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A Inspiração e Autoridade da

 BÍBLIA 

MILAGRES NA BÍBLIA
HUGO MCCORD

Uma desculpa comum para se rejeitar a milagres bíblicos, além de exercerem efeitos
Bíblia como o Livro inspirado por Deus é que práticos, visavam autenticar a mensagem divina.
“ela está cheia de milagres”. Por essa razão, Eles serviram de credenciais para Moises, Cristo
este estudo da inspiração e autoridade da Bíblia e os apóstolos.
estaria incompleto sem uma análise dos mi-
A BASE HUMANA PARA SE
lagres. A palavra mais usada pelo Espírito
REJEITAR OS MILAGRES
Santo para descrever milagres na Bíblia é “mara-
Fizemos referência acima à tentativa forçosa
vilhas”. Embora a natureza comum seja por si só
e inadequada de se explicar os milagres pela
uma maravilha,
psicologia. Esta é uma tentativa de se preencher
“A qual [a salvação], ten- são apresentados
a lacuna entre os milagres bíblicos e as leis da
do sido anunciada ini- na Bíblia múlti-
natureza. A maioria dos incrédulos, porém, sim-
cialmente pelo Senhor, plos exemplos de
plesmente considera os relatos bíblicos falsos. Eles
foi-nos depois confirma- maravilhas reali-
afirmam que “a história termina onde o milagre
da pelos que a ouviram; zadas por Deus,
começa”. Pressupõem que seja impossível haver
dando Deus testemunho que são raras
milagres. Contra a realidade dos milagres eles
juntamente com eles, por exceções às leis
apresentam três objeções principais: 1) “nenhum
sinais, prodígios e vários da natureza. Só
testemunho pode comprovar um milagre”; 2) “a
milagres e por distribui- essas exceções já
lei científica da uniformidade na natureza torna
ções do Espírito Santo…” acrescentam al-
impossível haver milagres”, e 3) “as alegações de
(Hebreus 2:3b, 4). gum peso às evi-
milagres feitas por pagãos e outros são tão válidas
dências cristãs.
 quanto as alegações bíblicas”.
Tratam-se de atos
de Deus que divergem visivelmente da atuação “Nenhum testemunho pode comprovar
habitual do Seu poder. São mais claramente defi- um milagre”
nidos por exemplos como: o que Moisés fez no O escocês cético David Hume (1711–76)
Egito, no mar Vermelho e no deserto; as experiên- declarou que, não importa quão digna de credi-
cias dos servos de Deus numa fornalha acesa e bilidade seja a testemunha, nenhum testemunho
numa cova de leões; a transformação que Jesus fez pode comprovar um milagre. Ele considerava
da água em vinho; as curas instantâneas que Ele milagres um assunto mais para ridicularização
realizou e Sua ressurreição dos mortos; a multipli- do que para discussão 1 . Todavia, a atitude de
cação de pães e peixes; a capacidade de Seus Humes ao tomar essa posição arbitrária opõe-se
discípulos pegarem em cobras e assim por diante. à opinião do mundo sobre o valor do testemunho
A tentativa de racionalizar os milagres bíbli- confiável. O sistema judiciário do mundo é
cos, ou de descrever os operadores de milagre da construído em cima da comprovação dos fatos
Bíblia simplesmente como mestres em psicologia pela palavra das testemunhas. Ademais, a con-
é inadequada para explicar a alimentação de fiabilidade dos registros históricos, como a
milhares de famintos ou a ressurreição de Lázaro. historicidade de um famoso líder político, baseia-
Há que se dizer que tais maravilhas bíblicas ou se no testemunho.
são fatos históricos ou são relatos de ficção. Os A precisão do testemunho confiável é uma lei

1
natural tanto quanto a constância na natureza. A mais miraculosa: “Nenhum testemunho é sufi-
constância na natureza, sendo confirmada pela ciente para estabelecer um milagre”, disse ele, “a
experiência humana, tem sido aceita como uma menos que o testemunho seja do tipo que sua
lei natural. Exatamente da mesma forma, a falsificação seja mais miraculosa do que o fato
precisão do testemunho confiável, sendo confir- que se pretende estabelecer…” 5 Hume não consi-
mado pela experiência humana, tem sido aceita derava que a Bíblia, seus escritores e sua influên-
como uma lei natural. Se alguém se agarra à lei cia a favor da verdade deixariam as perguntas do
da constância na natureza como razão para rejei- homem sem respostas e impossíveis de serem
tar os milagres, está rejeitando a lei da confiabi- respondidas se os milagres nela relatados fossem
lidade em testemunhos humanos. Estaria-se, falsos. A poderosa influência da Bíblia em tudo
assim, aplicando uma lei da natureza contra outra que é verdadeiro faz sentido se seus milagres
lei da natureza. Seria necessário se aceitar um forem verdadeiros, mas essa influência é inexpli-
milagre (uma violação da lei da natureza) para cável se seus milagres forem fictícios.
evitar outro! Os milagres relatados no cristianismo não
Além disso, exceto nos limites estreitos da foram realizados num cantinho; eles se deram a
experiência pessoal de Hume, a crença dele na céu aberto. Além disso, foram bastante diversos
constância da natureza era sustentada pelo e ocorreram por um período de setenta anos.
testemunho. Tudo o que ele sabia do que aconte- Supor que eram falsos — e que milhares de
cera em “outras eras e locais” era através de pessoas foram enganadas, muitas das quais
testemunhos. Conseqüentemente, ele aceitou um morreram por causa de sua fé — é mais difícil de
testemunho para derrubar outro. Às vezes, Hume se aceitar do que a realidade dos milagres. Por
reconhecia a falácia de seu raciocínio sobre a exemplo, milhares de pessoas estavam envolvidas
inadequação do testemunho humano em estabe- no milagre da multiplicação dos pães. Ou os
lecer provas. Isto ele mesmo admitiu: “Por mim apóstolos constataram a falta de alimento, assisti-
mesmo… é possível que existam milagres, ou ram os pães e os peixes serem multiplicados,
violações do curso normal da natureza, a ponto distribuíram-nos e recolheram mais do que a
de se admitir que o testemunho humano seja matriz inicial, ou eles forjaram seus relatos.
uma prova…” 2 Ele até citou um exemplo que ele Fraude não era possível nesse caso. Com certeza,
estaria disposto a aceitar: numa ocasião posterior, aqueles que foram até
Jesus da região litorânea em busca de mais pães
Sendo assim, suponhamos, que todos os
autores, em todas as línguas, concordem que, e peixes não pensavam que a multiplicação tivesse
a partir de primeiro de janeiro de 1600, houve sido um embuste.
uma escuridão total sobre toda a terra du- É mais difícil supor que Jesus era o enganador
rante oito dias: suponhamos que a tradição mais esperto do mundo e o homem mais cruel do
desse acontecimento extraordinário ainda seja
forte e viva entre as pessoas: que todos os via- mundo (oferecendo falsamente descanso e salva-
jantes, que regressam de países estrangeiros, ção) do que aceitar a realidade dos milagres. É
tragam relatos da mesma tradição, sem a menor mais inverossímil supor que Ele era um atormen-
variação ou contradição: é evidente que nossos
tador e sadista (ridicularizando as esperanças
atuais filósofos, em vez de duvidarem do fato,
deverão aceitá-lo como verdadeiro… (grifo meu). 3 dos homens) ou que Ele era o maior impostor do
mundo do que aceitar algum milagre.
Depois de assim admitir que ele reconhecia a O raciocínio de Hume pressupõe que um
força do testemunho humano para se estabelecer milagre é uma impossibilidade e, portanto,
um milagre, Hume mostrou seu preconceito con- nenhum testemunho pode validar algo que não
tra a religião ao mencionar esta exceção: pode ocorrer. Todavia, uma vez que só um ateu
ou deísta faz tal suposição, o raciocínio de Humes
Mas se esse milagre for atribuído a qualquer
sistema novo de religião… essa circunstância é convincente apenas para um ateu ou deísta.
por si só seria uma total prova de fraude, e Uma atitude negativa, pessimista, parece ter
suficiente, a todos os homens de senso, não influenciado o pensamento de Hume, tornando-
só para fazê-los rejeitar o fato, mas até rejeitá-
o um cético crônico. O resultado inevitável desse
lo sem maiores investigações. 4
pensamento é visto em seu desespero, confusão
Além da citação de Hume de um milagre não- e desesperança. O raciocínio de Hume enredou-
religioso poder ser comprovado por testemunhos o a “[sua] filosofia e vãs sutilezas” (Colossenses
humanos, ele também admitiu que um milagre 2:8). Hume foi um daqueles que não dão graças
relatado precisa ser aceito se sua falsidade for pelas bênçãos que recebem; antes, “se tornaram

2
nulos em seus próprios raciocínios, obscurecen- Assim como o argumento baseado na inade-
do-se-lhes o coração insensato” (Romanos 1:21). quação do testemunho não é convincente, o
Ele se enganou a si mesmo, sendo vítima de sua argumento de que a uniformidade atual na
própria astúcia, semeando e colhendo desespero. natureza exclui qualquer milagre no passado é
Rejeitar o testemunho humano como prova igualmente incoerente.
de milagres é um ato forçado e irracional.
“As alegações de milagres feitas por pagãos
“A lei científica da uniformidade na natureza e outros são tão válidas quanto as alegações
torna impossível haver milagres” bíblicas”
Um segundo argumento usado contra a possi- O terceiro argumento principal para eliminar
bilidade de ocorrer milagres é que a lei científica a realidade dos milagres bíblicos é estigmatizá-
da uniformidade na natureza — ou seja, que a los agrupando-os com os supostos milagres de
natureza sempre se comporta de maneira con- pagãos e adeptos de outras seitas. Todavia, assim
sistente — não deixa espaço para milagres. O como as imperfeições numa cédula falsificada
raciocínio é o seguinte: uma vez que tudo o que ajudam a identificar a cédula autêntica, as ca-
foi experimentado pela maioria dos seres huma- racterísticas dos falsos milagres podem ser
nos tem uma causa natural, lógica, qualquer comparadas com as dos verdadeiros milagres.
suposta experiência que não tenha uma causa Alguns associam os milagres a Apolônio, um
normal ou natural é impossível. mágico do primeiro século; mas quando se
Todavia, o fato de que toda a experiência de examina o conjunto de provas, este se mostra
uma pessoa é natural e tem uma causa explicável insuficiente. A única prova que existe vem do
não significa que a experiência universal seja a terceiro século, e não do primeiro, e de um relato
mesma. Um cientista é capaz de observar correta- de segunda-mão, e não das testemunhas oculares.
mente ocorrências atuais com causas explicáveis; Se houvesse o mais insignificante fundamento
baseado nessa observação, ele pode concluir para se usar as lendas a respeito de Apolônio para
(embora incorretamente) que jamais houve quais- degradar Jesus, os críticos as teriam utilizado.
quer acontecimentos sobrenaturais antes. Ao David Hume usous três relatos de milagres sem
fazer tal suposição, ele ultrapassou seu próprio fundamento — mas ninguém testificou nenhum
território. Ele é capaz de testificar corretamente deles com a própria vida. Em defesa da veracidade
o que está acontecendo no momento presente, dos feitos e doutrinas de Jesus, testemunhas
mas não tem como saber o que aconteceu em eras oculares deram testemunho com suas vidas.
passadas. Tal conclusão seria não-científica; ele Outros supostos milagres são relacionados
teria adentrado um território estrangeiro ao aos nomes de Inácio Loyola e Francis Xavier, mas
conhecimento e equipamento científico. Teria somente por relatos que se originaram a anos e
abandonado o físico e se projetado na metafísica, quilômetros de distância desses homens. Os
no campo da especulação sem provas. A falta de milagres relacionados a Jesus são comprovados
milagres na natureza hoje não nega sua realidade por relatos que se originaram na mesma geração
na história. Só a ciência histórica, e não a ciência em que Jesus viveu e por pessoas que viram com
natural, pode falar desse tópico. Visto que a os próprios olhos as maravilhas que Ele realizou.
experiência da ciência é limitada tanto pelo Além da comprovação das alegações não-
espaço como pelo tempo, cabe à ciência dizer bíblicas de milagres ser deficiente, os supostos
onde e quando isto ocorre. milagres são de uma intenção diferente dos mila-
Mesmo se os cientistas não estivessem saindo gres bíblicos. Embora os milagres de Jesus visassem
do seu território quando emitem um decreto per- primordialmente Sua credibilidade, eles também
pétuo contra os milagres, a doutrina da uniformi- eram úteis e humanitários. Jesus alimentou os
dade pregada por eles deixa-os sem explicação famintos, curou os doentes e consolou os desam-
para o começo da matéria, da vida e para a parados. O severo contraste na intenção por trás
suposta teoria da evolução da vida. Se o princípio dos supostos milagres não-bíblicos é visto nas
da uniformidade na natureza descarta milagres, artimanhas atribuídas a Simão Magus, como fazer
também descarta o começo da matéria, da vida e cães de pedra latirem e estátuas falarem. Diz-se
a teoria da evolução da vida. Uma mutação do também que Magus transformou-se num bode e
cérebro de um macaco antropóide para o cérebro que ele rolava sobre brasas vivas.
humano certamente seria um milagre tão grande Além de ser evidente a intenção inferior nos
quanto os tantos milagres relatados na Bíblia. supostos milagres não-bíblicos, o propósito direto

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era diferente. Enquanto o propósito principal dos valor dos milagres. O humilde carpinteiro Naza-
milagres bíblicos era gerar credibilidade, quando reno, que compreendia totalmente os valores re-
se trata de supostos milagres não-bíblicos, eles lativos, em certas ocasiões não fez caso do valor
são exibidos entre pessoas que já aceitaram a dos milagres. Para os que estavam determinados
religião em questão. Os supostos milagres foram a não se deixarem convencer a respeito de Sua
apêndices, e não provas, da religião em questão. divindade, os milagres seriam um esforço desper-
As principais objeções à veracidade dos diçado. Ele não deixou que os milagres se tornas-
milagres bíblicos é que lhes falta peso e que não sem um fim em si mesmos. Nenhum enganador
são convincentes. subestimaria assim a sua capacidade de operar
maravilhas.
A BASE PARA SE ACEITAR O fato de João Batista não receber crédito por
OS MILAGRES BÍBLICOS nenhum milagre mostra que os escritores dos
Pelo menos quatro grandes verdades refor- Evangelhos não eram simples entusiastas fazendo
çam a veracidade dos milagres bíblicos: 1) O relatos fictícios. Além disso, o fato de tais
Livro que relaciona os milagres é completamente escritores não atribuírem nenhum milagre a Jesus
digno de crédito, 2) os milagres bíblicos não têm antes dEste iniciar Seu ministério público indica
sinais de falsificação, 3) os inimigos contempo- que eles estavam escrevendo história, e não
râneos de Jesus e os posteriores céticos não inventando histórias. Ademais, o fato de os
duvidaram de Seus milagres e 4) os milagres são relatos bíblicos registrarem apenas alguns casos
necessários para se explicar a vida de Jesus. de ressurreição de mortos indica novamente que
A credibilidade do Livro que relata os milagres os escritores não eram meros sensasionalistas. A
Muitas linhas de provas (a história, a arqueo- recusa de Jesus em encenar um espetáculo para o
logia, alusões acidentais, o caráter dos escritores rei Herodes é exatamente o oposto do que Simão,
e os efeitos dos escritos) convergem em direção o mágico, teria feito.
ao julgamento aceito quase universalmente de Em vez de os Evangelhos apresentarem sinais
que a Bíblia é o Livro mais digno de crédito do de falsificação, é exatamente o contrário que
mundo. Se a Bíblia fosse uma produção indigna acontece. O racionalista francês Joseph Renan
de confiança, o bom senso evocaria uma rejeição disse que os Evangelhos contêm todos os sinais
dos relatos de acontecimentos sobrenaturais que internos de autenticidade, e que o testemunho
ela traz. Ao contrário disso, sendo a Bíblia o externo confirma os fatos principais.
Livro mais indisputavelmente confiável já escrito,
o bom senso evoca a aceitação de suas histórias Os inimigos de Jesus não duvidaram
de milagres. Se a credibilidade da Bíblia não de Seus milagres
pode ser ignorada, logicamente seus milagres Uma terceira prova da veracidade dos mila-
não podem ser rejeitados. A própria probidade gres dos Evangelhos é o fato de os inimigos
da Bíblia torna-se, portanto, uma forte prova da contemporâneos de Jesus e posteriores incrédulos
veracidade dos milagres que ela relata. não terem negado esses milagres. A maioria deles
não acreditava na divindade de Jesus, mas não se
Os milagres bíblicos não têm sinais encontra nenhum registro de que algum deles
de falsificação tenha questionado Seus milagres.
Uma segunda forte razão para se aceitar a Os fariseus reconheceram a veracidade da
historicidade das maravilhas bíblicas é a ausência ressurreição de Lázaro dos mortos e da operação
de quaisquer sinais de falsificação. Um enganador de outros milagres. Eles disseram: “Que estamos
se empenharia em obter o máximo de publicidade fazendo, uma vez que este homem opera muitos
possível, mas, por vezes, Jesus estranhamente sinais? Se o deixarmos assim, todos crerão nele;
proibiu a publicação de Seus feitos. Aparente- depois, virão os romanos e tomarão não só o
mente, Ele fez isto para evitar despertar o espírito nosso lugar, mas a própria nação” (João 11:47,
amotinador irracional daqueles que não enxerga- 48). Se eles tivessem cogitado alguma dúvida,
riam a Sua divindade, mas O veriam apenas bastaria que viajassem uns três quilômetros até a
como um operador de milagres. Qualquer que casa de Lázaro. Em vez de negarem que Lázaro
seja a razão dessa proibição, trata-se de algo que havia ressuscitado, procuraram destruir a prova,
um enganador não teria feito. deliberando tirar-lhe a vida.
Além disso, um enganador faria de tudo, O rei Herodes Antipas não só acreditava que
dentro de suas possibilidades, para acentuar o poderes miraculosos operavam em Jesus (Mateus

4
14:2), mas quis vê-los pessoalmente (Lucas 23:8). fraude que desse sustentação à religião de Jesus.
Judas Iscariotes testificou que Jesus não era um O fato de esses críticos nada dizerem contra os
impostor (Mateus 27:3, 4). Quando Jesus estava milagres de Jesus é um testemunho silencioso,
no tribunal, Seus perseguidores procuraram involuntário e poderoso em favor da autenti-
qualquer pretexto para obterem um veredito cidade deles.
culposo. Eles utilizaram muitas testemunhas
falsas (Mateus 26:60; Marcos 14:55, 56), mas não Os milagres são necessários para
encontraram ninguém que jurasse serem irreais se explicar a vida de Jesus
os milagres de Jesus. Uma quarta forte razão para se aceitar a
No primeiro Pentecostes após a ascensão de realidade dos milagres bíblicos é o fato da vida
Jesus, Pedro falou de Jesus a milhares de pessoas, de Jesus ser inexplicável se baseada em suposi-
entre as quais estavam muitos que crucificaram ções puramente naturalistas. Alguns tentaram
Jesus. Sem fazer rodeios, ele proclamou que Jesus separar o miraculoso do natural na vida de Jesus,
havia feito “milagres, prodígios e sinais… como sem, contudo, obterem sucesso. Os dois estão
vós mesmos sabeis” (Atos 2:22). Quanto à cura misturados em um todo harmonioso. Um não faz
de um aleijado desamparado, aqueles que odia- sentido sem o outro.
vam o cristianismo admitiram “que um sinal Parte da vida de Jesus foi a reação de Seus
notório foi feito por eles”, dizendo: “…e não o adversários ao Seu poder de operar milagres. A
podemos negar” (Atos 4:16). Simão, o mágico, resposta deles a Jesus não faria sentido se Ele de
um homem que conhecia a arte da falsificação, fato não expulsasse espíritos impuros.
convenceu-se de que Filipe realizava “sinais e Jesus pegou uma mulher febril pela mão,
grandes milagres” (Atos 8:13), e ficou mara- expulsou a febre e, imediatamente depois, foi
vilhado com isto. servido por ela. O miraculoso se funde com o
Não só os inimigos contemporâneos de Jesus natural.
aceitaram a realidade de Seus milagres, mas Grandes multidões seguiram Jesus. A influên-
também os incrédulos posteriores a Ele. Rabinos cia dEle sobre as multidões é compreensível por
judeus que escreveram no Talmude admitiram causa dos milagres, mas, sem eles, esse poder de
que os milagres de Jesus eram verdadeiros, atrair tantos seria um enigma e o melhor homem
atribuindo-os à magia ou ao “poder do venerável que o mundo já conheceu teria de ser descrito
nome de Jeová”. como um impostor.
Incrédulos gentios também, embora estives- Uma parte importante do ministério de Jesus
sem à caça de defeitos no cristianismo, não era a fé que Seus apóstolos tinham nEle. Essa fé
atacaram a veracidade dos milagres relatados seria inexplicável se Ele fosse um charlatão, pois,
nos Evangelhos. No segundo século, Celso escre- nesse caso, Ele só poderia partilhar com eles os
veu contra a religião de Jesus, mas nunca sequer segredos do negócio. Depois de seguirem Jesus
questionou os milagres. Ele os atribuiu à magia, por três anos, eles acreditaram que Seus milagres
a qual ele disse que Cristo aprendeu no Egito. eram reais.
Por volta do ano 270, Porfírio, um terrível
adversário, tentou destruir o cristianismo; seus CONCLUSÃO
escritos mostram uma familiaridade com o Novo Nenhuma análise da validade dos milagres
Testamento, mas ele não negou os milagres. Em da Bíblia estaria completa sem se considerar o
303, Hierocles, governador da Bitínia, procurou maior de todos os milagres, a ressurreição de Je-
por falhas e contradições internas no Novo Tes- sus Cristo — tema da lição a seguir. Vamos estu-
tamento. O livro resultante disso não depreciou dá-la com cuidado e em espírito de oração.
a veracidade de quaisquer milagres. O imperador 
Juliano (Juliano, o apóstata) fez de tudo dentro
11
de suas possibilidades para erradicar o cristia- David Hume, An Enquiry Concerning the Human
nismo. No ano 361, ele também atacou a religião Understanding, and an Enquiry Concerning the Principles of
Morals (“Uma Investigação a respeito do Entendimento
de Jesus em seus escritos. Nem um milagre sequer Humano e uma Investigação a respeito dos Princípios de
foi negado por ele; pelo contrário, ele admitiu Moralidade”). L. A. Selby-Bigge, ed. Oxford: Clarendon
que Jesus curou pessoas, exorcizou demônios e Press, 1894, p. 120.
12
andou na água. Ibid., p. 127.
13
Ibid., p. 127, 28.
Os incrédulos judeus e gentios do primeiro 14
Ibid., pp. 128, 29.
século teriam ficado contentes em expor a menor 15
Ibid., pp. 115, 16.

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