21:15-17)


1 A Lei perguntava de modo direto: “Será que você deveria sitiar
uma árvore do campo assim como faria com um homem?” (Deute-
ronômio 20:19) Filo, erudito judeu do primeiro século, citou essa lei,
explicando que Deus acha “injusto que a ira que se acende contra ho-
mens seja lançada contra coisas que são inocentes de todo o mal”.

19. Como a Lei protegia mulheres, crianças, famílias, viúvas e ór-


fãos?
20, 21. (a) Por que a Lei mosaica permitia a poligamia em Israel?
(b) Na questão do divórcio, por que a Lei era diferente da norma que
mais tarde Jesus restaurou?
136 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

É preciso analisar essas leis no seu contexto histórico. Quem


avalia a Lei mosaica à luz da cultura e dos tempos modernos
com certeza vai entendê-la mal. (Provérbios 18:13) A nor-
ma de Jeová, estabelecida lá no Éden, era que o casamento
fosse uma união duradoura entre um só homem e uma só
mulher. (Gênesis 2:18, 20-24) Mas, quando Jeová deu a Lei
a Israel, costumes como o da poligamia já eram praticados
por séculos. Jeová sabia muito bem que seu ‘povo obstinado’
frequentemente falharia em obedecer até aos mandamentos
mais simples, como o que proibia a idolatria. (Êxodo 32:9)
Assim, de forma muito sensata, ele não tentou fazer naquela
época grandes reformas nos costumes matrimoniais. É pre-
ciso lembrar, porém, que não foi Jeová quem instituiu a po-
ligamia. Mas ele usou a Lei mosaica para regulamentar essa
prática entre o seu povo e evitar abusos.
21 De modo similar, a Lei mosaica apresentava uma lista re-

lativamente ampla de razões graves que permitiam que um


homem se divorciasse da esposa. (Deuteronômio 24:1-4) Je-
sus chamou isso de uma concessão da parte de Deus ao povo
judeu “por causa da dureza do coração” deles. Mas essa era
uma concessão temporária. Para seus seguidores, Jesus res-
taurou a norma original de Jeová para o casamento. — Ma-
teus 19:8.
A Lei promovia o amor
22 Sabe de algum sistema jurídico moderno que incentive o
amor? Pois a Lei mosaica promovia o amor acima de tudo.
Só no livro de Deuteronômio a palavra “amor”, e outras de-
rivadas, aparece mais de 20 vezes. O segundo maior man-
damento de toda a Lei era: “Ame o seu próximo como a si
mesmo.” (Levítico 19:18; Mateus 22:37-40) O povo de Deus
devia mostrar esse amor não só a outros israelitas, mas tam-
bém aos imigrantes que morassem entre eles, lembrando-se
22. De que modos e a quem a Lei mosaica incentivava que se de-
monstrasse amor?
“A LEI DE JEOVÁ É PERFEITA” 137

Perguntas para Meditação


Levítico 19:9, 10; Deuteronômio 24:19 Como se sente em rela-
ção ao Deus que fez essas leis?
Salmo 19:7-14 Como Davi se sentia em relação à “lei de
Jeová”? As leis divinas devem ter que valor para nós?
Miqueias 6:6-8 Como esse texto nos ajuda a entender que não
é correto encarar as leis de Jeová como um fardo?
Mateus 23:23-39 Como os fariseus mostravam que não enten-
diam o espírito da Lei, e de que modo o exemplo deles serve de
alerta para nós?

de que eles próprios haviam vivido numa terra estrangeira


no passado. Deviam mostrar amor pelos pobres e sofredores,
ajudando-os em sentido material e não tirando vantagem
de sua situação. Os israelitas foram até mesmo orientados a
tratar seus animais de carga com bondade e consideração.
— Êxodo 23:6; Levítico 19:14, 33, 34; Deuteronômio 22:4, 10;
24:17, 18.
23 Que outra nação foi abençoada com um código jurídico

semelhante? Não é de estranhar, então, que o salmista es-


crevesse: “Como eu amo a tua lei!” Longe de ser apenas um
sentimento, seu amor o movia à ação — ele se esforçava a
obedecer àquela lei e a viver segundo os seus princípios. Ele
prosseguiu, dizendo: “Medito [na tua lei] o dia inteiro.” (Sal-
mo 119:11, 97) Ele regularmente passava tempo estudando
as leis de Jeová. Sem dúvida, à medida que fazia isso, aumen-
tava o seu amor tanto por essas leis quanto pelo Legislador,
Jeová Deus. Continue a estudar a lei divina e você também
se achegará mais a Jeová, o Grandioso Legislador, o Deus de
justiça.
23. O escritor do Salmo 119 se sentiu motivado a fazer o quê, e o
que devemos estar decididos a fazer?
C A P Í T U L O 1 4

Jeová providenciou um
“resgate em troca de muitos”
“TODA a criação junta continua a gemer e a sentir dores.”
(Romanos 8:22) Essas palavras do apóstolo Paulo descrevem
muito bem o estado deplorável em que nos encontramos.
Do ponto de vista humano, parece não haver saída do sofri-
mento, do pecado e da morte. Mas Jeová não é como os hu-
manos — ele não tem limitações. (Números 23:19) O Deus
de justiça providenciou uma maneira de escaparmos do so-
frimento. Chama-se resgate.
2 O resgate é o maior presente de Jeová para a humanida-

de. Torna possível que sejamos libertos do pecado e da mor-


te. (Efésios 1:7) É a base da esperança de vida eterna, quer
no céu quer no Paraíso na Terra. (Lucas 23:43; João 3:16;
1 Pedro 1:4) Mas o que é exatamente o resgate? O que nos
ensina sobre a inigualável justiça de Jeová?
Como surgiu a necessidade de um resgate
3 O resgate se tornou necessário devido ao pecado de
Adão. Ele desobedeceu a Deus e, com isso, deixou para a sua
descendência uma herança de doença, pesar, dor e morte.
(Gênesis 2:17; Romanos 8:20) Deus não podia simplesmen-
te ceder ao sentimentalismo e substituir a sentença de mor-
te por um castigo menor. Se fizesse isso, estaria ignorando
sua própria lei: “O salário pago pelo pecado é a morte.” (Ro-
manos 6:23) E se Jeová desconsiderasse suas próprias nor-
mas de justiça, o resultado seria caos e anarquia universais.
1, 2. Como a Bíblia descreve a condição da humanidade e qual é a
única saída?
3. (a) Por que surgiu a necessidade de um resgate? (b) Por que Deus
não podia simplesmente mudar a sentença de morte da descendên-
cia de Adão?
JEOVÁ PROVIDENCIOU UM “RESGATE EM TROCA DE MUITOS” 139

4 Como vimos no Capítulo 12, a rebelião no Éden levan-


tou questões ainda mais importantes. Satanás difamou o
bom nome de Deus. Na verdade, ele acusou Jeová de ser um
mentiroso, um ditador cruel que privava Suas criaturas de
liberdade. (Gênesis 3:1-5) Quando aparentemente frustrou
o propósito divino de encher a Terra de humanos justos,
Satanás também deu a entender que Deus era um fracassa-
do. (Gênesis 1:28; Isaías 55:10, 11) Se Jeová tivesse deixado
de responder a esses desafios, muitas de suas criaturas inte-
ligentes talvez tivessem perdido a confiança no Seu domí-
nio.
5 Satanás também caluniou os servos leais de Jeová, acu-

sando-os de servir a Ele apenas por motivos egoístas e afir-


mando que, sob pressão, nenhum deles permaneceria fiel a
Deus. ( Jó 1:9-11) Essas questões eram muito mais importan-
tes do que as dificuldades da humanidade. Com toda a ra-
zão, Jeová se sentiu na obrigação de responder às acusações
caluniosas de Satanás. Mas como Ele poderia resolver essas
questões e ainda assim salvar a humanidade?
Resgate — uma equivalência
6 A solução que Jeová apresentou era totalmente miseri-
cordiosa, extremamente justa e maravilhosamente simples
— uma solução que nenhum humano poderia ter ima-
ginado. É chamada de várias maneiras: compra, reconcilia-
ção, redenção, propiciação e expiação. (Salmo 49:8, nota;
Daniel 9:24; Gálatas 3:13; Colossenses 1:20; Hebreus 2:17)
Mas a expressão que melhor a define é aquela usada pelo
próprio Jesus, que disse: “O Filho do Homem veio, não
para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como
4, 5. (a) Como Satanás caluniou a Deus, e por que este se sentiu na
obrigação de responder aos desafios? (b) Do que Satanás acusou os
servos leais de Jeová?
6. Quais são algumas expressões usadas na Bíblia para descrever o
modo de Deus salvar a humanidade?
JEOVÁ PROVIDENCIOU UM “RESGATE EM TROCA DE MUITOS” 141

resgate [em grego, lýtron] em troca de muitos.” — Mateus


20:28.
7 O que é um resgate? A palavra grega usada aqui vem de

um verbo que significa “deixar ir, libertar”. Esse termo era


usado para o preço pago em troca da liberdade de prisio-
neiros de guerra. Basicamente, então, pode-se definir resga-
te como algo pago para recomprar outra coisa. Nas Escritu-
ras Hebraicas, a palavra para “resgate” (kófer) deriva de um
verbo que significa “cobrir”. Por exemplo, Deus disse a Noé
que revestisse’, ou cobrisse, (uma forma da mesma palavra)
a arca com alcatrão. (Gênesis 6:14) Isso nos ajuda a enten-
der que resgatar também significa cobrir pecados. — Salmo
65:3.
8 Um dicionário teológico afirma que essa palavra (kó-

fer) “sempre denota uma equivalência”, ou correspondên-


cia. (Theological Dictionary of the New Testament) Assim, a
fim de resgatar, ou cobrir, o pecado, era preciso pagar um
preço que correspondesse, ou cobrisse, plenamente o dano
causado pelo pecado. Em harmonia com isso, a Lei de Deus
a Israel declarava: “Será vida por vida, olho por olho, den-
te por dente, mão por mão, pé por pé.” — Deuteronômio
19:21.
9 Homens fiéis, a partir de Abel, ofereceram sacrifícios de

animais a Deus. Ao fazer isso, demonstraram que estavam


cientes de que o pecado existia e que se precisava de reden-
ção, e mostraram sua fé na libertação prometida por Deus
por intermédio do seu “descendente”. (Gênesis 3:15; 4:1-4;
Levítico 17:11; Hebreus 11:4) Jeová se agradava desses sa-
crifícios e concedia uma condição limpa a seus adoradores.
7, 8. (a) O que o termo “resgate” significa nas Escrituras? (b) Por
que se diz que o resgate envolve equivalência?
9. Por que razão homens fiéis ofereceram sacrifícios de animais, e
como Jeová encarava esses sacrifícios?

Um “resgate correspondente por todos”


142 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Contudo, os sacrifícios de animais eram, na melhor das


hipóteses, apenas representativos. Não podiam cobrir total-
mente os pecados humanos, pois os animais são inferiores
ao homem. (Salmo 8:4-8) Por isso, a Bíblia diz: “Não é pos-
sível que o sangue de touros e de bodes tire pecados.” (He-
breus 10:1-4) Esses sacrifícios eram apenas ilustrativos, sim-
bolizando o verdadeiro sacrifício de resgate futuro.
“Resgate correspondente”
10 “Em Adão todos morrem”, disse o apóstolo Paulo. (1 Co-
ríntios 15:22) Assim, o resgate precisava envolver a morte
do equivalente exato de Adão: um humano perfeito. (Ro-
manos 5:14) Nenhuma outra criatura podia equilibrar a ba-
lança da justiça. Somente um humano perfeito, que não es-
tivesse debaixo da sentença de morte adâmica, poderia
oferecer um “resgate correspondente por todos” — perfei-
tamente correspondente a Adão. (1 Timóteo 2:6) Não se-
ria preciso que incontáveis milhões de humanos se sacrifi-
cassem para corresponder a cada descendente de Adão. O
apóstolo Paulo explicou: “Por meio de um só homem [Adão]
o pecado entrou no mundo, e a morte por meio do peca-
do.” (Romanos 5:12) E “visto que a morte veio por meio
de um homem”, Deus providenciou a redenção para a hu-
manidade “por meio de um homem”. (1 Coríntios 15:21)
Como?
11 Jeová tomou providências para que um homem perfei-

to sacrificasse voluntariamente a sua vida. Segundo Roma-


nos 6:23, “o salário pago pelo pecado é a morte”. Ao sacrifi-
car sua vida, o resgatador ‘provaria a morte por todos’. Em
outras palavras, pagaria o salário pelo pecado de Adão. (He-
breus 2:9; 2 Coríntios 5:21; 1 Pedro 2:24) Isso teria profun-
10. (a) O resgatador tinha de ser equivalente a quem, e por quê?
(b) Por que foi necessário só um sacrifício humano?
11. (a) Em que sentido o resgatador ‘provaria a morte por todos’?
(b) Por que Adão e Eva não se beneficiariam do resgate? (Veja a nota.)
JEOVÁ PROVIDENCIOU UM “RESGATE EM TROCA DE MUITOS” 143

das implicações jurídicas. Ao anular a sentença de morte so-


bre a descendência obediente de Adão, o resgate eliminaria
o poder destrutivo do pecado direto na fonte.1 — Romanos
5:16.
12 Para ilustrar: imagine-se morando numa cidade em que

a maioria dos habitantes trabalha em uma grande fábrica.


Você e seus vizinhos têm um bom salário e uma vida con-
fortável. Até que um dia a fábrica fecha as portas. Por que
motivo? O diretor se tornou corrupto e levou a firma à fa-
lência. De repente, você e seus vizinhos estão desemprega-
dos e as contas começam a se acumular. Cônjuges, filhos
e credores sofrem por causa da corrupção daquele homem.
Existe saída? Sim! Um benfeitor rico resolve intervir. Ele
sabe quanto vale a companhia e imagina o que os emprega-
dos e suas famílias estão passando. Assim, paga as dívidas da
firma e reabre a fábrica. O cancelamento daquela única dí-
vida traz alívio para muitos empregados, suas famílias e cre-
dores. De modo similar, o cancelamento da dívida de Adão
beneficia incontáveis milhões de pessoas.
Quem providenciou o resgate?
13 Somente Jeová poderia providenciar “o Cordeiro . . . que
tira o pecado do mundo”. ( João 1:29) Mas Deus não en-
viou um simples anjo para resgatar a humanidade. Enviou
1 Adão e Eva não podiam se beneficiar do resgate. A Lei mosaica de-
clarou o seguinte princípio com respeito a assassinos deliberados:
“Não aceitem nenhum resgate pela vida de um assassino que merece
morrer.” (Números 35:31) É óbvio que Adão e Eva mereciam morrer
porque desobedeceram a Deus deliberadamente e com plena cons-
ciência dos seus atos. Dessa forma, abriram mão de suas perspectivas
de vida eterna.

12. Ilustre como o pagamento de uma única dívida pode beneficiar


muitas pessoas.
13, 14. (a) Como Jeová providenciou o resgate para a humanidade?
(b) A quem este é pago, e por que esse pagamento é necessário?
144 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Aquele que poderia fornecer uma resposta definitiva e con-


clusiva à acusação de Satanás contra os servos de Jeová. De
fato, Deus fez o sacrifício supremo de enviar seu Filho uni-
gênito, “aquele de quem ele gostava especialmente”. (Pro-
vérbios 8:30, nota) Voluntariamente, o Filho de Deus “se es-
vaziou” de sua natureza espiritual. (Filipenses 2:7, nota) De
forma milagrosa, Jeová transferiu a vida do seu Filho pri-
mogênito do céu para o útero de uma virgem judia, chama-
da Maria. (Lucas 1:27, 35) Como homem, recebeu o nome
de Jesus. Mas em sentido jurídico, poderia ser chamado de
o segundo Adão, porque era o equivalente exato de Adão.
(1 Coríntios 15:45, 47) Assim, Jesus podia se oferecer em sa-
crifício como resgate pela humanidade pecadora.
14 A quem o resgate seria pago? O Salmo 49:7 diz especifi-

camente que seria pago “a Deus”. Mas não foi Jeová quem
providenciou o resgate? Sim, mas isso não é razão para en-
cararmos esse ato como uma troca inútil e mecânica, como
se ele tirasse dinheiro de um bolso e colocasse no outro.
Deve-se entender que o resgate não é uma troca física, mas
uma transação jurídica. Ao providenciar o pagamento do
resgate, a um enorme custo para si mesmo, Jeová confir-
mou sua inabalável aderência à sua própria justiça perfeita.
— Gênesis 22:7, 8, 11-13; Hebreus 11:17; Tiago 1:17.
15 No início do ano 33 EC, Jesus Cristo voluntariamente se

submeteu a uma provação que resultou no pagamento do


resgate. Ele se deixou ser preso sob acusações falsas, julgado
culpado e pregado numa estaca de execução. Era realmente
necessário que Jesus sofresse tanto? Sim, porque era preciso
resolver a questão da integridade dos servos de Deus. O in-
teressante é que Deus não permitiu que Herodes matasse
Jesus enquanto este era bebê. (Mateus 2:13-18) Mas quan-
do se tornou adulto, Jesus estava apto a resistir aos ataques
de Satanás com pleno entendimento das questões envol-
15. Por que era necessário que Jesus sofresse e morresse?
JEOVÁ PROVIDENCIOU UM “RESGATE EM TROCA DE MUITOS” 145

vidas.1 Ao se manter “leal, inocente, sem mancha, separa-


do dos pecadores” apesar do horrível tratamento que rece-
beu, Jesus provou de forma maravilhosa e conclusiva que
Jeová tem mesmo servos que permanecem fiéis sob prova-
ções. (Hebreus 7:26) Não é de admirar, então, que no mo-
mento de sua morte Jesus clamasse em triunfo: “Está consu-
mado!” — João 19:30.
Ele leva até o fim
seu trabalho de redenção
16 Jesus ainda tinha de concluir seu trabalho de redenção.

No terceiro dia depois da sua morte, Jeová o ressuscitou


dos mortos. (Atos 3:15; 10:40) Por meio desse ato marcante,
Jeová não só recompensou o Filho por seu serviço fiel, mas
também lhe deu a oportunidade de terminar seu trabalho
de redenção como Sumo Sacerdote de Deus. (Romanos 1:4;
1 Coríntios 15:3-8) O apóstolo Paulo explica: “Quando Cris-
to veio como sumo sacerdote . . . , ele entrou no lugar san-
to, não com o sangue de bodes e de novilhos, mas com o
seu próprio sangue, de uma vez para sempre, e obteve para
nós um livramento eterno. Pois Cristo não entrou num lu-
gar santo feito por mãos humanas, que é uma cópia da rea-
lidade, mas no próprio céu, de modo que agora comparece
perante Deus em nosso favor.” — Hebreus 9:11, 12, 24.
1 Para contrabalançar o pecado de Adão, Jesus tinha de morrer, não
como criança perfeita, mas como homem perfeito. Lembre-se de que
o pecado de Adão foi deliberado, cometido com pleno conhecimen-
to da seriedade do ato e de suas consequências. Assim, a fim de se tor-
nar “o último Adão” e cobrir o pecado, Jesus tinha de fazer uma esco-
lha madura e consciente de manter a integridade a Jeová. (1 Coríntios
15:45, 47) De modo que a conduta fiel de Jesus durante toda a vida
— incluindo sua morte sacrificial — serviu como “um só ato de justi-
ficação”. — Romanos 5:18, 19.

16, 17. (a) Como Jesus concluiu seu trabalho de redenção? (b) Por
que era necessário que Jesus aparecesse “perante Deus em nosso fa-
vor”?
146 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

17 Cristo não podia levar seu sangue literal para o céu.


(1 Coríntios 15:50) Em vez disso, ele levou o que o sangue
simbolizava: o valor legal do sacrifício de sua vida humana
perfeita. Daí, perante a Pessoa de Deus, ele apresentou for-
malmente o valor da sua vida como resgate em troca da hu-
manidade pecadora. Será que Jeová aceitou esse sacrifício?
Sim, e isso ficou evidente no Pentecostes de 33 EC, quando
foi derramado espírito santo sobre cerca de 120 discípulos
em Jerusalém. (Atos 2:1-4) Embora isso tenha sido emocio-
nante, era apenas o primeiro dos maravilhosos benefícios
que o resgate ainda traria.
Benefícios do resgate
18 Na sua carta aos colossenses, Paulo explica que Deus
achou bom reconciliar Consigo mesmo, por meio de Cris-
to, todas as outras coisas, fazendo a paz por intermédio do
sangue que Jesus derramou na estaca de tortura. Paulo tam-
bém explica que essa reconciliação envolve dois grupos de
pessoas: “as coisas nos céus” e “as coisas na terra”. (Colos-
senses 1:19, 20; Efésios 1:10) O primeiro grupo é composto
de 144 mil cristãos que recebem a esperança de servir como
sacerdotes celestiais e reinar sobre a Terra com Cristo Jesus.
(Apocalipse 5:9, 10; 7:4; 14:1-3) Por intermédio deles, os be-
nefícios do resgate serão aplicados gradativamente à huma-
nidade obediente por um período de mil anos. — 1 Coríntios
15:24-26; Apocalipse 20:6; 21:3, 4.
19 “As coisas na terra” são aqueles que aguardam ter vida

perfeita na Terra transformada num paraíso. Apocalipse


7:9-17 descreve-os como “uma grande multidão” que sobre-
viverá à vindoura “grande tribulação”. Mas não precisam es-
perar até lá para se beneficiar do resgate. Eles já “lavaram as
suas vestes compridas e as embranqueceram no sangue do
18, 19. (a) Que dois grupos se beneficiam da reconciliação possibi-
litada pelo sangue de Cristo? (b) Para os membros da “grande multi-
dão”, quais são alguns dos benefícios atuais e futuros do resgate?
JEOVÁ PROVIDENCIOU UM “RESGATE EM TROCA DE MUITOS” 147

Perguntas para Meditação


Números 3:39-51 Por que é essencial que o resgate seja o equi-
valente exato?
Salmo 49:7, 8 Por que temos uma dívida para com Deus por
ele ter providenciado o resgate?
Isaías 43:25 Como esse texto nos ajuda a entender que a salva-
ção do homem não é o motivo principal de Jeová providenciar
o resgate?
1 Coríntios 6:20 Que efeito o resgate deve ter na nossa condu-
ta e no nosso estilo de vida?

Cordeiro”. Visto que exercem fé no resgate, desde já rece-


bem bênçãos espirituais por meio dessa provisão amorosa.
Por exemplo, são declarados justos como amigos de Deus.
(Tiago 2:23) Em resultado do sacrifício de Jesus, podem
‘com confiança, se aproximar do trono de bondade imere-
cida’. (Hebreus 4:14-16) Quando erram, recebem perdão ge-
nuíno. (Efésios 1:7) Apesar de imperfeitos, têm uma cons-
ciência limpa. (Hebreus 9:9; 10:22; 1 Pedro 3:21) Assim, a
reconciliação com Deus não é algo que aguardam para o fu-
turo — já é uma realidade! (2 Coríntios 5:19, 20) Durante o
Milênio, eles aos poucos serão ‘libertados da escravidão à de-
cadência’ e finalmente terão “a liberdade gloriosa dos filhos
de Deus”. — Romanos 8:21.
20 ‘Damos graças a Deus que, por meio de Jesus Cristo’, pro-

videnciou o resgate! (Romanos 7:25) Em essência, trata-se de


algo simples, mas é tão profundo que nos enche de admi-
ração. (Romanos 11:33) Se meditarmos com apreço no res-
gate, ele tocará nosso coração e nos achegará cada vez mais
ao Deus de justiça. Como o salmista, temos ótimos motivos
para louvar a Jeová, aquele que “ama a retidão e a justiça”.
— Salmo 33:5.
20. Ao meditar no resgate, como isso o afeta pessoalmente?
C A P Í T U L O 1 5

Jesus ‘estabelece
a justiça na Terra’
CONSEGUE imaginar Jesus furioso? Talvez ache isso difícil
porque, afinal de contas, ele era conhecido como um ho-
mem muito manso. (Mateus 21:5) Houve uma ocasião, po-
rém, em que ele ficou realmente zangado. É claro que, apesar
disso, Jesus manteve perfeito controle — sua raiva era total-
mente justa.1 Mas o que havia deixado esse homem pacífico
tão furioso? Uma vergonhosa injustiça.
2 Jesus prezava muito o templo em Jerusalém. No mundo

todo, aquele era o único lugar sagrado dedicado à adoração


de seu Pai celestial. Judeus de muitos lugares viajavam gran-
des distâncias para adorar ali. Até mesmo gentios tementes a
Deus vinham e ficavam no pátio do templo reservado para
eles. Mas certa vez, no início do seu ministério, quando en-
trou no templo, Jesus ficou chocado com o que viu. E não
era para menos, o lugar mais parecia um mercado do que
uma casa de adoração! Estava cheio de comerciantes e cam-
bistas. Mas qual era a injustiça? Para esses homens, o templo
de Deus não passava de um lugar para explorar e até roubar
as pessoas. Como assim? — João 2:14.
3 Uma regra, inventada pelos líderes religiosos, dizia que so-

mente um tipo específico de moeda poderia ser usado para


1 Quando demonstrou ira justa, Jesus imitou a Jeová, que “está pron-
to para demonstrar o seu furor” contra toda a maldade. (Naum 1:2) Por
exemplo, depois de dizer ao seu povo rebelde que eles haviam transfor-
mado sua casa em “um abrigo de ladrões”, Jeová acrescentou: “Vejam!
Minha ira e meu furor serão derramados sobre este lugar.” — Jeremias
7:11, 20.

1, 2. Qual foi uma ocasião em que Jesus ficou furioso, e por quê?
3, 4. Que exploração gananciosa acontecia na casa de Jeová, e que
ação Jesus tomou para corrigir o problema?
JESUS ‘ESTABELECE A JUSTIÇA NA TERRA’ 149

pagar o imposto do templo. Os visitantes tinham de tro-


car o dinheiro para conseguir essas moedas. De modo que
os cambistas armavam suas mesas dentro do templo e co-
bravam uma taxa pelas transações. O negócio de venda de
animais também era muito lucrativo. Os visitantes que qui-
sessem oferecer sacrifícios podiam comprar animais de qual-
quer comerciante da cidade, mas os funcionários do templo
poderiam julgá-los impróprios como ofertas e rejeitá-los. Por
outro lado, os animais para sacrifício comprados no templo
sempre eram aceitos. Assim, com o povo à sua mercê, os co-
merciantes muitas vezes cobravam preços exorbitantes.1 Isso
não era apenas uma prática comercial condenável. Era, na
realidade, roubo!
4 Jesus não podia tolerar essa injustiça. Tratava-se da casa

do seu próprio Pai! Ele fez um chicote de cordas e expulsou


o gado e as ovelhas do templo. Daí, se dirigiu aos cambistas
e virou suas mesas. Imagine todas aquelas moedas rolando
pelo chão de mármore! Com voz firme, ele ordenou aos ven-
dedores de pombas: “Tirem estas coisas daqui!” ( João 2:15,
16) Parece que ninguém se atreveu a opor-se a esse homem
corajoso.

“Tal pai, tal filho”


5Naturalmente, depois de algum tempo os comerciantes
voltaram. Cerca de três anos depois, Jesus se deparou com
1 Segundo a Míxena, anos depois aconteceu um protesto contra os
preços cobrados pelas pombas vendidas no templo. Imediatamente, o
preço foi reduzido em 99%! Quem é que mais lucrava com esse comér-
cio? Alguns historiadores indicam que os mercados do templo eram de
propriedade da casa do Sumo Sacerdote Anás, o que contribuía muito
para a vasta riqueza daquela família sacerdotal. — João 18:13.

5-7. (a) Como a existência pré-humana de Jesus influenciou seu sen-


so de justiça, e o que aprendemos ao estudar seu exemplo? (b) Como
Jesus tem lidado com as injustiças instigadas por Satanás, e o que ele
fará sobre isso no futuro?
JESUS ‘ESTABELECE A JUSTIÇA NA TERRA’ 151

a mesma injustiça e dessa vez citou as palavras do próprio


Jeová que condenou os que transformavam Sua casa em
“um abrigo de ladrões”. (Jeremias 7:11; Mateus 21:13) Quan-
do viu a ganância daqueles exploradores e como o templo de
Deus havia sido profanado, Jesus se sentiu exatamente como
seu Pai. E não é de admirar! Por incontáveis milhões de anos,
Jesus foi ensinado por seu Pai celestial. Em resultado disso,
desenvolveu o mesmo senso de justiça que Jeová. Nele, se
cumpriu bem o ditado: “Tal pai, tal filho.” Assim, se quiser-
mos entender plenamente a justiça divina, não há nada me-
lhor do que meditar no exemplo de Jesus Cristo. — João
14:9, 10.
6 O Filho unigênito de Jeová estava presente quando Sata-

nás injustamente chamou o Criador de mentiroso e levan-


tou a questão sobre se o Seu domínio era justo. Que ca-
lúnia! O Filho também ouviu o desafio posterior de Satanás
de que ninguém serviria a Jeová altruistamente, por amor.
Dá para imaginar que essas acusações falsas deixaram aque-
le Filho justo profundamente magoado. Quando soube que
desempenharia o papel principal em resolver essas ques-
tões, como isso deve tê-lo deixado emocionado! (2 Coríntios
1:20) Como faria isso?
7 Como aprendemos no Capítulo 14, Jesus Cristo deu a res-

posta definitiva, conclusiva, à acusação de Satanás contra a


integridade das criaturas de Jeová. Assim, lançou a base para
limpar o nome santo de Deus, Jeová, de toda a calúnia — in-
cluindo a de que Seu modo perfeito de governar é errado.
Como Agente Principal de Jeová, Jesus estabelecerá a justiça
divina em todo o Universo. (Atos 5:31) Seu modo de vida na
Terra também refletia a justiça divina. A respeito dele, Jeová
disse: “Porei sobre ele o meu espírito, e ele esclarecerá às na-
ções o que é justiça.” (Mateus 12:18) Como Jesus cumpriu es-
sas palavras?

“Tirem estas coisas daqui!”


152 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Jesus esclarece “o que é justiça”


8 Jesus amava a Lei de Jeová e vivia de acordo com ela. Mas
os líderes religiosos dos seus dias distorciam a Lei e a aplicavam
incorretamente. Jesus lhes disse: “Ai de vocês, escribas e fari-
seus, hipócritas! . . . Desconsideram as questões mais impor-
tantes da Lei, isto é, a justiça, a misericórdia e a fidelidade.”
(Mateus 23:23) É óbvio que esses instrutores da Lei de Deus
não estavam esclarecendo “o que é justiça”. Pelo contrário, eles
obscureciam a justiça divina. Como? Veja alguns exemplos.
9 Jeová ordenou que Seu povo se mantivesse separado das

nações pagãs ao seu redor. (1 Reis 11:1, 2) Mas alguns líde-


res religiosos fanáticos incentivavam o povo a desprezar todos
os não judeus. A Míxena até incluía a seguinte regra: “Não se
deve deixar gado nas hospedarias dos gentios, pois se suspei-
ta que pratiquem a bestialidade.” Esse preconceito generaliza-
do contra todos os não judeus era injusto e totalmente contrá-
rio ao espírito da Lei mosaica. (Levítico 19:34) Outras regras
criadas por homens rebaixavam as mulheres. A lei oral dizia
que a mulher tinha de andar atrás, não ao lado, do marido.
Os homens não deviam conversar com mulheres em públi-
co, nem com a própria esposa. Depoimentos de mulheres, as-
sim como os de escravos, não eram aceitos nos tribunais. Ha-
via até uma oração formal na qual os homens agradeciam a
Deus por não terem nascido mulher.
10 Os líderes religiosos soterraram a Lei de Deus sob uma

montanha de regras e regulamentos inventados por ho-


mens. A lei do sábado, por exemplo, simplesmente proibia
o trabalho naquele dia, reservando-o para adoração, revigora-
mento espiritual e descanso. Mas os fariseus transformaram
aquela lei num fardo. Assumiram a tarefa de determinar exa-
tamente o que significava a expressão “trabalho”. Considera-
vam 39 atividades como trabalho, entre elas colher e caçar.
8-10. (a) Como as tradições orais dos líderes religiosos judeus pro-
moviam o desprezo pelos não judeus e pelas mulheres? (b) De que
modo as leis orais tornaram a lei do sábado de Jeová um fardo?
JESUS ‘ESTABELECE A JUSTIÇA NA TERRA’ 153

Por causa dessas classificações, surgiam perguntas interminá-


veis. Se um homem matasse uma pulga no sábado, isso se-
ria considerado caçar? Se arrancasse um punhado de cereais
para comer ao passar por uma plantação, estaria colhendo?
Se curasse um doente, estaria trabalhando? Havia regras rígi-
das e detalhadas para tratar dessas questões.
11 Em um ambiente como esse, como Jesus ajudaria as pes-

soas a entender o que é justiça? Nos seus ensinos e no seu


modo de vida, ele tomou uma posição corajosa contra os líde-
res religiosos. Primeiramente, veja como ele fez isso por meio
dos seus ensinos. Ele condenou diretamente os milhares de re-
gras inventadas por homens, dizendo: “Vocês invalidam a pa-
lavra de Deus pela tradição que transmitiram.” — Marcos 7:13.
12 Jesus ensinou de modo vigoroso que os fariseus estavam

errados a respeito da lei do sábado — que, na verdade, não ha-


viam captado o espírito daquela lei. O Messias, explicou ele, é
“Senhor do sábado” e, portanto, podia curar pessoas naquele
dia. (Mateus 12:8) Para ressaltar isso, ele abertamente realizou
curas milagrosas no sábado. (Lucas 6:7-10) Essas curas eram
uma amostra daquelas que ele realizará na Terra inteira duran-
te seu Reinado Milenar. Aquele Milênio será o sábado definiti-
vo, em que toda a humanidade fiel por fim descansará dos sé-
culos de labuta sob o fardo do pecado e da morte.
13 Jesus também esclareceu o que é justiça por meio de uma

nova lei, “a lei do Cristo”, que entrou em vigor depois que


ele terminou seu ministério terrestre. (Gálatas 6:2) Diferente-
mente de sua predecessora, a Lei mosaica, essa nova lei se ba-
seava, na maior parte, não em uma série de mandamentos
escritos, mas em princípios. Mas ela também incluía alguns
mandamentos diretos. Jesus chamou um deles de “novo man-
damento”. Ensinou seus seguidores a amar uns aos outros
11, 12. Como Jesus indicou que era contrário às tradições não bíbli-
cas dos fariseus?
13. Que lei entrou em vigor em resultado do ministério terrestre de
Cristo, e em que ela é diferente de sua predecessora?
154 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

assim como ele os amou. ( João 13:34, 35) O amor altruísta


deveria ser o sinal identificador de todos os que vivessem sob
“a lei do Cristo”.
Exemplo vivo de justiça
14 Em vez de simplesmente ensinar o amor, Jesus viveu “a lei
do Cristo”. Ela fazia parte da sua conduta diária. Vejamos três
modos em que o exemplo de Jesus esclareceu o que é justiça.
15 Primeiro, ele evitou escrupulosamente cometer qualquer

injustiça. Já notou que, quando humanos imperfeitos se tor-


nam arrogantes e extrapolam os limites da sua autoridade,
isso muitas vezes resulta em injustiças? Jesus não tinha esse
problema. Em certa ocasião, um homem se aproximou dele e
disse: “Instrutor, diga a meu irmão que divida comigo a he-
rança.” Qual foi a resposta de Jesus? “Homem, quem me de-
signou como juiz ou me deu o direito de repartir os bens en-
tre vocês dois?” (Lucas 12:13, 14) Não acha isso notável? O
intelecto, o discernimento e até a autoridade de Jesus — que
Deus lhe dera — eram muito superiores aos de qualquer ou-
tra pessoa na Terra; mesmo assim, ele se recusou a envolver-
se no assunto, visto que não recebera autoridade específica
para isso. Nesse respeito, Jesus sempre foi modesto, até duran-
te os milênios de sua existência pré-humana. ( Judas 9) Uma
de suas qualidades notáveis é que ele confia humildemente
no que Jeová determina ser justo.
16 Segundo, Jesus mostrou justiça no seu modo de pregar as

boas novas do Reino de Deus. Ele nunca agiu com preconcei-


to. Pelo contrário, se esforçava muito para alcançar todo tipo
de pessoas, quer fossem ricas quer pobres. Em contraste com
isso, os fariseus desprezavam as pessoas comuns; referiam-se
a elas usando o termo preconceituoso am ha·’á·rets (“povo da
14, 15. Como Jesus mostrou que reconhecia os limites de sua auto-
ridade, e por que isso nos tranquiliza?
16, 17. (a) Como Jesus mostrou justiça ao pregar as boas novas do
Reino de Deus? (b) Como Jesus demonstrou não só justiça, mas tam-
bém misericórdia?
JESUS ‘ESTABELECE A JUSTIÇA NA TERRA’ 155

terra”). O Filho de Deus corajosamente denunciou essa injus-


tiça. Quando ensinava as boas novas às pessoas — ou quando
comia com elas, as curava ou as ressuscitava —, Jesus defendia
a justiça de Deus, visto que Ele deseja alcançar “todo tipo de
pessoas”.1 — 1 Timóteo 2:4.
17 Terceiro, o senso de justiça de Jesus estava ligado a profun-

da misericórdia. Ele se esforçava a ajudar os pecadores. (Ma-


teus 9:11-13) Defendia prontamente os indefesos. Por exem-
plo, Jesus não agia como os líderes religiosos que promoviam
a desconfiança contra todos os gentios. Ele ajudou e ensinou
misericordiosamente alguns estrangeiros, embora sua missão
principal fosse pregar aos judeus. Ele concordou em fazer
uma cura milagrosa para um oficial do exército romano, di-
zendo: “Em ninguém em Israel encontrei tamanha fé.” — Ma-
teus 8:5-13.
18 De modo similar, Jesus não defendeu os conceitos co-

muns sobre as mulheres; ele fez corajosamente o que era


justo. As samaritanas eram consideradas tão impuras quan-
to os gentios. Mas Jesus não hesitou em pregar para uma sa-
maritana junto ao poço em Sicar. De fato, foi a essa mu-
lher que Jesus, pela primeira vez, identificou-se abertamente
como o prometido Messias. ( João 4:6, 25, 26) Os fariseus di-
ziam que não se devia ensinar a lei de Deus às mulheres, mas
Jesus gastou bastante tempo e energia ensinando-as. (Lucas
10:38-42) E embora a tradição considerasse que o depoimen-
to de mulheres não era digno de confiança, Jesus deu a várias
1 Os fariseus consideravam os humildes, que não eram versados na
Lei, como ‘amaldiçoados’. ( João 7:49) Diziam que não se deviam ins-
truir essas pessoas, nem ter negócios, comer ou orar com elas. Permi-
tir que uma filha se casasse com um desses humildes era considerado
pior do que expô-la a animais selvagens. Afirmavam que tais pessoas
não podiam esperar ser ressuscitadas.

18, 19. (a) De que maneiras Jesus promoveu a dignidade feminina?


(b) Como o exemplo de Jesus nos ajuda a entender a relação entre
coragem e justiça?
156 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

mulheres a honra de serem as primeiras a vê-lo após a ressur-


reição. Ele até lhes disse que fossem contar a seus discípulos a
respeito desse evento importantíssimo! — Mateus 28:1-10.
19 De fato, Jesus esclareceu às nações o que é justiça. Em mui-

tos casos, ele fez isso apesar de correr grandes riscos. O exem-
plo dele nos ajuda a entender que defender a verdadeira justi-
ça requer coragem. Ele foi apropriadamente chamado de “o
Leão da tribo de Judá”. (Apocalipse 5:5) Lembre-se de que o
leão é símbolo de justiça corajosa. No futuro próximo, porém,
Jesus executará ainda mais atos de justiça. Ele estabelecerá ‘a
justiça na Terra’ no mais pleno sentido. — Isaías 42:4.

O Rei messiânico ‘estabelece a justiça na Terra’


20 Desde que se tornou o Rei messiânico em 1914, Jesus tem
promovido a justiça na Terra. Como? Ele tem dado orienta-
ções para que se cumpra sua profecia encontrada em Mateus
24:14. Os seguidores de Cristo na Terra ensinam a pessoas de
todas as nações a verdade sobre o Reino de Jeová. Como Jesus,
pregam de maneira imparcial e justa, procurando dar a todos
— jovens ou idosos, ricos ou pobres, homens ou mulheres —
a oportunidade de vir a conhecer a Jeová, o Deus de justiça.
21 Jesus também promove a justiça dentro da congregação

cristã verdadeira, da qual ele é o Cabeça. Conforme profetiza-


do, ele providenciou “dádivas em homens”, fiéis anciãos cris-
tãos que tomam a dianteira na congregação. (Efésios 4:8-12)
Ao pastorear o precioso rebanho de Deus, esses homens se-
guem o exemplo de Jesus Cristo em promover a justiça. Sem-
pre têm em mente que Jesus deseja que suas ovelhas sejam
tratadas com justiça, não importa qual seja sua posição, status
ou situação financeira.
22 Contudo, no futuro próximo, Jesus estabelecerá justiça na

20, 21. Nos nossos tempos, como o Rei messiânico promove a jus-
tiça em toda a Terra e na congregação cristã verdadeira?
22. Como Jeová se sente em relação às injustiças tão comuns no
mundo hoje, e ele designou seu Filho para fazer o que a esse respeito?
JESUS ‘ESTABELECE A JUSTIÇA NA TERRA’ 157

Perguntas para Meditação


Salmo 45:1-7 Por que podemos ter confiança em que o Rei
messiânico promoverá justiça perfeita?
Mateus 12:19-21 Segundo a profecia, como o Messias trataria
os humildes?
Mateus 18:21-35 Como Jesus ensinou que a verdadeira justiça
inclui a misericórdia?
Marcos 5:25-34 Como Cristo demonstrou que a justiça divina
leva em conta a situação das pessoas?

Terra numa escala sem precedentes. Neste mundo corrupto, a


injustiça é generalizada. Cada criança que morre de fome é ví-
tima de uma injustiça imperdoável, em especial quando pen-
samos no dinheiro e no tempo desperdiçados na produção de
armas de guerra ou na satisfação dos caprichos egoístas daque-
les que se empenham pelos prazeres. Os milhões de mortes
desnecessárias a cada ano são apenas uma das muitas formas
de injustiça. E todas elas provocam a justa indignação de Jeová.
Ele designou seu Filho para travar uma guerra justa contra este
inteiro sistema perverso, a fim de eliminar todas as injustiças
de uma vez por todas. — Apocalipse 16:14, 16; 19:11-15.
23 Mas a justiça de Jeová exige mais do que a mera destrui-

ção dos perversos. Ele também designou seu Filho para reinar
como “Príncipe da Paz”. Depois da guerra do Armagedom, o
domínio de Jesus estabelecerá paz em toda a Terra e ele domi-
nará “por meio da justiça”. (Isaías 9:6, 7) Jesus então terá pra-
zer em desfazer todas as injustiças que causaram tanta dor e
sofrimento no mundo. Por toda a eternidade, ele defenderá
fielmente a justiça perfeita de Jeová. Portanto, é vital que nos
esforcemos a imitar a justiça de Jeová agora. Vejamos como
podemos fazer isso.
23. Depois do Armagedom, como Cristo promoverá a justiça por
toda a eternidade?
C A P Í T U L O 1 6

“Pratique a justiça”
ao andar com Deus
IMAGINE-SE preso num navio que está afundando. Quan-
do acha que não há mais esperança, aparece alguém que o
resgata e leva para um lugar seguro. Que alívio você sente
quando ele lhe diz: “Agora você está a salvo”! Não se senti-
ria em dívida com essa pessoa? No mais pleno sentido, po-
deria dizer: “Devo minha vida a você.”
2 Em certos aspectos, isso ilustra o que Jeová fez por nós.

É evidente que temos uma dívida com ele. Afinal, ele for-
neceu o resgate, que tornou possível nosso livramento das
garras do pecado e da morte. Nós nos sentimos seguros por
saber que, enquanto exercermos fé naquele sacrifício valio-
so, nossos pecados serão perdoados e nosso futuro eterno
estará assegurado. (1 João 1:7; 4:9) Como vimos no Capítu-
lo 14, o resgate é a suprema expressão do amor e da justiça
de Jeová. Em vista disso, qual deveria ser nossa atitude?
3 Nada mais apropriado do que analisarmos o que nosso

amoroso Resgatador pede que façamos em troca. Por meio


do profeta Miqueias, Jeová diz: “Ele o informou, ó homem,
sobre o que é bom. E o que Jeová pede de você? Apenas
que pratique a justiça, ame a lealdade e ande modestamen-
te com o seu Deus!” (Miqueias 6:8) Note que uma das coi-
sas que Jeová nos pede é que ‘pratiquemos a justiça’. Como
podemos fazer isso?
Empenhe-se pela “verdadeira justiça”
4 Jeová espera que sigamos suas normas do que é certo e
1-3. (a) Por que temos uma dívida com Jeová? (b) O que nosso amo-
roso Resgatador pede que façamos?
4. Como sabemos que Jeová espera que vivamos em harmonia com
suas normas justas?
“PRATIQUE A JUSTIÇA” AO ANDAR COM DEUS 159

do que é errado. Visto que elas são justas, quando as obede-


cemos estamos nos empenhando pela justiça. “Aprendam a
fazer o bem, busquem a justiça”, diz Isaías 1:17. A Palavra
de Deus nos incentiva a ‘buscar a justiça’. (Sofonias 2:3) Ela
também nos encoraja a nos revestirmos “da nova persona-
lidade, que foi criada segundo a vontade de Deus, em verda-
deira justiça”. (Efésios 4:24) A verdadeira justiça não admite
a violência, a impureza e a imoralidade, visto que essas prá-
ticas violam o que é santo. — Salmo 11:5; Efésios 5:3-5.
5 É difícil demais para nós nos harmonizarmos com as nor-

mas justas de Jeová? Não. Se estivermos achegados a Deus de


coração, não consideraremos a vontade Dele um fardo. Visto
que amamos o tipo de pessoa que nosso Criador é, queremos
levar a vida de um modo que o agrade. (1 João 5:3) Lembre-
se de que Jeová “ama atos justos”. (Salmo 11:7) Se realmente
imitarmos a justiça divina, nos esforçaremos a amar o que
Jeová ama e odiar o que ele odeia. — Salmo 97:10.
6 Para humanos imperfeitos, não é fácil empenhar-se pela

justiça. Temos de nos livrar da velha personalidade com


suas práticas pecaminosas e nos revestir duma nova, que, se-
gundo a Bíblia, está “sendo renovada” por meio do conhe-
cimento exato. (Colossenses 3:9, 10) A expressão “sendo re-
novada” indica que revestir-se da nova personalidade é um
processo contínuo, que exige bastante esforço. Mas, não im-
porta quanto tentemos fazer o que é direito, haverá ocasiões
em que nossa natureza imperfeita nos fará tropeçar em pen-
samento, palavras ou ações. — Romanos 7:14-20; Tiago 3:2.
7 Ao nos empenharmos pela justiça, como devemos en-

carar nossas recaídas? É claro que não devemos minimizar


a seriedade do pecado. Ao mesmo tempo, jamais devemos
5, 6. (a) Por que não deve ser difícil demais para nós nos harmoni-
zarmos com as normas de Jeová? (b) Como a Bíblia indica que se em-
penhar pela justiça é um processo contínuo?
7. Ao nos empenharmos pela justiça, como devemos encarar nossas
recaídas?
160 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

desistir, achando que nossas falhas nos tornam indignos


de servir a Jeová. Nosso Deus bondoso tomou providências
para que os sinceramente arrependidos voltem a ter o Seu
favor. Note estas palavras tranquilizadoras do apóstolo João:
“Eu lhes escrevo estas coisas para que vocês não cometam
pecado.” Mas daí, de forma bem realista, ele acrescentou:
“Contudo, se alguém cometer um pecado [por causa da im-
perfeição herdada], temos um ajudador junto ao Pai: Jesus
Cristo.” (1 João 2:1) De modo que Jeová forneceu o sacrifí-
cio resgatador de Jesus para que pudéssemos servir-lhe acei-
tavelmente apesar de nossa natureza pecaminosa. Isso nos
motiva a querer fazer o melhor para agradar a Jeová, não é
verdade?
As boas novas e a justiça divina
8 Podemos praticar — ou melhor, imitar — a justiça divina
participando plenamente na pregação das boas novas do
Reino de Deus a outros. Mas que relação existe entre a jus-
tiça de Jeová e as boas novas?
9 Jeová não acabará com este sistema perverso sem antes

dar o aviso. Na sua profecia sobre o que aconteceria no


tempo do fim, Jesus disse: “Em todas as nações, as boas
novas têm de ser pregadas primeiro.” (Marcos 13:10; Ma-
teus 24:3) O uso da palavra “primeiro” indica que ou-
tros eventos se seguiriam à obra de pregação mundial.
Esses incluem a predita grande tribulação, na qual os per-
versos serão destruídos, abrindo caminho para um novo
mundo justo. (Mateus 24:14, 21, 22) Com certeza, nin-
guém pode acusar a Jeová de ser injusto para com os per-
versos. Ele soa o aviso e, assim, dá toda a oportunidade
para que mudem de vida e escapem da destruição. — Jonas
3:1-10.
8, 9. Como a proclamação das boas novas demonstra a justiça de
Jeová?
“PRATIQUE A JUSTIÇA” AO ANDAR COM DEUS 161

10 Como a nossa pregação das boas novas reflete a justi-


ça divina? Em primeiro lugar, nos empenharmos ao máxi-
mo para ajudar outros a ganhar a salvação é a coisa certa
a fazer. Pense novamente na ilustração sobre ser resgatado
dum navio que está afundando. Quando estivesse seguro
num bote salva-vidas, você sem dúvida tentaria ajudar ou-
tros que ainda estivessem na água. De modo similar, temos
uma obrigação para com os que ainda estão se debaten-
do nas “águas” deste mundo perverso. É verdade que mui-
tos rejeitam a nossa mensagem. Mas, enquanto Jeová conti-
nuar a demonstrar paciência, temos a responsabilidade de
dar-lhes a oportunidade de ‘alcançar o arrependimento’ e
de se candidatar à salvação. — 2 Pedro 3:9.
11 Quando pregamos as boas novas a todos os que encon-

tramos, demonstramos justiça de outro modo importante:


mostramos imparcialidade. Lembre-se de que “Deus não é
parcial, mas, em toda nação, ele aceita aquele que o teme
e faz o que é direito”. (Atos 10:34, 35) Se queremos imitar
a justiça dele, não podemos prejulgar as pessoas. Antes, de-
vemos transmitir as boas novas a outros não importa qual
seja sua raça, posição social ou situação financeira. Assim,
damos a todos os que nos escutam a oportunidade de ouvir
as boas novas e reagir a elas. — Romanos 10:11-13.
Nosso modo de tratar outros
12Também podemos exercer justiça tratando outros como
Jeová nos trata. É muito fácil julgar alguém, criticando seus
defeitos e questionando suas motivações. Mas quem de
nós gostaria que Jeová inspecionasse impiedosamente to-
das as nossas motivações e falhas? Não é assim que ele
10, 11. Como a nossa participação na pregação das boas novas refle-
te a justiça divina?
12, 13. (a) Por que não devemos nos apressar a julgar outros?
(b) Qual é o sentido do conselho de Jesus de ‘parar de julgar’ e ‘pa-
rar de condenar’? (Veja também a nota.)
162 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

lida conosco. O salmista perguntou: “Se vigiasses os erros,


ó Jah, quem, ó Jeová, poderia ficar de pé?” (Salmo 130:3)
Não somos gratos de que nosso Deus justo e misericordio-
so prefere não se concentrar nos nossos defeitos? (Salmo
103:8-10) Como, então, devemos tratar outros?
13 Se compreendermos a natureza misericordiosa da justiça

divina, não vamos nos apressar a julgar outros em questões


que, na verdade, não nos competem ou que são de pouca
importância. No seu Sermão do Monte, Jesus avisou: “Pa-
rem de julgar, para que não sejam julgados.” (Mateus 7:1)
Segundo o relato de Lucas, Jesus acrescentou: “Parem de
condenar, e de modo algum serão condenados.”1 (Lucas
6:37) Com essas palavras, Jesus demonstrou que se aperce-
bia que humanos imperfeitos têm a tendência de julgar ou-
tros. Se algum de seus ouvintes tinha esse hábito, deveria
parar com isso.
14 Por que devemos ‘parar de julgar’ outros? Primeiro, por-

que nossa autoridade é limitada. O discípulo Tiago nos lem-


bra: “Há somente um que é Legislador e Juiz”: Jeová. De
modo que ele apropriadamente pergunta: “Quem é você
para julgar o seu próximo?” (Tiago 4:12; Romanos 14:1-4)
Além disso, nossa natureza pecaminosa pode facilmente
nos levar a sermos injustos no julgamento. Muitas atitudes
e motivações — incluindo preconceito, orgulho ferido, ciú-
me e achar-nos justos — podem distorcer o modo como en-
caramos outras pessoas. Temos outras limitações e, se re-
fletirmos nelas, isso nos ajudará a tolerar os defeitos de
outros. Não podemos ler o coração, nem temos como sa-
ber de todas as circunstâncias que outros enfrentam. Quem
1 Algumas traduções dizem “não julguem” e “não condenem”. Essas
expressões transmitem a ideia de que ‘não se deve começar a julgar’ e
‘não se deve começar a condenar’. Mas os escritores bíblicos usaram a
forma negativa do tempo presente (contínuo). De modo que as ações
descritas estavam acontecendo naquele momento, mas deviam cessar.

14. Por que razões devemos ‘parar de julgar’ outros?


Mostramos justiça divina quando transmitimos
as boas novas a outros de forma imparcial

somos nós, então, para atribuir motivações erradas a con-


crentes ou criticar os esforços deles ao servir a Deus? É
muito melhor imitarmos a Jeová olhando o que nossos ir-
mãos têm de bom, em vez de nos concentrarmos nas falhas
deles.
15 E os membros da nossa família? Infelizmente, hoje em

dia o lar — que deveria ser um lugar de refúgio e paz — mui-


tas vezes é onde as pessoas são mais duramente julgadas.
Com frequência, ouvimos falar de maridos, esposas ou pais
que “sentenciam” seus familiares a uma saraivada constan-
te de abusos verbais ou físicos. Mas entre os adoradores de
Deus não há lugar para palavras duras, sarcasmo cruel e tra-
tamento abusivo. (Efésios 4:29, 31; 5:33; 6:4) O conselho
15. Entre os adoradores de Deus, não há lugar para que tipo de pa-
lavras ou atitudes, e por quê?
164 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

de Jesus de ‘parar de julgar’ e ‘parar de condenar’ se aplica


mesmo quando estamos em casa. Lembre-se de que prati-
car a justiça envolve tratar os outros como Jeová nos trata.
E nosso Deus nunca é duro ou cruel ao lidar conosco. Pelo
contrário, ele “é muito terno em afeição” para com os que
o amam. (Tiago 5:11, nota) Que exemplo maravilhoso para
imitarmos!
Anciãos que servem “para o próprio juízo”
16 Todos temos de praticar justiça, mas quem tem a maior
responsabilidade nesse sentido são os anciãos da congrega-
ção cristã verdadeira. Note a descrição profética dos “prínci-
pes”, ou anciãos, registrada por Isaías: “Vejam! Um rei reina-
rá com retidão, e príncipes governarão com justiça.” (Isaías
32:1) De fato, Jeová espera que os anciãos defendam a justi-
ça. Como podem fazer isso?
17 Esses homens espiritualmente qualificados sabem mui-

to bem que a justiça exige que a congregação seja mantida


limpa. Às vezes, surge a necessidade de julgarem casos de
transgressão grave. Ao fazer isso, lembram-se de que a jus-
tiça divina procura estender misericórdia quando possível.
Assim, procuram conduzir o pecador ao arrependimento.
Mas o que fazer se ele deixa de demonstrar arrependimen-
to genuíno, apesar dos esforços de ajudá-lo? Em perfeita jus-
tiça, a Palavra de Jeová diz que se deve tomar uma atitu-
de firme: “Removam do meio de vocês a pessoa má.” Isso
quer dizer expulsá-lo da congregação. (1 Coríntios 5:11-13;
2 João 9-11) Os anciãos ficam tristes quando têm de tomar
essa ação, mas reconhecem que isso é necessário a fim de
proteger a pureza moral e espiritual da congregação. Mesmo
depois disso, esperam que, algum dia, o pecador caia em si
e volte à congregação. — Lucas 15:17, 18.
16, 17. (a) O que Jeová espera dos anciãos? (b) O que é preciso fa-
zer quando um pecador deixa de demonstrar arrependimento genuí-
no, e por quê?
“PRATIQUE A JUSTIÇA” AO ANDAR COM DEUS 165

18 Servir aos interesses da justiça também envolve dar con-


selhos bíblicos quando necessário. É claro que os anciãos
não procuram defeitos nos outros. Nem ficam dando conse-
lho sobre cada coisinha. Mas um concristão talvez “sem per-
ceber, dê um passo em falso”. Lembrando-se de que a justi-
ça divina não é cruel nem insensível, os anciãos se sentem
motivados a tentar “reajustar esse homem num espírito de
brandura”. (Gálatas 6:1) Assim, não seria correto que eles
insultassem a pessoa que errou ou falassem com ela de for-
ma grosseira. O que encoraja o aconselhado são conselhos
amorosos. Mesmo quando dão repreensão pertinente — in-
dicando de forma bem direta as consequências de um pro-
ceder imprudente —, os anciãos têm em mente que um
concristão que errou é uma ovelha do rebanho de Jeová.1
(Lucas 15:7) Quando fica óbvio que o conselho ou a re-
preensão são motivados por amor e dados de forma amoro-
sa, é mais provável que o transgressor mude de atitude.
19 Muitas vezes, os anciãos precisam tomar decisões que

afetam a vida de concrentes. Por exemplo, eles se reúnem


periodicamente para avaliar se outros irmãos na congrega-
ção se qualificam para serem recomendados como anciãos
ou servos ministeriais. Os anciãos sabem que é importante
ser imparcial. Em vez de confiar em sentimentos pessoais,
deixam que os requisitos de Deus para essas designações os
orientem nas suas decisões. Assim, agem “sem preconceito
nem parcialidade”. — 1 Timóteo 5:21.
1 Em 2 Timóteo 4:2, a Bíblia diz que os anciãos às vezes têm de ‘re-
preender, censurar, exortar’. A palavra grega traduzida ‘exortar’ (pa·ra-
ka·lé·o) pode significar “encorajar”. Uma palavra derivada, pa·rá·kle·tos,
pode se referir a um assistente legal ou advogado. Assim, mesmo quan-
do os anciãos dão repreensão firme, devem agir como ajudadores dos
que precisam de orientação espiritual.

18. De que os anciãos devem se lembrar ao dar conselhos bíblicos a


outros?
19. Que decisões os anciãos precisam tomar, e em que eles devem se
basear?
Os anciãos refletem a justiça de Jeová
quando encorajam os desanimados

20 Os anciãos administram a justiça divina ainda de outras

maneiras. Depois de predizer que eles serviriam “com jus-


tiça”, Isaías continuou: “Cada um deles será como abrigo
contra o vento, como esconderijo contra o temporal, como
correntes de água numa terra árida, como a sombra de um
enorme rochedo num deserto.” (Isaías 32:1, 2) Assim, os an-
ciãos se esforçam a ser fontes de consolo e revigoramento
para seus concrentes.
21 Hoje, com tantos problemas que tendem a causar desâ-

nimo, muitos precisam de encorajamento. Anciãos, o que


podem fazer para ajudar “os que estão deprimidos”? (1 Tes-
salonicenses 5:14) Escutem-nos com empatia. (Tiago 1:19)
Devido à ansiedade, talvez esses irmãos precisem desabafar
20, 21. (a) Os anciãos se esforçam a ser o quê, e por quê? (b) O que
os anciãos podem fazer para ajudar “os que estão deprimidos”?
“PRATIQUE A JUSTIÇA” AO ANDAR COM DEUS 167

Perguntas para Meditação


Deuteronômio 1:16, 17 O que Jeová exigia dos juízes em Israel
e o que os anciãos aprendem disso?
Jeremias 22:13-17 Jeová adverte contra que práticas injustas e
o que é essencial para imitarmos a justiça dele?
Mateus 7:2-5 Por que não devemos nos apressar em procurar
defeitos nos nossos concrentes?
Tiago 2:1-9 O que Jeová acha de se mostrar favoritismo e
como podemos aplicar esse conselho nos nossos tratos com
outros?

com alguém em quem confiam. (Provérbios 12:25) Assegu-


rem-lhes de que são queridos, valiosos e amados — tanto
por Jeová como pelos irmãos. (1 Pedro 1:22; 5:6, 7) Além
disso, orem com eles e a favor deles. É muito consolador ou-
vir um ancião orar de coração a nosso favor. (Tiago 5:14, 15)
Seus esforços amorosos de ajudar os deprimidos não passa-
rão despercebidos ao Deus de justiça.
22 Na verdade, quando imitamos a justiça de Jeová, nos

achegamos cada vez mais a ele. Quando defendemos suas


normas justas, participamos em transmitir as boas novas de
salvação a outros e procuramos nos concentrar nas boas
qualidades das pessoas, em vez de procurar seus defeitos,
estamos demonstrando justiça divina. Anciãos, quando vo-
cês protegem a pureza da congregação, dão conselhos bíbli-
cos edificantes, tomam decisões imparciais e encorajam os
desanimados, refletem a justiça divina. Como o coração de
Jeová deve ficar feliz quando ele olha desde os céus e ob-
serva que o seu povo procura, da melhor maneira possível,
‘praticar a justiça’ ao andar com seu Deus!
22. De que maneiras podemos imitar a justiça de Jeová, e com que
resultado?
S E Ç Ã O 3

“TEM CORAÇ ÃO SÁBIO”


A sabedoria genuína é um dos tesouros
mais preciosos que se pode desejar. Jeová
é a única Fonte dela. Nesta seção, vamos
analisar de perto a sabedoria ilimitada
de Jeová Deus. Sobre ele, o fiel Jó disse:
“Ele tem coração sábio.”
— Jó 9:4.
C A P Í T U L O 1 7

‘Como é profunda
a sabedoria de Deus!’
QUE pena! O sexto dia criativo de Deus havia atingido seu
ponto culminante com a criação da humanidade. Jeová dis-
sera, então, que “tudo o que tinha feito” — incluindo os hu-
manos — “era muito bom”. (Gênesis 1:31) Mas, no início do
sétimo dia, Adão e Eva decidiram se juntar à rebelião de Sa-
tanás. A raça humana de repente se viu atolada no pecado, na
imperfeição e na morte.
2 Talvez parecesse que o propósito de Jeová para o sétimo dia

havia sido irremediavelmente frustrado. Aquele dia, como os


seis que o precederam, duraria milhares de anos. Jeová o ha-
via declarado sagrado e, quando terminasse, a Terra inteira se-
ria um paraíso, habitado por uma família humana perfeita.
(Gênesis 1:28; 2:3) Mas, depois daquela rebelião catastrófica,
como isso se daria? O que Deus faria? Esse seria um grande
teste para a sabedoria de Jeová, talvez o teste decisivo.
3 Jeová tomou providências imediatas. Sentenciou os rebel-

des no Éden e, ao mesmo tempo, forneceu informações so-


bre algo maravilhoso: seu propósito de corrigir todos os
males que surgiriam em resultado daquela rebelião. (Gêne-
sis 3:15) O propósito de Jeová estende-se desde o Éden, pas-
sando por todos os milhares de anos da História humana e
avança para o futuro. É maravilhosamente simples, mas tão
profundo que um leitor da Bíblia poderia passar uma vida in-
teira estudando-o e meditando nele. Além disso, o propósi-
to de Jeová tem êxito garantido. Resultará no fim de toda a
1, 2. Qual era o propósito de Jeová para o sétimo dia, e como a sa-
bedoria divina foi posta à prova no início desse dia?
3, 4. (a) Por que a reação de Jeová à rebelião no Éden é um exem-
plo admirável de sua sabedoria? (b) À medida que estudarmos a
sabedoria de Jeová, de que não devemos nos esquecer?
170 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

maldade, pecado e morte. Levará a humanidade fiel à perfei-


ção. Tudo isso se dará antes do fim do sétimo dia, de modo
que, apesar de tudo, Jeová cumprirá seu propósito para a Ter-
ra e a humanidade bem dentro do cronograma.
4 Não fica admirado com essa demonstração de sabedoria?

O apóstolo Paulo sentiu-se motivado a escrever: ‘Como é


profunda a sabedoria de Deus!’ (Romanos 11:33) À medida
que estudarmos várias facetas dessa qualidade divina, não se
esqueça do seguinte: na melhor das hipóteses, só consegui-
remos arranhar a superfície da profunda sabedoria de Jeová.
( Jó 26:14) Mas, primeiro, vamos definir o que é essa qualida-
de admirável.
O que é a sabedoria divina?
5 Sabedoria não é a mesma coisa que conhecimento. Os
computadores podem armazenar enormes quantidades de
conhecimento, mas dificilmente alguém os consideraria má-
quinas sábias. Contudo, o conhecimento e a sabedoria estão
relacionados. (Provérbios 10:14) Por exemplo, se precisasse
de conselho sábio sobre um problema de saúde, consultaria
alguém com pouco ou sem nenhum conhecimento de medi-
cina? É pouco provável! De modo que o conhecimento exa-
to é essencial para a verdadeira sabedoria.
6 O conhecimento de Jeová é infinito. Como “Rei da eterni-

dade”, somente ele é eterno. (Apocalipse 15:3) E durante to-


das as incontáveis eras, ele sempre soube de tudo. A Bíblia
diz: “Não há criação que esteja escondida da vista dele, mas
todas as coisas estão nuas e abertamente expostas aos olhos
daquele a quem temos de prestar contas.” (Hebreus 4:13;
Provérbios 15:3) Como Criador, Jeová entende plenamente
tudo o que fez e tem observado as atividades humanas desde
o início. Ele examina o coração humano; nada lhe escapa.
(1 Crônicas 28:9) Visto que nos criou com livre-arbítrio, fica
5, 6. Qual é a relação entre conhecimento e sabedoria e qual é o al-
cance do conhecimento de Jeová?
‘COMO É PROFUNDA A SABEDORIA DE DEUS!’ 171

feliz quando nos vê fazer escolhas sábias na vida. Como “Ou-


vinte de oração”, ele escuta inúmeras expressões ao mesmo
tempo! (Salmo 65:2) E nem é preciso mencionar que a me-
mória de Jeová é perfeita.
7 Porém, Jeová tem mais do que conhecimento. Ele tam-

bém entende a inter-relação dos fatos e tem a visão geral dos


assuntos, levando em consideração incontáveis detalhes. Ele
avalia e julga, distinguindo entre o que é bom e o que é mau,
o importante e o trivial. Além disso, ele olha mais fundo;
examina o coração. (1 Samuel 16:7) Assim, Jeová tem enten-
dimento e discernimento, qualidades superiores ao conheci-
mento. Mas a sabedoria é superior a todas essas.
8 Sabedoria envolve usar, em conjunto, o conhecimento,

o discernimento e o entendimento, colocando-os em práti-


ca. De fato, algumas das palavras bíblicas originais traduzi-
das “sabedoria” literalmente significam “trabalho eficiente”
ou “sabedoria prática”. De modo que a sabedoria de Jeová
não é meramente teórica; é prática, funciona. Com base no
seu amplo conhecimento e profundo entendimento, o Cria-
dor sempre toma as melhores decisões possíveis e as exe-
cuta da melhor maneira imaginável. Isso é verdadeira sabe-
doria! Jeová demonstra a veracidade da declaração de Jesus:
“A sabedoria se prova justa pelas suas obras.” (Mateus 11:19)
As obras de Deus espalhadas pelo Universo dão poderoso tes-
temunho de sua sabedoria.

Indícios da sabedoria divina


9 Já ficou impressionado com o talento de um artesão
que, de forma habilidosa, produz objetos lindos que fun-
cionam bem? Esse é um tipo notável de sabedoria. (Êxodo
31:1-3) O próprio Jeová é a Fonte e o maior Detentor dessa
7, 8. Como Jeová demonstra entendimento, discernimento e sabe-
doria?
9, 10. (a) Que tipo de sabedoria Jeová demonstra e como? (b) Como
a célula dá indícios da sabedoria de Jeová?
172 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

sabedoria. Sobre ele, o Rei Davi disse: “Eu te louvo porque fui
feito maravilhosamente, de um modo espantoso. Tuas obras
são maravilhosas, eu sei disso muito bem.” (Salmo 139:14)
De fato, quanto mais aprendemos sobre o corpo humano,
mais nos maravilhamos da sabedoria de Jeová.
10 Para ilustrar: quando sua vida começou, você era uma úni-

ca célula — um óvulo de sua mãe, fertilizado por um esper-


matozoide do seu pai. Logo, aquela célula começou a se di-
vidir. Você, o produto final, tem uns 100 trilhões de células.
Elas são minúsculas. Na cabeça de um alfinete cabem cerca
de 10 mil células de tamanho médio. Mas cada uma delas é
uma criação tão complexa que nos deixa pasmados. A célula é
muito mais intrincada do que qualquer máquina ou fábrica
humana. Os cientistas comparam-na a uma cidade murada:
tem entradas e saídas vigiadas, sistema de transporte, rede de
comunicações, usinas de energia, fábricas, centrais de trata-
mento de lixo e reciclagem, órgãos de defesa e até uma espé-
cie de governo central no núcleo. Além disso, a célula pode
fazer uma cópia completa de si mesma em poucas horas!
11 Naturalmente, nem todas as células são iguais. À medida

que as células do embrião vão se dividindo, elas assumem


funções bem distintas. Algumas se tornarão células nervo-
sas; outras, células ósseas, musculares, sanguíneas ou ocula-
res. Toda essa diferenciação está programada no “arquivo” de
plantas genéticas da célula: o DNA. O interessante é que Davi
foi inspirado a dizer sobre Jeová: “Teus olhos até mesmo me
viram quando eu era um embrião; todas as partes dele esta-
vam escritas no teu livro.” — Salmo 139:16.
12 Alguns órgãos do corpo são extremamente complexos.

Um exemplo disso é o cérebro humano. Alguns o chamam


de o mais complexo objeto já descoberto no Universo. Con-
11, 12. (a) O que faz com que as células de um embrião em desen-
volvimento se diferenciem, e como isso se harmoniza com o Sal-
mo 139:16? (b) De que maneiras o cérebro humano mostra que nos-
so corpo foi “feito maravilhosamente”?
‘COMO É PROFUNDA A SABEDORIA DE DEUS!’ 173

tém cerca de 100 bilhões de células nervosas; nossa galáxia


tem talvez a mesma quantidade de estrelas. Cada uma des-
sas células se ramifica, estabelecendo milhares de conexões
com outras células. Os cientistas dizem que um cérebro hu-
mano poderia conter as informações de todas as bibliotecas
do mundo e que, de fato, talvez seja impossível medir sua ca-
pacidade de armazenamento. Já faz décadas que os cientistas
estudam esse órgão que foi “feito maravilhosamente”, mas
admitem que talvez nunca consigam entender totalmente
como ele funciona.
13 Os humanos, porém, são apenas um exemplo da sabedo-

ria criativa de Jeová. O Salmo 104:24 diz: “Quantas são as


tuas obras, ó Jeová! Fizeste todas elas com sabedoria. A ter-
ra está cheia dos teus trabalhos.” A sabedoria de Jeová é evi-
dente em todas as criações que nos rodeiam. As formigas, por
exemplo, são “instintivamente sábias”. (Provérbios 30:24)
Realmente, os formigueiros são muito bem organizados. Al-
gumas colônias de formigas criam “gado”: cuidam, abrigam
e se nutrem de insetos chamados afídeos. Há também for-
migas “agricultoras”, que cultivam “plantações” de fungos.
Muitas outras criaturas foram programadas com um instinto
que lhes permite fazer coisas notáveis. Uma mosca comum
realiza feitos aeronáuticos que nem as mais avançadas aero-
naves humanas são capazes de imitar. As aves migratórias se
guiam pelas estrelas, pelo campo magnético da Terra ou por
algum tipo de mapa interno. Os biólogos passam anos es-
tudando os comportamentos sofisticados que foram progra-
mados nessas criaturas. Como deve ser sábio, então, o Pro-
gramador divino!
14 Os cientistas já aprenderam muita coisa sobre a sabe-

doria criativa de Jeová. Existe até um ramo da engenharia,


13, 14. (a) Como as formigas e outras criaturas demonstram que
são “instintivamente sábias”, e o que isso nos ensina sobre o Criador
delas? (b) Por que podemos dizer que criações como a teia de aranha
foram feitas “com sabedoria”?
‘COMO É PROFUNDA A SABEDORIA DE DEUS!’ 175

chamado biomimética, que procura imitar os projetos en-


contrados na natureza. Por exemplo, talvez já tenha admira-
do a beleza de uma teia de aranha. Mas um engenheiro vê
nela um projeto espetacular. Alguns desses fios que parecem
tão frágeis são, proporcionalmente, mais resistentes do que o
aço, mais fortes do que as fibras usadas em coletes à prova de
bala. Uma comparação ajuda a entender como são resisten-
tes: imagine uma teia de aranha que fosse ampliada em es-
cala até ficar do tamanho de uma rede usada num barco de
pesca. Uma teia dessas proporções conseguiria apanhar um
avião de passageiros em pleno voo! De fato, Jeová fez todas as
coisas “com sabedoria”.
Sabedoria fora da Terra
15 A sabedoria de Jeová é evidente em suas obras espalhadas
por todo o Universo. As estrelas, que já analisamos um pou-
co no Capítulo 5, não estão espalhadas a esmo pelo espaço.
Em sabedoria, Jeová estabeleceu as “leis dos céus”, de modo
que o espaço está elegantemente organizado em galáxias es-
truturadas, agrupadas em aglomerados que, por sua vez, se
juntam para formar superaglomerados. ( Jó 38:33, A Bíblia de
Jerusalém) Não é de admirar que Jeová se refira aos corpos ce-
lestes como “exército”. (Isaías 40:26) Mas existe outro exérci-
to que comprova de modo ainda mais notável a sabedoria de
Jeová.
16 Como vimos no Capítulo 4, Deus tem o título de “Jeová

dos exércitos” devido à sua posição como Comandante Su-


premo de um vasto exército de centenas de milhões de
15, 16. (a) Os céus estrelados dão que evidência da sabedoria de
Jeová? (b) Como a posição de Jeová, de Comandante Supremo de in-
contáveis milhões de anjos, demonstra que ele é um administrador
sábio?

Quem programou as criaturas da Terra


de modo a serem “instintivamente sábias”?
176 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

criaturas espirituais. Isso evidencia o poder de Jeová. Mas


como a sabedoria está envolvida? Pense no seguinte: Jeová
e Jesus nunca ficam desocupados. ( João 5:17) A conclusão
lógica, portanto, é que os ministros angélicos do Altíssimo
também estão sempre atarefados. E lembre-se de que eles
são superiores aos humanos, superinteligentes e superpode-
rosos. (Hebreus 1:7; 2:7) Apesar disso, há bilhões de anos
Jeová mantém todos esses anjos ocupados, fazendo alegre-
mente trabalho significativo — cumprindo “a sua palavra” e
fazendo “a sua vontade”. (Salmo 103:20, 21) A sabedoria des-
se Administrador é de fato impressionante!
Jeová “é o único sábio”
17 Em vista desses indícios, é de admirar que a Bíblia afirme
que a sabedoria de Jeová é sem igual? Por exemplo, as Escri-
turas dizem que Jeová “é o único sábio”. (Romanos 16:27)
Somente Ele possui sabedoria no grau absoluto; é a Fonte de
toda a verdadeira sabedoria. (Provérbios 2:6) É por isso que
Jesus, embora fosse a mais sábia das criaturas de Jeová, não
confiava na própria sabedoria, mas falava o que o Pai havia
mandado. — João 12:48-50.
18 Note como o apóstolo Paulo descreveu a inigualável sabe-

doria de Jeová: “Como são profundas as riquezas, a sabedoria


e o conhecimento de Deus! Como são insondáveis os seus
julgamentos, e impenetráveis os seus caminhos!” (Romanos
11:33) Em grego, Paulo iniciou o versículo com uma palavra
que poderia ser traduzida como “Ó”, que revela forte emo-
ção — nesse caso, profunda reverência. O termo grego que
ele usou para “profundas” está diretamente relacionado com
a palavra para “abismo”. Podemos, assim, formar uma vívida
imagem mental. Quando refletimos na sabedoria de Jeová, é
como se olhássemos para dentro de um precipício aparente-
mente sem fundo, tão profundo e vasto que não podemos
17, 18. Por que a Bíblia diz que Jeová “é o único sábio”, e por que
sua sabedoria deve nos deixar abismados?
‘COMO É PROFUNDA A SABEDORIA DE DEUS!’ 177

Perguntas para Meditação


Jó 28:11-28 Qual é o valor da sabedoria divina? Que bom
resultado podemos obter se meditarmos nesse assunto?
Salmo 104:1-25 Como a sabedoria de Jeová se manifesta na
criação e que sentimentos isso produz em você?
Provérbios 3:19-26 Se meditarmos na sabedoria de Jeová e a
pusermos em prática, qual será o efeito na nossa vida diária?
Daniel 2:19-28 Por que Jeová é chamado de Revelador de se-
gredos? Como deveríamos reagir à sabedoria profética encon-
trada na sua Palavra?

sequer imaginar sua imensidão — que dirá avaliar todos os


seus detalhes! (Salmo 92:5) Não nos sentimos humildes ao
pensar nisso?
19 Jeová “é o único sábio” também em outro sentido: so-

mente ele é capaz de ver o futuro. Lembre-se de que Jeová


usa a águia como símbolo da sabedoria divina. Uma águia-
real pesa apenas uns cinco quilos, mas seus olhos são maio-
res do que os de um homem adulto. Sua visão é incrivel-
mente aguçada, permitindo que ela localize pequenas presas
mesmo quando está voando a centenas de metros — ou tal-
vez até a quilômetros — do chão! O próprio Jeová certa vez
disse o seguinte sobre a águia: “Seus olhos enxergam longe.”
( Jó 39:29) De modo similar, Jeová pode olhar para “longe”
no tempo — para o futuro!
20 A Bíblia tem muitas provas de que isso é verdade: cen-

tenas de profecias, ou seja, História escrita previamente. En-


tre as predições encontradas nas Escrituras estão o resultado
de guerras, a ascensão e a queda de potências mundiais e até
estratégias de batalha específicas que seriam usadas por co-
mandantes militares. Algumas dessas foram proferidas com
19, 20. (a) Por que a águia é um símbolo apropriado da sabedoria
divina? (b) Como Jeová demonstrou sua habilidade de ver o futuro?
178 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

centenas de anos de antecedência. — Isaías 44:25–45:4; Da-


niel 8:2-8, 20-22.
21 Significa isso, porém, que Deus já previu as escolhas que

você fará na vida? Aqueles que pregam a doutrina da predes-


tinação insistem em dizer que a resposta é Sim. Mas esse con-
ceito na verdade rebaixa a sabedoria de Jeová, porque dá a en-
tender que ele é incapaz de controlar sua habilidade de ver o
futuro. Para ilustrar: digamos que sua voz fosse de uma bele-
za sem igual. Quer dizer, então, que você não teria escolha a
não ser cantar dia e noite? Isso seria um absurdo! De modo
similar, Jeová tem a habilidade de predizer o futuro, mas ele
não a usa o tempo todo. Se fizesse isso, estaria infringindo
nosso livre-arbítrio, uma dádiva preciosa que Jeová nunca re-
vogará. — Deuteronômio 30:19, 20.
22 O pior é que a ideia da predestinação sugere que a sabedo-

ria de Jeová é fria, desamorosa, insensível ou sem compaixão.


Mas isso não é verdade. A Bíblia ensina que Jeová “tem cora-
ção sábio”. ( Jó 9:4) Não que ele tenha um coração literal, mas
a Bíblia muitas vezes usa esse termo com relação àquilo que a
pessoa tem no íntimo, incluindo suas motivações e sentimen-
tos, como o amor. Assim, a sabedoria de Jeová, como suas ou-
tras qualidades, é guiada pelo amor. — 1 João 4:8.
23 Naturalmente, a sabedoria de Jeová é perfeitamente con-

fiável. É tão superior à nossa sabedoria que a Palavra de Deus


nos incentiva amorosamente: “Confie em Jeová de todo o
seu coração; não confie no seu próprio entendimento. Lem-
bre-se dele em todos os seus caminhos, e ele endireitará as
suas veredas.” (Provérbios 3:5, 6) Vamos agora analisar com
cuidado a sabedoria de Jeová para que possamos nos achegar
mais ao nosso Deus totalmente sábio.
21, 22. (a) Por que não existe base para concluir que Jeová previu
todas as escolhas que você fará na vida? Ilustre isso. (b) Como sabe-
mos que a sabedoria de Jeová não é fria e insensível?
23. A superioridade da sabedoria de Jeová deve nos motivar a fazer
o quê?
C A P Í T U L O 1 8

Sabedoria encontrada na
‘Palavra de Deus’
LEMBRA-SE da última vez que recebeu uma carta de uma pes-
soa querida, de bem longe? Poucas coisas nos deixam mais
contentes do que isso. Ficamos felizes de saber de seu bem-
estar, o que tem feito e quais são seus planos. Assim, nos sen-
timos mais achegados ao remetente da carta, embora fisica-
mente ele talvez esteja longe.
2 O que, então, poderia nos dar mais prazer do que receber

uma mensagem escrita do Deus que amamos? Jeová, em cer-


to sentido, nos escreveu uma “carta”: sua Palavra, a Bíblia.
Nela, ele nos conta quem é, o que fez, o que vai fazer e muito
mais. Jeová nos deu sua Palavra porque deseja que nos ache-
guemos a ele. Nosso Deus sábio escolheu o melhor método
possível para se comunicar conosco. O modo em que a Bí-
blia foi escrita e o seu conteúdo revelam sabedoria incompa-
rável.
Por que uma mensagem escrita?
3 Alguns se perguntam: ‘Por que Jeová não usou um méto-
do mais chamativo — como, por exemplo, uma voz ressoando
desde o céu — para se comunicar com o homem?’ Para falar
a verdade, em algumas ocasiões Jeová se comunicou mesmo
desde o céu por meio de representantes angélicos. Fez isso, por
exemplo, quando deu a Lei a Israel. (Gálatas 3:19) A voz que
ressoou do céu foi assombrosa — tanto que os israelitas apavo-
rados pediram que Jeová não falasse com eles dessa maneira,
mas que se comunicasse por meio de Moisés. (Êxodo 20:18-
20) Assim, a Lei, que consistia em uns 600 estatutos, foi dita-
da a Moisés palavra por palavra.
1, 2. Que “carta” Jeová nos escreveu e por quê?
3. De que modo Jeová transmitiu a Lei a Moisés?
SABEDORIA ENCONTRADA NA ‘PALAVRA DE DEUS’ 181

4 Mas o que provavelmente teria acontecido se aquela Lei


nunca tivesse sido colocada por escrito? Acha que Moisés te-
ria se lembrado de todas as palavras daquele código detalha-
do e as transmitido com exatidão para o restante da nação? E
as gerações posteriores? Teriam de se basear apenas em relatos
orais? Esse não seria um método muito confiável de se trans-
mitir as leis de Deus. Possivelmente você já brincou de telefo-
ne sem fio, um jogo em que a primeira pessoa de uma fila diz
uma frase no ouvido de quem está ao seu lado e assim suces-
sivamente até chegar ao fim da fila. Quando a última pessoa
diz o que entendeu, em geral trata-se de algo bem diferente do
original. A Lei de Deus não correu o perigo de ser deturpada
da mesma maneira. Por quê?
5 Porque, sabiamente, Jeová decidiu que suas palavras fos-

sem escritas. Ele instruiu a Moisés: “Você deve escrever es-


sas palavras, porque de acordo com essas palavras faço um
pacto com você e com Israel.” (Êxodo 34:27) Assim, em
1513 AEC, começou o período de escrita da Bíblia. Durante
os 1.610 anos que se seguiram, Jeová “falou . . . em muitas
ocasiões e de muitos modos” com os cerca de 40 humanos
que escreveram a Bíblia. (Hebreus 1:1) Durante esse mesmo
período, copistas dedicados cuidadosamente produziram có-
pias exatas das Escrituras, a fim de preservá-las. — Esdras 7:6;
Salmo 45:1.
6 Sem dúvida, para nós é uma grande bênção o fato de Jeová

se comunicar conosco por escrito. Já recebeu uma carta tão es-


pecial — talvez porque o consolou numa hora em que você
precisava — que você a guardou e releu vez após vez? Isso
se dá com a “carta” de Jeová para nós. Visto que ele pôs suas
4. Explique por que a transmissão oral não seria um método confiá-
vel de preservar as leis de Deus.
5, 6. Jeová instruiu Moisés a fazer o que com Suas palavras, e por
que é uma bênção para nós o fato de termos a Palavra de Jeová por
escrito?

“Toda a Escritura é inspirada por Deus”


182 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

palavras por escrito, podemos lê-las regularmente e meditar


no que dizem. (Salmo 1:2) Podemos ter o “consolo das Escri-
turas” sempre que precisamos. — Romanos 15:4.

Por que usou escritores humanos?


7 Numa demonstração de sabedoria, Jeová usou humanos
para escrever sua Palavra. Imagine: se Jeová tivesse usado an-
jos para escrever a Bíblia, será que ela seria tão fascinante? É
verdade que os anjos poderiam ter descrito a Jeová do ângu-
lo da sua posição privilegiada, expressado sua devoção a Ele e
contado a história de fiéis servos humanos de Deus. Mas será
que nos identificaríamos com o ponto de vista de criaturas es-
pirituais perfeitas, cujo conhecimento, experiência e força são
muito superiores aos nossos? — Hebreus 2:6, 7.
8 Ao usar homens como escritores, Jeová nos deu exatamen-

te o que precisávamos: um registro ‘inspirado por Deus’, mas


que ainda assim é profundamente humano. (2 Timóteo 3:16)
Como conseguiu essa façanha? Em muitos casos, ele eviden-
temente permitiu que os escritores usassem suas faculdades
mentais para escolher “palavras agradáveis e registrar com exa-
tidão palavras de verdade”. (Eclesiastes 12:10, 11) Isso expli-
ca a diversidade de estilos encontrados na Bíblia; os escritos
refletem a formação e a personalidade de cada escritor.1 Mas
esses homens “falaram da parte de Deus conforme eram
movidos por espírito santo”. (2 Pedro 1:21) De modo que o
produto final é, de fato, “a palavra de Deus”. — 1 Tessalonicen-
ses 2:13.
1 Por exemplo, Davi, que havia sido pastor, empregou exemplos ti-
rados da vida no campo. (Salmo 23) Mateus, um ex-cobrador de im-
postos, fez várias referências a números e valores monetários. (Mateus
17:27; 26:15; 27:3) O médico Lucas usou palavras que refletiam sua for-
mação. — Lucas 4:38; 14:2; 16:20.

7. Por que podemos dizer que foi uma expressão da sabedoria de


Jeová usar ele humanos para escrever a Bíblia?
8. Até que ponto os escritores bíblicos tiveram permissão de usar suas
faculdades mentais? (Veja também a nota.)
SABEDORIA ENCONTRADA NA ‘PALAVRA DE DEUS’ 183

9 Por que a leitura da Bíblia tem um impacto emocional tão


forte sobre nós? Porque seus escritores eram homens com sen-
timentos iguais aos nossos. Sendo imperfeitos, enfrentaram
provações e pressões semelhantes às nossas. Em alguns casos,
o espírito de Jeová os inspirou a escrever, na primeira pessoa,
sobre seus sentimentos e dificuldades pessoais, algo que ne-
nhum anjo poderia ter feito. — 2 Coríntios 12:7-10.
10 Veja o exemplo do Rei Davi, de Israel. Depois de cometer vá-

rios erros graves, ele compôs um salmo em que abria seu cora-
ção, implorando o perdão de Deus. Escreveu: “Purifica-me do
meu pecado. Pois eu tenho consciência das minhas transgres-
sões, e o meu pecado está sempre diante de mim. Na verdade, já
nasci culpado de erro, e minha mãe me concebeu em pecado.
Não me expulses da tua presença; e não tires de mim o teu espíri-
to santo. Os sacrifícios que agradam a Deus são um espírito que-
brantado; um coração quebrantado e esmagado, ó Deus, não re-
jeitarás.” (Salmo 51:2, 3, 5, 11, 17) Dá para sentir a angústia do
escritor nessas palavras, não é verdade? Quem, além de um ho-
mem imperfeito, poderia expressar sentimentos tão sinceros?

Por que um livro sobre pessoas?


11 Há mais uma coisa que torna a Bíblia fascinante. Na maior
parte, trata-se de um livro sobre pessoas reais que serviram,
ou não, a Deus. Lemos sobre o que passaram na vida, suas di-
ficuldades e alegrias. Aprendemos sobre o resultado das esco-
lhas que fizeram. Esses relatos foram incluídos na Bíblia “para
a nossa instrução”. (Romanos 15:4) Por meio desses casos da
vida real, Jeová nos ensina de uma maneira que toca o cora-
ção. Veja alguns exemplos.
12 A Bíblia relata o que aconteceu com os infiéis ou perversos.

9, 10. Por que o fato de Deus ter usado escritores humanos faz com
que a Bíblia tenha maior impacto emocional sobre nós?
11. Por que se pode dizer que os casos da vida real incluídos na Bí-
blia são “para a nossa instrução”?
12. De que maneira os relatos bíblicos sobre humanos infiéis são de
ajuda para nós?
184 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Nesses relatos, vemos qualidades indesejáveis em ação, o que


torna mais fácil entendê-las. Por exemplo, consegue pensar
em uma maneira melhor de condenar a deslealdade do que
descrever o exemplo de Judas ao executar sua conspiração trai-
çoeira contra Jesus? (Mateus 26:14-16, 46-50; 27:3-10) Relatos
como esse tocam mais eficazmente o nosso coração, ajudan-
do-nos a identificar e rejeitar características ruins.
13 A Bíblia também descreve muitos servos fiéis de Deus.

Lemos sobre sua devoção e lealdade. Podemos observar na


prática as qualidades que temos de cultivar a fim de nos ache-
garmos a Deus. Veja o caso da fé. A Bíblia traz a definição dela
e nos diz que ela é essencial para agradarmos a Deus. (He-
breus 11:1, 6) Mas as Escrituras também contêm exemplos sig-
nificativos de fé em ação. Pense na fé que Abraão demonstrou
quando tentou oferecer Isaque. (Gênesis, capítulo 22; Hebreus
11:17-19) Relatos como esse fazem com que a palavra “fé” as-
suma um sentido totalmente novo e tornam mais fácil enten-
dê-la. Como foi sábio da parte de Jeová não só nos incentivar
a cultivar qualidades desejáveis, mas também nos dar exem-
plos delas em ação!
14 Os relatos da vida real, encontrados na Bíblia, muitas vezes

nos ensinam algo a respeito do tipo de pessoa que Jeová é. Um


exemplo é o caso duma mulher que Jesus observou no tem-
plo. Enquanto estava sentado perto dos cofres do tesouro, Je-
sus observava as pessoas colocando suas contribuições. Mui-
tos ricos vinham e davam “do que lhes sobrava”. Mas Jesus
se concentrou numa viúva humilde. Sua dádiva foi “duas pe-
quenas moedas de pouquíssimo valor”.1 Era o último dinhei-
1 Cada moeda dessas era um lépton, a menor moeda judaica em cir-
culação naquele tempo. Dois léptons equivaliam a 1/64 do salário de
um dia. Essas duas moedinhas não eram suficientes nem para comprar
um único pardal, a ave mais barata usada como alimento pelos pobres.

13. De que maneira a Bíblia nos ajuda a entender qualidades desejá-


veis?
14, 15. O que a Bíblia nos diz sobre uma mulher que compareceu
ao templo e o que esse relato nos ensina sobre Jeová?
SABEDORIA ENCONTRADA NA ‘PALAVRA DE DEUS’ 185

rinho que ela possuía. Jesus, que refletia com perfeição o con-
ceito de Jeová sobre os assuntos, disse: “Esta viúva pobre pôs
nos cofres do tesouro mais do que todos os outros.” Segundo
essas palavras, ela contribuiu mais do que todos os outros jun-
tos. — Marcos 12:41-44; Lucas 21:1-4; João 8:28.
15 Não é significativo que, de todas as pessoas que compare-

ceram ao templo naquele dia, essa viúva tenha sido escolhida


para ser mencionada na Bíblia? Por meio desse exemplo, Jeová
nos ensina que ele é um Deus apreciativo. Ele fica contente de
receber nossas dádivas de toda a alma, não importa o valor de-
las em comparação com o que outros possam dar. Jeová não
poderia ter achado uma maneira melhor de nos ensinar essa
verdade comovente!

O que a Bíblia não contém


16 Quando resolve escrever uma carta para um amigo ou pa-
rente, você tem de usar de bom-senso e decidir o que vai in-
cluir nela; ela precisa ter um limite. De modo similar, Jeová
decidiu mencionar determinadas pessoas ou acontecimentos
na sua Palavra. Mas a Bíblia nem sempre dá todos os detalhes
desses relatos descritivos. ( João 21:25) Por exemplo, quando
se mencionam os julgamentos de Deus, nem sempre as infor-
mações fornecidas na Bíblia são suficientes para responder a
todas as perguntas que possamos ter. A sabedoria de Jeová fica
evidente até naquilo que ele decidiu não incluir na sua Pala-
vra. Como assim?
17 O modo em que a Bíblia foi escrita serve para testar o que

temos no coração. Hebreus 4:12 diz: “A palavra [ou, mensa-


gem] de Deus é viva e exerce poder, e é mais afiada do que
qualquer espada de dois gumes, e penetra a ponto de fazer di-
visão entre a alma e o espírito . . . e é capaz de discernir os
pensamentos e as intenções do coração.” A mensagem da Bí-
blia penetra fundo, revelando nossos verdadeiros raciocínios e
16, 17. Como se pode observar a sabedoria de Jeová até naquilo que
ele decidiu não incluir na sua Palavra?
186 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

motivações. Aqueles que a leem com olho crítico muitas ve-


zes ficam perplexos, porque se deparam com relatos que não
contêm todas as informações que os satisfariam. Essas pessoas
talvez até questionem se, de fato, Jeová é amoroso, sábio e
justo.
18 Em contraste, quando estudamos cuidadosamente a Bí-

blia com coração sincero, passamos a conhecer a Jeová no


contexto em que a sua Palavra o apresenta. Assim, não fi-
camos perturbados se determinado relato levanta algumas
questões para as quais não encontramos respostas imediatas.
Para ilustrar: se estiver montando um grande quebra-cabe-
ça, talvez de início você não consiga encontrar determinada
peça ou não entenda como uma peça se encaixa. Mas talvez
já tenha juntado peças suficientes para entender qual é a apa-
rência geral do quadro. De modo similar, quando estudamos
a Bíblia, pouco a pouco aprendemos sobre o tipo de Deus
que Jeová é e formamos um quadro mental dele. Mesmo
que, de início, não entendamos certo relato nem percebamos
como ele se encaixa na personalidade do Criador, nosso estu-
do da Bíblia já nos ensinou mais do que o suficiente sobre
Jeová para sabermos que ele é um Deus infalivelmente amo-
roso, imparcial e justo.
19 Assim, para entender a Palavra de Deus, devemos lê-la

e estudá-la com coração sincero e mente aberta. Não é essa


uma evidência da grande sabedoria de Jeová? Homens inte-
ligentes são capazes de escrever livros que somente os ‘sábios
e os intelectuais’ conseguem entender. Mas para escrever um
livro que só pode ser entendido por aqueles que têm a cor-
reta motivação de coração é preciso sabedoria divina! — Ma-
teus 11:25.
18, 19. (a) Por que não devemos nos sentir perturbados se determi-
nado relato bíblico levantar questões para as quais não encontra-
mos respostas imediatas? (b) O que é preciso para entender a Pala-
vra de Deus, e como isso é uma evidência da grande sabedoria de
Jeová?
SABEDORIA ENCONTRADA NA ‘PALAVRA DE DEUS’ 187

Um livro de “sabedoria prática”


20 Na sua Palavra, Jeová nos ensina qual é o melhor modo
de vida. Como nosso Criador, ele conhece nossas necessidades
melhor do que nós mesmos. E as necessidades humanas bá-
sicas — incluindo o desejo de ser amado e feliz, e de ter rela-
cionamentos bem-sucedidos — ainda são as mesmas. A Bíblia
contém muita “sabedoria prática” que pode nos ajudar a ter
uma vida significativa. (Provérbios 2:7) Cada seção deste livro
contém um capítulo que mostra como aplicar o conselho sá-
bio da Bíblia, mas vejamos só um exemplo.
21 Já notou que as pessoas que guardam rancor ou ressenti-

mento muitas vezes acabam magoando a si mesmas? O res-


sentimento é um fardo muito pesado para carregar. Quando o
nutrimos, ele absorve os pensamentos, tira nossa paz e sufo-
ca a alegria. Estudos científicos indicam que alimentar a raiva
pode aumentar o risco de doenças cardíacas e muitas outras
doenças crônicas. Bem antes desses estudos científicos, po-
rém, a Bíblia já dizia sabiamente: “Deixe a ira e abandone o fu-
ror.” (Salmo 37:8) Mas como podemos fazer isso?
22 A Palavra de Deus dá o seguinte conselho prudente:

“A perspicácia do homem faz com que ele não se ire facilmen-


te, e é bonito da sua parte deixar passar a ofensa.” (Provérbios
19:11) Perspicácia é a habilidade de ver abaixo da superfície, de
ver além do óbvio. A perspicácia resulta em compreensão, por-
que nos ajuda a discernir por que a outra pessoa falou ou agiu
de determinada maneira. Se nos esforçarmos a entender suas
verdadeiras motivações, sentimentos e circunstâncias, isso nos
ajudará a deixar de lado pensamentos e sentimentos negativos
para com ela.
23 A Bíblia traz outro conselho: “Continuem a suportar

uns aos outros e a perdoar uns aos outros liberalmente.”


20. Por que somente Jeová pode nos dizer qual é o melhor modo de
vida, e o que a Bíblia contém que pode nos ajudar?
21-23. Que conselhos sábios nos ajudam a não alimentar a raiva nem
guardar ressentimento?
188 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Perguntas para Meditação


Provérbios 2:1-6 Que esforço é necessário para obtermos a sa-
bedoria encontrada na Palavra de Deus?
Provérbios 2:10-22 De que benefício será vivermos em harmo-
nia com os conselhos sábios da Bíblia?
Romanos 7:15-25 Como esse trecho da Bíblia ilustra a sabedo-
ria de se terem usado homens para escrever a Palavra de Deus?
1 Coríntios 10:6-12 O que podemos aprender dos exemplos de
aviso, envolvendo Israel, que encontramos na Bíblia?

(Colossenses 3:13) A expressão “continuem a suportar uns


aos outros” indica que se deve ter paciência, tolerando al-
gumas características das outras pessoas que talvez achemos
irritantes. Essa longanimidade nos ajudará a evitar guardar
rancor por coisinhas sem importância. “Perdoar” transmite
a ideia de cessar de ter ressentimento. Nosso Deus sabe que
precisamos perdoar outros quando há base sólida para isso.
Não se trata de algo proveitoso apenas para a outra pessoa,
mas também preserva nossa própria paz mental e de coração.
(Lucas 17:3, 4) Quanta sabedoria encontramos na Palavra de
Deus!
24 Devido ao seu amor ilimitado, Jeová quis se comunicar co-

nosco. Ele escolheu o melhor método possível: uma “carta”


escrita por homens sob a orientação do espírito santo. Em re-
sultado disso, encontramos nas páginas dela a sabedoria do
próprio Jeová. Trata-se de sabedoria ‘muito confiável’. (Salmo
93:5) Quando harmonizamos nossa vida com ela e a transmi-
timos a outros, nos achegamos naturalmente ao nosso Deus
sábio. No próximo capítulo, analisaremos outro exemplo no-
tável da sabedoria de Jeová: sua habilidade de prever o futuro
e de cumprir seus propósitos.
24. Qual é o resultado quando harmonizamos nossa vida com a
sabedoria divina?
C A P Í T U L O 1 9

“Sabedoria de Deus expressa


em segredo sagrado”
SEGREDOS! Por que é tão difícil guardá-los? Talvez tenha
algo que ver com sua aura de mistério que nos deixa intriga-
dos e fascinados. Mas a Bíblia diz: “A glória de Deus é man-
ter um assunto em segredo.” (Provérbios 25:2) De modo que,
como Governante Supremo e Criador, Jeová mantém algu-
mas coisas em segredo até que chegue o Seu tempo devido
para revelá-las à humanidade.
2 Mas há um segredo fascinante e intrigante que Jeová reve-

lou na sua Palavra. É chamado de ‘o segredo sagrado da von-


tade de Deus’. (Efésios 1:9) Se o conhecermos, além de satis-
fazer a curiosidade, nos candidataremos a obter a salvação e
entenderemos um pouco mais a imensurável sabedoria de
Jeová.

Revelado progressivamente
3 Quando Adão e Eva pecaram, talvez parecesse que o pro-
pósito de Jeová de ter um paraíso na Terra, povoado por
humanos perfeitos, havia sido frustrado. Mas Deus imedia-
tamente atacou o problema. Ele disse: “Porei inimizade entre
você [a serpente] e a mulher, e entre o seu descendente e o
descendente dela. Ele esmagará a sua cabeça, e você ferirá o
calcanhar dele.” — Gênesis 3:15.
4 Que palavras intrigantes e misteriosas! Quem era a mu-

lher? a serpente? e o “descendente” que esmagaria a ca-


beça da serpente? O casal infiel (Adão e Eva) não tinha
como saber. Mas as palavras de Deus dariam esperança aos
1, 2. Que “segredo sagrado” deve nos interessar e por quê?
3, 4. De que maneira a profecia de Gênesis 3:15 dava esperança, mas
que mistério, ou “segredo sagrado”, ela englobava?
“SABEDORIA DE DEUS EXPRESSA EM SEGREDO SAGRADO” 191

descendentes deles que se mostrassem fiéis. A justiça haveria


de triunfar. O propósito de Jeová seria realizado. Mas como?
Ah! Isso era um mistério. A Bíblia o chama de “sabedoria de
Deus expressa em segredo sagrado, a sabedoria escondida”.
— 1 Coríntios 2:7.
5 Como “Deus que revela segredos”, Jeová com o tempo

divulgaria detalhes pertinentes sobre o desfecho desse segre-


do. (Daniel 2:28) Mas faria isso gradativamente, aos poucos.
Para ilustrar, pense na resposta que um pai amoroso dá quan-
do o filhinho pergunta: “Pai, de onde eu vim?” Se for sensa-
to, o pai só dará as informações que o menino tem condições
de entender. À medida que ele for crescendo, o pai explica-
rá mais detalhes. De modo similar, Jeová determina quando
seu povo está preparado para receber revelações adicionais
de sua vontade e propósito. — Provérbios 4:18; Daniel 12:4.
6 Como Jeová fez essas revelações? Ele usou uma série de

pactos, ou contratos, que revelavam muitos detalhes. Possi-


velmente você já assinou um contrato: ao comprar uma casa,
ao fazer um empréstimo ou ao emprestar dinheiro a alguém.
Um contrato é uma garantia legal de que os termos dum
acordo serão cumpridos. Mas por que Jeová precisava fazer
pactos, ou contratos, formais com o homem? Naturalmente,
Sua palavra é garantia suficiente de que ele cumprirá Suas
promessas. Mesmo assim, em várias ocasiões, Deus bondosa-
mente reforçou a validade da sua palavra fazendo contratos
legais. Esses acordos invioláveis dão a nós, humanos imper-
feitos, uma base ainda mais sólida para confiar nas promes-
sas de Jeová. — Hebreus 6:16-18.
5. Ilustre por que Jeová revelou seu segredo aos poucos.
6. (a) Para que serve um pacto, ou contrato? (b) Por que é notável
que Jeová faça pactos com humanos?

“Multiplicarei o seu descendente


como as estrelas dos céus”
192 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

O pacto com Abraão


7 Mais de 2 mil anos depois de o homem ter sido expul-
so do Paraíso, Jeová disse a seu servo fiel Abraão: “Certa-
mente multiplicarei o seu descendente como as estrelas dos
céus . . . e todas as nações da terra obterão para si uma bênção
por meio do seu descendente, porque você escutou a minha
voz.” (Gênesis 22:17, 18) Isso não era apenas uma promessa;
Jeová formulou-a como um pacto legal e confirmou-a com
um juramento imutável. (Gênesis 17:1, 2; Hebreus 6:13-15)
Que fato notável! O Soberano Senhor fez um contrato para
abençoar a humanidade.
8 O pacto abraâmico revelou que o descendente prometido

viria como humano, pois descenderia de Abraão. Mas quem


seria? Com o tempo Jeová revelou que, dos filhos de Abraão,
Isaque seria antepassado do descendente. Entre os dois filhos
de Isaque, Jacó foi escolhido. (Gênesis 21:12; 28:13, 14) Mais
tarde, Jacó disse as seguintes palavras proféticas a respeito de
um de seus 12 filhos: “O cetro não se afastará de Judá, nem
o bastão de governante de entre os seus pés, até que venha
Siló [ou, “aquele a quem pertence”, nota], e a ele pertencerá
a obediência dos povos.” (Gênesis 49:10) A partir daí, soube-
se que o descendente seria um rei e que Judá seria seu an-
cestral.
O pacto com Israel
9 Em 1513 AEC, Jeová concluiu um pacto com os descen-
dentes de Abraão, a nação de Israel. Isso preparou o caminho
para novas revelações a respeito do segredo sagrado. Embo-
ra não esteja mais em vigor hoje, o pacto da Lei mosaica era
7, 8. (a) Que pacto Jeová fez com Abraão, esclarecendo o que a res-
peito do segredo sagrado? (b) Como Jeová aos poucos foi dando de-
talhes mais específicos sobre a linhagem do descendente prometido?
9, 10. (a) Que pacto Jeová fez com a nação de Israel e que proteção
esse pacto oferecia? (b) Como a Lei demonstrou que a humanidade
precisava do resgate?
“SABEDORIA DE DEUS EXPRESSA EM SEGREDO SAGRADO” 193

parte essencial do propósito de Jeová de produzir o descen-


dente prometido. Como? De três modos. Primeiro, a Lei era
como um muro de proteção. (Efésios 2:14) Seus estatutos jus-
tos serviam como barreira entre judeus e gentios. Assim, aju-
dou a preservar a linhagem do descendente prometido. Em
grande parte por causa dessa proteção, a nação de Israel ain-
da existia quando chegou o tempo devido de Deus para que
o Messias nascesse na tribo de Judá.
10 Segundo, a Lei, que era perfeita, demonstrou que a hu-

manidade precisava mesmo do resgate, pois o homem im-


perfeito era incapaz de cumprir todos os seus requisitos. As-
sim, ela serviu para “tornar conhecidas as transgressões, até
que chegasse o descendente a quem a promessa havia sido
feita”. (Gálatas 3:19) Por meio de sacrifícios de animais, a
Lei oferecia expiação provisória dos pecados. Mas visto que,
como Paulo escreveu, “não é possível que o sangue de tou-
ros e de bodes tire pecados”, essas ofertas só prefiguravam
o sacrifício de resgate de Cristo. (Hebreus 10:1-4) De modo
que, para os judeus fiéis, aquele pacto se tornou um “tutor,
conduzindo a Cristo”. — Gálatas 3:24.
11 Terceiro, o pacto da Lei deu à nação de Israel uma pers-

pectiva maravilhosa: tornar-se “um reino de sacerdotes e


uma nação santa”. Mas Jeová lhes disse que isso só acontece-
ria se eles fossem fiéis àquele contrato. (Êxodo 19:5, 6) E, de
fato, com o tempo, o Israel carnal acabou fornecendo os pri-
meiros membros de um reino celestial de sacerdotes. Mas,
como um todo, aquela nação se rebelou contra o pacto da
Lei, rejeitou o descendente messiânico e perdeu essa oportu-
nidade. Quem, então, completaria o reino de sacerdotes? E
que relação teria aquela nação abençoada com o descenden-
te prometido? Esses aspectos do segredo sagrado seriam re-
velados no tempo devido de Deus.
11. Que perspectiva maravilhosa o pacto da Lei oferecia a Israel, mas
por que a nação como um todo perdeu essa oportunidade?
194 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

O pacto davídico do Reino


12 No século 11 AEC, Jeová esclareceu mais detalhes sobre o
segredo sagrado quando fez outro pacto. Ele prometeu ao fiel
Rei Davi: “Farei surgir o seu descendente, . . . e estabelecerei
firmemente o reino dele. . . . Eu estabelecerei firmemente o
trono do seu reino para sempre.” (2 Samuel 7:12, 13; Salmo
89:3) Com isso, a linhagem do descendente prometido fica-
va restrita à família de Davi. Mas será que um simples gover-
nante humano poderia reinar “para sempre”? (Salmo 89:20,
29, 34-36) E poderia esse rei humano resgatar a humanida-
de do pecado e da morte?
13 Sob inspiração, Davi escreveu: “Jeová declarou ao meu

Senhor: ‘Sente-se à minha direita, até que eu ponha os seus


inimigos debaixo dos seus pés.’ Jeová fez um juramento, e
não voltará atrás: ‘Você é sacerdote para sempre à maneira
de Melquisedeque!’ ” (Salmo 110:1, 4) As palavras de Davi se
aplicavam diretamente ao descendente prometido, ou Mes-
sias. (Atos 2:35, 36) Esse Rei governaria, não em Jerusalém,
mas desde os céus, à “direita” de Jeová. Isso lhe daria auto-
ridade não só sobre o território de Israel, mas sobre toda a
Terra. (Salmo 2:6-8) Mais um detalhe foi revelado naquela
declaração. Note que Jeová fez o juramento solene de que o
Messias seria “sacerdote . . . à maneira de Melquisedeque”
— um rei-sacerdote que viveu nos dias de Abraão. Como Mel-
quisedeque, o vindouro descendente seria designado direta-
mente por Deus para ser Rei e Sacerdote! — Gênesis 14:17-20.
14 Ao longo dos anos, Jeová usou seus profetas para fazer

revelações adicionais sobre o segredo sagrado. Por exemplo,


Isaías revelou que o descendente teria uma morte sacrificial.
(Isaías 53:3-12) Miqueias profetizou o lugar em que o Mes-
12. Que pacto Jeová fez com Davi e que detalhe sobre o segredo sa-
grado isso ajudou a esclarecer?
13, 14. (a) Segundo o Salmo 110, que promessa Jeová fez ao seu Rei
ungido? (b) Que revelações adicionais a respeito do vindouro descen-
dente foram feitas por meio dos profetas de Jeová?
“SABEDORIA DE DEUS EXPRESSA EM SEGREDO SAGRADO” 195

sias nasceria. (Miqueias 5:2) E Daniel predisse até o tempo


exato do aparecimento do descendente e de sua morte. — Da-
niel 9:24-27.
Revelado o segredo sagrado!
15 Como essas profecias se cumpririam continuou a ser um
mistério até que o descendente finalmente apareceu. Gálatas
4:4 diz: “Quando se completou o tempo, Deus enviou o seu
Filho, que nasceu de uma mulher.” No ano 2 AEC, um anjo
disse a uma virgem judia chamada Maria: “Agora você ficará
grávida e dará à luz um filho, e deve lhe dar o nome de Jesus.
Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo, e Jeová
Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai . . . Espírito santo virá
sobre você e poder do Altíssimo a cobrirá com a sua sombra.
E, por essa razão, aquele que nascer será chamado santo, Fi-
lho de Deus.” — Lucas 1:31, 32, 35.
16 Depois, Jeová transferiu a vida de seu Filho do céu para o

útero de Maria, de modo que ele nasceu duma mulher im-


perfeita. Mas Jesus não herdou a imperfeição dela porque era
“Filho de Deus”. No entanto, os pais humanos de Jesus eram
descendentes de Davi, de modo que ele herdou deles tanto
o direito natural como legal de ser herdeiro daquele rei. (Atos
13:22, 23) Quando Jesus se batizou, em 29 EC, Jeová o ungiu
com espírito santo e disse: “Este é meu Filho, o amado.” (Ma-
teus 3:16, 17) Finalmente, ali estava o descendente! (Gálatas
3:16) Chegara o tempo para se revelar mais detalhes sobre o
segredo sagrado. — 2 Timóteo 1:10.
17 Durante seu ministério, Jesus identificou a serpente de

Gênesis 3:15 como Satanás e o descendente da serpente como


os seguidores do Diabo. (Mateus 23:33; João 8:44) Posterior-
mente, revelou-se como esses seriam esmagados para sempre.
15, 16. (a) Como o Filho de Jeová veio a nascer “de uma mulher”?
(b) O que Jesus herdou de seus pais humanos e quando ele surgiu
como o descendente da promessa?
17. Como se esclareceu o significado de Gênesis 3:15?
196 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

(Apocalipse 20:1-3, 10, 15) E a mulher foi identificada como


a “Jerusalém de cima”, ou a esposa de Deus, isto é, a parte ce-
lestial da organização de Jeová, composta de criaturas espiri-
tuais.1 — Gálatas 4:26; Apocalipse 12:1-6.
O novo pacto
18 Uma das revelações mais emocionantes foi dada na noite
antes da morte de Jesus, quando ele falou aos seus discípulos
fiéis sobre “o novo pacto”. (Lucas 22:20) Como seu predeces-
sor, o pacto da Lei mosaica, esse novo pacto deveria produzir
“um reino de sacerdotes”. (Êxodo 19:6; 1 Pedro 2:9) Mas, em
vez de estabelecer uma nação carnal, fundaria uma nação es-
piritual, “o Israel de Deus”, composta exclusivamente de fiéis
seguidores ungidos de Cristo. (Gálatas 6:16) Com Jesus, esses
participantes do novo pacto abençoariam a raça humana.
19 Mas por que o novo pacto consegue produzir “um reino

de sacerdotes” para abençoar a humanidade? Porque, em vez


de condenar os discípulos de Cristo como pecadores, ele per-
mite o perdão dos seus pecados mediante o sacrifício Dele.
( Jeremias 31:31-34) Quando eles obtêm uma condição justa
perante Jeová, este os adota como parte de sua família celes-
tial, ungindo-os com espírito santo. (Romanos 8:15-17; 2 Co-
ríntios 1:21) Assim, passam por “um novo nascimento para
uma esperança viva . . . reservada nos céus”. (1 Pedro 1:3, 4)
Visto que uma condição tão enaltecida é algo totalmente
novo para os humanos, os cristãos ungidos e gerados pelo
espírito são chamados de “uma nova criação”. (2 Coríntios
1 “O segredo sagrado da devoção a Deus” também foi revelado em
Jesus. (1 Timóteo 3:16) Durante muito tempo foi um segredo, ou mis-
tério, se alguém conseguiria manter perfeita integridade a Jeová. Jesus
forneceu a resposta. Ele manteve a integridade durante todas as prova-
ções que Satanás lançou contra ele. — Mateus 4:1-11; 27:26-50.

18. Qual é o objetivo do “novo pacto”?


19. (a) Por que o novo pacto consegue produzir “um reino de sacer-
dotes”? (b) Por que os cristãos ungidos são chamados de “uma nova
criação” e quantos reinarão no céu com Cristo?
“SABEDORIA DE DEUS EXPRESSA EM SEGREDO SAGRADO” 197

5:17) A Bíblia revela que, por fim, 144 mil ajudarão a reinar
desde o céu sobre a humanidade resgatada. — Apocalipse 5:9,
10; 14:1-4.
20 Com Jesus, os ungidos se tornam a “descendência de

Abraão”.1 (Gálatas 3:29) Os primeiros a serem escolhidos fo-


ram judeus carnais. Mas, em 36 EC, outra faceta do segre-
do sagrado foi revelada: gentios (não judeus) também teriam
parte na esperança celestial. (Romanos 9:6-8; 11:25, 26; Efé-
sios 3:5, 6) Os cristãos ungidos seriam os únicos a desfrutar
as bênçãos prometidas a Abraão? Não, porque o sacrifício de
Jesus beneficia o mundo inteiro. (1 João 2:2) Com o tempo,
Jeová revelou que um número não especificado de pessoas fa-
ria parte de uma “grande multidão” que sobreviveria ao fim
do sistema de Satanás. (Apocalipse 7:9, 14) Muitos outros se-
riam ressuscitados com a perspectiva de viver para sempre no
Paraíso! — Lucas 23:43; João 5:28, 29; Apocalipse 20:11-15;
21:3, 4.
A sabedoria de Deus e o segredo sagrado
21 O segredo sagrado é uma demonstração impressionan-
te da “grandemente diversificada sabedoria de Deus”. (Efé-
sios 3:8-10) Como Jeová foi sábio em esboçar esse segredo e,
daí, revelá-lo aos poucos! Ele sabiamente levou em conta as
limitações dos humanos, permitindo que esses manifestas-
sem sua verdadeira condição de coração. — Salmo 103:14.
22 Jeová também demonstrou incomparável sabedoria ao

escolher Jesus como Rei. No Universo inteiro, não existe


1 Jesus também fez “um pacto para um reino” com o mesmo gru-
po. (Lucas 22:29, 30) Trata-se de um contrato que ele fez com o “pe-
queno rebanho” para que reinem com ele no céu como parte secun-
dária do descendente de Abraão. — Lucas 12:32.

20. (a) Que faceta do segredo sagrado foi revelada em 36 EC?


(b) Quem desfrutará as bênçãos prometidas a Abraão?
21, 22. De que maneiras o segredo sagrado de Jeová demonstra a sa-
bedoria Dele?
198 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Perguntas para Meditação


João 16:7-12 Como Jesus imitou seu Pai ao revelar a verdade
gradativamente?
1 Coríntios 2:6-16 Por que muitas pessoas não conseguem en-
tender os segredos sagrados de Jeová? Como nós podemos com-
preendê-los?
Efésios 3:10 Que privilégio os cristãos têm hoje com respeito ao
segredo sagrado de Deus?
Hebreus 11:8-10 Como o segredo sagrado sustentou a fé que
homens da antiguidade tinham, embora não soubessem de to-
dos os detalhes a respeito dele?

criatura mais digna de confiança do que o Filho de Deus. Ao


viver como homem de carne e sangue, Jesus passou por todo
tipo de adversidade. Por isso, ele entende muito bem os pro-
blemas humanos. (Hebreus 5:7-9) E que tipo de corregentes
Jesus terá? Ao longo dos séculos, tanto homens como mulhe-
res — de todas as raças, línguas e formações — foram ungidos.
Simplesmente, não existe problema que algum deles não te-
nha enfrentado e superado. (Efésios 4:22-24) Será maravilho-
so viver sob o domínio desses reis-sacerdotes misericordiosos!
23 O apóstolo Paulo escreveu: “O segredo sagrado que esta-

va escondido desde os sistemas de coisas passados e as gera-


ções passadas . . . tem sido revelado aos Seus santos.” (Colos-
senses 1:26) De fato, os santos ungidos de Jeová entenderam
os muitos detalhes referentes ao segredo sagrado e transmi-
tiram esse conhecimento a milhões de pessoas. Que privilé-
gio todos nós temos! Jeová “nos [fez] saber o segredo sagra-
do da sua vontade”. (Efésios 1:9) Contemos esse maravilhoso
segredo a outros, ajudando-os a também entender um pou-
co melhor a imensurável sabedoria de Jeová Deus!
23. Que privilégio os cristãos têm com respeito ao segredo sagrado
de Jeová?
C A P Í T U L O 2 0

“Tem coração sábio”,


mas é humilde
UM PAI quer ensinar uma lição importante ao filho, tocando-
lhe o coração. Que método usar? Deve ficar de pé de forma
intimidadora e usar palavras duras? Ou seria melhor agachar-
se diante da criança e falar de modo bondoso e amistoso?
Sem dúvida, um pai sábio e humilde escolheria a segunda
opção.
2 Que tipo de Pai é Jeová: orgulhoso ou humilde? severo ou

bondoso? Jeová sabe de tudo, quer dizer, é sábio em escala ab-


soluta. Já notou, porém, que o conhecimento e a inteligência
nem sempre tornam as pessoas mais humildes? Como diz a
Bíblia, “o conhecimento enche a pessoa de orgulho”. (1 Co-
ríntios 3:19; 8:1) Mas Jeová, que “tem coração sábio”, é tam-
bém humilde. ( Jó 9:4) Não que ele esteja numa posição infe-
rior ou pouco enaltecida; mas percebe-se nele a total ausência
de arrogância. Por que isso se dá?
3 Jeová é santo. Visto que a arrogância é uma qualidade que

avilta a pessoa, ela é completamente inexistente nele. (Mar-


cos 7:20-22) Além disso, note o que o profeta Jeremias dis-
se a Jeová: “Tu certamente te lembrarás e te curvarás sobre
mim.”1 (Lamentações 3:20) Imagine! Jeová, o Soberano Se-
nhor do Universo, estava disposto a ‘se curvar’, ou se colocar
1 Os escribas antigos (soferins) alteraram esse versículo para dizer
que Jeremias, não Jeová, é que se curvava. Pelo visto, acharam impró-
prio atribuir a Deus um ato humilde como esse. Em resultado disso,
muitas traduções deixam de transmitir corretamente a ideia desse
belo versículo. Mas uma Bíblia em inglês traduz de forma exata a ex-
pressão de Jeremias para Deus, dizendo: “Lembra-te, ó lembra-te, e in-
clina-te na minha direção.” — The New English Bible.

1-3. Por que podemos ter certeza de que Jeová é humilde?


200 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

no mesmo nível que Jeremias, a fim de mostrar favor àquele


humano imperfeito. (Salmo 113:7) De fato, Jeová é humilde.
Mas o que está envolvido na humildade divina? O que ela
tem que ver com a sabedoria? E por que é importante para
nós?

Como Jeová demonstra humildade


4 Humildade é ausência de orgulho ou arrogância; despre-
tensão. Trata-se de uma qualidade íntima, do coração, e ma-
nifesta-se em características como brandura, paciência e ra-
zoabilidade. (Gálatas 5:22, 23) Mas não se engane! Essas
qualidades de Jeová não têm nada que ver com fraqueza ou
acanhamento, porque não o impedem de expressar ira jus-
ta nem de usar seu poder para destruir. Na verdade, a humil-
dade e a brandura de Jeová revelam seu imenso poder, pois
4, 5. (a) O que é humildade, como se manifesta e por que não
deve ser confundida com fraqueza ou acanhamento? (b) Como Jeová
demonstrou humildade ao lidar com Davi e
de que importância é para nós essa qua-
lidade de Deus?

O pai sábio
trata os filhos
de forma humilde
e branda
“TEM CORAÇÃO SÁBIO”, MAS É HUMILDE 201

ele é capaz de controlar-se com perfeição. (Isaías 42:14) Qual


é a ligação entre humildade e sabedoria? Uma obra de refe-
rência bíblica afirma: “Humildade é conclusivamente defini-
da . . . em termos de altruísmo e é uma base essencial para
toda a sabedoria.” A sabedoria genuína, portanto, não pode
existir sem humildade. Como a humildade de Jeová nos be-
neficia?
5 O Rei Davi cantou a Jeová: “Tu me darás o teu escudo de

salvação, a tua mão direita me ampara, e a tua humildade me


engrandece.” (Salmo 18:35) Jeová como que se curvou para
lidar com esse mero humano imperfeito, protegendo-o e am-
parando-o dia após dia. Davi entendia que era só por cau-
sa da disposição de Deus de humilhar-se desse modo que ele
podia esperar receber a salvação e chegar a ter certa medida
de grandeza como rei. De fato, quem de nós poderia ter espe-
rança de salvação se Jeová não fosse humilde, se ele não esti-
vesse disposto a se rebaixar para lidar conosco como um Pai
bondoso e amoroso?
6 É bom notarmos que há uma diferença entre humildade e

modéstia. Esta última é uma bela qualidade que os humanos


fiéis devem cultivar. Como a humildade, ela está ligada à sa-
bedoria. Por exemplo, Provérbios 11:2 diz: “A sabedoria está
com os modestos.” Mas a Bíblia nunca fala que Jeová é mo-
desto. Por que não? Conforme usada nas Escrituras, modés-
tia pode ter o sentido de conscientizar-se das próprias limita-
ções. O Todo-Poderoso não tem limitações, exceto as que ele
impõe a si mesmo por causa de suas normas justas. (Marcos
10:27; Tito 1:2) Além disso, como o Altíssimo, ele não está su-
jeito a ninguém. Assim, o conceito de modéstia simplesmen-
te não se aplica a Jeová.
7 Mas Jeová é humilde e brando. Por meio de sua Palavra,

ele ensina a seus servos que a brandura é essencial para a


6, 7. (a) Por que a Bíblia nunca fala que Jeová é modesto? (b) Qual
é a relação entre brandura e sabedoria, e quem dá o melhor exem-
plo nesse respeito?
202 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

verdadeira sabedoria, mencionando “a brandura que vem da


sabedoria”.1 (Tiago 3:13) Note o exemplo que o Criador dá
nesse respeito.
Jeová delega e escuta humildemente
8 Há muitos indícios da humildade de Jeová. Entre esses se
destaca a sua disposição de delegar responsabilidades e de es-
cutar. O mero fato de Deus fazer isso já é, em si mesmo, sur-
preendente, pois ele não precisa de ajuda ou conselho. (Isaías
40:13, 14; Romanos 11:34, 35) Mesmo assim, a Bíblia mostra
repetidas vezes que ele se dispõe a agir desse modo.
9 Veja, por exemplo, um incidente notável na vida de

Abraão. Ele recebeu três visitantes e dirigiu-se a um deles


como “Jeová”. Na verdade, os visitantes eram anjos, mas um
deles veio e agiu em nome de Deus. O que aquele anjo fa-
lou e fez era, na verdade, como se o próprio Jeová estivesse
falando e agindo. Por meio dele, Deus contou a Abraão que
tinha ouvido um imenso “clamor contra Sodoma e Gomor-
ra”. Jeová declarou: “Descerei para ver se de fato eles estão
agindo de acordo com o clamor que chegou a mim. E, se
não for assim, ficarei sabendo disso.” (Gênesis 18:3, 20, 21)
Naturalmente, essa declaração de Jeová não significava que
o Todo-Poderoso ‘desceria’ em pessoa. Ele enviou anjos para
representá-lo. (Gênesis 19:1) Por quê? Será que Jeová, que vê
tudo, não tinha os meios para ‘ficar sabendo’, por conta pró-
pria, da real condição daquela região? É claro que sim. Mas
em vez disso, ele humildemente deu àqueles anjos uma de-
signação de investigar a situação e visitar Ló e sua família em
Sodoma.
10 Além disso, Jeová escuta. Certa vez, ele pediu aos anjos

1 Outras versões falam da “humildade que provém da sabedoria” e


da “mansidão própria da sabedoria”.

8-10. (a) Por que a disposição de Jeová de delegar responsabilidades


e de escutar é notável? (b) Como o Todo-Poderoso usou de humilda-
de ao lidar com os anjos?
“TEM CORAÇÃO SÁBIO”, MAS É HUMILDE 203

que sugerissem várias maneiras de trazer a ruína ao perverso


Rei Acabe. É claro que Jeová não precisava de ajuda. Mesmo
assim, aceitou a sugestão de um anjo e o designou para exe-
cutar o plano. (1 Reis 22:19-22) Quanta humildade!
11 Jeová está até mesmo disposto a escutar humanos imper-

feitos que desejem expressar suas preocupações. Por exem-


plo, quando ele contou a Abraão a sua intenção de des-
truir Sodoma e Gomorra, aquele homem fiel ficou perplexo.
“Longe de ti agires dessa maneira”, disse Abraão, e acrescen-
tou: “Não fará o Juiz de toda a terra o que é justo?” Ele per-
guntou se Jeová pouparia as cidades caso houvesse 50 ho-
mens justos nelas. Deus lhe assegurou que as pouparia. Mas
Abraão continuou perguntando, abaixando o número para
45, daí para 40, e assim por diante. Apesar das garantias de
Jeová, Abraão prosseguiu, até que o número chegou a ape-
nas 10 homens. Talvez Abraão ainda não entendesse ple-
namente o alcance da misericórdia divina. Seja como for,
Jeová de modo paciente e humilde permitiu que seu ami-
go e servo Abraão expressasse suas preocupações. — Gênesis
18:23-33.
12 Quantos humanos inteligentes e bem instruídos escuta-

riam com tanta paciência a uma pessoa de intelecto muitís-


simo inferior?1 Mas nosso Deus é tão humilde que faz exa-
tamente isso. Durante a mesma conversa, Abraão também
se apercebeu de que Jeová é “paciente”. (Êxodo 34:6) Talvez
se dando conta de que não tinha o direito de questionar as
ações do Altíssimo, o patriarca implorou duas vezes: “Jeová,
por favor, não se acenda a tua ira.” (Gênesis 18:30, 32) É cla-
ro que isso não aconteceu. Deus sem dúvida tem a “brandu-
ra que vem da sabedoria”.
1 O interessante é que a Bíblia contrasta a paciência com a arrogân-
cia. (Eclesiastes 7:8) A paciência de Jeová é outra evidência de sua hu-
mildade. — 2 Pedro 3:9.

11, 12. Como Abraão veio a entender a humildade de Jeová?


204 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Jeová é razoável
13 A humildade de Jeová também é demonstrada por ou-
tra bela qualidade: a razoabilidade. Infelizmente, os huma-
nos imperfeitos falham de forma lamentável em demonstrá-
la. Além de escutar suas criaturas inteligentes, Jeová se dispõe
a ceder quando não há conflito com seus princípios justos.
A palavra “razoável”, conforme usada na Bíblia, literalmente
significa “flexível, disposto a ceder”. Trata-se de uma caracte-
rística própria da sabedoria divina. Tiago 3:17 diz: “A sabedo-
ria de cima é . . . razoável.” Em que sentido Jeová, que é to-
talmente sábio, é também razoável? Em primeiro lugar, ele é
adaptável. Lembre-se de que até mesmo seu nome indica que
ele se torna tudo o que for necessário para cumprir seus pro-
pósitos. (Êxodo 3:14) Isso revela Sua adaptabilidade e razoabi-
lidade, não concorda?
14 Há uma notável passagem bíblica que nos ajuda a ter uma

ideia de como Jeová é adaptável. Em uma visão, o profeta Eze-


quiel observou a parte celestial da organização de Deus, com-
posta de criaturas espirituais, representada por um carro de
dimensões assombrosas — o próprio “veículo” de Jeová, sem-
pre sob o Seu controle. O modo como esse carro se movia era
muito interessante. Suas rodas gigantescas tinham quatro la-
dos cheios de olhos para que pudessem ver em todas as dire-
ções e mudar de rumo instantaneamente, sem precisar parar
nem se virar. E esse carro gigantesco não se arrastava pesada-
mente como um veículo desengonçado feito por humanos.
Podia mover-se à velocidade de um raio e até mudar de di-
reção em ângulos retos! (Ezequiel 1:1, 14-28) De fato, a orga-
nização de Jeová, assim como o Soberano todo-poderoso que
a controla, é totalmente adaptável, ajustando-se a situações e
necessidades em constante mutação.
13. Conforme usada na Bíblia, qual é o sentido da palavra “razoá-
vel”? Por que essa é uma boa descrição de Jeová?
14, 15. O que a visão que Ezequiel teve do carro celestial de Jeová
nos ensina sobre a parte celestial da Sua organização? Em que senti-
do ela é diferente das organizações do mundo?
“TEM CORAÇÃO SÁBIO”, MAS É HUMILDE 205

15 O máximo que o ser humano pode fazer é procurar imi-


tar essa perfeita adaptabilidade. Na maioria dos casos, os hu-
manos e suas organizações tendem mais a ser rígidos do que
adaptáveis; costumam ser inflexíveis em vez de maleáveis.
Para ilustrar: o tamanho e a força de um superpetroleiro ou de
um trem de carga são impressionantes. Mas conseguem fazer
mudanças súbitas para ajustar-se às circunstâncias? Suponha-
mos que surja um obstáculo nos trilhos à frente de um trem
de carga. O que fazer? Mudar de direção é impossível. Parar su-
bitamente também não é muito fácil. Para se ter uma ideia,
um trem de carga carregado ainda percorrerá quase dois qui-
lômetros antes de parar, depois de acionados os freios. Algo si-
milar acontece com um superpetroleiro. Ele ainda se deslocará
uns oito quilômetros depois de os motores terem sido desliga-
dos. Mesmo que se reverta a rotação dos motores, o navio con-
tinuará a se arrastar por uns três quilômetros. As organizações
humanas são semelhantes: caracterizam-se pela rigidez e fal-
ta de razoabilidade. Devido ao orgulho, muitas pessoas se re-
cusam a adaptar-se a novas necessidades e circunstâncias. Essa
intransigência já levou empresas à falência e derrubou gover-
nos. (Provérbios 16:18) Como ficamos contentes de saber que
nem Jeová nem sua organização são assim!
Como Jeová demonstra razoabilidade
16 Vamos voltar a atenção novamente à destruição de Sodo-
ma e Gomorra. Ló e sua família receberam instruções espe-
cíficas do anjo de Jeová: “Fuja para a região montanhosa.”
Mas Ló não ficou muito contente com isso e implorou: “Ali
não, por favor, Jeová!” Convencido de que morreria se fugis-
se para as montanhas, implorou para que ele e sua família re-
cebessem permissão de fugir para uma cidade próxima, Zoar.
Bem, Jeová pretendia destruir aquela cidade. Além disso, os
temores de Ló eram infundados. Sem dúvida, Deus tinha
capacidade de preservá-lo vivo nas montanhas! Apesar disso,
16. Como Jeová demonstrou razoabilidade ao lidar com Ló antes da
destruição de Sodoma e Gomorra?
206 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Jeová cedeu ao pedido dele e poupou Zoar. O anjo disse a Ló:


“Está bem, também mostrarei consideração a você por não
destruir a cidade de que está falando.” (Gênesis 19:17-22) Não
foi uma demonstração de razoabilidade da parte de Jeová?
17 Jeová também se adapta diante do arrependimento de co-

ração, sempre fazendo o que é misericordioso e correto. Pen-


se no que aconteceu quando o profeta Jonas foi enviado a
Nínive, uma cidade cheia de perversidade e violência. Quan-
do marchou pelas ruas daquela cidade poderosa, a mensagem
inspirada que proclamou era bem simples: ela seria destruí-
da em 40 dias. Mas as circunstâncias mudaram drasticamen-
te. Os ninivitas se arrependeram! — Jonas, capítulo 3.
18 É instrutivo compararmos a reação de Jeová com a de Jo-

nas diante da mudança nas circunstâncias. Nesse caso, Jeová


se adaptou, tornando-se Perdoador de pecados em vez de “um
poderoso guerreiro”.1 (Êxodo 15:3) Jonas, por outro lado, foi
inflexível e nada misericordioso. Em vez de refletir a razoa-
bilidade de Jeová, ele reagiu mais como o trem de carga ou
o superpetroleiro já mencionados. Ele havia proclamado des-
truição e era isso que tinha de acontecer! Mas Jeová paciente-
mente ensinou ao profeta inconformado uma lição memorá-
vel de razoabilidade e misericórdia. — Jonas, capítulo 4.
19 Por fim, Jeová é razoável no que espera de nós. O Rei Davi

disse: “Ele sabe bem como somos formados, lembra-se de


que somos pó.” (Salmo 103:14) Jeová entende nossas limita-
ções e imperfeições melhor do que nós mesmos. Nunca es-
1 No Salmo 86:5, diz-se que Jeová ‘é bom e está sempre pronto a
perdoar’. Quando esse salmo foi traduzido para o grego, a expressão
“sempre pronto a perdoar” foi vertida pela palavra e·pi·ei·kés, ou “ra-
zoável”.

17, 18. Ao lidar com os ninivitas, como Jeová mostrou razoabili-


dade?
19. (a) Por que podemos ter certeza de que Jeová é razoável no que
espera de nós? (b) Como Provérbios 19:17 mostra que Jeová é um
Dono ‘bom, razoável’ e profundamente humilde?
“TEM CORAÇÃO SÁBIO”, MAS É HUMILDE 207

Perguntas para Meditação


Êxodo 32:9-14 Como Jeová mostrou humildade ao atender à sú-
plica de Moisés a favor de Israel?
Juízes 6:36-40 Como Jeová mostrou paciência e razoabilidade
quando atendeu aos pedidos de Gideão?
Salmo 113:1-9 Como Jeová mostra humildade ao lidar com a hu-
manidade?
Lucas 1:46-55 Com base nas palavras de Maria, o que se pode di-
zer do modo como Jeová encara os humildes? Como esse concei-
to deve nos afetar?

pera de nós mais do que podemos dar. A Bíblia contrasta


os donos humanos que são “bons e razoáveis” com os que
são “difíceis de agradar”. (1 Pedro 2:18) Que tipo de Dono
Jeová é? Note o que Provérbios 19:17 diz: “Quem mostra fa-
vor ao pobre empresta a Jeová.” É óbvio que só um dono
bom e razoável prestaria atenção a cada ato de bondade reali-
zado a favor dos humildes. Mais do que isso, esse texto indica
que o Criador do Universo na verdade se considera endivida-
do para com meros seres humanos que agem com misericór-
dia! Isso é humildade no mais alto grau.
20 Ainda hoje Jeová demonstra ser manso e razoável nos

seus tratos com seu povo. Quando oramos com fé, ele nos
escuta. E embora não envie mensageiros angélicos para falar
conosco, não devemos concluir que ele não responda nossas
orações. Lembre-se de que o apóstolo Paulo pediu que con-
crentes ‘continuassem a orar’ para que ele fosse libertado da
prisão, e daí acrescentou: “Para que eu seja restituído a vo-
cês mais depressa.” (Hebreus 13:18, 19) Assim, nossas orações
podem levar Jeová a fazer algo que de outro modo não faria!
— Tiago 5:16.
20. Que confirmação temos de que Jeová ouve e responde nossas
orações?
Jeová é razoável e entende nossas limitações
21 É claro que nenhuma dessas manifestações da humildade

de Jeová — sua brandura, disposição de escutar, paciência e


razoabilidade — significa que Ele transija nos Seus princípios
justos. Os clérigos da cristandade talvez pensem que estão
sendo razoáveis quando fazem cócegas nos ouvidos do seu re-
banho, abrandando as normas de moral de Jeová. (2 Timóteo
4:3) Mas a tendência humana de transigir por conveniência
não tem nada que ver com a razoabilidade divina. Jeová é san-
to; nunca vai profanar suas normas justas. (Levítico 11:44) As-
sim, demonstremos apreço pela razoabilidade de Jeová devi-
do ao que ela realmente é: uma prova de sua humildade. Não
fica emocionado de pensar que Jeová Deus, o Ser mais sábio
do Universo, é também extremamente humilde? Que mara-
vilha é nos achegarmos a esse Deus espantoso, mas brando,
paciente e razoável!
21. No que se refere à humildade de Jeová, a que conclusão nunca
devemos chegar? Em vez disso, o que devemos reconhecer a respei-
to dele?
C A P Í T U L O 2 1

Jesus revela a
“sabedoria da parte de Deus”
OS OUVINTES estavam assombrados. O jovem Jesus, de pé
diante deles na sinagoga, ensinava. Conheciam-no muito
bem; ele havia crescido naquela cidade e, durante anos, tra-
balhara ali como carpinteiro. Talvez alguns deles morassem
em casas que Jesus havia ajudado a construir ou, quem sabe,
trabalhassem com arados e jugos que ele havia feito com as
próprias mãos.1 Mas como reagiriam aos ensinos desse ex-
carpinteiro?
2 A maioria dos presentes, espantados, perguntavam: “Onde

este homem obteve essa sabedoria?” Mas também comen-


tavam: “Não é este o carpinteiro, filho de Maria?” (Mateus
13:54-58; Marcos 6:1-3) Infelizmente, os anteriores vizinhos
de Jesus raciocinaram: “Esse carpinteiro é só um homem
como qualquer um de nós.” Apesar das palavras sábias dele,
rejeitaram-no. Mal sabiam que a sabedoria que ele transmitia
não era dele.
3 De onde, afinal, Jesus obteve toda aquela sabedoria?

“O que eu ensino não é meu”, disse ele, “mas pertence


àquele que me enviou”. ( João 7:16) O apóstolo Paulo ex-
plicou que Jesus “se tornou para nós sabedoria da parte
de Deus”. (1 Coríntios 1:30) A sabedoria do próprio Jeová
é revelada por meio de seu Filho, Jesus. Tanto que este po-
dia dizer: “Eu e o Pai somos um.” ( João 10:30) Analisemos
1 Nos tempos bíblicos, os carpinteiros eram contratados para cons-
truir casas, fabricar móveis e fazer implementos agrícolas. Justino, o
Mártir, do segundo século EC, escreveu sobre Jesus: “Enquanto estava
entre os homens, tinha por hábito trabalhar como carpinteiro fabri-
cando arados e jugos.”

1-3. Como os anteriores vizinhos de Jesus reagiram ao seu ensino e


o que não reconheceram a respeito dele?
JESUS REVELA A “SABEDORIA DA PARTE DE DEUS” 211

três campos em que Jesus manifestou a “sabedoria da parte


de Deus”.
Seu ensino
4 Primeiro, vamos analisar aquilo que Jesus ensinava.
O tema da sua mensagem eram “as boas novas do Reino”.
(Lucas 4:43) Isso era muito relevante em vista do papel
que o Reino desempenharia em santificar o nome de Jeová,
o que inclui sua reputação como Governante justo, e em
trazer bênçãos duradouras para a humanidade. No seu ensi-
no, Jesus também deu conselhos sábios para a vida coti-
diana. Comprovadamente, ele foi um “Maravilhoso Conse-
lheiro”, conforme havia sido profetizado. (Isaías 9:6) E, de
fato, seus conselhos não poderiam ser nada mais nada me-
nos do que maravilhosos. Afinal, ele conhecia em detalhes a
Palavra e a vontade de Deus, entendia a fundo a natureza hu-
mana e amava muito a humanidade. De modo que seus con-
selhos sempre eram práticos e visavam os melhores interesses
dos seus ouvintes. Jesus transmitiu “declarações de vida eter-
na”. Sem dúvida, seguir os conselhos dele resulta em salva-
ção. — João 6:68.
5 O Sermão do Monte é um exemplo notável da sabedoria

sem igual encontrada nos ensinos de Jesus. Conforme regis-


trado em Mateus 5:3–7:27, provavelmente levaria apenas uns
20 minutos para proferi-lo. Mas seus conselhos são de valor
permanente e são tão relevantes hoje como no dia em que fo-
ram proferidos. Jesus tratou de diversos assuntos: como me-
lhorar relacionamentos (5:23-26, 38-42; 7:1-5, 12), como se
4. (a) Qual era o tema da mensagem de Jesus e por que isso era re-
levante? (b) Por que os conselhos de Jesus sempre eram práticos e vi-
savam os melhores interesses dos seus ouvintes?
5. Quais são alguns dos assuntos de que Jesus tratou no Sermão do
Monte?

“As multidões ficaram maravilhadas


com seu modo de ensinar”
212 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

manter moralmente limpo (5:27-32) e como ter uma vida


significativa (6:19-24; 7:24-27). Mas Jesus fez mais do que
apenas dizer a seus ouvintes qual é a maneira sábia de agir;
ele mostrou-lhes isso, explicando, raciocinando e apresentan-
do provas.
6 Veja, por exemplo, o conselho sábio de Jesus sobre como

lidar com as ansiedades relacionadas às coisas materiais, con-


forme registrado no capítulo 6 de Mateus: “Parem de se preo-
cupar tanto com a sua vida, quanto ao que comer ou quanto
ao que beber, e com o seu corpo, quanto ao que vestir.” (Ver-
sículo 25) Alimento e roupa são necessidades básicas e é na-
tural preocupar-se em obtê-las. Mas Jesus nos diz para ‘parar-
mos de nos preocupar tanto’ com essas coisas.1 Por quê?
7 Preste atenção ao raciocínio convincente de Jesus. Visto

que Jeová nos deu a vida e o corpo, será que ele não pode nos
fornecer o alimento para sustentar a vida e roupas para prote-
ger o corpo? (Versículo 25) Se Deus dá alimento às aves e veste
lindamente as flores, quanto mais cuidará de seus adoradores
humanos! (Versículos 26, 28-30) Na verdade, preocupar-se de-
mais é inútil. Não vai aumentar a duração de nossa vida nem
um segundo sequer.2 (Versículo 27) Mas então como evitar a
ansiedade? Jesus nos aconselha: continue a dar prioridade à
adoração de Deus. Quem faz isso pode ter confiança de que
todas as suas necessidades diárias lhe “serão acrescentadas”.
(Versículo 33) Por fim, Jesus dá uma sugestão muito prática:
viva um dia por vez. Por que juntar as ansiedades de amanhã
1 O verbo grego traduzido “se preocupar tanto” significa “ter a men-
te distraída”. Conforme usado em Mateus 6:25, refere-se ao temor
apreensivo que distrai ou divide a mente, tirando a alegria de viver.
2 Na verdade, estudos científicos revelaram que preocupação e es-
tresse excessivos aumentam os riscos de doenças cardiovasculares e de
muitas outras enfermidades que encurtam a vida.

6-8. (a) Que fortes razões Jesus apresenta para evitarmos a ansieda-
de? (b) O que mostra que os conselhos de Jesus refletem sabedoria
de origem divina?
JESUS REVELA A “SABEDORIA DA PARTE DE DEUS” 213

com as que você já tem hoje? (Versículo 34) Além disso, por
que se preocupar indevidamente com coisas que talvez nun-
ca aconteçam? Aplicar esses conselhos sábios pode nos pou-
par muitas dores de cabeça neste mundo estressante.
8 É evidente que os conselhos de Jesus são tão práticos hoje

como eram 2 mil anos atrás. Não é esse um indício de sabe-


doria divina? Até as melhores recomendações de conselhei-
ros humanos tendem a se tornar obsoletas e logo têm de
ser revisadas ou substituídas. Os ensinos de Jesus, porém, re-
sistiram à passagem do tempo. Mas isso não deveria nos sur-
preender, porque esse Maravilhoso Conselheiro transmitiu
“as declarações de Deus”. — João 3:34.

Seu modo de ensinar


9 Um segundo campo em que Jesus refletiu a sabedoria de
Deus foi na sua maneira de ensinar. Em certa ocasião, al-
guns soldados enviados para prendê-lo voltaram de mãos va-
zias, dizendo: “Nunca homem algum falou assim!” ( João
7:45, 46) Eles não estavam exagerando. De todos os humanos
que já viveram, Jesus, que era “dos domínios de cima”, tinha
o mais vasto cabedal de conhecimento e experiência. (João
8:23) Ele realmente ensinava de uma maneira que nenhum
outro humano poderia ensinar. Vejamos apenas dois dos mé-
todos usados por esse Instrutor sábio.
10 Uso eficaz de ilustrações. “Jesus falou . . . às multi-

dões por meio de ilustrações”, nos diz a Bíblia. “Realmente,


nada lhes falava sem ilustração.” (Mateus 13:34) É impossível
não ficarmos maravilhados com sua capacidade inigualável
de usar coisas do dia a dia para ensinar verdades profundas.
Agricultores semeando, mulheres fazendo pão, crianças
9. O que alguns soldados disseram sobre o ensino de Jesus e por que
eles não estavam exagerando?
10, 11. (a) Por que ficamos maravilhados com o modo como Jesus
usava ilustrações? (b) O que são parábolas e que exemplo ilustra que
as parábolas de Jesus são um método de ensino muito eficaz?
214 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

brincando na feira, pescadores puxando as redes, pastores


procurando ovelhas perdidas — seus ouvintes tinham visto
essas coisas muitas vezes. Relacionar coisas conhecidas com
verdades importantes faz com que estas fiquem, quase que
de imediato, profundamente gravadas na mente e no cora-
ção. — Mateus 11:16-19; 13:3-8, 33, 47-50; 18:12-14.
11 Jesus usava muitas parábolas, quer dizer, histórias curtas

das quais se aprende uma verdade moral ou espiritual. Visto


que é mais fácil entender e lembrar histórias do que ideias
abstratas, as parábolas ajudaram a preservar os ensinos de Je-
sus. Em muitas delas, ele descreveu seu Pai com termos vívi-
dos que dificilmente seriam esquecidos. Por exemplo, quem
não entenderia o ponto-chave da parábola do filho perdido:
que quando alguém que se desviou mostra arrependimento
genuíno, Jeová sente pena dele e amorosamente o aceita de
volta? — Lucas 15:11-32.
12 Uso perito de perguntas. Jesus usava perguntas para aju-

dar os ouvintes a tirar as próprias conclusões, examinar suas


motivações ou tomar decisões. (Mateus 12:24-30; 17:24-27;
22:41-46) Quando líderes religiosos questionaram se Jesus ti-
nha mesmo autoridade da parte de Deus, ele respondeu: “O
batismo de João era do céu ou dos homens?” Perplexos com
a pergunta, eles raciocinaram entre si: “Se dissermos: ‘Do
céu’, ele dirá: ‘Então, por que vocês não acreditaram nele?’
Mas nos atrevemos a dizer: ‘Dos homens’?” Mas “eles tinham
medo da multidão, pois todos achavam que João realmen-
te tinha sido um profeta”. Por fim, responderam: “Não sabe-
mos.” (Marcos 11:27-33; Mateus 21:23-27) Com uma simples
pergunta, Jesus os deixou sem palavras e denunciou o cora-
ção traiçoeiro deles.
13 Às vezes, Jesus combinava os métodos, introduzindo per-

12. (a) Para que Jesus usava perguntas no seu ensino? (b) Como Je-
sus calou os que questionavam sua autoridade?
13-15. Como a parábola do bom samaritano reflete a sabedoria de
Jesus?
JESUS REVELA A “SABEDORIA DA PARTE DE DEUS” 215

guntas intrigantes em suas ilustrações. Quando um advoga-


do judeu lhe perguntou o que era preciso para ganhar a vida
eterna, Jesus mencionou a Lei mosaica que ordenava amar
a Deus e ao próximo. Querendo se mostrar justo, o homem
perguntou: “Quem é realmente o meu próximo?” Em res-
posta, Jesus contou uma história. Um judeu viajava sozinho
quando foi atacado por assaltantes, que o deixaram quase
morto. Passaram dois outros judeus por aquela estrada: pri-
meiro um sacerdote, depois um levita. Ambos o ignoraram.
Mas então passou um samaritano. Com pena do judeu, ele
bondosamente tratou das feridas dele e amorosamente o le-
vou para um lugar seguro, uma hospedaria, onde poderia se
recuperar. Concluindo a história, Jesus perguntou ao advo-
gado: “Qual desses três você acha que mostrou ser o próxi-
mo do homem que caiu nas mãos de assaltantes?” O homem
teve de responder: “Aquele que agiu misericordiosamente
com ele.” — Lucas 10:25-37.
14 Como essa parábola reflete a sabedoria de Jesus? Naquele

tempo, os judeus só aplicavam o termo “próximo” aos que


guardavam suas tradições, o que não era o caso dos samarita-
nos. ( João 4:9) Se na história que Jesus contou a vítima fosse
o samaritano e o judeu o ajudasse, será que isso teria ajuda-
do a combater o preconceito? Sabiamente, Jesus formulou a
história de tal modo que o samaritano é quem cuidou bon-
dosamente do judeu. Note também a pergunta que Jesus fez
no fim da história. Ele mudou o foco do termo “próximo”.
O advogado tinha, em outras palavras, perguntado: “Quem
deve ser o alvo do meu amor, ou seja, meu próximo?” Mas Je-
sus perguntou: “Qual desses três você acha que mostrou ser
o próximo?” Jesus não enfocou aquele que recebeu a bonda-
de (a vítima), mas aquele que a demonstrou (o samaritano).
Quem realmente age como “próximo” toma a iniciativa de
mostrar amor aos outros, não importa qual seja a origem ét-
nica desses. Não dá para imaginar uma maneira melhor de
Jesus ressaltar esse ponto.
216 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

15É de admirar, então, que as pessoas ficassem assombradas


com o “modo de ensinar” de Jesus e se achegassem a ele?
(Mateus 7:28, 29) Em certa ocasião, “uma grande multidão”
o acompanhou por três dias, ficando até mesmo sem comer!
— Marcos 8:1, 2.

Seu modo de vida


16 O terceiro campo em que Jesus refletiu a sabedoria de
Jeová foi no seu modo de vida. A sabedoria funciona na prá-
tica. “Quem entre vocês é sábio?”, perguntou o discípulo Tia-
go. Daí, respondeu à própria pergunta, dizendo: “Que sua
conduta correta dê prova prática disso.” (Tiago 3:13, The New
English Bible) A conduta de Jesus dava “prova prática” de que
ele se deixava guiar pela sabedoria divina. Vejamos como ele
mostrou bom critério, tanto no seu modo de vida como nos
tratos com outros.
17 Já notou que as pessoas que não têm bom critério muitas

vezes se tornam extremistas? Isso se dá porque é preciso sa-


bedoria para ser equilibrado. Refletindo a sabedoria divina,
Jesus tinha perfeito equilíbrio. Acima de tudo, deu primazia
às coisas espirituais. Envolveu-se plenamente na obra de de-
clarar as boas novas. “Foi por isso que vim”, disse ele. (Mar-
cos 1:38) É evidente que bens materiais não eram de impor-
tância primária para ele, pois aparentemente ele tinha muito
pouco em sentido material. (Mateus 8:20) Mas ele não era
um asceta. Como seu Pai, o “Deus feliz”, Jesus era uma pes-
soa alegre e contribuía para a felicidade de outros. (1 Timóteo
1:11; 6:15) Quando assistiu a uma festa de casamento — onde
é comum haver música, canto e alegria —, ele não agiu como
desmancha-prazeres. Pelo contrário, quando acabou a bebi-
da, ele transformou água em vinho, “que alegra o coração do
16. De que modo Jesus deu “prova prática” de que se deixava guiar
pela sabedoria divina?
17. O que indica que Jesus levava uma vida perfeitamente equili-
brada?
JESUS REVELA A “SABEDORIA DA PARTE DE DEUS” 217

Perguntas para Meditação


Provérbios 8:22-31 Como a descrição da sabedoria personificada
se ajusta ao que a Bíblia diz a respeito do Filho primogênito de
Jeová?
Mateus 13:10-15 Como as ilustrações de Jesus eram eficazes em
revelar a atitude de coração dos seus ouvintes?
João 1:9-18 Por que Jesus pôde revelar a sabedoria de Deus?
João 13:2-5, 12-17 Como Jesus ensinou uma lição na prática? Com
isso, o que ele queria ensinar aos apóstolos?

homem”. (Salmo 104:15; João 2:1-11) Jesus aceitou muitos


convites para refeições e, com frequência, usou essas ocasiões
para ensinar. — Lucas 10:38-42; 14:1-6.
18 Jesus demonstrou impecável bom critério ao lidar com

outros. Sua compreensão da natureza humana lhe permitia


ter um conceito claro sobre os seus discípulos. Sabia muito
bem que eles não eram perfeitos. Mas percebia suas boas qua-
lidades. Via o potencial desses homens que Jeová havia atraí-
do. ( João 6:44) Apesar de suas falhas, Jesus estava disposto a
dar-lhes um voto de confiança. Demonstrando isso, delegou
uma responsabilidade muito grande aos discípulos: pregar as
boas novas. Confiava na habilidade deles de cumprir essa ta-
refa. (Mateus 28:19, 20) O livro de Atos confirma que realiza-
ram fielmente a obra que ele lhes mandara fazer. (Atos 2:41,
42; 4:33; 5:27-32) É óbvio, então, que Jesus havia sido sensa-
to ao confiar neles.
19 Como vimos no Capítulo 20, a Bíblia associa a humilda-

de e a brandura com a sabedoria. Naturalmente, o melhor


exemplo em demonstrar essas qualidades é o de Jeová. Mas e
Jesus? É emocionante ver a humildade que ele mostrou ao
18. Como Jesus demonstrou impecável bom critério ao lidar com
seus discípulos?
19. Como Jesus demonstrou que era de “temperamento brando e hu-
milde de coração”?
218 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

lidar com os discípulos. Como homem perfeito, ele era supe-


rior a eles. Mas não os menosprezava. Nunca os fez se sentir
inferiores ou incompetentes. Pelo contrário, levava em con-
ta as limitações deles e era paciente quando erravam. (Mar-
cos 14:34-38; João 16:12) Não acha interessante que até crian-
ças se sentiam à vontade com Jesus? Sem dúvida, sentiam-se
atraídas a ele porque percebiam que ele era de “temperamen-
to brando e humilde de coração”. — Mateus 11:29; Marcos
10:13-16.
20 Jesus refletiu a humildade divina de outra maneira im-

portante. Ele era razoável, ou flexível, quando a misericór-


dia tornava isso apropriado. Lembre-se, por exemplo, da oca-
sião em que uma mulher gentia lhe implorou que curasse sua
filha terrivelmente endemoninhada. De três maneiras, Jesus
indicou que não a ajudaria: primeiro, não respondeu; segun-
do, disse diretamente que havia sido enviado, não aos gen-
tios, mas aos judeus; e terceiro, contou uma ilustração que
bondosamente ressaltou esse mesmo ponto. Mas a mulher
persistiu, dando evidência de que tinha fé extraordinária. Em
vista dessa circunstância excepcional, como Jesus reagiu? Ele
fez exatamente aquilo que afirmara que não faria: curou a fi-
lha da mulher. (Mateus 15:21-28) Que notável demonstração
de humildade! E lembre-se de que a humildade é a base da
verdadeira sabedoria.
21 Como somos gratos de que os Evangelhos nos revelam as

palavras e ações do homem mais sábio que já viveu! Lembre-


se de que Jesus refletia com perfeição o modo de agir do Seu
Pai. Se imitarmos a personalidade, a maneira de falar e a con-
duta de Jesus, estaremos cultivando a sabedoria de cima. No
próximo capítulo, veremos como podemos pôr a sabedoria
divina em prática na nossa vida.
20. Como Jesus mostrou razoabilidade ao lidar com uma mulher
gentia cuja filha estava endemoninhada?
21. Por que devemos nos esforçar a imitar a personalidade, a manei-
ra de falar e a conduta de Jesus?
C A P Í T U L O 2 2

Está pondo em prática


“a sabedoria de cima”?
ERA um caso difícil: duas mulheres discutiam por causa de
um bebê. Elas viviam na mesma casa e, com poucos dias
de diferença, cada uma havia dado à luz um filho. Um dos
bebês morrera e agora cada mulher afirmava ser a mãe do
que estava vivo.1 Não havia testemunhas do acontecido. Pos-
sivelmente, o caso já havia sido apresentado a um tribunal
de menor instância, mas não se chegara a um veredicto. Por
fim, a disputa foi levada a Salomão, rei de Israel. Será que ele
conseguiria descobrir a verdade?
2 Depois de escutar um pouco a discussão das mulheres, Sa-

lomão pediu uma espada. Daí, aparentemente cheio de con-


vicção, ordenou que a criança fosse cortada em duas partes
e que se desse metade a cada uma das mulheres. Imediata-
mente, a mãe verdadeira implorou que o rei desse o bebê
— seu querido filho — à outra mulher, que insistia que a
criança fosse cortada em dois. Salomão descobrira a verda-
de. Ele sabia da compaixão e do carinho que uma mãe sente
pelo filho que carregou no ventre e usou esse conhecimento
para resolver a disputa. Imagine o alívio da mãe quando Sa-
lomão lhe entregou seu bebê e disse: “Ela é a mãe.” — 1 Reis
3:16-27.
1 Conforme 1 Reis 3:16, as duas mulheres eram prostitutas. A obra
Estudo Perspicaz das Escrituras diz: “Tais mulheres podem ter sido
prostitutas, não em sentido comercial, mas mulheres que tinham co-
metido fornicação, quer mulheres judias, quer, bem possivelmente,
mulheres de ascendência estrangeira.” — Publicada pelas Testemu-
nhas de Jeová.

1-3. (a) Como Salomão demonstrou sabedoria extraordinária no


modo como resolveu uma disputa entre duas mulheres? (b) O que
Jeová promete nos dar? Que perguntas surgem?
220 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

3 Que sabedoria extraordinária, não concorda? Quando as


pessoas souberam como Salomão resolvera o caso, ficaram
assombradas, “pois viram que a sabedoria de Deus estava
com ele”. De fato, a sabedoria de Salomão era uma dádi-
va divina. Jeová lhe concedera “um coração sábio e enten-
dido”. (1 Reis 3:12, 28) E nós? Será que também podemos
receber a sabedoria divina? Sim, porque sob inspiração Sa-
lomão escreveu: “É Jeová quem dá sabedoria.” (Provérbios
2:6) Jeová promete dar sabedoria — a habilidade de usar
bem o conhecimento, o entendimento e o discernimen-
to — a todos que a buscam com sinceridade. Como pode-
mos obter a sabedoria de cima? E como podemos aplicá-la
na vida?
Como ‘adquirir sabedoria’?
4 Precisamos de inteligência extraordinária ou de muita ins-
trução para receber a sabedoria divina? Não. Jeová está dis-
posto a partilhá-la conosco não importa qual seja a nossa
formação ou quanto estudo tenhamos. (1 Coríntios 1:26-29)
Mas temos de tomar a iniciativa, porque a Bíblia nos incenti-
va a ‘adquirir sabedoria’. (Provérbios 4:7) Como podemos fa-
zer isso?
5 Primeiro, é preciso temer a Deus. “O temor de Jeová é o

início da sabedoria [“o primeiro passo para a sabedoria”, The


New English Bible]”, diz Provérbios 9:10. O temor de Deus é
a base da sabedoria verdadeira. Por quê? Lembre-se de que a
sabedoria envolve a habilidade de usar com êxito o conhe-
cimento. Temer a Deus não significa encolher-se de medo
diante dele, mas curvar-se com assombro, respeito e confian-
ça. Esse temor é saudável e nos motiva a harmonizar nossa
vida com o conhecimento da vontade e dos modos de Deus.
Essa é a maneira mais sensata de agir, pois as normas de
Jeová sempre resultam nos maiores benefícios para os que as
seguem.
4-7. Quais são quatro requisitos para adquirir sabedoria?
ESTÁ PONDO EM PRÁTICA “A SABEDORIA DE CIMA”? 221

6 Em segundo lugar, precisamos ser humildes e modestos.


Essas qualidades são vitais para se obter sabedoria divina.
(Provérbios 11:2) Por quê? Se formos humildes e modestos,
estaremos dispostos a admitir que não temos resposta para
tudo, que nossas opiniões nem sempre são corretas e que
precisamos saber qual é o conceito de Jeová sobre os assun-
tos. “Deus se opõe aos arrogantes”, mas alegremente dá sabe-
doria aos humildes de coração. — Tiago 4:6.
7 Um terceiro fator essencial é estudar a Palavra escrita de

Deus, visto que a sabedoria divina é revelada nela. Para ob-


ter essa sabedoria, temos de nos esforçar para buscá-la. (Pro-
vérbios 2:1-5) Um quarto requisito é a oração. Se formos sin-
ceros ao pedir sabedoria a Deus, ele a dará generosamente.
(Tiago 1:5) Se solicitarmos a ajuda do Seu espírito em oração,
ele sem dúvida responderá. O espírito de Jeová nos orienta-
rá para que encontremos os tesouros da sua Palavra que nos
ajudarão a resolver problemas, evitar perigos e tomar deci-
sões sábias. — Lucas 11:13.
8 Como mencionamos no Capítulo 17, a sabedoria de Jeová

é prática. Assim, se realmente a adquirimos, isso ficará óbvio


no modo como nos comportamos. O discípulo Tiago des-
creveu os frutos da sabedoria divina: “A sabedoria de cima é
primeiramente pura, depois pacífica, razoável, pronta para
obedecer, cheia de misericórdia e de bons frutos, impar-
cial, sem hipocrisia.” (Tiago 3:17) Ao analisarmos cada um
desses aspectos da sabedoria divina, podemos nos pergun-
tar: ‘Será que estou pondo em prática na vida a sabedoria de
cima?’
“Pura, depois pacífica”
9 “Primeiramente pura.” Ser puro significa ser imaculado
8. Se realmente adquirimos sabedoria divina, em que isso ficará ób-
vio?
9. O que significa ser puro? Por que é apropriado que a pureza seja
a primeira qualidade da sabedoria a ser alistada?
222 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

não só externamente, mas também no íntimo. A Bíblia diz


que a sabedoria está ligada ao coração, mas ela não
pode penetrar num coração aviltado por pensamentos, de-
sejos e motivações errados. (Provérbios 2:10; Mateus 15:19,
20) Contudo, se nosso coração for puro — isto é, ao pon-
to em que isso é possível para humanos imperfeitos —, nós
nos ‘desviaremos do mal e faremos o bem’. (Salmo 37:27;
Provérbios 3:7) Não acha apropriado que a pureza seja a pri-
meira qualidade da sabedoria a ser alistada? Afinal, se não
formos moral e espiritualmente limpos, como poderemos
refletir de forma plena as outras qualidades da sabedoria de
cima?
10 “Depois pacífica.” A sabedoria celestial nos motiva a nos

empenharmos pela paz, que é um aspecto do fruto do es-


pírito de Deus. (Gálatas 5:22) Fazemos tudo o que é possí-
vel para não romper o “vínculo . . . da paz” que une o povo
de Jeová. (Efésios 4:3) Também procuramos restaurar a paz
quando ela é perturbada. Por que isso é importante? A Bíblia
diz: “Continuem . . . a viver pacificamente; e o Deus de amor
e de paz estará com vocês.” (2 Coríntios 13:11) De modo que
o Deus de paz estará conosco desde que continuemos a viver
pacificamente. O modo como tratamos os companheiros de
adoração afeta de forma direta o nosso relacionamento com
Jeová. Como podemos mostrar ser pacificadores? Veja um
exemplo.
11 O que fazer se perceber que ofendeu um companheiro

de adoração? Jesus disse: “Então, se você levar a sua dádiva


ao altar e ali se lembrar de que o seu irmão tem algo contra
você, deixe a sua dádiva ali na frente do altar e vá. Faça pri-
meiro as pazes com o seu irmão, então volte e ofereça a sua
dádiva.” (Mateus 5:23, 24) Poderá aplicar esse conselho to-
mando a iniciativa de ir falar com o irmão. Com que objeti-
10, 11. (a) Por que é importante sermos pacíficos? (b) Se achar que
ofendeu um companheiro de adoração, como poderá mostrar ser um
pacificador? (Veja também a nota.)
Para obter sabedoria divina, temos de
nos esforçar para buscá-la

vo? ‘Fazer as pazes.’1 Para conseguir isso, talvez seja necessá-


rio admitir, não negar, que você feriu os sentimentos dele.
Se ao conversarem você mantiver em mente que o seu obje-
tivo é restaurar a paz, é bem provável que se esclareçam os
mal-entendidos, se peçam desculpas e se estenda o perdão.
Quando toma a iniciativa de fazer as pazes, você mostra que
se deixa guiar pela sabedoria divina.
“Razoável, pronta para obedecer”
12 “Razoável.” O que significa ser razoável? Segundo certos
1 A expressão grega traduzida ‘faça as pazes’ tem sido definida
como “mudar de inimizade para amizade; ficar reconciliado; voltar a
ter relações normais ou harmonia”. De modo que o seu objetivo é
ocasionar uma mudança, se possível removendo o rancor do coração
do ofendido. — Romanos 12:18.

12, 13. (a) Qual é o sentido da palavra traduzida “razoável” em Tia-


go 3:17? (b) Como podemos mostrar que somos razoáveis?
224 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

eruditos, é difícil traduzir a palavra grega original vertida


“razoável” em Tiago 3:17. Ela passa a ideia de estar dispos-
to a ceder. Alguns tradutores usaram termos como “bondo-
sa”, “condescendente” e “compreensiva”. Como podemos
demonstrar que aplicamos esse aspecto da sabedoria de cima
na nossa vida?
13 “Que a sua razoabilidade seja conhecida de todos os ho-

mens”, diz Filipenses 4:5. Outra tradução diz: “Tende a


reputação de ser razoáveis.” (The New Testament in Modern
English, de J. B. Phillips) Note que não é tanto uma questão
de como encaramos a nós mesmos; devemos levar em conta
como outros nos encaram, como somos conhecidos. A pes-
soa razoável não insiste em aplicar a lei ao pé da letra ou em
que as coisas sejam sempre feitas do seu jeito. Em vez disso,
está disposta a escutar outros e, quando apropriado, a ceder
aos desejos deles. Uma pessoa assim não é dura ou grosseira,
mas bondosa nos seus tratos com outros. Embora essa qua-
lidade seja essencial para todos os cristãos, é especialmente
importante para os que servem como anciãos. Se estes forem
atenciosos, outros se sentirão atraídos a eles, considerando-
os acessíveis. (1 Tessalonicenses 2:7, 8) Seria bom nos per-
guntarmos: ‘Tenho a reputação de ser alguém compreensivo,
flexível e bondoso?’
14 “Pronta para obedecer.” A palavra grega traduzida “pronta

para obedecer” não se encontra em nenhuma outra parte das


Escrituras Gregas Cristãs. Segundo certo erudito, essa palavra
“é muitas vezes usada referente à disciplina militar”. Trans-
mite a ideia de ser “fácil de persuadir” e “submisso”. Quem
é governado pela sabedoria de cima se submete prontamen-
te ao que as Escrituras dizem. Não é conhecido como alguém
que toma uma decisão e daí se recusa a ser influenciado por
quaisquer fatos que contrariem seu ponto de vista. Pelo con-
trário, está sempre pronto a fazer mudanças quando lhe apre-
sentam provas bíblicas incontestáveis de que sua atitude está
14. Como podemos demonstrar que somos ‘prontos para obedecer’?
ESTÁ PONDO EM PRÁTICA “A SABEDORIA DE CIMA”? 225

errada ou de que tirou conclusões incorretas. Será que você é


conhecido como alguém que age assim?
“Cheia de misericórdia e de bons frutos”
15 “Cheia de misericórdia e de bons frutos.”1 A misericórdia
é uma parte importante da sabedoria de cima, que é descri-
ta como sendo “cheia de misericórdia”. Note que se mencio-
nam juntos a “misericórdia” e os “bons frutos”. Isso é apro-
priado porque, na Bíblia, a misericórdia em geral se refere à
preocupação ativa com outros, à compaixão que produz uma
grande quantidade de atos bondosos. Uma obra de referência
define misericórdia como “sentimento de tristeza devido à si-
tuação ruim de alguém e a tentativa de fazer algo a respeito”.
De modo que a sabedoria divina não é severa, fria ou mera-
mente intelectual. Pelo contrário, ela é branda, calorosa e sen-
sível. Como podemos mostrar que estamos cheios de miseri-
córdia?
16 Sem dúvida, um modo importante de fazer isso é por

transmitir as boas novas do Reino de Deus a outros. O que


nos leva a fazer essa obra? Em primeiro lugar, o amor a Deus.
Mas também somos motivados pela misericórdia, ou com-
paixão por outros. (Mateus 22:37-39) Muitas pessoas hoje são
“esfoladas e jogadas de um lado para outro como ovelhas sem
pastor”. (Mateus 9:36) Falsos pastores religiosos as negligen-
ciam e cegam em sentido espiritual. Em resultado disso, elas
não sabem que a Palavra de Deus tem orientações sábias nem
que o Reino logo trará bênçãos para a Terra. Quando medita-
mos nas necessidades espirituais dos que nos rodeiam, nossa
1 Ao verter essas palavras, outras traduções usaram expressões
como “cheia de compaixão” e “boas ações”. — Tradução Ecumênica;
Bíblia na Linguagem de Hoje.

15. O que é misericórdia? Por que é apropriado que “misericórdia”


e “bons frutos” sejam mencionados juntos em Tiago 3:17?
16, 17. (a) Além do amor a Deus, o que mais nos motiva a partici-
par na obra de pregação e por quê? (b) De que maneiras podemos
mostrar que estamos cheios de misericórdia?
226 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

compaixão de coração nos motiva a fazer tudo o que pode-


mos para lhes falar dos amorosos propósitos de Jeová.
17 De que outras maneiras podemos mostrar que estamos

cheios de misericórdia? Lembra-se da ilustração de Jesus so-


bre o samaritano que encontrou um viajante caído à beira da
estrada após ser espancado e assaltado? Movido pela compai-
xão, o samaritano “agiu misericordiosamente”, tratando dos
ferimentos da vítima e cuidando dela. (Lucas 10:29-37) Isso
ilustra muito bem que a misericórdia envolve dar ajuda práti-
ca aos necessitados. A Bíblia nos ordena que façamos “o bem
a todos, mas especialmente aos que fazem parte da nossa fa-
mília na fé”. (Gálatas 6:10) Veja alguns exemplos: um con-
crente idoso precisa de transporte para assistir às reuniões cris-
tãs. Uma viúva da congregação precisa de ajuda para fazer
alguns consertos em casa. (Tiago 1:27) Uma pessoa deprimi-
da precisa de uma “boa palavra” que a reanime. (Provérbios
12:25) Quando mostramos misericórdia dessas maneiras, da-
mos prova de que colocamos em prática a sabedoria de cima.
“Imparcial, sem hipocrisia”
18 “Imparcial.” A sabedoria divina dá forças para se superar o
preconceito racial e o orgulho nacional. Se formos guiados
por ela, nos esforçaremos a eliminar do coração toda tendên-
cia de mostrar favoritismo. (Tiago 2:9) Não favoreceremos
outros em virtude da sua formação educacional, condição fi-
nanceira ou responsabilidade congregacional; nem despreza-
remos companheiros de adoração, não importa o quanto pa-
reçam humildes. Se Jeová demonstrou o Seu amor por eles,
sem dúvida devemos considerá-los dignos do nosso amor.
19 “Sem hipocrisia.” A palavra grega para “hipócrita” pode

significar “aquele que faz o papel de ator”. No passado, os


18. Se formos guiados pela sabedoria de cima, o que nos esforçare-
mos a eliminar do coração? Por quê?
19, 20. (a) Qual é a origem da palavra grega para “hipócrita”?
(b) Como podemos demonstrar “afeição fraternal sem hipocrisia”?
Por que isso é importante?
Quando mostramos misericórdia, ou compaixão,
para com outros, refletimos “a sabedoria de cima”

atores gregos e romanos usavam grandes máscaras quando


representavam. Assim, a palavra grega para “hipócrita” pas-
sou a ser usada para quem é fingido ou falso. Sabermos que
a sabedoria divina é “sem hipocrisia” deve influenciar não só
o modo como tratamos nossos companheiros de adoração,
mas também como nos sentimos em relação a eles.
20 O apóstolo Pedro mencionou que nossa “obediência à

verdade” deve resultar em “amor fraternal sem hipocrisia”.


(1 Pedro 1:22) De modo que nossa afeição pelos irmãos não
pode ser apenas da boca para fora. Não devemos ‘usar másca-
ras’ nem ‘desempenhar um papel’ para enganar outros. Nos-
sa afeição precisa ser genuína, de coração. Assim, con-
quistaremos a confiança de nossos concrentes, porque eles
perceberão que somos exatamente o que parecemos ser, ou
seja, sinceros. Isso nos possibilitará ter relacionamentos aber-
tos e honestos com outros cristãos e criará um clima de con-
fiança na congregação.
228 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Perguntas para Meditação


Deuteronômio 4:4-6 Como podemos mostrar-nos sábios?
Salmo 119:97-105 Que benefícios teremos se estudarmos diligente-
mente a Palavra de Deus e aplicarmos o que aprendemos?
Provérbios 4:10-13, 20-27 Por que precisamos da sabedoria de
Jeová?
Tiago 3:1-16 Como aqueles que têm responsabilidades de supervi-
são na congregação podem mostrar que são sábios e discernidores?

“Resguarda a sabedoria prática”


21 A sabedoria divina é uma dádiva de Jeová, por isso, deve-
mos resguardá-la. Salomão disse: “Meu filho, . . . resguarde
a sabedoria prática e o raciocínio.” (Provérbios 3:21) Infeliz-
mente, o próprio Salomão deixou de fazer isso. Ele conti-
nuou a ser sábio enquanto manteve um coração obedien-
te. Mas, por fim, suas muitas esposas estrangeiras desviaram
seu coração da adoração pura de Jeová. (1 Reis 11:1-8) O que
aconteceu com Salomão ilustra que apenas ter conhecimen-
to não adianta muita coisa se esse não for aplicado correta-
mente.
22 Como podemos resguardar a sabedoria prática? Além de

ler regularmente a Bíblia e as publicações baseadas nela, for-


necidas pelo “escravo fiel e prudente”, devemos nos empe-
nhar em aplicar o que aprendemos. (Mateus 24:45) Temos
motivos de sobra para fazer isso. A sabedoria divina torna
a nossa vida muito melhor agora. Permite que nos ‘apegue-
mos firmemente à verdadeira vida’, quer dizer, à vida no novo
mundo de Deus. (1 Timóteo 6:19) E, o mais importante de
tudo, cultivar a sabedoria de cima nos achega à Fonte de toda
a sabedoria, Jeová Deus.
21, 22. (a) Como Salomão deixou de resguardar a sabedoria?
(b) Como podemos resguardar a sabedoria e que benefícios isso nos
trará?
S E Ç Ã O 4

“DEUS É AMOR”
De todas as qualidades de Jeová, o amor
é a principal. É também a mais atraente.
Ao examinarmos algumas das lindas facetas
dessa qualidade preciosa, entenderemos melhor
por que a Bíblia diz que “Deus é amor”.
— 1 João 4:8.
C A P Í T U L O 2 3

“Ele nos amou primeiro”


QUASE 2 mil anos atrás, um homem inocente foi julgado, con-
denado por crimes que não cometera e torturado até à mor-
te. Essa não foi a primeira execução cruel e injusta da História
— nem a última, infelizmente. Mas aquela morte foi diferente
de todas as outras.
2 À medida que aquele homem sofria suas agonizantes horas

finais, viram-se indícios no próprio céu de que se tratava de um


acontecimento incomum. Embora fosse o meio do dia, subita-
mente uma escuridão cobriu a terra, ou, como descreveu um
historiador, “a luz do sol falhou”. (Lucas 23:44, 45) Daí, pou-
co antes de dar seu último suspiro, aquele homem proferiu es-
tas palavras inesquecíveis: “Está consumado!” Na verdade, ao
dar sua vida, ele consumou, ou realizou, algo maravilhoso. Seu
sacrifício foi o maior ato de amor já realizado por qualquer ser
humano. — João 15:13; 19:30.
3 Aquele homem, naturalmente, era Jesus Cristo. Seu sofri-

mento e morte naquele dia sombrio, 14 de nisã de 33 EC, são


bem conhecidos. Mas um fato importante é frequentemente
ignorado: embora Jesus sofresse muito, houve alguém que so-
freu mais do que ele. De fato, naquele dia outra pessoa fez um
sacrifício ainda maior, o maior ato de amor já feito por qualquer
pessoa no Universo inteiro. Qual foi? A resposta a essa pergunta
servirá de introdução apropriada para começarmos a analisar o
mais importante de todos os assuntos: o amor de Jeová.
O maior ato de amor
4 O centurião romano que supervisionou a execução de Jesus
1-3. Quais são alguns fatores que tornaram a morte de Jesus diferen-
te de todas as outras na História?
4. Como um soldado romano percebeu que Jesus não era um ho-
mem comum e a que conclusão chegou?

“Deus . . . deu o seu Filho unigênito”


232 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

ficou assombrado tanto com a escuridão que precedeu sua


morte como com o fortíssimo terremoto que se seguiu. “Cer-
tamente este era o Filho de Deus”, disse ele. (Mateus 27:54)
É evidente que Jesus não era um homem comum. Aquele sol-
dado havia ajudado a executar o Filho unigênito do Deus Al-
tíssimo! Qual a intensidade do amor que o Pai sentia por seu
Filho?
5 A Bíblia chama Jesus de “primogênito de toda a criação”.

(Colossenses 1:15) Imagine: o Filho de Jeová existia antes


de ser criado o Universo físico. Então, por quanto tempo Pai
e Filho estiveram juntos? Alguns cientistas calculam a ida-
de do Universo em 13 bilhões de anos. Consegue imaginar
todo esse tempo? Para ajudar as pessoas a entender a idade do
Universo, conforme calculada pelos cientistas, certo planetá-
rio tem uma linha do tempo de 110 metros de comprimento.
Os visitantes caminham ao longo dessa linha e cada passo de-
les representa cerca de 75 milhões de anos na existência do
Universo. No fim da linha do tempo, toda a História humana
é representada por uma única marca da espessura de um fio
de cabelo humano! Mesmo que essa estimativa esteja correta,
aquela inteira linha do tempo não é suficiente para represen-
tar a duração da vida do Filho de Jeová! O que ele fazia duran-
te todas aquelas eras?
6 O Filho alegremente serviu como “trabalhador perito” do

Pai. (Provérbios 8:30) A Bíblia diz: “Sem [o Filho] nem mesmo


uma só coisa veio a existir.” ( João 1:3) De modo que Jeová e
seu Filho, trabalhando em conjunto, fizeram tudo que existe.
Quantos momentos emocionantes e felizes passaram juntos!
Pois bem, a maioria das pessoas reconhece que o amor entre
pais e filhos é extremamente forte. E o amor “é o perfeito vín-
culo de união”. (Colossenses 3:14) Assim, será que algum de
5. Como se pode ilustrar a imensa duração do tempo que Jeová e seu
Filho passaram juntos no céu?
6. (a) O que o Filho de Jeová fazia durante sua existência pré-huma-
na? (b) Como é a ligação que existe entre Jeová e seu Filho?
“ELE NOS AMOU PRIMEIRO” 233

nós consegue sequer imaginar como é forte a ligação — de-


senvolvida ao longo de tanto tempo — entre Jeová Deus e seu
Filho? É óbvio que eles estão unidos pelo mais forte vínculo
de amor que já existiu.
7 Mesmo assim, Jeová enviou seu Filho para a Terra, onde

nasceu como bebê humano. Ao fazer isso, o Pai abriu mão,


por algumas décadas, do companheirismo achegado com seu
Filho amado no céu. Com grande interesse, observou desde o
céu Jesus crescer até se tornar um homem perfeito. Com cer-
ca de 30 anos de idade, Jesus foi batizado. Não é preciso ten-
tar adivinhar como Jeová se sentiu em relação a ele. O Pai em
pessoa falou desde o céu: “Este é meu Filho, o amado, a quem
eu aprovo.” (Mateus 3:17) Como deve ter ficado contente ao
ver Jesus cumprir fielmente tudo o que havia sido profetiza-
do, tudo o que lhe havia sido pedido! — João 5:36; 17:4.
8 Mas como Jeová se sentiu em 14 de nisã de 33 EC quan-

do Jesus foi traído e preso por uma turba à noite; quando foi
abandonado por seus amigos e submetido a um julgamen-
to ilegal; quando o ridicularizaram, cuspiram nele e o esmur-
raram; quando foi açoitado, até que suas costas ficaram em
carne viva; quando pregaram as mãos e os pés em um poste
de madeira e ele foi pendurado para morrer, ao passo que as
pessoas zombavam dele? Como o Pai se sentiu quando seu Fi-
lho amado, agonizando, clamou a ele? Como Jeová se sentiu
quando Jesus deu seu último suspiro, quando, pela primeira
vez desde o início de toda a criação, Seu Filho querido não
existia mais? — Mateus 26:14-16, 46, 47, 56, 59, 67; 27:38-44,
46; João 19:1.
9 É impossível descrever apropriadamente os sentimentos de

Jeová. Não há palavras para expressar a dor que ele sentiu


7. Quando Jesus se batizou, como Jeová expressou seus sentimentos
em relação ao Filho?
8, 9. (a) O que Jesus sofreu em 14 de nisã de 33 EC e como isso afe-
tou seu Pai celestial? (b) Por que Jeová permitiu que seu Filho sofres-
se e morresse?
234 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

com a morte de seu Filho. Mas o que pode ser explicado é o


motivo de Jeová ter permitido que isso acontecesse. Por que o
Pai se submeteu a esses sentimentos? Em João 3:16, um versí-
culo bíblico tão importante que já foi chamado de “o Evan-
gelho em miniatura”, Jeová nos faz uma revelação maravi-
lhosa, dizendo: “Deus amou tanto o mundo, que deu o seu
Filho unigênito, para que todo aquele que nele exercer fé não
seja destruído, mas tenha vida eterna.” Assim, Jeová se sujei-
tou a todo aquele sofrimento por um só motivo: amor. Aque-
la dádiva de Deus — enviar seu Filho para sofrer e morrer por
nós — foi o maior ato de amor de todos os tempos.

Como se define o amor divino?


10 O que significa a palavra “amor”? O amor já foi descrito
como a maior necessidade humana. Do berço ao túmulo, as
pessoas o procuram, se desenvolvem sob sua influência e até
definham e morrem por falta dele. Mesmo assim, é incrivel-
mente difícil defini-lo. É claro que as pessoas falam de amor
o tempo todo. Incontáveis livros, canções e poemas são lança-
dos sobre esse tema. Mas isso não ajuda a compreendê-lo me-
lhor. Na verdade, a palavra é usada com tanta frequência que
parece cada vez mais difícil descobrir o que realmente signi-
fica.
11 A Bíblia, porém, explica claramente o que é o amor. Um di-

cionário de termos bíblicos diz: “O amor só pode ser conhe-


cido pelas ações que promove.” (Expository Dictionary of New
Testament Words, de Vine) O registro bíblico sobre as ações de
Jeová nos ensina muito sobre seu amor, a afeição bondosa que
ele sente por suas criaturas. Por exemplo, já analisamos o su-
10. Que necessidade os humanos têm e o que se pode dizer sobre o
sentido da palavra “amor”?
11, 12. (a) Onde podemos aprender muito sobre o amor, e por que
ali? (b) O grego antigo tinha termos específicos para que tipos de
amor e qual dessas palavras é usada com mais frequência nas Escri-
turas Gregas Cristãs? (Veja também a nota.) (c) Que ideia a palavra
a·gá·pe passa muitas vezes nas Escrituras?
“ELE NOS AMOU PRIMEIRO” 235

premo ato de amor de Jeová. Consegue pensar em uma manei-


ra melhor de aprendermos sobre essa qualidade? Nos capítulos
seguintes, veremos muitos outros exemplos do amor de Jeová
em ação. Além disso, analisarmos as palavras originais para
“amor” usadas na Bíblia nos ajudará a compreender melhor
essa qualidade. No grego antigo, havia quatro palavras para
“amor”.1 Dessas, a mais frequentemente usada nas Escrituras
Gregas Cristãs é a·gá·pe. Um dicionário bíblico diz que essa é “a
mais poderosa palavra imaginável para amor”. Por quê?
12 Conforme usada na Bíblia, a palavra a·gá·pe muitas vezes

passa a ideia de amor guiado por princípios. Assim, é mais do


que apenas uma reação emocional em relação a outra pessoa.
Seu alcance é maior; ele é mais absorvente e envolve reflexão.
Acima de tudo, o amor cristão é totalmente abnegado. Por
exemplo, leia novamente João 3:16. O que é “o mundo” que
Deus amou tanto que deu seu Filho unigênito por ele? É o
mundo da humanidade que pode ser resgatada. Inclui muitas
pessoas que levam uma vida de pecado. Será que Jeová ama a
cada uma delas como amigos pessoais, assim como amou o
fiel Abraão? (Tiago 2:23) Não, mas Jeová amorosamente de-
monstra bondade a todos, mesmo que isso envolva grandes
sacrifícios para si mesmo. Ele deseja que todos se arrependam
e mudem de vida. (2 Pedro 3:9) Muitos fazem isso, e Ele tem
prazer em acolher a esses como seus amigos.
13 Alguns, porém, têm um conceito errado sobre o uso de

a·gá·pe na Bíblia. Acham que se trata de um tipo de amor frio


1 O verbo fi·lé·o, que significa “ter afeição por ou gostar de (como
de um amigo achegado ou irmão)”, é usado com frequência nas Es-
crituras Gregas Cristãs. Uma forma da palavra stor·gé, o amor por pa-
rentes achegados, é usada em 2 Timóteo 3:3 para mostrar que esse
amor estaria em falta nos últimos dias. É·ros, o amor romântico en-
tre os sexos, não é um termo usado nas Escrituras Gregas Cristãs,
embora esse tipo de amor seja mencionado na Bíblia. — Provérbios
5:15-20.

13, 14. O que mostra que o amor cristão muitas vezes inclui afeição
calorosa?
236 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

e intelectual. Na verdade, o amor cristão muitas vezes inclui


calorosa afeição pessoal. Por exemplo, quando João escreveu:
“O Pai ama o Filho”, usou uma forma da palavra a·gá·pe.
Será que esse amor não inclui a afeição? Note que Jesus disse:
“O Pai tem afeição pelo Filho”, usando uma forma da pala-
vra fi·lé·o. ( João 3:35; 5:20, nota) O amor de Jeová muitas ve-
zes inclui terna afeição. Mas essa qualidade dele nunca é in-
fluenciada por mero sentimentalismo; sempre é guiada por
princípios sábios e justos.
14 Como vimos, todas as qualidades de Jeová são inigualá-

veis, perfeitas e atraentes. Mas a que mais nos atrai a Ele é o


amor. Felizmente, esta é também Sua qualidade dominante.
Como sabemos disso?
“Deus é amor”
15 A Bíblia usa uma expressão, a respeito do amor, que nun-
ca utiliza para descrever nenhum dos outros atributos princi-
pais de Jeová. As Escrituras não dizem que Deus é poder, que
Deus é justiça nem mesmo que Deus é sabedoria. Ele possui
essas qualidades, é a derradeira Fonte delas e, no que se refere
a demonstrá-las, ninguém se compara a ele. Mas a respeito do
quarto atributo, usa-se uma expressão que dá o que pensar:
“Deus é amor.”1 (1 João 4:8) O que isso significa?
16 A expressão “Deus é amor” não se trata de uma espécie

1 Outras declarações bíblicas têm estrutura semelhante. Por exem-


plo, “Deus é luz” e “Deus é um fogo consumidor”. (1 João 1:5; He-
breus 12:29) Mas essas devem ser entendidas como metáforas, pois
comparam Jeová a coisas físicas. Ele é como a luz, pois é santo e reto.
A “escuridão”, ou impureza, não tem nada que ver com ele. E ele pode
ser comparado ao fogo, porque pode usar seu poder de forma destru-
tiva.

15. Que declaração a Bíblia faz sobre o atributo do amor de Jeová, e


em que sentido essa declaração é única? (Veja também a nota.)
16-18. (a) Por que a Bíblia diz que “Deus é amor”? (b) De todas as
criaturas na Terra, por que o homem é um símbolo apropriado do
atributo divino do amor?
“ELE NOS AMOU PRIMEIRO” 237

de fórmula matemática, como se a Bíblia quisesse dizer que


“Deus é igual a amor”. Além disso, não se pode inverter a or-
dem da frase; seria incorreto dizer: “O amor é Deus.” Jeová é
muito mais do que uma qualidade abstrata. Ele é uma Pessoa
com muitos sentimentos e características além do amor. Mas
essa qualidade é parte fundamental de Deus como pessoa. Por
isso, uma obra de referência diz o seguinte sobre esse versícu-
lo: “O amor está na própria essência ou natureza de Deus.” De
modo geral, podemos entender a questão da seguinte manei-
ra: o poder de Jeová lhe possibilita agir; a justiça e a sabedoria
guiam seus atos; mas é o amor que o motiva a agir. E, quando
usa seus outros atributos, Jeová sempre inclui o amor.
17 Muitas vezes se diz que Jeová é a própria personificação do

amor. Assim, se quisermos aprender a respeito desse amor ba-


seado em princípios, temos de aprender sobre Ele. É claro que
os humanos também são capazes de demonstrar essa bela qua-
lidade. Por quê? Na época da criação, Jeová falou, evidente-
mente ao seu Filho: “Façamos o homem à nossa imagem,
segundo a nossa semelhança.” (Gênesis 1:26) De todas as cria-
turas na Terra, apenas o ser humano pode decidir amar e, as-
sim, imitar seu Pai celestial. Lembre-se de que Jeová usou vá-
rias criaturas para simbolizar seus atributos principais. Mas
escolheu sua mais elevada criação terrestre, o homem, como
símbolo de Sua qualidade dominante, o amor. — Ezequiel 1:10.
18 Se nosso amor for altruísta e baseado em princípios, es-

taremos refletindo a qualidade dominante de Jeová. É exata-


mente como o apóstolo João escreveu: “Nós amamos porque
ele nos amou primeiro.” (1 João 4:19) Mas de que maneiras
Jeová nos amou primeiro?

Jeová tomou a iniciativa


O amor não é algo novo. Afinal, o que levou Jeová a
19

começar a criar? Não foi solidão nem necessidade de


19. Por que se pode dizer que o amor desempenhou um papel vital
na obra criativa de Jeová?
238 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

companhia. Jeová é completo e perfeito em si mesmo; não


lhe falta nada que outra pessoa possa suprir. Mas seu amor,
uma qualidade ativa, o motivou a querer partilhar as alegrias
da vida com criaturas inteligentes, capazes de apreciar essa
dádiva. “O princípio da criação de Deus” foi seu Filho unigê-
nito. (Apocalipse 3:14) Daí, Jeová usou esse trabalhador peri-
to para trazer todas as outras coisas à existência, a começar
pelos anjos. ( Jó 38:4, 7; Colossenses 1:16) Abençoados com
liberdade, inteligência e sentimentos, esses espíritos podero-
sos tiveram a oportunidade de formar seus próprios laços de
amor: uns com os outros e, acima de tudo, com Jeová Deus.
(2 Coríntios 3:17) Assim, amaram porque foram amados pri-
meiro.
20 O mesmo se deu com a humanidade. Desde o início,

Adão e Eva estavam praticamente cercados de amor. Para todo


lado que olhassem no seu lar paradisíaco, o Éden, podiam ver
provas do amor de seu Pai por eles. A Bíblia diz: “Jeová Deus
plantou um jardim no Éden, no leste, e ali pôs o homem que
havia formado.” (Gênesis 2:8) Já esteve num belíssimo jardim
ou parque? Do que gostou mais? Da luz atravessando as fo-
lhagens e iluminando um canto sombrio? Do impressionan-
te arco-íris de flores num canteiro? Da música de fundo pro-
duzida pelo murmúrio de um riacho, pelo canto dos pássaros
e pelo zumbido dos insetos? Do perfume de árvores, flores e
frutos? Seja como for, nenhum parque de hoje chega aos pés
do Éden. Por quê?
21 O próprio Jeová plantou aquele jardim! Deve ter sido um

lugar indescritivelmente belo. Havia ali todo tipo de árvore


frutífera ou ornamental. O jardim era bem irrigado, espaço-
so e com uma variedade fascinante de animais. Adão e Eva
tinham tudo de que precisavam para ter uma vida feliz e sa-
tisfatória, incluindo trabalho gratificante e companheirismo
perfeito. Jeová os amou primeiro e eles tinham motivos de
20, 21. Que provas Adão e Eva tinham de que Jeová os amava, mas
como reagiram?
“ELE NOS AMOU PRIMEIRO” 239

Perguntas para Meditação


Salmo 63:1-11 Como devemos encarar o amor de Jeová? Essa
qualidade pode nos ajudar a desenvolver que confiança?
Oseias 11:1-4; 14:4-8 De que maneiras Jeová mostrou amor
paterno para com Israel (ou, Efraim), apesar de que histórico
de desobediência?
Mateus 5:43-48 Como Jeová mostra amor paterno para com a
humanidade em geral?
João 17:15-26 Como a oração de Jesus a favor de seus seguido-
res nos assegura que Jeová nos ama?

sobra para retribuir esse amor. Mas não fizeram isso. Em vez
de amorosamente obedecer ao seu Pai celestial, eles, de forma
egoísta, se rebelaram contra Ele. — Gênesis, capítulo 2.
22 Como isso deve ter sido doloroso para Jeová! Mas será que

Jeová ficou ressentido por causa dessa rebelião? Não! “O seu


amor leal dura para sempre.” (Salmo 136:1) Assim, de forma
amorosa, ele imediatamente tomou providências para resga-
tar os descendentes de Adão e Eva que tivessem a disposição
correta. Como vimos, entre esses preparativos estava o sacri-
fício de resgate de Seu Filho amado, que lhe custou tão caro.
— 1 João 4:10.
23 De fato, desde o início Jeová tomou a iniciativa de mos-

trar amor à humanidade. De incontáveis maneiras, “ele nos


amou primeiro”. O amor promove harmonia e alegria, de
modo que não é de admirar que Jeová seja descrito como o
“Deus feliz”. (1 Timóteo 1:11) Mas surge uma pergunta im-
portante: Será que Jeová realmente nos ama em base indivi-
dual? O próximo capítulo tratará dessa questão.
22. Como a reação de Jeová à rebelião no Éden provou que Seu amor
é leal?
23. Por que Jeová é o “Deus feliz”, e o próximo capítulo tratará de
que pergunta vital?
C A P Í T U L O 2 4

Nada pode “nos separar


do amor de Deus”
SERÁ que Jeová Deus ama você como pessoa? Alguns concor-
dam que Deus ama a humanidade em geral, conforme diz
João 3:16, mas pensam: “Deus nunca poderia amar a mim
como indivíduo.” Até mesmo cristãos verdadeiros vez por
outra têm dúvidas a esse respeito. Um homem desanimado
disse: “Acho muito difícil crer que Deus se importe comigo.”
Sente dúvidas como essas de vez em quando?
2 O que Satanás mais deseja é fazer-nos acreditar que Jeová

Deus não nos ama nem nos dá valor. É verdade que mui-
tas vezes ele seduz as pessoas apelando para a vaidade e o
orgulho. (2 Coríntios 11:3) Mas ele também tem prazer em
destruir o amor-próprio das pessoas mais vulneráveis. ( João
7:47-49; 8:13, 44) Isso se dá, em especial, nestes “últimos
dias” críticos. Muitos hoje são criados em famílias ‘desnatu-
radas’; outros têm tratos diários com gente violenta, egoísta e
teimosa. (2 Timóteo 3:1-5) Anos de maus-tratos, racismo ou
ódio talvez os tenham convencido de que não valem nada e
que não merecem ser amados.
3 Se você tiver esses sentimentos negativos no íntimo, não

se desespere. Muitos de nós, de vez em quando, somos um


pouco duros demais com nós mesmos. Mas lembre-se de que
a Palavra de Deus serve para “endireitar as coisas” e “demo-
lir fortalezas”. (2 Timóteo 3:16; 2 Coríntios 10:4) A Bíblia
diz: “Tranquilizaremos o nosso coração diante dele sempre
que o nosso coração nos condenar, porque Deus é maior do
1. Que sentimentos negativos afligem muitas pessoas, incluindo al-
guns cristãos verdadeiros?
2, 3. Quem deseja que acreditemos que, aos olhos de Jeová, somos
inúteis ou que não merecemos ser amados? Como podemos comba-
ter essa ideia?
NADA PODE “NOS SEPARAR DO AMOR DE DEUS” 241

que o nosso coração e sabe todas as coisas.” (1 João 3:19, 20)


Vamos analisar, então, quatro maneiras em que as Escrituras
nos ajudam a ‘tranquilizar o nosso coração’ com relação ao
amor de Jeová.
Jeová o considera precioso
4 Primeiro, a Bíblia ensina de forma bem direta que Deus
dá valor a cada um de seus servos. Por exemplo, Jesus disse:
“Não se vendem dois pardais por uma moeda de pequeno va-
lor? Contudo, nem mesmo um deles cairá no chão sem o co-
nhecimento do Pai de vocês. Mas até mesmo os cabelos da
cabeça de vocês estão todos contados. Portanto, não tenham
medo; vocês valem mais do que muitos pardais.” (Mateus
10:29-31) Vejamos o que essas palavras significavam para os
ouvintes de Jesus no primeiro século.
5 Talvez você se pergunte por que alguém compraria um

pardal. Acontece que, nos dias de Jesus, o pardal era a ave


mais barata vendida como alimento. Note que, com uma
moeda de pouco valor, o comprador podia levar dois par-
dais. Mais tarde, porém, Jesus declarou que, se a pessoa ti-
vesse duas moedas, poderia comprar, não quatro pardais,
mas cinco. O pássaro extra era acrescentado como se não
tivesse nenhum valor. Talvez essas criaturas fossem sem va-
lor aos olhos dos homens, mas como o Criador as encarava?
Jesus disse: “Nem mesmo um deles [nem mesmo o pássaro
extra] é esquecido por Deus.” (Lucas 12:6, 7) Com isso, co-
meçamos a entender o que Jesus queria dizer: se Jeová dá tan-
to valor a um único pardal, quanto mais valioso ele deve con-
siderar um ser humano! Como Jesus explicou, Deus sabe de
todos os detalhes a nosso respeito. Ora, até os nossos cabelos
estão contados!
6 Nossos cabelos estão contados? Alguns acham essa

4, 5. Como a ilustração de Jesus sobre os pardais mostra que temos


valor aos olhos de Jeová?
6. Como sabemos que Jesus estava sendo realista quando falou que
nossos cabelos estão contados?
242 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

ilustração de Jesus um pouco fantasiosa. Mas pense na espe-


rança da ressurreição. Jeová deve nos conhecer muito bem
para poder nos recriar. Ele nos considera tão valiosos que se
lembra de cada detalhe, incluindo nosso código genético, to-
dos os nossos anos de lembranças e as coisas que passamos
na vida.1 Em comparação com isso, contar nossos cabelos
(em média a cabeça humana tem uns 100 mil fios) seria uma
façanha simples.
O que Jeová vê em nós?
7 Em segundo lugar, a Bíblia ensina-nos o que Jeová apre-
cia nos seus servos: em termos simples, nossas boas qualida-
des e nossos esforços. O Rei Davi disse ao seu filho Salomão:
“Jeová examina todos os corações e discerne toda inclina-
ção dos pensamentos.” (1 Crônicas 28:9) Ao sondar bilhões
de corações humanos neste mundo violento e cheio de
ódio, como Jeová deve ficar contente quando encontra um
coração que ama a paz, a verdade e a justiça! O que acon-
tece quando Deus encontra um coração cheio de amor por
ele, que procura aprender sobre ele e transmitir esse conhe-
cimento a outros? Jeová nos informa que ele presta atenção
aos que falam com outros a Seu respeito. Ele até mesmo tem
“um livro de recordação” para todos ‘os que temem a Jeová
e para os que meditam no seu nome’. (Malaquias 3:16) Para
ele, essas qualidades são preciosas.
8 Quais são algumas das boas obras a que Jeová dá valor?

Sem dúvida, aos esforços que fazemos para imitar o seu Fi-
1 A Bíblia vez após vez relaciona a esperança da ressurreição com a
memória de Jeová. O fiel Jó lhe disse: “Quem dera que . . . estabele-
cesses um tempo e então te lembrasses de mim!” ( Jó 14:13) Jesus fa-
lou da ressurreição de “todos os que estão nos túmulos memoriais”.
Isso é apropriado porque Jeová se lembra perfeitamente dos mortos
que ele vai ressuscitar. — João 5:28, 29.

7, 8. (a) Ao sondar o coração dos humanos, Jeová fica contente


quando se depara com que qualidades? (b) Quais são algumas das
nossas obras a que Jeová dá valor?
“Vocês valem mais do que muitos pardais”

lho, Jesus Cristo. (1 Pedro 2:21) Uma obra muito importante


que Deus aprecia é a divulgação das boas novas do Reino. Le-
mos, em Romanos 10:15: “Como são lindos os pés daqueles
que declaram boas novas de coisas boas!” Normalmente tal-
vez não consideremos nossos humildes pés como “lindos”,
ou belos. Mas aqui eles representam os esforços dos servos de
Jeová para pregar as boas novas. Esse empenho é belo e pre-
cioso aos Seus olhos. — Mateus 24:14; 28:19, 20.
9 Jeová também dá valor à nossa perseverança. (Mateus

24:13) Lembre-se de que Satanás quer que você dê as costas a


Jeová. Cada dia que você permanece leal a Deus é mais um
dia em que ajudou a dar uma resposta às zombarias de Sata-
nás. (Provérbios 27:11) Nem sempre é fácil perseverar. Proble-
mas de saúde, dificuldades financeiras, aflição emocional e
outros obstáculos podem tornar cada dia que passa uma pro-
vação. Expectativas adiadas também podem ser muito desa-
nimadoras. (Provérbios 13:12) Quando nos mantemos firmes
9, 10. (a) Por que podemos ter certeza de que Jeová dá valor à nos-
sa perseverança em face de várias dificuldades? (b) Jeová nunca tem
que conceito negativo sobre seus servos fiéis?
244 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

em face dessas provações, Jeová dá ainda mais valor à nos-


sa perseverança. Foi por isso que o Rei Davi pediu que Deus
guardasse suas lágrimas num “odre” e acrescentou, confiante:
“Não estão registradas no teu livro?” (Salmo 56:8) Sem dúvi-
da, Jeová dá muito valor a todas as nossas lágrimas e aos sofri-
mentos que suportamos ao manter nossa lealdade a ele, não
se esquecendo disso. São coisas valiosas aos seus olhos.
10 Mas talvez achemos difícil aceitar essas provas de nos-

so valor aos olhos de Deus se o nosso coração nos conde-


na. Ele talvez sussurre insistentemente: ‘Mas há tantos outros
que são mais exemplares do que eu. Como Jeová deve ficar
desapontado quando me compara com eles!’ Mas o Criador
não faz comparações, nem tem um conceito rígido ou seve-
ro. (Gálatas 6:4) Ele examina a fundo os corações humanos
e dá valor às boas qualidades, mesmo que sejam mínimas.
Jeová procura o que temos de bom
11 Terceiro, quando Jeová nos examina, ele procura cuida-
dosamente o que temos de bom. Por exemplo, quando decre-
tou que toda a dinastia apóstata do Rei Jeroboão fosse execu-
tada, Ele ordenou que Abias, um dos filhos do rei, recebesse
um enterro decente. Por quê? “Jeová, o Deus de Israel, achou
algo de bom” nele. (1 Reis 14:1, 10-13) Jeová, na verdade, exa-
minou o coração daquele jovem e encontrou “algo de bom”
nele. Talvez se tratasse de muito pouca bondade, mas mes-
mo assim Deus considerou apropriado registrar isso na sua
Palavra. Ele até recompensou aquele único membro de uma
família apóstata, mostrando-lhe a misericórdia que julgou
apropriada.
12 Há um exemplo ainda mais positivo: o do bom Rei Jeo-

11. Ao analisar o modo como Jeová lidou com Abias, o que apren-
demos sobre nosso Criador?
12, 13. (a) Como o caso do Rei Jeosafá mostra que Jeová procura o
que temos de bom mesmo quando pecamos? (b) No que se refere a
nossas boas obras e qualidades, em que sentido Jeová age como um
Pai amoroso?
safá. Quando ele cometeu um ato
tolo, o profeta de Jeová lhe dis-
se: “Por causa disso, Jeová está
indignado com o senhor.” De
fato, palavras preocupantes!
Mas a mensagem de Jeová não
parou por aí. Acrescentou: “No
entanto, há coisas boas no se-
nhor.” (2 Crônicas 19:1-3) De
modo que, apesar de sua ira jus-
ta, Jeová não ficou cego para com a
bondade de Jeosafá. Como isso é di-
ferente do modo como agem os hu-
manos imperfeitos! Quando fica-
mos aborrecidos com outros, nossa
tendência é desconsiderar o que eles
têm de bom. E, quando pecamos, o
desapontamento, a vergonha e a cul-
pa que sentimos nos fazem esquecer
das boas qualidades que nós mesmos
temos. Lembre-se, porém, de que, se nos
arrependermos de nossos pecados e fizer-
mos bastante esforço para não repeti-los,
Jeová nos perdoará.
13 Quando nos examina, Jeová põe de lado

esses pecados, mais ou menos como um mi-


nerador à procura de ouro descarta o cascalho
sem valor. E o que faz com nossas boas quali-
dades e obras? Ah, essas são as “pepitas” que
ele guarda. Já notou que pais amorosos mui-
tas vezes guardam os desenhos e trabalhos es-
colares dos filhos — às vezes por décadas,
quando os filhos até já se esqueceram deles?
Jeová aprecia a nossa perseverança
em face de provações
246 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Jeová é o Pai mais amoroso que existe. Se permanecermos


fiéis, ele nunca se esquecerá de nossas boas obras e qualida-
des. De fato, ele consideraria uma injustiça esquecer-se delas
— e ele nunca é injusto. (Hebreus 6:10) Jeová também procu-
ra o que temos de bom de outra maneira.
14 Em vez de se concentrar em nossas imperfeições, Jeová vê

o nosso potencial. Para ilustrar: os amantes da arte não me-


dem esforços para restaurar pinturas ou outras obras seria-
mente danificadas. Por exemplo, quando alguém danificou
com uma espingarda um esboço de Leonardo da Vinci, ava-
liado em mais de 30 milhões de dólares, na Galeria Nacional,
em Londres, ninguém sugeriu que o desenho fosse jogado
fora só porque estava danificado. O trabalho de restauração
da obra-prima de quase 500 anos começou imediatamente.
Por quê? Porque ela era preciosa para os amantes da arte. Será
que você não vale mais do que um desenho a giz e carvão?
Aos olhos de Deus, sem dúvida vale — não importa quanto
a imperfeição herdada o tenha danificado. (Salmo 72:12-14)
Jeová Deus, o perito Criador da família humana, fará o que
for preciso para restabelecer à perfeição todos os que corres-
ponderem ao seu cuidado amoroso. — Atos 3:21; Romanos
8:20-22.
15 É evidente que Jeová vê o que cada um de nós tem de

bom, mesmo que nós não vejamos isso. E à medida que o ser-
virmos, ele fará com que aquilo que temos de bom aumente
até que, por fim, alcancemos a perfeição. Não importa como
o mundo de Satanás tenha nos tratado, Jeová considera seus
servos fiéis como preciosos. — Ageu 2:7.
Jeová demonstra seu amor de forma ativa
16 Em quarto lugar, Jeová faz muitas coisas para provar seu
14, 15. (a) Por que nossas imperfeições não impedem Jeová de no-
tar o que temos de bom? Ilustre isso. (b) O que Jeová fará com as coi-
sas boas que achar em nós, e como ele encara seu povo fiel?
16. Qual é a maior prova do amor de Jeová por nós, e como sabe-
mos que essa dádiva foi feita para nós pessoalmente?
NADA PODE “NOS SEPARAR DO AMOR DE DEUS” 247

amor por nós. Sem dúvida, a melhor resposta à mentira satâ-


nica de que nós não valemos nada e que não merecemos ser
amados é o sacrifício resgatador de Cristo. Nunca se esqueça
de que a morte agonizante de Jesus na estaca de tortura e a
agonia ainda maior que Jeová teve de suportar, observando
a morte de seu Filho amado, foram prova do amor deles por
nós. Infelizmente, muitas pessoas acham difícil aceitar que
essa dádiva foi feita para elas pessoalmente. Sentem-se indig-
nas. Lembre-se, porém, de que o apóstolo Paulo, que havia
sido perseguidor dos seguidores de Cristo, escreveu: ‘O Filho
de Deus me amou e se entregou por mim.’ — Gálatas 1:13;
2:20.
17 Jeová nos dá provas de seu amor ajudando cada um de

nós a tirar proveito do sacrifício de Cristo, que disse: “Nin-


guém pode vir a mim, a menos que o Pai, que me enviou, o
atraia.” ( João 6:44) Ou seja, Jeová pessoalmente nos atrai a
seu Filho e à esperança de vida eterna. Como? Por meio da
pregação, que alcança cada um de nós, e do seu espírito san-
to, que ele usa para nos ajudar a compreender e aplicar as ver-
dades espirituais, apesar de nossas limitações e imperfeições.
Por isso, Jeová pode dizer a nosso respeito o mesmo que dis-
se sobre Israel: “Eu amo você com um amor eterno. Por isso
eu [o] atraí a mim com amor leal.” — Jeremias 31:3.
18 É possivelmente por meio do privilégio da oração que

sentimos o amor de Jeová de forma mais íntima. A Bíblia


convida cada um de nós a ‘orar constantemente’ a Deus.
(1 Tessalonicenses 5:17) Ele nos escuta. É até mesmo chama-
do de “Ouvinte de oração”. (Salmo 65:2) Não delegou essa
função a nenhuma outra pessoa — nem mesmo ao seu pró-
prio Filho. Imagine: o Criador do Universo incentiva-nos a
17. De que maneiras Jeová nos atrai a si mesmo e ao seu Filho?
18, 19. (a) Por meio do que sentimos o amor de Jeová por nós de
forma mais íntima, e o que mostra que ele cuida dessa atribuição pes-
soalmente? (b) Como a Palavra de Deus nos assegura que Jeová es-
cuta com empatia?
248 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

nos dirigir a ele em oração, com franqueza no falar. E que


tipo de ouvinte ele é: frio, apático, insensível? De modo al-
gum.
19 Jeová demonstra empatia. O que quer dizer essa pala-

vra? Um fiel servo idoso de Jeová disse: “A empatia é a sua


dor no meu coração.” Será que Jeová é mesmo afetado pela
nossa dor? A respeito do sofrimento de seu povo, Israel, le-
mos: “Durante toda a aflição deles, ele também ficou afli-
to.” (Isaías 63:9) Jeová não apenas via os problemas deles; ele
sofria junto com seu povo. Comprovando quanto ele sente,
note essas palavras do próprio Jeová aos seus servos: “Aquele
que toca em vocês, toca na menina do meu olho.”1 (Zacarias
2:8) Isso seria muito doloroso. De fato, Jeová compartilha a
nossa dor. Quando sofremos, ele sofre junto.
20 Naturalmente, nenhum cristão equilibrado usaria essa

evidência do amor e da estima de Deus como desculpa para


demonstrar orgulho ou egoísmo. O apóstolo Paulo escre-
veu: “Por meio da bondade imerecida que me foi concedida,
digo a cada um de vocês que não pense de si mesmo mais
do que é necessário pensar, mas que cada um pense de um
modo que revele bom senso, conforme a medida de fé que
Deus lhe deu.” (Romanos 12:3) Outra tradução diz assim:
“Digo a todos vocês que não se achem melhores do que real-
mente são. Pelo contrário, pensem com humildade a respei-
to de vocês mesmos.” (Bíblia na Linguagem de Hoje) Assim,
ao passo que desfrutamos do amor de nosso Pai celestial, de-
vemos ser ajuizados e lembrar-nos de que o amor de Deus é
imerecido. — Lucas 17:10.
1 Algumas traduções desse texto dão a entender que quem toca no
povo de Deus toca no próprio olho ou no olho de Israel, não no de
Deus. Esse erro foi introduzido por escribas que consideravam esse
trecho irreverente e, por isso, o “corrigiram”. Esse esforço mal dire-
cionado obscureceu a intensidade da empatia pessoal de Jeová.

20. Se quisermos obedecer ao conselho de Romanos 12:3, que racio-


cínio desequilibrado deveremos evitar?
NADA PODE “NOS SEPARAR DO AMOR DE DEUS” 249

Perguntas para Meditação


Salmo 139:1-24 Como as palavras inspiradas do Rei Davi mos-
tram que Jeová está muito interessado em nós, como pessoas?
Isaías 43:3, 4, 10-13 Como Jeová se sente em relação aos que
o servem como suas Testemunhas, e como esses sentimentos
são expressos em ações?
Romanos 5:6-8 Por que podemos ter certeza de que nossa con-
dição imperfeita não impede que o amor de Jeová nos alcance
e nos beneficie?
Judas 17-25 Como podemos nos manter no amor de Deus?
Que influências tornam difícil fazermos isso?

21 Façamos tudo ao nosso alcance para rejeitar todas as

mentiras de Satanás, incluindo a de que não valemos nada


e que não merecemos ser amados. Se por causa daquilo que
passou na vida você se considera um obstáculo tão gran-
de que nem mesmo o amor imenso de Deus pode supe-
rar, ou pensa que suas boas obras são insignificantes demais
para serem notadas mesmo pelos olhos dele, que observam
tudo, ou acha seus pecados graves demais para serem cober-
tos mesmo pela morte do Filho precioso dele, então lhe en-
sinaram uma mentira. Rejeite de todo o coração mentiras
como essas! Que a verdade expressa nas palavras inspiradas
do apóstolo Paulo nos ajude a nos ‘tranquilizarmos’, ou nos
convencermos de coração, que Jeová nos ama! Ele disse: “Es-
tou convencido de que nem a morte, nem a vida, nem an-
jos, nem governos, nem coisas presentes, nem coisas por vir,
nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer
outra criação será capaz de nos separar do amor de Deus, que
está em Cristo Jesus, nosso Senhor.” — Romanos 8:38, 39.
21. Que mentiras satânicas devemos continuar a rejeitar, e que ver-
dade divina nos ajudará a nos ‘tranquilizarmos’, ou nos convencer-
mos de coração, que Jeová nos ama?
C A P Í T U L O 2 5

A “terna compaixão
do nosso Deus”
UM CHORO no meio da noite. Imediatamente, a mãe
acorda. Desde que o bebê nasceu, ela nunca mais dormiu
tão profundamente como antes. Além disso, aprendeu a
identificar os diferentes choros do filho e, assim, sabe se
ele quer mamar, ser embalado ou se precisa de alguma ou-
tra coisa. Mas não importa qual seja a razão do choro do
bebê, a mãe sempre lhe dá atenção. Seu coração a impede
de ignorar as necessidades da criança.
2 A compaixão da mãe pelo filho está entre os sentimen-

tos mais afetuosos conhecidos pelos humanos. Mas existe


um sentimento infinitamente mais forte: a terna compai-
xão de nosso Deus, Jeová. Uma análise dessa qualidade ma-
ravilhosa ajudará a nos achegarmos mais a Ele. Vejamos,
então, o que é compaixão e como nosso Deus a manifesta.
O que é compaixão?
3 Na Bíblia, compaixão e misericórdia estão intimamen-
te ligadas. Várias palavras hebraicas e gregas transmitem a
ideia de terna compaixão. Veja, por exemplo, o verbo he-
braico ra·hhám, frequentemente traduzido “mostrar mise-
ricórdia” ou “ter pena”. Uma obra de referência explica
que o verbo ra·hhám “expressa um sentimento profundo e
terno de compaixão, tal como o que é provocado por ver-
mos fraquezas ou sofrimentos naqueles que nos são queri-
dos ou que precisam da nossa ajuda”. Esse termo hebrai-
1, 2. (a) Qual é a reação natural da mãe ao choro do bebê? (b) Que
sentimento é mais forte do que a compaixão materna?
3. Qual é o significado do verbo hebraico traduzido “mostrar mise-
ricórdia” ou “ter pena”?
A “TERNA COMPAIXÃO DO NOSSO DEUS” 251

co, que Jeová aplica a si mesmo, se relaciona com a palavra


para “útero” e pode ser descrito como “compaixão mater-
nal”.1 — Êxodo 33:19; Jeremias 33:26.
4 A Bíblia usa os sentimentos que a mãe tem pelo bebê

para nos ensinar o sentido da compaixão de Jeová. Em


Isaías 49:15 lemos: “Será que uma mulher pode se esquecer
do seu bebê, e não sentir compaixão [ra·hhám] pelo filho
do seu ventre? Mesmo que essas mulheres se esquecessem,
eu nunca me esqueceria de você.” Essa descrição emocio-
nante destaca a intensidade da compaixão de Jeová pelo
seu povo. Como assim?
5 É difícil imaginar que uma mãe se esqueça de amamen-

tar e cuidar do bebê. Afinal, a criança é indefesa e pre-


cisa da atenção e do afeto materno 24 horas por dia!
Infelizmente, porém, a negligência materna não é tão in-
comum assim, em especial nestes “tempos críticos” marca-
dos pela existência de pessoas ‘desnaturadas’. (2 Timóteo
3:1, 3) Mas Jeová diz: “Eu nunca me esqueceria de você.”
A terna compaixão que Deus sente pelo seu povo é infalí-
vel. O mais afetuoso sentimento natural que conhecemos
é a compaixão que a mãe costuma sentir pelo bebê. Mas
a compaixão divina é incomparavelmente mais forte. Não
é de admirar que um comentarista tenha dito o seguinte
sobre Isaías 49:15: “Essa é uma das mais intensas (talvez a
mais intensa) expressões do amor de Deus no Velho Testa-
mento.”
6 Será que essa terna compaixão é sinal de fraqueza?

1 O interessante, porém, é que no Salmo 103:13 o verbo hebraico


ra·hhám denota a misericórdia, ou compaixão, que um pai demonstra
aos filhos.

4, 5. Como a Bíblia usa os sentimentos que a mãe tem pelo bebê


para nos ensinar sobre a compaixão de Jeová?
6. Qual é a opinião de muitos humanos imperfeitos a respeito da ter-
na compaixão, mas do que Jeová nos assegura?
A “TERNA COMPAIXÃO DO NOSSO DEUS” 253

Na opinião de muitos humanos imperfeitos, sim. Por


exemplo, o filósofo romano Sêneca, contemporâneo de Je-
sus e um dos mais importantes intelectuais de Roma, ensi-
nava que “sentir pena é uma fraqueza da mente”. Sêneca
era partidário do estoicismo, a filosofia que dava ênfase à
calma desprovida de sentimentos. O sábio podia ajudar os
necessitados, dizia ele, mas não devia ter pena, porque esse
sentimento o privaria da serenidade. Segundo esse racio-
cínio egocêntrico, era inadmissível demonstrar compaixão
de coração. Mas Jeová não é assim. Na sua Palavra, ele nos
assegura que “tem grande compaixão e é misericordioso”.
(Tiago 5:11) Como veremos, a compaixão não é uma fra-
queza, mas uma qualidade forte e vital. Analisemos como
Jeová, igual a um pai ou uma mãe amorosos, a manifesta.
Jeová mostrou compaixão por uma nação
7 Pode-se observar claramente a compaixão de Jeová no
modo como ele lidou com a nação de Israel. No fim do
século 16 AEC, milhões de israelitas eram escravos no Egi-
to antigo. Ali, eram muito oprimidos, pois os egípcios “tor-
naram a sua vida amarga com a pesada tarefa de fabricar
argamassa de argila e tijolos, e com toda forma de escravi-
dão”. (Êxodo 1:11, 14) Por causa da aflição, os israelitas cla-
maram a Jeová por ajuda. Como o Deus de terna compai-
xão reagiu?
8 A súplica do povo tocou o coração de Jeová. Ele disse:

“Certamente vi a aflição do meu povo, que está no Egi-


to, e ouvi seu clamor por causa daqueles que os obrigam a
trabalhar; e sei muito bem quanto estão sofrendo.” (Êxodo
3:7) Jeová não conseguia ver o sofrimento do seu povo ou
7, 8. Como os israelitas sofreram no Egito antigo, e qual foi a rea-
ção de Jeová aos sofrimentos deles?

“Será que uma mulher pode se esquecer do seu bebê?”


254 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

ouvir seus clamores sem sentir pena deles. Como vimos no


Capítulo 24 deste livro, Jeová é um Deus de empatia. Essa
qualidade — definida como a habilidade de sentir a dor dos
outros — está intimamente ligada à compaixão. Mas, em
vez de apenas sentir pena do seu povo, Jeová foi motivado
a agir em favor dele. Isaías 63:9 diz: “Por amor e compai-
xão, ele os resgatou.” Com “mão poderosa”, Deus resgatou
os israelitas do Egito. (Deuteronômio 4:34) Posteriormen-
te, forneceu-lhes alimento de forma milagrosa e conduziu-
os a uma terra fértil.
9 A compaixão de Jeová, porém, não parou por aí. Depois

de se estabelecer na Terra Prometida, Israel repetidas vezes


se tornou infiel e sofreu as consequências disso. Mas en-
tão o povo caía em si, suplicava a Jeová e ele os livrava, vez
após vez. Por quê? “Porque tinha compaixão do seu povo.”
— 2 Crônicas 36:15; Juízes 2:11-16.
10 Veja o que aconteceu nos dias de Jefté. Visto que os is-

raelitas haviam passado a adorar deuses falsos, Jeová per-


mitiu que os amonitas os oprimissem por 18 anos. Por fim,
se arrependeram. A Bíblia nos diz: “E eles eliminaram os
deuses estrangeiros que havia no meio deles e serviram a
Jeová, de modo que ele não suportou mais ver o sofrimen-
to de Israel.”1 ( Juízes 10:6-16) Uma vez que seu povo de-
monstrou arrependimento genuíno, Jeová não pôde mais
suportar vê-los sofrer. De modo que o Deus de terna com-
1 A expressão “ele não suportou mais” significa literalmente “sua
alma foi encurtada; sua paciência se esgotou”. A Bíblia Pastoral diz:
“Não pôde mais suportar o sofrimento de Israel.” A Bíblia — Mensagem
de Deus traduz assim esse trecho: “Não tolerou mais a desgraça de Is-
rael.”

9, 10. (a) Por que Jeová libertou os israelitas repetidas vezes depois
de eles se estabelecerem na Terra Prometida? (b) Nos dias de Jefté,
Jeová libertou os israelitas de que opressão, e o que o levou a fazer
isso?
A “TERNA COMPAIXÃO DO NOSSO DEUS” 255

paixão habilitou Jefté para livrar os israelitas das mãos de


seus inimigos. — Juízes 11:30-33.
11 O que os tratos de Jeová com a nação de Israel nos ensi-

nam a respeito da terna compaixão? Primeiro, é fácil perce-


ber que não se trata apenas de notar os problemas que as
pessoas estão passando. Lembre-se do exemplo de compai-
xão da mãe que dá pronta atenção ao choro do bebê. De
modo similar, Jeová não se faz de surdo diante das súplicas
do seu povo. Sua terna compaixão o motiva a aliviar o so-
frimento dele. Além disso, o modo como Jeová lidou com
os israelitas nos ensina que a compaixão não é uma fraque-
za, pois essa qualidade bondosa o levou a tomar ação firme
e decisiva a favor do seu povo. Mas será que Jeová só mos-
tra compaixão aos seus servos coletivamente?
Jeová demonstra compaixão
em base individual
12 A Lei que Deus deu à nação de Israel mostrou a com-

paixão que ele sente pelas pessoas em base individual. Um


exemplo disso é sua preocupação com os pobres. Jeová sa-
bia que, devido a circunstâncias inesperadas, um israelita
poderia acabar se atolando na pobreza. Como os pobres de-
viam ser tratados? Jeová deu uma ordem direta aos israeli-
tas: “Não endureça o coração nem feche a mão para o seu
irmão pobre. Você deve lhe dar generosamente; não deve
lhe dar com má vontade, pois é por isso que Jeová, seu
Deus, abençoará todos os seus trabalhos e tudo que você
realizar.” (Deuteronômio 15:7, 10) Deus também ordenou
que não colhessem totalmente as beiradas dos campos
nem juntassem as sobras. A respiga deveria ser deixada
para os menos favorecidos. (Levítico 23:22; Rute 2:2-7)
11. Quando analisamos os tratos de Jeová com os israelitas, o que
aprendemos sobre a compaixão?
12. Como a Lei refletia a compaixão que Jeová sente pelas pessoas
em base individual?
256 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Quando a nação de Israel obedecia a essas leis bondosas a


favor dos pobres no seu meio, esses não precisavam men-
digar por comida. Não concorda que isso refletia a terna
compaixão de Jeová?
13 Hoje também nosso Deus amoroso está profundamen-

te interessado em nós como indivíduos. Podemos ter cer-


teza de que ele está plenamente ciente de qualquer sofri-
mento que passemos. O salmista Davi escreveu: “Os olhos
de Jeová estão sobre os justos, e os seus ouvidos escu-
tam o seu clamor por ajuda. Jeová está perto dos que têm
coração quebrantado, ele salva os que têm espírito esma-
gado.” (Salmo 34:15, 18) Um comentarista bíblico disse o
seguinte a respeito dos que são descritos nas palavras aci-
ma: “Têm o coração quebrantado e espírito contrito, isto é,
o pecado os torna humildes e têm pouca autoestima; eles
se acham insignificantes e não confiam nos próprios mé-
ritos.” Talvez achem que Jeová está muito distante deles e
que são insignificantes demais para que Deus se preocupe
com eles. Mas não é bem assim. As palavras de Davi nos as-
seguram que Jeová não abandona os que “se acham insig-
nificantes”. Nosso Deus compassivo sabe que, nessas oca-
siões, precisamos dele mais do que nunca e ele está sempre
perto de nós.
14 Preste atenção à seguinte história: uma mãe nos Esta-

dos Unidos correu para o hospital com o filho de dois anos


que estava com uma grave inflamação na garganta. Depois
de examinar o menino, os médicos informaram a mãe de
que, aquela noite, ele teria de ficar em observação no hos-
pital. Onde você acha que a mãe passou a noite? Numa ca-
deira no quarto de hospital, ao lado do leito do filho! Seu
13, 14. (a) Como as palavras de Davi nos asseguram que Jeová está
profundamente interessado em nós como indivíduos? (b) Como se
pode ilustrar que Jeová está perto quando estamos com o “coração
quebrantado” ou o “espírito esmagado”?
A “TERNA COMPAIXÃO DO NOSSO DEUS” 257

filhinho estava doente e ela simplesmente tinha de ficar


por perto. Sem dúvida, podemos esperar que nosso amoro-
so Pai celestial faça ainda mais por nós! Afinal, fomos cria-
dos à imagem dele. (Gênesis 1:26) As palavras comoven-
tes do Salmo 34:18 nos dizem que, quando estamos com
o “coração quebrantado” ou o “espírito esmagado”, Jeová,
como um pai amoroso, “está perto” — sempre compassivo
e pronto para ajudar.
15 Como, então, Jeová nos ajuda individualmente? Nem

sempre ele remove a causa dos nossos sofrimentos. Mas ele


fez muitas provisões para os que imploram a Sua ajuda. Sua
Palavra, a Bíblia, fornece conselhos práticos que auxiliam
bastante. Na congregação, Jeová providenciou que supe-
rintendentes espiritualmente qualificados, que se esforçam
para refletir a compaixão divina, deem atenção aos seus
companheiros de adoração. (Tiago 5:14, 15) Como “Ouvin-
te de oração”, ele dará “espírito santo aos que lhe pedi-
rem”. (Salmo 65:2; Lucas 11:13) Esse espírito pode nos dar
o “poder além do normal” a fim de perseverarmos até que
o Reino de Deus remova todos os problemas estressantes.
(2 Coríntios 4:7) Não somos gratos por tudo o que Jeová
faz por nós? Não nos esqueçamos de que essas são demons-
trações da terna compaixão de Deus.
16 Naturalmente, o maior exemplo da compaixão de Jeová

é o fato de ele ter entregado seu Filho mais querido para


nos resgatar. Foi um sacrifício amoroso da parte de Jeová
e abriu caminho para a nossa salvação. Lembre-se de que
o resgate se aplica a cada um de nós. Com toda a ra-
zão, Zacarias, pai de João Batista, predisse que essa dádi-
va magnificaria a “terna compaixão do nosso Deus”. — Lu-
cas 1:78.
15. De que maneiras Jeová nos ajuda individualmente?
16. Qual é o maior exemplo da compaixão de Jeová, e como nos afe-
ta pessoalmente?
258 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Quando Jeová se refreia de mostrar compaixão


17 Quer dizer, então, que a terna compaixão de Jeová não

tem limites? Muito pelo contrário, a Bíblia mostra clara-


mente que, quando alguém se opõe aos modos corretos de
Jeová, ele refreia-se de demonstrar compaixão — o que é
bastante justo. (Hebreus 10:28) Para entender por que ele
age assim, lembre-se do exemplo da nação de Israel.
18 Embora vez após vez Jeová libertasse os israelitas dos

seus inimigos, Sua compaixão por fim chegou ao limite.


Aquele povo teimoso praticava idolatria a tal ponto que tra-
zia seus ídolos repulsivos para dentro do templo de Jeová!
(Ezequiel 5:11; 8:17, 18) Além disso, lemos: “Eles caçoavam
dos mensageiros do verdadeiro Deus, desprezavam as Suas
palavras e zombavam dos seus profetas, até que o furor de
Jeová veio contra o seu povo e não havia mais remédio.”
(2 Crônicas 36:16) Os israelitas chegaram a um ponto em
que não havia mais base para compaixão. Despertaram a
ira justa de Jeová. Qual foi o resultado?
19 Jeová não pôde mais mostrar compaixão pelo seu povo.

Declarou: “Não terei compaixão, nem sentirei dó, nem


mostrarei misericórdia; nada me impedirá de destruí-los.”
( Jeremias 13:14) Assim, Jerusalém e seu templo foram des-
truídos e os israelitas foram levados para Babilônia como
prisioneiros. Quando humanos pecadores se tornam tão
rebeldes que ultrapassam os limites da compaixão divina,
o resultado só pode ser trágico. — Lamentações 2:21.
20 Qual é a situação hoje? Jeová não mudou. Por compai-

xão, ele incumbiu suas Testemunhas de pregar as “boas no-


17-19. (a) Como a Bíblia mostra que a compaixão de Jeová tem li-
mites? (b) O que fez com que a compaixão de Jeová para com seu
povo chegasse ao limite?
20, 21. (a) O que ocorrerá quando a compaixão divina atingir o seu
limite nos nossos dias? (b) Que demonstração da compaixão de Jeová
será analisada no próximo capítulo?
A “TERNA COMPAIXÃO DO NOSSO DEUS” 259

Perguntas para Meditação


Jeremias 31:20 Que sentimentos cordiais Jeová tem pelo seu
povo? Em vista disso, como você se sente em relação a Ele?
Joel 2:12-14, 17-19 O que o povo de Jeová precisava fazer para
receber compaixão e o que aprendemos disso?
Jonas 4:1-11 Como Jeová ensinou a Jonas uma lição sobre a
importância da compaixão?
Hebreus 10:26-31 Por que não devemos abusar da misericór-
dia, ou compaixão, de Jeová?

vas do Reino” em toda a Terra habitada. (Mateus 24:14)


Ele ajuda os sinceros que aceitam essa mensagem a enten-
der o sentido dela. (Atos 16:14) Mas essa obra não conti-
nuará para sempre. Não seria compassivo da parte de Jeová
se ele permitisse que este mundo perverso, com toda a sua
dor e sofrimento, continuasse existindo indefinidamente.
Quando a compaixão divina atingir o limite, Jeová execu-
tará seu julgamento contra o atual sistema. Mesmo então,
esse será um ato de compaixão — compaixão pelo seu “san-
to nome” e por seus servos dedicados. (Ezequiel 36:20-23)
Jeová eliminará a maldade e introduzirá um novo mundo
justo. Falando dos perversos, ele declara: “Meu olho não
terá dó, nem terei compaixão. Farei as consequências do
proceder deles recair sobre a sua própria cabeça.” — Eze-
quiel 9:10.
21 Enquanto esse dia não chegar, Jeová continuará a sen-

tir compaixão pelas pessoas, até pelas que se encaminham


para a destruição. Os humanos pecadores que se arrepen-
dem sinceramente podem beneficiar-se de uma das maio-
res demonstrações da compaixão de Jeová: o seu perdão.
No próximo capítulo, veremos algumas lindas ilustrações
bíblicas que indicam o alcance do perdão divino.
C A P Í T U L O 2 6

Um Deus “sempre
pronto a perdoar”
“MEUS erros pairam acima da minha cabeça”, escreveu o
salmista Davi. “Como um fardo pesado, são demais para eu
carregar. Fiquei entorpecido e me sinto completamente es-
magado.” (Salmo 38:4, 8) Davi sabia que o fardo duma cons-
ciência culpada podia ser muito pesado. Mas ele obteve con-
solo para seu coração aflito. Estava ciente de que, embora
odeie o pecado, Jeová não odeia o pecador, desde que este
realmente se arrependa e rejeite seu proceder pecaminoso.
Com plena fé na disposição de Jeová de conceder misericór-
dia aos arrependidos, Davi disse: “Tu, ó Jeová, . . . estás sem-
pre pronto a perdoar.” — Salmo 86:5.
2 Quando pecamos, talvez tenhamos de suportar, também,

o fardo esmagador duma consciência pesada. Mas sentir re-


morso é saudável, porque pode induzir-nos a tomar medidas
positivas para corrigir nossos erros. Há o perigo, contudo,
de sermos esmagados pela culpa. Nosso coração talvez nos
condene, insistindo que Jeová nunca nos perdoará, não im-
porta quanto estejamos arrependidos. Se formos ‘vencidos
pela excessiva tristeza’, Satanás tentará nos fazer acreditar
que Jeová nos considera inúteis ou que não somos dignos de
servi-lo e que, portanto, só nos resta desistir. — 2 Coríntios
2:5-11.
3 É isso que Jeová pensa? De modo algum! O perdão é um

aspecto do seu grande amor. Em sua Palavra, ele nos asse-


gura que, quando mostramos genuíno arrependimento de
coração, ele está disposto a nos perdoar. (Provérbios 28:13)
1-3. (a) Que fardo pesado o salmista Davi tinha de levar e como ele
obteve consolo para o seu coração aflito? (b) Quando pecamos, que
fardo talvez tenhamos de suportar, mas o que Jeová nos assegura?
UM DEUS “SEMPRE PRONTO A PERDOAR” 261

Para que nunca cheguemos à conclusão de que o perdão de


Deus é inalcançável para nós, vamos examinar por que e
como ele perdoa.
Por que Jeová está “sempre pronto a perdoar”
4 Jeová está ciente das nossas limitações. “Ele sabe bem
como somos formados, lembra-se de que somos pó”, diz
o Salmo 103:14. Ele não se esquece de que somos criatu-
ras de pó, fracas devido à imperfeição. A declaração de que
ele sabe “como somos formados” lembra-nos de que, na Bí-
blia, Jeová é comparado a um oleiro, e nós a vasos de barro
que ele molda. ( Jeremias 18:2-6) O Grande Oleiro modera
seus tratos conosco por causa da fragilidade de nossa nature-
za pecaminosa e de acordo com o modo como reagimos à
sua orientação.
5 Jeová entende o poder que o pecado exerce sobre nós.

As Escrituras descrevem o pecado como uma força podero-


sa, que segura o homem nas suas garras mortíferas. Até que
ponto vai o domínio do pecado? No livro de Romanos, o
apóstolo Paulo explica: estamos “debaixo do pecado”, as-
sim como soldados estão sob a autoridade dum comandan-
te (Romanos 3:9); ele tem ‘reinado’ sobre a humanidade (Ro-
manos 5:21); “mora” em nós (Romanos 7:17, 20); sua “lei”
opera continuamente em nós, na realidade, tentando con-
trolar nosso modo de agir. (Romanos 7:23, 25) Que domínio
poderoso o pecado exerce sobre nossa carne decaída! — Ro-
manos 7:21, 24.
6 Portanto, Jeová sabe que para nós é impossível sermos

4. De que Jeová se lembra quanto à nossa natureza, e como isso afe-


ta o modo como ele nos trata?
5. Como o livro de Romanos descreve até que ponto vai o domínio
do pecado sobre nós?
6, 7. (a) Como Jeová encara os que buscam seu perdão com o cora-
ção arrependido? (b) Por que nunca devemos abusar da misericórdia
de Deus?
262 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

perfeitamente obedientes, não importa quanto tentemos.


Ele nos assegura amorosamente que, se buscarmos sua
misericórdia com o coração arrependido, ele nos concederá
o perdão. O Salmo 51:17 diz: “Os sacrifícios que agradam a
Deus são um espírito quebrantado; um coração quebranta-
do e esmagado, ó Deus, não rejeitarás.” Jeová nunca rejeita-
rá ou repudiará um coração “quebrantado e esmagado” pelo
fardo da culpa.
7 Significa isso, porém, que podemos abusar da misericór-

dia de Deus, usando nossa natureza pecaminosa como des-


culpa para o pecado? De modo algum! Jeová não é go-
vernado por mero sentimentalismo. Sua misericórdia tem
limites. Ele de modo algum perdoará os que obstinadamen-
te praticam pecados de forma deliberada sem mostrar ar-
rependimento. (Hebreus 10:26) Por outro lado, quando de-
tecta arrependimento de coração, ele está pronto a perdoar.
Vamos analisar agora algumas das expressões vívidas usadas
na Bíblia para descrever essa maravilhosa faceta do amor de
Jeová.
Até que ponto vai o perdão de Jeová?
8 O arrependido Davi disse: “Finalmente te confessei o meu
pecado; não encobri meu erro. . . . E tu perdoaste meu erro e
meus pecados.” (Salmo 32:5) A expressão “perdoaste” traduz
uma palavra hebraica cujo sentido básico é “levantar” ou
“levar”. Conforme usada aqui, ela significa remover “a cul-
pa, o pecado, a transgressão”. De modo que Jeová como que
levantou e levou embora os pecados de Davi. Sem dúvida,
isso aliviou o sentimento de culpa que ele vinha suportan-
do. (Salmo 32:3) Nós também podemos ter plena confiança
em Deus, porque ele leva embora os pecados dos que procu-
ram seu perdão à base da fé no sacrifício resgatador de Jesus.
— Mateus 20:28.
8. O que podemos dizer que Jeová faz quando perdoa nossos peca-
dos, e que confiança isso nos dá?
UM DEUS “SEMPRE PRONTO A PERDOAR” 263

9 Davi usou outra expressão vívida para descrever o perdão


de Jeová: “Tão longe como o nascente é do poente, tão lon-
ge ele põe de nós as nossas transgressões.” (Salmo 103:12)
O sol nasce no leste e se põe no oeste. A que distância o
leste fica do oeste? Pode-se dizer que eles estão no ponto
mais distante um do outro; esses dois pontos cardeais nun-
ca se encontram. Um erudito diz que essa expressão signifi-
ca “o mais longe possível, o mais longe que alguém possa
imaginar”. As palavras inspiradas de Davi nos ensinam que,
quando perdoa, Jeová coloca os nossos pecados o mais lon-
ge que podemos imaginar.
10 Já tentou remover uma mancha de uma roupa clara? Tal-

vez, apesar de todo o seu esforço, a mancha não tenha saí-


do totalmente. Note como Jeová descreve Sua capacidade
de perdoar: “Embora os seus pecados sejam como escarlate,
9. A que distância Jeová põe de nós os nossos pecados?
10. Quando Jeová perdoa nossos pecados, por que não devemos pen-
sar que levaremos a mancha deles pelo resto da vida?

“Seus pecados . . . serão tornados


brancos como a neve”
264 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

serão tornados brancos como a neve; embora sejam verme-


lhos como pano carmesim, se tornarão como a lã.” (Isaías
1:18) A palavra “escarlate” refere-se a uma cor vermelha
muito viva.1 “Carmesim” era uma cor escura encontrada em
tecidos tingidos. (Naum 2:3) Por meio de nossos próprios es-
forços, nunca seríamos capazes de remover a mancha do pe-
cado. Mas Jeová pode remover pecados semelhantes a escar-
late e carmesim, tornando-os brancos como a neve ou a lã
não tingida. Quando Deus perdoa nossos pecados, não pre-
cisamos levar a mancha deles pelo resto da vida.
11 Num comovente cântico de gratidão, composto depois

de ele ter sido poupado de uma doença mortífera, Ezequias


disse a Jeová: “Lançaste todos os meus pecados atrás de ti.”
(Isaías 38:17) Aqui, descreve-se Jeová como que pegando os
pecados do transgressor arrependido e jogando-os para trás
de si, onde Ele não pode vê-los nem notá-los mais. Segundo
um dicionário, a ideia desse texto pode ser expressa assim:
“Acabaste com os [meus pecados] como se eles não tivessem
acontecido.” Não acha isso reanimador?
12 Numa profecia de restauração, o profeta Miqueias ex-

pressou a convicção de que Jeová perdoaria seu povo arre-


pendido: “Quem é Deus como tu, que . . . deixa passar a
transgressão do restante da sua herança? . . . Tu lançarás nas
profundezas do mar todos os pecados deles.” (Miqueias 7:18,
19) Imagine o que essas palavras significavam para as pes-
soas dos tempos bíblicos. Havia alguma possibilidade de re-
cuperar algo lançado “nas profundezas do mar”? Assim, as
palavras de Miqueias indicam que, quando nos perdoa,
Jeová remove nossos pecados permanentemente.
1 Um erudito afirma que o escarlate “era uma cor firme, que não
desbotava. Não saía com orvalho, chuva, lavagem nem com o uso”.

11. Em que sentido Jeová joga nossos pecados atrás de si?


12. Como o profeta Miqueias indica que, quando nos perdoa, Jeová
remove nossos pecados permanentemente?
UM DEUS “SEMPRE PRONTO A PERDOAR” 265

13 Jesus usou o relacionamento entre credores e devedores


para ilustrar como Jeová perdoa. Ele nos incentivou a orar:
“Perdoa-nos as nossas dívidas.” (Mateus 6:12) Jesus compa-
ra assim pecados a dívidas. (Lucas 11:4) Quando pecamos,
tornamo-nos “devedores” de Jeová. Uma obra de referên-
cia diz que o sentido do verbo grego traduzido ‘perdoar’ é
“abrir mão ou desistir de uma dívida, não exigindo o paga-
mento”. Em certo sentido, quando Jeová perdoa, ele cance-
la a dívida que de outro modo seria lançada na nossa conta.
De modo que os pecadores arrependidos podem consolar-se.
Jeová nunca exigirá o pagamento duma dívida que ele can-
celou! — Salmo 32:1, 2.
14 O perdão de Jeová é descrito adicionalmente em Atos

3:19: “Arrependam-se, portanto, e deem meia-volta, a fim de


que os seus pecados sejam apagados.” O trecho final é a tra-
dução de um verbo grego que pode significar “ ‘apagar’, . . .
‘cancelar’ ou ‘destruir’ ”. Segundo alguns eruditos, a ideia
expressa é a de apagar algo escrito à mão. Como se fazia
isso? A tinta costumeiramente usada na antiguidade era fei-
ta duma mistura que incluía carvão, goma e água. Pouco
depois de usá-la, a pessoa podia apagar a escrita com uma
esponja úmida. Essa é uma bela maneira de ilustrar a miseri-
córdia de Jeová. Quando ele perdoa nossos pecados, é como
se os apagasse com uma esponja.
15 Quando refletimos nessas ilustrações variadas, a que

conclusão chegamos? Evidentemente, Jeová deseja que sai-


bamos que ele está pronto a perdoar nossos pecados, desde
que encontre em nós arrependimento sincero. Não precisa-
mos temer que, no futuro, ele nos condene por esses peca-
dos, porque a Bíblia revela algo mais sobre a grande miseri-
córdia de Jeová: quando perdoa, ele esquece.
13. Qual é o sentido das palavras de Jesus: “Perdoa-nos as nossas
dívidas”?
14. A expressão “que os seus pecados sejam apagados” traz que ideia?
15. O que Jeová deseja que saibamos sobre ele?
Jeová deseja que saibamos que ele está
“sempre pronto a perdoar”

“Não me lembrarei mais do seu pecado”


16 A respeito dos que fazem parte do novo pacto, Jeová pro-
meteu o seguinte: “Perdoarei o seu erro e não me lembra-
rei mais do seu pecado.” ( Jeremias 31:34) Será que isso sig-
nifica que, quando perdoa, Jeová é incapaz de se lembrar
dos pecados? É óbvio que não. A Bíblia nos fala dos pecados
de muitos a quem Deus perdoou, incluindo Davi. (2 Samuel
11:1-17; 12:13) Sem dúvida, Jeová ainda está ciente dos er-
ros que cometeram. O registro dos pecados deles, bem como
do seu arrependimento e do perdão de Deus, foi preservado
para nosso benefício. (Romanos 15:4) Então, o que se quer
16, 17. Quando a Bíblia afirma que Jeová se esquece dos nossos pe-
cados, o que quer dizer, e por que responde assim?
UM DEUS “SEMPRE PRONTO A PERDOAR” 267

dizer quando a Bíblia afirma que Jeová ‘não se lembra’ dos


pecados daqueles a quem perdoa?
17 O verbo hebraico vertido “lembrarei” não significa ape-

nas recordar o passado. Segundo o Dicionário Internacional


de Teologia do Antigo Testamento, inclui “a implicação de
agir em consonância com o pensamento”. Portanto, nesse
sentido, “lembrar” pecados envolve agir contra pecadores.
(Oseias 9:9) Mas quando Jeová diz: “Não me lembrarei mais
do seu pecado”, ele nos assegura que, depois de perdoar a
um pecador arrependido, não agirá contra ele no futuro por
causa dos mesmos pecados. (Ezequiel 18:21, 22) Assim, ele
esquece no sentido de não mencionar vez após vez os nos-
sos pecados, acusando-nos ou punindo-nos repetidamente.
Não acha consolador saber que Deus perdoa e esquece?
E as consequências?
18 Será que a prontidão de Jeová em perdoar significa que o
pecador arrependido fica isento de todas as consequências
de suas ações erradas? De forma alguma. Não podemos pe-
car e escapar impunes. Paulo escreveu: “O que a pessoa se-
mear, isso também colherá.” (Gálatas 6:7) Teremos de en-
frentar as consequências de nossa ação, mas isso não quer
dizer que, depois de conceder perdão, Jeová nos faça sofrer
adversidades. Ao surgirem dificuldades, o cristão não deve
pensar: “Jeová talvez esteja me punindo por pecados passa-
dos.” (Tiago 1:13) Por outro lado, Deus não nos poupa dos
efeitos de nossas ações erradas. Divórcio, gravidez indeseja-
da, doenças sexualmente transmissíveis, perda de confiança
ou de respeito — essas podem ser algumas das lamentáveis e
inevitáveis consequências do pecado. Lembre-se de que, em-
bora perdoasse os pecados de Davi relacionados com Bate-
Seba e Urias, Jeová não o protegeu contra as consequências
desastrosas. — 2 Samuel 12:9-12.
18. Por que o perdão não significa que o pecador arrependido fique
isento das consequências de suas ações erradas?
268 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

19 Nossos pecados também podem ter outras consequências,


em especial se outros foram prejudicados pelas nossas ações.
Por exemplo, analise o relato em Levítico, capítulo 6. Ali, a Lei
mosaica trata de um erro grave: apossar-se dos bens de outro
israelita por meio de roubo, extorsão ou fraude. Se o pecador
negasse a culpa, atrevendo-se até mesmo a jurar falsamente,
tornava-se um caso da palavra de um contra outro. No entan-
to, mais tarde o ofensor talvez sofresse devido à consciência
pesada e confessasse seu pecado. Para obter o perdão de Deus,
ele tinha de fazer mais três coisas: devolver o que havia toma-
do, pagar à vítima uma multa equivalente a 20% do valor dos
bens roubados e oferecer um carneiro como oferta pela cul-
pa. Daí, a lei dizia: “O sacerdote fará expiação por ele perante
Jeová, e ele receberá o perdão.” — Levítico 6:1-7.
20 Essa lei de Deus era muito misericordiosa, porque favore-

cia a vítima, cuja propriedade era devolvida e que, sem dúvi-


da, se sentia aliviada quando o ofensor finalmente admitia
seu pecado. Ao mesmo tempo, a lei beneficiava aquele cuja
consciência por fim o induzia a admitir a culpa e corrigir o
erro. De fato, se ele se negasse a fazer isso, não poderia espe-
rar obter o perdão divino.
21 Embora não estejamos sujeitos à Lei mosaica, ela nos aju-

da a entender um pouco da mentalidade de Jeová, incluin-


do o modo como ele encara o perdão. (Colossenses 2:13, 14)
Se outros foram prejudicados pelos nossos pecados, Deus se
agradará se fizermos o possível para corrigir o erro. (Mateus
5:23, 24) Isso talvez envolva reconhecer nosso pecado, ad-
mitir a culpa e até pedir desculpas à vítima. Então podemos
apelar para Jeová, à base do sacrifício de Jesus, e ter a certeza
de que fomos perdoados por Deus. — Hebreus 10:21, 22.
22 Igual a um pai amoroso, Jeová às vezes, ao conceder

19-21. (a) Como a lei registrada em Levítico 6:1-7 beneficiava tanto


a vítima quanto o ofensor? (b) Se outros foram prejudicados pelos
nossos pecados, Jeová se agradará se tomarmos que medidas?
22. Apesar de conceder perdão, o que Jeová talvez administre?
UM DEUS “SEMPRE PRONTO A PERDOAR” 269

Perguntas para Meditação


2 Crônicas 33:1-13 Por que Jeová perdoou Manassés e o que
isso nos ensina sobre Sua misericórdia?
Mateus 6:12, 14, 15 Por que devemos perdoar outros quando
há base válida para isso?
Lucas 15:11-32 O que essa parábola nos ensina sobre a pronti-
dão de Jeová de perdoar? O que acha disso?
2 Coríntios 7:8-11 O que temos de fazer para receber o perdão
divino?

perdão, também administra disciplina. (Provérbios 3:11, 12)


O cristão arrependido talvez tenha de renunciar ao seu pri-
vilégio de servir como ancião, servo ministerial ou evangeli-
zador de tempo integral. Possivelmente será doloroso para
ele perder por algum tempo privilégios que lhe eram precio-
sos. Isso, porém, não significa que Jeová não o perdoou. Te-
mos de nos lembrar que a disciplina da parte de Jeová é pro-
va do seu amor por nós. Aceitá-la e aplicá-la só resultará em
bem para nós. — Hebreus 12:5-11.
23 Como é reanimador saber que nosso Deus está “sempre

pronto a perdoar”! Apesar dos erros que talvez tenhamos co-


metido, nunca devemos concluir que estamos além do al-
cance da misericórdia de Jeová. Se nos arrependermos de co-
ração, tomarmos medidas para endireitar o erro e orarmos
seriamente pedindo perdão à base do sangue derramado de
Jesus, poderemos ter plena confiança em que Jeová nos per-
doará. (1 João 1:9) Imitemos o seu perdão ao lidar com ou-
tros. Afinal, se Jeová, que não peca, nos perdoa tão amorosa-
mente, não deveríamos nós, humanos pecadores, fazer todo
o possível para perdoar uns aos outros?
23. Por que nunca deveríamos concluir que estamos além do alcan-
ce da misericórdia de Jeová? Por que devemos imitar o perdão di-
vino?
C A P Í T U L O 2 7

“Como é grande a
bondade dele!”
BANHADO pelo reflexo de um belíssimo pôr do sol, um gru-
po de amigos faz uma refeição ao ar livre — riem e conver-
sam, enquanto admiram a paisagem. Longe dali, um agricul-
tor olha para as plantações e sorri satisfeito — estão se
formando nuvens escuras que logo trarão as primeiras gotas
de chuva. Em outro lugar, um homem e a esposa ficam or-
gulhosos de ver o filhinho dar os primeiros passos inseguros.
2 Quer se deem conta disso quer não, todas essas pessoas

estão se beneficiando da mesma coisa: a bondade de Jeová


Deus. É comum ouvirmos pessoas religiosas dizerem: “Deus
é bom!” Mas a Bíblia é muito mais enfática. Ela diz: “Como
é grande a bondade dele!” (Zacarias 9:17) Parece, contudo,
que poucas pessoas hoje sabem realmente o que significam
essas palavras. O que, de fato, está envolvido na bondade de
Jeová Deus? Como essa qualidade divina afeta cada um de
nós?
Uma faceta notável do amor de Deus
3 Em muitas línguas modernas, “bondade” é um termo
um tanto genérico. Seu uso bíblico, porém, é bem diferen-
te. Primariamente, essa palavra refere-se a virtude e exce-
lência moral. Pode-se dizer, então, que a bondade faz parte
da própria natureza de Jeová. Todos os seus atributos — in-
cluindo poder, justiça e sabedoria — são inteiramente bons.
Mas é mais correto descrever a bondade como expressão
do amor de Jeová. Por quê?
1, 2. O que a bondade de Deus inclui, e como a Bíblia enfatiza essa
qualidade?
3, 4. O que é bondade, e por que é mais correto descrever a bonda-
de de Jeová como expressão do seu amor?
“COMO É GRANDE A BONDADE DELE!” 271

4 A bondade é uma qualidade ativa, expressa em ações


para com outros. Segundo o apóstolo Paulo, as pessoas se
sentem mais atraídas a quem é bondoso do que a um justo.
(Romanos 5:7) Pode-se confiar em que alguém justo siga
fielmente os requisitos legais; mas quem é bom faz mais do
que isso. Ele toma a iniciativa, procurando meios de bene-
ficiar outros. Como veremos, é nesse sentido que Jeová é
bom. A bondade divina deriva do seu amor infinito.
5 No que se refere à bondade, Jeová é inigualável. Pouco

antes da morte de Jesus, um homem se aproximou dele


para fazer uma pergunta e chamou-o de “Bom Instrutor”.
Jesus respondeu: “Por que você me chama de bom? Nin-
guém é bom, a não ser um só, Deus.” (Marcos 10:17, 18)
Bem, você talvez fique um pouco perplexo com essa res-
posta. Por que Jesus corrigiu aquele homem? Afinal, Jesus
era um “Bom Instrutor”, não era?
6 É evidente que o homem usou as palavras “Bom Ins-

trutor” como título lisonjeiro. Jesus modestamente direcio-


nou toda a glória ao seu Pai celestial, que é bom em sen-
tido absoluto. (Provérbios 11:2) Mas Jesus também estava
explicando uma verdade profunda: Jeová fornece o único
padrão pelo qual se pode determinar o que é bom. Somen-
te ele tem o direito soberano de especificar o que é bom e
o que é mau. Quando Adão e Eva, de forma rebelde, come-
ram da árvore do conhecimento do que é bom e do que
é mau, tentaram reivindicar para si esse direito. Diferente-
mente deles, Jesus de maneira humilde deixa que seu Pai
decida esses assuntos.
7 Além disso, Jesus sabia que Jeová é a Fonte de tudo o que

é realmente bom. Ele é o Dador de “toda boa dádiva e todo


presente perfeito”. (Tiago 1:17) Vejamos como a generosi-
dade de Jeová revela sua bondade.
5-7. Por que Jesus se recusou a ser chamado de “Bom Instrutor”, e
que verdade profunda ele queria ensinar?
Jeová nos dá “chuvas
do céu e épocas de
colheita abundante”

Provas da imensa bondade de Jeová


8 Todos os humanos já se beneficiaram da bondade de
Jeová. O Salmo 145:9 diz: “Jeová é bom para todos.” Quais
são alguns exemplos de sua bondade ilimitada? A Bí-
blia diz: “Não [deixou] de dar testemunho de si mesmo,
pois demonstrou sua bondade dando-lhes chuvas do céu
e épocas de colheita abundante, satisfazendo-os com ali-
mentos e enchendo seu coração de alegria.” (Atos 14:17)
Já sentiu aquela sensação de prazer ao saborear uma deli-
ciosa refeição? Se não fosse pela bondade de Jeová em pro-
jetar a Terra com seu suprimento reciclável de água doce
e com “épocas de colheita abundante”, não haveria refei-
ções. Jeová demonstra essa bondade não só para com os
que o amam, mas para com todos. Jesus disse: “Ele faz o
8. Como Jeová demonstra bondade para com toda a humanidade?
“COMO É GRANDE A BONDADE DELE!” 273

seu sol se levantar sobre os maus e sobre os bons, e faz cho-


ver sobre os justos e sobre os injustos.” — Mateus 5:45.
9 Muitos tratam com descaso a impressionante generosi-

dade que Jeová demonstra à humanidade ao fornecer con-


tinuamente sol, chuva e estações frutíferas. Por exemplo,
pense na maçã. Trata-se de uma fruta muito comum nas
regiões de clima temperado. É bonita, deliciosa, suculenta,
refrescante e cheia de nutrientes vitais. Sabia que, no mun-
do todo, há cerca de 7.500 variedades de maçã? Existem
maçãs das mais variadas cores (vermelhas, douradas, ama-
relas, verdes) e tamanhos (algumas são pouco maiores que
9. Como a maçã ilustra a bondade de Jeová?

Desta semente pequena nasce


uma árvore que, por décadas,
alimenta e dá prazer às pessoas
274 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

uma cereja; outras, pouco menores que um coco). Uma se-


mente de maçã parece insignificante. Mas quando cresce
se torna uma das árvores mais bonitas que existe. (O Cân-
tico de Salomão 2:3) Na primavera, a macieira fica coberta
por um lindíssimo manto de flores; no outono, produz os
frutos. A produção média anual de uma macieira — que dá
frutos por cerca de 75 anos — é suficiente para encher 20
caixotes de quase 20 quilos cada um!
10 Na sua infinita bondade, Jeová providenciou que nosso

corpo fosse “feito maravilhosamente”, com sentidos que


nos ajudam a perceber suas obras e ter prazer com elas.
(Salmo 139:14) Pense de novo nas cenas descritas na in-
trodução deste capítulo. O sentido da visão é que tornou
esses momentos agradáveis. As bochechas coradas de uma
criança feliz; a chuva caindo sobre os campos; o verme-
lho, dourado e violeta do pôr do sol — tudo isso agrada ao
olho humano, que é capaz de distinguir centenas de mi-
lhares, talvez até milhões, de cores! E o sentido da audição
nos permite notar as nuances de tom de voz de uma pessoa
querida, o sussurro do vento entre as árvores, a risada gos-
tosa de uma criancinha. Por que conseguimos desfrutar es-
sas vistas e sons? A Bíblia diz: “O ouvido que ouve e o olho
que vê, foi Jeová que fez a ambos.” (Provérbios 20:12) Mas
esses são apenas dois dos sentidos.
11 O olfato é outra prova da bondade de Jeová. O na-

riz humano é capaz de distinguir uma enorme quantida-


de de odores — as estimativas variam de milhares a 1 tri-
lhão. Pense em alguns deles: sua comida favorita, flores,
folhas caídas, a fumaça de uma lareira aconchegante. E o
sentido do tato permite que você sinta a brisa suave no ros-
to, o abraço amigo de alguém que você ama, a suavidade
de uma fruta. Quando você dá uma mordida nela, entra
em ação o paladar. Sua boca é inundada por uma mistu-
10, 11. Como os nossos sentidos demonstram a bondade de Deus?
“COMO É GRANDE A BONDADE DELE!” 275

ra de sabores sutis, à medida que as papilas gustativas cap-


tam a complexa composição química da fruta. De fato, te-
mos motivos de sobra para exclamar sobre Jeová: “Como
é grande a tua bondade! Tu a reservaste para os que te te-
mem.” (Salmo 31:19) Mas como Jeová ‘reserva’ bondade
para os que têm temor dele?
Os benefícios eternos da bondade
12 Jesus disse: “Está escrito: ‘O homem não deve viver so-
mente de pão, mas de toda palavra que vem da boca
de Jeová.’ ” (Mateus 4:4) De fato, as dádivas espirituais de
Jeová podem nos beneficiar muito mais do que as físicas,
pois resultam em vida eterna. No Capítulo 8 deste livro, vi-
mos que, durante estes últimos dias, Jeová está usando seu
poder para ajudar as pessoas a voltar a adorá-lo da maneira
correta e para criar um paraíso espiritual. Uma das princi-
pais características desse paraíso é que nele há fartura de
alimento espiritual.
13 Numa das grandes profecias bíblicas sobre restauração,

o profeta Ezequiel recebeu uma visão dum templo restau-


rado e glorificado, de onde fluía um rio, que se alargava
e aprofundava até se tornar uma torrente. Por todo lugar
onde passava, aquele rio trazia bênçãos. Nas suas margens,
cresciam árvores que forneciam alimento e cura. O rio até
mesmo trouxe vida e prosperidade ao mar Morto, que é ex-
tremamente salgado e sem vida. (Ezequiel 47:1-12) Mas o
que significava tudo isso?
14 A visão do templo indicava que Jeová restauraria a ado-

ração pura. Ela voltaria a seguir os padrões justos dele.


Como o rio daquela visão, as dádivas de Deus para a vida
12. Quais são as dádivas mais importantes de Jeová e por quê?
13, 14. (a) Que visão o profeta Ezequiel teve, e qual o significado
dela para nós hoje? (b) Que dádivas espirituais vitalizadoras Jeová faz
para seus servos fiéis?
276 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

fluiriam para o Seu povo em quantidades cada vez maiores.


Desde que a adoração pura foi restaurada em 1919,
Jeová tem abençoado seu povo com dádivas vitalizadoras.
Como? Bíblias, publicações bíblicas, reuniões e congres-
sos levam verdades vitais a milhões de pessoas. Por esses
meios, Jeová lhes ensina sobre sua dádiva mais importante
para a vida: o sacrifício de resgate de Cristo, que torna pos-
sível que todos os que realmente amam e temem a Deus te-
nham uma posição limpa perante ele e esperança de vida
eterna.1 Assim, ao longo desses últimos dias, ao passo que
o mundo está espiritualmente faminto, o povo de Jeová
usufrui um banquete espiritual. — Isaías 65:13.
15 Mas o rio da visão de Ezequiel não vai parar de correr

quando este velho sistema chegar ao fim. Pelo contrário,


ele fluirá com ímpeto ainda maior durante o Reinado Mile-
nar de Cristo. Então, por meio do Reino messiânico, Jeová
aplicará o pleno valor do sacrifício de Jesus, elevando gra-
dativamente a humanidade fiel à perfeição. Como exulta-
remos então por causa da bondade de Jeová!
Facetas adicionais
da bondade de Jeová
16 A bondade divina envolve mais do que generosidade.

Deus disse a Moisés: “Farei toda a minha bondade pas-


sar diante de você e vou declarar diante de você o nome
de Jeová.” Mais adiante o relato diz: “Jeová passou dian-
te dele, declarando: ‘Jeová, Jeová, Deus misericordioso e
1 O resgate é o maior exemplo da bondade de Jeová. Entre os mi-
lhões de criaturas espirituais que Jeová poderia ter escolhido, ele se-
lecionou seu amado Filho unigênito para morrer a nosso favor.

15. Em que sentido a bondade de Jeová fluirá para a humanidade


durante o Reinado Milenar de Cristo?
16. Como a Bíblia mostra que a bondade de Jeová inclui outras qua-
lidades, e quais são algumas dessas?
“COMO É GRANDE A BONDADE DELE!” 277

compassivo, paciente e cheio de amor leal e de verda-


de.’ ” (Êxodo 33:19; 34:6) Assim, a bondade de Jeová in-
clui várias qualidades excelentes. Vamos analisar só duas
delas.
17 “Compassivo.” Essa qualidade de Jeová faz com que ele

seja educado e acessível ao lidar com suas criaturas. Em vez


de ser grosseiro, frio ou tirânico, como muitas vezes são os
que detêm poder, Jeová é gentil e bondoso. Por exemplo,
Jeová disse a Abrão: “Levante os olhos, por favor; do lugar
onde você está, olhe para o norte, para o sul, para o leste e
para o oeste.” (Gênesis 13:14) Muitas traduções omitem a
expressão “por favor”. Mas eruditos bíblicos afirmam que a
fraseologia usada no hebraico original inclui uma partícu-
la que transforma uma ordem em um pedido educado. Há
outras ocorrências semelhantes. (Gênesis 31:12; Ezequiel
8:5) Imagine só: o Soberano do Universo diz “por favor” a
meros humanos! Num mundo onde a grosseria, a agressi-
vidade e a descortesia são a norma, não é reanimador lem-
brar-nos de que o nosso Deus clemente, Jeová, é educado e
acessível?
18 “Cheio de . . . verdade.” A desonestidade é comum no

mundo hoje. Mas a Bíblia nos lembra: “Deus não é um ho-


mem para mentir.” (Números 23:19) De fato, Tito 1:2 diz
que “Deus . . . não pode mentir”. Ele é bom demais para
isso. Assim, as promessas de Jeová são completamente dig-
nas de confiança; sua palavra sempre se cumpre. Ele é até
mesmo chamado de “Deus da verdade”. (Salmo 31:5) Além
de não mentir, ele transmite uma abundância de verdades.
Não é reservado, fechado ou cheio de segredos; pelo con-
trário, ele generosamente usa sua infindável sabedoria para
17. Como Jeová lida com meros humanos imperfeitos, e que quali-
dade faz com que ele aja assim?
18. Em que sentido Jeová é “cheio de . . . verdade”, e por que essas
palavras são reanimadoras?
278 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

dar esclarecimentos aos seus servos fiéis.1 Ele até mesmo


os ensina a viver de acordo com as verdades que transmi-
te, de modo que possam continuar “andando na verdade”.
(3 João 3) Que efeito a bondade de Jeová deveria ter em
cada um de nós?
‘Fique radiante com a bondade de Jeová’
19 Quando Satanás tentou Eva no jardim do Éden, sua pri-
meira tática foi abalar sutilmente a confiança dela na bonda-
de de Jeová. O Criador dissera a Adão: “De toda árvore do
jardim, você pode comer à vontade.” Dos milhares de árvo-
res que devem ter adornado aquele jardim, Jeová reservara
apenas uma. Mas note como Satanás formulou sua primeira
pergunta a Eva: “Foi isso mesmo que Deus disse, que vocês
não devem comer de toda árvore do jardim?” (Gênesis 2:9,
16; 3:1) Satanás distorceu as palavras de Jeová para fazer Eva
pensar que Ele a estava impedindo de ter algo bom. Infeliz-
mente, a tática funcionou. Eva, como muitos homens e mu-
lheres depois dela, começou a duvidar da bondade de Deus,
a fonte de tudo o que ela possuía.
20 Todos sabemos quais foram os lastimáveis resultados

dessas dúvidas. Por isso, tenhamos bem em mente as pa-


lavras de Jeremias 31:12: “Eles . . . ficarão radiantes com a
bondade de Jeová.” A bondade de Deus deveria, de fato, nos
deixar extremamente alegres. Não precisamos duvidar das
motivações de nosso Deus bondoso. Podemos confiar total-
mente nele, porque ele deseja só o bem para aqueles que o
amam.
1 Apropriadamente, a Bíblia relaciona verdade com luz. “Envia a
tua luz e a tua verdade”, cantou o salmista. (Salmo 43:3) Jeová emite
muita luz espiritual para os que se dispõem a ser ensinados, ou escla-
recidos, por ele. — 2 Coríntios 4:6; 1 João 1:5.

19, 20. (a) Como Satanás procurou abalar a confiança de Eva na


bondade de Jeová, e qual foi o resultado? (b) A bondade de Jeová deve
ter que efeito sobre nós, e por quê?
“COMO É GRANDE A BONDADE DELE!” 279

Perguntas para Meditação


1 Reis 8:54-61, 66 Como Salomão expressou sua gratidão pela
bondade de Jeová e que efeito isso teve sobre os israelitas?
Salmo 119:66, 68 Como as nossas orações podem refletir o de-
sejo de imitar a bondade de Jeová?
Lucas 6:32-38 O que poderá nos motivar a imitar o espírito ge-
neroso de Jeová?
Romanos 12:2, 9, 17-21 Como podemos demonstrar bondade
no cotidiano?

21 Além disso, ficamos contentes quando temos oportuni-


dades de falar a outros sobre a bondade de Deus. A respei-
to do Seu povo, o Salmo 145:7 diz: “Falarão empolgados
ao lembrar da tua imensa bondade.” A cada dia da nos-
sa vida, nos beneficiamos de alguma forma da bondade de
Jeová. Que tal tomar por hábito agradecer a Jeová todo dia
por sua bondade, sendo o mais específico possível? Se pen-
sarmos nessa qualidade, agradecermos a Jeová diariamen-
te por demonstrá-la e falarmos a outros sobre ela, ficará
mais fácil imitarmos nosso Deus bondoso. E à medida que
buscarmos maneiras de fazer o que é bom, como Jeová
faz, nos achegaremos cada vez mais a ele. O idoso após-
tolo João escreveu: “Amado, não imite o que é mau, mas
imite o que é bom. Quem faz o bem se origina de Deus.”
— 3 João 11.
22 A bondade de Jeová está relacionada a outras qualidades.

Por exemplo, Deus é “cheio de amor leal”. (Êxodo 34:6) Essa


qualidade é mais específica do que a bondade, pois Jeová a
expressa em especial para com seus servos fiéis. No próximo
capítulo, aprenderemos como ele faz isso.
21, 22. (a) De que maneiras você pode corresponder à bondade de
Jeová? (b) Que qualidade analisaremos no próximo capítulo, e em
que ela difere da bondade?
C A P Í T U L O 2 8

“Só tu és leal”
O REI Davi sabia muito bem o que era deslealdade. A cer-
ta altura de seu reinado turbulento, ele se viu confrontado
com intrigas e tramas às mãos de seus próprios conterrâ-
neos. Além disso, foi traído por alguns daqueles que deve-
riam ser seus companheiros mais achegados. Por exemplo,
Mical, sua primeira esposa, de início “estava apaixonada
por Davi”, sem dúvida apoiando-o em seus deveres reais.
Mais tarde, porém, ela “começou a desprezá-lo no cora-
ção”, até mesmo encarando Davi como “um tolo”. — 1 Sa-
muel 18:20; 2 Samuel 6:16, 20.
2 Outro exemplo de traição na vida de Davi foi o de seu

conselheiro pessoal, Aitofel. Seus conselhos, muito aprecia-


dos, eram considerados como a palavra do próprio Jeová.
(2 Samuel 16:23) Mas com o tempo esse confidente de Davi
tornou-se um traidor, juntando-se a uma rebelião organi-
zada contra o rei. E quem era o instigador da conspiração?
Um dos próprios filhos de Davi, Absalão! Aquele oportu-
nista astuto “conquistava a lealdade dos homens de Israel”,
estabelecendo-se como rei rival. A revolta de Absalão atin-
giu tamanhas proporções que o Rei Davi foi obrigado a
fugir para salvar a vida. — 2 Samuel 15:1-6, 12-17.
3 Será que, durante todas aquelas provações, ninguém per-

maneceu leal a Davi? Aquele rei sabia que alguém sempre


lhe era leal. Quem? Ninguém mais ninguém menos do que
Jeová Deus. “Com alguém leal, ages com lealdade”, disse
Davi a Jeová. (2 Samuel 22:26) O que é lealdade e como
Jeová dá o melhor exemplo em demonstrá-la?
1, 2. Por que se pode dizer que o Rei Davi sabia muito bem o que
era deslealdade?
3. Que confiança Davi tinha?
A Lua é chamada de testemunha
fiel, mas apenas criaturas vivas
e inteligentes são capazes de
refletir a lealdade de Jeová

O que é lealdade?
4 “Lealdade”, conforme usada nas Escrituras Hebraicas, é
bondade que amorosamente se apega ao objeto dessa leal-
dade e não desiste até que seu propósito com relação a ele
se realize. Ela vai além da fidelidade, ou confiabilidade. Afi-
nal, alguém pode ser fiel apenas por senso de dever. Em
contraste com isso, a lealdade baseia-se no amor.1 A palavra
“fiel” também pode ser usada para descrever coisas inani-
madas. Por exemplo, o salmista chamou a Lua de “fiel teste-
munha nos céus” devido à regularidade com que ela surge.
(Salmo 89:37) Mas não se pode dizer que a Lua é leal. Por
que não? Porque a lealdade é uma expressão de amor, uma
qualidade que coisas inanimadas não podem demonstrar.
5 No sentido bíblico, a lealdade é uma qualidade cordial.

Pressupõe um relacionamento entre aquele que demons-


tra lealdade e a pessoa a quem ela é demonstrada. Não se
trata de uma qualidade instável, como as ondas do mar,
1 O interessante é que a palavra traduzida “lealdade” em 2 Samuel
22:26 é em outras partes traduzida “amor leal”.

4, 5. (a) O que é “lealdade”? (b) Em que sentido lealdade e fideli-


dade são diferentes?
282 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

alteradas por ventos mutáveis. Pelo contrário, a lealdade,


ou amor leal, tem estabilidade e força para superar os mais
difíceis obstáculos.
6 É verdade que esse tipo de lealdade é raro atualmente.

Muitos companheiros achegados estão “prontos para aca-


bar um com o outro”. Cada vez mais ouvimos falar em
pessoas que abandonam o marido ou a esposa. (Provérbios
18:24; Malaquias 2:14-16) A traição é tão comum que talvez
digamos, como o profeta Miqueias: “Desapareceu da terra
quem é leal.” (Miqueias 7:2) Embora os humanos muitas
vezes falhem em demonstrar lealdade, essa é uma qualida-
de destacada de Jeová e muito valiosa. De fato, a melhor
maneira de aprender exatamente o que significa lealdade
é examinar como Jeová demonstra essa faceta notável do
seu amor.
A incomparável lealdade de Jeová
7 Sobre Jeová, a Bíblia diz: “Só tu és leal.” (Apocalipse 15:4)
Por que se diz isso? Não é verdade que humanos e anjos
têm às vezes demonstrado lealdade notável? ( Jó 1:1; Apo-
calipse 4:8) E pense em Jesus Cristo. Não é ele a pessoa mais
leal a Deus? (Salmo 16:10) Por que, então, se pode dizer
que só Jeová é leal?
8 Primeiro, lembre-se de que a lealdade é uma faceta do

amor. Visto que “Deus é amor” — é a própria personifica-


ção dessa qualidade —, quem poderia demonstrar lealdade
mais plenamente do que ele? (1 João 4:8) É claro que an-
jos e humanos são capazes de refletir os atributos divinos,
mas apenas Jeová é leal em grau superlativo. Como “o An-
tigo de Dias”, ele demonstra lealdade há muito mais tempo
6. (a) Atualmente, até que ponto a lealdade é rara entre os huma-
nos, e como isso é indicado na Bíblia? (b) Qual é a melhor maneira
de aprender o que significa lealdade, e por quê?
7, 8. Por que se pode dizer que só Jeová é leal?
“SÓ TU ÉS LEAL” 283

do que qualquer criatura na Terra ou no céu. (Daniel 7:9)


De modo que Jeová é a lealdade em pessoa. Ele demonstra
essa qualidade de um modo que nenhuma criatura é capaz
de igualar. Veja alguns exemplos.
9 Jeová é “leal em tudo o que faz”. (Salmo 145:17) De que

modo? O Salmo 136 dá a resposta. Nele, citam-se vários


atos salvadores de Jeová, incluindo a extraordinária liberta-
ção dos israelitas quando os conduziu pelo mar Vermelho.
O interessante é que todos os versículos desse salmo termi-
nam com a expressão: “O seu amor leal dura para sempre.”
Lendo esse salmo — incluído nas “Perguntas para Medita-
ção”, na página 289 —, é impossível não ficar impressiona-
do com os muitos modos em que Jeová usou de amor leal
para com seu povo. De fato, Deus demonstra lealdade para
com seus servos fiéis ouvindo seus pedidos de ajuda e agin-
do no tempo devido. (Salmo 34:6) O amor leal de Jeová
para com seus servos é inabalável, desde que estes perma-
neçam leais a ele.
10 Além disso, Jeová demonstra lealdade aos seus servos

apegando-se às suas normas. Ao contrário de alguns huma-


nos volúveis, que se deixam levar por caprichos pessoais
ou sentimentalismo, Jeová não vacila nos seus conceitos
do que é certo e do que é errado. Ao longo dos milênios,
seu ponto de vista em relação a questões como espiritismo,
idolatria e assassinato não mudou. “Até a sua velhice, eu
serei o mesmo”, declarou ele por meio do profeta Isaías.
(Isaías 46:4) Assim, podemos ter confiança que, se seguir-
mos as claras orientações morais encontradas na Palavra de
Deus, sempre seremos beneficiados. — Isaías 48:17-19.
11 Outra maneira de Jeová demonstrar lealdade é cum-

prindo suas promessas. Tudo o que ele prediz se cumpre.


9. Como Jeová é “leal em tudo o que faz”?
10. Como Jeová demonstra lealdade no que se refere às suas normas?
11. Dê exemplos que comprovam que Jeová é fiel a suas promessas.
284 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Assim, ele podia declarar: “A palavra que sai da minha


boca . . . não voltará a mim sem resultados, mas certamen-
te realizará o que for do meu agrado, e sem falta cumprirá o
objetivo para o qual a enviei.” (Isaías 55:11) Permanecendo
fiel à sua palavra, Jeová demonstra lealdade para com seu
povo. Ele não os deixa na expectativa ansiosa de algo que
não pretende tornar realidade. Nesse sentido, a reputação
de Jeová é tão impecável que seu servo Josué pôde dizer:
“De todas as boas promessas que Jeová havia feito à casa de
Israel, nem uma única promessa falhou; todas elas se cum-
priram.” ( Josué 21:45) Podemos confiar, então, que nunca
ficaremos desapontados por causa de alguma falha da par-
te de Jeová em cumprir suas promessas. — Isaías 49:23; Ro-
manos 5:5.
12 Conforme já mencionado, a Bíblia nos diz que o amor

leal de Jeová “dura para sempre”. (Salmo 136:1) Como isso


se dá? Um aspecto é que Jeová perdoa pecados permanen-
temente. Como vimos no Capítulo 26, ele não repisa erros
passados dos quais a pessoa já tenha sido perdoada. Visto
que “todos pecaram e não atingem a glória de Deus”, de-
veríamos ser gratos de que o amor leal de Jeová dura para
sempre. — Romanos 3:23.
13 Mas o amor leal de Deus dura para sempre também

em outro sentido. Sua Palavra diz que o justo “será como


uma árvore plantada junto a correntes de água, uma árvo-
re que dá fruto na sua estação e cuja folhagem não murcha.
Tudo o que ele fizer será bem-sucedido”. (Salmo 1:3) Ima-
gine uma árvore frondosa cuja folhagem nunca murcha.
De modo similar, se tivermos apreço genuíno pela Palavra
de Deus, nossa vida será longa, pacífica e frutífera. As bên-
çãos que Jeová lealmente concederá aos seus servos fiéis se-
rão eternas. De fato, no novo mundo justo que ele trará,
12, 13. Em que sentidos o amor leal de Jeová “dura para sempre”?
“SÓ TU ÉS LEAL” 285

a humanidade obediente desfrutará o seu amor leal para


sempre. — Apocalipse 21:3, 4.
Jeová “não abandonará
aqueles que lhe são leais”
14 Jeová, com frequência, demonstra lealdade para com

seus servos fiéis e, como ele é perfeito, a intensidade des-


sa qualidade nunca diminui. O salmista escreveu: “Fui jo-
vem e agora sou velho, mas nunca vi um justo abandona-
do nem os seus filhos procurando pão. Pois Jeová ama a
justiça e não abandonará aqueles que lhe são leais.” (Sal-
mo 37:25, 28) É verdade que, sendo o Criador, Jeová mere-
ce nossa adoração. (Apocalipse 4:11) Mesmo assim, por ser
leal ele aprecia nossos atos fiéis. — Malaquias 3:16, 17.
15 No seu amor leal, Jeová vez após vez vem em auxílio

do seu povo quando esse passa por dificuldades. O salmis-


ta nos diz: “Ele guarda a vida dos que lhe são leais; livra-os
da mão dos maus.” (Salmo 97:10) Veja os seus tratos com
a nação de Israel. Depois de serem milagrosamente liber-
tados através do mar Vermelho, os israelitas proclamaram
o seguinte, em um cântico para Jeová: “No teu amor leal
guiaste o povo que resgataste.” (Êxodo 15:13) A libertação
no mar Vermelho sem dúvida foi um ato de amor leal da
parte de Jeová. Por isso, Moisés disse aos israelitas: “Não foi
por serem o mais numeroso de todos os povos que Jeová
mostrou afeição por vocês e os escolheu, pois vocês eram
o menor de todos os povos. Mas foi porque Jeová os amou
e porque cumpriu o juramento que havia feito aos seus an-
tepassados. Por isso, Jeová os tirou de lá com mão podero-
sa, para o resgatar da terra da escravidão, do poder de Fa-
raó, rei do Egito.” — Deuteronômio 7:7, 8.
14. Como Jeová demonstra apreço pela lealdade dos seus servos?
15. Explique como os tratos de Jeová com Israel ressaltam Sua leal-
dade.
286 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

16 Sabemos muito bem que a nação de Israel, como um


todo, deixou de demonstrar apreço pelo amor leal de Jeová,
porque depois de sua libertação “eles continuaram a pe-
car contra [Jeová], rebelando-se contra o Altíssimo”. (Sal-
mo 78:17) Ao longo dos séculos, rebelaram-se vez após vez,
abandonando a Jeová e voltando-se para deuses falsos e
práticas pagãs que só resultaram em corrupção entre eles.
Mesmo assim, Jeová não rompeu seu pacto. Em vez disso,
por meio do profeta Jeremias, ele implorou ao povo: “Vol-
te para mim, rebelde Israel . . . Não olharei com ira para
vocês, pois eu sou leal.” ( Jeremias 3:12) Como vimos no
Capítulo 25, porém, a maioria dos israelitas não se como-
veu com essa súplica. De fato, “caçoavam dos mensageiros
do verdadeiro Deus, desprezavam as Suas palavras e zom-
bavam dos seus profetas”. Com que resultado? Por fim, “o
furor de Jeová veio contra o seu povo e não havia mais re-
médio”. — 2 Crônicas 36:15, 16.
17 O que aprendemos disso? Que a lealdade de Jeová não

é cega nem ingênua. É verdade que Deus é “cheio de amor


leal” e tem prazer em mostrar misericórdia quando existe
base para isso. Mas como ele reage quando um transgres-
sor demonstra ser incorrigivelmente perverso? Nesse caso,
Jeová adere a suas próprias normas justas e pune o pecador.
Como se disse a Moisés, Jeová “de modo algum deixará im-
pune o culpado”. — Êxodo 34:6, 7.
18 A própria punição que Deus trará sobre os perversos já é

em si mesma um ato de lealdade. Como assim? Para enten-


der isso, veja a ordem que Jeová deu a sete anjos numa vi-
16, 17. (a) Os israelitas mostraram que lamentável falta de apreço,
mas como Jeová mostrou compaixão para com eles? (b) Como a
maioria dos israelitas demonstrou que “não havia mais remédio”
para eles, e o que isso nos ensina?
18, 19. (a) Como a punição que Jeová trará sobre os perversos é em
si mesma um ato de lealdade? (b) De que modo Jeová demonstrará
lealdade para com os seus servos que foram perseguidos até a morte?
Jeová lealmente se lembrará dos que
foram leais até a morte e os ressuscitará

Bernard Luimes
(acima) e Wolfgang
Kusserow (ao centro) Moses Nyamussua foi
foram executados morto com lanças por
pelos nazistas um grupo político

são registrada no livro de Apocalipse: “Vão e derramem so-


bre a terra as sete tigelas da ira de Deus.” Quando o terceiro
anjo derrama sua tigela “nos rios e nas fontes de água”, eles
se transformam em sangue. Daí, o anjo diz a Jeová: “Tu,
Aquele que é e que era, o Leal, és justo, pois decretaste esses
julgamentos, pois eles derramaram o sangue dos santos e
dos profetas, e tu lhes deste sangue para beber; isso é o que
merecem.” — Apocalipse 16:1-6.
19 Note que, no meio da mensagem de julgamento, o anjo

se refere a Jeová como “o Leal”. Por quê? Porque ao destruir


os maus Jeová demonstra lealdade aos seus servos, muitos
dos quais foram perseguidos até a morte. Lealmente, Jeová
os mantém bem vivos na memória. Ele anseia ver de novo
esses seus servos fiéis que faleceram e, como a Bíblia confir-
ma, seu propósito é recompensá-los por meio da ressurrei-
ção. ( Jó 14:14, 15) Jeová não se esquece de seus servos leais
simplesmente porque eles não estão mais vivos. Pelo con-
trário, “para ele, todos eles vivem”. (Lucas 20:37, 38) O pro-
pósito do Criador de trazer de volta à vida todos os que estão
na sua memória é uma forte comprovação de sua lealdade.
288 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

O amor leal de Jeová


abre o caminho para a salvação
20 Ao longo de toda a História, Jeová tem demonstrado

notável lealdade para com humanos fiéis. De fato, duran-


te milhares de anos, ele “tolerou com muita paciência os
vasos da ira, preparados para a destruição”. Por quê? “Ele
fez isso a fim de dar a conhecer as riquezas da sua glória nos
vasos de misericórdia, que ele preparou antecipadamente
para glória.” (Romanos 9:22, 23) Esses “vasos de misericór-
dia” são humanos de disposição correta que foram ungidos
pelo espírito santo para serem herdeiros com Cristo no seu
Reino. (Mateus 19:28) Ao abrir o caminho da salvação para
20. Quem são os “vasos de misericórdia”, e como Jeová lhes demons-
trou lealdade?

Devido à lealdade de Jeová,


todos os seus servos fiéis têm
uma esperança em que
podem confiar
“SÓ TU ÉS LEAL” 289

Perguntas para Meditação


1 Samuel 24:1-22 Ao lidar com o Rei Saul, como Davi demons-
trou o tipo de lealdade que Jeová aprecia?
Ester 3:7-9; 4:6–5:1 Como Ester refletiu a lealdade divina no
modo como tratou seu povo, a ponto de arriscar a própria
vida?
Salmo 136:1-26 O que esse salmo nos ensina sobre o amor leal
de Jeová?
Obadias 1-4, 10 -16 Como a lealdade de Jeová ao seu povo o
motivou a punir os edomitas por sua conduta desleal?

esses vasos de misericórdia, Jeová demonstrou sua lealda-


de a Abraão, a quem fizera a seguinte promessa relaciona-
da com seu pacto: “Todas as nações da terra obterão para si
uma bênção por meio do seu descendente, porque você es-
cutou a minha voz.” — Gênesis 22:18.
21 De modo similar, Jeová demonstra lealdade a “uma

grande multidão” que tem a perspectiva de sobreviver à


“grande tribulação”. (Apocalipse 7:9, 10, 14) Embora es-
ses servos seus sejam imperfeitos, o Criador lealmente lhes
apresenta a oportunidade de viver para sempre no Paraí-
so na Terra. Como faz isso? Por meio do resgate: a maior
demonstração da lealdade de Jeová. ( João 3:16; Romanos
5:8) Essa qualidade atrai os que, de coração, anseiam a jus-
tiça. ( Jeremias 31:3) Não se sente mais achegado a Jeová
por causa da grande lealdade que ele demonstrou e ainda
demonstrará? Se o nosso desejo é nos achegar mais a Deus,
demonstremos isso reagindo favoravelmente ao seu amor,
fortalecendo nossa determinação de servi-lo com lealdade.
21. (a) Como Jeová demonstra lealdade a “uma grande multidão”
que tem a perspectiva de sobreviver à “grande tribulação”? (b) A leal-
dade de Jeová motiva você a fazer o quê?
C A P Í T U L O 2 9

“Conhecer
o amor do Cristo”
JÁ OBSERVOU um menininho tentando imitar o jeito de o
pai caminhar, falar ou agir? Com o tempo, ele possivelmen-
te aprenderá até os valores morais e espirituais do pai. De
fato, por causa do amor e da admiração que sente por seu
pai amoroso, o filho quer ser como ele.
2 Como é o relacionamento entre Jesus e seu Pai celestial?

“Eu amo o Pai”, disse Jesus em certa ocasião. ( João 14:31)


Ninguém ama a Jeová mais do que seu Filho, que estava ao
lado do Pai muito antes de qualquer outra criatura vir a exis-
tir. O amor motivou esse Filho leal a querer ser como o Pai.
— João 14:9.
3 Em capítulos anteriores deste livro, vimos como Jesus

imitou com perfeição o poder, a justiça e a sabedoria de


Jeová. Como, porém, ele refletiu o amor de seu Pai? Exami-
nemos três facetas do amor de Jesus: o espírito abnegado, a
terna compaixão e a disposição de perdoar.
“Ninguém tem maior amor”
4 Jesus foi um excelente exemplo de amor abnegado.
Abnegação envolve altruistamente pôr as necessidades e
preocupações de outros à frente das nossas. Como Jesus de-
monstrou esse tipo de amor? Ele mesmo explicou: “Nin-
guém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos
seus amigos.” ( João 15:13) Jesus voluntariamente deu sua
vida perfeita por nós. Essa foi a maior expressão de amor já
1-3. (a) O que motivou Jesus a querer ser como seu Pai? (b) Que fa-
cetas do amor de Jesus examinaremos?
4. Como Jesus deu o maior exemplo de amor abnegado por parte de
um humano?
“CONHECER O AMOR DO CRISTO” 291

feita por um humano. Mas ele também mostrou amor ab-


negado de outras maneiras.
5 Em sua existência pré-humana, o Filho unigênito de

Deus tinha uma posição privilegiada e exaltada nos céus.


Teve associação íntima com Jeová e com multidões de cria-
turas espirituais. Abrindo mão desses privilégios, o Filho
amado “abriu mão de tudo que tinha, assumiu a forma de
escravo e se tornou humano”. (Filipenses 2:7) Ele volunta-
riamente veio viver entre humanos pecadores num mundo
que “está no poder do Maligno”. (1 João 5:19) Não foi esse
um sacrifício amoroso da parte do Filho de Deus?
6 Ao longo do seu ministério terrestre, Jesus demonstrou

amor abnegado de várias maneiras. Ele era totalmente al-


truísta. Estava tão envolvido no seu trabalho que se dispôs a
abrir mão dos confortos normais a que o homem está acos-
tumado. “As raposas têm tocas e as aves do céu têm ninhos”,
disse ele, “mas o Filho do Homem não tem onde deitar a ca-
beça”. (Mateus 8:20) Jesus era carpinteiro profissional e po-
deria ter tirado tempo para construir uma casa confortável
para morar, ou para fazer lindos móveis e vendê-los a fim de
ter dinheiro extra. Mas não usou suas habilidades para con-
seguir bens.
7 Um exemplo realmente comovente do amor abnegado de

Jesus se encontra em João 19:25-27. Imagine como Jesus de-


via estar preocupado na tarde da sua morte! Enquanto so-
fria na estaca, ele pensava nos seus discípulos, na obra de
pregação, e especialmente na própria integridade e em como
ela refletiria sobre o nome de seu Pai. De fato, o futuro de
toda a humanidade estava nas mãos dele! Mas um pouco
antes de morrer, Jesus mostrou preocupação com sua mãe,
5. Por que deixar os céus foi um sacrifício amoroso da parte do Fi-
lho unigênito de Deus?
6, 7. (a) De que modos Jesus demonstrou amor abnegado durante
seu ministério terrestre? (b) Que exemplo comovente de amor altruís-
ta encontramos em João 19:25-27?
292 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Maria, que aparentemente já era viúva. Ele pediu que João


cuidasse dela como se fosse sua própria mãe e, depois disso,
o apóstolo levou-a para a casa dele. Assim, Jesus providenciou
que se cuidassem das necessidades materiais e espirituais de
sua mãe. Que comovente demonstração de amor altruísta!
“Teve pena”
8 Como seu Pai, Jesus tinha compaixão. As Escrituras des-
crevem-no como alguém que fazia de tudo para ajudar os
necessitados porque se sentia profundamente comovido. Ao
descrever a compaixão de Jesus, a Bíblia usa uma palavra
grega que é traduzida “teve pena”. Um erudito diz o seguin-
te a respeito dela: “Descreve . . . uma emoção que comove
o homem até às próprias profundezas do seu ser. É a pala-
vra mais enfática em grego para o sentimento da compai-
xão.” Vejamos algumas situações em que Jesus sentiu pro-
funda compaixão que o motivou a agir.
9 Motivado a atender às necessidades espirituais. O relato de

Marcos 6:30-34 mostra o que, principalmente, levou Jesus a


expressar pena. Imagine a cena. Os apóstolos estavam ale-
gres porque haviam acabado de voltar de uma extensa via-
gem de pregação. Quando encontraram Jesus, contaram-lhe
com entusiasmo todas as coisas que haviam visto e ouvido.
Mas ajuntou-se uma grande multidão, de modo que Jesus
e os apóstolos não tiveram tempo nem para comer. Muito
observador, ele notou que os apóstolos estavam cansados.
Disse-lhes: “Venham comigo, vamos sozinhos a um lugar
isolado para descansar um pouco.” Entraram num barco e
atravessaram a extremidade norte do mar da Galileia, rumo
a um lugar sossegado. Mas a multidão os viu partir. Outros
8. Qual é o sentido da palavra grega que a Bíblia usa para descrever
a compaixão de Jesus?
9, 10. (a) Que circunstâncias levaram Jesus e seus apóstolos a bus-
car um lugar sossegado? (b) Como Jesus reagiu diante da falta de pri-
vacidade e por quê?
“CONHECER O AMOR DO CRISTO” 293

ficaram sabendo disso. Todos eles correram ao longo da cos-


ta norte e chegaram ao outro lado antes do barco!
10 Será que Jesus ficou irritado com essa falta de privacida-

de? De modo algum! Ao ver milhares de pessoas esperando-


o, ficou comovido de coração. Marcos escreveu: “Ele viu uma
grande multidão e teve pena deles, porque eram como ove-
lhas sem pastor. E começou a lhes ensinar muitas coisas.” Je-
sus percebeu as necessidades espirituais dessas pessoas. Eram
como ovelhas perdidas, sem pastor para guiá-las ou protegê-
las. Jesus sabia que, em vez de agirem como pastores amo-
rosos, os líderes religiosos insensíveis desprezavam o povo.
( João 7:47-49) Penalizado, começou a ensinar-lhes sobre o
“Reino de Deus”. (Lucas 9:11) Note que Jesus sentiu pena das
pessoas antes de ver qual seria a reação delas aos seus ensinos.
Em outras palavras, a terna compaixão não foi o resultado de
seu ensino às multidões, mas o motivo de ele ensiná-las.
11 Motivado a aliviar o sofrimento. Pessoas com várias doen-

ças percebiam a compaixão de Jesus e, por isso, se ache-


gavam a ele. Isso ficou especialmente evidente quando um
homem “coberto de lepra” se aproximou de Jesus e da mul-
tidão que o seguia. (Lucas 5:12) Nos tempos bíblicos, os le-
prosos ficavam de quarentena para proteger os outros con-
tra a contaminação. (Números 5:1-4) Com o tempo, porém,
os líderes rabínicos desenvolveram um conceito cruel em re-
lação à lepra e impuseram suas próprias regras opressivas.1
1 As regras rabínicas determinavam que era preciso ficar no míni-
mo a quatro côvados (cerca de 1,80 metro) de um leproso. Mas, se es-
tivesse ventando, o leproso tinha de ficar a pelo menos 100 côvados
(uns 45 metros). O Midrash Rabah (O Grande Midrash) fala de um ra-
bino que se escondia dos leprosos e de outro que jogava pedras neles
para afastá-los. Assim, esses doentes sabiam como era doloroso sen-
tir-se rejeitado, desprezado e indesejado.

11, 12. (a) Como os leprosos eram encarados nos tempos bíblicos,
mas como Jesus reagiu quando um homem “coberto de lepra” se
aproximou dele? (b) Como o toque de Jesus possivelmente afetou o
leproso, e como o relato dum médico nos ajuda a entender isso?
“CONHECER O AMOR DO CRISTO” 295

Note, porém, como Jesus respondeu ao leproso: “Aproximou-


se dele também um leproso, suplicando-lhe até de joelhos:
‘Se o senhor apenas quiser, pode me purificar.’ Em vista dis-
so, ele teve pena; e estendeu a mão, tocou no homem e lhe
disse: ‘Eu quero! Seja purificado.’ Imediatamente a lepra de-
sapareceu dele.” (Marcos 1:40-42) Jesus sabia que, pela lei, o
leproso não poderia nem estar ali. Mesmo assim, em vez de
rejeitá-lo, Jesus ficou tão profundamente comovido que fez
algo impensável: tocou no homem!
12 Consegue imaginar o que aquele toque significou para

o leproso? Para ajudá-lo a entender, acompanhe o relato


do Dr. Paul Brand, especialista em lepra. Ele conta que, ao
examinar um leproso na Índia, colocou a mão no ombro
do homem e explicou, por meio de uma intérprete, o tra-
tamento a que ele teria de se submeter. De repente, o le-
proso começou a chorar. “Eu disse algo que não devia?”,
perguntou o médico. A intérprete perguntou ao jovem na
língua dele e respondeu: “Não, doutor. Ele disse que está
chorando porque o senhor colocou a mão no ombro dele.
Fazia anos que ninguém tocava nele.” Para o leproso que se
aproximou de Jesus, aquele toque teve um significado ain-
da maior. Resultou no fim da doença que o transformara
num pária!
13 Motivado a acabar com o pesar. Jesus ficava muito

comovido com o pesar alheio. Analise, por exemplo, o re-


lato de Lucas 7:11-15. Naquela ocasião, mais ou menos
no meio do seu ministério, Jesus se aproximava da cida-
de galileia de Naim quando se deparou com um corte-
jo fúnebre, próximo ao portão da cidade. As circunstâncias
13, 14. (a) Com o que Jesus se deparou ao se aproximar da cidade
de Naim, e por que essa era uma situação especialmente trágica? (b) A
compaixão de Jesus o moveu a fazer o que a favor da viúva de Naim?

“Estendeu a mão, tocou no homem”


296 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

envolvidas eram especialmente trágicas. Um jovem — fi-


lho único de uma viúva — havia morrido. Ela já passara,
em outra ocasião, por algo semelhante ao perder o mari-
do. Agora, seu filho, talvez a única fonte de sustento, estava
morto. A multidão acompanhante talvez incluísse outros
pranteadores declamando lamentações e músicos tocando
melodias fúnebres. ( Jeremias 9:17, 18; Mateus 9:23) Mas o
olhar de Jesus fixou-se na mãe aflita que, sem dúvida,
caminhava perto do esquife que transportava o corpo do
filho.
14 Jesus “teve pena” da mãe enlutada. Num tom reanima-

dor, ele lhe disse: “Pare de chorar.” Sem ser convidado, apro-
ximou-se e tocou no esquife. Os carregadores — e talvez o
resto da multidão — pararam. Com voz de autoridade, Jesus
falou para o corpo sem vida: “Jovem, eu lhe digo: Levante-
se!” O que aconteceu? “O morto se sentou e começou a fa-
lar” como se tivesse sido acordado de um sono profundo!
Note esta descrição comovente do que aconteceu a seguir:
“E Jesus o entregou à sua mãe.”
15 O que aprendemos desses relatos? Em cada caso, note a

ligação entre compaixão e ações. Jesus não conseguia ob-


servar o sofrimento alheio sem sentir pena, e essa compai-
xão, por sua vez, o impelia a agir. Como podemos seguir
o exemplo dele? Como cristãos, temos a obrigação de pre-
gar as boas novas e fazer discípulos. Em primeiro lugar, so-
mos motivados pelo amor a Deus. Mas lembre-se de que
essa obra também é motivada pela compaixão. Se sentir-
mos pena das pessoas como Jesus sentia, nosso coração
nos motivará a fazer tudo o que pudermos para transmi-
tir-lhes as boas novas. (Mateus 22:37-39) Devemos também
mostrar compaixão a concrentes que sofrem ou choram
15. (a) Os relatos bíblicos que falam de Jesus ter pena mostram que
ligação entre compaixão e ações? (b) Como podemos imitar Jesus
nesse respeito?
“CONHECER O AMOR DO CRISTO” 297

por terem perdido alguém amado. Não podemos curar mi-


lagrosamente a dor física nem ressuscitar os mortos. Mas
podemos agir em harmonia com a compaixão, tomando a
iniciativa de expressar nossa preocupação ou de dar ajuda
prática. — Efésios 4:32.
“Pai, perdoa-lhes”
16 Outra maneira importante de Jesus refletir com perfei-
ção o amor de seu Pai foi por estar “sempre pronto a per-
doar”. (Salmo 86:5) Essa disposição ficou evidente até quan-
do ele estava na estaca de tortura. Confrontando-se com
uma morte vergonhosa, com pregos atravessando-lhe as
mãos e os pés, o que Jesus falou? Pediu que Jeová punisse
seus executores? Muito pelo contrário, entre as últimas pa-
lavras de Jesus estavam: “Pai, perdoa-lhes, pois não sabem o
que estão fazendo.” — Lucas 23:34.1
17 Um exemplo ainda mais comovente do perdão de Jesus

é demonstrado no modo como ele lidou com o apóstolo Pe-


dro. Não há dúvidas de que Pedro amava muito a Jesus. Em
14 de nisã, a última noite da vida terrestre de Jesus, aquele
apóstolo lhe disse: “Estou pronto para ir com o Senhor tanto
1 A primeira parte de Lucas 23:34 foi omitida de certos manuscri-
tos antigos. Mas, visto que essas palavras se encontram em muitos ou-
tros manuscritos confiáveis, a Tradução do Novo Mundo e muitas ou-
tras traduções incluem-nas no texto. Jesus provavelmente se referia
aos soldados romanos que o executaram. Eles não sabiam o que fa-
ziam; eles ignoravam quem Jesus realmente era. Ele talvez também
tivesse em mente os judeus que exigiram que ele fosse executado,
mas que depois exerceram fé nele. (Atos 2:36-38) Naturalmente, os lí-
deres religiosos que instigaram a execução eram muito mais repreen-
síveis, pois agiram deliberada e maldosamente. Muitos deles jamais
seriam perdoados. — João 11:45-53.

16. Como Jesus demonstrou disposição de perdoar até na estaca de


tortura?
17-19. De que modos Jesus demonstrou que havia perdoado o após-
tolo Pedro, que o negara três vezes?
298 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

para a prisão como para a morte.” Mas, poucas horas depois,


três vezes ele negou até mesmo conhecer a Jesus! A Bíblia
nos conta o que aconteceu quando Pedro o negou pela ter-
ceira vez: “O Senhor se virou e olhou diretamente para Pe-
dro.” Arrasado pela gravidade do pecado, ele “saiu e chorou
amargamente”. Quando Jesus morreu, mais tarde naquele
dia, o apóstolo talvez tenha se perguntado: ‘Será que o Se-
nhor me perdoou?’ — Lucas 22:33, 61, 62.
18 Pedro não teve de esperar muito para ter uma respos-

ta. Na manhã de 16 de nisã, Jesus foi ressuscitado e, evi-


dentemente naquele mesmo dia, apareceu a Pedro. (Lucas
24:34; 1 Coríntios 15:4-8) Por que Jesus deu atenção espe-
cial ao apóstolo que o havia negado de forma tão enfática?
Talvez ele quisesse confirmar ao arrependido Pedro que seu
Senhor ainda o amava e prezava. Mas Jesus fez ainda mais
para reanimar a Pedro.
19 Pouco tempo depois, ele apareceu aos discípulos junto

ao mar da Galileia. Nessa ocasião, Jesus perguntou a Pedro


três vezes (o mesmo número de vezes que ele negara o Se-
nhor) se este o amava. Depois da terceira vez, Pedro res-
pondeu: “Senhor, o senhor sabe todas as coisas. O senhor
sabe que eu o amo.” De fato, Jesus podia ler o coração e
estava plenamente ciente do amor e da afeição de Pedro
por ele. Mesmo assim, ele deu ao apóstolo a oportunida-
de de confirmar seu amor. Mais do que isso, Jesus comis-
sionou-o a alimentar e pastorear suas “ovelhinhas”. ( João
21:15-17) Pedro já havia recebido uma designação de pre-
gar. (Lucas 5:10) Mas então, numa notável demonstração
de confiança, Jesus lhe deu outra grande responsabilidade:
cuidar dos que se tornariam seguidores de Cristo. Logo de-
pois, Jesus designou a Pedro um papel de destaque nas ati-
vidades dos discípulos. (Atos 2:1-41) Como Pedro deve ter
ficado aliviado de saber que Jesus o perdoara e ainda con-
fiava nele!
“CONHECER O AMOR DO CRISTO” 299

Perguntas para Meditação


Mateus 9:35-38 De que modo significativo Jesus demonstrou
piedade, ou compaixão? Que efeito isso deveria ter sobre nós?
João 13:34, 35 Por que é importante que reflitamos o amor do
Cristo?
Romanos 15:1-6 Como podemos imitar a atitude mental al-
truísta de Cristo?
2 Coríntios 5:14, 15 O apreço pelo resgate deveria ter que efei-
to sobre nossos conceitos, alvos e estilo de vida?

Você ‘conhece o amor do Cristo’?


20 A Palavra de Jeová apresenta uma bela descrição do amor
de Cristo. Como, porém, devemos reagir a esse amor? A Bí-
blia nos incentiva a “conhecer o amor do Cristo, que é su-
perior ao conhecimento”. (Efésios 3:19) Como vimos, os re-
latos evangélicos sobre a vida e o ministério de Jesus nos
ensinam muita coisa a respeito do amor dele. Mas “conhe-
cer o amor do Cristo” de forma plena envolve mais do que
aprender o que a Bíblia diz sobre ele.
21 O termo grego traduzido “conhecer” significa conhecer

“na prática, por experiência própria”. Quando demonstra-


mos amor assim como Jesus demonstrou — de forma altruís-
ta dando de nós mesmos a favor de outros, compassivamente
correspondendo às suas necessidades e perdoando-os de co-
ração —, passamos realmente a entender Seus sentimentos.
Desse modo, chegamos a conhecer, por experiência própria,
“o amor do Cristo, que é superior ao conhecimento”. E nun-
ca nos esqueçamos de que, quanto mais nos assemelharmos
a Cristo, mais nos achegaremos àquele que Jesus imitou com
perfeição, nosso Deus amoroso, Jeová.
20, 21. Como podemos vir a “conhecer o amor do Cristo” de forma
plena?
C A P Í T U L O 3 0

“Continuem andando
em amor”
“HÁ MAIS felicidade em dar do que em receber.” (Atos 20:35)
Essas palavras de Jesus destacam uma verdade importante: o
amor altruísta é recompensador em si mesmo. Embora rece-
ber amor dê muita felicidade, há felicidade ainda maior em
dar, ou demonstrar, amor a outros.
2 Ninguém sabe disso melhor do que nosso Pai celestial.

Como vimos nos capítulos anteriores desta seção, Jeová é o


exemplo supremo de amor. Ninguém demonstrou amor de
maneiras mais grandiosas ou por um período mais longo do
que ele. É de admirar, então, que ele seja chamado de “Deus
feliz”? — 1 Timóteo 1:11.
3 Nosso Deus amoroso deseja que procuremos ser como

ele, em especial no que se refere a demonstrar amor. Efésios


5:1, 2 nos diz: “Tornem-se imitadores de Deus, como filhos
amados, e continuem andando em amor.” Quando imita-
mos o exemplo de Jeová em demonstrar amor, sentimos a fe-
licidade maior que vem de dar. Também temos a satisfação
de saber que agradamos a Jeová, pois a sua Palavra nos in-
centiva a ‘amarmos uns aos outros’. (Romanos 13:8) Mas há
outras razões para ‘continuarmos andando em amor’.
Por que o amor é essencial
4 Por que é importante que demonstremos amor a concren-
tes? Dito de maneira simples, o amor é a essência do cris-
tianismo verdadeiro. Se não demonstrarmos essa qualidade,
não poderemos desenvolver um relacionamento achegado
1-3. Qual é o resultado quando imitamos o exemplo de Jeová em de-
monstrar amor?
4, 5. Por que é importante que demonstremos amor abnegado a
concrentes?
“CONTINUEM ANDANDO EM AMOR” 301

com outros cristãos e, mais importante ainda, nossos esfor-


ços não terão valor aos olhos de Jeová. Veja como a Palavra
de Deus destaca essas verdades.
5 Na última noite de sua vida terrestre, Jesus disse aos seus

seguidores: “Eu lhes dou um novo mandamento: Amem


uns aos outros; assim como eu amei vocês, amem também
uns aos outros. Por meio disto todos saberão que vocês são
meus discípulos: se tiverem amor entre si.” ( João 13:34, 35)
“Assim como eu amei vocês” — essa é a ordem para os cris-
tãos: mostrar o mesmo tipo de amor que Jesus demonstrou.
No Capítulo 29, vimos que Jesus deu um exemplo maravi-
lhoso em demonstrar amor abnegado, colocando as necessi-
dades e os interesses de outros à frente dos seus. Nós também
devemos demonstrar amor altruísta de forma tão clara que
ele fique evidente até para os de fora da congregação cristã
verdadeira. De fato o amor fraternal abnegado é o sinal que
nos identifica como verdadeiros seguidores de Cristo.
6 E se não demonstrarmos amor? “Se eu . . . não tiver

amor”, disse o apóstolo Paulo, “sou um gongo que ressoa ou


um címbalo que retine”. (1 Coríntios 13:1) Um címbalo que
retine produz um som desagradável. E um gongo que ressoa?
Que ilustrações apropriadas! A pessoa sem amor é como um
instrumento musical que faz um barulho alto e estridente,
que repele em vez de atrair. Como uma pessoa assim poderia
ter relacionamentos achegados com outros? Paulo também
disse: “Se eu tiver toda a fé, a ponto de mover montanhas,
mas não tiver amor, nada sou.” (1 Coríntios 13:2) Imagine
só! Uma pessoa sem amor ‘não presta para nada’, não im-
porta que obras realize. (Novo Testamento, Interconfessional)
Não fica claro que a Palavra de Jeová dá grande ênfase a se de-
monstrar amor?
7 Mas como podemos demonstrar essa qualidade ao lidar

6, 7. (a) Como sabemos que a Palavra de Jeová dá grande ênfase a


se demonstrar amor? (b) As palavras de Paulo, registradas em 1 Co-
ríntios 13:4-8, enfocam que aspecto do amor?
O amor nos motiva a expressar confiança nos irmãos

com outros? Para nos ajudar a responder a essa pergunta,


analisemos as palavras de Paulo, encontradas em 1 Coríntios
13:4-8. Esses versículos não se concentram no amor de Deus
por nós nem no nosso amor por Ele. Em vez disso, o enfoque
das palavras de Paulo é em como devemos demonstrar amor
uns pelos outros. Ele descreveu certas coisas que o amor é e
outras que ele não é.

O que o amor é
8 “O amor é paciente.” Amar, então, significa suportar pa-
cientemente as outras pessoas. (Colossenses 3:13) Todos pre-
cisamos demonstrar esse tipo de paciência, não é verdade?
Visto que somos criaturas imperfeitas servindo ombro a om-
bro, é de esperar que, de vez em quando, nossos irmãos cris-
tãos nos irritem e que nós também os incomodemos. Mas a
8. Como a paciência pode nos ajudar nos nossos tratos com outros?
“CONTINUEM ANDANDO EM AMOR” 303

paciência e o autocontrole podem nos ajudar a lidar com pe-


quenas desavenças e atritos que surgirem nos nossos tratos
com outros, preservando assim a paz da congregação.
9 “O amor é . . . bondoso.”A bondade é demonstrada por atos

prestativos e palavras que revelam consideração pelos outros.


O amor nos motiva a procurar maneiras de demonstrar bon-
dade, em especial para com os mais necessitados. Por exem-
plo, um concrente idoso talvez se sinta solitário e precise de
uma visita de encorajamento. Uma mãe sem cônjuge ou uma
irmã que vive num lar dividido em sentido religioso pode es-
tar precisando de ajuda. Uma pessoa doente ou que passa por
problemas graves talvez precise ouvir palavras bondosas de
um amigo leal. (Provérbios 12:25; 17:17) Quando tomamos a
iniciativa de demonstrar bondade dessas maneiras, compro-
vamos que nosso amor é genuíno. — 2 Coríntios 8:8.
10 “O amor . . . se alegra com a verdade.” Outra versão da Bí-

blia diz: “O amor . . . alegremente fica do lado da verdade.”


O amor nos motiva a defender a verdade e a ‘falar a verdade
uns com os outros’. (Zacarias 8:16) Se, por exemplo, uma pes-
soa querida se envolveu num pecado grave, o amor por Jeová
— e por aquele que errou — nos ajudará a defender as normas
de Deus em vez de tentar esconder, racionalizar ou até men-
tir sobre a transgressão. É verdade que talvez seja difícil acei-
tar a situação. Mas, para o próprio bem da pessoa, estaremos
interessados em que ela receba e aceite a disciplina amorosa
de Deus. (Provérbios 3:11, 12) Como cristãos amorosos, tam-
bém desejamos “nos comportar honestamente em todas as
coisas”. — Hebreus 13:18.
11 “O amor . . . suporta todas as coisas.” Essa expressão

significa, literalmente, “cobre todas as coisas”. (Kingdom


9. De que maneiras podemos demonstrar bondade a outros?
10. Como o amor nos ajudará a defender a verdade e a não mentir,
mesmo quando isso não for fácil?
11. Visto que o amor “suporta todas as coisas”, como devemos agir
em relação às falhas de nossos concrentes?
304 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Interlinear) Em 1 Pedro 4:8 lemos: “O amor cobre uma mul-


tidão de pecados.” De fato, um cristão guiado pelo amor não
estará sempre ansioso para expor todas as imperfeições e de-
feitos de seus irmãos cristãos. Em muitos casos, os erros e as
falhas de nossos concristãos não são muito graves e podem
ser cobertos pelo amor. — Provérbios 10:12; 17:9.
12 “O amor . . . acredita em todas as coisas.” Outra tradução

diz que o amor está “sempre ansioso para crer no melhor”.


(Moffatt) Não desconfiamos indevidamente de concrentes,
questionando cada motivação deles. O amor nos ajuda a
“crer no melhor” em relação aos nossos irmãos e a confiar
neles.1 Note um exemplo disso na carta de Paulo a Filêmon.
Ele escreveu para incentivar Filêmon a receber bondosamen-
te de volta seu escravo fugitivo, Onésimo, que havia se tor-
nado cristão. Em vez de coagir Filêmon a fazer isso, porém,
Paulo fez um apelo baseado no amor. Afirmou ter confiança
em que aquele homem faria a coisa certa, dizendo: “Estou
confiante em que você atenderá ao meu pedido; por isso es-
tou escrevendo, pois sei que fará ainda mais do que as coisas
que digo.” (Versículo 21) Motivados pelo amor, procuremos,
de forma semelhante, dar um voto de confiança a nossos ir-
mãos. Isso os ajudará a revelarem o que têm de melhor.
13 “O amor . . . espera todas as coisas.” Além de demonstrar

confiança, o amor gera esperança. Movidos pelo amor, espe-


ramos o melhor de nossos irmãos. Por exemplo, se um irmão,
‘sem perceber, dá um passo em falso’, esperamos que ele reaja
aos esforços amorosos de corrigi-lo. (Gálatas 6:1) Temos tam-
bém esperança de que os fracos na fé se recuperarão. Somos
1 Naturalmente, o amor cristão não é de modo algum ingênuo.
A Bíblia nos exorta: ‘Fiquem atentos àqueles que causam divisões e
dão motivos para tropeço; afastem-se deles.’ — Romanos 16:17.

12. Como o apóstolo Paulo deu um voto de confiança a Filêmon, e


o que aprendemos do exemplo de Paulo?
13. Como podemos demonstrar que esperamos o melhor de nossos
irmãos?
“CONTINUEM ANDANDO EM AMOR” 305

pacientes com eles, ajudando-os na medida do possível a for-


talecer a sua fé. (Romanos 15:1; 1 Tessalonicenses 5:14) Mes-
mo que alguém que amamos se desvie, não perdemos a es-
perança de que, algum dia, ele caia em si e volte para Jeová,
como o filho perdido da ilustração de Jesus. — Lucas 15:17, 18.
14 “O amor . . . persevera em todas as coisas.” A perseveran-

ça nos capacitará para manter-nos firmes quando enfrentar-


mos desapontamentos ou dificuldades. As provas para a nos-
sa perseverança não vêm apenas de fora da congregação; às
vezes, vêm de dentro. Devido à imperfeição, nossos irmãos
vez por outra nos desapontarão. Uma palavra impensada
pode nos magoar. (Provérbios 12:18) Talvez um assunto con-
gregacional não seja cuidado do modo como achamos que
devia. A conduta de um irmão respeitado talvez nos incomo-
de, fazendo-nos pensar: “Como um cristão pode agir assim?”
Quando nos depararmos com situações como essas, aban-
donaremos a congregação e deixaremos de servir a Jeová?
Não, se tivermos amor! Essa qualidade impedirá que seja-
mos cegados pelas falhas de um irmão a ponto de não conse-
guir ver mais nada de bom nele, nem na congregação como
um todo. O amor nos ajudará a permanecer fiéis a Deus e
a apoiar a congregação, não importa o que outros humanos
imperfeitos possam dizer ou fazer. — Salmo 119:165.
O que o amor não é
15 “O amor não é ciumento.” O ciúme pode nos tornar in-
vejosos daquilo que os outros têm: seus bens, privilégios
ou habilidades. Trata-se de uma emoção egoísta e destruti-
va que, se não for controlada, pode perturbar a paz da con-
gregação. O que nos ajudará a resistir à tendência de inve-
jar? (Tiago 4:5) O amor. Essa qualidade preciosa fará com que
nos alegremos com os que parecem ter certas vantagens na
14. De que maneiras nossa perseverança pode ser provada na con-
gregação? O amor nos ajudará a reagir de que maneira?
15. O que é ciúme e como o amor nos ajudará a evitar essa emoção
destrutiva?
306 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

vida que nós mesmos não temos. (Romanos 12:15) Se outros


forem elogiados por suas habilidades excepcionais ou reali-
zações notáveis, o amor nos ajudará a não encarar isso como
uma afronta pessoal.
16 “O amor . . . não se gaba, não é orgulhoso.” O amor pelos

irmãos nos impedirá de nos gabarmos de nossos talentos ou


realizações, do êxito no ministério ou dos privilégios na con-
gregação. Isso só os desanimaria, fazendo-os sentir-se inferio-
res. O amor não deixará que nos gabemos de coisas que Deus
nos permite fazer no Seu serviço. (1 Coríntios 3:5-9) Afinal,
o amor “não é orgulhoso”, ou, como diz certa versão, não
“nutre ideias exageradas sobre sua própria importância”. O
amor nos impedirá de ter um conceito distorcido sobre nós
mesmos. — Romanos 12:3.
17 “O amor . . . não se comporta indecentemente.” Quem se

comporta indecentemente age de modo impróprio ou ofen-


sivo. Essa atitude é desamorosa, porque mostra total des-
respeito pelos sentimentos e pelo bem-estar de outros. Em
contraste com isso, o amor é cortês, levando-nos a mostrar
consideração pelos outros. Ele promove boas maneiras, con-
duta reverente e respeito pelos concristãos. Assim, o amor
não permitirá que nos envolvamos em “conduta vergonho-
sa”, ou seja, em qualquer proceder que chocaria ou ofende-
ria nossos irmãos cristãos. — Efésios 5:3, 4.
18 “O amor . . . não procura os seus próprios interesses.” Nes-

se texto, certa versão diz: “O amor não insiste em que as coi-


sas sejam feitas do seu jeito.” Quem é amoroso nunca terá
essa atitude, como se suas opiniões sempre estivessem corre-
tas. Não manipulará os outros, usando sua habilidade de per-
16. Se realmente amarmos os irmãos, por que evitaremos nos gabar
de nossas realizações no serviço de Jeová?
17. O amor nos motivará a mostrar que consideração pelos outros,
e por isso que tipo de conduta evitaremos?
18. Por que a pessoa amorosa não exige que tudo seja feito do seu
jeito?
“CONTINUEM ANDANDO EM AMOR” 307

suasão para vencer pelo cansaço os que têm uma opinião di-
ferente. Isso seria teimosia e revelaria orgulho, e a Bíblia diz:
“O orgulho vem antes da queda.” (Provérbios 16:18) Se real-
mente amarmos os nossos irmãos, respeitaremos seus pontos
de vista e, sempre que possível, estaremos dispostos a ceder.
Essa disposição para ceder está em harmonia com as palavras
de Paulo: “Que cada um persista em buscar não a sua própria
vantagem, mas a da outra pessoa.” — 1 Coríntios 10:24.
19 “O amor . . . não se irrita com facilidade . . . não leva em

conta o dano.” O amor não se irrita facilmente com o que ou-


tros dizem ou fazem. É natural ficarmos contrariados quan-
do outros nos ofendem. Mas, mesmo que tenhamos boas
razões para ficarmos bravos, o amor nos ajudará a não conti-
nuar irritados. (Efésios 4:26, 27) Não manteremos como que
um registro das palavras ou ações que nos magoaram, para
não esquecê-las. Em vez disso, o amor nos levará a imitar
nosso Deus amoroso. Como vimos no Capítulo 26, Jeová
perdoa quando há base sólida para isso. Quando perdoa, ele
esquece, quer dizer, jamais vai nos condenar por esses peca-
dos no futuro. Não ficamos contentes de que Jeová não leva
em conta o dano?
20 “O amor . . . não se alegra com a injustiça.” Nesse tex-

to, a Bíblia na Linguagem de Hoje diz: “Quem ama não fica


alegre quando alguém faz uma coisa errada.” Outra tradu-
ção diz: “O amor nunca fica contente quando outros erram.”
(Moffatt) O amor não deriva nenhum prazer da injustiça, de
modo que não fazemos vista grossa a nenhum tipo de imo-
ralidade. Mas como reagimos quando um concrente é enla-
çado pelo pecado e sofre as consequências? O amor não per-
mitirá que nos alegremos, como se disséssemos: “Bem feito!
Ele merecia!” (Provérbios 17:5) Mas nós nos alegramos, sim,
19. O amor nos ajuda a reagir de que maneira quando outros nos
ofendem?
20. Como devemos reagir quando um concrente é enlaçado pelo pe-
cado e sofre as consequências?
O povo de Jeová é identificado pelo
amor que tem uns pelos outros

quando um irmão que errou toma as medidas necessárias


para recuperar-se de sua queda espiritual.

“Um caminho superior”


21 “O amor nunca acaba.” O que Paulo queria dizer com es-
sas palavras? Como se nota no contexto, ele comentava os
dons do espírito que os cristãos do primeiro século recebe-
ram. Esses serviam como sinais de que o favor de Deus esta-
va com essa congregação recém-formada. Mas nem todos os
cristãos tinham o poder de curar, profetizar ou falar em lín-
guas. Isso, porém, não importava, pois de qualquer maneira
os dons milagrosos com o tempo cessariam. Contudo, uma
21-23. (a) O que Paulo queria dizer quando escreveu: “O amor nun-
ca acaba”? (b) O que analisaremos no último capítulo?
“CONTINUEM ANDANDO EM AMOR” 309

Perguntas para Meditação


2 Coríntios 6:11-13 O que significa abrir amplamente o nosso co-
ração em nossas afeições e como podemos aplicar esse conselho?
1 Pedro 1:22 Como essas palavras mostram que nosso amor pe-
los concrentes deve ser sincero, genuíno e cordial?
1 João 3:16-18 Como podemos demonstrar que “o amor de
Deus” permanece em nós?
1 João 4:7-11 Qual é a maior motivação para demonstrar amor
pelos nossos concrentes?

coisa permaneceria, algo que todos os cristãos poderiam cul-


tivar e que era mais duradouro e permanente do que qual-
quer dom milagroso. De fato, Paulo o chamou de “um cami-
nho superior”. (1 Coríntios 12:31) Que “caminho” era esse?
O caminho do amor.
22 De fato, o amor cristão que Paulo descreveu “nunca aca-

ba”, isto é, nunca tem fim. Até hoje o amor fraternal abnega-
do identifica os verdadeiros seguidores de Jesus. Não vemos
evidência desse amor nas congregações dos adoradores de
Jeová em toda a Terra? Essa qualidade existirá para sempre,
porque Jeová promete vida eterna aos seus servos fiéis. (Sal-
mo 37:9-11, 29) Continuemos fazendo todo o possível para
‘continuar andando em amor’. Assim, sentiremos a felicida-
de maior que vem de dar. Mais do que isso, poderemos con-
tinuar a viver — e amar — por toda a eternidade, imitando
nosso Deus amoroso, Jeová.
23 Neste capítulo, que conclui a seção sobre o amor, vimos

como podemos demonstrar amor uns pelos outros. Mas, em


vista dos muitos modos em que nos beneficiamos do amor
de Jeová — bem como do seu poder, justiça e sabedoria —,
faríamos bem em perguntar: ‘Como posso mostrar a Jeová
que realmente o amo?’ Essa pergunta será analisada no últi-
mo capítulo.
C A P Í T U L O 3 1

“Acheguem-se a Deus,
e ele se achegará a vocês”
UM SORRISO do filhinho recém-nascido enche os pais de
alegria. Às vezes, eles chegam bem pertinho dele, falando
com ternura e sorrindo entusiasmados. Esperam uma rea-
ção. E ela logo vem: formam-se covinhas nas bochechas do
bebê, seus lábios se curvam e surge um lindo sorriso. Aque-
le sorriso expressa afeição de um jeito todo especial. O bebê
está começando a aprender com os pais a expressar amor.
2 O sorriso do bebê nos faz lembrar de algo importante

a respeito da natureza humana: quando recebemos amor,


nossa reação natural é amar. Foi assim que fomos criados.
(Salmo 22:9) À medida que crescemos, vamos desenvolven-
do nossa capacidade de reagir ao amor. Você talvez se lem-
bre de quando era criança e de como seus pais, parentes e
amigos expressavam amor por você. A afeição se arraigou no
seu coração, cresceu e deu frutos: você passou a demonstrar
amor também. Será que acontece algo similar no seu rela-
cionamento com Jeová Deus?
3 A Bíblia diz: “Nós amamos porque ele nos amou primei-

ro.” (1 João 4:19) A matéria das Seções 1 a 3 deste livro lem-


brou você que Jeová Deus, de forma amorosa, exerceu po-
der, justiça e sabedoria em seu benefício. E, na Seção 4, viu
que ele expressou Seu amor diretamente à humanidade — e
a você pessoalmente — de modos notáveis. Mas surge uma
questão. De certa forma, esta é a pergunta mais importante
que você pode fazer a si mesmo: ‘Como posso corresponder
ao amor de Jeová?’
1-3. (a) O que podemos aprender sobre a natureza humana obser-
vando a interação entre um bebê e seus pais? (b) Que processo ocor-
re naturalmente quando alguém nos demonstra amor e que pergun-
ta importante podemos nos fazer?
“ACHEGUEM-SE A DEUS, E ELE SE ACHEGARÁ A VOCÊS” 311

O que significa amar a Deus


4 Jeová, o Originador do amor, sabe muito bem que essa
qualidade tem o dom de revelar o que há de melhor nas
pessoas. Assim, apesar da constante rebeldia da humanida-
de infiel, ele sempre teve confiança de que alguns humanos
corresponderiam ao seu amor. E, de fato, milhões corres-
ponderam. Infelizmente, porém, as religiões deste mundo
corrupto deixaram as pessoas confusas sobre o que signifi-
ca amar a Deus. Muitas pessoas dizem que o amam, mas pa-
recem achar que se trata apenas de um sentimento que se
expressa em palavras. O amor a Deus talvez comece dessa
forma, assim como o amor do bebê pelos pais se manifes-
ta inicialmente por meio de um sorriso. Mas, no caso dos
adultos, o amor envolve mais coisas.
5 Jeová explica o que significa amá-lo. Sua Palavra diz:

“O amor a Deus significa o seguinte: que obedeçamos aos


seus mandamentos.” Assim, o amor a Deus precisa ser ex-
presso em ações. É verdade que muitas pessoas não acham
agradável a ideia de ter de obedecer. Mas o mesmo versículo
bondosamente esclarece: “Contudo, os . . . mandamentos
[de Deus] não são pesados.” (1 João 5:3) O objetivo das leis
e dos princípios de Jeová não é nos oprimir, mas nos benefi-
ciar. (Isaías 48:17, 18) A Palavra de Deus está cheia de princí-
pios que ajudam a nos achegarmos mais a ele. Como? Exa-
minemos três aspectos de nosso relacionamento com Deus:
comunicação, adoração e imitação.
Comunicação com Jeová
6 O Capítulo 1 começa com a pergunta: “Consegue se
4. Por que as pessoas estão confusas sobre o que significa amar a
Deus?
5. Como a Bíblia define o amor de Deus? Por que não deveríamos
achar essa definição desagradável?
6-8. (a) De que maneiras podemos escutar a Jeová? (b) Como pode-
mos dar vida ao que lemos nas Escrituras?
312 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

imaginar conversando com Deus?” Vimos que essa não é


uma ideia sem cabimento. De fato, Moisés conversou com
Jeová. E nós? Atualmente, Ele não envia anjos para conver-
sar com humanos. Mas ainda tem meios excelentes de se
comunicar conosco. Como podemos escutar a Jeová?
7 Visto que “toda a Escritura é inspirada por Deus”, escuta-

mos a Jeová quando lemos sua Palavra, a Bíblia. (2 Timóteo


3:16) O salmista incentivou os servos de Deus a fazer essa
leitura “dia e noite”. (Salmo 1:1, 2) Isso exige esforço con-
siderável da nossa parte. Mas vale a pena! Como vimos no
Capítulo 18, a Bíblia é como uma carta valiosa de nosso Pai
celestial. Assim, não devemos encarar a leitura dela como
uma obrigação. Devemos dar vida ao que lemos nas Escri-
turas. Como se faz isso?
8 Visualize o relato bíblico à medida que lê. Procure enca-

rar os personagens bíblicos como pessoas reais. Tente en-


tender a formação, as circunstâncias e as motivações deles.
Daí, analise bem o que lê, fazendo perguntas como: ‘O que
esse relato me ensina sobre Jeová? Que qualidades dele fi-
cam evidentes? Que princípio Jeová deseja que eu apren-
da e como posso aplicá-lo na vida?’ Leia, medite e aplique.
À medida que fizer isso, a Palavra de Deus ganhará vida.
— Salmo 77:12; Tiago 1:23-25.
9 Jeová também fala conosco por meio do “escravo fiel e

prudente”. Como Jesus predisse, um pequeno grupo de ho-


mens cristãos ungidos foi designado para fornecer “alimen-
to no tempo apropriado” durante estes turbulentos últimos
dias. (Mateus 24:45-47) Quando lemos publicações prepara-
das para nos ajudar a obter conhecimento exato da Bíblia
e quando assistimos a reuniões e congressos cristãos, esta-
mos recebendo alimento espiritual desse escravo. Visto que
se trata do escravo de Cristo, convém pôr em prática as pa-
9. Quem faz parte do “escravo fiel e prudente”? Por que é importan-
te prestar atenção a esse “escravo”?
“ACHEGUEM-SE A DEUS, E ELE SE ACHEGARÁ A VOCÊS” 313

lavras de Jesus: “Prestem atenção a como escutam.” (Lucas


8:18) Escutamos com atenção porque reconhecemos que o
escravo fiel é um dos meios que Jeová usa para se comuni-
car conosco.
10 Mas como nos comunicamos com Deus? Podemos falar

com ele? Essa é uma ideia espantosa! Se tentasse obter uma


audiência com o governante mais poderoso de seu país a
fim de tratar de alguns assuntos pessoais, quais seriam suas
chances de sucesso? Em alguns casos, a mera tentativa já se-
ria perigosa. Nos dias de Ester e Mordecai, a pessoa podia
ser morta se tentasse aproximar-se do monarca persa sem
um convite real. (Ester 4:10, 11) Imagine então nos aproxi-
marmos do Soberano Senhor do Universo, em comparação
com quem os mais poderosos humanos “são como gafa-
nhotos”! (Isaías 40:22) Deveríamos nos sentir intimidados?
De jeito nenhum!
11 Jeová nos deu um meio direto e simples de chegarmos

a ele: a oração. Até uma criança pode orar a Jeová com fé,
em nome de Jesus. ( João 14:6; Hebreus 11:6) Mas a oração
nos permite transmitir nossos pensamentos e sentimentos
mais complexos e íntimos, até mesmo aqueles que são tão
dolorosos que nem sabemos expressar em palavras. (Roma-
nos 8:26) Não adianta nada tentar impressionar Jeová com
um vocabulário vasto e sofisticado ou com orações longas e
verbosas. (Mateus 6:7, 8) Por outro lado, ele não especifica a
duração máxima de nossas orações nem com que frequên-
cia podemos fazê-las. Sua Palavra até nos convida a ‘orar
constantemente’. — 1 Tessalonicenses 5:17.
12 Lembre-se de que só Jeová é chamado de “Ouvinte de

oração”, e ele escuta com verdadeira empatia. (Salmo 65:2)


Será que ele apenas tolera as orações de seus servos fiéis?
10-12. (a) Por que a oração é uma dádiva maravilhosa de Jeová?
(b) Como podemos orar de um modo que agrade a Jeová e por que
podemos ter certeza de que ele aprecia nossas orações?
314 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

Não, ele realmente deriva prazer delas. Sua Palavra as com-


para a incenso que, quando queimado, libera uma nuvem
de fumaça de cheiro doce e repousante. (Salmo 141:2; Apo-
calipse 5:8; 8:4) Não é consolador saber que nossas orações
sinceras, de modo similar, ascendem até o Soberano Senhor
e lhe agradam? Assim, se quiser se achegar a Jeová, ore a ele
humilde e frequentemente, todo dia. Abra seu coração para
ele, sem receio. (Salmo 62:8) Fale ao seu Pai celestial sobre
suas preocupações e alegrias; expresse seus agradecimentos
e louvores. Em resultado disso, o vínculo entre você e ele fi-
cará cada vez mais forte.
Adoração a Jeová
13 A comunicação com Jeová Deus é diferente de uma con-
versa com um amigo ou parente, em que simplesmente es-
cutamos e falamos. Quando nos comunicamos com ele, es-
tamos na verdade adorando-o, dando-lhe a honra reverente
que lhe é bem merecida. A adoração verdadeira é a nossa
vida. É o modo de demonstrarmos a Jeová nosso amor e
devoção de toda a alma. Ela une todas as criaturas fiéis de
Jeová, no céu e na Terra. Em visão, o apóstolo João ouviu
um anjo dar esta ordem: “Adorem Aquele que fez o céu, a
terra, o mar e as fontes de água.” — Apocalipse 14:7.
14 Por que devemos adorar a Jeová? Pense nas qualidades

que analisamos: santidade, poder, autodomínio, justiça, co-


ragem, misericórdia, sabedoria, humildade, amor, compai-
xão, lealdade e bondade. Vimos que Jeová é o próprio ápice,
o padrão mais elevado possível, de cada um desses atribu-
tos valiosos. Quando procuramos entender plenamente es-
sas qualidades como um todo, notamos que o Criador é
muito mais do que um Personagem grandioso e notável. Ele
é glorioso ao extremo e incomparavelmente mais elevado
13, 14. O que significa adorar a Jeová e por que é apropriado fazer-
mos isso?
As reuniões cristãs são ocasiões agradáveis
para adorar a Jeová

do que nós. (Isaías 55:9) Sem sombra de dúvida, Jeová tem


o direito de ser nosso Soberano e, por certo, merece nossa
adoração. Mas como devemos adorá-lo?
15 Jesus disse: “Deus é espírito, e os que o adoram têm de

adorá-lo com espírito e verdade.” ( João 4:24) Para adorar a


Deus “com espírito”, precisamos ter seu espírito e ser guia-
dos por ele. Além disso, nossa adoração deve estar em har-
monia com a verdade, o conhecimento exato encontrado
na Palavra de Deus. Temos uma ótima oportunidade para
adorar a Jeová “com espírito e verdade” sempre que nos
reunimos com companheiros de adoração. (Hebreus 10:24,
25) Quando entoamos cânticos a Jeová, nos unimos em
oração a Ele, prestamos atenção ao estudo da sua Palavra e
15. Como podemos adorar a Jeová “com espírito e verdade”? As reu-
niões cristãs nos dão que oportunidade?
316 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

participamos dele, expressamos nosso amor a Ele em adora-


ção pura.
16 Também adoramos a Jeová quando falamos dele a ou-

tros, dando-lhe louvor em público. (Hebreus 13:15) De fato,


pregar as boas novas do Reino de Deus é um dos maiores
mandamentos de que os cristãos verdadeiros foram incum-
bidos. (Mateus 24:14) Obedecemos entusiasticamente por-
que amamos ao Criador. “O deus deste mundo”, Satanás, o
Diabo, “cegou a mente dos descrentes”, espalhando menti-
ras cruéis sobre Jeová. Por isso, ansiamos servir como Teste-
munhas a favor do nosso Deus, combatendo essas calúnias.
(2 Coríntios 4:4; Isaías 43:10-12) E, quando meditamos nas
maravilhosas qualidades de Jeová, não sentimos um desejo
cada vez mais forte de falar dele a outros? De fato, não há
privilégio maior do que ajudar outras pessoas a conhecer e
a amar nosso Pai celestial assim como nós.
17 Mas não é só isso. A adoração a Jeová abrange cada as-

pecto de nossa vida. (Colossenses 3:23) Se realmente acei-


tarmos a Jeová como nosso Senhor Soberano, procurare-
mos fazer sua vontade em tudo: na vida familiar, no serviço
secular, nos tratos com outros, no tempo de folga. Faremos
empenho para servir a Jeová “de coração pleno”, com inte-
gridade. (1 Crônicas 28:9) Nesse tipo de adoração, não há
lugar para um coração dividido nem para vida dupla (a ati-
tude hipócrita de aparentemente servir a Jeová enquanto se
praticam pecados graves em segredo). Para quem realmen-
te demonstra integridade, é impossível ser hipócrita; quem
é amoroso acha a hipocrisia repugnante. O temor de Deus
também ajuda. A Bíblia afirma que essa reverência contri-
bui para uma amizade íntima com Jeová. — Salmo 25:14.
16. Qual é um dos maiores mandamentos de que os cristãos verda-
deiros foram incumbidos, e por que nos sentimos impelidos a obe-
decer?
17. O que a nossa adoração a Jeová abrange, e por que devemos ado-
rar em integridade?
“ACHEGUEM-SE A DEUS, E ELE SE ACHEGARÁ A VOCÊS” 317

Imitar a Jeová
18 Cada seção deste livro termina com um capítulo que
explica como podemos nos ‘tornar imitadores de Deus,
como filhos amados’. (Efésios 5:1) É vital lembrarmos que,
apesar da nossa imperfeição, podemos realmente imitar o
modo perfeito de Jeová usar o poder, exercer a justiça, em-
pregar a sabedoria e demonstrar amor. Como sabemos que
é realmente possível imitar o Todo-Poderoso? Lembre-se de
que o significado do nome de Jeová nos ensina que ele
pode se tornar tudo o que decide ser para cumprir seus pro-
pósitos. É natural ficarmos espantados com essa habilida-
de, mas será que ela está completamente fora do nosso al-
cance? Não.
19 Fomos criados à imagem de Deus. (Gênesis 1:26) Assim,

o homem é diferente de todas as outras criaturas da Ter-


ra. Não somos guiados por mero instinto, pela genética ou
por fatores ambientais. Jeová nos deu uma dádiva preciosa:
o livre-arbítrio. Apesar de nossas limitações e imperfeições,
somos livres para escolher o que nos tornaremos. Além dis-
so, lembre-se de que o nome de Deus também significa que
ele faz com que seus adoradores se tornem o que ele deci-
dir. Então, você deseja ser uma pessoa amorosa, sábia e jus-
ta que usa corretamente o poder? Graças à ajuda do espírito
de Jeová, você pode ser exatamente assim! Pense em todo o
bem que você poderá realizar.
20 Você agradará seu Pai celestial, alegrando Seu coração.

(Provérbios 27:11) Poderá até ‘agradar plenamente’ a Jeová,


pois ele entende suas limitações. (Colossenses 1:9, 10) E, à
medida que continuar desenvolvendo boas qualidades ao
imitar seu Pai amoroso, será abençoado com um grande
privilégio: num mundo em escuridão, alienado de Deus,
18, 19. Por que não é irrealista pensar que meros humanos imper-
feitos sejam capazes de imitar a Jeová Deus?
20. Que bem realizamos quando imitamos a Jeová?
318 ACHEGUE-SE A JEOVÁ

você será um portador de luz. (Mateus 5:1, 2, 14) Ajudará a


espalhar pela Terra alguns reflexos da gloriosa personalida-
de de Jeová. Que honra!
“Acheguem-se a Deus, e ele
se achegará a vocês”
21 O incentivo simples registrado em Tiago 4:8 não colo-

ca diante de nós apenas um objetivo. Trata-se de uma jor-


nada. Desde que permaneçamos fiéis, essa jornada nunca
terminará. Nunca deixaremos de nos achegar cada vez mais
a Jeová. Afinal, sempre haverá coisas a aprender sobre ele.
Não pense que este livro ensinou tudo o que se pode saber
sobre Jeová. Nós mal começamos a analisar tudo o que a Bí-
blia diz sobre o nosso Deus! E nem a Bíblia inteira contém
todas as informações sobre ele. O apóstolo João acreditava
que, se tudo o que Jesus fez durante seu ministério terrestre
tivesse sido escrito, “o próprio mundo não poderia conter
os rolos escritos”. ( João 21:25) Se isso se dá no caso do Fi-
lho, quanto mais com o Pai!
21, 22. Que jornada infindável se encontra diante de todos os que
amam a Jeová?

Achegue-se
cada vez mais a Jeová
“ACHEGUEM-SE A DEUS, E ELE SE ACHEGARÁ A VOCÊS” 319

Perguntas para Meditação


Salmo 25:1-22 Como podemos nos achegar mais a Jeová? Que
confiança podemos ter em resultado disso?
Oseias 6:3 Como esse versículo mostra que conhecer a Jeová
exige esforço e traz bênçãos?
Mateus 16:21-27 Se havemos de imitar a Jeová, o exemplo de
quem devemos seguir e que espírito devemos demonstrar?
Apocalipse 21:3, 4 Ao meditar nas bênçãos futuras que Jeová
dará, o que você se sente motivado a fazer?

22 Nem mesmo a vida eterna será suficiente para apren-


der tudo sobre Jeová. (Eclesiastes 3:11) Pense, então, no
que nos aguarda. Depois de viver por centenas, milhares,
milhões ou até bilhões de anos, saberemos muito mais so-
bre Jeová Deus do que sabemos hoje. Mas ainda haverá
incontáveis outras coisas maravilhosas para aprendermos.
Ficaremos ansiosos de aprender mais, pois sempre tere-
mos razões para nos sentir como o salmista, que cantou:
“É bom me achegar a Deus.” (Salmo 73:28) A vida eterna
será inimaginavelmente significativa e variada — e a parte
mais recompensadora dela sempre será achegar-nos mais a
Jeová.
23 Corresponda agora ao amor de Jeová, amando-o de

todo o coração, alma, mente e força. (Marcos 12:29, 30)


Desenvolva amor leal e inabalável. Que todas as decisões
— pequenas ou grandes — que você toma dia após dia re-
flitam o mesmo princípio orientador: fazer todo o possí-
vel para fortalecer cada vez mais o relacionamento com seu
Pai celestial! Acima de tudo, achegue-se cada vez mais a
Jeová e ele se achegará cada vez mais a você — por toda a
eternidade!
23. Você é incentivado a fazer o quê?
Para mais informações, acesse www.jw.org ou
entre em contato com uma Testemunha de Jeová.

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