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A Lei Maria da Penha foi sancionada em 7 de agosto de 2006 pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva.
É importante que se diga que a Lei Maria da Penha não pode ser tratada apenas
como uma via jurídica para se punir os agressores. Isso porque ela também traz em
seu texto o conceito de todos os tipos de violência doméstica e familiar; insere a
criação de políticas públicas de prevenção, assistência e proteção às vítimas; prevê
a instituição de Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; institui
as medidas protetivas de urgência; e estabelece a promoção de programas
educacionais com perspectiva de gênero, raça e etnia, entre outras propostas. Todos
esses dispositivos intensificam uma rede integrada de enfrentamento à violência
doméstica e familiar contra a mulher, além de atenderem às recomendações da
Comissão Interamericana de Direitos Humanos para o caso Maria da Penha Maia
Fernandes. Mais do que uma alteração da legislação penal, a Lei n. 11.340/2006
representa um importante instrumento legal de proteção aos direitos humanos das
mulheres para uma vida livre de violência.

Com 46 artigos distribuídos em sete títulos, ela cria mecanismos para prevenir e
coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher em conformidade com a
Constituição Federal (art. 226, § 8°)
“Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos
que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas
relações.”
e os tratados internacionais ratificados pelo Estado brasileiro
• Convenção de Belém do Pará,
• Pacto de San José da Costa Rica,
• Declaração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e
• Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra
a Mulher.

Segundo o art. 6º da Lei Maria da Penha, “a violência doméstica e familiar contra


a mulher constitui uma das formas de violação dos direitos humanos”,
dispositivo fundamental para desvincular esse tipo de crime da Lei n. 9.099/1995, a qual
o considerava como de menor potencial ofensivo. Ao assumir essa perspectiva, a lei
atende a inúmeros tratados assinados pelo Estado brasileiro.

O Título I determina em quatro artigos a quem a lei é direcionada, ressaltando ainda


a responsabilidade da família, da sociedade e do poder público para que todas as
mulheres possam ter o exercício pleno dos seus direitos.

Já o Título II vem dividido em dois capítulos e três artigos: além de configurar os


espaços em que as agressões são qualificadas como violência doméstica, traz as
definições de todas as suas formas (física, psicológica, sexual, patrimonial e
moral).

Quanto ao Título III, composto de três capítulos e sete artigos, tem-se a questão da
assistência à mulher em situação de violência doméstica e familiar, com
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destaque para as medidas integradas de prevenção, atendimento pela autoridade


policial e assistência social às vítimas.

O Título IV, por sua vez, possui quatro capítulos e 17 artigos, tratando dos
procedimentos processuais, assistência judiciária, atuação do Ministério
Público e, em quatro seções (Capítulo II), se dedica às medidas protetivas de
urgência, que estão entre as disposições mais inovadoras da Lei n. 11.340/2006.

O QUE É UMA MEDIDA PROTETIVA DE URGÊNCIA?


Trata-se de uma determinação do juiz ou juíza para proteger a mulher em situação
de violência doméstica, familiar ou na relação de afeto, conforme a necessidade da
solicitante. As medidas protetivas podem ser demandadas já no atendimento
policial, na delegacia, e ordenadas pelo juiz ou juíza em até 48 horas, devendo ser
emitidas com urgência em casos em que a mulher corre risco de morte. Assim,
conforme o art. 22 da Lei Maria da Penha, o juiz ou juíza poderá determinar:
• A proibição ou restrição do uso de arma por parte do agressor.
• O afastamento do agressor da casa.
• A proibição do agressor de se aproximar da mulher agredida.
• A restrição ou suspensão de visitas aos dependentes menores.
• A obrigatoriedade da prestação de alimentos provisórios.
• A restituição de bens indevidamente subtraídos pelo agressor.
• A proibição de venda ou aluguel de imóvel da família sem autorização judicial.
• O depósito de valores correspondentes aos danos causados pelo agressor
etc.
Além disso, a Lei n. 13.641/2018 altera dispositivos da Lei n. 11.340/2006, tornando
crime o descumprimento de medidas protetivas de urgência expedidas em razão de
violência doméstica.

No Título V e seus quatro artigos, está prevista a criação de Juizados de Violência


Doméstica e Familiar contra a Mulher, podendo estes contar com uma equipe de
atendimento multidisciplinar composta de profissionais especializados nas áreas
psicossocial, jurídica e da saúde, incluindo-se também destinação de verba
orçamentária ao Judiciário para a criação e manutenção dessa equipe.

O Título VI prevê, em seu único artigo e parágrafo único, uma regra de transição,
segundo a qual as varas criminais têm legitimidade para conhecer e julgar as
causas referentes à violência de gênero enquanto os Juizados de Violência
Doméstica e Familiar contra a Mulher não estiverem estruturados.

Por fim, encontram-se no Título VII as disposições finais. São 13 artigos que
determinam que a instituição dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher pode ser integrada a outros equipamentos em âmbito nacional,
estadual e municipal, tais como casas-abrigo, delegacias, núcleos de defensoria
pública, serviços de saúde, centros de educação e reabilitação para os agressores
etc. Dispõem ainda sobre a inclusão de estatísticas sobre a violência doméstica
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e familiar contra a mulher nas bases de dados dos órgãos oficiais do Sistema de
Justiça e Segurança, além de contemplarem uma previsão orçamentária para o
cumprimento das medidas estabelecidas na lei. Um dos ganhos significativos
trazidos pela lei, conforme consta no art. 41, é a não aplicação da Lei n. 9.099/1995,
ou seja, a violência doméstica praticada contra a mulher deixa de ser considerada
como de menor potencial ofensivo.
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