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Livro de Anésia

Em 1999 comecei a psicografar um romance mediúnico de uma jovem que desencarnou


na Espanha, na região da Andaluzia, em 1984.
No computador digitei umas 10 paginas do livro, devo ter material para mais umas
20 páginas, mas aí parou de vir às mensagens.
Segue abaixo o trecho que tenho digitado em meu micro.

Eu hoje comecei um trabalho preparativo para posteriores contatos para mensagens


da vida no além. Não tenha medo, pois o desconforto é apenas neste momento
inicial, pois estamos nos adequando um ao outro para que possamos nos comunicar.
Meu nome é Anésia Newton e já faz 15 anos que me desvencilhei do meu
envoltório carnal. Vivia na cidade de Granada, meu desencarne foi suave, mas
meu despertar no além foi um tanto agitado e confuso devido minha ignorância no
modo de vida após a vida carnal.
Tranqüilize-se, você já está apto a ouvir minhas histórias. Procurarei entrar
em contato quando estiver em tua casa, preferencialmente, como tu sugeriste, nas
terças-feiras. Guarde tudo o que lhe disser e que Deus o ilumine e te ampare.

ANÉSIA NEWTON
# Psicografado pôr Luis Daniel Vinhas (28 de Outubro de 1999).

Eu hoje comecei um trabalho preparativo para posteriores contatos para mensagens


da vida no além. Não tenha medo, pois o desconforto é apenas neste momento
inicial, pois estamos nos adequando um ao outro para que possamos nos comunicar.
Meu nome é Anésia Newton e já faz 15 anos que me desvencilhei do meu
envoltório carnal. Vivia na cidade de Granada, meu desencarne foi suave, mas
meu despertar no além foi um tanto agitado e confuso devido minha ignorância no
modo de vida após a vida carnal.
Tranqüilize-se, você já está apto a ouvir minhas histórias. Procurarei entrar
em contato quando estiver em tua casa, preferencialmente, como tu sugeriste, nas
terças-feiras. Guarde tudo o que lhe disser e que Deus o ilumine e te ampare.

Espanha, minha adorada Espanha, quanta coisa bela para se viver lá. Foi uma
vida bem aventurada esta minha existência em Granada. Harmonia entre a arte
árabe e européia. Cursava a faculdade quando me deparei com o momento de
retornar ao mundo espiritual. Desconhecia as fraquezas do meu organismo mas nem
pôr isso sofri fisicamente em meu desencarne.
De família católica praticante tinha idéia de que seria meu mundo aqui, que eu
chamava de "céu". Não é o céu que imaginava, como também agora sei que aqui
também não é meu céu definitivo. Não passo os dias em atitude contemplativa,
mas "a vida" neste lado de cá é muito mais agitada e produtiva do que jamais
ousei imaginar.
No princípio como pude perceber que havia prédios, móveis, pessoas
trabalhando, não pude acreditar que se tratava do "outro lado da vida".
Cria piamente que se não me defrontasse com o inferno ou com as portas do céu
com um velhinho como porteiro que me atendesse pelo nome de São Pedro, teria de
aguardar a expiação de meus pecados no purgatório a espera das orações dos
vivos.
Concepções religiosas à parte, minha fé fez com que me preocupasse com a
salvação de minha alma e me ajudou a suportar com serenidade minhas provas na
carne e neste ponto sinto-me feliz pôr Ter sido leiga temente a Deus. Que
finalidade mais nobre poderia ter qualquer religião, que a de fazer o ser humano
voltar-se ao seu Criador?
Pôr que? Como vim parar neste lugar?
Estava em minha casa feliz e de repente uma dor em meu peito, não sabia o que
acontecia, mas o que seria aquilo que me acontecia?
Tantas dúvidas, agitação, meu pedido de socorro. Tive medo, muito medo, pois
sabia que aquilo que me acontecia era para dizer que era chegada a hora, o
momento mais importante de uma existência na Terra, a hora em que nos
confrontaremos (defrontaremos) com o que acreditamos ou não, a hora em que
pesamos nossa existência, nossas ações, nossos "pecados", nossos merecimentos.
Num flash de instante contemplei toda a minha vida. Todas as pessoas que me
eram queridas, as atitudes e minhas opiniões num flash que pareceu me ao mesmo
tempo um segundo e uma vida.
Então adormeci. Adormeci um sono calmo e repousante. Ao despertar via-me em
uma cama em quarto claro e a princípio a luz pareceu-me diferente, mas como não
sabia quanto tempo estive desacordada, julguei que eram meus sentidos que ainda
não estavam bem despertos.
Uma pessoa ao perceber que despertara veio me dirigir a palavra. Era uma
pessoa simpática que causa uma impressão muito agradável às outras pessoas.
Sorridente, atencioso e muito amável no jeito de se expressar. Seu nome era
Joel:
- Como se sente? Perguntou em meio a um sorriso amável.
- Ainda um pouco atordoada, não estou vendo muito bem, a luz me parece forte.
Não vejo bem!
- Acalme-se, é apenas uma questão de tempo para acostumar tua visão neste
lugar.
- Neste lugar?! Bom, já que se referiu a isto, onde estou? Que lugar é este
que me encontro? Lembro-me apenas que estava em minha casa e senti fortes
dores em meu peito, desmaiei e agora estou aqui. O que aconteceu? Que dor
foi aquela que me fez pensar que iria morrer?
- Novamente peço-lhe que se acalme. Este lugar é um, digamos, local de
"tratamento e adaptação" das pessoas que passam pela experiência que acabou de
ter.
- Experiência?! Que experiência? O que aconteceu comigo?
- Não fiques ansiosa, tudo tem seu tempo, se ficares agitada demais será muito
desconfortável e sua adaptação poderá sofrer um adiantamento. Não penses que
ficará sem respostas. Tudo o que lhe aconteceu é perfeitamente natural e
acontece todos os dias com milhares de pessoas no planeta, mas em breve você
receberá a visita da pessoa responsável pela sua adaptação.
- Ora esta pessoa então não é você?
- Não, sou um simples auxiliar e meu trabalho basicamente é confortar as
pessoas que começam a despertar, mas cada pessoa é acompanhada pôr alguém que já
está, digamos, mais familiarizado com o caso "pessoal" de cada um.
- Como assim?
- Novamente peço que se acalme e procure descansar mais um pouco, em breve
voltarei a vê- la. Tudo bem?

Como concordei que se continuasse eu ficaria ainda mais confusa, aceitei-lhe a


sugestão de procurar descansar mais um pouco.
Não sei quanto tempo estive fora do ar mas quando despertei sentia- me
confusa, fraca e com a vista um tanto embaçada que acreditei ser devido a
claridade excessiva, mas para mim estranho mesmo foi a atitude deste Joel. Ele
cobriu meus olhos com a mão e depois afastou- a alguns centímetros e deixou- a
próxima à minha fronte pôr um breve instante.
Senti-me mais confortável com isto e nesta ocasião consegui relaxar e poder me
aquietar um pouco. Creio que logo adormeci e foi um sono muito repousante.
Quando novamente despertei parecia- me que havia passado alguns dias. Já não
estranhava mais o lugar onde me encontrava. Pude ver com mais clareza o recinto
cheio de leitos, muito amplo, muitos "pacientes" e pessoas que me pareciam
enfermeiros.
Minha vista procurou pôr Joel que naquele lugar foi meu porto seguro, minha
confiança, devido sua cordialidade.
Depois de um breve instante ele apareceu, novamente o vi sorrindo muito amável
e prestimoso - a personalização da gentileza!
- Bom dia! Vejo que hoje está mais disposta. Como está se sentindo agora?
- Muito bem! Sinto-me com mais disposição. Mas se for possível me
esclarecer algumas coisas...
Mas habilmente desconversou.
- Ótimo, mas hoje você vai conhecer Ronaldo, ele trará muitos esclarecimentos.
- E quando será isto?
Possivelmente hoje à tarde. Parece-me pronta para muitas novidades.
- Mas agora quero convidá-la para um passeio. Veremos como você está, mas não
se afobe, temos que dar tempo ao tempo para sua recuperação. Vamos tentar
levantar?!
Com ajuda de Joel, consegui me levantar de meu leito. Fomos até a porta do
recinto onde me encontrava com certa dificuldade.
Depois um corredor me levou até umas janelas, mas lá fora vi um lindo jardim
que me impressionou muito.

- Este jardim faz milagres - comentou Joel - ele renova a vitalidade de nossa
alma.
- Realmente ele é lindo, comentei.
- Quero ir lá fora. Podemos?
- Talvez, se não lhe for um esforço muito grande.
Caminhamos lentamente pôr um labirinto de corredores, mas embora percebesse
que muitas pessoas ali trabalhavam, meu objetivo era estar naquele jardim
encantado.
Fora do prédio pude contemplar a grandiosidade daquele magnífico jardim. A
harmonia das plantas com seu perfume e colorido exuberante, não sabia porque
aquela alegria pôr estar ali, sempre quando encarnada gostei de plantas, flores
e árvores.
Mas aquele jardim era magnífico. A alegria de estar ali fez com que
ganhasse mais confiança em meus movimentos. Respirei vigorosamente no intuito
de me embriagar do perfume das flores, mal sabia que isto era o meu remédio para
os males que sentia.
- Isto que chamo de milagre da cura! Disse Joel, devido eu não estar sentindo
mais nenhum incômodo ao passear naquele jardim.
- Creio que já posso lhe adiantar que a grande maioria dos medicamentos usados
pôr nós aqui e em algumas missões fora, são obtidas das plantas deste jardim.
No momento não lhe dei a devida atenção que sua informação merecia, queria
usufruir o momento e o privilégio de estar ali.
- Lamento ter que lhe abreviar esta sua alegria inocente, pois está com um
sorriso de criança estampado em teu rosto, mas devemos voltar.
- Desde que possa voltar aqui mais vezes, acho que não me importo.
- Com toda certeza poderá voltar aqui várias vezes, mas creio que nunca se
cansará daqui.
- Acho realmente muito difícil cansar-me de tanta beleza!
Ainda hoje o jardim é um dos lugares em que me sinto mais feliz.
Retornamos para aquele amplo corredor como quem volta de um lugar paradisíaco,
realmente estava como que renovada. Foi quando Joel me disse que era hora de
irmos ao encontro de Ronaldo para que minhas dúvidas começassem a se
esclarecer. Segui com confiança seus passos, pois algo me indicava que deveria
aceitar seu comando naturalmente.
Num lugar resplandecente, mas sóbrio com uma elegância discreta e funcional
nos deparamos com Ronaldo, que aparentava uma pessoa ativa de uns 45 anos,
inspirava certa importância na sua função, mas não lhe transparecia nenhuma
arrogância, Ronaldo me dirigiu um olhar terno como se fosse um velho conhecido,
mas não me recordava se realmente era uma pessoa conhecida para mim.
- Anésia! É muito bom vê-la! Parece-me que já se encontra muito bem. Nosso
Joel deve Ter te cuidado muito bem.
Um tanto constrangida pôr aquela familiaridade para mim inexplicada.
Cumprimentei-lhe do meu jeito.
- Não se preocupe com as formalidades - disse-me Ronaldo - você está entre
amigos.
Dizendo isto me indicou uma cadeira para que me acomodasse. Sentei-me já
pouco apreensiva, mas Ronaldo começou a me falar de maneira calma, acolhedora
até.
- Fico feliz de saber que teve uma recuperação bastante rápida, saiba que isto
não é tão comum assim! Hoje iremos conversar sobre algo muito importante, mas
precisamos saber como você tem percebido tudo o que lhe ocorreu. Você poderia
dizer-me, sem pressa e com o maior número de detalhes, como você se recorda dos
acontecimentos antes de vir para cá?
Diante desta pergunta fiquei preocupada, julguei que pouco sabia do que havia
ocorrido comigo.
- Bem Ronaldo! O que me recordo é tão pouco, mas tentarei explicar da melhor
maneira possível, mas para mim tudo é muito confuso.
- Não se preocupe, é justamente para pôr uma ordem nesta confusão que estamos
aqui.
Fiz um instante de reflexão tentando pôr ordem as minhas lembranças antes de
começar a falar. Respirei fundo como que para conseguir um certo amparo e
comecei minha estória:
- Lembro estar em casa e uma dor no meu peito começou a me preocupar. A dor
foi aumentando e a respiração começou a ficar difícil. Quis pedir ajuda, acho
que minha mãe e minha irmã estavam em casa, mas acho que não consegui gritar,
creio que não me ouviram ou não consegui realmente chamá-la.
- Caí. Parece que consigo ver-me caída no tapete da sala e depois de algum
tempo minha irmã Elisa entra na sala e começa a gritar e a chorar, mas deve ser
uma espécie de sonho isto tudo.
- Anésia, não se preocupe em dar uma explicação plenamente racional de suas
lembranças. È importante que me conte tudo que está registrado em sua mente e a
partir do que me contar, iremos trabalhar sobre isto. Tudo bem?
- Tudo bem! Então eu via como se assistisse esta cena fora de mim, num canto
da sala. Vi minha irmã chorando e chamando pôr minha mãe, que entrou na sala e
correu como se estivesse tentando me animar.
- Assisti as duas examinarem-me procurando certificar-se de minha respiração e
batimentos cardíacos. Minha mãe então se dirigiu ao telefone, mas agora sem
pressa, disca lentamente um número que encontra numa lista e começa a falar com
alguém. Começo a ficar tonta e perco a consciência e quando desperto, vejo-me
neste lugar que ainda não sei muito bem se aqui é um hospital, clínica de saúde
ou como começo a desconfiar um sanatório mental.
Ronaldo sorriu discretamente fez uma pausa e me pediu:
- Não é nada disso, mas não deixa de ser um pouco de tudo isto. Primeiramente
antes que você me pergunte, posso garantir que você não está desequilibrada
mentalmente, mas estamos lhe proporcionando uma adaptação. Trabalharemos com
suas lembranças juntamente com suas concepções até uma perfeita adaptação a uma
nova vida.
Comecei a entender que não fora um sonho, que vira minha mãe e minha irmã
junto do meu corpo.
- Muito bem! Disse-me Ronaldo. Você começa a compreender o que passou
contigo.
- Você quer que eu acredite que estou morta?!
- Morta não seria a palavra mais adequada para seu estado atual, afinal você
está com vida, pensa, sente e age, mas não possui um corpo físico.
- Mas o que é isto que estou a tocar? Não é o meu corpo?- disse de uma
maneira até certo ponto desafiadora.
- Não é propriamente o corpo em que habitou na Terra.
- Agora você vai me dizer que estamos em outro planeta?
- Não, ainda nos encontramos próximo ao órbe terrestre, mas aqui é uma colonia
de tratamento e adaptação de espíritos recém desencarnados.
- Ora, então o além é uma cópia das coisas do mundo?
- Poderia entendê-lo desta maneira, mas o mais correto seria ver o mundo como
uma cópia imperfeita da vida no além. Pôr que na vida física são impostas
muitas limitações que não nos oprime aqui e muito do que já é comum em nosso
mundo ainda não se manifestou no plano físico, mas num futuro muito breve
estarão a disposição dos que vivem na carne.
- Mas prédios, móveis, árvores e flores, tudo isto é necessário aqui?
- Bom! Isto para nós tem sua utilidade, mas não seria monotrono se toda a
paisagem aqui fossem nuvens e estrelas?
- Assim sendo aqui então é o céu, inferno ou purgatório?
- Para utilizar sua classificação: aqui seria um pouco acima do purgatório.
Disse Joel, que me acompanhava, num tom um tanto jocoso.
- Melhor seriamos no abster desta classificação neste momento inicial da
conversa. Logo Anésia já começará a encarar com naturalidade este novo estágio
de sua vida.
- Anésia - disse Ronaldo dirigindo-se a mim - já começa a aceitar isto ou
ainda esta confusa?
- Creio que preciso meditar sobre isto. A Princípio parece-me uma grande
loucura ou uma brincadeira de mau gosto.
- Asseguro-lhe que não se trata de nenhuma destas alternativas.
- Creio que você quer dizer-me que aqui é o outro lado da vida? Que este
hospital ou hospício ou sei lá o que, seria o céu ou quem sabe o que?!
- Anésia, com o tempo você compreenderá que as concepções na Terra acerca da
vida fora da carne é um tanto alegórica. Todas as concepções que levaram o
homem a conceber que sua vida destinava-se a Eternidade o auxiliaram a deixar
seu estado primitivo e seguir sua jornada rumo ao Criador. Isto não chega a ser
uma mentira, muito pelo contrário, é uma forma de conceber a vida no além, como
muitos dizem, mas sua necessidade de racionalizar de acordo com seu grau de
compreensão o desviou de sua objetividade, muitas vezes, para um devaneio sem
lógica. Mais que apresentar um novo credo em que possa se estruturar é
importante agora que você mesma tire suas conclusões de acordo com suas
possibilidades. Você deverá reaprender como é a vida fora da carne.
- Você disse reaprender, como assim? O que você quer dizer com isto?
- Será preciso que aos poucos você se familiarize com o modo de vida aqui,
você teve uma existência relativamente breve na Terra, mas foi um período
preparatório para as funções que aqui lhe aguardam. Devo informar que se
encontra a sua disposição muitos livros que lhe ajudarão a se adaptar melhor,
além de diariamente iremos nos encontrar para refletirmos sobre seu aprendizado.
Joel agora acompanhar-lhe-á até nossa biblioteca. Você irá gostar muito dela.
Verá que apesar de muitas semelhanças, a cultura aqui assume outros valores. Mas
não devo estragar as boas surpresas. Vá, acompanhe nosso amigo e amanhã nos
encontraremos neste horário. Até amanhã e que Deus conceda tua Luz.
02/12/1999.

Daniel Vinhas

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