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O Islã e a mutilação do clitóris infantil

A circuncisão feminina é de longe o método mais brutal de


preservação da virgindade da mulher muçulmana. O processo
envolve a ablação do clitóris e dos lábios maiores e menores,
bem como a raspagem das paredes da vagina com um objeto
afiado - um caco de vidro, lâmina de barbear ou faca de cozinha
(com quase zero de higienização). Em seguida, as pernas são
atadas até que as paredes vaginais cicatrizem e se fechem. Isso
ocorre em mais de trinta países, incluindo o Egito, a Somália e o
Sudão. Embora não prescrito pelo Alcorão, esse costume de
origem tribal tornou-se quase uma obrigação religiosa para
aqueles muçulmanos que não podem dispensar suas meninas do
trabalho fora de casa, e como tal é defendido. Seus advogados
argumentam que a circuncisão das mulheres existia antes e
durante a vida de Maomé, não tendo sido explicitamente
proibida pelo profeta. A assim chamada infibulação (literalmente
“sutura”) serve como um selo de garantia das mulheres e é
realizada sob os olhares vigilantes de mães, tias, avós e outras
guardiãs femininas.

A falta de confiança nas mulheres atinge seu ápice durante o


teste da noite de núpcias: será que a noiva muçulmana é virgem
ou não? Devido ao apartheid de gênero pelo qual as mulheres
são banidas da vida pública, um homem muçulmano não dispõe
de nenhum meio natural para conhecer uma melhor por quem
posso se apaixonar. Por essa razão, a escolha fica a cargo de sua
família, pois somente esta saberia onde encontrar uma virgem
autêntica. Embora muitas vezes nem sequer se conheçam, os
recém-casados são obrigados a ter uma relação sexual na noite
de núpcias. Mesmo que a moça não queira e seu corpo se feche
de medo e repulsa, ela terá de fazê-lo. E ainda que o marido
também não o queira, deve provar sua Virilidade e potência. Os
convidados aguardam do lado de fora, até que seja exibido um
lençol sujo de sangue. Esta relação compulsória é de fato um
estupro socialmente sancionado e também uma flagrante
negação do valor do individuo...

Após o casamento, a desconfiança contra as mulheres aumenta


ainda mais - agora que a noiva foi declarada, o medo de seu
marido assume proporções ainda maiores, ele acaba de romper
a única garantia de que sua mulher nunca irá para a cama com
outro homem. A partir de agora, o único meio de impedir que a
esposa o engane é evitar, na medida do possível, que ela tenha
acesso ao mundo externo. Ela não pode dar um passo fora de
casa sem a permissão ou companhia do marido. Tal autoridade
seria supostamente concedida por Alá e por tradições seculares.
No século XI, o imã Al-Ghazzali, um sábio muito conhecido entre
os ortodoxos, escreveu: “A mulher bem-educada [...] não deixa
seu lar, a não ser com a expressa aprovação do marido e
trajando roupas velhas e desprovidas de atrativos”. E também:
“Sempre põe os direitos do marido na frente dos seus e dos da
sua família. E limpa e asseada e está sempre preparada para que
ele desfrute sexualmente dela”.

Extraído do livro A VIRGEM NA JAULA, HIRSI, Cia das Letras, 1º


Edição. Páginas 45, 46 E 47

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