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José Ferrer Benimelli, Caprile e Alberton, em seu livro “A Maçonaria e a Igreja Católica”,
em sua 2ª edição de 1961 publicado pelas Edições Paulinas nos trás algumas considerações
acerca das contendas da Igreja e da Maçonaria.
Como se sabe não são únicas, muitas outras intervenções pontifícias que de forma direta
ou indireta referem-se não só a Maçonaria, mas ainda a diversas sociedades secretas, como a
Carbonária ou as que visam corromper a juventude educada nos ginásios ou liceus.
Não foram somente os papas e nem os primeiros a condenar a Maçonaria. Em 1737, o
Cardeal Fleury, primeiro ministro de Luis XV, proibia toda reunião secreta e, especialmente, a e
qualquer que fosse a denominação, sobretudo a chamada dos maçons livres. Dois anos antes,
idêntica proibição fora emanada na Holanda, cujo exemplo parece ter sido seguido por muitos
outros governos da Europa.
Em seu estudo Benimeli nos esclarece - A Bula “In Eminenti” assinada pelo Papa
Clemente XII em 1738, foi na verdade uma articulação daqueles que estavam à sua volta, sob o
comando do Cardeal Néri Corsini, sobrinho, assessor e braço direito de Clemente XII.
O Papa nessa época estava muito doente, quase não saia da cama (sofria de artrose
severa que praticamente o impedia de sair da cama, que os médicos da época chamavam de
“gota” e tinha também uma hérnia, que por vezes lhe saíam as vísceras, precisava sempre andar
com bandagem para mantê-las no lugar), e completamente cego....tudo o que ele assinava,
tomava conhecimento através do que lhe era falado.
Ocorre que nem na própria Maçonaria, em Florença, o Barão Stosch era bem quisto.
Mas, como ele era amicíssimo e mantinha um ótimo relacionamento com Sua Majestade o Rei
da Inglaterra, ninguém tinha coragem de propor sua saída da Ordem e de Florença e, apesar da
Igreja pressionar o Grão-Duque da Toscana a expulsar o desafeto, ele demora a executar essa
ordem, pois também não queria arrumar um problema sério com o Rei da Inglaterra.
Desde o Século XVII a alta cúpula do Papado de Roma estava preocupada com a nova
sociedade, que surgia com muita força em quase todos os países da Europa. Denominada
Franco-Maçonaria, não por evidências de desvio de comportamento de seus integrantes, mas
principalmente pelo conteúdo do juramento que era prestado pelos homens que nela entravam.
Percebam que já era de conhecimento da Igreja, desde o final do Séc. XVII, o conteúdo
do Juramento da nossa Cerimônia de Iniciação Maçônica.
O que lhes causava verdadeiro “pânico” era os iniciados se permitirem ter uma morte
“horrível” e “cruel” se fosse revelado o seu segredo....que era o de ter o Pescoço cortado e a
cabeça Arrancada e seu Coração Enterrado nas areias do mar, onde o Fluxo e Refluxo das ondas
o mantivesse em Profundo Esquecimento.
Para eles, a permissão desse tipo de morte para guardar um segredo, dava margem a
criarem um sem número de teorias conspiratórias contra o poder da Igreja no continente
Europeu, e esse também foi o argumento utilizado pela Igreja para trazer como aliados Reis de
alguns Países europeus. De forma bem objetiva não era nada mais que isso.
Quando o Vaticano, através dos assessores do Papa Clemente XII, resolveu tomar uma
medida punitiva contra os Membros de algumas Lojas Maçônicas da Itália, repito, por causa de
sua conhecida “universalidade” maçônica, resolveram estender isso para toda a Ordem
existente na Europa católica. Acontece que a Maçonaria em sua Origem é eminentemente
Cristã, na Inglaterra, Escócia e Irlanda não católica, mas cristã.
Podemos perceber aqui que, como sabemos, os Maçons respeitaram o que juravam,
assim como fazemos hoje, respeitar as Leis, os Poderes Constituídos e a soberania dos Reis e,
naquela época, uma ordem Papal era Lei.
A Maçonaria naquela época era realmente de ajuda mútua, quando um Irmão precisava
de ajuda, os outros se reuniam e o ajudavam para evitar que “profanos” tirassem proveito dessa
ajuda mútua, juravam segredo quanto aos sinais, toques e palavras...comportamento este
herdado das antigas guildas de pedreiros livres.
Resumidamente, o incomodo que o Barão Stosch causava no Clero com seus discursos
revolucionários, associada a falta de entendimento da diferença do juramento, mais o medo da
força que a Ordem vinha adquirindo por causa do nível intelectual de seus membros e da “febre’
que acometeu a alta sociedade europeia em participar da Ordem, foram as principais causas
para a Edição da Bula.
Esses fatos resumidamente colocados acima, são ingredientes mais do que suficientes
para compreendermos o que aconteceu depois...
É de a natureza humana criar monstros onde não existe, o desconhecimento causa
perturbação, que geram as suposições e as teorias conspiratórias, que acabam tornando-se
problemas reais... daí à ação é apenas um pequeno passo....
Nossa história está cheia de acontecimentos bizarros que surgem de fatos inexistentes,
que só está na cabeça de quem se sente ameaçado ou interessado em tirar vantagem de algum
acontecimento. Esse é apenas mais um.
Já que o Papa Bento XVI é o assunto mais "badalado" dos últimos dias, seja por
conta dos boatos sobre a razão, ou razões que o levaram a renunciar, seja por conta
dos preparativos para o Conclave, vale relembrar um texto da "Congregação para a
Doutrina da Fé", de 1983, quando o Cardeal RATZINGER era "Prefeito", que passou a
disciplinar a relação entre a Igreja Católica Romana e a Maçonaria, no que tange a
adesão dos seus membros:
Esta Sagrada Congregação quer responder que tal circunstância é devida a um critério
redaccional seguido também quanto às outras associações igualmente não
mencionadas, uma vez que estão compreendidas em categorias mais amplas.
O Sumo Pontífice João Paulo II, durante a Audiência concedida ao subscrito Cardeal
Prefeito, aprovou a presente Declaração, decidida na reunião ordinária desta
Sagrada Congregação, e ordenou a sua publicação.