todas que a antecederam, significativa carga de simbolismo. Tratando-se daquela que encerra o ciclo de instruções iniciáticas do simbolismo, pressupõe a conclusão dos estudos desenvolvidos com o intuito de elevar o instruendo ao grau máximo do processo de formação, fornecendo-lhe os instrumentos necessários a continuidade da caminhada em busca dos conhecimentos necessários à sua elevação, seja no campo dos estudos maçônicos, seja no campo das suas atividades particulares, assim as profissionais como as familiares, amealhando o conhecimento hábil a conferir-lhe a sabedoria distintiva dos maçons.
Segundo conhecido ditado popular, quanto maior o
conhecimento, mais acertada a conclusão que leva a entender que nada se sabe e, dita conclusão pela sua genialidade, inegavelmente tradutora de ilimitada sabedoria, uma vez mais se confirma.
Recebendo a derradeira instrução do 3º grau
logicamente presumir-se-ia concluída a formação maçônica do instruendo, habilitando-o para o desempenho das tarefas necessárias à materialização dos ideais preconizados pela nobre arte, sinteticamente definidos nos rituais como “o combate a tirania, a ignorância, os erros e os preconceitos e a glorificação do direito, da justiça e da verdade, promovendo o bem-estar da pátria e da humanidade, levantando templos à virtude e cavando masmorras ao vício” e, no entanto, forçoso reconhecer que na longa marcha do aperfeiçoamento, foi dado apenas e tão somente, um primeiro e tímido passo.
b) A INSTRUÇÃO:
A instrução em tela intitulada “OS MISTÉRIOS DO
NÚMERO SETE”, destinada aos Mestres Maçons, encerra o ciclo de instruções do grau e visa, segundo seu próprio preâmbulo, revelar as explicações dadas pelos antigos às propriedades do número sete. Cultuado pelos caldeus que construíram sete enxilharias cúbicas na torre de babel e consideravam essa obra mais sagrada que as outras, pois o setenário desse edifício tinha por fim ligar a terra ao céu e, ainda, porque a divindade se manifestava aos olhos dos magos, por intermédio de uma administração universal, composta de sete mistérios, o que, induvidosamente justificava o culto dedicado a este número que, ainda nos dias atuais, exerce inegável fascínio.
Inobstante tenha por título “OS MISTÉRIOS DO
NÚMERO SETE” não se limita a instrução em tela a tratar apenas e tão somente deste número, bem pelo contrário, começa tecendo considerações sobre todos os números, aborda desde a unidade aos chamados números superiores cujo portal é aberto com o estudo do número sete.
Desta forma, exemplificando a importância do
número sete, a primeira alusão é feita as sete notas musicais que formam a gama da harmonia universal e que corresponderiam aos sete planetas que regiam o mundo, aos sete metais conhecidos e aos sete dias da semana, sendo que todos os estudos pertinentes a esses conhecimentos foram inspirados no setenário divino concebido há mais de cinco séculos pelos sábios antigos.
Estudando os elementos, independentemente da
espécie a que pertençam, forçosamente conclui-se pela sua debilidade quando isolados, somando e multiplicando suas forças a medida que são agrupados, atingindo suas potencialidades máximas quando tais agrupamentos atingem o ponto de equilíbrio, interagindo significativamente uns sobre os outros. Tal conclusão resulta do acurado exame da “TRINDADE SETENÁRIA” representada por três círculos, os quais entrelaçados apresentam sete campos distintos e perfeitamente definidos, sendo que aqueles que surgem do entrelaçamento são ocupados por outros elementos que vem somarem-se aos três primitivos, resultando um poderoso setenário formado pelos corpos celestes denominados planetas. Tais corpos, em número de sete, relacionam-se com poderosas forças celestiais quando analisados sob o prisma do macrocosmo e, por outro lado, quando vistos sob o prisma do microcosmo, por influência direta daquelas forças poderosas, representam as fraquezas do ser humano reunidas sob o signo dos sete pecados capitais, cujo equilíbrio explica-se pela posição dos elementos na figura formada pelos três círculos entrelaçados, onde uns opõem-se aos outros, exceto o correspondente ao número cinco que a nada se opondo assegura a estabilidade do sistema.
Já o número oito dos Kabirim semíticos, encontra-
se no emblema babilônico do sol, cujos raios se repartem numa dupla cruz. Verticais e horizontais são seus raios rígidos, que se referem ao quaternário dos elementos, bem como aos efeitos físicos da luz e do calor. Os raios oblíquos indicam, ao contrário, pela ondulação, que estão vivos e como, além disso, são triplos, fazem alusão ao duodécimo das divisões de eclíptica como será visto mais adiante. O Sol era considerado pelos antigos como um dos sete agentes coordenadores do mundo e se lhe atribuía, por outro lado, uma influência permanente, essencialmente reguladora. É ele que assegura a ordem das estações e a sucessão regular do dia e da noite, de modo que por extensão, todo o funcionamento normal seja considerado obra sua, eis por que um sol com seus oito feixes de luz decorava o orador das lojas do século XVIII, exprimindo tal emblema aquele que vela pela aplicação da lei e deve fazer a luz no espirito dos neófitos, sobre os mistérios da iniciação. Oito pode ser representado por dois quadrados superpostos ou tocando-se por um dos ângulos. No primeiro caso, sua forma é oriunda da letra Het fenícia, que simplificada tornou-se o nosso H (também oitava letra) e o nosso número oito. Lembra um quadrado duplo e longo, isto é, representa um quadrilongo, simbolizando a loja maçônica. Além disso, oito é o cubo de dois, que mostra a realização da octonada, unidade superior e perfeita no domínio das três dimensões.
O número nove, por sua vez, é o número do
secretário, encarregado do traçado que assegura a continuidade da obra. Simbolicamente, o traçado executa-se sobre uma prancha dividida em nove quadras, cuja ordem numérica determina a significação. As três filas de números correspondem aos graus de Aprendiz, Companheiro e Mestre. Refere-se também a vontade e ao ato. As colunas verticais exprimem a triplicidade inerente a toda manifestação unitária, na qual se distinguem, necessariamente, três termos: 1º) O SUJEITO, agente princípio de ação, causa ativa; 2º) O VERBO, atividade, trabalho; 3º) O OBJETO, resultado, obra terminada.
Quanto a década, apoia-se na filosofia denominada
“KABALLA”, que é transmitida de geração em geração, desde os hebraicos. Baseia-se nas especulações numéricas resumidas na teoria dos “SÉPHIROTH” (números) cujo fim é ligar o Relativo ao Absoluto, o Particular ao Universal, o Finito ao Infinito, a Terra ao Céu. Esta união é obtida por meio da DÉCADA, da qual cada termo recebeu sua denominação característica: 1) Coroa ou diadema - Unidade, Centro, Princípio de onde tudo dimana; 2) Sabedoria - Pensamento criador, emanação imediata do Pai; 3) Inteligência - Compreensão, concepção e geração da idéia; 4) Graça - Misericórdia, mercê, grandeza; 5) Rigor - Severidade, punição, temor, julgamento; 6) Beleza - Ideal, segundo a qual as coisas tendem a se constituírem; 7) Vitória - Triunfo, firmeza, discernimento; 8) Esplendor - Glória; 9) Base - Fundamento, plano imaterial; 10) Reino - Criação.
O décimo numero, representativo do reino e da
criação, torna a reduzir os noves precedentes à unidade, figurando como o plano sobre o qual se ergue o portador da Coroa. A década é comparável a árvore da vida das antigas cosmogonias. O número onze foi sempre considerado misterioso talvez porque exprima a reunião de cinco e seis, que são os algarismos do microcosmo e do macrocosmo.
O número doze corresponde a divisão mais antiga
do círculo e é aplicada ao universo celeste, onde determina doze espaços iguais que o Sol percorre regularmente, em sua trajetória anual aparente, em torno da Terra. As constelações que coincidiram com estes espaços, lhes deram seus nomes, tirados de animais ou de seres animados.
Assim formou-se o duodenário zodiacal, cujo
simbolismo é de máxima importância, porque o ano se torna o protótipo de todos os ciclos, símbolo emblemático tanto das fases da vida humana como da Iniciação.
Desta forma, sintetizamos a terceira instrução do
3º grau, analisando, ainda que sucintamente, os números e seus significados.
c) CONCLUSÃO
Na conclusão, como já referido nas considerações
iniciais, faz-se mister assinalar que, conquanto ostente o título “OS MISTÉRIOS DO NÚMERO SETE”, a instrução extrapola em muito o simples estudo desse número místico. Já no mundo profano, o número sete, por se tratar de um número primo, ou seja, aquele que só é divisível por si mesmo ou pela unidade, goza de especial prestígio e reverência. Na abordagem da arte real sete é o número dos mestres, assim como cinco é o do Companheiro e três o do Aprendiz, ou seja, o sete representa o ápice da caminhada em busca da iluminação, habilitando os mestres ao trabalho na câmara do meio e aos estudos buscando desvendar o real significado dos símbolos e alegorias que pontificam no caminho daqueles que buscam os mais altos graus de aperfeiçoamento.
O número três contrapondo-se à dualidade
representada pela unidade e pelo dois, confere o equilíbrio e a estabilidade indispensáveis a quaisquer tarefas. O número cinco, próprio dos Companheiros, por um lado, simboliza a possibilidade de divagar sem perder o eixo, ou seja, não apenas permite, mas na verdade, encoraja incursões por campos desconhecidos, como sói ocorrer em razão da curiosidade própria daqueles que aspiram sua admissão na câmara do meio, sem qualquer perigo de se perderem ofuscados pelo tentador brilho das vaidades uma vez que permaneçam firmemente seguros pelo liame que os mantém presos a humildade e a razão e, por outro lado, representa o número do equilíbrio, ou seja, aquele que estrategicamente colocado administra as tensões naturalmente provocadas pelas forças antagônicas, sustentando a harmonia do conjunto.
Já o sete, número dos mestres, traduzindo o
conhecimento sedimentado através dos séculos, representa os mais elevados valores universais e encerra em si mesmo eterno desafio a todos aqueles que se disponham a desvendar os milenares ensinamentos da arte real.
Além dos poderosos mistérios que representa de
per si, observa-se que o sete resulta sempre duma poderosa síntese da trindade setenária, melhor demonstrada sempre que esta é apresentada em forma de círculos entrelaçados, formando sete campos distintos e perfeitamente definidos que podem, ilustrativamente, ser ocupados por todas as forças do universo, sejam elas inerentes ao macrocosmo, seja ao microcosmo. Assim, com exceção dos números quatro, cinco e onze, todos os demais podem ser reduzidos a “TRINDADE SETENÁRIA”, conforme facilmente demonstra-se: o três, representa a própria trindade, o seis eqüivale ao dobro da trindade, o oito, sendo o cubo de dois, admite a decomposição na trindade, o nove é a soma de três trindades e o dez traduz-se numa trindade sustentada por uma base. O cinco por sua vez, embora não seja redutível a trindade, é o número do equilíbrio, imprescindível à manutenção do conjunto que, sem sua ação moderadora tenderia a ruir.
Enfatiza-se a trindade setenária porque, uma vez
representada em círculos entrelaçados apresentará sempre os sete campos, os quais por sua vez serão ocupados pelos elementos enfocados no estudo, assim as forças da natureza, assim as virtudes e defeitos do ser humano e, sejam de uma ou de outra ordem, uma vez dispostos equilibradamente na figura formada pelos círculos entrelaçados veremos que todas as forças representadas exercerão influencias e pressões reciprocas, mantendo um delicado equilíbrio que exigirá sempre a presença de todas para a sobrevivência do próprio conjunto e, nesse quadro precariamente equilibrado sobressair-se-á sempre o elemento que ocupar o campo designado pelo número cinco, o qual, pela sua colocação estratégica e pela capacidade aglutinadora, atuará sempre como autêntico fiel da balança, administrando as tensões naturalmente provocadas pelos elementos uns sobre os outros e mantendo o equilíbrio reclamado para a sobrevivência do todo.
Na natureza, os elementos celestiais regidos
diretamente pelo G∴ A∴ D∴ U∴ contrapõem-se vigorosamente, estabelecendo um quadro sempre em perfeito equilíbrio, diferentemente do que se passa no mundo profano, onde alguns homens influenciados pelas forças da natureza, pela deficiência de formação, por instintos primitivos, por vícios, pelo aparente encantamento das sendas nebulosas e, finalmente, pela própria ambição elevada ao patamar de ganância insaciável e justificadora do emprego de todos os meios na busca da fortuna fácil, igualando-se àqueles outros que submetidos a provações dos mais variados matizes e sem os conhecimentos necessários a dar-lhes eficiente combate, sucumbem as dificuldades e tendem, tal qual os primeiros, a desenvolver e cultivar com muito maior facilidade os próprios vícios aos quais se escravizam e elegem como ideais de vida.
Exatamente ai, diante desse quadro
desestimulante, reside a imensa responsabilidade a ser assumida pelo povo maçônico, homens livres e de bons costumes, incansáveis pesquisadores dos mistérios milenares em busca da luz e da verdade representadas pela autêntica sabedoria, cabendo-lhes a responsabilidade de atuarem sempre como elementos de conciliação, trabalhando incessantemente pela manutenção do equilíbrio, opondo as esmagadoras forças representadas pelos vícios aquelas não menos poderosas contidas nas virtudes, das quais devem sempre ser zelosos cultores.
O conteúdo da 3ª instrução demonstra que o valor
do número sete não reside apenas e tão somente nas suas propriedades intrínsecas, bem mais importante que elas é a estabilidade conferida pelo três, o equilíbrio característico do cinco e a síntese representada pelo “SETENÁRIO” resultante do entrelaçamento dos elementos que componham a “TRINDADE SETENÁRIA”. Vê-se, portanto, que aos mestres mostra-se indispensável cultuar e zelar por todos os ensinamentos recebidos, sem quaisquer exceções, buscando entender e praticar, além dos contidos nos demais números, os valores contidos no número três e no número cinco, mostrando-se dignos daqueles contidos no número sete, pois neste encontra-se a chave que abrirá todas as portas e propiciará o ingresso nos estudos dos mais elevados e bem guardados mistérios. Aos maçons se impõe o dever de identificar sempre, com a firmeza e segurança conferidas pela sabedoria, o ponto a ser ocupado para garantir a manutenção do equilíbrio. Este o verdadeiro valor a ser preservado.
Não é sem razão que na trindade estão
representados os mais caros valores da humanidade, em geral, e do povo maçônico, em particular, dentre os quais destacamos os seguintes: três são os pontos que usamos após as assinaturas distinguindo-nos dos profanos e sintetizando o mistério da unidade, da dualidade e da trindade, ou seja, da ordem de todas as coisas e de todos os seres; três grandes colunas sustentam os templos maçônicos: a sabedoria, a força e a beleza e, três são as luzes reverenciadas nos trabalhos maçônicos.
Finalizando, conclui-se que todos os elementos da
natureza apresentam-se em trindades que podem e devem ser dispostas na forma de círculos entrelaçados formando o “SETENÁRIO” e caberá sempre ao povo maçônico, nessas oportunidades, ocupar o campo correspondente ao número cinco, ou seja, aquele que exerce o equilíbrio porque, a bem da verdade, da manutenção desse equilíbrio depende a própria existência da vida, posto que, uma vez rompido nada mais restará senão ruínas. Ai estão os escombros de POMPÉIA a afirmá-lo.
Estas as impressões colhidas na instrução ora
apreciada. Cabe relembrar que os ensinamentos contidos nas instruções são extremamente importantes por terem o condão de elevar e aperfeiçoar os irmãos, porém, muito mais importante que isso, são os sinais que distinguem os Maçons nos templos e na vida profana e também destes jamais devemos descuidar: O estudo incessante, o aprimoramento intelectual, a retidão de caráter, o culto a justiça, a postura correta, a humildade, e tantos outros....