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VENDA PROIBIDA

Jovens^
tt L ições Bíblicas

cÜo

Ensino Sadio e Caráter Santo


nas Cartas Pastorais
NEM TUDO
O QUE RELUZ
ÉOURO
As heresias históricas não morreram ou desapare­
ceram. Cada geração possui sua própria cota delas.
As versões modernas continuam a atormentar as
igrejas e a minar as boas novas de Jesus.
Heresias como pelagianismo, semipelagianismo e
teologia da prosperidade, estão presentes até hoje,
muitas vezes disfarçadas com novas roupagens, tra­
zendo confusão e engando para muitas igrejas.
Para proteger nossas congregações de suas nefas­
tas influências, nada melhor do que educá-las sobre
as verdades bíblicas e teológicas acerca da pessoa
de Jesus, de Deus e acerca da salvação.
Para mais informações
Aluno
3 ot r im e :

LIÇÃO 1 INTRODUÇÃO À PRIMEIRA CARTA A TIMÓTEO 3

LIÇÃO 2 O PROBLEM A DOS FALSOS M ESTRES 8

LIÇÃO 3 IN STRU ÇÕ ES A RESPEITO DA ORAÇÃO 12

LIÇÃO 4 IN STRU ÇÕ ES PARA AS M ULHERES 17

LIÇÃO 5 IN STRU ÇÕ ES PARA OS PASTORES 21

LIÇÃO 6 QUALIDADES PESSOAIS E ESSEN CIAIS PARA OS DIÁCONOS 25

LIÇÃO 7 IN STRU ÇÕ ES SO BRE O COM PORTAM ENTO NA IGREJA 30

LIÇÃO 8 O RESPEITO ÀS PESSOAS E O CUIDADO COM AS VIÚVAS 35


CASA PUBLICADORA DAS
CBO ASSEMBLÉIAS DE DEUS
Presidente da Convenção Geral das
Assembléias de Deus no Brasil
José Wellington Costa Junior
SEJAM FIRMES
Presidente do Conselho Administrativo Ensino Sadio e Caráter Santo
José Wellington Bezerra da Costa nas Cartas Pastorais
Diretor Executivo
Ronaldo Rodrigues de Souza Com a graça de Deus iniciaremos
Gerente de Publicações o terceiro trim estre do ano. Estud a­
Alexandre Claudino Coelho
rem os um tem a bem reLevante para
Consultor Doutrinário e Teológico
Elienai CabraL
os nossos dias: A s Cartas a Tim óteo
Gerente Financeiro e Tito. O o b je tivo é a p re se n ta r os
Josafá Franklin Santos Bomfim e n s in o s d e P au lo , um líd e r já ex ­
Gerente de Produção periente, para dois jo v e n s pastores
Jarbas Ramires Silva q u e e sta v a m in ic ia n d o a carreira.
Gerente Comercial V ere m o s q u e e stas cartas, em b ora
Cícero da Silva escritas em um a ép o ca distinta da
Gerente da Rede de Lojas nossa, contém im portantes orienta­
João Batista Guilherme da Silva
çõ e s para os Líderes e m em bros da
Gerente de TI
Rodrigo Sobral igreja quanto á v id a pessoaLe cristã.
Gerente de Comunicação A ca d a lição estudada, tem os a
Leandro Souza da Silva certeza d e q u e vo cê verá co m o as
Chefe do Setor de Educação Cristã cartas a Tim ó teo e Tito sã o v erd a­
Marcelo Oliveira d eiro s m a n u a is e c le s iá s tic o s q u e
Chefe do Setor de Arte & Design n os e n s in a m a v iv e r c o n fo rm e a
Wagner de Almeida
v o n ta d e d e D e u s a té q u e J e s u s
Comentarista
venha arrebatar a sua Igreja.
Silas Queiroz
Editora V iv e m o s te m p o s tra b a lh o s o s
Telma Bueno e não p o d e m o s nos d e s c u id a r da
Revisora s ã d o u trin a p ara q u e v e n h a m o s
Verônica Araújo re c h a ç a r a s m u ita s h e re s ia s q u e
Projeto Gráfico, Designer e Capa rondam a igreja.
Suzane Barboza
Fotos Q ue D eus o(a) abençoe.
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Até o próxim o trimestre.


RIO DE JANEIRO - CPAD MATRIZ
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INTRODUÇÃO A PRIMEIRA
CARTA A TIMÓTEO
TEXTO PRINCIPAL LEITURA S E M A N A L

" N in g u é m d e sp re z e a tua
SEGU N DA-lTm l. l
m o c id a d e ; m as sê o e x e m p lo
Uma carta escrita a Timóteo
d o s fiéis, na p ala vra , no trato,
TERÇA - l Tm 1.3,4
no am or, no e sp írito ,
O propósito de Paulo
na fé, na p u re z a ."
para Timóteo
(1 Tm 4 . 1 2 )
QUARTA - l Tm 1.1-20
RESUMO DA LIÇÃO
Instruções sobre a fé correta
QUINTA - l Tm 2.1—3.16
A s ca rtas p a sto ra is, e m b o ra Instruções para a igreja
e scrita s em um te m p o SEXTA - l Tm 4.1-6 .21
d istin to d o n o sso , a p re se n ta m Instruções para os presbíteros
o rie n ta ç õ e s im p o rta n te s p ara a SÁBADO - l Tm 3.1-7
ig re ja e a lid e ra n ça atu ais. Instruções para os pastores

JOVENS 3
1 Timóteo 1.1-7 4 Nem se deem a fábulas ou a gene­
1 Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, se ­ alogias intermináveis, que mais pro­
gundo o mandado de Deus, nosso duzem questões do que edificação
Salvador, e do Senhor Jesus Cristo, de Deus, que consiste na fé; assim
esperança nossa. o faço agora.
2 A Timóteo, meu verdadeiro filho na 5 Ora, o fim do mandamento é o amor
fé: graça, misericórdia e paz, da parte de um coração puro, e de uma boa
de Deus, nosso Pai, e da de Cristo consciência, e de uma fé não fingida.
Jesus, nosso Senhor. 6 Do que d e s v ia n d o -s e a lg u n s, se
3 Como te roguei, quando parti para a entregaram a vãs contendas.
Macedônia, que ficasses em Éfeso, 7 Querendo ser doutores da lei e não
para advertires a algu n s que não entendendo nem o que dizem nem
ensinem outra doutrina. o que afirmam.

completa com uma carta pessoal, escrita


As cartas pastorais são mensagens a Filemon. Dez cartas foram escritas antes
de um plantador de igrejas e experiente e durante a primeira prisão do apóstolo
pastor, o apóstoLo PauLo, a dois filhos na em Roma, que se deu em 61 d.C. e durou
fé, vocacionados para o serviço cristão: dois anos (At 28.16,30). Antes da prisão,
Timóteo e Tito. ELas nos edificam, de escreveu Gálatas, 1 e 2 Tessalonicenses,
um lado, com o exem plo paulino de 1 e 2 Coríntios e Romanos. Colossenses,
afeição e cuidado pastoral, e, de outro, Efésios, Filipenses e Filem on são as
com a devoção, obediência e lealdade chamadas cartas da prisão.
desses dois dedicados jovens pastores. 2. Escrevendo durante as viagens.
A beleza dessas cartas, seu conteúdo Paulo escreveu 1 Timóteo e Tito entre 63
doutrinário e sua singular praticidade e 65 d.C., durante a viagem que realizou
eclesiástica serão analisados ao longo depois de seu primeiro aprisionamento
de todo o trimestre. Vamos conhecer os em Roma. Seu último livro, a Segunda
desafios que Timóteo e Tito enfrentaram Carta a Timóteo, foi escrita durante o
e como foram instruídos para atuar como segundo aprisionamento, de dentro de
líderes espirituais. Que tenhamos uma uma das cadeias romanas (66 ou 67 d.C.).
compreensão maior da vida eclesiástica Os fatos narrados nas cartas pastorais,
sob a ótica pastoral e sejam os mais portanto, são posteriores às narrativas
engajados na sublime obra de servir a contidas em todos os demais textos pau-
Deus na Igreja de Cristo. linos e nos registros de Lucas em Atos
28.30,31. Por isso, além da substancial
I - T IM Ó T E O N O C O N T E X T Oteologia pastoral, essas três cartas en­
D A S C A R T A S D E P A U LO riquecem o contexto neotestamentário
1 Epístolas pastorais. Paulo escreveu com valiosas informações históricas dos
13 dos 27 livros do Novo Testamento. Nove últimos anos do ministério de Paulo.
são cartas dirigidas a igrejas e três enviadas 3. De volta às viagens. Não foram
a pastores: 1 e 2 Timóteo e Tito. O rol se apenas os dois anos de prisão dom i­

4 JOVENS
ciliar em Roma que afastaram Paulo II - TIMÓTEO, VERDADEIRO FILHO
de sua lida missionária (At 28.16-30). 1. Sua origem. Timóteo nasceu em
Antes disso, ficara preso aproximada­ Listra, cidade da Licaônia, na província
mente três anos, desde sua prisão em romana da Galácia. Sua mãe, Eunice, e
Jerusalém (At 21.33), passando pelos sua avó, Lóide, que eram judias, ensi­
mais de dois anos de encarceramento naram as Escrituras para ele desde a
em Cesareia (At 24.27) até a chegada à infância (2 Tm 1.5; 3.14,15). Acredita-se
capital do império (At 28.16). Somente que ele, sua mãe e sua avó tenham se
depois de cinco longos anos privado tornado cristãos por ocasião da primeira
de sua ativid ad e ap o stó lica e p a s­ viagem missionária de Paulo, junto com
toral presencial, Paulo volta a viajar. Barnabé, pois em Listra muitos se torna­
É possível que, nessa oportunidade, ram discípulos de Cristo pela pregação
ele tenha realizado seu desejo de ir à do apóstolo (At 14.6-23).
Espanha (Rm 15.24,28). O que se sabe, Quando Paulo retorna à Listra, agora
com certeza, é que visitou algum as junto com Silas, em sua segunda viagem
das igrejas que havia fundado durante missionária, encontra Timóteo, “filho de
suas três grandes viagens missionárias uma judia que era crente, mas de pai
(At 13—21). Dentre elas, Creta e Éfeso. grego, do qual davam bom testemunho
Co m o já m encionam os, m esm o os irmãos que estavam em Listra e em
aprisionado Paulo continuou vivendo Icônio” (At 16.1,2).
como um fieL e atuante ministro de Cristo. 2. Com panheiro d e Paulo. O bom
Além das quatro cartas que escreveu, testemunho de Timóteo, fruto de sua
em Roma ele pregava e ensinava “as educação espiritual e seu progresso na
coisas pertencentes ao Senhor Jesus fé cristã, motivou Paulo a convidá-lo
Cristo” (At 28.31), dem onstrando seu para o acom panhar em sua jornada
profundo co m p ro m isso com o seu m issionária. Com o Tim óteo não era
Salvador. Como ele mesmo escreveu, circuncidado, o apóstolo decidiu cir-
entendia que era “o prisioneiro de Jesus cuncidá-lo “por causa dos judeus que
Cristo [peLos] gentios”(Ef 3.1). Foi fieL em estavam naqueles lugares”(At 16.3).
todo o tempo (Jo 16.33; Ap 2.10). Paulo não circuncidou Timóteo por
considerar isso necessário à salvação,
@ PENSE! mas para evitar que os judeus tivessem
Paulo nos dá o exemplo de como um pretexto para rejeitarem o Evangelho.
p re c isa m o s p e rm a n ece r fié is à Em muitas ocasiões o apóstolo já havia
nossa vocação, mesmo em meio a ensinado sobre a suficiência da fé em
adversidades e sofrimentos. Cristo como meio de receber a graça
salvadora, como deixou registrado em
Q PONTO IMPORTANTE! diversas epístolas (Rm 3.21-28; Ef 2.8,9
As epístolas pastorais nos reservam e Gl. 2.16).
valiosas informações e ensinos dos Paulo tinha uma compreensão muito
últim os anos de vida do apóstolo clara da obra da salvação (Ef 3.1-7), acima
dos gentios, singulares em todo o de qualquer prática legalista: “Porque,
Novo Testamento. em Jesus Cristo, nem a circuncisão nem

JOVENS 5
a incircuncisão têm virtude algum a, foi convidado para acom panhá-lo em
mas, sim, a fé que opera por amor” (Gl suas viagens (At 16.3-8). Considerando
5.6). Precisamos compreender bem o a opinião de aLguns estudiosos, de que
que é a liberdade cristã e o lugar das Timóteo tinha entre 30 e 35 anos quando
obras no propósito divino. Com o nos pastoreava os efésios (65 d.C.), pode­
ensina o apóstolo, somos salvos pela mos afirmar que ele tenha se tornado
fé, “criados em Cristo Jesus para as boas cooperador de PauLo com, no máximo,
obras, as quais Deus preparou para que 20 anos de idade (50 d.C.).
andássemos nelas”(Ef 2.10). Foi assim, tão jovem, que eLe acom­
3. Evangelho da incircuncisão. Con­panhou fielmente o apóstolo em sua
forme o Dicionário WycLiffe, “a circuncisão segunda e terceira viagens, aLcançando
é, LiteraLmente, a remoção cirúrgica do confiança para missões de aLta reLevân-
prepúcio do órgão sexuaL mascuLino". Foi cia espirituaL, como quando designado,
ordenada por Deus como um concerto durante as viagens, para servir nas igrejas
entre ELe e os descendentes de Abraão em Tessalônica (1 Ts 3.1-10), Corinto (1
(Gn 17.10-14), tendo sido ratificada ao Co 4.16,17); e Filipos (Fp 2.19-24).
povo de Israel nos dias de Moisés (Lv Por ocasião do primeiro aprisiona-
12.1-3). mento de Paulo em Roma, lá estava
O bserva-se que em reLação a Tito, Timóteo. O apóstoLo cita-o em três das
que era grego, o apóstolo d elib era- quatro cartas da prisão (Fp 1.1; C l 1.1;).
damente decidiu que não deveria ser Solto, leva-o consigo em sua quarta
circuncidado, embora houvesse certa e última viagem missionária, quando
pressão de ju d eu s, aos quais Paulo roga para que fique servindo na igreja
chama de “faLsos irmãos" (GL 2.1-4). Aos em Éfeso (1 Tm 1.3).
gálatas, o apóstolo diz, textualmente, 2 .0 roteiro final. O exato roteiro da
que havia sido comissionado a pregar viagem de Paulo após sua prim eira
o “evangeLho da incircuncisão" (GL 2.6- prisão em Rom a não é co n h ecid o ,
10; 5.1,2). principaLmente porque o propósito das
Hoje, de iguaL forma, precisamos ter cartas que ele escreveu a Timóteo e
o cuidado de não ser enganados peLos a Tito não era de registro histórico. O
judaizantes, que ignoram o fato de que apóstolo escreveu com a finalidade
em Cristo não estam os mais sujeitos de orientar os jovens pastores quanto
aos preceitos da lei mosaica, como a ao cuidado espirituaL que deveriam ter
guarda do sábado, a abstinência de consigo mesmos e com a missão que
certos aLimentos e práticas Litúrgicas do tinham recebido junto às igrejas que
judaísm o (Rm 14.1-6; Gl 4.1-10). pastoreavam (1 Tm 4.16; Tt 2.1,7). As
cartas trazem instruções práticas do
III - TIMÓTEO: UM JOVEM MI­ que e de como deveria ser ensinado (1
NISTRO Tm 4.6; 5.1,2; Tt 2.15).
1. A trajetória. Antes de ser comissio­ Como já afirmamos, é possível que
nado por PauLo para ser o pastor da igreja Paulo tenha ido até à Espanha. Certo é
em Éfeso, Timóteo serviu ao apóstolo que visitou Creta, onde deixou Tito (Tt 1.5)
por longos anos, desde o dia em que e aLgumas cidades da Ásia Menor, como

6 JOVENS
MiLeto (2Tm 4.20) e possiveLmente a pró­ O CONCLUSÃO
pria Éfeso. De MiLeto, seguiu paraTrôade,
Estamos apenas começando nossa
rumo à Macedônia (Filipos, Tessalônica
empolgante jornada de estudo das
e Bereia), região de onde escreveu a
cartas pastorais. Ao longo do trimestre
primeira carta a Timóteo (1 Tm 1.3).
estudaremos muito mais a respeito
3. A responsabilidade de Timóteo.
0 probLema da igreja em Éfeso eram os de Timóteo e seu edificante exemplo.
faLsos mestres que estavam ensinando Vamos examinar as recomendações
“outra doutrina", envoLvendo “fábuLas" e transmitidas a ele por Paulo, seu pai
“geneaLogias intermináveis", que “mais espiritual, e constatar como são ex­
[produziam] questões do que edificação tremamente valiosas para a Igreja e
de Deus" (1 Tm 1.3,4). A responsabiLidade para cada um dos cristãos de todos
de Timóteo era adverti-Los de seus erros os tempos. Que a graça de Deus
doutrinários e cuidar, ele mesmo, do permaneça com todos nós.
ensino da “boa doutrina” (1 Tm 4.6), a
ortodoxia, a doutrina correta, que PauLo
também cham a de “sã doutrina" (1 Tm
1.10; Tt 2.1).
Timóteo também deveria transmitir O HORA DA REVISÃO
ensinos práticos para toda a igreja e 1. O que são as cartas pastorais?
exercer a disciplina eclesiástica (1 Tm
5.20). Apesar de ser ainda jovem segun­
do os padrões da época, apresentar
certa timidez (2 Tm 1.6-8) e enfrentar 2. Quantas cartas PauLo escreveu?
“frequentes enferm idades”, inclusive
estom acais (1 Tm 5.23), foi-lhe dada a
grande responsabiLidade de cuidar de
uma das principais igrejas do primeiro 3. Segundo a Lição, quaL a origem de
sécuLo. ALiás, a principaLdaÁsia Menor. Timóteo?
Segundo a Bíblia de Estudo Pente-
costal, sete anos antes desta Primeira
Carta a Timóteo, no finaLde sua terceira
viagem m issionária, quando seguia 4. Quantos anos Timóteo tinha quando
para Jerusalém , Paulo teve uma reu­
se tornou cooperador de PauLo?
nião com os presbíteros de Éfeso na
vizinha cidade de MiLeto, e os advertiu
do aparecimento de “lobos cruéis [...]
que não [perdoariam] o rebanho” e
5. QuaL a missão principaL de Timóteo
de “[...] hom ens que [falariam] coisas
em Éfeso?
perversas, para atraírem os discípuLos
após si" (At 20.29,30). Agora, isso já havia
acontecido e cabia a Timóteo defender
a pureza do Evangelho.
O PROBLEMA DOS
FALSOS MESTRES
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL

"Como te roguei, quando parti SEGUNDA-At 20.29


para a Macedônia, que Lobos cruéis
ficasses em Éfeso, para
TERÇA - lT m 1.3
advertires a alguns que não
Advertência contra as
ensinem outra doutrina."
falsas doutrinas
(1 Tm 1.3)
Q U A R TA -lTm 1.7
Ensinando o que não sabem
RESUMO DA LIÇÃO
QUINTA - 1 Tm 6.3-5
A ganância dos falsos mestres
N o ssas d outrinas estão
SEXTA - Mt 26.41
fu n d am en tad as na B íblia É preciso vigilância
S ag ra d a , nossa única regra
SÁBADO - l T m 4.1-5
infalível d e fé e prática. Apostasia nos últimos tempos

8 JOVENS
TEXTO BÍBLICO

1 Timóteo 1,8-11
8 Sabemos, porém, que a lei é boa, se 10 Para os fornicadores, para os sodomitas,
alguém dela usa legitimamente, para os roubadores de homens, para
g Sabendo isto: que a lei não é feita para o os mentirosos, para os perjuros e para
justo, mas para os injustos e obstinados, o que for contrário à sã doutrina.
para os ímpios e pecadores, para os 11 Conforme o evangelho da glória do
profanos e irreligiosos, para os parricidas Deus bem -aventurado, que me foi
e matricidas, para os homicidas. confiado.

INTRODUÇÃO dam entadas na Bíblia Sagrada, nossa


única regra infalível de fé e prática (2
A história da Igreja sem pre foi mar­
cada pela investida de falsos mestres, Tm 3.14- 17).
O Novo Testam ento usa dois ter­
que bu scam d eturpar a m en sag em
m os gregos para doutrina: d id ach e e
do Evangelho e am eaçar o progres­
didaskalio, ambos com dois sentidos: o
so esp iritual d os cristãos. D esd e os
ato de ensinar e o conteúdo do ensino
primeiros séculos, muitos heresiarcas
fizeram verdadeiras cruzadas contra (Mt 7.28; Mc 4.2; Rm 16.17; íT m 4.13.16; Tt
as verdades centrais das Escrituras. Por 1.9; 2,1). A boa doutrina, ou a “sã doutri­
isso, zelar pelo correto ensino bíblico na" (l Tm 1.10; Tt 2.1), é o ensino correto
é fundam ental para a preservação da (ortodoxo), de acordo com as Escrituras,
verdadeira fé cristã. fruto de uma exegese que considera o
Com o vimos na lição anterior, sete que realmente está no texto, seguindo
anos antes Paulo já havia advertido aos o método histórico e gramatical. Busca,
anciãos de Éfeso de que “lobos cruéis" portanto, a intenção do autor sagrado,
surgiríam para atacar o rebanho (At que escreveu inspirado pelo Espírito
20.29). Quando ele visita a cidade após Santo (2 Pe 1.20,21). Não se orienta por
sua primeira prisão em Roma, constata pensamentos, sentimentos ou desejos
que isso havia ocorrido e delega a T i­ do leitor, que, como destinatário do texto,
móteo a tarefa de ficar em Éfeso para deve crer nas Escrituras como infalível,
refutar os falsos ensinos e transmitir a completa e inerrante Palavra de Deus,
correta doutrina. am oldando-se a ela e aplicando-a em
seu viver (Sl 119.9; Rm 12.2).
I - CUIDANDO DA DOUTRINA 2. O lugar da experiência e sp iri­
1 , 0 que é doutrina? É o conjunto de tual, Nós, pentecostais, valorizamos a
preceitos fundamentais que compõem experiência espiritual Ela nos auxiLia na
um sistema religioso, filosófico, político, com preensão do que está registrado
so cial ou econôm ico. No cam po das nas Escrituras à m edida q ue experi­
religiões, cada uma tem a sua doutrina, m entam os o m esm o que viveram os
os dogm as ou conjunto de crenças. O personagens do texto sagrado, como
Cristianism o tem suas doutrinas fun­ de Atos dos Apóstolos, por exemplo.

JOVENS 9
Cremos, portanto, que podemos viver, denciais ministeriais, com o “apóstolo
hoje, o que os crentes primitivos viveram de Jesus Cristo, segundo o m andado
há quase dois mil anos (At 2.1441-47). de Deus, nosso Salvador, e do Senhor
Não interpretamos a Bíblia segundo Je su s Cristo, esperança nossa” (1 Tm
nossas experiências, mas as submete­ 1.1) e identificando Timóteo como seu
mos ao escrutínio das Escrituras, vali­ “verdadeiro filho na fé”(v.2),
dando-as ou não conforme a autoridade Assim, a carta serviría não apenas
da Palavra de Deus (Jo 10.35; 2 Tm 3.16; para Tim óteo, mas, tam bém , para a
2 Pe 1.21). Assim, podemos nos manter igreja local, a quem seria dado a co ­
livres de qualquer desvio teológico ou nhecer o seu conteúdo. Isso reforçaria
doutrinário e ter uma vida cristã sadia, a autoridade espiritual do jovem pastor,
desfrutand o de um a vida esp iritual notadamente diante d e sua juventude
verdadeira e equilibrada. e certa timidez e da possibilidade de
3. “Outra doutrina”. Não sabem os resistência ao seu ensino, pela co n ­
ao certo que doutrina estranha estava frontação dos desvios doutrinários (1
sendo ensinada em Éfeso. O segredo Tm 4.11,12; 6 .3 - 5 ).
para a preservação da boa doutrina é 2. Os falso s m estres. Éfeso era a
refutar qualquer ensino que lhe seja principal cidade da Ásia Menor. Com o
contrário. Por isso, bastava a Timóteo cidade portuária, era um agitado centro
não permitir que fosse ensinada “outra econôm ico na época, o que tam bém
doutrina" (íTm 1.3). Conforme o com en­ fazia dela um lugar de grande ebulição
tário da Bibtia de Estudo Pentecostal, “a religiosa, cultural e filosófica. Era gran­
expressão óutra doutrina' vem do grego de o paganism o em Éfeso, cidade da
conhecida deusa Diana (Ártemis), cujo
heteros e significa 'estranha', 'falsificada',
'diferente'". Podemos considerar, então, tem plo era uma das sete m aravilhas
que m ais importante de que estudar do mundo antigo. O culto a Diana dava
todo o universo de doutrinas estranhas muito lucro para os efésios (At 19.24-28).
é conhecer, com profundidade, a correta Mais d e cinquenta outros d e u se s e
doutrina bíblica, o que nos permitirá, por deusas eram adorados em Éfeso.
consequência, identificar com clareza Com o já assinalado, Paulo não se
qualquer outro ensino contrário, Quem preocupou em identificar quem seria
conhece bem o que é verdadeiro não tem os falsos mestres e quais, exatamente,
dificuldade para discernir o que é falso. as heresias que difundiam na igreja de
Éfeso. Isso se deve, tam bém , ao fato
I I - A MISSÃO DE TIMÓTEO d e q ue Tim óteo já era c o n h e ce d o r
1, Um delegado apostólico. Timóteo realidade espiritual local, com o se
da
foi deixado em Éfeso como uma espécie extrai da expressão paulina “Com o te
de “delegado apostólico”, representante roguei [...] que ficasses em Éfeso, para
de Paulo com um a m issão pastoral [...)" (1 Tm 1.3). Claro está que Paulo e
específica. Entende-se que é por isso seu cooperador já tinham conversado
que apesar de ser uma carta dirigida acerca dos problemas daquela igreja.
d iretam ente a Tim óteo, o ap óstolo 3. Heresias infiltradas. Dois m ovi­
abre a epístola enfatizando suas cre­ mentos ocorreram em Éfeso para a infil-

10 JOVENS
tração de heresias na igreja: o primeiro, a
entrada de “lobos cruéis"; o segundo, o
surgimento de falsos mestres dentre os
próprios presbíteros locais. Isso está claro
na advertência feita por Paulo sete anos
antes (At 20.29,30) e continua sendo um
perigo para qualquer igreja: (1) abrir-se
para a entrada de líderes cujas convic­
ções de fé não sejam suficientemente
conhecidas e (2) fomentar o surgimento
de ensinadores ou pregadores neófitos (1
Tm 3.2,6). Em Éfeso, esses falsos mestres
estavam ensinando doutrinas estranhas,
preo cupados com fáb u las (mitos) e
g e n e a lo g ia s ju d a ic a s interm ináveis,
que produziam infrutíferas discussões.
Com o seu orgulho, causavam divisões.
© HORA DA REVISÃO
Agiam em busca de popularidade (1.7) 1. Como podemos conceituar "doutrina"?
e eram gananciosos (6.3-5).
Na pretensão de serem doutores da
lei, estabeleciam confusão e mistura
entre elem entos ju d a ic o s e cristãos 2. Q uais os term o s g re g o s u sa d o s
(1.6,7), descam b and o para o asce tis­ para doutrina no Novo Testamento
mo, como a proibição de casamento e e quais os sentidos?
abstinência a determinados alimentos
(4.3). Há, também, indícios de uma certa
inclinação gnóstica, ainda que incipiente,
pela expressão “falsamente cham ada 3. Que características da cid ad e de
ciência" (6.20), Éfeso a lição apresenta?
Tim óteo é exortado a “conservar
a fé e a boa consciência”, para o que
é fundam ental d edicar-se a uma vida
de piedade e santificação, a qual inclui,
4 Q u a l o v e rd ad e iro propósito do
necessariamente, o estudo devocional
ensino das Escrituras?
da Palavra de Deus, além da vigilância e
da oração constantes (Mt 26.41; 1 Tm 4.8-
16). Isso sem pre foi um grande desafio
para todo cristão, principalmente agora,
5 0 que devemos fazer para conservar
em tempos pós-modernos, de uma vida
a fé e a boa co nsciência?
tão frenética e de tanta perversidade
(2 Tm 3.1-5). Contudo, não podem os
desfalecer (Lc 18.1-8), mas perseverar
sem pre (Rm 12.12; C l 4.2).
INSTRUÇÕES A
RESPEITO DA ORAÇÃO
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL

SEGUNDA-Fp 4 4
"A d m o e sto -te, pois, antes de Apresente seus pedidos a Deus
tudo , q ue se façam d ep recaçõ es,
TERÇA - Tg 516
orações, intercessões e açõ es de A oração da fé
qraças por to d o s os hom ens."
QUARTA - Mc 11.24
(1 T m 2 . 1)
Tudo o que pedirdes em oração
QUINTA - Mt 6.7,8
RESUMO DA LIÇÃO Instruções do Mestre
sobre oração
Paulo re co m e n d a à igreja a SEXTA - Mt 711
d iscip lin a da oração, p o is o A bondade de Deus para
crente tem a re sp o n sa b ilid ad e com os que oram
de orar em favor de SÁBADO - l Ts 5 1 7
to d os os hom ens. Ore continuamente

12 JOVENS
1 Timóteo 2.1-8 5 Porque há um só Deus e um só mediador
1 Admoesto-te, pois, antes de tudo, que entre Deus e os homens, Jesus Cristo,
se façam deprecações, orações, inter- homem.
cessões e ações de graças por todos 6 O qual se deu a si mesmo em preço
os homens. de redenção por todos, para servir de
2 Pelos reis e por todos os que estão em testemunho a seu tempo.
eminência, para que tenhamos uma vida 7 Para o que (digo a verdade em Cristo,
quieta e sossegada, em toda a piedade não minto) fui constituído pregador, e
e honestidade. apóstolo, e doutor dos gentios, na fé e
3 Porque isto é bom e agradável diante na verdade.
de Deus, nosso Salvador. 8 Quero, pois, que os homens orem em
4 Quequerque todos os homens se salvem todo o lugar, levantando mãos santas,
e venham ao conhecimento da verdade. sem ira nem contenda.

INTRODUÇÃO transmite instruções práticas de como


o jovem pastor deveria liderara igreja
Q u a l a m issão fu n d a m e n ta l do
e de como deveria ser desenvolvida a
cristão em relação ao mundo e às au­
vida eclesiástica. O apóstolo com eça
toridades? No texto em estudo, Paulo
nos responde esta pergunta. Sabem os advertindo-o da prioridade para o viver
que a pregação do Evangelho é, sim, a cristão: a oração.
grande missão da Igreja na Terra, con­ A expressão “antes de tudo" indica
forme ordenado por Jesus (Mc 16.15). É que antes de quaLquer outra prática
preciso considerar, contudo, que antes litúrgica Timóteo deveria dedicar-se à
da proclamação é necessário que haja oração e estim ular os crentes efésios
oração (At 4.31; Ef 6.18,19). a fazer o mesmo. Seu dever pesso al
Em tempos tão agitados, em que se fica evidenciado quando o apóstolo diz
busca uma participação mais ativa das “admoesto-te" e o dever congregacio-
igrejas na vida pública é fundam ental nalestá explícito na expressão “que se
estudar o que o Novo Testamento nos façam”. Ou seja, Timóteo e toda a igreja
ensina sobre isso. V iven d o em um a deveríam ter a oração como prioridade
ép o ca d e tanta conturb ação, sob o no viver. Isso funcionaria - e funciona,
opressor Império Romano, a orientação induvidosamente -, como condição para
de Paulo foi, antes de tudo, a prática o estabelecimento e a vida da igreja.
da oração, Vam os refletir sobre isso. 2. Com o orar. Apesar de Paulo usar
p a lav ra s sin ô n im as ("deprecações,
I - ORAÇÃO: U M A PRIORIDADE o ra çõ e s, in te rc e s s õ e s e a ç õ e s d e
1. “A n te s d e tu d o ”. No prim eiro graças"), fica claro que não se trata de
capitulo de sua carta, Paulo saúda a uma mera repetição. Deprecação é uma
Timóteo e o lembra da principal missão súplica por uma necessidade específica.
que tinha em Éfeso: refutar o ensino dos Oração é um termo genérico e pode
falsos mestres. A partir do capítulo 2, expressar d e sd e petições feitas em

JOVENS 13
favor de si mesmo, por necessidades eram d ad os a levantes, protestos e
gerais, a toda e q ualq uer expressão sedições, com o narram historiadores
v e rb al d irig id a a Deus. Interceder é como Flávio Josefo e Eusébio de C esa-
orar em favor de outra pessoa. Ações reia. Lucas faz um rápido registro desse
de graças são expressões de gratidão. típico comportamento judaico, citando
Tim óteo e toda a igreja deveriam Teudas e Judas, o galileu (At 534 - 37).
fazer todo o tipo de oração, por eles Contudo, em Je su s e nos apóstolos
m e sm o s, por to d o s os h o m e n s e, não se observa qualquer instigação a
como uma nota esp ecial no texto, por movimentos revoltosos contra as au­
todas as autoridades (2.2). Orar antes toridades ou 0 exercício para ascensão
de tudo é uma recom endação que se ao poder. O que o Novo Testam ento
aplica a todos nós, em relação a toda nos ensina é orar intensamente pelas
e qualquer área da vida. Há nisso, um autoridades (1 Tm 2.1) e nos sujeitar a
aspecto temporal e prático. elas (Rm 13.1; 1 Pe 2.13-17).
Orar primeiro e orar antes de tudo
significa, por exemplo, que não d eve­ II - O PODER DA ORAÇÃO
mos com eçar o dia sem orar; que não 1. Uma questão de fé. Um dos sinais
devemos iniciar uma viagem sem orar; dos últim os tem pos é a apostasia, o
que precisam os buscar a vontade de abandono da fé (1 Tm 4.1). Isso acontece
Deus para todas as decisões de nossa paulatinamente, com a diminuição de
vida (Tg 4.13-16). Orar antes de tudo é disciplinas espirituais essenciais, como
reconhecer a soberania de Deus e dar a leitura bíblica e a oração. Fé e oração,
a Ele o controle de nosso viver. Orar oração e fé. Atributo e prática intima­
sem cessar (1 Ts 5.17; C l 4 -2). mente associados e codependentes,
3, O rar p e la s a u to rid a d e s. N osÉ preciso ter fé para orar (Hb 11.6; Tg
tempos de Paulo, o mundo vivia sob o 1.6-8) e é preciso orar para ter mais fé
controle de reis e im peradores cruéis, (Lc 17.5; 22.32; Ef 3.14-17; 2 T s 1.11).
como Nero, um implacável perseguidor Pela parábola do juiz iníquo, enten­
dos cristãos, que governava o Império dem os como a crise de fé tem relação
Romano naqueles dias (54-68 d.C.). O com a dim inuição da frequência e do
apóstolo já havia sid o hostilizado e tem po d e oração (Lc 18 .1-8). J e su s
preso muitas vezes pelas autoridades contou essa parábola com o propósi­
romanas. Pouco tempo antes de escre­ to específico de nos estim ular a “orar
ver essa carta a Timóteo, sofrerá cinco sem pre e nunca desfalecer". A viúva
anos de aprisionamento, da prisão em insistiu com o perverso juiz, que “nem
Jerusalém até Roma (At 28.11-31). a Deus temia, nem respeitava homem
Da parte dos ju d eu s, os conflitos algum", o que dem onstra o grau de
políticos e militares com seu s d om i­ improbabilidade de que a pobre mulher
nadores sem pre foram intensos, com fosse atendida. Sua insistência, contudo,
grandes revoltas, como a dos Macabeus levou o ímpio magistrado a atendê-la.
(164 a.C.) e as guerras judaico-romanas, 2. O perigo do secularism o. Jesus
como a que culminou com a destruição fez a aplicação da parábola aos seus
de Jerusalém no ano 70 d.C. Os judeus discípulos de todos os tempos, tratando

14 JOVENS
do relacionamento que precisamos ter Não pode ser outra a nossa motivação,
com nosso Pai celestial: “E Deus não portanto, para que Deus aja em nosso
fará justiça aos seu s escolhidos, que favor controlando o agir do Estado.
clam am a ele de dia e de noite, ainda Nosso alvo deve ser uma vida piedosa,
que tardio para com eles?”(v. 7). O Mestre de profunda com unhão e serviço ao
responde: "Digo-vos que, depressa, lhes nosso Senhor, ao m esm o tem po em
fará justiça. Quando, porém, vier o Filho que vivemos honestamente diante de
do Hom em , porventura achará fé na todos os homens.
terra?” (v. 8). Em outras palavras: ainda
haverá quem creia que vale a pena orar, III - O PROPÓSITO DIVINO
esperando pela intervenção de Deus? 1. Bom e agradável. Deus espera
Jesus estava nos advertindo de uma que confiemos nEle e façam os o que
onda mortal chamada secularismo, fruto Ele recom enda em sua Palavra. Sob a
do abandono da fé, de incredulidade inspiração do Espírito Santo, Paulo não
e dureza de coração. Será que ainda apenas adverte a Timóteo da prioridade
v a le a pena “orar se m p re e n u n ca da oração e do seu alvo, mas registra
desfalecer" esperando que Deus faça que isso é “bom e agradável diante de
ju stiç a em nossas causas, ou é hora Deus”. Deixar de atender essa recomen­
de agir, usando nossas próprias armas dação e buscar outros expedientes é,
para resolver nossos problemas e nos além de incredulidade, rebeldia, sob a
livrar das injustiças de nosso tempo? A falsa justificativa de que é preciso agir.
resposta está no nível de fé que temos. Porventura, orar não é agir? Sim, orar
3. Vida quieta e sossegada. Pauloé agir. Agir na esfera própria, contra os
está e stim u la n d o Tim ó teo a orar e verdadeiros inimigos da Igreja (Ef 6.12).
ensinar à igreja que ore pelas autori­ É atravessar bloqueios e alcançar as
dades, para que Deus, o Pai, nos faça regiões celestiais, onde estão as efetivas
ter “uma vida quieta e sossegada, em soluções de nossos problemas. É lutar
toda a piedade e honestidade”(2.2). O com arm as não carnais (2 Co 10.4,5).
apóstolo não está sugerindo qualquer En ganam -se os que pensam que
outra prática com o prioridade para a a oração é uma inação ou inatividade,
vida do cristão. Desdenhar, portanto, Oração é com bate efetivo (Rm 15.30;
do poder da oração é um sinal trágico C l 412). Todas as nossas dem ais ações,
para a fé evangélica. A oração pelas ju sta s e necessárias, som ente serão
autoridades faz com que Deus, que é corretas e eficazes se forem precedidas
Soberano em tudo, dirija seus corações dessa ação fundamental, que é a oração
segundo a vontade dEle, livrando-nos (2 Cr 7.14; Mt 6.33; Ef 6.18; Fp 4.6; Jo 15.5).
de hostilidades e perseguições. Provér­ “Se o Senhor não guardar a cidade, em
bios 21.1 diz: “Com o ribeiros de águas, vão vigia a sentinela” (Sl 127.1).
assim é o coração do rei na m ão do 2. A salvação d e todos. O univer­
Senhor; a tudo quanto quer o inclina". sa lism o é a falsa crença de que, ao
Atentemos, contudo, para o propósito final, Deus salvará a todos os homens.
correto que precisamos ter, que é viver Isso não tem respaldo bíblico algum.
“em toda a p iedade e honestidade”. A Bíblia apresenta, repetidas vezes, os

JOVENS 15
dois destinos distintos que serão dados
aos salvos e aos perdidos (Mt 7.13,14;
Ap 21.7,8). A salvação é para quem crê
e perm anece fiel por toda a vida (Ap
2.10). Mas isso não anu la a vontade
de Deus, que é a salvação d e todos
os homens, incluindo as autoridades
hostis (1 Tm 2.4). Orar nos co lo ca em
sintonia com essa vontade e im pede
que nosso coração esteja fechado para
a nossa missão, que é a pregação do
Evangelho a toda criatura (Mc 16.15).
3. Unidade em Deus. O propósito da
oração individual e congregacional é
que sejamos agentes efetivos do plano
de D eus de “tornar a cong reg ar em
0 H O R A D A R E V IS Ã O
Cristo todas as coisas”(Ef 1.9,10). Paulo
diz isso quando escreve: “Porque, há um l, 0 que aprendemos com a expressão
só Deus e um só mediador entre Deus “antes de tudo" em 1 Timóteo 2.1?
e os homens, Jesus Cristo, hom em ” (1
Tm 2.5). Nada, absolutam ente, nada,
p o d e nos a fa sta r d e s s e propósito
eterno, prejudicando nossa pregação 2. Q ual era o contexto político dos
comportamentale verbal, que encontra tempos de Paulo, quando estimulou
grande eficácia quando expressam os a oração pelas autoridades?
unidade como Corpo de Cristo (Jo 17,21-
23). As intrigas e divisões entre os que
professam o nom e de Cristo causam
grandes prejuízos espirituais e co m ­ 3. Q ual a relação entre a prática da
prometem o progresso do Evangelho. oração e a fé?

0 PEN SE!
Q u an d o oram os, re ce b e m o s de
D eus a orientação correta para o 4. O que é o secularism o ?
nosso viver, e som os capacitados a
cu m p rir nossa m issão como seus
filhos aqui na Terra.
5. Segundo a lição, o que é universa­
0 PO NTO IM PORTAN TE!
lism o?
A oferta d ivin a de salvação para
todos os homens, nada tem a ver
com 0 universalismo, a falsa crença
de que todos serão salvos.

16 JOVENS
LIÇÃO 4
23 juL 2023

INSTRUÇÕES PARA
AS MULHERES
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL
"Q ue do m esm o m od o as SEG U N D A -lTm 2.9
m ulheres se ataviem em traje Um vestuário perfeito
honesto, com p u d o r e m odéstia, T E R Ç A -lT m 2.10
não com tranças, ou com Estilo simples e discreto de vestir
ouro, ou pérolas, ou vestidos QUARTA - Rm 14.12
preciosos." (1 Tm 2.9) Cada um dará conta de
si mesmo a Deus
RESUMO DA LIÇÃO QUINTA - Lc 8.1-3
A participação das mulheres no
A m ulher deve se vestir ministério de Jesus
com pudor, de m od o a SEXTA - At 16.14
agradar a Deus. Lídia, uma empreendedora
SÁBADO - Rm 16.12
Mulheres que trabalham para o Senhor

JOVENS 17
TEXTO BÍBLICO

1 Timóteo 2.9-15 12 Não permito, porém, que a mulher


9 Que do m esm o modo as m ulheres ensine, nem use de autoridade sobre
se ataviem em traje honesto, com o marido, mas que esteja em silêncio.
pudor e modéstia, não com tranças, 13 Porque primeiro foi formado Adão,
ou com ouro, ou pérolas, ou vestidos depois Eva.
preciosos. 14 E A dão não foi en g a n a d o , m as a
10 Mas (como convém a mulheres que mulher, sendo enganada, caiu em
fazem profissão de servir a Deus) transgressão.
com boas obras. 15 Salvar-se-á, porém, dando à luz filhos,
11 A mulher aprenda em silêncio, com se permanecer com modéstia na fé,
toda a sujeição. no amor e na santificação.

INTRODUÇÃO f l ü co stal, “vestir-se de m odo im odesto


para despertar d esejo s impuros nos
Homens e mulheres são igualmente
outros é tão errado co m o o d esejo
preciosos para Deus, resgatados pelo
im oral q ue isso provoca. N enhum a
mesmo preço, o sangue de Jesus, der­
atividade, ou condição, justifica o uso
ramado por todos nós. Isso não pode ser
de roupas imodestas que exponham o
confundido com igualdade de papéis.
corpo de tal maneira que provoquem
Homens e mulheres são diferentes, da
desejo imoral ou concupiscência^em
anatomia à função e posição de cada
um na familia, na sociedade e na igreja. alguém (cf, G l 5.13; Ef 4 27; Tt 2.11,12)".
2. A situação d e Éfeso. Os efésios
apelavam muito para a sensualidade,
I- A M A N E IR A D E S E V E S T IR
1. Discrição e m oderação. Depoispela exposição do corpo da mulher,
de tratar do com portam ento do ho­ O uso de trajes imodestos era o meio
mem no culto público (1 Tm 2.8), Paulo de se despertar o desejo sexual m as­
p a ssa a re fe rir-se ao s d e v e re s d as culino, o que acontecia, inclusive, nos
mulheres cristãs. E inicia falando sobre c u lto s pag ão s. O en sin o de Paulo,
o vestuário adequado, que deveria ser a p lic á v e l a todos os tem pos, visava
“honesto, com pudor e modéstia, não que as mulheres convertidas em Éfeso
com tranças, ou com ouro, ou pérolas, abandonassem o padrão da época e
ou vestidos preciosos" (2.9). Esta reco­ adotassem uma nova postura. Isso se
m endação, independente de cultura aplicava, tam bém , para o abandono
ou época, está lig ad a à d isc riç ã o e de costum es extravagantes daqueles
m oderação nas vestes. A palavra ‘pu- dias, com o o uso de tranças, ouro ou
dor' (gr. aid o s), subentende vergonha pérolas e vestidos luxuosos. A mulher
em exibir o corpo. Envolve a recusa cristã deveria adotar um estilo simples
de vestir-se de tal maneira que atraia e discreto de se vestir e dedicar-se às
atenção para o seu corpo e ultrapasse boas obras (1 Tm 2.10).
os lim ites da devida m oderação. De 3. A proteção do corpo. O compor­
acordo com a Bíbtia de Estudo Pente- tam ento d as m ulheres cristãs d eve

18 JOVENS
contrastar com o m odelo mundano. De nada v ale um c u lp a r 0
O corpo da m ulher deve ser adequa­ outro, se ja 0 h o m e m cobiçoso,
dam ente coberto para não despertar c u lp a n d o a m u lh e r p o r e x p o r
d e s e jo s sexuais. C o n v é m lem brar,
seu corpo, se ja a m u lh e r
contudo, que a m esm a Bíblia que re­
vestid a sem a d evida decên cia,
prova o mal comportamento da mulher
na exposição se n su a l de seu corpo, cu lp a n d o o h o m e m p o r seu
condena o pecado do hom em , que, o lh a r cobiçoso. D e u s não tem o
pelos olhos, se dá à cobiça (Mt 5.28; cu lp ad o p o r in o ce n te (Na 1.3).
Mt 6.22,23; 1 J 0 2.16).
De nada vale um culpar o outro, seja
o homem cobiçoso, culpando a mulher
por expor seu corpo, seja a mulher ves­ ensine, nem use de autoridade sobre o
tida sem a devida decência, culpando marido, mas que esteja em silêncio”(1
o homem por seu olhar cobiçoso. Deus Tm 2.11-15). Por que Paulo foi tão con­
não tem 0 culpado por inocente (Na tundente ao tratar do comportamento
1.3). “[...] cada um de nós dará conta deda m ulher? São várias as opiniões. O
si m esm o a Deus”(Rm 14.12). mais provável é que estivesse havendo
4 - Desde o Éden. Há quem ignore o algum excesso na igreja de Éfeso, já que
ensino sobre a necessidade de vestir-se havia muLheres recém convertidas do
bem, cobrindo adequadamente o cor­ paganismo. Por isso, foi preciso tratar
po, com o se isso fosse uma exigência do assunto de maneira enfática.
de homens. No Éden, após a Queda, 2. A m ulher no Cristianismo. Antes
Adão e Eva se vestiram com aventais de verm os um caráter repressivo na
de folhas de figueira (Gn 3.7). O pró­ conduta paulina, precisamos conside­
prio Deus preparou para e les roupas rar que, tanto na cultura grega como
decentes, “túnicas de peles" (Gn 3.21), na judaica, a m ulher enfrentava sérias
bem diferentes d as vestes precárias restrições, in clusive para estudar. O
que estavam usando. Cristianism o trouxe um a verdadeira
A mulher que decide servir a Deus revolução quanto à oportunidade de
precisa atentar, com humildade, para a m ulher aprender e não o contrário.
esse valioso ensino. Seu comportamento É possível, portanto, que a instrução
e vestuário devem ser santos, evitando de Paulo estivesse apenas trazendo
roupas extravagantes (luxuosas, deco- ordem para um aspecto liberalizante e
tadas, transparentes, curtas ou muito não restritivo produzido pela fé cristã.
coLadas ao corpo). Nesse último caso, 3. O contexto neotestam entário.
os homens tam bém estão incluídos. A s m u lh e re s tiveram p a rtic ip a ç ã o
ativ a no m in isté rio d e J e s u s . E la s
II - A CONDUTA DAS MULHERES o a co m p an h a va m , ju n to co m se u s
N A IG R E J A d iscíp ulo s, e contribuíam com seu s
1. Aprender em silêncio? “A mulherbens (Lc 8.1-3). Em vários outros textos
aprenda em silêncio, com toda a sujei­ do Novo Testamento, elas aparecem
ção. Não permito, porém, que a mulher c o m o im p o rta n te s c o o p e ra d o ra s,

JOVENS 19
m as em nenhum d e le s exercendo a © CONCLUSÃO
liderança ou pastoreio de igrejas (At
A Bíblia não é um livro feminista e nem
16.11-15; 18.24-26; Rm 16.1-15; Fp 4.3; Cl
machista. Não tem compromisso com
4,15). Com o com enta Donald Stamps,
movimentos, conceitos ou ideologias
te ó lo g o p e n te co sta l: “O h o m em e
humanas, Como Palavra de Deus, pres­
a m ulher são iguaLm ente am ad o s e
creve condutas e papéis distintos para
p re c io so s à vista de D eus. Porém ,
pessoas distintas, conforme o plano
foi ao hom em que D eus entregou a
responsabilidade de direção da família divino para cada uma delas. Todos
e da igreja”. os que cremos e praticamos o que
nela está escrito seremos salvos se
III - RECOMENDAÇÕES A UM permanecermos “com modéstia na fé.
JOVEM PASTOR A RESPEITO no amor e na santificação" (1 Tm 2.15).
DAS IRMÃS
1. Paulo valoriza as m ulheres. O © HORA DA REVISÃO
apóstolo m ostra em 1 Tim óteo 2.12- 1 Por q u e é im p o rtan te à m u lh e r
25 q u e não é perm itid o na ig reja a vestir-se adequadam ente?
m ulher ensinar de m odo normativo,
d ire tiv o e term in an te , c o m o faz o
d irig e n te da co n g re g a ç ã o (cf. 1 Co
14.34). Entretanto, isto não quer dizer 2. Por que Paulo foi tão contundente
que é proibido à mulher cristã ensinar ao tratar do co m po rtam ento da
a hom ens individualm ente (como em m ulher?
At 18.26); profetizar no culto da igreja,
sob o impulso direto do Espírito Santo (1
Co 11.5,6 U ); ensinar na igreja a outras
mulheres, inclusive aos jovens (Tt 2.3,5
3. A influência do Cristianismo na vida
U); evangelizarem sua casa, instruindo
da mulher foi positiva ou negativa?
homens e m ulheres nos cam inhos do
Por quê?
Senhor (At 16.14,40)".
2. Propósito divino. Q uando G ê ­
nesis d escreve a criação do hom em
e da m ulher (Gn 1.26,27; 2.18-22), ele
está apresentando o propósito divino 4. No Éden, após a Queda, com o se
da m ulher com o ajudadora (Gn 2.18). vestiam Adão e Eva?
A narrativa bíblica é clara no sentido
de a m ulher ter sido criada para ser
com panheira, “um a auxiliadora que
lhe fosse idônea” (Gn 2.18 - ARA). Foi 5. Q ual o propósito divino ao criar a
o próprio Criador quem disse; “Não é m ulher?
bom que o homem esteja só; far-lhe-ei
uma adjutora que esteja com o diante
d ele”, ou seja, que lhe assista.
INSTRUÇÕES PARA
OS PASTORES
TEX TO PRINCIPAL LEITU R A S E M A N A L

SEGUNDA-Mt 20.28
"Esta é uma palavra fiel: Se Ser pastor é ser servo
alguém deseja o episcopado,
TERÇA - Jo 12.26
excelente obra deseja."
Deus honra aqueles que
(1 Tm 3.1)
servem com fidelidade
QUARTA - At 20.28
Apascentando o rebanho de Deus
RESUM O DA LIÇÃO
QUINTA-Sl 23.1
O bom pastor
SEXTA - l Tm 4.12
Pastores são líderes esco lh id o s
A chamada pastoral precisa
por D e u s para cuidarem do ser confirmada pela Palavra
rebanho do Senhor.
SÁBADO - 1 Tm 3.2-7
Qualificações para o pastorado

JOVENS 21
1 Timóteo 3.1-7 4 Que governe bem a sua própria casa,
1 Esta é uma palavra fiel: Se alguém deseja tendo seus filhos em sujeição, com
o epíscopado, excelente obra deseja. toda a modéstia.
2 Convém, pois, que o bispo seja irre­ 5 (porque, se alguém não sabe governar
preensível, marido de uma mulher, a sua própria casa, terá cuidado da
vigilante, sóbrio, honesto, hospitaleiro, igreja de Deus?).
apto para ensinar. 6 Não neófito, para que, ensoberbecendo-
3 Não dado ao vinho, não espancador, -se, não caia na condenação do diabo.
não cobiçoso de torpe ganância, mas 7 Convém, também, que tenha bom teste­
m oderado, não co ntencioso, não munho dos que estão de fora, para que
avarento. não caia em afronta e no laço do diabo.

m INTRODUÇÃO u m deparam com um texto com o o de 1


Timóteo 3. E quando alguém diz “não é
Com o temos visto, a missão de T i­
móteo em Éfeso, de defender a pureza bem assim”, cria-se um vácuo imaginário,
do Evangelho contra o ataque dos falsos que pode ser preenchido com qualquer
mestres, incluía, necessariam ente, a tipo de concepção ideológica. N esse
transmissão de uma sólida doutrina para novo e multifacetado universo colori­
toda a igreja. Não era apenas refutar do, o homem se torna o senhor do seu
diretamente os que estavam ensinando destino, fazendo suas próprias escolhas,
falsas doutrinas, mas aparelhar a igreja sem nenhum parâmetro absoluto.
com um ensino puro. Todo o corpo preci­ Os ensinos de Paulo já eram d e ­
sava estar bem ajustado, para que cres­ safiadores naquele tempo. Para nós,
cesse de forma saudável, com todos os hoje, são ainda mais, diante do grande
membros funcionando adequadamente afrouxamento de normas, com muitas
(Ef 4.16). Um corpo sadio possui células acom odações às fraquezas e desejos
de defesa, que identificam e repelem p ecam inosos, próprios da natureza
os invasores. Na igreja, essa função é humana caída.
dada primordialmente aos pastores. Por 2. Compromisso com as Escrituras.
isso, precisamos de uma liderança forte, O perfil de líderes que precisamos ser e
dotada das qualificações espirituais e ter deve estar de acordo com a Palavra
morais exigidas peLa Palavra de Deus. de Deus. São os grandes desafios que
Ouçam os o Espírito! nos forjam e nos preparam para as
grandes m issões. Deus sem pre su b ­
1 - 0 PERFIL DA LIDERANÇA meteu a profundas provas os homens
1. ReLativismo moral. Vivemos tem­ que escolheu para servi-lo. Paulo foi
pos de um profundo relativismo moral; um d eles (At 9.15,16). Tim óteo estava
de rejeição e negação de valores e de seguindo o mesmo caminho (2 Tm 1.8;
verdades absolutas; são tempos do “não 2.3,4; 3 10 -12; Fp 2.19-22).
é bem assim”. Essa é uma reação muito Deus nos tem dado líderes valoro­
comum, para os relativistas, quando se sos, aos quais devem os reconhecer e

22 JOVENS
honrar, com respeito e gratidão, orando ou serviços ministeriais, o que tem levado
por eLes e os ajudando em suas difíceis a interpretações distintas, com modelos
tarefas (i Ts 5.12,13; Hb 13.17-19). variados de organização eclesiástica,
3. Desejo pelo episcopado. A expres­No pentecostalismo clássico, o corpo
são “se alguém deseja o episcopado, de obreiros é constituído de diáconos,
excelente obra deseja”não contém um presbíteros, evangelistas e pastores.
juízo de valor sobre o desejo. O adjetivo 2. O episcopado. Bispo, ancião ou
está na obra, cham ada de excelente. presbítero. Do grego epishopos, significa
Mas não há censura para quem aspira supervisor, “literalmente, 'inspetor' (forma­
ser um obreiro, desde que a motivação do de epi, 'por cima de’, e skopeo, ‘olhar
seja pura e correta. Quando não há si­ ou vigiar’)". É a figura do pastor da igreja
nais externos evidentes do caráter da local. Alguém que tenha maturidade e
motivação, somente Deus conhece a discernimento espiritual necessários para
natureza do desejo de liderança. cuidar do rebanho; apascentaras ovelhas.
Cabe à igreja local uma observância O próprio sentido da palavra, portanto, é
cautelosa da presença ou não das qua­ suficiente para entendermos que somente
lificações espirituais e morais exigidas pode exercer essa missão quem reunia
pela Palavra de Deus, Com ou sem o altas qualificações espirituais e morais,
desejo de ser presbítero, ninguém pode daí Paulo usara expressão ''convém”, no
ser ascendido à função sem evidenciar sentido de ser recomendável e necessário.
os qualificativos prescritos nas Escrituras. 3. Rol de qualificações. Não se trata
O afrouxamento da observância desses de um rol exaustivo, mas cuida do que
requisitos para a escolha de líderes, sob é essencial na vida do obreiro, do líder
o pensamento de estar beneficiando o espiritual, do cuidador de alm as. De
candidato, pode impor graves prejuízos imediato, é possível observar que a prio­
a ele e a todos os liderados. ridade não está ligada a popularidade
ou carisma, em qualquer sentido, nem
II - A INSTITUIÇÃO DO MINISTÉRIO mesmo no sentido bíblico, quanto aos
1. A estrutura. As cartas pastorais dons espirituais.
contribuem muito para que se conheça Não se trata, jamais, de desprezar a
o grau de organização ministerial que exigência de que o pastor seja dotado de
a Igreja alcançou já no primeiro século, dons espirituais (1 Co 12.4-10). O batismo
principalmente como resultado do traba­ no Espírito Santo, como sabem os, é a
lho de Paulo ao longo de suas viagens experiência inicial no glorioso caminho
missionárias. Vários textos de Atos indicam dos dons (At 2.3,4,38,39). Mas o candidato
a organização de presbitérios nas igrejas ao presbiterato precisa já ter percorrido
(At 14.21-23; 15.2-4,22; At 20.17,28). Em várias esse cam inho e ingressado em outro,
passagens do Novo Testamento encon­ “ainda mais excelente" (1 Co 12.31), no
tramos referências a diáconos, presbíteros, qual é imprescindível que seja eviden­
mestres, pastores, evangelistas, profetas ciado em sua vida o fruto do Espírito
e apóstolos (At 6.1-6; Fp 1.1; 1 Tm 3.8). (Gl 5.22). Sem essas virtudes, ninguém
O Novo Testamento não apresenta um co n seg u e alca n ça r as q u alificaçõ es
roLrígido, taxativo ou exaustivo de funções exigidas em 1 Timóteo 3.2-7.

JOVENS 23
r
III - AS QUALIFICAÇÕES E SEUS ©CONCLUSÃO
ASPECTOS Paulo conclui a lista de qualificações
1. “Irrepreensível". Do grego anepi-
do pastor incluindo a recomendação
lem ptos, o termo “significa literalmente
de que “não [sejal neófito, para que.
'que não se pode atingi-lo'", Veja-se que
ensoberbecendo-se, não caia na con­
não se trata de uma exigência super­
denação do diabo" e que tenha bom
ficial, m as absolutam ente profunda,
testemunho dos que estão de fora (1
que nos leva a refletir sobre o detido
Tm 3.6,7), Concluímos, portanto, que
cuidado que é preciso ter no exam e
o pastor deve ser maduro espirituat-
preliminar do aspirante ao episcopado,
O bispo precisa ser uma pessoa com a mente e viver em harmonia com todos:
vida resolvida, como poderiamos dizer. em casa, na igreja e na sociedade, O
Não é por acaso que a expressão desafio é grande. Oremos mais por
“marido de uma m ulher”aparece logo nossos pastores.
em seguida. Naqueles tempos de tanta
poligam ia, totalm ente tolerada pelo
paganism o da época, era fundam en­ © HORA DA REVISÃO
tal que essa regra fosse estritamente
1. O que é relativismo moral e qual a
obedecida petos bispos, como exemplo
sua principal consequência?
para os dem ais cristãos. Hoje, de igual
sorte, esse requisito deve ser observado,
2. S o bried ad e e correção moral.
O líder espiritual precisa ser prudente,
2. Como devemos agir para não sucum­
equilibrado, justo em seus negócios e aco­
birmos diante do relativismo moral?
lhedor. Isso é retratado pelas expressões
“vigilante, sóbrio, honesto le] hospitaleiro”.
3. Apto para ensinar. O pastor precisa
se dedicar ao estudo e ensino das Es­
crituras à igreja. Não deve negligenciar 3. Qual o significado do termo "bispo”
a transmissão da doutrina, transferindo em 1 Tim óteo 3.2?
a responsabilidade a terceiros ou ocu­
pando o tempo do culto com qualquer
outra atividade, ainda que espiritual.
O m om ento do ensino da Palavra é 4. Q ual o significado do term o “irre­
sagrado, literalmente (1 Tm 4.6,11-16). preensível"?
Mas essa aptidão para ensinar não é
somente associada ao preparo bíblico
e teológico. Tem a ver, tam bém , com
aptidões decorrentes de seu testemunho 5. O que significa apto para ensinar?
pessoal, evidenciad o s por um co m ­
portamento sóbrio e por uma conduta
m oral isenta de reprovação, dentro e
fora de casa (1 Tm 3.7).

24 JOVENS
QUALIDADES PESSOAIS
E ESSENCIAIS PARA OS
DIÁCONOS
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL
"Da m esm a sorte os d iáco n o s SEGUNDA - At 6.1
sejam honestos, não de A instituição dos diáconos
líng ua dobre, não d a d o s a
TERÇA - At 6 .1-7
m uito vinho, não co b iço so s O s primeiros diáconos
d e torp e ganância."
QUARTA - Fp l. l
(1 T m 3 .8 ) Bispos e diáconos em Filipos
RESUMO DA LIÇÃO QUINTA - At 6.3
Qualidades espirituais
dos diáconos
Servir a D eu s é um p rivilé g io e SEXTA - l Tm 6.10
um a re sp o n sa b ilid ad e .
Vigilantes em relação ao dinheiro
SÁBADO - At 6,3,5,8
Qualificações morais

JOVENS 25
TEX TO BÍBLICO

1 Timóteo 3.8-13 11 Da mesma sorte as m ulheres sejam


8 Da mesma sorte os diáconos sejam honestas, não maldizentes, sóbrias
honestos, não de língua dobre, não e fiéis em tudo.
dados a muito vinho, não cobiçosos 12 Os diáconos sejam maridos de uma
de torpe ganância. mulher e governem bem seus filhos
9 Guardando o mistério da fé em uma e suas próprias casas.
pura consciência. 13 Porque os que servirem bem como
10 E tam bém e ste s se ja m p rim e iro diáconos adquirirão para si uma boa
provados, depois sirvam , se forem posição e muita confiança na fé que
irrepreensíveis. há em Cristo Jesus.

número dos discípulos, houve uma mur-


muração dos gregos contra os hebreus,
Na lição anterior e stu d a m o s as
porque as suas viúvas eram desprezadas
in stru çõ e s d a d a s a Tim óteo para a
no ministério cotidiano" (At 6.1), isso se
ordenação dos bispos, anciãos ou pres­
deu pela conversão de jud eus de fala
bíteros, que eram os pastores Locais;
responsáveis pela direção das igrejas grega, que fez reproduzir, no seio da
e pelo ensino do rebanho. Nesta lição, igreja cristã, um a divergência que já
estudarem os a respeito do segundo existia no mundo judaico. Era um certo
ofício presente nas igrejas do primeiro divisionismo entre judeus nativos - que
século, o diaconato. falavam o aramaico, língua corrente em
Verem os que a principal distinção Israel na época - e jud eus não nativos,
entre o presbítero e o diácono é que que haviam se helenizado e falavam a
ao primeiro é dada a tarefa de ensinar língua grega.
a igreja, enquanto ao segundo é dada a De acordo com Law rence O. Ri-
missão de cuidar de questões tempo­ chards, escritos rabínicos indicam que
rais, como a assistência aos necessita­ a igreja de Jerusalém havia adotado
dos, nos m oldes da experiência vivida o sistema jud eu de ajuda aos pobres,
pela igreja em Je ru sa lé m (At 6.1-6). q ue envolvia a “tigela dos pobres” e
Consideraremos, contudo, como esse a “cesta dos pobres” A primeira, uma
ministério auxiliar apresenta variações distribuição diária de comida fornecida
ao longo do tempo, de acordo com a aos necessitados. A segunda, uma dis­
realidade da igreja local. tribuição sem anal de com ida e roupas
para as fam ílias pobres.
I - O MINISTÉRIO DIACONAL L u c a s d e sc re v e q u e estava h a ­
1. A origem dos diáconos. Os pri­vendo um desprezo às viúvas gregas.
meiros diáconos foram instituídos em Os apóstolos, então, precisaram agir
Jerusalém (At 6.1-6), na igreja liderada para resolver esse problem a interno
pelos apóstolos (At 1.12-26; 2.4142), sob (At 6.1). Foi nesse contexto que surgiu
a direção de Tiago, irmão de Jesus (At a n e c e ssid a d e de instituir “sete v a ­
15.13). Lucas narra que “crescendo o rões", com o assistentes ou auxiliares,

26 JOVENS
para servirem às mesas, enquanto os mento eleito anciãos em cada igreja,
dirigentes esp irituais (os apóstolos) orando com jejuns, os encomendaram
cum priam integralmente o ofício que ao Senhor em quem haviam crido." De
lhes cabia e era essencial para a vida igual sorte, foram ordenados diáconos,
da igreja: perseverar na oração e no como se vê na Carta aos Filipenses, na
ministério da palavra (6.4). qual Paulo saúda “a todos os santos em
2. Um d up lo m inistério. Em bora Cristo Jesus que estão em Filipos, com
Lucas não use o substantivo diahonos os bispos e diáco no s” (Fp 1.1). V ê -se ,
(“aquele que serve") como um título para portanto, que os ministérios locais foram
identificar os sete varões eleitos pela constituídos por bispos ou presbíteros,
igreja de Jerusalém, é consensualmente responsáveis por dirigir e ensinar a igreja; e
adm itido que ali se deu a instituição por diáconos, auxiliares para as questões
dos diáconos. Mesmo porque, 0 termo administrativas ou temporais, conforme
grego diahonia (serviço ou atendimento) a necessidade de cada comunidade.
está presente no versículo 1, enquanto
o verbo diahoneo (servir) aparece no II - AS Q U ALIFIC AÇ Õ E S DOS
versículo 2, Em am bos os casos, a re­ DIÁCONOS
ferência está ligada a servir às mesas. 1. Diferença determinante. Entre as
No versículo 4 0 termo diahonia (ser­ qualificações dos presbíteros (pastores
viço) volta a aparecer. Agora, contudo, locais) e dos diáconos há uma diferença
na expressão “ministério da palavra”. determinante: a aptidão para ensinar,
Assim, são dois ministérios ou serviços que som ente é exigida dos bispos (1
distintos: o principal, de servir a palavra: Tm 3.2). Isso reforça o que já foi dito:
e o auxiliar, d e servir às m esas. Um o pastor é o responsável por dirigir e
duplo ministério estava estabelecido, ensinar a igreja, contando com o auxílio
realidade que seria reproduzida nas direto do diácono, a quem é dada a
dem ais igrejas do Novo Testamento. tarefa de atuar na esfera administrati­
A síntese é: tanto o presbítero quan­ va, com o nos assuntos do templo, na
to o diácono são servos (diahonos), no arrecadação de finanças e donativos e
sentido com um do termo. Contudo, o na assistência aos necessitados.
primeiro serve à Palavra. O segundo, 2, Da m e sm a sorte. Ao co m e çar
às mesas. Em outros trechos do Novo a seção relativa aos diáconos com a
Testamento o mesmo vocábulo grego expressão “da m esm a sorte", Paulo já
vai a p a re c e r com o se n tid o am p lo indica q u e o padrão q ue se esp era
(servos) e com o sentido e sp ecífico deles é semelhante ao dos presbíteros.
(o ofício diaconal), com o verem os no A honestidade refere-se ao estrito cum ­
tópico III desta lição. primento de suas responsabilidades e
3. Bispos e diáconos. Como já vimos, deveres em todos os âmbitos. Não deve
Paulo instituiu presbíteros nas diversas ser admitido ao diaconato quem tenha
igrejas que fundou em suas viagens negócios m al resolvidos. O diácono
missionárias. Éfeso foi um a delas (At precisa ser um homem de palavra (“não
20.17). Lucas relata em Atos 14.23: “E, de língua dobre"), ou seja, alguém em
h avend o -lhes por com um consenti­ quem se pode confiar no que diz.

JOVENS 27
P au lo in c lu i ao s d iá c o n o s a casamento fora das hipóteses bíblicas
re co m e n d a çã o de q u e g u a rd e m de exceção, quando esgotadas todas
“o m isté rio da fé em u m a pura as possibiLidades de reconciliação (Mt
19.9; 1 Co 715).
c o n s c iê n c ia " , D ev em e sta r
Paulo inclui aos diáconos a reco­
c o n v ic to s de su a sa lv a çã o em
mendação de que guardem “0 mistério
C ris to e não terem n e n h u m a da fé em uma pura consciência”. Devem
cu lp a q u e p o ssa lh e s a b a la r a fé. estar convictos de sua salvação em
Cristo e não terem nenhum a cu lp a
que possa lhes abalar a fé. Som ente
A expressão “não dado a muito vinho” homens que tenham todas essas qua­
costum a suscitar muita discussão. O lificações e forem “primeiro provados”
em prego do advérbio de intensidade e ate stad o s co m o “irrepreensíveis"
“muito”é invocado por alguns intérpretes poderão ser ordenados ao importante
como uma concordância de Paulo com o ministério diaconal.
uso moderado de bebida alcoólica. Isso,
contudo, destoa do conselho do próprio III - A R E F E R Ê N C IA ÀS M U ­
apóstolo quanto à abstinência do vinho (Ef LHERES
5.18; 1 Co 6.10). Por isso, considera-se que 1. D ia c o n is a s ? A p aren tem en te,
ele estava se referindo a um vinho não Paulo abre um a nova seção em seu
fermentado (não embriagante), e, ainda texto para se referir às mulheres. Assim
assim, recomendada a moderação, em com o havia dito “Da m esm a sorte os
função das práticas pagãs da época, que diáconos”, agora diz: “Da m esm a sorte
consistiam em glutonaria. Nossa conduta as mulheres...” Isso tem levado alguns
prudente sempre é de abster-se de toda eruditos a considerarem que o apóstolo
a aparência do mal (1 Ts 5.22). estava tratando de três ofícios distintos
3. Com pletando o rol. Assim como na igreja: bispos, diáconos e diaconisas.
os presbíteros, os diáconos deveríam Mas os contextos mediato e imediato
ser vigilantes em matéria de dinheiro, não convergem para esta interpretação.
afastando-se da cobiça. Contentamento As mulheres sempre exerceram um
e moderação são fundamentais para nos papel de alta relevância no serviço cris­
Livrar de toda a ambição ou desejo imode- tão, sendo sempre bem reconhecidas,
rado por bens ou riquezas. Paulo enfatiza principalm ente pelo apóstolo Paulo,
isso nos versículos 9 a 12 do capítulo 6 como na referência que faz a uma dis­
de primeira a Timóteo, especialm ente tinta mulher de nome Febe, que "[servia]
no versículo 10: “[...] o amor do dinheiro na igreja que [estava] em Cencreia" (Rm
é a raiz de toda espécie de malesU". 16.1). Alguns intérpretes acreditam que
Outra recom endação sem elhante se tratava de uma diaconisa. Contudo,
à dos presbíteros diz respeito à vida é sabido que a referência à diahonia è
co n ju g a l e à lid eran ça da fam ília. A feita muitas vezes no Novo Testamento
expressão “marido de uma mulher" não em relação à função de servir e não ao
é apenas uma reprovação à poligamia, ofício de diácono, com o um cargo da
mas, tam bém , ao divórcio e ao novo estrutura ministerial,

28 JOVENS
PauLo usa a palavra diahonos para © CONCLUSÃO
se referir ao seu próprio ministério e
Paulo conclui suas instruções aos
aos de seus cooperadores (1 Co 3.5; 2
diáconos enfatizando que os que
Co 3.6; C l 1.23; 4.7). No m esm o sentido
servirem bem serão dignos de res­
é feita a referência a Febe, razão que a
peito e honra perante a igreja e se
estrutura do texto não é suficiente para
fortalecerão em convicção espiritual.
afirmar que se tratava de uma mulher
ordenada ao ministério diaconal. Isso não Além de recompensa no céu, quem
impede, naturalmente, em reconhecer e se dispõe a servir recebe de Deus,
saber que as mulheres desempenham já nesta vida, uma profunda alegria
extraordinário serviço como auxiliares na interior, que não pode ser sufocada
obra de Deus, inclusive na assistência nem mesmo diante das perseguições.
às pessoas enfermas e necessitadas. Que Deus nos conceda sem pre a
2. Esposas dos diáconos. Além da graça de servir.
interpretação de que a referência as
m ulheres em 1 Tim óteo 3,11 seria às
diaconisas, há outras duas linhas de © HORA DA REVISÃO
entendim ento: um a q u e co n sid e ra 1. Com o se deu o surgimento do m i­
q u e P a u lo e sta v a s e re fe rin d o às nistério diaconal?
m ulheres em geral, e outra que sua
fala estava sendo dirigida às esposas
dos diáconos.
Essa é a posição m ais aceita, em 2. Quais os ofícios instituídos nas igrejas
função de que a palavra grega pre­ dos dias de Paulo?
sen te no texto (g y n a ih o s) pod e ser
interpretada tanto com o “m u lh eres”
quanto com o “esposas”, Paulo estava,
portanto, recom endando que as e s ­
3. Qual a diferença determinante entre
posas dos diáconos tivessem um viver
o diaconato e o presbitério?
honesto: não fossem maldizentes, mas
equilibradas e fiéis em tudo,

© PENSE!
4. Q u a l a m elh o r atitu d e para nos
Não é a briga por um título que nos
fará mais importantes no reino de prevenir das am biçõ es?
Deus: muito mais importante é servir.

@ PONTO IM PORTANTE!
As m ulheres sem pre tiveram um 5. O que significa a expressão “marido
papel altamente relevante no reino de um a mulher"?
de Deus e são dignas de reconheci­
mento, mas a liderança da igreja foi
dada ao homem.
INSTRUÇÕES SOBRE
O COMPORTAMENTO
NA IGREJA
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL
"Todas as coisas m e são lícitas, SEGUNDA - 1 Tm 1.3
m as nem to d as as coisas Cuidando da doutrina
convêm ; to d as as co isas m e são TERÇA - 1 Tm 1.5
lícitas, m as eu não m e deixarei O amor fraterno
d o m in ar por nenhum a." QUARTA - 1 Tm 1.18
(1 C o 6 . 12) Militando a boa milícia
QUINTA- 1 Co 6.1-11
RESUMO DA LIÇÃO O litígio entre os irmãos
SEXTA - Hb 12.23
A Igreja tem um relevante
A "universal assembléia e igreja
papel com o coluna e firmeza dos primogênitos"
da verd ad e; e trata d o m istério
SÁBADO - 1 Co 6.20
da p ie d a d e , que é a sub lim e
Glorificando a Deus com
revelação de Cristo. o nosso corpo

30 JOVENS
i Timóteo 3.14-16
14 Escrevo-te estas coisas, esperando ir 16 E, sem dúvida algum a, grande é o
ver-te bem depressa. mistério da piedade: Aquele que se
15 Mas, se tardar, para que saibas como manifestou em carne foi justificado em
convém andar na casa de Deus, que é espírito, visto dos anjos, pregado aos
a igreja do Deus vivo, a coluna e firmeza gentios, crido no mundo e recebido
da verdade. acima, na glória.

■ M INTRODUÇÃO (atual Turquia) a fim de reencontrar seu


Na lição deste dom ingo, estu da­ am igo e fiel cooperador.
rem os os três últim os v e rsícu lo s do Como já estudamos, Paulo escreveu
capítulo 3 da Primeira Carta de Paulo sua Primeira Carta a Timóteo durante a
a Timóteo. A pesar d e ser um trecho viagem que fez depois de seu primeiro
pequeno, tem riquíssim o conteúdo. aprisionamento em Roma, quando vi­
N e le P au lo ex p re ssa o seu d e se jo sitou Creta (onde deixou Tito - Tt 1.5) e
de rever Tim óteo, possivelm ente na algum as cidades da Ásia Menor, como
própria Éfeso; fala do relevante papel Mileto (2 Tm 4.20), e possivelm ente a
da Igreja com o coluna e firm eza da própria Éfeso. De Mileto, seguiu para
verdade; e trata do mistério da piedade, Trõade, rum o à M acedônia (Filipos,
que é a sublim e revelação de Cristo, Tessalônica e Bereia), região de onde
o Filho de Deus encarnado, ressurreto escreveu a Primeira Carta a Tim óteo
e glorificado. (íT m 1.3).
Refletiremos a respeito do conteúdo 2. Mudança de planos. No versículo
da verdadeira mensagem cristocêntrica 13 do capítulo 4 Paulo também expressa
e os perigos de um evangelho político seu desejo de encontrar-se novamente
ou moral, denominado evangelho social. com Timóteo. Mas não há nenhum a
São faces diferentes de um mesmo pro­ e vid ê n cia de q ue tenha havido seu
blema. Manter a essencialidade bíblica retorno para a Ásia Menor. Escrevendo
da pregação é um grande desafio para a Tito algum tempo depois, o apóstolo
a Igreja em todos os tempos. informa que pretendia passar o inverno
em Nicópolis (Tt 3.12), na costa ocidental
I - O PROPÓSITO DE PAULO da Grécia, ainda mais distante de Éfeso.
1. U m a p a la vra p e sso a l. C o m a O m ais provável é que, saindo da
expressão “e screvo -te estas coisas", Ásia Menor pela cidade de Troâde (2 Tm
Paulo volta a dar um tom bem pessoal 4.13), Paulo tenha visitado a Macedônia,
ao seu texto, principalm ente ao dizer descido a Corinto, na Acaia, e, de lá,
que esperava ir ao encontro de Tim ó­ seguido para Nicópolis, onde prova­
teo “bem depressa" (1 Tm 3.14). Isso velm ente foi preso e levado à Roma.
mostra que Paulo pretendia retornar da Assim com o qualquer um de nós,
Macedônia (Europa) para a Ásia Menor Paulo tam bém fazia planos, m as ele

JOVENS 31
havia entregado a sua vida totatmente São instruções quanto ao compor­
à direção de Deus, o que incluiu sofri­ tamento de todos que são cham ados
mentos e o próprio martirio (At 9.6,15,16; para pertencer à fam ília de D eus na
20.22-24). Fazer a vontade de Deus é Nova Aliança.
sem pre o melhor (Sl 18.30-34). 2. Casa de Deus. O sentido aqui não
3. “M as, se tardar". Ao m e sm o é físico. Paulo não está referindo-se ao
tem po em que esp erava logo rever templo como um edifício, mas ao corpo
Timóteo, Paulo cogitava que sua via­ místico de Cristo, a Igreja, formada pela
gem pudesse demorar. Assim, enviou reunião de todos os santos, os quais
por carta suas instruções. O apóstolo são templo do Espírito Santo, habitação
se m o strou p re c a v id o e d ilig e n te , perm anente de Deus (1 Co 3.16; 6.19;
faze n d o o m e lh o r uso p o s s ív e l do 2 Co 6.16). É a “universal assem b léia
p rin cip a l m eio d e c o m u n ic a ç ã o da e igreja dos primogênitos, que estão
época. Tim óteo ficou d e vid am en te inscritos no cé u ” (Hb 12.23),
s u p rid o d e o rie n ta ç õ e s p a sto ra is Jesus anunciou aos discípulos a edi­
co m plem entares àq u elas q ue havia ficação de sua Igreja (Mt 16.18), usando
recebido pessoalm ente (iTm i.3). um term o grego bem co nhecido na
Q uand o u sad o s sab iam en te, os época: ehhlesia, formado de eh, “para
meios de com unicação são uma bên­ fora de” , e hlesis, “ cham ado”. De acordo
ção. Eles podem nos edificar individu­ com a B íb lia de Estu d o P en teco stal,
alm ente e a toda a igreja. tem o sentido literal de “reunião de um
povo, por convocação".
@ PENSE! É para e sse povo, portanto, que
Nem sempre é possível fazer tudo o são dirigidas as instruções pautinas.
que desejamos, por mais nobre que Onde quer que nos reunamos, preci­
seja nosso propósito. Deus sabe de sam os nos comportar de acordo com
todas as coisas. a Palavra de Deus.
3 . 0 Deus vivo. A expressão “igreja
Q PONTO IM PORTANTE! do Deus vivo" contrasta com os inú­
0 tom pessoal dado por Paulo de­ meros templos dos deuses pagãos da
monstra, mais uma vez, a profunda época, ídolos mortos que não podiam
afetividade que nutria em relação esboçar nenhuma reação ao culto que
a Timóteo. recebiam. Ali mesmo, em Éfeso, muitos
haviam se convertido a Cristo, aban­
II - À IGREJA DO DEUS VIVO donando os seus ídolos, o que causou
1. “Com o convém andar". A co ns­ grande alvoroço na cidade (At 19.1-20),
trução gram atical utilizada por Paulo Hoje, iguatmente, precisamos ter fé
nos perm ite entender q ue o ensino e convicção de que estamos servindo
não era som ente para Timóteo, mas a um Deus vivo. Não podem os perder
para todos os crentes de Éfeso e, via a p o d e ro sa p re se n ç a d e D e u s em
de consequência, para os cristãos de nossa vida, individual e coletivamente.
todos os tempos, pois visava a “igreja Precisam os orar fervorosam ente (At
do Deus vivo”. 4.31) e dedicar tempo nos exercitando

32 JOVENS
em piedade ou devoção, o que inclui U m a p reg ação m oral, portanto,
a prática de disciplinas espirituais que é com o atacar as co n se q u ê n cias de
nos levem a conhecer e amar cada vez um problem a, d eixand o in atin g ível
mais a Deus (1 Tm 4,7,8). a causa. Isso é o q ue tem sido feito
com parte da pregação evangélica,
III - O M IS T É R IO D A P IE D A D E fazendo d e la um d isc u rso político,
1, C o lu n a da verd ad e. Mais q ue na vã e sp e ra n ç a d e transfo rm ação
um sentido geral, verd ad e aqui tem da sociedade.
um sentido fundam ental e específico, O probLema da humanidade, afinal
q ue é o “m istério da p ie d a d e ”. E sse de contas, não é primariamente co le­
“mistério” ou razão de nossa devoção tivo, m as individual. Não existe liber­
é Cristo, a Palavra encarnada, em torno tação da socied ad e se os indivíduos
de quem estão escondidos os tesouros perm anecem presos em seus delitos
da sabedoria e do conhecim ento (Cl e pecados (Ef 2.1-5). Hom ens imorais
2.2,3). Para proclamar essa verdade, os ja m a is co n stru irão um a s o c ie d a d e
líderes de Éfeso precisariam ter uma m oralmente sadia.
firme estrutura moral e espiritual, por O verdadeiro evangelho, portanto,
isso as qualificações apresentadas por apresenta a Cristo, o Homem perfeito,
Pauto eram fundamentais. 0 enfraque­ único q u e tem o p o d er de libertar,
cim ento da liderança com prom ete a perdoando os pecados e produzindo
mensagem. uma profunda transform ação do c a ­
Há um risco enorm e de se tentar ráter. É a obra da regeneração, pela
reduzir o evangelho a uma pregação qual se inicia um processo progressivo
de m oral pública, enquanto as q u a­ e perm anente, que é o crescim ento
lificações individuais vão sendo d e s­ em santificação (Hb 12.14), Som ente a
prezadas. Em “tempos trabalhosos" (2 graça de Deus nos faz alcançar virtudes
Tm 3.1), não são poucos os que estão espirituais com o o dom ínio próprio,
reduzindo o “evangelho” à defesa de fruto do Espírito (Ef 5.22).
pautas públicas. Uma pregação aparen­ 3 .0 conteúdo da mensagem, igre­
temente espiritual, mas bem afastada ja s da Europa e dos Estados Unidos da
da m ensagem cristocêntrica. Am érica vivem trágicos resultados de
2. V e rd a d e lib e rtad o ra. A única um processo de declínio da pregação.
m ensagem libertadora é o evangelho Isso, infelizmente, se projeta no Brasil,
bíblico com pleto, que expõe o “m is­ com as facetas próprias de um país tro­
tério da piedade”: encarnação, morte, pical e continental, altamente eclético
ressurreição e glorificação de Cristo, no cam po evangélico. Há também um
e seu poder regenerador, justificador m ovim ento de psico lo gização , pela
e redentivo eterno. Esta m ensagem (e inserção de conteúdos motivacionais
somente ela!) tem o poder de libertar e de autoajuda, com o a Teologia do
o homem e dar-lhe força interior para Coaching.
vencer suas próprias inclinações p e­ No cam po pentecostal, há m ovi­
c a m in o sa s, a fa s ta n d o -o d e toda a m entos sem solidez bíblica e doutri­
imoralidade e mundanismo (1 Co 2.1-5). nária. Por isso, rapidamente caem em

JOVENS 33
descrédito, gerando frieza, incredulida­ O CONCLUSÃO
de e apostasia (Mt 7.21-23; 18.6).
Em tempos tão trabalhosos, com tantos
Com o “coluna e firmeza”da verda­
fundamentos destruídos, é imperativo
de, a igreja d eve sustentar a procla­
que, como Igreja, cumpramos nosso
m ação do “mistério da piedade", que
papel de defesa e proclamação da
Paulo expressou através do trecho de
verdade, que é Cristo e seu Evangelho
um hino bem conhecido dos crentes
primitivos: "Aquele que se manifestou pleno. Para essa importante missão,
em carne foi justificad o em espírito, precisamos manter um comportamento
visto dos anjos, pregado aos gentios, apropriado, cumprindo fielmente a
crido no mundo e recebido acim a, na Palavra de Deus. Isso não é possível
glória" (íTm 3.16). Em poucas palavras, com as nossas próprias forças, mas a
uma profunda mensagem cristológica. graça de Deus nos capacita.
A presenta a Cristo, o Filho d e Deus
que se fez carne, morreu e ressusci­
tou como prova de sua vitória sobre o
© HORA DA REVISÃO
pecado, a morte e o inferno (Jo 1.14; C l
2.12-15; Ap 1.18). Sua vida e ressurreição, l. Q ual o sig n ifica d o da expressão
assim com o sua asce n são aos céu s “casa de Deus” no texto estudado?
foi testemunhada pelos anjos (Lc 2.10;
At 1.9-11). Seu nome tem sido pregado
ao s gentios, e crido por incontáveis
pessoas em todas as épocas e lugares, 2. Que m ensagem extraímos da ex­
as quais esperam v ê -lo glorificado (1 pressão “igreja do Deus vivo"?
Jo 3.2,3).
4. Buscando o equilíbrio. Ao tratar
da ce n tra lid a d e do Evangelho, que
é Cristo, não podem os im aginar que 3. O q ue é o “m istério da piedade"
não d evem os estudar muitos outros referido por Paulo?
im p o rtan te s te m a s da v id a cristã,
tam bém contidos nas Escrituras. O
ensino de Paulo visa ensinar “com o
convém andar" e isso deve ser feito 4. Q ue sin a is tem o s do d e clín io da
com equilíbrio.
pregação?
O segredo do equilíbrio é ter Cristo
sem pre no centro de todas as coisas,
interpretando e aplicando os ensinos
relativos a todas as áreas da vida, Nosso
5. Quem é a cen tralid ad e do Evan­
foco central d eve ser a g lo rificação
gelho?
de nosso Senhor e Salvador: “Porque
dele, e por ele, e para ele são todas as
coisas: glória, pois, a ele eternamente.
Amém!" (Rm 11.36).

34 JOVENS
O RESPEITO AS
PESSOAS E O CUIDADO
COM AS VIÚVAS
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL
SEG U N D A -lTm 5.1
"[...] S e g u e s a justiça, a Admoesta os anciãos como a pais
p ie d a d e , a fé, o amor, a T E R Ç A -lT m 5.2
p a ciê n cia, a m a n sid ã o .11 O cuidado com as irmãs
(1 Tm 6 . 11) mais velhas
QUARTA - Tg 1,27
O cuidado com os órfãos
RESUMO DA LIÇÃO QUINTA - Dt 10.17
O cuidado de Deus com as viúvas
O líd er tem o d ever de SEXTA - Tg 2 .8 ; 14-17
ensinar a to d o s na O amor e o cuidado com
igreja, inclusive aos o próximo
m ais velhos. SÁBADO - 1 Tm 6.1
O s deveres dos servos

JOVENS 35
TEXTO BÍBLICO

i Timóteo 5.1-16 de sessenta anos, e só a que tenha


1 Não repreendas asperamente os an­ sido mulher de um só marido.
ciãos, mas admoesta-os como a pais; 10 Tendo testemunho de boas obras, se
aos jovens, como a irmãos. criou os filhos, se exercitou hospitalidade,
2 Às mulheres idosas, como a mães, às se lavou os pés aos santos, se socorreu
moças, como a irmãs, em toda a pureza. os aflitos, se praticou toda boa obra.

3 Honra as viúvas que verdadeiramente 11 Mas não admitas as viúvas mais novas,
porque, quando se tornam levianas
são viúvas.
contra Cristo, querem casar-se.
4 Mas, se alguma viúva tiver filhos ou
12 Tendo já a sua condenação por haverem
netos, aprendam primeiro a exercer
aniquilado a primeira fé.
piedade para com a sua própria família
e a recompensar seus pais; porque isto 13 E, além disto, aprendem tam bém a
é bom e agradável diante de Deus. andar ociosas de casa em casa; e não
só ociosas, mas também paroleiras e
5 Ora, a que é verdadeiramente viúva e de­
curiosas, falando o que não convém.
samparada espera em Deus e persevera
de noite e de dia em rogos e orações. 14 Quero, pois, que as que são moças se
casem, gerem filhos, governem a casa
6 Mas a que vive em deleites, vivendo,
e não deem ocasião ao adversário de
está morta. maldizer.
7 Manda, pois, estas coisas, para que 15 Porque já algumas se desviaram, indo
elas sejam irrepreensíveis, após Satanás.
8 Mas, se alguém não tem cuidado dos 16 Se algum crente ou alguma crente tem
seus e principalmente dos da sua família, viúvas, socorra-as, e não se sobrecar­
negou a fé e é pior do que o infiel. regue a igreja, para que se possam
9 Nunca seja inscrita viúva com menos sustentar as que deveras são viúvas.

INTRODUÇÃO locais (Tt 1.5). Significa “homem idoso".


0 texto bíblico desta lição fala do Isso se confirma, inclusive, porque no
tratam ento ad e q u ad o que o jo v e m versículo seguinte (1 Tm 5,2) o m esm o
pastor deveria d isp e n sar a todas as vocábulo aparece em sua forma femi­
pessoas da igreja (de idades distintas nina, referindo-se a “mulheres idosas”,
e de am bos os sexos), especialm ente Timóteo tinha o dever de ensinar a
as viúvas, e nos desafia a refletir sobre todos na igreja, inclusive aos mais velhos.
nossos deveres familiares, sinal essen­ Contudo, tinha uma maneira adequa­
cial de nossa fé. da para cada faixa etária. Os homens
idosos não poderíam ser repreendidos
1 - O PADRÃO FAMILIAR asperam ente ou com dureza no falar.
1. Os anciãos. Diferentemente de Paulo está se referindo à abordagem
outros textos, com o Atos 20,17, em 1 e, principalmente, ao tom de voz a ser
Tim óteo 5.1 o termo “ancião" não é o empregado no momento da repreensão.
equivalente ao oficio de presbítero, que Tim óteo deveria se dirigir aos an­
era o dirigente ou pastores das igrejas ciãos com o um filho se dirige ao pai,

36 JOVENS
com o devido respeito, usando palavras velho, e terás temor do teu Deus. Eu
adequadas para a transm issão da re­ sou o Senhor" (Lv ig.32).
preensão. Não deveria ser rude e impor
sua autoridade através de expressões II - O RELACIONAMENTO COM
ásperas. Não havia impedimento algum AS MOÇAS
para a repreensão dos homens idosos, 1. “Em toda a pureza". Quando tra­
conquanto se observasse a maneira ta da adm oestação às m oças Paulo
correta de fazê-lo. acrescenta: “[...] em toda a pureza" (v. 2),
2. O s jo v e n s. V iv e m o s em um a O apóstolo está mostrando a Timóteo
g eração m arcad a por um a extrem a que é preciso evitar atitudes inapro-
rejeição a todo o tipo de repreensão. priadas com relação às pessoas sob
Em parte, isso tem sido ob servad o seus cuidados. O pastor precisa tratar
também em algum as igrejas. Aceitar a a todos com o mem bros da família de
correção nos torna sábios, mas rejeitá-la Deus, seja solteiro ou casado, jovem ou
impõe graves prejuízos à nossa alm a idoso. Todos precisam ser respeitados
(Pv 8 .33: 15.31- 33). e o Líder deve estar sem pre vigilante
S e Tim óteo poderia e deveria re­ (Mt 26.41).
preender aos idosos, sem pre que ne­ 2. Pureza em tudo. O jo vem p as­
cessário, quanto mais aos jovens. Mais tor p re cisav a d irig ir a ig reja e lid ar
uma vez, contudo, precisaria observar com p e sso a s de am bo s os sexos e
um padrão adequado, e o parâmetro, de todas as idades, incluindo moças,
em função de sua idade, era o relacio­ N esses contatos pessoais, precisava
nam ento entre irmãos. A afetividade ser vigilante para não ser atacado por
deveria estar presente na transmissão pensamentos ou sentimentos lascivos,
da repreensão, assim Timóteo evitaria e, muito menos, descambar para atitu­
qualquer distanciamento ou indiferença des impuras, que poderiam afetar sua
em sua conduta. Afinal, ali estava um vida espirituaLe seu ministério.
pastor que tam bém era jovem . A expressão “em toda a pureza" nos
3. As m ulheres idosas. 0 trato com indica a necessidade de ser puros nos
as mulheres idosas deveria ser pautado pensam entos, no olhar, no falar e no
no mesmo respeito e afeto que se deve agir. No contato com pessoas do sexo
devotar às mães. Nenhum filho deve oposto, precisam os rejeitar d esde os
dirigir-se à sua mãe com arrogância ou pensam entos pecam inosos, co nfes-
dureza, mesmo que ela tenha cometido sa n d o -o s a Deus em nosso íntimo e
algum erro. Deve devotar-lhe profundo abandonando-os. Para isso, é funda­
respeito, dirigindo-lhe palavras brandas. mental que enchamos nossa mente de
O exemplo de Timóteo, como líder coisas boas, de coisas puras (Tg 4.8).
espiritual, deveria ser observado pelos 3. Ninhos na cab e ça. A tribui-se a
crentes de Éfeso (1 Tm 4.12) e nos serve Lutero a frase que diz: “Não podemos
de inspiração para todas as áreas da im pedir que os pássaros voem sobre
vida. Honrar os idosos é mandamento a s n o ssa s c a b e ç a s , m as p o d e m o s
divino para todos nós: “Diante das cãs im pedir que eles façam ninhos sobre
te levantarás, e honrarás a fa ce do elas”. Nenhum de nós está livre de ter

JOVENS 37
pensam entos impuros, mas todos nós enfatiza a necessidade de a piedade
p o d em o s refutar tais pe n sam en to s ser exercida primeiro dentro de casa,
e não c u ltiv á -lo s em n o ssa m ente, para com a própria família: “porque isto
para que não germ inem e produzam é bom e agradável diante de Deus" (1
seus frutos, que nunca serão bons (Mt Tm 5.4). Está aí, portanto, a vontade de
15.19). Cultivam os m aus pensam entos Deus para esse assunto de tanto apelo
quando os alim entam os com objetos público: a família deve ser encorajada
de n o ssos d esejo s, se ja em atitude a cumprir o seu papel.
apenas mental, seja abrindo os canais A Bíblia não abona nenhum sistema
da audição ou da visão para receber político ou ideológico, m as é fato que
im pulsos externos. reprova m ais a lg u n s do q ue outros.
Do texto em estudo podem os extrair
III - MANDAMENTOS ÀS VIÚVAS uma clara refutação do socialismo, que
1. V e rd a d e ir a m e n te v iú v a s. Na nega as responsabilidades pessoais do
opinião de alg uns estudiosos, havia, indivíduo e de suas famílias, procurando
na igreja dos primeiros séculos, uma criar um sistem a de dependência do
e sp écie de “ordem de viúvas", com o Estado. Um paternalismo doentio.
um m inistério e sp e c ífico , q u e c o n ­ b) Idade: Paulo faz um recorte de
sistia na in scriçã o d e v iú va s id o sas idade, indicando que não deveria ser
que faziam um voto de se dedicarem inscrita viúva com menos de sessenta
exclusivam ente a Deus, servindo na anos. A idade era um dos requisitos a
igreja. Em contrapartida, eram inscritas ser conjugado com os demais. Certa­
para serem sustentadas. Mas o texto mente considerava os fatores próprios
de 1 Tim óteo 5 .1-16 não nos perm ite da época, como a natureza do trabalho
co ncluir que havia essa organização da mulher e as dificuldades que poderia
fo rm al em torno de um “m inistério ter para atender ao seu sustento na
d as v iú v a s”, em bora fique claro que co n d içã o de viúva sem filhos. A lém
havia, sim, um rol específico daquelas disso, poderia indicara improbabilidade
que seriam alvo da ajuda material ou de um novo casamento.
financeira da igreja. Elas são cham adas c) T estem u n h o p e s s o a l: A viú va
de “verdadeiram ente viúvas”. Tinham deveria ser piedosa e temente a Deus,
que ter, no mínimo, sessenta anos de “Iperseverandol de noite e de dia em
idade, não terem fam ília e terem um rogos e orações”(1 Tm 5.5). Não deveria,
largo “testem unho de boas obras” (1 portanto, ter atitude de reclamação ou
Tm 54-10). exigência. Em relação às viúvas que
2. O cuidado d as viúvas. Havia um viviam em “deleites" ou prazeres, o
controle das viúvas que eram realmen­ apóstolo reputa como espiritualmente
te dignas do auxílio da igreja. O texto mortas. A viúva tinha que ter sido “m u­
paulino fala em “inscrição", seguindo lher de um só marido". Isso ressalta a
alguns critérios: d ign id ad e da viuvez, esp ecialm ente
a) Resp o n sab ilid ad e d a fam ília: as como oportunidade de maior dedicação
viúvas q ue tivessem filhos ou netos a Deus. Contudo, não é interpretado
deveríam ser assistidas por eles. Paulo com o um a proibição inflexível para

38 JOVENS
um novo casam ento (1 Tm 5.14). Diz © CONCLUSÃO
respeito, sobretudo, à conduta de inteira
A Palavra de Deus é completa, ela tem
fidelidade conjugal. Além disso, a viúva
lições para todas as áreas de nossa
deveria ter se dedicado à prática de
vida. Vimos hoje como é importante
boas obras, criado os filhos, recebido
e atendido bem as p e sso a s em sua ter relacionamentos saudáveis em
casa, se dedicado a práticas serviçais família, para que nos sirvam de padrão
humildes, como lavar os pés aos santos inspirativo na igreja e em outras áreas
e socorrido aos aflitos (1 Tm 5.9,10). de nossa vida. Vimos, também, que um
3. V iú v a s m ais novas. A s viú va s sinal vital da verdadeira espiritualidade
mais novas não deveriam ser admitidas é a maneira como cuidamos de nossos
no serviço de atendim ento social da familiares, especialmente nossos pais
igreja, porque “quando se [tornavam] e avós, em suas necessidades.
Levianas contra Cristo, [queriam] c a ­
sar-se" (1 Tm 5.11). O texto nos indica
q u e a lg u m a s d e la s, q u e p ro va ve l­ © HORA DA REVISÃO
m ente haviam decidido perm anecer 1. Qual o significado do termo “ancião"
viúvas e se d edicar a Deus (1 Tm 5.5), em 1 Timóteo 5.1?
rompiam o com prom isso e adotavam
um comportamento incompatível para
qualquer mulher cristã: viviam ociosas,
de casa em casa, com o fofoqueiras, 2. O que significa a frase "atribuída a
se importando com a vida dos outros. Lutero", citada nesta lição?
Verdadeiras transm issoras de m a le­
dicências (1 Tm 5.13). Para evitar isso,
Paulo recom enda às “viúvas mais no­
vas”(NAA) [o equivalente à expressão 3. Quais os requisitos principais para ser
“moças" em 5.14] que se casasse m ,
considerada uma “verdadeira viúva”?
gerassem filhos e cuidassem de suas
próprias casas, fugindo de todo o mau
testemunho. Mais uma vez, portanto,
Paulo estim ula e honra a constituição
4. Q u al a re co m e n d a ç ã o de P aulo
da família.
para as viúvas novas?

@ PENSE!
A verdadeira piedade começa em
casa, no seio de nossa família.
5. O que ressalta o fato de que a viúva
0 PONTO IMPORTANTE! tinha que ter sido “m ulher de um
No contexto da época, não havia só marido"?
previdência social, razão que toda a
viúva, sem filhos ou netos, dependia
diretamente da igreja.
CONSELHOS DE
PAULO A TIMÓTEO
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL
"C onjuro- te, diante de Deus, SEGUNDA - l T m 5-22
e do Senhor Jesus Cristo, e
Conselho em relação às atitudes
dos anjos eleitos, que, sem TERÇA - 1 T m 5.23
prevenção, guardes estas coisas, Conselho em relação à saúde
nada fazendo por parcialidade." QUARTA - l T m 1.2
(1 Tm 5 .21 ) O amor de um pai na fé
Q U I N T A - lT m 4 1 6
RESUMO DA LIÇÃO Conselho em relação ao
cuidado de si mesmo
O líder deve ser imparcial, SEXTA - 1 T m 6.20
sem se deixar influenciar p o r Conselho para guardar a fé
quaisquer fatores que o leve SÁBADO - 2 T m 2.1
a favoritism os. Conselho para se
fortificar na graça

40 JOVENS
TEXTO BÍBLICO

1 Timóteo 5.21-25
21 Conjuro- te, diante de Deus, e do Senhor estômago e das tuas frequentes enfer­
Jesus Cristo, e dos anjos eleitos, que, midades.
sem prevenção, guardes estas coisas,
nada fazendo por parcialidade. 24 Os pecados de alguns homens são
manifestos, precedendo o juízo; e em
22 A ninguém imponhas precipitadamente
alguns manifestam-se depois.
as mãos, nem participes dos pecados
alheios; conserva-te a ti mesmo puro. 25 Assim mesmo também as boas obras
23 Não bebas mais água só, mas usa de são manifestas, e as que são doutra
um pouco de vinho, por causa do teu maneira não podem ocultar-se.

“diante de Deus, e do Senhor Je su s


■ ■ I INTRODUÇÃO WÊÊÊk Cristo, e dos anjos eleitos" (1 Tm 5.21).
A lição de hoje conclui o estudo da O juízo deveria ser exercido “sem
Primeira Carta de Paulo a Timóteo. Estu­ prevenção”, isto é, sem prejulgamentos
daremos a respeito da responsabilidade ou motivações subjetivas que o incli­
pastoral de escolha dos presbíteros e nassem previamente a favor ou contra
da disciplina a eles aplicada. O após­ alguém. Timóteo deveria ser imparcial,
tolo volta a advertir ao jo vem pastor sem se deixar influenciar por quaisquer
acerca da indispensável cautela para a fatores que o levassem a favoritismos.
ordenação desses líderes, apontando Paulo o lembra de que estava diante de
para a necessidade de um tempo de Deus, o Juiz de toda a terra, do Senhor
observação para conhecer eventuais Jesus, perante quem todos deveremos
pe cad o s do candidato, assim com o comparecer, e dos anjos de Deus, que
para ciência inequívoca de suas boas participarão do Juízo Final (Gn 18,25; Hb
qualificações. 12.23; Ap 14.14-20).
Em um tem po em q ue im pera a 2. A honra d e vid a. No v e rsíc u lo
cultura da pressa, fruto da profunda 17 do cap ítulo 5 o ap óstolo prevê a
ansiedade que insiste em afetar a todos retribuição e sp e cial que os pastores
nós, é salutar considerar o que a Palavra locais deveríam ter, em conformidade
de D eus nos ensina. Precisam os ser com o trabalho prestado. Os presbítero,
moderados e esperar, sempre, 0 tempo que governassem bem, deveríam ser
de Deus para tudo (Ec 3.1). “estim ados por dignos de duplicad a
honra". Isso in c lu ía a re m u n era ção
I - O JULGAMENTO DOS PRES­ pelo trabalho, como está explícito no
BÍTEROS versículo 18, no qual Paulo usa a figura
1. Sem prejulgam ento ou parcia­“do boi que debulha", citando o Antigo
lid a d e . T im ó te o tinha a m issão de Testam ento (Dt 25.4), com o já havia
observar a conduta dos presbíteros e feito na carta à igreja de Corinto (1 Co
fazer 0 devido juízo, para honra ou para 9.9). Tam bém se refere ao ensino de
repreensão. Para isso Paulo o respon­ Jesus registrado por Lucas: “[...] digno
sabilizou solenem ente (“conjuro-te"), é o obreiro de seu salário” (Lc 10.7).

JOVENS 41
O reconhecimento deveria ser maiorpública. Não se poderia “abafar”o caso,
ainda para os presbíteros que trabalhas­ ou tratá-lo reservadamente, evitando
sem “na palavra e na doutrina", ou seja, que se tornasse público. Pelo contrário!
pregando e ensinando as Escrituras. A expressão “na presença de todos”não
Conforme 1 Timóteo 3.2, todos os pres­ deixa dúvida de que não havia espaço
bíteros deveríam ser aptos para ensinar, para acobertamento de pecados.
mas certamente nem todos o faziam. Acobertar pecados, sob a alegação
Por isso, aqueles que se dedicassem d e proteger a “im agem " do faltoso,
ao ministério da Palavra deveríam ser além de não contribuir para sua ver­
ainda mais honrados. dadeira recuperação espiritual serve
O texto não abona, contudo, que para enfraq uecer o tem or no corpo
haja um pastor-d irigente q ue cu id e eclesiástico, criando um círculo vicioso
somente de questões administrativas e de pecados e escândalos. Repreender,
não ensine a igreja, pois é a exposição na presença de todos, 0 presbítero que
da Palavra o que realmente identifica a p ecasse, levaria “os outros” a terem
essência da m issão pastoral (Hb 13.7). temor (1 Tm 5.20).
3, A repreensão devida. O tratamen­ P e la n atu re z a p ú b lic a do p ro ­
to justo aos presbíteros impunha, ao cedim ento, po d em o s afirm ar q ue a
m esm o tempo, a repreensão para os ex p ressão “os o utro s” ab ra n g e ría a
que pecassem. A igreja precisa ser um todos da igreja, já que de todos seria
am biente onde impere a justiça, Não dado a conhecer os fatos e a disciplina
pode ser um lug ar onde a cu sa çõ e s aplicada.
levianas tenham espaço. Por isso, Paulo
diz a Tim óteo e para conhecim ento II - A DESIGNAÇÃO DE LÍDERES
de todos, que não deveria ser aceita 1. Sem precipitação. Vivem os em
acusação contra presbítero senão com uma socied ad e na qual tem im pera­
duas ou três testemunhas. do a cultura da pressa. É a cham ada
O apóstolo apresenta a necessidade “so c ie d a d e fa st food", ch e ia de a n ­
de um verdadeiro juízo de adm issibi- siedade, estresse e depressão. Você
Lidade, para evitar que qualquer tipo já deve ter ouvido falar da Síndrom e
de a c u sa ç ã o sem lastro em provas do Pensamento Acelerado (SPA), que
pudesse pôr em dúvida a conduta do a lg u n s e sp e c ia lis ta s afirm am estar
obreiro e m acular a sua reputação, Na atingindo m ais de 8 0 % da população.
verdade, essa exigência de apresenta­ Precisamos tomar muito cuidado para
ção mínima de testemunhas é aplicável não sermos envolvidos nesse turbilhão
a todos, desde o Antigo Testamento (Dt de inquietação mundiaL.
19.15; Mt 18.15-17). Deveria ser observa­ Em um aspecto prático da ad m i­
da tam bém em relação ao presbítero, nistração eclesiástica, Paulo trata disso
certamente porque o próprio exercício com Timóteo ao falar sobre a designa­
do ministério pode suscitar oposições ção de líderes para a igreja de Éfeso, O
e calúnias. jovem pastor deveria ser cauteloso e
4 . 0 caráter público. A repreensão não impor precipitadamente as mãos
ao presbítero deveria ser feita de forma sobre ninguém (1 Tm 5.22). A ordena­

42 JOVENS
ção de obreiros precisa ser fruto de preciso esperar com paciência, para
um processo rigoroso de observação que os verdadeiros frutos apareçam ,
de co ndutas, visan d o id entificar as sejam bons, sejam m aus (Mt 7.15-23).
qualificações previstas no capítulo 3
em Primeira a Timóteo. I I I - U M POUCO DE VIN H O
2. Pecados evidentes. No versículo 1. A questão da abstinência. Paulo
24, Paulo trata dos pecados evidentes, recomenda a Timóteo que não bebesse
que podem ser observados com mais som ente água, m as que usasse “um
facilidade na vida de um candidato a pouco d e vinho ” (1 Tm 5.23). A lg u n s
líder espiritual. Todavia, o apóstolo ad­ eruditos veem neste versículo certo
verte a Timóteo de que alguns pecados embaraço para 0 entendimento vigente
som ente se manifestam ao longo do em nossas igrejas, de abstinência total
tempo, daí a necessidade de espera e de vinho ou de quaisquer bebidas alco­
análise da conduta. ólicas, Por outro lado, alguns intérpretes
De fato, existem pecados que po­ consideram que a referência do após­
dem os cham ar de flagrantes. Outros, tolo seria ao vinho não fermentando ou
contudo, costum am ficar escondidos, não embriagante.
e até disfarçados em comportamentos A dificuldade apontada pelos eru­
aparentemente sadios. Pecados menos ditos é a p e n a s aparente, po rque o
patentes, com o o orgulho, a soberba texto é absolutam ente claro quanto
e a rebeld ia, q ue g eralm en te só se ao propósito do uso do vinho, que era
manifestam com o tempo, diante de m edicinal e não embriagante. Assim,
situações específicas às quais a pessoa se fermentado ou não, não há, na reco­
é submetida, tam bém serão julg ad o s mendação de Paulo, a mínima margem
pelo Senhor. para se interpretar o sancionamento do
3. B o as obras. Da m esm a forma uso do vinho para fins embriagantes. O
que os pecados, também existem boas exame da motivação resolve a equação.
obras que facilm ente são percebidas. 2. Os m ales do vinho. São diversos
Outras, contudo, que não são feitas em os textos bíblicos que apontam para os
público, som ente com o tempo ap a­ perigos do vinho, razão que bem faze­
recem. Essas, na verdade, costum am mos em nos manter longe dele, assim
ser as m ais autênticas. Assim , ao se como de qualquer bebida embriagante
impressionar com boas ações logo no (Pv 23.29-32: Is 28.7; Ef 5.18). Provérbios
começo, Timóteo podería ser enganado. 20.1 diz: “O vinho é escarnecedor, e a
Com o diz o conhecido adágio: “Nem bebida forte, alvoroçadora; e todo aquele
tudo que reluz é ouro". que neles errar nunca será sábio".
A lguns exegetas entendem que a Com o já afirmamos em lição ante­
expressão “as que são doutra maneira rior, não são poucos os exem plos de
não podem ocultar-se” (1 Tm 5.25) diz terríveis tragédias na vida de pessoas
respeito a más obras e não a boas obras. que escolheram relativizar essa reco­
Assim, o sentido seria: boas obras apa­ mendação. Em Jeremias 35.6-19 temos
recem facilmente, m as as más obras o b e líssim o exem plo dos recabitas.
costum am ser ocultadas. Por isso, é Eles se mostraram zelosos pelo ensino

JOVENS 43
de seu pai Jonadabe, filho de Recabe, ©CONCLUSÃO
a b ste n d o -se totalm ente de vinho e
Concluímos essa lição com essa nota
foram honrados por Deus.
da afetuosidade que havia entre Paulo
3. As enferm idades de Timóteo. 0
e Timóteo, um jovem cooperadorque
texto biblico não explicita que enfermi­
servia ao lado do apóstolo “como filho
dades Timóteo enfrentava. Pela expres­
ao pai" (Fp 2.22). Timóteo havia se en­
são paulina, acredita-se que ele tinha
tregado à mentoria de Pauto desde os
problemas estomacais, o que se atribui
à baixa qualidade da água. Conforme primeiros anos de sua fé (At 16.1-5), Foi
Donald Stamps, “Timóteo com eçara a obediente e fiel em todas as missões
ter distúrbios gástricos, provavelmente que recebeu. Que 0 Senhor continue
devido ao teor de álcali [metais alcalinos levantando “Paulos”e “Timóteos" para
como 0 Lítio, o sódio e o potássio] na água 0 bem de sua Igreja.
em Éfeso. Paulo, portanto, declara que
ele devia usar um pouco de vinho com
aquela água para neutralizar os efeitos
© HORA DA REVISÃO
daninhos da alcalinidade." Mas Paulo
menciona também “frequentes enfermi­ 1, Q ue fato re s se ria m m o tivo s de
dades", de forma indeterminada. Talvez duplicada honra aos presbíteros?
fossem efeitos colaterais, decorrentes
do problema estom acal, o que indica
que Timóteo tinha uma certa debilida­
de em sua saúde. Isso provavelmente 2. Por que os presbíteros deveriam ser
representava um desafio a mais na vida repreendidos na presença de todos?
daquele jovem obreiro. Uma razão a mais
para seu mentor espiritual demonstrar
preocupação e encorajamento. É recon­
fortante quando vem os lideres que se 3. Por que é p reciso ter cauteLa na
preocupam, de verdade, com a vida de ordenação de obreiros?
seus liderados, demonstrando como, no
Reino de Deus, se valoriza não apenas
o trabalho do obreiro, m as a pessoa
em todos os aspectos. Isso é fruto de 4. Por que Timóteo deveria tomar um
verdadeiro amor e sincera afeição. pouco de vinho?

©PENSE!
0 cam inho da obediência é o que
realmente agrada a Deus (l Sm 15.22).
5. Que lição tiramos da atitude de preo­
cupação de Paulo com Tim óteo?
© PONTO IMPORTANTE!
Deus valoriza não apenas o trabalho
do obreiro, mas a pessoa em todos
os aspectos.
A SEGUNDA CARTA
A TIMÓTEO
TEXTO PRINCIPAL LEITURA SEMANAL

"A T im óteo, meu am ado filho:


SEGUNDA - 2 T m 2.9
graça, m isericórdia e paz, da
Paulo, apóstolo de Cristo
parte de Deus Pai, e da de Cristo
TERÇA - 2 T m 2.4
Jesus, Senhor nosso."
O real interesse de Paulo
(2 Tm 1 .2 )
Q UARTA - 2 T m 1.1
O que nutria Paulo
RESUMO DA LIÇÃO Q U IN T A - 2 T m 4 8
A tônica da Segunda Carta
SEXTA - Fp 3 20,21
O líder deve m anifestar A esperança do apóstolo
sua afeição aos seus fiéis
SÁBADO - 2 T m 3.12
cooperadores.
Sofre comigo

JOVENS 45
WÊÊÊÊÊÊIÊÊÈBBÈÊtÊtlKÊÊÊÊBi
2 Timóteo 1.1,2; 2.1,2; 3.1-5 1 Sabe, porém, isto: que nos últimos dias
1 Paulo, apóstolo de Jesus Cristo, pela sobrevirão tempos trabalhosos.
vontade de Deus, segundo a promessa 2 Porque haverá homens amantes de
da vida que está em Cristo Jesus. si mesmos, avarentos, presunçosos,
2 A Timóteo, meu amado filho: graça, soberbos, blasfemos, desobedientes
misericórdia e paz, da parte de Deus a pais e mães, ingratos, profanos,
Pai, e da de Cristo Jesus, Senhor nosso. 3 Sem afeto natural, irreconciliáveis,
1 Tu, pois, meu filho, fortifica-te na graça caluniadores, incontinentes, cruéis,
que há em Cristo Jesus. sem amor para com os bons.
2 E o que de mim, entre muitas teste­ 4 Traidores, obstinados, orgulhosos, mais
munhas, ouviste, confia-o a homens amigos dos deleites do que amigos de Deus
fiéis, que sejam idôneos para também 5 Tendo aparência de piedade, mas ne­
ensinarem os outros. gando a eficácia dela. Destes afasta-te.

INTRODUÇÃO ao final de sua vida e de seu ministério


com a mesma firmeza que demonstrou
Vamos iniciar o estudo da segunda
ao longo de sua carreira. Mesmo preso
carta de Paulo a Timóteo. Na ordem
e tratado com o um crim inoso (2 Tm
cronológica, a Carta a Tito foi escrita
antes desta. Contudo, para q ue te ­ 2,9), ele se identifica com o "apóstolo
nham os um a continuidade im ediata de Jesus Cristo".
do processo histórico de comunicação Paulo se converteu por volta do
entre Paulo e Timóteo, nossa reflexão ano 35 d.C. Desde então, experimentou
será feita nesta ordem, com o consta terríveis sofrimentos por causa de sua
da sequência biblica. fé e do apostolado que abraçou. Um
Nesta lição abordaremos a diferença relato p a rcial d e su a s afliç õ e s está
de contexto em que a carta foi escrita. em 2 Coríntios 11.23-27. Inclui açoites,
Paulo estava preso novamente em Roma prisões, apedrejam ento, naufrágios,
e sentia a proximidade de sua morte. Seu fome e sede, frio e nudez. Agora, cerca
texto tem um tom mais pessoal, diferente de 32 anos depois (provavelmente em
da primeira carta, em que transmitiu 67 d.C.), ele perm anece firme na fé e
ensinos relacionados à vida da igreja. na m issão apostólica.
0 velho ap óstolo m anifesta sua Paulo jam ais pôs o seu interesse em
profunda afeição ao seu fielcooperador “negóciolsl dessa vida” (2 Tm 2.4). Não
e emite claros sinais de que está lhe que Paulo não fosse conhecedor da
passando a tocha ministerial. realidade de seu tempo! Aliás, estava
preso por ordem de Nero, que governou
1 - A FIRMEZA DE PAULO Roma de 54 a 68 d.C. A cidade havia
1. Apóstolo até o fim. Das 13 cartas sido incendiada, talvez pelo próprio
de autoria paulina, a Segunda Carta a imperador sanguinário, que, contudo,
Timóteo é a última delas. O prefácio da pôs a c u lp a nos cristão s. O m undo
obra nos apresenta Paulo chegando estava em grande agitação.

46 JOVENS
PauLo passa totaLmente ao Largo 6.12); uma vida além dessa passageira
de tudo isso. Seu texto não faz uma realidade terrena. Não podemos deixar
referência sequer a esses fatos, nem que essa esperança que aponta para a
mesmo indiretamente. EnvoLver-se com “cidade [que] está nos céus" (Fp 3.20,21)
os temas do mundo somente prejudi­ seja sufocada por nada.
cariam o exercício de seu ministério, Ele N os ú ltim o s tem p o s, te o lo g ia s
entendeu, até o fim, que era “apóstolo im p o rtad as p e la ig re ja e v a n g é lic a
de Jesus Cristo, pela vontade de Deus". brasileira têm difundido uma visão de
2. A promessa da vida. A firmeza de mundo muito voltada para o presente
PauLo quanto à sua fé e ao exercício de século. A pregação escatológica - do
seu ministério estava na compreensão Je su s q ue breve voltará! - tem sido
do propósito escatoLógico (últim as su b stitu íd a , em g ra n d e parte, por
coisas) de sua conversão e chamado. discursos sobre temas seculares, com
O que nutria o apóstolo e o fazia per­ ênfase no aqui e agora.
m anecer firme em sua carreira era “a A c re n ça em um a “re d en ção da
prom essa da vida que está em Cristo cultura” tem ganhado muito esp aço
Je su s” (2 Tm 1.1). Essa “vida em Cristo” e su a v e rb a liza çã o vem expondo o
tem o caráter presente, mas tem, acima en fra q u e cim e n to da e sp e ra n ç a no
de tudo, o caráter futuro, da eternidade Reino Celestial. Vigiem os (Mt 25.1-13)!
(íTm 4.8). Com o Paulo já havia dito aos
coríntios: “Se esperam os em Cristo só II - O AM AD O FILHO TIMÓTEO
nesta vida, som os os m ais m iseráveis 1. Um tom mais pessoal. Na Primeira
de todos os homens" (í Co 15.19). Carta Paulo dirige-se a Timóteo usando
A g ran d e tônica d e ssa seg u n d a a expressão “m eu verdadeiro filho na
carta é a esperança final do apóstolo, fé”. Agora, há uma expressão ainda mais
em relação a ele m esm o e a todos os afetuosa. O tratamento de “amado filho”
que amarem a vinda de Jesus (2 Tm 4.8). revela o profundo sentimento de Paulo
Se não fosse assim, as circunstâncias por seu principal cooperador.
vividas por Paulo seriam absolutamente O difícil momento que o apóstolo
desanimadoras. vivia, o tem po longe de Tim óteo e a
Com o um jo vem ju d e u devoto e expectativa de sua morte, produziram
culto (Fp 3.4-8), P au lo d eixou um a em Paulo lembranças singulares e ainda
carreira pessoal altamente promissora m ais afetivas de seu fiel cooperador
e abraçou um ministério que lhe trouxe (2 Tm 1.4).
intensos sofrim entos e agora o fazia 2. “Fo rtifica -te na graça". Outra
viver desam parad o em um a terrível característica específica dessa S egun­
cad eia romana (2 Tm 4.9-16). S e não da Carta é a em issão de claros sinais
fosse a esperança celestial, teria valido de que Paulo está passando a tocha
a pena? m in iste rial para Tim óteo: “Tu, pois,
3. Conservando a esperança. Paulo m eu filho, fo rtifica-te na g raça que
nos deixa um exem plo inspirador de há em Cristo Jesus. E o que de mim,
como devemos conservar a esperança entre m uitas testem unhas, ouviste,
em Cristo para a vida eterna (1 Tm 1.16; c o n fia -o a hom ens fiéis, q ue sejam

JOVENS 47
idôneos para tam bém ensinarem os desafio é cum prir a vontade de Deus
outros” (2 Tm 2,1,2). em nossa vida, com o indivíduos. Os
Para atender a e sse co m issio n a­ reflexos disso na sociedade são con­
mento, Timóteo precisaria se fortificar. seq uências de nosso viver com o sal
No grego, “fortifica-te" é endynam oõ da terra e luz do mundo (Mt 5.13-16).
e q u e r d ize r “c re s c e r em força" ou A vo cação ao serviço cristão nos
“continue a se fortificar". Isso exigiria de traz responsabilidades ainda maiores.
Timóteo uma resposta pessoal contínua. Por isso, P au lo an im a a T im ó te o a
Crescer com a ajuda de Deus sempre; com partilhar de suas aflições: “Sofre,
fortalecido pela graça divina. pois, com igo, com o bom soldado de
Do g reg o ch a ris, g ra ç a é “favor Cristo" (2 Tm 2.3). O sofrimento de T i­
imerecido”. Por meio dela, Cristo opera móteo, assim como de todos quantos
em nós no aspecto salvífico (Ef 2.8) e no com preendem o que é servir a Cristo
aspecto capacitador, nos habilitando a e o aceitam com resignação, será re­
viver a vida cristã e servi-lo (“trabalhei com pensado por Jesus em seu reino
muito mais do que todos eles; todavia, eterno (2 Tm 2.11,12).
não eu, mas a graça de Deus, que está
com igo”, 1 Co 15.10). III - TEMPOS TRABALHOSOS
Paulo tinha plena consciência do 1. “Últim os dias". De acordo com a
quanto a graça de Deus era imprescin­ Bibtia de Estudo Pentecostaí a expres­
dível para uma vida cristã vitoriosa e o são “últim os d ia s” ap arece no Novo
exercício de um ministério eficaz. Uma Testamento com o “a era cristã na sua
de suas m ais profundas experiências totalidade". Em Atos 2.17, Pedro cita
com o poder da graça foi quando rece­ “últimos dias" com o a era da Igreja, já
beu o “espinho na carne" (2 Co 12.1-10). presente no dia de Pentecostes. Há
3. “Sofre, pois comigo". A vida cristã textos, contudo, que indicam se tratar
é dinâm ica e cheia de vitórias. Mas é, dos tempos do fim, os dias que antece­
também, um cham ado ao sofrimento dem a volta de Cristo, quando o quadro
(Lc 9.23; 1 Pe 4.12-16). PauLo d isse a moral da humanidade seria ainda mais
Timóteo: “[...] todos os que piam ente degradante (2 Pe 3.3; Jd 17,18).
querem viver em Cristo Jesus padece­ Esse agravamento é indicado por
rão perseguições" (2 Tm 3.12). Abraçar o Paulo a T im ó teo tam bém pelo uso
evangelho de Cristo e vivê -lo em sua da expressão “de m al a pior”, contida
inteireza nos impõe uma luta constante em 2 Tim óteo 3.13. O s dias de Paulo
contra a nossa própria natureza e o e Tim óteo já eram difíceis, m as dias
m undo hostil, que está sob o poder ainda m ais trabalhosos estavam por
do Maligno (Rm 12.1,2). vir. Essa escalada do m al é crescente,
Confrontar o sistema mundano com infelizm ente, e não será e lim in a d a
atitudes individuais de amor, pureza, senão com o retorno triunfal de Cristo
ju stiç a e honestidade é um desafio para ju lg ar as nações e implantar seu
diário para todo o cristão (Mt 5.38-48). Reino Milenial (Mt 25.31,32; Ap 20.1-6).
Mais que um mero ativismo religioso, 2. “Haverá homens". A falência do
político ou ideológico, nosso grande corpo co m e ça com a d eg en era ção

48 JOVENS
das células. Paulo era bem conscien­
te de que a origem do problem a da
h u m a n id a d e não era estru tu ra l ou
coletiva, mas individual. Por isso, não
nutria esperança alguma em estruturas
hum anas. Os “tem p o s trabalhosos" na fé e próximo de sua morte, Paulo
são uma consequência da perversão precisava conscientizar seu jovem
pessoal (2 Tm 3.2).
A s características apontadas por
P aulo são um nítido retrato do que Assim como para Timóteo, 0 segredo
v iv e m o s em n o sso s d ias: eg o ísm o para todos nós é nos fortificar na graca
(“amantes de si mesmos"), materialismo
(“avarentos”), arrogância (“presunçosos,
soberbos"), rebeldia ("desobedientes a
pais e m ães”), ingratidão, profanação,
desprezo aos valores familiares (“sem 0 HORA DA R E V IS Ã O
afeto natural”), hostilidade, calúnia, 1 Quais as diferenças circunstanciais
crueld ad e, ódio ao bem e ap ego ao entre a Primeira e a Segunda Carta
mal, busca desenfreada de prazeres a Timóteo?
(hedonismo) (2 Tm 3.2-4).
Em uma sociedade tão corrompida,
o p a p e l da igreja continua se n d o o
m esm o: pregar o Evangelho, “poder
de Deus para salvação de todo aquele
z. Que exemplo inspirador Paulo nos
deixa com sua firmeza espiritual?
que crê” (Rm 1.16).
3. “D estes afasta-te". Quando a l­
guém é um pecador confesso, nossa
co nvivência com um serve para que
3. Que característica específica a Se­
esta p e sso a teste m u n h e a obra de
gunda Carta a Timóteo apresenta?
Deus em nós e possa desejar a mesma
transformação e graça para viver liberto
do pecado (Fp 2.15).
No texto de 2 Tim óteo 3.5, Paulo
4. Por que a vida cristã é um chamado
trata, contudo, daqueles que buscam
ao sofrimento?
encobrir su as iniq uidades com uma
“a p a rê n c ia d e piedade". U m a re li­
g io sid a d e falsa, na q u al fa la -s e em
D eus, m as v iv e -s e d e aco rd o com
os próprios desejos. É a neg ação da 5. Q u al o sign ificad o da expressão
eficácia da piedade, isto é, do poder “últimos dias" em 2 Timóteo 3.1?
do EvangeLho. Nesse caso de extrema
hipocrisia, a recom endação bíblica é:
“afasta-te ”
SEJA FIRME

TEX TO PRINCIPAL LEITU R A S E M A N A L

"Conserva o m od elo das sãs


SEGUNDA - At 2414
palavras que de m im tens
Sirvo a Deus crendo
ouvido, na fé e no am or que há
TERÇA - Jo 6.69
em Cristo Jesus. Guarda o bom
"Temos crido e conhecido
d ep ósito pelo Espírito Santo que
que tu és o Cristo"
habita em nós." (2 Tm 1 . 13 , 14)
QUARTA - 1 Co 4 2
Fiel despenseiro
RESUM O DA LIÇÃO
QUINTA-Hb 10.22
O líder deve estim ular seus Inteira certeza de fé
liderados a serem firmes, SEXTA - 1 Tm 1.12
valorizando e investindo no dom Aquele que nos conforta
que receberam de Deus. SÁBADO - Pv 25.13
O mensageiro fiel

50 JOVENS
TEXTO BÍBLICO

2 Timóteo 1.3-18 10 E que é manifesta, agora, pela aparição


3 Dou graças a Deus, a quem, desde os de nosso Salvador Jesus Cristo, o qual
aboliu a morte e trouxe à luz a vida e a
meus antepassados, sirvo com uma
consciência pura, porque sem cessar incorrupção, pelo evangelho,
faço memória de ti nas minhas orações, 11 Para o que fui constituído pregador, e
noite e dia. apóstolo, e doutor dos gentios.
4 Desejando muito ver-te, lembrando-me 12 Por cuja causa padeço também isto,
das tuas lágrimas, para me encher de mas não me envergonho, porque eu
gozo. sei em quem tenho crido e estou certo
de que é poderoso para guardar o meu
5 Trazendo à memória a fé não fingida que
depósito até àquele Dia.
em ti há, a qual habitou primeiro em tua
avó Loide e em tua mãe Eunice, e estou 13 Conserva o modelo das sãs palavras
certo de que também habita em ti. que de mim tens ouvido, na fé e no
amor que há em Cristo Jesus.
6 Por este motivo, te lembro que despertes
0 dom de Deus, que existe em ti pela 14 Guarda o bom depósito pelo Espírito
imposição das minhas mãos. Santo que habita em nós.
7 Porque Deus não nos deu o espírito de 15 Bem sabes isto; que os que estão na
temor, mas de fortaleza, e de amor, e Ásia todos se apartaram de mim; entre
de moderação, os quais foram Fígelo e Hermógenes.
8 Portanto, não te envergonhes do teste­ 16 O Senhor conceda misericórdia à casa
munho de nosso Senhor, nem de mim, de Onesiforo, porque muitas vezes me
que sou prisioneiro seu; antes, participa recreou e não se envergonhou das
das aflições do evangelho, segundo o minhas cadeias.
poder de Deus. 17 Antes, vindo ele a Roma, com muito
9 Que nos salvou e chamou com uma santa cuidado me procurou e me achou.
vocação; não segundo as nossas obras, 18 0 Senhor lhe conceda que, naquele Dia,
mas segundo o seu próprio propósito e ache misericórdia diante do Senhor. E,
graça que nos foi dada em Cristo Jesus, quanto me ajudou em Éfeso, melhor o
antes dos tempos dos séculos. sabes tu.

INTRODUÇÃO texto estu d ad o hoje nos apresenta


um cenário que se encaixa bem com o
No texto em estudo, Paulo demons­
que atualmente tem sido conceituado
tra sua confiança na sinceridade de fé de
como memória afetiva. O s momentos
seu principal cooperador, fundamento
para o exercício de seu dom no poder vividos por Paulo com Timóteo vieram
do Espírito Santo. É isso que daria ao à sua mente de maneira mais profunda
jovem pastor as condições para perma­ e afetuosa quando ele estava preso em
necer firme, participando das aflições Roma. As condições difíceis desse seu
do Evangelho. segundo aprisionamento e o avanço de
seu processo judicial, que apontava para
I - AS LEMBRANÇAS DE PAULO um fim fatídico (2 Tm 4.6), certamente
1. M om entos q u e m arcam . V ocêcontribuíram para que o apóstolo bus­
já ouvir falar em m em ória afetiva? O casse, em sua memória, momentos que

JOVENS 51
lhe trouxessem alegria, Foi exatamente É um a grand e riqueza esp iritual
o que disse em relação a Timóteo: “[...] termos alguém que se lembra de nós
lembrando-me das tuas lágrimas, para em suas orações. Tais pessoas prestam,
me encher de gozo" (2 Tm 1.4). diante de Deus, um grande serviço a
É bem provável que Paulo se re­ nosso favor, fundam ental para nosso
co rdasse de m om entos de devoção progresso em todas as áreas da vida.
com partilhados com Tim óteo ou de Precisamos reconhecê-las e honrá-las,
quando se despediram na Ásia, durante além de serm os, tam bém nós, bons
sua viagem, depois de seu primeiro apri- intercessores (Ef 6.18,19; 1 Ts 5.25; 2 Ts
sionamento (íT m 1.3). O que sabemos, 3.1,2). Temos produzido boas lembranças
pelo texto paulino, é que as memórias com quem convivem os?
eram boas e bem reconfortantes naque­
le difícil momento que o apóstolo vivia. II - “ DESPERTES O DOM"
2, Construindo bons relacionamen­ 1. Cham a acesa, A força ministerial
tos. O extraordinário relacionam ento de Tim óteo vinha do dom divino que
entre Pauto e Timóteo é um dos muitos recebera pela im posição das mãos do
fatores de inspiração na vida desses dois presbitério (incluindo Paulo) (íT m 414;
grandes vultos do Novo Testamento. São 2 Tm 1.6). Era um poder interior que
exemplos de fé e dedicação. Além de o capacitava para o exercício de sua
exemplos de companheirismo, lealdade missão. Agora, precisava “d espertar”
e afetuosidade. o dom. O sentido metafórico do verbo
Como já estudamos, Timóteo servia “despertar”é como o assoprar de brasas
Paulo como a um pai (Fp 2.22), e Paulo vivas para manter aceso o fogo.
o tratava como filho. Além de ser muito N ão era, portanto, q ue Tim ó teo
importante para nossa vida no presente, estivesse desanimado ou frio na fé, mas
construir bons relacionamentos serve que precisava manter-se ativo, avivando
como fonte de alegria e conforto no futuro. o dom que já havia recebido. O texto
Quando temos boas lembranças, sentimos sugere que 0 jovem pastor necessitava
alegria. Mas quando as recordações não de um novo encorajamento. Talvez uma
são boas, o quadro é de tristeza. nova inspiração para o pleno d e se n ­
Que em tempos de tanto egoísm o volvim ento de seu ministério, diante
Deus nos dê a graça de amar e servir de sua inclinação à timidez (2 Tm 1.7).
uns aos outros, a começar pelos nossos Ninguém está isento de viver fases
fam iliares, d e d ic a n d o -lh e s atenção: espirituais difíceis na vida, nas quais a
tempo de qualidade e gestos concretos busca de uma experiência m ais pro­
de respeito e muito apreço (Rm 12.9,11). funda com Deus seja fundamental para
3. Lem branças e orações. Não era prosseguir na jornada de fé, como acon­
som ente Paulo q ue era ab en ço ad o teceu com 0 profeta Elias (1 Rs 19.1-19).
pelas boas lem branças que tinha de 2, Comunhão diária. Nossa vida espi­
Tim óteo. Este tam b ém era alvo de ritual depende da prática de disciplinas
bênçãos. Todas as vezes que se lem ­ d iárias para q ue nos m antenham os
brava de seu “am ado filho" Paulo fazia acesos quanto à nossa fé, devoção e
orações por ele, noite e dia (2 Tm 1.3). dedicação ao serviço cristão. Se assim

52 JOVENS
não fizermos, a tendência é chegar ao acentuado principalm ente por causa
desânimo. As cinzas vão tomando conta do crescim ento do cham ado “mundo
do altar e o fogo pode se apagar de vez. gospel” de forte viés artístico e mercado­
Para o fogo continuar a cesso , é lógico. Infelizmente, algumas igrejas têm
preciso, diariamente, retirara cinza, pôr servido de palco para essa “glamorização"
lenha no altar e oferecer nosso sacri­ do evangelho com o desprezo da vida
fício pessoal a Deus (Lv 6.12). Tirar um cúltica cotidiana, simples e piedosa.
tempo a sós para falar com o nosso Pai Servir a D eus é, realm ente, um a
celestial - especialm ente na primeira extraordinária oportunidade. Enche-nos
hora da manhã - e cultivar uma vida de de alegria e empolgação. O problema
adoração e serviço é fundamental para é quando a atração a esse cristianismo
que perm aneçam os espiritualm ente é feita desconsiderando o aspecto fun-
avivados (SL 5.3; Pv 8.17; Ts 5.17). dante do Evangelho, que é compartilhar
3. Poder, amor e moderação. Pauloo testemunho de Cristo, não apenas por
lembra a Tim óteo que o “espírito" que palavras, mas, principalmente, por ações.
Deus nos deu não é de “temor”(timidez, Em um mundo tão secularista, materia­
covardia ou m edo; deilia, no grego), lista e hedonista, viver de acordo com a
m as de “fortaleza" (ou poder), “amor" pureza e a sim plicidade do Evangelho
e “m oderação" (equilíbrio, d om ínio é um grande desafio. É remar contra a
próprio ou autocontrole). maré (Rm 12.2). A mensagem da cruz, que
Os exegetas se dividem acerca do importa renúncia, é vista como loucura,
sentido do termo “espírito" no versículo 7 pois a visão cristã bíblica não confere com
de 2 Tm 1. Para alguns, teria o significado a cultura vigente (1 Co 1.18-24).
de “atitude interior”. Para a maioria, contu­ Vivem os em uma so cied ad e que
do, trata-se de uma referência ao Espírito se autodenom ina plural e inclusiva,
Santo, porque Ele é a fonte do poder, do m as q u e não to lera q uem p ensa e
amor e da moderação que recebemos vive diferente (Jo 15.19). Assim com o
para viver como cristãos e servir a Deus Timóteo, precisamos do encorajamento
segundo o dom recebido dEle (Rm 12.4-8). que vem do Espírito Santo para viver
O exercício de nossa vocação deve como cristãos convictos, Somente uma
ser feito com a conjugação dessas três transform ação profunda, a partir de
virtudes espirituais, para que seja pleno nosso interior, nos capacita a manifestar
e perfeito: o poder não deve ser exercido o caráter de Cristo ao mundo (Gl 44).
em prejuízo ao amor: e tudo deve ser 2. O prisioneiro de Cristo. A s pri­
feito com equitíbrio. E n g a n a m -se os sões de Paulo não poderíam intimidar
que pensam que o verdadeiro poder de Timóteo. Pelo contrário, deveriam servir
Deus se manifesta de forma grosseira de estím ulo para que o jovem pastor
e imoderada (1 Co 14.40). tam bém participasse “das aflições do
evangelho, segundo o poder de Deus”
III - “ NÃO TE ENVERGONHES” (2 Tm 1.8). Além dos sofrimentos comuns
1. O testem unho d e Cristo. A vidaao exercício de sua missão pastoral em
cristã às vezes é vista com um certo Éfeso, Timóteo já havia compartilhado
glam ourou encantamento. Isso tem se de m uitas d as a fliçõ e s do apóstolo

JOVENS 53
durante as várias viagens que fizeram ©CONCLUSÃO
juntos (At 1714.15; 18.1-5; 19.20,21; 20.1-5).
A lição de hoje nos faz refletir sobre
O próprio Tim óteo já teria experi­
a importância de se construir bons e
mentado ou viria a experimentar cadeia,
profundos relacionamentos. Como
com o se infere da m enção feita a ele
estamos administrando 0 nosso tempo?
pelo escritor aos hebreus (Hb 13.23). E
Estamos valorizando mais as coisas
segundo a tradição, assim como Pauto,
Tim óteo foi martirizado por causa da ou as pessoas? Tiramos mais tempo
pregação do Evangelho. para dar atenção a quem nos cerca
3. “Sei em quem tenho crido". Nesse ou para navegar pelas ilusórias redes
texto está uma das mais belas declara­ da sociedade superficial na qual vive­
ções de fé feitas por Paulo. Diante de mos? Bons relacionamentos tèm valor
tudo o que ele enfrentava, sofrendo espiritual. Seja firme. "Timóteo"!
dentro de uma masmorra romana - o
que, por algum tempo, provavelmente
incluiu a fria e escura Prisão Mamertina
© HORA DA REVISÃO
- o apóstolo fala de seu padecimento,
para, em seguida, expressar sua mais 1. Que exem plo temos, no texto, de
profunda convicção espiritual: “eu sei memória afetiva?
em quem tenho crido e estou certo de
que é poderoso para guardar o meu
depósito até àquele Dia” (2 Tm 1.12).
A fé de Paulo era na pessoa de Jesus 2. Qual a importância de se construir
Cristo. Sua fé era fruto de seu relacio­ bons relacionamentos?
nam ento com o Mestre, d esd e o dia
de seu encontro com Ele no caminho
de Dam asco (At 9.1-6). Sua inabalável
confiança o estimulava a continuar pa­ 3. Qual o sentido da expressão “d es­
decendo sem se envergonhar, porque pertes o dom ”?
tinha certeza de sua salvação eterna e
da recom pensa que receberia no Dia
de Cristo (2 Tm 1.12; 4 8).
Ancorado nessa fé, 0 apóstolo exorta 4. O que fazer para perm anecer e s ­
Timóteo a perm anecer firme, conser­
piritualm ente avivado?
vando “o modelo das sãs palavras”, ou
seja, a correta doutrina, com o havia
recebido de Paulo, “na fé e no am or
que há em Cristo Jesus" (2 Tm 1.13). T i­
5. Segundo a lição, qual foi a declara­
móteo tam bém deveria guardar o seu
ção mais bela feita por Paulo?
próprio “bom depósito" (2 Tm 1.14), no
fiel cumprimento da obra espiritual de
proclam ação e defesa da verdade do
Evangelho, para a qual fora chamado.

54 JOVENS
12
17 set 20 :
Dia Nacional
da Escola
Dominical

VENHA DEPRESSA

T E X TO PRINCIPAL LEITU R A S E M A N A L

SEGUNDA - Rm 1.16
"C o m b ati o bom com bate, O Evangelho e o poder de Deus
acabei a carreira, guardei a fé." TERÇA - l Co 2.4
(2 Tm 4 .7 ) A pregação do
autêntico Evangelho
QUARTA - 2 Tm 4.2
Pregando a correta doutrina
RESUM O DA LIÇÃO QUINTA - 2 Tm 4 8
De uma das cadeias romanas, A coroa da justiça: A recompensa
possivelm ente acorrentado e
que Paulo almejava
esperando p o r sua execução, SEXTA - 2 Tm 4 6
Paulo escreveu a T im ó te o e Sacrifício vivo
apelou para vê-lo depressa. SÁBADO - 2 Co 7 5
Fiel em meio à oposição

JOVENS 55
TEXTO BÍBLICO

2 Timóteo 4.1-9 Mas tu sê sóbrio em tudo, sofre as


1 Conjuro-te, pois, diante de Deus e do aflições, faze a obra de um evangelista,
Senhor Jesus Cristo, que há de julgar cumpre o teu ministério.
os vivos e os mortos, na sua vinda e no 6 Porque eu já estou sendo oferecido
seu Reino. por aspersão de sacrifício, e o tempo
2 Que pregues a palavra, instes a tempo da minha partida está próximo.
e fora de tempo, redarguas, repreendas,
7 Com bati o bom combate, acabei a
exortes, com toda a longanimidade e
carreira, guardei a fé.
doutrina.
8 Desde agora, a coroa da justiça me está
3 Porque virá tempo em que não sofrerão
a sã doutrina; mas, tendo comichão nos guardada, a qual o Senhor, justo juiz,
ouvidos, amontoarão para si doutores me dará naquele Dia; e não somente
conforme as suas próprias concupiscências. a mim, mas também a todos os que
amarem a sua vinda.
4 E desviarão os ouvidos da verdade,
voltando às fábulas. 9 Procura vir ter comigo depressa.

INTRODUÇÃO pessoal, fica evidente a preocupação


primordial de Paulo com a continuidade
No ano 67 da era cristã, Nero, um dos
da pregação do Evangelho. Consciente
mais sanguinários imperadores romanos,
de que a missão precisava prosseguir,
que ordenou a execução da própria
mãe, havia desencadeado uma terrível ele não dedicou o texto, em primeiro
perseguição aos cristãos, a quem atribuiu plano, para a exposição de suas preo­
a autoria do incêndio ocorrido em Roma cupações individuais.
no ano 64 d.C. As prisões e os martírios se A segunda carta a Timóteo é repleta
multiplicavam por todo o império. Roma de apelos, incentivos e o rientaçõ es
era uma cidade espetáculo com tantas para que o jovem ministro continuasse
atrocidades praticadas. Corpos de cristãos, o serviço d e preg ação e d efe sa do
atados em postes, ardiam em chamas. Evangelho. Em 2 Tim óteo 4.1, Paulo
Paulo foi uma das vítimas de Nero. É e m p re g a n o v a m e n te a e x p re ssã o
de uma das cadeias romanas, possivel­ “conjuro-te” (no grego, diamartyromai;
mente acorrentado e esperando por sua um apelo solene), como em 1 Timóteo
execução, que ele escreve a Timóteo e 5.21. Agora, para dar uma incumbência
apela para que vá vê-lo depressa, m issional a Timóteo.
Na lição d e hoje, vam os m editar 2. A missiologia paulina. O método
acerca desse momento crucial da vida missional de Paulo sempre esteve pau­
de Paulo e seu anseio de ver Timóteo tado na ordem imperativa de Cristo: a
mais uma vez. pregação (Mc 16.15; At 1.8). Atualmente,
método tidos com o inovadores, apre­
I-P R E G U E A PALAVRA sentados como alternativas para que as
1. Consciência da missão. Emboraigrejas sejam “relevantes", defendem um
essa segunda carta tenha um tom mais jeito humanista secular de fazer missão,

56 JOVENS
no qual a essência não é a pregação C re sce o núm ero de “doutores" que
do evangelho. torcem as Escrituras a partir de suas
A igreja pode sim desenvolver ou­ con cep çõ es, a fim de am o ldar seu s
tras ações no seu dia a dia - de cunho ensinos aos desejos de seus ouvintes
social ou cultural, por exemplo mas (2 Tm 4.3). Em tais igrejas, nada mais é
nenhum a d e la s pode substituir sua pecado.
missão precipua, que é a pregação do Sempre que se rejeita esse ou aquele
Evangelho no poder do Espirito, fruto trecho da Bíblia, forçando interpretações
de constante busca em oração (At 4.31). q ue se ajustam aos nossos próprios
Q ualquer proposta m issional que desejos, o p e ra -se um mortal desvio
não considere o valor da pregação do da verdade, culminando em apostasia
Evangelho em primeiro plano não tem (2 Tm 4.4).
respaldo bíblico. Somente a pregação
da Palavra de Deus gera a fé salvífica II - “COMBATÍ O BOM COMBATE"
(Rm 10,17). O Evangelho é “o poder de 1. A expectativa do apóstolo. Por
Deus para salvação de todo aquele que muito tempo Paulo teve a expectativa
crê" (Rm 1.16), de que Cristo voltaria em seus dias (1 Co
Paulo sem pre enfatizou a e sse n - 15.51; 1 Ts 417). Em princípio, esse deve
cialid ad e da pregação poderosa do ser 0 anseio e a esperança de todo o
autêntico Evangelho, com o escreveu cristão (2 Pe 3.9-14; 1 Jo 2.18; 3.2,3).
aos coríntios: “A minha palavra e a minha Fato é, contudo, q ue as c irc u n s­
pregação não consistiram em palavras tâncias que passou a viver produziram
persuasivas de sabedoria humana, mas em Paulo a co n sciên cia de que seu
em d em o n stração do Espírito e de encontro com Cristo provavelmente não
poder" (1 Co 2.4). se daria por meio do arrebatamento,
3 . 0 conteúdo da pregação. Paulo com o esperava. Ele precisaria, com o
adverte a Timóteo para que pregasse tantos outros santos, passar pela morte
a palavra “a tem po e fora de tem po”, e aguardar o dia da ressurreição, como
sendo perseverante na exposição da já havia ensinad o para co nso lo dos
correta doutrina (2 Tm 4.2). O jo vem cristãos (1 Ts 4.13-18). Isso está explícito
pastor deveria preservar a essência da na referência que fez ao recebimento
verdade revelada a despeito do desejo da “coroa dajustiça", a recompensa que
dos ouvintes, Paulo espera receber do justo Juiz “na­
Esta era uma advertência essencial, quele Dia”(2 Tm 4.8), perante o Tribunal
inclusive porque o apóstolo já previa de Cristo (1 Co 3.11-14).
tem p o s em q ue as m u ltid õ es iriam 2. A transição. Em 2 Timóteo 4.6 Pau­
rejeitar a “sã doutrina"; a doutrina or­ lo indica claramente que o seu enfático
todoxa, pura, como contida na Palavra propósito com o encorajam ento e as
de Deus, preferindo m ensagens que recom endações transm itidas ao seu
estivessem de acordo com seus desejos fiel cooperador era m esm o passar-lhe
pecaminosos. o cajado, a tocha ministerial. O apóstolo
Paulo estava desenhando, profe­ tinha plena consciência da iminência de
ticamente, o quadro que hoje vemos. sua morte. No versículo imediatamente

JOVENS 57
anterior (2 Tm 4.5), o apóstolo fecha o milhões de pessoas em todas as eras
ensino com a sentença “cum pre o teu da Igreja. Quase dois mil anos depois,
ministério”, enquanto abre a próxima continuamos sendo edificados por seu
seção indicando o porquê: “Porque eu exemplo e palavras.
já estou sendo oferecido por aspersão Assim como Paulo, milhares de cris­
de sacrificio, e 0 tempo da minha partida tãos têm sido martirizados ao longo de
está próximo” (2 Tm 4.6), toda a história da Igreja. Nos nossos dias,
Esse é um grande sinal de maturi­ muitos estão sob forte perseguição por
dade e convicção espiritual. Paulo foi causa da fé em Cristo. Oremos por eles!
um líder extraordinário. Além de cumprir E oremos também pelo Brasil, para que
o seu ministério, soube formar outros continuemos tendo liberdade religiosa.
líderes, d a n d o -lh e s oportunidade e
espaço para servir. Já no final da vida, III - O DESFECHO PAULINO
teve a tranquilidade de co m issionar 1 . 0 apelo a Timóteo. Paulo se enca­
seu s auxiliares, especialm ente Tim ó­ minha para o final de sua carta fazendo
teo, a dar prosseguimento na obra de um forte apelo ao seu jovem e fiel coope-
propagação do EvangeLho. rador: “Procura vir ter comigo depressa.
Um dos sinais da boa liderança é [...] antes do inverno" (2 Tm 4.9,21). Naque­
um a transição tranquila. Paulo havia la época, as navegações costumavam
combatido o “bom combate". Enfrentou ser interrompidas na estação invernosa,
oposição de todos os lados (2 Co 75; geralmente entre novembro e março.
11.26), batalhas espirituais (1 Ts 2.18) e Se Timóteo se atrasasse, seu tempo de
fortes resistências ao seu ministério, chegada a Roma seria muito prolongado
como a de um certo Alexandre, o lato- em função do inverno. Paulo também
eiro, que lhe causou muitos males (2Tm menciona a necessidade de sua capa,
4,14). Mas o apóstolo permaneceu firme que havia deixado em Trõade (2 Tm 413),
e concluiu a sua carreira sem perder a fé. e era útil para protegê-lo do frio. Não
3. Oferecido com o libação. Em 2se sabe se Timóteo chegou à Roma a
Timóteo 4.6 Paulo volta a usar a mesma tem po de rever Paulo e entregar-lhe
figura de linguagem que usou em Fili- suas encomendas (a capa, os livros e os
penses 2.17. Segundo a Bibtia de Estudo pergaminhos). Historiadores clássicos,
Pen teco stal, su a vida estava sen do com o Eusébio de Cesareia, registram
oferecida como “libação”ou “aspersão que Paulo foi martirizado por ordem
de sacrifício"; uma demonstração con­ de Nero. Isso deve ter ocorrido ainda
creta de sua entrega pessoal à causa no ano 67 d.C. Com o já registramos,
do Evangelho: de seu “am orsacrificial Nero suicidou-se em junho de 68 d.C.
pelos seus filhos espirituais na fé”. 2. As decepções de Paulo. Como todo
O q u e isso sig n ific a ? Q ue Paulo grande líder, Paulo também experimen­
não reteve sua vida para si m esm o em tou decepções com seus liderados. Na
momento aLgum, mas se deixou gastar verdade, o final da vida do apóstolo não
com pletam ente para alcançar muitas foi muito animador no que diz respeito à
alm as para Cristo (At 20.24: 2 Co 12.15). assistência de seus companheiros. Paulo
O resultado de seu trabalho alcançaria cita Demas nominalmente, que estava

58 JOVENS
entre seus colaboradores por ocasião 0 CONCLUSÃO
de sua primeira prisão em Roma, ao lado
Paulo teve Timóteo como fiel coo-
de Lucas (Cl 414), Talvez a intensidade
perador, pronto tanto para assistí-lo
das últimas perseguições o tivesse feito
pessoalm ente como para cumprir
desanimar, “amando o presente século",
missões distantes, quando designado.
expressão que indica que ele trocou as
Que 0 Espírito Santo incline 0 nosso
promessas de uma recompensa celestial,
por alguma facilidade ou oportunidade coração para 0 serviço cristão humilde,
da vida presente. Outros cooperadores em nossas igrejas locais, ao lado de
certamente se deslocaram a serviço da nossos lideres; ou onde quer que Ele
obra de Deus, como Crescente e Tito (2 nos envie, sempre sob a autoridade
Tm 4.10), e o próprio Tiquico, que Paulo de nossa liderança.
enviou a Éfeso, provavelmente para subs-
tituirTimóteo em sua ausência (2 Tm 4.12),
De qualquer sorte, por ocasião da
“primeira defesa”, a audiência preliminar
0 HORA DA REVISÃO
a que Paulo foi submetido (2 Tm 4.16), l Qual a característica predominante
“todos” haviam desam parado o após­ da missiologia paulina?
tolo, certamente temerosos diante da
implacável e cruel perseguição de Nero.
3. Triunfo escatológico. Apesar de
sentir-se abandonado por seus compa­ 2. Q ual o conteúdo da pregação de
nheiros, Paulo estava firme em sua fé Paulo?
e propósito, porque nunca se sentiu só
em relação a quem servia, ao Senhor
Jesus. Ele o havia assistido, fortalecido
e livrado da “boca do leão”(2 Tm 4.17). 3. Que quadro profético Paulo desenhou
O mesmo Senhor o livraria “de toda para o fim dos tempos em relação à
má obra" e o guardaria para o seu Reino
doutrina?
celestial (2 Tm 4.18). A morte não seria o
seu fim. Os céus o esperavam.

0 PEN SE!
4. Q ual o sentido da expressão “a s -
B a ju la r os líd e re s em função de
persão de sacrifício"?
suas posições é uma atitude muito
antiética. 0 correto é s e r le a l às
pessoas.

5. S e g u n d o a lição, porque "todos"


0 PO NTO IM PORTANTE!
Paulo se sentia desam parado por haviam desam parado a Paulo?
se u s com panheiros, mas não d e­
sanim ado. Sua esperança sem pre
esteve em Cristo.
TITO: ORGANIZAR A IGREJA
EM CRETA E REPRIMIR OS
FALSOS DOUTORES
TEX TO PRINCIPAL LEITU R A S E M A N A L

"A T ito, meu verdadeiro filho,


SEGUNDA- Tt 1.10
segundo a fé com um : graça,
O cuidado com os enganadores
m isericórdia e paz, da parte de
TERÇA-Tt 1.11
Deus Pai e da do Senhor Jesus
O cuidado com os gananciosos
Cristo, nosso Salvador."
QUARTA- Tt 1.12
(Tt 1 .4 )
O cuidado com o mal testemunho

RESUM O DA LIÇÃO QUINTA-Tt 1.13


O testemunho verdadeiro
Paulo escreveu a T ito para SEXTA-Tt 1.14
orientá-lo acerca da organização Não se desvie da verdade
da igreja e enfatizar a SÁBADO- Tt 1.15
necessidade de refutar os A contaminação dos infiéis
falsos doutores.

60 JOVENS
TEXTO BÍBLICO

Tito 1.1-9
1 Paulo, servo de Deus e apóstolo de de, estabelecesses presbíteros, como
Jesus Cristo, segundo a fé dos eleitos já te mandei:
de Deus e o conhecimento da verdade, 6 Aquele que for irrepreensível, marido de
que é segundo a piedade, uma mulher, que tenha filhos fiéis, que
2 Em esperança da vida eterna, a qual não possam ser acusados de dissolução
Deus, que não pode mentir, prometeu nem são desobedientes.
antes dos tempos dos séculos. 7 Porque convém que o bispo seja irre­
3 Mas, a seu tempo, manifestou a sua preensível como despenseiro da casa
palavra pela pregação que me foi con­ de Deus, não soberbo, nem iracundo,
fiada segundo o mandamento de Deus, nem dado ao vinho, nem espancador,
nosso Salvador. nem cobiçoso de torpe ganância,
4 A Tito, meu verdadeiro filho, segundo 8 Mas dado à hospitalidade, amigo do bem,
a fé comum: graça, misericórdia e paz, moderado, justo, santo, temperante.
da parte de Deus Pai e da do Senhor 9 Retendo firm e a fiel palavra, que é
Jesus Cristo, nosso Salvador. conforme a doutrina, para que seja
5 Por esta causa te deixei em Creta, para poderoso, tanto para admoestar com
que pusesses em boa ordem as coisas a sã doutrina como para convencer os
que ainda restam e, de cidade em cida- contradizentes.

— INTRODUÇÃO ■ ■ I vavelm ente tinha um pouco m ais de


idade que Timóteo. Seu nom e não é
A Carta a Tito é bastante sim ilar à
citado em Atos, m as um a referência
Primeira Carta a Timóteo. Ambas foram
feita por Paulo na Carta aos G álatas
escritas por Paulo durante a viagem
nos faz entender que Tito se tornou seu
m issio n ária q u e fez d e p o is d e seu
prim eiro ap risio n am en to em Rom a cooperador antes de Timóteo.
(63- 65 d.C.). O texto nos dá uma clara Em G álatas 2.1-5, Pauto descreve
ideia da livre m ovimentação do após­ uma viagem que fez a Jerusalém para
tolo naquele periodo e sua intenção de tratar de conflitos que tinha com os
plena continuidade da missão, o que jud eus, principalm ente por causa da
não sabem os até que ponto ocorreu. circuncisão. Tito estava nessa viagem
A carreira de Paulo foi interrom pida (Gl 2.1-3), pro vave lm en te a m esm a
com sua nova prisão e envio a Roma. narrada por Lucas em Atos 15,2, que
Paulo escreveu a Tito para orientá-lo trata do Concilio de Jerusalém.
acerca da organização da igreja na ilha, Tito não era judeu, mas grego (GL2.3).Ti­
enfatizar a necessidade de refutar os nha uma personalidade um pouco diferente
falsos m estres e ensinar aos crentes da de Timóteo, As referências que Paulo
crete n ses sobre o m o d elo id eal de faz dele na Segunda Carta aos Coríntios
vida cristã. nos permite entender que a liderança de
Tito era mais incisiva. Estava sempre pronto
I - TITO, CRETA E OS CRETENSES para grandes desafios, como os de Corinto
1. O perfil d e Tito. A exem plo de e de Creta. Timóteo, como já analisamos,
Timóteo, Tito tam bém era jovem . Pro- tinha uma certa timidez.

JOVENS 61
O perfil de Tito pode ser assim resu­ o “fenômeno" que se dava quando os
mido: pronto, entusiasmado, diligente, cretenses se uniam, com todas as suas
proativo (2 Co 8,17): de posições firmes diferenças, para juntos se defenderem
(2 Co 714,15): ético e respeitoso (2 Co d e um inim igo com um . Ou, em um
12.18), am oroso (2 Co 7 13 -15 ): am igo sentido figurado, o sincretismo seria a
le a l e fraterno: um irmão (2 C o 2.13), própria presença, em uma mesma ilha,
um homem de confiança (2 Co 8.23). de múltiplos cultos, religiões, filosofias
2. A ilh a d e C reta. L o c a liz a d a a e linhas de pensamento. Bürki assinala,
su d este da G récia, Creta é a quarta ainda, que é da palavra “cretense" que
maior ilha do mar Mediterrâneo. Tem deriva o verbo cretizo, no grego, que
uma área de aproximadam ente 8.200 significa “mentir". Mas 0 evangelho havia
km 2. Possui uma forma alongada: 256 chegado à ilha. No dia de Pentecostes,
km de leste a oeste e 10 a 56 km de havia ju d eu s cretenses em Jerusalém
norte a sul. No primeiro século, possuía (At 2.11). Certam ente aLguns d eles se
mais de 100 cidades, muitas delas com converteram e levaram a fé para as
excelentes portos, com o o porto de suas cidades. Depois de solto de sua
Fenice, citado em Atos 27.12. prim eira prisão em Roma (At 28.30),
Paulo esteve em Creta durante sua Paulo viajou para Creta, levando Tito.
conturbada viagem a Roma, por o ca­ Trabalhou ali por algum tempo e deixou
sião de seu primeiro aprisionamento. seu fiel colaborador para prosseguir a
O navio que o levava atracou em Bons obra (Tt 1.5).
Portos e ali ficou por algum tempo (At
27.8,9). Atualmente, Creta tem mais de I I - A MISSÃO DE TITO
600 mil habitantes. l. Estabelecer presbíteros. A m is­
3. Os cretenses. Um povo de pés­ são primordial de Tito era organizar as
sim a fam a. A ilh a era um lu g a r de igrejas locais, “de cidade em cidade",
confusão cultural e religiosa, violência, Isso denota que o Evangelho havia se
banditismo e imoralidade. Os creten­ espalhado pela ilha, mas a organização
ses eram m entirosos, preguiçosos e d as igrejas ainda era incipiente. Em
glutões. Paulo denuncia isso na Carta Éfeso já havia um presbitério estabe­
a Tito, numa referência a Epimênides, lecido (At 20.17,28), o que não excluía
um conhecido poeta e filósofo creten- a re sp o n sa b ilid a d e d e T im ó teo de
se do sé cu lo VI a.C.: “Um d eles, seu ordenar novos presbíteros, pelo cres­
próprio profeta, disse: O s cretenses cimento da obra.
são sem pre mentirosos, bestas ruins, Em Creta, contudo, embora PauLo
ventres preguiçosos" (Tt 1.12). tivesse trabalhado por aLgum tempo para
S e g u n d o o teó lo g o su íç o H ans pôr as "coisas U em boa ordem”, havia
Bürki (1925-2002), o termo sincretismo a premente necessidade de exercer a
é inspirado nessa ebulitiva característica disciplina eclesiástica e estabelecer
dos cretenses. O prefixo grego syn tem presbíteros em cada igreja, para pros­
o sentido de “em com panhia de, junto seguirem na missão de ensinar (1.5,13).
com", com o em sinerg ia, sincronia, O perfil dos presbíteros seg ue os
sinfonia etc. Assim, o sin-cretism o era m e sm o s re q u isito s tra n sm itid o s a

62 JOVENS
Timóteo, destacando a necessidade 3. A má influência na igreja. A cor­
d e m a tu rid a d e (1 Tm 3.1-6). Difere reção a ser feita por Tito visava não
somente a expressa inclusão de uma apenas os falsos mestres. A expressão
observação implícita na carta a T im ó­ “repreende-os severamente para que
teo: a boa conduta dos filhos (Tt 1.6). sejam sãos na fé”, feita logo após a re­
Em uma linguagem de hoje, diriamos ferência aberta aos cretenses (1.12,13),
que eles precisam ser bons crentes: nos permite entender que as igrejas em
darem bom testem unho com o c ris­ Creta deveríam receber sem elhante
tãos. Isso é vaLioso para os filhos dos ensino (3.1-9), A má conduta dos cre­
lideres e contribui muito para o êxito tenses, impregnada na cultura da ilha,
do ministério de seus pais. estaria reinando entre os cristãos, o que
2. Correção aos falsos doutores. tam bém se denota pela necessidade
Assim como em Éfeso, em Creta havia de pôr “em boa ordem as coisas que
falsos mestres, que perturbavam a vida ainda [restavam]” (1.5).
da igreja. Paulo os chama de “desorde­ De fato, não é incomum que vicíos
nados, faladores, vãos e enganadores" impregnados em culturas locais insis­
e aponta principalmente “os da circun­ tam em se infiltrar e permanecer no seio
cisão”;judeus que insistiam que para se das igrejas cristãs. Comportamentos e
salvar os gentios precisavam cumprir costum es antiéticos que parecem ser
leis, regras e ritos jud aicos (1.10). inofensivos, mas que são destrutivos,
Paulo fala novamente da sorratei­ com o raposinhas que fazem tão m al
ra ação d e sse s falso s m estres, que às vinhas (Ct 2.15). Por exemplo, os atos
“transtornavam casas inteiras”, o que desonestos são praticados em nosso
denota o m esm o problema de Éfeso, país em nom e do “jeitinho brasileiro".
envolvendo as m ulheres (1 Tm 4 7 : 2 Viver em meio aos “cretenses” não
Tm 3.6,7). É provável que tais mestres nos autoriza compartilhar de sua má con­
estivessem explorando a imprudência duta, Precisamos ser “sãos na fé" (1.13).
dessas mulheres, enganando-as assim
como o Diabo fez com Eva no Éden (Gn III - EXORTAÇÕES GERAIS
3 .1-6 ; íT m 2.14). 1. Ensino para toda a família, O tom
O trato com esses ardilosos falsos de praticidade do ensino de Paulo a
mestres deveria ser firme. Paulo usa a Tito é sem elhante ao que transmitiu a
expressão “tapar a boca” para demons­ Timóteo (íT m 5,6). De igual forma, Tito
trar com o Tito deveria ser diligen te deveria transmitir a correta doutrina para
em seu trabalho. De ig u a l modo, o toda a igreja, dos mais velhos aos mais
presb ítero p re cisaria ter su ficie n te jovens. O apóstolo volta a enfatizar a
auto ridade m oral e esp iritual, a fim importância da educação cristã para as
de q ue fosse “poderoso, tanto para m ulheres idosas, destacando o papel
ad m oestar com a sã doutrina com o delas no ensino das mais novas (2.3-5),
para co n v e n c e r os c o n trad ize n te s” O valor de constituição da família
(1.9). Não se pode confundir amor com é mais uma vez enfatizado por Paulo,
condescendência. Os erros devem ser ao tratar da nobre m issão da mulher,
corrigidos (Hb 12.5-9). como esposa e mãe, dedicada ao lar, “a

JOVENS 63
fim de que a Palavra de Deus não seja
blasfemada”(2.5), isto é, para que Deus
seja glorificado peLa vida exemplar das
famílias cristãs. Essas tarefas atribuídas
à m ulher têm sido muito desprezadas
pela sociedade moderna.
A m ulher cristã pode exercer ati­
v id a d e s fora do lar, d e sd e q ue não
negligencie a missão mais importante
que Deus lhe outorgou. A ausência da
mulher como esposa e mãe traz prejuízos
incalculáveis para a família, com nítidos
reflexos na igreja e em toda a sociedade,
A vida cristã deve ser pautada sempre
nas Escrituras Sagradas, que jam ais en­
velhecem ou se tornam ultrapassadas (Sl
119.89). Finalmente, Paulo se dirige aos
jovens, aos quais destaca a moderação 1 Há algum a diferença de personali­
(2,6). Exercer o autocontrole é fundamen­ dade entre Tito e Tim óteo?
tal para que o jovem não tome decisões
erradas na vida. É melhor suportar o jugo
dos tempos de mocidade (Lm 3.27-29),
"Tudo tem o seu tempo determinado, e 2. Com o eram os cretenses?
há tempo para todo o propósito debaixo
do céu”(Ec 3.1).
2. Salvação para todos. Paulo tam­
bém aborda na Carta a Tito um a das 3. O que a Carta a Tito traz de d ife­
doutrinas centrais da fé cristã: Soterio-
rente em relação aos requisitos do
logia, a doutrina da salvação. A graça
presbítero?
d e D eu s foi m anife stad a “trazendo
salvação para todos os homens" (2.11).
Por sua graça, Deus não apenas nos
sa lva no presente, m as nos ensina,
4. O q ue Paulo volta a enfatizar na
ao longo da vida, a renunciar a todo o
Carta a Tito quanto à constituição
pecado e viver bem conosco mesmo,
com o nosso próximo e com Deus (2.14). da famiLia?
Essa vida deve ser alim entada na
esperança da volta de Jesus, que pro­
meteu buscar “um povo seu especial,
zeloso de boas obras" (2.14). Portanto, 5. Que conselho Paulo dá aos jovens?
não basta receber a saLvação. É pre­
ciso viver de acordo com a vocação
celestial (Ef 4.1-3).

64 JOVENS
COMO PAULO PASSOU
A ENTENDER A PESSOA DE JESUS
COMO ÚNICO SENHOR?
O fato fundamental que mudou a vida de Saulo de Tarso ocorreu
quando o Senhor se encontrou com ele dois mil anos atrás enquanto
levava consigo documentos mortais para os cristãos de Damasco.
Quando aquele judeu erudito brilhante, fariseu, e zelote encontrou-
-se com o Senhor, tudo que ele compreendia em relação a Deus e ao
mundo virou de pernas para o ar e assumiu uma nova orientação, de
forma inequívoca e eterna. A graça, o amor e a justiça incorporados
de Deus se tornaram radicalmente autoevidentes na revelação do
seu Filho, e este amor cruciforme transformou Saulo de Tarso em
Paulo, Apóstolo do Senhor, Jesus Cristo. A graça de Deus em Cristo,
que havia reordenado o seu objetivo no mundo, agora reordenou o
mundo de Paulo, transformando a sua identidade e enviando-lhe a
um novo povo, predominantemente gentio, para anunciar o nome
de Deus. A sua devoção a Yahweh e reconhecimento dos propósitos
divinos desde a primeira criação até a nova levam a um esquema
trinitário — ao único Espírito Santo, ao único Senhor Jesus e ao
único Deus e Pai de todos.
MAIS QUE UMA
BÍBLIA DE ESTUDOS,
UMA COMPANHEIRA
DE TODAS AS HORAS
Em mais de 25 anos de existência, a Bíblia de Estudo Pentecostal
(BEP) se tornou uma companheira presente nos cultos, nos devocionais
e na leitura diária de centenas de milhares de brasileiros, indo muito
além de sua função primária de ser uma Bíblia para estudos segundo
a doutrina pentecostal.

Ao longo de todo esse tempo, o projeto da BEP ampliou-se, passando


a incluir as impressões em várias cores de capa e formatos, a edição
com a Harpa Cristã e as versões com conteúdo próprio e exclusivo
para crianças e jovens.

Neste ano de 2 0 2 2 , ela passa por uma grande reformulação, com a


revisão dos materiais de estudo, reorganização das notas e adequação
do texto conforme o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

A Bíblia de Estudo Pentecostal se aperfeiçoa para continuar sendo o


que sempre foi: a Bíblia número 1 no coração dos cristãos brasileiros.

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