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O papa angélico” (5 de julho a 13 dezembro 1294)

Celestino V

Após a morte do Papa Nicolau IV em 4 de abril 1292, instaura-se a reunião dos prelados em
Roma para a eleição do novo Papa. Neste momento a Igreja vivia uma série de problemas que
geravam um descontentamento do povo com relação a luxuria papal, simonia, nepotismo e
problemas gerais que envolviam e pelo qual recaiam acusações sobre o papado. A reunião se
estendeu por um longo período devido as divergências que se suplantavam a cada tentativa de
elevar um prelado ao poder pontífice. Ora se davam entraves na questão das famílias que se
apoderavam da Igreja, ora pela disputa entre franciscanos e dominicanos, ora com relação a
disputa entre países. Também acometeu em Roma uma grande peste neste período causando
a morte de um cardeal, fazendo com que os demais cardeais se dispersassem. Durante a
reunião contou-se com a presença de Carlos II de Anjou, rei de Nápoles. Durante a reunião
Latino Malabranca contou uma visão de Cristo que lhe teria comunicado que se o conclave
fosse prolongado castigaria o mundo. Ele mesmo propôs Pietro dal Morrone, eleito por
aclamação. Após um longo tempo de 4 anos, em 5 de julho de 1294 resolve-se por buscar um
papa fora do meio cardinalício. Se elegeria Pietro dal Morrone, um homem desprovido, fora do
mundo, totalmente dependente da vontade dos outros. Era apenas um monge da ordem
beneditina, os celestinos, que anteriormente havia escrito aos cardeais em reunião
convidando-os a escolher para o bem da Igreja uma figura digna ao posto. Recusou o símbolo
o poder imperial e da sabedoria escolástica, pois buscava a simplicidade de Cristo. Durante as
solenidades de entronização na cidade de Napoli entrou montado em um asno e se fixou, não
chegando a Roma. Durante seu curto pontificado nomeou doze cardeais: foram sete
franciscano e cinco italianos, mas nenhum romano. Tinha a ideia de instaurar em seu
pontificado um governo baseado nas teses de Gioacchino dei Fiori. Mas acima de tudo
enfrentou grandes obstáculos na cúria romana. A princípio pensou em delegar o governo da
Igreja a três cardeais, mas o cardeal Matteo Rosso o fez observar que: “a Esposa de Cristo não
havia nunca feito um casamento com três maridos”. Pela sua própria simplicidade era
constantemente manobrado, e não teve jamais a direção da Igreja sob controle.

Durante a crise do pontifício surgiam os desejos do papa era de renunciar ao pontificado, pois
era já de idade avançada, a enfermidade o acometia, o desastroso pontificado levava a
insatisfação geral e tinha sobretudo o desejo de retornar a sua vida monacal.

Uma história não usual tomaria conta do processo de renúncia do papa. O chamado caso do
cardeal Benedetto Gaetani que munido do desejo pessoal de subir ao sólio petrino, se vestiria
de anjo, aparecendo a Celestino V e se apresentando como o anjo Gabriel. Ele se dizia
transmissor de uma mensagem de Cristo para que ele renunciasse ao seu pontificado. Em 13
de dezembro de 1294, depois de 5 meses e 9 dias de pontificado o papa apresentaria sua
renúncia e deixaria o poder papal.

A reunião cardinalícia para a eleição de um novo papa elegeria um italiano ao cargo, o cardeal
Benedetto Gaetani, que assumia o nome de Bonifácio VIII. A eleição de Bonifácio VII geraria
uma série de descontentamentos por parte de famílias italianas em geral. Foi acusado pela
família do cardeal Colonna de ter forçado o papa Celestino V a renúncia para ocupar o cargo.
Um documento francês produzido em 14 de julho 1303 contendo 29 teses o acusava de:

 não crer na vida eterna, na imortalidade da alma, na transubstanciação,


 sustentado que a fornicação não era pecado,
 havia um demônio privado,
 sodomita,
 homicida, violado segredo de confissão,
 assassinado Celestino V, destruir almas. (posteriormente a sua morte as acusações
voltaram a ser publicadas e difundidas pela universidade de Sorbona e monastério de
Sta. Dênis).

Em seguida à publicação e tomando consciência das acusações o papa responde com a Bula
Papal “Clericus laicos” no qual afirmava:

“A antiguidade ensina que os laicos estiveram hostis aos eclesiásticos e a experiência do tempo
presente demonstram amplamente. Vejamos os leigos, não contentes dos seus próprios
domínios, tentam de intrometer-se naquilo que não lhes é consentido e de não ter conta que
lhes é proibido o poder sobre os eclesiásticos, sobre as pessoas e sobre os bens da Igreja. Aos
prelados e aos eclesiásticos regulares e seculares impõe-se pesados fardos (...), se esforçam
em diversos modos de reduzir os eclesiásticos em servos e de submeter aos seus domínios”

Em seguida proibiu ao clero que pagasse as taxas impostas pelos reis da Inglaterra e da França
sem a permissão da Santa Sé. Neste momento Felipe IV, o belo, proibiu a exportação de
dinheiro e bens por parte da Igreja francesa para Roma. Bonifácio faz um passo atrás e permite
ao clero de fazer doações espontâneas ao rei e de pagar taxas sobre as obrigações feudais.
Com isto encerraria uma controvérsia que nascia com o rei Felipe IV. A chancelaria Francesa
deu mérito a pessoa de “Benedetto Caetani” sobre o fim das discussões e não a Bonifácio VIII.

Um novo fato levaria a um embate entre Bonifácio VIII e Felipe IV que acabaria em uma
disputa “interminável” entre eles. Em 1301 é preso o bispo de Pamiers “Bernardo de Saisset”
por se recusar a pagar as taxas exigidas pelo governo francês. Bonifácio VIII como represália
suspende a autorização de pagamentos e doações e exigiu a liberação do bispo.
Posteriormente convoca os bispos para um sínodo em Roma. Na data de 5 de dezembro 1301
publica a bula “Escuta Filhos caríssimos” na qual escrevia: “Escuta, filhos, os precedentes de
um pai, quanto a doutrina, de um mestre que sobre a terra ocupa o posto daquele que é o
único Mestre e Senhor. Que ninguém os persuada, filhos caríssimos, que tu não tenhas
superiores e que não seja submetido que ao chefe da Igreja. Deus os constituiu, mesmo que
indignos, além da autoridade dos reis e dos reinos”. Com o documento se havia transferido a
disputa entre Bonifácio VIII e Felipe IV do campo político e da autoridade do Estado. O tema
também já adentrava a controvérsia já tratada no ‘200 sobre a independência do poder
político não somente as questões políticas, mas também espirituais.

Em 25 de junho 1302 se realizou um consistório na cidade de Anagni para tentar dirimir o


problema, juntamente com a embaixada francesa. Durante a reunião o Cardeal Matteo
d´Acquasparta diria afirmando o poder pontifício sob a esfera espiritual e temporal:

“Na Igreja, a barca de Cristo e de Pedro, tem um só piloto, um só chefe, ao qual a ordem todos
são obrigados a obedecer e que é o Senhor de todas as coisas temporais e espirituais, aquele
que tem a totalidade do poder”

O Bonifácio VIII intervém e afirmava: “Aquilo que Deus uniu, o homem não separe”. Em
seguida, no dia 1º de novembro 1302 o papa publicaria a bula pontifícia “Unam Sanctam”, no
qual determinava:
“(...) que a autoridade temporal seja submissa ao poder espiritual (...)o poder espiritual
portanto deve estabelecer o poder terreno e julgá-lo quando erra (...)O poder temporal vira
julgado do poder espiritual (...) “nós declaramos, afirmamos e definíamos que cada criatura
humana, em vista da salvação, é em tudo submissa ao romano pontífice”

Para o papa o homem político é também um homem cristão, com todos os seus deveres e por
isso deveria aceitar a submissão ao chefe da Igreja.

O Papa foi acusado de querer depor Felipe IV que em contra-ataque em um consistório decide
de excomungar o rei da França Felipe IV, o belo, na festa da natividade de Nossa Senhora. Os
franceses de contrapartida pediram a imediata demissão do papa por parte dos franceses.

Um fato seria determinante para o fim do pontificado de Bonifácio VIII. Em retorno a Roma
após uma visita a Bologna o papa teria sido atacado por Guglielmo di Nogaret e Iacopo Colona.
É o chamado “schiaffo de Bologna”. O papa retornaria a Roma, se refugiaria na sua residência
e nunca mais havia se recuperado da agressão sofrida. E em 11 de outubro de 1303 veio a
falecer.

O Papado de Avignon (França)

A reunião que se abriria para o novo conclave se iniciava com uma divisão das famílias romana:
Colonna, Orsini, Caetani. Além da posição de famílias dominantes na vida da Igreja na Itália, se
contrapunha a ameaça dos franceses com relação a eleição papal. Após um relacionamento
complicado entre a França e o papado se impunha um papal que fosse sobretudo capaz de
gerir esta disputa. Além do mais os franceses procuravam com ênfase uma presença do poder
francês na Igreja. Diversas foram as sedes como: Perugia, Viterbo, Napoli, Anagni, Arezzo.
França e disputa com o império Germânico pela Ascenção a responsabilidade sobre o Estado
Pontifício. Além destas dificuldades houve também um movimento popular que colocava em
ameaçava a presença papal em Roma. De 1243 a 1303 poucos Papa viveram ou morreram em
Roma em virtude da insegurança constantemente gerada na cidade.

A reunião papal elegeria em 22 de outubro de 1303, em um rápido conclave, para a época,


Niccoló Bocassini, mestre dos dominicanos, que assumiria o nome Bento XI (1303-1304),
cardeal de Ostia.

Um dos primeiros atos do novo Papa foi a excomunhão de Sciarra Colonna e Guglielmo de
Nogaret, que haviam atacado o papa Bonifácio VIII. Transferiu a residência papal para Perugia.

O rei Felipe IV, o Belo, solicita a ele abertura de processo contra o falecido Papa Bonifácio VII.
Pierre Dubois escreveria na obra “De recuperatione Terrae Sanctae” sobre as disputa gerada
entre Felipe IV e Bonifácio VIII, com relação ao pedido do rei a Bento XI:

“O sumo pontífice, que muito é ocupado e marcado da grande cura que deve dedicar as coisas
espirituais, assim que não parece que possa atender na medida suficiente ao regimento das
coisas temporais, sem prejuízo das espirituais, deve de ter considerado quanto a ele
usualmente encaixou dos frutos e proventos e quanto lhe permanece, depois de haver
deduzido as despesas e o habitual encargo, entrega as coisas temporais a qualquer grande
príncipe ou rei (....)”
Mas o papa teria um pontificado curto, vindo a falecer e, 7 de julho 1304. O Conclave para
substituir Bento XI durou onze meses e elegeu o arcebispo francês de Bordeaux, Bertrand de
Got, com assumiria o nome de Clemente V (1305-1314).

Bertrand contava sobretudo com o apoio do rei Felipe IV, mas seu pontificado teria pela frente
problemas a serem resolvidos.

 O processo de Bonifácio VIII


 Criação de um colégio cardinalício
 Concluir a paz entre França e Inglaterra
 Questão dos templários que haviam sido destituídos por Felipe IV
 Grave situação em Roma e na Itália em geral.

O papa foi coroado Papa em Lion, França, e não em Roma. Foi um Papa manipulado por Felipe
o Belo e a corte francesa. Era fraco de saúde e de caráter. Praticou o Nepotismo como nenhum
outro. Nomeou cinco parentes como cardeais, membros da sua família se tornaram bispos e
receberam ricas dioceses. Houve desvio de dinheiro da igreja por parte de seus sobrinhos.

Como gesto para agradar a Felipe IV declarou ineficaz a bula “Clericus Laicos’. Anulou a
condenação por parte de Bonifácio VIII a Felipe o belo, dizendo que o “rei agiu animado dá um
zelo bom, sincero e justo, derivado do seu fervor pela fé católica”. Com relação ao pedido de
Felipe IV para condenar Bonifácio VIII, o papa afirmou que um Papa não poderia ser
processado pelo seu sucessor. Canonizou Pietro del Morrone, o Papa Celestino V.

Um fato político agitaria as águas do pontificado de Clemente V. Em 1º maio de 1308 morre


Alberto I d´Asburgo, imperador do sacro império germânico, que foi assassinado. A posição do
imperador do sacro império era importante para o tabuleiro político da Europa. Primeiro pela
posição estratégica dos países pertencem ao grupo, segundo pela força política que era
importante para qualquer pretensão na Europa. A eleição de um rival de Felipe IV geraria um
entrave para todas as suas pretensões. Foi escolhido para o cargo Henrique de Luxemburgo,
que seria Henrique VII, contrariando desejo de Felipe. O papa como desejoso de se proteger
contra a influência francesa, apoiaria a eleição de Henrique. O imperador Henrique VII
morreria em 1313, tendo o papa reivindicado após a morte do imperador a nomeação como
vigário imperial durante a vacância do referido posto.

A QUESTÃO DOS TEMPLÁRIOS

A ordem dos templário se concretizavam, além da função espiritual e de proteção; por ser uma
ordem de grandes posses e um farto caixa. Isto em tempos de guerra entre França e Inglaterra,
gerou a cobiça de Felipe IV.

Fundada em 1119 em Jerusalém por Ugo de Peyens e Godefroid de Sta Omer, para defender
os lugares santos e os peregrinos. Chamados templários porque a sede principal estava situada
na zona chamada “Templus Salomonis”

Felipe procurava sobre todos os aspectos pontos que pudessem representar deficiências da
ordem para levá-la ao fechamento. Surge o caso de Esquieu de Floyran, que narraria algumas
acusações com relação aos templários, era um dissidente da ordem. Ele relatava: era costume
dos templários ultrajar Cristo, adorar um ídolo e empenhar-se na sodomia. No momento da
admissão deveriam pisar sobre o crucifixo e cuspir na face de Cristo, renegar Cristo, adorar um
ídolo chamado Bafomet. Felipe aproveita o caso e prende dois mil templários franceses, sob
tortura, e em 12 de maio 1310 sacrifica 54 membros na fogueira.

É convocado um Concílio para Vienna determinado para início no dia 16 de outubro 1311,
serie o 15º concilio geral da Igreja. Sobre a mesa havia:

 acusações contra Bonifácio VIII;


 Resolução do problema dos templários
 Questões de fé e da Igreja
 Cruzadas
 As reformas a serem proferidas na Igreja.

0 Concílio de Viena teve 1/3 do episcopado, ou seja, duzentos e trinta bispo, 23 representantes
das ordens e os representantes do rei. Participaram entorno de 160 padres conciliares.
Determinou:

 A questão de Bonifácio VIII foi considerada encerrada;


 No que se refere as cruzadas, se decidiu pela concepção de uma decima por seis anos
 Afrontou algumas questões doutrinais, como as relativas a pobreza das ordem
franciscanos e o ensino da língua oriental nas universidade;
 Quanto a reforma da igreja houve duas interpelações de grande destaque: Bispo de
Mende, Guglielmo Durant: destacou que: “quem possuía uma trave nos olhos não
deveria preocupar-se de tirar o cisco dos olhos do irmão”. Antes da reforma da Igreja
era necessário reformar o papado; Guilhielmo La Maire, bispo de Angers, declarou que
a reforma deveria começar do papado.
 Templário foram dissolvidos por um ato administrativo do papa.
 Limitação do poder episcopal, obrigação de residência episcopal, dever do anúncio da
palavra, escarça formação do clero, inveja e baixo nível espiritual e moral do clero
recurso abusivo de pena eclesiástica chegando à excomunhão de centenas de pessoas
por parte do clero. Foram apenas debatidos.

Fidei Catholicae (concílio):

Além disso, com aprovação do sagrado concílio, condenamos, como errônea e contrária à
verdade da Fé católica, toda doutrina ou proposição que afirme temerariamente ou duvide que
a sustância da alma racional ou intelectual seja verdadeiramente e por si a forma do corpo
humano; e definimos para que a todos seja conhecida sem impureza a verdadeira Fé e se feche
o caminho a todos os erros, a fim de que sorrateiramente não entrem, definimos que todo
aquele que doravante ousar afirmar, defender ou pertinazmente sustentar que a alma racional,
isto é, intelectual, não é, por si mesma e essencialmente a forma do corpo humano, deve ser
considerado herege.

Clemente V morre em 20 de abril 1314, deixando ao sucessor uma péssima herança.

O conclave da sucessão de Clemente V estendeu até 1316 com duração de 2 anos e 3 meses, e
sobretudo se assistiu a uma disputa entre Franceses e Italianos. Foi eleito o francês Jacques
Duèse, adotando o nome de João XXII (1316-1334), tinha 72 anos de idade, modesto, conduta
irrepreensível, excelente canonista e boa formação teológica.
Acima de qualquer coisa foi um sustentador dos interesses franceses. Enfrentou problemas
como:

 Conflitos com o império germânico para a sucessão → eleição que se enfrentaram


Ludovico da Baviera e Federico o belo d´Áustria;
 Reivindicou o posto de como vigário imperial junto ao sacro império germânico.
 Papa acusado de heresia por parte de Ludovico que acusava o papa de luxuria em
detrimento da pobreza de Cristo. Baseando-se nas obras de Guglielmo Ocam e
Michele da Cesena
 Defende Guilhelmo Ocam que o primado do papa não é uma instituição
absolutamente necessário, derivada de Cristo. Apoiam Marsilio de Pádua e Giovanni di
Jandum
 Ludovico se faz coroar rei em Roma e declara João XXII deposto do pontificado como
herético e faz eleger Pietro da Corvara, franciscano, papa, que assume o nome de
Nicolau V (1329-1330)
 Em respota a Ludovico o papa João XXII proclama uma cruzada contra Ludovico que
retorna a Alemanha
 Enfrentou a polemica teológica sobre a alma dos justos, se retratando no leito de
morte(?)
 Papa João XXII sustentou a missão no oriente médio e extremo Oriente; Reorganizou a
cúria; representa o vértice do sistema hierocrático.

Em 4 de dezembro de 1334 morre o papa João XXII, sendo eleito em seguida o cardeal francês
Jacquer Fornier, que assumiria o nome de Bento XII (1334-1342). Seria o terceiro papa a reinar
em Avignon, França.

Em uma reunião do sacro império germânico em 16 de julho 1338, na cidade de Reims, os


príncipes eleitores declararam que nenhum imperador eleito tinha necessidade da
confirmação papal. Já na chamada dieta de Franco Forte se determinava que o poder deriva de
Deus e somente o papa tem o direito de coroar o rei eleito. Bento XII (1334-1342) – religioso
cisterciense. Lutou contra abusos no sistema administrativo e judiciário; observação na
obrigação de residência do clero; exame de idoneidade nas nomeações. Totalmente
dependente da monarquia francesa.

Outro fato geraria certo desconforto entre o papado e os príncipes do sacro império
germânico. Em 1341 a sobrinha de Luís IV, Margherita Maultasch se casou com o seu filho,
Marquês de Brandeburgo. O ato gerou uma censura papal por se tratar de membros da
mesma família. Neste interim o Papa Bento XII vem a falecer, tendo um novo conclave eleito o
beneditino Pierre Roger, que assumiria o nome de Clemente VI (1342 a 1352). Clemente VI
(1342-1352). O Pontificado foi marcado com caráter mundano, luxuoso e nepotista. Enfrentou
em 1348 a peste negra, que devastou um terço da população da Europa. Ligado as causas
francesas com mais ênfase que seus sucessores. O papa excomungou Luis IV do sacro império
germânico.

No ano de 1347 morre Luis IV e em seu lugar é empossado Carlos IV de Luxemburgo. Neste
tempo Marisilio de Pádua escreveria a obra “Defensor Pacis”, uma obra que narrava os
conflitos de sua época e tentava consolidar o poder temporal sobre a ameaça de dominação
do poder papal sobre a esfera política. Escrevia ele:
“cada poder político está fundamentado sobre o povo e seus representantes. Cada poder
eclesial se fundamenta sobre comunidade cristã. A Igreja como instituição vivente na pobreza,
a imagem de Cristo, é em tudo subordinada ao Estado”.

O papa Clemente VI morreria em 1352 e em seu lugar foi eleito Etienne Aubert, outro papa
francês que reinaria a partir de Avignon. Tomou o nome de Inocêncio VI (1352-1362) Teve uma
conduta irrepreensível a frente do papado, era amante da paz e reformador.

Em 6 de dezembro de 1362 morreria o papa, e o conclave sucessivo elegeria a Guglielmo de


Grimoar, francês, benedito, que assumiria o nome de Urbano V (1362 –1370) Foi uma homem
e papa severo nos costumes, reformista, genioso e religioso, promotor dos estudos científicos.
Considerado o melhor dos papas do período de Avignon. No ano de 1366 Carlos IV,
imperador, vai pessoalmente a Avignon solicitar o retorno do papa a Roma. Em 30 de abril
1367 o papa deixa Avignon e chega em 4 de junho a Corneto, Estado da Igreja. Fixou-se um
tempo em Viterbo, e depois em Roma. Retorna em 5 de setembro 1370 a Avignon. Morre em
19 de dezembro 1370. Seria posteriormente eleito outro francês Pierre Roger de Beaufort com
o nome de Gregório XI Gregório XI (1370-1378). Agiu fortemente contra os insurgente de
Florença e declarou severas sanções eclesiásticas. Em 1376 jovem Caterina Benincasa de Siena,
se colocou como mediadora do conflito de Florença. No final de 1376 papa deixa Avignon e
entra em Roma, estabelecendo sua residência no vaticano. Morreu em 1378 e foi o último
papa Francês. Encerrando o tempo do papado de Avignon.

O tempo do papado em Avignon foi sobretudo:

 Danoso ao prestígio da Igreja;


 Provocou a centralização do governo da Igreja;
 Gerou uma corte luxuosa;
 Submissão a monarquia francesa;
 Causou grandes despesas para construções;
 Nepotismo
 Oposição entre Igreja carnal (Igreja que é servida) preocupada com o próprio poder) e
a Igreja Espiritual (Igreja que serve – livre da ligação do poder e da política)

Colégio de cardeais no tempo de Avignon se tornou essencialmente francês: 113 franceses


(maioria proveniente sul da França), 14 italianos, 5 espanhóis, 2 ingleses)
A IGREJA TRICEFALA
A TÚNICA DILACERADA

A eleição de Urbano VI em 8 de abril de 1378 seria marcada pela divisão dos cardeais
franceses, divididos entre o sul da França e o restante da França. Eles representavam 16 dos 23
cardeais votantes no colégio cardinalício. Outros quatro era de origem italiana. Assim a
tendência seria pela preferência dos franceses que acabaram se dividindo. O conclave foi
realizado entre 8 e 9 de abril de 1378. Sobretudo exigia-se neste tempo um papa italiano,
diante de um longo período anterior marcado por papas de origem francesa. No dia 8 decide-
se pela eleição de Bartolomeo Prignano, arcebispo de Bari, que assumiria o nome de Urbano
VI. Tinha o apoio de Giovanna I d´Anjou, rainha de Nápoles e dos chamados limosine franceses.
A eleição foi contestada pelo cardeal Orsini e um outros ultramontanos.

Um grupo de cardeais, diante das exigências do povo italiano revestiram o cardeal Tebaldeschi
e o apresentam como papa, o que não passara de uma farsa para conter a multidão, visto que
o novo papa já havia sido eleito. Urbano VI inicia uma reforma na Igreja, cortando privilégios
dos cardeais, cobrando residência dos cardeais, bispos e padres; demonstrou personalidade
incômoda e altamente problemática.

O Concílio de Latrão em 1179 já havia determinada que seria necessário o número de dois
terços de votos para eleição de um papa. Com o descontentamento de parte dos cardeais,
treze cardeais ultramontanos se reuniram em Anagni e declararam a eleição de Urbano VI
invalida e determinaram Urbano VI como “anticristo” apostata, demônio e tirano. Neste
período, para compor um colégio cardinalício que fosse a favor dele, Urbano VI cria 26 novos
cardeais.

O grupo ultramontano elegeu em reunião o cardeal Roberto di Genebra, que passou a se


chamar Clemente VII. Desta forma se abre a dois papas em um mesmo período, fato inédito
para a Igreja. Em Roma governava Urbano VI e em Avignon Clemente VII

Clemente VII tinha o apoio da: França, Escócia, Reino de Castela, Aragão e Navarra, Portugal
(que mudou quatro vezes de posição). Já Urbano VI contava com o apoio da: Inglaterra,
Escandinávia e Europa Oriental, soberanias Italiana.

Pedro de Luna construiu um processo de invalidação da eleição de Prignano. Ao mesmo


tempo Urbano VI perde o apoio de Nápoles e excomungou Giovanni I rainha. Uma disputada
pelo poder centrada entre Carlo de Durazzo e Louis d´Anjou gerou pelo papa a excomunhão e
deposição de Louis, após a retirada de apoio ao papa.

As ordens religiosas também entraram na divisão entre os dois papas:

Ex: Dominicanos (19 províncias por Roma e 5 por Avignon); no culto: urbanistas veneravam
São Domenico e São Pedro Martine; Clementinos São Tomás

A divisão também passou a gerar dificuldades nas dioceses, algumas passaram a ter dois
bispos, um nomeado por cada papa, por exemplo a diocese de Constança.

Até os Santos foram colocados nesta divisão:


 Urbanistas: Santa Catarina de Sena, Santa Catarina da Suécia, Filhas de Santa Brígida,
Gerardo Groote e Fiorenzo Rdewjins.
 Clementinos: São Collette de Corbie, São Vicenzo Ferrer, Beato Pietro de Luxemburgo

A divisão gerava duas tendências:

A) Espiritualização do conceito de Igreja, no sentido que se chegou a uma concepção no qual a


Igreja se compõe dos justos que somente Deus conhece;

B) secularização da Igreja

No processo de tentativa de reconciliação o filosofo e teólogo alemão Langestein propõe a


demissão dos dois papas e realização de uma nova eleição “via cessionis”. Era uma tentativa
diplomática pela demissão de um dos dois. A universidade de Paris fez um plebiscito e levou-se
ao apoio da proposta de “via cessionis”

Em 16 de setembro 1394 morre Clemente VII, papa de Avignon, e é Eleito Pietro de Luna, com
o nome de Bento XIII, foi um papa austero e jurou pelo empenho pro unidade. Em 1398 o clero
francês decide pela retirada da obediência, retornando em 1403.

Houve uma tentativa de encontro entre os papas, mas morre Urbano VI e é sucedido por
Inocêncio VII e posteriormente por Gregório XII. Morre também o duque Louis d´Orleans, que
era irmão do rei francês, com isso é retirado apoio ao papa de Avignon, e a França assumiria
uma neutralidade diante do problema.

O papa Gregório XII, em Avignon, havia prática abertamente o nepotismo, promovendo seu
sobrinho a cardeal. Com isto nove cardeais retiram apoio e se reúnem em Livorno somando
com outros cardeais descontentes. Foram 14 cardeais (8 romanos e seis Avignon) formam um
novo colégio e convocam um concilio em Pisa. Em 25 de março 1409 na abertura do conclave
Pietro Filargio defende a realização do concilio. O concilio decide de depor os dois Papas e os
acusa de heresia e cismáticos. O concílio elege sobre influxo do cardeal Baldassare Cossa, a
Pietro Filargio, arcebispo de Milão, que assumiria o nome Alexandre V (1409-1410) o
sucederia logo em seguida por morte, Baldassare Cossa assumindo o nome de João XXIII.
Concílio de Pisa ao invés de resolver o problema, o agravou ainda mais.

Tratados eclesiológicos – conciliarismo

Na tentativa de uma resolução para o problema gerado foram publicados diversas obras e
artigos como:

Decretum Gratiani: “Em função do poder das chaves, o Papa há o supremo poder de jurisdição
na Igreja

Na questão da Infabilidade papal:

O desvio da reta fede compreende adesão a uma heresia condenada, que podia estender-se
também a um crime notório (Giovanni Teutonico)

Era inconcebível no tempo medieval que um superior fosse julgado por um inferior. Mas o
papa quando cai em heresia perde a sua grandeza, quando isto acontece é excluso da Igreja
Quem pode julgar o Papa? É claro que a resposta é essencialmente uma: o concílio. Ele é o
instituto extraordinário para dirimir os problemas doutrinais e disciplinares da Igreja.

Marsílio de Pádua (Defensor Pacis): o poder do papa não pode ser equiparado ao de um
príncipe. A missão da Igreja foi traída pela “donatio Constantini” quando o papa aceitou poder
e riqueza. Ocorre retornar a primeira forma. Autoridade do papa não vem de Deus, mas é de
origem puramente humana. Não tem diferença entre o papa e o último sacerdote. O poder do
Papa não tem origem divina ou apostólica, mas imperial. O poder de dirimir uma controvérsia
é do concílio e não do papa. O poder da Igreja não reside na hierarquia, mas na comunidade
dos fiéis.

Neste período que vai de 1378 a 1409 diversos concílios foram. Foram dois na França, sete na
Espanha, um na Inglaterra e um na Alemanha. Para dirimir problemas de fé: 6 na Inglaterra e
um na Boemia.

Cinco preposições consideradas heréticas:

 Pagando tributo, Cristo demonstrou a própria sotomissão ao poder temporal;


 Pedro não teve mais autoridade que os outros apóstolos
 Imperador pode punir e destruir o papado
 Todos os sacerdotes possuem o mesmo grau
 Os sacerdotes não possuem poder coercitivo, mas somente os imperadores

Pierre D´Ailly (1340-1420) para uma tentativa de solução do cisma dizia que não era um fim e
si mesmo, mas o primeiro passo para uma atuação de uma reforma eficaz na Igreja.
Francesco Zabarella (1360-1427) (Tractatus de schismate (1407-1408): A comunidade confere
autoridade aos prelado e ao papa por meio da eleição e do consenso. Com relação a
infabilidade é concedida a sé apostólica no sentido de toda a Igreja.
Jean Gerson (1363-1429) – Todo o edifício da salvação é organizado em uma pirâmide no qual
a graça de Deus desce como a cascata através da mediação angélica e hierárquica até os fieis.
Espera-se na hierarquia da Igreja a sua própria reforma. A Igreja é corpo místico de Cristo. O
poder é no papa, mas o mesmo poder é como um germe difuso na Igreja, pelo qual na
presente crise o concilio geral tem o poder, dado que se encontra de frente a um caso de
heresia e cisma.
Dietrich von Niem (1340-1418), somente o imperador compete convocar e presidir o concilio.
O concilio é superior ao papa em autoridade, dignidade, função; o papa é obrigado a
obedecer-lhe. O poder das chaves pertence ao concílio.

Concilio de Constanza (1414-1418)

Na tentativa de resolução para a crise dos três papados simultâneos na Igreja, o Papa João
XXIII convoca um concílio e o transfere a Constança, cidade imperial. Tentava ele ser
reconhecido como o único papa e confirmar o concílio de Pisa. Derrogou para si a presidência
do concílio, que é negada pelo imperador, estando o concílio na cidade imperial, e o concílio
passa a ser dirigido pelo imperador Sigismundo do Sacro Império Germânico.

Colocou-se a oportunidade do tríplice renúncia, dizendo sobretudo que o concílio estava acima
da autoridade do Papa.
Os papas não participaram, mas enviaram seus representados como o papa Gregório XII que
envia Dominici. Os alemães solicitaram o direito dos votos dos abades, doutores das
universidades e representantes dos príncipes em um sentido de proporcionalidade. Os
cardeais teriam o voto integral. João XXIII fugiu do concílio em 20 de março de 1415 fantasiado
de soldado.

O Concilio definia em 12 de março:

“a Igreja, e o concilio geral que a representa, é a regra que Cristo, segundo as diretivas do
Espirito Santo, nos deixou em modo que qualquer homem, de qualquer condição seja, também
o papa, tem que escutá-lo e obedecê-lo. Quem não o faz, deve ser considerado come um gentil
e um publicano.”

Decisão do concilio para dirimir os trabalhos:

a) O poder do concilio vem diretamente de Cristo, todos tem de obedecê-lo pelo que diz
respeito a fé e a extirpação do cisma;

b) O papa não transfira os funcionários da cúria e os seus ofícios.

c) Cada transferimento de prelados ou privação de benefícios em prejuízo do concilio seja


considerado nulo.

d) Não se criaria cardeais

O concilio de Constança não tem caráter para dirimir temas dogmáticos. Colocou-se em
discussão apenas o poder do papa e do concílio.

O Patriarca de Antioquia tomaria a palavra de dizia que o Papa não é submisso ao concílio, os
decretos deveriam ser aprovados pelo papa. O Papa João XXIII foi depostos após um processo
em 29 de maio 1415. O papa Gregório XII se demite 4 de julho 1415 e Bento XIII foi deposto
em 26 de Julho 1417 (embaixada frutuosa do imperador Sigismundo)

No dia 11 de novembro 1417 foi eleito Oddone Colonna, assume o nome de Martinho V (1417-
1431). Depois 39 anos a Igreja havia um líder reconhecido de todos. Martinho V era um bom
canonista, bom administrador, reservado e cortês. Após a morte de Martinho V em 1431
assumiria Gabriele Condulmer, patriarca de Veneza, com o nome de Eugênio IV (1431-1447),
era sobretudo Devoto, modesto e reservado.
As Reformas na Igreja

Sobre o aspecto:

Antropológico, reforma é a ação que restitui ao homem a semelhando com Deus destruída
pelo pecado; Para a filosofia é ação que tem a reportar o ato a uma forma precedente. Sob o
campo jurídico é uma ação de pacificação, de restituição da paz.

A reforma deveria ser na estrutura do vértice: papado, colégio cardinalício, cúria romana; ou
nos membros: aparato de base, dioceses, ordens e congregações.

As reformas podem ser externas, quando provocadas de um poder laico, como caso da
reforma protestante ou interna, se a reforma nasce de uma necessidade profunda.

Alguns textos que pediam a reforma da Igreja:

 Nicoló Cusa “la concordantia catholica”


 Dionisio il Certosino “De deformatione et reformatione Ecclesiae”
 Domenico de Domenichi “Il Tractatus de reformationibus Romanae Curiae”
 N. De Clamanges “De praesulibus simoniacis; De studio thologico; De corrupto Ecclesiae
statu”
 Dietich von Niem “De necessitate reformationis ecclesiasticae in capite et in membris”
 Matteo de Cracovia “De squaloribus curiae romanae e Speculum aureum de titulis
beneficiorum”

A situação na igreja no momento se compunha:

A) o papa e a cúria romana: Se reprova o regime fiscal e a riqueza, a reserva das nomeações, o
centralismo beneficente;

B) Episcopado: eleição simoníaca, acúmulo de benefícios, falta de visita pastoral, costumes


mundanos e guerreiros

C) o Clero: escândalos, ausência e negligência do cuidado pastoral, ignorância;

D) os leigos: ódio, transgressões e imoralidades;

Reforma da vida religiosa

Os Cartuxos, fundada em 1084 por São Bruno, Grande Chartreuse, França;

Foi difusa no século XIV: Ungria (1300), Austria (1313), Belgica (1314), Alemanha (1320,
Holanda (1331), Boemia (1340), Polonia (1360) e Escócia (1430). Tinha o controle dos monges,
Abreviação do Ofício, introdução Lectio Divina, fim da pompa e soberba dos abades. O
Mosteiro reformista foi o de Kastl, na Baviera (1380-1410).
Os Olivetanos

Foi Fundado em 1313, por São Bernardo Tolomei. Abriu 43 mosteiros entre 1344 e 1450.
Santa Francesca Romana (1433) com um grupo de abades no convento de Tor de Specchi cria
o grupo feminino, foi um grupo para orações e caridade, não impôs nem a clausura nem os
votos solenes

Jesuates

Comunidade laical, fundada por Giovanni Colombini (1360). Eram leigos que viviam a
humildade, na alegria como novos pobres por amor de Cristo e repetiam a oração do Pai nosso
e Ave Maria secretamente e proclamavam a invocação “Oh Jesus, Oh Jesus” – daí o nome
Jesuate. Não poderiam viver em peregrinação constante e tinham que tem residência fixa.
Foram seguidores do pensamento de São Jeronimo, era chamados de jerônimos: (XIV-XVI)
formaram-se muitas comunidades. Em 1435 Pedro Gambacorta fundaria os eremitas de São
Jeronimo com uma vida centralizada na pobreza e vida apostólica.

Carlos Guidi de Montegranelli fundou 1404 a Fiesole, como dissidente funda a ordem eremita
de São Jerônimo, sobre a regra de Santo Agostinho. Fernando Yanes de Figueroa e Pedro
Fernández Pecha, 1370 criam nova ramificação no qual possuem uma estrutura unitária, mas
flexível. Os monges se dedicavam ao culto divino, a contemplação e ao trabalho.

Minimos

Fundada em 1444 por São Francisco de Paula. Reuniu em Paula na Calábria alguns
companheiros que queriam viver o seu mesmo ritmo penitencial: estreita quaresma
(abstinência perpetua da carne e derivados de animal) e esmola. Importante testemunha
evangélica, que tinha como conteúdo a oração, o jejum e caridade.

Canônicos seculares de São Jorge em Alga

Fundada entre 1402 e 1404 por Gabriele Condulme, futuro papa Eugenio IV. O objetivo era de
viver uma vida de perfeição sem votos, sem regras, vivendo na pobreza e mendigando. As
normas decisivas da vida eram o Evangelho e a caridade. Foi síntese de uma vida devota,
humilde e solitária, unida a solenidade das celebrações litúrgica. O ideal era de viver como
presbíteros de vida comum, empenhados a realizar uma vida mais comum. Influenciaram
Santa Justina . Foram extintos pelo Papa Clemente VIII em 1668

Vida de Observância

De maior importância nos séculos XIV e XV teve como elemento inspirador o retorno às
origens, isto é, a regra primitiva que deve ser observada. Comportou importante
transformação institucional que constitui a essência do voto benedito, a abolição do encargo
vitalício do abade e autonomia das abadias.

Os beneditinos negros

Fundada por São Benito de Valladolid (1390), as suas características são: Clausura com grade e
roda (como das clarissas), a vida no monastério é marcada por um clima de contemplação:
lectio divina, meditação, liturgia e silêncio. Santa Justina de Pádua na ramificação feminina
chamada de Observância de Santa Justina. Foi a congregação mais importante. Ludovico
Barbo, aboliu o cargo vitalício do abade, proibiu a mobilidade dos monges que podiam mudar
de um monastério a outro e impediu a autonomia de cada abadia.

Definiu a uniformidade da liturgia (novo breviário 1447), aboliu a dupla missa abacial, colocou
sobre controle as despesas e a posse de dinheiro (um monge não poderia manter consigo por
mais de 24 horas prata ou ouro sobre pena de excomunhão), proibido solicitar veste, usar
cavalos de “raça”.

Difundiu a “devoção moderna”, com a imitação, na forma da oração e meditação. Fixou em


cada dia da semana um argumento: as segundas meditação sobre a criação, segunda sobre o
pecado original, terça mistérios da vida de Cristo. O esquema comum de meditação era
tripartido: composição do mistério em modo figurativo, aplicação a vida e afetos. Pouco a
pouco absorveu outros monastérios

A eleição do abade e do capítulo era composto somente de prelados, sem conventuais, para
não ameaçar o comportamento dos outros monges. O poder estava na mão do capítulo geral,
exército pelo abade, e assegurou poder de governo e unidade na evolução monástica.

Beneditinos Brancos

Cistercienses

Fundada em 1425 por Martinho de Vargas, na Espanha, um gerolomino, autorizado a reformar


os filhos de São Bernardo. Fundou o monastério de Monte Sion. Tornou-se congregação em
1434 após incorporar alguns mosteiros. Três anos depois surge a congregação de São
Bernardo na Itália estruturada sobre o modelo de Santa Justina e incorporou 45 mosteiros dos
85 existentes. Em 1474 Pietro Donato funda a congregação de São Michel de Murano, com
elementos eremíticos. Em 1520 Pietro Quirini e Paolo Giustiniani fundaram o mosteiro de
Monte Corona. Baseada em uma vida monástica de eremitas calmadolenses. Em 1485 foi
fundada a congregação de Santa Maria de Vallombrosa que pouco a pouco absorveu outros
mosteiros.

Vida de Observância Mendicante

As ordens mendicantes começaram a sofrer uma grave queda dos números de membros
(“donati e oblati”), passaram a agregar crianças que eram oferecidas pelos pais para formação,
na tentativa de estancar o problema de vocação. Viviam desordem e pobreza no campo. Uso
desaprovado de bens pessoais (dominicanos era proibido a propriedade individual e uso de
coisas supérfluas)

A comunidade dos mendicantes se modelava sobre a comunhão fraterna e dos bens a


imaginação da comunidade de Jerusalém. Missa, oração, bens, dormitório; tudo era em
comum. Com o tempo começou-se a solicitação de dispensa. Muitas dispensas eram recebidas
através de pagamento. Enquanto com os monges a retomada do estilo de vida, reforma, veio
do alto, juntos aos mendicantes, sobretudo os franciscanos, o modo de renovação veio de
baixo.

Junto aos mendicantes os conventos reformados formavam uma província autônoma ao


interno da ordem, enquanto ao interno do mundo monástico foram formadas congregações
autônomas.

Linhas comuns da reforma

O caixa são responsabilidade do padre geral em uma província. As províncias tiveram uma
autonomia que: a) as vezes origina de uma ordem nova com própria geral; b) as vezes
observância contagia as outras províncias que são assim conquistadas pelo movimento de
renovação.

As congregações de observância mendicantes se caracterizam por:

 Uma vida mais austera e retirada


 Uma pobreza mais autêntica e verdadeira
 O retorno a vida comum
 Um clima de oração mais intenso
 Uma menor consideração dos valores intelectuais.

Os Franciscanos de observância

Paoluccio di Vagnozzo Trinci (1368) com permissão ministro geral da ordem pede a reabertura
da casa de Brogliano. Não adotou um habito diferente e não subtraiu a obediência:

A) constitui-se em pequenas fraternidades

B) vida semi-eremítica

C) renúncia aos bens imóveis e rendas.

D) alternância de vida retirada e apostolado

E) abertura ao estudo.

Na França a observância teve a primeira fundação em Mirebou-em-Poitou em 1388. Os frades


restavam no convento, se dedicavam a oração e ao trabalho manual e saiam somente para a
evangelização. São Colette Boylet de Corbie passou através muitas comunidades, porque se
senti investido da vocação para reformar os franciscanos. Fundou 17 conventos femininos e
reformou sete conventos masculinos que não queriam se ligar aos observantes porque
consideravam a regra muito branda.

Na Espanha a observância começou em 1390 com grande impulso de Pedro de Villacreces que
modelou a reforma sobre os seguintes pilares:

 12 horas de oração ao dia


 Pobreza extrema na comida, alojamento, hábito, igreja;
 Silêncio e obediência rigorosas
 Exclusão ao estudo.

A reforma se difundia na Hungria, Bósnia (foram chamados de Bernardini) na Polônia, Áustria,


Boemia, Lituânia, Holanda, Irlanda e Inglaterra. Entre os conventuais e os observantes houve
uma fase longa de conflitos. No capítulo geral de Assis de 1430 selou-se um acordo para que
todos retornassem a pobreza original. Papa Leão X com a bula “Ite vos” concede
independência total aos observantes.

Dominicanos

Durante o cisma estavam divididos em duas obediências com dois superiores diversos:

A) Geral de Avignon (J. de Puinoix) - introduziu normas típicas da reforma: obrigação de


dormitório em comum, a pobreza (deveriam privar-se de bens que possuíam
privadamente); os quartos não podiam ser alugados e nem vendidos aos frades que
podiam desembolsar cifras correspondentes.
B) São Vicente Ferrer no “tratado da vida espiritual” convidava os frades a meditação
cotidiana de uma hora, os incitava a pobreza, queria a restauração da obediência, da
direção espiritual, que os frades comessem somente o suficiente, espírito apostólico.
Raimondo de Capua, eleito mestre geral, em 1380 organizou para que cada província
deveria ter um convento espontâneo pra quem decidisse abraçar a vida de
observância. O primeiro em 1389 foi o monastério de Colmar, posteriormente a Itália e
depois se difundiu com rapidez.
Subtraiu-se os conventos observantes dos provinciais nomeando vigários gerais
somente respondendo ao mestre geral.
Diferentemente dos franciscanos, no caso dos dominicanos, a reforma se deu do alto
para a base.

Os carmelitas

Germinou assim uma reforma espontânea: Florença (1412-1413), Mantova (1423),


Palermo, Inglaterra, Irlanda e Alemanha. Houve a união de 33 conventos e 177
religiosos com uma congregação de Mantova que conseguiu autonomia 1442, com as
seguintes características:
 Não aceitava aternuar o fato da abstinência e jejum
 Recusava os privilégios papal
 O dinheiro devia ser colocado na caixa comum
 Vigário geral deveria ser subordinado ao prior geral
França surge uma outra congregação em Albi, criado por Luigi d´Amboise.
(Congregação de Albi). Giovanni Soreth: entendia que havia a necessidade de um
retorno a observância da regra. Olhar ao passado, a tradição; mas com um olhar no
futuro: “Devotio Moderna” (interioridade, afetividade, separação do mundo,
cristocentrismo, vida espiritual com insistência sobre a obediência, humildade, amor
ao silêncio, paciência, recusa a mística abstrata.

No ano de 1462 se publicaria uma nova constituição:


 obediência: luta contra os benefícios
 Vida comum: restrição dos privilégios acadêmicos, limitação das saídas dos
conventos, obrigação da missa em comunidade, simplicidade dos quartos
 Pobreza: restrição acerca da tradicional liberdade de possuir e administrar
bens temporais, abolição dos privilégios de aumento de propriedades
individuais,
 Noviços: primeira legislação para a formação dos noviços
 Estudantes: Precedência a vida religiosa.
 Liturgia: desenvolvimento digno e devoto do rito, cuidado dos edifícios,
uniformidade acerca do oficio divino

Objetivos:
Estimular as religiosas a um melhoramento da observância religiosa em vista da
comunidade, difusão constituição e exortação a vida espiritual
Com a fundação dos conventos reformados, no qual se praticava o seguinte estilo de
vida: renúncia aos bens temporais, privilégios, isenções, vida comum e clausura,
obrigação do coro para o oficio divino, cuidado na formação dos candidatos, direito de
eleger-se prior na pessoa de um reformado.

Agostinianos

Com a peste negra os agostinianos perderam 5.084 frades. A reforma foi uma “faísca
múltipla” começando por Siena (1387) e se espalhando por todos os conventos.

Servos de Maria

Nasceram como ordem voltada a pobreza e contemplação, transformando-se em


ordem mendicante apostólica. A reforma começou com o retorno ao monte Senário.
Abriram outras casas em Brescia, Vicenza. Em Cremona o Papa Eugenio IV decidiu de
constituir uma província de observância(1440). Em 1473 Monte Senario se separou da
observância para atender a contemplação.

“Devotio Moderna”

Iniciado na Holanda, por Gerardo Groote, o movimento de “devoção” que significa a


virtude da religião. Objetivo moderno segue uso da cultura do tempo que distinguia a
escola “occamista” como “moderna” em relação a “antiga”, isto é, da escola da
escolástica da época de ouro, de São Thomas e São Boaventura.
A devotio moderna é, portanto, uma espiritualidade dos séculos XV-XVI que propõe
uma espiritualidade nova, diversa e contrastante em respeito a tradição Holandesa-
Espanhola que era em sentido mais abstrato.
A devoção flaminga.

Fundada por Gerardo Groote di Deventer. Era um homem convertido após o contato
com os certosines. Não ficou na certosa porque se sentia chamado a vida apostólica,
também recusou sempre o sacerdócio. Era um homem eficaz no anúncio da palavra.
A vida comum significava algo popular, possível a todos, igual para todos. Do ponto de
vista histórico espiritual se refere a um estilo de vida íntimo, que gera comunhão.
“ninguém pode ter uma vida em comunidade se não é um homem contemplativo”. A
vida absorvida por Deus na contemplação rende ao fiel a capacidade de ser
comunicativo, enquanto pode indicar Deus.

Em 1374 Groote reuniu em uma casa 16 mulheres que sobre os seus sucessores se
desenvolveram em uma comunidade sem votos, mas vivendo em pobreza, castidade e
obediência. “As irmãs da vida comum”. Já por volta de 1450 contavam com 400 casas.
1383 um companheiro de Groote, Fiorenzo Radewijns, fundou “Irmãos da vida
comum”; também uma comunidade sem votos, regras monásticas e estruturas rígidas.
Os irmãos, além da oração, trabalhavam com a tradução de livros. A vida era simples.
Se ocupavam do ensino as crianças e jovens em pensionatos no qual se dava amplo
espaço a devoção. O colégio de Montaigu em Paris, foi um deste institutos
educacionais, lá estudaram Erasmo de Roterdã, Santo Ignácio e Calvino. No ano de
1386 funda-se uma casa de comunidade separada do mundo.
A Tendência sobretudo era anti-especulativa, era porém uma aversão a uma
espiritualidade intelectualizada demais, típica das escolas, pelo qual a vida espiritual
era reduzida a uma discussão de Deus sem falar com Deus.
Tendência prático afetiva: forma de espiritualidade previa um referimento constante
de imitação de Cristo, de seguir as suas virtudes, e no qual deveria suscitar afeto.
Tendência metódica: que levou a regulamentar os exercícios de piedade, que era
baseado em uma meditação de divisão, fração, esquematização da oração.
Tendência individualista e intimista: deixava pouco espaço a igreja e ao apostolado,
quase como uma opção e um não empenho consequente do batismo.

Reforma do clero secular

Foi uma reforma fraca e não geral. Os principais aspectos que dificultaram foram:
Os seculares eram mais ligados a religião civil, e existia no grupo uma maior
solidariedade com a família e o país. Faltava a eles uma instituição formativa
suficiente, mas a grande dificuldade foi a falta de empenho dos bispos para empenhar-
se.

Dificuldades:
A escolha de um bispo era, em geral, determinada:
A) política: o episcopado era de certa forma provido de grandes e importantes
famílias. Os bispos estavam sujeitos ao acúmulo de benefícios por parte da Igreja,
principalmente nas grandes sedes episcopais.
B) intelectualidade: os estudos universitários eram considerados uma importante carta
para a carreira eclesial
C) Moral
Clero inferior

Em geral o modelo de formação do clero respondia:


 Modelo sacrifical: a família escolhia um dos filhos e o oferecia a Deus;
 O modelo social: um ou mais filhos era encaminhado ao estado clerical em
razão do prestigio social que conferia;
 O modelo cultural: se ascendia ao estado clerical para que se pudesse dedicar
ao estudo.
Formação
 A maior parte era formada por um pároco local. Aquele que recebia a tonsura
servia a missa, era o sacristão; cantava no ofício dos defuntos ou se tornava
professor.
 Após aprendia a desenvolver bem o rito e a ler o missal. Em geral tinha-se
como objetivo somente o serviço pastoral.

Existiam dois tipos de padre:

 Os padres de missa: viviam com as famílias e trabalhavam campo


 Os padres que eram cura. Conheciam a fórmula dos sacramentos, Summa de
Pietro Lombardo, livros de decreto, direito e deveres do estado.

No ano de 1435 o Bispo de Tortona criou um colégio para educação de 12 aspirantes a


ordem religiosa. Em 1436 Eugenio IV criava um em Florença e um a Pistoia. Em 1438
Criado outro em Pádua, Urbino, Bologna e Olona; 1439 em Verona; 1440 Veneza e
Catania. Em 1447 Ferrara.

Em 1456 Cardeal Dominica Capranica fundou um colégio para a formação do clero.


Fez uma doação do seu patrimônio, contendo uma rica biblioteca, e fundou em Fermo,
o Sapientia Firmana.
Iniciava-se com 31 jovens romanos pobres entre 15 e 25 anos. Estudavam Teologia
baseada sobre a doutrina de São Thomás de Aquino – com duração de três anos.
Todas as sextas haviam disputa jurídica e teológica. Nas férias deveriam se dirigir a
Igreja de Santa Maria Sopra Minerva para escutar as homilias.
Em Paris o colégio de Montaigu, fundado em 1344, foi entregue a direção a Giovanni
Standonck, que introduziu a matéria de teologia. Após fundou ao lado o colégio
“Dommus pauperum”, mantido com a pensão que pagavam os estudantes de melhor
condição financeira. O curso era fundamentado na estrutura nominalista, sem
nenhuma abertura a escolástica ou ao humanismo.

Vida pastoral

Pároco em geral não residia na paróquia. No seu lugar existia a figura do vigário que
era responsável pelas atividades paroquiais. Existia também um capelão que auxiliava
no trabalho pastoral.

Ordem mendicantes e o ministério pastoral

A presença de um convento dos menores assegurava uma irradiação espiritual.


Os franciscanos recusavam a cura das almas; procuravam ser solidários com os
últimos: marginalizados, leprosos, pobres; procurando atendimento as casas
destinadas a atendimento aos pobres.
Para os dominicanos e agostinianos a visão era outra. As duas comunidades tinham
raiz canônica. Asseguravam um notável trabalho pastoral com boa pregação.

“Grande é a vergonha dos sacerdotes, quando os leigos são mais fiéis e mais justos
que eles” (São João Crisostomo) (Domenico de Domenichi)
“Os olhos da Igreja caíram na escuridão” (Nicoló Cusano)

Confrarias

São associações de crentes, erigidas para cumprir obras de caridade ou a realização de


exercícios de oração.
Existiam:
 Confrarias de cultos: para obter a salvação através a penitencia (confrarias
penitenciais), a promoção de culto (Eucaristia, devoção dos santos, canto e
poesia);
 Confraria de caridade: Ajuda social aos necessitados (hospitais e demais
associação de caridade) espirituais (preparação para a “boa morte”, ou defesa
da fé diante dos inquisitores)
A estrutura era democrática, com os encargos eletivos e as decisões por voto da
maioria.
As confrarias mistas, compostas de homens e mulheres, eram exclusivas, mas havia
confrarias femininas. Para participar de uma confraria era necessário boa conduta
moral, oração pelos irmãos vivos e mortos, participação na celebração eucarística e
ofício dos fiéis defuntos.
As confrarias passaram nesta época por uma necessidade de renovação, pois muitas
haviam desviado o seu próprio sentido espiritual e dedicaram-se a construção de
estradas, pontes etc.
A renovação passou por três direções:
 Renovação espiritual (missa quotidiana, rosário, castidade, prática da
disciplina)
 Atenção aos pobres
 Finalidade apostólica (Devoção ao santíssimo sacramento)

Disciplinados

Por volta de 1260 dedicado a grande devoção, nasce o movimento dos disciplinados
que se tornaria uma confraria mais tarde. Uma segunda fase se volta pelo ano de
1349. Eram homens vestidos de preto com duas cruzes vermelhas, andavam em
procissão pelas cidades durante 33 dias e duas vezes ao dia faziam penitência.
Difundiam ideias errôneas, como a flagelação era um ato para o perdão dos pecados.
Por volta 1399, se tornou mista, vestiam branco com a cruz vermelha nas costas para
os homens e um capuz para as mulheres, ambos descalços. Abstenção de carne,
jejuavam a pão e água no sábado, deveriam observar a castidade e se apresentavam
gritando “misericórdia”.

Confraria de devoção

Fundada por Gonfalone, se passou da pratica penitencial a meditação da paixão e da


oração. Nasceu da reunião de quatro outras confrarias: recomendados, Cia de
Santíssimo Pedro e Paulo, Companhia de Santa Maria e Santa Helena.
Confraria do Salvador, nasceu na Igreja de S. São de Latrão diante do ícone do
salvador, organizava precisões solene, tinha atividade assistencial entre o coliseu e a
igreja de S. João, e trabalhavam no hospital de Santo Ângelo.
A Confraria do Santíssimo Sacramento, não somente para a adoração ao santíssimo
sacramento, mas também para reprimir a soberba dos modernos heréticos,
procuravam defender a igreja do protestantíssimo que negava a presença real de
Cristo na Eucaristia.

Cia da Doutrina Cristã

Junto ao oratório de São Filipe Neri e Paulo em Milão nasceu a primeira confraria de
doutrina cristão. Reunia clérigo e leigos para ensinar sobre os elementos básicos da fé
e dos costumes. Os integrantes deveriam ter uma vida ilibada, fazerem penitência,
fortificar-se em oração diante do Santíssimo Sacramento. Cada escola deveria ter um
confessor

Oratório do Divino Amor

Para muitos o oratório do divino amor já era um prospecto da reforma da igreja antes
de Lutero. Teve seu início em Genova influenciado por Santa Catarina de Genova, com
o objetivo a vida mística e ao trabalho nos hospitais. Desenvolveram um grande
trabalho junto aos doentes, sobretudo aqueles incuráveis. Tinham uma vida espiritual
muito intensa: “(...) Porém quem quer ser verdadeiramente irmão desta companhia
seja humilde de coração ao qual a humildade é o traço de todos os costumes e
instituições desta fraternidade, e porém em cada um direcionamento da mente e da
esperança em Deus, em meta Nele o seu afeto (...) pertinente a caridade de Deus e ao
próximo”.
Na devoção moderna, a via deve ser orientada constantemente a Cristo por meio da
oração. De Genova passou-se a Roma ao hospital São Tiago para os incuráveis. Logo
após a Brescia, Veneza, Napoli. O divino amor fundou ao menos 11 hospitais dos
incuráveis.

Cia dos Brancos

Nasce do oratório do divino amor. Se ocupou da assistência aos condenados à morte,


de visitar os encarcerados, os pobres e redimir as mulheres adulteras.

Arquiconfraria de São Tiago da caridade


Fundada em Firenze, confraria mista, que operou obras de misericórdia:
A) nutrir os pobres envergonhados pela condição de dificuldade;
B) visita aos encarcerados
C) Enterrar os mortos e transportar os doentes ao hospital
D) Cuidar dos convertidos
E) Cuidas das viúvas e órfãos.

Clérigos regulares

Entre 1524 nasce os clérigos regulares, um grupo de clérigos e leigos que vivem a vida
comum, e além dos três votos tradicionais incluem o quarto voto: “objetivo
apostólico”
Evangelho e a vida apostólica dos doze com Cristo
Estavam voltados a construção de uma comunidade primitiva, como a comunidade de
Jerusalém, e fundamentados na tradição da Igreja.
Em 1582 foi fundada a ordem dos Camilianos, Clérigos regulares ministros dos
enfermos
Clérigos regulares menores, fundado por Giovanni A. Adorno e São Francisco Carcciolo
em 1588.
Clérigos regulares da Mãe de Deus, fundado por Lucca de S. Giovanni Leonardi (1574)
(padres reformados da Santíssima Virgem)

Teatinos

Nasce a partir do oratório do Divino Amor, fundada por Gaetano Thiene, Giampietro
Carafa, Bonifacio De Colli e Paolo Consiglieri
A reforma deveria nasce de “si mesmo”, com a conversão de vida, exercício de obras
de caridade e apostolado adaptado as necessidades do tempo.
Prática da oração mental, jejum, refeições acompanhadas pela leitura da sagrada
escritura ou textos dos Padres da Igreja.
Dedicavam a evangelização, serviço aos enfermos.

Somascos

Companhia dos servos dos pobres, 1534, Girolamo Emiliani.


Dedicação e cuidado aos incuráveis, as viúvas, prostitutas e a cura dos órfãos e
abandonados.
Dividem-se em dois tipos:
 Sacerdotes ou irmãos de votos solenes
 De votos privados.
Em 1579 assumiram a direção de seminários e colégio, como o colégio Grego e o
colégio Clementino, Roma.

Companhia de Jesus

Fundada por Santo Inácio de Loyola. Formou a primeira comunidade com Francesco
Saverio, Fabre, Salmeron, Bobadilla, Rodrigues, Lainez; em 15 de agosto de 1534.
Faziam os votos de pobreza, castidade, obediência, evangelização-missão
Objetivo é a propagação da fé e apostolado na atividade pastoral e caritativa.
Três características:
 Centralização com ligação e obediência ao papa;
 Mobilidade, tempo maior e energia para serviço as almas
 Adaptabilidade, inserir-se nos mais variados ambientes e culturas

Compõe-se de três classes de religiosos:


 Os professos dos quatro votos solenes;
 Os coadjutores espirituais com três votos simples (sacerdotes admitidos ao
ministério e ao ensinamento)
 Coadjutores espirituais, (irmãos leigos) com três votos simples.

Apostolado dos Jesuítas foram:


 Evangelização: com a missão interna, nos países católicos e nos de influência
protestante;
 Caridade: através da formação, aos pobres com escola gratuita, nos seminários
e universidades.

Finalidade da companhia de Jesus:


Empenho na defesa e propagação da fé através oratória pública, ensinar o ministério
da palavra de Deus, exercícios espirituais, doutrina cristã as crianças e aos índios e a
consolação espiritual aos fiéis. Base da formação dos jesuítas era uma escola
humanista
Criaram colégios: Como exemplo “colégio Romano”, “colégio Alemão”, “colégio
inglês”, “colégio escocês”, “colégio Irlandês”. Fundaram o ensino da teologia e filosofia
no colégio.

Monjas

A vida religiosa feminina, no período tridentino tivemos a imposição da clausura.


Papa Pio V exigiu a clausura com os votos solenes, imposta a todas as comunidades. As
comunidades que recusavam poderiam continuar a existir, mas não poderia mais
receber noviças. Eram, portanto, condenadas a extinção.
Santa Teresa D´Avila dizia que a clausura compreende o espaço de liberdade para a
contemplação.
A segunda necessidade da clausura foi de cortar abusos.
Uma parte das monjas viviam a clausura com desenvoltura, uma parte resignada e
outra parte aborrecidas.
Arcangela Tarabotti ( 1064-1652) escreve “A simplicidade enganada ou tirana paterna,
O inferno monacal, O paraíso monacal, Ante sátira. Dizia que sobre a porta dos
conventos se poderia escrever “O inferno Monacal”
Contra a clausura lutaram: Angela Merici, Ludovica Torelli, São Francisco de Sales, São
Vicente de Paola.

Comunidades feminina de vida ativa


Giula Barone sinalizou a necessidade das mulheres no trabalho concreto da mensagem
do evangelho, na participação da associação penitencial, nas confrarias e nas terceiras
ordens. Nos Países Baixos teve-se um grande florescimento de comunidade religiosas
de vida ativa.
Ao interno da ordem das agostinianas desenvolveu-se as “irmãs negras” para o
favorecimento da vida apostólica no serviço ao outro.
Das terciarias franciscanas surgiram as “Irmãs cinzas” que observaram a regra da
terceira ordem.

Mulheres na renovação da Igreja

 Domenica da Paradiso. Criticou a teologia escolástica e escreve ao papa Paulo


II no qual recomendou amor e misericórdia
 Brigida da Suécia: Criou uma comunidade mista para evangelização
 Ludovica Torelli (1499-1569): Juntamente com P. Antonio Maria Zaccaria, e em
contato com Oratorio da eterna sabedoria, e com outros fiéis funda uma
família composta de padres, religiosos e leigos; e funda os chamados “Filhos
de São Paulo” – “Barnabitas” e posteriormente as “Filhas de São Paulo” –
“Angelicas” a regra mista laica nunca foi aprovada que foi chamada de
“Devotos de São Paulo”
Em 1552 o visitador apostólico impôs clausura as religiosas e separação das duas
comunidades.

 Caterina Vannini (1562-1606) depois de uma vida transgressiva, se converteu e


passou a morar ao lado do altar, pessoas vinham pedir a ela conselho, existia
verdadeira peregrinação
 Angela de Merici, se coloca sobre o contexto de uma igreja de serviço, no qual
pediu o respeito a disciplina antiga da Igreja. Convidava suas irmãs a obedecer
ao Espírito Santo, viver a comunidade Fundou a Congregação de Santa Ursula.
“Da vida aqueles no qual se imprime a forma de Cristo”

“A vida virginal é início do retorno a condição angelical ou vida segundo o espirito” (Santo
Ambrósio)

A vida no mundo é uma babilônia e aquela na clausura é uma cidade de paz (São Bernardo)

Falsas Santas

Elene Duglili, nutria seus devotos com o leite de seu seio, era virgem. Para os médicos
era pus, mas para o povo leite
Maria da Anunciação, Lisboa, ostentava estigmas, que na verdade se descobriram
tintas.

Reforma Papal

Com a more de Clemente VII 1534 a Igreja beirava o colapso, Roma fora saqueada,
Alemanha e Inglaterra haviam passado ao protestantismo. O Colégio cardinalício com
nomeações provindas de favores, os soberanos conferiam o cardinalato aos seus
representantes no vaticano que abdicava em favor deles para preenchimento do caixa
papal. Leão X em 1517 concedeu 31 nomeações, além de 13 outras que incluíam: um
primo, quatro sobrinhos e sete concidadãos.
Alessandro VI fez seu próprio filho cardeal; Júlio II nomeou três sobrinhos;
Portanto teríamos neste tempo:
A) formação de uma dinastia de cardinalícia das famílias italianas;
B) a presença de conjunto de banqueiros;
C) acúmulo de benefícios;
D) numerosa família dos cardeais que dependiam da Igreja;
E) construção dos patrimônios

Propostas reformistas

Com as dificuldades na metade para o final do XV séculos diversos documentos e


intenções de reforma foram sendo elaboradas.
 Em 1449 Domenico Capranica (1400-1423) foi encarregado de redigir um
programa de reformas a pedido de Martinho V de quem recebeu o
cardinalato, mas somente no governo do Papa Martinho V a proposta é
devidamente desenvolvida.
 Pio II solicitou a Domenico de Comenichi (1416-1478) um memorial de
reforma “De reformationibus Cuariae Romanae (1458). O autor salientava o
nepotismo, o luxo, a residência, a ignorância do clero, mas não ofereceu um
projeto orgânico de reforma.
 O cardeal Nicoló Cusano (1401-1464) também preparou para Pio II um plano
de reforma elaborada em 1459, “Reformatio Generalis”se inspirava na obra de
Dionigio l´Aeropagita, pelo qual afirmava que a Igreja era “Civitas Dei”, um
corpo místico no qual está em Cristo enquanto Igreja militante; o poder
absoluto é de Cristo e age na Igreja enquanto o Papa é comissário de Cristo.
Reformar é tornar a Cristo, pois a Igreja está envolta pela escuridão.
Criticava na sua obra o acúmulo de benefícios, e afirmava que seus membros
deveriam cuidar da igreja e dos hospitais, ter um observância sobre os
monastérios feminino, evitar os abuso das relíquias e sobretudo
Para ele o papado pertence a um homem também pecador e deveria existir
um ministério por parte dele, não de dominação, mas de serviço. Deveriam
evitar o luxo sobretudo para a família. Deveriam considerar-se ao serviço da
Igreja e cooperar para edificá-la.

A febre reformista perdurou por alguns decênios.


 O Paulo II pensou na reforma proposta por Sáchez de Arevala, que convidava a
conversão individual e obediência ao Papa, eram amigos do Papa Paulo II.
 Sisto IV pensou em uma bula de reforma, mas parou nas dificuldades impostas
por alguns cardeais.
 Alessandro VI nomeou uma comissão cardinalícia, que no documento final
convidava:o papa a aspirar e ser sucessor de Pedro e não de Constantino e dar
exemplo de virtude. Que os cardeais não poderiam ter mais de uma diocese.
Proibia a simonia na eleição papal Disposições severas contra a vida mundana
dos cardeais

As esperanças foram colocadas no Concílio Lateranense V e no Papa Leão X (37anos)


Tommaso Giustiniani e Vincenzo Quirini, calmadolenses, prepararam um programa.
Necessidade para o papa de renunciar ao seu papel político, para reformar-se e
colocar ao centro de seu governo o trabalho apostólico:
 Missão na América
 União dos cristãos do Oriente e conversão dos Hebreus
 Retorno ao espírito da origem e destinar a terça parte da renda eclesiástica
aos pobres, incrementando os hospitais.
 Mais severidade na admissão as ordens sacras
 Tradução da sagrada escritura
 Purificação das superstições relativa a veneração dos santos, aos milagres,
imagens e relíquias.
 Redução das ordens religiosas que se baseariam nas regras: agostinianas,
beneditinas e franciscana.

Pico de Mirandola: Humanista, no seu projeto de reforma procurou não ofender a


ninguém, portanto um projeto reformista criticado.

 Adriano VI (1522-1523) tentou um projeto de reforma mas não fui suficiente,


apenas indicou os pecados e não elencou os ações a serem tomadas. Tentou
fazer com que os Príncipes Alemães aceitassem a excomunhão de Lutero.

Cardeal Caetano (1523) propõe um projeto de reforma que incluía:


A) redução dos cardeais a 24 e escolha de pessoas dignas;
B) que o título de bispo fosse equivalente aos dados na antiguidade (primados,
arcebispos, patriarcas)
C) delegar protetores da cúria
D) controlar a renda dos cardeais
E) Clero mais instruído
F) fundação de colégios dotado de bons professores para formar bons pastores;
G) recuperação do catecismo
H) Pessoas dignas para a função de bispos
i) cuidado na escolha dos párocos.

Com a eleição de Paulo III (1534-1549) ele tentou operar uma reforma da Igreja.
 Renovou o colégio cardinalício com a nomeação de cardeais ex. Fischer e
Contrini.
 Favoreceu a restauração da vida religiosa aprovando os Teatini, Barnabitas,
Capuccinos, Somascos, Jesuítas, Ursulinas e Angélicas. Apoiou a reforma dos
agostinianos
 Convocou o concílio de Trento
Com o Papa Paulo III o colégio de cardeais foi composto de alguns prelados
comprometidos com a reforma como: cardeal Contarini, Cardeal Carafa, Cardeal
Toledo, dentre outros.
Foi nomeado em 1536 uma comissão com padres exclusivamente reformistas, sem a
presença de canonistas.
O documento apresentado em 1537 foi composto de cinco partes:
 Origem da relaxada disciplina eclesiástica
 Os abusos no estabelecer os ministros de Deus
 Os abusos que resguardam o governo do povo cristão
 Os abusos na concessão de graças e dispensa
 Os abusos a serem corrigidos em Roma.

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