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GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DO

MATO GROSSO DO SUL

TRABALHO DE MESTRE MAÇOM

3ª INSTRUÇÃO DO 3º GRAU

À G∴ D∴ G∴ A∴ U∴

TRABALHO SOBRE A 3ª INSTRUÇÃO DO 3º GRAU

a) CONSIDERAÇÕES INICIAIS:

Contém a 3ª instrução do 3º grau, assim como


todas que a antecederam, significativa carga de simbolismo.
Tratando-se daquela que encerra o ciclo de instruções iniciáticas
do simbolismo, pressupõe a conclusão dos estudos desenvolvidos
com o intuito de elevar o instruendo ao grau máximo do processo
de formação, fornecendo-lhe os instrumentos necessários a
continuidade da caminhada em busca dos conhecimentos
necessários à sua elevação, seja no campo dos estudos
maçônicos, seja no campo das suas atividades particulares, assim
as profissionais como as familiares, amealhando o conhecimento
hábil a conferir-lhe a sabedoria distintiva dos maçons.

Segundo conhecido ditado popular, quanto maior o


conhecimento, mais acertada a conclusão que leva a entender que
nada se sabe e, dita conclusão pela sua genialidade,
inegavelmente tradutora de ilimitada sabedoria, uma vez mais se
confirma.

Recebendo a derradeira instrução do 3º grau


logicamente presumir-se-ia concluída a formação maçônica do
instruendo, habilitando-o para o desempenho das tarefas
necessárias à materialização dos ideais preconizados pela nobre
arte, sinteticamente definidos nos rituais como “o combate a
tirania, a ignorância, os erros e os preconceitos e a glorificação do
direito, da justiça e da verdade, promovendo o bem-estar da
pátria e da humanidade, levantando templos à virtude e cavando
masmorras ao vício” e, no entanto, forçoso reconhecer que na
longa marcha do aperfeiçoamento, foi dado apenas e tão somente,
um primeiro e tímido passo.

b) A INSTRUÇÃO:

A instrução em tela intitulada “OS MISTÉRIOS DO


NÚMERO SETE”, destinada aos Mestres Maçons, encerra o ciclo de
instruções do grau e visa, segundo seu próprio preâmbulo,
revelar as explicações dadas pelos antigos às propriedades do
número sete. Cultuado pelos caldeus que construíram sete
enxilharias cúbicas na torre de babel e consideravam essa obra
mais sagrada que as outras, pois o setenário desse edifício tinha
por fim ligar a terra ao céu e, ainda, porque a divindade se
manifestava aos olhos dos magos, por intermédio de uma
administração universal, composta de sete mistérios, o que,
induvidosamente justificava o culto dedicado a este número que,
ainda nos dias atuais, exerce inegável fascínio.

Inobstante tenha por título “OS MISTÉRIOS DO


NÚMERO SETE” não se limita a instrução em tela a tratar apenas e
tão somente deste número, bem pelo contrário, começa tecendo
considerações sobre todos os números, aborda desde a unidade
aos chamados números superiores cujo portal é aberto com o
estudo do número sete.

Desta forma, exemplificando a importância do


número sete, a primeira alusão é feita as sete notas musicais que
formam a gama da harmonia universal e que corresponderiam aos
sete planetas que regiam o mundo, aos sete metais conhecidos e
aos sete dias da semana, sendo que todos os estudos pertinentes
a esses conhecimentos foram inspirados no setenário divino
concebido há mais de cinco séculos pelos sábios antigos.

Estudando os elementos, independentemente da


espécie a que pertençam, forçosamente conclui-se pela sua
debilidade quando isolados, somando e multiplicando suas forças a
medida que são agrupados, atingindo suas potencialidades
máximas quando tais agrupamentos atingem o ponto de equilíbrio,
interagindo significativamente uns sobre os outros. Tal conclusão
resulta do acurado exame da “TRINDADE SETENÁRIA”
representada por três círculos, os quais entrelaçados apresentam
sete campos distintos e perfeitamente definidos, sendo que
aqueles que surgem do entrelaçamento são ocupados por outros
elementos que vem somarem-se aos três primitivos, resultando
um poderoso setenário formado pelos corpos celestes
denominados planetas. Tais corpos, em número de sete,
relacionam-se com poderosas forças celestiais quando analisados
sob o prisma do macrocosmo e, por outro lado, quando vistos sob
o prisma do microcosmo, por influência direta daquelas forças
poderosas, representam as fraquezas do ser humano reunidas sob
o signo dos sete pecados capitais, cujo equilíbrio explica-se pela
posição dos elementos na figura formada pelos três círculos
entrelaçados, onde uns opõem-se aos outros, exceto o
correspondente ao número cinco que a nada se opondo assegura a
estabilidade do sistema.

Já o número oito dos Kabirim semíticos, encontra-


se no emblema babilônico do sol, cujos raios se repartem numa
dupla cruz. Verticais e horizontais são seus raios rígidos, que se
referem ao quaternário dos elementos, bem como aos efeitos
físicos da luz e do calor. Os raios oblíquos indicam, ao contrário,
pela ondulação, que estão vivos e como, além disso, são triplos,
fazem alusão ao duodécimo das divisões de eclíptica como será
visto mais adiante. O Sol era considerado pelos antigos como um
dos sete agentes coordenadores do mundo e se lhe atribuía, por
outro lado, uma influência permanente, essencialmente
reguladora. É ele que assegura a ordem das estações e a sucessão
regular do dia e da noite, de modo que por extensão, todo o
funcionamento normal seja considerado obra sua, eis por que um
sol com seus oito feixes de luz decorava o orador das lojas do
século XVIII, exprimindo tal emblema aquele que vela pela
aplicação da lei e deve fazer a luz no espirito dos neófitos, sobre
os mistérios da iniciação. Oito pode ser representado por dois
quadrados superpostos ou tocando-se por um dos ângulos. No
primeiro caso, sua forma é oriunda da letra Het fenícia, que
simplificada tornou-se o nosso H (também oitava letra) e o nosso
número oito. Lembra um quadrado duplo e longo, isto é,
representa um quadrilongo, simbolizando a loja maçônica. Além
disso, oito é o cubo de dois, que mostra a realização da octonada,
unidade superior e perfeita no domínio das três dimensões.

O número nove, por sua vez, é o número do


secretário, encarregado do traçado que assegura a continuidade
da obra. Simbolicamente, o traçado executa-se sobre uma prancha
dividida em nove quadras, cuja ordem numérica determina a
significação. As três filas de números correspondem aos graus de
Aprendiz, Companheiro e Mestre. Refere-se também a vontade e
ao ato. As colunas verticais exprimem a triplicidade inerente a
toda manifestação unitária, na qual se distinguem,
necessariamente, três termos:
1º) O SUJEITO, agente princípio de ação, causa ativa;
2º) O VERBO, atividade, trabalho;
3º) O OBJETO, resultado, obra terminada.

Quanto a década, apoia-se na filosofia denominada


“KABALLA”, que é transmitida de geração em geração, desde os
hebraicos. Baseia-se nas especulações numéricas resumidas na
teoria dos “SÉPHIROTH” (números) cujo fim é ligar o Relativo ao
Absoluto, o Particular ao Universal, o Finito ao Infinito, a Terra ao
Céu. Esta união é obtida por meio da DÉCADA, da qual cada termo
recebeu sua denominação característica:
1) Coroa ou diadema - Unidade, Centro, Princípio de onde tudo
dimana;
2) Sabedoria - Pensamento criador, emanação imediata do Pai;
3) Inteligência - Compreensão, concepção e geração da idéia;
4) Graça - Misericórdia, mercê, grandeza;
5) Rigor - Severidade, punição, temor, julgamento;
6) Beleza - Ideal, segundo a qual as coisas tendem a se
constituírem;
7) Vitória - Triunfo, firmeza, discernimento;
8) Esplendor - Glória;
9) Base - Fundamento, plano imaterial;
10) Reino - Criação.

O décimo numero, representativo do reino e da


criação, torna a reduzir os noves precedentes à unidade,
figurando como o plano sobre o qual se ergue o portador da
Coroa. A década é comparável a árvore da vida das antigas
cosmogonias.
O número onze foi sempre considerado misterioso
talvez porque exprima a reunião de cinco e seis, que são os
algarismos do microcosmo e do macrocosmo.

O número doze corresponde a divisão mais antiga


do círculo e é aplicada ao universo celeste, onde determina doze
espaços iguais que o Sol percorre regularmente, em sua trajetória
anual aparente, em torno da Terra. As constelações que
coincidiram com estes espaços, lhes deram seus nomes, tirados de
animais ou de seres animados.

Assim formou-se o duodenário zodiacal, cujo


simbolismo é de máxima importância, porque o ano se torna o
protótipo de todos os ciclos, símbolo emblemático tanto das fases
da vida humana como da Iniciação.

Desta forma, sintetizamos a terceira instrução do


3º grau, analisando, ainda que sucintamente, os números e seus
significados.

c) CONCLUSÃO

Na conclusão, como já referido nas considerações


iniciais, faz-se mister assinalar que, conquanto ostente o título
“OS MISTÉRIOS DO NÚMERO SETE”, a instrução extrapola em
muito o simples estudo desse número místico. Já no mundo
profano, o número sete, por se tratar de um número primo, ou
seja, aquele que só é divisível por si mesmo ou pela unidade, goza
de especial prestígio e reverência. Na abordagem da arte real sete
é o número dos mestres, assim como cinco é o do Companheiro e
três o do Aprendiz, ou seja, o sete representa o ápice da
caminhada em busca da iluminação, habilitando os mestres ao
trabalho na câmara do meio e aos estudos buscando desvendar o
real significado dos símbolos e alegorias que pontificam no
caminho daqueles que buscam os mais altos graus de
aperfeiçoamento.

O número três contrapondo-se à dualidade


representada pela unidade e pelo dois, confere o equilíbrio e a
estabilidade indispensáveis a quaisquer tarefas. O número cinco,
próprio dos Companheiros, por um lado, simboliza a possibilidade
de divagar sem perder o eixo, ou seja, não apenas permite, mas
na verdade, encoraja incursões por campos desconhecidos, como
sói ocorrer em razão da curiosidade própria daqueles que aspiram
sua admissão na câmara do meio, sem qualquer perigo de se
perderem ofuscados pelo tentador brilho das vaidades uma vez
que permaneçam firmemente seguros pelo liame que os mantém
presos a humildade e a razão e, por outro lado, representa o
número do equilíbrio, ou seja, aquele que estrategicamente
colocado administra as tensões naturalmente provocadas pelas
forças antagônicas, sustentando a harmonia do conjunto.

Já o sete, número dos mestres, traduzindo o


conhecimento sedimentado através dos séculos, representa os
mais elevados valores universais e encerra em si mesmo eterno
desafio a todos aqueles que se disponham a desvendar os
milenares ensinamentos da arte real.

Além dos poderosos mistérios que representa de


per si, observa-se que o sete resulta sempre duma poderosa
síntese da trindade setenária, melhor demonstrada sempre que
esta é apresentada em forma de círculos entrelaçados, formando
sete campos distintos e perfeitamente definidos que podem,
ilustrativamente, ser ocupados por todas as forças do universo,
sejam elas inerentes ao macrocosmo, seja ao microcosmo. Assim,
com exceção dos números quatro, cinco e onze, todos os demais
podem ser reduzidos a “TRINDADE SETENÁRIA”, conforme
facilmente demonstra-se: o três, representa a própria trindade, o
seis eqüivale ao dobro da trindade, o oito, sendo o cubo de dois,
admite a decomposição na trindade, o nove é a soma de três
trindades e o dez traduz-se numa trindade sustentada por uma
base. O cinco por sua vez, embora não seja redutível a trindade, é
o número do equilíbrio, imprescindível à manutenção do conjunto
que, sem sua ação moderadora tenderia a ruir.

Enfatiza-se a trindade setenária porque, uma vez


representada em círculos entrelaçados apresentará sempre os sete
campos, os quais por sua vez serão ocupados pelos elementos
enfocados no estudo, assim as forças da natureza, assim as
virtudes e defeitos do ser humano e, sejam de uma ou de outra
ordem, uma vez dispostos equilibradamente na figura formada
pelos círculos entrelaçados veremos que todas as forças
representadas exercerão influencias e pressões reciprocas,
mantendo um delicado equilíbrio que exigirá sempre a presença de
todas para a sobrevivência do próprio conjunto e, nesse quadro
precariamente equilibrado sobressair-se-á sempre o elemento que
ocupar o campo designado pelo número cinco, o qual, pela sua
colocação estratégica e pela capacidade aglutinadora, atuará
sempre como autêntico fiel da balança, administrando as tensões
naturalmente provocadas pelos elementos uns sobre os outros e
mantendo o equilíbrio reclamado para a sobrevivência do todo.

Na natureza, os elementos celestiais regidos


diretamente pelo G∴ A∴ D∴ U∴ contrapõem-se vigorosamente,
estabelecendo um quadro sempre em perfeito equilíbrio,
diferentemente do que se passa no mundo profano, onde alguns
homens influenciados pelas forças da natureza, pela deficiência de
formação, por instintos primitivos, por vícios, pelo aparente
encantamento das sendas nebulosas e, finalmente, pela própria
ambição elevada ao patamar de ganância insaciável e justificadora
do emprego de todos os meios na busca da fortuna fácil,
igualando-se àqueles outros que submetidos a provações dos mais
variados matizes e sem os conhecimentos necessários a dar-lhes
eficiente combate, sucumbem as dificuldades e tendem, tal qual
os primeiros, a desenvolver e cultivar com muito maior facilidade
os próprios vícios aos quais se escravizam e elegem como ideais
de vida.

Exatamente ai, diante desse quadro


desestimulante, reside a imensa responsabilidade a ser assumida
pelo povo maçônico, homens livres e de bons costumes,
incansáveis pesquisadores dos mistérios milenares em busca da
luz e da verdade representadas pela autêntica sabedoria,
cabendo-lhes a responsabilidade de atuarem sempre como
elementos de conciliação, trabalhando incessantemente pela
manutenção do equilíbrio, opondo as esmagadoras forças
representadas pelos vícios aquelas não menos poderosas contidas
nas virtudes, das quais devem sempre ser zelosos cultores.

O conteúdo da 3ª instrução demonstra que o valor


do número sete não reside apenas e tão somente nas suas
propriedades intrínsecas, bem mais importante que elas é a
estabilidade conferida pelo três, o equilíbrio característico do
cinco e a síntese representada pelo “SETENÁRIO” resultante do
entrelaçamento dos elementos que componham a “TRINDADE
SETENÁRIA”. Vê-se, portanto, que aos mestres mostra-se
indispensável cultuar e zelar por todos os ensinamentos recebidos,
sem quaisquer exceções, buscando entender e praticar, além dos
contidos nos demais números, os valores contidos no número três
e no número cinco, mostrando-se dignos daqueles contidos no
número sete, pois neste encontra-se a chave que abrirá todas as
portas e propiciará o ingresso nos estudos dos mais elevados e
bem guardados mistérios. Aos maçons se impõe o dever de
identificar sempre, com a firmeza e segurança conferidas pela
sabedoria, o ponto a ser ocupado para garantir a manutenção do
equilíbrio. Este o verdadeiro valor a ser preservado.

Não é sem razão que na trindade estão


representados os mais caros valores da humanidade, em geral, e
do povo maçônico, em particular, dentre os quais destacamos os
seguintes: três são os pontos que usamos após as assinaturas
distinguindo-nos dos profanos e sintetizando o mistério da
unidade, da dualidade e da trindade, ou seja, da ordem de todas
as coisas e de todos os seres; três grandes colunas sustentam os
templos maçônicos: a sabedoria, a força e a beleza e, três são as
luzes reverenciadas nos trabalhos maçônicos.

Finalizando, conclui-se que todos os elementos da


natureza apresentam-se em trindades que podem e devem ser
dispostas na forma de círculos entrelaçados formando o
“SETENÁRIO” e caberá sempre ao povo maçônico, nessas
oportunidades, ocupar o campo correspondente ao número cinco,
ou seja, aquele que exerce o equilíbrio porque, a bem da verdade,
da manutenção desse equilíbrio depende a própria existência da
vida, posto que, uma vez rompido nada mais restará senão ruínas.
Ai estão os escombros de POMPÉIA a afirmá-lo.

Estas as impressões colhidas na instrução ora


apreciada. Cabe relembrar que os ensinamentos contidos nas
instruções são extremamente importantes por terem o condão de
elevar e aperfeiçoar os irmãos, porém, muito mais importante que
isso, são os sinais que distinguem os Maçons nos templos e na
vida profana e também destes jamais devemos descuidar: O
estudo incessante, o aprimoramento intelectual, a retidão de
caráter, o culto a justiça, a postura correta, a humildade, e tantos
outros....

É como penso.

Campo Grande, MS, 30 de novembro de 1999.

Gildo Sandoval Campos


Mestre Maçom

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