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DIREITOS HUMANOS

E A DIVERSIDADE
SEXUAL
Módulo II – Contextualização Histórica

Karina Veiga Mottin


Professora, mestra em Educação (UFPR) e pesquisadora do Laboratório de Investigação
em Corpo, Gênero e Subjetividades na Educação (LABIN)
CONTEÚDOS

Stonewall Uprising – O marco fundador do movimento LGBT


Uma história de repressão e violência
Do período colonial a meados do século XX
Ditadura cívico-militar

Organização e atuação do movimento LGBT


OBJETIVOS

• Tornar visível as exclusões e prejuízos sofridos por essa população


ao longo do tempo;
• Adquirir conhecimento sobre a história da organização e atuação
do movimento LGBT;
• Promover igualdade e respeito nas relações sociais.
STONEWALL UPRISING – O MARCO FUNDADOR DO
MOVIMENTO LGBT
Contexto:
Em 1960, a homossexualidade ainda era considerada ilegal nos
Estados Unidos e em diversos países.
Homossexuais eram frequentemente relacionados com
promiscuidade, doença mental e pedofilia.
“Tratamentos” envolvendo choques elétricos, esterilização e até
castração ocorriam na tentativa de “curar” a homossexualidade.
STONEWALL UPRISING – O MARCO FUNDADOR DO
MOVIMENTO LGBT
Os fatos:
Dia 28 de junho de 1969 ocorre o fechamento de um bar voltado ao público LGBT,
chamado Stonewall Inn, em Nova York, EUA. Na ocasião do fechamento do bar, a
polícia deu voz de prisão a mais de 500 pessoas que estavam no local e porque
Stormé DeLarverie, uma lésbica negra não feminilizada, se rebelou, ela foi espancada
pelos policiais. Outros frequentadores do bar e pessoas que passavam na rua ficaram
horrorizados e reagiram. Na sequência, foi organizada uma passeata com o objetivo
de dar visibilidade a esta luta. Cerca de duas mil pessoas se fizeram presentes nesse
evento que é considerado a primeira Parada Gay do mundo.
UMA HISTÓRIA DE REPRESSÃO E VIOLÊNCIA
- do período colonial a meados do século XX -
Período Colonial
Todas as práticas sexuais que não visavam à reprodução (desde a masturbação
até as relações entre pessoas do mesmo sexo) eram condenadas do ponto de
vista moral e religioso.
A homossexualidade nesse período era chamada de “sodomia” e era classificada
como pecado de luxúria.
As punições previstas para seus praticantes eram diversas, desde o confisco de
bens até a morte na fogueira do tribunal do Santo Ofício, a Inquisição da Igreja
Católica.
UMA HISTÓRIA DE REPRESSÃO E VIOLÊNCIA
- do período colonial a meados do século XX -
Final do século XIX e início do XX
O que antes era considerado “sodomia” passou a ser conceitualizado como
“homossexualismo”, a partir de uma perspectiva médico-legal.
O “homossexualismo” passou a ser tratado como algo anormal, uma doença
degenerativa, que representava riscos para a sociedade.
A partir da transformação da homossexualidade em doença, apareceu também
uma série de “terapias” e “tratamentos” que visavam a “cura”. Tratamentos
envolvendo choques elétricos, lobotomia, injeções de diferentes tipos de drogas e
internamentos ocorreram em boa parte do século XX em diversos países.
UMA HISTÓRIA DE REPRESSÃO E VIOLÊNCIA
- ditadura cívico-militar (1964 - 1985)
Discurso que prometia uma “recuperação” ou “restauração” econômica,
financeira, política e moral do Brasil.
A promessa de retorno aos “valores tradicionais” voltou-se para o
controle e vigilância sobre os costumes e sexualidades.
Aquelas pessoas que não se enquadravam nesse estreito modelo de
conduta eram consideradas moralmente “subversivas” ou “corruptas”.
Comportamentos desviantes da norma exigida eram enquadrados como
“contravenção” e até como crimes. Exemplos: ser acusado de praticar
“ato obsceno em lugar público”, “vadiagem” ou violar a “moral e os bons
costumes”.
UMA HISTÓRIA DE REPRESSÃO E VIOLÊNCIA
- ditadura cívico-militar (1964 - 1985)
O controle e a repressão em torno das condutas sexuais foram expressos
de diversas formas:
Nas discussões em torno da aprovação da lei do divórcio (reconhecido
legalmente apenas em 1977);
Na censura a músicas, filmes ou programas de TV, acusados de “apologia
ao homossexualismo”;
Na abertura de processos contra editores e jornalistas que trabalhavam
nos veículos de imprensa gay;
Nas perseguições, prisões arbitrárias, extorsões e torturas contra
travestis, prostitutas, lésbicas e gays.
RESISTÊNCIA LGBTI+

As pessoas LGBTI+ existem e resistem de diferentes formas,


cotidianamente.
Existem convergências entre aquilo que chamamos de comunidade
LGBTI+ e aquilo que chamamos de movimento LGBT, mas eles não são a
mesma coisa.
FUNDAÇÃO DO MOVIMENTO LGBT

1978 – Grupo Somos – Grupo de Afirmação Homossexual, em São Paulo


1978 – Começa a circular nacionalmente o jornal Lampião da Esquina,
do Rio de Janeiro.
“NOSSO PEQUENO STONEWALL”

A partir da divisão do grupo Somos em 1981 surge o Grupo de Ação


Lésbica Feminista (GALF), que potencializou sua perspectiva feminista,
focalizada na pauta das mulheres.
Desta ação lésbica-feminista, ocorre em 1983 o fato que ficou conhecido
como “nosso pequeno Stonewall”.
ANOS 80 E INÍCIO DOS ANOS 90

Grupo Gay da Bahia, fundado em 1980 e ativo até os dias atuais.


Triângulo Rosa, fundado em 1985.
Surgimento da AIDS na década de 1980.
A partir da década de 1990 os grupos procuravam associar-se a outros
grupos e organizações internacionais.
Grupo Dignidade, fundado em 1992.
Dois anos após seu surgimento, foi responsável por mobilizar a formação
da chamada Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Travestis (ABGLT).
A PARTIR DOS ANOS 90

Perspectiva identitária
MHB – movimento homossexual brasileiro
MGL – movimento de gays e lésbicas – 1993
GLT – gays, lésbicas e travestis – 1995
GLBT – gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais – 2005
LGBT – lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais – 2008
(referendada na 3ª Conferência Nacional LGBT, realizada em 2016.
Última conferência realizada no país)
LGBTI – lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e intersexo –
este último inserido pelo movimento social organizado devido à
mobilização política recente do movimento de pessoas intersexo.
A PARADA LGBT
A primeira Parada LGBT foi realizada ao final do IX EBGLT (Encontro
Brasileiro de Gays, Lésbicas e Travestis), em São Paulo, em 28 junho de 1997
e contou com a presença de 30 grupos organizados.
A partir daí, a Parada se espalhou-se para outras capitais e para cidades do
interior.
Quase sempre o evento ocorre em junho, em referência ao dia 28 de junho
de 1969, o Stonewall Uprising.

Parada LGBT em São Paulo, 2007

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