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O papel das mulheres após o 25 de abril

Em 1933, iniciou um novo regime em Portugal,o Estado Novo. Neste


período a mulher era tratada como um ser inferior ao homem, ou seja,
elas governavam a casa e eles governavam o mundo.Muitas mulheres
esperaram durante anos que os seus maridos e filhos regressassem
das guerras coloniais. Outras esperavam pelos homens que tinham
emigrado, muitos deles passando as fronteiras ilegalmente. Hoje em dia
eles e elas continuam a partir, mas à procura de uma vida melhor no
estrangeiro.
No Código Civil de 1966 diz que:“O marido é o chefe da família,
competindo-lhe nessa qualidade representá-la e decidir em todos os
atos da vida conjugal comum (…) isso antes do 25 de abril.
Na Constituição desde 1976,ou seja após o 25 de abril, diz que: “Todos
os cidadãos têm a mesma dignidade social e são iguais perante a lei”.
A diferença é profunda mas a igualdade não chegou – ainda – a todos
os domínios. Fundamental é que a descriminação deixou de ser vista
como natural e hoje tudo pode ser discutido e alterado livremente.
Vida doméstica
Antes, aos homens competia ganhar o sustento da família, às mulheres
serem boas domésticas, esposas e mães. Em vésperas da Revolução,
Portugal tinha quase 70% de donas de casa. Embora praticamente
confinassem a sua vida a quatro paredes, a função era prestigiante e
permitia alguma independência, como ilustra o velho provérbio «Em
casa quem manda é ela, mas nela quem manda sou eu.»
Hoje, e apesar de trabalharem, as mulheres continuam a comandar as
tarefas domésticas: um estudo recente do Instituto de Ciências Sociais
revelou que elas despendem em média 21 horas por semana nas
tarefas domésticas e eles oito. Nos cuidados familiares, nomeadamente
com os filhos, eles gastam nove horas semanais e elas 17.

Namoro e relações sexuais

O namoro servia para exibir as qualidades femininas e provar que a


mulher era decente, ou seja, que cumpria as normas da castidade e da
virgindade. Chegar virgem ao casamento era uma espécie de garantia
de que seria uma esposa fiel – aliás, caso não o fosse poderia ser
legalmente repudiada pelo marido – e a mulher só devia “conhecer” um
único homem em toda a sua vida.

Comportamentos que pudessem ser considerados duvidosos fariam a


rapariga cair nas bocas do mundo, ser catalogada como leviana,
comprometendo definitivamente a sua reputação: ninguém quereria
casar com ela e as amigas teriam de se afastar por imposição dos pais.
Sexo antes do casamento só podia ser “reparado” através do
matrimónio. O aborto era punido com prisão e os contracetivos não
podiam ser tomados contra a vontade do marido, que podia alegar esse
facto para pedir o divórcio.
Hoje os contraceptivos estão vulgarizados e muitas adolescentes
começam a usá-los por sugestão das mães. O aborto foi legalizado em
2007. Sexo e relação afetiva não estão necessariamente relacionados e
as mulheres têm vários parceiros sexuais ao longo da vida.

Violência doméstica

Mais um velho provérbio indicia o que muitas vezes se vivia entre quatro
paredes: “entre marido e mulher não se mete a colher”. Numa relação
em que o marido manda e a mulher obedece, a violência física tinha
cabimento e abrangia também os filhos. Bater era uma forma de
disciplinar as crianças e adolescentes mais reguilas e a palavra “tareia”
tinha utilização em contexto familiar.

Em 2000 a violência doméstica passou a ser crime público, o que


significa que não depende de uma queixa por parte da vítima para que o
Ministério Público abra o processo. Basta uma denúncia.

Dados de 2014 referem que foram feitas três participações por hora às
forças de segurança. As vítimas são sobretudo mulheres, casadas ou
em uniões de facto ( Um casal que vive em conjunto como se fossem
casados)mas também há homens sujeitos a agressões, físicas ou
psicológicas, e pais, sobretudo os idosos.

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