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Movimentos LGBT

Significado de LGBT

LGBT é a sigla utilizada para denominar Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais ou


Transgêneros. Sendo utilizada desde meados dos 1990, a sigla é considerada uma adaptação de LGB,
utilizada desde então para substituir o termo “gay” ao fazer referência à comunidade LGBT no fim
dos anos 1980.

Como a terminologia “gay” não abrange ou representa toda a comunidade LGBT, ativistas da causa
buscam por adaptações capazes de trazer inclusão para as mais diversas orientações sexuais e
identidades de gênero existentes.

A sigla LGBT tem como principal objetivo promover a diversidade cultural com base nas questões de
identidade sexual e gênero. Atualmente, é utilizada para se referir a qualquer pessoa que não se
enquadra como heterossexual ou cisgênero. Dessa forma, algumas variantes da sigla surgiram ao
longo dos anos, como:

 LGBTQ – adicionando a letra Q, para aquelas pessoas que se identificam como queer;


 LGBTQI – adicionando a letra I, para incluir as pessoas que se identificam como intersexuais;
 LGBTQIA – adicionando a letra A como forma de incluir
os assexuais, arromânticos ou simpatizantes (aliados);
 LGBTQIAPN – adicionando as letras P e N, para incluir pansexuais, polissexuais e pessoas
não-binárias;
 LGBTQIAP+ – adicionando o sinal de “+”, procura-se atender e representar quaisquer outras
pessoas que não se sintam incluídas em nenhuma das outras identidades cobertas pelas iniciais
da sigla.

Vale ressaltar que essas são apenas algumas variantes das siglas, de modo que é possível encontrar
referências que utilizam siglas como LGBTI, LGBTIQ, LGBTPN, LGBTA, LGBTQA, entre outras.
Dessa forma, a maneira mais utilizada de se fazer referência à comunidade é utilizando o
termo LGBTPQIA+.

Movimentos civis LGBTQIAP+ são os movimentos sociais que defendem a aceitação das


pessoas LGBTQIAP+ em sociedade. Embora não haja uma central abrangente que represente todas
as pessoas LGBTQIAP+ e os seus interesses, as organizações de direitos LGBTQIAP são numerosas e
estão espalhadas por vários países do mundo.
Um objetivo comum desses movimentos é a igualdade social para as pessoas LGBTQIAP+. Alguns
também focam na construção de comunidades LGBTQIAP+ ou trabalham em direção à libertação
para a sociedade em geral a partir de bifobia, homofobia, lesbofobia e transfobia.[1] Os movimentos
LGBTQIAP+ organizados são compostos por uma ampla gama de ativismo político e atividade
cultural, incluindo marchas de rua, grupos sociais, mídia, arte e pesquisa acadêmica.
Origens
Entre 1850 e 1933 houve também um importante movimento, na Europa central, de luta contra a
criminalização dos actos sexuais entre pessoas do mesmo sexo e com as travestis. O país onde o
movimento se organizou e fez intervenções públicas de forma mais consistente foi a Alemanha, tendo
o sexólogo Magnus Hirschfeld sido o seu mais carismático líder. Mas a chegada dos Nazis ao poder
acabou, através de uma repressão brutal, com o movimento (Hirschfeld era homossexual e judeu e
teve de fugir)
Mas este movimento pecava por usar como argumento para combater a criminalização da
homossexualidade a ideia de que se tratava de uma condição inata ainda mal estudada
pela medicina (a Medicina estava a tomar o lugar da Igreja enquanto entidade controladora do
opinião pública e das reformas da sociedade). Hirschfeld havia retomado a ideia do "Urning" (homem
que ama outro homem) apresentada por Karl Heinrich Ulrichs (considerado o primeiro activista gay
da era moderna, por ter publicado uma série de doze panfletos e ter assumido publicamente a sua
homossexualidade). Tal como Ulrichs, Hirschfeld acreditava que as pessoas homossexuais eram
"hermafroditas psicológicos/as" e chamou-lhes o "terceiro sexo"
Embora a ideia de Ulrichs tenha sido usada pela classe médica para apontar os "Urnings" como
doentes, Hirschfeld recuperou-a durante algum tempo graças à sua reputação de investigador
pioneiro. Mas a recuperação temporária da imagem dos homossexuais foi-se quando Hirschfeld foi
acusado de vender patentes de remédios inúteis e de extorquir dinheiro a homossexuais alemães “no
armário” para financiar a sua causa. Hirschfeld publicou também teorias hormonais da
homossexualidade, o que levou a que outros tentassem “curar” a homossexualidade através de
injecção de hormonas nos "doentes"
Rebelião de Stonewall (1969)
Na noite de 28 de junho de 1969 uma rusga habitual no Stonewall Inn, um bar gay em Nova Iorque –
que, por sê-lo, era alvo frequente de acções policiais em que o comportamento dos agentes era sempre
verbalmente agressivo – não acabou como as outras. Uma mulher resistiu à detenção e as cerca de
duzentas pessoas que esperavam à porta do Stonewall (o bar havia sido esvaziado pela polícia)
responderam a um grito de denúncia de "violência policial!" atirando garrafas, pedras e moedas
contra os agentes. Como era sábado à noite e o Stonewall Inn ficava em Greenwich Village, uma zona
de Nova Iorque que corresponde ao Bairro Alto enquanto zona de vida noturna, rapidamente
duplicou o número de pessoas envolvidas no protesto.
Os agentes da polícia refugiaram-se no bar, barricando-se, e só não houve tiroteio porque no
momento em que um dos agentes ia disparar através de uma janela se ouviram as sirenes dos carros
da polícia que traziam reforços para tentar controlar os protestos. Nas três noites seguintes houve
mais manifestações na Christopher Street, a rua onde ficava o Stonewall Inn (que, apesar de ter
ficado destruído, foi limpo e arrumado e abriu novamente na noite de 29 de junho), tendo essas noites
ficado na memória das pessoas.
Os motins da Christopher Street não foram, contudo, os primeiros protestos e gestos de desobediência
civil. Já em 1961 tinha havido um protesto à porta de esquadra que durou um par de dias. A multidão
exigia a libertação de dois detidos (durante uma rusga num bar gay) e ameaçava invadir a esquadra
se a polícia não conseguisse provar que os detidos se encontravam bem.
Antes desta altura as únicas ações levadas a cabo em defesa dos direitos dos gays e das lésbicas (na
altura ainda não existia consciência de que muitos dos problemas que afetam bissexuais e
transgêneros são comuns aos dos gays e das lésbica) eram acções de organizações conservadoras, que
defendiam uma imitação acrítica dos modelos heterossexistas patriarcais. Nos Estados Unidos a mais
famosa foi a Matachine Society e na Europa foi a francesa Arcadie (esta mais virada para o meio
académico e artístico que para o público e a classe política).
Movimentos LGBTQIAP+ (anos 1970 - presente)
O movimento tal como o conhecemos hoje, com ONGs e campanhas de (in)formação do público,
desenvolveu as suas linhas ideológicas orientadoras durante a década de 1970 (a época da teorização
da Revolução Sexual, do ambiente andrógino e bissexual do glam rock, da celebração do indivíduo e
da análise epidemiológica dos primeiros casos de SIDA – na altura, o "cancro gay").
Devido à imagem de "origem da doença" e de "ameaça à saúde pública" o
movimento LGBTQIAP+ viu-se activamente envolvido nas organizações de apoio às vítimas
do SIDA (até porque, devido às políticas seguidas pelas administrações Reagan, o grosso das vítimas
era, ainda, composto de homossexuais).
A experiência do combate à SIDA permitiu ao movimento desenvolver as capacidades organizativas e
de gestão de ONGs, bem como de organização de campanhas de massas, tendo a luta contra a SIDA
servido, inadvertidamente, de escola para a criação de associações LGBTQIAP+
Na década de 1990, nos países onde a epidemia da SIDA parecia estar controlada e o público
informado, assistiu-se a uma série de campanhas que resultaram em aprovação de legislação
antidiscriminação e mudanças de mentalidades. Assim, se é um facto que a homofobia ainda grassa,
também é verdade que foram eleitas ou nomeadas pessoas publicamente LGBTQIAP+ para cargos
públicos/políticos e que a homossexualidade deixou de ser um assunto proibido para passar a ser uma
realidade abordada em filmes, novelas, telejornais, nos demais programas de televisão e em salas de
aula.
A partir de novembro de 2018 o ensino de temáticas LGBTQIAP+ é obrigatório nas escolas
da Escócia, país parte do Reino Unido, medida tomada visando o combate da
homofobia, bifobia e transfobia, além do ensino da história destes movimentos. A Escócia foi o
primeiro país do mundo a tornar temáticas LGBTQIAP+ parte do currículo de escolas públicas. [

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