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Violência Doméstica

Lei Maria da Penha


Lei 11.340/2006
Quem foi Maria da Penha?
(Fatos reais)
• Em 20 de Agosto de 1998, a Comissão
Interamericana de Direitos Humanos
recebeu a denúncia apresentada pela
própria Maria da Penha.
• Sua denúncia deu origem ao relatório
54/2001 que funcionou como incentivo
para a criação da “Lei Maria da Penha”.
Lei surgiu para combater:
• - A ineficácia judicial; Leis anteriores
previam penas leves e não adotavam
medidas protetivas para as vítimas.
• - Impunidade do agressor: pena de cestas
básicas por exemplo.
• A não reparação do Dano suportado à
vítima de violência doméstica.
Resultado desejado:
• O marido de Maria da Penha foi condenado por
tentativa de homicídio e não somente por lesão
corporal. Atingindo uma pena mais grave. Foi
condenado a pena de 10 anos sendo seu
cumprimento em regime inicial fechado.
• Esta Lei surgiu para que o Estado adotasse
medidas para combater e eliminar a violência
doméstica contra mulheres.
Artigo primeiro da Lei:
• Esta lei cria mecanismos para coibir e prevenir a
violência doméstica e familiar contra a mulher
nos termos do parágrafo 8, artigo 226 da
Constituição Federal, também da convenção
sobre a eliminação de todas as formas de
violência contra a mulher, da Convenção
Interamericana para prevenir, punir e erradicar a
violência contra a mulher e de outros tratados
internacionais ratificados pela República
Federativa do Brasil.
Violência específica:
• Praticada contra mulher em seu ambiente
doméstico, familiar, ou intimidade.
• O homem pode também ser vítima de
agressão doméstica, porém nos termos do
artigo 129 do Código penal (lesão
corporal), pois a Lei Maria da Penha é
específica quando protege “mulheres”.
Artigo 5º e 7º da Lei definem o tipo
de violência que pode ser
denunciada:
• Lesão corporal, tais como beliscos, socos,
pontapés, tapas...);
• Sofrimento físico (prender,amarrar);
• Sexual (forçar a ter relações sexuais tais como
vaginal, oral, anal);
• Psicológico (ameaças,xingamentos);
• Dano moral (situações vexatórias ou
humilhantes);
• Patrimonial (queimar roupas da vítima, por
exemplo);
Tudo enfim que ofenda a vítima em
sua dignidade da Pessoa Humana
no sentido de protegê-la de toda
forma de:
• Negligência;
• Discriminação;
• Exploração;
• Violência;
• Crueldade;
• Opressão;
Direitos Humanos:
• É uma garantia prevista em nossa Constituição Federal no artigo 5º .
• Direitos Fundamentais à:
• vida;
• segurança;
• saúde;
• alimentação;
• educação;
• cultura;
• moradia;
• acesso à justiça;
• lazer;
• trabalho;
• cidadania;
• liberdade (inclusive sexual);
• dignidade;
• Ao respeito e à convivência familiar e comunitária.
Tudo isso independente:
• De sua classe social;
• Raça;
• Etnia;
• Renda;
• Crença;
• Cultura;
• Nível educacional;
• Idade;
• Religião;
• Orientação sexual
Problema cultural:
• Sociedade de criação culturalmente machista, que
enfatiza a inferioridade da mulher.
• Tratada como objeto de propriedade do homem (seu
dono e senhor);
• Educação infantil: Meninos brincam de luta, armas,
caminhões, aviões. Meninas brincam de “casinha” com
panelinhas, bebês, ficando evidente seu lugar na
sociedade.
• Fato presente até na literatura infantil, tais como a bela
adormecida, cinderela, e chapeuzinho vermelho que é
pega pelo “lobo-mau” porque se “desviou” do caminho.
Criação das DDMs (Delegacias de
Defesa da Mulher)
• Em caso de qualquer tipo de violência contra a
mulher procurar uma DDM.
• Nela existem policiais do sexo feminino para
fazer o atendimento a fim de evitar o
constrangimento da mulher-vítima ao narrar os
fatos com ela ocorridos.
• Existem aproximadamente 1000 em todo país
(segundo dados fornecidos pela secretaria
especial de políticas para mulheres-S.P.M)
Medidas de Assistência à mulher
vítima:
• Artigo 9º da lei dispõe das medidas protetivas
tais como incluí-la no programa assistencial do
governo;
• Afastamento de seu emprego mantendo o
vínculo trabalhista (se funcionária pública. No
caso de empresa privada o juiz pode requerer
interrupção do contrato de trabalho por motivo
de saúde. Neste caso a mulher poderia requerer
auxílio-doença para a Previdência Social).
• Porém ainda não está pacífica esta decisão nos
tribunais, cabendo ao juiz analisar caso a caso.
Recentes alterações foram realizadas na Lei Maria
da Penha
Com o propósito de melhorar a eficácia desta tutela, recentes alterações foram realizadas na
Lei Maria da Penha, vejamos:
•Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da
mulher em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes, o agressor
será imediatamente afastado do lar, domicílio ou local de convivência com a
ofendida: (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
I – pela autoridade judicial; (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
II – pelo delegado de polícia, quando o Município não for sede de comarca; ou (Incluído
pela Lei nº 13.827, de 2019)
III – pelo policial, quando o Município não for sede de comarca e não houver delegado
disponível no momento da denúncia. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
1º Nas hipóteses dos incisos II e III do caput deste artigo, o juiz será comunicado no prazo
máximo de 24 (vinte e quatro) horas e decidirá, em igual prazo, sobre a manutenção ou a
revogação da medida aplicada, devendo dar ciência ao Ministério Público
concomitantemente. (Incluído pela Lei nº 13.827, de 2019)
2º Nos casos de risco à integridade física da ofendida ou à efetividade da medida protetiva
de urgência, não será concedida liberdade provisória ao preso. (Incluído pela Lei nº 13.827,
de 2019)
.
• Pelo exposto, na referida lei, publicada em 14 de maio de 2019, com
vigência imediata, a Lei nº 13.827 autoriza a aplicação de medida protetiva
de urgência, pela autoridade judicial ou policial, à mulher que esteja em
situação de violência doméstica e familiar, ou a seus dependentes. Também
determina o registro da medida protetiva de urgência em um banco de
dados mantido pelo Conselho Nacional de Justiça.
• Observe-se que o art. 12-C da Lei Maria da Penha estabeleceu requisitos
para que a autoridade policial conceda medidas protetivas de urgências:
• A) risco atual ou iminente à vida ou à integridade física da mulher em
situação de violência doméstica e familiar, ou de seus dependentes.
• B)pois em se tratando de delegado de polícia, para que possa conceder a
medida protetiva, o município em que atua não pode ser sede de comarca.
Caso se trate de outro policial, é necessário que além do município não ser
sede de comarca, não haja delegado disponível no momento da denúncia,
por qualquer motivo.

.
a permissão legal para que a autoridade policial conceda medida protetiva de
urgência exige que o local dos fatos não seja sede de comarca, por presumir que
nestes locais exista uma maior morosidade em aguardar a manifestação de um juiz.
• Outra mudança significativa foi a responsabilização do agressor pelo ressarcimento
dos custos de serviços de saúde prestados pelo Sistema Único de Saúde (SUS) às
vítimas de violência doméstica e familiar. Nessa linha, estabeleceu a Lei nº 13.871,
de 2009, sancionada em 17 de setembro de 2019. A lei acrescentou três parágrafos
ao artigo 9º da Lei Maria da Penha, vejamos:
• O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional
decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
• Artigo único. O art. 9º da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da
Penha), passa a vigorar acrescido dos seguintes §§ 4º, 5º e 6º:

.
Aquele que, por ação ou omissão, causar lesão, violência física, sexual ou
psicológica e dano moral ou patrimonial a mulher fica obrigado a ressarcir todos os
danos causados, inclusive ressarcir ao Sistema Único de Saúde (SUS), de acordo
com a tabela SUS, os custos relativos aos serviços de saúde prestados para o total
tratamento das vítimas em situação de violência doméstica e familiar, recolhidos os
recursos assim arrecadados ao Fundo de Saúde do ente federado responsável pelas
unidades de saúde que prestarem os serviços.
• 5ºOs dispositivos de segurança destinados ao uso em caso de perigo iminente e
disponibilizados para o monitoramento das vítimas de violência doméstica ou
familiar amparadas por medidas protetivas terão seus custos ressarcidos pelo
agressor.
• 6º O ressarcimentode que tratam os §§ 4º e 5º deste artigo não poderá importar
ônus de qualquer natureza ao patrimônio da mulher e dos seus dependentes, nem
configurar atenuante ou ensejar possibilidade de substituição da pena aplicada.”
(NR)
Prisão do agressor:
• Esta Lei prevê a possibilidade de prisão em flagrante
delito. (Artigo 41 da lei);
• Se não for flagrante, dependendo da gravidade do crime
cometido pelo agressor, pode o juiz decretar sua a
prisão preventiva. (Artigo 44 da lei);
• Pode ainda, autora ingressar na esfera Cível, através de
um advogado, com pedido cautelar de separação de
corpos para que o agressor não possa mais freqüentar o
domicílio da vítima.
• Existe ainda o acompanhamento de policias à vitima
caso necessite retornar ao domicílio para retirar seus
pertences.
Renúncia à representação na presença do juiz
• Nas ações penais públicas condicionadas à
representação da ofendida de que trata esta Lei,
só será admitida a renúncia à representação
perante o juiz, em audiência especialmente
designada com tal finalidade, antes do
recebimento da denúncia e ouvido o Ministério
Público.
• Em recente mudança de posicionamento do
STF entendeu-se que o MP pode agir sem a
representação da vítima, pois passa a ser crime
de Ação Pública Incondicionada.
• OBS: em relação à ameaça permanecem alguns
tribunais entendendo pela necessidade de
Justificativa do STF:
• Em 2014, o Supremo Tribunal Federal (STF),
em uma manifestação histórica pela
constitucionalidade da lei, reconheceu a
flagrante desigualdade ainda existente entre
homens e mulheres, e Lei Maria da Penha:
mulheres ganharam direito e proteção, no
Prefácio Lei Maria da Penha determinou que a
prática de violência doméstica contra as
mulheres leve o agressor a ser processado
criminalmente, independentemente de
autorização da agredida!
Pena:
• Segundo prevê o artigo 17 desta lei, não
pode haver pena de “cesta básica” ou em
dinheiro.
• Isto surgiu para evitar que se “vulgarize” a
pena nestes casos de violência doméstica
e para tornar público a punição a este tipo
de crime.
Pretende-se:
• Criar uma conscientização à população,
de maneira a tratar a mulher com
igualdade em relação ao homem;
• Extinguir, ou pelo menos, diminuir a
cultura machista sobre as mulheres, de
maneira a inferiorizá-la diante do sexo
masculino.
Órgãos Públicos disponíveis:
• Delegacia de Defesa da Mulher( DDM): Telefone: 180
• A Central de Atendimento à Mulher é um serviço do Governo
Federal que auxilia e orienta as mulheres vítimas de violência por
meio do número de utilidade pública 180. As ligações podem ser
feitas gratuitamente de qualquer parte do território nacional.

• Pronto Socorro: que irá encaminhá-la ao atendimento médico


necessário e à assistente social;

.
“Sua vida recomeça quando a
violência termina”
• Ao conhecer seus direitos legais e obter
informações sobre os locais onde podem
ser atendidas, as mulheres terão uma
possibilidade real de romperem o ciclo de
violência a que estão submetidas. Uma
ligação pode ser o diferencial na vida de
uma mulher.
Medidas Protetivas
• Art. 22. Constatada a prática de violência
doméstica e familiar contra a mulher, nos
termos desta Lei, o juiz poderá aplicar, de
imediato, ao agressor, em conjunto ou
separadamente, as seguintes medidas
protetivas de urgência, entre outras:
• I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas,
com comunicação ao órgão competente, nos termos da
Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
• II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência
com a ofendida;
Cont...
• III - proibição de determinadas condutas, entre as quais:
• a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre
estes e o agressor;
• b) contato com a ofendida, seus familiares e
testemunhas por qualquer meio de comunicação;
• c) freqüentação de determinados lugares a fim de
preservar a integridade física e psicológica da ofendida;
• IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes
menores, ouvida a equipe de atendimento
multidisciplinar ou serviço similar;
• V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios.
Art. 42.
• Inseriu no CPP o inciso IV no artigo 313
que possibilita a prisão preventiva do
agressor:
• Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código,
será admitida a decretação da prisão
preventiva:
IV - se o crime envolver violência doméstica e
familiar contra a mulher, nos termos da lei
específica, para garantir a execução das
medidas protetivas de urgência.
Descumprir medidas protetivas
é crime?
Havia certa controvérsia quanto à
possibilidade de o descumprimento das
medidas protetivas de urgência tipificar o
crime de desobediência previsto no art. 330
do Código Penal.
De um lado, havia quem dissesse que o
descumprimento injustificado de uma
medida protetiva de urgência subsumia-se
ao crime do art. 330 do CP, porquanto tinha-
se, in casu, a desobediência a uma ordem
legal emanada de um funcionário público.
.
• Entretanto, com o advento da Lei n.
13.641/18, que acrescentou à Lei Maria da
Penha o art. 24-A, este descumprimento
das medidas protetivas de urgência passou
a ser crime.
“Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que
defere medidas protetivas de urgência
previstas nesta Lei:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois)
anos. (Incluído pela Lei n. 13.641, de 2018).”
Do Crime de Descumprimento de Medidas
Protetivas de Urgência
• Ainda no artigo 24 inseriu:
“ §1° A configuração do crime independe da
competência civil ou criminal do juiz que deferiu as
medidas. (Incluído pela Lei n. 13.641, de 2018).
§2° Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a
autoridade judicial poderá conceder fiança.
(Incluído pela Lei n. 13.641, de 2018)
• §3° O disposto neste artigo não exclui a aplicação
de outras sanções cabíveis. “
Decisões recentes aplicando a LMP:
Homossexual feminino

Homossexual masculino: STJ, 4ª Turma, REsp 827962

Art. 5º da Lei:
Parágrafo único. As relações pessoais enunciadas neste
artigo independem de orientação sexual.

* A natureza jurídica da ação penal nos crimes de


lesão corporal quando praticados no contexto da Lei
Maria da Penha é Pública incondicionada.
.
• Súmula 542 do STJ -

“A ação penal relativa ao crime de


lesão corporal resultante de violência
doméstica contra a mulher é pública
incondicionada. (Súmula 542,
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em
26/08/2015, DJe 31/08/2015).”
Ressalte-se o trecho do REsp 40934 DF:
.
“É firme nesta Corte a orientação de que o
crime de lesão corporal, mesmo que leve ou
culposa, praticado contra a mulher, no âmbito
das relações domésticas, deve ser processado
mediante ação penal pública incondicionada.
[...]"

(AgRg no AREsp 40934 DF, Rel. Ministra MARILZA


MAYNARD (DESEMBARGADORA CONVOCADA DO TJ/SE),
QUINTA TURMA
Afastamento da aplicação da Lei 9.099/95.

• De acordo com o que dispõe o artigo 41


da lei:

“Art. 41. Aos crimes praticados com


violência doméstica e familiar contra a
mulher, independentemente da pena
prevista, não se aplica a Lei nº 9.099, de
26 de setembro de 1995.”
Doutrinadores:
• “não é a complexidade do tipo penal que delimita a
abrangência da LMP, eis que, para todos os efeitos, os
crimes de menor potencial ofensivo também deveriam
se restringir à competência dos JECRIMs. Neste
sentido, deve-se compreender que, com o advento da
LMP, conflitos que envolvam violência contra a mulher
não podem mais ser considerados de ‘menor potencial
ofensivo’.”
(Lenio Luiz Streck, Lei Maria da Penha no contexto do
Estado Constitucional: desigualando a desigualdade
histórica. In: Lei Maria da Penha comentada em uma
perspectiva jurídico-feminista. Coord. Carmen Hein. Rio
de Janeiro: Lumen Juris, p. 95)
. vedado a aplicação dos
• O fato de o legislador ter
institutos despenalizadores da Lei dos Juizados
às infrações penais praticadas com violência
doméstica e familiar contra a mulher não atenta
contra os princípios da isonomia e da
proporcionalidade, vez que o objetivo da Lei
Maria da Penha foi exatamente o de adequar a
sanção penal às necessidades e circunstâncias
especiais em torno dessa especial forma de
violência, muito mais gravosa que aquela
praticada contra vítimas do sexo masculino,
porquanto, nesse caso, nem sempre está
presente uma situação de vulnerabilidade capaz
de justificar um maior rigor na persecução penal.
• Na verdade, se, em momento . anterior à entrada em
vigor da Lei nº 11.340/06, a Lei dos Juizados não
estava tutelando adequadamente a incolumidade
física, moral e psicológica da mulher, nem tampouco
reprimindo o alto índice de violência doméstica que
assolava nosso país, era necessário que o legislador
suprimisse a possibilidade de aplicação de seus
institutos despenalizadores às infrações penais
praticadas no contexto de violência doméstica e
familiar contra a mulher, sobretudo se levarmos em
consideração o mandamento constitucional do art .
226, § 8°, que prevê que o Estado tem a obrigação
de criar mecanismos para coibir a violência no
âmbito das relações familiares.
Implicações da proibição do
art.41
• Às contravenções penais e crimes
praticados no contexto de violência
doméstica e familiar contra a mulher cuja
pena máxima seja igual ou inferior a 2
(dois) anos, não se admite a composição
civil dos danos, nem tampouco a
transação penal, já que ambos os
institutos estão previstos na Lei nº
9.099/95 (arts. 74 e 76, respectivamente)
. e crimes praticados
• - Às contravenções penais
no contexto de violência doméstica e familiar
contra a mulher cuja pena mínima seja igual ou
inferior a 1 (um) ano, não se admite a
suspensão condicional do processo, vez que
este instituto tem previsão legal no art. 89 da Lei
dos Juizados Especiais Criminais;
• Porém há entendimentos de jurisprudência que
sustentam que o sursi processual previsto no
artigo 89, não se aplicaria exclusivamente aos
crimes de menor potencial ofensivo e que
poderia ser aplicado o sursi à violência
doméstica cumpridos os requisitos legais do
artigo 89.
Neste sentido:
Seria possível dizer que o próprio art. 89 da Lei dos Juizados
Especiais deixa claro que o sursis processual não é um instituto
específico do Juizado Especial Criminal, tanto que aplicável às
infrações de médio potencial ofensivo que estão fora da sua
competência.
O que se sustenta é que a medida despenalizadora não teria
aplicação em casos graves, apenas a casos “leves” seja pela
reiteração das práticas delitivas, seja pela gravidade em si do crime
praticado.
Portanto para parte da doutrina, poderia haver a concessão do
sursis processual nas situações de violência doméstica, no caso do
réu nunca ter sido condenado e não responder a outro processo
criminal, especificamente nas hipóteses de infração de médio
potencial ofensivo, com a submissão do réu a um período de prova,
mediante a fixação de condições específicas relacionadas às
circunstâncias do caso concreto
Ciclo da violência
• hierarquia de gênero
relação de conjugalidade ou afetividade entre as partes
• habitualidade da violência
• Vulnerabilidade
• Construção da tensão;
• tensão máxima e Reconciliação
• O campo de atuação e aplicação da respectiva lei está
traçado pelo binômio hipossuficiência e vulnerabilidade em
que se apresenta culturalmente o gênero mulher no
conceito familiar, que inclui relações diversas, movidas por
afetividade ou afinidade.
• A violência intrafamiliar expressa dinâmicas de poder e
afeto, nas quais estão presentes relações de
subordinação e dominação.
Campanhas Publicitárias que reforçam
estereótipos de gênero
Linguagem, discurso e imagem
Aplicação da lei para a proteção da mulher:
.
Cenário pós pandemia
• Denúncias aumentaram quase 40% em
abril; no mundo, 1 a cada 5 mulheres foi
vítima em 2019.
• Com a pandemia da covid-19, as
denúncias de violência contra as
mulheres – recebidas pelo número 180 –
cresceram significativamente desde
março, segundo o Ministério da Mulher,
da Família e dos Direitos Humanos.

.
Os dados apontam um crescimento de 13,35%
em fevereiro, 17.89% março, 37,58% em abril,
quando comparados ao mesmo período de 2019.
• A violência doméstica e familiar é a principal
causa de feminicídio não só no Brasil, mas em
todo o mundo.
• Segundo dados da Organização das Nações
Unidas (ONU), 17,8% das mulheres do mundo
sofreram algum tipo de violência física ou sexual
no ano de 2019. Isso significa que quase uma a
cada cinco mulheres em todo o planeta foi vítima
deste tipo de crime, no ano passado.
Dados estatísticos
Questão cultural
• Entre os pesquisados do sexo masculino:
• 8% admitem já ter batido em uma
mulher
• 14% acreditam que agiram bem;
• 15% declaram que bateriam de novo
• 2% declaram que “tem mulher que só
aprende apanhando bastante”.

(Fonte:Fundação Perseu Abramo/SESC)


Questão cultural
• “O problema que temos diante de nós não é
filosófico, mas jurídico e, num sentido mais amplo,
político. Não se trata mais de saber quais e quantos
são esses direitos (humanos), qual é sua natureza e
seu fundamento, se são direitos naturais ou
históricos, absolutos ou relativos, mas sim qual é o
modo mais seguro para garanti-los, para impedir
que, apesar das solenes declarações, eles sejam
continuamente violados.”
(Norberto Bobbio. In, A era dos direitos. Rio de Janeiro:
Campus, 1992. p. 25)
Porque as mulheres não denunciam?

• Medo do agressor
• Dependência financeira
• Preocupação com os filhos
• Descrédito no Sistema de Justiça
• Acreditar que será a ultima vez que ele vai
praticar agressão;
• Vergonha em revelar que esta sendo
vitima do agressor.
Aplica-se a lei para Travestis, Transexuais,
Transgêneros?
Quanto à diferença entre sexos e gênero, devemos
entender que o termo "mulher" pode se referir tanto ao sexo
feminino, quanto ao gênero feminino, o sexo é determinado
quando uma pessoa nasce, mas o gênero é definido ao
longo da vida.
Logo, não teria sentido sancionar uma lei que tivesse
como objetivo a proteção apenas de um determinado sexo
biológico.
De gênero entende-se que se refere às características
sociais, culturais e políticas impostas a homens e mulheres
e não às diferenças biológicas entre homens e mulheres.
Desse modo, a violência de gênero não ocorre apenas
de homem contra mulher, mas pode ser perpetrada também
de homem contra homem ou de mulher contra mulher.
(decisão proferida pelo TJ de Goiás, Proc.n. 20110387908)
.
• “(...)Lésbicas, transexuais, travestis e
transgêneros, quem tenham identidade social com
o sexo feminino estão ao abrigo da Lei Maria da
Penha. A agressão contra elas no âmbito familiar
constitui violência doméstica. Ainda que parte da
doutrina encontre dificuldade em conceder-lhes o
abrigo da Lei, descabe deixar à margem da
proteção legal aqueles que se reconhecem como
mulher. Felizmente, assim já vem entendendo a
jurisprudência(...)”
• (DIAS, Maria Berenice. A Lei Maria da Penha na Justiça: A
efetividade da Lei 11.310/2006 de combate à violência
doméstica e familiar contra a mulher. 2ª ed, São Paulo:
Revista Dos Tribunais, 2010.)
Trecho da decisão:
• "O alcance da Lei Maria da Penha às mulheres
transgênero e transexuais, bem como o
reconhecimento de outros direitos, a exemplo do
uso de banheiro feminino, deve ser definido com
base na leitura moralizante da Constituição.
Nesse sentido devem ser lidas e interpretadas as
cláusulas constitucionais que definem os
pressupostos do Estado Democrático de Direito,
que integra, politicamente, os conceitos de
liberdade, igualdade e fraternidade (trecho da
decisão do proc. n. 0700654-37.2020.8.02.0058)
.

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