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Por tudo o que já falamos aqui, incluindo o controle patriarcal da vida da mulher, o papel que

ela teve por décadas como reprodutora e questões culturais e religiosas, práticas sexuais que
eram autorizadas para os homens eram vistas como imorais e até criminosas se realizadas por
mulheres. Nos séculos passados, maridos podiam trair suas esposas, mas estas eram mortas se
traíssem seus maridos. Esse “dois pesos, duas medidas” é claríssimo se olharmos registros que
vão desde a Idade Média até a época colonial brasileira. Mulheres que buscavam o prazer e o
conhecimento do próprio corpo através da masturbação eram vistas como pecadoras. Para as
mulheres brancas e ricas, relações sexuais eram apenas para a reprodução. Para as mulheres
negras, pobres e escravas, relações sexuais eram também para saciar os desejos dos patrões.
Para os homens, relações sexuais eram e podiam ser tudo. 

HOJE
Em algumas partes do mundo, e do Brasil, as mulheres ainda são vistas ou como reprodutoras,
as que são consideradas aptas para isso, ou como objetos de prazer, as que não são
consideradas aptas para o casamento e a reprodução. A masturbação também continua sendo
vista como pecado e, em alguns países, principalmente do continente africano, a mutilação
feminina continua sendo uma realidade. O direito de decidir sobre o próprio corpo ainda é
negado para as mulheres. Um exemplo claro disso, e bastante polêmico, é o do aborto. No
Brasil, ele só é legal em três casos: quando a gravidez apresenta risco de vida para a mulher,
quando a gestação é resultante de um estupro e quando o feto é diagnosticado anencefálico. A
discussão é longa e envolve muitas questões, culturais a religiosas incluindo ideologias de
vida, mas não dá para negar que, apesar da forte onda de empoderamento e emancipação
feminina, o corpo da mulher ainda é mais dos outros que dela mesma – e padrões estéticos
também contribuem para essa realidade.

Durante séculos, perdurou a imagem da mulher em condições equivalentes à de escrava,


numa época em que ser livre significava, basicamente, ser homem.

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