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FACULDADE DE TEOLOGIA DA ARQUIDIOCESE DE BRASÍLIA

Curso: Filosofia – Disciplina: Introdução à Economia e História dos Sistemas Econômicos


Professor: Diác. Luiz Octávio de Aguiar Faria
Aluno: Felipe Serpa Aguilar – Período: 5º Semestre (matutino)

AÇÃO DO ESTADO NA ECONOMIA DE MERCADO FRENTE AO MONOPÓLIO


Instituições econômicas a serviço do homem: A ação do Estado
O Estado, enquanto instituição governamental e gestora de uma sociedade,
possui papel intrínseco na relação de regulamentação e manutenção do sistema
econômico vigente. No capitalismo ele deve primordialmente “conformar-se com o
princípio da subsidiariedade para criar situação favoráveis ao livre exercício da
atividade econômica [...] e estabelecer os limites da autonomia das partes para
defender partes mais frágeis” (CDSI, Nº 351, 2004).
Para conformidade de sua missão ela deve “elaborar uma legislação
apropriada, mas também orientar cuidadosamente as políticas econômicas [...] cuja
atuação deve permanecer livre de superestruturas e coerções autoritárias ou, pior,
totalitárias” (CDSI, Nº 352, 2004). Faz parte, em suma, de sua orientação evitar o
surgimento de monopólios industriais ou de serviço que limitem a possibilidade de
livre mercado ou que restrinjam a ação dos consumidores forçando-os a se
submeterem às politicas empresariais.
O Estado deve interferir, quando houver necessidade, na correta distribuição
de alguns bens e serviços que são necessários para a subsistência e crescimento
da população, ficando sua intervenção a cargo de “ater-se a critérios de equidade,
racionalidade e eficiência, e não substituir a ação dos indivíduos, contra o seu direito
à liberdade de iniciativa econômica”. (CDSI, Nº 354, 2004). Aqui é um contexto de
realmente “ensinar as pessoas a pescar” e não o “dar o peixe” ou criar a estrutura de
pesca que restrinja os cidadãos na sua capacidade de irem atrás da realização de
suas obrigações e seus deveres sociais.
Podemos concluir de maneira muito objetiva que é papel do Estado:
Fomentar as atividades das empresas no intuito de gerar bens de consumo e
empregos para a sociedade; agir com ponderação na intervenção do cenário
econômico, sem ser totalmente impositivo ou negligente; garantir equidade na
economia, evitando a existência de monopólios ou de quaisquer circunstâncias que
não favoreçam as ações do livre mercado ou que prejudiquem direta ou
indiretamente na capacidade do consumidor de agir livremente com relação ao
mercado de capital; e regulamentação jurídica dos aspectos das relações
econômicas.

Monopólio na economia de mercado


Segundo o economista Gregory Mankiw, uma empresa será monopolista se
for “a única vendedora de seu produto e se seu produto não tem substitutos
próximos” (MANKIW, p. 314, 2004). Uma empresa que detém um monopólio é
considerada como uma formadora de preços. Com isso querermos dizer que há
pouca existência de empresas que atuem no mesmo ramo e que possam ser
efetivamente concorrentes entre si, dificultando ou tornando inexistente um mercado
competitivo, o que acarretará em um controle individual do preço de venda de
produtos e serviços.
Sua causa principal é a chamada “barreira à entrada” que basicamente
representa a dificuldade apresentada para que uma nova empresa entre no ramo
para competir com aquela que detém o monopólio. Segundo Mankiw isso se dá
principalmente por três fatores: Quando
“um recurso-chave é exclusivo de uma única empresa; quando
o governo concede a uma única empresa o direito exclusivo de
produzir um determinado bem ou serviço; ou quando os custos
de produção tornam um único produtor mais eficiente do que
um grande número de produtores” (MANKIW, p. 314-315,
2004).
De qualquer forma, a ação do Estado estaria presentes na deliberação para
quaisquer um desses fatores, se tornando parcialmente ou totalmente responsável
quando há a existência de um monopólio dentro de uma economia.
Com exceção dos monopólios naturais, que por se enquadrarem de tal
forma, possuem vertentes que devem ser analisadas com maior profundidade,
podemos dizer que a maior parte dos monopólios apresentam um enorme risco para
os consumidores, uma vez que podem se ver reféns da capacidade dessas
empresas de serem tomadoras de preços, forçando-os a se sujeitarem a pagar
aquilo que eles quiserem exigir caso necessitem daquele produto ofertado.
A Doutrina Social e o Monopólio
Relacionando os princípios da atuação do Estado na equidade do sistema
de mercado apresentado pela Doutrina Social da Igreja, alguns dos que
fundamentam o surgimento de um monopólio econômico são contrários aos
requeridos. Isso acontece principalmente por conta da violação da garantia de
proteção aos mais frágeis da cadeia econômica e que não possuem capacidade de
custear decisões de uma empresa tomadora de preços. Esses fatores acabam por
restringir generalizadamente as ações dos indivíduos no exercício da liberdade de
mercado, tornando-os cada vez menos autônomos.
Há de se concordar que a Doutrina Social prega corretamente na
responsabilidade que o Estado deve possuir de se manifestar a favor da sociedade
em manter um ambiente econômico minimamente equitativo e equilibrado para que
uma maioria possua condições de participarem ativamente da economia. Contudo, o
que vemos é uma realidade de governo cada vez mais despreparada para lidar com
as mudanças agressivas do capitalismo. Talvez não consigamos ver também que
estes mesmos governos possuem capacidade para nos resguardar da realidade de
empresas de monopólio e de suas práticas abusivas, sucumbindo a cobranças
mercantilistas de interesses próprios. Existem disparidades entre fatores éticos que
deveriam sustentar uma sociedade e suas escolhas e ao contexto em que muitas
empresas de mercado estão situadas. As práticas do Estado na atualidade deveriam
estar mais avançadas na questão de garantir corretamente direitos e deveres tanto
das empresas como de seus cidadãos.

REFERÊNCIAS:
MANKIW, N. Gregory. Introdução à Economia. São Paulo: Cengage Learning,
2004

PONTIFÍCIO CONSELHO JUSTIÇA E PAZ. Compêndio da Doutrina Social da


Igreja. Santa Sé: Libreria Editrice Vaticana, 2004. Disponível em:
https://www.vatican.va/roman_curia/pontifical_councils/justpeace/documents/
rc_pc_justpeace_doc_20060526_compendio-dott-soc_po.html

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