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A ABÓBADA CELESTE DO TEMPLO

AS ESTRELAS
RESUMO

Versa o presente trabalho sobre o significado das estrelas que compõem a abóbada
celeste do templo maçônico no rito adonhiramita.

I – RITUAIS DO R.:E.:A.:A.: 

RITUAL DE 1804 
“A Loja tem a forma de um quadrado longo, se dirigindo de oeste para
leste, arredondada ao fundo, recoberta de uma abobada, onde estão espalhadas
estrelas sem nome, [...] “

RITUAL DE 1904 
“o tecto figura uma abobada azulada, com estrelas formando um grande
numero de constelações. “

RITUAL DE 1927 (Mario Behring)


“O tecto do Templo representa o céo. Do lado do Oriente, um pouco
………….. No centro do tecto, três estrelas da constelação de Orion. Entre estas e o
nordeste, ficam as Pleiades, Hyadas e Aldebaran; a meio caminho, entre Orion e o
nordeste, Regulus, do Leao; ao Norte, a Ursa Maior; a Noroeste, Areturus (em
vermelho); a Leste, a Spica, da Virgem,; a Oeste, Antares; ao Sul, Fomalhaut. No
Oriente, Jupiter,; no Ocidente, Venus; Mercurio, junto ao Sol e Saturno, com seus
satélites, próximo a Orion.
As estrelas principais são: 3 de Orion; 5 Hyadas e 7 das Plêiades e Ursa
Maior. As estrelas chamadas reaes são: Aldebaran, Arcturus, Regulus, Antares e
Formalhaut. “

II – INTRODUÇÃO

A Abóbada Celeste com seus astros e estrelas tem a função mística


destinada a produzir energia e contemplação. 
Assim, o teto do templo maçônico é confeccionado em forma de abóboda
ou céu com a cor azul celeste predominante na qual figuram os astros e as estrelas
que mais ferem a imaginação do homem. Sabemos que, normalmente, o céu é
escuro, sendo o tom de azul o efeito da luz do sol, por isso com o movimento de
rotação da terra temos o dia e a noite. Convém salientar que não são quaisquer
astros ou qualquer disposição, mas sim determinados astros e numa posição
previamente estudada e preparada.
A palavra céu vem do latim “caelum” ligado também ao ar, espaço livre,
atmosfera. Na verdade o céu é a parte física que vemos, e o firmamento do latim
“firmamentum”, onde pela nossa crença de cada um, imaginamos ser a morada dos
deuses e anjos.

III – A ABÓBADA CELESTE NOS TEMPLOS MAÇÔNICOS


Cada astro e estrela, uniformemente dispostos na abobada celeste,
representam funções e possuem valores místicos próprios, sendo que, no templo
destinado á pratica do R.:E.:A.:A.: existem com 35 (trinta e cinco) astros,
cuidadosamente escolhidos, colocados em posição geométrica apropriada, os quais
regem os cargos em Loja.
1 – SOL – A luz do céu da Loja, representando o Ven:. M:. Colocado no
oriente e no eixo da Loja. 
2 – LUA – Selene rege o Primeiro Vigilante. 
3 – STELLA PITAGORIS – A estrela Virtual ou Estrela Flamejante,
colocada sobre o altar do Segundo Vigilante. (O Homem, Deus, Cristo, Buda ou
mesmo Hércules, o iluminado que transcende a condição humana. 
4 – SATURNO com seus satélites – É o sexto planeta e o segundo em
tamanho, possui três anéis na altura do Equador e mais quinze satélites, dos quais
só nove eram conhecidos na época em que os rituais foram escritos. Na Loja,
Saturno é representado com seus três anéis e seus nove satélites, exatamente
sobre o centro geométrico do ocidente. Saturno rege a cadeia de união. Os seus três
anéis representam os Aprendizes, os Companheiros e os Mestres Maçons. Os nove
satélites representam os nove cargos: Venerável Mestre, Primeiro Vigilante,
Segundo Vigilante, Secretario, Orador, Tesoureiro, Chanceler, Mestre de Cerimonias
e Guarda do Templo. 
5 – MERCÚRIO – Símbolo da astúcia, protetor dos viajantes e dos
comerciantes. Identificado como Hermes dos gregos, era filho de Maia e de Zeus
(Júpiter) de quem recebeu o encargo de mensageiro dos deuses. Carregava um
bastão com duas serpentes enroladas (Caduceu) símbolo da paz, (Harmonia e
Forças Opostas). É o menor e mais rápido dos planetas, e também o primeiro e o
mais próximo do Sol e por isso representa o Primeiro Diácono.
6 – JÚPITER – Era Zeus para os gregos. O maior planeta do sistema
solar era o guardião do Direito, o defensor do Estado, protetor das fronteiras e do
matrimônio. Júpiter é o astro regente do ex-venerável e por isso fica no Oriente.
7 – VÊNUS – É o segundo planeta e o mais próximo da Terra. Surge
sempre próximo à Lua (Primeiro Vigilante) e é o astro regente do Segundo Diácono.
Conhecido ainda hoje como “Estrela Vésper”, a primeira a aparecer no céu, Vênus
era o “Mensageiro do Dia”, anunciava a hora de começar e de encerrar o período de
trabalho.
8 – ARCTURUS – Estrela Alfa da constelação de Bootes. Por sua posição
junto à Ursa Maior é conhecida como a “guardiã do Urso” e correspondente ao cargo
de Orador, guardião do Oriente. Sua posição é em cima da grade do Oriente.
9 – ALDEBARAN – Estrela Alfa da constelação de Touro, as quais
pertencem as Plêiades e as Hyades. Na abóbada maçônica rege o cargo do
Tesoureiro.
10 – FOMALHAUT – Alfa Piscis Austrinis – em latim significa peixe do
sul, é aqui uma correlação com a coluna zodiacal dos peixes. Fomalhaut é uma
palavra árabe que significa “a boca do peixe do sul”, o que se aplica ao cargo de
Chanceler.
11 – REGULUS – Alfa Leonis é a estrela mais brilhante na constelação de
Leão. Na Astrologia, Regulus sempre manteve posição de comando. Ela dirige todos
os trabalhos do paraíso. Foi Nicolau Copérnico quem a batizou com o
nome Regulus, que significa “Regente”. Correspondente ao cargo de Mestre de
Cerimônia.
12 – SPICA – Alfa Virginis, em latim, “a Espiga”, é a estrela gerente do
cargo de Secretário. Por outro lado, os primitivos instrumentos de escrita usados
pelos gregos e romanos não eram penas, mas canetas feitas de caules ocos de
vegetais chamadas de “Spícula“.
13 – ANTARES – Alfa Scorpii, a estrela vermelha gigante. Durante muitos
séculos, a maior estrela conhecida. Às vezes confundida com Marte, razão do grego
chama-la de “O Rival de Marte”. Tanto Antares como Marte, são vermelhas e,
ocasionalmente, aparecem próximas. Por essa razão, Antares é conhecida como o
astro regente do Guarda do Templo.
Existem, ainda, representadas na Abobada Celeste do Templo Maçônico,
quatro grupos de estrelas pertencentes a quatro constelações, sendo elas: 
1. ORION – Constelação equatorial é formada por quatro estrelas
brilhantes com uma linha de três estrelas que formam o “Cinto de Orion” e são
popularmente conhecidas como “as Três Marias” ou “os Três Reis Magos”. No Teto
do Templo só são representadas as três estrelas, porque representam a idade do
Aprendiz, que ainda não tem o domínio do espírito sobre a matéria. Na tradição
árabe mais antiga, Orion era chamada de “A Ovelha de Cinto Branco” e o avental de
Aprendiz era feito, na sua origem de pele de carneiro. As três estrelas de Orion são
regentes dos Aprendizes.
2. HYADES ou HÍADAS. É o notável grupo de cinco estrelas formando a
ponta de uma flecha na constelação de Touro. As Híadas são as regentes dos
Companheiros.
3. PLÊIADES – É um outro grupo de estrelas da mesma constelação de
Touro. São também conhecidas como “As Sete Irmãs”. Elas regem os Maçons, a
paz, plêiade de homens justos.
4. URSA MAIOR -. É considerada a constelação mais antiga. No teto da
Loja são Representadas as sete estrelas mais importantes que formam a “Charrua”.
A última estrela da cauda da Ursa Maior é ALKAID, também conhecida
como BENETNASCH; ambos os nomes fazem parte da frase árabe “QUAID AL
BANAT AD NASCH”, que significa “A Chefe dos Filhos do Ataúde Mario“. Este
nome provém da concepção árabe mais antiga, que representava a Ursa Maior
como um caixão e três carpideiras. Esta interpretação interessa à Maçonaria, pois a
representação egípcia coincidia com a arábica, de um sarcófago (de Osíris) e sua
viúva (Ísis) e o filho da viúva (Hórus) em procissão fúnebre.
Ao todo contamos 35 (trinta e cinco) astros existentes na ABÓBADA
CELESTE DO TEMPLO MAÇÔNICO, ressaltando a ausência do planeta Marte, o
qual para os gregos era o deus da guerra e, como tal, não poderia figurar entre
aqueles que buscam a paz e a harmonia universal, por isso foi para o átrio, o reino
profano dos tumultos e das lutas. 
Por essa interpretação, Marte tem a incumbência de “cobrir o Templo”,
sendo o astro do Cobridor Externo, enquanto, do lado de dentro do Templo foi
colocado Antares, do Cobridor Interno, para garantir a fronteira entre o mundo
iniciático e o profano.

IV – CONCLUSÃO

Poderíamos concluir afirmando que, esse céu representado em nossos


Templos é o do Hemisfério Norte. Sim, é verdade, no Hemisfério Sul o nosso
maravilho céu é diferente, entretanto, a origem de nosso Rito nos leva ás belezas
vislumbradas e estudadas pelos nossos valorosos irmãos que nos antecederam e a
eles devemos nosso respeito e gratidão.
Assim, a Abóbada Celeste existente nos Templos Maçônicos preparado
para a prática do R.:E.:A.:A.:, estejam eles no Norte ou no Sul, se caracteriza numa
gigantesca e inesgotável fonte de pesquisas e estudos, razão de nos levar as mais
brilhantes viagens mentais, ou mesmo, de forma simples, vibrarmos unidos em
contemplação do belo firmamento a nos elevar espiritualmente.

Autor: Antonio Rodiguero
Mestre Maçom
Loja Tiradentes nº 02 – GLMDF

Bibliografia: 

1. Ritual de Aprendiz Maçom, do R.:E.:A.:A.:, de 1804, 1904 e 1927;


2. Astronomia na Maçonaria, do Blog Luz do Universo 1953;
3. A Origem da Maçonaria – David Stevenson – Editora Madras
4. O Firmamento, o zodíaco e a abobada celeste, brilhantemente exposto no blog do
Mestre Maçom da GLMDF, Irmão Jose Roberto Cardoso.
5. http://www.oficina-reaa.org.br/v1/index.php?
option=com_content&view=article&id=53:detalhes-dos-rituais-azuis-do-
reaa&catid=38:trabalhos0&Itemid=2

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