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A PERICULOSIDADE DO ISLÃ EM AYAAN HIRSI ALI

João Flávio Martinez1


Marcio Bogaz Trevisan2

RESUMO
Trata-se de uma síntese das obras da escritora Ayaan Hirsi Ali, constituído de
argumentos comprometedores da estreita aliança entre teologia islâmica e
terror islâmico. O texto deixa evidenciado a importância de uma abrangência
epistemológica sobre a concepção do islã pelo ocidente. Todo o empirismo da
autora é em si uma conclusão factual e testemunhal que o maometismo é
perigoso em si mesmo, pela potencialidade ao fanatismo e ao pragmatismo dos
terroristas internacionais. Religiosamente e historicamente, a escritora abre as
cortinas, desvendando que sim, sempre, o Alcorão e a Sharia foram perigosos
contra as sociedades que os acolheram. Apesar de singela, Ayaan propõem
algumas dicas elucidativas da problemática em questão e isso poderá sim, se
aplicado com cuidado, trazer algum alento a toda escaramuça acumulada pela
mágoa e ressentimento dos ocorridos nos últimos 1.400 anos.

PALAVRAS-CHAVE: 1 Terrorismo. 2 Teologia Islâmica. 3 Sharia. 4


Islamofobia
_________________________
INTRODUÇÃO
O Islã é uma religião perigosa? Ayaan Hirsi Ali afirma categoricamente
que sim. Ela argumenta que uma reforma religiosa seria necessária como o
único meio de acabar com os horrores terroristas que os fanáticos têm
perpetuado até nossos dias, a um preço de milhares de vidas inocentes,
1
Graduação em História pela Faculdade Dom Bosco de Monte Aprazível (2004)
2
Graduação em Teologia pela Faculdade Dehonina (2007); Graduação em Pedagogia - UNIGRAN;
Especialista em Teologia UNIFAI SP; Especialista em Metodologia do Ensino Superior UNIGRAN
(2008); Mestre em Educação pela UFGD (2011); Doutorando em Filosofia na Universidad Católica
Argentina (UCA); Coordenador do Grupo de Estudos sobre Filosofia e Teologia Cristã (GEFTC),;
Professor de Filosofia e Teologia da Universidade Católica Dom Bosco.
sobretudo, no mundo islamizado e dominado pela lei islâmica – a sharia.3 Para
a escritora, é uma obtusidade persistir, como os chefes de estado do ocidente
costumam fazer, ―eufemizando‖ os atos criminosos e violentos de extremistas
maometanos. Esses atos não podem ser dissociados da doutrina islâmica que
os inspiram e os motivam. É bastante relevante aceitar o fato de que tais
realizações ―martirizadoras‖ nascem e emergem de uma cosmovisão
sociopolítica engendrada dentro do próprio cerne religioso islâmico.
Atualmente o planeta tem aproximadamente um bilhão e meio de
praticantes do islã que se dividem em três grupos majoritários: Sunitas, Xiitas e
Sufis. Mas, de fato e na prática, o islã é um só e, como explicita Ayaan (2007),
não se pode negar que vários ensinamentos e expressões religiosas –
sobretudo e principalmente o objetivo de perpetuar e difundir a ―guerra santa‖ -
são polêmicos, mas real e a força motriz da atividade terrorista por detrás da
religião de Maomé. Na constatação da escritora, o islamismo ficou imune a
mudanças históricas e atualizações imprescindíveis para que a religião fosse
mais sociável com o contexto do século XXI. Então, o islamismo é o retrocesso
civilizatório e não apenas uma religião tacanha e obliqua.
Por expor a ideia de que a violência islâmica não tem raízes
em condições sociais, econômicas ou políticas — e nem
mesmo em erro teológico —, e sim nos textos fundamentais do
próprio islamismo, fui tachada de intolerante e ―islamofóbica‖.
Fui silenciada, execrada e humilhada. Fui considerada herege,
não só por muçulmanos — para quem já sou uma apóstata —,
mas também por alguns liberais do Ocidente, cujas
sensibilidades multiculturais se melindram com esse tipo de
pronunciamento ―insensível‖. (AYAAN, 2015, p. 3)
O historiador Paul Johnson (2001), em uma entrevista a Revista Veja,
explicitou que quando se fala de fundamentalismo islâmico, está se referindo a
uma expressão enganosa. Todo o Islã é fundamentalista na essência, pois a
palavra Islã não significa paz, mas submissão. Nos livros da autora ela
corrobora com essa cosmovisão. Deixa o leitor impactado com a periculosidade
dessa religião que no Ocidente pousa de religião filantropa, mas nos territórios
dominados por ela, caça os dissidentes como animais. Esse é o objetivo que o
presente artigo pretende alcançar.

3
Lei islâmica baseada no Alcorão e na tradição do profeta.
QUEM É AYAAN HIRSI ALI
A TV Cultura traz uma biografia reduzida da autora. Entendo que é o
suficiente para o proposto aqui e o entendimento do sobre o porquê ela se
tornou uma das mais aguerridas militantes contra as praticas religiosas do
islamismo:
Ayaan Hirsi Ali nasceu na Somália, mas por causa da militância
política do pai foi obrigada a deixar o país. Aos cinco anos, por
uma tradição local, foi submetida a uma cliterectomia, a
extirpação do clitóris. Criada numa família islâmica, de acordo
com as tradições da religião, se viu forçada pela família a um
casamento com um primo distante, que morava no Canadá. A
caminho de encontrar o marido, fugiu e seguiu para a Holanda,
onde pediu asilo. Estudou ciências políticas e se elegeu
deputada da Câmara Baixa do Parlamento holandês, onde
ficou de janeiro de 2003 a maio de 2006. Deixou o país no final
de 2006, após perder o cargo e a cidadania holandesa,
acusada de mentir ao solicitar asilo. Ayaan Hirsi Ali escreveu o
argumento para o filme Submission [Submissão, filme realizado
em 2004 e exibido na televisão holandesa, é um curta-
metragem de dez minutos sobre a violência exercida contra as
mulheres muçulmanas, especialmente a circuncisão feminina, e
alertando para outros abusos, como incestos, estupros
consentidos, casamentos forçados e o suicídio forçados de
jovens mulheres muçulmanas migrantes], do holandês Theo
Van Gogh. Nele, apresenta o seu ponto de vista sobre a
submissão das mulheres muçulmanas. Após a exibição, viu o
seu parceiro na produção ser assassinado. Um bilhete fincado
em seu peito dizia que ela seria a próxima. Desde então,
passou a andar com seguranças. Em 2007, Ayaan lançou um
livro autobiográfico onde conta a sua trajetória: Infiel retrata o
percurso da garota que nasceu na Somália, um dos países
mais pobres da África, viveu exilada na Arábia Saudita, Etiópia
e Quênia, e que depois se transformou em deputada e
escritora, na Holanda. Neste ano [2008], Ayaan Hirsi Ali
lançou A virgem na jaula: um apelo à razão. O livro é uma
coleção de escritos que elaborou graças ao trabalho de
tradutora que teve nos primeiros anos na Holanda. A
experiência possibilitou que ela tivesse contato com histórias
de outras famílias muçulmanas que, mesmo no Ocidente,
mantêm os costumes de seus países de origem. Em 2005, a
revista Time a incluiu na lista das cem pessoas mais influentes
do mundo. Ayaan Hirsi Ali esteve no Brasil para participar da
conferência Fronteiras do Pensamento Copesul-Braskem,
realizada em Porto Alegre e Salvador, no final do mês de junho
[de 2008]. Atualmente, vive em Washington, nos Estados
Unidos, onde trabalha no American Enterprise Institute [for
Public Policy Research – Instituto Americano de
Empreendimento para a Pesquisa de Política Pública] na
defesa dos direitos das mulheres muçulmanas. (Disponível em:
<http://tvcultura.cmais.com.br/rodaviva/ayaan-hirsi-ali-1>.
Acesso em: 07 de agosto de 2015).

O ISLÃ
O Islamismo é uma das três religiões monoteístas baseada nos
ensinamentos de Maomé ou Mohammad (570-632 D.C.), chamado ―O Profeta‖,
contidos no livro sagrado islâmico, o Alcorão. A palavra islã significa:
submissão, e exprime o servilismo ao conjunto de leis religiosas, a sharia. Seus
seguidores são chamados de muçulmanos, que significa aquele que se
submete ao bom Alá.
Maomé nasceu na cidade de Meca, na Arábia Saudita, centro de
animismo e idolatria. Como qualquer membro da tribo Quirache, Maomé viveu
e cresceu entre mercadores. Seu pai, Abdulá, morreu por ocasião do seu
nascimento, e sua mãe, Amina, quando ele tinha seis anos. Aos 40 anos,
Maomé começou sua pregação, quando, segundo a tradição, teve uma visão
do anjo Gabriel, que lhe revelou a existência de um Deus único. Dentro dessa
conjuntura de visões e revelações, Maomé quase foi à loucura tentando o
suicídio e acreditando que suas visões eram diabólicas, se não fosse a sua
esposa ele teria tirado a sua própria vida. Khadija era uma viúva rica que se
casou com Maomé e investiu toda sua fortuna na propagação da nova doutrina.
Maomé passou a pregar publicamente sua mensagem, encontrando uma
crescente oposição. Perseguido em Meca, foi obrigado a emigrar para Medina,
no dia 20 de Junho de 622. Esse acontecimento, chamado Hégira (emigração),
é o marco inicial do calendário muçulmano até hoje. Maomé faleceu no ano
632.
Segundo os muçulmanos, o Alcorão contém a mensagem de Deus a
Maomé, as quais lhe foram reveladas entre os anos 610 a 632. Seus
ensinamentos são considerados infalíveis. São divididos em 114 suras
(capítulos), ordenadas por tamanho, tendo o maior 286 versos. A segunda
fonte de doutrina do Islã, a Suna, é um conjunto de preceitos baseados nos
hadiz (ditos e feitos do profeta).
O objetivo final do Islamismo é subjugar o mundo e regê-lo pelas leis
islâmicas, mesmo que para isso necessite matar e destruir os ―infiéis ou
incrédulos‖ da religião. Segundo eles, Alá deixou dois mandamentos
importantes: o de subjugar o mundo militarmente e matar os inimigos do
Islamismo – os idólatras (que seriam os judeus e cristãos).
Nesta sinopse sobre o islã, finalizo com o apotegma de Ayaan sobre sua
antiga crença:
Para os muçulmanos, adorar a Deus significa obediência total
às normas de Alá e abstinência total de pensamentos e atos
que ele declarasse proibidos no Alcorão... Quando se diz que
os valores islâmicos são a compaixão, a tolerância e a
liberdade, olho para a realidade, para as culturas e os governos
reais, e simplesmente vejo que não é assim. (ALI, 2009, p.
494).

O OCIDENTE E SUA POUCA COMPREENSÃO DO ISLÃ


Na cosmologia religiosa islâmica não existe estado de um lado e religião
de outro – tudo é uma coisa só, ou como eles chamam: tudo é uma ―única
comunidade‖, vivendo nas regras do Alcorão Sagrado e pela Sharia. Ayaan
arrazoa da seguinte maneira:
Quando tentam explicar o caminho violento de alguns islamitas,
analistas ocidentais às vezes atribuem tudo a condições
econômicas penosas, circunstâncias familiares disfuncionais,
confusão de identidade, alienação genérica de homens e
jovens, falta de integração na sociedade maior, doença mental
etc. Alguns da esquerda asseveram que a culpa é da política
externa norte-americana. Nada disso é convincente. A jihad no
século XXI não é um problema de pobreza, de educação falha
ou de qualquer outra condição social prévia... Precisamos ir
além dessas explicações fáceis. O imperativo da Jihad está
arraigado no próprio Islã. É uma obrigação religiosa. Mas ele
também reflete influência das mentes estratégicas por trás da
jihad global, em especial: Sayyid Qutb, autor de Milestones,
que explicitamente argumentou que o islã não é apenas uma
religião, e sim um movimento político revolucionário; Abdullah
Azzam, mentor de Osama Bin Laden, que propôs uma teoria da
jihad pela ideia do ―lobo solitário‖ individualista; e o general do
exército paquistanês S. K. Malik, que no livro The Quranic
Conception of War afirma que o único centro de gravidade na
guerra é a alma do inimigo e, portanto, o terror é a arma
suprema. (ALI, 2015, p. 180, 181).
A pesquisadora expõe ainda que o islã é muito mais que religião – é
uma facção religiosa, política e fundamentalista:
Temos de reconhecer que eles são movidos por uma ideologia
política, uma ideologia com raízes no próprio islã, no livro santo
do Alcorão e na vida e ensinamento do profeta Maomé
descritos no hadith (ditos e feitos do profeta). Deixo claro o meu
ponto de vista nos termos mais simples possíveis: o islamismo
não é uma religião pacífica. Por expor a ideia de que a
violência islâmica não tem raízes em condições sociais,
econômicas ou políticas – e nem mesmo em erro teológico -, e
sim nos textos fundamentais do próprio islamismo... Pretendo
fazer muita gente se sentir incomodada – não só muçulmanos,
mas também os apologistas ocidentais do islã... Sem
alterações fundamentais em alguns dos conceitos centrais do
islã não resolveremos, a meu ver, o problema urgente e cada
vez mais global da violência política perpetrada em nome da
religião. (ALI, 2015, p. 10, 11).
A autora nos deixa alertados da bruma que cega os olhos dos ocidentais
– é preciso que vejamos que o islamismo é culpado pelos atentados dos
fanáticos islâmicos atuais nas ruas ocidentais (ou mesmo no oriente)! Eles não
agiram sem ter um contexto histórico e teológico para seguir como linha de
raciocínio. Se Maomé estivesse vivo hoje, provavelmente atuaria com os atuais
radicais e os classificariam como verdadeiros servos de Alá:
O problema é o Alcorão e o profeta Maomé. É a mensagem à
qual está sujeito 1,2 bilhão de indivíduos no mundo. O Islã não
é só uma religião, mas uma civilização. Seu aspecto político e
social, regido por códigos severos, contém sementes fascistas.
É um sistema que espolia as liberdades do indivíduo e intervém
na sua privacidade sem admitir ser contestado. Nenhum
muçulmano é livre para questionar a sua crença religiosa. Ao
contrário da Bíblia e do Talmude, livros sagrados dos
monoteísmos abraâmicos semelhantes ao islamismo, qualquer
exegese do Alcorão é inadmissível. Os muçulmanos devem
crer, cegamente. Eu aprendi a decorar o Alcorão desde a
infância, posso recitar suras inteiras. Algumas delas servem
para justificar a violência, liberar a consciência dos seus
autores e também dos observadores passivos. Segundo o livro
sagrado do islamismo, os fiéis devem aspirar, em permanência,
ao conhecimento. O mesmo livro diz que Alá sabe tudo. Toda
fonte de conhecimento está contida no Corão. Pergunto, como
conciliar as duas exigências? Qualquer comunidade que vive
segundo os preceitos de Maomé e do Alcorão torna-se
patológica. (Disponível em: <
http://www.cacp.org.br/entrevista-com-ayaan-hirsi-ali/ >
Acesso em: 17 de setembro de 2015)
As famílias islâmicas que se abrigam no ocidente, segundo a autora, são
comunidades disfuncionais ao tecido da existencialidade da sociedade
ocidentalizada:
É, portanto, de extrema importância que compreendamos a
dinâmica da família muçulmana, pois nela está a chave para
(entre outras coisas) a suscetibilidade de tantos jovens
muçulmanos ao radicalismo islâmico... Uma minoria radical
entre os muçulmanos acreditam que o islã está sob ataque.
Essa minoria está dedicada a vencer a ―guerra‖ santa que
declarou contra o ocidente. Seu objetivo final é restaurar um
califado teocrático nos países muçulmanos e impor tal sistema
ao restante do mundo. Um grupo maio de muçulmanos,
vivendo principalmente na Europa e nos Estados Unidos,
acredita que atos de terror cometidos por seus colegas
muçulmanos provocarão uma reação indiscriminada do
Ocidente contra todos os muçulmanos. Com esse sentimento
coletivo de perseguição, muitas famílias muçulmanas que
moram no Ocidente se isolam em guetos produzidos por elas
mesmas. Nesses guetos, agentes do islã radical cultivam sua
mensagem de ódio e buscam soldados rasos para combater
como mártires de sua distorcida visão de mundo. Jovens e
desorientados em famílias disfuncionais de imigrantes
constituem recrutas perfeitos para tal causa. Com o contínuo
fluxo migratório proveniente do mundo todo e uma taxa de
natalidade consideravelmente maior nas famílias muçulmanas,
ignorar esse fenômeno é algo que fazemos por nossa própria
conta e risco. (ALI, 2011, p. 16 e 17).

A SHARIA
Sharia é a doutrina dos direitos e deveres religiosos do islã. Abrange as
obrigações cultuais (orações, jejuns, esmolas, peregrinações), as normas
éticas, bem como os preceitos fundamentais para todas as áreas da vida
(matrimônio, herança, propriedade e bens, economia e segurança interna e
externa da sociedade). Originou-se entre os séculos VII e X d.C. a partir dos
trabalhos de sistematização realizados por eruditos e legisladores islâmicos e
baseia-se no Corão, suplementado pela Suna (ditos e feitos do profeta), a
descrição dos atos normativos do profeta Maomé.
Onde a sharia é estabelecida, o direito civil e a liberdade de expressão
são cruelmente sufocados. A ideologia de grupos extremistas islâmicos visa ao
objetivo de conquistar o mundo para implantar a sharia como legislação
suprema:
Outra mudança seria na sharia, que regula absolutamente tudo
no mundo islâmico. Há organizações e líderes muçulmanos
que sustentam que o Islã não é o problema. O termo
(―islamofobia‖) foi fabricado para calar qualquer discussão ou
crítica ao Islã. Foi criado por quem quer promover a ideia da
sharia. (Disponível em: < http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-
constantino/cultura/islamofobia-e-um-termo-inventado-por-
quem-defende-a-sharia-diz-escritora-perseguida-pelo-isla/>
Acesso em: 17 de setembro de 2015)
Se olharmos a propaganda islâmica e sua agenda, o que estão
dizendo é que as pessoas têm que viver pela lei da Sharia, a lei
divina. É claro que há lei secular e questões de liberdade e
governos que não têm nada a ver com religião. Porém, é
possível ter uma discussão e uma opinião diferente sobre os
seculistas e problemas como governo e sexualidade, mas
tradicionalmente o principal problema tem sido entre pessoas
que querem a religião no centro da moralidade e do governo e
as outras que dizem ‗não, a religião deveria ser pessoal‘.
(Disponível em: < http://www.cacp.org.br/ayaan-hirsi-ali-cultura-
crista-e-superior-a-islamica/ > Acesso em: 17 de setembro de
2015)
A sharia já é uma realidade em guetos dentro de berços democráticos
como a Inglaterra e França. Leis paralelas às democráticas imperam nessas
comunidades islâmicas e Ayaan denuncia isso:
Hoje existem vários tribunais da sharia em funcionamento na
Grã-Bretanha. Segundo a sharia, em vez de herdarem com
igualdade, como manda a lei nacional britânica, as mulheres
muçulmanas só podem herdar metade do que herdam os
homens; mulheres muçulmanas divorciadas não herdam nada
e não podem adotar crianças, e os casamentos de não
muçulmanos não são reconhecidos. A pressão para que a
sharia se aplique em outros países ocidentais também é
crescente. A França, por exemplo, esta sendo pressionada a
mudar suas leis que proíbem a poligamia, pois homens e
países muçulmanos querem que sua segunda ou terceira
esposa imigre para juntar-se a eles. Até o momento as
autoridades francesas se recusaram a sancionar casamentos
polígamos, assim como a apoiar o uso de véu na escola por
algumas muçulmanas. (ALI, 2015, p. 145).

A MISOGINIA ALCORÂNICA
No livro ―A Virgem na Jaula‖ [2008], Ayaan denuncia as atrocidades e
maus tratos às mulheres muçulmanas: garotas que são quase prisioneiras,
dedicadas a servir ao pai, irmãos e maridos. Pequenas meninas,
completamente em idades infantes, são oferecidas em casamentos arranjados
e manipulados por interesses tribais e machistas. Esposas, rechaçadas do
direito de viver, transformadas em máquinas de fazer filhos e em subserviência
extrema aos seus maridos/donos. As mulheres idosas acabam repetindo o ciclo
de opressão e servidão, corroborando com práticas tribais e mutilação genital
de crianças e as ―costuras vaginais‖ que garantem a virgindade das mulheres
até o casamento:
O islã é fortemente dominado por uma moral sexual derivada
de valores tribais árabes, vigentes quando o profeta Maomé
recebeu suas instruções de Alá... A essência de uma mulher
reduz-se a seu hímen. Seu véu serve de lembrete constante ao
mundo externo dessa moral asfixiante, que faz dos homens
proprietários das mulheres, obrigando-os a evitar suas mães,
irmãs, tias, cunhadas, primas, sobrinhas e esposas... É uma
ofensa quando uma mulher olha para um homem, roça seu
braço ou aperta sua mão. A reputação e a honra de um homem
dependem inteiramente do comportamento respeitável e
obediente das mulheres da família. (ALI, 2008, p. 11 e 12).

O ISLÃ E A VIOLÊNCIA
Ayaan havia previsto a violência religiosa muçulmana no ocidente,
pois uma Europa islamizada e com uma alta taxa de refugiados maometanos, é
campo fértil para o aparecimento de fanáticos que levam o Alcorão ao pé da
letra. Os campos islamizados são lugares onde os mais radicais religiosos
fazem suas colheitas; colheitas de pessoas geralmente sem esperança e
prontas para morrer em nome de uma fé abstrata. Nisto estão seguindo de
perto os ensinos do profeta Mohamed com relação ao tratamento dispensado
aos infiéis. Ayaan vaticina isso ao afirmar:
Um muçulmano moderado não questiona Maomé nem
rejeita ou revisa textos do Alcorão. Talvez o muçulmano
moderado não pratique o islã da mesma maneira
praticada por um muçulmano fundamentalista – cobrindo-
se com véus, por exemplo, ou recusando a apertar a mão
de uma mulher -, mas tanto o fundamentalistas como os
chamados moderados concordam quanto à
autenticidade, ao caráter verdadeiro e ao valor das
escrituras muçulmanas. É por isso que os
fundamentalistas conseguem, sem grande dificuldade,
convencer muçulmanos pouco praticantes a começar seu
envolvimento na luta interna, a jihad íntima. Ordens são
claras no Alcorão como ―bata nas mulheres‖ e ―mate os
infiéis‖ se tornaram obscuras, e muitas cercas são
construídas ao seu redor… O islã não é apenas uma
crença, um modo de vida, um modo violento de viver. O
islã está embebido na violência e encoraja a prática da
violência (no mundo). O deus dos fundamentalistas é
todo-poderoso; ele ditou o Alcorão, e precisamos viver
como viveu o Profeta Maomé. Trata-se de uma posição
clara. São teólogos ocidentalizados que estão presos na
confusão, pois querem sustentar que o profeta Maomé
era um ser humano perfeito, cujo exemplo deve ser
seguido, que o Alcorão é uma escritura perfeita, e que
todos os seus mandamentos principais – mate os infiéis,
prepare emboscadas, tome a propriedade deles, obrigue-
os a se converterem, mate os homossexuais e os
adúlteros, condene os judeus, trate as mulheres como
gado (Cf. Surata 4 e 9) – são misteriosos erros de
tradução. Nos últimos anos, os americanos (ocidentais)
que escutaram meus alertas quanto ao impacto cada vez
mais perigoso do islã nas sociedades ocidentais me
perguntaram repetidas vezes: O que pode ser feito? A
mente muçulmana precisa ser aberta. Acima de tudo, a
atitude acrítica dos muçulmanos em relação ao Alcorão
precisa mudar, pois representa uma ameaça a paz
mundial. Eis aqui algo que aprendi do modo mais difícil,
mas que muitas pessoas bem-intencionadas no ocidente
têm dificuldade em aceitar: Todos os seres humanos são
iguais, mas há diferenças entre todas as culturas e
religiões. Uma cultura que celebra a feminilidade é
considera as mulheres senhoras de sua própria vida é
melhor do que uma cultura que mutila a genitália das
meninas e as confina atrás de paredes e véus ou as
açoita e apedreja quando se apaixonam. Uma cultura que
protege os direitos da mulher com lei é melhor do que
uma cultura na qual é permitido a um homem ter quatro
esposas ao mesmo tempo (fora as concubinas) enquanto
às mulheres é negada a pensão alimentícia e metade da
herança. Uma cultura que nomeia mulheres para a
Suprema Corte é melhor do que uma cultura que declara
que o depoimento de uma mulher tem metade do peso do
testemunho de um homem. Oprimir as mulheres faz parte
da cultura muçulmana. <http://www.cacp.org.br/o-isla-e-a-
violencia/> Acesso em: 16 de Novembro de 2015)
O ponto que gostaria de arrazoar é bastante simples. Os Muçulmanos
que cometem atos de violência e terror em nome de Deus podem encontrar
uma grande justificativa para suas ações com base nos ensinamentos do
Alcorão e nos ditos e exemplos do profeta Maomé? A seguir estão apenas
alguns dos versos do Alcorão que podem e têm sido usados na história do Islã
em apoio à violência em nome de Deus e as glórias do martírio em uma guerra
santa – textos que o próprio Osama Bin Laden usou como bandeira da sua
militância:
2:190-193 ―Combatei, pela causa de Deus, aqueles que vos
combatem… Matai-os onde quer se os encontreis… combatei-
os até terminar a perseguição e prevalecer a religião de
Deus…‖

2:216 ―Está-vos prescrita a luta (pela causa de Deus), embora


o repudieis. É possível que repudieis algo que seja um bem
para vós e, quiçá, gosteis de algo que vos seja prejudicial;
todavia, Deus sabe todo o bem que fizerdes, Deus dele tomará
consciência‖.

2:244 ―Combatei pela causa de Deus e sabei que Ele é


Oniouvinte, Sapientíssimo‖.
3:157-158 ―Mas, se morrerdes ou fordes assassinados pela
causa de Deus, sabei que a Sua indulgência e a Sua clemência
são preferíveis a tudo quando possam acumular. E sabei que,
tanto se morrerdes, como ser fordes assassinados, sereis
congregados ante Deus‖.
3:169 ―E não creiais que aqueles que sucumbiram pela causa
de Deus estejam mortos; ao contrário, vivem, agraciados, ao
lado do seu Senhor‖.
3:195 ―… quanto àqueles que… sofreram pela Minha causa,
combateram e foram mortos, absorvê-los-ei dos seus pecados
e os introduzirei em jardins, abaixo dos quais corres os rios,
como recompensa de Deus‖.
4:101 ―… os incrédulos; em verdade, eles são vossos inimigos
declarados‖.

4:74,76 ―Que combatam pela causa de Deus aqueles dispostos


a sacrificar a vida terrena pela futura, porque a quem combater
pela causa de Deus, quer sucumba, quer vença, concederemos
magnífica recompensa. Os fiéis combatem pela causa de Deus;
os incrédulos, ao contrário, combatem pela do sedutor.
Combatei, pois, os aliados de Satanás, porque a angústia de
Satanás é débil‖.
4:89 ―Não tomeis a nenhum deles por confidente, até que
tenham migrado pela causa de Deus. Porém, se se rebelarem,
capturai-os então, matai-os, onde quer que os acheis, e não
tomeis a nenhum deles por confidente nem por socorredor‖.

4:95 ―Os fiéis, que, sem razão fundada, permanecem em suas


casas, jamais se equiparam àqueles que sacrificam os seus
bens e suas vidas pela causa de Deus; Ele concede maior
dignidade àqueles que sacrificam os seus bens e suas vidas do
que aos que permanecem (em suas casas)‖.

5:36 ―O castigo, para aqueles que lutam contra Deus e contra o


Seu Mensageiro e semeiam a corrupção na terra, é que sejam
mortos, ou crucificados, ou lhes seja decepada a mão e o pé
opostos, ou banidos. Tal será, para eles, um aviltamento nesse
mundo e, no outro, sofrerão um severo castigo‖.

5:54 ―Ó fiéis, não tomeis por confidentes os judeus nem os


cristãos; que sejam confidentes entre si. Porém, quem dentre
vós os tomar por confidentes, certamente será um deles; e
Deus não encaminha os iníquos‖.
8:12-17 ―E de quando o teu Senhor revelou aos anjos: Estou
convosco; firmeza, pois, aos fiéis! Logo infundirei o terror nos
corações dos incrédulos; decapitai-os e decepai-lhes os dedos!
Isso, porque contrariaram Deus e o Seu Mensageiro; saiba,
quem contrariar Deus e o Seu Mensageiro, que Deus é
Severíssimo no castigo… Ó fiéis, quando enfrentardes (em
batalha) os incrédulos, não lhes volteis as costas. Aquele que,
nesse dia, lhes voltar as costas – a menos que seja por
estratégia… Vós que não os aniquilastes, (ó muçulmanos)! Foi
Deus quem os aniquilou‖.
8:59-60 ―E não pensem os incrédulos que poderão obter coisas
melhores (do que os fiéis). Jamais o conseguirão. Mobilizai
tudo quando dispuserdes, em armas e cavalaria, para intimidar,
com isso, o inimigo de Deus e vosso, e se intimidarem ainda
outros que não conheceis, mas que Deus bem conhece‖.

8:65 ―Ó Profeta, estimula os fiéis ao combate. Se entre vós


houvesse vinte perseverantes, venceriam duzentos, e se
houvessem cem, venceriam mil do incrédulos, porque estes
são insensatos‖.
9:5 ―… matai os idólatras, onde quer que os acheis; capturai-
os, acossai-os e espreitai-os; porém, caso se arrependam…‖.

9:14 ―Combatei-os! Deus os castigará, por intermédio das


vossas mãos‖.
9:29 ―Combatei aqueles que não creem em Deus e no Dia do
Juízo Final, nem abstêm do que Deus e Seu Mensageiro
proibiram, e nem professam a verdadeira religião daqueles que
receberam o Livro, até que, submissos, paguem o Jizya
[imposto para poder morar entre os Muçulmanos]‖.

47:4 ―E quando vos enfrentardes com os incrédulos, (em


batalha), golpeai-lhes os pescoços, até que os tenhais
dominado, e tomai (os sobreviventes) como prisioneiros… E se
Deus quisesse, Ele mesmo ter-Se-ia livrado deles; porém,
(facultou-vos a guerra) para que vos provásseis mutuamente.
Quanto àqueles que foram mortos pela causa de Deus, Ele
jamais desmerecerá as suas obras‖.
61:4 ―Em verdade, Deus aprecia aqueles que combatem, em
fileiras, por Sua causa, como se fossem uma sólida muralha‖.i
A leitura destas passagens é capaz de incitar à violência e produzir na
mente de muitos fiéis aversão contra os judeus, cristãos e outros não-
muçulmanos. Muito embora estes versos sejam evitados no discurso dos
muçulmanos ocidentais, não há como negar que na prática eles funcionam
como verdadeiros catalizadores para a violência na mente de fundamentalistas
que pretendem cumprir a todo custo a vontade de Alá explicitada em seu livro
sagrado.
A violência no Islã seja na forma de terrorismo ou na perseguição aos
cristãos e outras minorias no mundo muçulmano, ou a pena de morte para um
indivíduo que se afasta do Islã, não é simplesmente alguns incidentes isolados
ou deturpação exegética por aqueles que ensinam o Islã. Essas violências são,
de fato, a raiz do Islã, tal como encontrado no Alcorão e nas ações e
ensinamentos do seu próprio profeta.
A religião foi fundada por um guerreiro cujo ritmo das
conquistas superava o da reflexão de uma teologia ou teoria
política... Os conceitos de Jihad, martírio e de uma vida
começa somente depois da morte... (ALI, 2011, p. 347).
O Alcorão inspira a violência? ... Ele também é citado para
justificar atos de violência, inclusive guerra total contra os
infiéis... No alcorão a raiz da palavra ‗jihad‘ aparece
frequentemente ligada a combate (por exemplo, 2:218, 3.143,
8:72, 74-75, 9:16, 20, 41, 86, 61:11) ou a combatentes
(Mujahidin, 4:95, 47:31)... Na evolução histórica do islã, ‗a luta
armada- conquista agressiva – veio primeiro, e então
significados tradicionais foram agregados ao termo (jihad)‘... A
interpretação literal do Alcorão é fundamental na motivação das
sangrentas batalhas da jihad por toda a Síria e Iraque... Esta é
a guerra que ele prometeu – é a grande batalha. (ALI, 2015, p.
107, 108).

A SOLUÇÃO PARA O PROBLEMA DO ISLÃ


Ayaan Hirsi Ali faz um apelo insistente à comunidade muçulmana por
uma nova maneira de enxergar o mundo e a religião islâmica dentro dele,
propondo uma reforma no âmago do islamismo, o que entende ser o único
modo de acabarem com o terrorismo religioso, as guerras sectárias e a
repressão contra mulheres e outras minorias. Segundo Ali, ―o islã não é uma
religião de paz‖; o Ocidente não deve tolerar os extremistas e nem aceitar o
modelo islâmico de coletividade social. As comunidades islâmicas, mesmo
quando pacíficas, rejeitam veemente o sistema ocidental democrático de
sociedade. Então, sejam terroristas ou não, o islamismo não quer se engajar e
tolerar nossa sociedade. Quanto a isso ela explica o seguinte:
Sugiro que o Islã se reconcilie com a modernidade. Os líderes
islâmicos têm que reconhecer a liberdade dos membros das
comunidades. Se eles quiserem podem aprender com a
história do cristianismo, porque as pessoas foram reconhecidas
não como inferiores à comunidade, mas o indivíduo é superior
à comunidade. O indivíduo possui direitos e a liberdade para
formar sua livre associação, sua própria comunidade. Nasci
muçulmana e decidi não ser muçulmana, deveria ser
decapitada por isso? É o que pensam os radicais muçulmanos.
Você não pode deixar a fé? Isso é errado... A maioria dos
muçulmanos diz não gostar do pensamento radical, mas
também não quer ser vista como ocidentalizada, uma traição
aos valores islâmicos. Tento dizer que há outras opções
disponíveis sem rótulos ocidentais. Muitos muçulmanos com
quem encontro e converso, por exemplo, são atraídos pela
ideia de libertar mulheres, mas creem que isso seria trair o
Alcorão e o profeta Maomé. Digo que é correto trair os seus
ensinamentos por um bem maior: a liberdade das mulheres e
sua igualdade perante a lei... No Ocidente, a Igreja não é a
legisladora, a lei é feita de forma independente no Parlamento
e no Congresso. As pessoas que as produzem são eleitas por
outras pessoas, o presidente dos EUA não é eleito por Deus.
Isso é um grande progresso em termos de humanidade se
compararmos o cristianismo ao islamismo, um progresso que
os muçulmanos ainda não enfrentaram por completo.
<http://www.cartacapital.com.br/internacional/cultura-crista-e-
superior-a-islamica/> Acesso em: 18 de Novembro de 2015)
Nos últimos capítulos de seu livro ―Herege‖ [2015], Ayaan oferece um
registro detalhado de reformadores — imãs, sheiks, professores, intelectuais,
políticos, jornalistas — que, tanto dentro como fora dos países islâmicos,
segundo seu ponto de vista, já colocaram em marcha essa reforma por
modificações estruturais dentro do maometismo. Ela contaria com a
solidariedade velada de grande número de religiosos — entre eles, muitíssimas
mulheres— conscienciosas de que só graças a essa modernização de sua fé
poderiam seus países abraçar a modernidade e afastar-se do atraso medieval
que significa, em pleno século XXI, continuar apedrejando as adúlteras,
cortando as mãos dos ladrões, decapitando os hereges e apóstatas e
considerando que, perante a lei, o testemunho de uma mulher vale só a
metade do de um homem. Com muita razão, Ayaan exorta os mandatários e as
lideranças políticas dos países democráticos a dar seu apoio a quem,
arriscando sua vida, trava essa difícil ação religiosa e cultural, em vez de, por
razões meramente diplomáticas, amparar regimes despóticos como o da
Arábia Saudita e o Irã, onde predominam aqueles horrores, e outros não
menos bárbaros, como os apelidados ―crimes de honra‖ que faz com que o pai
ou os irmãos assassinem a mulher estuprada, pois esse estupro alegadamente
―desonrou‖ a família da vítima.
O que me faz duvidar (dessa reforma) são os exemplos
contrários – o agravamento do fanatismo e a atração irresistível
que exercem as organizações terroristas sobre tantos
adolescentes e até crianças— das quais seu livro dá conta.
São tão numerosos e são descritos com tanta precisão que a
impressão que se tira dessas páginas é exatamente a oposta.
Ou seja, que, em lugar de um processo de libertação, muitos
desses países, como demonstra o fracasso da chamada
Primavera Árabe, ao invés de se aproximarem da modernidade
livrando-se de crenças anacrônicas e sangrentas, são essas as
que mais parecem renascer, se fortalecer e infectar boa parte
da sociedade.
(http://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/17/opinion/1429282879_
747536.html/> Acesso em: 24 de Novembro de 2015,
Parênteses meu)
Quando indagada, se as mudanças religiosas viriam em breve
para as comunidades islâmicas, explicitou que as mudanças viriam, mas não
ocorreriam em breve:
Sou muito otimista e acho que vai acontecer, só não sei se isso
ocorrerá enquanto eu ainda estiver viva, ex-jihadistas que
foram membros da Al-Qaeda e do estado Islâmico que se
desculparam, que mudaram de ideia e estão pedindo
reformas... Governos podem colaborar encorajando a reforma,
ajudando as organizações que propõem mudanças,
confrontando a ideologia radical e propagando a narrativa da
vida, da vida antes da morte, em vez de vida após a morte.
(http://oglobo.globo.com/mundo/escritora-ativista-perseguida-
por-criticas-ao-isla-primeiro-passo-para-mudar-na-atitude-
16435613, Acesso em: 24 de Novembro de 2015, Parênteses
meu).

CONCLUSÃO
A odiosidade e as barbaridades causadas pelos islâmicos fanáticos e
terroristas são apontadas por Ayaan como prova de que é necessário e urgente
reformar o maometismo e retirar da religião o que a torna violenta e sangrenta.
Entretanto, a cosmovisão de Ayaan sobre a reforma no islã não deve ser aceita
facilmente ou com pouca rejeição. Ela é isola e rechaçada por ser a mais
sincera com os fatos e por colocar a religião como problema sem fugir do
assunto ou dos acertados crimes da religião do profeta Maomé.
Nas suas obras literárias, a escritora precipita julgamentos e se diz
desolada e decepciona com os liberais ocidentais, que se dizem defensores
dos direitos das mulheres, minorias e gays, mas não se posicionam contra a
teologia assassina e retrógrada da religião muçulmana. Para a autora, não há
dúvida de que a raiz das perseguições no mundo islâmico são frutos de uma
teologia ortodoxa e muito bem documentada no Alcorão e nas tradições do
profeta guerreiro.
No livro "Herege", Ayaan propõe uma série de alvos a reformar no islã,
como a ideia de que o profeta Maomé é infalível e que o Alcorão deva ser
levado sempre ao ―pé da letra‖. Mas o projeto – que transformaria a cultura
religiosa de 1,3 bilhão de pessoas– é tarefa hercúlea. O maometismo,
diferentemente do catolicismo, não tem um papa ou líder central, e a
religiosidade se alargou em torno de variadas interpretações de fé e apreço
pelo metafísico. Ayaan, sabendo disso, tenta encontrar primeiro líderes que
levem adiante esse projeto e, com coragem, disseminem essa nova ideologia
de vida no lugar da cosmovisão da morte.

REFERÊNCIAS:
► Livros:
1. ALI, A. H. Infiel. São Paulo: Cia das Letras, 2007.
2. ________. A Virgem na Jaula, Um Apelo à Razão. São Paulo: Cia das Letras, 2008.
3. ________. Nômade. São Paulo: Cia das Letras, 2011.
4. ________. Herege, Por que o Islã Precisa de Uma Reforma Imediata. São Paulo: Cia
das Letras, 2015.

i
Alcorão Sagrado, Tradução Prof. Samir El Hayek, 15° Edição.

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