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2
José Francisco de Assis DIAS

DÍZIMO:
FÉ COMPROMETIDA
Análise Canônico-Pastoral do Sistema do Dízimo
Reimpressão

Humanitas Vivens Ltda

Uma Instituição a serviço da Vida!

Sarandi (PR) 2009

3
Copyright 2009 by Humanitas Vivens Ltda
EDITOR:
Prof. Dr. José Francisco de Assis DIAS
CONSELHO EDITORIAL:
Prof. Ms. José Aparecido PEREIRA
Prof. Ms. Leomar Antonio MONTAGNA
Prof. Gunnar Gabriel ZABALA MELGAR
REVISÃO ORTOGRÁFICA E ESTILO:
Anna Ligia CORDEIRO BOTTOS
CAPA, DIAGRAMAÇÃO E DESIGN:
Agnaldo Jorge MARTINS
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
Dias,José Francisco de Assis
D541d Dízimo: fé comprometida.
Análise canônico pastoral do
sistema dízimo. / José Francisco
de Assis Dias. -- Sarandi :
Humanitas Vivens, 2009.
248p.

ISBN 978-85-61837-14-3

1.Dízimo – Análise canônico


pastoral. 2.Dízimo – Fé
comprometida.
CDD 21.ed. 254.8

Bibliotecária: Ivani Baptista CRB-9/331


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Fones: (44) 3042-2233 – 9904-4231 – 9904-4235.

4
Ao Giovanni, filho querido,
na sua condição de ‘humanitas vivens’,
dotado de ímpar dignidade humana;
na sua condição de ‘imago Dei’ redimida,
elevado à dignidade de ‘filho de Deus’.

5
Sumário

Siglas e Abreviações .............................................................09


11
Introdução .............................................................................

CAPÍTULO I:
INICIATIVAS PASTORAIS ............................................ 16
16
1. Iniciativas a Nível Nacional .............................................
2. As Comunidades Eclesiais de Base ................................. 22
24
2.1. A Igreja como Povo de Deus .....................................
25
2.2. A Igreja como comunhão .........................................
2.3. O papel insubstituível do Cristão Leigo ................... 26
3. Diocese de Umuarama:
36
Uma Experiência Válida .......................................................

CAPÍTULO II:
O SISTEMA DO DÍZIMO ................................................ 52
1. Os Fins da Igreja e seu Direito aos Bens .......................... 52
2. A Instituição do Dízimo Bíblico ...................................... 66
74
3. O Dízimo na História ........................................................
3.1. Domínio universal do Criador sobre tudo ................. 75
3.2. Testemunho ao Mundo ..............................................77
3.3. Membros vivos do Povo de Deus ............................. 77
3.4. Regulamentação eclesiástica do
80
dever divino–natural ........................................................
3.5. Sistema de Taxas:
inadequado às exigências pastorais de nossos dias........... 81

6
4. Peculiaridades do Sistema do Dízimo .............................. 82
82
4.1. Conceituação .............................................................
87
4.2. Peculiaridades ...........................................................
4.3. Conseqüências.................................................... 93

CAPÍTULO III:
A ADMINISTRAÇÃO DO DÍZIMO ............................... 100
1. Noções de Administração ................................................ 100
103
1.1. Alienação .................................................................
1.2. Determinações da CNBB ......................................... 105
1.3. Abrangência do conceito de “alienação” ................. 107
2. O Conselho Paroquial do Dízimo (CPD) ........................ 109
111
2.1. Atribuições ..............................................................
113
2.2. Transparência ..........................................................
2.3. O Papel do Pároco ................................................... 114
2.4. Honesta Sustentação dos Ministros ........................ 117
2.5. Previdência Social .................................................. 121
2.6. Patrimônio Comum ................................................. 122
2.7. Remuneração das Religiosas e Religiosos .............. 126
127
2.8. Funcionários ............................................................

CAPÍTULO IV:
IMPLANTANDO E ORGANIZANDO
O “SISTEMA DO DÍZIMO” ............................................ 128
128
1. Pastoral do Dízimo ...........................................................
1.1. Aspectos sociológicos da Pastoral do Dízimo ......... 129
1.2. Aspectos Pastorais do
134
Sistema do Dízimo ..........................................................
1.3. Sentido Comunitário da
140
Pastoral do Dízimo ..........................................................
1.4. Riscos históricos do Sistema do Dízimo ................... 142
1.5. O Sustento dos Ministros e a
145
Pastoral do Dízimo ...........................................................

7
2. Implantando o Sistema do Dízimo ..................................... 148
2.1. Passos no Processo de Implantação ........................... 148
2.2. Cronograma ................................................................
163
2.3. Temas de Reflexão ..................................................... 165
3. Organizando o Sistema do Dízimo .................................... 202
3.1. Dízimo Mirim ............................................................ 203
3.2. Arrecadação ...............................................................
204
3.3. Modelo de Carnê ....................................................... 207
3.4. Organograma do Dízimo:
nível paroquial ..................................................................
209
3.5. Organograma do
Conselho Paroquial de Pastoral (CPP) ............................. 210
3.6. Organograma da
Equipe Paroquial de Pastoral do Dízimo (EPPD) ............. 211
3.7. Organograma do
Conselho Paroquial do Dízimo (CPD) .............................. 212
3.8. Organograma do Dízimo: nível setorial ..................... 213

Conclusão ..............................................................................214
Fontes e Bibliografia ............................................................ 231
1. Fontes .................................................................................
231
2. Bibliografia ........................................................................235

8
Siglas e Abreviações

AAS - Acta Apostolicae Sedis, Comentarium


Officiale, Romae 1909
adh. Ap. - Adhortatio Apostolica (Exortação Apostólica).
Arq. Dioc. - Arquivo Diocesano.
art. - Articulus.
B.A.C. - Biblioteca de Autores Cristianos.
c. - Canon.
CC - Conselho Comunitário.
cc. - Canones.
CDP - Conselho Diocesano de Pastoral.
CEB - Comunidade Eclesial de Base.
CEBs - Comunidades Eclesiais de Base.
CELAM - Conferência Episcopal Latino-Americana.
cf. - Conferir.
cfr. - Confrontar.
CIC - Codex Iuris Canonici .
CIC17 - Codex Iuris Canonici 1917.
CIC83 - Codex Iuris Canonici 1983.
CNBB - Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.
Comm. - Communicationes.
const. - Constitutio.
const. dogm. - Constitutio Dogmatica.
const. past. - Cosntitutio Pastorale.
CPP - Conselho Paroquial de Pastoral.
decr. - Decretum.
doc. - Documentum.
ed. - Editio.
est. - Estudos.
estat. - Estatística.
Ib. - Ibidem.
Id. - Idem.
INPS - Instituto Nacional de Previdencia Social.
litt. - Littera.

9
litt. past. - Littera Pastoralis.
m.p. - Motu Proprio.
n. - Numerus.
o.c. - Opus Citatum.
pl. past. - Plano de Pastoral de Conjunto
S. - São.
V. - Volumen.
VV. - Columina.

10
Introdução

Este estudo foi inspirado na iniciativa corajosa de


várias Igrejas Particulares brasileiras, de modo especial a
Igreja Particular de Umuarama, que procuraram no Sistema
do Dízimo aquilo que é necessário para atingir ou realizar
seus fins próprios, enquanto Igreja peregrina sobre a Terra1.
Atendiam, assim, à Conferência Episcopal que qualificou
“pastoralmente inadequado o atual sistema de taxas” e votou
que se fizesse “um estudo teológico e científico sobre o
dízimo, a ser aplicado sistematicamente”2.
Meu objetivo específico é apresentar o Dízimo como
a experiência jurídico - pastoral mais viável para atender às
necessidades materiais do Culto e condizentes com sua
“Dignidade” e “Santidade”. Desejo fundamentá-la, a partir
da Legislação Universal, como uma opção juridicamente
válida e pastoralmente preferível ao “Sistema das Taxas”;
bem como oferecer os instrumentais canônicos e pastorais
para sua implantação e organização administrativa.
A Conferência Episcopal pediu, como veremos no
primeiro capítulo, que cada Bispo em sua Diocese
procurasse preparar o povo para a implantação do Dízimo. É
uma tentativa de atender, concretamente às palavras do III
1
Cf. CIC83 C. 1260.
2
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, est.
Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 8.
11
Sínodo dos Bispos de 1971, que diz ser desejável que o
Povo Cristão receba paulatinamente tal formação, a ponto
de fazer com que o sustento dos Sacerdotes seja
desvinculado dos atos de Ministério, especialmente daqueles
de natureza sacramental3.
Desta forma, fica mais claro para todos que o Dom de
Deus “não se compra com dinheiro”4, mas distribui-se
gratuitamente, como fizeram os Apóstolos e tantas antigas
Igrejas.5

O Dízimo é uma experiência gratificante, com


desafios e deficiências, mas também com pontos positivos e
peculiares para muitas Dioceses pelo Brasil a fora. É esta
experiência jurídico - pastoral que analiso e apresento,
desejoso de dar uma contribuição para as Igrejas
Particulares do Brasil, fundamentando o Dízimo como
Instituto Jurídico - Pastoral e opção preferível.

É a solução em larga vantagem do arcaico sistema de


taxas, que infelizmente ainda se conserva no código vigente,
uma vez que a sensibilidade pastoral hodierna repugna
receber alguma coisa dos fiéis em ocasião dos serviços
sagrados, sobre tudo daqueles de natureza sacramental.6

3
Cf. SYNODUS EPISCOPORUM, doc. Ultimis Temporibus, 30 de
novembro de 1971, II, 2,4.
4
Cf. At. 8,18-25.
5
Cf. A. MOSTAZA RODRIGUES, “Diritto Patrimoniale Canonico”,
in Corso di Diritto Canonico, I, Cremona 1975, 317.
6
Cf. L. DE ECHEVERRIA, ( a cura de), Código de Derecho
Canónico, Edicion Bilingüe Comentada por los Professores de la
Facultad de Derecho Canonico de la Universidad Pontificia de
Salamanca (B.C.A. 442), 7ª ed., Madrid 1986, 600.
12
A nova legislação deveria ser impostada de modo a
considerar uma mentalidade largamente difusa hoje, de que
o testemunho da Igreja na moderna sociedade laicizada e
consumista se torna eficaz se puramente religiosa e não
suspeita de interesses temporais próprios7.
Sou movido pelo desejo de dar à experiência do
Dízimo como Fé e Amor à Comunidade dos irmãos as luzes
da Vigente Legislação Canônica, as quais são, muitas vezes,
ignoradas pelas Legislações Particulares, quando concebidas
e promulgadas.
Recorro ao auxílio de autores qualificados que, com
comentários e reflexões, deram sua contribuição ao Direito
Patrimonial Canônico, em especial ao Instituto do Dízimo.
Para maior aprofundamento do Instituto do Dízimo e dos
princípios gerais do direito patrimonial da Igreja, ofereço
um elenco de fontes e bibliografia.

Uso um método de análise direta da Realidade


Pastoral ordenada pelas Legislações Particulares, à luz da
Normativa Universal. Trata-se de buscar, mesmo que
sumariamente , os motivos que conduziram a esta escolha
específica e conhecer os pressupostos pastorais e
instrumentos para sua implantação.

Nesta análise uso a experiência da Diocese de


Umuarama, uma das pioneiras na Implantação do Dízimo
como única forma ordinária de manutenção das Paróquias. É
a nossa “Diocese Laboratório”.

7
Cf. G. ZANNONI, I Beni Temporali della Chiesa nel Nuovo Codice
di Diritto Canonico, Lámico del Clero 65(1983)154.
13
Quero manifestar meu sincero agradecimento àqueles
que me apoiaram e sustentaram na pesquisa e elaboração
deste trabalho. Primeiramente agradeço ao Senhor, Supremo
Legislador, de quem toda Ordem procede.
Agradeço ao Prof. V. De Paolis, moderador de minha
monografia de Mestrado em Direito Canônico, na Pontifícia
Universidade Urbaniana, da qual parti para a realização
deste “trabalho”. De fato ele ocupou lugar fundamental na
minha pesquisa e reflexão, sempre solícito em corrigir-me e
orientar-me para chegar a uma apresentação satisfatória do
tema a que me propus.
Quero lembrar o Prof. E. Sastre Santos, pelas suas
indispensáveis lições de Metodologia Jurídica junto à
Pontifícia Universidade Urbaniana, sempre pronto para
colaborar na pesquisa e elaboração metodológica de nossos
trabalhos.

Quero lembrar o Rvmo. Pe. Paolo Orlandi, Superior


Geral da Congregação dos Sacerdotes de São João Batista,
que me acolheu em Roma e hospedou-me carinhosamente
para meus estudos, tratou-me como amigo e irmão.

Quero lembrar o Revmo Pe. Ennio Verdenelli, atual


Vigário Geral da Congregação dos Sacerdotes de São João
Batista, pelo seus trabalhos na Diocese de Umuarama nos
anos da implantação do Sistema do Dízimo e pelo seu apoio
na pesquisa deste Tema, quando hospedei-me em sua Casa
Geral em Roma durante meus estudos de Direito Canônico.

Deixo por último, para dar maior destaque, S. Exa.


Revma. José Maria Maimone, Epíscopo e Amigo, que me
deu a oportunidade de ser Presbítero em sua Diocese e

14
estudar este tema tão vivo na Missão da Igreja. Tema que
figura entre os mais delicados pelas conseqüências que dele
derivam à imagem da Igreja8.

8
Cf. G. ZANNONI, o.c., 154.
15
CAPÍTULO I:
INICIATIVAS PASTORAIS

1. Iniciativas a Nível Nacional.

A discussão em torno da implantação do Dízimo


como Sistema de Arrecadação ordinária na Igreja do Brasil
teve significativo desenvolvimento a partir de 1967. A
Conferência Episcopal procurou assessorar estudos neste
sentido, na medida em que foram solicitados pelas Igrejas
Particulares.

Durante a vigência do primeiro pl. past. nacional, o


Secretário Geral da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil fez acontecer um Seminário de Estudos com o tema
“Bens Eclesiásticos e Sistemas de Sustentação da Igreja”9.
Seus principais estudos constam do livro “Bens Temporais
numa Igreja Pobre” de R. CARAMURU DE BARROS10.11

9
. Rio de Janeiro, fevereiro de 1967.
10
. R. CARAMURU DE BARROS, Bens Temporais Numa Igreja
Pobre (Novos Caminhos 31), Petrópoles 1968.
11
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, est.
Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 7.
16
Por ocasião da X Assembléia Geral do Episcopado
Brasileiro12, os Bispos do Brasil, respondendo a uma
insistente solicitação dos presbíteros, classificou como
“pastoralmente inadequado o atual sistema de taxas” e
votou que se fizesse “um estudo teológico e científico
sobre o dízimo, a ser aplicado sistematicamente”. Confiou-
se à Coordenação Nacional da Campanha da Fraternidade
a realização de um levantamento e apresentação de
sugestões para a adoção do Dízimo no Brasil. Como fruto
desses primeiros estudos temos o folheto “Campanha
Nacional do Dízimo”13.14
Durante a XI Assembléia Geral15 foi nomeada uma
Comissão Especial para prosseguir os estudos já iniciados.
Um amplo inquérito foi elaborado e enviado a todas as
Dioceses brasileiras. Baseando-se em seus resultados, esta
Comissão elaborou um “plano” para implantação do
Dízimo, em âmbito Nacional, aprovado pelo episcopado na
XII Assembléia Geral da Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil16.17

Os anos de 1971 e 1972 foram marcados pelo


trabalho de reflexão e elaboração de subsídios por parte da
Comissão Especial, em âmbito nacional.18

12
. S. Paulo, 1969.
13
. Maio de 1970.
14
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, est.
Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 8.
15
. Brasília, maio 1970.
16
. Belo Horizonte, fevereiro de 1971.
17
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, est.
Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 8.
18
Cf. Ibidem
17
Nos anos de 1971 a 1974 vários Regionais
começaram a tomar as primeiras iniciativas para a
implantação deste Sistema. Ao mesmo tempo algumas
Igrejas Particulares adotaram o Dízimo em âmbito
diocesano.19
Foi neste ano de 1974 o início, com o primeiro pl.
past., dos preparativos para a implantação do Sistema do
Dízimo na então Jovem Diocese de Umuarama, Diocese
que será nosso laboratório para aferir a aplicabilidade do
“Dízimo Radical” na realidade pastoral.
A XIII20 e a XIV21 Assembléias Gerais voltaram a
refletir sobre o problema do Dízimo como substituto do
Sistema de Taxas. Ao mesmo tempo que fortalecia sua
opção pelo Sistema do Dízimo, constatava-se
progressivamente a inviabilidade de sua implantação
através de um “plano nacional” onde as etapas e datas
fossem idênticas para todas as Igrejas Particulares, dadas
as diversas realidades existentes nas várias Regiões
Brasileiras.22

As decisões finais desta XIV Assembléia foram as


seguintes:
1. “Todas as Igrejas Particulares no Brasil devem
Ter como meta a implantação do dízimo como
sistema de contribuição sistemática e periódica,

19
Cf. Ibidem
20
. S. Paulo 1973.
21
. Itaici 1974.
22
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, est.
Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 8-9.
18
que substitua progressivamente o sistema de
taxas”;

2. “Haja um intenso trabalho de conscientização do


povo e dos agentes de pastoral e de progressiva
organização do sistema ao nível diocesano,
paroquial e de base”;
3. “As Igrejas, dentro de um mesmo regional, devem
prestar mútua ajuda, fazendo circular as várias
experiências”;
4. “Os regionais cuidem da elaboração de subsídios,
onde eles forem necessários e pedidos pelas
Igrejas Particulares”;

5. “Os organismos nacionais prestem aos regionais a


devida assessoria”;
6. “Cada Igreja Particular fixará a data a partir da
qual será obrigatória a implantação do sistema”. 23
É evidente que não houve um recuo quanto à
necessidade e oportunidade da implantação do Sistema do
Dízimo. Houve, sim, uma mudança de sistemática em nível
nacional.

Abandonou-se a idéia de um “plano Nacional” e


optou-se por um processo que atendesse melhor às diversas
realidades presentes na Igreja do Brasil.

A implantação do Dízimo foi colocada como meta a


ser atingida por todas as Igrejas Particulares. Essa meta não

23
Cf. Ibidem, 9.
19
era uma mera “exortação pastoral” ou um “objetivo
desejável”. As Igrejas Particulares “deviam” buscá-la:
tratava-se de um “compromisso pastoral” sério, cuja
consciência emergiu de um longo período de reflexão que
remonta o ano de 1967.24
Tanto se tratava de um dever pastoral sério a ser
concretamente realizado, que a própria Assembléia Geral
decidira que fosse realizado, em todas as Igrejas
Particulares, um “intenso trabalho de conscientização” e
uma “progressiva organização do sistema do Dízimo” e a
definição de uma data a partir da qual seria obrigatória a
implantação do mesmo.25

É importante para nosso objetivo a concepção do


Sistema do Dízimo em nível nacional e seu “objetivo
preciso”: substituir o Sistema de Taxas por uma forma de
contribuição sistemática e periódica mais condizente com a
dignidade e santidade dos atos do Ministério Sacerdotal,
principalmente daqueles de natureza Sacramental.
Nada se diz em âmbito nacional, a respeito de
doações espontâneas, coletas, promoções especiais, rendas
patrimoniais; nem se define quanto a “índices”, “formas” e
“organização concreta” do Sistema do Dízimo.26

A implantação do Sistema do Dízimo em sua forma


radical, como a propomos, pressupõe elementos e
instrumentos fundamentais que viabilizam seu
amadurecimento jurídico-pastoral.

24
Cf. Ibidem, 9-10.
25
Cf. Ibidem
26
Cf. Ibidem, 10.
20
O que mantém o Dízimo, como Sistema Radical e
sustento da Paróquia, são as pequenas comunidades. De
modo especial as CEBs são instrumentais adequados, pois
através delas é possível a conscientização do povo. Através
delas, também, é que se viabiliza a arrecadação mais eficaz,
bem como a prestação de contas.
Sem o espírito comunitário que se adquire através das
CEBs, o Sistema do Dízimo, certamente não sobrevive nem
dá os frutos pastorais de engajamento comprometido e
responsável do fiel em relação à Comunidade Paroquial.27
Esta constatação exige de nós maior conhecimento
sobre as Comunidades Eclesiais de Base, para nos
tornarmos capazes de entender bem o processo de
implantação deste Sistema do Dízimo, em sua forma radical,
como a propomos.
Para tanto, reservo o próximo item. Apresentarei,
mesmo que sumariamente, alguns elementos e princípios
gerais sobre a sua constituição e atuação, como “Igreja
Base”.

27
Cf. J.M.MAIMONE, o.c., 13.
21
2. As Comunidades Eclesiais de Base.

Já em 1962, o pl. past. Plano de Emergência afirmava


a urgência em “vitalizar e dinamizar nossas paróquias,
tornando-as instrumentos aptos a responder à premência das
circunstâncias e da realidade em que nos encontramos”.

Um dos caminhos propostos para isso era fazer da


Paróquia “uma comunidade de fé, de culto e de caridade”
para que se tornassem “fermento da comunidade humana”.28

Recomendava-se ainda “identificar as comunidades


naturais e iniciar o trabalho a partir da realidade que
apresentam”.
Nestas comunidades abertas à evangelização, os
elementos dinâmicos irão ajudar a despertar e formar líderes
das novas Comunidades.
Aos leigos cabe um papel decisivo29: “Observar que a
conquista das comunidades pagãs ou indiferentes dos
centros urbanos será feita de preferência por penetração das
comunidades naturais. O método mais seguro é a
evangelização partindo dos problemas de vida”30.

28
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, pl.
past. Plano de Emergência, Rio de Janeiro 1962, 5.4.
29
Cf. Ibidem, 5.5.
30
Cf. Ibidem, 5.6.
22
Encontramos, nestas afirmações, já em germe alguns
dos traços característicos constitutivos daquilo que seria a
Comunidade Eclesial de Base.31

Constatando que a extensão geográfica e a densidade


populacional de nossas Paróquias constituem um obstáculo
à vivência comunitária, o Plano de Emergência diz fazer-se
“urgente suscitar e dinamizar, dentro do território paroquial,
comunidades de base onde os cristãos não sejam pessoas
anônimas, se sintam acolhidas e responsáveis e delas façam
parte integrante, em comunhão de vida em Cristo e com
todos os seus irmãos”32.
Nos sucessivos “Planos de Pastoral de Conjunto” da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, as
Comunidades Eclesiais de Base mereceram uma atenção
crescente até serem assumidas como Prioridade nos III e
IV Planos Bienais33 .

O Concílio Vaticano II, eminentemente pastoral, com


suas grandes idéias-chaves trouxe a fundamentação
teológica para a intuição, já sentida na prática: a renovação
pastoral se fará a partir da renovação da Vida Comunitária e

31
Cf. IDEM, doc. As Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do
Brasil, 23-26 de novembro de 1982, 10.
32
Cf. IDEM, pl. past. Plano de Emergência, 38-39.
33
. Pode-se cf. estes planos: CONFERÊNCIA NACIONAL DOS
BISPOS DO BRASIL, doc. III Plano Bienal dos Organismos
Nacionais 1975-1976, S. Paulo 1975; IDEM, doc. IV Plano Bienal dos
Organismos Nacionais 1977-1978, Brasília 1977.
23
de que a Comunidade deve se tornar “Instrumento de
Evangelização”.34

São destas idéias-chaves e nutridas por elas, que


nasceram as Comunidades Eclesiais de Base. Pode-se
salientar as seguintes:

2.1. A Igreja como Povo de Deus.

Foi do agrado de Deus santificar e salvar os homens


não individualmente e sem alguma ligação entre si, mas quis
constituir deles um “Povo”, que o reconhecesse na verdade
e santamente o servisse:

“Aprouve contudo a Deus santificar e salvar os


“homens não singularmente, sem nenhuma conexão
uns com os outros, mas constituí-los num povo, que O
conhecesse na verdade e santamente O servisse.
Escolheu por isso a Israel como o Seu povo.
Estabeleceu com ele uma aliança. E instruiu-o passo
a passo. Na história deste povo de Deus Se
manifestou a Si mesmo e os desígnios da Sua vontade.
E santificou-o para Si. (...) Foi Cristo quem instituiu
esta nova aliança, isto é, o novo testamento em seu
sangue (cf. 1 Cor 11,25), chamando de entre judeus e
gentios um povo, que junto crescesse para a unidade,
não segundo a carne, mas no Espírito, e fosse o novo

34
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
doc. As Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do Brasil, 23-26 de
novembro de 1982, 11.
24
Povo de Deus. Na verdade os que crêem em Cristo,
os que renasceram não de semente corruptível mas
incorruptível pela palavra do Deus vivo (cf. 1 Pd
1,23), não da carne mas da água e do Espírito Santo
(cf. Jo 3,5-6), são finalmente constituídos “em
linhagem escolhida, sacerdócio régio, nação santa,
povo adquirido ... que outrora não eram, mas agora
são povo de Deus” (1 Pd 2,9-10). ”35.

2.2. A Igreja como comunhão

A Igreja é uma comunhão profunda de pessoas


tornada visível na Comunidade participante e responsável.
Sacramento ou sinal e instrumento da união com Deus e da
unidade de todo o Gênero Humano:

“E porque a Igreja é em Cristo como que o


sacramento ou o sinal e instrumento da íntima união
com Deus e da unidade de todo o gênero humano, ela
deseja oferecer a seus fiéis e a todo o mundo um
ensinamento mais preciso sobre sua natureza e sua
missão universal, insistindo no tema de Concílios
anteriores.”36.

35
Cf. const. dogm. Lumen Gentium, 21 de novembro de 1964, 9.
36
. Ibidem, 1.
25
2.3. O papel insubstituível do Cristão Leigo

O papel insubstituível do Cristão Leigo e sua missão


específica na Igreja e no mundo. Todos os leigos devem ser,
diante do mundo, testemunha da ressurreição e da vida do
Senhor Jesus e o sinal do Deus Vivo. Todos juntos e cada
um por sua vez, devem alimentar o mundo com os frutos
espirituais e nele difundir o espírito, do qual são animados
os pobres, humildes e pacíficos.

O cristão deve ser no mundo aquilo que a alma é no


corpo:

“Cada leigo individualmente deve ser perante o


mundo uma testemunha da ressurreição e vida do
Senhor Jesus e sinal do Deus vivo. Todos juntos e
cada um na medida das suas possibilidades devem
alimentar o mundo com frutos espirituais (cf. Gál
5,22). Devem difundir no mundo aquele espírito pelo
qual são animados os pobres, os mansos e os
pacíficos que o Senhor no Evangelho proclamou bem-
aventurados (cf. Mt 5,3-9). Numa palavra, “o que a
alma é no corpo, isto sejam no mundo os
cristãos””37.
As Comunidades Eclesiais não “susrgiram como
produto de geração espontânea, nem como fruto de mera
decisão pastoral”. São o resultado da convergência de
descobertas e conversões pastorais que implicam toda a

37
Cf. Ibidem, 38.
26
Igreja Povo de Deus, na qual o Espírito Santo age sem
cessar.38

Elas constituem, em nosso país, uma realidade que


expressa um dos traços mais dinâmicos da vida da Igreja e,
por motivos diversos, vai despertando o interesse de outros
setores da sociedade.39
As Comunidades Eclesiais de Base no Brasil
“nasceram no seio da Igreja-instituição e tornaram-se ‘um
novo modo de ser Igreja’. Pode-se afirmar que é ao redor
delas que se desenvolve, e se desenvolverá cada vez mais,
no futuro, a ação pastoral e evangelizadora da Igreja”40.
Elas são “Fator de renovação interna e novo modo de
a Igreja estar presente ao mundo, elas constituem, por certo,
um fenômeno irreversível, senão nos detalhes de sua
estruturação, ao menos no espírito que as anima”41.
O IV Sínodo dos Bispos de 1974, ao tratar da
evangelização no mundo de hoje, também reflete sobre as
experiências de Comunidades Eclesiais de Base que se
realizavam já um pouco em toda parte.

A partir dos dados deste Sínodo, o Sumo Pontífice


Paulo VI escreveu a adh. ap. Evangelii Nuntiandi. “Depois
de expor as novas dimensões da evangelização em nosso
tempo, o Santo Padre, como que dando às CEBs o título de

38
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
doc. As Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do Brasil, 23-26 de
novembro de 1982, 7.
39
Cf. Ibidem, 1.
40
Cf. Ibidem, 3.
41
Cf. Ibidem, 4.
27
reconhecimento oficial, indicava-lhes condições de ser lugar
e meio de evangelização42.

O Sínodo ocupou-se largamente destas Comunidades.


O que vêm a ser tais Comunidades de Base e por quê hão
de ser destinatárias especiais da evangelização e ao mesmo
tempo evangelizadoras? Esta pergunta é respondida pelo N.º
58 da adh. ap. Evangelii Nuntiandi.

Florescentes mais ou menos por toda a parte na


Igreja, essas Comunidades diferem bastante entre si, mesmo
dentro duma só região, e mais ainda, de umas regiões para
as outras.
Nalgumas regiões nascem e desenvolvem-se, salvo
algumas exceções, no interior da Igreja. São solidárias com
a vida da mesma Igreja e alimentadas pela sua doutrina e
conservam-se unidas aos seus pastores.
Nestes casos, elas nascem da necessidade de viver
mais intensamente a vida da Igreja. Ou do desejo e da busca
de uma dimensão mais humana do que aquela que as
Comunidades Eclesiais maiores dificilmente poderão
revestir. Dificuldade presente sobretudo nas grandes
metrópoles urbanas contemporâneas onde é favorecida a
vida de massa e o anonimato.

Elas poderão muito simplesmente prolongar, a seu


modo, no plano espiritual e religioso – culto,
aprofundamento da fé, caridade fraterna, oração, comunhão
com os pastores – a similares. Ou então intentarão
congregar para ouvir e meditar a Palavra, para os
sacramentos e para o vínculo do ágape.
42
Cf. Ibidem, 20.
28
São grupos que a idade, a cultura, o estado civil ou a
situação social tornam mais ou menos homogêneos – como
por exemplo casais, jovens, profissionais e outros. Ou ainda,
pessoas que a vida faz encontrarem-se já reunidas nas lutas
pela justiça, pela ajuda aos irmãos pobres, pela promoção
humana, etc. Ou reúnem os fiéis naqueles lugares em que a
escassez de sacerdotes não favorece a vida ordinária de uma
Comunidade Paroquial.
Tudo isto, porém, é suposto no interior de
Comunidades constituídas da Igreja, sobretudo das Igrejas
particulares e das Paróquias.
Em outras regiões, ao contrário, agrupam-se
Comunidades de Base com “espírito de crítica” acerba à
Igreja, que elas estigmatizam muito facilmente como
“institucional” e à qual elas se contrapõem como
Comunidades Carismáticas – libertas de estruturas e
inspiradas somente no Evangelho.

Estas têm, como sua característica, uma evidente


atitude de censura e de rejeição em relação às expressões da
Igreja: a sua hierarquia e os seus sinais.

Contestam radicalmente esta Igreja. Nesta linha, a sua


inspiração principal bem depressa se torna “ideológica” e
freqüentemente são a presa de uma opção política, de uma
corrente e, depois, de um sistema, ou talvez mesmo de um
partido, com todos os riscos de serem “instrumentalizadas”.

É notável a diferença: as Comunidades que pelo seu


espírito de contestação se separam da Igreja, da qual
prejudicam a unidade, podem muito bem denominar-se
“Comunidades de Base” - terminologia puramente

29
sociológica. Não poderiam, sem abuso de linguagem,
intitular-se “Comunidades Eclesiais de Base”. Essa
designação pertence àquelas que se reúnem em Igreja, para
se unir à Igreja e para fazer crescer a Igreja.
Estas, sim, serão um “lugar de evangelização”, para
benefício das Comunidades mais amplas, especialmente das
Igrejas Particulares. Serão uma esperança para a Igreja
Universal, na medida em que:

1. procurem o seu alimento na Palavra de Deus e não


se deixem enredar pela polarização política ou
pelas ideologias que estejam na moda, prestes
para explorar o seu imenso potencial humano;

2. evitem a tentação sempre ameaçadora da


contestação sistemática e do espírito hipercrítico,
sob pretexto de autenticidade e de espírito de
colaboração;

3. permaneçam firmemente ligadas à Igreja local em


que se inserem, e à Igreja Universal, evitando
assim o perigo de se isolarem em si mesmas, e
depois de se crerem a única autêntica Igreja de
Cristo e, por conseqüência, perigo de
anatematizarem as outras Comunidades Eclesiais;

4. mantenham uma comunhão sincera com os


pastores que o Senhor dá à sua Igreja, e também
com o Magistério que o Espírito de Cristo lhes
confiou;

5. jamais se considerem como único destinatário ou


como único agente da evangelização, ou como o

30
único depositário do Evangelho; conscientes de
que a Igreja é muito mais vasta e diversificada,
aceitem que esta Igreja se encarna de outras
maneiras, que não só através delas;
6. progridam cada dia na consciência do dever
missionário e em zelo, aplicação e irradiação
neste aspecto;

7. demonstrem-se em tudo “Universalistas” e nunca


“sectárias”.
Com estas condições exigentes e exaltantes, a um
tempo, as Comunidades Eclesiais de Base corresponderão
à sua vocação mais fundamental: ouvintes do Evangelho e
destinatárias privilegiadas da evangelização. Tornar-se-ão,
sem demora, anunciadoras do Evangelho.43
As Comunidades Eclesiais de Base, em sua
caminhada de “Igreja”, apoiaram-se nessas orientações
claras e seguras de Evangelii Nuntiandi e aproveitaram
toda a reflexão de estudos e documentos da Conferência
Episcopal, como também de múltiplos e variados
encontros delas mesmas44.

O Episcopado Latino-americano em Puebla, reafirma


as Comunidades Eclesiais de Base como centros de
evangelização e motores de libertação:

43
Cf. PAULUS VI, adh. ap. Evangelii Nuntiandi, 8 de dezembro de
1975, 58.
44
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
doc. As Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do Brasil, 23-26 de
novembro de 1982, 21.
31
As “comunidades de base que, em 1968, eram apenas
uma experiência incipiente, amadureceram e
multiplicaram-se. Em comunhão com os seus bispos,
converteram-se em centros de evangelização e em motores
de libertação e desenvolvimento”45.
Os Bispos Latino-americanos constataram, ainda, que
“nas pequenas comunidades, mormente nas mais bem
constituídas, cresce a experiência de novas relações
interpessoais na fé, o aprofundamento da palavra de Deus,
a participação na Eucaristia, a comunhão com os pastores
da Igreja particular e um maior compromisso com a justiça
na realidade social dos ambientes em que se vive”46.

Constatou-se que as Comunidades Eclesiais de Base,


“inspirando-se nos ensinamentos do Concílio, tornaram-se
instrumentos da construção do Reino e concretização das
esperanças de nosso povo”47.

Como “Comunidades”, elas integram famílias,


adultos e jovens em estreito relacionamento interpessoal na
fé.48

Enquanto “Eclesial” a Comunidade de Base é


comunidade de fé, esperança e caridade. Celebra a Palavra
45
Cf. CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO, doc.
Conclusões da Conferência de Puebla, S. Paulo 1986, 96.
46
Cf. Ibidem, 640; também cf. VI ENCONTRO INTERECELSIAL
DE CEBs, doc. CEBs: Povo de Deus em Busca da Terra Prometida,
Revista Eclesiástica Brasileira 46(1986) 483-488.
47
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
doc. As Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do Brasil, 23-26 de
novembro de 1982, 23.
48
Cf. CONSELHO EPISCOPAL LATINO-AMERICANO, doc.
Conclusões da Conferência de Puebla, S. Paulo 1986, 641.
32
de Deus e se nutre com a Eucaristia, ponto culminante dos
demais sacramentos.

Realiza a Palavra de Deus na vida, mediante a


solidariedade e o compromisso com o mandamento novo
do Senhor. Torna presente e atuante a missão eclesial e a
comunhão visível com os legítimos pastores, através do
serviço de coordenadores aprovados.49

Enquanto “Base” a Comunidade Eclesial é


constituídas por um pequeno número de membros em
forma permanente e como célula da grande comunidade
Eclesial: a Paróquia e a Diocese.50
Em sua primeira visita apostólica ao Brasil – 30 de
junho a 11 de julho de 1980 -, o Sumo Pontífice João
Paulo II, deixa uma mensagem para os líderes das
Comunidades Eclesiais de Base. Reafirma a sua “nota”
característica da “eclesialidade”:

“Entre as dimensões das Comunidades Eclesiais de


Base, julgo conveniente chamar a atenção para
aquela que mais profundamente as define e sem a
qual se esvairia sua identidade: a eclesialidade.
Sublinho essa eclesialidade, porque está explícita já
na designação que, sobretudo na América Latina, as
comunidades receberam. Ser eclesiais é sua marca
original e seu modo de existir e operar. E a base a

49
Cf. IDEM, Ibd.; cf. também A. BARREIRO, A Eclesialidade das
CEBs, Revista Eclesiástica Brasileira 46(1986) 631-649; IDEM,
Raízes da Consciência Eclesial das CEBs, Convergência 17(1982)
602-649.
50
Cf. Ibidem; cf. também const. dogm. Lumen Gentium, 21 de
novembro de 1964, 26.
33
que se referem é de caráter nitidamente eclesial e não
meramente sociológico ou outro”51.

“É sabido também que uma Comunidade Eclesial tem


de ser forçosamente, uma Comunidade de caridade
ou de amor fraterno. Não foi por acaso que, querendo
apontar o traço característico dos seus discípulos e
seguidores, o Senhor proclamava: ‘Nisto conhecerão
que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos
outros’(Jo 13,35). É comunidade de caridade
enquanto seus membros procuram mais e mais
conhecer-se, viver juntos, partilhar alegrias e dores,
riquezas e necessidades. De resto, qual é o primeiro
motivo de formação de Comunidades de Base, senão
a necessidade e o desejo de criar grupos, não
multitudinários, mas à medida humana, capazes de
constituir espaços de verdadeiro diálogo de partilha?
A Comunidade de Base será comunidade de caridade,
sobretudo enquanto se revela instrumento de serviço
mútuo, no interior da mesma comunidade e serviço
aos outros irmãos, sobretudo aos mais
necessitados.”52
“Essa eclesialidade se concretiza em uma sincera e
leal vinculação da comunidade aos seus legítimos
pastores, em uma fiel adesão aos objetivos da Igreja,
em uma total abertura às outras comunidades e à

51
Cf. IONNIS PAULUS II, disc. Vosso Desejo, 11 de julho de 1980,
3.
52
Cf. Ibidem, 4.
34
grande comunidade da Igreja universal, abertura que
evitará toda tentação de sectarismo”53.

A eclesialidade é a dimensão imprescindível à reta


compreensão da identidade das Comunidades Eclesiais de
Base no Brasil:
“Elas querem ser eclesiais enquanto a fé em seus
membros e a unidade com a fé da Igreja é o principal
catalizador para a própria constituição do grupo
enquanto eclesial. Eclesiais em seguida, enquanto se
veiculam à hierarquia da Igreja, reconhecidas e
acolhidas por ela e a ela submissas; eclesiais porque
constituem um novo modo de ser Igreja, no qual esta
vive, na espontaneidade de novas formas de serviço e,
portanto, na criação de novos ministérios e modos de
presença no mundo”54
Tendo presentes estes princípios apresentados,
podemos buscar na experiência jurídico-pastoral de nossas
Paróquias, de modo especial, na Diocese de Umuarama, que
é nosso “laboratório” para estudo do Dízimo Radical.

Sem dúvida, as CEBs foram e são a base pastoral para


a implantação do Sistema do Dízimo, como “instrumento
53
Cf. Ibidem, 5
54
Cf. M.AZEVEDO, Comunidades Eclesiais de Base e Inculturação
da Fé, S. Paulo 1986, 86-87; sobre a “nota” Base, cf. 98, nt. 47; para
um maior aprofundamento, cf. também BETTO, O que é Comunidade
Eclesial de Base, S. Paulo 1981; IDEM, As Comunidades Eclesiais
como Potencial de Transformação da Sociedade Brasileira, Revista
Eclesiástica Brasileira 40(1980)597-625; IDEM, Em que Ponto Estão
Hoje as CEBs?, Revista Eclesiástica Brasileira 46(1986)527-538;
IDEM, Fisionomia das Comunidades Eclesiais de Base, Concilium
4(1981)99-109.
35
adequado” para despertar nos fiéis a “consciência eclesial”:
pressuposto indispensável para este processo.

3. Diocese de Umuarama: Uma


Experiência Válida

Na Diocese de Umuarama, nossa “Diocese


Laboratório”, quando foi erigida aos 16 de setembro de
1973, havia três Paróquias que integravam o “plano piloto”
do Regional Sul II, para a implantação das Comunidades
Eclesiais de Base no Paraná.
As três Paróquias estavam sob a cura pastoral dos
Sacerdotes de São Tiago – Padres Franceses – aos quais a
Diocese deve as primeiras iniciativas para a implantação das
Comunidades Eclesiais de Base.

Os bons frutos de renovação paroquial trazidos pelas


CEBs nascentes, levou a primeira Reunião Geral do Clero
decidir, por maioria absoluta, que a experiência fosse
estendida a toda a Diocese.

A partir dos trabalhos desta Reunião geral do Clero,


foi promulgado o primeiro pl. past. A Pastoral de Conjunto
na Diocese de Umuarama, 1º de janeiro de 1974.

Este plano coloca a formação de Comunidades


Eclesiais de Base como “prioridade”:
“Decidimos finalmente – diz – que o principal
esforço em nossa pastoral no ano de 1974 seria a
36
formação dessas Comunidades em todas as
Paróquias tanto nas cidades como nas zonas
rurais”55.

Para facilitar a compreensão das CEBs, este Plano


tece algumas considerações sobre a Igreja Particular, a
Igreja Paroquial, a Igreja Diaconal e a Igreja Base. É
significativo considerarmos o que diz sobre a Igreja Base:

“Mesmo as Diaconias congregam muita gente e


torna-se difícil o contacto individual com todos. Daí a
conveniência de dividi-las em pequenas comunidades
que chamamos de Igreja Base ou Comunidades
Eclesiais de Base. São grupos de mais ou menos dez
famílias que se reúnem semanalmente para ouvir a
palavra de Deus, estudar religião, discutir seus
problemas e planejar sua ação. Cada Comunidade
deve ter seu Líder ou Coordenador. Este trabalhará
em comunhão com o Sacerdote recebendo dele os
subsídios para as reuniões”56.
Atendendo às iniciativas e orientações da Conferência
Episcopal a Diocese de Umuarama, por cinco anos procurou
conscientizar os fiéis sobre o sentido, conveniência e
utilidade do Sistema do Dízimo, para tanto, valeu-se das
CEBs nascentes.
Procurou levar aos fiéis que este Sistema não é um
“novo modo de ganhar dinheiro”, mas um instrumento
privilegiado para evangelização e momento forte da atuação

55
Cf. pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –
1974, 1º de janeiro de 1974, 7.
56
Cf. Ib., 8.
37
do “direito/dever” de todo fiel na manutenção da
Comunidade Eclesial.57

“Por graças de Deus – diz o Bispo Diocesano -,


nosso primeiro Plano de Pastoral de Conjunto
(janeiro de 1974) convocava todas as paróquias a
organizarem as Comunidades Eclesiais de Base”58.
“Acreditamos – dizia o Plano – que a formação das
pequenas comunidades ou Igrejas Base muito
favorecerá para conscientizar os fiéis de que a Igreja
é uma grande Comunidade onde ele tem “direitos” e
“deveres”.
Comunidade que lhe oferece toda a assistência
espiritual e às vezes material e social, e que pede
dele, em troca, constante presença e participação
tanto apostólica como material”59.
Este foi o pensamento que motivou o Conselho
Presbiteral a optar pela criação destas Comunidades em toda
a Diocese já no ano de 1975 e, juntamente com estas, que
fosse feita a preparação para a futura “implantação radical”
do Sistema do Dízimo em toda a Diocese.60

A primeira e mais difícil conscientização é a do


próprio Presbitério, por incrível que o pareça. Na Diocese de

57
Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 7; cf.
também CIC83 c. 222§1.
58
Cf. Ib.; pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –
1975, 14.
59
Cf. pl. past., A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –
1974, 1º de janeiro de 1974, 14.
60
Cf. cf. Ib.
38
Umuarama , uma equipe nomeada pelo Bispo Diocesano no
ano de 1977 elaborou temas de reflexão para que clérigos e
agentes de pastoral leigos pudessem conscientizar-se do
“sentido e conveniência” deste Sistema.
No ano de 1978 o trabalho de conscientização foi para
todos os fiéis leigos. Para atingir este escopo a Comissão
Diocesana ofereceu um texto de reflexão para o debate nos
Grupos de Reflexão e nas Reuniões mensais das
Comunidades Eclesiais de Base.

Nesta iniciativa se vê claramente a participação das


CEBs como instrumento conscientizador e preparador do
processo de implantação radical do Dízimo. Graças à
organização das Paróquias em pequenas Comunidades foi
possível uma consciência eclesial crescente entre os fiéis.
Esta consciência de “ser Igreja” levou os fiéis a
assumirem mais fortemente seu “direito/dever” de socorrer
às necessidades da Igreja - Povo de Deus:

“Os fiéis têm obrigação de socorrer às necessidades


da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é
necessário para o culto divino, para as obras de
apostolado e de caridade e para o honesto sustento
dos ministros.”61.

Muitas Comunidades Eclesiais de Base nasceram por


causa de problemas sociais, quando um grupo atingido por
eles se unem para tentar resolvê-los. São Comunidades que
desenvolvem um trabalho maravilhoso na Sociedade e que

61
Cf. CIC83 c. 222§1 com suas fontes: CIC17 c. 1496; decr.
Apostolicam Actuositatem, 18 de novembro de 1965, 21; decr. Ad
Gentes, 7 de dezembro de 1965, 36; decr. Presbyterorum Ordinis,
39
merecem todo respeito. Porém, muitas delas não atuam sua
“eclesialidade”62.

As Comunidades Eclesiais de Base na Diocese de


Umuarama, nasceram do desejo de compreender e viver
melhor a “Fé”; conhecer e servir melhor a Cristo e sua
Igreja.
Querem realizar, em sua Vida Comunitária, aqueles
sete pontos apresentados pela adh. ap. Evangelii Nuntiandi.
A saber:
1. alimentar-se da Palavra de Deus;
2. evitar a contestação sistemática e o espírito
hipercrítico;

3. manter-se firmemente ligadas à Igreja Local;

4. comunhão sincera com os pastores;

5. jamais se considerar como destinatário único ou


como o único agente da evangelização;
6. consciência do dever missionário;
7. demonstrar-se universalistas e nunca sectárias.63
Cresceram na reflexão da Palavra de Deus, no
aprofundamento da doutrina cristã, e no conhecimento,
estima e ajuda aos irmãos da mesma Comunidade.64

62
Cf. PAULUS VI, adh. ap. Evangelii Nuntiandi, 8 de dezembro de
1975, 58.
63
Cf. Ibidem
40
O segundo pl. past. para o ano de 1975, mantinha a
prioridade “Comunidades Eclesiais de Base” e dava pistas
pastorais mais precisas. Apresentava-as como “esperança”.

Devem reproduzir as primitivas Comunidades da


Igreja, formando um clima de oração, amor recíproco e
fraternidade cristã. Devem ser uma expressão autêntica de
Igreja, uma verdadeira comunhão: congregadas em Jesus
Cristo pelo Espírito Santo, convocadas pela Palavra,
alimentadas pela Eucaristia, coordenadas pelos Pastores e
por eles autenticadas como Comunidades de salvação.65
A Comunidade de Base deve ser Comunidade de
“Fé”, de “Culto” e de “Amor”, onde se destacam a Palavra
de Deus, a Eucaristia e o Serviço aos Irmãos.

Atendendo às palavras de alerta da adh. ap. Evangelii


Nuntiandi, a Legislação Particular de Umuarama convida
todos a cuidar para que as Comunidades tenham verdadeiro
“sentido de Igreja”66.

Elas não devem destruir a “estrutura paroquial”, mas


nela se inserirem como pequenos grupos bem formados e
definidos. Assistidas pelo Bispo ou pelo Pároco, devem
dinamizar a Paróquia, exprimindo os valores do Evangelho

64
Cf. J.M.MAIMONE, o.c., 11.
65
Cf. pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –
1975, 1º de janeiro de 1975, 8.
66
Cf. PAULUS VI, adh. ap. Evangelii Nuntiandi, 8 de dezembro de
1975, 58.
41
e irradiando a fé, esperança e amor dentro da Grande
Comunidade Paroquial.67

Em se tratando da “Religiosidade Popular”,


fomentadora da espiritualidade do Dízimo como gratidão a
Deus, as CEBs são aptas para conhecer a alma do povo, para
entrar nessa “alma popular”; compreender sua fé simples,
seus costumes e suas crenças. Terão possibilidade de
conquistar esses irmãos e “purificar” sua fé daquilo que é
supersticioso, sem contudo exigir deles a renúncia da sua
identidade cultural e religiosa.
Vale lembrar a atitude de certos sacerdotes e leigos
“letrados” que negam aos irmãos de fé simples até mesmo
coisas aprovadas e recomendadas pela Igreja, tais como a
bênção do Sacerdote, o Culto aos Santos, a devoção do
Rosário Mariano.
Ao invés de negar a religiosidade popular, as
Comunidades Eclesiais de Base querem mostrar o
verdadeiro sentido de certas devoções e, através delas,
chegar ao que é essencial na Fé.68

O terceiro pl. past., para orientar a ação pastoral no


ano de 1976, continua o trabalho de conscientização e
formação destas Comunidades.

67
Cf. pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –
1975, 1º de janeiro de 1975, 9; cf. as palavras de PAULO VI, adh. ap.
Evangelii Nuntiandi, 58 E.
68
Cf. pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –
1975, 1º de janeiro de 1975, 10.
42
Sob o item “Comunidades Eclesiais de Base”69 se
encontra uma “Constatação da Realidade”, uma
“Fundamentação Teológica” e “Pistas Pastorais” a nível de
Grupos de Reflexão, de Igreja Base, de Igreja Paroquial, de
Igreja Decanal e de Igreja Particular.70
O quarto pl. past., para orientar a ação Pastoral no ano
de 1977, foi promulgado a partir das conclusões da I
Assembléia Diocesana71 - novembro de 1976. Esta
Assembléia insistiu ainda na concentração de esforços para
a formação das CEBs, e pediu que fosse dado prioridade à
formação dos “Agentes Leigos de Pastoral”.
Depois de indicar o que as CEBs esperavam do clero,
a I Assembléia cobrava alguma coisa das Paróquias
omissas, pedindo que até julho daquele ano, toda Paróquia
tivesse iniciado a formação dos Grupos de Reflexão. Todas
as Paróquias deveriam formar a sua “Equipe Paroquial de
Pastoral das CEBs”.72

69
Cf. pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –
1976, 1º de janeiro de 1976, 7.
70
Cf. Ibidem
71
. Assembléia Diocesana é o órgão de máxima participação de todos
os níveis da Igreja Particular congregada sob a presidência do Bispo
Diocesano, para o planejamento da ação pastoral. O CIC83 disciplina,
nos cc. 460-466 o Instituto do Sínodo Diocesano. A Assembléia
Diocesana, porém, segue todas as suas formalidades jurídicas,
segundo os cc. citados. Suas conclusões adquirem força vinculante
com a promulgação segundo o c. 466: “O único legislador no sínodo
diocesano é o Bispo diocesano, tendo os outros membros do sínodo
voto somente consultivo; só ele assina as declarações e decretos
sinodais, que só por sua autoridade podem ser publicados”.
72
Cf. pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –
1980-81, 1º de janeiro de 1980, 23; CONSELHO EPISCOPAL
43
No quinto pl. past. promulgado a partir das
conclusões da II Assembléia Diocesana – novembro de
1977, para o ano de 1978, encontramos uma exposição
sobre o que é “Comunidade”, o que significa “Base”, e o
que se exige para que uma comunidade de Base seja
“Eclesial”. Utilizou-se para isto, basicamente, os
documentos já apresentados no ítem anterior deste Capítulo.

Referindo-se às pastorais específicas, foi lembrado


que todos os “Cursos” e “Econtros” diocesanos ou
paroquiais, deviam ser direcionados ao objetivo geral da
Pastoral e às suas prioridades diocesanas. Logo, à Pastoral
das CEBs. Nenhum dirigente desses Cursos ou Encontros
poderia estar descomprometido em sua vida, com estas
Prioridades e Objetivos da Pastoral de Conjunto.73
A II Assembléia Diocesana pediu que o Dízimo
fosse implantado oficialmente em janeiro de 1979, na sua
forma mais radical: excluindo radicalmente o sistema de
taxas.
“Depois de toda essa caminhada – diz o Bispo
Diocesano – acreditamos poder decretar a
implantação do sistema do dízimo que começa a
vigorar a partir de 1º de janeiro de 1979.”74
Completou este ano seu 20º aniversário de
implantação oficial como substituto do Sistema de
Taxas.

LATINO-AMERICANO, doc. Conclusões da Conferência de Puebla,


S. Paulo 1986, 641.
73
Cf. pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama –
1980-81, 1º de janeiro de 1980, 23.
74
Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 11.
44
“A partir dessa data – diz o Bispo Diocesano – todas
as despesas ordinárias da Paróquia deverão ser
atendidas pelo dízimo, que será praticamente a única
arrecadação, uma vez que passa a ser expressamente
proibido receber qualquer oferta por ocasião da
administração dos sacramentos.”75
Sobre esta proibição de “pedir” e “aceitar” qualquer
oferta por ocasião das prestações ministeriais,
principalmente das de natureza sacramental, tratarei mais
detalhadamente no quarto item do próximo Capítulo:
“Peculiaridades do Sistema do Dízimo”.
A partir dos trabalhos da III Assembléia Diocesana –
novembro de 1978 – foi promulgado o sexto pl. past. para o
ano de 1979.
A IV Assembléia Diocesana – novembro de 1979 –
pediu que no sétimo pl. past. para os anos de 1980-1981,
fossem promulgadas diretivas precisas no que se refere aos
passos técnicos a serem dados no aprimoramento da vida
das CEBs.76

Este sétimo pl. past. foi, pode-se dizer, o coroamento


no processo implantativo. Chegou-se, assim, à maturidade
da implantação do Sistema do Dízimo, como única fonte de
manutenção ordinária da Igreja Particular.
Lembremo-nos que este Sistema, em sua forma
radical, já funcionava há um ano em toda a Diocese, desde
1º de janeiro de 1979. Foi momento de avaliação e de

75
Cf. Ibidem, 12.
76
Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 24.
45
projetar o futuro da sua atuação dentro das Pequenas
Comunidades desenvolvidas a partir de 1974.

O VIII Plano de Pastoral de Conjunto dizia:


“O Dízimo nos ajudou muito a conquistar um espírito
comunitário e afastar toda impressão de simonia
(...)77.
Por oferecer o seu Dízimo e por receber da Igreja as
suas prestações ministeriais sem nada “pagar”, os fiéis
sentem-se realmente seus membros efetivos.
Aqueles que mais participam na Vida da Comunidade
são também os que oferecem mais e com mais alegria o
Dízimo. Estão participando e contribuindo para uma
Comunidade, ou uma Igreja que é “sua”.

Insisto em usar o termo “oferecer” para manifestar a


desvinculação deste Sistema do “poder impositivo de
tributos” específicos ou “taxas” que compete à Igreja sobre
todos os fiéis.78
Sem dúvida o ideal seria que todas as prestações
ministeriais de “Ordem” ou de “Jurisdição” – fossem
totalmente gratuitas na Igreja Universal. Mas, o Legislador
Universal ao conservar as “espórtulas” por ocasião da
administração dos sacramentos e sacramentais, tem presente
que em muitas regiões sacerdotes não têm outro recurso a

77
Cf. cf. pl. past. A Pastoral de Conjunto na Diocese de Umuarama
1982-84, 2 de fevereiro de 1982,25.
78
Cf. G.DALLA TORRE, o.c., 510.
46
não ser aquilo que recebem por ocasião dos atos de
ministério79.

O CIC83 conserva as contribuições anexas a tais


prestações, distinguindo, porém, entre “taxas” e
“espórtulas”, segundo o voto do III Sínodo dos Bispos de
1971 dizendo que era desejável que o Povo Cristão
recebesse paulatinamente tal formação, a ponto de fazer
com que o sustento dos Sacerdotes seja desvinculado dos
atos de Ministério, especialmente daqueles de natureza
sacramental80.81
É oportuno destacar que a “taxa” dá lugar a uma
obrigação de “justiça comutativa”, enquanto responde ao
conceito de “troca” entre “prestação” – o ato posto a favor
de um determinado fiel – e “contraprestação” – a
recompensa que o fiel dá pela prestação recebida.
A “oferta” dada pela Celebração dos Sacramentos ou
dos Sacramentais, é indicada pelo CIC83 como modo
concreto para satisfazer ao “dever” de subvencionar as
necessidades da Igreja:

“Os fiéis têm obrigação de socorrer às necessidades


da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é
necessário para o culto divino, para as obras de

79
Cf. Comm. 1980, 403, c. 6.
80
Cf. SYNODUS EPISCOPORUM, doc. Ultimis Temporibus, 30 de
novembro de 1971, II, 2,4.
81
Cf. L. CHIAPPETTA, Il Codice di Diritto Canonico, Commento
Giuridico-pastorale, 2 vv., Napoli 1988, 4139; L. DE ECHEVERRIA,
o.c., 600-601.
47
apostolado e de caridade e para o honesto sustento
dos ministros”82.

A este “dever” corresponde também um “direito” de


todos os fiéis enquanto membros do Corpo Eclesial:
“Os fiéis são livres de doar bens temporais em favor
da Igreja”83.84
O Sistema do Dízimo foi implantado, assim
radicalmente, querendo ser uma opção válida para a
realização deste mesmo “direito/dever” da parte do fiel
para com sua Igreja. Ele quer ser um modo concreto para
esta satisfação.
Está claro para todos nós que o principal instrumento
de conscientização na implantação do Sistema do Dízimo
são as CEBs. As Paróquias que mais se esforçam na
caminhada da Pastoral Orgânica, sobretudo na formação das
CEBs, têm maior facilidade na implantação do Sistema do
Dízimo e têm maior êxito.
Fora de uma Pastoral Orgânica e de uma
“Consciência Eclesial” o Sistema do Dízimo certamente
fracassará.85

A Diocese de Umuarama - nosso laboratório pastoral


para este trabalho - usou como instrumental útil para formar
esta Consciência, as CEBs. Hoje pode-se perguntar se

82
Cf. CIC83 c. 222§1.
83
Cf. CIC83 c. 1261§1.
84
Cf. L.RISTITS, o.c., 77.
85
Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 30.
48
somente elas são aptas a levar os fiéis à Consciência de Ser
Igreja. A resposta tem, necessariamente, de ser “Não”.

Com as palavras da adh. ap. Evangelii Nuntiandi,


elas não são o único modo de ser Igreja:
“Jamais se considerem como destinatário único ou
como o único agente da evangelização – ou, por
outra, como o único depositário do Evangelho! -; mas
conscientes de que a Igreja é muito mais vasta e
diversificada, aceitem que esta Igreja se encarna de
outras maneiras, que não só através delas”86.
Assim, podemos afirmar que o pressuposto
fundamental para o processo implantativo do Sistema do
Dízimo, em sua forma “Radical” como única fonte para a
manutenção ordinária da Igreja em qualquer Diocese é o
“espírito comunitário” e não as CEBs. Estas são sim,
instrumento apto, mas não único e nem exclusivo. Somente
assim, entendemos o seu papel “fundamental” neste
processo: a um tempo “destinatárias” e “agentes” da
evangelização.

O mesmo objetivo de levar os fiéis ao “espírito


comunitário” pode ser conseguido através de outros
instrumentais pastorais, segundo a inspiração do Espírito
Santo para cada época e região, neste ou naquele contexto
sócio-econômico.

Insistimos em falar “Pastoral do Dízimo”, pois


acreditamos no grande alcance pastoral deste Sistema, em

86
Cf. PAULUS VI, adh. ap. Evangelii Nuntiandi, 8 de dezembro de
1975, 58.
49
substituição ao inadequado Sistema de Taxas87, como
veremos no primeiro item do quarto capítulo reservado à
“Pastoral do Dízimo”.

O Dízimo não é “maneira nova de ganhar dinheiro”,


ou de ganhar mais dinheiro.88 O que se deseja com o
Sistema do Dízimo, em sua forma radical, é despertar na
Comunidade dos Fiéis o sentido da “oferta”, como sinal
concreto da participação na vida da Igreja e sinal de uma
nova sociedade: ser um instrumento participativo na
realização dos “fins da Igreja”:
“§ 1. A Igreja católica, por direito nativo,
independentemente do poder civil, pode adquirir,
possuir, administrar e alienar bens temporais, para a
consecução de seus fins próprios.
§ 2. Seus principais fins próprios são: organizar o
culto divino, cuidar do conveniente sustento do clero
e dos demais ministros, praticar obras de sagrado
apostolado e de caridade, principalmente em favor
dos pobres”89.

O Dízimo, dentro do “Sistema do Dízimo”, é


oferecido como “agradecimento a Deus”, enquanto
“membro de uma Comunidade”, como “interessado no
sustento da Igreja” e na evangelização para o crescimento
do Reino de Deus e sinal de uma sociedade justa e
fraterna. É, portanto, radicalmente diverso do Sistema de

87
Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 23.
88
Cf. Ibidem, 24.
89
Cf. CIC83 c. 1254§2; também litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de
novembro de 1978, 14.
50
Taxas, a qual se oferece para pagar um trabalho ou um bem
recebido.90

É ilusão de qualquer Igreja Particular pensar que a


implantação oficial do Sistema do Dízimo substituindo o
inadequado Sistema de Taxas dispensa um continuado
trabalho de conscientização91. A mesma conscientização que
acompanhou o processo de implantação deve continuar a ser
um desafio contínuo para a Pastoral do Dízimo, como
veremos no quarto capítulo: “Implantando e Organizando o
Sistema do Dízimo”.
Conhecendo o processo de sua implantação na
Diocese de Umuarama – nosso laboratório pastoral -, a
partir das iniciativas nacionais da CNBB, através do
instrumental CEBs, sentimos a necessidade de conhecer
melhor o Sistema do Dízimo em si mesmo, analisando-o nas
Escrituras e conhecendo suas peculiaridades.

É importante também conhecer os princípios do


Direito Universal que dão à Igreja o Direito de adquirir,
possuir, administrar e alienar bens temporais.92

Devemos conhecer também o dever dos fiéis para


com as suas necessidades materiais93; o Sistema do Dízimo
enquanto legitimado por este direito da Igreja, atuado pelo
dever dos fiéis na sua manutenção. Para isto reservo o
próximo Capítulo.

90
Cf. J.M.MAIMONE, o.c., 15; litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de
novembro de 1978, 13.
91
Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 80.
92
Cf. CIC83 c. 1254§1.
93
Cf. CIC83 c. 222§1.
51
CAPÍTULO II:
O SISTEMA DO DÍZIMO

1. Os Fins da Igreja e seu Direito aos


Bens.

É difícil individuar, em modo preciso, os “fins da


Igreja”. Não é fácil, senão impossível elencá-los
taxativamente. Estão presentes nos vários setores da
atividade eclesial. Trata-se evidentemente de fins
sobrenaturais. Mas os meios que se usa para realizá-los nem
sempre são de ordem espiritual.

Disto se compreende como o c. 125§2 do CIC83, ao


indicar os fins próprios da Igreja – pelos quais têm direito
aos bens temporais -, usa o advébio “praecipue” –
principalmente:
“Seus principais fins próprios são: organizar o culto
divino, cuidar do conveniente sustento do clero e dos
demais ministros, praticar obras de sagrado
apostolado e de caridade, principalmente em favor
dos pobres”.

52
Estes “fins” são ordenados em modo hierárquico mas
pertencem igualmente à missão da Igreja, também as obras
de caridade, especialmente para com os pobres.94

É importante aqui ter presente que por “fins da Igreja”


deve-se entender tudo aquilo que a Igreja realiza ou deve
realizar pela sua identidade institucional. A saber:
- a pregação da verdade revelada em cada
modalidade e grau,

- a celebração do culto,
- o governo pastoral,
- a atividade missionária e a
- prática da caridade evangélica.

Enfim, atuação de quanto pertence à “missão”


recebida do seu Fundador: Jesus Cristo.95

Os “fins da Igreja” estão para a “missão da Igreja”, a


ela confiada pelo seu Fundador, para ser realizada no
Mundo.96 Recebem existência e fundamento na missão
salvífica, pois a salvação dos homens deve ser sempre na
Igreja a suprema lei:

94
Cf. V. DE PAOLIS, o.c., 19.
95
Cf. F. COCCOPALMERIO, “Diritto Patrimoniale della Chiesa”, in
PONTIFICIUM INSTITUTUM UTRIUSQUE IURIS, Il Diritto nel
Mistero della Chiesa, IV, Diritto Patrimoniale, Tutela della
Comunione e dei Diritti, Chiesa e Comunità Politica (Quaderni di
Apollinaris 4), Roma 1980, 5,15.
96
Cf. L.CHIAPPETTA, o.c., 5371-5372, 2913.
53
“(...) a salvação das almas que, na Igreja, deve ser
sempre a lei suprema”97.

Este nexo entre os “fins da Igreja” e a “missão da


Igreja” estabelece também um “limite” ao direito mesmo e
ao seu exercício. A Igreja tem direito aos bens temporais
porque tem fins que lhe são próprios a realizar98.
A Igreja tem este direito na medida que o exijam tais
“fins”. Se faltassem estes “fins”, principalmente os
elencados no c. 1254 do CIC83 –
“organizar o culto divino, cuidar do conveniente
sustento do clero e dos demais ministros, praticar
obras de sagrado apostolado e de caridade,
principalmente em favor dos pobres”; a posse e o uso
de tais bens careceria de justificação e os Entes
Eclesiais que os possuíssem o fariam “ilicitamente”.99

97
Cf. CIC83 c. 1752.
98
Cf. “Ecclesiae nativum est exigendi a christifidelibus, quae ad fines
sibi proprios sint necessaria”, CIC83 c. 1260.
99
.cf. V. FAGIOLO, Adempimenti Amministrativi degli Enti
Ecclesiastici, L’amico del Clero 66(1984)155; L DE ECHEVERRIA,
o.c., 597; L. RISTITS, I Beni Temporali della Chiesa nel Nuovo CIC,
Libro V, L’amico del Clero 66(1984)256; G. DALLA TORRE, o.c.,
277; “Il criteiro della necessità o non necessità è discriminante tra
possesso legitimo e illegitimo. La necessità è da valutare in concreto,
com riferimento alle circostanze di luogo e di tempo, alla natura
dellístituzione, alla sensibilità degli amministratori ecc.”: V. Rovera,
“Il Livro V: I Beni Temporali della Chiesa”, in Il Nuovo Codice di
Diritto Canonico, Studi, Torino 1985, 232.
54
Os bens materiais ao serviço da “missão Salvífica” da
Igreja são acessórios e instrumentais.100 Enquanto Ela vive e
realiza a sua “missão salvífica” no tempo, não pode deixar o
auxílio dos bens temporais, mesmo daqueles de ordem
econômica. Esta necessidade deriva da sua própria estrutura,
querida pelo Fundador. Logo, este direito tem sua fonte na
mesma vontade do Fundador.101

O direito aos bens temporais – com as especificações


de adquirir, possuir, administrar e alienar102 - é estreitamente
ligado aos fins da Igreja103, próprios Dela e que somente ela
pode realizar. Daqui também a originalidade de tal direito e
a independência no seu exercício.

Precisemos:

- “adquirir” significa obter a titularidade de direito


sobre determinado bem;
- “reter” significa possuir, porém também a
faculdade de defender a titularidade, qualquer que
seja, frente a despojos e perturbações;
- “administrar” significa a exploração ativa dos
patrimônios, por quem tem a titularidade;

100
Cf. M. LOPEZ ALARCON, “La Titularidad de los Bienes
Eclesiásticos”, in Espana, XIX Semana Espanola de Derecho
Canónico, Celebrada en Salamanca del 17 al 21 de Septiembre de
1984 (Biblioteca Salamanticencis – Estudos 75), Salamanca 1985, 23;
V. FAGIOLO, o.c., 156.
101
Cf. V. DE PAOLIS, o.c., 18.
102
Cf. CIC83 c. 1254§1.
103
Cf. CIC83 1254§2.
55
- “alienar” significa a faculdade de transferir a
outra pessoa a titularidade sobre determinado
bem.104

O Direito aos bens temporais vem reivindicado à


Igreja Católica105, Comunidade dos Batizados que tem
origem em Jesus mesmo, feita por Ele depositária dos meios
de Graça e de Salvação e que subsiste em plenitude na
Igreja Católica, guiada pelo Romano Pontífice e pelos
Bispos em comunhão com ele:

“Esta Igreja, constituída e organizada neste mundo


como sociedade, subsiste na Igreja católica,
governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em
comunhão com ele”106.107

Nela se entra mediante o Batismo que dá


personalidade jurídica ao batizado. Fá-lo sujeito de direitos
e de deveres, na medida em que vive na comunhão da Igreja
e não seja atingido por uma sanção:

“Pelo batismo o homem é incorporado à Igreja de


Cristo e nela constituído pessoa, com os deveres e os
direitos que são próprios dos cristãos, tendo-se
presente a condição deles, enquanto se encontram na

104
Cf. M. LOPEZ ALARCON, o.c., 22.
105
Cf. CIC83 c. 1254§1.
106
Cf. CIC83 c. 204§2; cf. também const. dogm. Lumen Gentium, 21
de novembro de 1964, 8, 9,14,22,38; const. past. Gaudium et Spes, 7
de dezembro de 1966, 40.
107
Cf. V. DE PAOLIS, o.c., 19.
56
comunhão eclesiástica, a não ser que se oponha uma
sanção legitimamente infligida”108. 109

Vale a precisação de que com o termo Igreja –


“Ecclesia” - , no Livro V “Dos bens temporais da Igreja”
do CIC83 se entende não só a Igreja Universal e a Sé
Apostólica, mas também qualquer pessoa jurídica pública na
Igreja, exceto que resulte diversamente:

“Nos cânones seguintes, com o termo Igreja são


designadas não só a Igreja universal ou a Sé
Apostólica, mas também qualquer pessoa jurídica
pública na Igreja, a não ser que do contexto ou da
natureza do assunto apareça o contrário”110.

Trata-se de uma Igreja com uma missão única,


hierarquicamente constituída sim, mas que compreende no
seu seio todos os fiéis. Trata-se de um “direito” derivante do
direito co-extensivo à missão mesma da Igreja.111

Há, assim, uma unidade fundamental na Igreja como


sujeito de Direito e nos fins enquanto se trata de fins
eclesiais. Mas, se única é a missão da Igreja, diversos são
os seus fins e, por isso, os meios através dos quais tal
missão salvífica se realiza.112
A Igreja reivindica para si o direito “nativo”, ou seja,
originário, porque ligado não à concessão ou à tolerância da
autoridade civil, mas à sua origem e à sua natureza

108
Cf. CIC83 c. 96; cf. também CIC17 c. 87.
109
Cf. V. DE PAOLIS, o.c., 19.
110
Cf. CIC83 c. 1258.
111
Cf. V. DE PAOLIS, o.c., 19, 20.
112
Cf. Ibidem, 22.
57
mesma113, com todos os meios justos de Direito Natural e
Positivo114:

“A Igreja pode adquirir bens temporais por todos os


modos legítimos de direito natural e positivo que
sejam lícitos aos outros”.
Reivindica também capacidade jurídica nesta matéria:
“A Igreja universal e a Sé Apostólica, as Igrejas
particulares e qualquer outra pessoa jurídica, pública
ou privada, têm capacidade jurídica de adquirir,
possuir, administrar e alienar bens temporais, de
acordo com o direito”115 ; independente da autoridade
civil116.

A Igreja também reivindica para si o Direito de


“exigir” dos fiéis quanto seja necessário para a realização
dos seus “fins próprios”:

“A Igreja tem direito nativo de exigir dos fiéis o que


for necessário para seus fins próprios”117.118
Isto porque a maneira mais óbvia que a Igreja tem
para adquirir bens é a generosidade de seus fiéis.119
Generosidade fomentada e fortificada, de um modo

113
Cf. L. CHIAPPETTA, o.c., 4117.
114
Cf. CIC83 c. 1259.
115
Cf. CIC83 c. 1255.
116
Cf. CIC83 c. 1254§1.
117
Cf. CIC83 c. 1260.
118
Cf. CIC17 cc. 1495, 1496, 1499; cf. também const. past. Gaudium
et Spes, 7 de dezembro de 1965, 71; cf. também o estudo de A.
MOSTAZA RODRIGUEZ, o.c., 434.
119
Cf. L. DE ECHEVERRIA(a cura de), o.c., 599.
58
especialíssimo, dentro do Sistema do Dízimo, como
veremos no terceiro item deste Capítulo.

Se o direito sobre os bens temporais é afirmado como


“nativo” e como “independente” – subtraído às leis e ao
controle da autoridade civil -, isto significa que a Igreja
reivindica para si um verdadeiro “poder de governo” ou
“jurisdição” sobre os bens temporais que ela considera de
própria competência.120

O Concílio Vaticano II no decr. Presbyterorum


Ordinis, falando sobre o uso dos bens temporais, recorda
aos sacerdotes que tais bens devem ser empregados para a
organização do Culto Divino, o honesto sustento do clero,
sustento das obras de apostolado e de caridade
especialmente para com os pobres, texto reportado no c.
1254§2, como vimos:
“Com a ajuda de leigos experimentados, enquanto
possível, administrem os sacerdotes os bens
eclesiásticos propriamente ditos, conforme a natureza
da coisa e a norma das leis eclesiásticas. Destinem-
nos sempre para aqueles fins para a consecução dos
quais é lícito à Igreja possuir bens temporais, como
seja, para organizar o culto divino, prover ao
sustento honesto do clero ou ainda dar andamento às
obras do apostolado sagrado ou da caridade, em
benefício sobretudo dos necessitados”121. 122

120
Cf. V. ROVERA, o.c., 229.
121
Cf. decr. Presbyterorum Ordinis, 7 de dezembro de 1965, 17.
122
Cf. A. D. DE SOUSA COSTA, Posizione di Giovanni di Dio,
Andrea Dias de Escobar e Altri Canonisti sulla Funzione Sociale delle
Decime, Roma s.d., 411.
59
Em particular quanto aos bens provenientes do
exercício dos ofícios eclesiásticos, o Concílio afirma o dever
tanto dos presbíteros quanto dos bispos de aplicá-los
principalmente para o próprio honesto sustento e para o
cumprimento dos deveres do próprio estado, destinando o
restante para o bem da Igreja e para as obras de caridade:
“Os bens que porém lhes advierem no desempenho de
algum ofício eclesiástico, salvo algum direito
particular, empreguem-nos os Presbíteros, como
aliás também os Bispos, sobretudo para seu sustento
honesto e para o cumprimento dos deveres do próprio
estado. O que porém sobrar queiram destiná-lo em
benefício da Igreja ou às obras de caridade. Não lhes
sirva o ofício eclesiástico para fins de lucro, nem
empatem rendas que daí provenham para aumento de
seu patrimônio”123.124

Refere-se ao exercício da sua missão. Vem proposta a


atitude dos apóstolos que testemunharam com o exemplo
pessoal que o Dom de Deus, que é gratuito, é transmitido
gratuitamente e souberam habituar-se à abundância como à
indigência. Também é sugerida a comunhão de bens
segundo o modo que foi praticado pela Igreja Primitiva:

“São até convidados a abraçar a pobreza voluntária,


que tornará mais evidente sua semelhança com Cristo
e os fará mais disponíveis para o sagrado ministério.
Pois Cristo, por nossa causa, se fez pobre, sendo rico,
a fim de nos enriquecer por Sua pobreza. Também os
Apóstolos atestaram pelo seu exemplo que o Dom

123
Cf. decr. Presbyterorum Ordinis, 7 de dezembro de 1965, 17.
124
Cf. A. D. DE SOUSA COSTA, o.c., 411.
60
gratuito de Deus deve ser dado de graça, sabendo
viver na abundância e na penúria. Mesmo assim,
algum uso comunitário das coisas, à imitação da
comunhão de bens que mereceu destaque na história
da Igreja primitiva, abriria do melhor modo o
caminho para a caridade pastoral. Por tal forma de
vida, os Presbíteros poderiam levar honrosamente à
prática o espírito de pobreza recomendado por
Cristo”125.126

De outro lado, o mesmo Concílio afirma o direito dos


presbíteros, que se dedicam plenamente ao serviço de Deus
no exercício das funções a ele confiadas, para ser retribuídos
com equidade, porque o “operário tem direito ao seu
salário”127 e o “Senhor determinou que aqueles os quais
anunciam o Evangelho, vivam do Evangelho”128.129
Tal direito, se não se provê de um outro modo
compete principalmente aos fiéis mesmos, dado que é pelo
seu bem que os Ministros Sagrados trabalham.
O modo prático, porém de prover que não falte aos
ministros destinados ao serviço do Povo de Deus os meios
necessários para conduzir uma vida “honesta e digna” vem
confiado aos bispos ou às Conferências Episcopais.130 No
primeiro ítem do terceiro Capítulo analisaremos como se
disciplina esta questão dentro do Sistema do Dízimo,
implantado em sua forma radical.
125
Cf. decr. Presbyterorum Ordinis, 7 de dezembro de 1965, 17.
126
Cf. A. D. DE SOUSA COSTA, o.c., 411.
127
Cf. Lc. 10,7.
128
Cf. Cor. 9,14.
129
Cf. A. D. DE SOUSA COSTA, o.c., 411.
130
Cf. Ibidem
61
Reafirma, ainda, o Concílio Vaticano II que a
retribuição justa, adaptada às condições das pessoas e às
diversas circunstâncias de lugar e de tempo, deve ser tal que
possibilite a remuneração das pessoas que lhes presta
serviços. Também que consinta o socorro pessoal aos
necessitados, dado que este ministério, a favor dos pobres,
foi tido em grande consideração pela Igreja desde os
primeiros tempos:
“Pela dedicação ao serviço de Deus no cumprimento
de um cargo a eles confiado, merecem os Presbíteros
a justa remuneração, porque “o operário é digno de
seu salário” (Lc 10,7), e o “Senhor prescreveu aos
que anunciam o Evangelho que vivam do Evangelho”
(1 Cor 9,14). Caso”131.132
Estes princípios foram recordados pelo III Sínodo dos
Bispos de 1971, segundo o qual, os problemas econômicos
da Igreja não podem ser adequadamente resolvidos, se não
considerados no contexto da comunhão e da missão do Povo
de Deus.

É dever de todos os fiéis contribuir às necessidades da


Igreja. Afirma que ao tratar este gênero de questões, deve-se
ter presente não somente a solidariedade no âmbito da Igreja
Particular ou do Instituto Religioso, mas também as
condições das Dioceses de uma mesma região ou nação,
antes, de todo o mundo e das outras regiões pobres.133

131
Cf. decr. Presbyterorum Ordinis, 7 de dezembro de 1965, 20.
132
Cf. A. D. DE SOUSA COSTA, o.c., 411-412.
133
Cf. SYNODUS EPISCOPORUM, doc. Ultimis Temporibus, 30 de
novembro de 1971, II, 2, 4; cf. também o estudo de A. D. DE SOUSA
COSTA, o.c., 412.
62
Quanto à “retribuição dos sacerdotes” diz que deve
ser determinada em espírito de pobreza evangélica, mas, por
quanto seja possível, suficiente e com equidade. É uma
questão de justiça e deve compreender a previdência social.
É necessário abolir, em tal setor, as excessivas
desigualdades, sobretudo entre os presbíteros de uma
mesma Igreja Particular, em referência também com a
condição comum da gente daquela região.134

Em particular, o Sínodo deseja a abolição das taxas


para a administração dos Sacramentos ou o exercício
do sacerdócio ministerial, substituindo tais taxas pelas
ofertas voluntárias dos fiéis135.136

Foi levado à Comissão de redação do Código que


neste complexo problema não se pode dar uma solução ou
norma única para toda a Igreja, porque existem regiões onde
os sacerdotes não recebem nenhuma côngrua nem do Estado
nem dos fiéis137.

Por este motivo – diz A. D. DE SOUSA COSTA -,


prudentemente, desejou-se deixar às Conferência Episcopais
a determinação de abandonar ou não o “Sistema das Taxas”.
Isto estaria em perfeita harmonia com os mesmos princípios
e orientações dadas pelo Concílio Vaticano II.138

134
Cf. Ibidem
135
Cf. SYNODUS EPISCOPORUM, doc. Ultimis Temporibus, 30 de
novembro de 1971, II, 2, 4.
136
Cf. A. D. DE SOUSA COSTA, o.c., 412.
137
Cf. Comm. 1980, 403, c. 6.
138
Cf. A. D. DE SOUSA COSTA, O.C., 412.
63
A pertença ao “Povo de Deus”, com a comunhão e
participação na Vida e na Missão da Igreja, determina
direitos e deveres especificados pelo “Titulo I: Das
Obrigações e Direitos de todos os fiéis”, “Parte I: Dos
Fiéis”, do “Livro II: Do Povo de Deus”, do CIC83.
Entre os “deveres” é incluído o de subvencionar as
necessidades da Igreja, no exercício da sua missão, como já
vimos acima139. O c. 222§1, de fato, impõe um preciso
dever jurídico, teologicamente fundado e pastoralmente
válido.
A obrigação de todos os fiéis de socorrer às
necessidades da Igreja, das quais fala este c. 222§1 é bem
diversa, sob o ponto de vista pastoral e estritamente jurídico,
das ofertas feitas em ocasião da administração dos
sacramentos e dos sacramentais, das quais trata os cc. 1264
n. 1; 952, §1; 1181.

A administração dos sacramentos e sacramentais não


faz surgir nenhum dever em quem os recebe, nem determina
algum direito em quem os administra, por causa da essencial
gratuidade dos sacramentos, como já realçava o c. 736 do
CIC17 e o c. 848 do CIC83:
“Além das ofertas estabelecidas pela autoridade
competente, o ministro nada peça pela administração
dos sacramentos, tomando sempre cuidado para que
os necessitados não sejam privados do auxílio dos
sacramentos por causa de sua pobreza”.

Em sintonia com o espírito conciliar e com as


indicações expressas pelo Sínodo dos Bispos de 1971, já
139
Cf. CIC83 c. 222#1.
64
apresentadas neste trabalho, o CIC83 tende a reduzir o
exercício do poder de imposição da Igreja, fundado sobre o
poder dominativo que a ela compete sobre todos os fiéis,
para acentuar o aspecto da livre e responsável participação
dos fiéis ao sustento da Igreja140, mesmo mantendo o dever
do c. 222§1.
Presentes estes elementos que fundamentam o direito
da Igreja aos bens temporais, de um modo geral;
conhecendo melhor o seu conseqüente direito de “exigir”141
dos fiéis o necessário para a realização dos seus fins
próprios. Podemos, agora passar à análise do Sistema do
Dízimo : quer ser atuação do direito da Igreja142, e do dever
de todo fiel143 para com as suas necessidades e sinal de uma
sociedade justa e fraterna.144

140
Cf. G. DALLA TORRE, o.c., 512; V. FAGIOLO, o.c., 157.
141
Cf. CIC83 c. 1260.
142
Cf. CIC83 c. 1254.
143
Cf. CIC83 c. 222§1.
144
. Para um aprofundamento sobre a Instituição do Dízimocf.
CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, est.
Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 28-43; “Decimae”, in FERRARI,
F.L., Biblioteca Canonica Iuridica Moralis Theologica necnon
Ascetica Polemica Rubricistica Historica, III, Romae 1886, 11-35;
também a bibliografia ali citada; P. CIPROTTI, “Decima”, in
Enciclopedia del Diritto, XI, Varese 1962, 805-809; A. BURDESE,
“Decime (Diritto Romano)”, in AZARA,A., - EULA,E.(a cura de),
Novissimo Digesto Italiano, V, Torino 1960, 257-258; G. CASSANI,
Origine Giuridica delle Decime Ecclesiastiche in Generale e delle
Centesi in Particolare, Bologna 1894; N.D’AMATI, “Decime (dir.
trib.)”, in Enciclopedia Giuridica, X, Roma 1988, 1-3; E. DE
RUGGIERO, “Decuma”, in Dizionario Epigrafico di Antichità
Romane, II, 2, Spoleto 1910, 1502; M. FERRABOSCHI, Il Diritto di
Decima, Padova 1949; C. JANNACCONE, “Decime (diritto
65
2. A Instituição do Dízimo Bíblico.

O “Dízimo” bíblico é apenas “uma” das expressões


duma realidade que aparece também de outras maneiras: o
homem oferece à divindade parte dos bens de que dispõe,
sob a forma de Dízimo, de “primícias”, ou ainda pagando
“impostos religiosos”.145 O Dízimo é apenas uma forma
entre muitas. O importante é que ele foi e quer ser expressão
de uma atitude interior.146
O Livro do Gênesis 14, 18-20 nos mostra Abraão
vitorioso após a guerra. Entrega a décima parte de todos os
botins a Melquisedec, Sacerdote do Deus Altíssimo:

“Melquisedec, rei de Salém, trouxe pão e vinho; ele


era sacerdote do Deus Altíssimo. Ele pronunciou esta
bênção: ‘Bendito seja Abraão pelo Deus Altíssimo
que criou o céu e a Terra, e bendito seja o deus
Altíssimo que entregou teus inimigos entre tuas
mãos.’ E Abraão lhe deu o Dízimo de tudo”147.

A oferta de Abraão não era ainda o “Dízimo”


prescrito na Legislação Mosaica. Pagar “Dízimo” a Reis era

ecclesiastico)”, in AZARA,A. (a cura de), Novissimo Digesto Italiano,


V, Torino 1960, 258-267; G. MINELLA, Le Decime ed Altre
Prestazioni Congeneri, Padova 1888; O. ROBLEDA, “Capacidad
Patrimonial de las Comunidades Eclesiasticas Ante el Estado en los
Siglos I-III”, in Lex Ecclesiae, Salamanca 1972, 83-116.
145
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 13.
146
Cf. Ibidem, 14.
147
Cf. Gn. 14,18-20.
66
um uso antigo e anterior à Religião Mosaica. Mas, sem
dúvidas, o gesto de Abraão era um “ato religioso”, e os
israelitas, pagando o Dízimo segundo as Leis Mosaicas,
viam no seu Patriarca, um modelo.148
Também o Patriarca Jacó, segundo a Tradição Eloísta,
deu este exemplo. Estando para empreender viagem à
Mesopotâmia, onde se enriqueceria 149 e donde retornaria
ileso apesar dos perigos150, tem a visão de Deus em Betel.
Funda ali um santuário prometendo-lhe:

“Se Deus estiver comigo e me guardar no caminho


por onde eu for, se me der pão para comer e roupas
para me vestir, se eu voltar são e salvo para a casa
de meu Pai, então Iahweh será meu Deus e esta pedra
que ergui como uma estela será uma casa de Deus, e
de tudo o que me deres eu te pagarei fielmente o
dízimo151.152

Destas duas narrativas das tradições Javista e Eloísta


podemos concluir que, embora não mencionada uma
Legislação do Dízimo, os Patriarcas são conhecedores de
uma “praxe” de Dízimo.153

O “Código da Aliança”, instiga o israelita a não adiar


a oferta, e acrescenta-se a exigência da oferta das primícias:

148
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 16.
149
Cf. Gn. 30,43; 31,1.
150
Cf. Gn. 31-33
151
Cf. Gn 28,20-22.
152
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 17.
153
Cf. Ibidem
67
“Não tardarás em oferecer de tua abundância e do
teu supérfluo. O primogênito de teus filhos, tu mo
darás. Farás o mesmo com os teus bois, e com as tuas
ovelhas; durante sete dias ficará com a mãe, e no
oitavo dia mo dará”154.155
O Profeta Samuel recorda aos israelitas, os quais lhe
pediam um “Rei”, os direitos do rei:

“Das vossas culturas e das vossas vinhas ele cobrará


o dízimo, que destinará aos seus eunucos e aos seus
oficiais. Os melhores dentre os vossos servos e as
vossas servas, os vossos bois e os vossos jumentos,
ele os tomará para o seu serviço. Exigirá o dízimo
dos vossos rebanhos, e vós mesmos vos tornareis seus
escravos”156.157
A Legislação do Dízimo presente no Levítico encerra
uma motivação arcaica: a décima parte é propriedade de
Deus, enquanto Senhor da terra e dos seus produtos:

“Todos os dízimos da terra, tanto dos produtos da


terra como dos frutos da terra, tanto dos produtos da
terra como dos frutos das árvores, pertencem a
Iahweh; é coisa consagrada a Iahweh. Se alguém
quiser resgatar uma parte do seu dízimo,
acrescentará um quinto do seu valor. Em todo dízimo
de gado graúdo ou miúdo, a décima parte de tudo que

154
Cf. Ex 22,28-29.
155
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 18.
156
Cf. Sam. 8,15-17.
157
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 18.
68
passa sob o cajado do pastor é coisa consagrada a
Iahweh. Não se deve observar se é bom ou mau e não
se fará substituição: se isto se der, tanto o animal
consagrado como aquele que o substitui serão coisas
consagradas, sem possibilidade de resgate. Estes são
as ordens que Iahweh deu a Moisés, no monte Sinai,
para os filhos de Israel”158.159

Também Deuteronômio segue a mesma linha:

“A cada três anos tomarás o dízimo da tua colheita


no terceiro ano e o colocarás em tuas portas. Virá
então o levita (pois ele não tem parte nem herança
contigo), o estrangeiro, o órfão e a viúva que vivem
nas tuas cidades, e eles comerão e se saciarão. Deste
modo Iahweh teu Deus te abençoará em todo
trabalho que a tua mão realizar”160.
Este texto cuida em que não se negligenciem os
direitos do levita que morava em outras cidades fora de
Jerusalém. Também, a cada três anos, o atendimento do
estrangeiro, do órfão e da viúva – necessitados – com o
Dízimo161.162

Note-se que por “Dízimo” se entende na Legislação e


na praxe bíblica a “décima parte”, como o nome diz.163 Hoje

158
Cf. Lev. 27,30-34.
159
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 19.
160
Cf. Dt. 14,28-29.
161
Cf. Dt. 26,12-15.
162
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 19.
163
Cf. Ibidem, 20.
69
este termo, como o aprofundaremos no próximo item, quer
significar a “oferta” generosa, espontânea, livre, dada
familiar e comunitariamente pelo fiel, enquanto membro de
uma Comunidade – Igreja – que tem necessidades materiais.
Usamos a terminologia bíblica porque é desta fonte
que a Conferência Episcopal bebe quando empreende a
iniciativa de buscar um sistema alternativo, mais pastoral e
apto para substituir o Sistema das Taxas, então vigente,
como vimos no primeiro item do Capítulo anterior.

Esta Instituição é revigorada pelo Rei Ezequias, em


sua reforma geral do Culto, para que os Sacerdotes e Levitas
pudessem dedicar-se melhor às suas funções164 ministeriais.
165

É também hoje uma das fortes motivações que fez


suscitar o Sistema do Dízimo como Sistema de sustentação
do Clero em tantas Igrejas Particulares Brasileiras, como
veremos no primeiro item do próximo Capítulo.

Também Neemias, depois do exílio, reorganiza, entre


outras coisas, o Dízimo166:

“Eu soube também que as partes dos levitas não mais


lhes eram dadas e que os levitas e os cantores
encarregados do serviço haviam fugido cada qual
para sua propriedade. Repreendi os magistrados e
disse-lhes: ‘Por quê o Templo de Deus está
abandonado?’ Tornei a reuni-los, e os reintegrei nas

164
Cf. 2Cr. 31.
165
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 20.
166
Cf. Ne 10,36ss.
70
suas funções. Então todo o judá trouxe para os
armazéns o dízimo do trigo, do vinho e do azeite”167.

Com essa boa organização, o povo de Judá se


alegrava por ver os sacerdotes e levitas exercendo suas
funções ministeriais:
“Naquele tempo, estabeleceram-se homens para
guardar as salas destinadas às provisões, às
contribuições, às primícias e aos dízimos; esses
homens deveriam recolher, do território das cidades,
as partes que a Lei reserva para os sacerdotes e os
levitas. Pois Judá punha sua alegria nos sacerdotes e
nos levitas em exercício”168.

Os “Profetas” denunciam a falta de pagamento do


Dízimo como “roubo”:
“Sim, eu, Iahweh, não mudei, mas vós filhos de Jacó,
não cessastes! Desde os dias de vossos pais vos
afatastes de meus decretos e não os guardastes.
Voltai a mim e eu voltarei a vós! Disse Iahweh dos
Exércitos. Mas vós dizeis: Como voltaremos?

Pode um homem enganar a Deus? Pois vós me


enganais! E dizeis: Em que te enganamos? Em
relação ao dízimo integral para o Tesouro, a fim de
que haja alimento em minha casa. Provai-me com
isto, disse Iahweh dos Exércitos, para ver se eu não
abrirei em abundância. Por vós, eu ameaçarei o
gafanhoto, para que não destrua os frutos de vosso
campo, e para que a vinha não fique estéril no
167
Cf. Ne 13,10-12.
168
Cf. Ne 12,44.
71
campo, disse Iahweh dos Exércitos. Todas as nações
vos proclamarão felizes, porque sereis uma terra de
delícias, disse Iahweh dos Exércitos”169.170

No Novo Testamento, de modo geral, podemos notar


dois pontos:
1. Uma certa polêmica contra os exageros da praxe
do Dízimo mosaico como então concebido:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que pagais


o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas
omitis as coisas mais importantes da lei: a justiça, a
misericórdia e a fidelidade. Importava praticar estas
coisas, mas sem omitir aquelas. Condutores cegos,
que coais o mosquito e tragais o camelo”171;

2. Consciência de que todos os fiéis devem dar sua


contribuição material para atender as necessidades
materiais da Igreja:

“Permanecei nessa casa, comei e bebei do que


tiverem, pois o operário é digno do seu salário. Não
passeis de casa em casa”172

Durante os primeiros séculos, a Igreja, sem existência


legal, viveu exclusivamente das ofertas dos fiéis em

169
Cf. Ml 3,6-12
170
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 21.
171
Cf. Mt 23,24; também cf. Lc. 11,42.
172
Cf. Lc 10,7; também Mt 10,10; Mc 12,13-17; At 5,1ss; 11,27-30;
2Cor 8,1-9.15; Rom 15,26s; Gl 6,6; 1Cor 9,4.6-11.13-14.
72
dinheiro ou em espécie, ofertas das quais já nos fala S.
Lucas no Livro dos Atos 4,32-35:

“A multidão dos que haviam crido era um só coração


e uma só alma. Ninguém considerava exclusivamente
seu o que possuía, mas tudo entre eles era comum.
Com grande poder os apóstolos davam o testemunho
da ressurreição do Senhor, e todos tinham grande
aceitação. Não havia entre eles necessitado algum.
De fato, os que possuíam terrenos ou casas,
vendendo-os, traziam os valores das vendas e os
depunham aos pés dos apóstolos. Distribuía-se então,
a cada um segundo a sua necessidade.”

São Paulo escrevendo aos Coríntios:

“Irmãos, nós vos damos a conhecer a graça que Deus


concedeu à Igreja da Macedônia. Em meio às
múltiplas tribulações que as puseram à prova, a sua
copiosa alegria e a sua pobreza extrema transbordam
em tesouros de liberalidade. Dou testemunho de que,
segundo os seus meios e para além dos seus meios,
com toda a espontaneidade e com viva insistência,
nos rogaram a graça de tomar parte nesse serviço em
proveito dos santos. Ultrapassando mesmo as nossas
esperanças, deram-se primeiramente ao Senhor,
depois a nós, pela vontade de Deus. Por isto,
insistimos junto a Tito para que leve a bom termos
entre vós essa obra de generosidade, como já a tinha
começado”173.

173
Cf. 2Cor 8,1-6.
73
Carentes de capacidade patrimonial civil, as
Comunidades cristãs se viam obrigadas a possuir seus bens
indispensáveis por meio de pessoas interpostas, com os
riscos que isso implicava quando essa pessoa apostatava da
fé ou rompia o compromisso de fidelidade assumido.174
Presentes estes elementos bíblicos da Instituição do
Dízimo, que foram “fonte” para a iniciativa de implantação
do Sistema do Dízimo, a nível nacional e a nível diocesano
em várias Igrejas Particulares, podemos analisar “O Dízimo
na História”.

3. O Dízimo na História.

Neste item queremos buscar, com auxílio do estudo


da CNBB “Pastoral do Dízimo”, elementos e motivos que
justifiquem o Dízimo como Sistema ainda hoje viável para
nossas Paróquias e Dioceses.
Na literatura patrística o Sistema do Dízimo foi
justificado pelas premissas lançadas nos textos do Antigo
Testamento, de modo especial nos textos do Levítico. Como
já vimos, o Dízimo bíblico parte de que a “terra e todos os
bens naturais pertencem ao Senhor. Em conseqüencia, uma
parte desses bens deve periodicamente reverter a Deus.”175

174
Cf. IDEM,Ib.; cf. A. MOSTAZA RODRIGUEZ, o.c., 428;
R.NAZ(a cura de), o.c., 227.
175
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, o.
c., 36.
74
Se ampliarmos a cosmovisão destes textos do Antigo
Testamento, podemos afirmar algumas premiças sobre o
Dízimo.

3.1. Domínio universal do Criador sobre


tudo.

É reconhecido, pelos cristãos, o domínio absoluto e


universal de Deus Criador sobre todas as suas criaturas.
Todos os bens Dele procedem e a Ele se destinam,
necessariamente. Trata-se de um domínio total, ou seja,
estende-se sobre os bens espirituais e materiais. Apesar
destes últimos ocuparem o último lugar na escala de valores
dos cristãos, são reconhecidos como indispensáveis para a
realização do projeto de Deus.

Para evitar o risco de se negligenciar o “material” em


vista do “espiritual” a legislação de Israel estabelecia que
um percentual sobre os bens materiais de todos os israelitas
devesse ser sistematicamente consagrado a Deus Criador e
dador de tudo o que temos.
Os cristãos, por sua vez, apesar de terem se libertado
das minúcias das leis israelitas, transpuseram a mesma
onipotência do Deus Criador a Jesus Cristo e Senhor de tudo
e de todos. Sentiam a necessidade de exprimir esta
dependência total a Jesus, o Cristo, através de ofertas de
bens e dinheiro, feitas visivelmente à Comunidade, novo
Povo de Deus.

75
Tais ofertas estavam destinadas à manutenção do
Culto e de seus Ministros. Além destas finalidades, digamos
espirituais ou religiosas, existia a dimensão social de tais
ofertas: eram aplicadas no auxílio dos irmãos necessitados.
Esta mesma atitude social, não só de assistência, mas
também de promoção social, apregoamos no Sistema do
Dízimo, com as características tomadas por este Sistema
atualmente.
Sentiam como “dever” a necessidade de prover aos
interesses dos irmãos e ao Culto divino. Trata-se de
verdadeiro direito “divino – natural”. Sua forma de
execução ou regulamentação canônica , porém, é de direito
eclesiástico.

Já nos primeiros séculos do cristianismo, verificava-


se a negligência em relação ao cumprimento dessa
obrigação, ao passo que pioravam as condições de vida no
Ocidente europeu. Conseqüentemente, os concílios
regionais, a partir do século VI, foram aplicando sanções ao
descaso em relação ao Dízimo: torna-se um dever
sancionado em lei canônica com punições, às vezes pesadas.

Tratava-se, na verdade de institucionalizar mediante


leis positivas e obrigantes o reconhecimento de que todos os
bens têm sua origem em Deus Criador e dador de tudo.
Tonou-se momento privilegiado de o Fiel manifestar sua
gratidão e reconhecimento a Deus, dando a Ele um pouco de
tudo o que Ele deu e continua a dar.176

176
Cf. Ibidem, 36-37.
76
3.2. Testemunho ao Mundo.

As contribuições – Dízimos e ofertas – ao Culto e aos


irmãos torna-se momento privilegiado e sinal; testemunho
dado ao mundo pagão. Manifestação de que os cristãos
reconhecem Deus como Senhor e aos Homens como irmãos.
Reconhecem a dimensão social e comunitária dos bens
criados e a eles entregues por Deus.

Ninguém pode se arvorar em “Senhores” absolutos


dos bens materiais: o que possuem é em vista dos
irmãos177.178

3.3. Membros vivos do Povo de Deus.

A prática da oferta ou doação em prol da Comunidade


atesta a consciência de que o Cristão é membro do Povo de
Deus; corresponsável pela Missão salvífica de Cristo,
missão esta confiada à sua Igreja Peregrina sobre a Terra.

A Const. Dogmática Lumen Gentium, do Concílio


Vaticano II realçou estas verdades afirmando:
“ O Pai Eterno, por libérrimo e arcano desígnio de
sua sabedoria e bondade, criou todo o universo.
Decretou elevar os homens à participação da vida

177
Cf. Lc 12, 21.
178
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS, o. c., 37.
77
divina. E, caídos em Adão, não os abandonou,
oferecendo-lhes sempre os auxílios para a salvação,
em vista de Cristo, o Redentor, “que é a imagem de
Deus, o primogênito de toda a criatura” (Col 1,15). A
todos os eleitos o Pai, desde a eternidade, “conheceu
e predestinou a serem conforme a imagem de seu
Filho, para que Ele fosse o primogênito entre muitos
irmãos”(Rom 8,29). Assim estabeleceu congregar na
santa Igreja, os que crêem em Cristo. Desde a origem
do mundo a Igreja foi prefigurada. Foi
admiravelmente preparada na história do povo de
Israel e na antiga aliança. Foi fundada nos últimos
tempos. Foi manifestada pela efusão do Espírito. E
no fim dos tempos será gloriosamente consumada,
quando, segundo se lê nos santos Padres, todos os
justos desde Adão, “do justo Abel até o último
eleito”, serão congregados junto ao Pai na Igreja
universal.”179

A seu modo, cada cristão deve dar sua parcela de


contribuição para a edificação do Reino Definitivo. Uma das
formas desta colaboração é garantir à Igreja os recursos
financeiros necessários para a execução de sua obra
salvífica.

Tenhamos presentes também as palavras do decr.


Apostolicam Actuositatem do Concílio Vaticano II:

“Nasceu a Igreja com a missão de expandir o reino


de Cristo por sobre a terra, para a glória de Deus

179
Cf. const. dogm. Lumen Gentium, 21 de novembro de 1964, 2.
78
pai, tornando os homens todos participantes da
redenção salutar e orientando de fato através deles o
mundo inteiro para Cristo. Todo o esforço do Corpo
Místico de Cristo que persiga tal escopo recebe o
nome de apostolado. Exerce-o a Igreja através de
todos os seus membros, embora por modos diversos.
Pois a vocação cristã é, por sua natureza, também
vocação para o apostolado. Como não organismo de
um corpo vivo, nenhum membro se porta de maneira
meramente passiva, mas, unido à vida do corpo,
também compartilha a sua operosidade, da mesma
forma no Corpo de Cristo, que é a Igreja, todo o
corpo “segundo a atividade destinada a cada
membro, produz o engrandecimento do corpo”(Ef
4,16). Mais. Tão grande é neste corpo a conexão e a
coesão dos membros (cf. Ef 4,16), que o membro que
não trabalha para o aumento do Corpo segundo sua
medida, deve considerar-se inútil para a Igreja e
para si mesmo.

Existe na Igreja diversidade de serviços, mas unidade


de missão. Aos Apóstolos e a seus sucessores foi por
Cristo conferido o múnus de, em nome com o poder
d’ Ele, ensinar, santificar e reger. Os leigos, por sua
vez, participantes do múnus sacerdotal, profético e
régio de Cristo, compartilham a missão de todo o
povo de Deus na Igreja e no mundo. Realizam
verdadeiramente apostolado quando se dedicam a
evangelizar e santificar os homens e animar e
aperfeiçoar a ordem temporal com o espírito do
Evangelho, de maneira a dar com a sua ação neste
campo claro testemunho de Cristo e a ajudar à
salvação dos homens. Já que é realmente

79
característico do estado leigo viver em meio ao
mundo e aos negócios seculares, são eles chamados
por Deus para, abrasados no espírito de Cristo,
exercerem o apostolado a modo de fermento no
mundo.”180.181

3.4. Regulamentação eclesiástica do dever


divino – natural.

Uma vez que a Igreja é Santa, mas também é


pecadora; é divina, mas também é humana e organizada em
sociedade; torna-se conveniente que o Legislador
regulamente tal dever divino – natural de contribuir
materialmente para com a Igreja – Povo de Deus.
O importante a ter presente é que tal regulamentação
deve ser adaptada aos tempos e lugares. Este critério de
adaptação aos tempos e lugares esteve presente no Antigo
Testamento e na História da Igreja.

No período colonial e, posteriormente, imperial


brasileiro, vigorava a contribuição do Dízimo, como
imposto cobrado e administrado, em parte, pelos órgãos
estatais. Período em que Igreja e Estado estavam unidos.

Com a República e a conseqüente separação da Igreja


e o Estado, viu-se que a Igreja estava privada dos recursos

180
Cf. decr. Apostolicam Actuositatem, 18 de novembro de 1965, 2.
181
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, o.
c., 38.
80
materiais básicos, indispensáveis na realização de sua
missão salvífica e profética no Mundo. Neste contexto
avultou-se a solicitação de ofertas dos fiéis por ocasião das
prestações ministeriais, resultando no Sistema de Taxas.
Juntamente com este reforçam-se as espórtulas pelos
sacramentos e coletas em geral.182

3.5. Sistema de Taxas: inadequado às


exigências pastorais de nossos dias.

No contexto acima descrito as iniciativas de taxas,


espórtulas e coletas foram satisfatórias para seus fins
econômicos e, por que não dizer, também pastorais. Hoje,
porém, a mentalidade e a Pastoral atual não aceitam mais
tais iniciativas.

As espórtulas ou ofertas por ocasião das prestações


ministeriais gerou em muitos fiéis a idéia de simonia ou
comércio das coisas sagradas. Como se os sacramentos
fossem comprados com dinheiro.
Tal processo desvirtua também o sentido
comunitário e a sua finalidade teocêntrica. Perde aquele
sentido de pertença ao Povo de Deus e por isso deve
contribuir para a manutenção da Comunidade eclesial. É
enquanto membro de uma comunidade visível e peregrina
sobre a Terra que o fiel deve ofertar bens materiais à Igreja.
A finalidade teocêntrica é percebida tendo-se presente a

182
Cf. Ibidem, 38-39.
81
concepção de Deus Criador e dador de tudo a todos. A
retribuição a Deus deveria ser a mola propulsora da oferta
do fiel, ao contrário, no sistema de taxas, percebe-se mais a
relação de contratação privada de serviços ou a compra de
um produto qualquer.
O sistema de taxas ignora também a diversidade e
desigualdade financeira entre os cristãos: o pobre e o rico
pagam a mesma quantia pela prestação. Como se todos
pudessem arcar igualmente com as mesmas despesas.183

Estas são razões que levaram a CNBB a optar pelo


Sistema do Dízimo, dando-lhe porém uma nova
configuração. Configuração esta que estamos trabalhando já
ao longo desta análise canônico - pastoral do Sistema do
Dízimo.184

4. Peculiaridades do Sistema do
Dízimo.

4.1. Conceituação.

Os Dízimos são – segundo P. CIPROTTI - um


imposto ou tributo genérico que pela lei da Igreja se deve
pagar periodicamente ao Pároco, ou, mais raramente, ao
Bispo ou a outra autoridade eclesiástica – para contribuir na
183
Cf. Ibidem, 39.
184
Cf. Ibidem
82
manutenção de quem administra os sacramentos, tem a cura
das almas e desempenha as funções de culto público.

Trata-se de um imposto – ainda segundo


P.CIPROTTI – que consiste numa quota ( originalmente e
ainda depois, a décima parte) dos frutos de animais (
Dízimos Sangüíneos ) ou de outras coisas ( Dízimos Reais
), ou da renda de capitais móveis ou de trabalho (Dízimos
Pessoais ).185

Coloca-se a pergunta: como é qualificável o “Sistema


do Dízimo”, enquanto desejado pela CNBB e promulgado
em várias Igrejas Particulares Brasileiras?
Precisemos alguns conceitos com os quais se poderia
qualificar este Sistema. Seria ele “tributo”, “taxa”,
“primícia”, “oferta espontânea” e “oferta solicitada”?
1. Tributo: por “tributo” se entende a prestação –
em dinheiro – exigida em forma obrigatória e
predeterminada aos fiéis pela autoridade
competente, independentemente de qualquer
serviço prestado aos mesmos. Trata-se de uma
prestação a título genérico, motivado pela
obrigação de subvencionar as necessidades da
Igreja:

185
Cf. P.CIPROTTI, “Decima”, in Enciclopedia del Diritto, XI,
Varese 1962, 805; cf. também “Decimae”, in FERRARIS,F.L.,
Bibliotheca Canonica Iuridica Moralis Theologica necnon Ascetica
Polemica Rubricistica Historica, III, Romae 1886, 11; “Oblationes”, in
FERRARIS, F.L., Bibliotheca Canonica Iuridica Moralis Theologica
necnon Ascetica Polemica Rubricistica Historica, IV, Romae 1889,
817-823.
83
“Os fiéis têm obrigação de socorrer às necessidades
da Igreja, a fim de que ela possa dispor do que é
necessário (....)”186.187

É um direito do Bispo Diocesano impor tributos, para


atender às necessidades da Diocese, porém não é um direito
ilimitado, mas “segundo o direito”, de modo que se evite
todo abuso188:

“O Bispo diocesano, ouvidos o conselho econômico e


o conselho presbiteral, tem o direito de impor às
pessoas jurídicas públicas sujeitas a seu regime um
tributo moderado, proporcionado às rendas de cada
uma, em favor das necessidades da diocese; às outras
pessoas físicas e jurídicas ele somente pode impor
uma contribuição extraordinária e moderada, em
caso de grave necessidade e sob as mesmas
condições, salvas as leis e costumes particulares que
lhe confiram maiores direitos”189.190

2. Taxas: por “taxa” se entende um tributo a título


específico, ou seja, motivado pelo fato de
beneficiar-se de uma determinada prestação. O
“tributo” genérico tem o escopo de prover às
despesas comuns de utilidade geral, a “taxa” é
pedida como contribuição, daquele que se vale de

186
Cf. CIC83 c. 222§1.
187
Cf. F.COCCOPALMERIO, o.c., 36.
188
Cf. L. CHIAPPETTA, o.c., 4135.
189
Cf. CIC83 1263.
190
Cf. A. MOSTAZA RODRIGUEZ, “Derecho Patrimonial”, in DE
ECHEVERRIA, C. (a cura de), Nuevo Derecho Canónico, Manual
Universitário (B.A.C. 445), 2º ed. , Madrid 1983, 435.
84
um serviço ou de uma concessão que tem caráter
de interesse ou de vantagem privada.191

3. Primícias: por Primícias se entende os primeiros


frutos da Terra ou dos animais aos ministros do
culto, independentemente do Dízimo. No uso
hebraico deviam ser oferecidas ao Senhor a título
de “reconhecimento”. Tal uso vem invocado por
alguns Padres e Concílios. Permaneceu em
algumas regiões, com valor sobretudo simbólico.
Também por isto o CIC17 se remete aos costumes
locais192.193
4. Oferta: podemos falar de oferta solicitada e
espontânea. Por oferta solicitada se entende as
coletas que se faz ordinariamente em igrejas
durante a Santa Missa, ou feitas também em
outras ocasiões e em outros modos na
Comunidade Paroquial, para os fins próprios da
Igreja.194
Por oferta espontânea se entende a entrega de
bens – geralmente em forma de dinheiro – que se
oferece livremente e espontaneamente à Igreja.

191
Cf. Ibidem; L. RISTITS, o.c., 79; L. DE ECHEVERRIA (a cura
de), Código de Derecho Canónico, Edición Bilingue Comentada por
los Professores de la Facultad de Derecho
192
Cf. R. NAZ ( a cura de), o.c., 235; L. RISTITS, o.c., 76; P.G.
CARON, O.C., 190, n. 1; A. MOSTAZA RODRIGUEZ, o.c., 436.
193
Cf. CIC17 c. 1502.
194
Cf. G. DALLA TORRE, o.c., 511; A. MOSTAZA RODRIGUEZ,
o.c., 320; IDEM, o.c., 437; L. DE ECHEVERRIA, o.c., 601; F.
COCCOPALMERIO, o.c., 39-40; S.A.MORAN,-M.CABREROS DE
ANTA, o.c., 153; P. G. CARON, o.c., 190.
85
As oblações, em sentido lato, pode definir-se
“ofertas espontaneamente dadas para o culto
divino e para sustentação dos ministros”. Neste
largo significado as oblações compreendem todas
as disposições patrimoniais a favor de qualquer
pessoa ou Ente Eclesiástico, feitas por qualquer
pessoa com finalidade sobrenatural – “ad causas
pias” - , seja por “actum inter vivos” (doações)195,
seja por “actum mortis causa” (testamento)196.197

195
. “Considera-se doação o contrato em que uma pessoa, por
liberalidade, transfere do seu patrimônio bens ou vantagens para o de
outra, que os aceita”, cf. art. 1.165 do Código Civil brasileiro; “In
sostanza a donazione non è che un atto di liberalità spontaneo con il
quale il donante apporta un vantaggio economico ad altra persona.
Esso piò concretarse o disponendo di un diritto (per esempio,
trasferimento del diritto di proprietà su un immobile a favore dell’altra
persona) o dichiarandosi debitore verso la stessa persona in relazione
ad una precisa obbligazione”: A. FAVATA, Dizionario dei Termini
Giuridici, 12ª ed., Piacenza 1990, 149.
196
Cf. A. FAVATA, o.c., 442.
197
Cf. F. COCCOPALMERIO, o.c., 39-40; P.G. CARON, o.c., 190;
A.MOSTAZA RODRIGUEZ, o.c., 436-437; G. DALLA TORRE,
o.c., 510; L. DE ECHEVERRIA, o.c., 601; L. RISTITS, o.c., 78;
A.DE ANGELIS, “I Consigli per gli Affari Econômici: Statuti e
Indicazioni Applicative”, in I Beni Temporali della Chiesa in Italia:
Nuova Normativa Canonica e Concordataria (Studi Giuridici 11),
Città del Vaticano 1986, 57; G. FORCHIELLI, “Oblazione ( dir. can.)
“, in AZARA,A.,-EULA,E.(a cura de), Novíssimo Digesto Italiano,
XI, Torino 1965, 721.
86
4.2. Peculiaridades.

Entendemos que o Sistema do Dízimo traz algumas


inovações em relação ao modo como era concebido e
praticado pelo Povo Bíblico. A estas inovações chamamos
“peculiaridades”: são características que dão nova
conotação ao Sistema do Dízimo.

O sistema do dízimo parece pastoralmente rico,


portanto, enquanto sistema de contribuição é:

1. pessoal;
2. livre (enquanto ninguém pode ser obrigado por lei
a ser dizimista; trata-se de um compromisso
religioso e moral, não jurídico);

3. espontânea (enquanto fixado de acordo com a


consciência formada de cada um sem aliquotas);
4. sistemática (enquanto contribuição responsável e
periódica, mensal, por exemplo);

A) Pessoalidade.
A primeira das características do Sistema do Dízimo,
as quais chamamos peculiaridades, é a sua dimensão
pessoal. Falamos de um Dízimo que é resultado do direito /
dever do fiel em manter a Obra Evangelizadora da Igreja,
retribuir amorosamente a Deus por tudo o que Ele dá sinal
de uma nova sociedade onde reine a justiça e a fraternidade.

87
Não se trata de “individualismo” mas sim
compromisso pessoal e insubstituível do fiel para com sua
Comunidade e seu Deus. Não podemos permitir que fiéis
irresponsáveis se escondam atrás de um Dízimo
“supostamente familiar” para se omitir neste dever divino
– natural.
Dói muito a sensibilidade pastoral ver, onde existe o
Dízimo familiar, filhos e maridos que trabalham, têm renda,
gastam com tudo “pessoalmente”, porém na hora de dar o
Dízimo se escondem atrás do dinheirinho suado da esposa e
mãe que dá seu Dízimo em nome da Família.
O sentido pastoral do Dízimo Familiar é profundo.
Cada fiel, mensalmente sentaria com sua família e, enquanto
Igreja doméstica, colocaria em comum seus ganhos e
despesas. O Pai de família recolheria as ofertas “pessoais”
de toda a família e daria numa única oferta “familiar”.

Infelizmente, o que é bonito na teoria, na prática não


funciona.
O Dízimo Pessoal pode e deve ser incentivado sem
negligenciar o nível de Igreja Doméstica. Cada fiel,
incentivado a dar o seu Dízimo pessoal, sobre seus
vencimentos, pode e deve ser motivado a faze-lo após uma
reunião familiar, onde cada um com todos os membros da
família refletiria e decidiria por quanto ou como ofertar.

O sentido pastoral do Dízimo, podemos dizer, passa


pelo nível pessoal, familiar, comunitário e chega ao nível
paroquial; este último o leva ao nível diocesano e
missionário.

88
B) Liberdade.
A segunda nota que caracteriza e distingue o Sistema
do Dízimo daquela Instituição Bíblica é a liberdade na
oferta. Esta deve ser livremente decidida. Não desejamos
uma alíquota tributável. Conseqüência da espontaneidade –
própria da oblação – o Sistema do Dízimo quer que o
volume da oferta seja livremente decidido. Só assim o
Dízimo refletirá o amadurecimento da fé de uma
Comunidade Eclesial.
Cada fiel que se disponha a oferecer o Dízimo o fará
conforme suas posses e segundo sua sensibilidade para com
as necessidades da Igreja. Não se quer impor alíquota, pois
cairíamos no inadequado Sistema das Taxas. Pretende-se
levar aos fiéis o espírito evangélico de desapego aos bens
materiais e gratidão a Deus.

Esta nota quer dar um sentido novo à oferta: quer que


seja fruto da conversão pessoal, não meramente fruto de um
dever pura e simplesmente, como já vimos ao longo deste
trabalho.

C) Espontaneidade.
A espontaneidade na decisão donativa, da parte do
fiel – fruto de conversão e compromisso para com sua Igreja
– é a terceira das suas notas a merecer nossa atenção.
O Sistema do Dízimo quer fundar-se na espontânea e
generosa disposição em atender às necessidades da Igreja,
fruto de conversão, da consciência eclesial, adquirida com

89
uma intensa participação na Vida da sua Comunidade
Eclesial.198

Esta espontaneidade quer atingir também as


promoções com fins específicos, como campanhas ou
quermeces. Que sejam realizadas à base de doações
espontâneas, eliminando toda forma de pressão direta ou
indireta sobre o fiel.

Deste modo poderemos dizer que o fiel contribui por


consciência eclesial de modo espontâneo, pois tem os
problemas de sua comunidade como sendo os seus
problemas.
A Pastoral do Dízimo não pode, sem trair o espírito
que a anima e as notas características deste Sistema, aceitar
a prática das assim chamadas “listas de prendas”,
pressionando os fiéis a darem uma contribuição não
desejada de uma quantidade não livremente escolhida.

É bom frisarmos que tais práticas, a saber, quermeces


e campanhas, devem ser exceção dentro do Sistema do
Dízimo. Trata-se de um recurso estremo e inadequado que
não pode ser usado, se não o exigir uma necessidade
extraordinária e igualmente excepcional, sob pena de se trair
profundamente o espírito da Pastoral do Dízimo.

Podemos afirmar, de nossa experiência, que o Sistema


do Dízimo só funciona quando é implantado de forma
radical, ou seja, quando ele abole toda e qualquer outra
forma de arrecadação. Quando o mesclamos com outros
“Sistemas” ou “Meios” vemos o Dízimo fracassar, pois os
fiéis dão o Dízimo como ato de Fé e confiança em Deus que
198
Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 52.
90
dá o cêntuplo. Porém, quando eles percebem que da parte
dos líderes da Comunidade não existe a mesma confiança e
abandono na providência divina, eles se retraem.

O Dízimo Radical é um desafio para a fé, em primeiro


lugar dos Sacerdotes e outros ministros que vivem
integralmente para os serviços da Comunidade, pois é dele
que tirarão o sustento digno.

Com tal forma – espontânea – percebemos um grande


crescimento de fiéis e sacerdotes, pois todos se colocam
livremente nas mãos do Senhor, dador de todos os bens.
Esta atitude, uma vez amadurecida, pode facilmente levar os
jovens a buscar uma doação ainda maior e radical no
Sacerdócio ou na vida Consagrada.

D) Sistematicidade.
A concepção do dízimo como um sistema de
contribuição sistemática (não ocasional) por um lado, e de
contribuição livre, fruto de obrigação moral ( e não legal ou
jurídca) de outro, impõe a busca de caminhos próprios de
implantação, que não desdigam na prática os valores
pastorais que se querem realizar.

Se o dízimo é concebido como expressão de vivência


de fé em Comunidade, sinal da doação livre e responsável
diante de Deus, sua implantação e manutenção parecem
excluir todo tipo de organização complexa, precisa e
impessoal, que sugerisse tratar-se de um departamento
especializado dentro da Igreja, ou lembrasse uma sucursal
de coletoria de impostos. A montagem, portanto, de um
“aparelho de captação de dízimos” devido a sua frieza,

91
preocupação aritmética e impessoalidade, estaria excluída
pelo próprio sentido do Dízimo.

A espontaneidade, por sua vez, abandonada a si


mesma, muito rapidamente sucumbe a suas próprias
limitações. Um Sistema de Dízimos que simplesmente
deixasse plena espontaneidade para que cada um
contribuísse com quanto, como e quando quisesse, já não
poderia chamar-se de Dízimo e nem de Sistema.

Não teria nenhuma chance de se sistematizar e de


responsabilizar as pessoas. Já não seria mais Dízimo, mas se
classificaria dentro das “contribuições espontâneas” que,
com ou sem o Dízimo, sempre tiveram seu lugar nas
Comunidades religiosas.

É preciso ainda lembrar que, em um mundo técnico


como o que vivemos, tudo o que não tem um mínimo de
organização e controle é naturalmente menosprezado e não
é levado a sério. Igualmente, certas facilidades da sociedade
atual (cobranças em casa, pelo correio, pelos bancos) são
assumidos como verdadeiros valores que simplificam e
facilitam a vida.

Excluir a priori esses e outros meios semelhantes, em


função de uma visão idealista de responsabilidade pessoal,
pode inconscientemente não estar entendendo a mentalidade
do homem de hoje, e dificultando mais o cumprimento de
suas responsabilidades.

O problema pastoral que se coloca, portanto, é


encontrar caminhos que sejam realmente pastorais (não
meramente técnicos), e, ao mesmo tempo, acessíveis à
mentalidade do homem de hoje. Em outros termos, como

92
descobrir um tipo de organização que não sufoque a
expressão da liberdade pessoal, mas, ao mesmo tempo, não
sucumba a seus defeitos? Ou ainda, como usar os meios
modernos de oraganização, corrigindo sua frieza e
impessoalidade? Como usar a informática a serviço da
Pastoral do Dízimo?
Mais do que em outros aspectos, parece importante
aqui uma elástica variedade de meios, que atendam às
diferenças culturais regionais.199

Com o Dízimo a Comunidade Paroquial atenderá às


suas despesas ordinárias, como veremos mais
detalhadamente no primeiro item do próximo Capítulo,
reservado à administração do Dízimo.

4.3. Conseqüências.

Como conseqüência do Sistema do Dízimo, levando


em conta suas peculiaridades acima analisadas,
aconselhamos que se proíba “pedir” ou “aceitar” qualquer
“oferta” ou “taxa” por qualquer prestação, seja do Poder de
Ordem ou de Jurisdição.
Fica aos fiéis, porém, o dever de “pessoalmente,
livremente, espontaneamente e sistematicamente oferecer o
seu Dízimo dentro das suas capacidades, e segundo a
generosidade de seu coração.

199
Cf. Ibidem, 56-57.
93
Deve ser grande preocupação da Pastoral dos
Sacramentos afastar toda e qualquer impressão de Simonia.
Procuramos afastar até mesmo a mais sutil aparência de
“negócio ou comércio” dos serviços, principalmente
daqueles de natureza sacramental:
“Deve-se afastar completamente (...) até mesmo
qualquer aparência de negócio ou comércio”200.

Os fiéis que, impulsionados pelo sentido religioso e


eclesial, querem unir, por uma mais ativa participação à
Celebração Eucarística, uma contribuição pessoal às
necessidades da Igreja e particularmente ao sustento dos
seus ministros201, podem e devem fazê-lo na oferta do
Dízimo.

Assim, o Sistema do Dízimo garante a mesma


característica das “oblações” e salvaguarda o mesmo direito
do fiel praticar sua piedade, contribuindo materialmente
para com a Igreja:

“Os fiéis que oferecem espórtula para que a missa


seja aplicada segundo suas intenções concorrem, com
essa oferta, para o bem da Igreja e participam de seu
empenho no sustento de seus ministros e obras”202.
Segundo o c. 948 e o decr. Mos Iugiter, 22 de
fevereiro de 1991, da “Congregação para o Clero”, art. 1§1,
o fiel tem direito de oferecer uma oferta pela aplicação de
uma singular S. Missa segundo sua intenção particular.

200
Cf. CIC83 c. 947.
201
Cf. PAULUS VI, m.p. Firma in Tradione, 13 de junho de 1974,
AAS 66(1974)308.
202
Cf. CIC83 c. 946.
94
O Sacerdote é obrigado à aplicação de Ss. Missas
distintas por cada intenção pela qual foi oferecida e aceita
uma oferta:

“Devem aplicar-se missas distintas, nas intenções


daqueles em favor de cada um dos quais oferecida e
aceita uma espórtula, mesmo diminuta”203.
Dentro do Sistema do Dízimo, na sua forma radical,
sob a proibição de “aceitar” ou “pedir” qualquer oferta, pela
aplicação da S. Missa, o fiel mantém o mesmo direito de
receber a aplicação singular. Este direito lhe é mantido pois
já foi feita sua oferta no Dízimo. Uma vez pedida a
aplicação de sua intenção e aceita pelo Sacerdote, ele é
obrigado a satisfazê-la “por justiça”204.

Contrariam esta norma os Sacerdotes – mesmo dentro


do Sistema do Dízimo – que recebem pedidos de aplicação
da S. Missa por intenções singulares, e pretendem satisfazê-
las com uma única celebração.205

Isto poderia ser feito somente se os fiéis interessados,


prévia e explicitamente advertidos, livremente consentissem
que suas intenções fossem satisfeitas com uma única
Celebração Eucarística, segundo uma única intenção
“coletiva”206.

Neste caso deveria ser publicamente indicado o dia, o


lugar e o horário no qual tal S. Missa seria celebrada, porém

203
Cf. CIC83 c. 948.
204
Cf. CONGREGATIO PRO CLERICIS, decr. Mos Iugiter, 22
fevereiro de 1991, art. 1§1.
205
Cf. Ibidem, art. 1§2.
206
Cf. Ibidem, art. 2§1.
95
não mais de duas vezes por semana207, para manifestar seu
caráter de “exceção”, e seu alargar-se deve ser considerado
como um abuso208.

O Sistema do Dízimo implantado assim radicalmente,


não viola estas normas da Legislação Universal. Se no
Sistema do Dízimo os fiéis não “podem” e não “devem” dar
nenhuma oferta por ocasião dos serviços da Igreja – seja do
Poder de Ordem, seja do de Jurisdição – podem e devem
fazê-lo na oferta do seu Dízimo.

Se os Sacerdotes não podem “pedir” nem “aceitar”


nenhuma oferta por estas prestações, seu honesto sustento é
garantido por uma “justa remuneração através do Dízimo:

“Os clérigos, quando se dedicam ao ministério


eclesiástico, merecem uma remuneração condizente
com sua condição, levando-se em conta, seja a
natureza do próprio ofício, sejam as condições de
lugar e tempo, de modo que com ela possam prover
às necessidades de sua vida e também à justa
retribuição daqueles de cujo serviço necessitam”209

É importante para compreendermos melhor a


disciplina referente a esta matéria, ler as palavras de
G.AGUSTONI, então secretário da “Congregação para o
Clero”, comentando o supra citado decreto:
“A Lei Canônica, de fato, estabelece que cada
Sacerdote que aceita a tarefa de celebrar uma S.
Missa segundo as Intenções dos ofertantes, deve

207
Cf. Ibidem, art. 2§2.
208
Cf. Ibidem, art. 2§3.
209
Cf. CIC83 c. 281§1.
96
cumpri-la, por um dever de justiça, ou pessoalmente,
ou então confiando a realização a outro Sacerdote,
independentemente da importância da oferta”210.

Continua:
“A praxe anômala, ao invés, consiste em aceitar, ou
em recolher, indistintamente ofertas para a
celebração de Ss. Missas, segundo as intenções dos
ofertantes, cumulando as ofertas e as intenções
pretendendo de satisfazer às obrigações que delas
derivam com uma única S. Missa celebrada segundo
uma intenção que é realmente coletiva. Nem vale o
pretexto que nestes casos as intenções dos ofertantes
sejam especificadas durante a celebração, porque
não se vê em que medida este procedimento satisfaça
a obrigação da qual o c. 948 do CIC83, de aplicar
tantas Missas quantas são as intenções”211.

E conclui:

“Não raramente, de fato, ouve-se repetir daqueles


que a celebração eucarística é uma ação da Igreja e
por isto eminentemente comunitária; e portanto seria
alheio pela natureza mesma da Missa a idéia de
‘privatisá-la’ fixando intenções particulares, ou
querendo destinar seus frutos segundo os nossos
entendimentos. Estas argumentações manifestam a
confusão doutrinal de certa eclesiologia em relação
aos méritos infinitos do único sacrifício da Cruz, em
relação à celebração do sacramento daquele único
210
Cf. G. AUGUSTONI, A Tutela di Una Pia e Preziosa Tradizione,
L’osservatore Romano 68(1991)5.
211
Cf. I., Ib.
97
sacrifício que Cristo confiou à Igreja, e em relação
ao “thesaurus Ecclesiae” do qual a Igreja dispõe.
Nem se pode esquecer que a doutrina católica tem
constantemente ensinado que os frutos do Sacrifício
eucarístico são atribuidos: antes de tudo àqueles que
a Igreja mesma nomeia nas ‘intercessões’ da Oração
Eucarística, depois ao Ministro Celebrante (o assim
chamado fruto ministerial), portanto aos ofertantes, e
assim por diante”212.

Outro erro que poderia resultar do Sistema do


Dízimo, é quanto ao teor do c. 534, §1 do CIC83:
“Depois de ter tomado posse da paróquia, o pároco é
obrigado a aplicar a missa pelo povo que lhe é
confiado, todos os domingos e festas de preceito de
sua diocese; mas, quem estiver legitimamente
impedido de fazê-lo, aplique nesses mesmos dias por
meio de outro, ou ele mesmo em outros dias”.213

Trata-se de um dever grave e de justiça porque se


fundamenta sobre o ofício pastoral, mesmo. É pessoal e real,
imprescritível, no sentido de que o Pároco é obrigado a
celebrar e a aplicar a S. Missa pessoalmente, ou em caso de
legítimo impedimento, através de um outro sacerdote, mas

212
Cf. Ibidem
213
Cf. P. LOMBARDIA, -J.I.ARRIETA(a cura de), Codigo de
Derecho Canonico, Edición Anotada, Pamplona 1983, 373-374;
L.CHIAPPETTA, o.c., 2310; P.V.PINTO(a cura de), Commento al
Codice di Diritto Canonico, Roma 1985, 322; L.DE ECHEVERRIA(a
cura de), o.c., 287-288.
98
tal impedimento não o exime da obrigação –
“imprescritível”.214

O erro, que não é fictício, mas real, se daria se o


Pároco, por causa do alargar-se abusivo das chamadas
“intenções coletivas”, pensasse não ser vinculado a este c.
uma vez que “todas as Missas são ‘pro populo’!”.
Este abuso deve ser severamente impedido e corrigido
a teor do §3 do mesmo c.:

“O pároco que não tiver cumprido a obrigação


mencionada nos §§ 1 e 2, aplique quanto antes tantas
missas pelo povo quantas tiver omitido”.

214
Cf. L.CHIAPPETTA, o.c., 2310.
99
CAPÍTULO III:
A ADMINISTRAÇÃO DO DÍZIMO

1. Noções de Administração.

Antes de tratarmos especificamente da administração


do Dízimo e seus órgãos administrativos, é importante ter
presente alguns elementos gerais referentes à
“administração” e “vigilância”, “administração ordinária” e
“administração extraordinária”.

Não pretendo alargar-me excessivamente nestas


precisações, apenas apresentar alguns elementos que nos
serão úteis ao concebermos a administração do Dízimo.
1. Administração: por administração, em sentido
restrito, compreende-se todos os atos, pelos quais
são conservadas as coisas adquiridas; as façam
melhores, mais úteis e mais fecundas; os atos

100
pelos quais se recebe os seus frutos no tempo
devido e convenientemente os aplica.215

2. Vigilância: por vigilância se entende o direito de


visitar e de exigir contas; o direito de prescrever
o modo da administração, mas somente “ad
normam iuris”.216
3. Administração Extraordinária: os atos da
extraordinária administração são aqueles que
excedem os fins e o modo da administração
ordinária, segundo V. De Paolis.217
A noção canônica de ato de extraordinária
administração e ato de ordinária administração não coincide
exatamente com a distinção que fazem os civilistas, entre
“atos de administração” e de “disposição”218.
Para o Direito Canônico todo negócio patrimonial é
ato de administração e todos eles formam parte da gestão do
patrimônio eclesiástico. A diferença entre uns e outros é que
o “ato de extraordinária administração” comporta um
excesso no fim e no modo em relação ao “ato de
administração ordinária”.219

Se a norma não estabelece expressamente, a natureza


de um negócio patrimonial concreto será determinada
215
Cf. G. VROMANT, De Boni Ecclesiae Temporalibus, Paris 1953,
180; cf. também V. DE PAOLIS, De Bonis Ecclesiae Temporalibus
Adnotationes in Codicem: Liber V, Romae 1986, 76.
216
Cf. G. VROMANT, o.c., 183.
217
Cf. V. DE PAOLIS, o.c., 77.
218
Cf. P. LOMBARDIA, -J.I.ARRIETA(a cura de), o.c., 765; cf.
também A. FAVATA, o.c., 29.
219
Cf. P. LOMBARDIA, -J.I.ARRIETA(a cura de), o.c., 765.
101
recorrendo-se a critérios qualificadores do excesso, tais
como:

1. a quantia em que diminui o patrimônio;


2. o risco de graves perdas;

3. a incidência na substância, ou somente nos frutos;


4. perigos de alteração da estabilidade do patrimônio
básico;

5. a natureza da coisa objeto do ato de administração


e serviço que vem prestando;
6. a modalidade e complexidade do negócio;
7. o valor da coisa;
8. a duração dos prazos de execução que poderiam
estipular-se;

9. a incerteza dos resultados econômicos.220

Para que sejam válidos os “atos de extraordinária


administração” se dispõem que os administradores
obtenham previamente autorização do Ordinário dada por
escrito, sem prejuízo dos estatutos:
“Salvas as prescrições dos estatutos, os
administradores praticam invalidamente atos que
excedam os limites e o modo da administração

220
Cf. Ibidem
102
ordinária, a não ser que previamente tenham obtido,
por escrito, a autorização do Ordinário.”221

Se o ato constituísse alienação de bens, então se


deveria observar o estabelecido pelos cc. 1291-1295 do
CIC83222:
“Para alienar validamente bens que por legítima
destinação constituem patrimônio estável de uma
pessoa jurídica pública, e cujo valor supera a soma
definida pelo direito, requer-se a licença da
autoridade juridicamente competente”223.

1.1. Alienação.

“Alienação, em sentido estrito, é qualquer ato em que


se transmite o domínio radical de uma coisa. Mas, de
acordo com o cân. 1295, equiparam-se à alienação
todos os negócios em que a condição patrimonial de
uma pessoa jurídica se torna “pior”, ou seja, em que
diminui não só o domínio radical (propriedade), mas
também o domínio útil (uso ou disposição). De
acordo, pois com essa norma, cuja interpretação se
deduz do Motu Proprio Pastorale Munus, n.º 32, que
lhe serviu de fonte (30 de novembro de 1963: AAS 56,
pp. 5-12), as formalidades requeridas para a
‘alienação’ são requeridas nas seguintes operações:
221
Cf. CIC83 c. 1281§1.
222
Cf. P. LOMBARDIA, -J.I. ARRIETA( a cura de), o.c., 765.
223
Cf. CIC83 c. 1291.
103
venda, doação, hipoteca, penhor, redenção do cânon
enfitêutico e assunção de dívidas (normalmente, por
empréstimo). Já não se deve incluir neste conceito o
aluguel ou arrendamento (cf. cân. 1297). Para medir
o valor econômico da operação e conseqüentemente
determinar a autoridade competente para dar a
licença valem os seguintes princípios:

a) Para a venda e a doação computa-se o valor


determinado pela avaliação dos peritos, de acordo
com o cân. 1293 §1, 2..
b) Para o penhor, a hipoteca e a tomada de
empréstimo sem garantia pignoratícia ou
hipotecária, o valor da dívida que se contrai, mas
devem manifestar-se à autoridade competente as
outras dívidas que, porventura, gravam a pessoa
jurídica em questão, e o plano de amortização.

c) Para a redenção do cânon enfitêutico, a avaliação


do valor dessa redenção, de acordo com o ditame
de peritos.”224

Outro c. importante neste ponto:

“§ 1. Salva a prescrição do cân. 638, §3, quando o


valor dos bens, cuja alienação se propõe, está entre a
quantia mínima e a máxima a serem estabelecidas
pela Conferência dos Bispos para sua própria região,
a autoridade competente, em se tratando de pessoas
jurídicas não sujeitas ao Bispo Diocesano, é
determinada pelos próprios estatutos; caso contrário,
224
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, o.
c., 558-559.
104
a autoridade competente é o Bispo diocesano com o
consentimento do conselho econômico e do colégio
dos consultores, bem como dos interessados. O
próprio Bispo diocesano precisa também do
consentimento deles para alienar bens da diocese.
“§ 2. Tratando-se, porém, de coisas cujo valor supera
a soma máxima, de ex-votos dados à Igreja, ou de
coisas preciosas por seu valor artístico ou histórico,
para a alienação válida se requer ainda a licença da
Santa Sé.
“§ 3. Se a coisa a ser alienada for divisível, ao se
pedir a licença para a alienação, devem-se declarar
as partes anteriormente alienadas; do contrário, a
licença é nula.
“§ 4. Quem deve participar na alienação de bens com
seu conselho ou consentimento não dê o conselho ou
consentimento sem antes ter sido exatamente
informado, tanto da situação econômica da pessoa
jurídica, cujos bens se querem alienar, quanto das
alienações já feitas anteriormente.”225

1.2. Determinações da CNBB.

“A quantia máxima referida no cân. 1292 é a de três


mil vezes o salário mínimo vigente em Brasília DF e

225
Cf. CIC83 c. 1292.
105
a quantia mínima é a de cem vezes o mesmo
salário.”226

Condições para a alienação:


“§ 1. Para a alienação de bens cujo valor excede a
soma mínima fixada, requer-se ainda:
1.º justa causa, como necessidade urgente, evidente
utilidade, piedade, caridade ou outra grave razão
pastoral;

2.º avaliação escrita da coisa a ser alienada, feita por


peritos.
Ҥ2. Observem-se ainda as outras cautelas prescritas
pela legítima autoridade, a fim de se evitarem danos
à Igreja.”227

Preço da alienação:
“§ 1. Ordinariamente não se pode alienar uma coisa
por preço inferior ao indicado na avaliação.
§ 2. O dinheiro recebido pela alienação seja
cuidadosamente investido em favor da Igreja, ou
então prudentemente empregado de acordo com as
finalidades da alienação.”228

226
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
Legislação Complementar ao Código de Direito Canônico, c. 1292.
227
Cf. CIC83 c. 1293.
228
Cf. CIC83 c. 1294.
106
1.3. Abrangência do conceito de
“alienação”.

“O que se exige de acordo com os cânn. 1291-1294,


com os quais se devem conformar também os
estatutos das pessoas jurídicas, seja observado, não
só na alienação, como ainda em qualquer negócio, no
qual a situação patrimonial da pessoa jurídica possa
ficar em condição pior.”229
O c. 1281, §2 do CIC83 pretende introduzir certa
segurança na qualificação dos atos de “extraordinária
administração” e encomenda sua definição aos estatutos das
respectivas pessoas jurídicas. Na falta destes, é o Bispo
Diocesano, ouvido o Conselho para Assuntos Econômicos,
quem deve determinar quais são estes atos230:

“Sejam determinados nos estatutos os atos que


excedem o limite e o modo da administração
ordinária; no entanto, se os estatutos silenciam a
respeito, compete ao Bispo Diocesano, ouvido o
conselho econômico, determinar tais atos, para as
pessoas que lhe estão sujeitas.”231
O Ordinário Local tem o direito e o dever de “vigiar”
sobre todos os bens eclesiásticos das pessoas jurídicas
públicas sujeitas à sua autoridade, como prescreve o c.
1276§1 do CIC83:

229
Cf. CIC83 c. 1295.
230
Cf. Ibidem
231
Cf. CIC831281§2; cf. também V. DE PAOLIS, o.c., 90.
107
“Cabe ao Ordinário local supervisionar
cuidadosamente da administração de todos os bens
pertencentes às pessoas jurídicas públicas que lhe
estão sujeitas, salvo títulos legítimos pelos quais se
atribuam maiores direitos ao Ordinário.”
O Romano Pontífice, em virtude do primado de
governo, é o administrador supremo dos bens eclesiásticos
na Igreja Universal. O Bispo Diocesano, em virtude da sua
autoridade pastoral, é o primeiro responsável pela
administração dos bens eclesiásticos, compreendidos no
âmbito da Igreja Particular e pertencentes às pessoas
jurídicas públicas sujeitas à sua jurisdição.

São associados ao Bispo Diocesano os outros


Ordinários da Diocese, segundo o c. 134§1-2. Os Ordinários
Locais têm, principalmente, o dever e o direito de vigiar
com cura – “sedulo” – sobre a administração de tais bens232:

“§ 1. Com o nome de Ordinário se entendem, no


direito, além do Romano Pontífice, os Bispos
diocesanos e os outros que, mesmo só interinamente,
são prepostos a alguma Igreja particular ou a uma
comunidade a ela equiparada, de acordo com o cân.
368; os que nelas têm poder executivo ordinário
geral, isto é, os Vigários gerais e episcopais;
igualmente, para os seus confrades, os Superiores
maiores dos institutos religiosos clericais de direito
pontifício e das sociedades clericais de vida
apostólica de direito pontifício, que têm pelo menos
poder executivo ordinário.

232
Cf. L. CHIAPPETTA, o.c., 4181.
108
§2. Com o nome de Ordinário local se entendem
todos os mencionados no §1, exceto os Superiores dos
Institutos religiosos e das sociedades de vida
apostólica.”233

2. O Conselho Paroquial do Dízimo


(CPD).

O principal órgão dentro da administração paroquial


é o “Conselho Paroquial do Dízimo”, uma vez que ele é a
principal forma de arrecadação, se não a única, dentro do
Sistema do Dízimo, implantado em sua radicalidade.

Toda Paróquia deve criar seu Conselho do Dízimo


que se encarregará de administrá-lo, como veremos mais
detalhadamente no próximo capítulo.

Justifiquemos a nomenclatura utilizada. Trata-se de


um “Conselho” pois sua função é sempre sob a autoridade
administrativa e deliberativa do Pároco. Chamamos este
Conselho de Paroquial do Dízimo para reforçarmos o
papel do Dízimo dentro da vida econômica da Paróquia. Ele
poderia ser chamado de Conselho para Assuntos
Econômicos pois sua natureza é bem esta e suas atribuições
são as atribuições deste Conselho do c. 1280 do CIC83:

“Toda pessoa jurídica tenha o seu conselho


econômico ou pelo menos dois conselheiros, que

233
Cf. CIC83 c. 134§1-2.
109
ajudem o administrador no desempenho de suas
funções, segundo os estatutos.”

Referindo-se especificamente à Paróquia, o c. 537 do


CIC83 resulta como conseqüência lógica do c. anterior:
“Em cada paróquia, haja o conselho econômico, que
se rege pelo direito universal e pelas normas dadas
pelo Bispo diocesano; nele os fiéis, escolhidos de
acordo com essas normas, ajudem o pároco na
administração dos bens da paróquia, salva a
prescrição do cân. 532.”
“O conselho econômico é obrigatório, como o é em
todas as pessoas jurídicas canônicas (cf. cân. 1280).
Poderia coincidir com o conselho pastoral
paroquial? Não há nenhuma norma que o proíba” 234,
segundo J. Hortal.
Não é necessário lembrar que permanece salvo o teor
do c. 532 do CIC83:
“Em todos os negócios jurídicos, o pároco representa
a paróquia, de acordo com o direito; cuide que os bens da
paróquia sejam administrados de acordo com os cân. 1281-
1288.”
Como se compreende da sua própria designação, o
Conselho Paroquial do Dízimo é Paroquial: sua ação tem
dimensões paroquiais e seus membros são e devem ser
sempre uma representação paroquial.

234
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
Código de Direito Canônico, 2ª Edição revista e ampliada com a
legislação complementar da CNBB, S. Paulo 1987, 255.
110
2.1. Atribuições.

O CPD – Conselho Paroquial do Dízimo –


movimenta uma conta corrente “pessoa jurídica”, conjunta
com o Pároco e em nome da Paróquia. Deve ser uma conta
corrente assinada solidariamente pelo Pároco e o Ecônomo
paroquial. Assim manifesta-se a real paroquialidade do
Dízimo.

O Dízimo é Paroquial. Não é nem da Comunidade


Matriz, nem das Capelas, mas da Paróquia.

Neste caixa Dízimo, pode entrar, além do Dízimo


propriamente dito, as coletas – exceto as com fins
específicos -, ofertas espontâneas e doações.

Este caixa deve atender às necessidades da vida


paroquial, a saber:
- a sustentação dos Sacerdotes, Diáconos e outros
ministros;
- a previdência social dos Sacerdotes, Diáconos e
outros ministros;

- remuneração de irmãs;

- remuneração de demais funcionários;


- bem como suas obrigações trabalhistas;

111
- despesas com o Culto de todas as Comunidades da
Paróquia;

- despesas com limpeza e manutenção de todos os


Templos e demais Prédios da Paróquia;
- tarifas de luz, água e telefone;
- combustível.
Cada Comunidade dentro da Paróquia deve ter um
“Coordenador” do Dízimo. Este agente de Pastoral do
Dízimo integra a Equipe Paroquial de Pastoral do Dízimo
(PD), como aprofundaremos no próximo capítulo.
Ora, se o caixa Dízimo atende todas as “despesas
ordinárias” da Paróquia, o seu Conselho deve ter,
necessariamente, poder administrativo ordinário em todos
estes negócios; segundo os esclarecimentos acima sobre a
“administração ordinária”.

Sim, de fato ele administra todo o montante


econômico para cobrir tais despesas. Efetua todos os
pagamentos, contabiliza, elabora o balancete, que deve ser
mensal, e o apresenta ao Pároco.

Seu poder administrativo é ordinário, porém sempre


sob a Presidência e vigilância do Pároco.

112
2.2. Transparência.

Na computação do Dízimo Paroquial é bom que


apareça, discriminadamente, o Dízimo que cada
Comunidade ofertou naquele mês; isto ajuda numa maior
transparência na administração e credibilidade diante dos
fiéis. Faz muito bem para a Comunidade saber quanto
arrecadou e em que seu dinheiro foi aplicado.

Este balancete, uma vez aprovado pelo Pároco, deve


ser exposto e divulgado por todos os recantos da Paróquia.
A transparência na administração do Dízimo é uma das
causas de seu sucesso ou fracasso.

A mesma prestação de contas deve acontecer a nível


diocesano; da Paróquia em relação à Diocese e desta em
relação à Paróquia, manifestando assim a unidade do Povo
de Deus, como Comunidade de Irmãos: onde existe
transparência existe confiança e colaboração. Dízimo
Radical não funciona com desconfianças ou suspeitas a
nível administrativo.

A fim de um efetivo exercício da vigilância, em vista


de uma maior transparência na administração, o c. 1287 do
CIC83 prescreve que os administradores, clérigos ou leigos,
de qualquer bem eclesiástico, que não sejam legitimamente
isentos da jurisdição do Bispo Diocesano235, apresentem
anualmente a prestação de contas ao Ordinário Local, que o

235
Cf. nos cc. 591, 593, 532 a situação dos Institutos de Direito
Pontifício.
113
passará pelo exame colegial do Conselho Diocesano para
Assuntos Econômicos236:

“Reprovado o costume contrário, os administradores,


tanto clérigos como leigos, de quaisquer bens
eclesiásticos que não estejam legitimamente
subtraídos ao poder de regime do Bispo diocesano,
são obrigados, por ofício, a prestar contas
anualmente ao Ordinário local, que as confie, para
exame, ao conselho econômico.”

A Legislação Particular, porém, deve determinar que,


quanto à administração do Dízimo, esta prestação de contas,
seja a nível paroquial, seja a nível diocesano, aconteça cada
mês, para uma mais atenta e transparente vigilância, nos
termos dos esclarecimentos feitos acima, sobre “vigilância”,
“administração ordinária” e “administração
extraordinária”.

2.3. O Papel do Pároco.

Segundo o c. 1279 do CIC83 a administração dos


bens eclesiásticos corresponde a quem de maneira imediata
governa a pessoa a quem pertencem esses bens:
“A administração dos bens eclesiásticos compete
àquele que governa imediatamente a pessoa a quem
esses bens pertencem, salvo determinação contrária
do direito particular, dos estatutos ou de algum

236
Cf. L. CHIAPPETTA, o.c., 4203.
114
legítimo costume, e salvo o direito do Ordinário de
intervir em caso de negligência do administrador”237

Aplicando-o com o c. 532 do mesmo CIC83, temos


que o Pároco representa a Paróquia em todos os negócios
jurídicos:
“Em todos os negócios jurídicos, o pároco representa
a paróquia, de acordo com o direito; cuide que os
bens da paróquia sejam administrados de acordo com
os cân. 1281-1288.”
Sua negligência nesta matéria é uma das causas de
possível remoção segundo o c. 1741 n. 5 do CIC83:
“As causas pelas quais o pároco pode ser
legitimamente destituído de sua paróquia são
principalmente estas: (....)
5.º má administração dos bens temporais com grave
prejuízo da Igreja, sempre que não se possa dar outro
remédio para esse mal.”238
É importante ter presente a distinção feita por V. De
Paolis, quanto a representar uma pessoa jurídica, dirigi-la e
administrar os seus bens:

“Representar uma pessoa jurídica, dirigir uma


pessoa jurídica, administrar bens de uma pessoa
jurídica não são a mesma coisa. Estes três múnus
podem residir em diversas pessoas, mas podem

237
Cf. CIC83 c. 1279§1.
238
Cf. L. DE ECHEVERRIA( a cura de), o.c., 286.
115
também cumular, ad normam iuris universal,
particular e dos próprios estatutos”239.

Mesmo existindo na Paróquia um Conselho com


função administrativo–ordinária de uma “massa econômica
paroquial”, como o é o Dízimo, o Pároco continua sendo o
representante da Paróquia em todos os negócios jurídicos e
o administrador “ipso iure” de todos os seus bens.

O Conselho Paroquial do Dízimo (ou Conselho


Para Assuntos Econômicos), com competência ordinária
na administração paroquial age sempre sob a autoridade e
em conjunto com o Pároco.
Se o Pároco deve cuidar que os bens eclesiásticos
sejam administrados “ad normam iuris”240, ele deve valer-se
do auxílio de um Conselho com função administrativo–
ordinária, para todos os assuntos referentes àqueles negócios
que a Legislação Particular qualificar como ordinários.

Vale notar que


“na ordem civil, normalmente, as paróquias são
consideradas no Brasil como filiais da diocese, para
agir validamente, os párocos precisam de procuração
da mitra diocesana. O Bispo não pode normalmente
negar essa procuração, pois isso descaracterizaria o
ofício do pároco, tal como está estabelecido no
Código”241.

239
Cf. V. DE PAOLIS, o.c. 80.
240
Cf. CIC83 c. 532.
241
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
Código de Direito Canônico, S. Paulo 1983, 252.
116
2.4. Honesta Sustentação dos Ministros.

Quanto ao “digno sustento” dos ministros sagrados, o


Conselho Paroquial do Dízimo pagará aos Sacerdotes e
demais ministros aquela soma pecuniária estabelecida pelo
Ordinário Local no Direito Particular, juntamente com a
previdência social de ambos.
Além desta “soma pecuniária”, como parte da sua
“justa remuneração”, o Conselho Paroquial do Dízimo dá
aos Ministros sagrados, na maioria das Dioceses onde foi
implantado, os seguintes itens:

- Casa mobiliada,

- Automóvel para uso exclusivo,

- Combustível,
- Água,
- Luz,

- Telefone,
- Reformas,

- uma doméstica mantida pela Paróquia.

Em algumas Dioceses os Ministros Sacros ganham


também a “Alimentação” e a “Manutenção Higiênica da

117
Casa Paroquial” – também chamada em algumas regiões
de “Canônicas”.

Os Ministros Sagrados que não trabalham em


Paróquias, mas servem a Cúria Diocesana ou Seminário,
normalmente recebem da Mitra Diocesana a mesma soma
pecuniária e mais as mesmas condições materiais de
habitação e locomoção daqueles que trabalham em
Paróquias.

Assim evita-se as constrangedoras desigualdades no


nível de vida dos ministros.
Este ponto merece alguns esclarecimentos de cunho
canônico. A “justa remuneração” assegurada pela Igreja ao
Sacerdote que se dedica ao exercício do ministério segundo
o mandato do Bispo Diocesano não é mensurável segundo o
critério da contraprestação e da proporcionalidade em
relação às condições singulares do ministério de cada
Sacerdote.

A Igreja de “per se” não assegura uma retribuição ao


trabalho ou aos trabalhos prestados pelo Sacerdote, mas lhe
garante o honesto sustento, segundo sua missão recebida
do Bispo:
“Os clérigos, quando se dedicam ao ministério
eclesiástico, merecem uma remuneração condizente
com sua condição, levando-se em conta, seja a
natureza do próprio ofício, sejam as condições de
lugar e tempo, de modo que com ela possam prover

118
às necessidades de sua vida e também à justa
retribuição daqueles de cujo serviço necessitam”.242

“Os diáconos casados, que se dedicam em tempo


integral ao ministério eclesiástico, têm direito a uma
remuneração com que possam prover ao sustento seu
e da própria família; todavia, os que receberem
remuneração em razão de profissão civil, que
exercem ou exerceram, atendam às necessidades
próprias e de sua família com as rendas daí
provenientes”.243
A qualidade e a pluralidade dos encargos são
componentes a considerar, para a determinação da “justa
remuneração”. Não é, porém, determinante por si em
ordem a uma diversa configuração dos conceitos em jogo.
Uma vez que se veja assegurado o honesto sustento, o
Sacerdote recebeu aquilo que a Igreja é empenhada a
assegurar-lhe mediante a incardinação e não pode, de per se,
exigir outros direitos.244
Sob este ponto de vista, a diferença entre a
“remuneração” do sacerdote e o salário ou o estipêndio do
funcionário, é radicada no fato que não existe a prestação
trabalhista, que exige ser proporcionalmente
reconhecida e retribuída.
A pessoa do Sacerdote e sua prestação ignora esta
lógica e é mensurável somente pelo mandato recebido e pela
intensidade do espírito de dedicação.
242
Cf. CIC83 c. 281§1.
243
Cf. CIC83 c. 281§3.
244
Cf. A. NICORA, Tratti Caratteristici e Motivi Ispiratori del Nuovo
Sistema di Sostentamento del Clero, L’amico del Clero 71(1989)341.
119
A Igreja é obrigada a prover-lhe simplesmente os
fundos necessários para o honesto sustento, para que o seu
serviço ministerial possa continuar a exprimir-se com
serenidade e plena liberdade apostólica.245
É importante salientar que o ideal para o Ministério é
que os Clérigos não necessitem exercer nenhuma atividade
profissional ou lucrativa, mas se dediquem exclusivamente
ao seu trabalho pelo Reino.

Esclarecemos que estamos falando de o Clérigo


“necessitar” de exercer atividade economicamente rentável
para se manter: é viável e louvável, porém, que os clérigos
exerçam atividades comumente chamadas de profissionais,
pois ele pode ser uma presença da Igreja no mundo do
trabalho. Assim todo o enfoque muda: não se visa o lucro da
atividade, mas os frutos ministeriais daquele contato com o
ambiente do trabalho.

Dentre estas atividades a que mais nos chama a


atenção é o Magistério, onde o Clérigo pode desempenhar
um trabalho maravilhoso num mundo tão secularizado.
Outro ambiente tão carente da presença Sacerdotal é o

245
Cf. IDEM, o.c., 342; para um maior aprofundamento do tema
“sustentação do clero” cf. M. PIACENTINI, “Congrua”, in
AZARA,A.,-EULA,E., Novissimo Digesto Italiano, IV, Torino 1959,
96-108; M. FERRABOSCHI, “Congrua”, in FAVALA,A.(a cura de),
I Sacerdoti nello Spirito del Vaticano II, Torino 1968, 1035-1078;
IDEM, La Posizione Economica del Clero Nelle Principali Esperienze
del Mundo Contemporaneo, L’amico del Clero 47(1975)300-322; V.
DE PAOLIS, “Il Sostentamento del Clero dal Concilio al Codice di
Diritto Canonico”, in LATOURELLE,R.(a cura de), Vaticano II:
Bilancio e Prospettive Venticinque Anni Dopo(1962-1987), Assisi
1987, 571-595.
120
mundo da Política. Lembrando sempre que não se trata do
Sacerdote despir-se da sua identidade Sacerdotal e tornar-se
um professor ou um político que reza missas. Trata-se de ser
Sacerdote nos vários campos onde exerce este e outros
encargos próprios do mundo do trabalho.

2.5. Previdência Social.

Quanto à Previdência social dos Clérigos, as


Legislações Particulares devem prover a isto.
Dentro do Sistema do Dízimo, implantado em sua
radicalidade, o Conselho Paroquial do Dízimo pagará a
Previdência do Estado, atualmente INSS.

Com tal medida as Legislações Particulares vêm de


encontro com o estabelecido no c. 281§2 do CIC83:
“Assim também, deve-se garantir que gozem de
previdência social tal, que atenda convenientemente
às suas necessidades, em caso de enfermidade,
invalidez ou velhice.”246

Segundo V. DE PAOLIS, o.c., 127§2 do CIC83 dá


precedência à previdência social organizada na Sociedade
civil:

246
. Para uma fundamentação, cf. decr. Christus Dominus, 28 de
outubro de 1965, 16; decr. Presbyterorum Ordinis, 7 de dezembro de
1965, 21; PAULUS VI, m.p. Ecclesiae Sanctae
121
“Onde a previdência social em favor do clero não
está devidamente constituída, cuide a Conferência
dos Bispos que haja um instituto, com o qual se
providencie devidamente à seguridade social dos
clérigos.”247

2.6. Patrimônio Comum.

O Sistema do Dízimo deve atender também ao c.


1274§3 do CIC83:
“Em cada diocese constitua-se, enquanto necessário,
um patrimônio comum, com o qual os bispos possam
satisfazer às obrigações para com outras pessoas que
estejam a serviço da Igreja, acudir às diversas
necessidades da diocese, e por meio do qual as
dioceses mais ricas possam também socorrer as mais
pobres.”248
A constituição deste patrimônio comum dos bens é
de se fazer enquanto seja possível, enquanto é meio para
atender às obrigações. Não se trata de uma exigência. Seja,
se possível, constituída em cada Diocese. Pode ser
constituída também em outras Igrejas Particulares, segundo
o c. 368:

“As Igrejas particulares, nas quais e das quais se


constitui a una e única Igreja católica, são

247
Cf. V. DE PAOLIS , o.c., 86.
248
Cf. o comentário de L. CHIAPPETTA, o.c., 4175.
122
primeiramente as dioceses, às quais, se equiparam,
não constando o contrário, a prelazia territorial, a
abadia territorial, o vicariato apostólico, a prefeitura
apostólica e a administração apostólica estavelmente
erigida.”
e também em prelasias pessoais, segundo o c. 295§2:
“O Prelado deve prover à formação espiritual e
digna sustentação dos que tiver promovido pelo
referido título”.
Este patrimônio comum tem múltiplos fins:
- satisfazer às obrigações para com outras pessoas
que estejam a serviço da Igreja,

- acudir às diversas necessidades da diocese,

- socorrer as dioceses mais pobres. Não sendo


necessário erigi-lo em pessoa jurídica.249

Uma proposta de formação deste “patrimônio


comum” pode ser o que acontece na Diocese de Umuarama,
Noroeste do Estado do Paraná. Trata-se de uma experiência
que deu certo. A partir da proposta da III Assembléia
Diocesana – 11/1978 -, a Legislação Particular determinou
que a Cúria Diocesana e o Instituto Religioso, ao qual fosse
confiada cura pastoral na Diocese, tivesse sua quota de
contribuição vinculada à arrecadação do Dízimo
paroquial.250.

249
Cf. V. DE PAOLIS, o.c., 85.
250
Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 25.
123
As Igrejas Particulares tributariam as Paróquias em
10% do Dízimo arrecadado, daquelas Paróquias entregues à
cura pastoral de Sacerdotes Seculares do Clero Diocesano e
em 5% do Dízimo e demais arrecadações daquelas
Paróquias entregues à cura pastoral dos demais Sacerdotes.
O Instituto ou a Congregação destes últimos receberão 5%
do Dízimo arrecadado nestas Paróquias.

Esta tributação pode ser alargada às outras entradas


ordinárias – coletas, ofertas, doações – ou extraordinárias –
Promoções.
Esta “contribuição” das Paróquias para com a Mitra
Diocesana e para com os Institutos ou Congregações se
caracteriza como verdadeiro “tributo”, sim. Trata-se de
tributo com alíquota previamente determinada e fixa, com as
características apresentadas no terceiro item do Capítulo
anterior:

“Por ‘tributo’ se entende a prestação – em dinheiro –


exigida em forma obrigatória e predeterminada (...)
pela autoridade competente, independentemente de
qualquer serviço prestado (...)”251

É um tributo exigido da Paróquia, independentemente


de qualquer serviço prestado pela Mitra Diocesana, fundado
no direito do Bispo Diocesano de exigir delas o necessário
para a manutenção da Igreja Particular:

“O Bispo diocesano, ouvidos o conselho econômico e


o conselho presbiteral, tem o direito de impor às
pessoas jurídicas públicas sujeitas a seu regime um
tributo moderado, proporcionado às rendas de cada
251
Cf. F. COCCOPALMERIO, o.c., 36.
124
uma, em favor das necessidades da diocese; às outras
pessoas físicas e jurídicas ele somente pode impor
uma contribuição extraordinária e moderada, em
caso de grave necessidade e sob as mesmas
condições, salvas as leis e costumes particulares que
lhe confiram maiores direitos.”252
Outra possibilidade muito mais pastoral e condizente
com o “espírito do Dízimo” é a Diocese praticar, em relação
às Paróquias, a mesma metodologia pastoral do Dízimo
radical usada pela Paróquia em relação ao fiel. A saber:
isentar as Paróquias todas de qualquer taxa ou tributo,
pedindo-lhes apenas que contribuam “pessoalmente,
livremente, espontaneamente e sistematicamente com seu
Dízimo para atender às necessidades da Igreja Particular.
Manter taxas ou tributos para as Paróquias é um escândalo
para a Pastoral do Dízimo, aos olhos dos fiéis.

A corresponsabilidade não pode jamais fechar o


Sistema do Dízimo dentro de uma Comunidade local, sem
abertura solidária com as demais Comunidades dentro da
Igreja Diocesana. O Dízimo como Pastoral exige uma
corresponsabilidade que ultrapasse as limitadas fronteiras da
Comunidade Setorial, Paroquial e chegue até a Igreja
Particular; podemos almejar que chegue até à ajuda
missionária a outras Igrejas Particulares.

Este espírito de abertura responsável garantirá a


subsistência da Igreja Diocesana dentro do Sistema do
Dízimo. Não é justo que o problema seja simplesmente

252
Cf. L. DE ECHEVERRIA (a cura de), o.c., 600; V. DE PAOLIS,
o.c., 12; G. DALLA TORRE, o.c., 511; A. MOSTAZA
RODRIGUEZ, o.c., 436.
125
resolvido com o recurso fácil a uma taxa percentual: um
percentual “X” do que cada Comunidade Paroquial
arrecadar será “pago” à Diocese. Assim como para o
Dízimo a nível de Paróquia, seria voltar simplesmente a
uma visão jurídica, que obrigaria Comunidades pobres e
ricas ao mesmo ônus. Trataria de cobrar mais de quem tem
menos e menos de quem tem mais.253

2.7. Remuneração das Religiosas e


Religiosos.

Quanto à remuneração das Religiosas e Religiosos


que trabalham na Pastoral a tempo integral devem ser
devidamente registrados como funcionários da Mitra
Diocesana e remunerados segundo os mesmos critérios
canônicos acima analisados e segundo as exigências
trabalhistas civis.
Aquelas Religiosas e Religiosos que não prestam
serviços pastorais a tempo integral, devem ser remunerados
segundo a justiça, levando-se sempre em conta os critérios
canônicos acima apresentados e a justiça trabalhista.
É bom esclarecer que “tempo integral” neste caso é
carga trabalhista determinada pelas leis trabalhistas, de
acordo com a função exercida por cada Religiosa ou
Religioso.

253
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, O.
C., 54-56.
126
2.8. Funcionários.

Os funcionários que prestam serviços para a Paróquia


ou a Diocese, devem ser remunerados segundo as
determinações trabalhistas civis para cada categoria,
levando-se em conta os direitos trabalhistas estabelecidos e
a justiça canônica.

127
CAPÍTULO IV:
IMPLANTANDO E ORGANIZANDO
O “SISTEMA DO DÍZIMO”

1. Pastoral do Dízimo.

Falamos de Pastoral do Dízimo pois apostamos no


potencial pastoral deste Sistema. Trata-se de uma verdadeira
ação pastoral, ou seja, uma ação profética em vista da
edificação do Reino de Deus, uma vez que o escopo do
Dízimo não é arrecadar mais dinheiro. Seu objetivo é o
crescimento da Comunidade enquanto “Comunidade de fé”
que assume responsabilidades e vivencia o Evangelho,
preanunciando uma sociedade justa e fraterna, sinal
escatológico do Reino.

128
1.1. Aspectos sociológicos da Pastoral do
Dízimo.

A Pastoral do Dízimo não tem a implantação do


Dízimo como seu escopo maior. Ela almeja os frutos
pastorais de amadurecimento na fé e comprometimento dos
fiéis para com sua Comunidade, a serviço da Evangelização.

O Sistema do Dízimo é uma instituição muito ligada


aos hábitos e espírito das Comunidades cristãs como um
todo, porém, difundiu-se mais intensamente entre os cristãos
não – católicos.

Infelizmente, na Igreja Católica o Sistema do Dízimo,


mais do que tornar-se prática comum, institucionalizou-se
na legislação canônica: “Pagar dízimos segundo o costume”,
dizia o mandamento da Igreja.

O elemento organizacional e sociativo caracteriza-se


por uma ética sociológica forte, calcada no dever jurídico e
punida a violação com sanções legais. O cristianismo figura,
então como uma religião organizada como grupo numa
interação permanente, que cultua a Deus numa expectativa
religiosa.
Ninguém se salva sozinho. Toda salvação é mediada
pelo grupo: Comunidade. Na Igreja Católica o elemento
organizativo torna-se mais acentuado quanto relevante. Tal

129
elemento justifica-se e explica-se na vida da Comunidade
como tal.254

Max Weber, partindo dessa característica da religião


organizada em grupo, analisa a distinção entre o Sacerdote
e o Mago:
O “sacerdote caracteriza-se por pertencer a uma
organização com a finalidade do culto religioso,
sendo um funcionário dessa organização e, como tal,
recebe dela uma remuneração para viver... é
remunerado através de sua Igreja... o mago é
remunerado pelos serviços que executa, como um
profissional liberal. Ele tem clientes, aos quais presta
um serviço e assim como os clientes de um mesmo
dentista, por exemplo, não formam uma comunidade,
os clientes de um mesmo mago não mantêm relações
estáveis entre si; feito o pagamento, cessa toda
interação. O sacerdote e o profeta, ao contrário, não
estão a serviço de clientes, mas de uma comunidade
mais ou menos estável. Por isso, não podem ser
pagos pelos serviços que executam para cada
indivíduo, pois isso fecharia o ciclo de interações. As
interações entre o sacerdote ou o profeta e sua
comunidade caracterizam-se pelas dívidas mútuas: a
comunidade deve favores a seu sacerdote, e este a
ela”255.

254
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, o.
c., 44.
255
Cf. P.A.RIBEIRO DE OLIVEIRA, O Papel do Padre, Rio de
Janeiro 1968, vol. I, 16.
130
Na Comunidade de Culto, todo tipo de relação
pessoal deve ser expressão de uma realidade comunitária;
seja ela enquanto existente ou enquanto tendência de
estreitamento dos laços pessoais entre as pessoas do grupo.
Sob este prisma é que se pensa a reforma do Sistema de
Sustentação material da Igreja, de modo especial o Sistema
de Taxas exigidas por ocasião das prestações ministeriais.

O Sistema de Taxas por ocasião das prestações


ministeriais é, segundo Max Weber, característica da
Magia, na qual é permanente o tipo de relação à base da
clientela. Esgota-se todo seu conteúdo comunitário na
impessoalidade de uma contratação privada de serviço e sua
correspondente remuneração.256

O Sistema do Dízimo aparece, ao contrário, como um


sistema de provimento às necessidades da Comunidade.
Toda relação pessoal traz um conteúdo diferente, pois é
mediada pela Comunidade. O Sistema do Dízimo faz
acontecer uma real participação de todos no mesmo objetivo
comunitário.

A Igreja é um grupo integrado, no qual as partes se


compõem num todo, modificando-se seu comportamento
pela referência às normas de conduta grupal. Terá uma
estrutura elementar onde encontraremos um mínimo de
controle do grupo sobre os indivíduos. Participação nas
atividades do grupo e atitude de pertença a ele.

A Igreja enquanto Sociedade, procura realizar e


reativar em si aquelas características estruturais de grupo.
Todo seu esforço, enquanto Sociedade, de auto – renovação

256
Cf. Ibidem, 45.
131
dirige-se no sentido de reacender o espírito comunitário de
seus fiéis; levá-los a modelos de comportamento queridos
por Ela, criando neles uma atitude de pertença ao Corpo de
Cristo.
A renovação litúrgica também tem este escopo.
A tentativa de implantação do Sistema do Dízimo
enquanto modo concreto de participação sistemática na Vida
da Comunidade se coloca em consonância com o esforço de
renovação da Igreja universal. Este esforço de renovação da
Igreja deve preceder ao Sistema do Dízimo, criando os
condicionamentos mentais e sócio – culturais para sua
implantação eficaz.257

O Sistema do Dízimo se situa e se firma inteiramente


numa motivação e dimensão de ordem Comunitária. É
sociologicamente difícil, senão impossível, o sucesso de
uma implantação do Sistema do Dízimo onde:

- não houver o despertar de um senso de pertença e


responsabilidade;
- não houver um senso de renovação religiosa com a
conseqüente tomada de consciência de ser Igreja;

- não houver um senso de que se pertence a uma


Comunidade espiritual, com real superação de uma
realidade individualista;

- onde o rito religioso tem um sentido e um


significado enquanto simboliza e significa aquela

257
Cf. Ibidem, 46.
132
Comunidade perfeita que um dia será realizada
com a Parusia de Cristo.258

O Sistema do Dízimo implantado em sua radicalidade


desperta uma profunda sensibilidade para um
comprometimento em ordem aos aspectos não individuais
da vida espiritual. Manifesta-se assim sua função
formadora. Sua implantação radical é, necessariamente,
cercada de toda uma sistemática de reflexão que marca a
dimensão formadora.

Os fiéis não deixarão de se questionar sobre as razões


de sua contribuição, crescendo em consciência cristã e
comprometimento pastoral. Não amamos o que não
conhecemos e “pouco valorizamos o que nada nos custa”.

Cada membro de um grupo ou associação, para


ostentar seu título de participação, deve prestar sua adesão
por meio de um pagamento. Esta é uma característica do
espírito associativo do homem de hoje.

O Estado moderno sempre mais exige de cada


cidadão uma parcela bem precisa e nada abstrata de sua
participação na promoção do bem comum, manifestando
materialmente sua pertença à nação, através de impostos e
outros instrumentos. 259

Estes deveres para com o Estado e a Comunidade


Nacional são exigência para que o cidadão possa
salvaguardar ou promover seus interesses individuais.

258
Cf. IDEM Ib., 46-47,
259
Cf. Ibidem, 47.
133
Toda Comunidade, é bastante ciosa do que por
origem e destinação lhe pertence. Daí o Sistema do Dízimo
exigir, em contrapartida, uma correspondência de vida dos
ministros, ou pessoas a serviço da Comunidade, expressa
na sobriedade perante o uso dos bens.
Do contrário o Sistema fracassaria e cresceria o
descontentamento por parte dos fiéis em relação à
destinação dos Dízimos ofertados. Daí ser imprescindível
uma clara prestação de contas e administração transparente
como vimos no capítulo anterior.260

1.2. Aspectos Pastorais do Sistema do


Dízimo.

Sob o ponto de vista da Pastoral é notória a


preocupação de buscar os meios financeiros para a
manutenção dos serviços da comunidade cristã. Esta
preocupação do Sistema do Dízimo é Pastoral na medida
que inclui outros critérios que a coloquem dentro de todo o
sentido da ação pastoral da Igreja no mundo, enquanto
Comunidade de Salvação.

Não é todo Sistema de manutenção da Comunidade


que pode ser chamado de pastoral. A mera finalidade a que
se destina não lhe dá essa característica. Mesmo dentro os
sistemas coerentemente pastorais devemos escolher aquele
que, dadas as suas circunstâncias históricas e culturais, seja

260
Cf. Ibidem, 48.
134
o que melhor exprima o sentido religioso e cristão dos dons
materiais em benefício da Comunidade.261

Podemos reduzir a quatro os principais Sistemas de


manutenção da Comunidade Cristã ao longo de sua história:
- o Sistema de doações espontâneas, como já vimos
ao longo deste trabalho. Expressão da
disponibilidade religiosa do homem e do espírito
de sacrifício;

- o Sistema de Dízimo, sancionado mediante uma


legislação precisa, com a conseqüente obrigação
jurídica e sanção correspondente;
- o sistema de côngrua, isto é, subvenção dos
ministros e do culto por parte dos governos
“cristãos”;
- o sistema de taxas, pagas por ocasião de certos
serviços religiosos.
Eles não se excluem mutuamente. Em alguns
momentos da história coexistiram dois ou mais Sistemas no
mesmo lugar. Nunca se suprimiu as doações espontâneas,
por exemplo, qualquer que fosse o Sistema ulteriormente
adotado.
Estas ofertas espontâneas são ricas de sentido
teológico. São verdadeiros marcos de generosidade do fiel
diante de seu Deus Criador e dador de tudo a todos. Mesmo
no Sistema do Dízimo, implantado em sua radicalidade, não
admite sua exclusão. O que se pede é que estas ofertas

261
Cf. Ibidem, 49.
135
espontâneas sejam sempre dissociadas das prestações
ministeriais de caráter sacramental.

Tais ofertas são louváveis, porém as necessidades da


Comunidade não podem ficar à mercê exclusiva da
generosidade espontânea dos fiéis, pois estas são
ocasionais. A Comunidade necessita de arrecadação
sistemática e comprometida para fazer frente a suas
despesas que são, na maioria, mensais.

Disto vem a necessidade que se pense um Sistema


que não suprima as ofertas espontâneas nem as doações que
são e serão sempre um direito do fiel; porém, ofereça uma
regularidade nas entradas, garantindo uma receita
sistemática para a Comunidade poder se manter sem
imprevistos.
Nenhum outro Sistema se manifesta tão “pastoral”
quanto o Sistema do Dízimo, porém, não aquele Dízimo
bíblico e histórico tal qual era praticado, com a obrigação e
sanções jurídicas. Nem um Dízimo matemático ou
percentual (10% ou 1% dos rendimentos). Mas sim um
Sistema do Dízimo que beba nas fontes bíblicas, sustente-se
na força da história da Igreja e sua praxe; reforçando a
eqüidade da oferta dada, manifestando os caminhos para
uma sociedade nova, pautada pela justiça e fraternidade à
luz do Evangelho.

O Dízimo “percentual” impõe uma obrigação


matematicamente igual a todos, mas realmente diferente a
cada um, uma vez que é muito mais difícil para quem ganha
um (1) salário mínimo dar Dízimo de 10% do que para
quem ganha cinco ou dez salários.

136
Trata de um erro metodológico – pastoral que
algumas Comunidades cometem. Sob uma suposta
solidariedade e unidade na oferta, pede-se menos de quem
tem mais e pede-se mais de quem, na verdade, tem
menos.262
O Dízimo é pastoralmente rico, enquanto Sistema de
contribuição:

1. pessoal: resultado do compromisso do fiel para


com sua Comunidade;
2. livre (enquanto ninguém pode ser obrigado por lei
a ser dizimista; trata-se de um compromisso
religioso e moral, não jurídico);

3. espontânea (enquanto fixado de acordo com a


consciência formada de cada um sem alíquotas);
4. sistemática (enquanto mensal, por exemplo);

Esta nova configuração do Sistema do Dízimo


abandona conotações percentuais e históricas e assume seu
sentido puramente religioso.
Não é pastoralmente aconselhável também substituir
o termo “Dízimo” por nenhuma inovação: “centésimo” ou
outra criatividade. Conservamos a nomenclatura bíblica pois
é desta fonte que toda a pastoral bebe, com adaptações aos
tempos e lugares.263 Enfocá-lo como dom religioso e não
como obrigação jurídica está perfeitamente em sintonia com
seu sentido bíblico.

262
Cf. Ibidem, 50-51.
263
Cf. Ibidem, 51.
137
Mesmo antes da legislação mosaica, o Dízimo já era
enfocado em seu sentido religioso de reconhecimento do
Poder Divino e da fraqueza humana. Nas primeiras páginas
do Livro do Gênesis, preocupado em delinear a posição do
homem diante de seu Deus e do mundo, encontramos
claramente este sentido religioso do Dízimo.
O Dízimo é uma catequese permanente e viva que dá
mais vida à Comunidade. Reeduca as atitudes religiosas do
homem vitimado pela cultura da técnica que afronta Deus
com seu poder “quase absoluto e ilimitado”. Restaurar este
Sistema do Dízimo renovado e radical é levar o mundo
hodierno a descobrir seus limites e a abrir-se ao Absoluto,
colocando-se nas mãos de Deus.

Seria falta de sensibilidade bater na tecla da obrigação


jurídica do Dízimo diante do homem de hoje, perdendo uma
oportunidade privilegiada de catequizar para o compromisso
social e comunitário.264

A Comunidade dos primeiros cristãos tinha


consciência viva de não estarem mais subjugados pela Lei
mosaica, nem mesmo a do Dízimo. Não se tratava de
rebeldia ou anarquia, era sim um profundo sentimento de
liberdade comprometida com a Comunidade. Tão forte era
tal consciência que ao invés de viverem a lei do Dízimo
“repartiam seus bens” entre si e “tinham tudo em comum”.
Todas as contribuições eram fruto de uma obrigação de
ordem religioso – moral e não jurídica.

Infelizmente o fiel de hoje sente apenas a liberdade


em relação à Lei Mosaica, sem sentir o compromisso e a

264
Cf. Ibidem, 52.
138
responsabilidade para com as necessidades da Comunidade.
Sente estranheza e mal-estar frente a deveres de contribuir
monetariamente com sua Comunidade.

Muitos, porém, contribuem, por uma prática milenar,


com ofertas espontâneas e sentem com estranheza a
sistematização ou a obrigação de contribuir com o Dízimo.
Para que o Sistema do Dízimo seja de fato “pastoral”
é necessário que aconteça junto com uma “constante e
profunda formação de consciência”. Assim o fiel se sentirá,
de um lado comprometido, e de outro, livre sem
constrangimentos de espécie alguma. O processo “Pastoral
do Dízimo” é muito mais lento e supõe elementos e recursos
que ultrapassam os critérios econômicos e técnicos de um
tributo qualquer ou taxas.
Notamos assim que o mero recurso à propaganda
torna-se ineficaz e dispensável. Não atingiria o objetivo de
conscientizar e formar, ao contrário provocaria “escândalo e
oposição à igreja por parte de áreas que não a reconhecem e
a ela se opõem”265.

O recurso à pressão pessoal ou de massa não é


caminho pastoral viável, “enquanto oferecesse benefícios e
privilégios aos dizimistas, seja enquanto negasse certos
serviços ou impusesse obrigações especiais aos não
dizimistas”. Isto significaria restaurar o Sistema do Dízimo
histórico com base percentual. Não é o que pretendemos
com a Pastoral do Dízimo.266

265
Cf. Ibidem, 54.
266
Cf. Ibidem, 52-54.
139
1.3. Sentido Comunitário da Pastoral do
Dízimo.

A ligação entre a Comunidade religiosa e o Sistema


do Dízimo – enquanto sistema de contribuição constante e
não apenas ocasional – é ressaltada quando analisamos
sociologicamente a Pastoral do Dízimo.

O Sistema do Dízimo, assim, podemos dizer que é


muito mais autêntico e verdadeiro para expressar a ligação
do fiel com sua Comunidade, na qual celebra os mistérios da
Fé. O Dízimo é, portanto, um instrumento prático de
inestimável valor na superação do individualismo que
destrói e na promoção do “Espírito Comunitário”.
O restabelecimento do Sistema do Dízimo se situa no
esforço pastoral primordial da Igreja e oferece um
instrumental a mais de realização desse mesmo esforço. É
expressão do espírito comunitário já existente e o
instrumento pedagógico de formação e aprofundamento
deste mesmo espírito.
Todo esforço de vida e espírito comunitário são uma
preparação e conscientização indireta para o
restabelecimento do Sistema do Dízimo. Isso leva-nos a
questionar a viabilidade prática de seu restabelecimento
naquelas Paróquias situadas fora do esforço de renovação
comunitária. Todo trabalho que leve ao comprometimento, à
participação, sobretudo nos centros paroquiais são passos
importantíssimos de conscientização para o Dízimo.

140
Para a formação da consciência responsável e
comprometida em vista da superação de uma mera
obrigação jurídica de que falávamos acima, o espírito
comunitário é o clima, o meio ambiente natural e
necessário.
Objetivação do sentido religioso da doação material é
a comunidade viva, em suas necessidades concretas. A
oferta é feita a Deus com o sentido preciso de socorrer as
necessidades da Comunidade de Fé, uma vez que Deus não
necessita de coisa alguma. Na vida comunitária o Sistema
do Dízimo vê seu sentido alargado em direção à
fraternidade e corresponsabilidade na vivência da Fé em
busca de uma sociedade mais justa e digna.

A corresponsabilidade não pode jamais fechar o


Sistema do Dízimo dentro de uma Comunidade local, sem
abertura solidária com as demais Comunidades dentro da
Igreja Diocesana. O Dízimo como Pastoral exige uma
corresponsabilidade que ultrapasse as limitadas fronteiras da
Comunidade Setorial, Paroquial e chegue até a Igreja
Particular; podemos almejar que chegue até à ajuda
missionária a outras Igrejas Particulares.
Este espírito de abertura responsável garantirá a
subsistência da Igreja Diocesana dentro do Sistema do
Dízimo. Não é justo que o problema seja simplesmente
resolvido com o recurso fácil a uma taxa percentual: um
percentual “X” do que cada Comunidade Paroquial
arrecadar será “pago” à Diocese. Assim como para o
Dízimo a nível de Paróquia, seria voltar simplesmente a
uma visão jurídica, que obrigaria Comunidades pobres e

141
ricas ao mesmo ônus. Trataria de cobrar mais de quem tem
menos e menos de quem tem mais.267

1.4. Riscos históricos do Sistema do Dízimo.

Não podemos pensar que o Sistema do Dízimo não


traga consigo sérios riscos, alguns deles podemos chamá-los
de “históricos”, pois aconteceram de fato ao longo da
História da Igreja:

- a rotina , ou seja a perda do sentido religioso do


Dízimo, reduzindo-o a um tributo, é o primeiro
dos riscos históricos. Facilmente, até por falta de
fé, sentimos medo da insegurança que a
providência divina nos impõem no Sistema do
Dízimo e nos esquecemos de seu sentido religioso
e pastoral: reforçamos seu caráter tributário e
percentual;
- a aplicação abusiva do Sistema do Dízimo
eliminando outras formas espontâneas de
contribuição, tais como as doações e ofertas pias.
Práticas milenares em nossas Comunidades que
podem ser inibidas ou abandonadas com prejuízo
para o sentido religioso da retribuição;

- o farisaísmo é o pior dos riscos no Sistema do


Dízimo. Trata-se da necessidade farisaica de
mostrar que deu e quanto deu a Deus no Dízimo.

267
Cf. Ibidem, 54-56.
142
Colocando-se numa atitude de se sentir melhor e
mais perfeito do que os outros que não dão o
Dízimo. O farisaísmo do Dízimo faz com que os
fiéis que dão sejam enaltecidos e os outros
desprezados e humilhados através das “listas de
Dízimos” com nomes e valores: atitude altamente
condenável. Este é um recurso que um bom
Sistema de Gestão Canônico-Pastoral deve ter,
mas para uso interno da Pastoral do Dízimo, não
para ser afixada no mural da Igreja ou distribuída
aos fiéis.
A “razão” pastoral nos leva a termos presentes tais
riscos, que são reais, para não cairmos na euforia otimista de
haver encontrado um Sistema perfeito. As inúmeras
qualidades e vantagens do Sistema do Dízimo, bem
realçadas por nós neste trabalho, não podem encobrir os
riscos, abusos e perigos inerentes igualmente a ele.

São pastoralmente inválidos e historicamente


inviáveis recursos à força legal para impor o Sistema do
Dízimo. Ele contará, pois, sempre, com a única força de
seu vigor original, a formação e a vivência do espírito
comunitário.

Isso o manterá em sua pureza original e alertará os


agentes sobre a necessidade de um recurso constante e
periódico à força da motivação bíblica e religiosa do
Dízimo, numa formação permanente. A conscientização não
é uma simples etapa anterior à sua implantação, mas um
trabalho constante da Comunidade junto a seus membros.
Outros riscos históricos foram no tocante à
arrecadação e à administração do Dízimo. Os malefícios

143
pastorais de tais abusos são por demais patentes para serem
analisados por nós neste trabalho. Basta lembrarmos, como
vimos no capítulo anterior, que tais abusos devem ser
coibidos e punidos segundo o rigor do direito penal
canônico.
Sobre o modo de proceder quanto à administração do
Dízimo e outras entradas ordinárias da Comunidade tenha-
se presente o capítulo anterior, todo ele reservado à
Administração.

A mentalidade farisaica do Dízimo é a mentalidade


do contribuinte, que não espera nem busca com humildade,
mas tem a consciência de seu direito e passa a exigir e
criticar quando os serviços prestados não coincidem com os
próprios gostos. Pode levar a uma certa atitude de dono da
Igreja com imposição de normas e padrões de privilégio
dentro da vida da Comunidade ou por ocasião da
administração dos sacramentos.

Isto é a própria negação do sentido Pastoral do


Dízimo, da atitude religiosa, toda ela impregnada de busca
humilde de Deus e de serviço à Comunidade. É uma
inconsciência minimizar este risco e deixar de colocá-lo,
desde o início, para a Comunidade.

A Sagrada Escritura deixa claro que o Dízimo não se


trata apenas de “decisão” de razão ou jurídica. A pregação
profética e o Evangelho do Senhor são ricos de
ensinamentos a esse respeito. Nada como a consciência do
dever cumprido no campo econômico para criar um

144
sentimento global de quitação e de direitos adquiridos,268
próprios da mentalidade farisaica.

1.5. O Sustento dos Ministros e a Pastoral


do Dízimo.

Uma última reflexão pastoral se impõe, sobre a


relação entre o Sistema do Dízimo e a manutenção dos
ministros sagrados. Uma vez que esta matéria já tratada sob
o aspecto canônico no capítulo anterior, nos ateremos aqui
apenas ao aspecto pastoral da manutenção dos ministros da
Comunidade.

Uma das principais finalidades do Dízimo é a


manutenção dos ministros. É importante notar que isso não
decorre apenas da constatação de um direito mas envolve
uma dupla perspectiva pastoral. Visa libertar os ministros de
preocupações de ordem material, deixando-o totalmente
disponível para sua missão pastoral e os comprometendo
mais estritamente com uma Comunidade concreta.
Duas razões justificam a manutenção dos ministros
através do Dízimo:
- em razão de justiça: o trabalhador é digno de seu
sustento e uma vez que trabalha para a
Comunidade é justo que dela retire seu digno
sustento;

268
Cf. I.d, Ib., 58-61.
145
- em razão pastoral: tendo seu sustento garantido
tem mais serenidade para se empenhar no trabalho
pastoral em prol da Comunidade. Podem acontecer
situações históricas concretas, que evidenciem
conflito entre a exigência do direito e os interesses
pastorais. A solução deve ser pensada a partir do
bem pastoral. Assim o fez também São Paulo, que
preferiu renunciar ao direito de viver da
Comunidade e viver do trabalho das próprias mãos
pois lhe parecia mais pastoral.

É justamente numa perspectiva pastoral, a partir do


contexto social hodierno, que se levantam interrogações
sobre a conveniência da sustentação dos ministros através
do Dízimo:
- em certos ambientes, não seria mais pastoral e
mais evangélico hoje, viver do trabalho das
próprias mãos, renunciando livremente ao direito
de ser mantido pela comunidade, em vista de uma
liberdade profética em relação à Comunidade
também, a exemplo de S. Paulo?

- não seria mais justo que o digno sustento dos


ministros fosse garantido por uma remuneração
diocesana ou nacional, ao invés de receber
diretamente da Comunidade; tornando-o, também,
mais livre de um certo constrangimento no
constante esforço de conscientização que o
Sistema do dízimo impõem?
- depender da Comunidade para sustentar-se não
inibe sua liberdade para um pleno exercício da

146
missão profética, tanto mais difícil num Mundo
secularizado como o é o Mundo de hoje?

- não seria um elemento valioso de educação para os


fiéis a manutenção, ao menos em parte, do
ministro da comunidade, dentro da preocupação
pastoral de formar Comunidades?
É inegável que o Sistema de Taxas provocou um mal–
estar e um sensível desgaste da figura dos atuais ministros.
É necessário um esforço de objetividade para não projetar
sobre outros Sistemas todo um conteúdo de indisposição
pessoal e pastoral resultantes do Sistema de Taxas. É
conveniente que se ouça os leigos de vários ambientes e
movimentos de Igreja, que poderão colaborar eficazmente
para uma reflexão objetiva sobre a viabilidade do Sistema
do Dízimo.
Com a diversificação dos ministérios e
amadurecimento das Comunidades Eclesiais de Base, é
pastoralmente imprudente decidir taxativamente a questão a
partir unicamente da experiência dos atuais ministros.269

269
Cf. Ibidem, 61-63.
147
2. Implantando o Sistema do Dízimo.

2.1. Passos no Processo de Implantação.

A implantação do Sistema do Dízimo como sistema


de arrecadação e instrumento pastoral de altíssima eficácia
no crescimento do Espírito Comunitário e de transformação
da Sociedade pode seguir os seguintes passos:
- Organizar uma Equipe de Pastoral do Dízimo
(PD);

- Organizar um Conselho Paroquial do Dízimo;


(CDP);
- Auto conscientização e formação da própria
Equipe;
- Levantamento da realidade sócio – econômico –
religiosa de todos os fiéis;

- Conscientização dos fiéis em geral;

- Implantação oficial com data marcada.

1º Passo: Organizar uma Equipe de Pastoral do


Dízimo (PD).

148
Uma vez decidia pelo Sistema do Dízimo a Paróquia
deve criar uma Equipe de Pastoral do Dízimo (PD). Esta
deve congregar seus membros dentre as principais
lideranças da Paróquia. Deve ser uma representação
paroquial.
Pode ser constituída dos seguintes membros:
- Coordenador (a);

- 1º Vice-coordenador (a);

- 2º Vice-coordenador (a);
- Secretário (a);
- Vice-secretário (a);
- Um ou dois responsáveis pela animação dos
trabalhos: cantos, instrumentos, etc...

- Um ou dois responsáveis pela divulgação e


publicidade dos trabalhos;
- Todos os Coordenadores Setoriais do Dízimo.

Esta equipe de PD - Pastoral do Dízimo - deverá se


reunir com freqüência para a auto formação e avaliação dos
trabalhos. Esta fase durará no mínimo três meses.

2.º Passo: Organizar o “Conselho Paroquial do


Dízimo” (CPD).

149
Este conselho deve ser formado pelos seguintes
membros:

- Presidente: que normalmente é o Pároco;


- 1º Vice-Presidente;

- 2º Vice-Presidente;
- Ecônomo (a);

- Vice-Ecônomo (a);

- Secretário (a);

- Vice-Secretário (a);
- 1º Conselheiro (a);
- 2º Conselheiro (a);

- 3º Conselheiro (a).
Este Conselho pode tomar novas configurações
segundo a realidade própria de cada Paróquia.

3.º Passo: Auto conscientização e formação da


própria Equipe de Pastoral do Dízimo e
do Conselho Paroquial do Dízimo.

Antes de sair a campo é necessário que seja feito um


trabalho de conscientização com seus membros. Isto pode
acontecer do seguinte modo. Utilizando nossos temas de
150
reflexão sobre o Dízimo, reúnam-se semanalmente, durante
doze (12) semanas para refletir e se preparar. Neste período
de auto conscientização a equipe de PD e o CPD vai:

- amadurecer o espírito comunitário indispensável


para o sucesso do Sistema do Dízimo;
- convencer-se das vantagens do Sistema do
Dízimo;

- tomar consciência das dificuldades e desafios a


serem vencidos durante o processo de
conscientização dos fiéis em geral;
- solidificar-se como equipe e conselho: alguns
membros desistirão e outros se achegarão.

4.º Passo: Levantamento da realidade sócio –


econômico – religiosa de todos os
fiéis.
Há uma questão fundamental, que condiciona todo o
trabalho da implantação do dízimo: quem pagará o dízimo?
A resposta que nos vem seria: “os fiéis!” Importa
percebemos as conseqüências práticas diferentes que as
respostas trazem, com relação à implantação do Dízimo.
Podemos entender por fiéis:

1) Os cristão católicos que moram no território


paroquial, qualquer que seja o tipo de ligação que tenham
com a Comunidade.

151
Para conseguir o objetivo, será preciso localizar uma
a uma as famílias católicas, que moram na Paróquia.
Para tanto, é necessário realizar um levantamento
paroquial.
Este levantamento poderá ser de dois tipos:
a) um levantamento completo que dê um
conhecimento mais amplo de toda a realidade
humana existente no território da Paróquia, em
vista a outros trabalhos paroquiais: condições
sócio – econômicas, culturais, etc.;
b) um levantamento simples, procurando obter
somente os dados essenciais para o Dízimo.

Este levantamento sócio – econômico - religioso da


Paróquia, levantamento este feito em termos científicos,
objetiva atingir a realidade de toda a Paróquia.

É impensável um eficaz levantamento destas


dimensões sem valer-se dos recursos da informática,
portanto aconselhamos que as Paróquias onde o
Computador ainda não é usado em sua organização pastoral,
agora, em vista do Sistema do Dízimo, passem a utilizá-lo.

Não basta um ótimo computador e uma ótima


impressora, é necessário também um ótimo “software” ou
sistema para:

- gerenciar todas estas informações colhidas durante


o levantamento;
- contabilizar ofertas e despesas;

152
- possibilitar relatórios diários e no período
(mensais e anuais);

- oferecer extratos de dizimistas ofertantes e não


ofertantes no período (mensais e anuais);
- gráficos analíticos do Dízimo por Comunidade e
Paroquial;
- mala direta (envelopes e etiquetas) para dizimistas
aniversariantes;

- mala direta para aniversariantes de matrimônio.


Em suma, cada Paróquia deve buscar um Software
que seja verdadeiramente um Sistema de Gestão
Canônico-pastoral, em sua plenitude: além deste controle
financeiro e do Dízimo ofereça todos os controles de
sacramentos, pastorais e catequese, bem como relatórios de
fiéis diversos.

O levantamento é realizado, então, em vários níveis:


- com os cristãos conscientes e participantes na
Comunidade através de celebrações, encontros e
reuniões de grupos de reflexãos das CEBs e dos
vários movimentos ou equipes;

- com os “católicos em geral”, através de visitas


casa por casa e por envio de cartas, folhetos
explicativos, cartões de aniversário e felicitações
múltiplas, etc.

153
À medida em que se obtêm respostas, vai se
organizando a lista dos dizimistas para o cadastro no
Sistema de Gestão Canônico-Pastoral do Computador.

Os aspectos positivos dessa atitude pastoral são


atingir maior número de pessoas e provocar um contato
pessoal da Paróquia com cada um dos habitantes de seu
território. O dízimo pode ser uma oportunidade de
conscientização, quanto ao fato da pessoa “pertencer” à
Paróquia.

Os aspectos negativos são que, aparentemente, os


contatos da Igreja com os não praticantes serão sob o
aspecto econômico; terá sempre uma marca de obrigação
antipática em relação a uma Igreja que não a reconheço
verdadeiramente como “minha”; a introdução do Dízimo
corre, assim, o risco de ser apenas uma nova maneira de
angariar fundos.

2) Os membros conscientes da Comunidade


paroquial.
“Consciência” e “participação” variam muitíssimo,
mas pensamos num mínimo aceitável: participação normal
nas celebrações, por exemplo.
Com esta estratégia de conscientização, o objetivo é
que apenas os fiéis conscientes ofertem o Dízimo. As
contribuições começam a ser colhidas em um grupo
pequeno, comparado com os habitantes católicos do
território paroquial. Nascerão e crescerão devagar,
progressivamente, à medida em que mais católicos
comecem a participar da vida paroquial. O crescimento do

154
Dízimo acontecerá a medida do crescimento da própria
Comunidade.

Esta é uma estratégia que desaconselhamos.


Reportamo-la aqui apenas para elucidar a possibilidade,
uma vez que é considerada pela CNBB.
A fase de levantamento ou conhecimento da realidade
paroquial deve compreender um determinado espaço de
tempo durante o qual pode-se colher inscrições dos futuros
dizimistas na Secretaria paroquial, nas saídas das
celebrações, nos grupos de reflexão, etc.
É fundamental, já nesse período, manter um serviço
de correspondência com todos, lembrando e animando os
fiéis a assumirem seu compromisso com a Comunidade e
com a justiça na sociedade.270
Apresentamos a seguir um modelo de ficha cadastral
para viabilizar esta fase de levantamento dos fiéis a nível
paroquial. Trata-se de uma ficha bastante completa para que
se possa traçar um perfil o mais completo possível dos fiéis
da Paróquia.

270
Cf. Ibidem, 74-79.
155
Ficha Cadastral para o levantamento.

Nome:______________________________; Sexo: _____


Cpf:____________________; RG: __________________
Nascto.: ___/____/_____; Naturalidade:______________
End.: __________________________________________;
Cx.P.:_________
Bairro: _________________________________________;
CEP: ________ - ___
Cidade: ______________________________; UF: ______
Fone: (___)____ - ______; Fax: (___)______ - _______;
Pai: ____________________________________________
Mãe: ___________________________________________
Estado Civil do Fiel: ______________________________
Nome Cônjuge: __________________________________
Data Matr.: _____/_____/_______;
Prof.Cônj.:________________________________
Nascto Cônj.: _____/_____/______;
Filhos: __________________________________________

________________________________________________

________________________________________________

Comunidade: ____________________________________
Grupo de Reflexão: _______________________________
Ministérios: _____________________________________
Movimentos: ____________________________________
Pastorais: _______________________________________
Batizado(a)? _____; Data: ____/____/_____;
Paróq.:__________________________________________

156
Diocese: ________________________________________;
L.:____; Fl.:_____; N.:____
Crismado(a)? __________;
Catequizando(a)?_______;
Casados no Relig.? _______; Dizimista?_______;
Cód.:_______

Informações Sócio – econômicas:

Atividade Econ.:__________________;
Habitação:____________________ Moradia:_________;
Luz:__________; Água:___________; Sanitários:______
Quintal/Horta:______; Meio Transp.:_______________
Computador?____________________;
Cor/Raça:______________________________
Plano Saúde:_______; Combustível Coz.:____________
Cômodos Casa:______; Animal Doméstico:___________
Deficiência Física:________________;
Escolaridade:___________________________
Vícios:_________________________; Profissão
Fiel:____________________________
Rede Vida:______________________;
Habilidades:____________________________

157
5.º Passo: Conscientização dos fiéis em geral.

Enganam-se os que pensam ser necessário a


organização de uma campanha complexa e difícil. A
Paróquia não teria material humano nem recursos
financeiros para tal. Pensa-se erradamente numa
conscientização em massa através dos grandes meios de
comunicação. Muitas vezes a Paróquia sente-se impotente e
espera uma fórmula milagrosa da Igreja Diocesana ou
Nacional.
Não é este o caminho. Não se trata de sacudir a
população. Tudo está perfeitamente à altura de qualquer
Paróquia: celebrações, palestras em grupos, folhetos, cartas,
cartazes, faixas, reflexão em grupos de famílias e círculos
bíblicos, etc.
O mais importante é a consciência, por parte da
Paróquia – Ministros e Lideranças - de duas verdades
fundamentais:
- os fiéis têm que participar da direção, vida,
organização e realizações da Paróquia;

- o Sistema do Dízimo é infinitamente mais pastoral


e de acordo com a natureza comunitária da Igreja,
que o Sistema de Taxas e coletas ao redor do altar.

O problema econômico da Comunidade é assumido


sem maiores dificuldades pelos fiéis quando estes atuam,
comprometendo-se realmente com a vida paroquial, como
sendo sua. Serão plenamente capazes de organizar e levar à
frente o Sistema do Dízimo. Implantar ou não o Dízimo é

158
mais questão de consciência pastoral que de existência de
meios concretos de conscientização do povo.271

Conscientização nada tem em comum com


propaganda comercial. Nesse sentido será necessário deixar
de lado todos aqueles meios publicitários que tentassem
colocar o “produto” prometendo privilégios e benefícios
especiais, tentando conquistar um “cliente dizimista”.
Estratégia altamente condenável pastoralmente falando.

Os meios de conscientização são aqueles meios


humildes, mas poderosos, de comunicação da mensagem e
de apelo ao coração informado pela fé, proclamados em um
ambiente de participação e vivência:

a) pregação litúrgica. Um roteiro de pregações


progressivas, durante vários domingos, é um
recurso muito viável e eficaz;

b) celebrações especiais sobre a participação e


compromisso, em que seja enfocado o aspecto de
responsabilidade econômica;
c) grupos de reflexão. Oferecemos um temário para
essas reflexões que pode servir de inspiração
básica;

d) cartas, cartões, cartazes, faixas e impressos em


geral, distribuídos na igreja, nos grupos, ou
mesmo enviados pelo correio, às famílias;

e) estabelecimento de clima e a criação de


estruturas: equipes, conselhos, serviços, etc. de

271
Cf. Ibidem, 72-74.
159
participação real na vida da Comunidade. Fiel
engajado pastoralmente é fiel naturalmente
Dizimista;

f) demonstrativo do que a Paróquia faz, necessita


e gasta. Tomar conhecimento pessoal dessa
realidade financeira da Paróquia, ser questionado
sobre isto, é mais conscientizador que várias
palestras sobre o dever de colaborar.

g) jornais diocesanos ou paroquiais, colunas de


jornais ou programas de rádio;

h) contato dos líderes da Comunidade com as


famílias. Este é um poderoso instrumento de
conscientização do Dízimo;

i) conscientização permanente, após o período de


implantação. A conscientização inicial não é
suficiente para manter o Sistema do Dízimo;

j) sustentar o entusiasmo: isto ocorre pelo contato


constante da Comunidade com os dizimistas.

Este contato entre Comunidade e dizimista pode


objetivar-se por correspondência. Se a Paróquia tiver um
informativo, os dizimistas devem recebê-lo. Pela Páscoa,
Natal ou festa do padroeiro, a Comunidade deve fazer
chegar uma mensagem de encorajamento e felicitações aos
dizimistas. Não basta uma lembrança genérica de todos os
dizimistas durante uma celebração, mesmo que seja especial
do Dízimo. Receber em casa alguma coisa, é conscientizar-
se de que pertence a algo e é lembrado por alguém.
160
Todas as datas importantes dos fiéis devem ser
lembradas. Sejam de nascimento, casamento, batismo etc.
Nunca perder uma oportunidade para fazer lembrar ao fiel
que ele pertence a uma Comunidade que o ama e que se
preocupa com ele.
A conscientização dos fiéis, como vimos acima, se dá
de modo privilegiado através dos grupos de famílias. Caso
eles existam pode-se utiliza-los como um instrumental de
altíssima eficácia. Caso eles não existam e não exista
também nada que se equipare a eles, esta é a oportunidade
para cria-los. Pode-se proceder do seguinte modo:
- primeiramente ter em mãos os subsídios de
reflexão, de preferência em número bastante
elevado, um volume para cada fiel;
- segundo passo é, através dos membros da equipe
de Pastoral do Dízimo representantes das
Comunidades e Setores localizar responsáveis
outros responsáveis por quadra. Estes são
chamados de Animadores do Dízimo. Homens ou
mulheres de boa vontade e um mínimo de cultura
que os permita liderar um pequeno grupo de
famílias, jovens etc.

- terceiro passo é estes “Animadores do Dízimo”


receberem o material e saírem num trabalho
“doméstico” , casa por casa, porta em porta
convidando as famílias para uma primeira reunião
de famílias. Não é necessário nesta fase nem
mesmo dizer às famílias do que se trata: basta que
eles saibam que se reunirão para rezar e refletir a
Palavra de Deus. Recomendamos que se escolha

161
um “Animador” destes para cada “quadra”
seguindo como critério as divisões próprias do
Município; para que se crie o maior número
possível de grupos de reflexão; em torno de cada
animador do Dízimo deve surgir um novo grupo
de reflexão;
- quarto passo é realizar em todos os setores ou
Comunidades e em cada quadra do território
paroquial todos os encontros de conscientização
sobre o Dízimo;
- quinto passo pode ser a escolha, dentro de cada
grupo nascente, de um Animador do Grupo.
Assim cada grupo de família ou reflexão, terá dois
animadores: um responsável ordinário pelo grupo
e um outro responsável em manter o Dízimo ativo
nas mentes e corações dos membros após o
processo de conscientização.

6.º Passo: Implantação oficial com data marcada.

A implantação oficial deve acontecer com data


marcada pois isto dá segurança aos fiéis. Outro aspecto a
favor da implantação oficial com data marcada é urgir, nos
fiéis, a iniciativa: todos sabem que a partir de “tal” data o
Sistema de Dízimos começa a vigorar em substituição
radical ao sitema de taxas.

Este evento deve ser amplamente divulgado: é


fundamental que isto ocorra somente após seguidos
162
rigorosamente os outros passos. Após a realização de um
passo, não passar ao próximo antes de fazer uma avaliação e
ter certeza de que o passo foi bem dado. Se resultar desta
avaliação que algum aspecto ficou a desejar, o passo inteiro
deve ser revisto e novamente executado. Pressa é inimiga da
perfeição. Estamos tratando de evangelização e não de novo
jeito de ganhar dinheiro.

2.2. Cronograma.

O processo inteiro, desde a iniciativa primeira da


parte do Pároco ou do CPP – Conselho Paroquial de
Pastoral -, até sua implantação oficial durará em média um
(01) ano. Neste período estamos prevendo o seguinte:
- 1º mês: montagem das equipe paroquial de
Pastoral do Dízimo (PD), com seus representantes
ou Coordenadores do Dízimo a nível setorial e
seus Animadores do Dízimo a nível de grupo de
reflexão; com as características descritas acima;

- 2º mês: montagem do Conselho Paroquial do


Dízimo (CPD); com as características descritas
acima. A partir do 2º ou 3º mêsl do processo pode-
se começar com uma S. Missa do Dízimo mensal,
onde se rezará pelos dizimistas e se fará a
experiência de um Deus Criador e dador de todos
os bens, por uma sociedade justa e fraterna;
- 3º, 4º e 5º meses: auto – formação da equipe de
Pastoral do Dízimo (PD) e do Conselho
163
Paroquial do Dízimo (CPD) usando os “Temas
de Reflexão” do último item deste capítulo;

- 6 º e 7º meses: levantamento e cadastramento de


todos os fiéis a nível Paroquial com a ficha
cadastral apresentada acima para coleta de dados o
mais completa possível, para que se possa
alimentar o Sistema de Gestão Canônico-
Pastoral, adotado pela Paróquia; durante este
tempo também já se agiliza, onde ainda não
existem, a criação dos grupos de reflexão para
casais, jovens e adolescente em torno da Palavra
de Deus e a reestruturação da Paróquia em
pequenas Comunidades setoriais;

- 8º, 9º e 10º meses: conscientização dos fiéis em


geral através dos grupos de reflexão de casais,
jovens e adolescentes; através de celebrações
especiais do Dízimo, no mínimo três durante este
trimestre, nunca com tônica de cobrança ou
amedrontamento, mas conscientizador e
comprometedor. É importantíssimo que durante
este período todos os seguimentos sejam
mobilizados, inclusive a catequese infantil;
adolescente e crismal;
- 11º e 12º meses: é o bimestre da revisão e
avaliação, marcando a dada a partir da qual o
Sistema do Dízimo é implantado oficialmente.

Esta data de implantação deve ser convenientemente


marcada por uma grande Celebração eucarística
envolvendo toda a Paróquia. Procissões vindas de todas as
Capelas ou Comunidades para a Igreja Mãe da Paróquia

164
para celebrarem juntos o marco inicial de uma caminhada de
maior compromisso com a Comunidade dos irmãos.

Trata-se de um momento muito importante na


caminhada de crescimento da Comunidade: é o
amadurecimento de uma etapa na caminhada de fé. É o
resultado pastoral de evangelização e compromisso com os
irmãos em prol de uma sociedade mais justa; é sinal da
Civilização do Amor e da Partilha, pré anúncio do Reino
definitivo.

2.3. Temas de Reflexão.

1º Encontro:
A Criação.

Idéia Chave:
Deus cria o Homem e a Mulher e tudo o que existe e entrega
a eles para que preservem e completem a Criação
colaborando racionalmente com Ele.

Atitude a Despertar:
Gratidão e reconhecimento a Deus por tudo o que Dele
recebemos para preservarmos e completarmos Sua Obra.

Material: Copo com água; punhado de arroz, feijão,...


caixote pequeno de terra fértil; Bíblia; vela acesa.

Reflexão para o Animador(a):


“A catequese sobre a criação se reveste de uma
importância capital. Ela diz respeito aos próprios
fundamentos da vida humana e cristã: pois explicita a

165
resposta da fé cristã à pergunta elementar feita pelos
homens de todas as épocas: “De onde viemos?”
“Para onde vamos?” “Qual é a nossa origem?”
“Qual é a nossa meta?” “Donde vem e para onde vai
tudo o que existe?”. As duas questões, a da origem e
a do fim, são inseparáveis. São decisivas para o
sentido e a orientação da nossa vida e do nosso agir.
A verdade da criação é tão importante para toda a
vida humana que Deus, na sua ternura, quis revelar a
seu Povo tudo o que é salutar que se conheça a este
respeito. Para além do conhecimento natural que
todo homem pode ter do Criador, Deus revelou
progressivamente a Israel o mistério da criação. Ele,
que escolheu os patriarcas, que fez Israel sair do
Egito, e que, ao escolher Israel, o criou e o formou,
se revela como Aquele a quem pertencem todos os
povos da terra, e a terra inteira, como o único que fez
“fez o céu e a terra” (Sl 115,15; 124,8; 134,3).”(cf.
Catecismo da Igreja Católica, Petrópolis 1992,
282.287).

Desenvolvimento do Encontro:

1. Acolhida;
2. Canto (previamente escolhido);
3. Símbolos:
- A água representa a vida que Deus faz brotar na
face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;
dela devemos cuidar para que sempre tenhamos
água viva.
- Arroz, feijão (...) representam todos os alimentos
que Deus dá a nós para o nosso bem;

166
- A terra simboliza o trabalho humano; é a mãe de
todos nós, dela saímos e para ela voltaremos, dela
tiramos nosso alimento; dela devemos cuidar para
deixá-la aos nossos filhos.
- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para
nossos passos na vida;
- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para
guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos
a nossos filhos.

4. A Palavra de Deus: Gen 1,26-31


(após a leitura fazer a experiência de um mundo sem forma,
vazio ....trocar idéias e experiências, tendo presente a Idéia
Chave e a Atitude a Despertar)

5. Oração do Dizimista:
“Senhor, você criou tudo o que existe:
Animais, vegetais e minerais são seus.
Eu e meus familiares
Meus irmãos e irmãs de Comunidade,
Tudo o que penso ser meu;
Tudo, na verdade, é seu.
Senhor, Deus Pai e Mãe,
Ensina-me a reconhecê-lo,
Nos rostos de meus irmãos e irmãs,
Como Deus próximo de mim;
Ensina-me a não reter tudo o que você me dá;
Ensina-me a fazer “fluir” os bens materiais,
De minhas mãos para as mãos de meus irmãos e
irmãs.
Ensina-me a sentir, como minha:
A dor de meus irmãos e irmãs,
A Pobreza de minha Comunidade,

167
Os pecados da Igreja.
Senhor, louvado seja seu Nome,
Por que me fez Dizimista,
Agente da Fé comprometida,
Instrumento da sua Palavra.
Amém!”

6. Compromisso (neste momento todos se aproximam


do caixote com terra fértil e cada um planta uma
semente de feijão ou outra na terra para nos unirmos
aos milhares de irmãos que trabalham a terra e a Deus
seu criador; enquanto todos em voz alta proclamam o
texto abaixo):
Serei eternamente grato a Deus por tudo o
que Dele recebo e lutarei para que meus
irmãos sejam felizes como eu o sou; cuidarei
do mundo que Ele mo deu para deixá-lo a
meus filhos.

7. Canto (previamente escolhido);


8. Despedida .

168
2º Encontro:
O Batismo.

Idéia Chave:
Pelo Batismo nos tornamos membros da Comunidade, com
Direitos e Deveres: nos tornamos Igreja.

Atitude a Despertar:
Compromisso com a Comunidade e suas necessidades
tomando consciência de que os Problemas dela são os meus
problemas.

Material: Copo com água; feixe de varetas; Bíblia; vela


acesa.

Reflexão para o Animador(a):


“O Batismo faz-nos membros do Corpo de Cristo.
“Somos membros uns dos outros” (Ef 4.25). O
Batismo incorpora à Igreja. Das fontes batismais
nasce o único povo de Deus da nova aliança, que
supera todos os limites naturais ou humanos das
nações, das culturas, das raças e dos sexos: “Fomos
todos batizados num só Espírito para sermos um só
corpo”(1 Cor 12,13).
Os batizados tornaram-se “pedras vivas” para a
“construção de um edifício espiritual, para um
sacerdócio santo” (1Pd 2,5). Pelo Batismo,
participam do sacerdócio de Cristo, da sua missão
profética e régia; “sois a raça eleita, o sacerdócio
real, a nação santa, o povo de sua particular
propriedade, a fim de que proclameis as excelências
daquele que vos chamou das trevas para a sua luz

169
maravilhosa” (1Pd 2,9). O Batismo faz participar do
sacerdócio comum dos fiéis.
Feito membro da Igreja, o batizado não pertence
mais a si mesmo (1Cor 6,19), mas àquele que morreu
e ressuscitou por nós. Logo, é chamado a submeter-se
aos outros, a servi-los na comunhão da Igreja, a ser
“obediente e dócil” aos chefes da igreja (Hb 13,17) e
a considerá-los com respeito e afeição. Assim como o
Batismo é a fonte de responsabilidade e de deveres, o
batizado também goza de direitos dentro da Igreja: a
receber os sacramentos, a ser alimentado com a
Palavra de Deus e a ser sustentado pelos outros
auxílios espirituais da Igreja.”(cf. Catecismo da
Igreja Católica, Petrópolis 1992, 1267-1269).

Desenvolvimento do Encontro:
1. Acolhida;
2. Canto: (previamente escolhido);
3. Símbolos:
- A água representa a vida que Deus faz brotar na
face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;
dela devemos cuidar para que sempre tenhamos
água viva.
- As varetas representam a comunidade: posso
quebrar uma vareta isolada, mas se tento quebrar o
feixe inteiro não consigo;
- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para
nossos passos na vida;
- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para
guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos
a nossos filhos.

170
4. A Palavra de Deus: Mt 28,16-20; Mc 16,14-16; At
2,37-41;
(refletir sobre a palavra de Deus. Após todos darem sua
opinião o animador deverá explicar o sentido do batismo –
passo a ser Sacerdote, Profeta e Pastor; tendo presente a
Idéia Chave e a Atitude a Despertar).

5. Oração do Dizimista: (Igual ao 1º Encontro)


6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote onde
foram plantadas as sementes no primeiro encontro,
olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da
vida que brota e cresce proclama o compromisso
abaixo):

Nunca mais serei uma “vareta isolada”


facilmente quebrável, serei sempre membro do
corpo que é a Comunidade e suas necessidades
serão as minhas; sua vida será a minha vida.

7. Canto: (previamente escolhido);


8. Despedida.

171
3º Encontro:
Desapego.

Idéia Chave:
Se tudo o que temos recebemos gratuitamente de Deus e Ele
não nos abandona jamais, por quê somos apegados aos bens
materiais? A nossa segurança está no Nome do Senhor!

Atitude a Despertar:
Vencer o apego e a mesquinhez em relação aos bens de
modo especial ao dinheiro, tomando consciência que devo
fazê-los fluir de minhas mãos para as mãos de meus irmãos.
Material: Copo com água; rosas vermelhas; Crucifixo;
Bíblia; vela acesa.

Reflexão para o Animador(a):


“A hierarquia das criaturas é expressa pela ordem
dos “seis dias”, que vai do menos perfeito ao mais
perfeito. Deus ama todas as suas criaturas, cuida de
cada uma, até mesmo dos pássaros. Apesar disso,
Jesus diz: “Vós valeis mais do que muitos
pardais”(Lc 12, 6-7), ou ainda: “Um homem vale
muito mais do que uma ovelha” (Mt 12,12).
O homem é o píncaro da obra da criação. A
narração bíblica exprime isto distinguindo
nitidamente a criação do homem da das outras
criaturas.
Existe uma solidariedade entre todas as criaturas
pelo fato de terem todas o mesmo Criador, e de
todas estarem ordenadas à sua glória:
‘Louvado sejas, meu Senhor,
Com todas as tuas criaturas,
Especialmente o senhor irmão Sol,

172
Que clareia o dia
E com sua luz nos alumia.
Louvado sejas, meu Senhor,
Pela irmã Água.
Que é muito útil e humilde
E preciosa e casta....
Louvado sejas, meu Senhor,
Por nossa irmã, a mãe Terra,
Que nos sustenta e governa,
E produz frutos diversos
E coloridas flores e ervas.
Louvai e bendizei a meu Senhor,
E dai-lhe e bendizei a meu Senhor,
E dai-lhe graças,
E servi-o com grande humildade.’”(cf. Catecismo
da Igreja Católica, o. c., 342-344).

Desenvolvimento do Encontro:
1. Acolhida;
2. Canto (previamente escolhido);
3. Símbolos:
- A água representa a vida que Deus faz brotar na
face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;
dela devemos cuidar para que sempre tenhamos
água viva.
- As rosas vermelhas representam o Amor
incondicional de Deus por nós;
- O Crucifixo nos lembra até aonde o Amor
incondicional de Deus por nós foi capaz de chegar:
dar seu Filho na cruz por nós;
- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para
nossos passos na vida;

173
- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para
guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos
a nossos filhos. As rosas representam o Amor
incondicional de Deus por nós;
-
4. A Palavra de Deus: At 5,1-11;
(refletir e trocar idéias sobre o desapego aos bens materiais
tendo presentes a Idéia Chave e a Atitude a Despertar)

5. Oração do Dizimista: (Igual ao 1º Encontro)

6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote onde


foram plantadas as sementes no primeiro encontro,
olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da
vida que brota e cresce proclama o compromisso
abaixo):

Abrirei minhas mãos e meu bolso para minha


Comunidade e meus irmãos que precisam de mim:
assim como Deus é generoso eu também o serei.

7. Canto: (previamente escolhido);


8. Despedida.

174
4º Encontro:
Deus é o Senhor de nossas Vidas.

Idéia Chave:
Deus é o Senhor Absoluto de tudo o que existe e de minha
vida e também da sociedade: tudo existe Nele, por Ele e
para Ele.
Atitude a Despertar:
Serenidade diante da Vida e seus problemas, sabendo que
Deus cuida de cada fio de cabelo de nossas cabeças;
coragem e confiança em lutar por um mundo mais humano e
justo.
Material: Copo com água; 1 passarinho; Bíblia; vela acesa.
Reflexão para o Animador(a):
“Crer em Deus, o Único, e amá-lo com todo o seu
ser, têm conseqüências imensas para toda a nossa
vida:
Significa conhecer a grandeza e a majestade de
Deus: “Deus é grande demais para que o possamos
conhecer.”(Jó 36,26). É por isso que Deus deve ser o
“primeiro a ser servido”.
Significa viver em ação de graças: Se Deus é o
Único, tudo o que somos e tudo o que possuímos
vem dele: “Que é que possuis, que não tenhas
recebido?” (1Cor 4,7). “Como retribuirei ao Senhor
todo o bem que me fez?” (Sl 116,12).
Significa conhecer a unidade e a verdadeira
dignidade de todos os homens: Todos eles são feitos
“à imagem e à semelhança de Deus”(Gn 1,27).
Significa usar corretamente das coisas criadas: A fé
no Deus Único nos leva a usar de tudo o que não é
ele na medida em que isto nos aproxima dele, e a

175
desapegar-nos das coisas na medida em que nos
desviam dele:
Meu Senhor e meu Deus, tirai-me tudo o que me
afasta de vós. Meu Senhor e meu Deus, dai-me tudo
o que me aproxima de vós. Meu Senhor e meu Deus,
desprendei-me de mim mesmo para doar-me por
inteiro a vós.
Significa confiar em Deus em qualquer
circunstância, mesmo na adversidade. Uma oração
de S. Teresa de Jesus exprime-0 de maneira
admirável:
Nada te perturbe / Nada te assuste
Tudo passa / Deus não muda
A paciência tudo alcança / Quem a Deus tem
Nada lhe falta / Só Deus basta.” (cf. Catecismo da
Igreja Católica, o. c., 222-227).

Desenvolvimento do Encontro:
1. Acolhida;
2. Canto: (previamente escolhido);
3. Símbolos:
- A água representa a vida que Deus faz brotar na
face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;
dela devemos cuidar para que sempre tenhamos
água viva.
- Os pássaros não semeiam, nem colhem mas o
Senhor os alimenta e cuida deles; do mesmo modo
conosco.
- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para
nossos passos na vida;
- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para
guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos

176
a nossos filhos. As rosas representam o Amor
incondicional de Deus por nós;

4. A Palavra de Deus: Lv 27,30-34; Ex 34,14-17;


(Refletir e trocar idéias sobre o senhorio de Deus em nossa
vida tendo presentes a Idéia Chave e a atitude a Despertar)

5. Oração do Dizimista: (como a do 1º Encontro)


6. Compromisso:
(Todos se aproximam do caixote onde foram plantadas as
sementes no primeiro encontro, olhando as sementes
germinadas, refletindo o mistério da vida que brota e cresce
proclama o compromisso abaixo):

Uma vez que Deus é o Senhor Absoluto de minha


vida, devo buscar apenas o Reino de Deus – a Justiça
– e tudo o mais me será dado em acréscimo.

7. Canto: (previamente escolhido);


8. Despedida.

177
5º Encontro:
“Homem Algum é uma Ilha.”

Idéia Chave:
Homem algum é uma Ilha: o homem/mulher se humaniza
conforme se relaciona com os irmãos. Somos membros do
Corpo de Cristo.

Atitude a Despertar:
Gratidão e reconhecimento a Deus por tudo o que Dele
recebemos; compromisso com os irmãos na partilha
fraterna.

Material: Copo com água; 1 Mapa “Mundi”, com ilhas;


Bíblia; vela acesa.

Reflexão para o Animador(a):


“Em qualquer época e em qualquer povo é aceito
por Deus todo aquele que o teme e pratica a justiça.
Aprouve contudo a Deus santificar e salvar os
homens não singularmente, sem nenhuma conexão
uns com os outros, mas constituí-los num povo, que
o conhecesse na verdade e santamente o servisse.
Escolheu por isso a Israel como o seu povo.
Estabeleceu com ele uma aliança, e instruiu-o passo
a passo ... Tudo isso, porém, aconteceu em
preparação e figura aquela nova e perfeita aliança
que se estabeleceria em Cristo ... Esta é a Nova
Aliança, isto é o Novo Testamento no seu sangue,
chamando de entre judeus e gentios um povo, que
junto crescesse na unidade, não segundo a carne,
mas no Espírito”(cf. Catecismo da Igreja Católica,

178
o.c., 781). Tornamo-nos membros deste povo pelo
Batismo.

Desenvolvimento do Encontro:
1. Acolhida;
2. Canto: (previamente escolhido);
3. Símbolos:
- A água representa a vida que Deus faz brotar na
face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;
dela devemos cuidar para que sempre tenhamos
água viva.
- Através do Mapa “Mundi” podemos ver o quê é
uma ilha, sua insignificância diante do Continente
e seu isolamento que a enfraquece em meio às
águas.
- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para
nossos passos na vida;
- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para
guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos
a nossos filhos. As rosas representam o Amor
incondicional de Deus por nós;

4. A Palavra de Deus: At 4, 32-37;


(meditar sobre nosso isolamento uns dos outros e sobre
nosso papel enquanto membros de uma Comunidade –
Igreja que é Corpo Vivo de Cristo, tendo presentes a Idéia
Chave e a Atitude a Despertar);

5. Oração do Dizimista: (como no 1º Encontro)


6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote onde
foram plantadas as sementes no primeiro encontro,
olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da

179
vida que brota e cresce proclama o compromisso
abaixo):

Deixarei de viver como uma ilha, isolado dos irmãos.


Assumirei minha Comunidade pra valer, colocando
meu trabalho, talentos e dinheiro a serviço dos
irmãos.

7. Canto: (previamente escolhido);


8. Despedida.

180
6º Encontro:
Dar o Dízimo Empobrece?

Idéia Chave:
Dar o Dízimo não empobrece ninguém. Muito pelo
contrário: quem dá o Dízimo piedosamente tem sua vida
financeira abençoada por Deus.

Atitude a Despertar:
Aceitar o desafio de Deus no Livro de Malaquias e fazer a
experiência do Dízimo pela Comunidade e em sinal de uma
sociedade justa e fraterna, verdadeiro “Povo de Deus”, onde
a Lei suprema é o “Amor”, sinônimo de compromisso
responsável.

Material: Copo com água; punhado de arroz, feijão,....


punhado de terra; Bíblia; vela acesa.
Reflexão para o Animador(a):
“A palavra “Igreja” (“ekklèsia”, do grego “ek-
kalein” – “chamar fora”) significa “convocação”.
Designa assembléias do povo, geralmente de caráter
religioso. É o termo freqüentemente usado no Antigo
Testamento grego para a assembléia do povo eleito
diante de Deus, sobretudo para a assembléia do
Sinai, onde Israel recebeu a Lei e foi constituído por
Deus como seu povo santo. Ao denominar-se
“Igreja”, a primeira comunidade dos que criam em
Cristo se reconhece herdeira dessa assembléia.
Nela, Deus “convoca” seu Povo de todos os confins
da terra. O termo “Kyriakè”, do qual deriva
“Church”, “Kirche”, significa “a que pertence ao
Senhor”.

181
Na linguagem cristã, a palavra “Igreja” designa a
assembléia litúrgica, mas também a comunidade
local ou toda a comunidade universal dos crentes.
Na verdade, estes três significados são inseparáveis.
“A Igreja” é o Povo que Deus reúne no mundo
inteiro. Existe nas comunidades locais e se realiza
como assembléia litúrgica, sobretudo eucarística.
Vive da Palavra e do Corpo de Cristo e ela mesma
se torna assim Corpo de Cristo.”(cf. Catecismo da
Igreja Católica, o. c., 781-752).

Desenvolvimento do Encontro:
1. Acolhida;
2. Canto: (previamente escolhido);
3. Símbolos:
- A água representa a vida que Deus faz brotar na
face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;
dela devemos cuidar para que sempre tenhamos
água viva.
- Arroz, feijão (...) representam todos os alimentos
que Deus dá a nós para o nosso bem;
- A terra é a mãe de todos nós, dela saímos e para
ela voltaremos, dela tiramos nosso alimento; dela
devemos cuidar para deixá-la aos nossos filhos..
- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para
nossos passos na vida;
- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para
guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos
a nossos filhos.

4. A Palavra de Deus: Dt 14, 28-29; Mal. 3, 6-12.

182
(refletir sobre o Dízimo em relação à pobreza, à luz das
palavras de Deus em Malaquias, tendo presentes a Idéia
Chave e a Atitude a Despertar).

5. Oração do Dizimista: (como no 1º Encontro)


6. Compromisso:
(Todos se aproximam do caixote onde foram plantadas as
sementes no primeiro encontro, olhando as sementes
germinadas, refletindo o mistério da vida que brota e cresce
proclama o compromisso abaixo):

Aceitarei o desafio de Deus no Livro de Malaquias e


fazerei a experiência do Dízimo pela Comunidade e
em sinal de uma sociedade justa e fraterna,
verdadeiro “Povo de Deus”, onde a Lei suprema é o
“Amor”, sinônimo de compromisso responsável.

7. Canto: (previamente escolhido).


8. Despedida.

183
7º Encontro:
A Comunidade dos Primeiros Cristãos.

Idéia Chave:
Onde existe a Partilha Fraterna não existe necessitados:

Atitude a Despertar:
A dor e miséria de meu irmão é a minha dor e a minha
miséria.

Material: Copo com água; feixe de varetas; 1 pãozinho


francês; Bíblia; vela acesa.

Reflexão para o Animador(a):


“Os crentes – fiéis – que respondem à Palavra de
Deus e se tornam membros do Corpo de Cristo se
tornam intimamente unidos a Cristo: “Neste corpo,
a vida de Cristo se difunde através dos crentes que
os sacramentos, de uma forma misteriosa e real,
unem a Cristo sofredor e glorificado”. Isto é
particularmente verdade do Batismo, pelo qual
somos unidos à morte e à Ressurreição de Cristo, e
da Eucaristia, pela qual, “participando realmente
do Corpo de Cristo”, “somos elevados à
comunhão com ele e entre nós”.
A unidade do corpo não acaba com a diversidade
dos membros: “Na edificação do corpo de Cristo,
há diversidade de membros e de funções. Um só é o
Espírito que distribui os dons variados para o bem
da Igreja segundo suas riquezas e as necessidades
dos ministérios”. A unidade do Corpo Místico
produz e estimula entre os fiéis a caridade: “Por
isso, se um membro sofre, todos os membros

184
padecem com ele; ou se um membro é honrado,
todos os membros se regozijam com ele”.
Finalmente, a unidade do Corpo Místico vence
todas as divisões humanas: “Todos vós, com
efeito, que fostes batizados em Cristo, vos vestistes
de Cristo. Não há judeu nem grego, não há escravo
nem livre, não há homem nem mulher; pois todos
vós sois um só em Cristo Jesus” (Gl 3,27-28). (cf.
Catecismo da Igreja Católica, o. c., 790-791).
Desenvolvimento do Encontro:
1. Acolhida;
2. Canto: (previamente escolhido);
3. Símbolos: Copo com água; punhado de varetas; 1
pãozinho francês; Bíblia; vela acesa
- A água representa a vida que Deus faz brotar na
face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;
dela devemos cuidar para que sempre tenhamos
água viva.
- O feixe de varetas representam a Comunidade:
posso quebrar uma vareta isolada, mas se tento
quebrar o feixe inteiro não consigo;
- Veremos como que apenas um pãozinho destes é
suficiente para que todos comam um pedacinho: é
o milagre da Partilha do Pão;
- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para
nossos passos na vida;
- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para
guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos
a nossos filhos.

4. A Palavra de Deus: At 2, 42-47; At 4,32-35; 2Cor


8,1-6;

185
(traçar um perfil da Comunidade dos primeiros cristãos e
fazer um paralelo com a nossa Comunidade atual: levantar
pontos positivos e negativos; tendo presentes a Idéia Chave
e a Atitude a Despertar).

5. Oração do Dizimista: (como a do 1º Encontro)


6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote
onde foram plantadas as sementes no primeiro encontro,
olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da
vida que brota e cresce proclama o compromisso abaixo):

Não virarei as costas para meu irmão que sofre nem


para as necessidades de minha Comunidade: Igreja.
Darei integralmente o Dízimo de tudo o que o
Senhor me dá em sinal de amor à Igreja e por uma
sociedade justa e fraterna onde não existam
necessitados entre nós.

7. Canto: (previamente escolhido).


8. Despedida.

186
8º Encontro:
Deus Ama quem dá com Alegria.

Idéia Chave:
Deus abençoa quem dá aos irmãos e à Comunidade com
alegre generosidade, sem lamúrias e reclamações.

Atitude a Despertar:
Mudar o jeito de dar a Deus – Comunidade – e aos irmãos:
dar com alegria e Fé.

Material: Copo com água; uma moeda de “1” centavo;


Bíblia; vela acesa.
Reflexão para o Animador(a):
“Jesus Cristo é aquele que o Pai ungiu com o
Espírito Santo e que constituiu ‘Sacerdote, Profeta e
Rei’. O Povo de Deus inteiro participa destas três
funções de Cristo e assume as responsabilidades de
missão e de serviço que daí decorrem.
Ao entrar no Povo de deus pela fé e pelo Batismo,
recebe-se participação na vocação única deste povo:
na sua vocação sacerdotal: “Cristo Senhor, Pontífice
tomado dentre os homens, fez do novo povo ‘um reino
e sacerdotes para Deus Pai’. Pois os batizados, pela
regeneração e unção do Espírito Santo, são
consagrados como casa espiritual e sacerdócio
santo’.
‘O povo santo de Deus participa também da função
profética de Cristo’. Tal se verifica de modo
particular pelo sentido sobrenatural da fé de todo o
povo, leigos e hierarquia, apegando-se
‘indefectivelmente à fé de todo o povo, leigos e
hierarquia, apegando-se ‘indefectivemente à fé uma

187
vez para sempre transmitida aos santos’, e aprofunda
a compreensão e torna-se testemunha de Cristo no
meio deste mundo.
O Povo de Deus participa finalmente da função régia
de Cristo. Cristo exerce sua realeza atraindo a si
todos os homens pela sua morte e Ressurreição.
Cristo, Rei e Senhor do universo, se fez servidor de
todos, não veio ‘para ser servido, mas para servir e
para dar sua vida em resgate por muitos’ (Mt 20, 28).
Para o cristão, ‘reinar é servir’, particularmente ‘nos
pobres e nos sofredores, nos quais a Igreja reconhece
a imagem do seu Fundador pobre e sofredor’. O povo
de Deus realiza sua ‘dignidade régia’ vivendo em
conformidade com esta vocação de servir com
Cristo.” (cf. Catecismo da Igreja Católica, o. c., 783-
786).

Desenvolvimento do Encontro:
1. Acolhida;
2. Canto: (previamente escolhido);
3. Símbolos:
- A água representa a vida que Deus faz brotar na
face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;
dela devemos cuidar para que sempre tenhamos
água viva.
- A moeda de um centavo é a menor moeda
brasileira: representa a menor quantia que alguém
pode possuir: nos lembra a oferta da pobre viúva.
A quantidade não importa, o que importa é o modo
como se dá.
- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para
nossos passos na vida;

188
- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para
guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos
a nossos filhos.

4. A Palavra de Deus: 2Cor 9,6-15.


(refletir sobre o modo como estamos colaborando com
nossa Comunidade, tendo presentes a Idéia Chave e a
Atitude a Despertar).

5. Oração do Dizimista: (como do 1º encontro).


6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote
onde foram plantadas as sementes no primeiro encontro,
olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da
vida que brota e cresce proclama o compromisso abaixo):

Mudarei meu jeito de dar a Deus – Comunidade – e


aos irmãos: darei meu Dízimo com generosa alegria
de poder colaborar; sabendo que neste gesto
manisfesto ao mundo que somos um povo sacerdotal,
profético e régio.

7. Canto: (previamente escolhido).


8. Despedida.

189
9º Encontro:
Dar a Deus o que é de Deus.

Idéia Chave:
O Dízimo é de Deus e de sua Comunidade de Fé: não é meu
nem do Estado. O que é de Deus comigo não fica, se não
dou a Ele, darei ao médico, ao mecânico, à farmácia ...etc.

Atitude a Despertar:
Dar o Dízimo Integral a Deus, pois é assim que a
Comunidade se mantêm e mantêm suas obras de caridade,
retornando a mim em bênçãos e assistência material
também; manifestando a união “conjugal” entre a Igreja e
Deus na pessoa de Jesus Cristo.

Material: Copo com água; um carnê de IPTU; um carnê (


envelope, carteira) de Dízimo; Bíblia; vela acesa.
Reflexão para o Animador(a):
“A unidade entre Cristo e a Igreja, Cabeça e
membros do Corpo, implica também a distinção dos
dois em uma relação pessoal. Este aspecto é muitas
vezes expresso pela imagem do Esposo e da Esposa.
O tema de Cristo Esposo da Igreja foi preparado
pelos Profetas e anunciado por João Batista. O
Senhor mesmo designou-se como ‘o Esposo’ (Mc
2,19). O apóstolo apresenta a Igreja, e cada fiel,
membro do seu Corpo, como uma Esposa
“desposada” com Cristo Senhor, para ser com Ele
um só Espírito. Ela é a Esposa imaculada do
Cordeiro imaculado, a qual só Cristo “amou, pela
qual se entregou a fim de santificá-la” (Ef 5, 26),
que associou a si por uma Aliança eterna, e da qual

190
não cessa de tomar cuidado como do seu próprio
Corpo:
Eis o Cristo total, Cabeça e Corpo, um só formado
por muitos... Quer seja a cabeça a falar, quer os
membros, é sempre Cristo quem fala. Fala na
pessoa da Cabeça fala na pessoa do Corpo.
Conforme o que está escrito: “Serão dois em uma só
carne. Eis um grande mistério: refiro-me a Cristo e
à Igreja” (Ef 5, 31-32). E o Senhor mesmo no
Evangelho: “Já não são dois, mas uma só carne”
(Mt 19,6). Como vistes, há de fato duas pessoas
diferentes, e todavia elas constituem uma só coisa
no amplexo conjugal. Na qualidade de Cabeça ele
se diz “Esposo”, na qualidade de Corpo se diz
“Esposa”.”(cf. Catecismo da Igreja Católica, o. c.,
796).

Desenvolvimento do Encontro:
1. Acolhida;
2. Canto;
3. Símbolos:
- A água representa a vida que Deus faz brotar na
face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;
dela devemos cuidar para que sempre tenhamos
água viva.
- O carnê de IPTU representa nosso nossas
obrigações para com o Estado/Município;
- O carnê (envelope, carteira) do Dízimo representa
nossas obrigações para com Deus e sua
Comunidade;
- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para
nossos passos na vida;

191
- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para
guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos
a nossos filhos.

4. A Palavra de Deus: Mt 22, 15-23;


(refletir sobre o Direito de Deus em receber o que é seu: o
Dízimo para a manutenção da Comunidade de Fé, tendo
presentes a Idéia Chave e a Atitude a Despertar)

5. Oração do Dizimista: (como no 1º Encontro)

6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote


onde foram plantadas as sementes no primeiro encontro,
olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da
vida que brota e cresce proclama o compromisso abaixo):

Do mesmo modo que levo a sério minhas obrigações


para com o Estado, levarei a sério minhas obrigações
para com Deus e a Sua Igreja: darei integralmente
meu Dízimo, sem me esquecer da Justiça e da
Caridade.

7. Canto: (previamente escolhido).


8. Despedida.

192
10º Encontro:
“Quanto custa a Missa, Padre?”

Idéia Chave:
A Missa e demais Sacramentos e Sacramentais não têm
preço. O Dízimo garante a manutenção da Igreja e preserva
a dignidade e santidade dos Sacramentos.

Atitude a Despertar:
Valorização do Dízimo como substituto adequado das
“Taxas” pelos Sacramentos.

Material: Copo com água; uma lata de óleo de cozinha;


uma nota fiscal; Bíblia; vela acesa.

Reflexão para o Animador(a):


“Os sacramentos são sinais eficazes da graça,
instituídos por Cristo e confiados à Igreja, através
dos quais nos é dispensada a vida divina. Os ritos
visíveis sob os quais os sacramentos são celebrados
significam e realizam as graças próprias de cada
sacramento. Produzem fruto naqueles que os recebem
com as disposições exigidas.
A Igreja celebra os sacramentos como comunidade
sacerdotal estruturada pelo sacerdócio batismal e
pelo dos ministros ordenados.
O Espírito Santo prepara para a recepção dos
sacramentos através da Palavra de Deus e da fé que
acolhe a Palavra nos corações bem dispostos. Então,
os sacramentos fortalecem e exprimem a fé.
O fruto da vida sacramental é ao mesmo tempo
pessoal e eclesial. Por um lado, este fruto é para
cada fiel uma vida para Deus em Cristo Jesus; por

193
outro, é para a Igreja crescimento na caridade e na
sua missão de testemunho.” (cf. Catecismo da Igreja
Católica, o. c., 1131-1134).
“A Eucaristia é o coração e o ápice da vida da
Igreja, pois nela Cristo associa sua Igreja e todos os
seus membros a seu sacrifício de louvor e de ação de
graças oferecido uma vez por todas na cruz a seu
Pai; pelo seu sacrifício ele derrama as graças da
salvação sobre o seu corpo, que é a Igreja.”(cf.
Catecismo da Igreja Católica, o. c., 1407).

Desenvolvimento do Encontro:
1. Acolhida;
2. Canto: (previamente escolhido);
3. Símbolos:
- A água representa a vida que Deus faz brotar na
face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;
dela devemos cuidar para que sempre tenhamos
água viva.
- A lata de óleo representa a mercadoria que a gente
compra no mercado: “Quanto custa esta lata de
óleo?” - perguntamos ao balconista;
- A nota fiscal representa o título da posse e a prova
de que eu não roubei esta mercadoria: paguei por
ela;
- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para
nossos passos na vida;
- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para
guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos
a nossos filhos.
4. A Palavra de Deus: At 8, 14-25;
(refletir sobre o pecado grave de se vender o Dom de Deus
tendo presentes a Idéia Chave e a Atitude a Despertar)

194
5. Oração do Dizimista: (a mesma do 1º Encontro)

6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote


onde foram plantadas as sementes no primeiro encontro,
olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da
vida que brota e cresce proclama o compromisso abaixo):

Darei integralmente meu Dízimo e serei um


divulgador e incentivador deste Sistema como
substituto radical do Sistema de Taxas, pois este é
o modo Bíblico de ajudar a Comunidade a se
manter.
7. Canto: (previamente escolhido).
8. Despedida.

195
11º Encontro:
Quem trabalha no Altar deve viver do altar.

Idéia Chave:
Os Sacerdotes e outros Ministros que servem a Comunidade
a tempo integral devem tirar seu sustento da Comunidade
para quem trabalham, assim podem se dedicar mais e
melhor pelo Reino de Deus.

Atitude a Despertar:
A consciência do dever, enquanto fiel, de dar o Dízimo à
Comunidade e a Deus; e o direito dos ministros de
receberem da Comunidade o necessário para seu digno
sustento.

Material: Copo com água; Bíblia; vela acesa.

Reflexão para o Animador(a):


“A Ordem é o sacramento graças ao qual a missão
confiada por Cristo a seus Apóstolos continua sendo
exercida na Igreja até o fim dos tempos; é portanto
o sacramento do ministério apostólico. Comporta
três graus: o episcopado, o presbiterado e o
diaconado.”(cf. Catecismo da Igreja Católica, o. c.,
1536).
“Este sacramento configura Cristo por meio de uma
graça especial do Espírito Santo, para servir de
instrumento de Cristo para sua Igreja. Pela
ordenação, a pessoa se habilita a agir como
representante de Cristo, Cabeça da Igreja, em sua
tríplice função de sacerdote, profeta e rei.
Como no caso do Batismo e da Confirmação, esta
participação na função de Cristo é concebida uma

196
vez por todas. O sacramento da Ordem também
confere um caráter espiritual indelével e não pode
ser reiterado nem conferido temporariamente. (...)
Como, afinal de contas, quem age e opera a
salvação é Cristo através do ministro ordenado, a
indignidade deste não impede Cristo de agir.”(cf.
Catecismo da Igreja Católica, o.c., 1581-1584).

Desenvolvimento do Encontro:
1. Acolhida;
2. Canto: (previamente escolhido);
3. Símbolos:
- A água representa a vida que Deus faz brotar na
face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;
dela devemos cuidar para que sempre tenhamos
água viva.
- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para
nossos passos na vida;
- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para
guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos
a nossos filhos.

4. A Palavra de Deus: Lc 10, 1-12;


(refletir sobre o trabalho dos Sacerdotes e demais ministros,
sua necessidade de ganhar da Comunidade o necessário para
seu digno sustento, tendo presentes a Idéia Chave e a
Atitude a Despertar)

5. Oração do Dizimista: (a mesma do 1º Encontro).

6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote


onde foram plantadas as sementes no primeiro encontro,

197
olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da
vida que brota e cresce proclama o compromisso abaixo):

Não deixarei faltar dinheiro ou mão de obra para que


a Igreja realize seus fins próprios: Culto;
Apostolado; Caridade. Darei integralmente meu
Dízimo.

7. Canto: (previamente escolhido).


8. Despedida.

198
12º Encontro:
Pastoral do Dízimo.

Idéia Chave:
O Dízimo ajuda a Comunidade a melhorar seu desempenho
Pastoral. Sendo ele pessoal, livre, espontâneo e Sistemático
leva o fiel a sair do seu individualismo, abrindo-se para a
Comunidade de Fé, até chegar ao compromisso maduro com
a Sociedade justa e fraterna querida por Deus.

Atitude a Despertar:
Meu Dízimo é expressão de meu compromisso familiar,
livremente decidido, espontaneamente dado, para o bem da
Comunidade Paroquial onde pratico minha fé.

Material: Copo com água; punhado de Sal; Bíblia; vela


acesa.

Reflexão para o Animador(a):


“É específico dos leigos, pela sua própria
vocação, procurar o Reino de Deus exercendo
funções temporais e ordenando-as segundo
Deus... A eles, portanto, cabe de maneira
especial iluminar e ordenar de tal modo todas as
coisas temporais, às quais estão intimamente
unidos, que elas continuamente se façam e
cresçam segundo Cristo e contribuam para
louvor do Criador e Redentor”.
A Iniciativa dos cristãos leigos é
particularmente necessária quando se trata de
descobrir, de inventar meios para impregnar as
realidades sociais, políticas, econômicas, com as

199
exigências da doutrina e da vida cristãs. Esta
iniciativa é um elemento normal da vida da
Igreja:
Os fiéis leigos estão na linha mais
avançada da vida da Igreja: por eles a
Igreja é o princípio vital da sociedade
humana. Por isso, especialmente eles
devem ter uma consciência sempre mais
clara, não somente de pertencerem à
Igreja, mas de serem Igreja, isto é, a
comunidade dos fiéis na terra sob a direção
do Chefe comum, o Papa, e dos Bispos em
comunhão com ele. Eles são Igreja.”(cf.
Catecismo da Igreja Católica, o. c., 898-
899).

Desenvolvimento do Encontro:
1. Acolhida;
2. Canto: (previamente escolhido);
3. Símbolos:
- A água representa a vida que Deus faz brotar na
face da terra; sacia nossa sede e lava nosso corpo;
dela devemos cuidar para que sempre tenhamos
água viva.
- O Sal é o elemento que dá sabor. Para que ele seja
eficaz em sua finalidade não se pode morder o sal
quando se come o alimento, apenas sentir seu
sabor;
- Bíblia: Palavra de Deus, fonte de iluminação para
nossos passos na vida;
- Vela acesa: Luz que Deus separa das trevas para
guiar nossos passos. Sinal da Fé que transmitimos
a nossos filhos.

200
4. A Palavra de Deus: At 4, 32-37.
(refletir sobre o Dízimo enquanto ação pastoral em vista da
conversão e mudança de atitude diante dos irmãos, tendo
presentes a Idéia Chave e a Atitude a Despertar; pode ser
apresentado ao grupo quem compõem esta Pastoral na
Paróquia).

5. Oração do Dizimista: (a mesma do 1º Encontro).

6. Compromisso: (Todos se aproximam do caixote


onde foram plantadas as sementes no primeiro encontro,
olhando as sementes germinadas, refletindo o mistério da
vida que brota e cresce proclama o compromisso abaixo):

Darei apoio à Pastoral do Dízimo e serei um agente


dela, dando mais sabor à minha Comunidade. Levarei
meus irmãos a praticarem a Fé que professamos,
unindo Fé e Vida.

7. Canto: (previamente escolhido).


8. Despedida.

201
3. Organizando o Sistema do Dízimo.

Querer que o dízimo simplesmente funcione a partir


de apelos à generosidade, é desconhecer a realidade da
fraqueza humana. Não se pode confundir opção livre de
contribuir, com irresponsabilidade na contribuição. A
comunidade deve formar-se para que seus membros se
decidam livremente a um compromisso, mas, a partir daí,
deve ajudá-los a cumprirem o que assumiram e, mesmo,
urgir, quando for necessário.

É essencial que se defina uma periodicidade nas


contribuições, para distinguir bem o Dízimo das ofertas
espontâneas. Ainda aqui a experiência é variada.272
Aconselhamos uma periodicidade menor possível: semanal,
para os diaristas e comerciantes ou profissionais liberais;
mensal para os assalariados.

Periodicidade maior, é visto na prática pastoral de


inúmeras Paróquias, não dá à Comunidade as condições de
fazer frente às despesas próprias do dia – a – dia e nem
mensais: salários, água, luz, telefone, etc...

Na zona rural a oferta é feita, no mais das vezes,


anualmente, por ocasião da colheita. Freqüentemente é feito
em espécie, que depois é leiloada. O valor atingido é
anotado como pagamento do Dízimo do ofertante.273

272
Cf. Ibidem, 104-107.
273
Cf. Ibidem, 107.
202
3.1. Dízimo Mirim.

Achamos por bem tratar desta realidade que desponta


hoje em muitas Comunidades, neste item reservado à
organização do Sistema do Dízimo. Trata-se de uma matéria
a ser aprofundada, o que não é possível fazermos aqui.

Tudo o que foi falado até agora sobre levantamento e


conscientização se aplica também às crianças, adolescentes
e jovens.

Reafirmamos mais uma vez que o Dízimo funciona


muito melhor e dá mais frutos de responsabilidade quando é
impostado “individualmente”, ou seja, cada membro da
família que tem renda individual torna-se dizimista. De tudo
o que passa pelas “mãos” de cada membro da família deve-
se dar o Dízimo piedosamente.

Deste modo, podemos falar de Dízimo de Adultos,


dos Jovens, dos Adolescentes e das Crianças. A
conscientização para o Dízimo das crianças e adolescentes
acontece privilegiadamente na Catequese Sistemática. No
caso dos Adolescentes e Jovens, cada qual em seu nível
pastoral.
A criança é como uma “massa de cimento” mole; se
lançarmos dentro desta massa o espírito do Dízimo e a
generosidade para com a Comunidade, ninguém, nem o
tempo tirará isto dela. Estes “dizimistas mirins” de hoje
serão os grandes líderes pastorais de amanhã. Crescendo
neste espírito de doação e responsabilidade com certeza

203
inúmeras vocações sacerdotais e religiosas surgirão dentre
eles.

3.2. Arrecadação.

Primeiro passo para uma arrecadação eficaz é a


escolha e a distribuição de um instrumento de arrecadação
do Dízimo adequado à realidade de sua Paróquia. Pode ser
um “carnê”, uma “Carteira” , um “Envelope”, etc.

Nós aconselhamos o “Carnê” pois está mais de


acordo com a mentalidade do homem moderno e convida o
fiel ao compromisso. Diante de um “Carnê” com doze
folhinhas ele sente a responsabilidade e é continuamente
lembrado de seu compromisso livremente assumido.

Na verdade trata-se de um instrumento de


conscientização permanente pois deve ser elaborado de tal
modo que leve o fiel, apenas por olhá-lo a se questionar
sobre o Dízimo e seu lugar dentro da Comunidade.
Próximo passo é, através dos Animadores do
Dízimo que tem a função de animar os fiéis a oferecer seu
Dízimo como ato de Fé e Amor a Deus e à Comunidade.
Semanalmente, após os encontros, ele deve lembrar aos
irmãos da oferta do Dízimo.

Deve levar sempre consigo um elenco com os nomes


e endereços dos dizimistas de seu grupo e também alguns
“Carnês” pois algum novo dizimista pode surgir a cada

204
encontro. Semanalmente receberá as ofertas do Dízimo de
quem desejar “oferecer” naquele momento.

O que falamos acima sobre a arrecadação nos grupos


de famílias deve ser transportado para os grupos de crianças
na catequese, adolescentes e jovens . Na catequese inicial o
próprio Catequista será o “Animador do Dízimo”. Na
catequese posterior, nos grupos de adolescentes e jovens é
muito bom que se escolha um membro do grupo para ser o
“animador do Dízimo”. Este “animador mirim” teria as
mesmas funções do “animador do Dízimo” adulto. Este
método de organização levará a responsabilidade para
dentro do próprio grupo; fazendo com que todos sintam que
a Comunidade e o Dízimo são coisas “deles”, não é algo
distante que fique lá numa instância superior ou nos limites
da “Sacristia’.
Estes “Animadores do Dízimo” deverão ter sempre
presentes as notas características do Dízimo e não se
tornarem inconvenientes em citar “alíquotas” ou “colocar
valor” na oferta do Dízimo de nenhum fiel. Dízimo pessoal,
livre, espontâneo e sistemático rende mais frutos pastorais e
financeiros do que qualquer outra modalidade.
Tudo o que receberem dos dizimistas deve ser
imediatamente levado até a “Secretaria do Dízimo” ou
“Secretaria Paroquial”. Algumas Paróquias mais
organizadas criam uma secretaria do Dízimo que funciona
junto à secretaria paroquial durante a semana e dentro da
Igreja após as Celebrações.
Todos estes Dízimos recebidos pelos “animadores”
são, então, lançados no computador, alimentando-se o
Sistema de Gestão Canônico-Pastoral escolhido pela

205
Paróquia. Com estes dados será possível a cada semana ou
mês gerar os diversos relatórios para colocar a Comunidade
ao par de tudo o que arrecada e onde gasta seu dinheiro.

Os valores arrecadados com o Dízimo, na


“Secretaria do Dízimo” devem ir para o Banco
imediatamente. Lugar de dinheiro é no Banco,
principalmente dinheiro público, como o é o Dízimo. Esta
medida que pode parecer estrema para alguns facilita
tremendamente a contabilidade e a prestação de contas,
quando a administração do Dízimo for questionada, por
exemplo.
Se possível também, que todos os pagamentos e
repasses sejam efetuados com cheque nominal e escrito no
verso a finalidade do pagamento ou repasse. Os agentes do
Dízimo não podem cair na ilusão que, por serem honestos,
todos acreditarão neles. Quando se trata de dinheiro todo
cuidado e transparência é pouco.

206
3.3. Modelo de Carnê.
Frente:
PARÓQUIA NOSSA SENHORA
Arquidiocese de Maringá – PR.

DÍZIMO:
SINAL DE MINHA FÉ EM DEUS E
COMPROMISSO COM A COMUNIDADE
POR UMA SOCIEDADE JUSTA E FRATERNA

Verso:

“A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém


considerava propriedade particular as coisas que possuía, mas tudo
era posto em comum entre eles. Com grande poder, os apóstolos
davam testemunho da ressurreição do Senhor Jesus. E todos eles
gozavam de grande aceitação. Entre eles ninguém passava
necessidade, pois aqueles que possuíam terras ou casas as
vendiam, traziam o dinheiro e o colocavam aos pés dos apóstolos;
depois, ele era distribuído a cada um conforme a sua necessidade.”
(Cf. At 4, 32-35)

Rosto:
.
Nome: _____________________________ ; N.º ___________
Dar o Dízimo é querer uma Igreja Nova e uma sociedade justa
eComunidade:
fraterna! _______________________________________
Grupo: ______________________________________________

“Dai a Deus o que é de Deus ....”(cf. Mt 22, 21).

207
Folha do mês: são doze folhinhas destas. Cada uma
para um mês:

De tudo o que Deus me deu neste mês, em sinal de


Oferta:____________ reconhecimento a Ele, compromisso com a
Comunidade e por uma sociedade justa e fraterna
ofereço:
Data ____/____/_____
R$____________ ; Ref. Mês: ________________

__________________ Nome:____________________________, N.º_____


Animador do Dízimo

208
3.4. Organograma do Dízimo: nível
paroquial.

CONSELHO PAROQUIAL DE PASTORAL


(CPP)

CONSELHO PAROQUIAL DO EQUIPE DE PASTORAL DO


DÍZIMO (CPD) DÍZIMO (PD)

SECRETARIA COORDENADORES
DO DÍZIMO DO DÍZIMO

ANIMADORES DO DÍZIMO - ANIMADORES DO DÍZIMO -


ADULTOS MIRIN

209
3.5. Organograma do Conselho Paroquial de
Pastoral (CPP):

PRESIDENTE

1º VICE - 2º VICE -
PRESIDENTE PRESIDENTE

1º 2º
SECRETÁRIO(A) SECRETÁRIO(A)

1º VICE- 2º VICE-
SECRETÁRIO(A) SECRETÁRIO(A)

CONSELHEIROS – REPRESENTANTES DE
TODOS OS SEGUIMENTOS PASTORAIS

210
3.6. Organograma da Equipe Paroquial de
Pastoral do Dízimo (PD):

COORDENADOR (A)

1º VICE – 2º VICE –
COORDENADOR(A) COORDENADOR(A)

SECRETÁRIO(A) ANIMAÇÃO

VICE- DIVULGAÇÃO
SECRETÁRIO(A)

COORDENADORES SETORIAIS DO DÍZIMO

211
3.7. Organograma do Conselho Paroquial
do Dízimo (CPD):

PRESIDENTE

1º VICE – 2º VICE –
PRESIDENTE PRESIDENTE

SECRETÁRIO(A) TESOUREIRO

VICE- VICE-
SECRETÁRIO(A) TESOUREIRO

CONSELHEIROS

212
3.8. Organograma do Dízimo: nível setorial.

COORDENADOR (A) DO DÍZIMO - SETOR

ANIMADORES DO DÍZIMO - ANIMADORES DO DÍZIMO –


ADULTO GR. CATEQUÉTICO

ANIMADORES DO DÍZIMO – ANIMADORES DO DÍZIMO –


GR. ADOLESCENTES GR. JOVENS

213
Conclusão

Já em 1962, o pl. past. Plano de Emergência afirmava


a urgência em “vitalizar e dinamizar nossas paróquias,
tornando-as instrumentos aptos a responder à premência das
circunstâncias e da realidade em que nos encontramos”,
como vimos. Um dos caminhos propostos para isso era fazer
da Paróquia “uma comunidade de fé, de culto e de caridade”
para que se tornassem “fermento da comunidade
humana”.274

Recomendava-se ainda “identificar as comunidades


naturais e iniciar o trabalho a partir da realidade que
apresentam”. Nestas comunidades abertas à evangelização,
os elementos dinâmicos irão ajudar a despertar e formar
líderes das novas Comunidades.
Aos leigos cabe um papel decisivo275: “Observar que
a conquista das comunidades pagãs ou indiferentes dos
centros urbanos será feita de preferência por penetração das
comunidades naturais. O método mais seguro é a
evangelização partindo dos problemas de vida”276.
Encontramos, nestas afirmações, já em germe alguns dos

274
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, pl.
past. Plano de Emergência, Rio de Janeiro 1962, 5.4.
275
Cf. Ibidem, 5.5.
276
Cf. Ibidem, 5.6.
214
traços característicos constitutivos daquilo que seria a
Comunidade Eclesial de Base.277

Foi do agrado de Deus santificar e salvar os homens


não individualmente e sem alguma ligação entre si, mas quis
constituir deles um “Povo”, que o reconhecesse na verdade
e santamente o servisse278.
É difícil individuar, em modo preciso, os “fins da
Igreja”. Não é fácil, senão impossível elencá-los
taxativamente. Estão presentes nos vários setores da
atividade eclesial. Trata-se evidentemente de fins
sobrenaturais. Mas os meios que se usa para realizá-los nem
sempre são de ordem espiritual.

Disto se compreende como o c. 125§2 do CIC83, ao


indicar os fins próprios da Igreja – pelos quais tem direito
aos bens temporais -, usa o advébio “praecipue” –
principalmente. Estes “fins” são ordenados em modo
hierárquico mas pertencem igualmente à missão da Igreja,
também as obras de caridade, especialmente para com os
pobres.279

É importante aqui ter presente que por “fins da Igreja”


deve-se entender, como vimos, tudo aquilo que a Igreja
realiza ou deve realizar pela sua identidade institucional. A
saber: a pregação da verdade revelada em cada modalidade
e grau; a celebração do culto; o governo pastoral; a
atividade missionária e a prática da caridade evangélica.

277
Cf. IDEM, doc. As Comunidades Eclesiais de Base na Igreja do
Brasil, 23-26 de novembro de 1982, 10.
278
Cf. const. dogm. Lumen Gentium, 21 de novembro de 1964, 9.
279
Cf. V. DE PAOLIS, o.c., 19.
215
Enfim, atuação de quanto pertence à “missão” recebida do
seu Fundador: Jesus Cristo.280

O “Dízimo” bíblico é apenas “uma” das expressões


duma realidade que aparece também de outras maneiras: o
homem oferece à divindade parte dos bens de que dispõe,
sob a forma de Dízimo, de “primícias”, ou ainda pagando
“impostos religiosos”.281 O Dízimo é apenas uma forma
entre muitas. O importante é que ele foi e quer ser expressão
de uma atitude interior.282

Na literatura patrística o Sistema do Dízimo foi


justificado pelas premissas lançadas nos textos do Antigo
Testamento, de modo especial nos textos do Levítico. Como
já vimos, o Dízimo bíblico parte de que a “terra e todos os
bens naturais pertencem ao Senhor. Em conseqüencia, uma
parte desses bens deve periodicamente reverter a Deus.”283

Ampliando a cosmovisão dos textos do Antigo


Testamento, podemos afirmar algumas premiças sobre o
Dízimo: o domínio universal do Criador sobre tudo284;
Testemunho ao Mundo285;286 membros vivos do Povo de

280
Cf. F. COCCOPALMERIO, “Diritto Patrimoniale della Chiesa”, in
PONTIFICIUM INSTITUTUM UTRIUSQUE IURIS, Il Diritto nel
Mistero della Chiesa, IV, Diritto Patrimoniale, Tutela della
Comunione e dei Diritti, Chiesa e Comunità Politica (Quaderni di
Apollinaris 4), Roma 1980, 5,15.
281
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL,
est. Pastoral do Dízimo, S. Paulo 1975, 13.
282
Cf. Ibidem, 14.
283
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS DO BRASIL, o.
c., 36.
284
Cf. Ibidem, 36-37.
285
Cf. Lc 12, 21.
216
Deus287; regulamentação eclesiástica do dever divino –
natural em manter a Comunidade288; Sistema de Taxas:
inadequado às exigências pastorais de nossos dias.
As iniciativas de taxas, espórtulas e coletas foram
satisfatórias para seus fins econômicos e, por que não dizer,
também pastorais. Hoje, porém, a mentalidade e a Pastoral
atual não aceitam mais tais iniciativas. As espórtulas ou
ofertas por ocasião das prestações ministeriais gerou em
muitos fiéis a idéia de simonia ou comércio das coisas
sagradas. Como se os sacramentos fossem comprados com
dinheiro.
O sistema de taxas ignora também a diversidade e
desigualdade financeira entre os cristãos: o pobre e o rico
pagam a mesma quantia pela prestação. Como se todos
pudessem arcar igualmente com as mesmas despesas.289
Estas são razões que levaram a CNBB a optar pelo Sistema
do Dízimo, dando-lhe porém uma nova configuração.
Configuração esta que estamos trabalhando já ao longo
dessa análise canônico-pastoral do Sistema do Dízimo.290

O Sistema do Dízimo enquanto sistema de


contribuição é: pessoal; livre; espontânea; sistemática.
Pessoalidade: falamos de um Dízimo que é resultado
do direito / dever do fiel em manter a Obra Evangelizadora
da Igreja, retribuir amorosamente a Deus por tudo o que Ele
dá sinal de uma nova sociedade onde reine a justiça e a

286
Cf. CONFERÊNCIA NACIONAL DOS BISPOS, o. c., 37.
287
Cf. const. dogm. Lumen Gentium, 21 de novembro de 1964, 2.
288
Cf. Ibidem, 38-39.
289
Cf. Ibidem, 39.
290
Cf. Ibidem
217
fraternidade. Não se trata de “individualismo” mas sim
compromisso pessoal e insubstituível do fiel para com sua
Comunidade e seu Deus. Não podemos permitir que fiéis
irresponsáveis se escondam atrás de um Dízimo
“supostamente familiar” para se omitir neste dever divino
– natural.
Liberdade na oferta: esta deve ser livremente
decidida. Não desejamos uma alíquota tributável.
Conseqüência da espontaneidade – própria da oblação – o
Sistema do Dízimo quer que o volume da oferta seja
livremente decidido. Só assim o Dízimo refletirá o
amadurecimento da fé de uma Comunidade Eclesial.

Espontaneidade na decisão donativa, da parte do fiel


– fruto de conversão e compromisso para com sua Igreja – é
a terceira das suas notas a merecer nossa atenção. O
Sistema do Dízimo quer fundar-se na espontânea e generosa
disposição em atender às necessidades da Igreja, fruto de
conversão, da consciência eclesial, adquirida com uma
intensa participação na Vida da sua Comunidade Eclesial.291

O Dízimo Radical é um desafio para a fé, em primeiro


lugar dos Sacerdotes e outros ministros que vivem
integralmente para os serviços da Comunidade, pois é dele
que tirarão o sustento digno.
A concepção do dízimo como um sistema de
contribuição sistemática (não ocasional) por um lado, e de
contribuição livre, fruto de obrigação moral ( e não legal ou
jurídica) de outro, impõe a busca de caminhos próprios de

291
Cf. litt. past. Sobre o Dízimo, 21 de novembro de 1978, 52.
218
implantação, que não desdigam na prática os valores
pastorais que se querem realizar.

Se o dízimo é concebido como expressão de vivência


de fé em Comunidade, sinal da doação livre e responsável
diante de Deus, sua implantação e manutenção parecem
excluir todo tipo de organização complexa, precisa e
impessoal, que sugerisse tratar-se de um departamento
especializado dentro da Igreja, ou lembrasse uma sucursal
de coletoria de impostos. A montagem, portanto, de um
“aparelho de captação de dízimos” devido a sua frieza,
preocupação aritmética e impessoalidade, estaria excluída
pelo próprio sentido do Dízimo.

A espontaneidade, por sua vez, abandonada a si


mesma, muito rapidamente subumbe a suas próprias
limitações. Um Sistema de Dízimos que simplesmente
deixasse plena espontaneidade para que cada um
contribuísse com quanto, como e quando quisesse, já não
poderia chamar-se de Dízimo e nem de Sistema.
Não teria nenhuma chance de se sistematizar e de
responsabilizar as pessoas. Já não seria mais Dízimo, mas se
classificaria dentro das “contribuições espontâneas” que,
com ou sem o Dízimo, sempre tiveram seu lugar nas
Comunidades religiosas.
É preciso ainda lembrar que, em um mundo técnico
como o que vivemos, tudo o que não tem um mínimo de
organização e controle é naturalmente menosprezado e não
é levado a sério. Igualmente, certas facilidades da sociedade
atual (cobranças em casa, pelo correio, pelos bancos) são
assumidos como verdadeiros valores que simplificam e
facilitam a vida.

219
O problema pastoral que se coloca, portanto, é
encontrar caminhos que sejam realmente pastorais (não
meramente técnicos), e, ao mesmo tempo, acessíveis à
mentalidade do homem de hoje. Em outros termos, como
descobrir um tipo de organização que não sufoque a
expressão da liberdade pessoal, mas, ao mesmo tempo, não
sucumba a seus defeitos? Ou ainda, como usar os meios
modernos de oraganização, corrigindo sua frieza e
impessoalidade? Como usar a informática a serviço da
Pastoral do Dízimo?

Mais do que em outros aspectos, parece importante


aqui uma elástica variedade de meios, que atendam às
diferenças culturais regionais.292

Com o Dízimo a Comunidade Paroquial atenderá às


suas despesas ordinárias, como veremos mais
detalhadamente no primeiro item do próximo Capítulo,
reservado à administração do Dízimo.

Como conseqüência do Sistema do Dízimo, levando


em conta suas peculiaridades, aconselhamos que se proíba
“pedir” ou “aceitar” qualquer “oferta” ou “taxa” por
qualquer prestação, seja do Poder de Ordem ou de
Jurisdição.

Fica aos fiéis, porém, o dever de “pessoalmente,


livremente, espontaneamente e sistematicamente oferecer o
seu Dízimo dentro das suas capacidades, e segundo a
generosidade de seu coração.

Deve ser grande preocupação da Pastoral dos


Sacramentos afastar toda e qualquer impressão de Simonia.
292
Cf. Ibidem, 56-57.
220
Procuramos afastar até mesmo a mais sutil aparência de
“negócio ou comércio” dos serviços, principalmente
daqueles de natureza sacramental:

“Deve-se afastar completamente (...) até mesmo


qualquer aparência de negócio ou comércio”293.
Os fiéis que, impulsionados pelo sentido religioso e
eclesial, querem unir, por uma mais ativa participação à
Celebração Eucarística, uma contribuição pessoal às
necessidades da Igreja e particularmente ao sustento dos
seus ministros294, podem e devem fazê-lo na oferta do
Dízimo.
Assim, o Sistema do Dízimo garante a mesma
característica das “oblações” e salvaguarda o mesmo direito
do fiel praticar sua piedade, contribuindo materialmente
para com a Igreja:
“Os fiéis que oferecem espórtula para que a missa
seja aplicada segundo suas intenções concorrem, com
essa oferta, para o bem da Igreja e participam de seu
empenho no sustento de seus ministros e obras”295.

O principal órgão dentro da administração paroquial


é o “Conselho Paroquial do Dízimo”, uma vez que ele é a
principal forma de arrecadação, se não a única, dentro do
Sistema do Dízimo, implantado em sua radicalidade.

293
Cf. CIC83 c. 947.
294
Cf. PAULUS VI, m.p. Firma in Tradione, 13 de junho de 1974,
AAS 66(1974)308.
295
Cf. CIC83 c. 946.
221
Toda Paróquia deve criar seu Conselho do Dízimo
que se encarregará de administrá-lo, como veremos mais
detalhadamente no próximo capítulo.

Justifiquemos a nomenclatura utilizada. Trata-se de


um “Conselho” pois sua função é sempre sob a autoridade
administrativa e deliberativa do Pároco. Chamamos este
Conselho de Paroquial do Dízimo para reforçarmos o
papel do Dízimo dentro da vida econômica da Paróquia. Ele
poderia ser chamado de Conselho para Assuntos
Econômicos pois sua natureza é bem esta e suas atribuições
são as atribuições deste Conselho do c. 1280 do CIC83:
O Conselho Paroquial do Dízimo (ou Conselho
Para Assuntos Econômicos), com competência ordinária
na administração paroquial age sempre sob a autoridade e
em conjunto com o Pároco.
Quanto ao “digno sustento” dos ministros sagrados, o
Conselho Paroquial do Dízimo pagará aos Sacerdotes e
demais ministros aquela soma pecuniária estabelecida pelo
Ordinário Local no Direito Particular, juntamente com a
previdência social de ambos.

Falamos de Pastoral do Dízimo pois apostamos no


potencial pastoral deste Sistema. Trata-se de uma verdadeira
ação pastoral, ou seja, uma ação profética em vista da
edificação do Reino de Deus, uma vez que o escopo do
Dízimo não é arrecadar mais dinheiro. Seu objetivo é o
crescimento da Comunidade enquanto “Comunidade de fé”
que assume responsabilidades e vivencia o Evangelho,
preanunciando uma sociedade justa e fraterna, sinal
escatológico do Reino.

222
Sob o ponto de vista da Pastoral é notória a
preocupação de buscar os meios financeiros para a
manutenção dos serviços da comunidade cristã. Esta
preocupação do Sistema do Dízimo é Pastoral na medida
que inclui outros critérios que a coloquem dentro de todo o
sentido da ação pastoral da Igreja no mundo, enquanto
Comunidade de Salvação.

Não é todo Sistema de manutenção da Comunidade


que pode ser chamado de pastoral. A mera finalidade a que
se destina não lhe dá essa característica. Mesmo dentro os
sistemas coerentemente pastorais devemos escolher aquele
que, dadas as suas circunstâncias históricas e culturais, seja
o que melhor exprima o sentido religioso e cristão dos dons
materiais em benefício da Comunidade.296
Podemos reduzir a quatro os principais Sistemas de
manutenção da Comunidade Cristã ao longo de sua história:
o Sistema de doações espontâneas; o Sistema de Dízimo;
o Sistema de côngrua; o Sistema de taxas.
Eles não se excluem mutuamente. Em alguns
momentos da história coexistiram dois ou mais Sistemas no
mesmo lugar. Nunca se suprimiu as doações espontâneas,
por exemplo, qualquer que fosse o Sistema ulteriormente
adotado.
Nenhum outro Sistema se manifesta tão “pastoral”
quanto o Sistema do Dízimo, porém, não aquele Dízimo
bíblico e histórico tal qual era praticado, com a obrigação e
sanções jurídicas. Nem um Dízimo matemático ou
percentual (10% ou 1% dos rendimentos). Mas sim um

296
Cf. Ibidem, 49.
223
Sistema do Dízimo que beba nas fontes bíblicas, sustente-se
na força da história da Igreja e sua praxe; reforçando a
eqüidade da oferta dada, manifestando os caminhos para
uma sociedade nova, pautada pela justiça e fraternidade à
luz do Evangelho.
O Dízimo “percentual” impõe uma obrigação
matematicamente igual a todos, mas realmente diferente a
cada um, uma vez que é muito mais difícil para quem ganha
um (1) salário mínimo dar Dízimo de 10% do que para
quem ganha cinco ou dez salários.
Trata de um erro metodológico – pastoral que
algumas Comunidades cometem. Sob uma suposta
solidariedade e unidade na oferta, pede-se menos de quem
tem mais e pede-se mais de quem, na verdade, tem
menos.297
O Dízimo é uma catequese permanente e viva que dá
mais vida à Comunidade. Reeduca as atitudes religiosas do
homem vitimado pela cultura da técnica que afronta Deus
com seu poder “quase absoluto e ilimitado”. Restaurar este
Sistema do Dízimo renovado e radical é levar o mundo
hodierno a descobrir seus limites e a abrir-se ao Absoluto,
colocando-se nas mãos de Deus.

Seria falta de sensibilidade bater na tecla da obrigação


jurídica do Dízimo diante do homem de hoje, perdendo uma
oportunidade privilegiada de catequizar para o compromisso
social e comunitário.298

297
Cf. Ibidem, 50-51.
298
Cf. Ibidem, 52.
224
A ligação entre a Comunidade religiosa e o Sistema
do Dízimo – enquanto sistema de contribuição constante e
não apenas ocasional – é ressaltada quando analisamos
sociologicamente a Pastoral do Dízimo.
O Sistema do Dízimo, assim, podemos dizer que é
muito mais autêntico e verdadeiro para expressar a ligação
do fiel com sua Comunidade, na qual celebra os mistérios da
Fé. O Dízimo é, portanto, um instrumento prático de
inestimável valor na superação do individualismo que
destrói e na promoção do “Espírito Comunitário”.
O restabelecimento do Sistema do Dízimo se situa no
esforço pastoral primordial da Igreja e oferece um
instrumental a mais de realização desse mesmo esforço. É
expressão do espírito comunitário já existente e o
instrumento pedagógico de formação e aprofundamento
deste mesmo espírito.

Todo esforço de vida e espírito comunitário são uma


preparação e conscientização indireta para o
restabelecimento do Sistema do Dízimo. Isso leva-nos a
questionar a viabilidade prática de seu restabelecimento
naquelas Paróquias situadas fora do esforço de renovação
comunitária. Todo trabalho que leve ao comprometimento, à
participação, sobretudo nos centros paroquiais são passos
importantíssimos de conscientização para o Dízimo.

Não podemos pensar que o Sistema do Dízimo não


traga consigo sérios riscos, alguns deles podemos chamá-los
de “históricos” pois aconteceram de fato ao longo da
História da Igreja: a rotina; a aplicação abusiva; o
farisaísmo.

225
A “razão” pastoral nos leva a termos presentes tais
riscos, que são reais, para não cairmos na euforia otimista de
haver encontrado um Sistema perfeito. As inúmeras
qualidades e vantagens do Sistema do Dízimo, bem
realçadas por nós neste trabalho, não podem encobrir os
riscos, abusos e perigos inerentes a ele.
A implantação do Sistema do Dízimo como sistema
de arrecadação e instrumento pastoral de altíssima eficácia
no crescimento do Espírito Comunitário e de transformação
da Sociedade pode seguir os passos:
- organizar uma Equipe de Pastoral do Dízimo (PD);
- organizar um Conselho Paroquial do Dízimo
(CDP);

- auto conscientização e formação da própria


Equipe;

- levantamento da realidade sócio – econômico –


religiosa de todos os fiéis;
- conscientização dos fiéis em geral; implantação
oficial com data marcada.

Os meios de conscientização são aqueles meios


humildes, mas poderosos, de comunicação da mensagem e
de apelo ao coração informado pela fé, proclamados em um
ambiente de participação e vivência: pregação litúrgica;
celebrações especiais sobre a participação e compromisso;
grupos de reflexão; cartas, cartões, cartazes, faixas e
impressos em geral; estabelecimento de clima e a criação de
estruturas; demonstrativo do que a Paróquia faz, necessita e
gasta; jornais diocesanos ou paroquiais; contato dos líderes
226
da Comunidade com as famílias; conscientização
permanente.

A conscientização dos fiéis, como vimos acima, se dá


de modo privilegiado através dos grupos de famílias. Caso
eles existam pode-se utiliza-los como um instrumental de
altíssima eficácia. Caso eles não existam e não exista
também nada que se equipare a eles, esta é a oportunidade
para cria-los. Pode-se proceder do seguinte modo:

- primeiramente ter em mãos os subsídios de


reflexão, de preferência em número bastante
elevado, um volume para cada fiel;
- segundo passo é, através dos membros da equipe
de Pastoral do Dízimo representantes das
Comunidades e Setores, localizar responsáveis
por quadra. Estes são chamados de Animadores
do Dízimo. Homens ou mulheres de boa vontade e
um mínimo de cultura que os permita liderar um
pequeno grupo de famílias, jovens etc.
- terceiro passo é, estes “Animadores do Dízimo”,
receberem o material e saírem num trabalho
“doméstico” , casa por casa, porta em porta
convidando as famílias para uma primeira reunião
de famílias. Não é necessário nesta fase nem
mesmo dizer às famílias do que se trata: basta que
eles saibam que se reunirão para rezar e refletir a
Palavra de Deus. Recomendamos que se escolha
um “Animador” destes para cada “quadra”
seguindo como critério as divisões próprias do
Município; para que se crie o maior número
possível de grupos de reflexão; em torno de cada

227
animador do Dízimo deve surgir um novo grupo
de reflexão;

- quarto passo é realizar em todos os setores ou


Comunidades e em cada quadra do território
paroquial todos os encontros de conscientização
sobre o Dízimo;
quinto passo pode ser a escolha, dentro de cada grupo
nascente, de um Animador do Grupo. Assim cada grupo de
família ou reflexão, terá dois animadores: um responsável
ordinário pelo grupo e um outro responsável em manter o
Dízimo ativo nas mentes e corações dos membros após o
processo de conscientização;

O processo inteiro, desde a iniciativa primeira da


parte do Pároco ou do CPP – Conselho Paroquial de
Pastoral -, até sua implantação oficial durará em média um
(01) ano. Neste período estamos prevendo o seguinte:

- 1º mês: montagem da equipe paroquial de Pastoral


do Dízimo (PD), com seus representantes ou
Coordenadores do Dízimo a nível setorial e seus
Animadores do Dízimo a nível de grupo de
reflexão; com as características descritas acima;
- 2º mês: montagem do Conselho Paroquial do
Dízimo (CPD); com as características descritas
acima. A partir do 2º ou 3º mês do processo pode-
se começar com uma S. Missa do Dízimo mensal,
onde se rezará pelos dizimistas e se fará a
experiência de um Deus Criador e dador de todos
os bens, por uma sociedade justa e fraterna;

228
- 3º, 4º e 5º meses: auto – formação da equipe de
Pastoral do Dízimo (PD) e do Conselho
Paroquial do Dízimo (CPD) usando os “Temas
de Reflexão” do último item deste capítulo;
- 6 º e 7º meses: levantamento e cadastramento de
todos os fiéis a nível Paroquial com a ficha
cadastral apresentada acima para coleta de dados o
mais completa possível, para que se possa
alimentar o Sistema de Gestão Canônico-
Pastoral, adotado pela Paróquia; durante este
tempo também já se agiliza, onde ainda não
existem, a criação dos grupos de reflexão para
casais, jovens e adolescente em torno da Palavra
de Deus e a reestruturação da Paróquia em
pequenas Comunidades setoriais;
- 8º, 9º e 10º meses: conscientização dos fiéis em
geral através dos grupos de reflexão de casais,
jovens e adolescentes; através de celebrações
especiais do Dízimo, no mínimo três durante este
trimestre, nunca com tônica de cobrança ou
amedrontamento, mas conscientizador e
comprometedor. É importantíssimo que durante
este período todos os seguimentos sejam
mobilizados, inclusive a catequese infantil;
adolescente e crismal;

- 11º e 12º meses: é o bimestre da revisão e


avaliação, marcando a dada a partir da qual o
Sistema do Dízimo é implantado oficialmente.

229
Esperamos que nossas reflexões e sugestões acima
sejam úteis para a Implantação e manutenção do Sistema do
Dízimo, dando a esta Pastoral um novo impulso e
revigoramento neste final de século e milênio. Posso dizer
que, com este trabalho, modesto sim, mas repleto de amor e
esperança na capacidade que a Igreja tem em se auto
renovar buscando novos caminhos e novos métodos para
sua ação no mundo.

230
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250
O AUTOR:
Prof. Dr. José Francisco de
Assis DIAS, Brasileiro, nasceu a
16 de Março de 1964, em
Umuarama-Pr; estudou Filosofia
no Instituto Filosófico N. S. da
Glória, Maringá-Pr (1983-
1985); e Teologia no Instituto
Teológico Paulo VI, Londrina-
Pr (1986-1989); obteve a
Licenciatura Plena em Filosofia
na Universidade de Passo
Fundo-RS (1996).
É mestre em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade
Urbaniana, Cidade do Vaticano (1990-1992), com a
monografia "DE ACQUISITIONE BONORUM", Na
Legislação Particular da Diocese de Umuarama-Pr;
É mestre em Filosofia pela mesma Pontifícia Universidade
Urbaniana, Cidade do Vaticano (2004-2006), com a
monografia "CONSENSUS OMNIUM GENTIUM", O
Problema do Fundamento dos Direitos Humanos no
Pensamento de Norberto Bobbio (1909-2004);
É doutor em Direito Canônico também pela Pontifícia
Universidade Urbaniana, Cidade do Vaticano (2003-2005),
com a tese DIREITOS HUMANOS, Fundamentação Onto-
teleológica dos Direitos Humanos, com especialização em
Filosofia do Direito;
É doutor em Filosofia pela mesma Pontifícia Universidade
Urbaniana, Cidade do Vaticano, com a tese NÃO MATAR!
O Princípio Ético Não Matar como 'Imperativo Categórico'
no Pensamento de Norberto Bobbio (1909-2004).

251
Publicou:

- DIREITOS HUMANOS, Fundamentação Onto-teleológica


dos Direitos Humanos, Unicorpore, Maringá-Pr 2005,
ISBN: 978-85-98897-04-2

- CONSENSUS OMNIUM GENTIUM, O Problema do


Fundamento dos Direitos Humanos no Pensamento de
Norberto Bobbio (1909-2004), Humanitas Vivens, Sarandi
(Pr) 2008, 2ª Edição, ISBN: 978-85-61837-00-6.

- NÃO MATAR! O Princípio Ético Não Matar! no


Pensamento de Norberto Bobbio (1909-2004), Humanitas
Vivens, Sarandi (Pr) 2008, ISBN: 978-85-61837-02-0.

ATUALMENTE o autor é Professor de História da


Filosofia Antiga e Medieval, Ética, Estética e Metafísica no
Curso de Filosofia da PUC-PR, Campus de Maringá-PR.

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