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Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social - Faculdade de Ciências
Humanas
10/08/2017
Campo Grande-MS
1. ANTECEDENTES E JUSTIFICATIVA DO PROBLEMA A SER ABORDADO
A prostituição é uma ocupação ligada a uma rede de mercado sexual extensa que,
segundo Adriana Piscitelli (2005), vem se expandindo para uma enorme diversidade,
variedades de trabalhos sexuais que não se restringe somente a prostituição, mas em muitas
outras atividades, entre elas linhas telefônicas eróticas, sexo virtual através da internet,
casas de massagem, submissão/sadomasoquismo, prostituição na rua e muitas outras.
A prostituição feminina, que é o foco deste estudo, em meio a esse amplo contexto do
mercado sexual, traz a possibilidade para várias problematizações teórico-políticas no que
se refere a sua definição e, até mesmo, na visão sobre as mulheres que a praticam. Por
exemplo, para Elisiane Pasini, esse tipo de prática sexual se define como uma atividade em
que mulheres estabelecem relações sexuais com diferentes homens em troca de dinheiro,
este homem é classificado por ela como sendo o cliente, isto é, clientes “são aqueles
homens com quem as garotas mantêm relações sexuais no contexto da prostituição,
caracterizadas, principalmente, pelo contato sexual e pelo dinheiro” (2000, p. 183).
Porém, vejo que há possibilidades de os clientes serem outros sujeitos para além da
categoria restrita de homens, tendo em vista que limitar o cliente como um homem, seria
afirmar que as profissionais do sexo estão exclusivamente ligada a uma norma
heterossexual.
Além disso, segundo Piscitelli, há dois pólos extremos de discussões que abordam a
prostituição, um é visto “como caso extremo do exercício abusivo do sexo, portanto, quem
oferece serviços sexuais é percebida como inerentemente vítima de violência” (2005, p.
13) e outro que vê a “vinculação das mulheres com o sexo a fonte de seu maior poder”
(Idem), isto é, em uma das abordagens as profissionais do sexo são vistas através de uma
objetificação sexual e em outra como possuidora de sua autonomia sexual. Ambas
abordagens possuem limites: se por um lado a agência é apagada, por outra deixamos
muito simplista a complexidade que existe nas relações de poder.
Não é recente que a prostituição de mulheres é uma problemática no campo acadêmico
e/ou para muitos movimentos feministas. A partir de uma perspectiva de dominação
masculina e do “patriarcado”, alguns grupos colocam este tipo de atividade como mais
uma forma de opressão das mulheres, tanto de um sistema capitalista (do mercado sexual)
como de uma estrutura, onde os homens estariam submetendo-as em uma posição de
submissão. Não nego, porém, que tenha, em algum contexto, violência no comércio sexual
envolvendo a prostituição de mulheres, mas não pretendo utilizar essa ideia como uma
verdade fixa e absoluta para entender todos os aspectos desta prática sexual, isto é,
pretendo compreender os processos de subjetivação e constituição dos sujeitos a partir da
voz das próprias interlocutoras do trabalho, não necessariamente entendidas como vítimas.
Entre as diversas correntes do feminismo, o que se destaca contra a prostituição de
mulheres, são as abolicionistas. De acordo com Piscitelli (2012), os movimentos que
adotam essa perspectiva, da teoria abolicionista, tendem ver a prostituição e o tráfico de
mulheres como indissociáveis. Ela afirma que o abolicionismo mais radical e
contemporâneo tende a olhar para a prostituição como uma violência sexista, que resulta de
um processo iniciado na publicidade, incluindo espetáculos, o mercado matrimonial, a
pornografia e enfim se encerra na prostituição. Através desta perspectiva, a prostituição
seria resultado de carências afetivas e violências físicas, sexuais vividas no período da
infância, negando qualquer forma de prostituição livre, o direito de prostituir-se. O
abolicionismo, vê a prostituição como mais uma forma de exploração sexual “porque nela
se obtém prazer sexual mediante a utilização abusiva da sexualidade de uma pessoa,
anulando os seus direitos à dignidade, igualdade, autonomia e bem estar” (2012, p. 21 -22).
Contestando as correntes universalistas, a teoria pós-estruturalista traz uma crítica a
este modelo de explicação estruturante que, através da interseccionalidade, argumenta que
a opressão não se dá de forma fixa e universal, tendo em vista, entre muitas
argumentações, a de que há um agenciamento do sujeito, e de que o poder não é algo dado
a alguém, onde uma pessoa tem o poder e outra não, mas segundo a teoria foucaultiana, se
dá nas relações, segundo o contexto em que elas ocorrem. Deste modo, Piscitelli (2008)
contribui fazendo uma reflexão onde diz que, não há como pensar num processo de
opressão que perpassa todos os sujeitos, como por exemplo, o de dominação universal de
um homem sobre uma mulher, pois o sujeito possui uma agência, que o possibilita a agir,
mediada cultural e socialmente.
Compreendendo as divergências das discussões sobre a prostituição, Marco Vieira
(2005), em relação ao mercado do sexo transnacional, afirma que as discussões que
ocorrem em torno da prostituição como um meio de vida, ainda está longe de chegar a um
consenso, ainda mais se as mulheres envolvidas com esse trabalho continuarem a
permanecer sem voz ativa e estigmatizadas, principalmente por um contexto abolicionista
que enxerga exploração sexual e prostituição, como dito anteriormente, dois pontos
indissolúveis.
Além da problematização referida pelo autor anteriormente citado, outra questão diz
respeito a estigmatização da profissão do sexo. Anne McClintock (2003), ao se referir ao
período vitoriano, ao refletir sobre a prática de sadomasoquismo e fetichismo, a partir do
1
diário de Hannah Cullwick , afirma que
1
Ela foi uma doméstica da época vitoriana, que em uma de suas atividades como diarista despertou a
atenção de Arthur Munby. Ambos casaram-se posteriormente em segredo e mantinham uma relação de
fetichismos, que incluía trocas de papéis, que proporcionava um certo erotismo em suas relações. Cullwick
relatou essas experiências em um diário com fotografia e relatos.
sujeito, mas possuem atribuições morais extremamente polarizadas, pois ser prostituta
ainda é ser vista como a praticante do “sexo sujo”, e ser esposa do sexo legítimo.
Há, entretanto, outras formas pelas quais a prostituição de mulheres é abordada, por
exemplo, como argumenta Érika de Moraes (2017), se por um lado temos a prostituição
vista como algo marginalizado e estigmatizado, por outro, a atividades é por vezes
representada como algo glamouroso, especialmente nos cinemas, que possui inclusive
filmes renomados e populares que representam de diferentes formas as mulheres na
prostituição, como o clássico Bonequinha de Luxo (lançado em 1961), Uma Linda Mulher
(1990), e o filme brasileiro que contou a história real de uma ex-profissional do sexo,
Bruna Surfistinha (2011), ficando famosa pelo seu blog e depois pelo lançamento de um
livro. Desta forma, há uma multiplicidade de visões na qual perpassa a prostituição, ora
estigmatizada, ora vista através do cinema (um importante artefato cultural), como uma
profissão de luxo.
Dado uma breve dimensão sobre o tema, vejo que são diversas questões que envolvem
o mercado sexual, mais especificamente a prostituição de mulheres, marcada como a
profissão da imoralidade, isto é, uma prática que é vista muitas vezes como a transgressora
da ordem, que foge a “normalidade social” (OLIVAR, 2013), e que, por isso, precisa ser
analisada, tendo em vista que ela modifica os sujeitos, que envolve escolhas e não
escolhas, desejos, prazeres, novas identificações que se alteram nas relações e contextos,
portanto, um ato que excita o conhecimento.
Entre todos os diferentes dessas profissionais, este estudo destaca-se pelo foco nas
estudantes universitárias, isto é, as profissionais do sexo mulheres maiores de 18 anos que
também se identificam como acadêmicas, pensando essa identificação como uma das
“categorias” do/no mercado sexual. Quando essas profissionais se posicionam como
estudantes, aparentemente há uma valorização no mercado, caso o contrário não haveria
porque elas usarem, por exemplo, em suas descrições em sites de anunciação essa
característica de identidade. O termo “estudantes”, no comércio sexual, está relacionado
com a baixa idade, assim como certos gestos, falas, alguns padrões estéticos, corpos, entre
outros aspectos que a clientela espera de uma profissional do sexo reconhecida como
universitária.
Isso pode ser conferido em livros onde profissionais do sexo nos contam suas
experiências. Gabriela Natalia Silva (2014), mais conhecida como Lola Benvenutti, na
primeira frase de seu livro diz: “Sou Lola Benvenutti e faço porque gosto” (SILVA, 2014,
p. 11). A frase demonstra um outro lado da profissão, não limitada somente a uma
necessidade financeira, mas a uma satisfação íntima e pessoal.
No livro, a mesma descreve algumas de suas experiências, práticas quanto profissional
do sexo universitária. Em seus relatos, percebe-se que ela é uma prostituta de luxo. Ela nos
conta que iniciou suas buscas por clientes na internet, em salas de bate papo, isto aponta
como são importantes as ferramentas online para a expansão do mercado sexual, assim
como um local facilitador para marcar encontros.
2
No documentário, “Entre Livros e Lençóis” , que tem como foco a prostituição
universitária, Benvenutti conta que algumas e alguns de seus clientes valorizavam como
um diferencial ela ser estudante, e que essa característica era percebida pelo desenrolar da
conversa que ela mantinha durante o trabalho.
Em outro livro, quem nos conta suas experiências é a travesti, universitária, e
prostituta Amara Moira (2016). Mesmo a prostituição de travestis universitárias não sendo
o foco deste estudo, Moira traz importantes contribuições para pensar a relação entre
mercado do sexo, gênero feminino e universidade. Em sua obra, ela relata alguns de seus
trabalhos na prostituição de rua, uma perspectiva da profissão totalmente contrária aos
relatos de Benvenutti, tendo em vista entre eles o contexto em que se dava a prática, na rua.
Entre seus relatos, esta universitária narra as negociações de preços, e algumas práticas
abusivas que ocorrem quando se prostituia, como a insistência ao não uso de camisinha por
parte dos clientes. Um lado menos “romantizado” da profissão na qual apresentou
Benvenutti.
3
Em termos de contextos locais, uma notícia recém publicada em um jornal da cidade,
trata de um “ponto” de prostituição de rua em uma região de Campo Grande. Segundo o
depoimento de Dani Barros, uma prostituta universitária de vinte e seis anos, ela vê nos
2
Documentário disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=bZSwz6nCpP0> Acessado em: 26 de
julho 2017
3
Notícia disponível em: <
http://www.midianews.com.br/cotidiano/prostitutas-faturam-ate-r-1-mil-por-dia-na-regiao-do-zero-km/25828
6> Acesso em: 04/03/2017.
estudos uma possibilidade para sair da profissão. Mesmo afirmando que vê como esse
trabalho como qualquer outro, ela pretende sair após terminar o curso de Educação Física:
2. OBJETIVOS
6
Seu estudo teve como foco de análise discutir as experiências de passabilidade no que se refere às
performances de gênero, feminilidades e masculinidades, mostrando que passar por homem e/ou mulher
envolve estratégias de (in)visibilidade e conhecimento. Ele nos revela que o (não) passar por não se restringe
somente às diferenças de gênero e sexualidade mas, há uma intersecção com outros marcadores sociais da
diferença.
Analisar a prostituição universitária exercida por mulheres em Campo Grande - MS.
7
Disponível em <http://www.observatoriodaprostituicao.ifcs.ufrj.br/> Acessado em: 11 de agosto de 2017.
8
Disponível em <http://www.redeprostitutas.org.br/> Acessado em: 11 de agosto de 2017.
9
Disponível em<http://www.eseeufosseputa.com.br/> Acessado em: 11 de agosto de 2017.
aparece como importante reflexão para o diálogo.
Além disso, autoras/es que dialogam com gênero e sexualidade dentro das
perspectivas pós estruturalistas, como Judith Butler em seu livro Problemas de Gênero:
Feminismo e Subversão da Identidade (2015), Paul B. Preciado, Manifesto Contrasexual:
práticas subversivas de identidade sexual (2002), e adentrando no mercado sexual
composto também de artefatos culturais como revistas e pornôs, a obra Pornotopía:
arquiterura y sexualidad en Playboy durante la guerra fría (PRECIADO, 2010) e Nas
redes do sexo: os bastidores do pornô brasileiro, escrito por María Elvira Díaz-Benítez
(2010), também serão de extrema importância para minhas reflexões.
Por fim, acredito que essas/es autoras/es, assim como blogs mencionados que
trabalham com a prostituição, podem contribuir como base para essa pesquisa, e para o
debate contra perspectivas conservadoras, como a já mencionada abolicionista.
4. METODOLOGIA
10
Projetos do IBISS|CO disponível em: <http://www.ibiss-co.org.br/site/projetosVer/1/> Acesso em: 23 de
julho 2017.
não estando vinculados, e sendo apresentado para essas profissionais a pesquisa e o projeto
como dois pontos distintos e desvinculados, para que não sobreponha um mal entendido
com as prostitutas ou a própria instituição. Essa postura metodológica já foi apresentada e
aceita pelos responsáveis do referido projeto do IBISS|CO.
Também torna-se importante nesta pesquisa a investigação das redes sociais,
primeiramente por esta ser uma das ferramentas utilizadas por essas profissionais em
Campo Grande, além disso porque facilita uma interação com elas, tendo em vista que,
este meio de sociabilidade online nos possibilita o contato com sujeitos que preferem
permanecer anônimos, ou mesmo para aquelas que possuem certa resistência para uma
11
entrevista offline. Por exemplo, cito o site Photo Acompanhantes , com diversas fotos de
profissionais do sexo, onde elas descrevem algumas características que vão lhe valorizar
quando clientes forem fazer suas buscas por preferências. Entre essas descrições, encontrei
algumas com a tag “estudantes” e “universitárias”. Sites de anunciação como este, assim
como as salas online do Bate papo Uol Campo Grande, são importantes ferramentas para
dar expansão e maior visibilidade a esse mercado sexual.
Desta forma, a primeira parte do campo de pesquisa será feita através de uma
etnografia desses espaços online, isto é, uma pesquisa de campo online, adaptada ao
ambiente das mídias digitais, onde serão observados e analisadas imagens, vídeos,
mensagens, descrições entre outras possíveis informações sobre as profissionais do sexo
universitárias, que se encontram publicamente no ambiente virtual.
Entendo por “etnografia online”, algo semelhante ao que alguns autores chamaram de
“netnografia”, isto é, um método que visa abordar o espaço virtual, online (NOVELI,
2008). O método da “netnografia” vem sido utilizada, porém, por pesquisadores da área de
marketing e da administração, diferente da etnografia virtual (online), que vem sendo mais
usada na área de Antropologia e Ciências Sociais (AMARAL, NATAL, VIANA, 2008).
Deste modo, compreendo que seja mais adequado utilizar “etnografia online”. Isso consiste
em investigar os espaços online e interagir com as interlocutoras que acessam essas
tecnologias, as quais Richard Miskolci (2013) chamou de “mídias digitais”. Segundo ele,
11
Site Photo Acompanhantes disponível em:
<https://www.photoacompanhantes.com/acompanhantes/campo-grande-ms> Acesso em: 05 de mar. 2017.
em uma etnografia (offline) a aproximação com os sujeitos da pesquisa costuma ser mais
paulatina, dado em uma esfera pública e adentrando-se ao pouco na intimidade do/a
colaborador/a, diferente nas mídias digitais, onde costuma-se criar um contato no privado,
de forma que a relação entre interlocutor/a com o/a investigador/a permite um acesso mais
rápido à intimidade, o que não deixa de criar, evidentemente, alguns embaraços e dilemas
éticos (Idem).
Por isso, o mesmo autor ressalta alguns cuidados metodológicos ao fazer pesquisa
neste campo online, dizendo que “o uso de fotos também precisa ser autorizado e usado
com parcimônia e cuidado para tornar as pessoas não-identificáveis” (Idem, p. 19). Assim,
tomarei todo o cuidado, como o que habitualmente se tem em uma etnografia offline, para
não expor as profissionais do sexo que se dizem universitárias. Esta parte do campo, me
ajudará a fazer levantamentos qualitativos dos sites e espaços onde elas transitam, que
terão como objetivo auxiliar posteriormente nas análises.
Através do campo online será feito um convite, a fim de propor para as interlocutoras
um encontro para uma entrevista offline e semiestruturada. Esta abordagem, será realizada
de modo onde será apresentado um Termo de Consentimento Livre Esclarecido explicando
os fins da pesquisa, para que não haja qualquer constrangimento ou problemas posteriores,
ficando restrito com a pesquisadora qualquer informação pessoal dessas mulheres. As
entrevistas, caso autorizadas, serão gravadas em gravador digital para posterior transcrição.
Para as entrevistas serão convidadas 10 mulheres, cujo perfis serão escolhidos em
termos de idade, cor, raça, classe social, estilo corporal, entre outros marcadores. As
entrevistas serão realizadas em um espaço reservado da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, em que esta pesquisadora está vinculada, a fim de garantir o anonimato e as
condições necessárias para evitar qualquer constrangimento, inclusive para garantir que a
gravação tenha uma boa qualidade. No entanto, caso alguma interlocutora não queira dar a
entrevista nessa instituição, ela poderá propor um outro lugar em que se sinta confortável
para participar do estudo.
O critério de elegibilidade para que se possa participar deste estudo são: se identificar
como mulher que se reconhece como atuante na prostituição universitária (se prostituindo),
ter maior de 18 anos, e que exerça a prostituição em Campo Grande (mesmo que não
resida na cidade).
(24 meses - abril de 2017 a abril de 2019)
Descrição das 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 2 2 2 2 2
1 2 3 4 5 6 7 8 9
ações 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 0 1 2 3 4
A Pesquisa
x x x x x x x X x x x x x x x x x
t Bibliográfica
i Etnografia x X x x x x x x x x
v
i Observação
x x x x x x x x
d Participante
a Conversas
x x x x x x x
d Informais
e Entrevistas x x x x x x
s
Transcrição das
x x x x
m entrevistas
e Análise dos
x x x x
n dados
s Escrita para
x x x x
a qualificação
i Banca de
x
s qualificação
Escrita final
x x x
dissertação
Banca de defesa x
7. IMPACTOS E BENEFÍCIOS ESPERADOS PARA MATO GROSSO DO SUL
A princípio, acredito que a pesquisa possa ser uma iniciativa para a revisão do projeto
de lei, já apresentado acima solicitado pelo deputado Jean Wyllys, conhecido como PL
12
Gabriela Leite , que visa regulamentar a prostituição de forma a garantir direitos
elementares para a dignidade humana das profissionais do sexo.
Isto é, a pesquisa aqui em questão pode apontar uma demanda por parte dessas
mulheres para a necessidade de se repensar a continuidade da tramitação desse projeto,
visando um melhor bem-estar para essas profissionais, sejam elas as que residem em
Campo Grande (cidade foco da pesquisa), ou para as que vêm de outras regiões do estado
para fazerem seus programas na cidade, pois trazer essa visibilidade ao tema pode
contribuir intimamente para a diminuição de agressões tendo em vista a exposição e
enfrentamento a essa problemática da violência e vulnerabilidade.
12
Uma ex-prostituta reconhecida como a principal ativista dos direitos das prostitutas no Brasil.
Além disso, a pesquisa contribui para uma despatologização da Síndrome do
Estocolmo, uma condição psicológica usada como discurso por feministas com
perspectivas abolicionistas, que vê em todas as mulheres que se prostituem um processo de
vitimização, em que elas, sofrendo dessa síndrome, teriam depois de um longo período de
intimidações por parte de seus agressores (entenda-se clientes), se simpatizado com eles.
Esta perspectiva, tem como problema, ignorar o agenciamento de mulheres que optaram
por entrar na profissão, colocando-as em posições passivas.
Por conseguinte, a perspectiva sobre a qual essa pesquisa irá percorrer é ainda escassa,
os estudos mostram, segundo a revista publicada em 2013 pela Associação Brasileira
13 14
Interdisciplinar de AIDS (ABIA), em parceria com Davida e Fiocruz (com
financiamento do Ministério da Saúde – Departamento de DST/AIDS e Hepatites Virais),
que ainda são poucas as iniciativas de produções científicas que vincule a prostituição aos
direitos humanos, a temática possui uma invisibilidade em relação as políticas nacionais,
exceto quando essas pesquisas relacionam a prostituição com questões criminais, ao tráfico
15
de pessoas, exploração e prostituição infanto juvenil. Desta forma, torna-se importante a
produção de pesquisas que trarão a prostituição sobre o viés dos direitos humanos.
8.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
13
Informações disponível em <http://www.davida.org.br/> Acessada em 10 de agosto de 2017.
14
Informações disponível em <https://portal.fiocruz.br/pt-br> Acessada em 10 de agosto de 2017.
15
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