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CORDEIRO
A MISSA COMO O CÉU NA TERRA
O BANQUETE DO CORDEIRO
A Missa como o Céu na Terra
DOUBLEDAY
Nova Yorque Londres Sidney Auckland
Para Kimberly
“Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta,
entrarei em sua casa e cearei com ele, e ele comigo. . . Depois disso olhei, e
eis que no céu uma porta estava aberta...” — Apocalipse 3:20, 4:1
CONTEÚDOS
Prefácio ........................................................................................................ 7
PARTE UM – O DOM DA MISSA .................................................................10
INTRODUÇÃO - Cristo está à porta, A MISSA REVELADA .......................... 10
UM – NO CÉU AGORA MESMO, O QUE ENCONTREI NA MINHA PRIMEIRA
MISSA.......................................................................................................... 12
IMERSO NAS ESCRITURAS ......................................................................... 12
FUMAÇA SAGRADA!.................................................................................... 13
PASSARAM-ME PARA TRÁS! ....................................................................... 14
PRÓXIMAS ATRAÇÕES ............................................................................... 14
DOIS - Dado por vós...................................................................................16
A HISTÓRIA DO SACRIFÍCIO....................................................................... 16
SOBRE O CORDEIRO.................................................................................. 16
PÃO SALUTAR ............................................................................................. 17
O ALCANCE DO MONTE MORIÁ ................................................................. 17
MAGNETISMO ANIMAL ............................................................................... 18
CONTANDO OVELHAS ................................................................................ 19
ESTADO ALTARADO: JERUSALÉM COMO CAPITAL REAL ......................... 19
DENTRO E FORA ........................................................................................ 20
RITOS DA VÍTIMA........................................................................................ 21
NÃO ESQUEÇA ESTA FESTA ...................................................................... 22
RETORNO DO INVESTIMENTO ................................................................... 22
TRÊS - Desde o início ................................................................................24
A MISSA DOS PRIMEIROS CRISTÃOS......................................................... 24
MISSAL GUIADO ......................................................................................... 25
RAÍZES EM ISRAEL ..................................................................................... 26
RECORDAÇÃO DA TODAH .......................................................................... 26
NÃO ACEITE SUBSTITUTOS ....................................................................... 27
TEXTO E IMAGEM ...................................................................................... 28
AQUELE VELHO REFRÃO FAMILIAR .......................................................... 29
QUATRO - Prove e veja (e ouça e toque) o Evangelho .............................31
ENTENDENDO AS PARTES DA MASSA ....................................................... 31
LITURGIA É FORMADORA DE HÁBITOS..................................................... 31
A DIVISÃO DE UM BOM MOMENTO ........................................................... 32
OS PROPÓSITOS DA CRUZ ......................................................................... 32
RITO PARA OS PECADOS............................................................................ 33
G-L-Ó-R-I-A ................................................................................................. 34
A IGREJA DO EVANGELHO PLENO ............................................................ 35
A NECESSIDADE DE OBSERVAR O CREDO............................................... 36
DÊ-LHE UMA OFERTA QUE ELE NÃO POSSA RECUSAR ........................... 37
MOBILIDADE PARA O ALTO........................................................................ 38
ASSUNTOS DE FAMÍLIA .............................................................................. 39
VOCÊS FORAM ENVIADOS AO CÉU ........................................................... 40
PARTE DOIS - A REVELAÇÃO DO CÉU .....................................................41
UM - “Virei para Ver” - O SENTIDO EM MEIO DO ESTRANHO................41
A MANCHA QUE NÃO SE PARECE COM NADA? ......................................... 41
O “BUG” DO MILÊNIO ................................................................................. 42
UMA EXPLOSÃO DO PASSADO................................................................... 43
EXPLICANDO OS PORQUÊS ....................................................................... 44
CÉU E TERRA EM MINIATURA ................................................................... 44
DA IMITAÇÃO À PARTICIPAÇÃO ................................................................. 45
DAS CINZAS ................................................................................................ 46
DOIS - Quem é quem no céu .....................................................................48
O ELENCO DE MILHARES DO APOCALIPSE .............................................. 48
“Eu, JOÃO”.................................................................................................. 49
“O CORDEIRO” ............................................................................................ 50
“UMA MULHER VESTIDA DE SOL” ............................................................. 50
A PRIMEIRA BESTA..................................................................................... 52
A SEGUNDA BESTA .................................................................................... 53
ANJOS ......................................................................................................... 55
MÁRTIRES, VIRGENS E OUTRAS PESSOAS ............................................... 56
ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU .............................................................. 57
TRÊS – O Apocalipse Naquele Tempo! ......................................................58
AS BATALHAS DO APOCALIPSE E A ARMA DECISIVA ............................... 58
SÍMBOLOS ESTREPITOSOS ........................................................................ 58
QUANTO TEMPO É "EM BREVE"? ............................................................... 59
PROSTITUTAS E RUMORES DE GUERRA ................................................... 60
UM CONTO DE QUATRO CIDADES (SODOMA, EGITO, JERICÓ, Babilônia)
.................................................................................................................... 60
TEMPOS DO SELO ...................................................................................... 61
A PRIMEIRA IGREJA DE CRISTO EM JERUSALÉM .................................... 62
SEMITAS ESPIRITUAIS ............................................................................... 62
ANDE UM CÔVADO EM SUAS SANDÁLIAS ................................................. 64
O CORDEIRO MATADOR............................................................................. 64
QUATRO - Dia do Julgamento ...................................................................66
SUA MISERICÓRDIA É ASSUSTADORA ...................................................... 66
POSSO TER UMA TESTEMUNHA? .............................................................. 67
ATINGIDA PELA DÚVIDA ............................................................................ 67
FRUTOS PROIBIDOS: AS VINHAS DA IRA................................................... 68
VICIADO EM UMA FRAQUEZA .................................................................... 69
ORDEM NO TRIBUNAL................................................................................ 70
O APOCALIPSE NA MISSA .........................................................................71
UM - Levantando o Véu, COMO VER OS INVISÍVEIS .................................. 71
OFICIALMENTEPARA .................................................................................. 71
SENHOR JESUS, VENHA EM GLÓRIA ........................................................ 72
TURÍBULOS EXTRASENSORIAIS?............................................................... 74
A AURA DE SIÃO ......................................................................................... 75
PRIMEIRO VEM O AMOR, DEPOIS VEM O CASAMENTO............................ 76
A VELHA ESCOLA ....................................................................................... 77
TOC, TOC .................................................................................................... 77
DOIS - Adoração é Luta .............................................................................79
O QUE VOCÊ VAI ESCOLHER: LUTAR OU FUGIR? .................................... 79
LUTAR OU FUGIR? ...................................................................................... 79
PÁGINAS DA SOCIEDADE ........................................................................... 80
VOCÊ CHAMA ISSO DE IRA? ...................................................................... 81
O CAMINHO NUPCIAL DA HISTÓRIA .......................................................... 82
RESISTINDO A UM DESCANSO .................................................................. 83
NÃO PODEMOS LEVANTAR PORQUE CAÍMOS ........................................... 84
ESTÁ CHEIO AQUI ...................................................................................... 84
FAÇA OS DEMÔNIOS SAÍREMGRITANDO .................................................. 85
O DIA D ....................................................................................................... 86
CHOQUE DE REALIDADE — SUPORTE-O .................................................. 87
TRÊS - A Ideia de Paróquia .......................................................................88
O APOCALIPSE COMO RETRATO DE FAMÍLIA ........................................... 88
HISTÓRIA DA FAMÍLIA ................................................................................ 88
O DEUS QUE É FAMÍLIA ............................................................................. 89
AFINIDADE PELA TRINDADE ...................................................................... 89
SEM SENTIR DOR ....................................................................................... 90
UMA GRANDE MUDANÇA ........................................................................... 90
PROBLEMAS TRIBAIS? ............................................................................... 91
TRAGA-A PARA CASA.................................................................................. 92
QUATRO - O Rito Dá Forças ......................................................................93
A DIFERENÇA QUE A MISSA FAZ ............................................................... 93
FAZENDO ESTARDALHAÇO........................................................................ 93
REFEIÇÃO DE JURAMENTO ....................................................................... 94
VERDADE — OU CONSEQUÊNCIAS ........................................................... 95
O VERDADEIRO AMOR SEMPRE ................................................................ 96
FAZER PRODÍGIOS ..................................................................................... 96
O BANQUETE ESTÁ PRONTO ..................................................................... 97
Fontes e Referências .................................................................................98
7
Prefácio
FUMAÇA SAGRADA!
Voltaria à missa no dia seguinte, e no dia seguinte, e no dia seguinte.
Cada vez que eu voltava, eu “descobria” mais das Escrituras cumpridas diante
dos meus olhos. No entanto, nenhum livro era tão visível para mim, naquela
capela escura, como o Livro do Apocalipse, o Apocalipse, que descreve a
adoração dos anjos e santos no céu. Como naquele livro, também naquela
capela, vi sacerdotes vestidos com mantos, um altar, uma congregação
cantando “santo, santo, santo”; vi a fumaça do incenso; ouvi a invocação de
anjos e santos; eu mesmo cantei os aleluias, pois fui atraído cada vez mais
para esse culto. Continuei sentado no banco de trás com minha Bíblia, e mal
sabia para que lado me virar — em direção à ação no Apocalipse ou à ação no
altar. Cada vez mais, eles pareciam ser a mesma ação.
Mergulhei com renovado vigor em meu estudo do cristianismo antigo e
descobri que os primeiros bispos, os Padres da Igreja, fizeram a mesma
“descoberta” que eu fazia todas as manhãs. Eles consideravam o livro do
Apocalipse a chave da liturgia, e a liturgia a chave do livro do Apocalipse. Algo
poderoso estava acontecendo comigo como estudioso e crente. O livro da Bíblia
que eu achava mais desconcertante — o livro do Apocalipse — estava agora
iluminando as ideias que eram mais fundamentais para minha fé: a ideia da
aliança como o vínculo sagrado da família de Deus. Além disso, a ação que eu
havia considerado a suprema blasfêmia - a missa - agora se tornou o evento
que selou a aliança de Deus. “Este é o cálice do meu sangue, o sangue da nova
e eterna aliança”.
Eu estava tonto com a novidade de tudo isso. Por anos eu vinha
tentando entender o Livro do Apocalipse como algum tipo de mensagem
codificada sobre o fim do mundo, sobre adoração no céu distante, sobre algo
que a maioria dos cristãos não poderia experimentar enquanto ainda
estivessem na terra. Agora, depois de duas semanas de frequência diária à
missa, eu me vi querendo me levantar durante a liturgia e dizer: “Ei, pessoal.
Deixe-me mostrar onde vocês estão no Apocalipse! Vá para o capítulo quatro,
versículo oito. Vocês estão no céu agora.”
14
PRÓXIMAS ATRAÇÕES
O Livro do Apocalipse era sobre alguém que estava por vir. Era sobre
Jesus Cristo e Sua “Segunda Vinda”, que é a maneira como os cristãos
costumam traduzir a palavra grega Parousia. Hora após hora naquela capela
em Milwaukee em 1985, eu vim a saber que aquele Alguém era o mesmo Jesus
Cristo que o padre católico levantava na hóstia. Se os primeiros cristãos
estivessem corretos, eu sabia que, naquele exato momento, o céu pousava na
terra. “Meu Senhor e meu Deus. Sois realmente Vós!”
15
A HISTÓRIA DO SACRIFÍCIO
A FRASE na Missa que me nocauteou foi o “Cordeiro de Deus”, porque
eu sabia que esse Cordeiro era o próprio Jesus Cristo.
Ninguém precisa te dizer isso. Talvez você tenha cantado ou recitado as
palavras mil vezes: “Cordeiro de Deus, que tiras o pecado do mundo, tem
piedade de nós”. Assim como muitas vezes você viu o sacerdote erguer a Hóstia
partida e proclamar: “Este é o Cordeiro de Deus...” O Cordeiro é Jesus. Isso
não é novidade; é o tipo de fato que encobrimos. Jesus é muitas coisas, afinal:
Ele é Senhor, Deus, Salvador, Messias, Rei, Sacerdote, Profeta... e Cordeiro.
No entanto, se estivéssemos realmente pensando, não passaríamos por
cima desse último título. Olhe novamente para essa lista: Senhor, Deus,
Salvador, Messias, Rei, Sacerdote, Profeta – e Cordeiro. Uma destas coisas não
é como as outras. Os sete primeiros são títulos com os quais poderíamos
dirigir-nos confortavelmente a um Deus-Homem. São títulos com dignidade,
implicando sabedoria, poder e status social. Mas Cordeiro? Mais uma vez,
peço-lhe que se livre de dois mil anos de significado simbólico acumulado.
Finja por um momento que você nunca cantou o “Cordeiro de Deus”.
SOBRE O CORDEIRO
O título, então, parece quase cômico em sua inadequação. Os cordeiros
geralmente não estão no topo das listas dos animais mais admirados. Eles não
são particularmente fortes, inteligentes, rápidos ou bonitos. Outros animais
parecem mais dignos. Podemos facilmente imaginar Jesus, por exemplo, como
o Leão de Judá (Ap 5:5). Os leões são reais; são fortes e ágeis; ninguém mexe
com o rei dos animais. Mas o Leão de Judá faz apenas uma aparição no Livro
do Apocalipse. Enquanto isso, o Cordeiro domina, aparecendo nada menos
que vinte e oito vezes. O Cordeiro governa, ocupando o trono do céu (Ap 22:3).
É o Cordeiro que lidera um exército de centenas de milhares de homens e
anjos, causando medo no coração dos ímpios (Ap 6:15-16). Esta última
imagem, do Cordeiro feroz e assustador, é quase incongruente demais para
imaginar com uma cara séria.
No entanto, para João, esse assunto do Cordeiro é sério. Os títulos
“Cordeiro” e “Cordeiro de Deus” são aplicados a Jesus quase exclusivamente
nos livros do Novo Testamento que são atribuídos a João: o Quarto Evangelho
e o Livro do Apocalipse. Embora outros livros do Novo Testamento (veja Atos
8:32–35; 1 Pe 1:19) digam que Jesus é como um cordeiro em certos aspectos,
somente João ousa chamar Jesus de “o Cordeiro” (ver João 1:36 e em
Apocalipse).
Sabemos que o Cordeiro é central tanto para a Missa quanto para o
Livro do Apocalipse. E nós sabemos Quem é o Cordeiro. No entanto, se
17
PÃO SALUTAR
Para o antigo Israel, o cordeiro era identificado com sacrifício, e o
sacrifício é uma das formas mais primitivas de adoração. Já na segunda
geração descrita em Gênesis, encontramos, na história de Caim e Abel, o
primeiro exemplo registrado de uma oferta de sacrifício. “Caim trouxe ao
Senhor uma oferta dos frutos da terra, e Abel trouxe das primícias das suas
ovelhas e das suas gorduras” (Gn 4:3-4). No devido tempo, encontramos
holocaustos semelhantes de Noé (Gn 8:20-21), Abraão (Gn 15:8-10; 22:13),
Jacó (Gn 46:1) e outros. Em Gênesis, os patriarcas estavam sempre
construindo altares, e os altares serviam principalmente como locais de
sacrifício. Além dos holocaustos, os antigos às vezes derramavam “libações”,
ou oferendas de vinho.
Dos sacrifícios em Gênesis, dois merecem nossa atenção mais
cuidadosa: o de Melquisedeque (Gn 14:18-20) e o de Abraão e Isaque em
Gênesis 22.
Melquisedeque aparece como o primeiro sacerdote mencionado na
Bíblia, e muitos cristãos (seguindo a Carta aos Hebreus 7:1-17) o viram como
um prenúncio de Jesus Cristo. Melquisedeque era tanto sacerdote quanto rei,
uma combinação estranha no Antigo Testamento, mas que mais tarde seria
aplicada a Jesus. Gênesis descreve Melquisedeque como rei de Salém, uma
terra que mais tarde se tornaria “Jeru-salém”, que significa “Cidade da Paz”
(ver Sl 76:2). Jesus se levantaria um dia como rei da Jerusalém celestial e,
novamente como Melquisedeque, “Príncipe da Paz”. Finalmente, o sacrifício de
Melquisedeque foi extraordinário, pois não envolveu animais. Ele ofereceu pão
e vinho, como Jesus faria na Última Ceia, quando instituiu a Eucaristia. O
sacrifício de Melquisedeque terminou com uma bênção sobre Abraão.
CONTANDO OVELHAS
Mas o sacrifício crucial na história de Israel foi a Páscoa, que precipitou
a fuga dos israelitas do Egito. Foi na Páscoa que Deus instruiu cada família
israelita a pegar um cordeiro sem defeito e sem ossos quebrados, matá-lo e
espargir seu sangue no batente da porta. Naquela noite, os israelitas deveriam
comer o cordeiro. Se o fizessem, seu primogênito seria poupado. Se não o
fizessem, seus primogênitos morreriam à noite, junto com todos os
primogênitos de seus rebanhos (veja Êx 12:1-23). O cordeiro sacrificial morria
como resgate, no lugar do primogênito da casa. A Páscoa, então, foi um ato de
redenção, um “resgate”.
No entanto, Deus não apenas resgatou os filhos primogênitos de Israel;
Ele também os consagrou como um “reino de sacerdotes, uma nação santa”
(Êx 19:6) — uma nação que Ele chamou de Seu próprio “filho primogênito” (Êx
4:22).
O Senhor disse aos israelitas, então, que comemorassem a Páscoa todos
os anos, e Ele até lhes deu as palavras que deveriam usar para explicar o
ritual às gerações futuras: “Quando seus filhos lhe disserem: “O que você quer
dizer com este serviço? ' dirás: “É o sacrifício da páscoa do Senhor, porque
passou sobre as casas dos filhos de Israel no Egito, quando matou os egípcios”
(Êx 12:26-27).
Entrando na Terra Prometida, os israelitas continuaram seus sacrifícios
diários a Deus, agora guiados pelas muitas prescrições da Lei, que vemos
enumeradas em Levítico, Números e Deuteronômio. (Veja, por exemplo, Lv 7-
9; Nm 28; Dt 16).
DENTRO E FORA
Todo esse sacrifício era apenas um ritual vazio? Não, embora o
holocausto, por si só, claramente não fosse suficiente. Deus exigiu também
um sacrifício interior. O salmista declarou que “o sacrifício aceitável a Deus é
um espírito quebrantado” (Sl 51:17). O profeta Oséias falou por Deus, dizendo:
“Eu desejo amor constante e não sacrifício, o conhecimento de Deus, em vez
de holocaustos” (Os 6:6).
No entanto, a obrigação de oferecer sacrifício permaneceu. Sabemos que
Jesus observava as leis judaicas em relação ao sacrifício. Ele celebrava a
Páscoa todos os anos em Jerusalém; e presumivelmente Ele comeu o cordeiro
sacrificado, primeiro com Sua família e depois com Seus Apóstolos. Afinal, não
era opcional. Consumir o cordeiro era a única maneira de um judeu fiel
renovar sua aliança com Deus, e Jesus era um judeu fiel.
Mas a Páscoa teve mais do que uma importância comum na vida de
Jesus; foi central para Sua missão, um momento definitivo. Jesus é o
Cordeiro. Quando Jesus estava diante de Pilatos, João observa que “era o dia
da preparação da Páscoa; era quase a hora sexta” (19:14). João sabia que a
hora sexta era quando os sacerdotes começavam a abater os cordeiros da
Páscoa. Este, então, é o momento do sacrifício do Cordeiro de Deus.
Em seguida, João relata que nenhum dos ossos de Jesus foi quebrado
na cruz, “para que se cumprisse a Escritura” (19:36). Que Escritura era essa?
Êxodo 12:46, que estipula que o cordeiro pascal não deve ter ossos quebrados.
21
Vemos, então, que o Cordeiro de Deus, como o cordeiro pascal, é uma oferta
digna, um cumprimento perfeito.
Na mesma passagem, João relata que os espectadores serviram a Jesus
vinho azedo de uma esponja em um ramo de hissopo (ver João 19,29; Êx
12,22). Hissopo era o ramo prescrito pela Lei para a aspersão da Páscoa do
sangue do cordeiro. Assim, esta simples ação marcou o cumprimento da nova
e perfeita redenção. E Jesus exclamou: “Está consumado”.
Finalmente, ao falar das vestes de Jesus no momento da crucificação,
João usa o termo preciso para as vestes que o sumo sacerdote usava quando
oferecia sacrifícios como o cordeiro pascal.
RITOS DA VÍTIMA
O que podemos concluir disso? João deixa claro para nós que, no novo
e definitivo sacrifício pascal, Jesus é ao mesmo tempo sacerdote e vítima. Isso
é confirmado nos relatos da Última Ceia dos outros três Evangelhos, onde
Jesus claramente usa a linguagem sacerdotal de sacrifício e libações, mesmo
quando descreve a Si mesmo como a vítima. “Este é o meu corpo que é dado
por vós... Este cálice que é derramado por vocês é a nova aliança no meu
sangue” (Lc 22,19-20).
O sacrifício de Jesus realizaria o que todo o sangue de milhões de
ovelhas, touros e bodes nunca poderia fazer. “Porque é impossível que o
sangue de touros e bodes tire pecados” (Hb 10:4). Mesmo o sangue de um
quarto de milhão de cordeiros não poderia salvar a nação de Israel, muito
menos o mundo. Para expiar as ofensas contra um Deus que é todo-bom,
infinito e eterno, a humanidade precisava de um sacrifício perfeito: um
sacrifício tão bom, sem mácula e sem limites como o próprio Deus. E esse foi
Jesus, o único que poderia “tirar o pecado pelo sacrifício de si mesmo” (Hb
9:26).
“Eis o Cordeiro de Deus!” (João 1:36). Por que Jesus tinha que ser um
cordeiro, e não um garanhão ou um tigre ou um touro? Por que o Apocalipse
retrata Jesus como um “cordeiro em pé como morto” (Ap 5:6)? Por que a Missa
deve proclamá-lo como o “Cordeiro de Deus”? Porque apenas um cordeiro
sacrificial se encaixa no padrão divino de nossa salvação.
Além disso, Jesus era tanto sacerdote quanto vítima, e como sacerdote
Ele podia fazer o que nenhum outro sumo sacerdote podia fazer. Pois o sumo
sacerdote entrava “no Santo Lugar todos os anos com sangue que não era seu”
(Hb 9:25), e mesmo assim ficava apenas brevemente antes que sua
indignidade o expulsasse. Mas Jesus entrou no mais santo dos santos – o céu
– de uma vez por todas, para se oferecer como nosso sacrifício. Além disso,
pela nova Páscoa de Jesus, nós também fomos feitos um reino de sacerdotes
e a Igreja dos primogênitos (veja Ap 1:6; Hb 12:23, e compare com Êx 4:22
e 19:6); e com Ele entramos no santuário do céu, sempre que vamos à Missa.
22
Não é suficiente que Cristo tenha sangrado e morrido por nós. Agora
temos nosso papel a cumprir. Assim como aconteceu com a Antiga Aliança,
assim também acontece com a Nova. Se você quer marcar sua aliança com
Deus, selar sua aliança com Deus, renovar sua aliança com Deus, você tem
que comer o Cordeiro Pascal que é nosso pão sem fermento. Começa a soar
familiar. “A menos que você coma a carne do Filho do homem e beba o seu
sangue, você não tem vida em você” (João 6:54).
RETORNO DO INVESTIMENTO
A necessidade primordial do homem de adorar a Deus sempre se
expressou em sacrifício: adoração que é simultaneamente um ato de louvor,
expiação, doação de si mesmo, aliança e ação de graças (em grego,
eucharistia). As várias formas de sacrifício têm um significado comum e
positivo: a vida é entregue para ser transformada e compartilhada. Então,
quando Jesus falou de Sua vida como um sacrifício, Ele aproveitou uma
23
MISSAL GUIADO
Notamos os mesmos temas ao passarmos dos livros do Novo Testamento
para outras fontes cristãs da época dos Apóstolos e imediatamente depois. O
conteúdo doutrinário é idêntico, e o vocabulário permanece notavelmente
semelhante, mesmo quando a fé se espalhou para outras terras e outras
línguas. O clero, os mestres e os defensores da Igreja primitiva estavam unidos
na preocupação de preservar as doutrinas eucarísticas: a presença real do
corpo e do sangue de Jesus sob a aparência de pão e vinho; a natureza
sacrificial da liturgia; a necessidade de um clero devidamente ordenado; a
importância da forma ritual. Assim, o testemunho das doutrinas eucarísticas
da Igreja é ininterrupto, desde o tempo dos Evangelhos até hoje.
Além dos livros do Novo Testamento, a escrita cristã mais antiga que
sobreviveu é um manual litúrgico – o que poderíamos chamar de missal –
contido em um documento chamado Didache (grego para “ensino”). O Didaquê
afirma ser o “Ensino dos Apóstolos” coletado e provavelmente foi compilado
em Antioquia, Síria (ver Atos 11:26), em algum momento durante os anos 50–
110 d.C. A Didaquê usa a palavra “sacrifício” quatro vezes para descrever a
Eucaristia, uma vez afirmando claramente que “este é o sacrifício que foi
falado pelo Senhor”. Da Didaquê aprendemos também que o dia habitual da
liturgia era “o dia do Senhor” e que era costume arrepender-se dos pecados
antes de receber a Eucaristia. “No dia do Senhor, congregai-vos, parti o pão e
dai graças, confessando primeiro as vossas transgressões, para que o vosso
sacrifício seja puro”. Quanto à ordem do sacrifício, a Didache oferece uma
Oração Eucarística que impressiona em sua poesia.
Podemos encontrar seus ecos nas liturgias e hinos dos cristãos de hoje,
tanto orientais como ocidentais:
RAÍZES EM ISRAEL
A liturgia da Igreja antiga inspirou-se profundamente nos ritos e nas
Escrituras do antigo Israel, assim como a nossa própria liturgia hoje. No
capítulo 2, consideramos como Jesus instituiu a Missa durante a festa da
Páscoa. Sua “ação de graças” – Sua Eucaristia – cumpriria, aperfeiçoaria e
superaria o sacrifício da Páscoa. Essa conexão era clara para a primeira
geração de cristãos, muitos dos quais eram judeus devotos. Assim, as orações
da Páscoa logo chegaram à liturgia cristã.
Considere as orações sobre o vinho e os pães ázimos na ceia da Páscoa:
“Bendito és Tu, Senhor nosso Deus, Criador do fruto da videira... Bendito
sejas Tu, Senhor nosso Deus, Rei do universo, que tiras o pão da terra”. A
frase “Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos! A terra está cheia da sua
glória” (Is 6,3) foi outro comum do culto judaico, que encontrou seu caminho
imediatamente nos ritos cristãos. Nós a encontraremos no livro do Apocalipse,
mas também aparece em uma carta composta pelo quarto papa, São Clemente
de Roma, por volta do ano 96 d.C.
RECORDAÇÃO DA TODAH
Talvez o “ancestral” litúrgico mais marcante da Missa seja a todah do
antigo Israel.
A palavra hebraica todah, como a Eucaristia grega, significa “oferta de graças”
ou “ação de graças”. A palavra denota uma refeição sacrificial compartilhada
com amigos para celebrar a gratidão de alguém a Deus. A todah começa
lembrando alguma ameaça mortal e então celebra a libertação divina do
homem dessa ameaça. É uma expressão poderosa de confiança na soberania
e misericórdia de Deus.
O Salmo 69 é um bom exemplo. Um pedido urgente de libertação
(“Salva-me, ó Deus!”), é ao mesmo tempo uma celebração dessa libertação
final (“Louvarei o nome de Deus com um cântico... Pois o Senhor ouve os
necessitados”).
Talvez o exemplo clássico da todah seja o Salmo 22, que começa com
“Meu Deus, meu Deus, por que me desamparaste?” O próprio Jesus citou isso
enquanto estava pendurado morrendo na cruz. Seus ouvintes teriam
reconhecido a referência e saberiam que essa canção, que começa com um
grito de abandono, termina com uma nota triunfante de salvação. Citando
esta todah, Jesus demonstrou Sua própria esperança confiante de libertação.
As semelhanças entre todah e Eucaristia vão além de seu significado
comum de ação de graças. O cardeal Joseph Ratzinger escreveu:
“Estruturalmente falando, toda a cristologia, na verdade toda a cristologia
eucarística, está presente na espiritualidade da todah do Antigo Testamento”.
Tanto a todah quanto a Eucaristia apresentam sua adoração através da
27
palavra e da refeição. Além disso, a todah, como a Missa, inclui uma oferta
sem sangue de pão sem fermento e vinho.
Os antigos rabinos fizeram uma previsão significativa sobre a todah. “Na
próxima era [messiânica], todos os sacrifícios cessarão, exceto o sacrifício da
todah. Ele nunca cessará em toda a eternidade” (Pesiqta, I, p. 159).
TEXTO E IMAGEM
Justino explica o sacrifício e o sacramento da Igreja. No entanto, ele não
minimiza a Presença Real. Ele usa o mesmo realismo gráfico de seu
antecessor, Inácio: “O alimento que foi feito a Eucaristia pela oração de Sua
palavra, e que nutre nossa carne e sangue por assimilação, é tanto a carne
quanto o sangue daquele Jesus que foi feito carne."
Ao falar com os judeus, Justino foi mais longe e explicou que o sacrifício
da Páscoa e os sacrifícios do Templo eram meros prenúncios do único
sacrifício de Jesus Cristo e sua reapresentação na liturgia: “E a oferta de flor
de farinha ... que foi prescrito para ser apresentado em favor dos purificados
da lepra, era um tipo do pão da Eucaristia, cuja celebração nosso Senhor
Jesus Cristo prescreveu”.
Tal era a experiência católica, ou universal, da Eucaristia. No entanto,
enquanto a doutrina permanecia a mesma em todo o mundo, a liturgia era,
na maior parte, um assunto local.
Cada bispo era responsável pela celebração da Eucaristia em seu
território e, gradualmente, diferentes regiões desenvolveram seus próprios
estilos de prática litúrgica: sírio, romano, galicano etc. O que é notável, porém,
é o quanto todas essas liturgias — por mais variadas que fossem —
mantinham em comum. Com poucas exceções, eles compartilhavam os
mesmos elementos básicos: um rito de arrependimento, leituras das
Escrituras, canto ou recitação de salmos, uma homilia, um “hino angélico”,
uma Oração Eucarística e a Sagrada Comunhão. As igrejas seguiram São
Paulo no cuidado especial de transmitir as palavras da instituição, as palavras
29
OS PROPÓSITOS DA CRUZ
Entre os primeiros cristãos, o Sinal da Cruz foi provavelmente a
expressão mais universal da fé. Aparece com frequência nos documentos da
época. Na maioria dos lugares, o costume era simplesmente traçar a cruz na
testa. Alguns escritores (como São Jerônimo e Santo Agostinho) descrevem os
cristãos traçando a cruz na testa, depois nos lábios e depois no coração, como
os católicos ocidentais modernos fazem pouco antes da leitura do Evangelho.
Grandes santos também testemunham o tremendo poder do sinal. São
Cipriano de Cartago, no século III, escreveu que “no ... Sinal da Cruz está toda
virtude e poder... Neste Sinal da Cruz está a salvação de todos os que estão
33
1,9). Além disso, diz o Bom Livro, até o justo cai sete vezes por dia (veja Pv
24:16). Não somos exceções, e a honestidade exige que reconheçamos nossa
culpa. Mesmo nossos pequenos pecados são coisas sérias porque cada um
deles é uma ofensa contra um Deus cuja grandeza é imensurável. Então, na
Missa, nos declaramos culpados e depois nos jogamos à mercê do tribunal do
céu.
No Kyrie, pedimos misericórdia a cada uma das três pessoas divinas da
Trindade: “Senhor, tem misericórdia. Cristo, tende piedade. Senhor tende
piedade." Não inventamos desculpas nem racionalizamos. Pedimos perdão e
ouvimos a mensagem de misericórdia. Se há uma palavra que capta o
significado da Missa, é “misericórdia”.
A frase “Senhor, tem misericórdia” aparece frequentemente nas
Escrituras, em ambos os testamentos (veja, por exemplo, Sl 6:2, 31:9; Mt
15:22, 17:15, 20:30). O Antigo Testamento ensina repetidamente que a
misericórdia está entre os maiores atributos de Deus (veja Êx 34:6; Jn 4:2).
O “Senhor, tende piedade” perdura desde as primeiras liturgias cristãs.
De fato, mesmo no Ocidente latino, muitas vezes é preservado na forma grega
mais antiga: Kyrie, eleison. Em algumas liturgias do Oriente, a congregação
repete o Kyrie em resposta a uma ladainha mais longa pedindo favores de
Deus. Entre os bizantinos, essas petições pedem a paz de forma esmagadora:
“Em paz, rezemos ao Senhor . . . Pela paz do alto. . . Pela paz no mundo
inteiro...”
G-L-Ó-R-I-A
Oramos pela paz e, em segundos, proclamamos o cumprimento de nossa
oração: “Glória a Deus nas alturas e paz ao seu povo na terra”. Esta oração
existe desde pelo menos o segundo século. Sua aclamação de abertura vem
da canção que os anjos cantaram no nascimento de Jesus (Lc 2:14), e as
seguintes linhas ecoam os louvores dos anjos ao poder de Deus do Livro do
Apocalipse (especialmente Ap 15:3-4).
Louvamos a Deus imediatamente pelas bênçãos pelas quais acabamos
de orar. Esse é o nosso testemunho do poder de Deus. Essa é a Sua glória.
Jesus disse: “Tudo o que vocês pedirem em meu nome, eu o farei, para que o
Pai seja glorificado no Filho; se pedirem alguma coisa em meu nome, eu o
farei” (Jo 14,13-14). O Glória clama com a alegria, a confiança e a esperança
que sempre marcaram os crentes. No Glória, a Missa é uma reminiscência da
Antiga Aliança todah, que discutimos anteriormente. Nosso sacrifício é um
apelo urgente por libertação, mas ao mesmo tempo é uma celebração e ação
de graças por essa libertação. Essa é a fé de quem conhece o cuidado
providencial de Deus. Essa é a Glória.
35
liturgia, recebe e oferece sem cessar aos fiéis o pão da vida da mesa tanto da
palavra de Deus como do corpo de Cristo” (Dei Verbum 21).
“Ninguém”, disse Orígenes, “entende no coração ... a menos que ele seja
de mente aberta e totalmente intencional.” Isso descreve você e eu quando
ouvimos as leituras na missa? Devemos estar particularmente atentos
durante as leituras porque, desde o início da Missa, você e eu estamos sob
juramento. Ao receber a Palavra – que, reconhecemos, vem de Deus – estamos
concordando em estar vinculados à Palavra. Como resultado, estamos sujeitos
a julgamento dependendo de quão bem vivemos de acordo com as leituras da
Missa. Na Antiga Aliança, ouvir a Lei era concordar em viver pela Lei – ou
receber as maldições que vinham com a desobediência. Na Nova Aliança,
também, estamos vinculados ao que ouvimos, como veremos no livro do
Apocalipse.
reapresentou, Ele o reencenou. É isso que Ele faz, por meio de Seu sacerdote,
na lembrança da Missa. Ele renova Sua Nova Aliança mais uma vez.
• Oferta. A “memória” da Missa não é imaginária. Tem carne; é Jesus em Sua
humanidade glorificada, e Ele é nossa oferta. “Pai, lembrando-me da morte
que teu Filho suportou para nossa salvação ... nós Vos oferecemos em ação
de graças este sacrifício santo e vivo” (Oração Eucarística III).
• Intercessões. Então, com o próprio Jesus, rogamos ao Pai pelos vivos e pelos
mortos, por toda a Igreja e pelo mundo inteiro.
• Doxologia. O final da Oração Eucarística é um momento dramático. Nós a
chamamos de “doxologia”, que é a palavra grega para “palavra de glória”. O
sacerdote levanta o cálice e a hóstia, que ele agora chama de Ele. Este é Jesus,
e “por Ele, com Ele, n’Ele, toda a glória e honra é tua, Pai Todo-Poderoso, para
todo o sempre”. Nosso “amém!” aqui deve ser retumbante; é tradicionalmente
chamado de “O Grande Amém”. No século IV, São Jerônimo relatou que, em
Roma, quando o Grande Amém era proclamado, todos os templos pagãos
tremiam.
ASSUNTOS DE FAMÍLIA
Seguimos a Oração Eucarística com o Pai Nosso, a oração que Jesus
nos ensinou. Nós o encontramos nas antigas liturgias, e deveria ter um
significado mais rico para nós no contexto da Missa – e especialmente no
contexto da Missa como céu na terra. Renovamos nosso batismo como filhos
de Deus, a quem podemos chamar de “Pai Nosso”. Estamos agora no céu com
Ele, tendo elevado nossos corações. Santificamos Seu nome rezando a Missa.
Ao unir nosso sacrifício com o sacrifício eterno de Jesus, vimos a vontade de
Deus ser feita “na terra como no céu”. Temos diante de nós Jesus, nosso “pão
de cada dia”, e este pão nos “perdoará as nossas ofensas”, porque a Sagrada
Comunhão limpa todos os pecados veniais. Conhecemos a misericórdia,
então, e assim mostraremos misericórdia, perdoando “aqueles que nos
ofenderam”. E através da Sagrada Comunhão conheceremos uma nova força
sobre as tentações e o mal.
A Missa cumpre perfeitamente o Pai Nosso, palavra por palavra. Não
podemos enfatizar demais a relação entre “nosso pão de cada dia” e a hóstia
eucarística diante de nós. Em seu ensaio clássico sobre o Pai Nosso, o
estudioso das Escrituras Padre Raymond Brown demonstrou que essa era a
crença predominante dos primeiros cristãos: “Há boas razões, então, para
conectar o maná do Antigo Testamento e o pão eucarístico do Novo Testamento
com a petição ... Assim, ao pedir ao Pai “Dá-nos o nosso pão”, a comunidade
estava empregando palavras diretamente ligadas à Eucaristia. E assim nossa
Liturgia Romana pode não estar muito longe do sentido original da petição em
que o [Pai Nosso] introduza a Comunhão da Missa”.
Assim começa o “Rito de Comunhão”, e não devemos perder o poder
original da palavra comunhão. No tempo de Jesus, a palavra (em grego,
40
koinonia) era usada com mais frequência para descrever um vínculo familiar.
Com a Comunhão, renovamos nosso vínculo com a família eterna, a Família
que é Deus, e com a família de Deus na terra, a Igreja. Expressamos nossa
comunhão com a Igreja no Sinal da Paz. Nesse gesto antigo, cumprimos a
ordem de Jesus de fazer as pazes com o próximo antes de nos aproximarmos
do altar (cf. Mt 5,24).
Nossa próxima oração, o “Cordeiro de Deus”, lembra o sacrifício da
Páscoa e a “misericórdia” e “paz” da nova Páscoa. O sacerdote, então, quebra
a hóstia e a levanta – um Cordeiro “em pé, como que morto” (Ap 5,6) – e
proclama as palavras de João Batista: “Este é o Cordeiro de Deus” (veja Jo.
1:36). E só podemos responder com as palavras do centurião romano:
“Senhor, não sou digno de receber-te, mas dize apenas uma palavra ...” (Mt
8:8).
Então nós O recebemos na Sagrada Comunhão. Recebemos Aquele que
louvamos no Glória e proclamamos no credo! Nós o recebemos, diante de quem
fizemos nosso juramento solene! Nós o recebemos, Ele que é a Nova Aliança
esperada por toda a história humana!
Quando Cristo vier no fim dos tempos, Ele não terá uma gota a mais de
glória do que tem neste momento, quando consumirmos tudo Dele! Na
Eucaristia recebemos o que seremos por toda a eternidade, quando formos
levados ao céu para nos unirmos à multidão celestial na ceia das bodas do
Cordeiro. Na Sagrada Comunhão, já estamos lá. Isso não é uma metáfora.
Esta é a verdade fria, calculada, precisa e metafísica que foi ensinada por
Jesus Cristo.
cabeça que Deus me desafiou a resolver, um código que implorou para ser
decifrado.
Eu tinha muita companhia. À medida que o segundo milênio chegava
ao fim, a interpretação do Livro do Apocalipse explodiu em uma indústria
caseira entre meus irmãos evangélicos. A cada ida à livraria, descobria novas
e mais promissoras revelações do Apocalipse.
Este nem sempre foi o caso dos intérpretes protestantes. O primeiro
protestante, Martinho Lutero, achou o Apocalipse totalmente bizarro demais.
Por um tempo, ele até rejeitou seu lugar na Bíblia, porque, segundo ele, “uma
revelação deveria ser reveladora”. No entanto, a Revelação é sempre
reveladora, na medida em que desmascara os preconceitos, ansiedades e
tendências ideológicas de cada intérprete em particular.
O Apocalipse continua sendo uma espécie de mancha de Rorschach
para os cristãos. Os pregadores tentam primeiro discernir uma ordem no
texto. Este é geralmente um esforço infrutífero, já que o livro carece dos
princípios de ordenação de uma obra literária: um enredo convencional ou um
argumento. Não conseguindo encontrar a ordem, eles tentam impor a ordem.
Este é, mais ou menos, o padrão que segui durante meus anos como
seminarista e ministro protestante. O que geralmente acontece é que um
determinado detalhe apodera-se da imaginação e torna-se a chave
interpretativa para a leitura de todo o livro.
O “milênio”, por exemplo – um conceito que aparece apenas no capítulo
20 do Apocalipse – começa a colorir tudo o que se vê nos capítulos 1–19 e 21–
22.
O “BUG” DO MILÊNIO
O milênio é, hoje, a chave interpretativa preferida entre evangélicos e
fundamentalistas. O blockbuster de Hal Lindsey de 1970, The Late, Great
Planet Earth, lançou um gênero, pois se tornou o segundo livro mais vendido
dos últimos trinta anos. Suas vendas, na última contagem, ultrapassavam 35
milhões de cópias em cinquenta idiomas. Lindsey sustentou que as profecias
do Apocalipse eram uma previsão precisa de eventos futuros, um futuro que
estava começando na década de 1970. Ele viu as estranhas imagens do
Apocalipse como correspondendo exatamente a pessoas, lugares e eventos que
estavam no noticiário. A Rússia era a fera, por exemplo; e Gog e Magog
aplicavam-se à União Soviética. Lindsey previu que os soviéticos atacariam a
Palestina; mas Jesus voltaria e os mataria e estabeleceria um reino de mil
anos em Jerusalém.
Lindsey não estava sozinho. De fato, por alguns anos, estive firmemente
com ele – embora com nuances – no campo “futurista” dos intérpretes do
Apocalipse. Dentro deste campo, há muito desacordo sobre quando os eventos
ocorrerão, e qual das bestas do Apocalipse corresponderá a quais líderes
mundiais. Os futuristas também discordam entre si sobre se os cristãos
43
EXPLICANDO OS PORQUÊS
Apocalipse não era apenas um aviso velado sobre a geopolítica dos anos
1970, ou uma história codificada do Império Romano do primeiro século, ou
um livro de instruções para o fim dos tempos. Era, de alguma forma, sobre o
próprio sacramento que estava começando a atrair esse “cristão bíblico” para
a plenitude da fé católica.
No entanto, novas questões surgiram. Se, nos textos das antigas
liturgias, eu tropecei no “o quê” do Apocalipse, fiquei com alguns “porquês”
colossais. Por que uma apresentação tão estranha? Por que uma visão e não
um texto litúrgico? Por que o Apocalipse foi atribuído a João, dentre todos os
possíveis discípulos? Por que foi escrito quando foi escrito?
As respostas surgiram quando comecei a estudar os tempos do Apocalipse e
a liturgia dos tempos.
DA IMITAÇÃO À PARTICIPAÇÃO
De acordo com as antigas crenças judaicas, a adoração no Templo de
Jerusalém espelhava a adoração dos anjos no céu. O sacerdócio levítico, a
liturgia da aliança, os sacrifícios serviam como representações sombrias de
modelos celestiais.
Ainda assim, o Livro do Apocalipse estava tramando algo diferente, algo
mais. Enquanto Israel orava imitando os anjos, a Igreja do Apocalipse adorava
junto com os anjos (veja 19:10). Considerando que apenas os sacerdotes eram
permitidos no lugar santo do Templo de Jerusalém, Apocalipse mostrou uma
nação de sacerdotes (veja 5:10; 20:6) habitando sempre na presença de Deus.
Não haveria mais um arquétipo celestial e uma imitação terrena. O
Apocalipse agora revelou uma adoração, compartilhada por homens e anjos!
46
DAS CINZAS
Os estudiosos discordam sobre quando o livro do Apocalipse foi escrito;
as estimativas variam do final dos anos 60 ao final dos anos 90 d.C. Quase
todos concordam, no entanto, que a medição do Templo de João (Ap 11:1)
aponta para uma data anterior a 70, já que depois de 70 não haveria Templo
para medir.
Em todo caso, o culto sacrificial da Antiga Aliança encontrou seu fim
definitivo com a destruição do Templo e o nivelamento de Jerusalém em 70
d.C. Aos judeus em todo o mundo, este foi um evento cataclísmico -
prefigurando o julgamento final do "templo cósmico" no fim dos tempos.
Depois de 70 d.C., a fumaça dos sacrifícios de cordeiros não mais subiria de
Israel. As legiões romanas reduziram a escombros carbonizados a cidade e o
santuário que deram sentido à vida dos judeus na Palestina e no exterior.
O que João descreve em sua visão foi nada menos que a morte do velho
mundo, a velha Jerusalém, a Antiga Aliança, e a criação de um novo mundo,
uma nova Jerusalém, uma Nova Aliança. Com a nova ordem mundial veio
uma nova ordem de adoração.
É difícil não ouvir ecos do Evangelho de João: “Destruí este templo, e
em três dias o levantarei” (João 2,19). “Vem a hora em que nem neste monte
nem em Jerusalém adorareis o Pai... quando os verdadeiros adoradores
adorarem o Pai em espírito e verdade” (João 4:21, 23). No Apocalipse, essas
previsões são cumpridas, pois o novo Templo é revelado como o corpo místico
de Cristo, a Igreja, e a adoração “no Espírito” ocorre na nova e celestial
Jerusalém.
Da mesma forma, é fácil entender por que os primeiros cristãos
consideravam o véu rasgado do Templo tão teológica e liturgicamente
significativo. O véu foi rasgado assim como o corpo de Cristo foi decisivamente
rasgado. Quando Jesus completou a oferta terrena de Seu corpo, Deus se
certificou de que o mundo saberia que o véu havia sido removido do “Templo”.
Agora todos — reunidos na Igreja — podiam entrar em Sua presença no Dia
do Senhor.
“No Espírito, no dia do Senhor”, João viu algo mais abrangente do que
qualquer narrativa ou argumento poderia transmitir. Ele viu que parte do
mundo já havia sido elevada a um novo céu e uma nova terra.
47
“Eu, JOÃO”
Mencionei anteriormente que há muita controvérsia sobre a autoria de
João no livro do Apocalipse. Esse debate, embora fascinante, é apenas
incidental ao nosso estudo da Missa e do Apocalipse.
Uma coisa, porém, é clara: o texto se associa explicitamente a João (Ap
1:4, 9; 22:8). E “João” no Novo Testamento (e na mente dos primeiros Pais da
Igreja) significa João, o Apóstolo.
De fato, os próprios livros indicam que, se não compartilham de um
autor comum, pelo menos fluem da mesma escola de pensamento. Pois
Apocalipse e o Quarto Evangelho compartilham muitas preocupações
teológicas. Ambos os livros revelam um conhecimento bastante preciso do
Templo de Jerusalém e seus rituais; ambos parecem preocupados em
apresentar Jesus como o “Cordeiro”, o sacrifício da nova Páscoa (veja Jo 1:29,
36; Ap 5:6). Além disso, o Evangelho de João e o Apocalipse compartilham
algumas terminologias que, dentro do Novo Testamento, são peculiares
apenas a eles. Por exemplo, apenas o Quarto Evangelho e o Apocalipse se
referem a Jesus como “a Palavra de Deus” (João 1:1; Ap 19:13); e somente
esses dois livros se referem à adoração da Nova Aliança como “no Espírito”
(João 4:23; Ap 1:10). Além disso, apenas esses dois livros falam de salvação
em termos de “água viva” (João 4:13; Ap 21:6). Há muitos outros paralelos
também.
Ainda assim, essa identificação do autor João com o apóstolo João é
importante apenas por causa do insight que nos dá sobre o poder da visão do
Apocalipse. No Evangelho, por exemplo, João é identificado como o “Discípulo
Amado” de Jesus (veja João 13:23; 21:20, 24).
João era o apóstolo em termos mais íntimos com o Senhor, o discípulo
que estava literalmente mais próximo de Seu coração. João reclinou-se no
peito de Jesus na Última Ceia. No entanto, no Apocalipse, quando viu Jesus
em Seu poder e glória, com domínio universal e soberania divina, João caiu
com o rosto em terra (veja Ap 1:17). Esses são detalhes importantes para nós,
que queremos ser “discípulos amados” hoje. Embora devamos nos esforçar
por um relacionamento cada vez mais íntimo com Jesus, dificilmente podemos
começar a conversa até vermos Jesus por Quem Ele é, em Sua santidade
insuperável.
A identidade de João é importante também em relação às preocupações
terrenas do Apocalipse. A tradição identifica o apóstolo João como bispo de
Éfeso, uma das sete igrejas abordadas no Apocalipse. As igrejas são
identificadas com cidades, todas as sete localizadas em um raio de oitenta
quilômetros na Ásia Menor, provavelmente delimitando a esfera de autoridade
de João.
Podemos ver por que João, como bispo, seria escolhido para entregar
uma mensagem pastoral como encontramos em Apocalipse, especialmente
nas cartas às sete igrejas (Ap 2, 3).
50
“O CORDEIRO”
Este é o título e a imagem preferidos de Apocalipse para Jesus Cristo.
Sim, Ele é governante (1:5); Ele está no meio da Menorá vestido como sumo
sacerdote (1:13); Ele é “o primeiro e o último” (1:17), “o santo” (3:7), “Senhor
dos senhores e Rei dos reis” (17:14) – mas, em sua maioria, Jesus é o Cordeiro.
O Cordeiro, segundo o Catecismo da Igreja Católica, é “Cristo crucificado
e ressuscitado, o único sumo sacerdote do verdadeiro santuário, o mesmo
“que oferece e é oferecido, que dá e é dado” (n. 1137). Quando João vê o
Cordeiro pela primeira vez, ele está realmente procurando por um leão.
Ninguém é capaz de abrir os selos do rolo e revelar seu conteúdo, e João
começa a chorar. Então, um ancião o tranquiliza: “Não chores; eis que o Leão
da tribo de Judá, a Raiz de Davi, venceu, para abrir o livro e seus sete selos”
(Ap 5:5).
João procura o Leão de Judá, mas em vez disso vê - um Cordeiro.
Cordeiros não são muito poderosos para começar, e este está de pé “como se
tivesse sido morto” (Ap 5:6). Não precisamos revisitar aqui tudo o que
discutimos no capítulo 2. O que deve ficar claro é que Jesus, aqui, é um
cordeiro sacrificial, como o cordeiro pascal.
Os anciãos (presbyteroi, sacerdotes) então cantam que o sacrifício de
Cristo permitiu que Ele quebrasse os selos do rolo, o Antigo Testamento.
“Digno és de tomar o rolo e de abrir os seus selos, porque foste morto, e pelo
teu sangue resgataste os homens para Deus” (5:9). O céu e a terra então dão
glória a Jesus como a Deus: “Àquele que está assentado no trono e ao Cordeiro
seja a bênção, a honra, a glória e o poder para todo o sempre! ... e os anciãos
prostraram-se e adoraram” (5:13-14).
O Cordeiro é Jesus. O Cordeiro também é um “filho do homem”, vestido
como um sumo sacerdote (1:13); o Cordeiro é vítima sacrificial; o Cordeiro é
Deus.
A PRIMEIRA BESTA
Sem sucesso em seus ataques à mulher e seu filho, o dragão se volta
para atacar sua descendência, aqueles que guardam os mandamentos de
Deus e dão testemunho de Jesus. O dragão convoca sua própria semente,
duas feras terríveis. Curiosamente, em meio a todas as imagens esperançosas
e inspiradoras do Apocalipse, esses monstros hediondos parecem despertar o
maior interesse. Cineastas e tele evangelistas demoram mais tempo, de longe,
em 666 do que no mar vítreo ou no Leão de Judá.
Sinto uma urgência em impressionar você com a realidade das feras.
Elas são símbolos, mas não são apenas símbolos. Elas são verdadeiros seres
espirituais, membros da “baixa hierarquia” satânica, pessoas demoníacas que
controlaram e corromperam o destino político das nações. João descreve duas
feras feias. Mas acredito que as feras que ele viu eram muito mais horríveis
do que sua descrição.
Em grande parte do Apocalipse – mas especialmente nos capítulos 4 e
5 – João descreve as realidades por trás da Missa. Agora, ele faz o mesmo com
o pecado e o mal. Assim como nossas ações na liturgia estão unidas com
coisas celestiais invisíveis, também nossas ações pecaminosas estão ligadas à
maldade infernal. Na Missa, o que Deus quer nos fazer? Um reino de
sacerdotes que reinam por meio de suas ofertas de sacrifício. Por outro lado,
o que Satanás quer realizar por meio das bestas? Ele quer subverter o plano
de Deus corrompendo tanto o reino quanto o sacerdócio. Assim, João nos
53
A SEGUNDA BESTA
Esta besta vem da terra e tem chifres como um cordeiro. A imagem do
cordeiro é chocante, já que passamos a associá-la a coisas sagradas. O uso
dele por João, acredito, é intencional, pois acredito que esta besta pretende
sugerir o sacerdócio corrompido na Jerusalém do primeiro século.
A pista inicial é que esta besta sai da “terra”, que no original grego
também poderia significar “a terra” ou “o país”, em oposição a “o mar”, que
produz os animais gentios (veja Dan 7). Além disso, João provavelmente estava
testemunhando o comprometimento final da autoridade sacerdotal, que
ocorrera apenas alguns anos antes. Em um momento histórico dramático, a
54
No entanto, devemos ser claros sobre algo. Essa interpretação não deve
levar nenhum cristão a justificar o antissemitismo. O Livro do Apocalipse
demonstra de forma esmagadora a dignidade de Israel – seu Templo, seus
profetas, suas alianças. O Apocalipse deve antes nos levar a uma maior
apreciação por nossa herança em Israel – e a uma consideração sóbria de
nossa própria responsabilidade diante de Deus. Quão bem estamos vivendo
de acordo com nossa aliança com Deus?
Quão fiéis somos ao nosso sacerdócio? O livro é um alerta para todos
nós. A mensagem bestial é esta: estamos lutando contra forças espirituais:
forças imensas, depravadas e malévolas. Se tivéssemos que lutar contra eles
sozinhos, seríamos derrotados. Mas aqui está uma boa notícia: há uma
maneira que podemos esperar para superar. A solução tem que combinar com
o problema, força espiritual para força espiritual, imensa beleza para imensa
feiura, santidade para depravação, amor para malevolência. A solução é a
Missa, quando o céu desce para salvar uma terra sitiada.
ANJOS
Na batalha, não lutamos sozinhos. Em Apocalipse 12, lemos sobre
“Miguel e seus anjos lutando contra o dragão” (12:7).
Quando Deus criou os anjos, Ele os libertou, então eles tiveram que
passar por algum tipo de teste – assim como nossa vida na terra é um teste.
Ninguém sabe o que era esse teste, mas alguns teólogos especulam que os
anjos receberam uma visão da Encarnação, e lhes foi dito que eles teriam que
servir à divindade encarnada, Jesus, e Sua mãe. O orgulho de Satanás se
revoltou contra o escândalo do Espírito assumindo os laços da matéria, e ele
disse: “Não servirei!” De acordo com os Pais da Igreja, ele liderou um terço dos
anjos nesta rebelião (ver Ap 12:4). Miguel e seus anjos os expulsaram do céu
(ver v. 8).
Ao longo do Apocalipse, vemos que os anjos povoam o céu de forma
bastante densa. Eles adoram a Deus sem cessar (Ap 4:8). E eles cuidam de
nós. Os capítulos 2 e 3 deixam claro que cada igreja em particular tem um
anjo da guarda. Isso deve nos tranquilizar, que pertencemos a igrejas
particulares, e que podemos pedir ajuda ao anjo de nossa igreja particular.
Os “quatro seres viventes” mencionados no capítulo 4 são geralmente
entendidos como anjos, embora pareçam aos olhos humanos em forma
animal. Essas criaturas podem corresponder também às criaturas bordadas
na tela diante do Santo dos Santos no Templo de Jerusalém.
Embora os anjos do céu se apresentem aos olhos humanos em forma
física, os anjos na verdade não têm corpos. Seu nome significa “mensageiro”,
e os atributos físicos geralmente simbolizam algum aspecto de sua natureza
ou missão. As asas indicam sua rapidez no movimento entre o céu e a terra.
Múltiplos olhos significam seu conhecimento e vigilância.
56
SÍMBOLOS ESTREPITOSOS
O que queremos dizer com os sentidos das Escrituras? Desde os
primeiros tempos, os professores cristãos falam da Bíblia como tendo um
sentido literal e um sentido espiritual. O sentido literal pode descrever uma
pessoa histórica, lugar ou evento. O sentido espiritual fala — por meio dessa
mesma pessoa, lugar ou evento — para revelar uma verdade sobre Jesus
Cristo, ou a vida moral, ou o destino de nossas almas, ou todos os três.
A tradição nos ensina, no entanto, que o sentido literal é fundamental.
No entanto, identificar o sentido literal do Livro do Apocalipse é um
empreendimento muito difícil e certamente controverso. Afinal, os intérpretes
estão nitidamente divididos sobre se o livro está literalmente descrevendo
59
TEMPOS DO SELO
Quando os exércitos do imperador romano Tito sitiaram a cidade no ano 70
d.C., Jerusalém caiu. O cerco trouxe fome, pestilência e conflitos, que
podemos ver nas devastações forjadas pelos quatro cavaleiros angélicos do
Apocalipse 6, e pelas sete trombetas angélicas de Apocalipse 8–9. De uma
maneira menos simbólica e mais horrivelmente gráfica, podemos ver essas
calamidades descritas também nos escritos do historiador judeu Josefo, que
foi testemunha ocular. Josefo descreve Jerusalém tão devastada pela fome
que suas mães, loucas de fome, começaram a devorar seus próprios filhos.
62
SEMITAS ESPIRITUAIS
Mais uma vez, devemos enfrentar a questão de saber se o Apocalipse de
João - e mesmo o cristianismo em si — é antisemita ou antijudaico. Não é a
63
O CORDEIRO MATADOR
Na Missa, os primeiros cristãos encontravam forças em meio à
perseguição. Do único sacrifício perpétuo de Jesus Cristo viria a ajuda e a
salvação da Igreja. A Missa é onde os cristãos uniram forças com os anjos e
santos para adorar a Deus, como nos mostra o livro do Apocalipse. A Missa é
onde a Igreja recebeu “maná escondido” para sustento em tempos de provação
(veja Ap 2:17). A Missa é onde as orações dos santos na terra subiam como
incenso para se juntar às orações dos anjos no céu – e são essas orações que
alteraram o curso das batalhas e o curso da história. Esse é o plano de batalha
do Apocalipse. Foi assim que o cristianismo prevaleceu sobre inimigos
aparentemente imbatíveis, em Jerusalém e em Roma.
65
derramada sobre a terra, como o vinho era derramado sobre o altar do antigo
Israel.
À luz do cumprimento da Páscoa na Eucaristia, esta imagem torna-se
ainda mais impressionante. As pragas ocorrem nos capítulos 15-17 dentro de
um cenário litúrgico: os anjos aparecem com harpas, vestidos como
sacerdotes no templo celestial, cantando o cântico de Moisés e o cântico do
Cordeiro (cap. 15). Esta liturgia significa morte para os inimigos de Deus, mas
salvação para Sua Igreja. Assim, os anjos clamam: “Porque os homens
derramaram o sangue dos santos e dos profetas, e você lhes deu sangue para
beber. É o que lhes é devido!” (Ap 16:6).
A Páscoa, a Eucaristia e a liturgia celestial, portanto, são espadas de
dois gumes. Enquanto os cálices da aliança trazem vida aos fiéis, eles
significam morte certa para aqueles que rejeitam a aliança. Na nova aliança,
como na antiga, Deus dá ao homem a escolha entre a vida e a morte, a bênção
e a maldição (cf. Dt 30,19). Escolher a aliança é escolher a vida eterna na
família de Deus. Rejeitar a nova aliança no sangue de Cristo é escolher a
própria morte. Jerusalém fez essa escolha, na Páscoa de 30 d.C. Na época
dessa Páscoa, Jesus predisse o fim do mundo em termos assustadores e disse:
“Verdadeiramente, esta geração não passará até que todas essas coisas
aconteçam” (Mt 24). :34). Uma geração para os antigos (em grego, genea) era
quarenta anos. E quarenta anos depois, em 70 d.C., um mundo acabou com
a queda de Jerusalém.
seus corpos entre si” (Rm 1:24). Espere um minuto: Deus os entrega aos seus
vícios? Ele os deixa continuar pecando?
prazeres nos governem como um deus, a melhor coisa que o verdadeiro Deus
pode fazer é começar a tirar as pedras que constituem a base do nosso mundo.
ORDEM NO TRIBUNAL
No entanto, um mundo melhor aguarda os justos e os sinceramente
arrependidos. Viver uma vida boa não é viver livre de problemas, mas viver
livre de preocupações desnecessárias. Catástrofes acontecem aos cristãos,
assim como coisas boas parecem acontecer às pessoas más. No entanto, para
um cristão praticante, até mesmo os desastres são bons; porque servem para
nos purificar de nossos apegos a este mundo. Somente quando falirmos,
talvez, deixaremos de nos preocupar com dinheiro. Somente quando formos
abandonados por nossos amigos, deixaremos de tentar impressioná-los.
Quando o dinheiro acabar, podemos recorrer à única coisa que ninguém pode
tirar: nosso Deus. Quando nossos amigos não retornam nossas ligações,
podemos, finalmente, recorrer ao amigo imutável — a quem não podemos
impressionar, porque Ele nos conhece completamente.
Pois, como revela o Apocalipse, o Juiz tem os bens sobre nós. O
julgamento não é apenas para Jerusalém. “Também foi aberto outro livro, que
é o livro da vida. E os mortos foram julgados pelo que estava escrito nos livros,
pelo que haviam feito” (20:12). Um dia, você e eu seremos contados entre “os
mortos” e seremos julgados pelo que fizemos.
Em outra parte do Apocalipse, vemos que os santos entram no céu e
“suas obras os seguem” (14:13). Nossas obras são essenciais para nossa
salvação; na verdade, elas serão a matéria do nosso julgamento.
Além do mais, não temos que esperar até que estejamos mortos para
sermos julgados. Estamos diante do tribunal sempre que nos aproximamos
do céu, como fazemos em todas as Missas. Então, também, imploramos a
misericórdia perfeita, que é a justiça perfeita, de nosso Pai celestial. Então,
também, nos ligamos pela aliança com Deus. Então, também, recebemos o
cálice – para nossa salvação ou para nosso julgamento.
Devemos recordar o julgamento do Apocalipse sempre que ouvimos as
palavras da instituição, que são as palavras de Jesus: “Este é o cálice do meu
sangue, o sangue da nova e eterna aliança”.
71
O APOCALIPSE NA MISSA
PARTE TRÊS
UM - Levantando o Véu, COMO VER OS INVISÍVEIS
CRISTÃOS UCRANIANOS adoram contar a história de como seus
ancestrais “descobriram” a liturgia. Em 988, o príncipe Vladimir de Kiev, ao
se converter ao Evangelho, enviou emissários a Constantinopla, capital da
cristandade oriental. Lá eles testemunharam a liturgia bizantina na catedral
da Santa Sabedoria, a maior igreja do Oriente. Depois de experimentar o
canto, o incenso, os ícones – mas, sobretudo, a Presença – os emissários
mandaram dizer ao príncipe: “Não sabíamos se estávamos no céu ou na terra.
Nunca vimos tanta beleza... Não podemos descrevê-lo, mas podemos dizer o
seguinte: ali Deus habita entre os homens”.
A presença. Em grego, a palavra é Parousia, e transmite um dos temas-
chave do livro do Apocalipse. Nos últimos séculos, os intérpretes usaram a
palavra quase exclusivamente para denotar a Segunda Vinda de Jesus no final
dos tempos. Essa é a única definição que você encontrará na maioria dos
dicionários de inglês. No entanto, não é o significado primário. O significado
primário de Parousia é uma presença real, pessoal, viva, duradoura e ativa.
Na última linha do Evangelho de Mateus, Jesus promete: “Estarei sempre com
vocês”.
Apesar de nossas redefinições, o Livro do Apocalipse capta aquele
poderoso sentido da iminente Parousia de Jesus – Sua vinda que ocorre agora
mesmo. O Apocalipse nos mostra que Ele está aqui em plenitude – na realeza,
no julgamento, na guerra, no sacrifício sacerdotal, em Corpo e Sangue, Alma
e Divindade – sempre que os cristãos celebram a Eucaristia.
“A liturgia é a Parousia antecipada, o 'já' entrando em nosso 'ainda não'”,
escreveu o Cardeal Joseph Ratzinger. Quando Jesus vier novamente no fim
dos tempos, Ele não terá uma única gota a mais de glória do que Ele tem agora
nos altares e nos tabernáculos de nossas igrejas. Deus habita entre a
humanidade, agora mesmo, porque a Missa é o céu na terra.
OFICIALMENTEPARA
Quero deixar claro que essa ideia — a ideia por trás deste livro — não é
nova, e certamente não é minha. É tão antiga quanto a Igreja, e a Igreja nunca
a abandonou, embora a ideia tenha se perdido no emaranhado de
controvérsias doutrinárias ao longo dos últimos séculos. Nem podemos
descartar tal conversa como os desejos piedosos de um punhado de santos e
estudiosos. Pois a ideia da Missa como “céu na terra” é agora o ensinamento
explícito da fé católica.
Você vai encontrá-lo em vários lugares, por exemplo, na declaração mais
fundamental da crença católica, o Catecismo da Igreja Católica:
72
Na Missa, já estamos no céu! Não sou apenas eu que estou dizendo isso,
ou um punhado de teólogos mortos. O Catecismo assim o diz. O Catecismo
também cita a mesma passagem do Vaticano II que me tocou tão fortemente
nos meses anteriores à minha conversão à fé católica:
TURÍBULOS EXTRASENSORIAIS?
No Apocalipse, João descreve cenas celestiais em termos gráficos e
terrenos, e temos todo o direito de perguntar por quê. Por que retratar a
adoração espiritual – que certamente não envolve harpas ou incensários – com
impressões sensoriais tão vívidas? Por que não usar figuras matemáticas,
como outros místicos antigos faziam, para que os leitores entendessem a
natureza verdadeiramente esotérica, transcendente e imaterial da adoração
celestial?
Suspeito que Deus revelou a adoração celestial em termos terrenos para
que os humanos – que, pela primeira vez, foram convidados a participar da
adoração celestial – soubessem como fazê-lo.
Não estou dizendo que a Igreja ficou sentada esperando o Apocalipse
cair do céu, para que os cristãos soubessem como adorar. Não, os Apóstolos
e seus sucessores estavam celebrando a liturgia desde Pentecostes, pelo
menos. No entanto, o Apocalipse também não é meramente um eco de uma
liturgia já estabelecida, uma projeção no céu do que está acontecendo na
terra.
O Apocalipse é uma revelação; esse é o significado literal da palavra
grega apokalypsis.
O livro é uma reflexão visionária que revela uma norma. Com a
destruição de Jerusalém, a Igreja estava deixando definitivamente para trás
um belo templo, uma cidade santa e um venerável sacerdócio. Sim, os cristãos
75
A AURA DE SIÃO
Mas todos sabiam onde encontrar Jerusalém. Onde eles encontrariam
o céu? Aparentemente, não muito longe da antiga Jerusalém. A Carta aos
Hebreus diz: “Mas vocês chegaram ao monte Sião e à cidade do Deus vivo, a
Jerusalém celestial, e a inúmeros anjos reunidos em festas, e à assembleia
dos primogênitos que estão inscritos nos céus, e ao juiz que é Deus de todos,
e aos espíritos dos justos aperfeiçoados, e a Jesus, o mediador de uma nova
aliança, e ao sangue da aspersão, que fala mais graciosamente do que o
sangue de Abel” (Hb 12:21). -24).
Esse pequeno parágrafo resume perfeitamente todo o Apocalipse: a
comunhão de santos e anjos, a festa, o julgamento e o sangue de Cristo. Mas
onde isso nos deixa?
Exatamente onde o Apocalipse nos deixou: “Então olhei, e eis que no
monte Sião estava o Cordeiro, e com ele cento e quarenta e quatro mil que
tinham o nome dele e o nome de seu pai escrito em suas testas” (Ap 14:1) .
Todas as nossas estradas bíblicas parecem levar à cidade do Rei Davi, o Monte
Sião. Deus abençoou Sião abundantemente na Antiga Aliança. “Pois o Senhor
escolheu Sião; Ele a desejou para Sua habitação: “Este é o meu lugar de
descanso para sempre; aqui habitarei'” (Sl 132:13-14). “Coloquei o meu rei em
Sião, o meu monte santo” (Sl 2,6). Em Sião, Deus estabeleceria a casa real de
Davi, cujo reino duraria por todas as eras. Lá, o próprio Deus habitaria para
sempre entre Seu povo.
76
A VELHA ESCOLA
As antigas liturgias estavam impregnadas com a linguagem do céu na
terra. A Liturgia de São Tiago declara: “fomos considerados dignos de entrar
no lugar do tabernáculo da Tua glória, e estar dentro do véu, e contemplar o
Santo dos Santos”. A Liturgia dos Santos Addai e Mari acrescenta: “Que
maravilha hoje é este lugar! Pois esta não é outra senão a casa de Deus e a
porta do céu; porque foste visto face a face, ó Senhor”.
São Cirilo de Jerusalém (século V) oferece uma profunda meditação
sobre a linha “Corações ao alto!” “Na verdade”, diz ele, “naquela hora mais
incrível, devemos ter nossos corações no alto com Deus, e não abaixo,
pensando na terra e nas coisas terrenas. O Sacerdote ordena a todos naquela
hora que deixem todos os cuidados desta vida, ou preocupações domésticas,
e tenham seus corações no céu com o Deus misericordioso”.
De fato, devemos ser como São João em Patmos, quando ele ouviu a voz
do céu dizer: “Suba aqui” (veja Ap 11:12). Isso é o que significa “Elevem seus
corações!” Significa abrir nossos corações para o céu que está diante de nós,
assim como São João fez. Eleve seus corações, então, para adorar no Espírito.
Pois, na liturgia, diz o Liber Graduum do século IV, “o corpo é um templo
oculto, e o coração é um altar oculto para o ministério no Espírito”.
Primeiro, porém, devemos buscar ativamente a lembrança. São Cirilo
continua: “Mas não venha aqui ninguém que possa dizer com sua boca:
'Elevamos nossos corações ao Senhor', mas tenha sua mente preocupada com
os cuidados desta vida. Em todos os momentos, Deus deve estar em nossa
memória. Mas se isso for impossível por causa da fragilidade humana,
devemos pelo menos fazer o esforço naquela hora.”
Simplificando, devemos prestar atenção à frase compacta da liturgia
bizantina: “Sabedoria! Esteja atento!”
TOC, TOC
Sim, fique atento! Porque o Apocalipse está revelando mais do que
“informação”. É um convite pessoal, destinado a você e a mim desde toda a
eternidade. A Revelação de Jesus Cristo tem um impacto imediato e
avassalador em nossas vidas. Nós somos a noiva de Cristo revelada; nós
somos Sua Igreja. E Jesus quer que cada um de nós entre no relacionamento
mais íntimo imaginável com Ele. Ele usa imagens de casamento para
78
demonstrar o quanto Ele nos ama, o quão próximos Ele quer que fiquemos –
e o quão permanente ele pretende que nossa união seja.
Eis que Deus faz novas todas as coisas. O Livro do Apocalipse não é tão
estranho quanto parece, e a Missa é mais rica do que jamais sonhamos. O
Apocalipse é tão familiar quanto a vida que vivemos; e mesmo a missa mais
monótona é subitamente pavimentada com ouro e joias brilhantes.
Você e eu precisamos abrir nossos olhos e redescobrir esse segredo há
muito perdido da Igreja, a chave dos primeiros cristãos para entender os
mistérios da Missa, a única chave verdadeira para os mistérios do Apocalipse.
“É nesta eterna liturgia que o Espírito e a Igreja nos permitem participar
sempre que celebramos o mistério da salvação nos sacramentos” (Catecismo,
n. 1139).
Nós vamos para o céu – não apenas quando morremos, ou quando
vamos a Roma, ou quando fazemos uma peregrinação à Terra Santa. Nós
vamos para o céu quando vamos à Missa. Isso não é meramente um símbolo,
não é uma metáfora, não é uma parábola, não é uma figura de linguagem. É
real. No século IV, Santo Atanásio escreveu: “Meus amados irmãos, não é uma
festa temporal que chegamos, mas uma festa eterna e celestial. Não o exibimos
nas sombras; nós o abordamos na realidade.”
O paraíso na terra — isso é realidade! É onde você estava e onde você
jantou no domingo passado! O que você estava pensando então?
Pense no que o Senhor queria que você pensasse. Considere Seus
convites do Livro do Apocalipse: “Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz
às igrejas. Ao vencedor darei do maná escondido” (2:17). O que é o maná
escondido?
Lembre-se da promessa que Jesus fez quando falou do “maná” no
Evangelho de João: “Vossos pais comeram o maná no deserto e morreram.
Este é o pão que desce do céu, para que o homem coma dele e não morra. Eu
sou o pão vivo que desceu do céu” (6:49-51). O maná era o pão diário do povo
de Deus durante sua peregrinação no deserto. Agora, Jesus está oferecendo
algo maior, e Ele é bem específico sobre Seu convite: “Eis que estou à porta e
bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e
cearei com ele, e ele comigo” (3:20).
Então Jesus realmente tem uma refeição em mente; Ele quer
compartilhar o maná escondido conosco, e Ele é o maná escondido. Em
Apocalipse 4:1, vemos, também, que este é mais do que um jantar íntimo para
dois. Jesus estava na porta e bateu, e agora a porta está aberta.
João entra no “Espírito” para ver sacerdotes, mártires e anjos reunidos
ao redor do trono do céu.
Com João, descobrimos que o banquete do céu é uma refeição em
família. Agora, com olhos de fé – e “no Espírito” – comecemos a ver que o
Apocalipse nos convida a um banquete celestial, a um abraço de amor, a Sião,
ao julgamento, à batalha. À Missa.
79
LUTAR OU FUGIR?
Diante de tal oposição, devemos escolher: lutar ou fugir. Este é um
instinto humano básico. Além disso, após uma avaliação superficial de nossos
próprios recursos aparentes e dos recursos aparentes do inimigo, “fugir” pode
parecer a escolha razoável. De acordo com os mestres espirituais, no entanto,
a fulga não é uma opção real. Em sua obra clássica, O Combate Espiritual,
Dom Lorenzo Scupoli escreveu: “Esta guerra é inevitável, e você deve lutar ou
morrer. A obstinação de seus inimigos é tão feroz que a paz e a arbitragem
com eles são totalmente impossíveis”. Resumindo: podemos fugir do mal, mas
não podemos nos esconder.
Além disso, não podemos subir ao céu se fugirmos da batalha. Deus nos
destinou, a Igreja, para ser a Noiva do Cordeiro. No entanto, não podemos
governar se não conquistarmos primeiro as forças que se opõem a nós, os
poderes que pretendem nosso trono.
O que devemos fazer? Devemos dar uma olhada ao nosso redor, depois
de levantar o véu da mera visão humana. João revela as notícias mais
encorajadoras para os cristãos em batalha. Dois terços dos anjos estão do
nosso lado, lutando constantemente, mesmo enquanto dormimos. São Miguel
80
PÁGINAS DA SOCIEDADE
Podemos contar com a ajuda do céu. Quem pode pedir maior
segurança? No entanto, muitas vezes fazemos. Muitos cristãos continuam
preocupados porque percebem que Jesus de alguma forma “demorou” em vir
para ajudá-los. Isso parece especialmente verdadeiro quando eles olham para
a degeneração da sociedade.
O mundo, às vezes, parece firmemente nas mãos das forças do mal, e
apesar das orações dos cristãos, o mal permanece e até prospera. Ainda assim,
o Apocalipse mostra que são os santos e anjos que dirigem a história por meio
de suas orações. Mais do que Washington, DC, mais do que as Nações Unidas,
mais do que Wall Street, mais do que qualquer lugar que você possa citar, o
poder pertence aos santos do Altíssimo reunidos ao redor do trono do
Cordeiro.
O sangue dos mártires clama a Deus por vingança (Ap 6:9-10), e Ele os
vindica, agora como no início da história, quando o sangue de Abel clamou da
terra. São as orações dos santos que imediatamente despertam a ira do
Cordeiro contra “os grandes homens ... os ricos e os fortes” (6:15-16).
No entanto, o poder dos santos é de uma ordem diferente da ideia de poder do
mundo, e a ira do Cordeiro difere significativamente da vingança humana. Isso
pode parecer evidente, mas vale a nossa mais profunda contemplação. Pois
muitos cristãos professam acreditar em um tipo de poder celestial, que, em
uma análise mais detalhada, acaba sendo um poder mundano em grande
escala.
Considere, por um momento, os contemporâneos judeus de Jesus e sua
expectativa mundana do Messias: Ele estabeleceria o reino de Deus por meios
militares e políticos – conquistar Roma, subjugar os gentios e assim por
diante. Sabemos que tais esperanças foram frustradas. Em vez de marchar
sobre Jerusalém com Seus exércitos, Jesus fez uma campanha de
misericórdia e amor, manifestada pelas refeições compartilhadas com
cobradores de impostos e outros pecadores.
81
E todos nós aprendemos nossa lição, certo? Não parece assim. Porque,
hoje, muitos cristãos ainda esperam pela mesma vingança messiânica dos
judeus do primeiro século. Embora Cristo tenha vindo pacificamente na
primeira vez, eles dizem, Ele voltará com uma vingança santa no final,
esmagando Seus inimigos com força todo-poderosa.
Nem devemos subestimar o poder de Jesus para nos levar à festa. Ele,
afinal, é Deus todo-poderoso, onisciente. A comunhão eterna com a Igreja é o
que Ele quer, e o que Ele quer, e é certamente o que Ele realiza até agora. A
comunhão amorosa com Sua Igreja é a razão pela qual Deus se tornou
homem, sangrou e morreu; e é a própria razão pela qual Ele criou o mundo
em primeiro lugar. Assim, todos os acontecimentos de todos os tempos devem
nos conduzir, inexoravelmente, ao acontecimento que vemos misticamente
nos últimos capítulos do livro do Apocalipse.
RESISTINDO A UM DESCANSO
O inferno, então, pode parecer prevalecer no mundo, mas não prevalece.
A Igreja está, em certo sentido, no comando. Nossas orações, e especialmente
o sacrifício da Missa, são a força que impulsiona a história em direção ao seu
objetivo. De fato, no sacrifício da Missa, a história atinge seu objetivo, porque
ali Cristo e a Igreja celebram sua festa de casamento e consumam sua união.
Como, então, devemos entender nosso combate em andamento? Se a
história, em certo sentido, já atingiu seu objetivo, por que devemos continuar
lutando? Porque nem todo o mundo veio para a festa, mesmo que você e eu
tenhamos. Portanto, devemos continuar resgatando o tempo, para restaurar
todas as coisas em Cristo. Lembre-se que quando vamos à Missa, levamos
todo o nosso trabalho profissional, vida familiar, sofrimentos e lazer, e tudo
isso se torna sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por Jesus Cristo, durante
a celebração da Eucaristia.
Deus quer que você e eu desempenhemos um papel indispensável na
história da salvação. “O Espírito e a Noiva dizem: 'Vem'” (Ap 22:17). Observe
que não é apenas o Espírito que faz o chamado para a humanidade, mas o
Espírito e a Noiva. A Noiva é a Igreja — somos você e eu.
Enquanto isso, nosso inimigo, a Besta, não consagra nada. Ele trabalha
incansavelmente, às vezes nos intimidando por sua indústria; mas seus
trabalhos são estéreis. Ele é 666, a criatura paralisada no sexto dia,
perpetuamente em trabalho de parto, mas nunca alcançando o sétimo dia de
descanso e adoração do sábado.
Assim a batalha continua, e nos alistamos para o serviço ativo.
Devemos, no entanto, começar a luta muito perto de casa. Nossos inimigos
mais perigosos são aqueles que encontramos em nossa própria alma: orgulho,
inveja, preguiça, gula, ganância, raiva e luxúria. Antes que possamos avançar
sobre os inimigos da sociedade em geral, precisamos identificar nossos
próprios hábitos pecaminosos e começar a extirpá-los. O tempo todo,
precisamos crescer na sabedoria e virtude que nos tornam mais semelhantes
a Cristo.
Só podemos avançar se nos conhecermos como realmente somos, isto
é, como parecemos ao Deus Todo-Poderoso. Quando João enfrentou o
Cordeiro de Deus, ele avaliou com precisão a situação e caiu no chão em
84
Vemos que, nesta guerra, somos de longe o lado mais forte. Na Missa,
invocamos os anjos e adoramos ao lado deles, como João fez - como seus
iguais diante de Deus! Apelamos à sua ajuda. Ouça atentamente o prefácio da
Missa, pouco antes de cantar o “Santo, Santo, Santo”: “Agora, com anjos e
arcanjos, e toda a companhia do céu, cantamos o hino interminável de Seu
louvor”. Algumas liturgias orientais até se atrevem a numerar os anjos: “mil
milhares e dez mil vezes dez mil hostes de anjos e arcanjos”.
A palavra “anfitriões” neste contexto denota poder militar – como
“legiões” ou “divisões”. A Missa, ao que parece, é como a invasão da Normandia
no reino espiritual. Também invocamos os santos, reconhecendo-os pelo
nome. No Cânon Romano, Oração Eucarística I, o sacerdote lê uma longa lista
de apóstolos, papas, mártires e outros santos – vinte e quatro, para
corresponder exatamente aos presbitérios que cercam o trono de Deus no
Apocalipse.
Na guerra espiritual, os santos são aliados poderosos. Lembre-se que,
no Apocalipse, a vingança de Deus segue de perto as orações dos mártires sob
Seu altar. Em algumas liturgias orientais – por exemplo, a antiga Liturgia de
São Marcos – as congregações ecoam as orações dos mártires: “Esmague sob
nossos pés Satanás e toda sua influência perversa. Humilhai agora, como
sempre, os inimigos da Tua Igreja. Exponha seu orgulho. Rapidamente mostre
a eles sua fraqueza. Aniquilai as tramas perversas que eles tramam contra
nós. Levanta-te, Senhor, e dispersem os teus inimigos, e fujam todos os que
odeiam o teu santo nome”.
Sem dúvida, temos poder e força do nosso lado. Dizemos isso no “Santo,
Santo, Santo”, que cantamos, junto com os anjos, em todas as Missas que
assistimos. Devemos ter certeza de dar a essa música tudo o que temos. Você
já viu um exército forte marchar em formação? Os soldados se movem com
precisão unificada e cantam com entusiasmo e confiança. É assim que
devemos proceder na liturgia: com confiança, com alegria. Não é que
neguemos a força do inimigo; apenas nos gloriamos no fato de que Deus é
mais forte, e Deus é a nossa força!
O DIA D
No entanto, a batalha continua sendo uma batalha. Mesmo que nossa
vitória esteja assegurada, a luta em si não será necessariamente fácil, e isso é
especialmente verdade na Missa. Conhecendo o poder da graça, o diabo nos
atacará com mais força, diz um antigo mestre, “no tempo das grandes festas
e durante a Divina Liturgia, especialmente quando pretendemos receber a
Sagrada Comunhão”.
Qual é o nosso combate particular durante a Missa? Talvez seja para
afastar o desprezo pelo adorador cujo perfume é muito forte, ou pelo homem
que canta a letra errada desafinada.
Talvez esteja atrasando nosso julgamento contra o paroquiano que está
fugindo mais cedo.
Talvez esteja virando para o outro lado quando começamos a nos
perguntar o quão baixo realmente vai aquele decote. Talvez seja lutar contra
a presunção quando ouvimos uma homilia repleta de erros gramaticais. Talvez
seja sorrindo, de forma compreensiva, para a mãe com o bebê gritando.
87
Essas são as batalhas difíceis. Talvez elas não sejam tão românticas
quanto sabres se chocando em um deserto distante, ou marchando com gás
lacrimogêneo para protestar contra a injustiça. Mas porque estão tão
perfeitamente escondidos, tão interiores, exigem maior heroísmo. Ninguém,
exceto Deus e Seus anjos, notará que você não criticou mentalmente a homilia
do Padre esta semana. Ninguém, exceto Deus e Seus anjos, notará que você
reteve o julgamento contra a família que estava mal vestida.
Então você não ganha uma medalha; você ganha uma batalha em vez
disso.
HISTÓRIA DA FAMÍLIA
No entanto, antes que possamos entender esse vínculo familiar, muitos
de nós terão que deixar de lado nossas noções modernas e ocidentais sobre
família. Vivemos em uma época em que as famílias são altamente móveis;
poucas pessoas morrerão na cidade onde nasceram. Vivemos numa época em
que as famílias são pequenas; menos crianças hoje têm tios e tias e
incontáveis primos, como fizeram as gerações anteriores. Quando os
modernos dizem “família”, geralmente queremos dizer a família nuclear: mãe,
pai e um ou dois filhos.
Para apreciar a visão de João, porém, temos que vislumbrar um mundo
muito diferente, um mundo em que a grande família extensa definia o mundo
de um determinado indivíduo. A Família — a tribo, o clã — era a identidade
primária de um homem ou mulher, ditando onde viveriam, como trabalhariam
e com quem poderiam se casar. Muitas vezes, as pessoas usavam um sinal
visível de sua identidade familiar, como um anel de sinete ou uma marca
distintiva no corpo.
Uma nação no mundo antigo era em grande parte uma rede de tais
famílias, pois Israel compreendia as doze tribos nomeadas para os filhos de
Jacó. Unificar cada família era o vínculo da aliança, a ideia da cultura mais
ampla do que constituía as relações humanas, direitos, deveres e lealdades.
Quando uma família recebia novos membros, por meio de casamento ou
alguma outra aliança, ambas as partes – os novos membros e a tribo
estabelecida – selavam o vínculo da aliança fazendo um juramento solene,
compartilhando uma refeição comum ou oferecendo um sacrifício.
O relacionamento de Deus com Israel foi definido por uma aliança, e
Jesus descreveu Seu relacionamento com a Igreja nos mesmos termos. Na
Última Ceia, Ele abençoou o cálice da Nova Aliança em Seu sangue (veja Mt
26:28; Mc 14:24; Lc 22:20; 1Co 11:25).
O livro do Apocalipse deixa claro que esta Nova Aliança é o mais próximo
e íntimo dos laços familiares. A visão de João termina com a ceia das bodas
do Cordeiro e Sua noiva, a Igreja. Com este evento, nós cristãos selamos e
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Para nos prepararmos para esta Comunhão – nossa Nova Aliança, nosso
casamento místico – devemos, como qualquer cônjuge, deixar nossas velhas
vidas para trás. Como noiva, trocaremos nosso antigo nome por um novo.
Estaremos para sempre identificados com Outro: nosso Amado, Jesus Cristo,
o Filho de Deus. O casamento exige que os cônjuges façam um auto sacrifício
completo e total, como o de Cristo na cruz. No entanto, somos fracos e
pecadores, e achamos insuportável a própria sugestão de tal sacrifício.
Aqui está a boa notícia. Cristo se tornou um de nós, para oferecer Sua
humanidade como o sacrifício perfeito. Na Missa, unimos nosso sacrifício com
o Dele, e essa união torna nosso sacrifício perfeito.
isso que Deus nos dá Sua própria vida nos sacramentos. A graça compensa a
fraqueza da natureza humana. Com Sua ajuda, somos capazes de fazer o que
não poderíamos fazer por nós mesmos: ou seja, amar perfeitamente e
sacrificar totalmente.
O que Deus Filho tem feito desde toda a eternidade, Ele começa a fazer
agora na humanidade. Ele não muda nada; pois o próprio Deus é imutável,
eterno, sem começo nem fim.
O que muda não é Deus, mas a humanidade. Deus assumiu nossa
humanidade, de modo que cada gesto, cada pensamento que Ele teve – desde
o momento em que foi concebido até o momento em que morreu na cruz –
tudo o que Ele fez na terra fosse uma ação do Filho amando o Pai. O que Ele
é desde toda a eternidade, Ele manifestou em Sua humanidade. Assim, o amor
perfeito agora acontece no tempo, porque Deus assumiu nossa natureza
humana e a usou para expressar o amor vivificante do Filho pelo Pai. Por meio
de Sua vida e morte, Jesus deificou a humanidade. Ele o uniu ao divino.
E cada vez que recebemos a Eucaristia, recebemos esta humanidade
glorificada, divinizada, fortalecida de Jesus Cristo, a manifestação perfeita do
amor do Filho divino pelo Pai. Somente com essa infusão maciça da graça
podemos passar pela mudança necessária antes de entrarmos na vida da
Trindade. A Eucaristia nos transforma. Agora, somos capazes de fazer todas
as mesmas coisas que fizemos antes - mas tornando-as divinas em Cristo:
fazer de cada gesto, pensamento e sentimento uma expressão de amor pelo
Pai, uma ação do Filho dentro de nós.
PROBLEMAS TRIBAIS?
Casar em qualquer família significa grandes mudanças. Casar-se na
família de Deus significa transformação completa.
Que diferença faz? Toda a diferença do mundo, e mais um pouco. Com
essa mudança — nas palavras de um pai sírio do século IV, Afrahat — o
homem se torna o templo de Deus, assim como Deus é o templo do homem.
Nós adoramos, como diz o Apocalipse, “no Espírito”. Nós moramos na
Trindade. Agora, também, vivemos na casa de Deus, a Igreja, que é construída
sobre a rocha (ver Mt 7:24-27; 16:17-19). Agora, somos chamados pelo Seu
nome (ver Ef 4:3–6).
Agora, participamos da mesa do Senhor (veja 1 Coríntios 10:21). Agora,
compartilhamos de Sua carne e sangue (veja João 6:53-56). Agora, Sua mãe
é nossa mãe (ver João 19:26–27). Agora, podemos entender por que chamamos
os sacerdotes de “Pai” e o papa nosso “Santo Pai” – porque eles são outros
Cristos, e Cristo é a imagem perfeita do Pai. Agora, podemos entender por que
chamamos as religiosas de “Irmã” e “Madre” – porque são imagens para nós
da Virgem Maria e da Mãe Igreja.
Agora, mais claramente do que nunca, podemos entender por que os
santos no céu se preocupam tanto com o nosso bem-estar. Nós somos a
92
família deles! Nunca devemos esquecer os cristãos que vieram antes de nós.
Em nossa oração e nosso estudo, devemos conhecer sua companhia e sua
ajuda.
Através do exemplo dos santos, devemos aprender a cuidar tão
profundamente daqueles que estão ao nosso lado durante a Missa todas as
semanas. Porque eles são nossa família em Cristo — e nossa santidade comum
começa agora.
Pense nisso: se todos perseverarmos juntos, você e eu compartilharemos
um lar para sempre com Cristo — com os paroquianos que adoramos ao nosso
lado hoje. Isso faz você se sentir desconfortável? Talvez de repente você tenha
se lembrado dos paroquianos que mais lhe dão nos nervos. (Eu sei que sim.)
O céu poderia realmente ser o céu se todos os nossos vizinhos estivessem lá?
O céu poderia ser o paraíso se o padre Fulano de Tal também o alcance?
Esse é o único tipo de céu em que devemos pensar. Lembre-se, somos
uma família do tipo antigo: um clã, uma tribo. Estamos juntos nessa. Isso não
significa que sempre sentiremos afeição pelas pessoas que vemos na Missa.
Significa que devemos amá-las, suportar suas fraquezas e servi-las – porque
elas também foram identificadas com Cristo. Não podemos amá-Lo sem amá-
los. Amar pessoas difíceis nos refinará. Talvez somente no céu nosso amor
seja tão aperfeiçoado que possamos realmente gostar dessas pessoas também.
Santo Agostinho falou de um homem que, na terra, tinha problemas crônicos
de gases; no céu, sua flatulência tornou-se música perfeita.
FAZENDO ESTARDALHAÇO
A partir do momento em que você entra na igreja, você se coloca sob
juramento. Ao mergulhar os dedos na água benta, você renova a aliança
iniciada com o seu batismo. Talvez você tenha sido batizado quando criança;
seus pais tomaram a decisão por você. Mas agora, com este movimento
simples, você toma a decisão por si mesmo. Você toca a água na testa, no
coração, nos ombros e assina a si mesmo com “o nome” em que foi batizado.
Envolvida nesta moção está sua aceitação do credo, que seus pais aceitaram
em seu nome em seu batismo. Envolvido neste movimento está sua rejeição a
Satanás, e todas as suas pompas, e todas as suas obras.
Fazendo isso, você comprova, você testemunha, como faria no tribunal.
No tribunal, uma testemunha coloca a si mesmo, sua reputação e seu futuro
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em risco. Se ele não disser a verdade, toda a verdade e nada além da verdade,
ele sabe que enfrentará graves consequências.
Você também está sob juramento. Não se esqueça: a palavra latina
sacramentum significa literalmente “juramento”. Quando você faz o sinal da
cruz, você renova o sacramento do batismo, renovando assim sua obrigação
de viver de acordo com os direitos e deveres da Nova Aliança. Você amará a
Deus com todo o seu coração, mente, alma e força; amarás o teu próximo
como a ti mesmo.
Você jurou especialmente dizer a verdade durante esta Missa. Pois esta
é a corte do céu; aqui, Deus abrirá o livro da vida; aqui, você vai tomar o banco
das testemunhas. Muitas e muitas vezes durante a Missa, você dirá “Amém”,
a palavra aramaica que transmite assentimento e concordância: Sim! Que
assim seja! Verdadeiramente! “Amém” é mais do que uma resposta; é um
compromisso pessoal. Quando você diz “amém”, você compromete sua vida,
então é melhor você falar sério.
Assim, na Missa, você não é apenas um espectador. Você é um
participante. Tua é a aliança que renovarás. Sua é a aliança que o próprio
Jesus renovará, aqui e agora.
REFEIÇÃO DE JURAMENTO
Sempre que Deus fazia uma aliança, Ele também dava um programa
para sua renovação. Uma aliança não era apenas um evento passado; estava
em curso, perpetuamente presente, continuamente reatualizado.
Gerações podem passar desde a aliança no Sinai; mas sempre que os
filhos de Israel renovavam essa aliança, sempre que marcavam a Páscoa, era
como se a aliança estivesse sendo feita hoje.
A Missa é a nossa renovação perpétua da Nova Aliança, é um juramento
solene que você faz diante de inúmeras testemunhas, como no tribunal do
Livro do Apocalipse. “E assim com todos os coros de anjos que cantamos...”
Quando o céu toca a terra, você recebe o privilégio de orar ao lado dos anjos.
Mas você também recebe o dever de viver de acordo com suas orações. Esses
mesmos anjos irão responsabilizá-lo por cada palavra que você orar.
E não apenas pelo que oramos, mas pelo que ouvimos. Porque é a
Palavra de Deus que ouvimos proclamada, e não as promessas de algum
político em quem podemos votar “a favor” ou “contra”. Ouvimos a Palavra de
Deus, e não algum noticiário cuja confiabilidade podemos decidir duvidar. Nos
tribunais terrenos, as testemunhas meramente juram sobre a Bíblia; na
Missa, juramos pela Bíblia. Ouvimos a Palavra de Deus; estaremos ligados a
ela.
“Creio em uma Santa Igreja Católica e Apostólica”. Vivemos os
ensinamentos dessa Igreja sem restrições e sem exceção? Estudos indicam
que mais de 90% dos católicos nos Estados Unidos, por exemplo, rejeitam os
ensinamentos da Igreja sobre o controle artificial da natalidade. No entanto,
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podemos supor que esses mesmos católicos se colocam sob juramento todos
os domingos e recitam o credo. Quais são as consequências desse enorme
falso testemunho?
“Perdoa-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos
tem ofendido.” Nós, que imploramos a misericórdia de Deus, colocamos esta
condição sobre a Sua misericórdia: que primeiro perdoemos aqueles que nos
ofenderam. No entanto, quase todos nós carregamos alguns rancores conosco,
mesmo além da porta da igreja.
"Que a paz esteja com você. E também com você.” Simbolicamente
estendemos a paz a todos os vizinhos. No entanto, quantas horas se passarão
entre o fim da Missa e a primeira explosão de nosso temperamento?
“O Corpo de Cristo. Amém." Com que atenção recebemos o Pão da Vida,
o Cristo da fé e da história? Se saudássemos um rei terreno com a mesma
atenção, como seríamos julgados?
Ouvir a Palavra de Deus. Receber o Pão da Vida. Estes são mistérios
profundos; são presentes incríveis; mas também são compromissos
poderosos. Na Missa, recebemos a vida divina, o poder divino, mais poderoso
que as maiores forças da terra. Pense na eletricidade, que pode iluminar sua
casa ou parar seu coração. Pense no fogo, que pode aquecer sua família ou
consumir um quarteirão da cidade. Estas são apenas sombras do poder
sobrenatural de Deus, que criou o fogo e formou a terra do nada. Se
ensinarmos nossos filhos a tratar a eletricidade e o fogo com respeito, quanto
mais respeitosamente devemos tratar os próprios mistérios do céu, que nos
saciam na Sagrada Comunhão?
VERDADE — OU CONSEQUÊNCIAS
Não podemos explicar o julgamento que trazemos sobre nós mesmos
quando deixamos de viver de acordo com nosso testemunho. Ouça o
testemunho de São Paulo: “Quem, pois, comer o pão ou beber o cálice do
Senhor indignamente será culpado de profanar o corpo e o sangue do Senhor”
(1 Cor 11,27). Culpado de blasfêmia! Isso não é pouca coisa. Para garantir um
sacrifício puro, os primeiros cristãos confessavam seus pecados – em público!
Hoje, o sacramento da confissão é privado e não tão pesado. Aproveitamos ao
máximo?
“É por isso que muitos de vocês estão fracos e doentes, e alguns
morreram” (1 Cor 11:29). Não ousamos descartar isso como ultrapassado ou
supersticioso. Paulo falava sério, e a Igreja, ainda hoje, preserva essa ideia em
sua liturgia. As más comunhões trazem julgamento sobre nossas cabeças. O
padre, antes de receber a Comunhão, diz: “Que não me traga condenação,
mas saúde na mente e no corpo”.
Receber a Comunhão, então, é receber o céu – ou trazer o castigo mais
severo sobre si mesmo. Em algumas épocas e lugares, o peso desse julgamento
manteve os cristãos longe da comunhão por anos a fio. No entanto, esta não
96
FAZER PRODÍGIOS
É isso que significa ser missionário e mártir, restaurando todas as
coisas em Cristo. Significa preparar o jantar para Cristo, e por meio Dele para
o Pai, e para Seus filhos, que são seus. Significa ir trabalhar e fazer um
trabalho com amizade para seus colegas de trabalho, e não apenas para obter
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um salário melhor no ano que vem, ou obter uma promoção, mas para ganhar
uma herança eterna.
Recordem novamente as palavras do Concílio Vaticano II: “O trabalho,
as orações e os empenhos apostólicos, a vida conjugal e familiar ordinária, o
trabalho quotidiano, o descanso mental e físico ... todos estes se tornam
sacrifícios espirituais aceitáveis a Deus por meio de Jesus Cristo. Durante a
celebração da Eucaristia, esses sacrifícios são oferecidos com muito amor ao
Pai junto com o corpo do Senhor”.
Toda a nossa vida fica presa na Missa e se torna nossa participação na
Missa. Quando o céu desce à terra, levantamos nossa terra para encontrá-la
no meio do caminho. Esse é o esplendor do ordinário: o mundo do trabalho
torna-se nossa Missa. É assim que realizamos o Reino de Deus. Quando
começamos a ver que o céu nos espera na Missa, já começamos a trazer nossa
casa para o céu. E já começamos a trazer o céu para casa conosco.
Tornamo-nos mártires, testemunhas de Jesus Cristo, Cuja Parousia,
Cuja Presença, conhecemos mais intimamente.
Fontes e Referências
Introdução
A declaração do Papa João Paulo II foi extraída de seu discurso do Angelus (3
de novembro de 1996). O Papa João Paulo II também fez um “Discurso sobre
a Liturgia” aos bispos norte-americanos durante sua visita ad limina em 1998,
na qual afirma: “O desafio agora é ... alcançar o ponto de equilíbrio adequado,
especialmente entrando mais profundamente na dimensão contemplativa do
culto...
Isso só acontecerá se reconhecermos que a liturgia tem dimensões locais e
universais, temporais e eternas, horizontais e verticais, subjetivas e objetivas.
São precisamente essas tensões que dão ao culto católico seu caráter
distintivo. A Igreja universal está unida em um grande ato de louvor; mas é
sempre a adoração de uma determinada comunidade em uma determinada
cultura. É a adoração eterna do Céu, mas também está impregnada de tempo”.
E concluiu: “No centro desta experiência de peregrinação está o nosso
caminho de pecadores nas profundezas insondáveis da liturgia da Igreja, a
liturgia da criação, a liturgia do céu, que são, afinal, o culto de Jesus Cristo,
o Eterno Sacerdote, no qual a Igreja e toda a criação são atraídas para a vida
da Santíssima Trindade, nossa verdadeira casa”.
Ver Papa João Paulo II, Primavera da Evangelização (San Diego: Basilica Press,
1999), pp. 130, 135. O Papa João Paulo II elucida esta visão mais
detalhadamente em sua Carta Apostólica de 1995, Orientale Lumen (“A Luz do
Oriente”).
Desde o Princípio
“este é o sacrifício...” Didaquê 14.3.
“No próprio dia do Senhor ...” Didaquê 14.1.
“Como este pão partido ...” Didaquê 9.4-5. 10,3, 10,5.
“Estruturalmente falando...” Joseph Ratzinger, Festa da Fé (San Francisco:
Ignatius Press, 1986), p. 57. Ver também pp. 51–60.
“Nos próximos...” Veja Hartmut Gese, Essays on Biblical Theology
(Minneapolis: Augsburg, 1981), pp. 128-133.
99
“o lugar do sacrifício” Veja suas cartas aos Efésios (5.2), Trallians (7.2) e
Filadélfia (4) todos citados em Johannes Quasten's Patrology, Vol. 1 (Allen,
Texas: Clássicos Cristãos, 1988).
“Cuidado, então...” Santo Inácio de Antioquia, Cartas aos Filadelfinos, 4. “Da
Eucaristia e da oração ...” Santo Inácio de Antioquia, Carta aos Esmirnenses,
7.
“Que seja considerado...” Santo Inácio de Antioquia, Carta aos Esmirnenses,
8.1.
“No dia em que ligamos...” São Justino Mártir, Apologia 1, 65-67. Ver também
Catecismo da Igreja Católica, n. 1345.
“A comida que foi...” São Justino Mártir, Apologia 1, 66. “E a oferta de farinha
fina ...” São Justino Mártir, Diálogo com Trifão, 41.
“SACERDOTE: O Senhor esteja convosco. . .” Para uma boa tradução do texto
litúrgico de Hipólito, veja Lucien Deiss, Early Sources of the Liturgy (Staten
Island, NY: Alba House, 1967), pp. 29-73.
"Mas não é fácil ...” Summa Theologica III, Questão Suplementar 73; veja
também Santo Agostinho, Epístola 80, que São Tomás cita.
Joseph Ratzinger, Escatologia, pp. 201-202: “Por sua natureza, o retorno do
Senhor pode ser descrito apenas em imagens. O Novo Testamento extraiu seu
material imaginativo a esse respeito das descrições do Antigo Testamento do
Dia de Yahweh... Outro material foi adicionado por empréstimo do culto... e a
Liturgia... Com base nisso, podemos oferecer uma avaliação fiel da linguagem
do simbolismo cósmico no Novo Testamento. Esta linguagem é a linguagem
litúrgica...” Ele continua: “Esta análise nos permite tirar duas conclusões. As
imagens cósmicas do Novo Testamento não podem ser usadas como fonte para
a descrição de uma futura cadeia de eventos cósmicos. Todas as tentativas
deste tipo são mal colocadas. Em vez disso, esses textos fazem parte de uma
descrição do mistério da Parousia na linguagem da tradição litúrgica. O Novo
Testamento oculta e revela a indizível vinda de Cristo, usando linguagem
emprestada dessa esfera, que é graciosamente capacitada para expressar
neste mundo o ponto de contato com Deus. A Parousia é a maior intensificação
e cumprimento da Liturgia. E a Liturgia é Parousia, um evento semelhante à
Parousia acontecendo em nosso meio” (pp. 202-203). Ratzinger acrescenta:
“Toda Eucaristia é Parousia, a vinda do Senhor, e ainda assim a Eucaristia é
ainda mais verdadeiramente o anseio tenso de que Ele revelaria Sua glória
oculta” (p. 203). Assim conclui: “Visto nesta perspectiva, o tema da Parousia
deixa de ser uma especulação sobre o desconhecido. Torna-se uma
interpretação da liturgia e da vida cristã em sua íntima conexão...” (p. 204)
[grifo nosso].
Karl Adam, The Christ of Faith (Nova York: Pantheon Books, 1957), pp. 283-
84: ... “Assim, os comentaristas católicos preferem a explicação de que as
declarações de nosso Senhor neste discurso [o Discurso das Oliveiras] devem
ser interpretadas como uma visão profética... Nesse contexto, a queda de
Jerusalém adquire importância primordial na história da salvação. Pois não é
a queda de qualquer cidade comum, mas a queda da antiga aliança,
julgamento divino sobre o primogênito de Javé, porque eles não sabiam o
tempo de sua visitação. Na visão profética de Jesus, a queda de Jerusalém
significa o primeiro ato do julgamento do mundo, a verdadeira introdução do
iminente Juízo Final. Para Jesus a queda da cidade já fazia parte da grande
novidade que veio ao mundo desprevenida com a sua missão, e atingirá o seu
cumprimento na Parousia do Senhor. E porque a queda de Jerusalém, a
abertura para o julgamento final, ocorreria dentro desta geração, então, de
fato, muitos dos ouvintes de Cristo seriam testemunhas desse julgamento”.
Sobre a estreita e profunda ligação entre a Presença Real e a Parousia, ver P.
Hinnebusch, “The Eucharist and the Parousia”, Homiletic and Pastoral Review
(novembro de 1994): 15-19; G. Wainwright, Eucaristia e Escatologia (Nova
York: Oxford University Press, 1981); F.-X. Durrwell, A Eucaristia: Presença
de Cristo (Denville, NJ: Dimension, 1974); _ Para um bom caso a favor de uma
102
Dia do Julgamento
Veja o Cardeal Augustin Bea, “O Povo Judeu no Plano Divino de Salvação”,
Pensamento 41 (1966): 9–32. Bea afirma:
“Devemos ter em mente a perspectiva profética típica em que o julgamento de
Jerusalém é ao mesmo tempo o modelo e o símbolo do Juízo Final... Assim,
no conhecido discurso de Jesus em Mateus 24, o julgamento histórico de
Jerusalém e o Juízo Final se misturam de tal forma que é impossível decidir
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Levantando o Véu
“Nós não sabíamos ...” Veja A Igreja Ortodoxa, Timothy Ware (Baltimore:
Penguin Books, 1963), p. 269.
“A liturgia é antecipada Parousia ...” Joseph Ratzinger, A New Song for the
Lord (New York: Crossroad, 1997), p. 129.
Ele acrescenta: “Portanto, não é o caso de você pensar em algo e depois cantá-
lo; em vez disso, a música vem dos anjos, e você tem que elevar seu coração
para que possa estar em sintonia com a música que chega até ele. Acima de
tudo, isso é importante: a liturgia não é uma coisa criada pelos monges. Já
está lá antes deles. É entrar na liturgia dos céus... A liturgia terrena é liturgia
porque e somente porque une o que já está em processo, a realidade maior”.
P. Maniyattu, Heaven on Earth: The Theology of Liturgical Spacetime in the East
Syria Curbana (Roma: Mar Thoma Yogam, 1995), pp. 25-26: “É a santa
eucaristia que torna o tempo eterno. A participação na liturgia eucarística
permite transcender os limites do tempo e entrar na esfera do tempo
sagrado...”
Para um maior desenvolvimento da estrutura litúrgica e dos elementos do
Livro do Apocalipse, ver J.-P. Ruiz, “O Apocalipse de João e a Liturgia Católica
Romana Contemporânea”; Culto 68 (1994): 482–504; MM Thompson,
“Adoração no Livro do Apocalipse”, Ex Auditu 8 (1992): 45–54; Ugo Vanni,
“Diálogo Litúrgico como Forma Literária no Livro do Apocalipse”, Estudos do
Novo Testamento 37 (1991): 348–372; BW Snyder, “Mito de Combate no
Apocalipse: A Liturgia do Dia do Senhor e a Dedicação do Templo Celestial”
(Tese de Doutorado, União Teológica de Graduação e Univ. da Califórnia,
Berkeley, 1991); GA Gray, “O Apocalipse de São João, o Teólogo: Ícone Verbal
da Liturgia” (Tese de Mestrado, Seminário Mount Angel, 1989); E. Cothenet,
“Liturgia Terrena e Liturgia Celestial de acordo com o Livro do Apocalipse”, em
Papéis na Assembleia Litúrgica, XII Conferência Litúrgica Saint-Serge (Nova
York: Pueblo, 1981), pp. 115–35; L. Thompson, “Cult and Escatology in the
Apocalypse of John”, Journal of Religion 49 (1969): 330-50; MA Shepherd, The
Paschal Liturgy and the Apocalypse (Londres: Lutterworth, 1960).
Significativamente, o Catecismo afirma: “O livro do Apocalipse de São João,
lido na liturgia da Igreja, primeiro nos revela: 'Um trono estava no céu, com
um sentado no trono': 'o Senhor Deus'...” (1137, grifo nosso). Este
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Adoração é Luta
“Esta guerra é inevitável. . .” Dom Lorenzo Scupoli, The Spiritual Combat
(Westminster, Md.: Newman, 1945), p. 45.
“se for grande a fúria dos teus inimigos ...” Ibidem, pág. 44.
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Sobre os santos do Cânon Romano. Ver Joseph Ratzinger, A New Song for the
Lord (New York: Crossroad, 1997), p.175.
A Ideia de Paróquia
“Deus em seu mistério mais profundo...” Papa João Paulo II, Puebla: A
Pilgrimage of Faith (Boston: Filhas de São Paulo), p.86.
MJ Scheeben, Os Mistérios do Cristianismo (St. Louis: Herder, 1950), p. 509:
“Pela celebração do ato sacrifical que se realiza nesta terra, a Igreja pode entrar
diretamente em união com o sacrifício celestial que Cristo oferece no corpo
glorificado... O ato eucarístico de sacrifício traz a marca da imolação
consumada na cruz, e a reencena vividamente em sua forma e poder, somente
na medida em que no holocausto celestial a imolação da cruz é exibida e
oferecida na lembrança eterna de Deus, e essa lembrança é visivelmente
representado para nós na separação do sangue do corpo na Eucaristia pela
diferença entre as espécies”.
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