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APOSTILA

ESTAGIÁRIO CONCILIADOR DO PODER


JUDICIÁRIO

1. PSICOLOGIA JURÍDICA
A psicologia como profissão é regulamentada em 1962 pela lei 4.119. A
psicologia passa atuar nas áreas de psicologia judiciária, criminal e legal.
A psicologia jurídica começa na área criminal de avaliação. Avaliava-se
se os criminosos tinham condições de responder mentalmente pelos seus
crimes. A interface da psicologia com o direito se deu através da psicologia do
testemunho. A resolução 013/2007, reconhece a psicologia jurídica como uma
especialização dentro da psicologia.
Para o direito o sujeito de direito é aquele consciente de seus direitos e
deveres. Já para a psicologia o sujeito está sujeitado pelas leis rígidas do
inconsciente.
O trabalho do psicólogo clínico no âmbito da justiça se difere da
abordagem clínica. Na clínica visa-se a redução do sofrimento do paciente. Ele
vem de forma voluntária visando o seu tratamento. No judiciário o psicólogo
representa a presença do juiz e não é visto como aquele que está para ajudar o
cliente.
Em algumas questões judiciais é de suma importância a atuação do
psicólogo, principalmente em relação a perícia. Ao ser nomeado, o perito deve
confeccionar o laudo pericial. O prazo de entrega desse documento é de 90 dias,
poderá ser prorrogado apenas uma vez
No que se refere ao campo da Psicologia Jurídica, mais especificamente
a atuação do psicólogo em Varas de Família, e de acordo com as referências
técnicas para atuação do psicólogo em Varas de Família (CFP, 2010).
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1.2. . As práticas desenvolvidas em Varas de Família:


a) Avaliação psicológica,
b) A perícia,
c) Assessoramento,
d) Orientação,
e) Aconselhamento,
f) Encaminhamento,
g) Atendimento psicológico individual, com a família e/ou com alguns de
seus membros,
h) Elaboração de laudos, pareceres, informes e relatórios,
i) Mediação
j) Trabalho com grupos.

O psicólogo que atua em Varas de Família deve trabalhar no paradigma


da interdisciplinaridade quando as demandas atendidas no âmbito da Justiça são
reconhecidas como complexas e precisam ser conhecidas em suas diversas
dimensões (CFP, 2010). A intervenção de uma equipe interprofissional implica
reconhecer o indivíduo como um sujeito singular, conhecendo o conjunto de suas
características pessoais e sociais, a partir da especificidade da atuação de cada
profissão.
Na psicologia jurídica, configura exemplo de método adversarial o
julgamento.

1.3. A atuação do psicólogo jurídico, o seu trabalho é:


a. Estudo dos testemunhos nos processos criminais e avaliação de
falsas memórias em depoimentos de testemunhas.
b. Atendimento à vítima de violência doméstica,
c. Intervenção no processo de vitimização e criação de medidas
preventivas associadas ao tema.
d. Participação na seleção e formação geral ou específica de pessoal
das polícias civil, militar e do exército.
e. Intervenção em processos de separação, disputa de guarda,
regulamentação de visitas e destituição do poder familiar.
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1.4. A Psicologia Jurídica foi constituída no direito PORQUE:


a. Auxilia os procedimentos e atos jurídicos;
b. Ajuda a avaliar a veracidade e a validade do testemunho;
c. Produz diagnósticos
d. Prediz condutas.

O psicólogo deverá atuar com responsabilidade social, devendo fazer de


análises críticas e históricas quanto à realidade social e política. O psicólogo
perito poderá atuar em equipe multiprofissional. O psicólogo assistente técnico
não deverá estar presente durante os atendimentos realizados pelo psicólogo
perito, a fim de garantir o serviço prestado. É permitido ao psicólogo intervir na
prestação de serviços psicológicos que estejam sendo realizados por outro
profissional, em caso de solicitação deste.
É vedado ao psicólogo que esteja atuando como psicoterapeuta das
partes envolvidas em um litígio produzir documentos advindos do processo
psicoterápico com a finalidade de fornecer informações à instância judicial
acerca das pessoas atendidas, sem o consentimento formal destas últimas, à
exceção de Declarações, conforme a Resolução CFP nº 07/2003.
Laudos e pareceres psicológicos são frequentemente demandados por
operadores de direito na medida em que supostamente colocam em evidência o
indivíduo sobre o qual incidirá a medida judicial. Nesse aspecto, a genealogia
dos poderes de Foucault é esclarecedora por demonstrar que a justiça se
aparelhou de peritos desde o advento da sociedade disciplinar e, com efeito, de
uma lógica punitiva que é calculada de acordo com o infrator em sua virtualidade.
Considerando as normativas do Conselho Federal de Psicologia, o laudo
psicológico no contexto forense deve ser considerado como um documento
produzido pelo perito, que traduz seus achados técnicos de forma descritiva e
conclusiva para a matéria da psicologia, oferecendo subsídios técnicos para uma
possível tomada de decisão do agente jurídico.
No contexto jurídico, o psicólogo-perito deve assegurar que sua posição
de perito, na avaliação psicológica, e os objetivos do processo estejam claros
para o sujeito-periciando
O principal documento técnico utilizado no contexto forense, seja na área
cível ou na área criminal, por parte do assistente técnico, é o parecer crítico.
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Como destaca Cássia Regina de Souza Preto (2016), há situações de


emergência nas quais o psicólogo terá de produzir um documento urgente a ser
apresentado ao Juiz. Esse documento, via de regra, consiste em um breve relato
da situação, com posicionamento técnico do profissional, sendo denominado de
Relatório circunstanciado.
O primeiro contato documental do psicólogo com o magistrado é através
de informações circunstanciadas, que é a primeira comunicação do psicólogo.
Nela, ele pode propor um estudo psicológico do caso. Esse documento é
decorrente das entrevistas realizadas inicialmente com os requerentes.
O psicólogo assistente técnico não pode estar presente durante os
procedimentos metodológicos do trabalho do psicólogo perito, assim como este
último não pode interferir no trabalho do assistente técnico
A inserção do psicólogo de base psicanalítica no contexto jurídico,
conforme comentado por Leila D. Paiva abre a possibilidade de o psicólogo vir
a ocupar outro lugar, rompendo com o compromisso único de elaborar laudos e
pareceres.
Ao abordar a relação entre ciências humanas e a instituição judiciária,
Michel Foucault (2014) identifica, no saber psicológico, uma disciplina que
veicula o discurso da regra, da normalização.

1.5. Quanto a intervenção do psicólogo no judiciário ele:


a) pode ser consultado pelas partes
b) pode participar em conjunto com os advogados
c) pode responder a consultas dos juristas
d) pode supervisionar outros psicólogos peritos
e) pode avaliar comportamento carcerário
f) avaliar o administrativo na justiça

O psicólogo que atua em Varas de Família deve trabalhar no paradigma


da interdisciplinaridade quando as demandas atendidas no âmbito da Justiça são
reconhecidas como complexas e precisam ser conhecidas em suas diversas
dimensões (CFP, 2010). A intervenção de uma equipe interprofissional implica
reconhecer o indivíduo como um sujeito singular, conhecendo o conjunto de suas
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características pessoais e sociais, a partir da especificidade da atuação de cada


profissão.
O psicólogo atua desde o diagnóstico/prognóstico até ao limite que o
estado mental dos sujeitos pode leva-los a um estado de delinquência ou de
incapacidade mental. O psicólogo é um mediador de conflitos e aferidor do nível
de responsabilidade do indivíduo.

1.6. Outras ações do psicólogo: :


a) Participar da oitiva (escuta) de testemunho para medir a veracidade do
depoimento do réu
b) Analisa as questões de inimputabilidade e insanidade do réu.
c) Nos casos de delito sexual, identifica a personalidade doentia, como a
do pedófilo.

A psicologia tem em comum com o direito a observação do


comportamento humano. A psicologia estuda o comportamento para
compreende-lo. O direito observa o comportamento na busca por regula-lo por
meio do estabelecimento de regras. No entanto, ambas buscam solucionar ou
diminuir o problema do sofrimento humano.
“A aproximação entre a Psicologia e o Direito ocorreu a partir da
preocupação com a conduta humana. Apesar de atividades de intervenção,
orientação e acompanhamento serem igualmente importantes, observa-se que
a avaliação psicológica ainda é considerada a principal demanda dos operadores
do Direito” (LAGO et al., 2009).
A competência para ser julgado não está relacionada com a capacidade
de um réu em entender as acusações contra ele. Assim, pessoas com potencial
intelectual rebaixado, com transtornos mentais ou com doenças neurológicas
são consideradas competentes para serem julgadas perante a lei.
Após a conclusão do processo de avaliação psicológica, o psicólogo pode
apresentar recomendações para as situações de conflito identificadas,
entretanto não pode determinar os procedimentos jurídicos a serem adotados
pela justiça.
Rovinski (2013), ao discutir a realização de avaliações psicológicas no
contexto jurídico, afirma a necessidade, por parte dos psicólogos, de “adaptação
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de seus procedimentos metodológicos às especificidades de sua atuação”. Ele


diz que o psicólogo deve:
a. dirigir o foco da avaliação aos achados clínicos que possuam
relevância à questão,
b. Abordar o problema, foco da avaliação psicológica, ultrapassando a
visão particular do sujeito avaliado decorrente da dinâmica de seu
mundo interno.

1.7. Quanto à entrevista investigativa:


a. Possui foco dirigido à elucidação de fatos ocorridos no passado.
b. Fundamenta-se na teoria cognitiva, com ênfase nos processos de
memorização e recuperação de informações.
c. Sua realização é indicada tanto para crianças como pessoas adultas
em situação de violência e pode realizada alguém que não seja
psicólogo.

2. FAMÍLIA

Nas varas da família o magistrado busca na psicologia um trabalho técnico


para embasar questões de regulamentação de visita e guarda familiar.
Afinidade e afetividade são elementos considerados fundamentais para
que seja assegurado o direito à convivência familiar de modo pleno, não
bastando apenas a presença de laço de sangue. Tal afirmação remete ao
conceito, na atualidade, de família extensa ou ampliada.
De acordo com BRITO (2008): “A família contemporânea é fruto de uma
série de modificações sociais, como enfocado por diversos autores (...).
JABLONSKI (1998), por exemplo, enumera algumas alterações que a estrutura
familiar sofreu recentemente.
a. A redução do número de filhos, Inserção feminina no mercado de
trabalho, Casamentos tardios, Os papeis masculinos e femininos
sofreram alteraçõesExistem dez tipos de família na atualidade:
1. Família matrimonial – A família tradicional
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2. Família convivencial – Fruto de uma união estável


3. Família paralela/concubinária – não reconhecida pelo direito, mas
pode gerar deveres com a concubina ou filhos
4. Família monoparental – Onde existe a presença de apenas um dos
dois, ou o pai ou a mãe na criação dos filhos.
5. Família Anaparental – Onde os pais não estão presentes por motivo
de morte e são criados pelos avós ou quando irmãos cuidam uns dos
outros.
6. Família sócio afetiva – Quando os pais não são biológicos, mas de
criação.
7. Famílias homoafetivas – Formada por pessoas do mesmo sexo.
8. Família constituída – Pais que trazem seus filhos para um novo
casamento.
9. Família unipessoal – família de uma só pessoa
10. Família pluriafetiva – Um homem e mais de uma mulher ou vice e verso
ou diversas pessoas convivendo maritalmente.

O conceito de família foi mudando ao longo da legislação brasileira. No


início do século XX, eram visíveis as influências da Igreja Católica nas leis
brasileiras, o que pode ser observado na definição de família da Constituição de
1934: família é constituída pelo casamento indissolúvel sob proteção especial do
Estado. Segundo o Código Civil de 1916, o pátrio poder é exercido pelo marido,
cabendo a ele: a chefia da sociedade conjugal, o direito de fixar domicílio da
família e o direito de administrar os bens do casal. A Constituição da República
Federativa do Brasil de 1988 garante direitos iguais entre homens e mulheres,
eliminando a superioridade hierárquica dos homens nas legislações anteriores.
Dentre as legislações brasileiras, a Lei Maria da Penha inovou o conceito de
família, trazendo a possibilidade de contemplar as uniões homoafetivas no
âmbito familiar.

2.4. O Estado e família têm algo em comum:


a) Regulam,
b) Normatizam,
c) Impõem direitos de propriedade
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d) Dão poder
e) Estabelece deveres de proteção e assistência.
f) Possui filtros retributivos de bem-estar, trabalho e recursos.

Nesse contexto pode-se dizer que Família e políticas públicas têm


funções correlatas e imprescindíveis ao desenvolvimento e à proteção social dos
indivíduos.
O trabalho dos psicólogos nas varas de família se insere através da
perícia, que é o procedimento técnico para auxiliar o magistrado nas suas
decisões através do exame, método de avaliação psicológica das partes para
analisar as motivações conscientes e inconscientes das ações. A outra forma
que o psicólogo se insere no judiciário é através do novo código civil, artigo 156
onde o psicólogo entra como perito cadastrado. E por fim, o estatuto da criança
e do adolescente em seu artigo 151 que diz que deve haver uma equipe
multidisciplinar que assessore os magistrados e os operadores de direito nas
suas conclusões.
Ao intervir em famílias, os psicólogos forenses devem ter a capacidade de
reconhecer as fases do ciclo de vida familiar, uma vez que as interseções e
traumas de cada família estão presentes no modo como elas enfrentam e
superam cada fase, o que tornam visíveis as dificuldades vivenciadas por elas
Nos dias de hoje, o conceito de família é pluriforme. A Constituição
Federal de 1988 tenta dar conta dessas mudanças quando descreve nos artigos
226 e seguintes a nova família que está sob a proteção da Lei. A esse respeito
PAULO (2012) comenta: “Vivemos um momento de incertezas, em que há uma

2.5. Crise de antigos paradigmas.


a. O modelo jurídico vigente mostra-se em descompasso com a realidade
social, pois relações continuam a se estabelecer, independentemente
da sua aceitação legal.
b. A família contemporânea é constituída, sobretudo, por ligações socio
afetivas.
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c. A elaboração de normas jurídicas tem dificuldade em acompanhar a


velocidade da transformação da realidade social.
d. O Estado, de acordo com o art. 226, assegurará a assistência à família
na pessoa de cada um dos que a integram.
e. O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei

A expressão divórcio emocional refere-se à necessidade que os


indivíduos possuem de resolverem o apego emocional.
No contexto do divórcio e da dinâmica conjugal e familiar, psicólogos
devem estar atentos à estratégia de descrédito, também
denominada vitimização, que diz respeito à tentativa dos envolvidos em
desvalorizar as intervenções psicológicas, mesmo diante de evidência científica,
por meio de jogos conceituais que misturam hipóteses e recursos de retórica
ou, ainda, partem de premissas não generalizáveis e nem sempre verdadeiras.
No que se refere à previsão do Estatuto da Criança e do Adolescente
(ECA) quanto à família substituta, a guarda confere à criança a condição de
dependente para todos os fins e direitos, inclusive previdenciários.

3. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA

O uso intencional da força física ou do poder, real ou em ameaça,


contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma
comunidade, que resulte ou tenha grande possibilidade de resultar em lesão,
morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação pode ser
definido como violência.
Para que um ato seja considerado violento, é necessário avaliar o dano
causado, o uso da força, a intencionalidade do indivíduo no momento do ato e a
violação à livre espontaneidade de quem é objeto do dano.
Prevenir a violência contra crianças e adolescentes é possível. Quanto
mais cedo se iniciam as intervenções preventivas, maior é a chance protetiva
do contexto familiar quanto a essa problemática. Nesse sentido, o psicólogo,
enquanto membro de uma equipe, pode atuar como facilitador da prevenção
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a violência, de modo a desenvolver ações no território através de organização


de redes, mobilização da comunidade e estratégias educativas.

3.2. Violência contra o idoso


O Estatuto do Idoso preconiza algumas ações organizadas para enfrentar
a violência contra essa população, apontando que nenhuma pessoa idosa
poderá ser objeto de negligência, discriminação, violência, crueldade ou
opressão. Em relação à violência contra o idoso, como frequentemente acontece
no espaço privado, percebe-se uma dificuldade na identificação desse tipo de
violência, assim como um reduzido número de profissionais de saúde
preparados para lidar com a situação.

3.3. Violência e abuso sexual a criança e adolescente


A maior parte dos casos de abuso sexual ocorre no seio das famílias,
apesar das proibições biológicas e culturais do incesto. A família é uma
instituição caracterizada como “sagrada” pela Religião e como “a base da
sociedade” pelo Direito. As relações familiares podem tanto promover o
desenvolvimento saudável quanto desencadear desajustes, violências e
psicopatologias. O abuso sexual infantil pode ocorrer em qualquer família e não
somente naqueles consideradas “desestruturadas”. A falta de comunicação é
uma característica importante na dinâmica das famílias abusivas.
Em caso de suspeita de abuso sexual, o psicólogo perito deverá evitar
situações que possam provocar revitimizações ou a construção de falsas
memórias. Em caso de utilização de bateria de testes na avaliação psicológica
de crianças, não é necessária, para a aplicação deles, a apresentação prévia do
material aos pais.
É permitido ao psicólogo intervir na prestação de serviços psicológicos
que estejam sendo realizados por outro profissional, em caso de solicitação
deste.
Sobre a avaliação psicológica, no contexto jurídico, em casos de suspeita
de abuso sexual de crianças e adolescentes, é recomendando que se realize
entrevistas em conjunto com a vítima e seus responsáveis, visto que a
observação da dinâmica familiar deve ser considerada nessas situações. O
emprego de testes psicológicos em situações de abuso sexual é usual.
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O Estatuto da Criança e do Adolescente (...) abandonou o foco da


assistência/assistencialismo à população de 0 a 18 anos, e redirecionou suas
ações à proteção integral da criança e do jovem. (...) O ECA afirma, em seu bojo,
o direito de crianças e jovens permanecerem em suas famílias, reconhece a
pobreza como problema estrutural e não como condição que pressupõe o
‘rompimento’ dos vínculos parentais”. Com relação às medidas de proteção
previstas no ECA, é correto afirmar que são aplicáveis sempre que os direitos
reconhecidos na lei que foram ameaçados ou violados.
Nos casos envolvendo abusos sexuais infantis que ocorrem dentro da
própria família é comum a chamada Síndrome do Segredo, o que dificulta a
intervenção. De acordo com Furniss (1993), a revelação do abuso sexual da
criança geralmente conduz ao envolvimento de um grande número de
profissionais. No abuso sexual da criança como uma síndrome conectadora de
segredo e adição, tem pouca importância se o dano é primário ou secundário,
porque nenhum dos dois pode ser evitado.
De acordo com Furniss (1993), o dano secundário e a vitimização das
crianças que sofreram abuso sexual acontecem em cinco níveis, quais sejam:
Estigmatização social – Traumatização secundária no processo interdisciplinar
– Traumatização secundária no processo família-profissional – Traumatização
secundária no processo familiar – Traumatização secundária no processo
individual.
Considerando as ideias de Furniss (1993) quanto à inclusão dos membros
da família na avaliação de alegação de abuso sexual intrafamiliar. É importante
envolver todos os membros da família na avaliação do abuso, inclusive os irmãos
da criança abusada e os suspeitos abusadores.
“A violência ou abuso físico intrafamiliar está relacionado ao uso de força
física contra a criança ou adolescente por parte de seus cuidadores, sejam pais
adotivos ou biológicos ou ainda outros, que devam zelar por seu bem-estar e
integridade física e emocional.” Pais abusivos demonstram menos preocupação
com os filhos e mais desconforto frente a experiências negativas de outros,
incluindo seus próprios filhos. A falta de habilidade dos pais, bem como a
precariedade de estratégias para lidar com os desafios advindos do
desenvolvimento dos filhos, podem gerar ainda mais conflitos. Pais com alto
potencial para o abuso físico demonstram limitações empáticas. O fato de os
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filhos serem vistos pelos pais como causadores de conflitos pode estar
associado ao comportamento desafiador da criança e do adolescente.
O abuso sexual praticado contra crianças e adolescentes se caracteriza
por ações de conteúdo sexualizado impostas às vítimas. pode ser um abuso
sexual extrafamiliar, quando envolve pessoas estranhas ao núcleo familiar, ou
intrafamiliar, quando é perpetrado por alguém com laços significativos com a
vítima.
O Estatuto da Criança e do Adolescente teve uma alteração em 4 de abril
de 2017 em que, a partir da Lei N. 13.431, estabelece o sistema de garantia de
direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência. Para
CARVALHO (2011): “A violência presente na vida desses adolescentes pode ser
analisada como uma moeda de duas faces: a primeira face apresenta o
adolescente como agente. (...) A outra face da moeda coloca o adolescente
como vítima de um fenômeno social bem mais amplo. Vai muito além dos maus-
tratos, cenas de violência familiar e ambientes violentos enfrentados por esses
jovens. Trata-se de uma violência urbana, que pode ser classificada como social,
por expressar conflitos sociais e econômicos. A alienação parental, não pode ser
entendida como violência psicológica na Lei 13.431 pois ela está inserida na Lei
de Dissolução da Sociedade Conjugal.
Maus-tratos e violência na infância e na adolescência Eventos estressores
traumáticos ocorridos na infância constituem fatores de risco para o
desenvolvimento, pois podem provocar prejuízos físicos, sociais,
comportamentais, cognitivos e emocionais.
Aline, 8 anos, costumava frequentar a casa de seu vizinho, a quem dava
o tratamento de avô. O homem de 59 anos dava dinheiro e presentes à menina
e a fotografava em poses sensuais com pouca ou nenhuma roupa. Quando a
mãe de Aline descobriu o que acontecia, procurou a Delegacia de Polícia para
lavrar um Boletim de Ocorrência. Considerando a situação descrita e a garantia
de direitos de Aline, a oitiva de Aline perante a autoridade judicial será realizada
em local apropriado e acolhedor através do procedimento do depoimento
especial;
No que se refere ao abuso sexual intrafamiliar vivido por crianças. O
transtorno do estresse pós-traumático é a psicopatologia mais mencionada como
decorrente do abuso sexual. É estimado que mais da metade das crianças
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vitimizadas sexualmente desenvolvem alguns dos sintomas que o caracterizam.


Em relação ao desempenho escolar há uma queda na frequência escolar,
dificuldade de concentração e aprendizagem resultando em baixo rendimento
escolar.
A complexidade do fenômeno da violência contra crianças e adolescentes
é consensual, de forma que muitos são os critérios utilizados para classificar os
tipos de violência. uma abordagem profissional, quer seja de prevenção ou
intervenção, precisa ser considerada sempre de forma interdisciplinar,
envolvendo diferentes olhares, segmentos e práticas profissionais,
estabelecendo-se uma rede de proteção.
A incapacidade da criança em compreender a violência e de prever o
evento abusivo e os sentimentos de impotência decorrentes das experiências de
vitimização organiza os padrões de interação da criança com o ambiente de
maneira fragmentada, ansiosa e confusa. Essas vivencias traumáticas são
descritas no quadro clínico de Transtorno de Estresse Pós-Traumático.
As famílias, com histórico de abuso sexual intrafamiliar, constituem
sistemas com características bastante similares entre si. Um dos aspectos mais
comuns nesses sistemas familiares é o estabelecimento de uma fronteira
organizacional muito pouco permeável ao exterior. As famílias incestuosas
apresentam relações interpessoais assimétricas e hierárquicas, nas quais há
uma desigualdade e/ou uma relação de subordinação.
Em casos de violência praticada contra crianças e adolescentes, o
profissional de saúde deve intervir de maneira diferenciada. Somente cuidar das
lesões causadas por esse fenômeno não é suficiente e por isso os profissionais
são solicitados também a notificar a violência ao Conselho Tutelar sem prejuízo
de outras providências legais, seja em casos suspeitos ou confirmados.

3.4. Violência contra a mulher


Mulheres expostas à violência doméstica apresentam maior risco para
desenvolver o TEPT − Transtorno de Estresse Pós-Traumático. Conforme DMS-
V, para o diagnóstico diferencial do TEPT, é necessário identificar a exposição
permanente a violência doméstica, por meio de agressões físicas e ameaças de
morte.
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Teresa comparece ao ambulatório para atendimento psicológico, após


várias consultas no clínico geral, que a identificou como poliqueixosa, com dores
de cabeça, musculares, insônia, agitação, entre outros sintomas não específicos.
Na entrevista, mostra-se agitada e impaciente, fala de como sua vida é perfeita,
dentro dos rigores da sua fé, com filhos muito bem-criados, um marido amoroso
e prestativo, sem nenhum problema grave ou dificuldade que justifique o
encaminhamento. Ao falar sobre o marido, sua voz claudica, leva a mão ao braço
direito, onde é possível identificar um hematoma que ela, de forma recorrente,
tenta disfarçar puxando a manga do vestido. Segundo o manual “Enfrentando a
violência contra a mulher” (BRASIL, 2005), é correto afirmar que a conduta do
psicólogo(a), no atendimento de Teresa, deve ser promover uma escuta ativa,
como maneira solidária de administrar o diálogo e formar laço de confiança para
que Teresa sinta-se compreendida e respeitada.
A violência doméstica contra a mulher é um problema de saúde pública
sob o qual incidem equívocos, que interferem na identificação, na atenção e no
enfrentamento do problema (BRASIL, 2005). Um dos mitos recorrentes sobre a
violência doméstica contra a mulher é que está relacionada ao consumo de
álcool, drogas ou à presença de doenças mentais, que não é.
Desde que foi criada, em 2006, a Lei Maria da Penha tem sido
reconhecida pela maioria dos brasileiros como importante instrumento de
punição aos homens que agem com violência contra as companheiras. A lei
também prevê programas que visam à reabilitação e reeducação do agressor,
tendo como objetivos a reabilitação do homem. No entanto, esse procedimento
não pode fomentar a responsabilização da mulher pela violência.
Maria da Penha é o nome de uma lei (Lei Maria da Penha) que traz uma
série de medidas que não só pune, mas também impede que aconteçam
agressões contra mulheres pelos próprios companheiros. O poder público
desenvolverá políticas que visem garantir os direitos humanos das mulheres no
âmbito das relações domésticas e familiares.
Nos casos envolvendo violência contra mulheres podemos considerar a
ocorrência de uma vitimização primária que é atribuída ao próprio agente que,
com sua conduta, causa sofrimento físico ou mental à vítima. É preciso, porém,
também considerar a existência de uma vitimização secundária, que pode ser
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reconhecida de modo direto no sofrimento causado pelas instituições


encarregadas de fazer justiça ou do próprio Estado.
A Lei n° 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, em casos de
prática de violência doméstica contra a mulher, prevê a restrição de visitas do
agressor aos dependentes menores, ouvida a equipe de atendimento
multidisciplinar ou serviço similar.
Como atesta Gláucia Diniz, ao analisar os paradoxos das relações
violentas (In: Fères-Carneiro, 2016), entre os motivos que impedem as mulheres
de denunciar a violência física ou psicológica de que são vítimas nas relações
conjugais, destaca-se a internalização das prescrições normativas que impedem
a mulher de ter voz própria.
Um fenômeno comum entre mulheres vítimas de relações violentas é que
raramente elas empregam o termo “violência” ao relatarem as agressões
sofridas. Para Gláucia Diniz (In: Fères-Carneiro, 2016), essa dificuldade indica a
distância entre as experiências vividas e a possibilidade de reconhecimento e
nomeação dessas experiências.
A Lei nº 11.340/2006, conhecida como “Lei Maria da Penha” (Art. 29 e Art.
30) determina que os Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher que vierem a ser criados poderão contar com uma equipe de atendimento
multidisciplinar, a ser integrada por profissionais especializados nas áreas
psicossocial, jurídica e de saúde, sendo que compete a esta equipe, entre outras
atribuições que lhe forem reservadas pela legislação local, desenvolver trabalhos
de orientação, encaminhamento, prevenção e outras medidas, voltados à
ofendida, ao agressor e aos familiares, com especial atenção às crianças e aos
adolescentes e fornecer subsídios por escrito ao juiz, ao Ministério Público e à
Defensoria Pública, mediante laudos ou verbalmente em audiência.
Em relação aos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a
Mulher criados pela Lei no 11.340/2006, tem-se que a participação do psicólogo
está prevista na equipe de atendimento multidisciplinar.
A Lei nº 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) configura como violência
doméstica e familiar contra a mulher: qualquer ação ou omissão baseada no
gênero que lhe cause morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e
dano moral ou patrimonial. A Lei n° 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da
Penha, em casos de prática de violência doméstica contra a mulher, prevê a
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restrição de visitas do agressor aos dependentes menores, ouvida a equipe de


atendimento multidisciplinar ou serviço similar.
A Lei Maria da Penha (Lei n ° 11.340/2006) é uma lei inovadora que trata
da violência doméstica e familiar contra a mulher. São exemplos de medidas
protetivas de urgência que obrigam o agressor: suspensão da posse ou restrição
do porte de armas, afastamento do lar, proibição de aproximação da ofendida e
de seus familiares, restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores
e prestação de alimentos provisórios.

3.5. São fatores que contribuem ao fenômeno da violência contra a


mulher:
a) a convivência prolongada com relações de violência,
b) a legitimação social para sua perpetuação e
c) a formação de uma identidade de gênero subordinada;

Como atesta Gláucia Diniz, ao analisar os paradoxos das relações


violentas (In: Fères-Carneiro, 2016), entre os motivos que impedem as mulheres
de denunciar a violência física ou psicológica de que são vítimas nas relações
conjugais, destaca-se a internalização das prescrições normativas que impedem
a mulher de ter voz própria.
Há oito anos, em 07 de agosto de 2006, era aprovada a Lei nº 11.340,
conhecida nacionalmente como Lei Maria da Penha. O instrumento legal foi um
passo importante para o enfrentamento da violência contra a mulher, alterando
o Código Penal em favor daquelas vítimas de violência.

3.6. A Lei visa coibir práticas negativas como:


a) a difamação da mulher por mídia virtual;
b) combate a proibição de usar métodos contraceptivos;
c) combate a destruição de documentos pessoais da mulher;
d) combate ao cárcere privado;
e) combate a agressão física por companheira em relação homoafetiva.

A ideia de que a violência doméstica expressa um conjunto de relações


de violência que se desenvolvem a partir de uma escalada da violência. Nos
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casos envolvendo violência contra mulheres podemos considerar a ocorrência


de uma vitimização primária que é atribuída ao próprio agente que, com sua
conduta, causa sofrimento físico ou mental à vítima. É preciso, porém, também
considerar a existência de uma vitimização secundária, que pode ser
reconhecida de modo direto no sofrimento causado pelas instituições
encarregadas de fazer justiça ou do próprio Estado.
A hesitação da vítima de violência doméstica em recorrer à justiça retrata
a debilidade do sistema penal de nosso país no papel de proteção às mulheres
vítimas de violência, já que o sistema atual não consegue prevenir a reiteração
da conduta por parte do agressor e assim fecha-se às reais necessidades da
vítima no sentido da resolução do conflito. Esse tipo de violência ocorre num
âmbito eminentemente privado, costuma aumentar de intensidade e é
normalmente repetitiva, implicando muitas vezes risco de vida constante e
crescente para a vítima.
Um fenômeno comum entre mulheres vítimas de relações violentas é que
raramente elas empregam o termo “violência” ao relatarem as agressões
sofridas. Para Gláucia Diniz (In: Fères-Carneiro, 2016), essa dificuldade indica a
distância entre as experiências vividas e a possibilidade de reconhecimento e
nomeação dessas experiências.
Em casos de estupro, é previsto em lei que a mulher seja informada sobre
a necessidade imediata de assistência psicológica, clínica laboratorial e social
— atendimento multidisciplinar que, se necessário, será continuado nas demais
etapas da assistência.

3.7. Guarda Dos Filhos


A guarda dos filhos podem ser de dois tipos: a) unilateral (quando apenas
um dos pais ficam com a tutela da criança); b) Compartilhada (Quando os dois
exercem a guarda sobre a criança.
O tema Guarda faz parte do cotidiano do psicólogo jurídico. Como afirma
SHINE (2008): “(...) em casos de disputa de guarda em Vara de Família, recorre-
se ao perito psicólogo no intuito de buscar uma resposta a questões – problemas
de origem e natureza psicológicas, mas cujo objetivo final é definir o guardião
legal da criança. O perito adversarial deve se colocar abertamente do lado do
genitor escolhido como o mais adequado
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3.8. Guarda Compartilhada


SOUZA (2004, apud CARVALHO) afirma, com relação aos Tipos de
Guarda: “O Código Civil define que no caso de dissolução conjugal, será
observado o que os cônjuges acordarem sobre a guarda dos filhos; e, não
havendo acordo entre eles a este respeito, a guarda será atribuída a quem
demonstrar melhores condições para exercê-la.” (p. 212). Neste sentido, de
acordo com a Lei n. 11.698 (Guarda Compartilhada) e a Lei n. 13.058 (Nova
Guarda Compartilhada). Na guarda compartilhada, a cidade considerada base
de moradia dos filhos será aquela que melhor atender aos interesses dos filhos.
Quando a guarda dos filhos for estabelecida de modo compartilhado entre
os pais a cidade considerada base de moradia dos filhos será aquela que melhor
atender aos interesses dos filhos. Na guarda compartilhada, o tempo de convívio
com os filhos deve ser dividido de forma equilibrada com a mãe e com o pai,
sempre tendo em vista as condições fáticas e os interesses dos filhos. Se o juiz
verificar que o filho não deve permanecer sob a guarda do pai ou da mãe, deferirá
a guarda a pessoa que revele compatibilidade com a natureza da medida,
considerados, de preferência, o grau de parentesco e as relações de afinidade e
afetividade.
No caso de separação dos pais, quando não houver acordo entre pai e
mãe quanto à guarda do filho será aplicada sempre que possível Guarda
Compartilhada. Na guarda compartilhada, os genitores precisam cumprir alguns
requisitos, tais como possuírem certo grau de flexibilidade psicológica e
maturidade, a fim de se submeterem a compromissos comuns; e estabelecerem
um modo de vida que respeite eventuais problemas e não os transformem em
impedimentos, reais ou presumidos, para o cumprimento do acordo previamente
estabelecido sobre a guarda.
A Lei nº 11.698/2008 estabelece a guarda compartilhada para os pais que
estiverem em processo de separação, visando a divisão de responsabilidades e
despesas quanto ao desenvolvimento e educação dos filhos. Define-se guarda
compartilhada como uma forma do filho de pais separados permanecerem sob
autoridade equivalente de ambos.
A Lei nº 13.058/2014 regulamenta a aplicação da guarda compartilhada
de forma mais clara, corrigindo alguns pontos da lei anterior, Lei nº 11.698/2008.
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De acordo com a nova lei o juiz pode basear-se em orientação técnico-


profissional para estabelecer atribuições parentais e períodos de convivência
sob guarda compartilhada;

3.9. Alienação Parental


A alienação parental é uma violação de direitos fundamentais da
criança e do adolescente e constitui um abuso moral com penalização prevista
em lei. Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação
autônoma ou incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica
ou biopsicossocial. Verificada a prática de alienação parental, a autoridade
judiciária poderá inverter a guarda ou mesmo converter a guarda para guarda
compartilhada da criança ou adolescente.
A Lei Brasileira que dispõe sobre a Alienação Parental prevê tramitação
prioritária do processo quando for declarado indício de ato de Alienação Parental.

3.10. O que é a Alienação Parental em si:


a. A alienação parental é a mais grave forma de abuso emocional.
Considerando as principais características desse fenômeno.
b. Não é um problema novo,
c. é uma maldade discreta disfarçada pelo sentimento de amor e de cuidados
parentais.
d. É um fenômeno tão comum e corriqueiro que qualquer pessoa já deve ter
observado, mesmo que não trabalhe com esse tema.
e. É uma perturbação que acontece após a separação conjugal, que consiste
em um genitor “programar” de forma consciente ou inconsciente a criança
para que rejeite ou odeie o genitor alienado sem justificativa, objetivando o
afastamento entre este e o filho.
f. Inicia de forma leve. No primeiro estágio, a entrega do filho ao genitor
alienado acontece de forma tranquila, a campanha de desmoralização do
genitor alienado é rara e os laços de afeto do filho com ambos os genitores
são fortes e sadios.
g. A acusação de abuso sexual praticado pelo genitor alienado contra a criança,
quando falsa, é a mais grave forma de alienação parental, tanto pela eficácia
do objetivo, como pelas consequências psicológicas na criança.
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3.11. Síndrome de Alienação Parental (SAP)


Ocorre exatamente no momento em que um dos genitores percebe o
interesse do outro genitor em preservar a convivência afetiva com a criança, e a
usa de forma vingativa perante ressentimentos advindos da época do
relacionamento ou da separação, programando o filho a odiar e rejeitar o outro
genitor sem nenhuma justificativa plausível. A partir do momento em que as
situações não estão resolvidas entre os genitores, eles se sentirão lesados e
possivelmente alimentarão um desejo de vingança para com o outro, sendo,
portanto, os filhos a forma mais acessível de atingir esse objetivo.
A alienação parental é uma violação de direitos fundamentais da criança
e do adolescente e constitui um abuso moral com penalização prevista em lei.
Havendo indício da prática de ato de alienação parental, em ação autônoma ou
incidental, o juiz, se necessário, determinará perícia psicológica ou
biopsicossocial.
Ao discutir a Síndrome de Alienação Parental (SAP), proposta por Richard
Gardner, Sousa aponta que o surgimento e a rápida difusão da teoria de Gardner
sobre a SAP foram facilitados por uma racionalidade que privilegia o indivíduo e
favorece, com isso, a proliferação de discursos sobre a existência de patologias
individuais.
De acordo com a Lei n° 12.318/2010, havendo indício da prática de ato
de alienação parental, o Juiz, se necessário, determinará a realização de ampla
avaliação psicológica ou biopsicossocial, incluindo, entre outros métodos,
entrevista pessoal com as partes e avaliação da personalidade dos envolvidos.
O juízo competente para pedidos de guarda em que os menores
envolvidos não têm seus direitos violados, o que constitui situação regular, é a
Vara da Família.

4. CONCILIAÇÃO E MEDIAÇÃO
O crescente número de divórcios e rupturas conjugais, nas últimas
décadas, aumentou a procura por meios alternativos de resolução de conflitos.
Nesse contexto, a mediação familiar é usada, basicamente, para:
a. ajudar casais em vias de separação, a chegarem a um acordo
mutuamente aceitável.
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Os conselheiros/terapeutas podem aconselhar apenas uma das partes,


procuram aumentar o esclarecimento pessoal, facilitam a reflexão, exploram a
história pessoal e familiar e a experiência passada como uma chave para o
presente,
Os mediadores familiares comprometem-se com ambas as partes desde
o início, procuram ajudar as partes a atingir um acordo, estruturam discussões e
exploram opções, concentram-se mais no presente e no futuro do que no
passado, podendo utilizar diversas técnicas complementares, como por
exemplo, dividir os problemas em partes menores.
O trabalho e a pesquisa com conflitos conjugais, conforme demonstrado
na obra organizada por Fères-Carneiro (2016), têm revelado que a postura de
ataque de um dos cônjuges de modo geral constitui um grande entrave para a
negociação. Nas Varas de Família, há um crescente esforço para que os casais
resolvam seus conflitos por meio de mediação.
Um dos papeis importantes da Psicologia, quando inserida na área do
Direito, é apresentar métodos para a solução de conflitos. De acordo com
PINHEIRO (2016) há a possibilidade de utilizarmos cinco métodos, a saber: o
julgamento; a arbitragem; a negociação; a conciliação e; a mediação.

4.2. Com relação ao papel do conciliador e do mediador,


a. O conciliador envolve-se na busca de soluções, além de interferir e
questionar os litigantes.
b. Tanto o conciliador quanto o mediador, não têm o poder de decisão.
c. Sobre o trabalho de mediação de conflitos é correto afirmar que
transcende a solução dos conflitos, dispondo-se a transformar o
contexto adversarial em colaborativo.

O crescente número de divórcios e rupturas conjugais, nas últimas


décadas, aumentou a procura por meios alternativos de resolução de conflitos.
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Nesse contexto, a mediação familiar é usada, basicamente, para ajudar casais


em vias de separação, a chegarem a um acordo mutuamente aceitável.

4.3. A intervenção do mediador familiar, em de dissolução conjugal,


deve:
a. Contribuir, através da possibilidade de diálogo, para o incremento do
repertório comportamental das partes.
b. Evitar que as pessoas briguem em sua presença.
c. Preservar a autonomia da vontade das partes.
d. Facilitar a comunicação entre as partes que se opõem.

4.4. A conciliação tem por objetivo:


a) Minimização do impacto das emoções e das percepções negativas,
b) Aumento dos sentimentos e das percepções positivos.

Nas negociações formais, a abertura que está focalizada nas condições


psicológicas dos disputantes não é tão comum quanto as aberturas essenciais
ou de procedimento. Uma forma de consulta a uma terceira parte praticada por
especialistas no desenvolvimento de organizações e por cientistas sociais que
trabalham pela paz internacional é mais frequentemente observada na mediação
transformativa.
A separação conjugal, muitas vezes, é um processo desgastante, que traz
para o casal e para seus filhos sofrimento emocional decorrente dos conflitos
conjugais que levaram à separação. A mediação familiar tem se mostrado um
método que traz benefícios às partes.

4.5. A prática da mediação por meio do psicólogo:


a. Permite que as partes envolvidas possam pensar por si mesmas para
chegarem a um acordo, assumindo suas vidas e decisões,
comprometendo-se a cumprir o que foi acordado.
b. Na separação conjugal, levar as partes à reflexão sobre a situação dos
filhos em comum, buscando a solução que seja menos prejudicial ao
bem-estar deles.
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4.6. O código de ética do conciliador e mediador:


1. Confidencialidade
2. Competência
3. Imparcialidade
4. Neutralidade
5. Autonomia
6. Respeito a ordem pública e as leis

4.7. Procedimento de trabalho e regras de conduta do


conciliador/mediador:
1. INFORMAÇÃO: Ser claro com o analisado o método de trabalho a ser
empregado.
2. AUTONOMIA DA VONTADE. Respeitar os diferentes pontos de vista dos
envolvidos
3. DESVINCULO DA PROFISSÃO DE ORIGEM: deixar claro que não está
atuando como praxe da sua profissão.
4. TESTE DE REALIDADE: Mostrar que ao se chegarem a um resultado, as
partes devem se comprometerem formalmente.

A mediação é apresentada como meio de solução de controvérsias


particulares e sobre autocomposição de conflitos. Ela é a atividade técnica
exercida por um terceiro imparcial sem poder decisório, que pode ser escolhido
pelas partes ou pelo judiciário.
Em relação à conciliação e à mediação, o mediador, que atuará
preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes,
auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em
conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação,
identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.

4.7. Os princípios da mediação são:


1. Imparcialidade
2. Isonomia das partes
3. Oralidade
4. Informalidade
5. Autonomia da vontade das partes
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6. Busca do consenso
7. Confidencialidade
8. Boa fé.

A mediação é um meio de resolução de controvérsias, referentes a direitos


patrimoniais disponíveis, no qual ocorre a intervenção de um terceiro
independente e imparcial, que recebe poderes de uma convenção para decidir
por elas, sendo sua decisão equivalente a uma sentença judicial é denominado
de Arbitragem.
o mediador não assume poderes decisórios perante as partes, as quais
preservam toda a autonomia quanto à fixação da solução final do litigio. a
mediação é realizada por terceiro estranho às partes em dissenso.
Em relação à audiência de conciliação ou de mediação, as partes devem
estar acompanhadas por seus advogados ou defensores públicos, podendo
constituir representantes, por meio de procuração específica, com poderes para
negociar e transigir.
A mediação é um recurso alternativo utilizado em situações de litígio para
solucionar ou prevenir a disputa judicial é a chamada mediação. A mediação tem
por objetivo a restauração do diálogo entre as partes, restabelecendo o
relacionamento amistoso em busca de uma solução consensual.
O conciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes,
não poderão depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da
mediação. Na perspectiva da Mediação de Conflitos, diante de uma situação
conflituosa, o procedimento correto a ser assumido é estabelecer diálogo como
forma de solução.
A atividade de mediação atribuída às agências reguladoras consiste, em
seu sentido estrito, em método pelo qual a agência, atuando como terceiro
imparcial, dotado de competência técnica e legal, assume uma conduta de
aproximação das partes dissidentes com vistas à solução do conflito.
A respeito da conciliação e da mediação, o atual Código de Processo Civil
dispõe que as diferenças entre as espécies autocompositivas (conciliação e
mediação) decorrem da diferença do papel do conciliador e do mediador, e da
inexistência ou existência de relação prévia entre as partes envolvidas no litígio.
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4.8. A mediação e a conciliação são informadas pelos princípios


a) da independência,
b) da imparcialidade,
c) da autonomia da vontade,
d) da confidencialidade,
e) da oralidade,
f) da informalidade e
g) da decisão informada.

No tocante à confidencialidade, tem-se que ela é estendida a todas as


informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser
utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação das partes.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras
de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual
de conflitos no âmbito administrativo, tais como promover, quando couber, a
celebração de termo de ajustamento de conduta.
De acordo com o Código de Processo Civil, a audiência de conciliação ou
de mediação deverá ser realizada, salvo quando não se admitir a
autocomposição, ou se ambas as partes manifestarem, expressamente,
desinteresse na composição consensual. Nessa última hipótese, havendo
litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado
por todos os litisconsortes.
Segundo o disposto na Lei n. 13.140/15, observados os requisitos
apontados na própria Lei de Mediação, as controvérsias jurídicas que envolvam
a administração pública federal direta, suas autarquias e fundações poderão ser
objeto de transação por adesão.
O Instituto da Mediação previsto na Lei 13140/15 estabelece que a pode
ser utilizada quando o objeto o conflito verse sobre direitos disponíveis e
indisponíveis que admitam transação. A Mediação é uma forma de solução de
conflitos na qual uma terceira pessoa, neutra e imparcial, facilita o diálogo entre
as partes, para que elas construam, com autonomia e solidariedade, a melhor
solução para o problema.
A diferença entre o mediador e o conciliador é que o mediador não propõe
nada. O mediador é apenas um facilitador. Ele tenta fazer uma parte entender o
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lado da outra e com isso procura uma solução justa e solidária através da
aplicação de técnicas para que as partes cheguem a um resultado sozinhas, o
que se chama de solução ideal. A mediação é aplicada quando não diz respeito
a direitos indisponíveis e quando já existe uma relação pré-existente. A mediação
procura restaurar relacionamentos. A conciliação apenas procura chegar a um
consenso entre pessoas que buscam seus interesses e não irão se relacionar
mais.
Na conciliação chega-se a um resultado por meio de um acordo por via
dos interesses individuais. A resolução de conflitos por meio de métodos
consensuais é chamada de mediação. O Brasil deixa de ter a cultura da
judicialização e passa a ter a possibilidade de resolver os conflitos fora da justiça
através da mediação.
A mediação garante melhor e maior acesso a justiça. Também é uma
forma de economizar gastos com processos judiciais. Ela também otimiza o
tempo de resolução das causas e dos conflitos. A mediação tem um prazo de
noventa dias para solução do problema, enquanto na justiça pode durar anos.
Os meios de resolução de conflitos são na justiça: a) Autotutela; b)
Autocomposição; c) Arbitragem; d) Mediação; e) Conciliação.
A lei da mediação não atua em questões de direitos indisponíveis, mas
apenas naquilo que pode transigir. Ela também não se aplica a causas
trabalhistas, nem a causas criminais ou violência doméstica.

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