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18/15/2009
SUMÁRIO
Parte I
Noções Preliminares
JESUS, UM ESPÍRITO SUPERIOR
GUIA E MODELO DOS HOMENS
CUMPRIDOR DAS PROFECIAS
ANUNCIADOR DA VIDA FUTURA
O DIVINO MESSIAS E OS SEUS ESPÍRITOS
Parte II
Parte III
Apêndice
OS QUATRO EVANGELHOS DE ROUSTAING –
Comentário de Allan Kardec sobre a obra.
O CORPO CARNAL DE JESUS
BIOGRAFIA DE ALLAN KARDEC
Jesus Cristo Segundo Allan Kardec
Parte I
Noções Preliminares
JESUS, UM ESPÍRITO SUPERIOR (1)
Dizem que Deus enviou o Cristo, seu filho, para salvar os homens,
provando-lhes com isso o seu amor. Como se explica, entretanto, que
os deixasse depois em abandono?
Não há dúvida de que Jesus é o mensageiro divino enviado aos
homens para ensinar-lhes a verdade, e, por ela, o caminho da
salvação; mas contai - e somente após a sua vinda - quantos não
puderam ouvir-lhe a palavra da verdade, quantos morreram e
morrerão sem conhecê-la, quantos, finalmente, dos que a conhecem,
a põem em prática. Então, por que não lhes enviar Deus, sempre
solícito na salvação de suas criaturas, outros mensageiros, que,
baixando a todas as terras, entre grandes e pequenos, ignorantes e
sábios, crédulos e cépticos, venham ensinar a verdade aos que a
desconhecem, torná-la compreensível aos que não a compreendem, e
suprir, enfim, pelo seu ensino direto e múltiplo, a insuficiência na
propagação do Evangelho, abreviando o evento do reinado divino?
Mas eis que chegam esses mensageiros em hostes inumeráveis,
abrindo os olhos aos cegos, convertendo os ímpios, curando os
enfermos, consolando os aflitos, a exemplo de Jesus! Que fazeis vós,
e como os recebeis vós? Ah! vós os repudiais, repelis o bem que
fazem e clamais: são demônios!
Outra não era a linguagem dos fariseus relativamente ao Cristo, que,
diziam, fazia o bem por artes do diabo! E o Nazareno respondeu-lhes:
"Reconhecei a árvore por seu fruto: a má árvore não pode dar bons
frutos."
Para os fariseus eram maus os frutos de Jesus, porque ele vinha
destruir o abuso e proclamar a liberdade que lhes arruinaria a
autoridade. Se ao invés disso Jesus tivesse vindo lisonjear-lhes o
orgulho, sancionar os seus erros e sustentar-lhes o poder, então,
sim, ele seria o esperado Messias dos judeus. Mas o Cristo era só,
pobre e fraco: decretaram-lhe a morte julgando extinguir-lhe a
palavra, e a palavra sobreviveu-lhe porque era divina. Importa
contudo dizer que essa palavra só lentamente se propagou, e, após
dezoito séculos, apenas é conhecida de uma décima parte do gênero
humano. Além disso, em que pese a tais razões, numerosos cismas
rebentaram já do seio da cristandade. Pois bem: agora, Deus, em sua
misericórdia, envia os Espíritos a confirmá-la, a completá-la, a
difundi-la por todos e em toda a Terra - a santa palavra de Jesus. E o
grande caso é que os Espíritos não estão encarnados num só homem
cuja voz fora limitada: eles são inumeráveis, andam por toda parte e
não podem ser tolhidos. Também por isso, o seu ensino se amplia
com a rapidez do raio; e porque falam ao coração e à razão, são
pelos humildes mais compreendidos.
Não é indigno de celestes mensageiros - dizeis - o transmitirem suas
instruções por meio tão vulgar qual o das mesas? Não será ultrajá-los
o supor que se divertem com frivolidades deixando a sua mansão de
luz para se porem à disposição do primeiro curioso?
Jesus também deixou a mansão do Pai para nascer num estábulo. E
quem vos disse que o Espiritismo atribui frioleiras aos Espíritos
superiores? Não; o Espiritismo afirma positivamente o contrário, isto
é, que as coisas vulgares são próprias de Espíritos vulgares. Não
obstante, dessas vulgaridades resulta um benefício, qual o de abalar
muitas imaginações, provando a existência do mundo espiritual e
demonstrando à saciedade que esse mundo não é tal, porém muito
diferente do que se julgava. Essas manifestações iniciais eram
porventura simples como tudo que começa, mas a árvore saída de
um pequeno grão não estende menos, mais tarde, ao longe a sua
ramagem.
Quem acreditaria que da misérrima manjedoura de Belém pudesse
sair a palavra que havia de transformar o mundo?
Sim! O Cristo é bem o Messias divino. A sua palavra é bem a palavra
da verdade, fundada na qual a religião se torna inabalável, mas sob
condição de praticar os sublimes ensinamentos que ela contém, e não
de fazer do Deus justo e bom, que nela reconhecemos, um Deus
faccioso, vingativo e cruel.
_______________
REFERÊNCIAS:
1)- A Gênese Segundo o Espiritismo, cap. XV, nº 2.
2)- No original lê-se: “no quadro desta obra”.
3)- O Livro dos Espíritos, Comentário da questão 625.
4)- O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.I, nº 4.
5)- O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap.II, nº 3. Fonte:
http://evangelhoespirita.wordpress.com
6)- O Céu e o Inferno, cap. X, nº 18 e 19.
Jesus Cristo Segundo Allan Kardec
Parte II
"Jesus lhes respondeu: Não me toqueis, porque ainda não subi para o
meu Pai; mas ide procurar os meus irmãos e lhes dizei, de minha
parte: Eu subi para o meu Pai e vosso Pai, para meu Deus e vosso
Deus." (Aparição a Maria Madalena. São João, cap. 20, v. 17.)
"Mas Jesus, aproximando-se, assim lhes falou: Todo poder me foi
dado no céu e sobre a Terra." (Aparição aos Apóstolos. São Mateus,
cap. 28, v. 18.)
"Ora, sois testemunhas destas coisas; – E eu vou enviar-vos o dom
de meu Pai que vos foi prometido." (Aparição aos Apóstolos. São
Lucas, cap. 24, v. 48, 49.)
Tudo acusa, pois, nas palavras de Jesus, seja quando vivo, seja
depois de sua morte, uma dualidade de pessoas perfeitamente
distintas, assim como o profundo sentimento de sua inferioridade e
de sua subordinação com relação ao Ser supremo. Por sua insistência
ao afirmar espontaneamente, sem ser a isso constrangido, nem
provocado, por quem quer que seja, parece querer protestar de
antemão contra o papel que ele previa que se lhe seria atribuído um
dia. Se tivesse guardado silêncio sobre o caráter de sua
personalidade, o campo estaria aberto para todas as superstições
como a todos os sistemas; mas a precisão de sua linguagem afasta
toda incerteza.
Que autoridade maior se pode encontrar do que as próprias palavras
de Jesus? Quando diz, categoricamente: sou ou não sou tal coisa,
quem ousaria se arrogar o direito de dar-lhe um desmentido, fosse
isso para colocá-lo mais alto do que ele mesmo não se coloca? Quem
é que, razoavelmente, pode pretender estar mais esclarecido do que
ele sobre a sua própria natureza? Que interpretações podem
prevalecer contra afirmações tão formais e tão multiplicadas como
estas:
"Não vim por mim mesmo, mas aquele que me enviou é o único Deus
verdadeiro. – É de sua parte que venho. – Eu digo o que vi na casa
de meu Pai. – Não cabe a mim vo-lo dar, mas isso será para aqueles
a quem meu Pai o preparou. – Eu me vou para meu Pai, porque meu
Pai é maior do que eu. – Por que me chamais bom? Não há senão
Deus que seja bom. – Não falo por mim mesmo, mas meu Pai, que
me enviou, foi quem me prescreveu pelo seu mandamento, o que
devo dizer. – A minha doutrina não é minha doutrina, mas a doutrina
daquele que me enviou. – A palavra que ouvistes, não é a minha
palavra, mas a do meu Pai que ma enviou. – Não faço nada por mim
mesmo, mas não digo senão aquilo que meu Pai me ensinou. – Nada
pude fazer por mim mesmo. – Eu não procuro a minha vontade, mas
a vontade daquele que me enviou. – Eu vos disse a verdade que
aprendi de Deus. – Meu alimento é fazer a vontade daquele que me
enviou. – Vós sois o único Deus verdadeiro, e Jesus Cristo que
enviastes. – Meu Pai, reponho a minha alma em vossas mãos. – Meu
Pai, se for possível, fazei com que este cálice se afaste de mim. –
Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes? – Eu subo para o
meu Pai e vosso Pai, para o meu Deus e vosso Deus."
Quando se lê tais palavras, pergunta-se somente como pôde vir ao
pensamento dar-lhes um sentido diametralmente oposto àquele que
elas exprimem tão claramente, conceber uma identificação completa
de natureza e de poder entre o senhor e aquele que se diz seu
servidor. Nesse grande processo, que dura há quinze séculos, quais
são as peças de convicção? Os Evangelhos, – não há outras, – que,
sobre o ponto em litígio, não dão lugar a nenhum equívoco. A esses
documentos autênticos, que não se pode contestar sem se inscrever
em falso contra a veracidade dos evangelistas e do próprio Jesus,
documentos estabelecidos por testemunhos oculares, que se lhes
opõem? Uma doutrina teórica puramente especulativa, nascida três
séculos mais tarde de uma polêmica estabelecida sobre a natureza
abstrata do Verbo, vigorosamente combatida durante vários séculos,
e que não prevaleceu senão pela pressão de um poder civil absoluto.
DUPLA NATUREZA DE JESUS
"No começo era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era
Deus. – Ele estava no começo com Deus. – Todas as coisas foram
feitas por ele; e nada do que fez não fez sem ele. – Nele estava a
vida e a vida era a luz dos homens; – E a luz brilhou nas trevas, e as
trevas não a compreenderam. - "Houve um homem enviado de Deus
que se chamava João. – Ele veio para servir de testemunha, para dar
testemunho à luz, a fim de que todos cressem por ele. – Ele não era
a luz, mas veio para dar testemunho daquele que era a luz. - "Aquela
era a verdadeira luz que clareia todo homem vindo neste mundo. –
Ele estava no mundo e o mundo nada fez por ele, e o mundo não o
conheceu. – Ele veio aos seus e os seus não o receberam. – Mas deu
a todos aqueles que o receberam o poder de serem feitos filhos de
Deus, àqueles que creram em seu nome, que não são nascidos do
sangue nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas
de Deus mesmo. - "E o Verbo se fez carne e habitou entre nós; e
vimos a sua glória, sua glória tal quanto o Filho único deveria recebê-
la do Pai; ele, digo eu, habitou entre nós, cheio de graça e de
verdade." (João, cap. 1º, v. de 1 a 14.)
Esta passagem dos Evangelhos é a única que, à primeira vista,
parece encerrar implicitamente uma idéia de identificação entre Deus
e a pessoa de Jesus; é também aquela sobre a qual se estabeleceu,
mais tarde, a controvérsia a este respeito. Essa questão da divindade
de Jesus não chegou senão gradualmente; nasceu das discussões
levantadas a propósito das interpretações dadas, por alguns, às
palavras Verbo e Filho. Não foi senão no quarto século que ela foi
adotada, em princípio, por uma parte da Igreja. Esse dogma é, pois,
o resultado de uma decisão dos homens e não de uma revelação
divina.
Há de início a notar que, as palavras que citamos mais acima, são de
João, e não de Jesus, e que, admitindo que não hajam sido alteradas,
não exprimem, em realidade, senão uma opinião pessoal (12), uma
indução onde se encontra o misticismo habitual de sua linguagem;
elas não poderiam, pois, prevalecer contra as afirmações reiteradas
do próprio Jesus.
Mas, aceitando-as tais quais são, elas não resolvem de nenhum modo
a questão no sentido da divindade, porque se aplicariam igualmente a
Jesus, criatura de Deus.
Com efeito, o Verbo é Deus, porque é a palavra de Deus. Tendo Jesus
recebido essa palavra diretamente de Deus, com a missão de revelá-
la aos homens, assimilou-a; a palavra divina, da qual estava
penetrado, se encarnou nele; trouxe-a ao nascer, e foi com razão que
Jesus pôde dizer: O Verbo se fez carne, e habitou entre nós. Jesus
pode, pois, estar encarregado de transmitir a palavra de Deus sem
ser Deus, ele mesmo, como um embaixador transmite as palavras de
seu soberano, sem ser o soberano. Segundo o dogma da divindade, é
Deus que fala; na outra hipótese, ele fala pela boca de seu enviado, o
que não rouba nada à autoridade de suas palavras.
Mas quem autoriza essa suposição antes do que outra? A única
autoridade competente para decidir a questão são as próprias
palavras de Jesus, quando disse: "Eu nunca falei de mim mesmo,
mas aquele que me enviou me prescreveu , por seu mandamento o
que devo dizer; - minha doutrina não é a minha doutrina, mas a
doutrina daquele que me enviou, a palavra que ouvistes não é, minha
palavra, mas a de meu Pai que me enviou." É impossível exprimir-se
com mais clareza e precisão.
A qualidade de Messias ou enviado, que lhe é dada em todo o curso
dos Evangelhos, implica uma posição subordinada com relação àquele
que ordena; aquele que obedece não pode estar igual àquele que
manda. João caracteriza essa posição secundária, e, por
conseqüência, estabelece a dualidade das pessoas quando disse: E
vimos a sua glória, tal quanto "o Filho único deveria receber do Pai";
porque aquele que recebe não pode ser igual àquele que dá, e aquele
que dá a glória não pode ser igual àquele que a recebe. Se Jesus é
Deus, possui a glória por si mesmo e não a espera de ninguém; se
Deus e Jesus são um único ser sob dois nomes diferentes, não
poderia existir entre eles nem supremacia, nem subordinação; desde
então, que não há paridade absoluta de posição, é que são dois seres
distintos.
A qualificação de Messias divino não implica a igualdade entre o
mandatário e o mandante, como a do enviado real entre um rei e seu
representante.
Jesus era um messias divino pelo duplo motivo que tinha a sua
missão de Deus, e que as suas perfeições o colocavam em relação
direta com Deus.
___________
REFERÊNCIAS:
1) - Extraído de Obras Póstumas de Allan Kardec, Primeira Parte, Estudo
Sobre a Natureza do Cristo.
2) - Esse texto foi escrito em 1868, por isso Kardec diz: “há dezoito séculos”.
3) - Nenhuma comunicação dos apóstolos (via mediúnica) concernente a
natureza do Cristo tinha sido recebida para o estudo da questão. As
mensagens obtidas através da médium Mne. Collingnon e que foram reunidas
e harmonizadas por J.B. Roustaing, em seu livro: “Os Quatro Evangelhos” (Ver
Apêndice).
Jesus Cristo Segundo Allan Kardec
Parte III
Apendice
OS QUATRO EVANGELHOS DE ROUSTAING
"As suas principais obras sobre essa matéria são: O Livro dos
Espíritos, para a parte filosófica e cuja primeira edição apareceu em
18 de abril de 1857; O Livro dos Médiuns, para a parte experimental
e científica (janeiro de 1861); O Evangelho Segundo o Espiritismo,
para a parte moral (abril de 1864); O Céu e o Inferno, ou a Justiça de
Deus segundo o Espiritismo (agosto de 1865); A Gênese, os Milagres
e as Predições (janeiro de 1868); a Revista Espírita, jornal de
estudos psicológicos, coletânea mensal começada em 1º de janeiro
de 1858. Fundou em Paris, a 1º de abril de 1858, a primeira
Sociedade espírita regularmente constituída, sob o nome de
Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, cujo objetivo exclusivo era
o estudo de tudo o que pode contribuir para o progresso desta nova
ciência. O Sr. Allan Kardec nega a justo título de nada ter escrito sob
a influência de idéias preconcebidas ou sistemáticas; homem de um
caráter frio e calmo, ele observou os fatos, e de suas observações
deduziu as leis que os regem; no primeiro deu a teoria e nele formou
um corpo metódico e regular.
"Em lugar da fé cega que anula a liberdade de pensar, ele diz: Não
há fé inquebrantável senão aquela que pode olhar a razão face a face
em todas as épocas da Humanidade. À fé é necessária uma base, e
essa base é a inteligência perfeita daquilo que se deve crer; para crer
não basta ver, é necessário, sobretudo, compreender. A fé cega não
é mais deste século; ora, é precisamente o dogma da fé cega que faz
hoje o maior número de incrédulos, porque ela quer se impor e exige
a adição de uma das mais preciosas faculdades do homem: o
raciocínio e o livre arbítrio." (O Evangelho Segundo o Espiritismo.)
"A morte, disse ele ainda recentemente, a morte bate com golpes
redobrados nas classes ilustres!... A quem virá agora libertar?"
O homem aqui não mais está, mas a alma permanece entre nós; é
um protetor seguro, uma luz a mais, um trabalhador infatigável do
qual se acresceram as falanges do espaço. Como sobre a Terra, sem
ferir ninguém, saberá fazer ouvir a cada um os conselhos
convenientes; temperará o zelo prematuro dos ardentes, secundará
os sinceros e os desinteressados, e estimulará os tíbios. Ele vê, sabe
hoje tudo o que previra recentemente ainda! Não está mais sujeito
nem às incertezas, nem aos desfalecimentos, e nos fará partilhar a
sua convicção em nos fazendo tocar o dedo no objetivo, em nos
designando o caminho, nessa linguagem clara, precisa, que dele fez
um tipo nos anais literários.
O homem aqui não mais está, nós o repetimos, mas Allan Kardec é
imortal, e a sua lembrança, os seus trabalhos, o seu Espírito, estarão
sempre com aqueles que tiverem, firme e altamente, a bandeira que
ele sempre soube respeitar.
______________
REFERÊNCIAS:
1)- Revista Espírita, junho de 1866, tradução de Júlio Abreu Filho – EDICEL –
PÁGS. 188 A 190).