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A prostituição

Conhecida como “a profissão mais antiga do mundo”, a prostituição ao longo dos

anos foi assumindo uma estigmatização negativa, originando debates acerca da sua

regulamentação. Em Portugal não temos dados precisos do número de profissionais ou como

são categorizados para além de ser um trabalho por uns, uma atividade por outros (outra

questão bastante debatida se é trabalho ou não) extremamente associado ao sexo

feminino. De acordo com o dicionário de Aulete (1974, p. 2969) o ato de prostituição

corresponde à “entregar à vida de devassidão, tornar devasso, corromper, desmoralizar,

aviltar-se, desonrar-se, descer no nível moral, rebaixar-se”, já segundo Houaiss (2010, p.

635), traz a seguinte definição para prostituir: “entregar-se ou manter relações sexuais em

troca de dinheiro; rebaixar(-se) moralmente; degradar(-se); corromper(-se)”. Como podemos

observar a definição vem atrelada com uma visão moralista (artigo que não consigo baixar).

Já segundo (Monto, 2004; UNAIDS, 2009) “A prostituição pode ser entendida como

uma forma de trabalho, no âmbito do qual são prestados, por mulheres, homens, transgénero

e jovens, de um modo consciente, serviços sexuais aos clientes, recebendo como

contrapartida dinheiro ou bens”. Numa outra perspetiva segundo (Moreira et al., sem data),

Weitzer refere que a prostituição pode ser classificada como um comportamento desviante e

ainda remete para uma forma de opressão de género (Monto, 2004).

A prostituição pode ser considerada um trabalho sexual, visto que ocorre a venda de

serviços sexuais ou eróticos em troca de compensação material. Para além disso, o trabalho

sexual inclui atividades de contato físico direto entre quem compra e quem vende, bem como

estimulação sexual indireta. O trabalho sexual pode acontecer de diversas maneiras e em

diversificados contextos, incluem mulheres, transgénero e homens. Por exemplo, a

prostituição em que podem trabalhar a partir da rua ou em contexto interior como

apartamentos, serviços em casa ou ainda em outro tipo de contexto como em bares, casas de
massagem, saunas. Para além disto, é também considerado trabalho sexual no caso das

acompanhantes, strip teasers, alternadeiras, dominadores/as profissionais, web cam

girls/boys, atores e atrizes de filmes pornográficos (Oliveira, 2017).

História da prostituição: Juliana (falta a história em Portugal)

https://www.coladaweb.com/sociologia/prostituicao

Existem registos de prostituição de 4500 anos atrás na Suméria, que davam conta de

rituais sagrados que envolviam templos e sacerdotes na cidade de Uruk. Na altura era a maior

cidade do mundo, sendo que estas práticas, rituais e adorações a divindades eram bastantes

comuns (s.r.o, sem data).

Sendo assim a prática da prostituição é tão antiga quanto a civilização, existindo

diversos tipos ao longo da história e ao redor do mundo (s.r.o, sem data).

As prostitutas do templo, que existiam na Roma e na Grécia antiga, eram raparigas

muito jovens, até aos 14 anos a desempenhar um papel de serviçais a sacerdotes e por

conseguinte, das próprias divindades, a questão era a quem serviam elas nas suas práticas

sexuais (s.r.o, sem data).

Os hindus tinham as devadasi, mulheres forcadas à prostituição em honra da deusa da

fertilidade, Yellama, eram vendidas quando atingissem a puberdade. A sua virgindade era

leiloada e arrematada pela melhor oferta. Esta prática encontra-se enquadrada no perfil de

tráfico de menores, só foi considerada ilegal em 1988, mas ainda hoje existem devadasi (s.r.o,

sem data).

Na china existiam as ying-chi a cerca de 100 a.C. Eram mulheres de companhia nas

campanhas do exército do imperador, o seu papel era servir os soldados, tinham um estatuto

social que na época era de invejar. Esta prática, muitos séculos mais tarde, reapareceu como
por exemplo no sec. XX entre as duas grandes guerras, o Japão contratou mulheres,

maioritariamente coreanas, para “conforto dos soldados” (s.r.o, sem data).

Na Índia e no Japão existem as ganikas e as geishas. Elas estão mais próximas da

definição de cortesa conservadora (uma dama da corte, eram amantes que se associavam

apenas aos ricos e poderosos nobres que lhes proviam luxos e bem-estar, assim como um

status junto à corte em troca da sua companhia e favores) do que a ideia generalizada de

prostituta. Apesar de pertencerem a uma elite social não podiam casar, na Índia isto é algo

positivo, pois ao não poderem casar nunca poderiam ser viúvas. As ganikas não podiam

recusar clientes nobres, se o fizessem eram severamente punidas (s.r.o, sem data).

Voltando à Grécia da Idade Clássica, também na gama de cortesas tínhamos as heteras

ou hetairas, que significa “companheira” ou “amiga”. Estas mulheres também não podiam

casar nem ter um estatuto equivalente ao dos cidadãos atenienses. Podiam ser compradas

como escravas pelos cidadãos mais ricos e estes podiam-lhes conceder liberdade, ou seja,

pode ser visto como uma forma de contornarem o casamento, terem relações exclusivas

(s.r.o, sem data).

Por fim, temos uma categoria dentro do islamismo chamada de mut´ah. De uma forma

resumida, é um contrato pré-matrimonial que concede aos noivos, sob a supervisão das

famílias, ficarem a conhecer-se podendo ou não incluir toques físicos. Caso o casamento não

se concretize haverá lugar à indemnização da mulher, isto na origem. No entanto, a prática

vai mais além disto, pode haver contratos com a duração de apenas horas que contemplem as

práticas sexuais. Por outras palavras, é uma forma de contornar a lei islâmica no que

concerne à prostituição (s.r.o, sem data).

Nas sociedades primitivas como não havia a propriedade privada e as famílias

monogâmicas, não se praticava a prostituição, porém, conhecem-se pequenas tribos que

aliciavam as mulheres à relação sexual em troca de objetos que estas desejavam (Web, 2014).
Durante a Idade Média europeia, a igreja tentou acabar com esta profissão, mas foi

uma missão sem sucesso devido a todos os casamentos arranjados com finalidades

económicas/ políticas e assim a prostituição começou a ser regulamentada por uma lei (Web,

2014).

No século XVI, uma epidemia de doenças sexualmente transmissíveis surgiu e foi um

dos fatores-chave para a igreja se unir e criar mais um ataque ofensivo contra esta profissão.

Em 1899, a cooperação internacional iniciou campanhas contra o tráfico de mulheres e em

1921, a liga das nações criou um comité para encontrar uma solução para esse assunto. Em

1949, a organização das Nações Unidas adotou uma convenção para suprimir a prostituição

(Web, 2014).

A partir do século XX, grande parte dos países do ocidente inclinaram-se para a

descriminalização da prostituição e tentaram apagar o vínculo que existia entre a prostituição

e a criminalidade (Web, 2014).

Ficou então assim decidido que a prostituta só é perseguida se confessar publicamente

a prática sexual. Com a chegada dos antibióticos e a disseminação de medidas profiláticas e

de higiene, o controle das doenças sexualmente transmissíveis aproximava-se e assim, o

surgimento da AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida uma doença do sistema

imunológico humano resultante da infeção pelo vírus HIV), tornou a prática da prostituição

potencialmente fatal para prostitutas e clientes e exigiu a intervenção do poder público para

divulgar medidas de prevenção (Web, 2014).

Em alguns países houve tentativas de reeducação das prostitutas para adaptá-las à

sociedade mediante a realização de trabalhos considerados moralmente dignos enquanto que

nas nações mais pobres, a miséria, a prostituição e as doenças entrelaçavam-se (Web, 2014).

Na atualidade, existe um enorme contraste entre países no que toca ao tema da

prostituição.
o Países legais/ ilegais- Ângela Definição de proxenetismo

Numa vista geral existem 3 tipos de sistema politico-legislativos, que estão

relacionados com a opção política e social do país. Assim, existe o proibicionismo,

regulamentarismo/ regulamentação e o abolicionismo.

O proibicionismo, tal como o nome indica defende que as pessoas não devem praticar

este tipo de atividade, é vista como algo indigno e imoral (Oliveira, sem data) tanto para a

prostituta, como para o cliente e outros envolvidos (Dissertação_.pdf, sem data). Sistema que

condena tudo relacionado com a atividade associada a “serviços sexuais” através da aplicação

de multas e de penas de prisão. Ou seja, é um sistema utilizado por países mais

conservadores, como acontece com a China, Malta, Eslovénia, Filipinas, EUA (Oliveira, sem

data), Lituânia, Croácia, Roménia (Dissertação_.pdf, sem data) Moldávia e Ucrânia (68.pdf,

sem data).

O abolicionismo vê a prostituição como forma de violência contra as mulheres e

pretende erradicá-la por entenderem que seja um crime contra elas. Por outras palavras,

consideram as prostitutas como vítimas e objetos sexuais dos proxenetas e de clientes que as

exploram, visto que há uma subordinação da mulher em relação ao homem. Tem como

objetivo levar a mulher a abandonar a atividade. Países como Itália (Oliveira, sem data),

Espanha e Républica Checa (68.pdf, sem data) seguem este conceito, em que penalizam o

proxenetismo que corresponde a um crime definido pela ação ou obrigar, induzir ou

incentivar alguém a se prostituir ficando com os lucos destes. Relativamente a Portugal, a lei

penal guia-se por este modelo, porém penaliza-se o chulo e ignora-se a prostituta (Oliveira,

sem data). Ou seja, não há qualquer tipo de medida que garanta o apoio a estas pessoas.

Por fim, o modelo regulamentarista vê a prostituição como algo impossível de

eliminar, então preferem reconhecer e agir perante tal (Dissertação_.pdf, sem data). Deste

modo, há regulação da prostituição tencionando minimizar danos relacionados com a ordem e


a saúde pública (Oliveira, sem data), por exemplo se a pessoa que se prostitui ficar

impossibilitada de o fazer por motivos alheios à sua vontade pode vir a receber subsídio de

desemprego. Caso pretendam deixar de se prostituir recebem os apoios sociais aplicáveis a

quem está voluntariamente desempregado (68.pdf, sem data). Países como a Grécia,

Alemanha, Holanda e Áustria reconhecem a prostituição como um negócio em que a

prostituta presta um serviço ao cliente (Oliveira, sem data).

A Holanda foi a pioneira em encarar a prostituição como profissão (Oliveira, sem

data), a 1 de outubro de 2000 implementaram a legalização dos bordéis (68.pdf, sem data).

No entanto, para isto acontecer há requisitos a serem seguidos como a obtenção de licença

para trabalhar nesta área e obrigatoriedade de residência legal (Oliveira, sem data). Em

Amesterdão existe a mais famosa zona de prostituição conhecida por Red-light district, onde

as prostitutas se exibem por detrás de janelas atraindo clientes (68.pdf, sem data). Não é

comum a prostituição de rua e é ilegal pessoas menores de idade prostituírem-se, exploração

sexual e não ter licença (Dissertação_.pdf, sem data).

Em 1999 surge na Suécia o Modelo nórdico (68.pdf, sem data) ou Novo-

abolicionismo (Dissertação_.pdf, sem data) alega que a prostituição é uma forma de violência

contra as mulheres e pretendem erradicá-la. Neste ponto é semelhante ao modelo

abolicionista referido anteriormente. Todavia, este sistema defende que a punição deve ser

atribuída não só ao proxeneta como ao cliente (Oliveira, sem data). Em 2011 é sugerida a

adoção deste modelo em França, contudo só em 2016 foi implementado (68.pdf, sem data).

Segundo o Art. 45 da Constituição Francesa, a Assembleia nacional adotou acompanhamento

para os profissionais do sexo que queiram abandonar a atividade como mecanismos de

proteção, recursos a serviços sociais (Oliveira, sem data). Utilizado também na Noruega,

Islândia e Irlanda do Norte (68.pdf, sem data).


Para além deste, existe o modelo descriminalização. Formulado a 27 de Junho de

2003 na Nova Zelândia, tem por base o ponto de vista e experiência de trabalhadores do sexo

com a participação de membros do Parlamento. Considera a prostituição uma profissão que

dispensa leis, vê-a como um trabalho igual a outros em termos de direitos e deveres. Foi

considerado o mais equilibrado e bem-sucedido no que diz respeito ao bem-estar e à saúde.

Relativamente aos requisitos de saúde sugerem a troca de informação sobre o estado de saúde

e a adoção de medidas para a proteção de doenças sexuais transmissíveis. Penalização para o

cliente em caso de menores de idade e obrigar outro contra a sua vontade, defendem que em

qualquer momento a prostituta pode negar a prestação do serviço. Perante isto, percebemos

que na Nova Zelândia é onde mais protegem e beneficiam estas pessoas (Oliveira, sem data).

Em Portugal, o código penal atual criminaliza o ato de quem “induz, favorece ou

facilita a prostituição”, isto é, penaliza o proxenetismo. Quando estão envolvidos menores

são atribuídas penas agravadas. Ainda assim, não é ilegal o ato de se prostituir.

Mas ao longo dos anos nem sempre foi assim.

Em Portugal a prostituição foi alvo de diferentes modelos jurídico-políticos, visto que

a prostituição e o trabalho sexual dividem opiniões entre os defensores do trabalho sexual

como categoria profissional e os que o consideram uma violação dos direitos humanos.

A 5 de maio de 1838 é publicado um edital que tinha como finalidade restringir a área

de atuação das prostitutas, proibindo-as de habitar casas próximas de templos, passeios ou

praças. Na mesma altura, foi publicado o “Regulamento Policial e Sanitário para Obviar os

Males Causados à Moral e à Saúde pela Prostituição Pública” que recorre a uma classificação

jurídica das prostitutas segundo o seu luxo, distinguindo a prostituta de luxo e a prostituta

de rua, assim a prostituta era olhada como um mal necessário para suprir as necessidades

afetivas e sexuais principalmente dos homens (Dissertação_.pdf, sem data).


Os anos compreendidos entre 1937 e 1949 foram caracterizados pelas preocupações

sanitárias e as mulheres prostitutas são submetidas a um controlo rigoroso para não haver

uma propagação de doenças sexualmente transmissíveis, assim como esforços para

regulamentação da prostituição de maneira a garantir a saúde e o bom nome dos clientes. A

partir de 1949, as casas de prostituição foram encerradas, inclusive, era proibida a abertura de

novas casas de prostituição, assim observou-se uma transformação gradual do modelo

regulamentarista que estava em vigor a ser substituídos por um modelo de tendência

proibicionista (Dissertação_.pdf, sem data). O facto de não se ter conseguido controlar as

doenças sexualmente transmissíveis como esperado e o modelo regulamentarista não ter dado

resultados na limitação de casas clandestinas estavam por trás da adoção do modelo com

tendências proibicionista. É então em 1 de janeiro de 1963 que a a prostituição, sendo que as

mulheres eram equiparadas a vadios (Dissertação_.pdf, sem data).

Após a Revolução dos Cravos, a 31 de março de 1977 Apos a revolução dos cravos

uma nova legislação acerca da prostituição foi enunciada mas a mudança da lei so aconteceu

apenas a 1 de janeiro de 1982, a prostituição deixou de ser penalizada, embora a pratica não

seja crime, existe um crime associado á pratica, o crime de lenocínio ou seja quem

promover , encorajar ou facilitar a prostituição de outra pessoa será punido (Oliveira, 2017)

(ver se este fica melhor)

A resolução 67/77 era conhecida como uma comissão e funcionava junto do

ministério social, com fim de resolver o problema da prostituição.

Em 1978 é pedida permissão ao governo para legalizar a prostituição uma vez que as

medidas de abolicionistas não erradicaram de todo a prostituição, porém, a proposta foi

rejeitada e começaram a olhar para a prostituição como uma vitimização. No ano seguinte, a

prostituição era o reflexo de dificuldade de emprego, dificuldade de habitação, dificuldades

salariais e de transporte e foi imposto assim uma rede nacional de acolhimento que garantisse
a cobertura total do País nas ações de prevenção, apoio e resposta às situações de carência

aguda devidamente comprovadas, a cargo do governo (Dissertação_.pdf, sem data).

Em 1990 o partido ecologista “os verdes” criaram o projeto “Organização de um

Fórum Nacional sobre a Prostituição em Portugal” com a finalidade de encontrar soluções

para este assunto de forma a acabar com a escravatura. Ainda na década de 90, a assembleia

da república promoveu ainda educação sexual e planeamento familiar para grupos de risco,

incluindo as prostitutas. Esta ação inclui 3 grandes aspetos: articulação dos competentes

serviços de saúde com as organizações civis ligadas a esta problemática, deslocação periódica

de técnicos de saúde às dependências destas organizações e recurso a unidades móveis nos

locais de maior concentração de prostituição (Dissertação_.pdf, sem data).

Em 2005 a prostituição era vista como violência exercida sobre o corpo e dignidade

de mulheres e crianças que tem vindo a ser ignorada pelos governos. Além disso, também era

vista como um fenómeno nacional e transnacional que vitimiza, mais uma vez, mulheres e

crianças, havendo várias redes de tráfico. Para solucionar este problema, sugere-se a criação

de uma rede de apoio e abrigo que preste assistência médica, psicológica, social e jurídica e

que inclua estratégias específicas para a integração social (Dissertação_.pdf, sem data).

A última chamada de atenção para a necessidade de intervenção nesta área foi a

Moção Setorial, proposta pela Juventude Socialista “Regulamentar a Prostituição- Uma

questão de dignidade” afirmando que a regulamentação trará melhores condições de

segurança para quem pratica a prostituição garantindo-se, desta forma, a sua liberdade e

autodeterminação sexual (Dissertação_.pdf, sem data).

Justificam esta posição apresentando 5 argumentos: a liberdade individual dos

“trabalhadores do sexo”, a necessidade de reconhecimento do “trabalho sexual” como

verdadeiro trabalho, a interligação entre regulamentação e introdução de mecanismos de


prevenção da criminalidade associada, a necessidade de proteção social dos “trabalhadores”

e, por fim, a preocupação com a saúde pública (Dissertação_.pdf, sem data).

o O papel da média na prostituição

Os discursos dominantes acerca da prostituição divulgados pela média e pelas

organizações não governamentais relatam a prostituição como vitimização e dão destaque na

maior parte das vezes apenas aos aspetos negativos e aos estereótipos que se resumem à

pobreza, à marginalidade, às drogas e às doenças. Devido a esta grande divulgação de

informação negativa o preconceito, a discriminação e o estigma tornam-se um problema para

os profissionais do sexo já que a média desempenha um papel crucial nas representações

sociais dominantes (Oliveira, 2017).

Ferreira, em 2012, através de uma análise dos principais jornais portugueses concluiu

que a prostituição aparece na imprensa associada à criminalidade, mesmo não sendo um

crime em Portugal. De acordo com a análise os crimes mais associados a prostituição são: a

exploração sexual, com o aumento do número de imigrantes em Portugal e com o aumento da

visibilidade dos mesmo começou-se a associar o comércio do sexo com a exploração sexual,

o homicídio e o roubo sendo este em menor escala (Oliveira, 2017).

Para além disto, Ferreira pela análise de 218 artigos concluiu que a prostituição

composta por mulheres migrantes, sendo em contexto de prostituição de rua ou de interior,

são somente representadas como vítimas sem capacidades de agência enquanto as

profissionais portuguesas são descritas como exploradas por proxenetas. Facto interessante

que a autora relatou foi a ausência total de referência aos profissionais do sexo do género

masculino dando-lhes nenhuma visibilidade sugerindo que a prostituição apenas seja um

trabalho do género feminino. Ferreira acaba por também concluir que a maioria das notícias

analisados são relatadas por alguém da polícia, do tribunal, do governo ou da academia, cerca
de 61,7%, enquanto a ONG e os profissionais do sexo correspondem apenas a 8,4% e 7,5%

do discurso direto (FERREIRA, 2012) (Oliveira, 2017).

Organizações do trabalho sexual

Existe uma identidade contratada pela média e autorizada quando as opiniões das

ONG são procuradas que se denomina de Rede sobre Trabalho Sexual. Esta rede trabalha

diretamente com profissionais do sexo e investigadores. Criada em 2011 defende os direitos

dos trabalhadores do sexo e promove a ideia de que “trabalho sexual é trabalho”, para além

desta rede também existe a GIITS: grupo interdisciplinar de investigadores sobre trabalho

sexual (Oliveira, 2017).

Como não existe algum tipo de organização nem associação, sindicato ou outra forma

de organização em Portugal desde 2009 os profissionais do sexo têm se juntado á

manifestação de May day no Dia Internacional do Trabalhador o 1º de maio sendo as suas

principais reivindicações o reconhecimento do trabalho sexual como trabalho e o fim da

discriminação e da estigmatização. Como a prostituição não é um crime os profissionais

focam-se predominantemente na falta de direitos, principalmente direitos laborais e na falta

de reconhecimento social (Oliveira, 2017).

o Estudos - caracterização da prostituição

Segundo Oliveira, “Não há estimativas credíveis do número total de profissionais do

sexo e de estabelecimentos sexuais comerciais em Portugal, tanto a nível regional como

nacional.” (Oliveira, 2017). Apenas algumas investigações científicas e dados originados de

vários projetos de intervenção fornem alguma informação e mesmo assim a maioria das

investigações não procuram generalizar resultados nem fornecem avaliações quantitativas e a

maioria são situadas e parciais (Oliveira, 2017).


Um estudo realizado pela universidade Nova de Lisboa sobre as taxas de infeção por

HIV/AIDS com a contribuição de aproximadamente 30 ONG entre profissionais do sexo e

homens que tem relações com homens. Os dados foram recolhidos através de um

questionário nos locais de trabalho sexual. Conseguiram a maior amostra numa investigação

com esta população, 1040 profissionais do sexo, a amostra incluía participantes do sexo

feminino (82%, n = 853) masculino (10,2%, n = 106) e transgénero (7,8%, n = 81),

predominantemente de nacionalidade portuguesa (54,4%) e os imigrantes eram

principalmente do Brasil (65%). Em relação à idade a maioria tinha entre 26 e 35 anos

(38,9%) e entre 36 e 45 anos (22,3%) (média= 35,1 anos, DP = 10,5). Tirava. A investigação

concluiu, em relação à infeção pelo HIV, que 7,2% dos participantes eram positivos: 6,6%

das mulheres cisgénero, 4,8% dos homens e 15,4% das mulheres transexuais. Este estudo

também pretendeu estudar os rendimentos dos profissionais em que os resultados foram os

seguintes: 25,6% afirmam ter uma receita mensal de menos de 500€, 35,2% uma receita

mensal entre os 500€ e 1000€, 23,4% entre 1000€ e 2000€ e 15,8% indicam que ganham

mais que 2000€ (Oliveira, 2017) .

Perante a amostra percebemos que a prostituição masculina e transgénero não é

insignificante em Portugal como a média retrata (Oliveira, 2017).

Em relação aos migrantes no comércio do sexo estima-se que o número tem vindo a

aumentar nos últimos anos e é atualmente significativo, a rede Tampep (2009) estimou que

56% dos trabalhadores do sexo em Portugal são migrantes tanto em contexto de rua como de

interior (TAMPEP-2009-European-Mapping-Report.pdf, sem data, (Oliveira, 2017). A ONG,

Existências, em Coimbra contactou, em 2013, 382 profissionais e 53,4% eram migrantes.

Além disso, um projeto de intervenção promovida pela ONG APDES, o Projeto G que atua

na área de trabalho sexual de interior na região do Porto 80% dos utentes são migrantes em

que maioria é do Brasil (INDOORS, 2012). Tirava


Outro estudo realizado no interior do norte de Portugal na região que faz fronteira

com Espanha, com uma amostra de 200 profissionais do sexo 65% eram migrantes

principalmente brasileiras e 35% português. Para além disso, o trabalho sexual de rua nas

áreas rurais é escasso, segundo os investigadores nestas regiões a prostituição ocorria mais

em bares de alternes ou em bordeis e que a prostituição de rua ocorre mais nas grandes

cidades como Porto, Lisboa e Faro e em algumas zonas suburbanas (Ribeiro et al., 2007).

Em relação ao tráfico e exploração sexual em Portugal a taxa de profissionais do sexo

migrantes que foi vítima de tráfico e de exploração sexual é baixa ao comparar com outros

países da Europa, pode ser devido ao facto de que a maioria dos imigrantes no comércio do

sexo ser brasileiro, os brasileiros chegam a Portugal de uma maneira diferente de outras

pessoas de outras origens, eles tem maior poder sobre a sua trajetória de vida e condições de

trabalho segundo sugerido por Ribeiro, Silva, Schouten, Ribeiro e Sacramento (2008). A

maior parte deles veem para Portugal trabalhar através de redes de contacto e apoio de

familiares ou amigos sem quaisquer ligações com o tráfico e a exploração (Oliveira, 2017).

Para além de haver estudos que nos dão um pouco sobre como a prostituição é

caracterizada em Portugal também existem estudos em relação à violência na prostituição

mesmo os estudos nesta área ainda serem escassos. Surratt, Kurtz, Weaver e Inciardi (2005)

verificaram, no seu estudo, que cerca de 71% dua sua amostra (278 prostitutas de rua em

Miami na Florida) estiveram expostas a situação de violência (Surratt et al. - 2005 - The

Connections of Mental Health Problems, Violent.pdf, sem data).

A investigação de Farley e colaboradores (1998), conduzida em cinco países (África

do Sul, Tailândia, Turquia, Estados Unidos da América e Zâmbia) e envolvendo uma amostra

(n=475) de mulheres, homens e transgénero, verificou-se, em termos de média referente aos

cinco países, que 81% dos respondentes tinham sido alvo de ameaças físicas, 73%

fisicamente agredidos e 68% ameaçados com arma. A média percentual de violações,


novamente contemplando os cinco países, situou-se nos 62%, sendo que, 74

aproximadamente 46% dos participantes foram violados mais de cinco vezes, quer por

clientes (máx.=75%) quer por não-clientes (máx.=64%) (Farley, 1998). Tirava este estudo

apesar de ser interessante

Como já relatamos a prostituição pode ocorrer em diversos contextos seja na rua ou

em espaços próprios, bares, discotecas, serviços de acompanhantes ETC, relativamente ao

tipo de violência associada ao contexto de trabalho sexual destaca-se na rua uma tendência a

ocorrer mais bofetadas, murros, puxões de cabelo, danos provocados às roupas e ameaças

com armas. Por sua vez, comportamentos como, ameaças de violação, violação e penetração

vaginal digital ou com objetos, são mais comuns em locais onde, simultaneamente, se verifica

o consumo de drogas. Relativamente a contexto de discotecas e bares são beliscadas e

atingidas com objetos, algo que acontece frequentemente. Por fim, nos serviços de

acompanhamento o espancamento constitui a forma de violência mais frequente, embora a

violação também tenha sido reportada por um elevado número de mulheres (Raphael &

Shapiro, 2004).

Outro estudo feito através da análise de 118 incidentes de violência relatados por

trabalhadores sexuais concluiu-se que 25% tinha sofrido violência física e sexual, 25% roubo

e 30% assédio (incluindo stalking), sendo que apenas 15 dos 118 incidentes foram

denunciados às autoridades policiais (Phipps, 2013). Com este estudo podemos perceber que

os profissionais parecem ter dificuldades a aceder a algum tipo de apoio e autoridades

provavelmente por acharem que as identidades não irão acreditar no sucedido devido à fraca

credibilidade que acham que o seu emprego lhes dá (Moreira et al., sem data).

Impacto psicológico
Com as incidências de violência na prostituição existem investigações sobre o

impacto psíquico em situações de exposição à violência relacionado com o trabalho sexual. Já

estas tem vindo a demostrar uma relação com o desenvolvimento de stresse psicológico assim

como sequelas negativas quer a curto quer a médio-longo prazo: polarização dos afetos no

campo da tristeza com elevadas possibilidades de evolução para perturbações depressivas,

perturbações de stresse pós-traumático sintomatologia ansiosa e perturbações aditivas no

âmbito do consumo de substâncias (Moreira et al., sem data)

Ulibarri e colaboradores demonstraram que as prostitutas que relatavam terem sido

vítimas de abuso, apresentavam índices mais elevados de sintomatologia relacionada com o

stresse psicológico (Ulibarri et al., 2014)/(Moreira et al., sem data; Ulibarri et al., 2014).

Um estudo realizado com 130 profissionais do sexo (Choi et al., 2009) em que 82%

afirmam já ter sido agredidas fisicamente desde que entraram para a prostituição. 75%

reportou ter um problema com abuso de drogas enquanto 27% reportaram ter problemas com

álcool. 68% da amostra correspondeu com o diagnostico de PTSD.

O uso de drogas na prosttuição pode estar a funcionar como um mecanismo de

superação nos casos de violência apesar de o uso potencializar a vulnerabilidade face a

episódios de violência, bem como a incidência de problemas de saúde física e mental

(Moreira et al., sem data).

Numa amostra de prostitutas consumidoras de substâncias, verificou-se uma

prevalência de depressão e ansiedade significativamente mais elevadas, comparativamente

com consumidoras de substâncias que não se encontravam envolvidas na prostituição

(Surratt et al., 2005) o que demonstra que severidade das perturbações de stresse pós-

traumático e de outras perturbações ansiosas aumenta quando existem consumos de

substâncias (Moreira et al., sem data)


Perante todos estes dados devemos assumir que o papel dos psicólogos é fundamental

para todos os trabalhadores sexuais.

Apesar de conseguirmos dados de algumas investigações e intervenções de ONG não

nos é fornecido a situação atual da prostituição em Portugal, como grande parte dos estudos

são antigos não conseguimos ter noção se a população aumentou ou diminuiu neste ramo ou

não.

Relação com a matéria

Atitudes em prostituição – podemos usar os argumentos a favor ou contra aqui

As atitudes, primeiramente, são tendências ou predisposições para agir, pensar ou

sentir de uma determinada forma positiva ou negativa em relação, neste caso, à prostituição

por exemplo acerca da legalização desta.

Onde podemos observar tanto atitudes a favor ou contra a legalização é no debate

decorrido em 2017 na RTP com o propósito de averiguar se o regime em Portugal era o

correto e qual regime deveria adotar. Neste debate vimos pessoas que tomavam uma atitude a

favor da prostituição e que queriam levar uma proposta ao parlamento, ou seja, queriam

tornar a atitude num comportamento, numa ação, os argumentos a favor mais utilizados para

a profissionalização desta foram: a prostituição não irá acabar, o modelo da nova Zelândia é o

que mais está a apresentar resultados positivos, as pessoas sofrem muito estigma e ao

legalizar na proposta deles deveriam sensibilizar para o tema numa forma de acabar com o

preconceito ligação a esta profissão, que deveriam poder aceder a sistemas de saúde mais

facilmente, o que também deixam claro é que eles diferem das mulheres que estão obrigadas

a se prostituir das que o fazem por livre e espontânea vontade. Os argumentos contra

basearam se alguns em experiências pessoais um exemplo disso foi um neuropsiquiatra que

através da sua carreira profissional consoante a assistência que deu, todas as mulheres

gostariam de sair daquele regime, outro argumento foi que ao legalizar apenas iria aumentar o
número de exploração sexual como na Alemanha e Holanda, que não se deve pagar por sexo,

eles assumiram também a prostituição como uma atividade, pois não consideravam como um

trabalho, degradante para a mulher, e que ao legalizar era como um agir de portas para os

mais jovens, assim como atrairia muitos mais clientes o que para as mulheres seria

desgastante. O facto de citar apenas a palavra “mulher” não é por mero acaso, neste debate

maioritariamente se falou de mulheres o que mostra aqui um estereótipo associado com esta

profissão (aprofundar melhor após a aula). Relembrando que nem todas as atitudes levam a

ações um bom exemplo disso é que no debate são perguntados aos telespectadores se são a

favor ou não da legalização o de 71% afirma que sim, no entanto não vemos assim tantos

movimentos acerca desta causa, as pessoas tomam uma atitude acerca da prostituição, mas é

raro passarem para as ações (Prós e Contras Episódio 9 - de 20 Mar 2017 - RTP Play - RTP,

sem data).

Formas de atitudes contra a legalização da prostituição

Afetiva: as mulheres não deviam estar sujeitas a este tipo de trabalho degradante. As

pessoas contra a legalização, foi notório ao longo do debate que veem muito esta “atividade”

ligada as mulheres como vítimas.

Cognitiva: existe muitos maus-tratos contra as mulheres. Muito presente ao longo do

debate a dita “guerra de números” onde são apresentados estudos onde comprovam grandes

incidências de violência associados com esta “atividade” em mulheres.

Comportamental: ajudarei o máximo de mulheres possíveis a sair deste rumo. Esta

forma de atitude está mais presente nas associações que também tiveram voz no debate tanto

a favor da prostituição como contra.


o Argumentação contra/ favor- estão aqui apenas o que não me lembro

serem citados no debate

Argumentação a favor-

https://www.dn.pt/opiniao/opiniao-dn/convidados/prostituicao-legalizar-sem-incentivar-

12354827.html

1. Receita fiscal significativa

Com a legalização quem pratica a prostituição terá deveres para com o Estado, por

exemplo pagar impostos como também terá direitos, o fundo de desemprego.

2. proteção laboral, social e uma questão de saúde pública

Um trabalhador do sexo ter direito a exames médicos regulares para evitar as doenças

sexualmente transmissíveis.

o Notícias- Lara

Christiane Vera Felscherinow conhecida como Christiane F

O livro Alemão foi lançado em 1978 tem o nome “Wir Kinder Vom Bahnhof Zoo” e

traduzido para português em 1981 apresentando-se com o nome “Os Filhos da Droga”. A

história é verídica e mostra-nos o relato de Christiane, uma adolescente muito inteligente,

mas também sensível. Que mais ao menos 2 anos após fumar o seu primeiro “charro” se

prostitui depois das aulas para pagar a sua dose diária de heroína. Ao longo da história

também lemos o testemunho da sua mãe.

Em 1981 saiu o filme “Christiane F. Kinder Vom Bahnhof Zoo” baseado no livro.

Também existe uma serie recente (2021) baseada neste livro “We Children from

Bahnhof Zoo” está na HBO.

Isto é interessante mas ao remete mais pto consumo de drogas do que a visão da

prostituição que procuramos.

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